Boletim do Banco Central do Brasil - Relatório 2010

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Relatrio Anual 2010Volume 46

ISSN 0104-3307 CGC 00.038.166/0001-05

Boletim do Banco Central do Brasil

Braslia

v. 46

Relatrio Anual

2010

P. 1 - 241

Relatrio do Banco Central do BrasilPublicao anual do Banco Central do Brasil/Departamento Econmico (Depec). Os textos e os correspondentes grficos e quadros estatsticos so de responsabilidade dos seguintes componentes:A Economia Brasileira Consultoria de Conjuntura Econmica (Coace) (E-mail: [email protected]); Moeda e Crdito Diviso Monetria e Bancria (Dimob) (E-mail: [email protected]); Mercados Financeiro e de Capitais Diviso Monetria e Bancria (Dimob) (E-mail: [email protected]); Finanas Pblicas Diviso de Finanas Pblicas (Difin) (E-mail: [email protected]); Relaes Econmico-Financeiras com o Exterior Diviso de Balano de Pagamentos (Dibap) (E-mail: [email protected]); A Economia Internacional Consultoria de Estudos Econmicos e Conjuntura (Copec) (E-mail: [email protected]) Organismos Financeiros Internacionais Departamento da Dvida Externa e de Relaes Internacionais (Derin) (E-mail: [email protected]).

Informaes sobre o Boletim: Telefone: Fax: (61) 3414-1009 (61) 3414-2036

Pedidos de assinatura: preencher a ficha que se encontra na internet, no endereo http://www.bcb.gov.br, anexar cheque nominal ao Banco Central do Brasil no valor de R$375,00 (nacional) e US$231,00 (internacional) e remeter ambos para o Controle Geral de Publicaes. A assinatura anual inclui doze edies mensais do Boletim, uma edio do Relatrio Anual e quatro edies do Relatrio de Inflao. O Suplemento Estatstico teve sua ltima edio impressa em maro de 1998. Aps esse ms, est disponvel apenas via internet. permitida a reproduo das matrias, desde que mencionada a fonte: Relatrio Anual 2010, Volume 46. Controle Geral de Publicaes Banco Central do Brasil Secre/Surel/Dimep SBS Quadra 3 Bloco B Edifcio-Sede 1 andar Caixa Postal 8.670 70074-900 Braslia DF Telefones: (61) 3414-3710 e 3414-3567 Fax: (61) 3414-3626 E-mail: [email protected] Exemplar avulso: R$31,00 Tiragem: 500 exemplares Convenes Estatsticas ... 0 ou 0,0 * dados desconhecidos. dados nulos ou indicao de que a rubrica assinalada inexistente. menor que a metade do ltimo algarismo, direita, assinalado. dados preliminares.

O hfen (-) entre anos (1970-75) indica o total de anos, incluindo o primeiro e o ltimo. A barra (/) utilizada entre anos (1970/75) indica a mdia anual dos anos assinalados, incluindo o primeiro e o ltimo, ou ainda, se especificado no texto, ano-safra ou ano-convnio. Eventuais divergncias entre dados e totais ou variaes percentuais so provenientes de arredondamentos. No so citadas as fontes dos quadros e grficos de autoria exclusiva do Banco Central do Brasil. Central de Atendimento ao Pblico Banco Central do Brasil Secre/Surel/Diate SBS Quadra 3 Bloco B Edifcio-Sede 2 subsolo 70074-900 Braslia DF DDG: 08009792345 Fax:: (61) 3414-2553 Internet: http://www.bcb.gov.br

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Sumrio

Introduo ......................................................................................................11 IA Economia Brasileira .................................................................................. 13 Nvel de atividade ........................................................................................... 13 Produto Interno Bruto ..................................................................................... 13 Investimentos .................................................................................................. 20 Indicadores da produo industrial ................................................................. 22 Servios ........................................................................................................... 26 ndice de atividade do Banco Central ............................................................. 26 Indicadores de comrcio ................................................................................. 27 Indicadores de produo agropecuria............................................................ 29 Pecuria ........................................................................................................... 31 Poltica agrcola .............................................................................................. 32 Produtividade .................................................................................................. 33 Energia ............................................................................................................ 33 Indicadores de emprego .................................................................................. 34 Indicadores de salrios e rendimentos ............................................................ 36 Indicadores de preos...................................................................................... 37 ndices gerais de preos .................................................................................. 38 ndices de preos ao consumidor .................................................................... 38 Preos monitorados ......................................................................................... 40 Ncleos ........................................................................................................... 41 Moeda e Crdito ............................................................................................ 43 Poltica monetria ........................................................................................... 43 Agregados monetrios .................................................................................... 43 Ttulos pblicos federais e operaes do Banco Central no mercado aberto . 49 Operaes de crdito do sistema financeiro .................................................... 50 Sistema Financeiro Nacional .......................................................................... 56

II-

Sumrio

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III- Mercado Financeiro e de Capitais ............................................................... 59 Taxas de juros reais e expectativas de mercado .............................................. 59 Mercado de capitais ........................................................................................ 60 Aplicaes financeiras .................................................................................... 62 IV- Finanas Pblicas .......................................................................................... 65 Poltica oramentria, fiscal e tributria ......................................................... 65 Outras medidas de poltica econmica ........................................................... 65 Necessidades de financiamento do setor pblico ............................................ 66 Dvida mobiliria federal ................................................................................ 70 Dvida Lquida do Setor Pblico .................................................................... 73 Arrecadao de impostos e contribuies federais ......................................... 77 Previdncia Social........................................................................................... 78 Finanas estaduais e municipais ..................................................................... 79 VRelaes Econmico-Financeiras com o Exterior ...................................... 81 Poltica de comrcio exterior .......................................................................... 81 Poltica cambial............................................................................................... 85 Movimento de cmbio .................................................................................... 88 Balano de pagamentos .................................................................................. 90 Balana comercial ........................................................................................... 91 Intercmbio comercial ...................................................................................112 Servios ..........................................................................................................114 Rendas ............................................................................................................118 Transferncias unilaterais correntes .............................................................. 122 Conta financeira ............................................................................................ 122 Reservas internacionais................................................................................. 132 Servio da dvida externa do Tesouro Nacional............................................ 134 Dvida externa ............................................................................................... 135 Indicadores de endividamento ...................................................................... 142 Captaes externas ........................................................................................ 143 Ttulos da dvida externa brasileira ............................................................... 146 Posio Internacional de Investimento (PII) ................................................. 148 O financiamento do FMI e seu relacionamento com o Brasil no binio 2009-2010........................................................................... 149

VI- A Economia Internacional.......................................................................... 153 Atividade econmica .................................................................................... 153 Commodities ................................................................................................. 159 Poltica monetria e inflao ......................................................................... 161 Mercado financeiro internacional ................................................................. 165 4

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VII- Organismos Financeiros Internacionais ................................................... 171 Fundo Monetrio Internacional .................................................................... 171 Grupo dos 20 (G-20) ..................................................................................... 173 Banco de Compensaes Internacionais ....................................................... 174 Centro de Estudos Monetrios Latino-Americanos ...................................... 176 VIII- Principais Medidas de Poltica Econmica ............................................... 179 Leis Complementares ................................................................................... 179 Leis................................................................................................................ 179 Medidas Provisrias ...................................................................................... 181 Decretos ........................................................................................................ 184 Decretos Legislativos .................................................................................... 189 Resolues do Conselho Monetrio Nacional .............................................. 190 Resoluo do Conselho Nacional de Poltica Energtica ............................. 200 Resolues do Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportao ...................................................................... 200 Resolues da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa).............. 200 Resolues da Cmara de Comrcio Exterior (Camex) ............................... 201 Circulares do Banco Central do Brasil ......................................................... 210 Circular da Superintendncia de Seguros Privados (Susep) ......................... 214 Circulares da Secretaria de Comrcio Exterior (Secex) ............................... 214 Portarias do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC) ........................................................ 217 Portaria do Ministrio de Minas e Energia ................................................... 218 Portarias da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) ..................................... 218 Portarias da Secretaria de Comrcio Exterior (Secex).................................. 220 Portaria da Receita Federal do Brasil (RFB) ................................................ 220 Portaria do Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial (Inmetro) ........................................... 221 Portaria Conjunta da Receita Federal do Brasil e da Secretaria de Comrcio Exterior ................................................................... 221 Portaria da Superintendncia da Zona Franca de Manaus ............................ 221 Instrues Normativas da Receita Federal do Brasil (RFB) ......................... 221 Apndice ...................................................................................................... 225

Sumrio

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Quadros EstatsticosCaptulo 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 1.10 1.11 1.12 1.13 1.14 1.15 1.16 1.17 1.18 1.19 1.20 1.21 Captulo 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 Captulo 3.1 Captulo 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 I PIB a preos de mercado .....................................................................14 PIB Variao trimestre/trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal.......................................................................................15 Taxas reais de variao do PIB tica do produto ............................15 Taxas reais de variao do PIB tica da despesa.............................16 PIB Valor corrente, por componente ................................................17 Formao Bruta de Capital (FBC) ......................................................20 Produo de bens de capital selecionados ...........................................21 Desembolsos do Sistema BNDES .......................................................22 Produo industrial..............................................................................22 Utilizao da capacidade instalada na indstria ..................................25 Produo agrcola Principais culturas ..............................................29 Produo agrcola, rea colhida e rendimento mdio Principais culturas ...............................................................................30 Estoque de gros Principais culturas ................................................31 Consumo aparente de derivados de petrleo e lcool carburante .......33 Consumo de energia eltrica ...............................................................34 Emprego formal Admisses lquidas................................................35 Rendimento mdio habitual das pessoas ocupadas 2010 .................36 Participao de itens do IPCA em 2010 ..............................................38 Participao dos grupos no IPCA em 2010 .........................................39 Principais itens na composio do IPCA em 2010..............................40 Preos ao consumidor e seus ncleos em 2010 ...................................41 II Alquotas de recolhimento sobre encaixes obrigatrios ......................46 Haveres financeiros .............................................................................48 Evoluo do crdito.............................................................................50 Crdito com recursos livres .................................................................52 Crdito com recursos direcionados .....................................................55 Desembolsos do BNDES ....................................................................55 III Rendimentos nominais das aplicaes financeiras 2010 ..................64 IV Necessidades de financiamento do setor pblico ................................66 Resultado primrio do Governo Central .............................................68 Receita bruta do Tesouro Nacional .....................................................68 Despesa do Tesouro Nacional .............................................................69 Usos e fontes Setor pblico consolidado..........................................70 Ttulos pblicos federais Posio de carteira ...................................71 Ttulos pblicos federais Participao percentual por indexador.....72

