100
Com avaliação e palestras da Dra. Michele Billant-Fedoroff, representante das Nações Unidas/Nova York, e o apoio do UNIC-Rio, ONU/Brasil, a LBV promove oficinas intersetoriais pelas Oito Metas do Milênio. Irreverência, paixão e polêmica: o veterano profissional revela um pouco de sua história e analisa o jornalismo brasileiro. Sempre fui competitivo para farejar e localizar as jazidas RICARDO BOECHAT ABRE O CORAÇÃO MAURICIO DE SOUSA ESPECIAL

BOA VONTADE 217

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: BOA VONTADE 217

Com avaliação e palestras da Dra. Michele Billant-Fedoroff, representante das Nações Unidas/Nova York, e o apoio do UNIC-Rio, ONU/Brasil, a LBV promove oficinas intersetoriais pelas Oito Metas do Milênio.

Irreverência, paixão e polêmica:o veterano profissional revela um pouco

de sua história e analisa o jornalismo brasileiro.

Sempre fuicompetitivo para farejar

e localizar as jazidas

R I C a R D O B O e C h ata B R e O C O R a Ç Ã O

MaURICIO De SOUSae S p e C I a L

Page 2: BOA VONTADE 217
Page 3: BOA VONTADE 217
Page 4: BOA VONTADE 217

Reportagem especialOito Metas do Milênio: preocupação de todos os de bom senso

6Coluna do Garotinho Os mil gols do Romário

Ao LeitorSumário 6 Reportagem especial12 Cartas17 Coluna Esportiva18 Cultura23 Melhor Idade24 Esporte é Vida!28 Entrevista na Band36 Arte na Tela38 Acontece na Bahia40 Curadoria de Fundações42 Destaque46 Serviço ao cidadão49 Acontece no Sul50 Entrevista na Record55 Acontece no Brasil56 Meio Ambiente58 Opinião — Mídia Alternativa61 Opinião Política62 Educação em Debate66 Samba e História68 Acontece70 Atualidade72 Nações Unidas88 Saúde 94 Soldadinhos de Deus96 Ação Jovem LBV98 Variedades

1817

Seis filosofias de vida, formas de encarar a pro-fissão e os desafios que lhe apresentam são alguns dos dados biográficos que você poderá conhecer ao ler as entrevistas dos jornalistas Ricardo Bo-echat, Luiz Malavolta e Lucimara Parisi, do desenhista Mauricio de Sousa, da cantora Eliana Pittman e do esportista Clodoaldo Silva. Pessoas cheias de grandezas, paixões, irreverências e inquietudes, mas, acima de tudo, exemplos em suas áreas de atividade. E aqui estão para revelar um pouco das lições que aprenderam no suor de cada dia, no decurso de décadas, como o próprio Boechat ressaltou em dado momento de sua palavra: “Uma das vantagens de envelhecer é que a gente pode dizer que conhece coisas há muito tempo e de que este tempo nos ajuda a não julgá-las, mas entendê-las, a avaliá-las”.

Além de sabedoria, o recheio principal da BOA VONTADE é a troca de bem-sucedidas experiên-

cias no âmbito do com-bate à pobreza e à fome, que colocaram o Brasil na vanguarda de uma mudança de parâmetros que as Nações Unidas estão promovendo, ao escolher na sociedade civil sua forte aliada na

implementação das Oito Metas do Milênio. Para tornar isso realidade aqui em nosso País, a Legião da Boa Vontade promoveu em várias cidades a 1ª Feira de Inovações Rede Sociedade Solidária, com o objetivo de compartilhar novas tecnologias sociais, estimular alianças entre os diversos setores, da maneira mais simples e eficien-te, colhidas do heróico esforço diário de centenas de organizações que labutam pelo próximo, pelo desenvolvimento sustentável. Um grande contributo para essas dis-cussões está na seção Reportagem especial, em que o jornalista Paiva Netto apresenta análises e con-ceitos que permearam os debates. Boa leitura!

