Complexo B

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    Srie de Publicaes ILSI Brasil

    Volume 9

    Funes Plenamente

    Reconhecidas de Nutrientes

    Vitaminas do Complexo B:Tiamina, Riboflavina, Niacina, Piridoxina,Biotina e cido Pantotnico

    Fora-tarefa Alimentos Fortificados e SuplementosComit de Nutrio

    ILSI BrasilJulho 2009

    Helio VannucchiProfessor Titular da Faculdade de Medicina de Ribeiro Preto USP

    Selma Freire de Carvalho da CunhaProfessora Assistente Doutora da Faculdade de Medicina de Ribeiro Preto - USP

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    Tiamina, Riboavina, Niacina, Piridoxina, Biotina e cido Pantotnico / ILSI Brasil (2009)3

    SUMRIOEste fascculo tem como objetivo apresentar de forma sucinta os aspectos histricos, metablicos,fisiolgicos e clnicos (manifestaes, diagnsticos e teraputicas) de algumas vitaminas docomplexo B, como tiamina, riboflavina, niacina, piridoxina, biotina e cido pantotnico. Conformeapresentado, tais vitaminas possuem algumas caractersticas em comum, razo pela qual soapresentadas em conjunto neste fascculo. A descoberta de cada uma delas data da mesma poca

    (pelo menos o mesmo sculo), as caractersticas fsico-qumicas so prximas, as fontes alimentaresso relativamente comuns entre si, a taxa de adequao do consumo populacional semelhante eas manifestaes clnicas da deficincia se confundem. So apresentadas informaes obtidas dolevantamento bibliogrfico da literatura cientfica recente, somadas s publicaes clssicas quemarcaram a histria de cada uma dessas vitaminas. Visando uniformizar as informaes, para cadauma das vitaminas so apresentados os seguintes tpicos:

    1) Aspectos histricos;

    2) Funes e estrutura qumica;

    3) Absoro, distribuio corporal e excreo;4) Fontes alimentares e dados de consumo da populao brasileira;

    5) Grupos de risco para deficincia;

    6) Quadro clnico da deficincia;

    7) Determinao do status da vitamina;

    8) Indicaes, dose teraputica e efeitos indesejveis. No final do fascculo, so apresentadas asrecomendaes de ingesto (DRIs, dietary reference intakes) dessas vitaminas (Tabela 7) e osvalores de limite superior tolervel de ingesto (Tabela 8), de acordo com faixa etria, gnero econdies fisiolgicas como gravidez e lactao.

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    TIAMINA (VITAMINA B1)

    ASPECTOS HISTRICOS

    H cerca de 1.300 anos era conhecida uma polineuropatia identificada como beribri, que nalngua do Sri Lanka significa eu no posso eu no posso. No sculo XIX, com a introduodo arroz polido na alimentao, a doena tornou-se problema de sade pblica, especialmente noleste da sia. Na ocasio, a doena era atribuda a um fator infeccioso presente no arroz. A causaalimentar foi aventada em 1880 por Almirante Takaki, que reduziu a incidncia da doena pelaadio de peixe, carne, cevada e vegetais alimentao dos marinheiros japoneses. Em 1897,Christiaan Eijkman, um patologista holands, foi enviado para a Indonsia a fim de estudar acausa da polineuropatia que acometia a populao. Na ocasio, ele observou que os frangos do seulaboratrio desenvolviam sintomas semelhantes ao beribri quando alimentados com arroz polido,

    e que a doena desaparecia quando o farelo de arroz ou um extrato aquoso feito base do resduodo polimento era adicionado rao dos animais.

    A tiamina foi a primeira vitamina a ter sua estrutura qumica determinada, razo pela qual chamadade vitamina B

    1. Em 1911, o qumico polons Casimir Funk identificou no farelo de arroz um fator

    antiberibri capaz de corrigir a doena em animais e seres humanos. Como a substncia era umaamina considerada essencial vida, Funk denominou-a vital amin, que acabou sendo abreviadapara vitamina, apesar de se descobrir, posteriormente, que a maioria das substncias conhecidascomo vitaminas no so aminas. Em 1926, Jansen e Donath isolaram a forma cristalina, e em 1936,o bioqumico americano Robert R. Williams elucidou a estrutura qumica da tiamina.

    Inicialmente, essa vitamina foi chamada de aneurina ou vitamina anti-neurtica. Seguiram-se inmeros estudos nos quais a tiamina teve sua funo metablica definida como coenzima.Atualmente, sabe-se que a tiamina, em combinao com o fsforo, forma a coenzima tiaminapirofosfato (TPP), que atua como uma cocarboxilase, necessria na descarboxilao oxidativa dosalfacetocidos e na utilizao das pentoses (na via da hexose monofosfato). O mecanismo peloqual a deficincia de tiamina resulta em leses do sistema nervoso central ou perifrico permaneceobscuro.

    FUNES E ESTRUTURA QUMICA

    A tiamina formada pela ligao de metileno entre uma molcula de pirimidina substituda e umanel tiazol. A forma fisiologicamente ativa a TPP, coenzima que atua como uma cocarboxilasena descarboxilao oxidativa de alfacetocidos, como o piruvato e o alfacetoglutarato. Participatambm nas reaes da transcetolase na via da pentose fosfato, fornecendo ribose para a sntese denucleotdeos e cidos nucleicos. Tem papel na sntese de cidos graxos, por promover a reduoda nicotinamida adenina dinucleotdeo fosfato (NADPH). H evidncias que a TPP e a tiaminatrifosfato (TT) participam da transmisso do impulso nervoso.

    Em alimentos, a tiamina pode ser encontrada na forma fosforilada (produtos de origem animal) ou

    livre (produtos de origem vegetal). Durante o processo de absoro, a tiamina livre fosforilada TPP pela tiamina pirofosfoquinase, enzima presente na mucosa intestinal. No ambiente

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    intracelular, a TPP defosforilada por fosfatases microssomais. No plasma, a tiamina encontra-secomo monofosfato de tiamina (60%) e o restante na sua forma livre, que pode ser rapidamentefosforilada no fgado. Todos os tecidos captam as formas livres ou fosforiladas e so capazes detransform-las em di e trifosfato de tiamina, pela ao da pirofosfoquinase. No crebro e em outros

    tecidos nervosos, parte da tiamina fosforilada TPP pela tiamina fosforiltransferase.

