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PUBLISHING ANO 01• NÚMERO 01 A REVISTA DE UMA NAÇÃO PERFIL SÓCRATES, O DOUTOR EM FUTEBOL JOGO DA VIDA O CRAQUE NETO RELEMBRA SEU MOMENTO INESQUECÍVEL EM CAMPO LIBERTADORES LARGADA PARA O TRIUNFO INÉDITO DESTINO CONHEÇA O MELHOR DE VALÊNCIA, CIDADE ESPANHOLA QUE ABRIGOU EDU

CORINTHIANS MAG

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Projeto Editorial realizado na j3p Propaganda, revista do esporte clube Corinthians. Projeto gráfico e coordenação de produção. Acabamentos: miolo couché brilho 115, capa couché 270, verniz total e hot stamping no logo.

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PUBLISHING

ANO 01• NÚMERO 01A R E V I S T A D E U M A N A Ç Ã O

PERFILSÓCRATES, O DOUTOR EM FUTEBOL

JOGO DA VIDAO CRAQUE NETO RELEMBRA SEU MOMENTO INESQUECÍVEL EM CAMPO

LIBERTADORESLARGADA PARA O TRIUNFO INÉDITO

DESTINOCONHEÇA O MELHOR DE VALÊNCIA, CIDADE ESPANHOLA QUE ABRIGOU EDU

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Nada mais justo que comemorar o dia 20 de maio como se fosse um título.Dia do Genérico. Comemore essa data com a EMS, o laboratório pioneiro na fabricação de genéricos no Brasil.

Maior laboratório do Brasil.

Maior variedade de medicamentos genéricos.

Maior orgulho por ter conquistado a confi ança

de milhões de brasileiros. Essa é a história

dos Genéricos EMS, feita há 11 anos por

profi ssionais altamente qualifi cados,

tecnologia de última geração e respeito pelo

cidadão que confi a no genérico da caixa azul.

1635-01-EMS-An. CorinthiansMAG_410x275.indd 1 3/19/10 12:27:06 PM

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Nada mais justo que comemorar o dia 20 de maio como se fosse um título.Dia do Genérico. Comemore essa data com a EMS, o laboratório pioneiro na fabricação de genéricos no Brasil.

Maior laboratório do Brasil.

Maior variedade de medicamentos genéricos.

Maior orgulho por ter conquistado a confi ança

de milhões de brasileiros. Essa é a história

dos Genéricos EMS, feita há 11 anos por

profi ssionais altamente qualifi cados,

tecnologia de última geração e respeito pelo

cidadão que confi a no genérico da caixa azul.

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ƒ com profunda satisfação que apresentamos a primeira edição da revista Corinthians MAG, dedicada ao fi el torcedor corinthiano - a você, leitor, que é a razão da existência do clube desde o início da nossa história.Procuramos produzir uma revista de alto nível, com conteúdo muito qualifi cado, que resgata a história e descreve a atualidade do Corinthians e, ao mesmo tempo, não fala apenas de futebol. O amor pelo clube é um ponto

de partida - ou um ponto de encontro - para uma leitura diversifi cada, que passa pela cultura, pela gastronomia e pelo comportamento.

Nesta primeira edição, o destaque é uma matéria especial sobre a Libertadores. O sonho corinthiano conta com a chegada de novos e grandes jogadores - como Danilo, nosso entrevistado - que já embarcaram na busca do título mais almejado pela torcida neste ano de centenário.

Para descontrair, falamos de turismo, apresentando a você a maravilhosa cidade de Valência, na Espanha, por meio das dicas do volante Edu, que morou ali por algum tempo. Como futebol tem tudo a ver com uma conversa entre amigos, petiscos e chopes, demos uma parada no Bar São Cristovão para ver incríveis fotos históricas. Também visitamos o restaurante Piselli, onde, além de saborear pratos de sua premiada culinária, ouvimos histórias curiosas do seu proprietário, Juscelino Pereira - corinthiano roxo, é claro.

Mas o futebol é sempre o prato principal e a Corinthians Mag inicia com um banquete de atrações. Ouvimos as lembranças do eterno xodó da Fiel, Neto, sobre a principal partida que disputou pelo clube. E contamos com a colaboração de craques do texto como Nirlando Beirão e Celso Unzelte.

Esperamos que você goste da leitura e que a publicação seja mais um canal de comunicação entre todos nós que, afi nal, compartilhamos da mesma paixão: o Sport Club Corinthians Paulista!

Andrés Sanches

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CARTA AO LEITOR

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DESTINO

DUAS GERAÇÕES, UM OBJETIVOCONHEÇA O MELHOR DE VALÊNCIA, CIDADE

ESPANHOLA QUE ABRIGOU EDU

14

INSPIRAÇÃO CORINTHIANA

10

LINHA DE 3 HAPPY HOUR ENTRE OS CRAQUES

48

PRATELEIRAMULTIMÍDIA, DESIGN E TECNOLOGIA.

58

ARQUIBANCADA FIELA NOITE DE ESTREIA DE ROBERTO CARLOS

60

OUTRAS PALAVRASCRÔNICA POR NIRLANDO BEIRÃO

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CURIOSIDADES10 COISAS QUE NEM TODO

CORINTHIANO SABE

66

CULTURALIVRO, FILME E MUSEU

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BATE PAPO COM JUSCELINO PEREIRA PROPRIETÁRIO DO PISELLI

GOURMET

32

PERFIL

SÓCRATES, O FILÓSOFO DA DEMOCRACIA

38

ÍNDICE

Fale

com

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ESPECIALINSIDE CORINTHIANS

20 24

CONHEÇA AS TÉCNICAS UTILIZADAS PELO FISIOTERAPEUTA BRUNO MAZIOTTI LIBERTADORES, A SAGA JÁ COMEÇOU

OUTROS CAMPOS

44

UM BANDO DE LOUCOS JOGANDO COM AS MÃOS

JOGO DA VIDA

54NETO, A HISTÓRIA DE UM ÍDOLO

EXPEDIENTEAndrés Navarro Sanchez

Presidente da DiretoriaRoberto de Andrade Souza 1º Vice-Presidente da Diretoria Manoel Felix Cintra Neto

2º Vice-Presidente da Diretoria Mario Gobbi Filho

Diretor de FutebolMiguel Marques E Silva

Diretor de Futebol de Base RAUL Corrêa da Silva

Diretor de Finanças Jorge Alberto Aun

Diretor de Patrimônio e ObrasFausto Bittar Filho

Diretor de Esportes Terrestres André Luiz De Oliveira

Diretor AdministrativoFernando Alba Braghiroli Diretor de Esportes Aquáticos

Sérgio Eduardo Mendonça de AlvarengaDiretor de Negócios Jurídicos

Waldir Rozante Diretor do Departamento Social

Luis Paulo Rosenberg Diretor de Marketing

Duilio Noccioli Monteiro AlvesDiretor CulturalElie Werdo

Secretário GeralJacinto Antonio Ribeiro

Assessor – Presidência

PUBLISHINGwww.j3p.com.br

Fabio PereiraDiretor de Criação

Daniel PizaCoordenador EditorialCesar Rodrigues

Editor de Arte/Projeto GráficoChico Volponi

Coordenador de Custom PublishRafael Carrieri

RedatorHelder L. Tiso

RevisãoOsmar Tavares Junior

Arte FinalGiuliano PereiraDiretor Responsável

Sandro BiasoliDiretor de Produção Gráfica

Danilo AtanazioTratamento de Imagem (capa)

Direção ComercialClaudia Sano Vassellucci

Publishing Comunicação Tel.: 11 5055-3118

Redação e EdiçãoGaPconteúdo

Janaina GimaelThiago Guerra

Felipe Aragonez, Luiz AymarIvy Garcia

Leandro LanzoniRodrigo Tognato Leandro Bittar

ColaboradoresCaio Augusto de Oliveira Campos

Alex WatanabeGuilherme Camilo Prado

Luiz Felipe SantoroMariana Carvalho Pinto

Paulo Brenta (foto)Mauricio Marconi (foto)Daniel Augusto Jr. (foto)

Agência Estado (foto)Agência Corinthians (foto)

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INSPIRAÇÃO CORINTHIANA

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DUAS GERAÇÕES, UM OBJETIVO.RONALDO COMEMORA AO LADO DE DENTINHO SEU PRIMEIRO GOL NA LIBERTADORES.

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O VOLANTEEM VALÊNCIAELA NASCEU EM VOLTA DE UM PORTO HÁ MAIS DE DOIS MIL ANOS E POSSUI UMA DAS ARQUITETURAS MAIS MODERNAS DA ESPANHA. CONHEÇA VALÊNCIA, CIDADE ESPANHOLA QUE ABRIGOU EDU, UM DOS MELHORES VOLANTES DA NAÇÃO CORINTHIANA.

P O R ÊL U I Z ÊA Y M A R ÊÊÊÊÊF O T O S ÊI L U S T R A T I V A S

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DESTINO

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Em sentido horárioPlaza de Toro

Plaza del AyuntamientoPlaza de la Virgen

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Q uando vi o termômetro marcando 36°C, sabia que estava no lugar certo!”, lembra Eduardo César Gaspar, o Edu, a respeito do dia em que chegou a Valência (12 de julho de 2005) para defender a equipe local, que na ocasião possuía o status de campeã nacional. Volante-armador revelado pelas categorias de base do Timão, Edu levantou taças importantes, como o Mundial de Clubes em pleno verão carioca de 2000, e pelo visto havia esquecido o que era calor de verdade. Algo compreensível, já que o jogador

passou quatro temporadas no futebol inglês defendendo a camisa do Arsenal na fria e chuvosa Londres, onde qualquer temperatura acima dos 20°C é motivo para festa.

E de calor e festa a capital da paella entende, e muito. Com clima típico do Mediterrâneo, a temperatura média anual de Valência é de 17°C. Atmosfera propícia para o jogador brasileiro. Além do ambiente acolhedor, a região também é muito rica em cultura, história e possui uma culinária marinha de dar inveja, apreciada tanto nas festas típicas de rua quanto na badalada vida noturna. Para conhecer um pouquinho mais sobre a terceira maior cidade espanhola, o meio campista contou para a Corinthians Mag algumas coisas que costumava fazer quando não estava treinando e montou um roteiro especial com lugares indispensáveis para o turista visitar, se divertir e comer, tudo em um dia.

Javeá, cidadezinha localizada a uma hora de Valência

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DESTINO

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PRIMEIRA PARADA, PORTO.Acordar cedo e bem disposto é essencial em Valência. Por ser uma cidade praiana, as pessoas possuem um estilo de vida tranquilo e saudável, defi ne Edu, que recomenda fazer a primeira parada no porto da cidade. Hoje em dia, além de ser um lugar bonito, o porto é ótimo para fazer uma caminhada matinal, recomenda.

Pelo caminho é possível encontrar alguns restaurantes e bares com culinária típica. Perfeito para experimentar o tradicional jamón, presunto cru comido por todo o país. Como é um alimento muito seco, beber um copo de orchata pode cair bem. Essa bebida típica da região é feita à base de laranja, fruta abundante nas plantações dos arredores da cidade. E já que percorrer os seis mil quilômetros quadrados de todo o Porto é cansativo, guarde energias para conhecer as ruas que o cercam. É por lá que as máquinas da Fórmula 1 passam no mês de agosto.

A INCRÍVEL CIDADE DAS ARTESE DAS CIÊNCIASPerto do porto, saindo de carro ou de táxi pela autopista Del Saler, está a grandiosa Cidade das Artes e das Ciências. Eles também são muito ricos em cultura e gostam disso. Lá na Cidade das Artes existe uma série de coisas para fazer sozinho ou com a família, explica Edu, que completa dizendo que é difícil conhecer tudo em um dia só.

E realmente é complicado. Com um desenho futurista, o local é hoje o maior cartão postal da região. Às margens de espelhos d’água azul-turquesa se erguem oito atrações, como um enorme planetário em forma de olho, um museu de ciências, uma das mais modernas casas de espetáculos do mundo, um jardim de sete mil metros quadrados e o maior aquário oceanográfi co da Europa, com 42 milhões de litros de água em tanques recheados de tubarões, golfi nhos e baleias.

