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2013 CONTABILIDADE GERAL Prof. Osir Afonso Tessari

Contabilidade Geral - UNIASSELVI

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Page 1: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

2013

Contabilidade Geral

Prof. Osir Afonso Tessari

Page 2: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2013

Elaboração:

Prof. Osir Afonso Tessari

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri

UNIASSELVI – Indaial.

657T338c Tessari, Osir Afonso Contabilidade geral / Osir Afonso Tessari, Indaial : Uniasselvi,

2013. 187 p. : il ISBN 978-85-7830-802-5

1. Contabilidade. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

Page 3: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

III

apresentação

A partir de agora, estudar contabilidade geral torna-se um desafio. Esse desafio será estimulante dentro de uma sistemática diferente de estudar e aprender. Certamente, com a sistemática de educação a distância, estaremos construindo conhecimentos de maneira empreendedora e, ao mesmo tempo, contribuindo para transformar nossa localidade, nossa cidade, nosso estado e nosso país num lugar bom para se viver.

A contabilidade é um instrumento fundamental para auxiliar a administração moderna e tem como objetivo principal gerar informações para embasar as decisões a serem tomadas. Para isso, a contabilidade dispõe de recursos que permitem a identificação, o registro, a mensuração e possibilita a análise dos eventos econômicos que alteram o patrimônio de uma entidade. Uma organização, que não possui um sistema contábil que seja eficaz na evidenciação das reais oscilações de sua riqueza, não estará apta a garantir sua continuidade no mundo empresarial.

Da mesma forma, a contabilidade é importante não apenas no ambiente empresarial, mas também é útil para as pessoas que dirigem qualquer empreendimento, ou tomam decisões importantes no dia a dia, pois a contabilidade dispõe de recursos que permitem analisar relatórios com informações que irão auxiliar no processo decisório.

A Contabilidade é a ciência que avalia e mensura a riqueza das empresas ou das pessoas, proporcionando informações corretas e confiáveis para a tomada de decisões. A contabilidade geral, como disciplina, é importante para a formação de gestores que futuramente irão tomar decisões e dar novos rumos às empresas as quais irão dirigir.

Para que o desafio de estudar contabilidade geral se torne prazeroso, iremos utilizar neste caderno uma linguagem simples e lógica, com uma metodologia diferenciada, em que cada tópico estudado seja comparado à construção de um degrau de uma grande escada. Assim, no final do Caderno, cada acadêmico(a) terá construído a sua grande escada do conhecimento contábil.

Então, vamos ao desafio e desde já desejo bons estudos contábeis a todos.

Prof. Osir Afonso Tessari

Page 4: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

IV

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos!

UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

UNI

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VII

UNIDADE 1: A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS ...................................... 1

TÓPICO 1 – NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE ............................................................. 31 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 32 A ORIGEM DA CONTABILIDADE ................................................................................................ 33 CONCEITO ........................................................................................................................................... 44 CAMPO DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL ..................................................................................... 65 OBJETO E FINALIDADE DA CONTABILIDADE ....................................................................... 86 OS INTERESSADOS NAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS ....................................................... 117 A ENTIDADE CONTÁBIL ................................................................................................................ 13RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 16AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 17

TÓPICO 2: PATRIMÔNIO .................................................................................................................... 191 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 192 CONCEITO DE PATRIMÔNIO ........................................................................................................ 20RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 25AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 26

TÓPICO 3: O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO ................................................. 271 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 272 ATIVO .................................................................................................................................................... 273 PASSIVO ............................................................................................................................................... 294 PATRIMÔNIO LÍQUIDO .................................................................................................................. 31AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 355 OS DIVERSOS ESTADOS PATRIMONIAIS ................................................................................ 36

5.1 SITUAÇÃO LÍQUIDA POSITIVA ................................................................................................ 365.2 SITUAÇÃO LÍQUIDA NEGATIVA .............................................................................................. 375.3 SITUAÇÃO LÍQUIDA NULA ....................................................................................................... 38

LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 39RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 43AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 44

TÓPICO 4: CONTABILIZANDO COM BALANÇOS SUCESSIVOS .......................................... 451 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 452 A CONSTITUIÇÃO DE UMA EMPRESA ...................................................................................... 453 CONTABILIZANDO AS OPERAÇÕES DE UMA EMPRESA ................................................... 46

3.1 CONTABILIZANDO A CRIAÇÃO DA EMPRESA ................................................................... 463.2 CONTABILIZANDO A AQUISIÇÃO DE IMÓVEL .................................................................. 473.3 CONTABILIZANDO A AQUISIÇÃO DE MÁQUINAS ........................................................... 483.4 CONTABILIZANDO A AQUISIÇÃO DE MÓVEIS E UTENSÍLIOS ...................................... 493.5 CONTABILIZANDO A VENDA DE UM BEM .......................................................................... 503.6 CONTABILIZANDO O PAGAMENTO DE UMA DÍVIDA ..................................................... 513.7 CONTABILIZANDO O RECEBIMENTO DE UM DIREITO ................................................... 52

sumário

Page 8: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

VIII

4 CONCEITO DE CAPITAL ................................................................................................................. 534.1 CAPITAL SOCIAL .......................................................................................................................... 534.2 CAPITAL PRÓPRIO ....................................................................................................................... 534.3 CAPITAL DE TERCEIROS ............................................................................................................ 534.4 CAPITAL TOTAL À DISPOSIÇÃO DA EMPRESA ................................................................... 54

RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 55AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 56

UNIDADE 2 – A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS ........... 61

TÓPICO 1: A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL ...................................................... 631 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 632 O BALANÇO PATRIMONIAL E SUA ESTRUTURA .................................................................. 643 AS CONTAS .......................................................................................................................................... 684 O PLANO DE CONTAS ..................................................................................................................... 695 A ELABORAÇÃO DO PLANO DE CONTAS ................................................................................ 706 CONTAS SINTÉTICAS E ANALÍTICAS ....................................................................................... 78RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 79AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 80

TÓPICO 2: RAZONETES E AS PARTIDAS DOBRADAS ............................................................. 811 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 812 RAZONETES ........................................................................................................................................ 813 PARTIDAS DOBRADAS ................................................................................................................... 823.1 REGRA PARA AS CONTAS DO ATIVO ..................................................................................... 82

3.2 REGRA PARA AS CONTAS DO PASSIVO ................................................................................. 833.3 REGRA PARA AS CONTAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ..................................................... 83

RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 87AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 88

TÓPICO 3: AS VARIAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E A APURAÇÃO DOS RESULTADOS ......................................................................................................................................... 911 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 912 RECEITAS E DESPESAS .................................................................................................................... 913 ENCERRAMENTO DAS CONTAS DE RESULTADO ................................................................. 97RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 103AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 104

TÓPICO 4: ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS ......................................................................... 1071 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 1072 ATOS ADMINISTRATIVOS ............................................................................................................. 1073 FATOS ADMINISTRATIVOS ........................................................................................................... 108

3.1 FATOS PERMUTATIVOS ............................................................................................................... 1093.2 FATOS MODIFICATIVOS ............................................................................................................. 1113.3 FATOS MISTOS ............................................................................................................................... 113

LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 115RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 119AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 120

UNIDADE 3 – ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS .............................................................................................................. 123

TÓPICO 1: ESCRITURAÇÃO .............................................................................................................. 125

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IX

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 1252 LIVROS UTILIZADOS NA ESCRITURAÇÃO ............................................................................. 125

2.1 LIVRO DIÁRIO ............................................................................................................................... 1262.2 LIVRO RAZÃO ............................................................................................................................... 127

3 MÉTODO DE ESCRITURAÇÃO ..................................................................................................... 1284 LANÇAMENTOS CONTÁBEIS ....................................................................................................... 128

4.1 FÓRMULAS DE LANÇAMENTOS CONTÁBEIS ..................................................................... 1304.1.1 Primeira fórmula .................................................................................................................... 1314.1.2 Segunda fórmula .................................................................................................................... 1314.1.3 Terceira fórmula ..................................................................................................................... 1324.1.4 Quarta fórmula ....................................................................................................................... 133

5 CONTABILIZAÇÃO DE JUROS E DESCONTOS ........................................................................ 133RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 138AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 139

TÓPICO 2: INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE .......................................................... 1451 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 1452 INVENTÁRIO PERIÓDICO .............................................................................................................. 145

2.1 APLICAÇÃO DA FÓRMULA DO CMV ..................................................................................... 1462.2 CONTABILIZAÇÃO PELO INVENTÁRIO PERIÓDICO ........................................................ 1482.3 CONTABILIZAÇÃO DO CMV, RCM E RESULTADO: PASSO A PASSO ............................. 149

AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 1523 INVENTÁRIO PERMANENTE ........................................................................................................ 156

3.1 PEPS .................................................................................................................................................. 1563.2 UEPS ................................................................................................................................................. 1613.3 MÉDIA PONDERADA MÓVEL ................................................................................................... 165

4 COMPARAÇÃO ENTRE OS TRÊS MÉTODOS ........................................................................... 169LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 172RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 174AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 175REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 185

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X

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UNIDADE 1

A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade você estará apto(a) a:

• compreender o conceito de Contabilidade, bem como a sua aplicabilidade;

• conhecer, compreender e identificar o patrimônio das entidades;

• interpretar as mutações ocorridas no patrimônio das entidades por diver-sas operações contábeis.

Esta unidade está dividida em quatro tópicos e neles você encontrará os conceitos básicos da contabilidade, bem como exercícios de fixação que serão desenvolvidos em cada tópico.

TÓPICO 1 – NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE

TÓPICO 2 – PATRIMÔNIO

TÓPICO 3 – O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

TÓPICO 4 – CONTABILIZANDO COM BALANÇOS SUCESSIVOS

Assista ao vídeo desta unidade.

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3

TÓPICO 1UNIDADE

NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE

1 INTRODUÇÃO

Neste primeiro tópico daremos os primeiros passos no aprendizado da contabilidade. Para isso se faz necessário conhecermos os conceitos básicos desta ciência, desde a sua origem, sua finalidade, seus objetivos e quem são os maiores beneficiados pelo seu uso.

Vamos notar que a contabilidade está presente em todos os momentos de nossa vida, acima de tudo quando necessitamos tomar decisões importantes, dando rumos diferentes a questões em que são necessárias tais decisões.

2 A ORIGEM DA CONTABILIDADE

A origem da contabilidade é muito antiga. Costuma-se dizer que a contabilidade é tão antiga quanto a origem do homem. A contabilidade, na sua forma rudimentar, era utilizada pelo homem pré-histórico. Naquele tempo, o registro das coisas que possuía – como, por exemplo, seu rebanho de ovelhas – era feito pela associação da quantidade de animais possuídos pela quantidade de pedras. O homem possuía em suas mãos uma pedra para cada animal que havia sido levado ao pasto. Ao retornar, verificava se a quantidade de pedras conferia com a quantidade de animais, podendo então checar se algum animal havia se perdido. Assim o homem pré-histórico conseguia quantificar e controlar a sua riqueza, o seu patrimônio.

A contabilidade moderna nasceu no norte da Itália, provavelmente durante os séculos XII e XIV. Datam dessa época diversos registros semelhantes aos verificados na contabilidade moderna.

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UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

4

Consolidou-se pelo trabalho elaborado pelo frade franciscano, matemático, teólogo e contabilista Frei Luca Pacioli, que publicou na Itália, em 1494, um tratado sobre contabilidade que ainda hoje é de grande utilidade no meio contábil. Trata-se do método das partidas dobradas. Sabe-se que frei Luca não foi o inventor do método, ele apenas descreveu uma metodologia já em uso na Itália, pelo menos um século antes.

A grande importância da obra de Frei Luca está em reconhecer o método como o ideal para a escrituração, além do que, em sua obra há toda uma preocupação em sistematizar os conceitos e instrumental contábil para o registro e controle do patrimônio.

Assim, dessa época até o século XX a Europa foi o centro dos estudos contábeis. Nessa fase, a contabilidade buscava melhorar a forma de representar a situação das empresas, embora não houvesse muita preocupação com o usuário externo da informação, pois a informação era restrita ao proprietário do empreendimento.

O desenvolvimento da contabilidade foi notório com a ascensão econômica norte-americana num período recente, principalmente após a grande crise econômica de 1929, onde muitas empresas vieram a sucumbir. Após esse período, com a ascensão cultural e econômica, o crescimento do mercado de capitais, da auditoria, houve a preocupação de tornar a contabilidade um mecanismo útil para a tomada de decisões, devido à necessidade de trazer informações às pessoas que investiam nesse mercado. Assim, a contabilidade evoluiu muito, com o desenvolvimento de pesquisas, com a busca de maior quantidade de aplicações das teorias desenvolvidas e de um sistema de regulamentação que dita normas com as quais a contabilidade se alicerça.

Hoje a contabilidade é utilizada largamente no meio empresarial, sendo enfatizada como elemento gerador de subsídios essenciais aos gestores no processo de tomada de decisões.

3 CONCEITO

Várias são as formas utilizadas por escritores e professores para conceituar ou explicar a importância da contabilidade, ressaltando seu conceito. Ribeiro (2009, p. 2) compila alguns conceitos de diversos autores, como segue:

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TÓPICO 1 |NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE

5

a) A ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro relativas à administração econômica (conceito oficial formulado no primeiro Congresso Brasileiro de Contabilidade, realizado no Rio de Janeiro, em 1924).

b) Sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização (estudo sobre a estrutura conceitual básica da contabilidade, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras – IPECAFI, e aprovado pelo Instituto Brasileiro de Contadores - IBRACON).

c) Ciência (ou técnica, segundo alguns) que estuda, controla e interpreta os fatos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a revelação desses fatos, com o fim de oferecer informações sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial (Hilário Franco, Contabilidade Geral, Editora Atlas).

d) É a arte de registrar todas as transações de uma companhia que possam ser expressas em termos monetários. E é também a arte de informar os reflexos dessas transações na situação econômico-financeira dessa companhia (Nelson Gouveia, Contabilidade, Editora McGraw-Hill do Brasil).

Para Marion (2004, p. 26), “[...] a contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões.”

Note que a palavra decisão é enfatizada no conceito de contabilidade. Sempre estamos tomando decisões no nosso cotidiano: qual esporte praticar, qual comida ideal para nos alimentarmos, qual livro ler, que curso é melhor para nos aprimorarmos, qual roupa para vestirmos etc. Essas são decisões comuns que devemos tomar em nossas vidas. Decisões com menor e/ou maior grau de importância. No âmbito empresarial isso não é diferente. A todo o momento os gestores estão tomando decisões. Decisões como: a que preço devemos vender nossos produtos, que quantidade de mercadorias estocar, o que fazer com o dinheiro que está sobrando no caixa, construir ou alugar as instalações para a empresa, comprar um veículo ou contratar uma transportadora para entregar as vendas realizadas etc.

IMPORTANTE

Page 16: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

6

FONTE: MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 25.

FIGURA 1 – O PROCESSO CONTÁBIL

4 CAMPO DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

A profissão de contador foi regulamentada pelo Decreto-Lei nº 9.295/1946, com alterações introduzidas pela Lei nº 12.249, de 12 de junho de 2010, que criou o Conselho Federal de Contabilidade – CFC e definiu as atribuições do contador e do técnico de contabilidade. A referida regulamentação traz em seu texto legal que somente poderão exercer a profissão aqueles que estiverem devidamente registrados nos órgãos competentes do Ministério da Educação e nos Conselhos Regionais de Contabilidade – CRC a que estiverem sujeitos.

Cabe destacar que outras resoluções posteriores emanadas pelo CFC objetivaram delinear e regulamentar a atuação do profissional contábil, com destaque para a Resolução CFC nº 560/1983, que delimitou a atuação em comum do contador e do técnico, bem como as atribuições privativas dos contadores.

A contabilidade tem esse poder de auxiliar a gestão a tomar decisões, coletando os acontecimentos econômicos que ocorrem em uma entidade, registrando e transformando-os em informações em forma de relatórios contábeis.

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TÓPICO 1 |NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE

7

FONTE: O autor (adaptado de Marion, 2004)

FIGURA 2 – CAMPO DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL EM CONTABILIDADE

Uma das grandes áreas de atuação do profissional contábil é a prestação de serviços contábeis, seja em forma de contabilidade terceirizada, assessoria contábil, consultoria contábil que inclui, além da contabilidade tradicional, a contabilidade tributária e a contabilidade gerencial.

Como podemos observar no quadro anterior, a Contabilidade é uma das Ciências com um campo de atuação bastante amplo. Sua atuação está inserida da microempresa à empresa de grande porte, porém, a realização profissional depende da atuação de cada um dentro da área escolhida.

Para tanto, o profissional deve possuir diversas habilidades. No cenário atual, a modernização do conhecimento é uma necessidade. Como exemplo, observa-se uma demanda crescente de profissionais para o terceiro setor; outro exemplo é a demanda por contadores com conhecimentos em contabilidade ambiental.

Como fato recente, destaca-se a alteração na legislação das sociedades anônimas com o advento da Lei nº 11.638/2007, que exige dos profissionais conhecimentos em contabilidade internacional, principalmente das práticas adotadas pelo International Accounting Standards Board – IASB.

O campo de atuação do profissional em contabilidade é muito grande, permitindo uma condição abrangente de empregabilidade. O atual estágio de desenvolvimento da contabilidade, aliado ao crescimento econômico, que, além da contabilidade tradicional, denominada contabilidade financeira, congrega também a contabilidade gerencial, inclui também o conceito de contabilidade estratégica, ampliando muito o leque de funções para o profissional contábil.

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UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

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O Brasil é um país de muitas empresas. E essas empresas, para obterem sucesso em sua trajetória, necessitam de instrumentos que a contabilidade pode oferecer com eficiência. Muitas empresas nascem a cada ano e sabemos também que muitas delas, por diversas razões, morrem até mesmo antes de completar o primeiro ano de vida.

De acordo com informações divulgadas pelo SEBRAE/SP publicadas no caderno de economia do jornal “A Tarde – on-line.” Disponível em: <http://www.atarde.com.br/economia/noticia.jsf?id=5612132>, informa que:

SEBRAE: 27% das empresas de SP fecham no 1º ano

Agência Estado

De cada 100 empresas abertas no Estado de São Paulo, 27 fecham as portas ainda no primeiro ano de atividade. Essa é uma das conclusões do estudo sobre a sobrevivência e a mortalidade das empresas paulistas, divulgado hoje (25/08/2010) pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (SEBRAE-SP). No levantamento, a taxa de mortalidade das empresas no primeiro ano de funcionamento atingiu 27%. Há 12 anos, quando o indicador passou a ser calculado, a taxa era ainda maior, de 35%.

Os dados divulgados hoje levaram em conta uma mostra de 3 mil empresas abertas entre os anos de 2003 e 2007. Os números sobre a mortalidade no primeiro ano de atividade referem-se às empresas abertas em 2007. Na avaliação dos dois primeiros anos de atividade (empresas abertas em 2006), 37% fecharam as portas. Em três anos (empresas fundadas em 2005), 46% encerraram as atividades.

De acordo com a pesquisa, no período de quatro anos (negócios abertos em 2004), 50% das empresas do Estado de São Paulo fecharam as portas. Em cinco anos (empresas abertas em 2003), as atividades foram encerradas em 58% das empresas. Segundo o SEBRAE, em 2000, quando o indicador dos primeiros cinco anos passou a ser monitorado, a taxa de mortalidade das empresas era ainda pior, de 71%. Para a entidade, apesar das reduções nos índices desde então, as taxas de mortalidade das empresas ainda são altas no Estado.

Dificuldades

Entre os motivos alegados para as falências, 18% dos empresários citaram a falta de clientes e 10% a falta de capital. Os problemas de planejamento e de

5 OBJETO E FINALIDADE DA CONTABILIDADE

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TÓPICO 1 |NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE

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administração também foram citados por 10% dos empreendedores. Outros 9% alegaram a perda do único cliente da empresa e 8% destacaram problemas com sócios.

No primeiro ano de atividade, de acordo com a pesquisa do SEBRAE-SP, a principal dificuldade enfrentada foi a falta de clientes, conforme 29% dos empresários. Outros 21% citaram a falta de capital e 11% destacaram a falta de planejamento. A burocracia e os impostos foram lembrados por 7% dos empreendedores.

Apesar das dificuldades, o estudo revela uma melhora do perfil do gestor ao longo dos anos. Segundo o SEBRAE-SP, 83% dos que abriram um negócio formal em 2007 possuem pelo menos o ensino médio completo - em 2000 eram 70%.

Além disso, 78% abriram a empresa porque enxergaram uma oportunidade de negócio, e não apenas uma chance de sobrevivência. Em 2000, a porcentagem era de 60%. “Precisamos continuar mobilizados, ampliando esforços de capacitação em gestão empresarial”, afirma Ricardo Tortorella, diretor-superintendente do SEBRAE-SP. “O que conseguimos até agora foi um avanço, mas ainda está aquém das necessidades do País e dos empreendedores.”

De 1990 a 2008

Dados da Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUCESP), citados pelo SEBRAE-SP, mostram que entre 1990 e 2008 foram abertas no Estado 2.603.233 empresas. Nestes 18 anos, 1.650.953 empresas foram fechadas antes de completar o quinto ano de atividade.

Em muitos casos pode-se atribuir o insucesso dos empreendimentos à má administração, ocasionada pelo uso inadequado ou pelo desconhecimento das informações geradas pela contabilidade. Ninguém pode administrar corretamente se não tomar decisões corretas. Isso pode ser evitado com o uso eficiente da contabilidade, pois a contabilidade é um sistema que possibilita a geração de inúmeras informações.

De acordo com Crepaldi (1995, p. 22), “a contabilidade é uma ciência concebida para coletar, registrar, resumir e interpretar dados e fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer entidade.”

Dentro dessa definição estão embutidos conceitos de gestão que interessam a quem usa esta ciência. São os conceitos de planejamento e controle

Assim, podemos dizer que planejamento é o conjunto de linhas de ação e a maneira de executá-las para alcance dos objetivos.

Page 20: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

10

O planejamento é uma das funções que mais utilizam os dados contábeis. Para que se possa planejar o futuro, a organização necessita de informações relativas ao processo produtivo, como os custos, aos gastos com despesas administrativas, como telefonia, treinamento de funcionários, despesas legais, como o alvará de funcionamento, salários, encargos sobre salários, média de horas-extras nos períodos anteriores, consultoria, auditoria, tecnologia de informação, inventário, fluxo de materiais, entre outras.

As informações relacionadas ao fluxo de caixa também são de fundamental importância no momento de executar o planejamento organizacional.

Já o controle é o acompanhamento das atividades da organização. Através dele, o gestor observa se o comportamento da organização está de acordo com os planos traçados.

Segundo Chiavenato (1999), O controle representa o acompanhamento, monitoração e avaliação do desempenho organizacional para verificar se as coisas estão acontecendo de acordo com o que foi planejado, organizado e dirigido.

Controle é a função administrativa relacionada com a monitoração das atividades a fim de manter a organização no caminho adequado para o alcance dos objetivos e permitir a correção necessária para atenuar os desvios (CHIAVENATO, 1999).

A contabilidade, como guardiã dos dados, pode contribuir muito para esse processo.

Em uma empresa é possível determinar qual o caminho a seguir e, através do controle, observar se a política traçada está sendo cumprida. A contabilidade, como um sistema de geração de informações, auxilia verdadeiramente na disposição de informações para planejamento e controle das atividades empresariais.

O objeto da contabilidade é o patrimônio das entidades econômico-administrativas. Seu objetivo é permitir o estudo, o controle e a apuração de resultados diante dos fatos decorrentes da gestão do Patrimônio das entidades econômico-administrativas. A principal finalidade da contabilidade é fornecer informações de ordem econômica e financeira sobre o patrimônio, para facilitar a tomada de decisões por parte dos usuários.

IMPORTANTE

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TÓPICO 1 |NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE

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6 OS INTERESSADOS NAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS

Os interessados nas informações contábeis são chamados de usuários da contabilidade. Os usuários são as pessoas que se utilizam da contabilidade, demonstram interesse pela situação da empresa e buscam na contabilidade suas respostas. Uma empresa não é algo isolado em um determinado meio.

A partir do momento em que uma empresa nasce, ela começa a interagir com o meio que a cerca. Para sobreviver ela precisa ganhar dinheiro, conquistar clientes, relacionar-se com fornecedores e bancos, ter um bom relacionamento com os seus colaboradores, estar em dia com suas obrigações com o governo, ter uma boa relação com a comunidade onde está inserida.

Como exemplo, podemos verificar a figura a seguir:

FONTE: O autor

FIGURA 3 – USUÁRIOS DA CONTABILIDADE

Empresa

(Contabilidade)

Investidores

Investidores

Fornecedores

Bancos

Clientes

Outros...

Empregados

Governo

De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC 01, que trata do Pronunciamento Conceitual Básico.

NBC-T1 ESTRUTURA CONCEITUAL PARA ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Usuários e suas necessidades de informação

9. Entre os usuários das demonstrações contábeis incluem-se investidores atuais e potenciais, empregados, credores por empréstimos, fornecedores e outros credores comerciais, clientes, governos e suas agências e o público. Eles usam as demonstrações contábeis para satisfazer algumas das suas diversas necessidades de informação. Essas necessidades incluem:

(a) Investidores: os provedores de capital de risco e seus analistas, que se

preocupam com o risco inerente ao investimento e o retorno que ele produz. Eles necessitam de informações para ajudá-los a decidir se devem comprar,

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UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

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manter ou vender investimentos. Os acionistas também estão interessados em informações que os habilitem a avaliar se a entidade tem capacidade de pagar dividendos.

(b) Empregados: os empregados e seus representantes estão interessados em informações sobre a estabilidade e a lucratividade de seus empregadores. Também se interessam por informações que lhes permitam avaliar a capacidade que tem a entidade de prover sua remuneração, seus benefícios de aposentadoria e suas oportunidades de emprego.

(c) Credores por empréstimos: estes estão interessados em informações que lhes permitam determinar a capacidade da entidade em pagar seus empréstimos e os correspondentes juros no vencimento.

(d) Fornecedores e outros credores comerciais: os fornecedores e outros credores estão interessados em informações que lhes permitam avaliar se as importâncias que lhes são devidas serão pagas nos respectivos vencimentos. Os credores comerciais, provavelmente, estarão interessados em uma entidade por um período menor do que os credores por empréstimos, a não ser que dependam da continuidade da entidade como um cliente importante.

(e) Clientes: Os clientes têm interesse em informações sobre a continuidade operacional da entidade, especialmente quando têm um relacionamento a longo prazo com ela, ou dela dependem como fornecedor importante.

(f) Governo e suas agências: os governos e suas agências estão interessados na destinação de recursos e, portanto, nas atividades das entidades. Necessitam também de informações, a fim de regulamentar as atividades das entidades, estabelecer políticas fiscais e servir de base para determinar a renda nacional e estatísticas semelhantes.

(g) Público: as entidades afetam o público de diversas maneiras. Elas podem, por exemplo, fazer contribuição substancial à economia local de vários modos, inclusive empregando pessoas e utilizando fornecedores locais. As demonstrações contábeis podem ajudar o público fornecendo informações sobre a evolução do desempenho da entidade e os desenvolvimentos recentes.

10. Embora nem todas as necessidades de informações desses usuários possam ser satisfeitas pelas demonstrações contábeis, há necessidades que são comuns a todos os usuários. Como os investidores contribuem com o capital de risco para a entidade, o fornecimento de demonstrações contábeis que atendam às suas necessidades também atenderá à maior parte das necessidades de informação de outros usuários.

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TÓPICO 1 |NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE

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7 A ENTIDADE CONTÁBIL

O texto seguinte foi transcrito do livro de Contabilidade Básica de autoria de José Carlos Marion (2004, p. 28) e nele teremos condições de entender e aprofundar o conceito de entidade contábil.

A contabilidade pode ser feita para Pessoa Física ou Pessoa Jurídica. Considera-se pessoa, juridicamente falando, todo o ser capaz de direitos e obrigações.

Pessoa Física é a pessoa natural, é todo o ser humano, é todo o indivíduo (sem qualquer exceção). A existência da pessoa física termina com a morte.

Pessoa Jurídica é a união de indivíduos que, através de um contrato reconhecido por lei, formam uma nova pessoa, com personalidade distinta da de seus membros. As pessoas jurídicas podem ter fins lucrativos (empresas industriais, comerciais etc.) ou não (cooperativas, associações culturais, religiosas etc.). Normalmente as pessoas jurídicas denominam-se empresas.

11. A Administração da entidade tem a responsabilidade primária pela preparação e apresentação das suas demonstrações contábeis. A Administração também está interessada nas informações contidas nas demonstrações contábeis, embora tenha acesso a informações adicionais que contribuem para o desempenho das suas responsabilidades de planejamento, tomada de decisões e controle. Ela tem o poder de estabelecer a forma e o conteúdo de tais informações adicionais a fim de atender às suas próprias necessidades. A forma de divulgação de tais informações, entretanto, está fora do alcance desta Estrutura Conceitual. Não obstante, as demonstrações contábeis divulgadas são baseadas em informações utilizadas pela Administração sobre a posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mutações na posição financeira a entidade.

FONTE: Disponível em: <http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=nbct01ind>. Acesso em: 10 nov. 2010.

NOTA

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UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

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FONTE: O autor

FIGURA 4 – ENTIDADES CONTÁBEIS

Acima de tudo, entidade contábil é uma regra que deve ser observada com muito critério, para que haja a existência de uma boa contabilidade.

A contabilidade, portanto, pode ser feita para um indivíduo – pessoa física (desde que haja necessidade em virtude do volume de negócios) – ou para uma empresa com ou sem fins lucrativos – pessoa jurídica.

Quando se faz contabilidade para pessoa física (embora não seja comum) ou pessoa jurídica, essa pessoa é denominada entidade contábil. Dessa forma, qualquer pessoa que tenha necessidade de contabilidade (e a contabilidade é mantida para essa pessoa) é chamada entidade contábil.

[...] assim, em primeiro lugar há a necessidade da existência da entidade contábil, ou seja, uma pessoa para quem é mantida a contabilidade. Não havendo entidade contábil, não há, evidentemente, a contabilidade aplicada.

[...] deduz-se que a contabilidade é mantida para a entidade como pessoa distinta dos sócios. A contabilidade é realizada para a entidade, devendo o contador fazer esforço para não misturar as movimentações da entidade com as dos proprietários. Pessoas físicas e jurídicas não devem ser confundidas.

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Também o Conselho Federal de Contabilidade - CFC assim se manifesta, de acordo com o art. 4º da Resolução nº 750/1993, a respeito do princípio contábil da entidade: “Art. 4° O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.”

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RESUMO DO TÓPICO 1

Muito bem. Aprendemos neste tópico que a contabilidade tem uma importante função na geração de informações para o processo de tomada de decisão. Para isso, coleta e registra os dados gerados pelas operações das entidades e fornece aos usuários interessados essas informações. Informações advindas do objeto de estudo da contabilidade, que é o patrimônio. Notamos também que, para haver a existência de uma boa contabilidade é necessário observar uma regra importante, chamada de entidade contábil.

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AUTOATIVIDADE

1 Cite três usuários da informação contábil.

2 O que é contabilidade?

3 O Sr. Gil Gastatudo é um próspero empresário e ficou aborrecido com os relatórios contábeis apresentados pelo seu contador, pois, em um determinado período, sua empresa apresentou resultados negativos e começava a apresentar falta de dinheiro em caixa.