    Tabela 1.Funes aceitas e no aceitas pelo Comit de Cientistas Lderes e pelo Conselho do UKJoint Health Claim Initiative.

    Efeito Necessrio Contribuio FunoestruturalFunonormal

    Recomendadopelo Comit

    Recomendadopelo Conselho

    Funes aceitas

    Metabolismo decarboidratos X X Sim Sim

    Sistemaneurolgico e

    coraoX X Sim Sim

    Funes no aceitas

    Adaptado de JHCI, 2003.

    ABSORO, DISTRIBUIO CORPORAL E EXCREO

    A tiamina dos alimentos pode ser absorvida na sua forma livre ou como fosfato de tiamina, pelaao das fosfatases intestinais. A absoro ocorre principalmente no duodeno, mas tambmno jejuno e em menor proporo no leo. Quando a oferta baixa, a tiamina absorvida portransporte ativo saturvel, dependente da adenosina trifosfatase dependente de sdio, enzimapresente na membrana basolateral do endotlio vascular. A sobrecarga via oral (> 5 mg/dia) induza difuso facilitada. O etanol capaz de inibir apenas o processo de absoro ativa da tiamina,mas no interfere na difuso passiva. Alguns estudos tm demonstrado que o contedo de fibras

    dietticas e os compostos fenlicos presentes nos alimentos interferem na biodisponibilidade datiamina. A deficincia pode no ser atribuda carncia alimentar, sendo secundria infecopelo fungo Penicillium citreonigrun, que libera a toxina citreoviridina, inibindo sua absoro davitamina. Outras enzimas, encontradas em peixes de rio, tambm podem causar deficincia detiamina. Existem vrios derivados sintticos da tiamina, inclusive com caractersticas lipossolveis,que apresentam melhor absoro que a forma hidrossolvel.

    Estima-se que o contedo total de tiamina no corpo humano seja de 30 mg, estando poucoarmazenada no organismo, especialmente no corao, rins, fgado e crebro. Diariamente, cercade 1 mg degradada nos tecidos; no organismo, a tiamina tem meia-vida de 9 a 18 dias. Em altastemperaturas, o suor pode conter de 30-56 nmol de tiamina/L, representando uma perda significante

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    da vitamina. Quantidades excedentes de tiamina e seus metablitos so excretadas na urina, almde pequenas quantidades na bile. O tiocromo o principal produto de excreo urinria, alm depequena quantidade de vitamina livre, as formas mono e difosfato, a tiamina dissulfito e cerca de20 outros metablitos.

    FONTES ALIMENTARES E DADOS DE CONSUMO DA POPULAO BRASILEIRA

    A tiamina encontrada em quantidades relativamente pequenas em uma ampla variedade dealimentos. So consideradas fontes ricas de tiamina nas leveduras, no farelo de trigo, nos cereaisintegrais e nas castanhas. Hortalias, frutas, ovos, carne de frango, carneiro e boi so fontesintermedirias, enquanto o leite contm quantidades relativamente baixas de tiamina. Por se tratarde uma vitamina hidrossolvel, o processo de cozimento determina perda de cerca de 80% docontedo de tiamina dos alimentos.

    A anlise da disponibilidade de nutrientes presentes em alimentos da cesta bsica mostrouque a oferta de tiamina atende a 79,7% de adequao em relao s recomendaes, quantidadeconsiderada satisfatria. De forma similar, a determinao bioqumica da concentrao de tiaminana alimentao de homens adultos trabalhadores de indstria de autopeas da cidade de So Pauloaponta para o consumo adequado dessa vitamina.

    A maioria dos estudos populacionais conduzidos com adultos mostra que a ingesto de tiamina adequada, embora haja graus variados de deficincia entre crianas e adolescentes. Estudosrealizados na dcada de 1970 mostraram que a ingesto de tiamina foi marginal em reas urbanasde todas as regies brasileiras, independentemente dos extratos de renda. Em populao da rea

    metropolitana da Grande So Paulo, a dieta habitual continha concentrao de tiamina adequada(1,51 mg/dia para os homens e 1,03 mg/dia para as mulheres). Embora a ingesto de tiamina tenhasido adequada em todos os grupos etrios, houve menor consumo no grupo de idosos de ambos osgneros, sem atingir nveis de inadequao.

    O levantamento do consumo alimentar realizado com 337 famlias da cidade de Iguape(SP) mostrou que a ingesto de tiamina foi de 1,7 mg/dia, o que representa 88% deadequao, taxa considerada satisfatria. Em populao adulta de duas localidades distintasdo litoral sul do Estado de So Paulo, observou-se que o consumo de vitamina B

    1 foi de

    0,9 mg/dia (82% de adequao) e 0,7 mg (64% de adequao).

    Entre 4.998 adolescentes e adultos residentes em quatro regies do Estado de So Paulo, ainadequao de ingesto de tiamina foi de 35% para o gnero masculino e 40% para o feminino.Em Piracicaba (SP), a anlise da composio nutricional de 391 adolescentes mostrou que a mdiado consumo de tiamina foi de 1,24 mg/dia. O consumo de nutrientes de 247 alunos de escolaspblicas da rede municipal de Macei (AL), com idade entre nove e dez anos, mostrou que aadequao no consumo de tiamina foi baixa, de 26% nos meninos (0,26 0,38 mg/dia) e 33% nasmeninas (0,33 0,50 mg/dia), atribuda monotonia alimentar e ao alto consumo de po branco,bolachas, biscoitos, pipocas e salgadinhos de milho industrializados.

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    GRUPOS DE RISCO PARA A DEFICINCIA DE TIAMINA

    Na atualidade, a deficincia primria de tiamina rara, embora possa ser encontrada em populaescuja alimentao rica em carboidratos. Quadros de deficincia ocorrem em alcoolistas, pacientessubmetidos nutrio parenteral, portadores de m absoro intestinal (incluindo as cirurgias

    baritricas disabsortivas) e indivduos sob tratamento dialtico. Em alcoolistas, a deficincia detiamina pode dever-se somatria de inmeros fatores, como ingesto insuficiente, diminuio daabsoro e reduo da utilizao da tiamina, por alterao na etapa de fosforilao.