Cidade das Artes e das Ciências, complexo arquitetônico desenhado por Santiago e Félix Candela

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PARA O ALMOÇO: A PAELLA!Depois de se encher de cultura e conhecimento, é hora de abastecer o estômago e saborear a tão conhecida paella valenciana. Na cidade existem milhares de restaurantes que servem o prato por vários preços e gostos. Para Edu, o mais especial é o do chef Ximo Saez, que possui um restaurante homônimo na mesma avenida da Cidade das Artes, bem em frente ao Palácio da Música.

O Ximo se tornou um grande amigo e prepara uma bela paella de fi car com água na boca. Com cara de bistrô, o restaurante ainda serve outros pratos contemporâneos com cozinha de alta qualidade e requinte.

Só que não era sempre que o Edu ia a restaurantes. Ele conta que uma das atividades culinárias de que mais gostava era fazer churrascos na própria casa, para receber amigos como o atacante Morientes e o zagueiro Ivan Helguerra. “Eles estão acostumados com frutos do mar e adoram um churrasco brasileiro, conta”.

UM PASSEIO PELO CENTROE depois de almoçar e curtir uma merecida siesta nas praças da cidade, é hora de dar um passeio pelo centro antigo. “É muito interessante comparar a arquitetura moderna presente lado a lado com a antiga nos prédios do centro”, explica ele. Por lá, avenidas largas se misturam a vielas estreitas, que podem fazer o turista viajar no tempo ao conhecer construções com estilo mouro e neogótico, como a Plaza de Toros, onde são realizadas as touradas.

Os contrastes podem ser vistos por toda parte, desde as torres medievais das Torres de Serranos até o edifício modernista do Banco de Valência, com bela azulejaria local na fachada. Vale a pena circular também pela Praça Redonda, uma praça fechada que desde cedo se anima com um mercado de livros usados e pássaros.

Depois de tantos passeios, para fechar o dia com estilo, vale continuar pelo centro, que está cheio de pubs e bares que servem boa cerveja acompanhada das tão conhecidas tapas. Se o pique

Em sentido horárioFallas, festa de rua, similar ao carnaval

brasileiro Faixada externa da

Plaza de ToroTradicional Paella

valencianaMercado Municipal

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DESTINO

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ainda for grande, Edu recomenda voltar ao porto e entrar na Las Animas, uma casa noturna bem frequentada que embala os foliões noite adentro ao som eletrônico.

NAS AREIAS DE VALÊNCIAO jogador conta que um dos passeios que mais gostava

de fazer com a família e os amigos quando defendia o time local era aproveitar o sol e o calor na praia. Valência possui uma praia urbana de sete quilômetros de extensão, mas são as praias ao sul, um pouco mais desertas e de areia fofa, que fazem sucesso. Ao todo são seis: Pinedo, LAbre Del Gos, El Saler, La Garrofera, La Devesa e Perillonet.

Além da diversão à beira-mar, Edu adorava ir às Fallas, festa típica da cidade em que são montados bonecos enormes de isopor, como se fossem carros alegóricos, no meio das ruas do centro. A festa é realizada entre os dias 15 e 19 de março e milhares de turistas da Europa lotam a cidade para acompanhar o evento. Eu adorava ir às Fallas com meus fi lhos. É uma festa cultural muito divertida.

VALENCIAFUTEBOLCLUBE

O Valencia Club de Fútbol é um dos mais bem sucedidos clubes da Espanha. É considerado a terceira força da Espanha, atrás apenas de Real Madrid e Barcelona.

• Estudos realizados na Europa apontaram o Valencia como um dos 20 clubes mais ricos do planeta.

• Principais títulos são: Copa UEFA (2003/04), Campeonato Espanhol(2003/04 – 2001/02 – 1970/71 – 1943/44 – 1941/42 – Copa da Espanha (1940/41, 1948/49, 1953/54, 1966/67, 1978/79, 1998/99, 2007/08)

• O ranking da FIFA para o seu novo estádio, o Nou Mestalla, seria cinco estrelas. Se tornará o quinto maior estádio da Espanha.

• Seu principal jogador da atualidade é David Villa, atacante do time e da seleção espanhola.

• Além de Edu, Marcelinho Carioca e Viola também jogaram pelo time espanhol.

SERVIÇO:ONDE IR• Porto - Avenida de Manuel Soto Ingeniero, s/nº.Cidade das Artes e Ciências - Avenida Autopista del Saler, nº 7 Site: www.cac.es• Palácio da Música - Paseo de la Alameda, nº 30Site: www.palaudevalencia.com• Plaza de Toros - Carrer de Xávita, nº 28 centro Site: www.plazadetorosdevalencia.com• Torres de Serranos - Calle de Cerranos, s/nº• Praça Redonda - Calle de los Derechos, s/nº• Las Animas - Paseo de Neptuno – Playa de las Arenas s/nºSite: www.grupolasanimas.com

ONDE COMER • Ximo Saez - Avenida Jacinto Benavente, nº 9 Site: www.restauranteximosaez.com• Outros restaurantes que servem paella podem ser encontrados no site: www.restaurantesvalencia.com

Nuevo Mestalla, Projeto do novo

estádio do Valência

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ESTRELASANATOMIA DAS

O FISIOTERAPEUTA BRUNO MAZZIOTTI CONTA COMO FUNCIONAM AS MÁQUINAS E OS MÉTODOS USADOS NO PREPARO DE CADA UM DOS JOGADORES.

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INSIDE CORINTHIANS

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IMAGINE uma fi nal da Copa Libertadores da América. Casa cheia e ansiedade grande. Na arquibancada, o bando de loucos manda o Timão para cima. Lá no campo de batalha, o comandante Mano Menezes enfatiza o coro e dá as instruções para os onze soldados do Parque São Jorge atacarem, se defenderem, escaparem da marcação e lutarem com energia e raça para buscar a vitória.

Só de pensar já arrepia, não é? Mas, para que isso aconteça de verdade, muito trabalho deve ser feito, o que não depende apenas da garganta do treinador nem somente do grito da torcida. Principalmente no início de temporada, é o departamento médico e de fi sioterapia que entra em campo com planejamento e máquinas que até hoje só eram vistas na Europa.

“Hoje o Corinthians está um passo à frente dos outros clubes nacionais quando o assunto é departamento médico”, afi rma o fi sioterapeuta Bruno Mazziotti, 32 anos, no clube desde dezembro de 2008. Bruno tem pouco tempo de casa, mas possui uma experiência grande no futebol. Já passou pelo Real Madrid, onde conheceu o atacante Ronaldo, e ainda teve a oportunidade de acompanhá-lo no A.C. Milan antes de chegar ao centenário clube paulista.

O QUE É QUE O CORINTHIANS TEM?Esse é um dos motivos de Bruno trazer seu conhecimento para cá: o centenário. Para que 2010 seja o ano mais importante do clube, um planejamento minucioso tem sido feito pela diretoria há mais de um ano. Desde o início da temporada passada, o clube vem reestruturando o Departamento Médico. “Hoje temos equipamentos de ponta vindos da Europa, principalmente da Itália, onde fechamos parcerias com algumas empresas”, diz Bruno.

O DM do Corinthians conta com aparelhos de ultrassom, avaliação de desempenho, reabilitação e máquinas avançadas de fi sioterapia. “Uma das principais máquinas é a de avaliação física corporal, onde avaliamos o peso e índice de gordura em cada segmento do corpo: antebraço, bíceps, panturrilha, coxa, etc.”, afi rma o fi sioterapeuta, que completa dizendo que apenas hospitais de grande porte da

capital paulista possuem esse tipo de equipamento e que o Corinthians é o primeiro clube da América Latina a ter tal tecnologia.

O esforço da diretoria de futebol foi grande. “Investimos cerca de R$ 400 mil só em equipamentos. Quem ganha são os jogadores que podem começar a se familiarizar ou reutilizar a estrutura que possuíam lá fora”, revela Bruno. E com certeza o ano do centenário estará garantido, já que o contrato com a empresa que fornece os equipamentos foi estendido por mais um ano.

“Com uma estrutura dessas, o atleta fi ca mais empenhado e o treinamento rende muito mais”, diz Bruno. Segundo ele, a diferença não está só na facilidade que os equipamentos trazem, mas na maneira como são utilizados. “Fazemos o possível para que o treinamento físico se torne algo prazeroso e praticamente individualizado”.

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TRATAMENTO VIPQuando ele fala em “individualizado”, não comete nenhum exagero. “Claro que existem testes e preparações que são feitas em grupo, mas sempre priorizando a característica principal de cada jogador”, comenta o fi sioterapeuta. A ideia veio da experiência europeia de Bruno. “No Milan, por exemplo, trabalhávamos entre oito a 12 fi sioterapeutas, praticamente um para cada atleta”.

Todo o departamento físico e médico tem trabalhado para chegar próximo ou equiparar esse nível de excelência. A metodologia de acompanhamento por grupos de mesmas características tem dado certo. Prova disso é o número de lesões musculares das últimas duas pré-temporadas, que sofreram uma queda considerável. “Ano passado tivemos sete lesões até o início do Campeonato Paulista”, relata Bruno, que trabalha em conjunto com outros três fi sioterapeutas, preparadores físicos, nutricionistas e com médicos como o Dr. Joaquim Grava. “Todo esse conjunto é capaz de preparar e avaliar jogadores de 20 e 30 anos de maneira que ambos evoluam da mesma maneira dentro das limitações individuais”.

“Quando o Matias Defederico chegou, precisava de uma adaptação e fortalecimento físico. Passamos uma dieta, treinamento de musculação e preparação diferente para ele”, conta. Explica que esse treinamento era diferente daquele do Dentinho, que por sua vez também era diferente daquele do Ronaldo, Tcheco ou Roberto Carlos. “Este ano ainda vamos provar a todos que é possível dar uma continuidade de evolução no futebol tanto dos jovens quanto dos veteranos”, afi rma Bruno, confi ante.

PLANEJAMENTO DE CAMPEÃOO refl exo desse treinamento diferenciado aparece na prancheta de Mano Menezes, que além dos dados técnicos também tem os físicos e funcionais de cada atleta. “O rendimento e evolução de cada jogador são pontuados e passados para a comissão técnica, que pode saber a hora certa de fazer o rodízio de jogadores, tornando o time mais competitivo ao longo do ano”, diz Bruno.

Desde o ano passado, tem sido feito um planejamento que é seguido rigorosamente. Nesta pré-temporada o time principal do Corinthians treinou duas vezes ao dia, sendo duas horas pela manhã e outras duas à tarde. Parece pouco, mas o time do Parque São Jorge foi o que mais se preparou, totalizando 69 horas de treinamentos físicos e técnicos.

Esses treinamentos eram cuidadosamente divididos e acompanhados de todos os profi ssionais e da aparelhagem física, até na concentração em Itu. “Na primeira parte do treinamento fazíamos musculação e o trabalho de prevenção de lesões, através do fortalecimento das articulações. Na parte da tarde entrava a questão tática e técnica, com bola”, explica o fi sioterapeuta.

Uma das medidas que possibilitou todo o êxito da pré-temporada corinthiana foi a extensão desses treinamentos diferenciados. Continuamos nossa preparação até a 4ª rodada do Campeonato Paulista, o que nos deu mais tempo de aprimorar os jogadores até a estreia na Taça Libertadores da América.

A evolução nítida dos jogadores até a estreia só enche a nação alvinegra de alegria e esperanças em busca da conquista das Américas. Se depender de toda a estrutura que o clube montou, o sonho será realizado.

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INSIDE CORINTHIANS

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LIBERTADORESLIBERTADORESA SAGA JÁ COMEÇOUA SAGA JÁ COMEÇOU

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dependentemente da competição, estamos aí para jogar futebol, para nos divertir”, declarou Ronaldo antes do início da Libertadores, quando anunciou a renovação de seu contrato com

o Corinthians até 2011. “Temos que entrar sem esse peso, sem essa obsessão, sem essa pressão externa que se está criando”. Mas que ninguém se iluda: conquistar o troféu continental no ano do centenário do clube seria um presente perfeito, a realização de um ideal. O que o Fenômeno quer é lembrar que nenhum time vence um torneio desses sem jogar com prazer. Obsessões levam ao desespero, e tudo que o Corinthians fez foi montar um time experiente, que sabe preservar o controle emocional. E já vem mostrando isso nos primeiros jogos.

