Como Se Morre - Como Se Nasce (Charles Lancelin)

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  • 7/29/2019 Como Se Morre - Como Se Nasce (Charles Lancelin)

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    A pesquisa de Charles Lancelincomea pela morte, porqueaceita, como todos ns, que a morte o incio ou reincio denova vida. Demonstra que o espiritual suplanta o material ecomprova que a reencarnao e a imortalidade da alma noso dogmas de f, mais sim verdades naturais que foramreveladas por Jesus Cristo.

    SumrioI - Lado fsico da morte

    II - Lado astral da morte

    I

    Lado fsico da morte

    Como se morre?Para esta pergunta cada um tem a sua resposta j pronta,mais ou menos cientfica, mais ou menos exata, segundo oponto de vista em que se coloca.

    O fisiologista dir: pela sufocao; o espiritualista: pelaruptura entre o corpo e o esprito; o materialista: peladestruio e desagregao das clulas; o higienista: pelaignorncia; o fatalista: pelo destino; o padre: pela vontade de

    Deus, etc.Todas estas respostas s so verdadeiras se as

    consideramos do ponto de vista particular de cada um dosque a respondem; mas parece que, em um ponto de vistageral, h um estudo especial a fazer do mecanismo da morte: o que vou tentar fazer aqui.

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    O Espiritismo divide o ser em trs princpios corpo,esprito e perisprito; j o Ocultismo, tanto o oriental como oocidental, o divide, segundo as escolas, em cinco, seta e noveelementos, diante da quantidade dos quais o nefito se senteum pouco atrapalhado. Pela minha parte, a princpio, deiminha preferncia ao ensino esprita que, pelo menos,apresenta uma simplicidade e uma clareza que logoseduzem: corpo fsico, esprito e intermedirio plstico, mas,de uma parte, j h um certo tempo, espritas esclarecidos

    foram levados a admitir a diviso do corpo material emsarcosoma (*) ou corpo material propriamente dito e emduplo etreo. De outra parte, pareceu-me que o perisprito,intermedirio plstico ou aerosoma, infinitamente maiscomplexo do que se pensa, por conseqncia, o ensinoocultista da diviso em nove princpios me pareceuaproximar-se mais da realidade e deve ser aceito de

    preferncia a qualquer outro.(*) - Este termo "sarcosoma", que no encontramos no nosso dicionrio deportugus, dado por Lancelin ao corpo fsico, em oposio a "aerosoma" ouperisprito. Vem do grego sarkos, carne, e soma, que convm ao corpo. (Nota dotradutor.)

    A experincia, porm, que poderia dar-me algumacerteza sobre o assunto. Ora, um estudo aprofundado dofantasma dos vivos, empreendido com ateno nestes doisltimos anos, me demonstrou, evidncia, que o ser

    constitudos pelos seguintes princpios:Corpo materialDuplo etreo (constituindo o fantasma aproximadamente

    do corpo fsico)Corpo astralCorpo mental

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    Corpo causal e princpios superiores do ser, ainda noabordados pela experincia (constituindo o fantasmaafastado do corpo fsico)

    O corpo material no tomar o nosso tempo, pois todo omundo j o conhece.

    O duplo etreo, depositrio da vida fsica, dotado daforma humana, pois que de qualquer forma a capa dosarcosoma, constitui o apoio do fantasma que evolui junto aocorpo fsico, do qual no se afasta nunca e no qual reentra

    desde que os elementos superiores dele se afastem.O corpo astral, depositrio da sensibilidade (foranurica), constitui o apoio fludico do fantasma que evoluilonge do corpo fsico, possuindo geralmente a formahumana. (*)

    (*) - Sobre as sadas em astral conscientes, vide o meu Mthode de ddoublementpersonnel e a obra de Hector Durville Le fantme des vivants.

    O corpo mental, depositrio da inteligncia, no possui

    nenhuma forma prpria; uma aura que envolve e penetra ocorpo fsico e que particularmente brilhante nas regiesimediatas do crebro.

    O corpo causal no foi seno simplesmente entrevistopor pessoas magnetizadas, postas em estado de vidncia, soba forma de uma aura muito leve formando uma espcie dechama, cuja extremidade superior cercada de um halo assaz

    brilhante. Ele parece ser a sede das faculdades intelectuaismais elevadas: vontade, memria, etc., mas no se pdeainda nem isol-lo, para se estud-lo parte, nem fotograf-lo.

    Quanto aos elementos superiores do ser, certo que elesexistem, pois as diversas escolas ocultistas e, em particular, aTeosofia do, no que lhes diz respeito, os mais variadosdetalhes, mas no quero, neste estudo, afastar-me da base

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    precisa e segura que nos oferece a experimentao, pelo queater-me-ei aos elementos precedentes dos quais venho defazer rpida anlise.

    Ora, que papel desempenham todos esses diversoselementos na desagregao do ser?

    No falo aqui nem da morte sbita ou violenta queaniquila bruscamente a vida material, nem da cujosprocessos muito rpido para permitir um estudo seguido defenmenos. Tomarei, para exemplo, a morte produzida por

    um enfraquecimento geral devido velhice ou por umaenfermidade bem longa, o que constitui, em suma, a mortenatural.

    O mdico murmura, afastando-se, ao ouvido do parentemais prximo: "Nada mais posso fazer; uma questo dehoras. Esperai, pois, o desenlace de um momento paraoutro."

    O enfermo repousa, sem foras, em seu leito. Elepronuncia, de tempos em tempos, algumas frases soltas ques podem ser percebidas por um ouvido atento. Suarespirao lenta e opressa, seu olhar vago, seus gestosindecisos. Algumas palavras entrecortadas, piedosamenteouvidas, lhe escapam do lbios, uma recordao dainfncia que parece reviver e cada um lhe busca em vo acausa. Depois, so outras lembranas que reaparecem, a

    maior parte esquecida ou desconhecida dos presentes porqueo moribundo nunca lhes falou delas.

    Porque, a que propsito, essas recordaes ressurgem doesquecimento?

    Subitamente, uma dessas recordaes lembra ao enfermouma inteno que teve outrora e que no executou. Nesse

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    momento supremo, ele v a necessidade de realiz-la e faz aesse respeito uma recomendao... Que se passa?

    O corpo causal sai pouco a pouco, lentamente,progressivamente, do moribundo. Detentor da memria, elerepassa todo o tempo decorrido desde os anos mais remotos,faz renascer no crebro o vestgio dos mais afastadosacontecimentos, mesmo os mais fteis, ou, numa palavra: elepassa, em revista, sua vida inteira e rev a vida que vaifindar.

    Nesse perodo, como no do sono, o tempo no tem valore vivem-se anos, dia a dia, em poucos minutos. (*)(*) - a "viso panormica" ou "memria sinttica", objeto de uma monografia

    do Professor Ernesto Bozzano que j traduzi e que na oportunidade ser publicada.(Nota do tradutor.)

