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Ano IX N.º 36 | 17 de Junho | 2018 DE ANTÓNIO PARA ANTÓNIO Andei muito às voltasà procura de inspiração para escrever o último editorial deste ano pastoral de 2017-2018. Sinceramente não me quero pronunciar sobre questões políticas que neste momento ainda estão em evolução, como o encontro entre o Kim e Trump – é bom não bater palmas antes de ver conclusões práticas, mas é bom ter esperança que haja mudanças significativas no cenário do nosso mundo -; nem me quero meter no meio das bofetadas entre França e Itália (dos governantes) por causa do navio Aquarius, sobretudo quando em tantos anos não há uma coerência europeia perante a questão dos refugiados e existem só palavras de conveniência e atitudes mesquinhasBastaria ler o livro de Melissa Fleming, Uma Esperança mais forte do que o mar, que não é um romance, mas a história extraordinária de uma jovem corajosa e da sua luta pela sobrevivência a boiar, ao longo de 4 dias, no meio do mar Mediterrâneo com duas bebés por cima do seu corpo. E não é ficção, nem recreio. É a realidade. No meio disto fui parar com o pensamento a duas personagens, com o mesmo nome, o mesmo país de origem, mas de épocas diferentes. Trata-se de Santo António de Lisboa e de António Marto, bispo de Leiria-Fátima. Um, o lisboeta que viveu há oito séculos, fez-me muita companhia nestes dias por andar a ler a sua vida, as suas palavras e aventuras. Fiquei a conhecer um homem que para a maioria do povo português é um «ilustre desconhecido». São tantos os que bailam, marcham e cheiram na noite dele, mas de longe se dão ao trabalho de o descobrir. Entre tantas coisas que encontrei nele, saliento uma que sinto atual. António sai de Portugal e chega a Itália nas costas da Sicília como náufrago e é acolhido pelos seus confrades. Leva para a Itália e para a França toda a sua cultura teológica, enriquecendo o movimento franciscano: bendito naufrágio. E Pádua fica encantada com a sua santidade, que o adota como filho seu. Outro António, o da voz nasalada que saúda sempre com muito afeto as criancinhas e que alguns já o apelidavam de simplório. Mas alguém viu mais longe, ou mais em profundidade, e escolheu-o como seu conselheiro: trata-se de D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, nomeado Cardeal pelo Papa Francisco. Ainda não faz muita notíciacomo de resto António de Lisboa, no início. Não quero canonizar um amigo que conheço de longa data pela sua humildade e paixão de pastor algo que já sobressaiu bem nas entrevistas que ele deixou. Na mensagem que lhe enviei, tornando-me um daqueles que lhe encheram a caixa do correio, como ele disse, lembrei-lhe aquela vez quando ainda bispo de Viseu foi pela primeira vez visitar um centro de deficientes profundos e os hóspedes como sinal de agradecimento ofereceram-lhe um solidéu (aquele pequeno barrete que bispos e cardeais usam). Só que o pessoal não era experiente em paramentos eclesiásticos e enganou-se na cor, em vez de roxo (cor do bispo) era vermelho (cardinalício). O D. António, com um belo sorriso, agradeceu e pôs no bolso. Quem sabe se agora saiu de uma gaveta aquele solidéu dos deficientes que afinal se enganaram apenas no tempo? Frei Fabrizio Bordin O Conchas vai de férias . Desejamos a todos um bom verão !

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Ano IX N.º 36 | 17 de Junho | 2018

DE ANTÓNIO PARA ANTÓNIO

Andei muito “às voltas” à procura de inspiração para escrever o último editorial deste ano pastoral de 2017-2018. Sinceramente não me quero pronunciar sobre questões políticas que neste momento ainda estão em evolução, como o encontro entre o Kim e Trump – é bom não bater palmas antes de ver conclusões práticas, mas é bom ter esperança que haja mudanças significativas no cenário do nosso mundo -; nem me quero meter no meio das bofetadas entre França e Itália (dos governantes) por causa do navio Aquarius, sobretudo quando em tantos anos não há uma coerência europeia perante a questão dos refugiados e existem só palavras de conveniência e atitudes mesquinhas… Bastaria ler o livro de Melissa Fleming, Uma Esperança mais

forte do que o mar, que não é um romance, mas a história extraordinária de uma jovem corajosa e da sua luta pela sobrevivência a boiar, ao longo de 4 dias, no meio do mar Mediterrâneo com duas bebés por cima do seu corpo. E não é ficção, nem recreio. É a realidade. No meio disto fui parar com o pensamento a duas personagens, com o mesmo nome, o mesmo país de origem, mas de épocas diferentes. Trata-se de Santo António de Lisboa e de António Marto, bispo de Leiria-Fátima.

