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BOTONÍSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA – VOL. 1, SEGUNDA EDIÇÃO 2012 UBIRAJARA GODOY BUENO 1 história artigos técnicos entrevistas táticas humor curiosidades Volume 1 –– segunda edição, revisada e ampliada — 2012

Botoníssimo - Vol. 1 - Seg. Edição - Bb - 2015 Xyz-A

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botonissimo revisão 2015

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    histria artigos tcnicos entrevistas tticas humor curiosidades

    Volume 1 segunda edio, revisada e ampliada 2012

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    BOTONSSIMO

    O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA

    VOLUME 1

    Segunda edio revisada e ampliada

    Ubirajara Godoy Bueno

    2012

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    Os textos e ilustraes apresentados neste livro po-dem ser inseridos livremente em outras publicaes, desde que o contedo no seja alterado e a fonte devidamente cita-da, no apenas para o cumprimento das leis dos direitos au-torais, mas tambm para possibilitar o rastreamento das in-formaes. Cpias derivadas devem conservar os crditos da obra original. Porm, mesmo citando-se a fonte, este ma-terial no deve ser usado para fins comerciais, exceto se au-torizado formalmente pelo autor.

    s vezes, troco a palheta pela pena, o adversrio pelo leitor. Perdoem-me as faltas, neste caso tambm.

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    NDICE (conciso)

    Capa ................................................................................................................ 01

    Folha de rosto ................................................................................................... 02

    Sobre o uso do livro .......................................................................................... 03

    ndice ................................................................................................................ 04 Agradecimentos ............................................................................................... 06

    Apresentao ........... ....................................................................................... 08

    O jogo ............................................................................................................... 09 Acessrios do botonista .................................................................................... 15

    A origem do futebol de mesa ............................................................................. 19

    Inaugurao do futebol de mesa no Brasil ......................................................... 32

    O futebol de mesa brasileiro .............................................................................. 33

    Geraldo Cardoso Dcourt .................................................................................. 34

    Delphim Ferreira da Rocha Netto ...................................................................... 38

    Breve cronologia ............................................................................................... 41

    Os redatores ..................................................................................................... 50

    Evoluo dos artigos esportivos ........................................................................ 55

    Botes industrializados ..................................................................................... 65

    Sua excelncia, o acrlico .................................................................................. 68

    Como se fabrica botes de acrlico .................................................................... 70

    A importncia do polimento .............................................................................. 73

    Preliminares ...................................................................................................... 80

    Bolas ................................................................................................................. 81

    Velocidade da bola ............................................................................................ 94

    Mesas .............................................................................................................. 97

    Catalogao dos artigos esportivos ................................................................... 98

    Decorao de botes ...................................................................................... 123

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    Goleiros .......................................................................................................... 126

    Entrevista com Lorival de Lima ....................................................................... 128

    Entrevista com Jos Jorge Farah Neto .............................................................133

    Regras Modalidades ..................................................................................... 138

    O Instante de um campeo (entrevista com Rubinho) ...................................... 140 Tticas e Tcnicas .......................................................................................... 143

    Boa conduta e honestidade ............................................................................. 150

    O arremesso olhando a bola e mirando a goleira ............................................. 152

    Um colecionador de ttulos (entrevista com Quinho) ........................................ 153 Trofus, Taas e Medalhas .......................................................................... 163

    Quem v cara, no v imaginao ................................................................... 164

    Tampinhas & Botes ...................................................................................... 166

    O ltimo treino ................................................................................................. 168

    Final ................................................................................................................ 170

    Estes so Tic e Tac, duas tampas de relgio que vivem na companhia de vrios tipos de botes de diferen-tes pocas. Criei as personagens em 1991 e serviram para ilustrar o Celo-tex (1992) * e o Botonssimo (1998). Esto de volta nesta edio nas aber-tura dos captulos e em alguns dos quadrinhos de humor.

    * Celotex = boletim sobre futebol de mesa impresso e distribudo na dcada de 90.

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    Muitos contriburam com informaes valiosas para a compo-sio deste livro, assim como foram de grande valia os registros em antigos jornais, revistas e outros documentos de onde compilei da-dos importantes.

    Meus agradecimentos aos amigos botonistas Antonio Maria Della Torre, Geraldo Cardoso Dcourt, Jos Roberto Primo, Geraldo Atienza e Rafael Domingos Barricelli (Lito), os quais se dispuseram pacientemente s minhas entrevistas. Agradeo o companheiro de muitas realizaes, Paulo Madja-rof Filho, pelo apoio ao meu trabalho. 1

    Colaboradores para o Botonssimo primeira e segunda edio (1998 2012):

    Adauto Celso Sambaquy, Agnaldo Pecoraro, Ailton Renato Stefanelli, Antonio Maria Della Torre, Armando Francisco da Silva Filho, Carlos Garcia Dalmau, Clio Cerillo Barricelli, Claudinei Maia, Delphim Ferreira da Rocha Netto, Edu-ardo Aldeca, Eduardo Lemos, Eduardo Toscano, lcio Buratini, Elviz Teruel, Enio Seibert, Geraldo Atienza, Geraldo Cardoso Dcourt, Gerson Gesini, Glauco Alan Moraes, Harutium Muradian, Hector Barbosa Fernandes, Hlio de Albuquerque Cavalcante, caro Godoy Bueno, Igor Godoy Bueno, Izo Goldman, Jean Capelli, Jefferson do Amaral Genta, Jos Jorge Farah Neto, Jose Ricardo Caldas e Almeida, Jos Roberto Primo, Leandro Percoraro, Levi Silva de An-drade, Lorival de Lima, Marcelo Suarez Garcia, Marcus Zuccato, Mario Alberto Espel, Newton Foot, Paulo Madjarof Filho, Paulo S. R. Perroti, Pedro Luiz M. Junqueira, Rafael Domingos Barricelli, Ricardo de Almeida, Ricardo Valbono, Rubem L. Rodrigues de F. Cintra, Srgio de Oliveira Morais, Srgio Moreyra, Slvio Alexandre Corujeira, Vladimir Suzart, Wilson Brambilla.

    Reviso de texto: Igor Godoy Bueno.

    1 Texto transcrito do Botonssimo, primeira edio 1998

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    O contedo deste livro enfoca principalmente o futebol de mesa praticado em So Paulo e regies prximas, onde a moda-lidade 12 toques predominante. Isto no significa uma prefe-rncia pessoal, mas deve-se apenas facilidade de se obter in-formaes, uma vez que me encontro prximo dos principais con-tatos. Certamente os artigos disponveis na Internet e a facilidade de comunicao via e-mail so recursos eficazes no processo de pesquisa e poderia ter resolvido o problema das distncias. Con-tudo, posso assegurar, em alguns casos tais recursos no subs-tituem plenamente as entrevistas conduzidas, os registros foto-grficos e os exames minuciosos de certos assuntos e condi-es, somente realizados a contento pelo trabalho in loco. Viajar ao encontro de pessoas e locais para obteno de informaes depende de tempo e gastos e ter ambos disponveis nem sempre possvel. Espero que as reedies deste livro possam contar com oportunidades para o seu enriquecimento e as dificuldades sejam vencidas. Que todas as modalidades do nosso futebol de mesa possam ser tratadas igualmente em quantidade e qualida-de. Neste processo de aprimoramento tornam-se indispensveis o meu empenho e a colaborao dos leitores.

    Botonssimo um livro participativo

    Para incluses, complementaes, retificaes e comentrios, utilize o e-mail: [email protected]

    Ajude a preservar a histria do futebol de mesa.

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    Alguns captulos, de contedos elementares, provavelmente no sero do interesse daqueles que praticam o futebol de mesa h algum tempo, contudo, so indispensveis para os jogadores inici-antes e para os leitores casuais que buscam apenas conhecer este esporte na sua mais simples concepo.

    Ao escrever este livro no visei qualquer retorno financeiro; justificou o meu trabalho to somente o propsito de preservar a his-tria do futebol de mesa para a posteridade, antes que o tempo a-pague irremediavelmente o que hoje ainda pode ser recolhido da memria dos botonistas mais antigos e dos registros impressos e fo-togrficos cada vez mais dispersos e ilegveis. No apenas recolher informaes, mas analisar, selecionar, organizar e salvar de forma segura.2

    Alm da histria do botonismo, outras matrias foram inclu-das, as quais julguei de interesse dos leitores. Certamente o con-tedo deste livro no esgota o muito que se tem para contar do fu-tebol de mesa.

    2 Parafraseado do Botonssimo, primeira edio, 1998

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    Assim como o tnis de mesa uma simulao da modalidade praticada numa quadra, o jogo de boto procura reproduzir sobre um tablado de madeira o nosso conhecido futebol de campo.

    Quando se fala em futebol de mesa ou futebol de boto, como mais conhecido, comum a maioria das pessoas associarem o jo-go a uma atividade destinada exclusivamente ao divertimento infan-til. Mas praticado tambm por adultos h muitos anos e por grupos infantis em competies oficiais. Neste caso, os artigos esportivos (mesas, botes, bolas) so fornecidos por fabricantes especializa-dos de modo a atender determinadas exigncias.

    Os jogadores geralmente esto associados a um clube e este, por sua vez, filiado a um rgo oficial (federao ou similar), que promove e coordena vrios tipos de eventos entre os praticantes.

    Certamente temos jogadores desvinculados de clubes e das regras oficiais, os quais jogam livremente em suas casas com ami-gos e familiares, utilizando muitas vezes materiais mais simples (vendidos em lojas de brinquedos) ou mesmo improvisados. Os jo-gos praticados nesta forma constituem um paralelo importante; alm de prazerosos, proporcionam os primeiros contatos com a modali-dade e incentivam futuros botonistas*.

    Independentemente do tipo de artigos esportivos e do nvel de jogo, o futebol de mesa promove um lazer sadio em crianas e adul-tos de todas as idades e de ambos os sexos.

    (* botonista = jogador de futebol de mesa; aquele que joga boto)

    O futebol de boto ou jogo de boto denominado, oficialmente, futebol de mesa. Seu nome popular deve-se ao fato de terem sido utilizados, em sua fase inicial, botes de roupa como peas de jogo. Embora os botes tenham sido abandonados (substitudos por vrios outros materiais, at os atuais discos de a-crlico torneados), o nome de origem conservado at hoje na linguagem informal.

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    A valorizao do futebol de mesa.

    Em 1988 o futebol de mesa foi reconhecido como esporte pelo Conselho Nacional de Desportos (doravante CND).

    Das diversas maneiras de se jogar, atualmente cinco modali-dades so consideradas oficiais no Brasil:

    Modalidade Bola 12 toques. Modalidade Dadinho 9 toques. Modalidade Bola 3 toques. Modalidade disco 1 toque (cavado e liso).

