33
Iniciativa Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica GUIA DE BOLSO PARA O DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E PREVENÇÃO DA DPOC Um Guia para Profissionais de Saúde ATUALIZADO EM 2010 COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

Iniciativa Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

GUIA DE BOLSO PARA O DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO

E PREVENÇÃO DA DPOCUm Guia para Profissionais de Saúde

ATUALIZADO EM 2010

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 2: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

Iniciativa Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva CrônicaGuia de Bolso para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da DPOCComitê Executivo da Iniciativa Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica – GOLD

Dr. Roberto Rodriguez-Roisin, Espanha, PresidenteDr. Antonio Anzueto, Estados Unidos (representando a ATS)Dr. Jean Bourbeau, CanadáDra. Teresita S. DeGuia, FilipinasDr. David Hui, Hong Kong, ChinaDra. Christine Jenkins, AustráliaDr. Fernando Martinez, Estados UnidosDr. Michiaki Mishima, Japão (representando a APSR)Dra. María Montes de Oca, PhD (representando a ALAT)Dr. Robert Stockley, Reino UnidoDr. Chris van Weel, Países Baixos (representando a WONCA)Dr. Jorgen Vestbo, Dinamarca

Observador:Dra. Jadwiga Wedzicha, Reino Unido (representando a ERS)

GOLD Science Committee J. Vestbo, MD, Dinamarca, Presidencia F. Martinez, MD, Estados UnidosA. Agusti, MD, España M. Nishimura, MD, JapónA. Anzueto, MD, Estados Unidos R. Rodriguez-Roisin, MD, España P. Barnes, MD, Reino Unido D. Sin, MD, CanadaL. Fabbri, MD, Italia R. Stockley, MD, Reino UnidoP. Jones, MD, Reino Unido C. Vogelmeier, MD, Alemania

Líderes Nacionais da GOLD

Representantes de vários países formam uma rede para a disseminação e implementação de programas para o diagnóstico, tratamento e prevenção da DPOC. O Comitê Executivo da GOLD agradece aos vários Líderes Nacionais da GOLD que participaram das discussões dos conceitos utilizados nos relatórios da GOLD e aos seus comentários durante a revisão da Estratégia Global para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da DPOC, de 2006.

© 2010 Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease, Inc.COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 3: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

ÍNDICE

3 PREFACIO

5 PONTOS CHAVE

6 O QUE É DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC)?

7 FATORES DE RISCO: O QUE CAUSA A DPOC?

8 DIAGNÓSTICO DE DPOC8 •  Figura 1: Indicadores Chave para Considerar o          Diagnóstico de DPOC9 •  Figura 2: Espirograma Normal e Espirograma Típico de        Pacientes com DPOC Leve a Moderada11 •  Figura 3: Diagnóstico Diferencial da DPOC

12 COMPONENTES DA ASSISTÊNCIA: UM PROGRAMA DE TRATAMENTO DA DPOC13 •  Componente 1: Avaliar e Monitorar a Doença15 •  Componente 2: Reduzir os Fatores de Risco15 –   Figura 4: Estratégia para Ajudar um Paciente a         Parar de Fumar17 •  Componente 3: Tratar a DPOC Estável17 – Educação do Paciente 17 – Tratamento Farmacológico18 –   Figura 5: Formulações Habitualmente Utilizadas de          Drogas para DPOC20 – Tratamento Não Farmacológico21 –   Figura 6: Terapia em Cada Estádio da DPOC22 •  Componente 4: Tratar as Exacerbações22 – Como Avaliar a Gravidade de uma Exacerbação23 – Tratamento Domiciliar23 – Tratamento Hospitalar23 –   Figura 7: Indicações para Internação Hospitalar por          Causa de Exacerbações

25 APÊNDICE 1: ESPIROMETRIA PARA O DIAGNÓSTICO DE DPOC

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 4: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

3

PREFÁCIO

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma importante causa de morbidade crônica e de mortalidade em todo o mundo. A Iniciativa Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica – GOLD [do inglês “Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease”] foi criada para ampliar o conhecimento sobre a DPOC entre os profissionais de saúde, autoridades sanitárias públicas e o público em geral, e para melhorar a prevenção e o tratamento por meio de um esforço mundial coordenado. A Iniciativa prepara relatórios científicos sobre a DPOC, incentiva a disseminação e a adoção dos relatórios e promove a colaboração internacional em pesquisas sobre DPOC.Embora a DPOC seja reconhecida há muitos anos, as autoridades públicas do setor da saúde estão preocupadas com os contínuos aumentos em sua prevalência e mortalidade, que se devem em grande parte ao crescente uso de produtos à base de tabaco em todo o mundo e às mudanças na estrutura etária das populações dos países em desenvolvimento. A Iniciativa Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica oferece uma estrutura para o tratamento da DPOC que pode ser adaptada aos sistemas e recursos locais de assistência médica. Ferramentas educativas como, por exemplo, cartões plastificados ou programas de aprendizado em computador, podem ser preparadas para que se ajustem a esses sistemas e recursos.O programa Iniciativa Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica inclui as seguintes publicações:• Global Strategy for the Diagnosis, Management, and Prevention of COPD [Estratégia Global para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da DPOC]. Informações científicas e recomendações para programas de DPOC. (Atualizado em 2010)•Executive Summary, Global Strategy for the Diagnosis, Management, and Prevention of COPD [Resumo Executivo, Estratégia Global para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da DPOC].  (Atualizado em 2010)• Pocket Guide to COPD Diagnosis, Management, and Prevention [Guia de Bolso para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da DPOC]. Resumo das informações sobre assistência ao paciente para os profissionais de assistência médica primária. (Atualizado em 2010)• What You and Your Family Can Do About COPD [O Que Você e sua Família Podem Fazer com a DPOC]. Folheto informativo para pacientes e seus familiares.

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 5: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

4

Estas publicações estão disponíveis na Internet em www.goldcopd.org. Este site fornece links para outros websites com informações sobre a DPOC.

