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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA UNIR DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA DME CAMPUS DE JI-PARANÁ DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA: CONSIDERAÇÕES DE PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE JI-PARANÁ Ji-Paraná 2014

DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

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Page 1: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA – DME

CAMPUS DE JI-PARANÁ

DAIANE GOMES DA SILVA

O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO DE ENSINO E

APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA: CONSIDERAÇÕES

DE PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE JI-PARANÁ

Ji-Paraná

2014

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA – DME

CAMPUS DE JI-PARANÁ

DAIANE GOMES DA SILVA

O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO DE ENSINO E

APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA: CONSIDERAÇÕES

DE PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE JI-PARANÁ

Trabalho de Conclusão de Curso submetido

ao Departamento de Matemática e

Estatística, da Universidade Federal de

Rondônia, Campus de Ji-Paraná, como

parte dos requisitos para obtenção do título

de Licenciado(a) em Matemática, sob a

orientação do(a) professor(a): Dra.

Aparecida Augusta da Silva.

Ji-Paraná

2014

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DAIANE GOMES DA SILVA

O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA

MATEMÁTICA: CONSIDERAÇÕES DE PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS

DE JI-PARANÁ

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado como parte dos requisitos para

obtenção do título de Licenciado(a) em Matemática e teve o parecer final como Aprovado, no

dia 21.07.2014, pelo Departamento de Matemática e Estatística, da Universidade Federal de

Rondônia, Campus de Ji-Paraná.

Banca Examinadora

___________________________________________

Professora Dra. Aparecida Augusta da Silva – Fundação Universidade Federal de Rondônia -

UNIR

___________________________________________

Professora Ms. Eliana Alves Pereira Leite – Fundação Universidade Federal de Rondônia -

UNIR

___________________________________________

Professora Ms. Márcia Rosa Uliana – Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR

Page 5: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, pela vida e as oportunidades. Porque dele e por ele para ele

são todas as coisas.

A minha mãe, Sra. Rosely e ao meu pai, Sr. João Milto, pelo companheirismo e incentivo, são

a minha motivação. A vocês o meu amor e admiração em todos os sentidos.

À toda minha família, em especial minha avó Maria, minha irmã Viviane, sobrinhas Larissa e

Gabrieli, minha prima Elezilda e ao meu querido e amado Thauay Erua. Pois sem vocês os

meus sonhos não fazem sentido.

A todos os acadêmicos com quem tive o prazer de estudar, principalmente a Deisy, o Judsy e

a Larissa, que muito me ajudaram e se tornaram mais que colegas, amigos.

A todos os meus amigos, em especial Dalila Maitê, grande amiga.

Àqueles em que tive a oportunidade de conviver no meu período de estágio na Direção do

Campus de Ji-Paraná, principalmente a Daniela que muito me ajudou e ensinou.

A Professora Aparecida Augusta, pela oportunidade de estar no grupo PIBIC, pois nesse

período aprendi muito com ela, exemplo de profissionalismo e dedicação. Agradeço o carinho

e a paciência que teve comigo.

À banca examinadora, composta pelas professoras: Ms. Eliana Leite e Ms. Marcia Rosa, por

estarem sempre dispostas a ajudar, pela competência e contribuições com a presente pesquisa.

Agradeço imensamente a todos os professores do curso de Licenciatura em Matemática, pois

contribuíram para o meu conhecimento e formação.

Agradeço a todos que fizeram parte de minha história acadêmica e me ajudaram direta ou

indiretamente na realização deste sonho.

Page 6: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

5

RESUMO

GOMES, Daiane. O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

DA MATEMÁTICA: CONSIDERAÇÕES DE PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE

JI-PARANÁ. 2014. 49f. Monografia (Licenciatura em Matemática) – Departamento de

Matemática e Estatística, Universidade Federal de Rondônia, Ji-Paraná.

Este trabalho investigou como o livro didático vem sendo percebido por alguns professores de

matemática e desta forma apresenta algumas concepções, análises e consequentemente

reflexões sobre este recurso no contexto escolar. Estas concepções inferem-se quanto ao uso

do livro didático de matemática no processo de ensino e aprendizagem, seu contexto histórico

e pesquisas que o envolvem. As análises se nortearam em respostas obtidas por meio de

questionários aplicados para professores de escolas públicas do município de Ji-Paraná e

voltaram-se para a percepção de como o livro didático vem sendo compreendido e utilizado

pelos professores de matemática. Para tanto, realizou-se a pesquisa em duas escolas públicas

do município de Ji-Paraná. Elaborou-se dois questionários, um para identificar aspectos como,

tempo de trabalho e formação do professor e outro com relação ao uso do livro didático de

matemática no contexto escolar. Estes questionários foram aplicados aos professores de

matemática que trabalham nas escolas visitadas e o conteúdo obtido foi analisado com base

no método de trabalho da pesquisa qualitativa. Desta forma, as respostas obtidas convieram

para a elaboração de categorias e reflexões apresentadas neste trabalho. As mesmas envolvem

a escolha, o uso e a concepção dos professores quanto ao livro didático e sua prática

pedagógica. Em tudo, as analises apresentaram o livro didático como instrumento, muitas

vezes, dominante no contexto escolar e não como recurso auxiliador e importante tanto para o

profissional docente como para os alunos, mesmo quando este não se insere adequadamente

ao ambiente em que é utilizado, pois suas possíveis contribuições necessitam ser

intermediadas pelo profissional docente.

Palavras-chave: Contexto Escolar; Livro Didático de Matemática; Processo de Ensino e

Aprendizagem.

Page 7: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................. 07

CAPITULO I – Um breve histórico do livro didático no Brasil.................................. 10

1.1 Os materiais didáticos...................................................................................................

1.2 Breve histórico do livro didático no Brasil ..................................................................

1.3 O livro didático de matemática no Brasil.....................................................................

10

13

17

CAPITULO II – O livro didático de matemática no processo de ensino e

aprendizagem ....................................................................................................................

19

2.1 O uso do livro didático no processo de ensino e aprendizagem da matemática..........

2.2 O Livro Didático de Matemática e o Currículo.............................................................

2.3 Um breve panorama de pesquisas realizadas sobre o livro didático de

matemática...........................................................................................................................

19

23

26

CAPITULO III – Metodologia de Pesquisa.................................................................... 29

2.1 Descrição metodológica................................................................................................

2.2 Instrumento para coletas de dados................................................................................

2.3 Procedimentos da Aplicação dos Questionários...........................................................

29

29

30

CAPITULO IV – Apresentação das análises e dos resultados...................................... 31

4.1 Análises e Resultados...................................................................................................

4.2 Da escolha do livro didático de matemática..............................................................

4.2.1 Com criticidade, sendo essa apresentada de forma irônica........................................

4.2.2 Com Incoerência........................................................................................................

4.2.3 Com Limitação...........................................................................................................

4.2.4 E por fim, mais elaboradas.........................................................................................

4.3 Dos Recursos Metodológicos......................................................................................

4.4 Seleção de Conteúdos e Utilização.............................................................................

4.4.1 Da Utilização..............................................................................................................

4.5 Importância do livro didático de matemática para o processo de ensino e

aprendizagem....................................................................................................................

31

33

34

35

36

37

38

39

40

41

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 45

6. REFERÊNCIAS........................................................................................................... 47

Page 8: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

INTRODUÇÃO

No contexto escolar, no que se refere a recursos metodológicos, o livro didático se

destaca e é considerado o material didático mais utilizado pelos professores no processo de

ensino e aprendizagem. Sua utilização passou a ser abrangente nas escolas a partir de 1930

quando surgiram os primeiros decretos, legalizando e impulsionando novas políticas públicas

para legislar sobre os livros didáticos.

Com o passar dos anos seu emprego em sala tornou-se relevante nas escolas públicas

do Brasil. Programas implantados pelo governo que subsidiaram o seu uso, bem como o

aperfeiçoamento dos mesmos com a finalidade de alcançar os ideais políticos buscados por

cada época, contribuíram para isso e o caracterizaram como instrumento importante na prática

de ensino.

Em virtude a essa intensa presença e importância do livro didático no meio

educacional surgiram vários questionamentos e reflexões sobre a sua qualidade, pois esse

material didático, em algumas situações, acaba por determinar conteúdos e condicionar

estratégias educacionais.

Embora o livro didático seja um material rico de informações, ainda sim não

contempla todas as especificidades e com isso necessidades encontradas em um determinado

contexto escolar. A sua utilização apenas, não deve ser suficiente, faz-se necessário a busca

por outras metodologias com o intuito de complementar a prática docente, bem como

proporcionar aos alunos a possibilidade de participação na construção de seu aprendizado.

No processo de ensino e aprendizagem da matemática o livro didático também exerce

papel influente e o professor desta área precisa almejar as perspectivas de que o mesmo não

está completo e faz-se necessário a busca por novos recursos auxiliadores. Visto que o ensino

da matemática é considerado por muitos um desafio, devido às dificuldades encontradas em

se inovar e proporcionar novas metodologias para se apresentar os conteúdos matemáticos.

Apesar da necessidade de complementação do livro didático de matemática, o mesmo

pode contribuir com o professor para a elaboração de aulas mais dinâmicas, com melhor

aproveitamento de tempo. Apontar novas situações problemas envolvendo algum contexto

matemático e ser para o aluno uma fonte de pesquisa.

Desta forma, diante da importância que assume o livro didático no contexto escolar,

apresenta-se neste trabalho uma pesquisa feita com professores de matemática de escolas

públicas do município de Ji-Paraná. Esta intentou-se para a apreensão de como o livro

didático de matemática vem sendo percebido e utilizado por esses professores.

Page 9: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

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Cabe destacar que o interesse pelo tema ocorreu devido a minha participação no

Programa de Iniciação Cientifica – PIBIC, onde trabalhei a respeito das contextualizações

contidas no livro didático de matemática. Tal pesquisa me oportunizou conhecer as políticas

que abrangem este recurso, de como o mesmo pode e tem influenciado no processo de ensino

e aprendizagem, bem como sobre a importância atribuída por parte do governo e do

profissional docente a este material. Ampliando assim a minha concepção com relação ao uso

do livro didático no meio educacional.

Com o passar dos anos o livro didático assumiu relevante importância no âmbito

educacional, isso está evidente quando observamos sua trajetória histórica, seus marcos legais

e as próprias salas de aula.

Como mencionado ele está inserido em todo o processo de ensino e determinando,

muitas vezes, o que se ensinar e como ensinar. Isso acaba por condicionar o professor que

transfere suas responsabilidades para o livro e espera que ele atenda todas as necessidades e

especificidades existentes em um contexto escolar, afinal o livro é apenas um livro,

instrumento de apoio.

Essa supervalorização do livro didático pelo profissional docente pode ocasionar o

comprometimento da aprendizagem do aluno, uma vez que por meio do seu uso constante, ele

poderá ser visto como a única fonte de ajuda ao professor.

Sabe-se que o profissional docente enfrenta problemas, com a desvalorização

profissional e salarial, com a precariedade de programas voltados para a sua capacitação.

Esses fatores não se excluem quando buscamos compreender os porquês que envolvem a

educação e em específico sobre o uso excessivo e exclusivo, muitas vezes, do livro didático

por parte do professor em suas aulas.

Apesar das dificuldades enfrentadas pelo profissional da educação, elas não justificam

aulas monótonas, e não o eximem do compromisso com a formação dos futuros cidadãos.