    Sector Ball ser comentado numa prxima publicao.

    A partir de 1999, o nosso calendrio passou a registrar 14 de fevereiro como o dia do Botonista data de nascimento de Geraldo Cardoso Dcourt*.

    (*Sobre Geraldo Cardoso Dcourt: pgina 34 )

    Numa roupagem menos informal, o futebol de mesa segue normas especficas e apresenta certo esmero em sua estrutura, tan-to no aspecto esttico como funcional. A mesa de jogo apoia-se so-bre cavaletes ou suportes equivalentes. Na maioria das vezes pin-tada de verde e demarcada com linhas brancas, de modo a imitar um campo de futebol. Suas dimenses, incluindo as reas internas, obedecem medidas padronizadas, cujos valores podem variar de-pendendo da modalidade adotada. Os gols so construdos com hastes guarnecidas de rede (fil). Botes e goleiro, na maioria das vezes feitos sob encomenda, so confeccionados em acrlico (al-guns botes contm enxertos de resina). A bola pode ser uma pe-quena esfera de feltro macio com 1 cm de dimetro, uma pastilha ou um cubo minsculo de 6 mm. Os botes so acionados com um disco delgado comumente chamado de palheta, feito de acrlico, celu-loide, polipropileno e outros materiais. O jogo disputado entre dois botonistas, num determinado espao de tempo e obedecendo-se re-gra adotada.

    Breves discries sobre as regras de cada modalidade sero citadas mais adiante.

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    Opes para a sustentao das mesas

    1 Mesa oficial da moda-lidade 12 toques. Geral-mente feita com chapa de aglomerado (mistura de ser-ragem de madeira e agluti-nante). Dimenses aproxi-madas: 125 x 185 cm.

    Mesa da sala de jogos do clube Fundao

    So Caetano do Sul, SP.

    1 A Mesa sobre suporte de ferro. (clube Fundao)

    1 B Mesa sobre cavaletes de alumnio.

    ( Ocian Praia Clube Praia Grande, SP.)

    1 C Mesa sobre cavaletes de madeira.

    ( Ocian Praia Clube Praia Grande, SP.)

    Fotografias produzidas pelo autor

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    Artigos esportivos

    2 gol confeccionado com hastes de metal, guarnecido com fil; 3 goleiro pea retan-gular feita de acrlico; 4 bola feltro macio com 1 cm de dimetro; 5 botes; 6 palheta; 7 close-up do gol e go-leiro geralmente as tra-ves so fixadas mesa com fita adesiva; 8 cinta de alumnio que circunda as bordas da mesa, for-mando um anteparo de 2 ou 3 cm de altura, con-tendo na parte interna uma guarnio de borra-cha ou material plstico, o qual evita a queda dos botes e amortece os im-pactos; 9 botes, golei-ros, palhetas, bolinhas.

    Fotografias produzidas pelo autor artigos do seu acervo.

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    Na sala de jogos

    Imagens da sala de jogos do clube Fundao* - Fotografias produzidas pelo autor. *Denominao popular do Centro Recreativo e Esportivo da Vila Fundao CREF localizado em So Caetano do Sul, SP.

    movendo o boto para tocar a bola.

    Buscando alinhar a bola em direo a meta adversria.

    Preparando o arremesso ao gol

    Jogadores durante um torneio interno

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    Equipe Fundao - uniformizada antes dos jogos por equi-pe 2012

    1 - Torneio Aberto ( 12 toques) promovido pela Federao Paulista de Futebol Mesa, realizado na qua-dra do clube XV de Agosto na cidade de Socorro, SP. 05/ 2012.

    2 Amostra dos trofus e medalhas para os vencedores das vrias cate-gorias.

    Torneios Abertos passaram a se chamar Open

    Fotografias produzidas pelo autor

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    Acessrios do botonista

    Muitas atividades esportivas possuem, alm do equi-pamento bsico, alguns utenslios para tornar a prtica do espor-te mais segura, cmoda e organizada. Da mesma forma, existe no futebol de mesa acessrios para diversas finalidades. Dentre eles, podemos destacar os que oferecem meios para o acondi-cionamento e transporte das peas de jogo (um dos recursos priorizados pelos botonistas). Os mais utilizados para esta finali-dade so os estojos de madeira, com divisrias para cada item, e os de feltro, com bolsos para os botes, palhetas e goleiro. Este ltimo conhecido por nibus, numa aluso ao transporte dos jogadores de futebol de campo.

    Fotografias pro-duzidas pelo au-tor artigos do seu acervo.

    Estojo de madeira para guardar cinco jogos de botes, goleiros, palhetas e bolinhas. Existem modelos para uma maior ou menor quantidade de peas.

    Estojo de feltro para um time completo modelo simples

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    Transporte do material na sala de jogos

    Para transitar na sala de jogos, levando o time de uma mesa para outra ou destas para a bancada durante os intervalos, alguns jogadores recolhem e transportam os botes, goleiro e palheta com as mos, outros preferem usar o nibus, estojo de madeira ou u-tenslios bastante simples, mas que facilitam esta tarefa. A haste (ou gancho) para empilhar os botes e a bandeja so exemplos para o transporte dos times nas salas de jogos. A meu ver, a bandeja se presta melhor para esta tarefa.

    A bagagem do botonista

    Na poca em que eu jogava boto com frequncia, no meu clube e em outros locais, aprendi ao longo do tempo que manter o material reunido evita tempo perdido e o melhor se preparar para todo tipo de situaes em vez de improvisar solues, nem sempre com bons resultados. Meus times de botes especiais, alm de pa-lhetas e bolinhas reservas, eram conservados em uma caixa de ma-

    Base com uma haste no centro onde os botes so colocados sobrepostos. Serve apenas para transportar botes modelo argola.

    Pequena bandeja plstica ou de outro material comporta, alm dos botes, o goleiro, pa-lheta e flanela para polir.

    Material para ilustrao fotogrfica (gancho), fornecido por Silvio Alexandre Corujeira Fotografias produzidas pelo autor

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    deira guardada no alto de uma estante afastada dos raios solares e fora do alcance das crianas*. Nos jogos, levava uma bolsa de lona com uma srie de itens para uso imediato ou eventual. Consigo me lembrar da maioria deles:

    dois nibus com times de cores diferentes. Caso o adversrio usasse botes semelhantes aos meus, eu poderia recorrer ao time reserva para evitar confuses;

    flanela para polir os botes, preparada com antecedncia;

    flanela para prender na cintura adquiri desde cedo o hbito de limpar a palheta antes do arremesso ao gol e preferia usar uma flanela em vez da borda da camisa ou a lateral da cala;

    uma pequena bandeja de plstico para transportar os times de uma me-sa a outra ou para a bancada de uso coletivo durante os intervalos dos jo-gos no gostava de transportar os botes, goleiro, palheta e flanela de polir com as mos ou usar o nibus ao final de cada partida;

    pote plstico com uma ou duas bolinhas aquecimento numa mesa vaga antes dos jogos pode ser importante ( mas raramente fazia isso acabava me envolvendo em conversas com amigos);

    mini toalha e frasco com sabonete lquido para limpar o suor, lavar e enxugar as mos quando se utiliza um banheiro sem muitos recursos no vamos nos esquecer do papel higinico para assoar o nariz e evitar certas... dificuldades;

    garrafa com gua nem sempre possvel usar um bebedouro ou o servio de uma lanchonete durante os intervalos dos jogos;

    curativo instantneo (band-aid ou similar) certa vez fiquei impedido de jogar durante uma rodada devido um pequeno sangramento na mo depois de feri-la na rebarba de uma cadeira plstica; aps este incidente passei a manter em minha bolsa alguns curativos do tipo citado;

    carteirinha da federao s vezes precisamos dela.

    caderneta e caneta mais cedo ou mais tarde esta dupla pode ser til.

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    talo de cheque, carto de crdito ou dinheiro no pensava nos gas-tos com almoo ou lanche, mas naqueles botes, palhetas e goleiros irre-sistveis que eram oferecidos nos estandes dos fabricantes.

    Importante: voc pode sair de casa com a camisa do seu clube ou vesti-la pouco antes do jogo. Neste ltimo caso, o melhor mant-la dentro da bol-sa. A falta do uniforme impede a participao do jogador nos jogos oficiais da federao paulista.

    No foi minha inteno mostrar aos leitores a bolsa ideal de um botonista, pois certamente alguns praticantes podem consider-la exagerada ou deficiente, mas talvez sirva como simples referncia para aqueles que esto iniciando no futebol de mesa.

    * No se deve deixar o material ao alcance de crianas. Bolinhas, dadi-nhos, pastilhas, pequenos potes plsticos, produtos para polir botes, etc., so atrativos para as crianas e podem ser levados a boca gerando riscos de acidentes. Alm disso, voc j imaginou os seus amados botes, golei-ros e palhetas, todos impecveis e reluzentes, sendo mordidos, atirados e arrastados no piso da sala fazendo as vezes de um carrinho de brinquedo? melhor nem pensar. .

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    Quando e onde surgiu o jogo? Provavelmente uma das pergun-tas mais frequentes daqueles que se interessam pela histria do fu-tebol de mesa. No temos, at ento, informaes suficientes que possam levar a uma resposta. Contudo, podemos nos aventurar a caminhar pelo terreno das possibilidades, suposies e poucas cer-tezas. Convido o leitor a me acompanhar nestas breves consideraes.

    Levando em conta que o jogo de boto foi inspirado no futebol de campo, nos posicionaremos historicamente neste fato.

    O aparecimento do jogo de boto no Brasil pode ter ocorrido:

    Antes de 1894 quando o futebol de campo ainda no tinha si-do introduzido em nosso pas.

    O futebol foi introduzido no Brasil em 1894 por Charles Miller, mas j era praticado, alm da Inglaterra, em Portugal, Argentina, It-lia, etc.

    Entre 1894 e 1910 perodo da introduo e implantao do fu-tebol de campo no Brasil.

    Neste perodo o futebol era um esporte de elite, reservado somente para atletas com bastante dinheiro, alunos das melhores escolas; no havia lugar para pobres e negros. Com todas estas res-tries, o futebol selecionava tanto jogadores como espectadores.

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    Aps 1910 o futebol conquista seu espao e vai se tornando o preferido entre os esportes brasileiros.

    Grandes times brasileiros comeam a ficar conhecidos e os campos liberados s camadas mais pobres da populao. O futebol passou de estranho e incompreensvel para um esporte interessante e popular.

