106
ISSN 1516-5639 Publicação da Faculdade de Ciências Odontológicas da Universidade de Marília – UNIMAR Marília/SP, ano 5, n. o 5, 2002 Odontológicas Ciências Odontológicas Ciências Revista

Ciências Odontológicas nº 5

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Ciências Odontológicas nº 5

ISSN 1516-5639

Publicação da Faculdade de Ciências Odontológicasda Universidade de Marília – UNIMARMarília/SP, ano 5, n.o 5, 2002

OdontológicasCiências

OdontológicasCiências

Revista

Page 2: Ciências Odontológicas nº 5

ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR DA UNIVERSIDADE DE MARÍLIA

ReitorDr. Márcio Mesquita Serva

Vice-ReitoraProfª Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva

Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento InstitucionalProf. Nery Aguiar Porchia

Pró-Reitor de GraduaçãoProf. José Roberto Marques de Castro

Pró-Reitor de Pós-GraduaçãoProf. Dr. Sosígenes Victor Benfatti

Pró-Reitora de Ação ComunitáriaProfª Maria Beatriz de Barros Moraes Trazzi

Diretora AdministrativaSinara Mesquita Serva

Diretor da Faculdade de Ciências OdontológicasProf. Dr. Valdir Gouveia Garcia

FACULDADE DE CIÊNCIAS ODONTOLÓGICASAv. Higyno Muzzi Filho, 1001 - CEP: 17525-902Fone: (014) 421-4016 / 421-4015 – Fax: (014) 433-8691Campus Universitário - Marília - São Paulo

Publicação anualÓrgão financiador da publicação: UNIVERSIDADE DE MARÍLIA

Publicação da Faculdade de Ciências Odontológicasda Universidade de Marília – UNIMAR

Revista

OdontológicasOdontológicasCiênciasCiências

EDITORA

Page 3: Ciências Odontológicas nº 5

EDITORIAL

o volume anterior da Revista Ciências Odontológicas, da Faculdadede Odontologia da Universidade de Marília, tivemos o grandeprazer de, entre outras observações e anúncios de conquistas,destacar a consolidação desta publicação como a maisimportante da região oeste-paulista na área das CiênciasOdontológicas e de anunciar o alcance do ponto máximo empesquisa e qualificação profissional com a implantação doscursos de Pós-Graduação strito sensu e lato sensu da Unimar.

Instaurada e garantida esta fase, nossa responsabilidadese avoluma ainda mais na busca de manutenção do status deexcelência obtido, preocupação, aliás, perseguida desde oprimeiro número da Revista e que agora se torna tradição,experiência, superação em direção à meta maior que deve nortearqualquer Instituição de Ensino Superior preocupada com oEnsino, a Pesquisa e a Extensão de serviços à comunidade;determinação cumprida à risca por todos os membros daFaculdade de Ciências Odontológicas da Unimar: direção,professores, alunos, funcionários e, principalmente, peloMagnífico Reitor, Dr. Márcio Mesquita Serva, pela Vice-Reitora,Profa. Regina Lúcia Otaiano Losasso Serva, pelo Pró-Reitor dePlanejamento e Desenvolvimento Institucional, Prof. NeryAguiar Porchia, pelo Pró-Reitor de Graduação, Prof. José RobertoMarques de Castro, pelo Pró-Reitor de Pós-Graduação, Prof.Dr. Sosígenes Victor Benfatti, pela Pró-Reitora de AçãoComunitária, Profª Maria Beatriz de Barros Moraes Trazzi e pelaDiretora Administrativa, Sinara Mesquita Serva.

Somente com a consciência e a participação ativa detodos os envolvidos no processo chegamos ao grau máximo deinvestimento no conhecimento, o que se reflete, com certeza,numa Universidade pensada para o presente e visando o futurode profissionais realmente preparados para as atividades depesquisa e destacada atuação no mercado. Não é outra a nossapreocupação com a publicação deste quinto número da RevistaCiências Odontológicas.

PROFº. DR. ROQUE JAVIER MÉRIDA DELGADO .PRESIDENTE DO CORPO EDITORIAL

CORPO EDITORIAL

PresidenteProf. Dr. Roque J. Mérida DelgadoCoordenadorProf. Dr. Luís Anselmo MariottoAssessoria EditorialProf. Ms. Aroldo José Abreu PintoSecretárioProf. Nery Aguiar Porchia

MEMBROS DO CORPO EDITORIAL

Prof. Nery Aguiar PorchiaProf. Dr. Roberto HollandProf. Dr. Valdir de SouzaProf. Dr. Tetuo OkamotoProf. Dr. Roque Javier M. DelgadoProf. Dr. Luís Anselmo MariottoProf. Dr. Eliel Soares OrenhaProf. Dr. Sérgio DomeneProf. Dr. Júlio de Araújo GurgelProfª Dra. Silvia Helena PadovanProf. Dr. Gildo MatheusProf. Dr. Celso Luiz de Angelis PortoProf. Dr. John PowersProf. Dr. João BausellsProf. Dr. Luiz Alberto MilaneziProf. Dr. Sosígenes Victor BenfattiProf. Dr. Valdir Gouveia Garcia

COLABORADORES

Prof. Ms. Adilson Hidek UenoProf. Ms. Domingos Donizetti RoqueProf. Ms. Eduardo AcceturiProf. Ms. Elio Hitoshi ShinobaraProf. Ms. Gilberto GaruttiProf. Ms. José Sidnei RoqueProfª Ms. Maria Cristina V.B. RabeloProf. Ms. Marcos Antonio GirottoProfª Ms. Marie OshiwaProf. Ms. Percilene HerculianeProf. Ms. Segismar Pesquero RecheProf. Ms. Walter SchillerProf. Ms. Expedito Machado de FariaProfª. Ms. Fabiana Soares Grecca

Publicação da Faculdade de Ciências Odontológicasda Universidade de Marília – UNIMAR

Revista

OdontológicasOdontológicasCiênciasCiências

NN

Page 4: Ciências Odontológicas nº 5

Revisão, Editoração Eletrônica, Projeto Gráfico e Capa

E d i t o r a A r t e & C i ê n c i aRua Treze de Maio, 71 – Bela VistaSão Paulo – SP - CEP 01327-000

Tel.: (011) 3257-5871Na internet: http://www.arteciencia.com.br

Catalogação na fonte: Universidade de MaríliaBiblioteca Central “Zilma Parente de Barros”

Índice para catálogo sistemático:1. Periódicos: Ciências Odontológicas2. Revistas: Ciências Odontológicas3. Brasil: Revistas: Ciências Odontológicas

REVISTA CIÊNCIAS ODONTOLÓGICAS - Publicação da Facul-dade de Ciências Odontológicas da Universidade de Marília(UNIMAR) - Marília, SP: Ed. UNIMAR, 2002.

Anual – v. 5, n.o 5, 2002

ISSN 1516-5639

1. Ciências Odontológicas - Periódicos. 2. Odontologia - Periódi-cos. 3. Universidade e Faculdade - Periódicos. I. São Paulo. Uni-versidade de Marília.

Page 5: Ciências Odontológicas nº 5

SUMÁRIO

07 _______________________AGREGADO DE TRIÓXIDO MINERAL (MTA):COMPOSIÇÃO, MECANISMO DE AÇÃO,COMPORTAMENTO BIOLÓGICO E EMPREGOCLÍNICOMINERAL TRIOXIDE AGGREGATE (MTA):COMPOSITION, MECHANISM OF ACTION,BIOLOGICAL BEHAVIOR AND CLINICALEMPLOYMENTRoberto HOLLAND, Valdir de SOUZA, Roque JavierMÉRIDA DELGADO, Sueli Satomi MURATA

23 _______________________TEMPO DE AÇÃO DO GLUCONATO DECLOREXIDINA NO CONTROLE DA PLACABACTERIANA DENTAL EM DEFICIENTESMENTAIS.THE ACTION PERIOD OF THE CHLORHEXIDINEGLUCONATE IN CONTROL OF THE BACTERIALDENTAL PLAQUE IN THE MENTALLYHANDICAPPEDNorma Suelí Gonçalves RECHE, José Pedro SotoAYRES

33 _______________________IMPLANTE HOMÓGENO DE MATRIZ DENTINÁRIADESMINERALIZADA CONSERVADA EM GLICERINAA 98% EM ALVÉOLO DENTAL. ESTUDOMICROSCÓPICO EM RATOSHOMOGENOUS IMPLANT OF DENTINDEMINERALIZED AND CONSERVED IN 98%GLYCERIN MATRIX IN DENTAL SOCKETS. AMICROSCOPIC STUDY IN RATS.Tetuo OKAMOTO, Cleverson Luciano TRENTO

43 _______________________AVALIAÇÃO DAS MARCAS DAS ESCOVASDENTÁRIAS, DO SEU TEMPO DE USO E DAFREQÜÊNCIA DE ESCOVAÇÃO DIÁRIA DOSALUNOS INGRESSANTES EM 1998, NO CURSO DECIÊNCIAS ODONTOLÓGICAS DA UNIMAR - SÃOPAULO, BRASILEVALUATION OF TOOTHBRUSHES’ BRAND, USINGTIME AND DAILY BRUSHING FREQUENCY FROMUNIMAR - SÃO PAULO,BRAZIL DENTAL SCIENCESTUDENTS ADMITTED IN 1998Sérgio Ricardo Rafacho ESTEVES, Luiz AlbertoMILANEZI, Luciano Barreiros de CARVALHo,Valdir Gouveia GARCIA

49 _______________________USO DE MATRIZES COMO MEIO PARA FACILITAROS PROCEDIMENTOS DE ESCULTURA EACABAMENTO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICASDE DENTES POSTERIORESUSE OF RESIN MATRIX AS A WAY TO SIMPLIFY THERESTORATIVE AND FINISHING PROCESS INPOSTERIOR RESTORATIONSRoque Javier MÉRIDA DELGADO, Luís AnselmoMARIOTTO

55 _______________________SÍNDROME DA ARDÊNCIA BUCAL - REVISÃO DELITERATURABURNING MOUTH SYNDROME - LITERATUREREVIEWWelington PEREIRA JÚNIOR, Élio HitoshiSHINOHARA

59 _______________________ESTUDO COMPARATIVO DA EFICIÊNCIA DASLIMAS DE NÍQUEL-TITÂNIO E DE AÇOINOXIDÁVEL EM FUNÇÃO DO NÚMERO DEUTILIZAÇÕESCOMPARATIVE STUDY OF THE CUTTING EFFICACYOF NIQUEL – TITANIUM AND STAINLESS STEELFILES IN FUNCTION OF THE NUMBER OFUTILIZATIONValdir de SOUZA, Daiane Quintanilha BAPTISTA,Roberto HOLLAND, Caroline CARVALHO, EloiDEZAN JÚNIOR, Mauro Juvenal NERY, PedroFelício Estrada BERNABÉ, José Arlindo OTOBONIFILHO

67 _______________________AVALIAÇÃO DA DUREZA SUPERFICIAL DASRESINAS COMPOSTAS : EFEITO DACOMPLEMENTAÇÃO DA FOTOPOLIMERIZAÇÃOPOR DIFERENTES MÉTODOSEVALUATION OF THE SUPERFICIAL HARDNESS OFRESIN COMPOSITE: EFFECT OF COMPLEMENT OFLIGHT CURING FOR DIFERENT METHODSLeandro Hasegawa COSTA, Roque J. M. DELGADO,Luís Anselmo MARIOTTO, Luís André PIMENTA

Page 6: Ciências Odontológicas nº 5

6

Revista Ciências Odontológicas

73 _______________________AVALIAÇÃO DA MICROINFILTRAÇÃO EMRESTAURAÇÕES ADESIVAS, VARIANDO-SE OSISTEMA ADESIVO E A TÉCNICAEVALUATION OF MICROLEAKAGE IN ADHESIVERESTORATIONS, CHANGING ADHESIVE SYSTEMAND TECHNICRenata Favinha João CAMPOI, Luís AnselmoMARIOTTO, Roque Javier Mérida DELGADO

81 _______________________DISPLASIA ECTODÉRMICA ANIDRÓTICAHEREDITÁRIA: REVISÃO DE LITERATURA ERELATO DE UM CASO CLÍNICOHEREDTTARY ANHIDROTIC ECTODERMALDYSPLASIA: REVIEW OF LITERATURE AND A CASEREPORTAne Stella Salgado XAVIER, Sosígenes VictorBENFATTI, João BAUSELLS

87 _______________________COMPORTAMENTO BIOLÓGICO DE DENTES DECÃES A UM CIMENTO EXPERIMENTAL À BASE DERESINA PLÁSTICA ACRESCIDO OU NÃO DEHIDRÓXIDO DE CÁLCIOBIOLOGICAL BEHAVIOUR OF DOGS’ TEETH TO ANEXPERIMENTAL PLASTIC RESIN SEALER WITH ORWITHOUT CALCIUM HYDROXIDESimone Nalin Guardia FAVINHA, Valdir de SOUZA,Roberto HOLLAND, Eloi DEZAN JUNIOR, MauroJuvenal NERY, Pedro Felício Estrada BERNABÉ,José Arlindo OTOBONI FILHO

97 _______________________REAÇÃO DA MUCOSA GENGIVAL E ALVÉOLODENTAL APÓS EXODONTIA E SUTURAS COMFIOS DE POLIÉSTER SILICONIZADO EPOLIBUTÉSTER. ESTUDO MICROSCÓPICOCOMPARATIVO EM RATOSREACTION OF GINGIVAL MUCOSA AND DENTALALVEOLUS AFTER TOOTH EXTRACTION ANDSILICONIZED POLYESTER AND POLIBUTESTERSUTURES. COMPARATIVE MICROSCOPICAL STUDYIN RATSTetuo OKAMOTO, Carlos Alessandro QUINTO

105______________________NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

Page 7: Ciências Odontológicas nº 5

7

ANO 5, nº 5, 2002

Roberto HOLLAND*Valdir de SOUZA*

Roque Javier MÉRIDA DELGADO**Sueli Satomi MURATA***

Foi objetivo deste trabalho apresentar uma revisão sobre o agregado de trióxido mineral (MTA), procurandosintetizar as características químicas e biológicas, bem como os diferentes empregos clínicos desse material.Observou-se que o material exibe um bom comportamento biológico, caracterizado pelo estímulo à neoformação detecido duro, aliado à usual ausência de infiltrado inflamatório. Verificou-se ainda que seu mecanismo de ação ésemelhante ao do hidróxido de cálcio e que sua composição lembra a do cimento Portland.

UNITERMOS: Agregado de trióxido mineral (MTA); mecanismo de ação; comportamento biológico.

* Professores Livres-Docentes do curso de Pós-Graduação em Clínica Odontológica da Faculdade de Ciências Odontológicas da UNIMAR, Marília - SP, Brasil.** Professor Assistente Doutor do Departamento de Odontologia Restauradora e do curso de Pós-Graduação em Clínica Odontológica da Faculdade deCiências Odontólogicas da UNIMAR, Marília - SP, Brasil.*** Estagiária da Disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia da UNESP, Araçatuba - SP, Brasil.

AGREGADO DE TRIÓXIDO MINERAL (MTA): COMPOSIÇÃO, MECANISMO DE AÇÃO,COMPORTAMENTO BIOLÓGICO E EMPREGO CLÍNICO

MINERAL TRIOXIDE AGGREGATE (MTA): COMPOSITION, MECHANISM OF ACTION,BIOLOGICAL BEHAVIOR AND CLINICAL EMPLOYMENT

INTRODUÇÃO

O agregado de trióxido mineral (MTA) foidesenvolvido na Universidade de Loma Linda (USA),com o principal objetivo de selar as áreas decomunicação do interior do dente com o exterior 27.Esse material, antes de ser lançado no comércio,foi objeto de uma série de trabalhos de investigação.Assim, foi observado que ele era portador dequalidade seladora superior à do amálgama e doSuper-EBA e que essa qualidade seladora não eracomprometida, quando as paredes da cavidadeestavam contaminadas pela presença desangue38,42,43. Essa última observação éparticularmente importante, quando se objetivaempregar esse material em cirurgiasparendodônticas. A propósito, foi observado, emdentes de cães, que obturações retrógadasrealizadas com MTA mostravam menor inflamaçãoe maior fibrosamento que o amálgama. Além disso,a presença de cemento neoformado na superfíciedo MTA também foi mais freqüente39.Paralelamente, notou-se, também, em estudo decitotoxidade, que o MTA era menos citotóxico do queo IRM e o Super-EBA41.

Outras experimentações analisaram o emprego

desse material em diferentes circunstânciasclínicas. Assim, quando aplicado em perfurações defurcas de pré-molares de cães, foi verificadadeposição de cemento neoformado diretamentesobre o material selador30. Isso acabou por estimulara colocação desse material também em contatodireto com a polpa dental. Pitt Ford et al. 29

realizaram capeamento de polpas de macacosexpostas experimentalmente. Verificaram formaçãode pontes de tecido mineralizado em todos osespécimes, com presença de células inflamatóriasem apenas um caso. No mesmo ano, Soares35

empregou o MTA na proteção dos remanescentesde polpas de dentes de cães, que haviam sidosubmetidas à remoção da polpa coronária. Notouformação de ponte de tecido duro em 96,43% doscasos, com ausência de inflamação pulpar em82,14%.

MECANISMO DE AÇÃO DO MTA

Comparando a resposta tecidual ao MTA com aque se obtém quando do emprego do hidróxido decálcio, observa-se alguma similaridade entre os doismateriais. Ambos parecem estimular aneoformação de tecido duro (cemento e dentina).

Page 8: Ciências Odontológicas nº 5

8

Revista Ciências Odontológicas

Lee et al.27 informaram que os principaiscomponentes presentes no MTA seriam o silicatotricálcico, aluminato tricálcico, óxido tricálcico eóxido de silicato. Em adição aos trióxidos, haveriaoutros óxidos minerais que seriam responsáveispelas propriedades químicas e físicas desseagregado. Ainda segundo esses autores, o pó do MTAé constituído por finas partículas hidrofílicas, queendurecem na presença de água. Dois anos maistarde, Torabinejad et al.40 estudaram as propriedadesfísicas e químicas do MTA. Eles observaram que todoo MTA era dividido em duas fases específicas,constituídas pelo óxido de cálcio e fosfato de cálcio.Verificaram, ainda, que o óxido de cálcioapresentava-se como discretos cristais e o fosfatode cálcio como uma estrutura amorfa. Sendo o óxidode cálcio um dos componentes do MTA, estariateoricamente explicada a similaridade de ação doMTA com a do hidróxido de cálcio.

Com a finalidade de melhor analisar o assunto,Holland et al.25 implantaram no tecido subcutâneode ratos tubos de dentina preenchidos comhidróxido de cálcio ou MTA. As peças foramremovidas após 7 e 30 dias e processadas semdescalcificar. Assim, cortes obtidos através de ummicrótomo de tecido duro foram analisados comauxílio de luz polarizada e coloração de Von Kossapara sais de cálcio. Notaram que, com o hidróxidode cálcio, havia formação de calcita, birrefrigentesà luz polarizada, junto à luz do tubo. Abaixo dessasgranulações, formou-se uma ponte de tecido duroVon Kossa positiva. Além disso, foi tambémobservada a presença de granulações de calcita,birrefrigentes à luz polarizada, no interior dostúbulos dentinários. Com o MTA o mesmo foiobservado, notando-se apenas que o número degranulações de calcita era um pouco menor que oobservado com o hidróxido de cálcio e que essasgranulações estavam em contato com o materialestudado, o que não ocorria com o hidróxido decálcio (Figura 1).

Vários estudos, que analisaram o hidróxido decálcio, mostraram presença de granulações decalcita em tecido conjuntivo subcutâneo36, polpadental9,13 e tecidos periapicais11,17. SegundoHolland9, essas granulações formam-se através dareação do cálcio do hidróxido de cálcio com o gáscarbônico do tecido. As mesmas granulações foramdescritas por Seux et al.31, em experimentação “invitro”. Além disso, esses autores notaram acúmulode fibronectina em íntimo contato com essescristais de calcita, em meio de cultura sem células.Quando colocavam células da polpa em contato com

esse ambiente, havia neoformação de células comaspecto morfológico de odontoblastos. Na ausênciadas granulações de calcita, havia apenasproliferação de fibroblastos. Seux et al.31 concluíramque seus achados constituíram forte evidência dopapel das granulações de calcita e da fibronectina,como um ponto de partida inicial na formação deuma barreira de tecido duro.

O estudo de Holland et al.25, em tecidosubcutâneo de rato, mostrou a similaridade deresultados entre o hidróxido de cálcio e o MTA.Ambos os materiais determinam a formação degranulações de calcita e uma ponte de tecido durosubjacente. Portanto, o mecanismo de ação do MTAseria o mesmo do hidróxido de cálcio. O óxido decálcio do pó do MTA, ao realizar-se a preparação dapasta com água, seria convertido em hidróxido decálcio. Este, por sua vez, em contato com os fluidostissulares, se dissociaria em íons cálcio e hidroxila.Os íons cálcio, reagindo com o gás carbônico dostecidos, dariam origem às granulações de calcita.Junto a essas granulações haveria acúmulo defibronectina, a qual permitiria adesão ediferenciação celular. Na seqüência, teríamosformação de uma ponte de tecido duro.

Reação tecidual semelhante à do MTA pode serobservada com o cimento obturador Sealapex. Essecimento contém em sua formulação o óxido decálcio. Implantando o Sealapex, também contido emtubos de dentina, em subcutâneo de ratos, foramobservados os mesmos resultados descritos para oMTA23, ou seja, ocorreu formação de granulaçõesde calcita e ponte de tecido duro22. Essa observaçãocom o Sealapex reforça a validade do mecanismode ação descrito para o MTA.

Figura 1: MTA em subcutâneo de rato, 30 dias. Notar parede de dentina (D),MTA (M), granulações de calcita (seta) e ponte (P) de tecido duro.Luz polarizada 40X.

Page 9: Ciências Odontológicas nº 5

9

ANO 5, nº 5, 2002

EMPREGO DO MTA NO TRATAMENTO DEPERFURAÇÕES RADICULARES

Vários materiais foram utilizados com o propósitode selar perfurações radiculares, porém, nenhumdesses materiais atendeu às característicasdesejadas de um material ideal. Estas seriam: bomselamento, biocompatibilidade e habilidade parainduzir osteogênese e cementogênese8,34. Em temporelativamente recente, foi proposto o emprego doMTA para selar essas perfurações, devido às suaspropriedades demonstradas em diferentescircunstâncias. Assim, foi salientado que o MTA ésuperior ao amálgama, IRM e Super-EBA, naprevenção de infiltração do azul de metileno,Fusobacterium nucleatum e endotoxina27,28,37. Alémdisso, o MTA é biocompatível39,41 e induz aosteogênese e a cementogênese22,23. Diante dessaspropriedades, Pitt Ford et al.30 fizeram perfuraçõesexperimentais em furcas de dentes de cães, selando-as com o material em questão. Observaram que naausência de contaminação ocorreu presença deperiodonto isento de inflamação, aliado à deposiçãode cemento neoformado, na maioria dos casos. Demodo similar, alguns relatos de casos clínicosmostram resultados exitosos de dentes comtrepanações tratadas com o MTA. Tem sido relatadoque esse material promove o reparo ósseo e eliminaa sintomatologia clínica132.

Holland et al.12 desenvolveram um trabalhoexperimental em dentes de cães, fazendoperfurações experimentais na porção lateral da raize, portanto, não na furca, como fizeram Pitt Ford etal.30 . Essas perfurações foram seladas com Sealapexou MTA, sendo os resultados analisadoshistologicamente, após 30 e 180 dias. Os melhoresresultados foram observados com o emprego do MTA,tendo ocorrido vários casos de selamento pordeposição de cemento neoformado, aliado àausência de inflamação, no ligamento periodontal(Figuras 2 e 3). Pequenas áreas de anquilosetambém foram observadas, porém apenas no tempode 30 dias. Com o Sealapex, foi notada presença deinflamação crônica em todos os espécimes epequena deposição de cemento neoformado sobre omaterial, em apenas 3 casos. Portanto, os resultadosforam bem melhores com o emprego do MTA.

Também realizamos, experimentalmente,alguns casos de perfurações em nível de furca (dadosnão publicados), tendo observado resultadossimilares aos das perfurações laterais, ou seja,cemento neoformado em contato com o MTA, selandoa perfuração (Figuras 4 e 5).

Dentre todos os casos analisados por Holland etal.12, os piores resultados foram assinalados noscasos de sobreobturação e o maior número desobreobturações foi observado quando do empregodo Sealapex. Admitiu-se que o maior número desobreobturações ocorridas com o Sealapex teve comocausa o melhor escoamento desse material. Ospiores resultados observados com o Sealapex emtrepanações, comparativamente ao que foiobservado em obturações de canal, talvez tenharelação com a bem maior área de contato com ostecidos periodontais, no caso da trepanação12,14.Considerando que os melhores resultados com oMTA foram obtidos quando o material foi mantidodentro da cavidade de trepanação, compreende-sea importância do esforço a ser despendido,clinicamente, para evitar a sobreobturação.

Figura 2: MTA 180 dias, dente de cão com trepanação lateral. ObservarMTA (M), cemento neoformado (C) junto ao material, selando aárea de perfuração, ligamento periodontal (L) e tecido ósseo (O).H.E. 40X.

Figura 3: Maior aumento da Figura anterior. Notar cemento eosinófilocelular e ligamento periodontal isento de processo inflamatório.H.E. 100X (Holland et al., J Endodon 27: 281-4, 2001).

Page 10: Ciências Odontológicas nº 5

10

Revista Ciências Odontológicas

Quando a área da perfuração for relativamenteampla, e for difícil o controle do nível da obturaçãocom o MTA, pode-se até recorrer a um “plug” com opó de hidróxido de cálcio, para contê-lo no interiorda cavidade. O hidróxido de cálcio é facilmentereabsorvível, permitindo a “posteriori” o contato dotecido conjuntivo periodontal com o MTA.

O emprego clínico do MTA em perfuraçõeslaterais ou de furca tem contribuído para a obtençãode excelentes resultados pelos profissionais que deletêm feito uso. A par de obterem o desaparecimentode eventual sintomatologia clínica, têm observadoreparo radiográfico da área lesada (Figuras 6 a 23).

Figura 6: Dente 36 com uma perfuração de furca.

Figura 7: Selamento da abertura dos canais mesiais comguta percha de coloração rosa para evitar que,acidentalmente, o MTA penetre na entrada dessescanais.

Figura 8: A área da trepanação foi preenchida com MTA,seguindo-se a proteção desse material comionômero de vidro.

Figura 5: Maior aumento da Figura anterior, destacando o cementoneoformado e ligamento periodontal isento de processoinflamatório. H.E. 100X.

Figura 4: MTA 180 dias. Dente de cão com trepanação de furca. Observaro MTA (M), cemento neoformado selando a trepanação (C),ligamento periodontal (L) e tecido ósseo (O). H.E. 40X.

Page 11: Ciências Odontológicas nº 5

11

ANO 5, nº 5, 2002

Figura 9: Radiografia de diagnóstico do dente 36, mostrando área detrepanação na raiz distal, na região de furca.

Figura 10: Radiografia do dente 36, logo após o selamento da trepanaçãona raiz distal (região de furca) com MTA, seguindo-se aproteção desse material com ionômero de vidro e selamentoda porção coronária com IRM.

Figura 11: Controle radiográfico após 2 semanas, dente assintomático.Tecido ósseo e periodontal próximo à área da trepanaçãocom aspecto de normalidade.

Figura 12: Radiografia do dente 38, mostrando área de trepanação naraiz distal, na região de furca.

Figura 13: Radiografia do dente 38, mostrando área de trepanação naraiz distal, logo abaixo da furca, selada com MTA, seguindo-se a proteção desse material com ionômero de vidro, dentecom tratamento endodôntico realizado e selamento coronáriocom IRM.

Figura 14: Controle radiográfico após 4 anos, dente assintomático,tecido periodontal e tecido ósseo adjacente à área detrepanação com aspecto de normalidade.

Page 12: Ciências Odontológicas nº 5

12

Revista Ciências Odontológicas

Figura 15: Radiografia de diagnóstico do dente12, com tratamento endodônticorealizado, mostrando obturação docanal deficiente. Notar árearadiolúcida logo abaixo do núcleo,corrrespondente ao local datrepanação.

Figura 18: Radiografia de diagnóstico do dente12, suporte de uma prótese adesiva,mostrando área de reabsorção internaextensa com comunicação com oligamento periodontal pela facevestibular.

Figura 16: Radiografia do dente 12, após remoçãoda prótese, retratamento endodônticoe selamento da trepanação no terçomédio da raiz (distal) com MTA e sobreo MTA uma pequena camada deionômero de vidro.

Figura 17: Controle radiográfico do dente 12,pós-operatório de 4 anos, denteassintomático e radiograficamenteligamento periodontal e tecido ósseocom aspecto de normalidade.

Figura 19: Radiografia do dente 12, logo após oselamento da área da reabsorçãointerna com MTA.

Figura 20: Controle radiográfico do dente 12,pós-operatório de 5 anos. Denteassintomático, obturação do canalrealizada, tecidos apicais eperiapicais normais. Notar áreaselada com MTA. O ligamentoperiodontal e estrutura ósseaadjacente com aspecto normal.

Page 13: Ciências Odontológicas nº 5

13

ANO 5, nº 5, 2002

Figura 21: Radiografia do dente 24, no ato da odontometria, introduçãodas limas tipo Kerr nos canais vestibular e lingual. Notarlima tipo Hedstroen mostrando o local da trepanação nocanal lingual, logo após a área de furca.

Figura 22: Radiografia do dente 24, após a obturação dos canais.Notar selamento da trepanação com MTA no canal linguale sobre o MTA uma camada de ionômero de vidroprotegendo o material. Notar cimentação da provisória.

Figura 23: Controle radiográfico do dente 24, pós-operatório de 2 anos.Notar ligamento periodontal e tecido ósseo adjacente à áreada trepanação selada com MTA, com aspecto de normalidade.Dente 24 com prótese definitiva, assintomático, devolvendoao paciente a estética e funcionalidade.

O MTA NA PROTEÇÃO DIRETA DA POLPADENTAL

A proteção direta da polpa dental é um assuntoque vem sendo estudado de longa data. Após oemprego empírico de diferentes substâncias,chegou-se finalmente ao hidróxido de cálcio, cujaindicação perdura até os dias de hoje. Contudo,vários medicamentos ou produtos têm sidoindicados como uma opção ao emprego do hidróxidode cálcio. É o caso dos adesivos dentinários aplicadosdiretamente sobre a polpa, cujos resultados não têmsido muito animadores, quando analisadoshistologicamente5,15.

Diante das respostas teciduais ao MTA, como oestímulo à deposição de cemento em perfuraçõesde furca e em obturações retrógadas, pensou-se emsua utilização na proteção direta da polpa dental.Assim, Pitt Ford et al.29 realizaram estudo protegendodiretamente polpas de dentes de macacos com MTAou Dycal. Notaram formação de ponte de tecido duroem todos os espécimes e infiltrado inflamatório emapenas um caso. A segunda experimentação empolpa de dentes de cães com o MTA foi realizada porSoares35, que, após dizer a pulpotomia, protegeu oremanescente com o hidróxido de cálcio pró-análiseou MTA. Observou um alto índice de reparação comambos os materiais.

Faraco Júnior e Holland6 realizaram exposiçõesexperimentais de polpas de dentes de cães,capeando-as com MTA ou Dycal. Sessenta dias apóso tratamento, as peças foram removidas epreparadas para análise histomorfológica.Observaram formação de ponte de tecido duro eausência de inflamação, em todos os casosestudados (Figuras 24 e 25). Com o emprego do Dycal,foi notada ponte de tecido duro em 5 dos 15 casostratados. Notaram, ainda, presença de processoinflamatório crônico em 12 espécimes.

Holland et al.19 realizaram pulpotomia em 13raízes de dentes de cães, protegendo osremanescentes pulpares com MTA. Notaram, após60 dias, presença de ponte de tecido duro e ausênciade inflamação em 10 desses casos. Todas as pontesde tecido duro eram tubulares e em continuidadecom a dentina neoformada lateralmente (Figuras26 a 28). Os 3 casos restantes exibiram problemascom o selamento coronário, infiltração demicroorganismos detectados pela técnica de Browne Brenn, presença de pontes delgadas e parciais etambém presença de infiltrado inflamatório. Osautores relatam a observação de um caso com ponteparcial, onde era evidente a presença de uma

Page 14: Ciências Odontológicas nº 5

14

Revista Ciências Odontológicas

estrutura irregular com formas circulares pequenase irregulares, parecendo pequenos espaços vazios,lembrando a morfologia do próprio MTA, mas comcoloração eosinófila e, portanto, diferente da do MTA(Figuras 29 e 30). Essa estrutura foi também descritapor Faraco Júnior4. Embora não se saibaexatamente o que seja essa estrutura, Holland etal.19 admitem a hipótese de ser uma alteraçãoestrutural da camada profunda do MTA, em diretocontato com o tecido pulpar.

Pelo exposto até aqui, depreende-se serem muitoboas as respostas pulpares ao contato direto com oMTA. Esse material mostrou-se superior ao cimentoà base de hidróxido de cálcio Dycal, contudo, osresultados foram similares aos do hidróxido de cálciopró-análise. Isso tem apoio em outras

Figura 25: Polpa de dente de cão, 90 dias após o capeamento com MTA. Aponte de tecido duro protege a polpa isenta de processoinflamatório. Os espaços vazios na polpa são artefatos de técnica.H.E. 100X.

Figura 24: MTA 90 dias. Capeamento da polpa exposta de dente de cão.Notar ponte de tecido duro (PT) protegendo polpa dental isentade processo inflamatório. H.E. 40X. (Faraco Júnior e Holland,Dent Traumatol 17: 163-6, 2001).

Figura 26: Polpa de dente de cão, 60 dias após pulpotomia e proteçãopulpar com MTA. Notar presença de espessa ponte de tecidoduro. H.E. 40X. (Holland et al., Braz Dent J 12:109-13, 2001).

Figura 27: Maior aumento da Figura anterior, detalhando defeito em formade túnel selado em sua porção coronária (seta). Notar ponte detecido duro constituída por dentina tubular e tecido pulpar isentode processo inflamatório. H.E. 100X.

Figura 28: Pulpotomia e proteção pulpar com MTA. Notar material protetor(M) e ponte de tecido duro com irregularidades na porção maiscoronária. H.E. 40X.

Page 15: Ciências Odontológicas nº 5

15

ANO 5, nº 5, 2002

Figura 29: Pulpotomia e proteção do remanescente pulpar com MTA. Pontede tecido duro irregular protege o remanescente pulpar. H.E.40X.

experimentações, que mostraram melhoresresultados na proteção pulpar direta com o hidróxidode cálcio pró-análise, comparativamente aoscimentos à base de hidróxido de cálcio16,20.

Um detalhe necessita ser aqui salientado. Osresultados até então relatados com o MTA, naproteção direta da polpa dental, dizem respeito acapeamentos realizados em polpas sãs e, portantosem contaminação e sem inflamação. Resta saberse, diante de uma polpa previamente exposta aomeio oral, o comportamento seria o mesmo dohidróxido de cálcio pró-análise. Este último, quandoem contato com o tecido pulpar, produz cauterizaçãosuperficial, determinando a ocorrência de uma zonade necrose, pela penetração dos íons hidroxila9. Essaárea cauterizada eliminaria eventualcontaminação superficial (pelo pH 12,5), bem comoatuaria como um “bisturi”, eliminando também a

Figura 30: Maior aumento da Figura anterior detalhando a área irregularda ponte de tecido duro. Notar MTA (M) e área irregular eosinófila(seta) que lembra a estrutura do MTA alterada e dentina (D). H.E.200X.

porção superficial pulpar mais alterada. A deposiçãodas granulações de calcita e conseqüente formaçãoda ponte de tecido duro ocorreriam a partir do limiteentre a zona de necrose e o tecido pulpar vital. Essaocorrência seria particularmente bem vinda noscasos de tratamento conservador de polpasinflamadas pela técnica da pulpotomia. Já com oMTA, praticamente não ocorre formação da zonanecrose, o que sugere pouca penetração dos íonscálcio e hidroxila. Após essa afirmativa, a descriçãoda presença de granulações de calcita em contatodireto com o material protetor (Figura 1).

Também devemos considerar a técnica da trocado hidróxido de cálcio10. Quando o hidróxido de cálcioé aplicado sobre polpas, notadamente inflamadas,podem ocorrer defeitos em forma de túnel ou mesmopontes de tecido duro parciais. Holland et al.10

realizaram trabalho experimental em dentes demacacos, tendo demonstrado que a troca do hidróxidode cálcio, 30 dias após a proteção direta da polpa,em casos de pulpotomia, levava à correção dedefeitos em forma de túnel e complementação depontes parciais. Esses resultados acabaram pormotivar a definição de uma técnica de tratamentopara dentes humanos18. Evidentemente, esseprocedimento não seria viável com o emprego doMTA, se considerarmos que a ponte de tecido duroestaria praticamente aderida ao material protetor.Durante a remoção do MTA, poderia haver rupturasna barreira formada, danificando-a. Portanto,julgamos que na técnica referida o ideal seria autilização do hidróxido de cálcio quimicamente puro.Também o emprego do MTA sobre polpascontaminadas e inflamadas necessita ser estudado.

Quando do emprego do MTA diretamente sobre otecido pulpar, é importante a contenção e o perfeitocontrole da hemorragia, procurando evitar presençade coágulo sanguíneo, para que o MTA seja aplicadodiretamente sobre o tecido pulpar. Segue o empregode um material selador sobre o MTA, que pode serum ionômero de vidro e, na seqüência, arestauração adequada da cavidade (Figuras 31 a 33).

O MTA disponível no mercado, para serempregado no capeamento pulpar, possui umacoloração cinza. Glickman e Koch7 chamam aatenção para o fato de que essa coloração poderiaconstituir-se em inconveniência, do ponto de vistaestético. Por esse motivo, segundo esses autores, ofabricante do produto irá, oportunamente, lançar umMTA de coloração branca. Diante disso, Holland etal.24 realizaram um trabalho experimental em tecidosubcutâneo de ratos, para verificar se o mecanismode ação do MTA branco seria semelhante ao

Page 16: Ciências Odontológicas nº 5

16

Revista Ciências Odontológicas

O MTA NA OBTURAÇÃO DO CANALRADICULAR

O MTA não possui propriedades físicas adequadaspara ser empregado como material obturador decanal. Todavia, considerando suas boas propriedadesseladoras e biológicas e considerando que eleestimula a neoformação de tecido duro,teoricamente poderia constituir-se em um bommaterial obturador, cujas propriedades físicasseriam corrigidas oportunamente. Sendo assim,Holland et al.26 desenvolveram um trabalhoexperimental, em dentes de cães. Trinta canaisradiculares foram preparados biomecanicamente eobturados pela técnica da condensação lateral, comcones de guta percha e MTA ou Ketac-Endo. O MTAfoi levado ao canal radicular com auxílio de umabroca lentulo, o cone principal foi rapidamentecolocado em posição e procedida a condensaçãolateral. O mesmo foi executado com o Ketac-Endo.Cento e oitenta dias após o tratamento, osespécimes foram coletados e preparados paraanálise histomorfológica.

Os resultados mostraram que o MTA promoveuselamento biológico do canal principal, em todos osespécimes (Figuras 34 e 35). Esse selamento ocorreuem diferentes níveis, podendo ser observado nonível do forame ou um pouco aquém. Da mesmaforma, foi notado selamento biológico dasramificações do canal principal que constituem odelta apical. Essas ocorrências estavam aliadas àausência de processo inflamatório no ligamentoperiodontal. Com o cimento Ketac-Endo, ocorreuselamento biológico parcial em 2 casos e totalausência nos demais. No ligamento periodontal,ocorreu pequeno infiltrado inflamatório do tipocrônico, principalmente junto ao material obturadorextravasado.

Shabahang et al.33 empregaram o MTA notratamento endodôndico de dentes de cães comrizogênese incompleta e lesão periapical. O materialfoi empregado após um curativo de hidróxido de cálciopor uma semana. Observaram complementaçãoapical notadamente por cemento neoformado.Posteriormente, Holland et al.21 voltaram a estudaro comportamento dos tecidos apicais e periapicaisde dentes de cães, após obturação de canal com MTA,agora 90 dias após o tratamento. Dos 10 casostratados, ocorreu selamento biológico completo em8, aliado à ausência de processo inflamatório(Figuras 36 e 37). Nos 2 casos restantes, ocorreuum selamento biológico parcial e, no outro,pequena sobreobturação. Em ambos os casos, notou-

Figura 31: Pré-molar humano com exposição pulpar.

Figura 32: O mesmo caso da Figura anterior, após proteção pulpar comMTA.

Figura 33: Posteriormente à proteção pulpar com MTA, o dente foi restauradocom resina composta.

observado com o MTA cinza. Notaram resultadossemelhantes aos já descritos em trabalhosanteriores23,25. Da mesma forma, Faraco Júnior4

notou resultados semelhantes entre o MTA brancoe o MTA cinza, no capeamento de polpa de dentesde cães.