    A vontade ainda existe e ela que assinala os ltimosdesejos, que ordena as recomendaes supremas; ela quefazia Scrates dizer, ao expirar; "No nos esqueamos de

    que devemos o sacrifcio de um galo a Esculpio."O moribundo experimenta, porm, um espasmo e secala... O corpo causal acaba de retirar-se, levando consigo amemria e a vontade. A partir desse momento, o agonizantefala ainda, mas as suas palavras no so mais coordenadaspelas faculdades da inteligncia, agora ausentes; elas no somais motivadas.

    O corpo mental ainda est a, pois ele emite sempre

    idias, mas a essas falta ligao j que as faculdadessuperiores do ser no mais existem para coorden-las. Omoribundo fala unicamente do que lhe fere os sentidos, sejarealidade, seja alucinao; mistura tudo e faz associaes deidias que, em outras circunstncias, provocariam o riso.

    A ttulo de exemplo, citarei um caso de que fuitestemunha: um enfermo, prefeito da comuna, ia entrar em

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    agonia quando lhe disseram que o seu adjunto viera pedirnotcias de seu estado. Ele perguntou ento, procurandoolhar o relgio, que horas eram e, quando lhe responderam,indagou porque todos os seus conselheiros municipaisestavam dependurados atrs do relgio. Nesse momento,deu-se nele uma associao mecnica de idias disparatadas,encaixada numa alucinao.

    O corpo mental, gerador dos pensamentos, ainda osemite, mas a esses faltam, ento, direo e coordenao.

    Como se diz vulgarmente, o moribundo disparata. Asprprias idias se enfraquecem, sua produo se espaa e odoente guarda longos silncios... o corpo mental que seexterioriza por sua vez e, quando ele tiver deixadocompletamente o agonizante, esse ainda poder falar, mas demodo automtico. Pronunciar algumas palavras soltas cujosentido lhe escapa, sob a influncia nica de um crebro que

    funciona mecanicamente sem mais ser dirigido pelo corpomental.Comea ento a agonia.O corpo astral, sede da sensibilidade, se exterioriza por

    sua vez, o influxo nervoso se torna mais lento e, emconseqncia, todos os sentidos se obliteram, se entorpeceme desaparecem sucessivamente; o olhar se apaga, os ouvidosdeixam de perceber os sons, as sensaes tteis no se

    produzem mais: a morte est prxima. As palavrasproferidas durante esse perodo s constituem sons vagos deslabas sem qualquer sentido: o corpo astral acaba de retirar-se do moribundo, cujo sarcosoma s fica animado pelo seuduplo etreo, detentor da vida fsica, que o fantasmaexteriorizado procura arrastar atrs de si. Esse, por sua vez,se evade progressivamente: o corao, privado de impulso e

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    regulao, no bate seno irregularmente; os msculostorxicos no tm mais fora para agir e os pulmes saspiram muito pouco ar por aspirao fraca e compassada; asextremidades se esfriam e esse esfriamento se estende, ganhapouco a pouco os centros vitais. O duplo etreo finalmenteevadiu-se e vai juntar-se s outras partes do fantasma jexteriorizadas. Produz-se ento, muito geralmente, umfenmeno particular. O agonizante faz certos gestos queparecem puramente instintivos e mecnicos, cuja razo

    escapa aos assistentes e cujo conjunto conhecido sob onome de carfologia. Ele move as mos diante do peito. Quesignifica esse gesto? Algumas pessoas pensam que ele temfrio e querem cobri-lo, outras vem nisso o resultado de umaopresso intensa; todas acham a o indcio de certosofrimento...

    Na minha opinio, preciso procurar a causa e a origem

    desse movimento automtico. O agonizante sofre, mas de umsofrimento de que no tem conscincia: ele quer libertar-se...Qual o motivo dessa dor?Sabemos, por nossas experincias sobre o fantasma dos

    vivos, que esse est sempre ligado ao corpo fsico por umlao fludico que tem o seu ponto de ligao no ladoesquerdo do peito. esse lao que, por um movimentoreflexo, quer o moribundo romper para se ver mais depressa

    liberto da matria.Um outro fenmeno, de uma natureza especial, se passa

    finalmente, com muita freqncia, nesse instante. Vimos,mais acima, que o duplo etreo s faz parte do fantasmaquando esse fantasma evolui nas regies imediatas do corpofsico. Desde que o fantasma dele se afasta, o duplo etreo,conservador das vida fsica, reintegra a sua priso de carne.

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    Parece que se passa ento algo de semelhante, mas com umamodificao especial.

    Pode-se pensar, vendo o fantasma que se afastadefinitivamente do corpo material para no mais voltar, queo duplo etreo, que recebe do sarcosoma elementossemimateriais sem os quais no pode ter existncia, sente oseu instinto prprio revoltar-se contra o seu prximodesaparecimento. Ele reintegra, ento, o sarcosoma, segundoo mecanismo que lhe habitual, (*) mas fazendo enrgico

    esforo para a reter o resto do fantasma. Isso consegue, svezes, por alguns segundos, e da vem que algunsmoribundos, no momento de expirar, parecem despertar epronunciam, distintamente, algumas palavras sensatas. oque vulgarmente se chama o "melhor do fim".

    (*) - O desdobramento do vivo, ainda que mal conhecido, um fenmeno muitocomum entre ns. Muitas distraes, ausncias, sonhos, so resultados dele. Sobre oassunto recomendo o meu Mthode de ddoublement personnel e a obra de HectorDurville Le fantme des vivants, j citados.

    Esse, porm, o ltimo esforo do duplo etreo e logo ofantasma se retira de novo, e, dessa vez para todo o sempre,do que agora s um cadver. Deve-se ento dizer, desdeesse momento, que a morte completa? Longe disso! Ofantasma est unido ao seu antigo corpo, onde continua aviver o duplo etreo, por um lao fludico cuja fora diminuia cada instante, isto , medida que morrem as clulas que

    compem o corpo, proporo que os elementos deles sedesagregam, medida tambm, que em seguida e comoconseqncia, se enfraquece o duplo etreo.

    Depois da morte aparente, oficial, a vida subsiste ainda,mais de modo latente, sem coeso e como queindividualizada entre todas as clulas que morrem, por suavez, umas aps outras. O corpo etreo se dissolve

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    progressivamente no ter e, quando morre por sua vez, aocabo de alguns dias, o lao fludico j se rompeu e ofantasma, ento liberto, se afasta definitivamente para osseus destinos pstumos. V-se, pois, que o mecanismo damorte o de um verdadeiro e mltiplo parto, desde amolstia, que se assemelha aos prdromas dolorosos daparturio, at seco do lao fludico, que torna a morteperfeita como a seco do cordo umbilical d vida prpriaao recm-nascido.

