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Janeiro 2017 Volume 11 \ Número 1

Boletim Regional do Banco Central do Brasil - bcb.gov.br · Publicação trimestral do Banco Central do Brasil/Departamento Econômico. Os textos, ... A tendência recessiva observada

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ISSN 2175-9278 CNPJ 00.038.166/0001-05

Boletim Regional Brasília v. 11 n° 1 jan. 2017 p. 1-90

Janeiro 2017 Volume 11 \ Número 1

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Boletim Regional Publicação trimestral do Banco Central do Brasil/Departamento Econômico. Os textos, as tabelas e os gráficos são de responsabilidade dos seguintes componentes do Departamento Econômico (Depec) (e-mail: [email protected]): Região Norte – Gerência Técnica de Estudos Econômicos em Belém (e-mail: [email protected]); Região Nordeste – Gerência Técnica de Estudos Econômicos em Fortaleza (e-mail: [email protected]), Gerência Técnica de Estudos Econômicos em Recife (e-mail: [email protected]), Gerência Técnica de Estudos Econômicos em Salvador (e-mail: [email protected]); Região Centro-Oeste – Gerência Técnica de Estudos Econômicos em Belo Horizonte (e-mail: [email protected]); Região Sudeste – Gerência Técnica de Estudos Econômicos em Belo Horizonte (e-mail: [email protected]), Gerência Técnica de Estudos Econômicos no Rio de Janeiro (e-mail: [email protected]), Gerência Técnica de Estudos Econômicos em São Paulo (e-mail: [email protected]); Região Sul – Gerência Técnica de Estudos Econômicos em Curitiba (e-mail: [email protected]), Gerência Técnica de Estudos Econômicos em Porto Alegre (e-mail: [email protected]).

Informações sobre o Boletim Telefone: (61) 3414-1042 Fax: (61) 3414-2036 É permitida a reprodução das matérias, desde que mencionada a fonte: Boletim Regional do Banco Central do Brasil, v. 11, n. 1. Convenções estatísticas ... dados desconhecidos. - dados nulos ou indicação de que a rubrica assinalada é inexistente. 0 ou 0,0 menor que a metade do último algarismo, à direita, assinalado. * dados preliminares. O hífen (-) entre anos (2004-2006) indica o total de anos, incluindo o primeiro e o último. A barra (/) utilizada entre anos (2004/2006) indica a média anual dos anos assinalados, incluindo o primeiro e o último, ou, se especificado no texto, ano-safra ou ano-convênio. Eventuais divergências entre dados e totais ou variações percentuais são provenientes de arredondamentos. Não são citadas as fontes dos quadros e gráficos de autoria exclusiva do Banco Central do Brasil. Central de Atendimento ao Cidadão Banco Central do Brasil Departamento de Atendimento Institucional (Deati) Divisão de Atendimento ao Cidadão (Diate) SBS – Quadra 3 – Bloco B – Edifício-Sede – 1º subsolo 70074-900 Brasília – DF Telefone: 145 (custo de ligação local) Internet: http//www.bcb.gov.br/?FALECONOSCO

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Sumário

Apresentação 5 Sumário executivo 7 Região Norte 11 Região Nordeste 17 2.1 − Bahia ________________________________________________________________________ 21

2.2 − Ceará ________________________________________________________________________ 24

2.3 − Pernambuco __________________________________________________________________ 27

Região Centro-Oeste 31 Região Sudeste 35 4.1 − Minas Gerais __________________________________________________________________ 39

4.2 − Rio de Janeiro ________________________________________________________________ 43

4.3 − São Paulo ____________________________________________________________________ 47

Região Sul 51 5.1 − Paraná _______________________________________________________________________ 55

5.2 − Rio Grande do Sul _____________________________________________________________ 59

Inferências nacionais a partir dos indicadores regionais 63 Boxes Evolução da Economia Mineira ______________________________________________________ 69

Evolução do emprego na Indústria ___________________________________________________ 77

Desinflação em 2016: efeitos regionais _______________________________________________ 80

Apêndice 85

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Apresentação

O “Boletim Regional do Banco Central do Brasil” é uma publicação trimestral do Banco Central do Brasil que apresenta as condições da economia por regiões e por alguns estados do país. Sob o enfoque regional, enfatiza-se a evolução de indicadores que repercutem as decisões de política monetária – produção, vendas, emprego, preços, comércio exterior, entre outros. Nesse contexto, a publicação contribui para a avaliação do impacto das políticas da Autoridade Monetária sobre os diferentes entes da Federação, à luz das características econômicas locais e das gestões políticas regionais.

As análises e informações do “Boletim Regional” buscam oferecer à sociedade – em particular, a gestores de política econômica nas esferas subnacionais, pesquisadores e integrantes do meio acadêmico, empresários, investidores, e profissi-onais de imprensa – elementos que contribuam para identificar a forma e, especialmente, a magnitude de repercussão, no âmbito regional, das políticas implementadas. Ao mesmo tempo, a publicação contribui para dar à sociedade conhecimento dos critérios analíticos da Instituição.

O “Boletim Regional” analisa as economias das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul e dos estados da Bahia, Ceará, Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. A disponibilidade de estatísticas econômicas, bem como a distribuição geográfica das representações do Banco Central, influenciou a escolha dos estados. Assim, para as regiões que possuem apenas uma representação institucional – Norte e Centro-Oeste –, optou-se pela análise agregada regionalmente. Para as regiões em que existem mais de uma representação, são apresen-tadas, além da análise regional, as análises para os estados nos quais se encontram as representações.

Homogeneidade, abrangência e regularidade foram os principais critérios de escolha das estatísticas e das fontes. Dessa forma, em sua maior parte, os dados têm como origem os órgãos e os institutos de âmbito nacional, destacadamente o Instituto

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Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e os entes da administração direta. Em alguns casos, foram utilizadas, complementarmente, informações de entidades regionais. Dados sem tratamento das fontes foram dessazonalizados pelo Departamento Econômico do Banco Central do Brasil (Depec).

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Sumário executivo

A atividade econômica do país tem apresentado dinamismo inferior ao projetado anteriormente, trajetória evidenciada pela continuidade de resultados negativos no trimestre encerrado em novembro. Esse cenário reforça as perspectivas de que a retomada da atividade seja mais demorada e gradual que a antecipada previamente e de que a economia brasileira siga operando com nível de ociosidade dos fatores de produção superior à média histórica. Nesse contexto, o IBC-Br recuou na margem 0,5%, no trimestre encerrado em novembro, de acordo com dados dessazonalizados.

A atividade econômica no Norte apresentou, em 2016, sinais de recuperação sobretudo de março a agosto. No trimestre encerrado em novembro, no entanto, a produção industrial da região contraiu 4,7%, na margem, impactada por recuos nas atividades outros equipamentos de transporte, e bebidas e indústria extrativa, 0,9% - ressalte-se que este segmento expandiu 11,9% nos onze primeiros meses do ano, em relação a igual intervalo de 2015, impulsionado pelo desempenho da extração de minério de ferro no Pará. No mesmo período, os gastos com consumo, que seguem influenciados por condições adversas nos mercados de trabalho e de crédito, retraíram 2,5%, destacando-se, no entanto, que a evolução dos indicadores de expectativas dos consumidores sugere perspectivas de melhora para a atividade varejista. Nesse cenário, o IBCR-N recuou 2,5% no período em relação ao trimestre findo em agosto, quando aumentara 0,7%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazona-lizados. Considerados intervalos de doze meses, o indicador, em trajetória de queda desde abril de 2015, recuou 3,6% em novembro.

A tendência recessiva observada na economia do Nordeste moderou no trimestre encerrado em novembro, favorecida pela redução no ritmo de queda das vendas no comércio. O IBCR-NE registrou estabilidade no período, em relação ao trimestre finalizado em agosto, quando declinara 1,0%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados. Em doze meses, o IBCR-NE

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mostra recuo de 5,8%, a retração mais elevada entre as regiões. Com efeito, a economia local foi afetada ao longo do ano por severa estiagem - a safra de grãos atingiu 9,5 milhões de toneladas em 2016, implicando recuo anual de 42,0%. A evolução da construção civil na região repercutiu as dificuldades pelas quais passa o setor em âmbito nacional e, em especial, o impacto da conclusão de importantes obras.

A evolução da economia do Centro-Oeste no trimestre encerrado em novembro foi sensibilizada pelo desempenho negativo da indústria de processamento de alimentos, influenciada pelos efeitos da estiagem sobre a produção agrícola - a redução de 10,3% na produção de alimentos repercutiu os efeitos da seca sobre a safra de milho e as pastagens, com desdobramentos sobre os custos de confinamento de gado e sobre o preço das rações de aves e suínos. No mesmo sentido, contribuíram a intensificação da retração no comércio e no setor de serviços, em especial em Mato Grosso, e o menor dinamismo da construção civil. Em sentido oposto, destacaram-se os resultados positivos na agricultura irrigada e nos segmentos de serviços associados à administração pública e a atividades imobiliárias. O IBCR-CO recuou 0,7% no período, após contração de 1,2% no trimestre encerrado em agosto, segundo dados dessazonalizados.

A economia do Sudeste, após dois resultados trimestrais favoráveis, voltou a recuar na margem, no trimestre encerrado em novembro. A reversão foi condicionada, em especial, pelo desempenho da indústria - a produção do setor recuou 1,3% no período, influenciando a trajetória da confiança do empresário industrial - o Icei recuou de 51,9 pontos, em setembro, para 44,8 pontos, em dezembro, após haver permanecido na zona de otimismo de agosto a outubro, de acordo com a CNI. No mesmo sentido, contribuiu a fragilidade da demanda agregada, em ambiente de deterioração da situação fiscal dos estados da região - com desdobramentos sobre as respectivas capacidades de investimento -, de distensão do mercado de trabalho, arrefecimento do mercado de crédito e reduzido nível de utilização da capacidade instalada. Nesse cenário, o IBCR-SE recuou 0,8% no trimestre finalizado em novembro, em relação ao encerrado em agosto, quando cresceu 0,3%, no mesmo tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados.

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O desempenho recente da economia do Sul, no trimestre encerrado em novembro, mostra resultados negativos para a indústria − após dois trimestre favoráveis em sequência, retraiu 1,9%, com destaque para o recuo na fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos −, para o segmento de serviços e para o comércio. Apesar desses resultados, manteve-se a melhora dos níveis de confiança dos agentes, favorecida pelo cenário de relativa estabilização no mercado de trabalho e de reação moderada do mercado de crédito. Nesse ambiente, o IBCR-S registrou, na margem, variações respectivas de -1,1% e 0,7% nos trimestres encerrados em novembro e agosto conforme estatísticas dessazonalizadas. Considerados perío-dos de doze meses, o indicador recuou 3,0% em novembro e 4,0% em agosto.

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1Região Norte

A atividade econômica no Norte apresentou, em 2016, sinais de recuperação nas análises trimestrais na margem, sobretudo de março a agosto. No trimestre encerrado em novembro, no entanto, a produção das indústrias extrativa e de transformação, e os gastos com consumo, que seguem condicionados por condições adversas nos mercados de trabalho e de crédito, retraíram. Nesse cenário, o IBCR-N recuou 2,5% em relação ao trimestre findo em agosto, quando aumentara 0,7%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados. Considerados intervalos de doze meses, o indicador, em trajetória de queda desde abril de 2015, recuou 3,6% em novembro.

Relativamente aos indicadores de demanda, as vendas do comércio ampliado na região, em trajetória declinante desde o início de 2015, decresceram 2,5% no trimestre finalizado em novembro, em relação ao terminado em agosto, quando diminuíram 3,3%, no mesmo tipo de análise, segundo dados dessazonalizados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). No mesmo sentido, o volume do setor de serviços registrou recuos respectivos de 4,2% e 2,8% nos trimestres mencionados, segundo dados dessazonalizados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE.

Os indicadores de expectativas dos consumidores, no entanto, sugerem perspectivas de melhora para a atividade varejista. O índice Intenção de Consumo das Famílias (ICF) do Norte, divulgado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), aumentou 4,2 pontos, para 68,4 pontos, no quarto trimestre do ano, repercutindo, em especial, melhoras nas avaliações do momento para aquisição de bens duráveis e da perspectiva de consumo. Na mesma linha, a despeito da retração das vendas, a confiança dos empresários do comércio mostrou importante reação – o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), calculado pela CNC, variou 8,1 pontos, para 105,2 pontos, no quarto trimestre do ano, mantendo-se na área de otimismo por quatro meses consecutivos, com avanços nos componentes que avaliam as perspectivas de curto

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Comércio Serviços Indústria

Gráfico 1.2 – Comércio, serviços e indústria – NorteDados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

Fonte: IBGE

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Set2014

Dez Mar2015

Jun Set Dez Mar2016

Jun Set Dez

Índice de Confiança do Empresário Industrial

Índice de Confiança do Empresário do Comércio (eixo da dir.)

Índice de Confiança das Famílias (eixo da dir.)Fontes: CNI e CNC

Linha de confiança

Gráfico 1.3 – Confiança dos agentes – NorteEm pontos

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Nov2013

Mar2014

Jul Nov Mar2015

Jul Nov Mar2016

Jul Nov

IBC-Br IBCR-N

Gráfico 1.1 – Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil e Região NorteDados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

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prazo para a economia brasileira, para o setor comercial e a para a própria empresa.

A trajetória das vendas do comércio e do segmento de serviços repercute a continuada distensão do mercado de trabalho – com efeitos sobre o emprego e os rendimentos – e o reduzido dinamismo do mercado de crédito. O mercado formal de trabalho da região registrou o corte de 16,8 mil postos no trimestre encerrado em novembro (-35,6 mil no mesmo período de 2015), de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho (Caged/MT), contribuindo para que o nível de emprego formal retraísse 1,2% no trimestre finalizado em novembro, de acordo com dados dessazonalizados. A taxa de desocupação da região atingiu 11,4% no trimestre finalizado em setembro, ante 8,8% em igual período de 2015, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do IBGE, aumento decorrente de reduções de 0,1% na força de trabalho e de 2,9% na população ocupada.

No mercado de crédito, o saldo das operações de crédito superiores a R$1 mil realizadas na região em novembro recuou 0,4% no trimestre e 1,6% em doze meses. A carteira de pessoas jurídicas diminuiu 1,9% e a de pessoas físicas cresceu 0,5%, no trimestre. A inadimplência dessas operações atingiu 4,83% em novembro, elevando-se 0,03 p.p. no trimestre. Os desembolsos do BNDES, que apresentam retração acentuada na região, diminuíram 65,5% nos onze primeiros meses do ano, em relação a igual período de 2015.

Relativamente aos indicadores da oferta, a produção da indústria recuou, na margem, 2,1% no trimestre finalizado em novembro, após cresci-mentos respectivos de 1,3% e 3,9% nos períodos encerrados em agosto e em maio, considerados dados dessazonalizados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE. A indústria de transformação contraiu 4,7%, impactada por recuos nas atividades outros equipamentos de transporte e bebidas, no Polo Industrial de Manaus. A indústria extrativa, embora tenha recuado 0,9% no período, expandiu 11,9% nos onze primeiros meses do ano, em relação a igual intervalo de 2015, impulsionada pelo desempenho da extração de minério de ferro no Pará.

A evolução recente do Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) do Norte, divulgado pela

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Mar2013

Jun Set Dez Mar2014

Jun Set Dez Mar2015

Jun Set Dez Mar2016

Jun Set

Ocupação Força de trabalho Rendimento real

Fonte: IBGE (PNADC)

Gráfico 1.4 – Ocupação, força de trabalho e rendimento NorteVariação interanual no trimestre – %

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Ago2014

Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

PF PJ Total

Gráfico 1.5 – Evolução do saldo das operações de crédito – Norte1/

Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$1 mil.

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Confederação Nacional da Indústria (CNI), indica que a interrupção na recuperação da indústria da região deverá manter-se no curto prazo. Nesse sentido, o indicador mencionado situou-se em 49,4 pontos em dezembro (54,7 pontos em setembro e 35,7 pontos em dezembro de 2015), retornando à zona de pessimismo, onde permanecera de janeiro de 2015 até julho de 2016. Assinale-se que a elevada ociosidade registrada no Polo Industrial de Manaus – o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) atingiu 72,4% em novembro, de acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam) – evidencia a inexistência de restrições de oferta para a retomada da atividade industrial.

Relativamente à produção do setor agrícola, a safra de grãos da região diminuiu 12,5% em 2016, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de dezembro, do IBGE, impactada por condições climáticas adversas, especialmente no Tocantins. As perspectivas para 2017 são favoráveis, conforme o terceiro prognóstico do IBGE, que projeta aumento anual de 13,4% para a produção de grãos da região, com destaque para as expansões nas safras de soja (17,3%), milho (12,6%) e feijão (11,1%).

A evolução do comércio externo do Norte mostra-se consistente com a conjuntura econômica na região. Nesse sentido, as trajetórias da renda interna e da atividade industrial influenciaram o volume das importações, que contraíram 24,3% em 2016, em relação ao ano anterior, com ênfase nos recuos nas aquisições de combustíveis e lubrificantes e de bens de consumo duráveis, no Amazonas, e para o aumento de 71,2% nas compras de bens de capital, destinadas, em especial, para a estruturação de importante mina de minério de ferro em Canaã dos Carajás, no Pará. As exportações, sensibilizadas pelas quedas nas quantidades e nos preços dos principais produtos da pauta da região, diminuíram 2,4% no período, mesmo com a recuperação nas vendas de minério de ferro pelo Pará (20,6%), principalmente para China.

Apesar do cenário de desaquecimento do setor real, as contas fiscais consolidadas dos entes públicos do Norte apresentaram desempenho favorável no ano, conforme evidenciado pela redução anual da dívida líquida. Os governos dos estados, das capitais e dos principais municípios do Norte registaram superavit primário de R$840 milhões nos nove primeiros meses do ano (R$592 milhões no mesmo período em

Tabela 1.2 – Importação por grandes categoriaseconômicas - FOBJaneiro-dezembro

US$ milhões

Discriminação Norte Brasil2015 2016 Var. % Var. %

Total 10 632 8 048 -24,3 -19,8

Bens de capital 933 916 -1,8 -21,2

Bens Intermediários 8 972 6 585 -26,6 -14,6

Bens de consumo 478 428 -10,4 -19,0

Duráveis 93 50 -46,1 -38,4

Automóveis de passageiros 6 0 -99,6 -43,1 Semiduráveis e não duráveis 385 378 -1,8 -11,8 Combustíveis e lubrificantes 250 120 -52,0 -42,9

Petróleo 122 0 - -60,7

Demais 244 120 -51,0 -33,7

Bens não especificados 0 0 -98,5 -34,7

Fonte: MDIC/Secex

Tabela 1.1 – Produção agrícola – NorteItens selecionados

Em mil toneladasDiscriminação Pesos1/ Produção2/ Variação %

2015 2016 2016/2015

Grãos3/ 39,4 7 684 6 724 -12,5

Soja 25,7 4 275 3 970 -7,1

Milho 7,6 2 315 1 767 -23,6

Arroz (em casca) 4,9 978 890 -9,0

Outras lavouras

Mandioca 20,9 7 787 10 102 29,7

Banana 7,5 1 018 957 -5,9

Cacau 5,0 114 92 -18,8

Abacaxi 2,5 536 588 9,6

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2015.2/ Estimativa segundo o LSPA de dezembro de 2016.3/ Produtos: algodão herbáceo, amendoim, arroz, feijão, milho, soja e sorgo.

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2015), com destaque para o aumento no superavit dos governos estaduais.

A arrecadação do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na região atingiu R$20,7 bilhões nos dez primeiros meses de 2016, segundo a Comissão Técnica Permanente do ICMS (Cotepe), e as transferências da União, excluindo os valores destinados ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), totalizaram R$26,4 bilhões nos onze primeiros meses do ano, de acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), registrando recuos reais1

de 9,6% e 2,6%, respectivamente, em relação a iguais intervalos de 2015.

A inflação da região, medida pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da Região Metropolitana de Belém (RMB), atingiu 0,57% no trimestre encerrado em dezembro, ante 1,28% no terminado em setembro, desaceleração associada, em especial, à reversão das altas nos preços de importantes itens agropecuários, como feijão carioca, leite e derivados, e tubérculos, raízes e legumes. A inflação do setor de serviços desacelerou de 1,39% para 1,24%, no período, e a inflação subjacente do setor, de 1,40% para 0,66%. O índice de difusão atingiu 51,8% no quarto trimestre de 2016 (63,5% em igual período do ano anterior), também sinalizando perspectiva de desinflação.

O IPCA da RMB, repetindo o padrão observado em âmbito nacional, desacelerou em 2016, quando atingiu 6,76%, ante 9,95%, em 2015. Essa trajetória é explicada, em parte, pelo arrefecimento dos preços de alimentos in natura e de cereais e dos preços de serviços, que desaceleraram, de 8,40% para 6,14%, no período. A inflação subjacente no setor serviços também desacelerou – de 9,71% para 5,36% – nesta base de comparação.

A atividade econômica no Norte expandiu até meados deste ano, estimulada pelo desempenho da atividade industrial, tanto extrativa quanto de transformação, apesar dos indicadores de demanda apresentarem comportamento menos favorável, refletindo, sobretudo, o processo de distensão do mercado de trabalho e as condições mais restritivas do mercado de crédito. O desempenho mais recente dos indicadores de oferta, sinalizando a interrupção

_______________________________________________________ 1/ Considerado o IGP-DI como deflator.

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Dez2013

Mar2014

Jun Set Dez Mar2015

Jun Set Dez Mar2016

Jun Set Dez

Inflação subjacente IPCA - Serviços (POF 2009)

Fonte: IBGE e BCB

Gráfico 1.6 – Inflação de serviços – NorteVariação % em 12 meses

Tabela 1.4 – IPCA – BelémVariação %

Discriminação Pesos1/ 2015 2016

Ano III Tri IV Tri Ano

IPCA 100,0 9,95 1,28 0,57 6,76

Livres 78,6 8,29 1,24 0,33 7,61

Comercializáveis 44,2 7,63 1,75 0,35 7,48

Não comercializáveis 34,4 9,12 0,58 0,30 7,78

Monitorados 21,4 16,22 1,46 1,47 3,82

Principais itens

Alimentação 35,6 11,10 1,45 -0,07 10,41

Habitação 12,7 14,34 2,32 2,46 3,55

Artigos de residência 5,1 5,29 1,84 -0,59 3,92

Vestuário 8,2 6,11 1,19 -0,25 2,89

Transportes 12,0 9,31 -0,25 0,81 1,91

Saúde 10,5 9,38 1,45 1,33 10,10

Despesas pessoais 8,3 11,61 1,52 1,28 7,21

Educação 4,5 6,88 0,89 0,16 8,54

Comunicação 3,1 3,08 0,01 -0,24 0,85

Fonte: IBGE

1/ Referentes a dezembro de 2016.

Tabela 1.3 – Dívida líquida e necessidades de financiamento – Região Norte1/

R$ milhões

Discriminação Dívida Dívida2/

2015 Nominal Outros4/ 2016

Dez Primário Juros Total3/ Set

Total 15 920 -840 1007 167 - 821 15 266 Governos estaduais 16 217 -1 607 1052 - 555 -910 14 752 Capitais 913 487 -1 487 88 1487 Demais municípios -1 209 280 -44 235 0 - 973

1/ Inclui inform. dos governos estaduais e de seus principais municípios. Dados

preliminares.2/ A dívida líquida no momento t+1 é a dívida no momento t, mais o resultado nominal e o resultado de outros fluxos.3/ O resultado nominal é a soma dos juros com o resultado primário. 4/ Inclui ajustes decorrentes de variação cambial, reconhec. de dívidas e privatiz.

Fluxos acumulados no ano

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do cenário de recuperação econômica na região, e a manutenção da trajetória desfavorável dos principais condicionantes da demanda sugerem que a retomada da atividade no Norte será mais lenta e gradual do que projetado anteriormente. Esta evolução poderá ser neutralizada, em parte, pelos impactos favoráveis do processo de redução nas taxas de juros, possibilitado pelo ambiente de desinflação e ociosidade dos fatores de produção, registrado em âmbito regional e nacional.

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2Região Nordeste

O processo de retração observado na economia do Nordeste moderou no quarto trimestre de 2016, embora o setor agropecuário registrasse recuo expressivo, impactado por severa estiagem. A trajetória de contração nas vendas do comércio, apesar do cenário de aumento do desemprego, crédito mais restrito e recuo na renda real, desacelerou, enquanto a produção industrial, que mostrara sinais de retomada no trimestre finalizado em agosto, apresentou desempenho negativo na maior parte dos segmentos pesquisados. A evolução da construção civil na região repercutiu as dificuldades pelas quais passa o setor em âmbito nacional e, em especial, o impacto da conclusão de importantes obras. Nesse cenário, o IBCR-NE registrou estabilidade no trimestre encerrado em novembro, em relação ao finalizado em agosto, quando declinara 1,0%, no mesmo tipo de compa-ração, de acordo com dados dessazonalizados.

No âmbito da demanda, as vendas do comércio ampliado nordestino recuaram 1,4% no trimestre encerrado em novembro, em relação ao terminado em agosto, quando diminuíram 1,9%, neste tipo de comparação, de acordo com dados dessazo-nalizados da PMC, do IBGE. Assinale-se a recupe-ração das vendas de automóveis, motos, partes e peças, e de móveis e eletrodomésticos, estas possivelmente favorecidas pelas promoções de Black Friday. As vendas dos segmentos mais fortemente vinculados à renda seguiram em declínio. Estatísticas da Fenabrave também indicaram menor retração no setor varejista: os emplacamentos de automóveis e comerciais leves na região recuaram 13,6% no quarto trimestre dezembro, em relação a igual período de 2015, ante retração de 25,8% no trimestre anterior.

As pesquisas de expectativas das famílias ainda mostram ambiente de pessimismo, com o ICF, da CNC, atingindo 79 pontos no último trimestre de 2016, em cenário de aumento na taxa de desocupação, recuo no rendimento real e de maior restrição no mercado de crédito. A percepção dos empresários do setor mostrou, no entanto, melhora

130

135

140

145

150

155

Fev2014

Mai Ago Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

Brasil Nordeste

Gráfico 2.1 – Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil e Região NordesteDados dessazonalizados - média móvel trimestral2002 = 100

Tabela 2.1 – Comércio varejista – NordesteGeral e setores selecionados

Variação % no período

Setores 2016

Ago1/ Nov1/ 12 meses

Comércio varejista -2,0 -0,1 -9,2

Combustíveis e lubrificantes -1,8 -0,3 -10,4

Híper e supermercados -0,1 -0,7 -7,4

Móveis e eletrodomésticos -9,9 -1,5 -20,8

Equip. e mat. para esc.,inf. e comunicação -2,4 -3,0 -17,8

Comércio ampliado -1,9 -1,4 -11,5

Automóveis e motocicletas -2,0 0,6 -16,4

Material de construção 1,6 -1,4 -13,5

Fonte: IBGE1/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados dessazonalizados.

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18 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

no período – o Icec, também da CNC, retornou à zona de confiança pela primeira vez em sete trimestres, atingindo 102,7 pontos, ante 94,5 pontos no terceiro trimestre.

A demanda por serviços não financeiros da região também reduziu a intensidade do declínio, recuando 1,4%, na margem, no trimestre encerrado em novembro (-1,6% no trimestre até agosto), segundo dados dessazonalizados da PMS do IBGE.

O mercado de trabalho nordestino, repercutindo desempenho favorável em Pernambuco, Alagoas e Sergipe, registrou a criação de 8,2 mil postos formais no trimestre finalizado em novembro de 2016, ante corte de 7,5 mil postos em igual período de 2015, de acordo com estatísticas do Caged/MT. Destacaram-se as contratações liquidas na indústria de transformação (25,6 mil) e as demissões na construção civil (20,2 mil). O nível de emprego formal diminuiu 1,0% em relação ao trimestre encerrado em agosto, quando havia recuado 0,9%, no mesmo tipo de comparação, segundo dados dessazonalizados. No mesmo sentido, a taxa de desemprego da região atingiu 14,1% no trimestre até setembro, ante 10,8% em igual período de 2015, de acordo com a PNADC, do IBGE. O rendimento médio real habitual contraiu 3,1% e a massa salarial, -8,4%, na mesma base de comparação.