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4.8 4.9 4.10 4.11 4.12 4.13 4.14 4.15 4.16 Captulo 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6 5.7 5.8 5.9 5.10 5.11 5.12 5.13 5.14 5.15 5.16 5.17 5.18 5.19 5.20 5.21 5.22 5.23 5.24 5.25 5.26 5.27 5.28 5.29 5.30 5.31 5.32 5.33

Operaes compromissadas Mercado aberto ...................................73 Evoluo da Dvida Lquida do Setor Pblico ....................................74 Dvida Lquida do Setor Pblico .........................................................75 Dvida lquida e bruta do Governo Geral ............................................76 Arrecadao bruta de receitas federais ................................................77 Arrecadao do Imposto de Renda e do IPI por setores .....................78 Resultado da Previdncia Social .........................................................79 Arrecadao do Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios (ICMS)..................................................................................80 Transferncias da Unio para os estados e municpios .......................80 V Movimento de cmbio contratado .......................................................89 Balano de pagamentos .......................................................................90 Balana comercial FOB ...................................................................91 ndices de preo e quantum de exportao..........................................92 ndices de preo e quantum de importao .........................................94 Exportao por fator agregado FOB ................................................96 Exportao FOB Principais produtos bsicos ...............................97 Exportao por fator agregado e regio FOB...................................99 Exportao FOB Principais produtos semimanufaturados..........100 Exportao FOB Principais produtos manufaturados .................101 Exportao por intensidade tecnolgica FOB ................................103 Importao FOB .............................................................................105 Importaes FOB Principais produtos ........................................107 Importao por categoria de uso e regio FOB ..............................108 Importao por intensidade tecnolgica FOB ................................111 Balana comercial por pases e blocos FOB ..................................113 Servios .............................................................................................115 Viagens internacionais.......................................................................116 Transportes ........................................................................................117 Servios empresariais, profissionais e tcnicos .................................118 Rendas ...............................................................................................119 Transferncias unilaterais correntes ..................................................120 Saldo de transaes correntes e necessidade de financiamento externo .......................................................................121 Taxas de rolagem de mdio e longo prazos do setor privado............123 Investimentos estrangeiros diretos ....................................................124 Investimento estrangeiro direto Participao por pas ...................125 Investimento estrangeiro direto Participao por setor ..................126 Investimentos estrangeiros em carteira .............................................128 Outros investimentos estrangeiros ....................................................129 Investimentos brasileiros diretos .......................................................130 Investimentos brasileiros em carteira ................................................131 Outros investimentos brasileiros .......................................................132 Demonstrativo de variao das reservas internacionais ....................133

Sumrio

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5.34 5.35 5.36 5.37 5.38 5.39 5.40 5.41 5.42 5.43 5.44 5.45 5.46 Captulo 6.1 6.2

Tesouro Nacional Servio da dvida externa ..................................134 Tesouro Nacional Operaes de recompra de ttulos soberanos da dvida externa ...............................................................................135 Endividamento externo bruto ............................................................136 Dvida externa registrada ..................................................................137 Dvida pblica externa registrada......................................................139 Dvida externa registrada Por devedor ...........................................139 Dvida externa registrada Por credor..............................................140 Prazo mdio de amortizao .............................................................141 Indicadores de sustentabilidade externa ............................................142 Emisses da Repblica ......................................................................144 Dvida externa reestruturada Bradies, Pr-Bradies e MYDFA.......146 Posio internacional de investimento ..............................................148 Posio financeira do Brasil no FMI .................................................151 VI Maiores economias desenvolvidas ....................................................155 China .................................................................................................159

GrficosCaptulo 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 1.10 1.11 1.12 Captulo 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 I Formao Bruta de Capital Fixo .........................................................17 Produo industrial..............................................................................23 Produo industrial Dados dessazonalizados ...................................23 Produo industrial Por categoria de uso .........................................24 Utilizao da capacidade instalada na indstria ..................................25 ndice de Volume de Vendas no Comrcio Ampliado ......................27 ndice de Confiana do Consumidor (ICC) .........................................28 Produo animal ..................................................................................31 Taxa mdia de desemprego aberto ......................................................35 Nvel de emprego formal.....................................................................36 Rendimento mdio habitual real .........................................................36 ndices de preos ao consumidor ........................................................37 II Meios de pagamentos (M1) Velocidade-renda .................................44 Papel-moeda em poder do pblico a preo de dezembro de 2010, dessazonalizado ....................................................................44 Depsitos vista a preo de dezembro de 2010, dessazonalizados ....44 Base monetria e meios de pagamento ...............................................45 Haveres financeiros Em percentual do PIB ......................................47 Posio lquida de financiamento dos ttulos pblicos federais Mdia diria ........................................................................49

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2.7 2.8 2.9 2.10 2.11 2.12 2.13 2.14 Captulo 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8 3.9 3.10 3.11 Captulo 4.1 4.2 4.3 4.4 Captulo 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6 5.7 5.8 5.9 5.10 5.11

Operaes compromissadas do Banco Central Volume por prazo Mdia dos saldos dirios ........................................................49 Direcionamento do crdito para atividades econmicas Sistema Financeiro ..............................................................................51 Taxas de juros das operaes de crdito com recursos livres..............53 Taxas de juros das operaes de crdito Pessoa fsica .....................53 Taxas de juros das operaes de crdito Pessoa jurdica..................53 Spread bancrio das operaes de crdito com recursos livres...........54 Inadimplncia das operaes de crdito com recursos livres ..............54 Sistema bancrio Participao por segmentos .................................58 III Taxa over/Selic ....................................................................................59 Taxa over/Selic x dlar x swap 360 dias .............................................59 Curva de juros Swap DI x pr ..........................................................60 Taxa over/Selic acumulada em 12 meses ............................................60 Mercado primrio Ofertas registradas na CVM ...............................61 Ibovespa ..............................................................................................61 Ibovespa x Dow Jones x Nasdaq 2010 .............................................61 Volume mdio dirio negociado na Bovespa 2010 ..........................62 Valor de mercado 2010 Companhias abertas listadas na Bovespa .............................................................................62 Aplicaes financeiras Saldos 2010 ..............................................63 Rendimento dos principais ativos financeiros em 2010 ......................63 IV Necessidades de financiamento do setor pblico ................................67 Ttulos pblicos federais .....................................................................71 Evoluo da estrutura da dvida moviliria .........................................72 Previdncia Social ...............................................................................79 V Investimentos estrangeiros diretos e necessidade de financiamento externo .........................................................................91 Exportao e importao FOB .........................................................91 ndice de termos de troca ....................................................................92 ndice trimestral de preo e quantum das exportaes brasileiras .....93 ndice trimestral de preo e quantum das importaes brasileiras .....95 Exportao por fator agregado FOB ................................................96 Importao de matrias-primas x produo industrial ......................105 Importao por categoria de uso final FOB Bens de capital/ Matrias primas .................................................................................105 Importao por categoria de uso final FOB Bens de consumo/ Combustveis e lubrificantes .............................................................110 Reservas internacionais .....................................................................132 Prazo mdio da dvida externa registrada .........................................141

Sumrio

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5.12 5.13 5.14 Captulo 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8 6.9 6.10 6.11 6.12 6.13 6.14 6.15 6.16

Composio da dvida externa registrada..........................................141 Indicadores de sustentabilidade externa ............................................143 Cotaes de ttulos brasileiros no exterior ........................................147 VI ndice IC-Br.......................................................................................159 Petrleo U.K. Brent Mercado vista ..............................................161 Taxas de juros oficiais .......................................................................161 EUA: inflao ....................................................................................162 Japo: inflao ...................................................................................163 rea do Euro: inflao.......................................................................164 Reino Unido: inflao........................................................................164 China: inflao...................................................................................165 Bolsas de valores EUA, Europa e Japo ........................................166 VIX ....................................................................................................166 Bolsas de valores Mercados emergentes ........................................167 CDS Soberanos 5 anos ......................................................................167 Emerging Markets Bond Index Plus (Embi +) ..................................168 Retorno dos ttulos do governo .........................................................168 Moeda de pases desenvolvidos ........................................................169 Moeda de pases emergentes .............................................................169

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Introduo

A economia mundial persistiu, em 2010, na trajetria de recuperao iniciada no segundo semestre do ano anterior, quando a atuao coordenada dos bancos centrais e governos dos Estados Unidos da Amrica (EUA) e de pases europeus com vistas a estabilizar os sistemas financeiros e mitigar os efeitos da intensificao da crise financeira internacional passou a favorecer a retomada da atividade econmica. Os principais pases desenvolvidos voltaram a registrar crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB), ressaltando-se o carter assimtrico deste movimento no mbito destas economias e, principalmente, quanto incorporado o desempenho das economias emergentes. Os mercados financeiros, embora registrassem menor volatilidade do que em 2009, refletiram, de maio a meados de agosto, o aumento das preocupaes relacionadas s dvidas soberanas de determinados pases europeus e as perspectivas desfavorveis com relao sustentao da retomada econmica dos EUA e ao desempenho da China. A partir de agosto, o retorno gradual do otimismo quanto a evoluo da atividade econmica nos EUA e na China, e a elevada liquidez na economia mundial favoreceram a trajetria dos ndices das principais bolsas de valores. Nesse contexto, a deteriorao da oferta de diversos produtos agrcolas e a forte demanda de alguns pases emergentes criaram condies para a valorizao expressiva observada nas cotaes das commodities agrcolas no segundo semestre do ano, exercendo desdobramentos generalizados sobre as taxas de inflao e sobre os processos de normalizao da poltica monetria, tanto em economias desenvolvidas quanto nas emergentes. A economia brasileira, impulsionada pelo cenrio internacional mais favorvel e pela solidez da demanda interna, registrou, em 2010, o crescimento anual do PIB mais acentuado desde 1986. Ressalte-se que o atual ciclo de expanso apresentou, no decorrer do segundo semestre do ano, ritmos de crescimento distintos da oferta e da demanda agregadas, com desdobramentos sobre o nvel das importaes e sobre a trajetria da inflao, em especial no segmento de servios.