Este Guia de Bolso foi desenvolvido a partir da Estratégia Global para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da DPOC (2010). Discussões técnicas sobre a DPOC e seu tratamento, níveis de evidência e citações específicas da literatura científica estão incluídos nesse documento fonte.

Agradecimentos: Nossos agradecimentos às subvenções educativas oferecidas pela Almirall, AstraZeneca, Boehringer Ingelheim, Chiesi, Dey, Forest Laboratories, GlaxoSmithKline, Merck Sharp & Dohme, Novartis, Nycomed, Pfizer, e Philips Respironics. As generosas contribuições destas empresas garantiram que os participantes se reunissem e que as publicações fossem impressas para uma ampla distribuição. Os participantes, contudo, são os únicos responsáveis pelas declarações e conclusões nas publicações.

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 6: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

5

PONTOS CHAVE• A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma doença que pode ser prevenida e tratada, apresentando alguns efeitos extrapulmonares significativos que podem contribuir para a gravidade em determinados pacientes. O componente pulmonar caracteriza-se por uma limitação do fluxo de ar que não é inteiramente reversível. A limitação do fluxo de ar é geralmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal do pulmão a partículas ou gases nocivos.

• Em todo o mundo, o fator de risco mais frequentemente encontrado para a DPOC é o tabagismo. Em todas as oportunidades possíveis, os indivíduos que fumam (tabagistas) devem ser estimulados a parar de fumar. Em muitos países, a poluição do ar resultante da queima de madeira e de outros combustíveis da biomassa também foi identificada como um fator de risco para a DPOC.

• Debe considerarse un diagnóstico de EPOC en cualquier paciente con disnea, tos o emisión crónica produccion de esputo y/o con antecedentes de exposición a factores de riesgo de la enfermedad. El diagnóstico debe confirmarse mediante una espirometría.

• El programa de tratamiento de la EPOC incluye cuatro componentes: valoración y supervisión de la enfermedad, reducción de los factores de riesgo, tratamiento de la EPOC estable y tratamiento de las exacerbaciones.

• El tratamiento farmacológico puede prevenir y controlar los síntomas, reducir la frecuencia y la gravedad de las exacerbaciones, mejorar el estado de salud y aumentar la tolerancia al ejercicio.

• La educación del paciente puede contribuir a mejorar sus habilidades, su capacidad para afrontar la enfermedad y su estado de salud. Es una forma eficaz de conseguir el abandono del tabaquismo, de iniciar el debate y comprensión de las voluntades anticipadas y otros aspectos relacionados con el final de la vida, y de mejorar las respuestas a las exacerbaciones.

• La EPOC se asocia a menudo con exacerbaciones de los síntomas.

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 7: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

6

O QUE É DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC)?

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma doença que pode ser prevenida e tratada, apresentando alguns efeitos extrapulmonares significativos que podem contribuir para a gravidade em determinados pacientes. O componente pulmonar caracteriza-se por limitação do fluxo de ar que não é inteiramente reversível. A limitação do fluxo de ar é geralmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal do pulmão a partículas ou gases nocivos.

Esta definição não utiliza os termos bronquite crônica e enfisema* e exclui asma (limitação reversível do fluxo de ar).

Os sintomas da DPOC incluem:• Tosse• Produção de catarro (expectoração)• Dispneia ao esforço

Os episódios de agravamento agudo destes sintomas ocorrem frequentemente.

Tosse  crônica  e  produção  de  catarro  (expectoração)  muitas  vezes antecedem o desenvolvimento da limitação do fluxo de ar por muitos anos, embora nem todos os indivíduos com tosse e produção de catarro evoluam no sentido de desenvolver DPOC.

*Bronquite crônica, definida como a presença de tosse e produção de catarro (expectoração) por pelo menos 3 meses em cada um de 2 anos consecutivos, não está necessariamente associada com limitação do fluxo de ar. Enfisema, definido como destruição dos alvéolos, é um termo patológico que é algumas vezes (erroneamente) utilizado clinicamente e descreve apenas uma das várias anormalidades estruturais presentes em pacientes com DPOC.

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 8: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

7

FATORES DE RISCO: O QUE CAUSA A DPOC?Em todo o mundo, o tabagismo é o fator de risco mais frequentemente encontrado para a DPOC.

O fator de risco genético mais bem documentado é uma deficiência hereditária grave da alfa-1 antitripsina. Ela fornece um modelo de como outros fatores de risco genéticos contribuiriam para a DPOC.

O risco para a DPOC está relacionado à carga total de partículas inaladas por uma pessoa durante toda a vida:

•  Fumaça do tabaco, inclusive cigarro, cachimbo, charuto e outros tipos de tabagismo populares em muitos países, bem como fumaça ambiental de tabaco (FAT)

•  Poeiras e produtos químicos ocupacionais (vapores, irritantes e gases) quando as exposições são suficientemente intensas ou prolongadas

•  Poluição do ar em ambientes fechados decorrente do combustível de biomassa usado para cozinhar e para aquecer o ambiente em habitações mal ventiladas, um fator de risco que afeta particularmente as mulheres em países em desenvolvimento

•  Poluição do ar em ambientes externos também contribui para a carga total de partículas inaladas nos pulmões, embora pareça ter um efeito relativamente pequeno na causa da DPOC

Além disso, qualquer fator que afete o crescimento pulmonar durante a gestação e a infância (baixo peso ao nascer, infecções respiratórias, etc.) tem o potencial de aumentar o risco de um indivíduo desenvolver DPOC.

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 9: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

8

DIAGNÓSTICO DA DPOCO diagnóstico da DPOC deve ser considerado em qualquer paciente que apresente dispneia, tosse crônica ou produção de catarro (expectoração), e/ou história de exposição aos fatores de risco da doença, particularmente o hábito de fumar cigarros (tabagismo) (Figura 1).

O diagnóstico deve ser confirmado por espirometria* (Figura 2, página 9 e Apêndice I, página 24).