Todo mundo conhece o espírito da Copa Libertadores. Como foi historicamente dominado por clubes argentinos e uruguaios, que sabem armar sistemas defensivos – quando não retrancados – e disputar cada partida até seu último minuto, o campeonato gerou uma cultura de jogos tensos, recheados de catimbas e ceras, em que o equilíbrio psicológico tem papel fundamental. Mas isso não signifi ca que, como em todos os cantos do mundo, as vitórias não premiem os times com mais jogadores talentosos e entrosados, preocupados acima de tudo em jogar bola e fazer gols. Não há motivo para pensar que vencer uma Libertadores é mais difícil que vencer um Brasileirão. Tanto é que, nos últimos tempos, com o prestígio crescente do torneio, mais clubes nacionais o têm vencido.

O Corinthians quase chegou lá algumas vezes. Em 1999 o vitorioso time de Marcelinho, Ricardinho, Edílson e companhia era muito superior aos adversários, assim como em 2005 o de Tevez, Nilmar, Carlos Alberto e outros. Mas o futebol tem seus caprichos. Desta vez, com o aniversário como pano de fundo, a montagem da equipe foi ainda mais cuidadosa: foram contratados jogadores experientes, que já disputaram a competição pelo menos uma vez, e mesclados à base do time que vem colhendo títulos desde a passagem pela Série B. Houve também a preocupação de repor as lacunas deixadas por jogadores como André Santos, Christian e Douglas, que estavam nas campanhas do Paulista e da Copa do Brasil em 2009.

O primeiro grande nome, claro, foi Ronaldo. Sua vinda no fi nal de 2008 já fazia parte do projeto de levar o Corinthians para a Libertadores de 2010. Havia duas chances para isso: vencer a Copa do Brasil no primeiro semestre ou fi car no grupo dos quatro melhores do Brasileirão que terminou em dezembro. O caminho foi o mais rápido. Depois de ganhar invicto o Paulistão, o time liderado por Ronaldo bateu o Internacional em duas partidas fi nais e carimbou seu passaporte para a Libertadores. Ronaldo, é sempre bom lembrar, venceu todas as desconfi anças, embora tenha conquistado a torcida desde o primeiro momento, melhorou o preparo físico e deixou gols na galeria histórica do clube.

Pouco a pouco, os demais foram chegando. O volante Edu voltou da Europa para o time em que seu estilo clássico havia despontado. Outro que voltou, por seu poder de marcação, foi Marcelo Mattos.

InPor Daniel PizaPor Daniel Piza

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A conquista que levou à Libertadores

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Ralf, revelação do Barueri, veio também para disputar a função de primeiro volante. O argentino Defederico, outra jovem revelação, chegou para ajudar na criação de jogadas. Em seguida viriam nomes bem conhecidos, com técnica e experiência, para coordenar as ações de meio: Tcheco e Danilo. Também Iarley chegou, com seu currículo em que a Libertadores se destaca. Como se não bastasse, o clube anunciou no fi nal de 2009 outra estrela mundial, Roberto Carlos, também familiarizado com a Libertadores. Moacir, Leandro Castán e outros nomes completam o grande elenco.

Somados ao time já formado por nomes como Felipe, Chicão, William, Elias, Jorge Henrique e Dentinho, além, claro, de Ronaldo, o técnico Mano Menezes passou a dispor de um grupo forte, que mescla juventude e maturidade e permite variações táticas para diferentes adversários. O próprio Mano Menezes é outro exemplo: destacado pela escola gaúcha, conhece bem o torneio latino-americano e, acima de tudo, teve continuidade em seu trabalho desde a campanha extremamente efi caz da Série B. Mano é considerado um técnico que sabe transmitir disciplina e ao mesmo tempo insufl ar ousadia, buscando um padrão tático a partir do qual as individualidades podem render melhor. Juntos, esses jogadores e o técnico somam experiência em Libertadores que poucos adversários têm.

Mas Roberto sabe que a prioridade é fazer o Corinthians ter uma ótima participação na Libertadores. “Esse título, no momento, é o mais importante que posso conquistar”, declarou, brincando em seguida: “Se o Corinthians ganhar a Libertadores, será feriado nacional. Já conheço a competição, mas não ganhei. E a experiência ajuda neste momento”. Ele sabe, no entanto, que é para o clube que a competição tem mais importância. “Um time grande precisa ganhar competições grandes e a Libertadores é o nosso desejo. Vim para o Corinthians para tentar ganhar e eu acredito muito no destino; se estou aqui no ano do centenário, é porque alguma coisa boa vai acontecer”.

Apesar de também descartar o discurso da “obsessão” e afi rmar que pretende jogar até os 40 anos no Corinthians, o que lhe daria tempo para tentar outras vezes a Libertadores, Roberto acha que neste ano o Corinthians é um dos favoritos. “A Libertadores tem que ser do Corinthians”, disse. “Pelas contratações que fez, pela estrutura que tem e porque muitos favoritos de outras edições não participam agora”, completou, em referência a clubes como os argentinos Boca Juniors e River Plate. Não foi por acaso que sua apresentação no clube, sob calor de 35 graus, atraiu tantos torcedores que o deixaram entusiasmado.

Ronaldo, claro, foi um fator a mais para atrair Roberto. “Aprendi muito com ele e é muito bom poder conviver de novo com ele, vê-lo jogando e fazendo gols. O Ronaldo é o Ronaldo, o adversário vai sempre temer sua presença. Essa foi uma grande motivação para eu vir para cá”, resumiu. E acrescentou: “Mas não é só o Ronaldo. O Corinthians é muito grande, tem grandíssimos jogadores e vamos todos trabalhar juntos”. Como se viu nos primeiros meses, a adaptação de Roberto foi tão veloz quanto suas arrancadas. Para isso, naturalmente, a torcida contou: “Ela é maravilhosa, exatamente como o Ronaldo tinha falado”.

O lateral também se deixou seduzir pelo projeto do clube, que acredita que mostra uma organização superior à de muitos clubes estrangeiros – inclusive o Fenerbaçe, da Turquia, o qual critica por não ter cumprido a palavra a respeito dos prazos de contrato. O Corinthians ofereceu a Roberto uma relação semelhante àquela que tem com Ronaldo. O atacante, na realidade, tem participação em contratos de publicidade do clube, como os anúncios estampados na camisa dos jogadores. Roberto não tem isso, mas tem direito pleno ao licenciamento de sua marca, benefício inédito em sua carreira.

FORÇA E TÉCNICA DE UM LATERALA vinda de Roberto Carlos foi um capítulo à parte.

Aos 36 anos, tem um currículo admirável – até mesmo Ronaldo deve sentir uma ponta de inveja de suas três taças da Liga dos Campeões da Europa, título que escapou ao Fenômeno em sua passagem de quatro temporadas pelo Real Madrid. Roberto amealhou também diversos títulos nacionais nos países onde jogou: Brasil, Itália, Espanha e Turquia. Em 1997 foi eleito o segundo melhor jogador do mundo, atrás apenas de Ronaldo. Ganhou uma Copa, a de 2002, que teve o Fenômeno como o maior nome, e fez história como um dos melhores laterais esquerdos na história da seleção – posição, aliás, que é a única sem titular defi nido para a Copa de 2010.Roberto chegou ao Corinthians e não escondeu o sonho de retornar a vestir a camisa amarela. Sua aposta é no fato de que os sucessores na posição não vêm mostrando a mesma capacidade de marcar e apoiar; os laterais esquerdos que a seleção tem chamado avançam muito, como se fossem meias, e não voltam.

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O FATOR MODERNIDADE Esse é um aspecto muito importante. Para realizar seu projeto

do centenário, do qual a campanha da Libertadores é uma parte, não o todo, o Corinthians precisou se atualizar em muitos setores, a começar pelo marketing, e com Ronaldo aprendeu a explorar melhor a marca de um clube tão popular – ou seja, que chega a todas as classes sociais em peso – e a explorar o nome de seus craques, como Ronaldo e Roberto. “Com isso o clube garantiu pelo menos uns dez anos de saúde fi nanceira”, diz Roberto, que conhece bem o mundo rico do futebol. “Hoje o clube não deixa a dever para nenhum europeu nesse campo”.

A conscientização de que era preciso estruturar em todos os aspectos o clube para o futebol moderno nos últimos anos tem outro exemplo na melhora dos equipamentos e dos métodos de medicina e fi sioterapia. Aparelhos de última geração foram importados e cada atleta tem um acompanhamento específi co e minucioso (leia matéria na pág. 20). Para disputar um torneio com a carga de tensão e aceleração que tem a Libertadores, tal atitude era fundamental. Mesmo que a Libertadores não venha agora, esses são avanços que fi cam para sempre.

Mas ninguém quer saber de discurso que soa como desculpa. Do presidente ao porteiro, todo o clube está concentrado no objetivo de conquistar um título importante e inédito no ano do centenário. A comissão técnica e os jogadores estão cientes das difi culdades e não querem que o excesso de euforia se transforme em impaciência ou vulnerabilidade. Mas já deixaram claro dentro e fora do campo que vão atrás desse título com todas as forças – inclusive a força do talento que se diverte em campo nos momentos certos e sempre de forma objetiva. Quem viu Ronaldo dar duas “canetas” seguidas nos adversários uruguaios, no jogo de estreia, sabe do que ele estava falando. Quando garra e arte se somam, com elas não há quem possa.

DANILO: Não pode vacilarDanilo é um dos mais experientes do grupo que o Corinthians

formou para disputar a Libertadores. Não por acaso, foi de um passe de calcanhar seu, contra o Cerro Porteño, que Ronaldo fez o gol da vitória. Na entrevista a seguir, feita por telefone, Danilo fala sobre o torneio e alerta para algumas características importantes.

Corinthians MAG: Você já jogou três Libertadores, entre 2004 e 2006, ganhou uma e foi vice em outra. A competição é mesmo diferente?

Danilo: Com certeza. É muito disputada. A gente não conhece bem os adversários, todo mundo joga fechado, a arbitragem é diferente. Realmente é outro estilo, de mais pegada, e você precisa prestar atenção o tempo todo, não pode vacilar. Mas ganha quem sabe jogar bola, não quem fi ca na catimba e na retranca. O futebol brasileiro é mais cadenciado, mas pode ver que nossos times estão sempre chegando bem, indo às fi nais.

Corinthians MAG: Quais as possibilidades do Corinthians? O que achou do primeiro jogo?

Danilo: São muito boas. Tomamos um gol inesperado, logo no começo, mas soubemos manter a calma, tivemos controle, mostramos experiência. Fiquei bem animado ao ver essa reação. O segredo é esse, atacar sem se afobar e sem dar espaços. Foi o que fi zemos. Nada é fácil na Libertadores e cada jogo tem de ser jogado a cada vez. Mas temos uma grande equipe.

Corinthians MAG: Como você se vê no time, ali pela esquerda, dialogando com Roberto Carlos e Jorge Henrique? E como é jogar com Ronaldo na frente?

Danilo: Esse posicionamento quem defi ne é o técnico. Eu sou um jogador que fi co ali na meia, pela esquerda, e ora sou um terceiro volante ora um terceiro atacante. Quando estamos com a bola, chego mesmo, inclusive para tentar a fi nalização. Mas todo mundo sabe a qualidade do Ronaldo. Na área ele é mortal e ele também sabe sair para fazer o pivô. Meu trabalho é fazer a transição, é ligar o meio e o ataque e, sempre que possível, ajudar os atacantes a fi car diante do gol.

Corinthians MAG: Você também é da opinião de que os principais adversários do Corinthians na Libertadores serão os times brasileiros?

Danilo: Todo adversário na Libertadores é perigoso. Há times tradi-cionais na competição e há sempre algumas surpresas. Mas é claro que os brasileiros são fortes e que vamos ter grandes confrontos.

