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UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM PRODUÇÃO E GESTÃO AGROINDUSTRIAL DETERMINANTES DA TEORIA DO COMPORTAMENTO PLANEJADO DO CONSUMIDOR RELACIONADAS A INTENÇÃO DE COMPRA DE HORTALIÇAS ORGÂNICAS Anderson Susumu Kazama Bacharel em Administração CAMPO GRANDE MATO GROSSO DO SUL 2017

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM PRODUÇÃO E

GESTÃO AGROINDUSTRIAL

DETERMINANTES DA TEORIA DO COMPORTAMENTO

PLANEJADO DO CONSUMIDOR RELACIONADAS A

INTENÇÃO DE COMPRA DE HORTALIÇAS ORGÂNICAS

Anderson Susumu Kazama

Bacharel em Administração

CAMPO GRANDE – MATO GROSSO DO SUL 2017

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM PRODUÇÃO E

GESTÃO AGROINDUSTRIAL

DETERMINANTES DA TEORIA DO COMPORTAMENTO

PLANEJADO DO CONSUMIDOR RELACIONADAS A

INTENÇÃO DE COMPRA DE HORTALIÇAS ORGÂNICAS

Anderson Susumu Kazama

Orientadora: Profa. Dra. Silvia Rahe Pereira Coorientador: Prof. Dr. José Francisco dos Reis Neto

Dissertação de mestrado apresentada ao programa de Pós-Graduação em nível de Mestrado Profissional em Produção e Gestão Agroindustrial da Universidade Anhanguera-Uniderp, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Produção e Gestão Agroindustrial.

CAMPO GRANDE – MATO GROSSO DO SUL Dezembro – 2017

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera-Uniderp

Kazama, Anderson Susumu. K32d Determinantes da teoria do comportamento planejado do consumidor

relacionadas a intenção de compra de hortaliças orgânicas. / Anderson Susumu Kazama. -- Campo Grande, 2017.

56f.

Dissertação (mestrado) – Universidade Anhanguera-Uniderp, 2017.

“Orientação: Profa. Dra. Silvia Rahe Pereira. ”

1. Comportamento do consumidor. 2. Produtos orgânicos – Campo

Grande, MS. 3. Intenção de compra. 4. Percepção do indivíduo. 5. Equações estruturais. I. Título.

CDD 21.ed. 658.8342

631.584098171

Elaborado por Bartira da Costa Melo – CRB-1/2196

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ii

DEDICATÓRIA

Aos meus familiares, amigos,

professores e colegas de trabalho que

muito contribuíram para meu

desenvolvimento.

Em especial a meus pais, Mitiko e

Massao que sempre me incentivam a

evoluir, tanto como pessoa como em

conhecimentos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus que clareou meu caminho durante essa jornada, concedendo-me

forças, ainda que no momento inicial não se mostrasse oportuno por motivos

particulares. A minha mãe Mitiko Sakai e meu pai Elísio Massao, que sempre me

apoiaram nos momentos mais desafiadores para me amparar na concretização

deste sonho, muito obrigado.

Meu irmão, Fábio Kazama e minha cunhada Adriana Muzzi com suas

tolerâncias, paciências e compaixões para não me deixar desistir, obrigado.

Aos meus queridos amigos e colegas desportivos de beisebol André Konno,

e John Wilker que em momentos especiais muito contribuiu para o andamento deste

trabalho.

A minha orientadora Profª. Dra. Silvia Rahe Pereira pelas palavras

incentivadoras e suas contribuições, obrigado pela força.

Ao Professor e orientador José Francisco dos Reis Neto, que contribuiu

enormemente para a realização deste trabalho, meu eterno agradecimento.

A todos os meus Professores, que de certa forma me auxiliaram, com aulas,

contribuições e paciência, para finalização deste sonho.

A Alinne Signorelli – secretária deste programa de mestrado – que sempre

prestou seus serviços de maneira eficaz e eficiente, obrigado.

Aos meus colegas de trabalho, pelos auxílios e incentivos de continuar no

mestrado, principalmente ao sr. Marco Cortez – meu chefe direto – que gentilmente

me liberou e instigou a fazer esse programa, meu eterno agradecimento.

Aos meus amigos e colegas de trabalho Carlos de Almeida, Rafael Gabriel,

Reinaldo Cassiano, Daniela Amaro, Régia Avancini, Felipe Brito, Diego Tadeu,

Antônio Eládio e Helton Araújo, que com seus impulsos iniciais e incentivos,

comecei, continuei e finalizei este Programa, obrigado.

A todos meus colegas do mestrado, pelas aulas, trabalhos e provas, todos

colaboraram muito com meu desenvolvimento, principalmente meu colega e amigo

Jean, obrigado.

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A todos os meus familiares, amigos que em diversos momentos não tiveram

minha presença, obrigado pela compreensão e incentivo.

A todos que direta ou indiretamente me influenciaram a continuar esta

conquista, obrigado.

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SUMÁRIO

Página LISTA DE TABELAS....................................................................................... vi

LISTA DE FIGURAS........................................................................................ vii

CERTIFICADO DA COMISSÃO DE ÉTICA.................................................... viii

RESUMO......................................................................................................... xi

ABSTRACT..................................................................................................... xii

1. INTRODUÇÃO GERAL............................................................................... 01

2. REVISÃO GERAL DE LITERATURA......................................................... 03

2.1 Produção Orgânica................................................................................. 03

2.2 Hortaliças Orgânicas............................................................................... 05

2.3 Teoria do Comportamento Planejado..................................................... 06

2.4 Análise Fatorial........................................................................................ 10

2.5 Modelagem de Equações Estruturais..................................................... 12

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GERAIS............................................. 14

4. ARTIGO....................................................................................................... 19

RESUMO......................................................................................................... 19

ABSTRACT..................................................................................................... 20

4.1 Introdução............................................................................................... 21

4.2 Material e Métodos.................................................................................. 22

4.3 Resultados e Discussão.......................................................................... 26

4.4 Conclusões............................................................................................. 34

4.5 Referências Bibliográficas....................................................................... 34

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 38

ANEXO............................................................................................................ 40

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LISTA DE TABELAS

Página Tabela 1. Perfil socioeconômico dos consumidores de Campo Grande

(MS), em 2016..........................................................................

27

Tabela 2. Análise fatorial exploratória com rotação varimax dos itens do

modelo estrutural com as suas comunalidades, cargas

fatoriais e indicadores de ajuste, sobre a compra de alimentos

orgânicos em Campo Grande (MS), em 2016............................

28

Tabela 3. Validade discriminante entre as variáveis latentes e a

qualidade de ajuste do modelo teórico em relação aos

consumidores de Campo Grande (MS), em 2016....................

30

Tabela 4. Coeficientes de caminho, desvio padrão e estatística t do

modelo estrutural acerca dos consumidores de Campo Grande

(MS), em 2016...........................................................................

30

Tabela 5. Moderação multigrupo do nível de escolaridade, renda familiar

e idade no modelo estrutural ajustado em relação aos

consumidores de Campo Grande (MS), em 2016....................

32

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vii

LISTA DE QUADROS

Página Quadro 1. Indicadores do mercado internacional de orgânicos baseados

nas fontes de dados nacionais e dados de certificadoras em

2016..........................................................................................

04

Quadro 2. Construtos associados à Teoria do Comportamento

Planejado..................................................................................

09

Quadro 3. Procedimentos e valores de referência na comprovação do

ajuste do modelo.......................................................................

25

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viii

LISTA DE FIGURAS

Página Figura 1. Modelo estrutural proposto da Teoria do Comportamento

Planejado....................................................................................

09

Figura 2. Resultado do modelo estrutural ajustado refletivo-formativo dos

itens e variáveis latentes com os valores dos coeficientes de

caminho sobre a compra de alimentos orgânicos em Campo

Grande (MS), em 2016................................................................

29

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CERTIFICADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

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DETERMINANTES DA TEORIA DO COMPORTAMENTO PLANEJADO DO

CONSUMIDOR RELACIONADAS A INTENÇÃO DE COMPRA DE HORTALIÇAS

ORGÂNICAS

RESUMO: Os padrões de consumo de alimentos estão mudando rapidamente,

como resultado de questões de desenvolvimento e sustentabilidade, considerações

com relação ao seu aspecto nutricional e também questões relacionadas à saúde.

Assim, a compra de produtos orgânicos pelo consumidor brasileiro tem crescido,

porém, ainda são escassos os estudos acerca do comportamento de compra

destes. O presente estudo é composto de duas partes. A primeira, revisão

bibliográfica sobre os temas produção orgânica, hortaliças orgânicas, Teoria do

Comportamento Planejado – TCP e modelos estatísticos. Na segunda parte

subsidiou teoricamente a execução de uma avaliação empírica que avaliou a

influência positiva das variáveis da TCP na intenção de compra de hortaliças

orgânicas em Campo Grande – Mato Grosso do Sul (MS). Foram entrevistados, por

meio de questionários, 472 (quatrocentos e setenta e dois) consumidores durante o

processo de compra e os resultados foram analisados por modelagem de equações

estruturais com o método de mínimos quadrados parciais, para testar as relações

entre as variáveis latentes atitude, norma subjetiva, controle do comportamento

percebido e incerteza percebida, preditivas da intenção de compra. Os resultados

apontam que as variáveis latentes aludidas motivam positivamente à intenção de

compra, com exceção da incerteza percebida, que é negativamente relacionada

com a intenção de compra. Este estudo tem implicações práticas direta na gestão

e no marketing de hortaliças orgânicas e, identifica-se como valor: ao estender os

escassos estudos brasileiros acerca do consumidor propenso a comprar hortaliças

orgânicas, ampliando o entendimento entre os valores antecedentes à intenção de

compra de produtos orgânicos.