Figura 1: Indicadores Chave para Considerar o Diagnóstico da DPOC

Considere a possibilidade da DPOC e faça uma espirometria, se qualquer um destes indicadores estiver presente em um indivíduo com mais de 40 anos. Estes indicadores não são por si só diagnósticos, mas a presença de vários indicadores chave aumenta a probabilidade do diagnóstico de DPOC.

• Dispneia que é: Progressiva (agrava com o tempo). Geralmente pior com exercícios. Persistente (presente todos os dias). Descrita pelo paciente como um “esforço maior para respirar”, “sensação de peso”, “grande falta de ar” ou “respiração ofegante”.• Tosse crônica: Pode ser intermitente e pode ser não produtiva.• Produção crônica de catarro (expectoração): Qualquer padrão de produção crônica de catarro (expectoração) pode indicar DPOC.• História de exposição a fatores de risco: Tabagismo (inclusive preparações locais populares, como     cigarro de palha). Poeiras e produtos químicos ocupacionais. Fumaça de cozinha doméstica e combustível para aquecimento.

†Quando houver disponibilidade de espirometria, o diagnóstico da DPOC deve ser firmado por meio de todas as ferramentas disponíveis. Sintomas e sinais clínicos (falta de ar anormal e aumento do tempo expiratório forçado) podem ser usados para ajudar no diagnóstico. Um pico de fluxo baixo é compatível com DPOC, mas tem pequena especificidade já que pode ser causado por outras doenças pulmonares e por mal desempenho. Com a finalidade de melhorar a precisão do diagnóstico da DPOC, não devem ser poupados esforços no sentido de se oferecer acesso a uma espirometria padronizada.

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 10: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

9

Ao realizar uma espirometria, quantifique:

• Capacidade Vital Forçada (CVF) e • Volume Expiratório Forçado em um segundo (VEF1).

Calcule a razão VEF1/CVF.

Os resultados espirométricos são expressos em % do Previsto utilizando valores normais adequados para o sexo, a idade e a altura da pessoa.

Tipicamente, os pacientes com DPOC demonstram um decréscimo tanto em VEF1 quanto em VEF1/CVF. O grau de anormalidade espirométrica geralmente reflete a gravidade da DPOC. Entretanto, tanto os sintomas quanto a espirometria devem ser levados em consideração na elaboração de uma estratégia terapêutica individualizada para cada paciente.

Figura 2: Espirograma Normal e Espirograma Típico de Pacientes com DPOC Leve a Moderada*

*É recomendável VEF1 pós-broncodilatador para o diagnóstico e avaliação da gravidade da DPOC.

VEF1 CVF VEF1/CVFNormal 4,150 5,200 0,80DPOC 2,350 3,900 0,60

VEF1

Litros

DPOCCVF

VEF1

NormalCVF

Segundos

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 11: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

10

Estádios da DPOC

Estádio I: DPOC Leve - Limitação leve do fluxo de ar (VEF1/CVF < 0.70; VEF1 ≥ 80% do previsto) e algumas vezes, mas nem sempre, tosse crônica e produção de catarro (expectoração).

• Neste estádio, o indivíduo pode não estar ciente de que sua função pulmonar é anormal.

Estádio II: DPOC Moderada - Agravamento da limitação do fluxo de ar (VEF1/CVF < 0.70 50% ≤ VEF1 < 80% do previsto), com desenvolvimento de falta de ar ao esforço.

• É neste estádio que os pacientes geralmente buscam atenção médica por causa dos sintomas respiratórios crônicos ou de uma exacerbação da doença.

Estádio III: DPOC Grave - Agravamento adicional da limitação do fluxo de ar (VEF1/CVF < 0.70 ; 30% ≤ VEF1 < 50% do previsto), maior falta de ar, capacidade reduzida de exercícios e exacerbações repetidas que têm um impacto na qualidade de vida dos pacientes.

Estádio IV: DPOC Muito Grave - Grave limitação do fluxo de ar (VEF1/CVF < 0.70; VEF1 ≤ 30% do previsto) ou VEF1 < 50% do previsto mais insuficiência respiratória crônica. Os pacientes poderão ter DPOC Muito Grave (Estágio IV) mesmo se o VEF1 for > 30% do previsto, sempre que esta complicação estiver presente.

• Neste estádio , a qualidade de vida está bem comprometida e as exacerbações podem ser potencialmente fatais.

“Em Risco de DPOC”Um objetivo importante da GOLD é aumentar a percepção entre os provedores de assistência médica e o público em geral sobre a importância dos sintomas da DPOC. A classificação de gravidade da DPOC inclui atualmente quatro estádios categorizados por espirometria — Estádio I: DPOC Leve; Estádio II: DPOC Moderada; Estádio III: DPOC Grave; Estádio IV: DPOC Muito Grave. Uma quinta categoria — “Estádio 0: Em Risco” — que surgiu no relatório de 2001 não é mais incluída como um estádio da DPOC, já que são incompletas as evidências de que os indivíduos que satisfazem a definição de “Em Risco” (tosse crônica e produção de catarro, espirometria normal) necessariamente progridem para o Estádio I: DPOC Leve. Ainda assim, a importância da mensagem de saúde pública de que tosse crônica e catarro não são normais permanece inalterada e sua presença deve desencadear uma busca pela(s) causa(s) de base.

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 12: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

11

Diagnóstico Diferencial: Um importante diagnóstico diferencial é a asma. Em alguns pacientes com asma crônica, uma nítida diferenciação da DPOC não é possível com as atuais técnicas de imagem e testes fisiológicos. Nestes pacientes, o tratamento atual é semelhante ao da asma. Outros diagnósticos potenciais são geralmente mais fáceis de distinguir da DPOC (Figura 3).

Figura 3: Diagnóstico Diferencial da DPOC

Diagnóstico Traços Sugestivos*

DPOC Início na meia-idade.Sintomas lentamente progressivos.História longa de tabagismo.Dispneia durante exercício.Limitação basicamente irreversível do fluxo de ar.

