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PERTO DE DEUS ROMEIROS RECUPERADOS 256 # 02.03.2008 WWW. DIARIOINSULAR .COM Jornal Diário | Ano LX I | Nº19000 | 0,55 e Fundado em 1946 | Terceira | Açores

Diário Insular - Nº 256 - 02.03

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perto de deusRomeiRos RecupeRados

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2dI domiNGo 02.MARÇO.2008 �dI domiNGo 02.MARÇO.2008

NotA de ABerturAJosé Lourenço

04 romeiros [reportagem]

10 regicídio a quatro mãos [reportagem]

12 Francisco Coelho e reis Leite [perSpeCtIVaS]

14 Maduro-Dias [VeLa De eStaI]

16 VI Festival de Tunas da Terceira [reportagem]

18 Luiz Fagundes Duarte [FoLHetIm]

24 Mini-bus na Praia [reportagem]

26 Paula Costa [DeSporto]

28 sugestões [ageNDa]

29 Tiro&Queda [CartooN]

20 Trio Vasco Agostinho [eNtreVISta]

Fé e asfaltoao longo de cinco dias e pelo se-

gundo ano consecutivo, os romeiros percorreram as estradas da Terceira, recuperando uma tradição que existiu na ilha até finais do século XiX. ao to-do, foram mais de 200 quilómetros de caminho e oração, pelas intenção dos irmãos e pela paz no mundo. “o homem moderno tem necessida-de de deus e vai buscá-lo às religiões e às filosofias de vida. Na nossa terra, onde há uma grande tradição católica, procuram-se estas manifestações de fé muito simples, como o rezar e o andar por intenções que nos pedem”, subli-nha o padre dinis silveira, contra-mes-tre do grupo de romeiros da ilha Ter-ceira.este é o tema principal desta edição de di-Revista, que também entrevista Jorge morais, jornalista e escritor que esteve na Terceira para participar nu-ma conferência promovida pelo insti-tuto açoriano de cultura sobre o aten-tado contra o rei d. carlos consumado na praça do comércio há cem anos. o conferencista confessa ter tomada conhecimento através do “diário insu-lar” da tentativa de assassinar d. carlos na Terceira e revela que o seu amigo e investigador antónio Valdemar tam-bém lhe falou desse assunto.“É possível que essa e outras tentati-vas de regicídio tenham sido conside-radas, porque o movimento carbonário está activo desde do século XiX”, refere Jorge morais.outra entrevista nesta edição acolhe os pensamentos de Vasco agostinho, considerado um dos melhores músi-cos de jazz portugueses, já comparado a Jim Hall. o guitarrista esteve na Ter-ceira para um concerto com o seu trio e falou dos ambientes e sensações do jazz, essa “grande conversa”.ainda na área da música, prestamos atenção ao Vi Festival olé Tunes, que aconteceu em angra do Heroísmo de 21 a 23 de Fevereiro. capas negras, ca-loiros, doutores, serenatas… Foi o es-pírito académico que se instalou na ci-dade.

FoToGRaFia aNTóNio aRaúJo

olHaRes

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CAmINhos de féromeIroS

ao loNGo de ciNco dias e pelo seGuNdo aNo coNsecuTiVo, os

RomeiRos peRcoRReRam as esTRadas da TeRceiRa, RecupeRaNdo

uma TRadição que eXisTiu Na ilHa aTÉ FiNais do sÉculo XiX. ao

Todo, FoRam mais de 200 quilómeTRos de camiNHo e oRação,

pelas iNTeNção dos iRmãos e pela paz No muNdo. »

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as vozes roucas cortam o silêncio da manhã, entoan-do em uníssono a “ave-maria”. caminhando e orando desde as 04h00 da madrugada desta quarta-feira de Fevereiro, os 34 irmãos chegam agora, volvida uma meia dúzia de horas, à quinta do Galo, na freguesia da Terra chã, em angra do Heroísmo, onde lhes es-pera uma canja de galinha e uma broa de milho para afagar o estômago. sobre os ombros, o xaile escuro,

simbolizando o manto de cristo, e o lenço colorido, representando a coroa de espinhos, protegem do frio. Às costas, a saca com o farnel é a cruz que cada um tem de carregar. Nas mãos, o bordão e o terço.organizado em fila dupla, o grupo de romeiros da Ter-ceira transpõe os portões da propriedade e dirige-se à pequena e simples capela, pintada de branco. Nos rostos, serenidade, apesar do cansaço. Já no interior

da ermida, rezam pelas intenções dos donos da casa, dos irmãos que foram encontrando pelo caminho e pela paz no mundo. será assim nos 120 templos que visitarão ao longo dos cinco dias de peregrinação. a tradição das romarias quaresmais - que existiu na ilha até finais do século XiX - foi retomada pelo se-gundo ano consecutivo. “a Terceira teve romarias e is-so prova-se pelas casas de romeiros que ainda exis-tem em freguesias como o porto Judeu, santa Bárba-ra e serreta”, refere o padre dinis silveira, contra-mes-tre do grupo, que tem a seu cargo, em conjunto com o mestre, toda a logística da peregrinação.“Trata-se de uma tradição alicerçada na fé de um povo massacrado pelas intempéries e pelos vulcões e que regressa agora, na modalidade de são miguel, com uma grande adesão”.um entusiasmo que, segundo o pároco, tem também uma justificação: “o homem moderno tem necessidade de deus e vai buscá-lo às religiões e às filosofias de vida. Na nossa terra, onde há uma grande tradição católica, procura-se estas manifestações de fé muito simples, co-mo o rezar e o andar por intenções que nos pedem”.

pelas localidades que percorrem, os romeiros recebem pedidos de oração por um familiar doente, um amigo carenciado ou, simplesmente, pela paz da humanida-de. “Já vem muita gente pedir intenções, formando-se uma corrente de oração muito grande”, sublinha o pa-dre dinis silveira, neste momento de pausa. “a juventude também já vai aderindo, porque o mun-do criou muita coisa, mas também gerou um vazio muito grande, que leva muita gente a procurar deus”.os romeiros da Terceira acordam todos os dias pe-las 03h00 e caminham até às 18h00, pernoitando de-pois em casas familiares ou em salões paroquiais. as refeições são oferecidas pela população ou compra-das nas mercearias locais. por onde passam, os pere-grinos - todos homens, como dita a tradição - sentem “grande afecto e carinho das pessoas”, destaca o con-tra-mestre do grupo.“quase todas as refeições são oferecidas, assim co-mo as dormidas nas freguesias, o que demonstra que isto veio para ficar. Hoje de manhã, por exemplo, vi-mos muita gente nas janelas, o que é sinal de algu-ma coisa…”

“Força interior”entre os 34 irmãos que percorrem as estradas tercei-renses, seguem cinco vindos especialmente da Gra-ciosa para o efeito e dois de são miguel. Bruno espí-nola, um jovem natural da ilha branca, teve conheci-mento da iniciativa através de um grupo de paroquia-nos do padre dinis silveira e decidiu pôr em prática a sua “relação com cristo”.“É um bom exercício de reflexão e de encontro com a fé, bem como uma forma de levarmos algumas tradi-ções aqui da Terceira para a Graciosa”.para o irmão graciosense integrar esta romaria ofere-ce, sobretudo, “uma grande paz”. “cada um se encon-tra, individualmente, na esperança com deus”.a preparação para a longa caminhada é, essencialmen-te, “psicológica”, considera. “É algo que vem de dentro de nós. logo que sentimos que é isto que queremos, conseguimos. É uma questão de força interior”.Já antónio Furtado, oriundo da maior ilha açoriana, é um habitué nas romarias quaresmais de são miguel. este ano, no entanto, optou “por uma experiência no-va e por conhecer uma romaria noutra terra”.“É uma semana espiritual, que nos faz bem”, enfatiza.questionado sobre as eventuais semelhanças ou dife-renças entre a tradição terceirense e a micaelense, ga-rante que “é igual”.“apesar de lá ser quatro vezes maior, é a mesma coisa. Rezamos as mesmas orações e o terço…”para trás, ao longo destes cinco dias, ficam “a família, o trabalho e o stresse do dia-a-dia”, salienta. “carregamos novas pilhas, para começarmos de novo o ano mais purificados e com o espírito muito bom”, explica, concluindo, sem pestanejar: “Vale a pena”.depois da pausa para retemperar energias, os romei-ros – dos 13 aos 56 anos de idade – põem-se nova-mente a caminho. ao todo, percorrerão mais de 200 quilómetros, numa verdadeira jornada de fé.