O mercado de crédito da região, refletindo, em parte, condições mais restritivas para as concessões, não vem atuando como fator de dinamização da demanda. No trimestre encerrado em novembro, o saldo das operações de crédito superiores a R$1 mil na região contraiu 0,3% na margem e em doze meses. A carteira de pessoas jurídicas, evidenciando retração nos créditos à indústria de transformação e ao comércio, recuou 1,5% no trimestre e 6,5% em doze meses, e a carteira de pessoas físicas, impul-sionada pelas modalidades crédito consignado e financiamento de veículos, registrou aumentos respectivos de 0,6% e 4,2%, nas mesmas bases de comparação. A inadimplência relativa a essas operações de crédito atingiu 4,3%, variando 0,08 p.p. no trimestre e -0,02 p.p. em doze meses.

Os desembolsos do BNDES para o Nordeste totalizaram R$9,6 bilhões nos onze primeiros meses do ano (12,5% do total nacional) recuando 45,8% em relação ao período equivalente de 2015. Considerando períodos de doze meses, a redução atingiu 35,0%.

7

9

11

13

15

I Trim II Trim III Trim IV Trim

Fonte: IBGE (PNADC)2013 2014 2015 2016

Gráfico 2.2 – Taxa de desocupação – Nordeste%

-8

-3

2

7

12

17

Nov2014

Fev Mai Agos Nov2015

Fev Mai Ago Nov2016

PF PJ Total

Gráfico 2.3 – Evolução do saldo das operações de crédito – Nordeste1/Variação % em 12 meses

1/ Operações com saldo superior a R$1 mil.

Tabela 2.2 – Evolução do emprego formal – NordesteNovos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2015 2016Nov Fev Mai Ago Nov

Total -7,5 -159,8 -92,4 -16,4 8,2

Indústria de transformação 23,7 -57,5 -29,0 14,7 25,6

Serviços industriais de util. pública -1,3 -2,5 -2,3 -0,1 -1,5

Construção civil -22,7 -30,0 -22,2 -18,5 -20,2

Comércio 8,6 -26,4 -23,3 -12,6 9,9

Serviços -16,5 -22,7 -13,4 -14,2 -7,3

Agropecuária 3,4 -21,0 -2,4 14,5 4,7

Outros2/ -2,8 0,3 0,3 -0,2 -3,0

Fonte: MTPS

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.2/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outros.

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No âmbito da oferta, a produção industrial nordestina retraiu 2,2% no trimestre finalizado em novembro, em relação ao encerrado em agosto, quando recuara 0,8%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazona-lizados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) do IBGE. Destacam-se as reduções nos setores metalurgia (13,3%) e produtos de minerais não-metálicos (12,0%).

Os índices de confiança dos empresários mostram melhora, apesar da perda de dinamismo do setor. O Icei do Nordeste, divulgado pela CNI, atingiu 54,7 pontos em dezembro (47,1 pontos em junho e 39,4 pontos em dezembro de 2015), resultado de recuperações nos componentes que avaliam as condições atuais e as expectativas. O indicador de expectativas da Sondagem Industrial da CNI para o Nordeste atingiu 56,5 pontos em dezembro, quinto mês seguido na zona de otimismo, e o indicador de estoques, evidenciando patamar acima do adequado, totalizou 51,1 pontos ao final de 2016.

Conforme indicado anteriormente, a frustração da safra de grãos do Nordeste, repercutindo quebras nas colheitas dos principais estados, impactou a cadeira produtiva da região, com desdobramentos sobre a atividade econômica. A safra de grãos, estimada pelo LSPA, do IBGE, atingiu 9,5 milhões de toneladas em 2016, com recuo anual de 42,0%. As perspectivas para 2017, no entanto, são de que a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas retorne ao nível de 2015, com possível efeito favorável sobre o nível da atividade e da renda.

A retração da atividade econômica impactou fortemente os resultados das contas públicas da região. Os governos dos estados, das capitais e dos principais municípios do Nordeste apresentaram deficit primário de R$1,4 bilhão nos nove primeiros meses de 2016, ante superavit primário de R$4,1 bilhões em igual período de 2015, evolução influenciada, em grande parte, pela retração real1 na arrecadação de ICMS, que atingiu 6,6% no período de doze meses finalizado em outubro, em relação a igual período de 2015, segundo a Cotepe-MF. As transferências da União, incluídos os recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), recuaram 3,1%, em termos reais2, no período de

_______________________________________________________ 1/ Considerado o IGP-DI como deflator. 2/ Considerado o IGP-DI como deflator.

Tabela 2.3 – Produção industrial – NordesteGeral e setores selecionados

Variação % no períodoSetores Pesos1/ 2016

Ago2/ Nov2/ 12 meses

Indústria geral 100,0 -0,8 -2,2 -3,5 Indústrias extrativas 9,0 1,3 -0,6 -3,1 Indústrias de transformação 91,0 -1,2 -2,1 -3,6 Produtos alimentícios 16,2 8,9 2,0 -9,7 Deriv. petróleo e biocombustíveis 15,8 -7,7 -1,1 0,6 Outros produtos químicos 9,9 -0,8 -4,7 -1,4 Artefatos couro e calçados 6,9 6,6 -7,9 -0,8

Fonte: IBGE1/ Ponderação de atividades no VTI, conforme a PIA 2010/IBGE.2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados dessazonalizados.

Tabela 2.4 – Produção agrícola – NordesteItens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Pesos1/ Produção2/ Var. %

(%) 2015 2016 2016/2015

Produção de grãos 16 442 9 536 -42,0 Soja 23,8 8 386 5 100 -39,2 Caroço de algodão (herbáceo) 8,1 1 338 871 -34,9 Milho 7,7 5 866 3 126 -46,7 Feijão 3,3 639 332 -48,1

Outras lavouras selecionadas Cana-de-açúcar 13,6 61 546 55 212 -10,3 Mandioca 5,4 5 544 4 763 -14,1 Banana 5,4 2 283 2 382 4,3

Fonte: IBGE1/ Por valor da produção – PAM 20152/ Estimativa segundo o LSPA de setembro de 2016

Tabela 2.5 – Necessidades de financiamento –Nordeste1/

R$ milhões

Discriminação Resultado primário Juros nominais

2015 2016 2015 2016

Jan-set Jan-set Jan-set Jan-set

Total -4 060 1 361 3 639 3 519

Governos estaduais -2 897 375 3 686 3 638

Capitais 278 - 35 66 0

Demais municípios -1 441 1 021 - 113 - 119

1/ Inclui informações dos governos estaduais e de seus principais municípios.

Dados preliminares.

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20 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

doze meses finalizado em novembro, conforme a STN.

A balança comercial da região registrou deficit de US$4,7 bilhões em 2016, ante US$6,8 bilhões em 2015, resultado de recuos de 12,6% nas exportações e de 18,1% nas importações. Houve retrações nas vendas em todas as categorias de fator agregado e, no âmbito das importações, em todas as grandes categorias econômicas, exceto bens de capital, que aumentaram 48,3%, notadamente no Ceará.

Neste cenário, o IPCA da região3 variou 1,03% no quarto trimestre do ano (1,17% no anterior), repercutindo desaceleração nos preços livres, de 1,18% para 0,96%, e aceleração nos preços monitorados, de 1,15% para 1,29%. A trajetória dos preços livres repercutiu desacelerações nos preços dos bens comercializáveis e dos não comercializáveis. A inflação de serviços acelerou no período, de 1,33% para 1,47%, enquanto a inflação subjacente do setor desacelerou, passando de 1,40% para 1,30%.

O IPCA da região variou 7,20% em 2016, ante 10,29% em 2015, desaceleração decorrente de recuos nas variações dos preços livres, de 9,23% para 7,06%, e nos preços monitorados, de 14,24% para 7,69%. A evolução dos livres foi condicionada por reduções nas variações dos preços dos bens comercializáveis e dos não comercializáveis.

A economia do Nordeste apresentou, no trimestre até novembro, moderação na retração da atividade, evidenciada, no âmbito da demanda, pela redução no ritmo de queda das vendas do comércio ampliado, impactadas favoravelmente pela relativa estabilização do mercado de trabalho. Pela ótica da oferta, embora tenha havido retração da produção industrial, o ambiente de relativa recuperação dos sentimentos dos empresários e as perspectivas favoráveis em relação à produção agrícola sugerem possível retomada do ritmo da atividade nos próximos trimestres, ainda que em ritmo inferior ao estimado anteriormente. Esta expectativa poderá ser fortalecida pelos impactos da mudança de patamar das taxas de juros.

_______________________________________________________ 3/ Calculado com base nas variações e pesos das regiões metropolitanas de Fortaleza, Recife e Salvador.

5

6

7

8

9

10

11

12

Fev2014

Abr Jun Ago Out Dez Fev2015

Abr Jun Ago Out Dez Fev2016

Abr Jun Ago Out Dez

Fonte: IBGE e BCBInflação subjacente IPCA - Serviços

Gráfico 2.4 – Inflação de serviços – NordesteVariação em 12 meses

Tabela 2.6 – IPCA – NordesteVariação %

Discriminação Pesos1/ 2016

I Tri II Tri III Tri IV Tri 12 meses

IPCA 100,0 2,86 1,95 1,17 1,03 7,20 Livres 78,0 3,29 1,46 1,18 0,96 7,06 Comercializáveis 39,4 3,33 1,40 1,58 1,13 7,64 Não comercializáveis 38,6 3,25 1,53 0,79 0,78 6,48 Monitorados 22,0 1,31 3,75 1,15 1,29 7,69

Principais itens Alimentação 30,0 5,77 1,85 1,71 0,47 10,08 Habitação 14,3 0,10 3,75 1,55 0,80 6,30 Artigos de residência 4,6 1,70 1,68 0,70 1,76 5,96 Vestuário 6,8 0,48 1,84 -0,06 1,62 3,92 Transportes 16,4 1,68 -0,29 -0,06 1,74 3,08 Saúde 11,2 2,99 4,81 1,93 1,31 11,47 Despesas pessoais 9,0 2,34 1,48 1,84 1,64 7,50 Educação 4,4 5,89 0,60 0,91 0,12 7,62 Comunicação 3,4 -0,80 1,30 0,22 0,23 0,94

Fonte: IBGE1/ Pesos relativos ao trimestre encerrado no período t-3.

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2.1 − Bahia

O Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia contraiu 5,2% no terceiro trimestre de 2016, em relação a igual período do ano anterior, segundo estimativa da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), refletindo retrações na agropecuária (20,7%), na indústria (8,4%) e nos serviços (2,9%). Na margem, considerados dados dessazonalizados, o PIB baiano recuou 0,9% no terceiro trimestre (-1,1% no trimestre anterior). Indicadores mais recentes apontam melhora na atividade econômica do estado – o IBCR-BA aumentou 0,9% no trimestre finalizado em novembro, em relação ao terminado em agosto, quando contraíra 2,5%, nessa base de comparação, de acordo com dados dessazonalizados, acumulando contração de 4,7% no ano.

As condições dos mercados de trabalho e de crédito persistem impactando negativamente o comporta-mento da demanda. Entretanto, a atenuação da trajetória declinante do mercado formal de trabalho, em especial, na construção civil e no comércio; a redução da inadimplência no segmento de pessoas físicas; e as perspectivas de redução nas taxas de juros devem favorecer a acomodação da demanda no estado nos próximos trimestres.

Nesse contexto, as vendas no comércio varejista recuaram, na margem, 1,4% no trimestre encerrado em novembro, em relação ao terminado em agosto, quando haviam diminuído 2,0%, destacando-se o maior dinamismo das vendas de móveis e eletrodomésticos, e o desempenho desfavorável do segmento de veículos, mais dependente de crédito. Note-se que, no trimestre, os financiamentos de veículos recuaram 4,0% e o total do crédito, 2,2%, enquanto o número de emplacamentos de automóveis e comerciais leves decresceu 3,9%, segundo dados dessazonalizados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Vale ressaltar que o arrefecimento da redução das vendas do comércio ampliado ocorre em ambiente de melhora da confiança do empresariado do comércio, conforme o Indicador de Confiança do Empresariado Baiano (Iceb)4, divulgado pela SEI, que passou de -285 pontos, em agosto, para -150 pontos, em novembro.

Consistente com o cenário de acomodação mode-rada da atividade econômica do estado, o volume

_______________________________________________________ 4/ O indicador varia de -1000 a 1000, com o zero como ponto de indiferença.

-16-14-12-10-8-6-4-202468

10

I Tri II Tri IIITri

IVTri

I Tri II Tri IIITri

IVTri

I Tri II Tri IIITri

IVTri

I Tri II Tri IIITri

2013 2014 2015 2016

Fonte: IBGEOcupados Rendimentos Massa Salarial

Gráfico 2.1.2 – Ocupação, rendimento e massasalarial – Bahia

%

Tabela 2.1.1 – Comércio varejista – BahiaGeral e setores selecionados

Variação % no períodoSetores 2016

Mai1/ Ago1/ Nov1/ 12 meses

Comércio varejista -3,6 -2,3 -0,8 -12,6 Combustíveis e lubrificantes -3,4 -7,1 3,5 -17,0 Híper, supermercados -3,0 0,4 0,0 -8,5 Tecidos, vestuário e calçados -4,3 -0,1 -4,2 -14,7 Móveis e eletrodomésticos -5,1 -9,1 -0,1 -17,3

Comércio ampliado -3,3 -2,0 -1,4 -11,9 Automóveis e motocicletas -3,0 -0,1 -1,1 -10,1 Material de construção -5,9 -1,7 -6,1 -11,5

Fonte: IBGE

1/ Variação relativa aos períodos encerrados em t e t-1. Dados dessazonalizados.

120

125

130

135

140

145

150

Nov2014

Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

IBC-Br IBCR-BA

Gráfico 2.1.1 – Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil e BahiaDados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

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22 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

dos serviços mercantis não financeiros manteve-se estável no trimestre encerrado em novembro, em relação ao finalizado em agosto, quando havia diminuído 2,8%.

O desempenho recente da atividade industrial e o prognóstico benigno para a produção agrícola em 2017 devem propiciar condições mais favoráveis para a evolução da atividade nos próximos trimestres. Nesse sentido, a indústria recuou 0,3% no trimestre encerrado em novembro ante retração de 6,0% no finalizado em agosto, de acordo com dados dessazonalizados da PIM-PF do IBGE, evolução associada, em grande parte, ao aumento na produção de veículos automotores, impulsi-onado pelo crescimento das exportações, princi-palmente para a Argentina. Ressalte-se, ainda, a transitoriedade do recuo da produção de produtos químicos, associada à interrupção na produção em importante unidade do segmento, em decorrência de obras de modernização da planta industrial.

A atividade agrícola do estado deverá registrar dinamismo em 2017, conforme o terceiro levanta-mento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que projeta aumento anual de 46,1% para a safra de grãos, com recuperação em todas as lavouras. Esse prognóstico favorável ocorre após a retração de 35,1% registrada na safra de grãos em 2016, segundo o LSPA/IBGE, decorrente das condições climáticas adversas que tem atingido importantes regiões produtoras do estado.

A balança comercial baiana registrou superavit de US$625,1 milhões em 2016, ante deficit de US$403,7 milhões em 2015, reversão decorrente de recuos de 25,8% nas importações e de 14,0% nas exportações. A trajetória das importações, consistente com a fragilidade da demanda interna, refletiu recuos nos preços (15,6%) e no quantum (12,1%), enquanto o desempenho das exportações repercutiu, em especial, a retração de 11,6% observada nos preços. Destaque para o aumento de 19,5% nas vendas de automóveis de passageiros.

A retração da atividade econômica tem se refletido nos resultados fiscais da Bahia, limitando as possibilidades de investimentos públicos. Nesse contexto, a arrecadação real do ICMS diminuiu 5,8%5 no período de doze meses terminado em setembro, segundo a Cotepe-MF, contribuindo para que o governo do estado, da capital e dos demais

_______________________________________________________ 5/ Considerado o IGP-DI como deflator.

Tabela 2.1.2 – Produção industrial – BahiaGeral e setores selecionados

Variação % no períodoSetores Pesos1/ 2016 Acumulado

Ago2/ Nov2/ em 12 meses

Indústria geral 100,0 -6,0 -0,3 -4,6

Indústrias extrativas 5,9 -8,6 -4,0 -19,8

Indústrias de transformação 94,1 -5,9 -0,1 -3,7

Deriv. petróleo e biocomb. 28,5 -13,4 6,2 -9,2

Outros produtos químicos 16,1 -1,2 -4,6 1,1

Veículos, reb. e carrocerias 10,7 13,5 7,5 -11,4

Metalurgia 8,2 -15,3 -17,7 5,8

Produtos alimentícios 8,1 4,2 0,4 3,2

Celulose e prod. papel 7,4 -8,4 7,8 3,0

Fonte: IBGE1/ Ponderação de atividades no VTI, conforme a PIA 2010/IBGE.2/ Variação relativa aos trimestres encerrados em t e t-3. Dados dessazonalizados.

Tabela 2.1.3 – Exportação por fator agregado – FOBJaneiro-dezembro

US$ milhões

Discriminação Bahia Brasil

2015 2016 Var. % Var. %

Total 7 883 6 777 -14,0 -3,1

Básicos 2 337 1 605 -31,3 -9,2

Industrializados 5 546 5 171 -6,8 2,7

Semimanufaturados 2 530 2 318 -8,4 5,7

Manufaturados1/ 3 016 2 853 -5,4 1,6

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui operações especiais.

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 23

munícios registrasse deficit primário de R$1,8 bilhão, nos nove primeiros meses de 2016, ante superavit primário de R$2,3 bilhões obtido em igual período de 2015. Adicionalmente, o investimento privado segue condicionado, entre outros fatores, pela melhora nas condições do crédito – ocorreram, no trimestre finalizado em novembro, em relação ao finalizado em agosto, retração no estoque de crédito e aumento da inadimplência no segmento de pessoa jurídica.

O ritmo da atividade econômica tem favorecido a desaceleração da inflação. O IPCA na RMS variou 0,77% no quarto trimestre de 2016, ante 1,02% no terceiro, refletindo desaceleração dos preços livres, de 1,03% para 0,49%, e aceleração dos monitorados, de 1,00% para 1,74%, esta influenciada, em grande parte, pela elevação do preço da gasolina. Em 2016, o IPCA variou 6,71% (9,86% em 2015).

Os preços dos serviços aceleraram de 1,18%, no terceiro trimestre, para 1,53%, no quarto, e a inflação subjacente do setor, de 1,13% para 1,31%, na mesma base de comparação.

Aa perspectivas para a evolução da atividade econômica no estado nos próximos trimestres deverá ser favorecida pelo ambiente de melhora da confiança dos agentes econômicos, crescimento da produção agrícola, desinflação e flexibilização da política monetária. Nesse cenário, a atividade industrial deverá seguir apresentando recuperação, mesmo que moderada, nos próximos trimestres.

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Dez2012

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Dez2013

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Jun2015

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Dez2016

Inflação subjacente - RMSIPCA – Serviços (POF 2009) - RMS

Gráfico 2.1.3 – Inflação de serviços - RMSVariação % em 12 meses

Fonte: IBGE e BCB

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24 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

2.2 − Ceará

O PIB do Ceará recuou, na margem, 2,5% no terceiro trimestre de 2016, mesma retração registrada no trimestre anterior, de acordo com dados dessazonalizados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), destacando-se o impacto do desempenho negativo da agrope-cuária, que atravessou o quinto ano consecutivo de estiagem. Estatísticas divulgadas posteriormente ratificam as perspectivas de adiamento da acomodação da atividade econômica do estado vislumbrada no trimestre anterior. Nesse sentido, evidenciando as retrações observadas nas ativi-dades fabril e varejista e a continuidade da disten-são no mercado de trabalho, o IBCR-CE recuou 2,2% no trimestre finalizado em novembro, em relação ao terminado em agosto, quando havia diminuído 0,2%, de acordo com dados dessazonalizados.

No âmbito da demanda, as vendas do comércio ampliado mantiveram-se em retração, recuando 1,8%, na margem, no trimestre encerrado em novembro, ante decréscimo de 1,9% no finalizado em agosto, segundo dados dessazonalizados da PMC, do IBGE. Houve diminuição nas vendas em oito dos dez segmentos pesquisados (equipamentos e materiais para escritório, informática e comu-nicação, -6,4%; móveis e eletrodomésticos, -4,8%).

No mesmo sentido, o volume de serviços mercantis não financeiros retraiu 3,0% no trimestre encerrado em novembro, em relação ao finalizado em agosto, quando havia diminuído 2,6%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonali-zados PMS do IBGE. Destaque para a redução de 8,4% no segmento de serviços prestados às famílias e para a relativa recuperação em setores ligados à atividade fabril, como serviços de transporte, o que pode ser atribuído ao início das operações da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), que também produziu reflexos em segmentos da produção industrial do estado.

O recuo dos gastos com consumo repercute, em especial, a distensão do mercado de trabalho no estado. Nesse contexto, a economia cearense eliminou 1,8 mil postos de trabalho formais no trimestre encerrado em novembro, segundo o Caged/MT (construção civil, 3,8 mil), contribuindo para que o nível de emprego formal no estado recuasse 0,9% em relação ao trimestre encerrado em agosto, segundo dados dessazonalizados. No

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Fev2014

Mai Ago Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

Brasil Ceará

Gráfico 2.2.1 – Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil e CearáDados dessazonalizados - média móvel trimestral2002 = 100

Tabela 2.2.1 – Comércio varejista – CearáGeral e setores selecionados

Variação % no período

Setores 2016

Ago1/ Nov1/ 12 meses

Comércio varejista -1,8 -1,8 -6,9

Combustíveis e lubrificantes -2,4 -3,9 -5,4

Hiper e supermercados -1,0 -0,7 -3,3

Móveis e eletrodomésticos -10,8 -4,8 -18,2

Equip.e mat. para esc.,inf. e comunicação 14,5 -6,4 -13,2

Comércio ampliado -1,9 -1,8 -10,9

Automóveis e motocicletas -8,2 -3,7 -18,4

Material de construção 0,9 0,7 -22,3

Fonte: IBGE

1/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 25

mesmo sentido, estatísticas da PNADC, do IBGE, mostram que a taxa de desocupação no Ceará aumentou 3,5 p.p., para 13,1%, no terceiro trimestre do ano, em relação a igual intervalo de 2015, contribuindo para que o rendimento médio real habitualmente recebido pelos ocupados diminuísse 5,0%, no período.

A contração demanda interna contrasta com a retomada registrada no mercado de crédito no trimestre encerrado em novembro, quando as operações de crédito superiores a R$1 mil realizadas no estado cresceram 2,0% no trimestre e 2,4% em doze meses. A carteira de pessoas jurídicas cresceu 3,8% no trimestre e 0,2% em doze meses, e a de pessoas físicas, 0,3% e 4,5%, respectivamente, nos períodos mencionados. A inadimplência dessas operações situou-se em 4,1%, variando 0,12 p.p. no trimestre e -0,06 p.p. em doze meses.

Os desembolsos do BNDES para o Ceará totalizaram R$1,8 bilhão nos onze primeiros meses do ano, recuando 50,7% em relação a igual período de 2015 e 48,2% no intervalo de doze meses encerrado em novembro.

No âmbito da oferta, a produção industrial decresceu 5,0% no trimestre encerrado em novembro, em relação ao finalizado em agosto, quando havia aumentado 0,5%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonali-zados da PIM-PF do IBGE. Destacaram-se as retrações nas atividades bebidas (10,9%) e coque e derivados de petróleo (9,5%), e a expansão de 13,7% na indústria de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos, impactado pela opera-ção da CSP. O faturamento real da indústria de transformação cearense decresceu 9,2% no período de doze meses encerrado em novembro deste ano, em relação a igual intervalo finalizado em novembro de 2015, de acordo com o Núcleo de Economia e Estratégia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).

Como citado anteriormente, o comportamento do setor agropecuário exerceu influência preponde-rante sobre a retração do PIB cearense. Assim, a safra de grãos cearense somou 187 mil toneladas em 2016, de acordo com o LSPA de dezembro divulgado pelo IBGE, contraindo-se 16,9% no ano.

A balança comercial cearense acumulou deficit de US$2,2 bilhões em 2016, ante US$1,6 bilhão no ano

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I Trim II Trim III Trim IV Trim

Fonte: IBGE (PNADC)2013 2014 2015 2016

Gráfico 2.2.2 – Taxa de desocupação – Fortaleza%

Tabela 2.2.2 – Produção industrial – CearáGeral e setores selecionados

Variação % no períodoSetores Pesos1/ 2016

Ago2/ Nov2/ 12 meses

Indústria geral 100,0 0,5 -5,0 -5,6

Artefatos de couro e calçados 26,7 5,1 -6,1 -3,5

Produtos alimentícios 16,9 1,2 -0,7 -2,2

Art. vestuário e acessórios 11,8 -3,9 -1,3 -15,4

Bebidas 11,0 -4,3 -10,9 -13,9

Fonte: IBGE1/ Ponderação de atividades no VTI, conforme a PIA 2010/IBGE.2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados dessazonalizados.

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26 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

anterior, de acordo com estatísticas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Esta evolução repercutiu, em especial, a elevação 29,8% nas importações, condicionada pelo crescimento de 439,1% nas relativas a bens de capital, com destaque para as compras de fornos industriais ou de laboratório, não elétricos, notadamente para a conclusão da CSP. As exportações aumentaram 23,7%, ressaltando-se o aumento de 64,3% nas de bens semimanufaturados, impulsionadas pelo início das operações da CSP – os embarques de produtos semimanufaturadas de ferro ou aços aumentaram de US$4,3 milhões, em 2015, para US$179,2, milhões, em 2016. Assinale-se que a principal razão do aumento nas importações é transitória, enquanto a do aumento das exportações apresenta caráter mais permanente.

A inflação ao consumidor da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), medida pelo IPCA, atingiu 1,12% no quarto trimestre, ante 1,63% no terceiro. Houve desaceleração nos preços livres, de 1,91% para 1,23%, com destaque as reduções nos preços dos itens feijões e carnes, e aceleração, de 0,58% para 0,69%, nos monitorados, impulsionada pelo aumento de 3,24% no item plano de saúde. A inflação de serviços desacelerou, de 1,78% para 1,23%, e a inflação subjacente do setor, de 1,79% para 0,93%.

A variação do IPCA da RMF atingiu 8,34% em 2016, ante 11,43% em 2015, reflexo de desacelerações dos preços livres, de 9,64% para 8,79%, e dos preços monitorados, de 18,58% para 6,60%. O índice de difusão atingiu 58,30%, ante 61,39% em 2015.

A atividade econômica cearense segue em retração, embora em ritmo mais moderado que o observado em âmbito nacional. O fraco desempenho agrícola impactou severamente a cadeia produtiva, refor-çando a fragilidade dos mercados de trabalho e de crédito. No entanto, a maturação de empreendi-mentos privados, com ênfase no início das atividades da CSP, as perspectivas da produção agrícola de 2017 e o novo patamar das taxas de juros tendem a favorecer a evolução da economia cearense nos próximos trimestres.

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Fev2014

Abr Jun Ago Out Dez Fev2015

Abr Jun Ago Out Dez Fev2016

Abr Jun Ago Out Dez

Inflação subjacente IPCA - Serviços

Gráfico 2.2.3 – Inflação de serviços – FortalezaVariação em 12 meses

Fonte: IBGE e BCB

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 27

2.3 − Pernambuco

O PIB estadual aumentou 0,4% no terceiro trimestre de 2016, em relação ao anterior, de acordo com a Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco (Condepe/Fidem), considerados dados dessazonalizados. Esse resultado – segundo aumen-to trimestral consecutivo, após seis recuos em sequência – foi condicionado, em especial, pelo aumento de 2,3% registrado na atividade industrial, com destaque para o desempenho da indústria de alimentos6.

No entanto, indicadores divulgados no decorrer do trimestre encerrado em novembro não corrobo-raram a continuidade de crescimento na economia do estado. O IBCR-PE, que passou a incluir estatís-ticas relativas às atividades veículos e derivados de petróleo7, recuou 1,0% no período, em relação ao trimestre encerrado em agosto, quando havia aumentado 0,6%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados.

No âmbito da demanda, o consumo de bens avaliado pelas vendas do comércio, segue em retração, embora em ritmo mais moderado, à semelhança da trajetória do indicador nacional. Nesse sentido, as vendas do comércio ampliado pernambucano recuaram, na margem, 4,4%, 1,0% e 0,4% nos trimestres encerrados em maio, agosto e novembro de 2016, considerados dados dessazonalizados, destacando-se que a evolução do indicador reflete, em especial, o desempenho favorável das vendas de materiais de construção, pelo segundo trimestre consecutivo.

