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i
COMPORTAMENTO MECÂNICO DE GRAMPOS
COM FIBRAS DE POLIPROPILENO
Larissa de Brum Passini
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-graduação em Engenharia
Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como parte dos requisitos necessários
à obtenção do título de Mestre em Engenharia
Civil.
Orientadores: Anna Laura Lopes da Silva Nunes
Alberto de Sampaio Ferraz Jardim
Sayão
Rio de Janeiro
Dezembro de 2010
ii
COMPORTAMENTO MECÂNICO DE GRAMPOS
COM FIBRAS DE POLIPROPILENO
Larissa de Brum Passini
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO
LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA
(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE
EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL.
Examinada por:
________________________________________________
Profª. Anna Laura Lopes da Silva Nunes, Ph.D.
________________________________________________ Prof. Alberto de Sampaio Ferraz Jardim Sayão, Ph.D.
________________________________________________ Prof. Fernando Artur Brasil Danziger, D.Sc.
________________________________________________ Prof. Waldemar Coelho Hachich, Ph.D.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
DEZEMBRO DE 2010
iii
Passini, Larissa de Brum
Comportamento Mecânico de Grampos com Fibras de
Polipropileno/ Larissa de Brum Passini. – Rio de Janeiro:
UFRJ/COPPE, 2010.
XX, 212 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadores: Anna Laura Lopes da Silva Nunes
Alberto de Sampaio Ferraz Jardim Sayão
Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia Civil, 2010.
Referências Bibliográficas: p. 197-205.
1. Solo Grampeado. 2. Materiais compósitos. 3. Fibras
de polipropileno. 4. Resistência ao arrancamento.
I. Nunes, Anna Laura Lopes da Silva, et al.
II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE,
Programa de Engenharia Civil. III. Título.
iv
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
COMPORTAMENTO MECÂNICO DE GRAMPOS
COM FIBRAS DE POLIPROPILENO
Larissa de Brum Passsini
Dezembro/2010
Orientadores: Anna Laura Lopes da Silva Nunes
Alberto de Sampaio Ferraz Jardim Sayão
Programa: Engenharia Civil
Este trabalho tem por objetivo verificar a viabilidade de substituição das barras de
aço utilizadas em grampos convencionais por fibras de polipropileno na técnica de
contenção de encostas conhecida por solo grampeado. A área experimental onde os
grampos foram executados, ensaiados e exumados localiza-se em um talude de solo
residual de gnaisse no Rio de Janeiro, RJ. Os grampos convencionais foram executados
com barras de aço envoltas por pasta de cimento. Os grampos não convencionais foram
executados com argamassa reforçada com fibras de polipropileno. Todos os grampos
foram instalados com inclinação de 15o em relação à horizontal e alguns deles foram
instrumentados com extensômetros elétricos (strain gages) para verificar a distribuição
do carregamento ao longo do comprimento do grampo, durante a realização dos ensaios
no campo. Também foram realizados ensaios de laboratório para a determinação da
resistência e deformabilidade dos corpos-de-prova de solo do talude, de pasta de
cimento e de argamassa com fibras de polipropileno. Os principais aspectos analisados
foram a resistência ao arrancamento e a distribuição do carregamento dos grampos no
campo. Os resultados indicam que os grampos com fibras de polipropileno
apresentaram 62% da resistência dos grampos convencionais e sugerem a viabilidade de
utilização destes.
v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
MECHANICAL BEHAVIOR OF NAILS WITH POLYPROPYLENE FIBERS
Larissa de Brum Passini
December/2010
Advisors: Anna Laura Lopes da Silva Nunes
Alberto de Sampaio Ferraz Jardim Sayão
Department: Civil Engineering
This research aims at verifying the viability of replacing the steel bars
used in conventional nails by polypropylene fibers in the soil nailing technique for
stabilization of slopes. The experimental area, where the nails were installed, tested and
exhumed, is located in a slope of gneissic residual soil in Rio de Janeiro, RJ. The
conventional nails were made of steel bars inserted in cement grout. The unconventional
nails were prepared with the synthetic fibers mixed with the cement grout. All nails
were installed with an inclination of 15 degrees relative to horizontal and some were
instrumented with strain gages for verifying the load distribution along their lengths
during the field tests. Laboratory tests were also carried out to obtain the deformability
and strength characteristics of the residual soil and the cement grout, with and without
fibers. The main aspects examined were the pullout resistance and the load distribution
of nails in the field. The results suggest the feasibility of using the nails with
polypropylene fibers and indicate that they had about 62% of the resistance of
conventional nails.
vi
SUMÁRIO
Capítulo 1 – Introdução ........................................................................................
1.1 Considerações iniciais ..............................................................................
1.2 Objetivo geral ...........................................................................................
1.3 Objetivos específicos ................................................................................
1.4 Justificativas .............................................................................................
1.5 Metodologia ..............................................................................................
1.6 Estrutura da dissertação ............................................................................
1
1
2
2
3
3
4
Capítulo 2 – Considerações sobre solo grampeado ............................................
2.1 Considerações iniciais ..............................................................................
2.2 Histórico ...................................................................................................
2.3 Conceito ....................................................................................................
2.4 Processo executivo ...................................................................................
2.5 Revestimento da face ................................................................................
2.6 Drenagem .................................................................................................
2.7 Vantagens e limitações .............................................................................
2.8 Mecanismo e comportamento ..................................................................
2.9 Análise de estabilidade .............................................................................
2.10 Ensaio de arrancamento de grampos ........................................................
2.11 Mobilização do atrito ao longo dos grampos ...........................................
2.12 Instrumentação extensométrica de grampos .............................................
2.13 Considerações finais .................................................................................
Capítulo 3 – Considerações sobre materiais compósitos ...................................
3.1 Considerações iniciais ...............................................................................
3.2 Materiais compósitos reforçados com fibras ............................................
3.2.1 Fase fibra .........................................................................................
3.2.2 Fase matriz .......................................................................................
3.2.3 Interação entre as fases fibra e matriz .............................................
3.3 Parâmetros que influenciam o desempenho dos materiais compósitos ....
6
6
6
8
10
15
19
22
25
31
32
37
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44
45
45
45
48
55
56
59
vii
3.4 Comportamento mecânico dos materiais compósitos ..............................
3.5 Propriedades dos materiais compósitos no estado fresco .........................
3.6 Propriedades dos materiais compósitos no estado endurecido ................
3.7 Aplicações dos materiais compósitos reforçados com fibras ...................
3.7.1 Grampos compostos por argamassa com fibras de polipropileno ..
3.8 Considerações finais .................................................................................
70
72
75
81
84
85
Capítulo 4 – Programa experimental ..................................................................
4.1 Considerações iniciais ...............................................................................
4.2 Área experimental .....................................................................................
4.3 Grampos ....................................................................................................
4.3.1 Grampos convencionais ..................................................................
4.3.2 Grampos não convencionais ............................................................
4.4 Materiais utilizados ...................................................................................
4.5 Processo de instalação dos grampos no talude .........................................
4.6 Ensaios de campo ......................................................................................
4.6.2 Ensaio de arrancamento ...................................................................
4.6.1 Ensaio de empurramento .................................................................
4.7 Exumação dos grampos ............................................................................
4.7.1 Escavação do talude ........................................................................
4.7.2 Exumação dos grampos convencionais ...........................................
4.7.3 Exumação dos grampos não convencionais ....................................
4.8 Ensaios de laboratório ...............................................................................
4.8.1 Ensaios em solo ..............................................................................
4.8.2 Ensaios em pasta de cimento e argamassa com fibras ...................
86
86
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129
130
137
Capítulo 5 – Apresentação e análise dos resultados ...........................................
5.1 Considerações iniciais ..............................................................................
5.2 Informações relevates ...............................................................................
5.3 Resultados dos ensaios de arrancamento ..................................................
5.3.1 Curvas carga-deslocamento dos grampos convencionais ...............
5.3.2 Resistência ao arrancamento dos grampos convencionais ..............
5.4 Resultados dos ensaios de empurramento .................................................
150
150
150
153
154
162
168
viii
5.4.1 Curvas carga-deslocamento dos grampos não convencionais .........
5.4.2 Resistência ao arrancamento dos grampos não convencionais .......
5.5 Resistência dos grampos convencionais e não convencionais .................
5.6 Resultados da instrumentação dos grampos ..............................................
5.6.1 Distribuição do carregamento ao longo dos grampos
convencionais ..................................................................................
5.6.2 Distribuição do carregamento ao longo dos grampos não
convencionais ..................................................................................
5.7 Análise da exumação dos grampos ...........................................................
168
173
177
179
179
183
186
Capítulo 6 – Conclusões e sugestões ....................................................................
6.1 Considerações iniciais ..............................................................................
6.2 Conclusões................................................................................................
6.3 Sugestões para futuras pesquisas ..............................................................
192
192
192
196
Referências bibliográficas .....................................................................................
197
Anexos ....................................................................................................................
206
ix
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 2 – Considerações sobre solo grampeado
Figura 2.1 –
Figura 2.2 –
Figura 2.3 –
Figura 2.4 –
Figura 2.5 –
Figura 2.6 –
Figura 2.7 –
Figura 2.8 –
Figura 2.9 –
Figura 2.10 –
Figura 2.11 –
Figura 2.12 –
Figura 2.13 –
Figura 2.14 –
Figura 2.15 –
Comparação do NATM com a técnica convencional (ORTIGÃO
et al., 1993) ....................................................................................
Execução do solo grampeado com equipamentos mecânicos
(ZIRLIS et al., 1999) .....................................................................
Execução do solo grampeado com equipamentos manuais
(ZIRLIS et al., 1999) .....................................................................
Cabeças de grampos com barras de diâmetro superior e inferior
a 20 mm (ORTIGÃO et al., 1993) ................................................
Exemplos da extremidade do grampo junto à face
(INGOLD, 1995) ............................................................................
Extremidade do grampo embutida no terreno
(ORTIGÃO et al., 1993) ................................................................
Esquema de dreno sub-horizontal profundo
(SOLOTRAT, 2003) ......................................................................
Esquema de drenagem superficial (SAES et al., 1999) .............
Mecanismos de estabilização (a) cortina atirantada e (b) solo
grampeado (MITCHELL e VILLET, 1987) ..................................
Força máxima mobilizada no grampo (EHRLICH, 2003) .............
Comportamento de reforços (a) flexíveis e (b) rígidos
(MITCHELL e VILLET, 1987) .....................................................
Influência da rigidez do grampo nas deformações e tensões
mobilizadas (EHRLICH, 2003) .....................................................
Importância da face em taludes verticais e inclinados
(EHRLICH, 2003) ..........................................................................
Curvas típicas do ensaio de arrancamento de grampos
(CLOUTERRE, 1991) ...................................................................
Tração mobilizada no grampo e resistência ao arrancamento
(ORTIGÃO, 1997) .........................................................................
7
11
11
18
19
19
20
21
26
27
27
29
30
34
34
x
Figura 2.16 –
Figura 2.17 –
Figura 2.18 –
Figura 2.19 –
Figura 2.20 –
Figura 2.21 –
Figura 2.22 –
Esquema de montagem dos equipamentos para o ensaio de
arrancamento (SPRINGER, 2006 adaptado de LAZART et al.,
2003) ..............................................................................................
Distribuição das deformações ao longo do grampo durante o
ensaio de arrancamento (CLOUTERRE, 1991) .............................
Distribuição das forças de tração ao longo do grampo de 3 m
durante o ensaio de arrancamento (CLOUTERRE,1991) ..............
Distribuição das forças de tração ao longo do grampo de 12 m
durante o ensaio de arrancamento (CLOUTERRE,1991) ..............
Mobilização das tensões de cisalhamento ao longo do grampo
de 3 m durante o ensaio de arrancamento (CLOUTERRE,1991) ..
Mobilização das tensões de cisalhamento ao longo do grampo
de 12 m durante o ensaio de arrancamento (CLOUTERRE,1991).
Esquema de um extensômetro de resistência elétrica
(ANDOLFATO et al., 2004) .........................................................
37
38
39
39
40
40
41
Capítulo 3 – Considerações sobre materiais compósitos
Figura 3.1 –
Figura 3.2 –
Figura 3.3 –
Figura 3.4 –
Figura 3.5 –
Figura 3.6 –
Figura 3.7 –
Definição do comprimento crítico da fibra (ASHBY e JONES,
1998) ..............................................................................................
Disposição da fibra na fissura idealizada (TAYLOR, 1994) .........
Curvas conceituais de concretos fibrosos com relação ao volume
crítico de fibras incorporado (FOÁ, 2002) ....................................
Representação esquemática das curvas tensão-deformação de
materiais compósitos dependendo do volume de fibras
(PROCTOR, 1990) ........................................................................
Fator de eficiência como função do comprimento e da orientação
das fibras (BENTUR e MINDESS, 1990) .....................................
Representação esquemática dos estágios de uma curva tensão-
deformação do material compósito (BENTUR e MINDESS,
1990) ..............................................................................................
Representação esquemática do processo de fissuração múltipla e
da curva resultante em compósito de matriz frágil reforçado com
62
64
66
67
69
71
xi
Figura 3.8 –
fibras (BENTUR e MINDESS, 1990) ...........................................
Curva tensão-deformação da matriz cimentícia com e sem fibras
(FIGUEIREDO, 2000) ...................................................................
72
79
Capítulo 4 – Programa experimental
Figura 4.1 –
Figura 4.2 –
Figura 4.3 –
Figura 4.4 –
Figura 4.5 –
Figura 4.6 –
Figura 4.7 –
Figura 4.8 –
Figura 4.9 –
Figura 4.10 –
Figura 4.11 –
Figura 4.12 –
Figura 4.13 –
Figura 4.14 –
Figura 4.15 –
Figura 4.16 –
Figura 4.17 –
Figura 4.18 –
Vista frontal do talude ....................................................................
Vista lateral do talude ....................................................................
Solo residual com foliação da rocha preservada (a) de coloração
amarelada e (b) de coloração esbranquiçada .................................
Esboço da vista frontal do talude com os grampos ........................
Esboço da vista lateral do talude com o grampo ............................
Seção transversal esquemática do grampo convencional no talude
Posição da instrumentação com strain gages nos grampos
convencionais .................................................................................
Seção transversal esquemática dos grampos não convencionais
com 1,0 m de comprimento ...........................................................
Seção transversal esquemática dos grampos não convencionais
com 2,0 m de comprimento ...........................................................
Posição da instrumentação dos grampos não convencionais
de 1,0 m ..........................................................................................
Posição da instrumentação dos grampos não convencionais
de 2,0 m ..........................................................................................
Haste metálica de 1,0 m com strain gages, mangueira de
reinjeção e centralizadores .............................................................
Barra de aço do Sitema Gewi (CATÁLOGO GEWI) ...................
Haste metálica para fixação dos strain gages dos grampos não
convencionais .................................................................................
Strain gages utilizados na instrumentação dos grampos
convencionais e não convencionais ...............................................
Instrumentação com strain gages: (a) barras dos grampos
convencionais e (b) hastes dos grampos não convencionais .........
Fibras de polipropileno ..................................................................
Isopor moldado com o diâmetro do furo de 100 mm para a
87
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92
93
93
94
94
94
95
96
97
99
100
xii
Figura 4.19 –
Figura 4.20 –
Figura 4.21 –
Figura 4.22 –
Figura 4.23 –
Figura 4.24 –
Figura 4.25 –
Figura 4.26 –
Figura 4.27 –
Figura 4.28 –
Figura 4.29 –
Figura 4.30 –
Figura 4.31 –
Figura 4.32 –
Figura 4.33 –
Figura 4.34 –
Figura 4.35 –
Figura 4.36 –
Figura 4.37 –
Figura 4.38 –
vedação do fundo dos grampos não convencionais .......................
Espuma moldada com o diâmetro do furo de 100 mm para a
vedação da extremidade final dos grampos não convencionais .....
Furo de 250 mm de diâmetro realizado no muro de concreto
e furo de 100 mm de diâmetro realizado no solo ...........................
Esquema em planta dos comprimentos de perfuração....................
Equipamentos utilizados para a preparação e injeção da pasta
de cimento ......................................................................................
Preparação da mistura de argamassa com fibras de polipropileno.
Injeção da argamassa com fibras de polipropileno ........................
Reinjeção com pasta de cimento ....................................................
Misturador de haste vertical utilizado na preparação da
argamassa com fibras .....................................................................
Máquina P13 utilizada para a injeção da argamassa com fibras ....
Equipamentos do sistema de aquisição de dados ...........................
Esquema de funcionamento do sistema de aquisição de dados .....
Sistema de aplicação de carga do ensaio de arrancamento ............
Viga de reação utilizada nos ensaios de empurramento dos
grampos com fibras ........................................................................
Tubo metálico prolongador utilizado nos ensaios de
empurramento ................................................................................
Abertura no topodo tubo prolongador e no início do seu tronco
para a passagem dos cabos dos straing gages ...............................
Abertura na base do tubo prolongador para encaixe da barra de
aço ..................................................................................................
Início da montagem dos equipamentos para o ensaio de
empurramento ................................................................................
Equipamentos montados para o ensaio de empurramento .............
Área escavada para a exumação dos grampos GC e GP ................
Sequência de desmonte do talude para exumação dos grampos:
(a) retirada do muro de concreto, (b) retirada do solo e excesso,
101
101
104
104
105
106
106
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111
113
113
114
114
115
115
117
xiii
Figura 4.39 –
Figura 4.40 –
Figura 4.41 –
Figura 4.42 –
Figura 4.43 –
Figura 4.44 –
Figura 4.45 –
Figura 4.46 –
Figura 4.47 –
Figura 4.48 –
Figura 4.49 –
Figura 4.50 –
Figura 4.51 –
Figura 4.52 –
Figura 4.53 –
Figura 4.54 –
Figura 4.55 –
Figura 4.56 –
Figura 4.57 –
Figura 4.58 –
Figura 4.59 –
Figura 4.60 –
Figura 4.61 –
Figura 4.62 –
(c) escavação manual e limpeza dos grampos e (d) utilização de
martelete em solo de transição para alteração de rocha .................
Retirada dos grampos exumados: (a) remoção e (b) transporte ....
Exumação do grampo convencional GC-4 ....................................
Exumação do grampo convencional GC-5 ....................................
Exumação do grampo convencional GC-6 ....................................
Detalhe grampo convencional GC-4 ..............................................
Detalhe grampo convencional GC-6 ..............................................
Aumento do diâmetro do grampo convencional GC-6 em região
de falha ...........................................................................................
Exumação do grampo não convencional GP 2-1 ...........................
Exumação do grampo não convencional GP 1-1 ...........................
Exumação do grampo não convencional GP 2-2 ...........................
Exumação do grampo não convencional GP 2-3 ...........................
Exumação do grampo não convencional GP 1-2 ...........................
Exumação do grampo não convencional GP 2-4 ...........................
Fissuras na cabeça dos grampos: (a) GP 2-1 e (b) GP 2-3 .............
Fissuras na cabeça dos grampos: (a) GP 2-2 e (b) GP 2-4 .............
Fissuras na cabeça dos grampos: (a) GP 1-1 e (b) GP 1-2 .............
Imperfeições localizadas ao longo do topo dos grampos:
(a) GP 2-1; (b) GP 2-2; (c) GP 1-1; e (d) GP 1-2 ..........................
Coleta de amostras do material de transição para alteração de rocha .....
Curva granulométrica – Solo residual jovem (SRJ) ......................
Curva granulométrica – Material de transição para alteração de
rocha (TAR) ...................................................................................
Curvas do ensaio de cisalhamento direto – SRJ: (a) Tensão
cisalhante-deslocamento horizontal e (b) Deslocamento vertical-
deslocamento horizontal ................................................................
Curvas do ensaio de cisalhamento direto – TAR: (a) Tensão
cisalhante-deslocamento horizontal e (b) Deslocamento vertical-
deslocamento horizontal ................................................................
Envoltória de resistência do SRJ ....................................................
Envoltória de resistência do TAR ..................................................
118
118
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120
120
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122
122
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127
128
130
132
132
134
135
136
136
xiv
Figura 4.63 –
Figura 4.64 –
Figura 4.65 –
Figura 4.66 –
Figura 4.67 –
Figura 4.68 –
Figura 4.69 –
Figura 4.70 –
Preparação dos corpos-de-prova para os ensaios de laboratório:
(a) corte dos tubos, (b) retirada dos moles de PVC, (c)
faceamento dos corpos-de-prova e (d) verificação da
perpendicularidade das faces em relação ao eixo longitudinal ......
Ensaio de compressão uniaxial com medidas diretas de
deformação axial ............................................................................
Equipamentos utilizados nos ensaios de laboratório: (a) prensa de
1000 kN e (b) caixa de comando para controle de carga ...............
Corpo-de-prova de (a) pasta de cimento e (b) argamassa com
fibra após o ensaio de compressão uniaxial ...................................
Curvas tensão-deformação típicas dos ensaios de compressão
uniaxial para corpos-de-prova de pasta de cimento (CUPC) e
argamassa com fibras de polipropileno (CUAP) ...........................
Ensaio de compressão diametral com uso de mordentes curvos de
aço ..................................................................................................
Corpo-de-prova de (a) pasta de cimento e (b) argamassa com
fibras após ensaio de compressão diametral ..................................
Curvas típicas carga-deslocamento do pistão dos ensaios de
compressão diametral para pasta de cimento (CDPC) e
argamassa com fibras de polipropileno (CDAP) ...........................
138
139
139
141
143
144
146
149
Capítulo 5 – Apresentação e análise dos resultados
Figura 5.1 –
Figura 5.2 –
Figura 5.3 –
Figura 5.4 –
Figura 5.5 –
Figura 5.6 –
Figura 5.7 –
Curvas carga-deslocamento do GC-1: (a) Carga medida pela
célula de carga e (b) Carga medida pelo manômetro do conjunto
macaco-bomba-manômetro ...........................................................
Curvas carga-deslocamento do GC-2: (a) Carga medida pela
célula de carga e (b) Carga medida pelo manômetro do conjunto
macaco-bomba-manômetro ...........................................................
Curva carga-deslocamento do GC-3 ..............................................
Curva carga-deslocamento do GC-4 ..............................................
Curva carga-deslocamento do GC-5 ..............................................
Curva carga-deslocamento do GC-6 ..............................................
Curvas carga-deslocamento dos grampos convencionais (GC) .....
155
156
157
158
159
159
160
xv
Figura 5.8 –
Figura 5.9 –
Figura 5.10 –
Figura 5.11 –
Figura 5.12 –
Figura 5.13 –
Figura 5.14 –
Figura 5.15 –
Figura 5.16 –
Figura 5.17 –
Figura 5.18 –
Figura 5.19 –
Figura 5.20 –
Figura 5.21 –
Figura 5.22 –
Figura 5.23 –
Figura 5.24 –
Figura 5.25 –
Figura 5.26 –
Figura 5.27 –
Regiões típicas da curva carga-deslocamento do GC-1 .................
Resistência ao arrancamento dos grampos convencionais .............
Curva carga-deslocamento do GP 1-1 ...........................................
Curva carga-deslocamento do GP 1-2 ...........................................
Curva carga-deslocamento do GP 2-1 ...........................................
Curva carga-deslocamento do GP 2-2 ...........................................
Curva carga-deslocamento do GP 2-3 ...........................................
Curva carga-deslocamento do GP 2-4 ...........................................
Curvas carga-deslocamento dos grampos com fibras de
polipropileno ..................................................................................
Regiões típicas da curva carga-deslocamento do GP 2-4 ..............
Resistência ao arrancamento dos grampos não convencionais ......
Curvas carga-deslocamento dos grampos convencionais e não
convencionais ................................................................................
Resistência ao arrancamento média dos grampos convencionais
(GC) e não convencionais (GP) .....................................................
Distribuição típica de carga ao longo do grampo (SPRINGER,
2006) ..............................................................................................
Distribuição do carregamento ao longo do grampo GP 1-1 ..........
Distribuição do carregamento ao longo do grampo GP 1-2 ..........
Distribuição do carregamento ao longo do grampo GP 2-1...........
Distribuição do carregamento ao longo do grampo GP 2-4 ..........
Ilustração dos grampos no talude e resumo dos ensaios de campo
e laboratório ...................................................................................
Preenchimento do furo ineficiente após a espuma de vedação do
trecho livre do grampo convencional (SPRINGER, 2006) ............
161
163
169
170
170
171
171
172
172
173
174
178
178
180
184
184
185
185
189
191
Anexos
Figura A.1 –
Figura A.2 –
Calibração conjunto macaco-bomba-manômetro C600:
(a) página 1 ....................................................................................
(b) página 2 ....................................................................................
(c) página 3 ....................................................................................
Calibração conjunto macaco-bomba-manômetro C1000:
206
207
208
xvi
Figura A.3 –
Figura A.4 –
(a) página 1 ....................................................................................
(b) página 2 ....................................................................................
(c) página 3 ....................................................................................
Calibração do medidor elétrico de deslocamento - LVDT 1 .........
Calibração do medidor elétrico de deslocamento - LVDT 2 .........
209
210
211
212
212
xvii
LISTA DE TABELAS
Capítulo 4 – Programa experimental
Tabela 4.1 –
Tabela 4.2 –
Tabela 4.3 –
Tabela 4.4 –
Tabela 4.5 –
Tabela 4.6 –
Tabela 4.7 –
Tabela 4.8 –
Tabela 4.9 –
Tabela 4.10 –
Tabela 4.11 –
Tabela 4.12 –
Tabela 4.13 –
Características das barras de aço utilizadas nos grampos
convencionais ..............................................................................
Características das hastes metálicas utilizadas dos grampos
não convencionais ........................................................................
Características dos strain gages utilizados ..................................
Propriedades das fibras de polipropileno utilizadas ....................
Dosagem adotada dos materiais para a preparação das misturas.
Diâmetros medidos ao longo dos grampos convencionais ..........
Comprimentos dos grampos não convencionais .........................
Diâmetros medidos ao longo dos grampos não convencionais ..
Resultados dos ensaios de caracterização ....................................
Características dos corpos-de-prova ensaiados à compressão
uniaxial ........................................................................................
Resultados dos ensaios de compressão uniaxial ..........................
Características dos corpos-de-prova ensaiados à compressão
diametral ......................................................................................
Resultados dos ensaios de compressão diametral .......................
96
97
98
100
103
123
129
129
131
140
141
145
147
Capítulo 5 – Apresentação e análise dos resultados
Tabela 5.1 –
Tabela 5.2 –
Tabela 5.3 –
Tabela 5.4 –
Tabela 5.5 –
Tabela 5.6 –
Características dos grampos convencionais e não convencionais
Equações provindas das calibrações dos equipamentos ..............
Processamento dos ensaios de campo .........................................
Resultados dos ensaios de arrancamento em grampos
convencionais ..............................................................................
Resultados dos ensaios de arrancamento de Ortigão et al.
(1992), Azambuja et al. (2001), Soares e Gomes (2003), Proto
Silva (2005), Magalhães (2005), Springer (2006), Feijó (2007)
e Silva et al. (2010) ......................................................................
Resultados dos ensaios de empurramento em grampos não
convencionais ..............................................................................
151
152
153
162
164
174
xviii
Tabela 5.7 –
Tabela 5.8 –
Resultados dos ensaios de arrancamento de grampos com fibras
de polipropileno de Magalhães (2005) e Leite (2007) ................
Diâmetros medidos ao longo dos grampos exumados por
Springer (2006) ............................................................................
176
190
`
xix
LISTA DE SÍMBOLOS
A – área da seção transversal
Af – área de seção transversal da fibra
AGC – área da seção transversal da barra de aço do grampo convencional (mm²)
AGP – área da seção transversal do grampo com fibras de polipropileno (mm²)
AM – área da superfície de atuação do êmbolo do macaco (cm²)
C – coesão do solo
d – diâmetro equivalente da fibra
D – diâmetro do furo/grampo/corpo-de-prova
e – índice de vazios
E – módulo de elasticidade (Young)
Ec – módulo de elasticidade da matriz
Ef – módulo de elasticidade da fibra
Emédio – módulo de elasticidade médio (GPa)
EGC – módulo de elasticidade da barra de aço do grampo convencional (GPa)
EGP – módulo de elasticidade da argamassa com fibras de polipropileno (GPa)
F – força
Fa – resistência de aderência fibra-matriz
Fmáx – força máxima (kN)
Ft – resistência à tração da fibra
FCC – carga medida pela célula de carga (kN)
FM – carga medida pelo manômetro do conjunto macaco-bomba-manômetro (kN)
FS – fator de sensibilidade do strain gage
Gs – densidade real dos grãos
H – altura da escavação/talude vertical/corpo-de-prova
K – fator de sensibilidade do strain gage
Ko – coeficiente de empuxo no repouso
kGCmédio – rigidez média dos grampos convencionais (kN/mm)
kGPmédio – rigidez média dos grampos com fibras de polipropileno (kN/mm)
l – comprimento da fibra
lc – comprimento crítico da fibra
L – comprimento do grampo
xx
La – trecho injetado do grampo (m)
LL – limite de liquidez (%)
LP – limite de plasticidade (%)
pf – perímetro da fibra
qs – resistência ao arrancamento do grampo (kPa)
qsmédio – resistência ao arrancamento media (kPa)
R – resistência elétrica do condutor
Sh – espaçamento horizontal entre grampus
Si – índice de rigidez relativa solo-grampo
Sv – espaçamento vertical entre grampus
To – força de tração na face do talude
Tmáx – força máxima de tração mobilizada ao longo do grampo (kN)
Vexc – voltagem de excitação (Volts)
Vf – volume de fibras
w – umidade natural (%)
γd – peso específico aparente seco (kN/m³)
ε – deformação
ε1 – deformação principal maior
εm – deformação última da matriz
ρ – resistividade do conductor
σ – tensão
σc – resistência à compressão uniaxial (MPa)
σcmédio – resistência à compressão uniaxial média (MPa)
σf – resistência à tração da fibra
σmc – tensão de fissuração da matriz
σs – tensão horizontal no solo
σt,b – resistência à tração/compressão diametral (MPa)
σt,bmédio – resistência à tração média/compressão diametral (MPa)
σz – tensão vertical
τ – tensão de cisalhamento
φ – ângulo de atrito
∆L – variação do comprimento
∆R – variação da resistência elétrica do condutor
1
Capítulo 1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações iniciais
As estruturas de contenção são utilizadas na estabilização de encostas naturais
ou escavadas. São muitas as técnicas empregadas para proporcionar a estabilidade dos
taludes, entre outras, pode-se citar a cortina atirantada, o muro de arrimo ou de
gravidade, o solo compactado reforçado e o solo grampeado.
O solo grampeado é uma técnica em que o reforço do maciço é obtido por meio
da inclusão de elementos resistentes. Esses elementos de reforço são muito semelhantes
aos empregados em cortinas atirantadas, porém não há a aplicação de pré-tensão e nem
a presença de trecho livre, sendo elementos passivos.
De modo geral, o grampeamento consiste em três etapas: (i) realização dos furos
nos nichos ou nas bancadas, para o caso de taludes escavados; (ii) introdução de barras
de aço envoltas por pasta de cimento injetada por gravidade, comumente com 15º de
inclinação com a horizontal; e (iii) revestimento da superfície do talude através da
execução de concreto projetado com tela metálica, ou concreto projetado com fibras, ou
ainda apenas a aplicação de proteção vegetal, e implementação de um sistema de
drenagem eficiente.
A resistência ao arrancamento dos grampos (qs) está relacionada à mobilização
do atrito no contato dos mesmos com o solo circundante. Os grampos trabalham
basicamente à tração e quanto maior o atrito solo-grampo, melhor será o desempenho da
inclusão. Para que o atrito na interface seja mobilizado é necessário que haja pequenos
deslocamentos entre o grampo e o material do maciço.
Geralmente os materiais cimentícios são utilizados com a adição de barras de
aço, como acontece na técnica do solo grampeado, tanto na composição dos grampos,
como na composição da face. Os materiais cimentícios apresentam baixa resistência à
tração e pequena capacidade de deformação, caracterizados como materiais frágeis.
Também se podem incorporar fibras como reforço de materiais frágeis, sendo
esta uma técnica utilizada há muito tempo. No caso de materiais compósitos à base de
cimento Portland, a principal contribuição das fibras consiste no reforço da matriz,
controlando a fissuração da mistura e alterando o seu comportamento após a fissuração.
2
As fibras retardam o surgimento da primeira fissura e distribuem as tensões, originando
um maior número de fissuras menos visíveis. Desta forma, elas proporcionam um
aumento da tenacidade e da deformação na ruptura do compósito, entre outros
benefícios, de acordo com a fibra e a matriz empregada.
Os materiais compósitos fibrosos são amplamente empregados, sendo também
aplicados na técnica do grampeamento, onde são comumente utilizados para compor o
revestimento da face do talude.
Nesta dissertação, uma aplicação particular do material compósito fibroso é
proposta para a composição de grampos da técnica de solo grampeado. Propõe-se
também um ensaio não convencional para a determinação da resistência ao
arrancamento (qs) dos grampos compostos por argamassa reforçada com fibras. Ao
invés de ensaios de arrancamento, são realizados ensaios de empurramento,
correspondentes à compressão da cabeça do grampo para sua movimentação no interior
do furo.
Esta pesquisa dá continuidade aos estudos realizados por Magalhães (2005) e
Leite (2007), em suas respectivas dissertações de mestrado, os quais estudaram grampos
com fibras de polipropileno ensaiados ao arrancamento, sendo pioneiramente
idealizados pelos coordenadores do Grupo de Solo Grampeado, formado por
pesquisadores da COPPE-UFRJ e da PUC-RIO.
1.2 Objetivo geral
O principal objetivo desta dissertação é estudar o comportamento mecânico de
grampos compostos por argamassa reforçada com fibras de polipropileno, visando
constatar a viabilidade de substituição das barras de aço envoltas por pasta de cimento
na técnica de solo grampeado convencional, para fins de contenção de encostas.
1.3 Objetivos específicos
• Realizar uma revisão bibliográfica sobre solo grampeado e materiais compósitos
fibrosos;
• Adquirir conhecimento prático da técnica de grampeamento;
3
• Obter as curvas típicas de carga-deslocamento, resultantes dos ensaios de
arrancamento dos grampos convencionais e empurramento dos grampos não
convencionais;
• Verificar a distribuição do carregamento ao longo dos grampos convencionais e
não convencionais durante a execução dos ensaios de campo;
• Realizar a exumação dos grampos ensaiados;
• Determinar os parâmetros de resistência do solo, do material compósito fibroso e
da pasta de cimento através de ensaios de laboratório;
• Determinar as resistências ao arrancamento (qs) dos grampos convencionais e
não convencionais;
• Comparar a resistência mobilizada entre os dois tipos de grampos;
1.4 Justificativas
Na técnica convencional de grampeamento, faz-se uso de barras de aço envoltas
por pasta de cimento, sendo o aço o constituinte de custo mais elevado na composição
desses grampos, além de requerer cuidados especiais para evitar a corrosão.
Esta dissertação apresenta uma solução alternativa à técnica convencional de
grampeamento, propondo a execução de grampos compostos por apenas material
compósito fibroso, constituídos de argamassa reforçada com fibras de polipropileno,
injetada no interior de uma perfuração previamente executada no talude. Essa solução
tem como vantagens principais a economia de tempo e de recursos, além de facilitar o
processo executivo dos grampos.
O traço adotado para a argamassa reforçada com fibras deve ser previamente
testado, assegurando as condições de trabalhabilidade no campo, possibilitando o
processo de mistura e de injeção do material compósito no interior dos furos.
Os grampos não convencionais, para que possam ser utilizados na técnica de
contenção de encostas, devem oferecer resistência mecânica suficiente para suportar os
esforços de tração e de cisalhamento mobilizados ao longo dos mesmos, produzidos por
pequenos deslocamentos, garantindo a estabilidade do talude.
4
1.5 Metodologia
O desenvolvimento desta dissertação compreendeu três etapas fundamentais. A
primeira etapa consistiu no levantamento de informações, a partir da realização da
revisão bibliográfica sobre o tema solo grampeado e materiais compósitos fibrosos,
através de buscas na literatura nacional e internacional.
A segunda etapa deste trabalho incidiu na realização dos trabalhos de campo,
como preparação e instalação dos grampos convencionais e não convencionais,
realização dos ensaios mecânicos de arrancamento e empurramento e exumação dos
grampos. Os trabalhos de laboratório compreenderam na realização de ensaios de
caracterização e cisalhamento direto em amostras de solos do talude e ensaios de
compressão uniaxial e diametral em corpos-de-prova de pasta de cimento e argamassa
reforçada com fibras de polipropileno.
A terceira etapa fundamentou-se na determinação dos valores máximos das
forças de tração e de compressão obtidas nos ensaios de arrancamento e empurramento,
respectivamente. De posse desses valores pôde-se calcular os valores de resistência ao
arrancamento (qs) na ruptura para os grampos convencionais e não convencionais, e
verificar a distribuição do carregamento ao longo dos grampos. Foram analisados os
resultados obtidos e o comportamento dos grampos convencionais e não convencionais
foram comparados.
1.6 Estrutura da dissertação
A presente dissertação está dividida em cinco capítulos:
Capítulo 1 – Introdução: realiza uma breve exposição sobre solo grampeado e
materiais compósitos fibrosos, com a definição dos objetivos (geral e específicos),
descrição das justificativas e apresentação da metodologia seguida para a realização
dessa dissertação, além da estrutura da mesma.
Capítulo 2 – Considerações sobre solo grampeado: apresenta uma revisão
bibliográfica sobre solo grampeado, contendo o histórico da técnica, conceitos, processo
executivo, vantagens e limitações, mecanismos e comportamento e análise de
estabilidade do grampeamento, além de uma explanação sobre o ensaio de
arrancamento, a mobilização do atrito ao longo dos grampos e a instrumentação
extensométrica.
5
Capítulo 3 – Considerações sobre materiais compósitos: oferece uma revisão
bibliográfica sobre materiais cimentícios reforçados com fibra. São descritos os
conceitos básicos das fases fibra e matriz e a interação entre as fases, os parâmetros que
influenciam o desempenho e o comportamento mecânico dos materiais compósitos.
Também são apresentadas as propriedades dos materiais compósitos no estado fresco e
no estado endurecido, além da exposição de algumas aplicações desses materiais, como
na composição de grampos com argamassa reforçada com fibras de polipropileno na
técnica de grampeamento de solos.
Capítulo 4 – Programa experimental: descreve a metodologia desenvolvida para
a pesquisa, com a exposição da área experimental, dos grampos convencionais e não
convencionais, dos materiais utilizados, do processo de instalação dos grampos no
talude e dos ensaios de campo representados pelos ensaios de arrancamento e de
empurramento. Por fim é apresentado o processo de exumação dos grampos, os ensaios
de laboratório realizados com o solo coletado do talude, com a pasta de cimento e
argamassa com fibras dos grampos.
Capítulo 5 – Apresentação e análise dos resultados: apresenta algumas
informações relevantes para o processamento dos ensaios de campo, os resultados dos
ensaios de arrancamento e empurramento, as curvas carga-deslocamento, aspectos de
comportamento e problemas ocorridos durante a realização de alguns ensaios. Os
valores de resistência ao arrancamento dos grampos (qs) são apresentados, discutidos e
comparados entre si e com outros resultados presentes na literatura. São apresentadas e
analisadas as curvas de distribuição de carga ao longo do comprimento do grampo. As
observações resultantes da exumação dos grampos convencionais e não convencionais
também são reportadas.
Capítulo 6 – Conclusões e sugestões: oferece as principais conclusões desta
dissertação e algumas sugestões para futuras pesquisas.
Ao final desta dissertação são apresentadas as referências bibliográficas e os
anexos, com as curvas de calibração dos equipamentos utilizados nos ensaios de campo.
6
Capítulo 2 CONSIDERAÇÕES SOBRE
SOLO GRAMPEADO
2.1 Considerações iniciais
Este capítulo explana sobre solo grampeado, apresentando uma revisão
bibliográfica de forma a abordar os itens mais relevantes. Inicialmente é realizada uma
exposição do histórico, do conceito, do processo executivo, e das vantagens e
limitações. Na sequência são abordados o mecanismo e o comportamento do solo
grampeado, assim como a sua análise de estabilidade. Posteriormente são apresentados
os princípios do ensaio de arrancamento, da mobilização do atrito ao longo dos
grampos, e da instrumentação extensométrica.
2.2 Histórico
Segundo Mitchell e Villet (1987), a técnica de solo grampeado ou soil nailing se
originou, em parte, da técnica utilizada na execução de apoios de túneis e galerias
chamada NATM (New Austrian Tunneling Method) aplicada à Engenharia de Minas. A
partir de 1945 esta técnica foi desenvolvida pelo professor Landislau Von Rabcewicz,
para avanço de escavações em túneis rochosos, tendo em vista a necessidade de se
promover a estabilidade das paredes e teto de escavações subterrâneas de forma rápida e
segura. Este método evoluiu significativamente na Europa entre o final da década de 50
e a primeira metade da década seguinte.
O método NATM admite a formação de uma região plastificada no entorno da
escavação devido ao efeito do peso e das tensões confinantes na cavidade. A aplicação
de chumbadores curtos e radiais e um revestimento flexível composto por concreto
projetado sobre uma tela metálica logo após a escavação permite a deformação do
terreno e redistribuição das tensões in situ.
No método convencional de execução de túneis, os deslocamentos são
impedidos por um revestimento rígido que mobiliza esforços muito maiores requerendo
revestimentos mais espessos, tornando-se uma solução de custo mais elevado.
A Figura 2.1 exemplifica o método convencional e o método NATM em túnel.
Ortigão et al. (1993) afirmam que uma escavação estabilizada em solo grampeado está
7
para o método NATM, da mesma forma que a solução convencional de túneis está para
a cortina atirantada.
Figura 2.1 – Comparação do NATM com a técnica convencional (ORTIGÃO et al., 1993).
Pode-se também atribuir o desenvolvimento do solo grampeado às técnicas de
solos reforçados, as quais, em última análise e em termos práticos, se assemelham muito
às técnicas de solo grampeado (FEIJÓ, 2007).
Abramento et al. (1998) asseguram que o método NATM ganhou a aceitação
dos profissionais e evoluiu, por exemplo, para a aplicação no túnel Massemberg, em
1964, executado em um maciço composto por uma camada de xisto grafítico argiloso.
Outras aplicações e novas experiências ocorreram e as finas camadas de concreto
projetado com a presença de chumbadores passaram a substituir os pesados
escoramentos de madeira, na estabilização de rochas brandas e solos menos resistentes,
além das aplicações ocorrentes em rochas duras.
Conforme Clouterre (1991), Lizzi (1970) apresentou um processo de
estabilização de encostas em solo, através de chumbadores longos não protendidos,
executados com diversas inclinações e fixados a vigas de concreto armado. Este sistema
deu origem às estacas raiz, usualmente empregadas como reforço de fundações.
Bruce e Jewell (1987) acrescentam que a primeira utilização do solo grampeado
de que se tem registro ocorreu na França em 1972, quando foi executado um talude
ferroviário com cerca de 70° de inclinação, próximo à cidade de Versailles. O maciço,
constituído por arenito, foi estabilizado com chumbadores de 4 a 6 m de comprimento,
8
injetados em furos com espaçamento de 70 cm e cerca de 100 mm de diâmetro. Esta
obra bem sucedida intensificou o uso desta técnica no país.
O primeiro experimento com uma estrutura em solo grampeado em verdadeira
grandeza foi realizada na Alemanha. A estrutura foi construída e levada à ruptura
através da aplicação de uma sobrecarga, similar às utilizadas em provas de carga em
estacas (STOCKER et al., 1979).
A partir do início dos anos 70, a técnica de solo grampeado passou a se
desenvolver e outros países começaram a utilizá-la. França, Alemanha Ocidental e
Estados Unidos lideraram pesquisas no sentido de se obter conhecimentos a respeito
deste método de estabilização.
Em 1979 ocorreu um simpósio sobre a técnica de solo grampeado em Paris,
abrindo espaço para a troca de idéias entre os profissionais, proporcionando a
compreensão dos mecanismos físicos envolvidos, e impulsionando a adoção do
grampeamento como solução de estabilização.