    No sabemos em qual destes perodos o futebol de mesa surgiu no Brasil, mas certamente foi antes de 1920. Delphim Fer-reira da Rocha Netto, com seis anos de idade, residindo em Piraci-caba, conheceu o jogo de boto em 1919 ( o registro mais antigo de que disponho, at a publicao deste livro)

    No razovel supor que o jogo de boto surgiu no Brasil so-mente a partir de 1910 (ou bastante prximo deste ano), quando o futebol de campo estava se tornando popular? Afinal, antes de 1894 o futebol de campo era praticamente desconhecido pelos brasileiros e entre 1894 e 1910 o esporte, apesar de estar presente no Brasil, no era receptivo a qualquer atleta ou a populao comum. Como manter, pois, o futebol de mesa ativo sem um modelo inspirador?

    Esta questo deve ser mais bem esmiuada e se desdobra como um leque para muitas possibilidades.

    Vamos imaginar, por exemplo, que o futebol de mesa foi in-ventado fora do nosso pas e chegou at ns pelos imigrantes*. E-les continuariam a praticar o jogo em suas comunidades como op-o de lazer, indiferentemente se o futebol de campo estivesse ou no ocorrendo no Brasil. Outra possibilidade seria a de o futebol de boto ter sido inventado no Brasil por imigrantes, os quais j conhe-ciam o futebol de campo em seus pases de origem e isso pode ter acontecido antes de 1894 ou pouco depois (lembrando, mais uma vez, que os portugueses, argentinos, italianos, etc., conhece-ram o futebol de campo antes dos brasileiros).

    * A possibilidade de que o futebol de mesa chegou ao Brasil pelos imigrantes j foi cogitada por outros historiadores, assim como a propagao do jogo por ma-rinheiros .

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    Escarafunchando a nossa imaginao, podemos pensar em outras situaes igualmente plausveis. Uma delas seria a de um brasileiro que, aps viajar para o exterior (em algum pas onde o fu-tebol de campo era praticado), retornar ao Brasil com a idia do jogo de boto. Neste caso, podemos pensar em trs condies:

    tanto o futebol de campo como o de mesa eram praticados l fora, porm no Brasil ambos eram desconhecidos (antes de 1894) (neste caso, o nosso brasileiro copiou, mas no criou o jogo de boto); tanto o futebol de campo como o de mesa eram praticados l fora, porm no Brasil apenas o de campo era conhecido (aps 1894); (tambm neste caso o brasileiro copiou, mas no criou o jo-go de boto)

    somente o futebol de campo era praticado no exterior, mas desconhecido em nosso pas (antes de 1894) (neste caso o bra-sileiro, ao apreciar o futebol de campo l fora, criou o jogo de boto e introduziu-o em nosso pas).

    Ou ainda:

    o futebol de campo era praticado l fora e no Brasil, mas tanto no exterior como aqui o jogo de boto no existia neste ca-so o nosso brasileiro no precisou viajar; aps assistir o futebol de campo em nossos campos, inspirou-se e criou o jogo de boto (a-ps 1894, ou mais provavelmente a partir de 1910).

    Avaliando todas as hipteses apresentadas, podemos consi-derar que o futebol de mesa, pode ter sido inventado ou no no Bra-sil, com ou sem a participao de um brasileiro, ter sido praticado em nosso pais antes ou depois da introduo do futebol de campo. Realmente as possibilidades so muitas.

    Mas vamos rever uma destas possibilidades, citada na terceira opo: somente o futebol de campo era praticado no exterior, mas desco-nhecido em nosso pas (antes de 1894) (neste caso o brasileiro, ao apreciar o futebol de campo l fora, criou o jogo de boto e introduziu-o em nosso pas).

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    Isso suscita a questo assinalada anteriormente: Como manter um jogo de mesa ativo sem um modelo inspirador? Jogar boto sem ter em seu prprio pas o futebol de campo como elemento motiva-dor no seria um tanto inverossmil? E conclumos imediatamente: talvez isso possa ter acontecido (ou seria possvel de acontecer) com os imigrantes (que j conheciam o futebol de campo), mas no entre os brasileiros. Contudo, no podemos refutar essa possibilida-de. Algum, mesmo sem nunca ter presenciado o futebol de campo, poderia perfeitamente se interessar em praticar o jogo de boto caso viesse a conhec-lo de alguma forma. O futebol de mesa um jogo interessante por si s. Imbudo de vrias tcnicas e artimanhas, coloca prova nossas habilidades e autocontrole em diferentes si-tuaes, ao mesmo tempo em que possui um grande poder de en-tretenimento. jogo, arte cincia. Dois amigos meus gostavam de jogar boto, porm, no eram grandes apreciadores de futebol. Por-tanto, no procede a afirmao de que para jogar boto funda-mental ter interesse pelo futebol de campo. Basta pensarmos que um jogador de xadrez no precisa necessariamente gostar ou mes-mo ter algum conhecimento sobre as guerras medievais. Mas ine-gvel que o futebol de mesa contm, sobretudo, atrativos de carter subjetivo. Sua prtica permeada de certa magia, de fantasias to vvidas quanto permite a imaginao, alimentadas pela essncia do futebol de campo. Certamente isso representou, e representa, o me-lhor tnico para o crescimento e fortalecimento do futebol de mesa. Assim, caso o jogo de boto tenha sido praticado no Brasil antes da implantao do futebol de campo, certamente ganhou impulso e mo-tivou novos praticantes medida em que o segundo comeou a conquistar popularidade, ou seja, a partir de 1905/1910. Se a idia do jogo estava hibernando na cabea do seu inventor, o momento de despert-lo havia chegado; se ele j era praticado modestamente na mesa de jantar de algum imigrante ou brasileiro, j poderia con-quistar o sucesso l fora.

    Todas as crianas da cidade estavam entusiasmadas com aquele novo jogo (Rocha Neto referindo-se poca em que jogava boto com os amigos em Piracicaba ano 1919).

    Sobre o futebol de Campo Bibliografia na pgina 170

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    Bem sei que a torcida para que o futebol de boto tenha sido inventado no Brasil, quer seja por brasileiro ou no, mas o que pensar diante de tantas possibilidades?

    A ideia mais simples, e mais confortadora para o nosso espri-to patritico, seria imaginar um brasileiro, aps apreciar algumas partidas de futebol de campo, ter se inspirado e criado o futebol de mesa. E fim de conversa. Mas o botonista Enio Seibert, insensvel aos nossos sentimentos patriticos, nos apresenta, sem rodeios, certo documento que nos deixa a refletir sobre esta questo. Veja-mos um trecho do seu artigo: Teses e hipteses sobre as origens do jogo de boto, publicado no Site Futmesa Brasil.com (04 - 2011).

    Na Europa do incio do sculo passado est registrada em divulgao no jornal ou folhe-to impresso LEADER, de Lon-dres, Inglaterra, uma foto datada de 1910, onde aparecem dois tcnicos-jogadores concen- tra-dos na manipulao de seus bo-tes distribudos sobre uma mesa de jogo com duas goleiras nas suas extremidades.

    Seria a origem europia do jo-go de futebol de boto?

    O futebol de boto tambm teria se originado na Inglaterra, pas dos inventores ou, ao me-nos, os organizadores do futebol association de campo?

    Fotografia - fonte: Futmesa Brasil.com (arquivo abril/2011)

    A primeira foto conhecida de futebol de mesa esta de Londres de 1910, remetida da Srvia por Milos Krstic, msico, botonista e grande divulgador do futebol de mesa na Europa.

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    Vamos examinar com ateno a fotografia apresentada por Enio Seibert. A imagem pode sugerir dois dirigentes de futebol de campo estudando a melhor ttica de jogo, usando para isso uma r-plica miniaturizada de um estdio, com os atletas representados por botes ou peas semelhantes os trajes formais dos dois homens contribuem para esta impresso. Mas o texto revela ser a propagan-da de um jogo de mesa, mais precisamente, futebol de mesa.

    Notamos que o anuncio em vez de dizer jogadores ou adver-srios, por exemplo, tirando cara-ou-coroa para a escolha do lado, refere-se a ambos pelo nome e sobrenome. O intuito valorizar o produto anunciado. Descobri isso ao pesquisar sobre Alexander (Sandy) Tait (o homem esquerda). Ele foi jogador profissional de futebol de campo bastante conhecido na poca. Nasceu na Esccia em 1873. Tait comeou sua carreira no clube local Glenbuck Athle-tic. Posteriormente, jogou no Ayr, Royal Albert, Rangers e Mother-well . Em 1894 ele se juntou ao Preston North End e jogou 76 partidas,

    LIDER Nome de um jornal, fabricante ou

    loja que comercializa o jogo

    Um animado jogo de mesa

    Jogo de futebol de mesa

    Mr. H. C. Kiogaby e Alexander (Sandy) Tait

    tirando cara-ou-coroa para a escolha do lado.

    Completo, na caixa, 2/6; postagem grtis, 2/9.

    Departamento de jogos (Endereo)

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    at 1898. Como zagueiro, atuou no Spurs e foi membro do Lilywhi-tes, os vencedores da FA Cup Final de 1901. Mais tarde, mudou-se para Leyton Orient antes de terminar sua carreira no Croydon Com-mon.* Considerando que Tait nasceu em 1873 e a fotografia de 1910, ele estava com 37 anos por ocasio da propaganda. Quanto ao senhor H. C. Kiogaby, no sei quem talvez al-gum com algum tipo de vnculo com o produto anunciado.

    Apesar da fotografia no muito ntida, podemos ver os gols (goleiras) e os jogadores representados por botes ou peas simila-res, inclusive os goleiros. No possvel identificar com segurana o tipo de material da superfcie do campo, mas a borda inferior da fo-tografia revela o que parece ser a barra de um tecido pendendo das laterais da mesa talvez a parte excedente da forrao do campo (observem que a textura idntica) Neste caso, o tecido estaria pre-so por algum tipo de alambrado (seria a faixa preta que circunda o campo?). A mesa certamente menor se comparada com as nos-sas. Alexander (Sandy) Tait est com o cotovelo direito sobre a bor-da da mesa e a mo parece apoiada (ou apenas segurando) um ob-jeto em forma de haste (algum acessrio para mover as peas do jogo?).

    Traduo ingls/portugus: professor Igor G. Bueno * Sobre Alexander (Sandy) Tait: Wikipdia e compilaes de outras fontes.

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    Recentemente recebi de Enio Seibert, informaes que podem enriquecer este breve levantamento da histria do futebol de mesa. Vamos inclu-las no prosseguimento deste estudo:

    (...) tenho lido e ouvido na Internet, vrios lderes de Espanha, sempre se auto-proclamando os inventores do jogo, o qual teria se desenvolvido nos navios de marinheiros ibricos, no final do sculo XIX ( mais ou menos l pelos anos 1880 - 1890 - 1900 ), como um passatempo nas longas viagens intercontinentais, coincidindo com o perodo da inveno/desenvolvimento do seu similar e inspirador Fu-tebol de Campo.