O Sr. Gil chamou o contador para que lhe explicasse os motivos da falta de recursos.

Então o contador alegou que esses resultados negativos e falta de recursos se devem principalmente a uma operação realizada pela empresa do Sr. Gil, que foi a aquisição de um veículo Mercedes Benz, zero km, o qual foi dado de presente à sua querida esposa.

Diante disso, aponte o que deixou de ser observado pelo Sr. Gil e como o contador deverá observar a contabilidade de agora em diante.

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TÓPICO 2

PATRIMÔNIO

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

Prezado(a) acadêmico(a)!

Você já conhece a definição de contabilidade. Porém, quem pode me afirmar que sabe fazer contabilidade?

Alguém poderia dizer: Professor, é claro que não, contabilidade é difícil, muito complicada, além do que, existem muitos números... a economia brasileira está complicada... a carga tributária é alta demais... as nossas leis estão sempre alterando... é isso e é aquilo.

Pois bem. Eu digo que não.

A contabilidade é fácil demais!

Está enganado quem pensa que a matemática, a economia, a carga tributária, a legislação e outras coisas mais dificultam o entendimento da contabilidade. As variáveis citadas não interferem na estrutura conceitual da contabilidade, que é definitiva e não muda a todo momento.

Digo ainda que o ato de fazer contabilidade faz parte do cotidiano de todas as pessoas.

Você não acredita nisso?

Pois é a mais pura verdade, nós fazemos indiretamente contabilidade todos os dias e não percebemos. Faz parte do cotidiano de todas as pessoas.

Como assim, professor?

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UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

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Caro(a) acadêmico(a), nós trabalhamos, portanto, temos salários a receber, é um direito que temos de no final do mês recebermos nosso rico dinheiro. Quando não trabalhamos, eventualmente ganhamos alguma “mesada” de nossos pais, tios, irmãos... etc. Quando nós recebemos o nosso dinheiro, pagamos as nossas dívidas, tais como: a mensalidade da universidade, plano de saúde, escolas das crianças, impostos, consórcios, prestações em lojas, fatura do cartão de crédito, e temos ainda as despesas com as contas de luz, água, telefone, internet e outros gastos com farmácias, açougues, supermercados, postos de combustíveis etc.

Temos também nossas propriedades: casas, terrenos, motocicleta, bicicleta, automóvel etc.

Temos ainda, em eventuais sobras de dinheiro, investimentos como: aplicações financeiras, caderneta de poupança, ações de empresas etc.

Eventualmente, quando não temos dinheiro suficiente, buscamos recursos com terceiros, como, por exemplo, financiamentos em bancos, saldo devedor do cheque especial, empréstimos de dinheiro com os pais, tios, primos, amigos etc.

Pare um pouco, professor! Que tribulação! Estou ficando maluco!

Percebeu o nosso corre-corre de todo mês? Temos que ter um controle sobre tudo isso, certo? Precisamos, também, ter um planejamento de nossas atividades para que tudo corra bem, certo?

Sim, e esse controle e planejamento nada mais é do que efetuarmos a nossa contabilidade, e todos fazem isso sempre da melhor forma possível.

O planejamento adequado e controle levam a informações confiáveis e precisas para uma tomada de decisão eficiente.

2 CONCEITO DE PATRIMÔNIO

A contabilidade nada mais é do que um instrumento que tem a finalidade de planejar e controlar o patrimônio das entidades (pessoas físicas e jurídicas), com o objetivo de gerar informações para subsidiar a tomada de decisões.

Falamos antes em planejamento e controle do patrimônio. Mas o que vem a ser patrimônio?

Para entendermos o patrimônio, inicialmente iremos estudá-lo através de uma representação gráfica, apresentada a seguir, chamada de Balanço Patrimonial:

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TÓPICO 2 | PATRIMÔNIO

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Balanço Patrimonial

(lado esquerdo) (lado direito)

O Balanço Patrimonial é uma das mais importantes demonstrações contábeis, e por meio dela podemos identificar/apurar a situação patrimonial e financeira de uma entidade em determinado momento.

Poderemos montar até o nosso balanço, onde veremos que realmente a gente sabe fazer contabilidade. Vamos nessa?

Como a nossa contabilidade é pessoal, vamos demonstrá-la o mais pessoalmente possível, portanto, precisamos conhecer algumas definições:

Patrimônio – é o conjunto de bens, direitos e obrigações vinculados a uma entidade (pessoa física ou jurídica). São elementos que convencionalmente chamamos de riquezas, por serem raros, úteis, fungíveis (característica de troca), tangíveis (possuem forma física), desejáveis, avaliados em moeda.

Bens – é tudo o que pode ser avaliado economicamente e que satisfaça necessidades humanas e suscetíveis de avaliação econômica. Do ponto de vista contábil, bens são todos os objetos que uma empresa possui, seja para uso, troca ou consumo.

Os bens podem ser classificados em tangíveis e intangíveis.

Os bens tangíveis são aqueles que possuem forma física, são corpóreos, são palpáveis. Por sua vez, dividem-se em bens móveis, os que podem ser removidos de seu lugar, como, por exemplo: mesas, veículos, mercadorias, dinheiro, computadores, etc., e bens imóveis, que são os que não podem ser deslocados de seu lugar natural, por exemplo, edifícios e construções, terrenos etc.

Os bens intangíveis são aqueles que embora são considerados bens, não possuem existência física, não são palpáveis, não são constituídos de matéria, porém, representam um bem significativo para as empresas. São determinados gastos que a empresa faz, os quais, pela sua natureza, devem ser considerados parte integrante e, por esse motivo, são registrados pela contabilidade como bens.

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UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

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Direitos – constituem direitos para as entidades todos os valores a receber de terceiros. Esses direitos geralmente aparecem seguidos da expressão “a receber”. Como exemplo: duplicatas a receber, promissórias a receber etc. No âmbito empresarial esses direitos surgem na maioria das vezes após a realização de uma venda a prazo aos clientes. No âmbito pessoal passamos a ter um direito no final do mês, após um mês de trabalho. Temos direito de receber nosso salário, normalmente, no quinto dia útil do mês seguinte ao trabalhado.

Os bens e direitos irão figurar no lado esquerdo do balanço. Sendo assim, nosso patrimônio, representado graficamente pelo balanço patrimonial, ficará expresso assim:

Balanço Patrimonial

Bens Dinheiro em caixa Marcas Máquinas Veículos Imóvel Mercadorias no estoqueDireitos Duplicatas a receber Aluguéis a receber Promissórias a receber

(lado direito)

Obrigações – são dívidas ou compromissos assumidos perante terceiros, ou bens de terceiros que se encontram em nossa posse, e deverão ser pagos ou liquidados em data futura preestabelecida.

É comum, nas empresas, a ocorrência de compras a prazo. Quando isso ocorre, a empresa não paga a compra no ato. Nesse caso, a empresa fica com a obrigação de pagar a compra no prazo determinado. Essas obrigações geralmente aparecem com nomes dos elementos seguidos da expressão “a pagar”.

São intangíveis as marcas, e como exemplo temos algumas bastante conhecidas, como a Coca-cola, Perdigão, Nestlé e Sadia. As marcas possuem um grande poder de geração de recursos/riqueza a quem as explora. São intangíveis também as patentes de invenção (direito de explorar uma invenção), os direitos autorais, o ponto comercial ou fundo de comércio etc.

IMPORTANTE

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TÓPICO 2 | PATRIMÔNIO

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Como exemplo de obrigações, temos: duplicatas a pagar, impostos a pagar, empréstimos a pagar, salários a pagar, promissórias a pagar etc.

As obrigações, por sua vez, serão relacionadas no lado direito do balanço. Assim ficará representado no balanço patrimonial:

Balanço Patrimonial

Bens Dinheiro em caixa Marcas Máquinas Veículos Imóvel Mercadorias no estoqueDireitos Duplicatas a receber Aluguéis a receber Promissórias a receber

Obrigações Duplicatas a pagar a fornecedores Empréstimos bancários a pagar Salários a pagar Impostos a pagar Encargos sociais a pagar Promissórias a pagar Contas a pagar

Muito bem. Vamos fazer nossa contabilidade?

Com os conhecimentos obtidos até o momento, podemos então estruturar nosso balanço. Vamos imaginar, agora, que um de nós possua a seguinte situação em 01/03/2010:

Financiamento da casa a pagar 15.550,00

Dinheiro no bolso 370,00

Salário de fevereiro/2010 a receber 2.500,00

Um automóvel Fiat Uno 12.000,00

Uma casa residencial 70.000,00

Conta a pagar na boutique “chique no último” 500,00

Plano de Saúde a pagar 130,00

Mensalidade da escola a pagar 325,00

Dinheiro no banco em conta de poupança 4.500,00

Cartão de crédito a pagar 455,00

IMPORTANTE

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UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

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Balanço Patrimonial – 01/03/2010

Bens e Direitos Obrigações

Caixa 370,00 Financiamento a pagar 15.550,00

Bancos 4.500,00 Plano de saúde a pagar 130,00

Salários a receber 2.500,00 Mensalidades a pagar 325,00

Automóvel 12.000,00 Contas a pagar 500,00

Imóvel residencial 70.000,00 Cartão de crédito a pagar 455,00

Total 89.370,00 Total 16.960,00

Notamos em nosso balanço que o lado esquerdo é maior que o lado direito (89.370,00 > 16.960,00), ou seja, as coisas boas superam as ruins, não é mesmo?

Então vimos que o nosso patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações. A contabilidade se preocupa e estuda o patrimônio em seus aspectos qualitativos e quantitativos. O aspecto qualitativo consiste em especificar, segundo a natureza de cada um, os bens, os direitos e as obrigações que foram devidamente qualificados, isto é, especificados segundo a natureza de cada um. O aspecto quantitativo consiste em dar a esses bens, direitos e obrigações, seus respectivos valores, levando a conhecer o valor do patrimônio da entidade.

Tais aspectos permitem uma informação mais precisa do tamanho do patrimônio da empresa, pois assim podemos responder quanto de dinheiro possuímos, qual o valor dos imóveis, quais são os valores que temos a receber, qual é o valor das dívidas, e assim por diante. Assim fica mais fácil avaliar qual é o tamanho do nosso patrimônio.

Assim teremos nosso patrimônio apresentado no balanço patrimonial a seguir e com a observância dos aspectos qualitativos (consiste em qualificar/denominar os bens, direitos e obrigações) e quantitativos (consiste em dar aos bens, direitos e obrigações seus respectivos valores) do patrimônio:

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico estudamos e aprendemos que:

● O patrimônio é o conjunto de bens, mais direitos e obrigações.

● Os bens são as coisas boas do patrimônio e são divididos em tangíveis e intangíveis.

● Os direitos são as coisas que temos a receber dos outros.

● As obrigações são as coisas negativas do patrimônio e em um determinado momento temos que pagá-las.

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1 Conceitue patrimônio.

2 Elabore o seu balanço relacionando seu bens, seus valores a receber e suas contas a pagar. Faça a totalização e responda às questões a seguir:

AUTOATIVIDADE

Balanço Patrimonial – Em: ___/___/200_

Bens e Direitos Obrigações

Total dos Bens e Direitos Total das Obrigações

a) Quanto é o total dos seus bens? __________

b) Você possui bens intangíveis: ( ) não ( ) sim. Se sim, qual é o valor? ________

c) Quanto é o total de seus bens tangíveis? _____________

d) Quanto é o total de seus direitos? ______________

Assista ao vídeo deresolução da questão 2

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TÓPICO 3

O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

A partir de agora, dando continuidade ao estudo do patrimônio, iremos analisar, com mais profundidade, que o balanço possui algumas configurações resultantes do confronto entre os bens, direitos e obrigações, as quais irão resultar em alguns estados patrimoniais favoráveis e desfavoráveis às entidades. Estudaremos também como é medida a riqueza de uma entidade, através do balanço patrimonial.

2 ATIVO

Você já ouviu alguém falar: aquela pessoa é muito inteligente, trabalhadora, ativa, esperta. Claro que já. São qualidades positivas, de coisa boa, certo? Então vamos chamar o lado esquerdo do balanço patrimonial de Ativo (sinônimo de coisa boa, positiva). Se o Ativo é coisa boa e positiva, nós vamos colocar no lado esquerdo os nossos bens e direitos, certo? Assim, então, o ativo, em um primeiro momento, compreende o conjunto de bens e direitos de uma entidade.

Avançando um pouco mais no conceito de ativo, relatamos a seguir, de acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC n. 1, que trata da estrutura conceitual básica para elaboração das demonstrações contábeis.

Exporemos como segue: Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade.

Segue ainda:

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UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

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Elementos das Demonstrações ContábeisAtivos

53. O benefício econômico futuro embutido em um ativo é o seu potencial em contribuir, direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa ou equivalentes de caixa para a entidade. Tal potencial poderá ser produtivo, quando o recurso for parte integrante das atividades operacionais da entidade. Poderá também ter a forma de conversibilidade em caixa ou equivalentes de caixa ou poderá, ainda, ser capaz de reduzir as saídas de caixa, como no caso de um processo industrial alternativo que reduza os custos de produção.

54. A entidade geralmente usa os seus ativos na produção de mercadorias ou prestação de serviços capazes de satisfazer os desejos e necessidades dos clientes. Tendo em vista que essas mercadorias ou serviços podem atender aos seus desejos ou necessidades, os clientes se dispõem a pagar por eles e contribuir assim para o fluxo de caixa da entidade.

55. Os benefícios econômicos futuros de um ativo podem fluir para a entidade de diversas maneiras. Por exemplo, um ativo pode ser:

a) usado isoladamente ou em conjunto com outros ativos na produção de mercadorias e serviços a serem vendidos pela entidade;

b) trocado por outros ativos;

c) usado para liquidar um passivo; ou

d) distribuído aos proprietários da entidade.

56. Muitos ativos, por exemplo, máquinas e equipamentos industriais, têm uma substância física. Entretanto, substância física não é essencial à existência de um ativo; dessa forma, as patentes e direitos autorais, por exemplo, são ativos, desde que deles sejam esperados benefícios econômicos futuros para a entidade e que eles sejam por ela controlados.

57. Muitos ativos, por exemplo, contas a receber e imóveis, estão ligados a direitos legais, inclusive o direito de propriedade. Ao determinar a existência de um ativo, o direito de propriedade não é essencial; assim, por exemplo, um imóvel objeto de arrendamento é um ativo, desde que a entidade controle os benefícios econômicos provenientes da propriedade. Embora a capacidade de uma entidade controlar os benefícios econômicos normalmente seja proveniente da existência de direitos legais, um item pode satisfazer a definição de um ativo mesmo quando não há controle legal. Por exemplo, o know-how obtido por meio de uma atividade de desenvolvimento de produto pode satisfazer a definição de ativo quando, mantendo o know-how em segredo, a entidade controla os benefícios econômicos provenientes desse ativo.

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TÓPICO 3 | O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

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58. Os ativos de uma entidade resultam de transações passadas ou outros eventos passados. As entidades normalmente obtêm ativos comprando-os ou produzindo-os, mas outras transações ou eventos podem gerar ativos; por exemplo: um imóvel recebido do governo como parte de um programa para fomentar o crescimento econômico da região onde se localiza a entidade ou a descoberta de jazidas minerais. Transações ou eventos previstos para ocorrer no futuro não podem resultar, por si mesmos, no reconhecimento de ativos; por isso, por exemplo, a intenção de adquirir estoques não atende, por si só, à definição de um ativo.

59. Há uma forte associação entre incorrer em gastos e gerar ativos, mas ambas as atividades não necessariamente coincidem entre si. Assim, o fato de uma entidade ter incorrido num gasto pode fornecer evidência da sua busca por futuros benefícios econômicos, mas não é prova conclusiva de que a definição de ativo tenha sido obtida. Da mesma forma, a ausência de um gasto não impede que um item satisfaça a definição de ativo e se qualifique para reconhecimento no balanço patrimonial; por exemplo, itens que foram doados à entidade podem satisfazer a definição de ativo.

FONTE: Disponível em: <http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=nbct01ind>. Acesso em: 10 nov. 2010.

3 PASSIVO

E quando você ouve alguém falar: aquela pessoa é preguiçosa, passiva, lenta, sem vontade de nada. São qualidades negativas, de coisa ruim, então chamaremos o lado direito do balanço patrimonial de Passivo (sinônimo de coisa ruim, negativa). Se o Passivo é coisa ruim e negativa, nós sempre iremos colocar deste lado as nossas obrigações (dívidas), certo?

Balanço Patrimonial – 01/03/2007

ATIVO PASSIVO

Caixa 370,00 Financiamento a pagar 15.550,00

Bancos 4.500,00 Plano de saúde a pagar 130,00

Salários a receber 2.500,00 Mensalidades a pagar 325,00

Automóvel 12.000,00 Contas a pagar 500,00

Imóvel residencial 70.000,00 Cartão de crédito a pagar 455,00

Total 89.370,00 Total 16.960,00

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UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

Indo um pouco mais além no conceito de passivo, relatamos a seguir, de acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC n. 1, que trata da Estrutura Conceitual Básica para Elaboração das Demonstrações Contábeis, relatamos como segue: “Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos.”

Segue ainda o pronunciamento sobre o passivo:

Elementos de Demonstrações Contábeis

Passivos

60. Uma característica essencial para a existência de um passivo é que a entidade tenha uma obrigação presente. Uma obrigação é um dever ou responsabilidade de agir ou fazer de certa maneira. As obrigações podem ser legalmente exigíveis em consequência de um contrato ou de requisitos estatutários. Esse é normalmente o caso, por exemplo, das contas a pagar por mercadorias e serviços recebidos. Obrigações surgem também de práticas usuais de negócios, usos e costumes e o desejo de manter boas relações comerciais ou agir de maneira equitativa. Se, por exemplo, uma entidade decide, por uma questão de política mercadológica ou de imagem, retificar defeitos em seus produtos, mesmo quando tais defeitos tenham se tornado conhecidos depois que expirou o período da garantia, as importâncias que espera gastar com os produtos já vendidos constituem-se passivos.

61. Deve-se fazer uma distinção entre uma obrigação presente e um compromisso

futuro. A decisão da Administração de uma entidade de adquirir ativos no futuro não constitui, por si só, uma obrigação presente. A obrigação normalmente surge somente quando o ativo é recebido ou a entidade assina um acordo irrevogável de aquisição do ativo. Neste último caso, a natureza irrevogável do acordo significa que as consequências econômicas de deixar de cumprir a obrigação, por exemplo, por causa da existência de uma penalidade significativa, deixem a entidade com pouca ou nenhuma alternativa para evitar o desembolso de recursos em favor da outra parte.

Assim será representado nosso balanço patrimonial: no lado esquerdo o ATIVO, composto pelos bens e direitos, e no lado direito o PASSIVO, representado pelas obrigações.

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TÓPICO 3 | O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

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62. A liquidação de uma obrigação presente geralmente implica na utilização, pela entidade, de recursos capazes de gerar benefícios econômicos a fim de satisfazer o direito da outra parte. A extinção de uma obrigação presente pode ocorrer de diversas maneiras, por exemplo, por meio de:

a) pagamento em dinheiro; b) transferência de outros ativos; c) prestação de serviços;

d) substituição da obrigação por outra; ou

e) conversão da obrigação em capital.

Uma obrigação pode também ser extinta por outros meios, tais como pela renúncia do credor ou pela perda dos seus direitos creditícios.

63. Passivos resultam de transações ou outros eventos passados. Assim, por exemplo, a aquisição de mercadorias e o uso de serviços resultam em contas a pagar (a não ser que pagos adiantadamente ou na entrega) e o recebimento de um empréstimo resulta na obrigação de liquidá-lo. Ou uma entidade pode ter a necessidade de reconhecer como passivo futuros abatimentos baseados no volume das compras anuais dos clientes; nesse caso, a venda das mercadorias no passado é a transação da qual deriva o passivo.

64. Alguns passivos somente podem ser mensurados com o emprego de um elevado grau de estimativa. No Brasil esses passivos são descritos como provisões. A definição de passivo, constante do item 49, tem um enfoque amplo e, assim, se a provisão envolve uma obrigação presente e satisfaz os demais critérios da definição, ela é um passivo, ainda que seu valor tenha que ser estimado. Exemplos incluem provisões por pagamentos a serem feitos para satisfazer acordos com garantias em vigor e provisões para fazer face a obrigações de aposentadoria.

FONTE: Disponível em: <http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=nbct01ind>. Acesso em: 10 nov. 2010.

4 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Em nosso balanço patrimonial “pessoal” elaborado anteriormente, notamos claramente a situação patrimonial no dia 01/03/2007. A pessoa em questão tem bens e direitos (ativo = coisas boas) no valor de R$ 89.370,00 e tem dívidas (passivo = coisas ruins) no valor de R$ 16.960,00. Podemos dizer que a situação desta pessoa é bem confortável, pois ela tem muito mais coisas boas (ativo) do que coisas ruins (passivo).

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UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

Se a gente observar bem esse “Balanço”, perceberemos que o mesmo ainda não está completo, pois tem um detalhe tão claro nele que não poderíamos deixar de registrá-lo.

O que será que é?

Como já vimos anteriormente, o total das coisas boas (ativo) é bem maior do que o total das coisas ruins (passivo), dando uma diferença positiva de R$ 72.410,00 (89.370,00 – 16.960,00). Certo? Sim, e isso quer dizer que poderemos transformar essa diferença em “dinheiro vivo”, isso mesmo, “grana limpa” na nossa mão, que poderíamos chamar de superávit, ou lucro, ou ainda de patrimônio líquido.

Portanto, o patrimônio líquido é igual aos bens mais direitos, menos as obrigações.

Esta diferença, já implícita no lado direito do nosso balanço, nós a tornaremos explicita para estabelecer uma igualdade com o lado esquerdo, portanto, o Ativo será sempre igual ao Passivo mais o Patrimônio Líquido, pois as nossas “coisas boas” serão sempre iguais à somatória das “coisas ruins” com o nosso “patrimônio líquido”. Assim, temos:

Balanço Patrimonial – 01/03/2007

ATIVO PASSIVO

Caixa 370,00 Financiamento a pagar 15.550,00

Bancos 4.500,00 Plano de saúde a pagar 130,00

Salários a receber 2.500,00 Mensalidades a pagar 325,00

Automóvel 12.000,00 Contas a pagar 500,00

Imóvel residencial 70.000,00 Cartão de crédito a pagar 455,00

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 72.410,00

Total 89.370,00 Total 89.370,00

Sacou por que o lado direito do balanço será sempre igual ao lado esquerdo? Sim. Pois para que haja o equilíbrio entre os lados, surge o Patrimônio Líquido ou situação líquida, que demonstra, por sua vez, qual é a verdadeira riqueza do patrimônio em questão.

Pois bem. Assim poderemos apresentar a você a equação básica do Patrimônio Líquido (PL):

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TÓPICO 3 | O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

33

PL = Bens + Direitos - Obrigações

PL = 86.870,00 + 2.500 - 16.960,00

PL = 72.410,00

Ou ainda...

PL = ATIVOS - PASSIVOS

PL = 89.370,00 - 16.960,00

PL = 72.410,00

Cabe lembrar que tudo o que vimos anteriormente, aplicado a uma situação particular, cada um de nós, as pessoas físicas em geral, vale também para as empresas ou pessoas jurídicas.

Da mesma forma, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC nº. 01, que trata da Estrutura Conceitual Básica para Elaboração das Demonstrações Contábeis (NBC-T-1), conceitua o Patrimônio Líquido da seguinte forma: “Patrimônio Líquido é o valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos.”

Segue ainda o pronunciamento sobre o Patrimônio Líquido:

65. Embora o patrimônio líquido seja definido no item 49 como um valor residual, ele pode ter subclassificações no balanço patrimonial. Por exemplo, recursos aportados pelos sócios, reservas resultantes de apropriações de lucros e reservas para manutenção do capital podem ser demonstrados separadamente. Tais classificações podem ser

IMPORTANTE

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34

UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

importantes para a tomada de decisão dos usuários das demonstrações contábeis quando indicarem restrições legais ou de outra natureza sobre a capacidade que a entidade tem de distribuir ou aplicar de outra forma os seus recursos patrimoniais. Podem também refletir o fato de que acionistas de uma entidade tenham direitos diferentes em relação ao recebimento de dividendos ou reembolso de capital.

66. A constituição de reservas é, às vezes, exigida pelo estatuto ou por lei

para dar à entidade e seus credores uma margem maior de proteção contra os efeitos de prejuízos. Outras reservas podem ser constituídas em atendimento a leis que concedem isenções ou reduções nos impostos a pagar quando são feitas transferências para tais reservas. A existência e o valor de tais reservas legais, estatutárias e fiscais representam informações que podem ser importantes para a tomada de decisão dos usuários. As transferências para tais reservas são apropriações de lucros acumulados, portanto, não constituem despesas.

67. O valor pelo qual o patrimônio líquido é apresentado no balanço patrimonial depende da mensuração dos ativos e passivos. Normalmente, o valor do patrimônio líquido somente por coincidência é igual ao valor de mercado das ações da entidade ou da soma que poderia ser obtida pela venda dos seus ativos e liquidação de seus passivos numa base de item por item, ou da entidade como um todo, numa base de continuidade operacional.

68. Atividades comerciais e industriais, bem como outros negócios são frequentemente exercidos por meio de firmas individuais, sociedades limitadas, entidades estatais e outras organizações cuja estrutura legal e regulamentar pode ser diferente daquela aplicável às sociedades por ações. Por exemplo, pode haver poucas restrições, ou nenhuma, sobre a distribuição aos proprietários ou outros beneficiários de importâncias incluídas no patrimônio líquido. Independentemente desses fatos, a definição de patrimônio líquido e os outros aspectos desta Estrutura Conceitual que tratam do patrimônio líquido são igualmente aplicáveis a tais entidades.

FONTE: Disponível em: <http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=nbct01ind>. Acesso em: 10 nov. 2010.

Prezado(a) acadêmico(a), você viu que aquilo que considera muito difícil, executa diariamente com maestria e, digo-lhe ainda, que a contabilidade individual em nada difere da estrutura básica da contabilidade de uma empresa. A diferença está que na contabilidade de uma empresa as transações efetuadas têm que ser formais, ou seja, têm que ter os lançamentos contábeis, as contas, os livros contábeis para registrar tais operações.

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TÓPICO 3 | O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

35

O importante é você ter a ideia da estrutura contábil na cabeça, daí a formalização da movimentação fica muito fácil. Por isso, visualize sempre o patrimônio das entidades (pessoas físicas e jurídicas), no balanço patrimonial, tendo do seu lado esquerdo (ATIVO) os seus bens e direitos (coisas boas) e do seu lado direito (PASSIVO) as suas dívidas (coisas ruins) e a sua riqueza líquida (PATRIMÔNIO LÍQUIDO).

AUTOATIVIDADE

1 O que é Patrimônio Líquido?

2 Considere a autoatividade de número 2 do tópico anterior, aplique em seu patrimônio a equação básica do Patrimônio Líquido e descubra-o:

PL = Bens + Direitos - Obrigações

PL =

3 Classifique os elementos patrimoniais no quadro a seguir, de acordo com:

1 – Bens, Direitos ou Obrigações.

2 – Ativo ou Passivo.

3 – Positivo ou Negativo.

Elementos 1 2 3

Salários a pagar Obrigações Passivo Negativo

Dinheiro no banco

Duplicatas a receber

FGTS a recolher

Estoque de mercadorias

Microcomputadores

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36

UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

5 OS DIVERSOS ESTADOS PATRIMONIAIS

Pois bem. Esse novo elemento chamado de patrimônio líquido, juntamente com os bens, com os direitos e com as obrigações, completará a nossa representação gráfica do patrimônio, permitindo que o total do lado esquerdo seja igual ao total do lado direito, dando-lhe forma de equação. Falando nisso, uma já é conhecida (PL = Ativo – Passivo). Porém, existem outras possibilidades em que o patrimônio pode ser encontrado. Vamos ver?

5.1 SITUAÇÃO LÍQUIDA POSITIVA

Esta situação ocorre quando a soma dos bens mais os direitos se sobrepõe às obrigações, ou seja, quando o ativo é maior que o passivo.

ATIVOBens + Direitos

> PASSIVOObrigações

SITUAÇÃO LÍQUIDAPOSITIVA

50.000,00 + 3.000,00 10.000,00 43.000,00

No Balanço teremos:

Balanço Patrimonial – 31/01/2007Cia. UNI

ATIVO PASSIVO

Bens 50.000,00 Obrigações 10.000,00

Direitos 3.000,00

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 43.000,00

Total 53.000,00 Total 53.000,00

Mesa e cadeiras Bens Ativo Positivo

Empréstimos a pagar

Máquinas e equipamentos

Promissórias a pagar

Dinheiro em caixa

Terrenos

Veículos

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TÓPICO 3 | O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

37

Suponhamos que o dono dessa empresa, a Cia UNI, resolvesse neste momento liquidá-la, vendendo todos os bens ao preço que custam; conseguirá obter o valor de 50.000,00; vendendo os direitos conseguirá mais 3.000,00, acumulará assim 53.000,00. Pagará todas as suas obrigações no valor de 10.000,00, restará para ele a importância de 43.000,00.

5.2 SITUAÇÃO LÍQUIDA NEGATIVA

A situação líquida negativa ocorre quando o total das dívidas é superior à soma dos bens e direitos. Pode ser chamada de situação líquida negativa, situação líquida passiva, situação líquida deficitária, ou ainda, passivo a descoberto. Vejamos a seguir:

ATIVOBens + Direitos < PASSIVO

Obrigações SITUAÇÃO LÍQUIDA

NEGATIVA

40.000,00 + 2.000,00 60.000,00 18.000,00

No Balanço teremos:

Balanço Patrimonial – 31/01/2007Cia. UNI

ATIVO PASSIVO

Bens 40.000,00 Obrigações 60.000,00

Direitos 2.000,00

PATRIMÔNIO LÍQUIDO (18.000,00)

Total 42.000,00 Total 42.000,00

Neste caso, se o proprietário dessa empresa resolvesse liquidá-la, conseguirá apurar 42.000,00. Para saldar as dívidas precisará de 60.000,00, tendo em mãos apenas 42.000,00, faltarão 18.000,00. Portanto, a situação líquida é deficitária, ou seja, o total dos elementos positivos é insuficiente para saldar os compromissos assumidos pela empresa. A expressão passivo a descoberto representa a insuficiência do ativo para cobrir o passivo.

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38

UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

ATIVOBens + Direitos

= PASSIVOObrigações

SITUAÇÃO LÍQUIDA

NULA

38.000,00 + 7.000,00 45.000,00 0,00

No Balanço teremos:

Balanço Patrimonial – 31/01/2007Cia. UNI

ATIVO PASSIVO

Bens 38.000,00 Obrigações 45.000,00

Direitos 7.000,00

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 0,00

Total 45.000,00 Total 45.000,00

Se houvesse a liquidação da Cia UNI, teríamos exatamente o suficiente para quitar todas as dívidas, não restando nada para o proprietário.

5.3 SITUAÇÃO LÍQUIDA NULA

A situação líquida nula ocorre quando o ativo corresponde ao mesmo valor que o passivo, inexistindo situação líquida. Vejamos a seguir:

Esta situação é pouco comum, porém ocorre com algumas empresas. Poderíamos dizer que a empresa acima, a Cia UNI, está quebrada? Não. Ela poderá apresentar uma situação desfavorável e assim mesmo poderá desenvolver suas atividades normalmente. Cabe destacar que se ela permanecer por muito tempo nesta situação, poderá ter sérios problemas e ser uma séria candidata a “fechar suas portas”.