28Entrevista na Band Ricardo Boechat abre o coração à revista BOA VONTADE

Cultura A Turma de Mauricio de Sousa

MetasdoMilênioOito

Page 5: BOA VONTADE 217

BOA VONTADE

BOA VONTADE é uma publicação mensal das IBVs, editada pela Editora Elevação. Registrada sob o nº 18166, em 16/03/2006, no livro “B” do 9º Cartório de Registro de

Títulos e Documentos de São Paulo.

ANO 51 • NO 217 • fevereirO/MArÇO/2007

Diretor e Editor-responsávelFrancisco de Assis PeriottoMTE/DRTE/RJ 19.916 JP

Coordenador GeralGerdeilson Botelho

Repórteres Colaboradores EspeciaisCarlos Arthur Pitombeira, Hilton Abi-Rihan, José Carlos Araújo e

Mario de Moraes.

Equipe Elevação Adriane Schirmer, Aneliése de Oliveira, Angélica Beck, Carolina Dutra, Daiane Emerick, Daniel Trevisan, Danielly Arruda, Débora Verdan, Elias Paulo, Flávio de Oliveira, Isabela

Ribeiro, Jaqueline Lemos, João Miguel Neto, Joílson Nogueira, Karina Sene, Leila Marco, Leilla Tonin, Lícia Curvello, Maria Aparecida da Silva, Neuza Alves, Rita Silvestre, Roberta Assis, Rodrigo Oliveira, Rosana Bertolin, Rosana Serri, Simone Barreto, Sônia Clariano, Stella Souza, Viviane Propheta, Walter Periotto, Wanderly Albieri Baptista e William Luz.

Projeto GráficoFelipe Tonin e Helen Winkler

Fotos de CapaRicardo Boechat: Divulgação da Band / Mauricio de Sousa: Daniel Trevisan

ProduçãoEndereço para correspondência:

Rua Doraci, 90 — Bom Retiro — CEP 01134-050 — São Paulo/SP Tel.: (11) 3358-6868 — Caixa Postal 13.833-9 — CEP 01216-970

Internet: www.boavontade.com / E-mail: [email protected]ão: Editora Parma

A revista BOA VONTADE não se responsabiliza por conceitos e opiniões em seus artigos assinados.

42

Reflexão de BOA VONTADE:

“Enquanto não prevalecer o ensino

eficaz por todos os de bom senso almejado,

qualquer nação padecerá cativa das

limitações que a si mesma se impõe.”

Paiva Netto

7250Destaque

Lucimara Parisi:Sensibilidade

e carinho

Entrevista na Record Luiz Malavolta:

reflexões de um Chefe de redação

Nações Unidas1a Feira de Inovações

Rede Sociedade Solidária

66Samba e História

A internacional Eliana

Pittman

88SaúdeAlimentação que garante uma vida saudável

Page 6: BOA VONTADE 217

Reportagem especial

Preocupação de todos os de bom senso

Os Editores

Henr

ique

Non

nem

ache

r

Phot

os.c

om

doMilênioOitoMetas

a Instituição acredita que, para haver um futuro melhor, não se pode mais pensar em continuidade da Vida esquecendo-se de uma transformação de consciência. E isso significa também:“Há muito vimos alertando para o fato de que a Solidariedade hoje se expandiu do luminoso campo da ética e se apre-senta como uma estratégia, de modo que o Ser Humano possa alcançar a sua sobrevivência. À globaliza-ção da miséria, contrapomos a globalização da Fraternidade, que espiritualiza a economia e solidariamente a disciplina, como forte instrumento de reação ao pseudofatalismo da pobreza. (...) Não se espera um repentino milagre, mas o fortalecimento de um ideal que se estabelece-rá, etapa por etapa, até que se complete o seu extraordinário serviço. Trata-se, entretanto, de assunto urgente. Então, comece-mo-lo ontem. O bom desafio faz bem a todos. (…)”, conclama o Diretor-Presidente da LBV, jor-nalista, radialista e escritor José de Paiva Netto. Ele retoma o assunto em outro trecho de sua lavra, na página “Conhecimento

Quando se fala nos oito Objetivos do Milênio, propostos como meta pela Organização das

Nações Unidas (ONU) para se con-cretizarem até 2015, de acordo com o traçado pelos 191 países membros que assinaram o documento em 2000, vê-se que é capítulo importan-te de uma nova mentalidade globali-zada que surge, elegendo o Ser Hu-mano como eixo principal do cená-

rio do mundo. A brasileira Legião da Boa Vontade (LBV) sente-se feliz em fazer parte dessa mudança de cultura, até porque, desde o seu surgimento, no fim da década de 1940, combate a fome e a miséria pelo entendimento e pela Fraterni-dade entre os povos, plataformas de construção desse tempo ideal que todos almejamos.

