Cartilha Combate Ao Bullying

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    Conselho Nacional de Justia

    Presidente Ministro Ricardo Lewandowski

    Corregedora Nacional de Justia Ministra Nancy Andrighi

    Conselheiros Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi

    Ana Maria Duarte Amarante Brito

    Guilherme Calmon Nogueira da Gama

    Flavio Portinho Sirangelo

    Deborah Ciocci

    Saulo Casali Bahia

    Rubens Curado Silveira Luiza Cristina Fonseca Frischeisen

    Gilberto Valente Martins

    Paulo Eduardo Pinheiro Teixeira

    Gisela Gondin Ramos

    Emmanoel Campelo de Souza Pereira

    Fabiano Augusto Martins Silveira

    Secretrio-Geral Fabrcio Bittencourt da Cruz

    Diretor-Geral Rui Moreira de Oliveira

    EXPEDIENTE

    Secretaria de Comunicao Social

    Secretria de Comunicao Social Giselly Siqueira

    Produo de texto Ana Beatriz Barbosa Silva

    Mdica psiquiatra, diretora tcnica da Medicina do

    Comportamento SP e RJ, escritora e autora do livro

    BULLYING: Mentes Perigosas nas Escolas

    Reviso Geysa Bigonha Maria Deusirene

    Fotos Glucio Dettmar

    Luiz Silveira

    Projeto Grfico Leandro Luna

    Arte, Design Divanir Junior

    e Editorao Marcelo Gomes

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    CARTILHA BULLYINGPROFESSORES E PROFISSIONAIS DA ESCOLA

    1. O QUE BULLYING?

    O bullying um termo ainda pouco conhecido do grande pblico. De origem inglesa esem traduo ainda no Brasil, utilizado para qualificar comportamentos agressivos nombito escolar, praticados tanto por meninos quanto por meninas. Os atos de violncia(fsica ou no) ocorrem de forma intencional e repetitiva contra um ou mais alunos que se

    encontram impossibilitados de fazer frente s agresses sofridas. Tais comportamentos noapresentam motivaes especficas ou justificveis. Em ltima instncia, significa dizer que,de forma natural, os mais fortes utilizam os mais frgeis como meros objetos de diverso,prazer e poder, com o intuito de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar suas vtimas.

    2. QUAIS SO AS FORMAS DE BULLYING? NORMALMENTE, EXISTEM MAISMENINOS OU MENINAS QUE COMETEM BULLYING?

    As formas de bullyingso: Verbal (insultar, ofender, falar mal, colocar apelidos pejorativos, zoar)

    Fsica e material (bater, empurrar, beliscar, roubar, furtar ou destruir pertences da vtima)

    Psicolgica e moral (humilhar, excluir, discriminar, chantagear, intimidar, difamar)

    Sexual (abusar, violentar, assediar, insinuar)

    Virtual ou Cyberbullying(bullyingrealizado por meio de ferramentas tecnolgicas:

    celulares, filmadoras, internet etc.)Estudos revelam um pequeno predomnio dos meninos sobre as meninas. No entanto, por

    serem mais agressivos e utilizarem a fora fsica, as atitudes dos meninos so mais visveis.J as meninas costumam praticar bullyingmais na base de intrigas, fofocas e isolamentodas colegas. Podem, com isso, passar despercebidas, tanto na escola quanto no ambientedomstico.

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    3. EXISTE ALGUMA FORMA DE BULLYINGQUE SEJA MAIS MALFICA? OCYBERBULLYING PIOR DO QUE O BULLYINGTRADICIONAL?

    Uma das formas mais agressivas de bullying, que ganha cada vez mais espaos semfronteiras, o cyberbullying ou bullying virtual. Os ataques ocorrem por meio de ferra-mentas tecnolgicas como celulares, filmadoras, mquinas fotogrficas, internet e seusrecursos (e-mails, sites de relacionamentos, vdeos). Alm de a propagao das difamaesser praticamente instantnea o efeito multiplicador do sofrimento das vtimas imensurvel.O cyberbullyingextrapola, em muito, os muros das escolas e expe a vtima ao escrniopblico. Os praticantes desse modo de perversidade tambm se valem do anonimato e, semnenhum constrangimento, atingem a vtima da forma mais vil possvel. Traumas e consequ-ncias advindos do bullyingvirtual so dramticos.