O volume de serviços mercantis não financeiros, mantendo-se na trajetória declinante iniciada no final de 2014, recuou 0,9% no trimestre encerrado em novembro, em relação ao finalizado em agosto, de acordo com dados dessazonalizados. Ressalte-se que a retração ocorreu apesar do crescimento de 4,6% registrado nas atividades associadas ao turismo, que retornaram ao nível de 2011.

_______________________________________________________ 6/ A Agência Condepe/Fidem, responsável pelo levantamento dos dados da economia pernambucana para as Contas Regionais do

IBGE, ainda não está incorporando as atividades de refino de petróleo e fabricação de veículos, que mais recentemente adquiriram expressão no estado com o início de operação de duas empresas.

7/ A PIM-PF do estado foi ajustada para incorporar os segmentos refino de petróleo e fabricação de automóveis, que ainda não fazem parte da pesquisa do estado, que baseia-se na estrutura produtiva de 2010, quando tais atividades ainda não existiam em Pernambuco. Considerando que, atualmente, as atividades mencionadas são pesquisadas na PIM-PF do Nordeste e concentram-se na Bahia (cerca de 90% da produção de cada uma delas), o procedimento utilizado foi atribuir a Pernambuco o diferencial entre a produção nordestina destes segmentos e a produção da Bahia, com base nos pesos do valor da transformação industrial (VTI) relativos a 2014, extraídos da Pesquisa Industrial Anual do IBGE.

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Nov2013

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Jul Nov Mar2016

Jul Nov

IBC-Br IBCR-PE (sem ajuste) IBCR-PE

Gráfico 2.3.1 – Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil e PernambucoDados dessazonalizados2002 = 100

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Nov2013

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Jul Nov Mar2015

Jul Nov Mar2016

Jul Nov

Brasil PernambucoFonte: IBGE

Gráfico 2.3.2 – Comércio varejista ampliadoDados dessazonalizados2011 = 100

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28 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

A evolução da demanda segue repercutindo a retração do mercado de crédito e a distensão do mercado de trabalho. Nesse contexto, embora a economia de Pernambuco registrasse a criação de 8,9 mil postos formais no trimestre finalizado em novembro de 2016 (4,7 mil em igual período de 2015), de acordo com estatísticas do Caged/MTPS, o nível de emprego formal diminuiu 0,9% em relação ao trimestre encerrado em agosto, segundo dados dessazonalizados. No mesmo sentido, a taxa de desemprego atingiu 15,3% no trimestre até setembro, ante 11,2% em igual período de 2015, de acordo com a PNADC, do IBGE. O rendimento médio real habitual contraiu 2,2% e a massa salarial, 8,6%, na mesma base de comparação.

O mercado de crédito segue apresentando resul-tados negativos. Em novembro, o estoque das operações de crédito superiores a R$1 mil contraiu 0,4% no trimestre e 3,1% em doze meses. A carteira de pessoas jurídicas, evidenciando retração nos créditos à indústria de transformação e ao comércio, recuou 1,6% no trimestre e 9,3% em doze meses, e a carteira de pessoas físicas, impulsionada pelas modalidades cartão de crédito à vista, crédito consignado e financiamento imobiliário, registrou aumentos respectivos de 0,6% e 3,1%, nas mesmas bases de comparação. A inadimplência relativa a essas operações de crédito atingiu 3,9%, variando -0,30, p.p. no trimestre e -0,37 p.p. em doze meses.

Os desembolsos do BNDES para Pernambuco totalizaram R$1,4 bilhão nos onze primeiros meses do ano (1,9% do total nacional) recuando 53,0% em relação ao período equivalente de 2015. Considerando períodos de doze meses, a redução atingiu 39,4%.

Em relação ao desempenho da oferta, a produção industrial ajustada, após registrar desempenho favorável a partir do segundo trimestre do ano, recuou, na margem, 2,4% no trimestre encerrado em novembro, de acordo com dados dessazonalizados. Ressalte-se que o ajuste efetuado na PIM, incorporando os segmentos refino de petróleo e fabricação de automóveis, evidencia que a produção industrial do estado se mantem, no trimestre finalizado em novembro, em patamar semelhante ao observado no triênio 2012/14, antes do início da atual recessão.

Vale destacar a importância crescente das atividades refino de petróleo e fabricação de

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Mar2012

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Jul Nov Mar2014

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Geral TurismoFonte: IBGE

Gráfico 2.3.3 – Serviços (exc. financeiros, saúde e educação) - PernambucoDados dessazonalizados - MM3M2011 = 100

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Nov2009

Nov2010

Nov2011

Nov2012

Nov2013

Nov2014

Nov2015

Nov2016

Pernambuco Brasil

Gráfico 2.3.4 – Índice de Emprego Formal Dados dessazonalizados2011 = 100

Fonte: Caged/MTPS

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Nov2011

Nov2012

Nov2013

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Nov2016

Ajustada IBGE

Gráfico 2.3.5 – Produção Industrial – Pernambuco Dados dessazonalizados - MM3M2012 = 100

Fonte: IBGE e BCB

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 29

automóveis na matriz industrial do estado – suas participações no VTI de Pernambuco passaram de 1,6% e 4,1%, respectivamente, em 2014, para 6,4% e 12,3%, em 2016.

As perspectivas para a produção fabril seguem favoráveis, com o Índice de confiança do Empresário Industrial (Icei) do estado mantendo-se próximo à média nacional, em particular desde o final de 2014. Ressalte-se que, apesar de recuar 3,5 p.p. no trimestre encerrado em dezembro, para 52,2 pontos, o índice permanece acima de 50 pontos – área indicativa de confiança – desde agosto de 2016.

A capacidade da agricultura dinamizar a atividade econômica tem sido reduzida pelo impacto da intensa estiagem. Nesse contexto, dentre as principais culturas, apenas as produções de uva e de banana não recuaram em 20168. As estimativas para a produção em 2017, realizadas pela CONAB, sugerem alteração favorável nesse quadro.

Ressalte-se que o arrefecimento da atividade econômica impactou a capacidade de arrecadação dos governos dos estados, das capitais e dos principais municípios de Pernambuco, que apresentaram superavit primário de R$693,7 milhões nos nove primeiros meses de 2016, ante R$1,6 bilhão em igual período de 2015.

No âmbito do comércio externo, o deficit da balança comercial do estado recuou de US$4,0 bilhões, em 2015, para US$3,0 bilhões, em 2016, evolução condicionada, em grande parte, pelo crescimento de 52,7% no quantum das exportações, refletindo a nova estrutura industrial do estado. Nesse sentido, os recuos, em valores absolutos e em participação, das vendas externas de açúcar, produto tradicional na pauta do estado, contrastaram com a expansão das vendas de óleos combustíveis, veículos e resina PET, que, em conjunto, representaram 58,0% das exportações do estado em 2016, ante 22,0% em 2015.

A variação do IPCA da Região Metropolitana de Recife (RMR) situou-se em 1,34% no quarto trimestre, ante 1,08% no terceiro. Houve aceleração nos preços livres, de 0,71% para 1,11%, com destaque para os aumentos de preços nos itens frango inteiro e carnes, e desaceleração, de 0,37% para 0,23%, nos monitorados, com ênfase no

_______________________________________________________ 8/ A manga e a goiaba estão atualmente entre as principais culturas do estado, mas ainda não integram o LSPA/IBGE, impedindo o

acompanhamento de sua produção no próprio ano.

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Jun2010

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Dez Jun2012

Dez Jun2013

Dez Jun2014

Dez Jun2015

Dez Jun2016

Dez

Pernambuco Brasil

Fonte: CNI e Fiepe

Gráfico 2.3.7 – Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI)

36,532,8

4,1

12,311,2 9,910,48,1

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2014 2016

Alimentos e Bebidas Veículos

Químicos (exc. limpeza e perfumaria) Minerais não-metálicos

Refino de petróleo

Gráfico 2.3.6 – Produção Industrial - PernambucoParticipação (%) das principais atividades

Fonte: IBGE e BCB

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30 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

impacto da elevação no item plano de saúde. A inflação de serviços acelerou, de 1,26% para 1,50%, enquanto a inflação subjacente do setor recuou de 1,34% para 1,31%, na mesma base de comparação.

A variação do IPCA da Região Metropolitana do Recife atingiu 7,10% em 2016 (10,15% em 2015), repercutindo variações de 6,58% nos preços livres e de 8,98% nos monitorados. A variação dos preços de serviços situou-se em 4,79% ante 9,33% em 2015, enquanto a inflação subjacente do setor desa-celerou de 12,19% para 4,79%.

Os indicadores de conjuntura relacionados à economia de Pernambuco vêm evidenciando que, em termos gerais, a economia do estado acompanha o processo de distensão observado em âmbito nacional. Também permitem identificar algumas peculiaridades, como os impactos das novas atividades industriais sobre o desempenho das exportações e os expressivos efeitos adversos da estiagem sobre a produção e o emprego no setor agropecuário. Importante ressaltar que a incor-poração dos segmentos refino de petróleo e fabricação de automóveis na produção industrial do estado evidencia que o segmento se mantinha, no trimestre finalizado em novembro, em patamar semelhante ao observado no triênio 2012/14, antes do início da atual recessão.

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 31

3 Região Centro-Oeste

A atividade econômica no Centro-Oeste foi impactada, no trimestre encerrado em novembro, pelo desempenho negativo da indústria de processamento de alimentos, sensibilizada pelos efeitos da estiagem sobre a produção agrícola, e pela intensificação da retração no comércio, na construção civil e no setor de serviços. Em sentido oposto, destacaram-se as evoluções positivas na agricultura irrigada e nos segmentos de serviços associados à administração pública e às atividades imobiliárias. Nesse contexto, o IBCR da região recuou, na margem, 0,7% no período, após contração de 1,2% no trimestre encerrado em agosto, segundo dados dessazonalizados.

No âmbito da demanda, as retrações nas vendas do comércio e no segmento de serviços intensificaram-se no trimestre encerrado em novembro, em ambiente de continuidade da distensão do mercado de trabalho, menor dinamismo no mercado de crédito e redução na produção do setor de processamento de alimentos. Nesse cenário, as vendas do comércio ampliado recuaram 3,0% no trimestre encerrado em novembro, em relação ao terminado em agosto, quando diminuíram 2,4%, no mesmo tipo de comparação, destacando-se o maior recuo das vendas em Mato Grosso. As vendas de automóveis e comerciais leves novos diminuíram 1,4% no quarto trimestre, em relação ao terceiro, quando haviam aumentado 0,8%, nessa base de comparação, segundo estatísticas dessazonalizadas da Fenabrave.

O volume de serviços recuou 6,7% no trimestre encerrado em novembro, em relação ao terminado em agosto, quando recuara 1,5%, na mesma base de comparação, destacando-se as reduções registradas em Mato Grosso (20,1%), Goiás (5,2%) e no Distrito Federal (4,2%), de acordo com dados dessazo-nalizados da PMS, do IBGE.

Condicionante importante da demanda, o mercado de trabalho na região seguiu em distensão no trimestre encerrado em novembro, evidenciada na eliminação de 39,8 mil postos de trabalhos formais,

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Nov2013

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Comércio Serviços

Gráfico 3.2 – Comércio e Serviços – Centro-OesteDados desazonalizados – Média móvel trimestral2011 = 100

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Mai Ago Nov

IBC-Br IBCR-CO

Gráfico 3.1 – Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil e Centro-OesteDados desazonalizados - Média móvel trimestral2002 = 100

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32 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

cenário semelhante ao registrado em igual período de 2015, com ênfase nos cortes na indústria de transformação, na construção civil e no setor de serviços, segundo o Caged/MT. Nesse contexto, o nível de emprego formal retraiu 0,7% no trimestre, ante recuo de 0,8% no trimestre encerrado em agosto, segundo dados dessazonalizados A taxa média de desocupação no Centro-Oeste atingiu 10,0% no terceiro trimestre do ano, elevando-se 2,5 p.p. em doze meses, patamar e acréscimo inferiores aos registrados em nível nacional (11,8% e 2,9 p.p., respectivamente), segundo a PNADC. O rendimento médio real habitual e a massa de rendimentos real decresceram 1,9% e 1,7%, na ordem, nas mesmas bases de comparação, ante recuos respectivos de 2,1% e 3,8% no país.

A evolução do mercado de crédito segue restringindo a retomada da demanda agregada na região. O saldo dos empréstimos superiores a R$1 mil expandiu 0,7% no trimestre até novembro, impulsionado pelo aumento nas operações de crédito rural, mas recuou 0,6% em doze meses. A carteira de pessoas físicas cresceu 1,4% no trimestre, destacando-se as operações de crédito rural, as operações com recursos do BNDES e a modalidade cartão de crédito à vista, enquanto a carteira de pessoas jurídicas recuou 0,2%, impactada por retrações nas contratações da indústria de transformação e do comércio. As operações com recursos direcionados aumentaram 0,9% no trimestre e as efetuadas com recursos livres, 0,5%. A inadimplência das operações de crédito situou-se em 3,8% em novembro, com elevação trimestral de 0,3 p.p., repercutindo aumento de 0,9 p.p. no segmento de pessoas jurídicas e estabilidade no de pessoas físicas.

Os desembolsos do BNDES para financiamentos na região aumentaram 14,9% no trimestre encerrado em novembro, em relação a igual período de 2015, com destaque para as concessões para investimentos em geração de energia elétrica.

O setor industrial na região apresentou contração intensa no período recente, refletindo os impactos da estiagem na produção de alimentos, principal segmento da indústria local, e da retração da atividade. Nesse contexto, a produção industrial recuou, na margem, 7,2% no trimestre encerrado em novembro, em relação ao terminado em agosto, quando retraíra 2,4%, segundo a PIM, do IBGE. Destaque para a redução de 10,3% na produção de

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-5

0

5

10

15

20

Ago2014

Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

PF PJ Total

Gráfico 3.3 – Evolução do saldo das operações de crédito – Centro-Oeste1/Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$1 mil.

Tabela 3.1 – Evolução do emprego formal – Centro-OesteNovos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2015 2016

Nov Fev Mai Ago Nov

Total -48,5 -48,3 -2,1 -1,7 -39,8

Indústria de transformação -18,2 -11,5 6,4 -1,2 -13,5

Comércio -1,7 -11,7 -10,5 -4,3 1,4

Serviços -6,9 -15,6 0,1 -6,3 -9,5

Construção civil -13,3 -12,0 2,0 1,5 -9,5

Agropecuária -7,6 3,5 -0,4 8,3 -7,8

Outros2/ -0,8 -1,0 0,3 0,4 -0,8

Fonte: MTPS

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.2/ Inclui extrativa mineral, serv. ind. de utilidade pública e administração pública.

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 33

alimentos, que repercutiu os efeitos da seca sobre a safra de milho e as pastagens, com desdobramentos sobre os custos de confinamento de gado e sobre o preço das rações de aves e suínos. Por outro lado, ressalte-se o impacto do direcionamento, por parte das usinas, da safra de cana para a produção de açúcar, em função do aumento nos preços do produto. Essa alocação, no entanto, provocou decréscimo de 33,7% da produção de biocombustíveis no trimestre até novembro, em relação a igual período de 2015.

O desempenho do setor e a percepção de que a recuperação da economia ocorrerá em ritmo mais moderado que o esperado, interrompeu o crescimento da confiança dos empresários da região, que voltou a indicar pessimismo em dezembro, quando o Icei do Centro-Oeste, divulgado pela CNI, atingiu 49,3 pontos, ante 53,5 pontos em setembro.

Os efeitos da estiagem sobre o setor agropecuário na região traduzem-se na retração anual de 16,3% registrada na safra de grãos em 2016, conforme o LSPA, do IBGE. Ressalte-se, no entanto, a expansão de 23,0% na colheita de feijão 3ª safra, favorecida pela elevação dos preços do produto e pelo plantio em áreas irrigadas. A quebra da safra de milho e a má qualidade das pastagens, com repercussão nos preços das rações, prejudicou a pecuária, importante segmento da atividade econômica da região. Os abates de bovinos, aves e de suínos recuaram 1,9%, 5,4% e 2,9%, respectivamente, nos onze primeiros meses do ano, em relação a igual intervalo de 2015.

O comércio externo da região registrou aumento anual de 3,3% no superavit da balança comercial em 2016. As exportações recuaram 5,1%, com ênfase no impacto da redução de 6,1% nos preços. Ressaltam-se, os aumentos do quantum exportado de açúcar, ouro semimanufaturado e soja, e as reduções das vendas de milho e carnes de bovinos e frangos, refletindo, em parte, os efeitos da estiagem. As importações, evidenciando a perda de dinamismo da demanda doméstica, recuaram 18,2% no ano, ressaltando-se as reduções nas aquisições de gás natural, automóveis e partes e peças para produção de veículos.

A variação do IPCA na região – agregação dos indicadores de Brasília, Goiânia e Campo Grande – atingiu 0,99% no último trimestre do ano, ante

Tabela 3.2 – Produção agrícola – Centro-OesteItens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Pesos1/ Produção2/ Variação %

2015 2016 2016/2015

Grãos 83,2 89 743 75 097 -16,3

Algodão (caroço) 6,9 1 648 1 475 -10,5

Feijão 1,8 669 619 -7,5

Feijão 1ª safra 0,5 177 165 -6,8

Feijão 2ª safra 0,8 313 234 -25,3

Feijão 3ª safra 0,5 179 220 23,0

Milho 17,5 41 122 27 405 -33,4

Milho 1ª safra 1,0 2 447 2 437 -0,4

Milho 2ª safra 16,5 38 675 24 968 -35,4

Soja 55,4 43 944 44 138 0,4

Outras lavouras

Cana-de-açúcar 12,8 134 454 141 945 5,6

Mandioca 0,8 1 518 1 262 -16,8

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2015.2/ Estimativa segundo o LSPA de dezembro de 2016.

Tabela 3.3 – Exportação por fator agregadoJaneiro-dezembro

US$ milhõesDiscriminação Centro-Oeste Brasil

2015 2016 Var. % Var. %

Exportações 23 972 22 755 -5,1 -3,1

Básicos 20 084 18 677 -7,0 -9,2

Industrializados 3 888 4 078 4,9 2,1

Importações 9 318 7 621 -18,2 -19,8

Bens de capital 468 353 -24,7 -16,2

Bens Intermediários 3 807 3 554 -6,6 -17,0

Bens de consumo 2 529 2 367 -6,4 -16,2

Combustíveis e lubrificantes 2 513 1 345 -46,5 -42,6

Saldo comercial 14 654 15 134 3,3 140,9

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui operações especiais.

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84

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Fev2014

Mai Ago Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

Brasil Centro-Oeste

Gráfico 3.4 – Produção industrial – Centro-OesteDados dessazonalizados – Média móvel trimestral2012 = 100

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34 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

1,21% no terceiro, desaceleração decorrente, em especial, do encerramento das pressões de oferta sobre o grupo Alimentação e Bebidas e do esgotamento dos choques sobre os preços monitorados. A inflação dos serviços acelerou de 1,54% para 1,95%, impulsionada por aumentos em passagens aéreas, alimentação fora do domicílio, aluguéis, entre outros. No mesmo sentido, a inflação de serviços subjacente, que exclui itens de turismo, educação, comunicação e serviços domésticos, acelerou de 0,97% para 1,37%, movimento diferente do registrado em âmbito nacional. O índice de difusão atingiu 56,6% no último trimestre do ano, ante 67,0% em igual período de 2015.

O IPCA da região variou 5,83% em 2016, ante 10,37% em 2015, patamar 0,46 p.p. inferior à variação do indicador nacional. O resultado do ano repercutiu, em especial, a desaceleração de 18,88% para 4,36% dos preços monitorados, com destaque para a redução de preços nos itens energia elétrica residencial e gás de botijão. A inflação de serviços desacelerou de 6,96% para 6,58%, e a de serviços subjacentes, de 8,62% para 5,92%.

As perspectivas para a evolução da atividade econômica no Centro-Oeste são favoráveis, em cenário de expectativa de retomada da produção agrícola, tendo em vista as projeções de ocorrência de ciclo de chuvas mais adequado. De fato, os primeiros prognósticos para 2017 indicam expansão anual de 20,5% para a safra de grãos da região que, se concretizado, representará novo recorde de produção. A normalização da safra abre espaço para a recuperação da produção industrial de alimentos, com desdobramentos positivos sobre a cadeia produtiva da região.

Tabela 3.4 – IPCA – Centro-OesteVariação % trimestral

Discriminação Pesos1/ 2015 2016

Ano III Tri IV Tri Ano

IPCA 100,00 10,37 1,21 0,99 5,83

Livres 75,59 7,85 1,14 0,97 6,29

Comercializáveis 34,18 8,34 1,58 0,87 6,77

Não comercializáveis 41,41 7,45 0,79 1,05 5,91

Monitorados 24,41 18,88 1,40 1,06 4,37

Principais itens

Alimentos e bebidas 24,17 12,30 0,81 -0,28 7,74

Habitação 15,90 18,99 1,77 0,70 2,02

Artigos de residência 4,19 4,41 0,43 -1,28 2,15

Vestuário 5,85 4,71 0,18 2,09 4,90

Transportes 19,30 8,54 1,24 2,74 4,23

Saúde 10,69 8,36 1,57 1,30 10,49

Despesas pessoais 11,24 9,29 1,83 1,81 8,36

Educação 4,62 9,03 1,65 0,14 8,34

Comunicação 4,05 2,24 0,27 0,17 1,71

Fonte: IBGE

1/ Referentes a dezembro de 2015.

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 35

4Região Sudeste

A economia do Sudeste, após dois resultados trimestrais favoráveis, voltou a recuar na margem, impactada pelo desempenho oscilante da indústria e pela persistente fragilidade da demanda agregada, em ambiente de distensão do mercado de trabalho, arrefecimento do mercado de crédito e reduzido nível de utilização da capacidade instalada. Nesse cenário, o IBCR-SE recuou 0,8% no trimestre finalizado em novembro, em relação ao encerrado em agosto, quando cresceu 0,3%, no mesmo tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados.

As estatísticas referentes à demanda doméstica sugerem que a recuperação da atividade na região deverá ser mais demorada, cenário corroborado pela permanência do recuo dos indicadores de consumo no período recente. A retração das vendas do comércio ampliado desacelerou de 2,6%, no trimestre encerrado em agosto, para 1,5%, no finalizado em novembro, de acordo com dados dessazonalizados da PMC/IBGE. O desempenho repercutiu, em grande medida, a expansão das vendas de veículos no trimestre (0,9%), melhor resultado para o segmento desde agosto de 2015, neste tipo de comparação. O volume de serviços não financeiros decresceu 2,8% no trimestre terminado em novembro, em relação ao finalizado em agosto, quando declinara 0,1%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com a PMS/IBGE.

Não obstante a retração dos indicadores de consumo, os índices de confiança têm registrado melhoras sucessivas, pautadas principalmente nas expectativas futuras em relação à economia da região.

A trajetória dos indicadores de consumo reflete o contexto de emprego e renda declinantes e de acesso mais limitado ao crédito devido, em parte, ao elevado grau de endividamento das famílias. Em relação ao mercado de trabalho, a taxa de desemprego, medida pela PNADC, do IBGE, atingiu 12,3% no terceiro trimestre de 2016 (9,0% em igual período de 2015), refletindo variações de 2,5% na força de trabalho e de -1,1% na ocupação, e o

130

135

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Nov2014

Fev2014

Mai Ago Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

IBC-Br IBCR-SE

Gráfico 4.1 – Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil e Região SudesteDados dessazonalizados – Média móvel trimestral 2002 = 100

Fonte: IBGE

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Nov2013

Fev2014

Mai Ago Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

Comércio Ampliado Serviços Indústria

Fonte: IBGE

Gráfico 4.2 – Comércio, serviços e indústria - Sudeste Dados dessazonalizados – Média móvel trimestral2012 = 100

5

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13

I Tri II Tri III Tri IV Tri2013 2014 2015 2016

Gráfico 4.3 – Taxa de desocupação – Sudeste%

Fonte: IBGE (PNADC)

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36 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

rendimento real médio habitual retraiu 2,5%, ritmo menos acentuado que o observado no trimestre anterior. A economia da região registrou, de acordo com o Caged/MT, corte de 180 mil postos formais no trimestre finalizado em novembro (corte de 245 mil em igual período de 2015). A redução no número de desligamentos ocorreu principalmente na indústria e no comércio.

A trajetória do mercado de crédito segue condicionando a recuperação da demanda agregada. Nesse sentido, o saldo das operações superiores a R$1 mil realizadas na região no trimestre encerrado em novembro contraiu 0,9% no trimestre e 2,9% em doze meses, repercutindo redução da carteira de pessoas jurídicas (-1,9% no trimestre e -6,7% em doze meses) e desaceleração dos empréstimos no segmento de pessoas físicas.

A situação fiscal dos estados do Sudeste, com desdobramentos sobre as respectivas capacidades de investimento, também tem contribuído para a fragilidade da demanda agregada na região. O superavit primário consolidado da região recuou 48,0% nos nove primeiros meses do ano, em relação a igual período de 2015, repercutindo decréscimos nos superavits dos governos estaduais (22,0%) e das capitais (36,4%), e reversão do superavit no âmbito dos demais municípios. Destaque, no período, para as retrações reais na arrecadação do ICMS (8,6%) e nas transferências da União (7,7%).

Sob a ótica da oferta, a produção de grãos, impactada por condições climáticas desfavoráveis, deverá registrar redução anual de 2,1% em 2016, de acordo com o LSPA de dezembro, do IBGE. Ressalte-se que a renda agrícola associada às lavouras de café arábica e de laranja, importantes culturas no cenário regional, cresceu em 2016, colaborando favoravelmente para a atividade econômica. A expectativa de ocorrência de condições climáticas mais favoráveis sustenta o prognóstico do IBGE de crescimento de 11,1% para a produção de grãos do Sudeste em 2017, com destaque para o aumento de 19,6% na safra de milho.

A produção industrial do Sudeste recuou 1,3% no trimestre encerrado em novembro, em relação ao finalizado em agosto, quando expandira 0,8%, na mesma base de comparação, de acordo com estatísticas dessazonalizadas da PIM-PF Regional do IBGE. Houve retração de 2,0% na indústria de

Tabela 4.1 – Evolução do emprego formal – SudesteNovos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2015 2016

Nov Fev Mai Ago Nov

Total -244,9 -453,3 -99,3 -144,0 -179,5

Indústria de transformação -88,4 -118,2 -26,2 -33,6 -46,2

Comércio 16,2 -93,5 -50,4 -11,4 42,1

Serviços -62,3 -138,6 -43,5 -50,3 -59,0

Construção civil -63,4 -50,8 -39,8 -49,9 -58,8

Agropecuária -42,0 -40,2 55,7 4,8 -49,7

Serv. industr. de utilidade pública -2,2 -1,0 0,7 -1,9 -2,3

Outros2/ -2,8 -11,0 4,2 -1,7 -5,7

Fonte: MTPS

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.2/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outros.

Tabela 4.2 – Dívida líquida e necessidades definanciamento – Sudeste1/

R$ milhões

UF Dívida Dívida2/

2015 Nominal Outros3/ 2016

Dez Primário Juros Total4/ Set

Total 583 023 -6 091 49 310 43 219 -74 495 551 747

Gov. estaduais 479 494 -6 334 43 524 37 190 -18 534 498 150

Capitais 101 178 -1 960 5 735 3 774 -54 337 50 616

Demais municípios 2 351 2 203 51 2 254 -1 625 2 981

1/ Inclui inform. dos estados e de seus principais municípios. Dados preliminares.2/ A dívida líquida no momento t+1 é a dívida no momento t, mais o resultado nominal e o resultado de outros fluxos.3/ Inclui ajustes decorrentes de variação cambial, reconhec. de dívidas e privatiz.4/ O resultado nominal é a soma dos juros com o resultado primário.

Fluxos acumulados no ano

-8

-4

0

4

8

12

16

Ago2014

Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

PF PJ Total

Gráfico 4.4 – Evolução do saldo das operações de crédito1/ – Sudeste Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$1 mil.

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 37

transformação e crescimento de 1,8% na indústria extrativa.

A oscilação da produção industrial tem influenciado a trajetória da confiança do empresário industrial - o Icei recuou de 51,9 pontos, em setembro, para 44,8 pontos, em dezembro, após haver permanecido na zona de otimismo de agosto a outubro, de acordo com a CNI. Essa evolução refletiu piora da percepção quanto ao desempenho da economia brasileira, tanto no componente vinculado às condições atuais quanto no das expectativas futuras.