RepoRTaGem VAnDA MenDonçA FoToGRaFia AnTónIo ArAúJo “o Homem modeRNo Tem Necessi-

dade de deus e Vai Buscá-lo Às ReliGiões e Às FilosoFias de Vida. Na

Nossa TeRRa, oNde Há uma GRaNde TRadição caTólica, pRocuRa-se

esTas maNiFesTações de FÉ muiTo simples, como o RezaR e o aNdaR

poR iNTeNções que Nos pedem”, suBliNHa o padRe diNis silVeiRa,

coNTRa-mesTRe do GRupo de RomeiRos da ilHa TeRceiRa.

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JoRGe moRais esTeVe Na TeRceiRa

paRa paRTicipaR Numa coNFeRêNcia

pRomoVida pelo iNsTiTuTo açoRiaNo

de culTuRa soBRe o aTeNTado coN-

TRa o Rei d. caRlos coNsumado Na

pRaça do comÉRcio Há cem aNos. o

JoRNalisTa e escRiToR susTeNTa que

o ReGicídio Não Foi um acTo isola-

do, mas o ResulTado de uma coNspi-

Ração de diFeReNTes oposiToRes ao

ReGime moNáRquico.

No seu último livro “regicídio – Contagem decrescente” aborda os �� meses que antecederam os acontecimentos de 1 de fevereiro de 1908 na praça do Comércio. o aten-tado que vitimou o rei d. Carlos e o príncipe herdeiro Luís filipe resultou de um plano preparado e não de um grupo de anarquistas da Carbonária?os 33 meses de preparação do regicídio são conta-dos a partir da dissidência de José maria de alpoim e da sua aproximação aos republicanos e a estruturas anarquistas e carbonárias da qual resultou uma orga-nização revolucionária designada como “a coruja”.

Na conferência proferida em Angra do heroísmo realçou o facto de o plano do regicídio ter sido preparado a quatro mãos. A acção resultou da aliança de três ramos da Carbo-nária com dissidentes da monarquia?cada uma das forças que acabam por ter participa-ção no regicídio tem a sua linha de orientação e ob-jectivos diferentes. Não existiu apenas uma carboná-

ria envolvida no regicídio, mas três. duas estão liga-das a outras organizações do género no estrangeiro e a terceira pode-se considerar como “selvagem”, por-que não tem afinidades com outro tipo de organiza-ções do mesmo género. para além dessas três mãos revolucionárias que vão assegurar a execução do regicídio, existe uma quar-ta mão que é a dos dissidentes monárquicos e que fi-nancia a operação, assegurando os meios para a aqui-sição das armas que foram utilizadas na praça do co-mércio.a carbonária portuguesa defende a implantação de uma “república radical”, a carbonária lusitana e parti-dária de uma “anarquia redentora” e a carbonária sel-vagem pretende um “caos iluminado”, enquanto os dissidentes querem o poder.

esse movimento revolucionário contou com a participação de organizações carbonárias que estiveram associadas a outros atentados contra monarcas consumados na europa durante esse período?as carbonárias portuguesas tinham ligações a orga-nizações semelhantes que se movimentavam na eu-ropa para levar a cabo acções revolucionárias entre as quais atentados que vitimaram monarcas e gover-nantes.Há uma ligação operacional entre esses movimentos, que se visitam mutuamente e fazem reuniões para preparar acções revolucionárias. existem indicações que a ideia de avançar com o regicídio em portugal te-rá resultado de uma reunião realizada em paris, em fi-nais de 1907, em que participaram elementos da car-bonária portuguesa.

rei SeM MeDoo rei d. Carlos foi o único chefe de estado português mor-to num atentado. As condições de segurança na praça do Comércio naquela tarde de 1 de fevereiro de 1908 eram favoráveis para uma acção desse tipo?d. carlos detestava guarda-costas e grandes aparatos de militares e polícias à sua volta. era um homem que gostava de andar à vontade entre o povo e que não ti-nha medo. a rotina da família real era do conhecimen-

regICídIo A 4 mãos

to geral, sendo frequentes os passeios de d. carlos a pé ou de carruagem aberta pela cidade de lisboa. É claro que o clima de violência política dos finais de 1907 aconselhava que houvesse mais cuidado, mas havia a convicção que ninguém seria capaz de che-gar ao ponto de atentar contra a vida do rei. pelo me-nos essa era a convicção do presidente do conselho, João Franco.

o príncipe herdeiro, Luís filipe, morre na sequência de uma troca de tiros com os regicidas. A sua morte resulta desse facto ou ele também era um alvo a abater?estou convencido que o objectivo era a decapitação da coroa portuguesa. o príncipe real também estava marcado para morrer naquela tarde.depois de ter atingido o rei mortalmente, o atirador manue Buiça continua a disparar em direcção ao prín-cipe luís Filipe.

GoLPe FaLHaDodados recentemente divulgados apontam para uma tentati-va de atentado contra d. Carlos na terceira durante a visita que o monarca efectuou à ilha em 1901. tem conhecimento da existência desse grupo ligado à Carbonária que terá sido liderado por Joaquim tristão, um professor terceirense?Tomei conhecimento dessa possibilidade através do “diário insular” e o meu amigo e investigador antónio Valdemar também me falou desse assunto.É possível que essa e outras tentativas de regicídio te-nham sido consideradas, porque o movimento carbo-nário está activo desde do século XiX.

embora os republicanos não tenham participado no regicí-dio, acabaram por ficar numa situação delicada…o regicídio mereceu o repúdio de largas camadas do povo e de muitas pessoas ligadas ao partido Repu-blicano que sempre reprovavam este tipo de método

para derrubar a monarquia.Três meses depois do regicídio os republicanos pro-põem um pacto de tréguas aos monárquicos, recean-do que a sua imagem tivesse ficado fragilizada, o que não é aceite. mas pouco tempo depois os republica-nos compreendem que afinal não ficaram tão mal em toda essa história e a revolução rumo à implantação da República avança então de uma forma irreversível durante o frágil reinado de d. manuel ii.

eNTReVisTa héLIo VIeIrA

FoToGRaFia AnTónIo ArAúJo

JoRGe moRais

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12dI domiNGo 02.MARÇO.2008 1�dI domiNGo 02.MARÇO.2008