Asma Começo no início da vida (frequentemente na infância)Sintomas variam de um dia para o outro.Sintomas à noite/de manhã cedo.Alergia, rinite e/ou eczema também presentes.História familiar de asma.Limitação basicamente reversível do fluxo de ar.

Insuficiência Cardíaca Congestiva

Estertores basilares finos à auscultação.Radiograma de tórax revela coração dilatado, edema pulmonar.Testes de função pulmonar sugerem restrição de volume, sem limitação do fluxo de ar.

Bronquiectasia Grandes volumes de catarro purulento.Geralmente associada a infecções bacterianas.Estertores grossos/baqueteamento à ausculta.Raio X/TC de tórax demonstra dilatação brônquica, espessamento de parede brônquica.

Tuberculose Início em todas as idades.Raio X de tórax demonstra infiltrado pulmonar ou lesões nodulares.Confirmação microbiológica.Elevada prevalência local de tuberculose.

Bronquiolite Obliterativa

Início em idade mais jovem, não fumantes.Podem apresentar história de artrite reumatoide ou exposição à fumaça.TC em expiração demonstra áreas hipodensas.

Panbronquiolite Difusa A maioria dos pacientes é do sexo masculino e não fumante.Quase todos têm sinusite crônica.Raio X de tórax e TC de alta resolução demonstram pequenas opacidades nodulares centrolobulares difusas e hiperinflação.

“Estes traços tendem a ser característicos das respectivas doenças, mas não ocorrem em todos os casos. Por exemplo, uma pessoa que nunca tenha fumado pode desenvolver DPOC (particularmente no mundo em desenvolvimento, onde outros fatores de risco podem ser mais importantes que o hábito de fumar cigarros); a asma pode se desenvolver em pacientes adultos e mesmo em idosos.

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 13: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

12

COMPONENTES DA ASSISTÊNCIA: UM PROGRAMA DE TRATAMENTO DA DPOCAs metas do tratamento da DPOC incluem:

• Aliviar os sintomas• Prevenir a progressão da doença• Aumentar a tolerância aos exercícios• Melhorar o estado de saúde• Prevenir e tratar complicações• Prevenir e tratar exacerbações• Reduzir a mortalidade• Prevenir ou minimizar os efeitos colaterais decorrentes do tratamento

Parar de fumar deve ser incluído como uma meta durante todo o período do programa de tratamento.

ESSAS METAS PODEM SER ALCANÇADAS ATRAVÉS DA IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE TRATAMENTO DA DPOC COM QUATRO COMPONENTES:

1. Avaliar e Monitorar a Doença 2. Reduzir os Fatores de Risco 3. Tratar a DPOC Estável 4. Tratar as Exacerbações

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 14: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

13

Componente 1: Avaliar e Monitorar a Doença

Uma história médica detalhada de um novo paciente com suspeita de DPOC ou com DPOC confirmada deve avaliar:

• Exposição a fatores de risco, inclusive intensidade e duração.

• História médica pregressa, inclusive asma, alergia, sinusite ou pólipos nasais, infecções respiratórias na infância e outras doenças respiratórias.

• História familiar de DPOC ou de outra doença respiratória crônica.

• Padrão de desenvolvimento dos sintomas.

• História de exacerbações ou internações hospitalares anteriores por distúrbio respiratório.

• Presença de comorbidades, como doença cardíaca, malignidades, osteoporose e transtornos musculoesqueléticos, que também podem contribuir para a restrição de atividade.

• Adequação dos tratamentos médicos atuais.

• Impacto da doença na vida do paciente, inclusive limitação de atividade; ausência no trabalho e impacto econômico; efeito nas rotinas familiares; e sensações de depressão ou ansiedade.

• Apoio social e familiar disponível ao paciente.

• Possibilidades de redução dos fatores de risco, particularmente parar de fumar.

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 15: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

14

Além da espirometria, outros testes apresentados a seguir podem ser considerados para a avaliação de um paciente com DPOC Moderada (Estádio II), Grave (Estádio III) e Muito Grave (Estádio IV).

•  Testes de reversibilidade com broncodilatador: Para descartar um diagnóstico de asma, particularmente em pacientes com uma história atípica (por exemplo, asma na infância e despertar noturno regular com tosse e respiração ofegante).

•  Raio X de tórax: Raramente diagnóstico na DPOC, mas de valor para excluir diagnósticos alternativos, como tuberculose pulmonar, e identificar comorbidades como insuficiência cardíaca.

•  Medição de gases em sangue arterial: Realizar em pacientes com VEF1 < 50% do previsto ou com sinais clínicos sugestivos de insuficiência respiratória ou insuficiência cardíaca direita. O principal sinal clínico de insuficiência respiratória é a cianose. Os sinais clínicos de insuficiência cardíaca direita incluem edema de tornozelo e um aumento na pressão venosa jugular. Insuficiência respiratória é sugerida por PaO2 < 8,0 kPa (60 mm Hg), com ou sem PaCO2 > 6,7 kPa (50 mm Hg) ao respirar ar no nível do mar.

•  Triagem para deficiência de alfa-1 antitripsina: Realizar quando a DPOC se desenvolve em pacientes de ascendência caucasiana com menos de 45 anos ou com uma forte história familiar de DPOC.

A DPOC é geralmente uma doença progressiva. Pode-se esperar que a função pulmonar piore com o passar do tempo, mesmo com a melhor assistência médica disponível. Os sintomas e a função pulmonar devem ser monitorados para acompanhar o desenvolvimento de complicações, para orientar o tratamento e para facilitar a discussão das opções terapêuticas com os pacientes. As comorbidades são comuns na DPOC e devem ser ativamente identificadas.

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 16: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

15

Componente 2: Reduzir os Fatores de Risco

Parar de fumar é a intervenção isolada mais efetiva — e econômica — para reduzir o risco de desenvolvimento da DPOC e desacelerar sua progressão.

