Características Geotécnicas de Solos Tropicais_Suzuki

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Caractersticas Geotcnicas de Solos Tropicais

De acordo com os termos geotcnicos definiu-se os solos tropicais como sendo aqueles que recobrem o substrato rochoso em localidades que possuem clima tropical. Muitas vezes o termo solo residual tropical ou, simplesmente, solo residual tambm utilizado, pelo fato da maioria dessas formaes ser o produto do intemperismo de uma rocha matriz. A formao do perfil de intemperismo envolve os processos fsicos, qumicos e biolgicos ao longo do tempo. Fatores ambientais e geomorfolgicos, tais como: clima, vegetao, topografia e rocha matriz influenciam na espessura do perfil. Estes fatores citados acima influenciam no s na formao dos solos residuais, eles tambm influenciam na formao de solos coluvionares ou outra formao de solo transportado que foram submetidas ao do intemperismo em ambientes tropicais. Geneticamente se considera como sendo solo residual todo aquele que apresente caractersticas mineralgicas e estruturais da rocha matriz. O solo coluvionar, ou colvio, o material decorrente de um depsito composto por blocos ou gros de qualquer dimenso e um material transportado, principalmente, por gravidade e acumulados no sop ou a pequena distncia de taludes mais ngremes ou escarpas rochosas.

Perfil de Intemperismo em Regies Tropicais Em funo da atuao dos processos fsicos, qumicos e biolgicos sobre a rocha, alguns autores buscaram estabelecer perfis de intemperismo para regies tropicais. Nessas regies, comum a existncia de materiais completamente decompostos e podem apresentar pouca ou nenhuma relao com a rocha matriz ou at blocos de rocha alterada a s, imersa em uma matriz de solo. Segundo alguns estudos efetuados por Vargas (1971), que definiu para engenharia alguns indicativos para a compreenso do resultado do intemperismo sofrido pelas rochas:

* Resistncia de determinados fragmentos de rochas; * Observao de cristais de quartzo que resistiram aos processos de intemperismo;; * Presena de argilas provenientes de minerais de feldspato e mica; * Presena de minerais e ou substncias precipitadas que possam alterar as propriedades do solo, como a gibsita e limonita por exemplo. No caso das rochas metamrficas observaram-se aspectos de intemperismo diferencial no qual resultou em blocos de rocha s emersos na matriz de solo e que possuam resistncia ao cisalhamento relativamente baixa. Nestes casos possvel a ocorrncia de deslizamentos de placas de rochas, quando a resistncia do material decomposto no mais consegue suportar o estado de tenses atuante. As ocorrncias de estruturas nas rochas tambm determinam o

comportamento da massa de solo residual, uma vez que planos de fraturas, foliaes e falhas podem gerar zonas de fraqueza na mesma. No Brasil, num aspecto geral segundo a viso da engenharia, constituem-se perfis tpicos de solos residuais, tais como: a) rochas granticas ou metamrficas que ocorrem ao longo da Serra do Mar. As rochas gneas e metamrficas brasileiras tm o quartzo, o feldspato e a mica como principais constituintes; b) rochas baslticas e arenitos que ocorrem no planalto sul - brasileiro; c) rochas sedimentares que ocorrem no planalto do interior. Os perfis no so determinados apenas pela origem das rochas, mas tambm dos minerais resultantes do intemperismo, permeabilidade e porosidade do solo em questo. Para solos coluvionares e residuais definiu-se perfis de intemperismo tpico (figura 1) e admitem que as propriedades dos solos como porosidade, permeabilidade e mineralogia variam com a profundidade. Uma caracterstica que indica os limites entre as camadas de solo coluvionar e solo residual, em campo, a presena de linhas de seixos, nem sempre presente.

Figura 1: Perfil de Intemperismo

Fonte: Cruz (1987).

Ainda em se tratando de rochas metamrficas, definiu-se que a presena de planos de foliao reliquiares ou juntas contribuem para os deslizamentos ao longos desses planos. Os perfis de formao de solos em encostas (figura 2), evidenciam a influncia das condies de clima, rocha de origem, topografia e drenagem na

formao dos solos. A espessura de cada camada ao longo da encosta determinada pela combinao dos fatores ambientais associados ao intemperismo local sofrido pela encosta. A exemplo, o perfil apresentado representa as encostas da Serra do Mar: formao de solo saproltico em encosta tpico de regies tropicais midas; perfil de alterao de rochas gneas, com grau de alterao variando com a profundidade e existncia de juntas e estruturas reliquiares; perfil de solo bem desenvolvido acima e abaixo da encosta, tpico de regies midas; manto de alterao antigo com depsitos de tlus e colvio.