    Do mesmo modo que a me que d luz est cercada depessoas amigas, nesse momento crtico, da mesma forma ofantasma, que nasce para a vida superior, encontra em tornode si, no Alm, espritos afins e protetores para trazer-lhesocorro nesse instante de angstia e permitir-lhe assimdesembaraar-se mais facilmente da matria.

    Eis um importantssimo assunto de discusso que

    abordarei mais adiante, quando tratar do lado astral da morte.No quero estudar, aqui, seno o mecanismo puro e simplesda morte, tal qual parece funcionar no corpo fsico, isto ,deste lado do vu.

    Desde o momento, tirarei uma dupla concluso do estudoque fizemos.

    A primeira que a cremao, que, primeira vista,parece um progresso, deve ser, na realidade, considerada

    como uma volta para trs no caminho da civilizao ideal. Anatureza faz com perfeio a sua obra. Dissociandoprogressivamente os elementos constitutivos do que foi umcorpo vivo, ela permite ao esprito propriamente ditolibertar-se lentamente e com facilidade e ao duplo etreodissolver-se no ter, onde volvem os seus elementos, pouco apouco, com o mnimo sofrimento. Ao contrrio, a cremao

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    um ato de violncia, que, dissolvendo instantaneamente ocorpo fsico, inflinge uma dor atroz, ao mesmo tempo, aofantasma, cujo apoio, o corpo astral, depositrio dasensibilidade na vida, est ainda carregado de fora nurica esente romper brutalmente o laa fludico que o liga aocadver, e ao duplo etreo que, ainda depositrio do quesubsiste da vida fsica, deve experimentar uma torturaindizvel ao sentir-se desagregado, ao mesmo tempo em queo prprio cadver, pela chama devoradora.

    A segunda concluso esta: a morte constitui apenas umdesdobramento definitivo em vez de um desdobramentotemporrio. Ora, sendo o desdobramento um fenmenomuito comum, sem que dele se possa duvidar, espero que ohomem que estudou a teoria desse fenmeno, que sobretudoo experimentou subjetivamente, que, numa palavra, conheceo mecanismo do desdobramento, este, quando a sua ltima

    hora soar, saber, melhor e mais facilmente do que qualqueroutro, e sobretudo com menos sofrimento, desembaraar-sedos laos terrestres e libertar dos laos da matria a partesuperior e imortal do seu ser.

    II

    Lado astral da morte

    Estudei, precedentemente, o mecanismo ordinrio damorte, do ponto de vista do plano fsico, e comparei-a a umparto mltiplo no qual a enfermidade representa as dores doparto.

    Vou agora procurar descrever o que se passa, emsemelhante ocasio, no plano astral. No escondo que o

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    terreno em que piso parece, ao primeiro relance, muitomenos slido do que o anterior, mas, como possumos certosdados muito srios, resultados, quer de experinciasmagnticas realizadas, quer de princpios demonstrados daPsicologia, vou tentar demonstrar a realidade da coisa.

    desejo meu no utilizar-me dos dados da filosofiaocultista ou esprita seno quando esses dados tiverem sidoconfirmados, antes, pela experimentao.

    A comparao de um parto mltiplo que fiz, no ponto de

    vista do plano fsico, vai prosseguir no plano astral. Domesmo modo que na Terra a mulher, em trabalho de parto,tem junto de si o cirurgio, a parteira, o marido, a me, parasuavizar-lhe esses momentos dolorosos, assim no se devecrer que o ser que renasce para a vida superior no sejaassistido por entes queridos que lhe trazem auxlio econforto.

    O belssimo ensino, ainda que ligeiramente deformado,do Catolicismo a respeito do anjo da guarda repousa nofundo de uma inegvel verdade. Sabemos que a cada um dens esto ligadas entidades espirituais que tm por missoguiar-nos, fazer-nos progredir no caminho do bem que nosdeve conduzir aos planos superiores do Universo. A provaobjetiva disto est em que possumos uma conscincia e que,aps o mal, experimentamos remorsos. Se assim no fosse,

    dever-se-ia perguntar de onde vem a voz de nossaconscincia tantas vezes, ai de ns, em oposio a atosnossos, refletidos e praticados, indagar-se-ia quem cria osnossos remorsos, que, como toda a evidncia, tm uma causaexterior. A conscincia e os remorsos so, pois, fatosprovando, inegavelmente, a existncia, em torno de ns, deentidades superiores que nos guiam e nos confortam nas

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    misrias da vida. Isto admitido, lgico, possvel pensarque somos abandonados por esses auxiliares invisveis nomomento mesmo da prova mais dolorosa qual seja a em quevamos deixar aqueles que amamos, abandonando-os ao saborda sorte da misria, do mal? Seramos loucos em pensar talcoisa! Ao contrrio, essas entidades amigas, no momentosupremo, se comprimem ao redor de ns para facilitarem anossa tarefa, para nos tornarem menos terrveis a dor moralda separao e a dor fsica da morte.

    Todas as escolas ocultistas esto de acordo a esterespeito e a existncia, nesta vida, da conscincia e dosremorsos, nos mostra que o seu ensino repousa em basessrias.

    Vimos, em nosso precedente estudo, que a morte constituda pelo desprendimento sucessivo:

    1. dos princpios superiores do ser, levados consigo pelo

    corpo causal, detentor da memria e da vontade;2. do corpo mental, depositrio da inteligncia;3. do corpo astral, detentor da sensibilidade, formado, na

    sua parte mais prxima da materialidade, pela fora-substncia nurica;

    4. do duplo etreo, detentor da vida fsica, ligadointimamente ao corpo material e ao corpo astral.

    Vimos ainda que esses elementos se desprendem pouco a

    pouco e sucessivamente do moribundo. Que se passa entono plano astral?

    Para explic-lo e descrev-lo, no v o leitor pensar queme lanarei no domnio da fantasia e darei livre curso imaginao. Longe disto! Apoiar-me-ei em experinciasseriamente conduzidas, cujos resultados podem ser olhadoscomo absolutamente verdadeiros.

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    No que diz respeito vida pstuma, no estamosdesprovidos de documentos cientficos obtidos na prtica domagnetismo, principalmente pelo processo dito de regressoda memria.

    Darei apenas um exemplo que demonstrar tudo o que sepode tirar desta fonte.