    Como na poca no havia automveis e muito menos, avies, a verdade que os marinheiros, seja de que nacionalidade for, teri-am participao direta na divulgao das teorias incipientes do jogo e talvez at, no seu desenvolvimento e/ou inveno.

    J fiz um primeiro contato com grupos espanhis de botonis-tas, mas no mandaram nenhuma nova informao ou documento comprobatrio das teses espanholas. Mas pretendo continuar insis-tindo nas pesquisas, at chegar nos descendentes de familiares que se dizem os descobridores/pioneiros do jogo e que teriam jogado no ptio da sua casa, a primeira partida de Futebol de Boto no mun-do... quase uma misso impossvel, mas vamos continuar tentando achar algum documento da pr-histria do nosso esporte-hobby. Lo-gicamente, sem o auxlio direto dos amigos espanhis, ser pratica-mente impossvel localizar algum vestgio daqueles botonistas, re-gras, regulamentos, fotos de familiares.

    Enio Seibert, botonista do Rio Grande do Sul, um dos grandes defensores de uma regra nica para o futebol de mesa. Sua pro-posta para esta unificao pode ser consultada no endereo: botonismoregraunificada.blogspot.com.br. Seibert tambm au-tor e tradutor de vrias matrias sobre o futebol de mesa.

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    Jos Quintero Muniz, jo-ven inventor del juego de los Botones. en el ao de 1900

    Matria espanhola exibida no site: www.futmesabrasil.com Seo: Pelo Mundo - (05-06-2011)

    Histria del Futbol Botons - Espanha (texto abreviado)

    O jogo de futebol de boto foi inventado na Espanha por um jovem chamado Jos Huelva Quintero no final do sculo passado. No posso esquecer que o futebol foi introduzido na Espanha especificamente para a provncia de Huelva. O primeiro jogo de botes foi realizado pelo jovem chamado Jos Quintero e um ami-go, cujo nome do jogo foi dado no ptio da casa de sua famlia, em Palos de rua da cidade de Huelva. Foi exatamente a 06 dezembro de 1900, faltando 25 dias para comear o novo sculo. Meio sculo depois foi fun-dada a Federao Internacional de Futebol de Boto

    Huelva. Era uma sexta de agosto de 1945, e poucos meses depois, a Federao organizou o primeiro campeonato oficial. Participou no campeonato, Antonio, seu amigo Francisco Jos Manuel Quintero, e seu irmo Fernando.

    Retirado do site web.archive.org

    Ingleses, espanhis, ... Esta teia de informaes e hip-teses parece realmente enfraquecer drasticamente a chance do futebol de boto ser uma inveno brasileira.

    Talvez enfraquecer, mas no descartar. possvel que tenha ocorrido o contrrio, ou seja, o nosso futebol de boto ter sido leva-do para outros pases. Por que no? Tambm podemos considerar que ele tenha sido inventado em dois ou mais pases, incluindo o

    Carlos Garcia Dalmau - Botonista Esplugues Futbol Botons Associacio - Barcelona - Espanha www.espluguesfutbolbotonsassociacio.blogspot.com

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    Brasil, de maneira independente. Certamente alguns detalhes seri-am diferentes, mas de uma maneira geral a configurao seria a mesma. Afinal, a idia do jogo no complexa. Marcelo Coutinho, do Rio de Janeiro, em sua tese sobre a histria do futebol de mesa, defende esta possibilidade:

    (...) a origem do esporte at hoje controversa. O certo que os jogos teriam comeado a ser disputados nas primeiras dcadas do sculo passado, mais ou menos simultaneamente, em vrios lugares diferentes, o que leva a crer numa gerao espontnea, pois a idia em si, no muito difcil de ser imaginada. (o grifo meu) (texto citado numa matria de Enio Seibert)

    Levando em conta tudo o que foi dito, devemos ter em mente que mesmo chegando-se a certa origem do futebol de mesa, talvez no seja possvel afirmar que o nosso jogo deriva-se exatamente desta fonte. Obviamente esta premissa no deve desmotivar as pesquisas sobre o assunto. H sempre algo a ser descoberto. s vezes como cercar uma galinha; ela pode nos escapar, mas ge-ralmente conseguimos agarrar algumas penas.

    Outras abordagens sobre a histria do futebol de mesa

    JOGO DA PULGA

    Breve descrio do jogo da pulga extrada do livro "Os Melho-res Jogos do Mundo", da Editora Abril:

    "Este jogo de destreza muito popular em vrios pases da Europa e nos Estados Unidos, tanto entre as crianas como entre os adultos. Na Inglaterra, por exemplo, existem vrios clubes e associa-es que se destinam exclusivamente sua prtica. Um dos maiores jogadores do pas o prncipe Charles. O princpio deste jogo fazer

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    Desenho: Ubirajara Godoy Bueno

    saltar pequenas fichas para que atinjam um determinado alvo, em geral um recipiente de plstico, vidro ou madeira. Consegue-se isso pressionando-se as fichas com outra ficha, um pouco maior (disparador), sobre uma superfcie re-coberta de feltro. Existem atualmente no mercado diversos jogos desse tipo, alguns dos quais simulam esportes como tnis, golfe e pingue-pongue.

    H quem diga que o futebol de mesa foi inspirado no jogo da pulga. Existem, pelo menos, duas maneiras de interpretarmos este suposto acontecimento:

    Primeira:

    Algum, ao apreciar o jogo da pulga, se inspira para criar o fu-tebol de boto. A mesma tcnica usada no jogo da pulga para o a-cionamento das fichas plsticas foi aproveitada para movimentar os botes. A diferena que os botes em vez de saltarem sob a pres-so do disparador (palheta), deslizam na mesa, ao mesmo tempo em que, por meio de toques intermitentes, conduz uma pequena bo-la em direo ao gol.

    Segunda:

    Este mesmo algum j possua o futebol de mesa esboado em sua mente e talvez j o tivesse ensaiado algumas vezes. A sua inspirao veio diretamente do futebol de campo. Do jogo da pulga buscou to somente emprestar a tcnica para a movimentao das peas, a qual usaria no seu jogo com as adaptaes j citadas.

    No tenho respaldos histricos para refutar ou endossar pos-svel vnculo entre o jogo da pulga e o futebol de mesa, mas percebo que, em qualquer das duas possibilidades abordadas, parecem-me

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    ocorrncias pouco provveis. Acredito, mais por intuio do que por evidncias, de que a criao do futebol de mesa foi concebida es-pontaneamente, de maneira natural. Crianas, adolescentes ou a-dultos, resolvem criar uma brincadeira que pudesse simular o futebol de campo. Os jogadores seriam representados por tampas de refri-gerantes, discos plsticos, botes, etc., dispostos numa mesa, em um piso liso ou mesmo numa calada, utilizando-se traves que po-deriam ser feitas, inicialmente, com papelo recortado. A bola pode-ria ser um boto menor, uma ervilha, um gro de feijo ou um peda-o de papel amassado, a qual seria conduzida pelos jogadores por meio de toques intermitentes. Uma representao do futebol de campo nos moldes da criatividade comum, da mesma forma que construmos, para o nosso divertimento, ferrovias, pistas de carros, etc. Uma brincadeira que cativou e se alastrou, passando a fazer parte dos entretenimentos populares, tais como: peo, bolinha de gude, pipa e outras diverses, numa poca que no existia a televi-so, Internet, video game, etc. Assim descrevo, na medida do poss-vel, como mentalizo o jogo de boto sendo criado inventado ou no em nosso pas. sabido que o jogo cativou e encantou igual-mente os adultos, e talvez bem antes dos baixinhos. Mas falta um detalhe a ser comentado: como os jogadores eram movimentados? Da maneira mais simples possvel quase intuitiva: movendo-os com o dedo indicador ou mdio. Logo em se-guida, ou aps alguns tempo, as peas passaram a ser acionados com auxilio de uma palheta, numa espcie de refinamento da tcni-ca. A meu ver, bastaram alguns testes simples para se perceber, ou descobrir, a possibilidade do boto (ou objeto equivalente) deslizar

    sob a presso de uma palheta. Afinal, estamos falando do famoso efeito ao e reao que aprendemos em nossas primeiras aulas de fsica ou acabamos descobrindo nas ocorrncias rotineiras sem qualquer ensinamento terico.

    No jogo da pulga notamos uma semelhana com o futebol de mesa na maneira das peas serem impulsionadas (...). Mas parece ser impossvel ir a-lm desta simples comparao. (citao no Botonssimo primeira edio, 1998)

    AO

    REAO

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    O JOGO DAS TAMPINHAS

    O jogo das tampinhas rotulado como um entretenimento que abriu caminho para a evoluo do futebol de mesa uma espcie de esboo que serviu como base. O jogo das tampinhas uma si-mulao bastante simplria do futebol de campo. Inicialmente trs tampinhas (de garrafa) so posicionadas equidistantes de maneira a formar um triangulo. Duas tampinhas extras servem para demarcar o gol. Com o dedo indicador ou mdio, uma das tampinhas acio-nada para que deslize e passe entre as outras duas. Repete-se o processo deslizando-se outra tampa, e assim sucessivamente, at que seja possvel arremessar a tampinha em direo ao gol. A quantidade de toques definida entre os participantes (3, 4 ou 5 to-ques). O jogador que tocar uma das tampinhas ao passar entre e-las, ou no arremessar para o gol em seu ltimo toque, passa a vez para o seu adversrio.

    Lembro-me de ter brincado com as trs tampinhas na minha infncia e isso j faz um bocado de tempo. Ao descrever o jogo, possvel ter me escapado algum detalhe, ou talvez existam varian-tes, as quais desconheo. O jogo das trs tampinhas fazia parte das brincadeiras de calada, juntamente com a bugalha, jogo da velha, etc. Digo fazia parte, pois h muitos anos no me deparo com

    ILUSTRAES DE UMA SEQUENCIA DO

    JOGO DAS TRS TAMPINHAS

    (desenhos criados pelo autor com recursos do programa

    .

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    crianas entretidas com este tipo de brincadeira. Com base em mi-nhas colocaes e tudo mais que foi discutido, no vejo neste jogo um antecessor do jogo de boto, (obviamente existe uma chance de eu estar enganado).

