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7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra http://slidepdf.com/reader/full/camilo-pesanha-clepsidra 1/39 Clepsidra, de Camilo Pessanha Fonte: PESSANHA, Camilo. Clepsidra. São Paulo : Núcleo, 1989. Texto proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudate Brasileiro !http://www.bibvirt.futuro.usp.br " A Escola do #uturo da $i%ersidade de São Paulo Permitido o uso a&eas &ara 'is educacioais. Texto-base digitalizado por: #abio (i)os*i Sa+ata São Paulo-SP Este material &ode ser redistribudo li%remete, desde /ue ão se0a alterado, e /ue as i'orma2es acima se0am matidas. Para maiores i'orma2es, escre%a &ara ! [email protected] ".  Estamos em busca de patrocinadores e voluntários para nos ajudar a manter este projeto. Se você quiser ajudar de alguma forma, mande um e-mail para <  [email protected] > ou <[email protected] >. CLEPSID! Camilo Pessanha 1 3NSC43567 Eu %i a lu em um &as &erdido. A mi*a alma l;uida e ierme. 7*< =uem &udesse desliar sem rudo<  No c*ão sumirse, como 'a um %erme...

Camilo Pesanha - Clepsidra

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7/25/2019 Camilo Pesanha - Clepsidra

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Clepsidra, de Camilo Pessanha

Fonte:PESSANHA, Camilo. Clepsidra. São Paulo : Núcleo, 1989.

Texto proveniente de:

A Biblioteca Virtual do Estudate Brasileiro !http://www.bibvirt.futuro.usp.br"A Escola do #uturo da $i%ersidade de São PauloPermitido o uso a&eas &ara 'is educacioais.

Texto-base digitalizado por:#abio (i)os*i Sa+ata São Paulo-SP

Este material &ode ser redistribudo li%remete, desde /ue ão se0a alterado, e /ue as i'orma2es acimase0am matidas. Para maiores i'orma2es, escre%a &ara [email protected]".

 Estamos em busca de patrocinadores e voluntários para nos ajudar a manter este projeto. Se você

quiser ajudar de alguma forma, mande um e-mail para < [email protected] > ou

<[email protected] >.

CLEPSID!

Camilo Pessanha

1

3NSC43567

Eu %i a lu em um &as &erdido.

A mi*a alma l;uida e ierme.

7*< =uem &udesse desliar sem rudo<

 No c*ão sumirse, como 'a um %erme...

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S7NE>7S

?

CA@3NH7

3

>e*o so*os cruis alma doete

Sito um %a;o receio &rematuro.

Vou a medo a aresta do 'uturo,

Embebido em saudades do &resete...

Saudades desta dor /ue em %ão &rocuro

o &eito a'u;etar bem rudemete,

e%edo, ao desmaiar sobre o &oete,

Cobrirme o coraão dum %u escuro<...

Por/ue a dor, esta 'alta d*armoia,

>oda a lu des;re*ada /ue alumia

As almas doidamete, o cu

da;ora,

Sem ela o coraão /uase ada:

$m sol ode eD&irasse a madru;ada,

 

33

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Ecotrasteme um dia o cami*o

Em &rocura de /uF, em eu o sei.

G Bom dia, com&a*eiro, te saudei,=ue a 0orada maior ido soi*o

lo;e, muito lo;e, *I muito es&i*o<

Paraste a re&ousar, eu descasei...

 Na %eda em /ue &oisaste, ode &oisei,

Bebemos cada um do mesmo %i*o.

o mote escabroso, solitIrio.

Corta os &s como a roc*a dum cal%Irio,

E /ueima como a areia<... #oi o etato

=ue c*oramos a dor de cada um...

E o %i*o em /ue c*oraste era comum:

>i%emos /ue beber do mesmo &rato.

333

#eos bem, muito bem, esta demora:

Eri0ou a cora;em 'ati;ada...

Eis os ossos bord2es da cami*ada,

Vai 0I rom&edo o sol: %amos embora.

Este %i*o, mais %ir;em do /ue a aurora,

>ão %ir;em ão o temos a 0orada...

Ec*amos as cabaas: &ela estrada,

a/ui ida este ctar a%i;ora<...

Cada um &or seu lado<... Eu %ou soi*o,

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Eu /uero arrostar s todo o cami*o,

Eu &osso resistir J ;rade calma<...

eiDaime c*orar mais e beber mais,

Perse;uir doidamete os meus ideais,

E ter ' e so*ar G ec*er a alma.

K

ES>L>$A

Caseime de tetar o teu se;redo:

 No teu ol*ar sem cor, G 'rio escal&elo,

7 meu ol*ar /uebrei, a debatFlo,

Como a oda a crista dum roc*edo.

Se;redo dessa alma e meu de;redo

E mi*a obsessão< Para bebFlo

#ui teu lIbio oscular, um &esadelo,

Por oites de &a%or, c*eio de medo.

