31
CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES CURSO BACHARELADO EM ESTÉTICA ROSALINA OLIVEIRA BACELAR VIVIANE HILÁRIO PEREIRA REVISÃO DE LITERATURA DA FISIOPATOLOGIA DA POPULARMENTE CONHECIDA CELULITE: UMA REFLEXÃO SOBRE O MÉTODO GODOY & GODOY COMO POSSIBILIDADE DE TRATAMENTO. Rio de Janeiro 2017

CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

  • Upload
    others

  • View
    12

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES

CURSO BACHARELADO EM ESTÉTICA

ROSALINA OLIVEIRA BACELAR VIVIANE HILÁRIO PEREIRA

REVISÃO DE LITERATURA DA FISIOPATOLOGIA DA POPULARMENTE CONHECIDA CELULITE: UMA REFLEXÃO SOBRE O MÉTODO GODOY &

GODOY COMO POSSIBILIDADE DE TRATAMENTO.

Rio de Janeiro 2017

Page 2: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

ROSALINA OLIVEIRA BACELAR VIVIANE HILÁRIO PEREIRA

REVISÃO DE LITERATURA DA FISIOPATOLOGIA DA POPULARMENTE

CONHECIDA CELULITE: UMA REFLEXÃO SOBRE O MÉTODO GODOY & GODOY COMO POSSIBILIDADE DE TRATAMENTO.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso Bacharelado em Estética do Centro Universitário Hermínio da Silveira- IBMR/ Laureate International Universities, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Estética.

Orientador: ELAINE OLIVEIRA DOS SANTOS MELO Coorientador: CARLOS JOSÉ DA COSTA PAIVA

Rio de Janeiro 2017

Page 3: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

ROSALINA OLIVEIRA BACELAR VIVIANE HILÁRIO PEREIRA

REVISÃO DE LITERATURA DA FISIOPATOLOGIA DA POPULARMENTE CONHECIDA CELULITE: UMA REFLEXÃO SOBRE O MÉTODO GODOY &

GODOY COMO POSSIBILIDADE DE TRATAMENTO.

Artigo apresentado ao curso Bacharelado em Estética do IBMR – Laureate International Universities, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Estética.

Aprovado em

Banca Examinadora

Prof (a)______________________________ Instituição:___________________________-

Julgamento:__________________________

Assinatura: __________________________

Prof (a)_______________________________ Instituição:_____________________________

Julgamento:___________________________

Assinatura: ___________________________

Prof (a)_______________________________ Instituição:_____________________________

Julgamento:___________________________

Assinatura: ___________________________

Page 4: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

RESUMO

INTRODUÇÃO: a linfostase cutânea regional, termo usado para referir-se à celulite,

é uma doença de acúmulo intersticial, de caráter multifatorial, mais

predominantemente no sexo feminino e que é agravada pela deficiência na circulação

linfática, causando desconforto e até mesmo déficit na autoestima das mulheres.

Dentre os recursos estéticos utilizados na linfostase cutânea regional, pode-se citar a

Drenagem Linfática Manual (DLM), que, associada a outros procedimentos, promove

bons resultados na aparência do relevo cutâneo. OBJETIVO GERAL: evidenciar a

possibilidade de tratamento para a linfostase cutânea regional, sob a ótica do método

Godoy & Godoy, na linfostase cutânea regional. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

enumerar as nomenclaturas da linfostase cutânea regional, recordar o sistema

linfático, descrever drenagem linfática global: conceito Godoy & Godoy.

METODOLOGIA: refere-se a um estudo de revisão de literaturas integrativas

realizado nas bases de dados multidisciplinares, como o Scientific Eletronic Library

Online (SciELO), a Revista Brasileira em Promoção da Saúde (RBPS), publicações

impressas online e livros relacionados ao assunto. A pesquisa foi realizada no período

de março a junho de 2017. CONCLUSÃO: a linfostase cutânea regional ainda se trata

de uma patologia pouco estudada e não existe uma definição exata e um tratamento

eficaz reconhecido em todo o mundo. Diante disso, se faz necessário estudos

adicionais, em virtude da escassez de literatura para compreender melhor as técnicas

utilizadas para amenizar os efeitos desta patologia com eficácia, assim como

aprimorar e fidelizar os tratamentos com o intuito de potencializar os resultados no

âmbito da estética clínica.

Palavras- chave: L infostase Cutânea Regional; Drenagem Linfática; Tra tamento

Estético; Autoestima

Page 5: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

ABSTRACT INTRODUCTION: regional cutaneous lymphostasis, a term used to refer to cellulitis,

is an interstitial cumulative disease, which is multifactorial, more predominant in

female, and is aggravated by a deficiency in the lymphatic circulation. Their symptoms

cause discomfort and even a deficit in women’s self-esteem. Among the aesthetic

resources used in cellulite treatment, Manual Lymphatic Drainage (DLM) should be

mentioned, since, together with other procedures, promotes good results in the

appearance of cutaneous relief. GENERAL OBJECTIVE: The aim of this study was to

show the possibility of treatment for cellulite under the Godoy & Godoy method, in

regional cutaneous lymphostasis. SPECIFIC OBJECTIVES: list the nomenclatures of

regional cutaneous lymphostasis, Remember the lymphatic system; To describe global

lymphatic drainage: Godoy & Godoy concept METHODOLOGY: The review of

integrative literatures was performed in multidisciplinary databases, such as the

Scientific Electronic Library Online (SciELO), the Brazilian Journal of Health Promotion

(RBPS), online and printed publications and related books. The databases were

accessed for conducting the research in the period between March and June 2017.