• Mesmo um curto período de 3 minutos de aconselhamento para incentivar um fumante a parar de fumar pode ser efetivo e isso, no mínimo, deve ser feito para todos os fumantes em todas as consultas com um provedor de assistência médica. Estratégias mais intensivas aumentam a probabilidade de abandono sustentado do tabagismo (Figura 4).

• A farmacoterapia (reposição de nicotina, bupropiona / nortriptilina, e/ou vareniclina) é recomendável quando o aconselhamento não é o bastante para ajudar os pacientes a parar de fumar. É necessária uma consideração especial antes de utilizar farmacoterapia em pessoas que fumam menos de 10 cigarros por dia, em gestantes, adolescentes e nos com contraindicações médicas (doença arterial coronariana instável, úlcera péptica não tratada e infarto do miocárdio ou AVC recentes por reposição de nicotina; e história de convulsões por bupropiona).

Figura 4: Estratégia para Ajudar um Paciente a Parar de Fumar

1. PERGUNTAR: Identifique sistematicamente todos os usuários de tabaco em toda e qualquer visita. Implemente um sistema para todo o consultório que garanta que, para TODO E QUALQUER paciente em TODA E QUALQUER visita clínica, a condição de uso de tabaco seja indagada e documentada.

2. ACONSELHAR: Estimule energicamente os usuários de tabaco a parar de usá-lo.De maneira clara, contundente e personalizada, incentive todo usuário de tabaco a parar de usá-lo.

3. AVALIAR: Determine a disposição de fazer uma tentativa de parar.Pergunte a cada usuário de tabaco se ele está disposto a fazer uma tentativa de parar de fumar neste momento (por exemplo, nos próximos 30 dias).

4.  AUXILIAR: Ajude o paciente a parar de fumar. Ajude o paciente com um plano para parar de fumar; forneça aconselhamento prático; ofereça apoio social intratratamento; ajude o paciente a conseguir apoio social extratratamento; recomende o uso de farmacoterapia aprovada, se pertinente; forneça materiais complementares.

5. PROVIDENCIAR: Agende um contato de acompanhamento. Agende um contato de acompanhamento, pessoalmente ou por telefone.

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 17: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

16

Prevenção do Tabagismo: Incentive políticas e programas abrangentes de controle do tabaco com mensagens claras, coerentes e repetitivas de não tabagismo. Trabalhe com as autoridades governamentais para aprovar uma legislação para proibir fumo nas escolas, edifícios públicos e ambientes de trabalho e estimule os pacientes a não fumar em suas casas.

Exposições Ocupacionais: Enfatize a prevenção primária — a melhor forma de conseguir é pela eliminação ou redução das exposições a diversas substâncias no local de trabalho. A prevenção secundária, atingida por meio de vigilância e detecção precoce, é também importante.

Poluição do Ar em Ambientes Fechados e Externos: Implemente medidas para reduzir ou evitar a poluição do ar em ambientes fechados decorrentes do combustível de biomassa, queimado para cozinhar e aquecer habitações mal ventiladas. Aconselhe os pacientes a monitorar as comunicações públicas sobre a qualidade do ar e, dependendo da gravidade da doença, a evitar exercícios vigorosos ao ar livre ou a permanecer em ambientes internos durante eventos de poluição.

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 18: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

17

Componente 3: Tratar a DPOC Estável

O tratamento da DPOC estável deve ser orientado pelos seguintes princípios gerais:

• Determine a gravidade da doença individualmente, levando em consideração os sintomas do paciente, a limitação do fluxo de ar, a frequência e a gravidade das exacerbações, as complicações, a insuficiência respiratória, as comorbidades e o estado geral de saúde.

• Implemente um plano de tratamento gradativo que reflita essa avaliação da gravidade da doença.

• Escolha os tratamentos de acordo com as preferências nacionais e culturais, as aptidões e preferências do paciente e a disponibilidade local das medicações.

A educação do paciente pode ajudar a melhorar as aptidões, a capacidade de lidar com a doença e o estado de saúde. É uma maneira eficaz de conseguir parar de fumar, iniciar discussões e compreender as recomendações mais recentes e as questões do fim da vida e de melhorar as respostas às exacerbações a.

O tratamento farmacológico (Figura 5) pode controlar e prevenir sintomas, reduzir a frequência e gravidade das exacerbações, melhorar o estado de saúde e melhorar a tolerância a exercícios.

Broncodilatadores: Estas medicações são fundamentais para o controle dos sintomas na DPOC.

• A terapia inalatória é a preferencial.• Ministre “conforme necessário” para aliviar sintomas intermitentes

ou agravamento dos sintomas, e regularmente para prevenir ou reduzir sintomas persistentes.

• A escolha entre β2-agonistas, anticolinérgicos, metilxantinas e terapia de associação depende da disponibilidade das medicações e da resposta individual de cada paciente em termos de alívio dos sintomas e de efeitos colaterais.

• Um tratamento regular com broncodilatadores de longa duração, inclusive formulações de nebulização, é mais efetivo e cômodo do que o tratamento com broncodilatadores de curta duração.

• A associação de broncodilatadores de diferentes classes farmacológicas pode aumentar a eficácia e reduzir o risco de efeitos colaterais em comparação com o aumento da dose de um único broncodilatador.