Esse é um aspecto muito importante. Para realizar seu projeto FOTO

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ESPECIAL

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P O R ÊF E L I P E ÊA R A G O N E Z ÊÊÊÊÊF O T O S ÊP A U L O ÊB R E N T A

FORAM anos de trabalho em muitos restaurantes diferentes e uma boa dose de talento e persistência até que Juscelino Pereira, corinthiano dos mais fanáticos, abrisse seu próprio negócio. O restaurante Piselli (que em italiano significa “ervilhas”), localizado no chique bairro dos Jardins, é um sonho realizado. Mas alguns amigos, torcedores de outros times, brincam que Juscelino é “fino e viajado” demais para ser corinthiano. Ele rebate: “Essa é a pimenta do molho”.

Juscelino conta que começou a gostar do Timão quando ainda morava em sua cidade natal, Joanópolis, no interior de São Paulo. E que depois, quando passou a morar na capital, defendeu ainda mais o clube nas rodas de discussão. O Piselli, que serve comida italiana e tem uma variada carta de vinhos, é frequentado por diversos jogadores, diretores e ilustres corinthianos, mas naturalmente todos os torcedores de bom paladar também têm lugar na premiada e concorrida casa, como conta na entrevista a seguir.

NO PISELLI, AS ERVILHAS SÃO ALVINEGRAS.

sensação de quando o meu avô veio de Minas Gerais para o interior de São Paulo, quando visualizou que ali ia construir alguma coisa.

Corinthians MAG: E você visualizou o que exatamente? Como foi sua trajetória até abrir o Piselli?

Juscelino Pereira: Visualizei que ia construir alguma coisa, um negócio, uma família. Trabalhava naquele lugar simples, mas alguns frequentadores, que eram agentes de bancos, diziam que eu gostava de atender – característica que vem da minha avó, que todo domingo recebia cinquenta pessoas para comer na fazenda e adorava – e que eu deveria ser garçom, maître em algum restaurante nos Jardins, pois iria me dar muito bem. Fiquei com isso na cabeça e projetei. Dois anos depois fui para um restaurante na Zona Norte. Depois fui trabalhar num na Zona Oeste e em seguida fui para o Jockey Club, na sede social, no Centro. Até que consegui, por intermédio de uma indicação, um emprego no St. Peter’s, na Alameda Lorena, que era um dos melhores restaurantes na época e tinha cozinha francesa com frutos do mar. Entrei como garçom ali e logo fui promovido para maître. Na época não existia sommelier e eu tinha que cuidar da adega dos vinhos e comecei a estudar sobre o assunto. E já trabalhando nos Jardins, pensei em dar um jeito de entrar no Fasano, que era o melhor restaurante na época.

Acabei conhecendo, por indicação de amigos, o sommelier do Fasano e falei que gostaria de trabalhar com ele quando tivesse uma oportunidade. Isto aconteceu em novembro de 1992, quando entrei como auxiliar. Cresci muito, fui fazendo cursos e em 1994 fui promovido para maître sommelier, no Gero do Grupo Fasano. Comecei a ser patrocinado para ir à Itália e para outros países para conhecer vinícolas e fui me desenvolvendo cada vez mais na gastronomia

Corinthians MAG: Juscelino, pode nos contar um pouco de sua história? E quando começou a paixão pelo Corinthians?

Juscelino Pereira: Nasci numa cidade chamada Joanópolis, onde cresci acompanhando os afazeres da pequena fazenda de café do meu avô e dos negócios que o meu pai tinha num pequeno armazém. Com 10, 12 anos, já ajudava nas labutas do interior. E aí alguns amigos que eu tinha em Joanópolis eram corinthianos e a partir deles fui levado a me tornar corinthiano (risos).

Corinthians MAG: E sua vinda para São Paulo? Como aconteceu?

Juscelino Pereira: Após uma tentativa frustrada de vender ervilhas em Joanópolis (risos), um rapaz aqui de São Paulo, que tinha um pequeno restaurante na Casa Verde, me convidou para trabalhar com ele. Larguei tudo e vim morar aqui. Eu não conhecia São Paulo, tinha o sotaque caipira e para todo mundo que chegava e pedia um lanche eu perguntava com forte sotaque: “De carne? De queijo?”. E era risada para todo lado. Fui descobrindo a cidade de São Paulo e tive a mesma

À MESA

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“ Com 30 anos de idade eu estava gerenciando a casa (fasano), já tinha sido promovido, ia para a Itália sempre, já tinham nascido meus filhos. E com 34 anos já estava procurando um lugar para abrir algo próprio”.

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italiana. Com 30 anos de idade eu estava gerenciando a casa (Fasano), já tinha sido promovido, ia para a Itália sempre, já tinham nascido meus filhos. E com 34 anos já estava procurando um lugar para abrir algo próprio. Aí pensava no nome, mas não conseguia encontrar nada. Até que um dia, numa roda de amigos, alguém falou piselli. Na hora não lembrei o significado, aí perguntei e me disseram que era “ervilhas”. Aí gelou! Pensei comigo: “as mesmas ervilhas que me trouxeram para São Paulo e me fizeram conhecer a Itália!”. Então decidi que ia se chamar Piselli. Depois de ver alguns lugares em São Paulo, achei esse lugar, que antes era um bistrô francês. No dia 31 de julho de 2004, dia do meu aniversário, o restaurante estava sendo inaugurado. Vamos completar seis anos em 2010. O restaurante é um sucesso, frequentado por muitas pessoas importantes e, principalmente, por bons corinthianos.

Corinthians MAG: E quando você percebeu que havia se tornado um corinthiano de verdade?

Juscelino Pereira: Acho que com uns 12, 13 anos, pois se havia uma festa para ir e um jogo no mesmo horário, eu preferia

ver o jogo. A partir daí percebi que já tinha entrado na veia. E eu tinha alguns amigos corinthianos fanáticos, que não perdiam um jogo, ficava com o radinho na orelha. E esses amigos fanáticos me influenciaram positivamente. Aqui em São Paulo, trabalhando em restaurantes, sempre tem torcedor de todos os times, e eu defendia ainda mais o Corinthians.

 Corinthians MAG: Quando era criança costumava gostar de futebol? Em qual posição?

Juscelino Pereira: Sim, jogava. Jogava na frente como centroavante, ponta direita ou goleiro, dependendo do jogador que faltasse. Agora a gente joga de vez em quando aqui, eu sou “banheirista” (risos). No final do ano fize-mos um jogo com três times – cozinha, salão e administração – e eu fiz um golaço. O pessoal disse que filmou o gol. Eu peguei a bola, saí para a direita e chutei no contrapé do goleiro. Eu não vi o vídeo, mas disseram que foi bonito.

Corinthians MAG: Costuma ir aos jogos ou vê pela TV? Como faz para conciliar o trabalho com os jogos, que geralmente são à noite?

Juscelino Pereira: Eu gosto muito de ir ao Pacaembu, especialmente no sábado

à tarde e quando há jogos com times que não sejam muito pesados, para não ter aquela confusão. Levo meus filhos.

Corinthians MAG: Seus filhos são corinthianos?

Juscelino Pereira: Aí que entra uma história muito engraçada. Eu tenho três filhos. A minha esposa Lucimara não torce por time nenhum, só que ela tem uma quedinha pelo Santos, porque o pai dela era santista. E o Dudu, meu filho mais velho, de 19 anos, é corinthiano. E eu tive gêmeos, o Thiago e o Thomas, que estão agora com 12 anos. O Thomas é fanático por futebol e corinthiano roxo. Já o Thiago detesta futebol, não gosta, não torce por time nenhum. Então em casa a farra é engraçada, é gostoso, porque quando a gente vai assistir a um jogo o Thiago é sempre a favor do outro time. Ele faz questão. Se tiver Corinthians contra São Raimundo, ele vai ser São Raimundo. Então você imagina a confusão. Sai tapa, briga, risada. O Thiago passa a ser a figura provocadora da situação. Ele é frio e na pior situação faz questão de irritar. Mas é bacana, é uma coisa gostosa. Trabalhar em restaurante é algo cansativo, estressante, e com essa brincadeira acabo me distraindo muito, me divirto.

Juscelino Pereira e sua família de corinthianos roxos.

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Corinthians MAG: Já cometeu alguma loucura ou passou por apuros para ir a algum jogo?

Juscelino Pereira: Tem uma história boa de quando eu cheguei a São Paulo. Estava muito cru, não conhecia nada. E a primeira vez que fui ao Morumbi, no jogo entre Corinthians e São Paulo, fui com um grupo. Chegamos ao estádio perdidos, em cima da hora, ficamos girando para achar a melhor porta para entrar e, de repente, conseguimos um lugar. Mas quando percebi a gente estava no meio da torcida do São Paulo. Sorte que eu estava sem a camisa do Corinthians, senão eu ia ser linchado ali mesmo. E com aquela empolgação no estádio, aquela vontade de ver o jogo, você fica meio cego. Então cheguei naquele aperto e nem prestei atenção que estava no meio da torcida do São Paulo. Aí o Corinthians estava atacando e eu comecei a vibrar, a torcer, e um cara deu uma cutucada em mim e disse para eu tomar cuidado. Tive que ficar o jogo inteiro explodindo por dentro (risos).

Corinthians MAG: Provoca muito os outros torcedores? Qual o maior rival do Corinthians?

Juscelino Pereira: Com certeza, não vou perder essa oportunidade. Gosto de provocar são-paulinos e palmeirenses. Eles tiram sarro de mim e eu tiro sarro deles. Vem muito palmeirense e são-paulino aqui. Nessa mesa em que estamos sentados veio o Carlos Miguel Aidar, que foi presidente do São Paulo. A gente se dá muito bem, somos amigos, mas sempre tiramos um sarrinho na boa, na esportiva. O Luiz Gonzaga Beluzzo, presidente do Palmeiras, também vem sempre aqui. Tenho uma relação muito boa com todo mundo. Eu tenho um sócio chamado Lair, que é corinthiano roxo, e ele ajuda um são-paulino a pagar uma taxa no Morumbi para ter direito, quando tem jogo no Morumbi, de ir na cadeira cativa do estádio. Ele faz questão de ajudar a pagar a taxa anual. Quando tem jogo do Corinthians no Morumbi, nós vamos na cativa. E tem algumas pessoas que brincam que não acreditam que eu sou corinthiano. Que tenho um restaurante deste nível, uso terno, estou sempre na Itália, uso gravata de seda italiana. Eles ficam bravos (risos). Eu adoro este contraste, sou a pimenta no molho, não pode ser uma coisa monótona, tem que ser apimentado, isso é muito legal, muito bacana.

Corinthians MAG: Algum jogador já foi ao restaurante?

Juscelino Pereira: Sim. O Antônio Carlos vinha muito aqui, quando ele passou pela diretoria do Corinthians. Vêm jogadores diversos, de todos os times. Já veio o Júlio Baptista. Mas do atual elenco do Corinthians ainda não veio ninguém. Estou atrás da

turma do Corinthians para ver se o Ronaldo vem aqui. Mas vem o pessoal da diretoria, o Mário Gobbi (vice-presidente de futebol), o presidente Andrés Sanchez. Mas quem sempre vinha aqui quando jogava no Corinthians era o Roger. Ele vinha bastante aqui, junto com a Adriane Galisteu. Quando ele fazia um gol eu ligava para ele e dizia que ele tinha um vinho no Piselli. Aí ele vinha para cá, fazia uma festa, trazia alguns jogadores. Sinto saudades do Roger, quando ele jogava no Corinthians. Se fizer um gol pelo Corinthians tem que ter um prêmio para incentivar.

Corinthians MAG: Tem algum prato em homenagem ao Corinthians?

Juscelino Pereira: Tenho. Há muitos anos eu participei de uma gravação de um programa, feito por uma pequena produtora. Era um programa para os corinthianos. Estavam o Marcelo Fromer e o Sócrates. Eu fui ao programa para fazer uma massa e eu não sou cozinheiro. Mas sempre envolvido com gastronomia, você acaba aprendendo, inventando pratos. Eu falo que eu sou criação e não execução. Então eu fiz uma massa preta e branca para este programa, feita com a tinta da lula. E o molho é a lula cortadinha em anéis que são branquinhos. Coloco um azeite de oliva, um vinho branco, caldo de peixe. É uma massa deliciosa que sugiro para os corinthianos. Vendo aqui e este prato se chama “Tagliarini neri con calamaretto” que em italiano significa “Talharim preto com lula”.