    INAUGURAO DO FUTEBOL DE MESA NO BRASIL

    Delphim Ferreira da Rocha Netto, residindo em Piracicaba, (SP), aprendeu o jogo em 1919 com dois primos vindos de So Pau-lo, enquanto Geraldo C. Dcourt, pouco tempo depois, conheceu o jogo no Rio de Janeiro (1920 -1922). Sabemos que So Paulo e Rio de Janeiro defendem a primazia da estria do futebol de boto. Mas no podemos nos focar somente nestas duas cidades quando pen-samos na primeira prtica deste esporte no Brasil; temos que consi-derar a possibilidade do jogo ter feito sua estria em outra capital ou em alguma cidade interiorana. Os registros atualmente disponveis no so suficientes para esclarecer esta questo.

    Notem que estamos falando da estria e no do surgimento (criao) do futebol de mesa no Brasil.

    Se eu tivesse que arriscar um palpite, diria que o futebol de boto comeou a ser praticado em nosso pas por volta de 1915. Ainda palpitando, desta vez devaneando um pouco mais, diria que fora do Brasil a partir de 1890 1900, pois, at ento, o futebol de campo estava passando por diversas mudanas, a caminho de se tornar mais atraente e capaz de inspirar a criao de um jogo de mesa. Mas no ouso opinar sobre onde e quando foi criado.

    Curiosidades: 1882 o travesso introduzido; 1887 a linha do meio de campo e o crculo central so adicionados; 1891 a rede do gol foi inventada; etc. (outras informaes constam no livro: Ttulo The Football Book Autores: David Goldblatt e Johnny Acton Editora: DK Ano da publicao: 2009, Londres, Inglaterra).

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    OO FFUUTTEEBBOOLL DDEE MMEESSAA BBRRAASSIILLEEIIRROO

    H outro enfoque importante na histria do botonismo: no onde ou como nasceu o futebol de mesa, mas como se desenvolveu no Brasil. Dos meninos de ps descalos e joelhos ralados, riscando a calada para o prximo certame (saudade), at as mesas pintadas e demarcadas com esmero, assentadas em cavaletes. Dos botes de velhos capotes aos discos torneados de acrlico deslizando sobre os campos vistosos, mas que bem sabemos, embora de feies modernas, carregam consigo a mesma fantasia que emanava da-quelas caladas de antigamente. Um encanto que no se quebra. Este o propsito maior deste livro. Os registros destas pas-sagens e tudo mais que possa ter valia para enaltecer o nosso jogo de boto (curiosidades, humor, crnicas, etc.). A histria escrita e preservada. Certamente este material representa uma parcela mo-desta da histria do botonismo com suas mltiplas ramificaes e repleta de detalhes, mas somada a outros trabalhos do gnero, po-deremos ter ao longo do tempo uma poro mais significativa. Como se costuma dizer: de gro em gro a galinha enche o papo; em nosso caso o melhor dizer: de boto em boto se abotoa o casaco.

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    Me no aquela que pariu, mas a que criou. (ditado popular)

    O nosso velho futebol de mesa talvez no seja um filho legti-mo, mas a ele concedemos um lar e ateno. Algum especialmen-te dedicado, chamado Geraldo Cardoso Dcourt, o adotou e at mesmo deu-lhe um nome foi chamado de Celotex. Como um pai dedicado, prescreveu uma cartilha para gui-lo dentro de certa dis-ciplina e com isso o jogo de boto ganhou o primeiro livro de regras, editado em 1930. Incio da valorizao do futebol de mesa no Brasil.

    GERALDO CARDOSO DCOURT

    O PAPA DO BOTONISMO

    Este artigo foi publicado pela primeira vez em 1998 no livro Botonissmo, primei-ra edio, com base em depoimentos de Geraldo Cardoso Dcourt durante mi-nhas visitas em sua residncia.

    Ao apreciarmos a histria de Ge-raldo Cardoso Dcourt, no podemos deixar de admirar a sua extraordinria carreira, na qual envolveu-se, com su-cesso, em diversos campos de ativida-des. Fez msica, publicidade, TV, cine-ma, pintura e muitos amigos. No futebol de mesa conquistou o reconhecimento de uma legio de praticantes pela sua incansvel dedicao em colocar este esporte ao lado dos entretenimentos mais populares do Brasil. Dcourt co-

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    nheceu o futebol de botes ainda criana, quando residia no Rio de Janeiro 1920/1922. Em 1929 emprestou ao jogo o nome Celotex, devido ao material usado na poca para as confeces das mesas, que tinha esse nome e era importado de Chicago da The Celotex C.O . Alguns meses depois publicava o primeiro livro com as regras oficiais do Celotex e passou a divulgar o jogo por meio dos jornais e revistas da ento Capital Federal.

    Organizou torneios e campeonatos. Fundou em 1975 o Botu-nice, reunindo grupos isolados de jogadores.

    Em julho de 1982 criou o Hino do Botonista. Certa vez declarou: o futebol de mesa no mais um LAZER,

    mas sim UMA CAUSA. O nome Celotex foi substitudo por Futebol de Mesa, deno-

    minao adotada at hoje, e as regras foram mudadas, mas com certeza os praticantes deste esporte ainda se apiam sobre as mesmas bases slidas assentadas por Geraldo C. Dcourt, o Papa do Botonismo.

    O contedo desta matria (exclusivo para o Botonssimo) foi avaliado e aprovado por Dcourt)

    Em seu livro "Aconteceu, sim!..", publicado em 1987, Dcourt reservou um captulo exclusivo ao futebol de mesa. Um documento valioso para a histria do botonismo e leitura indispensvel para os amantes deste esporte.

    Que a carteirinha no 1 da Federao Paulista de Futebol de Mesa foi

    outorgada a Geraldo Cardoso Dcourt

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    Primeiro livro de regras do futebol de mesa, escrito e publicado por Ge-raldo Cardoso Dcourt em 1930. Na poca Dcourt deu ao jogo o nome de Celotex.

    Cpia digitalizada de um exemplar original acervo do autor.

    Geraldo Cardoso Dcourt, na reda-o do jornal O Cruzeiro, em 2 de agosto de 1930, recebendo a Taa Odalisca pela classificao em primei-ro lugar em um torneio de futebol de mesa (na poca futebol Celotex).

    As fotografias apresentadas neste captulo foram cedidas ao autor pelo prprio Dcourt. .

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    HINO DO BOTONISTA CRIADO POR GERALDO CARDOSO DCOURT.

    Cpia digitalizada do documento original acervo do autor.

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    DELPHIM FERREIRA DA ROCHA NETTO

    UM ILUSTRE BOTONISTA

    Algum tempo depois do lanamento do livro Botonssimo (1a edio), durante uma entrevista para a revista Super Inte-ressante a respeito do futebol de mesa, fui informado pelo jornalista sobre um tal Del-phim Ferreira da Rocha Netto, um senhor residente em Piracicaba, SP, e que apren-dera a jogar botes em 1919. Imediatamen-te liguei para Rocha Netto e marcamos um encontro em sua casa. No dia seguinte em-

    barquei para Piracicaba. Mesmo aps ter publicado o livro Botons-simo, mantinha meu interesse pelo assunto.

    Ao conhecer Rocha Netto, 89 anos, sua figura plcida me lembrou Geraldo Cardoso Dcourt. Recebeu-me cordialmente e, an-tes de qualquer coisa, mostrou-me seu gigantesco arquivo esportivo com milhares de artigos alusivos ao futebol de campo brasileiro e in-ternacional, que ocupava um cmodo de sua residncia e mais uma casa vizinha. Aps esta pequena excurso, passamos a falar sobre futebol de mesa, principal motivo de minha visita:

    B H informaes de que o senhor jogava botes em 1919. O ano est correto?

    R.N. isso mesmo. Comecei a jogar boto com seis anos de idade, aqui em Piracicaba.

    B Como conheceu o futebol de mesa?

    R.N. Por ocasio da visita de dois primos de So Paulo. En-sinaram-me o jogo e comecei a pratic-lo com meus irmos e amigos. Com o tempo vieram os torneios a at mesmo um jor-nalzinho manuscrito que eu mesmo editava, com noticias sobre

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    o que acontecia em nossos jogos. O jornalzinho circulava pelos vizinhos e despertava interesse.

    B Usava-se botes de roupa?

    R.N. Sim. As vezes os botes eram tingidos com anilina nas cores dos times preferidos da poca. Havia, tambm, papeis de bala com as fotografias dos jogadores, que eram recortadas e coladas sobre os botes.

    B E o goleiro?

    R.N. O goleiro tambm era um boto.

    B Que tipo de bolinha vocs usavam?

    R.N. Na poca usvamos bolinhas de vrios materiais: miolo de po, cera e at mesmo as salta-martins, caroo de uma frutinha silvestre; mas pulava muito e foi abandonado.

    B Usavam alguma mesa especial para os jogos?

    R.N. No. Jogvamos sobre uma mesa comum. As traves eram de madeira cobertas com fil.

    B As regras eram parecidas com as de hoje?

    R.N. No conheo perfeitamente as regras de hoje. Na oca-sio adotamos as mesmas regras do futebol de campo. Algum anos depois, o futebol de boto, ou futebol de mesa, passou a se chamar Celotex e foram introduzidas algumas regras espec-ficas. (Celotex foi o nome dado ao futebol de mesa por Dcourt, autor das primeiras regras publicadas em 1930)

    B At que ano o senhor jogou futebol de mesa?

    R.N. Acho que parei de jogar boto por volta de 1970.

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    Encerrei a entrevista e me despedi de Rocha Netto, com quem, por breve tempo, continuaria a manter contato. Deixei Piraci-caba com a mesma euforia de um garoto que consegue uma figuri-nha nova para o seu lbum.

    DELPHIM FERREIRA DA ROCHA NETTO nasceu na cidade de Itu, SP - em 9 junho de 1913. Trabalhou no comrcio e exerceu durante vrios anos a funo de fiscal de rendas. Foi tambm jornalista esportivo e radialista, apresentando na Radio Difusora o programa Pelota no Ar na poca do saudoso Farid Elmor. dono de uma magnfica coleo de artigos alusivos ao futebol de campo bra-sileiro e internacional. Seu acervo considerado um dos maiores do mundo. Morou em Piracicaba, SP, quando criana, depois residiu em outras cidades em funo do seu trabalho. Voltou a Piracicaba e fixou residncia. Delphim Fer-reira da Rocha Netto faleceu no dia 23 de agosto de 2003, aos 90 anos de ida-de. O seu acervo foi doado Faculdade de Piracicaba. Em suas entrevistas para jornais e revistas, Rocha Netto frequentemente fazia meno ao futebol de mesa, o que serviu de propaganda para este esporte.

    A Delphim Ferreira da Rocha Netto devemos o mais antigo registro da prtica do futebol de mesa (1919).