E o meu sculo ardete, aluciado,

Es'riou sobre o mIrmore correto

esse etreaberto lIbio ;elado...

esse lIbio de mIrmore, discreto,

Se%ero como um túmulo 'ec*ado,

Sereo como um &la;o /uieto.

M

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PA3SAENS E 3NVE4N7

3

O meu coraão, tora &ara trIs.

7de %ais a correr, desatiado

@eus ol*os icedidos /ue o &ecado

=ueimou< G o sol< Vol%ei, oites de &a.

Ver;am da e%e os olmos dos cami*os.

A cia arre'eceu sobre o brasido. Noites da serra, o casebre trasido...

O meus ol*os, cismai como os %el*i*os.

EDtitas &rima%eras e%ocaias:

G QI %ai 'lorir o &omar das maceiras.

Hemos de e'eitar os c*a&us de maias.R

Sosse;ai, es'riai, ol*os 'ebris.

GE *emos de ir catar as derradeiras

adai*as...oces %oes seis...R

33

Passou o outoo 0I, 0I tora o 'rio...

7utoo de seu riso ma;oado.

Ll;ido i%ero< 7bl/uo o sol, ;elado...

7 sol, e as I;uas lm&idas do rio.

L;uas claras do rio< L;uas do rio,

#u;ido sob o meu ol*ar casado,

Para ode me le%ais meu %ão cuidado

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Aode %ais, meu coraão %aio

#icai, cabelos dela, 'lutuado,

E, debaiDo das I;uas 'u;idias,

7s seus ol*os abertos e cismado...

7de ides a correr, melacolias

G E, re'ratadas, lo;amete odeado,

As suas mãos traslúcidas e 'rias...

T

SAN AB43E

3

3útil< Calmaria. QI col*eram

As %elas. As badeiras sosse;aram,

=ue tão altas os to&es tremularam,

G ai%otas /ue a %oar des'aleceram.

Pararam de remar< Emudeceram<

UVel*os ritmos /ue as odas embalaram

=ue cilada /ue os %etos os armaram<

A /ue 'oi /ue tão lo;e os trouDeram

Sa abriel, arca0o tutelar,

Vem outra %e abeoar o mar,

Vemos ;uiar sobre a &lacie aul.

Vemos le%ar J co/uista 'ial

a lu, do Bem, doce clarão irreal.

7l*ai< Parece o Crueiro do Sul<

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33

Vem coduir as aus, as cara%elas,

7utra %e, &ela oite, a ardetia,

A%i%ada das /uil*as. irseia

3rmos arado em um motão de estrelas.

7utra %e %amos< CWca%as as %elas,

Cu0a bracura, rútila de dia,7 luar dulci'ica. #eeria

o luar ão mais deiDes de e%ol%Flas<

Vem ;uiaros, Arca0o, J ebulosa

=ue do alm mar %a&ora, lumiosa,

E J oite lactescedo, ode, /uietas,

#ul;em as %el*as almas amoradas...

G Almas tristes, se%eras, resi;adas,

e ;uerreiros, de satos, de &oetas.

X

>atua;es com&licadas do meu &eito:

>ro'us, emblemas, dois le2es alados...

@ais, etre cora2es e;rialdados,

$m eorme, soberbo, amor&er'eito...

E o meu brasão... >em de oiro, um /uartel

Vermel*o, um lis tem o outro uma doela,

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Em cam&o aul, de &rata o cor&o, a/uela

=ue o meu brao como /ue um bro/uel.

>imbre: rom&ate, a me;alomaia...

i%isa: um ai, G /ue isiste oite e dia

embrado ruas, se&ulturas rasas...

Etre castelos ser&es batal*ates,

E I;uias de e;ro, des'raldado as asas,

=ue reala de oiro um colar de besates<

Y

@AAENA

...e l*e re;ou de lI;rimas os &s e oseDu;ou com os cabelos da sua cabea.

E%a;el*o de S. ucas.

O @adalea, cabelos de rastos,

rio &oludo, braca 'lor iútil...

@eu coraão, %el*a moeda 'útil,E sem rele%o, os caracteres ;astos,

e resi;arse tor&emete dúctil...

eses&ero, ude de seios castos,

=uem tambm 'osse, cabelos de rastos,

Esa;Zetado, eDo%al*ado, iútil,

etro do &eito, abomiI%el cWmico<

@orrer tra/Zilo, G o 'astio da cama...O redeão do mIrmore aatWmico,

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Amar;ura, ude de seios castos<...

Sa;rar, &oluirse, ir de rastos a lama,

O @adalea, cabelos de rastos<

8

#7NO4A#7

Vai declamado um cWmico de'uto.

$ma &latia ri, &erdidamete,

o bom 0arreta... E *I um odor o ambiete.

A cri&ta e a &, G do aacrWico assuto.

@uda o re;isto, eis uma barcarola:

rios, lrios, I;uas do rio, a lua...

Ate o Seu cor&o o so*o meu 'lutua

Sobre um &aul, G eDtItica corola.