Corinthians MAG: Qual prato sugeriria ao Ronaldo para comemorar a vitória? Seria este que você criou?

Juscelino Pereira: Olha, eu acho que para o Ronaldo eu ia colaborar para ele não engordar. Então eu faço para ele uma entradinha e meia massa (risos). E um abacaxi de sobremesa.

Corinthians MAG: Qual sua expectativa para a Libertadores e para o centenário em geral?

Juscelino Pereira: Este ano promete! Tem uma coisa que acontece muito comigo, que envolve misteriosamente tudo, de acordo com os pensamentos das pessoas. E com o ano do centenário, a Libertadores, eu estou sentindo uma energia muito positiva. Vai dar certo. Pode ter certeza!

Talharim preto com lula

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BATE-BOLA GASTRONÔMICO COM JUSCELINO

Prato recomendado para o torcedor: Uma bela lasanha à bolonhesa. Tudo a ver. Tem proteína, tem carboidrato, dá para pular bastante na arquibancada. Fica lá: “Não para, não para, não para”. É um prato completo. Tem carne, queijo, massa. É energia, proteína. É isso! O torcedor da Gaviões vai comer lasanha à bolonhesa.

Prato recomendado para o treinador: Para o Mano Menezes eu indico um cordeiro no forno.

Prato recomendado para o Dentinho: Um risoto de frutos do mar.

Prato recomendado para o Felipe: Vou dar o prato que eu mais gosto, o “Spaghetti alle Vongole”. O vôngole é um marisquinho que vem de Santa Catarina, fresquinho todo dia para São Paulo. É um prato típico romano, que vem o spaghetti com o vôngole, só no azeite, com vinho branco, perfume de alho e salsinha. Fica maravilhoso acompanhado com uma taça de vinho branco. Este é para o goleirão.

SPAGHETTI ALLE VONGOLE DO PISELLIEspaguete com vôngoles, perfume de alho e vinho branco

PREPARO

1. Lave bem os vôngoles emvárias águas e escorra.2. Em uma panela grande,aqueça o azeite. Acrescente os dentes de alho inteiros e deixe-os fritar até que dourem.3. Retire os dentes de alho e adicione os vôngoles e o vinho. Tampe a panela, sacudindo-a de vez em quando por cerca de 10 minutos, até que as conchas se abram.

INGREDIENTES

• 2 kg de vôngoles comas conchas

• 8 colheres (sopa) deazeite de oliva

• 2 dentes de alho• 1/2 litro de vinho

branco seco• Salsa picada a gosto• Peperoncino ( pimenta

vermelha desidratada )• 400 g de espaguete

4. Então, retire os vôngoles de dentro das conchas (elimine todas as conchas que não se abriram) e tempere com uma boa porção de salsa picadinha e a pimenta a gosto. Refogue por cerca de 2 minutos e reserve.5. Enquanto isso, à parte, cozinhe o espaguete em água fervente abundante, com um pouco de sal. Escorra quando estiver al dente.

NA HORA DE SERVIR

Coloque a massa cozida na panela em que foram preparados os vôngoles e misture delicadamente.

RENDIMENTO

• 4 porções

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ídolos do Corinthians são marcados pela raça que exibem ao vestir a camisa do clube. Sócrates, no entanto, conquistou a torcida corinthiana com sua coragem. Raça e coragem são duas palavras de contexto parecido. Ambas denotam a entrega de um homem por uma causa. Porém, enquanto o primeiro é mais associado a um sentimento passional, o

segundo permite entender o fascínio da fi el torcida por um jogador de grande lucidez e domínio dos aspectos psicológicos do esporte. Algo que por algum tempo foi confundido com frieza. “Eu vejo o futebol como uma forma de racionalizar a emoção. Precisamos trabalhar as emoções de forma positiva. O teu gesto diz por você”, afi rma o craque.

Sócrates foi um jogador completo e de estilo elegante. Com 1,90 e 80 kg, não tinha o estereótipo de um atleta profi ssional. Nem dentro nem fora das quatro linhas, já que era adepto também de uma cervejinha e de um cigarro. Formou-se em medicina antes de se transferir para um grande clube. No início da carreira profi ssional treinava e jogava quando podia. Muitas vezes, chegava às concentrações depois uma noite em claro de plantão no hospital. Em outras, chegava ao estádio na hora do jogo, levado por um motorista do clube que o esperava na porta do hospital. Com um toque de calcanhar que marcou sua carreira, ele é uma rara unanimidade quando se fala em ídolos da história corinthiana.

O INÍCIOSócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira nasceu em Belém do Pará, no dia 19 de fevereiro de 1954, o mais velho dos cinco fi lhos do cearense Raimundo Vieira e da paraense Dona Guiomar. “Muito mais importante que minha formação acadêmica, foi minha formação familiar. Os exemplos que eu tive em casa, do meu pai, da minha mãe. Eu nasci dentro de uma biblioteca de um cara [seu pai] que não tinha 1º grau primário. Isso me ensinou a ver a vida de uma forma diferente e dar valor à leitura e ao conhecimento”, conta.

O FILÓSOFO DA DEMOCRACIASÓCRATES REUNIU INÚMERAS CARACTERÍSTICAS ATÍPICAS EM UM EXEMPLO DE JOGADOR.

OsP O R ÊL E A N D R O ÊB I T T A R ÊÊÊÊÊF O T O S ÊA G æ N C I A ÊE S T A D O

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PERFIL

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Os primeiros contatos de Sócrates com o futebol foram aos 11 anos de idade, pouco depois que sua família se mudou de Teresina, no Piauí, para Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Na época, Coti, como ele era chamado, jogava de lateral-direito. Anos depois, jogando futsal no colégio, Sócrates foi convidado para integrar o time infantil do Botafogo de Ribeirão Preto, junto a alguns colegas. Haroldo Soares, que fez o convite, admirava o controle de bola e a coordenação motora do jovem.

Durante a adolescência, Sócrates já era conhecido como Magrão (aos 16 anos ele media 1,80 m e pesava menos de 70 kg) e sua condição física induziu o desenvolvimento de algumas das características que o consagraram nos gramados. Jogando de pivô – ou atacante – no futsal, Sócrates tinha que jogar com agilidade para superar a fragilidade física.

Assim, desenvolveu o jogo rápido, de primeira, e toque de calcanhar, sua marca registrada, elogiado por ninguém menos do

que Pelé, o rei do futebol. “Ele joga de costas melhor do que a maioria joga de frente”, disse o maior jogador da história sobre o ainda jovem atleta do Botafogo.

Em um cenário atípico para jogadores de futebol, Sócrates continuou os estudos enquanto jogava nas categorias de base e passou no vestibular da Faculdade de Medicina da USP, em Ribeirão e em outros três. Optou por ficar na cidade na qual residia e teve a compreensão de todas as partes envolvidas para conciliar os estudos e o esporte. “Minha prioridade era o meu estudo. O futebol foi um acidente de percurso. Minha vida sempre foi voltada para a universidade. Pensei várias vezes em abandonar o futebol, mas consegui construir uma situação que viabilizasse as duas coisas”, diz Sócrates, que, em contrapartida, recuperava o tempo perdido na faculdade no período sem competições.

Em 1972, durante as férias na faculdade, a situação ficou incontrolável e ele passou a jogar algumas partidas pelo time

Com Casagrande, dupla memorável na década de 80, no Corinthians e também na seleção brasileira.

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PERFIL

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O Doutor é do Timão Aos 24 anos, formado em medicina, Sócrates estava pronto para aceitar o desafio de jogar em um time de expressão nacional e escrever um importante capítulo do futebol brasileiro: o Doutor Sócrates assinava com o Corinthians.

No livro Os Dez Mais do Corinthians, o jornalista Celso Unzelte revela a epopeia da contratação do craque para o Parque São Jorge. Consciente do interesse de São Paulo e Palmeiras, Vicente Matheus teria oferecido 5 milhões de cruzeiros ao São Paulo por Chicão. Enquanto o presidente tricolor se reunia com Isidoro Matheus, irmão de Vicente e diretor de futebol para tratar da venda do volante, Vicente Matheus voava para Ribeirão Preto para contratar Sócrates e só voltaria de lá de madrugada, com o negócio fechado.

Logo que a sirene do Parque São Jorge soou para recepcionar o novo contratado, ficou evidente que o homem que chegava era distinto dos demais. “Quando criança, eu torcia pelo Santos de Pelé”, disse o novo corinthiano com a franqueza que marcaria sua carreira.

Aos poucos, porém, o Doutor foi encarnando o estereótipo de um corinthiano, como a raça, o amor e a entrega pelo clube, chegando a afirmar que se sentia um torcedor dentro de campo.

A relação de Sócrates com a torcida, no entanto, precisou ser dosada, como ele mesmo diz: “educada”. Pressionado pelos resultados e por uma exibição de gala em todas as partidas, o craque chegou a ficar trancado no vestiário do Pacaembu por quatro horas para escapar da fúria da torcida, insatisfeita com uma derrota para o XV de Piracicaba.

Em contrapartida, Doutor Sócrates passou um longo período sem comemorar os gols que marcava. Uma resposta que lhe rendeu também a imagem de jogador frio. “A questão era de comunicação. A torcida do Corinthians é extremamente participativa e eu não me inseria na cultura própria, enraizada, que ela tinha. Muitas vezes eu não comemorava o gol para transmitir uma mensagem com aquilo. Depois do jogo eu explicava. Você está no palco e não vai usar sua expressão corporal?”, reflete o ex-jogador.

Sócrates, que hoje é doutor em psicologia, sabia como poucos dominar a torcida corinthiana. Exercia sobre ela um fascínio e era mestre em colocar o estádio empurrando o time.

Para isso, admite, tinha seus artifícios, como executar uma jogada de efeito nos primeiros instantes dos jogos. “Se eu trago a torcida corinthiana comigo eu saio ganhando de 2 a 0. Eles aprenderam a me ouvir e eu ganhei credibilidade, que é um conceito essencial para ser líder. Ninguém é líder por imposição”, afirma.

Com o Corinthians embalado com o fim do jejum em 1977, o time conquistou a Taça São Paulo de 1978 e o Paulista do ano seguinte, com Sócrates formando uma dupla espetacular com Palhinha. O Doutor ainda conduziu o time a mais dois sucessos estaduais, em 1982 e 1983, mas o legado do camisa oito transcendeu as quatro linhas.

de cima. Magrão não quis deixar a cidade – e o clube – enquanto não se formasse em medicina. Foram quatro anos de loucura. “Do terceiro ao sexto ano de faculdade não dá nem para tentar explicar como foi possível conciliar. Era uma agenda completamente incompatível com um jogador profissional. Eram 12 horas, 13 horas de hospital/aula”, explica.

Em campo, apesar do assédio das grandes equipes, ajudou o time do Botafogo a alcançar resultados expressivos. Em 1974, seu parceiro de ataque, Geraldão, foi o artilheiro do campeonato, com uma enorme contribuição de Magrão. Em 1976, Sócrates foi o grande goleador do Paulistão. Em 1977, no mesmo ano que concluiu o curso de medicina, o craque foi o principal nome do time, campeão do 1º turno do estadual.

“A torcida aprendeu a me ouvir, assim adquiri credibilidade para ser um líder deles dentro de campo.”

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PERFIL

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A Democracia CorinthianaEm 1981, o Corinthians vivia uma crise fi nanceira, havia perdido a vaga para disputar o Campeonato Brasileiro do ano seguinte e Vicente Matheus deixava a presidência do clube após nove anos. Em seu lugar, assumiria Waldemar Pires, um homem da confi ança de Matheus, que ocuparia o cargo de vice-presidente. Pires, porém, nomeou Adilson Monteiro Alves, um sociólogo que nunca tinha tido contato com o futebol, como diretor de futebol, dando a ele plenos poderes sobre o time.

