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© Eng. Marcelo Paulino março de 2005 1/17 DIAGNÓSTICO DE TRANSFORMADORES - A EXPERIÊNCIA PRÁTICA UTILIZANDO MÉTODOS SIMPLES COM MEDIDA DA RESISTÊNCIA DE ENROLAMENTO, TESTES DO COMUTADOR SOB CARGA, DE RELAÇÃO, DA REATÂNCIA DE DISPERSÃO, DA CAPACITÂNCIA E DA MEDIDA DO FATOR DE DISSIPAÇÃO (TANd). ( * ) Marcelo E. de C. Paulino Michael Krüger Gerente do Departamento Técnico da Adimarco Representações e Serviços LTDA, Brasil. [email protected] Gerente de produto da linha para Teste Primário da Omicron electronics GmbH, Áustria. [email protected] Resumo Este trabalho descreve técnicas e procedimentos de testes para diagnóstico de transformadores utilizando um novo sistema multifuncional e completo de teste, onde todas as medições podem ser realizadas rapidamente e eficientemente com métodos de testes automáticos permitindo uma operação simples para diversos testes. Devido a crescente pressão para reduzir custos, a indústria elétrica é forçada a manter as antigas instalações em operação por tanto tempo quanto possível. Assim, a checagem regular das condições de operação desses equipamentos mais antigos torna-se cada vez mais importante. A análise cromatográfica é um método provado e significativo para a determinação dos índices de crescimento dos gases de hidrocarboneto encontrados no óleo, resultando na identificação da falha tão rápido quanto seja possível. Esta é um importante item da manutenção preventiva que pode ser realizado a tempo de evitar uma falha total inesperada. Entretanto a localização da falha pode ser realizada com sucesso usando um simples método elétrico, como a medição da resistência. Nesse trabalho todos os testes foram realizados com o novo sistema de teste auto-controlado. Tal dispositivo possui uma unidade com processador digital de sinal (DSP) capaz de gerar sinais senoidais na faixa de freqüência de 15 a 400 Hz, alimentado por um módulo de amplificação de potência variável, segundo a necessidade do operador. A nova tecnologia de teste utilizada possibilita o exame cuidadoso do fator de dissipação, capaz de detectar a degradação do isolamento num estágio inicial com mais análises detalhadas. Adicionalmente, excelente supressão de interferências eletromagnética é garantida. Com o sistema descrito, outros testes interessantes podem ser feitos, como a medição de seqüência zero, sem equipamento adicional; transformadores de corrente podem ser testados até 2000A (relação, polaridade, curva de excitação, burden); transformadores de tensão podem ser testados até 2000V, resistências de contato, impedâncias de terra e de linha podem ser medidas e muitos aplicativos adicionais são possíveis. Todas as medições podem ser feitas rapidamente e eficientemente com procedimentos de testes automáticos, capacitando operações simples como aquelas cujos resultados são salvos, gerando um relatório automático. Palavras-Chave: Comutador sob Carga, Ensaios, Isolamento, Testes, Transformadores. ( * ) Trabalho apresentado no SENDI 2004 - XVI Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica – Brasília-DF; 2004.

Diagnóstico de Transformadores

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Eng. Marcelo Paulinomaro de 20051/17 DIAGNSTICO DE TRANSFORMADORES - A EXPERINCIA PRTICA UTILIZANDO MTODOS SIMPLES COM MEDIDA DA RESISTNCIA DE ENROLAMENTO, TESTES DO COMUTADOR SOB CARGA, DE RELAO, DA REATNCIA DE DISPERSO, DA CAPACITNCIA E DA MEDIDA DO FATOR DE DISSIPAO (TAN). (*) Marcelo E. de C. PaulinoMichael Krger Gerente do Departamento Tcnico da Adimarco Representaes e Servios LTDA, Brasil. [email protected] Gerente de produto da linha para Teste Primrio da Omicron electronics GmbH, ustria. [email protected] Resumo Estetrabalhodescrevetcnicaseprocedimentosdetestesparadiagnsticodetransformadores utilizando um novo sistema multifuncional e completo de teste, onde todas as medies podem ser realizadasrapidamenteeeficientementecommtodosdetestesautomticospermitindouma operao simples para diversos testes. Devidoacrescentepressoparareduzircustos,aindstriaeltricaforadaamanterasantigas instalaes em operao por tanto tempo quanto