Abramento et al. (1998) comentam que uma empresa suíça radicada no Brasil
aplicou, em 1966, concreto projetado sobre tela metálica com grampos para estabilizar
taludes na área do reservatório da Barragem de Xavantes. Em 1970, outra empresa
utilizou concreto projetado sobre tela metálica e chumbadores curtos para os emboques
de um dos túneis do Sistema Cantareira, para o abastecimento de água à cidade de São
Paulo. Nos túneis e taludes da Rodovia dos Imigrantes, em 1972, também foram
aplicadas contenções com chumbadores, dos tipos perfurados com injeção de calda de
cimento e simplesmente cravados.
Ortigão et al. (1993) explanam que no país a técnica do solo grampeado pode ser
dividida em duas fases: uma antiga e empírica, baseada na experiência dos construtores
em NATM, e outra atual, em que têm sido projetadas obras mais arrojadas, com a
utilização de métodos de análise desenvolvidos, estudados e discutidos nos últimos 25
anos por pesquisadores do mundo inteiro.
2.3 Conceito
A técnica de estabilização de maciços em geral e de escavações conhecida como
solo grampeado é uma excelente opção devido ao baixo custo, equipamentos
9
construtivos leves, adaptabilidade às condições do terreno (taludes inclinados e
verticais) e flexibilidade a deformações.
O solo grampeado é uma técnica em que o reforço do talude natural ou escavado
é obtido com a introdução de barras de aço, as quais apresentam maior resistência às
tensões de tração, esforços cortantes e momentos fletores. As barras de aço são envoltas
por pasta de cimento injetada, nos furos pré-abertos, comumente com 15° de inclinação
com a horizontal. As barras não são protendidas e não apresentam trecho livre. Em
outras obras as barras podem ser apenas cravadas diretamente no talude, sem a proteção
de pasta. A estrutura de contenção em solo grampeado é finalizada com a aplicação de
um revestimento na face do talude e a implementação de um sistema de drenagem
adequado.
A distribuição dos grampos na face do talude de solo a ser estabilizada depende,
principalmente, da geometria desse talude, das propriedades mecânicas do solo e das
propriedades mecânicas dos próprios grampos.
Lima (2002) concluiu em sua pesquisa que para escavações de baixa altura
(inferiores a 5m), a razão entre comprimento do grampo e altura da escavação deve ser
superior a 0,7 e a razão entre espaçamento vertical e comprimento do grampo inferior a
50%. Para escavações maiores, a razão entre espaçamento vertical e comprimento do
grampo deve ser inferior a 25%.
Para o dimensionamento e realização de projetos em solo grampeado devem ser
definidos o comprimento dos grampos (L), o seu ângulo de instalação e os
espaçamentos verticais (Sv) e horizontais (Sh) no talude. Não existe uma metodologia
padrão ou única a ser seguida para permitir a realização do dimensionamento de uma
estrutura em solo grampeado. As bibliograficas pertinentes apresentam diferentes
enfoques em relação às premissas de cálculo.
O grampeamento do solo possibilita a execução de cortes em grandes desníveis e
inclinações, em locais que de outra forma seriam instáveis. Dessa maneira, a técnica
pode ser utilizada tanto em taludes naturais como em taludes escavados, sendo também
aplicada a taludes rompidos ou instáveis, emboques de túneis, escavações de subsolos,
inclusive em centros urbanos, dentre outros.
Segundo Ehrlich (2003), em geral, a aplicação de um revestimento na face do
talude em solo grampeado apresenta uma função secundária na estabilização do maciço,
10
sendo utilizada basicamente para proporcionar uma estabilidade pontual contra rupturas
localizadas e proteção à erosão. Comumente o faceamento é feito em concreto projetado
reforçado com malha metálica, porém, também pode ser adotada cobertura vegetal em
taludes mais abatidos.
É necessário realizar um sistema de drenagem superficial e profunda para
garantir uma estabilização eficiente. A água aumenta as poropressões que diminuem as
tensões efetivas e, portanto, reduz a resistência ao cisalhamento do maciço. A presença
de água também pode ocasionar a corrosão das barras de aço, caso não sejam
adequadamente protegidas. A drenagem superficial e a profunda se encarregam de
promover tanto a estabilização pontual, junto ao paramento da estrutura, quanto a
estabilização global do maciço.
A técnica do solo grampeado pode ocasionar o aumento do custo da obra em
terrenos de baixa resistência, devido à necessidade de utilização de grampos longos e
numerosos. O grampeamento também pode gerar deformações importantes,e em alguns
casos não aceitáveis. Isso ocorre devido à necessidade de deslocamentos no maciço para
que os grampos sejam mobilizados, pois são inclusões passivas. Em geral, os
deslocamentos máximos são inferiores a 0,2 até 0,3% da altura da escavação (H).
Lima (2007) monitorou uma escavação em solo grampeado, através da
instrumentação do maciço e dos grampos e observou que os deslocamentos do maciço e
os esforços nos grampos cresceram significativamente com o avanço da escavação e que
os mesmos não tinham cessado até o final da obra.
2.4 Processo executivo
O processo executivo de um talude em solo grampeado é simples e consiste das
seguintes etapas principais: escavação (mecânica ou manual) prévia do talude, em
nichos ou bancadas, caso necessário; realização de pré-furos, com a utilização de
equipamentos mecânicos ou manuais; instalação dos grampos; e implementação do
faceamento e do sistema de drenagem. Em virtude das condições de estabilidade do
terreno, a ordem da instalação dos grampos e do paramento da face pode ser invertida.
Lima (2007) monitorou uma escavação em solo grampeado, através da
instrumentação do maciço e dos grampos e observou que o comportamento do talude foi
influenciado pelo processo executivo adotado e por outra escavação no terreno vizinho.
11
Zirlis et al. (1999) exemplificam através das Figuras 2.2 e 2.3 a sequência de
trabalho de uma contenção em um talude escavado com a utilização da técnica do solo
grampeado, com o emprego de equipamentos mecânicos e manuais.
Figura 2.2 – Execução do solo grampeado com equipamentos mecânicos (ZIRLIS et al., 1999).
Figura 2.3 – Execução do solo grampeado com equipamentos manuais (ZIRLIS et al., 1999).
A altura máxima para se escavar em cada etapa depende da resistência do
material e da inclinação final da face da estrutura. Segue-se, então, à execução da
primeira linha de grampos e posterior revestimento da face com concreto projetado. No
caso de taludes já escavados ou encostas naturais, pode-se trabalhar de forma
12
descendente ou ascendente, conforme a conveniência (KOCHEN, 2003). Na maioria
dos casos o grampeamento é realizado de forma descendente, devido às vantagens
proporcionadas.
Ortigão et al. (1993) comentam que o solo a ser escavado deve apresentar uma
resistência aparente não drenada ao cisalhamento mínima de 10 kPa. Este valor de
resistência é obtido na maioria dos solos argilosos e arenosos, inclusive em areias puras
úmidas, como conseqüência da capilaridade. No caso de areias secas e sem nenhuma
cimentação esta técnica não será bem sucedida.
Os grampos injetados são executados sub-horizontalmente no maciço por meio
de um pré-furo, seguido da introdução do elemento metálico e preenchimento do furo
com material cimentante. Os grampos injetados são os mais empregados, visto que o
processo construtivo e os equipamentos necessários para a sua instalação são
semelhantes aos utilizados na técnica de estabilização com de tirantes. Os grampos
podem ser cravados, sendo executados por meio de cravação direta de elementos
metálicos no terreno, tais como, barras, cantoneiras ou tubos de aço.
Conforme Abramento et al. (1998), os grampos cravados podem também ser
instalados através da cravação da barras ou tubos de aço utilizando marteletes
pneumáticos ou de forma manual. A principal vantagem deste método está na rapidez de
sua execução. Porém, a resistência ao cisalhamento do contato solo-grampo é reduzida.
Ortigão et al. (1993) complementam que os grampos cravados apresentam maior
suscetibilidade à corrosão. Além disso, a cravação é difícil ou impossível em materiais
com pedregulhos e solos muito competentes, sendo também limitada por um
comprimento máximo de cravação de 6,0 m. Esta técnica é menos utilizada no Brasil e
voltada para contenções provisórias.
Os grampos injetados são realizados com perfurações prévias de diâmetros
usualmente entre 75 e 150 mm, seguido da introdução de uma barra de aço, com
diâmetro de 12,5 a 38,1 mm, e injeção de nata de cimento com pressões reduzidas,
inferiores a 100 kPa. A perfuração deve seguir de maneira que a cavidade perfurada se
mantenha estável até o término da injeção. Zirlis et al. (1999) afirmam que a inclinação
dos furos pode variar de 5° a 30° com a horizontal, para facilitar o processo de injeção
da nata de cimento.
13
O aço utilizado para os grampos injetados é de alta resistência. As barras e os
componentes do sistema podem ser fornecidos de fábrica com pintura anticorrosiva
(epóxica) ou galvanizados. As proteções contra corrosão devem ser executadas
considerando a vida útil do grampo (permanentes ou provisórios) e o nível de
agressividade do terreno em que os mesmos serão instalados. As barras rosqueadas
melhoram a aderência com a pasta de cimento e facilitam a ligação do grampo com a
face. O comprimento dos grampos injetados varia de 0,5 a 1,0 m da altura do talude (H)
e a com distribuição de um grampo por 3 a 6 m² de face.
Os equipamentos utilizados para perfuração são perfuratrizes do tipo sonda,
crawlair, wagon drill ou perfuratrizes manuais. Os fluidos de perfuração e limpeza do
furo podem ser água, ar ou lama, tendo-se também a opção dos trados helicoidais
contínuos. No caso de se utilizar lama bentonítica, deve-se assegurar que esta seja
removida por completo através da introdução da calda de cimento, para evitar um
decréscimo da resistência ao atrito lateral devido à presença da lama. A escolha do
equipamento de perfuração depende do tipo de solo, da profundidade do furo, do seu
diâmetro e da área de trabalho.
Ao longo das barras de aço são acoplados centralizadores, que evitam o contato
direto das barras de aço com as paredes dos furos, garantindo uma cobertura uniforme
da barra pela pasta de cimento. Também são fixados um ou mais tubos de injeção e
reinjeção, ao longo das barras de aço, com diâmetro que variam de 8 a 15 mm. Esses
tubos apresentam válvulas vedadas espaçadas de 30 a 50 mm, até cerca de 1,0 m da
boca do furo, as quais se abrem quando ligadas à bomba de injeção. A quantidade de
tubos depende do número de fases de injeção previstas.
Pode-se realizar a injeção de calda de cimento após a introdução da barra de aço
no furo, ou preencher o furo com material cimentante e em seguida inserir a barra de
aço. Zirlis et al. (1999) nomeiam a primeira injeção de calda de cimento como bainha, a
qual recompõe a cavidade escavada.
A pasta de cimento deve ser preparada em misturadores de alta turbulência e,
conforme Pitta et al. (2003), com fator água/cimento em peso variando entre 0,5 e 0,7.
A bainha é injetada pela tubulação auxiliar, de forma ascendente (do fundo para a
superfície), até extravasar na boca do furo.
14
Aditivos podem ser acrescidos a pasta de cimento como, por exemplo,
plastificantes, retardadores do tempo de pega e expansores. A Georio (2000) afirma que
o atrito lateral unitário obtido através da utilização de aditivos expansores atinge valores
razoavelmente elevados em solos compactos ou rijos. Esse tipo de aditivo também evita
a retração, garantindo o preenchimento total e contínuo da cavidade.
Qualquer fluido cimentante pode ser utilizado, sendo características as injeções
com calda de cimento ou resinas. As resinas são tipicamente utilizadas em contenções
de maciços rochosos, já em solos é comum utilizar caldas com elevado teor de cimento.
Zirlis et al. (1999) afirmam que nos casos onde se deseja um aumento na
aderência lateral solo-calda é necessária a realização de uma segunda injeção (reinjeção)
após um período de tempo total mínimo de 12 horas da fase de injeção inicial.
Abramento et al. (1998) destacam que a reinjeção, além de promover uma maior
ancoragem da barra de aço, ainda trata o maciço através do preenchimento das fissuras.
Pitta et al. (2003) comentam que a reinjeção é realizada com a calda sob pressão
por meio de tubo de injeção fixado junto à barra de aço, sendo possível controlar a
quantidade de calda de cimento injetada, medindo-se a pressão de injeção e o volume de
calda injetado.
Souza et al. (2005) analisaram doze grampos com as mesmas características
geométricas (diâmetro, comprimento e inclinação), executados com diferentes estágios
de injeção. Foi constatado que nos grampos envolvidos apenas com a bainha, a
exsudação da nata de cimento provoca vazios em grande parte do furo, impedindo a
reconstituição do confinamento prejudicado/reduzido pela perfuração. Portanto, deve
ser realizada pelo menos uma fase de reinjeção, de preferência sob pressão, o que
melhora sensivelmente o contato entre o grampo e o solo. Os ensaios de arrancamento
realizados comprovam esta melhoria através do aumento da resistência ao atrito lateral.
Springer (2006) estudou o comportamento tensão-deformação-resistência de
grampos ensaiados ao arrancamento, em função do método de instalação, sendo
considerados grampos com e sem pré-lavagem do furo, com uma ou duas injeções de
nata de cimento, com três ou dez dias de cura. Uma das principais conclusões foi que a
resistência ao arrancamento de grampos reinjetados (bainha + 1 injeção), executados em
solo residual maduro, foi em média 37% superior à resistência de grampos com uma
injeção (bainha).
15
Silva e Bueno (2009) concluíram, através de ensaios de arrancamento em
grampos curtos e longos com uma, duas ou três fases de injeções além da bainha, que a
resistência ao arrancamento (qs) é relacionada ao volume de calda de cimento injetado,
visto que ocorreu um aumento significativo de qs com o acréscimo de injeções. Os
autores também afirmaram que a quantificação do volume de injeção é uma excelente
opção no controle de qualidade de execução do grampo.
2.5 Revestimento da face
O faceamento é responsável pela estabilização da face, pois absorve alívio das
tensões provocadas pela escavação, além de proteger a face do talude contra os
processos erosivos causados pela chuva.
Springer (2006) comenta que geralmente as faces dos taludes em solo
grampeado são executadas na vertical. No entanto, a inclinação da face induz a uma
apreciável melhoria nas condições de estabilidade durante a construção e a vida útil da
obra.
Em muros de grande altura, a construção de bermas se apresenta como uma boa
solução estética e técnica. Possibilita o acesso facilitado a diferentes partes da obra,
provando ser extremamente útil nas fases de manutenção e monitoramento ou quando
algum serviço posterior à construção venha a ser realizado (SPRINGER, 2006).
A face do talude, ao longo de toda a altura a ser estabilizada e protegida, pode
ser composta por concreto projetado (com ou sem adição de fibras) sobre armadura
convencional ou tela/malha eletrossoldada de aço, ou concreto projetado com adição de
fibras metálicas. Também podem ser utilizados painéis pré-fabricados de concreto e
revestimentos vegetais, esses para o caso de taludes abatidos, apresentando inclinação
inferior a 60°, o que proporciona um melhor efeito estético.
A escolha habitual pelo concreto projetado deve-se basicamente às vantagens
que esse apresenta, como grande durabilidade, tenacidade e facilidade de aplicação.
Segundo Abramento et al. (1998), é necessário garantir o recobrimento da armadura e
tomar cuidados especiais durante a projeção, a fim de que haja uma boa ligação entre o
concreto e a armadura. A função principal da armação do paramento é suportar as
tensões de oscilações térmicas.
16
O concreto projetado pode ser acrescido de fibras, de aço ou de polipropileno,
aumentando a sua homogeneidade, resistência à tração, ductilidade e resistência à
corrosão.
A presença das fibras produz um concreto de alta tenacidade e baixa
permeabilidade, uma vez que as tensões de tração são combatidas homogeneamente em
toda a peça, desde o início do processo de cura. Também proporciona a redução de
mão-de-obra, pois não há necessidade de pessoal para preparo e instalação das telas
metálicas.
Conforme Georio (2000), a utilização de concreto reforçado com fibras para
compor a face dos taludes apresenta as seguintes vantagens: rapidez de execução devido
à eliminação da etapa de colocação da tela, redução de volume de concreto projetado
devido à redução nas perdas por reflexão e melhor controle sobre a espessura da
camada.
Pitta et al. (2003) relatam a tendência moderna de se armar o concreto somente
com fibras e sugerem a execução de juntas no sentido vertical, espaçadas de 10 a 20 m,
para evitar o aparecimento de trincas. A fibra de polipropileno pode ser uma boa opção
para a armação do concreto projetado, sua aplicabilidade é excelente e não sobre os
efeitos de corrosão.
Quanto ao preparo, existem duas maneiras de se obter o concreto projetado: por
via seca ou por via úmida (LEITE, 2007). Segundo Zirlis et al. (1999), a diferença
básica entre os dois métodos está no preparo e condução dos materiais componentes do
concreto. Na via seca, os componentes sólidos do concreto são misturados a seco, e a
adição da água à mistura ocorre junto ao bico de projeção, instantes antes da aplicação.
Na via úmida, o concreto é misturado com todos os seus componentes e é conduzido
através dos mangotes até o local de aplicação.
O jateamento por via seca é mais utilizado nas obras devido à sua maior
praticidade, não havendo, entretanto, qualquer objeção à utilização do jateamento por
via úmida (MAGALHÃES, 2005).
O trabalho pode ser interrompido e reiniciado sem perda de material e de tempo
para limpeza do equipamento no processo por via seca. No caso de utilização de
grandes volumes de concreto, superior a 5 m³, aplicados ininterruptamente, a via úmida
é empregada e, a cada paralisação, é necessário efetuar uma limpeza geral no mangote.
17
Springer (2006) acrescenta que a perda por reflexão do concreto na parede da
contenção é sensivelmente maior (cerca de 40%) no caso de se usar a via seca em
comparação com o processo por via úmida.
Leite (2007) relaciona os equipamentos necessários para a projeção do concreto
por via seca, sendo eles: bombas de projeção, compressor de ar, bomba de água,
mangote, bico de projeção, anel de água e bico pré-umidificador (opcional). A bomba
de projeção recebe o concreto seco, devidamente misturado, e o disponibiliza para
aplicação. Dessa forma, o concreto é conduzido pelo mangote até o local desejado,
impulsionado por ar comprimido em vazão e pressão adequadas.
A bomba de água pode ser substituída pela rede de abastecimento pública, desde
que forneça pressão ao bico de projeção de, no mínimo, 0,1 MPa. O anel de água é o
componente de ligação pelo qual se adiciona água ao concreto. Se desejável, pode-se
utilizar um bico pré-umidificador, instalado a cerca de três metros do bico de projeção,
com objetivo de fornecer água ao concreto antes do ponto de aplicação.
Na projeção por via úmida, o concreto já entra na bomba devidamente dosado e
no bico de projeção é injetado ar comprimido para o seu lançamento. Nesse caso o
concreto projetado é de maior qualidade e homogeneidade.
Conforme Abramento et al. (1998), a elevada energia em que a mistura é
submetida por ocasião de sua projeção promove boas condições de compactação do
concreto, colaborando tanto para sua alta resistência, como também para o adensamento
da capa superficial do solo.
A resistência normalmente exigida para o concreto projetado é de 15 MPa, mas
na prática podem ser atingidos valores muito superiores, até cerca de 40 MPa. A
confecção da mistura seca pode ser feita na própria obra ou fornecida por usina. A
espessura da camada pode variar de 5 a 15 cm (LEITE, 2007).
Em projetos, recomenda-se o embutimento do pé do paramento, a fim de
prevenir o carregamento dos finos dos solos devido à presença de algum fluxo de água,
e manter o confinamento do solo atrás da face. Esse embutimento depende das
características do solo e da geometria da face (altura e inclinação). Para estruturas
médias a longas, o valor mínimo do embutimento para solos resistentes é de 20 cm e
para solos menos resistentes é de H/20, sendo H a altura da escavação (SPRINGER,
2006).
18
O tipo de conexão das barras dos grampos junto à face do talude é função do
diâmetro. As barras com diâmetro inferior a 20 mm podem apresentar uma dobra de 90°
e aproximadamente 20 cm na sua extremidade, para fixação do grampo ao paramento.
Já as barras de diâmetro superior a 20 mm são fixadas com auxílio de uma placa de
apoio e porca, permitindo a aplicação de uma pequena carga de incorporação (da ordem
de 5 a 10 kN).
No caso de muros com paramento vertical, recomenda-se a fixação de barras
com auxílio de placa de apoio e porca, garantindo a aderência solo-concreto projetado e
evitando possíveis desplacamentos. A Figura 2.4 apresenta detalhes das cabeças dos
grampos com barras de diâmetro superior e inferior a 20 mm. Outras configurações para
a extremidade dos grampos junto à face podem ser empregadas, como mostram as
Figuras 2.5 e 2.6.
Figura 2.4 – Cabeças de grampos com barras de diâmetro superior e inferior a 20 mm
(ORTIGÃO et al., 1993).
19
Figura 2.5 – Exemplos da extremidade do grampo junto à face (INGOLD, 1995).
Figura 2.6 – Extremidade do grampo embutida no terreno (ORTIGÃO et al., 1993).
2.6 Drenagem
A execução de solos grampeados exige que o talude a ser estabilizado esteja com
acima do nível d’água ou que o nível d’água seja rebaixado antecipadamente. Não
obstante, mesmo tomando estas medidas, é necessário evitar que a percolação de água
de outras fontes, como a água da chuva ou provinda de vazamentos de tubulações de
água e esgoto, ocorra na direção do paramento. Portanto, juntamente com o avanço dos
trabalhos, executa-se o sistema de drenagem com a instalação de drenos sub-horizontais
20
profundos (DHP) e drenos pontuais e superficiais junto à face (barbaças), além da
execução de canaletas de crista e pé e descidas d'água em concreto armado.
Os drenos sub-horizontais profundos captam a água distante da face,
conduzindo-as para o exterior do talude (Figura 2.7). Esses drenos diminuem o empuxo
na zona reforçada. O processo construtivo consiste na perfuração do solo em diâmetros
de 60 a 100 mm e instalação de tubos plásticos drenantes de 40 a 50 mm de diâmetro.
Esses tubos são perfurados e revestidos por uma manta geotêxtil ou tela de náilon. O
comprimento dos drenos situa-se, normalmente, entre 6 e 18 m, devendo ser maior que
o comprimentos dos grampos. O espaçamento entre eles depende das condições locais,
tais como nível do lençol freático, frequência de chuvas, permeabilidade do solo, etc.
Figura 2.7 – Esquema de dreno sub-horizontal profundo (SOLOTRAT, 2003).
A drenagem superficial ou de paramento (Figura 2.8) é realizada por meio de
drenos do tipo barbacã, situados na face do talude, e de drenos lineares contínuos,
localizados atrás da face. Esses drenos recolhem a água que chega até o paramento e
evitam a saturação do solo nesta região.
21
Figura 2.8 – Esquema de drenagem superficial (HACHICH et al., 1999).
O dreno tipo barbacã é responsável pela drenagem pontual. Trata-se da
escavação de uma cavidade com cerca de 40 x 40 x 40 cm, preenchida com material
arenoso ou brita envolvido por tela de náilon ou geotêxtil drenante. Essa cavidade é
conectada a um tubo de PVC drenante com inclinação descendente para o exterior, que
conduz a água para fora do maciço. Mitchell e Villet (1987) recomendam o uso de tubos
de PVC de aproximadamente 100 mm diâmetro, comprimento variando de 0,3 a 0,5 m e
espaçamento idêntico ao dos grampos.
Os drenos lineares contínuos, instalados atrás do paramento da face, se estendem
verticalmente da crista ao pé do talude, despejando as águas coletadas em uma canaleta
alojada no pé do paramento. São constituídos por uma calha plástica drenante revestida
por manta geotêxtil, geodreno ou por dreno fibroquímico, instalados numa escavação de
cerca de 10 x 30 cm.
Para completar o sistema de drenagem, são construídas canaletas de crista e pé,
bem como escadas de descidas d’água, moldadas in loco e revestidas por concreto
projetado. Através dos sistemas de drenagem a água é conduzida para fora do talude de
maneira adequada, sendo necessário garantir a sua manutenção.
22
2.7 Vantagens e limitações
A técnica de contenção de taludes em solo grampeado apresenta vantagens e
limitações. As vantagens do solo grampeado são:
Baixo custo
Os grampos são o único elemento estrutural utilizado para a estabilização na
técnica do solo grampeado. O faceamento do talude/escavação em concreto projetado,
revestimentos pré-fabricados, ou proteção superficial com vegetação tem custo
relativamente baixo e pode permitir uma considerável economia em relação às soluções
convencionais. São necessários poucos equipamentos para a execução da obra, como
escavadeira, perfuratriz, misturador e bomba de injeção de pasta de cimento ou martelo
para a cravação do grampo. Magalhães (2005) afirma que o emprego dessa técnica
apresenta uma economia de 10 a 50% em relação aos sistemas de contenção atirantados.
Equipamentos leves e acessibilidade
Podem ser utilizadas perfuratrizes e bombas de diversos tamanhos, como
equipamentos de pequeno porte e de fácil manuseio para transporte até áreas instáveis,
densamente ocupadas ou espaços de trabalho limitados. Normalmente são empregadas
sondas rotativas de pequeno porte para a execução dos furos e a injeção da pasta de
cimento é obtida por gravidade. O faceamento pode ser aplicado manualmente ou
utilizando-se um equipamento de projeção.
Dringenberg e Craizer (1992) acrescentam que os equipamentos empregados são
pouco ruidosos e ideais para a execução de obras urbanas, nas quais os ruídos, as
vibrações e as condições de acesso são muito importantes.
Produção
Devido ao avanço contínuo dos serviços, não necessitando de paralisações para a
cura do concreto, ensaios de verificação e protensão das ancoragens (comuns em
cortinas atirantadas), o grampeamento permite uma maior velocidade de execução se
comparada com as soluções convencionais. Isso também se deve aos equipamentos
requeridos para execução do método.
23
Adaptação às condições locais
O método de grampeamento dispõe da facilidade de adaptação a diferentes
condições geométricas do talude, podendo adotar a forma do maciço com suas
irregularidades naturais, evitando escavações. Também apresenta grande flexibilidade
de adaptação às mudanças do projeto, caso sejam necessárias, nos diversos estágios da
obra, quanto à distribuição, dimensionamento, espaçamento, comprimento e número de
grampos.
Segurança e deformabilidade
Os taludes, em solo grampeado, podem ser executados de forma inclinada,
contribuindo para uma maior estabilidade da obra. A inclinação ao mesmo tempo
minimiza os movimentos de terra e as perdas por reflexão do concreto projetado. Além
disso, o solo grampeado é uma estrutura deformável, tolerando com segurança a
ocorrência de recalques absolutos ou diferenciais. Springer (2006) assegura que um
grampo que venha a sofrer uma sobrecarga, não induzirá o colapso do sistema como um
todo.
Juran e Elias (1991) reportam que os deslocamentos necessários para a
mobilização dos grampos foram consideravelmente menores do que os previstos,
segundo medições no campo. Os valores máximos medidos foram em torno de 0,3% da
altura dos taludes verticais (H). Os deslocamentos podem ser minimizados se o
grampeamento for realizado logo após a escavação, prevenindo danos as estruturas
próximas.
Springer (2006) comenta que caso existam estruturas próximas sensíveis a
movimentações do solo, podem ser adotadas soluções mistas como grampos e
ancoragens convencionais para aumentar a rigidez da estrutura e reduzir os movimentos
no terreno. Embora a maioria das aplicações do solo grampeado até agora esteja
limitada a solos homogêneos, este método também pode ser utilizado em solos
heterogêneos. As melhores condições observadas para o grampeamento ocorrem em
solos granulares compactos ou em argilas arenosas rijas de baixa plasticidade.
Vucetic et al. (1993) afirmam que para regiões sísmicas, a técnica do solo
grampeado é um bom método de contenção a ser adotado, sendo analisado e confirmado
o desempenho e a estabilidade das estruturas nestas regiões através de ensaios em
centrífuga.
24
Algumas limitações da técnica de grampeamento são:
Tipo de Solo
O solo deve apresentar alguma cimentação ou coesão (mesmo que proveniente
da sucção), devido à necessidade de oferecer resistência ao cisalhamento, para que o
talude, caso seja escavado, permaneça estável por algumas horas até a perfuração,
instalação e injeção dos grampos. Para isso, as escavações podem ser limitadas por
nichos ou por linhas de grampeamento, de acordo com a necessidade, assegurando a
estabilidade da escavação.
A técnica não é aconselhada para areias puras e secas, solos moles, solos com
alto teor de argila ou passíveis de variações volumétricas significativas (argilas
expansivas e argilas orgânicas) e solos suscetíveis ao congelamento, pois as
deformações intrínsecas a esta técnica poderiam ser, nesses casos, inaceitáveis.
Presença de nível d’água
O uso da técnica limita-se a taludes sem nível d’água ou distanciados através de
um eficiente sistema de rebaixamento permanente do lençol freático antes da execução
do grampeamento, além de um bom sistema de drenagem profunda e superficial.
Em condições de drenagem inadequada, o nível freático pode ocasionar
instabilizações localizadas, dificultando a execução do faceamento em concreto
projetado. No caso de solos argilosos, pode-se ter a elevação do grau de saturação,
aumento da poropressão e significativa redução do atrito solo-grampo, esse fato
associado a um aumento na tensão horizontal (empuxo hidrostático) pode levar a
instabilizações e rupturas localizadas na massa de solo. A presença de água também
acarreta em riscos de corrosão das barras dos grampos.
Elementos passivos
Os grampos são elementos passivos, os quais exigem movimentações para se
mobilizarem, quando se tornam ativos. Os deslocamentos devem ser considerados, pois
podem causar danos a estruturas adjacentes. No entanto, esses deslocamentos são em
geral pequenos e, na maioria dos casos, não inviabilizam a adoção dessa técnica.
Taludes resultantes de escavações junto a estruturas pré-existentes, sujeitas a
danos por recalques, somente devem ser estabilizados pelo processo de grampeamento
se houver uma análise adequada e controle de recalques da estrutura desde o início da
25
escavação até mais ou menos os seis meses seguintes após o término da obra. Tal
recomendação é decorrente das deformações inevitáveis que ocorrem durante a
mobilização da resistência do solo e alongamento do grampo até atingir a sua carga de
trabalho, que induzem recalques na superfície de montante do talude escavado
(SPRINGER, 2006).
Após ponderar as vantagens e limitações da técnica de grampeamento, e realizar
estudos geotécnicos de estabilidade, sendo o solo grampeado escolhido como método de
contenção, alguns itens importantes devem ser cumpridos para a avaliação e o bom
desempenho da obra. Pitta et al. (2003) enumeram alguns desses itens, sendo eles: a
observação da geologia e hidrogeologia previamente ao projeto; o detalhamento
padronizado do método executivo a ser seguido; a avaliação da qualidade da injeção,
muito mais qualitativamente do que quantitativamente; a observação obrigatória das
deformações; e a realização do diário de acompanhamento dos trabalhos, os quais
definem os passos de um projeto, que somente se encerra após o término da execução da
contenção.
2.8 Mecanismo e comportamento
A massa de solo grampeado pode ser subdividida em duas: zona potencialmente
instável (ativa) e zona resistente (passiva). A zona ativa situa-se entre a face do talude e
superfície potencial de ruptura, já a zona passiva é onde os grampos são fixados.
Somente quando ocorre o deslocamento da zona ativa em relação à zona passiva é que
os esforços nos grampos são mobilizados.
Pitta et al. (2003) discorrem que o trecho reforçado com grampos pode ser
entendido como um muro de gravidade, dependendo da densidade de grampos utilizada,
limitado pelo comprimento do mesmo. A massa de solo, desta forma, é melhorada pela
introdução dos chumbadores e pelas injeções. Esse muro de peso garante a estabilidade
da zona não reforçada, tratando-se, portanto, também de uma técnica de reforço do solo.
Os grampos não apresentam trecho livre, transferindo tensões para o solo ao
longo de todo seu comprimento. A estabilidade no solo grampeado é garantida pelas
forças de atrito desenvolvidas no contato solo-grampo. Através dos grampos ocorre a
união da zona potencialmente instável (ativa) e da zona resistente (passiva), melhorando
a estabilidade do conjunto.
26
Plumelle et al. (1990) completam que a tensão nos grampos cresce, de forma
aproximadamente linear, de zero na sua extremidade interna até um valor máximo, em
um determinado ponto de sua extensão o qual coincide com a superfície potencial de
ruptura, e posteriormente decresce até a superfície do talude, chegando com
aproximadamente 25% do valor máximo. Em taludes suaves e com faceamento vegetal,
por exemplo, não há tensão na superfície do talude.
Mitchell e Villet (1987) comparam os mecanismos de estabilização de uma
cortina ancorada (a) e de um solo grampeado (b), possibilitando a diferenciação dos
métodos de contenção (Figura 2.9).
Figura 2.9 – Mecanismos de estabilização (a) cortina atirantada e (b) solo grampeado
(MITCHELL e VILLET, 1987).
O atrito mobilizado ao longo dos grampos tem direções opostas nas zonas ativa e
resistente, seguindo a tendência de movimento relativo da interface (Figura 2.10). A
força máxima mobilizada ao longo do grampo (Tmáx) ocorre na interseção do grampo
com a superfície potencial de ruptura, região na qual as tensões cisalhantes na interface
solo-grampo se alunam.
(a) (b)
27
Figura 2.10 – Força máxima mobilizada no grampo (EHRLICH, 2003).
Mitchell e Villet (1987) também comparam a mobilização de esforços e
apresentam o comportamento dos reforços flexíveis e rígidos (Figura 2.11). Os autores
afirmam que os reforços flexíveis atuam apenas com resistência à tração na
estabilização de taludes. Já os reforços rígidos podem atuar à tração, à flexão e ao
cisalhamento, como pode ocorrer em alguns casos de grampeamento.
Figura 2.11 – Comportamento de reforços (a) flexíveis e (b) rígidos
(MITCHELL e VILLET, 1987).
A eficiência máxima dos grampos se dá quando sua inclinação coincide com a
direção principal maior de deformação da massa reforçada (ε1). Nessa condição os
28
grampos unicamente são submetidos à tração, independente da rigidez à flexão desses
elementos (EHRLICH, 2003).
Essas tensões se desenvolvem como resultado das restrições impostas pelos
grampos e pela face às deformações laterais. Para uma escavação com a execução do
solo grampeado de cima para baixo, as deformações laterais estão associadas ao
desconfinamento promovido pela retirada de material terroso de suporte como
conseqüência do processo executivo. No caso da execução de um reforço em uma
estrutura já existente ou de um talude natural, as deformações laterais estão associadas a
movimentações já em curso na estrutura ou no talude (FEIJÓ, 2007).
Sob condições de fundo estável, a tendência de movimentação de uma escavação
é preponderantemente na horizontal, não divergindo expressivamente da inclinação dos
grampos, os quais são instalados no talude com ângulo médio de 15° com a horizontal.
Sendo assim, a tração mobilizada nos grampos prepondera como mecanismo
estabilizador.
Lima (2007) monitorou uma escavação em solo grampeado, através a
instrumentação do maciço e dos grampos e observou que o os deslocamentos do maciço
e os esforços nos grampos cresceram significativamente com o avanço da escavação e
que não tinham cessado até o final da obra. Os grampos trabalharam
predominantemente à tração, com momentos fletores pouco significativos. A
distribuição dos esforços de tração foi influenciada pelas características geológicas do
maciço. A tração máxima (Tmáx) teve uma posição variando com a profundidade e a
inclinação do talude, e uma magnitude aumentando com o avanço da escavação. A
tração na face (To) foi de 0,3 a 0,6 de Tmáx.
Feijó (2007) comenta que se o grampeamento ocorrer em um talude natural com
inclinação suave, onde a direção da superfície potencial de ruptura é quase
perpendicular à direção dos grampos, além dos esforços de tração, os esforços de
cisalhamento e de flexão poderão exercer influência significativa nas análises de
estabilidade da região da superfície de ruptura e da face do talude, dependendo do tipo
de faceamento adotado. O empuxo passivo distribuído ao longo do grampo é o
responsável pela mobilização desses esforços de cisalhamento e flexão. Segundo
Ehrlich (2003), nas análises convencionais, as contribuições da resistência à flexão e ao
cisalhamento dos grampos são comumente negligenciadas.
29
Jewell (1980) afirma que sob condições de trabalho, podem-se considerar nulas
as movimentações relativas na interface solo-grampo, não ocorrendo deslizamento no
contato de ambos, sendo iguais as deformações tanto para o solo como para o grampo.
Dessa forma, as deformações que ocorrem no solo são controladas pela deformabilidade
do grampo.
A Figura 2.12 apresenta a curva esquemática de esforços versus deformação do
sistema solo-grampo. Ehrlich (2003) explica que inicialmente o solo encontra-se em
repouso, com deformação lateral nula (σs=σz.Ko). À medida que as deformações se
processam as tensões no solo diminuem tendendo ao estado ativo e as tensões nos
reforços aumentam até que o equilíbrio seja alcançado. Os grampos mais rígidos, (Si)2,
apresentam menores deformações e as tensões no solo e no reforço estão mais próximas
do estado de repouso. Já os grampos mais deformáveis, (Si)1 permitem deformações
maiores, suficientes para alcançar a plastificação da zona potencialmente instável e as
tensões estão mais próximas do estado ativo. Sendo Si o índice de rigidez relativa solo-
grampo.
Figura 2.12 – Influência da rigidez do grampo nas deformações e tensões mobilizadas
(EHRLICH, 2003).
O faceamento apresenta função secundária na estabilização da massa de solo
grampeada, garantindo a estabilidade local e evitando processos erosivos. Ehrlich
(2003) explana que faces estruturalmente resistentes podem ser necessárias em taludes
mais íngremes, devido às tensões serem mais elevadas na face e apresentarem um trecho
de transferência reduzido na cunha ativa. Em taludes mais abatidos tem-se um maior
30
comprimento de transferência na cunha ativa e menores tensões atuantes na face. Assim,
a estabilidade junto à face aumenta e o revestimento adotado não necessita apresentar
resistência estrutural (Figura 2.13).
Figura 2.13 – Importância da face em taludes verticais e inclinados (EHRLICH, 2003).
Lima (2002) afirma que a inclinação da face da escavação é um parâmetro
importante no projeto. Uma pequena variação na geometria, condições de contorno,
modelo constitutivo e parâmetros do solo e do grampo causam mudanças expressivas
nos valores de deslocamento, tensões iniciais e esforços axiais nos grampos. Uma
pequena variação da inclinação do talude pode acarretar reduções de até 70% nos
deslocamentos finais. Os esforços axiais máximos, mobilizados em cada grampo
durante o processo de escavação, são maiores nos taludes mais íngremes.
Através de estudos numéricos Ehrlich (2003) concluiu que grampos mais rígidos
permitem menores movimentações da face e menor plastificação da massa de solo. A
variação da inclinação dos grampos não se mostra como um fator principal nas
movimentações, porém, a rigidez dos grampos altera as tensões atuantes nos mesmos. A
face pouco influencia nas movimentações e nas forças axiais mobilizadas nos grampos,
contudo, o aumento da rigidez da mesma promove a diminuição dos momentos fletores
mobilizados nos grampos.
31
2.9 Análise de estabilidade
A análise de estabilidade para o dimensionamento de estruturas em solo
grampeado pode ser realizada a partir de vários métodos. Ortigão et al. (1993)
relacionam alguns métodos de análise para solo grampeado disponíveis, sendo eles:
método alemão (Stocker, 1979), método Davis (Shen et al., 1981), método do
Multicritério (Schlosser, 1982), método Cardiff, todos do tipo análise de equilíbrio
limite, e o método Cinemático (Juran et al., 1990), o qual é do tipo análise de tensões
internas.
Na Europa são utilizados, com frequência, o método francês: Multicritério
(Schlosser, 1982) e o alemão (Stocker, 1979), enquanto nos EUA utiliza-se o método de
Davis (Shen et al., 1981).
Como alternativa quanto à utilização dos métodos mencionados acima, tem-se os
métodos convencionais como Bishop, Fellenius, Jambu, Spencer, entre outros, além dos
métodos clássicos como Rankine e Coulomb, todos do tipo análise de equilíbrio limite
para cálculo de estabilidade de taludes.
Hachich e Camargo (2006) realizaram uma revisão crítica e uma análise
comparativa dos diversos processos fundamentados no método de equilíbrio limite,
tanto do ponto de vista conceitual quanto do ponto de vista de aplicação, procurando
destacar os pontos comuns e os pontos divergentes entre eles.
Camargo (2005) apresenta uma comparação dos diversos métodos para o cálculo
de estabilidade de estruturas em solo grampeado, todos baseados na análise de
equilíbrio limite. Para o autor o método do Multicritério (Schlosser, 1982) é o mais
completo.
Hachich e Camargo (2003) realizaram uma comparação dos processos mais
usuais para o dimensionamento de estruturas de solo grampeado, sendo todos baseados
no método de equilíbrio limite. Duas situações foram analisadas: um exemplo hipotético
do artigo de Juran et al. (1990) e um exemplo real de obra no Brasil. Foram
comparadas as trações máximas (Tmáx) e os comprimentos dos grampos obtidos por
cada método de cálculo. Os processos de Jewell (1980), Muticritério (Schlösser, 1982) e
Estável (Hachich, 1997) apresentaram resultados bastante próximos. Desses, o
Multicritério tende a levar a arranjos ligeiramente mais econômicos devido ao modo
como considera a mobilização nos esforços.
32
Jimenez (2008) ressalta que todos os métodos baseados na análise de equilíbrio
limite só analisam a condição de pré-ruptura sob um comportamento rígido-plástico do
material. Isso é um problema para os maciços de solo grampeado, visto que eles se
deformam durante e após a construção, muitas vezes não apresentando uma ruptura bem
definida.
Na prática, os dimensionamentos de estruturas em solo grampeado baseiam-se
em metodologias de equilibrio limite, em que se faz necessário fornecer os parâmetros
de resistência do solo e da resistência ao cisalhamento no contato solo-grampo (qs).
Existem diversos métodos analíticos e diferentes correlações empíricas e semi-
empíricas baseadas em ensaios de campo e de laboratório para a previsão da resistência
ao cisalhamento de interface, entre os quais: Cartier e Gigan (1983), Bustamante e Doix
(1985), Jewell (1980), Clouterre (1991), Heymann et al. (1992), Ortigão e Palmeira
(1997) e Proto Silva (2005). Entretanto, como este parâmetro é influenciado por
diferentes fatores (variabilidade do solo, método construtivo do chumbador, variação
física e geométrica do reforço e níveis de tensões atuantes) a sua previsão torna-se, na
maioria das situações, imprecisas e conservadoras (SILVA et al, 2010).
Estes métodos de previsão são úteis na fase preliminar de um projeto em solo
grampeado. A realização de ensaios de arrancamento in situ permite uma quantificação
mais real deste parâmetro (qs), possibilitando a realização de projetos executivos mais
econômicos e viáveis.
2.10 Ensaio de arrancamento de grampos
O dimensionamento de uma estrutura em solo grampeado considera o atrito
desenvolvido entre o grampo e o solo, denominado atrito solo-grampo, designado por qs.
Esse atrito confere a resistência ao arrancamento do grampo, sendo que o seu valor tem
papel fundamental no comportamento do elemento de reforço.
Este parâmetro pode ser obtido através de ensaios de arrancamento executados
em verdadeira grandeza ou, alternativamente, para uma estimativa inicial, através de
correlações empíricas com parâmetros do solo obtidos em ensaios de laboratório e/ou
campo. Diversos pesquisadores têm apresentado métodos analíticos e diferentes
correlações empíricas e semi-empíricas para a determinação de qs (SILVA e BUENO,
2009).
33
Proto Silva (2005), Magalhães (2005), Springer (2006) e Leite (2007), entre
outros autores, realizaram ensaios de arrancamento em verdadeira grandeza. Proto Silva
(2005) apresentou uma proposta de relação semi-empírica para se avaliar a resistência
ao arrancamento dos grampos, baseada nos parâmetros de resistência do solo e da
interface solo/nata de cimento, obtidos em ensaios de cisalhamento direto no
laboratório.