CONCLUSION: regional cutaneous lymphostasis is still a poorly studied pathology and

there is no exact definition and an effective treatment recognized worldwide. In view of

this, additional studies are needed, due to the scarcity of literature to better understand

the techniques used to mitigate the effects of this pathology effectively, as well as to

improve and maintain the treatments in order to potentiate the results within the clinical

esthetics.

Keywords: Regional Skin Lymphostase; Lymphatic Drai nage; Aesthetic

Treatment; Self Esteem.

Page 6: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

6

1. INTRODUÇÃO

O nome estética tem origem grega, aisthetiké, que significa aquele que nota, que

percebe; na filosofia ela é estudada como a arte do belo nas manifestações artísticas

e naturais; na saúde a estética atua como o bem-estar físico, mental e social.

O presente estudo dará ênfase à atuação da Estética Clínica, a fim de evidenciar a

drenagem linfática manual como possibilidade de tratamento da linfostase cutânea

regional. Sob esta ótica sabe-se que razões multifatoriais poderão comprometer o

relevo topográfico cutâneo das regiões glúteas e membros inferiores mais comumente

nas mulheres ginóides.

A problemática deste estudo se relaciona com a linfostase cutânea regional,

consagradamente conhecida tanto na área da saúde quanto entre o público leigo

como celulite, e para tanto propõe-se à atuação na Estética Clínica por meio de terapia

manual, valendo-se do método de drenagem linfática, de acordo com o método de

Godoy & Godoy como uma sugestão de tratamento.

A justificativa do estudo dar-se-á ao fato de que o desejo pela normalização da

aparência do relevo cutâneo corporal, traduz-se em desafio para as mulheres que

convivem com esta patologia de acúmulo, que por vezes afetará sua autoestima e

convívio social, em situações onde deva expor sua silhueta. Por tais razões este

estudo aborda a drenagem linfática manual de Godoy & Godoy como uma

possibilidade de tratamento da linfostase cutânea regional, a fim de restabelecer a

microcirculação periférica local, bem como o contorno corporal.

O estudo da temática compreende total relevância para o Bacharel em Estética, uma

vez que ajudará no desenvolvimento de um procedimento com base científica de

modo que seu trabalho seja reconhecido e respeitado. No campo acadêmico, esta

revisão bibliográfica ajudará a aumentar sua fonte de pesquisa. O cliente receberá um

tratamento qualificado, que certamente terá impacto em sua autoestima.

O objetivo deste estudo foi: estudar a fisiopatologia da popularmente conhecida

celulite (linfostase cutânea regional).

Page 7: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

7

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral: evidenciar a possibilidade de tratamento para a linfostase cutânea

regional sob a ótica do método Godoy & Godoy.

2.2 Objetivos específicos: enumerar as nomenclaturas da linfostase cutânea

regional, recordar o sistema linfático, descrever drenagem linfática global: conceito

Godoy & Godoy.

A seguir Tratar-se-á de uma breve introdução sobre a pele, onde é apresentada a

patologia linfostase cutânea regional (celulite).

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Pele

A pele representa cerca de 16% do peso corporal total, tendo como função principal

proteger o corpo das agressões do meio externo. É na superfície externa que se

processa o maior número de interações com o meio, como a regulação da temperatura

corpórea por exemplo. É através da pele que se secreta e excreta humores interagindo

com o mundo (GOMES; DAMAZIO, 2009).

O tegumento é admirável por constituir uma barreira eficiente contra agressões exógenas, de natureza química ou biológica, e impedir a perda de água e de proteínas para o exterior e, ainda assim, manter-se maleável (Kede e Sabatovich, 2009 p. 01).

Page 8: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

8

De acordo com Tortora; Derrickson (2012), estruturalmente, a pele consiste em duas

partes principais: a epiderme (epi- = acima), superficial, composta por cinco camadas:

basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea; e a derme, camada mais profunda,

composta por tecido conjuntivo (fig. 01).

Fig. 01: Corte histológico da pele

Fonte: http://belezain.inf.br/podologia/hidrat_espec.asp

Na epiderme, o epitélio é escamoso, estratificado e queratinizado, tendo como

principais células os queratinócitos; os melanócitos; as células de Langerhans e as

células de Merkel. Cerca de 90% das células da epiderme é composta por

queratinócitos (keratino- = córneo; kytos- =célula) organizadas em 4 ou 5 estratos,

citados acima, que produzem a proteína queratina, uma proteína forte e fibrosa, que

ajuda a proteger a pele e os tecidos subjacentes das agressões químicas e biológicas.

Já a derme, camada mais profunda da pele, é formada principalmente por tecido

conjuntivo denso. Contém fibras colágenas e elásticas conferindo à pele

extensibilidade (capacidade de distensão) e a elasticidade (habilidade de retornar à

forma original após esticar). É na derme que poderão ocorrer importantes alterações

fisiológicas, que culminarão no quadro inestético e multifatorial que elucidaremos no

decorrer do trabalho.

Page 9: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

9

Discorrer-se-á, agora, sobre o conceito da linfostase cutânea regional, suas várias

nomenclaturas, de como reflete na autoestima das mulheres, como é a formação

dessa fisiopatologia que é multifatorial e suas classificações.

4. NOMENCLATURAS E CONCEITOS DA LINFOSTASE CUTÂNEA

REGIONAL

O termo celulite vem do latim cellulite, e foi usado no ano de 1920 por Alquier e Paviot

para caracterizar uma doença que, atualmente, acomete cerca de 90% das mulheres.

Até os dias de hoje é o termo mais usado.