FrAnCIsCo CoeLho reIs LeITe

está sendo preparada a reforma do chamado “mapa Judiciário”. quer dizer: do nome e tipos de tribunal, bem como respectiva categoria, dis-tribuídos pelo país.a Justiça é, como se sa-be, uma das poucas ma-térias não regionalizadas, dependendo, em termos administrativos e finan-ceiros, os tribunais, con-servatórias, registos e de-mais serviços do minis-tério da Justiça. e julgan-do os Tribunais, enquan-to órgãos de soberania, com independência rela-tivamente a qualquer ou-tro poder.É certo que o nosso es-tatuto de há muito que proclama a hipótese da organização judiciária nos açores dever contemplar as singularidades pró-prias, podendo assumir aqui forma específica.Na sequência do atrás re-ferido, a proposta de re-forma do estatuto político administrativo prevê que, em cada ilha dos açores, com excepção do corvo, deve haver pelo menos um tribunal de comarca com competência genéri-ca. e tal garantia deve ser

por nós considerada es-sencial e inegociável.ora, como é que isto “jo-ga” com as últimas no-tícias relativas ao “ma-pa judiciário açoriano”? É que, por aquilo que já se sabe, os açores passarão a ter duas comarcas, res-pectivamente em ponta delgada e angra do He-roísmo. Bom…mas a ter-minologia adoptada não é a da lei anterior, o con-ceito de comarca já não é o de pequeno tribu-nal de competência ge-nérica, por isso mesmo se prevê que as comar-cas possam ter juízos, de competência genérica ou especializada. e o que está previsto é que, em todas as ilhas dos açores com excepção do corvo haverá, pelos menos, um juízo de competência ge-nérica. ou seja: em ter-mos materiais continua-remos a ter tribunais nas oito ilhas, entendidos es-tes como um conjunto de magistrados, funcio-nários e advogados que, num determinado espa-ço, aplicam a justiça em nome do povo.É isso que importa salva-guardar. É isso que a nos-

sa realidade insular e ar-quipelágica impõe – pa-ra que o “estado de di-reito”, em termos reais e simbólicos, seja sentido por todos.a Reforma do mapa Judi-ciário, que agora come-çará a ser implementa-

do em três comarcas do continente a nível experi-mental, deve assim con-tinuar a merecer a nossa atenção, serena e atenta, para que seja respeitado nesta matéria o princípio que queremos assuma dignidade estatutária.

mApAJudICIÁrIo…

os nossos governantes fazem sempre a figura clássica do marido enga-nado das comédias. são os últimos a saber.Neste caso, a saber que o governo da República pretende na Região re-organizar os serviços da

Justiça que estão sob a sua alçada.Foi pela comunicação so-cial que chegou aos aço-res, talvez por uma fuga de informação (fuga con-sentida, como é hábito) a notícia que o governo se propõe reduzir o nú-mero de comarcas insu-lares a duas: a de pon-ta delgada e a de angra do Heroísmo e introdu-zir alterações nos Tribu-nais existentes. informa-ção vaga, desestruturada e, possivelmente, assim dita de propósito como balão de ensaio.Tudo isto levantou um burburinho porque já se percebeu que o actu-al governo da República apresenta-se como refor-mista, não porque acre-dite que se devem fazer reformas para melhorar a prestação dos serviços e para alcançar o bom fun-cionamento e a eficácia, mas simplesmente por-que atolado na penúria orçamental, resolveu re-duzir as despesas des-mantelando impiedosa-mente a rede dos servi-ços do estado, mesmo que isso prejudique os cidadãos.

o reformismo só é efi-ciente quando melhora as coisas, não quando as piora, como temos visto.por outro lado, este caso de reforma dos serviços da Justiça é exemplar no aspecto da falta de co-municabilidade entre os governos da República e Regional em matéria de interesse da Região.o espírito da constitui-ção aponta claramente para uma consulta per-manente entre ambos os governos no sentido de que as decisões para aplicar nas Regiões autó-nomas, mesmo ou prin-cipalmente naquelas áre-as não regionalizadas, sejam dialogadas e nun-ca impostas.Tem acontecido o contrá-rio. os governos andam às avessas, não se ou-vem e para cumprir a le-tra da constituição, mas não o espírito, o Gover-no e a assembleia da Re-pública limitam-se na fa-se final, mesmo quando as leis já foram aprova-das na generalidade, a ouvir por proforma os ór-gãos de governo próprio da Região, não fazendo, regra geral, qualquer ca-

so da nossa opinião.e pior do que isto. os nossos governantes con-sentem e dão-se por sa-tisfeitos!assim, ambas as partes, matam a constituição, alegremente.ora, para tudo correr bem, no caso dos Tribu-nais, já que não se accio-na nunca o preceito es-tatutário que exige que o sistema de Justiça se-ja adaptado às especifi-cidades insulares, as re-formas deviam ter sido acompanhadas desde a incubadora pelo Gover-no Regional.deviam ter sido, mas não foram e por isso é justo temer-se que nos quei-ram fechar tribunais ou, então, para continuarem a cumprir a lei (neste ca-so o estatuto político ad-ministrativo) que obriga a existir pelo menos um em cada ilha, a manter o tribunal, mas sem juiz.sempre poupam uns pa-tacos e os pobres diabos que vivem nas ilhas que se “lixem” ou que pro-testem ou, melhor ainda, que se indignem, porque estando longe não inco-modam por aí além.

dA peNÚrIAÀ reformA

P E R S P E C T I V A S

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FrAnCIsCo [email protected]

Vela de esTai

Tem-se, muitas vezes, a ideia de que um investi-mento é bom para o progresso!costuma dar empregos enquanto as obras duram e costuma ficar bonito na paisagem!espera-se que seja capaz de gerar aquilo que alguns mais entendidos chamam de “mais-valias”.por exemplo uma estrada, quando é feita, valoriza as terras que serve, os povoados que liga e é feita para a gente ir mais depressa daqui para ali ou acolá.mais valias acontecem com um porto porque se es-pera que as coisas fiquem mais baratas e cheguem mais depressa.mais valias ainda acontecem quando se criam estrutu-ras de apoio como aerogares.a gente, na Terceira, talvez não se possa queixar.Tem havido investimentos a torto e a direito, gerado-

res de emprego e que aumentam o piB e a nossa fe-licidade momentânea. É uma chuva de milhões e, agora que as contas são em euros, ainda parece mais dinheiro! uns 10 mil contos agora são 50 mil euros! É o mesmo e até me-nos, pois as coisas estão todas mais caras, mas soa muito melhor!porém, regressando ao tema e bem vistas as coisas, talvez nem todos os investimentos até agora feitos, por muitos milhões que tenham sido gastos, valham a pena, pelo menos do modo como se pensa.alguns exemplos:o reordenamento do porto de pipas passou pela ideia de se fazer ali uma espécie de docas de santo ama-ro em lisboa!para já essa de se copiar, para a gente ter como os ou-