Contudo, é evidente que o livro didático pode interferir no contexto escolar tanto de

maneira positiva como negativa e por isso faz-se necessário análise de como este recurso vem

sendo entendido e utilizado pelos profissionais docentes.

Para tanto foram elaborados questionários, que se destinaram a coleta de dados, assim

como pesquisas teóricas, ambos comporam as análises e reflexões evidenciadas nos capítulos

deste trabalho.

Que está dividido em quatro capítulos. O primeiro capítulo situa o livro didático

como um dos materiais didáticos mais utilizados no contexto escolar, apresenta-se um breve

histórico do mesmo no Brasil e introduz aspectos de nossa questão norteadora da pesquisa.

Page 10: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

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No segundo capítulo, abordam-se os procedimentos utilizados para a realização da pesquisa,

método de trabalho, instrumentos e sujeitos. Destaca-se, no capítulo que segue, o livro

didático de matemática no processo de ensino e aprendizagem, suas contribuições e

problemáticas advindas de seu uso exclusivo e algumas pesquisas que o envolvem. O quarto

capítulo está ligado às análises e resultados da pesquisa. Apresenta-se neste, respostas dos

professores aos questionários, categorias e reflexões obtidas por meio destas.

Em tudo este trabalho, apresenta algumas considerações sobre o uso do livro didático

de matemática pelos professores no contexto de algumas escolas públicas em Ji-Paraná.

Page 11: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

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CAPITULO I - Um breve histórico do livro didático no Brasil

Neste capítulo situaremos o livro didático em um contexto sobre materiais didáticos.

Onde destacamos a sua importância e influência no âmbito escolar, pois o mesmo se

caracteriza como um dos recursos mais utilizados pelos professores. Para sustentar a sua

importância e conhecermos mais sobre este material, apresentamos também um pouco sobre o

conceito e a história do livro didático e do livro didático de matemática no Brasil.

1.1 Os materiais didáticos

A palavra material possui diferentes conceitos nas diversas áreas de atuação humana,

no entanto neste estudo priorizaremos a definição de material descrita por Ferreira (2001, p.

451) que é o “conjunto dos objetos que formam uma obra, construção, etc.”. Portanto são

objetos que se reúnem de acordo com sua utilização para algum fim específico.

Mas o que faz um material ser didático? De acordo com o mesmo dicionário didático

é algo “relativo ao ensino, próprio para instruir”. Subentende-se que para o material ser

didático ele deve reunir os objetos que o constitui de maneira que venha facilitar e contribuir

com o ensino e a aprendizagem (FERREIRA, 2001, p. 235).

Santos apud Bandeira (2011) (2012, p. 02), apresenta que o “material didático pode

ser definido amplamente como produtos pedagógicos utilizados na educação e,

especificamente, como material instrucional que se elabora com finalidade didática”.

Observa-se que o material didático é um recurso empregado no meio educacional com

finalidade específica de auxiliar no processo de ensino e contribuir para uma aprendizagem

significativa.

Freitas (2007, p. 21) menciona que o material didático “[...] visa à estimulação do

aluno e à sua aproximação do conteúdo”. Assim, se percebe, mais uma vez, que esse recurso

destina-se para uma atividade educativa, que proporcione ao aluno a possibilidade de

reflexão, de absorção do conteúdo de maneira mais didática.

Ainda, Bandeira (2011, p.15) evidência que a definição de material didático vincula-

se,

[...] ao tipo de suporte que possibilita materializar o conteúdo. Essa condição

foi defendida pelo historiador francês Chartier (2002, p. 61-62) ao afirmar

que o texto não existe fora dos suportes materiais que permitem sua leitura

(ou sua visão) e nem fora da oportunidade na qual pode ser lido (ou

possibilitar sua visão).

Page 12: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

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Nessa mesma perspectiva, Santos (2012, p. 02) define que o “material didático está

agregado ao tipo de suporte que possibilitará materializar o conteúdo que nele estará imerso

para que o agente (professor) seja capaz de utilizar-se desse material”.

Portanto, o material didático está ligado há algum suporte. E esses suportes podem se

caracterizar, por exemplo, como recursos impresso, audiovisual, visual ou auditivo.

A garantia da presença de materiais didáticos no contexto escolar, conforme a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), n. 9394/96, art. 4°, inciso VIII é atribuída ao

estado que deve garantir “atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica,

por meio de programas suplementares de material didático-escolar [...]” (BRASIL, 1996, p.

03).

Assim, os materiais didáticos se caracterizam como instrumentos importantes que

auxiliam o professor e subdisiam o trabalho docente.

Há uma diversidade de materiais didáticos presentes no meio educacional, são

exemplos de materiais utilizados para o ensino da matemática, os materiais concretos: ábaco,

tangram, material dourado. Bem como os recursos tecnológicos educacionais, fotos, filmes,

slides, objetos de aprendizagem. Dentre essa diversidade de materiais didáticos o que se

destaca é o livro didático que atende todos os níveis educacionais e é utilizado constantemente

nas salas de aula.

Verceze e Silvino (2008, p. 87) mencionam que “[...] embora, haja, por um lado, o

desenvolvimento das novas tecnologias, da mídia, dos textos digitais, por outro, o livro

continua sendo o mais fiel aliado do professor e um recurso imprescindível para os alunos”.

De modo subjetivo o livro didático é um material que se tornou imprescindível para os

alunos, pois ainda há uma grande maioria que não possuem acesso a outros recursos que

possam auxiliar seu aprendizado. O mesmo oportuniza aos alunos contato direto com o

conteúdo já que é um material disponibilizado para eles durante todo o percurso escolar.

Conforme Freitas (2007, p. 89) a partir do Ensino Fundamental até o superior, “o livro

torna-se um poderoso instrumento na mediação dos conhecimentos necessários à construção

do sujeito”.

Verifica-se a importância que esse material didático assume no contexto escolar, de

como ele é influente e se tornou instrumento principal de apoio ao profissional de educação.

Freitas (2007, p. 89) destaca sobre essa influencia bem como sua contribuição para a

educação,

O livro didático é um dos mais fortes e influentes recursos encontrados nas

escolas brasileiras. Cabe a ele um papel bastante relevante: o de apresentar

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12

às crianças o mundo da escrita e sua forma peculiar de construir

conhecimentos que são socialmente reconhecidos, legitimados, valorizados.

E é essa legitimação social que faz com que seja o livro, ainda que em

realidades culturais materialmente desenvolvidas, a âncora das práticas

pedagógicas.

Diante da grande influência que assume o livro didático, sua utilização nas salas de

aula é constante e desta forma, ele acaba, muitas vezes, se tornando o determinador de todo o

processo de ensino aprendizagem. Em relação a isso Thomaz (2013, p. 65) argumenta,

Para muitos professores o livro didático é o único recurso para o seu trabalho

didático, passando a assumir até mesmo a função de currículo e de definidor

das estratégias de ensino. O livro torna-se assim um importante suporte de

conhecimento e de métodos para o ensino, servindo como orientação para as

atividades de produção e reprodução de conhecimento.

Está evidente que o livro didático tem a sua utilização de maneira marcante nas

escolas públicas brasileiras. E como Thomaz cita, ele acaba por ser o condicionador de

estratégias e assume grande relevância na educação.

Mas esse mesmo instrumento que contribui para o processo de ensino-aprendizado se

utilizado de forma inadequada e como o único material de apoio pode tornar-se ineficiente.

Freitas (2007, p. 90), alerta que o posto honroso de liderança que o livro didático assume

sobre os demais recursos didáticos [...] “pode influenciar tanto positiva quanto negativamente

as relações e as práticas educativas”.

Conforme Thomaz (2013, p.66), “O uso indiscriminado do livro didático, não só torna

as aulas monótonas e desinteressantes para os alunos, ou seja, sem interação entre o aluno e o

professor na construção do conhecimento, como também provoca uma perda gradativa de

autonomia do professor”.

Nesse sentido, faz-se necessário cuidado em relação ao uso desse material, análise

mais crítica sobre os conteúdos propostos e uma busca aprofundada por outros materiais que

possam somar com o livro didático, a fim de não comprometer a aprendizagem do aluno e que

ao mesmo tempo tais materiais não sejam os condicionadores de todo o processo de ensino e

aprendizagem.

Freitas (2007, p. 90) argumenta sobre,

Usando sem crítica, sem critério, o livro didático acaba por desempenhar o

papel do professor, restringindo a ação dos sujeitos e impedindo, pela

automatização, o processo de construção do conhecimento. A ilusão de

completude, o prestígio social e cultural de que desfruta, adicionando ao

desejo da educação fundamental, que é o de formar para a cidadania.

Contudo, pode se constatar a importância que assume o livro didático no processo

educacional. Uma vez que o mesmo é utilizado de forma contínua em sala de aula e como

Page 14: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

13

instrumento principal de apoio ao professor, determinando o que ensinar e como ensinar e a

sua utilização requer observância e análise mais precisa sobre seus conteúdos, para que assim

a sua utilização, de fato, possa contribuir com os professores e alunos.

Por isso, busca-se neste trabalho fazer uma análise de como esse instrumento vem

sendo compreendido e utilizado pelos professores de Matemática do Município de Ji-Paraná.

1.2 Breve histórico do livro didático no Brasil

O livro didático se constitui como um material de apoio ao profissional de educação, e

objetiva a orientação e complementação do processo de ensino e aprendizagem.

De acordo com o Guia de Livros Didáticos de Matemática (PNLD Matemática 2014,

p.12), “no processo de ensino e aprendizagem, o livro didático é um interlocutor que dialoga

com o professor e com o aluno. Nesse diálogo, o livro é portador de uma perspectiva sobre o

saber a ser estudado e sobre o modo mais eficaz de aprendê-lo.”

Pode se perceber que esse material didático tem por finalidade auxiliar no contexto

escolar, fazendo parte de um diálogo entre professor e aluno e que o mesmo perpassa uma

ideologia sobre como proceder diante da proposta dos conteúdos.

O referido Guia destaca (PNLD Matemática 2014, p.12), “[...] que as possíveis

funções que um livro didático pode exercer não se tornam realidade, caso não se leve em

conta o contexto em que é utilizado”. Portanto, não existe uma completude total no livro

didático, a maneira como é feita o seu uso é fundamental para que possa contribuir com o

processo de ensino e aprendizagem.

Quanto aos aspectos históricos do livro didático, segundo Thomaz (2013, p. 19), foi a

partir da década de trinta, no Brasil, “que se desenvolveu uma política pública mais

consistente sobre a questão do livro didático”, em detrimento as primeiras atividades, no que

tange a materiais didáticos, desenvolvidas pelo Estado Novo1, período em que o Brasil foi

governado pelo presidente Getúlio Vargas de 1930 a 1945.

Nesse período criou-se o Instituto Nacional do Livro (INL), órgão específico para

legislar sobre políticas do livro didático, com o intuito de contribuir para a legitimação do

livro didático nacional e com isso auxiliando no aumento de sua produção.

Porém, foi apenas em 1938, por meio do Decreto n. 1.006, de 30/12/1938, que se

oficializou e regulamentou a primeira política de legislação e controle de produção e

1Também conhecido como Era Getúlio Vargas. Período marcado por um golpe militar, onde por meio deste

Getúlio toma o poder e inicia um novo regime político para o Brasil.