Alquier e Paviot consideravam uma alteração estética no revelo cutâneo, com uma distrofia celular complexa e não inflamatória do sistema mesenquimatoso, acompanhada de uma saturação do tecido conjuntivo pelos líquidos intersticiais. (Godoy & Godoy, 2003 p. 09).

No entanto, houve várias discussões para alteração desse nome, pois observou-se

que não havia um infiltrado inflamatório na histopatológica. A partir desta discussão

vários pesquisadores deram nomes diferentes para esta disfunção, tais como:

Paniculopatia edemato-fibroesclerótica por Binazzi, em 1977 e de paniculose em

1983, lipoesclerose nodular por Curri em 1991, e a lipodistrofia ginoide por Ciporkin &

Paschoal em 1992, linfostase cutânea regional por Godoy & Godoy em 2003.

Consideramos o conceito de Godoy & Godoy o mais adequado, pois se refere

diretamente aos aspectos da fisiopatologia da doença e não aos achados

histopatológicos que representam as consequências das alterações dérmicas. (Godoy

& Godoy, 2003).

Page 10: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

10

Na Idade Média, a linfostase cutânea regional era vista como belo. Era digno está em

realce diante das pinturas e estátuas femininas, (fig. 02) porém, nos padrões de beleza

dos dias atuais (fig. 03) é visto como uma imperfeição.

Fig. 02: Conceito de beleza na Idade Média (As Três Graças)

Fonte: Godoy & Godoy 2003

Fig. 03: Conceito de beleza nos dias atuais

Fonte: http://vogue.globo.com/beleza/fitness-e-dieta/noticia/2016/01/o-segredo-do-corpo-impecavel-de-

gisele-bundchen.html

Entretanto, mesmo diante de tantos estudos e nomes diversos, existem poucos artigos

científicos discorrendo sobre o assunto. Esta doença mexe com a autoestima das

mulheres de maneiras diferentes ao longo da história.

Linfostase cutânea regional é considerado uma doença porque tem alterações

genéticas, é uma doença de depósito, a nível do relevo subcutâneo mudando os

aspectos da pele. Este depósito é basicamente constituído por macromoléculas e

Page 11: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

11

água. Esta doença está ligada basicamente ao retorno venoso e linfático da circulação

sanguínea. A causa desta doença é multifatorial, tendo em vista várias interferências

como por exemplo: alterações hormonais, inatividade física, hábitos de vida e hábitos

alimentares. (Godoy & Godoy, 2003).

A seguir, abordar-se-á a fisiopatologia da linfostase cutânea regional, de acordo com

o estudo Godoy & Godoy.

4.1 Fisiopatologia da Linfostase Cutânea Regional

A microcirculação é responsável por toda a interação das células individualizadas com

o organismo, e aporte nutricional até a distribuição e eliminação dos seus produtos

pelo organismo. O interstício celular é o espaço preenchido entre as células (fig. 04)

e serve de interface para as trocas entre o sistema circulatório e as células.

Fig. 04: Representação do sistema linfático

Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/ef/Illu_lymph_capillary_es.svg

A formação da linfostase cutânea regional ocorre no interstício celular com o aumento

da pressão em nível intersticial, provocando alteração nos capilares linfáticos onde se

encontram os linfângions, que são dispositivos contráteis do sistema linfático. A

redução do número de contrações pode levar a uma falha no sistema de drenagem,

sobretudo nos capilares iniciais. Sendo assim, o aumento da pressão no interstício

celular, ocasiona dificuldades na remoção de proteínas e outras substâncias e causa

o acúmulo e estagnação dos líquidos. Sua afinidade por proteínas e macromoléculas,

Page 12: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

12

poderá ocasionar a polimerização e levar à formação da linfostase cutânea regional.

(GODOY & GODOY, 2003).

Descrever-se-á as questões multifatoriais que poderão contribuir ou agravar o quadro

da linfostase: fatores predisponentes: genéticos e constitucionais; fatores

desencadeantes: hormonais; e fatores agravantes: sedentarismo, hábitos de vida e

obesidade.

4.2 Fatores Predisponentes, Desencadeantes e Agrava ntes

4.2.1 Fatores Predisponentes:

São os fatores genéticos e constitucionais. Nos fatores constitucionais está a questão

da raça e o biótipo constitucional que acomete em maior parte a raça branca e o sexo,

que envolve exclusivamente as mulheres. (GODOY & GODOY, 2003). A distribuição

da gordura que é um fator genético, predominando o padrão ginóide nas latino-

americanas e o androide nas europeias MEDEIROS, (in KEDE; SABATOVICH, 2009,

p 462).

4.2.2 Fatores Desencadeantes: Hormonais

A interferência hormonal não afeta somente a contração dos linfângions, mas a

distribuição do tecido gorduroso na mulher, que dá as características e aspecto físico

feminino (GODOY & GODOY, 2003, P.35). Neste sentido MEDEIROS (in KEDE,

SABATOVICH, 2009.), discorre detalhadamente as ações hormonais que irão

influenciar nos fatores desencadeantes da fisiopatologia da lipodistrofia ginóide (LDG):

[...]O estrogênio é o grande responsável pela disfunção inicial. O hiperestrogenismo tem sido considerado o principal etiológico da LDG [...] Verifica-se a ação do estrogênio em cada um dos componentes da unidade funcional do tecido adiposo, como se pode observar a seguir. Na matriz intersticial, age estimulando a proliferação dos fibroblastos [...] à perda de elasticidade das fibras de colágenos. Nos adipócitos e sistema neurovegetativo, o estrogênio aumenta a resposta dos receptores alfa-adrenérgicos antilipolíticos e estimula a lipase lipoproteica [...] Na microcirculação o estrogênio tem o efeito no aumento da permeabilidade, facilitando o edema e na diminuição do tônus muscular [...] Um hipertireoidismo periférico relativo pode ser provocado pelo estrogênio [...] Assim, o estrogênio pode iniciar,