Page 17: Ciências Odontológicas nº 5

17

ANO 5, nº 5, 2002

se presença de pequeno infiltrado inflamatório dotipo crônico. Observa-se, pelo exposto, que a respostabiológica ao MTA, como material obturador de canal,foi muito boa. No entanto, há dificuldades clínicasno emprego do material para essa finalidade. Restaadaptar suas propriedades físicas, contudo semalterar os resultados biológicos até entãoobservados.

O EMPREGO DO MTA EM CIRURGIASPARENDODÔNTICAS

Torabinejad et al39 estudaram a respostabiológica dos tecidos periapicais de dentes de cães,após apicectomia e obturação retrógada com MTA.Notaram que cemento neoformado era depositadonão só sobre a dentina exposta pelo seccionamentoapical, como também sobre o material em estudo,

Figura 35: Maior aumento da Figura anterior detalhando o selamentobiológico e ligamento periodontal isento de infiltrado inflamatório.H.E. 100X.

Figura 34: Dente de cão, 180 dias após a obturação de canal com MTA.Notar selamento biológico do forame apical, por cementoneoformado (C). H.E. 40X. (Holland et al., J Endodon 25: 728-30,1999.

Figura 36: Dente de cão, 90 dias após a obturação de canal com MTA. Notarselamento biológico do forame apical por cemento neoformado(C). Do lado direito o cemento neoformado (seta) repara área dereabsorção. H.E. 100X. (Holland et al., Endodoncia 19: 275-80,2001).

Figura 37: Dente de cão, 90 dias após a obturação de canal com MTA. Notarselamento biológico do forame apical por cemento neoformado(C) e ligamento periodontal (P) isento de processo inflamatório.H.E. 100X. (Holland et al., Endodoncia 19: 275-80, 2001).

caracterizando um resultado muito bom. Da mesmaforma, Bernabé e Holland2 também estudaram oMTA como material retroobturador em dentes decães, tendo observado resultados semelhantes aosrelatados por Torabinejad et al.39.

SERIA O MTA UM PRODUTO JÁCONHECIDO?

A origem e composição do MTA sempredespertaram a curiosidade daqueles que seinteressavam pelo material. Esse mistériocomeçou a ser desvendado quando Wucherpfeninge Green44 publicaram um “abstract” sobre o referidomaterial. Nesse pequeno resumo, os autoresafirmam terem observado que esse material era

Page 18: Ciências Odontológicas nº 5

18

Revista Ciências Odontológicas

quase idêntico, macroscopicamente,microscopicamente e pela difração de Raios X, aocimento Portland (cimento empregado emconstruções). Os autores acrescentam que essesdois materiais tiveram comportamento similar emcultura de células e também quando aplicados empolpas de dentes de ratos. Curiosamente, essasobservações não foram ainda publicadas, tendo-selimitado a esse “abstract”.

No entanto, Estrela et al.3 estudaram aspropriedades químicas e antibacterianas de algunsmateriais, inclusive do cimento Portland e MTA.Eles observaram que o cimento Portland contém osmesmos elementos químicos do MTA, exceto obismuto (observação: o óxido de bismuto éacrescentado ao produto para conferir-lheradiopacidade adequada). Os autores observaramtambém que o cimento Portland tinha pH e atividadeantibacteriana similar ao MTA.

Considerando esses dados, Holland et al.23

estudaram o cimento Portland (cimento PortlandItaú de Minas, MG), o MTA e o hidróxido de cálcioquimicamente puro, preenchendo tubos de dentinae implantando-os em tecido subcutâneo de ratos,da mesma forma como já haviam feito com os doisúltimos materiais25. Os resultados foramsemelhantes entre o MTA e o cimento Portland, ouseja, foram observadas granulações de calcita emcontato com os materiais estudados, e tambémdentro dos túbulos dentinários. Além disso,observaram também presença de uma ponte detecido duro Von Kossa positiva. Diante dos resultadosobtidos, os autores sugerem que o mecanismo deação dos 3 materiais estudados era similar. Com oobjetivo de confirmar esses dados, outros projetosexperimentais foram desenvolvidos.

Assim, Holland et al.21 realizaram pulpotomia emdentes de cães, protegendo 26 polpas radiculares comMTA ou cimento Portland. Sessenta dias após otratamento, as peças foram removidas e preparadaspara análise histomorfológica. Com o MTA,observaram 10 casos com ponte de tecido durocompleta e polpa isenta de inflamação. Com ocimento Portland, os resultados foram semelhantes,tendo ocorrido 11 casos com pontes completas eisenção de processo inflamatório (Figura 38). Oscasos dos dois grupos experimentais que nãoexibiam pontes completas tiveram problemas comselamento coronário ou simplesmente exibiramirregularidades e solução de continuidade, naporção central da ponte. Os resultados obtidos comos dois materiais estudados estão de acordo comresultados anteriores observados com o MTA, quando

aplicado sobre a polpa dental6. Além disso, essesresultados sugerem que os dois materiais sãosimilares e confirmam o mesmo mecanismo deação demonstrado por Holland et al.23, em tecidosubcutâneo de rato.

Com a finalidade de complementar os doisexperimentos já executados com os dois materiaiscitados, Holland et al.21 realizaram obturações de20 canais radiculares de dentes de cães, sendo 10para o MTA e 10 para o cimento Portland. Após opreparo biomecânico, os cimentos foram preparadoscom soro fisiológico e levados ao interior do canal,com auxílio de uma broca lentulo, procedendo-se, aseguir, à obturação pela técnica da condensaçãolateral. Noventa dias após a obturação, as peçasforam removidas e processadas para análisehistomorfológica. Com o MTA, foram observados 8casos de selamento biológico, por cementoneoformado, em diferentes níveis e com ausênciade infiltrado inflamatório. Os outros 2 espécimesexibiam selamento parcial e ou ausência deselamento, com pequena sobreobturação e pequenoinfiltrado inflamatório crônico, em ambos os casos.Com o cimento Portland, ocorreram 7 casos deselamento biológico completo, no nível do forameapical (Figuras 30 e 40) e 1 no interior do canal. Os2 últimos casos tinham selamento biológico parcial,1 no nível do forame e outro intra canal, exibindoambos pequeno infiltrado inflamatório do tipocrônico. O resultado desse trabalho confirmou osdados obtidos nos outros dois experimentosrealizados por Holland et al.19,23 em subcutâneo deratos e polpa de dentes de cães.

Todos os experimentos mencionados apóiam osresultados relatados por Wucherpfening e Green44

Figura 38: Dente de cão, 60 dias após a pulpotomia e proteção doremanescente pulpar com cimento Portland. Notar ponte de tecidoduro completa, protegendo polpa dental sem infiltradoinflamatório. H.E. 40X. (Holland et al., Braz Dent J 12: 109-13,2001).

Page 19: Ciências Odontológicas nº 5

19

ANO 5, nº 5, 2002

radiculares. O MTA, portanto, preenche essa lacuna,além de ter utilidade em outras aplicações, como jáfoi demonstrado e discutido ao longo daapresentação deste trabalho de revisão.

CONCLUSÃO

Considerando os trabalhos consultados e seusresultados apontados nesta revisão, julgamos serlícito concluir que:

1. O MTA mostra excelentes resultados biológicosquando empregado diretamente sobre a polpa dental,em obturações de canal e em cirurgiasparendodônticas. A resposta tecidual usualmenteé caracterizada por neoformação de tecido duro,depositado em contato direto com o material, e porausência de infiltrado inflamatório;

2. O mecanismo de ação do MTA mostrou sersemelhante ao já descrito para o hidróxido de cálcio;

3. Vários trabalhos experimentais demonstraramtambém que tanto a composição quanto ocomportamento tecidual do MTA são semelhantesao do cimento Portland.

Figura 40: Dente de cão, 90 dias após a obturação de canal com cimentoPortland. Observar aspecto semelhante ao da Figura anterior.H.E. 100X. (Holland et al., Endodoncia 19: 275-80, 2001).

Figura 39: Dente de cão, 90 dias após a obturação de canal com cimentoPortland. Observar selamento biológico (seta) e ligamentoperiodontal (P) sem infiltrado inflamatório. H.E. 100X. (Hollandet al., Endodoncia 19: 275-80,2001).

e Estrela et al.3 , que sugerem que o MTA e o cimentoPortland são materiais similares.

Baseados na série de estudos realizados com oMTA, bem como nos estudos que compararam o MTAcom o cimento Portland, a empresa Ângelus realizouuma série de análises até chegar à fórmula de umMTA nacional, lançado no comércio com adenominação de MTA-Angelus, concorrendo com oPro-Root MTA da Dentsply. Holland et al. (trabalhonão publicado) implantaram o MTA-Angelus emtecido subcutâneo de ratos, após ser introduzido emtubos de dentina, objetivando observar se ocomportamento tecidual era semelhante aoobservado com o Pro-Root MTA. A análise com auxíliode luz polarizada e reação de Von Kossa demonstroucomportamento tecidual idêntico ao já relatado parao cimento Pro-Root MTA da Dentsply. Assim, foramobservadas granulações de calcita junto ao materiale no interior dos túbulos dentinários. Junto aomaterial na luz do do tubo, além das granulações decalcita, foi também observada a formação de umaponte de tecido duro Von Kossa positiva.

Concluindo, queremos crer que a introdução doMTA na Odontologia constituiu-se num grandeavanço, principalmente para solucionar oangustiante problema das trepanações radiculares.As outras aplicações, tais como obturações de canalde dentes com ou sem rizogênese incompleta,proteção direta da polpa dental (capeamento epulpotomia) e mesmo as retroobturações,constituem situações clínicas que vêm sendosolucionadas de modo satisfatório, com outrosmateriais. No entanto, o êxito obtido com essesoutros materiais junto à polpa e tecidos periapicaisnão vinha sendo reproduzido no caso de trepanações

Roberto HOLLAND - Professor Livre-Docentedo Curso de Pós Graduação em Odontologiada Faculdade de Ciências Odontológicas daUNIMAR, Marília – SP, Brasil.

Page 20: Ciências Odontológicas nº 5

20

Revista Ciências Odontológicas

The subject of this paper was to do a revision of the material mineral trioxide aggregate (MTA), synthesizingtheir biological and chemical characteristics, as well as their different clinical employment. There was observedthat MTA has a good biological behavior, stimulating neoformation of hard tissue and usually exhibing noinflamatory reaction. There was also observed that its mechanism of action is similar to the one of calciumhydroxide and that its composition remember the composition of Portland cement.

UNITERMS: Mineral trioxide aggregate (MTA); mechanism of action; biological behavior.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.ARENS D.E.; TORABINEJAD M. Repair of furcalperforations with mineral trioxide aggregate. Two casareports. Oral Surg 82: 84-8, 1996.

2.BERNABÉ P.F.E.; HOLLAND R. O emprego do MTA nacirurgia parendodôntica. Endonews 2: 2-5,1999.

3.ESTRELA C.; BAMMANN L.L.; ESTRELA C.R.A.; SILVAR.S.; PÉCORA J.D. Antimicrobial and chemical syudy ofMTA, Portland cement, calcium hydroxide paste, Sealapexand Dycal. Braz Dent J 11: 19-27, 2000.

4.FARACO JÚNIOR I.M. Avaliação histomorfológica daresposta da polpa de dentes de cães submetida aocapeamento com sistema adesivo, cimento de hidróxidode cálcio e de dois tipos de agregado de trióxido mineral.Tese. 1999. Fac.Odontol Araçatuba, UNESP- Brasil.

5.FARACO JÚNIOR I.M.; HOLLAND R. Comportamento dapolpa dentária diante do capeamento com sistema adesivoSingle Bond. Rev Assoc Paul Cir Dent 54: 282-7, 2000.

6.FARACO JÚNIOR I.M.; HOLLAND R. Response of the pulpof dogs to capping with mineral trioxide aggregate or acalcium hydroxide cement. Dent Traumatol 17: 163-6,2001.

7.GLICKMAN G.N.; KOCH K. 21ST – Century endodontics.J Am Dent Assoc 131: 39S-46S, 2000.

8.HARTWELL G.R.; ENGLAND M.C. Healing of furcationperforations in primate teeth after repair with decalcifiedfreeze-dried bone: a longitudinal study. J Endodon 19:357-61, 1993.

9.HOLLAND R. Histochemical response of amputed pulps tocalcium hydroxide. Rev Bras Pesq Med Biol 4: 83-95,1971.

10.HOLLAND R.; GONZÁLES A.C.; SOUZA V.; NERY M.J.,BERNABÉ P.F.E.; OTOBONI FILHO J.A. Recambio delhidróxido de calcio después de la pulpotomia y suinfluencia en la reparación. Estudio histológico en dientesde monos. Endodoncia 17: 35-45, 1999.

11.HOLLAND R.; MELLO W.; NERY M.J.; BERNABÉ P.F.E.;SOUZA V. Reaction of human periapical tissue to pulpextirpation and immediate root canal filling with calciumhydroxide. J Endodon 3: 63-7, 1977.

12.HOLLAND R.; OTOBONI FILHO J.A.; SOUZA V.; NERYM.J.; BERNABÉ P.F.E.; DEZAN JÚNIOR E. Mineraltrioxide aggregate repair of lateral root perforations. JEndodon 27: 281-4, 2001.

13.HOLLAND R.; PINHEIRO C.E.; MELLO W.; NERY M.J.;SOUZA V. Histochemical analysis of the dogs’ dental pulpafter pulp capping with calcium, barium, and strontiumhydroxides. J Endodon 8: 444-7, 1982.

14.HOLLAND R.; SOUZA V. Ability of a new calciumhydroxide root canal filling material to induce hard tissueformation. J Endodon 11: 535-43, 1985.

15.HOLLAND R.; SOUZA V.; MAURO S.J.; DEZAN JÚNIOR

E.; OTOBONI FILHO J.A.; BERNABÉ P.F.E.; NERY M.J.Comportamento da polpa dental do cão diante da exposiçãopulpar ou pulpotomia e proteção direta com o sistema AllBond 2. Rev Cienc Odontol 1: 75-80, 1998.

16.HOLLAND R.; SOUZA V.; MELLO W.; NERY M.J.;BERNABÉ P.F.E.; OTOBONI FILHO J.A. Healing processof dogs’ dental pulp after pulpotomy and protection withcalcium hydroxide or Dycal. Rev Odontol UNESP 8/9:67-73, 1979/1980.

17.HOLLAND R.; SOUZA V.; MELLO W.; RUSSO M.C.Healing process of the pulp stump and periapical tissuesin dog teeth. III. Histopathological findings following rootfilling with calcium hydroxide. Rev Fac OdontolAraçatuba 7: 25-38, 1978.

18.HOLLAND R.; SOUZA V.; MURATA S.S. Técnica dapulpotomia com troca do hidróxido de cálcio. Rev CiencOdontol 2: 7-12, 1999.

19.HOLLAND R.; SOUZA V.; MURATA S.S.; NERY M.J.;BERNABÉ P.F.E.; OTOBONI FILHO J.A.; DEZAN JÚNIORE. Healing process of dog dental pulp after pulpotomyand pulp covering with Mineral Trioxide Aggregate orPortland cement. Braz Dent J 12: 109-13, 2001.

20.HOLLAND R.; SOUZA V.; NERY M.J.; BERNABÉ P.F.E.;MELLO W.; OTOBONI FILHO J.A. Healing process afterpulpotomy and covering with calcium hydroxide, Dycalor MPC. Histological study in dogs teeth. Rev Fac OdontolAraraçatuba 7: 185-91,1978.

21.HOLLAND R.; SOUZA V.; NERY M.J.; BERNABÉ P.F.E.;OTOBONI FILHO J.A.; DEZAN JÚNIOR E. Agregado detrioxido mineral y cemento Portland em la obturación deconductos radiculares de perro. Endodoncia 19: 275-80,2001.

22.HOLLAND R.; SOUZA V.; NERY M.J.; BERNABÉ P.F.E.;OTOBONI FILHO J.A.; DEZAN JÚNIOR E.; MURATA S.S.Calcium salts deposition in rat connective tissue afterthe implantation of calcium hydroxide-containing sealers.J Endodon 28: 173-6, 2002.

23.HOLLAND R.; SOUZA V.; NERY M.J.; FARACO JÚNIORI.M.; BERNABÉ P.F.E.; OTOBONI FILHO J.A.; DEZANJÚNIOR E. Reaction of rat connective tissue to implanteddentin tube filled with mineral trioxide aggregate, Portlandcement or calcium hydroxide. Braz Dent J 12: 3-8, 2001.

24.HOLLAND R.; SOUZA V.; NERY M.J.; FARACO JÚNIORI.M.; BERNABÉ P.F.E.; OTOBONI FILHO J.A.; DEZANJÚNIOR E. Reaction of rat connective tissue to implanteddentin tubes filled with a white mineral trioxide aggregate.Braz Dent J 13: 23-6, 2002.

25.HOLLAND R.; SOUZA V.; NERY M.J.; OTOBONI FILHOJ.A.; BERNABÉ P.F.E.; DEZAN JÚNIOR E. Reaction ofrat connective tissue to implanted dentin tubes filled withmineral trioxide aggregate or calcium hydroxide. J

Page 21: Ciências Odontológicas nº 5

21

ANO 5, nº 5, 2002

Endodon 25: 161-6, 1999.26.HOLLAND R.; SOUZA V.; NERY M.J.; OTOBONI FILHO

J.A.; BERNABÉ P.F.E.; DEZAN JÚNIOR E. Reaction ofdogs’ teeth to root canal filling with mineral trioxideaggregate or a glass ionomer sealer. J Endodon 25: 728-30, 1999.

27.LEE S.J.; MONSEF M.; TORABINEJAD M. Sealing abilityof a mineral trioxide aggregate for repair of lateral rootperforations. J Endodon 19: 541-4, 1993.

28.NAKATA T.T.; BAE K.S.; BAUNGARNTER J.C. Perforationrepair comparing mineral trioxide aggregate and amalgam.J Endodon 23: 259, 1997 (Abstract).

29.PITT FORD T.R.; TORABINEJAD M.; ABEDI H.R.;BAKLAND L.K.; KARIYAWASAM S.P. Using mineraltrioxide aggregate as a pulp-capping material. J Am DentAssoc 127: 1491-6, 1996.

30. PITT FORD T.R.; TORABINEJAD M.; MCKENDRY D.J.;HONG C.U.; KARIYAWASAM S.P. Use of mineral trioxideaggregate for repair of furcal perforations. Oral Surg 79:756-62, 1995.

31.SEUX D.; COUBLE M.L.; HARTMANN D.J.; GAUTHIERJ.P.; MAGLOIRE H. Odontoblast-like cytodifferentiationof human dental pulp cells in vitro in the presence of acalcium hydroxide-containing cement. Arch Oral Biol 36:117-28, 1991.

32.SCHUWARTZ R.S.; MANGER M.; CLEMENT D.J.;WALKER W.A. Mineral trioxide aggregate: a new materialfor endodontics. J Am Dent Assoc 130: 967-75, 1999.

33.SHABAHANG S.; TORABINEJAD M.; BOYNE P.P.; ABEDIH.; MCMILLIAN P. A comparative study of Root-Endinduction using osteogenic protein-1, calcium hydroxideand mineral trioxide aggregate in dogs. J Endodon 25: 1-5, 1999.

34.SLUYK S.R.; MOON P.C.; HARTWEEL G.R. Evaluationof setting properties and retention characterististics ofmineral trioxide aggregate when used as a furcation

perforation repair material. J Endodon 24: 768-71, 1998.35.SOARES I.M.L. Resposta pulpar ao MTA-agregado de

trióxido mineral-comparado ao hidróxido de cálcio empulpotomias: histológico em dentes de cães. Tese. 1996,Fac Odontontol UFSC, Brasil.

36. SOUZA V.; HOLLAND R.; MELLO W.; NERY M.J. Reactionof rat connective tissue to the implant of calciumhydroxide pastes. Rev Fac Odontol Araçatuba 6: 69-79,1977.

37.TANG H.M.; MORROW S.G.; KETTERING J.D.;TORABINEJAD M. Endotoxin leakage of four root endfilling materials. J Endodon 23: 159, 1997 (Abstract).

38.TORABINEJAD M.; HIGA R.K.; MCKENDRY D.J.; PITTFORD T.R. Dye leakage of four root end filling materials:effects of blood contamination. J Endodon 20: 159-63,1994.

39.TORABINEJAD M.; HONG C.U.; LEE S.J.; MONSEF M.;PITT FORD T.R. Investigation of mineral trioxide aggregatefor root-end filling in dogs. J Endodon 21: 603-8, 1995.

40.TORABINEJAD M.; HONG C.U.; MCDONALD F.; PITTFORD T.R. Physical and chemical properties of a newroot-end filling material. J Endodon 21: 349-53, 1995.

41.TORABINEJAD M.; HONG C.U.; PITT FORD T.R.;KETTERING J.D. Cytotoxicity of four root end fillingmaterials. J Endodon 21: 489-92, 1995.

42.TORABINEJAD M.; RASTEGAR A.F.; KETTERING J.D.;PITT FORD T.R. Bacterial leakage of mineral trioxideaggregate as a root-end filling material. J Endodon 12:109-12, 1995.

43.TORABINEJAD M.; WATSON T.F.; PITT FORD T.R.Sealing ability of a mineral trioxide aggregate when usedas a root end filling material. J Endodon 19: 591-5, 1993.

44.Wucherpfening AL, Green DB. Mineral Trioxide vsPortland cement: two biocompatible filling materials. JEndodon 25: 308, 1999 (Abstract).

Page 22: Ciências Odontológicas nº 5

22

Revista Ciências Odontológicas

○○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Faculdade deOdontologiaFaculdade deOdontologia

Page 23: Ciências Odontológicas nº 5

23

ANO 5, nº 5, 2002

É conhecida a dificuldade do deficiente mental em manter uma saúde bucal adequada, com um controle mecânicoda placa bacteriana dental satisfatório. A literatura demonstra que a Clorexidina é uma substância eficaz e segurano controle químico da placa bacteriana dental. Neste trabalho, foi estudada a ação da solução de Gluconato deClorexidina a 0,2 %, usada topicamente em 40 deficientes mentais. O único efeito colateral relatado foi o gostoamargo da substância. O resultado foi considerado satisfatório e recomendado como um método favorável aocontrole da placa bacteriana dental, auxiliando na solução de um difícil problema de saúde pública, que é odesenvolvimento de cáries e doenças periodontais.

UNITERMOS: Clorexidina; deficiente mental; placa dental.

O termo excepcional é muitas vezes substituídopor especial ou deficiente, e inclui todas ascondições ou combinações incapacitantes que umprofissional da saúde, ou outras áreas, podeencontrar; assim, quando comparado com outrapessoa da mesma idade, apresenta uma condiçãomental, física, médica ou social que o impede dedesenvolver todo seu potencial.

Segundo Fourniol (1978) 12, a classificação dasexcepcionalidades pode ser com referência a :

1. inteligência;2. problemas de mobilidade;3. problemas de conduta e desvios sociais;4. problemas de comunicação;5. doenças crônicas e degeneração do ser

humano.O conceito de D.M., também denominado de

Retardo Mental, é baseado no déficit deinteligência, considerando-se a inteligência umacapacidade para a atividade mental que não podeser medida diretamente, já que consiste em muitascapacidades cognitivas separadas, inclusive asenvolvidas em percepção, memória, pensamento elinguagem.

TEMPO DE AÇÃO DO GLUCONATO DE CLOREXIDINA NO CONTROLE DA PLACABACTERIANA DENTAL EM DEFICIENTES MENTAIS1.

THE ACTION PERIOD OF THE CHLORHEXIDINE GLUCONATE IN CONTROL OF THEBACTERIAL DENTAL PLAQUE IN THE MENTALLY HANDICAPPED

Norma Suelí Gonçalves RECHE*José Pedro Soto AYRES**

1Resumo da Dissertação apresentada à Universidade de Marília – UNIMAR, Faculdade de Medicina, para obtenção do título de Mestre em Saúde Pública,Área de concentração, Odontologia Social e Preventiva.

* Profª. Assistente da Disciplina de Odontologia Social e Preventiva da Faculdade de Ciências Odontológicas da UNIMAR, Marília - SP, Brasil. Profª. Titularda Disciplina de Psicologia da Faculdade de Ciências Odontológicas da UNIMAR, Marília - SP, Brasil. Profª. Responsável pelo Curso de Atualização emOdontologia para Pacientes Especiais da Faculdade de Ciências Odontológicas da UNIMAR, Marília - SP, Brasil.** Doutor em Odontologia Preventiva e Social e orientador da pesquisa da Faculdade de Odontologia da UNESP, Araçatuba - SP, Brasil.

INTRODUÇÃO

A Deficiência Mental (D.M.) é uma categoriadentro da classificação das excepcionalidades;portanto, para um melhor entendimento, énecessário definir o excepcional. A concepçãoqualitativa dos indivíduos excepcionais é a de queeles constituem categorias ou classes de pessoasseparadas e, em muitos aspectos, distintas. Comocategorias separadas de pessoas, considera-se queapresentem traços e características que as diferemdas demais pessoas, sendo percebidas pela sociedadecomo necessitando de atenção educacional, socialou ocupacional especializada. 27

Fourniol (1978) descreve o conceito deexcepcional, baseado em Grunspüm, da seguinteforma: “excepcional é todo adulto ou criança que sedesvia física, intelectual, social ou emocionalmentedaquilo que é considerado normal em relação aospadrões de crescimento e desenvolvimento e, porisso, não pode receber educação regularpadronizada, requerendo educação especial einstrução suplementar em serviços adequados parao resto da vida”.12

Page 24: Ciências Odontológicas nº 5

24

Revista Ciências Odontológicas

A definição da Associação Americana sobreRetardo Mental (AAMR), em 1992, é de que “oretardo mental faz referência a limitaçõessubstanciais no funcionamento atual. Caracteriza-se por um funcionamento intelectualsignificativamente inferior à média, quegeralmente coexiste com limitações em duas oumais das seguintes áreas de habilidades deadaptação: comunicação, autocuidado, vida no lar,habilidades sociais, utilização da comunidade,autodireção, saúde e segurança, habilidadesacadêmicas funcionais, tempo livre e trabalho; oretardo mental se manifesta antes dos 18 anos deidade”.4,18

A D.M. não é uma doença ou síndrome médicade causa específica, existindo mais de 100 causasidentificadas. O funcionamento subnormal se dá emrazão de fatores genéticos, déficits orgânicos deorigem ambiental ou em função das condiçõessociais e psicossociais de suas vidas, podendoocorrer durante a vida embrionária, natal,perinatal e pós-natal. Embora as etiologias da D.M.sejam numerosas, as causas exatas , na maioriados casos, não são conhecidas.26,27

Conseqüentemente às diversas necessidades ouproblemas de saúde dos deficientes, a saúde bucalacaba negligenciada, o que gera danos físicos epsicológicos. Dificuldade em engolir e mastigarpodem prejudicar a alimentação e, portanto, anutrição do deficiente, assim como a perda da auto-estima por uma aparência desfigurada é comumao deficiente e ao normal.11,18

Muitos estudos mostram que o padrão de higieneoral é bastante pobre nos D.M., em relação àpopulação em geral, proporcionando maioresproblemas bucais como dentes perdidos, cariados edoenças periodontais. 13, 17, 26

Estudos experimentais e epidemiológicos têmdemonstrado que a inflamação gengival, assimcomo a cárie dental, é dependente da placabacteriana. A placa bacteriana bucal é, portanto,geralmente considerada, por muitos autores, comofator etiológico predominante nas gengivites edoenças periodontais, e um pré-requisito para aformação de cáries. 1, 3, 14

A placa é um agregado organizado de bactérias eglicoproteínas que, aderida firmemente ao dente,prolifera. A colonização inicial das bactérias nasuperfície dental começa na área gengival. Duranteum dia normal, o número de organismos nasuperfície aumenta por multiplicação e por retençãode novos organismos. Com composição química efísica variável, é geralmente formada por

componentes salivares, como a mucina, célulasepiteliais descamadas e microorganismos. 10

A placa bacteriana constitui, ainda hoje, umgrande desafio para o Cirurgião-Dentista. O seucontrole dentro das diversas especialidades é degrande importância, sempre levando em conta apresença da cárie e da doença periodontal, o queaumentaria consideravelmente a qualidade de vidahumana. 9, 10

A principal forma de limitar essas doenças seriaa remoção regular e cuidadosa da placa, através daprática diária da higiene oral, onde a habilidade dopaciente para controlar a placa deveria desenvolver-se como primeira etapa no controle dasenfermidades citadas. Essa remoção é umahabilidade que pode ser dominada somente quandoo indivíduo tem a destreza para manipular a escovae entende o objetivo desta atividade.7, 9, 13

A dificuldade de manutenção de um alto padrãode higiene oral em D.M., em casa ou nasinstituições, é reconhecida por um longo tempo,resultante de problemas de motivação e destrezamanual, 17, 21 o que, segundo Willians (1979)28 podeser agravado pelo tipo de dieta, muitas vezespastosa, que é dada ao deficiente .

Legler e colaboradores, em 197119, estudandoum grupo de D.M. adultos, concluíram que amotivação do paciente, que refletiu na melhora doíndice de saúde oral, pode ter sucesso, mas oresultado pode ser de duração limitada. Bay e Russel(1975)5 avaliaram um grupo de crianças D.M. erelataram que, por causa de seu baixo poder deconcentração e coordenação motora pobre, nãoconseguem cuidar de seus procedimentos dehigiene oral adequadamente.

O controle químico da placa oferece umaalternativa e efetivo método para o convencionalcontrole mecânico, proporcionando umaoportunidade para melhorar o padrão de saúde bucaldaqueles que não podem ou não conseguem praticarum autocuidado ideal, em higiene oral.13 , 22

Francis e colaboradores, em 1987 13 e Kalaga ecolaboradores (1989)17 relatam a sugestão deStorhaug de que o controle químico usandoGluconato de Clorexidina (CHX), pode ser umaresposta ao problema de higienização dosdeficientes, com alguns efeitos colaterais, comomanchas nos dentes e alteração do paladar, quesão superados pelo benefício da ação anti-placa dasubstância .

A CHX é um antibacteriano de largo espectro,do grupo das bis-biguanidas, com propriedadecatiônica, alto poder desinfetante, que controla a

Page 25: Ciências Odontológicas nº 5

25

ANO 5, nº 5, 2002

placa bacteriana em humanos. É uma moléculasimétrica e estável, tendo afinidade com asbactérias, agindo através da interação eletrostáticade sua carga positiva com a negativa da paredecelular bacteriana, o que aumenta a permeabilidadedessa parede, ocorrendo a ruptura e precipitação docitoplasma, causando a morte do microorganismo.6, 10, 14, 23

Uma série de relatórios tem demonstrado aafinidade da CHX com várias superfícies orais,proteínas, bactérias e polissacarídeos de origembacteriana, o que gerou a hipótese de que, duranteum bochecho, as moléculas de CHX imediatamentese ligam às macromoléculas das superfícies orais,ficando retidas e sendo gradualmente liberadas,mantendo na boca um nível de concentração de CHXsuficiente para criar um meio bacteriostático porum período prolongado de tempo. 2, 8, 10, 14, 17

Addy (1986)1 comparou a CHX com antibióticos,enzimas, composto amônio quaternário, compostosfenólicos, produtos naturais, fluoretos, ionsmetálicos, agentes oxigenantes, outrosantissépticos e bis-biguanidas, concluindo que aCHX é o mais efetivo e seguro agente antiplacaavaliado. Os efeitos colaterais são relatados pordiversos autores, sendo mais freqüente a coloraçãomarrom de língua e dentes e o gosto amargo; algunsreferem-se à descamação na mucosa e alteraçãodo paladar; mudanças teratológicas ou dereprodução não foram encontradas . 1, 6, 9, 10, 14

Desde o trabalho inicial de Löe e Schiott (1969),muitos outros têm sido publicados sobre a CHX,demonstrando sua efetividade na eliminação ouredução da placa, proporcionando benefícios para asaúde bucal dos deficientes, podendo ser usadasozinha ou como adjunto para o procedimentomecânico da limpeza . 1, 2, 5, 10, 13, 17, 23

MATERIAL E MÉTODO

Um grupo de 40 alunos foi escolhido para oestudo, entre os 180 Deficientes Mentaismatriculados na Associação de Pais e Amigosdos Excepcionais (APAE) de Marília – SP.

O critério para seleção foi o seguinte:1- Freqüência regular2- Freqüentar o período matutino3-Não fazer parte de equipes de treinamentos4-Permitir o tratamento odontológicoA idade dos selecionados ficou entre 7 e 31

anos. Não houve preocupação em relação aosexo dos alunos selecionados, resultando em 23do sexo masculino e 17 do sexo feminino .

Foram divididos em dois grupos de 20 alunoscada, para um melhor desenvolvimento dotrabalho. Os procedimentos foram idênticos paraos dois grupos, sendo realizados em diasdiferentes. Ao final do experimento o primeirogrupo estava com 14 alunos e o segundo grupocom 18, portanto, foram excluídos 8 alunos.

O trabalho foi desenvolvido em quatro fases.A primeira fase foi a profilaxia, com o objetivode deixar todos os alunos em igualdade noinício do trabalho. Para a profilaxia foramtreinados 7 estagiários do 4º ano de Odontologiada UNIMAR. Os estagiários faziam a evidenciaçãode placa bacteriana dental dos alunos, realizavama escovação, melhorando com a fricção de umagaze embebida em água . Após esse procedimento,os alunos eram trazidos ao consultório, ondeera realizada a profilaxia pelo profissional, comtaça de borracha e pasta profilática , e a remoçãode cálculos supragengivais com instrumentaisde periodontia.

A segunda fase foi executada uma semanaapós a profilaxia, em quatro etapas. Na primeiraetapa, foram coletados os índices: Índice deHigiene Oral Simplificado – IHO-S (Greene eVermilion)16 e Índice Gengival – IG (Silness eLöe )24 .

Na segunda etapa, a saliva foi estimulada ecoletada em tubos previamente esterilizados etransportados para o Laboratório de Microbiologiae Imunologia da Faculdade de Odontologia doCampus de Araçatuba – UNESP, para o adequadoprocessamento.

Saliva:As amostras de saliva foram submetidas a

diluições seriadas em solução salina fosfatadapré-reduzida (RTF) e diluições pré-estabelecidas(10 – 2 a 10 – 6), alíquotas de 0,1 ml foramplaqueadas , em duplicata em agar MSB (MitésSalivarius Bacitracina), e incubadas a 37 0C,em anaerobiose (90 % Na , 10 % CO 2) por 2 dias(Gold et al., 1973)15. A seguir, realiza-se aidentificação dos isolados, através de prova dacatalose e análise morfocolonial e morfocelular(método de Gram). A quantificação das colôniasde “Streptococcus do grupo mutans” foi realizadaem contador de colônias. As colônias mostravam-se rugosas, 1,5 mm de diâmetro, presença depolissacarídeos extracelular solúvel, observávelpela ocorrência de gotas ou acúmulo de líquido.

Na terceira etapa, foi aplicada a Clorexidina0,2 % em solução, com uma gaze bem embebida,sendo envolvidos os dentes, língua e mucosas.

Page 26: Ciências Odontológicas nº 5

26

Revista Ciências Odontológicas

Na quarta etapa, foi colhida novamente asaliva.

A terceira fase ocorreu uma semana após aaplicação da Clorexidina, em duas etapas: naprimeira foram coletados os índices e, nasegunda etapa, a saliva, conforme descriçãoanterior.

A quarta fase ocorreu um mês após aaplicação da Clorexidina, constando das duasetapas relatadas na terceira fase.

Para a realização da análise estatística destetrabalho, foram eliminados os dados referentes

aos alunos 02, 03, 04, 05, 09, 12 , 17 e 25, pelomotivo de os mesmos não estarem presentesem todo o experimento. Os dados referentes aoIndice Gengival – IG, Índice de Higiene OralSimplificado – IHOS e Streptococcus do grupomutans foram submetidos ao teste de Kruskal-Wallis .

RESULTADOS

Os resultados encontrados no presente estudoestão representados em 4 tabelas.

Page 27: Ciências Odontológicas nº 5

27

ANO 5, nº 5, 2002

Tabela 3 – Quantificação das colônias de Streptococcus do grupo mutans da

saliva dos alunos do Grupo I da APAE - Marília Amostras

Alunos A B C D

1 310.10 3 8.10 3 730.10 3 219.10 3

2 - - - -

3 - - - -

4 - - - -

5 2770.10 3 45.10 3 1170.10 3 1540.10 3

6 7800.10 3 2210.10 3 2190.10 3 5300.10 3

7 660.10 3 310.10 3 710.10 3 4400.10 3

8 12000.10 3 890.10 3 8200.10 3 4500.10 3

9 - - - -

10 550.10 3 170.10 3 670.10 3 340.10 3

11 9400.10 3 230.10 3 5600.10 3 6200.10 3

12 - - - -

13 1180.10 3 140.10 3 2450.10 3 1730.10 3

14 23800.10 3 920.10 3 19900.10 3 13600.10 3

15 27700.10 3 1040.10 3 14100.10 3 10400.10 3

16 14300.10 3 760.10 3 5500.10 3 3200.10 3

17 - - - -

18 18100.10 3 490.10 3 8900.10 3 12600.10 3

19 4500.10 3 770.10 3 2090.10 3 6300.10 3

20 10300.10 3 630.10 3 4700.10 3 5700.10 3

A amostra A representa a contagem das colônias da saliva colhida antes da aplicação da Clorexidina 0,2 % ; a B representa a saliva colhida imediatamente após a aplicação , no mesmo dia de A ; C está relacionada com a saliva colhida uma semana após e D as amostras com 1 mês da aplicação da substância.

Page 28: Ciências Odontológicas nº 5

28

Revista Ciências Odontológicas

Tabela 4 – Quantificação das colônias de Streptococcus do grupo mutans da saliva dos alunos do Grupo II da APAE - Marília

Amostras

Alunos A B C D

21 - - - -

22 14400.10 3 21.10 3 5300.10 3 7100.10 3

23 2130.10 3 940.10 3 1100.10 3 1380.10 3

24 9200.10 3 1280.10 3 7800.10 3 7100.10 3

25 - - - -

26 1290.10 3 128.10 3 2300.10 3 7460.10 3

27 3100.10 3 230.10 3 710.10 3 2090.10 3

28 24100.10 3 7200.10 3 15400.10 3 12800.10 3

29 2790.10 3 630.10 3 2830.10 3 1890.10 3

30 7000.10 3 1390.10 3 1700.10 3 2080.10 3

31 8700.10 3 4700.10 3 6400.10 3 5200.10 3

32 2180.10 3 340.10 3 3900.10 3 2870.10 3

33 10700.10 3 810.10 3 4500.10 3 6800.10 3

34 4600.10 3 2900.10 3 5300.10 3 3800.10 3

35 7400.10 3 134.10 3 930.10 3 1840.10 3

36 - - - -

37 - - - -

38 6800.10 3 470.10 3 1290.10 3 5700.10 3

39 1540.10 3 890.10 3 6300.10 3 4200.10 3

40 920.10 3 42.10 3 1240.10 3 780.10 3

A amostra A representa a contagem das colônias da saliva colhida antes da aplicação da Clorexidina 0,2 % ; a B representa a saliva colhida imediatamente após a aplicação , no mesmo dia de A ; C está relacionada com a saliva colhida uma semana após e D as amostras com 1 mês da aplicação da substância.

Page 29: Ciências Odontológicas nº 5

29

ANO 5, nº 5, 2002

DISCUSSÃO

O uso do controle químico da placa bacteriana éfruto de um problema de saúde pública de difícilsolução, considerando que vários autores colocama placa bacteriana dental como um pré-requisitopara o desenvolvimento de cáries e doençasperiodontais. Na literatura por nós consultada,citamos vários trabalhos, como o de Kosan (1985) 18

e Storhaug (1977)25, que nos levam a entender asdificuldades dos deficientes mentais em realizar umcontrole mecânico da placa bacteriana de maneiraadequada, fazendo-nos buscar alternativas paraos problemas de higiene oral nas substânciasquímicas, em que a CHX foi a opção, baseada naextensa publicação de trabalhos que demonstramsua segurança e efetividade. 1, 5, 8, 10, 25

A forma de aplicação da CHX mais utilizada temsido o bochecho, o que não se aplica em nossotrabalho, pela dificuldade dos alunos da APAE –Marília, que são deficientes mentais, em realizá-lo, decorrente da hipotonia muscular. Optamos pelaaplicação tópica, da mesma forma utilizada por Addye Moran (1983)2, divergindo apenas quanto ao usode cotonetes por eles empregados, julgando que,com a utilização da gaze, atingiríamos maissuperfícies, melhorando a adsorção da substânciae, assim, sua ação, conforme descrevem váriosautores. 8, 10, 13, 14

Em relação aos efeitos colaterais, emboramuitos pesquisadores tenham relatado oaparecimento de manchas nos dentes erestaurações 1, 6, 9, 10, 14 e Löe e Cols. (1976)20

tenham afirmado que o uso diário da solução nãomostrou efeitos adversos em um período de 2 anos,exceto coloração marrom nos dentes, em nossoexperimento isto não ocorreu, o que nos leva aacreditar que é devido a uma única aplicação e àsua forma, considerando o achado de Bellini e Cols.(1980) 6, que relatam maior pigmentação dos dentesapós bochecho de CHX a 0,2%, comparada àaplicação tópica da substância a 2%.