    O DIRIO, o nico jornal que noticia os jogos de Celotex ... Um dos exemplares dos jornalzinhos de Rocha Netto da dcada de trinta, on-de ele comentava o futebol de mesa numa comparao fantasiosa com o fu-tebol de campo. Fotografias de jogado-res eram recortadas de revistas e jor-nais e coladas entre os manuscritos.

    Material cedido ao acervo do autor por Rocha Netto.

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    A cronologia, apresentada a seguir, dependeu de vrias pes-quisas e nem sempre os registros procurados estavam disponveis, e quando encontrados mostraram-se incompletos ou suspeitos quanto veracidade. Portanto, os cuidados na seleo das informa-es acabaram por limitar o contedo deste captulo. O auxlio dos leitores, com dados complementares, ou para al-gumas retificaes, de fundamental importncia para o enriqueci-mento deste material nas prximas edies.

    Esta cronologia foi publicada pela primeira vez em 1998 no livro Botonssimo, primeira edio, exceto as datas assinalados com asteriscos e na cor verde, as quais foram inclusas nesta edio.

    1919* Delphim Ferreira da Rocha Netto, com seis anos de idade, morando em Piracicaba, SP, conhece o futebol de boto em 1919. Aprendeu o jogo du-rante a visita de dois primos vindos de So Paulo. o mais antigo registro so-bre a prtica do futebol de mesa no Brasil (conhecido pelo autor).

    1920 1922 Geraldo Cardoso Dcourt, com 9 - 11 anos de idade, residin-do no Rio de Janeiro , aprende a jogar botes com os irmos Higino e Francis-co Mangini. Fato da maior importncia, pois, nascia no ento pequeno Dcourt um grande amor pelo jogo, o que o levaria a ser um dos mais esforados divul-gadores do futebol de mesa nos anos vindouros.

    Por ocasio de minhas entrevista com Dcourt, disse-me ele que havia aprendido a jogar boto com 11 anos de idade, ou seja em 1922 (Dcourt nasceu em 1911). Porm, em seu livro Aconteceu Sim, pgina 125, cita que tomou conhecimento do jogo com 9 ou 10 anos (1920 ou 1921, respectivamente). Em outro livro Farra

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    Alforria no captulo C com meus botes, pagina 126, Dcourt informa que aprendeu a jogar com 9 anos de idade, motivado pelo Campeonato Sul Americano de Futebol (este campeonato foi realizado em maio de 1919). Diante disto, parece-me sensato no precisar o ano, mas considerar uma data entre 1920 e 1922.

    1929 - 1930 Dcourt empresta ao jogo de botes o nome de Celotex, devi-do ao material usado para a confeco das mesas, que tinha este nome e era importado de Chicago da The Celotex CO. realizado um Campeonato Nacio-nal de futebol de mesa na cidade do Rio de Janeiro. Dcourt sagra-se campeo representando o clube Nacional Celotex, recebendo a Taa Odalisca na reda-o de O Cruzeiro.

    O jogo de botes, agora Celotex, recebe um importante benefcio quando Dcourt publica suas regras primeiro material do gnero. Dcourt intensifica seu trabalho no sentido de promover o jogo em todo o pas, fazendo sua divul-gao na imprensa atravs de vrios jornais da ento Capital Federal.

    1932 O Celotex passa a ser chamado tambm de futebol em miniatura. O carioca Getulio Reis de Faria, botonista desde 1930, adquire com seus amigos, em uma banca de jornal do Rio, as regras oficiais Celotex. Seu entusiasmo pe-lo jogo aumenta gradativamente. Passa a cultivar uma grande admirao por Dcourt, o qual s vem a conhecer pessoalmente anos mais tarde num encon-tro histrico. Getulio deu Dcourt o ttulo de Papa do Botonismo.

    1932 - 1933 Getulio Reis de Faria, mantendo residncia no Rio, funda uma liga de Futebol de Mesa e passa a promover campeonatos anuais e vrios tor-neios.

    1941 (?) Jurandir da Silva Marques introduz modificaes nas regras Ce-lotex . - No foi possvel obter detalhes sobre tais modificaes, pois, o prprio D-court (autor das regras Celotex), nada sabia a respeito deste fato).

    1945 Fred Mello, jornalista, inventa no Rio de Janeiro a regra que ficou co-nhecida como leva-leva (nmero ilimitado de toques), ainda hoje praticada em jogos no oficiais, principalmente por crianas.

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    1949 - 1950 A liga criada por Getulio encerra suas atividades. Anos mais tarde (1966) Getulio se torna Diretor administrativo da Liga Carioca de Futebol de Mesa, mantendo o jornal URUDANCAM.

    Dcourt se muda para So Paulo, permanece afastado do futebol de me-sa em virtude de vrios compromissos.

    1957 Dcourt volta a jogar, atravs de um encontro casual com Eder Jofre, ento campeo mundial do boxe, e praticante do futebol de mesa. Eder fornece a Dcourt o endereo do Grmio Dramtico Luso Brasileiro, no Bom Retiro, SP, local de encontro de vrios botonistas.

    1962 Movimento na Bahia, dirigido por Oldemar Seixas, para padronizao das regras no estado. fundada a Federao Paulista de Futebol de Mesa, porm mostra-se aptica.

    1963 Chega a So Paulo Antnio Maria Della Torre, Amante do futebol de mesa desde os 11 anos. Algum anos depois, em 1978, passa a jogar no clube Riachuelo, onde conhece Dcourt, com quem desenvolve fortes laos de ami-zade. Trabalha em prol do futebol de mesa, assumindo em 1983 a presidncia da Federao Paulista.

    1965 Botes de roupas e fichas de jogos de baralho, usados como peas de jogos, comeam a ser substitudos por tampas de relgios (So Paulo e regies)

    1966 fundada a Liga Carioca de Futebol de Mesa pelo botonista Getulio.

    1967 Criada em Salvador (BA) a chamada Regra Brasileira do Futebol de Mesa, por ocasio de uma comisso formada por baianos e gachos, na qual figuram como cabeas do movimento Oldemar Seixas, pela Bahia, e Adauto Celso Sambaquy, pelo Rio Grande do Sul.

    1970 Incio da era do acrlico. Comea a crescer gradativamente o uso do acrlico nas confeces de botes.

    1971 - (21-01) Fundada a Associao Carioca de Futebol de Boto ACFB.

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    1972 Paulo Brianezi, aps confeccionar botes de forma caseira, industriali-za o processo utilizando acetato de celulide importado do Japo. Os botes, do tipo tampa, so decorados com escudos e bandeiras. Usando regras criadas por ele, Brianezi passa a organizar campeonatos na sua fbrica de botes, lo-calizada em So Paulo.

    1973 No h Campeonatos Interclubes. A Federao encontra-se pratica-mente inativa.

    1974 Fim da Federao Paulista de Futebol de Mesa, fadada a acabar des-de a sua fundao.

    1975 fundado o Botunice por Geraldo C. Dcourt, Antnio Maria Della Torre e mais trs colaboradores. ( o Botunice procurava reunir grupos isolados de jogadores).

    1978 Morre Paulo Brianezi, encerrando-se os campeonatos por ele organi-zados. Os filhos do continuidade fabricao de botes. (27-08) Nasce a Associao Galxia Petlen. A denominao vem das iniciais dos nomes dos fundadores. A equipe contribuiu grandemente com o futebol de mesa, produzindo, entre outras coisas, um vasto arquivo de artigos alusivos ao jogo. (outubro) Comea a funcionar o Grmio Botonistas da Moca. Oito meses depois transfere-se para o Grmio Recreativo Riachuelo

    1979 formada a COFI - Comisso de Organizao e Fiscalizao das In-tegraes, com o intuito de suprir a falta da federao.

    1979 - (03-09) Fundada a Federao Brasiliense de Fut. de Mesa. .(junho) Fundado o Grmio Recreativo Riachuelo

    1979 1980 fundada a Confederao Brasileira de Futebol de Mesa, RJ, com a participao de vrios clubes. (Confederao ???)

    1980 Fundada a UNIBOP em 01/10. 30/11 - Inaugurado o Clube Nacional de Futebol de Mesa, tendo na presidncia o botonista Carlos Roberto Maia Bernardelli (Tati). Dcourt (So Paulo) e Getulio Reis (Rio de Janeiro) se co-nhecem pessoalmente num encontro registrado como O Jubileu de Ouro.

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    1981 - (dezembro) Fundada a Associao Riograndense de Futebol de Me-sa, presidida por Ageu Inacio Kehrwald.

    1981 - (24-06) Fundada a Fed. Amazonense de Futebol de Mesa.

    1982 - (13-7) Geraldo Cardoso Dcourt compe o Hino do Botonista, cuja divulgao foi feita atravs de um fita K-7 gravada em Lagoinha (litoral paulista). Vrias cpias so distribudas.

    1982 Inaugurao da sede prpria da Associao Brusquense de Futebol de Mesa. Termina as atividades do Botunice quando reunia 50 associados. AREA - Associao Recreativa dos Engenheiros e Arquitetos, no Jabaquara, i-nicia a integrao de onze clubes da capital e Santos, que procuram se reunir em torno de uma regra unificada. (outubro) - Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa - realizado em So Jos dos Campos, com a participao de botonistas de vrios estados, onde Della Torre sagrou-se campeo. O segundo lugar foi conquistado por Librio, de Bra-slia e o terceiro lugar por Muradian, de So Paulo. Este campeonato no foi re-conhecido como o primeiro da srie iniciado em 1989.

    1983 Volta a Federao Paulista, presidida por Della Torre, desta vez com-pletamente documentada e mais dinmica. Neste mesmo ano a COFI encerra suas atividades. Fundada no dia 7 de setembro a Associao Sergipana de Fut. de Mesa na praia de Atalaia, tendo como presidente Ismael Silva Santos. (dezembro) Entregue a Dcourt a carteirinha no 1 da F.P.F.M. e o ttulo ho-norrio Patriarca do Futebol de Mesa Paulista.

    1985 - (8-5) Falece Getulio. (maio) Fundada a Associao de Futebol de Mesa de Marlia, SP. (17-07) Fundada a Federao Baiana de Futebol de Mesa.

    1988 - (outubro) Extinta a Associao Riograndense de Futebol de Mesa (fundada em dez./1981).

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    1988 - (29 de setembro) O CND eleva o Futebol de Mesa categoria de es-porte. Um dos mais esperados acontecimentos para o fortalecimento e va-lorizao do futebol de mesa.

    1989 realizado o 1o Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa promovi-do e dirigido pela Federao Paulista (categoria 12 toques). Os jogos foram realizados entre os dias 7 e 10 de setembro no clube Atltico Indiano, em So Paulo. O evento contou com 96 participantes de trs estados e mais o Distrito Federal, onde sagrou-se campeo o paulista Joo Luiz Gil, 24 anos.