@uda outra %e: ;or0eios, estribil*os

um clarim de oiro G o c*eiro de 0u/uil*os,

V%ido e a;ro< G tocado a al%orada...

Cessou. E, amorosa, a alma das coretas=uebrouse a;ora or%al*ada e %elada.

Prima%era. @a*ã. =ue e'lú%io de %ioletas<

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esce em 'ol*edos teros a colia:

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G Em ;laucos, 'rouDos tos adormecidos,

=ue saram, 'rescos, meus ol*os ardidos,

 Nos /uais a c*ama do 'uror declia...

7* %em, de braco, G do imo da 'ol*a;em<

7s ramos, le%e, a tua mão a&arte.

7* %em< @eus ol*os /uerem des&osarte,

4e'letir %ir;em a serea ima;em.

e sil%a doida uma *aste es/ui%a.

=uão delicada te osculou um dedo

Com um al0W'ar cor de rosa %i%a<...

i;eira a saia... oce brisa im&elea...

7* %em< e braco< o imo do ar%oredo<

Alma de sil'o, care de camlia...

1[

Esbelta sur;e< Vem das I;uas, ua,

>imoado uma coc*a al%iitete<

7s ris 'leD%eis e o seio 'remete...

@orreme a boca &or bei0ar a tua.

Sem %il &udor< o /ue *I /ue ter %er;o*a

Eisme 'ormoso, moo e casto, 'orte.

>ão braco o &eito< G &ara o eD&or J @orte...

@as /ue ora G a i'ame< G ão se te ate&o*a.

A *idra tor&e<... =ue a estra;ulo< Esma;oa

e ecotro J roc*a ode a cabea te *I de,

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Com os cabelos escorredo I;ua,

3r icliarse, desmaiar de amor,

Sob o 'er%or da mi*a %ir;idade

E o meu &ulso de 0o%em ;ladiador.

11

V\N$S

3

] 'lor da %a;a, o seu cabelo %erde,

=ue o tor%eli*o ereda e desereda...

7 c*eiro a care /ue os embebeda<

Em /ue des%ios a raão se &erde<

Pútrido o %etre, aul e a;lutioso,

=ue a oda, crassa, um balao ala;a,

E re'lui Uum ol'ato /ue se embria;a

Como em um sor%o, murmura de ;oo.

7 seu esboo, a mari*a tur%a...

e & 'lutua, le%emete cur%a

#icaml*e os &s atrIs, como %oado...

E as odas lutam, como 'eras mu;em,

A lia em /ue a des'aem dis&utado,E arrastadoa a areia, coa salsu;em.

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Si;ra o a%io. Sob a I;ua clara

VFse o 'udo do mar, de areia 'ia...3m&ecI%el 'i;ura &ere;ria,

A distcia sem 'im /ue os se&ara<

SeiDi*os da mais al%a &orcelaa,

Coc*i*as teuemete cor de rosa,

 Na 'ria tras&arFcia lumiosa

4e&ousam, 'udos, sob a I;ua &laa.

E a %ista soda, recostrui, com&ara,

>atos au'rI;ios, &erdi2es, destroos<O 'úl;ida %isão, lida metira<

4seas u*i*as /ue a mar &artira...

eti*os /ue o %ai%m dese;astara...

Coc*as, &edri*as, &edaci*os de ossos...

1?

e&ois da luta e de&ois da co/uista

#i/uei s< #ora um ato ati&Itico<

eserta a 3l*a, e o leol a/uItico

>udo %erde, %erde, G a &erder de %ista.

Por/ue %os 'ostes, mi*as cara%elas,

Carre;adas de todo o meu tesoiro

G o;as teias de luar de l*ama de oiro,

e;edas a diamates das estrelas<

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=uem %os des'e, 'ormas icosistetes,

Por cu0o amor escalei a mural*a,G eão armado, uma es&ada os detes

#elies %s, mortos da batal*a<

So*ais, de costas, os ol*os abertos

4e'letido as estrelas, bo/uiabertos...

1K

7V37

esce &or 'im sobre o meu coraão

7 ol%ido. 3rre%ocI%el. Absoluto.

E%ol%eo ;ra%e como %u de luto.

Podes, cor&o, ir dormir o teu caiDão.

A 'rote 0I sem ru;as, distedidas

As 'ei2es, a imortal sereidade,

orme e'im sem dese0o e sem saudade

as coisas ão lo;radas ou &erdidas.

7 barro /ue em /uimera modelaste

=uebrousete as mãos. Via uma 'lor...

P2esl*e o dedo, eila murc*a sobre a *aste...

3as adar, sem&re 'u;ia o c*ão,

At /ue des%aira%as, do terror.

Corriate um suor, de i/uietaão...

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1M

=uem &oluiu, /uem ras;ou os meus leis de li*o,

7de es&erei morrer, G meus tão castos leis

o meu 0ardim eD;uo os altos ;irassis

=uem 'oi /ue os arracou e laou o cami*o

=uem /uebrou U/ue 'uror cruel e simiesco<

A mesa de eu cear, G tIbua tosca de &i*o

E me es&al*ou a le*a E me etorou o %i*o

G a mi*a %i*a o %i*o acidulado e 'resco...