possvel. Assim, a checagem regular das condies de operao desses equipamentos mais antigos torna-se cada vez mais importante. Aanlisecromatogrficaummtodoprovadoesignificativoparaadeterminaodosndicesde crescimento dos gases de hidrocarboneto encontrados no leo, resultando na identificao da falha to rpido quanto seja possvel. Esta um importante item da manuteno preventiva que pode ser realizado a tempo de evitar uma falha total inesperada. Entretanto a localizao da falha pode ser realizada com sucesso usando um simples mtodo eltrico, como a medio da resistncia. Nessetrabalhotodosostestesforamrealizadoscomonovosistemadetesteauto-controlado.Tal dispositivo possui uma unidade com processador digital de sinal (DSP) capaz de gerar sinais senoidais nafaixadefreqnciade15a400Hz,alimentadoporummdulodeamplificaodepotncia varivel, segundo a necessidade do operador. A nova tecnologia de teste utilizada possibilita o exame cuidadoso do fator de dissipao, capaz de detectaradegradaodoisolamentonumestgioinicialcommaisanlisesdetalhadas. Adicionalmente, excelente supresso de interferncias eletromagntica garantida.Com o sistema descrito, outros testes interessantes podem ser feitos, como a medio de seqncia zero,semequipamentoadicional;transformadoresdecorrentepodemsertestadosat2000A (relao, polaridade, curva de excitao, burden); transformadores de tenso podem ser testados at 2000V,resistnciasdecontato,impednciasdeterraedelinhapodemsermedidasemuitos aplicativos adicionais so possveis. Todasasmediespodemserfeitasrapidamenteeeficientementecomprocedimentosdetestes automticos, capacitando operaes simples como aquelas cujos resultados so salvos, gerando um relatrio automtico. Palavras-Chave: Comutador sob Carga, Ensaios, Isolamento, Testes, Transformadores. (*) Trabalho apresentado no SENDI 2004 - XVI Seminrio Nacional de Distribuio de Energia Eltrica Braslia-DF; 2004. Eng. Marcelo Paulinomaro de 20052/17 1 Introduo Devido a crescente presso para reduzir custos, a indstria eltrica forada a manter as antigas instalaes em operao por tanto tempo quanto possvel. Na maioria dos pases europeus, cerca de um tero dos transformadores tm mais de 30 anos. Transformadores com mais de 50 anos ainda podem ser encontrados em funcionamento [1]. T r a n s f o r m a d o r e s d e 1 1 0 k V / 2 2 0 k V n a A l e m a n h a051 01 52 02 53 03 54 01 t o 1 0 1 1 t o 2 0 2 1 t o 3 0 > 3 0I d a d e e m a n o sProporo em %1 1 0 k V t r a n s f o r m e r s2 2 0 k V t r a n s f o r m e r s Figura 1: Transformadores 110/220kV na Alemanha Assim, a checagem regular das condies de operao desses equipamentos mais antigos torna-se cadavezmaisimportante.AAnlisedosGasesDissolvidos(DGA-DissolvedGasAnalysis)um mtodoprovadoesignificativoparaadeterminaodosndicesdecrescimentodosgasesde hidrocarbonetoencontradosnoleo,resultandonalocalizaodafalhatorpidoquantoseja possvel. Este um importante item da manuteno preventiva que pode ser realizado a tempo de evitar uma falha total inesperada (Figura 2) [2]. Figura 2 - Falha em Transformador por defeito nas buchas Asfontesmaisfreqentesdefalhaestonoscomutadoresdetap,buchas,enrolamento, isolamento e acessrios do transformador (figura 3). Figura 3 - Fontes de Falhas em Transformadores [3] Eng. Marcelo Paulinomaro de 20053/17 2 Mtodos de Anlise Um dos mais importantes e comprovados mtodos a Anlise dos Gases Dissolvidos. Os gases de hidrocarbonetodissolvidosnoleopermitemquetiremosconclusesarespeitodacondiodo transformador e de falhas especficas investigando-se alteraes na composio do gs [4], [5], [6], [7].Porexemplo,asquantidadesmedidasdosgases(expressoscomoquociente)demonstradasna ltima linha da tabela (figura 4) sugerem a ocorrncia de altas temperaturas. Figura 4: Anlise dos Gases Dissolvidos [7] Uma possvel razo para a ocorrncia de altas temperaturas poderia ser a existncia de grandes resistncias de contato no seletor de tap. Entretanto, h varias outras possveis razes para o aumento das quantidades de gs no leo. Um exemplo poderia ser leo decomposto pela operao da chave comutadora migrando para o tanque de leo do transformador, atravs de uma vedao imperfeita nacomunicaoentreoreservatriodachavecomutadoraeotanquedotransformador. Excepcionalmente altas densidades de corrente causando temperaturas altas tambm podem ocorrer como resultado de interrupes parciais em condutores dispostos em paralelo. Informaes adicionais interessantes a este respeito podem ser obtidas em [4], [5], [6] e [7]. 