O nível de atividade econômica contribuiu para a elevação do resultado da balança comercial do Sudeste, que registrou superavit de US$17,3 bilhões em 2016 - maior saldo desde 2011, ante deficit de US$377,6 milhões em 2015. O resultado repercutiu retrações de 21,4% das importações, especialmente do quantum (-16,8%), e de 2,8% das exportações, prejudicadas pela diminuição das vendas de óleos brutos de petróleo e de minério de ferro. A expectativa de retomada mais vigorosa das exportações de produtos industrializados, particularmente manufaturados, não se confirmou em 2016.

A variação do IPCA no Sudeste recuou de 1,02%, no terceiro trimestre, para 0,73%, no quarto, destacando-se a desaceleração, de 1,29% para 0,68%, dos preços livres, favorecida, sobretudo, pelas reduções nos preços dos itens cereais, leguminosas e oleaginosas (12,68%) e leite e derivados (12,91%), que haviam aumentado 16,06% e 11,40%, respectivamente, no terceiro trimestre do ano. Os preços monitorados aceleraram de 0,21% para 0,89%, no período, impactados pela elevação das multas de trânsito e do preço da gasolina.

Os preços dos serviços desaceleraram de 1,66%, no terceiro trimestre, para 1,49%, no quarto. O índice de difusão, em trajetória declinante, atingiu 55,7% no quarto trimestre, ante 68,7% em igual período de 2015 e 58,4% no trimestre anterior.

A variação do IPCA da região situou-se em 6,23% em 2016, ante 10,56% em 2015, favorecida, principalmente, pela desaceleração dos preços monitorados, de 18,57% para 5,77%, impactados, em parte, pelo esgotamento dos efeitos dos reajustes das tarifas de energia elétrica residencial e pela desaceleração do aumento do preço da gasolina. Os preços livres desaceleraram de 8,09%,

Tabela 4.3 – Produção agrícola – SudesteItens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Peso1/ Produção2/ Var. %

2015 2016 2016/2015

Grãos 20 075 19 650 -2,1 Soja 8,1 5 930 7 375 24,4 Milho 6,8 11 565 10 067 -12,9 Feijão 2,3 760 748 -1,7 Amendoim 0,8 467 418 -10,4

Outras lavouras Cana-de-açúcar 37,2 499 678 476 014 -4,7 Café 19,0 2 236 2 735 22,3 Laranja 5,7 13 357 12 652 -5,3 Tomate 4,0 2 145 1 799 -16,1

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2015.2/ Estimativa segundo o LSPA de dezembro de 2016.

70

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130

Dez2013

Mar2014

Jun Set Dez Mar2015

Jun Set Dez Mar2016

Jun Set Dez

Exportação Importação

Gráfico 4.5 – Balança Comercial - SudesteAcumulado em 12 mesesUS$ bilhões

Fonte: MDIC/Secex

Tabela 4.4 – IPCA – SudesteVariação % no período

Discriminação Pesos1/ 2015 2016

Ano III Tri IV Tri 12 meses

IPCA 100,0 10,56 1,02 0,73 6,23

Livres 74,8 8,09 1,29 0,68 6,39

Comercializáveis 32,6 7,72 1,56 0,37 6,54

Não comercializáveis 42,2 8,37 1,09 0,91 6,27

Monitorados 25,2 18,57 0,21 0,89 5,77

Principais itens

Alimentação 24,0 11,06 1,48 -0,49 8,10

Habitação 15,8 19,36 0,27 0,12 2,86

Artigos de residência 3,9 4,76 0,77 -1,37 2,99

Vestuário 5,4 4,13 0,16 0,63 2,89

Transportes 18,5 10,09 0,37 2,56 4,46

Saúde 12,0 9,27 2,01 1,67 11,49

Despesas pessoais 11,5 9,28 1,90 1,32 8,24

Educação 4,9 9,66 1,00 0,15 8,92

Comunicação 3,8 1,79 0,16 0,51 1,18

Fonte: IBGE

1/ Referentes a dezembro de 2016.

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38 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

em 2015, para 6,39%, e os preços de serviços, de 7,84% para 6,49%.

A economia do Sudeste apresentou resultados menos favoráveis, na margem, no trimestre encerrado em novembro, destacando-se o desempenho negativo da indústria de transformação, com desdobramentos sobre a confiança dos empresários do setor. O cenário econômico recente sinaliza perspectiva de recuperação em ritmo mais lento que o esperado previamente, de acordo com os principais indicadores de atividade. A retomada mais consistente da economia da região deverá ser favorecida, nos próximos trimestres, pelos impactos da redução nas taxas de juros e da consolidação do ajuste macroeconômico em curso.

5

6

7

8

9

10

11

Dez2013

Mar2014

Jun Set Dez Mar2015

Jun Set Dez Mar2016

Jun Set Dez

Fonte: IBGE e BCB

Sudeste-Serviços Sudeste-Subjacente

Gráfico 4.6 – Inflação de Serviços – Sudestevar% 12 meses

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 39

4.1 − Minas Gerais

O PIB de Minas Gerais – que havia crescido no segundo trimestre de 2016, após cinco resultados negativos consecutivos – recuou 0,6% no terceiro trimestre do ano, destacando-se os impactos da reversão do desempenho positivo da agropecuária, das indústrias extrativas e de transformação, e da retração nos setores de transportes e de outros serviços1. O PIB do estado recuou 3,1% nos três primeiros trimestres de 2016, ante retração de 4,0% no indicador nacional. Estatísticas divulgadas mais recentemente corroboram o cenário de retração na produção em setores importantes na cadeia produtiva do estado, sugerindo que a retomada da atividade deverá ser mais lenta e gradual do que projetada anteriormente. Nesse contexto, o IBCR-MG recuou 1,5% no trimestre encerrado em novembro, em relação ao finalizado em agosto, quando havia diminuído 0,1%, segundo dados dessazonalizados.

No âmbito da demanda, ressaltem-se, no trimestre encerrado em novembro, a continuidade da perda de dinamismo do setor de serviços e a estabilidade das vendas do comércio ampliado, que haviam recuado 1,5% na margem, no trimestre encerrado em agosto, segundo a PMC, do IBGE. As vendas de veículos recuaram 0,6% no trimestre, ante retração de 1,8% no trimestre encerrado em agosto, evolução associada, em parte, ao desempenho das vendas de automóveis e comerciais novos – segundo dados dessazonalizados da Fenabrave, os emplacamentos destas categorias de veículos cresceram 5,9% no trimestre até novembro, contrastando com o recuo de 7,2% em âmbito nacional. Nos onze primeiros meses do ano, ocorreram decréscimos de 2,0% nos emplaca-mentos no estado e de 20,8% nos realizados no país.

Relativamente ao setor de serviços, dados da PMS indicam aumento da intensidade da retração do segmento – o indicador retraiu 1,8% no trimestre encerrado em novembro, em relação ao finalizado em agosto, quando recuara 0,8%, no mesmo tipo de comparação, com destaque para o desempenho negativo das atividades transporte e informação e comunicação.

_______________________________________________________ 1/ Inclui serviços de alojamento e alimentação; serviços de informação e comunicação; intermediação financeira, seguros e previdência

complementar; atividades profissionais, científicas, técnicas e administrativas; educação e saúde privada; serviços domésticos; artes, cultura, esporte, recreação e outras atividades de serviços

130

135

140

145

150

Nov2013

Fev2014

Mai Ago Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

IBC-Br IBCR-MG

Gráfico 4.1.1 – Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil e Minas GeraisDados desazonalizados - Média móvel trimestral2002 = 100

88

92

96

100

104

108

Nov2013

Fev2014

Mai Ago Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

Comércio Serviços

Gráfico 4.1.2 – Comércio e Serviços – Minas GeraisDados desazonalizados – Média móvel trimestral2011 = 100

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40 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

O processo de distensão do mercado de trabalho mineiro mostra sinais de arrefecimento. Nesse sentido, a economia do estado eliminou 33,5 mil postos de trabalhos formais no trimestre encerrado em novembro, ante 75,7 mil no mesmo período de 2015, de acordo com o Caged/MT. Adicionalmente, o nível de emprego formal recuou 0,6% em relação ao trimestre finalizado em agosto, quando havia diminuído 0,9%, segundo dados dessazonalizados.

Ressalte-se, ainda, que a taxa média de desocupação do estado, embora aumentasse 2,6 p.p. em doze meses, atingindo 11,2% no terceiro trimestre, situa-se em patamar inferior à taxa média do país, que aumentou 2,9 p.p., para 11,8%, no período mencionado, segundo a PNADC. O rendimento médio real habitual e a massa de rendimentos real decresceram 3,5% e 4,8%, na ordem, na mesma base de comparação.

O mercado de crédito segue restringindo a demanda, em contexto de custo elevado dos financiamentos e de condições conservadoras para liberação de recursos. O saldo das operações de crédito superiores a R$1 mil realizadas no estado contraiu 0,4% no trimestre terminado em novembro, com recuos de 0,3% no segmento de pessoas físicas – contração mais acentuada nas modalidades financiamentos rurais, especialmente custeio, e veículos – e de 0,5% no segmento de pessoas jurídicas, condicionado por retrações nos empréstimos às indústrias metalúrgica e automobilística, entre outras. A taxa de inadimplência das operações de crédito atingiu 3,8% em novembro, avançando 0,3 p.p. no trimestre.

No que se refere à demanda externa, as exportações recuaram 0,4% em 2016, reflexo da recuperação nas vendas de minério de ferro, que cresceram 6,9% no período, e da retração de 3,5% nos embarques dos demais produtos, com destaque para o decréscimo nas vendas de produtos metalúrgicos, em especial ferro-ligas e tubos de ferro ou aço. As importações diminuíram 25,3% no ano, evolução consistente com a perda de dinamismo da demanda doméstica, o que contribuiu para o aumento de 16,1% no superavit da balança comercial.

Relativamente aos indicadores de oferta, destaque, no trimestre encerrado em novembro, para a retração de 3,4%, na margem, da produção industrial (recuo de 0,2% no trimestre finalizado em agosto), segundo a PIM, do IBGE. O resultado foi

Tabela 4.1.1 – Evolução do emprego formal – Minas GeraisNovos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2015 2016

Nov Fev Mai Ago Nov

Total -75,7 -85,0 5,2 -23,9 -33,5

Indústria de transformação -18,6 -21,4 -4,6 -3,5 -6,5

Comércio 5,2 -14,9 -10,0 -4,2 10,4

Serviços -10,5 -20,5 -4,9 -7,9 -1,9

Construção civil -16,7 -18,1 -6,2 -5,4 -10,1

Agropecuária -33,2 -6,8 31,7 -1,9 -24,4

Outros2/ -1,8 -3,4 -0,8 -1,1 -1,0

Fonte: MTPS

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.2/ Inclui extrativa mineral, serv. ind. de utilidade pública e administração pública.

-6

-3

0

3

6

9

12

15

Ago2014

Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

PF PJ Total

Gráfico 4.1.3 – Evolução do saldo das operações de crédito – Minas Gerais1/Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$1 mil.

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 41

particularmente influenciado pela forte retração, em outubro, nas indústrias de veículos, em decorrência de parada técnica de dez dias na principal montadora instalada no estado; de metalurgia; de celulose e papel; e de outros produtos químicos.

Nesse contexto, a ociosidade da indústria mineira aumentou 1,8 p.p. no trimestre até novembro, em relação ao trimestre terminado em agosto, e a confiança dos empresários industriais mineiros, expressa pelo Icei/MG, da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), passou de 52,1 pontos, em setembro, para 46,1 pontos, em dezembro, segundo dados da Fiemg.

A produção agrícola retraiu no terceiro trimestre, após registrar desempenho favorável no primeiro semestre do ano, período em que estão concentradas as safras de soja e de café, que aumentaram 34,7% e 36,4%, respectivamente, no ano. A estiagem observada no segundo semestre impactou negativamente colheitas relevantes para o resultado do terceiro trimestre, destacando-se os recuos nas safras de milho de inverno (43,4%), abacaxi (4,4%) e terceira de feijão (3,5%), de acordo com o LSPA, do IBGE. As primeiras projeções do IBGE para a safra 2017 do estado indicam contrações para as colheitas de café arábica (15,0%), refletindo o ciclo de queda bienal da produtividade da cultura, e de soja (2,5%); e aumentos para as de feijão primeira safra (15,0%) e milho primeira safra (13,3%).

A inflação da RMBH, medida pelo IPCA, atingiu 0,73% no último trimestre de 2016, ante 0,87% no terceiro, acumulando 6,60% no ano. A desaceleração observada no trimestre repercutiu, em especial, os recuos de preços nos grupos alimentação e bebidas (0,51%) e artigos de residência (1,06%). A inflação no setor de serviços passou de 1,42%, no terceiro trimestre, para 1,63% no quarto, e a inflação de serviços subjacente, de 1,36% para 1,41%, na mesma base de comparação. O índice de difusão registrou média de 55,6% no período, ante 57,4% no trimestre finalizado em setembro.

O IPCA da RMBH atingiu 6,60% em 2016 (9,21% em 2015), com destaque para a desaceleração nos preços de habitação e transportes. A variação dos preços monitorados passou 16,81% para 5,09%, enquanto a dos preços livres evoluiu de 7,00% para 7,08%. A inflação de serviços recuou de 7,26% para

Tabela 4.1.3 – Produção industrial – Minas GeraisGeral e setores selecionados

Variação % trimestral

Setores Pesos1/ 2016

Ago2/ Nov2/ Ac. 12 meses

Indústria geral 100,0 -0,2 -3,4 -7,0 Indústrias extrativas 24,6 -0,2 3,0 -13,1 Indústrias de transformação 75,4 0,2 -4,3 -4,8 Metalurgia 14,1 4,5 -5,5 -5,1 Veículos, reb. e carrocerias 11,8 4,8 -16,8 -18,6 Deriv. petróleo e biocomb. 5,8 -6,3 0,9 -3,7 Metais, ex maq. e eq. 3,9 0,1 -4,6 -13,7 Prod. miner. não-metálicos 3,7 -4,3 -4,3 -9,5

Fonte: IBGE

1/ Ponderação de atividades no VTI, conforme a PIA 2010/IBGE. 2/ Variação relativa aos trimestres encerrados em t e t-3. Dados dessazonalizados.

Tabela 4.1.4 – IPCA – Belo HorizonteVariação % no período

Discriminação Pesos1/ 2015 2016

Ano III Tri IV Tri Ano

IPCA 100,0 9,21 0,87 0,73 6,60

Livres 76,1 7,00 1,10 0,67 7,08

Comercializáveis 35,4 6,17 1,65 0,35 7,34

Não comercializáveis 40,7 7,74 0,62 0,95 6,85

Monitorados 23,9 16,81 0,16 0,93 5,09

Principais itens

Alimentação 23,0 9,66 1,14 -0,51 9,69

Habitação 16,2 15,21 1,02 0,36 4,05

Artigos de residência 5,0 4,64 0,89 -1,06 4,80

Vestuário 6,2 3,62 0,96 0,44 2,64

Transportes 17,5 9,41 -0,52 1,99 3,86

Saúde 11,2 8,08 1,69 1,84 10,74

Despesas pessoais 12,3 8,82 1,58 1,99 8,33

Educação 4,8 9,37 0,96 0,37 9,64

Comunicação 3,8 2,96 0,23 0,15 0,94

Fonte: IBGE

1/ Referente a dezembro de 2016.

Tabela 4.1.2 – Comércio exterior - Minas GeraisJaneiro-dezembro

US$ milhõesDiscriminação Minas Gerais Brasil

2015 2016 Var. % Var. %

Exportações 22 009 21 921 -0,4 -3,1

Básicos 12 215 12 404 1,5 -9,2

Industrializados 9 794 9 517 -2,8 2,1

Importações 8 777 6 555 -25,3 -19,8

Bens de capital 2 059 1 455 -29,3 -16,2

Bens Intermediários 4 812 3 823 -20,6 -17,0

Bens de consumo 1 327 852 -35,8 -16,2

Combustíveis e lubrificantes 579 425 -26,6 -42,6

Saldo comercial 13 232 15 366 16,1 10,5

Fonte: MDIC/Secex

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42 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

7,17%, e a de serviços subjacentes, de 7,25% para 7,06%.

A atividade econômica mineira, após apresentar sinais de acomodação nos dois trimestres anteriores, voltou a registrar perda de dinamismo nos últimos meses de 2016, influenciada pelo desempenho industrial inferior ao esperado. Nesse contexto, de recuperação econômica mais lenta do que a projetada anteriormente e de evolução desfavorável dos principais condicionantes da demanda, ocorreu interrupção do processo de recuperação da confiança dos agentes econômicos. Esse ambiente, agravado pelas limitações fiscais dos governos estadual e municipais, limita, de certa forma, as perspectivas de recuperação mais consistente da economia do estado no decorrer de 2017.

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 43

4.2 − Rio de Janeiro

A atividade econômica no Rio de Janeiro retraiu no trimestre encerrado em novembro, após apresentar indícios de recuperação no período finalizado em agosto, reversão associada, em parte, ao desempenho negativo da indústria. Nesse contexto, em que manteve-se o arrefecimento da inflação, o IBCR-RJ recuou 1,0% em relação ao trimestre terminado em agosto, quando havia aumentado 0,9%, na mesma base de comparação, de acordo com dados dessazonalizados. Considerados períodos de doze meses, o indicador recuou 3,4% em novembro (-4,0% em agosto).

Relativamente aos indicadores da demanda, as vendas do comércio ampliado no estado recuaram, na margem, 4,2% e 1,0%, nos trimestres finalizados em agosto e em novembro, conforme dados dessazonalizados da PMC/IBGE. Destacaram-se os desempenhos negativos dos segmentos hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, e combustíveis e lubrificantes, e das vendas de setores mais dependentes do crédito, como material de construção e móveis e eletrodomésticos.

O volume de serviços não financeiros prestados no estado diminuiu 6,5% no trimestre encerrado em novembro (-1,2% no finalizado em agosto), de acordo com dados dessazonalizados da PMS - as atividades associadas ao turismo retraíram 6,1% no mesmo período, variação influenciada pela ocorrência dos Jogos Olímpicos.

Entre os condicionantes da demanda, o estoque das operações de crédito superiores a R$1 mil realizadas no estado decresceu em novembro, tanto no trimestre (3,2%) quanto em doze meses (6,4%). A carteira de pessoas físicas manteve-se estável e a de pessoas jurídicas recuou 4,5% no trimestre, destacando-se o impacto da apreciação da moeda doméstica sobre operações vinculadas à variação cambial. A inadimplência aumentou 0,32 p.p., para 3,24%, no trimestre, atingindo 5,2% no segmento de pessoas físicas e 2,45% no de pessoas jurídicas.

O processo de distensão do mercado de trabalho, caracterizado por elevação da taxa de desemprego e eliminação de postos formais, persistiu nos meses recentes. Nesse sentido, a taxa de desemprego atingiu 12,1% no terceiro trimestre de 2016, ante 8,2% no período equivalente em 2015, e o

125

130

135

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150

Ago2013

Nov Fev2014

Mai Ago Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

IBC-Br IBCR-RJ

Gráfico 4.2.1 – Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil e Rio de JaneiroDados dessazonalizados2002 = 100

80859095

100105110115

Ago2013

Nov Fev2014

Mai Ago Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

Indústria Comércio Serviços

Gráfico 4.2.2 – Comércio, serviços e indústria – Rio de JaneiroDados dessazonalizados – Média móvel trimestral2012 = 100

Fonte: IBGE

Tabela 4.2.1 – Produção industrial – Rio de JaneiroGeral e setores selecionados

Variação % no período

Setores Pesos1/ 2016

Ago2/ Nov2/ Ac. 12 meses

Indústria geral 100,0 4,3 -1,5 -5,0

Indústrias extrativas 28,1 11,6 0,4 0,0

Indústrias de transformação 71,9 0,8 0,4 -7,4

Deriv. petróleo e biocomb. 25,9 -5,4 1,1 -3,2

Metalurgia 10,4 17,8 6,6 -18,5

Veículos, reb. e carrocerias 5,8 8,7 12,3 -7,0

Bebidas 3,9 6,4 -1,6 3,9,

Fonte: IBGE

1/ Ponderação de atividades no VTI, conforme a PIA 2010/IBGE.2/ Variação relativa aos trimestres encerrados em t e t-3. Dados dessazonalizados.

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44 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

rendimento médio real habitualmente recebido pelos ocupados e a massa salarial real diminuíram, na ordem, 1,1% e 4,1%, em relação ao terceiro trimestre de 2015, conforme a PNADC do IBGE. Estatísticas do Caged/MT registram o corte de 56,5 mil postos de trabalho no trimestre encerrado em novembro (-31,5 mil em igual período de 2015), concentrados na construção civil e no setor de serviços. Nos últimos doze meses, houve eliminação de 241,8 mil empregos formais no estado (6,4% da população ocupada no setor privado).

No âmbito da oferta, a produção da indústria do estado recuou, na margem, 1,5% no trimestre encerrado em novembro, ante expansão de 4,3% no terminado em agosto, com destaque para o crescimento de 0,4% no segmento extrativo. Nesse contexto, o nível de utilização da capacidade instalada da indústria fluminense decresceu 0,9 p.p., para 76,2%, no trimestre – a média histórica do indicador situa-se em 80,4%.

Na mesma base de comparação, o emprego, a massa salarial real, o faturamento e as horas trabalhadas recuaram 1,4%, 0,1%, 0,9% e 3,1%, respectivamente, de acordo com dados dessazonalizados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

Ressalte-se que a redução da produção industrial, interrompendo três trimestres de alta, ocorreu em cenário de reversão da confiança dos industriais fluminenses, que apresentara trajetória crescente desde o início do ano - o Icei atingiu 41,2 pontos em novembro (49,6 pontos em agosto).

A balança comercial do estado apresentou superavit de US$4,6 bilhões em 2016 (deficit de US$146,7 milhões em 2015), de acordo com o MDIC. A reversão repercutiu acréscimo de 0,9% nas exportações e recuo de 26,9% nas importações. Destacaram-se, no ano, o aumento nas exportações de plataformas e a retração nas compras externas de óleos brutos de petróleo, principal produto da pauta do estado.

No âmbito fiscal, os governos do estado, da capital e dos principais municípios do Rio de Janeiro acumularam deficit primário de R$1,8 bilhão nos nove primeiros meses de 2016 (deficit de R$696 milhões em igual período de 2015), aumento condicionado, em especial, pela piora dos resultados do governo estadual e da capital. Os

5

6

7

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9

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13

I Tri II Tri III Tri IV Tri

2013 2014 2015 2016

Gráfico 4.2.3 – Taxa de desocupação –Rio de Janeiro%

Fonte: IBGE (PNADC)

Tabela 4.2.2 – Evolução do emprego formal – Rio de JaneiroNovos postos

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2015 2016

Nov Fev Mai Ago Nov

Total -31,5 -87,9 -41,2 -56,2 -56,5

Indústria de transformação -10,2 -17,7 -8,1 -8,3 -6,6

Comércio 10,6 -21,5 -6,7 -7,6 13,0

Serviços -13,8 -33,3 -14,6 -15,5 -40,9

Construção civil -16,7 -11,9 -12,8 -24,3 -18,8

Agropecuária -0,8 -1,9 1,5 0,7 -1,9

Serviços ind. utilidade pública -0,2 -0,7 -0,8 -0,2 -0,2

Outros2/ -0,5 -0,9 0,3 -1,0 -1,2

Fonte: MTPS

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.2/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outros.

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 45

juros nominais, apropriados por competência, somaram R$10,4 bilhões (aumento de 13,1% em relação a igual período de 2015) e o deficit nominal, R$12,2 bilhões, no período.

A dívida líquida dos entes governamentais atingiu R$125,2 bilhões em setembro. O recuo de 2,7% em relação a dezembro de 2015 repercutiu, em parte, o impacto cambial sobre os financiamentos em moeda estrangeira.

A perda de dinamismo da atividade econômica se traduziu em redução real2 de 11,4% na arrecadação de ICMS do estado nos onze primeiros meses do ano, em relação a igual intervalo de 2015, período em que as transferências da União, exceto Fundeb, apresentaram estabilidade.

Em relação à trajetória da inflação, o IPCA da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), divulgado pelo IBGE, variou 0,44% no quarto trimestre de 2016 (1,33% no terceiro), repercutindo desacelerações dos preços dos itens monitorados e administrados por contrato, de 0,70% para 0,27%, e dos preços livres, de 1,58% para 0,51%. No âmbito dos monitorados, ressaltem-se os aumentos nos itens planos de saúde, taxa de água e esgoto e gasolina, e a retração na tarifa de energia elétrica. A evolução dos preços livres foi condicionada, em parte, pelos aumentos nos itens passagens aéreas e empregados domésticos, e pela evolução favorável dos preços no subgrupo alimentação no domicílio e no item hotéis. O índice de difusão médio atingiu 53,4% (51,8% no terceiro trimestre).

Os preços dos serviços desaceleraram, de 2,3% para 1,1%, no trimestre. A inflação subjacente no setor de serviços também recuou, de 1,5% para 1,0%, no período.

Em síntese, após apresentar alguns sinais de acomodação da trajetória contracionista, a economia do estado voltou a recuar no trimestre encerrado em novembro, em cenário de retração das operações de crédito e continuidade da distensão do mercado de trabalho – destacaram-se os cortes de vagas no setor de serviços e na construção civil, movimento consistente com o encerramento do ciclo de obras e grandes eventos internacionais recepcionados na capital do estado. As finanças do estado e dos municípios fluminenses seguem impactadas por reduções de receitas

_______________________________________________________ 2/ Considerado o IGP-DI como deflator.

Tabela 4.2.4 – IPCA – Rio de JaneiroVariação % trimestral

Discriminação Pesos1/ 2015 2016

Ano III Tri IV Tri Ano

IPCA 100,0 10,52 1,33 0,44 6,32

Livres 71,7 8,19 1,58 0,51 6,58

Comercializáveis 27,5 7,28 1,79 -0,07 6,82

Não comercializáveis 44,2 8,76 1,45 0,87 6,42

Monitorados 28,3 16,88 0,70 0,27 5,68

Principais itens

Alimentação 24,5 11,38 1,00 -0,30 7,24

Habitação 17,3 18,96 1,30 -0,61 1,10

Artigos de residência 3,4 2,62 1,51 -1,77 3,70

Vestuário 4,5 3,22 -1,07 1,36 1,85

Transportes 17,2 9,49 0,65 2,23 7,13

Saúde 12,3 9,66 1,90 1,75 11,48

Despesas pessoais 11,5 9,76 4,14 0,12 9,37

Educação 5,1 9,49 0,88 0,12 10,28

Comunicação 4,3 -0,10 -0,06 0,19 0,42

Fonte: IBGE1/ Referente a dezembro de 2016.

23456789

1011

Dez2007

Dez2008

Dez2009

Dez2010

Dez2011

Dez2012

Dez2013

Dez2014

Dez2015

Dez2016

Inflação Subjacente IPCA - Serviços

Gráfico 4.2.4 – Inflação de Serviços – Rio de JaneiroVariação % em 12 meses

Tabela 4.2.3 – Dívida líquida e necessidades de financiamento – Rio de Janeiro1/

R$ milhões

UF Dívida Fluxos acumulados no ano Dívida2/

2015 Nominal Outros4/ 2016

Dez Primário Juros Total3/ Set

Estado do RJ 128 690 1 780 10 415 12 195 -15 697 125 188

Governo estadual 115 595 - 633 9 305 8 672 -7 704 116 564

Capital 13 736 1 805 1 157 2 962 -8 032 8 667

Demais municípios - 642 608 - 47 561 38 - 43

1/ Inclui inform. do estado e de seus principais municípios. Dados preliminares.2/ A dívida líquida no momento t+1 é a dívida no momento t, mais o resultado nominal e o resultado de outros fluxos.3/ O resultado nominal é a soma dos juros com o resultado primário. 4/ Inclui ajustes decorrentes de variação cambial, reconhec. de dívidas e privatiz.

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46 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

tributárias associada à retração econômica e ao declínio da arrecadação de royalties e participações especiais pela exploração de petróleo, bem como trajetória crescente das despesas públicas. Nesse ambiente, a economia fluminense segue operando com alta ociosidade, e a efetiva recuperação da atividade econômica segue dependente do maior dinamismo dos principais condicionantes da demanda doméstica.