O mi*a &obre mãe<... Não te er;as mais da co%a.

7l*a a oite, ol*a o %eto. Em rua a casa o%a...

os meus ossos o lume a eDti;uirse bre%e.

 Não %e*as mais ao lar. Não %a;abudes mais,

Alma da mi*a mãe... Não ades mais J e%e,

e oite a medi;ar Js &ortas dos casais.

1T

#loriram &or e;ao as rosas bra%as

 No i%ero: %eio o %eto des'ol*Ilas...

Em /ue cismas, meu bem Por/ue me calas

As %oes com /ue *I &ouco me e;aa%as

Castelos doidos< >ão cedo castes<...

7de %amos, al*eio o &esameto,

e mãos dadas >eus ol*os, /ue um mometo

Perscrutaram os meus, como %ão tristes<

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E sobre s cai u&cial a e%e,

Surda, em triu'o, &talas, de le%e

Qucado o c*ão, a acr&ole de ;elos...

Em redor do teu %ulto como um %u<

=uem as es&are G /uata 'lor< G do cu,

Sobre s dois, sobre os ossos cabelos

1X

 N7 CA$S>47 E CEAS

Eis /uato resta do idlio acabado,

Prima%era /ue durou um mometo...

Como %ão lo;e as ma*ãs do co%eto<

o ale;re co%eti*o abadoado...

>udo acabou... AFmoas, *idr;eas,

Silidras, G 'lores tão ossas ami;as<

 No claustro a;ora %iam as orti;as,

4o0amse cobras &elas %el*as lI0eas.

Sobre a iscrião do teu ome delido<

=ue os meus ol*os mal &odem soletrar,

Casados... E o aroma 'eecido

=ue se e%ola do teu ome %ul;ar<

Eobreceuo a /uietaão do ol%ido,O doce, i;Fua, iscrião tumular.

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1Y

#oi um dia de iúteis a;oias.

ia de sol, iudado de sol<...

#ul;iam uas as es&adas 'rias...

ia de sol, iudado de sol<...

#oi um dia de 'alsas ale;rias.

Ilia a es'ol*arse, G o seu mole sorriso...

Volta%am rac*os das romarias.

Ilia a es'ol*arse, G o seu mole sorriso...

ia im&ress%el mais /ue os outros dias.

>ão lúcido... >ão &Ilido... >ão lúcido<...

i'uso de teoremas, de teorias...

7 dia 'útil mais /ue os outros dias<@iuete de discretas iroias...>ão lúcido... >ão &Ilido... >ão lúcido<...

18

=uado %oltei ecotrei os meus &assos

Aida 'rescos sobre a úmida areia.

A 'u;iti%a *ora, ree%o/ueia,

>ão redi%i%a< os meus ol*os baos...

7l*os tur%os de lI;rimas cotidas.

@es/ui*os &assos, &or/ue doide0astes

Assim tras%iados, e de&ois torastes

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Ao &oto das &rimeiras des&edidas

7de 'ostes sem tio, ao %eto %Irio,

Em redor, como as a%es um a%iIrio,

At /ue a asita 'o'a l*es 'alea...

>oda essa eDtesa &ista G &ara /uF

Se *I de %ir a&a;ar%os a mar,Com as do o%o rasto /ue comea...

19

3ma;es /ue &assais &ela retia

os meus ol*os, &or/ue ão %os 'iDais

=ue &assais como a I;ua cristaliaPor uma 'ote &ara uca mais<...

7u &ara o la;o escuro ode termia

Vosso curso, silete de 0ucais,E o %a;o medo a;ustioso domia,

Por/ue ides sem mim, ão me le%ais

Sem %s o /ue são os meus ol*os abertos

7 es&el*o iútil, meus ol*os &a;ãos<

Aride de sucessi%os desertos...

#ica se/uer, sombra das mi*as mãos,

#leDão casual de meus dedos icertos,Estra*a sombra em mo%imetos %ãos.

?[

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^B43CA

=uado a %e0o, de tarde, a alameda,Arrastado com ar de ati;a 'ada,

Pela rama da murta des&otada,

A saia tras&arete de al%a seda,

E medito o ;oo /ue &romete

A sua boca 'resca, &e/ueia,

E o seio mer;ul*ado em reda 'ia,

Sob a cur%a li;eira do cor&ete

Pela mete me &assa em u%em desa

$m tro&el i'iito de dese0os:

=uero, Js %ees, sor%Fla, em ;rades bei0os,

a luDúria 'ebril a c*ama itesa...

ese0o, um tras&orte de ;i;ate,

EstreitIla de ri0o etre meus braos,

At /uase esma;ar esses abraos

A sua care braca e &al&itate

Como, da Lsia os bos/ues tro&icais

A&ertam, em es&iral auriluete,

7s músculos *ercúleos da ser&ete,Aos trocos das &almeiras colossais.