    O predomnio relativo das diferentes formas clnicas est relacionado a durao e gravidade dadeficincia, intensidade dos esforos fsicos e ingesto energtica. Esforos fsicos extenuantes,ingesto elevada de carboidratos e grau moderado de deficincia crnica favorecem o beribrimido com baixa incidncia de neurite perifrica. A deficincia de ingesto da vitamina associadaa restrio energtica e inatividade fsica relativa corrobora o desenvolvimento do beribri seco. Aencefalopatia de Wernicke descrita em alcoolistas que recebem sobrecarga venosa de carboidratosna forma de glicose hipertnica (50%) ou grandes quantidades de soro glicosado (5% ou 10%).

    QUADRO CLNICO DA DEFICINCIA

    A deficincia de tiamina pode resultar em trs sndromes distintas: 1) beribri seco, caracterizadopor neuropatia perifrica crnica; 2) beribri mido, no qual insuficincia cardaca e anormalidadesmetablicas predominam, com pouca evidncia de neuropatia perifrica e 3) encefalopatia deWernicke com psicose Korsakoff, caracterizada por confuso mental, dificuldade na coordenaomotora e paralisia do nervo ocular (oftalmoplegia).

    O beribri seco caracteriza-se por degenerao no-inflamatria das bainhas de mielina, levandoa quadro de neuropatia perifrica que pode ser dolorosa ou no, de carter simtrico, comenvolvimento das funes sensitiva, motora e reflexa, afetando mais intensamente as extremidadesdistais que as proximais dos membros superirores e inferiores. O beribri mido manifesta-sepor alteraes hemodinmicas secundrias vasodilatao perifrica, que levam a aumento dodbito cardaco, reteno de sdio e gua, culminando com edema e insuficincia cardaca. Oacometimento cardaco pode ser agudo ou crnico. Na forma aguda (sndrome de Shoshin), ocorreleso miocrdica com sinais e sintomas de dispneia, cianose, taquicardia, cardiomegalia acentuada,hepatomegalia, sopros arteriais e estase jugular. O quadro pode evoluir para choque circulatrio,

    culminando em bito aps horas ou dias. Na forma crnica do beribri mido, ocorre grandeaumento do dbito cardaco devido vasodilatao perifrica intensa, que leva a taquicardia,elevao da presso venosa perifrica, elevao da presso diastlica final do ventrculo direito,reteno de sdio e gua, culminando em um quadro de insuficincia cardaca congestiva.

    O quadro clnico da sndrome de Wernicke-Korsakoff caracterizado por uma trade de sinais esintomas: 1) alteraes motoras oculares; 2) ataxia e 3) comprometimento das funes mentais.Tais alteraes so desencadeadas pela deficincia de tiamina no sistema nervoso central. Ocorreprejuzo do aproveitamento da glicose como fonte energtica que causa degenerao da bainha demielina das fibras nervosas e dos nervos perifricos.

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    DETERMINAO DO STATUSDE TIAMINA

    A diminuio da atividade da enzima piruvato deidrogenase na deficincia de tiamina resultaem aumento da concentrao plasmtica de lactato e piruvato. A sobrecarga oral de glicose eo exerccio fsico moderado podem determinar acidose metablica, que, embora inespecfico,

    um teste indicativo de deficincia de tiamina, sendo algumas vezes utilizado na prtica clnica. Atiamina no sangue total no indicador sensvel do estado nutricional dessa vitamina.

    Embora existam vrios metablitos urinrios de tiamina, uma quantidade significante pode serexcretada inalterada na urina. A determinao da quantidade excretada aps uma dose teste detiamina (5 mg ou 19 umol por via parenteral) utilizada para avaliar o estado nutricional emrelao a essa vitamina. Em condies normais, aps quatro horas, haver excreo superiora 300 nmol da vitamina; indivduos deficientes apresentam excreo menor que 75 nmol. Aativao da apotranscetolase no eritrcito, lisado pela tiamina difosfato adicionada in vitro, tem setornado o ndice mais aceito e utilizado para avaliar o estado nutricional de tiamina. Entretanto, aapotranscetolase instvel tanto in vivocomo in vitro, podendo resultar em erros na interpretaodos resultados, especialmente se as amostras forem armazenadas por maior tempo. Um coeficientede ativao maior que 1,25 indicativo da deficincia, ao passo que valores menores que 1,15 soconsiderados adequados.

    INDICAES, DOSE TERAPUTICA E EFEITOS INDESEJVEIS DA TIAMINA

    Quadros leves de beribri podem ser tratados com 15 mg/dia por via parenteral durante umasemana, seguido de uma dose de manuteno oral. Quadros mais graves so tratados com 100

    mg/dia, podendo atingir at 200 mg/dia, principalmente se houver comprometimento do sistemanervoso central, tendo em vista que a penetrao no lquido cerebroespinal limitada. Doses maisbaixas de derivados lipossolveis de tiamina tetraidrofurfural podem ser empregadas, devido a suaalta permeabilidade neuroespinhal.

    Aps 6 a 24 horas do incio da reposio de tiamina, os pacientes com beribri mido apresentamevidncias de melhora clnica. Na sndrome de Wernicke, os movimentos oculares melhoram dentrode horas a alguns dias, com o nistagmo podendo persistir por alguns meses. A evoluo da ataxia lenta, pode ser incompleta e o estado confusional melhora gradualmente aps o tratamento. Oacometimento da memria na sndrome de Korsakoff, na maioria das vezes, irreversvel, havendo

    recuperao em menos de 20% dos casos.A tiamina pode ser usada de forma profiltica em pacientes com sndromes disabsortivas e emsituaes nas quais h aumento da necessidade de tiamina por perodo superior a duas semanas.Por sua ao antioxidante, h indcios de que a tiamina pode melhorar a evoluo de doenasneurodegenerativas. Em gestantes, a suplementao da vitamina pode ser utilizada em casosde vmitos e nuseas graves e persistentes, junto a reposio hidroeletroltica, antiemticosconvencionais e suporte psicolgico.