Os modelos e as correlações entre valores de qs e as características do solo são
ferramentas importantes, principalmente para concepção inicial de projeto. Embora
esses modelos e correlações se baseiem em interações simples e empreguem parâmetros
aparentemente fáceis de serem determinados, há dificuldade em se determinar o valor
de qs. Nesse contexto, a realização de ensaios de arrancamento é de fundamental
importância para a quantificação mais realística desse parâmetro.
Os resultados de ensaios de arrancamento permitem ajustes à concepção inicial
do projeto executivo de forma a torná-lo mais específico à obra em questão, e durante a
fase construtiva pode-se realizar alterações benéficas e vantajosas.
Não existe uma norma ou procedimento padrão para a execução do ensaio de
arrancamento em grampos. Alguns pesquisadores fazem recomendações quanto ao
procedimento do ensaio e ao controle de obras realizadas com a técnica do solo
grampeado, como Falconi e Alonso (1996), Ortigão (1997), Zirlis et al. (2003), Pitta et
al. (2003) e Nunes et al. (2006). Springer (2006), em sua pesquisa, propõem uma
metodologia a ser adotada em ensaios de arrancamento de grampos, enfocando-se os
detalhes executivos.
O ensaio consiste em promover a movimentação do grampo no interior da massa
de solo, por meio de um conjunto macaco hidráulico e bomba, o qual aplica
incrementos de carga de tração na barra do grampo que está ancorada no solo. As cargas
são medidas com auxílio de uma célula de carga e os deslocamentos com a utilização de
extensômetros, que registram as movimentações na cabeça do grampo a cada
incremento de carga. Desta forma, obtém-se uma curva carga-deslocamento e o valor
máximo da força de tração no grampo (Tmáx), possibilitando o cálculo do atrito unitário
solo-grampo na ruptura/resistência ao arrancamento do grampo (qs).
34
Clouterre (1991) apresenta duas curvas típicas de carga-deslocamento,
resultantes de ensaios de arrancamento em grampos (Figura 2.14). Essas curvas são
utilizadas para a obtenção do valor máximo da força de tração no grampo (Tmáx = Fmáx).
Figura 2.14 – Curvas típicas do ensaio de arrancamento de grampos (CLOUTERRE, 1991).
O valor de qs é dependente do diâmetro do furo (D), do comprimento ancorado
ou injetado do grampo (La) e da carga máxima (Tmáx). Esse parâmetro é definido em
unidades de tensão, normalmente em kPa, e sua grandeza é expressa por:
qs =Tmáx
π . D . La (2.1)
Ortigão (1997) ilustra na Figura 2.15 a relação entre a tração mobilizada no
grampo e a resistência ao arrancamento.
Figura 2.15 – Tração mobilizada no grampo e resistência ao arrancamento (ORTIGÃO, 1997).
35
Os principais fatores que influenciam o valor de qs são: características mecânicas
do solo; metodologia executiva dos furos; método construtivo do grampo (número de
injeções e características da pasta de cimento); variações físicas e geométricas dos
elementos de reforço (comprimento e rugosidade da barra, tipo da barra de aço,
diâmetro da coluna de calda de cimento e inclinação do reforço); tipo de aplicação
(estrutura de contenção ou estabilização de taludes); e níveis de tensão atuantes.
Com exceção das características mecânicas do solo, todos os outros fatores são
capazes de serem controlados e padronizados na execução de um grampo. Desta forma,
valores de qs podem ser comparados considerando-se condições executivas similares.
Clouterre (1991) sugere que os grampos ensaiados sejam executados com os
mesmos procedimentos dos grampos permanentes da obra, com relação à inclinação,
limpeza do furo, instalação da barra e injeção da pasta de cimento. Dependendo do
objetivo e da fase construtiva em que a obra de contenção se encontra, o ensaio de
arrancamento pode ser classificado como: (i) ensaio preliminar, executado na fase de
projeto anteriormente ao início dos trabalhos na obra; (ii) ensaio de conformidade,
executando quando os trabalhos são iniciados no talude; e (iii) ensaio de inspeção,
executado durante a construção. Todos os ensaios são idênticos e objetivam a
determinação do parâmetro qs.
O ensaio de arrancamento é realizado aplicando-se uma tensão estática à cabeça
do grampo, até que haja movimento excessivo de cisalhamento. Nenhum dos grampos
submetidos ao ensaio de arrancamento pode ser usado novamente ou ser incorporado à
estrutura permanente da contenção (CLOUTERRE, 1991).
Springer (2006) e Silva e Bueno (2009) realizaram ensaios de arrancamento que
permitiram quantificar as melhorias na resistência ao cisalhamento de interface, a partir
da quantidade de injeções nos grampos, sendo uma importante ferramenta para analisar
o desempenho do grampeamento.
Em geral, os ensaios são realizados com o grampo apresentando um metro de
trecho livre seguido de um trecho injetado ou ancorado. O trecho livre proporciona o
isolamento do grampo no interior da massa de solo, evitando os efeitos de contorno na
cabeça do mesmo, causados pela placa de reação que é posicionada diretamente sobre o
solo que circunda o grampo.
36
Clouterre (1991) sugere um comprimento de trecho livre de, no mínimo, um
metro de comprimento para proporcionar tal isolamento e evitar os efeitos de contorno
nos resultados. Na ausência do comprimento livre, as tensões induzidas pelo macaco
poderão ser transferidas do solo para o grampo.
Ao se aplicar o carregamento de tração no grampo, a face e o solo são
submetidos à compressão. Caso haja preenchimento com nata, o trecho inicial do
grampo estará sujeito à compressão, o que é indesejado. Portanto, deve-se utilizar um
obturador de calda de cimento, para não permitir o preenchimento do furo neste trecho
(SPRINGER, 2006).
Como exemplo, Proto Silva (2005), Springer (2006), Feijó (2007), Silva e Bueno
(2009), Lima (2010) e Hlenka et al. (2010) garantiram o trecho livre dos seus grampos,
para a realização do ensaio de arrancamento, por meio de um obturador constituído de
espuma que envolve a barra de aço, sendo esse trecho livre sempre igual ou superior a
um metro de comprimento.
Para a montagem do ensaio de arrancamento (Figura 2.16) alguns equipamentos
são essenciais, tais como: placas de reação, responsáveis pela distribuição da carga do
macaco; grade de reação, que direciona o macaco na mesma inclinação do grampo para
que a carga aplicada seja axial; conjunto macaco hidráulico e bomba, que fornece a
força necessária para deslocar o grampo; célula de carga, para medida da força
transmitida ao grampo; placa de referência, superfície de apoio do extensômetro e de
referência das leituras iniciais de deslocamentos; suporte externo rígido e fixo, estrutura
de fixação do extensômetro para a medida dos deslocamentos do grampo sob carga;
porcas, as quais mantêm o conjunto unido durante a realização do ensaio; além de
porcas e placas extras. Deve-se atentar para o aperto inicial da porca, pois este já
fornece uma carga inicial ao grampo e deve ser devidamente monitorado.
37
Figura 2.16 – Esquema de montagem dos equipamentos para o ensaio de arrancamento
(SPRINGER, 2006 adaptado de LAZART et al., 2003).
Lazart et al. (2003) sugerem que sejam utilizados dois medidores de
deslocamento posicionados na cabeça do grampo. Clouterre (1991) aconselha que os
medidores de deslocamentos se situem sobre uma base estável e independente do
sistema montado sobre a barra do grampo a ser ensaiado, e que realizem medidas de
deslocamento da cabeça do grampo em relação a um ponto fixo.
2.11 Mobilização do atrito ao longo dos grampos
Quando se aplica um esforço de tração na cabeça do grampo, o mesmo se move
em relação ao maciço, mobilizando a resistência lateral e gerando uma zona de tensão e
deformação. Segundo Clouterre (1991), a mobilização do atrito lateral ao longo do
grampo, desenvolvido entre o grampo e o solo, ocorre gradativamente, a partir da
cabeça do grampo, próxima à superfície do talude, em direção à parte mais interna do
mesmo. Sendo assim, a cabeça do grampo apresenta forças e deformações maiores, as
quais vão diminuindo até a outra extremidade, e isso ocorre independentemente do
comprimento do grampo (Figura 2.17). Proto Silva (2005), Springer (2006), França
(2007), Silva e Bueno (2009) e Silva e Ehrlich (2010), entre outros, ratificaram esse
comportamento através da instrumentação extensométrica de grampos em seus
trabalhos de pesquisa.
38
Figura 2.17 – Distribuição das deformações ao longo do grampo durante o ensaio de
arrancamento (CLOUTERRE, 1991).
O relatório de Clouterre (1991) mostra que com o aumento das forças de tração,
as tensões de cisalhamento aproximam-se do limite de ruptura no contato solo-grampo e
que essas tensões desenvolvem-se ao longo da extensão do grampo, atingindo o valor da
resistência ao arrancamento (Figuras 2.18 e 2.19), Quanto maior o grampo, maior será a
variação distribuição de tensões de cisalhamento ao longo do seu comprimento (Figuras
2.20 e 2.21).
39
Figura 2.18 – Distribuição das forças de tração ao longo do grampo de 3 m durante o ensaio de
arrancamento (CLOUTERRE,1991).
Figura 2.19 – Distribuição das forças de tração ao longo do grampo de 12 m durante o ensaio de
arrancamento (CLOUTERRE,1991).
40
Figura 2.20 – Mobilização das tensões de cisalhamento ao longo do grampo de 3 m durante o
ensaio de arrancamento (CLOUTERRE,1991).
Figura 2.21 – Mobilização das tensões de cisalhamento ao longo do grampo de 12 m durante o
ensaio de arrancamento (CLOUTERRE,1991).
41
2.12 Instrumentação extensométrica de grampos
A instrumentação extensométrica de grampos, através do posicionamento de
medidores de deformação ao longo das barras de aço, possibilita a verificação da
distribuição dos carregamentos durante a realização do ensaio de arrancamento.
Portanto, a extensometria permite uma análise experimental das tensões e deformações.
Os dados provindos da instrumentação proporcionam uma maior previsão e
confiabilidade dos resultados do ensaio.
Uma vez determinada essa distribuição, é possível identificar o comprimento
real do grampo que estará sendo solicitado à tração na medida em que o solo
circundante tende a se deslocar (LEITE, 2007).
Proto Silva (2005), Springer (2006), Nunes et al. (2006), Feijó (2007), Leite
(2007), França (2007), Saré (2007), Lima (2007), Silva e Bueno (2009), e Silva e
Ehrlich (2010) utilizaram extensômetros de resistência elétrica (strain gages) fixados ao
longo de grampos em seus trabalhos de pesquisa.
Segundo Dally e Riley (1991), os extensômetros de resistência elétrica são
elementos metálicos sensíveis que transformam pequenas variações de dimensões, em
variações equivalentes de sua resistência elétrica, e a partir dessa grandeza elétrica as
deformações são medidas e registradas. Os autores acrescentam que os extensômetros
de resistência elétrica são simples e constituem-se de uma fina base de polímero isolante
contendo uma matriz com a forma de um fio contínuo de pequeno diâmetro (material
condutor), cuja fabricação é semelhante à de um circuito elétrico impresso (Figura
2.22).
Figura 2.22 – Esquema de um extensômetro de resistência elétrica (ANDOLFATO et al., 2004).
42
A resistência elétrica de um condutor de seção uniforme é dada pela expressão:
R = ρ . L
A (2.2)
Onde R é a resistência (ohms), L é o comprimento do condutor, A é área da
seção transversal do condutor, ρ é a resistividade do condutor, função da temperatura e
das solicitações mecânicas aplicadas.
Ao submeter um condutor a uma solicitação mecânica (tração ou compressão),
sua resistência irá variar devido às variações de dimensão da seção A, do comprimento
L, e da resistividade do condutor ρ.
A razão entre a variação de resistência pela resistência inicial dividida pela
deformação é chamada de Fator de Sensibilidade à deformação axial da liga metálica do
condutor (strain gage), expressão por:
K = (∆R/R) ε
(2.3)
Onde ∆R é a variação de resistência, R é a resistência nominal e ε= ∆L/L é a
deformação. Sendo conhecido o fator de sensibilidade (K) e medindo-se a variação
relativa de resistência (∆R/R), determina-se à deformação aplicada (ε).
Os strain gages são fixados nas barras de aço, as quais sofrerão esforços durante
a realização do ensaio de campo, e, posteriormente, são soldados os cabos que permitem
a realização das leituras de resistências elétricas amplificadas em um local remoto,
exterior ao talude.
Os extensômetros de resistência elétrica (strain gages) são versáteis quanto a sua
aplicação, de fácil manuseio e apresentam precisão em suas medidas. Também são
capazes de monitorar deformações até as cargas últimas em ensaios destrutivos.
Dally e Riley (1991) relacionam as características mais relevantes dos
extensômetros de resistência elétrica: alta precisão, baixo custo, excelente resposta
dinâmica, excelente linearidade, facilidade de instalação, possibilidade de se efetuar
medidas de maneira remota e possibilidade de ser usado submerso ou em ambiente
agressivo, desde que se faça tratamento adequado.
43
Conforme Leite (2007), a resistência medida pelos strain gages pode variar com
a alteração da temperatura, porém, para eliminar essa interferência existem distintos
métodos de medição.
É necessário o emprego de circuitos elétricos especiais para se realizarem
medidas de pequenas variações na resistência elétrica dos strain gages com precisão. O
circuito que melhor se adapta a essa condição é a Ponte de Wheatstone, e por essa razão
é freqüentemente adotada.
Perry e Lissner (1962) expõem algumas vantagens do uso desse circuito, como:
a variação da voltagem pode ser diretamente relacionada à deformação; os sensores
podem ser ligados de modo a apresentar compensação elétrica para efeitos indesejáveis
como deformações aparentes induzidas por variações térmicas; podem ser realizadas
medidas estáticas ou dinâmicas; o sistema é simples, robusto e de baixo custo.
O circuito elétrico Ponte de Wheatstone tem a função de converter a pequena
mudança de resistência elétrica decorrente da deformação sofrida pelo strain gage em
uma unidade de voltagem. Para isso, aplica-se uma voltagem constante de entrada e
mede-se a voltagem na saída da ponte. Esse circuito é formado por quatro resistores,
R1, R2, R3 e R4, apresentando quatro braços em sua configuração. No processo de
medição, existem três tipos distintos de disposição dos extensômetros de resistência
elétrica nesse circuito, denominados de um quarto de ponte, meia ponte e ponte
completa.
De acordo com Perry e Lisser (1962), quando adotada a disposição do tipo ponte
completa, as deformações do extensômetro elétrico podem ser calculadas através da
expressão:
ε = (∆R/R)
K =
(4 . ∆L)
�Vexc + 2 . ∆L� . K (2.4)
Onde ε é a deformação do extensômetro elétrico, ∆R é variação de resistência do
extensômetro elétrico (ohms), R é a resistência nominal do extensômetro elétrico, K é o
Fator de Sensibilidade do extensômetro elétrico, Vexc é a voltagem de excitação da
Ponte de Wheatstone, e ∆L é a variação de voltagem dos terminais da Ponte de
Wheatstone (volts).
A deformação do strain gage pode ser interpretada em termos de força aplicada
à barra de aço do grampo, por meio da teoria da Elasticidade (Lei de Hook), utilizando:
44
σ = E . ε (2.5)
F = A . E . ε = R . ε (2.6)
Onde σ é a tensão aplicada na barra de aço, F é a força aplicada na barra de aço,
A é a área da seção transversal da barra de aço na região de colagem do strain gage, E é
o módulo de elasticidade (Young) do aço, R é a constante de correlação (E.A), e ε é a
deformação do strain gage.
Sabendo-se o módulo de elasticidade e o diâmetro da seção da barra de aço no
ponto de colagem do extensômetro elétrico, a Equação 2.6 permite a conversão dos
valores de deformações dos extensômetros elétricos em cargas aplicadas aos grampos.
2.13 Considerações finais
Esta revisão bibliográfica sobre solo grampeado apresenta as principais
considerações da técnica de estabilização. Aspectos construtivos são reportados, assim
como os mecanismos de mobilização de resistência de grampos. Várias referências da
literatura são apresentadas. O objetivo principal do capítulo foi proporcionar o
embasamento necessário para a execução dos trabalhos desta dissertação, tanto no que
diz respeito ao conceito e execução dos grampos, como na análise dos resultados dos
ensaios de campo.
45
Capítulo 3 CONSIDERAÇÕES SOBRE
MATERIAIS COMPÓSITOS
3.1 Considerações iniciais
Este capítulo realiza uma revisão bibliográfica sobre materiais compósitos,
apresentando as considerações mais relevantes. É efetuada uma explanação das fases
fibra e matriz e da interação existente entre elas, e dos parâmetros que influenciam o
desempenho e o comportamento mecânico dos materiais compósitos. As propriedades
dos materiais compósitos, no estado fresco e no estado endurecidom são citadas, assim
como algumas das aplicações destes materiais, como é o caso de grampos compostos
por argamassa reforçada com fibras de polipropileno na técnica de grampeamento de
solos.
3.2 Materiais cimentícios reforçados com fibras
Os materiais compósitos são constituídos, normalmente, por duas fases, a matriz
(concretos, silicones, argamassas, etc.) e o elemento de reforço (fibras, aço, etc.). A
matriz é contínua e envolve a outra fase, o reforço, chamado freqüentemente de fase
dispersa.
A combinação das melhores propriedades de diferentes materiais gera os
compósitos. Budinski (1996) explica que um material compósito é a combinação de
dois ou mais materiais, o qual apresenta propriedades que os materiais componentes
deste compósito não possuem por si próprios.
Higgins (1994) classifica os compósitos em dois grandes grupos: os compósitos
particulados, onde são adicionados à matriz algum material em forma de partícula
(correspondente à abstração de um corpo dotado de massa, ou uma parte dele,
concentrada idealmente em um ponto), e os compósitos fibrosos, onde há a adição de
fibras (materiais muito finos e alongados, como filamentos, que podem ser contínuos ou
cortados).
46
Os compósitos mais importantes são aqueles em que a sua fase dispersa
encontra-se na forma de fibras, sendo que esses materiais são projetados, com
freqüência, para elevar as qualidades mecânicas da sua matriz.
As propriedades dos materiais compósitos reforçados por fibras são função das
propriedades das fases constituintes, das suas quantidades relativas e da geometria da
fase dispersa (forma, tamanho, dispersão e orientação).
Para Budinski (1996), os materiais compósitos mais importantes são aqueles
formados pela combinação de polímeros e materiais cerâmicos. Os materiais cerâmicos
são de grande aplicabilidade na engenharia civil, nessa categoria estão incluídos todos
os materiais baseados em cimento Portland como solo-cimento, pastas, argamassa e
concreto. Estes grupos de materiais apresentam características típicas sendo uma delas a
tendência de fissuração por secagem.
Lameiras (2007) aponta que um dos materiais compósitos com matriz cerâmica
mais utilizados é o material a base de cimento Portland reforçado com fibras, sendo a
matriz do compósito constituída por agregados ligados uns aos outros pela pasta de
cimento Portland hidratada.
Taylor (1994) mostra que os materiais de cimento Portland são uma opção
natural para a adição de materiais fibrosos, uma vez que são baratos. Os materiais
cerâmicos apresentam alta resistência à compressão e são muito rígidos. Porém, são
frágeis e oferecem baixa resistência à tração e à flexão, além de apresentarem problemas
relativos à ductibilidade e resistência ao impacto. Já os polímeros apresentam baixo
módulo de elasticidade, ductibilidade variável e resistência à tração moderada. São
versáteis e, dentro de certos limites, podem sofrer alterações para se adequarem as
necessidades requeridas.
Segundo Johnston (1994), de maneira geral, as fibras em uma matriz cimentada
podem causar dois efeitos admiráveis. O primeiro efeito é que elas tendem a reforçar o
compósito sobre todos os modos de carregamento que induzem tensões de tração e,
secundariamente, as fibras melhoram a ductibilidade (que representa o grau de
deformação que um material suporta até o momento de sua fratura) e a tenacidade (que
corresponde à medida de quantidade de energia que um material pode absorver antes de
fraturar) de uma matriz cimentada frágil.
47
Taylor (1994) afirma que as fibras não impedem a formação de fissuras no
compósito, mas elas são capazes de aumentar a resistência à tração pelo controle da
propagação das fissuras na matriz, além de melhor distribuir as tensões. Conforme
Hannant (1994), as fibras mantêm as interfaces das fissuras juntas, isto é, proporcionam
o aumento da ductibilidade, beneficiando as propriedades mecânicas do estado pós-
fissuração.
O maior potencial dos materiais compósitos fibrosos está no estado pós-
fissuração, onde as fibras contribuem da forma mais efetiva na resistência do material,
aumentando a capacidade de absorção de energia (VENDRUSCOLO, 2003).
Para Illston (1994), Taylor (1994) e Hannant (1994), o aumento da capacidade
de absorção de energia é devido ao fato de que a deformação necessária para causar
fissuras na matriz cimentada é muito inferior à elongação das fibras. As fibras,
geralmente, possuem menor módulo de elasticidade do que a matriz cimentada, e assim,
pouco ou nenhum aumento de tensão de fissuração é esperado.
O alongamento na ruptura de todas as fibras é cerca de duas a três ordens de
magnitude maior do que a deformação de ruptura da matriz cimentícia.
Consequentemente, nos compósitos, a matriz fissura muito antes da resistência da fibra
ser atingida (HANNANT, 1978).
Bentur e Mindess (1990) comentam que os materiais cimentícios convencionais
necessitam de reforço para viabilizar sua utilização em grande parte das aplicações da
construção civil. Historicamente, esse reforço se faz pela introdução de barras
contínuas, as quais podem ser utilizadas em determinadas posições da estrutura, para
suportarem os esforços de tração e de cisalhamento. As fibras, sendo descontínuas e
dispersas por toda a matriz cimentícia, não são tão eficientes para suportarem as tensões
de tração. No entanto, as fibras apresentam aspectos admiráveis, devido ao fato dos
materiais cimentícios reforçados por fibras apresentarem espaçamentos menores entre
os elementos de reforço, se comparado com as barras contínuas.
Devido às diferenças, Bentur e Mindess (1990) citam aplicações nas quais o
reforço com fibras é benéfico em relação às barras convencionalmente utilizadas, dentre
as quais estão:
• Elementos de pequena espessura, onde as fibras atuam como reforço principal,
elevando a resistência e a ductibilidade do compósito;
48
• Componentes projetados para suportarem grandes cargas ou deformações, tais como
revestimentos de túneis, estruturas resistentes a explosões e estacas pré-fabricadas,
as quais serão cravadas por percussão no solo;
• Componentes onde as fibras são adicionadas com o intuito principal de promover o
controle de fissuração induzida pelas variações de umidade ou temperatura, tais
como em lajes, telhas ou elementos de pavimentos.
Assim, os compósitos resultantes da combinação dos materiais cerâmicos com
fibras poliméricas apresentam características mais apropriadas de resistência mecânica,
rigidez, ductibilidade, fragilidade, capacidade de absorção de energia de deformação e
de comportamento pós-fissuração em relação aos materiais que lhe deram origem, do
ponto de vista de engenharia civil.
3.2.1 Fase fibra
Lameiras (2007) expõe que, ao longo dos anos, o interesse da indústria e do
mercado em potencial impulsionou o desenvolvimento de processos de produção de
diversas fibras e de materiais cimentícios reforçados com fibras. Além disso, as
realizações de inúmeras pesquisas proporcionaram a viabilização da utilização dessas
fibras, tanto nas melhorias com relação ao desempenho mecânico como na durabilidade
desses materiais. Várias investigações são realizadas em todo o mundo em busca de
novos tipos de fibras, de melhorias nas propriedades das fibras já comercializadas e de
uma melhor interação entre as fibras e a matriz cimentícia.
Segundo o Instituto Americano de Concreto – ACI Committee 544 (1996), as
fibras podem ser consideradas materiais que possuem uma de suas dimensões muito
superior as outras duas, ou seja, comprimento muito superior as dimensões de sua seção
transversal. Um parâmetro numérico conveniente que caracteriza os materiais fibrosos é
o fator de forma (l/d), definido como sendo a razão entre o comprimento da fibra e seu
diâmetro equivalente (diâmetro de um círculo cuja área é igual à área da seção
transversal da fibra). Zollo (1997) comenta que os fatores de forma das fibras variam
entre 40 a 1000, sendo que para as fibras com comprimento de 0,10 a 7,62 cm os fatores
de forma são inferiores a 300.
Callister Jr. (2002) classifica as fibras por diferentes aspectos, sendo eles:
dimensão, configuração, natureza e módulo de elasticidade.
49
• Com relação à dimensão existem três divisões: whiskers, fibras e arames. As fibras
são as que possuem diâmetros intermediários;
• Quanto à configuração das fibras, as mesmas podem ser divididas em dois grupos:
monofilamentos discretos, separados uns dos outros, e combinações de filamentos
de fibras, geralmente constituídos de feixes;
• Quanto à natureza existem quatro categorias, sendo elas: as fibras vegetais,
metálicas, minerais e poliméricas.
• Quanto ao módulo de elasticidade, as fibras podem ser divididas em dois grupos:
um grupo das fibras que possuem módulo de elasticidade menor do que a matriz
cimentícia, tais como as fibras vegetais e as fibras poliméricas; e outro grupo, que é
o das fibras que possuem módulo de elasticidade maior do que a matriz cimentícia,
tais como as fibras metálicas e as fibras minerais.
Para Hannant (1978), os compósitos produzidos a partir de fibras que
apresentam baixo módulo de elasticidade geralmente não são utilizados para suportarem
cargas permanentes elevadas, pois com o aparecimento das microfissuras na matriz, as
fibras tendem a sofrer alongamentos ou deflexões consideráveis ao logo do tempo.
Dessa forma, comumente, essas fibras são utilizadas em situações onde não se espera
que a fissuração da matriz ocorra, mas sim que ocorram sobrecargas transitórias.
Hannant (1978) também menciona outro problema relacionado aos valores
elevados do coeficiente de Poisson destas fibras. Esses valores combinados com os
baixos módulos de elasticidade implicam em contrações muito maiores do que as
verificadas em outras fibras, quando solicitadas ao longo do seu eixo. As contrações
elevadas geram altas tensões de tração laterais na interface fibra-matriz, provocando um
descolamento prévio da fibra e o seu arrancamento.
Alguns tipos de fibras utilizadas como elemento de reforço de matriz cimentícia
são apresentados abaixo juntamente com suas características.
Fibras vegetais
As fibras vegetais utilizadas como reforço de matrizes frágeis à base de
materiais cimentícios têm despertado grande interesse devido, principalmente, as
questões ambientais, mas também devido ao baixo custo, à disponibilidade e à
economia de energia.
50
Segundo Hannant (1994), as fibras vegetais utilizadas podem ser bambu, juta,
capim elefante, malva, piaçava, sisal, linho e cana-de-açúcar. Donato (2003) acrescenta
que algumas destas fibras podem atingir grandes resistências, como, por exemplo, as
fibras de bambu que atingem normalmente resistências acima de 100 MPa, com módulo
de elasticidade entre 10 e 25 GPa.
A durabilidade dessas fibras é o principal empecilho em sua utilização devido à
degradação pela ação de fungos e microorganismos. Teodoro (1999) afirma que a
exposição dessas fibras em ambientes alcalinos, por exemplo, quando utilizados como
reforço de matrizes contendo cimento Portland, causa a sua rápida degradação.
As fibras de celulose são preparadas para aplicação em adesivos, argamassas,
artefatos de borracha, eletrodos, fibrocimento, filtração, fluidos para perfuração de
poços, fonte de fibras para ração animal, laminados e emulsões a base de asfalto, massas
para calafetação, materiais de fricção, sabões, refratários e rejuntes. Essas fibras quando
adicionadas às matrizes, conferem excelentes propriedades mecânicas e reduzem a
densidade dos compostos produzidos, podendo ainda ser aplicadas como substituto
natural das fibras de amianto em diversos segmentos da indústria. Conforme Hannant
(1994), a resistência à tração das fibras de celulose variam de 300 a 1000 MPa e seu
módulo de elasticidade varia de 10 a 50 GPa.
Fibras metálicas
Taylor (1994) assegura que as fibras metálicas mais comuns são as fibras de aço,
sendo sua resistência média à tração de 1100 MPa e módulo de elasticidade de 200
GPa. Dependendo do meio onde estão inseridas, as fibras podem apresentar problemas
devido à corrosão. Para minimizar esse problema é realizado um banho de níquel nas
mesmas. Hannant (1994) acrescenta que existe no mercado uma grande variedade de
formas e comprimentos dessas fibras, sendo que as fibras utilizadas na construção civil
apresentam comprimento variando de 10 a 60 mm e diâmetro entre 100 a 600 µm.
Outros dois problemas relacionados com o uso de fibras de aço podem ocorrer.
Um desses problemas é a formação de grumos/ouriços/ novelos, que são bolas formadas
pela aglomeração de fibras e da fração mais fina dos agregados e cimento. Depois de
formados os grumos, mesmo uma mistura energética é incapaz de separar o material. Os
grumos podem representar um risco de entupimento da tubulação das bombas de
concreto ou dos mangotes de projeção nos casos de concreto projetado. O outro
51
problema associado ao uso de fibras de aço, e comumente questionado no mercado, é a
ocorrência de afloramento das fibras que apontam na superfície durante e após os
trabalhos de desempenho mecânico, na execução de lajes, pisos e pavimentos de
concreto, sendo esse somente um problema estético e não funcional.
Vendruscolo (2003) afirma que foram conduzidas pesquisas com a aplicação de
fibras de aço para melhoria das propriedades mecânicas de compósitos utilizados como
materiais de construção, sendo constatado que a ruptura desses compósitos é
normalmente associada ao arrancamento da fibra e não à sua ruptura.
Fibras minerais
Conforme Taylor (1994), as fibras minerais são classificadas em fibras de vidro,
carbono e amianto. As fibras de vidro são geralmente manufaturadas na forma de fios
compostos de centenas de filamentos individuais, com diâmetro dependendo das
propriedades do vidro, do tamanho do furo por onde são extrudados e da velocidade de
extrusão, sendo geralmente na ordem de 10 µm.
As fibras do vidro tipo E, que correspondem a 99 % das fibras comercializadas,
são atacadas por álcalis presentes nas matrizes de cimento Portland. Para coibir o
problema, existe uma fibra comercialmente denominada de “Cem-Fil”, a qual é
resistente a álcalis e é utilizada em pasta de cimento. Segundo Hannant (1994), as fibras
de vidro apresentam comprimento variando de 10 a 50 mm, resistência à tração de 600 a
2500 MPa e módulo de elasticidade de 70 GPa.
As fibras de carbono, segundo Higgins (1994), são baseadas na resistência das
ligações entre átomos de carbono, a qual deve ser elevada, para evitar o seu
arrancamento. As fibras são formadas por agrupamentos de 20 mil filamentos e
apresentam diâmetros entre 5 a 10 µm. De acordo com Vendruscolo (2003), elas podem
ser divididas em duas categorias: a primeira categoria é a das fibras de alta resistência à
tração, 2400 MPa, com módulo de elasticidade de 240 GPa; e a segunda categoria é a
das fibras de alto módulo de elasticidade, 420 GPa, com resistência à tração de 2100
MPa.
As fibras de amianto apresentam resistência à tração variando de 200 a 1800
MPa, módulo de elasticidade de aproximadamente de 165 GPa, e diâmetro de 0,02 até
30 µm, sendo estes dados fornecidos por Hannant (1994).
52
Alguns países têm mobilizado esforços para coibir o uso de amianto na
construção civil devido aos danos provocados à saúde. Outro problema relacionado a
este produto é seu comportamento frágil e sua baixa resistência ao impacto
(VENDRUSCOLO, 2003).
Fibras poliméricas
A utilização das fibras poliméricas em reforços de materiais de construção é uma
técnica recente. Illston (1994) afirma que o desenvolvimento de polímeros no último
século foi possível graças ao crescimento da indústria do petróleo. Para Bentur e
Mindes (1990), as fibras poliméricas são mais atrativas do que fibras compostas de
outros materiais, quando utilizadas como reforços de matriz cimentante devido a sua
não degradação, seja por microorganismos, como acontecem em fibras vegetais, seja
por corrosão, como acontecem com as fibras metálicas, ou ainda, seja por meio alcalino,
como acontece com as fibras de vidro e vegetais.
As fibras plásticas são obtidas dos polímeros que, conforme sua estrutura
química, apresentam diferentes denominações e comportamentos, originando tipos de
fibras diferentes. Dentre os diversos produtos obtidos destacam-se a poliamida (náilon),
o polietileno, o poliéster e o polipropileno.
As fibras de poliamida (náilon), de acordo com Hannant (1994), apresentam
resistência à tração de 800 MPa, módulo de elasticidade de 8 GPa e comprimento
variando de 10 a 20 mm. Taylor (1994) explica que estas fibras são formadas por longas
cadeias de moléculas e geralmente possuem baixa resistência e rigidez, pois suas
moléculas são dobradas e espiraladas. Porém, se estas moléculas forem reforçadas
durante o processo de manufatura, podem ser alcançados altos módulos de elasticidade
e resistência. As fibras de poliamida recebem o nome comercial de Kevlar. Existe no
mercado a fibra Kevlar 29 (K29), com resistência mecânica da ordem de 3000 MPa e
módulo de elasticidade intermediário de aproximadamente 64 GPa, e também, a fibra
Kevlar 49 (K49), com alto módulo de elasticidade na ordem de 300 GPa e a mesma
resistência mecânica da fibra K29.
Segundo Hannant (1994), as fibras de polietileno de peso molecular normal
apresentam módulo de elasticidade baixo, sendo fracamente aderidas à matriz
cimentada e altamente resistentes aos álcalis. Entretanto, o polietileno de alta densidade
tem sido desenvolvido para aumentar seu módulo e a aderência com a matriz. Sua
53
durabilidade é alta, pois não sofre variação volumétrica na presença de água, mas
apresentam maiores deformações de fluência quando comparadas às fibras de
polipropileno. As fibras de polietileno são encontradas comercialmente na forma de
monofilamentos picados ou malhas contínuas.
As fibras de poliéster, conforme Johnston (1994), apresentam resistência à
tração de 800 a 1300 MPa, módulo de elasticidade superior a 17 GPa e comprimento
entre 20 e 30 mm. Para Taylor (1994), as fibras de poliéster são similares as fibras de
polipropileno, porém são mais densas, mais rígidas e mais resistentes. Essas fibras
podem ser utilizadas para as mesmas aplicações que as de polipropileno, porém apenas
onde a melhoria no desempenho justifique o seu maior custo. Um dos poliésteres mais
populares é o polietileno tereflalato (PET), utilizado como material de constituição de
garrafas plásticas descartáveis tipo PET. Como essas garrafas depois de utilizadas
acabam se transformando em resíduos, sua reutilização na forma de fibras pode reduzir
a relação custo/benefício, além disso, contribuir para minimização de problemas
ambientais.
As fibras de polipropileno são constituídas de um material polimérico chamado
termoplástico, que consiste de uma série de longas cadeias de moléculas polimerizadas,
sendo todas elas separadas, podendo deslizar umas sobre as outras.
Taylor (1994) afirma que devido a esta formação, as fibras possuem grande
flexibilidade, tenacidade e substancial aumento de resistência ao impacto dos materiais
a qual é incorporada. O módulo de elasticidade desta fibra é menor do que qualquer
outra comumente utilizada, sendo inferior a 8 GPa, e sua resistência à tração é de
aproximadamente 400 MPa. Essa fibra não é recomendada para ser utilizada com a
finalidade de aumentar a resistência pré-fissuração ou rigidez dos compósitos.
As fibras de polipropileno são resistentes a uma variedade de produtos químicos
e aos álcalis, porém são sensíveis à radiação ultravioleta No entanto, esta preocupação é
irrelevante quando a fibra é utilizada como reforço de uma matriz cimentícia, pois a
mesma fica coberta pela matriz.
As propriedades térmicas das fibras de polipropileno conferem ao concreto
maior resistência ao fogo, pois reduzem o risco de lascamentos explosivos, que é a
expulsão violenta e repentina de camadas ou pedaços de concreto da superfície de um
54
elemento estrutural quando exposto ao aumento rápido da temperatura, como acontece
em casos de incêndio.
Nanni e Meamarian (1991) comentam que as fibras de polipropileno estão
disponíveis comercialmente na forma de monofilamentos (macrofibras produzidas
individualmente) e na forma de multifilamentos (microfibras agrupadas em filmes ou
redes), as quais são cortadas em fitas, esticadas e fibriladas. A fibrilação é feita através
de cortes longitudinais controlados, criando uma espécie de rede trançada. Essa forma
apresenta vantagens sobre a forma de monofilamentos devido a sua fácil distribuição no
concreto e melhoria da interação mecânica fibra-matriz.
Bentur e Mindess (1990) afirmam que as fibras individuais, curtas e dispersas
aleatoriamente, são mais utilizadas como reforço de argamassas de revestimentos,
mesmo sabendo que as fibras na forma de multifilamentos ofereçam um melhor efeito
mecânico de ancoragem quando adequadamente dispersas (rede aberta). Os autores
consideram como fibras curtas, as fibras que possuem menos de 50 mm de
comprimento.
Segundo Silva (2006), quando comparadas às fibras poliméricas, a fibra de
polipropileno apresenta maior facilidade de dispersão durante a mistura com a matriz
cimentante, em relação à fibra de poliamida. Também oferecem maior resistência de
aderência na matriz cimentícia que as fibras de poliéster e poliamida e apresentam
degradação lenta quando imersa na matriz de cimento Portland, diferentemente do que
acontece com o poliéster.
O baixo módulo de elasticidade, a alta deformação na ruptura e a elevada
resistência à tração propiciada pelas fibras de polipropileno as tornam um material
interessante na aplicação em argamassas de ligação de elementos pré-moldados, onde
um acréscimo de desempenho promovido pelo aumento de deformabilidade é desejável
(ARAUJO, 2005).
Araújo (2005) em sua pesquisa concluiu que a adição de fibras de polipropileno
à argamassa da junta promove uma melhoria de propriedades mecânicas iniciais, tais
como a distribuição uniforme dos esforços internos de compressão e tração na interface
do bloco com a junta, e também o aumento da capacidade de deformação dos
elementos, melhorando a rigidez e retardando o colapso do sistema. Essas melhorias
55
proporcionadas pela adição das fibras de polipropileno a argamassa de junta acarreta em
benefícios ao sistema estrutural empregado.
Leite (2007) completa que as fibras de polipropileno auxiliam no controle da
fissuração durante o endurecimento e melhoram as propriedades pós-pico, quando
adicionadas à matriz cimentícia.
Magalhães (2005) apresenta resumidamente as vantagens e as desvantagens da
utilização de fibras de polipropileno como reforço de materiais compósitos. As
vantagens são: alta resistência aos álcalis presentes no cimento; baixo custo;
proporcionam uma ampla distribuição das fissuras ao longo da matriz, sugerindo uma
maior distribuição das tensões; minimizam a fissuração que ocorre no estado plástico do
concreto e nas primeiras horas de endurecimento; restringem as fissuras causadas por
retração plástica do concreto, ou sua frequência e tamanho são reduzidos; controlam a
abertura de fissuras que venham a surgir dentro da matriz; diminuem a incidência de
fissuras de assentamento dos componentes sólidos durante o fenômeno de exsudação do
concreto; aumentam a resistência à abrasão pelo controle da exsudação do concreto; e
reduzem a reflexão do concreto projetado devido ao aumento da coesão.
Magalhães (2005) acrescenta que o uso de fibras de polipropileno com maior
capacidade de elongação tem apresentado melhores resultados se comparado à
utilização de fibras de maior rigidez, tais como as fibras de aço. As desvantagens da
utilização de fibras de polipropileno como reforço de materiais cimentícios são: alta
sensibilidade à luz solar e oxigênio; baixo módulo de elasticidade; e fraca aderência
com a matriz.
3.2.2 Fase matriz
Bentur e Mindess (1990) dividem as matrizes cimentícias em três grupos, em
função do tamanho do agregado que contém: pastas (cimento e água), argamassas
(cimento, água e agregado miúdo) e concretos (cimento, água, agregado miúdo e
graúdo). As pastas e argamassas reforçadas com fibras são geralmente aplicadas em
componentes de pequena espessura, onde as fibras atuam como reforço principal e são
incorporadas em teores na faixa de 5 a 20% do volume do compósito. Nos concretos
reforçados com fibras, o volume de fibra é muito menor (menos do que 5% em relação
56
ao volume do compósito), nesse caso as fibras atuam como reforço secundário, com a
finalidade de controlar a fissuração da matriz.
Para Callister Jr. (2002), a matriz atua como meio através do qual uma tensão
aplicada externamente é transmitida e distribuída para as fibras, sendo que apenas uma
proporção muito pequena da carga aplicada é suportada pela fase matriz. A matriz
também tem como função proteger as fibras individuais contra danos superficiais, como
resultado da abrasão mecânica ou de reações químicas com o ambiente. Além disso, a
matriz separa as fibras umas das outras e previne a propagação de fissuras de uma fibra
para a outra, o que, poderia resultar em uma ruptura brusca. No caso das matrizes
cimentícias, a fissuração é iniciada na própria matriz, mais especificamente na interface
entre os agregados e a pasta de cimento Portland.
Segundo Lameiras (2007), a matriz constitui a parcela majoritária do compósito,
geralmente superior a 95% em volume do material, determinando o seu comportamento
com relação às solicitações de compressão e cisalhamento interlamelar, entre outras
propriedades. Porém, a porcentagem do compósito correspondente a essa fase, e sua
dosagem, varia de acordo com o método de produção utilizado, a quantidade de fibra
adicionada, dentre outros fatores. Na dosagem do material cimentício devem ser feitas
compensações de forma a se atingir, no estado fresco, a trabalhabilidade necessária para
o método de produção utilizado e, no estado endurecido, atingir as propriedades
mecânicas e de durabilidade necessárias.
Com o objetivo de alcançar propriedades específicas para o compósito é comum
realizar modificações na matriz cimentícia, com adições de pozolana, fíleres,
superplastificantes e/ou polímeros.
Silva (2006) salienta que na preparação do compósito, a distribuição volumétrica
uniforme da fibra na matriz faz com que ocorra o aumento da homogeneidade do
material e da confiabilidade da mistura produzida, obtendo-se um compósito contendo
em todo o seu volume a mesma quantidade de reforços.
3.2.3 Interação entre as fases fibra e matriz
Para uma boa interação entre as fases fibra e matriz, é essencial que haja uma
compatibilidade física e química entre ambas, de forma que as forças de ligações
adesivas entre os materiais sejam elevadas, e fazendo com que haja uma minimização
57
da extração das fibras. Callister Jr. (2002) afirma que a força de ligação é uma
consideração importante na escolha de uma combinação matriz-fibra, pois a resistência
final do compósito depende em grande parte da magnitude dessa ligação. Uma ligação
adequada é essencial para maximizar a transmissão da tensão da matriz para as fibras.
Bentur e Mindess (1990) asseguram que os materiais compósitos de matriz
cimentícia são caracterizados por uma zona de transição que ocorre tanto na interface
agregado-pasta, como na interface fibra-matriz, na qual a microestrutura especial dessa
zona de transição está intimamente correlacionada com a natureza da matriz. A natureza
particulada do compósito no estado fresco exerce uma influência importante na zona de
transição, porque leva à formação de uma região porosa ao redor das fibras devido a
dois efeitos: o escoamento e aprisionamento de água ao redor da fibra dispersa na
matriz, e o empacotamento ineficiente dos grãos de cimento de aproximadamente
10 µm na zona de transição.
Juntamente com as propriedades individuais das duas fases principais
constituintes do compósito, fibras e matriz, a zona de transição é constituída pela
interação entre essas duas fases e é responsável pelas principais propriedades dos
materiais compósitos.