    No Congresso Esprita de 1900, o Sr. Jos FernandezColavida, de Barcelona, Espanha, fez uma comunicao arespeito da qual extraio a parte mais importante:

    "O mdium foi profundamente adormecido por meio depasses magnticos e se lhe ordenou dizer o que fizera navspera, na antevspera, numa semana, num ms, num anoantes e sucessivamente f-lo remontar sua infncia, que fezexplicar em todos os seus detalhes. Sempre impelido pelamesma vontade, o mdium contou a sua vida no Espao, amorte na sua ltima encarnao e, continuamente impelido

    pelo magnetizador, chegou at a quatro encarnaesanteriores, a mais antiga das quais era uma existnciainteiramente selvagem. Em cada existncia, os traos domdium mudavam de expresso. Para retornar ao seu estadohabitual, foi preciso faz-lo voltar sua presente existncia,depois do que foi acordado. Algum tempo aps, deimproviso, com o fim de comprovao, o experimentador fezmagnetizar o mesmo individuo por outra pessoa, que lhe

    sugeriu que as suas precedentes narraes eram imaginrias.Apesar dessa sugesto, o mdium reproduziu a srie dasquatro existncias anteriores; como antes fizera. O despertardas recordaes e o seu encadeamento foram idnticos aosresultados obtidos na primeira experincia."

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    O Coronel Albert de Rochas e outros, depois dele,fizeram experincias semelhantes e, em conseqncia, noestamos desprovidos de documentao.

    O fantasma se forma, progressivamente, esquerda (pelomenos de modo geral, a julgar-se segundo os fatos dedesdobramento experimental) do moribundo. Os corposcausal e mental, exteriorizados os primeiros, no tm, nocomeo do fenmeno, outra perturbao que a que lhe causaa dor do corpo fsico. Acontece-lhe muitas vezes, com efeito,

    sair desse corpo (sono profundo, sonhos, etc.) e isto lheparece coisa natural. Ele cr num sono do sarcosoma e nose apercebe do que se passa.

    V ao redor de si entidades amigas que vieram socorr-lo, mas no sabe o que pensar: tudo o que se passa lhe pareceum desses sonhos aos quais j est habituado. Eis, porm,que se lhes ajunta o corpo astral, todo dolorido pela

    enfermidade e que, com o seu papel de detentor dasensibilidade, devia lig-lo ao sarcosoma. Nesse momento,uma perturbao enorme o invade e o esprito, que pairaacima de todos esses diversos elementos, fica como queconfuso, o espanto o domina e ele fere cega edesesperadamente o infinito que comea a se lhe revelar;uma angstia espantosa o oprime e ele no tem a lucidezprecisa para analisar o que lhe sucede.

    Ele est desorientado, atnito, como que mergulhado emum terrvel pesadelo. As entidades amigas ento seaproximam da pobre alma errante e aterrada, a cercam com oseu amor, a sustentam com o seu conforto e buscam lev-la compreenso do que se passa. O esprito, porm, continuapreso de louca angstia. O que se passa lhe pareceimpossvel, monstruoso: ele no pode acreditar que tudo

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    acabou; sente que ainda est unido, por um lao fludico, aoseu sarcosoma em dissoluo e ele quer, sim, ele quer anim-lo. Nesse momento, os ltimos restos do corpo astral sedesprendem, voltam a se ajuntar ao fantasma e levam-lhe osupremo pensamento do moribundo, o qual determina aafinidade que possuir a entidade humana logo depois damorte.

    O desejo, com efeito, a base do ser. Ora, o desejo maisintenso, que se manifestou antes da morte, determina o

    sentido da impulso dada a essa parte do ser humano. Omoribundo est animado de um grande desejo de felicidade,espera o cu prometido pela sua religio e est certo deatingi-lo. A tendncia do ser de ser levado para o Alto, massua elevao espiritual que determinar se ir para o planosuperior ou inferior (infeta, inferno). No primeiro caso, aafinidade o levar para o amor e a sntese e, no segundo

    caso, para o dio e a perturbao. evidente, porm, que essa afinidade s subsiste nosprimeiros tempos: , de qualquer forma, um resto da vidaterrena e, com o tempo, quando o esprito tiver alcanado aplenitude da posse de si mesmo, ele refletir e se desligardessa afinidade por assim dizer instintiva.

    O fantasma est ento quase completamente constitudofora do moribundo: s falta o duplo etreo, depositrio da

    vida fsica, o qual, por sua vez, se exterioriza.Vimos, nas pginas precedentes, que o duplo etreo,

    quando o seu instinto lhe faz pressentir que ele vaiabandonar para sempre esse corpo agonizante sem o qualno pode viver, tem um momento de espanto e, por umenrgico esforo, procura atrair ao corpo inerte, para anim-lo ainda, os elementos superiores do ser que despertam, s

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    vezes, no moribundo, no momento supremo, um instante derazo. Quando esse fato se produz, e ele bastante freqente, nesse momento que se gera o monodeismo que vaiproduzir essa afinidade pstuma que deve durar e prolongar-se certo tempo depois da morte.

    Se um avarento pensa em seu tesouro, junto dessetesouro que permanecer o seu fantasma e, por pouco queseja, mais tarde, se encontrar, no duplo etreo de umsensitivo qualquer, a fora-substncia, que possa assimilar

    para se materializar, se tornar "a alma guardi de umtesouro" das lendas.Se viveu toda a sua vida no egosmo mais absoluto, no

    experimentar, no seu instante supremo, seno pesares por simesmo, pesares que o perseguiro no Alm e lhe impedirotodo o progresso, tanto menos quanto menos dele sedesembaraar. Ao contrrio, se o seu ltimo pensamento for

    um ato de altrusmo, a dor de abandonar os que ama na Terraficar perto deles at os seus desencarnes e, nessesmomentos, os auxiliar como ele prprio foi auxiliado na suahora extrema por aqueles que o amaram e que as saudades oconservaram junto de si.

    Mas esse apelo enrgico aos princpios superiores do sers se produz por alguns instantes e logo o organismo domoribundo deixa de funcionar: a morte fsica se produziu.

    Que fazem ento os diversos elementos que compem ofantasma?

    Sabemos pelas experincias do Coronel Albert deRochas e Hector Durville que o corpo astral, fundamento eapoio dos princpios superiores do ser, est unido ao duploetreo por um lao fludico quase infinitamente extensvel,embora esse no possa afastar-se seno alguns metros do

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    sarcosoma ao qual o retm outro lao fludico bem poucoelstico.

    Pode-se ento representar o ser humano, no momento damorte, como um balo cativo (corpo astral e elementossuperiores) retido por um comprido massame ao seucabrestante (duplo etreo) que est fixo a um suporte depranchas apodrecidos (corpo fsico) Esta comparao meparece tanto mais exata porque o corpo astral, durante asexperincias com os fantasmas dos vivos, tem sempre

    tendncia a deixar a Terra em que se sente aprisionado, o qued certo trabalho para faz-lo voltar ao corpo fsico.Estudando em 1887, com a sensitiva Srta. Lux, a

    separao do corpo astral e do duplo etreo, o Coronel deRochas notou, por diversas vezes, que o primeiro, antes deatingir uma regio de beatitude, tinha de atravessar uma zonaque o aterrava, na qual monstros horrveis tentavam ret-lo.

    Ora, a maior parte das religies ensina que, por ocasio damorte, os seres devotados ao mal disputam a alma quedeixou a Terra.