Palavras-chave: comportamento do consumidor; intenção de compra; modelo de

equações estruturais, produtos orgânicos.

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DETERMINANTS OF THE THEORY OF PLANNED BEHAVIOR OF CONSUMER

RELATED TO THE INTENTION OF PURCHASE OF ORGANIC VEGETABLES

ABSTRACT: Food consumption patterns are changing rapidly, as a result of

development and sustainability issues, considerations regarding their nutritional

aspect as well as health related issues. Thus, the purchase of organic products by

the Brazilian consumer has grown, however, there are still few studies on the

purchasing behavior of these consumers. The present study is composed of two

parts. The first, bibliographic review on the topics organic production, organic

vegetables, Theory of Planned Behavior - TCP and statistical models. In the second

part theoretically subsidized the execution of an empirical evaluation that evaluated

the positive influence of TCP variables on the intention to purchase organic

vegetables in Campo Grande - Mato Grosso do Sul (MS). 472 (four hundred and

seventy-two) consumers were interviewed during the purchase process and the

results were analyzed by modeling structural equations using the partial least

squares method to test the relationships between latent attitude, subjective norm,

control of perceived behavior and perceived uncertainty, predictive of intention to

buy. The results indicate that the latent variables mentioned positively motivate the

purchase intention, with the exception of perceived uncertainty, which is negatively

related to the intention to buy. This study has direct practical implications in the

management and marketing of organic vegetables and is identified as value by

extending the scarce Brazilian studies about the consumer prone to buy organic

vegetables, increasing the understanding between the values antecedent to the

intention to buy organic products.

Keywords: consumer behavior; buy intention; structural equations model; organic

products.

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1. INTRODUÇÃO GERAL

Os padrões de consumo de alimentos estão mudando rapidamente, como

resultado de questões de desenvolvimento e sustentabilidade, considerações com

relação ao seu aspecto nutricional e também questões relacionadas à saúde

(HOPPE et al., 2012). Por isso, o mercado mundial consumidor de produtos

orgânicos vem apresentando um crescimento exponencial, principalmente na última

década. Segundo dados da IFOAM (2017), atualmente 179 países apresentam

produção de alimentos orgânicos, distribuída em mais de 50 milhões de hectares.

Ainda, o número de produtores dedicados a este ramo da agricultura orgânica

aumentou cerca de 12 vezes entre 1999 (200 mil produtores) e 2015 (2,4 milhões),

movimentando somente no ano de 2015 8,1 bilhões de dólares. Entre os países

produtores de orgânicos destacam-se os Estados Unidos (US$ 39,7 bilhões),

Alemanha (US$ 9,5 bilhões) e França (US$ 6,1 bilhões).

Especificamente no Brasil, durante a década de noventa, o mercado

apresentou um crescimento de cerca de 10% ao ano. Depois do ano 2000, esta taxa

aumentou, alcançando a marca aproximada de 25% ao ano. No ano de 2008, as

atividades de fomento à agricultura orgânica beneficiaram diretamente mais de 13

mil produtores, com ações voltadas ao uso de insumos e processos apropriados

para a produção dos orgânicos (HOPPE et al., 2012). Devido a estes expressivos

crescimentos são necessários estudos que avaliem quais as motivações que levam

o consumidor a comprar produtos orgânicos.

O comportamento do consumidor é um tema considerado essencial por

diferentes áreas de estudo, como o marketing e a administração, a psicologia e a

economia (AJZEN, 2008; HOPPE et al., 2012). No entanto, poucos estudos

enfatizam as motivações, as crenças e valores dos consumidores de produtos

orgânicos, especialmente no Brasil. Para compreender por que um consumidor opta

pela compra de um produto orgânico, é necessário abordar as normas subjetivas (a

percepção do indivíduo quanto à opinião de pessoas consideradas importantes para

ele, sobre o fato de comprar ou não), o controle percebido (relacionado com a

facilidade ou dificuldade percebida pelo indivíduo que o direciona a manifestar o

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comportamento), e as atitudes (sentimento do sujeito de estar favorável ou não em

adquirir um produto orgânico) que regem a intenção de compra deste tipo de

alimento. Todos esses fatores são considerados construtos da Teoria do

Comportamento Planejado que prediz que a intenção de comportamento será mais

forte quanto maior for o controle percebido e quando as atitudes e normas subjetivas

forem favoráveis.

Diante disso, o presente estudo teve como objetivo analisar o grau de

influência positiva das variáveis da Teoria do Comportamento Planejado, que

comprometem a intenção de compra do consumidor de Campo Grande (MS) em

obter produtos orgânicos, especificamente, as hortaliças. Considerou-se as

hortaliças como produto de referência para esta análise, uma vez que a produção

convencional das mesmas é conhecida como bastante suscetível ao uso de

agrotóxicos. Como objetivos específicos, pretendeu-se:

Verificar a existência de relacionamento positivo da atitude, normas

subjetivas e controle de comportamento percebido na intenção de compra

de hortaliças orgânicas e;

Avaliar os relacionamentos causais da atitude, normas subjetivas e

controle de comportamento percebido na intenção de compra de hortaliças

orgânicas em função das características sociodemográficas do

consumidor.

No capítulo seguinte será apresentada a Revisão de Literatura com a

sustentação teórica acerca de produção orgânica, hortaliças orgânicas, Teoria do

Comportamento Planejado e técnicas estatísticas utilizadas neste estudo.

A seguir, conforme normas do Programa de Mestrado Profissional em

Produção e Gestão Agroindustrial da Universidade Anhanguera-Uniderp, será

apresentado um artigo que se trata de uma pesquisa desenvolvida com os

consumidores de hortaliças de Campo Grande (MS), para identificar quais as

variáveis da TCP mais influenciam a intenção de compra de hortaliças orgânicas.

Por fim, será apresentada a consideração final para o fechamento da dissertação.

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2. REVISÃO GERAL DE LITERATURA

2.1 Produção Orgânica

O termo “orgânico” é uma identificação que designa produtos produzidos por

meio de normas da produção orgânica e/ou que estão certificados por uma entidade

ou órgão de certificação devidamente autorizada. A definição de agricultura

orgânica é um processo de produção que se baseia na utilização mínima de

insumos externos, como fertilizantes, agrotóxicos e outros produtos sintéticos

(BORGUINI; TORRES, 2006), ou ainda, a fertilidade do solo como função da

matéria orgânica contida no solo (ORMOND et al., 2002), e que tenham, pelo

menos, sustentabilidade econômica e ecológica (BRASIL, 2016).

Com base em Borguini e Torres (2006) e Ormond et al. (2002), devido à

poluição ambiental, não se pode assegurar a inexistência de resíduos tóxicos na

agricultura orgânica, porém, é praticável a diminuição, ao mínimo possível, da

contaminação do solo, do ar e da água. A ação de micro-organismos evidentes nos

combinados biodegradáveis existentes ou aplicados no solo pode ocasionar o

abastecimento necessário ao progresso dos vegetais cultivados e reduzir os

desequilíbrios causados pela intervenção humana na natureza.

No Brasil, a Lei Federal nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003, trata do

sistema orgânico de produção e é regulamentada mediante o Decreto nº 6.323, de

27 de dezembro de 2007. Ainda, de acordo com essa Lei, o intuito de um sistema

de produção orgânico, dentre outros, é: a promoção do bom manejo da água, do

solo e do ar, minimizando a contaminação pelas atividades agrícolas; a oferta de

produtos saudáveis e ausentes de contaminantes acrescidos pelo homem; a

utilização de técnicas cuidadosas, no intuito de conservar a integridade orgânica e

as características fundamentais do produto em todas as fases e; o estímulo à

integração entre setores da cadeia produtiva e de consumo de produtos orgânicos

(BRASIL, 2016).

Atualmente, mais de 50 milhões de hectares de terras do mundo são

plantados no sistema orgânico de produção (2% do total das terras agrícolas),

envolvendo um montante de 2,4 milhão de estabelecimentos. Conforme IFOAM

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(2017), é na Austrália que está o predomínio dessas áreas (22,7 milhões de

hectares, essencialmente pastagens nativas), depois, a Europa (12,72 milhões de

hectares) e, por fim, a América Latina (6,74 milhões de hectares), conforme indicado

no Quadro 1. A Austrália, Argentina, Estados Unidos, Espanha e China são as

nações com a maior área em produção orgânica.