Introduo

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Nesse cenrio, o Comit de Poltica Monetria do Banco Central (Copom), aps manter a meta para a taxa bsica de juros em 8,75% a.a. nas duas primeiras reunies realizadas no ano, introduziu trs elevaes consecutivas nas reunies subsequentes e manteve a taxa em 10,75% a.a. nas trs ltimas reunies do ano. Adicionalmente, o Conselho Monetrio Nacional e a diretoria colegiada do Banco Central adotaram, em dezembro, um conjunto de medidas de natureza macroprudencial com o objetivo de aperfeioar os instrumentos de regulao, assegurar a estabilidade do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e permitir a continuidade do desenvolvimento sustentvel do mercado de crdito. As medidas mais importantes foram a elevao dos recolhimentos compulsrios e do requerimento de capital para operaes de crdito a pessoas fsicas com prazos superiores a 24 meses. No mbito do comrcio externo, foram introduzidas medidas importantes objetivando criar condies favorveis para o aumento da competitividade das exportaes brasileiras, enquanto a conduo da poltica cambial visou, no decorrer do ano, evitar que a liquidez em moeda estrangeira resultasse em excessiva volatilidade e desequilbrios no mercado de cmbio. O fortalecimento da economia brasileira se traduziu em aumento expressivo na demanda por bens e servios importados e na elevao das remessas lquidas de renda, com impacto sobre o dficit em transaes correntes, que totalizou o recorde de US$47,4 bilhes no ano. Em sentido inverso, a solidez macroeconmica do pas, expressa em expectativas de risco declinante e retornos crescentes para os investimentos, favoreceu o ingresso lquido de US$99,7 bilhes na conta capital e financeira. O supervit do balano de pagamentos totalizou US$49,1 bilhes em 2010. Nesse ambiente, a acelerao registrada nos ndices de preos ao consumidor em 2010 esteve influenciada, em especial, pelo comportamento dos preos livres, com nfase nos aumentos nos segmentos alimentos e vesturio, e no mbito dos servios. A variao do ndice Nacional de Preos ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 5,91% no ano, situando-se no intervalo estipulado como meta pelo Conselho Monetrio Nacional (CMN) no mbito do regime de metas para a inflao.

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I

A Economia Brasileira

Nvel de atividadeA economia brasileira, em cenrio de recuperao do emprego e da renda, e de ampliao do crdito e dos nveis de confiana de empresrios e consumidores, registrou, em 2010, o crescimento anual mais acentuado desde 1986. O atual ciclo de expanso apresentou, no decorrer do segundo semestre do ano, ritmos de crescimento distintos da oferta e da demanda agregadas, com desdobramentos sobre o nvel das importaes e sobre a trajetria da inflao, em especial no segmento de servios.

Produto Interno BrutoO PIB cresceu 7,5% em 2010, segundo as Contas Nacionais Trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), registrando-se, no mbito da demanda, contribuies de 10,3 p.p. do componente domstico e de -2,8 p.p do setor externo. Sob a tica da oferta, ocorreram aumentos anuais no valor adicionado dos trs setores da economia, atingindo 10,1% no segmento secundrio, 6,5% no primrio e 5,4% no de servios. O resultado do setor agropecurio consistente com a expanso anual de 11,6% da safra de gros e com os aumentos respectivos de 8,5%, 7,7% e 3,8% nos abates de bovinos, aves e sunos, em relao a igual intervalo do ano anterior. O desempenho do setor industrial refletiu, em especial, as elevaes nas indstrias extrativa, 15,7%; da construo civil, 11,6%; e de transformao, 9,7%. A evoluo anual do setor de servios foi impulsionada, fundamentalmente, pelo dinamismo dos segmentos comrcio, 10,7%; transporte armazenagem e correio, 8,9%; e intermediao financeira, seguros, previdncia e servios relativos, 10,7%, os dois primeiros relacionados aos resultados dos setores industrial e agropecurio. Considerada a tica da demanda, os investimentos, em linha com o desempenho da construo civil e da absoro de bens de capital, cresceram 21,8% em 2010, enquanto o consumo das famlias, refletindo o crescimento da massa salarial e das operaes de crdito, aumentou 7%. A contribuio negativa do setor externo traduziu as elevaes

I A Economia Brasileira

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Quadro 1.1 PIB a preos de mercadoAno A preos de 2010 (R$ milhes) 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010Fonte: IBGE 1/ Estimativa do Banco Central do Brasil, obtida pela diviso do PIB a preos correntes pela taxa mdia anual de cmbio de compra.

Variao real (%)

Deflator implcito (%)

A preos correntes (US$ milhes)1/

Populao (milhes) A preos de 2010 (R$) 118,6 121,2 123,9 126,6 129,3 132,0 134,7 137,3 139,8 142,3 146,6 149,1 151,5 154,0 156,4 158,9 161,3 163,8 166,3 168,8 171,3 173,8 176,3 178,7 181,1 183,4 185,6 187,6 189,6 191,5 193,3 14 521 13 600 13 417 12 748 13 155 13 897 14 641 14 869 14 589 14 787 13 731 13 639 13 346 13 781 14 360 14 736 14 824 15 095 14 876 14 692 15 099 15 075 15 256 15 221 15 880 16 179 16 621 17 438 18 148 17 855 19 016

PIB per capita Variao real (%) 7,0 -6,3 -1,3 -5,0 3,2 5,6 5,4 1,6 -1,9 1,4 -7,1 -0,7 -2,2 3,3 4,2 2,6 0,6 1,8 -1,5 -1,2 2,8 -0,2 1,2 -0,2 4,3 1,9 2,7 4,9 -2,3 -1,6 6,5 A preos correntes (US$) 2 005 2 133 2 190 1 497 1 468 1 599 1 915 2 057 2 186 2 923 3 202 2 721 2 556 2 790 3 472 4 849 5 209 5 320 5 077 3 477 3 766 3 186 2 861 3 097 3 665 4 812 5 867 7 283 8 706 8 348 10 8141/

1 721 711 1 648 538 1 662 221 1 613 518 1 700 648 1 834 132 1 971 509 2 041 103 2 039 878 2 104 338 2 012 800 2 033 532 2 022 478 2 122 080 2 246 283 2 341 161 2 391 508 2 472 236 2 473 107 2 479 388 2 586 153 2 620 112 2 689 757 2 720 598 2 876 007 2 966 879 3 084 280 3 272 156 3 441 081 3 418 896 3 674 964

9,2 -4,3 0,8 -2,9 5,4 7,8 7,5 3,5 -0,1 3,2 -4,3 1,0 -0,5 4,9 5,9 4,2 2,2 3,4 0,0 0,3 4,3 1,3 2,7 1,1 5,7 3,2 4,0 6,1 5,2 -0,6 7,5

92,1 100,5 101,0 131,5 201,7 248,5 149,2 206,2 628,0 1 304,4 2 737,0 416,7 969,0 1 996,1 2 240,2 93,9 17,1 7,6 4,2 8,5 6,2 9,0 10,6 13,7 8,0 7,2 6,1 5,9 8,3 5,7 7,3

237 772 258 553 271 252 189 459 189 744 211 092 257 812 282 357 305 707 415 916 469 318 405 679 387 295 429 685 543 087 770 350 840 268 871 274 843 985 586 777 644 984 553 771 504 359 553 603 663 782 882 439 1 088 767 1 366 543 1 650 713 1 598 397 2 089 829

anuais registradas nas importaes, 36,2%, e nas exportaes, 11,5%, diferencial associado ao ritmo distinto de crescimento da economia internacional e brasileira. A anlise na margem, considerados dados dessazonalizados, revela que o crescimento do PIB arrefeceu na segunda metade de 2010, quando registraram-se taxas de crescimento respectivas de 0,4% e 0,7% no terceiro e quarto trimestres do ano, ante expanses de 2,2% no trimestre encerrado em maro e de 1,6% naquele finalizado em junho.

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Boletim do Banco Central do Brasil Relatrio Anual 2010

Quadro 1.2 PIB Variao trimestre/trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonalPercentual Discriminao I PIB a preo de mercado Agropecuria Indstria ServiosFonte: IBGE

2010 II 2,2 2,6 1,7 1,4 1,6 1,4 3,6 1,1 III 0,4 -1,6 -0,6 0,9 IV 0,7 -0,8 -0,3 1,0

O PIB cresceu 2,2% no primeiro trimestre de 2010, em relao ao quarto trimestre do ano anterior, aumentando 9,3% em relao a igual perodo de 2009. A evoluo do PIB, na margem, se configurando no quarto aumento consecutivo do agregado, nessa base de comparao, refletiu as elevaes assinaladas na agropecuria, 2,6%; na indstria, 1,7%; e no setor de servios, 1,4%. Em relao aos componentes da demanda, ressalte-se, no perodo, a continuidade do crescimento da Formao Bruta de Capital Fixo (FBCF), 4%, enquanto o consumo das famlias aumentou 1,8% e o do governo se retraiu 0,2%. As exportaes elevaram-se 3,4% e as importaes, em linha com o crescimento da demanda interna, 8,1%. O desempenho do PIB em relao ao primeiro trimestre de 2009 evidenciou a consolidao do dinamismo da demanda interna, responsvel por 12,1 p.p. da taxa de crescimentoQuadro 1.3 Taxas reais de variao do PIB tica do produtoPercentual Discriminao PIB Setor agropecurio Setor industrial Extrativa mineral Transformao Construo Produo e distribuio de eletricidade, gs e gua Setor servios Comrcio Transporte, armazenagem e correio Servios de informao Intermediao financeira, seguros, previdncia complementar e servios relativos Outros servios Atividades imobilirias e aluguel Administrao, sade e educao pblicasFonte: IBGE

2008 5,2 6,1 4,1 3,5 3,0 7,9 4,5 4,9 6,1 7,0 8,8 12,6 4,3 1,8 0,9

2009 -0,6 -4,6 -6,4 -1,1 -8,2 -6,3 -2,6 2,2 -1,8 -2,5 3,8 7,1 3,5 1,9 3,3

2010 7,5 6,5 10,1 15,7 9,7 11,6 7,8 5,4 10,7 8,9 3,8 10,7 3,6 1,7 2,3

I A Economia Brasileira

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registrada no perodo, contrastando com a contribuio de -2,9 p.p. proporcionada pelo setor externo. Considerada a tica da demanda, o consumo das famlias, em cenrio de aumentos da massa salarial real, do emprego e do crdito, e de manuteno da confiana dos consumidores em patamar elevado, cresceu 8,4% no perodo, representando o vigsimo sexto resultado positivo nessa base de comparao. A FBCF, traduzindo a trajetria dos indicadores de confiana dos empresrios e os desempenhos das indstrias da construo civil e de bens de capital, aumentou 28,4% no perodo, enquanto o consumo do governo cresceu 2,7%. A contribuio negativa do setor externo, consistente com o processo de fortalecimento da demanda interna e com o menor dinamismo da economia mundial, refletiu as elevaes assinaladas nas exportaes, 14,7%, e nas importaes, 39,6%. Em relao aos componentes da oferta, o desempenho interanual do PIB refletiu as elevaes observadas nas produes dos setores industrial, 15,1%; de servios, 6,2%; e agropecurio, 5,4%.Quadro 1.4 Taxas reais de variao do PIB tica da despesaPercentual Discriminao PIB Consumo das famlias Consumo do governo Formao Bruta de Capital Fixo Exportaes ImportaesFonte: IBGE