Nas tabelas 1 e 2, acham-se representados osescores referentes ao Índice de Higiene OralSimplificado-IHOS (Greene e Vermilion ) e ao ÍndiceGengival-IG (Löe e Silness) dos alunos dos Grupos Ie II da APAE – Marília. O tratamento estatístico,utilizando-se o Teste de Kruskal – Wallis, mostra-nos que o Índice Gengival – IG inicial é mais elevadoque aquele encontrado uma semana após a aplicaçãoda solução de CHX a 0,2% em nível de significânciade 1% e que do inicial a um mês, diferençasignificativa em nível de 0,1%; isto mostra que a

solução empregada comprova sua eficácia no períodode uma semana após sua aplicação, e que após 3semanas a substância ainda mostra sua ação,embora menos significativa (nível de significãncia0,1%). Para o Índice de Higiene Oral Simplificado –IHOS foi dado o mesmo tratamento estatístico,ocorrendo a mesma situação relacionada ao ÍndiceGengival – IG.

Buscando comparação com nossos resultados,encontramos na literatura o trabalho de Bay eRussel (1975)5 afirmando que bochechar duas vezesao dia solução de Gluconato de CHX, a 0,2% ou0,1% reduz placa e gengivite em criançasdeficientes mentais, em um período de 6 semanas.Löe e Schiott (1970)23 desenvolveram um estudo por15 dias, quando os indivíduos tratados com placebotiveram um desenvolvimento da placa dentalbacteriana e aqueles tratados com solução deGluconato de CHX a 0,2% não desenvolveramplaca. Nenhum trabalho com uma única aplicaçãotópica da solução de Gluconato de CHX a 0,2% foiencontrado.

As tabelas 3 e 4 representam os valoresreferentes à quantificação das colônias deStreptococcus do grupo mutans da saliva dos alunosdos Grupos I e II da APAE-Marília. O momento Arepresenta os escores encontrados antes daaplicação de CHX a 0,2%; no momento B, estãorepresentados os valores encontradosimediatamente após a utilização da substância. Aanálise estatística, com a aplicação do Teste deKruskal – Wallis, demonstra uma reduçãosignificativa em nível de 1%, quando comparamosos valores do momento inicial com o momento B.Sete dias após (C), observamos um aumento nonúmero de colônias e, comparando-se o número decolônias encontradas nas amostras de salivacoletadas sete dias e um mês após, houve umaestabilização. As amostras dos alunos de número36 e 37 foram descartadas, por contaminação.

CONCLUSÃO

1 - A Clorexidina 0,2 %, quando aplicada apósprofilaxia prévia, promove:

a - redução significativa do Índice Gengival –IG (Silness e Löe) e do Índice de Higiene OralSimplificado – IHOS (Greene e Vermilion) em nívelde 1 %, após uma semana de sua aplicação;

b - no período subsequente até o 30º dia, asolução torna-se menos eficiente, possibilitandouma redução significativa em nível de 0,1 %.

2 - A ação da Clorexidina 0,2 %, em relação à

Page 30: Ciências Odontológicas nº 5

30

Revista Ciências Odontológicas

quantificação das colônias de Streptococcus dogrupo mutans, mostra-se eficaz imediatamenteapós sua aplicação, com redução significativa de1%.

3 - Com o objetivo de oferecer um métodomais favorável ao controle de placa bacterianadental do deficiente mental, fundamentado nofato de não termos observado efeitos colaterais,sugerimos uma aplicação tópica semanal deClorexidina a 0,2 %.

Norma Suelí Gonçalves RECHE.Professora Assistente da Disciplinade Odontologia Social e Preventiva daFaculdade de Ciências Odontológicasda UNIMAR, Marília-SP, Brasil. Profª.Titular da Disciplina de Psicologia daFaculdade de Ciências Odontológicasda UNIMAR, Marília-SP, Brasil. Profª.Responsável pelo Curso de Atualizaçãoem Odontologia para PacientesEspeciais da Faculdade de CiênciasOdontológicas da UNIMAR, Marília-SP,Brasil.

The difficulty of the mentally handicapped in maintaining an adequate oral health, with a satisfactory mechanicalcontrol of the dental plaque, is evident. The studies demonstrate that the Chlorhexidine is an efficient andsecure substance in the chemical control of the dental plaque. This study evaluated the action of the 0,2%Chlorhexidine Gluconate solution, topical use, in 40 mentally handicapped subjects. The only side-effect recordedwas the bitter taste of the substance. The result was considered satisfactory and recommended as a favorablemethod on the control of the dental plaque, helping to solve a difficult public health problem, that is thedevelopment of decays and periodontal diseases.

UNITERMS: Chlorhexidine; mentally handicapped; dental plaque.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.ADDY, M. Chlorhexidine compared with other locallydelivered antimicrobials. J. Clin. Periodontol., 13: 957– 964, 1986 .

2.ADDY,M.; MORAN, J. Comparison of plaque accumulationafter topical application and mouth rinsing withchlorhexidine gluconate. J. Clin. Periodontol., 10: 69 –71, 1983.

3.ADDY, M.; PRAYITINO, S.; TAYLOR, L.; CADOGAN, S.An in vitro study of the role of dietary factors in theaetiology of tooth staining associated with the use ofchlorhexidine. J. Periodont. Res., 14: 403 – 410, 1979.

4.ALONSO, M.A.V. El cambio de paradigma en laconcepcion del retraso mental : la nueva definicion dela AAMR . Siglo Cero, 25 (3): 5 – 24, 1992.

5.BAY, L.M.; RUSSEL , B.G. Effect of chlorhexidine ondental plaque and gingivitis in mentally retardedchildren . Community Dent. Oral Epidemiol., 3: 267 –270, 1975 .

6.BELLINI, H.T.; MORAES, F.R.B.; FERRAZ, D.P.; MOROFILHO, D.; LIMA, A.C.P. Uso da Clorhexidina nocontrole da placa e da gengivite. Rev. Ass. Paul.Cirurg. Dent., 34 (4): 276 – 282, jul./ago., 1980 .

7.BICKLEY, S.R.; SHAW, L.; SHAW, M.J. The use andeffect of clinical photographic records on the motivationand oral hygiene practices of a group of mentallyhandicapped adults . R. Dent. Health, 29: 3 – 5, 1990.

8.BONESVOLL , P. Oral pharmacology of chlorhexidine.J. Clin. Periodont., 4: 49 – 65, 1977.

9.BURT, B.A.; HAUGEJORDEN, O.; HEIN, W.; HOROWITZ,H.S.; HUNTER, P.B.; MORRISON, E.C.; MORAN, E.O.;STAMM, J. The prevention of dental caries andperiodontal disease. Internat. Dent. J., 34: 141 – 158,1984.

10.CARVALHO, L.G.P.; GRANJEIRO, J.M.; BASTOS, J.R.M.;

HENRIQUES, J.F.C.; TARZIA, O. Clorexidina emOdontologia. R. G. O., 39 (6): 423 – 427, nov./dez., 1991.

11.Consumer’s Guide to Dental Health – Your handicappedchild’s health. J.Am. Dent. Assoc. , n º spec., 27 C – 29C, 1982 .

12.FOURNIOL FILHO, A. – A Importância Clínica do Conceitoe Classificação do Excepcional . Rev. Assoc. Paul. Cir.Dent., 32 (5): 336 - 340, set./out., 1978 .

13.FRANCIS, J.R.; HUNTER, B. ; ADDY, M. A Comparisonof Three Delivery Methods of Chlorhexidine inHandicapped Children , I. Effects on Plaque , Gingivitisand Toothstaining. J. Periodontol., 58 : 451 – 55, 1987.

14.GJERMO, P. Chlorhexidine in dental practice. J.Clin. Periodontol., 1: 143 – 52, 1974.

15.GOLD, O.G.; JORDAN, H.V.; VAN HOUTE, J. A selectivemedisem for Streptococcus mutans . Arch. Oral Biol.,18: 1357 - 64, 1973.

16.GREENE, J.C.; VERMILLION, J.R. The simplified oralhygiene index . J. Am. Dent. Assoc., 68: 7 – 13 , 1964.

17.KALAGA, A.; ADDY, M.; HUNTER, B. The use of 0.2 %Chlorhexidine spray as an adjunct to oral hygieneand gingival health in physically and mentallyhandicapped adults . J. Periodontol., 60 (7) : 381 – 385,1989.

18.KOSAN, A.S. Dental Treatment of the HandicappedPatient . New York State Dent. J., 51: 351 – 353, 1985.

19.LEGLER, D.W.; GILMORE, R.W.; STUART, G.C. DentalEducation of Disadvantaged Adult Patients: Effects onDental Knowledge and Oral Health . J. Periodontol.,42: 565 – 70, 1971 .

20.LÖE, H.; SCHIÖTT, C.R. ; GLAVIND, L. ; KARRING, T.Two years oral use of chlorhexidine in man. J.Periodont. Res., 11: 135 – 144, 1976.

21.MCKENZIE, W.T.; FORGAS, L.; VERNINO, A.R.;

Page 31: Ciências Odontológicas nº 5

31

ANO 5, nº 5, 2002

PARKER, D.; LIMESTALL , J.D. Comparison of a 0.12% Chlorhexidine Mouthrinse and an essential oilmouthrinse on oral health in institutionalized , mentallyhandicapped adults: one-year results. J. Periodontol.,63: 187 – 193, 1992.

22.NEWMAN, H.N. The rationale for chemical adjunctsin plaque control. Internat. Dent. J., 48: 298 – 304,1998.

23.SCHIOTT, C.R.; LÖE, H. The sensitivity of oralstreptococci to chlorhexidine. J. Periodont. Res., 7 :192 – 194, 1972 .

24. SILNESS, J.; LÖE, H. Periodontal disease in pregnancy.

II.Correlation between oral hygiene and periodontalcondition . Acta Odont. Scand., 22 : 121 – 135, 1964.

25.STORHAUG, K. Hibitane in oral disease in handicappedpatients. J. Clin. Periodontol., 4 (5): 102 – 7, dec., 1977.

26.STURMEY, P.; HINDS, J.V. Management of dentalhygiene for mentally handicapped people in residencialsettings. R. Dent. Health, 22 (5): 463 – 465, 1983.

27.TELFORD, C.W.; SAWREY, J.M. O IndivíduoExcepcional. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1984,p. 19-30, 298-9.

28.WILLIAMS, B.J. Practical Oral Hygiene for HandicappedChildren. J. Dent. Child., 46: 408 – 409, 1979.

Page 32: Ciências Odontológicas nº 5

32

Revista Ciências Odontológicas

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

UNIVERSITÁRIOHOSPITAL

Page 33: Ciências Odontológicas nº 5

33

ANO 5, nº 5, 2002

INTRODUÇÃO

A reconstrução de defeitos ósseos amplosrepresenta um desafio para os cirurgiões, fazendocom que os mesmos realizem estudos continuadosna natureza da osteogênese e em métodos decontrolá-la e estimulá-la. Os defeitos ósseos sãocomumente ocasionados por traumas, infecções,neoplasias e anomalias de desenvolvimento, nãose reparando espontaneamente, e, quando issoocorre, nem sempre se reproduz totalmente a formae função da maxila ou mandíbula, sendo essesresultados muitas vezes imprevisíveis.

Por outro lado, as lacunas provocadas por amplasostectomias no esqueleto facial têm necessidadede enxertos ou implantes para estabilizar ossegmentos 11, 24.

Sob o ponto de vista da aceitação biológica, emfunção da superior compatibilidade tecidual, omelhor material de enxerto ou transplante é oautógeno 29.

Entretanto, quando são utilizados enxertosautógenos, existe a necessidade de ato cirúrgicoadicional para remoção do material, criando umaferida cirúrgica cujo pós-operatório pode ser, sob oponto de vista clínico, mais desconfortável aopaciente do que a intervenção cirúrgica paracorreção da deformidade 11, 12, 20, 28.

Por outro lado, nos enxertos homógenos, alémda obtenção do enxerto, há a necessidade de meiospara sua conservação. Assim é que bancos deenxertos são criados para viabilizar meios deconservação, que venham facilitar o uso de tecidosem condições de serem utilizados como implantesbiológicos.

Dentre os meios químicos de conservação, aglicerina tem oferecido bons resultados, preservandoa integridade celular, mesmo provocando adesidratação. Nesse sentido tecidos como dura-máter, córneas e cartilagem são mantidos emglicerina para posterior utilização como implante.

Estudos têm demostrado que, além de

* Professor Titular do Programa de Pós-Graduação em Clínica Odontológica - Área de Cirurgia Buco - Maxilo - Facial da Faculdade de CiênciasOdontológicas da UNIMAR, Marília - SP, Brasil.** Mestre em Clínica Odontológica - Área de Cirurgia Buco - Maxilo - Facial da Faculdade de Ciências Odontológicas da UNIMAR, Marília - SP, Brasil.

IMPLANTE HOMÓGENO DE MATRIZ DENTINÁRIA DESMINERALIZADACONSERVADA EM GLICERINA A 98% EM ALVÉOLO DENTAL.

ESTUDO MICROSCÓPICO EM RATOS.

HOMOGENOUS IMPLANT OF DENTIN DEMINERALIZED AND CONSERVED IN 98%GLYCERIN MATRIX IN DENTAL SOCKETS.

A MICROSCOPIC STUDY IN RATS.

Tetuo OKAMOTO *Cleverson Luciano TRENTO **

A matriz dentinária desmineralizada tem demonstrado grande potencial osteogênico, caracterizado umaheteroindução tecidual.No presente trabalho, foi estudada a reação da ferida de extração dental após implante de matriz dentináriadesmineralizada homógena conservada em glicerina a 98%. Foram empregados 40 ratos, 8 (oito) dos quais foramdestinados a fornecer a matriz dentinária. Os demais, foram divididos em 2 (dois) grupos de 16 (dezesseis)animais cada. No grupo I, após a extração do incisivo superior, o alvéolo dental recebeu o implante de matrizdentinária desmineralizada conservada em glicerina a 98%. Decorridos 5, 10, 20 e 40 dias após o implante, osanimais foram sacrificados e as peças obtidas, após processamento laboratorial de rotina, foram incluídas emparafina para microtomia. Os cortes obtidos foram corados em hematoxilina e eosina, para estudo morfológicoqualitativo.Os resultados obtidos mostram que o material conservado em glicerina sofre discreta reabsorção e neoformaçãointensa sobre sua superfície.

UNITERMOS: Matriz dentinária; alvéolo dental; glicerina.

Page 34: Ciências Odontológicas nº 5

34

Revista Ciências Odontológicas

bactericida, a qual não é eficaz quanto aos esporos,a glicerina reduz as propriedades imunológicas dostecidos implantados 19, bem como é utilizada comoagente de proteção celular, na manutenção davitalidade de tecidos a receberem tratamento porcongelamento súbito, desidratado o tecido,removendo a maior parte da água intracelular, sem,no entanto, promover alterações na concentraçãoiônica das células, atuando dessa forma comoprotetor eficaz da integridade celular, em taiscircunstâncias.

Os fragmentos de tecido com as concentraçõesempregadas para manutenção à temperaturaambiente perdem, obviamente, sua vitalidade 27.

Com referência ao leito receptor, o alvéolo dentalde rato tem sido utilizado como modelo experimentalpara avaliar a compatibilidade de diferentesmateriais por se tratar de área onde se conhece asucessão de fenômenos biológicos quecompreendem seu processo de repa-ro.2,16,18,21,22,25,30,36

Considerando as propriedades osteo-indutoras damatriz dentinária e a comprovada qualidade daglicerina a 98%, como meio de conservação detecidos, abre-se perspectiva de novos estudos sobreo material de implante, justificando a realizaçãodeste trabalho em ratos, tendo como leito receptoro alvéolo dental, após a exodontia.

MATERIAL E MÉTODOS

Para o presente trabalho, foram utilizados 40ratos (Rattus novergicus albinus, Wistar), machos,com peso variando entre 300 e 320 gramas, dos quais8 (oito) foram destinados a fornecer a matrizdentinária. Os demais (32 ratos) foram mantidosantes e após o ato cirúrgico com ração balanceada(Anderson Clayton S.A.). A alimentação sólida foisuspensa 12 horas antes e 12 horas após o atocirúrgico.

a) Obtenção da matriz dentináriaPara obtenção da matriz dentinária, os animais

foram anestesiados por inalação de éter sulfúrico(Nuclear). A seguir, foram extraídos os 4 (quatro)primeiros molares, sendo 2 superiores e 2 inferioresde 8 (oito) ratos, que foram sacrificados por inalaçãoexcessiva de éter sulfúrico. Após a extração,removeu-se, imediatamente, a polpa radicular daraiz mesial por via retrógrada, empregando extirpanervos (Kerr). O ligamento periodontalremanescente foi removido da superfíciecementária empregando-se lâmina de bisturi nº 11.

A seguir, os dentes foram imersos em solução0,4 molar de ácido clorídrico, à temperatura de 5º Ca 10º C, durante 4 a 5 dias com troca da solução acada 24 horas (TULI e SINGH, 1978). Após adesmineralização, foi retirada a raiz mesial, porseccionamento na altura da porção inferior da coroadental, que foi desprezada, juntamente com asdemais raízes.

As raízes mesiais obtidas foram seccionadastransversalmente, com lâminas de bisturi n. º 11(lâmina de bisturi marca BD), obtendo-se partículascom aproximadamente 2 mm de diâmetro. Estasforam lavadas em soro fisiológico, sob constanteagitação, para a remoção do ácido clorídrico residual;a seguir, parte das partículas foi colocada em umrecipiente estéril contendo glicerina a 98% emantidas durante 20 dias, para posterior implante.Outra parte das partículas foi colocada em umrecipiente estéril, com soro fisiológico, paraimplantação imediata.

b) Técnica para extração dentalApós a indução da anestesia geral, por infiltração

intraperitoneal de pentobarbital sódico, na dosagemaproximada de 50mg/kg de peso corporal, foirealizada a extração do incisivo superior direito detodos os animais, com instrumental especialmenteadaptado para esse fim 16.

c) Classificação dos gruposOs animais foram divididos em dois grupos de

16 (dezesseis), que receberam os seguintesprocedimentos experimentais:

Grupo I – Logo após a exodontia, foramimplantadas no alvéolo dental do incisivo superiordireito, no nível do terço médio, 3 (três) partículasde matriz dentinária sem o tratamento em glicerinaa 98%. Para esse ato cirúrgico, foi utilizada umapinça para iridectomia de ponta ativa curva. Aseguir, a mucosa foi suturada com fio poligalactina910 4-0, com um único ponto.

Grupo II – Logo após a exodontia, foramimplantadas no alvéolo dental do incisivo superiordireito, no nível do terço médio, 3 (três) partículasde matriz dentinária conservada em glicerina a98%, de forma semelhante ao descrito para o grupoI. A seguir, a mucosa foi suturada com o mesmomaterial citado anteriormente.

d) Obtenção das peças para estudo microscópicoEm número de 4 (quatro) para cada grupo e período

experimental, os ratos foram sacrificados porinalação excessiva de éter sulfúrico, aos 5, 10, 20 e

Page 35: Ciências Odontológicas nº 5

35

ANO 5, nº 5, 2002

40 dias após a implantação da matriz dentinária.Após o sacrifício, a maxila direita foi separada

da esquerda, realizando-se, para tanto, uma incisãono nível do plano sagital mediano, acompanhando asutura intermaxilar com lâmina de bisturi nº11.Um outro corte, com tesoura reta, tangenciando aface distal do último molar, possibilitou a obtençãoda peça com a mucosa gengival e o alvéolo dental.

Os espécimes assim obtidos foram fixados emsolução de formalina a 10% durante 24 horas edescalcificados em solução de citrato de sódio e ácidofórmico, em partes iguais 13, seguindo-se então atramitação laboratorial de rotina, para a inclusãoem parafina, para permitir os cortes do alvéolo emsentido longitudinal.

Nos blocos assim obtidos, foram colhidos cortessemi-seriados com 6 micrômetros de espessura eposteriormente corados pela Hematoxilina e Eosina,para análise em microscópio óptico.

RESULTADOS

Os resultados obtidos foram descritos em funçãodos períodos pós-operatórios referentes aos doisgrupos experimentais.

5 DiasGrupo I (sem conservação). A matriz dentinária

implantada encontra-se em nível do terço médio doalvéolo, notando-se, nas proximidades, coágulosangüíneo e elevado número de polimorfonuclearesneutrófilos (Fig.1).

multinucleadas. Junto aos terços médios e apical,o alvéolo dental mostra a presença de tecidoconjuntivo neoformado pouco diferenciado,apresentando fibroblastos em número elevado(Fig.2), ao lado de alguns macrófagos e linfócitos.

Fig.1. Grupo I. 5 dias. Matriz dentinária, notando-se, nas proximidades,coágulo sangüíneo e elevado número de polimorfonuclearesneutrófilos. HE, original 63x.

O alvéolo dental em nível do terço cervical mostrapequena quantidade de remanescente do ligamentoperiodontal e a parede óssea alveolar sofrereabsorção com presença de células

Fig.2. Grupo I. 5 dias. Terço médio do alvéolo, com tecido conjuntivoneoformado com numerosos fibroblastos. HE, original 63x.

Fig.3. Grupo II. 5 dias. Material de implante, notando-se, nas proximidades,coágulo sangüíneo e moderado número de polimorfonuclearesneutrófilos. HE, original 63x.

Grupo II (conservado). O material de implantesitua-se entre os terços cervical e médio (Fig.3),observando-se, nas proximidades, coágulosangüíneo desorganizado, com polimorfonuclearese neutrófilos em número moderado. Algunsmacrófagos e linfócitos podem, também, ser notadosna região.

O alvéolo dental, junto ao terço cervical,apresenta pequena quantidade de remanescentesdo ligamento periodontal e, nas proximidades,coágulo sangüíneo desorganizado, com numerososlinfócitos e macrófagos. Em nível dos terços médioe apical, o alvéolo encontra-se ocupado parcialmentepor tecido conjuntivo rico em fibroblastos.

Page 36: Ciências Odontológicas nº 5

36

Revista Ciências Odontológicas

Pequenas espículas ósseas neoformadas podemser notadas na região (Fig.4), ao lado de algunsmacrófagos e linfócitos.

Grupo II (conservado). A matriz dentinária situa-se em nível do terço médio do alvéolo, notando-se,nas proximidades, tecido ósseo neoformado comnumerosos osteoblastos em suas bordas. O tecidoconjuntivo, sem diferenciação óssea, apresentamoderado número de fibroblastos e vasossangüíneos. Em outros, observa-se tecido ósseoneoformado em contato com as bordas do implante(Fig.7).

10 DiasGrupo I (sem conservação). O material de

implante situa-se no terço médio do alvéolo,notando-se, nas proximidades, tecido conjuntivocom moderado número de fibroblastos e vasossangüíneos. Em contato com o implante, observam-se inúmeras células com características deosteoblastos. Nas proximidades, de um dosespécimes, observa-se tecido ósseo neoformado(Fig.5).

Fig.4. Grupo II. 5 dias. Terço médio do alvéolo, com pequenas espículasósseas neoformadas. HE, original 63x.

Fig.5. Grupo I. 10 dias. Tecido ósseo neoformado, nas proximidades doimplante. HE, original 63x.

Fig.6. Grupo I. 10 dias. Terço médio do alvéolo, mostrando trabéculasósseas e tecido conjuntivo sem diferenciação. HE, original 63x.

O terço cervical do alvéolo encontra-separcialmente ocupado por tecido conjuntivoneoformado com fibroblastos, linfócitos e macrófagos.Em nível dos terços médio e apical, o alvéolo acha-se preenchido por tecido conjuntivo neoformado,notando-se trabéculas ósseas neoformadas junto àparede óssea alveolar (Fig.6).

Fig.7. Grupo II. 10 dias. A diferenciação óssea, em contato com a matrizdentinária. HE, original 63x.

O alvéolo dental, em nível do terço cervical,apresenta-se parcialmente ocupado por tecidoconjuntivo com moderado número de fibroblastos,alguns macrófagos e linfócitos. Em nível dos terçosmédio e apical, o alvéolo dental encontra-sepreenchido por tecido conjuntivo neoformado,evidenciando trabéculas ósseas neoformadas,notadamente próximas à parede óssea (Fig.8).

20 DiasGrupo I (sem conservação). A matriz dentinária

implantada encontra-se em nível do terço médio do

Page 37: Ciências Odontológicas nº 5

37

ANO 5, nº 5, 2002

alvéolo. Em alguns casos, nota-se, próximo aomaterial, tecido conjuntivo bem desenvolvido, comdiscreto número de fibroblastos e vasos sangüíneos.Em outros, evidenciam-se, junto ao implante,trabéculas ósseas neoformadas com numerosososteoblastos em suas bordas (Fig.9).

ocupado parcialmente por trabéculas ósseasdelgadas. Em nível dos terços médio e apical, astrabéculas ósseas são mais desenvolvidas eregulares (Fig.11).

Fig.8. Grupo II. 10 dias. Terço médio do alvéolo, mostrando trabéculasósseas e tecido conjuntivo sem diferenciação óssea. HE, original63x.

Fig.9. Grupo I. 20 dias. Trabéculas ósseas neoformadas, com numerosososteoblastos junto à matriz dentinária. HE. Original 63x.

O terço cervical do alvéolo encontra-separcialmente ocupado por trabéculas ósseasdelgadas. Junto aos terços médio e apical, o tecidoósseo é mais desenvolvido com trabéculas ósseasmais espessas.

Grupo II (conservado). A matriz dentináriaimplantada situa-se em nível do terço médio doalvéolo. Nas proximidades, observam-se inúmerastrabéculas ósseas bem desenvolvidas (Fig.10). Emalguns pontos, nota-se tecido ósseo neoformado, emíntimo contato com a matriz dentinária.

Junto ao terço cervical, o alvéolo encontra-se

Fig.10. Grupo II. 20 dias. Trabéculas ósseas neoformadas, nas proximidadesou em contato com a matriz dentinária. HE, original 63x.

Fig.11. Grupo II. 20 dias. Terço médio do alvéolo, com trabéculas ósseasbem desenvolvidas. HE, original 63x.

40 DiasGrupo I (sem conservação). A matriz dentinária

encontra-se em nível do terço médio, praticamenteincorporado por trabéculas ósseas. Em algunspontos, observam-se, no entanto, pequenas áreasocupadas por tecido conjuntivo sem diferenciaçãoóssea (Fig. 12).

O alvéolo dental, ao longo dos três terçosalveolares, encontra-se preenchido por trabéculasósseas bem definidas (Fig.13).

Grupo II (conservado). A matriz dentináriasitua-se, em nível do terço médio do alvéolopraticamente incorporado ao tecido ósseoneoformado. Em determinados pontos, não seobserva o limite entre o tecido ósseo e o implante

Page 38: Ciências Odontológicas nº 5

38

Revista Ciências Odontológicas

(Fig.14). Em outros, notam-se áreas de reabsorçãoda matriz dentinária (Fig.15).

O alvéolo dental, junto aos três terços alveolares,acha-se ocupado por trabéculas ósseas espessas ebem definidas.

DISCUSSÃO

O implante, de uma forma geral, deve apresentaralguns requisitos, como induzir à osteogênese,osteoindução e osteocondução. Deve ser aindabiocompatível, não carcinogênico, não tóxico, nãoantigênico e desencadear seqüência reacionalnatural, sem persistência do processo inflamatório.Ter resiliência compatível com o local a serimplantado e ajustarem-se as variações individuaisdo hospedeiro.

A osteocondução caracteriza o crescimento ósseopor meio de aposição de osso circunjacente. Portanto,esse processo deve ocorrer na presença de osso oude células mesenquimatosas indiferenciadas. Oosso ou o tecido mole pode se desenvolver por meiode aposição, sem a evidência de uma reação tóxica.Se os materiais osteocondutores forem inseridosem um local ectópico, eles não iniciam ocrescimento ósseo. Assim, os materiaispermanecem relativamente inalterados ou sãoreabsorvidos.

Os materiais osteocondutores mais usados emcirurgia e implantodontia são os aloplastos e osxenoenxertos, sendo os aloplastos materiaisexclusivamente sintéticos e biocompatíveis,podendo estes ser separados em cerâmicos,polímeros e combinação. Como exemplos demateriais osteocondutores, temos a hidroxiapatitasintética ou natural, o fosfato de cálcio, carbonatode cálcio, polímero composto biocompatível, entreoutros.

A osteoindução envolve a formação de osso novo,a partir de células osteoprogenitoras, derivadas dascélulas mesenquimatosas primitivas , sob ainfluência de um ou mais agentes indutores que

Fig.12. Grupo I. 40 dias. Matriz dentinária parcialmente incorporada portecido ósseo neoformado, mostrando áreas ocupadas por tecidoconjuntivo sem diferenciação óssea. HE, original 63x.

Fig.14. Grupo II. 40 dias. Áreas em que não se obteve o limite entre a matrizdentinária e tecido ósseo neoformado. HE, original 63x.

Fig.13. Grupo I. 40 dias. Alvéolo dental ocupado por trabéculas ósseas bemdesenvolvidas. HE, original 63x.

Fig.15. Grupo II. 40 dias. Matriz dentinária exibindo áreas de reabsorção.HE, original 63x.

Page 39: Ciências Odontológicas nº 5

39

ANO 5, nº 5, 2002

emanam da matriz óssea7. Quando inseridas naregião subcutânea com ausência de osso, elasinduzem a formação óssea em local ectópico. Osmateriais osteoindutores contribuem mais paraformação óssea durante o processo deremodelagem34.

Já a osteogênese refere-se ao crescimento ósseoderivado das células viáveis, transferências dentrodos enxertos. O osso autógeno é o único materialde enxerto disponível com propriedadesosteogênicas, sendo sua forma mais eficaz o ossoesponjoso, que fornece a maior concentração decélulas ósseas, sendo o osso novo regenerado pelososteoblastos endósseos e pelas células que seoriginam na medula, transferidas com o enxerto.Uma das desvantagens dos enxertos autógenos é aintervenção cirúrgica adicional, que deve ser feitapara remoção do mesmo.

O uso da matriz dentinária desmineralizadacomo material de implante, relatado em diversostrabalhos por sua intensa atividade osteoindutorae tolerância pelo hospedeiro, demonstra resultadosfavoráveis. Implantes de dentina em músculo,tecido conjuntivo, alvéolo dental, ossos como tíbia erádio, foram relatados em diversos trabalhos, comresultados muitas vezes satisfatórios 3,9,10.

A avaliação dos resultados do presente estudomostrou que o implante intra-alveolar de matrizdentinária produziu alterações no processo dereparação alveolar, em suas diferentes fases,quando o mater ia l apresentou umcomportamento biologicamente compatível,porém produziu um pequeno atraso nacronologia do reparo alveolar, atraso este jáantes verificado por outros autores.

De maneira geral, o implante de qualquermaterial no interior de alvéolos dentais resulta ematraso, mais ou menos acentuado, na cronologia doprocesso de reparo. Isto se deve em razão de osmateriais perturbarem a organização do coágulo elesarem os remanescentes do ligamentoperiodontal no alvéolo 26.

CATANZARO-GUIMARÃES et al. (1986)5

avaliaram o uso de matriz dentinária em cães eobtiveram resultados satisfatórios em defeitosósseos inter-radiculares, bem como GOULD et al.(1982)8 utilizaram a matriz dentinária emcavidades nos ossos parietais de ratos e obtiveramresultados semelhantes com seu uso.

A capacidade de osteoindução de um material éobservada quando o implante se comporta como umasuperfície condutora, levando ao desenvolvimentodo osso adjacente por entre suas partículas ou poros,

enquanto o material é gradativamente reabsorvidoe substituído pelo osso neoformado6.

Em nosso estudo, o material implantado nosalvéolos se mostrou biologicamente compatível, oque foi comprovado pelo aspecto histológico, em quefoi possível observar pequena presença de reaçãoinflamatória, íntimo contato estabelecido entre oimplante e o osso neoformado e nenhuma evidênciade morte celular, com o decorrer dos períodos. Talobservação está de acordo com outros estudos emanimais 5,8,9,14, bem como com outros tipos deimplantes, que obtiveram resultados semelhantes,como matriz óssea 4,37, implantes aloplásticos 2,16,18,31

e cartilagem preservada em glicerina20.Notamos ainda em nosso estudo que ocorreram

diferenças entre o grupo sem conservação e ogrupo conservado em glicerina a 98%, sendo quea matriz dentinária conservada em glicerinaevidencia maior grau de reabsorção onde aneoformação óssea junto ao material é maisprecoce. Além disso, nesse grupo (glicerina)observa-se, aos 40 dias, a incorporação do materialao tecido ósseo neoformado, em quase todos osespécimes, sendo que este comportamentotambém é observado em implantes de matriz ósseaem tíbias de ratos.

No nível do tecido conjuntivo subcutâneo, amatriz dentinária ocasiona a formação de tecidocartilaginoso, em sua superfície. A seguir, oscondrócitos sofrem processo de degeneração e osespaços originados são, posteriormente,preenchidos por tecido conjuntivo e tecido ósseoneoformado respectivamente23, caracterizando umprocesso de ossificação endocondral.

As características observadas no presentetrabalho mostram que a matriz dentináriahomógena pode ser considerada como material deimplante viável, com boas perspectivas para a suaaplicação em diferentes áreas da odontologia.

Estudos futuros com metodologia específica paraa identificação das substâncias ativadoras doprocesso de osteoindução e osteocondução da matrizdentinária homógena poderão complementar osresultados obtidos neste estudo, levando aesclarecer as diversas etapas envolvidas naatividade indutora do implante de matriz dentináriahomógena conservada em glicerina a 98%.

CONCLUSÃO

Dentro das condições experimentais seguidas nopresente trabalho, é possível concluir que a matrizdentinária desmineralizada: 1) Permite a

Page 40: Ciências Odontológicas nº 5

40

Revista Ciências Odontológicas

neoformação óssea em contato com a sua superfície;2) Quando conservada em glicerina, mostraneoformação óssea mais intensa e sofre discretareabsorção.

10.KATZ, R.W.; HOLLINGER, J.O.; REDDI, A.H. Thefunctional equivalence of demineralized bone and toothmatrices in ectopic bone induction. J. Biomed. Mater.Res., v.27, n.2, p. 239-45, Feb. 1993.

11.KLINGE, B. et al. Osseous response to implanted naturalbone mineral and synthetic hydroxylapatite ceramic inrepair of experimental skull bone defects. J. OralMaxillofac. Surg., v.50, p.241-9, 1992.

12.MEADOWS, C.L. et al. A comparison of polylactic acidgranules and descalcified freeze dried bone allograft inhumain periodontal osseous defects. J. Periodontol.,v.64, p.103-9, 1993.

13.MORSE, A. Formic acid sodium citrate descalcificationand butyl alchol dehydratation of teeth and bone forsectioning in paraffin. J. Dent. Res., v.24, p.143, 1945.

14.NAKASHIMA, M. An ultrastrutural study of thedifferentiation of mesenchymal cells in implants ofallogenic dentine matrix on the amputated dental pulp ofthe dog. Arch. Oral Biol., v.35, n.4, p.227-81, 1990.

15.NAKASHIMA. M. The induction of reparative dentine inthe amputated dental pulp of the dog by bone morphogeneticprotein. Arch. Oral Biol., v.35, n. 4, p. 227-81, 1990.

16.OKAMOTO, T.; RUSSO, M.C. Wound healing followingtooth extraction. Histochemical study in rats. Rev. Fac.Araçatuba, v.2, p.153-169, 1973.

17.OKAMOTO, T. et al. Implante de Boplant em alvéolosdentais. Estudo histológico em ratos. Rev. Fac. Odont.Araçatuba, v.3, p.13-21, 1974.

18.OKAMOTO, T. et al. Implante de polivinil álcool associadaa antibióticos e hemostático em alvéolos dentais. Estudohistológico em ratos. Rev. Odont. UNESP, v.12, p.21-28,1983.

19.OKAMOTO, T. et al. Autogenous transplantation of rib

Tetuo OKAMOTO - Professor Titular doPrograma de Pós-Graduação em ClínicaOdontológica - Área de Cirurgia Buco-Maxilo-Facial da Faculdadede CiênciasOdontológicas da UNIMAR, Marília-SP,Brasil.

The dentin demineralized matrix has shown a great osteogenic potential, characterizing a tissular hetero-induction. In the present study, we evaluated the reaction of the wound dental extraction after the homogenousimplant of dentin demineralized conserved in 98% glycerin matrix.For this study, we used 40 rats and from all of these animals, 8 rats were used to provide the dentin matrix. Theother 32 animals were divided in 2 groups of 16 animals each one. In the group I, after the extraction of thesuperior incisive, the dental socket received the implant of dentin demineralized matrix. In the group II, afterthe same procedure, the dental socket received the implant of dentin demineralized and conserved in 98%glycerin matrix. At 5, 10, 20 and 40 days after the implant, the animals were sacrificed and the pieces obtainedafter histological proceedings were included in paraphin for microtomy. The sections obtained were stainedwith hematoxilin and eosin for qualitative morphological study.The results obtained show that the implant of the glycerin conserved material presents little resorption andintense tissular neoformation in the surface.

UNITERMS: Dentin matrix; dental sockets; glycerin.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.ALPER, G et al. Osteogenesis in bone detects in rats: theeffects of hydroxyapatite and demineralized bone matrix.Am. J. Med. Sci. Philadelphia, v.298, n.6, p.371-376,1989.

2.ALVES-REZENDE, M.C.R.; OKAMOTO, T. Implante de“Tissucol” em feridas de extração dental. Estudo histológicoem ratos. Rev. Odont. UNESP, v.21, p.161-70, 1992.

3.AMAR, S.; SIRES,B.;VEIS, A. A rat incisor dentin matrixprotein can induce neonatal rat muscle fibroblast, inculture, to express phenotypic produts of chondroblasticcells. J. Biol. Buccale, v.19, p.55-60, 1991.

4.BESSHO, K.; TAGAWA, T.; MURATA, M. Comparison ofbone matrix-derived bone morphogenetic protein fromvarious animals. J. Oral Maxillofac. Surg., v.50, p.496-501, 1992.

5.CATANZARO GUIMARÃES, S. A. et al. Osteogenis potentialof autogenic demineralized dentin implanted in bonydefects in dogs. Int. J. Oral Maxillofac. Surg., v.15, n.2,p. 160-9, 1986.

6.EL DEEB, M.; HOSNY, M.; SHARAWY, M. Osteogenesisin composite grafts of allogenic demineralized bonepowder and porous hydroxylapatite. J. Oral Maxillofac.Surg., v.47, p.50-6, 1989.

7.GLOWACKI, J.; MULLIKEN, J.B. Desmineralized boneimplants. Clin. Plast. Surg., v.12, p.233-241, 1985.

8.GOLD, T.R.L.; WESTBURY, L.; TILLMAN, J. Dentin matrixgelatin (DMG) as a possible “universal” grafting materialin periodontics. J. Peridont., v.53, p. 22-5, 1982.

9.INOUE, T.; DEPORTER, D.A.; MELCHER, A.H. Inductionof chondrogenesis in muscle, skin, bone marrow, andperiodontal ligament by desmineralized dentin and bonematrix in vivo and in vitro. J. Dent. Res., v.65, n.1, p.12-22, Jan. 1986.

Page 41: Ciências Odontológicas nº 5

41

ANO 5, nº 5, 2002

cartilage preserved in glicerol after removal of theperichondrium, to the malar process of rats (part I). J.Nihon. Univ. Sch. Dent., v.32, p.116-126, 1990.

20.OKAMOTO, T. et al. Implante autógeno de cartilagemhialina de costela, preservada em glicerina, após a remoçãode pericôndrio, para processo malar de ratos. Estudohistológico (part II). Rev. Odont. USP, v.1, p.112-117,1991.

21.OKAMOTO, T.; GARCIA JUNIOR, I.R.; STORTI, S.C.;MARTINS, A.G. Implante de osso anorgânico associadoou não a hidroxiapatita em alvéolo dental após exodontia.Estudo histológico em ratos. BCI - Rev. Bras. Cir.Implantod., v.1, n.3, p.17-27, 1994.

22.OKAMOTO, T. et al. Implante de polietileno poroso Medporem alvéolo dental de incisivo de rato. Estudohistomorfológico. Salusvita, Bauru, v.17, n.1, p.139-153,1998.

23.OKAMOTO, T. et al. Implante homógeno de matrizdentinária conservada em glicerina a 98%. Estudomicroscópico em tecido conjuntivo subcutâneo de rato. Rev.Ciências Odontológicas, v.2, n.2, p.27-32, 1999.

24. PEREIRA, J.P. Osso anorgânico. Material para implantena rotina odontológica. Rev. Ass. Paul. Cirurg. Dent.,15(1): 2-15, Fev. 1961.

25.PERRI DE CARVALHO, A.C. et al. Comportamento doalvéolo dental em presença de “Apernyl”. Rev. Fac. Odont.Araçatuba, v.4, p.99-107, 1975.

26.PERRI DE CARVALHO, A.C.; OKAMOTO, T. Implantesintra-alveolares. Considerações sobre estudosexperimentais. Rev. Fac. Odont. Araçatuba, v.32, n.4,p.273-9, 1978.

27.PIGOSSI, N. Implantação de dura-máter homógenaconservada em glicerina. Estudo experimental em cães.Arq. Cirurg. Clin. Exper., 27:213-47, 1964.