    A relao da tiamina com cncer tem se mostrado controversa e necessita de esclarecimentos

    futuros. Em vrios modelos de tumor, os compostos antitiamina inibem a sntese de cido nucleico(ribose) e a proliferao celular in vitroe in vivo. Nesse contexto, quando a doena neoplsica j

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    est instalada, a suplementao usual de tiamina pode interferir negativamente na resposta dasclulas neoplsias terapia anticncer. Tem sido debatido se a fortificao de alimentos capazde aumentar a incidncia de cncer no mundo ocidental e se o maior consumo de antagonistas(tiaminases) presentes na alimentao teria um efeito protetor em populaes da sia e frica.

    No h evidncias de qualquer efeito txico da tiamina por via oral, embora altas doses (>400mg/dia) por via parenteral tenham sido associadas a depresso respiratria em animais e choqueanafiltico em seres humanos. A hiperssensibilidade e a dermatite de contato tm sido documentadasem trabalhadores da rea farmacutica que manuseiam a vitamina. A ausncia de efeitos txicospela via oral ocorre pela absoro limitada de tiamina e pelo aumento da excreo urinria dasquantidades excedentes.

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    RIBOFLAVINA (VITAMINA B2)

    ASPECTOS HISTRICOS

    Em 1879, Wynter Blyth isolou a riboflavina a partir do soro do leite, denominando-a de lactocromo.Posteriormente, a vitamina foi isolada em diferentes alimentos ou substncias, sendo chamadade lactoflavina, ovoflavina, hepatoflavina, verdoflavina, uroflavina e vitamina G. Atualmente, conhecida como vitamina B

    2 ou riboflavina, nome atribudo cor amarela do grupo flavnico

    (do latimflavus, amarelo) e devido presena de ribose em sua estrutura. A forma fosforiladada riboflavina foi identificada no extrato de levedura por Otto Warburg e Christian, em 1932.Richard Kuhn e colaboradores elucidaram a estrutura qumica em 1933, e a sntese da riboflavinafoi feita em 1935, por Paul Karrer e colaboradores. A estrutura da forma fosforilada riboflavina-mononucletido (FMN) foi identificada por Hugo Theorell, em 1937. No ano seguinte, Warburg e

    Christian isolaram e caracterizaram a riboflavina-adenina dinucletido adenino da flavina (FAD)e demonstraram a sua participao como coenzima.

    A partir dessa poca, seguiram-se inmeros experimentos em animais de laboratrios, tanto paraelucidar os efeitos da fortificao de alimentos com riboflavina como para verificar as manifestaesclnicas da deficincia dessa vitamina. Citam-se os estudos de Sebrell e colaboradores (1941), quedemonstram os sinais clnicos da deficincia de riboflavina em seres humanos. A determinao dasnecessidades nutricionais e a biodisponibilidade da riboflavina foi avaliada entre 1940 e 1960. Oteste da atividade da glutationa redutase para avaliao dos nveis de riboflavina foi proposto em1968 por Glatzle e colaboradores, sendo utilizado desde ento.

    FUNES E ESTRUTURA QUMICA

    A riboflavina formada por um anel isoaloxazina com uma cadeia ribitol, denominada 7,8 dimetil-10-isoaloxazina. Na natureza, a riboflavina encontrada na forma livre, como FMN e FAD. Emtecidos biolgicos, encontrada principalmente como FAD, em menor extenso como FMN ecomo grupos prostticos de flavoprotenas responsveis por processos de xido-reduo.

    As formas fisiologicamente ativas, FAD e FMN, tm papel vital no metabolismo como coenzimaspara uma grande variedade de flavoprotenas respiratrias, algumas das quais contendo metais

    (como a xantina oxidase). A riboflavina atua como cofator redox no metabolismo gerador deenergia, sendo essencial para a formao dos eritrcitos, a neoglicognese e na regulao dasenzimas tireoideanas.

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    Tabela 2.Funes aceitas e no aceitas pelo Comit de Cientistas Lderes e pelo Conselho do UKJoint Health Claim Initiative.

    Efeito Necessrio Contribuio FunoestruturalFunonormal

    Recomendadopelo Comit

    Recomendadopelo Conselho

    Funes aceitas

    Metabolismoenergtico X X Sim Sim

    Transporte emetabolsimo de

    ferroX X Sim Sim

    Funes no aceitas

    Crescimento fetal X XNo

    Muitoimpreciso

    No

    Hemcias X X No No

    Sistema visual X X No No

    Adaptado de JHCI, 2003.

    ABSORO, DISTRIBUIO CORPORAL E EXCREO

    Com exceo de leite e ovos, que contm grandes quantidades de riboflavina livre, a maior parte

    da vitamina presente nos alimentos encontra-se sob a forma de FMN e FAD ligada a protenas.A hidrlise feita pelo suco gstrico libera a riboflavina e a absoro ocorre principalmente no

    jejuno. O mecanismo pouco conhecido, mas aparentemente a absoro depende do nmero detransportadores no epitlio intestinal ou da variao da atividade desses transportadores, reguladospela disponibilidade corporal da vitamina. Embora pouco absorvida, a riboflavina pode serproduzida pela flora bacteriana do intestino grosso.

    Grande parte da riboflavina absorvida fosforilada na mucosa intestinal pela flavoquinase eentra na circulao sangunea como riboflavina fosfato. No plasma sanguneo, liga-se de formainespecfica a protenas como albumina e algumas imunoglobulinas, alm da ligao especfica

    s protenas transportadoras de riboflavina, especialmente durante a gestao. A concentraosangunea total de cerca de 0,03 uM, estando na forma de riboflavina livre (50%), FAD (40%) eem menor concentrao como FMN (10%).

    O armazenamento corporal da riboflavina restrito e ocorre principalmente no fgado, bao emsculo cardaco. Os mecanismos homeostticos no permitem grandes variaes na concentraode riboflavina no crebro. Quando as necessidades metablicas so atingidas, ocorre aumento daexcreo urinria da riboflavina e de seus metablitos, at que a absoro intestinal seja saturada.A concentrao de coenzimas de riboflavina nos tecidos parece estar sob controle da atividadeda flavoquinase e da sntese e catabolismo de enzimas dependentes de flavina. Em estados decarncia de riboflavina, h conservao muito eficiente e reutilizao da vitamina nos tecidos.