Graças à longa experiência, adquirida em quase seis décadas,

Acompanhado por sua esposa, Dona Lucimara Augusta (E), o líder da Legião da Boa Vonta-de, José de Paiva Netto, e a Dra. Michele Fedoroff, representante da ONU, ao lado de Raquel Bertolin (D), Secretária Executiva da Presidência da LBV, posam para foto no Lar e Parque Alziro Zarur, da Instituição, em Glorinha/RS. No segundo plano, Tatiana Vasconcelos e Gerdeilson Botelho, que também prestigiaram o feliz encontro. A reportagem completa da visita da Dra. Michele Fedoroff às unidades educacionais da Legião da Boa Vontade no Brasil e a realização da 1a Feira de Inovações Rede Sociedade Solidária, LBV e ONU, você confere a partir da página 72 desta edição.

6 | BOA VONTADE

Page 7: BOA VONTADE 217

Rui Barbosa

Arqu

ivo

BV

Arqu

ivo

BV

Voluntários participam da Ronda da Caridade, da LBV, em Salvador/BA.

doMilênioOitoMetas

espiritual gera fartura”, constante de seu ensaio literário O Capital de Deus, em que comenta:

Ética no seu mais exalçado sentido e ação correspondente

“Nestes tempos de globalização de benefícios mal distribuídos, principalmente para a multidão incontável dos ‘sem-acesso’, como os denomina o jornalista Francisco de Assis Periotto, toda nação tem o dever, mais do que o direito, de ser criativa, de tornar-se econo-micamente estável, expandindo sua indústria, seu comércio e ser-viços; de modernizar a instrução e a educação de sua gente (a tudo iluminando com o toque da Espi-ritualidade, que depreende ética no seu mais exalçado sentido e ação correspondente), sua rede de comunicações e de transportes; de buscar a integração harmônica com as demais populações; e de atingir internacional prestígio. É o óbvio, mas, por essa mesma causa, deve ser proclamado. Fora disso, vigora a barbárie que por aí vemos — a cada dia menos disfarçada — e que, por mais incrível que pareça, a maioria talvez não a meça de-vidamente, pois há um minucioso esforço para mantê-la distraída, como na era dos césares romanos. Entretanto, com certeza, ela cada vez mais irá percebendo os perni-ciosos efeitos. Isso é fatal. Apenas uma questão de tempo (...).

“Nenhum dirigente pode fazer coisa alguma sozinho. Carece do apoio da sociedade. Todavia, o mí-nimo que se espera é que governe para seu povo, para a sua empresa, respeite sua comunidade, ame sua organização, e assim por diante.

A atual necessidade de plantar a couve e o carvalho

“O Homem de visão abrangente

sabe garimpar as almas, não em proveito próprio, o que é um crime, porém em prol da coletividade. Eis o sacerdote que pastoreia com zelo o seu rebanho; o político de grande descortino; o estadista que, por vezes, os contemporâneos não en-tendem, mas que o porvir abençoa. Em 29 de março de 1985, escrevi em ‘A Nova República e Jesus’, pu-blicado no antigo Jornal da Manhã, de São Paulo:

“(...) Rui Barbosa (1849-1923), o notável civilista brasileiro, de renome internacional, convida-nos à meditação com estes conceitos de tão profundo alcance: ‘Enquanto Deus nos dê um resto de alento, não há que desesperar da sorte do Bem. A injustiça pode irritar-se, porque é precária. A Verdade não se impacienta, porque é eterna. Quando praticamos uma ação boa, não sabemos se é para hoje ou para quando. O caso é que seus frutos podem ser tardios, mas são certos. Uns plantam a semente da couve para o prato de amanhã; outros, a semente do carvalho para o abrigo do futuro. Aqueles cavam para si mesmos. Esses lavram para o seu país, para a felicidade dos seus descendentes, para o benefício do gênero humano’.