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TÓPICO 3 | O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

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LEITURA COMPLEMENTAR

ALFABETIZAÇÃO FINANCEIRA

Robert T. Kiyosaki Sharon L. Lechter

O QUE REALMENTE É UM ATIVO?

O que nos ensinam, de geração em geração, é que o Amor ao dinheiro é a raiz de todo o Mal. Mas pensemos melhor, “é o Amor ao Dinheiro, não o Dinheiro propriamente falando”.

Uma das razões pelas quais os ricos ficam mais ricos, os pobres mais pobres e a classe média luta com dívidas, é que o assunto dinheiro não é ensinado nem em casa, nem na escola. As escolas se concentram nas habilidades acadêmicas e profissionais, mas não em habilidades financeiras.

Estude arduamente, sim, mas não para trabalhar numa boa empresa. Tenha competência financeira. Aprenda a administrar o Risco na Vida e o Enfrente. Nunca pare! As pessoas moldam suas vidas por meio de seus pensamentos. Pense diferente!

Há uma diferença entre ser pobre e estar quebrado. Estar quebrado é algo temporário, ser pobre é algo eterno. Quer ganhar dinheiro? Precisa aprender! Aprender a gerar dinheiro; a conservá-lo, e não somente ganhá-lo!

O dinheiro vem e vai, mas se você tiver sido educado quanto ao funcionamento do dinheiro, você adquire poder sobre ele e pode começar a construir riqueza.

O que eu sou? Um marco! Eu faço a diferença. Eu sou importante. Pense assim! Tudo começa em Você!

Se você não puder se decidir logo, não vai aprender nunca a ganhar dinheiro.

O Tempo é um dos melhores mestres, só que ele termina matando todos os seus discípulos. A maioria das pessoas quer que todos no mundo mudem, menos elas próprias. Se perceber que você é o problema, então poderá modificar a si mesmo, aprender alguma coisa e tornar-se mais sábio. É mais fácil mudar a si

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UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

próprio que a todos os demais. Se você não aprender, passará a vida culpando um emprego, um baixo salário ou o seu chefe pelos seus problemas. Passará sua vida esperando por um golpe de sorte que resolva seus problemas de dinheiro.

Segurança é Ilusão, a única certeza no mundo é que tudo está mudando, e este processo não para NUNCA. Todos, em algum momento na Vida, teremos que arriscar. O medo do que virá, do desconhecido, é inerente ao ser humano, porém precisamos arriscar! E arriscar - É tomar decisões!

Acredito que nossa Vida é construída nos momentos em que resolvemos DECIDIR.

Pai Rico. Pai Pobre

O autor coloca esse título, visto que ele obteve ao longo de sua vida duas visões como administrar o seu dinheiro. Uma do Pai “Rico” de seu amigo (pai que estava lutando para construir algo); e a visão do seu Pai “Pobre” (seguro num emprego e que sempre lutava para melhorar de vida substituindo o emprego por outro em que se ganha mais).

No livro ele narra e cita muitos exemplos, de como, desde os nove anos, ele se interessou por dinheiro e como pediu ao Pai Rico, juntamente com o seu melhor amigo (o filho do pai rico) para lhe ensinar a ganhar dinheiro. E o Pai Rico aguçou neles a instrução financeira; instigou neles a procura do saber.

Deixando sempre bem claro que o investimento que eles tinham de mais importante é o que estava entre suas orelhas: sua mente!

Lição Nº 1: Os Ricos não Trabalham por Dinheiro.

Os pobres e a classe média trabalham por dinheiro. Os ricos fazem o dinheiro trabalhar para eles.

É o medo que faz a maioria das pessoas trabalhar num emprego. O medo de não pagar as contas. O medo de ser mandado embora. O medo de não ter dinheiro suficiente. O medo de começar de novo.

Esse é o preço de aprender uma profissão ou habilidade e então trabalhar pelo dinheiro. A maioria das pessoas se torna escrava do dinheiro... e fica zangada com o patrão.

Passar a vida com medo, não explorando jamais seus sonhos, é cruel. Trabalhar arduamente por dinheiro, pensando que este comprará aquilo que lhes trará felicidade, é também cruel.

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TÓPICO 3 | O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

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Veja como o dinheiro conduz a vida das pessoas. Não deixe o dinheiro dominar suas vidas. Acordar no meio da noite, apavorado com as contas a pagar, é uma forma de vida horrível. Viver uma vida determinada pelo montante de seu contracheque não é realmente viver.

Pensar que um emprego o fará sentir-se seguro é mentir para você mesmo.As escolas estão preocupadas em ensinar as pessoas a trabalhar pelo

dinheiro e não a controlar o poder do dinheiro. O emprego é uma solução a curto prazo para um problema de longo prazo. Você precisará de dinheiro a sua vida inteira, por isso longo prazo. E você precisa se decidir sobre isso.

Há o medo e a ignorância em relação ao dinheiro. Da mesma forma que faziam seus pais, eles acordam toda manhã e vão trabalhar por dinheiro. Não têm tempo de se perguntar se há outra maneira. Suas emoções estão no controle de seu pensamento, não suas cabeças. Ouvimos coisas como: “Bem, todo o mundo tem que trabalhar”. Ou: “Os ricos são desonestos”. Ou: “Vou procurar outro emprego”. Ou: “Eles não vão me passar para trás”. Ou: “Gosto deste emprego porque é seguro”. Em lugar de perguntar com “O que é que estou perdendo aqui?”, o que interromperia o Pensamento Irracional e daria tempo de pensar com clareza.

O dinheiro é uma ilusão, como a cenoura para o burro puxar a carroça. O dinheiro é uma ficção. É em virtude do medo e da ambição que milhões de pessoas aceitam a ilusão de que o dinheiro é real.

Use a cabeça; um imóvel é dinheiro! Seu carro é dinheiro! Ações são dinheiro! Sua mente é dinheiro! O que você quiser que seja dinheiro, será!

Quero chegar a um ponto em que a minha riqueza continuará aumentando automaticamente, ficando bem à frente da inflação. Acho que isso representa LIBERDADE. Os ativos (mais à frente entenderá o conceito de ATIVOS, caso você não tenha noção) são suficientemente grandes para crescerem por si próprios. É como plantar uma árvore. Você a rega durante anos e, então, um dia, ela não precisa mais disso. Suas raízes são suficientemente profundas. Então, a árvore lhe proporciona sombra para seu prazer.

Lição Nº 2: Para que Alfabetização Financeira?

As pessoas se preocupam excessivamente com dinheiro e não com sua maior riqueza, a educação. Se as pessoas estiverem preparadas para serem flexivas, mantiverem suas mentes abertas e aprenderem, elas se tornarão cada vez mais ricas ao longo dessas mudanças. Se elas pensarem que o dinheiro resolverá seus problemas, receio que terão dias difíceis. A inteligência resolve problemas e gera dinheiro. O dinheiro sem a inteligência financeira é dinheiro que desaparece depressa.

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UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

O que importa na vida não é quanto dinheiro você ganha, mas quanto dinheiro você conserva.

A contabilidade é possivelmente um dos assuntos mais áridos do mundo. E pode também ser o mais confuso. Mas se você quiser ser rico, pode ser o assunto mais importante. Apesar de que o contador olha para os números, demite gente e aniquila o negócio. Tudo o que eles pensam é cortar custos e aumentar os preços, o que causa mais problemas; ainda assim você precisa dominar a contabilidade!

Regra número um é a única regra. Você tem que conhecer a diferença entre um Ativo e um Passivo e comprar Ativos. Se você quer ficar rico, você tem que ler e entender os números. Os Ricos adquirem Ativos e os Pobres e a Classe Média adquirirem obrigações.

Padrão do Fluxo de Caixa de Ativo (Pai Rico):

● Compram Ativos Gerando Receitas.

● Evitam Passivos Economizando Despesas.

Padrão de Fluxo de Caixa de um Passivo (Pai Pobre):

● Compram Passivos Gerando Despesas.

● Evitam os Ativos Não Geram Receitas.

ATIVO É TUDO AQUILO QUE COLOCA DINHEIRO NO SEU BOLSO, PASSIVO É TUDO AQUILO QUE TIRA!

FONTE: Adaptado de: Kiyosaki e Lechter (2004, p. 40)

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico estudamos e aprendemos que:

● Os bens e direitos formam um conjunto de elementos chamado de ATIVO.

● As obrigações formam o PASSIVO.

● O Patrimônio Líquido (PL) é soma dos Bens + Direitos (-) Obrigações ou Ativo (-) Passivo.

● O Patrimônio Líquido representa a riqueza da entidade.

● O Patrimônio possui diversos estados, os quais, em determinados momentos, podem ser: positivos, negativos e nulos.

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1 Quando ocorre Situação Líquida Nula?

2 Quando ocorre Situação Líquida Superavitária?

3 Quando ocorre Situação Líquida Deficitária?

AUTOATIVIDADE

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TÓPICO 4

CONTABILIZANDO COM BALANÇOS SUCESSIVOS

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico vamos estudar contabilidade através de uma metodologia chamada de “balanços sucessivos”. Por essa metodologia teremos condições de entender todo o processo das modificações do patrimônio das entidades. A metodologia leva em conta que a cada operação realizada pela entidade se faz a alteração e a elaboração de um novo balanço.

No final do tópico vamos estudar, ainda, alguns conceitos de “capital”, fundamental para o entendimento da estrutura patrimonial das entidades.

2 A CONSTITUIÇÃO DE UMA EMPRESA

Prezado(a) acadêmico(a), a partir de agora vamos vivenciar algumas questões que ocorrem no dia a dia de uma empresa. Para isso, iremos simular algumas operações comuns que ocorrem nas empresas. Porém, primeiramente, precisamos entender como nasce, como surge uma empresa.

As empresas não surgem do nada. Antes de tudo, é necessário que haja uma ideia genial de negócio a ser explorado.

Num segundo momento é necessário um estudo adequado para verificar se o negócio a ser explorado é viável economicamente. Isso se faz com um projeto de viabilidade, onde se estuda todas as variáveis favoráveis e desfavoráveis ao sucesso do empreendimento, como, por exemplo: análise dos concorrentes da região, análise dos possíveis clientes da região, análise dos fornecedores de materiais ou produtos, análise do ponto comercial etc. Um estudo minucioso também deve ser feito para avaliar o valor do dinheiro (capital) necessário para implantar e iniciar as atividades empresariais.

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UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

Falamos na palavra capital. E o que vem a ser capital?

A palavra capital possui diversos conceitos, os quais serão estudados mais adiante. Porém, o investimento inicial feito para constituir ou criar uma empresa, e registrado pela contabilidade, é denominado de capital nominal ou capital social, que corresponde ao patrimônio líquido inicial.

Lembro que esse capital social é colocado à disposição da nova entidade (empresa), criada pelos sócios (donos) da empresa, e esse capital só sofrerá alterações quando os donos realizarem investimentos adicionais (aumentos de capital) ou quando retirarem o dinheiro investido (diminuições de capital).

3 CONTABILIZANDO AS OPERAÇÕES DE UMA EMPRESA

3.1 CONTABILIZANDO A CRIAÇÃO DA EMPRESA

Para iniciarmos, vamos imaginar que em 01/02/2010 os colegas Fulano X e Fulano Y uniram-se para constituir uma empresa no ramo de prestação de serviços de conserto de calçados, a qual denominaram de Cia. UNI – Consertos de Calçados. Cada sócio disponibilizou 30.000 de capital em dinheiro, que ao todo totalizou 60.000,00.

Diante dessa situação, vamos observar como ficará representado o primeiro balanço patrimonial da nossa empresa após a sua constituição:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 01/02/2010

ATIVO PASSIVO

Caixa 60.000

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital Social 60.000

Total 60.000 Total 60.000

ATENCAO

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TÓPICO 4 | CONTABILIZANDO COM BALANÇOS SUCESSIVOS

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Sabemos que o primeiro investimento que os sócios fazem é denominado capital social. O capital social é originado dos próprios sócios. Esse capital que tem essa origem deve ser classificado/contabilizado no patrimônio líquido e, ao mesmo tempo, deve ser aplicado ou investido na nova empresa recém-criada.

Essa aplicação vai aparecer no ativo, em bens e/ou direitos. Portanto, nesse caso temos uma origem de 60.000,00 proveniente dos sócios e uma aplicação de 60.000,00 colocada à disposição da empresa em forma de dinheiro em caixa. Assim:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 01/02/2010

ATIVO PASSIVO

Caixa 60.000

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital Social 60.000

Total 60.000 Total 60.000

Aplicações dos Recursos Origens dos recursos

A partir deste momento, a nova empresa passa a ter autonomia para movimentar seus recursos, logicamente com a gerência dos sócios. Cabe destacar que os recursos que estão à disposição da nova empresa ficam desvinculados dos sócios, pois a propriedade do dinheiro é da empresa.

3.2 CONTABILIZANDO A AQUISIÇÃO DE IMÓVEL

A empresa, no dia 03/02/2010, resolve adquirir uma sala comercial para a instalação de sua loja com a finalidade de dar um bom atendimento a seus clientes. A aquisição da sala foi com recursos próprios e se deu pelo valor de 23.000,00 pagos à vista.

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48

UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

Vejamos então como ficará nosso balanço patrimonial após essa operação:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 03/02/2010

ATIVO PASSIVO

Caixa 37.000

Imóveis 23.000

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital Social 60.000

Total 60.000 Total 60.000

Veja que, com o pagamento à vista, nossos recursos que estavam à disposição no caixa (60.000,00) diminuíram no valor do desembolso e ao mesmo tempo passamos a ter um novo bem (imóvel – sala comercial), no valor de 23.000. Note que o valor total do ativo permanece o mesmo (60.000), pois esse é o recurso que está à disposição da empresa.

Note também que há uma origem (caixa) e uma aplicação (imóvel) de recursos no valor de 23.000,00.

3.3 CONTABILIZANDO A AQUISIÇÃO DE MÁQUINAS

No dia 05/02/2010 a empresa adquiriu algumas máquinas e equipamentos para serem utilizados nos trabalhos. Essas máquinas custaram 32.000,00 e também foram pagas à vista. Veja como ficará a situação patrimonial da Cia. UNI:

ATENCAO

IMPORTANTE

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TÓPICO 4 | CONTABILIZANDO COM BALANÇOS SUCESSIVOS

49

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 05/02/2010

ATIVO PASSIVO

Caixa 5.000

Imóveis 23.000

Máquinas 32.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital Social 60.000

Total 60.000 Total 60.000

Da mesma forma que a situação anterior, passamos a ter um novo bem nos investimento da Cia UNI. As máquinas (aplicações de recursos) no valor de 32.000,00 e nosso caixa (origens dos recursos) em menos 32.000,00.

Pergunto a você: O “patrimônio” da Cia. UNI sofreu modificações desde a sua constituição? O “patrimônio líquido” da Cia UNI sofreu modificações desde a sua constituição? Mais adiante discutiremos essas questões.

3.4 CONTABILIZANDO A AQUISIÇÃO DE MÓVEIS E UTENSÍLIOS

Seguindo suas atividades, a Cia. UNI adquiriu, no dia 08/02/2010, móveis e utensílios (mesas, cadeiras e escrivaninhas) para melhor desenvolver suas atividades. O valor da compra totalizou 7.000,00 e, na falta de recursos no caixa, efetuou a compra a prazo.

Vejamos o balanço patrimonial:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 08/02/2010

ATIVO PASSIVO

Caixa 5.000 Duplicatas a pagar 7.000

Imóveis 23.000

Máquinas 32.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Moveis e utensílios 7.000 Capital Social 60.000

Total 67.000 Total 67.000

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UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

Nesta operação também houve o ingresso de mais um bem no patrimônio da empresa (aplicação de recursos). Quem proporcionou a entrada desse bem foi o fornecedor de móveis, que, na verdade, representa a origem desses novos recursos. Notamos que o ativo aumentou em 7.000,00. Até então os recursos usados pela empresa eram os 60.000,00 investidos pelos sócios no início das atividades.

Voltando à pergunta feita anteriormente. O patrimônio da Cia. UNI sofreu alterações desde a sua criação?

Sim. O patrimônio é como se fosse uma célula que constantemente sofre mutações. Veja quantas mudanças ele sofreu desde o dia 01/02 até o dia 08/02. Ele é representado pelo balanço patrimonial que, no momento de sua elaboração, representa uma posição estática. É como se tirássemos uma fotografia e congelássemos a imagem em um determinado momento, porém, as mutações/modificações continuam a acontecer.

E o patrimônio líquido, sofreu alterações?

Não. O patrimônio líquido permanece o mesmo desde o início. Lembro que ele só sofrerá alterações se os sócios aumentarem o capital da empresa, injetando mais recursos, ou retirarem o dinheiro que deixaram à disposição da empresa.

Poderemos confirmar isso pela fórmula:

PL = B + D – O ou PL = A – P

PL = 67.000,00 + 0,00 – 7.000,00PL = 60.000,00

PL = 67.000,00 – 7.000,00PL = 60.000,00

3.5 CONTABILIZANDO A VENDA DE UM BEM

Seguindo com suas atividades, em 10/02/2010 a empresa vendeu sua sala comercial, mudando-se para uma sala alugada. A venda da sala de sua propriedade foi a prazo, pelo valor de 24.000,00. Note que a sala possuía um valor registrado pela contabilidade no valor de 23.000,00.

UNI

UNI

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TÓPICO 4 | CONTABILIZANDO COM BALANÇOS SUCESSIVOS

51

Notamos, nessa operação, que a empresa obteve uma vantagem, comprou por 23.000,00 e vendeu por 24.000,00. Essa vantagem é chamada de lucro. O lucro é um dos principais objetivos a serem alcançados pelas empresas. É ele que ajuda a manter as atividades operacionais das empresas e faz com que a riqueza e o patrimônio efetivamente cresçam.

Então teremos o seguinte balanço patrimonial para representar, após esta operação:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 10/02/2010

ATIVO PASSIVO

Caixa 5.000 Duplicatas a pagar 7.000

Máquinas 32.000

Móveis e utensílios 7.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Duplicatas a receber 24.000 Capital Social 60.000

Lucros 1.000

Total 68.000 Total 68.000

Note que trocamos um ativo (bem imóveis) de 23.000,00 por outro ativo (direito duplicatas a receber) no valor de 24.000,00. Temos neste caso duas origens. Uma de 23.000,00 (imóveis) e outra de 1.000 (lucro) proporcionado por uma vantagem obtida na venda de um ativo, o qual proporciona um aumento no patrimônio líquido. Esse aumento corresponde ao aumento na riqueza líquida da empresa.

Da mesma forma, se a venda fosse feita por 21.000, teríamos um prejuízo de 2.000,00 (21.000,00 – 23.000,00 = -2.000,00). Esse prejuízo de 2.000,00 teria um afeito negativo no patrimônio líquido, provocando uma diminuição na riqueza líquida da empresa.

3.6 CONTABILIZANDO O PAGAMENTO DE UMA DÍVIDA

Em 15/02/2010 a empresa efetuou o pagamento parcial da dívida que possuía. O pagamento efetuado foi no valor de 3.000,00. Então teremos o seguinte balanço patrimonial:

IMPORTANTE

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52

UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 15/02/2010

ATIVO PASSIVO

Caixa 2.000 Duplicatas a pagar 4.000

Máquinas 32.000

Móveis e utensílios 7.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Duplicatas a receber 24.000 Capital Social 60.000

Lucros 1.000

Total 65.000 Total 65.000

Neste caso, vemos os recursos aplicados no caixa (3.000) serem disponibilizados para o pagamento das dívidas da empresa. Aqui, as origens de recursos são o caixa e as aplicações são as duplicatas a pagar.

3.7 CONTABILIZANDO O RECEBIMENTO DE UM DIREITO

No dia 20/02/2010 a empresa recebeu o valor parcial de 10.000,00 relacionados à venda da sala comercial. Então:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 20/02/2010

ATIVO PASSIVO

Caixa 12.000 Duplicatas a pagar 4.000 (*3)

(*4) Máquinas 32.000

Móveis e utensílios 7.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Duplicatas a receber 14.000 Capital Social (*1)

60.000

Lucros 1.000 (*2)

Total 65.000 Total 65.000

Notamos, neste caso, a diminuição no valor de duplicatas a receber (origem) em 10.000,00 e a respectiva destinação dos valores para o caixa (aplicação).

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TÓPICO 4 | CONTABILIZANDO COM BALANÇOS SUCESSIVOS

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4 CONCEITO DE CAPITAL

Também chamado de capital nominal, é o valor colocado à disposição da empresa pelos proprietários. No balanço da Cia. UNI (*1) ele aparece junto ao patrimônio líquido. É a primeira origem de recursos necessária ao início das atividades operacionais da empresa.

4.2 CAPITAL PRÓPRIO

O capital próprio (*2) é composto pelos elementos que fazem parte do patrimônio líquido e abrange o capital inicial (capital social) investido pelos proprietários, bem como suas variações, que são compostas pelos lucros, quando positivas, ou pelos prejuízos, quando negativas.

Podemos entender isso muito bem analisando o balanço da Cia. UNI. No balanço no item 3.5, quando ocorreu a venda de um bem com valor superior ao seu custo de aquisição. O capital próprio da empresa aumentou para 61.000,00 (Capital social + lucros). Podemos entender que o aumento de 1.000,00 corresponde a um resultado de uma atividade empresarial, a qual tem a responsabilidade de proporcionar o aumento da riqueza da empresa com as suas operações. Isso também é justo do ponto de vista do proprietário, que investiu um capital de 60.000,00 e começa a ver que esse investimento está lhe proporcionando rendimentos.

Podemos relacionar isso ao momento em que abrimos uma conta de poupança em um banco e colocamos no início um certo valor. Esse valor todo o mês cresce um pouquinho, pela renda proporcionada pelos juros, ou seja, temos o capital investido mais o rendimento ganho.

4.3 CAPITAL DE TERCEIROS

O capital de terceiros (*3) corresponde a todas as dívidas ou obrigações exigíveis que a empresa possui e, portanto, possui também a obrigação de quitá-las em um determinado momento, quando do seu vencimento. O capital de terceiros representa os investimentos feitos na empresa, com recursos provenientes de terceiros. Nesse contexto, terceiros significa o conjunto de pessoas físicas

4.1 CAPITAL SOCIAL

Também chamado de capital nominal, é o valor colocado à disposição da empresa pelos proprietários. No balanço da Cia. UNI (*1) ele aparece junto ao patrimônio líquido. É a primeira origem de recursos necessária ao início das atividades operacionais da empresa.

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UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

ou jurídicas com que a empresa tem dívidas: funcionários (salários), bancos (empréstimos bancários), governo (impostos), fornecedores de mercadorias (fornecedores) etc.

No caso da Cia. UNI, observamos que no item 3.4 houve a aquisição de bens que foram investidos no ativo, os quais foram financiados por terceiros. Estes venderam à Cia. UNI sem que houvesse o recebimento, ou seja, é dinheiro alheio que está investido no ativo da UNI.

O passivo exigível representa o endividamento da empresa e seu crescimento descontrolado pode levar a empresa a ter sérios problemas em honrar seus compromissos, levando-a à falência.

Não é bom ter dívidas, porém em determinados momentos se faz necessário e o uso eficiente dos capitais de terceiros pode trazer inúmeros benefícios à empresa.

4.4 CAPITAL TOTAL À DISPOSIÇÃO DA EMPRESA

O Capital total à disposição da empresa corresponde aos capitais próprios (*2) mais os capitais de terceiros (*3), os quais estão à disposição (disponíveis no ativo) ou investidos no ativo em forma de bens e direitos (*4). Sendo assim, podemos dizer que o capital é o conjunto de valores disponíveis pela empresa em um determinado momento.

Todos os recursos que entram numa empresa passando pelo passivo (capitais de terceiros) e pelo patrimônio líquido (capital próprio) representam as origens de recursos que, por sua vez, são investidos no ativo, que representam as aplicações.

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RESUMO DO TÓPICO 4

Neste tópico você estudou que:

● Podemos entender e contabilizar algumas operações realizadas por uma empresa com a utilização da metodologia de balanços sucessivos.

● O capital que o dono da empresa coloca à disposição para abrir um negócio é chamado de Capital Social.

● O dinheiro que é emprestado e que está investido na empresa é chamado de Capital de Terceiros.

● A junção do Capital Próprio e do Capital de Terceiros corresponde ao Capital Total à disposição da empresa, o qual encontra-se investido no Ativo.

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AUTOATIVIDADE

1 Os amigos Pedro X, Bento Y e seu filho Zé da Esquina resolveram organizar uma empresa e a denominaram de Pedro Bento e Cia. Ltda. A empresa foi criada e desenvolveu diversas operações, as quais você deverá resolver utilizando a técnica de balanços sucessivos. Então vamos lá:

a) Em 10/01/2011 houve a integralização do capital social em moeda corrente, no valor de 45.000,00.

BALANÇO PATRIMONIAL – Pedro Bento e Cia. Ltda. – __/__/20__

ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Total Total

b) Em 15/01/2011 a empresa comprou um imóvel no valor de 33.000. Por esse imóvel foram pagos à vista 10.000, e o restante, mediante o aceite de uma duplicata, será pago futuramente.

BALANÇO PATRIMONIAL – Pedro Bento e Cia. Ltda. – __/__/20__

ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Total Total

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57

c) No dia 16/01/2011 houve a compra de móveis e utensílios para a instalação da empresa. Para isso foram pagos 15.000 à vista.

BALANÇO PATRIMONIAL – Pedro Bento e Cia. Ltda. – __/__/20__

ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Total Total

d) Em 18/01/2011 foi adquirido a prazo um veículo da concessionária ABC pelo valor de 20.000.

BALANÇO PATRIMONIAL – Pedro Bento e Cia. Ltda. – __/__/20__

ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Total Total

e) No dia 22/01/2011 a empresa solicitou ao Banco ZZ um empréstimo no valor de 6.000. O banco concedeu o empréstimo, liberando os recursos em dinheiro vivo.

Assista ao vídeo deresolução da questão 1

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BALANÇO PATRIMONIAL – Pedro Bento e Cia. Ltda. – __/__/20__

ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Total Total

f) No dia 25/01/2011 os sócios aumentaram o capital da empresa, colocando à disposição mais 14.000 em dinheiro.

BALANÇO PATRIMONIAL – Pedro Bento e Cia. Ltda. – __/__/20__

ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Total Total

g) No dia 26/01/2011, mediante os recursos obtidos pelo aumento de capital e o empréstimo realizado, quitaram 50% da dívida assumida na letra b.

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BALANÇO PATRIMONIAL – Pedro Bento e Cia. Ltda. – __/__/20__

ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Total Total

h) No dia 27/01/2011 houve a venda do veículo pelo valor de 21.000, a prazo.

BALANÇO PATRIMONIAL – Pedro Bento e Cia. Ltda. – __/__/20__

ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Total Total

i) No dia 30/01/2011 a empresa recebeu parcialmente 10.000 relativos aos valores a receber da venda do veículo (item anterior).

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BALANÇO PATRIMONIAL – Pedro Bento e Cia. Ltda. – __/__/20__

ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Total Total

2 Com base no balanço anterior, da letra i, responda:

Qual o valor do Capital de Terceiros?

Qual o valor dos Bens?

Qual o valor do Capital Próprio?

Qual o valor das Obrigações?

Qual o valor do Capital Total à disposição da empresa?

Qual o valor dos Direitos?

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UNIDADE 2

A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade você estará apto(a) a:

• compreender como o balanço patrimonial deve ser estruturado;

• entender o mecanismo da escrituração contábil;

• conhecer as contas e o processo de apuração de resultado das entidades.

Esta unidade está dividida em quatro tópicos e neles você encontrará os con-ceitos relacionados ao balanço patrimonial, sua estrutura e a demonstração do resultado, bem como exercícios de fixação que serão desenvolvidos em cada tópico.

TÓPICO 1 – A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

TÓPICO 2 – RAZONETES E AS PARTIDAS DOBRADAS

TÓPICO 3 – AS VARIAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E A APURAÇÃO DOS RESULTADOS

TÓPICO 4 – ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS

Assista ao vídeo desta unidade.

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TÓPICO 1

A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Caro(a) acadêmico(a)! O Balanço Patrimonial de uma empresa nada mais é do que sua fotografia, que mostra a situação da mesma em um determinado momento. Nessa fotografia é mostrado tudo o que a empresa possui e tudo que ela deve. Bastaria a qualquer momento, para obtermos o balanço de uma empresa, entrar nela e fazer uma relação de tudo o que ela possui e tudo o que ela deve.

Na verdade, não é bem assim. Na unidade estudada anteriormente vimos que os balanços eram elaborados um após cada operação. Porém, na prática, existe a dificuldade de se preparar um balanço após cada operação. Uma empresa é um ente vivo, em que as operações ocorrem a cada momento. Imagine uma grande empresa, quantas operações acontecem num único dia? Manter uma contabilidade com balanços sucessivos seria inviável. Vamos estudar, nessa unidade, técnicas mais ágeis e práticas utilizadas pela contabilidade no sentido de também gerar informações mais rápidas.

Precisamos, em primeiro lugar, definir e conhecer a estrutura do balanço patrimonial, bem como a organização das contas a serem utilizadas pela contabilidade, objeto de estudo deste tópico.

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BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO

Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)

Ativo Realizável a Longo Prazo (ARLP) Passivo Exigível a Longo Prazo (PELP)

Ativo Permanente (AP) Patrimônio Líquido (PL)

Investimentos

Imobilizado

Diferido

Como Ficou

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO

Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)

Ativo Não Circulante (ANC) Passivo Não Circulante (PNC)

Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo

Investimentos

Imobilizado Patrimônio Líquido (PL)

Intangível

2 O BALANÇO PATRIMONIAL E SUA ESTRUTURA

O Balanço Patrimonial das empresas é estruturado de acordo com normas estabelecidas pela legislação brasileira. Recentemente, com o advento da Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08, o Balanço Patrimonial sofreu uma mudança na sua estrutura e forma de apresentação.

Tais mudanças visam a adequação às melhores práticas contábeis internacionais - (IASB) International Accounting Standards Board. A globalização dos negócios e o crescimento dos investimentos diretos estrangeiros, somados à formação de blocos econômicos, trazem consigo a necessidade de se ter um conjunto de normas contábeis internacionais que viabilizem a comparação de informações entre companhias de um mesmo grupo ou de grupos distintos no Brasil e no mundo.

As principais mudanças introduzidas no Balanço Patrimonial podem ser vistas comparativamente, a seguir:

Como Era

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TÓPICO 1 | A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

65

Assim, as principais mudanças são as seguintes:

a) apresentação do ativo em dois grandes grupos de contas: o Ativo Circulante e o Ativo não Circulante;

b) apresentação do passivo em três grandes agrupamentos de contas: o Passivo Circulante, o Passivo não Circulante e o Patrimônio Líquido;

c) extinção da nomenclatura Ativo Permanente, substituindo-a pela nomenclatura Ativo não Circulante;

d) criação do subgrupo Intangível no Ativo não Circulante, cujos itens que o compõem serão destacados do Imobilizado;

e) extinção dos grupos específicos do Realizável a Longo Prazo e do Exigível a Longo Prazo;

f) incorporação do Realizável a Longo Prazo como subgrupo do Ativo não Circulante;

g) incorporação do Exigível a Longo Prazo como subgrupo do Passivo não Circulante.