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    FONTES ALIMENTARES E DADOS DE CONSUMO DA POPULAO BRASILEIRA

    A distribuio da riboflavina nos alimentos ampla, mas a sua concentrao baixa. Entre osalimentos-fonte, podem-se destacar o leite e seus derivados, carne e vsceras (como fgado erins), vegetais folhosos verdes (como a couve, brcolis, repolho e agrio), ovos e ervilhas. Nos

    pases em desenvolvimento, as principais fontes de riboflavina so os vegetais verdes; nos pasesdesenvolvidos, os produtos lcteos.

    A riboflavina moderadamente solvel em solues aquosas, termoestvel e sensvel radiaoultravioleta. Assim, durante o cozimento dos alimentos, estima-se uma perda de cerca de 20%da sua concentrao, podendo chegar a 50% se houver exposio solar durante o processo. Aexposio solar do leite armazenado em embalagens transparentes resulta em perdas de quantidadessignificantes de riboflavina como resultado da fotlise. Tal fato de grande importncia nutricional,desde que mais de um quarto das recomendaes de ingesto so provenientes do leite e derivados.Durante o processamento de gros h perda considervel do teor de riboflavina dos alimentos.

    A anlise da disponibilidade de nutrientes presentes em alimentos da cesta bsica mostrou quea oferta de riboflavina atende a 33,8% de adequao em relao s recomendaes, quantidadeconsiderada insatisfatria. A determinao bioqumica da concentrao de riboflavina naalimentao de homens adultos trabalhadores de indstria de autopeas da cidade de So Pauloapontou para o consumo adequado dessa vitamina.

    No h consenso sobre a adequao do consumo de riboflavina pela populao brasileira, emfuno da amostra selecionada nos diferentes levantamentos. Estudos realizados na dcada de1970 mostraram que a ingesto de riboflavina foi geralmente baixa em grupos populacionais de

    baixa renda, em todas as regies brasileiras, especialmente de reas urbanas. A deficincia deconsumo de vitamina B2foi tambm documentada em populao adulta de Icapara (0,80 mg/dia,

    61% de adequao) e Pontal do Ribeira (0,70 mg/dia, 54% de adequao), localidades do litoralsul do Estado de So Paulo.

    Por outro lado, o levantamento do consumo alimentar realizado com 337 famlias da cidade deIguape (SP) mostrou que a ingesto de riboflavina foi de 0,9 mg/dia, o que representa 69% deadequao, considerada satisfatria. Em populao da rea metropolitana da Grande So Paulo, amediana de consumo de vitamina B

    2variou entre 0,88 e 1,64 mg/dia. O grupo etrio que apresentou

    maior consumo foi o de 20-29 anos, tanto para o sexo masculino quanto para o feminino, sem que

    a mediana atingisse os nveis recomendados (1,8 mg para homens e 1,3 mg para mulheres). Emgeral, verificou-se menor consumo de riboflavina nos grupos etrios mais velhos.

    Estudo realizado em 2001-2002 com 4.998 adolescentes e adultos residentes em quatro regiesdo Estado de So Paulo mostrou que a inadequao de ingesto de riboflavina foi de 36% emambos os gneros. Em Piracicaba (SP), a anlise da composio nutricional de 391 adolescentesdocumentou mdia do consumo de riboflavina de 1,21 mg/dia. No ano de 1998, foi determinadoo consumo de nutrientes de 247 escolares com idade entre nove e dez anos de escolas pblicasda rede municipal de Macei (AL). Nesta populao, a adequao no consumo de riboflavina foibaixa, 25% entre os meninos (0,30 0,41 mg/dia) e 31% nas meninas (0,37 0,51mg/dia). Os

    resultados foram atribudos monotonia alimentar e ao alto consumo de po branco, bolachas,biscoitos, pipocas e salgadinhos de milho industrializados pelas crianas participantes do estudo.

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    GRUPOS DE RISCO PARA A DEFICINCIA DA RIBOFLAVINA

    Pessoas com baixa ingesto de riboflavina constituem-se no grupo de risco para a deficincia, queso os idosos, as mulheres em uso crnico de contraceptivos orais, as crianas e os adolescentesde baixo nvel socioeconmicos. Os quadros de deficincia podem ocorrem em pessoas com

    baixa ingesto, no alcoolismo, em pacientes com doenas que cursam com estresse orgnicograve (como nas queimaduras e no ps-operatrio de grandes cirurgias), alm da m absorointestinal. A deficincia de riboflavina tem sido tambm observada em pacientes com doenascrnicas debilitantes (infeco pelo HIV, tuberculose, endocardite bacteriana subaguda), diabetes,hipertireoidismo e cirrose heptica. Recm-nascidos sob fototerapia prolongada para tratamentode hiperbilirrubinemia podem apresentar evidncias bioqumicas de deficincia de riboflavina,devido fotlise dessa vitamina.

    Indivduos que fazem uso crnico de algumas medicaes podem apresentar risco de desenvolver adeficincia de riboflavina, devido s interaes entre o frmaco e a vitamina. Medicamentos comoo probenecide, a clorpromazina, as fenotiazinas, os barbitricos, o antibitico estreptomicina e oscontraceptivos orais podem diminuir a absoro intestinal ou a reabsoro renal, por mecanismosdiversos, entre eles, a competio com a riboflavina. Alguns frmacos (como a ouabana, ateofilina e a penicilina) so antagonistas da riboflavina, por dificultarem a ligao da flavina comas flavoprotenas.

    QUADRO CLNICO DA DEFICINCIA

    A deficincia subclnica de riboflavina relativamente comum, embora no haja uma doena

    especfica que possa ser atribuda sua carncia. A deficincia causa leses nas comissuraslabiais e nos lbios, lngua avermelhada, seca, atrfica e descamativa, dermatite seborreicaafetando especialmente os sulcos nasolabiais e ao redor da vulva e do nus. Pode tambm ocorrerconjuntivite e opacidade do cristalino, j que a glutationa redutase uma flavoprotena importantepara a manuteno da claridade normal do cristalino. Ocasionalmente, a deficincia da riboflavinapode associar-se anemia hipocrmica e microctica, como resultado da absoro diminuda deferro nessas condies.