Quadro 1. Indicadores do mercado internacional de orgânicos baseados nas fontes de dados nacionais e dados de certificadoras em 2016.

Indicador Mundo Principais países

Países com atividades orgânicas

2015: 179 países

Novos países; Brunei Durassalam, Cabo Verde, Hong Kong, Kuwait, Mônaco, Serra Leoa e Somália

Terras de agricultura orgânica

2015: 50,9 milhões de hectares (1999: 11 milhões de hectares)

Austrália (22,7 milhões de hectares) Argentina (3,1 milhões de hectares) Estados Unidos (2 milhões de hectares)

Produtores 2015: 2,4 milhões de produtores (1999: 200 mil produtores)

Índia (585.200) Etiópia (203.602) México (200.039)

Mercado orgânico

2015: US$ 81,6 bilhões (Aproximadamente € 75 bilhões) (2000: US$ 17,9 bilhões)

EUA (US$ 39,7 bilhões; € 35,8 bilhões) Alemanha (US$ 9,5 bilhões; € 8,6 bilhões) França (US$ 6,1 bilhões; € 5,5 bilhões)

Consumo per capita 2015: US$ 11,1 (€ 10,3) Suíça (US$ 291; € 262) Dinamarca (US$ 212; € 191) Suécia (US$ 196; € 177)

Países com regulação orgânica

2016: 87 países

Afiliados Ifoam 2016: 833 afiliados de 121 países

Alemanha: 91 afiliados Índia: 73 afiliados China: 55 afiliados Estados Unidos: 49 afiliados

Fonte: Adaptado de IFOAM (2017).

Acerca da certificação dos produtos orgânicos, de acordo com Souza e

Alcântara (2003), a entidade mundial mais relevante do meio é a Federação

Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica (IFOAM), existente em mais

de 120 países e com aproximadamente 830 associados, foi estabelecida na França

em novembro de 1972.

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É a IFOAM, que indica os padrões para o cultivo, a produção e o

acondicionamento de produtos orgânicos, conciliando preceitos técnicos e o

credenciamento de órgãos certificadores internacionais. A Europa é o continente

que detém o maior número de filiados (349), seguido da Ásia (292) e África (66). O

grupo da América do Sul possui 59 afiliados e o Brasil está incluso nele.

Já há entidades no Brasil que expedem certificados orgânicos baseados na

normatização da IFOAM, são elas: a Associação de Agricultura Natural de

Campinas e Região (ANC), de Campinas / SP; a Cugnier Certificadora, de Itajaí /

SC; a Ecocert Brasil Certificadora Ltda, de Florianópolis / SC. Existem também

associados: o Instituto do Bem-Estar, de Porto Alegre / RS; Instituto de Promoção

do Desenvolvimento Orgânico do Brasil, Curitiba / PR; e o Lia Agro Ltda., de

Ceilândia / DF (IFOAM, 2017).

No estado do Mato Grosso do Sul (MS) existe a Associação de Produtores

Orgânicos de MS - APOMS, criada no ano de 2000, tendo como objetivo incentivar

a produção em bases agroecológicas, com modelo integrador ao meio ambiente e

de sustentabilidade para o produtor. Tal entidade vem, de maneira gradual,

estabelecendo-se no Estado, e muito em breve estará certificando seus produtores

associados. Esse é um dos principais órgãos que sistematiza e fomenta a

dissipação da produção de bens orgânicos, estabelecida em 09 de setembro de

2000, com a missão de proporcionar a sustentabilidade da agricultura familiar

mediante processos agroecológicos (MORETTI, 2014).

2.2 Hortaliças orgânicas

Os movimentos iniciais, referentes à agricultura orgânica brasileira, estiveram

vinculados à produção de hortifrutigranjeiros. O intitulado setor de frutas, legumes

e verduras (FLV) frescos, em especial as hortaliças (verduras e legumes), foi o

primeiro passo das atividades ocorridas no Rio Grande do Sul, Brasília, Rio de

Janeiro, Paraná e São Paulo (ASSIS; ROMEIRO, 2007). Consoante Amaral (1996),

isto se deu por meio de duas maneiras principais: as feiras livres e a remessa de

cestas em residências que, a despeito dos bons resultados iniciais, passa por

obstáculos para que se possa estender a produção de hortifrútis a uma vasta cifra

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de plantadores. Em São Paulo está a Associação de Agricultura Orgânica (AAO),

que tem participado acolhendo os produtores quanto à instrução técnica e ao

cadastramento de plantações orgânicas (HAMERSCHMIDT, 1995).

Em relação à produção de hortaliças no Brasil, para Reifschneider e Lopes

(2015), na sua vasta variabilidade de espécies e cultivares, é ainda sujeita a um

amplo número de pequenos produtores, descapitalizados ou não, além de uma

contagem significativa de medianos e grandes produtores.

As práticas atuais utilizadas beneficiam os sistemas de produção

empregados pelos agricultores de base familiar, produtores de hortaliças em

sistema orgânico. As principais são: o manejo e a adubação do solo, a adubação

verde, a produção de mudas, o manejo de plantas espontâneas, a rotação e a

consorciação de hortaliças, o manejo de pragas e doenças. São práticas

reconhecidas pelas normas para produção orgânica, que, além de acompanharem

os pilares da agroecologia, colaboram para a maior eficiência dos insumos e

serviços utilizados nos sistemas produtivos (SEDIYAMA; SANTOS; LIMA, 2015).

2.3 Teoria do Comportamento Planejado (TCP)

Buscht (1998) descreveu que, desde 1960 a conexão que existe entre

conduta e atitudes do ser humano é debatida com frequência nas ciências

comportamental e social. Foi proposto um modelo tripartite, ou seja, aquele que

julga a atitude como uma referência multifacetada, elaborado por elementos

sentimentais, intelectuais e de conduta (ROSENBERG; HOVLAND,1960).

A reação emocional corresponde ao elemento sentimental; os princípios, a

sabedoria, os entendimentos e as ideias acerca de certo acontecimento ou produto,

referem-se ao intelecto; por fim, o intuito de agir e a atividade em si, caracterizam o

elemento de conduta (BARCELLOS, 2007).

A Teoria da Ação Racional (Theory of Reasoned Action) – TRA,

fundamentou-se neste modelo tripartite. Esta teoria, de acordo com Fishbein e Ajzen

(1975), retrata que a intenção do indivíduo em efetuar uma conduta, que antecede

a ação individual, é considerada a função de informações anteriores ou crenças

sobre o possível resultado que uma ação / comportamento acarretará.

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Ao se verificar os motivadores dos elementos de atitude e normativos,

entender-se-ão, eminentemente, os fatores que influenciam o comportamento. Tais

elementos são as crenças pessoais que os consumidores possuem de si próprios e

do universo em que está. Dessa forma, as atitudes e normas subjetivas de uma

pessoa são determinadas pelas crenças, e em princípio, estabelecem a conduta e

as intenções (AJZEN; FISHBEIN,1980).

Para Bright et al. (1993), ao se efetuarem pesquisas empregando a TAR,

algumas limitações foram apontadas, como no momento em que a pessoa sente ou

aponta pequeno domínio sobre suas atitudes e comportamentos, já que a teoria

declara que o domínio vai do domínio completo a uma total falta de domínio.

Variáveis que abrangem o domínio podem ser categorizados em internos (talento,

habilidades, sensações e conhecimentos) e externos (ocorrências do ambiente).

Para isso, consoante a Archer et al. (2008), Taylor e Todd (1995), a TCP recomenda

o acréscimo de mais um elemento à TAR: o controle do comportamento percebido.

A TCP é considerada um prolongamento da TRA. Percebe-se que na TCP

foi adicionada a variável controle de comportamento percebido, além das já

concebidas na TRA. A conduta e a intenção de aquisição são influenciadas por ela.

Conforme Kim, Reicks e Sjoberg (2003), além de realizar a previsão de um

comportamento humano, a TCP tem como objetivo explicá-lo. Ela concebe os

antecedentes das atitudes, normas subjetivas e controle do comportamento

planejado, como aqueles que propiciam as intenções e atividades, ou seja, a TCP

presume que o comportamento está diretamente relacionado a crenças importantes

ao comportamento.

Segundo Ajzen e Fishbein (1980), tem-se a expectativa de que a relevância

acerca da atitude, do controle de comportamento percebido e da norma subjetiva,

constatadas na previsão da intenção, se modifique conforme as distintas condutas

e cenários. A conduta humana é fundamentada em três pilares, recomenda a TCP:

(i) nas crenças comportamentais; (ii) nas crenças normativas e; (iii) nas crenças

sobre o controle.

As prováveis resultantes da conduta humana sobre um comportamento

específico são tratadas pelas crenças comportamentais. As possibilidades de

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condutas percebidas sobre outros indivíduos, como pessoas da família e colegas

são referidas nas crenças normativas (pressão social). A Norma subjetiva,

escondida na aquisição, é estabelecida com as crenças normativas associadas à

motivação individual em respeitar regras distintas.