3 Localizao da Falta Com a finalidade de se detectar a razo das altas quantidades de gs, devem ser executados mais testes no transformador. Os mtodos usuais de testes so: Medio da resistncia do enrolamento Teste de Comutador sob Carga (OLTC) Medio da relao de espiras Medio da corrente de excitao Medio da reatncia de disperso Medio da capacitncia e fator de dissipao Figura 5 - Sistema Multifuncional de diagnstico e teste de transformadores Eng. Marcelo Paulinomaro de 20054/17 Nestetrabalho,todosostestesforamexecutadoscomumnovosistemacompletodeteste.O dispositivopossuiumProcessadorDigitaldeSinal(DSP)quegerasinaissenoidaisnumafaixade freqnciade15a400Hzalimentadoatravsdeummodernoamplificadordepotncia.Um transformador de sada combina a impedncia interna do amplificador com a impedncia do objeto sob teste [8]. Por utilizar a freqncia de teste diferente da freqncia de linha e seus harmnicos, junto com medies usando tcnicas de filtragem seletiva, o equipamento de teste pode ser operado em campo, inclusive em subestaes com altos distrbios eletromagnticos. 4 Medida das Resistncias de Enrolamento e Teste do Comutador sob Carga (OLTC) Asresistnciasdoenrolamentosotestadasnocampoparasedetectarperdadeconexes, condutoresabertosealtaresistnciadecontatonocomutador.Adicionalmente,amedioda resistncia dinmica possibilita uma anlise do transitrio na operao da chave de comutao. Paraumamelhorcompreensodasmedidasderesistncia,necessrioentenderomtodode operao da mudana de tap. (figura 6). Na maioria dos casos a mudana de tap consiste de duas unidades. A primeira unidade o seletor de tap que est localizado dentro do tanque do transformador e muda para o prximo tap (maior ou menor)semconduodecorrente.Asegundaunidadeachavedecomutao,quemudasem nenhuma interrupo de um tap para o prximo enquanto conduz corrente de carga. Figura 6 - Diagrama do Circuito Equivalente do Comutador sob Carga (LTC) A resistncias da comutao R limita a corrente de curto-circuito entre taps que poderiam, por outrolado,virasermuitoaltadevidoalivreinterruponamudanaoscontatos.Oprocessode mudana entre dois taps leva aproximadamente 40 80ms. Figura 7 - Comutador sob Carga (LTC) Seletor de Tap Chave de Comutao R Eng. Marcelo Paulinomaro de 20055/17 Figura 8 - Transformador com Comutador sob Carga (LTC) Afigura7mostraumcomutadorsobcargacomoseletordetap(parteinferior)eachavede comutao (parte superior). Um transformador com um comutador sob carga mostrado na figura 8. Oreservatriodeleodachavecomutadoraclaramentevisvelnasduasfiguras.Afigura9 mostra uma chave comutadora de um transformador de 40 MVA para 110 kV. As chaves mostradas so posicionadas perto do ponto estrela do enrolamento do transformador de alta tenso. Figura 9 - Chave comutadora de 110 kV / 40 MVA 5 5. CONEXO A QUATRO FIOS PARA MEDIDA DE RESISTNCIA DE ENROLAMENTO DE TRANSFORMADOR A conexo de teste realizada na configurao a quatro fios, pois as resistncias do enrolamento somuitopequenas.Deve-seobservarqueasresistnciasdecontatodasconexesdosclampsou garras utilizadas no interferem no resultado da medio (figura 10). Figura 10 - Medida de resistncia a 4 fios Eng. Marcelo Paulinomaro de 20056/17 Uma fonte de corrente constante usada para alimentar o enrolamento com corrente contnua. A corrente de teste deve ser pelo menos 1% da corrente calculada para saturar o ncleo. Por outro lado no deve exceder 15% da corrente nominal para evitar aumento de temperatura durante a medio. Uma tenso relativamente alta sem carga possibilita uma saturao rpida do ncleo e um valor final alcanado apenas com variaes menores. Conseqentemente, na maioria das vezes, o tempo de carregamento por tap claramente menor que 30 segundos. Figura 11 - Relatrio de teste gerado automaticamente Pressionando um boto no sistema de teste, todos os valores so registrados e um relatrio do teste automaticamente gerado (figura 11). Os valores de resistncia so automaticamente corrigidos para a temperatura de referncia atravs de clculo automtico utilizando a seguinte frmula: 235235++=mxm xTTR R(1) Umgrandenmerodemediespodeserexecutadoeficientementeempoucotempo.Por exemplo,pararealizarmedidasemtodasasresistnciasdostaps119crescentesetaps191 decrescentes,emtodasastrsfases,istocorrespondeaumtotalde114mediesderesistncia. Neste exemplo em particular, o tempo do ensaio realizado seria menor que 90 minutos para toda as medies. 