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 19: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

18

Figura 5. Formulações e Doses Típicas de Medicações para DPOC*

Droga Inalador (μg)

Solução para Nebulizador

(mg/ml)Oral Frascos para

Injeção (mg)Duração da Ação (horas)

β2-agonistas Curta duraçãoFenoterol 100 a 200 (IDM) 1 0,05% (Xarope) 4 a 6

Salbutamol (albuterol) 100 , 200 (IDM e IPS) 5

5 mg (Comprimido),

0,024% (Xarope)0,1; 0,5 4 a 6

Terbutalino 400, 500 (IPS) 2,5; 5 (Comprimido) 4 a 6

Longa duraçãoLonga duração 4,5-12 (MD y DPI) 0,01a 12+Indacaterol 150-300 (DPI) 24Salmeterol 25-50 (MD y DPI) 12+Anticolinérgicos Curta duraçãoBrometo de ipratrópio 20 , 40 (IDM) 0,25 a 0,5 6 a 8Brometo de oxitrópio 100 (IDM) 1,5 7 a 9 Longa duraçãoTiotrópio 18 (IPS), 5 (INS) 24+Associação β2-agonistas de curta duração mais anticolinérgico em um mesmo inaladorFenoterol/Ipratrópio 200/80 (IDM) 1,25/0,5 6 a 8Salbutamol/Ipratrópio 75/15 (IDM) 0,75/0,5 6 a 8Metilxantinas

Aminofilina 200 a 600 mg (Comprimido) 240 mg Variável,

até 24

Teofilina (SR) 100 a 600 mg (Comprimido)

Variável, até 24

Glicocorticosteroides inalatórios

Beclometasona 50 a 400 (IDM e IPS) 0,2-0,4

Budesonida 100, 200, 400 (IPS) 0,20; 0,25; 0,5

Propionato de fluticasona 50 a 500 (IDM e IPS)

Associação β2-agonistas de longa duração mais glicocorticosteroides em um único inalador

Formoterol/Budesonida 4,5/160, 9/320 (IPS)

Salmeterol/Propionato de fluticasona

50/100, 250, 500 (IPS)

25/50, 125, 250 (IDM)

Glicocorticosteroides sistêmicos

Prednisona 5 a 60 mg (Comprimido)

Metil-prednisolona 4, 8, 16 mg (Comprimido)

Inibidores da fosfodiesterase-4

Roflumilast 500 mcg (Comprimido) 24

IDM = inalador dosimetrado; IPS = inalador de pó seco; INS = inalador de névoa suave*Nem todas as formulações estão disponíveis em todos os países; em alguns países, outras formulações podem estar disponíveis.±Formoterol solução para nebulização se baseia no frasco de dose única contendo 20 µgm em um volume de 2,0 ml

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 20: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

19

Glicocorticosteroides Inalatórios: O tratamento regular com glicocorticosteroides inalatórios não modifica o declínio do VEF1 no longo prazo, mas foi demonstrado que reduz a frequência das exacerbações e, portanto, melhora o estado de saúde dos pacientes sintomáticos com um VEF1 < 50% do previsto e exacerbações repetitivas (por exemplo, 3 nos últimos três anos). As relações dose-resposta e a segurança de longo prazo dos glicocorticosteroides inalatórios na DPOC não são conhecidas. O tratamento com glicocorticosteroides inalatórios aumenta a probabilidade de pneumonia e não reduz a mortalidade global.Um glicocorticosteroide inalatório associado com um β2-agonista de longa duração é mais efetivo que os componentes isolados na redução das exacerbações e melhora da função pulmonar e do estado de saúde. A terapia de associação aumenta a probabilidade de pneumonia e não apresenta efeitos significativos na mortalidade. Em pacientes com um VEF1 menor que 60%, a farmacoterapia com β2-agonista de longa duração, glicocorticosteroide inalatório e sua associação reduz o ritmo de declínio da função pulmonar. A adição de um β2-agonista de longa duração/glicocorticosteroide inalatório a um anticolinérgico (tiotrópio) parece proporcionar benefícios adicionais.Glicocorticosteroides Orais: Não é recomendável um tratamento de longo prazo com glicocorticosteroides orais.Inibidores da fosfodiesterase-4: Em pacientes com Estádio III: DPOC Grave ou Estádio  IV: DPOC Muito Grave e uma história de exacerbações e bronquite crônica, o inibidor da fosfodiesterase-4, roflumilast, reduz as exacerbações tratadas com glicocorticosteroides orais. Estes efeitos são também observados quando roflumilast é adicionado a broncodilatadores de longa duração; não existem estudos comparativos com glicocorticosteroides inalatórios.Vacinas: Vacinas contra Influenza reduzem a enfermidade séria e o óbito em pacientes com DPOC em 50%. Vacinas contendo vírus mortos ou vivos inativados são recomendadas e devem ser administradas uma vez por ano. Vacina contra polissacarídeo pneumocócico é recomendada para pacientes com DPOC com 65 anos ou mais e foi demonstrado que ela reduz a pneumonia adquirida na comunidade naqueles com menos de 65 anos com VEF1 < 40% do previsto.Antibióticos: Não recomendados, exceto para o tratamento de exacerbações infecciosas e infecções bacterianas.Agentes Mucolíticos (Mucocinéticos, Mucorreguladores): Pacientes com catarro viscoso podem se beneficiar dos mucolíticos, mas os benefícios globais são bem pequenos. O uso não é recomendado.Antitussígenos: O uso regular é contraindicado na DPOC estável.

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 21: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

20

O Tratamento Não Farmacológico inclui reabilitação, oxigenoterapia e intervenções cirúrgicas.

Reabilitação: Pacientes em todos os estádios da doença beneficiam-se dos programas de treinamento com melhoras na tolerância aos exercícios e nos sintomas de dispneia e fadiga. Os benefícios podem ser sustentados mesmo depois de um único programa de reabilitação pulmonar. A duração mínima de um programa de reabilitação eficaz é de 6 semanas; quanto mais o programa se prolongar, mas efetivos serão os resultados. O benefício diminui depois que termina um programa de reabilitação, mas se o treinamento com exercícios for mantido em casa, o estado de saúde do paciente permanecerá acima dos níveis de pré-reabilitação.

Oxigenoterapia: A administração de oxigênio de longo prazo (> 15 horas por dia) em pacientes com insuficiência respiratória crônica aumenta a sobrevida e tem um impacto benéfico sobre a hemodinâmica pulmonar, características hematológicas, capacidade para exercitar-se, mecânica pulmonar e sobre o estado mental.