Finalmente, as razões pelas quais podem simplificar ou dificultar o

desempenho da conduta com relação a fatores externos ao indivíduo, como

dinheiro, habilidade, disponibilidade e tempo, dizem respeito às crenças acerca do

controle de comportamento percebido. Portanto, conforme Ajzen (2008), o que

estabelece a intenção da conduta é o controle efetuado pela atitude, pelo controle

de comportamento percebido e pela norma subjetiva.

Para Ajzen (2008), as precedentes que remetem a uma atitude

comportamental promissora ou não promissora são as crenças comportamentais;

as precedentes que levam a pressão social constatada, ou normas subjetivas, são

as crenças normativas; e as precedentes que instigam o controle de comportamento

percebido são as crenças em relação ao controle. Dessa maneira, à medida que o

grau desse controle de comportamento se eleva e, no momento em que as atitudes

e normas subjetivas foram promissoras, maior será a intenção de conduta.

As crenças comportamentais são antecedentes que levam a uma atitude

comportamental favorável ou não favorável; as crenças normativas são

antecedentes que resultam na pressão social percebida ou normas subjetivas e; as

crenças sobre o controle são os antecedentes que induzem o controle sobre o

comportamento percebido. Por sua vez, a intenção de comportamento será mais

forte quanto maior for o controle percebido e quando as atitudes e normas subjetivas

forem favoráveis (HOPPE et al., 2012).

Hoppe et al., (2012), descrevem que há várias pesquisas no mundo acerca

do comportamento do comprador de produtos orgânicos, realizadas sob o enfoque

da TCP como, por exemplo em Dunn et al. (2011); Chan, Prendergast e Ng (2016)

e Brandão, (2016). Pode-se dizer que a TCP é, atualmente, o modelo na qual

prevalece nas conexões atitude-comportamento, viabilizando uma suposição

cuidadosa das intenções comportamentais, com base em um diminuto de variáveis

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precedentes (Quadro 2.) – atitude relativa ao comportamento, norma subjetiva e

controle de comportamento percebido (ARMITAGE; CHRISTIAN, 2003).

Quadro 2. Construtos associados à Teoria do Comportamento Planejado. Construto Descrição

Atitude Considerado todo sentimento do sujeito de estar favorável ou não em relação a adquirir uma hortaliça orgânica.

Norma Subjetiva

A percepção do indivíduo quanto à opinião de pessoas consideradas importantes para ele sobre o fato de comprar ou não uma hortaliça orgânica, bem como a motivação do indivíduo para se adequar a essas opiniões.

Controle Percebido Está relacionado com a facilidade ou dificuldade percebida pelo indivíduo que o direciona a manifestar o comportamento em questão.

Intenção de Compra É considerada a força da intenção que o indivíduo tem de adquirir uma hortaliça orgânica no futuro, ou seja, a predisposição do sujeito para comprar o produto futuramente.

Fonte: Adaptado de Ajzen e Fishbein (1975) e Ajzen (1991).

De acordo com a literatura abordada, foi proposto um modelo teórico de

relacionamento causal, indicado na Figura 1, no qual foi testado o modelo da

pesquisa.

Figura 1. Modelo estrutural proposto da Teoria do Comportamento Planejado. Fonte: Ajzen (2002).

Assim, conforme Pinto (2007), a TCP pode ser um importante instrumento

para se investigar grupos de consumidores como os de hortaliças orgânicas, pois,

pode explicar e prever comportamentos e atitudes desses compradores e seus

potenciais.

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2.4 Análise Fatorial

Análise Fatorial é um método estatístico multivariado utilizado para

aplicações como: a) indicar os padrões de inter-relacionamento entre variáveis; b)

detectar grupos de variáveis intercorrelacionadas que formem uma variável latente;

c) reduzir um grande número de variáveis a um pequeno grupo de variáveis latentes

não correlacionadas, aqui denominada de fatores (HAIR et al., 2009; AGRESTI;

FINLAY, 2012; PALLANT, 2013).

A terceira aplicação indicada para reduzir o número de variáveis é a técnica

mais utilizada na avaliação de interdependência multivariada (HAIR et al., 2009). É

empregado para reduzir um grande número de variáveis observadas em um menor

grupo gerenciável de variáveis latentes, ou fatores, de tal forma que possam ser

utilizadas em outras técnicas estatísticas, como a regressão múltipla ou análise

multivariada de variância (PALLANT, 2013). Desta forma, a análise fatorial analisa

a intensidade das relações entre as variáveis observadas, estimando um modelo

fatorial não manifesto capaz de reproduzir tais relações (TABACHINICK; FIDELL,

2007; ARANHA; ZAMBALDI, 2008).

Os fatores e variáveis não observadas são esperados de um conjunto de k

variáveis observadas X1, X2, ..., Xk, como suas funções lineares. O número m de

fatores é especificado pelo pesquisador, o qual deve ser menor do que o número k

de variáveis observadas. O processo de cálculo utiliza variáveis padronizadas, com

o emprego da matriz de correlações das variáveis, produzindo k equações, cada

uma expressando uma variável padronizada em termos dos m fatores. Desta forma,

pode-se substituir as variáveis observadas por um conjunto menor de fatores (HAIR

et al., 2009), tornando os dados observados mais facilmente interpretáveis.

Supondo que as variáveis X1 , X2 , ... , Xn (n<k) são altamente correlacionadas

entre si, elas serão combinadas para formar um fator, e assim, sucessivamente,

com todas as demais variáveis da matriz de correlação. Uma combinação linear

entre variáveis pode ser assim definida:

Fj = C1jX1 + C2jX2 + ... + CnjXn

Onde Fj é uma combinação linear das variáveis X1, X2, ... , Xn e é denominada de

componente principal.

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O método das componentes principais para a análise fatorial envolve a

procura de um conjunto de valores de Cij na equação que forme uma combinação

linear que explique mais a variância da matriz de correlação que qualquer outro

conjunto de valores para Cij. É chamado de primeiro fator principal. A seguir, a

variância explicada pelo primeiro fator é subtraída da matriz de correlações original,

resultando-se, assim, as matrizes residuais. Adotando-se o mesmo procedimento

anterior, obtém-se o segundo fator principal, e assim, sucessivamente, obtendo-se

todos os fatores principais, até que uma variância muito pequena permaneça sem

explicação. A natureza deste procedimento permite extrair fatores que não são

correlacionados ou que tenham correlações muito pequenas uns com outros. Neste

caso, os fatores são chamados de ortogonais, empregando-se a técnica da rotação

ortogonal varimax, que mantém os fatores não correlacionados (FÁVERO et al.,

2009).

A correlação simples de uma variável observada com o seu fator é

denominada de carga fatorial da variável no respectivo fator. A soma das cargas ao

quadrado para uma dada variável é denominada de comunalidade. Ou seja,

representa a proporção da variância que uma variável compartilha com todas as

outras variáveis consideradas. É também a proporção de variância explicada pelos

fatores comuns. Define-se como autovalor a representação da variância total

explicada por cada fator (TABACHINICK; FIDELL, 2007; HAIR et al., 2009).

Vale ressaltar que a literatura diferencia duas principais modalidades de

análise fatorial: exploratória e confirmatória (TABACHINICK; FIDELL, 2007; HAIR

et al., 2009; PALLANT, 2013). A análise fatorial exploratória (AFE) geralmente é

utilizada nos estágios mais elementares da pesquisa, no sentido de explorar os

dados. Nesse momento é explorada a relação entre o conjunto de variáveis

observadas, identificando os padrões de correlação. Por sua vez, a análise fatorial

confirmatória é utilizada para testar o modelo exploratório, que neste trabalho foi

empregado a modelagem das equações estruturais, discutido na próxima seção.

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2.5 Modelagem de Equações Estruturais (MEE)

A MEE é um conjunto de técnicas estatísticas multivariadas de dados que

combinam as técnicas de regressão linear múltipla e de análise fatorial, com o intuito

de explicar uma série de relações de interdependência das variáveis observadas e

as variáveis latentes (HAIR et al., 2009). Parte-se de um modelo teórico de relações

causais, que ajuda entender e explicar como a realidade se comporta, e a MEE

como uma abordagem estatística, testa as hipóteses a respeito de relações

possíveis entre as variáveis latentes e as variáveis observadas (GOSLING;

GONÇALVES, 2003). O modelo teórico que sustenta a construção da MEE não é

restrito a uma teoria definida, mas pode ser modificada com os dados empíricos de

um comportamento real, testados por meio da análise fatorial exploratória (AFE), e,

assim, confirmado o modelo empregando-se a MEE (AMORIM et al., 2009; HAIR et

al., 2014).

Existem diferenças entre a MEE e as demais técnicas estatísticas

multivariadas. Enquanto a regressão múltipla, a análise fatorial e a análise

multivariada da variância atendem o exame de somente uma relação de

dependência de cada vez, entre as variáveis independentes e a variável

dependente, considerando o ajuste entre as variáveis observadas (ou medidas) e a

sua explicação à variável dependente, por meio da avaliação por testes de

significância ou estimação dos parâmetros de interesse (HAIR et al., 2009; KEITH,

2015; FÁVERO; BELFIORE, 2017).