Donato (2003) comenta que diversos tipos de fibras são utilizados como reforço
de materiais cimentícios e as características de comportamento de cada uma dessas
fibras, suas propriedades químicas, físicas e mecânicas, estão intimamente relacionados
ao material do qual as mesmas são compostas, além do seu processo de fabricação. Para
compreender o mecanismo de interação matriz-fibra e a parcela de contribuição de cada
uma das fases no comportamento final do material compósito fibroso, é fundamental
conhecer e definir o tipo de fibra a ser empregada. Essa definição depende das
características da matriz a ser reforçada e das características desejadas do material
compósito resultante.
Com os carregamentos atuantes, as movimentações externas ou as deformações
na estrutura interna da pasta de cimento, ocorrem tensões internas na matriz de cimento,
e essas tensões internas, quando superiores ao nível de tensão de ruptura da matriz, irão
originar pequenas fissuras que poderão ter sua abertura e sua profundidade acentuada
devido à concentração de tensões situadas na sua extremidade.
58
Silva (2006) aponta para a contribuição das fibras em compósitos de matriz
cimentícia nas situações descritas acima, de forma que o efeito da adição de fibra na
matriz frágil é dificultar a propagação dessas fissuras, costurando-as, absorvendo
energia. As fibras presentes em uma microfissura em propagação servem como uma
barreira, onde para a continuidade da propagação dessa fissura é necessário que ocorra o
carregamento da fibra, ou o desvio da fissura pelo contorno da fibra, ou ainda a ruptura
da fibra. Essas três situações requerem um elevado nível de energia.
Enquanto a energia não é superada, outra microfissura se inicia em outro defeito
estrutural da matriz, e se propaga até encontrar outra fibra, repetindo o mesmo
mecanismo anteriormente explicado. Assim, duas características intrínsecas aos
compósitos cimentícios fibrosos são apresentadas, uma é que para a sua ruptura faz-se
necessário o aumento de energia e a outra é a ocorrência de múltiplas fissuras.
Bentur e Mindess (1990) explicam que ao se adicionar fibras na matriz
cimentícia, pode ocorrer transferência de tensões da matriz para as fibras antes e após a
fissuração, mas com mecanismos distintos. A compreensão desses mecanismos permite
que sejam previstos os modos de ruptura do compósito (frágil ou dúctil) e servem
também como base para o desenvolvimento de compósitos com melhores desempenhos,
através da modificação da interação entre as fases constituintes.
A atuação das fibras em materiais compósitos ocorre na etapa de pós-fissuração
da matriz cimentícia e o mecanismo é, predominantemente, de transferência de tensões
de atrito.
Antes de qualquer tipo de fissuração na matriz, ocorrem transferências de
tensões do tipo elásticas, nas quais a tensão de cisalhamento na extensão da interface
fibra-matriz distribui o carregamento externo entre as fibras e a matriz (uma vez que
eles possuem módulos de elasticidade diferentes). Nessa etapa, os deslocamentos
longitudinais da fibra e da matriz na interface são geometricamente compatíveis e as
deformações permanecem as mesmas. A transferência de tensões cisalhantes é o
mecanismo que influencia o surgimento da primeira fissura no compósito. Esse
mecanismo de transferência de tensões controla a curva tensão-deformação do
compósito antes da fissuração.
Quando a tensão cisalhante se torna superior à resistência de aderência da fibra-
matriz, ocorre o deslizamento da fibra ao longo da interface fibra-matriz.
59
Conseqüentemente, o seu deslizamento favorece o surgimento da resistência de atrito ao
longo da interface fibra-matriz, transformando o mecanismo de transferência de tensões
elásticas para o mecanismo de transferência de tensões de atrito. Este modo de
transferência de tensões controla as resistências e deformações últimas dos compósitos.
Conforme já mencionado, as propriedades físicas e químicas dos materiais
envolvidos são de extrema importância no entendimento do comportamento do
compósito. Nesse caso, assumindo que o atrito ocorre na interface da matriz ao longo da
extensão da fibra, o nível de transferência dessas tensões e deformações está associado
às propriedades do compósito em questão.
De acordo com Bentur e Mindess (1990), a ocorrência de cada uma das etapas
de transferência de tensões depende da resistência de aderência entre a fibra e a matriz e
da resistência à tração da matriz. Se a resistência à tração da matriz for elevada, espera-
se que ocorra um deslocamento na interface entre a fibra e a matriz quando a tensão de
cisalhamento elástica ultrapassar a resistência de aderência entre os dois materiais,
anteriormente à fissuração da matriz. Se a matriz apresenta baixa resistência à tração, a
fissuração precede o descolamento da fibra com relação à matriz, e o seu arrancamento
se dá pelo avanço da fissura em sua direção.
3.3 Parâmetros que influenciam o desempenho dos materiais compósitos
Segundo Hannant (1994), o desempenho dos materiais compósitos reforçados
com fibras é controlado, sobretudo, pelo teor e comprimento da fibra, pelas
propriedades físicas da fibra e matriz e pela aderência entre ambas.
Conforme Johnston (1994), a orientação e distribuição da fibra na matriz
influenciam o desempenho do material compósito. A orientação de uma fibra relativa ao
plano de ruptura ou fissura influencia sua habilidade de transmitir cargas. A fibra
posicionada paralelamente ao plano de ruptura é ineficiente, enquanto a fibra
perpendicular a esse mesmo plano apresenta máxima mobilização de esforços.
Zollo (1997) acrescenta a relevância do volume de fibras no compósito, além da
geometria, distribuição, orientação e tipo de fibra e matriz. O modo de preparo da
mistura da matriz com as fibras, igualmente influencia o desempenho do material
compósito.
60
Para Taylor (1994), o teor e o comprimento das fibras, a aderência entre as fibras
e a matriz, o módulo de elasticidade e a resistência das fibras são os principais
parâmetros relacionados com o desempenho dos materiais compósitos cimentícios.
A seguir, é realizado um relato sobre cada um dos parâmetros que influenciam o
desempenho dos materiais compósitos.
Teor de fibra
Existe um teor de fibra recomendado para cada tipo e emprego, o qual maximiza
as propriedades desejadas. O teor de fibra necessário para melhorar algumas
propriedades do material compósito no estado plástico, como diminuir a incidência de
fissuras por retração plástica, a exsudação e a segregação, é sensivelmente menor que o
teor de fibras necessário para alterar propriedades do material compósito no estado
endurecido, como por exemplo, a resistência ao impacto.
Um alto teor de fibras confere ao compósito maior resistência pós-fissuração e
fissuras de menor dimensão, desde que as fibras possam absorver as cargas adicionais
causadas pelo surgimento das fissuras.
Bentur e Mindess (1990) reportam uma relação direta entre o teor de fibras e a
capacidade do material compósito pós-fissuração da matriz. Assim, aumentando a
quantidade de fibras por unidade de área do material compósito, pode ocorrer o aumento
da sua capacidade resistente e da sua tenacidade, devido o aumento das pontes de
transferência de tensões nas fissuras, como também o aumento da quantidade de fibras a
serem arrancadas.
Silva (2006) relata que em argamassas reforçadas com fibras de polipropileno,
observou-se apenas o aumento da tenacidade, pois devido às propriedades mecânicas da
fibra (baixa resistência e módulo de elasticidade), o uso de baixos teores de fibra não
proporcionou uma capacidade resistente ao compósito.
Cortez (1999) acrescentou diferentes teores de fibras de polipropileno de 20 mm
em argamassa para revestimento e a resistência à tração na flexão do material compósito
não foi alterada, porém a energia específica de fraturamento e o fator de tenacidade
aumentaram.
Conforme mencionado, quando o teor de fibras de polipropileno é inferior a 5%
do volume de concreto, essas fibras são consideradas reforços secundários, tendo como
61
função principal controlar a fissuração. Acima desse teor os reforços podem ser
considerados como primários, com a resistência e a tenacidade aumentadas.
Módulo de elasticidade da fibra
Um alto módulo de elasticidade confere maior resistência pós-fissuração e
fissuras de menor dimensão. Porém quanto maior esse módulo, maior a probabilidade
de ocorrer o arrancamento da fibra.
O módulo de elasticidade da fibra é importante no sentido de proporcionar maior
rigidez e capacidade de impedir que a fissuração continue. A fibra de baixo módulo
permite um maior nível de abertura de fissuras que uma fibra de alto módulo, para um
mesmo nível de deformação do conjunto fibra-matriz. Isso ocorre porque quanto maior
o nível de deflexão, maior será o nível de abertura de fissuras, mantendo-se uma relação
constante que depende das características do conjunto fibra-matriz.
Aderência entre a fibra e a matriz
Características como resistência, deformação e padrões de ruptura de uma
grande variedade de materiais compósitos cimentícios reforçados com fibras dependem
da aderência entre a fibra e a matriz.
A alta aderência entre a fibra e a matriz reduz o tamanho das fissuras e amplia a
distribuição esforços pelo compósito. Quanto maior a dificuldade das fibras serem
arrancadas da matriz, proporcionada por uma boa aderência entre ambas, maior será a
capacidade de transmissão de cargas pelas fibras, e conseqüentemente, menores serão as
fissuras.
Segundo Taylor (1994), as fibras que absorvem água podem causar excessiva
perda de trabalhabilidade das misturas cimentíceas, em curto prazo, além de serem
susceptíveis a variações de volume, o que compromete a aderência entre a fibra e a
matriz.
Resistência da fibra
Com o aumento da resistência da fibra, aumenta-se, também, a ductilidade do
compósito, supondo-se que não ocorra o rompimento das ligações por aderência. A
resistência da fibra dependerá das características pós-fissuração desejadas, assim como
do teor de fibra e das propriedades de aderência fibra-matriz.
Comprimento da fibra
Quanto menor o comprimento das fibras, maior é a possibil
arrancadas da matriz, devido a u
desempenho melhor da fibra, o comprimento deve ser suficiente para que, a partir de
uma dada tensão de cisalhamento superficial aplicada à fibra, possa s
tensão de tração igual à resistência à tração da fibra.
Para Ashby e Jones (1998), a transferência do carrega
fibras induz a máxima tensão de tração na
valor exceder a resistência à tração da fibra, ela romperá. O comprimento crítico
para a fibra pode ser definido como o comprimento mínimo requerido para que a fibra
do material compósito seja solicitada
tração, sem que ocorra o seu
Figura 3.1 – Definição do comprimento crítico da fibra (ASHBY e JONES, 1998).
Foá (2002) apresenta três possíveis hipóteses de distribuição de tensões nas
fibras em função do seu comprim
distribuições baseiam-se no conceito de que a transferência de tensão entre a matriz e a
fibra aumenta linearmente dos extremos para o centro.
� Primeira hipótese: l < l
A tensão cisalhante desenvolvida entre a fibra e a matriz não é suficiente para
produzir uma tensão de tração
Quanto menor o comprimento das fibras, maior é a possibilidade de elas serem
, devido a um menor comprimento de ancoragem. Para garantir um
desempenho melhor da fibra, o comprimento deve ser suficiente para que, a partir de
uma dada tensão de cisalhamento superficial aplicada à fibra, possa s
tensão de tração igual à resistência à tração da fibra.
Para Ashby e Jones (1998), a transferência do carregamento da matriz para as
tensão de tração na região central da fibra (Figura
valor exceder a resistência à tração da fibra, ela romperá. O comprimento crítico
para a fibra pode ser definido como o comprimento mínimo requerido para que a fibra
do material compósito seja solicitada com uma tensão de tração igual à
o seu arrancamento ou a sua ruptura.
Definição do comprimento crítico da fibra (ASHBY e JONES, 1998).
apresenta três possíveis hipóteses de distribuição de tensões nas
fibras em função do seu comprimento (l) em relação ao comprimento crítico (
se no conceito de que a transferência de tensão entre a matriz e a
fibra aumenta linearmente dos extremos para o centro.
Primeira hipótese: l < lc
tensão cisalhante desenvolvida entre a fibra e a matriz não é suficiente para
produzir uma tensão de tração (σ) na fibra que mobilize sua resistência à tração
62
idade de elas serem
. Para garantir um
desempenho melhor da fibra, o comprimento deve ser suficiente para que, a partir de
uma dada tensão de cisalhamento superficial aplicada à fibra, possa ser gerada uma
mento da matriz para as
fibra (Figura 3.1). Se esse
valor exceder a resistência à tração da fibra, ela romperá. O comprimento crítico (lc)
para a fibra pode ser definido como o comprimento mínimo requerido para que a fibra
sua resistência à
Definição do comprimento crítico da fibra (ASHBY e JONES, 1998).
apresenta três possíveis hipóteses de distribuição de tensões nas
relação ao comprimento crítico (lc). Essas
se no conceito de que a transferência de tensão entre a matriz e a
tensão cisalhante desenvolvida entre a fibra e a matriz não é suficiente para
na fibra que mobilize sua resistência à tração (σf).
63
Assim, com o aumento progressivo da deformação e da abertura da fissura, a fibra será
arrancada do lado que possuir menor comprimento embutido.
Bentur e Mindess (1990) explicam que quando os comprimentos das fibras são
inferiores a lc, não há fibra aderida à matriz suficiente para gerar uma tensão igual à
resistência da fibra, e a ruptura do compósito na zona de pós-fissuração ocorre
preferencialmente pelo deslizamento da fibra. Isso acontece em função da inexistência
de zona de contato suficiente entre a fibra e a matriz de forma a permitir que ocorra uma
transferência de tensões suficiente para que haja uma falha por rompimento da fibra.
� Segunda hipótese: l = lc
A tensão de tração (σ) desenvolvida no centro da fibra é igual à sua resistência à
tração (σf). Dessa forma, pode-se dizer que a fibra, que está atuando como ponte de
transferência de tensões através de uma fissura, encontra-se com seu desempenho
máximo, pois sua resistência à tração está é mobilizada para que a fissura não aumente.
� Terceira hipótese: l > lc
A tensão cisalhante desenvolvida entre a fibra e a matriz produz uma tensão de
tração (σ) maior do que a resistência à tração da fibra (σf), resultando em ruptura. Isto
também pode ocorrer quando se tem uma alta aderência entre a fibra e a matriz.
Se o comprimento da fibra for consideravelmente superior ao comprimento
crítico, as tensões ao longo da maior parte das fibras podem atingir os valores de
tensões de escoamento ou resistência à tração.
Há que se considerar também o diâmetro, o qual influencia na capacidade da
fibra em resistir às tensões de cisalhamento e de tração. O fator de forma (l/d), com l o
comprimento da fibra e d o diâmetro da mesma, é proporcional ao quociente entre a
resistência à tração da fibra (Ft) e a resistência de aderência (Fa) entre a fibra e a matriz
na ruptura (Figura 3.2). O mecanismo de transferência de tensão é expresso por:
(�� .π .�²)
� =
(� .π .� .�)
� (3.1)
l
d =
Ft
Fa . 2 (3.2)
Figura 3.2 – Disposição da fibra na fissura idealizada (TAYLOR, 1994).
Se a fibra possui elevada resistência à tração (
resistência de aderência entre a fibra e a matriz deve ser alta para impedir o
arrancamento das fibras antes
indica que fibras com alto fator de forma
Bentur e Mindess (1990) ressaltam que com relação à influência do
comprimento das fibras na tenacidade do compósito, o aumento do
implica em crescimento da capacidade de absorção de energia do compósito
essa relação só é valida
comprimento de fibra limite é o
ruptura das fibras. A partir des
arrancamento da matriz, provocando assim uma mudança
compósito e reduzindo a tenacidade
Foá (2002) acrescenta que além da compatib
também uma compatibilidade dimensional entre agregados e fibras, de modo que es
interceptem com maior frequência a fissura que ocorre na matriz. Em função disso
recomenda-se a utilização de fibras cujo comprimento se
da dimensão máxima característica do agregado utilizado na mistura.
Disposição da fibra na fissura idealizada (TAYLOR, 1994).
elevada resistência à tração (fibras de aço, por exemplo
resistência de aderência entre a fibra e a matriz deve ser alta para impedir o
arrancamento das fibras antes que a resistência à tração seja totalmente mobilizada. Isto
fator de forma devem ser utilizadas.
Bentur e Mindess (1990) ressaltam que com relação à influência do
comprimento das fibras na tenacidade do compósito, o aumento do tamanho da
da capacidade de absorção de energia do compósito
sa relação só é valida até um determinado comprimento de fibra limite. O
comprimento de fibra limite é o fator que iguala a tensão de aderência
ruptura das fibras. A partir desse comprimento, ocorre a ruptura da fibra antes do seu
matriz, provocando assim uma mudança na forma de ruptura do
tenacidade do material.
Foá (2002) acrescenta que além da compatibilidade física e química, deve haver
também uma compatibilidade dimensional entre agregados e fibras, de modo que es
interceptem com maior frequência a fissura que ocorre na matriz. Em função disso
se a utilização de fibras cujo comprimento seja igual ou superior ao dobro
da dimensão máxima característica do agregado utilizado na mistura.
64
Disposição da fibra na fissura idealizada (TAYLOR, 1994).
fibras de aço, por exemplo) então a
resistência de aderência entre a fibra e a matriz deve ser alta para impedir o
que a resistência à tração seja totalmente mobilizada. Isto
Bentur e Mindess (1990) ressaltam que com relação à influência do
tamanho das fibras
da capacidade de absorção de energia do compósito. Porém,
até um determinado comprimento de fibra limite. O
fator que iguala a tensão de aderência à tensão de
, ocorre a ruptura da fibra antes do seu
forma de ruptura do
ilidade física e química, deve haver
também uma compatibilidade dimensional entre agregados e fibras, de modo que essas
interceptem com maior frequência a fissura que ocorre na matriz. Em função disso
ja igual ou superior ao dobro
65
Volume de fibra
O volume de fibras, representado pelo número de fibras por metro cúbico de
concreto, argamassa ou pasta de cimento, determina o bom desempenho dos compósitos
fibrosos.
Zollo (1997) afirma que para garantir a eficiência do reforço, o número
necessário de fibras por volume de matriz está diretamente relacionado com a
probabilidade estatística das fissuras formadas na matriz frágil atingirem as fibras.
Dessa forma, quanto maior o volume de fibras no compósito, melhor será o seu
desempenho mecânico. Porém, existe um volume crítico, que mantém a mesma
capacidade portante do compósito após a ruptura da matriz. O volume crítico é
diretamente proporcional à resistência da matriz, que determina a tensão de
aparecimento da primeira fissura e inversamente proporcional à tensão de ruptura da
fibra e seu módulo.
Foá (2002) mostra que quando o volume de fibras é inferior ao volume crítico,
após a ruptura da matriz ocorrem quedas progressivas de carga com o aumento das
deformações. No entanto, quando o volume de fibras é superior ao volume crítico, o
material compósito suporta níveis crescentes de carregamento, mesmo após a ruptura da
matriz.
A Figura 3.3 ilustra esse conceito, através das curvas carga-deslocamento de
concretos reforçados com fibras, obtidas a partir de ensaios de flexão realizados em
corpos-de-prova prismáticos. Observa-se um trecho inicial elástico-linear, que
corresponde ao estágio pré-fissurado da matriz. Por meio dos patamares de escoamento
podem-se diferenciar os comportamentos dos compósitos com volume de fibras abaixo,
acima e igual ao volume crítico.
Figura 3.3 – Curvas conceituais de concretos fibrosos com relação ao
volume crítico
Conclui-se que quanto maior o volume de fibras, melhor será o desempenho
mecânico do material compósito
mistura, uma vez que ao se adicionar fibra, adiciona
superficial, a qual demanda
trabalhabilidade pode acarretar muitos prejuízos,
mecânico do material compósito.
O volume crítico de fibras d
polipropileno, por exemplo)
eficiência dessas fibras será maior nas primeiras idades do compósito, diminuindo com
o processo de hidratação do cimento
matriz.
Por sua vez, Proctor (1990)
significativamente com a resistência do compósito quando o volume for maior que um
volume crítico, conforme as
Onde Ko é uma constante que leva em consideração a orientação das fibras na
matriz; σf resistência à tração da fibra; V
fissuração da matriz; lf é o comprimento das fibras; A
Curvas conceituais de concretos fibrosos com relação ao
volume crítico de fibras incorporado (FOÁ, 2002).
que quanto maior o volume de fibras, melhor será o desempenho
mecânico do material compósito, porém as fibras diminuem a trabalhabilidade da
mistura, uma vez que ao se adicionar fibra, adiciona-se também uma grande área
demanda mais água para a sua molhagem.
trabalhabilidade pode acarretar muitos prejuízos, incluindo-se o próprio desempenho
mecânico do material compósito.
O volume crítico de fibras de baixo módulo de elasticidade (
, por exemplo) é maior que o das fibras de alto módulo de elasticidade. A
as fibras será maior nas primeiras idades do compósito, diminuindo com
o processo de hidratação do cimento, o ganho de resistência e módulo de elasticidade da
Proctor (1990) afirma que as fibras só contribuem
significativamente com a resistência do compósito quando o volume for maior que um
, conforme as expressões:
Ko . σf . vf > σmc
Ko . Vf
4 . lf
Af . τ . pf > σmc
é uma constante que leva em consideração a orientação das fibras na
resistência à tração da fibra; Vf é o volume de fibras, σmc
é o comprimento das fibras; Af é a área da seção transversal das
66
Curvas conceituais de concretos fibrosos com relação ao
que quanto maior o volume de fibras, melhor será o desempenho
orém as fibras diminuem a trabalhabilidade da
se também uma grande área
molhagem. A redução da
o próprio desempenho
lo de elasticidade (fibras de
é maior que o das fibras de alto módulo de elasticidade. A
as fibras será maior nas primeiras idades do compósito, diminuindo com
tência e módulo de elasticidade da
as fibras só contribuem
significativamente com a resistência do compósito quando o volume for maior que um
(3.3)
(3.4)
é uma constante que leva em consideração a orientação das fibras na
mc é a tensão de
é a área da seção transversal das
fibras; τ é a resistência de aderência entre as fibras e a matriz;
ou do feixe de fibras.
Proctor (1990) explica que caso o volume de fibras no
expressão 3.3, assim que
brusca do compósito, provocada pela propagação de uma única fissura
trecho a da Figura 3.4. Caso a
constituído de fibras curtas e com volume
haverá ruptura do compósito devido ao deslizamento das fibras, ocorrendo neste caso
uma contribuição das fibras para aumentar a capacidade de adsorção de energia do
compósito, conforme trecho
duas expressões sejam atendidas, quando a tensão de fissuração da matriz for atingida,
todo o carregamento será transferido para as fibras que estarão costurando as fissuras da
matriz, fazendo com que o compósito apresente um processo de fissuração múltipla e
enrijecimento pós-fissuração,
Figura 3.4 – Representação esquemática das curvas
dependendo do volume de fibras (PROCTOR, 1990).
Segundo Bentur e Mindess (1990), os valores típic
de aço, vidro e polipropileno variam entre 0,3 a 0,8%. Porém, es
para o caso de fibras contínuas e alinhadas.
orientação e ao comprimento do reforço, o volume crít
consideravelmente maior. Para fibras orientadas aleatoriamente em duas ou três
é a resistência de aderência entre as fibras e a matriz; e pf é o perímetro da fibra
Proctor (1990) explica que caso o volume de fibras no compósito não atenda a
, assim que aparecer a primeira fissura na matriz haverá uma ruptura
brusca do compósito, provocada pela propagação de uma única fissura
. Caso a expressão 3.3 seja atendida, mas o reforço seja
constituído de fibras curtas e com volume de fibras tal que contrarie a expressão 3.4,
do compósito devido ao deslizamento das fibras, ocorrendo neste caso
uma contribuição das fibras para aumentar a capacidade de adsorção de energia do
, conforme trecho b da Figura 3.4. Caso o volume de fibras seja tal que as
sejam atendidas, quando a tensão de fissuração da matriz for atingida,
todo o carregamento será transferido para as fibras que estarão costurando as fissuras da
matriz, fazendo com que o compósito apresente um processo de fissuração múltipla e
fissuração, conforme os trechos c e d da Figura 3.4.
Representação esquemática das curvas tensão-deformação de materiais compósitos
dependendo do volume de fibras (PROCTOR, 1990).
Segundo Bentur e Mindess (1990), os valores típicos do volume crítico de fibras
de aço, vidro e polipropileno variam entre 0,3 a 0,8%. Porém, esses valores são válidos
para o caso de fibras contínuas e alinhadas. Considerando a eficiência
orientação e ao comprimento do reforço, o volume crítico de fibras
consideravelmente maior. Para fibras orientadas aleatoriamente em duas ou três
67
é o perímetro da fibra
compósito não atenda a
aparecer a primeira fissura na matriz haverá uma ruptura
brusca do compósito, provocada pela propagação de uma única fissura,conforme o
seja atendida, mas o reforço seja
contrarie a expressão 3.4,
do compósito devido ao deslizamento das fibras, ocorrendo neste caso
uma contribuição das fibras para aumentar a capacidade de adsorção de energia do
fibras seja tal que as
sejam atendidas, quando a tensão de fissuração da matriz for atingida,
todo o carregamento será transferido para as fibras que estarão costurando as fissuras da
matriz, fazendo com que o compósito apresente um processo de fissuração múltipla e de
deformação de materiais compósitos
os do volume crítico de fibras
es valores são válidos
a eficiência em relação à
ico de fibras pode ser
consideravelmente maior. Para fibras orientadas aleatoriamente em duas ou três
68
dimensões espera-se um aumento de três a seis vezes no valor do volume crítico de
fibras. Assim, na prática, o volume crítico de fibras comumente se situa na faixa de 1 a
3%. Essa faixa coincide com o limite dos procedimentos convencionais de mistura de
fibras à matriz cimentícia em função da trabalhabilidade. Conseqüentemente, em muitos
materiais cimentícios, a presença das fibras resulta em alguma melhoria da ductibilidade
do trecho pós-fissuração, mas não no aumento da resistência pós-fissuração do
compósito.
Disposição das fibras
A disposição das fibras com relação à direção do carregamento influencia o
desempenho e as propriedades mecânicas dos materiais compósitos. Os reforços com
fibras longas e alinhadas são mais eficientes. Porém, os materiais compósitos são
comumente reforçados por fibras de pequenas dimensões, dispersas na matriz
cimentícia, as quais, muitas vezes, não estão dispostas paralelamente à orientação da
solicitação.
De acordo com Callister Jr (2002), a orientação das fibras é função do método de
produção e do seu fator de forma, pois dependendo do fator de forma há uma tendência
das fibras se posicionarem sob uma orientação preferencial.
Majumdar e Laws (1991) explicam que dependendo do método de produção do
material compósito, as fibras podem estar orientadas de modo tridimensional,
bidimensional ou ainda unidimensional.
A Figura 3.5 apresenta a influência conjunta da orientação das fibras e dos seus
comprimentos na eficiência do reforço para o caso de transferência de tensões
cisalhantes.
Figura 3.5 – Fator de eficiência como função do comprimento e da orientação das fibras
Conforme Callister Jr (2002), apesar da maior eficiência dos reforços
através das fibras alinhadas, é importante perceber que
estão inseridas é inerentemente anisotrópico
resistência é máxima, enquanto na direção transversal
reduzida. Desse modo, nos casos que envolvem tensões aplicadas multidirecionalmente,
é recomendada a utilização de fibras dispersas e descontínuas, que estão orientadas de
maneira aleatória no interior da matriz.
Preparo do material compósito
No preparo do material compósito
dos materiais constituintes.
matriz resulta em: (i) regiões em que existe pouca concentração de fibras e outras com
grande concentração das mesmas;
Ambas as situações produzirão uma redução do teor de fibra homogeneamente
distribuída. De acordo com
grumos reduz a resistência local do compósito.
Os grumos de fibra constituem
quais podem ser observados durante a etapa de mistura do compósito. Es
deficiências, pois resultam em porosidade elevada
Fator de eficiência como função do comprimento e da orientação das fibras
(BENTUR e MINDESS, 1990).
Conforme Callister Jr (2002), apesar da maior eficiência dos reforços
fibras alinhadas, é importante perceber que o ambiente em que estas fibras
inerentemente anisotrópico. Na direção do alinhamento das
nquanto na direção transversal a resistência é
e modo, nos casos que envolvem tensões aplicadas multidirecionalmente,
é recomendada a utilização de fibras dispersas e descontínuas, que estão orientadas de
eira aleatória no interior da matriz.
Preparo do material compósito
No preparo do material compósito deve-se privilegiar uma distribuição
. Silva (2006) afirma que a dispersão ineficiente
regiões em que existe pouca concentração de fibras e outras com
grande concentração das mesmas; e (ii) concentração de fibras em forma de
Ambas as situações produzirão uma redução do teor de fibra homogeneamente
e acordo com Figueiredo (2000), a concentração de fibras em forma de
reduz a resistência local do compósito.
de fibra constituem-se em fibras aglomeradas dentro da
quais podem ser observados durante a etapa de mistura do compósito. Es
, pois resultam em porosidade elevada. Além disso, as fibras não são
69
Fator de eficiência como função do comprimento e da orientação das fibras
Conforme Callister Jr (2002), apesar da maior eficiência dos reforços ser obtida
o ambiente em que estas fibras
a direção do alinhamento das fibras a
a resistência é nula ou muito
e modo, nos casos que envolvem tensões aplicadas multidirecionalmente,
é recomendada a utilização de fibras dispersas e descontínuas, que estão orientadas de
se privilegiar uma distribuição uniforme
afirma que a dispersão ineficiente das fibras na
regiões em que existe pouca concentração de fibras e outras com
concentração de fibras em forma de grumos.
Ambas as situações produzirão uma redução do teor de fibra homogeneamente
concentração de fibras em forma de
se em fibras aglomeradas dentro da matriz, os
quais podem ser observados durante a etapa de mistura do compósito. Esses grumos são
, as fibras não são
70
completamente envolvidas pela matriz, desfavorecendo o mecanismo de aderência entre
ambas.
Silva (2006) explica que, para evitar problemas, o processo de mistura deve ser
feito a partir de uma metodologia bem definida, contemplando a quantidade de material,
a sequência de adição dos materiais no misturador, o tipo de misturador (eixo horizontal
ou vertical), a sua velocidade e o tempo de mistura.
O outro fator relevante que pode contribuir com a formação de grumos de fibras
é o tipo de tratamento superficial dado à fibra. Os tratamentos usuais realizados nas
fibras têm por objetivo principal a melhoria de aderência entre a fibra e a matriz, mas
nem sempre esse tratamento é eficiente, podendo ser inclusive a causa da dificuldade da
mistura do compósito.
Magalhães (2005) e Silva (2006) reportam dificuldades no processo de mistura:
(i) maior solicitação do misturador mecânico, incluindo o seu travamento; e (ii)
existência de grandes grumos de fibras, significando a não dispersão uniforme da fibra
no interior da matriz. Nesse caso, o tratamento dado à superfície da fibra, ao invés de
resultar em uma melhoria na eficiência do compósito, contribuiu para a sua maior
heterogeneidade.
3.4 Comportamento mecânico dos materiais compósitos
Segundo Hannant (1978), Laws (1983), Bentur e Mindess (1990) e Majumdar e
Laws (1991), um modelo simples do comportamento mecânico, dos materiais
cimentícios reforçados com fibras curtas e dispersas em uma matriz frágil, é a teoria
ACK ou lei de material compósito. Esse modelo de fratura foi proposto por Aveston,
Cooper e Kelly, na década de 70. O comportamento mecânico do material compósito
pode ser dividido em três estágios na curva tensão-deformação, sendo eles: elástico,
fissuração múltipla e pós-fissuração múltipla, como é exemplificado na Figura 3.6
Figura 3.6 – Representação esquemática dos estágios de uma curva
material compósito (BENTUR e MINDESS
Onde εm é a deformação última da matriz, E
matriz, Ef é o módulo de elasticidade da fibra,
volume de fibra.
Bentur e Mindess (1990) explicam que a fase elástica corresponde ao intervalo
antes do aparecimento da primeira fissura, onde a fibra e a matriz trabalham juntas. Já a
fissuração múltipla inicia-se assim que a fissuração ocorre na matriz frágil e a carga é
transferida para as fibras, sendo que es
fibras for maior do que a carga da matriz quando surge a primeira fissura. Sendo assim
a primeira fissura no compósito não leva a uma ruptura
redistribuição do carregamento. Quando aplicadas cargas adicionais, novas fissuras são
abertas até que a matriz se encontre dividida em segmentos separados por elas. Es
região da curva tensão-deformação
ascendente, semelhante a um comportamento plástico
muitas vezes denominado pseudo
matriz.
O processo de fissuração múltipla controla a capacidade de absorção de energia
do material (tenacidade). Cada nova fissura aberta provoca uma deformação plástica
Representação esquemática dos estágios de uma curva tensão-deformação
material compósito (BENTUR e MINDESS, 1990).
é a deformação última da matriz, Ec é o módulo de elasticidade da
é o módulo de elasticidade da fibra, σf é a resistência à tração da fibra e V
indess (1990) explicam que a fase elástica corresponde ao intervalo
antes do aparecimento da primeira fissura, onde a fibra e a matriz trabalham juntas. Já a
se assim que a fissuração ocorre na matriz frágil e a carga é
da para as fibras, sendo que essa etapa só ocorre se a capacidade de carga das
fibras for maior do que a carga da matriz quando surge a primeira fissura. Sendo assim
a primeira fissura no compósito não leva a uma ruptura brusca, mas resulta em uma
ibuição do carregamento. Quando aplicadas cargas adicionais, novas fissuras são
abertas até que a matriz se encontre dividida em segmentos separados por elas. Es
deformação é aproximadamente horizontal e levemente
um comportamento plástico. Porém, esse comportamento é
muitas vezes denominado pseudo-plástico, por estar associado à fissuração sucessiva da
O processo de fissuração múltipla controla a capacidade de absorção de energia
do material (tenacidade). Cada nova fissura aberta provoca uma deformação plástica
71
deformação do
é o módulo de elasticidade da
é a resistência à tração da fibra e Vf é o
indess (1990) explicam que a fase elástica corresponde ao intervalo
antes do aparecimento da primeira fissura, onde a fibra e a matriz trabalham juntas. Já a
se assim que a fissuração ocorre na matriz frágil e a carga é
a etapa só ocorre se a capacidade de carga das
fibras for maior do que a carga da matriz quando surge a primeira fissura. Sendo assim,
brusca, mas resulta em uma
ibuição do carregamento. Quando aplicadas cargas adicionais, novas fissuras são
abertas até que a matriz se encontre dividida em segmentos separados por elas. Essa
é aproximadamente horizontal e levemente
e comportamento é
plástico, por estar associado à fissuração sucessiva da
O processo de fissuração múltipla controla a capacidade de absorção de energia
do material (tenacidade). Cada nova fissura aberta provoca uma deformação plástica
seguida de um enrijecimento
configuração anterior, conforme mostra a Figura 3.7
fissuras e de sua abertura nes
servicibilidade do material.
Figura 3.7 – Representação esquemática do processo de fissuração múltipla e da curva
resultante em compósito de matriz frágil reforçado com fibras (BENTUR e MINDESS
Laws (1983) esclarece que
múltipla e a matriz está dividida por fissuras paralelas, qualquer incremento de tensão
adicional provoca solicitação nas fibras ou deslizamento das mesmas. Nes
surge o tramo ascendente da curva tensão
múltipla.
Callister Jr (2002) acrescenta que al
romper. Porém, a fratura total
próximas, formando uma região frágil de dimensão considerável.
3.5 Propriedades dos materiais compósitos no estado fresco
Para Mehta e Monteiro (199
à matriz cimentícia reduz a sua trabalhabilidade proporcionalmente à concentração
volumétrica de fibras incorporadas ao
seguida de um enrijecimento, que resulta em um módulo de elasticidade inferior ao da
ior, conforme mostra a Figura 3.7. O controle do espaçamento das
abertura nesse estágio também tem uma influência considerável na
servicibilidade do material.
Representação esquemática do processo de fissuração múltipla e da curva
resultante em compósito de matriz frágil reforçado com fibras (BENTUR e MINDESS
Laws (1983) esclarece que quando não há mais a ocorrência de fissuração
está dividida por fissuras paralelas, qualquer incremento de tensão
adicional provoca solicitação nas fibras ou deslizamento das mesmas. Nes
mo ascendente da curva tensão-deformação após a zona de fissuração
(2002) acrescenta que algumas fibras individuais podem v
a fratura total do compósito somente ocorrerá após a ruptura
formando uma região frágil de dimensão considerável.
Propriedades dos materiais compósitos no estado fresco
Para Mehta e Monteiro (1994), Johnston (2001) e Foá (2002), a adição de fibras
à matriz cimentícia reduz a sua trabalhabilidade proporcionalmente à concentração
volumétrica de fibras incorporadas ao compósito.
72
que resulta em um módulo de elasticidade inferior ao da
. O controle do espaçamento das
ncia considerável na
Representação esquemática do processo de fissuração múltipla e da curva
resultante em compósito de matriz frágil reforçado com fibras (BENTUR e MINDESS, 1990).
quando não há mais a ocorrência de fissuração
está dividida por fissuras paralelas, qualquer incremento de tensão
adicional provoca solicitação nas fibras ou deslizamento das mesmas. Nessas condições
deformação após a zona de fissuração
gumas fibras individuais podem vir a
somente ocorrerá após a ruptura de fibras
a adição de fibras
à matriz cimentícia reduz a sua trabalhabilidade proporcionalmente à concentração
73
A relação entre o teor máximo de fibras a ser incorporado com a trabalhabilidade
ou consistência adequada depende da fluidez e do volume da pasta, do tamanho máximo
do agregado graúdo, quando presente, e do fator de forma da fibra. Ressalta-se que
quanto menor for o diâmetro das fibras e quanto maior for o seu comprimento, maior
será a perda de fluidez da mistura.
As fibras que absorvem água causam a redução da fluidez da mistura e até
mesmo as fibras não absorventes reduzem a fluidez da mesma devido ao seu formato e a
sua alta superfície específica. As fibras possuem uma grande área superficial que
demanda água para a sua molhagem, restando menos água disponível para dar fluidez à
mistura.
Foá (2002) conclui que quanto maior o fator de forma da fibra, maior será o
impacto sobre a trabalhabilidade da mistura. Por essa razão, a adição de fibras é
apontada como um elemento redutor da trabalhabilidade, podendo ocasionar prejuízos a
sua compactação e a sua durabilidade e desempenho mecânico.
Mehta e Monteiro (1994) afirmam que ensaio de abatimento não é um bom
índice de trabalhabilidade para ser utilizado em materiais compósitos reforçados com
fibras.
Figueiredo et al. (2002) ressaltam que compósitos com fibras de polipropileno
em baixos teores, quando submetidos a vibração apresentam trabalhabilidade adequada
para os processos convencionais de manipulação do concreto.
Oliveira et al. (2003) comentam que a coesão resultante da adição de fibras em
concretos e argamassas pode ser favorável em algumas aplicações, tais como concretos
ou argamassas projetados e pré-moldados, uma vez que a adição das fibras minimizam a
reflexão e aumentam a estabilidade dimensional do compósito fresco recém
desformado.
Outra propriedade importante dos materiais compósitos no estado fresco é o
impedimento do aparecimento de fissuras provindas da exsudação. A adição de fibras à
matriz cimentícia reduz a água exsudada durante o processo de cura do material
compósito.
Em estruturas de concreto ou de argamassa, caso a quantidade de água perdida
por unidade de área exposta ao meio ambiente seja maior que a quantidade de água de
exsudação, pode ocorrer o aparecimento de fissuras por retração plástica. No caso do
74
concreto, para uniformizar o assentamento, as fissuras se desenvolvem acima das
obstruções como barras de aço ou agregado graúdo. Se o concreto próximo a superfície
estiver muito rígido para fluir e não possuir resistência suficiente para suportar as
tensões de tração causadas pela retração, haverá o aparecimento de fissuras (MEHTA e
MONTENIRO, 1994).
Para as argamassas de revestimento, além dos fenômenos de retração próprios
dos materiais cimenticíos, há ainda, a influência da perda de água por sucção pela base
revestida, que pode acarretar no aparecimento de fissuras.
Balanguru (1994) realizou um estudo de retração plástica de placas de
argamassas reforçadas com fibras de polipropileno com 19 mm de comprimento, na
proporção de 900 e 1800 g/m³ (massa de fibra por metro cúbico de argamassa), e
concluiu que a área das fissuras é reduzida devido à atuação da fibra. As argamassas
com fibras na proporção de 900 e 1800 g/m³ obtiveram 5% e 53%, respectivamente, a
menos de área das fissuras quando comparadas com argamassas sem fibras.
Araujo (2005) comparou o comportamento de concreto sem e com a adição
fibras. O concreto sem fibras é fluido logo após o lançamento e, aos poucos, ele
endurece perdendo fluidez e, consequentemente, reduzindo a capacidade de
deformação. Com a evaporação da água de exsudação, a retração aumenta até atingir a
resistência do concreto, promovendo o surgimento de fissuras. Já o concreto com fibras
de polipropileno é mais deformável nas primeiras idades em função do elevado nível de
deformação e do baixo módulo das fibras. As fibras transferem a sua natural capacidade
de deformação para o concreto. A deformação de retração pode ser a mesma, porém não
maior do que a capacidade do concreto em absorvê-las. Assim, as fissuras são inibidas
ou sua frequência e tamanhos são reduzidos.
Tanesi e Fegueiredo (1999) constataram, através de pesquisas, que a adição de
fibras de polipropileno à matriz cimentícia reduz a exsudação, sendo que essa redução
pode ser consequência do fato das fibras formarem uma malha que estabiliza a matriz,
prevenindo o assentamento e a segregação dos materiais pesados da mistura, além de
poderem contribuir com o aumento da área de molhagem. Assim, os canais capilares,
formados pela exsudação, tendem a ser eliminados ou reduzidos. Essa diminuição da
exsudação pode ter sido um dos fatores da menor fissuração por retração observada
pelos autores.
75
Tanesi e Fegueiredo (1999) também alertam que a simples incorporação de
fibras à matriz cimentícia não impede o surgimento de fissuras, sendo necessárias,
sobretudo, boas técnicas de aplicação, acabamento e cura.
Silva (2006) explica que uma das condições para que a fibra atue como reforço é
que o seu módulo de elasticidade seja maior do que o módulo de elasticidade da matriz.
Dessa forma, a fibra de polipropileno, com módulo de elasticidade reduzido, somente
influencia as matrizes cimentícias no estado plástico, visto que nessa condição a matriz
encontra-se com níveis baixos de resistência mecânica.
Conforme Bentur e Mindess (1990), fibras de baixo módulo de deformação em
baixos teores (inferior a 0,3% em volume) ajudam a reduzir a quantidade de fissuras
provenientes da retração plástica, que é um problema comum em argamassas de
revestimento.
Silva (2006) comenta que com a adição de fibras de polipropileno em
argamassas com baixa propriedade mecânica, o reforço além de atuar no estado plástico,
também atua no estado endurecido.
3.6 Propriedades dos materiais compósitos no estado endurecido
Segundo Johnston (2001), as fibras quando incorporadas em pastas de cimento,
argamassas ou concretos podem ter pelo menos três efeitos importantes no estado
endurecido desses materiais compósitos: (i) tendência de majorar a tensão sob a qual a
matriz fissura, sendo esse efeito mais visível quando os materiais compósitos são
submetidos a carregamentos que geram esforços de tração direta, flexão e cisalhamento;
(ii) melhoria da capacidade de deformação ou ductibilidade de materiais frágeis, devido
ao aumento da capacidade de absorção de energia ou tenacidade. Esse aumento pode
ocorrer mesmo quando o acréscimo de resistência for mínimo; e (iii) capacidade de
inibir ou modificar o desenvolvimento de fissuras ao reduzir a abertura e o espaçamento
entre elas. Esse efeito depende do tipo e quantidade de fibras incorporadas, assim como
da natureza do mecanismo de fissuração.
A determinação das propriedades dos materiais compósitos no estado endurecido
contribui no seu controle de produção, visto que, muitas vezes, a produção se faz de
forma artesanal, sendo suscetível a erros e também sujeita às condições ambientais.
76
No entanto, tais propriedades não são simples de serem determinadas, uma vez
que dependem de uma série de variáveis que envolvem não somente o material
compósito, mas também, o substrato a receber a mistura, as condições de aplicação e as
próprias condições de produção e ambientais.