Page 13: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

13

agravar e perpetuar o processo da lipodistrofia ginóide [...] Já a progesterona tem seu efeito agravante na LDG através do edema que desencadeia a cada ciclo menstrual [...] Dentre outros hormônios, destaca-se a insulina que é lipogênica. A prolactina aumenta a retenção hídrica no tecido adiposo. As catecolaminas em baixa concentração ativam os recptores beta-adrenérgicos nos adipócitos. MEDEIROS (in KEDE, SABATOVICH, 2009, p.461).

4.2.3 Fatores Agravantes: Sedentarismo

Flacidez muscular e os tendões prejudicam o retorno venoso, favorecendo estase e

edema, e atua realçando a alteração do relevo dos septos interlobulares MEDEIROS

(in KEDE, SABATOVICH, 2009, p.462).

Hábitos de vida

Vestuário apertado e salto alto dificultam o retorno venoso e linfático, agravando o

edema e o aspecto da linfostase cutânea regional (Godoy & Godoy, 2003, p. 38).

Obesidade

Além do hiperinsulinismo, inúmeros mecanismos de disfunção metabólica estarão

envolvidos com efeitos deletérios sobre o tecido comprometido MEDEIROS (in KEDE;

SABATOVICH, 2009, p. 462).

Classificar-se-á, agora, a linfostase cutânea regional, de acordo com os autores

abaixo.

4.3 Classificação da Linfostase Cutânea Regional

Existem vários métodos que são utilizados para a classificação da linfostase cutânea

regional, porém, as mais usadas são Bartoletti, Curri e Godoy & Godoy (GODOY &

GODOY, 2003)

Page 14: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

14

4.3.1 Classificação de Bartoletti

Forma dura: é encontrado principalmente em mulheres jovens e praticantes de

atividades físicas diariamente, tem aspecto compacto e não modifica com a posição.

Com o pinçamento, detecta-se o aspecto casca de laranja.

Forma flácida: ocorre em mulheres sedentárias com hipotonia muscular e história

familiar de flacidez ou perdem grande quantidade de peso abruptamente. O aspecto

acolchoado é evidente, a pele trêmula ante aos movimentos e o relevo da superfície

se altera com a posição. Geralmente ocorre em torno dos 40 anos.

Forma edematosa: ocorre o aumento dos membros inferiores como um todo.

Provoca sensação de peso e dor nas pernas, é citada como a mais grave. Forma

mista é a associação entre a flácida e edematosa

4.3.2 Classificação de Curri Grau I – Assintomático ou latente. Sem alterações clínicas, somente histopatológicas.

Grau II – Alterações somente visíveis à palpação ou contração muscular. Com

comprometimento circulatório, diminuição da temperatura e elasticidade da pele. Não

há alteração de sensibilidade à dor.

Grau III – Visível mesmo sem compressão dos tecidos, sujeita a ficar mais aparente

com compressão dos mesmos. Aspecto macroscópico de casca de laranja, observado

com inspeção simples. Presença de nódulos à palpação. Pode haver alteração de

sensibilidade.

Grau IV – O comprometimento pode ser observado quando o indivíduo estiver em

qualquer posição. Há nódulos maiores e dolorosos, aderidos aos planos profundos.

Pele com aspecto de casca de nozes, enrugada e flácida. Há fibrose com fator

predominante, há sensibilidade aumentada à dor, podendo ter comprometimento do

sistema nervoso.

4.3.3 Classificação Godoy & Godoy Aspecto edematoso – Ocorre predomínio das alterações de permeabilidade capilar,

na qual as pacientes têm dor decorrente principalmente na sobrecarga hídrica no

Page 15: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

15

sistema venoso, sendo agravado pela postura, calor, períodos menstruais. Pode

envolver predominantemente o membro inferior. Porém afeta todo organismo.

Aspecto endurecido – É a forma predominante na linfostase cutânea regional pura,

na qual não se encontra outros fatores, como a obesidade e o edema. Pode afetar

membros, tórax e abdômen e os sintomas decorrem da fase evolutiva, sendo que

normalmente não é dolorosa.

Aspecto lipoedematoso – É o padrão no qual ocorre um predomínio da obesidade,

podendo estar associada ou não ao edema. Deve considerar também, no exame

físico, a característica do subcutâneo em relação à flacidez.

A seguir, abordar-se-á o sistema linfático, antecedendo à proposta de recurso de

tratamento manual de drenagem linfática, por compreender-se que uma das hipóteses

da linfostase cutânea regional trata de uma estagnação dos líquidos intersticiais e a

polimerização a partir das macromoléculas, que dificultará as reabsorções venosa e

linfática, o que poderá resultar no aspecto celulítico.

5. SISTEMA LINFÁTICO

Segundo Tortora; Derrickson (2012), a célula é a unidade estrutural e funcional básica

de todo organismo. Um grupo de células microscópicas1, todas similares em estrutura

e com a mesma função especializada podem se agrupar para formar diversos tipos

de tecidos, que por sua vez formam os órgãos. Uma coleção de órgãos específicos

pode formar sistemas integrados e interdependentes que combinados constituem

organismos complexos, como o ser humano, por exemplo. Os vários sistemas

individuais que compõem o corpo humano cooperam entre si para manter a saúde do

organismo como um todo.