@as, de&ois, /uado o &eso do casao

A se&ulta a mora letar;ia,

ormitado, re&ousa, todo o dia,

] sombra da &almeira, o cor&o lasso.

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Assim, /uisera eu, eDausto, /uado,

 No delrio da ;ula todo absorto,

@e &rostasse, embria;ado, semimorto,

7 %a&or do &raer em soo brado

Etre%er, sobre 'udo es%aecido,

os 'atasmas da 'ebre o icerto mar,

@as sem&re sob o aul do seu ol*ar,

As&irado o 'rescor do seu %estido,

Como os brios c*ieses, delirates,4es&iram, a dormir, o 'umo /uieto,

=ue o seu lo;o cac*imbo &redileto

 No ambiete es&al*a%a &ouco ates...

Se me lembra, &orm, /ue essa doura,

E'eito da iocFcia em /ue ada e%olta,

@e 'o;e, como um so*o, ou u%em solta,

Ao 'erirl*e um s bei0o a 'ace &ura

=ue *I de dissi&arse o mometo

Em /ue eu tetar correr &ara abraIla,

@ira;em icostate, /ue res%ala

 No *oriote do louco &esameto

=uero admirIla, etão, tra/Zilamete,

Em 'eli a&atia, de ol*os 'itos,

Como admiro o mati dos &assaritos,

>emedo /ue o rudo os a'u;ete

Para assim coser%arl*e a ;raa imesa,

E %er outros mordidos &or dese0os

e sor%er sua care, em ;rades bei0os,

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a luDúria 'ebril a c*ama itesa...

@as ão &osso cotar: ada *I /ue eDceda

A u%em de dese0os /ue me esma;a,

=uado a %e0o, da tarde J sombra %a;a,

Passeado soi*a a alameda...

?1

3N>E447A567

 Não sei se isto amor. Procuro o teu ol*ar,

Se al;uma dor me 'ere, em busca de um abri;o

E a&esar disso, crF< uca &esei um lar 

7de 'osses 'eli, e eu 'eli coti;o.

Por ti uca c*orei e*um ideal des'eito.

E uca te escre%i e*us %ersos romticos.

 Nem de&ois de acordar te &rocurei o leito

Como a es&osa sesual do Cntico dos cnticos.

Se amarte ão sei. Não sei se te idealio

A tua cor sadia, o teu sorriso tero...

@as sitome sorrir de %er esse sorriso

=ue me &eetra bem, como este sol de 3%ero.

Passo coti;o a tarde e sem&re sem receio

a lu cre&uscular, /ue eer%a, /ue &ro%oca.

Eu ão demoro a ol*ar a cur%a do teu seio

 Nem me lembrei 0amais de te bei0ar a boca.

Eu ão sei se amor. SerI tal%e comeo...

Eu ão sei /ue mudaa a mi*a alma &ressete...

Amor ão sei se o , mas sei /ue te estremeo,

=ue adoecia tal%e de te saber doete.

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??

C4EP$SC$A4 

HI o ambiete um murmúrio de /ueiDume,

e dese0os de amor, dais com&rimidos...

$ma terura es&arsa de balidos,

Setese esmorecer como um &er'ume.

As madressil%as murc*am os sil%ados

E o aroma /ue eDalam &elo es&ao,

>em del/uios de ;oo e de casao,

 Ner%osos, 'emiios, delicados,

Setemse es&asmos, a;oias da%e,

3a&rees%eis, mimas, sereas...

>e*o etre as mãos as tuas mãos &e/ueas,

7 meu ol*ar o teu ol*ar sua%e.

As tuas mãos tão bracas daemia...

7s teus ol*os tão mei;os de tristea...

este ela;uescer da aturea,

Este %a;o so'rer do 'im do dia.

?K

CAS>E7 E OB37S

=uado se er;uerão as seteiras,

7utra %e, do castelo em rua,

E *a%erI ;ritos e badeiras

 Na 'ria ara;em matutia

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Se ou%irI tocar a rebate

Sobre a &lacie abadoada

E sairemos ao combate

e cota e elmo e a lo;a es&ada

=uado iremos, tristes e srios,

 Nas &roliDas e %ãs cotedas,

Soltado 0uras, im&ro&rios,

Pelas di%isas e le;edas

E %oltaremos, os ati;os

E &urssimos lidadores,

U=uatos trabal*os e &eri;os<

=uase mortos e %ecedores

E /uado, oce 3'ata 4eal,

 Nos sorrirIs do bel%eder

G @a;ra 'i;ura de %itral,

Por /uem s 'omos combater...

?M

47>E347 A V3A

3

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E'im, le%atou 'erro.

Com os leos adeus, %ai &artir o a%io.

o;e das &edras mIs do meu desterro,

7das do aul oceao, submer;io.

=ue eu, desde a &artida,

 Não sei ode %ou.

4oteiro da %ida,

=uem /ue o traou

 Nal;uma roc*a i;ota

Se %ai des&edaar, com %ioleto 'ra;or...