    4. QUAL O CRITRIO ADOTADO PELOS AGRESSORES PARA A ESCOLHA DA VTIMA?

    Os bullies(agressores) escolhem os alunos que esto em franca desigualdade de poder,seja por situao socioeconmica, situao de idade, de porte fsico ou at porque nu-mericamente esto desfavorveis. Alm disso, as vtimas, de forma geral, j apresentamalgo que destoa do grupo (so tmidas, introspectivas, nerds, muito magras; so de credo,raa ou orientao sexual diferente etc.). Este fato por si s j as torna pessoas com baixaautoestima e, portanto, so mais vulnerveis aos ofensores. No h justificativas plausveispara a escolha, mas certamente os alvos so aqueles que no conseguem fazer frente sagresses sofridas.

    5. QUAIS AS PRINCIPAIS RAZES QUE LEVAM OS JOVENS A SEREM OSAGRESSORES?

    muito importante que os responsveis pelos processos educacionais identifiquem comqual tipo de agressor esto lidando, uma vez que existem motivaes diferenciadas:

    1.Muitos se comportam assim por uma ntida falta de limites em seus processos educa-cionais no contexto familiar.

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    2.Outros carecem de um modelo de educao que seja capaz de associar a autorrea-lizao com atitudes socialmente produtivas e solidrias. Tais agressores procuramnas aes egostas e maldosas um meio de adquirir poder e status, e reproduzem osmodelos domsticos na sociedade.

    3.Existem ainda aqueles que vivenciam dificuldades momentneas, como a separaotraumtica dos pais, ausncia de recursos financeiros, doenas na famlia etc. A vio-lncia praticada por esses jovens um fato novo em seu modo de agir e, portanto,circunstancial.

    4. E, por fim, nos deparamos com a minoria dos opressores, porm a mais perversa.Trata-se de crianas ou adolescentes que apresentam a transgresso como base es-trutural de suas personalidades. Falta-lhes o sentimento essencial para o exerccio doaltrusmo: a empatia.

    6. QUAIS SO OS PRINCIPAIS PROBLEMAS QUE UMA VTIMA DE BULLYINGPODEENFRENTAR NA ESCOLA E AO LONGO DA VIDA?

    As consequncias so as mais variadas possveis e dependem muito de cada indivduo,da sua estrutura, de vivncias, de predisposio gentica, da forma e da intensidade dasagresses. No entanto, todas as vtimas, sem exceo, sofrem com os ataques de bullying(em maior ou menor proporo). Muitas levaro marcas profundas provenientes das agres-ses para a vida adulta e necessitaro de apoio psiquitrico e/ou psicolgico para a supe-rao do problema.

    Os problemas mais comuns so: desinteresse pela escola; problemas psicossomticos;

    problemas comportamentais e psquicos como transtorno do pnico, depresso, anorexia ebulimia, fobia escolar, fobia social, ansiedade generalizada, entre outros. O bullyingtambmpode agravar problemas preexistentes, devido ao tempo prolongado de estresse a que avtima submetida. Em casos mais graves, podem-se observar quadros de esquizofrenia,homicdio e suicdio.

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    7. COMO PERCEBER QUANDO UMA CRIANA OU ADOLESCENTE EST SOFRENDOBULLYING? QUAL O COMPORTAMENTO TPICO DESSES JOVENS?

    As informaes sobre o comportamento das vtimas devem incluir os diversos ambientesque elas frequentam. Nos casos de bullying fundamental que os pais e os profissionais daescola atentem especialmente para os seguintes sinais:

    Na Escola:

    No recreio encontram-se isoladas do grupo, ou perto de alguns adultos que possam

    proteg-las; na sala de aula apresentam postura retrada, faltas frequentes s aulas, mos-tram-se comumente tristes, deprimidas ou aflitas; nos jogos ou atividades em grupo sempreso as ltimas a serem escolhidas ou so excludas; aos poucos vo se desinteressandodas atividades e tarefas escolares; e em casos mais dramticos apresentam hematomas,arranhes, cortes, roupas danificadas ou rasgadas.