Um desses sistemas, é o sistema linfático, responsável entre outras coisas pela

defesa do nosso organismo, promovendo o bem-estar físico e mental do nosso

organismo.

A maior parte do corpo humano é constituída de água, que juntamente com os solutos

dissolvidos , formam os líquidos corporais. Em adultos magros do sexo masculino

1 A maioria das células é microscópica. Uma célula típica tem 20 µ a 30 µ de diâmetro, o que significa

que 40 células alinhadas teriam um diâmetro de um ponto final.

Page 16: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

16

(70 kg de peso) esses líquidos representam 60 % (42 l) da massa total do corpo

humano (fig. 05, p. 16) e cerca de dois terços desses líquidos estão contidos dentro

das células, conhecido como líquido intracelular (LIC).

Fig. 05: Representação percentual em massa dos líquidos presentes no corpo humano.

Fonte: (Adaptado de TORTORA; DERRICKSON 2012)

O terço restante do líquido, que está fora da célula e inclui todos os outros líquidos

corporais, é conhecido como líquido extracelular (LEC). Parte desse líquido,

aproximadamente 80 %, está presente nos espaços microscópicos entre as células

dos tecidos, é chamado líquido intersticial. Do que sobra, um pouco menos de 20%

está presente nos vasos sanguíneos, constitui o plasma sanguíneo. O restante do

Page 17: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

17

líquido extracelular, inclui em menor quantidade (menos de 1%) a linfa, presente no

interior dos capilares e vasos linfáticos, os líquidos cefalorraquidiano, sinovial, humor

aquoso e outros (TORTORA; DERRICKSON, 2012).

De acordo com Tortora; Derrickson (2012), parte do material que compõe o plasma

sanguíneo é filtrada através das paredes dos vasos capilares sanguíneos para formar

o liquido intersticial. Esse fluido que circunda as células dos tecidos corporais acaba

escoando para dentro de pequenos capilares, e recebe então o nome de linfa (do latim

lymph= líquido claro), similar quimicamente ao plasma sanguíneo. Esses capilares

são conhecidos como capilares linfáticos que, ao se unirem, formam os vasos

linfáticos, semelhantes às veias, mas de parede mais fina e apresentando mais

válvulas.

Os capilares linfáticos são encontrados por todo o corpo, exceto no sistema nervoso

central, em porções do baço, na medula óssea e em tecidos que não apresentam

capilares sanguíneos (TORTORA; DERRICKSON, 2012).

A linfa é um líquido transparente, incolor, de reação alcalina, composto de proteínas

e lipídios, que contém em suspensão glóbulos brancos, principalmente linfócitos e,

com frequência, glóbulos de gorduras (GOMES; DAMAZIO, 2009 p. 385).

A linfa, os vasos linfáticos, os tecidos linfáticos e a medula óssea vermelha formam o

sistema linfático, responsável pela imunidade adaptativa (e alguns aspectos da

imunidade inata). A imunidade Inata inclui as barreiras propiciadas pela pele e pelas

túnicas mucosas. Ela também inclui várias defesas internas, como proteínas

antimicrobianas, células NK, fagócitos, inflamação e febre (TORTORA;

DERRICKSON, 2012).

De acordo com Monsterleet (2011), o sistema linfático nasce em quase todos os

espaços tissulares em uma rede muito densa de capilares e de vasos, generalizada

em todo o organismo, tanto na superfície quanto em sua região profunda (fig. 06, p.

18).

Page 18: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

18

Fig. 06: Composição do sistema linfático

Fonte: (Adaptado de Tortora; Derrickson 2012),

Segundo Tortora; Derrickson (2012), o sistema linfático tem três funções primárias:

1. Drenagem do excesso de liquido intersticial e as proteínas provenientes dos

espaços tissulares e os devolvem ao sangue.

2. Transporte de lipídios alimentares, e as vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K)

absorvidas pelo trato gastrointestinal até o sangue.

3. Realização das respostas imunes. O tecido linfático inicia as respostas

altamente específicas contra micróbios específicos ou células anormais.

Intercalados aos vasos linfáticos, encontram-se os linfonodos ou gânglios linfáticos.

Possuem forma arredondada similares aos linfócitos do sangue, medindo de 3 a 6 mm

de diâmetro. De acordo com Monsterleet (2011), os vasos linfáticos que fazem o

transporte da linfa são denominados aferentes; os que saem deles, são chamados de

eferentes. (fig. 07, p. 19). Antes de ser lançada à corrente sanguínea, a linfa pode

atravessar diversos grupos de linfonodos.

Page 19: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

19

Fig. 07 Linfonodos com vias linfáticas eferentes e aferentes

http://www.ebah.com.br/content/ABAAAATmoAH/relatorio-celulas-orgaos-envolvidos-na-resposta-

imune

São os linfonodos os responsáveis pela segunda linha de defesa do organismo

(MONSTERLEET, 2011). Eles sustentam e reforçam os neutrófilos que se espalham

nos tecidos atingidos pela infecção.

Segundo Foldi (2012), os linfonodos funcionam como “estações de filtragem”. O ser

humano possui de 600 a 700 linfonodos com um peso aproximado de 100 g. no total.

São facilmente palpados quando estão aumentados e podem ser encontrados nas

regiões: axilares, inguinal e ao longo dos grandes vasos do pescoço e do tronco, onde

são bastante numerosos.