    O reconhecimento da deficincia de riboflavina difcil, visto que as manifestaes clnicascomo dermatite e glossite so comuns a outros estados de deficincia vitamnica. Alm disso, a

    riboflavina necessria para a metabolizao da vitamina B6, do folato, da niacina e da vitaminaK, ocorrendo superposio de deficincias vitamnicas.

    DETERMINAO DO STATUSDE RIBOFLAVINA

    A excreo urinria de riboflavina (basal ou aps uma dose teste) e de seus metablitos pode serutilizada como um ndice de estado nutricional do indivduo em relao a essa vitamina. Quandoos tecidos esto saturados, ocorre rpido aumento da excreo urinria. Entretanto, indivduos combalano nitrogenado negativo podem apresentar aumento da excreo urinria como resultado do

    catabolismo das flavoprotenas dos tecidos e perda de seus grupos prostticos.

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    A concentrao plasmtica no um bom marcador do statuscorporal de riboflavina. A riboflavinaeritrocitria reflete mais a saturao dos tecidos, mas existem poucos estudos para estabelecer valoresde depleo e de deficincia. A determinao da glutationa redutase eritrocitria considerada ummarcador sensvel da depleo de riboflavina. O coeficiente de atividade da glutationa redutase

    eritrocitria calculado pela razo entre a atividade da enzima estimulada pela FAD e a atividadebasal da enzima; valores de 1,0 a 1,4 refletem um estado nutricional adequado, enquanto aquelesmaiores que 1,7 indicam estado de deficincia vitamnica. A dosagem de piridoxina oxidase tambm marcador sensvel depleo de riboflavina.

    INDICAES, DOSE TERAPUTICA E EFEITOS INDESEJVEIS

    Os estados de deficincia devem ser tratados com 5 a 10 mg/dia de riboflavina, por via oral.Frequentemente, deficincias de outras vitaminas do complexo B esto presentes e faz-se necessriaa reposio em conjunto dessas vitaminas. Em estados de m absoro, pode ser indicado o usoprofiltico de 3 mg/dia de riboflavina.

    A riboflavina pode ser usada em desordens mitocondriais para compensar os defeitos genticos naformao especfica de flavoprotenas. usada como suplemento durante fototerapia para ictercianeonatal, j que a luz degrada no s a bilirrubina, como tambm a riboflavina corporal. Em umestudo randomizado duplo-cego controlado com placebo, a riboflavina na dose de 400 mg/diamostrou-se eficaz em reduzir a frequncia de crises de enxaqueca durante um perodo de trsmeses, mas no mostrou reduo significativa na intensidade das crises. O papel da riboflavina namalria ainda no est definido; embora haja uma correlao positiva entre o statusde riboflavina

    e a parasitemia em pacientes com malria por Plasmodium falciparum, possvel que a deficinciainiba o crescimento do parasita na hemcia e represente um fator de proteo infeco.

    Devido a sua baixa solubilidade e limitada absoro do trato gastrointestinal, a riboflavina notem toxicidade por via oral significante ou mensurvel. Aps administrao de altas doses por viaparenteral (300-400 mg/kg peso corporal), pode haver cristalizao das molculas de riboflavinacom deposio renal, devido a sua baixa solubilidade. O excesso de riboflavina pode ocasionarcolorao alaranjada na urina.

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    NIACINA

    ASPECTOS HISTRICOS

    Na antiga Europa, a pelagra se propagou por volta de 1700 quando a farinha de milho, oriundadas Amricas, comeou a substituir o trigo. A doena foi reconhecida em 1735, por Gaspar Casal,mdico da corte espanhola. Em 1755, aps visita a Madri em companhia de Casal, o mdicofrancs Thieri fez a primeira publicao sobre a doena e somente em 1762, Casal documentousuas observaes, que denominou de Lepra das Astrias. O mdico associou a pelagra com apobreza e a ingesto de milho deteriorado e descreveu os detalhes do quadro demencial e dasleses observadas em torno do pescoo dos pacientes, que ficaram conhecidas como Colar deCasal. Em 1771, o mdico italiano Frapolli utilizou o termo pelagra, que significa pele spera.

    Devido ao grande nmero de pelagra na poca, foi criado o primeiro hospital para tratamento da

    doena em Legano, Itlia, em 1784. O repouso, o ar fresco, a exposio solar, a gua, mas no aalimentao, foram responsabilizados pela melhora dos pacientes. Apenas em 1810, o fator alimentar

    foi aventado por Marzari. Em 1867, foi isolado o cido nicotnico pela oxidao da nicotina.

    Nos Estados Unidos, apesar de existir h muitos anos, apenas em 1907 a pelagra foi descrita pelaprimeira vez por Searcy, sendo considerada uma doena infecciosa transmitida por inseto. Em1912, Funk reconheceu a natureza nutricional da doena. Em estudo conduzido em sanatrios paradoentes mentais a partir de 1914, Goldberger e colaboradores concluram que o fator etiolgico dapelagra era a deficincia de um nutriente que ficou conhecido como fator P-P (fator de prevenoda pelagra). Em 1935, foi descoberta sua funo metablica como parte da coenzima nicotinamida-

    adenina-dinucletido-fosfato (NADP), e somente em 1937, Fouts e colaboradores e Smith ecolaboradores observaram que o cido nicotnico era capaz de regredir o quadro de pelagra emhumanos.

    FUNES E ESTRUTURA QUMICA

    Niacina um termo genrico que engloba o cido nicotnico e a nicotinamida, dois nucleotdeospiridnicos que atuam como precursores da coenzima nicotinamida-adenina-dinucleotdeo (NAD,coenzima I) e de sua forma fosforilada (NADP, coenzima II). Por participarem do ciclo do cido

    ctrico, essas coenzimas so essenciais para as reaes produtoras de energia celular. H no mnimo200 enzimas dependentes de NAD e NADP, que atuam no metabolismo dos carboidratos, dosaminocidos e dos lipdios, alm de participarem na sntese de hormnios adrenocorticais a partirda acetil coenzima A (CoA), na deidrogenao do local etlico e na converso de cido lctico emcido pirvico.