O Ativo Circulante corresponde à relação de bens e direitos que a empresa possui e que poderá transformar em dinheiro no prazo de até um ano, após o término do exercício social (normalmente em 31/12). São classificados aqui o dinheiro em caixa ou no banco, as aplicações financeiras, as duplicatas a receber (clientes), os estoques, enfim, todos os bens e direitos que se transformarão em dinheiro no curto prazo. O Ativo Circulante é o grupo que gera dinheiro para a empresa pagar suas contas no curto prazo.

Assim, curto prazo, na contabilidade, corresponde normalmente ao período de até um ano, após o término do exercício social. Se efetuarmos uma venda a nosso cliente com prazo de 90 dias (curto prazo), teremos então uma duplicata a receber, que será classificada no Ativo Circulante.

IMPORTANTE

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

66

O Ativo Não Circulante corresponde aos itens que serão realizados ou transformados em dinheiro a longo prazo, normalmente em período superior a um ano, após o termino do exercício social. Se efetuarmos uma venda a nosso cliente com prazo de recebimento estabelecido para daqui a 450 dias (longo prazo), temos então uma duplicata a receber a ser classificada no Ativo Realizável a Longo Prazo. Além do ativo realizável a longo prazo, o “Ativo Não Circulante” compreende também outros elementos patrimoniais que dificilmente se transformarão em dinheiro, pois não se destinam à venda e são elementos utilizados como meio de produção ou meios para se obter renda para a empresa. São geralmente destinados à geração e manutenção das atividades operacionais da empresa. São os bens e direitos dos quais a empresa não tem intenção de se desfazer. Tais ativos são adquiridos para a geração de recursos e manutenção de suas atividades. Logicamente, o fato de um ativo ser classificado como permanente não proíbe a organização de vendê-lo, afinal, a contabilidade deve registrar os fatos para gerar informações e não impor regras. Fazem parte ainda:

a) Investimentos – os investimentos são aplicações que não têm relação direta com as atividades da empresa, porém, são permanentes. Como exemplo, podemos citar: participação em outras empresas, das quais detém ações ou quotas; terrenos comprados para especulação; obras de arte etc.

b) Imobilizado – no imobilizado são classificados os bens destinados à manutenção da atividade principal da empresa, ou seja, os bens que auxiliam a empresa na geração e manutenção de sua atividade operacional. São exemplos: os terrenos para uso; as máquinas; os equipamentos; os veículos; os móveis e utensílios; os prédios em uso etc.

c) Intangível – a Lei 11.638/07, complementada pela MP 449/08, eliminou a figura do Ativo diferido e inseriu o grupo “Ativo Intangível.” Foi uma das alterações mais significativas nas adaptações das práticas contábeis brasileiras para as práticas internacionais da contabilidade. Assim, são considerados ativos intangíveis os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção das atividades empresariais. Portanto, não são bens físicos, que são tangíveis, mas sim, direitos incorpóreos (sem corpo, sem físico) que têm valor econômico para a empresa e que produzem resultados futuros.

O Passivo é dividido em duas partes, organizadas de acordo com o grau de exigibilidade: o passivo circulante e o passivo exigível a longo prazo.

O Passivo Circulante é composto pelas dívidas que a empresa possui e que deverão ser pagas em período menor do que um ano. Dentre essas contas a pagar, as mais comuns são:

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TÓPICO 1 | A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

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a) Fornecedores: são as dívidas assumidas na ocasião da compra de mercadorias a serem revendidas posteriormente. Assumimos dívidas com nossos fornecedores.

b) Empréstimos a pagar: são as dívidas assumidas ligadas a empréstimos obtidos em dinheiro.

c) Financiamentos a pagar: são dívidas assumidas para a aquisição direta de determinados bens.

d) Salários a pagar: são valores que a empresa tem a pagar aos seus colaboradores relativos ao mês trabalhado e ainda não recebido. Isso ocorre porque a lei determina que os salários devam ser pagos até o quinto dia útil do mês seguinte ao mês trabalhado.

O Passivo Não Circulante, antes do advento da Lei 11.638/07, era denominado de “Passivo Exigível a Longo Prazo”. Caracterizava-se pela classificação das obrigações vencíveis a mais de 365 dias da data do balanço patrimonial. Em princípio, podemos dizer que todos os itens constantes no Passivo Circulante podem vir a ser também Passivos Não Circulantes, caso as datas de seus vencimentos superem mais de um ano da data do balanço a ser encerrado.

Iremos relacionar as dívidas que vencerão num prazo superior a um ano. Neste grupo, basicamente são relacionadas as mesmas contas do Passivo Circulante, diferenciando-se apenas pelo prazo de pagamento. As dívidas com prazo para pagamento acima de 12 meses são classificadas nesse grupo.

Por fim, o Patrimônio Líquido, já conhecido e estudado anteriormente, que é composto pelos recursos que os sócios aplicaram na empresa, mais os lucros gerados pelas atividades empresariais.

Cabe ressaltar que cada um dos grupos estudados anteriormente pode ser ainda dividido em subgrupos, e estes, ainda, em outras divisões, como podemos observar no balanço patrimonial exemplificado a seguir:

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

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BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO R$ PASSIVO R$Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC) Disponibilidades Empréstimos e Financiamentos Caixa 800,00 Empréstimos bancários a pagar 1.000,00 Bancos 200,00 Leasing a pagar 255,00 Clientes Fornecedores Duplicatas a receber 300,00 Fornecedores nacionais 950,00 Estoques Obrigações Fiscais Sociais e

Trabalhistas Matéria-prima 150,00 ICMS a recolher 95,00 Mercadorias 300,00 INSS a recolher 85,00

1.750,00 FGTS a recolher 40,00Ativo Não Circulante Salários a pagar 300,00 2.725,00 Realizável a Longo Prazo 820,00 Passivo Não Circulante Valores a receber 820,00 Exigível a Longo Prazo Títulos a receber Empréstimos e Financiamentos Investimentos Empréstimos em Moeda

Estrangeira540,00

Participação Permanente na Cia. AB

725,00 540,00

Imóveis para Renda 640,00 Patrimônio Líquido (PL) Obras de Arte 85,00 Capital Social Imobilizado Capital subscrito 2.635,00 Terrenos 780,00 (-) Capital a integralizar (100) Veículos 700,00 Reservas (-) Depreciação Acumulada de Veículos

(140,00) Reservas de Capital 205,00

Máquinas 900,00 Reservas de Lucros 215,00 (-) Depreciação Acumulada de Máquinas

(90,00)

Intangível Lucros ou Prejuízos Acumulados Marcas e Patentes 300,00 Lucros Acumulados 350,00 Ponto de Comércio 100,00 3.305,00

4.000,00

TOTAL DO ATIVO 6.570,00 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 6.570,00

3 AS CONTAS

Para Ribeiro (2009, p. 36), “conta é o nome dado aos componentes patrimoniais (bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido), [...]” é por meio das contas que a contabilidade consegue desempenhar seu papel de registrar e controlar todos os acontecimentos responsáveis pela gestão de seu patrimônio.

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TÓPICO 1 | A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

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Assim, conta é a representação contábil de elementos patrimoniais de natureza igual ou semelhante.

É importante ressaltar os aspectos operacionais que o contador deve levar em consideração na criação das contas, que são elementos que ele cria e dos quais se utiliza para melhor controlar o patrimônio de uma entidade. Para tanto, com o objetivo de conhecer o quanto a empresa deve, qual o valor que tem e quanto deve, quanto ganhou no último período, como foi o ganho do último período, o contador cria tantas contas quanto necessárias, para registrar todos os fatos que possibilitem buscar as respostas via Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício.

Dentro desse contexto, as contas que serão criadas para registrar os fatos nos livros contábeis são contas que representam os elementos do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido, mas também devem ser criadas contas que expliquem gastos e perdas do último período. Portanto, criam-se igualmente contas para representar as principais despesas e principais receitas.

O movimento da conta pode ser dividido em dois: movimento que aumenta e movimento que diminui o saldo. Utilizando a nomenclatura de “débito” e “crédito”, seriam dois tipos de movimento de contas: movimento a débito (aumentando saldos devedores e diminuindo saldos credores) e movimento a crédito (aumentando saldos credores e diminuindo saldos devedores).

4 O PLANO DE CONTAS

É chamado de “plano de contas” o conjunto de contas criado pelo contador, para atender às necessidades de registro das transações dos eventos econômicos, de forma a possibilitar a construção dos principais relatórios contábeis e atender a todos os usuários da informação contábil.

Esse conjunto de contas é chamado de “plano de contas”, porque, na realidade, ele é criado antecipadamente ao uso de tais contas. Por isso, o contador tem de planejar a estruturação do “plano de contas”, de maneira que a sua principal ferramenta seja criada para lhe possibilitar o melhor dos resultados no trato com as informações contábeis.

Um “plano de contas” contábil tem como função principal possibilitar adequada forma de controle do patrimônio da entidade contabilizada. Essa forma de controle se fará pelo registro de todas as transações dos eventos econômicos, em “contas” através dos livros contábeis de maneira que se tenha, rápida e

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

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5 A ELABORAÇÃO DO PLANO DE CONTAS

O contador, quando vai montar o “plano de contas” da entidade que está sob sua responsabilidade, deverá ter em mente certos parâmetros, com o intuito de construir sua ferramenta da melhor forma possível.

Esses cuidados têm como base os principais usuários da informação contábil. Apesar de ser sua função registrar os fatos, o contador não pode impor sua vontade na elaboração de um plano de contas. Deve sempre consultar seus usuários, partindo do conhecimento total dos objetivos da empresa e de suas atividades principais. Feito isso, podemos listar alguns cuidados básicos na elaboração de um plano de contas:

a) deve atender primariamente às necessidades específicas de cada empresa e às necessidades de informação dos principais usuários dos relatórios;

b) a classificação deve partir do geral para o particular;

c) deve ser codificado;

d) os agrupamentos devem ser feitos pensando nos relatórios que deles se originarão;

e) os títulos das contas utilizados devem refletir imediatamente os elementos patrimoniais que representam – devem ser claros e sucintos;

f) deve ter flexibilidade (margem para ampliação) e operacionalidade.

Como sabemos, o Balanço Patrimonial é composto por duas colunas. A coluna da esquerda, que representa o Ativo, e a da direita, que representa o Passivo e o Patrimônio Líquido. Até a unidade anterior, elaborávamos o Balanço Patrimonial sem nenhuma preocupação com relação à ordem e organização das contas. Colocando as contas de forma desordenada, certamente teremos dificuldades em analisar as informações do balanço.

precisamente, o valor e a descrição dos elementos patrimoniais da entidade, além do valor da descrição dos principais fatores de gastos e recebimentos.

Assim, podemos dizer que a função básica de um “plano de contas” é promover o registro das transações dos eventos econômicos de forma a criar condições ótimas de classificação e acumulação de dados.

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TÓPICO 1 | A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

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A partir de agora iremos elaborar o Balanço Patrimonial organizando as contas do ativo em ordem decrescente do grau de liquidez, ou seja, quanto mais líquidas (dinheiro ou transformáveis em dinheiro) forem as contas, em primeiro lugar elas serão apresentadas. Exemplificando, podemos dizer que um ativo como as duplicatas a receber são mais facilmente transformadas em dinheiro do que um ativo como as Máquinas e Equipamentos, que são bens de uso nas atividades operacionais.

Já no passivo, as contas são organizadas em ordem decrescente do seu grau de exigibilidade, ou seja, as dívidas, quanto mais próximas à sua data de seu vencimento, em primeiro lugar serão apresentadas.

Para Marion (2008), plano de contas é o agrupamento ordenado de todas as contas que são utilizadas pela contabilidade dentro de determinada empresa. Portanto, o elenco de contas considerado é indispensável para os registros de todos os fatos contábeis.

Há que se destacar que cada empresa deve possuir seu plano de contas, adaptado à sua realidade empresarial. Uma empresa especializada em prestar serviços possui certamente um plano de contas diferente de uma empresa do setor industrial, e esta também diferentemente de uma empresa comercial. Porém, todas obedecem à mesma estrutura exigida pela legislação.

A seguir, apresentamos como modelo um plano de contas adaptado a empresas que exploram as atividades comerciais.

1 ATIVO 1.1 ATIVO CIRCULANTE1,1,1 ATIVO DISPONÍVEL1,1,1,1 Caixa1,1,1,2 Bancos Conta Movimento1,1,1,3 Aplicações Financeiras

1,1,2 CLIENTES1,1,2,1 Duplicatas a receber1,1,2,2 (-) Duplicatas descontadas1,1,2,3 (-) Provisão p/ Créditos de Liquidação Duvidosa

IMPORTANTE

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

72

1,1,3 OUTROS CRÉDITOS1,1,3,1 Títulos a receber1,1,3,2 Cheques em cobrança1,1,3,3 Dividendos propostos a receber1,1,3,4 Juros a receber1,1,3,5 Créditos de funcionários1,1,3,5,1 Adiantamento de viagens1,1,3,5,2 Adiantamento de salários1,1,3,5,3 Adiantamento de 13° Salário1,1,3,6 Impostos a recuperar1,1,3,6,1 IPI a recuperar1,1,3,6,2 ICMS a recuperar1,1,3,6,3 IRRF a recuperar

1,1,4 ESTOQUES1,1,4,1 Matéria-prima1,1,4,2 Produtos em elaboração1,1,4,3 Produtos acabados1,1,4,4 Mercadorias1,1,4,5 Importações em andamento1,1,4,6 Adiantamento a fornecedores

1,1,5 DESPESAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE1,1,5,1 Prêmios de seguros a apropriar1,1,5,2 Aluguéis pagos antecipadamente1,1,5,3 Assinaturas de periódicos a apropriar1,1,5,4 Despesas financeiras a apropriar

1,2 ATIVO NÃO CIRCULANTE1,2,1 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO1,2,1,1 Clientes1,2,1,2 Títulos a receber1,2,1,3 Impostos a recuperar1,2,1,4 Aplicações de Incentivos Fiscais1,2,1,5 Participações não permanentes em outras empresas

1,2,2 INVESTIMENTOS1,2,2,1 Participações Permanentes em Outras Cias.1,2,2,2 Participações em Fundos de Investimentos (IF)1,2,2,3 Terrenos e Imóveis para Futura Utilização1,2,2,4 Imóveis para Renda1,2,2,5 Obras de Arte

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TÓPICO 1 | A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

73

1,2,3 IMOBILIZADO1,2,3,1 Terrenos1,2,3,2 Edifícios1,2,3,3 Instalações1,2,3,4 Móveis e utensílios1,2,3,5 Veículos1,2,3,7 (-) Depreciações acumuladas

1,2,4 INTANGÍVEL1,2,4,1 Marca Registrada1,2,4,2 Ponto de Comércio1,2,4,3 Patentes

1,2,5 DIFERIDO (*1)1,2,5,1 Gastos Pré-Operacionais1,2,5,2 Gastos de Organização e Reorganização1,2,5,3 (-) Amortizações Acumuladas

2 PASSIVO 2,1 PASSIVO CIRCULANTE2,1,1 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS2,1,1,1 Financiamentos e empréstimos bancários2,1,1,2 Juros a pagar de empréstimos e financiamentos2,1,1,3 Leasing a pagar

2,1,2 DEBÊNTURES2,1,2,1 Debêntures conversíveis em ações2,1,2,2 Debêntures não conversíveis em ações2,1,2,3 Juros e participações2,1,2,4 Deságio a apropriar (cd)

2,1,3 FORNECEDORES2,1,3,1 Fornecedores nacionais2,1,3,2 Fornecedores estrangeiros

2,1,4 OBRIGAÇÕES FISCAIS SOCIAIS E TRABALHISTAS2,1,4,1 ICMS a recolher2,1,4,2 IPI a recolher2,1,4,3 Provisão para Imposto de Renda2,1,4,4 Contribuição Social a recolher2,1,4,5 PIS a recolher

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

74

2,1,4,6 ISS a recolher2,1,4,7 COFINS a recolher2,1,4,8 Outros Impostos e taxas a recolher2,1,4,9 INSS a recolher2,1,4,10 FGTS a recolher2,1,4,11 Salários a pagar2,1,4,12 Provisão para férias2,1,4,13 Provisão para 13º salário

2,1,5 OUTRAS OBRIGAÇÕES2,1,5,1 Dividendos a pagar2,1,5,2 Gratificações e participações de empregados e administradores2,1,5,3 Juros a pagar2,1,5,4 Aluguéis a pagar2,1,5,5 Seguros a pagar2,1,5,6 Empresas fornecedoras de água2,1,5,7 Empresas fornecedoras de energia elétrica2,1,5,8 Empresas fornecedoras de telefonia

2,2 PASSIVO NÃO CIRCULANTE2,2,1 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO2,2,1,1 Empréstimos em moeda estrangeira2,2,1,2 Empréstimos em moeda nacional2,2,1,3 Títulos a pagar2,2,1,4 Juros a pagar sobre empréstimos e financiamentos

2,2,2 DEBÊNTURES2,2,2,1 Debêntures conversíveis em ações2,2,2,2 Debêntures não conversíveis em ações2,2,2,3 Juros e participações2,2,2,4 Deságio a apropriar (cd)

2,3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO2,3,1 CAPITAL SOCIAL2,3,1,1 Capital Subscrito2,3,1,2 (-) Capital a Integralizar

2,3,2 AÇÕES EM TESOURARIA2,3,2,1 Ações Ordinárias 2,3,2,2 Ações Preferenciais

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TÓPICO 1 | A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

75

2,3,3,1 Ágio na Emissão de Ações2,3,3,2 Doações e Subvenções 2,3,3,3 Prêmio Recebido na Emissão de Debêntures2,3,3,4 Alienação de Partes Beneficiárias2,3,3,5 Correção Monetária do Capital

2,3,4 RESERVAS DE REAVALIAÇÃO (*1)2,3,4,1 Reavaliação de Terrenos2,3,4,2 Reavaliação de imóveis

2,3,5 RESERVAS DE LUCROS2,3,5,1 Reserva Legal2,3,5,2 Reservas Estatutárias2,3,5,3 Reservas para Contingências2,3,5,4 Reservas de Lucros a realizar

2,3,6 LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS2,3,6,1 Lucros Acumulados 2,3,6,2 Prejuízos Acumulados

3 RECEITAS 3,1 RECEITAS GERAIS3,1,1 RECEITA BRUTA DAS VENDAS3,1,1,1 Venda de Mercadorias 3,1,1,2 Venda de Serviços 3,1,1,3 Venda de Produtos

3,1,2 (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA3,1,2,1 Impostos sobre Vendas3,1,2,1,1 ICMS3,1,2,1,2 IPI3,1,2,1,3 ISS3,1,2,1,4 PIS / COFINS3,1,2,2 Devoluções e Abatimentos

4 CUSTOS 4,1 CUSTOS GERAIS4,1,1 CUSTOS DAS MERCADORIAS VENDIDAS4,1,1,1 Custo por Unidade de Mercadoria Vendida4,1,1,2 Custo da Mercadoria Vendida c/ Base no Inventário

2,3,3 RESERVAS DE CAPITAL

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

76

5,1,1 DESPESAS COM VENDAS5,1,1,1 Salários 5,1,1,2 Comissões sobre vendas5,1,1,3 Encargos sociais5,1,1,4 Propaganda e publicidade5,1,1,5 Fretes com entregas5,1,1,6 Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa5,1,1,7 Reversão da Provisão p/ Créditos de Liq. Duvidosa

5,1,2 DESPESAS ADMINISTRATIVAS5,1,2,1 Salários5,1,2,2 Honorários da diretoria5,1,2,3 Encargos sociais5,1,2,4 Aluguel 5,1,2,5 Depreciações5,1,2,6 Manutenções5,1,2,7 Material de escritório5,1,2,8 Seguros5,1,2,9 Energia elétrica5,1,2,10 Água e esgoto5,1,2,11 Telefone5,1,2,12 Correios5,1,2,13 Programa de alimentação5,1,2,14 Vale-transporte5,1,2,15 Jornais e revistas5,1,2,16 Viagens e representações5,1,2,17 Impostos e taxas diversas5,1,2,18 Doações e contribuições

5,1,3 RESULTADOS FINANCEIROS LÍQUIDOS5,1,3,1 Receitas Financeiras5,1,3,1,1 Juros recebidos ou auferidos5,1,3,1,2 Descontos obtidos

4,1,1,2,7 (-) Abatimentos s/ Compras

5 DESPESAS 5,1 DESPESAS OPERACIONAIS

4,1,1,2,1 Estoque Inicial4,1,1,2,2 Compras4,1,1,2,3 Fretes s/ Compras4,1,1,2,4 Seguros s/ Compras4,1,1,2,5 (-) Estoque Final4,1,1,2,6 (-) Devolução de Compras

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TÓPICO 1 | A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

77

5,1,3,2,5 Despesa Financeira Comercial5,1,3,2,6 Variação Cambial Passiva

5,1,4 RESULTADO NÃO OPERACIONAL5,1,4,1 Ganhos ou Perdas na Alienação de Ativos Permanentes5,1,4,2 Resultado da Equivalência Patrimonial

6 APURAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO6,1 APURAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO6,1,1 APURAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO6,1,1,1 Apuração do Resultado do Exercício

(*1) Para as empresas que optaram por manter e não estornar no balanço de adoção da Lei n. 11.638/07.

Note que no plano de contas apresentado existe, na coluna da esquerda, uma codificação hierarquizada, iniciando pelo Ativo com o código 1 e, dentro do ativo, os dois grupos principais. 1,1 – Ativo Circulante e 1,2 – Ativo Não Circulante.

Dentro do grupo Ativo Circulante temos subgrupos como 1,1,1 – Disponível e dentro do disponível, as contas: 1,1,1,1 – Caixa (conta mais líquida), 1,1,1,2 – Bancos conta movimento e assim segue.

A sequência de codificação de um plano de contas denominamos graduação do plano. Assim, a primeira codificação (1, 2, 3, 4, 5) para Ativo, Passivo, Receitas, Custos e Despesas, respectivamente, chamamos de plano de contas em primeiro grau. À medida que vamos detalhando o plano, denominamos plano de contas de segundo grau (para detalhamento do primeiro), de terceiro grau (para detalhamento do segundo), e assim por diante.

5,1,3,1,3 Receitas sobre aplicações financeiras5,1,3,1,4 Receita Financeira Comercial5,1,3,1,5 Variação Cambial Ativa

5,1,3,2 Despesas Financeiras5,1,3,2,1 Juros pagos ou incorridos5,1,3,2,2 Descontos concedidos5,1,3,2,3 CPMF / IOF5,1,3,2,4 Comissões e despesas bancárias

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

78

6 CONTAS SINTÉTICAS E ANALÍTICAS

São denominadas contas analíticas aquelas contas que representam os elementos patrimoniais em seu maior grau de detalhamento. Significa que a informação em seu nível de maior especificação está evidenciada nas contas analíticas.

Normalmente, as contas analíticas constituem-se na maior graduação do plano de contas. No nosso exemplo, as contas analíticas são aquelas de quarto grau (no caso, a conta: 2,1,3,2) e em alguns casos de quinto grau (no caso, a conta: 5,1,3,2,4).

A conta analítica se configura quando a obtenção de seu saldo é conseguida através de lançamentos, ou seja, através do registro de cada fato administrativo.

As contas sintéticas são aquelas cujo saldo é conseguido através do somatório do saldo de duas ou mais contas analíticas, ou de duas ou mais contas sintéticas.

Por conseguinte, as contas sintéticas não recebem lançamentos. Normalmente, se constituem nos planos de contas de menor grau. Quanto menor é o grau da conta, mais sintético é o seu saldo, ou seja, o saldo representa um resumo muito maior de outras contas.

Assim, a conta de “Passivo”, no nosso exemplo de “plano de contas”, é a conta mais sintética ou resumida possível. A conta “Passivo Circulante” e a conta “Fornecedores” são exemplos de outras contas que sintetizam informações de outras contas, cada uma no seu devido grau de resumo.

A finalidade da graduação do plano de contas é a definição de um sistema classificatório que permita o somatório dos saldos das contas.

Assim, para se obter o saldo da conta de terceiro grau de fornecedores (2,1,3), somam-se todos os saldos das contas de quarto grau de fornecedores nacionais (2,1,3,1) e fornecedores estrangeiros (2,1,3,2).

Os códigos são utilizados para elaborar os lançamentos contábeis em sistemas informatizados, o que facilita o processamento e agiliza a informação.

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79

RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico estudamos e aprendemos que:

● O Balanço Patrimonial possui uma estrutura preestabelecida.

● Vimos que as contas do Ativo são organizadas de acordo com seu grau de liquidez, formando dois grandes grupos: o Ativo Circulante e o Ativo Não Circulante. Por outro lado, as contas do Passivo são organizadas pelo grau de exigibilidade e são compostas pelo Passivo Circulante, Passivo Não Circulante e o Patrimônio Líquido.

● Entendemos também que curto prazo, em contabilidade, normalmente é o período até 12 meses após o encerramento do balanço, e longo prazo é o tempo acima de 12 meses.

● Quanto às contas, vimos que para a boa ordenação e sistematização qualitativa e quantitativa do patrimônio é necessário ordená-las em plano de contas.

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80

AUTOATIVIDADE

1 Complete as frases a seguir:

a) O........................................ representa os bens e ............................. que a empresa possui, sendo normalmente representado no lado ........................... ..........do balanço.

b) O Ativo divide-se em dois grandes grupos, classificados em ordem de ............................, que são o ............................. e o .................................... Este último grupo divide-se em quatro subgrupos, que são o .........................., o ............................, o ..................................... e o .....................................

c) No lado direito temos o.........................................que é dividido em .............................. e ............................................ Este último representa as dívidas de .......................... prazo.

d) Já o..........................................................é composto pelos recursos próprios aplicados mais os lucros gerados pelas atividades operacionais da entidade.

2 Pesquise no Plano de Contas apresentado anteriormente, colocando seu código e o grupo e subgrupo em que é classificada.

Conta Código Grupo SubgrupoCaixa 1,1,1,1 Ativo Circulante DisponibilidadesFGTS a recolherEmpréstimos: moeda estrangeiraMóveis e utensíliosHonorários da diretoriaDuplicatas a receberLucros acumuladosÁgua e esgoto 5,1,2,2 Despesas

OperacionaisDespesas Administrativas

Aplicações financeirasReceitas s/aplicações FinanceirasFretes com entregasComissões sobre vendas

Assista ao vídeo deresolução da questão 2

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81

TÓPICO 2

RAZONETES E AS PARTIDAS DOBRADAS

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Na unidade anterior vimos o funcionamento da contabilidade através da utilização de balanços sucessivos. Com os balanços sucessivos conseguimos entender como a contabilidade funciona, além de diversos conceitos contábeis. Vamos, a partir de agora, utilizar uma metodologia que nos permitirá efetuar a contabilidade de uma entidade com mais agilidade.

Basicamente, iremos controlar individualmente cada conta, registrando

os aumentos e diminuições que ocorrem em cada uma delas, permitindo assim, a qualquer momento ou no final de um determinado período (semana, mês, semestre, ano), a elaboração de um balanço patrimonial. Evitaremos assim, a cada operação ocorrida na empresa, a elaboração do balanço patrimonial.

2 RAZONETES

O controle individual de cada conta será efetuado por “razonetes”, que nada mais são do que uma representação em forma resumida de um Livro Contábil obrigatório utilizado pela contabilidade, chamado de Livro Razão.

Os razonetes possuem a seguinte representação gráfica:

Nome da ContaD C

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

82

Note bem que os razonetes possuem bastante semelhança com o balanço patrimonial. O lado esquerdo de uma conta é chamado de lado do débito e o lado direito de uma conta é chamado de lado do crédito. Portanto, um movimento de valor no lado esquerdo de uma conta é chamado de movimento ou lançamento a débito, e um movimento de valor no lado direito de uma conta é chamado de movimento ou lançamento a crédito.

3 PARTIDAS DOBRADAS

Para que possamos entender o funcionamento da contabilidade com a utilização dos razonetes, precisamos entender uma regra básica de movimentação dos valores nas contas.

A regra possui um mecanismo de funcionamento específico para as contas do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido e é a seguinte:

3.1 REGRA PARA AS CONTAS DO ATIVO

Para Contas do ATIVOD C

Aumentos Diminuiçõesde valores de valores

+ -

Imagine, para exemplificar essa regra, uma operação envolvendo o pagamento de uma dívida. A conta CAIXA (conta do ativo) teria a necessidade de desembolsar um certo valor, assim o movimento ou o lançamento deste valor seria feito no lado direito.

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TÓPICO 2 | RAZONETES E AS PARTIDAS DOBRADAS

83

3.2 REGRA PARA AS CONTAS DO PASSIVO

Para Contas do PASSIVOD C

Diminuições Aumentos de valores de valores

- +

Já a operação anterior, envolvendo o pagamento de uma dívida, para esta regra a dívida quitada provocaria uma movimentação ou um lançamento no lado esquerdo da conta do passivo, em função de sua diminuição de valor.

3.3 REGRA PARA AS CONTAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Para Contas do PATRIMÔNIO LÍQUIDOD C

Diminuições Aumentos de valores de valores

- +

Para as contas do patrimônio líquido, a regra de funcionamento é a mesma das contas do passivo, pois ambas são relacionadas no mesmo lado do balanço patrimonial. Imagine assim uma operação contábil onde houvesse um aumento de capital em dinheiro. Com essa operação teríamos um movimento em uma conta do PL (capital) no lado direito e um movimento em uma conta do Ativo (caixa) no lado esquerdo.

Page 94: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

84

Temos então as seguintes operações:

a) Em 01/02/2010, os colegas Fulano X e Fulano Y uniram-se para constituir uma empresa, a Cia. UNI, com capital total em dinheiro no valor de 60.000,00.

b) No dia 03/02/2010 houve a aquisição de uma sala comercial para a instalação de sua loja, pelo valor de 23.000,00 pagos à vista.

c) No dia 05/02/2010 a empresa adquiriu algumas máquinas e equipamentos para serem utilizados nos trabalhos. Essas máquinas custaram 32.000,00 e também foram pagas à vista.

d) No dia 08/02/2010 houve a aquisição de móveis e utensílios, no valor de

7.000,00, a prazo. e) Em 10/02/2010 a empresa vendeu sua sala comercial. A venda de sala de sua

propriedade foi a prazo, pelo valor de 24.000,00. Note que a sala possuía um valor registrado pela contabilidade no total de 23.000,00. Percebemos nessa operação que a empresa obteve uma vantagem, comprou por 23.000,00 e vendeu por 24.000,00. Essa vantagem é chamada de lucro. O lucro é um dos principais objetivos a serem alcançados pelas empresas. É ele que ajuda a manter as atividades operacionais das empresas e faz com que a riqueza e o patrimônio efetivamente cresçam.

f) Em 15/02/2010a empresa efetuou o pagamento parcial da dívida. O pagamento efetuado foi no valor de 3.000,00.

g) No dia 20/02/2010 a empresa recebeu o valor parcial de 10.000,00 relacionados à venda da sala comercial.

Para entendermos o processo de forma completa, vamos contabilizar todas as operações da Cia. UNI, já estudadas anteriormente em forma de balanços sucessivos na Unidade 1, bastando para isso acompanhar conforme a sequência de “a” a “g”.