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 47

4.3 − São Paulo

Os indícios de recuperação observados na economia paulista no segundo trimestre de 2016 não persistiram no período subsequente, quando o PIB do estado, repercutindo, em especial, o desempenho desfavorável da indústria de transformação, recuou 2,1%, na margem, de acordo com dados dessazonalizados da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). Estatísticas recentes - com ênfase na retração de 0,7% registrada pelo IBCR-SP no trimestre finalizado em novembro, em relação ao terminado em agosto, quando havia variado 0,2%, considerados dados dessazonalizados; e na diminuição da confiança do empresário industrial - sugerem que a economia do estado não deverá experimentar retomada vigorosa nos próximos meses. No mesmo sentido, ressaltem-se os impactos desfavoráveis da continuada redução do poder de compra das famílias, em ambiente de elevação do desemprego e queda da renda real, e o arrefecimento do mercado de crédito.

Os indicadores da demanda interna mostram persistência do enfraquecimento da capacidade de consumo das famílias no trimestre finalizado em novembro, mas em ritmo menos intenso do que no trimestre encerrado em agosto - as vendas do comércio ampliado recuaram 1,7% e 2,5%, respectivamente, nos trimestres mencionados, segundo dados dessazonalizados da PMC, do IBGE. Essa desaceleração incorpora a recuperação das vendas de veículos, motos, partes e peças, que aumentaram 1,7% no trimestre encerrado em novembro. O volume de serviços não financeiros diminuiu 1,8% em relação ao trimestre encerrado em agosto, quando havia expandido 0,4%, na mesma base de comparação.

A evolução do comércio varejista e do setor de serviços segue condicionada pelo impacto do reduzido dinamismo dos mercados de trabalho e de crédito sobre a renda disponível. A taxa de desemprego, mensurada pela PNADC, do IBGE, atingiu 12,8% no terceiro trimestre, ante 9,6% em igual período de 2015, reflexo de variações de 3,6% na força de trabalho e de -0,1% na ocupação. O rendimento real médio habitual recuou 2,7% no período (-6,9% no segundo trimestre). De acordo com o Caged/MTPS, houve eliminação de 83,5 mil postos de empregos formais em São Paulo no trimestre encerrado em novembro, ante 128,6 mil em igual período de 2015, destacando-se que, pelo

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Nov2013

Fev2014

Mai Ago Nov Fev2015

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Mai Ago Nov

Comércio Ampliado Serviços Indústria

Fonte: IBGE

Gráfico 4.3.2 – Comércio, serviços e indústria - São Paulo Dados dessazonalizados – Média móvel trimestral2012 = 100

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I Tri II Tri III Tri IV Tri2013 2014 2015 2016

Gráfico 4.3.3 – Taxa de desocupação – São Paulo%

Fonte: IBGE (PNADC)

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Nov2013

Fev2014

Mai Ago Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

IBC-Br IBCR-SP

Gráfico 4.3.1 – Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil e São PauloDados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

Fonte: IBGE

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48 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

segundo trimestre consecutivo, ocorre redução nas demissões líquidas no estado, neste tipo de comparação.

As operações de crédito no estado seguiram em trajetória de desaceleração no trimestre encerrado em novembro, contribuindo para o enfraquecimento da demanda agregada. O saldo das operações superiores a R$1 mil permaneceu estável no trimestre e retraiu 1,7% em doze meses. A carteira de empréstimos às pessoas físicas aumentou 0,8% no trimestre (3,7% em doze meses), ressaltando-se que a desaceleração na margem repercutiu, em especial, o arrefecimento na modalidade financiamento imobiliário. Os financiamentos de veículos apresentaram relativa recuperação no trimestre, colaborando para a recuperação das vendas de veículos. A carteira de pessoas jurídicas, influenciada pela modalidade capital de giro recuou 0,7% no trimestre e 5,7% em doze meses.

A evolução recente dos indicadores de confiança, considerados o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e a pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), evidencia melhora significativa da percepção do consumidor quanto às perspectivas futuras para a economia. Em relação às condições atuais, no entanto, persiste forte ceticismo, que tem impactado negativamente as vendas do comércio e do setor de serviços. Do mesmo modo, a recuperação gradual e sistemática do Índice Confiança dos Empresários do Comércio (ICEC) tem se sustentado, principalmente, na melhora das expectativas, prevalecendo pessimismo em relação às condições atuais.

Ao menor poder de consumo das famílias, soma-se, ainda, a redução da capacidade de consumo e de investimento do estado, consistente com o impacto da retração da atividade econômica sobre a receita fiscal - a arrecadação do ICMS no estado apresentou contração real de 9,9% nos dez primeiros meses de 2016, em relação a igual período de 20153, de acordo com a Secretaria da Fazenda de São Paulo.

A produção industrial de São Paulo recuou 2,1% no trimestre finalizado em novembro, relativamente ao encerrado em agosto, quando crescera 1,3%, na mesma base de comparação, de acordo com estatísticas dessazonalizadas da PIM-PF Regional do IBGE. Nesse cenário, a economia opera com

_______________________________________________________ 3/ Considerado o IGP-DI como deflator.

Tabela 4.3.1 – Evolução do emprego formal – São PauloNovos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2015 2016Nov Fev Mai Ago Nov

Total -128,6 -262,5 -61,4 -48,2 -83,5

Indústria de transformação -57,5 -75,3 -12,7 -19,5 -32,0

Comércio -0,5 -53,4 -31,3 3,4 17,2

Serviços -33,6 -78,9 -20,4 -23,9 -13,4

Construção civil -27,8 -17,6 -20,7 -18,8 -27,8

Agropecuária -6,9 -30,9 17,6 11,4 -22,6

Serv. industr. de utilidade pública -1,5 0,8 2,2 -1,3 -1,9

Outros2/ -0,8 -7,2 3,9 0,5 -3,1

Fonte: MTPS

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.2/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outros.

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Dez2014

Mar2015

Jun Set Dez Mar2016

Jun Set Dez

Índice de Confiança do Empresário Industrial

Índice de Confiança do Empresário do Comércio (eixo da dir.)

Índice de Confiança do Consumidor (eixo da dir.)

Fontes: Fecomercio-SP e CNI

Linha de confiança

Gráfico 4.3.5 – Confiança dos agentes – São PauloEm pontos - Média móvel trimestral

-8

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0

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Ago2014

Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

PF PJ Total

Gráfico 4.3.4 – Evolução do saldo das operações de crédito – São Paulo1/Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$1 mil.

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 49

ociosidade elevada - o NUCI situa-se em patamar próximo a 75,0% desde agosto de 2015 -, e o ICEI atingiu 45,0 pontos em dezembro, após situar-se na área de otimismo (superior a 50 pontos) nos quatro meses anteriores.

A dinâmica da economia do estado tem contribuído para os resultados recentes do setor externo. Nesse sentido, o deficit da balança comercial do estado diminuiu 69,4% em 2016, em relação a 2015, refletindo, sobretudo, a contração de 18,8% das importações, em decorrência das retrações de 14,5% no quantum e 5,0% nos preços. As exportações cresceram 1,4%, favorecidas principalmente pelo aumento das exportações de açúcar de cana em bruto. Destaque-se, ainda, o crescimento de 17,9% das exportações para a China, notadamente de aviões, carne bovina e óleos brutos de petróleo.

Nesse ambiente, a inflação apresentou trajetória descendente no período recente – a variação do IPCA recuou de 0,94%, no terceiro trimestre, para 0,84%, no quarto, favorecida, principalmente, pelo esgotamento da pressão do subgrupo alimentação no domicílio. A inflação de serviços aumentou 0,08 p.p., para 1,59% no quarto trimestre, com destaque para a elevação de 37,85% nas passagens aéreas, mas a inflação de serviços subjacente recuou 0,21 p.p., para 1,27%, no período. Os preços monitorados aumentaram 1,17% no quarto trimestre, após queda de 0,06% no terceiro, ressaltando-se o efeito da elevação das multas de trânsito e do preço da gasolina.

O IPCA variou 6,13% em 2016, ante 11,10% em 2015, evolução decorrente de desacelerações dos preços monitorados, de 20,19% para 6,19%, e dos preços livres, de 8,46% para 6,11%. O movimento dos preços monitorados em 2016 repercutiu as reduções das tarifas de energia elétrica residencial e a forte desaceleração do aumento do preço da gasolina.

Em cenário de arrefecimento do mercado de crédito, distensão do emprego e elevada ociosidade da capacidade instalada de produção, com reflexos sobre a renda e os investimentos, a atividade econômica paulista voltou a retrair no trimestre encerrado em novembro, após dois trimestres consecutivos de recuperação. Nesse ambiente, em que a acomodação da confiança dos agentes econômicos reflete percepção de que uma reação

35

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Dez2013

Mar2014

Jun Set Dez Mar2015

Jun Set Dez Mar2016

Jun Set Dez

Exportação Importação

Gráfico 4.3.6 – Balança Comercial - São PauloAcumulado em 12 mesesUS$ bilhões

Fonte: MDIC/Secex

Tabela 4.3.2 – IPCA – São Paulo

Discriminação Pesos1/ 2015 2016

Ano III Tri IV Tri 12 meses

IPCA 100,0 11,10 0,94 0,84 6,13

Livres 75,6 8,46 1,27 0,73 6,11

Comercializáveis 33,5 8,48 1,45 0,51 6,16

Não comercializáveis 42,1 8,45 1,12 0,90 6,07

Monitorados 24,4 20,19 -0,06 1,17 6,19

Principais itens

Alimentação 24,2 11,33 1,80 -0,58 7,84

Habitação 15,0 21,48 -0,48 0,35 3,42

Artigos de residência 3,7 5,37 0,48 -1,60 1,85

Vestuário 5,4 4,69 0,12 0,44 3,22

Transportes 19,5 10,69 0,50 2,94 3,89

Saúde 12,2 9,58 2,20 1,60 11,87

Despesas pessoais 11,3 9,24 1,16 1,52 7,80

Educação 5,0 9,86 1,06 0,10 8,20

Comunicação 3,7 2,16 0,23 0,85 1,58

Fonte: IBGE

1/ Referente a dezembro de 2016.

5

6

7

8

9

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Dez2013

Mar2014

Jun Set Dez Mar2015

Jun Set Dez Mar2016

Jun Set Dez

Fonte: IBGE e BCB

São Paulo - Serviços São Paulo - Subjacente

Gráfico 4.3.7 – Inflação de Serviços – São Paulovar% 12 meses

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50 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

mais consistente e prolongada da atividade no estado poderá ser mais demorada e gradual, ganham importância a consolidação do processo de ajuste macroeconômico em curso no país e o impacto da evolução favorável da inflação sobre a trajetória das taxas de juros.

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 51

5Região Sul

A trajetória recente dos indicadores do Sul sugere que a retomada da economia será mais lenta do que a projetada previamente, em cenário de interrupção do processo de recuperação em segmentos importantes da cadeia produtiva da região. Considerado o trimestre encerrado em novembro, houve reversão nos indicadores de crescimento da indústria e aprofundamento nos recuos do volume de serviços e do comércio. Ressalte-se que se manteve a melhora dos níveis de confiança dos agentes, em ambiente de alguma estabilização no mercado de trabalho e reação do mercado de crédito, impactado pela sazonalidade do período. Nesse contexto, o IBCR-S registrou, na margem, variações respectivas de -1,1% e 0,7% nos trimestres encerrados em novembro e agosto conforme estatísticas dessazonalizadas. Consi-derados períodos de doze meses, o indicador recuou 3,0% em novembro e 4,0% em agosto.

No âmbito da demanda, as vendas do comércio ampliado recuaram, na margem, 2,0% no trimestre encerrado em novembro, ante -0,8% no finalizado em agosto, destacando-se o desempenho negativo no segmento de veículos, impactado, em especial, pelas condições, ainda restritivas, do mercado de crédito. Excluídas as vendas de veículos e de material de construção, o comércio varejista contraiu 0,4% no trimestre. O Indicador de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), elaborado pela CNC, aumentou 7,1 pontos, para 80,5 pontos, no quarto trimestre de 2016, sugerindo melhora nas perspectivas de consumo.

A despeito do desempenho das vendas, a confiança dos empresários do comércio mostrou importante reação. O Icec, calculado pela CNC, atingiu 96,2 pontos no quarto trimestre do ano (100 pontos indicam neutralidade), com aumentos respectivos de 8,5 pontos e 17,8 pontos em relação ao período anterior e ao último trimestre de 2015. Destaquem-se as expectativas positivas relativamente à contratação de funcionários, após seis trimestres de avaliação negativa nesse componente.

130

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150

155

Nov2013

Fev2014

Mai Ago Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

IBC-Br IBCR-S

Gráfico 5.1 – Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil e Região SulDados dessazonalizados - Média móvel trimestral2002 = 100

80

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100

110

Ago2013

Nov Fev2014

Mai Ago Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

Comércio Serviços IndústriaFonte: IBGE

Gráfico 5.2 – Comércio, serviços e indústria - Sul Dados dessazonalizados – Média móvel trimestral2012 = 100

60

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30

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Mar2014

Jun Set Dez Mar2015

Jun Set Dez Mar2016

Jun Set Dez

Índice de Confiança do Empresário Industrial (eixo da esq.)Índice de Confiança do Empresário do ComércioÍndice de Confiança das Famílias

Fontes: CNI e CNC

Gráfico 5.3 – Confiança dos agentes – SulEm pontos

Linha de confiança

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52 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

A evolução recente do setor de serviços também evidencia a fragilidade do consumo e a inflexão no processo de retomada da atividade. O volume de serviços não financeiros prestados no Sul diminuiu 2,0% no trimestre encerrado em novembro, após contração de 1,3% no trimestre anterior, desem-penho inferior ao observado em nível nacional.

As perspectivas em relação às trajetórias das contratações do comércio e do consumo das famílias refletem, em parte, a evolução recente do mercado de trabalho. Nesse sentido, de acordo com o Caged/MT, foram eliminados 2,9 mil empregos formais na região no trimestre encerrado em novembro (58,9 mil em igual período de 2015) e a retração no nível de emprego formal atingiu 0,4%, ante 0,6% no trimestre finalizado em agosto, dados dessazonalizados. Nesse cenário, a taxa de desocupação, mensurada pela PNADC, atingiu 7,9% no trimestre encerrado em setembro, ante 8,0% no finalizado em junho, repercutindo reduções de 0,3% na PEA e de 0,2% na população ocupada. Apesar da menor ocupação, houve acréscimo de 2,6% na massa salarial real, compatível com a elevação de 2,8% registrada no rendimento médio habitual real.

O mercado de crédito apresentou reação na margem, com ampliação do estoque de operações e estabilidade na taxa de inadimplência. O saldo das contratações com valor superior a R$1 mil realizadas na região somou R$549,2 bilhões em novembro, com variações de 0,7% no trimestre e de -0,2% em doze meses.

A carteira de crédito de pessoas físicas aumentou 1,7% no trimestre, impactada pelas contratações sazonais de crédito rural e pelas modalidades outros créditos livres e cartão de crédito à vista. A carteira do segmento de pessoas jurídicas variou -0,5%, destacando-se o decréscimo no saldo das operações da indústria de transformação e o aumento das contratações do comércio. Os desembolsos com recursos do BNDES recuaram 22,0% nos onze primeiros meses do ano e 23,3% no intervalo de doze meses até novembro, em relação a iguais períodos de 2015.

No âmbito da oferta, a produção industrial, após dois resultados favoráveis em sequência, diminuiu 1,9% no trimestre finalizado em novembro, em relação ao terminado em agosto, segundo dados dessazonalizados da PIM-PF Regional do IBGE, com destaque para o recuo na fabricação de máquinas,

-10

-5

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5

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Ago2014

Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

PF PJ Total

Gráfico 5.5 – Evolução do saldo das operações de crédito – Sul1/

Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$ 1 mil.

Tabela 5.1 – Produção agrícola – SulItens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Pesos1/ Produção2/ Variação %

2015 2016 2016/2015

Grãos 73,1 75 794 73 032 -3,6 Soja 45,3 34 930 35 170 0,7 Milho 11,9 24 417 20 984 -14,1 Arroz (em casca) 9,3 9 925 8 662 -12,7 Trigo 3,6 4 854 6 141 26,5 Feijão 2,5 960 811 -15,5

Outras lavouras Fumo 7,8 850 668 -21,4 Cana-de-açúcar 3,7 48 202 50 877 5,5 Mandioca 2,7 5 892 5 238 -11,1 Maçã 1,7 1 253 1 056 -15,7 Uva 1,5 1014 513 -49,4

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2015.2/ Estimativa segundo o LSPA de dezembro de 2016.

3,5

4,5

5,5

6,5

7,5

8,5

I Tri II Tri III Tri IV Tri

2013 2014 2015 2016

%

Fonte: IBGE (PNADC)

Gráfico 5.4 – Taxa de desocupação – Sul

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 53

aparelhos e materiais elétricos. As expectativas dos empresários do Sul mantiveram-se otimistas no quarto trimestre – o Icei atingiu 51,6 pontos no período, ante 51,7 pontos no trimestre anterior (o indicador varia de 0 a 100).

A safra de grãos da região – que totalizou 73 milhões de toneladas em 2016, de acordo com o LSPA de dezembro do IBGE (39,7% da produção nacional), recuando 3,6% no ano – deverá aumentar 5,8% em 2017, de acordo com o terceiro prognóstico do IBGE. A respeito da produção pecuária, os abates de aves e suínos, criações mais relevantes para a economia regional, aumentaram 3,2% e 5,7%, na ordem, nos onze primeiros meses do ano, em relação a igual período de 2015, segundo dados do Mapa para estabelecimentos fiscalizados pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF).

A retração da atividade econômica impactou o desempenho da balança comercial do Sul, que registrou superavit de US$9,6 bilhões em 2016, ante US$5,0 bilhões no ano anterior. Houve reduções de 15,1% nas importações (-10,2% no quantum e -5,5% em preços), com ênfase nas retrações nas aquisições de combustíveis, automóveis e veículos de carga, e de 1,8% nas exportações (-6,1% nos preços e 4,6% em quantidade), destacando-se o recuo nos embarques de produtos básicos (48,3% do total).

No âmbito fiscal, o superavit primário dos governos dos estados, das capitais e dos principais municípios do Sul atingiu R$829 milhões nos nove primeiros meses do ano. O recuo de 43,9% em relação a igual período de 2015 foi condicionado, em parte, pelas reduções reais na receita de ICMS1 (2,7%) e nas transferências da União (8,7%), incluídos os recursos do FPE e do FPM.

A variação do IPCA2, em trajetória declinante, atingiu 0,44% no último trimestre de 2016, ante 0,82% no terceiro trimestre. Os preços monitorados recuaram 0,60% (energia elétrica residen-cial, -7,39%) e os preços livres, favorecidos pelas altas menos intensas nos preços dos alimentos, variaram 0,03% (0,17% no trimestre anterior). A inflação de serviços acelerou no trimestre, acompa-nhando a evolução da inflação subjacente do setor. O índice de difusão atingiu 53,8%, ante 54,6% no

_______________________________________________________ 1/ Considerado o IGP-DI como deflator. 2/ Calculado com base nos pesos e variações dos subitens que compõem o IPCA das regiões metropolitanas de Porto Alegre e de

Curitiba, ponderados pelos pesos destas regiões na composição do IPCA nacional.

Tabela 5.2 – Exportação por fator agregado – FOBJaneiro-dezembro

US$ milhões

Discriminação Sul Brasil

2015 2016 Var. % Var. %

Total 40 071 39 353 -1,8 -3,1

Básicos 20 339 19 026 -6,5 -9,2

Industrializados 19 733 20 327 3,0 2,7

Semimanufaturados 3 242 3 778 16,6 5,7

Manufaturados1/ 16 491 16 549 0,4 1,6

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui operações especiais.

Tabela 5.3 – Importação por grandes categoriaseconômicas - FOBJaneiro-dezembro

US$ milhões

Discriminação Sul Brasil

2015 2016 Var. % Var. %

Total 35 084 29 774 -15,1 -19,8

Bens de capital 5 232 3 764 -28,1 -16,2

Bens Intermediários 21 346 18 880 -11,6 -17,0

Bens de consumo 5 839 4 966 -15,0 -16,2

Duráveis 1 782 1 422 -20,2 -17,8

Automóveis de passageiros 1 227 1 003 -18,3 -26,0

Semiduráveis e não duráveis 4 058 3 544 -12,7 -14,0

Combustíveis e lubrificantes 2 667 2 164 -18,9 -42,6

Petróleo 2 298 1 104 -52,0 -60,7

Demais 369 1 060 187,3 -31,6

Bens não especificados 0 0 - -19,1

Fonte: MDIC/Secex

Tabela 5.4 – Dívida líquida e necessidades de financiamento – Sul1/

R$ milhões

Discriminação Dívida Dívida2/

2015 Nominal Outros4/ 2016

Dez Primário Juros Total3/ Set

Total 100 214 - 829 8 661 7 832 -2 413 105 632 Gov. estaduais 99 952 - 512 8 586 8 074 -2 422 105 603 Capitais 1 518 - 301 52 - 249 157 1 427 Demais municípios -1 256 - 16 23 7 - 148 -1 398

1/ Inclui inform. dos governos estaduais e de seus principais municípios. Dados

preliminares.2/ A dívida líquida no momento t+1 é a dívida no momento t, mais o resultado nominal e o resultado de outros fluxos.3/ O resultado nominal é a soma dos juros com o resultado primário. 4/ Inclui ajustes decorrentes de variação cambial, reconhec. de dívidas e privatiz.

Fluxos acumulados no ano

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54 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

trimestre anterior e 65,5% em igual período do ano anterior.

O IPCA da região variou 5,74% em 2016, ante 11,87% em 2015, evolução decorrente de desa-celerações dos preços monitorados, de 19,80% para 3,52%, com ênfase no recuo do preço da energia elétrica residencial, e dos preços livres, de 9,58% para 6,44%, influenciada por retrações de preços nos itens tubérculos e automóvel usado. A inflação anual do setor de serviços desacelerou, de 8,23% para 6,83%, e a respectiva inflação subjacente, de 9,94% para 7,39%.

Em linhas gerais, projeta-se retomada gradual da atividade econômica no Sul no decorrer de 2017, com manutenção do processo de distensão no mercado de trabalho nos primeiros meses do ano. A continuidade da reação do mercado de crédito, que deverá ser favorecida pelo ajuste da política monetária em curso, é condição importante para a recuperação do nível de atividade, em especial do setor industrial e do comércio de bens semiduráveis e duráveis. Ressalte-se, ainda, as perspectivas favoráveis associadas à projeção de aumento da produção agrícola em 2017, setor que constitui importante vetor de dinamização da economia regional.

Tabela 5.5 – IPCA – SulVariação % no período

Discriminação Pesos1/ 2015 2016

Ano III Tri IV Tri Ano

IPCA 100,0 11,87 0,82 0,44 5,74

Livres 76,4 9,58 0,93 0,76 6,44

Comercializáveis 37,1 10,24 0,77 0,26 6,32

Não comercializáveis 39,3 8,97 1,08 1,24 6,56

Monitorados 23,6 19,80 0,47 -0,60 3,52

Principais itens

Alimentação 25,9 13,83 0,64 0,13 8,29

Habitação 15,5 20,78 0,17 -1,30 0,06

Artigos de residência 4,4 7,94 0,04 -0,24 2,58

Vestuário 6,6 6,00 0,23 1,24 4,72

Transportes 18,5 10,92 1,63 1,03 4,81

Saúde 11,4 9,60 0,80 1,23 9,57

Despesas pessoais 10,2 9,27 1,22 1,87 7,50

Educação 4,0 8,90 2,25 0,15 10,44

Comunicação 3,5 2,03 0,21 0,14 1,82

Fonte: IBGE

1/ Referentes a dezembro de 2016

6,06,57,07,58,08,59,09,5

10,010,511,0

Dez2013

Mar2014

Jun Set Dez Mar2015

Jun Set Dez Mar2016

Jun Set Dez

Gráfico 5.6 - Inflação de Serviços - SulVariação % em 12 meses

Sul - Serviços Sul - SubjacenteFonte: IBGE

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 55

5.1 − Paraná

O PIB estadual recuou 3,1% no terceiro trimestre e 3,0% nos três primeiros trimestres de 2016, em relação a iguais intervalos de 2015, de acordo com o Ipardes, com destaque para as retrações na produção industrial, especialmente no setor automotivo, e na agropecuária, afetada pela estiagem. Estatísticas mais recentes indicam declínio da atividade econômica na margem – o IBCR-PR recuou 0,4% no trimestre encerrado em novembro, em relação ao finalizado em agosto, quando decrescera 0,5%, nesse tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados. Considerados períodos de doze meses, o indicador diminuiu 3,1% em novembro (-4,0% em agosto).

No âmbito da demanda, as vendas do comércio ampliado recuaram 2,0% no trimestre até novembro, comparativamente ao finalizado em agosto, quando haviam diminuído 1,1%, segundo dados dessazonalizados da PMC. Excluídos os segmentos veículos, motos, partes e peças, e material de construção, as vendas do comércio varejista decresceram, na ordem, 0,6% e 0,4% nos períodos mencionados.

O volume de serviços não financeiros manteve-se em retração no trimestre encerrado em novembro, quando recuou 2,8%, de acordo com dados dessazonalizados da PMS (serviços de informação, -5,5%; transporte, -3,3%).

Apesar destes resultados, a confiança das famílias, avaliada pelo ICF em Curitiba, continuou em elevação em dezembro, mas permanece na zona de incerteza, o que sinaliza percepção de insegurança em termos de emprego, renda e capacidade de consumo. O percentual de famílias endividadas3 diminuiu na margem, atingindo 87,1% em dezembro (89,1% em setembro).

A evolução da demanda reflete, parcialmente, a distensão do mercado de trabalho no estado. Nesse contexto, a taxa de desocupação atingiu 8,5% no terceiro trimestre do ano (6,1% no anterior), enquanto o rendimento médio habitual real e a massa salarial real recuaram 3,6% e 4,0%, respectivamente, nesta mesma base de comparação, de acordo com a PNADC. Adicionalmente, a economia paranaense eliminou

_______________________________________________________ 3/ São consideradas na pesquisa as dívidas contraídas por meio de cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês de lojas,

empréstimo pessoal, aquisições imobiliárias, prestações de automóveis e contratação de seguros.

125

130

135

140

145

150

155

160

165

Ago2013

Nov Fev2014

Mai Ago Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

IBC-Br IBCR-PR

Gráfico 5.1.1 – Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil e ParanáMédia móvel trimestral - dados dessazonalizados2002 = 100

Tabela 5.1.1 – Índice de vendas no varejo – ParanáGeral e setores selecionados

Variação % no período

Setores 2015 2016

Ano Ago1/ Nov1/ 12 meses

Comércio varejista -3,2 -0,4 -0,6 -6,1

Combustíveis e lubrificantes -3,2 0,6 -2,9 -10,2

Hiper e supermercados -1,2 0,1 0,9 -2,1

Tecidos, vestuário e calçados -9,9 0,9 -5,0 -7,9

Móveis e eletrodomésticos -11,6 -3,7 -2,5 -13,1

Comércio ampliado -9,4 -1,1 -2,0 -7,3

Automóveis e motocicletas -19,7 -1,7 -4,4 -8,0

Material de construção -8,7 -1,7 -2,8 -10,9

Fonte: IBGE

1/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados dessazonalizados.

-9-7-5-3-113579

I Tri

II Tr

i

III T

ri

IV T

ri

I Tri

II Tr

i

III T

ri

IV T

ri

I Tri

II Tr

i

III T

ri

IV T

ri

I Tri

II Tr

i

III T

ri

2013 2014 2015 2016

OcupaçãoRendimento real habitualMassa real de rendimentos

%

Gráfico 5.1.2 – Ocupação, rendimento e massa no Paraná – Variação interanual no trimestre

Fonte: IBGE (PNADC)

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56 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

7,4 mil postos de trabalho formais no trimestre encerrado em novembro, ante 24,7 mil em igual período de 2015 (Caged/MT).

O ritmo da atividade econômica segue impactado pelo reduzido dinamismo do mercado de crédito. O saldo das operações superiores a R$1 mil realizadas no estado aumentou 0,3% no trimestre, destacando-se as contratações envolvendo recursos direcionados. A carteira de pessoas físicas variou 1,5% no período, destacando-se as modalidades cartão de crédito à vista e crédito consignado, e a carteira de pessoas jurídicas retraiu 1,2%, condicionada pelo desempenho negativo das modalidades financiamento à exportação e cheque especial/conta garantida. A taxa de inadimplência aumentou 0,05 p.p., para 3,11%, no trimestre, destacando-se a elevação de 0,16 p.p. no segmento de pessoas jurídicas.