Inicie oxigenoterapia para pacientes com Estádio IV: DPOC Muito Grave, se:

• PaO2 for menor ou igual a 7,3 kPa (55 mm Hg) ou SaO2 for menor ou igual a 88%, com ou sem hipercapnia; ou

• PaO2 estiver entre 7,3 kPa (55 mm Hg) e 8,0 kPa (60 mm Hg) ou SaO2 for 88%, se houver evidência de hipertensão pulmonar, edema periférico sugestivo de insuficiência cardíaca congestiva ou policitemia (hematócrito > 55%).

Tratamentos Cirúrgicos: Bulectomia e transplante de pulmão podem ser considerados em pacientes com Estádio IV: DPOC Muito Grave, cuidadosamente selecionados. Não existem atualmente evidências suficientes que corroborem o uso generalizado de cirurgia de redução do volume pulmonar (CRVP).

Não existem evidências convincentes de que o suporte ventilatório mecânico tenha um papel no tratamento de rotina da DPOC estável.

As metas da reabilitação pulmonar são reduzir os sintomas, melhorar a qualidade de vida e aumentar a participação nas atividades cotidianas.

A meta da oxigenoterapia de longo prazo é aumentar a PaO2 basal em repouso para pelo menos 8,0 kPa (60 mm Hg) no nível do mar, e/ou produzir SaO2 de pelo menos 90%, que preservarão a função de órgãos vitais por garantir um suprimento adequado de oxigênio.

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 22: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

21

Um resumo das características e do tratamento recomendado em cada estádio da DPOC é mostrado na Figura 6.

*VEF1 pós-broncodilatador é recomendável para o diagnóstico e avaliação da gravidade da DPOC

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 23: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

22

Componente 4: Tratar as Exacerbações

Uma exacerbação da DPOC é definida como um evento no curso natural da doença, caracterizado por uma alteração na dispneia, tosse e/ou catarro basais do paciente, que esteja fora das variações normais do dia a dia, que seja de início agudo e que possa justificar uma alteração na medicação regular de um paciente com DPOC de base.

As causas mais comuns de exacerbação são infecção da árvore traqueobrônquica e poluição do ar, mas a causa de cerca de um terço das exacerbações graves não pode ser identificada.

Como Avaliar a Gravidade de uma Exacerbação

Medições de gases do sangue arterial (em hospital): 

• PaO2 < 8,0 kPa (60 mm Hg) e/ou SaO2 < 90% com ou sem PaCO2 > 6,7 kPa, (50 mm Hg) quando respirando em ar ambiente indica insuficiência respiratória.

• Acidose moderada a grave (pH < 7,36) mais hipercapnia (PaCO2 > 6 a 8 kPa, 45 a 60 mm Hg) em um paciente com insuficiência respiratória é uma indicação para ventilação mecânica.

Raio X de tórax: Radiograma de tórax (posterior/anterior mais lateral) identificam diagnósticos alternativos que podem mimetizar os sintomas de uma exacerbação.

ECG: Auxilia no diagnóstico de hipertrofia ventricular direita, arritmias e episódios isquêmicos.

Outros testes laboratoriais:

• Cultura do catarro e antibiograma para identificar infecção, se não houver nenhuma resposta ao tratamento inicial com antibiótico.

• Testes bioquímicos para detectar distúrbios eletrolíticos, diabetes e má nutrição.

• Hemograma total pode identificar policitemia ou sangramento.

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 24: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

23

Tratamento Domiciliar

Broncodilatadores: Aumente a dose e/ou frequência de uma terapia já existente com broncodilatador de curta duração, preferencialmente com β2-agonistas. Se ainda não estiverem sendo empregados, adicione anticolinérgicos até que os sintomas melhorem.

Glicocorticosteroides: Se VEF1 basal < 50% do previsto, adicione 30 a 40 mg de prednisolona oral por dia durante 7 a 10 dias ao esquema com broncodilatador. Budesonida sozinha pode ser uma alternativa aos glicocorticosteroides orais no tratamento das exacerbações e está associada com uma redução significativa de complicações.

Tratamento Hospitalar

Os pacientes com as características listadas na Figura 7 devem ser

Assistência Domiciliar ou Assistência Hospitalar para Pacientes com DPOC Terminal?

O risco de óbito decorrente de uma exacerbação da DPOC está intimamente relacionado ao desenvolvimento de acidose respiratória, à presença de comorbidades sérias e à necessidade de suporte ven-tilatório. Pacientes que não apresentam essas características não têm risco alto de óbito, mas aqueles com DPOC de base grave frequent-emente exigem internação hospitalar em qualquer caso. As tentativas de tratar tais pacientes inteiramente na comunidade tiveram sucesso limitado, mas devolvê-los aos seus lares com um maior apoio social e um programa de assistência médica supervisionada, depois de uma avaliação inicial em pronto-atendimento, teve um sucesso bem maior. Entretanto, análises detalhadas de custo- efetividade destas aborda-gens não foram relatadas.

Figura 7: Indicações para Internação Hospitalar por causa de Exacerbações

• Aumento acentuado na intensidade dos sintomas, como um súbito desenvolvimento de dispneia em repouso

• DPOC de base grave• Início de novos sinais físicos

(por exemplo, cianose, edema periférico)

• Exacerbação que não responde ao tratamento médico inicial

• Comorbidades significativas• Exacerbações frequentes• Arritmias de ocorrência recente• Incerteza diagnóstica• Mais idoso• Apoio insuficiente em casa

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 25: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

24

internados em hospital. As indicações para encaminhamento e tratamento das exacerbações da DPOC em hospital dependem dos recursos locais e das instalações do hospital local.

Antibióticos: Antibióticos devem ser ministrados em pacientes:

• Com os três seguintes sintomas fundamentais: aumento da dispneia, aumento do volume de catarro, aumento da purulência do catarro

• Com aumento da purulência do catarro e mais outro sintoma fundamental

• Que exigem ventilação mecânica

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 26: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

25

APÊNDICE I:ESPIROMETRIA PARA O DIAGNÓSTICO DE DPOCA espirometria é tão importante para o diagnóstico da DPOC quanto as medidas de pressão arterial para o diagnóstico de hipertensão. A espirometria deve estar disponível para todos os profissionais de assistência médica.