IMPORTANTE

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TÓPICO 2 | RAZONETES E AS PARTIDAS DOBRADAS

85

Caixa - AC Capital – PL Imóveis – ANCD C D C D C

a 60.000 23.000 b 60.000 a B 23.000 23.000 eg 10.000 32.000 c

3.000 f

70.000 58.000 23.000 23.00012.000 60.000 0,00 0,00

Soma dos débitosSoma dos créditosSaldo final da conta (70.000,00 – 58.000,00)

Máquinas e Equipamentos - ANC

Móveis e Utensílios – ANC

Duplicatas a pagar – PC

D C D C D Cc 32.000 d 7.000 F 3.000 7.000 d

3.000 7.00032.000 7.000 4.000

Duplicatas a receber - AC Lucros Acumulados - PL

D C D C

e 24.000 10.000 g 1.000 e

24.000 10.000

14.000 1.000

Veja a solução das operações nos razonetes a seguir. Para uma boa compreensão da solução, acompanhe sequencialmente letra por letra.

DICAS

Page 96: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

86

Para entendermos melhor as movimentações ocorridas nas contas acima, é necessário que não seja feito o vínculo com o conceito de débito e crédito do nosso dia a dia e usualmente aplicado.

A compreensão desses conceitos é importante para o entendimento e

aplicação na contabilidade.

O Débito significa destino ou aplicação dos recursos. Sempre que recursos são aplicados, como a compra de bens, pagamento de dívidas, entre outros, existe um débito na conta correspondente ao item para o qual os recursos destinaram-se.

Já o Crédito significa origem de recursos. A fonte de recursos, seja proveniente dos sócios (capital social), a venda de serviços, a obtenção de um empréstimo, entre outros, implicará sempre um crédito na conta referente a essa origem de recursos.

Diante da movimentação das contas nos razonetes, realizada anteriormente, surge o seguinte Balanço Patrimonial:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 20/02/2010

ATIVO PASSIVO

Caixa 12.000 Duplicatas a pagar 4.000

Máquinas 32.000

Móveis e utensílios 7.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Duplicatas a receber 14.000 Capital social 60.000

Lucros 1.000

Total 65.000 Total 65.000

Page 97: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

87

RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico aprendemos que:

● As contas são movimentadas, individualmente, registrando-se os aumentos e diminuições de acordo com uma regra estabelecida especificamente para as contas do Ativo Passivo e Patrimônio Líquido.

D C

Contas do Ativo ⇨ Aumentos (+) Diminuições (-)

Contas do Passivo ⇨ Diminuições (-) Aumentos (+)

Contas do Patrimônio Líquido ⇨ Diminuições (-) Aumentos (+)

● Toda a conta, além dos movimentos de aumentos e diminuições, apresenta no final um saldo que pode ser devedor ou credor. É saldo devedor quando o movimento a débito é maior que o movimento a crédito, e o saldo é credor quando o movimento a crédito for superior ao movimento a débito.

Page 98: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

88

AUTOATIVIDADE

Resolva as operações contábeis a seguir utilizando a técnica de movimentação dos valores através de razonetes, seguindo a sequência apresentada, numerando os lançamentos nos respectivos razonetes.

Após todas as movimentações terem sido contabilizadas, apure o saldo final de cada conta e elabore o Balanço Patrimonial.

Item Data Movimentações Contábeis

1 04/12/10 A Comercial Indiana, empresa constituída nesta data, recebe de seus sócios 15.000, para integralização do capital inicial, composto pelos seguintes ativos: Dinheiro depositado no Banco do Sul – 10.000; Móveis e Utensílios – 5.000.

2 05/12/10 Adquire mercadorias para o estoque, no total de 4.000, sendo 3.000 pagos em cheque e 1.000 será pago em 09/12/10.

3 07/12/10 Adquire um veículo, para entrega de mercadorias, no valor de 6.000, sendo 50% à vista com cheque e 50% com empréstimo bancário a curto a prazo.

4 09/12/10 Pagamento da dívida assumida no dia 05/12/10 com a emissão de cheque naquele valor.

5 12/12/10 Compra de mercadorias por 5.000, sendo 50% à vista com cheque e o restante a prazo (60 dias).

6 14/12/10 Aumenta o capital social em mais 5.000, em dinheiro, depositado em banco.

7 18/12/10 Adquire um terreno no valor de 5.000, tendo sido entregue um cheque de 2.000 no ato e o restante será pago no prazo de 450 dias com a emissão de uma Nota Promissória (títulos a pagar).

8 24/12/10 Adquire móveis e utensílios no valor de 600, pagos em cheque.

Solução:

Bancos Conta Movimento – AC

Móveis e utensílios – ANC Capital – PL

D C D C D C1 10.000 1 5.000 15.000 1

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1 Corresponde ao 1º lançamento.

Mercadoria – AC Fornecedores - PC Veículos – ANCD C D C D C

Empréstimos bancários a pagar - PC Títulos a pagar - PNC Terreno - ANC

D C D C D C

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 20/02/2006

ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital Social

Total Total

Assista ao vídeo deresolução desta questão

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90

Page 101: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

91

TÓPICO 3

AS VARIAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E A

APURAÇÃO DOS RESULTADOS

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Sabemos que o Patrimônio Líquido das entidades representa a riqueza líquida desta entidade. Assim, a riqueza líquida pode variar por duas causas principais, que são:

● A primeira é o investimento inicial de capital feito pelos proprietários e seus aumentos posteriores. Pode também haver diminuições provocadas por desinvestimentos de capital, quando da retirada ou da saída de um proprietário da sociedade.

● Outra forma de haver variações no patrimônio líquido é pelo confronto das receitas e despesas que ocorrem em um determinado período.

2 RECEITAS E DESPESAS

Sendo assim, o que vem a ser receitas e o que vem a ser despesas?

Contabilmente, receita pode ser entendida como a entrada de elementos para o Ativo da empresa, provenientes de venda de produtos, mercadorias ou pela prestação de serviços.

Vendas essas que estão ligadas diretamente às atividades operacionais das empresas e consideradas como sendo os elementos positivos do resultado.

As Normas Brasileiras de Contabilidade NBC T 1, que tratam da Estrutura Conceitual para Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, trazem mais detalhado o conceito de “receita”, como segue:

74. A definição de receita abrange tanto receitas propriamente ditas como ganhos. A receita surge no curso das atividades ordinárias de uma entidade e é designada por uma variedade de nomes, tais como vendas, honorários, juros, dividendos, royalties e aluguéis.

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92

UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

75. Ganhos representam outros itens que se enquadram na definição de receita e podem ou não surgir no curso das atividades ordinárias da entidade, representando aumentos nos benefícios econômicos e, como tal, não diferem, em natureza, das receitas. Consequentemente, não são considerados como um elemento separado nesta Estrutura Conceitual.

76. Ganhos incluem, por exemplo, aqueles que resultam da venda de ativos

não correntes. A definição de receita também inclui ganhos não realizados; por exemplo, os que resultam da reavaliação de títulos negociáveis e os que resultam de aumentos no valor de ativos a longo prazo. Quando esses ganhos são reconhecidos na demonstração do resultado, eles são usualmente apresentados separadamente, porque sua divulgação é útil para fins de tomada de decisões econômicas. Esses ganhos são, na maioria das vezes, mostrados líquidos das respectivas despesas.

77. Vários tipos de ativos podem ser recebidos ou aumentados por meio da

receita; exemplos incluem caixa, contas a receber, mercadorias e serviços recebidos em troca de mercadorias e serviços fornecidos. A receita também pode resultar da liquidação de passivos. Por exemplo, a entidade pode fornecer mercadorias e serviços a um credor em liquidação da obrigação de pagar um empréstimo.

FONTE: RESOLUÇÃO CFC Nº 1.121/08. Disponível em: <www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_1121.doc.>. Acesso em: 17 nov. 2010.

Os aumentos no Ativo são visualizados no caixa, se as receitas forem à vista, e/ou em duplicatas a receber de clientes, se as receitas forem realizadas a prazo.

Já as despesas, consideradas os elementos negativos do resultado, correspondem ao consumo de bens ou serviços que direta ou indiretamente ajudam a produzir receitas, ou seja, é o sacrifício que a empresa arca para a obtenção de receita.

As Normas Brasileiras de Contabilidade NBC T 1, que tratam da Estrutura Conceitual para Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, trazem mais detalhado o conceito de “despesa”, como segue:

ATENCAO

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TÓPICO 3 | AS VARIAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E A APURAÇÃO DOS RESULTADOS

93

78. A definição de despesas abrange perdas assim como as despesas que surgem no curso das atividades ordinárias da entidade. As despesas que surgem no curso das atividades ordinárias da entidade incluem, por exemplo, o custo das vendas, salários e depreciação. Geralmente, tomam a forma de um desembolso ou redução de ativos como caixa e equivalentes de caixa, estoques e ativo imobilizado.

79. Perdas representam outros itens que se enquadram na definição de despesas

e podem ou não surgir no curso das atividades ordinárias da entidade, representando decréscimos nos benefícios econômicos e, como tal, não são de natureza diferente das demais despesas. Assim, não são consideradas como um elemento à parte nesta Estrutura Conceitual.

80. Perdas incluem, por exemplo, as que resultam de sinistros como incêndio e inundações, assim como as que decorrem da venda de ativos não correntes. A definição de despesas também inclui as perdas não realizadas, por exemplo, as que surgem dos efeitos dos aumentos na taxa de câmbio de uma moeda estrangeira com relação aos empréstimos a pagar em tal moeda. Quando as perdas são reconhecidas na demonstração do resultado, elas são geralmente demonstradas separadamente, pois sua divulgação é útil para fins de tomada de decisões econômicas. As perdas são geralmente demonstradas líquidas das respectivas receitas.

FONTE: RESOLUÇÃO CFC Nº. 1.121/08. Disponível em: <www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_1121.doc.>. Acesso em: 17 nov. 2010.

As despesas, por sua vez, provocam diminuições no Ativo, quando pagas, e/ou aumentos no passivo quando geradas e não pagas.

Assim, o confronto entre os elementos positivos (receitas) e os elementos negativos (despesas) produz um resultado. O resultado será positivo quando as receitas forem superiores às despesas, e negativo quando as despesas forem superiores às receitas. Quando o resultado for positivo, teremos lucros, e quando o resultado for negativo, teremos prejuízos.

Para quantificar o resultado obtido pelas empresas usaremos uma demonstração contábil chamada de Demonstração de Resultado do Exercício – DRE, a qual possui a seguinte estrutura, ainda de forma simplista:

ATENCAO

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94

UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DRE – CIA UNI

RECEITAS

Venda de Serviços 5.600,00

(-) DESPESAS

Despesas com Salários (2.400,00)

Despesas com Aluguel (1.200,00)

Despesas com Materiais (950,00) (4.550,00)

RESULTADO – Lucro Líquido 1.050,00

BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO R$ PASSIVO R$Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC) Disponibilidades Empréstimos e Financiamentos Caixa (-) (+) R$? Empréstimos bancários a pagar Clientes Fornecedores Duplicatas a receber R$? Fornecedores nacionais Estoques Obrigações Fiscais Sociais e Trabalhistas (+) Mercadorias Salários a pagar 2.400,00

Passivo Não CirculanteAtivo Não circulante Empréstimos e Financiamentos (LP) Valores a receber (LP) Empréstimos em moeda estrangeira Títulos a receber Patrimônio Líquido (PL) Investimentos Capital Social Participação permanente na Cia. AB Capital subscrito Imobilizado Lucros ou Prejuízos Acumulados Terrenos Lucros acumulados 1.050,00 Diferido Gastos pré-operacionais

TOTAL DO ATIVO R$? TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO R$?

Podemos notar ainda que, conforme apresentado anteriormente, as duas demonstrações (Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultados) estão intimamente ligadas com forte relação entre elas, pois as operações que geram receitas e despesas provocam alterações nos resultados e no patrimônio.

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TÓPICO 3 | AS VARIAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E A APURAÇÃO DOS RESULTADOS

95

As contas de receitas e despesas (contas de resultado) também são movimentadas pela contabilidade, em razonetes, da mesma forma que as contas do ativo, passivo e patrimônio líquido (contas patrimoniais).

Cabe observar que o movimento nas contas de resultado também obedece a uma regra, a qual segue:

Para Contas de RECEITASD C

Aumentos de valores

+

Para Contas do DESPESASD C

Aumentos de valores

+

Como visto, os registros de aumentos e de diminuições das contas do Patrimônio Líquido obedecem à seguinte regra: os aumentos são registrados por créditos e as diminuições por débitos.

IMPORTANTE

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96

UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

Em função dessa regra geral, as receitas obtidas, por aumentarem o Patrimônio Líquido, deverão ser creditadas em contas de receitas. As despesas incorridas, por diminuírem o Patrimônio Líquido, deverão ser debitadas em contas de despesas.

Uma despesa é, portanto, elemento que diminui o resultado (e consequentemente, o Patrimônio Líquido), enquanto uma receita é elemento que aumenta o resultado (e o Patrimônio Líquido, por decorrência).

Assim, para que haja condições de análise e informações detalhadas dentro de uma empresa, receitas e despesas constituem apenas os grupos principais, sendo desdobradas, em cada classe, em diversos componentes, segundo a natureza e o tipo de cada uma delas, conforme estrutura do plano de contas visto anteriormente nesse caderno.

Então como fica a contabilidade agora, com as contas de resultado?

Vamos exemplificar com as operações que seguem:

a) Imagine que a Cia. UNI esteja sendo criada com a finalidade de prestar serviços. Foi então constituída, em imóvel alugado, com um capital deixado à disposição pelos sócios, no valor de 8.000,00 em dinheiro.

b) Em seguida, adquiriu à vista, móveis e utensílios no valor de 2.000,00.

c) Posteriormente, a Cia. UNI foi contratada para prestar serviços. Cobrou pelos serviços o valor de 3.000,00 à vista.

d) Executou mais serviços e, de acordo com o acordado, só receberá o valor de 1.500,00 daqui a 60 dias.

e) Pagou o salário dos funcionários envolvidos na execução dos serviços no valor de 1.900,00.

f) Pagou o aluguel do imóvel, o valor referente a 1.100,00.

Diante disso, perguntamos:

A Cia. UNI é lucrativa?

Como fica seu Balanço Patrimonial?

Como fica sua Demonstração de Resultados?

Para obtermos essas respostas, precisamos contabilizar as operações acima, como segue:

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TÓPICO 3 | AS VARIAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E A APURAÇÃO DOS RESULTADOS

97

Caixa – AC Capital - PL Moveis e Utensílios – ANC

D C D C D Ca 8.000 2.000 b 8.000 a b 2.000c 3.000 1.900 e

1.100 f

Receitas de Serviços – RDuplicatas a Receber

– ACDespesas com Salários

- RD C D C D C

3.000 c d 1.500 e 1.9001.500 d

Despesas de Aluguéis – R

D Cf 1.100

3 ENCERRAMENTO DAS CONTAS DE RESULTADO

Efetuada toda a movimentação contábil (letras “a” a “f”) em suas respectivas contas, notamos agora a existência de saldo não apenas nas contas patrimoniais (ativo, passivo e patrimônio líquido), mas também nas contas de resultados (receitas e despesas).

Para respondermos à primeira pergunta realizada anteriormente (A Cia. UNI é lucrativa?).

Toda a empresa necessita fazer a apuração de resultados pelo menos uma vez por ano. O lucro ou prejuízo de um exercício está na dependência do confronto das contas de receita e de despesa, e esse resultado líquido é apurado na conta denominada resultado.

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

Para efeito de apurar o resultado das empresas, as contas de receita e despesas são periódicas, isto é, somente deverão conter registros para um ano ou período menor, conforme a duração do período contábil, o que significa que todas as contas de receita e de despesa devem possuir saldo zero no início dos períodos.

Para que isso aconteça, no final de cada período deve-se proceder ao encerramento das contas de resultado, por meio dos lançamentos de encerramento.

O encerramento das contas de receita é realizado pela transferência (débito) de seus saldos credores para crédito da conta resultado. As contas de despesa são encerradas pela transferência (crédito) de seus saldos devedores para débito da conta resultado.

Então, voltando ao nosso exemplo, necessitamos adotar os seguintes procedimentos, como segue:

● Apurar o saldo nas contas de receitas e despesas.

● Transferir o saldo das contas de receitas e despesas para uma conta chamada “Resultado”. No momento da transferência, todas as contas de receitas e despesas terão seu saldo anulado, conforme a sequência dos lançamentos abaixo:

1. Lançamento de anulação do saldo da receita de serviços e consequente transferência para a conta de Resultado.

2. Lançamento de anulação do saldo da conta de despesas com salários e consequente transferência para a conta de Resultado.

3. O mesmo que o lançamento anterior é feito com a conta de despesas de aluguel.

● Transferir o saldo da conta “Resultado” para uma conta do Patrimônio Líquido chamada de “Lucros ou Prejuízos Acumulados.”

Concentre atenção nas contas de receitas e despesas e veja, a seguir, como fica o processo de apuração de resultados:

ATENCAO

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TÓPICO 3 | AS VARIAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E A APURAÇÃO DOS RESULTADOS

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Caixa – AC Capital - PL Moveis e utensílios – ANC

D C D C D Ca 8.000 2.000 b 8.000 a b 2.000c 3.000 1.900 e 8.000 2.000

1.100 f11.000 5.000

6.000

Receitas de serviços – RDuplicatas a receber

– ACDespesas com salários

- RD C D C D C

3.000 c d 1.500 e 1.9001.500 d 1.500 1.900 1.900 2

1 4.500 4.500 0,00 0,000,00 0,00

Despesas de aluguéis – R Resultado – R

D C D Cf 1.100 2 1.900 4.500 1

1.100 1.100 3 3 1.1000,00 0,00 3.000 4.500

Note que efetuamos a transferência dos valores das contas de receitas e despesas, através de lançamentos contábeis (lançamentos 1, 2 e 3), para a conta de resultado. Após isso, todas as receitas e despesas estarão com saldo zerado ou nulo. Apenas possuem saldo as contas patrimoniais e a conta resultado, que reflete de forma resumida todas as contas de receitas e despesas.

IMPORTANTE

Page 110: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

100

UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

Dando sequência, o passo seguinte é transferir o saldo da conta resultado para uma conta do balanço patrimonial (lucros ou prejuízos acumulados).

Resultado – R Lucros/Prejuízos Acumulados – PL

D C

2 1.900 4.500 1 1.500 4

3 1.100 1.500

3.000 4.500

4 1.500

0,00 0,00

Após isso, poderemos elaborar o Balanço Patrimonial, em resposta à segunda pergunta feita anteriormente. Temos o que segue:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI

ATIVO R$ PASSIVO R$

Ativo Circulante (AC)

Disponibilidades

Caixa 6.000 Patrimônio Líquido (PL)

Clientes Capital Social

Duplicatas a receber 1.500 Capital 8.000

Lucros ou Prejuízos Acumulados

Ativo Não Circulante (ANC) Lucros acumulados 1.500

Imobilizado

Móveis e utensílios 2.000

TOTAL DO ATIVO 9.500 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 9.500

O Balanço é a demonstração contábil que tem por finalidade apresentar a situação patrimonial da empresa em um determinado momento, dentro de determinados critérios de avaliação.

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TÓPICO 3 | AS VARIAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E A APURAÇÃO DOS RESULTADOS

101

É a demonstração que encerra a sequência dos procedimentos contábeis, apresentando de forma ordenada os três elementos componentes do patrimônio: Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido.

Uma vez bem estruturada a natureza do Ativo (bens e direitos), do Passivo (obrigações), do Patrimônio Líquido (diferença entre o Ativo e o Passivo) e as rotinas e procedimentos contábeis, muito fácil se torna entender o que é o Balanço.

Nas empresas, mesmo nas pequenas, podem ocorrer diariamente inúmeras operações e seus registros contábeis contêm grande número de particularidades.

Daí a necessidade de resumir e apresentar os dados de forma adequada, que permita às pessoas interessadas conhecer a situação patrimonial da empresa e as variações ocorridas durante certo período.

A grande importância do Balanço Patrimonial concentra-se na visão que ele dá das aplicações de recursos feitas pela empresa (Ativos) e quantos desses recursos são devidos a terceiros (Passivos). Evidentemente, isso nos dá o nível de endividamento, a liquidez da empresa, a proporção do capital próprio em detrimento ao de terceiros, e outras análises de ordem econômico-financeira que serão estudadas ao longo do curso de Ciências Contábeis.

Da mesma forma, podemos elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício, em resposta à terceira pergunta, onde, de forma analítica, podemos conferir o desempenho econômico da empresa, verificando, pelo seu resultado, se é lucrativa ou não.

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DRE – CIA. UNI

RECEITAS

Receita de Serviços 4.500,00

(-) DESPESAS

Despesas com Salários (1.900,00)

Despesas com Aluguel (1.100,00) (3.000,00)

RESULTADO – Lucro Líquido 1.500,00

Toda empresa precisa apurar o resultado pelo menos uma vez por ano. O lucro ou prejuízo de um período está na dependência da confrontação das contas de resultado (receitas e despesas), e esse resultado líquido é apurado, como vimos, na conta resultado.

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102

UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

No final de cada período deve-se proceder ao encerramento das contas de resultado, por meio de lançamentos de encerramento (zeramento). O encerramento das contas de receita é realizado pela transferência a débito de seus saldos para crédito da conta resultado. As contas de despesas são encerradas pela transferência a crédito de seus saldos para débito da conta resultado.

Com isso, se o total dos créditos da conta resultado for superior ao total dos débitos, teremos um lucro líquido. Se ocorrer o contrário, ou seja, os débitos forem maiores que os créditos, teremos um prejuízo líquido. Ocorrendo lucro ou prejuízo, o saldo da conta resultado será transferido para a conta lucros ou prejuízos acumulados no patrimônio líquido.

A conta resultado serve de intermediária na apuração do lucro ou prejuízo de um período. Assim, não basta apenas a conta resultado, onde aparecem as contrapartidas das contas de despesas e de receitas encerradas no fim do período. É necessário também a Demonstração de Resultado do Exercício, onde aparecerão, detalhadamente, as contas de receitas e despesas de forma ordenada, com o respectivo resultado, lucro ou prejuízo líquido.

Para efeito de apuração de resultado das empresas, as contas de receitas e despesas são periódicas, isto é, somente deverão ter registros para um ano ou período menor, conforme e duração do período contábil, o que significa que todas as contas de receita e despesas devem possuir saldo zero no início do período.

Assim, a Demonstração do Resultado do Exercício, elaborada simultaneamente com o Balanço Patrimonial, constitui-se no relatório sucinto das operações realizadas pela empresa durante determinado período de tempo. Nele se sobressaem os valores mais importantes às pessoas nela interessadas, o Resultado líquido do período, Lucro ou Prejuízo.

Ao mostrar como se formou o lucro ou o prejuízo, esclarece muitas das variações do patrimônio líquido no período.

A contabilidade, com os dois relatórios, o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício, um completando o outro, atinge a finalidade de mostrar a situação patrimonial e econômico-financeira da empresa.

Com os dois relatórios, qualquer pessoa interessada nos negócios da empresa tem condições de obter informações, fazer análises, estimar variações, tirar conclusões de ordem patrimonial e econômico-financeira, traçar novos rumos para futuras transações etc.

IMPORTANTE

Page 113: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

103

RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico estudamos e aprendemos que:

● Na contabilidade, além das contas patrimoniais, fazem parte também as contas que provocam variações no patrimônio. São as contas de resultado (contas de Receitas e Despesas).

● As contas de resultado são as que fazem parte de uma demonstração contábil chamada de Demonstração do Resultado do Exercício, que mostra se a empresa obteve lucro ou prejuízo em um determinado período de atividades.

Page 114: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

104

A seguir estão mencionadas as transações da Cia. Blumenau, organizada em 1º de março de 2010, especializada em serviços gerais de encanamentos e instalações elétricas.

AUTOATIVIDADE

Item Data Movimentações Contábeis

1 01 Integralização de capital em dinheiro de capital social no valor de 70.000.

2 04 Aquisição de uma sala comercial para a sede da empresa – 50.000 à vista.

3 05 Recebimento de 2.200 por realização e execução de trabalhos.

4 10 Pagamento de 800, de aluguel, de um caminhão durante dois dias.

5 18 Compra de diversos móveis e utensílios, da Cia. A, a prazo, por 2.000.

6 23 Pagamento de 200, de despesas com propaganda.

7 26 Recebimento de 3.520, por serviços prestados.

8 30 Pagamento de 2.000, de ordenados e salários.

9 30 Pagamento de 1.900, pelo consumo de energia.

Resolva obedecendo à sequência abaixo:

1 Lançar todas as operações nos razonetes, numerando-as conforme a numeração da coluna “item” da tabela.

2 Apurar os saldos das contas de resultados (receitas e despesas) e transferi-los para a Conta de Resultado.

3 Após a apuração do saldo da conta Resultado, transferi-lo para a conta do Balanço Patrimonial – Lucros ou Prejuízos Acumulados.

4 Elaborar o Balanço Patrimonial com o saldo das contas patrimoniais.

5 Elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício – DRE.

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105

Caixa – AC Capital - PL Imóveis - ANCD C D C D C

Receitas de serviços - RDespesas com aluguel

- RMóveis e utensílios -

ANCD C D C D C

Duplicatas a pagar - PCDespesas c/

propaganda - RDespesas com salários

- RD C D C D C

Despesas c/ energiaelétrica – R Resultado – R Lucros ou prejuízos

Acumulados – PL D C D C D C

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106

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. Blumenau – 31/03/2010

ATIVO R$ PASSIVO R$

Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)

Disponibilidades Duplicatas a pagar .................

Caixa .............

Ativo Não circulante Patrimônio Líquido (PL)

Imobilizado Capital Social

Móveis e utensílios .............. Capital ...............

Imóveis .............. Lucros ou Prejuízos Acumulados

Lucros Acumulados ................

TOTAL DO ATIVO .............. TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO

...............

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DRE – CIA. UNI

01/03/2010 a 31/03/2010

RECEITAS

Receita de Serviços ...............

(-) DESPESAS

Despesas com Salários (................)

Despesas com Aluguel (................)

Despesas............................... (................)

Despesas.............................. (................) (..............)

RESULTADO –............................ .................

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107

TÓPICO 4

ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

O Patrimônio das empresas está em constante movimento, em função dos acontecimentos que ocorrem diariamente. Esses acontecimentos podem ser divididos em dois grupos, os quais passaremos a estudá-los a partir desse tópico. São eles:

● Atos administrativos.

● Fatos administrativos.

2 ATOS ADMINISTRATIVOS

Os Atos administrativos são os acontecimentos que ocorrem na empresa e que não provocam alterações no Patrimônio.

Por exemplo, admissão de empregados, assinaturas de contratos de compras, de vendas e de seguros diversos, aval de títulos, fiança em favor de terceiros etc.

Entretanto, alguns atos administrativos poderão provocar alterações futuras no Patrimônio da empresa. Por esse motivo, devem ser registrados através das Contas que registram tais atos e que não provocam mudanças na situação atual do balanço patrimonial. Essas contas são chamadas de contas de Compensação.

Page 118: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

108

UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

3 FATOS ADMINISTRATIVOS

Os Fatos administrativos são os acontecimentos que provocam variações nos valores patrimoniais, podendo ou não alterar o Patrimônio Líquido.

Por modificarem o Patrimônio, devem ser contabilizados através das Contas Patrimoniais e das Contas de Resultado.

Os fatos administrativos podem ser classificados em três grupos:

● Fatos permutativos.

● Fatos modificativos.

● Fatos mistos.

Vamos acompanhar o exemplo que segue:

Para explicar cada tipo de fato administrativo, partiremos da situação patrimonial a seguir representada (Balanço Patrimonial da empresa CIA. UNI), que será modificada com a ocorrência de cada um dos fatos administrativos apresentados.

Assim, a situação patrimonial inicial é a seguinte:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI

ATIVO R$ PASSIVO R$

Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)

Disponibilidades Salários a pagar 300

Caixa 1.000

Duplicatas a receber 500

Patrimônio Líquido (PL)

Ativo Não Circulante (ANC) Capital Social

Imobilizado Capital 3.200

Imóveis 2.800 Lucros ou Prejuízos Acumulados

Lucros acumulados 800

TOTAL DO ATIVO 4.300 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 4.300

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TÓPICO 4 | ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS

109

3.1 FATOS PERMUTATIVOS

Os Fatos permutativos são aqueles que permutam os elementos componentes do Ativo e/ou do Passivo, sem modificar o valor do Patrimônio Líquido. Pode ocorrer troca entre os elementos do Ativo, entre os elementos do Passivo e entre ambos ao mesmo tempo.

Partindo do Balanço apresentado, suponhamos que na empresa Cia. UNI tenha ocorrido o seguinte:

Recebimento da importância de R$ 500, em dinheiro, referente a uma Duplicata.

Esse fato aumentará o Caixa em R$ 500, pela entrada do dinheiro, e diminuirá a conta Duplicata a Receber em R$ 500, pelo recebimento da Duplicata, provocando, ao mesmo tempo, aumento e diminuição entre os elementos do Ativo. O Balanço Patrimonial, após este acontecimento, ficará assim:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI

ATIVO R$ PASSIVO R$

Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)

Disponibilidades Salários a pagar 300

Caixa 1.500

Ativo Não Circulante (ANC) Patrimônio Líquido (PL)

Imobilizado Capital Social

Imóveis 2.800 Capital 3.200

Lucros ou Prejuízos Acumulados

Lucros acumulados 800

TOTAL DO ATIVO 4.300 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 4.300

Note que a importância de R$ 500, que estava em duplicatas a receber, passou para a conta Caixa. Houve permutação entre elementos do Ativo, mas o valor do Patrimônio Líquido não se alterou.

O Patrimônio Líquido, no Balanço, é composto pela contas Capital e Lucros Acumulados, que, juntas, somam R$ 4.000. Note ainda que, tanto antes como depois do fato, esse valor permanece o mesmo. Portanto, não houve alteração no Patrimônio Líquido.

Page 120: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

110

UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

Dando sequência ao nosso estudo, vamos supor a compra de móveis e utensílios a prazo, por exemplo, no valor de R$ 700,00 o qual aumentará o Ativo e aumentará o Passivo.

Com este evento, veja como fica o Balanço Patrimonial:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI

ATIVO R$ PASSIVO R$

Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)

Disponibilidades Salários a pagar 300

Caixa 1.500 Duplicatas a pagar 700

Ativo Não Circulante (ANC) Patrimônio Líquido (PL)

Imobilizado Capital Social

Imóveis 2.800 Capital 3.200

Móveis e utensílios 700 Lucros ou Prejuízos Acumulados

Lucros acumulados 800

TOTAL DO ATIVO 5.000 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 5.000

Note que o Ativo aumentou para R$ 5.000, com a inclusão da conta móveis e utensílios, tendo em vista a compra efetuada; e o Passivo também aumentou para R$ 5.000, com a inclusão da conta duplicatas a pagar, devido à Obrigação contraída.

Suponhamos, agora, que a empresa Cia. UNI tenha efetuado o pagamento, em dinheiro, de uma Duplicata no valor de R$ 500.

Este evento diminuirá o Ativo, pela saída do dinheiro da conta caixa, e diminuirá também o Passivo, pela liquidação da obrigação, no mesmo valor.