28. PURCHIO, R.H.J. et al. Avaliação da estrutura física,composição química e pH de biocerâmicas de cálcio e fosfato

e suas implicações na eleição do material ideal paraenxerto ósseo. In: Anais - Congresso Brasileiro deEngenharia e Ciência dos Materiais, Águas de Lindóia,v.10, p.5-7, 1992.

29. RIOS, A.L.B.B. Comportamento do processo de reparoem feridas de extração dental após implante de esponjade gelatina. Estudo histológico. Dissertação de Mestrado,Faculdade de Odontologia de Araraquara, SP. 1995.

30.SAAD NETO, M. et al. Comportamento do processo dereparo em feridas de extração dental após implante deesponja de gelatina. Estudo histológico em ratos. Rev.Assoc. Paul. Cirurg. Dent., v.29, p.44-47, 1975.

31.SAAD NETO, M. et al. Proplast implantation in dentalsockets. Histological study in rats. Rev. Odont. UNESP,v.8/9, p.27-33, 1972,1980.

32.SANCHES, M.G. et al. Processo de reparo em feridas deextração dental após implante de “osso anorgânico”. Estudohistológico em ratos. Rev. Fac. Odont. Araçatuba, v.26,p.125-128, 1972.

33.SANCHES, M.G. et al. Silicone implantation into dentalsockets. Histological study in rats. J. Nihon Univ. Sch.Dent., v.24, p.218-226, 1982.

34.TULI, S.M., SINGH, A.D. The osteoinductive property ofdescalcified bone matrix. Na experimental study. J. BoneJoint Surg., v.60, p.116-123, 1978.

35.URIST, M.R. Mesenchymal cell reactions to inductivesubstrates for new bone formation. In DUNPHY, J.E.; VANWINKLE, W. Jr., Editors: Repair and regeneration, NewYork, p.229-259, 1969.

36.VICTOR, J.O.; SANTOS PINTO, R.; OKAMOTO, T.;CASTRO, A.L. Implante de gesso paris em alvéolo dentais.Estudo histológico em ratos. Rev. Fac. Odont. Araçatuba,v.4, n. 1, p. 71-9, 1975.

37. WOZNEY, J. M. et al. Novel regulators of bone formation:molecular clones and activities. Science, v. 242, p. 1528-34, 1988.

Page 42: Ciências Odontológicas nº 5

42

Revista Ciências Odontológicas

○○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Estudantes eprofessores

prestamatendimento àpopulação mais

carente

Estudantes eprofessores

prestamatendimento àpopulação mais

carente

Page 43: Ciências Odontológicas nº 5

43

ANO 5, nº 5, 2002

AVALIAÇÃO DAS MARCAS DAS ESCOVAS DENTÁRIAS, DO SEU TEMPO DE USO EDA FREQÜÊNCIA DE ESCOVAÇÃO DIÁRIA DOS ALUNOS INGRESSANTES EM 1998,

NO CURSO DE CIÊNCIAS ODONTOLÓGICAS DA UNIMAR - SÃO PAULO, BRASIL

EVALUATION OF TOOTHBRUSHES’ BRAND, USING TIME AND DAILY BRUSHINGFREQUENCY FROM UNIMAR - SÃO PAULO, BRAZIL DENTAL SCIENCE STUDENTS

ADMITTED IN 1998

Sérgio Ricardo Rafacho ESTEVES*Luiz Alberto MILANEZI**

Luciano Barreiros de CARVALHO*Valdir Gouveia GARCIA**

Os autores avaliaram 270 escovas dentárias dos alunos ingressantes no Curso de Ciências Odontológicas daUniversidade de Marília - SP, no ano de 1998, quanto às marcas, ao tempo de uso e à freqüência da escovaçãopraticada informados. Os dados dos resultados foram obtidos das respostas do questionário aplicado e que, apóstratamento estatístico, permitiram concluir: 1. que não existe unanimidade dos alunos participantes quanto auma escova dentária, sendo suas marcas bastante diversificadas; 2. que o tempo de utilização das escovasdentárias variou de 1 até mais de 6 meses, contudo, a maioria, informou que as utiliza por até 3 meses; 3. que afreqüência diária de limpeza dentária é bastante diversificada, mas a grande maioria tem como opção 3 ou 4 vezesao dia.

UNITERMOS: Higiene bucal; escova dentária; tempo de uso; freqüência de limpeza.

* Mestres pelo Programa de Pós-Graduação em Clínica Odontológica da Faculdade de Ciências Odontológicas da UNIMAR, Marília - SP, Brasil.** Professores do Programa de Pós-Graduação em Clínica Odontológica da Faculdade de Ciências Odontológicas da UNIMAR, Marília - SP, Brasil.

INTRODUÇÃO

O controle do biofilme dentário e a motivação dosindivíduos para uma adequada limpeza dos dentestornam-se passos fundamentais para que não ocorraa doença dentária. Trabalhos da década de 90demonstraram que o controle efetivo do biofilmedentário é importante para a cicatrização pós-tratamento periodontal, diminui o ritmo de perdade inserção periodontal futuro, reduz a prevalênciae incidência das doenças periodontais e cáries(Axelsson & Lindhe04, 1991), nivela os resultadoslongitudinais do tratamento periodontal cirúrgico enão cirúrgico (Kaldahl et al.21, 1993), aumenta achance de sucesso de procedimentos deregeneração tecidual guiada (Cortellini et al.10,1996) e mantém a microbiota em implantesosseointegrados em níveis compatíveis com saúde(Figueiredo & Fischer14, 1996).

Uma quase unanimidade de pesquisadores temnas escovas dentárias o recurso mais universal eimportante na limpeza das faces livres dos dentes

(De Micheli11, 1984; Carranza08, 1984; Milanezi etal.26, 1986; Todescan et al.32, 1989). Quanto ao tempode uso dessas escovas dentárias, vários estudiososdo assunto têm preconizado diferentes durações.Macedo & Lacaz Netto24 (1985) preconizaram 25 dias,Agudio et al.02 (1987) recomendam a substituiçãoassim que se apresentar desgastada, Stuchell &Hornbrook31 (1989), 1 mês e meio, Genco et al.17

(1990) após um período de 2 a 4 semanas, Pereira28

(1992) e Milanezi et al.26 (1986), 30 dias, e Chaimet al.09 (1997) de 4 a 6 semanas. Períodos mais longostambém têm sido propostos, através de panfletosexplicativos, como é o caso da ADA03 (1984), quepreconizou o tempo de uso de 3 a 4 meses. JáAbraham et al.01 (1990) inferiram que no uso regularde uma escova, com consciência, a deformação dascerdas ocorre dentro de 3 meses, a exemplo deCarranza08 (1984).

Outro assunto pertinente ao sucesso dahigienização bucal é o da freqüência diária deescovação, assunto este também um tantocontroverso na literatura.

Page 44: Ciências Odontológicas nº 5

44

Revista Ciências Odontológicas

Assim, Berenie et al.07 (1973), em seu estudo,afirmaram que a rotina de escovação diária, serealizada 1, 2 ou mais vezes por dia, controla obiofilme dentário o suficiente para quebrar suamaturidade microbiológica e limita a severidade dasdoenças dentárias observadas clinicamente. JáBellini et al.06 (1981), com base em seuexperimento, inferiram que a qualidade da higienebucal é mais importante que sua freqüência. Maltz25

(1986) e Genco et al.17 (1990) preconizaram que, emse tratando de prevenção das cáries e doençaperiodontal, escovar os dentes 2 vezes ao dia ésuficiente, pois mantém sob controle o biofilme quepode ser formado.

Em face da relevância dos assuntos tempo de usoe freqüência de escovação, achamos necessário odesenvolvimento de novos estudos, que viessempermitir somar novos resultados aos já relatadosna literatura.

Assim, é escopo do presente estudo avaliar asmarcas das escovas dentárias dos alunos dos 1.º e 2.ºsemestres do Curso de Ciências Odontológicas daUNIMAR - SP, no ano de 1998, bem como o tempo deuso e a freqüência da escovação praticada informados.

MATERIAL E MÉTODO

No desenvolvimento deste estudo, utilizamos 270escovas dentárias dos alunos ingressantes no Cursode Ciências Odontológicas da Universidade deMarília, no ano de 1998.

O ato da coleta das suas escovas dentáriasaconteceu em data previamente aprazada, bemcomo a aplicação do questionário que recolheu,junto aos alunos, informações sobre a marca daescova em uso, o tempo de uso da escova atual e afreqüência diária da escovação.

Ressaltamos que, antes da coleta e da aplicaçãodo questionário, em sala de aula, realizamos umaexplanação aos alunos sobre o escopo do estudo.

Os dados obtidos das respostas dos questionários,contendo a marca das escovas utilizadas, do tempode uso e a freqüência diária de limpeza, foramsubmetidos a tratamento estatístico e acham-seexpressos nas tabelas de números I e II.

Tabela II . D istribuição da amostra segundo o tempo de uso e a freqüência diária de lim peza dentária informados pelos alunos.

FREQÜÊNCIA DIÁRIA DE LIM PEZA DENTÁRIA TEMPO

DE USO 1x % 2x % 3x % 4x % 5x % + 5x %

TOTAL DE

ESCOVAS

%

1 mês 0 0 2 4,16 16 33,33 19 39,60 7 14,58 4 8,33 48 100,00

2 meses 0 0 4 5 25 31,25 32 40 17 21,25 2 2,5 80 100,00

3 meses 1 1,72 2 3,44 18 31,03 24 41,41 9 15,51 4 6,89 58 100,00

4 meses 0 0 2 4,34 18 39,14 18 39,14 7 15,21 1 2,17 46 100,00

5 meses 0 0 1 5 5 25 11 55 3 15 0 0 20 100,00

6 meses 0 0 0 0 6 50 5 41,67 1 8,33 0 0 12 100,00

+ de 6 meses 0 0 1 16,66 1 16,67 3 50 1 16,67 0 0 6 100,00

Total 1 0,37 12 4,44 89 32,96 112 41,50 45 16,66 11 4,07 270 100,00

Tabela I. Distribuição da amostra segundo as marcas e modelos de escovas dentárias utilizadas.

MARCAS TOTAL % ORAL-B 84 31,11

KOLYNOS 57 21,11 JOHNSON'S 33 12,23

REACH 25 9,26 COLGATE 22 8,15 CONDOR 10 3,71

AQUAFRESH 05 1,85 CLOSE-UP 04 1,48

TEK 04 1,48 PRO-415 03 1,11

DENTAL PREV 02 0,74 GLISTER 02 0,74

DR. BEST'S 02 0,74 POCKET 02 0,74 SIGNAL 02 0,74

DR. WEST'S 01 0,37 JORDAN 01 0,37

PHB KINDER 01 0,37 PREMIUM 01 0,37

SUMER 01 0,37 METROSEN 01 0,37 TOPZ PLUS 01 0,37

TRIP 01 0,37 SENSODYNE 01 0,37

KARISHE 01 0,37 SANIFILL 01 0,37 ALCANCE 01 0,37

ALVINEGRO 01 0,37 TOTAL 270 100,00

Page 45: Ciências Odontológicas nº 5

45

ANO 5, nº 5, 2002

RESULTADOS

Tabela I. Distribuição da amostra segundo asmarcas e modelos de escovas dentárias utilizadas.

DISCUSSÃO

Bastante diversificadas são as marcas e modelosdas escovas dentárias, em número de 28, utilizadaspor nossos entrevistados (Tabela I). Isto caracterizanão haver unanimidade quanto a uma escovadentária, considerando as características físicas daponta ativa e cabo.

Parecem não ser entendidas, pelos usuários doestudo, as inovações introduzidas que acompanhamas evoluções, com base em propósitos econsiderações que objetivam, segundo Bass05 (1948),Fanning & Henning13 (1967), Halla20 (1976), Font-Buxo16 (1986) e Genco et al.17 (1990), um mais efetivocontrole do biofilme dentário. Essas inovações,considerações e propostas têm, segundo essespesquisadores, o objetivo de permitir acesso, boaação e facilidade de manejo nas superfícies dosdentes e nas áreas mais diferentes da boca, bemcomo uma mais firme e boa empunhadura.

Considerando ainda que cabe ao cirurgião-dentista a orientação e indicação da marca e modeloda escova dentária ao seu cliente, seriaconveniente, também, salientar a necessidade deuma atualização constante do profissional pelaliteratura específica às inovações introduzidas.

Também parece oportuno lembrar que cabe àsindústrias fabricantes de escovas dentárias aresponsabilidade de informar aos profissionais eusuários do seu produto, dando ênfase necessáriaàs reais qualificações do agente mecânico, que,quando bem usado, é um eficaz controlador dobiofilme dentário do maior número possível desuperfícies dentárias.

Ao findar os comentários acima, parece válidoressaltar o inferido por Lascala23 (1997), que assimse expressa, em seu livro: “... pareceu tambémconclusivo a falta de superioridade de uma escovasobre as outras, e até que as pesquisas provem ocontrário, o profissional deveria prescrever a escovaque mais se adequar às condições bucais ehabilidosas do paciente baseando-se, para tanto, emsuas observações clínicas, procurando nãosubmeter esta escolha às suas predileções própriasbaseadas em fatores subjetivos.”

Quanto ao tempo de utilização da escova dentária(Tabela II), alguns entrevistados informaram utilizá-las até por mais de 6 meses. Contudo, a maioria,

186 entrevistados, representando 68,88% daamostra, informaram que as utilizam por até 3meses.

Se considerarmos o tempo de utilização edescarte preconizado pelos fabricantes, que deveriaacontecer com 3 meses, temos que 84entrevistados, 31,12% da amostra, estão excedendoo tempo de vida útil de suas escovas dentárias.

Nos livros textos, poucos são os autores quesugerem os tempos de descarte das escovasdentárias. Segundo Macedo & Lacaz Netto24 (1985),o descarte deve acontecer com 25 dias; Genco etal.17 (1990), entre 2 a 4 semanas; American DentalAssociation03 (1984) e Carranza12 (1986), 3 meses.

Estudos mais específicos sobre a deformidade dasescovas dentárias, em que a aplicação de índicesde desgaste foram utilizados, apontam 30 dias(Pereira28, 1992; Milanezi et al.27, 1995), 60 dias(Schimith et al.29, 1994/1995), 2 semanas a 6 meses(Kreinfeld et al.22, 1980), 6 semanas (Stuchell &Hornbrook31, 1989), 4 a 6 semanas (Chaim et al.09,1997).

Se considerarmos os estudos sobre acontaminação por microorganismos e doença bucal,autores indicam o descarte das escovas dentáriasuma vez por mês (Glass & Lare18, 1986),semanalmente ou a cada 3 dias (Glass & Jensen19,1988).

Assim analisado, podemos inferir o quanto écomplexo o assunto troca da escova dentária e,portanto, os profissionais da odontologia devem estarpreparados para orientar seus clientes quanto aomomento adequado para o descarte das mesmas.

A análise da Tabela II permitiu-nos avaliartambém a distribuição das escovas dentárias,considerando a freqüência diária de limpezadentária. Ressaltamos, contudo, que essa avaliaçãofoi feita com base nas informações prestadas pelosusuários das escovas dentárias, o que permitiuavaliar que estas têm pouco ou muito tempo deutilização e possuem ou não as característicasfísicas consideradas próprias para o uso.

Assim considerado, temos que, nos tempos de 1a mais de 6 meses de uso, 1 (0,37%) entrevistadoda amostra informou uma freqüência diária delimpeza dentária de 1 vez; 12 (4,44%), 2 vezes; 89(32,96%), 3 vezes; 112 (41,50%), 4 vezes; 45 (16,66%),5 vezes, e 11 (4,07%), mais de 5 vezes.

Isto posto, inferimos o quanto é diversificada afreqüência diária de limpeza dos dentes dos nossosentrevistados, e que a grande maioria, ou seja, 201alunos, representando 74,46% da amostra, temcomo opção 3 ou 4 vezes ao dia.

Page 46: Ciências Odontológicas nº 5

46

Revista Ciências Odontológicas

Esses resultados de freqüência diária de limpezadentária são similares a outros existentes naliteratura específica, em muitos deles até mesmonos percentuais. Assim, Dib & Barros12 (1985)concluíram, como resultado do seu estudo, que 70%dos entrevistados da amostra limpam os dentes 3ou 4 vezes ao dia e que, na população universitária,objeto do seu trabalho, parece haver um consensoem torno desta freqüência diária. Também SilvaNeto et al.30 (1990), pesquisando alunosuniversitários, observaram que a freqüência daescovação relatada era de 4 vezes ao dia. Notamos,também, similaridade de resultados com o estudorealizado por Figueiredo et al.15 (1992), queverificaram a freqüência de escovação de criançasem idade escolar, que foi de 3 vezes ao dia,preferentemente após as refeições.

Somos de opinião que a freqüência da escovação,aliada a uma limpeza eficaz, são condiçõesimportantes para o controle do biofilme dentário,redução da matéria alba, eliminação dos detritosalimentares, controle da formação do cálculo e doaparecimento das doenças dentárias, mormente seo indivíduo foi conscientizado, motivado, educado,informado e preparado pelo profissional da área paraas práticas de higienização bucal.

CONCLUSÕES

Tomando por base os dados e respostas obtidasneste estudo, podemos concluir:

1. que não existe unanimidade dos alunosparticipantes quanto a uma escova dentária, sendosuas marcas, em número de 28, bastantediversificadas;

2. que o tempo de utilização das escovasdentárias variou de 1 até mais de 6 meses, contudo,a maioria informou que as utilizam por até 3 meses;

3. que a freqüência diária de limpeza dentária,dos alunos entrevistados, é bastante diversificada,mas a grande maioria tem como opção 3 ou 4 vezesao dia.

Sérgio Ricardo Rafacho ESTEVES -Mestre em Clínica Odontológica,professor da Faculdade de CiênciasOdontológicas da UNIMAR, Marília-SP, Brasil, nas disciplinas dePeriodontia, Implantodontia eClínica Integrada.

The authors evaluated 270 toothbrushes from Unimar (Marilia-SP, Brazil), dental sciences students admitted in1998 (Marilia-SP. Brazil), related to brands, using time and brushing frequency informed. The data wereobtained through a questionnaire and after statistical analyses allowed to conclude that: 1. There are no uniformityamong the students that participated in the study related to toothbrushes, being their brands rather variable; 2;the toothbrushes using time ranged from 1 to 6 months, however, the majority answered that they use it up to3 months; 3. Brushing daily frequency is rather different, though the majority of students do it 3 to 4 times perday.

UNITERMS: Oral hygiene; toothbrush; time of use; dental hygiene frequency.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

01.ABRAHAM, N.J.; CIRINICIOE, U.K.; GLASS, R.T.Dentists and dental hygienists: attitudes towardtoothbrushes replacement and maintenace. Clin. Prevent.Detistry, v. 12, p. 28-33, 1990.

02.AGUDIO, G. et al. Gingival lesions caused by improperoral hygiene measures. Int. J. Periodont. Rest. Dent., v.1, p. 53-65, 1987.

03.AMERICAN DENTAL ASSOCIA-TION. Basic BrushingPamphlet, 1984.

04.AXELSSON, P. & LINDHE, J. On the prevention of cariesand periodontal diseases: results of a 15-year longitudinalstudy in adults. J. Clin. Periodontol., v. 18, p. 182-189,1991.

05.BASS, C.C. The optimum caracteristics of toothbrushesfor personal oral hygiene. Dent. Items. Interest., v. 70,p. 697-718, 1948.

06.BELLINI, H.T.; ARNEBERG, P.; FEHR, F.R. Oral hygieneand caries. A review. Acta Odontol. Scand., v. 39, p.257-65, 1981.

07.BERENIE, J.T. et al. The relationship of frequency oftoothbrushing oral hygiene, gingival healt, and caries -experience in school children. J. Pupl. Hith. Dent., v.33, p. 160-171, 1973.

08.CARRANZA, F.A. Glickman’s Clinical Periodontology.6ª ed., Philadelphia: W. B. Saundres, 1984. p. 672-673.

09.CHAIM, L.A.F. et al. Avaliação do desgaste de escovascom cerdas macias. Rev. Periodontia, v. 6, p. 55-58, 1997.

10.CORTELLINI, P.; PINI PRATO, G.; TONETTI, M. Longterm estability of clinical attachament following guidedtissue regeneration and conventional therapy. J. Clin.Periodontol., v. 23, p. 106-111, 1996.

11.DE MICHELI, G. Recursos para o controle da placa

Page 47: Ciências Odontológicas nº 5

47

ANO 5, nº 5, 2002

bacteriana: Estudo comparativo em humanos. São Paulo,1984. 47p. (Dissertação de Mestrado - Faculdade deOdontologia de São Paulo, Universidade de São Paulo).

12.DIB, L.L. & BARROS, V.M.R. Avaliação de critériosutilizados por membros de uma Faculdade de odontologiana seleção de escovas dentais e dentrifícios. Odont.Modern., v. 12, p. 15-20, 1985.

13.FANNING, E.A.; HENNING, F.R. Toothbrush desing andits relation to oral health. Aust. Dent. J., v. 12, p. 464-7,1967.

14.FIGUEIREDO, C.M.S. & FISCHER, R.G. Aspectosmicrobiológicos da flora bacteriana em torno de implantesosseointegrados. Rev. Periodontia, v. 5, p. 341-344,1996.

15.FIGUEIREDO, C.T.L.S.; TOLEDO, O.A.; BEZERRA,A.C.B. Freqüência de escovação dentária em escolares.R.G.O., v. 40, p. 261-264, jul./ago. 1992.

16.FONT-BUXO, J. Revoluction en la hygiene oral. Rev.Actual Estomatol., v. 46, p. 45-52, 1986.

17.GENCO, R.J.; GOLDMAN, H.M.; COHEN, D.W.Contemporary periodontic. St. Louis: Mosby, 1990. Cap.28, p. 361-70.

18.GLASS, R.T. & LARE, M.M. Toothbursh contamination:a potencial health risk? Quintessence Int., v. 17, p. 39-42, 1986.

19.GLASS, R.T. & JENSEN, H.G. More on the contaminedtoothbrush: the viral story. Quintessence Int., v. 19, p.713-716, 1988.

20.HALLA, D. Estudo comparativo da eficiência relativa decinco escovas dentárias, na remoção de placa bacterianadentária. Rev. Catarinense Odont., v. 3, p. 21-29, 1976.

21.KALDAHL, W.B.; KALKWARF, K.L.; PATIL, K.D. A reviewof longitudinal studies that compared periodontaltherapies. J. Periodontol., v. 64, p. 243-253, 1993.

22.KREINFELDT, J.G.; HILL, P.H.; CALIST, L.J.P. Asystematic study of the plaque removal efficiency of worntoothbrusher. J. Dent. Res., v. 59, p. 2047-2055, 1980.

23.LASCALA, N.T. Prevenção na Clínica Odontológica;Promoção de Saúde Bucal. São Paulo: Artes Médicas,1997, cap. 9, p. 120-145.

24.MACEDO, N.L. & LACAZ NETTO, R. Manual dehigienização bucal: motivação dos pacientes. 3ª ed. Riode Janeiro. Ed. Publicações Médicas, 1985.

25.MALTZ, M. Prevenção de cárie e doença periodontal.In TOLEDO, O.A. Odontopediatria : fundamentos para aprática clínica. São Paulo: Panamericana, 1986, p. 111-24.

26.MILANEZI, L.A. et al. Agentes mecânicos de controle deplaca bacteriana utilizados por determinadas categoriasprofissionais da cidade de Araçatuba. Escovas dentais.Rev. Ass. Paul. Cirurg. Dent - Regional Araçatuba, v.7, p. 5-11, 1986.

27.MILANEZI, L.A. et al. Avaliações Clínicas Para Ajuizar oDescarte das Escovas. R.G.O., v. 43, p. 257-62, 1995.

28.PEREIRA, O.L. Desgaste das cerdas das escovas:observação clínica em relação ao tempo de uso. R.G.O., v.40, p. 267-69, 1992.

29.SCHIMITH, E. de L.; SAMPAIO, J.E.C.; TOLEDO, B.E.C.Estudo da forma e acabamento das pontas das cerdas e desua conservação, em diferentes períodos de utilização, deescovas dentárias nacionais. Rev. A.B.O. Nac., v. 2, p.431-437, 1994/1995.

30.SILVA NETO, C.R.; SILVA, M.F.; PETENUSCI, S.O.Higiene bucal em universitários. Rev. Fac. Odontol. Lins.,v. 3, p. 13-16, 1990.

31.STUCHELL, R.N. & HORNBROOK, R.H. Cleaning efficacyof toothbrushes compared to wear patterns. J. Dent. Res.,v. 68, p. 411. (Abstract 1835), 1989.

32.TODESCAN, J.H.; LIMA, L.A.P.A.; TODESCAN, C.G.Escovas dentárias - cerdas: escovas com cerdas de pontasarredondadas: uma verdade científica ou uma realidadeprática? Rev. Assoc. Paul. Cirurg. Dent., v. 43, p. 31-3,1989.

Page 48: Ciências Odontológicas nº 5

48

Revista Ciências Odontológicas

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Bib

liote

ca U

nim

ar

Page 49: Ciências Odontológicas nº 5

49

ANO 5, nº 5, 2002

também. Esses procedimentos são relativamentedifíceis, devido a que a forma dental varia de pessoapara pessoa, o que impede a padronização dotrabalho. Dessa maneira, os conceitos anátomo-protéticos devem ser adaptados à fisiologiamastigatória de cada dente, em cada indivíduo. Ainformação para o clínico de seqüências simples eeficientes para realizar os procedimentos deescultura, acabamento e polimento estão ausentesna literatura.

Em 1989, foi introduzida uma técnicachamada de matriz de Barricaid, desenvolvida porMandarino et al., que facilita a reconstruçãoanatômica das superfícies oclusais e propicia ganhode tempo clínico. Essa técnica preconizava o uso deum cimento cirúrgico fotopolimerizáveltransparente borrachóide chamado Barricaid(Dentsply). Essa técnica está baseada natransferência da anatomia original do dente para aúltima camada do material restaurador resinoso,porém, é necessário que a anatomia dental estejapreservada, o que ocorre nos casos de cáriesincipientes e cáries onde, pela forma de propagaçãodas mesmas nessas superfícies (2 cones

USO DE MATRIZES COMO MEIO PARA FACILITAR OS PROCEDIMENTOS DEESCULTURA E ACABAMENTO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS DE DENTES

POSTERIORES

USE OF RESIN MATRIX AS A WAY TO SIMPLIFY THE RESTORATIVE AND FINISHINGPROCESS IN POSTERIOR RESTORATIONS

Roque Javier MÉRIDA DELGADO*Luís Anselmo MARIOTTO*

Os detalhes anátomo-funcionais das superfícies oclusais devem ser recuperados durante o procedimentorestaurador, com a intenção de devolver ao dente suas características de forma e função. Esses detalhes permitemque a restauração e o remanescente, integrados por meio de técnicas restauradoras, funcionem como uma estruturahomogênea que participa normalmente da função mastigatória, sem deficiências nem acúmulo de esforço. Devidoa este conceito, é extremamente importante que o clínico esteja capacitado para reproduzir a anatomia dental, pormeio de processos anátomo-protéticos que nos permitam uma modelagem direta no material restaurador.Apresentamos um relato de caso clínico em que utilizamos uma matriz de uma resina borrachóide transparente,como meio para facilitar os procedimentos de escultura e acabamento em restaurações estéticas de dentesposteriores.

UNITERMOS: Resina composta; escultura dental; dentes posteriores.

* Professores Assistentes Doutores do Departamento de Odontologia Restauradora e do Curso de Mestrado em Clínica Odontológica da Faculdade deCiências Odontológicas da UNIMAR, Marília - SP, Brasil.

A odontologia estética consiste de ciência e arte,sendo que os fundamentos biológicos representama manutenção da saúde do paciente e os princípiose regras artísticas permitem realizar restauraçõesque mimetizam a natureza. As novas técnicas emateriais restauradores oferecem uma amplavariedade de opções de tratamento,de modo amelhorar a estética e restaurar a função.

Os detalhes anátomo-funcionais das superfíciesoclusais devem ser recuperados durante oprocedimento restaurador, com a intenção dedevolver ao dente suas características de forma efunção. Esses detalhes permitem que a restauraçãoe o remanescente, integrados por meio de técnicasrestauradoras, funcionem como uma estruturahomogênea que participa normalmente da funçãomastigatória, sem deficiências nem acúmulo deesforço. Devido a este conceito, é extremamenteimportante que o clínico esteja capacitado parareproduzir a anatomia dental, por meio de processosanátomo-proteticos que nos permitam umamodelagem direta no material restaurador.

A escultura depende do fundamento científico etécnico do clínico e da sua habilidade artística

Page 50: Ciências Odontológicas nº 5

50

Revista Ciências Odontológicas

superpostos base contra base), ocorre apenas umapequena destruição da anatomia oclusal.

O Barricaid é uma material que não mais estáno mercado nacional.

Outros materiais odontológicos têm as suascaracterísticas físicas com outras indicações, comorestaurações provisórias para inlay e onlays. É ocaso do Fermit (Vivadent) e do Tempit LC (Centrix).São esses materiais que se fotopolimerizam,formando uma restauração provisória elástica econsistente, não contêm eugenol, pelo que nãointerferem nos procedimentos adesivosrestauradores e que têm o seu manuseio facilitadoem relação ao Barricaid.

Apresentamos um relato de caso clínico de umapaciente jovem, com importante solicitaçãoestética, que possui múltiplas restaurações deamálgama (Fig. 1). Essas restaurações não

Figura 01

Figura 02

Figura 03

preservam a anatomia dental pelo desgaste ecorrosão do material restaurador. A técnica originalnão se adapta a este caso, pelo que, para facilitar osprocedimento de escultura e acabamento, optamospor uma modificação: foi feita uma moldagem e omodelo assim obtido foi “preparado” na região doamálgama, para criar espaço para a modelagemdessa superfície, em cera, fora da boca, o que facilitaesse processo (Figs. 2, 3, 4, e 5). A partir daí, essa

Page 51: Ciências Odontológicas nº 5

51

ANO 5, nº 5, 2002

Figura 04

Figura 05

superfície é moldada pela matriz de Fermit (Figs.6,7) Para isso, aplicamos glicerina no modelo, umaporção do material resinoso para provisório eacomodamos esse material em toda a superfície

Figura 07

Figura 06

Page 52: Ciências Odontológicas nº 5

52

Revista Ciências Odontológicas

oclusal, de forma a permitir a moldagem dosdetalhes anatômicos de toda a área oclusal. Essasmatrizes são marcadas a lápis na face vestibular,para evitar erros na sua recolocação.

Com as matrizes prontas, iniciamos o protocolopara restaurações estéticas adesivas: anestesia,escolha da cor, demarcação dos contatos cêntricos,isolamento absoluto (Fig. 8), remoção do amálgama(fresa 699) e o refinamento do preparo (fresa 330)

Figura 10

(Fig. 9) A partir daí, deu-se início aos processosrestauradores, utilizando o sistema adesivo Excite(Vivadent). O processo de inserção de ResinaComposta restauradora Tetric Ceram (Vivadent) foifeito da seguinte forma: aplicação de uma finacamada de resina de corpo com 1 grau de saturaçãoa mais da cor escolhida (A3), sem que esseincremento atingisse superfícies que correspondemao esmalte. Esse incremento foi fotopolimerizadopor 30 segundos e aplicada a resina incisal paraesmalte do mesmo fabricante. Esse incremento nãoé fotoativado. Aplica-se glicerina líquida na faceinterna da matriz e esta é posicionada sob pressãodigital, na superfície oclusal, para permitir amodelagem da resina. Essa pressão é mantida coma ponta da sonda da lâmpada fotopolimerizadora e é

feita a fotoativação, durante 40 segundos (Fig. 10).A matriz é facilmente removida por ser borrachóidee fotoativamos por mais 30 segundos diretamentesobre a resina restauradora. Os excessos grosseirossão removidos com lâmina de bisturi Nº 15 eprocedemos ao processo de acabamento e polimento.Esse processo fica reduzido à ação de escova depolimento tipo Jiffy (Ultradent) ou Identa (Hawe-Neos). Para a realização desse caso, imediatamenteapós o polimento, a restauração foi lavada e seca e

Figura 09

Figura 08

Page 53: Ciências Odontológicas nº 5

53

ANO 5, nº 5, 2002

Figura 12

Figura 13

já foi aplicado o selante para superfície de Resinascompostas Fortify (Bisco)(Figs. 11, 12). Foi, então,removido o isolamento absoluto para realizar oprocedimento de verificar a presença de contatos

Figura 11

prematuros, o que não foi detectado. O resultado finalé uma restauração que recupera a forma, função eestética do paciente, mediante procedimentosclínicos facilitados pela ação de matrizes feitas forada boca do paciente. (Figs. 13 e 14).

Figura 14

Page 54: Ciências Odontológicas nº 5

54

Revista Ciências Odontológicas

O uso dessa técnica, devido ao fato de requereruma consulta prévia ao tratamento propriamentedito para diagnóstico, indicação e confecção dasmatrizes, aplica-se mais a casos de múltiplasrestaurações insatisfatórias, em que realmente oganho de tempo é significante. Por outro lado, aspropriedades físicas e mecânicas da resinacomposta ficam melhoradas porque não é induzidamuita energia na forma de calor gerada pelosprocedimentos de acabamento com instrumentoscortantes rotatórios, que poderiam gerar oenfraquecimento da superfície do material, assimmelhorando o seu desempenho clínico.

Roque Javier MÉRIDA DELGADO -Professor Assistente Doutor doDepartamento de OdontologiaRestauradora e do Curso de Mestradoem Clínica Odontológica da Faculdadede Ciências Odontológicas da UNIMAR,Marília-SP, Brasil.

Luís Anselmo MARIOTTO - ProfessorAssistente Doutor do Departamentode Odontologia Restauradora e doCurso de Mestrado em ClínicaOdontológica da Faculdade deCiências Odontológicas da UNIMAR,Marília-SP, Brasil.

The anatomic and functional characteristics of the oclusal surface most be mimetized in the restorative processto achieve the form and fuction of the tooth. This characteristics allows that the restorative material and thedental tissues works as one. It is extremely important that the clinician have the acknowledge to reproduce thedental anatomy. This paper shows a case report that use a resin matrix as a way to simplify the restorative andfinishing process in posterior restorations.

UNITERMS: Composite; dental sculpture; posterior teeth.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.DONAVAN, T.E. Adhesive restorative dentistry. OralHealth. 76 (1): 19 – 26, 1986

2.GEURTSEN, W. Klinik der Kompsitfüllung. Hanser,München, 1989

3.ELDERTON, R.J. The prevalence of failure of restorations:A literature review. J. Dent 4: 207 – 210, 1976

4.LEINFELDER, K.F; TAYLO, D.F. Current status ofcomposites resins. North Caroline Dent J. 3:10 – 11,1978

5.MOONEY, B.J. Operatória dental - Restauraciones.Buenos Aires: Panamericana, 1988

Page 55: Ciências Odontológicas nº 5

55

ANO 5, nº 5, 2002

INTRODUÇÃO

A síndrome da ardência bucal (SAB) écaracterizada por sensações dolorosas e de ardênciana boca em pacientes que apresentam a mucosabucal sem alterações de normalidade.1-14 Não hápredileção por raça, e atinge todas as classes sócio-econômicas.2 Estima-se que cerca de 2% dapopulação adulta seja afetada em algum grau.2

Quando os sintomas se limitam à língua, o termoglossodinia pode ser usado.1,6,13 Outros sinônimosutilizados para o termo ardência bucal são:estomatopirose, estomatodinia e disestesia oral,sendo que o termo mais adequado é síndrome daardência bucal (SAB).1,6,8

Acredita-se que a SAB tenha como possíveisparticipantes em sua etiologia fatores locais,sistêmicos e psicogênicos1-14, sendo estes últimosos mais relevantes.3,4,10 Entretanto, o tratamentobaseado em um ou mais desses fatores raramenteé bem sucedido.2

REVISÃO DE LITERATURA

Diversos estudos demonstram a maiorprevalência da SAB no sexo feminino,especialmente numa faixa de idade pós-

menopausa.1,2,3,4,5,6,8,10

Os pacientes com SAB se queixam de umasensação de ardência bucal que varia deintensidade, sendo mais freqüente o acometimentoda língua.1,2,3,4,6 Geralmente, a sensação deardência é bilateral.5,6 Têm sido relatados casos namucosa mastigatória, lábios e mucosa jugal. Outrossintomas observados são xerostomia e alteraçõesou perda de paladar.1,2,3

O padrão sintomatológico da SAB é classificado(Tabela 1), segundo LAMEY ; LAMB (1994)5,6, em:

1. o tipo 1 representa aquele em que os sintomasnão estão presentes ao acordar, mas aparecem eaumentam de intensidade com o passar do dia;

2. no tipo 2, os sintomas estão presentes dia enoite, e estaria fortemente associado a ansiedade;

3. o tipo 3 é aquele em que o paciente apresenta-se sem sintomatologia por vários dias, e estariaassociado a instabilidade emocional ou alergiaalimentar.2,5

Uma remissão espontânea do quadro pode ocorrerem aproximadamente metade dos casos, com ossintomas desaparecendo cerca de 6 a 7 anos após oseu início.2 Essa remissão pode ser precedida damudança no padrão da dor, de constante paraepisódica.2

Os fatores locais possivelmente implicados com

SÍNDROME DA ARDÊNCIA BUCAL - REVISÃO DE LITERATURA

BURNING MOUTH SYNDROME - LITERATURE REVIEW

Welington PEREIRA JÚNIOR*Élio Hitoshi SHINOHARA**

A síndrome da ardência bucal (SAB) é caracterizada por sensações dolorosas e de ardência na boca, em pacientesque apresentam a mucosa bucal sem alterações de normalidade. A localização mais freqüente dos sintomas é alíngua, tendo sido descritos casos na mucosa mastigatória, lábios e mucosa jugal. Diversos estudos demonstrama maior prevalência no sexo feminino, especialmente numa faixa de idade pós-menopausa. Atinge cerca de 2%da população adulta em algum grau. Acredita-se que a SAB tenha origem multifatorial, e são apontados comopossíveis participantes na sua etiologia fatores locais, sistêmicos e psicogênicos. A SAB é uma condição quenecessita de maiores esclarecimentos quanto a sua etiologia e meios de tratamento. Atualmente, as tentativas decontrole da sintomatologia de seus portadores parecem ser paliativas. O cirurgião-dentista necessita conhecersuas características e estar preparado para instruir seus pacientes a respeito de suas manifestações e proporcionaraos mesmos condições para o alívio dos sintomas. O objetivo deste trabalho foi, através de uma revisão deliteratura, avaliar as informações relacionadas ao diagnóstico diferencial, características clínicas e condutaodontológica perante a SAB.

UNITERMOS: Ardência bucal; síndromes; disestesia oral.

* Cirurgião - dentista graduado pela Faculdade de Odontologia da UNESP (1999), Araçatuba -SP, Brasil.** Professor das Disciplinas de Estomatologia e de Cirurgia Bucomaxilofacial da Faculdade de Ciências Odontológicas da UNIMAR, Marília -SP, Brasil.Cirurgião Bucomaxilofacial e Doutorando em Estomatologia pela Faculdade de Odontologia da UNESP, Araçatuba – SP, Brasil.

Page 56: Ciências Odontológicas nº 5

56

Revista Ciências Odontológicas

o desenvolvimento dessa condição compreenderiamtratamentos dentários, candidíase, infecçõesbacterianas, alergias, galvanismo, disfunções deATM, papilite foliácea, hábitos parafuncionais eproblemas de glândulas salivares.1,2 Cerca de 65%dos pacientes com SAB relataram o aparecimentodos sintomas antes de qualquer tratamentodentário.1

Já dentre os fatores sistêmicos que poderiamestar envolvidos com o desenvolvimento da SAB,podemos citar: deficiências vitamínicas, diferentestipos de anemia, distúrbios hormonais, distúrbiosimunológico, e efeitos adversos de medicamentos.1,2

Alguns estudos reportam a deficiência de ferro1 eoutros apontam o zinco7, como possíveis fatoresetiológicos, na SAB.