“Nos complexos tempos atuais, prezado Rui, há que se fazer os dois serviços em paralelo: plantar a semente do carvalho, cuja sombra

acolhedora se projetará sobre as gerações posteriores, e semear o alimento de agora, contudo para as barrigas vazias, porque ainda hoje ressoa a advertência de José do Patro-cínio (1853-1905): ‘Enquanto houver um brasileiro passan-do fome, somos um povo que ri, quando devia chorar (...)’. E o saudoso jornalista, radialista e Funda-dor da LBV, Alziro Zarur (1914-1979), completava: ‘... chorar de vergonha!’.

“(...) Enquanto os governos não chegam às ‘soluções definitivas’ para a miséria, que cada um faça além do que puder — e não o deixe de realizar — pelo seu semelhante, pondo em ação o poderoso espírito de Caridade, tão apregoado e vivi-do por Jesus e outros luminares da História não somente religiosa. O amadurecimento da Alma irmana as criaturas, concomitantemente, as culturas terrenas. Por questões tais, mesmo que chegado o dia em que todos os problemas sociais sejam resolvidos, a Caridade será tão necessária quanto agora, por-que é sinônimo de Amor. E sem ele ninguém vive, pois é o alimento do Espírito. Até porque as cidadãs e os cidadãos, além do bom termo para os problemas da alçada de Estado,

BOA VONTADE | 7

Page 8: BOA VONTADE 217

Alziro ZarurJosé do Patrocínio

Reportagem especialAr

quiv

o BV

Arqu

ivo

BV

Dani

el Tr

evis

ansx

c.hu

Uma das salas de aula do Instituto de Educação da LBV

andam à procura da solução de seus dilemas humanos.

“Prosseguindo, depois de apre-sentar o que reiteramos em 1985, graças à maturidade solidária das mentes, acabar com a fome tornou-se uma preocupação, não apenas nacional, contudo mundial. O que pode impedir que os objetivos que beneficiarão qualquer país sejam atingidos sem tardança, em âmbito planetário? Entre outros óbices, destaca-se o exacerbamento do individualismo, aliado ao desejo de domínio que possa existir em cérebros humanos distorcidos, que prodigiosamente frutifica em época de corrupção e impunidade desen-freadas, e à falta de perseverança e eficiente tática entre muitos dos que se opõem a esse estado de coisas.

“O combate à violência no mundo começa na luta contra a indiferença à sorte do vizinho. Per-mitir que se sacrifique o sentimento de compaixão entre os indivíduos é o mesmo que promover o suicídio coletivo das nações.

“Não foi sem motivo que assim definiu Jean-Paul Sartre (1905-

não levarem em apreço esses precei-tos, pois “quem tem fome quer co-mer; quem padece de sede procura mitigá-la; quem está nu necessita de vestimenta; quem se encontra enfermo aguarda pela cura urgente; o desesperado anseia por amparo. Não amanhã, já! E antes que em extremo delírio as massas famintas venham a arrancar o que não têm das mãos dos que possuem... Passa-dos mais de dois milênios, Virgílio (70-19 a.C.) continua atual: ‘A fome é má conselheira’ (...)”.

Antes que definitivamente tal circunstância se torne bandeira erguida por comunidades aflitas, porquanto, como o dirigente da LBV afirma, “as nações também vomitam”, ele nos convida ao pen-samento de outros grandes nomes da História: “Faz-se necessária redobrada consideração ao que registrou, há tantos anos, o escocês Adam Smith (1723-1790). Diz o pai da economia política: ‘A pobreza a ninguém desonra, mas é muitíssimo incômoda’.

“No entanto, existe uma agra-vante, meu caro Adam, enunciada nesta advertência de Gandhi (1869-1948), o libertador da Índia: ‘O maior crime é a fome’.