INVestImeNtosdestrutIVos

tros, costuma dar mau resultado.os lugares não são os mesmos, as pessoas também não, e copiar só dá bom resultado nos exames, mas não na vida depois.Temos uma estrutura caríssima, que empurrou para longe parte do que convinha ter à mão, em termos de apoio naval ao porto de recreio, e que, fora os cafézi-nhos e algumas estruturas básicas, ainda não terá ar-rancado como devia.sobretudo, em dias de mau tempo, as ditas docas de lisboa ainda funcionam porque estão à beira rio. a gente aqui tem o atlântico logo ali fora e quando virar de sueste, como às vezes vira, quero ver quem é que vai beber café ou fazer compras.outra das cenas semelhantes foi a do edifício de apoio à prainha.parece que todos se esqueceram que as casas volta-das à baía são muito mais açoitadas pelo vento e pe-la maresia, a ponto de o comércio costumar ser mais fraco de metade da Rua direita para baixo.os costumes mudam-se e neste caso até poderiam mudar um pouco, mas as entradas daquela coisa de vidro que ali está deviam ser voltadas à cidade, pelo menos à boca da Rua da palha e da carreira dos ca-valos. mesmo num dia de chuva, olhando o mar bra-vo por dentro do vidro, seria possível chegar lá “num pulo”, a partir das ruas da cidade. assim como está, será preciso um bocado mais de co-ragem para dar a volta toda a partir da Rua de s. João e a tentação de levar carro será maior.mas não deixemos de lado o grande porto oceânico, a aerogare e, já agora, o alargamento da estrada do ma-to, a Via do nosso Nemésio, a VVN!o porto, cada vez que investem nele é para garantir

que fica com a estrutura mínima adequada apenas à ilha e não mais do que isso!a gare civil, apesar de interessante e “modernaça”, pa-rece feita a gozar connosco: as portas estão voltadas ao vendaval dominante; a dimensão interior garante que dois aviões gran-des e mais um ou dois dos pequeninos entopem tu-do de modo indescritível e absurdo para uma obra nova; a “cobertura de cabeça” feita para quem parte de au-tocarro, está de modo a garantir que todos levarão uma recordação inesquecível, pois toda a gente sabe que a chuva aqui até sobe em dias de vento e aquele tecto, em curva bem esgalhada (até está), só por mi-lagre há-de cobrir alguma coisa.a estrada! a VVN!da estrada só digo que me custa muito ver, ficando os limites de velocidade na mesma, havendo muito me-nos rebanhos, e podendo-se ter feito caminhos lá por dentro em vez de trazer as vacas até ao pé dos carros, custa-me ver tantos alqueires de boa terra definitiva-mente desperdiçados. aqueles muitos moios de terra não voltarão a dar er-va, nem milho, nem nada.a Terceira ficou mais pobre embora pareça que não, e com as pontes por cima para as vacas passarem deu-me não sei porquê para me lembrar de Walt disney e do elefante dumbo – o tal que voava! só que aqui, se acontecer, serão vacas!chega de lamúrias!com estes milhões que agora chegam em mais um quadro comunitário, até 2013, vamos a ver se muda-mos de investimentos destrutivos para investimentos realmente criadores de mais-valias. fo

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16dI domiNGo 02.MARÇO.2008 1�dI domiNGo 02.MARÇO.2008

capas NeGRas, caloiRos, douToRes,

seReNaTas… o espíRiTo acadÉmico

passou poR aNGRa do HeRoísmo de

21 a 23 de FeVeReiRo, com o Vi FesTi-

Val olÉ TuNas.

o Teatro angrense está ao rubro. No palco, vários membros da “Vicentuna”, a tuna da Faculdade de ci-ências da universidade de lisboa, celebram a vitória no Vi olé Tunas. abraçam-se e rebolam no chão, nu-ma confusão de capas negras. É assim há seis anos. “pode parecer estranho, porque não ganham mais que uma placa a dizer que foram os melhores naque-le dia, mas a festa de celebração é sempre enorme”, explicava, algumas horas antes, durante os testes de som das sete tunas a concurso, luís Viegas, da orga-nização.mas não é só quando é anunciada a tuna vencedora que o Teatro angrense se anima. das nove horas da noite para lá da uma da madrugada ouvem-se bala-das que falam de amores e de saudade e canções so-bre a vida boémia dos estudantes. No último piso, as tunas que participam no festival desafiam-se. ouvem-se gritos académicos. capas negras estão estendidas nos camarotes. No palco as tunas dizem piadas e can-tam fados nostálgicos. chegam-se a ver mais de qua-tro pandeiros em palco. os estandartes cortam o ar. durante dois dias, passaram pelo teatro a Vicentuna, a iscalina de lisboa, a K-Batuna de coimbra, a Tuna sons do maR, da Terceira, a Neptuna e a eles, um grupo de amigos da escola de enfermagem de angra, que se reuniu só para o festival. No sábado actuaram a Tusa, Tuna económicas, a escstunis e a Tuna de en-fermagem de lisboa, todas da capital, bem como a quantuna, de coimbra.

apenas estavam a concurso as sete tunas de lisboa e coimbra. o festival fechou com a tuna organizadora, a TaeseaH- Tuna académica da escola superior de en-fermagem de angra do Heroísmo. ao todo, o olé Tu-nas movimentou 350 pessoas, 185 de fora da ilha.para trás ficou o já tradicional “pasacalles”, que pôs as tunas a percorrer as ruas de angra, uma serenata à meia-noite no salão Nobre da câmara municipal e uma garraiada.luís Viegas senta-se numa das cadeiras de veludo do Teatro angrense com um suspiro cansado. expli-ca que para além das “várias horas sem dormir” e do trabalho de coordenar sete tunas espalhadas pe-la pousada da Juventude, Recreio dos artistas e Re-gimento de Guarnição nº1, o festival é a materializa-ção do trabalho de um ano. “são os contactos com a câmara municipal, a nossa parceira no evento, e com outras entidades para conseguir alojamento, os convites às tunas… costumamos, após o festival, ter uma semana a que chamamos de ‘pousio’. depois, temos uma reunião para fazer o balanço do que cor-reu melhor e pior e volta tudo ao princípio. É sem-pre um grande jogo para mobilizar pessoas e inte-resses”.as tunas e a tauromaquia voltaram a estar ligadas. “Há interesse em que seja assim, torna o festival diferente, único. Tentamos proporcionar esse lado de convívio, de espírito académico, com ênfase para os toiros a li-gação com a natureza”.com 11 anos de tuna e já a exercer enfermagem, lu-ís Viegas viu o olé Tunas nascer e evoluir. Hoje, sen-te que está muito longe do inicial encontro de tunas. “começámos como um encontro, mas cedo nos aper-cebemos que o que acontecia era ‘ramboia’ e actua-ções menos bem conseguidas. avançámos depois pa-ra um concurso de tunas mistas, o que já coloca algu-ma pressão sobre quem cá vem. posso dizer que já cá tivemos algumas das melhores tunas do país”.embora queira ver a TaeseaH concretizar alguns pro-jectos, incluindo o lançamento de um cd, luís Viegas considera-se satisfeito. “Já sou um dos velhotes e pos-

oLé tuNAs!

so dizer que sinto que o festival tem já vida própria. sei que são sempre uns 30, 40 tipos, que no final es-tão todos rotos, que o organizam, mas sinto que isso depende cada vez menos de mim. o olé Tunas já é um evento com uma carga cultural, reconhecido. Vê-se isso a cada edição. o teatro enche-se de gente”.segunda famíliamário alfaia, o maestro da quantuna, a tuna académi-ca da Faculdade de ciências e Tecnologia da universi-dade de coimbra, actuou na última noite do festival, perante esse teatro cheio de gente. a tuna fundada há 12 anos apresentou apenas ori-ginais. “No pasacalles, por exemplo, tocamos temas como a ‘Rapariga’ ou o ‘Traçadinho’, que a estudanti-na popularizou, mas para o concurso apostamos nos nossos temas. É uma mais-valia na competição”. mas a competição é mesmo levada a sério? “Há de tudo. uns vêm para se divertirem, outros querem mesmo ganhar. eu… tento pôr alguma ordem nisto”, diz, com uma risada.embora tenha levado a concurso apenas originais, mário alfaia faz questão de sublinhar que a preocupa-ção musical não é tanta como a que têm as tunas de lisboa. “podemos dizer que participam tunas e gru-pos musicais. uma tuna toca temas que falam da vi-da académica, do percurso dos caloiros, da vida dos estudantes, da saudade e da nostalgia dos finalistas que partem. um grupo musical tem boas vozes e um bom instrumental, mas falta-lhe um pouco o espírito académico”.José pedro Ramos, o “magister” (responsável máxi-