A MEE, por sua vez, como uma técnica estatística multivariada permite a

análise de um conjunto de relações entre as variáveis dependentes e

independentes, com a vantagem de estimar os erros de medição no processo de

estimação do modelo, na estimação simultânea de diversos relacionamentos de

dependência inter-relacionados, permite que uma variável latente (ou dependente)

no modelo possa se tornar uma variável independente (ou formativa) nas

subsequentes relações com as outras variáveis latentes dependentes, e a

capacidade de definir suposições a partir do suporte teórico, incluindo-as no modelo,

e testá-las analiticamente os dados (KLINE, 2005; BYRNE, 2009; ARBUCKLE,

2014).

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A técnica estatística multivariada MEE apresenta a possibilidade de

modelagem baseada em covariância, ou baseada em modelo de estimação de

ajuste de máxima verossimilhança; e a baseada em variância ou em modelos de

estimação de mínimos quadrados parciais. A escolha se prende se porventura os

dados da pesquisa não atendem o pressuposto de uma distribuição normal

multivariada, existe complexidade de relações no modelo, participação de variáveis

latentes formativas de outras dentro do modelo, poucos dados e modelos com

menor suporte teórico ou pouco explorado (RINGLE; SILVA; BIDO, 2014). Nesta

situação é recomendável a utilização de modelagem de equações estruturais

baseada em variância (HAIR et al., 2012; WONG, 2013; HAIR et al., 2014). Em

razão do exposto acima, optou-se nesta dissertação pela modelagem baseada em

variância.

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4. ARTIGO

INTENÇÃO DE COMPRA DE HORTALIÇAS ORGÂNICAS: UMA AVALIAÇÃO

EMPÍRICA BASEADA NA TEORIA DO COMPORTAMENTO PLANEJADO

RESUMO: O consumidor brasileiro tem ampliado as suas compras de produtos

orgânicos. No entanto, muito pouco se conhece sobre o comportamento de compra

desses consumidores. O propósito deste estudo foi identificar a intenção de compra

de hortaliças orgânicas em Campo Grande (MS), utilizando a Teoria do

Comportamento Planejado - TCP. Foram entrevistadas 472 pessoas para a amostra

durante o processo de compra de produtos orgânicos no mercado varejista da

cidade, por meio de um questionário. A modelagem de equações estruturais com o

método de mínimos quadrados parciais foram utilizadas para testar as relações

propostas nos objetivos específicos, entre as variáveis latentes atitude, norma

subjetiva, controle e incerteza percebida, preditivas da intenção de compra. Os

resultados indicaram que as variáveis latentes preditas influenciam positivamente à

intenção de compra, salvo a incerteza percebida que, quanto maior for esta, menor

será a intenção de compra. Este estudo tem implicações práticas direta na gestão

e no marketing de hortaliças orgânicas e, caracteriza-se como valor: ao estender os

poucos estudos brasileiros sobre o consumidor inclinado a comprar hortaliças

orgânicas, ampliando o entendimento entre os valores antecedentes à intenção de

compra de produtos orgânicos.

Palavras-chave: produtos orgânicos; mercado orgânico; intenção de compra;

percepção do indivíduo

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INTENTION TO BUY ORGANIC VEGETABLES: AN EMPIRICAL EVALUATION

BASED ON THEORY PLANNED BEHAVIORAL

ABSTRACT: The Brazilian consumer has expanded its purchases of organic

products. However, very little is known about the buying behavior of these

consumers. The purpose of this study was to identify the intention to buy organic

vegetables in Campo Grande (MS), using the Theory of Planned Behavior - TCP. A

total of 472 people were interviewed during the process of buying organic products

in the retail market of the city, through a questionnaire. The modeling of structural

equations with the partial least squares method were used to test the proposed

relationships in the specific objectives, among the latent variables attitude,

subjective norm, control and perceived uncertainty, predictive of the intention to buy.

The results indicated that the latent predictive variables positively influence the

purchase intention, except for the perceived uncertainty that the higher the value,

the lower the purchase intention. This study has direct practical implications in the

management and marketing of organic vegetables and is characterized as value

when extending the few Brazilian studies on the consumer inclined to buy organic

vegetables, expanding the understanding between the values antecedent to the

intention to buy organic products.

Keywords: organic products, organic market, buy intention, perception of the

individual

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21

4.1 Introdução

As crises de abastecimento alimentar decorrentes de problemas com

sanidade animal, das preocupações com a utilização de pesticidas na agricultura,

bem como, de antibióticos e hormônios na alimentação dos animais, resultaram na

redução da confiança dos consumidores em relação à qualidade dos alimentos na

produção convencional (CHEN, 2009). Os padrões de consumo de alimentos estão

mudando rapidamente, como resultado de questões de desenvolvimento e

sustentabilidade, considerações com relação ao seu aspecto nutricional e também

questões relacionadas à saúde (WANDEL; BUGGE, 1997; MAGNUSSON et al.,

2001; HOPPE et al., 2012).Diante desses fatores, a demanda por produção

orgânica aumentou (CHEN, 2009), uma vez que alimentos cultivados segundo os

princípios da agricultura orgânica integraram interesses com a saúde do consumidor

e a qualidade do alimento (HOPPE et al., 2012).

O mercado global de alimentos orgânicos possui uma indústria multibilionária

que tem crescido continuamente ao longo das últimas décadas (LEE; GOUDEAU,

2014). Diante deste cenário, os fornecedores de produtos orgânicos e formuladores

de políticas passaram a ter um interesse cada vez maior nas atitudes dos

consumidores, tanto em relação a alimentos/agricultura orgânicos, quanto à

intenção de pagar a mais por esses produtos e, consequente, ao comportamento

de compra (HOPPE et al., 2012; TUNG et al., 2012). Estudos e pesquisas estão

sendo realizados na área de comportamento do consumidor de produtos orgânicos

(CHEN, 2009; HOPPE et al., 2012; BOYS; WILLIS; CARPIO, 2014; WATANABE,

2014; LOPES, 2016). No entanto, são poucos os que enfatizam as motivações,

crenças e valores desse consumidor (HOPPE et al., 2012), especialmente no Brasil.

Uma nova abordagem psicológica que inclua atitudes, crenças e estilo de vida pode

revelar um consumidor de produtos orgânicos diferente. Neste sentido, os

construtos propostos pela TCP, proposta por Ajzen (2006), podem auxiliar a

enfatizar esta abordagem (RODRIGUES et al., 2009; HOPPE et al., 2012).

A TCP sugere que o comportamento humano se baseia em três pontos: (i)

nas crenças comportamentais; (ii) nas crenças normativas e; (iii) nas crenças sobre

o controle. As crenças comportamentais tratam das possíveis consequências do

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comportamento humano. Já as crenças normativas referem-se às expectativas de

comportamento percebido referentes às outras pessoas, como familiares e amigos

(pressão social). Estas crenças normativas, combinadas com a motivação pessoal

em obedecer a diferentes regras determinam a norma subjetiva por trás da compra.

Por último, as crenças sobre o controle se referem aos fatores que podem facilitar

ou impedir o desempenho do comportamento. Sendo assim, assume-se que o poder

exercido pela atitude, pela norma subjetiva e pelo controle percebido determina a

intenção do comportamento (AZJEN, 2002).

Considerando a TCP, o objetivo principal deste estudo foi o de avaliar a

influência positiva da atitude, normas subjetivas e controle de comportamento

percebido na intenção de compra de hortaliças orgânicas em Campo Grande (MS).

Os seus objetivos específicos foram: a) verificar a existência de relacionamento

positivo da atitude, normas subjetivas e controle de comportamento percebido na

intenção de compra de hortaliças orgânicas; e b) avaliar os relacionamentos causais

da atitude, normas subjetivas e controle de comportamento percebido na intenção

de compra de hortaliças orgânicas em função das características

sociodemográficas do consumidor.

4.2 Material e Métodos

A literatura sobre a intenção de compra do consumidor oferece muitos

métodos de avaliação a serem utilizados em objetivos similares. Para a execução

deste estudo optou-se por uma abordagem quantitativa para destacar o contexto

das experiências e das vivências dos compradores de hortaliças orgânicas. Optou-

se, quanto a natureza, por uma pesquisa aplicada com objetivo exploratório,

adotando-se os procedimentos de levantamento de referências teóricas já

publicadas sobre o assunto e coleta de dados primários junto a um grupo de

interesse, representante de uma população de compradores campo-grandenses.

Para a coleta de dados empregou-se um questionário adaptado de Hoppe et

al. (2012), composto de duas sessões: uma sessão referente ao relacionamento do

consumo e do processo de compra de hortaliças orgânicas, e outra sessão referente

ao perfil socioeconômico do entrevistado. O questionário foi examinado e aprovado

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pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, sob o parecer n.