Os desembolsos do BNDES para o Paraná totalizaram R$8,6 bilhões nos onze primeiros meses de 2016, recuando 22,8% em relação a igual período de 2015 e 20,7% no intervalo de doze meses encerrado em novembro.

No âmbito da oferta, a produção industrial do Paraná diminuiu 1,5% no trimestre encerrado em novembro, ante aumento de 2,2% no finalizado em agosto, segundo dados dessazonalizados da PIM-PF. Destacaram-se as retrações nos segmentos outros produtos químicos (5,5%) e celulose (5,2%) e os aumentos nas indústrias de máquinas e equipamentos (3,5%) e de alimentos (3,4%).

O Índice de Confiança da Indústria de Transformação (ICIT-PR) e o Índice de Confiança do Empresário da Construção (ICEC-PR) registraram, na ordem, 47,9 pontos e 43,7 pontos em dezembro (54,4 pontos e 53,2 pontos, respectivamente, em setembro), retornando à área de pessimismo após quatro meses.

As vendas de caminhões e ônibus no Paraná totalizaram 1,4 mil unidades no trimestre encerrado em dezembro, retraindo 23,0% em relação a igual período de 2015, de acordo com a Fenabrave-PR e o Sincodiv-PR.

A produção agrícola, vetor relevante na cadeia produtiva do Paraná, decresceu 6,6% em 2016, de acordo com o LSPA. Repercutindo a estiagem observada no estado, houve declínios na produção

-10,0

-5,0

,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

Ago2014

Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

PF PJ Total

Gráfico 5.1.3 – Evolução do saldo das operações de crédito – Paraná1/

Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$1 mil.

Tabela 5.1.2 – Produção industrial – ParanáGeral e setores selecionados

Variação % no período

Setores Pesos1/ 2016

Ago2/ Nov2/ 12 meses

Indústria geral 100,0 2,2 -1,5 -5,9

Produtos alimentícios 22,7 -3,4 3,4 4,0

Deriv. petróleo e biocomb. 19,1 -10,7 -1,0 -12,6

Veículos, reb. e carrocerias 18,4 -0,3 -0,9 -12,7

Máquinas e equipamentos 6,7 31,7 3,5 -3,8

Celulose e prod. papel 5,5 5,6 -5,2 0,6

Outros produtos químicos 4,7 11,3 -5,5 -11,7

Fonte: IBGE1/ Ponderação de atividades no VTI conforme a PIA 2010/IBGE.2/ Variação relativa aos trimestres. encerrados nos períodos t e t-3. Dados dessazonalizados.

30

35

40

45

50

55

60

65

Set2013

Dez Mar2014

Jun Set Dez Mar2015

Jun Set Dez Mar2016

Jun Set Dez

Índice de Confiança da Indústria de TransformaçãoÍndice de Confiança do Empresário da Construção

Fonte: Fiep

Linha de confiança

Gráfico 5.1.4 – Confiança do empresariado – ParanáEm pontos

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 57

de todos os grãos, exceto trigo (1,6%). Projeções da Seab para as culturas de soja (11,0%), milho (32,0% na primeira safra e 32,0% na segunda) e feijão (18,0% na primeira safra e 40,0% na segunda) sugerem recuperação do setor em 2017. O valor bruto da produção (VBP) deverá manter-se estável, em termos reais4, em 2016, conforme estimativa do Mapa.

O comércio exterior contribuiu para atenuar o arrefecimento econômico na região. A balança comercial do Paraná registrou superavit de US$4,08 bilhões em 2016 (US$2,5 bilhões em 2015), reflexo de variações de 1,8% nas exportações (8,2% no quantum e -5,9% nos preços) e de -10,9% nas importações (-1,8% no quantum e -9,3% nos preços), com destaque para os aumentos nas vendas de manufaturados (veículos de carga e automóveis de passageiros) e de semimanufaturados (açúcar de cana em bruto e celulose). Houve diminuição mais intensa nas compras de bens de consumo (18,6%) e de bens de capital (23,3%). China, Argentina e EUA mantêm-se como os principais parceiros comerciais do estado, ressaltando-se os crescimentos das exportações de automóveis para a Argentina (74,7%) e de pedaços e miudezas, comestíveis de galos/galinhas, congelados, para a China (52,1%).

A dinâmica recente do IPCA da Região Metropolitana de Curitiba reforçou a tendência de desinflação mais difundida. O indicador variou 0,28% no quarto trimestre (0,48% no terceiro), desaceleração decorrente, em especial, do recuo na variação dos preços livres (de 0,95% para 0,39%), principalmente em decorrência da redução nos preços da alimentação. A variação dos preços monitorados passou de -1,06% para -0,09%, no período, com destaque para os recuos nos itens gasolina e tarifa de energia elétrica residencial, e para o aumento de 3,24% nos planos de saúde. O índice de difusão atingiu média de 50,3% no quarto trimestre (61,8% em igual período de 2015).

O IPCA da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) variou 4,45% em 2016, ante 12,57% em 2015. O padrão desinflacionário foi disseminado em todos os grupos, exceto educação. A inflação dos preços monitorados recuou de 22,55% para 1,30%, destacando-se os impactos da redução de 21,53% no item tarifa de energia elétrica residencial e a menor alta no preço da gasolina. A inflação dos preços livres recuou de 9,84%, em 2015, para 5,42%,

_______________________________________________________ 4/ Considerado o IGP-DI como deflator.

Tabela 5.1.3 – Produção agrícola – ParanáItens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Peso1/ Produção2/ Variação %

2015 2016 2016/2015

Grãos3/ 76,2 37 525 35 032 -6,6

Soja 49,1 17 229 16 824 -2,4

Milho 16,5 15 777 13 724 -13,0

Trigo 5,8 3 331 3 384 1,6

Feijão 4,1 726 600 -17,4

Outras lavouras

Cana-de-açúcar 7,7 47 368 49 741 5,0

Fumo 3,4 180 148 -17,6

Batata-inglesa 2,7 844 777 -8,0

Mandioca 2,5 4 313 3 744 -13,2

Fonte: IBGE1/ Por valor da produção – PAM 20152/ Estimativa segundo o LSPA de dezembro de 2016.3/ Cereais, leguminosas e oleaginosas.

Tabela 5.1.4 – IPCA – RMCVariação %

Discriminação Pesos1/ 2015 2016

Ano III Tri IV Tri Ano

IPCA 100,0 12,57 0,48 0,28 4,45

Alimentação 24,8 13,85 0,88 -0,51 7,54

Habitação 16,6 23,25 -1,71 0,05 -2,03

Artigos de residência 4,2 8,07 -0,10 -1,12 -0,17

Vestuário 6,9 7,96 0,78 -0,12 3,43

Transportes 19,2 10,23 1,91 0,58 3,80

Saúde 11,5 10,08 -0,07 1,15 8,43

Despesas pessoais 10,0 9,99 0,79 2,02 7,07

Educação 3,4 9,89 1,79 0,14 10,17

Comunicação 3,3 2,91 0,30 0,09 1,16

Fonte: IBGE1/ Referentes a dezembro de 2016.

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58 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

em 2016, resultado de desacelerações dos preços dos bens não comercializáveis (de 8,53% para 6,61%) e dos comercializáveis (de 11,31% para 5,24%), comportamento favorecido, em parte, pela depreciação cambial ocorrida no período. Seguindo a tendência nacional, a inflação de serviços também desacelerou (de 8,53% para 6,61%), ressaltando-se a queda dos preços no item hospitalização e cirurgia (5,07%) e a desaceleração nos itens aluguel residencial e condomínio. A dinâmica do componente subjacente de serviços reforça o quadro desinflacionário no segmento (recuo de 9,74% em 2015 para 6,41% em 2016).

As perspectivas para a economia paranaense em 2017 são de retomada gradual da atividade, favorecida pela recuperação da produção agrícola, que exerce contribuição acentuada para a cadeia produtiva do estado. Devem ser considerados, ainda, os impactos do processo de ajuste macroeconômico em curso no país e da redução nas taxas de juros.

4

5

6

7

8

9

10

11

12

Dez2012

Abr2013

Ago Dez Abr2014

Ago Dez Abr2015

Ago Dez Abr2016

Ago Dez

Inflação subjacente - RMCIPCA – Serviços (POF 2009) - RMC

Gráfico 5.1.5 – Inflação de serviços - RMCVariação % em 12 meses

Fonte: IBGE e BCB

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 59

5.2 − Rio Grande do Sul

O PIB do estado recuou 1,7% no terceiro trimestre de 2016, em relação a igual período de 2015 (-3,1% no trimestre anterior), segundo a FEE, decorrente de retrações de 4,6% na indústria e de 1,6% nos serviços, e de crescimento de 2,1% da agropecuária, importante segmento de dinamização da economia gaúcha. Ressalte-se que o indicador registrou recuo menos intenso pelo terceiro trimestre consecutivo, nessa base de comparação. Estatísticas mais recentes indicam continuidade da tendência de declínio do nível da atividade econômica na margem – o IBCR-RS, impactado negativamente pelo desempenho do setor industrial, recuou 0,9% no trimestre finalizado em novembro, em relação ao encerrado em agosto, quando havia aumentado 0,2%, considerados dados dessazonalizados.

A trajetória dos indicadores de demanda segue repercutindo os desempenhos modestos, mesmo com alguma recuperação na margem, dos mercados de trabalho e de crédito. Nesse contexto, agravado pelo endividamento das famílias, as vendas do comércio ampliado recuaram 2,9% no trimestre encerrado em novembro, em relação ao terminado em agosto, quando decresceram 1,0%, neste tipo de comparação. Destacaram-se as retrações nas vendas de veículos (9,6%) e de material de construção (3,5%). O volume de serviços não financeiros diminuiu, na margem, 0,9% no trimestre finalizado em novembro, ante -1,0% no encerrado em agosto, segundo dados da PMS do IBGE.

Indicador do endividamento, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das Famílias Gaúchas (Peic) revelou que os percentuais de famílias endividadas e com contas em atraso aumentou de 59,8% e 21,3%, respectivamente, no terceiro trimestre, para, 68,0% e 28,5%, no quarto trimestre de 2016. Apesar deste ambiente, a confiança dos empresários do comércio melhorou na margem – o Icec, embora persistindo na zona de pessimismo (inferior a 100 pontos), atingiu 95,8 pontos no quarto trimestre do ano, ante 89,8 pontos no terceiro e 77,9 pontos em igual período de 2015.

O mercado de trabalho do estado segue apresentando sinais de estabilização. Nesse contexto, estatísticas do Caged/MT mostram que a economia gaúcha criou 749 postos formais no trimestre encerrado em novembro (redução de 18,9 mil vagas em igual trimestre de 2015), resultado

130

135

140

145

150

155

Nov2013

Fev2014

Mai Ago Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

IBC-Br IBCR-RS

Gráfico 5.2.1 – Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil e Rio Grande do SulDados dessazonalizados Média móvel trimestral (2002 = 100)

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

I Tri II Tri III Tri IV Tri

2013 2014 2015 2016

%

Fonte: IBGE (PNADC)

Gráfico 5.2.2 – Taxa de desocupação – RS

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60 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

associado à sazonalidade do período, especialmente nas indústrias de alimentos e bebidas e no comércio varejista, e ao arrefecimento no ritmo de demissões em outros segmentos. Adicionalmente, de acordo com a PNADC do IBGE, a taxa de desocupação atingiu 8,2% no terceiro trimestre, ante 8,7% no anterior, recuo decorrente de crescimento da população ocupada e redução da PEA, com impactos positivos sobre o rendimento médio e a massa salarial.

Nesse cenário, o ICF, divulgado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), manteve-se na zona que denota falta de confiança (abaixo de 100 pontos), mas houve melhora na margem, 63,3 pontos no quarto trimestre, ante 57,0 pontos no trimestre anterior. Esse comportamento foi observado tanto nos consumidores com renda de até dez salários mínimos quanto naqueles com renda superior.

Embora apresentasse reação no trimestre encerrado em novembro, o mercado de crédito segue mostrando pouco dinamismo. As operações de crédito superiores a R$1 mil aumentaram 1,3% em relação ao trimestre até agosto e 0,1% em doze meses. A evolução trimestral repercutiu aumentos nas carteiras de pessoas físicas (1,9%), com destaque para a modalidade financiamentos rurais, e de pessoas jurídicas (0,4%), sobressaindo as operações com o comércio atacadista, exceto veículos e motocicletas. A inadimplência das operações de crédito variou 0,1 p.p., para 3,4%, no trimestre, reflexo de aumento de 0,3 p.p. no segmento de pessoas jurídicas e de estabilidade no de físicas.

Os desembolsos com recursos do BNDES recuaram 25,5% nos onze primeiros meses do ano e 27,8% em doze meses até novembro, em relação a iguais períodos de 2015.

A reação do mercado de crédito e as perspectivas otimistas dos empresários da indústria foram insuficientes para impactar o nível da atividade do setor, que segue operando com elevada ociosidade. A produção industrial recuou, na margem, 1,1% no trimestre encerrado em novembro, ante elevação de 1,0% no trimestre finalizado em agosto, conforme a PIM-PF Regional, do IBGE. Note-se que a indústria de transformação vem repercutindo a oscilação na fabricação de veículos automotores,

-10

-5

0

5

10

15

20

Ago Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

PF PJ Total

Gráfico 5.2.3 – Evolução do saldo das operações de crédito – Rio Grande do Sul1/

Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$1 mil.

80

90

100

110

120

Ago2013

Nov Fev2014

Mai Ago Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov

Comércio Serviços IndústriaFonte: IBGE

Gráfico 5.2.4 – Comércio, serviços e indústria - RS Dados dessazonalizados – Média móvel trimestral2012 = 100

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 61

decorrente de paradas e retomadas de produção, com vistas à adequação de estoques. Nesse trimestre, a produção automotiva recuou 10,9% em relação ao trimestre finalizado em agosto, quando havia aumentado 10,1%, neste tipo de comparação. O Icei diminuiu 0,3 p.p., para 52,5 pontos, no quarto trimestre de 2016, mantendo-se na área que indica otimismo dos empresários industriais (acima dos 50 pontos) – destaque para a evolução do componente que avalia as expectativas para os próximos seis meses.

Ainda no âmbito da oferta, a safra gaúcha de grãos atingiu 31,9 milhões de toneladas em 2016 (17,3% da produção nacional), elevando-se 0,3% no ano, com destaque para o aumento de 3,2% na produção de soja. O VBP real dos principais produtos agrícolas gaúchos deverá diminuir 0,6% em 2016, conforme o Mapa. Para 2017, o IBGE estima aumentos nas produções de culturas importantes no estado, em especial soja, arroz e milho.

O superavit da balança comercial do estado aumentou 10,3% em 2016, evolução decorrente de recuos de 17,0% nas importações e de 5,3% nas exportações, associados, em especial, às reduções de 15,8% e 5,8% nos respectivos preços. O desempenho das importações foi condicionado, sobretudo, pelo cenário de depreciação do câmbio e retração da demanda interna, e o das exportações, pela redução de 8,2% nas vendas de soja, principal produto da pauta exportadora.

O IPCA da região metropolitana de Porto Alegre, ratificando o processo de desaceleração dos preços no estado, variou 0,58% no quarto trimestre do ano, ante 1,13% no terceiro. Esta evolução repercutiu, em especial, o recuo de 1,05% nos preços monitorados, que haviam variado 1,82% no trimestre anterior, contrastando com a aceleração, de 0,92% para 1,11%, registrada nos preços livres. A inflação de serviços passou de 1,39% para 1,47% no período, e a inflação subjacente no setor acelerou, de 1,11% para 1,37%. O índice de difusão atingiu 52,2%, ante 51,7% no terceiro trimestre e 59,1% em igual intervalo de 2015.

O IPCA da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) variou 6,95% em 2016, ante 11,21% em 2015, evolução associada a desacelerações nos preços monitorados, de 17,44% para 5,51%, e nos preços livres, de 9,34% para 7,41%. A inflação

Tabela 5.2.1 – Produção agrícola – Rio Grande do SulItens selecionados

Em mil toneladasDiscriminação Pesos1/ Produção2/ Variação %

2015 2016 2016/2015

Grãos 75,7 31 821 31 910 0,3

Soja 47,2 15 700 16 206 3,2

Arroz 18,5 8 679 7 493 -13,7

Milho 6,6 5 564 4 730 -15,0

Trigo 2,1 1 392 2 540 82,5

Feijão 0,7 95 88 -8,0

Outras lavouras

Fumo 8,9 415 325 -21,6

Mandioca 3,3 1 155 1 108 -4,1

Uva 2,4 876 414 -52,8

Maçã 1,7 599 485 -18,9

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2015.2/ Estimativa segundo o LSPA de dezembro de 2016.

Tabela 5.2.2 – Exportações por principais setores do Rio Grande do Sul: Janeiro-dezembro

US$ milhõesDiscriminação Valor

2015 2016 Var. %

Agricultura e pecuária 4 648 4 075 -12,3

Indústria de transformação1/ 12 848 12 479 -2,9

Alimentos e bebidas 3 853 3 513 -8,8

Fumo 1 600 1 644 2,8

Produtos químicos 1 835 1 642 -10,5

Veículos 966 1 019 5,5

Calçados e couros 977 979 0,2

Máquinas e equipamentos 867 806 -7,0

Celulose, papel e prod de papel 352 636 80,7

Produtos de metal 392 409 4,3

Borracha e plástico 326 290 -11,0

Móveis 183 179 -2,2

Madeira 139 174 25,2

Fonte: MDIC/Secex

1/ Itens selecionados.

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62 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

subjacente no setor de serviços atingiu 6,95% no ano (9,34% em 2015).

As perspectivas para a economia gaúcha em 2017 incorporam crescimento modesto do PIB, segundo estimativas da Fiergs, que projeta estabilidade para a produção industrial, contração para o setor de serviços e crescimento da agropecuária. A taxa de desemprego deverá permanecer elevada, sobretudo no primeiro semestre, tendo em vista a defasagem de reação do mercado de trabalho. Adicionalmente, projeta-se, no setor externo, suavização no processo de redução das importações e, no fiscal, a repercussão do baixo nível de atividade sobre as receitas estaduais, que deve impulsionar a renegociação das dívidas refinanciadas pela União. Ressalte-se que este quadro poderá ser mais favorável à medida que os impactos do processo de ajuste em curso no país e da redução nas taxas de juros passem a incentivar efetivamente a atividade econômica.

Tabela 5.2.3 – IPCA – RMPAVariação % no período

Discriminação Pesos1/ 2015 2016

Ano III Tri IV Tri Ano

IPCA 100,0 11,21 1,13 0,58 6,95

Livres 75,7 9,34 0,92 1,11 7,41

Comercializáveis 37,1 9,26 0,54 0,46 7,32

Não comercializáveis 38,6 9,42 1,29 1,74 7,50

Monitorados 24,3 17,44 1,82 -1,05 5,51

Principais itens

Alimentação 27,0 13,80 0,43 0,67 8,93

Habitação 14,4 18,13 2,20 -2,72 2,38

Artigos de residência 4,6 7,83 0,16 0,52 5,01

Vestuário 6,2 4,03 -0,33 2,69 6,07

Transportes 17,8 11,61 1,35 1,48 5,81

Saúde 11,4 9,14 1,64 1,30 10,65

Despesas pessoais 10,5 8,66 1,61 1,73 7,88

Educação 4,5 8,20 2,58 0,15 10,63

Comunicação 3,6 1,28 0,14 0,18 2,38

Fonte: IBGE

1/ Referentes a dezembro de 2016

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 63

6Inferências nacionais a partir dos indicadores regionais

A atividade econômica registrou desempenho inferior ao esperado nos meses recentes, evidenciado pela ausência de reversão de resultados negativos assinalados no início do segundo semestre de 2016. Esse contexto reforçou a perspectiva de que a retomada da atividade econômica venha a ser mais demorada e gradual que a antecipada previamente. Ressalte-se, entre os fatores adversos que contribuem para justificar a evolução desfavorável da atividade nos últimos meses, o efeito da estiagem sobre o desempenho agrícola, os persistentes desafios fiscais nas diferentes esferas governamentais e a persistência de eventos não econômicos, com impactos negativos sobre os indicadores de confiança. Nesse cenário, a economia brasileira continua com elevado nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos reduzidos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na trajetória da taxa de desemprego.

O IBC-BR diminuiu 0,5% no trimestre encerrado em novembro, em relação ao terminado em agosto, em termos dessazonalizados (Tabela 6.1), refletindo recuos da atividade em quatro regiões do País, em especial no Norte (-2,5%), condicionada por retrações na produção das indústrias extrativa e de transformação, e nos gastos com consumo; e no Sul (-1,1%), onde predominaram a reversão nos indicadores de crescimento da indústria e o aprofundamento nos recuos do volume de serviços e do comércio. Apenas no Nordeste a atividade não retraiu no trimestre, evolução associada à desaceleração na contração nas vendas do comércio, que, de certa forma, neutralizou os efeitos do desempenho negativo na maior parte dos segmentos da indústria.

As vendas do comércio ampliado no país perma-neceram decrescentes no trimestre encerrado em novembro, evolução consistente com a distensão no mercado de trabalho e com o ambiente mais restritivo do mercado de crédito (Tabela 6.2). Houve recuos nas vendas em todas as regiões, destacando-se os assinalados no Centro-Oeste, em especial em

Tabela 6.1 – Índice de Atividade Banco Central – IBCBrasil e regiões1/

%

Discriminação 2015 2016

Nov Fev Mai Ago Nov

Brasil -1,4 -1,4 -0,9 -0,1 -0,5

Norte -1,9 -1,4 1,2 0,7 -2,5

Nordeste -2,0 -1,5 -1,7 -1,0 0,0

Centro-Oeste -0,5 -1,4 -1,2 -1,2 -0,7

Sudeste -1,3 -1,5 0,4 0,3 -0,8

Sul -1,3 -1,0 0,3 0,7 -1,1

1/ Variação do trimestre em relação ao anterior; séries com ajuste sazonal. O resultado nacional não representa necessariamente a média dos resultados regionais.

Tabela 6.2 – Índice de volume de vendasBrasil e regiões1/

Variação percentual

Discriminação 2015 2016

Nov Fev Mai Ago Nov

Comércio varejista

Brasil -0,6 -3,2 -0,9 -0,8 -1,0

Norte -1,4 -4,8 -3,5 -2,4 -1,7

Nordeste -1,8 -3,4 -2,4 -2,0 -0,1

Centro-Oeste -1,9 -3,5 -2,7 -1,5 -1,9

Sudeste 0,2 -2,9 -0,8 0,0 -1,8

Sul -2,1 -2,0 -0,7 0,1 -0,4

Comércio ampliado

Brasil -3,0 -1,7 -2,3 -2,3 -1,6

Norte -3,8 -2,0 -4,2 -3,3 -2,5

Nordeste -4,5 -2,5 -2,7 -1,9 -1,4

Centro-Oeste -5,2 -2,4 -2,6 -2,4 -3,0

Sudeste -2,2 -1,7 -2,3 -2,6 -1,5

Sul -3,3 -2,0 -0,9 -0,8 -2,0

Fonte: IBGE e BCB

1/ Variação do trimestre em relação ao anterior; séries com ajuste sazonal.

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64 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

Mato Grosso, e no Norte. O comércio varejista no país, excluídos os segmentos veículos e material de construção – mais suscetíveis às condições do mercado de crédito – registrou retração menos intensa no trimestre, ressaltando-se reduções mais moderadas no Nordeste e no Sul.

Prospectivamente, as vendas tendem a manter desempenho modesto nos próximos meses, segundo o Índice de Confiança do Empresário do Comércio, elaborado pela CNC, que se manteve, em dezembro, em patamar próximo ao nível de indiferença. O indicador da Intenção de Consumo das Famílias, também divulgado pela CNC, manteve-se, em janeiro, no mesmo nível do registrado em dezembro, com crescimento moderado no Norte e Sul e pequenas reduções nas demais regiões.

A retração no volume de serviços, compatível com o momento de retração da renda disponível, se intensificou no trimestre finalizado em novembro, quando atingiu 2,7% em relação ao terminado em agosto, segundo dados dessazonalizados da PMS do IBGE. Destacaram-se as reduções no Centro-Oeste, em especial em Mato Grosso (20,1%); no Norte e no Sudeste, onde o recuo refletiu, entre outros fatores, o término das atividades associadas às olimpíadas.

O mercado de crédito segue refletindo a menor demanda por recursos pelas famílias e empresas, em contexto de redução da renda, baixo dinamismo da atividade econômica e gradual desalavancagem dos agentes. Nesse sentido, o estoque das operações de crédito superiores a R$1 mil realizadas no país atingiu R$3,0 trilhões em novembro, diminuindo 0,4% no trimestre e 1,8% em doze meses (Tabela 6.4). Os recuos, em bases trimestral e interanual, repercutiram as reduções das carteiras de pessoas jurídicas, de modo destacado, no Sudeste. Ressalte-se, no âmbito do crédito às empresas, os menores desembolsos de recursos pelo BNDES, que dimi-nuíram 32,9% em doze meses até novembro, e à liquidação antecipada de empréstimos por grandes empresas.

A inadimplência das operações de crédito superi-ores a R$1 mil atingiu 3,5% em novembro, no Brasil, com aumentos de 0,1 p.p. no trimestre e de 0,3 p.p. em doze meses (Tabela 6.5). Ressalte-se que as elevações da inadimplência no âmbito das pessoas jurídicas, em bases trimestrais e interanuais, foram condicionadas, em boa parte, pelas elevações no Centro-Oeste.

Tabela 6.3 –Volume de serviçosBrasil e regiões1/

%

Discriminação 2015 2016

Nov Fev Mai Ago Nov

Brasil -1,4 -1,7 -0,8 -0,7 -2,7

Norte -1,6 -2,1 -2,4 -2,8 -4,2

Nordeste -1,6 -1,9 -2,4 -1,6 -1,2

Centro-Oeste 0,5 0,8 -5,4 -1,5 -6,7

Sudeste -1,6 -0,6 -0,9 -0,1 -2,8

Sul -0,8 -1,0 -2,6 -1,3 -2,0

Fonte: IBGE e BCB1/ Variação do trimestre em relação ao anterior; séries com ajuste sazonal.

Tabela 6.4 – Operações de crédito do SFN1/

Novembro de 2016R$ bilhões

Discriminação Saldo Variação percentual (%)PJ PF Total Trimestre 12 meses

PJ PF Total PJ PF Total

Brasil 1 521 1 525 3 046 -1,5 0,8 -0,4 -6,6 3,5 -1,8

Norte 42 74 116 -1,9 0,5 -0,4 -10,1 3,9 -1,6

Nordeste 157 240 398 -1,8 0,6 -0,4 -6,8 4,2 -0,4

Centro-Oeste 132 194 326 -0,2 1,4 0,7 -6,9 4,2 -0,6

Sudeste 950 708 1 658 -1,9 0,4 -0,9 -6,7 2,7 -2,9

Sul 239 309 548 -0,5 1,7 0,7 -5,4 4,3 -0,2

1/ Operações com saldo superior a R$1 mil.

Tabela 6.5 – Inadimplência do crédito do SFN1/

Novembro de 2016

Discriminação Inadimplência Variação em p.p.PJ PF Total Trimestre 12 meses

PJ PF Total PJ PF Total

Brasil 3,2 3,7 3,5 0,2 -0,0 0,1 0,7 -0,3 0,3

Norte 5,3 4,5 4,8 -0,1 0,1 0,0 1,3 -0,1 0,4

Nordeste 4,1 4,5 4,3 0,2 -0,0 0,1 0,5 -0,4 -0,0

Centro-Oeste 4,4 3,4 3,8 0,9 -0,0 0,3 1,6 -0,1 0,6

Sudeste 2,7 3,8 3,2 0,2 -0,0 0,1 0,7 -0,3 0,3

Sul 3,7 2,8 3,2 0,1 -0,0 0,0 0,5 -0,3 0,0

1/ Operações com saldo superior a R$1 mil com pelo menos uma parcela em atraso superior a 90 dias.

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 65

O mercado de trabalho segue em distensão no país, em ambiente de ociosidade elevada dos fatores de produção e retomada da atividade em ritmo inferior ao projetado em meados de 2016. Nesse cenário, a economia brasileira eliminou 230,8 mil postos de trabalho formais no trimestre encerrado em novembro, ante 395,4 mil em igual período de 2015, de acordo com o Caged/MT (Tabela 6.6). Essa menor redução do emprego formal, sugerindo alguma reação do mercado de trabalho, repercutiu a ocorrência de resultados mais favoráveis em todas as regiões, com ênfase nos recuos nos desliga-mentos no Sul e no Sudeste.