Apesar de provavelmente ser de origemmultifatorial, fatores psicogênicos têm sidoconsiderados como os mais comuns e importantesrelacionados à SAB.1,2,3,4,10,11 Os mais encontradose estudados compreendem ansiedade, depressão ecancerofobia.1,2,4,10 Segundo alguns autores, depoisda deficiência de ferro, a depressão é o fatoretiológico mais comum.1

DISCUSSÃO

A forte predileção da SAB com relação a mulheresem idade pós-menopausa é sugestiva daparticipação de um possível fator hormonal nessacondição2. Entretanto, esta hipótese não foiconfirmada cientificamente. As tentativas decontrole dos casos com a utilização de estrogênio eprogesterona não foram eficientes.1,2

Espécies de Candida e coliformes (Enterobactériase Klebsiella) aparentam ser mais prevalentes empacientes com síndrome da ardência bucal do queem indivíduos saudáveis.1,2 As formas eritematosae pseudomembranosa de candidíase podem produzirsintomas de ardência em mucosa bucal.2 KATZ etal. (1986) analisaram seis pacientes de meia-idade,desdentados, com doenças sistêmicas, queixando-se de ardência bucal e com a mucosa oral infectadapor fusospiroquetas. Nesses pacientes, o tratamentocom metronidazol obteve sucesso.1

Ao contrário da maioria dos estudos que apontama xerostomia como uma das causas primárias daSAB, TAMMIALA-SALONEN; SÖDERLING (1993)demonstraram, num estudo que comparou acomposição protéica e as propriedades de adesão eaglutinação da saliva, em pacientes com SAB e emum grupo controle em que a sintomatologia da SABnão está associada à diminuição das propriedades

de lubrificação e proteção da saliva. Na realidade,neste estudo, os portadores de SAB apresentaramnão apenas um fluxo salivar maior que o dospacientes controle, mas também níveis maiselevados de mucina.2

Mais do que alergia à base acrílica dedentaduras, MOTT et al. (1993) acreditam que errosnos contornos da prótese, assim como hábitosparafuncionais, possam ser fatores importantes nodesenvolvimento de síndrome da ardência bucal.2,6,9

Essa impressão é compartilhada por PATTERSON etal. (1995).2 Já KAABER et al. (1979) encontraram em23% de pacientes (12/53) alergia às substânciaspresentes nas próteses.1 A hipótese da participaçãodestes hábitos parafuncionais no desenvolvimentoda síndrome da ardência bucal é, contudo, refutadapor VAN DER WAAL (1990).2 JAMES et al. (1985)relataram um caso de SAB devido à alergia aomercúrio.1

Alguns estudos apontam o galvanismo como fatoretiológico na SAB.1,2 HAMPF et al. (1987) mostraramque pacientes com galvanismo oral presumido erammais perturbados mentalmente do que um grupocontrole, sendo a ardência bucal um dos sintomasmais freqüentes.1 Outros autores, por sua vez, nãorelacionam o galvanismo ao desenvolvimento destacondição2. Curiosamente, HERRSTRÖM;HÖGSTEDT (1993) realizaram um estudo clínicosobre galvanismo oral, na Suécia, onde o mesmorepresenta um problema de saúde bucal. Dos 218pacientes com galvanismo examinados, somente8,7% apresentaram queixa de ardência bucal.Entretanto, em 93% desses 218 pacientes, foramdiagnosticados distúrbios psiquiátricos.2

A carência de diversos fatores nutricionais(vitaminas do complexo B, ferro e zinco) já foiapontada como uma possível causa de SAB.2,6,7,12

Porém, estudos recentes de MOTT et al. (1993)indicam uma prevalência muito baixa de deficiêncianutricional em pacientes com SAB; além disso, namaioria dos casos, a reposição desses elementosnão produz resolução dos sintomas.2

Alguns estudos demonstraram a ocorrência deníveis séricos anormais de certas imunoglobulinas,como o fator reumatóide e anticorpo antinuclear,em pacientes com SAB.2

O diabete mellitus, também apontado por váriosestudos como um possível fator etiológico da SAB,por até mesmo predispor o paciente à candidíase,tem tido sua participação questionada por diversosautores.2,12 Estudos demonstram uma baixaprevalência de níveis anormais de tolerância àglicose em pacientes com SAB, e uma incidência

Page 57: Ciências Odontológicas nº 5

57

ANO 5, nº 5, 2002

Classificação da SAB

Características

Tipo 1 sintomas não estão presentes ao acordar, mas aparecem e aumentam de intensidade com o passar do dia

Tipo 2

sintomas estão presentes dia e noite, e estaria fortemente associado a ansiedade

Tipo 3

sem sintomatologia por vários dias, e estaria associado a instabilidade emocional ou alergia alimentar

Tabela 1. Classificação da SAB segundo LAMEY e LAMB (1994)

de SAB em apenas 2-10% de pacientes diabéticos.1,2

ROJO et al. (1994) realizaram um estudocomparativo entre 49 pacientes portadores de SABe um grupo controle de 47 pacientes semsintomatologia oral, com o intuito de caracterizar operfil psicológico de portadores de SAB.2 Nesseestudo, os pacientes foram submetidos a umaentrevista e ao preenchimento de um questionáriopsiquiátrico. Esses autores concluíram que doisgrupos de pacientes com SAB podem ser observados:pacientes com distúrbios psiquiátricos e pacientessem tais distúrbios. Concluíram ainda quenenhuma psicopatologia pôde ser detectada comocaracterística comum a todos os pacientes com SABnem como fator diferenciador destes para com ogrupo controle. Por fim, assinalaram que os fatorespsicogênicos associados à SAB não se resumem aansiedade ou depressão, mas incluem obsessão,somatização e hostilidade. Já o estudo de BERGDAHLet al. (1995) demonstrou que, quando comparados aum grupo controle, pacientes com SAB apresentambaixos níveis de socialização e altos níveis deansiedade, tensão muscular, além deapresentarem uma maior preocupação em relaçãoa seu estado de saúde.2 Segundo esses mesmosautores, as diferenças observadas na personalidadedesses pacientes sugerem que as suas sensaçõesde ardência poderiam ter uma origem psicogênica,e recomendam que pacientes com SAB sejamsubmetidos a uma investigação psicológica. Umsumário de diferentes estudos e de diferentes tiposde questionários e testes, usados no exame depacientes psiquiátricos com SAB, é apresentadopor BERGDAHL; ANNEROTH (1993), assim comodesordens mentais características dessespacientes.1

LAMEY; LAMB (1988) curaram a SAB emaproximadamente 70% dos pacientes, na maioriadas vezes com razões protéticas e com terapiaantifúngica.

A utilização de antidepressivos tricíclicos nocontrole dos pacientes com SAB tem apresentadobons resultados.1,2,6 Estes, inicialmente, eramempregados como agentes terapêuticos nessacondição, por se acreditar que a SAB estavaassociada a distúrbios de comportamento. Éinteressante notar que esses medicamentos sãoeficazes em doses mais baixas do que asusualmente utilizadas no tratamento da depressão,e também são eficientes em pacientes que nãoapresentam um quadro de depressão associado.2

Estudos recentes apontam a eficácia debenzodiazepínicos (como o clordiazepóxido e odiazepam) no tratamento da SAB, mas enfatizam anecessidade de pesquisas mais aprofundadas sobrea sua utilização.2,3 Apesar do mecanismo de açãoser desconhecido, baixas dosagens declordiazepóxido parecem aliviar a ansiedade. Emdosagens maiores, possui efeitos sedativos eanalgésicos discretos.3

CONCLUSÃO

A SAB é uma condição que necessita de maioresesclarecimentos e mais pesquisas, quanto a suaetiologia e meios de tratamento.2,3 Atualmente, aconduta odontológica se baseia num tratamentopaliativo.2,11 Para se estabelecer uma base científicapara o futuro tratamento de pacientes com SAB, éfundamental realizar estudos prospectivos clínicose psicológicos combinados.1,3

Welington PEREIRA JÚNIOR - Cirurgião-dentista graduado pela Faculdade deOdontologia da UNESP (1999),Araçatuba - SP, Brasil.

Page 58: Ciências Odontológicas nº 5

58

Revista Ciências Odontológicas

1.BERGDAHL, J.; ANNEROTH, G. Burning mouth syndrome:literature review and model for research and management.J. Oral Pathol. Med., v.22, n.10, p. 433-438, 1993.

2.DE BEAUCLAIR, B.S.; DURSO, B.C. Síndrome da ardênciabucal: Revisão de Literatura. Revista do CROMG, v.2,n.2, p. 75-77, 1996.

3.GORSKY, M.; SILVERMAN JR., S.; CHINN, H. Clinicalcharacteristics and management outcome in the burningmouth syndrome. An open study of 130 patients. OralSurg. Oral Med. Oral Pathol., v.72, n.2, p. 192-195,1991.

4.JERLANG, B.B. Burning mouth syndrome (BMS) and theconcept of alexithymia – a preliminary study. J. OralPathol. Med., v.26, n.1, p. 249-253, 1997.

5.LAMEY, P.-J.; LAMB, A.B. Lip component of burning mouthsyndrome. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol., v.78, n.5,p. 590-593, 1994.

6.LAMEY, P.-J.; LEWIS, M.A.O. Burning mouth syndrome.In: Oral medicine in practice. British Dental Journal.England: Eyre & Spottiswoode Ltd, 1991. p. 11- 14.

7.MARAGOU, P.; IVANYI, L. Serum zinc levels in patientswith burning mouth syndrome. Oral Surg. Oral Med. OralPathol., v.71, n.4, p.447-450, 1991.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

8.MARESKY, L.S.; VAN DER BIJL, P.; GIRD,I. Burning mouthsyndrome. Evaluation of multiple variables among 85patients. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol., v.75, n.3,p. 303-307, 1993.

9.PATERSON, A.J.; LAMB, A.B.; CLIFFORD, T.J. et al.Burning mouth syndrome: the relationship between theHAD scale and parafunctional habits. J. Oral Pathol.Med., v.24, p. 289-292, 1995.

10.ROJO, L.; SILVESTRE, F.J.; BAGAN, J.V. et al. Psychiatricmorbidity in burning mouth syndrome. Psychiatricinterview versus depression and anxietey scales. OralSurg. Oral Med. Oral Pathol., v.75, n.3, p. 308-311,1993.

11.SAVAGE, N.W. Burning mouth syndrome: Patientmanagement. Australian Dental Journal, v.41, n.6, p.363-366, 1996.

12.SHIP, J.A.; GRUSHKA, M.; LIPTON, J.A. et al. Burningmouth syndrome: An Update. JADA, v.126, n.7, 1995.

13.TOURNE, L.P.M. Burning mouth syndrome. Criticalreview and proposed clinical management. Oral Surg. OralMed. Oral Pathol., v.74, n.2, p. 158-167, 1992.

14.WHITLEY, B.D.; HOLMES, A.R.;SHEPHERD, M.G. et al.Peanut sensitivity as a cause of burning mouth. Oral Surg.Oral Med. Oral Pathol., v.72, n.6, 1991.

The burning mouth syndrome occurs in patients with oral mucosa clinically normal. The tongue was the mostafflicted site. Many studies show that most patients were postmenopausal women. It is beleived that the burningmouth syndrome has local, systemic and psychogenic etiologic factors. More studies and research about youretiology and treatment are needful. Nowadays, the treatment is basically palliative. The dentist should know itscharacteristics and be prepared to instruct your patients about your manifestation and be capable to relieve yoursymptoms. The objective of this article was discuss, based on a literature review, the topics related to thediagnosis, clinical characteristics and treatment of Burning Mouth Syndrome.

UNITERMOS: Burning mouth; syndromes; oral dysaesthesia.

Page 59: Ciências Odontológicas nº 5

59

ANO 5, nº 5, 2002

INTRODUÇÃO

O preparo biomecânico dos canais radicularesconstitui uma das fases mais importantes dotratamento endodôntico, porque contribui, de modomarcante, para a desinfecção de canaiscontaminados e proporciona condições para arealização de uma boa obturação. Por isso, desde aidealização dos primeiros instrumentos, procurou-se modernizar o desenho, a qualidade do metal queos constituem e as técnicas de preparo do canalradicular. Essas alterações se tornaramimportantes para amenizar os erros e acidentes queeram freqüentes.

Durante um preparo de canal, vários erros podemacontecer, dentre os quais, a fratura dosinstrumentos, a retificação de canais curvos e aformação de degraus ou de desvios apicais. Todos

esses inconvenientes aconteciam, em maiorescala, principalmente em função da rigidez que osprimeiros instrumentos apresentavam. Uma dasimportantes alterações introduzidas nosinstrumentos tradicionais foi a haste piramidal queoriginava a lima, que, de base quadrangular, passoua ter a opção triangular. Com isso, a massa metálicado instrumento foi reduzida e sua flexibilidadeaumentou. Por outro lado, com a introdução do açoinoxidável na metalurgia, o aço de carbono foisubstituído, com conseqüente redução naocorrência de fraturas. Essas duas alterações,somadas à fabricação de limas com pontas inativas,proporcionaram um grande avanço na qualidade dospreparos dos canais radiculares.

Com o surgimento da liga de níquel e titânio(NITI), no início da década de 60, os fabricanteslançaram no mercado uma nova geração de

* Pós-Graduação em Clínica Odontológica da Faculdade de Ciências Odontológicas da UNIMAR, Marília - SP, Brasil. Prof. de Endodontia da Faculdade deOdontologia da UNESP, Araçatuba - SP, Brasil.** Monitora de Endodontia da UNIP, Araçatuba – SP, Brasil.*** Pós-Graduação em Clínica Odontológica da Faculdade de Ciências Odontológicas da UNIMAR, Marília - SP, Brasil. Prof. de Endodontia da Faculdade deOdontologia da UNESP, Araçatuba – SP, Brasil.**** Aluna do Curso de Especialização em Endodontia da Faculdade de Odontologia da UNESP, Araçatuba – SP, Brasil.***** Professores de Endodontia Faculdade de Odontologia de UNESP, Araçatuba - SP, Brasil.

ESTUDO COMPARATIVO DA EFICIÊNCIA DAS LIMAS DE NÍQUEL-TITÂNIO E DEAÇO INOXIDÁVEL EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE UTILIZAÇÕES

COMPARATIVE STUDY OF THE CUTTING EFFICACY OF NIQUEL – TITANIUM ANDSTAINLESS STEEL FILES IN FUNCTION OF THE NUMBER OF UTILIZATION

Valdir de SOUZA*Daiane Quintanilha BAPTISTA**

Roberto HOLLAND***Caroline CARVALHO****Eloi DEZAN JÚNIOR*****

Mauro Juvenal NERY*****Pedro Felício Estrada BERNABÉ*****

José Arlindo OTOBONI FILHO*****

Segmentos padronizados da cortical do osso fêmur bovino foram submetidos à ação das limas Nitiflex ou Flexofile(Dentsply - Maillefer), sob pressão e tempo padronizados. As limas utilizadas foram as de nº 20, 25 e 30,movimentadas através do contra-ângulo Endo-Lift (Kerr) e motor elétrico TC 3000 (Nouvag). Após um período deatuação de 2 minutos, a profundidade dos desgastes produzidos nos corpos de prova foram mensurados com oauxílio de microscópio ótico e ocular micrometrada. A análise dos resultados permitiu observar que não houvediferenças significativas (p>0,05) entre as limas Nitiflex e Flexofile nº 20 e 25 e que a lima nº 30 da Flexofile foisignificativamente mais eficiente do que a Nitiflex de mesma numeração (p=0,016). Observou-se, também, que,após cinco utilizações, a queda de rendimento foi de aproximadamente 50% para todas as limas estudadas,exceto para a Flexofile n° 30, cuja queda foi de 28,5%.

UNITERMOS: Eficiência de corte; instrumentos endodônticos; limas de níquel-titânio.

Page 60: Ciências Odontológicas nº 5

60

Revista Ciências Odontológicas

instrumentos. Segundo LOPES; SIQUEIRA JÚNIOR8

(1999), algumas propriedades que a liga metálicaNITI apresentam seriam: pequeno módulo deelasticidade, resistência à deformação plástica,resistência à fratura e flexibilidade 500% maior doque a de aço inoxidável.

Se por um lado nenhuma dúvida exista emrelação à maior flexibilidade das limas NITI sobreas de aço inoxidável, graças ao seu baixo módulo deelasticidade e resistência à torção (WALIA etal.22,1988; SERENE et al.19, 1995; ROWAN et al.16,1996), o mesmo não acontece em relação àpossibilidade de fratura do instrumento. Assim,enquanto alguns apontam maior resistência daslimas NITI sobre as de aço inoxidável (WALIA et al.22,1988; KAZEMI et al.6, 1996; TEPEL et al.21, 1997),outros não observaram essa superioridade(CANALDA SAHLI et al.3, 1996; ROWAN et al.16,1996).

Em função da maior flexibilidade, algunstrabalhos têm apontado menor incidência de desviosapicais em canais curvos preparados com limasNITI, quando comparadas com as limas de açoinoxidável (BISHOP; DRUMMER2, 1997), vantagemessa que ainda é um tanto especulada (LEONARDO;LEAL7, 1998).

Finalmente, uma característica que se pretendede um instrumento endodôntico é sua eficiênciade corte, notadamente em função do número deutilizações, cuja importância estaria relacionada àredução do tempo necessário ao preparobiomecânico. A escassez de trabalhos que façam umestudo comparativo dessa característica, entre aslimas NITI e as de aço inoxidável, justifica arealização de novos estudos.

MATERIAL E MÉTODO

A metodologia utilizada no desenvolvimento dapresente investigação foi a mesma empregada porSOUZA et al.20 (1998). Assim, a padronização daatuação das limas foi obtida através de umaaparelhagem previamente construída, quepermitiu, através do contra-ângulo Endo-Lift (Kerr),efetuar o desgaste em corpos de provaconfeccionados do osso fêmur bovino (Figura 1).

As limas selecionadas para o estudo foram as denúmero 20, 25 e 30, fabricadas em aço inoxidável(Flexofile) ou com a liga de níquel-titânio (NiTiflex),todas procedentes do mesmo fabricante (Dentsply -Maillefer). Para cada tipo e cada número, foramtestadas três limas, totalizando 18 instrumentos.

Com a finalidade de se obter uma pressão vertical

padronizada sobre o modelo de corte, foi fixado nacabeça do Endo-Lift um fio ortodôntico contendo umapequena cesta acrílica, para abrigar os pesosresponsáveis pela pressão nas limas (Figura 1).Esses pesos foram calculados aplicando-se umaforça manual sobre as limas NITI, posicionadasverticalmente sobre uma balança, até que asmesmas atingissem uma curvatura deaproximadamente 90 graus. Dessa forma, para osinstrumentos números 20, 25 e 30, foramestabelecidos os pesos de 90, 120 e 150 gramas,respectivamente.

O posicionamento das limas sobre os corpos deprova foi programado de maneira que o corte fossedeterminado pela porção média de sua parte ativa,ou seja, no comprimento correspondente ao D8(Figura 2). Uma vez posicionada, cada lima foiacionada por um motor elétrico TC 3000 (NouvagAAC), com a velocidade ajustada para 4000 R.P.M.,em redução de 1:1. O período de atuação de cada

Figura 1 - Aparelhagem utilizada na experimentação. A) contra-ângulo Endo-Lift; B) cesta acrílica com pesos responsáveispela pressão na lima; C) mini-torno para fixação doscorpos de prova; D) placa de alumínio contendo os corposde prova.

Page 61: Ciências Odontológicas nº 5

61

ANO 5, nº 5, 2002

instrumento foi de 2 minutos para cada uso.Concluído esse período, o corpo de prova eradeslocado para a esquerda e os mesmosprocedimentos foram repetidos por mais 4 vezes.Dessa maneira, foi possível obter 5 desgastes,correspondentes aos 5 usos para todas as limas dosdiferentes tipos e numerações (Figura 3). Durantetoda a instrumentação, foi efetuada a irrigação dosmodelos de corte por gotejamento de soro fisiológico.

Cada placa de osso bovino foi devidamenteidentificada e as profundidades dos cortes obtidospela limagem foram dimensionadas linearmente,com o auxílio de microscópio e ocular micrometrada.Os dados obtidos foram avaliados estatisticamente.

RESULTADOS

Os desempenhos médios das 3 limas de cadanúmero e tipo, em função do número de usos,encontram-se expressos na Tabela 1 e ilustradosna Figura 4.

Figura 2 - Posicionamento da lima sobre o corpo de prova. A) corpo deprova; B) gotejamento do soro fisiológico sobre o corpo de prova.

Figura 3 - Desgastes produzidos pelas limas nos corpos de prova. A) sériedos 5 usos das 3 limas do mesmo tipo e número; B) maioraumento dos desgastes produzidos por uma lima nas suas 5utilizações.

Figura 4 - Representação gráfica das quedas dos rendimentos apresentadospelas limas estudadas.

A eficiência do corte das limas estudadas noprimeiro uso foi avaliada em função do tipo de limapara cada número, utilizando-se do teste T. Definiu-se que as limas Nitiflex números 20 e 25apresentaram eficiência de corte semelhante àscorrespondentes Flexofile (p>0,05), enquanto que alima Flexofile número 30 foi mais efetiva do que aNitiflex de mesma numeração (p=0,016).

A Tabela 2 expressa, em porcentagem, as quedasobservadas no rendimento médio das 3 limas decada número e tipo, levando-se em consideraçãoum rendimento máximo (100%) que cada umaapresentou na primeira utilização.

DISCUSSÃO

Uma das preocupações mais comuns na clínicaendodôntica recai sobre a escolha dos instrumentosa serem utilizados no preparo dos canaisradiculares. Com a evolução da tecnologia, osfabricantes lançaram nos últimos anos umavariedade muito grande de opções, no mercadoespecializado. Dentre elas, a instrumentaçãorotatória surge como uma inovação sem retorno,devido à facilidade e rapidez nas intervençõesendodônticas. Contudo, o aumento do risco defraturas quando algumas regras são desobedecidas,somadas ao elevado custo do material, temconstituído os maiores obstáculos a uma adesãomais rápida dos profissionais ao preparo

Page 62: Ciências Odontológicas nº 5

62

Revista Ciências Odontológicas

mecanizado. Por esses motivos, a opção atual damaioria continua sendo a do preparo manual,notadamente do terço apical do canal radicular.

Por outro lado, a variedade de instrumentosmanuais existente no mercado é muito grande, oque faz persistir a preocupação da escolha. Dentreos critérios para essa seleção, a eficiência de corteé um dos adotados. Diversos trabalhos têm avaliadoessa propriedade de alguns instrumentos (NEAL etal.13, 1983; STENMAN; SPANGBERG18, 1990).

Dentro da variedade das limas existentes, as dotipo Kerr tradicionais ou modificadas são aspreferidas na instrumentação manual, porqueatendem a vários critérios na sua cinemática. Acarência de dados conclusivos, quando se comparaa eficiência de corte em função do número de usosdas limas de aço inoxidável com as de níquel-titânio,constituíram o motivo principal da realização destetrabalho.

Para analisar o poder de corte dos instrumentosendodônticos, alguns materiais têm sido utilizadoscomo corpos de prova, dentre os quais a dentina(MOLVEN12, 1970), a resina (MISERENDINO et al.11,1988; STENMAN; SPANGBERG18, 1990; AL-OMARI;DUMMER1, 1992; MAIA FILHO et al.10, 1999) e o osso

bovino (OLIET; SORIN15, 1973; WEBBER et al.23,1980; FELT et al.5, 1982; MACHIAN et al.9, 1982;NEWMAN et al.14, 1983; SOUZA et al.20, 1998). Aprincípio, a dentina poderia ser considerada comomaterial ideal, pois, na realidade, é sobre ela queos materiais endodônticos irão atuar. Contudo, oinconveniente de sua utilização recai sobre a faltade padronização dos corpos de prova, porque suadureza varia de dente para dente e o número dosespécimes que podem ser obtidos de um mesmodente é muito limitado. Além disso, outros fatores,como a idade do dente e os diferentes níveis da raiz,podem interferir na dureza da dentina (SHAFER;TEPEL17, 1996). Por isso, na busca por umapadronização, os materiais preferidos recaem sobrea resina ou o osso bovino.

A resina, além de proporcionar uma perfeitapadronização, apresenta as vantagens da facilidadede obtenção e a possibilidade de ser preparada comdiferentes durezas, inclusive próximas à dentina.Segundo COLEMAN; SVEC4 (1997), os resultadosencontrados com a utilização da resina sãosimilares aos observados em dentes humanosextraídos. Contudo, WEBBER et al.23 (1980) apontamcomo desvantagem da resina o fato de seus

Tabela 1 – Desempenho médio das limas estudadas em função do número de utilizações.

Desgaste Produzido (micrometros)

Instrumentos Nº 1º uso 2º uso 3º uso 4º uso 5º uso Média Final

20 253 240 206 166 140 201 25 288 233 193 153 133 200 NITIFLEX 30 266 226 193 160 140 207 20 220 206 180 133 113 166 25 253 206 166 140 126 178 FLEXOFILE 30 326 300 280 266 233 281

Page 63: Ciências Odontológicas nº 5

63

ANO 5, nº 5, 2002

fragmentos aderirem às lâminas dos instrumentos,impedindo uma avaliação precisa. Por outro lado, acortical óssea do fêmur bovino se apresenta comobom material, porque permite a obtenção de umgrande número de corpos de prova com a mesmadureza, além de apresentar uma composiçãosemelhante à dentina. Os corpos de prova queutilizamos apresentam microdureza de 75,52 Knoop,enquanto, na dentina, ela é de aproximadamente63,72 Knoop (SOUZA et al.20,1998).

As limas selecionadas para este trabalho foramas de números 20, 25 e 30. A eliminação doinstrumento número 15 foi determinada pelagrande flexibilidade que as NITI com esse calibreapresentam, quando submetidas a uma pequenapressão, prejudicando o contato horizontal com ocorpo de prova, o qual ficaria restrito quase queexclusivamente à aresta do mesmo. Por outro lado,as limas de numerações superiores também nãoforam testadas porque, principalmente as de açoinoxidável, quase não são empregadas no preparodo terço apical de canais curvos, devido a sua menorflexibilidade.

Uma série de detalhes relacionados à morfologiados instrumentos endodônticos parece influenciarno seu rendimento final, tais como: calibre, ângulode corte, ângulo da lâmina em relação ao seu longoeixo, número de lâminas e tipo de liga metálica(SOUZA et al.20, 1998).

Em relação ao calibre, é de se esperar que osinstrumentos mais calibrosos proporcionem ummaior desgaste. Isso acontece normalmente porqueeles exigem uma pressão maior para atingir amesma curvatura de flexão. Aliás, esse foi o motivode termos utilizado pressões diferentes para osdiferentes calibres dos instrumentos.

Quanto ao ângulo de corte dos instrumentos, éóbvio que as lâminas mais afiadas proporcionemmaior desgaste. Embora os dois tipos de lâminasestudadas sejam obtidas de diferentes maneiras,uma torcida (Flexofile) e outra usinada (Nitiflex),observa-se numa secção transversal que elasapresentam ângulos de corte muito semelhantes,com ligeira tendência a ser mais agudo nas deníquel-titânio.

No que se refere ao ângulo que a lâmina da limaforma em relação ao longo eixo, é de se esperar quemaiores ângulos tornem as limas mais eficientes,quando utilizadas com o movimento de limagem, emenores ângulos as tornem efetivas no movimentode alargamento.Embora esse ângulo apresentevariações ao longo da porção ativa dos instrumentos,as lâminas das limas Nitiflex apresentam ângulos

ligeiramente maiores do que as Flexofile. Como omovimento proporcionado pelo contra-ângulo Endo-Lift é duplo, ou seja, limagem com rotação de ¼ devolta nos sentido horário e anti-horário, esseaspecto morfológico não deve ter influenciadosignificativamente no resultado final, porque alimagem favorecia a lima Nitiflex e a rotação a limaFlexofile.

Um outro aspecto morfológico ligeiramentefavorável às limas Nitiflex seria o número delâminas na parte ativa, que corresponde a 33lâminas, enquanto que as Flexofile possuem 30lâminas. Essa pequena diferença, somada àpequena extensão da superfície dos corpos de provaque sofreram a atuação dos instrumentos(aproximadamente 2 mm), talvez não tenha seconstituído em um fator que pudesse influenciar,significativamente, no resultado final daexperimentação.

Finalmente, o último fator que poderia terinfluenciado nos resultados é o tipo de liga quecompõe os instrumentos. Nesse aspecto, osresultados apontados na Tabela 2 demonstraramque a perda do poder de corte ocorreu de umamaneira não muito discrepante para quase todasas limas estudadas, excluída a Flexofile nº 30. Paratodas as outras, na quinta utilização, o rendimentoapresentou uma redução próxima a 50%.

Uma comparação direta do rendimento oferecidopelos dois tipos de limas estudadas permitiuconstatar que as limas de número 20 e 25 tiveramum desempenho semelhante (p>0,05). Por outrolado, com o instrumento nº 30, a Flexofile foisignificativamente superior à Nitiflex (p=0,016).

Sem dúvida, o conjunto de fatores anteriormenteabordados pode ter participado em maior ou menorescala para se chegar aos resultados obtidos;contudo, achamos que a flexibilidade das limastambém pode ter influenciado significativamente.Assim, embora tivéssemos utilizado pressõesmenores para os instrumentos menos calibrosos(nº 20 e 25), a flexibilidade das limas Nitiflex, quandoapoiadas nos corpos de prova, foi visivelmentemaior do que as limas Flexofile de numeraçõescorrespondentes. Por isso, emboraestatisticamente não tenha ocorrido diferençasignificante, a Tabela 1 mostra uma tendência demaior eficiência dos instrumentos de níquel-titânio. Por outro lado, para as limas número 30,essa tendência se inverteu, de modo significativo,com superioridade da Flexofile, provavelmente emfunção da redução da flexibilidade das limas NITIde maior calibre.

Page 64: Ciências Odontológicas nº 5

64

Revista Ciências Odontológicas

Os dados que encontramos em nossaexperimentação não coincidem com os relatados porMAIA FILHO et al.10 (1999), que não observaramdiferenças significativas entre os mesmos tipos delimas que estudamos. Sem dúvida, a diferença podeestar relacionada às metodologias diferentes,utilizadas nas duas experimentações. Enquantoaqueles autores mediram a eficiência de corte dosinstrumentos através da pesagem do resíduo deresina removida pela instrumentação, a nossaavaliação foi efetuada pela medição da profundidadedo sulco provocado pelas limas na cortical do ossobovino.

Apoiados nos dados que obtivemos, é possíveladmitirmos que, nas limas com menor massametálica, as fabricadas com a liga de níquel-titâniotendem a cortar mais do que as de aço inoxidável,porque as diferenças entre suas respectivasflexibilidades são mais acentuadas. À medida que ocalibre do instrumento aumenta, essa diferença vaise reduzindo progressivamente, possibilitando umainversão na eficiência de corte entre os dois tiposde instrumentos, o que foi por nós detectado, a partirdo instrumento número 30.

Valdir de SOUZA - Pós-Graduaçãoem Clínica Odontológica daFaculdade de CiênciasOdontológicas da UNIMAR, Marília-SP, Brasil. Prof. de Endodontia daFaculdade de Odontologia daUNESP, Araçatuba – SP, Brasil.

CONCLUSÃO

Diante dos resultados obtidos na presenteexperimentação, é possível chegar-se às seguintesconclusões:

1 - As limas Nitiflex número 20 e 25apresentaram eficiência de corte semelhante àsFlexofile de numerações correspondentes.

2 - A lima Flexofile número 30 apresentoumaior eficiência de corte do que a lima Nitiflex demesma numeração.

3 - Após cinco utilizações, as limas Nitiflex eFlexofile número 20 e 25 e a Nitiflex número 30apresentaram uma queda próxima a 50%, na suaeficiência de corte, enquanto que, com a Flexofilenúmero 30, essa queda foi menor.

Standardized segments from cortical of bovine femur were submitted to the action of Nitiflex or Flexofile files(Dentsply Maillefer) under standardized pressure and time of use. The employed files were nº 20, 25 and 30,moved by the Endo-Lift handpiece (Kerr) and a eletric engine TC 3000 (Nouvag). After a work period of 2minutes, the amount of grinding produced in the bone segments was evaluated with a microscope and amicrometric ocular. The results statistical analysis showed that there was no significant diferences (p>0,05)between Nitiflex and Flexofile files nº 20 and 25 and that Flexofile nº30 was siginificantly more efficient thanthe same number of the Nitiflex file (p=0,016). It was also observed that after five utilizations, the cuttingefficacy was reduced about 50% for all studied files, excepted for Flexofile 30, whose reduction was 28,5%.

UNITERMS: Cutting efficiency; root canal instruments; niquel-titanium files.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.AL-OMARI, M. A. O.; DUMMER, P. M. H. Comparison ofsix files to preparate simulated root canals. Part1. Int.Endod. J., v.25, p.57-66, 1992.

2.BISHOP, K.; DUMMER, P. M. H. A comparasion on stailesssteel Flexofiles and nickel-titaniun Nitiflex files duringthe shapping of simulated canals. Int. Endod. J., v.30,p.25-34,1997.

3.CANALDA-SAHLI, C. et al. A comparison of bending andtorsional properties of K-files manufactured with differentmetallic alloys. Int. Endod. J., v.29, p.185-9, 1996.

4.COLEMAN, C.L.; SVEC, T.A. Analysis of NiTi versusstainless steel instrumentation in resin simulated canals.J. Endod., v.23, p.232-5, 1997.

5.FELT, R. A. et al. Flute design of endodontic instrumentsand its influence on cutting efficiency. J. Endod., v.8,p.253-9, 1982.

6.KAZEMI, R. B. et al. Machining efficiency and wearresistence of nickel-titaniun endodontic files. Oral Surg.Oral Med. Oral Pathol., v.81, p.596-602, 1996.

7.LEONARDO, M. R.; LEAL, J. M. Endodontia: tratamentode canais radiculares. 3.ed. São Paulo: MédicaPanamericana, 1998. 902p.

8.LOPES, H. P.; SIQUEIRA JÚNIOR, J. F. Endodontia:biologia e técnica. Rio de Janeiro: Medsi, 1999. 650p.

9.MACHIAN, G. R. et al. The comparative efficiency of fourtypes of endodontic instruments. J. Endod., v.8, p.398-402, 1982.

10.MAIA FILHO, E. M. et al. Avaliação comparativa daeficiência de corte de limas de níquel titânio e de açoinoxidável. J. Bras. Clin. Estet. Odontol., v. 3, p.82-85,1999.

11.MISERENDINO, L. J. et al. Cutting efficiency of

Page 65: Ciências Odontológicas nº 5

65

ANO 5, nº 5, 2002

endodontic hand instruments. Part 4. Comparison ofhybrid and traditional instrument designs. J. Endod.,v.14, p.451-4, 1988.

12. MOLVEN, O. A comparison of the dentin-removing abilityof five root canal instruments. Scand. J. Dent. Res.,v.78, p.500-11, 1970.

13.NEAL, R. G. et al. Cutting ability of K type endodonticfiles. J. Endod., v.9, p.52-7, 1983.

14.NEWMAN, J. G. et al. Study of the cutting efficiency ofseven brands of endodontic files in linear motion. J.Endod., v.9, p.316-22, 1983.

15.OLIET, S.; SORIN, S. M. Cutting efficiency of endodonticreamers. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol., v. 36, p.243-52, 1973.

16.ROWAN, M. B. et al. Torsional properties of stainlesssteel and nickel-titaniun endodontic files. J. Endod.,v.22, p.341-5, 1996.

17. SCHÄFER, E.; TEPEL, J. Cutting efficiency of HedstromS and U files made of various alloys in filling motion.

Int. Endod. J., v.29, p.302-8, 1996.18.STENMAN, E.; SPANGBERG, L. S. W. Machining

efficiency of endodontics files: a new methodology. J.Endod., v.16, p.151-7, 1990.

19.SERENE, T. P. et al. Nickel-Titaniun instruments:applications in Endodontic. St. Louiz: IshiyakuEuroamerica, 1995.

20.SOUZA, V. et al. Eficiência de corte de alguns tipos delimas endodônticas. Rev. Ci. Odontol., v.1, p.65-74,1998.

21.TEPEL, J. et al. Properties of endodontic handinstruments used in rotary motion. Part 3. Resistence tobending and fracture. J. Endod., v.23, p.141-5, 1997.

22.WALIA, H. et al. Initial investigation of the bending andtorsional properties of Nitinol root canal files. J. Endod.,v.14, p. 346-51, 1988.

23.WEBBER, J. et al. A method to determine the cuttingefficiency of root canal intruments in linear motion. J.Endod., v.6, p.829-34, 1980.

Page 66: Ciências Odontológicas nº 5

66

Revista Ciências Odontológicas

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Infra-estrutura física e equipamentosmodernos à disposição dos alunos eprofessores

Infra-estrutura física e equipamentosmodernos à disposição dos alunos eprofessores

Page 67: Ciências Odontológicas nº 5

67

ANO 5, nº 5, 2002

INTRODUÇÃO

A constante evolução da OdontologiaRestauradora vem proporcionando aos clínicos umagrande opção em materiais restauradores indicadospara dentes posteriores, como alternativa àsrestaurações de amálgama.

O estágio atual de desenvolvimento das resinascompostas tem, como principais vantagens, ser ummaterial estético, radiopaco, passível de se integrarà estrutura dental, mediante os sistemas adesivosformadores de camada híbrida6, translucidez, grandevariedade de cores e ausência de mercúrio. Embora,ainda apresentem alguns problemas, tais como:contração de polimerização, infiltração marginal ebaixa resistência ao desgaste 2,3,4,9. Com o intuitode inibir ou diminuir os efeitos das propriedadesnegativas das resinas compostas, para restauraçõesem dentes posteriores ocasionadas pela técnicadireta, James e Yarovesky5 desenvolveram umanova técnica de restauração, em que a resinacomposta é polimerizada fora da boca e depoiscimentada no, dente previamente preparado,conseguindo-se assim, melhor adaptação marginal,diminuição da contração de polimerização, correto

contorno e contato proximal9. Além dafotopolimerização convencional, pode-se aindautilizar meios complementares na polimerizaçãodas resinas, que visam a melhorar suaspropriedades físicas e mecânicas1.

PROPOSIÇÃO

Motivados pelas dúvidas existentes sobre aresistências ao desgaste das resinas compostas,tornou-se o objetivo desse trabalho avaliar a durezasuperficial de duas resinas compostas, comparandoo efeito da polimerização convencional com acomplementação da polimerização por dois métodosdiferentes.

MATERIAL E MÉTODO

Foram utilizadas duas resinas compostas: 3MFiltek P60 (3M do Brasil) e Tetric Ceram (Vivadent).A fotopolimerização foi realizada com auxílio de umaparelho fotopolimerizador Translux CL (HeraeusKulzer) (figura1) e a complementação dapolimerização foi obtida por dois métodos:

1. Fototermopolimerização mediante o uso da

AVALIAÇÃO DA DUREZA SUPERFICIAL DAS RESINAS COMPOSTAS : EFEITO DACOMPLEMENTAÇÃO DA FOTOPOLIMERIZAÇÃO POR DIFERENTES MÉTODOS

EVALUATION OF THE SUPERFICIAL HARDNESS OF RESIN COMPOSITE: EFFECTOF COMPLEMENT OF LIGHT CURING FOR DIFERENT METHODS

Leandro Hasegawa COSTA*Roque J. M. DELGADO**

Luís Anselmo MARIOTTO**Luís André PIMENTA ***

O objetivo desta pesquisa foi avaliar a dureza superficial das resinas compostas, comparando o efeito dafotopolimerização convencional com a complementação da polimerização por dois métodos diferentes: afototermopolimerização, mediante o uso do Light Box, e a pneumotermopolimerização, utilizando uma Autoclave.Os resultados mostraram que a complementação da fotopolimerização aumenta a dureza das resinas compostas,independente do método utilizado.

UNITERMOS: Resina composta; dureza superficial.

*Mestre em Odontologia em Clínica Odontológica, área de concentração Dentística, pela Faculdade de Ciências Odontológicas da UNIMAR, Marília/SP,Brasil.**Mestres em Dentística Restauradora; Doutores em Dentística Restauradora; Professores Assistentes Doutores do Departamento de Odontologia Restauradorada Faculdade de Ciências Odontológicas da UNIMAR,Marília-SP, Brasil; Professores EAP – APCD Marília e Ourinhos - SP, Brasil.***Professor do Departamento de Dentística Restauradora da Faculdade de Odontologia da UNICAMP, Piracicaba – SP, Campinas - SP, Brasil.

Page 68: Ciências Odontológicas nº 5

68

Revista Ciências Odontológicas

unidade Light Box (Heraeus Kulzer), acoplada aoaparelho Translux CL (figura 2).

2. Pneumotermopolimerização em autoclave(Cristófoli Vitali –21) (figura 3).

A obtenção dos corpos de prova deu-se por meiode uma matriz cilíndrica em aço inoxidável (SENAI– Araraquara/SP), composta de três partes : umabase cilíndrica com cavidade de 6mm de diâmetroao centro de sua superfície, um êmbolo e um anelexpansor com 2mm de espessura, o qual possibilitoua obtenção do tamanho padrão dos corpos de prova(figuras 4 e 5).

Figura1: Fotopolimerizador Translux (Heraeus Kulzer)

Figura2: Fotopolimerizador Translux acoplado ao Light Box

Figura3: Autoclave (Cristófoli Vitali – 21)

Figura4: Aspecto da matriz desmontada

Figura5: Matriz montada

A resina foi inserida na matriz, utilizando-se umaespátula n°4 (Thompson) em um único incremento,sobre o qual, com a finalidade de se obter umasuperfície lisa e regular, foi posicionada uma tira defita de poliéster (Odahcam) sob uma placa de vidro eum peso de 1Kg, para então se proceder àfotopolimerização da resina por 60s. utilizando-se oaparelho Translux CL (Heraeus Kulzer).

Foram confeccionados 10 corpos de prova paracada grupo de resina : 3 grupos de estudo pararesina P60 (M1) e 3 grupos de estudo para resinaTetric Ceram (M2), totalizando 6 grupos (60 corposde prova), os quais estão apresentados no Quadro1.