6 Aspectos de Segurana Alimentando-sediretamenteumabobinacalculadaemcentenasdeHenriescomcorrentesde vriosamprescausaoarmazenamentodeumaaltaenergiamagnticanaindutnciadabobina. Altastensesseriaminduzidasseocircuitodemedioforinterrompidosemadescargadesta energia, sendo muito perigoso para o operador e para o sistema de teste. Depois da realizao das x = temperatura de referncia m = temperatura medida Eng. Marcelo Paulinomaro de 20057/17 medidas, uma descarga automtica da indutncia da bobina automaticamente providenciada, dado que isto essencial para uma operao segura. 7 Enrolamentos Conectados em Delta Para os enrolamentos conectados em delta, R12, R23 e R31 no podem ser medidos diretamente e sim calculados a partir das medidas dos valores Ra, Rb e Rc. Figura 12 - Enrolamento conectados em delta. 8 Medio de Resistncia de Enrolamento de um Transformador de 220kV/110kV 100 MVA Fabricado em 1955 O transformador em teste foi escolhido devido a constatao prvia de grandes quantidades de gs no leo, indicando superaquecimento em seu interior. Figura 13 - Medida da resistncia de enrolamento H1-H0 Os resultados obtidos com o sistema de teste (figura 13) mostram um excelente resultado com a comparao com os valores medidos pelo fabricante para a posio mdia (indicado como tap 10) do seletor de tap em todas as fases, onde ocorre conexo direta do enrolamento principal. Nasmedidasobtidascomosistemadeteste,asdiferenasdetemperaturadosenrolamentos foram consideradas e todos os outros taps mostraram um aumento significativo se comparado aos valoresoriginaismedidos.Asdiferenassomaioresque10%ou,emvaloresabsolutos,acimade 70m. As variaes entre as comutaes crescente e decrescente so igualmente importantes. Isto demonstra que altas resistncias de contato no seletor de tap so causadas pelo processo de comutao.Oscontatoeramoriginalmentenovoseasuperfciedocontatodecobrefoiagora revestido por leo carbono (figura 14) aps a ocorrncia de defeitos [2]. Eng. Marcelo Paulinomaro de 20058/17 Figura 14 - Seletor de tap com defeito Depois de uma manuteno completa do seletor de tap, nenhuma diferena significativa para os valores medidos na fbrica em 1954 poderia ser observada (figura 15). Figura 15 - Resistncia aps manuteno Figura 16 - Diferena Antes / Depois da manuteno Paraexaminarosresultadosemmaioresdetalhes,recomendadorepresentargraficamentea diferenaentrevaloresUP(nasubida)eDOWN(nadescidadostaps)(figura16).Adiferena antes da manuteno do contato foi acima de 30m, equivalente a 5%, e depois da manuteno foi abaixo de 1m, equivalente a 0,18%.Geralmente, a prtica em manuteno requer valores medidos somente para o tap mdio e para os dois extremos, porm esse sistema de teste tem demonstrado que esta prtica incompleta, com srias conseqncias potenciais para os resultados. Eng. Marcelo Paulinomaro de 20059/17 Garantirumtestecompletocomregistrodosvaloresdetodosostapscomosistemadeteste descrito no consiste em nenhum esforo significante, nem em considervel aumento do tempo de teste. 9 Procedimento Dinmico da Chave de Comutao Atagora,somenteacaractersticaestticadasresistnciasdecontatosolevadasem consideraonotestedemanuteno.Comamedidadaresistnciadinmica,oprocedimento dinmico de mudana da chave de comutao pode ser analisado. Para a medio da resistncia dinmica, a corrente de teste deve ser a mais baixa possvel. Caso contrrio,pequenasinterrupesouoscilaesnoscontatosdachavedecomutaonoso detectadas. Neste caso, o arco voltaico introduzido tem o efeito de reduzir a abertura dos contatos internamente. 1 = chave de comutao comuta do primeiro tap para o primeiro resistor de comutao. 