Page 15: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

14

circulação do livro didático no Brasil, por meio dela se instituiu uma Comissão Nacional do

Livro Didático (CNLD).

De acordo com Thomaz (2013, p. 20-21), “essa comissão tinha como função examinar

e julgar os livros didáticos, indicar livros estrangeiros de valor para tradução e sugerir

abertura de concurso para produção de determinadas espécies de livros didáticos ainda não

existentes no país”.

Verificam-se as primeiras iniciativas para análises da qualidade dos livros didáticos e,

consequentemente, a verificação se os mesmos estavam satisfazendo as ideologias buscadas

naquela época. Verceze e Silvino (2008, p.86) destacam que especialmente nesse período “o

livro era considerado um instrumento da educação política e ideológica, sendo o Estado

caracterizado como censor no uso desse material didático”.

Desta forma, entende-se que os livros didáticos tinham como intuito transmitir os

objetivos buscados pelo Estado para a população da época, os mesmos sofriam influência em

seus conteúdos pelo Estado Novo.

No período subsequente, conhecido como Regime Militar de 1964 a 1984, não foi

diferente, a educação mais uma vez foi alvo da ideologia política. Foram firmados vários

acordos, dentre os educacionais se destacam os acordos entre o Ministério da Educação

(MEC) e a Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID) em

1966, que impulsionaram a edição de uma grande quantidade de livros didáticos a fim de

atender a demanda do novo contexto escolar que estava para surgir. Conforme descreve

Thomaz (2013, p. 29),

Um dos objetivos principais da nova proposta educacional implantada no

Brasil por meio dos acordos MEC/USAID era o de reprimir as ideias

educacionais anteriores, baseadas nas européias, e impor o modelo anglo-

saxônico, que na época era considerado de maior eficácia no sentido

econômico e técnico (formar um contingente de mão-de-obra técnica para

trabalhar na indústria), mas também, principalmente, porque não estimulava

a consciência crítica dos alunos [...].

Pode-se observar que o foco desse novo sistema era capacitar de forma técnica, e

preparar os brasileiros para o trabalho nas indústrias e os materiais didáticos, no caso os livros

didáticos, eram ricos dessa nova proposta.

Segundo Thomaz (2013, p. 32), o período militar “impôs severo controle no sistema

educacional e nos materiais didáticos usados nas escolas brasileiras”. O que nos faz refletir

mais uma vez sobre a influência política que sofreu o livro didático nesses contextos da

história e fazendo uma reflexão mais crítica talvez ainda sofra nos dias atuais.

Page 16: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

15

Ainda, o referido autor destaca esse pensamento sobre a influência política nos livros

didáticos, “[...] o livro didático foi um dos instrumentos, que, na época, ajudou a materializar

os ideais educacionais determinados pelo sistema político vigente do país”. Portanto, esse

material didático acabou por servir de apoio para a satisfação de um ideal político, fugindo

assim do principal objetivo, de todos os recursos didáticos, que é auxiliar no processo de

ensino-aprendizagem e proporcionar educação de qualidade a quem se apropria deles como

um material de apoio educacional. (THOMAZ, 2013, p. 31).

Com o fim do período militar no Brasil, por meio do Decreto n° 91.542, de 19/08/1985

foi criado um novo programa responsável pela compra e distribuição dos livros didáticos o

Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que permanece até os dias atuais. Esse

programa é voltado à Educação Básica brasileira sendo executado em ciclos trienais e além da

distribuição dos livros didáticos o programa prove acervos de obras literárias, obras

complementares e dicionários.

Porém, mesmo com a criação desse novo programa somente a partir dos anos 90 que

começou uma discussão mais sistemática pelo Ministério da Educação (MEC), sobre a

qualidade do livro didático. Com isso foram apresentados projetos pedagógicos que foram

divulgados por meio dos Guias do livro didático e dos Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCN).

Segundo Thomaz (2013, p. 46),

É no ano de 1996 que se inicia o processo de avaliação pedagógica dos

livros inscritos para o PNLD 1997. Esse procedimento foi aperfeiçoado,

sendo aplicado até hoje. Os livros que apresentam erros conceituais, indução

a erro, desatualização, preconceito ou discriminação de qualquer tipo são

excluídos do Guia do livro didático.

Atualmente, conforme o Decreto 7084, de 27 de janeiro de 2010, o programa funciona

de acordo com as seguintes etapas:

As escolas da rede pública que desejam participar do programa deverão

manifestar este interesse mediante adesão formal, observados os prazos,

normas, obrigações e procedimentos estabelecidos pelo Ministério da

Educação e essa adesão deve ser atualizada sempre até o final do mês de maio

do ano anterior àquele em que a entidade deseja ser atendida.

São estabelecidos regulamentos, prazos e regras em editais para as inscrições

dos livros didáticos no programa. Esses editais são publicados no Diário

Oficial da União e também disponibilizados pela internet no Portal do FNDE

(Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).

Page 17: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

16

Nos editais constam exigências técnicas e físicas que as obras inscritas devem

seguir. É feita uma triagem dessas obras pelo Instituto de Pesquisas

Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) para se constatar se as mesmas se

enquadram nessas exigências, após os livros selecionados são encaminhados à

Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC), é a SEB que escolhe os

especialistas para analisar as obras, conforme critérios divulgados no edital e

estes elaboram as resenhas dos livros aprovados, que passam a compor o guia

de livros didáticos.

Este Guia do livro didático tem como objetivo orientar professores e Diretores

na análise e escolha dos livros didáticos que serão utilizadas pelos alunos em

sua escola. O Guia é disponibilizado no portal do FNDE na internet e impresso

nas escolas cadastradas no censo escolar.

Após a escolha dos livros é feita a formalização via internet, por meio de senha

previamente enviada pelo FNDE às escolas e assim é iniciado o processo de

aquisição que é realizada por inexigibilidade de licitação, prevista na Lei

8.666/93. Concluído esse processo inicia-se a produção desses livros, que são

supervisionados por técnicos do FNDE que analisam também sua qualidade

física.

Contudo, os livros aprovados chegam às escolas entre outubro do ano anterior ao

atendimento e o início do ano letivo.

Em síntese, segue de forma cronológica, no Quadro 1 alguns dos principais momentos

históricos na trajetória histórica do livro didático no Brasil.

Page 18: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

17

Quadro 1 – Percurso histórico do livro didático no Brasil

Ano/Período histórico Descrição

1930-1945

(Estado Novo)

-Políticas públicas mais consistentes sobre materiais

didáticos, em detrimento as primeiras atividades

desenvolvidas pelo Estado Novo, com relação a recursos

educacionais;

-Oficialização e regulamentação da primeira política de

legislação e controle de produção dos livros didáticos. E

Instituição da Comissão Nacional do Livro Didático (CNLD).

Tudo por meio do Decreto n. 1.006, de 30/12/1938.

1964 a 1984

(Regime Militar)

-Novos acordos educacionais;

-Acordos entre o Ministério da Educação (MEC) e a Agência

Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional

(USAID), capacitar de forma técnica por meio do livro

didático;

-Severo controle no sistema educacional e nos materiais

didáticos, a fim de atender a demanda do novo contexto

escolar que estava para surgir.

1985

-Após fim do período Militar, cria-se um novo programa

responsável pela compra e distribuição dos livros didáticos o

PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), por meio do

Decreto n° 91.542. Este permanece até os dias atuais.

1990

-Discussão mais sistemática pelo Ministério da Educação

(MEC), sobre a qualidade do livro didático;

-Novos projetos pedagógicos divulgados por meio dos Guias

do livro didático e dos Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCN).

1996

-Inicia-se o processo de avaliação pedagógica dos livros

inscritos para o PNLD 1997.

2010

-Decreto 7084, de 27 de janeiro de 2010. Regula a

participação das escolas e procedimentos de escolha do livro

didático no PNLD.

Assim, se percebe a importância que o livro didático assumiu com o passar dos anos, a

preocupação que se gerou em relação a sua qualidade, pois o mesmo tem se constituído

elemento estruturador das salas de aula.

1.3 O livro didático de matemática no Brasil

Além do apresentado sobre a história do livro didático no Brasil, que por sua vez,

emoldura os aspectos históricos do livro didático de matemática. Optamos por abordar de

maneira mais específica este material, no que tange aos primeiros livros publicados de

matemática e as suas possíveis funções.

Page 19: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

18

Como exposto anteriormente, somente a partir da década de trinta que se iniciou o

movimento de políticas relacionadas ao livro didático a fim de viabilizar a sua produção e

demais aspectos relacionados ao mesmo.

Sendo assim, a maior parte dos livros utilizados no Brasil, eram de autoria

internacional. Pois, o processo de elaboração de livros didáticos por brasileiros levou um

tempo para se consolidar até mesmo pelas restrições advindas da época.

A predominância de livros didáticos de matemática de origem estrangeira reflete-se

nas primeiras publicações de livros por editoras brasileiras que em sua maioria se constituíam

de livros traduzidos.

Este aspecto histórico é evidenciado por Biehl e Bayer (2009, p. 01),

A primeira editora brasileira foi a Impressão Régia do Rio de Janeiro, que

teve como seu primeiro livro didático publicado Elementos de Geometria, de

Legendre, seu tradutor foi Manoel Ferreira Guimarães (1738 – 1777), que na

época desempenhou um papel significativo para a divulgação de novas

idéias no Brasil.

Verifica-se que o primeiro livro didático publicado no Brasil não teve autoria

brasileira, no entanto, a criação da primeira editora brasileira, juntamente com tradutores

brasileiros, cita-se Manoel Ferreira, contribuíram para novas perspectivas e assim com a

incitação dos brasileiros a escreverem seus próprios livros.

De acordo com Biehl e Bayer (2009, p. 01), “Os primeiros livros didáticos de

matemática foram utilizados para a formação dos alunos da academia militar do Rio de

Janeiro, a maior parte foram traduções de livros estrangeiros [...]”.

Nota-se mais uma vez a predominância de livros estrangeiros no Brasil, estes foram

bem marcantes antes da década de 30 e por um determinado período após. Contudo, as

editoras e autores brasileiros foram se consolidando e ganharam força no mercado nacional.

Atualmente o livro didático de matemática é produzido em grande escala e sua utilização

destinada a todos os alunos de escolas públicas.

Contudo, por meio deste capítulo pode-se perceber a importância do livro didático no

contexto escolar. Diante desta perspectivas traçamos nossa questão de como o livro didático

de matemática vem sendo utilizado e percebido por professores de escolas públicas do

município de Ji-Paraná.

Page 20: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

19

CAPITULO II - O livro didático de matemática no processo de ensino e aprendizagem

O objetivo deste capítulo é apresentar algumas concepções sobre o uso do livro

didático de matemática no contexto escolar, seja para o processo de ensino e aprendizagem ou

em sua relação com o currículo. Apontar algumas pesquisas que envolvem o livro didático de

matemática. Assim como, obtermos sustentação teórica para tecermos as análises sobre o

livro didático de matemática no contexto escolar.

2.1 O uso do livro didático no processo de ensino e aprendizagem da matemática

O processo de ensino e aprendizagem se caracteriza como os meios empregados para a

intermediação de conteúdos e saberes, visando à construção e apropriação de conhecimentos

em determinadas áreas. Trata-se de um procedimento contínuo e assim um tema de grande

amplicidade e que não podemos limitá-lo, porém trabalharemos nesse enfoque e voltado para

a área da Educação Matemática. (FERREIRA, 2001, p. 54 e 558).