A taxa de desocupação, divulgada pela PNAD Contínua, do IBGE, persiste em trajetória de alta no país, atingindo 11,8% no terceiro trimestre de 2016, comparativamente a 8,9% em igual período de 2015 (Tabela 6.7). Em nível regional, Nordeste e Sudeste apresentaram as maiores taxas de desocupação, 14,1% e 12,3%, com elevações interanuais mais intensas. No Nordeste a taxa resultou de reduções expressivas da população ocupada, 6,4%, e da força de trabalho, 2,8%, enquanto no Sudeste, da combinação de recuo moderado da população ocupada, 1,1%, – em especial, na indústria −, e aumento da força de trabalho, 2,5%.

A queda da ocupação na indústria reflete o desempenho do segmento que, após esboçar recuperação nos trimestres finalizados em maio e em agosto, recuou 2,6% no trimestre encerrado em novembro (Tabela 6.8)1, reflexo de resultados negativos em todas as regiões. A análise do desempenho do setor no Sul e do Sudeste, representantes de 81,2% da indústria nacional, revela recuo de 1,9% da atividade fabril na primeira região, com destaque para a queda na fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos. No Sudeste, houve retração de 2,0% na indústria de transformação e crescimento de 1,8% na indústria extrativa. Destaque-se, ainda, a redução de 7,2% na produção industrial do Centro-Oeste, especial-mente, pela menor produção de açúcar e de produtos derivados do milho.

A despeito do resultado trimestral negativo, as expectativas dos empresários do Sul mantiveram-se otimistas no quarto trimestre de 2016, segundo o Icei da CNI, contrastando com a evolução registrada no Sudeste, onde o indicador recuou e atingiu 44,8

_______________________________________________________ 1/ O processo de dessazonalização é realizado com cada série estatística independentemente, de modo que a evolução da série agregada nem sempre resulta em combinação de suas partes.

Tabela 6.7 – Taxa de desocupação%

Discriminação1/ 2015 2016

III Tri IV Tri I Tri II Tri III Tri

Brasil 8,9 9,0 10,9 11,3 11,8

Norte 8,8 8,6 10,5 11,2 11,4

Nordeste 10,8 10,5 12,8 13,2 14,1

Centro-Oeste 7,5 7,4 9,7 9,7 10,0

Sudeste 9,0 9,6 11,4 11,7 12,3

Sul 6,0 5,7 7,3 8,0 7,9

Fonte: IBGE

1/ Taxa trimestral.

Tabela 6.8 – Produção física da indústriaBrasil e regiões1/

%

Discriminação Peso2/ 2015 2016

Nov Fev Mai Ago Nov

Brasil 100,0 -3,8 -2,8 0,1 0,7 -2,6

Norte 5,9 1,0 -2,0 3,9 1,3 -2,1

Nordeste 9,5 -3,8 -2,6 2,7 -0,8 -2,2

Centro-Oeste 3,5 -0,7 -3,2 -1,5 -2,4 -7,2

Sudeste 62,7 -4,0 -3,6 2,2 0,8 -1,3

Sul 18,5 -2,9 -1,5 0,3 1,0 -1,9

Fontes: IBGE e BCB1/ Variação do trimestre em relação ao anterior; séries com ajuste sazonal.2/ Participação no Valor da Transformação Industrial (VTI), segundo a PIA 2010.

Tabela 6.6– Geração de postos de trabalho1/

Mil

Discriminação 2015 2016

Nov Fev Mai Ago Nov

Brasil -395,4 -800,5 -254,2 -219,7 -230,8

Norte -35,6 -49,0 -22,2 -10,2 -16,8

Nordeste -7,5 -159,8 -92,4 -16,4 8,2

Centro-Oeste -48,5 -48,3 -2,1 -1,7 -39,8

Sudeste -244,9 -453,3 -99,3 -144,0 -179,5

Sul -58,9 -90,1 -38,2 -47,5 -2,9

Fonte: MT

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês indicado.

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66 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

pontos, em dezembro, após permanecer na zona de otimismo de agosto a outubro. No Nordeste, Centro-Oeste e Norte o indicador revelou melhora moderada das expectativas.

Ainda em relação ao comportamento da oferta, a produção de grãos do país em 2016, 184,0 milhões de toneladas, recuou 12,2% em relação à safra de 2015, de acordo com o LSPA do IBGE (Tabela 6.9). O resultado desfavorável repercutiu, principalmente, os desempenhos das regiões Centro-Oeste e Nordeste afetadas por condições climáticas adversas, com perdas relevantes nas safras de milho, em ambas as regiões, e soja, especialmente no Nordeste. A produção do Sul, embora também prejudicada pelo clima, foi parcialmente compen-sada pela expansão na safra de trigo. O prognóstico para a produção nacional de grãos em 2017 eleva a safra para nível superior ao de 2015, representando aumento de 16,1%, comparativamente a 2016, e recuperação nas regiões mais atingidas nesse ano, com prováveis efeitos positivos sobre a cadeia produtiva e a demanda local.

No âmbito fiscal, embora os passos iniciais no processo das reformas tenham sido positivos até o momento, o que pode sinalizar maior celeridade de sua aprovação, o processo de ajuste das contas públicas é longo e envolve incertezas. Nesse cenário, a retração da atividade econômica persiste impactando o nível das receitas dos governos dos estados, das capitais e dos principais municípios, cujo superavit primário recuou de R$21,2 bilhões, nos nove primeiros meses de 2015, para R$8,0 bilhões em igual período de 2016 (Tabela 6.10). A piora evidenciou, em grande parte, a reversão do resultado do Nordeste, evolução influenciada, em grande parte, pela retração real – considerado o IGP-DI como deflator – na arrecadação de ICMS, que atingiu 6,6% no período de doze meses finalizado em outubro, em relação a igual período de 2015, segundo a Cotepe-MF. A reorganização das contas dessas esferas tende a constituir fator benéfico à recuperação da economia no médio e no longo prazo, contribuindo para a retomada do círculo virtuoso de crescimento.

O comércio internacional obteve melhores resul-tados em 2016. O superavit da balança comercial do país totalizou US$47,7 bilhões em 2016, ante US$19,7 bilhões em 2015, aumento associado, fundamentalmente, à retração acentuada nas importações (Tabela 6.11). Os superavits mais

Tabela 6.9 – Estimativa da produção anual de grãos1/

Brasil e regiõesEm milhões de toneladas

Discriminação Peso2/ Variação %

2015 2016 2016/2015

Brasil 100,0 209,7 184,0 -12,2

Norte 3,6 7,7 6,7 -12,5

Nordeste 10,4 16,4 9,5 -42,0

Centro-Oeste 39,4 89,7 75,1 -16,3

Sudeste 8,8 20,1 19,6 -2,1

Sul 37,8 75,8 73,0 -3,6

Fonte: IBGE

1/ Cereais, leguminosas e oleaginosas.2/ Participação no valor da produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas – PAM 2014.3/ Estimativa segundo o LSPA de dezembro de 2016.

Produção3/

Tabela 6.11 – Balança comercial regional – FOBJaneiro-Dezembro

US$ bilhões

Região

2015 2016 2015 2016 2015 2016

Total 191,1 185,3 171,5 137,6 19,7 47,7

Norte 13,2 12,9 10,6 8,0 2,6 4,8

Nordeste 14,7 12,8 21,4 17,5 -6,8 -4,7

Centro-Oeste 24,0 22,8 9,3 7,6 14,7 15,1

Sudeste 94,4 91,8 94,8 74,6 -0,4 17,3

Sul 40,1 39,4 35,1 29,8 5,0 9,6

Outros1/ 4,8 5,6 0,2 0,0 4,6 5,6

Fonte: MDIC/Secex1/ Referem-se a operações não classificadas regionalmente.

Exportações Importações Saldo

Tabela 6.10 – Necessidades de financiamento de estados e municípios1/

R$ milhõesRegião

2015 2016Jan-set Jan-set

Norte - 592 - 840Nordeste -4 060 1 361Centro-Oeste -3 396 -1 588Sudeste -11 665 -6 091Sul -1 477 - 829

Total -21 190 -7 987

1/ Inclui informações dos estados e de seus principais municípios.

(-) superavit (+) deficit

Resultado primário

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 67

relevantes ocorreram no Sudeste, repercutindo retrações de 24,1% das importações, especialmente do quantum (-16,8%), e de 2,8% das exportações, prejudicadas pela diminuição das vendas de óleos brutos de petróleo e de minério de ferro; e no Centro-Oeste, onde as exportações recuaram 5,1%, com ênfase no impacto da redução de 6,1% nos preços dos produtos exportados, e as importações, evidenciando a perda de dinamismo da demanda doméstica, recuaram 18,2%, ressaltando-se as reduções nas aquisições de gás natural, automóveis e partes e peças para produção de veículos.

O ritmo da atividade econômica, a continuidade do processo de distensão do mercado de trabalho e os resultados iniciais favoráveis do ajuste macroeco-nômico em curso têm contribuído para a continuidade do processo de desinflação. A desace-leração da inflação persistiu no quarto trimestre de 2016, quando o IPCA variou 0,74%, ante 1,04% no trimestre anterior (Tabela 6.12), evolução associada à desaceleração dos preços livres, cujo impacto sobrepôs-se à aceleração dos preços monitorados. Houve recuos da inflação em todas as regiões, com ênfase no Norte, associado à reversão de elevações nos preços de itens agropecuários relevantes da cesta local, e no Sul, refletindo menores aumentos em alimentos e energia elétrica. A inflação de serviços declinou no Norte e no Sudeste, elevando-se nas demais regiões. A inflação subjacente de serviços, no entanto, tem dado sinais de desaceleração, especialmente no Norte e Nordeste.

Considerada a inflação no ano, os índices declinaram comparativamente a 2015 em todas as regiões, mais intensamente no Sul, onde atingiu 5,74% no ano, Centro-Oeste e Sudeste. Esse movimento corres-pondeu preponderantemente à desaceleração dos preços monitorados, embora os preços livres também tenham declinado, de forma significativa, principalmente no Sul e no Nordeste. A trajetória da variação dos preços dos serviços também é declinante, assim como a inflação subjacente de serviços.

A análise da conjuntura sugere que a atividade econômica segue aquém do esperado, inclusive no último trimestre de 2016, e que sua retomada deve ser mais demorada e gradual que a antecipada previamente. Adicionalmente, a economia segue operando com alto nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos baixos índices de

Tabela 6.12 – IPCAVariação trimestral1/

%

Discriminação Peso 2015 2016

Dez Mar Jun Set Dez

IPCA

Brasil 100,0 2,82 2,62 1,75 1,04 0,74

Norte 4,2 3,76 2,72 2,03 1,28 0,57

Nordeste 14,8 2,88 2,86 1,95 1,17 1,03

Centro-Oeste 7,1 3,34 2,25 1,26 1,21 0,99

Sudeste 57,6 2,68 2,58 1,77 1,02 0,73

Sul 16,3 2,74 2,71 1,67 0,82 0,44

Livres

Brasil 2,74 2,89 1,56 1,21 0,74

Norte 3,73 3,66 2,20 1,24 0,33

Nordeste 3,04 3,29 1,45 1,18 0,96

Centro-Oeste 3,05 2,56 1,48 1,14 0,97

Sudeste 2,58 2,81 1,48 1,29 0,68

Sul 2,64 2,74 1,88 0,93 0,76

Monitorados

Brasil 3,04 1,78 2,34 0,53 0,75

Norte 3,81 -0,60 1,46 1,46 1,47

Nordeste 2,30 1,31 3,76 1,15 1,29

Centro-Oeste 4,23 1,28 0,56 1,40 1,06

Sudeste 2,97 1,91 2,66 0,21 0,89

Sul 3,06 2,62 1,02 0,47 -0,60

Fonte: IBGE e BCB1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês indicado.

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utilização da capacidade da indústria e, principal-mente, na taxa de desemprego. Nesse cenário, em que o processo de desinflação em curso favoreceu o realinhamento da política monetária, as diferenças observadas no desempenho econômico das distintas regiões do país seguem evidenciando as características das respectivas cadeias produtivas e os distintos impactos da estiagem observada recentemente.

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 69

Evolução da Economia Mineira

Este boxe analisa a estrutura produtiva da economia mineira, seu desempenho recente e suas pers-pectivas no atual cenário econômico. Análises semelhantes foram realizadas nos Boletins Regionais de janeiro de 2013 e de julho de 2015.

O Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais atingiu R$516,6 bilhões em 2014, segundo o IBGE, correspondendo a 8,9% do PIB nacional, ante 9,2% em 2012 e 2013, período em que repercutiu a valorização do minério de ferro no mercado internacional, principal produto da pauta de exportações. Ressalte-se que a economia do estado registrou desempenho inferior à do país no triênio 2013-151, sensibilizada pela desaceleração da produção industrial, incluindo o segmento de eletricidade e saneamento. Considerados os três primeiros trimestres de 20162, os agregados de Minas Gerais e do Brasil registraram recuos respectivos de 3,1% e 4,0%, salientando-se que o desempenho menos desfavorável em âmbito estadual repercutiu o maior dinamismo da agricultura no estado do que no país.

A evolução do Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR-MG) e do Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil (IBC-Br), calculados pelo Banco Central, ratifica as distintas trajetórias de crescimento da atividade econômica do estado e do país (Gráfico 2). Após registrar desempenho mais favorável do que a economia do Brasil do início de 2012 a meados de 2013, impulsionada pela expansão da agricultura (principalmente café) e da indústria extrativa, a economia mineira – repercutindo a perda de dinamismo da agricultura e da construção civil – apresentou resultados inferiores aos nacionais até o final de 2015. Em 2016, até novembro, no entanto, o IBCR-MG recuou 3,4% e o IBC-Br, 4,6%.

A comparação do Valor Adicionado Bruto (VAB) da economia mineira e da nacional mostra que, em 2014, as indústrias extrativas, de transformação, a

_______________________________________________________ 1/ Considerados dados do IBGE e da Fundação João Pinheiro (para Minas Gerais, em 2015), o PIB do estado variou 0,5% em 2013,

0,8% em 2014 e -5,0% em 2015, e o PIB do país, 3,0%, 0,5% e -3,7%, respectivamente. 2/ Dados do IBGE para o Brasil e da Fundação João Pinheiro para Minas Gerais.

-5,0

-2,5

0,0

2,5

5,0

7,5

10,0

2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016*

Brasil Minas Gerais

Gráfico 1 - Produto Interno Bruto - PIB%

Fonte: IBGE e FJP* Acumulado em quatro trimestres até setembro.

-6

-4

-2

0

2

4

6

Nov2011

Mai2012

Nov Mai2013

Nov Mai2014

Nov Mai2015

Nov Mai2016

Nov

IBC-Br IBCR-MG

Gráfico 2 - Índice de Atividade Econômica do Banco CentralVariação % acumulada em 12 meses

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70 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

construção civil, a agropecuária e o setor de eletricidade e saneamento destacavam-se entre as atividades com representatividade superior em Minas Gerais do que nacionalmente. O oposto se observa em relação aos segmentos serviços de intermediação financeira, informação e comu-nicação, serviços às empresas, comércio e administração, saúde e educação públicas e seguridade social (Gráfico 3).

A evolução da atividade econômica no estado na última década ocorreu em contexto de redução da participação da indústria, em especial das indústrias de transformação e de eletricidade e saneamento, e aumento da representatividade das atividades serviços de baixa complexidade, como comércio e serviços prestados às empresas. O exame dos VAB do estado em 2004 e em 2014 mostra recuos respectivos de 1,7 p.p. e 3,6 p.p. nas participações dos VAB da agropecuária e da indústria (transformação, -6,7 p.p.; eletricidade e sanea-mento, -3,4 p.p.; extrativa, 3,3 p.p.; construção, 3,3 p.p.), e aumento de 5,3 p.p. na do VAB do setor de serviços (comércio, 3,1 p.p.; transporte, 1,2 p.p., serviços às empresas, 1,1 p.p.).

A atividade econômica do estado concentra-se, de acordo com o IBGE, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), responsável por 44,2% do PIB mineiro em 2014, seguindo-se as participações do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, Sul e Sudoeste de Minas, Zona da Mata, e Vale do Rio Doce, que totalizaram, em conjunto, 40,1% do total (Tabela 1). Ressalte-se que, de 2010 a 2014, as participações no PIB estadual das regiões Sul/Sudoeste de Minas e Triângulo Mineiro/Alto

5,03,7

12,0

1,9

6,2

13,6

4,62,5 3,4

6,49,3 8,1

16,4

3,8 3,05,6 6,1

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4,52,5 2,5 3,9

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Brasil Minas Gerais

Gráfico 3 - Valor Agregado Bruto - VAB - 2012Distribuição %

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 71

Paranaíba aumentaram 0,6 p.p. e 0,5 p.p., respec-tivamente, ambas impulsionadas pelo setor de serviços, enquanto a da Região Metropolitana de Belo Horizonte recuou 1,6 p.p., evidenciando decréscimo da indústria em 2014.

No âmbito do setor agrícola, a lavoura de café, principal cultura do estado, respondeu por 34,5% do valor da produção agrícola mineira em 2015, ante média de 36,5% de 1990 a 2015, segundo a Produção Agrícola Municipal (PAM), do IBGE (Tabela 2). A produção de grãos correspondeu a 29,9% do total, ante média de 32,4% no período, com destaque para soja (13,0%), milho (11,1%), e feijão (4,2%). Ressaltam-se, também, as culturas de cana-de-açúcar (participação de 15,1%), batata-inglesa (4,9%), banana (3,1%) e tomate (2,9%).

Minas Gerais destaca-se como o principal estado produtor de café e batata-inglesa, detendo, em 2015, participações respectivas de 58,8% e 31,3% no valor da produção nacional destes itens. No mesmo período, o estado foi o segundo maior produtor de feijão (18,8% do total); terceiro maior de cana de açúcar, banana, e tomate (9,3%, 14,4%, e 16,1%, respectivamente do total); quarto principal produ-tor de milho (10,1% do total); e sexto de soja (3,9% da produção do país). O valor da produção agrícola do estado correspondeu a 10,2% da produção nacional no período.

De maneira geral, a produção agrícola do estado concentrou-se, nos últimos anos, nas quatro principais culturas: café, cana, soja e milho, cuja área plantada passou de 70,7%, em 1990, para 83,4% em 2015. Houve ampliação nos cultivos de soja e cana, e retração nas áreas direcionadas à produção de café e milho, que registraram ganhos de produtividade, no período.

A safra de café de Minas Gerais registrou aumento anual de 36,4% em 2016, após dois anos de safras frustradas, de acordo com o Levantamento Siste-mático da Produção Agrícola (LSPA) de dezembro, do IBGE. A produção de grãos do estado, apesar da estiagem que atingiu o estado a partir do segundo trimestre, manteve-se estável no ano (queda de 12,3% em nível nacional), com expansões de 34,7% na safra de soja, cuja colheita concentra-se no primeiro trimestre, e de 2,6% na de feijão, e redução de 14,6% na de milho. Para 2017, estão projetados recuos para as safras de café (15,0%), em ciclo de

Tabela 1 – PIB de Minas Gerais por mesorregiões – 2014

Mesorregiões PIB Var. nominal

R$ milhões Distr. % 2014/2010

RMBH 228.096 44,2 42,1

Triâng. Mineiro/Alto Paranaíba 78.250 15,1 52,1

Sul/Sudoeste de Minas 60.524 11,7 55,1

Zona da Mata 39.400 7,6 43,7

Vale do Rio Doce 29.210 5,7 37,2

Oeste de Minas 21.278 4,1 61,6

Norte de Minas 20.951 4,1 58,0

Campo das Vertentes 10.072 1,9 47,4

Noroeste de Minas 9.543 1,8 67,4

Central Mineira 8.262 1,6 52,2

Jequitinhonha 6.502 1,3 68,1

Vale do Mucuri 4.545 0,9 43,3

MG 516.634 100,0 47,1

Fonte: IBGE

Tabela 2 – Principais produtos primários%

Descrição No valor da produção Na produção

agrícola do estado nacional do item

Agricultura 100,0 10,2

Café 34,5 58,8

Cana-de-açúcar 15,1 9,3

Soja 13,0 3,9

Milho 11,1 10,1

Batata-inglesa 4,9 31,3

Feijão 4,2 18,8

Banana 3,1 14,4

Tomate 2,9 16,1

Fonte: PAM 2015, do IBGE

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72 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

produtividade bienal reduzida, soja (2,5%) e de cana (0,5%), e aumento de 13,3% para a 1ª safra de milho.

No âmbito da pecuária, a produção de leite no estado correspondeu a 26,8% do total nacional em 2015 (média de 27,4% de 1997 a 2014). O efetivo dos rebanhos de suínos, bovinos e aves represen-taram, na ordem, 12,5%, 11,0% e 9,4% dos corres-pondentes nacionais, registrando elevação de 1,9 p.p., estabilidade e recuo de 0,5 p.p. em relação às representatividades em 2002.

A Pesquisa Industrial Anual-Empresa, do IBGE, indica que a participação da indústria extrativa no Valor da Transformação Industrial (VTI) de Minas aumentou de 14,0%, em 2007, para 26,3%, em 2014. Destaque para a representatividade do setor no triênio 2011-13, quando situou-se em torno de 30,0%, impul-sionada pelo aumento nos preços do minério de ferro, em cenário de crescimento da demanda chinesa pela commodity.

A participação de Minas Gerais na indústria extrativa nacional atingiu 22,0% em 2014 (27,2% em 2011), com destaque para o segmento minério de ferro (52,2%); e na indústria de transformação, 9,6%, ante média de 10,2% de 2007 a 2010. A evolução da representatividade da indústria repercute o desempenho moderado das indústrias automo-bilística, moveleira, alimentícia, metalúrgica, têxtil, e de máquinas e equipamentos, que representaram, em conjunto, 52,8% do VTI da transformação do estado em 2014 (Tabela 4).

A produção industrial mineira vem recuando desde 2013, segundo a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, do IBGE. O resultado mais desfavorável ocorreu em 2015, quando a retração anual de 7,3% foi condicionada pela redução de 10,0% na indústria de transformação, com quedas acentuadas nas indústrias de veículos, máquinas e equipamentos, têxteis, e produtos minerais não-metálicos. A produção industrial do estado recuou 7,0% no período de doze meses encerrado em novembro de 2016, em relação a igual intervalo do ano anterior, destacando-se a retração de 13,1% da indústria extrativa, impactada pela contração na produção de minério, em virtude do rompimento da barragem de rejeitos em Mariana, no final de 2015. A indústria de transformação retraiu 4,8% no período, com recuos significativos nos segmentos

Tabela 3 – Produção agrícola – Minas GeraisItens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Pesos1/ Produção2/ Variação %

2015 2016 MG Brasil

Grãos 29,9 11 745 11 752 0,1 -12,3

Feijão 4,2 509 522 2,6 -16,8

Milho 11,1 6 839 5 844 -14,6 -25,7

Soja 13,0 3 524 4 747 34,7 -1,8

Café 34,5 1 346 1 836 36,4 15,5

Cana-de-açúcar 15,1 69 018 69 935 1,3 -2,7

Batata inglesa 4,9 1 213 1 260 3,9 1,8

Banana 3,1 796 773 -2,9 1,7

Tomate 2,9 716 703 -1,9 -10,7

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2015.2/ Por quantidade produzida – PAM 2015. 2016 = LSPA.

Tabela 4 – Valor da Transformação Industrial (VTI)Principais produtos conforme VTI – 2014

%

Seções e atividades Distrib. Represent.

da ind. na indústria

em MG nacional

Indústria extrativa 26,3 22,0

Extração de minerais metálicos 24,4 52,2

Indústria de transformação 73,7 9,6

Metalurgia 13,1 30,2

Produtos alimentícios 13,0 9,5

Veículos automotores 8,4 12,7

Deriv. de petróleo, coque e biocombustíveis 6,1 7,2

Produtos de minerais não-metálicos 4,3 13,0

Produtos químicos 4,1 6,7

Produtos de metal, ex. máq. e equip. 3,5 11,2

Fumo 2,1 39,4

Máquinas e equipamentos 2,1 5,1

Outros 17,0 6,4

Fonte: IBGE – Pesquisa Industrial Anual – Empresa

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 73

máquinas e equipamentos, veículos, e produtos de metal.

O comércio foi a atividade econômica cuja participação registrou o aumento mais acentuado na estrutura produtiva do estado, de 2004 a 2014. De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE, as vendas do comércio ampliado experimentaram dois ciclos de crescimento elevado nesse período: de 2006 a 2008 (média de 10,3%), e no biênio 2010-11 (média de 12,0%), comparati-vamente a aumentos de 10,0% e 9,4%, respecti-vamente, em nível nacional. Após apresentarem desempenho inferior ao observado no país em 2013, as vendas do comércio ampliado registraram, no triênio 2014-163 contração menos acentuada em Minas Gerais do que no Brasil. Nesse cenário, destacaram-se no estado, em 2016, os aumentos nas vendas de artigos de uso pessoal e doméstico; equipamentos e materiais para escritório, infor-mática e comunicação; e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, contrastando com o cenário nacional, onde ocorreram, no período reduções nas vendas em todos os ramos pesquisados.

Minas Gerais tem parte relevante de sua estrutura produtiva destinada à produção de bens para exportações, que concentram-se em minério de ferro, café, produtos metalúrgicos, açúcar, soja, ouro, celulose, carnes de bovinos e de aves, e automóveis. O comércio exterior do estado é, tradicionalmente, superavitário, mesmo desconsi-derando as exportações de minério de ferro, principal produto, cuja participação na pauta mineira atingiu 31,6% em 2016, ante 48,3% em 2013.

As exportações mineiras apresentaram maior dinamismo do que as do país de 2004 a 2011, quando sua representatividade nas vendas externas brasileiras passou de 10,4% para 16,2% (Gráfico 4), impulsionada pelas vendas de minério de ferro. De fato, o aumento da demanda externa impactou o preço da commodity, que passou de US$19/ton, em 2004, para US$115/ton, em 2011. Posteriormente, com a moderação da demanda externa e o consequente recuo dos preços, a participação das vendas do estado no total do país decresceu para 11,8%, em 2016. Os demais itens com maior relevância na pauta de exportação do estado em

_______________________________________________________ 3/ Para 2016, foi considerado o período de doze meses encerrado em novembro.

-12

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Brasil Minas Gerais

Gráfico 4 - Comércio AmpliadoVendas acumuladas em 12 mesesVariação %

Tabela 5 – Evolução do comércio Novembro de 2016

Variação % em doze meses

Setores MG Brasil

Comércio varejista -1,5 -6,5

Combustíveis e lubrificantes -3,1 -9,6

Hiper, supermercados -0,4 -3,1

Tecidos, vestuário e calçados -13,8 -11,0

Móveis e eletrodomésticos -9,9 -13,7

Comércio ampliado -4,8 -9,1

Veículos e motos, partes e peças -10,4 -14,6

Material de construção -11,7 -11,5

Fonte: IBGE

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74 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

2016 foram café em grão (16,1% do total), ferro-ligas (5,6%), açúcar de cana em bruto (5,0%), soja (3,8%) e ouro semimanufaturado (3,7%). A participação conjunta de todos os itens da pauta mineira – exceto minério de ferro - nas vendas externas do país atingiu 8,1% em 2016 (a maior representatividade, 9,0%, ocorreu em 2005).

As exportações mineiras atingiram US$21,9 bilhões em 2016, recuando 0,4% em relação ao ano anterior, quando haviam diminuído 24,9%, com aumento de 6,9% nas vendas de minério de ferro e recuo de 3,5% nas dos demais produtos. As exportações do país retraíram 15,1% e 3,1%, respectivamente, nos anos mencionados.

A economia de Minas Gerais detinha 4,0 milhões de postos de trabalho formais em novembro de 2016, segundo o Caged/MT, equivalentes a 10,3% do total no Brasil (Tabela 6). O número de empregos formais no estado aumentou 4,7% a.a. de 2009 a 2013, quando a economia do estado cresceu de forma consistente (no mesmo período, o emprego formal no país cresceu 4,3% a.a.). A partir de 2014, a redução no dinamismo da atividade econômica do estado, iniciada no ano anterior, impactou a dinâmica do mercado de trabalho no estado, que registrou corte significativo de postos de trabalho no triênio encerrado em 20164 - o nível de emprego retraiu 7,7% no período,

Nesse cenário, a economia mineira eliminou 123,8 mil postos no período de doze meses encerrado em novembro de 2016, com demissões mais acentuadas na construção civil, na indústria de transformação (principalmente nos segmentos automobilístico, metalúrgico, químico, têxtil e de minerais não metálicos) e no setor de serviços. No mesmo período de 2015, houve o fechamento de 203,7 mil postos de trabalho no estado.