1.830.613, de 22/11/2016. Considerando os princípios de relacionamento das

variáveis latentes da TCP, definiu-se que o comportamento de compra de hortaliças

orgânicas seria daqueles comparadores de hortaliças orgânicas ou convencionais,

em Campo Grande (MS). As entrevistas foram realizadas nos principais pontos de

vendas (supermercados, mercados, feiras e sacolões), distribuídos nas sete regiões

administrativas da cidade: Anhanduizinho, Bandeira, Centro, Imbirussu, Lagoa,

Prosa e Segredo, no período de 19 de dezembro de 2016 a 27 de janeiro de 2017.

Foi assegurado ao respondente a sua não identificação, com o sigilo das suas

respostas, e de que os dados seriam trabalhados de forma agrupada ao dos demais

respondentes, com a finalidade exclusiva de uma investigação científica. As

entrevistas foram realizadas face-a-face, por pessoas treinadas e capacitadas, com

compradores que se dispuseram a prestar informações sobre o processo de compra

e do seu comportamento em relação ao processo de compra de hortaliças

orgânicas.

A amostra total consiste de 472 entrevistados, considerando a população

economicamente ativa de Campo Grande, de 435.728 pessoas (BRASIL, 2016), um

nível de confiança de 95%, uma margem de erro de 4,51%, aceitável para as

avaliações em ciência sociais aplicadas (AGRESTI; FINLAY, 2012). Para a análise

fatorial recomenda-se o resultado de Hair et al. (2009), de que se deve prover no

mínimo 5 observações por item de cada variável latente. Como o questionário

aplicado possuía 17 itens ligados ao consumo e processo de compra, o número

mínimo de casos seria de 85 respondentes.

Com relação à modelagem de equações estruturais, Hair et al. (2014)

recomenda que a amostra deverá ser igual ou maior que 10 vezes o número de

indicadores formativos utilizados na medição de variáveis latentes, ou construtos.

Neste caso, a amostra mínima seria de 170 respondentes. A amostra utilizada de

472 entrevistados supera os dois pressupostos recomendados.

As medidas das variáveis latentes, ou seja, para as atitudes, normas

subjetivas, controle de comportamento percebido e intenção de compra, foram

aquelas propostas por Ajzen (2006) e Hoppe et al. (2012). Para a sessão referente

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ao relacionamento ao consumo, os itens correspondentes às variáveis observadas,

foi empregada uma escala de Likert de concordância, de 7 pontos, variando de 1 =

discordo totalmente a 7 = concordo totalmente. Para a sessão do processo de

compra, empregou-se escalas de adjetivos bipolares de 7 pontos (difícil / fácil; mal

/ bem; insatisfeito / satisfeito), conforme sugeridas por Ajzen (2006) e Hoppe et al.

(2012). A escala de Likert de 7 pontos utilizada nos itens tem demonstrado ser mais

precisa e de mais fácil de utilização, refletindo melhor a verdadeira avaliação do

respondente (FINSTAD, 2010).

A unidimensionalidade das variáveis latentes, atitude, normas subjetivas,

controle de comportamento percebido e intenção de Compra, foi analisada

empregando a Análise Fatorial Exploratória (AFE), seguindo as recomendações de

Hair et al. (2009), utilizando-se o método da rotação varimax. A AFE processada

no software SPSS v.24.

A verificação do bom ajuste do modelo, considerando o número de itens das

variáveis latentes e tamanho da amostra, foi aquele que atendeu aos valores de

corte para: teste de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) > 0,50; esfericidade de Bartlett com

significância < 0,05; carga fatorial > 0,40, alfa de Cronbach superior a 0,60; medida

de adequação da amostra, MSA > 0,50; comunalidades > 0,50 e; variância

explicada > 50%. Os fatores obtidos por este processo originou um modelo

estrutural ajustado, o qual foi, na sequência, avaliado a sua confirmação estatística.

A análise de confirmação do modelo estrutural ajustado foi realizada

empregando-se as técnicas de modelagem de equações estruturais com o método

de mínimos quadrados parciais, utilizando do software SmartPLS 2.0 M3 (HAIR et

al., 2014; RINGLE; SILVA; BIDO, 2014). Desta forma, o modelo estrutural ajustado

foi testado empregando correlações (r) e regressões lineares. As hipóteses nulas

são para as correlações lineares, Ho: r=0 e para os coeficientes de caminho Ho:

Γ=0. Se p<0,05, a hipótese nula é rejeitada. Assim, esses valores são padronizados

e a sua significância é avaliada pelo valor empírico t comparado com o valor crítico

bicaudal (t=1,96), para o nível de significância a p<0,05, obtido pela técnica de

bootstrapping, com 5.000 reamostragens. Os valores aceitáveis de ajuste do

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modelo foram os recomendados por Hair et al. (2009), Hair et al. (2014) e Ringle,

Silva e Bido (2014) e indicados no Quadro 3.

Quadro 3. Procedimentos e valores de referência na comprovação do ajuste do modelo.

Procedimento Propósito Valores de Referência

Variância média extraída (AVE)

Validade convergente. AVE>0,50 – valor médio da variância explicada entre o conjunto de itens de uma variável latente.

Validade discriminante

Indicação de que as variáveis latentes, ou construtos, são independentes uma das outras.

Comparam-se as raízes quadradas das AVEs de cada variável latente com as correlações lineares de Pearson entre as outras variáveis latentes. As raízes quadradas devem ser maiores que as correlações entre as variáveis latentes.

Alfa de Cronbach (α) e confiabilidade composta (CR)

Confiabilidade do modelo.

α > 0,60 – confiabilidade de consistência interna; CR > 0,70 – grau em que o conjunto de indicadores de uma variável latente é internamente consistente em suas medidas.

Teste t de Student Avaliação das significâncias das correlações e regressões

t ≥ 1,96, p< 0,05

Coeficiente de determinação de Pearson (R2)

Avaliação da quantidade da variância das variáveis endógenas, que é explicada pelo modelo estrutural.

Classifica-se o R2 considerando os valores 0,02, 0,13 e 0,26, respectivamente, como nível de avaliação fraca, moderada e substancial.

Coeficiente de caminho (Γ)

Avaliação das relações causais.

Relação entre variáveis latentes, no modelo estrutural, com os valores avaliados pela sua significância de t.

Fonte: Adaptado de Cohen (1988); Hair et al. (2009); Hair et al. (2014); Ringle, Silva e Bido (2014).

Relacionado ao exame do comportamento dos consumidores, quando

segmentados em grupos característicos do perfil socioeconômico, empregou-se a

técnica da modelagem de equações estruturais na avaliação da heterogeneidade

entre dois ou mais grupos.

Verificou-se a possível existência de diferenças significativas nos

coeficientes de caminhos das variáveis latentes do modelo estrutural ajustado. Esta

técnica possibilitou comparar os diversos tipos de grupos quanto ao gênero

(feminino e masculino), faixa de idade (até 35 anos, ou mais de 35 anos), ao nível

de escolaridade (médio ou superior), a renda familiar (baixo-média ou alta), se

possui no seu grupo familiar crianças abaixo de15 anos (não ou sim) e idosos acima

de 65 anos (não ou sim).

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As classes indicadas para a faixa de idade, nível de escolaridade e renda

familiar foram subdivididas, da escala original, pelas respectivas estatísticas da

mediana. Desta forma o nível de escolaridade foi disposto em dois níveis: Médio,

somando-se os respondentes com ensino fundamental e médio, e superior,

somando-se os respondentes com ensino superior e pós-graduado. A renda familiar

foi disposta em dois níveis: Baixa-Média, até o valor de R$ 6.220,00 e a Alta acima

desse valor.

4.3 Resultados e Discussão

A Tabela 1 apresenta o resumo do perfil socioeconômico dos consumidores,

em função do gênero. A quantidade de homens e mulheres entrevistados está

próximo aos dados do IBGE (2016) para a cidade de Campo Grande (MS) (cerca

de 51% de homens e 49% mulheres). A amostra dos homens foi formada de 66%

casados, 56,4% com renda até R$6.220,00, e 70,1% com nível de escolaridade

superior. As mulheres, 54,1% são casadas, 75,7% com renda até R$6.220,00, e

58,9% com nível de escolaridade superior.

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Tabela 1. Perfil socioeconômico dos consumidores de Campo Grande (MS), em 2016.

Gênero do entrevistado.

Masculino (n=241)

Feminino (n=231)

% da coluna % da coluna Estado civil: Casado 66,0 54,1

Solteiro 29,9 31,6

Viúvo 0,0 3,5

Divorciado/Separado 4,1 6,9

Outro 0,0 3,9

Soma de todas as Rendas mensais (R$/mês) das pessoas que moram na sua casa.

Até R$ 1.244,00 8,6 15,1 De R$ 1.244,01 a R$ 2.488,00 23,7 35,5 De R$ 2.488,01 a R$ 6.220,00 24,1 25,1 De R$ 6.220,01 a R$ 12.440,00 29,9 10,4 Mais de R$ 12.440,01 13,7 13,9

Grau de Instrução do Entrevistado:

Sem instrução 0,4 1,7 Ensino Fundamental 9,6 10,8 Ensino Médio 19,9 28,6 Ensino Superior 41,5 40,7 Pós Graduado 28,6 18,2

Relata-se ainda, sobre o perfil dos respondentes, que 51,1% das pessoas

não possuem crianças abaixo de 15 anos e também que 81,6% não tem idosos

acima de 65 anos morando em suas casas.