“Está correto o Mahatma, vis-to que a fome e as conseqüentes enfermidades, entre elas nanismo, cegueira, fraqueza mental (que dificulta a absorção de conheci-mento) e outras mais — que aba-tem milhões pelo Planeta todos os anos — constituem um genocídio

1980): ‘O homem é constituído pelas suas múltiplas escolhas e inteiramente responsável por elas’ (...)”.

O “perigo” do “choque de culturas”

Ainda em O Capital de Deus, o líder da LBV aborda um propalado “choque de culturas”, previsto por alguns: “Com intensidade cada vez maior, para o século XXI, a questão é jamais desprezar as múltiplas oportunidades de desenvolvimento para o bem comum que a moderna tecnologia nos oferece”. E acon-selha: “Convém, todavia, agir de forma que, pari passu, os avanços do saber tecnológico contemplem mecanismos expansores da Soli-dariedade, no combate efetivo à miséria moral e espiritual, que afeta o êxito de toda sociedade. Isso é pensar ecumenicamente na solução efetiva para o aumento do poder aquisitivo e, o que é fundamental, para o acesso democrático ao bom ensino, por exemplo, cuja falta, na atualidade, aprisiona na indigência, nos quatro cantos da Terra, popu-lações inteiras, dificultando-lhes a libertação da fome. Verdadeiro desrespeito à dignidade humana”.

“A fome é má conselheira”Caso esse amadurecimento de mentalidade não ocorra em tempo hábil, Paiva Netto, cujas palavras se justificam por suas obras, convida todos à reflexão de que um perigo possa verda-deiramente avizinhar-se dos que

8 | BOA VONTADE

Page 9: BOA VONTADE 217

Jean-Paul Sartre Virgílio Adam Smith Gandhi Bertrand Russell

Foto

s: Re

prod

ução

BV

Arqu

ivo

BV

Confúcio

Médicos voluntários promovem atendimentos nas diversas unidades da LBV

* Nota do autor: Diz o Cristo Ecumênico, em Seu Evangelho, segundo Mateus, 10:8: “Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, vesti os nus, expulsai os demô-nios (quer dizer, tirai do coração de quem sofre a dor), dai de graça o que de graça recebeis”.

silencioso. (...) Não há regime bom enquanto o Homem for mau (desculpem-me o cacófato). Razão por que se faz necessária serena e incruenta reflexão sobre este pensa-mento de Confúcio (551-479 a.C.): ‘Pague a Bondade com a Bondade, mas o mal com a Justiça’.

“Refiro-me à incruenta, além de serena reflexão, sobre o pensamento de Confúcio, para que ninguém criminosamente confunda Justiça com vingança.

O medo é mau conselheiro“Podemos notar, nas entrelinhas

desse drama a que assistimos pelo mundo, mensagem escrita com tintas fortíssimas: assim como a fome, o medo é mau conselheiro. É evidente que não se pode confundir temor com prudência, porque esta ilumina e impulsiona a Boa Vontade dos seres dispostos a transformar esse estado de coisas, como pro-põe o filósofo e historiador inglês Bertrand Russell (1872-1970): ‘Em Educação e outros campos da

existência, o que a Humanidade mais precisa é da substituição do temor pela esperança’.

“Pura verdade, preclaro Russell, porquanto a esperança não morre nunca. Daí trabalharmos, diutur-namente, pela Educação solidária, sem jamais esquecer a imprescin-dível Espiritualidade Ecumênica (com a Pedagogia do Cidadão Ecumênico, a Pedagogia do Afeto, dirigida especialmente às crianças e aos jovens), como bússola sina-lizadora do caminho ideal para o alcance da tão sonhada concórdia planetária, cuja dificuldade em ser realizada fortalece a decisão dos que não capitulam diante das agru-ras do caminho. Educar os desvios da Alma, só com Amor espirituali-zado. A conquista da Paz merece o nosso integral esforço”.