Sabe-se que no âmbito educacional a diversidade de saberes predomina, considerando

que cada indivíduo que integra este campo, traz consigo especificidades e com isso

particularidades para o aprendizado. Tais peculiaridades podem tornar o processo de ensino

complexo, pois acaba por demandar estratégias educacionais com métodos de trabalho

específicos para cada ambiente de ensino.

Desta forma, o processo de ensino e aprendizagem, de acordo com Freitas (2007, p.

13) se constitui por uma série de “[...] elementos que vão desde a postura do docente até os

meios empregados para promover o ensino e garantir a aprendizagem”. Observa-se que o

processo de ensino e aprendizagem requer uma postura crítica e sensível do profissional

docente ao espaço em que acontece, considerando que o mesmo, de maneira mais abrangente,

se torna o agente deste.

Destacamos que as ações desenvolvidas pelo profissional docente nesse processo se

tornam valiosas e constitutivas de uma boa aprendizagem quando não contemplamos a

concepção “[...] de que os alunos são os pacientes, de que os agentes são os professores e de

que a escola estabelece simplesmente o cenário do processo de ensino”. Todos os

componentes do meio educacional e até mesmo os externos, como o vínculo familiar de quem

faz parte desta área, se tornam importantes e também atuantes neste processo. (GUIA DE

LIVROS DIDÁTICOS DE MATEMÁTICA, PNLD 2011, p. 43).

Page 21: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

20

Em tudo, as diversas situações que envolvem e compõem o campo educacional, seja

na interação professor-aluno, métodos e materiais de trabalho precisam ser sempre

consideradas a fim de implementá-las no processo de ensino e aprendizagem visando a

construção, compreensão e apropriação de conceitos por parte dos alunos.

Com relação ao ensino da matemática, considerar estas especificidades é

imprescindível, quando defendemos a opinião de que a mesma “[...] não se reduz a

transmissão de informação sobre o saber acumulado neste campo”. Compreende-se então que

o conhecimento matemático se faz e refaz por um conjunto de elementos, não apenas

técnicos, mas como também construídos e relacionados com o ambiente em que acontece.

(Guia de livros didáticos de matemática, PNLD 2013, p. 12).

Apesar do entendimento de que o ensino e a aprendizagem da matemática vão além do

simples transmitir, é fato, que na sua maioria, é assim que ocorre. Conforme aponta a pesquisa

feita por Bastos (2004, p. 03), nesta é destacado que o profissional docente “[...] privilegia o

treino e a memorização de conceitos e regras, caracterizando uma visão estática da

matemática e não como um corpo de conhecimentos que se constrói a partir da investigação e

da resolução de problemas.” Podemos destacar então a predominância de um modelo

historicamente construído e cristalizado sobre o ensinar matemática, que mesmo com tantas

concepções inovadoras persistem em dominar a prática de muitos profissionais docentes.

Não queremos estabelecer ou apontar uma maneira de se ensinar, contudo acreditamos

que se faça necessário a observação de que o ensinar contempla diversas situações que são

estabelecidas de acordo com cada ambiente e por isso uma determinação não caberia, contudo

podemos destacar quanto à complexidade encontrada no processo de ensino e aprendizagem

da matemática, conforme é elencado no Guia de Livros Didáticos de Matemática (PNLD

Matemática 2011, p. 15),

Muito mais amplo e complexo, o processo de ensino e aprendizagem da

Matemática envolve a construção de um leque variado de competências

cognitivas e requer, além disso, que se favoreça a participação ativa do aluno

nessa construção. Nesse contexto, convém lembrar que as competências não

se realizam no vazio e sim por meio de saberes de diversos tipos, dos mais

informais aos mais sistematizados, estes últimos a serem construídos na

escola.

Nota-se que nesse processo perpassam várias informações e concepções que precisam

ser analisadas pelo profissional docente já que estas, em sua maioria, mesmo que de maneira

indireta compõem o contexto educacional.

Visando a contribuição para a inserção das diversas especificidades que

necessariamente precisam estar interligadas aos conteúdos que se pretende ensinar, a fim de

Page 22: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

21

tornar o processo de ensino e aprendizagem significativo, contemplando e aproximando a

realidade de seus alunos, surgem os elementos auxiliares, os materiais didáticos por exemplo.

O livro didático é considerado o mais importante e influente desses elementos,

principalmente para o ensino da matemática. Participando ativamente do processo de ensino e

aprendizagem, conforme destaca Biehl e Bayer (2009. p. 02) “[...] o livro didático um dos

mais importantes componentes do cotidiano escolar em todos os níveis de ensino”. Pois, se

trata de um recurso de fácil acesso, disponibilizado para professores e alunos. Para o professor

a oportunidade de complemento, otimização de suas aulas e aos alunos a possibilidade de

retomada dos conteúdos propostos, se caracterizando como um material de pesquisa e,

portanto como tem sido a sua utilização, quais os objetivos para tal é relevante para que o

livro didático possa de fato colaborar com o ensino e a aprendizagem.

O uso do livro didático está interligado aos meios destinados para a contemplação das

propostas elaboradas por cada contexto escolar, visando à contribuição com o profissional

docente que ali está inserido,

Um bom projeto educacional exige um professor atuante, com uma prática

que se apropria da realidade como instrumento pedagógico e que utiliza os

materiais didáticos disponíveis, incluindo o livro didático, de forma

apropriada e devidamente contextualizada com o processo de ensino-

aprendizagem. Só podemos dizer que um livro é completo se ele está bem

inserido neste contexto. (BIEL E BAYER, 2009, p. 11)

Para o ensino da matemática tais concepções são importantes, e devem permear a

prática do profissional docente. Os recursos metodológicos, em questão o livro didático,

precisa se aproximar ao máximo da realidade dos alunos, no entanto, esta aproximação caberá

ao professor, por meio de outros métodos que visam emoldurar este recurso de maneira mais

apropriada aquele determinado grupo atendido. Considerando que o livro didático destina-se

para atender uma maioria, mas não é possível que ele apresente todos os elementos

necessários para cada ambiente de ensino. Destacamos que não coadunamos com a ideia de

completude do livro didático mesmo que esteja bem inserido em qualquer contexto, com

relação ao aprendizado não há nada que seja completo o suficiente.

A ligação dos conteúdos ministrados em sala, com contextos reais, elevam o aluno a

participar com mais autonomia no seu desenvolvimento escolar e por isso Biehl e Bayer

(2009, p. 04) descrevem que dentre os requisitos necessários para que o livro didático de

matemática contribua com o processo de ensino e aprendizagem do aluno é que o mesmo,

“deve oferecer atividades que o incentivem a participar ativamente de sua aprendizagem e

Page 23: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

22

interagir com seus colegas. Além disso, o livro precisa assumir a função de texto de referência

tanto para o aluno, quanto para o docente.”

Observa-se a importância em se inserir os alunos de maneira mais atuante em um

processo que objetiva-se para o seu aprendizado e, desta forma o livro didático de matemática

como recurso auxiliador na apresentação dos conteúdos pode contribuir para que isso ocorra,

associando atividades com situações em que o aluno possa perceber a aplicação destas em

suas atividades diárias.

Ao que se discute sobre as referências que o profissional docente tem com relação ao

livro didático de matemática é deveriam ser voltadas para a perspectiva descrita por diversos

documentos oficiais de que o mesmo se trata de um recurso auxiliador, complementador das

aulas. No entanto, algumas pesquisas apontam que não é bem está à concepção de alguns

professores de matemática, conforme Bastos (2004, p. 04) apresenta, “[...] para os professores

pesquisados o livro didático configura-se como um manual de exercícios que conduz suas

ações em sala de aula.” Observa-se uma inversão de competências onde o livro, muitas vezes,

determina o que ensinar e como ensinar.

Está questão acaba por condicionar o profissional docente que transfere suas

responsabilidades para o livro e espera que atenda todas as necessidades e especificidades

existentes em um contexto escolar, afinal o livro é apenas um livro, instrumento de apoio.

Essa perspectiva sobre o livro didático de matemática pelo profissional docente pode

ocasionar o comprometimento da aprendizagem do aluno e de sua própria autonomia,

conforme o mesmo autor argumenta (BASTOS, 2004, p.04),

Este fato é preocupante uma vez que o livro didático é escrito de acordo com

o que o autor pensa sobre o processo ensino-aprendizagem da matemática e

isto pode levar o professor a exercer uma prática que priorize a transmissão

ao aluno por meio da exposição e da resolução de exercícios-padrão.

Desta forma, podemos destacar quanto à importância da percepção do professor em

complementar o livro didático de matemática disponível, com o intuito de adequá-lo ao

contexto de sua sala de aula, visando também possibilitar que este material didático exerça

sua principal função, a de recurso auxiliar.

De acordo com o Guia dos Livros Didáticos de Matemática (2011, p. 13), “[...] tanto

na escolha quanto no uso do livro, o professor tem o papel indispensável de observar a

adequação desse instrumento didático à sua prática pedagógica, ao seu aluno e ao projeto

político- pedagógico de sua escola”. Verifica-se, mais uma vez, o vínculo entre professor e

livro didático no processo de ensino e aprendizagem, mas que deve ter como mediador

principal o professor, visando a garantia de sua autonomia pedagógica neste processo.

Page 24: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

23

Ao considerar estas concepções o livro didático de matemática passa a exercer um

papel de contribuinte com o processo de ensino e aprendizagem, sua importância neste é

inegável, conforme evidência Biehl e Bayer (2009, p. 10), “O livro didático é um recurso

indispensável para o professor, pois facilita o planejamento diário, auxilia no tempo da aula,

motiva o aprendizado do aluno, traz exercícios e textos [...]”. O que nos leva a perceber ainda

mais a sua importância no processo de ensino, como instrumento principal de apoio ao

professor em suas aulas e aos alunos que nem sempre possuem acesso há outros recursos que

complementem o seu aprendizado em sala.

Cabe destacar quanto às principais funções do livro didático de matemática, que são

“[...] transmitir conhecimentos, desenvolver capacidades e competências, consolidar e avaliar

o conteúdo estudado”. Esses são alguns exemplos de como o livro didático pode contribuir

com o desenvolvimento das aulas e consequentemente possibilitar os alunos aprendizagem.

dos alunos também. (BIEHL e BAYER, 2009, p. 11).

Acreditamos que seja necessário levar sempre em consideração que, “[...] o livro

didático pode mostrar-se como instrumento eficiente, mas cabe ao professor o papel de

mediador insubstituível dentro do processo de ensino e aprendizagem.” (BIEHL e BAYER,

2009, p. 07).

Contudo, as possíveis funções do livro didático no processo de ensino e aprendizagem,

dependem de como o professor o utiliza. O livro pode ser classificado como bom ou ruim,

porém a prática do professor poderá mudar estas classificações. O que é visto como bom pode

se tornar ruim quando o professor o considera como determinador de todo o processo de suas

aulas e não traz complementações para o mesmo e assim vice e versa. Como mencionado

essas concepções dependem da maneira de como o professor faz o uso deste recurso.