    Existe a uma verdade oculta sob um mito ou umsimbolismo a ser interpretado. Eis, creio, a interpretaodessa crena.

    O Cristianismo nos ensina, de uma parte, a existncia dedemnios ou espritos maus e, de outra, nos diz que todas os

    nossos pensamentos, todas as nossas aes nesta vida, estoinscritos no "Grande Livro do Juzo". Por sua vez oOcultismo nos ensina que todos os nossos pensamentos,todos os nossos atos, ficam gravados na parte inteligente(corpo mental) do corpo astral j desligado. Neste caso,seriam os monstros os maus pensamentos que, como em umcaleidoscpio, desfilam numa viso rpida por ocasio da

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    morte. O primeiro caso nos mostra que existem no planoastral, na parte mais prxima de ns, seres que viveram nomal ou que ainda no evoluram pouco que fosse. Essesseres, chumbados ao nosso globo por suas inferioridades, sodevorados por um vivo cime contra as almas que vemsubir para os planos serenos da espiritualidade e seencarniam em ret-las, como eles mesmos, nas regiesinferiores, enfim, na atmosfera do mal. , ento, de grandeutilidade o auxlio de entidades boas e simpticas que se

    comprimem em torno da pobre alma aterrada, a enlaam, aprotegem e a fazem franquiar essa zona de perturbao.Parece, com efeito, que h, assim, segundo experincias

    feitas com pessoas magnetizadas assim como comindivduos que tornaram vida, um instante crtico a passar,do qual o nico meio de evitar a angstia o de ter vivido nobem.

    Est, na verdade, provado que o homem que, durante asua vida, evitou, tanto quanto pde, pensamentos e atosmalvolos, no arrastar atrs de si uma malta de espritosencarniados em ret-lo na atmosfera da Terra e, de outraparte, no despertar a inveja de espritos inferiores eestacionados no mal por seus pecados, por sua falta deenergia ou mesmo por sua vontade. Ele ter formado, bemantes do momento supremo, uma guarda, pode-se assim

    dizer, mais numerosa e mais poderosa de entidades elevadasque, chegado esse momento, o faz franquiar, sob a sua gidee sem bices, essa passagem crtica, rumo s regiessuperiores.

    No nos esquecemos de que o corpo astral, e com ele oselementos superiores do ser, est retido por um lao fldico

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    ao duplo etreo que no pode, ele prprio, afastar-se dosarcosoma tornado cadver.

    Esse duplo etreo, detentor da vida fsica, levava em si,no momento do desencarne, foras vitais armazenadas pelofluxo constante vindo do sarcosoma, mas a sua fonte defora principal est esgotada, os rgos no funcionam mais,o cadver se desagrega lenta mas seguramente e o dubloetreo vive uma vida latente, composta, pode-se dizer, deuma multido de vidas individuais. Pouco a pouco, porm,

    essas morrem por sua vez e os seus elementos materiais sedissolvem no ambiente voltando matria inorgnica. Oduplo etreo se enfraquece cada vez mais medida que setornam menos numerosas as clulas ainda vivas e, quando altima desaparece, o duplo etreo morre por sua vez. (*)Desde que ele no mais existe, o lao fludico, que o une aocorpo astral, no tendo mais razo de ser, se dissolve como

    cai o cordo umbilical no recm-nascido, e os princpiossuperiores ficam livres de toda ligao material com a Terra.Resta, porm, romper ainda os laos morais e essa ruptura ordinariamente bem longa.

    (*) Para algumas escolas ocultistas, o duplo etreo apenas o fluido vital que,quando acaba, completamente, no corpo material, esse comea a esfriar e putrefazer-se. por isso que se pronunciam contra a cremao, porque a sada s vezes no total e oesprito, pelo apego vida, ainda se acha unido ao corpo material. (Nota do tradutor)

    Aqui, preciso diz-lo, est a parte fraca do presente

    estudo, mas no estamos, todavia, desprovidos de provas,pois que, alm das indicaes dadas por certas pessoasmagnetizadas submetidas regresso da memria, temos asaparies de fantasmas de defuntos, das quais, pelo menoscerto nmero, so irrecusveis.

    pois, sobre experincias magnticas e fatos, que vouestabelecer o que se segue. Quando falo de laos morais, no

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    tenho apenas em vista essas paixes baixas, a avareza, porexemplo, que liga o defunto ao seu tesouro, o egosmo queretm sua vtima aos lugares em que se julga feliz...

    Este em suma o inferno da doutrina catlica, eternacomo se diz, mas que, na verdade, no existe, porque asalmas no so jamais nem precipitadas nem retidas nele.Cada um de ns est, mais ou menos, no seguinte caso:

    "Os corpos s so vestes temporrias que as almasdevem despir, mas aquelas, que obedecem matria nesta

    vida, formam um corpo interior ou veste fludica que setorna a sua priso e o seu suplcio depois da morte, at omomento em que venha a se fundir na chama da luz divinaonde o seu peso a impede de subir. L no chegam senodepois de esforos ingentes e com o auxlio dos justos quelhes estendem a mo. Durante esse tempo, elas sodevoradas pela atividade interior do esprito cativo como

    numa fornalha ardente. As que passaram pela fogueira daexpiao, l as queimam como Hrcules no monte Eta e selibertam das suas torturas, mas maior parte falta coragemdiante dessa ltima prova que lhes parece uma segundamorte mais espantosa do que a primeira." (*)

    (*) - Eliphas Levi Dogme et rituel de la haute magie (Dogma e ritual da altamagia).

    Mas no so apenas os sentimentos inferiores que nos

    prendem Terra; h tambm os sentimentos elevados, apreocupao de uma obra benemrita qual consagramos avida, o amor que levamos daqueles que deixamos atrs dens, etc.

    Tudo isto forma tantos laos morais que nos ligam ainda vida terrena, como as saudades dos que nos amaram aqui noschamam de vez em quando, saudades que se elevam para asregies superiores em que so percebidas sob a forma das

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    vibraes mentais E todos esses laos, todas essas ligaesmorais, esto conservados na parte mais prxima da matriado corpo astral. Isto dura certo tempo, durante o qual oesprito quase liberto, auxiliado por entidades superiores,retoma a conscincia das suas vidas anteriores, v qual o fimparticular assinalado na sua ltima encarnao, verifica se oatingiu, estabelece, por um dbito e crdito, o balano dassuas boas e ms aes, busca os meios prprios para fazerfrutificar algumas e reparar outras.