Ecumenismo que se contrapõe ao “choque de culturas”

A respeito de sua visão de Ecu-menismo, que se contrapõe ao apre-goado “choque de culturas”— que pode arrastar as populações à Tercei-ra Guerra Mundial, possivelmente diversa e pior do que como até há pouco fora imaginada —, explica Paiva Netto no seu ensaio Sociedade Solidária Altruística Ecumênica, levado pela representação da LBV à ONU, em várias edições, a partir de 2000:

“(...) Quando falamos em Ecume nismo, queremos dizer Uni versalismo, Fra-ternidade sem fronteiras,

Solidariedade internacional, pois entendemos a Humanidade como uma família. E não existe uma só em que todos os filhos tenham o mesmo comportamento. Cada um é um cosmos independente, o que não significa dizer que esses ‘cor-pos celestes’ tenham de esbarrar uns nos outros. Seria o caos. (...) Referimo-nos ao Ecumenismo dos Corações, aquele que nos convence a não perder tempo com ódios e contendas estéreis, mas a estender a mão aos caídos, pois se comove com a dor, tira a camisa para ves-tir o nu, contribui para o bálsamo curativo do que se encontra enfer-mo*, protege os órfãos e as viúvas, sabe que a Educação com Espiri-tualidade Ecumênica é fundamental para o sustentamento de um Povo, porque Ecumenismo é educação aberta à Paz, para o fortalecer de uma nação (não para que domine as outras), portanto o abrigo de um país e a sobrevivência do orbe que nos agasalha como filhos nem sempre bem-comportados. Basta lembrar o lamentável fenômeno do aquecimento global, cada vez menos desmentido pelas maiores cabeças pensantes do mundo. (...) Os vanguardeiros — ecólogos, políticos e cientistas de ponta — já procuram soluções práticas para conter a poluição, que nos envene-na desde o útero materno.

BOA VONTADE | 9

Page 10: BOA VONTADE 217

A Legião da Boa Vontade promove diversas campanhas de valoriza-ção da Vida. Exemplo disso é a marcha promovida pela Instituição, sob o slogan criado por Paiva Netto, que mobilizou 200 mil pessoas, no Rio de Janeiro/RJ, em 1o de dezembro de 1996, para bradar: “Aids — o vírus do preconceito mata mais que a doença”.

Reportagem especial

Arqu

ivo

BV

Arqu

ivo

BV

Mães atendidas pelo projeto social solidário Cidadão-Bebê, da Legião da Boa Vontade.

“É indispensável, pois, unir os esforços de trabalha-dores, empresários, políticos, militares, cientistas, religiosos, céticos, ateus, filósofos, artistas, esportistas, professores, estudantes, donas de casa, chefes de família, taxistas etc., nessa luta por um Brasil melhor e uma Humanida-de mais feliz. Esse Ecumenismo, derrubando barreiras, promove a troca de experiências que instigam a criatividade global, corrobo-rando o valor da cooperação, das parcerias. Há muito que aprender uns com os outros. Um caminho diverso, comprovadamente, é o das guerras, o da brutalidade. Resumindo: quando não houver arrogância ou fanatismo, existirá sempre o que assimilar com os de-mais. Daí preconizarmos a união de todos pelo Bem de todos, porquanto compartilhamos uma única morada, o planeta Terra, cujos abusos de seus habitantes vêm exigindo providência imperativa: ou integra ou desintegra (...), razão por que devemos traba-lhar estrategicamente em parcerias que promovam prosperidade efetiva para as massas populares.

“Num improviso que fiz na cidade do Rio de Janeiro/RJ, em 20 de junho de 1987, no sugestivo auditório do Ecumenismo Total, da antiga sede da LBV na capital fluminense, declarei que não se

erige uma Pátria melhor e um Povo mais feliz fazendo coleção de seus defeitos, todavia catalisando os seus acertos. É um verdadeiro suicídio querer igualar os homens por aquilo que têm de condenável. A conciliação tem de ser feita por cima: por suas virtudes e qualida-des eternas. Um país progride na razão direta do talento e da perti-nácia de seus filhos (...).