O modelo estrutural proposto foi testado quanto a validade dos seus itens por

meio de AFE com a rotação varimax e a análise da confiabilidade das escalas pelo

critério do alfa de Cronbach. Os resultados convergiram após 6 interações,

oferecendo a solução para cinco fatores, nomeados e indicados na Tabela 2. As

variáveis atitude, normas subjetivas, intenção de compra e controle percebido estão

em concordância com o modelo de Ajzen (2005). O modelo sugeriu a variável

incerteza percebida em conformidade com a proposta de Hoppe et al. (2012). Os

indicadores do ajuste da AFE apresentaram valores superiores aos valores de

referência propostos por Hair et al. (2009). Os valores de KMO = 0,803, esfericidade

de Bartlett = 2845,639 e sig < 0,001 e MSA > 0,610, fornecem a condição de aceitar

o modelo de mensuração entre os itens e os respectivos fatores, os quais se

denominaram como variáveis latentes.

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Tabela 2. Análise fatorial exploratória com rotação varimax dos itens do modelo estrutural com as suas comunalidades, cargas fatoriais e indicadores de ajuste, sobre as perguntas do questionário aplicado em Campo Grande (MS), em 2016.

Fatores e cargas fatoriais

Itens

Co

mu

na-

lidad

es

Atitu

de

No

rma

s

su

bje

tiva

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Ince

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Inte

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Co

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pe

rceb

ido

Q2 Sinto que não sei muito sobre alimentos orgânicos.

0,726 0,847

Q3 Comparado à maioria das pessoas, sei muito pouco sobre alimentos orgânicos.

0,688 0,810

Q4 Com relação a alimentos orgânicos, não tenho muitos conhecimentos.

0,773 0,868

Q5 Hortaliças orgânicas estão geralmente disponíveis nos locais onde usualmente compro alimentos.

0,742 0,857

Q6 Se eu quisesse, eu poderia facilmente comprar hortaliças orgânicas em vez das convencionais.

0,719 0,819

Q7 Comprar hortaliças orgânicas em vez das convencionais faria eu sentir que estou fazendo algo "politicamente correto".

0,641 0,777

Q8 Comprar hortaliças orgânicas em vez das convencionais faria eu me sentir uma pessoa melhor.

0,674 0,754

Q9 Comprar hortaliças orgânicas em vez das convencionais me faria sentir como se estivesse contribuindo para algo melhor.

0,765 0,842

10 Eu irei comprar hortaliças orgânicas em vez das convencionais em breve.

0,547 0,530

Q11 Grande parte das pessoas que respeito e admiro comprariam hortaliças orgânicas em vez das convencionais.

0,411 0,490

Q12 Para mim, comprar hortaliças orgânicas em vez das convencionais seria Difícil/Fácil

0,519 0,586

Q13 Comprar hortaliças orgânicas em vez das convencionais faria eu me sentir Mal/Bem

0,660 0,734

Q14 Comprar hortaliças orgânicas em vez das convencionais faria eu me sentir Insatisfeito/Satisfeito

0,723 0,816

Q15 Comprar hortaliças orgânicas em vez das convencionais seria Danoso/Benéfico

0,674 0,783

Q16 Comprar hortaliças orgânicas em vez das convencionais seria Tolice/Sábio

0,733 0,823

Q17 Pretendo comprar hortaliças orgânicas em vez das convencionais dentro em breve Não/Sim

0,590 0,725

Q18 Das 10 últimas vezes que você comprou hortaliças, quantas vezes eram orgânicas?

0,608 0,747

Alfa de Cronbach - 0,843 0,795 0,809 0,604 0,671 Variância explicada acumulada (%) 16,484 31,878 45,072 56,129 65,843

Legenda: Q - número da questão utilizado no fator envolvido do modelo.

Foi utilizado a modelagem de equações estruturais, empregando o

SmartPLS, com o propósito da confirmação do modelo estrutural ajustado composto

das variáveis latentes independentes, decorrentes dos itens observados, da atitude,

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normas subjetivas, controle percebido, incertezas percebidas e da variável latente

dependente da intenção de compra (Tabela 2), baseado na teoria e nos dados

coletados em AFE (Figura 2). Ou seja, confirmar se as relações pré-estabelecidas

da TCP é, estatisticamente, validado para as relações causais definidas para o

contexto dos compradores de Campo Grande (MS).

Figura 2. Resultado do modelo estrutural ajustado refletivo-formativo dos itens e

variáveis latentes com os valores dos coeficientes de caminho sobre a compra de alimentos orgânicos em Campo Grande (MS), em 2016.

A análise do modelo estrutural ajustado foi obtida estimando-se a validade

discriminante e a qualidade do modelo. A validade discriminante é a estimação de

independência entre as variáveis latentes, empregando a raiz quadrada da variância

média estimada (AVE) (FORNELL; LARCKER, 1981). Os valores em negrito na

diagonal da Tabela 3 fornecem as evidências da validade discriminante, desde que

estes são maiores que os demais valores de correlação linear de Pearson entre as

variáveis latentes, indicadas fora da diagonal principal.

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Tabela 3. Validade discriminante entre as variáveis latentes e a qualidade de ajuste do modelo teórico em relação aos consumidores de Campo Grande (MS), em 2016.

Validade discriminante Qualidade do Modelo

Variável latente AT NS IP IC CP AVE CR R2 Alfa

Atitude (AT) 0,825 0,680 0,895 0,843

Normas subjetivas (NS) 0,519 0,735 0,540 0,854 0,795

Incertezas percebidas (IP) -0,066 0,024 0,848 0,719 0,885 0,809

Intenção de compra (IC) 0,297 0,392 -0,217 0,750 0,563 0,794 0,278 0,611

Controle percebido (CP) -0,036 0,171 -0,004 0,305 0,866 0,751 0,857 0,672

Nota: os valores negritados na diagonal correspondem a raiz quadrada da AVE.

A validade convergente do modelo é indicada por meio da AVE (variância

média extraída) para cada variável latente, que são superiores ao valor de corte de

0,50, explicando que os itens estão correlacionados positivamente com suas

respectivas variáveis latentes, assumindo que o modelo nos fornece um resultado

satisfatório.

A consistência interna do modelo, indicada pelos valores da confiabilidade

composta (CR) e do alfa de Cronbach, estes apresentam medidas maiores que os

valores de corte (Quadro 3), indicativo apropriado para se inferir que a amostra é

confiável para representar o modelo. O coeficiente de determinação (R2) indica que

27,8% da variância da intenção de compra (IC) é explicada pelas quatro variáveis

latentes formativas, considerando-se um efeito substancial (ver Quadro 3).

Os valores e significâncias dos coeficientes de caminho são mostrados na

Tabela 4. Todos os coeficientes de caminho são significativos ao nível de p<0,001,

indicando consistência dos resultados.

Tabela 4. Coeficientes de caminho, desvio padrão e estatística t do modelo estrutural acerca dos consumidores de Campo Grande (MS), em 2016.

Variáveis Coeficiente de caminho

Desvio padrão Estatística t

Atitude (AT) → Intenção de compra (IC) 0,151 0,046 3,313***

Normas subjetivas (NS) → Intenção de compra (IC) 0,273 0,050 5,496***

Incertezas percebidas (IP) → Intenção de compra (IC) -0,212 0,040 5,268***

Controle percebido (CP) → Intenção de compra (IC) 0,263 0,046 5,713***

Legenda: nível de significância bicaudal: *** p<0,001

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Analisando os resultados da Tabela 4, observa-se que a variável latente

Normas subjetivas (NS) tem maior contribuição à IC. Isto pode ser explicado

considerando que a intenção de compra de hortaliças orgânicas é influenciada por

crenças normativas antecedentes, decorrente da influência de comportamentos de

grupos de pessoas, as quais exercem pressão social ao comprador; pela motivação

pessoal em respeitar as regras inerentes, e de seu conhecimento aparente (AJZEN,

2005) à produção orgânica, indicando uma forma de contribuição à preservação do

meio ambiente (HOPPE et al., 2012; GALLO; MARÍN; FLORES, 2014). Ressalta-se

ainda que, referente com a NS, esta possui uma forte correlação com a AT e a IC

(ver Tabela 3), relações que também foram encontradas por Sheppard, Hartwick e

Warshaw (1988) e Gallo, Marín e Flores (2014), cuja justificativa seria que as

pessoas que adquirem hortaliças orgânicas o fazem por afetividade, gosto ou

atração e por convicção de vantagens à sua saúde ou proteção do meio ambiente

(SHEPHERD; MAGNUSSON; SJÖDÉN, 2005; ARVOLA et al., 2008; GABOKO,

JERE, 2016).

A variável latente CP também tem uma relação positiva e significativa com a

IC (ver Tabelas 3 e 4), podendo ser explicada como a efetivação da compra, em

função dos recursos e oportunidades, medidos pela facilidade e disponibilidade, ou

não, das hortaliças orgânicas (AJZEN, 2005).