Os linfonodos atuam, basicamente, em duas funções: na filtração da linfa, para a

eliminação de partículas estranhas e no desempenho do papel imunológico por meio

dos linfócitos e plasmócitos (ELWING; SANCHES, 2014, p.40).

De acordo com Monsterleet (2011), as trocas entre o sangue e a linfa ocorrem na

região da microcirculação capilar, de acordo com os fenômenos físicos difusão,

osmose e pressão oncótica.

Difusão: é o movimento do soluto de uma solução concentrada em direção a uma

solução mais diluída através de uma membrana de separação, até que haja igualdade

nas suas concentrações.

Osmose: é o movimento da água de uma solução diluída em direção a uma solução

mais concentrada.

Page 20: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

20

Pressão oncótica: é a pressão osmótica coloidal devidas aos coloides do plasma.

Dos vasos linfáticos, a linfa passa finalmente para um dos dois canais principais:

O ducto torácico e o ducto linfático direito (fig. 08).

Fig. 08: Ducto torácico e Ducto linfático direito

Fonte: (Adaptado de Foldi 2012)

De acordo com Tortora; Derrickson (2012), O ducto torácico, o principal ducto coletor

de linfa, drena a linfa do lado esquerdo da cabeça, do pescoço e do tórax; do membro

superior esquerdo e do corpo inteiro abaixo das costelas. O ducto linfático direito drena

a linfa do lado superior direito do corpo. Por fim, o ducto torácico esvazia-se de sua

linfa na junção das veias jugular interna esquerda e subclávia esquerda, enquanto o

ducto linfático direito o faz na junção das veias jugular interna direita e subclávia direita

(fig. 08, p. anterior). Desse modo, a linfa é drenada de volta ao sangue

5.1 Transporte da Linfa

É nos capilares iniciais linfáticos que têm início a formação da linfa, mas o seu

transporte ativo ocorre nos coletores e troncos linfáticos, vasos linfáticos com diâmetro

em torno de 0,1 a 2 mm (fig. 09 p. 21). Os coletores possuem válvulas em suas

paredes internas, dispostas aos pares, cuja função é impedir o refluxo da linfa. O

trecho entre duas válvulas é denominado linfângion (fig.10 p. 21 ). Por meio da

Page 21: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

21

contração dos linfangions, e ação passiva das válvulas a linfa é impulsionada na

direção certa (FOLDI, 2012).

Fig. 09: Transporte da linfa

Fonte: Tortora; Derrickson 2012,

Fig. 10: Detalhe de um vaso linfático mostrando o Linfângion

Fonte: http://profrk-zapamietajtechwile.blogspot.com.br/

6. DRENAGEM LINFÁTICA

De acordo com Foldi (2012), a Drenagem Linfática Manual (DLM) é uma técnica que

utiliza compressão manual que consiste em manobras especificas por pressão

intermitente que segue o trajeto dos vasos linfáticos e tem como objetivo aumentar o

fluxo da circulação linfática nos tratamentos de disfunções de edemas, linfedemas e

alterações estéticas como a linfostase cutânea regional.

Page 22: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

22

A linfa percorre o sistema linfático graças a débeis contrações dos músculos, da

pulsação das artérias próximas e do movimento das extremidades articulares. É uma

drenagem linfática natural. (FOLDI, 2012).

A drenagem linfática manual foi desenvolvida no período de 1932 e 1936 quando o

casal dinamarquês Estrid e Emil Vodder, observou que em pacientes com quadros

gripais crônicos, com linfonodos aumentados na região cervical, quando lhes

estimulavam os gânglios aumentados, havia uma melhora em seu estado clínico após

o manuseio da região afetada. É a eles que devemos o termo drenagem linfática

manual, denominação atualmente adotada mundialmente por todos. (GODOY &

GODOY, 2004).

A partir daí o casal desenvolveu uma série de movimentos, resultando assim na

técnica de drenagem linfática, a partir de estudo observacional, publicada em Paris

em 1936. Nas décadas de 1960 a 1970 foi despertado o interesse de alguns médicos

com a finalidade de tratar o linfedema. Ao longo dos anos outros profissionais da área

médica desenvolveram outras técnicas, mas sempre mantendo os princípios

preconizados por Vodder. Daí em diante vários adeptos passaram a utilizar a técnica

acrescentando algumas modificações, porém sem alterações significativas no

conceito de seus movimentos e direcionamentos, respeitando-se a fisiologia e o trajeto

dos vasos linfáticos. Além da área da estética, que já fazia uso da técnica, surgiram

vários centros utilizando a técnica, como o casal Michel & Ethel Foldi, na Europa; o

casal John R. & Judith R. Casley Smith, na Austrália; Rubens Mayall, no Brasil, dentre

outros no mundo inteiro.

De acordo com os conceitos de anatomia, fisiologia e hidrodinâmica, Godoy & Godoy,

em 1999, descreveu uma nova técnica utilizando roletes como mecanismos

facilitadores de drenagem. Com esta técnica, passou-se a questionar a utilização dos

movimentos circulares. Atualmente o casal não utiliza mais os roletes e sim o

deslizamento com pressão constante, precedido de sua principal manobra, que é o

estímulo da região supra clavicular por 20 minutos (GODOY & GODOY, 2011).

A técnica de drenagem linfática Godoy & Godoy segue os princípios da anatomia,

fisiologia, hidrodinâmica e da fisiopatologia de acordo com o quadro clínico do

paciente, seja no tratamento do edema, linfedema ou linfostase cutânea regional. A

Page 23: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

23

técnica pode ser avaliada nas três fases de investigação clínica, que são: estudo in

vitro, in vivo e clínico (GODOY & GODOY, 2011).