Ecumenismo não significa despersonalização

“Em meu livro Reflexões e Pensamentos — Dialética da Boa Vontade (1987), e anteriormente no Jornal da LBV (janeiro de 1984), es-crevi: (...) quando falamos na união de todos pelo bem de todos, alguns podem atemorizar-se, pensando em capitulação de seus pontos de vista na enfadonha planura de uma alian-ça despersonalizada, o automatismo humano deplorável. Não é nada disso. Na Democracia, todos têm o dever (muito mais que o direito) de

— honesta (quesito básico) e com espírito de tolerância — enunciar seus ideais, sua maneira de ver as coisas. Entretanto, ninguém tem o direito de odiar a pretexto de pensar diferente. Dizia Gandhi que: ‘Diver-gência de opinião não é motivo para hostilidade’.

“E foi por nisso acreditar que o Mahatma tornou-se, com certeza, o personagem principal da indepen-dência do seu povo. O dever de ex-pressar civilizadamente o seu ponto de vista não significa que — para viger a Democracia — tenha Você de transformar-se a qualquer preço no vencedor. Quem com isso não pode conviver não sabe o que é De-mocracia, que, por sinal, é o regime da responsabilidade.

“Aliás, na mensagem ‘Questão de Morte ou de Vida’, que dirigi aos participantes de um dos congressos temáticos do Fórum Mundial Espí-rito e Ciência, ocorrido de 20 a 23 de outubro de 2004, no ParlaMundi da LBV, em Brasília/DF, Brasil, con-siderando que, segundo Napoleão Bonaparte (1769-1821), ‘a maior figura de retórica é a repetição’, reforcei este meu raciocínio para marcá-lo mais fortemente:

Opinar civilizadamente“Por ser aqui o Parlamento

Mundial da Fraternidade Ecumê-nica da Legião da Boa Vontade, o ParlaMundi da LBV, todos têm, nas atividades dele, o dever de expressar suas opiniões, mesmo

Page 11: BOA VONTADE 217

Santo AgostinhoSanto AmbrósioJosé Américo

Foto

s: Re

prod

ução

BV

Arqu

ivo

BV

Phot

oDis

c

A consciência do desenvolvimento sustentável é despertada desde cedo na LBV

Napoleão Bonaparte

que com o calor natural à defesa das teses, todavia sem espírito de cizânia, portanto civilizadamente — de preferência...

“Pobre da sociedade sem a discussão das idéias. Detestam-na, apenas, os que querem o domínio criminoso da mente humana. A História conta-nos o horror que tem sido a sua passagem pela Terra”.

A Alma é a geratriz de todo o progresso

Por fim, vale aqui o registro do artigo “Independência”, publicado pela Folha de S.Paulo de 7 de setem-bro de 1986, data nacional do Brasil, em que Paiva Netto arremata:

“(...) O Ser Humano, com seu Espírito eterno, é o centro da Econo-mia, a geratriz de todo o progresso. Sem ele, não há o trabalho nem o capital.

“A riqueza de um país está no coração do seu Povo. No entanto, nações inteiras ainda sofrem mi-séria... Convém lembrar que bar-rigas vazias e Espíritos frustrados geralmente não estão dispostos a ouvir. Declarou o escritor e político brasileiro José Américo (1887-1980), numa hora de amargor, que

‘escândalo é morrer de fome em Canaã’. E Santo Ambrósio (340-397), mentor de Santo Agostinho (354-430), asseverava: ‘Se possuis grandes riquezas e teu irmão passa fome, és ladrão. E se o necessitado morre, és assassino’. Numa época em que pelo avanço da tecnologia as expectativas de produção ficam ultrapassadas, a fome é realmente um escândalo! (Não somente a do corpo, como também a de conheci-mento, isto é, Educação, sem a qual nenhum Povo é forte.) Anacronica-mente, nunca o mundo conheceu por um lado tanta fartura e por outro tanta miséria. Está faltando Solidariedade à Economia.

“Até que o último dos seus filhos tenha as condições mínimas para uma vida digna, o Brasil não será uma nação independente, mas ape-nas escrava das limitações que a si mesma se impõe. Os impedimentos de ordem interna são mais prejudi-ciais ao progresso de um Povo que os de ordem externa (...)”.

“Seguimos confiantes, contudo sempre diligentes, nas providên-cias que estão sendo tomadas em âmbito nacional e mundial. E aqui comparecemos com a nossa sincera

colaboração de instituições nasci-das do seio da sociedade, que, cada vez mais, toma consciência de seus direitos de cidadania, nas medidas que hão de criar um Brasil melhor e uma Humanidade mais feliz. Não num futuro distante, porém o mais próximo possível!”