mo) da escstunis, a tuna da escola superior de co-municação de lisboa, que acabou por conquistar o segundo lugar no concurso, não leva a mal as pala-vras do colega de coimbra. “se fizermos de facto essa escala, somos um grupo musical. Temos uma grande preocupação a esse nível e apostamos em temas es-tilo Festival da canção. apresentamos uma canção de ary dos santos, por exemplo. mas não nos falta o es-pírito académico, isso não”.existe outro aspecto em que quantuna e escstunis es-tão de acordo: a imagem de excessos e, sobretudo, de consumo exagerado de álcool, está colada a even-tos académicos. “É simplesmente assim. sei de pes-soal das tunas que bebe muito, outros fazem-no ra-zoavelmente e há quem não beba. mas era preciso não se beber nada durante uma década para que es-sa imagem mudasse”, afirma José pedro.“o que é preciso ver é que, mais que as vitórias em festivais ou as noites de excesso, o que levamos da experiência de pertencer a uma tuna é a sensação sermos uma família. são recordações que guardamos connosco para sempre”, conclui o magister da escs-tunis.É esse mesmo sentimento que luís Viegas experimen-ta no final de todos os olé Tunas que já organizou. acontece sempre que pisa o palco com a sua “segun-da família”. “o pano sobe e vemos o público. Todas as pessoas ali sentadas sabem que fomos nós que torná-mos aquilo possível. começamos a tocar e ao fim do quarto tema a sensação é de pura satisfação. pode-mos finalmente pensar: missão cumprida”.

Vi FesTiVal da TeRceiRa

RepoRTaGem heLenA FAgunDes

FoToGRaFia AnTónIo ArAúJo

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LuIz FAgunDes DuArTe

a discussão sobre política de educação caiu à rua, em portugal. e na pior das ruas: a dos valores corpo-rativos, das conveniências partidárias, e dos interesses sindicais. muito longe, portanto, de onde deveria es-tar: na escola, que é onde os alunos se encontram. Todos somos unânimes na afirmação de que batemos no fundo em matéria dos resultados do conjunto de políticas de educação: nunca como nas últimas dé-cadas se investiu tanto em educação – no orçamen-to, nas infraestruturas, na formação de professores, na acção social, no envolvimento da sociedade civil, na estabilização dos corpos docentes, na definição de re-gras de funcionamento, na autonomia das escolas. e, no entanto, são de pesadelo os números que nos fa-lam do abandono e do insucesso escolares, a todos os níveis – e de um modo especial no ensino básico –, quando comparados já não com o que se passa nos restantes países da união, mas mesmo da ocde, que inclui países como o méxico ou a Turquia. Naturalmente que é fácil encontrar culpados para isto: o governo, como é claro, que é para isso que servem os governos. e, naturalmente, os alunos, que também para outra coisa não servem – apesar de não ser do meu conhecimento a existência de quaisquer estatís-ticas que nos provem, por a+b, que as nossas crian-ças e adolescentes sejam mais baldas, mais indiscipli-nados, ou até mais burros do que os seus colegas dos outros países. diz-se que no entremeio destas duas das muitas ca-beças malignas da Hidra que é o nosso sistema edu-cativo – o governo e os alunos –, vive e frutifica uma estrutura humana que não poderemos esquecer: os professores, que até aqui constituiriam o verdadeiro objecto da política educativa, enquanto os alunos, ao que parece, não passariam de meros argumentos pa-ra a existência deles. eu não creio que assim seja, mas nunca fiando – mesmo porque foram os sindicatos

dos professores quem até há muito pouco tempo, de facto, mandou na educação em portugal. com os resultados que estão à vista.de onde me faço um ror de perguntas, a propósito das medidas do governo da República que tanta con-testação têm vindo a provocar por todo o país: onde está a violência de se dizer aos professores que de-vem cumprir, como todos os trabalhadores, o seu ho-rário de trabalho? Não há-de a carreira docente prever uma progressão, que permita que sejam os melhores a chegarem ao topo? e para progredirem na carreira, não deverão os professores ser sujeitos a uma avalia-ção pelos seus pares? quem discute que o verdadei-ro produto do trabalho dos professores se mede, em última análise, pelo sucesso dos seus alunos? Não se-rá o verdadeiro múnus docente, mais do que o traba-lho administrativo ou de gestão, concretizado na sala de aula? Não haverá conveniência em se definirem as regras de funcionamento das escolas e da actividade dos professores e dos alunos? Não diremos todos, re-petindo o que já se dizia nas comunidades ditas pri-mitivas, que a educação de cada criança é um assun-to de toda a aldeia – impondo assim a necessidade de toda a comunidade ser responsabilizada no gover-no das escolas? ouvi um dia destes, num programa de televisão, uma professora muito loira e muito tia perguntar (com ar satisfeitinho) para que servia a jovens marcados pe-lo insucesso escolar aprenderem um certo conceito da geometria ou lerem uma peça de Gil Vicente. por-que, para aquela professora, os meninos maus (que por acaso são os que mais faltam às aulas, os que vi-vem em famílias desconchavadas, os que sobrevivem nos limites da marginalidade) o que devem aprender é a serem trabalhadores – indiferenciados e, de prefe-rência, de biquinhos calados. professores, sei que os há…

professores,seI que os hÁ

FolHeTim 362

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É coNsideRado um dos melHoRes

músicos de Jazz poRTuGueses e Já Foi

compaRado a Jim Hall. o GuiTaRRisTa

Vasco aGosTiNHo esTeVe Na TeRceiRa

paRa um coNceRTo com o seu TRio

e Falou dos amBieNTes e seNsações

do Jazz, essa “GRaNde coNVeRsa”.

Começa a tocar em bares...para dizer a verdade começo ainda mais cedo. com uns 12 ou 13 anos, aprendo a tocar órgão, depois pas-so para o piano e, finalmente, para a guitarra, que le-vava para todo o lado, inclusive para a escola, porque é um instrumento portátil, que se pode transportar a tiracolo e tocar sempre que nos apetece... depois, acabo por tocar em bares da Região. sou da Benedita, tocava em cidades próximas, como leiria e são marti-nho do porto, por exemplo...

Como foi a passagem dos bares aos grandes palcos?Foi um processo demorado... Nos bares tocava cat

“o JAzz é umAgrANde CoNVersA”

stevens, Beatles, Fausto...Toda uma mistura de sons e de estilos, o que acabou por ser positivo. depois hou-ve uma quebra súbita, que acontece quando vou pa-ra lisboa estudar no Hot clube de portugal. daí aos grandes palcos é algo gradual. digamos que o meu primeiro concerto foi no centro cultural de Belém, no espaço das sete às Nove. a partir desse momen-to comecei a arranjar a trabalho e a ganhar algum di-nheiro. Fui também convidado para dar aulas no Hot clube.

quando entra no hot Clube de portugal já está determina-do em tornar-se um músico de jazz?sim, já me sentia muito atraído pelo jazz. depois, ti-nha um amigo que estava ligado ao Hot clube e, a determinada altura, fui com ele lá. Fiquei verdadei-

ramente marcado. Não tinha planos sobre quando exactamente queria entrar, mas aconteceu ir ver um concerto em que um dos guitarristas era o mário del-gado, que era professor no Hot. Falei com ele e fez-me o convite de passar por lá logo no outro dia, por-que havia umas vagas. disse-me para começar logo, que não havia problema. Tive de juntar algum dinhei-ro, reunir algumas condições... levei algum tempo a ir todos os dias da Benedita a lisboa, o que era um grande esticão... mas fui conhecendo alguns amigos, ficava nas casas deles quando precisava. Tudo se foi tornando mais fácil. ainda passei alguns meses sem estar inscrito, mas, quando começou o segundo se-

mestre de aulas, entrei no Hot clube em definitivo.