A variável latente CP possui componentes mercadológicas importantes,

como relatado por Gallo, Marín e Flores (2014), como local de venda, informações

sobre os produtos, disposição a preço maior (LOPES et al., 2016), provocando um

maior controle do comprador e, consequentemente, fazendo com que tenha uma

diminuição das barreiras de compra, como acessibilidade do produto, diversificação

de produtos e disponibilidade de informações adicionais sobre as vantagens de

consumo, maior será a IC.

A relação da IP com a IC é negativa e significativa (Tabelas 3 e 4), ou seja,

com o aumento da incerteza há uma diminuição da intenção de compra. A IP é uma

variável latente relacionada ao conhecimento do comprador sobre hortaliças

orgânicas. Ao reduzir os empecilhos identificados para a compra de hortaliças

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orgânicas, gera um novo panorama de percepção de conhecimento ao comprador,

diminuindo a IP e aumentando a IC.

O primeiro objetivo específico foi analisado, conforme descrição anterior, e

pode-se afirmar que a proposição do modelo de estrutura entre as variáveis latentes

independentes formativas AT, NS e CP fornecem um relacionamento causal

positivo na variável latente dependente IC, enquanto que a IP contribui com um

relacionamento negativo. Ademais, Hoppe et al. (2012) argumentam que em

pesquisa semelhante, em Porto Alegre, a IP é uma variável latente não significativa,

descrevendo que a falta de conhecimento não diminui a IC.

A Tabela 5, referente à análise do segundo objetivo específico, apresenta os

resultados dos coeficientes de caminho para os multigrupos categóricos que

apresentaram alguma diferença significativa ao nível de p<0,05. Os efeitos das

categorias multigrupos de gênero, estado civil, existência de crianças e idosos no

seu grupo familiar não apresentaram heterogeneidade ao nível de p<0,05 e não são

apresentados os seus respectivos valores dos coeficientes de caminho. Desta

forma, para estes multigrupos, as percepções de AT, NS, IP e CP na relação causal

com IC não são diferentes quando analisadas para cada categoria.

Tabela 5. Moderação multigrupo do nível de escolaridade, renda familiar e idade no modelo estrutural ajustado em relação aos consumidores de Campo Grande (MS), em 2016.

Coeficiente de caminho dos multigrupos e valor de t

Nível de escolaridade Faixa de renda Faixa de idade (anos) Caminho M **

(n=167) S **

(n=305) t B **

(n=195) A **

(n=277) t ≤ 35 **

(n=253) > 35 ** (n=305)

t

AT IC 0,168 0,141 0,424 0,216 0,109 1,758 0,179 0,172 0,110 NS IC 0,177 0,378 3,007 0,138 0,416 4,433 0,264 0,259 0,072 IP IC -0,247 -0,202 0,795 -0,238 -0,208 0,563 -0,153 -0,289 2,530 CP IC 0,286 0,241 0,716 0,253 0,263 0,168 0,242 0,300 0,901

Legenda: M – Médio; S – Superior; B – Baixo-média; A – Alta; n – número de elementos da amostra; t – valor t de student, teste bicaudal de diferenças entre grupos; ** p<0,05; *** p<0,001.

Quando analisado os grupos formadores do nível de escolaridade, a Tabela

5 nos indica que existe diferença significativa a p<0,05 para a NS em relação a IC.

Os compradores de hortaliças orgânicas com nível de escolaridade Superior

consideram que a sua NS (Γ= 0,378, t=3,007, p<0,05) é mais preponderante na IC

de que para o grupo de escolaridade Média (Γ= 0,177), evidenciando que as suas

convicções pessoais e a influência de amigos e familiares atuam positivamente na

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compra de hortaliças orgânicas. Isto pode ser fortalecido pelo que foi encontrado

por Moraes et al. (2015), identificando que as pessoas com nível de escolaridade

Superior têm mais conhecimento em relação a hábitos alimentares saudáveis e

podem comprar produtos orgânicos.

Para o multigrupo formado pela faixa de renda familiar (Tabela 5), este

também apresenta diferença significativa da NS em relação a IC. O grupo de Alta

renda possui uma maior NS (Γ=0,416), indicativo de que estes se apoiam mais nas

suas convicções pessoais e da pressão social exercida por pessoas do seu convívio

para a IC.

Já o grupo de Baixa-média renda a NS (Γ=0,138), com um valor indicativo

menor de antecedente de convicção, pode ser justificado ao presumir que este

grupo está mais interessado às características mercadológicas da hortaliça

orgânica: preço, promoção, disposição, entre outras.

Esta suposição é apoiada pelas indicações de Gallo, Marín e Flores (2014),

ao descrever que a influência do entorno é importante sobre a intenção de compra

de produtos mais baratos.

Assim, muitas das vezes o preço pode ser uma decisão de compra, pois as

hortaliças orgânicas possuem um preço de venda maior do que as hortaliças

convencionais e existe uma percepção da disposição a pagar um preço premium

por serem saudáveis (LOPES et al., 2016).

Outra diferença significativa indicada pela Tabela 8 está no relacionamento

entre a IP e a IC, para o multigrupo faixa de idade. A IP é maior para a faixa de

idade maior que 35 anos (Γ= -0,289), caracterizando que para este grupo maduro,

que quanto mais negativo o valor do coeficiente de caminho, menor o conhecimento

subjetivo sobre as hortaliças orgânicas, menor será a sua probabilidade de compra.

Para o grupo da faixa de idade menor que 35 anos (Γ=-0,153), o conhecimento

subjetivo antecedente não é tão representativo como o do grupo anterior para a

realização da IC de hortaliças orgânicas.

Presume-se que para estes jovens o ato de comprar hortaliças orgânicas

envolva menos risco, não há condições de antecipar a certeza desagradável da

compra ou, ainda que, sob o aspecto de valor e utilidade esperada, a perda subjetiva

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não seja expressiva (PADEL; FOSTER, 2005; BRASIL; SAMPAIO; PERIN, 2008;

VACCARI; COHEN; DA ROCHA, 2016; LEONIDOU; LEONIDOU; KVASOVA,

2010).

4.4 Conclusões

O modelo estrutural proposto com base na TCP, e em seguida ajustada com

a inserção da variável latente IP, apresentou bons indicadores de ajuste e

qualidade, com coeficientes de caminho significativos, estabelecendo relações de

causa e consequências, e por isto confirma a Teoria. Assim sendo, o modelo

mostrou-se adequado para o contexto dos compradores de hortaliças orgânicas de

Campo Grande.

As variáveis latentes formativas da AT, NS e CP possuem uma contribuição

positiva à IC, enquanto que a IP contribui negativamente com a IC. Em relação às

variáveis socioeconômicas, que estabelecem o perfil do comprador, apenas os

grupos segmentados do nível de escolaridade e faixa de renda familiar

apresentaram diferenças significativas para o relacionamento entre a NS e IC, e

para o grupo faixa de idade, a relação entre IP e IC.

4.5 Referências Bibliográficas

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As relações indicadas pelo modelo testado em Campo Grande revelam

algumas implicações acadêmicas e empresariais. As últimas podem ser indicadas

pela importância revelada pelo comportamento do consumidor quanto aos seus

antecedentes à compra de hortaliças orgânicas. Ao verificar as normas subjetivas e

as incertezas percebidas, as quais afetam a intenção de compra, estas mostram

evidências da importância do ponto de venda.

Algumas barreiras à venda de hortaliças orgânicas podem ser minimizadas

com a maior oferta e diversificação destas, como também, aumentando os pontos

de oferta e de informações sobre o produto orgânico e convencional, dando ao

comprador maior opção e comparação entre eles. Tais ações gerenciais podem ser

articuladas pelos empresários proporcionando apoio e fortalecimento da produção

orgânica, como também com a utilização de ferramentas de marketing no

estabelecimento de divulgação, promoção e preço. Estes procedimentos podem,

também, atuar sobre a atitude do comprador, aumentando a frequência e o

consumo de hortaliças orgânicas.

As implicações acadêmicas surgem das limitações da pesquisa e de

possibilidades de investigações futuras. Como esta pesquisa foi de um

procedimento transversal, o comportamento e opinião dos compradores podem

estar sujeitas às interferências do momento. Neste âmbito, para se ampliar o

conhecimento sobre os procedimentos comportamentais dos compradores de

Campo Grande, sugere-se a realização de outras pesquisas longitudinais, de forma

a identificar segmentos e perfis, relacionamento com o contexto que circunda a

economia local.

Poderia ser ampliada a coleta de dados da TCP em outras cidades sul-mato-

grossense, proporcionando maior conhecimento e comparação entre o

comportamento de compra de hortaliças orgânicas. Por outro lado, constata-se que

o preço é uma variável de decisão, que tem influência no modelo, relacionado ao

controle percebido e a frequência de compra. Poderia ainda, ser ampliado o estudo

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com a adição de outras teorias e variáveis relacionadas ao comportamento de

compra.

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ANEXO

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Anexo 1. Questionário da pesquisa

Fonte: Adaptado de Hoppe et al. (2012).