    Pouco a pouco, porm, as suas obras terrenas tm a sortede todas as obras da Terra: esto mortas ou foram desviadasde seu fim primordial e ele deixa de se interessar por elas.Pouco a pouco tambm os que ele conheceu e amou naTerra, por sua vez, suportaram a grande prova. Ele ento vaiem seu auxlio para facilitar-lhes a passagem para averdadeira vida e acolh-los do "outro lado do vu", assim os

    indiferentes que o conheceram, como os descendentes aosquais se falou do antepassado morto, cuja lembrana vagaainda o atraa Terra. O esquecimento agora j se fez paraele e nada mais o atrai ao planeta, a esse mundo que foi suamorada temporria e ele pde, por sua vez, despojar-se detoda a recordao terrestre, salvo a que fica registrada no seucarma. Pde ento subir para o plano espiritual que o atrai;para ele, desde tal momento, a morte se fez completa.(*)

    (*) Tal o resgate da ambio e da grandeza humanas. O humilde, o modesto, oignorado bem mais rapidamente que o poderoso e o ilustrado liberto dos ltimos laosterrestres e pode mais depressa seguir sua vida ultraterrena.

    Vimos por esta rpida exposio, que estabeleci apsuma srie de experincias, que o fenmeno da morte infinitamente mais complexo do que geralmente cremos, oqual, como definem os lxicos, apenas a "cessao davida".

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    Para no examinar o lado fsico da morte, tal comoesquematicamente estabeleci no estudo precedente, direiapenas que os fisiologistas so, mais ou menos, os nicos asaber que a morte pode ser parcial (gangrena, etc.) e que, emtodos os casos, ela s completa depois do aniquilamento daltima clula ainda viva no cadver.

    Vimos, pela exposio anterior, que esse fenmeno,observado deste lado das portas da morte, apresentacomplexidades e um processus de que no se suspeita. O

    fenmeno subjetivo, longe de ter a instantaneidade que se lheempresta, ordinariamente se estende e prossegue em fases detempos s vezes considerveis e o que o vulgo chama morteno seno uma srie de fenmenos secundrios queprecedem uns aos outros e cujo encadeamento dura sculos.

    Nas ltimas linhas do estudo anterior, tirei duasconcluses prticas: 1. evitar a incinerao e mesmo o

    embalsamamento para no fazer o corpo astral suportarinteis sofrimentos; 2. estudar, se no praticamente, pelomenos teoricamente, o desdobramento do ser para, no ltimomomento, poupar ao corpo fsico dores de uma agoniapenosa.

    Que concluses devo tirar agora destas pginas? Umanica que contm todas as outras: o homem que, na suapassagem pela Terra, conduziu sua vida segundo a norma da

    Moral, da Justia e do Bem, que praticou o altrusmo e sedevotou a um ideal de bondade, de grandeza e de verdadescelestiais para o qual dirigiu firmemente cada um de seuspassos, esse homem criou, nos planos espirituais superiores,amigos divinos que estaro perto dele na hora inelutvel dasaflies e receios!

    Como se nasce?

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    De onde vem o homem? De que meio sai a entidade, oesprito inteligente que nasce para a vida terrena?

    No devo fazer aqui, a este respeito, consideraes quefornecero matria para um trabalho que depois executarei.Proponho-me, simplesmente, nestas pginas, estudar oprocessus da encarnao e estabelecer, com dados positivos,o mecanismo do nascimento.

    Minhas fontes de informao so iguais s que meserviram para examinar Como se morre: afirmaes de

    sensitivos magnetizados submetidos experincia deregresso da memria, recordaes comuns relatadas poroutros sensitivos, adaptao da constituio humana aosfatos, etc.

    J em precedentes estudos, estabeleci, de modo seguro,creio eu, que, durante a vida, o homem est constantementecercado de entidades astrais que o impelem pelo desejo e

    pela paixo ou a guiam pela conscincia. Conclu que seriainsensato acreditar, por um instante sequer, que, na horasuprema, de desencarnar, estivesse abandonado por essasentidades que o acompanharam durante a vida terrena.Parece-me lgico acrescentar que entre essas entidadesastrais que ele dever passar o tempo intermedirio entreduas vidas sucessivas, pois se do meio delas que vemquando nasce para a vida terrena.

    Como ponto de partida, recordarei rapidamente aconstituio do homem, tal qual sobressai das mais recentesexperincias que acompanhei com ateno:

    1. - Corpo fsico.2.- Duplo etreo, do corpo material, dotado de uma

    colorao avermelhada e azulada, detentor da vida fsica,com a forma desse corpo, do qual sai com o fantasma, de que

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    no se afasta jamais, e onde reentra desde que o fantasmadele se afasta.

    3. - Corpo astral, colorido de branco azulado, base deforca nurica e, por conseguinte, detentor da sensibilidadematerial; ele tem geralmente a forma do corpo fsico maspodendo mud-la sob o impulso de sua vontade ou de ummagnetizador.

    4. - Corpo mental, detentor da inteligncia, tendo aforma de uma aura rodeando o corpo inteiro, bastante

    brilhante principalmente na parte superior, isto , na parteque envolve o crebro (bola mental do Dr. Baraduc).5. - Corpo causal (*), que no pde ser ainda isolado:

    nossos sensitivos magnticos, mergulhados em estado devidncia, apenas descreveram, quando a magnetizao foilevada a fundo, a apario, acima da bola mental, como umachama cujo cimo circunscrito por um halo brilhante e que

    parece ser o corpo causal, o qual mostra ser detentor dasmais altas faculdades da alma: memria, vontade, etc.(*) Parece mesmo se desagregar completamente e ser substitudo por um novo

    corpo astral quando o indivduo passa de um sistema de mundo para um outro, questocomplexa que no considero no presente estudo.

    6. - Enfim, os elementos superiores do ser, no aindaestudados e que dominam o esprito.

    Resulta, pois, deste conjunto de elementos e dasexplicaes que acompanham cada um deles, que o

    fantasma, pois no se pode empregar a palavra corpo que da impresso de muito material, das entidades do planoespiritual baseado no corpo astral, visto que, como indiqueino precedente estudo, o duplo etreo, parte superior e quaseimaterial do corpo fsico, desaparece pouco tempo depoisdesse corpo.

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    A entidade astral compe-se, pois, do corpo astral, o qualparece que perde no Espao, depois da morte, a sua partemais grosseira (*), do corpo mental, do corpo causal e doselementos superiores do ser.

    (*) - Les vies successives (As vidas sucessivas) de A. de Rochas.

    Como se reencarnam todos esses elementos diversos? Eiso que disse, sobre o mistrio da reencarnao, a sensitivaJosephine, desdobrada pelo Coronel de Rochas, por meio domagnetismo, comunicando o que viu na reencarnao de

    Joseph Bourdon:"As trevas em que se achava mergulhado, rasgadas forampor alguns clares de luz e ele teve a inspirao dereencarnar num corpo de mulher visto que as mulheressofrem mais do que os homens e porque tinha de expiarfaltas que havia cometido desencaminhando outras mulheres.Aproximou-se ento daquela que ia ser me e "rodeou-a" ato momento de nascer a criana na qual se integrou pouco a

    pouco, At cerca de sete anos, havia ao redor dessa crianacomo que um nevoeiro flutuante pelo qual via muitas coisasque depois deixou de ver."