Page 69: Ciências Odontológicas nº 5

69

ANO 5, nº 5, 2002

Foram estabelecidos dois métodoscomplementares à fotopolimerização convencional:o Light Box e a Autoclave. Os grupos 2 e 5 foramentão fototermopolimerizados pelo Light Box acopladoao aparelho Translux CL (Kulzer), por um tempo de6 min. a uma temperatura máxima de 120°C(segundo especificação do fabricante), denominadosde T2. Os grupos 4 e 6 foram levados à Autoclave,onde foram submetidos a um ciclo completo,equivalente a uma temperatura de 121°C, por tempode 20 min. e pressão igual a 1.0 atm, denominadosT3.Os grupos 1 e 4, submetidos apenas àfotopolimerização por 60s, foram denominados T1.

Após a sua confecção, os corpos de prova foramarmazenados em vidros de cor âmbar, contendoágua destilada, em uma estufa à uma temperaturade 37°C, por um período de 24 horas; posteriormenteforam submetidos ao teste de microdurezasuperficial, o qual foi realizado em ummicrodurômetro eletrônico (FUTURE TECH - FM)(figura 6)com auxílio de uma ponta em diamante deforma piramidal, que exerceu uma força de 25g, porum período de 30s. A leitura da microdureza foi adeterminação da média de 5 pontos de aplicação deforça, situados no perímetro da circunferência do

corpo de prova; a localização dos pontos foiconseguida com auxílio de um monitor acoplado aomicrodurômetro, o qual permitiu a visualizaçãoprecisa dos corpos de prova e também as medidasdas edentações, que foram obtidas em micrometros(µm) e depois transformadas em valores de DurezaKnoop.

Objetivando comparar os valores de dureza Knoopem relação ao tipo de material utilizado e os efeitosdos diferentes métodos utilizados paracomplementar a polimerização, foi realizada aanálise estatística dos resultados obtidos, atravésda Análise de Variância, seguida do teste decomparações múltiplas de Tukey.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base nos resultados obtidos neste estudo,que estão apresentados na Tabela 1, Gráficos 1 e 2e pela literatura pesquisada, observou-se que adureza superficial das resinas compostas foiaumentada com a utilização da complementação dapolimerização, resultado esse que vem ao encontrodos trabalhos de Wendt10,11,12,13, que testou ainfluência do calor como método complementar àfotopolimerização convencional, chegando àconclusão de que a complementação térmicamelhora as propriedades físicas e mecânicas dasresinas compostas, obtendo melhores resultadosquando aplicado calor de 125°C, por um período de7,5min, temperatura essa semelhante àencontrada por Razaak7 , em 1997, o qual verificouque a temperatura ideal seria de 100°C por umtempo mínimo de 1min.

Adabo1 , em 1994, após a realização de um estudosobre a influência da complementação dafotopolimerização na dureza das resinas compostas,concluiu que a complementação através do LightBox aumenta de forma significativa a dureza dasresinas compostas; assim como Vergani8 , avaliandoa resistência à abrasão de 3 resinas compostas, após

Quadro1. Grupos de estudo

Material Fotopolimerização Complementação

Grupo 1 M1 60s ___________ ( T1 )

Grupo 2 M1 60s Light Box ( T2 )

Grupo 3 M1 60s Autoclave ( T3 )

Grupo 4 M2 60s ____________ ( T1 )

Grupo 5 M2 60s Light Box ( T2 )

Grupo 6 M2 60s Autoclave ( T3 )

Figura6: Microdurômetro eletrônico acoplado ao monitor

Page 70: Ciências Odontológicas nº 5

70

Revista Ciências Odontológicas

Valores da Média de Dureza M1

0

20

40

60

80

1 2 3

M1T1 M1T2 M1T3

Amostra1Amostra2Amostra3Amostra4Amostra5Amostra6Amostra7Amostra8Amostra9Amostra10

Grafico 1

Grafico 2

Valores da Média de Dureza M2

0

20

40

60

80

100

1 2 3

M2T1 M2T2 M2T3

Amostra1Amostra2Amostra3Amostra4Amostra5Amostra6Amostra7Amostra8Amostra9Amostra10

Page 71: Ciências Odontológicas nº 5

71

ANO 5, nº 5, 2002

a complementação da polimerização convencional,através do tratamento fototérmico à 120°C por7,5min, utilizando um aparelho light Box, obteve umaumento da resistência à abrasão após otratamento térmico.

O presente trabalho teve o propósito de avaliar doismétodos complementares à fotopolimerizaçãoconvencional, comparando a utilização do Light Box eAutoclave, uma vez que são aparelhos disponíveis nomercado odontológico, sendo a Autoclave um aparelhoutilizado na esterilização de instrumentais eatualmente muito difundido na área da saúde e o LightBox um dispositivo de fototermopolimerização utilizadopara confecção de restaurações indiretas, visando àpossibilidade de o cirurgião dentista utilizar métodosem que ele consiga melhorar as propriedades físicase mecânicas das resinas compostas, a um preçoacessível, sem envolvimento laboratorial, resultandoem baixo custo e ganho de tempo.

CONCLUSÃO

1. A complementação da fotopolimerização,mediante a utilização da fotopolimerização e a

pneumotermopolimerização, aumentou a durezasuperficial das resinas compostas testadas.

2. Para a resina composta Tetric Ceram(Vivadent), tanto a fototermopolimerização como apneumotermopolimerização, como meio decomplementação da fotopolimerização, mostraramum aumento estatisticamente significante dadureza superficial do produto.

3. Para a resina composta 3M Filtek P60 ( 3Mdo Brasil), apenas a pneumotermopolimerização,como meio de complementação da fotopolimerização,mostrou um aumento estatisticamente significativo.A fototermopolimerização mostrou ligeiro aumentoda dureza superficial, que não foi estatisticamentesignificante.

The aim of this research was to evaluate the superficial hardness of the resin composite, the comparison of theeffect of conventional light curing to complement light curing by two method : curing using Light Box andcuring using Autoclave. The results showed that the complement of light curing improve the composite hardnessusing the Light box and autoclave.

UNITERMS: Resin composite; superficial hardness.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ADABO, G.L. et al. Estudo da dureza de resinas compostasempregadas para restaurações tipo inlay: efeito dediferentes técnicas de polimerização. RevistaOdontológica UNESP.v.23, n.2, p.289-96, jul-dez, 1994.

2. BRYANT, R.W. Direct composite resin restorations inposterior teeth. New Zealand Dental Journal. v.87, n.387,p.39-42, jan, 1991.

3. CHRISTENSEN, G.J. Amálgama versus resina composta:1998. Journal of American Dental Association-Brasil.v.2, p.37-9, abril, 1999.

4. HUSSEY, D.L. Direct hybrid composite inlays. RestorativeDentistry.v.4, n.2, p.28-31, may, 1988.

5. JAMES, D.F.; YAROVESKY, U. Na Esthetic InlayTechnique for Posterior Teeth. QuintessenceInternational .v.14, n.7, p.725-31, jul, 1983.

6. JORDAN, R.E.; SUZUKI, M. Posterior CompositeRestorations – where and how they work best. Journalof American Dental Association.v.122, n.12, p.31-37,nov,1991.

7. RAZAK, A.A.A.; HARRISON, A. The optimum curing cyclefor a light- and heat-cured composite inlay material.Journal of Oral Rehabilitation. v.24, p.297-302, 1997.

8. VERGANI, C.E. et al. Análise comparativa da resistência

à abrasão das resinas compostas para dentes posterioresem prótese parcial removível. Efeito da complementaçãofototérmica de polimerização. Revista Odontológica –UNESP. v.27, n.1, p.175-84, 1998.

9. VIEIRA, D. et al. Incrustração em resina composta. ÂmbitoODONTOLÓGICO. v.7, n.5, p.93-97, jul-ago, 1991.

10. WENDTY JR, S.L.; LEINFELDER, K.F. Clinical evaluationof heat-treated resin composite inlay: 3 years results.American journal of Dentistry. v.5, n.5, p.258-62, oct,1992.

11. WENDT JR, S.L. The effect of heat used as a secundarycure upon the physical properties of three compositeresins. I. Diametral tensile strenght, compressive strenght,and marginal dimensional stability. QuintessenceInternational. v.18, n.4, p.265-71, april, 1987.

12. WENDT JR, S.L. The effect of heat used as a secundarycure upon the physical properties of three compositeresins. II. Wear, hardness, and color stability.Quintessence International. v.18, n.5, p.351-56, may,1987.

13. WENDT JR, S.L., Time as a factor in the heat curing ofcomposite resins. Quintessence International. v.20, n.4,p.259-63, april, 1989.

Leandro Hasegawa COSTA – Mestre emOdontologia em Clínica Odontológica,área de concentração Dentística, pelaFaculdade de Ciências Odontológicasda UNIMAR, Marília-SP, Brasil.

Page 72: Ciências Odontológicas nº 5

72

Revista Ciências Odontológicas

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Prevenção e tecnologia de pontaaplicados à saúde bucalPrevenção e tecnologia de pontaaplicados à saúde bucal

Page 73: Ciências Odontológicas nº 5

73

ANO 5, nº 5, 2002

INTRODUÇÃO

Os sistemas restauradores adesivos e as resinascompostas podem oferecer aos nossos pacientesuma dentística mais rápida e eficiente na soluçãodos problemas estéticos/funcionais, além de umaOdontologia mais conservadora.

Ao indicar-se a resina composta como materialrestaurador, depara-se com o problema dainfiltração marginal, especialmente quando não seconta com a presença de esmalte nas paredescircundantes do preparo. Como exemplo dessasituação clínica, temos a lesão de abfração(COLEMAN; GRIPPO; KINDERKNECHT, 2000)8.

A infiltração marginal tem seu início com acontração de polimerização que sofrem os materiaisresinosos, criando uma tensão na união adesivaque habitualmente é constatada. Porém, pode-seminimizar seus efeitos, seguindo alguns conceitos

técnicos, tais como: alteração do fator configuraçãocavitária, modulação da fotoativação (SILVA E SOUZAJR; CARVALHO; MONDELLI , 2000)25, utilização deadesivos dentinários e a técnica de inserçãoincremental da resina composta (LAMBRECHTS etal.; 1996; RETIEF,1994)19;23.

Segundo BARKMEIER; COOLEY (1992)2,avaliações laboratoriais mostravam excelenteresistência adesiva e eliminação da infiltraçãomarginal no esmalte condicionado, mas a adesão àdentina continuava a ser um desafio. Estudosindicam que valores de resistência adesiva na faixade 21 MPa reduzem significantemente a infiltração(RETIEF; MANDRAS; RUSSEL, 1994)23

Os sistemas adesivos vêm sofrendo modificaçõesna composição, apresentação comercial e maneirade utilização. Podem-se encontrar aqueles em queo condicionamento ácido é realizado tanto emesmalte quanto em dentina, previamente à

AVALIAÇÃO DA MICROINFILTRAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ADESIVAS, VARIANDO-SE O SISTEMA ADESIVO E A TÉCNICA

EVALUATION OF MICROLEAKAGE IN ADHESIVE RESTORATIONS, CHANGINGADHESIVE SYSTEM AND TECHNIC

Renata Favinha João CAMPOI*Luís Anselmo MARIOTTO**

Roque Javier MÉRIDA DELGADO***

O objetivo deste estudo foi avaliar a microinfiltração na margem gengival de restaurações de resina composta,variando-se o sistema adesivo e técnica. Material e método: foram preparadas cavidades em forma de “V”, nassuperfícies vestibular e lingual de terceiros molares recém-extraídos. As cavidades foram padronizadas com asseguintes dimensões: 5mm x 2mm x 2mm. Foram, então, divididas em três grupos: 1 – sistema adesivo Prime &Bond NT (Dentsply); 2 – sistema adesivo Prompt L-Pop (ESPE) e 3 – condicionamento ácido + Prompt L-Pop. Ossistemas adesivos foram aplicados de acordo com as instruções dos fabricantes, exceto no grupo 3. As cavidadesforam restauradas com resina composta TPH Spectrum (Dentsply) e armazenados por 24 horas em água destilada.Após acabamento e polimento, os espécimes foram termociclados (500 ciclos) a temperaturas de 5oC e 55oC e,após, tiveram seus ápices selados com resina composta, foram isolados com Araldite e duas camadas de esmaltepara unhas. Seguiu-se a imersão em solução de nitrato de prata por duas horas e em solução reveladora por mais16 horas. Após, os dentes foram seccionados, primeiramente no sentido mesio-distal e em seguida, no sentidovestíbulo-lingual com disco diamantado. A extensão do corante foi medida utilizando-se escores de 0 a 4. Osresultados da análise estatística mostraram que não houve diferença estatisticamente significante, entre osgrupos. Os materiais testados não foram capazes de eliminar a microinfiltração nas margens de dentina, porémos melhores resultados foram obtidos com Prime & Bond NT e o maior grau de infiltração ocorreu no grupo 3.

UNITERMOS: Sistema adesivo; microinfiltração; resina composta.

*Professora Mestre do Departamento de Dentística da Faculdade de Ciências Odontológicas da UNIMAR, Marília - SP, Brasil.** Professor Doutor do Departamento de Dentística da Faculdade de Ciências Odontológicas da UNIMAR, Marília - SP, Brasil.*** Professor Doutor do Departamento de Dentística da Faculdade de Ciências Odontológicas da UNIMAR, Marília - SP, Brasil.

Page 74: Ciências Odontológicas nº 5

74

Revista Ciências Odontológicas

aplicação do adesivo. Como exemplo, temos osistema de frasco único, o Prime & Bond NT(Dentsply). Há no mercado, sistemas adesivos quecombinam em apenas um dispositivo ocondicionador, o preparador e a resina fluida (self-etching adhesive), como o Prompt L-Pop (ESPE), queé uma solução que consiste de fosfatos metacrilatose água em única aplicação (ROSA; PERDIGÃO,2000)24.

O tratamento simultâneo do esmalte e dadentina, com um material de única aplicação, é umimportante passo rumo à simplificação dosprocedimentos clínicos, com o objetivo final dediminuir a possibilidade de erros durante a aplicaçãodos materiais adesivos. O Prompt L-Pop representaa tentativa de simplificar o complexo protocolo deadesão à dentina (PERDIGÃO et al., 2000)22. Noentanto, é importante salientar que essas novastécnicas não podem substituir os métodosrestauradores bem estabelecidos, a menos queofereçam vantagens, do ponto de vista clínico ecientífico.

Com base nessas informações, será estudado invitro se essas inovações, nesses sistemas adesivos,permitem um bom vedamento marginal dasrestaurações e se, realmente, podem ser usadoscom segurança nos procedimentos restauradoresem pacientes.

MATERIAL E MÉTODO

Foram utilizados trinta terceiros molares,recentemente extraídos e isentos de cárie oualterações estruturais, que pudessem ser causa defalha experimental, para, a seguir, seremarmazenados em soro fisiológico, à temperaturaambiente, até o momento de serem preparadas ascavidades.

Sessenta preparos padronizados, simulandolesões de abfrações (GRIPPO,1992) 16 foramrealizados na face vestibular e na face lingual dos

dentes selecionados, sendo que a parede cervicalfoi localizada abaixo da junção cemento-esmalte.

Os preparos cavitários foram confeccionados comfresas carbide no 702, na forma triangular, com basevoltada para o meio externo, apresentando asseguintes dimensões:

-extensão axio-oclusal = 2mm-extensão axio-gengival = 2mm-extensão mésio-distal = 5mm + 1mm-extensão gengivo-oclusal = 2,5mm + 0,5mm.Todas as cavidades foram padronizadas com o

auxílio de um dispositivo adaptado à turbina de altarotação. O dispositivo contém uma haste que servede anteparo para a superfície vestibular e lingualdos dentes, definindo a angulação da fresa no702em relação ao dente, proporcionando, devido ao seuformato, cavidades em forma de “V”, simulandolesões de abfrações (Figura 1).

Foram utilizados neste trabalho dois sistemasadesivos: Prime & Bond NT e Prompt L-Pop, divididosem 3 grupos com 10 dentes em cada, conforme atabela abaixo.

Nos grupos 1 e 2 , foram utilizados os sistemasadesivos Prime & Bond NT e Prompt L-Pop, seguindo-se as recomendações do fabricante.

No grupo 3, foi utilizado o sistema adesivo PromptL-Pop com o ácido fosfórico a 37%, da seguinteforma:

-condicionamento total com ácido fosfórico a37%, por 30 segundos, em esmalte, e 15 segundos,em dentina;

-lavar por 30 segundos com spray ar/água;-remoção do excesso de água com gaze;-após os dois reservatórios serem

seqüencialmente pressionados para misturar oscomponentes, o adesivo foi aplicado e friccionadoem dentina e esmalte, com um micro-pincel queacompanha o kit , por 15 segundos;

-secagem com leve jato de ar, por 3 segundos.Os preparos foram restaurados com resina

composta híbrida TPH cor A3, em dois incrementos,

Page 75: Ciências Odontológicas nº 5

75

ANO 5, nº 5, 2002

sendo o primeiro colocado junto à parede oclusal,até a metade da cavidade, em direção à margemcervical. O segundo incremento foi posicionadoposteriormente, preenchendo o restante da cavidade(HANSEN, 1986)18. Cada incremento foifotopolimerizado por 40 segundos. A intensidade daluz do aparelho foi monitorada com radiômetro,permanecendo no intervalo de 450 a 500mW/cm2.

Após a restauração dos preparos, os dentespermaneceram em água destilada a 37oC, por umperíodo de 24 horas (FRITZ; FINGER9, 1999;HAKIMEH et al.17, 2000). Decorrido esse período, foirealizado o acabamento e polimento dasrestaurações, com discos Sof-Lex.

Os ápices radiculares foram selados com resinacomposta TPH e seu sistema adesivo. Os dentesforam isolados com 1 camada de adesivo epóxi e 2camadas de esmalte para unhas, nas cores café,vermelho e tijolo (para que os grupos semantivessem distintos), ficando o adesivo epóxi e oesmalte a uma distância de aproximadamente 1mmdas margens das restaurações .

Os espécimes foram submetidos àtermociclagem, que consistiu de 500 ciclos, comtemperatura de 5oC+ 2 e 55oC + 2, com tempo de 15segundos de permanência em cada temperatura(ALANI; TOH1, 1997; CARDOSO et al.6, 1999;GORDAN et al.14, 1986; PERDIGÃO et al.22, 2000;ZIVKOVIC28, 2000). Ao final da termociclagem, foramimersos em solução aquosa de nitrato de prata a50%, por duas horas, em ambiente escuro e fechado.Após esse período, os espécimes foram lavados emágua corrente e levados a uma solução reveladora,por 16 horas, sob exposição constante de luzfluorescente (CANDIDO,1997 5; CARDOSO et al.1999 6; LI et al. 2000 20).

Em seguida, os dentes foram lavadosabundantemente em água corrente, para remoçãoda solução reveladora. Posteriormente, foramrealizados os cortes e analisados por meio de escoresde 0 a 4 (Figuras de 2 a 6), seguindo critério deGORDON; PLASSCHAERT; STARK, 198615

Figura 1 – Dispositivo adaptado a turbina de alta rotação, para o preparodas cavidades. Figura 3 – Grau 1 de microinfiltração na parede gengival do preparo.

Figura 2 – Grau 0 de microinfiltração na parede gengival do preparo.

Page 76: Ciências Odontológicas nº 5

76

Revista Ciências Odontológicas

indicando menor penetração do corante, comoexemplificado na tabela 2, na qual encontramos45,45% (10 amostras) dos espécimes com grau 0 deinfiltração, enquanto que o Prompt L-Pop, grupo 2,obteve 36,36% dos espécimes sem infiltração (grau0) e no grupo 3, Prompt L-Pop, associado à técnicado condicionamento ácido com ácido fosfórico,obteveram-se os maiores graus de infiltração,indicando maior penetração do corante, com apenas18,18% dos espécimes sem infiltração. Essesresultados fazem acreditar que o sistema adesivoPrime & Bond NT possui vantagens sobre o outrosistema e vão ao encontro do trabalho de GOMESet al. (2000) 13, que, ao analisarem a microinfiltraçãoem preparos classe V, com os sistemas adesivosExcite, Prime & Bond NT, Prompt L-Pop e One CoatBond, encontraram menores graus demicroinfiltração com Prime & Bond NT e em seguidacom o Prompt L-Pop.

Embora não seja objetivo deste trabalho, julgou-se relevante a comparação dos valores demicroinfiltração encontrados nesta pesquisa comaqueles de força de união à dentina obtidos porGARCIA-GODOY (2000)12 com os mesmos sistemasadesivos, pois, como se sabe, os resultados obtidosnos trabalhos sobre microinfiltração são de difícilinterpretação, em função das diferenças existentesentre as metodologias empregadas. Para interpretarmelhor os resultados de estudos laboratoriais demicroinfiltração, RETIEF; MANDRAS; RUSSELL(1994)23 correlacionaram os dados obtidos em testes

Figura 6 – Grau 4 de microinfiltração na parede gengival do preparo.

DISCUSSÃO

Os resultados obtidos nesta pesquisa mostramque os dois materiais testados não foram capazesde eliminar completamente a microinfiltração emdentina. Embora não tenha sido observada diferençaestatisticamente significante entre os materiais eos grupos, o sistema adesivo Prime & Bond NT, grupo1, apresentou os menores graus de infiltração,

Figura 4 – Grau 2 de microinfiltração na parede gengival do preparo.

Figura 5 – Grau 3 de microinfiltração na parede gengival do preparo.

Page 77: Ciências Odontológicas nº 5

77

ANO 5, nº 5, 2002

padronizados de força de união e microinfiltraçãoquantitativa, submetendo esses dados a umaanálise de regressão linear. Os resultados dessaanálise sugeriram que uma força de união deaproximadamente 21 MPa poderia reduzir ainfiltração marginal. A força de união do Prompt L-Pop foi de 29,3MPa e a do Prime & Bond NT foi de26,7MPa, ou seja, esses resultados favorecem adiminuição da microinfiltração. Porém, no presenteestudo, encontrou-se um maior número deespécimes com graus de infiltração baixos, com oPrime & Bond NT, ou seja, 10 espécimes semnenhuma infiltração na margem gengival e 8espécimes com infiltração grau 1. Com o Prompt L-Pop, foram encontrados 8 espécimes que nãoapresentavam infiltração marginal, 5 espécimescom infiltração grau 1, mas 4 espécimes cominfiltração do corante em toda a extensão dasparedes e em direção ao órgão pulpar, sendo esteconsiderado como um resultado desfavorável (Tabela3). De certa forma, esses achados vão de encontroao trabalho de RETIEF; MANDRAS; RUSSELL(1994)23, pois os escores mais baixos deveriam tersido encontrados com o Prompt L-Pop e não com oPrime & Bond NT, apesar de não ter havido

Tabela 3 – Frequências observadas para ocorrência dos graus de microinfiltração segundo os materiais em estudo, e classificação pelo teste de χ2.

Graus de microinfiltração

MATERIAL 0 1 2 3 4 CLASSIFICAÇÃO

Prime&Bond NT 10 8 1 0 1 a

Prompt L’Pop 8 5 1 2 4 a

Prompt L’Pop+ácido 4 8 2 3 3 a Letras iguais, nas colunas, indicam que os materiais não diferem entre si pelo teste de χ2 , considerando-se um n.m.s. de 5% (α > 0,05).

diferença significante, estatisticamente, entre osdois materiais, em ambas as pesquisas.

De um modo geral, por meio dos resultadosobtidos neste trabalho, podemos indicar que os doissistemas adesivos testados apresentam falhasquanto ao selamento da interface dente/restauração; entretanto, sabemos também que aspesquisas realizadas in vivo mostram resultadosmais favoráveis do que as pesquisas in vitro (BARNESet al., 1993) 3, pois estas, embora submetam osespécimes a condições ideais, criam testes maisrigorosos, como a ciclagem térmica e mecânica eos corantes, que possuem partículas extremamentepequenas.

Dessa forma, a redução dos passos nos sistemasadesivos não é somente em função da economia detempo, mas também para eliminar ou diminuir apossibilidade de erros durante a realização dasrestaurações adesivas, porém não se deve deixarque o entusiasmo pela simplificação supereresultados favoráveis que já vêm sendo obtidos comos sistemas adesivos que empregam ocondicionamento de esmalte e dentina.

Por isso, novas pesquisas devem ser realizadas,especialmente aquelas que testam a

Tabela 2 – Freqüências observadas, esperadas ( ) e percentuais para a ocorrência dos graus de microinfiltração segundo os materiais em estudo.

GRAUS DE MICROINFILTRAÇÃO 0 1 2 3 4 TOTAL Material Frequência % Frequência % Frequência % Frequência % Frequência % G1* 10 (7) 45,45 8 (7) 38,10 1 (1) 25,00 0 (2) 0,00 1 (3) 12,50 20 G2* 8 (7) 36,36 5 (7) 23,81 1 (1) 25,00 2 (2) 40,00 4 (3) 50,00 20 G3* 4 (7) 18,18 8 (7) 38,10 2 (1) 50,00 3 (2) 60,00 3 (3) 37,50 20 Total 22 100,0 21 100,0 4 100,0 5 100,0 8 100,0 60

* onde G1 = Prime & Bond NT, G2 = Prompt L’Pop e G3 = Prompt L’Pop + ácido.

Page 78: Ciências Odontológicas nº 5

78

Revista Ciências Odontológicas

microinfiltração nesses novos sistemas adesivosultra-simplificados, para que se possa, numasomatória de resultados de diferentes trabalhos,obter uma certeza conclusiva da efetividade dosprodutos.

CONCLUSÃO

De acordo com os resultados obtidos, conclui-seque:

1 - Os sistemas adesivos estudados e amodificação da técnica não foram capazes deeliminar a microinfiltração na margem gengival;

2 - Os sistemas adesivos empregados e a

The purpose of this study was to evaluate microleakage dentin margins of Class V resin composite restorationsusing two simplified adhesive systems, one self-etching adhesive, one commercial one-bottle adhesives. ClassV cavities (5 mm x 2 mm x 2 mm) were prepared in sound human molars with occlusal margins in enamel andgingival margins in dentin/cementum. Prime & Bond NT (Dentsply), Prompt L-Pop were applied strictly accordingto manufacturers instructions, except for the group 3 (Prompt L-Pop were applied on etched substrates). Cavitieswere restored with TPH Spectrum (Dentsply). After finishing and polishing, teeth were thermocycled (x 500, 5-55 degrees C, 30s dwell time). Specimens were coated with nail varnish, immersed in silver nitrate for 2 hoursand sectioned longitudinally with a diamond disc. The extent of leakage was measured and ranked using a 0-4 scale. Statistical analysis using ?2 Pearson revealed no statistically significant difference was observed for thegroups. Significantly higher leakage scores for Prompt L-Pop with etching when compared to other adhesivesystems. Regarding dentin margins none of the systems completely eliminated microleakage. Prime & Bond NThad significantly lower scores when compared to Prompt L-Pop.

UNITERMS: Adhesive system; microleakage; composite resin.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Renata Favinha João CAMPOI -Professora Mestre do Departamentode Dentística da Faculdade deCiências Odontológicas daUNIMAR, Marília - SP, Brasil.

técnica modificada apresentaram comportamentosemelhante com relação à microinfiltração, ou seja,não houve diferença significante, estatisticamente,entre os grupos, embora fora observado o menor graude microinfiltração, quando utilizado o sistemaadesivo Prime & Bond NT, grupo 1.

1.ALANI, A. H.; TOH, C. G. Detection of microleakage arounddental restorations: a Review. Oper. Dent., Seattle, v.22, n. 4, p. 173-185, July/Aug. 1997.

2.BARKMEIER, W. W.; COOLEY, R.L. Laboratory evaluationof adhesive systems. Oper. Dent., Seattle, v.17, p.50-61,1992, (Supl.5).

3.BARNERS, D. M. et al. Microleakage of class 5 compositeresin restorations: a comparison between in vivo and invitro. Oper. Dent., Seattle, v.18, n.6, p.237-245, Nov/Dec.,1993

4.BUONOCORE, M. G. A simple method of increasing theadhesion of acrylic filling materials to enamel surfaces.J. Dent. Res., New York, v.34, p.849-853, Dec., 1955.

5.CANDIDO, M. S. M. et al. Avaliação qualitativa damicroinfiltração em restaurações de classe V com resinacomposta. Odonto 2000-Odontologia do século XXI, v.1,n.2, p.22-27, 1997.

6.CARDOSO, P. E. C. et al. Microleakage of class V resin-based composite restorations using five simplified adhesivsystems. Amer. J. Dent., San Antonio, v.12, n.6, p.291-294, Dec., 1999.

7.COLEMAN, T. A.; GRIPPO, J. O.; KINDERKNECHT, K. E.Cervical dentin hypersensitivity. Part II: Associations witha abfractive lesions. Quintessence Int.,New Malden, v.31,n.7, p.466-473, 2000.

8.CRIM, G. A.; GARCIA-GODOY, F. Microleakage: the effect

of storage and cycling duration. J. Prosth. Dent., St.Louis, v.57, n. 5, p.574-576, May,1987.

9.FRITZ, U. B.; FINGER, W. J. Bonding efficiency of single-bottle enamel/dentin adhesives. Amer. J. Dent. SanAntonio, v.12, n.6, p.277-282, December, 1999.

10.GALE, M. S.; DARVELL, B. W. Thermal cycling proceduresfor laboratory testing of dental restorations. J.Dent.,Guildford, v.27, n.2, p.89-99, February, 1999.

11.GALLO, F. M. et al. Eficiência dos adesivos de dentina –Avaliação da infiltração marginal em cavidades de classeV restauradas com quatro sistemas adesivos de dentina.RGO, v.42, n.3, p.143, Mai/Jun. 1994.

12.GARCIA-GODOY, F. Bond strength of Prompt L-Pop toenamel and dentin. Contemporary Esthetics andRestorative Practice, v.4, supl.1, p.11-12, 2000

13.GOMES, J. C. et al. Avaliação in vitro da microinfiltraçãomarginal em cavidades de classe V, utilizando quatro novossistemas adesivos. JBC – Jornal Brasileiro de Clínica &Estética em Odontologia, Curitiba, v. 4, n.24, p.66-71,Nov/Dez., 2000.

14.GORDAN, V. V. et al. Evaluation of acidic primers inmicroleakage of class 5 composite resin restorations. Oper.Dent., Seattle, v.23, p.244-249, 1998.

15.GORDON, M.; PLASSCHAERT, A. J. M.; STARK, M. M.Microleakage of several tooth-colored restorative materialsin cervical cavities. A comparative study in vitro. Dent.

Page 79: Ciências Odontológicas nº 5

79

ANO 5, nº 5, 2002

Mat., Washington, v.2, n.5, p.128-130, Oct., 1986.16. GRIPPO, J.O. Non – carious cervical lesions: the decision

to ignore or restore. J Esthet. Dent., n.4, p.55-64, 1992.17.HAKIMEH, S. et al. Microleakage of compomer class V

restorations: effect of load cycling, thermal cycling, andcavity shape differences. J. Prosth. Dent. St. Louis, v.83,n.2, p.194-203, 2000.

18.HANSEN, E. K. Effect of cavity depth and applicationtechnique on marginal adaptation of resins in dentincavities. J. Dent. Res., Washington, v. 65, n. 11, p. 1319-1321, Nov., 1986.

19.LAMBRECHTS, P. et al. Restorative therapy of erosivelesions. Eur. J. Oral Sci., v.104, n. 2, 229-240, 1996.

20.LI, H.; BURROW, M. F.; TYAS, M. J. Nanoleakage patternsof four dentin bonding systems. Dent. Mater. ,Washington, v.16, p.48-56, 2000.

21.MATOS, A. B.; MATSON, E. Contribuição ao estudo damicroinfiltração in vitro de lesões cervicais não cariosasrestauradas com diferentes materiais adesivos e técnicas.

Rev.Odont. USP, v.11, p.35-41, 1997. Suplemento.22.PERDIGÃO, J. et al. New trends in dentin/enamel

adhesion. Am. J. Dent. San Antonio, v.13, Special Issue,p. 25-30, Nov., 2000.

23.RETIEF, D. H.; MANDRAS, R. S.; RUSSELL, C. M. Shearbond strength required to prevent microleakage at thedentin/restoration interface. Am. J. Dent. San Antonio,v.7, n.1, p.43-46, Feb., 1994.

24.ROSA, B. T.; PERDIGÃO, J. Bonding strengths ofnonrising adhesives. Quintessence Int.,New Malden,v.31, n.5, p.353-358, 2000.

25.SILVA E SOUZA JR., M. H.; CARVALHO, R. M.;MONDELLI, R.F.L. Odontologia estética, fundamentose aplicações clínicas. São Paulo: Santos, 2000. p.29-35;51-56.

26.ZIVKOVIC, S. Quality assessment of marginal sealingusing 7 dentin adhesive systems. Quintessence Int.,NewMalden, v.31, n.6, p.423-429, 2000.

Page 80: Ciências Odontológicas nº 5

80

Revista Ciências Odontológicas

○○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Extensão de serviços à comunidadeExtensão de serviços à comunidade

Page 81: Ciências Odontológicas nº 5

81

ANO 5, nº 5, 2002

INTRODUÇÃO

Displasia ectodérmica é uma doença que temcomo característica alterações no desenvolvimentoreferentes às estruturas e órgãos do folhetoembrionário. De caráter hereditário, constitui umaampla e complexa entidade, ligada à herançaautossômica dominante e recessiva, afetando emmaior número os homens, ocorrendo também entremulheres. Quando a mulher não é afetada etransmite o geri ao filho, este é de caráterautossômico dominante ou recessivo e se denominade Síndrome de Christ-Siemens Weech. Acredita-seque, para ocorrer displasia ectodérmica na mulher,ela terá que herdar dois cromossomas afetados, umde cada um dos pais (NlacDonald & Avery,1986).

Em 1792, Dans relatou pela primeira vez aocorrência de casos de Displasia ectodérmica, emque vários membros da mesma famíliaapresentavam falta de cabelos e dentes, sendo emmaior número nos homens. Em 1 938, Wedderburndescreveu uma anomalia congênita caracterizadapela tríade de hipodontia, hipotricose e hipohidrose,afetando indivíduos do sexo masculino de umamesma família de descendência indiana. O graude concentração dessa patologia depende dasmanifestações de uma mesma variação genética,entretanto, é possível que distintas mutações

estejam inseridas nos diferentes estágios daenfermidade (Firin, 1 975). A displasia ectodérmicaestá arbitrariamente dividida em duas categorias,dependendo de estas afetarem as glândulassebáceas e ou as sudoríparas. A disfunção do tipoanidrótico é a manifestação mais grave. Pacientesportadores desta Síndrome têm, comocaracterísticas, aspecto senil, devido à perda dedimensão vertical, lábios protuídos, crista alveolarestreita diminuída e em forma de lâmina de faca.Podem apresentar, ainda, queililite angular, narizem forma de sela, protuberância frontalproeminente, cabelos secos aloirados e finos,sobrancelhas e cílios ralos, pele macia fina ou seca,orelhas em abano, unhas grossas e quebradiças.Ausências de glândulas sudoríparas fazem com quecrianças portadoras de displasia ectodérmica nãotolerem o calor e sejam propensas a não suportartemperaturas elevadas. As convulsões muitas vezesestão presentes, em razão da temperatura corporalelevada.

Em relação aos órgãos dentais, as manifestaçõesmais importantes são a hipodontia e anodontia,podendo ocorrer ainda retenção prolongada dedentes decíduos, presença de supranumerários,anomalias na forma e tamanho dos dentes,atingindo tanto a dentição decídua como apermanente. Outros distúrbios poderão ser notados,

DISPLASIA ECTODÉRMICA ANIDRÓTICA HEREDITÁRIA: REVISÃO DE LITERATURAE RELATO DE UM CASO CLÍNICO

HEREDTTARY ANHIDROTIC ECTODERMAL DYSPLASIA: REVIEW OF LITERATUREAND A CASE REPORT

Ane Stella Salgado XAVIER*Patricia Gabaldi PELLI*

SosígenesVictorBENFATTI**João BAUSELLS**

A Displasia ectodérmica hereditária, tipo anidrótica, é uma doença que afeta a erupção dentária, a forma e otamanho dos dentes, atingindo a dentição decídua e permanente, associada a outros distúrbios hipotricose ehipohidrose. Suas características clínicas são relatadas, assim como a importancia do diagnóstico precoce e asopções de tratamento.

UNITERMOS: Displasia ectodérmica; anidrótica hereditária; erupção dentária; diagnóstico precoce.

*Alunos do Programa de Pós-Graduação em Clínica Odontológica (Área de concentração - Odontopediatria) da Faculdade de Ciências Odontológicas daUNIMAR, Marília - SP, Brasil.** Professores Titulares do Programa de Pós-Graduação em Clínica Odontológica (Área de concentração - Odontopediatria) da Faculdade de CiênciasOdontológicas da UNIMAR, Marília - SP, Brasil.

Page 82: Ciências Odontológicas nº 5

82

Revista Ciências Odontológicas

como: visão fotofobia, alteração nas glândulaslacrimais, conjuntivite (crônica), audição (surdezparcial ou total); faringite e laringite crônicastambém estão relacionadas e diretamente ligadasa problemas alérgicos. A ocorrência de sinaisadvindos dessa moléstia é variável de um pacientepara outro, podendo acentuar-se com odesenvolvimento da criança.

Os dentes decíduos, assim como os permanentes,muitas vezes possuem formas cônicas,características da doença. O tamanho dos dentesdecíduos pode ser normal ou reduzido. Os molaresdecíduos, sem os sucessores permanentes, têminexplicável tendência para se tornaremanquilosados (MacDonald & Havery, 1986).

As agenesias extensas são raras na dentiçãodecídua, entretanto, nos portadores de displasiaectodérmica, esse fato é evidente.

A ausência excessiva de dentes decíduos epermanentes dificulta o desenvolvimento dosprocessos alveolares; entretanto, parece nãointerferir no crescimento e desenvolvimento normaldos maxilares.

RELATO DO CASO CLÍNICO- Paciente L. R. S.,sexo masculino, nascido em fevereiro de 1997, partonormal, primeiro filho, compareceu ao consultórioodontológico pela primeira vez com um ano e doismeses de idade, acompanhado de sua mãe, a qualrelatou como queixa principal a demora do

irrompimento dos dentes decíduos (incisivoscentrais superiores e inferiores).

A criança apresentava cabelos finos e secos,opacos e loiros, sobrancelhas e cílios reduzidos, pelefina e macia, lábios protuídos, nariz em sela, aspectosenil, orelhas em abano, protuberância frontalproeminente, rebordo alveolar reduzido e em formade lâmina de faca, leve xerostomia e sem presençade dentes. Após o exame radiográfico, verificou-seapenas a presença de germes dos dentes 54, 64,74, 75, 84 e 85, com formação óssea aparentementenormal. Com realização detalhada com anamnese,constatamos ocorrer outros casos na família,conforme a árvore genealógica.

CONDUTA TERAPÊUTICA

A orientação aos pais é fator relevante, e é defundamental importância que saibam que seusfilhos são portadores da doença e das característicasda mesma, para acompanhá-los em todas as etapasdo seu crescimento e desenvolvimento.

Se os pais de Crianças que apresentam defeitoshereditários que afetam os dentes, foreminformados do fato, passam a se preocupar com oprognóstico da saúde bucal de seus filhos, seguindoorientações do profissional especializado, oOdontopediatra.

ARVORE GENEALÓGICA REFERENTE AO CASO

Page 83: Ciências Odontológicas nº 5

83

ANO 5, nº 5, 2002

-Aspecto senil por perda de dimensão vertical - Lábios protuídos -Cabelos finos, secos e aloirados

Protuberância frontalproeminente

Exame radiográfico constatou apenas os germes dos dentes54,64,74,75,84,85, com formação óssea aparentemente normal.

-Hipodontia; Crista alveolar bem diminuída e em forma de lâmina de faca;- Leve xerostomia

Orelhas em abano;Nariz em sela;Sobrancelhas ralas.

Page 84: Ciências Odontológicas nº 5

84

Revista Ciências Odontológicas

Evitar a exposição dos pacientes a locais comaltas temperaturas, dar banhos freqüentes nos diasquentes, promover hidratação da pele, elaborar dietaprópria, bem como a orientação de técnicas quepromovam uma excelente higiene bucal. A dietadeverá ser rica em carboidratos, proteínas egorduras, de consistência líquida e pastosa,facilitando a sua ingestão.

Com relação à conduta terapêutica, no que dizrespeito aos dentes, é de boa norma esperar aerupção dos germes presentes na radiografia, pararealizar o tratamento. A melhor opção é na idade dedois a três anos.

Crianças com ausência de grande número dedentes poderão fazer uso de próteses parciaisremovíveis, em idade precoce. O sucesso dautilização desses aparelhos protéticos dependeráapenas de a criança estar condicionada a aceitar ainstalação do mesmo.

Em outros casos, podemos usar próteses totais,de tal modo que estas não venham a interferir nocrescimento e desenvolvimento das arcadas; estaspróteses poderão receber parafusos expansores, coma finalidade de estimular o desenvolvimento dosmaxilares, os quais seriam ativados em intervalosde sessenta dias, segundo Ferreira et al. (1989).

Do ponto de vista odontológico, as reabilitaçõesmorfofuncionais e estéticas podem ser obtidas comvários tipos de aparelhos protéticos e ortodônticos.Quando há necessidade de reconstruções de dentescom má formação, elas são feitas com resinascompostas adesivas.