Como era o hot Clube nessa altura?era muito diferente do que é hoje. No princípio dos anos noventa, não quero exagerar, mas havia uns cin-co músicos em lisboa que se dedicavam inteiramente ao jazz. Hoje há dezenas, não só em lisboa, mas em outros sítios do país. Tenho uma teoria de que o pro-gresso social e a melhoria económica dessa década permitiram que certos jovens que noutras circunstân-cias não poderiam aprender jazz o fizessem, até com uma certa ajuda financeira dos pais. Também, como o jazz em portugal melhora, com músicos com boa for-mação, há mais público e passa-se a conseguir ganhar algum dinheiro neste meio. Tudo isso fez com que existisse uma evolução enorme.

Já lhe devem ter feito esta pergunta muitas vezes, mas porquê o jazz?sim, já fizeram, e nunca sei responder... a única res-posta que costumo dar é que, desde miúdo, tinha a mania de que era diferente. ouvia o pop de que to-dos gostavam, mas depois escutava também progra-mas de música contemporânea, erudita... o jazz co-meça aí a entranhar-se. depois disso, é gostar de jazz, cada vez mais...

é difícil enfrentar grandes públicos?a verdade é que, para nós músicos, isso acaba por não ser uma preocupação. Vamo-nos gradualmente habitu-

eNTReVisTa heLenA FAgunDes

FoToGRaFia AnTónIo ArAúJo

Vasco aGosTiNHo

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ando a que haja cada vez mais público. Nunca tive re-ceio em cima de um palco. claro que, para além disso, tenho uma vantagem em relação aos outros músicos. quando era mais novo cheguei a ser acólito numa igre-ja enorme, cheia de gente... Já estava habituado.

No palco entra em jogo a improvisação...sim. costumo dizer que o processo se divide em três coisas: as previsíveis, que têm de existir. É o que es-tá no papel. depois há as semi-previsíveis e as pura-mente imprevisíveis, tudo aquilo que pode acontecer. Tocar jazz é isso. É impossível haver dois espectáculos iguais. mesmo que tentássemos, não conseguíamos.

Como é esse processo de improvisação?Há várias formas de explicar, mas costumo sempre dizer que é uma conversa. assistimos a um debate. É lançada uma ideia, depois alguém começa a falar, apresenta o seu ponto de vista, com que logo a seguir alguém concorda e discorda. No fundo é isto. uma grande conversa...

também dá aulas. há muita gente a querer entrar no mun-do do jazz?Na realidade não. Há muita gente a querer aprender a linguagem do jazz para depois tocar outras coisas, porventura mais simples. mas há sempre, em qual-quer escola de jazz, uma muito pequena percentagem que quer mesmo absorver a linguagem do jazz.

o jazz tornou-se de elite?

Nunca percebi muito bem esse processo. o jazz não nasce nas elites, mas nos estados unidos, em Nova orleães, na comunidade negra, fruto de uma mistu-ra de culturas. É cultura popular, mas depois as elites apropriam-se dela, nomeadamente na europa. cos-tumo comparar o jazz ao latim, que começou por ser uma língua falada pelos romanos e agora pertence a alguns eruditos. o jazz surgiu como música popular, que depois as elites agarraram e tentaram fazer passar como algo muito difícil de perceber, só ao alcance de alguns. a verdade é que o jazz é uma linguagem. Não pertence a ninguém, a nenhum extracto social.

mas pode ser, de facto, uma linguagem mais difícil, que re-quer alguma habituação...Tudo depende da forma como se ouve a música. en-quanto na nossa música tradicional há uma melo-dia clara, no jazz há ambientes. o que ouvimos é es-sencialmente um sentimento, uma ambiência. É cla-ro que, sendo assim, quem for em busca de uma me-lodia, vai ficar desiludido. o jazz pode ter isso, mas é, sobretudo, uma sensação.

Compõe temas. é mais difícil fazê-lo para jazz?É complicado. o que fazemos no palco nunca é mais do que cinco ou 10 por cento do que está no papel. o que o tema depois vai ser depende dos músicos que estão em cima do palco. mas é preciso que, na par-te da composição, exista um assunto que dominante, uma lógica... É lançar as bases para o que depois po-de acontecer.

também lançou um disco, “fresco”, em 2006. é fácil a in-dústria discográfica para um músico de jazz?depende. Felizmente temos uma editora fantástica, a “Tone of a pitch”, que tem feito um trabalho excelen-te neste campo. a verdade é que não estamos a falar de uma coisa que dê grandes lucros. a editora lança álbuns sem essa pressão, o que torna as coisas bas-tante mais fáceis. Houve algumas outras editoras, mas eram sempre coisas feitas para deduzir nos impostos. por exemplo a polygram chegou a ter uma, a Groove, que lançou umas coisas e depois fechou. Nunca mais se ouviu falar do assunto... É uma indústria discográ-fica difícil, sim.

o jazz é improvisação. foi difícil gravar um álbum?É. aquela noção de que o que estamos a tocar vai fi-car gravado altera completamente toda a dinâmica. Não conseguimos arriscar tanto, porque sabemos que qualquer erro ficará registado. Também foi estranha a reacção de ter o disco na mão. Não foi o sentimen-to que eu esperava, pensava que fosse mais podero-so. Hoje vejo o álbum como uma espécie de fotogra-fia da música que fazia na altura. É a minha música, com a diferença que, quando eu desaparecer, o ál-bum permanece.

pensa lançar outro trabalho em breve?sim, tenho planos para isso. será um álbum muito diferente, porque eu próprio amadureci. Há alguns dias perguntavam-me se é possível conhecer me-lhor um músico através da sua música. penso que

sim, que um músico acaba por se interpretar a si próprio. este próximo disco tem contemporaneida-de, é abstracto e, ao mesmo tempo, é musicalmen-te maduro.

está também envolvido em vários projectos, desde o trio Vasco Agostinho a um quinteto de homenagem a sarah Vauhgan.sim… o projecto relacionado com sarah Vaughan é interessante, porque ela foi uma cantora que marcou uma época. Trouxe o jazz ao grande público. antes dela tinha sido louis armstrong. a partir daí existem grandes cantoras como Billie Holliday, por exemplo, que são mais difíceis. a sarah Vaughan alia a popula-ridade à qualidade. É isso tudo.

falando de grandes nomes, já foi comparado a Jim hall. o que significa isso para si?No artigo do “expresso” em que fazem essa compa-ração, estão a falar da lucidez musical. Tento sempre atingir essa lucidez. Gostei muito dessa comparação, sim…

disse que um álbum permanece para além do músico. Co-mo quer ser recordado?Fizeram essa pergunta a Ray Brown, quando ele esta-va já com bastante idade. ele disse que queria conti-nuar a tocar jazz, com os músicos de que gostava, e progredir sempre. mais do que os grandes concertos, os álbuns, as boas críticas, é esse o sonho. o grande projecto.

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eNTRam ao seRViço a 03 de maRço

os miNi auTocaRRos, Na cidade da

pRaia da ViTóRia, peRcoRReNdo um

ciRcuiTo seleccioNado poR TÉcNicos

da câmaRa e da eVT, com a FiNalida-

de de seRViR o cidadão comum, daR

uso aos paRques de esTacioNameNTo

e aBRiR mais uma poRTa ao TuRismo.