    Todos os sensitivos magnetizados e desdobrados, aorelatarem, nesse estado, as impresses de suas existnciaspassadas, aproximam-se muito na expresso "estar noescuro", "estar em trevas", que empregam para caracterizar o

    estado que, para eles, precede imediatamente o nascimento.Estabeleci, no decorrer de meus precedentes estudossobre a morte, baseando-me na existncia inegvel daconscincia e dos remorsos, que, como disse antes, todos osindivduos so acompanhados, durante esta vida, porentidades do Alm. Mostrei que seria loucura supor queessas personalidades abandonassem os humanos no instante

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    mesmo em que eles tm mais necessidade de seu auxlio: omomento da morte. Hoje concluo que, depois da morte, esseshumanos, desencarnados, vivem entre essas entidades. uma teoria, dir-se-. Seja! uma teoria - fao aqui tbua rasados ensinos espritas para s basear-me na experincia - masuma teoria fortalecida, de modo singular, pelos relatos depessoas magnetizadas, desdobradas, que concordam com osensinos espritas, dos quais, repito, no quero lanar mo.Esta teoria muito aceitvel, para no dizer muito verdica.

    Chegado, portanto, o momento em que termina umaexistncia espiritual para recomear uma nova, terrena, o serque, por si s ou auxiliado por entidades superiores,estabeleceu o balano de suas vidas passadas e compreendeupor que e em que progrediu, escolhe, sozinho ou ajudado, aprova terrena que lhe ser mais til. Ele viu o futuro terrestreque o seu passado lhe impe e toma a resoluo: " essa a

    vida que eu viverei!"A partir do momento em que a sua resoluo firme, elese apega a essa vontade como os animais hibernantes suatoca. Tudo sua volta se torna vago, confuso; ele seacomoda a um estado sonamblico no qual s visitadopelas entidades que devem acompanh-lo e ampar-lo no seuexlio terreno. A conscincia do seu "eu" superior se eclipsapara deixar nascer nele um rudimento de conscincia que se

    tornar, depois de desenvolvida, no seu "eu" da vida. E,quando mais tarde, sua conscincia verdadeira, original eprimordial, tiver sobressaltos de reminiscncias, ou deprevises, no a compreender e a chamar desubconscincia.

    Tal o perodo de escurido e trevas que antecipa onascimento terrestre, de que falam todos os sensitivos

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    magnetizados nos quais se provocou o fenmeno deregresso da memria.

    Ora, durante esse tempo, que se passou na Terra? Umhomem e uma mulher se uniram, obedecendo ao impulsoproduzido por sua mocidade. O amor fez a sua obra e umvulo foi fecundado. Que acontece ento?

    No descreverei os fenmenos fisiolgicos que podemser encontrados em obras tcnicas. Encerrando-me no objetodeste estudo, direi apenas que parece isto: o pai dando a vida

    e, no fantasma exteriorizado, a vida fsica sendo detida noduplo etreo, o duplo etreo parece bem emanar do pai. Aocontrrio, a me, tendo fornecido o vulo e dando, durantetodo o curso da gestao, a sua prpria substncia de que senutre o feto, me que se pode ligar a origem dosarcosoma ou corpo fsico. Ambos, o corpo fsico e o duploetreo se desenvolvem paralelamente: o primeiro pela

    substncia que lhe vem da me, e o segundo pelos elementosainda rudimentares e imprecisos que lana no feto emformao. Em uma, palavra, nesse perodo, um e outro seacham num estado igual de inanidade e fraqueza.

    Parece-nos certo que o corpo material e o duplo etreo sedesenvolvem juntos durante esse estgio e eis em qualmotivo baseio minha afirmao.

    Nas experincias de regresso da memria, sobre o

    duplo etreo que se age magneticamente: esse duplo ficacada vez menor medida que se faz remontar infncia.

    Ora, quando situado nos ltimos tempos de sua vidauterina, ele toma, e o sensitivo o imita, a posiocaracterstica: os membros inferiores e superiores juntam-sesob o queixo, o pescoo encurva-se, etc. medida que elevai regressando aos primeiros tempos, vai tomando uma

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    posio cada vez mais alongada e se detem como o germeque no suportou ainda a compreenso uterina. E essamudana de posio foi fornecida por sensitivos seminstruo e que certamente o ignoravam no seu estadonormal. Como, nesse, no se tem a haver seno com amemria prpria do corpo etreo, lgico concluir da queele se recorda e que, por conseqncia, seguiu todo o perodode desenvolvimento fetal, logo existia mesmo no dia dafecundao.

    Em tal momento, entretanto, a entidade que deveencarnar-se est ainda fora da me. Que se passa?A entidade est perto da me. Foi ela conduzida ali? Foi

    por si mesma? Isso no o sabemos, mas do que estamoscertos que, at o fim da gestao, se mantm no ambienteda me, que ela a envolve, segundo o termo invarivel detodos os sensitivos magnticos que a situa nesse perodo de

    sua existncia.Em que momento comea a tomar posse do organismo,ainda em formao e que dever ser o seu? Para responder aesta pergunta, basta ater-se simplesmente aos fatos,considerando essa propriedade capital do corpo astral que de deter em si a sensibilidade.

    Nos primeiros momentos da vida uterina, que o sistemanervoso do embrio? embrionrio ele prprio, num

    perodo, no direi j de desenvolvimento, mas muitosimplesmente de formao. Ele comea por um simplesgerme de fio nervoso que se estender, que lanar, esquerda e direita, ramificaes cada vez mais extensas emais vastas para tornar-se, enfim, o sistema completo comoexiste no ser humano que entra na vida terrena. No decorrer,porm, desse desenvolvimento, a sensibilidade no tem

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    motivo algum para exercer-se, e no se pode tambm dizerque ela radicalmente nula, visto que os nervos existem,mas se pode afirmar que, nada havendo na ambincia que apossa despertar, est em estado latente - nada mais.

    O embrio, porm, se desenvolve, torna-se feto econtinua sua formao; opera-se ento um trabalho especial:exerce-se sobre ele, de modo progressivo, a compresso daspartes uterinas e abdominais da me. preciso que o fetosinta dolorosamente essa compresso seno ficaria inerte,

    no faria esforo algum para libertar-se e provocaria a morteda futura me., portanto, muito provvel pelo stimo ms da gestao

    que a entidade, que est para encarnar-se e que at ento"rodeava" a me, penetre no ser fetal para comunicar-lhe asensibilidade necessria. Essa penetrao, segundo toda aaparncia, opera-se por um modo de endosmose muito

    compreensvel, pois que h, simplesmente, passagem,atravs dos tecidos maternos, dessa parte do corpo astral que,por ser de essncia muito aproximada da matria, maisfludica ainda do que o duplo etreo. Para concretizar o fatocom uma expresso breve, diremos que havia at entojustaposio (o corpo astral da criana "cingindo" o corpofsico da me) e depois intussuscepo.