O profissional deve acompanhar as alterações,sempre que possível, modificando os órgãosdentários em sua forma, para possibilitar a retençãode aparelhos protéticos removíveis, reabilitadoresda função mastigatória, fonética e estética.Aparelhos ortodônticos poderão ser usados conformea necessidade, que é variável de caso para caso(Corrêa et al.).

No caso de pacientes portadores de displasiaectodérmica hereditária, com ausência de dentes,todo tratamento precoce deve ser indicado, e cuidadoso planejamento deve ser efetuado, semprelevando em consideração diferentes aspectos decrescimento e desenvolvimento.

DISCUSSAO

A displasia ectodérmica apresenta-se sob duasformas: hidrótica e anidrótica. (Mallmann et al. 1964 et al. 1 989; Cruz et al. 1 992).

Do ponto de vista genético, autores relatam como

sendo de caráter recessivo, em razão da mutaçãogenética; entretanto, outros afirmam que essapatologia se apresenta de forma autossômicarecessiva e autossômica dominante. (Finn, 1955;MacDonald & Avery, 1986; Corrêa, 1999).

Essa Síndrome é de origem hereditária,transmitida de modo recessivo ligado aocromossomo X, e a doença em toda a extensão sóafeta o sexo masculino (Mallmann et al. 1 964);Upshaw et ai, 1 949; Kerr et al 1 966, relatam casosde mulheres que apresentavam a Síndromecompleta como forma autossômica recessiva;Marcucci, 1 977, descreveu a displasia ectodérmicacomo sendo hereditária, podendo ser transmitidapor gene autossômico dominante ou recessivo, sendoeste o mais raro.

Observa-se ampla diversidade de sinais clínicospelo fato de a displasia ter uma variedade demanifestações, atingindo diferentes órgãos dofolheto embrionário ectodérmico, tais como: pele,dentes, unhas, pelos e glândulas sudoríparas,sebáceas e salivares. (Corrêa, 1 999). Hipotricose,hipohidrose e hipodontia formam a tríade quecaracteriza a doença. Alteração dos pêlos,sobrancelhas e cílios; cabelos ralos, finos ealoirados; redução em número de glândulas, eausência total ou parcial de dentes traduzemaspectos complexos que caracterizam a doença.

Em alguns casos, podem ainda ocorrertranstornos na audição (surdez parcial ou total) ,visão (fotofobia) hipoplasia das glândulas lacrimaise conjuntivite crônica. Quanto à pele, esta podeapresentar-se seca, áspera e escamativa (escassezde glândulas sudoríparas). Em razão desse fator, opaciente poderá apresentar retardamento mentalleve, moderado ou grave, devido às freqüentes eprolongadas febres. Esse aumento de temperaturacorporal, ocorre pela impossibilidade detranspiração. As unhas são muito fracas e tornam-se quebradiças.

Com relação aos dentes, observa-se com maisfreqüência a anodontia, hipodontia,supranumerários e retenção prolongada dos dentesdecíduos, podendo ainda ocorrer mal posicionamentoe outras formas alteradas. Alguns pacientesapresentam xerostomia intensa, devido à anomaliadas glândulas salivares.

Quanto ao tratamento, o cirurgião-dentistadeverá orientar seus pacientes da importância dahigienização bucal e dieta alimentar. Deve-severificar a necessidade individual de cada paciente,podendo-se utilizar resinas compostas, aparelhosortodônticos, próteses parciais ou totais com

Page 85: Ciências Odontológicas nº 5

85

ANO 5, nº 5, 2002

expansores ou não, implantes osteointegrados,dependendo do estágio de desenvolvimento no qualse encontra o paciente.

A base filosófica da Odontologia para criançasestá no atendimento precoce e voltado para aprevenção. (Ireland & Krame, 1963). As técnicasprotéticas apropriadas para os arcos dentais emdesenvolvimento estão assentadas em umprograma periódico de prevenção.

É de extrema importância a interação docirurgião-dentista com profissionais de outrasáreas, psicólogos, fonoaudiólogos, médicos enutricionistas, para um a assistência completa em

que benefícios estéticos, morfofuncionais epsicológicos serão atendidos. Amplitude de sinaisclínicos que o paciente portador de displasiaectodérmica apresenta justifica a inter-relaçãocom todos os profissionais envolvidos na área dasaúde. É necessário também saber em que fase dadoença o paciente se encontra, para a realizaçãode tratamento adequado, bem como, o conhecimentoamplo da dinâmica do crescimento edesenvolvimento das dentições, assim como o ósseo,ou seja, suas estruturas de sustentação, pararealizar uma odontologia completa.

The hereditary anhidrotic ectodermal dysplasia is a disease which affects the tooth eruption, the form and thegreat of the tooth reaching the primary and permanent dentition associate the others disturbances hipothichosiand hypohidroses.The study reports clinic characteristics; importance the early diagnosis and treatment option.

UNITERMS: Ectodermal dysplasia; anhidrotic typ; tooth eruption; early diagnostc.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.CORRÊA, M. S. N. P.; CANDELÁRIA, L. F. A.; FAZZI, R.Displasia Hereditária ectodérmica - casos clínicos. Rev.Ass. Paul, Cirurg. Dent., 36 (6): 626-31, nov./dez. 1982.

2.CORRÊA, M. S.N.P.; KRAMER, P.F.; CINELLI, C. Displasiaectodérmica hereditária: relato de caso.Rev. Fac. Odontol.F. Z. L., 4(1): 39- 45, jan./jun. 1992.

3.CRUZ, R. A.; CAMPOS, V.; ABRAHÃO, J. M.; RAMOS,M. E. Displasia ectodérmica hidrótica associada asindactília: apresentação de um caso clínico. Rev. Bras.Odontol., XLIX (5): 49 - 53, set. /out. 1992.

4.FERREIRA, P.P.C.; NORONHA, W.; HERINGER, E. M.;CERQUEIRA, J. L.; POLO, L.P. Displasia ectodérmicahipoidrótica com anodontia. OM, 16(4): 27-31, abr. 1989.

5.KERR, C. B.; WELLS, R. S.; COOPER, K. E. Genetic effectsin carries of Anhidrotic ectodermal dysplasia. J. med.Genet., 3:169-76, Sept. 1966.

6.KUPIETZKY, A.; HOUPT, M. Hypohidrotic ectodermaldysplasia: characteristics and treatment. QuintenssenceInt., 26(4): 285-91, 1995.

7.LIBÉRIO, S. A.; SOLANO, M. C. P. P.; GLEISER, S.;GLEISER, R. Displasia ectodérmica hipohidrótica:apresentação de dois casos. Rev. Bras. Odontol., 41(6):14-17,nov./dez. 1984.

8.MALLMANN - MUHLBERGER, E.; HELWIG, H. Familiãreektodermale Displasie vom hidrostishen typ. Am.

Paediatr_ (Basel), 202:358 - 70, 1964.9.MARCUCCI, G. Anomalias de desenvolvimento. In:

TOMMASI, A. F. Diagnóstico bucal. São Paulo: Medisa,1977, p. 376-8.

10.ORTEGA, K. L.; ALMEIDA. C. E. A. L.; NATALINO, N. R.S.Displasia ectodérmica anidrótica hereditária. Rev. Ass.Paul. Cirurg. Dent., 49(6):473-75, nov./dez. 1995.

11.RAMOS, D. C.; MORAES, E.Displasia ectodérmica -apresentação de um caso com a sugestão de melhorar ascaracterísticas estéticas, funcionais e psicológicas por meiode prótese removível.OM, 15(7): 18-23, ago. 1988.

12. UPSHAW, B. Y.; MONTGOMERY, H. Hereditary anhidroticectodermal Dysplasia; clinical and pathologic study. ArchDermatol. & Syph, 60:1170-83, Dec. 1949.

13.FINN, S. B. Odontopediatria Clínica. Buenos Ayres: Ed.Bibliográfica argentina, 1955, p. 528 -32.

14.McDONALD, R. E. & AVERY, D. R. Odontopediatria. 41ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara - Koogan, 1986, p. 66-69.

15.KOCK, G.; MEXEER, T.; POUSENS, S.; PER, K.Odontopediatria: uma abordagem clínica. São Paulo: Ed.Santos, 1995, p. 256 -7.

16.CORRÊA, M. S. N. P. Odontopediatria na primeirainfância. São Paulo: Ed. Santos, p. 622-3.

Page 86: Ciências Odontológicas nº 5

86

Revista Ciências Odontológicas

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

ClínicaOdontológica

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Page 87: Ciências Odontológicas nº 5

87

ANO 5, nº 5, 2002

INTRODUÇÃO

Os objetivos a serem atingidos pela obturação docanal radicular podem ser divididos em duascategorias: os de natureza técnica e os de naturezabiológica. Os primeiros estão relacionados à perfeitaobturação dos canais radiculares (VALLERA16, 1995;DUARTE4, 1996), que, dentre outros fatores, exigemque o cimento obturador apresente algumaspropriedades físico-químicas que proporcionem umbom selamento marginal. Os de natureza biológicaestão relacionados à biocompatibilidade dassubstâncias utilizadas e, se possível, de induzir oselamento dos forames apicais, através da deposiçãode tecido mineralizado.

Os efeitos terapêuticos do hidróxido de cálcio jásão bastante conhecidos, cuja característica

principal é a sua capacidade de induzir a deposiçãode tecido calcificado. Essa característica estimulouos fabricantes a introduzi-lo na composição dealguns cimentos obturadores de canal. Nessadireção, os primeiros ensaios foram realizados porOLIVEIRA10 (1977) e BERBERT2 (1978), queconstataram que o acréscimo do hidróxido de cálcioao AH26 melhorou sua propriedade biológica.Provavelmente, em função desses resultados,surgiu no mercado o Sealer 26, que contém, no pó,37% de hidróxido de cálcio. Além desse, outroscimentos surgiram, contendo diferentes proporçõesde hidróxido de cálcio em sua base, como o Apexit,com 35%, o CRCS, com quantidade não revelada, eo Sealapex, com 24% de óxido de cálcio.

Sem dúvida, a quantidade de hidróxido de cálcionecessária para a ocorrência do estímulo ao reparo

COMPORTAMENTO BIOLÓGICO DE DENTES DE CÃES A UM CIMENTOEXPERIMENTAL À BASE DE RESINA PLÁSTICA ACRESCIDO OU NÃO DE HIDRÓXIDO

DE CÁLCIO

BIOLOGICAL BEHAVIOUR OF DOGS’ TEETH TO AN EXPERIMENTAL PLASTIC RESINSEALER WITH OR WITHOUT CALCIUM HYDROXIDE

Simone Nalin Guardia FAVINHA*Valdir de SOUZA**

Roberto HOLLAND**Eloi DEZAN JUNIOR***

Mauro Juvenal NERY***Pedro Felício Estrada BERNABÉ***

José Arlindo OTOBONI FILHO***

O objetivo do presente trabalho foi o de analisar a biocompatibilidade de um cimento experimental à base deresina plástica (óxido de zinco, urotropina e salol), com ou sem o acréscimo de hidróxido de cálcio, em diferentesproporções. Para tanto, 49 canais radiculares de dentes de cães com polpas vitais foram submetidos ao preparobiomecânico, com perfuração e ampliação da barreira cementária apical até a lima Kerr 25, seguindo-se a aplicaçãode um curativo de corticosteróide-antibiótico. Sete dias após, os canais foram obturados com os cimentosexperimentais, sendo um sem hidróxido de cálcio e os demais contendo 10, 20 ou 30% dessa substância. Osresultados foram analisados 180 dias após o tratamento e os dados obtidos foram quantificados através de escoresatribuídos aos diversos eventos histomorfológicos presentes, para que pudessem ser submetidos à análise estatística.Constatou-se que os melhores resultados ocorreram com o cimento que continha 30% de hidróxido de cálcio.Observou-se, também, que os cimentos sem hidróxido de cálcio ou acrescidos de 10% dessa substânciaapresentaram resultados semelhantes entre si.

UNITERMOS: Cimento obturador de canal; compatibilidade biológica; reparo periapical.

* Mestre em Clínica Odontológica da Faculdade de Ciências Odontológicas da UNIMAR, Marília - SP, Brasil.** Pós-Graduação em Clínica Odontológica da Faculdade de Ciências Odontológicas da UNIMAR, Marília – SP, Brasil. Professores de Endodontia daFaculdade de Odontologia da UNESP , Araçatuba – SP, Brasil.*** Professores de Endodontia da Faculdade de Odontologia da UNESP, Araçatuba – SP, Brasil.

Page 88: Ciências Odontológicas nº 5

88

Revista Ciências Odontológicas

é discutível. Sabe-se que o seu coeficiente desolubilidade é baixo, o que significa que aquantidade de hidróxido de cálcio atuante é pequena.Portanto, torna-se interessante determinar qual aquantidade necessária dessa substância nacomposição dos cimentos obturadores de canal, parase obter os melhores resultados. A importância dese utilizar menores quantidades certamenteevitaria maiores interferências nas propriedadesfísicas do cimento. O presente trabalho foidirecionado para se avaliar a quantidade mínimade hidróxido de cálcio a ser acrescentada a umcimento resinoso, a fim de obter os melhoresresultados biológicos.

MATERIAL E MÉTODO

O presente trabalho foi realizado em 49 canaisradiculares de incisivos e pré-molares de cães comvitalidade pulpar. Após a pulpectomia, os canaisforam instrumentados até a lima Kerr # 40, comperfuração da barreira cementária apical e dilataçãodo trajeto cementário até a lima Kerr # 25. Comosolução irrigadora, foi utilizado o soro fisiológico.Concluído o preparo, os canais receberam umcurativo de corticoteróide-antibiótico (Otosporin) por7 dias. Após esse período, os canais foram obturadospela técnica da condensação lateral, utilizando-seum cimento experimental à base de óxido de zinco(83,5%), urotropina (11%) e salol (5,5%), acrescidoou não de hidróxido de cálcio nas proporções de 10,20 e 30%. Para o acréscimo dessa substância,reduziu-se a quantidade de óxido de zinco nasmesmas proporções. O componente resinosoutilizado para espatulação dos 4 cimentos foicomposto pelo éter diglicidil bisfenol A, pelahexametilenotetramina e pelo butil fitalato. Comocontrole, após a remoção da medição intra-canal,irrigação e secagem, os canais permaneceramvazios, efetuando-se apenas o selamento coronário.

O Quadro 1 resume a seqüência terapêuticautilizada nos diversos grupos.

Decorridos 6 meses do tratamento, os animaisforam sacrificados e as peças obtidas preparadaspara análise histomorfológica. Os cortes obtidosforam corados pela hematoxilina e eosina e pelométodo de Brown & Brenn. Para a interpretação dosresultados, foram considerados 16 eventos, queestão contidos no Quadro 2, conforme os critériosestabelecidos por PANZARINI11 (1996), aos quaisforam atribuídas magnitudes registradas sob aforma de escores de 1 a 4, onde 1 corresponde aomelhor tipo de reparação e 4 ao pior. Dessa maneira,os dados obtidos possibilitaram a aplicação da análiseestatística.

RESULTADOS

Cimento experimental sem hidróxído de cálcio

Em todos os espécimes, ocorreu neoformação decemento, geralmente eosinófilo, exceção feita a doisespécimes em que se observou apenas delgadacamada de cemento basófilo (Figura 1). O cementoneoformado exibiu espessura variável entre 4 e 60micrometros, com uma média de 23. Em 4 casos,não se observou deposição de cemento junto ao canalprincipal. Em 1 caso, o cemento neoformado foidepositado nas paredes cementárias e de dentinada porção mais apical do canal principal. Essecemento era contínuo com aquele que revestia oápice do dente, e atingiu o material obturador.Nesse local, observou-se deposição de cemento emcontato direto com o material obturador, formandoum selamento biológico parcial, aliado à ausênciade infiltrado inflamatório, no tecido conjuntivoinvaginado.

Na metade dos espécimes, o cemento neoformadoe tecido conjuntivo do ligamento periodontaladentraram o interior do canal principal,

Quadro 1 – Características dos grupos experimentais e controle GRUPOS NÚMERO

DE CANAIS 1a SESSÃO 2a SESSÃO

I 11 Otosporin Cimento sem Ca(OH)2

II 11 Otosporin Cimento com 10% de Ca(OH)2

III 11 Otosporin Cimento com 20% de Ca(OH)2

IV 11 Otosporin Cimento com 30% de Ca(OH)2

Controle 5 Otosporin Sem obturação

Page 89: Ciências Odontológicas nº 5

89

ANO 5, nº 5, 2002

Os pequenos canais que compõem o delta apicalexibiram selamento biológico completo em apenas1 caso. Nos demais, o selamento biológico completofoi observado apenas em alguns desses canais,estando totalmente ausente em 4 espécimes(Figura 1).

Em todos os espécimes deste grupo experimental,o limite do material obturador restringiu-se aointerior do canal radicular, a uma distância do forâmeapical que variou de 1 a 2 milímetros. Em 4 dosespécimes, ocorreu presença de poucos detritos juntoà porção mais apical do material obturador. Nesselocal, à exceção de 2 casos, os demais exibirampresença de células gigantes de corpo estranho.

O ligamento periodontal exibiu espessuravariável entre 115 e 613 micrometros, com umamédia de 261. Em 3 casos, não foi observadapresença de infiltrado inflamatório. Nos demais, oinfiltrado inflamatório do tipo crônico, caracterizadopela presença de linfócitos, plasmócitos emacrófagos, esteve presente, variando deintensidade e extensão. Em apenas 3 casos, oligamento estava bem organizado. Em um caso,estava totalmente desorganizado, enquanto que nosrestantes a organização era parcial.

A coloração de Brown & Brenn identificoupresença de cocos Gram-positivos em 2 espécimes.Esses microrganismos foram detectados junto adetritos interpostos entre o material obturador e aporção mais apical do canal radicular.

Cimento experimental com 10% de hidróxido decálcio

Em todos os espécimes, foi observado cementoneoformado do tipo eosinófilo, com espessuravariável entre 3 e 62 micrometros e média de 14.Além do cemento eosinófilo, notou-se tambémcemento basófilo, este constituído geralmente pordelgada camada. O cemento neoformado determinoua ocorrência de selamento biológico completo doforâme do canal principal, em 2 espécimes. Em 4casos, houve invaginação de tecido conjuntivo doligamento e deposição de cemento nas paredescementárias e dentinárias do canal principal,atingindo o material obturador do canal. Havia umacontinuidade entre o cemento que revestia o ápicedo dente com o depositado no interior do canal. Otecido conjuntivo invaginado, à exceção de 1 caso,nos 3 restantes exibiu pequeno infiltradoinflamatório do tipo crônico e poucas célulasgigantes, na proximidade do material obturador. Ospequenos canais que compõem os deltas apicaisestavam todos completamente selados em 5 casos(Figura 3). Nos demais casos, algumas ramificaçõesestavam seladas, enquanto que em 2 espécimesnenhuma ramificação exibiu selamento biológico.Em 4 espécimes, não se observou neoformação decemento junto ao forâme principal.

Figura 1 – Grupo I - O tecido conjuntivo invaginou pelo canal principalaté o limite mais apical do material obturador. Note-se que nãohouve deposição intracanal de cemento eosinófilo. H.E. 100X.

Figura 2 – Grupo I - Observar tecido conjuntivo invaginado e cementoeosinófilo intracanal contínuo com o depositado na superfície doápice dental. H.E. 100X.

alcançando o material obturador (Figura 2). Nessescasos, no entanto, o cemento neoformado apenasrevestia as paredes de cemento e dentina. Na porçãodo tecido conjuntivo em contato com o materialobturador, podia ser observado discreto infiltradoinflamatório do tipo crônico e poucas célulasgigantes de corpo estranho.

Page 90: Ciências Odontológicas nº 5

90

Revista Ciências Odontológicas

Em 9 espécimes, o limite da obturação esteverestrito ao interior do canal radicular, distando doforâme de 0,5 a 2 milímetros. Em 1 caso, ocorreusobreobturação. O material extravasado estavaenvolvido por cápsula fibrosa e células gigantes decorpo estranho. Além disso, notou-se tambéminfiltrado inflamatório do tipo crônico, sendo evidentea presença de linfócitos, plasmócitos e macrófagos.

O ligamento periodontal exibiu espessuravariável entre 77 e 462 micrometros, com umamédia de 258. Três casos estavam com o ligamentoperiodontal bem organizado, 3 não exibiamorganização de suas fibras, enquanto que norestante notou-se apenas organização parcial. Oinfiltrado inflamatório, quando presente, era deintensidade e extensão variável e geralmente dotipo crônico (Figura 4). Em 2 casos, ocorreu também

presença de neutrófilos, inclusive commicroabscessos evidentes. À exceção de 4 casos,nos demais foi possível observar-se células gigantes,enquanto que em 5 espécimes havia detritos, emquantidade variável, junto à porção mais apical domaterial obturador.

A coloração de Brown & Brenn detectou cocosGram-positivos em 2 espécimes. Osmicrorganismos estavam presentes na porção maiscoronária de ramificações do delta apical ou emdetritos condensados durante a instrumentação.

Cimento experimental com 20% de hidróxido decálcio

Todos os espécimes exibiram cemento eosinófiloneoformado, e eventualmente basófilo, recobrindoos ápices dos dentes. A espessura do cementovariava de 5 a 63 micrometros, com média de 28.Em 4 casos, houve selamento biológico completo doforâme apical (Figura 5). Em 1 espécime o selamentobiológico foi considerado parcial, enquanto que em

Figura 3 – Grupo II - Detalhe do selamento biológico de uma ramificaçãodo canal principal e ligamento periodontal bem organizado. H.E.200X.

Figura 4 – Grupo II - O cemento neoformado reveste a parede cementáriado canal principal. O tecido conjuntivo invaginado exibe infiltradoinflamatório do tipo crônico. H.E. 100X.

2 casos houve invaginação do tecido conjuntivo doperiodonto para o interior do canal principal,ocorrendo deposição do cemento neoformado até asimediações do material obturador (Figura 6). Otecido conjuntivo invaginado exibia, junto domaterial obturador, poucas células inflamatórias dotipo crônico e algumas células gigantes de corpoestranho. Em 3 casos, não ocorreu presença decemento neoformado, no interior do canal principal.Os pequenos canais que compõem o delta apicalexibiram-se com selamento biológico completo, em3 casos, selamento biológico completo na maioria

Figura 5 – Grupo III - Observar cemento eosinófilo celular selando porcompleto o forame do canal principal. H.E. 200X.

Page 91: Ciências Odontológicas nº 5

91

ANO 5, nº 5, 2002

das ramificações em 4 espécimes, enquanto queem 2 espécimes nenhum selamento foi observado.

O limite do material obturador, em 9 casos, esteveaquém do forâme apical, em distâncias variadas.Em 1 caso, houve sobreobturação. O materialextravasado foi envolvido, em alguns locais, porcápsula fibrosa, em outros por células gigantes decorpo estranho e intenso processo inflamatório dotipo crônico, composto por linfócitos, plasmócitos emacrófagos.

Células gigantes foram observadas em 7 casos edetritos em 5 espécimes, sempre na porção maisapical do material obturador. O ligamentoperiodontal exibiu espessura variando entre 80 e616 micrometros, com uma média de 236. Emmetade dos espécimes, o ligamento estava bemorganizado, em 1 totalmente desorganizado,enquanto que nos restantes a organização eraparcial. A coloração de Brown & Brenn não detectoupresença de microrganismos em nenhumespécime.

Cimento experimental com 30% de hidróxido decálcio

Observou-se, em todos os espécimes, cementoneoformado do tipo eosinófilo recobrindo o cementoapical pré-existente, ou mesmo reparandocompletamente pequenas áreas de reabsorção. Essecemento neoformado determinou o selamentobiológico completo dos forâmes apicais de 4 casos(Figuras 7 e 8). Nos demais, observou-seinvaginação do tecido conjuntivo do periodonto

apical até o limite mais apical do material obturador.Nesses casos, também houve neoformação decemento eosinófilo, recobrindo as paredescementárias e dentinárias da porção não obturadados canais principais. O tecido conjuntivoinvaginado exibia ou não, em sua porção maiscoronária, pequeno infiltrado inflamatório do tipocrônico e células gigantes de corpo estranho. Emtodos esses espécimes, observou-se que o cementoneoformado, que revestia as paredes do canalprincipal, era continuo com o cemento que recobriao ápice da raiz dos dentes. Em 6 espécimes, todasas ramificações dos canais principais exibiramselamento biológico completo. Os demais casosexibiram selamento biológico completo, na maioriadessas ramificações. Nos casos sem selamento, a

Figura 7 – Selamento biológico completo por deposição de cementoeosinófilo, adentrando o interior do canal principal. H.E. 100X.

Figura 6 – Grupo III - O cemento neoformado reveste as paredes do canalprincipal até a porção mais apical do material obturador. Notarque esse cemento é uma extensão do cemento neoformado quereveste a porção apical. H.E. 200X.

Figura 8 – Notar presença do selamento biológico completo, por cementoneoformado, e ausência de infiltrado inflamatório. H.E. 100X.

Page 92: Ciências Odontológicas nº 5

92

Revista Ciências Odontológicas

porção mais coronária dessas ramificações exibia-se fibrosada.

O limite da obturação, em todos os espécimes,estava situado dentro do canal, afastado do forâmeapical em diferentes magnitudes, que iam de 0,4 a2,0 milímetros. Detritos estiveram presentes empequena quantidade, e em apenas 3 casos, entre aporção mais coronária do tecido invaginado e aporção mais apical do material obturador. Oligamento periodontal exibiu espessura que varioude 110 a 231 micrometros, com uma média de 160.Em 8 casos, o ligamento periodontal estava bemorganizado, com suas fibras inserindo-se no osso ecemento neoformado (Figura 7). Em dois casos, essaorganização era parcial.

A coloração de Brown & Brenn não identificoupresença de microrganismos em nenhum dos 10espécimes desse grupo experimental.

Grupo Controle

Dos 5 casos tomados como controle, semobturação do canal radicular, 2 evidenciaramresultados diferentes dos outros 3. Assim, notou-seinvaginação de tecido conjuntivo periodontal para ointerior do canal, bem como cemento neoformado,contínuo com o periapical, recobrindo o canalcementário e parte das paredes de dentina. O tecidoconjuntivo invaginado exibia na sua porção maiscoronária infiltrado inflamatório do tipo agudo e,mais abaixo, infiltrado linfo-histo-plasmocitário.

O ligamento periodontal exibiu espessura médiaao redor de 200 micrometros, estando isento deprocesso inflamatório.

Os outros 3 espécimes caracterizaram-se porexibir áreas múltiplas de reabsorção cementária,ativas ou não. Além disso, notou-se espaço doligamento periodontal espessado, com uma médiade 1600 micrometros, ocupado por tecido conjuntivocom intenso processo inflamatório do tipo crônico econtendo microabscessos múltiplos. A coloração deBrown & Brenn, nesses espécimes, evidencioupresença de microrganismos em diferenteslocalidades. Assim, bactérias Gram-positivasestavam presentes no canal principal, túbulosdentinários e ramificações do canal principal. Alémdisso, bactérias Gram-positivas e Gram-negativasforam observadas no interior de cementoplastos.

As médias das quantificações atribuídas a todosos espécimes de cada grupo experimental, para cadaevento histomorfológico considerado, bem como asmédias globais de cada um, acham-se expressos noQuadro 2.

Os dados do Quadro 2, submetidos à análiseestatística pelo método de Kruskal-Wallis, permitiuconstatar que o grupo IV apresentou resultadosignificativamente superior aos demais, no nívelde 1% (p = 0,01). Por outro lado, os pioresdesempenhos foram observados nos grupos I e II,entre os quais não houve diferença significativa (p= 0,01).

DISCUSSÃO

Embora em nenhum caso do grupo controle tenhaocorrido reparo, em dois houve invaginação de tecidoconjuntivo para o interior do canal e o ligamentoperiapical apresentou-se isento de inflamação. Essedado, já apontado anteriormente (HOLLAND;SOUZA6, 1985), provavelmente ocorra em condiçõesfavoráveis, como ausência de contaminação.Contudo, a presença do infiltrado inflamatório podeser um indicativo de uma possível degeneraçãofutura em função de uma nova agressão,provavelmente bacteriana, cuja contaminação podeadvir por via anacorética (ALLARD et al.1, 1979;TZIAFAS14, 1989), por proliferação de bactériasresiduais oriundas dos procedimentos operatóriosou por infiltração marginal coronária(CHAILERTVANITKUL et al.3, 1997; PISANO et al.12,1998).

Em relação aos grupos experimentais, nossosresultados são concordes com os de BERBERT2 (1978),que constatou resposta mais favorável ao cimentoAH26, quando acrescentava 20% de hidróxido decálcio ao produto. A proporcionalidade direta demelhores resultados com a quantidade de hidróxidode cálcio, nas formulações, deixa evidente que essasubstância mantém suas propriedadescaracterísticas após a mistura com o líquido.

O modo de ação do hidróxido de cálcio, através deseus ions hidroxila e cálcio, já é bastante conhecido.Os primeiros são os responsáveis pela elevação aaltos níveis do pH da mistura e estão diretamenteenvolvidos com a atividade antibacteriana dohidróxido de cálcio. Os ions cálcio, por sua vez, estãodiretamente relacionados à atividade reparadora,participando da precipitação inicial do carbonato decálcio, na forma de cristais de calcita, que estimulaa calcificação distrófica que se deposita junto aessas granulações (HOLLAND et al.7, 1982a;KAWAKAMI et al.8, 1987) e à rica rede defibronectina, que serviria para ordenar o estágioinicial da diferenciação dos novos fibroblastos emcementoblastos (SEUX et al.13, 1991; TZIAFAS etal.15, 1992).

Page 93: Ciências Odontológicas nº 5

93

ANO 5, nº 5, 2002

Tomando-se como base o modo de ação dohidróxido de cálcio, justifica-se a interpretação denossos resultados, em que quantidades maioresdessa substância proporcionam os melhoresresultados, desde que a liberação de ions cálcio sejamaior. Por outro lado, o acréscimo de 10% não foisignificante para melhorar o desempenho docimento experimental. Esse resultado sugere que,sob o ponto de vista biológico, o acréscimo de maioresquantidades de hidróxido de cálcio favorece o reparo.Segundo OLIVEIRA10 (1977), a resposta tecidualestaria relacionada à quantidade de hidróxido de

cálcio na composição do cimento e à quantidade deéter de diglicidil bisfenol A livre após a mistura.

Em relação à quantidade de hidróxido de cálcio,OLIVEIRA10 (1977), estudando seu acréscimo aocimento AH26 nas proporções de 5, 10, 20 e 40%,constatou que, embora as maiores concentraçõesapresentassem efeito indutor de calcificação maior,o pH em todos situou-se ao redor de 11imediatamente após a manipulação e em torno de10 após 48 horas, quando a polimerização secompletava. Isto significa que o hidróxido de cálciosempre foi atuante em qualquer proporção.

Quadro 2 – Médias ponderadas obtidas nos diversos grupos experimentais, tomando-se como base os escores atribuídos aos diferentes eventos histomorfológicos considerados.

GRUPOS EXPERIMENTAIS

CRITÉRIOS HISTOLÓGICOS ANALISADOS I II III IV

ESPESSURA 2,4 2,4 2,2 2,5

EXTENSÃO 1,2 1,1 1,1 1,0

SEL.BIOL.FORAMES ACESSÓRIOS 2,6 2,0 2,2 1,4

N E O F R

M. *

SEL.BIOL. FORAME PRINCIPAL**** 3,3 3,0 2,4 2,2

C E M E N T O REABSORÇÃO 1,1 1,3 1,1 1,0

TECIDO ÓSSEO – REABSORÇÃO 1,4 1,9 1,4 1,1

INTENSIDADE 2,4 2,4 2,2 2,5

A G U D O EXTENSÃO 1,2 1,1 1,1 1,0

INTENSIDADE 2,6 2,0 2,2 1,4

I N F.

I N F. **

C R Ô N I C O EXTENSÃO 3,3 3,0 2,4 2,2

ESPESSURA 1,9 2,1 1,8 1,2 L

I G.

***

ORGANIZAÇÃO 1,9 2,4 1,8 1,3

LIMITE DA OBTURAÇÃO 1,0 1,3 1,2 1,0

DETRITOS 1,5 1,7 1,6 1,3

CÉLULAS GIGANTES 1,9 1,8 1,9 1,6

BACTÉRIAS 1,6 1,6 1,0 1,0

MÉDIAS GLOBAIS (MÉDIAS PONDERADAS) 1,79 1,88 1,59 1,32

* Neoform = neoformado ** Inf. Inf. = infiltrado inflamatório *** Lig. = ligamento periodontal

**** Sel. Biol. = selamento biológico

Page 94: Ciências Odontológicas nº 5

94

Revista Ciências Odontológicas

Em relação ao componente resinoso, OLIVEIRA10

(1977) admite que, quanto maior for a quantidadede hidróxido de cálcio na mistura, maior deverá sera quantidade de éter de diglicidil bisfenol A livreapós o endurecimento, porque a quantidade doscomponentes essenciais à polimerização estarádiminuída. Isto explicaria o nivelamento dosresultados que encontramos com as concentraçõesde 20 e 30% de hidróxido de cálcio, na composiçãodos cimentos, porque a menor capacidade indutoraà calcificação do primeiro seria compensada pelamenor quantidade de éter de diglicidil bisfenol Alivre. Por outro lado, com apenas 10% daquelasubstância, a capacidade indutora de calcificaçãofoi muito pequena, sem diferença estatísticasignificante em relação ao grupo experimental, emque o cimento foi empregado sem o hidróxido decálcio.

O potencial irritante do éter de diglicidil bisfenolA foi demonstrada por ERAUSQUIN; MURUZÁBAL5

(1970), que, obturando canais radiculares de dentesde rato com resinas epóxicas industriais,constataram uma relação direta entre a quantidadede resina nos cimentos plásticos e a intensidadeda reação inflamatória periapical.

Além do éter de diglicidil bisfenol A, participamdo líquido dos cimentos experimentais estudados ahexametilenotetramina e o butil fitalato. SegundoLIA et al.9 (1988), a primeira é o componente menosirritante do líquido do AH26 e o segundo, cujoacréscimo foi o de tornar a resina mais elástica,ainda não foi explorado biologicamente.

Dentro das limitações em que a análisemicrobiológica foi efetuada, no presente trabalho,um dado interessante foi a correlação entre aspresenças de infiltrado inflamatório agudo e debactérias. Comparando os diversos grupos,observamos que os microrganismos estiverampresentes em 60% dos canais do grupo controle, em20% nos canais obturados com o cimento contendo10% de hidróxido de cálcio, e ausentes nos canaisobturados com os cimentos contendo 20 ou 30%dessa substância. Sem dúvida, esse dado demonstraque maiores concentrações de hidróxido de cálcio,através dos ions hidroxilas, proporcionam umambiente mais desfavorável à instalação eproliferação bacteriana. Resta saber, contudo, se oacréscimo de maiores proporções de hidróxido decálcio a um cimento não interfere na qualidade doselamento marginal apical.

CONCLUSÃO

Dentro das condições experimentais do presentetrabalho, e baseado em seus resultados, pode-sechegar às seguintes conclusões:

1. O cimento experimental contendo 30% dehidróxido de cálcio em sua formulação proporcionousignificativamente os melhores resultados.

2. Estatisticamente, não houve diferençasignificativa entre os cimentos experimentais semou com 10% de hidróxido de cálcio em suasformulações.

The subject of this research was to analíse the bíocompatíbility of one experimental plastic resin sealer (zincoxide, urotropin and salol) with or without different amounts of calcium hydroxide. Forty root canals of dogs’teeth were biomecanically prepared with an over-instrumentation up to K-fiIe # 25 and a dressing with acorticosteroid-antibiotic solution for 7 days. The root canals were then filled with a sealer without calciumhydroxide and 3 sealers with 10, 20 and 30% of this drug. One hundred and eighty days after the treatment theresults were evaluated by scores attributed to the different histomorphological data and them subjected to statisticalanalysis. The best results were observed with the sealer with 30% of calcium hydroxide. It was also observedthat the cements without calcium hydroxide or with 10% of this drug exhibited similar results between thenselves.

UNITERMS: Root canal sealer; biological compatibility; periapical behavior.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.ALLARD, V. et al. Experimental infections withstaphylococcus aureus, streptococcus sanguis,pseudomonas aeruginosa, and bacteroides fragilis in thejaws of dogs. Oral Surg Oral Med Oral Pathol, v.48, n.5,p.454-62, Nov. 1979.

2.BERBERT, A. Comportamento dos tecidos apicais eperiapicais após biopulpectomia e obturação do canalcom AH26, hidróxido de cálcio ou mistura de ambos:

estudo histológico em dentes de cães. Bauru, 1978. 174p.Tese (Livre-Docência) – Faculdade de Odontologia,Universidade de São Paulo.

3.CHAILERTVANITKUL, P.; SAUNDERS, W. P.; MACKENZIE,E. Coronal leakage of obturated root canals after long-term storage using a polymicrobial marker. J Endod, v.23,n.10, p.610-3, 1997.

4.DUARTE, M. A. H. Avaliação in vitro do poder anti-

Page 95: Ciências Odontológicas nº 5

95

ANO 5, nº 5, 2002

séptico e pH de cimentos e pastas empregadas naprática endodôntica. Bauru, 1996. Dissertação(Mestrado) – Faculdade de Odontologia, Universidade deSão Paulo.

5.ERAUSQUIN, J.; MURUZÁBAL, M. Tissue reaction to rootcanal fillings with plastic cements. Oral Surg Oral MedOral Pathol, v.29, n.1, p.91-101, Jan. 1970.

6.HOLLAND, R.; SOUZA, V. Ability of a new calciumhydroxide root canal filling material to induce hard tissueformation. J Endod, v.11, n.12, p.535-43, Dec. 1985.

7.HOLLAND, R. et al. Histochemical analysis of the dogs’dental pulp after pulp capping with calcium, barium andstrontium hydroxides. J Endod, v.8, n.10, p.444-7, Oct.1982a.

8.KAWAKAMI, T. et al. Fate of 45Ca – labeled calciumhydroxide in a root canal filling paste embedded in ratsubcutaneous tissues. J Endod, v.13, n.5, p.220-3, May1987.

9.LIA, R. C. C. et al. Análise histopatológica comparativados componentes do cimento AH26. Rev Odontol UNESP,v.17, n.1/2, p.7-18, 1988.

10.OLIVEIRA, A. S. Análises histopatológicas do tecidoconjuntivo subcutâneo de ratos a implantes de cimentoAH26 puro e acrescido de hidróxido de cálcio emdiversas proporções. Bauru, 1977. Dissertação (Mestrado)– Faculdade de Odontologia, Universidade de São Paulo.

11.PANZARINI, S. R. B. Tratamento de dentes com lesõesperiapicais. Influência de diferentes tipos de curativode demora e material obturador de canal. Araçatuba,1996. 150p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade deOdontologia, Universidade Estadual Paulista.

12.PISANO, D. M.et al. Intraorifice sealing of gutta-perchaobturated root canals to prevent coronal microleakage. JEndod, v.24, n.10, p.659-62, 1998.

13.SEUX, D. et al. Odontoblast-like cytodifferentiation ofhuman dental pulp cells in vitro in the presence of acalcium hydroxide-containing cement. Arch Oral Biol,v.36, p.117-28, 1991.

14.TZIAFAS, D. Experimental bacterial anachoresis in dogdental pulps capped with calcium hydroxide. J Endod,v.15, n.12, p.591-5, Dec. 1989.

15.TZIAFAS, D.; ALVANOU, A.; KAIDOGLOU, K.Dentinogenic activity of allogenic plasma fibronectin ondog dental pulp. J Dent Res, v.71, n.5, p.1189-95, May1992.

16.VALLERA, M. C. Estudo da compatibilidade biológicade alguns cimentos endodônticos à base de hidróxidode cálcio e um cimento de ionômero de vidro: avaliaçãodo selamento marginal apical e análise morfológica pormicroscopia de força atômica Araraquara, 1995. 333p.Tese (Doutorado) – Faculdade de Odontologia, UniversidadeEstadual Paulista.

Page 96: Ciências Odontológicas nº 5

96

Revista Ciências Odontológicas

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

ClínicaOdontológica

ClínicaOdontológica

Page 97: Ciências Odontológicas nº 5

97

ANO 5, nº 5, 2002

INTRODUÇÃO

No processo de reparação alveolar após aexodontia no nível da mucosa gengival, tem há aparticipação dos tecidos epitelial e conjuntivo. Dessaforma, para que ocorra a cobertura do alvéolo dentaldentro dos limites considerados normais, énecessário que o organismo encontre as condiçõeslocais e gerais satisfatórias 3, 4.

Dentre os fatores locais que podem interferir nareparação tecidual, pode ser destacada a sutura.Assim, nas feridas de extração dental, a sutura damucosa gengival constitui um procedimento derotina que, além de favorecer a regeneraçãoepitelial, protege o coágulo sangüíneo formado nointerior do alvéolo dental, que é importante para oinício da proliferação fibroblástica e capilar 15, 16.