Evidenciado a retração da atividade econômica, a taxa de desocupação média do estado aumentou de 6,7%, em 2014, para 10,6%, em 20165, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do IBGE. No mesmo período, a taxa de desocupação no país aumentou de 6,8% para 10,8%. A quantidade de pessoas desocupadas no estado aumentou 64,1% e a força de trabalho,

_______________________________________________________ 4/ Para 2016, foi considerado o período de doze meses encerrado em novembro. 5/ Considerada a média de quatro trimestres encerrados em setembro de 2016.

0

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2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Demais produtos Minério de ferro

Gráfico 5 - ExportaçõesParticipação % de MG

Tabela 6 – Quantidade de trabalhadores no regime CLTEm novembro

Em mil

Setores MG Brasil

2016 Distr.%Var. %1/ 2016 Distr.%Var. %1/

Total 4.002 100,0 -7,7 38.671 100,0 -6,8

Ind. de transformação 763 19,1 -13,3 7.416 19,2 -13,4

Comércio 937 23,4 -2,3 8.977 23,2 -3,4

Serviços 1.594 39,8 -2,7 16.849 43,6 -1,9

Construção civil 276 6,9 -31,5 2.372 6,1 -27,9

Agropecuária 274 6,9 -3,9 1.566 4,1 -4,5

Ind. extrativa mineral 55 1,4 -13,6 199 0,5 -12,2

Outros1/ 104 2,6 -3,5 1.292 3,3 -2,2

Fonte: MTE/Caged1/ Variação em relação a novembro de 2013.2/ Inclui serviços industriais de utilidade pública e administração pública.

-240

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-120

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0

60

120

180

-2400

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0

600

1200

1800

Jan2012

Jul Jan2013

Jul Jan2014

Jul Jan2015

Jul Jan2016

Jul

Brasil Minas Gerais

Gráfico 6 - Criação de novos empregos formais Em 12 meses

MilMil

Fonte: MTE/Caged

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 75

3,9%, no período (variações respectivas de 62,3% e 3,0% no Brasil).

O rendimento médio real habitual do trabalho no estado atingiu R$1.768 no terceiro trimestre de 2016, patamar 12,3% inferior à média nacional, segundo a PNADC. Evidenciando a distensão do mercado de trabalho, o indicador registrou recuo real6 médio de 3,2% no período de doze meses encerrado em setembro de 2016, em relação a igual período de 2015 (-3,1% no país).

As operações de crédito superiores a R$1 mil contratadas em Minas Gerais caracterizam-se por maior concentração no segmento de pessoas físicas, do que a média nacional. De 2005 a 2013, o crédito contratado no estado cresceu em ritmo superior ao registrado no Brasil, trajetória interrompida a partir de 2014, em ambiente de contração mais acentuada da atividade econômica mineira do que no país. A relação crédito/PIB passou de 20,4%, em 2004, para 51,8% em 20147 (crescimento de 22,4% para 51,0%, no país, no mesmo período).

O saldo das operações de crédito no estado atingiu R$272,6 bilhões em novembro (recuo de 1,0% nos últimos doze meses), dos quais 54,6% contratados pelas famílias e 45,4% pelas empresas (50,1% e 49,9%, na ordem, no Brasil). Houve contração de 5,2% na carteira de pessoas jurídicas, com destaque para a participação de 34,3% dos financiamentos para as atividades indústrias de transformação (em especial siderurgia, fabricação de veículos, alimentos e bebidas), ante 27,8% no Brasil, seguindo-se a relevância dos créditos para os segmentos comércio, outros serviços e admi-nistração pública. A carteira de pessoas físicas aumentou 2,7% no período, destacando-se as modalidades financiamento imobiliário (35,6% do total), crédito rural (17,2%) e crédito consignado (16,6%), comparativamente a participações respec-tivas de 34,6%, 13,8% e 18,7% em âmbito nacional.

A estrutura da economia mineira, com maior concentração em indústrias pesadas, explica, em grande parte, o menor dinamismo da atividade no estado no período 2013-2015. Destaca-se, entre as mudanças estruturais, a perda de participação da indústria de transformação, com contração superior à nacional no período, em especial dos setores

_______________________________________________________ 6/ Considerado o INPC como deflator. 7/ Último dado divulgado pelo IBGE referente às Contas Regionais.

6

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IV12

I13

II III IV I14

II III IV I15

II III IV I16

II III

Brasil MG

Gráfico 7 - Taxa de desocupaçãoMédia em quatro trimestres (%)

Fonte: IBGE/PNADC

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40

Imobiliário Rural Consignado Veículos Sem consig.

11/2012 11/2016

Gráfico 8 - Crédito a PF por modalidadeParticipação no saldo%

0

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11/2012 11/2016

Gráfico 9 - Crédito a PJ por atividadeParticipação %

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automobilístico e metalúrgico, evidenciando o impacto da queda na produção dessas indústrias no estado. Considerados períodos mais recentes, a economia de Minas Gerais foi favorecida pelo desempenho da agricultura, atividade menos afetada pelos efeitos da estiagem no estado do que no país. A recuperação da economia do estado, entretanto, dependerá da evolução do processo de ajuste macroeconômico em curso no país, que deverá ser impulsionado, nos próximos trimestres, pelo novo patamar das taxas de juros.

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 77

Evolução do emprego na Indústria

Este boxe identifica, em cada região do país, as trajetórias da produção e do emprego industrial nos últimos três anos, quando teve início o período de retração da atividade no setor. As séries foram obtidas a partir dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC)1 trimestral e dos dados da PIM Brasil e Regional2, ambas do IBGE, e a análise considerou as séries móveis de quatro trimestres (MM4T).

A evolução da produção e do emprego na indústria da região Sudeste mostra dinâmica similar ao ocorrido em nível nacional do 1º trimestre de 2014 ao 3º trimestre de 2016. Nesse período, a produção industrial e o emprego, na região acumularam recuos de 17,5% e de 9,2%, respectivamente, com eliminação de 544 mil postos de trabalho (Gráfico 1).

As atividades que mais diminuíram o quadro de empregados foram vestuário e acessórios (22,7% do total de postos perdidos), produtos de metal (20%), extrativa (14,6%) e veículos automotores (13,5%). Ressalta-se que a ocupação informal na indústria aumentou, explicado pela recomposição de parte dos empregos formais3 com trabalhadores não formais e, principalmente, pelas contratações líquidas do segmento madeireiro, que apresenta alta informalidade.

O recuo mais intenso da produção sugere que o ciclo de ajuste do mercado de trabalho ainda pode prosseguir. O encerramento de acordos de lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho), das férias coletivas, e das adesões ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE) podem implicar desligamentos adicionais, ao invés da reintegração. Por outro lado, um cenário mais otimista por parte dos empresários contribui para a retomada da

_______________________________________________________ 1/ A agregação das informações dos trabalhadores na PNADC, de acordo com os segmentos da PIM, foi possível pela identificação,

nos microdados, da atividade principal da empresa, fornecida de acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0), também utilizada pela PIM.

2/ Com exceção do Nordeste, foram consideradas as séries dos estados pesquisados na PIM, ponderados pelo Valor da Transformação Industria (VTI) dado pela Pesquisa Industrial Anual (PIA) de 2010. Para o Nordeste, o IBGE divulga mensalmente as informações da produção industrial, com detalhamento para algumas atividades.

3/ Na PNADC foram considerados trabalhadores formais: empregados na iniciativa privada com carteira assinada + empregados domésticos com carteira assinada + empregados no setor público com carteira assinada + militares e estatutários.

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I tri2014

II tri2014

III tri2014

IV tri2014

I tri2015

II tri2015

III tri2015

IV tri2015

I tri2016

II tri2016

III tri2016

Gráfico 1 - Sudeste: Indústria Geral (MM4T)I tri 2014 = 100

Emprego PNADC PIM

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78 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

produção e a possibilidade de manutenção do emprego.

No Sul, a evolução do emprego industrial foi semelhante à do Sudeste, mas com queda também entre os trabalhadores informais. O recuo na produção industrial atingiu 17,5% no período, com redução de 6,3% no emprego, indicando também a possibilidade de futuros ajustes no mercado de trabalho (Gráfico 2), caso não ocorra retomada da atividade.

As atividades que mais contribuíram para a redução do emprego na região foram: produtos de metal (39% do total de postos perdidos) e calçados e artigos de couro (19%). Em sentido contrário, destaque para o incremento na ocupação dos segmentos de móveis e de papel e celulose. Esse último tem se beneficiado da maturação de investimentos, do incremento da demanda externa e de câmbio mais favorável, e apresentou crescimento de 1,2% em 2014, 11,7% em 2015 e 7,6% no acumulado até outubro de 2016.

A produção industrial, ao contrário dos recuos nas demais regiões, cresceu 3,3% no Centro-Oeste durante o período em análise. Por outro lado, o emprego industrial caiu 10,8% (eliminação de 82.460 postos), contribuindo para ganhos de produtividade na região (Gráfico 3).

Os ajustes no emprego industrial no Centro-Oeste ocorreram principalmente nos segmentos de vestuário e acessórios (40,7% do total de postos eliminados) e alimentos (32,8%).

A produção industrial e o emprego recuaram com intensidades semelhantes na região Nordeste (5,9% e 5,6%, respectivamente). Ressalta-se a defasagem no ajuste do emprego industrial, que cresceu até o 2º trimestre de 2015, enquanto a produção seguiu tendência de queda desde o início do período de análise (Gráfico 4).

O segmento de vestuário e acessórios respondeu pela maior participação da contração do emprego industrial (42,5%). Similarmente ao ocorrido na região Sudeste, houve geração de postos de trabalho informais na região, favorecido pelas contratações nos segmentos de madeira e móveis (em sua grande maioria informais). Adicionalmente, o segmento de veículos automotores aumentou o

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I tri2014

II tri2014

III tri2014

IV tri2014

I tri2015

II tri2015

III tri2015

IV tri2015

I tri2016

II tri2016

III tri2016

Emprego PNADC PIM

Gráfico 3 - Centro-Oeste: Indústria Geral (MM4T) I tri 2014 = 100

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I tri2014

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IV tri2014

I tri2015

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I tri2016

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III tri2016

Emprego PNADC PIM

Gráfico 4 - Nordeste: Indústria Geral (MM4T) I tri 2014 = 100

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I tri2014

II tri2014

III tri2014

IV tri2014

I tri2015

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II tri2016

III tri2016

Gráfico 2 - Sul: Indústria Geral (MM4T) I tri 2014 = 100

Emprego PNADC PIM

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 79

número de empregos, fato explicado, em parte, pelo início de produção de nova unidade na região.

O comportamento da produção e do emprego industrial na região Norte foi semelhante ao apresentado no Nordeste, com recuos em patamares próximos das variáveis em análise e defasagem do ajuste do emprego ao ritmo da produção (Gráfico 5). Neste sentido, a produção e o emprego industrial reduziram, no período, 6,7% e 4,6%, respectivamente.

O segmento de equipamentos de informática e produtos eletrônicos respondeu por 58% da queda no emprego na região, impactado pelo desempenho do polo industrial de Manaus, em função da retração da demanda no mercado interno e de importantes parceiros, como Argentina e Venezuela, e do aumento dos insumos pela alta do dólar.

Este boxe mostrou que houve redução generalizada do emprego industrial nas regiões em linha com o desempenho da produção do 1º trimestre de 2014 ao 3º trimestre de 2016. Nas regiões mais industri-alizadas e com maior formalização (Sudeste e Sul), os trabalhadores conseguiram, de alguma forma, preservar postos de trabalho e postergar um ajuste de maior intensidade no emprego. No Norte e Nordeste, apesar da defasagem, o ajuste do emprego ocorreu em taxas similares ao recuo da produção, sugerindo um possível novo ciclo de contratação com a retomada da produção. No Centro-Oeste, observaram-se ganhos de produ-tividade, com aumento da produção e recuo do emprego.

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II tri2014

III tri2014

IV tri2014

I tri2015

II tri2015

III tri2015

IV tri2015

I tri2016

II tri2016

III tri2016

Emprego - PNADC Produção - PIM

Gráfico 5 - Norte: Indústria Geral (MM4T)I tri 2014 = 100

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80 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

Desinflação em 2016: efeitos regionais

A inflação registrou trajetória declinante em 2016, com o fim dos impactos dos choques de preços, observados no ano anterior. A postura da política monetária limitou os efeitos indiretos desses choques, levando a inflação a uma redução mais acentuada no final do ano, período que apresentou trajetória mais favorável que o esperado, com sinais de um processo de desinflação mais difundido, possivelmente significando menor persistência. No entanto, o processo de desinflação de alguns componentes do IPCA mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária requer atenção contínua.

Nesse contexto, este boxe identifica a evolução da desinflação nas grandes regiões1 do país, a partir da seguinte desagregação da cesta utilizada para o cálculo do IPCA: (i) Alimentação no domicílio; (ii) Bens industrializados; (iii) Serviços subjacentes2; (iv) Serviços, exceto subjacentes; e (v) Monitorados.

A variação do IPCA no Brasil atingiu 6,29% em 2016, ante 10,67% no ano anterior. Houve desaceleração em todos os componentes do indicador nacional, excetuando-se serviços ex-subjacentes, segmento com maior rigidez dos serviços, em parte decorrente do aumento do salário mínimo. Ressalte-se que no Brasil, assim como em todas as regiões, a contribuição mais acentuada para a desaceleração do IPCA originou-se nos preços monitorados, associ-ada às elevações nos itens tarifas de energia elétrica residencial e combustíveis, no início de 2015.

A desinflação em 2016 foi mais intensa no Sul (6,13 p.p.), evolução associada, em especial, às retrações mais acentuadas nos componentes alimentação no domicílio, reflexo da desaceleração dos preços dos alimentos in natura, resultante de choques de oferta menos intensos em 2016; bens industrializados e monitorados.

_______________________________________________________ 1/ Considerou-se como IPCA de cada grande região os obtidos com dados coletados nas seguintes regiões metropolitanas (RM) e

municípios: (i) Norte: RM Belém; (ii) Nordeste: RMs Fortaleza, Recife e Salvador; (iii) Sudeste: RMs Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro e São Paulo; (iv) Sul: RMs Curitiba e Porto Alegre; (v) Centro-Oeste: municípios de Brasília, Goiânia e Campo Grande.

2/ Corresponde aos serviços mais sensíveis ao ciclo econômico. Exclui aqueles muito voláteis (turismo), com reajustes pouco frequentes (cursos e comunicação) e/ou que sofreram alteração na metodologia de cálculo (serviços domésticos). Para mais detalhes, vide o boxe “Inflação no Setor de Serviços” no Relatório de Inflação de setembro de 2016.

Tabela 1 – IPCA

Região 2015 2016 Variação (p.p)

Brasil 10,67 6,29 4,38

N 9,95 6,76 3,19

NE 10,29 7,20 3,09

SE 10,56 6,23 4,33

S 11,87 5,74 6,13

CO 10,37 5,83 4,54

Fonte: IBGE

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 81

No Norte e no Nordeste ocorreram as menores reduções na inflação em 2016. O Norte foi a única região onde a alimentação no domicílio acelerou no ano, impulsionada, em especial, pela evolução dos preços dos alimentos industrializados, sobretudo da farinha de mandioca, que aumentou 46,0% em 2016. A desaceleração modesta do IPCA do Nordeste foi condicionada, em parte, pela menor desinflação dos monitorados, que responderam, na região, por 1,41 p.p. da redução da inflação no ano, ante 3,00 p.p. no Brasil. Esse desempenho dos monitorados no Nordeste repercutiu o desdobramento do reajuste do item energia elétrica em 20153 e em 2016. Nesse cenário, o Nordeste, mesmo registrando a maior retração nos preços dos serviços subjacentes, foi a região onde a desinflação foi mais reduzida em 2016.

O comportamento da desinflação no Sudeste, evidenciando a representatividade da economia da região, mostrou-se semelhante à observada em âmbito nacional, enquanto no Centro-Oeste, que registrou a segunda maior desinflação regional, destacaram-se as variações nos preços dos monitorados e a pressão altista dos serviços ex-subjacentes (contribuição de 0,48 p.p. para a variação da inflação no ano, ante média nacional de 0,11 p.p.).

Para melhor compreender as diferenças entre a evolução dos IPCA regionais e de seus componentes em 2016, foi realizada a decomposição da diferença entre as inflações regionais e a média do país, incorporando efeitos peso e preço4.

A inflação de uma região i pode ser definida como:

∑=

=5

1j

ij

ij

i πθπ (1)

Onde i refere-se à região, j aos componentes do IPCA e ϴ aos pesos. Nesse contexto, o IPCA é uma média da inflação dos componentes, ponderada pelos pesos, que representam as respectivas participações na cesta de consumo das famílias. Regionalmente os pesos são distintos, dependendo

_______________________________________________________ 3/ No primeiro trimestre de 2015 a energia elétrica subiu 16% no Nordeste ante 36% na média nacional. 4/ Exercício similar foi realizado no boxe “Diferenças Entre os IPCA Regionais em 2007”, na edição de abril de 2008 deste Boletim.

Ressalta-se que ambos os boxes identificam os efeitos peso e preços com a desagregação utilizada – nos 9 grupos, no boxe de 2008, e em 5 segmentos, no atual.

-0,49 -0,35 -0,67

0,11

-3,00

-4,38

Alim

enta

ção

dom

icíli

o (1

7%)

Bens

indu

stria

lizad

os (2

4%)

Serv

iços

subj

acen

tes (

22%

)

Serv

. ex-

subj

acen

tes (

13%

)

Mon

itora

dos (

24%

)

Tota

l (10

0%)

Figura 1 - Variação da Inflação em 2016

Brasil

0,31

-0,16-0,70

0,09

-2,71-3,19

Norte

-0,35 -0,12

-1,15

-0,08

-1,41

-3,09

Nordeste

-0,37 -0,34 -0,56

0,11

-3,16

-4,33

Sudeste

-1,16 -0,72 -0,56

0,15

-3,83

-6,13

Sul

-0,68 -0,28 -0,57

0,48

-3,49-4,54

Centro-Oeste

Fonte: IBGE

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82 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

de fatores como nível de renda5, preços e costumes regionais.

A diferença entre a inflação de uma região e a média nacional é dada por:

( ) ∑∑==

−=−5

1

5

1 j

BRj

BRj

j

ij

ij

BRi πθπθππ (2)

As diferenças decorrem tanto de distinções dos pesos (efeito-peso) e das inflações (efeito- preço) dos componentes6. Para separá-los, a equação (2) pode ser reescrita da seguinte forma:

( )( ) ( )∑∑

==

−+−

=−5

1

5

1 j

BRj

ij

BRj

j

BRj

ij

ij

BRi

ππθθθπ

ππ

(3)

pesoefeito−

preçoefeito−

Conforme a Figura 2, em 2016, no Norte e no Nordeste a inflação superou a média nacional em 2016; no Sul e no Centro-Oeste situou-se em nível inferior; e no Sudeste, em patamar muito próximo.

No Norte, destaca-se o efeito peso, sobretudo em função da participação dos alimentos no domicílio na cesta do IPCA, que atinge 27,8% na região, ante 17,0% no país. No mesmo sentido, o preço dos alimentos no domicílio exerceu pressão altista relevante, atenuada pela pressão baixista dos monitorados, em especial pela estabilidade das tarifas de ônibus urbano em 2016.

A inflação no Nordeste superou a do país em 0,92 p.p., com ênfase no impacto do efeito preço dos monitorados e dos alimentos no domicílio, em parte devido aos efeitos da estiagem prolongada na região.

No Sudeste, conforme mencionado anteriormente, a desinflação registrou patamar semelhante à observada em âmbito nacional, destacando-se o efeito preço com viés de baixa dos alimentos no

_______________________________________________________ 5/ Nas regiões de menor renda, como Norte e Nordeste, alimentos no domicílio têm maior peso, contrastando com o Centro Sul onde

ganham importância serviços monitorados, em particular combustíveis de veículos e medicamentos. 6/ O efeito peso mede, portanto, a diferença da inflação decorrente da distinção dos pesos dos componentes, e o efeito preço mede as

diferenças de inflação dos componentes do IPCA das regiões em relação aos correspondentes na média nacional. Em nossos resultados, o efeito peso é apresentado de forma agregada, enquanto que o efeito peso é desagregado.

0,60

0,34

0,07

-0,20

0,06

-0,41

0,47

Efei

to p

eso

tota

l

Alim

enta

ção

dom

icíli

o

Bens

indu

stria

lizad

os

Serv

iços

subj

acen

tes

Serv

ex-

subj

acen

tes

Mon

itora

dos

Desv

io T

otal

Figura 2 - Desvios da Inflação Nacional em 2016 (IPCA) Efeito peso total e efeitos preço desagregados (p.p.)

Norte

0,190,35

0,01

-0,06 -0,10

0,52

0,91

Nordeste

0,01

-0,11-0,01

0,01

-0,01

0,06

-0,06

Sudeste

0,01

-0,19

-0,01

0,09 0,03

-0,48 -0,55

Sul

0,02

-0,16-0,07 -0,08

0,09

-0,27-0,46

Centro-OesteFonte: IBGE

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 83

domicílio, associado, em especial, ao impacto de choques de ofertas, mais intensos no Norte e Nordeste, sobre a média nacional do componente.

O Sul foi a região onde o efeito preço exerceu a maior contribuição baixista, em parte devido à redução mais acentuada das tarifas de energia elétrica em 2016 (recuo de 17,1% ante 10,7% no país). No Centro-Oeste, os menores reajustes de preços no item ônibus urbano e a redução dos preços no item gás de botijão, em relação à média nacional, contribuíram para que a inflação da região registrasse patamar 0,46 p.p. inferior à do país. A exemplo do observado no Sudeste, o efeito-preço negativo de alimentos no domicílio registrado no Sul e no Centro-Oeste também repercutiu choques de oferta de alimentos no Norte e Nordeste.

Em linhas gerais, a desinflação do IPCA em 2016 sugere exaustão dos efeitos de segunda ordem dos choques de oferta, principalmente dos ajustes nas tarifas de energia elétrica, ocorridos em 2015, nos combustíveis e nos alimentos in natura. A desinflação nos monitorados apresentou a maior contribuição em todas as regiões, seguindo-se a dos serviços subjacentes, no Norte, Nordeste e Sudeste, e a dos alimentos, no Sul e Centro-Oeste. Em relação à dispersão das inflações regionais em 2016, pre-dominaram os desvios da inflação dos monitorados e da inflação de alimentos. A diferença de pesos foi o principal determinante da diferença de inflação no Norte e exerceu impacto relevante no Nordeste.

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 85

Apêndice

Banco Central do Brasil

Representações Regionais do Departamento Econômico do Banco Central do Brasil

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86 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 87

Banco Central do Brasil

Presidente Ilan Goldfajn

Diretor de Política Econômica Carlos Viana de Carvalho

Chefe do Departamento Econômico Tulio José Lenti Maciel

Representações Regionais do Departamento Econômico

Gerência Técnica de Estudos Econômicos em Belém

Gerência Técnica de Estudos Econômicos em Belo Horizonte

Gerência Técnica de Estudos Econômicos em Curitiba

Gerência Técnica de Estudos Econômicos em Fortaleza

Gerência Técnica de Estudos Econômicos em Porto Alegre

Gerência Técnica de Estudos Econômicos no Recife

Gerência Técnica de Estudos Econômicos no Rio de Janeiro

Gerência Técnica de Estudos Econômicos em Salvador

Gerência Técnica de Estudos Econômicos em São Paulo

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88 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

Representações Regionais do Departamento Econômico do Banco Central do Brasil Gerência-Técnica de Estudos Econômicos em Belém Boulevard Castilhos França, 708 – Centro Chefe de Equipe: Priscila Furtado dos Santos Caixa Postal 651 66010-020 – Belém (PA) E-mail: [email protected] Gerência-Técnica de Estudos Econômicos em Belo Horizonte Av. Álvares Cabral, 1.605 – Santo Agostinho Chefe de Equipe: Rodrigo Lage de Araújo Caixa Postal 887 30170-001 – Belo Horizonte (MG) E-mail: [email protected] Gerência-Técnica de Estudos Econômicos em Curitiba Av. Cândido de Abreu, 344 – Centro Cívico Chefe de Equipe: Vanderléia Centenaro Caixa Postal 1.408 80530-914 – Curitiba (PR) E-mail: [email protected] Gerência-Técnica de Estudos Econômicos em Fortaleza Av. Heráclito Graça, 273 – Centro Chefe de Equipe: Afonso Eduardo de Oliveira Jucá Caixa Postal 891 60140-061 – Fortaleza (CE) E-mail: [email protected] Gerência-Técnica de Estudos Econômicos em Porto Alegre Rua 7 de setembro, 586 – Centro Chefe de Equipe: Maria Juliana Zeilmann Fabris Caixa Postal 919 90010-190 – Porto Alegre (RS) E-mail: [email protected] Gerência-Técnica de Estudos Econômicos em Recife Rua da Aurora, 1259 – Santo Amaro Chefe de Equipe: Fernando de Aquino Fonseca Neto Caixa Postal 1.445 50040-090 – Recife (PE) E-mail: [email protected] Gerência-Técnica de Estudos Econômicos no Rio de Janeiro Av. Presidente Vargas, 730 – Centro Chefe: Lilian Carla dos Reis Arquete Caixa Postal 495 20071-900 – Rio de Janeiro (RJ) E-mail: [email protected] Gerência-Técnica de Estudos Econômicos em Salvador Av. Anita Garibaldi, 1.211 – Ondina Chefe de Equipe: Itamar Marins da Silva Caixa Postal 44 40210-901 – Salvador (BA) E-mail: [email protected] Gerência-Técnica de Estudos Econômicos em São Paulo Av. Paulista, 1804 – Bela Vista Chefe: Mauricio Barreto Campos Caixa Postal 8.984 01310-922 – São Paulo (SP) E-mail: [email protected]

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Janeiro 2017 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 89

Siglas BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Caged/MT Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho CNC Confederação Nacional do Comércio CNI Confederação Nacional da Indústria Conab Companhia Nacional de Abastecimento Condepe/Fidem Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco Cotepe Comissão Técnica Permanente do ICMS CSP Companhia Siderúrgica do Pecém Depec Departamento Econômico do Banco Central do Brasil Fecomércio Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo FEE Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser Fenabrave Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores Fieam Federação das Indústrias do Estado do Amazonas Fiec Federação das Indústrias do Estado do Ceará Fiemg Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais Firjan Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro FPE Fundo de Participação dos Estados FPM Fundo de Participação dos Municípios Fundeb Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização

dos Profissionais da Educação IBC-Br Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil IBCR Índice de Atividade Econômica Regional IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICC Índice de Confiança do Consumidor Iceb Indicador de Confiança do Empresariado Baiano Icec Índice de Confiança do Empresário do Comércio Icei Índice de Confiança do Empresário Industrial ICF Intenção de Consumo das Famílias ICIT Índice de Confiança da Indústria de Transformação ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços IGP-DI Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna IPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Ipece Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará LSPA Levantamento Sistemático da Produção Agrícola MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MM4T Média Móvel dos Quatro Trimestres MTPS Ministério do Trabalho e Previdência Social Nuci Nível de Utilização da Capacidade Instalada p.p. Pontos percentuais PAM Produção Agrícola Municipal PEA População Economicamente Ativa

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90 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Janeiro 2017

PEIC Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor PET Politereftalato de etileno PIB Produto Interno Bruto PIM Pesquisa Industrial Mensal PIM-PF Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física PMC Pesquisa Mensal do Comércio PMS Pesquisa Mensal de Serviços PNADC Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua PPE Programa de Proteção ao Emprego RM Região Metropolitana RMB Região Metropolitana de Belém RMBH Região Metropolitana de Belo Horizonte RMC Região Metropolitana de Curitiba RMF Região Metropolitana de Fortaleza RMPA Região Metropolitana de Porto Alegre RMR Região Metropolitana do Recife RMRJ Região Metropolitana do Rio de Janeiro RMS Região Metropolitana de Salvador Seade Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados SEI Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia SIF Serviço de Inspeção Federal Sincodiv Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos STN Secretaria do Tesouro Nacional VAB Valor Adicionado Bruto VBP Valor bruto da produção VTI Valor da Transformação Industrial

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