2 = o segundo resistor de comutao chaveado em paralelo 3 = comutao para o segundo tap (contato direto) 4 = carregando os enrolamentos adicionais Figura 17 - Medida da Resistncia dinmica pra anlise da chave de comutao Comparaescomdadosanteriores,osquaisforamtiradosquandooequipamentoestavaem condio (boa) conhecida, permitem uma anlise eficiente. Um detector mede o pico do ripple e a inclinao (slope) da corrente medida, visto que estes critrios so importantes para uma comutao correta (sem bouncing ou outras pequenas interrupes). Se o processo de comutao interrompido, mesmo por um curto perodo de tempo, o ripple (=Imax Imin) e a inclinao da variao da corrente (di/dt) aumenta. O valor para todos os taps e particularmente os valores das trs fases comparado. Desviosimportantesemrelaoaovalormdioindicamcomutaocomfalha.Paraanalisemais detalhada, um registrador de transitrios pode ser usado para gravar o sinal de corrente em tempo real. Para esta medida, foi utilizado o OMICRON CMC 256 para a gravao do transitrio (figura 17). 10 Relao de Espiras Normalmente este teste realizado apenas quando se suspeita de um problema acusado no DGA, notestedefatordissipaoounaoperaodeumrel.OtestedeRelaodeEspirasdetecta pequenasvariaesquepodemindicardesdecurto-circuitocomaltascorrentesoufalhasno isolamento. A relao de tenso obtida por teste comparada relao de tenso dos dados de placa.A relao obtida a partir do teste em campo deve corresponder ao valor de fbrica dentro dos 0,5%. Normalmente transformadores novos tm os valores comparados com os dados de placa dentro de 0,1%. Com o sistema de teste descrito, possvel medir esta relao em mdulo e ngulo de fase em uma larga faixa de freqncia. Eng. Marcelo Paulinomaro de 200510/17 Figura 18 - Relao de Amplitude = f(f) Figura 19 - Relao de ngulo de fase = f(f) Uma anlise em um transformador com pequenas variaes nos enrolamentos de baixa tenso mostradanasfiguras18e19.Agrandediferenadeaproximadamente20%indicaumafalhaem 20% das espiras(fase A). Devido ao comportamento no-linear, pode-se supor que a corrente que est circulando atravs do enrolamento de baixa tenso circula em parte atravs do ncleo magntico. Isto podeacontecerquandoasforastmdeformadosignificativamenteasespirasinternas(vejafigura 21). Provavelmente a bobina aberta e partes do enrolamento ficam em contato com o ncleo. Isto pode ser provado atravs da medida da resistncia de 10m entre a bobina de baixa e o ncleo. Para bobinasss,estarelaoquasetotalmenteindependentedafreqncianorangedefreqncia testada. A relao foi medida com uma tenso de teste de 200V no lado AT. A corrente de excitao da fasedefeituosafoiaproximadamente340mAconsiderandoqueacorrentedeexcitaodasfases normais foi de aproximadamente 10 mA. 11 Corrente de Excitao Este teste deve ser realizado antes de qualquer teste de corrente contnua (DC). Os resultados sero incorretos devido ao fluxo magntico residual no ncleo, causado pela corrente contnua. Utilizando este teste, podem ser detectados curtos-circuitos em espiras, problemas em conexes eltricas, ncleo de baixa laminao, problemas no comutador de tap e outros problemas possveis no ncleo e na bobina. Para uma boa interpretao dos resultados, so recomendadas comparaes com dados anteriores. Se os resultados do testes anteriores no estiverem disponveis de forma alguma, a comparaodeveserfeitacomresultadosdetransformadoressimilares.Nostransformadores trifsicos, os resultados tambm so comparados entre as fases. No transformador trifsico, estrela-delta ou delta-estrela a corrente de excitao ser superior nas duas fases externas do que na fase intermediria. Somente as duas correntes maiores podem ser comparadas. Se a corrente de excitao for menor que 50 mA, a diferena entre as duas correntes superiores deve ser menor que 10%. Se a corrente de excitao for maior que 50 mA, a diferena deve ser menor que 5%. Em geral, se existe um problema interno, estas diferenas sero grandes. Neste caso outros testes tambm demonstraro anomalias, e uma inspeo interna deve ser considerada. Eng. Marcelo Paulinomaro de 200511/17 12 Reatncia de Disperso A medio da impedncia de um curto-circuito feita como parte do teste de aceitao inicial na fbrica.Areatnciadedispersopodesercalculadaapartirdaimpednciadecurto-circuito.A