    O CAMPEONATO BRASILEIRO, numa cadncia anual, tornou-se o evento mais atrativo e disputado entre os jogos promovidos pela Federao Paulista.

    1990* Inaugurada em So Paulo a loja Botes & Companhia, onde apreci-adores do futebol de mesa podiam adquirir todos os artigos esportivos necess-rios para a prtica do esporte, jogar no prpria loja (o local possua vrias me-sas) e contar com a ajuda de instrutores entre eles o conhecido botonistas Rubens Cintra (Rubinho). A loja tambm oferecia os servios de uma lanchonete.

    1990* - (dezembro) Wilson Brambilla introduz o futebol de mesa no clube ABREVB (Associao Beneficente e Recreativa de Vila Barcelona) So Cae-tano do Sul, SP. Nasce a UBO (Unio de Botonistas), originria da LIBO (Liga dos Botonistas) esta ltima criada e mantida durante vrios anos por Ubira-jara Godoy Bueno.

    1992* Botes & Companhia encerra suas atividades. Em 1993, lcio Bu-ratini, um dos scios da loja, inaugura oficialmente a Temp Sports, a qual segue a mesma linha de produtos, mas sem os servios extras da Botes e Compa-nhia. O comrcio permanece em funcionamento e sua especialidade a produ-o de mesas.

    1994* Exposto pela primeira vez o O Museu do Boto, criado por Ubiraja-ra Godoy Bueno, por ocasio do VI Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa (modalidade 12 toques), realizado no clube ABREVB. Aps o evento, o museu permaneceu neste clube por vrios anos. Atualmente encontra-se no CREVF (Centro Recreativo e Esportivo da Vila Fundao) conhecido popularmente co-

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    mo Fundao, tambm localizado em So Caetano do Sul, SP. O material est exposto na sala de jogos da UBO (Unio de Botonistas).

    1998* - (28 de maio) Despede-se Geraldo Cardoso Dcourt aos 86 anos. sua terna lembrana, nossa saudade e gratido.

    1998 - (11 a 14 de junho) Realizado no clube Tiet o X Campeonato Brasi-leiro, onde, durante a abertura do evento, foi prestada uma homenagem a D-court. Estava presente a senhora Eda Dcourt.

    Neste evento tivemos ainda:

    A escolha de 14 de fevereiro como O Dia do Botonista data de aniversrio no nosso saudoso Dcourt (por sugesto dos botonistas da A. Hebraica). O anuncio foi feito oficialmente pela Federao Paulista.

    Lanamento do Botonssimo - O Livro do Futebol de Mesa (1a edio), es-crito por Ubirajara G. Bueno.

    Nova exposio do Museu do Boto aprimorado e ampliado.

    1998* - (11 de julho) A sala de jogos do clube ABREVB foi batizado com o nome Geraldo Cardoso Dcourt numa homenagem ao papa do botonismo. Uma placa foi fixada na entrada principal da sala. Neste mesmo dia foi realizado o torneio Taa Dcourt

    2000* (27 de setembro) Despede-se Antonio Maria Della Torre, aos 56 anos. Della Torre foi um dos mais slidos baluartes do futebol de mesa.

    *

    Cronologia complementar referente perodo de 1990 a 2000 e inte-gral de 2001 a 2012 ser publicada no volume 2 com base nas pes-quisas do autor e colaborao dos leitores.

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    Esta partitura foi encomendada por Ubirajara G. Bueno ao msico e maestro Srgio de Oliveira de Morais em 1995, sendo publicada pela primeira vez no livro Botonssimo, 1a edio, lanado em 1998. (cpia digitalizada do original acervo do autor)

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    cpia digitalizada do original acervo do autor.

    Que o Botunice, criado por Dcourt em 1975, no era apenas um nome sugestivo para determinado grupo de jogadores. Tratava-se, na verdade, de um sigla:

    Botonistas unidos dos Campos Elseos

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    Os inmeros jornais e boletins, impressos e distribudos pelos clubes e federaes de futebol de mesa, cederam lugar aos blogs e sites estampados a cores na tela do monitor, disponveis a milhares de leitores. Hoje ficamos a pensar na determinao daqueles que, num passado no muito distante, se propunham , com recursos quase artesanais, a divulgarem suas matrias. Diferentemente das revistas e jornais produzidos nas grandes grficas, os nossos anti-gos redatores operavam as velhas mquinas de escrever, recorri-am aos gabaritos de nmeros, letras e formas geomtricas e usa-vam recortes e colagens para comporem os originais. Finalmente a tipografia ou mquina de xerografia geravam as cpias, normalmen-te numa quantidade limitada a algumas dezenas de exemplares.

    A gratido a estes colaboradores formidveis externada por Adauto Celso Sambaquy, ao mesmo tempo que enaltece os blogueiros:

    A comunicao no futebol de mesa

    Todos os dias eu passo horas lendo noticias em diversos blogs so-bre o futebol de mesa de todo o pas. Assim, fico inteirado do que est a-contecendo nas diversas agremiaes que enriquecem esse esporte que levou tanto tempo para ser reconhecido.

    H blogs, como os do Breno e do Gothe, cujas informaes dirias

    OS REDATORES

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    mostram o intenso trabalho que seus editores colocam para detalhar tudo o que est acontecendo, no s no seu estado natal, mas em todo o terri-trio nacional. O Breno, perfeccionista, brinda-nos com vdeos maravilho-sos que fazem sentir-nos integrados no ambiente em que foram feitos.

    Muitos surgem com fora, mas, com o passar do tempo, vo fican-do abandonados e outros at param de fornecer notcias. Mas, a quanti-dade muito boa e nos faz viajar pelos mais distantes recantos, locais on-de o futebol de mesa praticado.

    Mas, isso algo que vem sendo feito h menos de dez anos. al-go que a informtica nos trouxe e que haver de persistir indefinidamente.

    O grande impulso que o futebol de mesa recebeu foi iniciado na dcada de oitenta. Diversos clubes editavam seus boletins em estilo ta-blide e distribuam, via correio, para os aficionados que por eles se inte-ressassem. Foi atravs deles que iniciamos esse processo que resultou na regularizao de nosso esporte no CND. O primeiro que chegou s mi-nhas mos foi editado pela Associao Galxia Petlem, chamado TCNI-COS E BOTES. Atravs dele, tomei conhecimento do BOTUNICE IN-FORMA, onde o mestre Dcourt desfilava suas histrias e falava dos campeonatos paulistas em geral. Depois, veio o URUDANCAM, (Urubu dando cambalhotas) que trazia as notcias do futebol de mesa do Rio de Janeiro e da turma do Getulio Reis de Faria. O informativo O BOTONISTA foi editado pelo Clube de Boto de Taubat, onde o grande Jos Geraldo Cursino, seu diretor, o redigia. Surgiu, em Braslia, o grande K ENTRE NS, produzido pelo extraordinrio Jos Ricardo Caldas e Almeida, e o in-formativo SERRANO, com o futebol de mesa de Sobradinho. Alm deles, havia um prottipo jornalstico produzido por Srgio Netto que, por vezes, tornava-se violento e atacava os disputantes de outras regras e era ro-mntico e at potico, abrindo espao para a mulher botonista. Do Rio Grande do Sul, o JORNAL BOLA BRANCA, de Ageu Incio Kehrwald, de Lajeado, que tambm dava conta do movimento gacho na regra de trs toques.

    claro que a velocidade daquela poca era bem diferente da de hoje. As notcias eram recebidas de torneios e campeonatos que j havi-am ocorrido. Mas era uma forma de sabermos o que estava acontecendo no restante do pas.

    Eu tive o cuidado de guardar todos esses informativos e encader-n-los, deixando-os aos cuidados do presidente da AFM Caxias do Sul. So documentos histricos que mostram o desenrolar da histria numa poca anterior era da informtica. Serviu como motivo de aproximao entre os diversos lderes do futebol de mesa daquela poca. (...) *

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    Adauto Celso Sambaquy nasceu em 09 de outubro de 1936 na cidade de Caxias (RS). H anos seu nome est vinculado ao futebol de mesa gacho, no apenas como jogador, mas colaborador constante e pode ser considerado um dos botonistas mais representativos da modalidade Disco 1 toque. Em 1967 participou ativamente da fuso das regras gacha e baiana, o que resul-tou na criao da Regra Brasileira, uma das modalidades reconhecidas pelo CND. Seus registros sobre os mais diversos acontecimentos do futebol de me-sa, publicados em inmeras crnicas*, representa uma contribuio valiosa pa-ra a preservao da histria do nosso esporte.

    *Seus textos esto disponveis no Blog: acolunadeadautocelsosambaquy.blogspot.com tambm acessados via: afmcaxiasdosul.blogspot.com

    A breve relao, mostrada a seguir, refere-se aos boletins e jornais da dcadas de 70 e 80. Certamente o material que disponho representa uma pequena amostragem do que serviu, durante muitos anos, para registrar uma boa parcela da histria do nosso futebol de mesa.

    RELAO EXTRADA DO BOTONISTAR JAN,/FEV./MAR./1984

    Este material foi publicado no Botonssio primeira edio 1998

    NOME DO JORNAL

    ESTADO DATA LANAMENTO

    JORNAL FUBOMAR MG JANEIRO/1973

    JORNAL DO BOTO RS MARO/1978

    URUDANCAM RJ MARO/1979

    BRASILEIRINHO RJ JULHO/1979

    TCNICOS E BOTES SP NOVEMBRO/1979

    BOLETIM JOCAMAR AM MAIO/1980

    JORNAL BOTONISTA RS MAIO/1980

    BOTUNICE INFORMA SP JUNHO/1980

    BOTONISTAR DF JUNHO/1980

    BOTOTCNICO AM JUNHO/1981

    BOTOESUL SC JULHO/1981

    BOTES EM FOCO MG JULHO/1981

    CARA DE PAU MG JULHO/1981

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    NOME DO JORNAL

    ESTADO DATA LANAMENTO

    POP SHOP SP AGOSTO/1981

    O BOM DE BOLA MG AGOSTO/1981

    ALGO NOVO SP NOVEMBRO./1981

    O GAROTO DO PLACAR DF JUNHO/1982

    BOLA DE FELTRO RS JUNHO/1982

    INFORMATIVO SERRANO DF SETEMBRO/1982

    INFORMATIVO MOCOCA SP DEZEMBRO./1982

    PALHETA DE MINAS MG ABRIL/1983

    PALHETANDO DF ABRIL/1983

    BOLA UM BA JULHO/1983

    TRS TOQUES DF AGOSTO/1983

    PALHETA PLATINENSE PR AGOSTO/1983

    A SEMANA DA MESA DF SETEMBRO./ 1983

    SEM PULO CE SETEMBRO./1983

    AZULO MG OUTUBRO/1983

    O MANA AM OUTUBRO/1983

    OUTROS JORNAIS DADOS INCOMPLETOS NOME DO JORNAL ESTADO DATA LANAMENTO

    A SETA

    A GRANDE REA

    BOLA BRANCA

    BOTO CATARINENSE SC

    CASA CAIADA PE

    ESTRELA QUE BRILHA

    FUTEBOL DE MESA 2004 SP

    FANTSTICO

    K ENTRE NS

    O PAULISTINHA SP

    PLACAR BOTONSTICO

    VERMELHINHA SP

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    Fotografias e ilustrao produzidas pelo autor. ( Desenho criado com recursos do Word)