2.2 O Livro Didático de Matemática e o Currículo

O ensino da matemática é considerado por muitos um desafio. São diversos os fatores

que levam a está concepção, dentre eles podemos destacar, as dificuldades encontradas pelo

profissional docente em proporcionar aos seus educandos uma matemática de sentidos,

contextualizada e voltada para uma perspectiva de que o conhecimento matemático está

permanentemente em evolução e não contempla apenas fórmulas e conceitos pré-

estabelecidos.

Page 25: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

24

Frente a esses problemas, surgem alguns documentos que visam apoiar o professor e

propor alternativas para que possa atuar com o intuito de reverter tais situações. O currículo

de Matemática é um deles e,

[...] deve procurar contribuir, de um lado, para a valorização da

pluralidade sociocultural, evitando o processo de submissão no

confronto com outras culturas; de outro, criar condições para que o

aluno transcenda um modo de vida restrito a um determinado espaço

social e se torne ativo na transformação de seu ambiente. (PCN’S,

1998, p. ).

Assim, como o currículo escolar que, “[...] exige a estruturação de um projeto

educativo coerente, articulado e integrado, de acordo com os modos de ser e de se

desenvolver das crianças e dos adolescentes nos diferentes contextos sociais.” (DIRETRIZES

CURRICULARES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA, 2013, p.).

Nota-se que para o ensino da matemática é imprescindível considerar os diversos

contextos sociais, e principalmente o que seus alunos estão inseridos, para que se sintam

integrados em algumas situações matemáticas propostas e possam refletir criticamente e de

maneira atuante ao espaço em que vivem.

O professor desempenha função importante na concretização dos objetivos propostos

nesses documentos oficiais, assim como na organização e elaboração de um currículo que

melhor se ajuste no contexto escolar em que atua. Compete ao professor à percepção das

necessidades de seus alunos e intervenção neste meio, o que acaba requerendo a articulação

de algumas ações por parte do mesmo, para que os alunos possam se sentir atuantes no

processo de ensino e aprendizagem e os conteúdos matemáticos possam ser entendidos como

elementos importantes não somente para a sua formação como também para as suas práticas

diárias.

Deste modo, umas das possíveis ações do profissional docente para o desenvolvimento

do seu currículo é buscar instrumentos que possam o conduzir para a concretização de seus

objetivos. Cita-se o livro didático como um dos materiais didáticos mais relevantes neste

processo, conforme destaca Thomaz (2013, p. 46), “para muitos professores o livro didático é

o único recurso para o seu trabalho didático, passando a assumir até mesmo a função de

currículo e de definidor das estratégias de ensino.”

No entanto, quando visto desta forma o livro didático não se faz contribuinte na

concretização da proposta de um currículo que busca se adequar ao contexto em que se

acontece o ensino da matemática. O livro didático de matemática de acordo com o mesmo

autor precisa ser considerado,

Page 26: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

25

[...] como instrumento no desenvolvimento do currículo, deve ajudar a

proporcionar ao educando condições para que ele possa organizar

pensamentos autônomos e críticos, e para que ele possa formular os

seus próprios juízos de valor, e instrumentá-lo para ter poder de

decisão frente às diferentes situações cotidianas da vida (THOMAZ,

2013, p. 61-62).

Verifica-se a importância do livro didático de matemática no contexto escolar quando

assume a sua função de recurso auxiliar e dependente de complementação. Como o próprio

autor elenca, ele é um instrumento de ajuda e suas possíveis contribuições advêm de um

conjunto, seja na relação com o currículo visando o seu desenvolvimento, e os outros diversos

materiais didáticos, que subsidiam o trabalho docente para o ensino da matemática.

O livro didático de matemática não deve ser interventor do currículo e como já

mencionado ocupar papel dominante no processo de ensino e aprendizagem, os dois precisam

se complementar. Nenhum recurso didático se faz eficiente se administrado individualmente,

todos requerem complementações.

Uma das possíveis relações do livro didático com o currículo é apresentada no Guia de

livros didático de matemática (2012), em que é sugerido ao professor que na hora de sua

escolha do livro leve em consideração o currículo, o projeto político pedagógico da escola e

outros documentos que foram elaborados de acordo com o contexto em que atua.

Esta perspectiva precisa ser sempre apreciada pelo profissional docente, pois as

coleções de livros didáticos são, “[...] na maioria das vezes, as principais fontes para

elaboração das aulas, a partir do que os autores desses materiais propõem” (JANUARIO,

2010, p. 34).

Desta forma, escolher um material que se aproxime da vivência dos alunos e dos

objetivos traçados pelo professor para a apresentação dos conteúdos e demais situações que

envolvem o contexto escolar é imprescindível, visto que, os autores destes materiais são

externos aquele ambiente e podem trazer contextos artificiais ao mesmo, sendo assim o

professor em sua prática pode intervir quanto algumas apresentações equivocadas e

incrementar o conteúdo neste apresentando.

Em tudo, o livro didático, o currículo e outros recursos em geral, colaboradores da

prática docente, precisam estar comprometidos com o aprendizado dos alunos, articulados as

suas necessidades e apresente também novas possibilidades de aprendizado.

Page 27: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

26

2.3 Um breve panorama de pesquisas realizadas sobre o livro didático de matemática

O livro didático de matemática devido a sua notória influência no âmbito educacional

tem sido instrumento de pesquisas na área da Educação Matemática. Estas visam elencar

pontos positivos e negativos com relação ao uso do livro didático. Seja na análise dos

conteúdos apresentados ou em sugestões para o melhor aproveitamento deste recurso no

processo de ensino e aprendizagem.

Com relação aos conteúdos expostos nos livros didáticos, como estão sendo abordados

pelos autores, as pesquisas, geralmente, visam identificar, possíveis conceitos inadequados,

como o conteúdo tem sido contextualizado e se as atividades propostas desenvolvem o

pensamento crítico dos alunos ou limitam-se a atividades de reprodução.

No que tange as contextualizações de conteúdos nos livros didáticos de matemática

pesquisas apontam que, em sua maioria, elas são artificiais, não contemplam a realidade dos

alunos e não são significativas para a resolução das situações propostas, que se reduzem a

atividades algorítmicas.

Silva, Santos e Silva (2013, p.11), por meio de análises feitas em livros didáticos de

matemática levantam tais questões,

[...] pode-se perceber que as coleções têm tentado trazer contextos que

se remetem a realidade do aluno, seja com temas ambientais ou com

problemas que aparentemente são vivenciados por eles. Porém, muitos

desses livros apenas mascaram uma suposta realidade e acabam não

oportunizando aos alunos maior senso crítico.

Verifica-se então, que alguns livros didáticos apresentam falsas contextualizações. No

intuito de suprir a necessidade de textos e de relacionar o conteúdo estudado com situações

reais, acabam procedendo de maneira incoerente e ficam longes de se aproximar de alguma

realidade.

A introdução de contextos para a resolução de atividades auxilia o aluno na percepção

do conteúdo e no desenvolvimento de uma matemática de sentidos. Mas, para que isso ocorra

é necessário que estes textos tenham sentidos também e, como mencionado, se relacionem

com fatos verdadeiros.

O contexto quando aplicado nas situações matemáticas precisa ser bem elaborado e

contribuinte para a resolução da atividade. Pois é preciso levar em consideração que “[...] um

contexto qualquer não é condição para que uma atividade se aproxime da realidade do aluno,

nem tampouco facilite a sua compreensão.” Por isso, a necessidade em se preocupar com a

qualidade do contexto exposto em determinadas atividades é relevante, quando se objetiva

Page 28: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

27

que os alunos reflitam sobre as ações matemáticas propostas e possam ter mais autonomia na

resolução destas. (SILVA, SANTO, SILVA, 2013, p. 11).

O grande potencial em se contextualizar o conteúdo é apresentar ao aluno uma

realidade a ser vista, que lhe dê a oportunidade de estudá-la e a liberdade para agir sobre ela,

seja em sua modificação ou em sua sustentação. Desta forma, os alunos poderão desenvolver

o seu senso crítico em situações do contexto escolar e, externos a ele.

No entanto, conforme apresentado nas pesquisas feitas por Silva, Santos e Silva (2013,

p 07),

Várias atividades exploradas nos livros não conduzem o aluno a uma

discussão crítica, muitas delas servem apenas para apresentar dados

numéricos para resolução de equações, caracterizando-se, desta forma, como

uma contextualização inadequada, que não possibilita o desenvolvimento da

criticidade do aluno.

Nota-se que ainda é pouco explorado, nas atividades matemáticas, o pensamento

crítico dos alunos. Em sua maioria as atividades estão ligadas a modelos pré-estabelecidos,

que por sua vez não levam os alunos a maiores questionamentos.

Contudo, é destacado também nestas pesquisas algumas contextualizações percebidas

nos livros didáticos consideradas adequadas, que são interessantes e motivadoras, que trazem

discussões críticas e a inclusão dos alunos nas atividades propostas.

Na perspectiva de que o livro didático é instrumento que subsidia o trabalho docente e

da autonomia do professor no contexto escolar. Destacamos que na abordagem dos conteúdos

matemáticos ou no tratamento de atividades os livros podem propor situações inapropriadas,

alguns conceitos podem não ser bem definidos e por fim exigirem complementações. E cabe

ao professor, “[...] intervir nesse processo [...]” para que assim o livro didático possa

contribuir com processo de ensino e aprendizagem. (JANUARIO, 2010, p.47).

O livro didático de matemática é um recurso importante e exerce diversas funções no

contexto escolar. O seu uso pode favorecer a prática do profissional docente e contribuir com

o aprendizado dos alunos. Segundo Thomaz (2013, p. 62-63),

[...] ao analisarmos num sentido mais amplo a função que o livro didático

ocupa numa sala de aula, verificamos que o mesmo, além de auxiliar o

professor no exercício de sua prática pedagógica, também representa para o

aluno da escola pública uma das fontes mais importantes de informação

científica.

Desse modo, o livro didático de matemática não pode ser ignorado. Mesmo que não

seja o mais adequado ao contexto em que é utilizado o professor precisa trazer aos alunos a

Page 29: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

28

percepção de sua importância e apresentar suas possíveis contribuições e até mesmo em um

conteúdo não bem apresentado levantar questões que incentivem a criticidade do aluno.

Como retratado por Thomaz o livro acaba muitas vezes sendo um das, ou a única,

fonte(s) de informação dos alunos. Sendo assim, pode oportunizar a eles o conhecimento de

outras culturas, o aprimoramento de seus saberes e a retomada de assuntos já discutidos em

sala.

Quanto as suas contribuições para o profissional docente, o livro didático pode auxiliar

e muito no tempo das aulas de matemática, que por sua vez, encontra-se com carga horária

reduzida. O professor só precisa colocar alguns pontos mais essenciais e complementadores

do que está posto no livro didático, que também é disponibilizado para os alunos e que deve

ser utilizado, ou apresentar todo um conteúdo em lousa e depois fazer o uso das atividades do

livro, essas são apenas algumas das diversas funções que o livro pode exercer.

Assim, o livro didático de matemática, apesar das pesquisas apontarem falhas nas

apresentações dos conteúdos e principalmente na contextualização dos mesmos, se faz um

instrumento importante para o contexto escolar e fora dele. Por isso, o campo de pesquisas

nessa área tem sido relevante e objetiva o aprimoramento desse recurso e a apresentação de

sugestões para um melhor aproveitamento do livro didático.