diferena entre a relao de disperso das trs fases deve estar dentro dos 3% do valor calculado a partir da impedncia de curto-circuito do teste de fbrica. Entretanto, a porcentagem da impedncia no deve variar mais que 1% a partir dos resultados do equipamento em boa condio. voltage circuit short measured the Uand losses circuit short measured the PwithXHz LI UPIUZ Hz XI UPIUZ Hz Rkkkkk kk kk kk k=== = == = * * 2) 50 () )* * 3( 1 ( ** 3sin * ) 50 (* * 3** 3cos * ) 50 (2(2) Estetesteutilizadoemcampoparadetectardeformaooudeslocamentodosenrolamentos aps a ocorrncia de eventos tais como falhas totais do transformador, operao prxima descargas eltricas (raios), outros surtos, ou transporte do transformador. Isto pode conduzir a indisponibilizao imediatadotransformadorcomumafalhatotalsevera,ouentoumapequenadeformaopode conduzir a falha mais grave vrios anos depois. O teste da reatncia de disperso realizado com um curto-circuito no enrolamento de baixa tenso, e aplicando uma tenso teste nos enrolamentos de alta tenso. (figura 20). Figura 20 - Teste de Impedncia de Curto-circuito Alteraesobservadasnareatnciadedispersoenostestesdecapacitncia(explicados posteriormente) servem como excelente indicao de movimento das bobinas e problemas estruturais (cunha deslocada, empeno, etc.). Este teste no substitui testes de corrente de excitao ou testes de capacitncia,pormoscomplementaesofreqentementeutilizadosemconjunto.Otestede corrente de excitao conta com a relutncia magntica do ncleo enquanto o teste de reatncia de disperso implica a relutncia magntica do canal de disperso entre os enrolamentos (figura 21). Figura 21 - Fluxo de disperso e foras durante a ocorrncia de uma falta Eng. Marcelo Paulinomaro de 200512/17 Usando o sistema de teste apresentado, a reatncia de disperso tambm pode ser medida em uma faixa de freqncia de 15 a 400 Hz. Enrolamentos normais demonstram, aproximadamente, um valor de reatncia constante nesta faixa de freqncia. Figura 22 - Fluxo de disperso e foras durante a ocorrncia de uma falta O transformador com pequeno enrolamento de baixa tenso (figuras 18 e 19), foi utilizado para a determinao da reatncia de disperso com a variao da freqncia (figura 22). A fase defeituosa demonstra um funcionamento totalmente diferente. Como mencionado anteriormente, uma parte da corrente do enrolamento de baixa tenso est escoando atravs do ncleo. Neste caso a reatncia de disperso depende da freqncia. 13 Medida de Capacitncia e Fator de Dissipao MedidadaCapacitncia(C)eFatordeDissipao(FD)estestabelecidocomoumimportante mtodo de diagnstico de isolamento, primeiramente publicado por Schering em 1919 [9] e utilizado paraessepropsitoem1924.Emumdiagramasimplificadodoisolamento,Cprepresentaa capacitncia e Rp as perdas (figura 23). O diagrama vetorial do sistema mostrado na figura 24. Figura 23 - Diagrama simplificado do circuito com capacitor Figura 24 - diagrama vetorial tangente delta O fator dissipao definido como: P P CpRpC R II = =1tan(3) Eng. Marcelo Paulinomaro de 200513/17 O primeiro dispositivo de medio para tangente delta foi a citada ponte Schering [9] (figura 25). Figura 25 - Ponte Shering Nafigura25,C1eR1conectadosemsrierepresentamasperdasdoobjetoemteste,eC2 representa perdas livres do capacitor de referncia. O diagrama de circuito paralelo da figura 23 pode ser transferido como equivalncia direta para dentro do diagrama srie em freqncias especficas. O novo sistema de teste utiliza um mtodo similar quele da ponte Schering. A principal diferena que o sistema descrito na figura 26 no necessita de ajustes para medio da Capacitncia e do Fator de Dissipao. Cn do capacitor de referncia isolado a gs com perdas abaixo de 10E-5. Figura 26 - Princpio de Medio do CPTD1 Figura 27 - Relao entre Fator de Dissipao e o Fator de potncia Parausoemlaboratrio,taiscapacitoressoregularmenteutilizadosparaobtermedies precisas, j que as condies climticas so bem constantes. No o caso para medies em campo onde as temperaturas podem variar significativamente, causando dilatao e contrao do eletrodo no capacitor de referncia. O sistema de teste leva todos esses fatores em considerao e os compensa