    O NAD participa do reparo do DNA e na transcrio, e o NADH, forma reduzida de NAD, substrato para a NADH desidrogenase da cadeia respiratria mitocondrial.A niacina pode sersintetizada in vivoa partir do aminocido essencial triptofano em quantidade correspondente a60:1 (60 mg de triptofano pode ser convertido em 1 mg de niacina). Em mdia, 1 g de protena

    prov 10 mg de triptofano ou 0,17 mg de equivalente de niacina (NE). A sntese de niacina a partirdo triptofano ocorre tanto pela flora intestinal quanto nos tecidos.

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    Tabela 3.Funes aceitas e no aceitas pelo Comit de Cientistas Lderes e pelo Conselho do UKJoint Health Claim Initiative.

    Efeito Necessrio Contribuio Funoestrutural Funonormal Recomendadopelo Comit Recomendadopelo Conselho

    Funes aceitas

    Metabolismoenergtico X X Sim Sim

    Pele e mucosas X X Sim Sim

    Sistemaneurolgico X X Sim Sim

    Funes no aceitas

    Replicao deDNA X X

    No No

    cidos graxose hormniosesteroides

    X X No No

    Adaptado de JHCI, 2003.

    ABSORO, DISTRIBUIO CORPORAL E EXCREO

    Mesmo em baixa concentrao, a absoro do cido nicotnico e da nicotinamida ocorremrapidamente em toda a extenso do intestino delgado. Os nucleotdeos da nicotinamida sohidrolisados e a nicotinamida liberada absorvida por difuso facilitada. Circula no plasma na formalivre, onde transportada para o fgado e convertida a NAD(H) e NADP(H), com a participao davitamina B

    6. A mei -vida plasmtica da niacina relativamente curta, de aproximadamente 1 hora.

    Os principais metablitos so N-metilnicotinamida, N-metil-2-piridona-5-carboxamida e N-metil-4-piridona-5-carboxamida, sendo excretados na urina.

    FONTES ALIMENTARES E DADOS DE CONSUMO DA POPULAO BRASILEIRA

    A nicotinamida e o cido nicotnico so abundantes na natureza. H predominncia de cidonicotnico em vegetais, enquanto a nicotinamida predomina nos produtos animais. A alimentao a principal fonte de niacina, sendo encontrada na carne vermelha, leite e derivados, ovos, fgado,peixe, leveduras, cereais integrais e em vrios vegetais (brcolis, tomate, cenoura, aspargo,abacate e batata-doce).A carne vermelha uma das melhores fontes de equivalentes de niacina,por sua abundncia na vitamina pr-formada e em triptofano. A contribuio dos vegetais e frutasdepende da quantidade ingerida, visto que tais alimentos no so ricos em niacina. Embor, leite eovos contenham pequenas concentraes de niacina pr-formada, seu contedo em triptofano provquantidade suficiente para a sntese in vivo. A niacina dos alimentos relativamente resistente aoprocesso de cozimento. O milho tem grande quantidade de niacina, embora essa vitamina tenha

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    baixa biodisponibilidade no organismo. Por ser componente da funo respiratria enzimtica, anecessidade de niacina est vinculada ao gasto energtico. A estimativa da necessidade de niacinapara o organismo tambm leva em considerao a sntese dessa substncia a partir do triptofano.

    A anlise da disponibilidade de nutrientes presentes em alimentos da cesta bsica mostrou

    que a oferta de niacina atende a 76,8% de adequao em relao s recomendaes, quantidadeconsiderada satisfatria A ingesto de niacina mostrou-se adequada na maioria da populaoadulta, embora tenham sido apontados graus variados de deficincia entre idosos e adolescentes.

    Estudos realizados na dcada de 1970 mostraram que a ingesto de niacina foi adequada em todasas regies brasileiras, independentemente da renda ou urbanizao. O levantamento do consumoalimentar realizado com 337 famlias da cidade de Iguape (SP) documentou ingesto diria d 14,2mg/dia de niacina, o que representa 99% de adequao

    Ainda considerando a populao adulta de duas localidades distintas do litoral sul do Estado de

    So Paulo, observou-se que o consumo de niacina fo de 12,6 mg/dia (87% de adequao) e 13,2mg (89% de adequao). Por outro lado, em populao da rea metropolitana da Grande SoPaulo, apenas o grupo etrio de 20-29 anos, de ambos os gneros, atingiu as recomendaes deingesto de niacina e observou-se diminuio gradativa do consumo em funo da idade.

    Estudo realizado em 2001-2002 com 4.998 adolescentes e adultos residentes em quatro regiesdo Estado de So Paulo mostrou que a inadequao de ingesto de niacina foi de 21% no gneromasculino e 29% no feminino. Em crianas de escolas pblicas da rede municipal de Macei, (AL),a adequao no consumo de niacina foi limtrofe, sendo de 59% entre os meninos (7,6 4,0 mgmg/dia) e 62% nas meninas (8,0 5,7 mg/dia).

    GRUPOS DE RISCO PARA A DEFICINCIA DE NIACINA

    A pelagra clssica uma doena nutricional caracterizada pela deficincia grave de niacina eassociada ou no ao dficit do aminocido essencial triptofano. A doena pode ser primria(deficincia alimentar) ou secundria a uma enfermidade subjacente.

    Classicamente, tem sido descrita deficincia primria de niacina em populaes com alimentao base de milho. Na ndia, h surtos de pelagra endmica atribudos ao alto consumo de milhoe do sorgo. Alm da baixa concentrao de niacina no milho, existe elevada concentrao de

    leucina no sorgo, que bloqueia a sntese do cido nicotnico. Na Amrica Central, o processo demoagem do milho e o uso de lcalis para preparao de alimentos base de milho aumentam abiodisponibilidade da niacina, impedindo a ocorrncia de pelagra.