2008 5,2 5,7 3,2 13,6 0,5 15,4

2009 -0,6 4,2 3,9 -10,3 -10,2 -11,5

2010 7,5 7,0 3,3 21,8 11,5 36,2

A evoluo da indstria foi impulsionada pelo dinamismo das indstrias de transformao, 17,3%, e da construo civil, 15,1%, trajetria consistente com a intensificao dos recursos destinados a financiamentos imobilirios e s obras de infra-estrutura no mbito do Programa de Acelerao do Crescimento (PAC). A produo e distribuio de eletricidade, gs e gua aumentou 8,4%, no perodo, enquanto a atividade extrativa mineral, evidenciando o desempenho do segmento minrio de ferro, cresceu 14,7%. A agropecuria cresceu 5,4% no primeiro trimestre de 2010, em relao a igual intervalo do ano anterior, com nfase nos resultados das safras de algodo, milho e soja. O setor de servios, evidenciando o fortalecimento da demanda interna, cresceu 6,2% no perodo, ressaltando-se as expanses relacionadas aos segmentos comrcio, 15,3%, e transporte, armazenamento e correios, 12,5%, que refletem, em parte, o comportamento

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dos setores agropecurio e industrial. O setor servios de intermediao financeira, seguros, previdncia complementar e servios relativos cresceu 9,6%, seguindo-se as expanses registradas nos segmentos outros servios, 3,4%; servios de informao, 2,9%; administrao, sade e educao pblicas, 2,5%; e atividades imobilirias e aluguel, 1,6%. O PIB cresceu 9,2% no segundo trimestre de 2010, em relao a igual perodo de 2009. Sob a tica da oferta, todos os componentes do produto registraram resultados positivos no perodo, enquanto, considerada a anlise da demanda, o dinamismo da demanda domstica proporcionou impacto positivo de 12,7 p.p., contrastando com a contribuio negativa de 3,5 p.p. exercida pelo setor externo.

Formao Bruta de Capital Fixo19 18 17 16 15 14 2000 Fonte: IBGE 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 25 20 15 10 5 0 -5 -10 -15

Grfico 1.1

Participao no PIB

Variao real

Quadro 1.5 PIB Valor corrente, por componenteEm R$ milhes Discriminao Produto Interno Bruto a preos de mercado tica do produto Setor agropecurio Setor industrial Setor servios tica da despesa Consumo final Consumo das famlias Consumo da administrao pblica Formao Bruta de Capital Formao Bruta de Capital Fixo Variao de estoques Exportao de bens e servios Importao de bens e servios (-)Fonte: IBGE

2007

2008

2009 3 185 126

2010 3 674 964

2 661 343 3 031 864

127 266 636 279

152 273 719 987

166 704 696 610 1 877 417

180 831 841 024 2 113 788

1 524 311 1 707 849

2 133 129 2 398 945 1 594 068 1 786 840 539 061 487 761 464 137 23 624 355 672 315 218 612 105 627 158 579 531 47 627 414 294 408 534

2 661 091 1 966 493 694 598 525 816 539 757 -13 941 354 236 356 015

3 004 069 2 226 056 778 013 707 414 677 863 29 551 409 868 446 387

I A Economia Brasileira

Variao real

% PIB

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A anlise dos componentes da demanda segue explicitando a importncia da demanda interna para a sustentao do processo de crescimento econmico. O consumo das famlias, favorecido pelo aumento da massa salarial real, pelas melhores condies no mercado de crdito e pela manuteno da confiana dos consumidores em patamar elevado, cresceu 6,4% no trimestre, enquanto o consumo do governo aumentou 5,6%. A FBCF, consistente com as trajetrias dos indicadores de confiana dos empresrios e das indstrias da construo civil e de bens de capital, aumentou 28,1% no perodo. A contribuio do setor externo para o desempenho do PIB seguiu negativa. O impacto de -3,5 p.p., registrado no trimestre, decorreu de contribuies de 0,8 p.p. das exportaes e de -4,3 p.p. das importaes, que, evidenciando a continuidade da expanso da atividade econmica e o menor dinamismo da economia mundial, cresceram 7,2% e 38,9%, respectivamente, no perodo. Em relao aos componentes da oferta, o desempenho trimestral do PIB refletiu as elevaes observadas nas produes dos setores industrial, 14,1%; agropecurio, 10,4%; e de servios, 6%. O crescimento da agropecuria refletiu, em grande parte, o crescimento registrado nas principais safras de gros, em especial de milho e soja. O desempenho da indstria traduziu, em grande parte, as expanses assinaladas na construo civil, 16,6%, resultado consistente com o aumento dos financiamentos imobilirios e com a intensificao das obras de infra-estrutura no mbito do PAC, e na indstria de transformao, 14,1%. A produo e distribuio de eletricidade, gs e gua aumentou 10%, no perodo, enquanto a atividade extrativa mineral, evidenciando o desempenho do segmento minrio de ferro e as expanses nas produes de petrleo (leo bruto e Lquidos de gs natural LGN), 6,7%, e de gs, 7,3%, cresceu 16,6%. O desempenho do setor de servios, em linha com o dinamismo da demanda interna, refletiu a ocorrncia de resultados setoriais favorveis generalizados, com destaque para as contribuies exercidas pelos setores comrcio e transporte, e armazenagem e correio, que apresentaram expanses respectivas de 12,1% e 11,1%, no trimestre. Ressaltem-se, adicionalmente, as elevaes assinaladas nos setores intermediao financeira, seguros, previdncia e servios relativos, 10,2%; e servios de informao, 3,5%. Na margem, o PIB cresceu 1,6% no segundo trimestre do ano, em relao ao trimestre anterior, considerando dados dessazonalizados. Esse resultado, que se constituiu no quinto crescimento consecutivo nessa base de comparao, ratifica o desempenho de indicadores setoriais antecedentes e revela a consolidao do processo de recuperao da economia brasileira. A indstria cresceu 3,6%, no trimestre, seguindo-se os setores agropecurio, 1,4%; e de servios, 1,1%. A anlise por componentes da demanda revela recuperao do consumo das famlias, que aumentou 1,1% no trimestre, enquanto os gastos do governo e a FBCF elevaram-se 1,8% e 3,9%, respectivamente. As exportaes

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elevaram-se 1,2% no perodo e as importaes, consistentes com o crescimento da demanda interna, 5,7%. O PIB aumentou 6,7% no terceiro trimestre de 2010, em relao a igual perodo do ano anterior. Considerada a tica da oferta, a agropecuria cresceu 7% no perodo, ante 10,4% no trimestre encerrado em junho, resultado associado ao desempenho modesto das safras de gros com maior peso no terceiro trimestre, como feijo, de mandioca e de laranja. O setor industrial cresceu 8,3%, com destaque para as desaceleraes nas taxas de crescimento das indstrias de transformao, de 14,1% para 7,1%, e da construo civil, de 16,6% para 9,6%. A expanso do setor de servios atingiu 4,9%, evoluo compatvel com o impacto do desempenho da agropecuria e da indstria sobre os segmentos comrcio e transportes. Pela tica da demanda, a taxa de crescimento da FBCF atingiu 21,2% no trimestre. O consumo das famlias e o consumo do governo cresceram 5,9% e 4,1%, respectivamente, enquanto as exportaes e as importaes assinalaram elevaes respectivas de 11,3% e 40,9%. Neste cenrio, a demanda domstica e o setor externo exerceram contribuies de 10 p.p. e -3,3 p.p. para o crescimento do PIB no perodo. O PIB cresceu 0,4% em relao ao segundo trimestre, quando havia expandido 1,6%, no mesmo tipo de comparao, considerados dados dessazonalizados. A desacelerao registrada na margem refletiu os recuos respectivos de 1,6% e 0,6% observados na agropecuria e na indstria e o aumento de 0,9% no setor de servios, comparativamente a variaes de 1,4%, 3,6% e 1,1% no trimestre encerrado em junho. O resultado negativo da agropecuria esteve vinculado, em parte, ao impacto favorvel da safra de soja sobre a produo agrcola do segundo trimestre do ano, enquanto a perda de dinamismo do setor industrial evidenciou a retrao da indstria de transformao. A anlise por componentes da demanda domstica revela aumentos do consumo das famlias, 1,8%; e da FBCF, 3,1% e recuo de 0,1% do consumo do governo, enquanto, no mbito do setor externo ocorreram elevaes de 4,2% nas exportaes e de 7,1% nas importaes. O PIB aumentou 5% no quarto trimestre de 2010, em relao a igual perodo do ano anterior. Considerada a tica da oferta, enquanto o setor primrio cresceu 1,1% no perodo, o setor industrial se expandiu 4,3%, com destaque para o dinamismo da indstria extrativa mineral, 14,8%, e da construo civil, 6,2%. A expanso do setor de servios atingiu 4,6%, ressaltando-se o crescimento de 11,4% no segmento intermediao financeira, seguros, previdncia e servios relativos. Pela tica da demanda, a taxa de crescimento da FBCF atingiu 12,3% no trimestre. O consumo das famlias e o consumo do governo cresceram 7,5% e 1,2%, respectivamente, enquanto as exportaes e as importaes assinalaram elevaes respectivas de 13,5% e

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27,2%. Neste cenrio, a demanda domstica e o setor externo exerceram contribuies de 6,6 p.p. e -1,5 p.p. para o crescimento do PIB no perodo. O PIB aumentou 0,7% em relao ao terceiro trimestre do ano, considerados dados dessazonalizados. A desacelerao registrada na margem refletiu os recuos respectivos de 0,8 e 0,3% observados na agropecuria e na indstria e o aumento de 1% no setor de servios. A anlise por componentes da demanda domstica revela aumentos do consumo das famlias, 2,5%, e da FBCF, 0,2%, e retrao de 0,3% do consumo do governo, enquanto, no mbito do setor externo ocorreram elevaes de 3,6% nas exportaes e de 3,9% nas importaes.

InvestimentosOs investimentos, excludas as variaes de estoques, aumentaram 21,9% em 2010, de acordo com as Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, ressaltando-se que a taxa de crescimento mdia desta varivel no binio encerrado em 2010 atingiu 4,5%, ante expanso mdia de 3,3% do PIB, indicando expanso da capacidade de oferta da economia no perodo.