”a qualidade de vida numa cidade mede-se pela excelência dos seus transportes públicos”. esta afirma-ção é de carlos Raulino, do conselho de administra-ção da empresa de Viação Terceirense, lda., e foi fei-ta no acto de assinatura de um protocolo para o iní-cio da utilização, na cidade da praia da Vitória, de mi-ni autocarros.Foi projectado um percurso único, com uma demora aproximada de vinte minutos, que tem início no par-que de estacionamento junto ao estádio municipal e termina, durante os meses de inverno, no parque de estacionamento junto à marina. No Verão, está decidi-do, os mini autocarros deslocam-se até ao miradouro da serra do Facho, sendo que este acrescento é feito na perspectiva de uma composição ainda mais turísti-ca do trajecto.desta forma, e para além das questões de ordem prá-tica, a saída é feita de um local arborizado e com vista sobre a serra do Facho e a serra do cume, para deleite também do turismo. aliás, o trajecto foi criado na pers-pectiva de ser também agradável.Na Rotunda do cemitério volta-se para dentro da urbe

praiense, e torna-se à direita na Rua cidade da artesia, onde ficam situadas valências como o centro de saú-de, segurança social, várias lojas do comércio e com paragem quase às portas das Finanças. a reportagem de di fez o percurso, e constata que de-pois, desce-se depois a Rua paço do milhafre, com vol-ta à esquerda na rua que nos leva, entre outros espa-ços, ao mercado municipal e ao Jardim silvestre Ribei-ro, onde os mini autocarros param para recolha dos utentes, seguindo pela Rua de Jesus, e voltando à direi-ta na Rua da Graça, junto a um dos mais famosos con-ventos da praia da Vitória.No fim da Rua da Graça, os mini autocarros seguem pela Rua paço do milhafre, no sentido descendente, até ao largo da Batalha, passando em frente ao auditó-rio do Ramo Grande, e futuras instalações da academia de Jovens da ilha Terceira, cujas obras começam ainda este mês, e seguem para a praça Francisco ornelas, o coração da cidade da praia da Vitória, onde para além de bancos, cafés, correios e comércio, se encontram al-guns dos serviços camarários, e a Biblioteca municipal da praia, após o que descem a Rua da alfândega, pas-sando pelo posto da GNR e pelos acessos principais à praia Grande e às zonas de esplanadas, contornam a Rotunda na praça silvestre Ribeiro e avançam pela Rua álvaro martins Homem, já na denominada parte nova da praia da Vitória, e seguem até ao parque da mari-na, estacionando, assim, perto do local onde decorre a Feira de Gastronomia, Feira do livro e outros eventos, mesmo à porta do laboratório da lamtec e do principal acesso à prainha. Nos dias de Verão e após a saída des-te parque, os mini autocarros sobem à serra do Facho, descendo-a depois pelo mesmo caminho, após o que passam em frente à zona Verde, onde no futuro será o pavilhão multiusos da praia, e o parque infantil já cons-truído, percorrendo, através da circular externa toda a área onde está a ser executado o projecto do paul, que poderá ser visto, de passagem ou com saída.os mini autocarros, a meio da circular externa, voltam a entrar no emaranhado de casas, e encaminham-se para a Rua de s. salvador, passando pela casa de Vito-

NegóCIos e prAzer

rino Nemésio, nas cercanias da igreja do espírito santo das misericórdias, subindo até à igreja matriz e entran-do na Rua onde se encontra ainda instalada a escola profissional, para descer junto às actuais instalações do maior número de serviços do município, e avançar até à antiga escola Básica Vitorino Nemésio, onde se en-contram actualmente instalados os serviços principais da empresa municipal praia ambiente.a parte final do percurso inclui uma passagem pela porta principal da escola Vitorino Nemésio, com para-gem no local destinado para ser a futura central de ca-mionagem, a fim de subirem a Rua da saúde, até à cir-cular externa, ou seja, ao ponto de partida, junto ao es-tádio municipal.as garantias dadas, sobre este circuito, são as de que, entre as 08h00 e as 09h30, a cada 10 minutos passará um mini autocarro em cada uma das paragens, já que nesse horário estarão dois em funcionamento, o mes-mo acontecendo entre as 17h00 e as 18h3o, e nas res-tantes horas, apenas com um autocarro, onde cabem 19 pessoas sentadas, as passagens ocorrem a cada 20 minutos, sendo esse o tempo que foi estimado para a realização do percurso.com esta inovação, e ao custo de 20 cêntimos de euro por cada viagem, os passageiros podem, como se cons-tata, realizar as suas compras, fazer-se aos seus empre-gos, deixando os veículos nos parques de estaciona-mento que actualmente andam praticamente às mos-cas, e ao mesmo tempo, usufruírem de uma nova for-ma de conhecimento da cidade da praia da Vitória. e como convém, de um ângulo pouco usual até agora.

existem ainda preços pela metade, para idosos e estu-dantes, e cartões para os que mais utilizarão esta no-va forma de viajar na praia da Vitória, a 10,00 euros por mês, para o número de viagens que se entender (me-tade do preço para idosos e estudantes), e também é possível a aquisição de um cartão anual, através do qual, se ganha um mês a viajar à borla.Também como dizia carlos Raulino, os primeiros três meses da prestação pela edilidade deste novo serviço, servirão para as pessoas criarem habituação, tal como aconteceu em angra do Heroísmo, onde as críticas fo-ram muitas e hoje já é impensável viver-se sem os mi-ni autocarros, esses com capacidade para 25 pessoas e que andam sempre a abarrotar.o maior teste, para já, que vai merecer a atenção dos técnicos da câmara e da eVT, é perceber se as paragens que foram estabelecidas, são realmente as melhores, e isso até nem será difícil, já que aquelas onde o número de pessoas não o justifique serão eliminadas, ou subs-tituídas por outros locais, onde os interessados sejam em maior número.e é assim. a parir do dia 03 de março, a praia da Vitó-ria pode ser passeada em novo circuito e vista de ou-tros ângulos, mais que não seja para variar, para além da importância que, para já, se consegue vislumbrar, na forma prática como as pessoas podem recorrer a uma mão cheia de locais, deixando os seus veículos e mui-tos aborrecimentos, nos parques de estacionamento que até agora só têm servido para pouco mais do que os dias de enchente na praia da Vitória. o futuro tem a última palavra a dizer.

RepoRTaGem . FoToGRaFia henrIQue DéDALo

miNi-Bus Na pRaia da ViTóRia

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diogo silva que entrei para o atletismo”, sublinha, com evidente nostalgia. os primeiros tempos da ‘Rosa mota’ do atletismo ter-ceirense foram tudo menos fáceis. “como auto-didac-ta, utilizava uma rampa junto à minha casa para trei-nar. aos poucos, comecei a participar em competi-ções. Ganhei todas as provas de estrada e corta-ma-to que existiam. Fui ainda campeã regional em distân-cias de fundo”, acrescenta. desde sempre que paula costa utilizou a estrada co-mo local privilegiado para treinar, o que, há trinta anos, provocava reacções curiosas.