    FUTMESA YPIRANGA

    Exemplares de antigos jornais e boletins. Material do acervo do autor

    Sites e blogs - exemplos das muitas opes dis-ponveis na Internet

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    BOTES

    No incio eram rodelas de tijolo, movimentadas com petelecos de barbatana de colarinho ou botes robustos de roupas, incluindo os que eram retirados dos uniformes escolares informa Dcourt, recordando o seu tempo de menino, quando jogava nas escadarias do colgio no Rio de Janeiro na dcada de 20. O dentista Dr. Jos Roberto Primo, outro antigo botonista, co-meou a jogar em 1940, com seis anos de idade, e recorda-se que os botes eram os de palet. Depois vieram os botes que guarne-ciam as capas (ou capotes) maiores e mais robustos. Alguns a-nos depois comearam as primeiras sofisticaes, lixando-se as bordas dos botes para se obter melhores efeitos e utilizando-se peas maiores na defesa. No havia escrpulos para se conseguir um belo boto, co-menta Dr. Primo. Certa feita, um mdico amigo seu extraiu, com a habilidade que lhe conferia a profisso, os botes das roupas de um falecido. Se naquela poca surrupiava-se botes de roupas, Antonio Maria Della Torre, nos anos 50, costumava subtrair as tampas dos frascos de pomadas e cosmticos para compor os seus times, bem como lanar mo dos botes mais atraentes dos casacos de suas tias. Nesta mesma poca, entre 1953 e 1960, Levi Silva de Andra-de, lembra-se que costumava jogar nas caladas de Peixinhos, ci-dade prxima de Recife, usando casca de coco e tampas de rel-

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    gios. Os garotos que conseguiam dispor de algum dinheiro adquiri-am botes feitos com chifre de boi. As peas eram usinadas por um torneiro da regio e permitiam um melhor desempenho. Muitos outros materiais foram usados na fabricao de peas de jogo, tais como: madeira, plstico, galalite, chifre, etc. Alm da diversificao dos materiais, variaram tambm, ao longo do tempo, os formatos (modelos). Algumas peas eram adaptaes de objetos produzidos originariamente para finalidades to diferentes que cer-tamente requeria uma boa dose de inventividade. o caso dos "bo-tes" feitos por Dcourt a partir de pequenas telas plsticas circula-res destinadas a promover ventilao em guarda-roupas, ou ainda outro time feito com discos coloridos de lanternas de automveis. Desta feita Dcourt acabou com o estoque da loja. Tambm se utilizou fichas de baralho para a prtica do futebol de mesa. No pequeno museu do boto, exposto no clube ABREVB, em So Caetano do Sul, SP (atualmente no CREF). temos um con-junto de fichas do ano de 1953, doadas por um antigo jogador. Ge-raldo Atienza, botonista desde 1952, recorda-se que por volta do ano de 1958 ele e alguns jogadores usavam as fichas que vinham de brinde nos invlucros do caf Paraventi. As fichas eram raspadas na calada para desgastar as estampas em relevo. O polimento final era obtido friccionando-se as pea numa pedra de mrmore com a-juda de saplio e gua. A partir de 1962 a preferncia voltou-se pa-ra as fichas de jogo adquiridas na loja s de Ouro em So Paulo. Eram mais fceis de serem preparadas. O exemplo mais conhecido destas adaptaes foi o uso, du-rante muito tempo, das tampas de relgio. Apesar de alguns regis-tros citarem que esta opo surgiu em 1964/1966, possvel que as tampas tenham sido usadas um pouco antes (conforme informao do botonista Levi, citado h pouco). As peas costumavam receber uma pintura na parte interna, alm da aplicao de nmeros e distin-tivos. Anos depois estas tampas de relgio serviram como modelo para os botes industrializados. At mesmo fivelas plsticas de cin-tos femininos (na forma de argoles) foram experimentadas. Nas criaes originais podemos incluir os botes acavalados, montados com dois discos (ou botes), sobrepostos. Dcourt usou peas semelhantes torneadas em acrlico.

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    Dr. Primo assinala o ano 1970 como sendo o incio da era do acrlico. Neste ano um botonista chamado Adalberto exibiu no Alfa Clube da Lapa, em So Paulo, um time de botes de acrlico tornea-do. Pouco tempo depois, Primo e seus amigos Tuti e Eraldo passa-ram a usar botes da mesma procedncia. Os botes eram baixos com declive acentuado ao redor do orifcio e o modelo foi chamado de canoa. O uso de acrlico foi um grande marco na histria do fute-bol de mesa, abrindo caminho para novas possibilidades de desen-volvimento, como, por exemplo, a mistura do acrlico com resina (bo-tes resinados), que aconteceu numa etapa posterior. Em algumas regies, principalmente as pertencentes ao Rio de Janeiro, a resina Palaton (material utilizado em prtese dentria) ou j foi concorren-te do acrlico. Perdeu-se com o processo de usinagem o prazer que alguns desfrutavam em preparar manualmente os seus prprios times, com serras e lixas detalhes obtidos pacientemente para se alcanar certo desempenho. Cada time, ou melhor, cada boto apresentava uma caracterstica prpria. Mas certamente os benefcios tcnicos e estticos oferecidos pelos botes torneados acabaram se sobrepon-do a estes antigos deleites. Os muitos tipos de botes, os diversos materiais e as prefe-rncias de cada regio do Brasil, que se mesclaram ao longo dos anos, tornam impossvel, ou pelo menos muito difcil, definir com e-xatido as tendncias ou modas de cada poca. A nica linha divi-sria distinta parece ser o ano 1970, o qual separa o atual perodo, correspondente ao acrlico, do anterior, onde outros materiais foram usados. Contudo, considerando as informaes disponveis em jor-nais, revistas, nos depoimentos dos botonistas mais antigos e tole-rando-se certos desvios nas datas assinaladas, podemos arriscar algumas divises na evoluo das peas de jogo (botes, num ter-mo genrico) usadas no futebol de mesa ao longo do tempo, con-forme apresentadas no quadro a seguir. Estas divises correspon-dem a So Paulo e regies do estado.

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    PRINCIPAIS TIPOS DE BOTES UTILIZADOS NO DECORRER DOS ANOS

    ................... 1953/1955 ..........1964/1966 ............. 1970 ......................

    bom frisar que as divises propostas assinalam a prefern-cia predominante, e no nica, de cada poca. Alm disso, as mu-danas no ocorreram abruptamente. bem provvel que uma con-dio anterior tenha coexistido com a posterior durante um certo tempo. O botonista Agnaldo Pecoraro recorda que no incio da dca-da de 80, no clube Canad (Belenzinho, SP), alguns jogadores ainda utilizavam tampa de relgio quando o acrlico j estava em moda. Afora a linha principal, alguns tipos de botes e materiais per-maneceram em uso em grupos isolados de praticantes no transcor-rer dos vrios perodos (e talvez ainda ocorra em algumas regies), a despeito das preferncias predominantes. Temos como exemplos as peas feitas com casca de coco, chifre e outros materiais. O fa-bricante Edu Toscano diz que estes tipos de confeces paralelas deve-se ao prazer de se ter botes diferentes ou ainda pela disponi-bilidade da matria prima, muitas vezes isenta de custos.

    Botes de casca de cco

    A - Boto de cco torneado pea nica, cedida por Antonio Maria Della Torre B - Boto de cco moldado manualmente pea nica, cedida por Levi Silva de Andrade.

    BOTO DE ROUPA

    FICHA DE JOGO

    TAMPA DE RELGIO

    BOTO DE ACRLICO

    Fotografias da pgina produzidas pelo autor artigos do seu acervo.

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    Botes de chifre

    Comparao: boto de acrlico com dimetro de 54 mm

    Fotografia produzida pelo autor artigos do seu acervo (botes de chifre cedidos por Jos Roberto Primo).

    Criao e desenho: Ubirajara Godoy Bueno

    Querida, estou atrasado para o torneio e no consigo...

    ... encontrar os meu botes de osso.

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    Dois velhos amigos botonistas ao se enfrentarem durante um torneio para a terceira idade:

    Tive a impresso que foi gol diz um deles aps arremessar a bola ao gol e v-la rolar de volta ao campo.

    Eu tambm responde o outro. E aps ajeitar os culos, completa num tom consolador: Mas no devemos nos preocupar com isso. No deve ser distrbio visual grave; na nossa idade normal os olhos nos pregarem pe-a, ainda mais com estas luzes modernas. .

    Criao e desenho: Ubirajara Godoy Bueno

    Criao: Ubirajara Godoy Bueno

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    Curiosidades sobre os botes de acrlico produzidos na regio de So Paulo.

    No tivemos apenas mudanas nos tipos de botes (boto de roupa. ficha de jogo, tampa de relgio e acrlico), mas tambm no feitio. Neste caso, refiro-me aos botes de acrlico. Segundo o boto-nista Rafael Domingos Barricelli (Lito), as primeiras peas fabricadas em acrlico apresentavam a base plana, ou seja, sem cmara (ilustrao 1). Posteriormente foi criado um canal (cavidade) visando reduzir a massa (ilustrao 2). Finalmente este canal foi ampliado, o-cupando quase toda a base do boto (cmara), chegando-se a uma estrutura igual a atual (ilustrao 3).

    Um outro detalhe interessante o fato de as bordas (bainhas) dos primeiros botes em acrlico serem retas (sem inclinao). Consta que o ngulo da borda em diferentes graus, foi uma inven-o do botonista Benitto Gravino.

    Alm de So Paulo e suas regies

    Os ltimos tpicos focaram quase exclusivamente na regio de So Paulo. Mas neste mesmo perodo, em outros estados, os ti-pos de botes usados foram diferentes, ou pelo menos no segui-ram a mesma sequncia cronolgica. certo que no incio da prti-ca do futebol de mesa no Brasil, independentemente da regio, ti-vemos o uso de botes de roupa, assim como o acrlico assinala a etapa derradeira (perodo atual). no intervalo destes dois extremos que temos diferenas