Um, o lisboeta que viveu há oito séculos, fez-me muita companhia nestes dias por andar a ler a sua vida, as suas palavras e aventuras. Fiquei a conhecer um homem que para a maioria do povo português é um «ilustre desconhecido». São tantos os que bailam, marcham e cheiram na noite dele, mas de longe se dão ao trabalho de o descobrir. Entre tantas coisas que encontrei nele, saliento uma que sinto atual. António sai de Portugal e chega a Itália nas costas da Sicília como náufrago e é acolhido pelos seus confrades. Leva para a Itália e para a França toda a sua cultura teológica, enriquecendo o movimento franciscano: bendito naufrágio. E Pádua fica encantada com a sua santidade, que o adota como filho seu.

Outro António, o da voz nasalada que saúda sempre com muito afeto as criancinhas e que alguns já o apelidavam de simplório. Mas alguém viu mais longe, ou mais em profundidade, e escolheu-o como seu conselheiro: trata-se de D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, nomeado Cardeal pelo Papa Francisco. Ainda não faz muita notícia… como de resto António de Lisboa, no início. Não quero canonizar um amigo que conheço de longa data pela sua humildade e paixão de pastor… algo que já sobressaiu bem nas entrevistas que ele deixou. Na mensagem que lhe enviei, tornando-me um daqueles que lhe encheram a caixa do correio, como ele disse, lembrei-lhe aquela vez quando ainda bispo de Viseu foi pela primeira vez visitar um centro de deficientes profundos e os hóspedes como sinal de agradecimento ofereceram-lhe um solidéu (aquele pequeno barrete que bispos e cardeais usam). Só que o pessoal não era experiente em paramentos eclesiásticos e enganou-se na cor, em vez de roxo (cor do bispo) era vermelho (cardinalício). O D. António, com um belo sorriso, agradeceu e pôs no bolso. Quem sabe se agora saiu de uma gaveta aquele solidéu dos deficientes que afinal se enganaram apenas no tempo?

Frei Fabrizio Bordin

O Conchas

vai de férias . Desejamos

a todos um bom verão !

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1ª Leitura (Ez 17, 22-24) «Elevo a árvore modesta»

Salmo Responsorial (Salmo 91 (92)) É bom louvar-Vos, Senhor.

2ª Leitura (Cor 5, 6-10) «Empenhamo-nos em agradar ao Senhor, quer continuemos a habitar neste corpo, quer tenhamos de sair dele»

Evangelho (Mc 4, 26-34) «A menor de todas as sementes torna-se a maior de todas as plantas da horta»

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «O reino de Deus é como um homem que lançou a semente à terra. Dorme e levanta-se, noite e dia, enquanto a semente germina e cresce, sem ele saber como. A terra produz por si, primeiro a planta, depois a espiga, por fim o trigo maduro na espiga. E quando o trigo o permite, logo se mete a foice, porque já chegou o tempo da colheita». Jesus dizia ainda: «A que havemos de comparar o reino de Deus? Em que parábola o havemos de apresentar? É como um grão de mostarda, que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes que há sobre a terra; mas, depois de semeado, começa a crescer e torna-se a maior de todas as plantas da horta, estendendo de tal forma os seus ramos que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra». Jesus pregava-lhes a palavra de Deus com muitas parábolas como estas, conforme eram capazes de entender. E não lhes falava senão em parábolas; mas, em particular, tudo explicava aos seus discípulos.

Palavra da salvação.

Aclamação A semente é a palavra de Deus

e o semeador é Cristo: quem O encontrar

permanecerá para sempre.

DOMINGO XI DO TEMPO COMUM

Oração

Senhor,

Hoje trazes uma semente

pequenina, microscópica.

E dizes,

para meu espanto,

que dela nascerá

uma grande árvore.

E dizes que a Fé

tem o tamanho dessa sementinha

e que pode desenraizar

o que me parece seguro,

sólido,

destruindo cálculos estudados

e fazendo sorrir

uma história desgraçada.

Dá-me, Senhor,

a graça de cuidar a Fé

que pode virar do avesso

a minha vida, a minha casa,

a minha cidade,

a minha história.

Ámen

Sementes

nas mãos de Deus

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50 anos do regresso dos Frades Menores Conventuais A igreja de Santo António dos Olivais, em Coimbra, foi pequena para acolher tantas pessoas, que quiseram participar na Eucaristia de ação de graças que assinalou os 50 anos do regresso dos frades menores conventuais a Portugal, vindas das comunidades de Lisboa, Viseu e, naturalmente, de Coimbra.

Estiveram presentes todos os frades menores conventuais da delegação portuguesa, Frei Armindo, provincial dos Frades Menores, frei César em representação sua e também do provincial dos Frades Menores Capuchinhos, o irmão Rui Silva, ministro nacional da Ordem Franciscana Secular, o nosso ministro Provincial, frei Giovanni, vindo de Pádua, os senhores presidentes da Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais, Dr. Francisco Andrade, e da Junta de Freguesia de Marvila, Dr. António Videira e tantos amigos e amigas, vindos de Viseu e Lisboa que se juntaram aos amigos e amigas da comunidade e paróquia de Santo António dos Olivais.