    Em Casa:

    Frequentemente se queixam de dores de cabea, enjoo, dor de estmago, tonturas, vmi-

    tos, perda de apetite, insnia. Todos esses sintomas tendem a ser mais intensos no perodoque antecede o horrio de as vtimas entrarem na escola. Mudanas frequentes e intensasde estado de humor, com exploses repentinas de irritao ou raiva. Geralmente elas notm amigos ou, quando tm so bem poucos; existe uma escassez de telefonemas, e-mails,torpedos, convites para festas, passeios ou viagens com o grupo escolar. Passam a gastarmais dinheiro do que o habitual na cantina ou com a compra de objetos diversos com ointuito de presentear os outros. Apresentam diversas desculpas (inclusive doenas fsicas)para faltar s aulas.

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    8. E O CONTRRIO? O QUE SE PODE NOTAR NO COMPORTAMENTO DE UMPRATICANTE DE BULLYING?

    Na escola os bullies (agressores) fazem brincadeiras de mau gosto, gozaes, colocamapelidos pejorativos, difamam, ameaam, constrangem e menosprezam alguns alunos. Fur-tam ou roubam dinheiro, lanches e pertences de outros estudantes. Costumam ser popula-res na escola e esto sempre enturmados. Divertem-se custa do sofrimento alheio.

    No ambiente domstico, mantm atitudes desafiadoras e agressivas em relao aos fami-

    liares. So arrogantes no agir, no falar e no vestir, demonstrando superioridade. Manipulampessoas para se safar das confuses em que se envolveram. Costumam voltar da escolacom objetos ou dinheiro que no possuam. Muitos agressores mentem, de forma convin-cente, e negam as reclamaes da escola, dos irmos ou dos empregados domsticos.

    9. O FENMENO BULLYINGCOMEA EM CASA?

    Muitas vezes o fenmeno comea em casa. Entretanto, para que os filhos possam ser

    mais empticos e possam agir com respeito ao prximo, necessrio primeiro a reviso doque ocorre dentro de casa. Os pais, muitas vezes, no questionam suas prprias condutase valores, eximindo-se da responsabilidade de educadores. O exemplo dentro de casa fundamental. O ensinamento de tica, solidariedade e altrusmo inicia ainda no bero e seestende para o mbito escolar, onde as crianas e adolescentes passaro grande parte doseu tempo.

    10. O BULLYINGEXISTE MAIS NAS ESCOLAS PBLICAS OU NAS PARTICULARES?

    O bullyingexiste em todas as escolas, o grande diferencial entre elas a postura quecada uma tomar frente aos casos de bullying. Por incrvel que parea os estudos apontampara uma postura mais efetiva contra o bullyingentre as escolas pblicas, que j contamcom uma orientao mais padronizada perante os casos (acionamento dos Conselhos Tute-lares, Delegacias da Criana e do Adolescente etc.).

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    11. O ALUNO VTIMA DE BULLYINGNORMALMENTE CONTA AOS PAIS EPROFESSORES O QUE EST ACONTECENDO?

    As vtimas de bullyingse tornam refns do jogo do poder institudo pelos agressores. Ra-ramente elas pedem ajuda s autoridades escolares ou aos pais. Agem assim, dominadaspela falsa crena de que essa postura capaz de evitar possveis retaliaes dos agressorese por acreditarem que, ao sofrerem sozinhos e calados, pouparo seus pais da decepo deter um filho frgil, covarde e no popular na escola.

    12. QUAL O PAPEL DA ESCOLA PARA EVITAR O BULLYINGESCOLAR?

    A escola corresponsvel nos casos de bullying, pois l onde os comportamentosagressivos e transgressores se evidenciam ou se agravam na maioria das vezes. A direoda escola (como autoridade mxima da instituio) deve acionar os pais, os ConselhosTutelares, os rgos de proteo criana e ao adolescente etc. Caso no o faa poderser responsabilizada por omisso. Em situaes que envolvam atos infracionais (ou ilcitos)a escola tambm tem o dever de fazer a ocorrncia policial. Dessa forma, os fatos podemser devidamente apurados pelas autoridades competentes e os culpados responsabilizados.Tais procedimentos evitam a impunidade e inibem o crescimento da violncia e da crimina-lidade infantojuvenil.