Portanto, para se avaliar as propriedades mecânicas dos materiais compósitos no
estado endurecido todas essas variáveis devem ser consideradas. Porém, tendo em vista
a complexidade do tema, são tratadas apenas as características mecânicas, tais como:
resistência a compressão, resistência à tração na flexão e módulo de elasticidade.
Resistência à compressão
A resistência à compressão dos materiais compósitos reforçados com fibras varia
devido a diversos fatores, entre eles, tipo de matriz e de fibra, distribuição, comprimento
e teor de fibras acrescido a matriz. Diferentes autores obtiveram distintas conclusões
com relação à resistência à compressão de seus compósitos.
Johnston (2001) explica que as forças de compressão normalmente não causam
fissuração da matriz, pelo menos não diretamente em um plano perpendicular à tensão
como acontece em esforços de tração. No entanto, o ensaio de compressão uniaxial
usualmente produz uma combinação de ruptura por cisalhamento próximo das
extremidades do corpo-de-prova, com expansão lateral da seção transversal não
confinada, acompanhada por fissuras paralelas ao eixo de carregamento.
Para o autor, as fibras podem afetar de forma positiva o comportamento do
corpo-de-prova à compressão uniaxial, o qual envolve forças de cisalhamento e
deformações por tração. Tais evidências são visíveis no trecho pós-fissuração do
compósito em no gráfico tensão-deformação.
Hughes e Fattuhi (1977) pesquisaram compósitos de matriz cimentícia
reforçados com fibras de aço, curtas e uniformemente distribuídas na matriz. Os autores
concluíram que houve um acréscimo na resistência à compressão dos materiais
ensaiados, sendo esse acréscimo atribuído a vários fatores, tais como o comprimento e
teor das fibras incorporadas, o tipo e a resistência da matriz e a orientação das fibras em
relação à direção do carregamento.
Hughes e Fattuhi (1977) também estudaram compósitos formados por cimento,
água, agregado miúdo e agregado graúdo, na proporção de 1,0:0,5:2,5:1,5, reforçados
com fibras de polipropileno em dois diferente comprimentos, 51 e 53 mm, com fração
77
volumétrica de 1,5% (volume da matriz). Para os concretos reforçados com fibras de
51 mm foram encontrados valores de resistência à compressão variando em torno de 30
a 32 MPa. Já para os concretos reforçados com as fibras de 53 mm, os valores de
resistência obtidos foram da ordem de 36 a 38 MPa. Esses resultados indicam a
influência do comprimento das fibras na resposta mecânica do material compósito.
Huang (1997) constatou que a incorporação de fibras de polipropileno em
grautes abrandou consideravelmente a resistência à compressão do compósito.
Fujjyama et al. (1999) observaram que a adição de fibras de sisal em argamassas
e a adição de fibras de aço em concretos resultaram em redução da resistência à
compressão dos compósitos.
Bauer e Cortez (2001) constataram em ensaios com argamassas de revestimento
que a adição de fibras de náilon e de polipropileno pouco influenciou na resistência à
compressão dos compósitos.
Patrício e Barros (2005) ensaiaram argamassas de cimento, cal e areia, em duas
diferentes proporções (1:1:6 e 1:2:9), com e sem a adição de fibras de polipropileno, de
5 mm de comprimento. A fração volumétrica de fibras adotada foi de 0,1, 0,5 e 1%
(volume de argamassa). Os resultados de resistência à compressão mostraram o
decréscimo do valor da resistência com o aumento do teor de fibra, para os dois traços
de argamassa empregados.
Puertas et al. (2005) estudaram argamassas compostas por cimento e areia, com
quatro diferentes tipos de cimento, com e sem o acréscimo de fibras de polipropileno de
12 mm de comprimento, com fração volumétrica de 0,5 e 1% (volume de argamassa). A
resistência à compressão dos compósitos diminuiu com o aumento do teor de fibras para
dois dos quatros tipos de cimento, sendo o tipo Portland e Portland com cinza volante.
Para os cimentos do tipo Portland com escória e Portland com escória e cinza volante,
os valores de resistência à compressão aumentaram para volume de fibras de 0,5%, e
diminuíram para volume de fibras de 1%. Esses valores foram comparados com a
resistência à compressão uniaxial da argamassa sem fibras.
Resistência à tração na flexão
A princípio, imagina-se que a resistência à tração na flexão aumenta com que a
incorporação de fibras a uma matriz cimentícia, devido à obstrução da propagação de
microfissuras causada pela inclusão destes reforços, os quais retardam o aparecimento
78
de fissuras de tração e aumentam a resistência do material. Porém, o comportamento
dos materiais cimentícios reforçados com fibras não é tão simples. Assim como a
resistência à compressão, a resistência à tração na flexão dos compósitos é influenciada
pelo tipo de matriz e de fibra, e pelo comprimento, distribuição e teor de fibras
adicionado à matriz.
Dessa forma, é impraticável esboçar um comportamento padrão para os
materiais compósitos, pois cada caso exibe suas particularidades. Estudos diversos
mostraram respostas divergentes com relação à influência de diferentes tipos de fibras
na resistência à tração na flexão de materiais cimentícios.
Segundo Figueiredo (2000), uma matriz cimentícia sem fibras quando solicitada
por um determinado esforço de tração, suportará a tensão aplicada até uma tensão limite
de ruptura, quando então se romperá, apresentando uma deformação de ruptura. Esse
comportamento corresponde a uma ruptura frágil do material (Figura 3.8). Ao adicionar
fibras de polipropileno, de baixa resistência mecânica e elevada deformação final, surge
um compósito que quando solicitado por um esforço de tração, apresentará tanto o
trecho elástico, delimitado pela ruptura da matriz, como o trecho plástico, a partir do
qual a fibra trabalha, sendo denominado como um material pseudo-dúctil, (Figura 3.8).
Figura 3.8 – Curva tensão
Bentur e Mindess (1990)
fibras de aço causa acréscimos de mais de 100% na resistência à flexão de concretos, se
comparado com concretos sem
influenciado não apenas pelo volume de fibras, m
(quanto maior o fator de forma, maior
pesquisaram a adição de fibras de polipropileno em concretos e observaram uma
pequena variação dos valores de resistência mecânica,
irrelevante.
Coutts e Warden (1992) estudaram a incorporação de polpa de sisal em
argamassas, com volume aproximado de 8% em massa e constataram que a resistência à
flexão das argamassas com fibras pode dobrar quando comp
fibras.
Mehta e Monteiro (1994)
não apresentam aumento significativo
tensão-deformação da matriz cimentícia com e sem
(FIGUEIREDO, 2000).
Bentur e Mindess (1990) em seus estudos concluíram que a incorporação de
fibras de aço causa acréscimos de mais de 100% na resistência à flexão de concretos, se
comparado com concretos sem fibras. Esse acréscimo na resistência à flexão é
influenciado não apenas pelo volume de fibras, mas também, pelo fator de
maior o fator de forma, maior o acréscimo na resistência). Os autores também
pesquisaram a adição de fibras de polipropileno em concretos e observaram uma
pequena variação dos valores de resistência mecânica, a qual foi considerada
Coutts e Warden (1992) estudaram a incorporação de polpa de sisal em
argamassas, com volume aproximado de 8% em massa e constataram que a resistência à
flexão das argamassas com fibras pode dobrar quando comparada a argamassas sem
Mehta e Monteiro (1994) constataram que os compósitos cimentícios com fibras
aumento significativo de resistência quando comparados às misturas
79
e sem fibras
a incorporação de
fibras de aço causa acréscimos de mais de 100% na resistência à flexão de concretos, se
. Esse acréscimo na resistência à flexão é
as também, pelo fator de forma
. Os autores também
pesquisaram a adição de fibras de polipropileno em concretos e observaram uma
a qual foi considerada
Coutts e Warden (1992) estudaram a incorporação de polpa de sisal em
argamassas, com volume aproximado de 8% em massa e constataram que a resistência à
arada a argamassas sem
os compósitos cimentícios com fibras
resistência quando comparados às misturas
80
sem fibras. Porém, mesmo as resistências últimas à tração não aumentando
significativamente, as deformações de tração na ruptura aumentaram.
Okafor et al. (1996) analisaram o comportamento mecânico de argamassas com
fibras provenientes de uma palmeira e concluíram que a resistência à tração do
compósito diminuiu proporcionalmente ao aumento do teor de fibra da mistura. Porém,
a resistência à flexão aumentou em cerca de 33% para um volume ótimo de fibra de 2%.
Cortez (1999), através de ensaios de resistência à tração na flexão em placas de
argamassa de cimento, cal e areia, com e sem o reforço de fibras de polipropileno de
monofilamento, de 20 mm de comprimento, verificou que não houve o aumento da
resistência à tração na flexão das argamassas com fibras em comparação com a
argamassa sem fibras. Com a incorporação de teores de fibras de 500, 1500 e
3000 g/m³, a resistência à tração na flexão das argamassas diminuiu 3, 3 e 5%,
respectivamente, em relação à resistência obtida para a argamassa sem reforço.
Cortez (1999) também constatou que com o aumento do comprimento da fibra
de polipropileno ocorreu um aumento na resistência à tração na flexão de placas de
argamassa de cimento, cal e areia, reforçadas com teor de fibras de 500g/cm³. Os
aumentos foram iguais a 0,35 MPa para fibras de 10 mm, 0,37 MPa para fibras de
20 mm e 0,44 MPa para fibras de 40 mm. Quanto menor o comprimento da fibra
incorporada à matriz, menor a aderência entre ambas. Deste modo, a fibra não oferece
nenhum efeito de reforço ao compósito. Isso acontece devido à baixa resistência de
atrito, proporcionada pela pequena extensão de fibra em contato com a matriz,
promovendo o seu arrancamento.
Garcés et al. (2005) pesquisaram argamassas reforçadas com fibras de carbono,
e observaram um aumento na resistência à flexão de 14% quando incorporado um teor
de 0,5% de fibra. Para teores superiores, o aumento de resistência não é expressivo,
podendo até ocorrer a sua diminuição, provavelmente devido ao aumento de porosidade
do material, provocado pelo maior teor de fibra de carbono.
Puertas et al. (2005) estudaram argamassas compostas por cimento e areia,
empregando quatro diferentes tipos de cimento, com e sem a adição de fibras de
polipropileno, com 12 mm de comprimento. A fração volumétrica das fibras foi de 0,5 e
1% (volume de argamassa). Os resultados de resistência à flexão dos compósitos
decresceram com o aumento do teor de fibras para três dos quatros tipos de cimento
81
utilizados (Portland, Portland com escória e Portland com cinza volante). Para o
cimento Portland com escória e cinza volante, a resistência à flexão aumentou para o
volume de fibras de 0,5% e manteve-se constante para a argamassa com volume de
fibras de 1%.
Patrício e Barros (2005) pesquisaram argamassas de cimento, cal e areia, em
duas diferentes proporções (1:1:6 e 1:2:9), com e sem o reforço de fibras de
polipropileno de 5 mm de comprimento e fração volumétrica de 0,1, 0,5 e 1% (volume
de argamassa). Os resultados de resistência à flexão dos compósitos decresceram com o
aumento do teor de fibras para os dois diferentes traços adotados de argamassa.
Módulo de Elasticidade
Com a incorporação de fibras ou com o aumento do seu teor em uma matriz
cimentícia ocorre o aumento do teor de ar incorporado à mistura, podendo contribuir
para a redução do módulo de elasticidade do material compósito. Cortez (1999) e
Patrício e Barros (2005) comprovaram essa ocorrência, tanto que a redução do valor do
módulo de elasticidade foi de 50%, para argamassas com 1% de fibras quando
comparada com argamassas sem fibras.
Para Silva (2006), o módulo de elasticidade está diretamente relacionado com a
densidade do material compósito no estado endurecido. Quanto mais denso, mais rígido
é o material compósito, e mais alto são os valores de módulo de elasticidade. A
porosidade do material diminui a sua rigidez, implicando na redução dos valores de
módulo de elasticidade.
A adição de fibras influencia na reologia dos materiais compósitos no estado
fresco e no comportamento mecânico no estado endurecido, devido não somente aos
fatores relacionados às características físicas e mecânicas das fibras, mas também aos
fatores relacionados à matriz cimentícia, como a composição e as propriedades da
mesma, além de fatores como o modo de produção e as condições ambientais. Assim,
cada tipo de material compósito produzido resultará num comportamento particular ao
se adicionar fibras.
3.7 Aplicações dos materiais compósitos reforçados com fibras
São muitas as aplicações dos materiais cimentícios reforçados com fibras, por
exemplo: em bases de fundações superficiais; na estabilização de escavações para
82
fundações; na estabilização de escavações para a indústria da mineração; na construção
de túneis e de faces de taludes. Nos dois últimos casos, o material compósito tanto pode
ser projetado quanto utilizado em painéis pré-moldados. As argamassas de
assentamento e de revestimento também podem ser reforçadas com fibras.
Araújo (2005) utilizou em seus estudos argamassa com adição de fibras de
polipropileno em juntas de elementos pré-moldados e obteve bons resultados. Silva
(2006) pesquisou o emprego de argamassas de revestimento com adição de fibras de
polipropileno, e Siqueira (2006), além de averiguar a utilização de argamassas com
adição de fibras de polipropileno, também verificou argamassas com fibras vegetais de
curauá e de polietileno tereftalato para uso em revestimento de alvenarias.
Vendruscolo (2003) aplicou materiais compósitos fibrosos em reforços de base
de fundações superficiais e conseguiu bons resultados. As misturas utilizadas em seu
trabalho foram de solo, cimento e fibras de polipropileno.
Concretos reforçados com fibras podem ser empregados em lajes e pisos de
pavimentos industriais e residenciais, como também em caminhos viários, através do
lançamento do material compósito por bombeamento. Lameiras (2007) comenta que em
muitas aplicações o concreto já não é mais produzido sem a incorporação de fibras à
matriz, como é o caso dos pavimentos em concreto nos aeroportos.
Donato (2003) adicionou fibras de polipropileno em concreto compactado com
rolo, verificando a melhoria no ganho de resistência à compressão e resistência à fadiga,
além de reduções da rigidez inicial, do módulo de resiliência, e do índice de fragilidade.
Velasco (2002) empregou fibras de polipropileno e sisal em concreto de alto
desempenho, submetidos a altas temperaturas, obtendo resultados benéficos com a
adição das fibras na redução da fragmentação de origem térmica do concreto,
principalmente para temperaturas de até 400 ºC.
Para Johnston (2001), a melhoria obtida pela adição de fibras é interessante
dependendo do tipo de aplicação. Por exemplo, sob condições extremas, como
terremotos, a incorporação de fibras pode reduzir o grau de desintegração e a perda da
integridade estrutural.
Foá e Assis (2002) ressaltam as vantagens da adição de fibras em casos de obras
onde as estruturas estão sujeitas a esforços dinâmicos, por exemplo, o caso de estruturas
alocadas em regiões sujeitas à ação de abalos sísmicos e até mesmo estruturas sujeitas
83
ao fenômeno de fadiga por esforço cíclico. A vantagem do emprego dos compósitos
fibrosos nesses casos é minimizar os danos causados pelos esforços de natureza cíclica e
diminuir a fissuração da estrutura, resultando em uma maior vida útil da obra.
Segundo Magalhães (2005), na área militar é grande o potencial de utilização
dos materiais compósitos fibrosos, devido à importância que esses oferecem quanto à
resistência elevada ao impacto de projéteis. Esses materiais apresentam todas as
condições para proporcionar um desempenho superior se comparado ao concreto
armado.
Na construção civil, os compósitos são tipicamente constituídos por matriz frágil
reforçada com fibra dúctil, como as argamassas reforçadas com fibras de polipropileno.
A exceção é representada pelo cimento amianto, possivelmente o mais popular
compósito da engenharia civil, no qual a matriz (pasta de cimento) e as fibras (amianto)
apresentam ruptura frágil (ARAÚJO, 2005).
Alguns exemplos de objetos pré-moldados destinados à construção civil
disponíveis no mercado, compostos por materiais cimentícios reforçados com fibras de
amianto são: telhas, calhas, caixas d água, blocos, entre outros. Também podem ser
encontrados no mercado estacas, dormentes, vigas, colunas, lajotas e tijolos, todos pré-
moldados em material cimentício reforçado com fibras.
Magalhães (2005) afirma que as fibras tornam as peças de concreto mais
competitivas em relação às outras tecnologias disponíveis, tais como painéis pré-
fabricados para fachadas e mobiliários urbanos, em concreto reforçado com fibras. Isto
se deve à maior velocidade de produção e instalação das peças, em virtude da
eliminação da fase de montagem das armaduras nas formas, lançamento do concreto e
tempo de cura.
Na indústria mecânica, os compósitos são largamente empregados e geralmente
são constituídos por matriz dúctil e fibra de ruptura frágil, como por exemplo, os
plásticos reforçados com fibras de vidro (ARAÚJO, 2005). Fazem-se uso desses
compósitos também nos materiais destinados à construção civil, como é o caso das
telhas translúcidas ou leitosas, das caixas e reservatórios de água.
Os materiais cimentícios reforçados com fibras ainda podem ser aplicados como
elementos decorativos, quando utilizados na produção de peças para ornamentos
arquitetônicos e na restauração de edifícios de valor histórico.
84
3.7.1 Grampos compostos por argamassa com fibras de polipropileno
Magalhães (2005) e Leite (2007) propuseram, de forma inédita, a utilização de
argamassa reforçada com fibras de polipropileno para a composição de grampos,
substituindo a técnica de grampeamento convencional, com barras de aço envoltas por
pasta de cimento. A proposta de substituição do constituinte do grampo é devida à
economia de tempo e de recursos, além da racionalização dos serviços que essa solução
alternativa pode apresentar.
Os grampos compostos por argamassa reforçada com fibras de polipropileno são
vantajosos devido ao seu processo executivo, o qual não emprega barras de aço, não
demandando tempo para a preparação e instalação dessas. Porém, deve ser tomado
cuidado na adoção do traço e na preparação da mistura, para não comprometer a
trabalhabilidade e garantir uma distribuição uniforme das fibras na matriz cimentícia.
Para se certificarem da viabilidade dessa solução alternativa, foram realizados
pelos autores ensaios de arrancamento em grampos convencionais e em grampos não
convencionais (com fibras de polipropileno).
Magalhães (2005) realizou ensaios de arrancamento de grampos instalados em
diferentes cotas de um talude em uma obra situada no município de Niterói/RJ. Os
ensaios de arrancamento indicaram uma resistência inferior para os grampos não
convencionais quando comparados aos grampos convencionais. Porém, os resultados de
resistência ao arrancamento, associados à melhoria das propriedades mecânicas no
estado pós-pico do material compósito estudado, demonstraram a viabilidade do uso de
grampos compostos por argamassa com fibras de polipropileno para reforço de solos.
Conforme Magalhães (2005), os grampos não convencionais apresentaram
resistências ao arrancamento da ordem de, praticamente, 50% das observadas para os
grampos convencionais, bem como quedas pouco significativas de resistência com o
aumento dos deslocamentos.
Leite (2007) verificou o desempenho dos grampos através de ensaios de
arrancamento, de grampos instrumentados e não instrumentados, realizados em uma
área experimental, localizada no município de Duque de Caxias/RJ. Os grampos não
convencionais foram instrumentados com strain gages para o monitoramento das
deformações e obtenção das distribuições do carregamento ao longo de seu
comprimento. A instrumentação mostrou que a força de tração é mobilizada ao longo do
85
comprimento do grampo, ocorrendo de forma não-linear e decrescente, da cabeça até a
ponta, onde as deformações são praticamente nulas.
Através das curvas carga-deslocamento, Leite (2007) constatou um
comportamento mais frágil dos grampos convencionais, com deslocamentos de pico em
média menores, em comparação aos grampos não convencionais, os quais apresentam
módulo de elasticidade mais baixo. Também se verificou a melhoria das propriedades
pós-pico para os grampos não convencionais, visto que o carregamento é suportado pelo
material compósito sem quedas significativas até grandes deslocamentos, mesmo após a
ruptura da matriz.
Leite (2007) reporta que os grampos compostos por argamassa reforçada com
fibras de polipropileno apresentam resistência ao arrancamento, em média, na ordem de
60% dos grampos convencionais.
3.8 Considerações finais
A revisão bibliográfica sobre materiais compósitos apresenta as considerações
mais importantes e proporciona o embasamento necessário para a adoção do tipo de
fibra em função de suas características físicas e mecânicas, e do traço da mistura em
função das propriedades desejáveis do material no estado fresco e endurecido. Também
possibilita a análise dos resultados do material compósito quando solicitados pelos
ensaios de campo e de laboratório.
86
Capítulo 4 PROGRAMA EXPERIMENTAL
4.1 Considerações iniciais
Este capítulo trata da metodologia utilizada para execução do programa
experimental desta pesquisa. São apresentados os aspectos da área experimental
selecionada para a realização das atividades de campo, os tipos de grampos executados
(grampos convencionais e grampos não convencionais) e os materiais utilizados na
composição dos mesmos.
Também é aqui apresentado o processo de instalação dos grampos
convencionais e não convencionais no talude da área experimental, sendo os ensaios de
campo relatados em detalhes. Os ensaios realizados são: ensaios de arrancamento em
grampos convencionais e ensaios de empurramento em grampos não convencionais.
A exumação dos grampos, isto é, a retirada dos mesmos do interior do talude, foi
a última atividade realizada em campo. As observações e constatações obtidas durante
este processo são apresentadas nesse capítulo.
A parte final do programa experimental é destinada aos ensaios laboratoriais,
onde são apresentados os resultados dos ensaios de caracterização e de cisalhamento
direto, realizados em amostras de solo retiradas do talude durante a exumação dos
grampos. Posteriormente, são apresentados os resultados dos ensaios de compressão
uniaxial e diametral realizados em corpos-de-prova de pasta de cimento e argamassa
reforçada com fibras, ambas utilizadas na composição dos grampos convencionais e não
convencionais, respectivamente.
4.2 Área experimental
A área experimental selecionada para os trabalhos de campo situa-se em uma
obra para a construção de um condomínio residencial, localizado na rua Pinheiro
Machado esquina com a rua das Laranjeiras, bairro Laranjeiras, na cidade do Rio de
Janeiro, RJ.
A base do talude escolhido é uma via interna de pedestres e veículos. Essa via
faz a ligação da entrada do condomínio com dois prédios já existentes antes do início do
empreendimento, situados no topo do talude. O talude apresenta 12,0 m de extensão e
87
altura entre 6,50 e 7,00 m da direita para a esquerda, com sua base inclinada em 2°,
aproximadamente (Figura 4.1).
Figura 4.1 – Vista frontal do talude.
A inclinação do talude no trecho selecionado para a pesquisa é de aproximadamente 65°
com relação à horizontal (Figura 4.2). Todo o talude, ao longo de sua extensão, é revestido com
um muro de concreto que apresenta espessura de 0,50 a 0,80 m. Atrás do muro de concreto
encontra-se o solo residual.
Figura 4.2 – Vista lateral do talude.
88
A inspeção visual das áreas de trabalho no entorno do talude utilizado indica que
o solo é residual jovem gnáissico não saturado, com a foliação da rocha preservada,
apresentando quartzo, feldspato, mica biotita e mica moscovita, entre outros minerais.
Mais para o interior do talude, a partir de aproximadamente 3,5 m da face, na altura de
instalação dos grampos, observa-se um solo ainda menos intemperizado, sendo um
material de transição para alteração de rocha. O mergulho da foliação é de noroeste
(NO) para sudeste (SE), dado pela vista frontal do talude, com caimento suave para o
exterior. A coloração predominante do solo no local é (a) amarela com concentrações
brancas em alguns pontos e (b) esbranquiçada em outros (Figura 4.3).
Figuras 4.3 – Solo residual com foliação da rocha preservada
(a) de coloração amarelada e (b) de coloração esbranquiçada.
(NO)
(SE)
(SE)
(NO)
(SE)
(a)
(b)
4.3 Grampos
Foram executados um total de
(GC) e seis grampos não convencionais
executados com barras de aço envoltas por pasta de cimento
foram executados com argamassa reforçada com fibras de polipropileno em substituição
às barras de aço.
Todos os grampos foram instalados com inclinação de 15° com relação à
horizontal e com diâmetro
mesmos empregados nos grampos
autores, em seus trabalhos.
As Figuras 4.4 e 4.5
respectivamente, com as perfurações para a instalação d
talude foram também realizad
com grampos não convencionais, na área central do talude.
perfurações destinadas à instalação dos grampos
Figura 4.4 – Esboço da vista frontal do talude com os grampos.
um total de doze grampos, sendo seis grampos convencio
seis grampos não convencionais (GP). Os grampos convencionais foram
executados com barras de aço envoltas por pasta de cimento. Já os demais grampos
foram executados com argamassa reforçada com fibras de polipropileno em substituição
Todos os grampos foram instalados com inclinação de 15° com relação à
horizontal e com diâmetro nominal de 100 mm. A inclinação e o diâmetro foram os
grampos da obra e adotados por Springer (2007), entre outros
.
.5 apresentam um esboço da vista frontal e lateral
as perfurações para a instalação dos grampos
realizadas atividades vinculadas a uma pesquisa
com grampos não convencionais, na área central do talude. Assim, apenas as
instalação dos grampos dessa dissertação são esboçadas.
Esboço da vista frontal do talude com os grampos.
89
doze grampos, sendo seis grampos convencionais
Os grampos convencionais foram
os demais grampos
foram executados com argamassa reforçada com fibras de polipropileno em substituição
Todos os grampos foram instalados com inclinação de 15° com relação à
A inclinação e o diâmetro foram os
a obra e adotados por Springer (2007), entre outros
a vista frontal e lateral do talude,
os grampos. Nesse mesmo
pesquisa de doutorado
Assim, apenas as
o esboçadas.
Esboço da vista frontal do talude com os grampos.
Figura 4.5 –
Quatro dos grampos convencionais e
instrumentados com strain gages
grampos convencionais e o ensaio de empurramento nos grampos não convencionais,
fosse possível verificar a distribuição do carregamento ao longo dos grampos a partir
das deformações lidas.
Proto Silva (2005), Springer (2006), Leite (2007)
(2010), entre outros autores, também instrumentaram seus grampos para a obtenção da
distribuição do carregamento ao longo dos grampos durante a realização do ensaio de
arrancamento.
4.3.1 Grampos convencionais
Os grampos convencionais
32 mm de diâmetro envoltas por pasta de cimento
aço utilizadas para a instalação
externos ao talude de solo
arrancamento.
O primeiro metro de barra de aço
espuma, sendo denominado de trecho livre
– Esboço da vista lateral do talude com o grampo.
Quatro dos grampos convencionais e os seis grampos não convencionais foram
strain gages para que, durante o ensaio de arrancamento nos
grampos convencionais e o ensaio de empurramento nos grampos não convencionais,
fosse possível verificar a distribuição do carregamento ao longo dos grampos a partir
Proto Silva (2005), Springer (2006), Leite (2007), França (2007) e
, entre outros autores, também instrumentaram seus grampos para a obtenção da
distribuição do carregamento ao longo dos grampos durante a realização do ensaio de
Grampos convencionais
Os grampos convencionais (GC) foram executados com barras de aço
envoltas por pasta de cimento. O comprimento total
aço utilizadas para a instalação desses grampos foi de seis metros, sendo dois metros
e utilizados para a instalação dos equipamentos do ensaio de
O primeiro metro de barra de aço, no interior do talude de solo,
sendo denominado de trecho livre (conforme exposto no C
90
Esboço da vista lateral do talude com o grampo.
seis grampos não convencionais foram
arrancamento nos
grampos convencionais e o ensaio de empurramento nos grampos não convencionais,
fosse possível verificar a distribuição do carregamento ao longo dos grampos a partir
, França (2007) e Silva et. al.
, entre outros autores, também instrumentaram seus grampos para a obtenção da
distribuição do carregamento ao longo dos grampos durante a realização do ensaio de
foram executados com barras de aço Gewi de
O comprimento total das barras de
foi de seis metros, sendo dois metros
a instalação dos equipamentos do ensaio de
foi envolto com
(conforme exposto no Capítulo 2), e os
outros três metros do grampo convencional, onde estavam distribuídos os
fixados na barra de aço, foram
Soares e Gomes (2003), Proto Silva (2005), Springer (2006) e
(2010), entre outros autores, também
grampos, sendo 1,0 m de trecho livre e 3,0 m de trecho injetado.
Foram utilizados centralizadores confeccionados
os quais foram fixados às barras com arame
Figura 4.6 proporciona uma perspectiva dos grampos convencionais quando instalados
no talude.
Figura 4.6 – Seção transversal esquemática
Os strain gages (SG)
convencionais, totalizando seis
0,50 m, sendo o primeiro fixado
transversal da barra dos gram
apresentada na Figura 4.7.
ros três metros do grampo convencional, onde estavam distribuídos os
fixados na barra de aço, foram envoltos por pasta de cimento.
Soares e Gomes (2003), Proto Silva (2005), Springer (2006) e
, entre outros autores, também utilizaram a mesma configuração em seus
grampos, sendo 1,0 m de trecho livre e 3,0 m de trecho injetado.
Foram utilizados centralizadores confeccionados e utilizados pela
s barras com arame e espaçados de um metro entre
.6 proporciona uma perspectiva dos grampos convencionais quando instalados
Seção transversal esquemáticado grampo convencional no talude.
(SG) foram fixados ao longo das barras de aço dos grampos
convencionais, totalizando seis strain gages em cada barra, espaçados entre
0,50 m, sendo o primeiro fixado à 0,50 m após o termino do trecho livre
dos grampos convencionais com a distribuição do
91
ros três metros do grampo convencional, onde estavam distribuídos os strain gages
Soares e Gomes (2003), Proto Silva (2005), Springer (2006) e Silva et. al.
utilizaram a mesma configuração em seus
e utilizados pela própria obra,
metro entre si. A
.6 proporciona uma perspectiva dos grampos convencionais quando instalados
no talude.
foram fixados ao longo das barras de aço dos grampos
espaçados entre si a cada
0,50 m após o termino do trecho livre. Uma vista
os strain gages é
Figura 4.7 – Posição da instrumentação
4.3.2 Grampos não convencionais
Os grampos não convencionais
com fibras de polipropileno em substituição as barras de aço
Magalhães (2005) e Leite (2007).
de 2,0 m, sendo dois grampos com 1,0 m e quatro grampos com 2,0 m. No interior da
argamassa reforçada com fibras, uma haste metálica de fina espessura
desprezível serviu de apoio para a
longo do grampo.
Foram adotados dois diferentes
convencionais, 1,0 e 2,0 m. Optou
grampos convencionais, tendo em vista a
com capacidade portante para o ensaio de empurramento.
grampo exigiriam um sistema de reação ainda mais
da cabeça do grampo e seu deslocamento para o interior do talude.
A haste metálica utilizada
ao longo do comprimento dos grampos não convencionais
resistência desprezível, pois
com a área da seção transv
representa apenas 0,5% da área
transversal da barra de aço dos grampos convencionais (804 mm²) representa 10% da
área da seção transversal total
em contato com a cabeça do
da argamassa com fibras, diferentemente das barras de aço dos grampos convencionais
da instrumentação com strain gages nos grampos convencionais.
Grampos não convencionais
convencionais (GP) foram executados com argamassa reforçada
com fibras de polipropileno em substituição as barras de aço, da mesma forma que
Magalhães (2005) e Leite (2007). Os comprimentos desses grampos fo
de 2,0 m, sendo dois grampos com 1,0 m e quatro grampos com 2,0 m. No interior da
argamassa reforçada com fibras, uma haste metálica de fina espessura
desprezível serviu de apoio para a fixação dos leitores de deformação (
Foram adotados dois diferentes comprimentos para os grampos n
, 1,0 e 2,0 m. Optou-se por estes comprimentos, sendo inferiores ao dos
tendo em vista a necessidade de um sistema de reação
para o ensaio de empurramento. Maiores comprimentos de
grampo exigiriam um sistema de reação ainda mais robusto para permitir a compressão
da cabeça do grampo e seu deslocamento para o interior do talude.
utilizada para fixar e distribuir uniformemente os
ao longo do comprimento dos grampos não convencionais pode ser considerada de
pois comparando-se área da seção transversal da haste
com a área da seção transversal o grampo (7854 mm²), constata-se que a mesma
representa apenas 0,5% da área da seção transversal total. Enquanto a área da seção
transversal da barra de aço dos grampos convencionais (804 mm²) representa 10% da
área da seção transversal total. Além disso, a haste metálica foi posicionada sem estar
contato com a cabeça dos grampos não convencionais, estando instalada
, diferentemente das barras de aço dos grampos convencionais
92
os grampos convencionais.
argamassa reforçada
, da mesma forma que
s foram de 1,0 m e
de 2,0 m, sendo dois grampos com 1,0 m e quatro grampos com 2,0 m. No interior da
argamassa reforçada com fibras, uma haste metálica de fina espessura e resistência
dos leitores de deformação (strain gages) ao
os grampos não
inferiores ao dos
sistema de reação robusto
Maiores comprimentos de
para permitir a compressão
e distribuir uniformemente os strain gages
pode ser considerada de
da haste (39 mm²)
se que a mesma
nquanto a área da seção
transversal da barra de aço dos grampos convencionais (804 mm²) representa 10% da
foi posicionada sem estar
instalada no interior
, diferentemente das barras de aço dos grampos convencionais.
Nas extremidades finais
prolongados em 0,90 m de comprimento
foram preenchidas com espuma e isopor
dos grampos durante a execução
As Figuras 4.8 e 4.9 apresentam a
1,0 m e 2,0 m de comprimento, respectivamente,
Figura 4.8 – Seção transversal esquemática
Figura 4.9 – Seção transversal esquemática
Os strain gages (SG)
dos grampos não convencionais
finais dos grampos, opostas à face do talude
prolongados em 0,90 m de comprimento, com o mesmo diâmetro. Essas perfurações
com espuma e isopor, tendo como objetivo facilitar o d
durante a execução dos ensaios de empurramento.
.9 apresentam a disposição dos grampos não convencion
e 2,0 m de comprimento, respectivamente, quando instalados no talude.
Seção transversal esquemática dos grampos não convencionais
com 1,0 m de comprimento.
Seção transversal esquemática dos grampos não convencionais
com 2,0 m de comprimento.
(SG) foram distribuídos e fixados ao longo das hastes
dos grampos não convencionais, com espaçamento de 0,50 m, sendo o primeiro
93
do talude, os furos foram
Essas perfurações
objetivo facilitar o deslocamento
disposição dos grampos não convencionais de
quando instalados no talude.
dos grampos não convencionais
dos grampos não convencionais
fixados ao longo das hastes metálicas
espaçamento de 0,50 m, sendo o primeiro strain
gage fixado na extremidade final da haste e o último
total foram utilizados três
comprimento e cinco strain gages
As Figuras 4.10 e
instrumentação das hastes dos grampos não convencionais de 1,0 m e 2,0 m
comprimento, respectivamente.
Figura 4.10 – Posição da i
Figura 4.11 – Posição da instrumentação dos grampos não convencionais de 2,0 m.
Para centralizar as hastes dos grampos não convencionais
foram utilizados dois centralizadores
reinjeção também foi fixada passando pelo interior dos centralizadores, com apenas a
sua extremidade interna amarrada com
metálica de 1,0 m com os
hastes de 2,0 m foram preparadas com
fixado na extremidade final da haste e o último fixado a 0,30 m do anterior. No
total foram utilizados três strain gages nas hastes dos grampos de
strain gages nas hastes dos grampos com 2,0 m de comprimento
e 4.11 apresentam os esquemas com o posicionamento
instrumentação das hastes dos grampos não convencionais de 1,0 m e 2,0 m
respectivamente.
da instrumentação dos grampos não convencionais de 1,0 m.
da instrumentação dos grampos não convencionais de 2,0 m.
as hastes dos grampos não convencionais no interior
ois centralizadores por haste, fixados com arame. Uma mangueira
reinjeção também foi fixada passando pelo interior dos centralizadores, com apenas a
sua extremidade interna amarrada com arame. A Figura 4.12 apresen
com os strain gages, centralizadores e mangueira para reinjeção
hastes de 2,0 m foram preparadas com a mesma metodologia.
94
a 0,30 m do anterior. No
dos grampos de 1,0 m de
de comprimento.
os esquemas com o posicionamento da
instrumentação das hastes dos grampos não convencionais de 1,0 m e 2,0 m de
nstrumentação dos grampos não convencionais de 1,0 m.
da instrumentação dos grampos não convencionais de 2,0 m.
interior dos furos
arame. Uma mangueira de
reinjeção também foi fixada passando pelo interior dos centralizadores, com apenas a
.12 apresenta uma haste
, centralizadores e mangueira para reinjeção. As
95
Figura 4.12 – Haste metálica de 1,0 m com strain gages, mangueira de reinjeção e
centralizadores.
4.4 Materiais utilizados
Os materiais utilizados na composição dos grampos convencionais e não
convencionais correspondem às barras de aço, hastes metálicas, extensômetros, fibras
de polipropileno, entre outros materiais.
Barras de aço
As barras de aço utilizadas nos grampos convencionais foram do tipo Gewi
ST 50/55, com 32 mm de diâmetro, as quais possuem rosca esquerda dupla filetada e
robusta, por toda a sua extensão (Figura 4.13).
Figura 4.13 – Barra de aço Gewi (CATÁLOGO GEWI).
centralizadores mangueira
Haste do grampo não convencional
de 1,00 m
cabos dos strain gages
96
As características das barras de aço utilizadas nos grampos convencionais são
resumidas na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 – Características das barras de aço utilizadas nos grampos convencionais.
Característica Valor
Diâmetro Nominal (mm) 32
Tensão de Escoamento (MPa) 500
Tensão de Ruptura (MPa) 550
Carga de Escoamento (kN) 400
Carga de Ruptura (kN) 440
Módulo de Elasticidade (GPa) 210
Passo (mm) 16
Área da Seção Transversal (mm²) 804
Peso (kg/m) 6,24
Hastes metálicas
As hastes metálicas (Figura 4.14) utilizadas para permitir a fixação da
instrumentação dos grampos não convencionais apresentam as características resumidas
na Tabela 4.2.
Figura 4.14 – Haste metálica para fixação dos strain gages dos grampos não convencionais.
97
Tabela 4.2 – Características das hastes metálicas dos grampos não convencionais.
Característica Valor
Espessura do Maior Lado (mm) 13
Espessura do Menor Lado (mm) 3
Área da Seção Transversal (mm²) 39
Módulo de Elasticidade (GPa) 210
Extensômetros
Os extensômetros de resistência elétrica, strain gages, utilizados para a
instrumentação dos grampos foram escolhidos devido a diversos fatores, tais como alta
precisão, baixo custo, excelente linearidade e relativa facilidade de instalação.
Proto Silva (2005), Springer (2006), Nunes et al. (2006), Feijó (2007), Leite
(2007), França (2007), Saré (2007), Lima (2007), Silva e Bueno (2009), e Silva e
Ehrlich (2010), entre outros autores, também utilizaram os mesmos extensômetros de
resistência elétrica (strain gages) em seus trabalhos de pesquisa.
Os strain gages empregados nesta dissertação são produzidos pela empresa
Excel Sensores Ind. Com. Exp. LTDA, sendo extensômetros coláveis de resistência
elétrica. O modelo utilizado foi o unidirecional simples, PA–06–125AA–350LEN, com
fator de sensibilidade (FS) de 2,10 (Figura 4.15).
Figura 4.15 – Strain gages utilizados na instrumentação dos grampos
convencionais e não convencionais.
A
C
D B
98
As características técnicas desse equipamento são apresentadas na Tabela 4.3.
Tabela 4.3 – Características dos strain gages utilizados.
A instalação dos strain gages nas barras dos grampos convencionais e nas hastes
metálicas dos grampos não convencionais foi realizada seguindo os métodos utilizados
por Springer (2006). Todos os detalhes do processo são explicados na tese de doutorado
da autora.
O procedimento foi realizado em etapas distintas, sendo elas: a marcação dos
pontos de fixação dos strain gages; preparação das superfícies de colagem, incluindo
polimento, acabamento manual com lixa e limpeza; colagem dos strain gages e
terminais; soldagem dos fios e cabeamento; verificação do funcionamento dos strain
gages; isolamento e proteção dos extensômetros de resistência elétrica.
A Figura 4.16 mostra (a) as barras de aço dos grampos convencionais e (b) as
hastes dos grampos não convencionais já com os strain gages fixados.
Modelos
Opções
Disponíveis
Dimensões
Mat
eria
l da
Bas
e
e do
Fil
me
Com
pens
. de
Tem
p.
Tam
anho
e
For
ma
da G
relh
a
Res
istê
ncia
(Ohm
s)
Grelha Total
A
(com
p.)
B
(lar
gura
)
C
(com
p.)
D
(lar
gura
)
PA 06 125AA 350 LEN 3,18mm
0,125 "
3,18mm
0,125 "
6,35mm
0,250 "
3,18mm
0,125 "
PA: base de polyimida com filme metálico de constantan; 06: aplicado em aço; e LEN: strain gages
encapsulados com fios de cobre.
99
Figura 4.16 – Instrumentação com strain gages: (a) barras dos grampos convencionais
e (b) hastes dos grampos não convencionais.
Fibras de polipropileno
A adoção das fibras de polipropileno deve-se às características físicas e
mecânicas que essa fibra polimérica possui, conforme descrito no Capítulo 3. São fibras
que não se degradam no meio alcalino, pela presença de microorganismos e pela
corrosão. As fibras possuem grande flexibilidade, tenacidade e causam substancial
aumento de resistência ao impacto nos materiais as quais são incorporadas, além de
promoverem a melhoria das propriedades mecânicas iniciais, como a distribuição
uniforme dos esforços internos de compressão e tração e o aumento da capacidade de
deformação, retardando o colapso do sistema.
As fibras de polipropileno utilizadas foram fornecidas pela empresa Ober S.A.
São fibras de seção circular com 0,018 mm de diâmetro nominal e 30 mm de
comprimento, do tipo multifilamentos, que se encontram agregadas em tufos de
centenas de fibras individuais (Figura 4.17). Magalhães (2005) e Leite (2007) fizeram
uso dessa mesma fibra na composição de seus grampos.
Para facilitar a homogeneização da mistura da argamassa com as fibras, optou-se
por desagregar manualmente essas fibras, antes delas serem lançadas no misturador, da
(a) (b)
100
mesma forma como foi realizado por Magalhães (2005) e Leite (2007). A Tabela 4.4
resume as propriedades das fibras de polipropileno utilizadas.
Figura 4.17 – Fibras de polipropileno.
Tabela 4.4 – Propriedades das fibras de polipropileno utilizadas.
Características Valor
Comprimento 0,03 m
Diâmetro 1,8 x 10-5 m
Título 2,8 denier
Carga de Ruptura 3,5 x 10-5 kN
Resistência à Tração 138,3 MPa
Alongamento na Ruptura 70%
Outros materiais
Os centralizadores, os quais também são chamados de carambolas, utilizados
para centralizar as barras e as hastes no eixo dos grampos, foram confeccionados na
própria obra.
A mangueira empregada para a reinjeção, denominada de tubo manchete, é
plástica e apresenta diâmetro de 10 mm. A confecção do tubo manchete consistiu na
realização de pequenos orifícios, feitos com alicate, espaçados a cada 0,30 m, os quais
101
foram vedados com fita crepe. Por esses orifícios libera-se a pasta de cimento para o
interior da perfuração durante a reinjeção.
Os isopores (Figura 4.18) e as espumas (Figura 4.19), utilizados para vedação da
extremidade final dos grampos não convencionais, foram moldados com o diâmetro dos
furos, sendo aproximadamente de 100 mm, e comprimentos aproximados de 0,10 m e
0,70 m, respectivamente.
Figura 4.18 – Isopor moldado com o diâmetro do furo de 100 mm para
a vedação do fundo dos grampos não convencionais.
Figura 4.19 – Espuma moldada com o diâmetro do furo de 100 mm para
a vedação da extremidade final dos grampos não convencionais.
102
Pasta de cimento e argamassa com fibras
O cimento utilizado para a preparação da pasta de cimento e da argamassa
adicionada de fibras foi o mesmo utilizado na obra, sendo o CPIII – 40 RS da marca
Nassau, o qual é comercializado em sacos de 50 kg. O aditivo plastificante concentrado
utilizado foi o Vedalit da marca Vedacit Impermeabilizantes. A água e a areia
empregada nas misturas foram as mesmas disponíveis no canteiro para servir à obra.