Da homília do Frei Fabrizio, retiramos este respigo: «Não é só uma mera coincidência, mas o regresso dos Franciscanos Conventuais a Portugal tem uma forte marca antoniana. Somos devedores a Santo António de Lisboa e de Pádua, verdade seja dita, se estamos aqui em Coimbra há 50 anos, mais um; há 35 anos certos em Lisboa e há 20 anos em Viseu. Aliás a comunidade de Viseu,

foi erigida em dia de Santo António, a 13 de Junho de 1998, e estava muito calor! A nossa é uma presença de frades que querem viver o carisma de São Francisco de Assis, lá onde se encontram, mas, como já disse, fortemente devedores a Santo António.»

No final da Eucaristia procedeu-se ao lançamento do livro comemorativo “50 anos de história – missão antiga e sempre nova”, com a presença do bispo de Coimbra, D. Virgílio do Nascimento Antunes.

Notícia e fotografias de Mensageiro de Santo António

Santo António inspira o «acolhimento e integração» Na passada quarta-feira, centenas de pessoas acompanharam a Procissão de Santo António, uma das mais populares da cidade de Lisboa. Esta procissão, que data do século XVI, teve início na Igreja de Santo António, passando pela Sé e Bairro de Alfama, percorrendo as ruas de Lisboa num clima de grande devoção e alegria. O Cardeal-Patriarca de Lisboa, que presidiu à Missa e à procissão, na sua intervenção final, junto à Sé, afirmou que Portugal tem de ser uma «Pátria de acolhimento e de integração». D. Manuel Clemente lembrou que Santo António «também foi náufrago», quando saiu do Norte de África para Portugal e o mar levou-o até Itália, onde «foi acolhido».

«Isto é um sinal do que havemos de ser como Pátria de acolhimento e integração de tantos povos que aqui chegam e daqueles que, com Santo António formam a cidade de Lisboa», afirmou. Para o Cardeal-Patriarca, Lisboa tem de ser uma cidade «de acolhimento, de fraternidade e de paz». D. Manuel Clemente sublinhou ainda que Santo António é «um símbolo da nacionalidade portuguesa e um estímulo do que Portugal deve ser no mundo». Notícia adaptada de Agência Ecclesia

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19 Jun Ter | 25º aniversário da consagração da Igreja de S. Maximiliano

22 Jun Sex | Arraial do Centro Social Santa Beatriz, no espaço da festa da Igreja. 11h45: Almoço com as famílias e instituições locais; 18h00-22h00: Arraial aberto à comunidade

23 Jun Sáb | 22º aniversário da consagração da Igreja de Sta. Clara

24 Jun Dom | 12º Domingo do tempo Comum Solenidade do Nascimento de São João Baptista Conselhos Pastorais Paroquiais, 15h00 em Sta. Clara

29 Jun Sex |Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos

1 Jul Dom | 13º Domingo do tempo Comum Dia Nacional das Fraternidades OFS

6-8 Jul | Festa de Sta. Beatriz

8 Jul Dom | 14º Domingo do tempo Comum

15 Jul Dom | 15º Domingo do tempo Comum Início do horário de Verão: - Sta. Clara: suspensa a Missa das 10h30; - Sta. Beatriz: missa das 10h passa para às 10h30.

06 Julho | Sexta-feira: 19h00 Abertura da festa 21h30 Baile com Miguel Fura

07 Julho | Sábado 17h00 Atuação Canta Marvila 19h00 Marvila Run Party 21h30 Baile com Onda Média

08 Julho | Domingo 10h00 Eucaristia seguida de procissão 12h30 Almoço Comunitário 16h00 Ranchos Folclóricos 21h30 Baile com Onda Média

Ateliês em Santa Clara animam crianças Os jovens do 9.º e 10.º da catequese de Santa Clara, com a ajuda de um elemento do 6.º ano, desenvolveram quatro ateliês (artes, culinária, futebol e música). Objetivo:e motivarem as crianças para um encontro diferente com Jesus. Dezenas de meninos e meninas, de diferentes idades, tiveram oportunidade de conviver com os mais crescidos numa troca de saberes e sabores. Os que preferiram ficar no ateliê de culinária aprenderam a confecionar bolachas para distribuir na eucaristia de domingo. Os ateliês vão continuar durante os sábados de junho, das 14h30 às 15h30. Eis os testemunhos dos organizadores desta iniciativa: «Quisemos fazer estes ateliês, porque achamos que é uma boa maneira de chamar mais as crianças para a missa e a catequese.» Diana Silva, 10.º ano «Tive vontade de incentivar as crianças e jovens a tornarem-se ativos na comunidade. É também uma forma de dinamizar as catequeses, torná-las mais lúdicas.» Gonçalo Filipe, 9.º ano «Para mim, o objetivo destes ateliês foi uma forma de não “acabar” com a catequese, de nos mantermos ainda em contacto, porque nas férias é complicado! E até mesmo para conhecer as crianças, catequistas e jovens!» Ricardo Teixeira, 10.º ano «Eu entrei nos ateliês porque achei interessante sermos nós, os mais velhos, a dar catequese aos mais novos de forma diferente e ensinar-lhes, de maneira divertida, um pouco do que aprendemos da nossa caminhada.» Mónica Gaspar , 9.º ano