    Dotado, desde ento, de sensibilidade, o feto sofre cada

    vez mais na sua priso de carne e, instintivamente, fazesforos para evadir-se; so esses esforos, dia a dia maispronunciados, que, juntos aos esforos de expulso feitospelos msculos do tero da me, provocam finalmente onascimento.

    O pequeno e frgil organismo faz ento sua primeirainspirao que introduz nele todos os elementos superiores

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    do corpo astral. At ento era ele apenas uma mquina decarne. Nesse primeiro perodo de vida fsica, a existnciafsica do recm-nascido se limita a sensaes puramenteanimais: sente-se bem ou sente-se mal. No primeiro caso,sua impresso traduz-se pelo sono ou pelo engordar; nosegundo, por gritos ou emagrecimento, mas no est aindade posse da centelha divina: o pensamento, que vem maistarde.

    Uma espcie de comunho existe, portanto, nesses

    primeiros tempos de vida uterina, entre o esprito que acabade revestir um corpo terrestre e o plano superior que acabade deixar. H ainda troca de idias entre o recm-vindo Terra e seus afins do plano espiritual que acabou de deixar,os quais prometem no abandon-lo durante a via dolorosana qual d incio para regressar mais tarde, mais depurado,evoludo e mais prximo do Absoluto.

    Sobre to importante assunto Papus diz o seguinte na suaobra "A Reencarnao""Assim, essa alma nasceu no mundo das formas e das

    provas e nele se desenvolver. Seu elemento era o fluidocelestial, a luz interior do Universo, o ter, o interior e oexterior da substncia cosmognica.

    Ei-la no inverso, fora de seu elemento, em plenaescurido da carne. J no v seu corpo celeste; parece que o

    perdeu como perdeu a cincia, a conscincia, a vida real. Suainteligncia fecha-se, j no tem a clarividncia direta. Seuentendimento embruteceu, sua sensibilidade psquica muitorestrita em todos os sentidos.

    Entre ela e o Universo interps-se um terrvel obstculo,qualquer coisa de obscura e limitada, obtusa, espessa emorna, estranha composio que ruge e freme, cortina sbia

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    e artisticamente tecida, dobrada sobre si mesmo e sobre ela,da qual todas as contexturas animadas, imagens do universo,em comunho rigorosa com ela, figuras das faculdades daalma, em conjuno substancial e especfica com ela,enlaam e entrelaam-na nos tortuosos meandros dos rgose das vsceras: o corpo fsico.

    Nos primeiros dias, apenas o corpo astral anima a frgilcriaturinha e somente depois, lenta e progressivamente, queo corpo mental, at ento livre e em comunicao com as

    esferas espirituais, estabelece o domiclio nessa flor de carne,onde vai exteriorizar, por meio das clulas cerebrais, asvibraes que so a manifestao da inteligncia.

    Pouco a pouco, com efeito, o pensamento terrestre -reflexo do outro - faz a sua apario e depois sua educaono beb. Limitado, no comeo, s relaes materiais, vpouco a pouco estender-se, ao seu redor, o campo de suas

    investigaes at ao momento em que, estando o corpomental completamente encarnado, ser com o corpo causallevando consigo o germe das mais altas faculdades, aomesmo tempo que os princpios superiores do ser, aindaignorados em nossa grosseira anlise, que comearo adepositar, na criana em crescimento, a semente das grandesidias do futuro.

    Essa bruma constituda de fluidos astrais por onde a

    criana v seus amigos do Alm, aqueles que ho deacompanh-la e gui-la na Terra e que, aguardando a horadas rduas tarefas, a encorajam e confortam... e as crianas,sorrindo a esses rostos amigos, riem como os anjos.

    No primeiro perodo da existncia pueril, essascomunicaes so contnuas. Ento a criana , poder-se-iadizer, anfbia, pois seu corpo vive a vida animal na matria e

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    sua alma vive espiritualmente no plano astral.Progressivamente, porm, a invaso da regio cerebral dosarcosoma pelo corpo mental lhe restringe o campo dessasvises maravilhosas que terminam para se repetirem somentedurante o sono, nos sonhos. Oh! os sonhos dos pequeninos!Qual o pensador, o filsofo, qual, mais simplesmente, ohomem sensvel e cheio de bondade que no tenhaexclamado: "Como difcil penetrar nos sonhos dascrianas!"

    At ento, isto , at aos sete anos aproximadamente,quando se completa a encarnao do corpo mental, a crianatem freqentes distraes, ausncias, brinca com os anjos,dizem as comadres com mais verdade do que pensam. Nonos esqueamos, efetivamente, de que at aos sete anos osindivduos magnetizados, nos quais se procedeu a regressoda memria, declaram que "seu corpo est cercado de uma

    camada brumosa flutuante na qual v muitas coisas que novoltar a ver posteriormente".Quando, porm, ela chega aos sete anos... adeus, adeus

    sonhos dourados, sonhos sedutores. Efetua-se, ento, aencarnao do corpo causal e das mais elevadas faculdadesda alma e a criana deixa de ser uma criatura ainda astralpara tornar-se apenas uma exilada na matria.

    Esquece, ento, os sonhos maravilhosos que no a

    visitam mais, como j se esqueceu dos "parasos inefveis"dos quais foi momentaneamente desterrada: a memriapessoal, criada pela vida terrena, obscureceu nela a memriareal de seu ser; a lembrana da Terra substituiu, em seuesprito, o lugar da lembrana astral: o eu nfimo e terrestresubstituiu o eu radioso dos espaos maravilhosos...

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    Vai, criaturinha, segue o caminho que est traado paratua prova atual. Caminha para o futuro que deve depurar-te eauxiliar-te a galgar mais um degrau da escada mstica dosseres - a escada que Jac viu outrora; esse futuro , para a tuaalma, a dor, a humilhao, a misria, o crime, talvez... Masvai, segue teu caminho de provaes! Nas horas de desnimoque te esperam, ters relmpagos de luz viva que terecordaro os esplendores dos sonhos de criana e querefletem magnificncias astrais e talvez a voz de um amigo

    do Alm se far ouvir na tua conscincia a murmurar-te:"Vai, carrega o teu fardo e leva-o corajosamente at ao seutrmino! Estas perspectivas sublimes que acabo de dar-te aperceber no so um mito, Tu no passas de uma exiladamomentnea e tornars a v-las e rev-las um dia, desde que,nas speras lutas da Terra, saibas ser o que ama e no o queodeia, o que chora e no o que canta, o que ora e no o que

    ameaa, o que consola e no o que aflige, o que conforta eno o que acabrunha, a vtima, talvez, e nunca o algoz!"

    Charles Lancelin

    FIM