Figura 2: Exemplos do processo de formao de solos em encostas.

Fonte: Fookes (1997).

Estruturas e mineralogia de solos residuais

Nos perfis de solos tropicais as variaes mineralgicas e estruturais so mantidas, e so as mesmas vistas em campo; tais aspectos influenciaro nas propriedades fsicas do solos no que tange o comportamento mecnico e hidrulico dos mesmos.

Nas pores superficiais dos solos tropicais so as presenas de precipitados de xido de ferro e alumnio, assim como a argila caulinita (principal argilo-mineral do grupo das argilas) e muitas vezes a ltima ocorre revestida por xidos. Esses xidos presentes no solo podem acarretar na formao de estruturas porosas que se caracterizam por agregados de partculas que podem ser facilmente destrudas (dependendo do grau de cimentao). Nestas condies, solos finos, predominantemente argilosos, tendem a comportar-se como um solo arenoso e menos plstico no seu estado natural, com elevada permeabilidade e parmetros de resistncia semelhantes a solos arenosos. As camadas subjacentes de solos residuais jovens ou saprolticos so caracterizadas por apresentar mineralogia e estrutura complexas, as quais variaro com o tipo de rocha matriz. A frao grossa desses solos, especialmente quando originados de rochas cidas (gneas e metamrficas), tem sua mineralogia constituda, basicamente, de quartzo, feldspatos, micas e fragmentos de rocha, com propores variando de acordo com o tipo de rocha e o grau do intemperismo. Na frao silte os minerais existentes so, praticamente os mesmos encontrados na frao grossa, acrescentando ainda a caulinita, geralmente associada a outros minerais, como micas e haloisitas. Na frao argila, alm da caulinita, comum a existncia de ilitas e, algumas vezes, argilas do grupo das esmectitas.

Resistncia ao Cisalhamento de Solos Tropicais A mineralogia, os aspectos estruturais e as condies de saturao podem influenciar na resistncia desses solos; essa influncia ir depender do grau de intemperismo, do nvel de estruturas do solo e da rocha matriz. deixando o material com aspecto consolidado. Na mecnica das rochas, a coeso muito elevada e a resistncia ser dominada pela resistncia das fissuras. Na mecnica dos solos a resistncia ser quase friccional, com uma pequena componente relativa dilatncia. Estes dois O intemperismo afeta tanto estes aspectos em funo de casos onde o mesmo provoca litificao,

aspectos citados podem ocorrer conjuntamente, o que pode ocorrer com freqncia em solos tropicais. Em casos nos quais os horizontes superficiais so constitudos por solos coluvionares ou formaes residuais, como exemplo os solos de granito, pode ocorrer mataces imersos em uma matriz de solo. Para casos como estes, a resistncia do solo ser dominada pela matriz do mesmo; no entanto, em solos saprolticos que possuem estruturas provenientes da rocha matriz o seu comportamento ser determinado por tais feies. Quando ocorre a ausncia de argilas expansivas nas camadas de solos superficiais e a ocorrncia de xidos e ferro e alumnio, estes ltimos iro contribuir para a resistncia aos cisalhamento do solo, atuando no aumento da coeso e do ngulo de atrito. Nas camadas de solos residuais a mineralogia tende a influenciar de forma mais significativa na resistncia.

Movimento de Massa em Solos Residuais e Coluvionares

Este captulo trata dos movimentos de massa em solos residuais e coluvionares, nos quais se tornaram grande objeto de estudos em funo da quantidade de eventos ocorridos no Brasil e possuindo exemplos clssicos de estudos no litoral do Estado de So Paulo, principalmente em Santos e Cubato (1939). No ano de 1939 documentou-se o primeiro evento de escorregamento na Serra de Cubato, aos fundos da Usina Hidreltrica da empresa Light. Tais movimentaes mostraram-se bastante intensas e a partir da muitos estudos geotcnicos foram feitos cerca do problema a fim de se determinar as causas e as caractersticas dos macios instabilizados. Alm de se determinar as caractersticas geotcnicas dos macios, deve-se acrescentar o estudo do comportamento do talude geomorfologia, condies de estabilidade, e projetos de medidas para conteno dos mesmos.