• In vitro: trata-se de uma expressão em latim que quer dizer “em vidro”. É uma

expressão utilizada na área médica para dar nome aos fenômenos observados

fora do organismo do ser vivo.

As figuras 11 e 12, ilustram a experiência de Godoy & Godoy, utilizando um tubo

plástico com líquido colorido que, quando comprimido manualmente, torna possível

observar o deslocamento do fluido.

Fig.11: Coletor (in vitro) sobre a perna até a região inguinal.

Godoy &Godoy 2011.

Fig.12: Deslizamento do dedo sobre o vaso, mantendo-o colabado2

Godoy & Godoy 2011.

2Dicionário Priberam da língua portuguesa “Causar ou sofrer colapso ou aluimento, geralmente

falando-se de estrutura anatômica.”

Page 24: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

24

• In vivo: é uma expressão, também do latim, que se refere à experimentação

realizada dentro ou no tecido de um organismo vivo. Dessa forma, a

compressão é realizada diretamente no tecido humano, comprimindo a

extremidade de um vaso e deslocando manualmente sobre o mesmo (fig.13 e

14).

Fig. 13: Compressão distal da veia, deslizando para proximal.

Godoy & Godoy 2011

Fig. 14: Mantendo a compressão distal da veia.

Godoy & Godoy 2011

• Clínico: conjunto de procedimentos investigativos e desenvolvimento de

medicamentos realizados para oferecer segurança e/ou eficácia nas

intervenções de saúde.

Godoy & Godoy (2003), afirmam que a drenagem linfática tem duas fases bem

distintas: Drenagem da linfa já formada e estimulação e formação da linfa. Na

formação da linfa as pressões oncóticas e hidrostáticas dos meios intravascular e do

interstício celular são de fundamental importância. A linfa é formada no momento em

que o fluido intersticial penetra nos capilares linfáticos e uma das formas de estimular

Page 25: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

25

essa ação natural é com o aumento da pressão, do espaço intersticial. Isso cria

condições para que o fluido intersticial atinja os capilares linfáticos, linfonodos

correspondentes, e, obedecendo a sequência dos trajetos, finalmente, alcance o

sistema venoso.

Godoy & Godoy (2011), enfatizam que, de acordo com a hidrodinâmica, quando

drenamos no sentido do fluxo da linfa, ou seja, no sentido do trajeto dos vasos, um

maior volume de fluidos é deslocado, pois, se for realizado em sentido contrário pode

forçar a linfa contra as válvulas podendo danificá-las e, consequentemente os

linfonodos.

Destacar-se-á, a seguir, as técnicas das manobras dos membros inferiores que são

as regiões mais acometidas pela linfostase cutânea regional.

6.1 Técnicas e Manobras

Estímulo cervical

Quando executada a manobra do estímulo cervical (fig. 15), observou-se a melhora

tanto nos edemas da face como nas extremidades, sendo comprovada essa

observação a partir de estudo clinico. A drenagem deve ser iniciada proximal à base

do pescoço na região supra clavicular, região onde são encaminhados todos os

coletores. Este estímulo deve ter a duração de 15 a 20 minutos, utilizando os

polegares.

Fig. 15: Região cervical, local onde realizam os estímulos

Fonte: Godoy & Godoy 2011

Page 26: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

26

Movimentos respiratórios

É a alternativa fisiológica de estimular a variação de pressão da caixa torácica, onde

a excursão pulmonar e do diafragma auxiliam na compressão dos vasos. Nos

movimentos respiratórios exerce uma pressão subatmosférica de 4mm Hg a 6mm Hg,

portanto, uma pressão aspirativa.

Compressão abdominal

É um diferencial de pressão com finalidade de estimular a drenagem linfática e os

movimentos e são orientados em uma sequência de estímulos programados durante

a drenagem linfática. Geralmente são realizados em torno de 5 compressões, e esses

números são aleatórios podendo variar conforme a necessidade do cliente, sendo que

deve-se respeitar a direção dos quadrantes supra e infra-abdominal (fig. 16). Na

região supra-abdominal, a linfa é direcionada para os linfonodos axilares; já a linfa da

região infra-abdominal segue para os linfonodos inguinais, sempre respeitando a

fisiologia.

Fig. 16: Compressão manual na região umbilical.

Fonte: Godoy &Godoy 2011

Membros inferiores

Dar-se o início das manobras na região proximal estimulando a principal corrente que

é a da safena magna. Flexionando lateralmente o membro, tem-se a exposição da

corrente linfática da veia safena magna (fig. 17, p. 27). Iniciam-se os movimentos

manuais deslizando próximo da prega inguinal, até atingi-la, e volta-se em seguida

para as regiões mais distais.

Page 27: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

27

Fig.17: Corrente da safena magna e as demais da coxa

Godoy & Godoy 2011

É importante manter o movimento com pressão constante até a região inguinal, pois

no caso de haver refluxo linfático ocorrerá perda da eficácia do movimento. Deve-se

enfatizar que a manutenção da pressão até atingir a região inguinal e a velocidade

durante o deslizamento são de maior importância (fig. 18). É a uniformização dos

movimentos que promove a eficácia do equilíbrio entre a formação da linfa e sua

drenagem, e não a drenagem rápida.

Fig. 18: drenagem da corrente da safena magna atingindo o terço inferior da perna.

Fonte: Godoy &Godoy 2011

Page 28: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

28

7. METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão bibliográfica, realizada nas bases de dados multidisciplinares,

dando ênfase às nomenclaturas da linfostase cutânea regional, utilizando o método

de drenagem linfática manual Godoy & Godoy como uma das possibilidades de

tratamento.