Quadro 1.6 Formao Bruta de Capital (FBC)Percentual Ano Participao na FBC Formao Bruta de Capital Fixo (FBCF) Variao de estoques Construo civil 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010Fonte: IBGE

A preos correntes FBCF/PIB FBC/PIB

Mquinas e equipamentos

Outros

44,5 48,2 49,5 51,9 50,6 45,7 43,9 47,8 42,8 41,1 41,6 39,6 36,5 33,6 40,5 36,2

48,9 43,5 43,1 40,8 37,2 39,3 43,3 44,8 45,3 45,0 49,0 50,6 51,5 52,4 54,3 52,9

8,3 7,3 7,0 6,9 7,8 7,1 7,3 8,5 8,7 7,9 7,7 7,8 7,2 6,5 7,9 6,7

-1,6 1,0 0,3 0,3 4,4 7,9 5,5 -1,2 3,1 6,0 1,6 1,9 4,8 7,6 -2,7 4,2

18,3 16,9 17,4 17,0 15,7 16,8 17,0 16,4 15,3 16,1 15,9 16,4 17,4 19,1 16,9 18,4

18,0 17,0 17,4 17,0 16,4 18,2 18,0 16,2 15,8 17,1 16,2 16,8 18,3 20,7 16,5 19,2

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Boletim do Banco Central do Brasil Relatrio Anual 2010

A anlise trimestral revela que os investimentos aumentaram 28,4% no primeiro trimestre de 2010, em relao a igual perodo de 2009, registrando, na margem, considerados dados dessazonalizados, elevao de 4% em relao ao quarto trimestre de 2009. Mantendo-se em trajetria de recuperao acentuada, os investimentos elevaram-se 28,1% no segundo trimestre do ano, em relao ao perodo correspondente de 2009, acumulando expanso de 28,2% no primeiro semestre do ano, comparativamente a igual perodo do ano anterior. Considerados dados dessazonalizados, os investimentos cresceram 3,9% em relao ao primeiro trimestre do ano. Os investimentos cresceram 21,2% no terceiro trimestre, em relao ao perodo correspondente de 2009, e 3,1% comparativamente ao segundo trimestre do ano. Aps registrarem seis resultados trimestrais expressivos e superarem, no segundo trimestre de 2010, o maior nvel anterior crise, os investimentos apresentaram relativa acomodao, na margem, no trimestre encerrado em dezembro, quando elevaram-se 0,7% em relao ao trimestre finalizado em setembro, considerados dados dessazonalizados. A produo de insumos da construo civil aumentou 11,9% em 2010, ante retrao de 6,3% no ano anterior, variao anual mais expressiva desde 1992 e consistente com os desempenhos favorveis dos mercados de trabalho e de crdito, em especial habitacional, e com os impactos de programas especficos do governo no mbito do PAC.Quadro 1.7 Produo de bens de capital selecionadosDiscriminao Variao percentual 2008 Bens de capital Industrial Seriados No seriados Agrcolas Peas agrcolas Construo Energia eltrica Transportes MistoFonte: IBGE

2009 -17,4 -28,1 -31,6 -6,6 -28,5 -38,4 -48,5 -32,5 -8,8 -14,7

2010 20,8 22,3 27,5 -0,5 33,0 13,9 95,8 -3,8 26,1 13,4

14,3 4,6 2,7 17,4 35,1 58,8 4,8 12,0 31,3 2,5

A indstria de bens de capital cresceu 20,8% em 2010, ante reduo de 17,4% no ano anterior, com nfase no desempenho dos segmentos contruo civil, 95,8%; implementos agrcolas, 33%; equipamentos de transporte, 26,1%; e bens de capital tipicamente industrializados, 22,3%, neste registrando-se variaes respectivas de 27,5% e -0,5% nas produes de bens seriados e de bens no seriados.

I A Economia Brasileira

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Quadro 1.8 Desembolsos do Sistema BNDESEm R$ milhes Discriminao Total Por setor Indstria de transformao Comrcio e servios Agropecuria Indstria extrativaFonte: BNDES 1/ Compreende o BNDES, a Finame e o BNDESpar.

1/

2008

2009

2010

90 878 136 356 168 423

35 710 46 262 5 594 3 311

60 302 65 979 6 856 3 219

77 255 79 528 10 126 1 514

Os desembolsos do sistema Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES), Agncia Especial de Financiamento Industrial (Finame) e BNDES Participaes S.A. (BNDESpar) totalizaram R$168,4 bilhes em 2010, elevando-se 23,5% em relao ao ano anterior, quando haviam assinalado aumento anual de 50%. A anlise por setores revela que a maior expanso, 47,7%, ocorreu nos desembolsos agropecuria, que representaram 6% do total, e a maior retrao, 53%, nos destinados indstria extrativa, cuja participao atingiu 0,9%. Os desembolsos direcionados aos setores comrcio e servios, e indstria de transformao, representando, na ordem, 47,2% e 45,9% do total, elevaram-se 20,5% e 28,1%, respectivamente, no ano. A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), utilizada como indexador de financiamentos contratados junto ao sistema BNDES, permaneceu em 6% a.a. ao longo do ano.

Indicadores da produo industrialA produo fsica da indstria registrou expanso anual de 10,4% em 2010, segundo a Pesquisa Industrial Mensal Produo Fsica Brasil (PIM-PF) do IBGE, ante variaesQuadro 1.9 Produo industrialDiscriminao Variao percentual 2008 Total Por categorias de uso Bens de capital Bens intermedirios Bens de consumo Durveis Semi e no durveisFonte: IBGE

2009 -7,4

2010 10,4

3,1

14,3 1,5 1,9 3,8 1,4

-17,4 -8,8 -2,7 -6,4 -1,5

20,8 11,4 6,4 10,3 5,2

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de -7,4% no ano anterior e de 3,1% em 2008. O crescimento da indstria resultou de crescimentos de 13,4% na indstria extrativa e de 10,3% na de transformao. A trajetria da produo industrial respeitou duas fases distintas em 2010. No primeiro trimestre do ano, seguindo a recuperao iniciada em janeiro do ano anterior, a produo do setor atingiu o nvel vigente anteriormente crise mundial, acumulando crescimento de 5,7% em relao a dezembro de 2009. A partir de abril, a produo passou a registrar trajetria decrescente, recuando 2,7% at dezembro, considerados dados dessazonalizados.Produo industrialGrfico 1.2

20 15

Variao percentual

10 5 0 -5 -10 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

GeralFonte: IBGE

Extrativa

Transformao

A anlise segmentada revela que a produo de bens de capital aumentou 20,8% no ano, recuperando-se da retrao de 17,4% experimentada em 2009, com nfase no dinamismo das atividades veculos automotores, 53,5%, e mquinas e equipamentos, 38,9%. Nessa categoria de uso, os desempenhos negativos mais expressivos ocorreram nos segmentos material eletrnico, aparelhos e equipamentos de comunicaes, 17,4%; e outros equipamentos de transporte, -4,2%.

140

Dados dessazonalizados

Produo industrial

Grfico 1.3

130

2002 = 100

120

110

100 Jan Fonte: IBGE Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2009

2010

I A Economia Brasileira

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A produo de bens intermedirios cresceu 11,4% em 2010, evoluo associada, em grande parte, aos aumentos nas atividades veculos automotores, 27,7%; produtos de metal, 26,3%; e metalurgia bsica, 17,4%. Em oposio, o segmento refino de petrleo e produo de lcool registrou retrao anual de 1,8%, nico resultado negativo na categoria. A indstria de bens de consumo durveis aumentou 10,3% em 2010, registrando-se elevaes da produo em todas as atividades, com destaque para outros equipamentos de transporte, 18,7%; mobilirio, 14,2%; e mquinas e equipamentos, 9,3%.Produo industrial Por categoria de uso200 180

Grfico 1.4

Dados dessazonalizados

2002=100

160 140 120 100 80 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2009 2010

Fonte: IBGE

Bens de capital Consumo semi e no durvel

Consumo durvel

A produo de bens de consumo semidurveis e no durveis, categoria menos sensibilizada pelo impacto da crise econmica internacional, apresentou o desempenho mais modesto em 2010, aumentando 5,2% em relao ao ano anterior. Os avanos mais expressivos ocorreram nas atividades bebidas, 10,6%; vesturio, 7,2%; e couros e calados, 6,9%, contrastando com o recuo de 1% na produo de fumo, nico resultado negativo na categoria. Dentre as 27 atividades pesquisadas pelo IBGE, includa a indstria extrativa, vinte e cinco apresentaram resultados positivos no ano, ressaltando-se mquinas e equipamentos, 24,3%; veculos automotores, 24,2%; e produtos de metal, 23,4%. Em sentido inverso, as atividades fumo e outros equipamentos de transporte registraram recuos respectivos anuais de 8% e 0,1%. A produo de alimentos, atividade de maior peso na indstria geral, cresceu 4,4% no ano. A produo industrial registrou crescimento generalizado nas treze unidades federativas pesquisadas, destacando-se as expanses assinaladas no Esprito Santo, 22,3%; Gois, 17,1%; e Amazonas, 16,3%. Em So Paulo, estado com maior participao na indstria nacional, a atividade fabril cresceu 10,1% em 2010. O Nvel de Utilizao da Capacidade Instalada (Nuci) da indstria atingiu 82,8% ao final de 2010, elevando-se 1,1 p.p. no ano, de acordo com estatsticas da Confederao

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Quadro 1.10 Utilizao da capacidade instalada na indstriaPercentual Discriminao Indstria de transformao Bens de consumo finais Bens de capital Materiais de construo Bens de consumo intermediriosFonte: FGV 1/ Mdia do ano.

1/

2008 85,2 84,9 87,9 88,4 86,4

2009 80,2 82,5 75,5 85,3 80,8

2010 84,8 85,4 83,4 90,1 85,8

86 84 82

Utilizao da capacidade instalada na indstria

Grfico 1.5

%80 78 76 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2009 2010 Fontes: CNI e FGV

CNI

FGV

Nacional da Indstria (CNI), dessazonalizadas pelo Banco Central. O Nuci aumentou 1,2 p.p. nos quatro primeiros meses do ano, atingindo 82,9% em abril, recuou 0,6 p.p. at setembro e voltou a registrar trajetria crescente no ltimo trimestre de 2010. O pessoal ocupado assalariado na indstria cresceu 3,4% em 2010, em relao ao ano anterior, registrando-se trajetria ascendente at julho e relativa estabilidade nos demais meses do ano. A confiana dos empresrios industriais, embora apresentasse trajetria descendente a partir de abril, situou-se em patamar elevado em 2010. O ndice de Confiana da Indstria (ICI), da Fundao Getulio Vargas (FGV), aps atingir 116,5 pontos em maro, ante o recorde de 116,9 pontos assinalado em novembro de 2007, recuou para 114,5 pontos em dezembro, patamar 1,1 ponto superior ao registrado em igual perodo de 2009. O componente situao atual atingiu 116,2 pontos e aquele que avalia as expectativas totalizou 112,8 pontos, representando variaes respectivas de 4,3 pontos e -2,1 pontos em relao a dezembro de 2009.