O que é Espirometria?

Espirometria é um teste simples para medir a quantidade de ar que uma pessoa consegue expirar e o período de tempo para fazê-lo.

Um espirômetro é um aparelho utilizado para medir a eficácia e a rapidez com que os pulmões podem ser esvaziados.

Um espirograma é uma curva de volume-tempo.

As medições de espirometria utilizadas para os diagnósticos de DPOC incluem (veja a Figura 2, página 9):

•  CVF (Capacidade Vital Forçada): volume máximo de ar que pode ser exalado durante uma manobra forçada.

•  VEF1 (Volume Expirado Forçado em um segundo): volume expirado no primeiro segundo de uma expiração máxima depois de uma inspiração máxima. É uma medida da rapidez com que os pulmões podem ser esvaziados.

•  VEF1/CVF: VEF1 expresso como uma porcentagem da CVF fornece um índice clinicamente útil da limitação do fluxo de ar.

A razão VEF1/CVF é de 0,70 a 0,80 em adultos normais; um valor menor que 0,70 indica limitação do fluxo de ar e a possibilidade de DPOC.

O VEF1 é influenciado pela idade, sexo, altura e etnia e é mais bem considerado como uma porcentagem do valor normal previsto. Existe uma vasta literatura sobre valores normais; os adequados para as populações locais devem ser utilizados1,2,3.

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 27: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

26

Por que Fazer Espirometria para a DPOC?

• A espirometria é necessária para fazer um diagnóstico firme de DPOC

• Juntamente com a presença de sintomas, a espirometria ajuda a determinar a gravidade da DPOC e pode ser uma orientação para as etapas terapêuticas específicas.

• Um valor normal de espirometria exclui efetivamente o diagnóstico de DPOC clinicamente relevante.

• Quanto menor o porcentual previsto do VEF1, pior o prognóstico subsequente.

• O VEF1 declina com o tempo e mais rapidamente na DPOC do que em indivíduos saudáveis. A espirometria pode ser utilizada para monitorar a progressão da doença, mas, para ser confiável, os intervalos entre as medições devem ser de, no mínimo, 12 meses.

De que Você Precisa para Realizar a Espirometria

Existem vários tipos de espirômetros disponíveis:

• espirômetros relativamente grandes de fole ou de selo rolante (geralmente disponíveis apenas em laboratórios de função pulmonar). A calibração deve ser regulamente verificada contra um volume conhecido, por exemplo, uma seringa de 3 litros.

• aparelhos de mão menores, frequentemente com sistemas de calibração eletrônica.

Uma cópia impressa da curva volume-tempo é muito útil para verificar o desempenho e a interpretação ideais e para descartar erros.

A maioria dos espirômetros exige energia elétrica para permitir a operação do motor e/ou sensores. Estão disponíveis algumas versões operadas por bateria que podem ser conectadas a um computador para fornecer cópia impressa.

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 28: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

27

É essencial aprender como a máquina é calibrada e quando e como limpá-la.

Como Realizar a Espirometria

Espirometria é melhor realizada com o paciente sentado. Os pacientes podem ficar ansiosos com a realização correta dos testes e devem ser tranquilizados. A explicação cuidadosa do teste, acompanhada de uma demonstração, é muito útil. O paciente deve:

• Inspirar até encher inteiramente os pulmões.

• Cerrar os lábios em torno do bocal, para vedá-lo.

• Forçar o ar para fora do peito com o máximo de força e rapidez possível até que os pulmões estejam inteiramente “vazios”.

• Inspirar novamente e relaxar.

A expiração deve continuar até que não seja mais possível expirar nenhum ar, deve ser de pelo menos 6 segundos e pode durar até 15 segundos ou mais.

Como qualquer teste, os resultados da espirometria só terão valor se as expirações forem executadas de uma maneira satisfatória e consistente. A CVF e o VEF1 a serem considerados como os valores representativos do paciente devem ser o maior valor obtido de qualquer uma das 3 curvas tecnicamente satisfatórias; os valores da CVF e do VEF1 nestas 3 curvas não devem variar em mais de 5% ou 100 ml, o que for maior. O VEF1/CVF é calculado utilizando o VEF1 e a CVF máximos de curvas tecnicamente aceitáveis (não necessariamente as mesmas).

Aqueles com dor torácica ou tosse frequente podem não ser capazes de realizar um teste satisfatório e esse fato deve ser observado.

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 29: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

28

Onde encontrar informações mais detalhadas sobre espirometria

1. American Thoracic Society [Sociedade Torácica Americana] http://www.thoracic.org/adobe/statements/spirometry1-30.pdf

2. Australian /New Zealand Thoracic Society [Sociedade Torácica Australiana/Neozelandesa]

http://www. nationalasthma.org.au/publications/spiro/index.html

3. British Thoracic Society [Sociedade Torácica Britânica] http://www.brit-thoracic.org.uk/copd/consortium.html

4.  GOLD Um guia de espirometria para o clínico geral e um conjunto de slides educativos estão disponíveis em: http: //www.goldcopd.org http: //www.golddpoc.com.br

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE

Page 30: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

29

NOTASCO

PYRI

GHT

ED M

ATER

IAL

- DO

NO

T AL

TER

OR

REPR

ODU

CE

Page 31: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

30

NOTASCO

PYRI

GHT

ED M

ATER

IAL

- DO

NO

T AL

TER

OR

REPR

ODU

CE

Page 32: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

31

NOTASCO

PYRI

GHT

ED M

ATER

IAL

- DO

NO

T AL

TER

OR

REPR

ODU

CE

Page 33: COPYRIGHTED MATERIAL - DO NOT ALTER OR REPRODUCE

A Iniciativa Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é patroci-nada por subvenções educativas não restritivas da:

Visite o website da GOLD em www.goldcopd.org

COPY

RIG

HTED

MAT

ERIA

L - D

O N

OT

ALTE

R O

R RE

PRO

DUCE