Veja a Situação Patrimonial após este evento:

Page 121: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

TÓPICO 4 | ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS

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BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI

ATIVO R$ PASSIVO R$

Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)

Disponibilidades Salários a pagar 300

Caixa 1.000 Duplicatas a pagar 200

Ativo Não Circulante (ANC) Patrimônio Líquido (PL)

Imobilizado Capital Social

Imóveis 2.800 Capital 3.200

Móveis e utensílios 700 Lucros ou Prejuízos Acumulados

Lucros acumulados 800

TOTAL DO ATIVO 4.500 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 4.500

Note que, tanto no caso de aumento como no caso de diminuição, houve permutação entre elementos do Ativo e do Passivo ao mesmo tempo, sem interferência no Patrimônio Líquido, o qual permaneceu o mesmo.

3.2 FATOS MODIFICATIVOS

Os Fatos modificativos são aqueles que acarretam alterações, para mais ou para menos, no Patrimônio Líquido, ou seja, modificam a situação líquida do balanço patrimonial.

Como você pôde observar, os fatos permutativos envolvem apenas as Contas Patrimoniais, sem provocar alteração alguma no Patrimônio Líquido. Porém, os fatos modificativos envolvem Contas de Resultado (Receitas e Despesas) e, consequentemente, alteram o Patrimônio Líquido.

Podem ocorrer duas situações:

a) Diminuições

Partindo do Balanço anterior, suponhamos a ocorrência do seguinte fato:

A empresa Cia. UNI pagou a importância de R$ 100, em dinheiro, referente a Despesas de energia elétrica.

Page 122: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

112

UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

Tal fato diminuirá o Caixa em R$ 100, pela saída do dinheiro, e, por ser uma despesa, diminuirá também o Patrimônio Líquido no mesmo valor.

Após esse fato, a Situação Patrimonial da empresa fica assim:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI

ATIVO R$ PASSIVO R$

Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)

Disponibilidades Salários a pagar 300

Caixa 900 Duplicatas a pagar 200

Ativo Não Circulante (ANC) Patrimônio Líquido (PL)

Imobilizado Capital Social

Imóveis 2.800 Capital 3.200

Móveis e utensílios 700 Lucros ou Prejuízos Acumulados

Lucros acumulados 700

TOTAL DO ATIVO 4.400 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 4.400

Note que o pagamento da despesa diminuiu o Patrimônio, pois o Caixa, que tinha R$ 1.000, ficou com R$ 900. E a despesa com o consumo de energia elétrica diminuiu o lucro: a conta Lucros Acumulados, que tinha R$ 800, ficou com apenas R$ 700.

b) Aumento

Suponhamos, agora, que tenha ocorrido o seguinte fato com a Cia. UNI:

Recebe a importância de R$ 200, em dinheiro, proveniente de Receitas de Aluguéis de Imóveis.

Esse fato aumenta o Ativo, pela entrada do dinheiro na conta Caixa, e aumenta o Patrimônio Líquido, pela Receita auferida.

Veja a Situação Patrimonial modificada por este evento:

Page 123: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

TÓPICO 4 | ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS

113

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI

ATIVO R$ PASSIVO R$

Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)

Disponibilidades Salários a pagar 300

Caixa 1.100 Duplicatas a pagar 200

Ativo Não Circulante (ANC) Patrimônio Líquido (PL)

Imobilizado Capital Social

Imóveis 2.800 Capital 3.200

Móveis e utensílios 700 Lucros ou Prejuízos Acumulados

Lucros acumulados 900

TOTAL DO ATIVO 4.600 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 4.600

3.3 FATOS MISTOS

Os Fatos Mistos envolvem, ao mesmo tempo, um fato permutativo e um fato modificativo. Podem, portanto, acarretar alterações no Ativo e no Patrimônio Líquido, ou no Passivo e no Patrimônio Líquido, ou no Ativo, no Passivo e no Patrimônio Líquido ao mesmo tempo.

Os fatos mistos podem acarretar aumento ou diminuição no Patrimônio:

Primeiramente, veremos um exemplo de aumento, partindo da Situação Patrimonial anterior.

Suponhamos a ocorrência do seguinte fato:

Os móveis e utensílios, que custaram R$ 700, foram vendidos, à vista, por R$ 750. Tal evento diminuirá o ativo em R$ 700, pela saída de móveis e utensílios; aumentará novamente o Ativo, pela entrada de R$ 750, em dinheiro, no Caixa; e aumentará o Patrimônio Líquido, pelo lucro auferido de R$ 50.

O Balanço Patrimonial ficará assim:

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114

UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI

ATIVO R$ PASSIVO R$

Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)

Disponibilidades Salários a pagar 300

Caixa 1.850 Duplicatas a pagar 200

Ativo Não Circulante (ANC) Patrimônio Líquido (PL)

Imobilizado Capital Social

Imóveis 2.800 Capital 3.200

Lucros ou Prejuízos Acumulados

Lucros acumulados 950

TOTAL DO ATIVO 4.650 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 4.650

Veja que o Ativo sofreu permutação (diminuiu pela saída de móveis e utensílios e aumentou pela entrada do dinheiro na caixa) e foi aumentado em R$ 50. O aumento verificado no Ativo, devido ao lucro obtido na venda, acresceu o Patrimônio Líquido em R$ 50, ou seja, o mesmo valor do lucro. Então tivemos, ao mesmo tempo, um fato permutativo (permuta entre as contas móveis e utensílios e caixa) e um fato modificativo (recebimento de receitas pelo lucro obtido na transação).

Suponhamos, agora, a ocorrência de um fato diminutivo. A empresa Cia. UNI efetuou o pagamento de uma duplicata no valor de R$ 200, em dinheiro, tendo pago, também, R$ 20 de juros pelo atraso. Pagou, portanto, R$ 220.

Esse fato acarretará diminuição no Ativo, pela saída de R$ 220 do Caixa; diminuição no Passivo, pela extinção da obrigação de duplicatas a pagar, no valor de R$ 200; e diminuição do Patrimônio Líquido, pela redução dos lucros em R$ 20, devido à despesa ocorrida.

A situação do Patrimônio passou a ser a seguinte:

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TÓPICO 4 | ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS

115

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI

ATIVO R$ PASSIVO R$

Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)

Disponibilidades Salários a pagar 300

Caixa 1.630 Duplicatas a pagar 200

Ativo Não Circulante (ANC) Patrimônio Líquido (PL)

Imobilizado Capital Social

Imóveis 2.800 Capital 3.200

Lucros ou Prejuízos Acumulados

Lucros acumulados 930

TOTAL DO ATIVO 4.430 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 4.430

Também neste caso, tivemos, ao mesmo tempo, um fato permutativo (permuta entre as contas duplicatas a pagar e caixa) e um fato modificativo (o pagamento da despesa pelos juros ocorridos na operação).

LEITURA COMPLEMENTAR

LUCROS E PERDAS CONTESTÁVEIS E NORMAS CONTÁBEIS

Prof. Dr. Antônio Lopes de Sá

A pressa em implantar em nosso País as normas que se denominaram como “internacionais” começa a despertar interrogações e a gerar polêmicas que possivelmente até poderão, como se noticia, ser motivo de processos judiciais.

A votação nas últimas horas de 2007 da Lei 11.638, somada às dúvidas levantadas em relação à MP-449, ensejou fatos deveras dignos de reflexão; foram produzidos alguns balanços evidenciando lucros fantásticos, outras perdas absurdas e ainda outros resultados ocultos; interrogações sobre números fizeram com que até a Petrobrás se envolvesse em contraditório com a Receita Federal, segundo tem noticiado a imprensa.

Na mídia a empresa referida se diz certa, enquanto a Receita confirma que a Petrobras está errada; alguns entrevistados se dividem em definições sem argumentos mais detalhados; noticiou-se até que o Ministro da Fazenda teria advertido a Receita Federal e, também, que uma Comissão Parlamentar de inquérito

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

se instalaria; chegou-se a veicular que o governo havia permitido o esvaziamento do lucro das variações cambiais; não se disse (pelo menos nos textos que li) quais as justificativas legais e as pessoas que deveras permitiram o ajuste contábil que promoveu a bilionária redução de pagamento de tributos; para mim, como no governo existem poderes definidos, o de legislar é privativo do parlamento e só a este cabe alterar leis que regulam critérios em matéria societária e tributária; o que é inequívoco é um clima de generalizada incompreensão e o quanto causou impacto a adoção de critérios contábeis que podem modificar bilhões no jogo dos lucros e das perdas.

Escrevi em artigo que está em minha página www.lopesdesa.com.br, já há algum tempo, que conflito haveria entre a implantação de normas contábeis denominadas como internacionais e a Receita Federal.

O que afirmei não foi profecia, mas, sim a decorrência de uma observação sobre a realidade derivada do confronto entre as falhas técnicas e científicas que reconheço existirem nas referidas normas em implantação e os rigores da lei.

Isso porque os aludidos procedimentos derivados da Lei 11.638/07 contrariam outras leis; a imposição de que os mesmos se apliquem a todas as sociedades é algo que irá comprometer a muitos profissionais da Contabilidade que cometerem o engano de seguirem de forma absoluta o normatizado; normas não são leis, nem sempre se inspiram nelas (e isso está expressamente declarado nas bases conceituais das referidas normas), nem no cientifico; sobre isso fiz advertências várias que se encontram em muitas páginas na Internet.

Os problemas prosseguem evidenciando que algo precisa de aprofundamento de consideração.

Portugal, por exemplo, não está aceitando integralmente as referidas normas (conforme declarações governamentais editadas na Revista da Ordem dos Contadores de lá, deste mês de Maio, páginas 36 e seguintes), nem a Espanha (que já editou norma própria sobre Intangíveis), como entendo que no Brasil precisam merecer expressivas alterações.

A atitude da CVM – Comissão de Valores Mobiliários dispensando a “comparação de balanços”, passando por cima do espírito da letra da própria lei 6404/76 que obriga tal confronto (Art. 176 § 1º) é algo que denota preocupações.

Comparar, nessa situação de alterações de resultados (lucros e perdas), em verdade evidenciaria expressivas distorções; fico apenas a indagar-me sobre o porquê do esconder tal variação; acredito que as decorrências de tal fato no campo prático ainda são imprevisíveis, mas, possível é que até possam alimentar teses no campo judicial.

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117

O rumo que vai tomando a questão tem preocupado não só a contadores, mas, inclusive, a terceiros; não têm sido poucos os empresários, professores, universitários, que procuram conhecer a minha opinião (e os aconselho a seguirem a lei).

O advogado Dr. Alessandro Spiller em artigo sob o titulo “Intromissão da Lei das S.A nas empresas limitadas”, recém editado na Internet destacou: “Por que a pressa no Brasil na adoção de tais normas, e por que extrapolar a idéia inicial, que inclui somente as sociedades anônimas e as empresas de grande porte? Este é um ponto para alta reflexão, pois estamos em um caminho sem volta, em um momento econômico delicado, onde modismos não poderiam impulsionar decisões tão sérias.”

A polêmica está instalada, quer nas páginas dos jornais, quer no mundo acadêmico, ganhando amplitude, mesmo com alardes contraditórios no sentido de apresentarem as normas como algo miraculoso e altamente avançado (coisas que elas não demonstraram ser, por que, se fossem, teriam impedido a ocorrência da atual macro crise, de cunho mundial).

Volto a afirmar que a prevalecerem as referidas normas, sem que a nação se acautele perante tais fatos (tal como outras têm feito), o Brasil não mais importará crises – tenderá a fabricar as próprias, que até poderão ter semelhança ao ocorrido com a dos ativos podres (créditos imobiliários principalmente e pirâmides financeiras).

Nos Estados Unidos a verdade foi deformada através de vários fatores como: 1) - distribuir créditos sem lastros para construções de casa própria; 2) - ensejar emissão de títulos relativos a um futuro incerto; 3) - avaliar ativos a preço de mercado; 4) - garantir por normas contábeis a imprudência da avaliação (Valor denominado “Justo”); 5) - permitir ajustes em bases subjetivas; tudo isso deformou balanços e garantiu a especulação que criou a crise atual; tais coisas, da mesma forma, tenderão a ocorrer em todos os lugares onde a falsidade ou “subjetividade” nos balanços se manifestar apoiada em normas flexíveis, infralegais, mas, garantidas ou permitidas pelos governos.

Mercados se manipulam pela mídia, como a ENRON e outras empresas o fizeram, tendo por efeito o amparo para maquilagem dos balanços, inspirada e garantida por normas de força compulsória.

Desejar impor tais procedimentos a todos, inclusive às empresas que são regidas pelo Código Civil, portanto, é uma lacuna histórica de alta dimensão, como também o é o confundir Contabilidade com escrituração e demonstração.

Contabilidade é ciência e oferece explicação sobre os fenômenos patrimoniais com base na realidade objetiva.

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Escriturações contábeis apenas informam e quando seguem normas como as denominadas “internacionais” podem oferecer (como têm oferecido), ensejo para adulteração de valores, em razão de “flexibilidades”; a falta de base em doutrina científica e a desobediência à lei tendem a ensejar a mentira nos balanços.

Confundir Contabilidade com normas, por analogia, é comparar profissionalmente um engenheiro a um pedreiro; é aceitar como equivalente o estudar a força como grandeza vetorial em face da Estática, na Física e a prática de distribuir vergalhões para formatar lajes em prédios.

E pior que isso é ainda o admitir que o não científico possa ter por meta revelar a realidade objetiva; as normas abraçam o subjetivo, logo o empírico, ou seja, o que está na contramão da ciência, segundo dentre muitos denunciaram ilustres intelectuais e professores universitários; compulsar os escritos do Dr. Rogério Fernandes Ferreira (expressão máxima da Contabilidade em Portugal), Valério Nepomuceno (autor de uma das melhores obras de Teoria da Contabilidade), Domingos Cravo (da Universidade de Aveiro), Abraham Briloff (da Universidade de New York), já é o suficiente para ter a visão de como é vulnerável o método normativo; sobre o risco das normatizações, insurgiram, também, em suas obras cientistas famosos como Einstein e filósofos notáveis da modernidade como Lyotard.

O perigo para a sociedade humana está exatamente na deturpação contábil sobre a verdade, esta que por natureza a ciência defende; mais que todos esses argumentos referidos, todavia, falam as fraudes por várias vezes repetidas na prática, os calotes, essa vergonhosa macrocrise da atualidade que vitima nações e perturba o bem-estar social.

FONTE: Disponível em: <http://www2.masterdirect.com.br/448892/index.asp?opcao=7&cliente=448892&avulsa=6358>. Acesso em: 20 out. 2010.

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RESUMO DO TÓPICO 4

Neste tópico estudamos:

Atos e Fatos Administrativos. Enquanto os Atos Administrativos não provocam alterações momentâneas no Patrimônio, os Fatos Administrativos provocam alterações no patrimônio das entidades.

Assim, os Fatos Administrativos, para serem entendidos, são aqueles:

Fatos permutativos: que envolvem apenas Contas Patrimoniais. Fatos modificativos: que envolvem apenas uma Conta Patrimonial (que representa Bem, Direito ou Obrigações) e uma ou mais Contas de Resultado ou do Patrimônio Líquido.

Fatos mistos: que envolvem mais de uma Conta Patrimonial e uma ou mais Contas de Resultado ou do Patrimônio Líquido.

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1 Dados os seguintes Atos e fatos, contabilize nos razonetes, apure o resultado e elabore as Demonstrações Contábeis (BP e DRE).

AUTOATIVIDADE

Item Movimentações Contábeis

1 Integralização de capital no valor de 70.000, sendo 50.000 em dinheiro e 20.000 em Estoques de mercadorias.

2 Aquisição de uma sala comercial para a sede da empresa – 50.000 à vista.

3 Recebimento de 6.200 por realização e execução de trabalhos.

4 Assinatura de contrato de aluguel de veículos.

5 Pagamento de 800, de aluguel, de um veículo.

6 Compra de diversos móveis e utensílios, por 2.000, da Cia. A, sendo 50% a prazo e 50% à vista.

7 Pagamento de 200, de despesas com propaganda

8 Prestamos serviços pelo valor de 3.000. Os valores serão recebidos futuramente.

9 Pagamento de 2.500, de ordenados e salários

10 Recebimento dos valores (item 8) com 10% de desconto concedido.

11 Pagamento da dívida assumida (item 6) com 10% de desconto.

D C D C D C

D C D C D C

D C D C D C

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121

D C D C D C

D C D C D C

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 31/03/2010

ATIVO R$ PASSIVO R$

Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)

Disponibilidades Duplicatas a pagar ............

............. ............

............. ............

Ativo Não Circulante (ANC) Patrimônio Líquido (PL)

Imobilizado Capital Social

............ Capital ............

............ Lucros ou Prejuízos Acumulados

............ Lucros acumulados ............

............

TOTAL DO ATIVO ............ TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO ............

Assista ao vídeo deresolução da questão 1

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DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DRE – CIA. UNI

01/03/2010 a 31/03/2010

RECEITAS

Receita de Serviços ...............

(-) DESPESAS

Despesas com (................)

Despesas com (................)

Despesas ............................... (................)

Despesas .............................. (................) (..............)

RESULTADO – ............................ .................

2 Identifique em cada operação, do exercício anterior, se são Atos (A) ou Fatos (F) Administrativos; se são: Permutativos (P), Modificativos (M) ou Mistos (Mi); e ainda se são: Aumentativos (Au) ou Diminutivos (Di).

Item Atos / Fatos Permutativos / MistosModificativos

AumentativosDiminutivos

1

2

3 F M -

4

5

6

7

8

9

10

11

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123

UNIDADE 3

ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA

DE MERCADORIAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade você estará apto(a) a:

• entender o processo de avaliação dos estoques das empresas;

• conhecer e calcular os custos resultantes da comercialização dos estoques;

• compreender as interferências dos custos das vendas no proces so de for-mação do resultado das empresas;

• entender o processo de escrituração contábil e as fórmulas de lançamentos contábeis no Livro Diário.

Esta unidade de estudo está dividida em dois tópicos e neles você encontrará os conceitos relacionados ao controle de estoques das empresas e como são utilizados os diversos métodos para esse controle.

TÓPICO 1 – ESCRITURAÇÃO

TÓPICO 2 – INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

Assista ao vídeo desta unidade.

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TÓPICO 1

ESCRITURAÇÃO

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

O controle contábil das empresas começa com a escrituração dos eventos no livro Diário, completando-se, depois, nos demais livros de escrituração.

Assim, escrituração é uma técnica que consiste em registrar nos livros próprios (Diário, Razão, Caixa etc.) todos os fatos administrativos que ocorrem na empresa.

É através dos fatos administrativos que ocorre a gestão do Patrimônio das empresas, e esses fatos são registrados por meio da escrituração. Mas, como escriturar esses acontecimentos?

Vamos, inicialmente, estudar onde escriturar esses acontecimentos, para depois aprender como efetuar tais registros.

2 LIVROS UTILIZADOS NA ESCRITURAÇÃO

Dos vários livros usados pelas empresas, vamos mencionar apenas os utilizados pela contabilização dos atos e fatos administrativos. Os principais livros utilizados pela Contabilidade a serem estudados nessa disciplina são:

a) Livro Diário

b) Livro Razão

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UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

126

2.1 LIVRO DIÁRIO

O Diário é um livro obrigatório pela legislação comercial. Por ser obrigatório, o Diário está sujeito às formalidades legais extrínsecas e intrínsecas.

As Formalidades extrínsecas (ou externas) dizem que o livro Diário deve ser encadernado com folhas numeradas em sequência, tipograficamente. Deve conter, ainda, os termos de abertura e de encerramento e ser submetido à autenticação do órgão competente do Registro do Comércio.

As Formalidades intrínsecas (ou internas) dizem que a escrituração do Diário deve ser completa, em idioma e moedas nacionais, em forma mercantil, com individuação e clareza, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco nem entrelinhas, borraduras, rasuras, emendas e transportes para as margens.

Essas formalidades devem ser observadas para que o livro Diário mereça fé a favor do comerciante, pois, como a vida da empresa é registrada no livro Diário, toda e qualquer demonstração de situação empresarial, apresentada em qualquer momento, tem sua comprovação nesse livro, desde que o mesmo não contenha vícios (erros de escrituração) contrários às formalidades legais descritas.

O livro Diário tradicional pode ser substituído por fichas (contínuas, em forma de sanfona, soltas ou avulsas). Porém, a adoção desse sistema não exclui a empresa de obediência aos requisitos intrínsecos, previstos na lei fiscal e comercial para o livro Diário. As empresas que utilizam fichas são obrigadas a adotar o livro próprio para a inscrição das demonstrações financeiras.

Os Termos de Abertura e de Encerramento devem ser transcritos na primeira e na última página do livro Diário, respectivamente. Esses termos são colocados na época da abertura dos livros, conforme o seguinte modelo:

IMPORTANTE

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TÓPICO 1 | ESCRITURAÇÃO

127

TERMO DE ABERTURA (OU ENCERRAMENTO)

Contém o presente livro ______________________________ (_____________________) páginas, numeradas, seguidas e tipograficamente, de 1 (um) a ______ ( ___________________________) e servirá de DIÁRIO n.º _______ à empresa _________________________estabelecida com o ramo_________________________,na ____________________registrada na Junta Comercial do Estado de _______________, sob o número ______________, por despacho de ____________________, e inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica do Ministério da Fazenda sob o n.º _______________________.

________________________, ________ de ______________ de x1

_____________________________________________________ Ass.: Proprietário

2.2 LIVRO RAZÃO

O Razão é um livro de grande utilidade para a contabilidade, porque registra o movimento de todas as contas. A escrituração do livro Razão passou a ser obrigatória a partir de 1991 (artigo 14 da Lei nº 8.218, de 29/8/91).

Vale lembrar que a pessoa jurídica tributada com base no lucro real deverá manter, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, livro Razão ou fichas, utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no livro Diário, mantidas as demais exigências e condições previstas na legislação, observando-se que:

a) a escrituração deverá ser individualizada, obedecendo à ordem cronológica das operações;

b) a não manutenção do livro Razão, nas condições determinadas, implicará o arbitramento do lucro da pessoa jurídica;

c) estão dispensados de registro ou autenticação o livro Razão ou fichas que o substituam.

De acordo com o inciso II do art. 6º da Instrução Normativa RFB (Receita Federal do Brasil) n. 787/2007, a apresentação dos livros digitais, em relação aos períodos posteriores a 31.12.2007, supre a obrigatoriedade de escriturar o livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário.

IMPORTANTE

Page 138: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

128

3 MÉTODO DE ESCRITURAÇÃO

O método utilizado para a escrituração dos fatos administrativos é o método das partidas dobradas.

Esse método, que é de uso universal e foi divulgado pelo frade franciscano Lucas Pacioli, no século XV, consiste no seguinte:

Não há devedor sem que haja credor e não há credor sem que haja devedor, sendo que a cada débito corresponde um crédito de igual valor.

4 LANÇAMENTOS CONTÁBEIS

Os fatos administrativos são registrados através do lançamento, inicialmente no livro Diário, mediante documentos que comprovem a legitimidade da operação (Notas Fiscais, Recibos, Contratos etc.).

O lançamento, de acordo com o método das partidas dobradas, é feito em ordem cronológica (data), e os elementos que o compõem obedecem a uma determinada disposição.

Vejamos, agora, como é que se faz um lançamento no livro Diário.

Suponhamos o seguinte fato ocorrido na empresa:

Compra à vista (em dinheiro) de um veículo Fiorino, marca Fiat, conforme Nota Fiscal nº. 486, da Concessionária Gaúcha, de R$ 22.000.

Observe que todo lançamento deve ter obrigatoriamente os seguintes elementos essenciais para ser escriturado:

a) local e data da ocorrência do fato contábil;

b) conta a ser debitada;

c) conta ser creditada;

d) histórico;

e) valor.

IMPORTANTE

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TÓPICO 1 | ESCRITURAÇÃO

129

Para elaborar um lançamento você deve seguir os seguintes passos:

a) Verificar o local e a data da ocorrência do fato.No caso do nosso exemplo, considere a sua cidade e a data de hoje.

b) Verificar que documento foi emitido na operação.

Se não houver documento idôneo que comprove a ocorrência do fato, este não poderá ser contabilizado.

No nosso exemplo, o documento emitido foi a Nota Fiscal n. 486.

c) Todo fato administrativo, objeto de escrituração, envolve, no mínimo, dois elementos patrimoniais ou de resultado. Então, este passo consiste em identificar quais são esses elementos envolvidos na operação.

Relendo o exemplo, notamos o seguinte: compra à vista de um veículo.

1º elemento: compra à vista; significa que movimentamos dinheiro. Logo, o 1º elemento é dinheiro (caixa).

2º elemento: um Fiorino. Logo, o 2º elemento é veículo.

d) Verificar, no Plano de Contas, que conta deveremos utilizar para registrar cada um dos elementos identificados na letra c.

Temos:Dinheiro será registrado na conta Caixa.Fiorino será registrada na conta Veículos.

e) Preparar o histórico do problema.O histórico consiste em relatar o fato. Este relato deve conter apenas

dados necessários para o bom esclarecimento do evento. Nunca se deve esquecer de identificar a espécie e o número do documento comprobatório, a coisa transacionada, bem como o nome da empresa com quem se transaciona.

Logo:Compra de um veículo Fiorino, marca Fiat, conforme Nota Fiscal n. 486, da

Concessionária Gaúcha Ltda.

f) Identificar que conta será debitada e que conta será creditada.O que é a conta a ser debitada e a conta ser creditada?Observe que todo fato que ocorre na empresa ocorre em forma de troca.

Vamos tomar, por exemplo, a compra à vista do veículo em questão. A empresa recebe o veículo e dá em troca o dinheiro.

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UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

130

Podemos concluir, nesta fase de aprendizagem, que em todo evento ocorrido na empresa envolvendo elementos materiais existe pelo menos um elemento que entra para a empresa, podendo acarretar aumento nos elementos patrimoniais. E, existe, também, pelo menos um elemento que sai em troca do que entrou, podendo acarretar diminuição entre os elementos patrimoniais.

Sendo assim, todo fato administrativo objeto de contabilização pode aumentar e/ou diminuir os elementos do Ativo, do Passivo e do Patrimônio Líquido, conforme estudamos anteriormente.

Para identificar mais facilmente a conta a ser debitada e a conta a ser creditada, aplique a regra de movimentação das contas estudadas na Unidade 2, Tópico 2 (Razonetes e Partidas Dobradas).

Seguindo com o raciocínio do nosso exemplo de lançamento, vamos, agora, identificar a conta a ser debitada: é a conta Veículos, porque um “Bem” está entrando para o Patrimônio da empresa. Sendo o Fiorino registrado em Conta do Ativo (Veículos), isso acarreta aumento do Ativo.

Vamos, agora, identificar a conta a ser creditada: é a conta Caixa, porque está saindo dinheiro da empresa. Logo, diminuirá o Ativo, assim, a regra diz: que toda vez que diminuir o Ativo, CREDITAR a respectiva conta. A respectiva conta que, no caso, está acarretando diminuição para o Ativo é a conta Caixa.

O Registro do fato contábil será representado pelo seguinte lançamento contábil:

Indaial, 21 de novembro de 2010 D C

D Veículos 22.000

C Caixa 22.000

Compra à vista de um veículo Fiorino, Fiat, conforme NF 486 da Concessionária Gaúcha

4.1 FÓRMULAS DE LANÇAMENTOS CONTÁBEIS

No exemplo visto anteriormente, tivemos apenas uma conta debitada e uma conta creditada. Porém, um mesmo lançamento poderá conter mais de uma conta debitada ou mais de uma conta creditada. Daí a existência de quatro fórmulas de lançamentos.

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TÓPICO 1 | ESCRITURAÇÃO

131

A estrutura do lançamento tem por alicerce o secular método das "partidas dobradas", segundo o qual todo débito deve, concomitantemente, ser correspondido por um crédito. Contabilmente, "partida" tem o mesmo significado de lançamento ou assentamento.

No dia a dia das empresas ocorrem operações simples (como o pagamento de uma conta de consumo de energia elétrica no prazo) e outras bem mais complexas, que envolvem lançamentos mais sofisticados (por exemplo: pagamento, com juros, de duplicata, parte em dinheiro e parte mediante emissão de cheque).

Para registrar qualquer fato contábil existem quatro fórmulas (ou modalidades) de lançamentos, a saber:

4.1.1 Primeira fórmula

A primeira fórmula caracteriza-se pela simplicidade. Requer uma conta devedora e uma conta credora e pode ser assim representada:

<Local e data> D C

D Fornecedores - Empresa Comercial "WZ" Ltda. (Passivo Circulante).

2.000

C Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante). 2.000

Pagamento da Duplicata n. 555 ao fornecedor WZ com emissão de cheque n. 123 do Banco do Brasil.

A operação contábil utilizada para exemplificar a 1ª fórmula foi a de pagamento de duplicata de fornecedor, no prazo.

4.1.2 Segunda fórmula

A segunda fórmula trata-se da modalidade de lançamento de complexidade intermediária, que requer uma conta devedora e duas ou mais contas credoras, como se observa abaixo:

NOTA

Page 142: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

132

Para demonstrar a 2ª fórmula utilizamos como exemplo o recebimento de duplicata em atraso, acrescida de juros de mora.

4.1.3 Terceira fórmula

A terceira fórmula, igualmente de complexidade intermediária, requer duas ou mais contas devedoras e apenas uma credora, como segue:

<Local e data> D C

D Fornecedores - Empresa Comercial "WZ" Ltda. (Passivo Circulante).

3.000

D Juros Passivos (Conta de Resultado). 200

C Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante) 3.200

Pagamento ao nosso fornecedor WZ cf. duplicata n. 852, com juros pelo atraso.

Para exemplificar a 3ª fórmula utilizamos a operação contábil de pagamento de fornecedor após o vencimento, com encargos monetários.

<Local e data> D C

D Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante) 5.100

C Clientes - Empresa Comercial "YZ" Ltda. (Ativo Circulante). 5.000

C Juros Ativos (Conta de Resultado). 100

Recebimento da duplicata n. 789 de nosso cliente YZ, com juros pelo atraso no pagamento.

NOTA

NOTA

Page 143: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

TÓPICO 1 | ESCRITURAÇÃO

133

4.1.4 Quarta fórmula

A quarta fórmula é menos usual e mais complexa do que as anteriores; ela requer duas ou mais contas devedoras e duas ou mais contas credoras, como se vê no seguinte exemplo:

<Local e data> D C

D Fornecedores - Empresa Comercial "WZ" Ltda. (Passivo Circulante)

2.000

D Juros Passivos (Conta de Resultado) 200

C Caixa (Ativo Circulante) 1.000

C Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante) 1.200

A operação contábil utilizada para representar a última fórmula foi a de pagamento de duplicata, em atraso, com incidência de juros de mora, sendo parte em dinheiro e parte mediante emissão de cheque.

Os lançamentos da 1ª, 2ª e 3ª fórmulas não causam maiores dúvidas, e sua utilização é mais frequente. Já o lançamento da 4ª fórmula sofre mais restrições quanto à sua utilização, principalmente porque torna mais difícil a compreensão da operação, que registra o que somente pode ser atenuado pela adoção de históricos que identifiquem com clareza todos os elementos inerentes a cada uma das partidas (contas devedoras e contas credoras).

5 CONTABILIZAÇÃO DE JUROS E DESCONTOS

Agora, estudaremos informações de algumas contas de resultado, que poderão figurar nos registros contábeis, tanto como despesas quanto como receitas. É o caso de juros e descontos.

Quando falamos em juros, logo pensamos em despesa, pois juro é o preço do uso do dinheiro.