    13. COMO O BULLYINGNAS ESCOLAS BRASILEIRAS, EM COMPARAO AOUTRAS, DOS ESTADOS UNIDOS OU DA EUROPA? ALGUMA CARACTERSTICAESPECFICA?

    Em linhas gerais o bullying um fenmeno universal e democrtico, pois acontece emtodas as partes do mundo onde existem relaes humanas e onde a vida escolar faz partedo cotidiano dos jovens. Alguns pases, no entanto, apresentam caractersticas peculiaresna manifestao desse fenmeno: nos EUA, o bullying tende a apresentar-se de formamais grave com casos de homicdios coletivos, e isso se deve infeliz facilidade que os

    jovens americanos possuem de terem acesso as armas de fogo. Nos pases da Europa, o

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    bullyingtende a se manifestar na forma de segregao social a at da xenofobia. No Brasil,observam-semanifestaes semelhantes s dos demais pases, mas com peculiaridadeslocais: o uso de violncia com armas brancas ainda maior que a exercida com armasde fogo, uma vez que o acesso a elas ainda restrito a ambientes sociais dominadospelo narcotrfico. A violncia na forma de descriminao e segregao aparece mais emescolas particulares de alto poder aquisitivo, onde os descendentes nordestinos, ainda queeconomicamente favorecidos, costumam sofrer discriminao em funo de seus hbitos,sotaques ou expresses idiomticas tpicas. Por esses aspectos necessrio sempre anali-

    sar, de maneira individualizada, todos os comportamentos de bullying, pois as suas formasdiversas podem sinalizar com mais preciso as possveis aes para a reduo dessasvariadas expresses da violncia entre estudantes.

    14. QUAL A INFLUNCIA DA SOCIEDADE ATUAL NESTE TIPO DECOMPORTAMENTO?

    O individualismo, cultura dos tempos modernos, propiciou essa prtica, em que o ter

    muito mais valorizado que o ser, com distores absurdas de valores ticos. Vive-se emtempos velozes, com grandes mudanas em todas as esferas sociais. Nesse contexto, aeducao tanto no lar quanto na escola se tornou rapidamente ultrapassada, confusa, semparmetros ou limites. Os pais passaram a ser permissivos em excesso e os filhos cada vezmais exigentes, egocntricos. As crianas tendem a se comportar em sociedade de acordocom os modelos domsticos. Muitos deles no se preocupam com as regras sociais, norefletem sobre a necessidade delas no convvio coletivo e, nem sequer se preocupam comas consequncias dos seus atos transgressores. Cabe sociedade como um todo transmitirs novas geraes valores educacionais mais ticos e responsveis. Afinal, so estes jovensque esto delineando o que a sociedade ser daqui em diante. Auxili-los e conduzi-los naconstruo de uma sociedade mais justa e menos violenta, obrigao de todos.

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    15. COMO OS PAIS E PROFESSORES PODEM AJUDAR AS VTIMAS DE BULLYINGASUPERAR O SOFRIMENTO?

    A identificao precoce do bullyingpelos responsveis (pais e professores) de sumaimportncia. As crianas normalmente no relatam o sofrimento vivenciado na escola, pormedo de represlias e por vergonha. A observao dos pais sobre o comportamento dosfilhos fundamental, bem como o dilogo franco entre eles. Os pais no devem hesitar embuscar ajuda de profissionais da rea de sade mental, para que seus filhos possam supe-rar traumas e transtornos psquicos.

    Outro aspecto de valor inestimvel a percepo do talento inato desses jovens. Os adul-tos devem sempre estimul-los e procurar mtodos eficazes para que essas habilidadespossam resgatar sua autoestima, bem como construir sua identidade social na forma deuma cidadania plena.

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