Page 30: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

29

CAPITULO III - Metodologia de Pesquisa

Este capítulo aborda sobre os métodos adotados para a realização da pesquisa, a fim de

que se haja um melhor entendimento de como a mesma se compôs. Traz uma breve descrição

metodológica com relação à pesquisa qualitativa e do questionário como instrumento para

coleta de dados. Assim como, apresenta os sujeitos da pesquisa.

3.1 Descrição metodológica

A presente pesquisa é de caráter qualitativo, análise interpretativa dos dados e

configura-se no campo da Educação Matemática.

De acordo com Minayo (2007, p. 174), a pesquisa qualitativa se caracteriza como uma

“pesquisa de cunho compreensivo”. Tal atribuição se faz importante para trabalhos que visam

perceber os diversos aspectos relacionados ao ambiente estudado. Sendo, que esses, são

considerados relevantes para o desenvolvimento da pesquisa. O método da pesquisa

qualitativa proporciona ao pesquisador maior autonomia no processo de análise dos dados,

favorecendo uma interpretação mais profunda sobre os mesmos. Minayo (2007, p. 181)

evidência que “os estudos qualitativos também possibilitam construir teorias, reformulá-las,

refocalizá-las ou clarificá-las [...]”, por permitir está flexibilidade a pesquisa qualitativa

facilita uma compreensão menos superficialista de todo o contexto que se pretende estudar.

Sobre a pesquisa qualitativa, Neves (1996, p. 03) destaca que esse tipo de pesquisa é

“[...] marcada pela visão do todo, pela preocupação com o significado, e conforme o estudo

penda mais para o diagnóstico do que para a explicação dos fenômenos”.

Nestas perspectivas, no cuidado na interpretação dos dados, que as análises desta

pesquisa se comporam.

3.2 Instrumento para coleta de dados

Um dos procedimentos empregados para a coleta de dados foi a elaboração de

questionários. Que segundo Minayo (2007) articula-se com a pesquisa qualitativa, quando é

utilizado como um instrumento para captação de dados.

Ainda, sobre o questionário, Minayo (2001, p. 268) descreve sua função exercida na

pesquisa qualitativa, “no caso da pesquisa qualitativa, os questionários tem um lugar de

complementaridade em relação às técnicas de aprofundamento qualitativo.”

Page 31: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

30

Desta forma, para a obtenção das informações foram elaborados dois questionários

denominados questionário A e B.

O questionário A foi elaborado com o intuito de identificar alguns dados profissionais

do professor, como tempo de trabalho e demais aspectos conforme segue:

Questionário A

1. Qual a sua formação e em qual universidade ela ocorreu?

2. Há quanto tempo trabalha na área educacional?

3. Você trabalha em mais de uma escola?

Quanto ao questionário B, foi preparado para identificar a relação do livro didático no

contexto escolar.

Questionário B

1. Você adotou algum livro didático de Matemática?

2. Qual o critério você utilizou para fazer a escolha do livro?

3. Como é feita a escolha do livro didático na(s) escola(s) em que atua?

4. Você utiliza outro livro didático além do adotado? Por quê?

5. Faça um breve comentário, sobre o que você acha do livro adotado pela escola, se

ele é adequado ao ano que se destina.

6. Você utiliza outros recursos metodológicos? Fale um pouco sobre isso.

7. Como é feito a escolha dos conteúdos a serem trabalhados em cada aula?

8. Como é feito a escolha dos conteúdos a serem trabalhados em cada ano letivo?

9. Como é a Política do uso do livro didático na escola? É aconselhável a sua

utilização de maneira integral?

10. Que importância você atribui ao livro didático de matemática para o processo de

ensino e aprendizagem?

11. Em algum momento, na sua formação inicial, foram discutidas algumas formas de

como utilizar o livro didático no processo de ensino e aprendizagem de matemática?

3.3 Procedimentos da Aplicação dos Questionários

Page 32: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

31

Para a aplicação dos questionários foram feitas pesquisas de campo em duas escolas

públicas, localizadas no município de Ji-Paraná-RO.

Sendo elas:

- Escola Estadual de Ensino Médio Jovem Gonçalves Vilela; e

- Instituto Estadual de Ensino Marechal Rondon.

Destacamos que estas escolas trabalham com uma perspectiva de um ensino inovador,

são vinculadas a Fundação Universidade Federal de Rondônia, por meio do PIBID (Programa

Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência), assim como possuem em algumas etapas a

modalidade integral de ensino.

Os professores de matemática que atuam nessas escolas foram os sujeitos da pesquisa.

Existe um total de 06 professores nessas escolas, no entanto um não quis participar. Sendo

assim, participaram 05 professores, 02 mulheres e 03 homens, ambos com tempos distintos de

trabalho. Com no mínimo três e máximo de trinta e três anos de atuação.

Deste modo, as análises da presente pesquisa se constituíram com base nas respostas

destes professores aos questionários e de perspectivas teóricas sobre o seu uso.

Para tanto, elaborou-se quadros com o intuito de melhor exposição dos dados obtidos,

assim como para situar o leitor diante das análises apresentadas. As mesmas se constituem

com os seguintes dados:

E1 e E2 representam as escolas: Escola 1 e Escola 2.

P1, P2,..., Pn os professores da pesquisa. P1 : Professor 1 e assim por diante.

E nas demais colunas as perguntas elaboradas nos questionários seguidas das respostas destes

professores.

Page 33: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

32

CAPITULO IV - Apresentação das análises e dos resultados

Neste capítulo, objetiva-se apresentar, interpretar, discutir e analisar dos dados

coletados por meio das respostas dos professores aos questionários.

4.1 Análises e Resultados

Para as análises, foram considerados dois questionários o A e o B, conforme descrito

na metodologia. Estes foram aplicados em duas escolas públicas do município de Ji-Paraná-

RO, para professores de matemática, que atuam no Ensino Médio e alguns no Ensino

Fundamental também, computando um total de 05 professores. Destacamos que apesar de

serem professores com tempo e práticas pedagógicas de trabalho distintas as respostas dos

questionários se mostraram similares, com limitações e incoerências no que se refere à

utilização do livro didático de matemática na escola em que atuam.

Ao que se refere aos dados do professor, como tempo de trabalho e sua formação, por

exemplo, encontrados no questionário A. Segue tabela com as respectivas respostas,

Quadro 01

Escolas Professores Qual a sua formação e em

qual universidade ela

ocorreu?

Há quanto tempo

trabalha na área

educacional?

Você trabalha

em mais de

uma escola?

E1 P1 -Pós-graduação – ICE –

Cuiabá.

-Graduação em Matemática –

UNIR.

-Graduação em Ciências

Naturais – UFPR.

-33 anos -Não

P2 -Licenciatura Plena em

Matemática – UNIR.

-Pós-graduação em Gestão

escolar – Facimed.

-26 anos

-Sim

P3 -Licenciatura Plena em

Matemática pela Universidade

Federal de Rondônia.

-24 anos -Sim. Escola

Jovem Vilela e

UNIJIPA

E2

P4 -Matematática – UNITINS -03 anos e 06

meses

-Sim

P5 -Matemática e Ciências /

Londrina – PR.

-30 anos -Sim. 03 escolas

Quadro 01: Dados referentes ao questionário A.

Page 34: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

33

O conteúdo desta tabela e das demais serviram de base para as analises que tecemos

neste trabalho.

Em tudo, cabe destacar que as respostas dos professores aos questionários foram em

sua maioria do tipo dicotômicas: sim ou não. Mesmo nas questões em que buscou mais

explicações sobre sua prática conciliada ao uso do livro didático de matemática.

Desta maneira, as análises voltaram-se para um direção diferente da que prevíamos e

se comporam mais na contradição das respostas, mesmo sendo elas, sim ou não, no que tange

a proposta curricular das escolas e o uso integral do livro didático de matemática.

Por meio das análises dos conteúdos obtidos nos questionários foi possível elaborar

algumas categorias, que envolvem a escolha, o uso e a concepção dos professores quanto ao

livro didático de matemática no processo de ensino e aprendizagem.

4.2 Da escolha do livro didático de matemática

Neste tópico destacaremos as respostas dos professores com relação ao livro didático

utilizado por eles e seus critérios para a escolha do mesmo e apresenta-se interpretações sobre

algumas respostas.

Quadro 02 – Escolha do livro didático

Escolas Professores Você adotou algum livro

didático de Matemática?

Qual o critério você utilizou

para fazer a escolha do livro?

E1

P1 -Sim. -?

P2 -Sim.

-De acordo com o MEC.

P3 - Sim, de 3 em 3 anos é feita

escolha do livro didático pelos

Professores da Rede Estadual de

Ensino

-Linguagem clara.

-Se os conteúdos abordados no

livro são os componentes

adotados pela escola por ano de

ensino ministrado.

-Se está atualizado.

- Se aborda a

Interdisciplinaridade.

-Variação, qualidade e quantidade

de atividades, e outros.

E2

P4 -Sim. -O livro vem para a escola e é

direito do aluno ter, pois os pais

pagam imposto para isso.

P5 -Sim. -O governo mandou.

Quadro 02: Dados referentes ao questionário B.

Page 35: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

34

Quadro 03 – Processo de escolha do livro didático

Escolas Professores Como é feita a escolha do livro didático na(s) escola(s) em que

atua?

E1

P1 -Em reunião com os professores da área.

P2 -Pela sequencia de conteúdos.

P3 - As editoras encaminham os livros para a Escola através do MEC, e

os Professores de Matemática da rede estadual que atuam no

Munícipio se reúnem e fazem a escolha. Nem sempre é escolhido

aquele que em nossa opinião é o mais adequado. É consenso, vale a

opinião da maioria.

E2

P4 -O MEC manda a coleção e os professores escolhem. O que for mais

votado é o escolhido.

P5 -Os professores da escola escolhem em grupos, na cidade pede o mais

votado.

Quadro 03: Dados referentes ao questionário B.

Esta categoria visa apresentar algumas respostas dos professores com relação ao

critério utilizado para escolha do livro didático e como funciona a escolha deste material no

ambiente escolar em que atuam.

Todos os professores adotaram um livro didático de matemática. No que diz respeito

aos critérios recorridos para a escolha do livro didático utilizado, foi possível constar

respostas,

4.2.1 Com criticidade, sendo essa apresentada de forma irônica

Na resposta do P5, tabela 02, “o governo mandou”, podemos apontar a criticidade e

talvez inconformidade com o sistema governamental em relação ao livro didático. Que

disponibiliza o material de escolha para os professores, conforme respostas dos professores P4

e P3 encontradas na tabela 03:

“O MEC manda a coleção e os professores escolhem, o que for mais votado é o escolhido”.

“As editoras encaminham os livros para a Escola através do MEC, e os Professores de

Matemática da rede estadual que atuam no Munícipio se reúnem e fazem a escolha. Nem

sempre é escolhido aquele que em nossa opinião é o mais adequado. É consenso, vale a

opinião da maioria”.

No entanto, segundo exposto pelo professor P5, o governo é quem manda a coleção, o

que de modo subjetivo nos leva a perceber que nem sempre o livro escolhido pelos

professores é o que vem. Biehl e Bayer (2009, p.05) abordam sobre o assunto, “[...]

Page 36: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

35

conseguimos escolher um bom livro, mas aconteceram alguns problemas e veio um material

que não era o que escolhemos, acabamos adotando ele, mas, o usamos muito pouco”.

Esta criticidade pode ser refletiva também na resposta do P1 ao se trazer um ponto de

interrogação para responder o seu critério utilizado para a escolha do livro didático.