NOTA

Page 144: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

134

Assim, pode ser uma receita (Receita de Juros ou Juros Ativos), para quem empresta o dinheiro, ou pode ser uma despesa (Despesa de Juros ou Juros Passivos), para quem toma emprestado o dinheiro.

É comum, nas empresas, o pagamento ou o recebimento de juros pelo atraso no cumprimento de uma Obrigação ou pelo atraso no recebimento de um Direito.

Exemplificaremos como segue:

João deve a Pedro um título no valor de R$ 2.000, com vencimento para o dia 10 de março. No dia 15 de março, cinco dias após o vencimento, João vai pagar o título. Pedro cobra-lhe R$ 1.150, sendo que os R$ 150 cobrados a mais representam os juros pela demora no pagamento.

Sendo assim, tanto podemos pagar juros como receber juros.

Quando pagamos juros, ocorre uma Despesa.

Quando recebemos juros, ocorre uma Receita.

Note que, quando falamos que recebemos juros, significa que recebemos dinheiro referente a juros. Quando falamos que pagamos juros, significa que pagamos dinheiro referente a despesas de juros. Isto porque todo fato ocorrido envolve, pelo menos, duas contas. Nesses casos, uma delas é a conta Caixa e a outra é uma Receita ou uma Despesa de Juros.

Pois bem, podem ocorrer, na empresa, apenas dois casos de fatos administrativos que envolvam juros.

a) No pagamento de juros (Despesa)

Pagamento de uma duplicata, em dinheiro, ao Fornecedor XXX, no valor de R$ 3.000, com 3% de juros pelo atraso (Duplicata n. 321).

Contas envolvidas no fato: Duplicatas a pagar............................................................. R$ 3.000Juros passivos................................................................... R$ 90Caixa.................................................................................. R$ 3.090

Veja que sairá do caixa a importância de R$ 3.090, sendo R$ 3.000 referentes ao valor da duplicata e R$ 90 referentes a juros pelo atraso. Logo, a conta caixa será creditada, pois o Ativo está sendo diminuído.

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TÓPICO 1 | ESCRITURAÇÃO

135

<Local e data> D C

D Duplicatas a pagar 3.000

D Juros Passivos (despesas) 90

C Caixa 3.090

Pagamento ao nosso fornecedor XXX cf. duplicata n. 321, com juros pelo atraso.

b) No Recebimento de juros (Receita)

Recebemos a Duplicata nº 877, da cliente Rita Maria, no valor de R$ 2.000, com 5% de juros de atraso.

Veja como fica o lançamento contábil no Livro diário:

<Local e data> D C

D Caixa 2.100

C Juros Ativos (receitas) 100

C Duplicatas a receber 2.000

Recebimento da duplicata n. 877 da nossa cliente Rita Maria, com juros pelo atraso.

Neste caso, a conta duplicatas a receber será creditada por R$ 2.000, pois estamos recebendo a importância em dinheiro, correspondente à Duplicata. Logo, o Ativo será diminuído pela extinção do Direito.

A conta juros ativos será creditada, pois os juros, nesse caso, representam receitas para nossa firma, e toda Receita será creditada.

E a conta caixa será debitada por R$ 2.100, pois estamos recebendo esta importância que, entrando para o Patrimônio, aumentará o nosso Ativo.

O Passivo, por sua vez, será diminuído de R$ 3.000, pela liquidação da obrigação em duplicatas a pagar. Logo, a conta duplicatas a pagar será debitada.

Está ocorrendo, também, uma despesa de R$ 90, referente aos juros pagos. Logo, a conta de despesa correspondente, que é Juros Passivos, será debitada.

Para entender, o lançamento contábil será expresso no Diário da seguinte forma:

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UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

136

Por que Juros Ativos e Juros Passivos?

Mais um alerta para você: quando falamos em Juros Ativos e Juros Passivos, esses ativos e passivos não têm relação alguma com o Ativo e o Passivo do Balanço Patrimonial. Nesse caso, as palavras ativos e passivos estão sendo utilizadas como adjetivos, qualificando os juros de negativos ou positivos.

Juros Ativos: representam juros positivos, pois o adjetivo ativos significa coisa positiva, a favor da empresa. Neste caso, a empresa recebeu os juros; logo, trata-se de Receita.

Juros Passivos: representam juros negativos para a empresa. Neste caso, a empresa pagou os juros; logo, trata-se de despesa.

Os Descontos - podem ocorrer na empresa dois tipos de descontos:

a) Descontos obtidos.b) Descontos concedidos.

1º) Quando nós ganhamos o desconto.Exemplo:

Para exemplificar, quando ganhamos um desconto (descontos obtidos), vamos imaginar o pagamento da Duplicata nº 2525 à Casas Bahia, no valor de R$ 1.000, com 10% de desconto.

Veja como fica o lançamento contábil:

<Local e data> D C

D Duplicatas a pagar 1.000

C Descontos obtidos (receitas) 100

C Caixa 900

Pagamento da duplicata. n. 2525 às Casas Bahia, com obtenção de 10% de desconto pelo pagamento antecipado.

Note que a conta duplicatas a pagar será debitada por R$ 1.000, que é o valor da obrigação a ser baixada; a conta descontos obtidos será creditada por R$ 100, que correspondem ao valor da Receita; e, finalmente, a conta caixa será creditada por R$ 900, pela saída dessa importância do caixa.

2º) Quando nós oferecemos o desconto.Exemplo:

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TÓPICO 1 | ESCRITURAÇÃO

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<Local e data> D C

D Caixa 3.600

D Descontos concedidos (despesas) 400

C Duplicatas a receber 4.000

Recebimento da duplicata nº 666 do nosso cliente João Pedro, com concessão de desconto de 10% pelo pagamento antecipado.

Note que a conta duplicatas a receber será creditada por R$ 4.000, que correspondem ao valor da referida duplicata a ser baixada; a conta descontos concedidos será debitada por R$ 400, que correspondem ao valor da despesa com o desconto; e, finalmente, a conta Caixa será debitada por R$ 3.600, porque essa importância está sendo recebida.

Por que Descontos Obtidos e Descontos Concedidos?

Quando damos o desconto para terceiros, será despesa para nós. Logo, a conta representativa do elemento da despesa será descontos concedidos, pois nós concedemos os descontos.

Quando recebemos o desconto de terceiros, ocorre uma receita para nós. Logo, a conta representativa do elemento da Receita será descontos obtidos, pois nós obtivemos o desconto.

Para exemplificar, quando oferecemos um desconto (descontos concedidos), vamos imaginar que recebemos do nosso cliente Sr. João Pedro, em dinheiro, a importância correspondente à Duplicata de nossa emissão n. 666, no valor de R$ 4.000, com 10% de desconto.

Veja como fica o esquema para raciocínio:

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138

Estudamos nesse tópico:

● Os dois principais livros obrigatórios exigidos para que haja uma adequada escrituração. O livro Diário, que dá origem a todo o registro dos fatos administrativos, seguido pelo Livro Razão, que dá um detalhamento maior dos registros realizados no livro Diário.

● Aprofundamos um pouco mais nossos estudos, aprendendo um pouco sobre operações que provocam variações no Patrimônio e a forma como se originam as fórmulas dos lançamentos contábeis.

● Observe que os juros e descontos, que provocam as variações no Patrimônio

Líquido, podem ocorrer em quatro situações:

a) Pagamento com juros = Despesa (conta Juros Passivos).

b) Recebimento com juros = Receita (conta Juros Ativos).

c) Pagamento com descontos = Receita (conta Descontos Obtidos).

d) Recebimento com descontos = Despesa (conta Descontos Concedidos).

RESUMO DO TÓPICO 1

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139

1 Dados os seguintes fatos, contabilize as operações no livro Diário, transfira os saldos para os razonetes, apure o resultado (registrando no livro Diário) e elabore as Demonstrações Contábeis (Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado de Exercício).

AUTOATIVIDADE

Item Data Movimentações Contábeis

1 03/12/2010 Constituição da Empresa Cia. Serviçal, com capital social no valor de 20.000, representado por 15.000 em dinheiro e 5.000 em móveis e utensílios. O contrato social foi registrado na Junta Comercial sob número 123456789. A empresa foi constituída em imóvel locado.

2 05/12/2010 Prestamos serviços pelo valor de 2.000, 50% a prazo, mediante emissão da Nota Fiscal n. 001 a nosso cliente ABC. Foram emitidas 2 duplicatas 001/A (500 reais) e a 001/B (500 reais). A outra metade foi paga em dinheiro.

3 07/12/2010 Compramos um veículo usado, ano 2008, marca Renault, modelo Cangoo, pelo valor de 8.000. Pagamos 50% à vista e o restante foi a prazo. Compramos da concessionária Campograndense, conforme nota fiscal nº 525 com as duplicatas 525/A (2.000 reais) e 525/B (2.000 reais).

4 08/12/2010 Recebemos a duplicata 001/A e concedemos 10% de desconto.

5 12/12/2010 Pagamos a duplicata 525/A e ganhamos 10% de desconto.

6 15/12/2010 Recebemos a duplicata 001/B e cobramos 10% de acréscimo.

7 16/12/2010 Pagamos a duplicata 525/B com 10% de acréscimo.

8 23/12/2010 Pagamos a energia elétrica do mês no valor de 400.

9 28/12/2010 Pagamos o salário dos funcionários no valor de 600.

10 31/12/2010 Pagamos aluguel do mês no valor de 500.

Assista ao vídeo deresolução da questão 1

Page 150: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

140

Livro Diário fl.01

D C

Page 151: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

141

Livro Diário fl.02

D C

Page 152: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

142

Livro Razão - Razonetes

D C D C D C

D C D C D C

D C D C D C

D C D C D C

D C D C D C

Page 153: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

143

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. Serviçal – __/__/____

ATIVO R$ PASSIVO R$

Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)

Ativo Não Circulante (ANC) Patrimônio Líquido (PL)

TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DRE – Cia. Serviçal

01/12/2010 a ___/___/____

RECEITAS

Receita de Serviços ...............

Receita de............................... ...............

Receita de............................... ...............

Receita de............................... ...............

Receita de............................... ...............

(-) DESPESAS

Despesas com (................)

Despesas com (................)

Despesas............................... (................)

Despesas ............................... (................)

Despesas............................... (................)

Despesas ............................... (................)

Despesas ............................... (................)

Despesas............................... (................)

Despesas .............................. (................) (..............)

RESULTADO – ............................ .................

Page 154: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

144

2 Identifique, em cada operação do exercício anterior, se são Lançamentos de Primeira, Segunda, Terceira ou Quarta Fórmula:

Item Data Movimentações Contábeis (Fórmulas)

1 03/12/2010

2 05/12/2010

3 07/12/2010

4 08/12/2010

5 12/12/2010

6 15/12/2010

7 16/12/2010

8 23/12/2010

9 28/12/2010 Primeira Fórmula

10 31/12/2010

Assista ao vídeo deresolução da questão 2

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145

TÓPICO 2

INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Vimos na unidade anterior que uma das formas das empresas ganharem dinheiro é através da venda ou prestação de serviços. Esse tipo de receita é específico em empresas que exploram a atividade de prestação ou execução de serviços.

As empresas do setor industrial obtêm suas receitas pela venda dos produtos fabricados por elas mesmas. Já as empresas do setor comercial obtêm suas receitas pela revenda de mercadorias adquiridas de fornecedores.

Nesta Unidade iremos tratar da apuração de resultados de empresas que exploram a atividade comercial, ou seja, de empresas que compram e revendem mercadorias.

As mercadorias compreendem todos os bens que as empresas comerciais compram para revender. As operações que envolvem as compras e as vendas de mercadorias constituem a atividade principal das empresas comerciais.

Assim, basicamente, existem dois sistemas de controle de estoques e apuração de resultados. A apuração de resultados pelo sistema de Inventário Periódico e Inventário Permanente.

2 INVENTÁRIO PERIÓDICO

Caro(a) acadêmico(a), é muito comum encontrarmos na porta das empresas, normalmente no final do ano, uma placa com os seguintes dizeres: “Fechado para balanço”.

Na verdade, as empresas não estão fazendo o nosso conhecido Balanço Patrimonial, mas, sim, identificando a quantidade de mercadorias existentes nos estoques. Essa identificação é denominada de levantamento do inventário físico, ou seja, está ocorrendo a contagem dos estoques de mercadorias.

Page 156: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

146

UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

O sistema de Inventário Periódico pressupõe a não existência de controle permanente dos estoques feito em fichas para acompanhamento mediante registro de todas as transações de entradas e saídas, mas apenas se faz um levantamento físico das quantidades estocadas em determinados períodos de tempo. Assim, as quantidades e os valores exatos estocados só serão conhecidos após um levantamento e contagem física dos itens estocados.

Notaremos que o sistema de inventário Periódico deixa um pouco a desejar. Basicamente, o sistema vem de antigamente, quando se fazia apenas um balanço anual, e naquele momento fazia-se também o levantamento dos estoques. Nos tempos atuais, com as modernas ferramentas de gestão e, principalmente, com auxílio de sistemas informatizados, o controle permanente dos estoques tornou-se imprescindível.

Voltando à metodologia de funcionamento do Sistema de Inventário Periódico, a contagem dos estoques é feita com duas finalidades:

a) a primeira é identificar o saldo de mercadorias em estoque na data da elaboração do balanço patrimonial;

b) a segunda é permitir a determinação do Custo das Mercadorias Vendidas – CMV durante o período que está se encerrando.

O Custo das Mercadorias Vendidas – CMV é denominado como sendo o custo das mercadorias adquiridas para revenda que foram vendidas. Assim, é importante salientar que o Custo das Mercadorias Vendidas – CMV é uma despesa avaliada pelo “custo” ou valor de compra. Cabe ressaltar que o CMV é despesa.

2.1 APLICAÇÃO DA FÓRMULA DO CMV

A determinação do saldo da conta de Mercadorias em estoque é feita diretamente pela contagem e avaliação dos produtos existentes. A determinação do Custo das Mercadorias Vendidas é feita pela aplicação da seguinte equação:

CMV = EI + C – EF

Onde:CMV Custo das Mercadorias VendidasEI Estoque Inicial de MercadoriasC Compras de MercadoriasEF Estoque Final de Mercadorias

Page 157: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

147

A utilização da fórmula vem ao encontro da utilização do sistema de Inventário Periódico. Partindo do pressuposto de que as quantidades estocadas, tanto no início quanto no fim do período, são significativamente inferiores às quantidades compradas ou vendidas durante o ano. O sistema de Inventário Periódico é muito mais fácil de ser efetivado e muito menos custoso para a empresa.

Sabemos que as informações de quantidades e valores comprados (as compras do período) são fáceis de se obter porque temos os documentos de aquisição (notas fiscais de compra das mercadorias). O difícil é obtermos as quantidades e os custos das vendas. Porém, sabemos que não é demorado contarmos as quantidades que ficaram no estoque final ao fim do exercício, através do inventário de mercadorias. Assim, tendo um estoque inicial e sendo simples obtermos os dados das compras e do estoque final, “por diferença” obtém-se as quantidades vendidas e, consequentemente, o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV).

Suponhamos que a empresa “ABC” seja constituída em 20/04/2007 com

um capital no valor de 5.000,00, sendo este composto por dinheiro – 4.000,00 e mercadorias – 1.000,00. Suponhamos ainda que durante o ano houve aquisições (compras) de mercadorias para revenda no valor de 3.000,00 em dinheiro. No final do ano (em 31/12/07) ela verifica que as suas vendas (também realizadas à vista) totalizaram 4.000,00 e que existem ainda 800,00 de mercadorias em estoque.

Pergunto a você: é possível saber qual é o Custo das Mercadorias Vendidas?

É possível saber também se houve lucro ou prejuízo com as transações comerciais efetuadas pela empresa (compra e venda das mercadorias)?

Vamos então verificar. Para respondermos à primeira pergunta necessitamos identificar os elementos a serem substituídos na fórmula: CMV = EI + C – EF.

CMV = ? É o que estamos procurando.EI Nossa empresa iniciou suas atividades com estoque deixado à disposição pelos sócios no momento da constituição da empresa, no valor correspondente a 1.000,00. C Compramos durante o período 3.000,00 em mercadorias.EF Nosso estoque no final do período é de 800,00.

Então temos:

CMV = EI + C – EFCMV = 1.000,00 + 3.000,00 – 800,00CMV = 3.200,00

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UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

Assim, temos então um custo de 3.200,00, relativo a vendas de mercadorias no valor de 4.000,00. É possível calcular o lucro?

O lucro observado diretamente nas operações de compra e venda de mercadorias pode ser calculado mediante a aplicação da seguinte fórmula:

RCM = V – CMV

Onde:

RCM Resultado da Conta Mercadorias (correspondente ao lucro bruto).V Receita obtida com as VENDAS de mercadorias.CMV Custo das Mercadorias Vendidas.

Assim, teremos:

RCM = V – CMVRCM = 4.000,00 – 3.200,00RCM = 800,00

Muito bem! Agora que aprendemos a calcular, aplicando as fórmulas, precisamos entender os efeitos provocados na contabilidade. Então vamos contabilizar as operações vistas anteriormente.

2.2 CONTABILIZAÇÃO PELO INVENTÁRIO PERIÓDICO

Vamos nos reportar ao exemplo anterior para contabilizar os seguintes fatos ocorridos:

a) Constituição da empresa “ABC” em 20/04/2010 com um capital em dinheiro no valor de 5.000,00, composto por 4.000,00 em dinheiro e 1.000,00 em mercadorias para estoque.

b) Durante o ano houve aquisição (compras) de mercadorias para revenda no valor de 3.000,00 em dinheiro.

c) No final do ano (em 31/12/2010) verificou-se que as suas vendas (também realizadas à vista) totalizaram 4.000,00.

d) Houve a avaliação dos estoques e que se concluiu que existem 800,00 de mercadorias no estoque final.

ATENCAO

Page 159: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

149

Caixa – AC Capital – PL Mercadorias em estoque - AC

D C D C D C

a 4.000 3.000 b 5.000 A a 1.000 1.000 1c 4.000 5.000 3 800

8.000 3.000Saldo 5.000

Compras de Mercadorias – R Vendas (receita) – R

D C D Cb 3.000 3.000 2 4.000 4.000 C

2.3 CONTABILIZAÇÃO DO CMV, RCM E RESULTADO: PASSO A PASSO

Acompanhe passo a passo a solução nos razonetes, seguindo a numeração indicada.

● Primeiramente, a abertura das contas CMV, RCM e Resultado deve ser realizada para possibilitar a transferência dos valores já contabilizados anteriormente.

● Posteriormente, os seguintes passos devem ser adotados:

1) Transferir o valor da conta de Mercadorias em Estoque (representativo do estoque inicial) para a conta CMV. Essas transferências se darão com lançamentos a débito na conta CMV e a crédito na conta de Mercadorias em Estoque.

ATENCAO

O início do processo de apuração, no final do período, se dá com a adoção dos seguintes procedimentos:

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150

UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

2) Transferir o valor da conta “compras de mercadorias” para a conta “CMV”. Essas transferências se darão com lançamentos a débito na conta CMV e a crédito na conta de Compras. Após o lançamento, note que a conta de Compras permanecerá com saldo zero.

3) Reconhecer na contabilidade o valor de 800,00, que é o estoque final de mercadorias. Esse reconhecimento se dá em função da não existência desses valores na contabilidade. Será assim realizado com um lançamento a débito, em uma conta do Ativo Circulante que representará o valor desses estoques, e a crédito em CMV. A conta utilizada é a mesma que representa o Estoque Inicial, pois o estoque no final de um período (31/12/2010) representará com o mesmo valor do estoque no início de um novo período (01/01/2011). Neste momento temos, então, como apurar o saldo final da conta CMV. Constatamos que seu valor é igual ao calculado com a aplicação da fórmula (CMV = EI+C-EF).

4) Neste momento, podemos então iniciar a contabilização do RCM com a transferência do valor das vendas. Faz-se com um lançamento a débito na de vendas e a crédito na conta de RCM, no valor de 4.000,00. Após o lançamento, note que a conta de Vendas permanecerá com saldo zero.

5) Agora é o momento de transferir o saldo da conta CMV, no valor de 3.200,00, para a conta RCM. Esse lançamento se faz a débito em RCM e a crédito em CMV. Com isso, também a conta CMV permanecerá com saldo zerado. Temos, assim, o saldo de 800,00 na conta RCM, que equivale ao valor encontrado pela aplicação da fórmula matemática (RCM = V – CMV). Cabe destacar que se o saldo for credor, teremos um lucro (lucro bruto) e, se for devedor, teremos um prejuízo (prejuízo bruto). É “bruto”, pois resta ainda o confronto deste valor com as despesas que normalmente ocorrem em uma empresa, as quais são confrontadas na conta Resultado.

6) O saldo apurado na conta RCM, de 800,00, deverá ser transferido para a conta Resultado. Com esse lançamento a conta RCM também ficará com saldo nulo. Esse lançamento será feio a débito na conta. Neste momento, havendo mais contas de receitas e despesas, estas também deverão ser confrontadas na conta Resultado, possibilitando a identificação do resultado líquido obtido pela empresa.

7) Não havendo demais contas de resultado a serem confrontadas, basta apenas transferir o saldo de 800,00 da conta Resultado para a conta do Balanço Patrimonial chamada Lucros ou Prejuízos Acumulados. Neste caso, o lançamento será a débito na conta Resultado e a Crédito na conta Lucros ou Prejuízos Acumulados do Patrimônio Líquido.

Page 161: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

151

C M V – R R C M – R Resultado – R D C D C D C

1 1.000 800 3 5 3.200 4.000 4 7 800 800 62 3.000 6 800 800

4.000 8003.200 5

Mercadorias em estoques – AC

Lucros/Prejuízos acumulados – PL

D C D C2 800 800 7

Após todos os lançamentos terem sido efetuados, iremos notar que todas as contas de resultado estão com saldo zerado ou nulo. Isso permitirá, no período seguinte, novamente o acúmulo de valores nas contas de receitas e despesas, proporcionando novamente a apuração do resultado, e assim sucessivamente.

Notamos que apenas as contas patrimoniais (ativo, passivo e patrimônio líquido) estão com saldo, e isso irá permitir a elaboração do Balanço Patrimonial seguido da Demonstração de Resultados, os quais seguem:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. ABC – 31/12/2010

ATIVO R$ PASSIVO R$

Ativo Circulante (AC)

Disponibilidades

Caixa 5.000 Patrimônio Líquido (PL)

Estoques Capital Social

Mercadorias em estoques 800 Capital 5.000

Lucros ou Prejuízos Acumulados

Lucros acumulados 800

TOTAL DO ATIVO 5.800 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 5.800

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152

UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIODRE – CIA. ABC

20/04/2010 a 31/12/2010

VENDAS 4.000,00

(-) CMV (3.200,00)

Lucro Bruto 800,00

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com................. (0,00)

Despesas com................. (0,00) (0,00)

RESULTADO – Lucro Líquido 800,00

Na Demonstração de Resultados apresentada anteriormente, notamos que ela passa a apresentar uma nova informação. Essa nova informação é o CMV, que é diminuído das Vendas, proporcionando o RCM ou Lucro Bruto. Este, posteriormente, é diminuído das despesas operacionais (no exemplo apresentado não havia despesas), que irá então proporcionar o resultado final.

AUTOATIVIDADE

Nesta atividade iremos desenvolver um caso completo envolvendo tudo o que aprendemos até aqui. Para facilitar a solução do caso, descrevemos, após as operações contábeis, todos os passos (dicas) que deverão ser seguidos. Então, mãos à obra.

1 – Constituição da empresa Comercial XYZ com capital de 10.000 em dinheiro.

2 – Compra de mercadorias à vista por 3.000.

3 – Venda de mercadorias à vista por 4.000.

4 – Compra de mercadorias a prazo por 2.000.

5 – Venda de mercadorias a prazo por 1.000.

6 – Pagamento de despesas de salários no valor de 650.

7 – Pagamento de despesas com propaganda no valor de 250.

8 – Pagamento de despesas de juros no valor de 150.

Obs.: O valor do estoque final de mercadorias corresponde a 1.500.

Page 163: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

153

Passos a seguir:

1) Lançar todas as operações contábeis apresentadas anteriormente (8 lançamentos) nos razonetes a seguir, numerando-os;

2) Após os lançamentos acima, calcular mediante a aplicação da fórmula, o CMV:

CMV = EI + C – EFCMV =

3) Após os cálculos acima, os lançamentos do CMV deverão ser feitos nos razonetes.

4) Após os lançamentos acima, calcular mediante a aplicação da fórmula, o RCM:

RCM = V - CMV RCM =

5) Após os cálculos acima, os lançamentos do RCM deverão ser feitos nos razonetes.

6) Agora transfira o RCM e as Despesas para a conta de Resultado.

7) Por fim, transfira o saldo da conta “Resultado” e o saldo desta conta para “lucros ou prejuízos acumulados”.

Caixa – AC Capital – PL Compras – R D C D C D C

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

Page 164: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

154

UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

Vendas – R Fornecedores a pagar – PC

Clientes (dupl. a rec.) – AC

D C D C D C............... ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... ...............

Despesas com salários – R

Despesas com propaganda - R Despesas com Juros – R

D C D C D C............... ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... ...............

CMV – R RCM – R Resultado – R D C D C D C

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

Lucros ou Prejuízos acumulados – PL

Mercadorias em estoque – AC

D C D C............... ............... ............... .............................. ............... ............... .............................. ............... ............... .............................. ............... ............... .............................. ............... ............... .............................. ............... ............... ...............

Page 165: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

155

Após a contabilização anterior, elabore as demonstrações contábeis a seguir:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. XYZ - ___/___/___

ATIVO R$ PASSIVO R$

Ativo Circulante (AC) Fornecedores

Disponibilidades Fornecedores a pagar .................

Caixa .............. Patrimônio Líquido (PL)

Clientes Capital Social

Duplicatas a receber .............. Capital .................

Estoques Lucros ou Prejuízos Acumulados

Mercadorias em estoques .............. Lucros acumulados .................

TOTAL DO ATIVO .............. TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO

.................

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIODRE – CIA. XYZ

__/__/__ a __/__/__

VENDAS .................

(-) CMV .................

Lucro Bruto .................

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com ......................... (...............)

Despesas com........................... (...............)

Despesas com ......................... (...............) (..............)

RESULTADO – Lucro Líquido ................

Page 166: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

156

UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

3 INVENTÁRIO PERMANENTE

O inventário permanente é um sistema de controle de estoques que proporciona informações para a apuração de resultados. Consiste no controle de forma contínua e permanente das mercadorias, registrando as entradas pelas compras, dando baixa em cada venda, pelo custo dessas mercadorias vendidas – CMV. O inventário permanente permite que a empresa controle todas as entradas e saídas de mercadorias por meio de fichas desenvolvidas especificamente para esse fim.

Assim, o inventário permanente apresenta vantagens de permitir à empresa determinar, a qualquer momento, o valor de seus estoques e o custo das mercadorias vendidas. Vantagem essa que supera também o sistema de inventário periódico, o qual permite essa apuração apenas no final de cada período.

O sistema de inventário permanente possui basicamente três métodos de controle: o PEPS, UEPS e a Média Ponderada Móvel.

3.1 PEPS

O método PEPS – Primeiro que Entra, Primeiro que Sai tem por objetivo avaliar o estoque final pelas aquisições mais recentes (últimas) e o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) pelas aquisições mais antigas (primeiras). Esse método pressupõe que as primeiras mercadorias que entraram no estoque da empresa serão as primeiras a serem vendidas.

Neste método, em uma economia inflacionária, existe a preservação do valor do estoque final (EF) avaliado pelas aquisições mais recentes, mas subavalia o valor do CMV avaliado pelas aquisições mais antigas.

Cabe destacar que em todos os métodos (PEPS, UEPS e Média) que serão estudados, o mecanismo de funcionamento de cada um é especificamente para a geração de informações para a apuração dos Estoques e do CMV e não para o controle e organização física dos estoques.

Para termos um entendimento do funcionamento do inventário permanente pelo método PEPS, vamos exemplificar, de acordo com o que segue:

Exemplo:

No dia 03/03/2006 houve a constituição da empresa Comercial Pescador, que se dedica à comercialização de motores para barcos de pesca modelo XR8 da marca Pacu. A Comercial Pescador foi constituída com Capital de 50.000,00 em dinheiro.

Page 167: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

157

Ord. Dia Operação V. Un. Total

1 3 Constituição da Empresa Comercial Pescador 50.000

2 5 Compra de 20 unidades a prazo 1.000 20.000

3 9 Compra de 10 unidades à vista 1.300 13.000

4 12 Venda de 15 unidades à vista 2.000 30.000

5 16 Venda de 3 unidades a prazo 2.500 7.500

6 18 Compra de 2 unidades à vista 1.800 3.600

7 21 Compra de 4 unidades a prazo 1.875 7.500

8 28 Venda de 8 unidades a prazo 1.687,50 13.500

9 29 Pagamento de despesas de fretes na entrega das vendas 5.500

10 30 Pagamento dos salários do mês. 16.200

Para entendermos o que ocorre com as transações de compra e venda das mercadorias em empresas que utilizam o sistema de inventário permanente, necessitamos preencher e analisar a ficha abaixo:

Ficha de Estoques Método: PEPSMercadoria: Motor para Barco Marca: Pacu Modelo: XR8 A ENTRADAS SAÍDAS SALDO

DATA Quant. Preço Unit. Total Quant. Preço

Unit. Total Quant. Preço Unit. Total

05/03 20 1.000 20.000 20 1.000 20.00009/03 10 1.300 13.000 20

1030

1.0001.300

20.00013.00033.000

12/03 15 1.000 15.000 51015

1.0001.300

5.00013.00018.000

16/03 3 1.000 3.000 21012

1.0001.300

2.00013.00015.000

18/03 2 1.800 3.600 210

214

1.0001.3001.800

2.00013.0003.600

18.60021/03 4 1.875 7.500 2

1024

18

1.0001.3001.8001.875

2.00013.0003.6007.500

26.10028/03 2

68

1.0001.300

2.0007.8009.800

424

10

1.3001.8001.875

5.2003.6007.500

16.300Total 36 44.100 26 27.800 10 16.300

Page 168: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

158

UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

É importante destacar que a cada venda a baixa na ficha de estoques, vista na coluna de saídas, é feita iniciando-se pelos custos mais antigos, seguindo a baixa pela orientação das setas, baixando as vendas pelos custos de cima para baixo.

É também importante destacar que nas vendas existem dois preços:

● O primeiro é o preço de venda (receita de vendas) acordado na ocasião da venda entre a empresa e o cliente que adquire as mercadorias. Na venda do dia 12/03, esse preço é de 30.000 (15 unidades vendidas a 2.000,00 cada uma).

● O segundo é o preço de custo (CMV), calculado na ficha de estoques, pelo valor das saídas das 15 unidades a 1.000,00 cada uma, totalizando 15.000,00.

Assim, também é necessário dar atenção especial à operação que gera o lançamento contábil na venda, pois essa operação irá resultar em dois lançamentos, que são:

● O primeiro lançamento é relacionado ao lançamento da receita da venda (pelo preço da venda) pelo valor de 30.000,00, o qual será feito a débito de caixa, pois foi à vista, e a crédito de receita de vendas (nos razonetes a seguir, corresponde ao número 4a).