eletronicamente. Agora possvel pela primeira vez, realizar facilmente no campo testes para Fator de Eng. Marcelo Paulinomaro de 200514/17 Dissipao igual a 5 x 10E-5. A correlao entre fator de dissipao e o fator de potncia ( cos ) e o diagrama vetorial so mostrados na figura 27. At os dias de hoje o fator de dissipao ou o fator de potncia s foram medidos na freqncia dalinha.Comafontedepotnciadescritaem[8],possvelagorafazeressasmediesde isolamento em uma larga faixa de freqncia, posibilitando que medidas possam ser realizadas em freqnciasdiferentesdafreqnciadalinhaeseusharmnicos.Comesteprincpio,asmedies podem ser realizadas tambm na presena de alta interferncia eletromagntica em subestaes de alta tenso. 14 Medies do Fator Dissipao em Enrolamentos de Transformador Um transformador contm um complicado sistema de isolamento. Enrolamentos de alta e baixa tenso devem ser isolados do tanque e do ncleo, da mesma forma que esses elementos tambm o so.Todosessesgapsdeisolamentodevemserchecadosregularmente.Normalmenteemum transformador de potncia de dois enrolamentos, as medidas de capacitncia e Tangente-delta so realizadas para todos os isolamentos: AT para BT, AT para massa, BT para massa (figura 28). Em um transformador de trs enrolamentos muito mais complicado e so necessrios mais testes para medir todos os intervalos. Figura 28 - Transformador de 2 enrolamentos O Fator de Dissipao (FD) um indicador da qualidade do isolamento leo-papel desses gaps. A degradao do leo, a quantidade da gua e a contaminao com carbono e outras partculas podem aumentar o FD. Transformadores de potncia novos de AT e transformadores de boa qualidade tm valores do FD abaixo de 0,5%. Figura 29 - Fator de Dissipao com variao de freqncia AT-BT (154kV-20kV) A figura 29 demonstra uma medida do FD em enrolamento de AT comparada a um enrolamento de BT. O valor do FDpar a 60Hz gira em torno de 0,30%. A caracterstica da curva FD da faixa de freqncia interessante e deve ser mantida como registro de resultado para diagnstico futuro do isolamento e sua degradao. Eng. Marcelo Paulinomaro de 200515/17 15 Medies de Capacitncia em Enrolamentos de Transformador OTestedeCapacitnciamedeacapacitnciaentreosenrolamentosdealta,baixatensoeo tanque/ncleo(terra).Descargaseltricas,surtosouocorrnciadefaltasnosistema,podemcausar alteraonosvaloresmedidosdecapacitncia.Istoindicadeformaodabobinaeproblemas estruturais tais como deslocamento da bobina e de seu suporte. 16 Medies de Capacitncia e Fator de Dissipao em Buchas de Transformador Asbuchasdealtatensosocomponentescrticosdostransformadoresdepotnciae particularmente buchas capacitivas de alta tenso necessitam de maior ateno e testes regulares para se evitar falhas inesperadas. Estas buchas tm um tap de medio em suas base e tanto a capacitncia entreotopodabuchaeapartemaisbaixadotap(normalmentedenominadaC1)comoa capacitncia entre o tap e a terra (normalmente denominada C2) so medidas. Um crescimento de C1 indica degradao parcial nas camadas internas. A figura 30 mostra a alterao de C1 para diferentes tipos de buchas: Papel Impregnado de Resina (Resin impregnated paper -RIP) Papel impregnado de leo (Oil impregnated paper - OIP) e Resina depositada no papel (Resin bonded paper RBP). Figura 30 -Alteraes na capacitncia de buchas RIP-, OIP-, RBP-[10] Para determinar perdas nas buchas, tambm executado o teste de fator de dissipao. A figura 31 mostra o crescimento das perdas para RIP-, OIL-, e RBP-bucha. Figura 31 - Fator de Dissipao em buchas RIP-, OIP-, RBP-[10] Eng. Marcelo Paulinomaro de 200516/17 Particularmente, a medida RBP-bucha mostra uma alterao significante da capacitncia e do fator dissipao durante seu tempo de vida [10]. Figura 32 - FD de uma bucha nova de 154 kV Figura 33 - FD de bucha RIP 145 kV (nova) Figura 34 - FD de bucha OIP 154 kV (1970) Emtornode90%dasfalhasembuchaspodemseratribudasentradadeumidade.Comoj forammostradascomoisolamentoentreenrolamentos,asanlisesdoisolamentodasbuchasso muito mais detalhadas quando so executados testes variando o espectro de freqncia. As figuras 32 a 34 demonstram interessantes curvas do Fator de Dissipao de buchas de AT de transformadores de potncia pela freqncia. Estes resultados demonstram que o mtodo de variao do espectro de freqncia permitir, no futuro,anlisesmaisdetalhadasdoisolamento.Masparaistonecessriocompararascurvas medidas. Esta metodologia valida para detectar alteraes do isolamento em seu estgio inicial. 