O traço em peso adotado para a pasta de cimento dos grampos convencionais
(GC) foi de 1,0:0,44:0,009, sendo respectivamente cimento, água e aditivo. Já o traço
em peso adotado para a argamassa reforçada com fibras de polipropileno (GP) foi de
1,0:0,44:0,1:0,005:0,009, sendo respectivamente cimento, água, areia, fibras e aditivo.
Para a pasta de cimento utilizada na reinjeção dos grampos com fibras, o traço em peso
adotado (GP) foi de 1,0:0,5, sendo respectivamente cimento e água.
O traço adotado para a pasta de cimento foi semelhante à utilizada para a injeção
em grampos e tirantes da obra. Já no preparo do traço da argamassa com fibras de
polipropileno foram utilizados como base os traços adotados por Magalhães (2005) e
Leite (2007). O traço da argamassa com fibras se apresenta muito semelhante aos traços
adotados por distintos autores, descritos no Capítulo 3.
Foram asseguradas as condições necessárias de trabalhabilidade no campo para
o material compósito no estado fresco, as quais possibilitaram o processo de mistura e
injeção no interior dos furos com êxito, conforme discutido no Capitulo 3.
O volume de fibras incorporado foi 0,3 % do volume de argamassa. De acordo
com o Capitulo 3, quando o volume incorporado é inferior a 0,5 %, a fibra atua como
um reforço secundário, com a finalidade de controlar a fissuração da matriz.
Na Tabela 4.5 é apresentada a dosagem dos materiais adotada para a preparação
da pasta de cimento dos grampos convencionais (GC), da argamassa e da pasta de
cimento dos grampos não convencionais (GP).
103
Tabela 4.5 – Dosagem adotada para a preparação das misturas.
Grampos Cimento Água Areia Fibra Aditivo
Convencionais (GC) Pasta para bainha 50 kg 22,0 L - - 450 ml
Não convencionais (GP) Argamassa para bainha 50 kg 22,0 L 5 kg 250 g 450 ml
Pasta para reenjeção 50 kg 25,0 L - - -
As barras de aço dos grampos convencionais instrumentados e não
instrumentados, as hastes instrumentadas dos grampos não convencionais, as fibras,
espumas, isopores e equipamentos necessários a realização das atividades de campo,
foram transportados do laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ para a área
experimental, em um caminhão da empresa SEEL, especialmente preparado para
acomodar as barras instrumentadas.
Para o transporte seguro das barras e hastes instrumentadas foram utilizados
suportes de madeira e o conjunto foi envolto por uma lona plástica comum. Este
procedimento impediu eventuais danos, durante o transporte, que pudessem
comprometer o funcionamento dos strain gages.
4.5 Processo de instalação dos grampos no talude
Para a instalação dos grampos convencionais e não convencionais foram
realizadas perfurações com diâmetro de 250 mm no muro de concreto. Após a passagem
do muro, já no solo residual, o diâmetro das perfurações passou para 101,6 mm ou 4”
(Figura 4.20), com inclinação de 15° com a horizontal e comprimentos de acordo com o
projeto.
A altura dos furos em relação à base do talude onde os grampos foram inseridos
variou de 1,5 m a 1,0 m, da direita para a esquerda, devido à inclinação de 2° da via de
pedestres e veículos no pé do talude. Os grampos mantiveram-se alinhados na
horizontal. Essa altura foi escolhida de modo a facilitar os trabalhos de perfuração,
instalação dos grampos, montagem e execução dos ensaios de campo.
Para a perfuração do maciço foi utilizada uma perfuratriz modelo MK600, com
martelo de 1,0 m e hastes de 1,5 m, sendo uma rotativa hidráulica de via seca. As
perfurações dos grampos não foram lavadas. O espaçamento entre os grampos mais
104
próximos foi de 0,60 m de eixo a eixo e dos grampos mais distantes foi de 2,4 m de eixo
a eixo.
Figura 4.20 – Furo de 250 mm de diâmetro realizado no muro de concreto
e furo de 100 mm de diâmetro realizado no solo.
A Figura 4.21 apresenta um esquema em planta com os comprimentos de
perfuração realizadas no talude, através de uma vista superior, para instalação dos
grampos convencionais (GC) e dos grampos não convencionais (GP).
Figura 4.21 – Esquema em planta dos comprimentos de perfuração.
105
O processo executivo dos grampos convencionais (GC) consistiu na injeção da
pasta de cimento do fundo para a superfície dos furos, por gravidade, com auxílio de um
tubo de PVC de 40 mm. Os equipamentos utilizados para a preparação e injeção dos
grampos convencionais foram um misturador de funil e uma bomba GSA900 (Figura
4.22). Em seguida, foram inseridas nos furos as barra de aço, envoltas por espuma em
seu primeiro metro. Nos grampos convencionais não houve reinjeção.
Figura 4.22 – Equipamentos utilizados para a preparação e injeção da pasta de cimento.
Foram gastos no total quatorze sacos de cimento, mais de trezentos litros de
água e seis litros de aditivo na preparação da pasta de cimento para injeção dos grampos
convencionais (GC). Porém, nem todo este material foi injetado devido às perdas e a
necessidade de preenchimento da mangueira desde a bomba de injeção até a boca da
mesma no interior dos furos.
O processo executivo dos grampos não convencionais (GP) consistiu na
colocação da espuma no fundo do furo, posterior colocação do isopor, posicionamento
das hastes com os strain gages, centralizadores e mangueira de reinjeção. Por fim, foi
realizada a preparação da mistura de argamassa com fibras de polipropileno na dosagem
estabelecida (Figura 4.23) e injeção da mesma nos furos (Figura 4.24).
106
Figura 4.23 – Preparação da mistura de argamassa com fibras de polipropileno.
Figuras 4.24 – Injeção da argamassa com fibras de polipropileno.
Após quatro horas da instalação dos grampos no talude foi realizada uma
reinjeção com pasta de cimento (Figura 4.25). O objetivo desta reinjeção foi de garantir
o preenchimento de vazios que possam ter permanecido após a primeira fase de injeção,
chamada bainha, além de melhorar o contato grampo-solo.
Os equipamentos utilizados para a preparação e reinjeção dos grampos
compostos por argamassa reforçada com fibras foram os mesmos utilizados nos
grampos convencionais, sendo um misturador de funil e uma bomba GSA900.
107
Figuras 4.25 – Reinjeção com pasta de cimento.
O equipamento utilizado para a preparação da mistura da argamassa com fibras
foi o misturador de haste vertical (Figura 4.26) e o equipamento utilizado para a injeção
foi a máquina P13 (Figura 4.27).
Figura 426 – Misturador de haste vertical utilizado para a preparação da argamassa com fibras.
108
Figura 4.27 – Máquina P13 utilizada para a injeção da argamassa com fibras.
Foram gastos no total oito sacos de cimento, mais de cento e setenta litros de
água e três litros de aditivo, quarenta quilos de areia e dois quilos de fibras de
polipropileno na preparação da argamassa com fibras para injeção dos grampos não
convencionais. Para a reinjeção foram gastos quatro sacos de cimento e cem litros de
água. O material preparado para a injeção e reinjeção não foi totalmente consumido nos
grampos, devido às perdas e a necessidade de preenchimento da mangueira desde a
bomba de injeção até a boca da mesma no interior dos furos.
Juntamente com a execução dos grampos convencionais (GC) e não
convencionais (GP), tubos de PVC de 0,05 m de diâmetro e 1,0 m de comprimento
foram preenchidos com a pasta de cimento e com a argamassa reforçada com fibras de
polipropileno. Esses tubos serviram de molde para corpos-de-prova utilizados em
ensaios de laboratório.
4.6 Ensaios de campo
Em campo foram realizados ensaios de arrancamento nos grampos
convencionais (GC) e ensaios de empurramento nos grampos não convencionais (GP).
Os procedimentos adotados para a execução dos ensaios são descritos neste item.
109
4.6.1 Ensaio de arrancamento
Foram realizados ensaios de arrancamento nos seis grampos convencionais,
denominados: GC-1, GC-2, GC-3, GC-4, GC-5 e GC-6, com período de cura de
aproximadamente vinte e cinco dias. Como embasamento, foi adotada a descrição do
ensaio realizada por Proto Silva (2005), Magalhães (2005), Springer (2006) e Leite
(2007).
Os equipamentos utilizados para a realização dos ensaios foram: dois medidores
elétricos de deslocamento da GEFRAN (LVDTs); uma célula de carga com capacidade
de 600 kN (60 toneladas); um conjunto macaco hidráulico-bomba-manômetro de
capacidade de 1000 kN (100 toneladas) da ENERPAC, com manômetro da marca
Nuova Fima; porcas; placas; e um sistema de aquisição de dados ligado à energia
elétrica, composto por um computador, uma placa de aquisição de dados, uma caixa de
passagem com as pontes de Wheastone, uma fonte de 10 Volts e um estabilizador
(Figura 4.28).
Figura 4.28 – Equipamentos do sistema de aquisição de dados.
Optou-se pelo uso de medidores elétricos de deslocamento (LVDTs) ao invés de
extensômetro analógico/relógio comparador para medir os deslocamentos da cabeça dos
grampos durante a realização dos ensaios, por motivos de segurança. O extensômetro
analógico/relógio comparador necessita de uma pessoa próxima ao grampo para efetuar
Computador Caixa de pas. Estabilizador Fonte 10V
Placa de aquisição
de dados
110
as leituras, sendo muito perigosa essa aproximação, uma vez que o grampo pode vir a
romper de forma brusca durante o ensaio.
As medidas de força (fornecida pela célula de carga), deslocamento (fornecido
pelos LVDTs) e deformação (fornecidos pelos strain gages) foram monitoradas de
forma automática, pelo sistema de aquisição de dados, durante a realização dos ensaios
de arrancamento. A Figura 4.29 apresenta o esquema de funcionamento do sistema de
aquisição de dados.
Figura 4.29 – Esquema de funcionamento do sistema de aquisição de dados.
Cada um dos strain gages, colados às barras de aço dos grampos, transmitiam
sinais de variação de resistência elétrica através dos seus cabos, que foram ligados a
uma caixa de passagem, especialmente construída para este tipo de instrumentação. Esta
caixa de passagem, contendo as pontes completas de Wheatstone, também dispunha de
dois canais para a conexão dos dois medidores elétricos de deslocamento (LVDTs) e um
canal para a conexão da célula de carga.
A caixa de passagem foi conectada a um dispositivo com uma placa de aquisição
de dados e a uma fonte de eletricidade, alimentada com 10 Volts e ligada a um
estabilizador. A fonte alimentava os strain gages, a célula de carga e os medidores de
deslocamento. A placa de aquisição de dados foi conectada a um computador, sendo
ambos também ligados ao mesmo estabilizador.
Durante a realização dos ensaios, os sinais elétricos provenientes dos strain
gages, dos medidores elétricos de deslocamento (LVDTs) e da célula de carga eram
enviados para a placa de aquisição de dados que fazia a decodificação das leituras de
voltagem e as enviava para o computador ao qual estava conectada. Este computador
continha um programa de aquisição de dados que compilava todas as informações. Ao
111
término de cada ensaio, os dados eram armazenados em unidades de voltagem para
posteriormente serem transformados em unidades de deformação, de deslocamento e de
carga.
O sistema de aplicação de carga do ensaio de arrancamento foi instalado no
trecho inicial de cada barra de aço, externa ao talude. A sequência de instalação dos
equipamentos sobre a barra de aço é: (i) placa de aço de reação apoiada na face do
muro, (ii) placa(s) de ajuste devido à inclinação do talude, (iii) macaco hidráulico, (iv)
célula de carga centralizada entre duas placas, e (v) duas porcas para fixação (Figura
4.30).
Figura 4.30 – Sistema de aplicação de carga do ensaio de arrancamento.
Os dois medidores elétricos de deslocamento (LVDTs) tinham suas hastes em
contato à última placa do conjunto. Esta placa foi fixada entre as duas porcas e a célula
de carga no grampo a ser ensaiado. Os apoios dos medidores de deslocamento foram
fixados em um suporte composto por uma barra de aço rosqueável embutida em um
bloco de concreto, com uma placa de suporte e duas porcas. Estas porcas se
encontravam abaixo e acima da placa suporte, possibilitando o seu ajuste de altura para
que os medidores de deslocamento fossem posicionados na altura do grampo a ser
ensaiado.
Durante a montagem dos equipamentos, sobre a barra de aço de cada grampo,
foi tomado o devido cuidado para que os eixos dos mesmos estivessem o mais paralelo
possível em relação ao eixo do grampo. Também foram verificadas as hastes dos
Placas
Célula Macaco
Porcas LVDTs
Suportes LVDTs
AÇÃO REAÇÃO
112
medidores de deslocamento, depois de posicionadas, assegurando que as mesmas
estivessem paralelas ao eixo de grampo.
O ensaio de arrancamento era iniciado após a estabilização das leituras da célula
de carga, dos medidores de deslocamento e dos strain gages. As cargas foram aplicadas
em incrementos de 0,98 MPa (10 kgf/cm²). Os deslocamentos lidos pelos LVDTs e as
leituras da célula de carga, bem como dos strain gages eram acompanhados e
registrados no computador durante o ensaio. Entre cada estágio de carregamento, era
aguardado um período de tempo de, aproximadamente, 1 minuto para a estabilização
das leituras.
Ao ser atingida a condição de ruptura, definida por uma ruptura plástica
(deslocamentos crescentes sem incremento de carga) ou frágil (com a presença de pico),
iniciava-se o descarregamento e a finalização do ensaio.
Depois de realizados todos os ensaios de arrancamento nos grampos
convencionais, os furos no muro de concreto foram fechados com pasta de cimento.
Este procedimento visou dar maior rigidez às barras de aço, visto que posteriormente
estas barras seriam utilizadas para suporte e fixação de uma viga de reação utilizada
para o ensaio de empurramento nos grampos não convencionais.
4.6.2 Ensaio de empurramento
Foram realizados ensaios de empurramento nos seis grampos não convencionais,
compostos por argamassa com fibras de polipropileno, sendo quatro grampos com
2,0 m de comprimento, denominados: GP 2-1, GP 2-2, GP 2-3, GP 2-4, e dois grampos
com 1,0 m de comprimento, denominados: GP 1-1 e GP1-2. O período de cura de todos
os grampos foi de aproximadamente cinquenta e cinco dias.
Os equipamentos utilizados para o ensaio de empurramento foram os mesmos
utilizados para o ensaio de arrancamento, sendo eles: dois medidores elétricos de
deslocamento da GEFRAN (LVDTs); uma célula de carga com capacidade de 600 kN
(60 toneladas); um conjunto macaco hidráulico-bomba-manômetro da ENERPAC com
manômetro; porcas; placas; e um sistema de aquisição de dados ligado.
Além desses equipamentos, foi utilizada uma viga de reação apoiada e fixada às
barras dos grampos convencionais (GC), já ensaiados, externos à linha de grampos não
convencionais (GP), conforme ilustra a Figura 4.31.
113
Figura 4.31 – Viga de reação utilizada nos ensaios de empurramento dos grampos com fibras.
Também foi utilizado um tubo metálico prolongador (Figura 4.32), para que o
macaco hidráulico transmitisse a carga diretamente na cabeça do grampo, pois a mesma
situava-se após a capa de concreto, no interior do talude.
Figura 4.32 – Tubo metálico prolongador utilizado nos ensaios de empurramento.
A viga de reação, bem com o tubo metálico prolongador foram fabricados
especialmente para possibilitar a realização do ensaio de empurramento. A configuração
do tubo metálico foi de 100 mm de diâmetro e 0,90 m de comprimento entre topo e
base.
Ligação com a
cabeça do grampo
Ligação com o
macaco hidráulico
GC GC
GP
Base do tubo Topo do tubo
114
O topo do tubo prolongador e o início do seu tronco foram providos de uma
abertura para permitir a passagem dos cabos dos strain gages (Figura 4.33). A base do
tubo possuía uma entrada para encaixe da barra de aço, utilizada para suporte dos
equipamentos necessários ao ensaio de empurramento. (Figura 4.34)
Figuras 4.33 – Abertura no topo do tubo prolongador e no início do seu tronco para a passagem
dos cabos dos strain gages.
Figuras 4.34 – Abertura na base do tubo prolongador para encaixe da barra de aço.
A sequência da montagem dos equipamentos para a realização do ensaio de
empurramento (Figuras 4.35 e 4.36) consistiu: (i) posicionamento da viga de reação e
Cabos dos
strain gages
Topo do tubo
prolongador
Base do tubo
prolongador
Abertura para encaixe
da barra de aço
115
fixação da mesma, com auxílio de placas e porcas nos grampos convencionais (GC)
externos aos grampos não convencionais (GP); (ii) colocação do prolongador encaixado
na cabeça do grampo já com os cabos dos strain gages devidamente orientados para
fora do furo; (iii) posicionamento da célula de carga entre duas placas, e posterior
posicionamento do macaco com a placa de encaixe, apoiados sobre a barra de aço
suporte, sendo esta barra apoiada à viga de reação e encaixada ao tubo metálico
prolongador.
Figura 4.35 – Início da montagem dos equipamentos para o ensaio de empurramento.
Figura 4.36 – Equipamentos montados para o ensaio de empurramento.
Viga de reação
Célula
de carga
Placas
Tubo prolongador
Barra de aço suporte
Macaco Célula
de carga
LVDTs
GC
GC
GP
AÇÃO REAÇÃO
Tubo
prolongador
Placa de
encaixe
Viga
116
As hastes dos dois medidores elétricos de deslocamento (LVDTs) foram
colocadas em contato a uma madeira, fixada entre as duas placas externas a célula de
carga. Os apoios dos medidores de deslocamento foram fixados ao macaco hidráulico.
Da mesma forma que no ensaio de arrancamento, durante a montagem dos
equipamentos foi tomado o devido cuidado para que os eixos dos mesmos estivessem o
mais paralelo possível em relação ao eixo do grampo não convencional. Também foram
verificadas as hastes dos medidores de deslocamento, depois de posicionadas,
assegurando que as mesmas estivessem paralelas ao eixo de grampo.
O procedimento seguido para a execução do ensaio de empurramento foi o
mesmo adotado para o ensaio de arrancamento. Os incrementos de carga foram iguais a
0,98 MPa (10kgf/cm²) e as medidas de força, deslocamento e deformação foram
monitoradas de forma automática pelo sistema de aquisição de dados. Ao ser atingida a
condição de ruptura, definida por uma ruptura frágil (pico) ou uma ruptura plástica
(deslocamentos crescentes sem incremento de carga), iniciava-se o descarregamento e a
finalização do ensaio.
O conjunto macaco-bomba-manômetro da ENERPAC, com capacidade de
600 kN (60 toneladas), e manômetro da Famabras foi utilizado para os ensaios dos
grampos GP 2-1, GP 1-1 e GP 2-2. Para os grampos GP 2-3, GP 1-2, e GP 2-4 foi
empregado outro conjunto macaco-bomba-manômetro, com capacidade de 1000 kN
(100 toneladas), e manômetro da Nuova Fima, sendo o mesmo utilizado nos ensaios de
arrancamento dos grampos convencionais. O motivo da utilização de dois conjuntos
distintos foi à disponibilidade dos mesmos na obra.
Os cabos dos strain gages dos grampos foram danificados e rompidos durante a
execução dos ensaios de empurramento, sendo esmagados pelo topo do tubo
prolongador, devido ao modo sinuoso como os mesmos se conformaram após o
endurecimento da argamassa com fibras injetada nos furos.
4.7 Exumação dos grampos
O processo de exumação consiste na escavação do talude até a cota de instalação
dos grampos para análise tanto do maciço de solo quanto do grampo, sendo a última
atividade realizada em campo. Foi tomado como base o procedimento realizado por
Magalhães (2005) e Springer (2006).
117
4.7.1 Escavação do talude
A parte superior do talude, onde os grampos foram instalados e ensaiados, foi
escavada e removida através de um corte vertical e contida com a execução de solo
grampeado no seu lado esquerdo e cortina atirantada no seu lado direto, como mostra a
Figura 4.37.
Figura 4.37 – Área escavada para a exumação dos grampos (GC e GP).
Para o desmonte do talude, inicialmente foi retirado o muro de concreto
(Figura 4.38 a), seguido da retirada do solo em excesso no entorno dos grampos, sendo
utilizada para isso uma retroescavadeira (Figura 4.38 b). Em seguida, próximo aos
grampos, foi realizada uma escavação foi manual com a utilização de enxadas,
cavadeiras, picaretas, colheres de pedreiro e escovas de aço (Figura 4.38 c). Foi
necessária a utilização de martelete, em alguns casos, para facilitar a retirada dos
grampos, devido à grande resistência do solo no entorno dos mesmos (Figura 4.38 d).
Solo grampeado Cortina atirantada
GC e GP
GC e GP
118
Figura 4.38 – Sequência de desmonte do talude para exumação dos grampos: (a) retirada o muro
de concreto, (b) retirada do solo em excesso, (c) escavação manual e limpeza dos grampos e
(d) utilização de martelete em solo de transição para alteração de rocha.
Os grampos foram cuidadosamente expostos, medidos e marcados a cada 0,50
m, analisados e fotografados. Somente depois de realizadas estas atividades, os grampos
foram retirados do talude (Figura 4.39 a) e transportados (Figura 4.39 b) para o local de
armazenamento.
Figura 4.39 – Retirada dos grampos exumados: (a) remoção e (b) transporte.
(a) (b)
(d) (c)
(a) (b)
119
Os grampos foram lavados com água e escovados utilizando uma escova de aço,
de modo a retirar o máximo possível de material fixado a eles. Após a limpeza, os
mesmos foram minuciosamente examinados e fotografados, sendo verificadas as
fissuras presentes ao longo de sua extensão e as suas imperfeições de conformação. Os
comprimentos e os diâmetros a cada 0,50 m foram novamente verificados. No total
foram necessários sete dias de trabalho para a realização de todas as etapas que
compunham o processo de exumação dos grampos.
Ao exumar os grampos foi possível visualizar o solo circundante e suas
variações ao longo da extensão de cada grampo. A exumação também possibilitou a
inspeção da geometria, integridade e homogeneidade dos grampos. Durante as
escavações, foi realizada a coleta de amostras indeformadas e deformadas de solo para a
posterior realização de ensaios de laboratório.
4.7.2 Exumação dos grampos convencionais
Foram exumados três dos seis grampos convencionais, sendo os denominados
GC-4, GC-5 e GC-6. As Figuras 4.40, 4.41 e 4.42 apresentam a exumação realizada
nesses grampos, os quais se localizavam no lado direito do talude.
A partir das Figuras 4.40, 4.41 e 4.42 observa-se que:
� Os grampos GC-4, GC-5 e GC-6 encontravam-se envoltos por solo residual jovem
até seus primeiros 3,0 m de comprimento, aproximadamente, sendo o restante
envolto por material de transição para alteração de rocha;
� O grampo GC-4 atravessou três descontinuidades do maciço, sendo a primeira a
35 cm, seguida de outra a 1,25 m e a última a 1,60 m da cabeça do grampo;
� O grampo GC-5 atravessou uma descontinuidade do maciço, situada a 40 cm da
cabeça do grampo;
� O grampo GC-6 atravessou transversalmente três descontinuidades do maciço,
localizadas a 2,3 m, 3,5 m e 4,0 m da cabeça do grampo.
Foi denominada falha uma descontinuidade de estrutura geológica qualquer presente
no maciço reliquiar da rocha mãe, apresentando pouca espessura e uma coloração
marrom-avermelhada dada pela oxidação do material.
120
Figura 4.40 – Exumação do grampo convencional GC-4.
Figura 4.41 – Exumação do grampo convencional GC-5.
Figura 4.42 – Exumação do grampo convencional GC-6.
GC-4
GC-5
GC-6
121
� Nos últimos 30 cm de espuma do grampo GC-4 foram observados blocos fixados,
provindos da composição do maciço naquele trecho. Logo após o término da
espuma havia uma região com deficiência de pasta de cimento, provavelmente
devido à pressão insuficiente de injeção, apresentando 35 cm de extensão, com um
vazio entre a parede do furo e a barra de aço (Figura 4.43);
Figura 4.43 – Detalhe do grampo convencional GC-4.
� No grampo GC-6 também foi constatada uma região com deficiência de pasta de
cimento, logo após o término da espuma que compunha o primeiro metro do
mesmo, com 50 cm de extensão. Esta deficiência foi devida, provavelmente à
pressão insuficiente de injeção, apresentando um vazio entre a parede do furo e a
barra de aço (Figura 4.44);
122
Figura 4.44 – Detalhe do grampo convencional GC-6.
� Os grampos convencionais GC-4 e GC-6 foram executados com 4,00 m. Já o
grampo convencional GC-5 foi executado com 4,16 m de comprimento;
� Os diâmetros medidos ao longo do grampo GC-4 sofreram variações consideráveis.
Já o grampo GC-5 mostrou diâmetros mais uniformes ao longo do seu comprimento,
com apenas pequenas variações. O grampo GC-6 também sofreu variações
consideráveis de diâmetro, aumentado sensivelmente de diâmetro ao atravessar a
primeira e posteriormente a segunda falha do maciço (Figura 4.45).
Figura 4.45 – Aumento do diâmetro do grampo convencional GC-6 em região de falha.
123
Na Tabela 4.6 são apresentados os diâmetros medidos a cada 0,50 m de
comprimento dos grampos convencionais GC-4, GC-5 e GC-6.
Tabela 4.6 – Diâmetros medidos ao longo dos grampos convencionais.
Grampo Comprimento (m) 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
GC-4
Diâmetro (mm)
160 160 230 140 145 130 130 130 130
GC-5 150 135 130 135 130 130 125 115 125
GC-6 140 145 165 195 210 170 185 140 140
As variações de diâmetro acentuadas ao longo dos grampos podem ser
relacionadas com a presença de falhas, as mudanças no material que compõe o talude,
sendo solo residual e material de transição para alteração de rocha, a presença de raízes
de plantas como árvores e blocos de rocha mais intemperizados.
Nesses locais o solo apresenta-se mais intemperizado e consequentemente
menos resistente, sendo mais suscetíveis ao aumento de diâmetro durante a injeção da
pasta de cimento, devido à pressão de injeção que remove os grãos de solo e os
incorpora ao grampo.
A perfuração executada no talude para a instalação dos grampos foi realizada
com diâmetro aproximado de 101,6 mm (4 polegadas). No entanto, os grampos
convencionais mostraram um aumento de diâmetro inerente ao processo de perfuração,
no qual o diâmetro perfurado é maior que o da perfuratriz. Assim, pode-se inferir que o
aumento do diâmetro também esta ligado ao processo de execução do furo.
4.7.3 Exumação dos grampos não convencionais:
As Figuras 4.46 a 4.51 apresentam, respectivamente, uma visão geral da
exumação dos grampos não convencionais GP 2-1, GP 1-1e GP 2-2 situados no lado
esquerdo do talude e dos grampos GP 2-3, GP 1-2 e GP 2-4 situados no lado direito do
talude.
124
Figura 4.46 – Exumação do grampo não convencional GP 2-1.
Figura 4.47 – Exumação do grampo não convencional GP 1-1.
Figura 4.48 – Exumação do grampo não convencional GP 2-2.
GP 2-1
GP 1-1
GP 2-2
125
Figura 4.49 – Exumação do grampo não convencional GP 2-3.
Figura 4.50 – Exumação do grampo não convencional GP 1-2.
Figura 4.51 – Exumação do grampo não convencional GP 2-4.
GP 2-3
GP 1-2
GP 2-4
126
A partir das Figuras 4.46 a 3.51 verifica-se que:
� Os grampos GP 2-1, GP 2-2, GP 2-3 e GP 2-4 encontravam-se, em sua totalidade,
envoltos por solo residual jovem, estando apenas as suas espumas inseridas em
material de transição para alteração de rocha;
� Os grampos GP 1-1 e GP 1-2 encontravam-se, em sua totalidade, envoltos por solo
residual jovem, incluindo as suas espumas;
� Não foi possível visualizar falhas transversais do maciço as quais os grampos
GP 2-1, GP 1-1, GP 2-2, GP 2-3 e GP 1-2 tenham atravessado;
� Apenas no grampo GP 2-4 foi possível visualizar uma falha transversal no maciço a
2,50 m da sua cabeça, onde neste trecho já se encontrava a espuma;
� O isopor e a espuma presentes no fundo dos furos de todos os grampos não
convencionais foram envoltos por argamassa e/ou pasta de cimento da reinjeção nos
seus trechos iniciais, mostrando que o sistema proposto de vedação (isopor) não foi
totalmente eficaz;
� Os trechos iniciais dos grampos GP 2-1 e GP 2-3, cerca de 30 cm, apresentaram
grande concentração de fissuras longitudinais, e concentrações mais reduzidas nos
10 cm seguintes, com pouquíssimas fissuras transversais, totalizando 40 cm de
grampo com a presença de fissuras longitudinais relevantes (Figura 4.52 a e b);
Figura 4.52 – Fissuras na cabeça dos grampos: (a) GP 2-1 e (b) GP 2-3.
� Os grampos GP 2-2 e GP 2-4 também apresentaram concentrações elevadas de
fissuras longitudinais nos primeiros 20 cm, e concentrações reduzidas de fissuras
nos 20 cm seguintes, com pouquíssimas fissuras transversais, totalizando 40 cm de
grampo com a presença de fissuras longitudinais acentuadas (Figura 4.53 a e b);
(a) (b)
127
Figura 4.53 – Fissuras na cabeça dos grampos: (a) GP 2-2 e (b) GP 2-4.
� Os grampos GP 1-1 e GP 1-2 apresentaram concentrações elevadas de fissuras
longitudinais ao longo dos 20 cm iniciais, e concentrações mais reduzidas de
fissuras nos 10 cm seguintes, com pouquíssimas fissuras transversais, totalizando
30 cm de grampo com a presença de fissuras longitudinais (Figura 4.54 a e b);
Figura 4.54 – Fissuras na cabeça dos grampos: (a) GP 1-1 e (b) GP 1-2.
� Pode-se deduzir que as fissuras longitudinais intensas e predominantes, presentes
nas cabeças dos grampos não convencionais, foram muito provavelmente
provocadas pelo ensaio de empurramento;
� Ao longo do comprimento restante dos grampos GP 2-1, GP 2-2, GP 1-1 e GP 1-2
foi verificada a presença de vazios localizados no topo, provavelmente devida à
pressão insuficiente imposta durante o processo de reinjeção para completar o furo
em sua plenitude (Figura 4.55 a, b, c e d);
(a) (b)
(a) (b)
128
Figura 4.55 – Imperfeições localizadas ao longo do topo dos grampos: (a) GP 2-1;
(b) GP 2-2; (c) GP 1-1 e (d) GP 1-2.
� Os grampos GP 2-3 e GP 2-4 encontraram-se íntegros e plenamente preenchidos;
� Os grampos com fibras apresentaram pequenas variações dimensionais ao longo do
seu comprimento. Porém, os diâmetros medidos foram superiores ao diâmetro da
perfuração, igual a 101,6 mm (4 polegadas).
As características geométricas dos grampos não convencionais são apresentadas na
Tabela 4.7 e 4.8.
(a) (b)
(c) (d)
129
Tabela 4.7 – Comprimentos dos grampos não convencionais.
Grampo Comprimento (m)
Somente grampo
Comprimento total (m)
Grampo + isopor + espuma
GP 2-1 2,00 2,70
GP 1-1 1,10 1,85
GP 2-2 2,10 2.85
GP 2-3 2,20 3,00
GP 1-2 1,15 1,95
GP 2-4 2,20 2,90
Tabela 4.8 – Diâmetros medidos ao longo dos grampos não convencionais.
Grampo Comprimento (m) 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00
GP 2-1
Diâmetro (mm)
140 130 130 130 135 - -
GP 1-1 140 130 130 130 - - -
GP 2-2 140 135 135 130 130 - -
GP 2-3 130 130 130 130 130 - -
GP 1-2 135 135 130 - - - -
GP 2-4 140 130 130 130 130 125 130
O aumento do diâmetro pode estar associado ao processo de execução do furo e
ao material que compõem o talude. Esta suposição pode ser confirmada através das
medidas de diâmetro realizadas nas espumas dos grampos não convencionais, as quais
foram envoltas por argamassa e/ou pasta de cimento da reinjeção e apresentaram o
mesmo diâmetro do restante do corpo dos grampos.
4.8 Ensaios de laboratório
Foram realizados ensaios de caracterização (análise granulométrica, limites de
liquidez e de plasticidade, umidade higroscópica e massa específica real dos grãos de
solo) e ensaios de cisalhamento direto nas amostras de solo retiradas do talude dos
grampos. Também foram realizados ensaios de compressão uniaxial e diametral com a
pasta de cimento e a argamassa de fibras utilizadas na composição dos grampos
convencionais e com fibras, respectivamente.
130
4.8.1 Ensaios em solo
Para permitir a realização dos ensaios de caracterização e cisalhamento direto
foram coletadas amostras de solo representativas de dois tipos de materiais presentes no
maciço próximo aos grampos. Foram amostrados os materiais denominados de SRJ,
Solo Residual Jovem a 1,0 m da face do talude, e TAR, material de Transição para
Alteração de Rocha (Figura 4.56) a 3,5 m da face do talude e próximo aos grampos
GP 2-4 e GC-6. A coleta das amostras ocorreu durante o processo de exumação dos
grampos.
Figura 4.56 – Coleta de amostras do material de transição para alteração de rocha.
Ensaios de caracterização
Os ensaios de caracterização foram realizados de acordo com as normas
NBR 7181/84: Análise granulométrica de solos, NBR 6459/84: determinação do limite
de liquidez, NBR 7180/84: determinação do limite de plasticidade e NBR 6508/84:
determinação da massa específica aparente.
Tomaram-se os cuidados necessários com relação à granulometria e
sedimentação com defloculante. Sendo assim, a partir das amostras deformadas foram
realizados: limites de liquidez (LL) e de plasticidade (LP), umidade higroscópica,
umidade natural (w), densidade real dos grãos (Gs), peso específico aparente seco (γd) e
índice de vazios (e).
131
Os resultados são apresentados na Tabela 4.9, onde os materiais SRJ e TAR,
denominados de solo residual jovem e material de transição para alteração de rocha,
respectivamente, apresentam-se não plásticos (NP). O solo residual jovem (SRJ)
apresenta densidade real dos grãos (Gs) de 2,621, peso específico seco (γd) de
17,69 kN/m³ e índice de vazios (e) de 0,445. Já o material de transição para alteração de
rocha (TAR) apresenta densidade real dos grãos (Gs) de 2,629, peso específico seco (γd)
de 19,54 kN/m3 e índice de vazios (e) de 0,320.
Tabela 4.9 – Resultados dos ensaios de caracterização.
Material SRJ TAR
Ponto da coleta em relação a face do talude (m) 1,0 3,5
Limite de Liquidez LL (%) Não Plástico - NP Não Plástico - NP
Limite de Plasticidade LP (%) Não Plástico - NP Não Plástico - NP
Umidade Higroscópica (%) 0,140 0,101
Umidade natural w (%) 7,64 5,35
Densidade Real dos Grãos (Gs) 2,621 2,629
Peso específico aparente seco (γd) kN/m3 17,69 19,56
Índice de vazios (e) 0,445 0,320
As curvas de distribuição granulométrica dos dois materiais coletados são
apresentadas nas Figuras 4.57 e 4.58. Tais curvas indicam solos bem graduados, sendo o
material SRJ desuniforme e o material TAR mediamente uniforme. O material SRJ
apresenta 77 % de areia, 19% de silte e 4% de argila. E material TAR apresenta 85% de
areia, 13% de silte e 2% de argila. Os dois materiais são classificados como areia
siltosa.
Figura 4.57 –
Figura 4.58 – Curva granulométrica
Curva granulométrica – Solo residual jovem (SRJ)
Curva granulométrica – Material de transição para alteração de rocha
132
(SRJ).
para alteração de rocha (TAR).
133
Ensaios de cisalhamento direto
Os ensaios de cisalhamento direto foram executados em uma presa da marca
Wykeham Farrance, contendo um sistema de aquisição de dados automatizado, no
Laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ. Os corpos-de-prova utilizados nos ensaios
de cisalhamento direto possuíam: 6,0 cm de lado e 2,5 cm de altura. As tensões normais
utilizadas para os ensaios foram iguais a 25, 50, 100, 200 e 300 kPa e a velocidade de
deslocamento controlada adotada para o ensaio foi de 0,045 mm/min.
As amostras indeformadas foram inundadas/submersas para a realização dos
ensaios de cisalhamento direto. As curvas tensão cisalhante-deslocamento horizontal e
deslocamento vertical-deslocamento horizontal, obtidas através dos ensaios realizados
para cada material, são apresentadas nas Figuras 4.59 e 4.60, e as suas respectivas
envoltórias de resistência são apresentadas nas Figuras 4.61 e 4.62.
134
(a) Tensão cisalhante-deslocamento horizontal
(b) Deslocamento vertical-deslocamento horizontal
Figura 4.59 – Curvas do ensaio de cisalhamento direto – SRJ.
135
(a) Tensão cisalhante-deslocamento horizontal
(b) Deslocamento vertical-deslocamento horizontal
Figura 4.60 – Curvas do ensaio de cisalhamento direto – TAR.
136
Figura 4.61 – Envoltórias de resistência do SRJ.
Figura 4.62 – Envoltórias de resistência do TAR.
137
Comparando-se as curvas obtidas, a partir do ensaio de cisalhamento direito,
para os materiais SRJ e TAR, observa-se que o material de transição para alteração de
rocha (TAR) apresenta picos acentuados de resistência em relação ao solo residual
jovem (SRJ), demonstrando ser um solo mais compacto. Através das envoltórias de
resistência foram calculados os ângulos de atrito iguais a 37º para o SRJ e 54º para o
TAR, no estado submerso.
4.8.2 Ensaios em pasta de cimento e argamassa com fibras
Os corpos-de-prova dos ensaios de compressão uniaxial e diametral em foram
preparados através do corte dos tubos de PVC preenchidos em obra com argamassa
reforçada com fibras de polipropileno e com pasta de cimento.
O processo de corte dos corpos-de-prova constituiu nas seguintes etapas: corte
das extremidades (100 mm) de cada lado dos tubos de PVC com o material para
descarte, corte longitudinal das extremidades descartadas para visualização da
conformação dos materiais, corte dos tubos nas alturas adotadas para os corpos-de-
prova (Figura 4.63 a), retirada dos moldes de PVC com a utilização de uma serra
manual (Figura 4.63 b), faceamento dos corpos-de-prova através do polimento com
pastilha diamantada (Figura 4.63 c) e verificação da perpendicularidade das faces em
relação ao seu eixo longitudinal (Figura 4.63 d). Os cortes foram realizados por uma
serra elétrica com sistema de molhagem com água.
Foram preparados 8 corpos-de-prova com 100 mm de altura e 50 mm de
diâmetro para os ensaios de compressão uniaxial e 28 corpos-de-prova com 25 mm de
altura e 50 mm de diâmetro para os ensaios de compressão diametral.
Magalhães (2005) também realizou os ensaios de compressão uniaxial e
diametral em sua dissertação de mestrado, em corpos-de-prova de pasta de cimento e
argamassa com fibras, que compunham seus grampos convencionais e não
convencionais. Devido a problemas que inviabilizaram a utilização dos corpos-de-prova
moldados em obra, uma nova moldagem em condições controladas em laboratório foi
realizada pelo autor.
138
Figura 4.63 – Preparação dos corpos-de-prova para os ensaios de laboratório: (a) corte dos
tubos, (b) retirada dos moldes de PVC, (c) faceamento dos corpos-de-prova e (d) verificação da
perpendicularidade das faces em relação ao eixo longitudinal.
Ensaios de compressão uniaxial
Os ensaios de compressão uniaxial obedeceram a Norma NBR 5739/07:
Concretos – Ensaios de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. O ensaio teve como
objetivo a determinação das cargas de ruptura (Fmáx) e as resistências à compressão (σc)
dos corpos-de-prova moldados com pasta de cimento e argamassa com fibras, como
também o módulo de elasticidade (E) para as duas misturas.
Os ensaios foram realizados em uma prensa do Laboratório de Estruturas da
COPPE/UFRJ, com sistema próprio de aquisição de dados, onde os valores da carga
aplicada eram registrados, bem como os deslocamentos do pistão e os deslocamentos do
corpo-de-prova através de dois medidores elétricos de deslocamento (LVDT) instalados
diretamente na amostra (Figura 4.64).
(a)
(c)
(b)
(d)
139
Figura 4.64 – Ensaio de compressão uniaxial com medidas diretas de deformação axial.
A prensa utilizada é Shimadzu, modelo UH-F1000KNI. É uma maquina
universal hidráulica servo-controlada com capacidade de 1000 kN (100 toneladas)
automatizada (Figura 4.65 a e b).
Figura 4.65 – Equipamentos utilizados nos ensaios de laboratório: (a) prensa de 1000 kN
e (b) caixa de comando para controle de carga.
(a) (b)
140
As dimensões nominais dos corpos-de-prova para os ensaios de compressão
uniaxial foram de 100 mm de altura e 50 mm de diâmetro, satisfazendo a relação H/D
igual a 2,0.
A taxa de carregamento adotada para a realização do ensaio em corpos-de-prova
de pasta de cimento foi de 0,005 mm/min (0,1%/FS/min), a qual é costumeiramente
empregada pelo laboratório. Contudo, a taxa de carregamento aplicada no ensaio
realizado em corpos-de-prova de argamassa com fibras foi de 0,01 mm/min
(0,2%/FS/min), tornando o ensaio mais rápido e permitindo o monitoramento do
comportamento pré e pós-pico dos corpos-de-prova.
No total foram executados 8 ensaios de compressão uniaxial com medida de
módulo, sendo 3 corpos-de-prova de pasta de cimento (CUPC) e 5 corpos-de-prova de
argamassa com fibras de polipropileno (CUAP).
A Tabela 4.10 apresenta as características dos corpos-de-prova ensaiados à
compressão uniaxial.
Tabela 4.10 – Características dos corpos-de-prova ensaiados à compressão uniaxial.
CP D1 (mm) D2 (mm) H1 (mm) H2 (mm) D (mm) H (mm) H/D
CUPC-1 47,20 47,30 103,20 103,15 47,25 103,18 2,18
CUPC-2 47,50 47,30 102,45 102,40 47,40 102,43 2,16
CUPC-3 47,00 47,35 103,00 103,10 47,18 103,05 2,18
CUAP-1 47,35 47,15 103,40 103,50 47,25 103,45 2,19
CUAP-2 47,40 47,20 103,70 103,50 47,30 103,60 2,19
CUAP-3 47,20 47,45 103,50 103,40 47,33 103,45 2,19
CUAP-4 47,20 47,50 102,85 102,95 47,35 102,90 2,17
CUAP-5 47,20 47,50 103,55 103,70 47,35 103,63 2,19
D1,2: diâmetros medidos; D: valor médio dos diâmetros medidos; H1,2: alturas medidas; e
H: valor médio das alturas medidas.
A Figura 4.66 apresenta os corpos-de-prova de (a) pasta de cimento e (b)
argamassa com fibras após o ensaio de compressão uniaxial. Os corpos-de-prova de
pasta de cimento ao romperem se fragmentavam. Entretanto, os corpos-de-prova de
argamassa com fibras ao romperem não se fragmentavam, apenas apresentaram fissuras
141
no material compósito, apontando para a atuação das fibras de polipropileno, conforme
estudado no Capitulo 3.
Figura 4.66 – Corpo-de-prova de (a) pasta de cimento e (b) argamassa com fibras
após o ensaio de compressão uniaxial.
Tabela 4.11 apresenta os resultados dos corpos-de-prova ensaiados à compressão
uniaxial.
Tabela 4.11 – Resultados dos ensaios de compressão uniaxial.