Os jogadores começaram a articular com Monteiro Alves soluções para a crise do clube e sugeriram que todos participassem das decisões coletivas. “Nós começamos a realizar votações nas quais todo mundo tinha o mesmo poder de decisão dentro do clube. No início, tivemos algumas difi culdades, pois nenhum jogador estava habituado com aquilo, mas gradativamente as pessoas foram aderindo ao movimento e em algum tempo já estava todo mundo participando”.

Para Sócrates, a Democracia Corinthiana (nome criado com h mesmo, pelo publicitário Washington Olivetto, então diretor de marketing do clube) marcou os melhores anos da vida dele. Uma excursão de 22 dias pela América Central entre novembro e dezembro daquele ano serviu para estreitar os laços entre o grupo e a diretoria e consolidar a Democracia.

“Deixamos uma lição de que é viável qualquer sociedade se relacionar desta forma. Seja uma microssociedade, como uma família, seja em uma grande corporação”. Em uma curtíssima experiência como treinador, Sócrates colocou em prática seu aprendizado com a democracia corinthiana, porém não surtiu efeito. “Quando eu fui técnico do Cabo Frio, coloquei em discussão o regime das concentrações, mas o único que votou contra ele fui eu”, conta rindo e complementa: “O futebol é um ambiente paternalista e fi car longe das decisões é até conveniente para o jogador”.

A desilusão democrática Sob os holofotes da Democracia Corinthiana, Sócrates entrou de cabeça na vida política nacional, participando ativamente do movimento Diretas Já – mobilização civil que reivindicava eleições presidenciais diretas no Brasil ocorrido a partir de 1983. A derrota das Diretas Já, porém, motivou Sócrates a aceitar o convite para jogar por uma equipe europeia, a Fiorentina, na Itália. Um ato de repúdio à rejeição dos parlamentares pela proposta. “Fiquei absolutamente frustrado ao ver aquilo e decidi partir”. Mas a experiência internacional foi quase tão ruim.

“Em uma palavra, posso dizer que minha vida em Florença era triste. É muito triste morar longe do Brasil. Não é fácil engolir o pragmatismo europeu. Fiquei um ano lá e vim embora correndo”, lembra.

De volta ao país, Sócrates foi jogar em outra equipe de massa, o Flamengo, onde fi cou por duas temporadas, mas jogou apenas 20 partidas e marcou cinco gols. Mesmo assim, foi convocado para a seleção brasileira na Copa de 1986, onde também não foi o mesmo de quatro anos antes, quando fez parte de uma equipe que encantou o mundo do futebol, mesmo sem ter conquistado o título: a famosa seleção de 1982. O craque também jogou por dois anos no Santos, seu clube de infância. E encerrou a carreira no Botafogo, de Ribeirão Preto. Porém, em nenhum deles voltou a repetir as belas exibições que o consagraram no Corinthians.

Sócrates não exerce mais a medicina. Com tamanha bagagem, ele não sabe explicar por que ainda não teve nenhuma proposta para trabalhar com futebol. Enquanto a carreira de gestor nem a política – outro sonho do Doutor – não decolam, ele exercita sua veia de comentarista esportivo. Há nove anos escreve uma coluna na revista Carta Capital. Também resenha para o jornal Agora e participa do programa Cartão Verde, da TV Cultura. “O jornalismo é uma grande oportunidade de transmitir ideias. E acho que estou agradando, pois já faz quase dez anos que estou nisso e ninguém reclamou”, brinca ele.

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UMA VERDADEIRA batalha, com regras bastante diferentes das do futebol convencional. Quando jogadores de futebol americano entram em campo, com capacete e protetor de boca, entre outros equipamentos, logo se vê que o objetivo ali é também lutar para proteger além do território a si próprio. E continuar lutando para ganhar o espaço do outro, até que seja possível realizar o touchdown ou o field goal, posições que os atletas buscam o tempo todo. Se você acha que este tipo de esporte está bem longe da realidade brasileira, saiba que o próprio Corinthians possui um time. Com 54 atletas na equipe principal e mais 40 em formação, chama-se Corinthians Steamrollers, representa o clube nos campeonatos estaduais e tem muita história interessante para contar. Já conquistou o vice-campeonato paulista duas vezes e o terceiro lugar em 2008. Em 2009, foi o único invicto até os playoffs (desempates) ganhando a Divisão e a conferência do paulista. Interessante, não é?

Trajetória - O Corinthians Steamrollers nasceu em 2004, quando a dupla Cauê Martins e Paulo Santos decidiu criar um time em Diadema (SP). Em 2005, a equipe participou de amistosos na região do ABC Paulista e em 2006 entrou para um torneio oficial pela primeira vez, o Campeonato Paulista /Torneio LigaFlag, em que ficou entre os quatro melhores colocados. Em 2007, o elenco foi renovado e evoluiu taticamente no ano seguinte, com a chegada do técnico Fabio Marin e a criação da Associação Esportiva Steamrollers. “O técnico trouxe a organização e a experiência conquistada como jogador nos Estados Unidos, ajudando a equipe a vencer a primeira fase do Campeonato Paulista e a se consagrar campeã da Divisão Sul”, conta Ricardo Trigo, fundador da Associação. Depois disso, foi a vez dos Steamrollers se aliarem a um grande clube. Em 15 de maio de 2008, eles se tornaram Corinthians Steamrollers e passaram a treinar no Parque São Jorge.

Um bando de Loucos jogando Com as mãos

“O Clube Corinthians é responsável pela compra de todos os equipamentos necessários para o time. Coisa que nenhuma equipe recebe no país”, explica Trigo, complementando que o esporte pode ser altamente rentável, basta ser devidamente explorado. Pouco a pouco, o time guerreiro vem ganhando destaque na mídia, e não só pelos resultados obtidos nos jogos, mas também por conta das personalidades que o apoiam. Desde 2009, a modelo e apresentadora do Pânico na TV, Sabrina Sato, é a madrinha dos jogadores, e a modelo e atriz Sabrina Boing Boing a rainha.

Trabalhadores, estudantes e jogadores. O mais curioso na formação dessa equipe de futebol americano é que ela é composta por estudantes e trabalhadores, com média de 23 anos de idade, e não por jogadores que se dedicam exclusivamente aos jogos. Por esta razão, todos os praticantes passam por avaliação de condicionamento físico durante a semana, mas treinam pesado mesmo só aos sábados e domingos.

Para Matias Peinado (23), mais conhecido como Argentino, a equipe é praticamente sua segunda família. A base dos Steamrollers sempre foi a amizade. “Desde que entrei, em 2007, o time é o mesmo. Nunca tivemos problemas ou brigas sérias no time, pois somos todos grandes amigos”. O jogador, que durante a semana trabalha em uma empresa de produção gráfica e publicidade, conta que para participar do time é necessário disciplina. “Todos os dias eu vou à academia e dedico pelo menos duas horas do meu dia para estudar meus adversários e bolar estratégias. Infelizmente não vivemos do esporte, mas o treino e a dedicação diária são necessários para poder, no final de semana, ter um bom rendimento em campo e aproveitar essa grande parceria com o Corinthians”.

P O R ÊT H I A G O ÊG U E R R A ÊÊÊÊÊF O T O S ÊD I V U L G A ‚ Ì O

EXTREMAMENTE POPULAR NOS ESTADOS UNIDOS, O FUTEBOL AMERICANO EMBARCOU NO PARQUE SÃO JORGE EM 2005 E O CORINTHIANS STEAMROLLERS JÁ COMEÇA A FAZER HISTÓRIA NO CAMPEONATO BRASILEIRO E NA LPFLA (LIGA PAULISTA DE FUTEBOL AMERICANO).

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OUTROS CAMPOS

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Calendário 2010 - “Os Steamrollers vão participar de vários jogos neste ano e já se preparam para o Campeonato Paulista, que começa no dia 6 de março. Esse campeonato vai até julho. Depois disso, vamos participar de mais duas competições simultâneas: o Campeonato Brasileiro (Torneio Touchdown) e a LPFLA (Liga Paulista de Futebol Americano)”, explica Trigo.

A expectativa é grande por parte dos jogadores do time, que esperam uma boa classifi cação nesses torneios e querem deixar sua marca nos gramados”. Desde novembro estamos treinando forte com todo o equipamento necessário. Queremos estar entre as três primeiras equipes do paulista, pelo menos”, enfatiza o jogador Matias Peinado. “Nossa expectativa é alcançar esse resultado. Esperamos vencer sempre, e para isso temos uma das melhores estruturas do Pais”.

De forma geral, o futebol americano pode ser considerado um esporte em que o companheirismo e o empenho contam muito. Segundo Trigo, o time pode ser comparado a uma linha de produção de um setor. “Se algum componente errar, pode atrapalhar todos os outros, e a equipe não conquistará os resultados desejados. A amizade e o trabalho em conjunto é fundamental. E isso o Steamrollers possui”.

Entenda como funciona o futebol americano:O jogo consiste no ganho de território. O time deve andar 100 metros no campo carregando a bola. A equipe de ataque tenta ganhar campo em cima da defesa adversária, havendo quatro tentativas para andar 10 metros. Cada vez que são alcançados os 10 metros, retorna-se novamente o número para quatro tentativas.As formas para essa conquista são por meio do passe e da corrida. Quando o ataque não conseguir, em quatro tentativas, alcançar os 10 metros, a bola vai para o time de ataque adversário. Entra a defesa, com o objetivo de parar os avanços do adversário, por meio de tackles (as derrubadas ao chão). Não são permitidos socos, chutes ou torções, tampouco puxar a máscara do adversário. Somente o impacto no corpo pode ser estabelecido para levá-lo ao solo.São marcados seis pontos quando os jogadores ultrapassam os últimos 10 metros do campo (end zone), o que é chamado de Touchdown. Com isso, o jogador ganha o direito a um chute, com valor de um ponto.

Serviço: Para saber mais informações sobre futebol americano e a equipe Corinthians Steamrollers entre no site: www.corinthiansfa.com.br

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OUTROS CAMPOS

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HAPPY HOUR ENTRE OS CRAQUESNO SÃO CRISTÓVÃO, COMIDA E BEBIDA SÃO DE PRIMEIRA DIVISÃO E OS GRANDES JOGADORES E TIMES DECORAM AS PAREDES.

O relógio já se aproximava das 15 horas quando dois senhores se sentaram à mesa. Sem consultar o cardápio, um deles pediu ao garçom o fi lé Oswaldo Aranha, o mais tradicional prato da casa, para duas

pessoas. Alguns segundos em silêncio e o outro frequentador comentou: “Não é da minha época, mas aquele ataque dos 103 gols do Corinthians, dizem, jogava muito”. “Onde?”, retrucou o primeiro. “Ali na parede, perto da foto do Edilson fazendo embaixadinha”, respondeu. A partir daquele momento os dois amigos passaram mais de uma hora conversando sobre futebol.

A cena, real, é recorrente para quem frequenta o São Cristóvão, no bairro da Vila Madalena, na capital paulista. Um bar que há dez anos atende seus clientes amparados por uma incrível e democrática coletânea do esporte mais popular do mundo, que cerca todos os cantos do estabelecimento e fornece assunto para um longo bate-papo, seja no almoço ou no happy hour.

Em um local onde o futebol pulsa, todas as torcidas têm o seu espaço. O pôster do Corin-thians, campeão brasileiro de 2005, convive em har-monia com uma fl âmula comemorativa ao título goianiense infantil do Atlético, com uma foto de Pelé, Leônidas e Zizinho, e com a imagem de Ronaldo Fenômeno na Copa de 2002, entre muitos outros.

Precursor do conceito dos bares temáticos do esporte, o São Cristóvão revela em suas paredes um mosaico de pequenas histórias, ídolos e detalhes do futebol, expostos em quadrinhos de fotos, recortes de jornal colados e outros objetos. A casa equilibra com talento um ambiente informal com um cardápio de toque refi nado, sempre aberto a novidades. “Sempre caminho para o diferente. Quando uma coisa fi ca comum, eu mudo”, afi rma Leonardo Silva Prado, o Leo, proprietário do bar, que, entre outras coisas, incrementa as noites do lugar com shows de jazz e de música cubana.

“Não é da minha época, mas aquele ataque dos 103 gols do Corinthians, dizem, jogava muito.”