Observa-se quanto à complexidade do assunto, pois todo o processo de escolha e

avaliação dos livros didáticos feita pelos professores, visando o melhor material que servirá

de auxílio para suas aulas durante três anos, poderá não se efetuar e com isso causar

transtornos para o profissional docente, que talvez se sinta despreparado para trabalhar com

coleções não escolhidas por ele e isso gerar a desvalorização do livro didático durante o

processo de ensino e aprendizagem. Sem contar também que o profissional docente poderá

não se sentir motivado para escolher os próximos materiais didáticos que serão utilizados pelo

professor.

Com certeza, há vários fatores que levam a não concretização das escolhas o que

demonstra a falha no sistema, que por sua vez deveria disponibilizar coleções que de fato

poderiam ser repassadas para aquela instituição.

Na perspectiva das respostas, podemos destacar também, quanto à importância do

professor no processo de escolha das coleções, que de acordo com o referencial abordado

nesta pesquisa, possui um guia para auxiliá-lo na sua escolha, com orientações para que os

mesmos, em conjunto com os diretores das escolas, possam ter a percepção de qual coleção

melhor se adeque aquele ambiente escolar.

4.2.2 Com incoerência

De acordo com o ponto de vista do P4, “O livro vem para a escola e é direito do aluno

ter, pois os pais pagam imposto para isso”. Considerando, que esse sim possa ser um motivo

a mais para que os professores exijam um bom material que não traga somente conceitos,

regras, atividades com modelos a ser seguido, mas que sejam capazes de atingirem seus

alunos, e os instigarem a pensar e desenvolver o seu senso crítico de maneira que possam se

perceber no processo de ensino e aprendizagem. Em tudo, podemos destacar que o livro é

sim direito do aluno e que não tem sido negado, porém o que se discute é sobre a qualidade

deste material para o contexto escolar em que se destina. Muito mais do que a concepção de

que é um recurso pago pelos pais dos alunos, enfim por toda sociedade em geral, acredita-se

que este tipo de resposta não cabe na pergunta em questão. Os critérios deveriam levar em

consideração as especificidades do grupo social atendido pela escola, pelos objetivos da

Page 37: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

36

proposta pedagógica da mesma e principalmente na perspectiva de um material que

complemente suas aulas e auxilie de maneira proveitosa o tempo disponibilizado para elas.

4.2.3 Com limitação

O P2 ao responder sobre o critério utilizado para a escolha do livro didático (quadro

02) apresenta uma limitação ao considerar apenas dados sugeridos pelo MEC para escolha do

material didático. O mesmo considera uma contemplação de todas as necessidades advindas

de um contexto escolar e em específico, daquele em que atua, nos documentos elaborados

pelo MEC.

Esses documentos são orientadores e visam contribuir com a escolha do professor, sua

importância é relevante e pode trazer ao profissional docente um olhar ainda não explorado na

escolha das coleções.

Contudo, não devem servir como documentos determinadores, pois cabe ao professor

a sensibilidade de perceber a melhor coleção para auxiliar suas aulas e seus alunos. Nem

sempre uma coleção que é considerada ótima, de boa qualidade, que muitas vezes já é bem

conceituada, pode satisfazer o processo de ensino e aprendizagem de seus alunos e muito

menos contribuir com o seu trabalho escolar.

4.2.4 E por fim, mais elaboradas

Nota-se o cuidado do P3 (quadro 02) ao tratar de seus critérios para a escolha do livro

didático. Ele destaca alguns pontos importantes e que não podem se excluírem na hora da

seleção das coleções pelos professores.

É interessante quando se pode perceber um empenho a mais do professor seja na

resposta de um questionário, por exemplo, o que nos leva a perceber um maior

comprometimento do mesmo com relação à educação.

Enfatizamos, quanto à colocação da palavra “outros” por parte do professor, que não

limitou seus pontos de escolha do livro didático, que de fato são bem amplos e específicos ao

contexto em que cada professor atua.

Contudo, ao que se discute sobre os critérios de escolha do livro didático, diante das

respostas apresentadas, podemos abordar que em nenhum momento os alunos foram citados

pelos professores como base para suas escolhas, sendo que também farão o uso deste material.

Page 38: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

37

De acordo com o Guia dos Livros Didáticos de Matemática (PNLD 2012, p. 07), o

professor possui o papel insubstituível “[...] de escolher o texto didático que o apoiará na

tarefa de formação de seus alunos [...]”. O que nos remete a concepção de que o professor

necessita levar sempre em consideração que o bom livro para ele, precisa ser bom para a

maior parte de seus alunos também.

4.3 Dos Recursos Metodológicos

Quadro 04

Escolas Professores Você utiliza outros recursos metodológicos? Fale um pouco sobre

isso.

E1

P1 -Sim.

P2 -Sim. Atividades extra classe, trabalho desenvolvido pelo corpo

discente.

P3 -Uso. Na escola possui PIBID, logo trabalhamos com projetos como:

jogos pedagógicos, Oficinas, Winplot, e outros.

E2

P4 -Sim. Lista de exercício e simulado.

P5 -Sim. Jogos.

Quadro 04: Dados referentes ao questionário B.

Nota-se com relação aos recursos metodológicos e sua importância, todos os

professores responderam que fazem o uso de outro material além do livro didático. Porém,

restringiram suas respostas com alguns exemplos, não abordando sobre a importância em se

utilizar outros recursos e o que eles significam para a sua prática.

Destacamos ainda, que esperávamos mais do que listas de exercícios como exemplos

para complementar as aulas, que por sua vez são sempre assim constituídas: conteúdos e

atividades.

Estas respostas nos trazem as percepções, descritas no referencial, de que o

profissional docente prioriza exercícios e, muitas vezes, o considera como a única forma para

se alcançar o aprendizado.

Em tudo, não podemos deixar de citar as respostas dos professores P3 e P5 que

evidenciam o uso de Jogos para a complementação de suas aulas. Estes se constituem

elementos importantes para o desenvolvimento do aprendizado, trazem novas possibilidades

de compreensão do conteúdo, proporcionam uma aula mais dinâmica e assim motivadora para

alguns alunos.

Page 39: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

38

4.4 Seleção de Conteúdos e Utilização

Quadro 05

Escolas Professores Como é feito a escolha dos

conteúdos a serem trabalhados

em cada aula?

Como é feito a escolha dos

conteúdos a serem trabalhados

em cada ano letivo?

E1

P1 -Consulta ao Plano de Ensino

(Curso).

-Proposta curricular Estado do RO

e parâmetros nacionais.

P2 -Depende do desenvolvimento de

cada turma.

-Projeto Político Pedagógico.

P3 -No início do ano letivo, na

semana Pedagógica, os

Professores de matemática da

Escola se reúnem e elaboram o

Plano de Ensino Anual.

-Respeitamos a matriz curricular

adotada pela Secretaria de Estado

da Educação.

E2

P4 -No planejamento. -Semana pedagógica, Plano de

curso.

P5 -Segue o plano de ensino. -Conforme o plano de ensino.

Quadro 05: Dados referentes ao questionário B.

Nesta categoria destacaremos como é feita a seleção dos conteúdos a serem

trabalhados em cada aula e ano letivo pelos professores pesquisados e quais as observações da

escola com relação ao uso do livro didático de matemática, se a sua utilização é aconselhável

de forma integral ou não.

Decidimos elencar nos questionários quanto à escolha dos conteúdos trabalhados pelos

professores, seja por aula ou ano, a fim de perceber se eles apresentariam algum aspecto

relacionado ao livro didático neste processo.

Ao que se refere à escolha dos conteúdos a serem trabalhados por aula, as respostas se

voltaram para o plano de ensino, conforme evidenciado no quadro 05.

Nota-se que, em sua maioria, a base para a definição dos conteúdos que serão

trabalhados nas aulas de matemática se norteiam em algum plano de ensino, que por sua vez,

possui métodos e objetivos a serem alcançados por série e turma. A intenção era perceber se o

livro didático teria papel atuante neste momento de escolha, mas como as respostas foram

bem superficiais e não trouxeram maiores esclarecimentos sobre o plano de ensino citado

pelos professores, nos delimitaremos quanto a outras interpretações.

Page 40: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

39

Apenas a resposta do professor P2 não se remeteu há algum plano de ensino, “Depende

do desenvolvimento de cada turma”.

É interessante este ponto de vista, em que o professor apresenta a percepção de que

cada turma, apesar de pertencer ao mesmo ano e formalmente existir um currículo com

conteúdos a serem atingidos, possui necessidades distintas de aprendizagem mediante suas

características próprias.

As respostas quanto à escolha dos conteúdos que serão trabalhados por cada ano

letivo, seguiram o mesmo padrão das anteriores, baseadas no plano de curso, semana

pedagógica e projeto político pedagógico. Nenhuma resposta apresentou algum dado

relacionado ao livro didático de matemática.

O que pode ser considerado como importante, visto que, o livro didático de

matemática, aparentemente, não foi apresentado como instrumento dominante no contexto

escolar.

4.4.1 Da Utilização

Quadro 06

Escolas Professores Como é a Política do uso do livro didático na escola? É

aconselhável a sua utilização de maneira integral?

E1

P1 -O atual, sim!

P2 -Sim.

P3 - Sim, contudo o Professor tem liberdade para utilizá-lo da forma que

julgar mais adequada.

E2

P4 -Sim.

P5 -Sim. Exigem tanto os alunos, quanto a escola.

Quadro 06: Dados referentes ao questionário B.

Seria ótimo permanecer na concepção descrita no parágrafo anterior, no entanto,

quando tratamos de como é a política do livro didático de matemática na escola em que os

professores atuam e se a sua utilização é aconselhável de maneira integral, nos deparamos

com os “sim” apresentados no quadro 06.

Observa-se a contradição existente entre as respostas, antes seguiam um plano de

ensino e agora elevam o livro didático a condição de estruturador de suas aulas.

Agora o professor encontra-se limitado a um recurso didático que é [...] instrumento

no desenvolvimento do currículo [...] e a sua utilização de maneira integral não alcançaria

Page 41: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

40

todos os objetivos traçados em qualquer currículo que seja. Ressalta-se também quanto à

perda de autonomia pedagógica do professor quando permite que suas aulas sejam

direcionadas por um material didático, assim como, a incoerência encontrada na gestão

escolar, não democrática, que cobram do professor o uso do livro didático de maneira integral,

como se o mesmo articula-se com todas as necessidades advindas de um contexto escolar.

(THOMAZ, 2013, p. 61-62).

Convém enfatizar a resposta do P5, no que diz respeito ao uso integral do livro didático

de matemática, “Sim. Exigem tanto os alunos, quanto a escola.”.

Verifica-se a importância atribuída ao livro didático no âmbito escolar, a tal ponto que

é exigido do professor que o use de maneira integral. Esse material didático, às vezes, se

encontra tão marcante no processo de ensino e aprendizagem, e os outros materiais

auxiliadores acabam perdendo espaço neste contexto.

Realmente este material didático não deve ser deixado de lado no desenvolvimento das

aulas, conforme já exposto, pois pode contribuir e muito com o trabalho docente e é relevante

que os alunos também saibam a melhor maneira de utilizá-lo e qual a sua função no seu

desenvolvimento escolar.