@areate, deiDa as cartas da derrota.

@a/uiista, dI mais 'ora o %a&or.

 Nem sei de ode %e*o,

=ue aar me 'adou<...

as mI;oas /ue te*o,7s ais &or /ue os dou...

7u si;a, maldito,

Com a badeira amarela...

Pomares, c*als, mercados, cidades...

A ol*ar da amurada,

=ue triste /ue estou<

@ira;es do ada,

ieime /uem sou...

33

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 Nes;as a;udas do areal

E ;ai%otas /ue %oais em redor do a%io,

>orais o meu crebro mole,

Esmeralda %i%a do Caal

E desertos iudados de sol< G

@eu &obre crebro icose/Zete e doetio<

 No /ual uma rede se dese*a,

Com&licada, de so'rimetos irre;ulares...

L;uas /ue 'iltrais a areia< G

Ates /ue o cre&úsculo %e*a,

7 cre&úsculo e as lar%as tumulares,

A im&urea iútil dissol%eia.

=ue o sol, sem mac*a, o cristal sereo

Volatilie, ao seu doce calor,

A 'ria e eDa;ue li/uescFcia...

$m *Ilito< Não embaciarI de %eeo,

3decisa, icolor,

a areia o bril*o e a %i%a tras&arFcia.

4ecortes %i%os das areias,

>omai meu cor&o e abridel*e as %eias...

7 meu sa;ue etoraio,

i'udio, sob o rútilo sol,

 Na areia braca como em um leol,

Ao sol triu'ate sob o /ual desmaio<

333

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Cristalia2es salias,

@irrai a areia o &lasma %i%a.

 Não se dese%ol%am as &tomaas...

=ue adocicado< =ue obsessão de c*eiro<

Putrescia: G #lor de lilIs.

Cada%eria: G Braca 'lor do es&i*eiro<

S o meu crio, 'i/ue,

4olado, ise&ulto, o areal,

Ao abadoo e ao acaso do simum...

=ue o sol e o sal o &uri'i/ue.

?T

CAN5A7 A PA4>3A

Ao meu coraão um &eso de 'erro

Eu *ei de &reder a %olta do mar.

Ao meu coraão um &eso de 'erro... aIlo ao mar.

=uem %ai embarcar, /ue %ai de;redado,

As &eas do amor ão /ueira le%ar...

@aru0os, er;uei o co're &esado, aaio ao mar.

E *ei de mercar um 'ec*o de &rata.

7 meu coraão o co're selado.

A sete c*a%es: tem detro uma carta...

G A última, de ates do teu oi%ado.

A sete c*a%es, G a carta ecatada<

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E um leo bordado... Esse *ei de o le%ar,

=ue &ara o mol*ar a I;ua sal;ada

 No dia em /ue e'im deiDar de c*orar.

?X

4u'ado a&ressado,

E bamboleado,

Bo &osto ao lado,

arboso, o tambor 

A%aa em redor 

o cam&o de amor...

Com 'ora, soldado<

A &asso dobrado<

Bem bamboleado<

Amores te ba'e0em.

=ue as moas te bei0em.

=ue os moos te i%e0em.

@as ai, soldado<

O triste alieado<

Por mais eDaltado

=ue o to/ue reclame,

 Ni;um /ue te c*ame...

 Ni;um /ue te ame...

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?Y

Se ada%a o 0ardim

=ue c*eiro de 0asmim<

>ão braca do luar<

Eis te*oa 0uto a mim.

Vecida, mi*a, e'im,

A&s tato a so*ar...

Por/ue etristeo

assim...

 Não era ela, mas sim.U7 /ue eu /uis abraar,

A *ora do 0ardim...

7 aroma de 0asmim...A oda do luar...

?8

e&ois das bodas de oiro,

a *ora &rometida,

 Não sei /ue mal a;oiro

@e aoiteceu a %ida...

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>emo de re;ressar...

E matame a saudade...

G @as de me recordar 

 Não sei /ue dor me i%ade.

 Nem /uero &rosse;uir,

>ril*ar o%os cami*os,

@eus &obres &s dorir,QI roDos dos es&i*os.

 Nem 'icar... e morrer...

Perderte, ima;em %a;a...

Cessar... ão mais te %er...

Como uma lu se a&a;a...

?9

7 meu coraão desce,

$m balão a&a;ado...

@el*or 'ora /ue ardesse,

 Nas tre%as, icediado.

 Na bruma 'astidieta.

Como um caiDão J co%a...

Por/ue ates ão rebeta

e dor %ioleta e o%a<

=ue a&e;o aida o sustm

Ltomo miserado...

Se o esma;asse o trem

um comboio ar/ue0ado<...

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7 iae, %il des&o0o

a alma e;osta e 'raca<

>rouDesseo o mar de ro0o,

e%asseo a ressaca.

K[

V377NCE7

C*orai arcadas

o %iolocelo<

Co%ulsioadas,

Potes aladas

e &esadelo...

e /ue es%oaam,

Bracos, os arcos...