Contudo, para determinar o comportamento de um talude nessas condies deve-se: identificar e classificao dos vrios tipos de movimentos de massas que podem ocorrer no talude, sua morfologia, seus aspectos geolgicos, a velocidade do movimento e as suas causas de instabilizao; classificar e descrever de maneira precisa os materiais envolvidos no movimento e determinao das propriedades relevantes ao objetivo do estudo; efetuar a anlise da estabilidade do talude onde deve-se considerar o tipo de movimentao e as propriedades dos materiais; correlacionar as observaes de campo com os resultados da anlise de estabilidade.

Identificao e classificao dos movimentos de massa

Muitos autores selecionaram alguns critrios para determinar os movimentos de massa baseados: a) Natureza do material instabilizado (solo, rocha, detritos, depsitos, etc.) e suas caractersticas (textura, estrutura e quantidade de gua);b) Velocidade, direo e recorrncia dos deslocamentos; c) Geometria das massas em movimento; d) Modalidade de deformao do movimento.

Autores como Augusto Filho (1992), Vargas (1999), entre outros, relacionaram as caractersticas dos movimentos de massa e suas movimentaes em funo do material envolvido e na geometria de encosta. Foram determinados e utilizados quatro tipos de movimentos de massa: rastejo (creep), escorregamentos, quedas e corridas (flows).

Os rastejos so caracterizados por movimentos lentos e contnuos de material de encostas com limites geralmente indefinidos e neste caso podem envolver grandes massas de solo, onde no h distino entre material em movimento e material estvel. Foram definidos dois tipos de rastejos: o sazonal e o contnuo. O modo sazonal definido em funo da variao da umidade e da temperatura do solo ou rocha superficiais; trata-se de movimentos de contrao e expanso da massa na qual atinge profundidades limitadas por estas variaes. J o rastejo contnuo ocorre em funo da gravidade e abaixo da zona de variao sazonal e atinge maiores profundidades, diferentemente do rastejo sazonal. Pode-se considerar que os escorregamentos so caracterizados pela formao de superfcies de ruptura bem definidas onde se concentram as tenses cisalhantes. Eles ocorrem quando a relao entre a resistncia ao cisalhamento do material e a tenso de cisalhamento na superfcie potencial de movimentao decresce at atingir uma unidade, no momento dos escorregamentos quando a fora gravitacional vence o atrito interno das partculas que so responsveis pela estabilidade, fazendo com que o material escorregue talude abaixo. Os escorregamentos so divididos em rotacionais e translacionais, dependendo da forma da superfcie de deslizamento: Os movimentos rotacionais so caracterizados por superfcies de ruptura curva, por isso tambm so determinados como circulares.

So divididos em rotacionais ou translacionais, dependendo da forma da superfcie de deslizamento. Nos deslizamentos rotacionais, uma parte do material que forma o talude desliza, sem sofrer distoro, ao longo de uma superfcie bem definida que apresenta forma cncava. Os escorregamentos translacionais ocorrem ao longo de planos de estratificao, falhas, fraturas ou contatos geolgicos aproximadamente paralelos superfcie do talude, de forma que o movimento da massa deslizante essencialmente de translao. A diferena entre o escorregamento rotacional e translacional no est apenas na forma da superfcie de ruptura, mas no sistema de foras atuantes. No deslizamento rotacional, o sistema de foras que inicia a instabilizao diminui com o aumento das deformaes. Isso se verifica no tombamento da parte posterior da massa que desliza, em direo oposta ao movimento. No caso dos deslizamentos translacionais, o sistema de foras que provoca a ruptura permanece constante. A queda de massas um processo de movimento que envolve essencialmente material rochoso de vrias litologias e dimenses: lascas, placas ou blocos. Pode ser classificada em: queda de blocos: o material se destaca da encosta e se desloca em queda livre; tombamento de blocos: h uma rotao dos blocos devido a condicionantes geolgicos, sistema de falhas ou juntas com mergulho desfavorvel estabilidade da encosta; rolamento de blocos: corresponde ao movimento de mataces ao longo de uma superfcie inclinada, devido perda de apoio; desplacamento: consiste no desprendimento de placas ou lascas da encosta devido a variaes trmicas ou por alvio de tenses. O desprendimento pode ocorrer em queda livre ou por deslizamento em superfcie inclinada. A corrida definida por GUIDICINI & NIEBLE (1974) como escoamento rpido caracterizado pela hidrodinmica, em que o material (solo, rocha ou detritos) perde o atrito interno, devido destruio da estrutura, em presena de excesso de gua. Na literatura encontram-se diferentes denominaes para esse tipo de movimento.