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A ideia de um local com temática boleira surgiu quando Leo morava em Londres, na Inglaterra. “Eles colocavam as armas nas paredes. Eu pensava que o nosso orgulho é o futebol. Nossos heróis são os craques da bola. Foi ali que eu decidi que colocaria nas paredes as nossas armas”, diz Leo.

O nome do bar homenageia o clube do subúrbio carioca e também o tio do empresário, que torcia pelo time campeão carioca de 1926. “Eu sempre achei curiosa a relação do meu tio com o São Cristóvão e isso me serviu de inspiração”, explica o empresário, que seleciona meticulosamente cada um dos novos itens que serão destaques nas paredes, colunas, teto, prateleiras. “Depois de colocado, o objeto só é retirado se quebrar ou rasgar. Não há substituição”, diz Leo, que já encontra difi culdades para dispor o material, muitas vezes presentes dos frequentadores do lugar.

“Todo mundo tem algo especial em casa, como ingressos de jogos assistidos pelo avô na primeira metade do século passado, imagens muito antigas, cachecóis de clubes europeus, etc.”, lembra o empresário, que

destaca entre os objetos presenteados uma foto do atual camisa nove do Corinthians, Ronaldo, com a camisa do São Cristóvão. Eleito três vezes o melhor do mundo, o atacante é o principal nome na história do clube carioca, onde surgiu para o futebol.

FUTEBOL, COMIDA, CHOPPLeo admite que é difícil defi nir um critério para a seleção de cada foto ou objeto exposto. Segundo ele, há uma preferência aos artigos populares e de pouco valor econômico. “Nada aqui – ou quase nada – é uma peça única. Só têm valor aqui, dentro deste contexto. São quase todos recortes de revistas, que outras pessoas também possuem”.

O certo é que cada um destes objetos tem uma história e serve para alimentar um bom bate-papo sobre o esporte mais popular do planeta. O lugar recebe boleiros famosos. A maioria são ex-jogadores, que gostam de bater papo e relembrar os velhos tempos. “Jogador em atividade não vem. O bar é muito calmo para eles”, diverte-se Léo. Os das antigas adoram mostrar às novas gerações as imagens dos tempos de glória.

Engana-se, porém, quem pensa que o São Cristóvão é um bar exclusivamente para boleiros. “Não é exigência saber futebol e muito menos falar dele por aqui”, diz Leo, que jura que a maioria dos clientes nem presta atenção nas fotos, e que o santo que dá nome ao bar protege muito além de quem gosta de futebol. Aliás, vale lembrar aqui que São Cristóvão é considerado protetor dos motoristas e viajantes e, portanto, uma razão a mais para a visitinha.

Destaque entre os objetos presenteados, uma foto do atual camisa nove do Corinthians, Ronaldo, com a camisa do São Cristóvão.

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O MAPA CORINTIANOVocê pode visitar o São Cristóvão inúmeras vezes e sempre vai encontrar uma inexplorada imagem do esporte mais popular do planeta. O torcedor corinthiano vai se sentir em casa assim que entrar no bar, sendo talvez o clube mais retratado. Sócrates, Neto, Casagrande, Wladimir... Até uma candidata à Miss Corinthians 1955 está presente. Em todos os lugares, algo da história do Timão. Para ajudar, alguns dos destaques da coleção.

Logo na entrada, uma foto do time campeão brasileiro está bem no teto da varanda. À esquerda, entre inúmeras outras, o ataque dos 103 gols de 1951, com Carbone, Claudio, Luizinho, Mario e Baltazar, a famosa embaixadinha do capetinha Edilson e uma caricatura de Rivelino feita por um dos talentosos boêmios que visitam o local. Mais adiante, no balcão do caixa, uma foto com Casagrande e Sócrates desejando um feliz 1988 à nação corinthiana, e uma histórica foto da Fazendinha de 1937. No

balcão das bebidas, Biro-Biro e Russo. Na parede oposta, uma foto em preto e branco de

Casagrande exibindo a tatuagem de Che Guevara, outra do Baltazar, em 1954, uma charge de Sócrates e o inesquecível título paulista de 1977.

No café, uma foto de uma partida entre São Paulo e Corinthians, na qual o único indício do confronto é uma criança nos ombros de um senhor, vestindo a camisa do Timão. Nos fundos, perto da cozinha do restaurante, uma foto de Vicente e Marlene Matheus celebrando os inúmeros troféus da equipe. No mesmo espaço, uma das preferidas do proprietário: a jovem Darcy Coria, em uma publicação ofi cial do clube, concorrendo ao título de Rainha do Corinthians de 1955.

Até no banheiro há menção ao futebol, com destaque para a capa da revista Placar com o Doutor Sócrates ao lado de Zico.

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Serviço: Bar São Cristóvão | Rua Aspicuelta, 533 | (11) 3097 9904 | Aberto todos os dias das 12h às 3h da manhã.

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A HISTÓRIA DE UM ÍDOLO

MEMÓRIAS DO ETERNO XODÓ DA TORCIDA

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ia 6 de dezembro de 1990, semifinal do campeonato brasileiro. Das arquibancadas lotadas do Pacaembu brotava um sentimento único na fiel torcida: esperança no talento do homem que carregara o time nas costas até ali. A vitória naquele dia e o sucesso

de toda aquela campanha passavam, inevitavelmente, por ele: Neto, o craque xodó da torcida corinthiana nos anos 90.

Injustiçado ao ficar fora da Copa do Mundo de 1990, na Itália, Neto lavou a alma – a própria e a do time – nas partidas daquele Campeonato Brasileiro. Jogou um futebol que nos fez imaginar que o destino verde-amarelo naquela Copa poderia ter sido bem diferente da eliminação melancólica, meses antes, para a Argentina de Maradona. Escreveu seu nome na história corinthiana com inspiração e gols.

“Meus melhores momentos no futebol eu vivi naquela campanha do Brasileiro de 90. Foi o primeiro

título nacional do Corinthians. As partidas contra o Atlético Mineiro, pelas quartas de final, e com o Bahia, pela semifinal, são os jogos mais marcantes da minha carreira”, afirma José Ferreira Neto, ou simplesmente Neto, autor de três dos gols nos dois confrontos. “No outro, na primeira partida contra o Bahia, cruzei na cabeça do Giba e o zagueiro Paulo Rodrigues fez contra”, lembra o jogador.

“O gol da vitória contra o Bahia teve um sabor ainda mais especial”. Neto fala do gol da vitória na primeira partida da semifinal daquele ano, disputada em um Pacaembu castigado pela chuva, no qual os jogadores – e os 40 mil fiéis torcedores que acompanhavam a partida – sabiam que um mal resultado seria fatal para os sonhos de conquistar o inédito título nacional. Sentimento que, na verdade, nunca esteve muito presente. “Ninguém acreditava – nem nós mesmos – que poderíamos ser campeões”, diz.

O jogo já estava no segundo tempo. Um ex-corinthiano, Wagner Basílio, havia aberto o marcador para o time soteropolitano e Paulo Rodrigues empatou logo depois, contra, após um escanteio batido por Neto.

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JOGO DA VIDA

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Jogo: Corinthians 2 x 1 BahiaData: 16 de dezembro de 1990Torneio: Campeonato BrasileiroFase: Semifi nalLocal: Pacaembu/São PauloPúblico: 40 mil pessoasGols: Wagner Basílio (0x1); Paulo Rodrigues (contra, 1x1) e Neto (2x1) ESCALAÇÕES:• Corinthians – Ronaldo, Guinei, Marcelo Djian e Giba;Márcio Bittencourt, Neto (Ezequiel), Paulo Sérgio, Tupãzinho; eWilson Mano, Fabinho e Mauro; Técnico: Nelsinho Batista• Bahia – Chico, Jorginho, Wágner Basílio, Gléber e Maílson;Gil Sergipano, Luiz Henrique (Mazinho), Paulo Rodrigues;Charles, Marquinhos e Naldinho; Técnico: Candinho

Aos 18 minutos da etapa fi nal, o jogo seguia arrastado, com o Corinthians pressionado. “Derrubaram o Tupãzinho e tive mais uma oportunidade de bola parada”, diz o craque, especialista em faltas. O goleiro do Bahia, Chico, estava inspirado e já havia defendido algumas cobranças do camisa dez corinthiano durante a partida. “Foi um gol muito difícil. Tive que buscar uma alternativa para superá-lo”, relembra Neto.

Do lado direito do gol, quase na intermediária, Neto soltou sua mortal bomba de perna esquerda em diagonal, passando pelo lado direito da barreira. A bola ainda quicou na grama molhada antes de morrer no contrapé do goleiro do time baiano. Uma sensação difícil de descrever até hoje: “Um gol pelo Corinthians nunca é só um gol. É um marco para uma nação”, empolga-se o craque ao relembrar do último dos nove gols naquele torneio.

A comemoração foi a mesma inventada semanas antes, contra o Galo: deslizou de joelhos na grama e deu um soco no ar. Pouco depois, ele foi substituído por Ezequiel, para garantir o resultado, como faria novamente o técnico Nelsinho Baptista no jogo fi nal contra o São Paulo. Neto jogava os jogos no sacrifício. Aprendeu a conviver com a dor pelo amor ao Timão.

O feito deixou o time mais tranquilo para a partida seguinte, em Salvador, na qual seria necessário apenas segurar o empate. E o time segurou: 0 a 0. Passagem carimbada para a fi nal. “Para o torcedor, sei que o gol do Tupãzinho na fi nal contra o São Paulo é muito mais lembrado. Afi nal, foi o gol do título. Mas eu sou muito orgulhoso de ter ajudado a levar o time até este momento”, completa com a humildade de quem participou da jogada dos dois gols contra o São Paulo e foi o grande nome do time naquele marcante título.

FICHA TÉCNICANome completo: José Ferreira Neto Nascimento: 09/09/1966 Naturalidade: Santo Antônio de Posse/SP Altura/Peso: 1.74 m/76 kgJogos e Gols pelo Corinthians: 80/227 (média de 0,35 gols/jogo)Período pelo Corinthians: 7 anos (entre 1989 e 1993 e em 1997)Títulos: Campeonato Brasileiro de 1990 e Campeonato Paulista de 1997.

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JOGO DA VIDA

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NOITE DE ESTREIAA CORINTHIANSMAG FOI CONFERIR NO ESTÁDIO O PRIMEIRO JOGO DE ROBERTO CARLOS COM A CAMISA ALVINEGRA. VEJA QUEM PASSOU PELO PACAEMBU

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ARQUIBANCADA FIEL

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P O R ÊN I R L A N D O ÊB E I R Ì O

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OUTRAS PALAVRAS

ATÉ OS OUTROS sabem que nós somos especiais. Que ser corinthiano é ser corinthiano – ponto e basta. Eles sabem que Corinthians é fogo que aquece uma devoção sem limite. Amor que o coração sente, mesmo quando os olhos não vêem e quando a realidade – quer dizer, os árbitros – tenta contrariar. Congregação de devotos, mistério de fraternidade, privilégio da paixão, orgasmo múltiplo. Quem nunca gritou gol do Corinthians não sabe o que é amar nem o que é viver.

Eles, os outros, sabem que somos bem-aventurados apóstolos de uma religião profana em que os santos padroeiros têm nomes mundanos: Luisinho, Balthazar, Basílio, Rivelino, Marcelinho, Neto, Carlitos, Chicão. Eles, os outros, nos invejam: o bando de loucos atinge um transe sem droga e um êxtase sem artifício, comunhão mística cuja liturgia é o gol, sob as benções sincréticas de São Jorge e de Ogum.

Já disseram – quantas vezes? – que o Corinthians não é um time que tem uma torcida; é uma torcida que tem um time. Concordo: e já que a vitória é uma brincadeira, o

IRMÃOS DE FÉ, O QUE É QUE ESTOU FAZENDO AQUI TENTANDO EXPLICAR O QUE É INEXPLICÁVEL?

título, uma banalidade, o campeonato, mera circunstância, o próprio futebol é só um de-talhe. O Corinthians é maior. O corinthiano, também. Torcida é o espetáculo coletivo no qual onze guerreiros são, no gramado, o cho-rus line, mas é a arquibancada que dá a entonação e afina a harmonia.