I A Economia Brasileira

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ServiosEm virtude da grande e crescente importncia do setor de servios no PIB brasileiro, a Fundao Getulio Vargas, em parceria com o Banco Central do Brasil, desenvolveu a Sondagem do Setor de Servios como forma de antecipar tendncias econmicas do setor em questo. Trata-se de uma pesquisa mensal com ndices calculados a partir de respostas de empresas participantes no setor sobre a situao corrente e a esperada para os prximos meses1. O acompanhamento da pesquisa ocorre principalmente pelo ndice de Confiana de Servios (ICS), indicador sntese da sondagem, que a mdia dos ndices de Situao Atual (ISA-S) e de Expectativas (IE-S). O ICS atingiu mdia de 132,5 pontos em 2010, ante 114,1 pontos no ano anterior, com os componentes ISA-S e IE-S se situando, na ordem, em 119,1 pontos e 146 pontos. Ressalte-se que o ICS, aps crescer 6,6 pontos ao longo do ano2, atingindo 135,5 pontos em maro, descreveu trajetria declinante at julho, quando retomou tendncia crescente.

ndice de atividade do Banco CentralO ndice de Atividade Econmica do Banco Central Brasil (IBC-Br), indicador de periodicidade mensal, disponvel a partir de janeiro de 2003, incorpora a trajetria de variveis consideradas como proxies para o desempenho da economia3. Seu clculo incorpora a produo estimada para os trs setores da economia agropecuria, indstria e servios. A aderncia do indicador ao PIB ratifica a importncia de seu acompanhamento para melhor compreenso da atividade econmica, contribuindo para a antecipao de medidas de poltica econmica. O IBC-Br registrou aumento anual de 7,8% em 2010, ante recuo de 0,7% no ano anterior. Esta evoluo, todavia, no se deu uniformemente ao longo do ano, o que corroborado pela diminuio do crescimento contra igual perodo do ano anterior entre os meses de janeiro, 7,9%, e dezembro, 3,7%. Quanto anlise da evoluo na margem, trimestre contra trimestre imediatamente anterior considerados dados dessazonalizados, houve arrefecimento entre o primeiro e o terceiro trimestre evidenciado pelas respectivas taxas de crescimento de 2,2%, 1,3% e 0,3%. No derradeiro trimestre do ano, a atividade cresceu 1,1%, mas com desacelerao ao longe de seus trs meses, quando o ndice se elevou 0,5%, 0,4% e 0,1%.

1/ Ver boxe Sondagem do Setor de Servios no Relatrio de Inflao de junho de 2010. 2/ Os indicadores desta pesquisa no recebem tratamento para remoo da sazonalidade em virtude da pequena extenso de sua srie, iniciada em junho de 2008. 3/ Ver boxe ndice de Atividade Econmica do Banco Central Brasil (IBC-Br) no Relatrio de Inflao de maro de 2010.

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Indicadores de comrcioA atividade varejista, traduzindo o dinamismo do mercado de trabalho e das operaes de crdito, seguiu em trajetria crescente em 2010. Segundo a Pesquisa Mensal do Comrcio (PMC), divulgada pelo IBGE, as vendas do comrcio ampliado aumentaram 12,2% no ano, segunda maior taxa anual desde o incio da srie, em 2003, com nfase do dinamismo dos segmentos equipamentos e material para informtica e comunicao, 24,1%; mveis e eletrodomsticos, 18,3%; material de construo, 15,6%; automveis, motocicletas, partes e peas, 14,1%; e livros, jornais, revistas e papelaria, 12%. Considerado o conceito restrito, que exclui os segmentos automobilstico e de material de construo, a expanso anual das vendas atingiu 10,9%, maior taxa desde o incio da srie, em 2001.ndice de Volume de Vendas no Comrcio Ampliado210 200 190

Grfico 1.6

Dados dessazonalizados

2003 = 100

180 170 160 150 140 130 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2009 2010

Fonte: IBGE

As vendas do comrcio ampliado assinalaram elevao anual em todas as cinco regies do pas. A taxa mais elevada ocorreu no Centro-Oeste, 14,7%; seguindo-se as relativas s regies Norte, 15,2%; Nordeste, 14,8%; Sul, 12,9% e Sudeste, 12,2%. Adicionalmente, ocorreram aumentos nas vendas em todas as unidades da Federao, destacando-se os registrados em Tocantins, 39,7%; Rondnia, 27,3%; Esprito Santo, 20,3%; Roraima, 19,9%; Mato Grosso, 19,3% e na Paraba, 19,2%. O crescimento menos acentuado ocorreu no Distrito Federal, 7,8%. A receita nominal do comrcio cresceu 14,5% em 2010, resultado de elevaes de 10,9% no volume de vendas e de 3,2% nos preos. Todos os segmentos registraram aumento de receita superior inflao anual de 5,91%, medida pelo IPCA, do IBGE, com nfase para os relativos a material de construo, 20,6%; mveis e eletrodomsticos, 19,7%; tecidos, vesturio e calados, 16,6%; livros, jornais, revistas e papelaria, 16,2%; e outros artigos de uso pessoal e domsticos, 16,1%. O setor automobilstico mantiveram-se, em 2010, na trajetria de crescimento iniciada em 2004. As vendas nas concessionrias de automveis e comerciais leves assinalarm aumento anual de 10,6%, de acordo com a Federao Nacional da Distribuio de

I A Economia Brasileira

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Veculos Automotores (Fenabrave), enquanto as relativas a autoveculos nacionais no mercado interno, divulgadas pela Associao Nacional dos Fabricantes de Veculos Automotores (Anfavea), cresceram 7,1%. As vendas reais do setor supermercadista, segmento com peso aproximado de 32% na PMC e em expanso desde 2007, registraram elevao anual de 4,2% em 2010, de acordo com a Associao Brasileira de Supermercados (Abras). A relao entre o nmero de cheques devolvidos por insuficincia de fundos e o total de cheques compensados atingiu, em mdia, 5,6% em 2010, ante 6,5% no ano anterior. Por regio, embora as maiores taxas continuassem a ocorrer no Nordeste, 8,6%, e no Norte, 8,3%, registraram recuos respectivos de 0,7 p.p. e 1,4 p.p. em relao a 2009. A inadimplncia na Regio Metropolitana de So Paulo (RMSP), medida pela Associao Comercial de So Paulo (ACSP) atingiu, em mdia 5,2% em 2010, ante 6,9% no ano anterior. Os indicadores de expectativas dos consumidores apresentaram expressivo crescimento em 2010, com nfase no otimismo de curto prazo, atingindo os nveis mais elevados das respectivas sries histricas. O ndice Nacional de Confiana (INC), elaborado pela Ipsos Public Affairs para a ACSP, cresceu 15,7% no ano, atingindo 163 pontos em dezembro, maior patamar da srie histrica, iniciada em abril de 2005. O aumento do indicador ocorreu de forma generalizada nas regies geogrficas do pas, atingindo 24,7% na regio Sul, 23,3% no Norte/Centro-Oeste, 12,6% no Sudeste e 5,1% no Nordeste. O ndice de Confiana do Consumidor (ICC), da FGV, cresceu 11,2% no ano, resultado de elevaes de 22% no ndice da Situao Atual (ISA) e de 5,2% no ndice de Expectativas (IE). O indicador atingiu 126,2 pontos em novembro, patamar recorde da srie histrica, iniciada em setembro de 2005.

Set 2005 = 100 155 140 125 110 95 80

ndice de Confiana do Consumidor

Grfico 1.7

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2009 2010

GeralFonte: FGV

Expectativas do consumidor

Condies econmicas atuais

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Repetindo a tendncia registrada em mbito nacional, o ICC, divulgado pela Federao do Comrcio do Estado de So Paulo (Fecomercio SP), cresceu 14,2% em 2010, resultado de elevaes de 19,1% no ndice de Condies Econmicas Atuais (Icea) e de 11,2% no ndice de Expectativas do Consumidor (IEC), que representa 60% do ndice geral.

Indicadores de produo agropecuriaA safra de gros, conforme o Levantamento Sistemtico da Produo Agrcola (LSPA), divulgado pelo IBGE, atingiu o recorde de 149,5 milhes de toneladas em 2010, elevando-se 11,6% em relao ao ano anterior. Este resultado, decorrente de variaes de -1,3% na rea colhida e de 13,1% na produtividade mdia, foi impulsionado, em especial, pelas colheitas favorveis de milho, soja e trigo, que detiveram participao conjunta de 87,3% na safra do ano. Em mbito regional, ressalte-se a representatividade, na produo do pas, das colheitas do Paran, 21,6%; Mato Grosso, 19,3%; e Rio Grande do Sul,16,9%.Quadro 1.11 Produo agrcola Principais culturasMilhes de toneladas Produtos Gros Caroo de algodo Arroz (em casca) Feijo Milho Soja Trigo Outros Variao da safra de gros (%) Outras culturas Banana Batata-inglesa Cacau (amndoas) Caf (beneficiado) Cana-de-acar Fumo (em folhas) Laranja Mandioca TomateFonte: IBGE

2009 134,0 1,8 12,6 3,5 51,2 57,0 5,0 2,9 - 8,2

2010 149,5 1,8 11,3 3,2 56,1 68,5 6,0 2,7 11,6

7,2 3,4 0,2 2,4 689,9 0,9 18,3 26,0 4,2

7,1 3,6 0,2 2,9 729,6 0,8 19,1 24,8 3,7

A produo de soja atingiu 68,5 milhes de toneladas, elevando-se 20,2% no ano, resultado de expanses de 12,3% na produtividade mdia e de 7,1% na rea colhida. As exportaes do gro cresceram 1,8%, no ano, aps elevao de 16,6% em 2009.