Dependendo das caractersticas do material envolvido, quantidade de gua e das velocidades de deslocamento do processo, utilizam-se termos como (INFANTI JR & FORNASARI FILHO, 1998): corrida de lama (mud flow): consistindo de solo com alto teor de umidade; corrida de terra (earth flow): tem como material predominante o solo, mas com teor menor de umidade; corrida de detritos (debris flow): envolve uma mistura de vrios materiais como: fragmentos de rocha de vrias dimenses, solo, restos vegetais e outros. No Brasil, houve ocorrncias deste tipo de movimento em encostas relatados por VARGAS (1999), WOLLE (1998), MASSAD et al (1992), KANJI (2001), AZAMBUJA (2001), e GRAMANI (2001). CARREG (1996) apresentou uma reviso dos movimentos de encostas em solos tropicais, relacionando o mecanismo atuante com as caractersticas do material atravs da posio no perfil de intemperismo, do conhecimento de sua constituio e permeabilidade, como mostra a Tabela 2.4. A rede de fluxo foi considerada em alguns casos e ser discutida no item 2.2.3.

Relao entre os mecanismos de instabilizao e perfil de intemperismo em ambiente tropical (CARREG, 1996).

LEROUEIL (2001) dividiu os movimentos de massa em encostas em estgios, onde os critrios utilizados levam em conta o comportamento tenso-deformao-tempo dos solos e aspectos mecnicos. O movimento foi dividido nos seguintes estgios: pr-ruptura, ruptura, ps-ruptura, reativao e deslizamento ativado, ilustrados na Figura 2.18. A pr-ruptura inclui o processo de deformao que evolui at ruptura. Nesta fase, a massa de solo est essencialmente sobre-adensada, intacta e contnua. Esse estgio caracterizado por baixas velocidades, controlado principalmente pelos fenmenos de ruptura progressiva e fluncia. Ao se aproximar da ruptura, a velocidade aumenta, devido propagao da zona de cisalhamento na massa de solo. A durao desse estgio depende das caractersticas do solo e do estado de tenses iniciais, que pode ser extremamente varivel. A ruptura caracterizada pela formao de uma zona ou superfcie de cisalhamento.

Neste estgio, as foras resistentes tornam-se iguais s foras cisalhantes. O processo de ruptura complexo e resultante de uma combinao de vrios fatores, caracterizado pela envoltria de tenses efetivas. A ruptura influenciada pelos efeitos de velocidade de deformao, ruptura progressiva e descontinuidades. A ps-ruptura descreve o movimento de massa de solo ou de rocha envolvida no deslizamento, logo aps a ruptura. Este estgio caracterizado pelo aumento na velocidade seguido por um progressivo decrscimo na massa de solo mobilizada. O comportamento do material depende da redistribuio da energia potencial requerida na ruptura, que se divide em energia de frico, energia de desagregao e energia cintica. A durao desse estgio depende das caractersticas mecnicas dos materiais envolvidos e geometria da encosta. A reativao descreve o deslizamento de uma massa de solo ao longo de uma ou vrias superfcies de ruptura pr-existentes. Este estgio controlado pelo comportamento de atrito do solo aps grandes deslocamentos (resistncia residual). A reativao pode ser ocasional ou contnua, com variaes sazonais de velocidade de movimento. Segundo LACERDA (2002) os colvios com espessura superior a 5 metros que ocupam depresses de vales e encontram-se permanentemente saturados so os mais preocupantes, sob o ponto de vista da geotecnia. Os colvios situados acima do lenol fretico possuem resistncia devido suco e a sua estrutura os mantm estveis mesmo em situaes de inclinao acentuada. A geomorfologia de massas coluviais foi descrita por LACERDA (1985). As