● O segundo lançamento é relacionado à baixa do estoque, pois entregamos as mercadorias vendidas ao cliente, e o reconhecimento do custo das vendas. Esse lançamento é feito pelo preço de custo a débito na conta CMV e a crédito na conta de Estoques, no valor de 15.000,00 (nos razonetes a seguir, corresponde ao número 4b).

Preenchida a ficha, vamos à contabilizacão das operações obedecendo à ordem da tabela anterior:

IMPORTANTE

ATENCAO

Page 169: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

159

Caixa Capital ESTOQUESD C D C D C

1 50.000 13.000 3 50.000 1 2 20.000 15.000 4b4a 30.000 3.600 6 3 13.000 3.000 5b

5.500 9 6 3.600 9.800 8b16.200 10 7 7.500

Vendas Fornecedores (duplicata a pagar) CMV

D C D C D C

30.000 4a 20.000 2 4b 15.0007.500 5a 7.500 7 5b 3.000

13.500 8a 8b 9.800a 51.000 27.800 b

Duplicata a receber (clientes) Despesas c/ fretes Despesas c/ salários

D C D C D C5a 7.500 9 5.500 5.500 d 10 16.200 16.200 e8a 13.500

Muito bem. O passo seguinte é apurar o saldo de cada conta; faça isso.

Após identificar o saldo das contas, iremos iniciar o processo de apuração do resultado. Como pelo sistema de inventário permanente já temos o CMV calculado e contabilizado instantaneamente, basta apenas apurar o RCV e o Resultado Final.

Então vamos abrir as contas necessárias e contabilizar, seguindo a sequência de lançamentos da letra “a” a “f”:

IMPORTANTE

Page 170: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

160

UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

R C M Resultado Lucros/Prejuízos acumulados

D C D C D Cb 27.800 51.000 a d 5.500 23.200 c 1.500 fc 23.200 e 16.200

f 1.500

Muito bem. Feito isso, podemos elaborar as demonstrações contábeis: o balanço patrimonial com as contas que apresentam saldo nos razonetes e a demonstração de resultados com as contas de resultado, as quais estão com saldo nulo ou zerado.

BALANÇO PATRIMONIAL – Comercial Pescador – 31/03/2006

ATIVO R$ PASSIVO R$

Ativo Circulante (AC) Fornecedores

Disponibilidades Fornecedores a pagar 27.500

Caixa 41.700 Patrimônio Líquido (PL)

Clientes Capital Social

Duplicatas a receber 21.000 Capital 50.000

Estoques Lucros ou Prejuízos Acumulados

Mercadorias em estoques 16.300 Lucros acumulados 1.500

TOTAL DO ATIVO 79.000 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 79.000

Page 171: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

161

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE COMERCIAL PESCADOR (03/03 A 31/03/2006)

VENDAS 51.000

(-) CMV (27.800)

Lucro Bruto 23.000

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com fretes (5.500,00)

Despesas com salários (16.200,00) (21.700)

RESULTADO – Lucro Líquido 1.500

3.2 UEPS

O método UEPS – Último que Entra, Primeiro que Sai tem por objetivo avaliar o estoque final (EF) pelas aquisições mais antigas (primeiras) e o custo das mercadorias vendidas (CMV) pelas aquisições mais recentes (últimas). Esse método funciona da forma oposta ao PEPS, ou seja, as últimas mercadorias que entraram no estoque serão as primeiras a saírem.

Aqui, numa economia em processo inflacionário, ou seja, com o preço das mercadorias em constantes mudanças, o estoque final (avaliado pelas aquisições mais antigas) fica subavaliado, enquanto o CMV (avaliado pelas aquisições mais recentes) mantém-se atualizado pelo valor corrente.

Para exemplificarmos o método UEPS, trataremos aqui o mesmo exemplo desenvolvido anteriormente, o qual segue:

Ord. Dia Operação V. Un. Total

1 3 Constituição da Empresa Comercial Pescador 50.000

2 5 Compra de 20 unidades a prazo 1.000 20.000

3 9 Compra de 10 unidades à vista 1.300 13.000

4 12 Venda de 15 unidades à vista 2.000 30.000

5 16 Venda de 3 unidades a prazo 2.500 7.500

6 18 Compra de 2 unidades à vista 1.800 3.600

7 21 Compra de 4 unidades a prazo 1.875 7.500

8 28 Venda de 8 unidades a prazo 1.687,50 13.500

9 29 Pagamento de despesas de fretes na entrega das vendas 5.500

10 30 Pagamento dos salários do mês. 16.200

Page 172: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

162

UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

Ficha de Estoques Método: UEPSMercadoria: Motor para Barco Marca: Pacu Modelo: XR8 A ENTRADAS SAÍDAS SALDO

DATA Quant. Preço Unit. Total Quant. Preço

Unit. Total Quant. Preço Unit. Total

05/03 20 1.000 20.000 20 1.000 20.00009/03 10 1.300 13.000 20

1030

1.0001.300

20.00013.00033.000

12/03 105

1.3001.000

13.000 5.000

15 1.000 15.000

16/03 3 1.000 3.000 12 1.000 12.00018/03 2 1.800 3.600 12

214

1.0001.800

12.0003.600

15.60021/03 4 1.875 7.500 12

24

18

1.0001.8001.875

12.0003.6007.500

23.10028/03 4

228

1.8751.8001.000

7.5003.6002.00013.100

10 1.000 10.000

Total 36 26 10 10.000

É importante destacar que a cada venda a baixa na ficha de estoques, vista na coluna de saídas, é feita iniciando-se pelos custos mais recentes, seguindo a baixa pela orientação das setas, baixando as vendas pelos custos de baixo para cima.

É também importante destacar que nas vendas existem dois preços:

● O primeiro é o preço de venda (receita de vendas) acordado na ocasião da venda entre a empresa e o cliente que adquire as mercadorias. Na venda do dia 28/03 esse preço é de 13.500 (8 unidades vendidas a 1.687,50 cada uma).

● O segundo é o preço de custo (CMV), calculado na ficha de estoques, pelo valor das saídas das 8 unidades (primeiro as 4 unidades mais recentes em estoque vistas na coluna “saldo” do dia 21/03 a um custo unitário de 1.875,00, depois outras duas unidades seguindo a ordem de baixo para cima, que custam cada uma 1.800,00 e, por último, para completar a baixa das 8 unidades vendidas, as outras duas unidades a 1.000,00 cada). Correspondendo assim ao custo total das 8 unidades no valor de 13.100,00.

IMPORTANTE

Page 173: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

163

Assim, também é necessário dar atenção especial ao lançamento contábil na venda, pois essa operação irá gerar dois lançamentos, que são:

● O primeiro é relacionado ao lançamento da receita da venda (pelo preço da venda) pelo valor de 13.500,00, o qual será feito a débito de caixa, pois foi à vista, e a crédito de receita de vendas (nos razonetes a seguir, corresponde ao número 8a).

● O segundo lançamento é relacionado à baixa do estoque, pois entregamos as mercadorias vendidas ao cliente, e o reconhecimento do custo das vendas. Esse lançamento é feito pelo preço de custo a débito na conta CMV e a crédito na conta de Estoques, no valor de 13.100,00 (nos razonetes a seguir, corresponde ao número 8b).

Preenchida a ficha, vamos à contabilizacão das operações obedecendo à ordem da tabela anterior:

Caixa Capital ESTOQUESD C D C D C

1 50.000 13.000 3 50.000 1 2 20.000 18.000 4b4a 30.000 3.600 6 3 13.000 3.000 5b

5.500 9 6 3.600 13.100 8b16.200 10 7 7.500

Vendas Fornecedores (duplicata a pagar) CMV

D C D C D C30.000 4a 20.000 2 4b 18.000

7.500 5a 7.500 7 5b 3.00013.500 8a 8b 13.100

a 51.000 34.100 b

ATENCAO

Page 174: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

164

UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

Duplicata a receber (clientes) Despesas c/ fretes Despesas c/ salários

D C D C D C5a 7.500 9 5.500 5.500 d 10 16.200 16.200 e8a 13.500

Muito bem. O passo seguinte é apurar o saldo de cada conta; faça isso. Após isso, iremos iniciar a apuração do resultado. Como pelo sistema de inventário permanente já temos o CMV calculado e contabilizado instantaneamente, basta apenas apurar o RCV e o Resultado Final.

Então vamos abrir as contas necessárias e contabilizar, seguindo a sequência das letras “a” a “f”:

R C M Resultado Lucros/Prejuízos acumulados

D C D C D Cb 34.100 51.000 a d 5.500 16.900 c f 4.800c 16.900 e 16.200

4.800 f

Muito bem. Feito isso, podemos elaborar as demonstrações contábeis: o Balanço Patrimonial com as contas que apresentam saldo e a demonstração de resultados com as contas de resultado, as quais estão com saldo nulo ou zerado.

ATENCAO

Page 175: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

165

BALANÇO PATRIMONIAL – Comercial Pescador – 31/03/2006

ATIVO R$ PASSIVO R$

Ativo Circulante (AC) Fornecedores

Disponibilidades Fornecedores a pagar 27.500

Caixa 41.700 Patrimônio Líquido (PL)

Clientes Capital Social

Duplicatas a receber 21.000 Capital 50.000

Estoques Lucros ou Prejuízos Acumulados

Mercadorias em estoques 10.000 Lucros ou Prejuízos acumulados (4.800)

TOTAL DO ATIVO 72.700 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO

72.700

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE COMERCIAL PESCADOR (03/03 A 31/03/2006)

VENDAS 51.000

(-) CMV (30.600)

Lucro Bruto 20.400

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com fretes (5.500,00)

Despesas com salários (16.200,00) (21.700)

RESULTADO – Prejuízo Líquido (1.300)

3.3 MÉDIA PONDERADA MÓVEL

O método Média Ponderada Móvel – MPM tem por objetivo avaliar o Estoque Final (EF) com relação ao custo das mercadorias vendidas (CMV) pela média entre as primeiras e as últimas aquisições.

Neste método, em economia inflacionária, tanto o Estoque Final (EF) quanto o CMV são avaliados pelo preço médio ponderado.

Vamos ao mesmo exemplo desenvolvido anteriormente, que segue:

Page 176: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

166

UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

Ord. Dia Operação V. Un. Total

1 3 Constituição da Empresa Comercial Pescador 50.000

2 5 Compra de 20 unidades a prazo 1.000 20.000

3 9 Compra de 10 unidades à vista 1.300 13.000

4 12 Venda de 15 unidades à vista 2.000 30.000

5 16 Venda de 3 unidades a prazo 2.500 7.500

6 18 Compra de 2 unidades à vista 1.800 3.600

7 21 Compra de 4 unidades a prazo 1.875 7.500

8 28 Venda de 8 unidades a prazo 1.687,50 13.500

9 29 Pagamento de despesas de fretes na entrega das vendas 5.500

10 30 Pagamento dos salários do mês. 16.200

Ficha de Estoques Método: M.P.M.Mercadoria: Motor para Barco Marca: Pacu Modelo: XR8 A ENTRADAS SAÍDAS SALDO

DATA Quant. Preço Unit. Total Quant. Preço

Unit. Total Quant. Preço Unit. Total

05/03 20 1.000 20.000 20 1.000 20.00009/03 10 1.300 13.000 30 1.100 33.00012/03 15 1.100 16.500 15 1.100 16.50016/03 3 1.100 3.300 12 1.100 13.20018/03 2 1.800 3.600 14 1.200 16.80021/03 4 1.875 7.500 18 1.350 24.30028/03 8 1.350 10.800 10 1.350 13.500

Total 36 26 30.600 10 13.500

Na Média Ponderada Móvel, destacamos que o saldo final é composto por um cálculo que encontra o custo médio de cada unidade adquirida. Note que no dia 05/03 possuíamos um saldo de 20 unidades a um preço de custo médio de 1.000,00 por unidade. Com a aquisição do dia 09/03, passamos a ter mais 10 unidades, que somadas às 20 em estoque, passamos a ter um total de 30 unidades. Foram adicionados aos 30.000,00 do dia anterior (05/03) os 13.000,00 adquiridos, totalizando 33.000,00 que, divididos pelas 30 unidades, perfazem um custo médio de 1.100,00 cada uma.

IMPORTANTE

Page 177: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

167

A baixa na ficha de estoques, vista na coluna de saídas na venda do dia 12/03, é feita pelo custo médio de 16.500,00 (15 unidades a 1.100,00).

Destacamos que nas vendas existem dois preços:

● O primeiro é o preço de venda (receita de vendas) acordado na ocasião da venda entre a empresa e o cliente que adquire as mercadorias. Na venda do dia 12/03 esse preço é de 30.000 (15 unidades vendidas a 2.000,00 cada uma).

● O segundo é o preço de custo (CMV), calculado na ficha de estoques, pelo valor das saídas das 15 unidades a 1.100,00 cada, correspondendo a 16.500,00.

Assim, também é necessário dar atenção especial ao lançamento contábil na venda, pois essa operação irá gerar dois lançamentos, os quais são:

● O primeiro é relacionado ao lançamento da receita da venda (pelo preço da venda) pelo valor de 30.000,00, o qual será feito a débito de caixa, pois foi à vista, e a crédito de receita de vendas (nos razonetes a seguir, corresponde ao número 4a).

● O segundo lançamento é relacionado à baixa do estoque, pois entregamos as

mercadorias vendidas ao cliente, e o reconhecimento do custo das vendas. Esse lançamento é feito pelo preço de custo a débito na conta CMV e a crédito na conta de Estoques, no valor de 16.500,00 (nos razonetes a seguir, corresponde ao número 4b).

Preenchida a ficha, vamos à contabilizacão das operações, obedecendo à ordem da tabela anterior:

Caixa Capital ESTOQUESD C D C D C

1 50.000 13.000 3 50.000 1 2 20.000 16.500 4b4a 30.000 3.600 6 3 13.000 3.300 5b

5.500 9 6 3.600 10.800 8b16.200 10 7 7.500

Page 178: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

168

UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

Duplicata a receber (clientes) Despesas c/ fretes Despesas c/ salários

D C D C D C5a 7.500 9 5.500 5.500 d 10 16.200 16.200 e8a 13.500

Vendas Fornecedores (duplicata a pagar) CMV

D C D C D C30.000 4a 20.000 2 4b 16.5007.500 5a 7.500 7 5b 3.300

13.500 8a 8b 10.800a 51.000 30.600 b

Muito bem. O passo seguinte é apurar o saldo de cada conta. Faça isso.

Após a apuração do saldo de cada conta, iremos iniciar a apuração do resultado. Como pelo sistema de inventário permanente já temos o CMV calculado e contabilizado instantaneamente, basta apenas apurar o RCV e o Resultado Final.

Então vamos abrir as contas necessárias e contabilizar. Observe a sequência das letras:

R C M Resultado Lucros/Prejuízos acumulados

D C D C D Cb 30.600 51.000 a d 5.500 20.400 c f 1.300c 20.400 e 16.200

1.300 f

ATENCAO

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TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

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Muito bem. Feito isso, podemos elaborar as demonstrações contábeis: o Balanço Patrimonial com as contas que apresentam saldo e a demonstração de resultados com as contas de resultado, as quais estão com saldo nulo ou zerado.

BALANÇO PATRIMONIAL – Comercial Pescador – 31/03/2006ATIVO R$ PASSIVO R$Ativo Circulante (AC) Fornecedores Disponibilidades Fornecedores a pagar 27.500 Caixa 41.700 Patrimônio Líquido (PL) Clientes Capital Social Duplicatas a receber 21.000 Capital 50.000 Estoques Lucros ou Prejuízos Acumulados Mercadorias em estoques 13.500 Lucros ou prejuízos acumulados (1.300)

TOTAL DO ATIVO 76.200 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 76.200

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE COMERCIAL PESCADOR (03/03 A 31/03/2006)

VENDAS 51.000

(-) CMV (30.600)

Lucro Bruto 20.400

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com fretes (5.500,00)

Despesas com salários (16.200,00) (21.700)

RESULTADO – Prejuízo Líquido (1.300)

4 COMPARAÇÃO ENTRE OS TRÊS MÉTODOS

No estudo desenvolvido anteriormente, para os três métodos apresentados, as vendas totalizaram 51.000. Comparando os resultados obtidos em cada um deles, temos:

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UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO COMERCIAL PESCADOR (03/03 A 31/03/2006)

PEPS UEPS MÉDIA

VENDAS 51.000 51.000 51.000

(-) CMV (27.800) (34.100) (30.600)

Lucro Bruto 23.000 16.900 20.400

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com fretes (5.500) (5.500) (5.500)

Despesas com salários (16.200) (16.200) (16.200)

RESULTADO – Prejuízo Líquido 1.500 (4.800) (1.300)

Assim temos condições de ver que a empresa, no exemplo desenvolvido, pode obter resultados diferentes, muito embora todos se baseiem no mesmo custo de aquisição.

Contudo, caro(a) acadêmico(a), pergunto a você:

Qual o resultado que retrata melhor a realidade?

Com a utilização do PEPS, vamos notar que estaremos dando baixa nas vendas pelo custo da primeira unidade em estoque. Neste caso, o valor do estoque (balanço patrimonial) estará sempre avaliado pelas últimas compras, ou seja, mais próximo de seu valor real. No caso de uma economia inflacionária (comportamento de alta de preços), o CMV será calculado pelo preço mais antigo, ou seja, com preços menores. Assim, o resultado será menor.

Já com a utilização do UEPS, vamos notar um CMV mais atualizado, pois a baixa do estoque é feita pelas últimas compras. Por outro lado, o valor dos estoques, no balanço patrimonial, estará sendo calculado com o valor mais antigo. Vamos notar, na tabela comparativa apresentada anteriormente, que com o UEPS temos o pior resultado, porém em uma economia de alta de preços, é o melhor método a ser utilizado, pois compara as receitas de vendas com o custo mais próximo do praticado pelo mercado.

Cabe destacar aqui que a legislação brasileira não permite que as empresas usem o UEPS para controle dos estoques e apuração dos custos, exatamente porque ele traz dentro de si o conceito de “lucro menor” na comparação entre os três métodos. Como a maioria das empresas no Brasil tem a tributação do Imposto de Renda – IR a partir de seu lucro contábil, quanto menor o lucro, menor o imposto, razão da proibição do fisco para a utilização do método UEPS.

É importante destacar que contabilmente a adoção do método UEPS é permitida. Se uma empresa assim o fizer, não estará infringindo nenhum princípio contábil. Terá apenas que fazer uma adaptação de sua Demonstração do Resultado para fins de pagamento do Imposto de Renda.

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TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

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Dentro desse aspecto de consideração fiscal, os empresários brasileiros praticamente optam pelo método da Média, influenciados pelo longo período de inflação de aconteceu na economia brasileira até o ano de 1995, no qual os preços dos produtos subiam consideravelmente a todo o momento, e o preço médio, nessa situação, traz vantagens temporárias de ordem fiscal, porque os estoques ficam menos valorizados que o método PEPS.

Em função de oferecer um lucro menor a ser tributado pelo Imposto de Renda, o Fisco permite apenas o uso do PEPS ou da Média. Porém, para fins gerenciais, o UEPS é o que apresenta um resultado melhor.

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UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

VOCÊ CONFIARIA A ADMINISTRAÇÃO DE SEUS ESTOQUES AOS SEUS FORNECEDORES?

George T. Milkovich John W. Boudreau

Quais seriam os motivos pelos quais você não confiaria o controle e a reposição de seus estoques pelos fornecedores?

Talvez eles fossem sobrecarregar seus estoques para faturar mais ou talvez colocar produtos de baixa qualidade ou próximo da data de vencimento se fosse um supermercado, ou não iria atender com quantidade suficiente nas sazonalidades ou iriam sobrecarregar com produtos de baixa rotatividade.

Mas, se tudo isso ocorresse, qual seria o comportamento do cliente ou consumidor final; hora tem produto hora não, qualidade baixa, tanto no consumo ou produto final no caso de indústria. Será que esse fornecedor teria venda por muito tempo? Para a cultura brasileira este processo ainda criaria alguma desconfiança, mas acredite, isto em breve será largamente adotado.

A cadeia de lojas Wal-Mart nos Estados Unidos já pratica isso, pois existe confiança de ambos os lados, é uma parceria bem sucedida. A Wal-Mart trabalha com muitos de seus fornecedores dessa maneira, vamos citar como exemplo o caso do fornecedor Pepsi Cola, que faz a administração dos estoques, combinando as informações das caixas registradoras automáticas de cada loja da Wal-Mart com os padrões habituais dos varejistas de todo o país. A Pepsi assumiu a responsabilidade de entregar para a rede a quantidade de produtos necessária; produtos em excesso tomam espaço no armazenamento; produtos de menos causam prejuízos de vendas e desapontamento dos clientes.

Deixando de administrar o controle de seus estoques e passando essa função para fornecedores escolhidos e confiáveis, tanto a Pepsi como a Wal-Mart obtiveram vantagens.

A Wal-Mart eliminou os custos do monitoramento e manutenção de seus estoques, e o armazenamento de refrigerantes é gerenciado mais eficazmente pela Pepsi, que é melhor nisso, pois é o seu negócio e é a maior interessada. O espaço foi liberado no centro de distribuição da Wal-Mart e sobra dinheiro para financiar os estoques de outras mercadorias.

A Pepsi agrega valor ao refrigerante que fornece á Wal-Mart por meio da administração do processo de controle de estoque. E o que ela ganha com isso?

LEITURA COMPLEMENTAR

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TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

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Como fornecedor preferencial, a Pepsi consegue melhores pontos nas lojas e total cooperação para promoções especiais.

Com as informações conseguidas sobre a Demanda de seus produtos, a Pepsi pode organizar suas operações de engarrafamento e distribuição mais eficiente. Em vez de grandes carregamentos, o refrigerante chega às lojas em lotes menores, porém mais frequente. Os consumidores potencialmente beneficiam-se com preços mais baixos e produtos mais frescos.

O Faturamento é gerenciado pela própria Pepsi, sem a necessidade de uma ordem de compra antecipada pela Wal-Mart. Esse procedimento evita incontáveis horas de trabalho burocrático, especialmente para produtos cujos preços são flutuantes.

Quando as empresas brasileiras, fornecedores e clientes, entenderem que a parceria é a única solução para bons negócios e satisfação do cliente final, então as coisas começarão a mudar.

Este processo com pequenas adaptações poderá ser implantado com muito sucesso também nas indústrias, onde o lucro dos empresários será maximizado e os clientes beneficiados com preços mais acessíveis.

FONTE: MILKOVICH, G.T.; BOUDREAU, J.W. Administração de recursos humanos. Tradução de Reynaldo C. Marcondes. São Paulo: Atlas. p. 77. Disponível em: <http://classecontabil.uol.com.br/artigos/ver/602>. Acesso em: 20 out. 2010.

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Neste tópico aprendemos que:

● As empresas, em suas transações comerciais envolvendo a compra e a venda de mercadorias, podem utilizar dois sistemas para controlar seus estoques, avaliar seus custos e apurar seus resultados.

● São os sistemas de Inventário Periódico e Inventário Permanente. São sistemas que possibilitam a apuração do Custo das Mercadorias que foram Vendidas (CMV) em um determinado período. Com a apuração do CMV, temos condições de verificar o resultado envolvendo as Vendas (RCM), chamado também de Lucro Bruto.

RESUMO DO TÓPICO 2

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AUTOATIVIDADE

1 A empresa Comercial Indaiá dedica-se à comercialização de televisores 42”, marca “Toshia”, modelo “Xuvisco”. Em 01/04/2010 seu estoque estava constituído de 200 unidades ao custo unitário de 100,00, totalizando 20.000,00. Possui, ainda, dinheiro em Caixa no valor de 40.000,00 e seu capital é de 60.000,00. Durante o mês de novembro foram realizadas as seguintes operações com produtos:

Item Data Operação

1 05/04 Compra de 300 unidades a 120,00 cada uma, a prazo.

2 07/04 Aquisição de um veículo por 15.000,00, a prazo, para entrega das mercadorias que serão vendidas.

3 09/04 Venda de 100 unidades a 150,00 cada uma, à vista.

4 15/04 Venda de 300 unidades a 140,00 cada uma, a prazo.

5 18/04 Compra de 200 unidades a 130,00 cada uma, a prazo.

6 20/04 Venda de 100 unidades a 140,00 cada uma, à vista.

7 25/04 Pagamento de despesas com combustíveis no valor de 4.500,00.

8 28/04 Pagamento de despesas com aluguel da loja no valor de 1.300,00.

9 29/04 Pagamento de despesas com propaganda da loja no valor de 950,00.

10 30/04 Pagamento dos salários dos funcionários no valor de 8.400,00.

Pede-se:

Efetuar o controle dos estoques pelos métodos PEPS, UEPS e Média Ponderada Móvel (MPM).

Contabilizar as operações nos razonetes.

Contabilizar o CMV, RCM e Resultado nos razonetes.

Elaborar o Balanço Patrimonial e a DRE.

Solução pelo método PEPS:

Ficha de Estoques pelo método PEPS:

Assista ao vídeo deresolução da questão 1

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Ficha de Estoques Método: PEPSMercadoria: Televisor 29” Marca: Toshia Modelo: Xuvisco

A ENTRADAS SAÍDAS SALDODATA Quant. Preço

Unit.Total Quant. Preço

Unit.Total Quant. Preço

Unit.Total

01/04 saldo inicial nesta data 200 100, 20.000,

05/04

09/04

15/04

18/04

20/04

Total

Contabilização nos razonetes pelo método PEPS:Caixa Capital ESTOQUES

D C D C D CSi 40.000 ............... ............... 60.000 Si Si 20.000 ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

* Si = Saldos iniciais

Vendas Fornecedores (duplicata a pagar) CMV

D C D C D C............... ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... ...............

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Veículos Duplicata a receber (clientes)

Despesas c/ combustíveis

D C D C D C............... ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... ...............

Despesas com aluguel Despesas com propaganda Despesas c/ salários

D C D C D C............... ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... ...............

R C M Resultado Lucros/Prejuízos Acumulados

D C D C D C............... ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... ...............

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Demonstrações Contábeis:

BALANÇO PATRIMONIAL – Comercial Indaiá – 30/04/2010

ATIVO R$ PASSIVO R$

Ativo Circulante (AC) Fornecedores

Disponibilidades Fornecedores a pagar ..............

Caixa .............. Patrimônio Líquido (PL)

Clientes Capital Social

Duplicatas a receber .............. Capital ..............

Estoques Lucros ou Prejuízos Acumulados

Mercadorias em estoques .............. Lucros ou prejuízos acumulados

..............

Ativo Permanente

Imobilizado

Veículos ..............

TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE COMERCIAL Indaiá (01/04 A 30/04/2010)

VENDAS ..................

(-) CMV (................)

Lucro Bruto ..................

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com Combustíveis (................)

Despesas com Propaganda (................)

Despesas com Aluguel (................)

Despesas com Salários (................) (................)

RESULTADO – Lucro Líquido ..................

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Solução pelo método UEPS:

Ficha de Estoques pelo método UEPS:

Ficha de Estoques Método: UEPSMercadoria: Televisor 29” Marca: Toshia Modelo: Xuvisco A ENTRADAS SAÍDAS SALDO

DATA Quant. Preço Unit.

Total Quant. Preço Unit.

Total Quant. Preço Unit.

Total

01/04 saldo inicial nesta data 200 100, 20.000,

05/04

09/04

15/04

18/04

20/04

Total

Contabilização nos razonetes pelo método UEPS:

Caixa Capital ESTOQUESD C D C D C

Si 40.000 ............... ............... 60.000 Si Si 20.000 .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... ...............

* Si = Saldos iniciais

Vendas Fornecedores (duplicata a pagar) CMV

D C D C D C............... ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... ...............

Page 190: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

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VeículosDuplicata a receber

(clientes)

Despesas c/

combustíveisD C D C D C

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

Despesas com aluguelDespesas com

propagandaDespesas c/ salários

D C D C D C............... ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... ...............

R C M ResultadoLucros/Prejuízos

Acumulados D C D C D C

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

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Demonstrações Contábeis:

BALANÇO PATRIMONIAL – Comercial Indaiá – 30/04/2010

ATIVO R$ PASSIVO R$

Ativo Circulante (AC) Fornecedores

Disponibilidades Fornecedores a pagar ..............

Caixa .............. Patrimônio Líquido (PL)

Clientes Capital Social

Duplicatas a receber .............. Capital ..............

Estoques Lucros ou Prejuízos Acumulados

Mercadorias em estoques .............. Lucros ou prejuízos acumulados

..............

Ativo Permanente

Imobilizado

Veículos ..............

TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE COMERCIAL Indaiá (01/04 A 30/04/2010)

VENDAS ..................

(-) CMV (................)

Lucro Bruto ..................

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com Combustíveis (................)

Despesas com Propaganda (................)

Despesas com Aluguel (................)

Despesas com Salários (................) (................)

RESULTADO – Lucro Líquido ..................

Page 192: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

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Solução pelo método da Média Ponderada Móvel – MPM:

Ficha de Estoques pelo método Média Ponderada Móvel – MPM:

Ficha de Estoques Método: MPMMercadoria: Televisor 29” Marca: Toshia Modelo: Xuvisco A ENTRADAS SAÍDAS SALDO

DATA Quant. Preço Unit.

Total Quant. Preço Unit.

Total Quant. Preço Unit.

Total

01/04 saldo inicial nesta data 200 100, 20.000,

05/04

09/04

15/04

18/04

20/04

Total

Contabilização nos razonetes pelo método Média Ponderada Móvel – MPM:

Caixa Capital ESTOQUESD C D C D C

Si 40.000 ............... ............... 60.000 Si Si 20.000 .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... ...............

* Si = Saldos iniciais

Vendas Fornecedores (duplicata a pagar) CMV

D C D C D C............... ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... ...............

Page 193: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

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VeículosDuplicata a receber

(clientes)

Despesas c/

combustíveisD C D C D C

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

............... ............... ............... ............... ............... ...............

Despesas com aluguel Despesas com propaganda Despesas c/ salários

D C D C D C............... ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... ...............

R C M Resultado Lucros/Prejuízos Acumulados

D C D C D C............... ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... .............................. ............... ............... ............... ............... ...............

Page 194: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

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Demonstrações Contábeis:

BALANÇO PATRIMONIAL – Comercial Indaiá – 30/04/2010

ATIVO R$ PASSIVO R$

Ativo Circulante (AC) Fornecedores

Disponibilidades Fornecedores a pagar ..............

Caixa .............. Patrimônio Líquido (PL)

Clientes Capital Social

Duplicatas a receber .............. Capital ..............

Estoques Lucros ou Prejuízos Acumulados

Mercadorias em estoques .............. Lucros ou prejuízos acumulados

..............

Ativo Permanente

Imobilizado

Veículos ..............

TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE COMERCIAL Indaiá (01/04 A 30/04/2010)

VENDAS ..................

(-) CMV (................)

Lucro Bruto ..................

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com Combustíveis (................)

Despesas com Propaganda (................)

Despesas com Aluguel (................)

Despesas com Salários (................) (................)

RESULTADO – Lucro Líquido ..................

Page 195: Contabilidade Geral - UNIASSELVI

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REFERÊNCIAS

CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de contabilidade. São Paulo: Atlas, 2010.

IUDICIBUS, Sergio de. Contabilidade introdutória. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

KIYOSAKI, Robert T; LECHTER, Sharon L. Pai rico pai pobre. São Paulo: Elsevier, 2004. MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

______. Contabilidade empresarial. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

______. Contabilidade empresarial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade básica. São Paulo: Saraiva, 2005. v. 1.

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ANOTAÇÕES

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