Os dados utilizados para o desenvolvimento do presente estudo, foram obtidos

através de pesquisas bibliográficas, em Artigos Científicos, Revistas, publicações

impressas online e livros relacionados ao assunto. Algumas das fontes utilizadas

estão fora do critério da normativa de 2010 a 2017, pois não foi encontrada literatura

suficiente para o embasamento.

Bases descritoras

As bases descritoras usadas foram:

Scientific Eletronic Library Online (SciELO), a Revista Brasileira em Promoção da

Saúde (RBPS), publicações impressas online e livros relacionados ao assunto.

Critério de inclusão:

Os critérios de inclusão das publicações selecionadas para a presente revisão foram:

Artigos científicos em português; Livros. Artigos disponibilizados na integra que

descrevem ou mencionam o tema abordado.

Critérios de exclusão:

Foram excluídos artigos científicos e livros que abordavam outros assuntos que não

tipificassem a linfostase cutânea regional, sistema linfático e drenagem linfática

manual.

Page 29: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

29

8. CONCLUSÃO

Ao final do percurso desta pesquisa concluiu-se que, a partir dos experimentos in vitro

de Godoy & Godoy, baseados nos conceitos de anatomia, fisiologia e hidrodinâmica,

para o deslocamento de qualquer tipo de fluido deve-se empregar uma diferença de

pressão entre as regiões que contenham fluido. Essa compressão externa promove

um diferencial de pressão entre as extremidades, para deslocar o fluido contido no

conduto, tendo como resultado final a redução da pressão no seu interior, e assim

facilitar a entrada de um novo conteúdo. Tal experimento serviu de base e

fundamentação teórica para as manobras de deslizamento com pressão constante,

traduzindo-se no diferencial do método argumentado neste trabalho, além da manobra

do ângulo venoso em que o casal Godoy & Godoy preconiza sua execução por 20

minutos, em média, para garantir a facilitação da hidrodinâmica dos fluidos linfáticos.

A linfostase cutânea regional ainda é uma patologia pouco estudada e não existe uma

definição exata e um tratamento eficaz reconhecido em todo o mundo. Diante disso,

se faz necessário estudos adicionais, em virtude da escassez de literatura para

compreender melhor as técnicas utilizadas para amenizar os efeitos desta patologia

com eficácia, assim como aprimorar e fidelizar os tratamentos com o intuito de

potencializar os resultados no âmbito da estética clínica.

Page 30: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

30

BIBLIOGRAFAIS:

1. ELWING, Ary & SANCHES, Orlando. Drenagem Linfática Manual Teoria e

Prática. São Paulo: Senac, 2010

2. FOLDI, Michael & Strobenreuther, Roman. Princípios de Drenagem

Linfática. São Paulo: Manole, 2012

3. MONSTERLEET, Gérard. Drenagem Linfática: Guia Completo de Técnica

e Fisiologia. São Paulo: Manole, 2011

4. GODOY, M. F. G. & Godoy, A. C. P. & Godoy, J. M. P. Drenagem Linfática

Global: Conceito Godoy & Godoy. São José do Rio Preto SP: ths, 2011

5. TORTORA, Gerard J. & Derrickson. Corpo Humano – Fundamentos de

Anatomia e Fisiologia. Porto Alegre: Artmed, 2012

6. BORGES, Fábio dos Santos. Modalidades terapêuticas nas difusões

estéticas . 2. Ed. cap. 9, p. 236-237, Ver. E ampl. São Paulo: Phorte, 2010.

7. KEDE, M.P.V; SABATOVICH,O. Dermatologia Estética : 2ed. São Paulo:

Atheneu, 2009.

8. DE MAIO, Maurício. Tratado de medicina estética . Vol. III. ed. São Paulo:

Roca, 2011.

9. Godoy,J.M.P; Godoy,M.F.G. Celulite do diagnóstico ao Tratamento. São

José do Rio Preto: Talkclub, 2003.

10. SOARES,N. S; MIRANDA, A. C;PRAÇA,L.R; BASTOS, V.P; MACENA,R.H.M;

VASCONCELOS,T.B. EFEITOS DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL

ATRAVÉS DA TÉCNICA DE LEDUC NO TRATAMENTO DO FIBRO EDEMA

GELÓIDE: ESTUDO DE CASO, Rev.saúde.com Ceará, 2015. Disponível em:

http://www.uesb.br/revista/rsc/v11/v11n2a06.pdf Acesso em 20/05/2017

Page 31: CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR …...centro universitÁrio hermÍnio da silveira – ibmr laureate international universities curso bacharelado em estÉtica rosalina

31

11. GODOY, J.M.P; GODOY, M.F.G Drenagem linfática manual: novo

conceito, J Vasc Br, Vol. 3, Nº1, 2004. Disponível em:

http://www.drenagemlinfatica.com.br/pdfs/publicacoes/Drenagem%20linfatica

%20novo%20conceito.pdf Acesso em 01/06/2017

12. AFONSO, J.P.J; TUCUNDUVA,T.C.M; PINHEIRO,M.V.B; BAGATIN,E,

Celulite: artigo de revisão , Surg Cosmet Dermatol. 2010;2(3)214-19, São

Paulo. Disponível em: file:///C:/Users/alu2014102024/Downloads/v2-Celulite--

artigo-de-revisao.pdf Acesso em: 30/05/2017

13. GOMES, R.K.; DAMAZIO M. G. Cosmetologia: Descomplicando os

Princípios Ativos : 3 ed. São Paulo: LMP, 2009.