I A Economia Brasileira

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A safra de arroz totalizou 11,3 milhes de toneladas, ressaltando-se que o recuo anual de 10,1% refletiu as retraes observadas na rea colhida, 6,3%, e na rentabilidade mdia, 4,1%, sensibilizadas, em especial, pelo excesso de chuvas registrado no Rio Grande do Sul. A colheita de milho atingiu 56,1 milhes de toneladas em 2010. O crescimento anual de 9,4% traduziu as variaes no rendimento mdio, 17,1%, e na rea colhida, -6,5%, esta decorrente, em especial, do recuo de 15,2% na rea cultivada na primeira safra, que refletiu o desestmulo dos produtores, em ambiente de cotaes deprimidas e elevados custos de produo, e o impacto das condies climticas adversas. Em sentido contrrio, a segunda safra do gro foi favorecida pela precipitao pluviomtrica adequada em importantes regies produtoras.Quadro 1.12 Produo agrcola, rea colhida e rendimento mdio Principais culturasVariao percentual Produtos Produo 2009 Gros Algodo (caroo) Arroz (em casca) Feijo Milho Soja TrigoFonte: IBGE

rea 2009 0,4 -24,1 1,3 9,7 -4,5 3,3 2,9 2010 -1,3 2,0 -6,3 -16,0 -6,5 7,1 -10,9

Rendimento mdio 2009 -8,6 -3,2 3,2 4,2 -8,9 -6,9 -20,0 2010 13,1 -1,9 -4,1 8,8 17,1 12,3 34,8

2010 11,6 0,1 -10,1 -8,5 9,4 20,2 20,1

-8,2 -26,3 4,2 1,8 -13,2 -4,9 -15,7

A produo de feijo totalizou 3,2 milhes de toneladas. O recuo anual de 8,5%, evidenciando o impacto de adversidades climticas nas duas safras da leguminosa, decorreu de retrao de 16% na rea colhida, mesmo diante do aumento de 9,5% na produtividade mdia. A produo de caroo de algodo herbceo somou 1,8 milho de toneladas, mesmo patamar registrado em 2009, reflexo de redu de 1,9% no rendimento mdio e de elevao de 2% na rea colhida. A safra de trigo atingiu 6 milhes de toneladas, com a expanso anual de 20,1% refletindo as variaes de -10,9% na rea cultivada e de 34,8% na produtividade mdia. A cultura de caf, em ciclo bianual de alta produtividade, totalizou 2,9 milhes de toneladas. O crescimento anual de 17,6%, favorecido pelas condies climticas adequadas na colheita dos gros, decorreu de expanses respectivas de 1,2% e 16,2% na rea colhida e na produtividade mdia. A safra de cana-de-acar atingiu 729,6 milhes de toneladas, ressaltando-se que o aumento anual de 5,7% resultou de retrao de 1,1% na rentabilidade mdia e expanso de 6,9% na rea cultivada. 30

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Quadro 1.13 Estoque de gros Principais culturasMil toneladas Produtos Gros Arroz (em casca) Incio do ano Final do ano Feijo Incio do ano Final do ano Milho Incio do ano Final do ano Soja Incio do ano Final do ano Trigo Incio do ano Final do anoFonte: Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)

2007/2008

2008/2009

2009/2010

2 021,7 1 481,3 81,4 230,0 2 540,7 11 312,8 3 675,6 4 540,1 1 849,9 1 508,7

1 481,3 1 646,9 230,0 317,7 11 312,8 11 405,0 4 540,1 675,0 1 508,7 2 854,7

1 646,9 1 407,8 317,7 340,7 11 405,0 11 173,1 675,0 2 463,2 2 854,7 2 418,5

PecuriaDe acordo com a Pesquisa Trimestral de Abate de Animais, divulgada pelo IBGE, as produes de carnes de aves, bovina, e de sunos totalizaram, na ordem, 10,7 milhes, 7 milhes e 3,1 milho de toneladas em 2010, registrando variaes anuais respectivas de 7,6%, 4,7% e 5,1%. As exportaes de carnes de aves, bovina e de sunos assinalaram variaes anuais de 6%, 2,7% e -12,4%, respectivamente.

16 12 13,7

Produo animal

Grfico 1.8

Variao percentual

11,2 8 7,6 4 0 -4 -8 2008 2009 2010 -6,1 6,3 0,6 -2,7 4,7 5,1

Fonte: IBGE

Bovinos

Sunos

Frangos

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Poltica agrcolaO Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (Mapa) divulgou, em junho, o plano agrcola e pecurio 2010/2011, que prev recursos da ordem de R$116 bilhes para o setor. Desse total, 7,9% superior ao disponibilizado no ano anterior, 86% foram destinados agricultura empresarial e 14% agricultura familiar. No mbito da agricultura comercial, R$75,6 bilhes foram disponibilizados para custeio e comercializao, expanso anual de 14%, dos quais R$60,7 bilhes a taxas de juros controlados, com crescimento de 12% em relao ao plano anterior, e R$14,9 bilhes, a taxas de juros livres, com aumento anual de 24,2%. A disponibilidade de recursos para investimento totaliza R$18 bilhes, com acrscimo anual de 29%. Desse total, R$2,45 bilhes foram provenientes dos Fundos Constitucionais. No mbito do Programa de Modernizao da Frota de Tratores Agrcolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota), estima-se a disponibilidade de R$1 bilho, com recuo de 50%, no ano, com prazo mximo de 8 ou 10 anos. Os recursos destinados ao Programa de Modernizao da Agricultura e Conservao de Recursos Naturais (Moderagro) atingem R$850 milhes, mesmo patamar dos dois planos anteriores, com limite mximo de crdito individual de R$600 mil. Os recursos direcionados ao Programa de Incentivo Produo Sustentvel do Agronegcio (Produsa) e ao Programa de Capitalizao de Cooperativas Agropecurias (Procap-Agro) totalizam, na ordem, R$1 bilho e R$2 bilhes, representando contrao anual de 33,3% no primeiro e estabilidade no segundo programa. Ressalte-se que no mbito do Procap-Agro o limite individual de crdito atinge R$50 mil e o prazo de pagamento, at 6 anos, a juros de 6,75% a. a. e prazo de carncia de 2 anos. As linhas especiais de crdito, criadas no plano anterior em resposta crise financeira internacional, apresentaram decrscimo anual de 48%, atingindo R$6,4 bilhes. Estes financiamentos so destinados s cooperativas, agroindstrias, indstrias de mquinas e equipamentos agrcolas e estocagem de lcool. Ainda no mbito das principais medidas para a safra 2010/2011, destaca-se a criao do Programa Nacional de Apoio ao Mdio Produtor Rural (Pronamp), que objetiva prover condies mais favorveis ao mdio produtor rural. O total de recursos destinados a custeio e investimento atinge R$5,65 bilhes e respeita limites individuais respectivos de R$275 mil e R$200 mil.

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ProdutividadeA produtividade do trabalho industrial, definida como a razo entre o ndice de produo fsica do setor e o indicador do nmero de horas pagas ao pessoal ocupado assalariado na produo fabril, ambos divulgados pelo IBGE, cresceu 6,2% em 2010, ante variaes respectivas de -1,9% e 1,1% nos dois anos anteriores. O aumento refletiu os avanos de 6% na produtividade da indstria de transformao e de 8,9% na indstria extrativa mineral. Dentre os setores pesquisados, os maiores acrscimos ocorreram nas atividades madeira, 21,9%; produtos de metal, exclusive mquinas e equipamentos, 14,5%; e mquinas e equipamentos, exclusive eltricos, eletrnicos, de preciso e de comunicaes, 13,4%, contrastando com os decrscimos assinalados nas atividades txtil, 2,3%; e fumo, 1,9%. A produtividade do trabalho industrial registrou aumento nas dez unidades federativas pesquisadas pelo IBGE, destacando-se os assinalados no Esprito Santo, 14,6%; Minas Gerais, 11,7%; e no Paran, 10,1%. A produtividade mdia do setor agrcola, razo entre a produo de gros e a rea colhida, aumentou 13,1% no ano, resultado consistente com a expanso de 11,6% registrada, de acordo com a Associao Nacional para Difuso de Adubos (Anda), na produo nacional de fertilizantes agrcolas. As vendas de mquinas agrcolas no mercado interno aumentaram 24,3% no ano, de acordo com a Anfavea, registrando-se elevaes de 26,9% nas vendas de tratores de rodas, de 22,7% nas relativas a colheitadeiras e de 2,8% nas associadas a cultivadores motorizados.

EnergiaA produo de petrleo, incluindo LGN, cresceu 5,3% no ano, ante 6,9% em 2009, de acordo com a Agncia Nacional de Petrleo (ANP). A produo mdia situou-se emQuadro 1.14 Consumo aparente de derivados de petrleo e lcool carburanteMdia diria (1.000 b/d) Discriminao Petrleo leos combustveis Gasolina leo diesel Gs liquefeito Demais derivados lcool carburante Anidro HidratadoFonte: ANP

2008 1 485 89 324 769 211 91 336 108 228

2009 1 481 86 328 763 209 95 393 109 284

2010 1 651 84 392 848 216 109 381 122 259

I A Economia Brasileira

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2,137 milhes de barris/dia (mbd), ante 2,029 mbd no ano anterior, registrando-se o maior patamar em dezembro, 2,271 mbd, e o menor em janeiro e setembro, 2,077 mbd. A produo de gs natural aumentou 8,5% em 2010, atingindo a mdia de 0,395 mbd. O total de leo processado nas refinarias cresceu 0,4% em 2010, atingindo 1,778 mbd. As importaes de petrleo recuaram 9,6% no ano, atingindo 0,350 mbd, enquanto as exportaes elevaram-se 20,1%, situando-se em 0,631 mbd. O consumo de derivados de petrleo no mercado interno aumentou 11,4% em 2010, com nfase nos avanos relativos a gasolina automotiva, 17,5%; querosene de aviao, 15,1%; leo diesel, 11,2%; e gasolina de aviao, 11,3%. Em sentido oposto, foram registrados recuos no consumo de querosene iluminante, 5,9%; e leo combustvel, 2,0%. O consumo de lcool decresceu 3% no ano, registrando-se recuo de 8,6% nas vendas de lcool hidratado e elevao de 11,4% nas relativas a lcool anidro. O consumo de energia eltrica aumentou 7,9% em 2010, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energtica (EPE), empresa pblica federal vinculada ao Ministrio de Minas e Energia (MME). Esse aumento decorreu das elevaes registradas nos segmentos industrial, 10,9%; residencial, 6,4%; comercial, 5,8%; e outros, 4,6%, que inclui iluminao pblica, servios e poderes pblicos e o setor rural. O consumo de energia eltrica registrou expanses generalizadas nas cinco regies geogrficas do pas, atingindo 8,9% no Sudeste, 8,8% no Nordeste, 7,7% no Norte, 6,1% no Sul e 5,5% no Centro-Oeste.

Quadro 1.15 Consumo de energia eltricaGWh Discriminao Total Por setores Comercial Residencial Industrial OutrosFonte: EPE 1/ No inclui autoprodutores.