CP Fmáx (kN) σc (MPa) E (GPa)
CUPC-1 83,8 47,8 28,7
CUPC-2 92,6 52,5 21,0
CUPC-3 88,8 50,8 25,0
CUAP-1 51,6 29,4 19,7
CUAP-2 63,2 35,9 21,8
CUAP-3 57,3 32,6 18,5
CUAP-4 56,6 32,2 22,9
CUAP-5 58,9 33,4 19,8
(a) (b)
142
A resistência à compressão dos corpos-de-prova de pasta de cimento variou de
46,8 a 52,5 MPa, com valor de σcmédio de 50,4 MPa, desvio padrão amostral de 2,4 MPa
e coeficiente de variação de 5%. Já resistência à compressão dos corpos-de-prova de
argamassa com fibras variou de 29,4 a 35,9 MPa, com valor de σcmédio de 32,7 MPa,
desvio padrão amostral de 2,4 MPa e coeficiente de variação de 7%.
Os resultados de resistência à compressão são superiores aos apresentados por
Magalhães (2005) para pasta de cimento (10,70 MPa), com traço em peso de
1,0:0,65:0,006 (cimento, água e aditivo) e para a argamassa com fibras (18,70 MPa),
com traço de 1,0:0,65:0,10:0,005:0,006 (cimento, água, areia, fibras e aditivo).
Sendo também superiores aos apresentados por Patrício e Barros (2005), os
quais ensaiaram argamassas de cimento, cal e areia, em duas diferentes proporções
(1:1:6 e 1:2:9) com fibras de polipropileno de 5 mm de comprimento. Os resultados de
resistência à compressão foram de 4,0 MPa e 2,1 MPa para os dois traços de argamassa
empregados, com volume de fibras de 0,5%.
Porém quando comparados com os valores resistência à compressão
apresentados por Puertas et al. (2005), verifica-se que os valores oscilaram dependendo
do tipo de cimento empregado em argamassas compostas por cimento e areia, com
fibras de polipropileno de 12 mm de comprimento, em fração volumétrica de 0,5%.
Utilizando cimento Portland com escória obtiveram 90,0 MPa, cimento Portland
48,2 MPa, cimento Portland com cinza volante 35,8 MPa e cimento Portland com
escória e cinza volante 31,2 MPa de resistência à compressão.
O módulo de elasticidade (E) foi obtido de acordo com a Norma NBR 8522/03:
Determinação dos módulos estáticos de elasticidade e de deformação e da curva tensão-
deformação.
Os corpos-de-prova de pasta de cimento apresentaram módulo de elasticidade
variando entre 21,0 e 28,7 GPa e valor médio igual a 24,9 GPa, desvio padrão amostral
de 3,9 GPa e coeficiente de variação de 15%. O módulo de elasticidade dos corpos-de-
prova de argamassa com fibras variou de 18,5 a 22,9 Gpa, com Emédio de 20,6 GPa,
desvio padrão amostral de 1,8 GPa e coeficiente de variação de 9%.
Figura 4.67 apresenta as curvas típicas de tensão-deformação geradas a partir da
realização dos ensaios de compressão uniaxial em corpos-de-prova de pasta de cimento
e argamassa com fibras.
143
Figura 4.67 – Curvas tensão-deformação típicas dos ensaios de compressão uniaxial para
corpos-de-prova de pasta de cimento (CUPC) e argamassa com fibras de polipropileno (CUAP).
Na Figura 4.67 observa-se que os corpos-de-prova de pasta de cimento
romperam de maneira brusca, com a fragmentação do mesmo, ao contrário dos corpos-
de-prova de argamassa com fibras de polipropileno. Com o aparecimento da superfície
de ruptura, ocorre um decréscimo da resistência do material compósito, após o pico no
gráfico tensão-deformação. O material compósito apresenta resistência residual
decrescente com o aumento da deformação.
De acordo com a revisão bibliográfica realizada sobre materiais compósitos no
Capítulo 3, as fibras promoveram a distribuição dos esforços internos pelo corpo-de-
prova, proporcionam a sustentação de resistência e aumentaram a sua capacidade de
deformação, retardando o colapso, melhorando as propriedades pós-pico.
Ensaios de compressão diametral
Os ensaios de compressão diametral (Ensaio Brasileiro) foram realizados na
mesma prensa utilizada para os ensaios de compressão uniaxial, no Laboratório de
Estruturas da COPPE/UFRJ, seguindo as recomendações da Norma NBR 7222/94:
144
Argamassa e concreto – Determinação da resistência a tração por compressão diametral
de corpos-de-prova cilíndricos.
O objetivo do ensaio foi a determinação das cargas de ruptura (Fmáx) e as
resistências à tração (σt,b) dos corpos-de-prova moldados com pasta de cimento e
argamassa com fibras.
Os corpos-de-prova utilizados apresentavam dimensões nominais de 25 mm de
altura e 50 mm de diâmetro, satisfazendo a relação H/D igual a 0,50. A taxa de
carregamento dos ensaios de compressão diametral foi igual a 0,5 mm/min. Para se
obter uma transferência uniformemente distribuída do carregamento ao longo da área
lateral do corpo-de-prova foram utilizados mordentes curvos de aço (Figura 4.68).
Figura 4.68 – Ensaio de compressão diametral com uso de mordentes curvos de aço.
No total foram executados 28 ensaios de compressão diametral, sendo
11 corpos-de-prova de pasta de cimento (CDPC) e 17 corpos-de-prova de argamassa
com fibras de polipropileno (CDAP).
A Tabela 4.12 apresenta as características dos corpos-de-prova ensaiados à
compressão diametral.
145
Tabela 4.12 – Características dos corpos-de-prova ensaiados à compressão diametral.
CP D1 (mm) D2 (mm) H1 (mm) H2 (mm) D (mm) H (mm) H/D
CDPC-1 47,35 47,35 25,55 25,50 47,35 25,53 0,54
CDPC-2 47,40 47,10 25,80 25,85 47,25 25,83 0,55
CDPC-3 47,50 47,40 25,30 25,60 47,45 25,45 0,54
CDPC-4 47,15 47,35 24,20 25,15 47,25 24,68 0,52
CDPC-5 47,15 47,40 24,30 24,40 47,28 24,35 0,52
CDPC-6 47,20 47,20 24,90 24,85 47,20 24,88 0,53
CDPC-7 47,10 47,40 25,50 25,35 47,25 25,43 0,54
CDPC-8 47,20 47,40 26,10 26,05 47,30 26,08 0,55
CDPC-9 47,20 47,40 25,50 25,70 47,30 25,60 0,54
CDPC-10 47,10 47,35 24,90 25,00 47,23 24,95 0,53
CDPC-11 47,15 47,20 25,60 25,65 47,18 25,63 0,54
CDAP-1 47,30 47,35 25,50 24,80 47,33 25,15 0,53
CDAP-2 47,50 47,30 25,30 25,35 47,40 25,33 0,53
CDAP-3 47,20 47,50 25,25 25,40 47,35 25,33 0,53
CDAP-4 47,40 47,35 25,60 25,50 47,38 25,55 0,54
CDAP-5 47,40 47,20 25,25 25,30 47,30 25,28 0,53
CDAP-6 47,30 47,40 25,40 25,45 47,35 25,43 0,54
CDAP-7 47,20 47,40 25,40 25,30 47,30 25,35 0,54
CDAP-8 47,35 47,25 25,35 25,60 47,30 25,48 0,54
CDAP-9 47,35 47,45 26,80 25,35 47,40 26,08 0,55
CDAP-10 47,40 47,20 25,45 25,50 47,30 25,48 0,54
CDAP-11 47,40 47,10 25,65 25,50 47,25 25,58 0,54
CDAP-12 47,10 47,40 25,30 25,25 47,25 25,28 0,53
CDAP-13 47,20 47,40 25,55 25,45 47,30 25,50 0,54
CDAP-14 47,20 47,15 25,55 25,55 47,18 25,55 0,54
CDAP-15 47,50 47,30 25,55 25,20 47,40 25,38 0,54
CDAP-16 47,35 47,00 25,60 25,70 47,18 25,65 0,54
CDAP-17 47,40 47,60 25,60 25,55 47,50 25,58 0,54
D1,2: diâmetros medidos; D: valor médio dos diâmetros medidos; H1,2: alturas medidas; e
H: valor médio das alturas medidas.
A Figura 4.69 apresenta os corpos-de-prova de (a) pasta de cimento e
(b) argamassa com fibras após o ensaio de compressão diametral.
146
Figura 4.69 – Corpo-de-prova de (a) pasta de cimento e (b) argamassa com fibras
após ensaio de compressão diametral.
Os corpos-de-prova de pasta de cimento ao romperem se partiam em duas partes,
as quais apresentavam superfícies lisas. No entanto, os corpos-de-prova de argamassa
com fibras ao romperem não se partiam, mas uma fissura marcante atravessava o
material compósito. Nessa fissura, as fibras eram visíveis, “costurando” e restringindo a
fragmentação do corpo-de-prova, além de distribuírem os esforços internos pelo corpo-
de-prova e aumentarem a sua capacidade de deformação, conforme estudado no
Capitulo 3.
A Tabela 4.13 apresenta os resultados dos corpos-de-prova ensaiados à
compressão diametral.
(a) (b)
147
Tabela 4.13 – Resultados dos ensaios de compressão diametral.
CP Fmáx (kN) σt,b (MPa)
CDPC-1 5,7 3,0
CDPC-2 4,8 2,5
CDPC-3 8,1 4,3
CDPC-4 5,0 2,7
CDPC-5 5,2 2,9
CDPC-6 5,7 3,1
CDPC-7 5,4 2,9
CDPC-8 6,4 3,3
CDPC-9 4,8 2,5
CDPC-10 6,5 3,5
CDPC-11 6,5 3,4
CDAP-1 5,6 3,0
CDAP-2 5,8 3,1
CDAP-3 5,8 3,1
CDAP-4 5,7 3,0
CDAP-5 5,5 2,9
CDAP-6 7,7 4,1
CDAP-7 5,4 2,8
CDAP-8 4,3 2,3
CDAP-9 5,7 2,9
CDAP-10 4,5 2,4
CDAP-11 5,2 2,7
CDAP-12 5,3 2,8
CDAP-13 5,3 2,8
CDAP-14 6,2 3,3
CDAP-15 5,5 2,9
CDAP-16 4,5 2,4
CDAP-17 4,5 2,3
O valor médio da resistência à tração dos corpos-de-prova de pasta de cimento
foi calculado desconsiderando os corpos-de-prova denominados CDPC-2, CDPC-3 e
CDPC-9. A resistência à tração dos corpos-de-prova considerados variou de 2,7 a 3,5
MPa, com valor de σt,bmédio de 3,1 MPa, desvio padrão amostral de 0,3 MPa e
coeficiente de variação de 9%.
O cálculo do valor médio da resistência à tração dos corpos-de-prova de
argamassa com fibras foi calculado desconsiderando o corpo-de-prova denominado
CDAP-6. A variação da resistência à tração dos corpos-de-prova considerados foi de
148
2,3 a 3,3 MPa, com valor de σt,bmédio de 2,8 MPa, desvio padrão amostral de 0,3 MPa e
coeficiente de variação de 10%.
Os resultados de resistência à tração são superiores aos apresentados por
Magalhães (2005) para pasta de cimento (0,89 MPa), com traço em peso de
1,0:0,65:0,006 (cimento, água e aditivo) e para a argamassa com fibras (1,36 MPa), com
traço de 1,0:0,65:0,10:0,005:0,006 (cimento, água, areia, fibras e aditivo).
Sendo também superiores aos apresentados por Patrício e Barros (2005), os
quais ensaiaram argamassas de cimento, cal e areia, em duas diferentes proporções
(1:1:6 e 1:2:9) com fibras de polipropileno de 5 mm de comprimento. Os resultados de
resistência à tração foram de 0,34 MPa e 0,18 MPa para os dois traços de argamassa
empregados, com volume de fibras de 0,5%.
Do mesmo modo, os resultados de resistência à tração são superiores aos
apresentados por Cortez (1999) para argamassa de cimento, cal e areia, reforçadas com
teor de fibras de 500g/cm³ em três diferentes comprimentos, sendo igual a 0,35 MPa
para fibras de 10 mm, 0,37 MPa para fibras de 20 mm e 0,44 MPa para fibras de
40 mm.
Porém são inferiores aos apresentados por Puertas et al. (2005), os quais
oscilaram dependendo do tipo de cimento empregado em argamassas compostas por
cimento e areia, com fibras de polipropileno de 12 mm de comprimento, em fração
volumétrica de 0,5%. Utilizando cimento Portland com escória obteveram 7,6 MPa,
cimento Portland 7,5 MPa, cimento Portland com cinza volante 6,1 MPa e cimento
Portland com escória e cinza volante 4,8 MPa de resistência à tração.
Figura 4.70 apresenta as curvas carga-deslocamento do pistão típicas do ensaio
de compressão diametral, para corpos-de-prova de pasta de cimento e argamassa com
fibras de polipropileno.
149
Figura 4.70 – Curvas típicas carga-deslocamento do pistão dos ensaios de compressão diametral
para pasta de cimento (CDPC) e argamassa com fibras de polipropileno (CDAP).
Na Figura 4.70 constata-se que os corpos-de-prova de pasta de cimento
romperam de maneira brusca. Entretanto, os corpos-de-prova de argamassa com fibras
não romperam de modo frágil. O material compósito apresentou resistência residual,
indicando a influência das fibras na melhoria das condições pós-pico do corpo-de-prova,
conforme abordado no Capítulo 3.
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40
Ca
rga
(k
N)
Deslocamento do pistão (mm)
CDPC
CDAP
150
Capítulo 5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE
DOS RESULTADOS
5.1 Considerações iniciais
Neste capítulo, inicialmente, são apresentadas algumas informações, as quais são
relevantes para permitir a obtenção dos parâmetros de resistência dos grampos e
distribuição dos carregamentos a partir dos ensaios de campo, bem como suas análises.
Posteriormente, são expostos os resultados dos ensaios de campo, sendo eles:
ensaios de arrancamento em grampos convencionais e ensaios de empurramento em
grampos não convencionais. São apresentadas as curvas carga-deslocamento desses
ensaios e são destacados aspectos de comportamento e problemas ocorridos durante a
sua realização. Os valores de resistência (qs) obtidos a partir dessas curvas são
apresentados e discutidos, comparados entre si e com outros resultados presentes na
literatura para grampos executados em solo residual jovem e em alteração de rocha
gnaisse.
Em seguida, são apresentadas e analisadas as curvas de distribuição de carga ao
longo do comprimento dos grampos, obtidas a partir dos ensaios de campo, através do
monitoramento com strain gages. As constatações apresentadas por outros autores,
quanto à distribuição do carregamento em grampos instrumentados, são apresentadas e
confrontadas com os resultados obtidos.
Por fim, é realizada uma análise da exumação dos grampos convencionais e não
convencionais. As observações de exumações realizadas por distintos autores são
comparadas com as constatações provindas da exumação executada nesta pesquisa.
5.2 Informações relevantes
Para permitir o processamento e as análises dos ensaios de campo é importante
apresentar as características dos grampos convencionais e não convencionais, as
calibrações dos equipamentos utilizados em campo e as equações utilizadas para os
cálculos dos ensaios de campo.
151
Características dos grampos
Os grampos convencionais atravessaram uma primeira camada de solo residual
jovem e atingiram um material de transição para alteração de rocha gnáissica. Os
grampos não convencionais foram executados integralmente em solo residual jovem de
gnaisse.
O comprimento e o diâmetro adotados para os cálculos dos grampos
convencionais foram de 4,0 m e 0,10 m, iguais aos valores nominais de projeto,
independente das variações observadas na exumação.
O comprimento adotado para os cálculos dos grampos não convencionais foi o
real, dado pela exumação dos mesmos, visto que todos foram retirados do talude e
devidamente medidos. O diâmetro adotado foi de 0,10 m, sendo o diâmetro nominal de
projeto, embora tenham sido constatadas variações localizadas durante a exumação.
A Tabela 5.1 apresenta as características dos grampos convencionais (GC) e não
convencionais (GP), as quais são relevantes para os cálculos da resistência dos grampos.
Tabela 5.1 – Características dos grampos convencionais e não convencionais.
Grampo Instrumentado
(strain gages)
Diâmetro
nominal
D (m)
Comprimento
nominal
(m)
Trecho
livre (m)
Trecho
injetado
La (m)
GC-1 e GC-6 Não 0,10 4,00 1,00 3,00
GC-2 a GC-5 Sim 0,10 4,00 1,00 3,00
GP 1-1 Sim 0,10 1,00 - 1,10
GP 1-2 Sim 0,10 1,00 - 1,15
GP 2-1 Sim 0,10 2,00 - 2,00
GP 2-2 Sim 0,10 2,00 - 2,10
GP 2-3 Sim 0,10 2,00 - 2,20
GP 2-4 Sim 0,10 2,00 - 2,20
Calibrações
As calibrações dos equipamentos utilizados em campo encontram-se no Anexo 1
desta dissertação. A Tabela 5.2 apresenta as equações provindas destas calibrações.
152
Tabela 5.2 – Equações provindas das calibrações dos equipamentos.
Equipamento Equação
Conj. Macaco bomba – 1000 kN (M) FM (kN) = ((LeituraM kgf/cm²) . (133,0 cm²)) . 0,0098
Conj. Macaco bomba – 600 kN (M) FM (kN) = ((LeituraM kgf/cm²) . (82,2 cm²)) . 0,0098
Célula de carga (CC) LeituraCC (kN) = ((LeituraCCVolts) . (33,57 kgf/Volts)) . 0,0098
LVDT 1 LeituraLVDT 1 (mm) = -10,321 . (LeituraLVDT1 Volts) + 102,81
LVDT 2 LeituraLVDT 2 (mm) = -10,292 . (LeituraLVDT2 Volts) + 101,89
Strain gage FS = 2,10
Os incrementos de carga fornecidos pelo conjunto macaco hidráulico-bomba-
manômetro, durante a realização dos ensaios de campo eram visualizados em kgf/cm²
no manômetro acoplado à bomba.
As calibrações da célula de carga e dos medidores elétricos de deslocamento
(LVDT) foram realizadas no laboratório de estruturas da COPPE/UFRJ e apresentaram
equações simples. O fator de sensibilidade (FS) dos strain gages utilizados foi fornecido
pelo fabricante.
Durante a execução de todos os ensaios de campo foram registradas, em uma
planilha Excel, as leituras da célula de carga e dos medidores de deslocamento a cada
incremento de carga do macaco hidráulico lido no manômetro da bomba. Esse
procedimento foi adotado para permitir o acompanhamento das curvas carga-
deslocamento de cada grampo convencional e não convencional, e também para
assegurar o registro dos dados, visto que o programa do sistema de aquisição de dados
só permitia a gravação após o termino do ensaio.
Equações
Os dados dos ensaios de campo encontravam-se em unidades voltagem. A partir
das equações apresentadas na Tabela 5.3, as leituras da célula de carga, dos medidores
elétricos de deslocamento (LVDT) e dos strain gages foram transformados em unidades
de carga (kN), deslocamento (mm) e deformação, respectivamente.
153
Tabela 5.3 – Processamento dos ensaios de campo. Equações utilizadas
Car
ga
FCC (kN) = (LeituraCC Volts – LeituraCC inicial Volts) . (Fator CC kgf/Volts)
101,94
FM (KN) = (LeituraM kgf/cm²) . (AM cm²)
101,94
Sendo: AM a área da superfície de atuação do êmbolo do macaco de 1000 kN = 133,0 cm²
AM a área da superfície de atuação do êmbolo do macaco de 600 kN = 82,2 cm²
Des
loca
men
to
LeituraLVTD (mm) = (LeituraLVDT Volts) . (Fator mm/Volts) + (Constante mm)
Média LeituraLVDT (mm) = (LeituraLVDT 1 mm) + (LeituraLVDT 2 mm)
2
Deslocamento (mm) = (Média LeituraLVDT mm) – (Média LeituraLVDT inicial mm)
Deslocamento (mm) = (Deslocamento mm) – (Deslocamento inicial mm)
Def
orm
ação
ε = (4 . ∆L)
(Vexc + 2 . ∆L) . FS
ε = 4 . ((LeituraSG Volts) – (LeituraSG incial Volts))
(10 + 2 . (LeituraSG Volts – LeituraSG incial Volts)) . 2,10
Sendo: Vexc a voltagem de excitação da Ponte de Wheatstone = 10 Volts
FS o fator de sensibilidade do strain gage = 2,10
σ = E . ε
Sendo: EGC o módulo de elasticidade da barra de aço = 210 GPa
EGP o módulo de elasticidade da argamassa com fibras = 20,6 GPa
F = A . E . ε
Sendo: AGC a área da seção transversal da barra de aço = 804 mm²
AGP a área da seção transversal do grampo com fibras = 7854 mm²
5.3 Resultados dos ensaios de arrancamento
Os resultados dos ensaios de arrancamento dos grampos convencionais são aqui
apresentados, bem como as observações e os problemas ocorridos durante a execução
154
dos mesmos. Na sequência, é realizada uma comparação com alguns outros ensaios de
arrancamento disponíveis na literatura, quanto ao comportamento das curvas carga-
deslocamento e valores de resistência ao arrancamento (qs) de grampos em solo residual
jovem e alteração de rocha gnáissica. Todos os grampos foram ensaiados com o
conjunto macaco hidráulico-bomba-manômetro com capacidade de 1000 kN
(100 toneladas).
5.3.1 Curvas carga-deslocamento dos grampos convencionais
Através das curvas carga-deslocamento dos grampos convencionais observa-se
que as cargas atingidas em todos os ensaios de arrancamento foram superiores a
464 kN, sendo mais elevadas que a carga de escoamento (400 kN) e de ruptura (440 kN)
das barras de aço Gewi utilizadas na composição dos grampos convencionais.
Os valores de carga de escoamento e de ruptura para tais barras foram obtidos do
catálogo do fabricante e são apresentados juntamente com outras características no
Capítulo 4. De acordo com as informações do fabricante, as barras teriam escoado e
rompido durante a realização dos ensaios de arrancamento dos grampos convencionais.
Porém as barras aço permaneceram integras e os grampos convencionais também,
conforme verificado na exumação, indicando que a ruptura ocorreu por meio do
arrancamento dos grampos no contato solo-grampo.
Os ensaios de arrancamento dos grampos convencionais GC-1 e GC-2
forneceram resultados que possibilitaram a obtenção de curvas carga-deslocamento,
com estágios de carregamento e descarregamento.
As curvas carga-deslocamento com os valores lidos no manômetro do conjunto
macaco-bomba-manômetro e pela célula de carga apresentaram o mesmo
comportamento para os grampos convencionais GC-1 e GC-2.
As Figuras 5.1 e 5.2 apresentam as curvas carga-deslocamento dos grampos
convencionais GC-1 e GC-2. São apresentadas as curvas carga-deslocamento fornecidas
pelo manômetro do conjunto macaco hidráulico-bomba-manômetro e pela célula de
carga.
155
(a) Carga medida pela célula de carga.
(b) Carga medida pelo manômetro do conjunto macaco-bomba-manômetro.
Figura 5.1 – Curvas carga-deslocamento do GC-1.
0
100
200
300
400
500
600
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Ca
rga
(k
N)
Deslocamento (mm)
0
100
200
300
400
500
600
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Ca
rga
(k
N)
Deslocamento (mm)
156
(a) Carga medida pela célula de carga.
(b) Carga medida pelo manômetro do conjunto macaco-bomba-manômetro.
Figura 5.2 – Curvas carga-deslocamento do GC-2.
Durante a execução do ensaio de arrancamento do grampo convencional GC-3
houve queda de energia elétrica provinda da rede externa. Com isso, as leituras dos
dados em arquivo de texto (.txt) não foram gravadas pelo sistema de aquisição de dados.
0
100
200
300
400
500
600
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Ca
rga
(k
N)
Deslocamento (mm)
0
100
200
300
400
500
600
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Ca
rga
(k
N)
Deslocamento (mm)
157
Sendo assim, os cálculos, do ensaio realizado para esse grampo, foram obtidos a partir
de leituras pontuais das unidades de voltagem dos equipamentos instalados, a cada
incremento de carga dado pelo conjunto macaco hidráulico-bomba-manômetro. Tais
leituras foram digitadas em uma planilha Excel, durante a execução do ensaio. A Figura
5.3 apresenta a curva carga-deslocamento do grampo convencional GC-3, obtida através
do ensaio de arrancamento.
Figura 5.3 – Curva carga-deslocamento do GC-3.
O ensaio de arrancamento realizado no grampo convencional GC-4 não foi
finalizado, devido à necessidade de interrupção, dado por um desnível na parede de
concreto, o qual ocasionou a má fixação dos equipamentos. A barra de aço do grampo
sofreu uma flexão no sentido de um vão existente na parede, vindo a causar
interferência no resultado do ensaio do grampo. O ensaio foi interrompido com carga
aplicada de 300 kN, pois a curva apresentou um comportamento fora do padrão, de
200 a 300 kN. Assim, foram utilizadas as leituras iniciais até 200 kN do ensaio e a curva
carga-deslocamento foi extrapolada, com base no comportamento médio dos demais
grampos, com a geração de uma linha de tendência polinomial ajustada à curva inicial
do grampo G-4. A Figura 5.4 apresenta a curva carga-deslocamento do grampo
convencional GC-4.
0
100
200
300
400
500
600
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Ca
rga
(k
N)
Deslocamento (mm)
158
Figura 5.4 – Curva carga-deslocamento do GC-4.
Da mesma forma que para o GC-3, durante a execução do ensaio de
arrancamento do grampo convencional GC-5 houve queda de energia elétrica provinda
da rede externa. Com isso, as leituras dos dados em arquivo de texto (.txt) não foram
gravadas pelo sistema de aquisição de dados. Sendo assim, os cálculos do ensaio
realizado para esse grampo foram obtidos a partir de leituras pontuais das unidades de
voltagem dos equipamentos instalados, a cada incremento de carga dado pelo conjunto
macaco hidráulico-bomba-manômetro. Tais leituras foram digitadas em uma planilha
Excel, durante a execução do ensaio. A Figura 5.5 apresenta a curva carga-
deslocamento do grampo convencional GC-5.
Após a realização do ensaio no grampo convencional GC-6 foi constatado que a
célula de carga apresentou problemas durante a realização do ensaio e não registrou a
incorporação de carga dada pelo macaco hidráulico. Sendo assim, a curva carga-
deslocamento, apresentada para esse grampo foi realizada com as leituras registradas
dos medidores de deslocamento para cada incremento de carga lido no manômetro
conjunto macaco hidráulico-bomba-manômetro. A Figura 4.6 apresenta a curva carga-
deslocamento do grampo convencional GC-6.
0
100
200
300
400
500
600
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Ca
rga
(k
N)
Deslocamento (mm)
159
Figura 5.5 – Curva carga-deslocamento do GC-5.
Figura 5.6 – Curva carga-deslocamento do GC-6.
As curvas carga-deslocamento dos grampos convencionais apresentam um
comportamento típico, com modo de ruptura dúctil, como mostra a Figura 5.7.
0
100
200
300
400
500
600
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Ca
rga
(k
N)
Deslocamento (mm)
0
100
200
300
400
500
600
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Ca
rga
(k
N)
Deslocamento (mm)
160
Figura 5.7 – Curvas carga-deslocamento dos grampos convencionais (GC).
Na Figura 5.7 é possível perceber que todas as curvas carga-deslocamento dos
grampos convencionais podem ser divididas em três regiões bem definidas: (i) a
primeira região é aproximadamente retilínea, a qual pode estar associada à mobilização
de resistência por adesão do grampo ao solo; (ii) a segunda região é curva e corresponde
a perda progressiva da adesão e mobilização de resistência por atrito ou embricamento
mecânico; e (iii) a terceira região pode representar a resistência por cisalhamento do
grampo. Apenas os grampos GC-1 e GC-2 apresentam uma quarta região, a qual se
refere ao descarregamento do grampo após atingida a resistência máxima.
A Figura 5.8 apresenta uma curva típica de carga-deslocamento, com as quatro
regiões identificadas, correspondente ao grampo GC-1.
0
100
200
300
400
500
600
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Ca
rga
(k
N)
Deslocamento (mm)
GC-1
GC-2
GC-3
GC-4
GC-5
GC-6
161
Figura 5.8 – Regiões típicas da curva carga-deslocamento do GC-1.
O modo de ruptura dúctil também foi constatado por Magalhães (2005) e Leite
(2007). Cada autor realizou dois ensaios de arrancamento em grampos convencionais,
obtendo as curvas carga-deslocamento.
Contudo, Proto Silva (2005) ao realizar oito ensaios de arrancamento de
grampos, obteve sete curvas carga-deslocamento com modo de ruptura frágil (pico) e
um ensaio não finalizado, pois a carga aplicada alcançou valores próximos do limite de
trabalho da célula de carga. Igualmente, França (2007) ao realizar quatorze ensaios de
arrancamento de grampos executados em laboratório obteve curvas carga-deslocamento
com modo de ruptura frágil (pico) para todos os grampos ensaiados.
Entretanto, Springer (2006) ao ensaiar vinte e cinco grampos convencionais ao
arrancamento verificou que alguns grampos apresentaram curvas carga-deslocamento,
com a presença de três a quatro retas bem definidas, e com modo de ruptura dúctil.
Outros grampos apresentaram ruptura brusca, caracterizada como frágil. Alguns ensaios
foram interrompidos por excesso de deslocamento e outros para evitar danos à célula de
carga, dado pelo seu limite de utilização. Feijó (2007) ao executar vinte ensaios de
arrancamento em grampos convencionais, constatou também que alguns grampos
apresentaram curvas com modo de ruptura dúctil, e outros com modo de ruptura frágil
(pico).
0
100
200
300
400
500
600
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Ca
rga
(k
N)
Deslocamento (mm)
Região I
Região II
Região III
Região IV
162
Do mesmo modo, Silva et al. (2010) ao ensaiarem dezoito grampos
convencionais ao arrancamento, constataram que alguns grampos apresentaram curvas
carga-deslocamento com modo de ruptura dúctil, e outros com modo de ruptura frágil
(pico).
5.3.2 Resistência ao arrancamento dos grampos convencionais
A resistência ao arrancamento (qs) dos grampos convencionais (GC-1, GC-2,
GC-3, GC-4, GC-5 e GC-6) foi determinada com o valor da força máxima (Fmáx) de
cada ensaio, do diâmetro do grampo (D) e do comprimento ancorado ou trecho injetado
(La), conforme Equação 2.1 apresentada no Capítulo 2. A Tabela 5.4 resume os
resultados dos ensaios de arrancamento para os seis grampos convencionais.
Os valores de força máxima dos seis grampos convencionais foram
determinados a partir das curvas carga-deslocamento, com as leituras de carga lidas no
manômetro do conjunto macaco hidráulico-bomba-manômetro.
Para os grampos GC-1 e GC-2, as curvas carga-deslocamento, com as leituras
fornecidas pela célula de carga, foram utilizadas para a definição dos deslocamentos
relativos ao início do trecho em que esses grampos não incorporaram mais carga
considerável. Com esses deslocamentos foram obtidas as forças máximas nas curvas
carga-deslocamento, com as leituras de carga lidas no manômetro do conjunto macaco
hidráulico-bomba-manômetro.
Para os grampos GC-3, GC-4, GC-5 e GC-6 o valor da força máxima foi obtido
no trecho da curva-deslocamento quando os mesmos deslocavam-se sem que houvesse
um incremento de carga considerável medida pelo manômetro do conjunto macaco
hidráulico-bomba-manômetro.
Tabela 5.4 – Resultados dos ensaios de arrancamento em grampos convencionais.
Grampo
convencional
Fmáx
(kN)
Desl.
(mm)
qs
(kPa)
Modo de
Ruptura
GC-1 478 27,4 507 Dúctil
GC-2 503 26,1 534 Dúctil
GC-3 490 30,9 520 Dúctil
GC-4 480 27,2 509 Dúctil
GC-5 464 30,9 493 Dúctil
GC-6 503 31,6 534 Dúctil
163
A Figura 5.9 apresenta um histograma de valores de resistência ao arrancamento
dos grampos convencionais.
Figura 5.9 – Resistência ao arrancamento dos grampos convencionais.
A partir dos resultados dos ensaios de arrancamento, para os grampos
convencionais, verifica-se que os valores de resistência (qs) variaram de 493 a 534 kPa,
com valor de qsmédio de 516 kPa, desvio padrão amostral de 16 kPa e coeficiente de
variação de 3%.
Os valores de resistência (qs) para os grampos convencionais foram comparados
com outros valores da literatura nacional, executados em diferentes locais, com
presença de solos classificados como residual jovem e rocha alterada de gnaisse. A
Tabela 5.5 resume os resultados dos ensaios de arrancamento de Ortigão et al. (1992),
Azambuja et al. (2001), Soares e Gomes (2003), Proto Silva (2005), Magalhães (2005),
Springer (2006), Feijó (2007) e Silva et al. (2010).
534
493
509
520
534
507
0 100 200 300 400 500 600
Resistência ao arrancamento – qs (kPa)
Gra
mp
os
con
ve
nci
on
ais
(G
C)
GC-1
GC-2
GC-3
GC-4
GC-5
GC-6
164
Tabela 5.5 – Resultados dos ensaios de arrancamento de Ortigão et al. (1992),
Azambuja et al. (2001), Soares e Gomes (2003), Proto Silva (2005), Magalhães (2005),
Springer (2006), Feijó (2007) e Silva et al. (2010).
Autoria Grampo Solo Fmáx (kN) Desl. (mm) qs (kPa)
Ortigão et
al. (1992)
G1 SR
arenoso
- - 250
G2 - - 250
G3 - - 250
Azambuja
et al.
(2001)
G1
SR
paragnaisse
- 6,50 260
G2 - 7,80 264
G3 - 15,76 261
G4 - 9,30 270
G5 - 5,40 210
G6 - 10,73 204
Soares e
Gomes
(2003)
G1
SR
silte arenoso
- - 269
G2 - - 282
G3 - - 374
G4 - - 310
G5 - - 262
G6 - - -
Proto
Silva
(2005)
G1 SR argila arenosa - - -
G2
SR
areia argilosa
117,4 - 166
G3 150,4 - 216
G4 168,2 - 249
G5 190,1 - 269
G6 198,3 - 280
G7 182,8 - 258
G8 185,6 - 263
Magalhães
(2005)
GC 11 SRM-SRJ 102 22,8 123
GC 21 SRJ 206 22,6 250
Springer
(2006)
FV-02
SRJ
152 24 159
FV-03 161 22 168
M1-15 168 32 200
M1-16 194 18 231
M1-17 176 17 211
M1-18 135 28 162
M1-19 AR
173 - 206
M1-20 168 - 200
165
Feijó
(2007)
G1 e G2 SR
silte arenoso de
alta plasticidade
- - 145
G3 e G4 - - 185
G5 e G6 - - 295
G7 e G8 - - 205
G9 e G10
SR
areia siltosa sem
plasticidade
- - 108
G11 e G12 - - 195
G13 e G14 - - 148
G15 e G16 - - 120
G17 e G18 - - 248
G19 e G20 - - 190
Silva et al.
(2010)
G1
AR
silte arenoso
110 14,2 153
G2 152 20,7 212
G3 121 28,5 169
G4 125 18,8 174
G5 148 15,4 206
G6 115 21,6 160
G7 112 24,8 156
G8 127 29,4 177
G9 125 21,8 173
Ortigão et al. (1992) ao executarem três ensaios de arrancamento em grampos,
instalados em solo residual arenoso (SR), em uma encosta localizada no Morro da
Formiga, RJ, encontraram valores de qs ligeiramente superiores a 250 kPa, sendo esse o
valor adotado para projeto. Todos os grampos apresentavam trecho livre de 1,0 m e
trecho injetado de 3,0 m, com inclinação de 20o.
Azambuja et al. (2001) ao realizarem seis ensaios de arrancamento, em solo
residual de paragnaisse (SRP), em pontos com cotas distintas, em um sistema de
contenção em solo grampeado na cidade de Porto Alegre, RS, obtiveram os valores de
qs listados na Tabela 5.5. Todos os grampos ensaiados apresentavam trecho livre e
trecho injetado, porém seus comprimentos não foram divulgados no artigo. As barras de
aço utilizadas para os grampos ensaiados apresentavam menor comprimento do que as
utilizadas na obra, com inclinação de 11 o (5h:1v).
Soares e Gomes (2003), em ensaios de arrancamento de seis grampos situados
em solo residual silto-arenoso (SR), em um talude rodoviário localizado a montante da
Usina Nuclear de Angra dos Reis, RJ, obtiveram os valores de qs apresentados na
Tabela 5.5. Os grampos G1 a G4 apresentavam trecho livre de 3,0 m e trecho injetado
166
de 3,0 m, e os grampos G5 e G6 apresentavam trecho livre de 1,0 m e trecho injetado de
5,0 m, todos com inclinação de 25o.
Proto Silva (2005) ao realizar oito ensaios de arrancamento de grampos em
quatro cotas distintas de um talude de solo residual de gnaisse (SR), sendo os grampos
G1 e G2 situados na cota 35,0 m, em solo residual argilo-arenoso, os grampos G3 e G4
situados na cota 27,0 m, os grampos G5 e G6 situados na cota 21,0 m e os grampos G7
e G8 situados na cota 17,5 m, todos em solo residual areno-argiloso, na cidade de
Niterói, RJ, obteve os valores de qs apresentados na Tabela 5.5. Todos os grampos
apresentavam trecho livre de 1,0 m e trecho injetado de 3,0 m, com inclinação de 11o.
Magalhães (2005) ensaiou dois grampos convencionais ao arrancamento, em
duas cotas diferentes de um talude, sendo o grampo GC11 em transição de solo residual
maduro para jovem (SRM-SRJ) e o grampo GC21 em solo residual jovem de gnaisse
(SRJ), na mesma obra de Proto Silva (2005) em Niterói, RJ, obtendo os valores de qs
dispostos na Tabela 5.5. Os grampos apresentavam trecho livre de 0,5 m e trecho
injetado de 3,5 m, com inclinação de 10o.
Springer (2006), ao realizar ensaios de arrancamento em grampos
convencionais, situados em solo residual jovem de gnaisse (SRJ) e em alteração de
rocha de gnaisse (AR), na cidade de Niterói, RJ, chegou aos valores de qs apresentados
na Tabela 5.5. Os resultados dos ensaios nos grampos FV-02 e FV-03, em SRJ, foram
muito parecidos, as curvas carga-deslocamento foram praticamente coincidentes e as
cargas de ruptura muito próximas. Os grampos M1-15 a M1-18 também em SRJ
apresentam resultados semelhantes entre si. Os grampos M1-19 e M1-20 apresentaram
praticamente os mesmos resultados, as curvas carga-deslocamento foram coincidentes e
as cargas de ruptura muito próximas, sendo estes em alteração de rocha gnaisse (AR).
Todos os grampos apresentavam trecho livre de 1,0 m e trecho injetado de 3,0 m, com
inclinação de 10o.
Feijó (2007) executou vinte ensaios de arrancamento em grampos convencionais
situados em solo residual gnáissico não saturado (SR), no Rio de Janeiro. Os grampos
G1 a G8 encontravam-se em um solo caracterizado como biotita-gnaisse, em
Jacarepaguá, sendo os G1 a G4 situados na cota -1,0 m e os grampos G5 a G8 situados
na cota -2,0 m. Os grampos G9 a G20 encontravam-se em gnaisse-leptinítico, sendo os
grampos G9 a G12 situados na cota -5,0 m, os grampos G13 a G16 situados na cota
-10,0 m e os grampos G17 a G20 situados na cota -15,0 m, todos em Laranjeiras. Os
valores de qsmédio obtidos são apresentados na Tabela 5.5. Os grampos apresentavam
167
trecho livre de 2,0 m e trecho injetado de 3,0 e 6,0 m, com inclinação de 15o. Os
mesmos foram posicionados mantendo-se uma distância mínima horizontal de 2,0 m
entre si.
Silva et al. (2010) realizaram nove ensaios de arrancamento em grampos
situados em um perfil de alteração de gnaisse (AR), na linha L5 e cota -5,0 m, descrito
como sendo um solo silto-arenoso, amarelo e cinza claro, em uma obra em Osasco, SP.
Os valores de qs são apresentados na Tabela 5.5. Todos os grampos foram executados
com trecho livre de 1,0 m e trecho injetado de 3,0 m, com inclinação de 10o e diferentes
metodologias executivas, variando-se o número de injeções (0, 1, 2 e 3) após a execução
da bainha (preenchimento da cavidade escavada).
Os resultados dos ensaios de arrancamento desta pesquisa forneceram valores de
resistência ao arrancamento (qs) superiores aos apresentados na literatura para solos
com denominação semelhante, mas com características distintas.
Os elevados valores de resistência, com qsmédio de 516 kPa, justificam-se devido
ao material do talude, composto por: (i) um solo muito resistente e pouco
intemperizado, com a foliação da rocha preservada, denominado por solo residual
jovem de gnaisse, nos primeiros 3,0 m da face do talude; e (ii) um material de transição
para alteração de rocha gnaisse, a partir de 3,0 m da face do talude. Ambos os materiais
apresentaram altos valores de ângulo de atrito (φ=37o e φ=54o) e coesão próxima de
zero, conforme os resultados obtidos através dos ensaios de laboratório.
A variação dos valores de qs encontrados para os grampos convencionais, de
493 a 534 kPa, deve-se a heterogeneidade do solo que compõe o talude, visivelmente
constatada durante a exumação pela diferença de coloração.
O grampo convencional GC-5 foi o que apresentou o menor valor de
resistência, igual a 493 kPa. A exumação desse grampo não justificou o menor valor de
qs, pois não foi perceptível uma alteração relevante no grampo e no solo.
Todos os contatos solo-grampo mostraram adesão perfeita, com excelente
ligação da pasta de cimento com o solo circundante, corroborada pela exumação dos
grampos. A exumação também confirmou que as barras de aço dos grampos
convencionais não escoaram nem romperam, evidenciando que o arrancamento dos
grampos se deu no contato solo-grampo.
168
A qualidade da adesão solo-grampo e a elevada resistência do solo residual
jovem e de transição são responsáveis pelos altos valores de resistência ao
arrancamento.
5.4 Resultados dos ensaios de empurramento
Os resultados dos ensaios de empurramento realizados em grampos não
convencionais são aqui apresentados, bem como as observações e os problemas
ocorridos durante a execução dos mesmos. Na sequência, é realizada uma comparação
com outros valores de resistência ao arrancamento (qs) obtidos através de ensaios de
arrancamento realizados em grampos com fibras de polipropileno.
O ensaio de empurramento buscou refletir os mesmos princípios do ensaio de
arrancamento, tendo uma das extremidades livre no interior do talude e outra na face,
onde as solicitações são impostas. Adotou-se como hipótese básica que a solicitação por
empurramento é capaz de oferecer uma resistência ao cisalhamento do grampo em
contato com o solo igual à resistência ao arrancamento (qs), determinada pelo ensaio
padrão de arrancamento de grampos, conforme Capítulo 2.
Assim, a resistência obtida com o ensaio de empurramento por meio da
compressão aplicada na cabeça dos grampos com fibras de polipropileno é considerada
a resistência de interface solo-grampo, denominada de resistência ao arrancamento (qs).
Como resultados dos ensaios de empurramento foram obtidas as resistências ao
arrancamento (qs) dos grampos não convencionais e a distribuição do carregamento ao
longo do comprimento dos grampos.
5.4.1 Curvas carga-deslocamento dos grampos não convencionais
Os grampos não convencionais GP 2-1, GP 1-1 e GP 2-2 foram ensaiados com o
conjunto macaco hidráulico-bomba-manômetro com capacidade de 600 kN
(60 toneladas). Já os grampos não convencionais GP 2-3, GP 1-2 e GP 2-4 foram
ensaiados com o conjunto macaco hidráulico-bomba-manômetro com capacidade de
1000 kN (100 toneladas). A troca de equipamento foi devida à disponibilidade do
mesmo na obra.
Após a realização de todos os ensaios de empurramento foi constatado que a
célula de carga apresentou um comportamento anômalo durante a realização dos
169
mesmos e suas leituras foram descartadas. Sendo assim, as curvas carga-deslocamento
consideradas foram as realizadas com as leituras registradas dos medidores de
deslocamento a cada incremento de carga monitorado no manômetro do conjunto
macaco hidráulico-bomba-manômetro.