Por baiDo &assam,Se des&edaam,

 No rio, os barcos.

#udas, soluam

Caudais de c*oro...=ue ruas, Uouam<

Se se debruam,

=ue sor%edouro<...

>rFmulos astros,

Soid2es lacustres...

G emes e mastros...

E os alabastros

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os balaústres<

$ras

/uebradas<

Blocos de ;elo...

G C*orai arcadas,

es&edaadas,

 

K1

A7 7NE 7S BA4C7S E #74ES

S, icessate, um som de 'lauta c*ora,

Viú%a, ;rIcil, a escuridão tra/Zila,

Perdida %o /ue de etre as mais se eDila,

#est2es de som dissimulado a *ora.

 Na or;ia, ao lo;e, /ue em clar2es citila

E os lIbios, braca, do carmim des'lora...

S, icessate, um som de 'lauta c*ora,

Viú%a, ;rIcil, a escuridão tra/Zila,

E a or/uestra E os bei0os >udo a oite, 'ora,

Cauta, detm. S modulada trila

A 'lauta 'lbil... =uem *I de remila

=uem sabe a dor /ue sem raão de&lora

S, icessate, um som de 'lauta c*ora...

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K?

V37A CH3NESA

Ao lo;o da %iola amorosa

Vai adormecedo a &arleda,

Sem /ue, amadorado, eu ateda

A le;ale;a 'astidiosa.

Sem /ue o meu coraão se &reda,

E/uato, asal, miuciosa,

Ao lo;o da %iola morosa,

Vai adormecedo a &arleda.

@as /ue cicatri melidrosa

HI ele, /ue essa %iola o'eda

E 'a /ue as asitas disteda

 Numa a;itaão dolorosa

Ao lo;o da %iola, morosa...

KK

E@ $@ 4E>4A>7

e sob o cWmoro /uadra;ular 

a terra 'resca /ue me *I de iumar,

E de&ois de 0I muito ter c*o%ido,

=uado a er%a alastrar com o ol%ido,

Aida, ami;o, o mesmo meu ol*ar 

HI de ir *umilde, atra%essado o mar,

E%ol%erte de &reito eterecido,

Como o de um &obre cão a;radecido.

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KM

Vo dbil /ue &assas,

=ue *umlima ;emes

 Não sei /ue des;raas...

irseia /ue &edes.

irseia /ue tremes,

$ida Js &aredes,

Se %es, Js escuras,

Co'iarme ao ou%ido

 Não sei /ue amar;uras...

Sus&iras ou 'alas

Por/ue o ;emido,

7 so&ro /ue

eDalas

irseia /ue reas.

@urmuras baiDi*o

 Não sei /ue

tristeas...

Ser teu com&a*eiro G

 Não sei o cami*o.

Eu sou estra;eiro.

Passados amores G

Aimaste, dies

 Não sei /ue terrores...

#ra/ui*a, deliras.

 

KT

NA CAE3A

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 Na cadeia os badidos &resos<

7 seu ar de cotem&lati%os<

=ue das 'lores de ol*os acesos<

Pobres dos seus ol*os cati%os.

Passeiam mudos etre as ;rades,

Parecem &eiDes um a/uIrio.

Cam&o 'lorido das Saudades,

Por/ue rebetas tumultuIrio

Sereos... Sereos... Sereos...

>rouDeos al;emados a escolta.

Estra*a taa de %eeos

@eu coraão sem&re em re%olta.

Coraão, /uieti*o... /uieti*o...

Por/ue te isur;es e blas'emas

Psc*iu... Não batas... e%a;ari*o...

7l*a os soldados, as al;emas<

KX

V3A

C*o%eu< E lo;o da terra *umosa

3rrom&e o cam&o das liliIceas.

#oi bem 'ecuda, a estaão &lu%iosa<

=ue %i;or o cam&o das liliIceas<

Cal/uem. 4ecal/uem, ão o a'o;am.

eiDem. Não cal/uem. =ue tudo i%adam.

 Não as eDti;uem. Por/ue as de;radam

Para /ue as calcam Não as a'o;am.

7l*em o 'o;o /ue ada a serra.

a /ueimada... =ue lumaru<

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Podem calcIlo, deitarl*e terra,

=ue ão a&a;am o lumaru.

eiDem< Não cal/uem< eiDem arder.

Se a/ui o &isam, rebeta alm.

G E se arde tudo G 3sso /ue tem

eitaml*e 'o;o, &ara arder...

KY

Por/ue o mel*or, e'im,

ão ou%ir em %er...

Passarem sobre mim

E ada me doer<

G Sorrido iteriormete,

Coas &Il&ebras cerradas,

]s I;uas da torrete

QI tão lo;e &assadas. G

4iDas, tumultos, lutas,

 Não me 'aerem dao...

Al*eio Js %ãs labutas,

]s esta2es do ao.

Passar o estio, o outoo,

A &oda, a ca%a, e a redra,

E eu dormido um soo

ebaiDo duma &edra.