    O alcoolismo crnico a principal causa de deficincia de niacina, como resultado de ingestoinsuficiente, m absoro intestinal e aumento da excreo urinria. Em tais situaes, adeficincia de zinco pode ser um fator associado etiologia da pelagra. A pelagra pode ocorrerna sndromeecarcinoide, visto que,enormalmente, apenas 1% do triptofano metabolizado paraa sntese de serotonina, enquanto na sndromeecarcinoide, esse valor chega a 60%. A doena deHartnup um distrbio hereditrio em que ocorre defeito na absoro de vrios aminocidos,

    entre eles o triptofano, implicado na etiologia da pelagra. Em ambas as situaes, a reduo da

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    oferta de triptofano disponvel reduz a sntese de niacina endgena, podendo desencadear quadrossemelhantes pelagra.

    Pela semelhana qumica, pode haver inibio competitiva entre a isoniazida (utilizada notratamento da tuberculose) com a molcula da nicotinamida e da piridoxina. Outros frmacos

    podem ter efeito pelagrognico como alguns ant-neoplsicos (6-mercaptopurina, o 5-fluorouracil,o clorambucil), a azatioprina (imunossupressor) e o cloranfenicol (antibitico bacteriosttico).

    QUADRO CLNICO DA DEFICINCIA

    O diagnstico de pelagra feito a partir do quadro clnico e da resposta teraputica de reposio.Muitas vezes, o quadro clnico da pelagra incompleto e h coexistncia de deficincia de outrasvitaminas hidrossolveis Os tecidos com alto turnovere demanda energtica, como o crebro,a pele e a mucosa, so mais afetados na pelagra. Assim, as manifestaes clnicas clssicas

    so dermatite,adiarreia, demncia, podendo evoluir para o bito, especialmente quando existeconcomitncia de subnutriooproteico-calrica.

    H hiperpigmentao, hiperceratose e descamao cutnea em reas expostas luz solar, comoextremidades, face e rea escpulo-clavicular. Os mecanismos de fotossensibilidade aindapermanecem obscuros. Pode haver leses em mucosas do trato digestivo (estomatite, glossite,ulceraes na lngua, esofagite, proctite) e gnito-urinrio (uretrite e vaginite), atribudos deficincia associada de niacina e riboflavina. O processo inflamatrio da mucosa intestinal levaao quadro deadiarreia, que determinr m-absoro de niacina, podendo perpetuar o quadro dedeficincia. As alteraes neuropsiquitricas so atribudas converso diminuda da serotonina a

    partir do triptofano. O quadro neuropsiquitrico se manifesta com fadiga, insnia e apatia, podendoevoluir para confuso mental, dficitde memria, convulses, catatonia e alucinaes.

    DETERMINAO DO STATUSDA NIACINA

    No h um mtodo laboratorial bem estabelecido para avaliar o status corporal de niacina. Omtodo disponvel baseia-se na determinao da excreo urinria de N

    1-metil nicotinamida e seu

    metablico, o metil-piridona-carboxamida. A excreo de metil-piridona carboxamida parece serum marcador mais sensvel aos estados de deficincia da vitamina. A razo entre a metil-piridona-carboxamida e a N

    1-metilnicotinamida urinria tem sido sugerida como um indicador do estado

    nutricional em relao a niacina. Em indivduos bem nutridos, a razo detses dois metablicos relativamente constante, entre 1,3 e 4,0, mesmo ap sobrecarga de triptofano e niacina. A razo 51 anos) 1,2 (RDA) 1,3 (RDA) 16 (RDA) 1,7 (RDA) 30 (AI) 5,0 (AI)

    Mulheres

    Mulheres (14 - 18 anos) 1,0 (RDA) 1,0 (RDA) 14 (RDA) 1,2 (RDA) 25 (AI) 5,0 (AI)

    Mulheres (19 - 50 anos) 1,1 (RDA) 1,1 (RDA) 14 (RDA) 1,3 (RDA) 30 (AI) 5,0 (AI)

    Mulheres (> 51 anos) 1,1 (RDA) 1,1 (RDA) 14 (RDA) 1,5 (RDA) 30 (AI) 5,0 (AI)

    Gestantes 1,4 (RDA) 1,4 (RDA) 18 (RDA) 1,9 (RDA) 30 (AI) 6,0 (AI)

    Lactantes 1,4 (RDA) 1,6 (RDA) 17 (RDA) 2,0 (RDA) 35 (AI) 7,0 (AI)

    Fonte: NRC (National Research Council).Dietary Reference Intakes: for Thiamin, Riboflavin, Niacin, Vitamin B6, Folate, Vitamin B12, Pantothenic

    Acid, Biotin, and Choline. Washington: National Academy Press, 2000; 564 p.

    RDA (ingesto diettica recomendada ou recommended dietary allowance)representa o valor mdiode ingesto que se mostrou suficiente para atender s necessidades nutricionais de praticamentetodas as pessoas saudveis de um determinado gnero e estgio de vida.

    AI (ingesto adequada ou average intake) baseia-se em clculo da ingesto ajustada ou aproximadaobservada de um nutriente para um grupo de pessoas saudveis.

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    Funes Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Vitaminas do Complexo B:

    Tiamina, Riboavina, Niacina, Piridoxina, Biotina e cido Pantotnico / ILSI Brasil (2009)34

    Tabela 8.Valores de limite superior tolervel de ingesto (tolerable upper intake level, UL)paraniacina e piridoxina. Obs: para as demais vitaminas avaliadas, no existem valores estabelecidos.

    Faixa etria e estgio de vida Niacina(mg/dia) Piridoxina(mg/dia)

    Crianas

    0 - 6 meses No estabelecido No estabelecido

    7 - 12 meses No estabelecido No estabelecido

    1 - 3 anos 10 30

    4 - 8 anos 15 40

    9 -13 anos 20 60

    Homens e mulheres (inclui gestantes e lactantes)

    14-18 anos 30 80

    > 19 anos 35 100

    UL representa o valor mais alto de ingesto diria contnua de um nutriente que aparentemente no

    oferea efeito adverso sade em quase todos os indivduos de um gnero e estgio de vida.

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    ILSI Brasil

    International Life Sciences Institute do Brasil