Insisto: eles, os outros, nos invejam. Somos a segunda maior torcida do Brasil. A primeira é dos que torcem contra – e fazem figa, rangem os dentes, sofrem achaques, morrem de enxaqueca. Eles nos acusam: maloqueiros, sofredores. A gente responde: graças a Deus. A eles a gente oferece, entre uma goleada e outra, a dádiva da piedade.

Corinthians é experiência sagrada que vai muito além do culto dominical. Tem poderes curativos. Sara vodu e mau olhado. É fenômeno de paranormalidade que contagia – mesmo quando a gente é ateu, cético, agnóstico. Isso aí: crença até dos descrentes, o prazer de ser corinthiano não escolhe tempo, lugar ou status. Top dos tops, ou Série B – não importa, a festa é a mesma. Quando a delícia de torcer se chama Corinthians, é que nem sexo – sempre dá alegria (corinthiano, é bom que se diga, gosta de mulher e corinthiana gosta de homem).

Não precisamos de Bíblia nem de catedrais. Corinthiano sabe – e os outros se resignam – que a felicidade é aqui na Terra. Eu sou fiel, você é fiel, irmanados todos nós no mesmo credo: Ronaldo é Deus e Jorge Henrique é seu profeta. Amém.

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10 COISAS QUE NEM TODO CORINTHIANO SABE

1910 1920 1930 1940 1950

Antes do Parque São Jorge, inaugurado em 1928, o Corinthians teve um outro estádio, conhecido como campo da Ponte Grande. Ficava nas proximidades da atual Ponte das Bandeiras, onde hoje se localiza o Clube de Regatas Tietê, em um terreno da Rua Itaporanga, arrendado junto à Prefeitura. Os próprios jogadores da época, entre eles Ciasca (1891-1984), Américo (1896-?), Amílcar (1893-1965) e Neco (1895-1977) trabalharam na construção do gramado, que foi inaugurado em março de 1918. Lá, o Corinthians jogou até 1927, quando repassou as instalações da Ponte Grande para a extinta Associação Atlética São Bento, também da capital.

“Salve o Corinthians, o campeão dos campeões, eternamente dentro dos nossos corações...”. Mas antes desse, composto por Lauro D’Ávila em 1951, o Corinthians teve um outro hino. Composto entre 1929 e 1930, homenageava o time tricampeão paulista. Foi oferecido pelos autores, La Rosa Sobrinho e Eduardo Dohmen, ao ex-presidente Felippe Colonna, e começava assim: “Luctar... Luctar... É nosso lema sempre, para a glória. Jogar... Jogar... e conquistar os louros da Victória...”.

Poucos jogadores na história do futebol mundial alcançaram uma média de gols por partida superior à do centroavante Uriel Fernandes, o Teleco (1913-2000), com a camisa corinthiana. Entre 1934 e 1944, ele fez mais gols (255) do que jogos (248) pelo Timão. Apenas para efeito de comparação: a média de gols de Teleco como jogador corinthiano (1,02 por partida) supera a do próprio Pelé ao longo de toda a carreira, que em 1.375 jogos marcou 1.282 gols (0,93, pouco menos de um gol por jogo).

No Campeonato Paulista de 1946, o Corinthians fez 20 jogos. Ganhou 18, não empatou nenhum e só perdeu dois – ambos para o São Paulo, no turno e no returno. O Tricolor, por sua vez, não perdeu nenhum e acabou sendo bicampeão. Mesmo assim, aquele Timão de 1946 entrou para a história do futebol mundial como um dos vice-campeões com o maior número de vitórias em todos os tempos.

Entre 1952 e 1954, entre amistosos e torneios, o Corinthians alcançou um recorde que continua de pé até hoje entre os clubes brasileiros: 32 jogos invicto contra times internacionais. A série começou em 30 de junho de 1951, com goleada por 4 a 1 sobre um Combinado Uruguaio em pleno Estádio Nacional, em Montevidéu, na primeira partida da história do Timão disputada fora do País, e só foi terminar em 28 de fevereiro de 1954, quando finalmente o Millonarios, da Colômbia, conseguiu derrotar o Corinthians por 1 a 0, em um amistoso em Bogotá. Nesse período, destacam-se as vitórias sobre o Penãrol, do Uruguai, no Pacaembu (2 a 1), pela segunda Copa Rio; e os duplos triunfos sobre a Roma, da Itália (1 a 0 e 3 a 1), e o Barcelona, da Espanha (3 a 2 e 1 a 0), pela Pequena Taça do Mundo, disputada na Venezuela em 1953 e conquistada pelo Timão.

Servilho de Jesus artilheiro do campeonato paulista de 1946

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CURIOSIDADES

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P O R ÊC E L S O ÊU N Z E L T E10 COISAS QUE NEM TODO CORINTHIANO SABE

1960 1970 1980 1990 2000

O decantado tabu de onze anos sem vitórias do Corinthians sobre o Santos de Pelé valia, na verdade, apenas para os jogos do Campeonato Paulista. Naquele período, por outras competições, o Corinthians chegou a derrotar o Santos quatro vezes: - em 27 de março de 1958, por 2 a 1, pelo Torneio Rio-São Paulo, com Pelé em campo e marcando, inclusive, o gol santista antes da virada corinthiana, com um gol de pênalti cobrado pelo zagueiro Olavo no último minuto;- em 31 de março de 1960, também por 2 a 1, também pelo Torneio Rio-São Paulo; - em 29 de março de 1961, por 2 a 0, mais uma vez pelo Torneio Rio-São Paulo;- e em 16 de junho de 1962, por 3 a 1, no primeiro jogo da decisão da Taça São Paulo, da qual o Corinthians inclusive foi o campeão, empatando a segunda partida por 3 a 3 na Vila Belmiro.

No dia 4 de agosto de 1974, o Corinthians estreou no Campeonato Paulista goleando o América de São José do Rio Preto por 5 a 0, no Parque São Jorge. Na saída para o segundo tempo, o goleiro Pirangi, do América, ainda se benzia, encostado a uma das traves, quando foi surpreendido por um chute do meio do campo de Rivellino (1946-). Aquele gol, marcado aos 5 segundos, só não pode ser considerado o mais rápido do mundo porque oficialmente eram decorridos 45 minutos (do primeiro tempo) mais 5 segundos (da segunda etapa).

Quando disputou a Taça de Prata, equivalente à atual Série B do Campeonato Brasileiro, em 1982, o Corinthians não caiu para a segunda divisão. Na época, as vagas para a disputa do Brasileiro eram distribuídas de acordo com as campanhas dos times nos campeonatos estaduais, e não pela campanha no Brasileiro do ano anterior. Oitavo colocado no Paulistão de 1981, o Corinthians teve que começar o Brasileiro de 1982 na Taça de Prata. Mas não só conseguiu subir no mesmo ano como ainda terminou o Brasileiro da divisão principal (Taça de Ouro) em um honroso quarto lugar.

Claudinei Alexandre Pires, o Dinei (1970-), filho de Ney Oliveira (1944 -), ídolo corinthiano na década de 1960, é o único jogador três vezes campeão brasileiro pelo Corinthians. Em 1990, quando o Timão ganhou seu primeiro título nacional, Dinei era reserva, recém-saído dos juniores. Na campanha do bi de 1998/99, ele estava de volta ao clube. Mesmo enfrentando problemas físicos, foi decisivo ao entrar em campo durante as partidas e ajudar o time com seus passes e gols.

Ao conquistar seu quarto título de campeão brasileiro, em 2005, o Corinthians ficou para sempre com o troféu Campeão do Brasil, instituído em 1993. O regulamento da competição garantia que a posse definitiva da taça seria assegurada “à associação que o houver conquistado por três vezes, consecutivas ou alternadas”. Deu Palmeiras em 1993 e 1994. Botafogo em 1995. Grêmio em 1996. Vasco em 1997 e 2000. Atlético Paranaense em 2001. Santos em 2002 e 2004. Cruzeiro em 2003. E Corinthians, de virada, em 1998, 1999 e 2005.

Biro-Biro ídolo da década de 80

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Pequeno, barato e inteligente. Assim dá para defi nir o livro Futebol Brasileiro Hoje, escrito pelo jornalista José Geraldo Couto. O autor conseguiu reunir em único livro assuntos variados desse esporte, que é paixão nacional. O grande diferencial da obra é ter sido escrita tanto para leitores fanáticos pelo mundo futebolístico quanto para aqueles que não passam de curiosos sobre o assunto.A ideia é retratar o futebol

brasileiro hoje e mostrar como o esporte está entrelaçado na vida cultural do País, já que uma coisa é certa: mesmo quem não torce por time algum já teve algum momento de sua vida relacionado ao futebol.O livro também trata da profi ssionalização dos jogadores, do nivelamento da qualidade técnica e do desafi o do Brasil se fortalecer economicamente para não perder tantos atletas. Além disso, mostra como o Brasil virou um celeiro de jogadores e, em contrapartida, como o sonho de meninos e meninas que outrora era somente defender o País na copa hoje está mais voltado à busca de dinheiro e à saída para a Europa. Para o autor, esta sangria de jogadores precisa ser evitada com melhores condições fi nanceiras para o jogador.

Serviço: Livro: Futebol Brasileiro Hoje • Autor: José Geraldo Couto • Editora: PublifolhaComprar: Pelo telefone 0800-140090 • Valor: R$ 18,90

Foi em 22 de novembro de 1986, na cidade de Las Vegas, que o então pugilista Mike Tyson venceu outro americano, Trevor Berbick, 12 anos mais velho que ele, e se tornou o campeão mundial de pesos pesados. Na carreira, Mike Tyson fi cou conhecido como o “Demolidor Impiedoso”, por nocautear seus adversários sem dó. Já a vida pessoal do atleta foi marcada por polêmicas, com o

atleta tendo sido preso mais de 30 vezes antes de completar 13 anos. Apesar de já haver um fi lme sobre a vida do ex-pugilista, o enfoque dado pelo documentário Tyson rompe com todos os estereótipos. Dirigido por James Toback, amigo de infância do ex-boxeador, o fi lme mostra as muitas facetas do campeão, abusando de imagens antigas e inéditas, além de longos trechos do lutador contando sua história. Com tanta informação, o documentário poderia fi car cansativo, mas não o é. O fi lme conta com recursos visuais de ótima qualidade que deixaram a história dinâmica e ainda mais interessante. O que vale mesmo é conhecer a fi gura ainda enigmática de Tyson e ouvir os relatos que mostram como conseguiu passar de criminoso a campeão.

Nocauteando estereótipos

atleta tendo sido preso mais de 30 vezes antes de completar 13

Futebol brasileiro em compacto

Você conhece o Museu do Futebol? Se a resposta for não, você não sabe o que está perdendo. O local reúne um rico acervo sobre as diversas manifestações históricas desse esporte e, além de exposições de longa duração, que contam a história dos principais jogadores brasileiros, clubes, equipes técnicas, arbitragem e os bastidores do futebol, também conta com grandes e expressivas exposições temporárias.Localizado no estádio do Pacaembu, o Museu do Futebol investe em recursos modernos como vídeos e instalações e possui um auditório com capacidade para 180 lugares. O local leva o nome de um dos maiores jornalistas esportivos que o

Um museu para uma paixão

Brasil já teve, e que sempre considerou o futebol como um importante elemento de transformação cultural: Armando Nogueira. Um dos grandes atrativos do Museu é o fato de que a equipe e os orientadores estão preparados para receber todos os públicos, incluindo pessoas com todo tipo de defi ciência. Para ajudar, o espaço possui elevadores especiais, sanitários adaptados e intérpretes de libras, áudio guia e piso podotátil para cegos e pessoas com visão reduzida.Até 14 de março é possível conferir por lá a exposição “Ora Bolas! O Futebol pelo mundo”. A exibição traz registros da prática do esporte feita por jogadores amadores em diversos países, além de 51 fotos que mostram as diferentes maneiras de jogar futebol, como na Muralha da China. Dá até para saber como o futebol é jogado em países exóticos como a Suazilândia.

Serviço: Museu do Futebol • Praça Charles Miller, S/N • Estádio do Pacaembu – SPTel.: 11 3664-3848

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CULTURA

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