encostas podem apresentar linhas de cumeada normais direo do vale principal, nos quais as espessuras so mnimas. Os colvios se depositam nos talvegues atravs, principalmente, de escorregamentos de capas superficiais alteradas. Tais deslizamentos so observados nas regies Sul e Sudeste, formados por rochas granito-gnissicas. A Figura 2.19 apresenta os tipos de taludes em bacia hidrogrfica e os tipos de massas coluviais que se acumulam nos talvegues. O perfil AA apresenta a variao

da espessura do colvio preenchendo antigas depresses de solo residual. O perfil BB mostra como a espessura do colvio aumenta a partir da escarpa rochosa at atingir o vale, geralmente, apresentando forma elptica. No perfil CC os colvios se depositam sobre solos coluvionares, este caso comum em regies costeiras ou rios (LACERDA, 2000). LACERDA & DINIZ (2001) realizaram retro-anlises para analisar a influncia do confinamento da massa coluvionar na resistncia ao cisalhamento lateral para seo transversal de forma elptica. As dimenses de massas coluviais envolvidas em algum evento de instabilizao foram compiladas por LACERDA (2000), como mostra a Tabela 2.5. A forma da massa coluvionar quando observada em planta assemelha-se a uma lngua, por isso muitas vezes so referenciadas como lngua coluvial. SAYO (2001) avaliou por meio de estatstica a influncia de vrios fatores que afetam a anlise de estabilidade de taludes, concluiu que, para taludes de inclinao inferior a 20o, com nvel do lenol fretico elevado, o rebaixamento do lenol a soluo mais apropriada para estabilizar taludes.

Geomorfologia dos colvios (LACERDA, 1985). As dimenses de massas coluviais envolvidas em algum evento de instabilizao foram compiladas por LACERDA (2000), como mostra a Tabela 2.5. A forma da massa coluvionar quando observada em planta assemelha-se a uma lngua, por isso muitas vezes so referenciadas como lngua coluvial. SAYO (2001) avaliou por meio de estatstica a influncia de vrios fatores que afetam a anlise de estabilidade de taludes, concluiu que, para taludes de inclinao inferior a 20o, com nvel do lenol fretico elevado, o rebaixamento do lenol a soluo mais apropriada para estabilizar taludes.

Geometria das massas coluviais tpicas do sudeste brasileiro (LACERDA, 2000).

Fatores condicionantes de instabilidade de encostas

O processo de instabilizao de encostas provocado por vrios fatores associados geologia, geomorfologia e hidrogeologia da rea e ao antrpica. TERZAGHI (1950) dividiu as causas das instabilizaes de taludes em externas e internas. As causas externas so aquelas que provocam aumento nas tenses cisalhantes ao longo da superfcie potencial de ruptura, enquanto que as causas internas provocam a diminuio da resistncia ao cisalhamento do solo. So exemplos de causas externas a sobrecarga na parte superior do talude, escavao no p, o efeito de vibraes entre outros. Com relao s causas internas, os exemplos mais estudados so a perda de resistncia pela ao do intemperismo e a elevao da poro-presso na superfcie de ruptura. Os principais fatores condicionantes e as caractersticas que contribuem para os movimentos de massa so apresentados por CRUDEN & VARNES (1996) divididos em quatro grupos: causas geolgicas, morfolgicas, fsicas e humanas.

Algumas so pouco provveis de acontecer no Brasil. Entre as causas morfolgicas pouco provveis esto: o levantamento tectnico ou vulcnico, o alvio por degelo e a eroso glacial no p do talude. Entre as causas fsicas pouco provveis pode-se citar: o derretimento de neve, os terremotos, as erupes vulcnicas, o descongelamento e o intemperismo por congelamento e descongelamento. AUGUSTO FILHO & VIRGILI (1998) avaliaram os fatores condicionantes dos escorregamentos e os processos associados descritos na literatura. Apontaram como principais condicionantes para movimentos de massa nas encostas brasileiras: caractersticas climticas, com destaque para o regime pluviomtrico; caractersticas e distribuio dos materiais que compem o substrato das encostas e taludes, abrangendo solos, rochas, depsitos e estruturas geolgicas (xistosidade, fraturas, etc.); caractersticas geomorfolgicas, com destaque para a inclinao, amplitude e forma do perfil das encostas (retilneo, convexo e cncavo); regime das guas de superfcie e sub-superfcie; caractersticas do uso e ocupao, incluindo cobertura vegetal e as diferentes formas de interveno antrpica das encostas, como cortes, aterros, concentrao de gua pluvial e servida, etc.