Entretanto, o seu uso de maneira integral, desconfigura as possíveis funções que o

professor e próprio livro didático podem ter no processo de ensino e aprendizagem. Que

precisa se basear em conjunto, seja com o projeto pedagógico da escola e o currículo e não

apenas com um instrumento que é destinado para o auxílio do desenvolvimento das possíveis

propostas encontradas nestes documentos.

Ainda na perspectiva do uso integral do livro didático de matemática, somente o P3

destacou que,

“Sim, contudo o Professor tem liberdade para utilizá-lo da forma que julgar mais

adequada.”

Ele elucida a autonomia do professor no processo de ensino e aprendizagem e

apresenta que o mesmo possui liberdade para usar, o livro didático de matemática, da maneira

que achar mais conveniente.

Por meio deste ponto de vista pode-se observar que alguns professores não perderam a

percepção de sua importância no processo educacional e sabem que são autores do seu

próprio espaço em sala de aula.

Contudo, os pequenos argumentos obtidos com relação à escolha de conteúdos e o uso

do livro didático de matemática, nos levaram a refletir quanto à contradição destes. Em um

momento, o professor constrói suas aulas por meio de planejamentos e logo após atribui todas

Page 42: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

41

as ações em sala ao livro didático, ou porque assim acha conveniente ou por exigências da

escola.

Apresenta-se então uma distorção diante das propostas curriculares existentes e dos

próprios projetos da escola, que segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação

Básica (2013) precisa ser “[...] coerente, articulado e integrado, de acordo com os modos de

ser e de se desenvolver das crianças e dos adolescentes nos diferentes contextos sociais”.

Sendo assim, o livro didático, apesar de toda a sua importância, considerando as

especificidades dos alunos, a proposta pedagógica da escola, não supriria todas as

necessidades de um contexto escolar. É impossível que o livro compacte todos os atributos

encontrados em um determinado ambiente escolar até porque ele é um complemento o que

nos leva, mais uma vez, a conclusão de que cabe ao professor o melhor adequamento deste

recurso a este ambiente.

4.5 Importância do livro didático de matemática para o processo de ensino e

aprendizagem

Quadro 07

Escolas Professores Que importância você atribui ao livro didático de matemática

para o processo de ensino e aprendizagem?

E1

P1 -? PS.: A carga horária é de duas aulas por semana!

P2 -Adquirir conhecimento para formação do indivíduo.

P3 -É um suporte ao Professor, ainda que não contemple todo o conteúdo

da forma que o Professor gostaria. Eu particularmente uso muito por

vários motivos.

E2

P4 -Muito bom e direito do aluno.

P5 -Material para o Professor. Pois, o plano de ensino e o planejamento

são construídos conforme o livro didático.

Quadro 07: Dados referentes ao questionário B.

Diante das concepções apresentadas no quadro 07 sobre a importância do livro

didático de matemática. Tecemos as seguintes considerações:

Na resposta do P1,

“? PS.: “A carga horária é de duas aulas por semana!”.”

O conteúdo desta nos incitou a pensar com relação ao que o professor almejou nessa

sua resposta de forma indireta. Pois, existem dois lados interpretativos, a de que o livro não

Page 43: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

42

teria muita participação em um processo com carga horária pequena ou a de que o livro

otimizaria suas aulas.

Em tudo, acreditamos que está colocação do professor referiu-se que o livro didático é

uma oportunidade para o professor aproveitar melhor o seu tempo de aula e, portanto se

caracteriza como um instrumento importante.

Quanto à resposta do P5,

“Material para o Professor. Pois o Plano de ensino e o planejamento são construídos

conforme o Livro Didático.”

Podemos evidenciar o que foi tratado nas discussões acima, que o professor, muitas

vezes, só vê este recurso como instrumento e não para seus alunos também e que o livro

didático, apesar de sua incompletude, acaba sendo base de todo o processo de ensino e

aprendizagem.

Nas respostas dos P4 e P3,

“Muito bom e direito do aluno”.

“É um suporte ao Professor, ainda que não contemple todo o conteúdo da forma que o

Professor gostaria. Eu particularmente uso muito por vários motivos.”

Nota-se que na primeira resposta é tratado que o livro didático é bom e direito do

aluno e por isso instrumento importante no processo de ensino e aprendizagem. Daí a reflexão

de que o professor, precisa escolher com cautela o livro didático, visando o melhor material

para auxiliar seus alunos também.

A segunda resposta está relacionada com o que se aconselha sobre o uso do livro

didático. Ele deixa claro que o livro é um recurso auxiliar, e que por sua vez não está

completo.

Contudo, apesar das análises se comporem em um universo pequeno de informações,

pode-se elencar que o livro didático se mostrou dominante no contexto escolar e infelizmente,

grande parte dos professores tem se mostrado conformado com isto.

Não poderíamos deixar de destacar que ao responderem a pergunta se em algum

momento da sua formação foram discutidas algumas formas de como utilizar o livro didático

(Questionário B). Apenas um professor respondeu que sim, os demais destacaram que não.

Sendo assim, um dado relevante quanto às respostas apresentadas, em sua maioria, os

professores não foram preparados para lidar com este material didático, está percepção acabou

advindo com o tempo, por meio da sua prática.

O que evidência a necessidade em se trabalhar mais, seja nos cursos de formação dos

professores, não somente, quanto à importância do livro didático de matemática no processo

Page 44: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

43

de ensino e aprendizagem, mas provocar reflexões de como melhor utilizá-lo já que este é um

recurso que proporciona diversas possibilidades educacionais e estas estão inteiramente

ligadas a prática do profissional docente.

Ao tecermos nossas considerações sobre cada professor pesquisado, com base em suas

respostas aos questionários, podemos destacar que:

O Professor P1 possui o maior tempo de trabalho na área educacional dentre os demais

professores da presente pesquisa, conforme descrito no quadro 01, e trabalha em apenas uma

escola. Assim como os demais professores, adotou um livro didático, no entanto não

descreveu seus critérios utilizados para a escolha deste material. Apontando apenas que a

escolha do livro didático acontece em reunião com os professores da área. O que nos leva a

refletir que o processo de escolha do livro acaba sendo, muitas vezes, visto como algo sem

importância. O que não deveria acontecer, visto que o livro didático acaba sendo o condutor

de muitas atividades, ou quase todas, no contexto da sala de aula. Conforme podemos

observar no Quadro 06 onde a utilização do livro didático é aconselhada de maneira integral

destacando a influência deste recurso no ambiente escolar.

Quanto ao professor P2 o mesmo está na área educacional há bastante tempo e seus

critérios para a escolha do livro didático adotado, está ligado as instruções estabelecidas pelo

MEC. Ele elucida que a sequência dos conteúdos é um fator importante para a escolha do

livro didático na escola em que atua e traz também sobre a necessidade de se utilizar este

recurso de maneira integral nas escolas em que atua. Quanto à importância do livro didático

no processo de ensino e aprendizagem o mesmo descreve que este recurso auxilia na

formação do individuo ao possibilitar conhecimento.

As considerações do professor P3 quanto ao livro didático, foram mais informativas e

se percebeu uma maior importância ao que se refere sobre o processo de escolha do livro

didático. O professor apresenta diversos critérios recorridos na escolha do livro didático,

como linguagem clara, se os conteúdos estão correlacionados com os componentes adotados

pela escola e deixa claro que existem outros critérios necessários para uma boa escolha do

livro didático. Descreve que o professor não está totalmente condicionado a utilizar o livro

didático de maneira integral e que os mesmos possuem liberdade para usá-lo da maneira que

mais se adéque aos seus objetivos para se alcançar o aprendizado. O livro didático é posto

como um suporte para o professor e que não está completo. Sendo assim uma concepção

importante, em que o professor percebe a necessidade de complementação deste material

didático.

Page 45: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

44

O Professor P4 é o que tem menos tempo de trabalho na área educacional, sua visão

sobre o livro didático é que o mesmo é um direito do aluno e assim pode-se considerar um

recurso bom. Não foram apresentados critérios utilizados para a escolha do livro didático.

Está concepção de que o livro é de direito do aluno, nos leva a entender como um fator um

importante no processo de escolha do livro, já que eles possuem direito então esse recurso

precisa ser bom para eles também. Contudo o professor precisa levar em consideração os

alunos que atende, as necessidades dos mesmos, para que este recurso seja bem aproveitado.

As respostas do professor P5 apresentaram criticidade ao que se refere aos critérios de

escolha do livro didático, que de acordo com suas respostas o governo é quem manda o livro

abolindo assim os critérios particulares dos professores. Ele deixa claro que a exigência em se

utilizar o livro de maneira integral vem da escola e dos alunos, assim como livro é importante

para a construção dos planos de ensino da escola. O que nos traz a reflexão discutida nos

referenciais de que o livro didático ocupa papel dominante no contexto escolar.

Page 46: DAIANE GOMES DA SILVA O LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO

45

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao pesquisarmos o livro didático de matemática no contexto escolar de algumas

escolas públicas do município de Ji-paraná, constatamos sua influência e importância nestes

ambientes de ensino.

Os professores da pesquisa demonstraram algumas incoerências em suas respostas,

quanto ao uso do livro didático. Que em alguns momentos passou a ser o condutor de todo o

processo de ensino. Essa incoerência se reflete na gestão escolar que, por sua vez, exige do

profissional docente a utilização deste recurso de maneira integral, como se o mesmo

contemplasse todas as propostas elaboradoras que visam à aproximação da escola com o

contexto social dos alunos que a frequentam. Sem contar também com a perda de autonomia

do profissional docente em um contexto onde o livro didático se torna o condutor de suas

aulas.

Com base nas respostas aos questionários podemos ressaltar ainda que o professor

apresenta a percepção de que o livro didático é um recurso importante para o processo de

ensino e aprendizagem, seja para otimizar o seu tempo de aula, ou como suporte para a

elaboração de algum documento. No entanto, este material didático em sua maioria não é

visto como um recurso importante para os alunos, que quase sempre estão externos aos

critérios recorridos para a escolha e por fim utilização do livro didático.

Apesar das limitações dos conteúdos obtidos por meio dos questionários, foi possível

constatar respostas críticas ao processo de escolha do livro didático e perceber o livro como

instrumento dominante no contexto escolar.

A busca pela percepção de como os professores vêem e fazem o uso do livro didático

de matemática, nos mostrou que mesmo com tempos e práticas distintas de trabalho alguns

professores continuam tendo a mesma visão superficilista do livro didático, enfim do sistema

educacional em geral.

Frente ao apresentado, podemos destacar que o livro didático é sim um recurso

importante para a prática do professor e principalmente para os alunos. As possíveis funções

que o mesmo pode exercer no processo de ensino e aprendizagem, dependem de como o

professor fará o uso dele.

Durante a pesquisa foi possível perceber as dificuldades encontradas não somente para

a realização de uma pesquisa como também os problemas que permeiam o campo

educacional, as limitações sofridas pelos profissionais docentes e a sobrecarga existente nesta

área.

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Em que os profissionais possuem uma extensa carga horária e um rigoroso currículo a

cumprir, que acaba por condicionar o professor a um único ritmo de aula. Também, destaca-se

a necessidade de formação continuada visando à atualização destes profissionais.

Contudo, aponta-se a necessidade de outros estudos sobre a problemática estudada, o

uso do livro didático no processo de ensino e aprendizagem da matemática, considerando a

singularidade da pesquisa realizada.

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