“Guardo excelentes recordações do atletismo. apesar de já não competir, ainda treino quase todos os dias. era conhecida como a ‘Rosa mota’ da Terceira. como as pessoas não estavam habituadas a ver uma mulher a correr na via pública, chegavam-me a mandar traba-lhar ou a ir para casa. outros tempos”. a directora técnica da associação de atletismo da ilha Terceira é uma das mais conceituadas treinadoras na-cionais de lançamentos. “como técnica, abordava todas as disciplinas. al-cancei, inclusive, resultados interessantes em dis-ciplinas como o salto em comprimento, velocida-de e provas combinadas, com atletas como o du-arte Bettencourt e a Helena Fontes. Foi o ex-téc-nico nacional de lançamentos, prof. Júlio cirino,

que me sensibilizou para a importância da espe-cialização”. paula costa realça dois momentos inesquecíveis no seu vasto currículo. “a presença do Rodrigo costa nos mundiais de juvenis marca um ponto alto na minha carreira, assim como a participação da diana sousa nos europeus de juniores. em ambos os casos, foi o corolário de um trabalho de 8/9 anos, pois no atletis-mo nada se consegue sem empenho, determinação e paciência”. “devido à minha rotina de vida, casa/escola/estádio, é sobremaneira complicado deixar o atletismo. No en-

tanto, sinto que já estive mais ligada à modalidade. como pessoa, nunca vou abandonar o atletismo; co-mo treinadora, não poderei dizer o mesmo”, respon-de, com alguma tristeza no olhar, quando confronta-da com o futuro. “Hoje em dia, os atletas têm diversas formas de ocu-par os tempos livres. como tal, não vão aos treinos com a mesma assiduidade. Neste contexto, defino ob-jectivos que não se coadunam com os seus interesses. por outro lado, sinto que alguns clubes, devido a difi-culdades internas, acabam por contribuir para o qua-dro vigente. o cansaço natural de todos estes anos e a necessidade de tempo para mim ajudam também a explicar a desmotivação que referiu”, justifica, em jei-to de conclusão.

AtLetIsmo, meu Amor! paula cosTa

RepoRTaGem MATeus roChA

FoToGRaFia AnTónIo ArAúJo

“Faço da corrida um complemento da minha vi-da! aliás, dificilmente viveria sem a corrida”! É desta forma simples, mas sincera, que paula costa define a sua relação com a modalidade que abraçou há qua-se três décadas. conquanto tenha passado, na qualidade de pratican-te, pelo andebol, basquetebol, voleibol e futebol, e mais recentemente pelo duatlo e triatlo, é indiscutível que foi sempre o atletismo a ‘menina dos olhos’ de paula costa, modalidade em que, na verdade, já fez de tudo um pouco: atleta, treinadora, dirigente e juiz. “iniciei a minha carreira desportiva em 1980, na cal-deira do monte Brasil, numa prova de acesso aos Jo-gos sem Fronteiras. Gosto de recordar as minhas ori-gens, porque foi pela mão do já falecido senhor Rui

paula cosTa É um dos Nomes mais

RespeiTados do aTleTismo das ilHas

de BRuma. coNsideRada duRaNTe laR-

Gos aNos como a ‘Rosa moTa’ da TeR-

ceiRa, a diRecToRa TÉcNica da asso-

ciação de aTleTismo da ilHa TeRceiRa,

pese alGuma desmoTiVação, Não se

imaGiNa loNGe das pisTas.

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LIVros

A CaminhoJ.-K. HuysmansCivilização editora314 páginas

Romance autobiográfico, em que Huysmans pro-jecta a sua própria vida, a de um escritor parisien-se com uma atormenta-da vida interior.aconselhado por um amigo, o padre Gévre-sin, durtal tenta resolver os seus conflitos interio-res, retirando-se para um convento e vivendo de perto com os religiosos mais austeros.escolha a Trápia de Nossa senhora do átrio e des-creve os costumes dos monges beneditinos, os ritos, os cantos e as bele-zas da liturgia.mas será simeão, o mais humilde frade do con-vento, que levará durtal a descobrir a simplicida-de que lhe faltava...Georges charles ma-rie Huysmans nasceu em paris, em 1848, mas sempre assinou as suas obras com uma versão flamenga do seu nome, Joris-Karl, inspirada na ascendência do pai, pro-cedente de uma linha de artistas.amigo e discípulo de zo-la e de maupassant, cedo ultrapassará a escola na-turalista, pelo seu estilo e singularidade. caracteri-za-se por uma expressão vigorosa e uma contínua devoção a temas artís-ticos, que impregnam a

sua obra.a sua surpreendente adesão ao catolicismo escandalizou os meios li-terários parisienses, que ele abandona ao retirar-

se para viver como ir-mão oblato em igny en le marne. depois da expulsão das ordens religiosas, regres-sa a paris, onde vem a

morrer, em 1907, de do-ença prolongada, su-portada com abnegação cristã.exposIções

“corpo intermitente” é o título de uma mostra de arte contemporânea pa-tente no museu de an-gra, até 21 de abril.“percursos” é o título de uma exposição de pin-tura, da autoria de Flori-mundo soares, patente na carmina Galeria, até hoje, 2 de março.uma exposição de pin-tura da autoria de dimas simas lopes é inaugura-da sábado, dia 8, na car-mina Galeria. a mostra estará patente ao públi-co até 4 de abril.

CINemA

“Jogos de poder” é o fil-me em exibição no cen-tro cultural de angra, até quinta-feria, dia 6, pelas 21h00. Hoje, domingo, o filme é apresentado às 18h00 e às 21h00.o centro cultural de an-gra estreia sexta-feira, dia 7, pelas 21h00, “call Girl”. o filme é apresen-tado até quinta-feira, dia 13, pelas 21h00, e do-mingo, dia 9, às 18h00 e às 21h00.o auditório do Ramo Grande apresenta hoje, domingo, pelas 21h00, “eu sou a lenda”.

sugestões tIro&quedAruI MessIAs

DIÁRIO INSULAR - Ficha Técnica: Propriedade: Sociedade Terceirense de Publicidade, Lda., nº. Pessoa Colectiva: 512002746 nº. registo título 101105 Jornal diário de manhã Composição

e Impressão: Oficinas gráficas da Sociedade Terceirense de Publicidade, Lda. Sede: Administração e Redacção - Avenida Infante D. Henrique, n.º 1, 9701-098 Angra do Heroísmo Terceira

- Açores - Portugal Telefone: 295401050 Telefax: 295214246 [email protected] | www.diarioinsular.com Director: José Lourenço Chefe de Redacção: Armando Mendes Redacção:

Hélio Jorge Vieira, Fátima Martins, Vanda Mendonça, Henrique Dédalo, Rui Messias e Helena Fagundes Desporto: Mateus Rocha (coordenador), Luís Almeida, Daniel Costa, José Eliseu

Costa, Jorge Cipriano e Carlos do Carmo. Artes e Letras: Álamo Oliveira (coordenador) Colaboradores: Francisco dos Reis Maduro Dias, Ramiro Carrola, Claudia Cardoso, Luís Rafael do

Carmo, Luiz Fagundes Duarte, Gustavo Moura, Francisco Coelho, José Guilherme Reis Leite, Ferreira Moreno, António Vallacorba, Diniz Borges, Bento Barcelos, Jorge Moreira, Duarte Frei-

tas, Guilherme Marinho, Daniel de Sá, Soares de Barcelos, Cristóvão de Aguiar, Vitor Toste, Luis Filipe Miranda, Paulo Melo e Fábio Vieira Fotografia: António Araújo, Rodrigo Bento, João

Costa e Fausto Costa Design gráfico: António Araújo. Agência e Serviços: Lusa Edição Electrónica: Isabel Silva Sócios-Gerentes, com mais de 10% de capital: Paula Cristina Lourenço,

José Lourenço, Carlos Raulino, Manuel Raulino e Paulo Raulino. Tiragem desta edição: 3.500 exemplares,; Tiragem média do mês anterior: 3.500 exemplares; Assinatura mensal: 11 euros

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