A variação do material de sutura empregado, damesma maneira, pode interferir no início equalidade do processo de reparação alveolar. Assim,o fio de sutura não deve ser irritante para os tecidos,

REAÇÃO DA MUCOSA GENGIVAL E ALVÉOLO DENTAL APÓS EXODONTIA ESUTURAS COM FIOS DE POLIÉSTER SILICONIZADO E POLIBUTÉSTER. ESTUDO

MICROSCÓPICO COMPARATIVO EM RATOS

REACTION OF GINGIVAL MUCOSA AND DENTAL ALVEOLUS AFTER TOOTHEXTRACTION AND SILICONIZED POLYESTER AND POLIBUTESTER SUTURES.

COMPARATIVE MICROSCOPICAL STUDY IN RATS

Tetuo OKAMOTO **Carlos Alessandro QUINTO **

Dentre fatores locais que podem interferir no processo de reparação tecidual, encontra-se a sutura das bordas daferida que possibilita a sua coaptação. Por outro lado, o tipo de fio de sutura utilizado pode também alterar aqualidade e a evolução da reparação tecidual. No presente trabalho, foi realizado um estudo comparativo entre ofio de poliéster (multifilamentar) e polibutéster (monofilamentar) em suturas gengivais após extração dental. Paratanto, foram empregados 48 ratos divididos em 2 grupos de 24. No grupo I, após a extração do incisivo superiordireito, a mucosa gengival foi coaptada e suturada com fio de poliéster e, no grupo II, após o mesmo procedimento,a mucosa gengival foi coaptada e suturada com fio de polibutéster. Os animais, em número de 6 para cada grupo,foram sacrificados aos 3, 7, 15 e 24 dias após o ato cirúrgico. As peças obtidas, após processamento laboratorialde rotina, foram incluídas em parafina para microtomia. Os cortes semi-seriados obtidos foram corados emhematoxilina e eosina, para estudo microscópico. Os resultados obtidos, tanto no nível da mucosa gengivalquanto no do alvéolo dental, mostram a reparação mais favorável com o emprego do fio de polibutéster.

UNITERMOS: Fio de sutura; poliéster; polibutéster.

* Professor Titular do Programa de Pós-Graduação em Clínica Odontológica - Área de Cirurgia Buco-Maxilo-Facial da Faculdade de Ciências Odontológicasda UNIMAR, Marília - SP, Brasil.** Mestre Clínica Odontológica - Área de Cirurgia Buco-Maxilo-Facial da Faculdade de Ciências Odontológicas da UNIMAR, Marília - SP, Brasil.

possibilitando uma fase inflamatória de discretaintensidade e curta duração. Além disso, não deveretardar a proliferação fibroblástica e capilar,conservando inalterada a resistência à tração, pelomenos durante a fase exsudativa da inflamação 06.

Especificamente na cavidade bucal, podem serencontrados, na literatura, inúmeros estudos queprocuram avaliar as reações da mucosa bucal aosdiferentes materiais de sutura 08, 09, 16, 17, 18, 20, 22.

Esses estudos indicam a superioridade dos fiossintéticos, sob o ponto de vista da aceitaçãobiológica, sobre aqueles de origem vegetal ouanimal, sob todos os aspectos.

Atualmente, o fio de nylon é aquele que apresentamelhor biocompatibilidade, tanto pelas própriascaracterísticas biológicas do material, quanto pelofato de ser monofilamentar, o que impede,praticamente, a embebição por fluidos bucais,dificultando a proliferação bacteriana sobre o fio07.

É necessário salientar, no entanto, que emsuturas realizadas na mucosa bucal, o fio de nylon

Page 98: Ciências Odontológicas nº 5

98

Revista Ciências Odontológicas

é pouco indicado, por apresentar o inconvenientede ter as pontas rígidas, que traumatizam asestruturas bucais adjacentes 01.

Dessa forma, a preferência tem recaído sobreoutros fios de origem sintética, como poliéster,poliglactina 910 e ácido poliglicólico, estes doisúltimos, reabsorvíveis 02.

O poliéster, que é um fio multifilamentar,estirado e não absorvível, tem apresentado reaçãoinflamatória pouco intensa e de pequena duração,tanto em suturas superficiais, quanto em profundas03, 04, 15. Em suturas profundas, no entanto, omaterial tem provocado reação de corpo estranho, oque pode retardar a formação de tecido conjuntivofibroso que, em períodos longos, deve encapsular omaterial de sutura.

Recentemente, foi lançado no mercado um fiomonofilamentar à base de polibutéster, que pareceapresentar propriedades físicas e biológicasexcelentes 18,21. Por ser monofilamentar, poderáprovocar reação tecidual mais favorável, em suturasda mucosa gengival.

Assim, parece-nos de alto interesse clínico oresultado do estudo comparativo entre os fios depoliéster siliconizado e polibutéster, em suturasda mucosa gengival após exodontia, por meio decortes histológicos.

MATERIAL E MÉTODOS

Para o desenvolvimento deste trabalho, foramempregados 48 ratos (Rattus norvegicus albinus,Wistar) machos, com peso variando entre 200 e250 gramas.

Esses animais, antes e durante o períodoexperimental, foram alimentados com raçãobalanceada (Anderson Clayton S.A.), com exceçãode 24 horas após a intervenção cirúrgica, e água àvontade.

Após indução da anestesia geral, por infiltraçãointraperitoneal de Pentobarbital sódico (HypnolCristalia), na dosagem de 50mg/kg de peso corporal,foi realizada a extração do incisivo superior direitode todos os animais, com instrumentalespecialmente adaptado para esse fim 13.

Os 48 animais foram divididos em 2 grupos de24, que receberam os seguintes tipos de fios parasutura da mucosa gengival:

3 No grupo I, logo após a extração dental, amucosa gengival foi suturada com fio de poliéstersiliconizado 4-0 (Policron 4-0, Cirumédica) comúnico ponto, coaptando as bordas da ferida.

3 No grupo II, o mesmo procedimento foi realizado,

porém, empregando o fio de polibutéster 4-0 (Novafil4-0, Cirumédica) com único ponto, coaptando asbordas da ferida.

Em número de 6 para cada grupo experimental,os ratos foram sacrificados por inalação excessivade éter sulfúrico, 3, 7, 15 e 24 dias após o atocirúrgico.

Após o sacrifício, a maxila direita foi separadada esquerda, realizando-se, para tanto, uma incisãono nível do plano sagital mediano, acompanhando asutura intermaxilar. Um outro corte, com tesourareta, tangenciando a face distal do último molar,possibilitou a obtenção da peça com a mucosagengival e o alvéolo dental direito. Os espécimesassim obtidos foram fixados em formol a 10% edescalcificados em solução de citrato de sódio e ácidofórmico, em partes iguais 11, seguindo-se então atramitação laboratorial de rotina, para a inclusãoem parafina.

Nos blocos assim obtidos, realizaram-se cortessemi-seriados, com 6 micrômetros de espessura,que foram corados pela hematoxilina e eosina.

Na descrição dos resultados no nível da mucosagengival, foram considerados o tipo e a intensidadedo processo inflamatório presentes nos estágiosiniciais, notadamente próximos ao fio de sutura, eo grau de regeneração do epitélio da mucosagengival, nos dois grupos experimentais.

Com referência ao alvéolo dental, ele foi divididoem 3 terços, considerando-se o grau de proliferaçãodo tecido conjuntivo e ossificação, nos doisdiferentes grupos e período.

RESULTADOS

Os resultados, tanto da mucosa gengival quantodo alvéolo dental, foram descritos em função dostempos pós-operatórios e correspondem aos períodosde 3, 7, 15 e 24 dias.

A) Mucosa gengival

3 DiasGRUPO I (Poliéster) – Na maioria dos espécimes,

observa-se moderada proliferação do epitélio damucosa gengival (fig.1) que recobre,aproximadamente, a metade do alvéolo dental. Aárea sub-epitelial acha-se ocupada por tecidoconjuntivo em formação, notando-se discretonúmero de fibroblastos, capilares neoformados, aolado da moderada quantidade de polimorfonuclearesneutrófilos, macrófagos e linfócitos. Num dos casos,apresenta início de proliferação epitelial, notando-

Page 99: Ciências Odontológicas nº 5

99

ANO 5, nº 5, 2002

se, nas adjacências, elevado número depolimorfonucleares neutrófilos.

GRUPO II (Polibutéster) – Todos os espécimesmostram proliferação epitelial mais pronunciada,quando comparada ao grupo anterior (fig.2),recobrindo em torno de dois terços da aberturaalveolar. O tecido conjuntivo subjacente é maisevoluído e exibe moderado número de fibroblastos ecapilares sangüíneos, além de macrófagos, linfócitose raros polimorfonucleares neutrófilos.

epitélio apresenta, além de fibroblastos, moderadonúmero de linfócitos e macrófagos.

GRUPO II (Polibutéster) – Em todos os espécimes,o epitélio recobre o alvéolo dental em sua totalidade,mostrando-se mais diferenciado quando comparadoao grupo anterior (fig.4). O tecido conjuntivosubjacente exibe discreto número de fibroblastos evasos sangüíneos.

Fig.1. Grupo I (poliéster). 3 dias. Evidenciando moderada proliferação damucosa gengival. HE, original 63x.

Fig.2. Grupo II (polibutéster). 3 dias. Mostrando proliferação epitelial maispronunciada quando comparada à figura anterior. HE, original63x.

7 DiasGRUPO I (Poliéster) – Em três espécimes, o

epitélio da mucosa gengival recobre totalmente oalvéolo dental . O epitélio é pouco diferenciado e otecido conjuntivo subjacente exibe fibroblastos evasos sangüíneos em números moderados (fig.3).Nos demais casos, o epitélio mostra pequena soluçãode continuidade e o tecido conjuntivo abaixo do

Fig.3. Grupo I (poliéster). 7 dias. Epitélio da mucosa gengival recobrindo oalvéolo dental. HE, original 63x.

Fig.4. Grupo II (polibutéster). 7 dias. Epitélio mais diferenciado quandocomparado ao grupo anterior, recobrindo o alvéolo dental. HE,original 63x.

15 DiasGRUPO I (Poliéster) – O epitélio da mucosa

gengival, em todos os espécimes, recobre o alvéolodental em sua totalidade. O tecido conjuntivosubjacente, em alguns casos, apresenta moderadonúmero de fibroblastos e vasos sangüíneos (fig.5).Em outros, mostra-se bem desenvolvido, com poucosfibroblastos e apresenta feixes de fibras colágenas.

GRUPO II (Polibutéster) – O epitélio da mucosagengival, em todos os casos, recobre o alvéolo dentale mostra-se bem desenvolvido (fig.6). O tecido

Page 100: Ciências Odontológicas nº 5

100

Revista Ciências Odontológicas

conjuntivo subjacente apresenta poucos fibroblastose vasos sangüíneos e os feixes de fibras colágenasestão orientados paralelamente à superfície doepitélio.

24 DiasTanto no GRUPO I (Poliéster ) quanto no GRUPO

II (Polibutéster), o epitélio, bem diferenciado, recobretotalmente o alvéolo dental. O tecido conjuntivo sub-epitelial é bem desenvolvido, apresentando poucosfibroblastos e vasos sangüíneos. Mostra, ainda, feixesde fibras colágenas dispostas paralelamente àsuperfície do epitélio.

B) ALVÉOLO DENTAL

3 DiasGRUPO I (Poliéster) – No terço cervical próximo

à abertura alveolar, o alvéolo dental encontra-sepreenchido por coágulo sangüíneo. Observa-se,também, crista óssea alveolar íntegra e restos de

ligamento periodontal, que mostra áreas dedegeneração (fig.7). No nível do terço médio e apical,nota-se, junto à parede óssea alveolar,remanescente do ligamento periodontal bemvascularizado e rico em fibroblastos. O restante doalvéolo acha-se preenchido por coágulo sangüíneo,que mostra, no seu interior, numerososmacrófagos. No terço médio, adjacente ao ligamentoperiodontal, podem ser evidenciados rarosfibroblastos que invadem o coágulo sangüíneo.

Fig.5. Grupo I (poliéster). 15 dias. Epitélio da mucosa gengival recobrindoo alvéolo dental. HE, original 63x.

Fig.6. Grupo II (polibutéster). 15 dias. Epitélio bem recobrindo o alvéolodental. HE, original 63x.

GRUPO II (Polibutéster) – No terço cervical juntoà abertura do alvéolo, o interior do alvéolo encontra-se preenchido por coágulo sangüíneo. Junto àparede óssea, evidencia-se remanescente doligamento, periodontal com vitalidade e crista ósseaalveolar integra (fig.8). No nível dos terços médio eapical, o alvéolo dental encontra-se preenchido porcoágulo sangüíneo, que exibe numerososmacrófagos em seu interior. Junto à parede óssea

Fig.7. Grupo I (poliéster). 3 dias. Alvéolo dental junto à abertura alveolar,mostrando coágulo sangüíneo, crista alveolar e restos de ligamentoperiodontal com áreas de degeneração. HE, original 63x.

Fig.8. Grupo II (polibutéster). 3 dias. Junto à abertura do alvéolo mostrandocoágulo sangüíneo, crista alveolar e resto de ligamento periodontalcom vitalidade. HE, original 63x.

Page 101: Ciências Odontológicas nº 5

101

ANO 5, nº 5, 2002

alveolar, nota-se remanescente do ligamentoperiodontal bem vascularizado e rico emfibroblastos. No terço médio, adjacente ao mesmoligamento periodontal, observa-se moderadonúmero de fibroblastos, que invadem o coágulosangüíneo.

7 DiasGRUPO I (Poliéster) – No terço cervical do alvéolo,

notam-se áreas ocupadas por coágulo sangüíneosem organização, notadamente na porção centraldo alvéolo. Próxima à parede óssea, observa-se tecidoconjuntivo com moderado número de fibroblastos evasos sangüíneos, além de pequenas espículasósseas neoformadas. A crista óssea alveolar mostraáreas de reabsorção, com presença de célulasmultinucleadas (fig.9). No nível dos terços médio eapical, o alvéolo encontra-se praticamentepreenchido por tecido conjuntivo neoformado, ricoem fibroblastos e vasos sangüíneos. No terço médiono lado lingual, notam-se pequenas trabéculasósseas neoformadas com numerosos osteoblastosem suas bordas.

15 DiasGRUPO I (Poliéster) – No terço cervical próximo

a crista óssea alveolar, nota-se tecido conjuntivoneoformado, com delgadas trabéculas ósseasocupando pequeno espaço (fig.11). Nas demais áreasdeste terço, evidenciam-se trabéculas ósseasirregulares e grande quantidade de tecido conjuntivosem diferenciação óssea. Junto ao terço médio eapical, a neoformação óssea é mais intensa,observando-se trabéculas ósseas mais regulares,deixando, porém, moderado espaço ocupado portecido conjuntivo sem diferenciação óssea.

GRUPO II (Polibutéster) – O terço cervical doalvéolo apresenta maior quantidade de tecidoconjuntivo neoformado e menor volume de coágulosangüíneo, quando comparado ao grupo anterior. Otecido conjuntivo é mais desenvolvido, mostrandopequenas áreas com trabéculas ósseasneoformadas. A crista óssea, por outro lado, mostra-se íntegra (fig.10). No nível do terço médio e apical,o alvéolo dental encontra-se praticamente ocupadopor tecido conjuntivo neoformado, notando-sedelgadas trabéculas ósseas neoformadas, comosteoblastos em suas bordas.

Fig.9. Grupo I (poliéster). 7 dias. Crista óssea alveolar mostrando áreas dereabsorção. HE. Original 63x.

Fig.10. Grupo II (polibutéster). 7 dias. Crista óssea alveolar com integridade.HE, original 63x.

Fig.11. Grupo I (poliéster). 15 dias. Terço cervical junto à crista ósseaalveolar, mostrando pequenas trabéculas ósseas neoformadas.HE, original 63x.

GRUPO II (Polibutéster) – No terço cervical,próximo à crista óssea alveolar, evidenciam-sedelgadas trabéculas ósseas preenchendoregularmente o espaço (fig.12). Comparado ao grupoanterior, é maior o volume de tecido ósseoneoformado. A crista óssea alveolar mostra-se

Page 102: Ciências Odontológicas nº 5

102

Revista Ciências Odontológicas

remodelada. Nas demais áreas deste terço, damesma forma, há maior quantidade de trabéculasósseas. No nível dos terços médios e apicais, o tecidoósseo neoformado é bem desenvolvido, comtrabéculas ósseas espessas. Em alguns pontos, noentanto, evidenciam-se espaços ocupados por tecidoconjuntivo sem diferenciação óssea.

24 DiasGRUPO I (Poliéster) – Junto ao terço cervical,

próximo à crista óssea alveolar, observam-setrabéculas ósseas, geralmente delgadas. Mais emdireção ao centro do alvéolo, nota-se tecidoconjuntivo sem diferenciação óssea. Nas demaisáreas deste mesmo terço, o alvéolo dental acha-seocupado por trabéculas ósseas regulares, queapresentam diversos espaços com tecido conjuntivosem diferenciação óssea (fig.13). No nível dos terçosmédio e apical, as trabéculas ósseas são mais

espessas e mostram espaços medulares, maisreduzidos. Junto ao terço apical, notam-se algunspontos ocupados por coágulo sangüíneoremanescente.

GRUPO II (Polibutéster) – No nível de terçocervical, junto à crista óssea alveolar, as trabéculasósseas são delgadas . Observa-se, também, pequenaquantidade de tecido conjuntivo sem diferenciaçãoóssea. Nas demais áreas do terço, as trabéculas sãoespessas e bem desenvolvidas (fig.14). Nos terçosmédio e apical, evidenciam-se trabéculas ósseasespessas e bem definidas. Junto ao terço apical,observam-se, em alguns pontos, pequenas áreasocupadas por coágulo sangüíneo remanescente.

Fig.12. Grupo II (polibutéster). 15 dias. Próxima à crista óssea alveolarcom trabéculas ósseas regulares. HE, original 63x.

Fig.14. Grupo I (poliéster). 24 dias. Terço médio mostrando trabéculasósseas espessas. HE, original 63x.

Fig.13. Grupo I (poliéster). 24 dias. Terço cervical do alvéolo ocupado portrabéculas ósseas regulares, apresentando espaços com tecidoconjuntivo sem diferenciação óssea. HE, original 63x.

DISCUSSÃO

Na evolução do processo de reparo alveolar, podemser consideradas, didaticamente, 4 fasesfundamentais: proliferação celular, desenvolvimentodo tecido conjuntivo, maturação do tecido conjuntivoe diferenciação óssea ou mineralização. A rigor, essasfases dificilmente são encontradas de forma isolada,no interior do alvéolo. No alvéolo de rato, por volta dosétimo dia após a exodontia, podem ser observadas,simultaneamente, essas 4 fases acima01.

A escolha do rato como animal experimentaldeveu-se à facilidade de sua aquisição, de permitira obtenção de resultados mais uniformes e,principalmente, pelos trabalhos similaresempregando o mesmo espécime 03, 04, 12, 14, 15, 16, 18.

Esses estudos têm demonstrado que o empregode diferentes fios pode interferir, não só em nívelda mucosa gengival, mas também na cronologia doprocesso de reparo, no interior dos alvéolos 15, 17.

É importante ressaltar que, na cavidade bucal,

Page 103: Ciências Odontológicas nº 5

103

ANO 5, nº 5, 2002

nas suturas superficiais, o material está exposto aum meio contaminado e úmido. Assim, a reaçãoinflamatória provocada pelo fio, como conseqüênciade suas próprias características, é somada aosmicroorganismos que podem atingir a parte internada ferida cirúrgica pela capilaridade do material desutura 12, 18. Dessa forma, sob o ponto de vistabiológico, os fios sintéticos monofilamentares, comoo nylon e o polipropileno, têm demonstradoresultados mais satisfatórios que os fiosmultifilamentares 3, 4, 18. Os inconvenientes nautilização de fios de nylon ou polipropileno, emsuturas intra-bucais, a não ser em situaçõesespeciais, são o custo elevado e o fato de que asseções terminais do fio podem traumatizar a mucosabucal, notadamente em suturas interrompidas. Essetraumatismo depende, também, da localização dospontos, como, por exemplo, o assoalho da boca, amucosa labial e jugal 18.

Na busca, porém, de fios ideais, não só acompatibilidade biológica intrínseca do fio éimportante, mas deve ser considerado também oseu comportamento clínico 12. Assim, o fio deveapresentar uma boa resistência à tração,estabilidade dimensional, ausência de memóriaque favorece a desorganização do nó e flexibilidadesuficiente para não traumatizar os tecidos molesda boca 10, 12.

O comportamento biológico dos fios de sutura éavaliado segundo a extensão da respostainflamatória que induzem nos tecidos 12. Nosprimeiros períodos pós-operatórios, não se podedeixar de considerar a interferência do traumaocasionado pelo procedimento cirúrgico, que,somado à agressão do corpo estranho implantado,favorecem a reação tecidual mais intensa 12.

Um bom fio de sutura, no entanto, deve ocasionaruma fase exsudativa de pequena intensidade e decurta duração, não retardando a proliferação celulare a organização do tecido conjuntivo 12, 20.

No presente trabalho, foi realizados um estudocomparativo entre o fio de poliéster siliconizado(multifilamentar) e o fio de polibutéster que tem,como característica principal, a sua constituição,que é monofilamentar. Foi avaliado ocomportamento da mucosa gengival e alvéolo dental,após exodontia.

Os resultados obtidos neste trabalho demonstramdiferença moderada entre os dois fios, no nível damucosa gengival. A reação inflamatória maisintensa e conseqüente atraso verificado nosespécimes suturados com o fio de poliéster podemter relação com grau de capilaridade, que seria

maior nesse caso 19. Além disso, o material desutura, sendo multifilamentar, pode alojar entresuas fibras maior quantidade de bactérias,facilitando a sua penetração no interior dos tecidos09, 09, 18. Essas diferenças podem ser devidas tambémao potencial irritativo inerente a cada material 18.

A fase inflamatória desempenha um papel muitoimportante, no processo de reparação tecidual, poismobiliza ou envolve fatores e células indispensáveispara o bom desempenho desse processo 05. Oprolongamento excessivo da fase inflamatória, noentanto, retarda o início da fase proliferativa doprocesso de reparação tecidual.

Por outro lado, no nível do alvéolo dental, foiobservada, também, uma moderada diferença entreos dois grupos analisados.

Esses resultados obtidos no nível do alvéolo dentalmostram que o prolongamento da fase inflamatória,na mucosa gengival, no grupo do poliéstercomparado ao polibutéster, ocasiona reflexo noprocesso de reparo no nível do alvéolo dental.

É interessante salientar, todavia, que os dois fiosanalisados apresentam comportamento biológicosatisfatório 18, com discreta superioridade para opolibutéster.

Os resultados obtidos mostram que o fiomonofilamentar analisado pode ser indicado paraintervenções cirúrgicas, na cavidade bucal,notadamente em suturas de tecidos delicados quesofrem incisões e deslocamento do retalho.

CONCLUSÃO

Dentro das condições experimentais seguidas nopresente trabalho, é possível concluir que: 1. Os doisfios de sutura empregados apresentam resultadobiológico satisfatório. 2. O fio de suturamonofilamentar ocasionou, no nível da mucosagengival, uma reação tecidual mais favorável nosperíodos iniciais. 3. A neoformação do tecidoconjuntivo e a diferenciação óssea foram maisintensas e precoces no grupo suturado com fiomonofilamentar.

Tetuo OKAMOTO - Professor Titular doPrograma de Pós-Graduação em ClínicaOdontológica - Área de Cirurgia Buco-Maxilo-Facial da Faculdade de CiênciasOdontológicas da UNIMAR, Marília - SP,Brasil.

Page 104: Ciências Odontológicas nº 5

104

Revista Ciências Odontológicas

1.CARVALHO, A. C. P. & OKAMOTO, T. Cirurgia bucal.Panamericana, 1987.

2. CARVALHO, A.C.P.; CARVALHO, P.S.P.; OKAMOTO, T.Fios de sutura em odontologia. Observações clínicas eexperimentais sobre fios empregados em suturassuperficiais intra-bucais. R.G.O., v.34, p.111-114, 1986.

3.CASTRO, H.L.; OKAMOTO, T.; CASTRO, A.L. Reaçãotecidual a alguns fios de sutura. Avaliação histológica emratos. Rev. Fac. Odont. Araçatuba, v.3, p.101- 111, 1974.

4.CASTRO, H.L.; OKAMOTO, T.; CASTRO, A.L. Fios de suturasintéticos. Estudo histológico em ratos. Rev. Ars. CurandiOdont., v.5, p.32-43, 1978.

5.CUFFARI, L. & SIQUEIRA, J.T.T. Suturas em Cirurgia Orale Implantodontia. Rev. Bras.Implant., p. 12-17, 1997.

6.GRANDINI, S.A.; ALONSO VERRI, R.; CARVALHEIRO, J.R.Influência das esterilizações por autoclavagem naresistência à tração oferecida por alguns fios de sutura.Rev. Fac. Farm. Odont. Ribeirão Preto, v.8, p.38-47,1971.

7.JAMES, R.C.; MCLEOD, C.J. Induction of staphylococcalinfections in mice with small inicula introduced onsutures. Br. J. Exp. Path., v.42, p.266-277, 1961.

8.LILLY, G.E.; ARMSTRONG, J.H.; SALEM, J.E.; CUTCHER,J.L. Reaction of oral tissues to suture materials. Part. II.Oral Surg., v.26, p.592-599, 1968.

9.LILLY, G.E.; SALEM, J.E.; ARMSTRONG, J.H.; CUTCHER,J.L. Reaction of oral tissues to suture materials. Part. III.Oral Surg., v.28, p.432-438, 1969.

10.LIEDKE, E.D.; Santos J.O.S.; CARVALHO, M.S. Fios desutura e presença de placa microbiana. R.G.O., n. 23,p.105-106, 1975.

11.MORSE, A. Formicacid-sodium citrate decalcification andbutyl alcohol dehydratation of teeth and bone forsectionning in parafin. J. Dent. Res., v.24, p.143, 1945.

12.NARY FILHO, H; OKAMOTO, T; PADOVAN, L.E.M.Estudo comparativo da resposta tecidual frente a fios desutura de catgut, poliglactina 910 e poliglecaprone 25 emsubctâneo de ratos.Rev.Bras.Implant., v. 4, p. 15-45,1997.

13.OKAMOTO, T. & RUSSO, M.C. Wounds healing followingtooth extraction. Histochemical study in rats. Rev. Fac.Odont. Araçatuba, v.2, p.253-268, 1973.

14. OKAMOTO, T.; IKEDA, M. S.; CARVALHO, P. S. P. Reaçãotecidual aos fios de seda e poliéster em suturas intra-bucais. Estudo comparativo em ratos. Rev. Regional deAraçatuba APCD, n.10/11, p. 4-8, 1989/1990.

15. OKAMOTO, T.; GABRIELLI, M.F.R.; GABRIELLI, M.A.C.Influcence of different types of nun-resorbable suturematerial on the healing of extraction wounds – Ahistological study in rats. J. Nihon Univ. Sch. Dent.,v.32, p.104-115, 1990.

16.OKAMOTO, T.; ROSINI, K.S.; MIYAHARA, G.I.;GABRIELLI, M.F.R. Healing process of the gingival mucosaand dental alveolus following tooth extraction and suturewith polyglycolic acid and polyglactin 910 threads.Comparative histomorphologic study in rats. Braz. Dent.J., v.5, p.35-43, 1994.

17.OKAMOTO, T.; KOBATA, C.M.; LIMA, L.I.; GABRIELLI,M.F.R. Comparação entre os fios para sutura de poliéstere seda siliconizado. R.G.O., v.43, p.71-74, 1995.

18.OKAMOTO, T.; BARBIERI, C.M.; OKAMOTO, R.;GABRIELLI, M.F.R. Estudo histomorfológico comparativoentre os fios de polibutéster e poliéster em sutura superficialda mucosa bucal de ratos. Rev. Fac. Odont. Lins, v. 10,n. 1, p. 24-27, 1997.

19.OKAMOTO, T.; POI, W.R.; BEDRAN DE CASTRO, J.C.Reação tecidual ao fio de polibutéster e poliéstersiliconizado em suturas superficiais e profundas. Estudohistomorfológico em ratos. Rev. APCD Reg. Araçatuba,v.18, p.1-4, 1999.

20.OLIVEIRA, J.A.G.P.; OKAMOTO, T.; VERRI, R.A. Reaçãotecidual aos fios de sutura de algodão e seda. Estudocomparativo em ratos. Rev. Fac. Odont. Ribeirão Preto,v.22, p.61-68, 1985.

21.PINHEIRO, A.L.B.; LISBOA DE CASTRO, I.F.; THIERS,F.A.; CAVALCANTI, E.T.; REGO, T.I.T.N.; QUEVEDO,A.S.; LINS, A.J.R., A.C.A., C.R.P. Using. Novafil: wouldit make suturig easier. Bras. Dent. J., v. 8, p. 21-25,1997.

22.WALLACE, W.R.; MAXWELL, G.R.; CAVALARIS, C.J.Comparison of polyglycolic acid suture to black silk,chromic, and plain catgut in human oral tissues. J. OralSurg., v.28, p.739-746, 1970.

Among local factors that can interfere in the process of repairing tecidual he/she is the suture of the borders ofthe wound that makes possible his coaptação. On the other hand, the type of suture thread used can also alterthe quality and the evolution of the repairing tecidual. In the present work, a comparative study was accomplishedamong the thread of polyester (multifilament) and polybutester (monofilament) in sutures gingival after dentalextraction. For so much, 48 mice were used divided in 2 groups of 24. In the group I, after the extraction of theincisor right superior, the mucous membrane gingival was coaptada and sutured with thread of polyester and,in the group II, after the same procedure, the mucous membrane gingival was coaptada and sutured withpolibutéster thread. The animals in number of 6 for each group, they were sacrificed to the 3, 7, 15 and 24 daysafter the surgical action. The obtained pieces, after processing routine laboratorial were included in paraffin formicrotome. The obtained semi-serial cuts, they were red-faced in hematoxilina and eosina for microscopicstudy. The obtained results, so much at level of the mucous membrane gingival as for the of the dental alveolus,they are shown more favorable with the job of the polybutester thread.

UNITERMS: Polybutester; polyester; thread.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Page 105: Ciências Odontológicas nº 5

105

ANO 5, nº 5, 2002

cionado pelo Corpo Editorial.

3 – ARTIGOS INÉDITOS DE INVESTIGAÇÃOCIENTÍFICA E REVISÕES

3.1 – Apresentação

3.1a Texto, ilustrações e fotografia deverão ser fornecidosem duas vias.3.1b O trabalho deverá ser apresentado digitado em papel ta-manho A4 (210 x 297 mm), em fonte Times New Roman,tamanho 12, margens verticais e horizontais de 3 cm, espaçoduplo, redigido em ortografia oficial, sem rasuras ou emen-das. A lauda deverá ser numerada e ter um máximo de 30(trinta) linhas e de 60 (sessenta) toques. Juntamente com oimpresso deverá ser enviado um disquete, devidamente iden-tificado, com texto digitado em Word for Windows.3.1c O trabalho deverá ter na primeira página o título emportuguês, nome completo e titulação do(s) autor(es), endere-ço e telefone para contato do autor principal.3.1d Por motivo de isenção na avaliação dos trabalhos pelaComissão de Avaliação dos artigos científicos e pelo CorpoEditorial, a segunda página deverá conter título em português,título em inglês, sinopse, “abstract” unitermos e “uniterms”,omitindo-se nomes ou quaisquer dados referentes aos auto-res. A identificação dos autores deverá constar única e ex-clusivamente na primeira página do trabalho; se encontradaem qualquer outra parte do material, o mesmo será incondi-cionalmente devolvido.3.1e As legendas das ilustrações (fotos, gráficos, desenhos)deverão ser digitadas em folha separada. Quando se referi-rem a fotomicrografias, deverão conter especificações quantoà magnificação e ao tipo de coloração utilizada.3.1f O autor terá direito a apresentar um máximo de 14(quatorze) laudas, incluindo texto principal e referências bi-bliográficas.3.1g Tabelas: deverão ser numeradas em algarismos arábicos,com apresentação sintética e objetiva, para a compreensão dotrabalho. Não usar os dados de originais e tabelas de análisede variância. Sempre que possível, valores quantitativos deve-rão ser apresentados na forma de gráficos.3.1h Ilustrações: serão aceitas, no máximo, 16 (dezesseis)por artigo. Imagens fotográficas deverão ser apresentadas pre-ferencialmente na forma de slides e com bom padrão de niti-dez. Os desenhos enviados poderão ser melhorados ouredesenhados pela produção da revista, a critério do CorpoEditorial.3.1i As ilustrações deverão ser numeradas e identificadaspela ordem seqüencial do texto.3.1j Deverá ser encaminhada 1 (uma) foto (5 x 7 cm) do autorprincipal ou da equipe para publicação, obrigatoriamente empose natural e em cores.

3.2 – Estrutura

Os artigos devem respeitar as normas da ABNT/NB-88, ABNT/NB-89 e NBR-6023, apresentando a seguinte estrutura:3.2a Título do artigo e objetivo. Serão aceitos em português,inglês e espanhol, mas a fidelidade quanto à linguagem seráde total responsabilidade do autor.

N O R M A S P A R A P U B L I C A Ç Ã OA Revista da Faculdade de Ciências Odontológicas daUNIMAR, dirigida à Classe Odontológica, destina-se àpublicação de artigos inéditos de investigação científica,relatos de casos clínicos e de técnicas, artigos de interesseselecionados pelo Corpo Editorial, revisões significativas,atualidades e cartas dirigidas à seção “Discordando”.

1 – NORMAS GERAIS

1a Os materiais deverão ser enviados para:FACULDADE DE CIÊNCIAS ODONTOLÓGICASA/C Diretoria da FaculdadeAv. Higyno Muzzy Filho, 1001Campus UniversitárioCEP 17.525-902 – Marília - SP – Brasil1b O autor deverá guardar duplicata do texto e das ilustra-ções, para maior segurança contra extravio.1c O material enviado não poderá ser submetido simultane-amente à apreciação por parte de outros periódicos ou quais-quer outras publicações, sejam elas nacionais ou internaci-onais.1d A Revista da Faculdade de Ciências Odontológicas daUNIMAR terá Direito Autoral sobre trabalho publicado porela, podendo permitir a sua reprodução, total ou parcial.1e A Revista da Faculdade de Ciências Odontológicas daUNIMAR , ao receber o material, não assume o compromissode publicá-lo.1f A Revista da Faculdade de Ciências Odontológicas daUNIMAR reserva-se o direito de editar o material recebido,visando a adequá-lo ao espaço disponível e a princípios declareza e correção textuais. Face ao recebimento de materialilustrativo considerado insuficiente, a Revista da Faculdadede Ciências Odontológicas da UNIMAR reserva-se ainda odireito de solicitar material adicional aos autores ou a ter-ceiros.1g As afirmações dos materiais assinados são de responsa-bilidade integral dos autores.

2 – SISTEMÁTICA DE AVALIAÇÃO E PUBLICAÇÃO

2a Os artigos deverão ser enviados diretamente para a Se-cretaria, no endereço explicitado no Item 1a. evitando-se amediação por cartas de referência de terceiros.2b O artigo enviado receberá um número de identificação eimediatamente será submetido à apreciação da Comissão deAvaliação, sendo divulgado o resultado de sua avaliação dentrode um prazo máximo de 30 (trinta) dias.2c A Comissão de Avaliação dos artigos científicos decidirásobre a conveniência ou não da publicação, avaliando como“favorável” ou “desfavorável”, bem como poderá indicar cor-reções e/ou sugerir modificações.2d A cada edição, o Corpo Editorial selecionará, entre osartigos considerados favoráveis para a publicação, aquelesque serão publicados. Os não selecionados serão novamenteapreciados por ocasião das edições seguintes. Decorridos 6meses sem que tenham sido selecionados, os artigos serãodevolvidos aos autores.2e O artigo pode ser retirado pelo autor, segundo o seu crité-rio de conveniência, a qualquer momento antes de ser sele-

Page 106: Ciências Odontológicas nº 5

106

Revista Ciências Odontológicas

3.2b Nome do(s) autor(es): indicado na ordem direta, comdestaque em letras maiúsculas para o sobrenome pelo qualserá indicado. O autor deve mencionar, apenas, o seu títuloprincipal no rodapé da lauda.3.2c Sinopse: deverá ser digitada em fonte Times New Roman,tamanho 10, espaço duplo, redigida em ortografia oficial, terum máximo de 250 palavras. Possibilitar ao leitor o interes-se do artigo e compor uma série coerente de frases e não asimples enumeração de títulos, fornecendo, portanto, umavisão clara e concisa do conteúdo do trabalho, suas conclu-sões significativas e a contribuição do autor.3.2d Unitermos: palavras ou expressões que identifiquem oconteúdo do artigo, fornecidas pelo próprio autor, digitadosno mesmo formato da sinopse (fonte, tamanho e espaço). De-verão ser seguidos os cabeçalhos de assuntos do “Index toDental Literature”, traduzidos para o português na “Biblio-grafia Brasileira de Odontologia”.3.2e Texto: distribuído conforme características individuaisde cada trabalho, seja ele de pesquisa, de divulgação, derelato de caso etc. Na citação de autores, os nomes devemser datilografados em caixa alta (ex.: ANDERSON). No casode dois autores, seus nomes devem ser separados com pontoe vírgula (ex.: ANDERSON; MILES). Existindo mais de doisautores, usar a expressão et al. (ex.: Anderson et al.). Notexto, a citação do nome do autor deve ser seguida do núme-ro que o localiza na referência bibliográfica e do ano de pu-blicação.3.2f Abstract: deve ser a versão em inglês da sinopse.3.2g Uniterms: unitermos em inglês.3.2h Agradecimentos: se houver.3.2i Referências Bibliográficas: ordenadas alfabeticamente porsobrenome do autor e numeradas sucessivamente. As refe-rências deverão ter estreito relacionamento com o assunto.Nota: para as abreviaturas dos títulos dos períodos, consultaro “Medline CD/ROM” ou ABNT/NB-60.

4 – RELATO DE CASOS CLÍNICOS OU DETÉCNICAS

4.1 - Apresentação

4.1a Texto e fotografias deverão ser fornecidos em duas vias.4.1b O trabalho deverá ser apresentado digitado em papeltamanho A4 (210 x 297 mm), em fonte Times New Roman,tamanho 12, margens verticais e horizontais de 3 cm, espa-ço duplo, redigido em ortografia oficial, sem rasuras ou emen-das. A lauda deverá ser numerada e ter um máximo de 30(trinta) linhas e de 60 (sessenta) toques. Juntamente com oimpresso deverá ser enviado um disquete, devidamente iden-tificado, com texto digitado em Word for Windows.4.1c O trabalho deverá ter na primeira página o título emportuguês, nome completo e titulação do(s) autor(es), ende-reço e telefone para contato do autor principal.4.1d Por motivo de isenção na avaliação dos trabalhos pelaComissão de Avaliação dos artigos científicos e pelo CorpoEditorial, a segunda página deverá conter título em português,

N O R M A S P A R A P U B L I C A Ç Ã Otítulo em inglês, sinopse, “abstract”, uniterms e unitermos,omitindo-se nomes ou quaisquer dados referentes aos auto-res. A identificação dos autores deverá constar única e ex-clusivamente na primeira página do trabalho; se encontradaem qualquer outra parte do material, o mesmo será incondi-cionalmente devolvido.4.1e As legendas das ilustrações (fotos, gráficos, desenhos)deverão ser digitadas em folha separada. Quando se referi-rem a fotomicrografias, deverão conter especificaçôes quantoà magnificação e ao tipo de coloração utilizada.4.1f O autor terá direito a apresentar um máximo de 6 (seis)laudas, incluindo referências bibliográficas.4.1g Ilustrações: serão aceitos, no máximo, 30 (trinta) slidescoloridos, devidamente numerados, com indicação da posiçãoda imagem e acondicionados em porta-slides plástico.4.1h Deverá ser encaminhada 1 (uma) foto (5 x 7 cm) ou 1(um) slide do autor principal ou da equipe para publicação,obrigatoriamente em pose natural e em cores.

4.2 Estrutura

Vide as orientações do item 3.2

5 – ATUALIDADES

Serão aceitos para publicação resumos/resenhas de artigosveiculados em outras publicações científicas, preferencial-mente internacionais, desde que o texto não ultrapasse 2(duas) laudas. Juntamente com o impresso, deverá ser envi-ado disquete contendo o texto digitado em Word for Windows.As atualidades poderão ser ilustradas com, no máximo, 2(dois) slides em cores.

6 – CARTAS À SEÇÃO DISCORDANDO

Serão aceitas críticas ou sugestões dirigidas a qualquer as-pecto da publicação, seja ele formal ou de conteúdo. Deverãoser sucintas e objetivas, com no máximo 40 (quarenta) li-nhas e 60 (sessenta) toques. Podem ser ilustradas por até(um) slide ou foto em cores. Respostas às críticas e ou suges-tões poderão acompanhar a publicação da carta enviada. De-pendendo do número de correspondências, estas serãoselecionadas para publicação segundo a sua contribuição aoassunto abordado.

7 – ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS

Deverão estar em conformidade com as especificações con-tratadas com o setor comercial. A UNIMAR exime-se de qual-quer responsabilidade pelos serviços e/ou produtos anunci-ados, cujas condições de fornecimento e veiculação estãosujeitas, respectivamente, ao Código de Defesa do Consumi-dor e ao CONAR – Conselho Nacional de Auto-regulamenta-ção Publicitária.