@el*or at se o acaso

7 leito me reser%a

 No &rado eDteso e raso

A&eas sob a er%a

=ue Abril co&ioso eso&e...

E, es%elto, a iter%alos

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#usti;ueme o ;alo&e

e bados de ca%alos.

7u o serrao mato,

A bri;as tão &ro&cio,

7de o %i%er i;rato

is&2e ao sacri'cio

as %idas, mortes duras

4uam &elas /uebradas,

Com c*o/ues de armaduras

E tiidos de es&adas...

7u sob o &iso, at,

3'ame e %il da rua,

7de a tor%a ral

3rrom&e, tumultua,

Se estorce, %oci'era,

Sel%a;em os co'litos,

Com m&etos de 'era

 Nos ol*os, saltos, ;ritos...

4oubos, assassiatos<

Horas 0amais tra/Zilas,

Em brutos &u;ilatos

#raturamse as maDilas...

E eu sob a terra 'irme,

Com&acta, recalcada,

@uito /uieti*o. A rirme

e ão me doer ada.

K8

_L$A @744EN>E_

3l &leure das mo coeur 

Comme il &leut sur la

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Verlaie

@eus ol*os a&a;ados,

Vede a I;ua cair.

as beiras dos tel*ados,

Cair, sem&re cair.

as beiras dos tel*ados,

Cair, /uase morrer...

@eus ol*os a&a;ados,

E casados de %er.

@eus ol*os, a'o;ai%os

 Na %ã tristea ambiete.

Ca e derramai%os

Como a I;ua morrete.

K9

B4ANC7 E VE4@EH7

A dor, 'orte e im&re%ista,

#eridome, im&re%ista,

e braca e de

im&re%ista

#oi um deslumbrameto,

=ue me edoidou a %ista,

#eme &erder a %ista,

#eme 'u;ir a %ista,

 Num doce es%aimeto.

Como um deserto

imeso,

 #ese em redor de mim.

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>odo o meu ser, sus&eso,

 Não sito 0I, ão &eso,

Pairo a lu, sus&eso...

=ue delcia sem 'im<

 Na iudaão da lu

Ba*ado os cus a 'luD,

 No FDtase da lu,

Ve0o &assar, des'ila

USeus &obres cor&os us

=ue a distacia redu,

Ames/ui*a e redu

 No 'udo da &u&ila

 Na areia imesa e &laa

Ao lo;e a cara%aa

Sem 'im, a cara%aa

 Na li*a do *oriote

a eorme dor *umaa,

a isi;e dor *umaa...

A iútil dor *umaa<

@arc*a, cur%ada a 'rote.

At o c*ão, cur%ados,

EDaustos e cur%ados,

Vão um a um, cur%ados,

Escra%os codeados,

 No &oete recortados,

Em e;ro recortados,

@a;ros, mes/ui*os, %is.

A cada ;ol&e tremem

7s /ue de medo tremem,

E as &Il&ebras me tremem

=uado o aoite %ibra.

Estala< e a&eas ;emem,

Palidamete ;emem,

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A cada ;ol&e ;emem,

=ue os dese/uilibra.

Sob o aoite caem,

A cada ;ol&e caem,

Er;uemse lo;o. Caem,

Soer;ueos o terror...

At /ue e'im desmaiem,

Por uma %e desmaiem<

Eilos /ue e'im se

es%aem,

Vecida, e'im, a dor...

E ali 'i/uem sereos,

e costas e sereos.

Bei0eos a lu, sereos,

 Nas am&las 'rotes calmas.

O cus claros e ameos,

oces 0ardis ameos,

7de se so're meos,

7de dormem as almas<

A dor, deserto imeso,

Braco deserto imeso,

4es&ladecete e imeso,

#oi um deslumbrameto.

>odo o meu ser sus&eso,

 Não sito 0I, ão &eso,

Pairo a lu, sus&eso

 Num doce es%aimeto.

O morte, %em de&ressa,

Acorda, %em de&ressa,

Acodeme de&ressa,

Vemme eDu;ar o suor,

=ue o estertor comea.

cum&rir a &romessa.

 

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>udo %ermel*o em 'lor...

M[

P7E@A #3NA

O cores %irtuais /ue 0aeis subterreas,

G #ul;ura2es auis, %ermel*os de *emo&tise,

4e&resados clar2es, cromIticas %esias,

 No limbo ode es&erais a lu /ue %os batie,

As &Il&ebras cerrai, asiosas ão %eleis.

Abortos /ue &edeis as 'rotes cor de cidra,

>ão ;ra%es de cismar, os bocais dos museus,

E escutado o correr da I;ua a cle&sidra,

Va;amete sorris, resi;ados e ateus,

Cessai de co;itar, o abismo ão sodeis.

emebudo arrul*ar dos so*os ão so*ados,

=ue toda a oite errais, doces almas &eado,

E as asas lacerais a aresta dos tel*ados,

E o %eto eD&irais em um /ueiDume brado,

Adormecei. Não sus&ireis. Não res&ireis.