17 Sumrio A checagem regular das condies de operao desses equipamentos mais antigos torna-se cada vez mais importante. A anlise da condensao do gs um mtodo provado e significativo para a determinaodosndicesdecrescimentodosgasesdehidrocarbonetoencontradosnoleo, resultandonalocalizaodafalhatorpidoquantosejapossvel.Estaumimportanteitemda manutenopreventivaquepodeserrealizadoatempodeevitarumafalhatotalinesperada. Entretanto a localizao da falha pode ser realizada com sucesso usando um simples mtodo eltrico, como a medio da resistncia. Eng. Marcelo Paulinomaro de 200517/17 AnovatecnologiadetesteabordadapermitearealizaodotestedeFatordeDissipaoem vrias freqncias, e a comparao das curvas resultantes com os dados e caractersticas do elemento sob teste. Com isto ser possvel detectar a degradao no isolamento em um estgio inicial, com uma anlisemaisdetalhada.Adicionalmente,garantidaumaexcelentesupressodainterferncia eletromagntica Com o sistema descrito, outros interessantes testes podem ser realizados tais como medies de seqncia zero sem equipamento adicional, transformadores de corrente podem ser testados acima de 2000A (relao, polaridade, curva de excitao, burden...); transformadores de potencial podem ser testados com tenses at 2000V, resistncias de contato, resistncias de terra e impedncias de linha podem ser medidas, sendo possveis muitas aplicaes adicionais. Todasasmediespodemserrealizadasrapidamenteeeficientementecommtodosdetestes automticos permitindo uma operao simples de modo que todos os resultados so salvos em um nico sistema. Essencialmente, so criados de forma automtica os relatrios completos de todo teste e realizado, tambm automaticamente o diagnstico do teste. 18 Referncias [1]Weck,K.-H.:InstandhaltungvonMittelspannungs-verteilnetzen,HaefelySymposium2000, Stuttgart [2]Seitz,V.:VorbeugendeInstandhaltunganLei-stungstransformatoren-BetriebsbegleitendeMes-sungenanStufenschalternundDurchfhrungen,OMICRONAnwendertagung2003, Friedrichshafen [3]CIGRE-WG 12-05: An international survey on failures in large power transformers in service, Electra No. 88 1983, S. 21-48 [4]Drnenburg: E., Hutzel, O., Betriebsberwachung durch Untersuchungen des Isolierls, etz-a, Bd. 98 1977 H.3, S. 211-215 [5]Mller,R.,Schliesing,H.,Soldner,K.:PrfungundberwachungvonTransformatorendurch Analyse der im l gelsten Gase, Sonderdruck aus Elektrizittswirtschaft, Trafo Union Nrnberg, 1981, TU 81.5.19/1.75 [6]Foschum, H.: Erfahrungsbericht zur Gasanalyse an ltransformatoren, ELIN-Zeitschrift 1980, Heft , S. 17-26 [7]Mllmann,A.,Ltge,H.:IEC/VDEStandardsfrflssigeIsolierstoffezurDiagnostikvon TransformatorenundWandlern,ETG-FachberichtDiagnostikelektrischerBetriebsmittel,VDE-Verlag GmbH Berlin 2002, S. 205-210 [8]Hensler, Th., Kaufmann, R., Klapper, U., Krger, M., Schreiner: S., 2003, "Portable testing device", US Patent 6608493 [9]Schering,H.:"BrckefrVerlustmessungen",TtigkeitsberichtderPhysikalisch-Technischen Reichsanstalt, Braunschweig 1919 [10] Sundermann,U.:"Transformerlifecyclemanagement"1.SymposiumGeriatriedes Transformators, Regensburg 2002 Sobre o Autor: Marcelo Paulino gerente do Departamento tcnico-comercial da Adimarco Representaes e Servios LTDA. Graduou-se como Engenheiro Eletricista na Escola Federal de Engenharia de Itajub (EFEI). Possui larga experincia em engenharia de sistemas de potncia, particularmente na rea de Testes e Ensaios em Equipamentos Eltricos. Atua no contato direto com clientes no fornecimento de equipamentos, ps-venda e treinamento. Tambm responsvel pela preparao, projeto e execuodeprestaodeservionareadetestedeproteoeequipamentosdesistemaseltricosdeUsinase Subestaes de 500/345/138/13,8 KV. Instrutor convidado do Curso de Especializao em Proteo de Sistemas Eltricos CEPSE (UNIFEI-SEL-FUPAI) em 2004. Atuou como instrutor externo na Fundao de Pesquisa e Assessoramento a Industria FUPAI. Membro do IEEE.