1/

2008 392 804

2009 388 676

2010 419 573

61 947 94 719 180 059 56 082

65 325 100 751 166 163 56 440

69 105 107 166 184 256 59 046

Indicadores de empregoO mercado de trabalho apresentou dinamismo acentuado em 2010. Nesse sentido, de acordo com a Pesquisa Mensal do Emprego (PME) do IBGE, que abrange as seis maiores regies metropolitanas do pas, a taxa mdia de desemprego atingiu 6,7% no

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Boletim do Banco Central do Brasil Relatrio Anual 2010

ano, ante 8,1% em 2009, menor patamar da srie histrica iniciada em 2002. O nmero de ocupados nas regies abrangidas pela PME cresceu 3,5% em 2010, ante elevao de 0,7% no ano anterior, enquanto a PEA assinalou variaes anuais respectivas de 2% e 0,9%. A trajetria de formalizao do mercado de trabalho continuou em 2010, registrandose aumentos de 6,8% no nmero de empregados com carteira de trabalho assinada e de 1,3% no relativo queles que trabalham por contra prpria, e recuo de 1,7% no segmento de trabalhadores sem carteira assinada.Taxa mdia de desemprego abertoGrfico 1.9

10 9 8

%7 6 5 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2009 2010 Fonte: IBGE

O desempenho favorvel do mercado de trabalho confirmado, em mbito nacional, pelas estatsticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE). Em 2010, foram criados 2,1 milhes de empregos formais, saldo mais elevado da srie, iniciada em 1985, e 63% superior mdia dos cinco anos anteriores. O nmero de trabalhadores com carteira assinada aumentou 6,1%, com enfase nas expanses assinaladas na construo civil, 13,6%; no comrcio, 6,4%; e na indstria de transformao, 6,2%.Quadro 1.16 Emprego formal Admisses lquidasEm mil Discriminao Total Por setores Indstria de transformao Comrcio Servios Construo civil Agropecuria Servios industriais de utilidade pblica Outros1/

2008 1 452,2

2009 995,1

2010 2 136,9

178,7 382,2 648,3 197,9 18,2 8,0 19,0

10,9 297,2 500,2 177,2 -13,6 5,0 18,3

485,0 519,6 864,3 254,2 -25,9 17,9 22,0

Fonte: Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE) 1/ Inclui extrativa mineral, administrao pblica e outras.

I A Economia Brasileira

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% 7 6 5 4 3 2

Variao percentual em 12 meses

Nvel de emprego formal

Grfico 1.10

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2009 2010

Indicadores de salrios e rendimentosO rendimento mdio real habitualmente recebido pelos ocupados nas seis regies metropolitanas abrangidas pela PME atingiu R$1.515,10 em dezembro de 2010, elevando-se 3,2% em relao ao ano anterior. Ocorreram ganhos respectivos de 10% e 1,5% nos segmentos de trabalhadores sem carteira assinada e com carteira assinada.Quadro 1.17 Rendimento mdio habitual das pessoas ocupadas 2010Variao percentual Discriminao Total Posio na ocupao Com carteira Sem carteira Conta prpria Por setor Setor privado Setor pblicoFonte: IBGE 1/ Deflacionado pelo INPC. Abrange as regies metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, So Paulo e Porto Alegre.

Nominal 9,2

Real

1/

3,8

6,8 15,8 8,6

1,5 10,0 3,3

8,6 9,7

3,3 4,0

124 122 120

Rendimento mdio habitual real

Grfico 1.11

2005 = 100

118 116 114 112 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2009 2010

Fonte: IBGE

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Boletim do Banco Central do Brasil Relatrio Anual 2010

A massa salarial real, produto do rendimento mdio real habitualmente recebido pelo nmero de ocupados, cresceu 7,4% no ano.

Indicadores de preosA acelerao registrada nos ndices de preos ao consumidor em 2010, em relao ao ano anterior, esteve influenciada, em especial, pelo comportamento dos preos livres,ndices de preos ao consumidorGrfico 1.12

8 7

% em 12 meses

6 5 4 3 Mar 2008 Jun Set Dez Mar 2009 Jun Set Dez Mar 2010 Jun Set Dez

IPCA

INPC

IPC-Fipe

IPCA10 8

6 4 2 0 Mar 2008 Jun Set Dez Mar 2009 Jun Set Dez Mar 2010 Jun Set Dez

IPCA No comercializveis

Comercializveis Monitorados

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3

% em 12 meses

IGP-DI e seus componentes% em 12 meses 15 10 5 0 -5 Fev Abr Jun Ago Out Dez Fev Abr Jun Ago Out Dez 2009 2010 30 20 10 0 -10

IPA segundo a origem% em 12 meses

IGP-DI IPC-BrFontes: IBGE, Fipe e FGV

IPA INCC

Fev Abr Jun Ago Out Dez Fev Abr Jun Ago Out Dez 2009 2010

IPA

IPA-OG-PI

IPA-OG-PA

I A Economia Brasileira

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com nfase nos aumentos nos segmentos alimentos e vesturio, e no mbito dos servios. A variao do IPCA atingiu 5,91% no ano, situando-se no intervalo estipulado como meta pelo CMN no mbito do regime de metas para a inflao.

ndices gerais de preosO ndice Geral de Preos Disponibilidade Interna (IGP-DI), calculado pela FGV, que agrega o ndice de Preos ao Produtor Amplo (IPA), o ndice de Preos ao Consumidor (IPC) e o ndice Nacional de Custo da Construo (INCC), com pesos respectivos de 60%, 30% e 10%, registrou variao anual de 11,30%, ante -1,43% em 2009. As variaes anuais dos trs componentes do IGP-DI registraram aumento em 2010. O IPA, evidenciando o comportamento dos preos no atacado, em resposta s elevaes dos preos dos produtos industriais e dos agrcolas, variou 13,85% no ano, ante recuo de 4,08% em 2009, com os preos dos produtos industriais e dos agrcolas elevando-se 10,13% e 25,61%, respectivamente, ante -4,43% e -3,16%, em 2009. O IPC aumentou 6,24% e o INCC, 7,77%, ante, na mesma ordem, 3,95% e 3,25% em 2009.

ndices de preos ao consumidorA variao do IPCA, que considera a cesta de consumo de famlias com rendimento mensal entre 1 e 40 salrios mnimos, atingiu 5,91% em 2010, ante 4,31% no ano anteriorQuadro 1.18 Participao de itens no IPCA em 2010Variao percentual Itens Pesos1/

IPCA Variao acumulada em 2009 Variao acumulada em 2010 5,91 9,82 29,66 11,81 6,64 11,42 -1,04 -12,25 -5,51 Contribuio Participao acumulada em 2010 5,91 0,78 0,66 0,41 0,33 0,23 -0,03 -0,07 -0,11 100,00 13,18 11,24 6,93 5,62 3,87 -0,43 -1,19 -1,84 no ndice2/

IPCA Alimentao fora do domiclio Bovinos Empregado domstico Cursos Leite e derivados Automvel novo TV, som e informtica Alimentos in naturaFonte: IBGE 1/ Mdia de 2010.

100,00 7,93 2,24 3,47 5,00 2,00 2,43 0,57 1,97

4,31 7,75 -5,34 8,74 5,94 -0,45 -3,60 0,29 13,55

2/ Corresponde diviso da contribuio acumulada no ano pela variao anual.

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Boletim do Banco Central do Brasil Relatrio Anual 2010

Quadro 1.19 Participao dos grupos no IPCA em 2010Variao percentual Grupos Pesos1/

IPCA Variao acumulada em 2009 Variao acumulada em 2010 5,91 10,39 4,98 3,51 7,51 2,41 5,06 7,37 6,21 0,86 Contribuio Participao acumulada em 2010 5,91 2,37 0,66 0,15 0,51 0,46 0,55 0,76 0,45 0,05 100,00 40,13 11,16 2,48 8,55 7,80 9,27 12,83 7,57 0,82 no ndice2/

IPCA Alimentao e bebidas Habitao Artigos de residncia Vesturio Transportes Sade e cuidados pessoais Despesas pessoais Educao ComunicaoFonte: IBGE 1/ Mdia de 2010.

100,00 22,83 13,24 4,17 6,73 19,11 10,82 10,29 7,20 5,62

4,31 3,17 5,68 3,05 6,11 2,37 5,37 8,03 6,11 1,07

2/ Corresponde diviso da contribuio acumulada no ano pela variao anual.

e 5,90% em 2008, registrando-se aumentos de 3,13% nos preos dos bens e servios monitorados4 e de 7,09% nos preos livres, ante 4,74% e 4,13%, respectivamente, em 2009. A desacelerao nos preos monitorados, de 4,74% para 3,13%, evidenciou os menores aumentos, em relao ao ano anterior, nos preos do gs de bujo, da gasolina, das passagens areas, dos remdios e das tarifas de energia eltrica, da taxa de gua e esgoto, do telefone fixo e do nibus intermunicipal, enquanto a maior elevao nos preos livres, de 4,13% para 7,09%, refletiu o dinamismo da atividade econmica e o comportamento dos preos dos alimentos, em especial dos itens bovinos, leite e derivados, feijo, panificados, accares, aves e ovos e alimentao fora do domiclio. A variao do ndice Nacional de Preos ao Consumidor (INPC), calculado pelo IBGE, atingiu 6,47% no ano, ante 4,11% em 2009. Esta variao, superior assinalada pelo IPCA, evidencia, especialmente, a maior particiao, 30,64%, do grupo alimentao e bebidas no INPC, ante 23,31% no IPCA, tendo em vista que o primeiro considera a cesta de consumo de famlias com rendimento mensal de 1 a 6 salrios mnimos, para as quais o comprometimento da renda com gastos de alimentao relativamente maior.

4/ Entende-se por preos monitorados aqueles que so direta ou indiretamente determinados pelos governos federal, estadual ou municipal. Em alguns casos, os reajustes so estabelecidos por contratos entre produtores/fornecedores e as agncias de regulao correspondentes, como nos casos de energia eltrica e de telefonia fixa.

I A Economia Brasileira

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O IPC, calculado pela Fundao Instituto de Pesquisas Econmicas (Fipe5), tambm refletiu o ritmo da atividade econmica e a maior alta dos preos dos alimentos, crescendo 6,40% em 2010, ante 3,65% no ano anterior.

Preos monitoradosOs preos monitorados aumentaram 3,13% em 2010, respondendo por apenas 0,92 p.p. da variao total do IPCA no ano. As maiores variaes ocorreram nos itens nibus urbano, 7,53%; plano de sade, 6,87%; correio, 6,35%; nibus intermunicipal, 4,78%; taxa de gua e esgoto, 3,38%; remdios, 3,36%; energia eltrica, 3,05%; e gasolina, 1,67%, enquanto, em sentido inverso, os itens emplacamento e licena, e pedgio recuaram, na ordem, 9,53% e 5,82%.Quadro 1.20 Principais itens na composio do IPCA em 2010Variao percentual Discriminao Pesos1/

IPCA Variao em 2009 Variao em 2010 5,91 7,09 3,13 Contribuio em 2010 5,91 4,99 0,92 acumulada acumulada acumulada