As Figuras 5.10 e 5.11 apresentam as curvas carga-deslocamento dos grampos
com fibras de polipropileno de 1,0 m de comprimento nominal, obtidas através dos
ensaios de empurramento.
Figura 5.10 – Curva carga-deslocamento do GP 1-1.
0
25
50
75
100
125
150
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Ca
rga
(k
N)
Deslocamento (mm)
170
Figura 5.11 – Curva carga-deslocamento do GP 1-2.
As Figuras 5.12 a 5.15 apresentam as curvas carga-deslocamento dos grampos
com fibras de polipropileno de 2,0 m de comprimento nominal, obtidas através dos
ensaios de empurramento.
Figura 5.12 – Curva carga-deslocamento do GP 2-1.
0
25
50
75
100
125
150
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Ca
rga
(k
N)
Deslocamento (mm)
0
50
100
150
200
250
300
350
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
Ca
rga
(k
N)
Deslocamento (mm)
171
Figura 5.13 – Curva carga-deslocamento do GP 2-2.
Figura 5.14 – Curva carga-deslocamento do GP 2-3.
0
50
100
150
200
250
300
350
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
Ca
rga
(k
N)
Deslcoamento (mm)
0
25
50
75
100
125
150
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Ca
rga
(k
N)
Deslocamento (mm)
172
Figura 5.15 – Curva carga-deslocamento do GP 2-4.
Todas as curvas carga-deslocamento dos grampos com fibras de polipropileno,
de 1,0 e 2,0 m de comprimento, apresentaram comportamento semelhante, com modo
de ruptura dúctil, como mostra a Figura 5.16.
Figura 5.16 – Curvas carga-deslocamento dos grampos com fibras de polipropileno.
0
50
100
150
200
250
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Ca
rga
(k
N)
Deslocamento (mm)
0
50
100
150
200
250
300
350
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
Ca
rga
(k
N)
Deslocamento (mm)
GP 2-1
GP 1-1
GP 2-2
GP 2-3
GP 1-2
GP 2-4
173
Percebe-se que as curvas carga-deslocamento dos grampos não convencionais
apresentam duas regiões distintas: (i) a primeira região é caracterizada pelo trecho
crescente do gráfico carga-deslocamento; e (ii) a segunda região é marcada pelos
deslocamentos crescentes sem a incorporação de carga. A Figura 5.17 apresenta uma
curva típica de carga-deslocamento, com as duas regiões identificadas, correspondente
ao grampo GP 2-4.
Figura 5.17 – Regiões típicas da curva carga-deslocamento do GP 2-4.
5.4.2 Resistência ao arrancamento dos grampos não convencionais
A resistência ao arrancamento (qs) dos grampos com fibras de polipropileno foi
determinada a partir da força máxima (Fmáx) obtida em cada ensaio, além do diâmetro
do grampo (D) e do comprimento ancorado ou trecho injetado (La). A Tabela 5.6
resume os resultados dos ensaios de empurramento para os seis grampos não
convencionais.
Os valores de força máxima (Fmáx) dos seis grampos não convencionais foram
retirados das curvas carga-deslocamento, considerando o início do trecho da curva em
que não havia incorporação de carga com o acréscimo do deslocamento.
0
50
100
150
200
250
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Ca
rga
(k
N)
Deslocamento (mm)
Região I
Região II
174
Tabela 5.6 – Resultados dos ensaios de empurramento em grampos não convencionais.
Grampo não
convencional
Fmáx
(kN)
Desl.
(mm)
qs
(kPa)
Modo de
Ruptura
GP 2-1 298 54,6 475 Dúctil
GP 1-1 137 31,2 397 Dúctil
GP 2-2 218 52,4 330 Dúctil
GP 2-3 97 19,1 140 Dúctil
GP 1-2 97 23,2 268 Dúctil
GP 2-4 200 35,5 289 Dúctil
A Figura 5.18 apresenta um histograma de valores de resistência ao
arrancamento dos grampos não convencionais.
Figura 5.18 – Resistência ao arrancamento dos grampos não convencionais.
A partir dos resultados dos ensaios de empurramento, para os grampos não
convencionais, verifica-se que os valores de qs variaram de 140 a 475 kPa. No cálculo
do valor de qsmédio foram desconsiderados os valores extremos, obtidos para os grampos
GP 2-1 (475 kPa) e GP 2-3 (140 kPa). O valor de qsmédio foi igual a 321 kPa, com desvio
padrão amostral de 57 kPa e coeficiente de variação de 18%.
289
268
140
330
397
475
0 100 200 300 400 500 600
Resistência ao arrancamento – qs (kPa)
Gra
mp
os
nã
o c
on
ve
nci
on
ais
(G
P) GP 2-1
GP 1-1
GP 2-2
GP 2-3
GP 1-2
GP 2-4
175
O grampo não convencional GP 2-1 apresentou o maior valor de qs, igual a
475 kPa. Esse resultado é questionável em função do valor muito elevado.
Provavelmente, o ensaio sofre a influência dos equipamentos destinados ao
empurramento do grampo, como por exemplo a má fixação de uma porca, a qual pode
ter sido ensaiada ao entrar em uma placa durante a realização do ensaio. Com a
exumação não foi possível verificar a presença de solo envolvendo o grampo com
características pontuais relevantes e/ou o grampo com alterações acentuadas que
justificassem o alto valor de qs obtido para esse grampo.
Já o grampo não convencional GP 2-3 apresentou o menor valor de qs, igual a
140 kPa. Esse resultado não foi corroborado pela exumação, pois não foi perceptível
uma anomalia neste grampo. Também não foi observada qualquer alteração no material
do talude nesta região. Os grampos GP 2-3 e GC-5 estavam distantes 0,60 m de eixo a
eixo e o grampo convencional GC-5 também apresentou o menor valor de resistência
entre os grampos convencionais, igual a 493 kPa.
Os valores de resistência ao arrancamento (qs) obtidos através dos ensaios de
empurramento realizados nos grampos com fibras de polipropileno (GP) somente
podem ser comparados com os resultados de outros dois autores: Magalhães (2005) e
Leite (2007), os quais ensaiaram ao arrancamento grampos com fibras de polipropileno,
em diferentes locais, obtendo os valores de resistência ao arrancamento (qs).
Magalhães (2005) realizou dez ensaios de arrancamento em grampos não
convencionais, situados em duas cotas diferentes de um talude no município de Niterói,
RJ. A bateria 1 foi composta por cinco ensaios executados em transição de solo residual
maduro para jovem (SRM-SRJ), e a bateria 2 por cinco ensaios em solo residual jovem
de gnaisse (SRJ), caracterizado como um silte areno argiloso. Os valores de resistência
ao arrancamento (qs) obtidos são apresentados na Tabela 5.7, calculados através de duas
hipóteses consideradas pelo autor. A Hipótese 1 admite que a resistência por atrito
distribui-se de maneira uniforme ao longo de todo o comprimento do grampo, exceto ao
longo do trecho livre, onde a barra de aço não possui qualquer contato com a nata de
cimento circundante. A distribuição da força de tração ao longo do grampo é triangular,
com valor máximo próximo à cabeça do grampo e nulo na extremidade final do mesmo.
Na Hipótese 2 calcula-se a parcela do trecho injetado sem barra para resistir à carga de
arrancamento nos grampos com fibras de polipropileno, descontando-se a contribuição
de carga resistida pelo trecho injetado com barra de aço, adotada igual à do grampo
176
convencional. Os grampos apresentavam trecho livre de 0,5 m e trecho injetado de
3,5 m, sendo 1,0 m com barra de 22 mm e 2,5 m sem barra, com inclinação de 10o.
Leite (2007) ensaiou seis grampos não convencionais ao arrancamento, situados
em solo residual maduro de gnaisse (SRM), no município de Duque de Caixas, RJ,
chegando aos valores de resistência ao arrancamento (qs) dispostos na Tabela 5.7,
calculados através de três hipóteses consideradas pela autora. As Hipóteses 1 e 2 são as
mesmas de Magalhães (2005). A Hipótese 3 considera a distribuição do carregamento
somente ao longo do trecho fissurado dos grampos. Três grampos apresentavam barra
de 10 mm, trecho livre de 0,5 m e trecho injetado de 3,5 m, e três grampos
apresentavam trecho livre de 0,5 m e trecho injetado de 3,5 m, sendo 0,5 m com barra
de 22 mm e 3,0 m sem barra, todos com inclinação de 15o.
Tabela 5.7 – Resultados dos ensaios de arrancamento de grampos com fibras de
polipropileno de Magalhães (2005) e Leite (2007).
Autoria Grampo Solo Fmáx
(kN)
Desl.
(mm)
qs Hip. 1
(kPa)
qs Hip. 2
(kPa)
qs Hip. 3
(kPa)
Magalhães
(2005)
P11
SRM-SRJ
56 53,8 68 46 -
P12 106 42,2 128 130 -
P13 46 70,1 56 29 -
P14 31 8,1 37 - -
P15 50 51,1 60 35 -
P21
SRJ
130 72,8 158 121 -
P22 151 78,6 183 156 -
P23 112 15,2 136 91 -
P24 93 17,1 112 58 -
P25 113 71,9 136 91 -
Leite
(2007)
GP31
SRM
68 92,1 62 - 108
GP32 - - - - -
GP33 - - - - -
GP34 48 46,1 44 23 46
GP35 13 31,8 12 - -
GP36 29 22,6 26 14 27
Os resultados dos ensaios realizados nos grampos não convencionais apresentam
valores de qs superiores aos de Magalhães (2005) e Leite (2007). Ressalta-se que os
177
ensaios realizados por esses autores foram executados com metodologia e solos
distintos da efetuada nesta dissertação.
Os altos valores de resistência ao arrancamento, com qsmédio de 321 kPa, para os
grampos com fibras de polipropileno justificam-se devido ao material constituinte do
talude em que os grampos foram executados. É um solo muito resistente e pouco
intemperizado, denominado de solo residual jovem de gnaisse. Todos os grampos não
convencionais foram executados nesse material, o qual apresenta ângulo de atrito
elevado (φ = 37o) e coesão próxima de zero, obtidos através dos ensaios de laboratório.
A diferença dos valores de qs encontrados para os grampos não convencionais,
deve-se, mais uma vez, a heterogeneidade do solo, visivelmente constatada pela
diferença de coloração averiguada durante a exumação dos grampos.
Todos os grampos de polipropileno apresentaram um excelente contato solo-
grampo, com adesão perfeita do grampo ao solo circundante, constatada pela exumação,
justificando os elevados valores de resistência ao arrancamento (qs).
5.5 Resistência dos grampos convencionais e não convencionais
O objetivo da realização dos ensaios de arrancamento e empurramento foi a
determinação dos valores de resistência ao arrancamento (qs) dos grampos
convencionais e não convencionais a partir das curvas carga-deslocamento.
A Figura 5.19 apresenta as curvas carga-deslocamento dos grampos
convencionais (GC) e dos grampos com fibras de polipropileno (GP). Através delas
obteve-se a rigidez média dos grampos convencionais (kGCmédio) de 28,5 kN/mm e a
rigidez média dos grampos com fibras de polipropileno (kGPmédio) de 4,9 kN/mm.
A resistência ao arrancamento média (qsmédio) obtida para os grampos
convencionais foi de 516 kPa e para os grampos não convencionais foi de 321 kPa. A
Figura 5.20 apresenta um histograma de valores de qsmédio dos grampos convencionais e
não convencionais.
Confrontando os resultados obtidos de qsmédio para os grampos convencionais
com os de grampos não convencionais, verifica-se que os grampos com fibras de
polipropileno apresentaram valores de resistência ao arrancamento média (qsmédio) na
ordem de 62% dos obtidos para os grampos convencionais.
178
Figura 5.19 – Curvas carga-deslocamento dos grampos convencionais e não convencionais.
Figura 5.20 – Resistência ao arrancamento média dos grampos convencionais (GC) e
não convencionais (GP).
0
100
200
300
400
500
600
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
Ca
rga
(k
N)
Deslocamento (mm)
GC-1
GC-2
GC-3
GC-4
GC-5
GC-6
GP 2-1
GP 1-1
GP 2-2
GP 2-3
GP 1-2
GP 2-4
321
516
0 100 200 300 400 500 600
Resistência ao arrancamento média dos grampos – qsmédio (kPa)
Gra
mp
os
(G
C e
GP
)
GC
GP
179
Esse resultado fortalece as conclusões de Magalhães (2005), o qual apontou que
seus grampos não convencionais (com as mesmas fibras de polipropileno desta
pesquisa) apresentaram cerca de 50% da resistência ao arrancamento obtida para seus
grampos convencionais. Por sua vez, Leite (2007) concluiu que a resistência ao
arrancamento de seus grampos com as mesmas fibras de polipropileno foi 60% da
resistência obtida para seus grampos convencionais.
5.6 Resultados da instrumentação dos grampos
Quatro dos grampos convencionais e os seis grampos não convencionais foram
instrumentados com strain gages para que, durante o ensaio de arrancamento nos
grampos convencionais e o ensaio de empurramento nos grampos não convencionais,
fosse possível verificar a distribuição do carregamento ao longo dos grampos, a partir
das deformações dos extensômetros elétricos.
5.6.1 Distribuição do carregamento ao longo dos grampos convencionais
Os grampos convencionais instrumentados foram os GC-2, GC-3, GC-4 e GC-5.
A instrumentação contou com seis strain gages distribuídos ao longo do trecho injetado.
A denominação adotada foi SG-01, SG-02, SG-03, SG-04, SG-05 e SG-06. O
espaçamento entre os strain gages foi de 0,5 m, sendo o primeiro (SG-01) fixado a
0,5 m do término do trecho livre, conforme ilustrado no Capítulo 4.
Algumas dificuldades ocorreram e impossibilitaram o registro das deformações
dos strain gages durante a realização dos ensaios de arrancamento. Nos grampos GC-3
e GC-5 houve queda de energia elétrica provinda da rede externa. Sendo assim, esses
grampos não possuem os gráficos de distribuição do carregamento ao longo dos
mesmos, pois não houve o registro das leituras dos medidores de deformação.
Igualmente, os grampos GC-2 e GC-4 não apresentaram gráficos de distribuição
do carregamento ao longo dos mesmos, porque após a realização dos ensaios,
constatou-se que as leituras dos strain gages apresentaram problemas, com valores sem
coerência.
Alguns autores da literatura nacional, que instrumentaram e ensaiaram ao
arrancamento seus grampos convencionais, obtiveram distribuições do carregamento de
180
forma decrescente, partindo da cabeça do grampo em direção a extremidade oposta,
como exemplifica a Figura 5.21.
Figura 5.21 – Distribuição típica de carga ao longo do grampo (SPRINGER, 2006).
Proto Silva (2005) ensaiou quatro grampos instrumentados com extensômetros
elétricos (strain gages) ao longo das barras de aço. Cada grampo foi instrumentado com
cinco strain gages ao longo do trecho injetado. Todos os grampos apresentavam trecho
livre de 1,0 m e trecho injetado de 3,0 m, com inclinação de 11o. Os ensaios foram
realizados em cotas distintas de um talude de solo residual de gnaisse, em Niterói, RJ.
Através da análise do comportamento de grampos convencionais em ensaios de
arrancamento, verificou-se que a distribuição do carregamento é do tipo triangular. As
deformações são maiores nas seções próximas à cabeça do grampo, ou seja, na região de
aplicação da carga de ensaio. Nas seções seguintes observa-se que as deformações
diminuem até se anularem junto à extremidade do grampo. Isso se deve à transferência
de carga por atrito do grampo para o solo circundante.
Springer (2006) realizou quatorze ensaios de arrancamento em grampos
convencionais instrumentados com extensômetros elétricos (strain gages) ao longo das
barras de aço. Cada grampo foi instrumentado com cinco strain gages ao longo do
trecho injetado. Todos os grampos apresentavam trecho livre de 1,0 m e trecho injetado
181
de 3,0 m, com inclinação de 10o. Os ensaios foram realizados na cidade de Niterói, RJ.
Com o monitoramento das deformações ao longo do grampo foi possível a obtenção das
curvas de distribuição de carga no grampo.
Notou-se que dois grampos apresentaram uma mudança de padrão das
deformações para cargas superiores à 100 kN, e com a exumação foi constatado que a
mobilização de resistência ocorreu no contato barra-nata, diferentemente do
arrancamento que ocorre no contato grampo-solo. Uma característica comum desses
grampos é a de não apresentar distribuição triangular (decrescente da cabeça em à ponta
do grampo), além da tendência de estabilização da carga ao longo do comprimento do
grampo, principalmente para os três primeiros strain gages, para etapas próximas à
ruptura do ensaio.
Dois grampos foram executados em uma área com a presença de um cupinzeiro,
tornando os ensaios desses grampos bem particulares, e com comportamento diverso.
Em ambos a distribuição de carga ao longo do comprimento do grampo, não foi linear,
porém decrescente da cabeça em direção à extremidade oposta.
Os demais grampos ensaiados apresentaram curvas de distribuição de carga ao
longo do comprimento com mobilização de resistência progressiva, de forma triangular,
até a extremidade de 4,0 m, sendo resultados típicos de ensaios com mobilização da
resistência no contato grampo-solo.
Springer (2006) também relata alguns problemas enfrentados com os medidores
de deformação, devido tanto ao mau funcionamento do mesmo, como também a
inadequação do fator de calibração adotado em relação à real área usinada da barra para
fixação do strain gage. O mau funcionamento de um strain gage em alguns casos afetou
os strain gages adjacentes, pois pertenciam ao mesmo circuito elétrico que alimentava
as pontes de Wheatstone.
Feijó (2007) ensaiou oito grampos convencionais instrumentados, os quais
apresentavam trecho livre de 2,0 m e trecho injetado de 3,0 e 6,0 m, com inclinação de
15o, sendo quatro grampos com cada comprimento. Os grampos foram instrumentados
com extensômetros elétricos (strain gages) ao longo do trecho injetado de cada grampo,
sendo posicionados a uma distância mínima horizontal de 2,0 m entre si. Os ensaios
foram realizados no Rio de Janeiro e os resultados obtidos foram representados na
182
forma normalizada, com as deformações divididas pela resistência ao arrancamento (qs),
para as condições de ruptura e 50% da ruptura.
Não houve diferenças significativas das curvas normalizadas dos grampos de
3,0 m para os de 6,0 m de comprimento. Observou-se que, para um mesmo ponto
ensaiado, uma única curva poderia representar os resultados, independente do nível de
solicitação (100% ou 50% da carga de ruptura), e que as deformações decrescem de
forma linear ao longo do comprimento do grampo. A variação linear de carga indica que
as tensões cisalhantes no contato solo-calda de cimento permanecem constantes ao
longo de todo o grampo. Assim, considerando-se um mesmo tipo de solo, os resultados
de qs obtidos para grampos de 3,0 m podem ser extrapolados, de modo linear, para
grampos de 6,0 m.
França (2007) realizou três ensaios de arrancamento em grampos (protótipos),
instrumentados com quatro extensômetros elétricos (strain gages) ao longo do trecho
injetado de cada grampo, sendo todos executados em laboratório. Com a instrumentação
foi possível verificar a distribuição das forças nos grampos ao longo do ensaio. Os
grampos instrumentados apresentaram comportamentos semelhantes com relação à
mobilização das forças de arrancamento, sendo máxima a força na cabeça do grampo
com redução dos valores ao longo do mesmo. Com os acréscimos de carregamento, um
comprimento maior do grampo era solicitado, sendo quase todo o grampo solicitado
para as cargas próximas a ruptura.
Silva et al. (2010) realizaram dezoito ensaios de arrancamento em grampos,
onde todos foram instrumentados com quatro extensômetros elétricos (strain gages) ao
longo do trecho injetado. Todos os grampos foram executados com trecho livre de
1,0 m e trecho injetado de 3,0 m, com inclinação de 10o, e diferentes metodologias
executivas, variando-se o número de injeções (0, 1, 2 e 3) após a execução da bainha
(preenchimento da cavidade escavada). Os ensaios foram realizados em uma obra em
Osasco, SP. A instrumentação possibilitou a verificação da distribuição dos
carregamentos durante a realização do ensaio, tornando os resultados mais confiáveis e
precisos. Os grampos obtiveram comportamentos similares, apresentando curvas de
distribuição dos carregamentos típicas, para quatro níveis de carregamento em relação à
carga de ruptura (25, 50, 75 e 100%). O arrancamento ocorreu no contato solo-grampo,
e a mobilização da resistência foi gradual, da cabeça em direção à ponta do grampo. A
183
distribuição das cargas ao longo da barra foi triangular e todo o comprimento do
grampo foi mobilizado durante a realização do ensaio.
5.6.2 Distribuição do carregamento ao longo dos grampos não convencionais
Todos os grampos não convencionais foram instrumentados. Os grampos com
1,0 m de comprimento foram instrumentados com três strain gages (SG-01, SG-02 e
SG-03) e os grampos com 2,0 m de comprimento foram instrumentados com cinco
strain gages (SG-01, SG-02, SG-03, SG-04 e SG-05).
Os strain gages foram distribuídos ao longo do comprimento dos grampos. O
espaçamento foi de 0,3 m entre o primeiro (SG-01) e o segundo (SG-02) strain gage e
depois de 0,5 m entre os demais, conforme ilustrado no Capítulo 4.
Os grampos de polipropileno, com 1,0 m de comprimento nominal,
denominados GP 1-1 e GP 1-2, apresentaram a distribuição do carregamento de forma
decrescente e não linear, partindo da cabeça em direção a ponta do grampo, como
mostram as Figuras 5.22 e 5.23.
Os grampos não convencionais, com 2,0 m de comprimento nominal, GP 2-1 e
GP 2-4, também apresentaram a distribuição do carregamento de forma decrescente e
não linear, partindo da cabeça até a outra extremidade do grampo, como mostram as
Figuras 5.24 e 5.25.
Os grampos GP 2-2 e GP 2-3, com fibras de polipropileno, de 2,0 m de
comprimento nominal, não apresentaram gráficos de distribuição do carregamento ao
longo dos mesmos, pois após a realização dos ensaios, constatou-se que as leituras dos
strain gages apresentaram problemas, com valores sem consistência.
184
Figura 5.22 – Distribuição do carregamento ao longo do grampo GP 1-1.
Figura 5.23 – Distribuição do carregamento ao longo do grampo GP 1-2.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
0,0 0,2 0,5 1,0
Ca
rga
(k
N)
Comprimento do grampo (m)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
0,0 0,2 0,5 1,0
Ca
rga
(k
N)
Comprimento do grampo(m)
185
Figura 5.24 – Distribuição do carregamento ao longo do grampo GP 2-1.
Figura 5.25 – Distribuição do carregamento ao longo do grampo GP 2-4.
A distribuição do carregamento de forma não linear e decrescente para os
grampos GP 1-1, GP 1-2, GP 2-1 e GP 2-4 também foi observada por Leite (2007), a
qual realizou quatro ensaios de arrancamento em grampos não convencionais (com as
mesmas fibras de polipropileno), instrumentados com cinco extensômetros elétricos
0
50
100
150
200
250
300
350
0,0 0,2 0,5 1,0 1,5 2,0
Ca
rga
(k
N)
Comprimento do grampo (m)
0
50
100
150
200
250
300
350
0,0 0,2 0,5 1,0 1,5 2,0
Ca
rga
(k
N)
Comprimento do grampo (m)
186
(strain gages) ao longo do trecho injetado de cada grampo. Um grampo apresentava
barra com 10 mm de diâmetro, trecho livre de 0,5 m e trecho injetado de 3,5 m, e três
grampos apresentavam trecho livre de 0,5 m e trecho injetado de 3,5 m, sendo 0,5 m
com barra de 22 mm de diâmetro e 3,0 m sem barra, todos com inclinação de 15o.
Os ensaios foram realizados em Duque de Caixas, RJ. Dois grampos tiveram
todos os seus strain gages danificados logo no inicio do ensaio de arrancamento. Assim,
não foi possível obter as curvas de distribuição do carregamento para esses grampos.
Em outros dois grampos, a instrumentação foi bem sucedida, fornecendo dados
consistentes durante todo o ensaio de arrancamento, com apenas um strain gage de um
dos grampos inoperante, pois esse já havia sido perdido durante a fase de injeção.
Observou-se claramente que, para esses grampos, as cargas mobilizadas distribuíram-se
de forma não linear e decrescente da cabeça até a ponta do grampo. Verificou-se
também que no trecho final, a aproximadamente 1,5 m, as deformações foram
praticamente nulas, indicando que não houve mobilização de resistência nessa região.
Sendo essa constatação confirmada através da exumação dos grampos, pois não
apresentam fissuras nesse trecho.
Os resultados da instrumentação dos grampos não convencionais sugerem que a
metodologia adotada para a conformação dos grampos no interior do talude foi
adequada, assim como o procedimento seguido para o ensaio de empurramento
proposto e executado. A idéia de permitir o deslocamento do grampo não convencional
durante o ensaio de empurramento, através de um fundo livre após o termino do mesmo
no interior do talude, foi bem sucedida, tendo em vista a consistência dos resultados
apresentados de resistência ao arrancamento (qs) e distribuição de carga.
5.7 Análise da exumação dos grampos
A exumação de três dos seis grampos convencionais (GC-4, GC-5 e GC-6) e dos
seis grampos não convencionais (GP 2-1, GP 1-1, GP 2-2, GP 2-3, GP 1-2 e GP 2-4) foi
de grande valia, pois permitiu a visualização do solo circundante aos grampos e as suas
variações ao longo da extensão dos mesmos. A exumação também possibilitou a
visualização da forma como os grampos se conformaram no interior do talude e sua
integridade após a realização dos ensaios.
187
Juntamente com a exumação, foi realizada a coleta de amostras de solo para
caracterizar o material do talude. Todos os grampos não convencionais estavam
inseridos em solo residual jovem de gnaisse, com ângulo de atrito de 37º e coesão
próxima de zero. Os grampos convencionais estavam com, aproximadamente, três
quartos dos seus comprimentos iniciais em solo residual jovem (φ = 37º e C ≈ 0) e um
quarto dos seus comprimentos finais em material de transição para alteração de rocha
(φ = 54º e C ≈ 0). Ambos os solos foram caracterizados com área siltosa.
Os elevados valores de resistência ao arrancamento (qs), certamente, estão
associados à grande resistência dos dois tipos de solos, mais resistentes e menos
alterados. Esses materiais promovem um maior atrito do grampo com o solo tanto nos
ensaios de arrancamento dos grampos convencionais, como nos ensaios de
empurramento dos grampos não convencionais.
Os grampos convencionais apresentaram variações dimensionais acentuadas ao
longo dos seus comprimentos, já os grampos não convencionais apresentaram pequenas
variações dimensionais. Todos os grampos apresentaram diâmetros superiores ao
diâmetro nominal de projeto de 100 mm. Esse aumento de diâmetro pode estar
associado ao processo de execução do furo, a heterogeneidade e as estruturas presentes
no maciço de solo que compõe talude.
Com relação aos comprimentos reais dos grampos convencionais e não
convencionais, através da exumação foi constatado que esses foram muito próximos aos
de projeto.
Nos grampos convencionais GC-4 e GC-6 foi verificado, através da exumação,
um trecho com preenchimento deficiente de pasta de cimento, logo após o término da
espuma que compunha o primeiro metro, provavelmente ocasionado pela dificuldade
que a espuma impõe ao preenchimento do furo devido à obstrução da boca do grampo.
Porém, isso não afetou a resistência ao arrancamento dos grampos.
O trecho inicial dos grampos não convencionais apresentou fissuras
longitudinais intensas, ocasionadas pela solicitação aplicada diretamente na cabeça do
grampo através do tubo prolongador, durante a realização do ensaio de empurramento.
Alguns grampos não convencionais apresentaram reentrâncias em seu topo
(GP 2-1, GP 2-2, GP 1-1 e GP 1-2), provavelmente devido à pressão insuficiente
188
imposta durante o processo de reinjeção para completar o furo em sua plenitude.
Contudo, isso não afetou na resistência dos grampos.
As espumas no fundo dos grampos não convencionais foram parcialmente
envoltas pelo material de injeção e/ou reinjeção, apontando que o sistema de vedação
aplicado foi ineficiente. No entanto, o material que vazou e envolveu as espumas não
comprometeu o valor da resistência dos grampos de maneira expressiva, pois (i) não
impediu o deslocamento do grampo durante o ensaio, (ii) não ofereceu resistência de
ponta, e (iii) não acarretou no aumento do comprimento do grampo proporcionado pelo
aumento do comprimento injetado. A espuma foi envolta por uma fina camada de
material, a qual era facilmente desintegrada, não oferecendo resistência.
A Figura 5.26 apresenta um resumo das observações realizadas durante a
exumação dos grampos convencionais e dos grampos não convencionais, bem como os
resultados dos ensaios de campo de arrancamento e empurramento, além dos resultados
dos ensaios de laboratório.
189
GC-6
GC-5
GC-2
GC-3
GC-4
GC-1
GP2-1
GP1-1
GP2-2
GP2-3
GP1-2
GP2-4
qs=507kPaFmax=478kN desl=27,4mm
qs=534kPaFmax=503kN desl=26,1mm
SOLO RESIDUALJOVEM - SRJ
c~0 o=37°
qs=475kPaFmax=298kN desl=54,6mm
qs=397kPaFmax=137kN desl=31,2mm
qs=330kPaFmax=218kN desl=52,4mm
qs=520kPaFmax=490kN desl=30,9mm
qs=493kPaFmax=464kN desl=30,9mm
qs=534kPaFmax=503kN desl=31,6mm
qs=509kPaFmax=480kN desl=27,2mm
qs=140kPaFmax=97kN desl=19,1mm
qs=268kPaFmax=97kN desl=23,2mm
qs=289kPaFmax=200kN desl=35,5mm
160 160 230 140 145 130130130
150 135 130 135 130 115125130
140 145 165 195 210 140185170
130
125
140
130 130 130 130 130
135 135 130
140 130 130 130 130 130125
130 130 130 130 135
140 130 130
140 135 135 130 130
130
~ MATERIAL DE TRANSIÇÃO PARA
ALTERAÇÃO DE ROCHA - TAR
c~0 o=54°~
130diâmetro do grampo (mm)
espuma livre
reentrâncias no topo dos grampos
fissuras longitudinais
deficiência de injeção
blocos fixados ao grampo
falhas do solo
trecho injetado do grampo
trecho livre (espuma)
LEGENDA
I Iareia siltosa areia siltosa
RESULTADOS DOS ENSAIOS DE CAMPORESULTADOS DA EXUMAÇÃO
Figura 5.26 – Ilustração dos grampos no talude e resumo dos ensaios de campo e laboratório.
190
Outros autores também realizaram a exumação de ensaiados ao arrancamento.
Magalhães (2005) exumou sete grampos de um total de doze grampos ensaiados ao
arrancamento. Na exumação, o autor verificou que o tipo de solo, bem como suas
variações ao longo dos grampos influenciaram os resultados de resistência ao
arrancamento. Também foi possível verificar o padrão de trincas ao longo dos grampos
com fibras exumados, produzidas pelo carregamento.
Springer (2006) também exumou quatro grampos convencionais, após os
mesmos serem submetidos ao ensaio de arrancamento, e verificou que os diâmetros dos
grampos não foram uniformes, apresentando variações acentuadas ao longo de seus
comprimentos, assim como foi constatado para os grampos convencionais aqui
exumados (GC-4, GC-5 e GC-6). Dois grampos exumados por Springer (2006)
encontravam-se em solo residual jovem (FV-02 e FV-03), e foram executados com
diâmetro nominal de projeto de 100 mm. Outros dois grampos foram executados com
diâmetro nominal de 90 mm, em rocha alterada (M1-19 e M1-20). Todos os grampos
apresentavam trecho livre de 1,0 m e trecho injetado de 3,0 m (Tabela 5.8).
Tabela 5.8 – Diâmetros medidos ao longo dos grampos exumados por Springer (2006).
Grampo Comprimento
(m) 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
FV-02
Diâmetro
(mm)
100 100 100 - 120 - 200 - 150
FV-03 200 200 100 100 130 - 130 - 130
M1-19 - 88,9 - 108,2 117,8 92,3 87,5 98,7 95,5
M1-20 - 88,9 - 107,6 106,3 100,6 98,0 98,7 97,4
Da mesma forma que os grampos convencionais GC-4 e GC-6, Springer (2006)
ao realizar a exumação dos grampos M1-19 e M1-20 verificou que os mesmos
apresentaram um trecho, com preenchimento ineficiente do furo, logo após o término da
espuma (obturador da pasta de cimento), entre 1,0 m e 1,5 m de comprimento. Apenas a
parte inferior do grampo foi envolta por pasta de cimento (Figura 5.27).
191
Figura 5.27 – Preenchimento do furo ineficiente após a espuma de vedação do trecho livre
do grampo convencional (SPRINGER, 2006).
França (2007) realizou a exumação de quatorze grampos (protótipos) após os
mesmos serem ensaiados ao arrancamento, todos executados em laboratório, permitindo
uma análise qualitativa da redistribuição dos esforços, bem como verificar o estado dos
grampos em relação a sua execução. Todos os grampos apresentaram-se íntegros e dois
deles com alguns vazios na calda de cimento. Esses vazios não afetaram os valores de qs
de maneira perceptível, assim como ocorreu para quatro grampos com fibras de
polipropileno GP 2-1, GP 2-1, GP 1-1 e GP 1-2, nos quais se observou a presença de
reentrâncias no topo.
192
Capítulo 6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
6.1 Considerações iniciais
Este capítulo apresenta as conclusões desta dissertação, baseadas no programa
experimental realizado e na análise dos resultados dos ensaios de campos e de
laboratório, além de sugestões para futuras pesquisas.
O programa experimental abrangeu a instalação de seis grampos convencionais
compostos por barra de aço envolta por pasta de cimento e seis grampos não
convencionais compostos por argamassa reforçada com fibras de polipropileno. Todos
os grampos foram executados com ângulo de inclinação de 15º e diâmetro nominal
igual a 100 mm, em um talude pertencente a uma obra localizada na rua Pinheiro
Machado esquina com a rua das Laranjeiras, no bairro Laranjeiras, na cidade do Rio de
Janeiro, RJ.
Foram realizados ensaios de arrancamento em grampos convencionais e
empurramento em grampos não convencionais, com objetivo de determinar a resistência
ao arrancamento dos grampos (qs) e a distribuição do carregamento ao longo do
comprimento dos grampos.
Os grampos ensaiados foram exumados e também foram coletadas amostras de
solo para ensaios de caracterização e cisalhamento direto. Corpos-de-prova de pasta de
cimento e argamassa reforçada com fibras, que compunham os grampos convencionais
e não convencionais, respectivamente, foram moldados e ensaiados a compressão axial
e diametral.
6.2 Conclusões
O programa experimental proposto e executado foi, de modo geral, bem
sucedido. Ele compreendeu a instalação dos grampos convencionais e com fibras de
polipropileno, os ensaios de campo, a exumação dos grampos, coleta de amostras e a
realização dos ensaios de laboratório.
193
Em relação aos ensaios de laboratório, pode-se concluir que:
� Os ensaios de caracterização dos solos da área experimental confirmaram a presença
de dois tipos de solos distintos: (i) solo residual jovem (SRJ) não plástico, com peso
específico seco γd = 17,7 kN/m3, índice de vazios e = 0,445 e umidade natural
w = 7,64 %; e (ii) solo de transição para alteração de rocha (TAR) não plástico, com
γd = 19,6 kN/m3, e = 0,320 e w = 5,35 %. Ambos caracterizados como areia siltosa;
� Os ensaios de cisalhamento direto forneceram coesão próxima de zero para os dois
tipos de solo e ângulos de atrito iguais a 37º para o SRJ e 54º para o TAR, indicando
solos de resistências distintas e elevadas;
� Os ensaios de compressão uniaxial dos corpos-de-prova de pasta de cimento e
argamassa reforçada com fibras, que compunham os grampos convencionais e não
convencionais, respectivamente, forneceram valores médios de resistência à
compressão uniaxial iguais a 50,4 MPa e 32,7 MPa, respectivamente. Os valores
médios do módulo de elasticidade foram iguais a 24,9 GPa para a pasta de cimento e
20,6 GPa para a argamassa com fibras;
� Os ensaios de compressão diametral realizados em corpos-de-prova de pasta de
cimento e argamassa reforçada com fibras forneceram valores médios de
resistências à tração iguais a 3,1 MPa e 2,8 MPa, respectivamente;
� Os ensaios de compressão uniaxial e diametral mostraram que a pasta de cimento
apresenta comportamento frágil e a argamassa com fibras apresenta comportamento
dúctil, devido a atuação das fibras.
Em relação à execução dos grampos não convencionais, podem-se ressaltar as
seguintes conclusões:
� O traço adotado para a composição do grampo com fibras de polipropileno foi
adequado, garantindo a trabalhabilidade da mistura e assegurando uma distribuição
uniforme das fibras ao longo do grampo;
� O recurso do isopor e espuma empregados no fundo dos grampos com fibras, apesar
de não garantir a vedação total do furo durante a injeção da argamassa com fibras,
possibilitou a conservação de um espaço livre apropriado e necessário para o ensaio
de empurramento;
� A dispersão das fibras a sem incorporadas mistura de argamassa, foi realizada
manualmente, demandando muito tempo. Este processo pode ser realizado
194
mecanicamente, através de um equipamento apropriado, que dispersa grande
quantidade de fibras rapidamente;
� O misturador utilizado para a preparação da mistura da argamassa com fibras, assim
como a bomba e as mangueiras de injeção foram às mesmas empregadas na obra
para outros fins, sendo necessária a utilização de misturador, bomba e mangueiras
de injeção adequadas para as misturas de argamassa com fibras;
� Os grampos com fibras de polipropileno por dispensarem as barras de aço, não
possuem um elemento de ligação com a face, assim estes grampos não transmitem
tensões à mesma (To=0). Os grampos não convencionais podem ser utilizados em
casos de taludes suaves e taludes íngremes que dispensam faces estruturalmente
resistentes.
Em relação aos ensaios dos grampos convencionais e dos grampos com fibras de
polipropileno, conclui-se que:
� Os ensaios de arrancamento dos grampos convencionais foram realizados, sem
dificuldades, conforme metodologia estabelecida pelo Grupo de Solo Grampeado da
COPPE-UFRJ e PUC-Rio, fornecendo resultados consistentes;
� Os ensaios de empurramento dos grampos com fibras de polipropileno são mais
complexos que os ensaios de arrancamento e exigiram um sistema de reação de alta
capacidade portante;
� Apesar de inéditos e complexos, os ensaios de empurramento foram bem sucedidos
e forneceram resultados consistentes;
� O ensaio de empurramento buscou refletir os mesmos princípios do ensaio de
arrancamento, tendo uma das extremidades livre no interior do talude e outra na
face, onde as solicitações são impostas. Como hipótese básica assumiu-se que a
solicitação por empurramento oferece uma resistência ao cisalhamento da interface
solo-grampo igual à resistência ao arrancamento (qs), determinada pelo ensaio
padrão de arrancamento de grampos;
� A resistência determinada com os ensaios de empurramento dada pela compressão
da cabeça do grampo com fibras de polipropileno para o interior do talude foi assim
denominada de resistência ao arrancamento (qs);
195
� As curvas carga-deslocamento dos grampos convencionais e com fibras de
polipropileno mostraram comportamento semelhantes e modo de ruptura dúctil em
todos os ensaios;
� Com as curvas carga-deslocamento obtiveram-se os valores de rigidez média igual a
28,5 kN/mm para os grampos convencionais e 4,9 kN/mm para os grampos com
fibras de polipropileno;
� A resistência ao arrancamento média dos grampos convencionais obtida através de
ensaios de arrancamento foi igual a 516 kPa. Este valor elevado se deve aos solos
muito resistentes do talude;
� A resistência ao arrancamento média dos grampos com fibras de polipropileno
obtida através de ensaios de empurramento foi igual a 321 kPa, ou seja, 62 % da
resistência ao arrancamento dos grampos convencionais, ensaiados ao
arrancamento;
� Esse resultado é corroborado pelos resultados de ensaios de arrancamento realizando
em grampos com as mesmas fibras de polipropileno, realizados por
Magalhães (2005) e Leite (2007). Os autores encontraram valores de resistência ao
arrancamento dos grampos com fibras da ordem de 50 % e 60 %, respectivamente,
dos obtidos para os grampos convencionais, também ensaiados ao arrancamento;
� A instrumentação dos grampos convencionais e de alguns não convencionais foi
prejudicada muito provavelmente pelos danos sofridos pelos strain gages no
momento das injeções de pasta de cimento e argamassa com fibras. Além disto, a
fiação dos grampos com fibras sofreu esmagamento pelo pistão de empurramento;
� A distribuição do carregamento ao longo do comprimento de quatro dos seis
grampos não convencionais, sendo dois grampos com 1,0 m e dois grampos com
2,0 m de comprimento nominal, foi triangular (não linear) e decrescente da cabeça
para a ponta do grampo. Este padrão de distribuição confirma a adequação do
método de ensaio por empurramento do grampo com fibras, na obtenção da
resistência ao arrancamento;
� A exumação dos grampos com e sem fibras permitiu verificar a excelente qualidade
de execução dos grampos, além de identificar suas reais características geométricas,
grau de adesão ao solo circundante e os tipos de solos e estruturas geológicas ao
longo do comprimento dos grampos. Além de confirmar que as barras aço dos
grampos convencionais não escoaram e nem romperam, demonstrando que o
arrancamento dos grampos se deu no contato solo-grampo.
196
Finalmente, pode-se concluir que a utilização de grampos com fibras de
polipropileno é viável, uma vez que apresenta vantagens econômicas por dispensar o
emprego das barras de aço, além de sua metodologia executiva rápida, constituída por
apenas duas etapas fundamentais: perfuração e injeção da argamassa com fibras.
6.3 Sugestões para futuras pesquisas
Como sugestões para futuras pesquisas sugerem-se a realização de:
� Ensaios de arrancamento em grampos convencionais e ensaios de empurramento em
grampos não convencionais, em maciços de solos homogêneos ao longo do
comprimento dos grampos, para corroborar as conclusões desta dissertação, no que
se refere à determinação e à comparação dos valores de resistência e ao
comportamento dos grampos;
� Ensaios de arrancamento e empurramento em modelos reduzidos de grampos
convencionais e não convencionais;
� Ensaios de empurramento de grampos com diferentes tipos de fibras para
comparação de eficiência, comportamento e resistência;
� Ensaios de empurramento de grampos convencionais e não convencionais
instrumentados para comparação de comportamento e resistência, além da
adequação do tipo de ensaio;
� Análises numéricas dos ensaios de arrancamento e empurramento de grampos;
� Uma análise detalhada de custo dos grampos convencionais e não convencionais
(com fibras de polipropileno), quanto aos materiais utilizados e a execução.
197
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206
(a) Calibração do conjunto macaco-bomba-manômetro com capacidade 600 kN.
207
(b) Calibração do conjunto macaco-bomba-manômetro com capacidade 600 kN.
208
(c) Calibração do conjunto macaco-bomba-manômetro com capacidade 600 kN.
Figura A.1 – Calibração conjunto macaco-bomba-manômetro C600.
209
(a) Calibração do conjunto macaco-bomba-manômetro com capacidade 1000 kN.
210
(b) Calibração do conjunto macaco-bomba-manômetro com capacidade 1000 kN.
211
(c) Calibração do conjunto macaco-bomba-manômetro com capacidade 1000 kN.
Figura A.2 – Calibração conjunto macaco-bomba-manômetro C1000.
212
Figura A.3 – Calibração do medidor elétrico de deslocamento - LVDT 1.
Figura A.4 – Calibração do medidor elétrico de deslocamento - LVDT 2.
y = -10,32x + 102,8
R² = 1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
De
slo
cam
en
to (
mm
)
Leitura (Volts)
Calibração do LVDT 1
y = -10,29x + 101,8
R² = 1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
De
slo
cam
en
to (
mm
)
Leitura (Volts)
Calibração do LVDT 2