SaudaçãoA Legião da Boa Vontade (LBV),

nesta oportunidade, saúda com entusiasmo a todos os que, idealis-ticamente, se reuniram na 1a Feira de Inovações Rede Sociedade So-lidária, LBV e ONU, em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, e nos workshops regionais que tiveram vez em Porto Alegre/RS, Belo Hori-zonte/MG, Aracaju/SE, Santos/SP e em Buenos Aires (Argentina). Nossa deferência aos dignos representantes da Organização das Nações Unidas (ONU); das associações; das funda-ções; das cooperativas; das entidades de classe; dos movimentos religio-sos; dos governos federal, estadual e municipal; de empresas privadas; de entidades de apoio técnico; de universidades e estabelecimentos de cooperação internacional que prati-cam ou se interessam em praticar a responsabilidade social; enfim, a todos os interessados na fomentação do desenvolvimento socioeconômi-co do nosso país e dos demais em bases sustentáveis.

Unidos os esforços de Boa Von-tade, teremos um mundo melhor para todos.

BOA VONTADE | 11

Page 12: BOA VONTADE 217

@

Parabéns pela qualidadeÉ com grata satisfação e apreço

que parabenizo a todos da equipe pela qualidade das matérias con-tidas na revista BOA VONTADE no 215. (Getúlio Ubiratan, Depu-tado Estadual, Salvador/BA)

Exportando EducaçãoA edição da re-

vista BOA VON TA-DE, do mês de ou-tubro de 2006, traz ex celente reportagem sobre o Programa Pe-

dagógico da LBV, na página 62. Essa reportagem me auxiliou a fazer um trabalho sobre pedagogia no meu curso de magistério. A LBV não é um sonho ou um projeto; é uma realidade vivenciada

Registro“Que honra para mim!

Que beleza! Como a revis-ta está boa, com matérias diversificadas! Realmen-te, espetacular!” (Jor-nalista Carlos Chagas, de Brasília/DF, ao re-ceber a revista BOA

VONTADE no 216).

“Adorei a matéria, toda a revista. Não tenho palavras para tanto entusiasmo. A revista BOA VONTADE está mesmo caprichada. Vou enviar exem-plares para amigos e colegas de profissão.” (Guilherme Fiuza, jornalista, Rio de Janeiro/RJ, ao receber a edição no 216 da BOA VONTADE).

“A revista BOA VONTADE é muito boa, com texto fluente e diagramação bonita. Vocês respeitaram tudo o que eu disse. Gostei muito de ter visto o Car-los Nascimento, o Jamelão, o Rubens Ewald Filho e o José Carlos Araújo, de quem eu gosto muito. Tenho escutado as palavras de Paiva Netto pela Super Rede Boa Vontade de Rádio todos os dias. (...) Acompanho o programa Cortando Estradas diariamente”. (Guto Franco, diretor de progra-ma de TV, destacando a edição no 215 da revista)

BOA VONTADE em acervo ecológicoJuliana Valin

O Secretário Municipal do Meio Ambiente, de Goiânia/GO, Dr. Clarismino Luiz Pereira Júnior, encaminhou, no dia 5 de março, um ofício com seus cumprimentos à Legião da Boa Vontade, parabenizando-a pelo trabalho que realiza. No documento, o Secretário também felicitou a revista BOA VONTADE, afirmando que o periódico será integrado ao acervo biblio-gráfico da Sala Verde da Secretaria de Meio Ambiente da capital goiana.

Bernardinho: Transformando suor em ouro

Narra a história que, já nos últimos anos de vida, Winston Churchill (1874-1965) teria feito um de seus mais contundentes discursos, em uma escola da In-glaterra na qual estudara quando pequeno. Nele haveria dito ape-nas: “Nunca! Nunca! Nunca! Nunca desistam!”. O pensamento do estadista inglês, que o técnico da Seleção Brasileira Masculina de Vôlei, Bernardinho, conhece em profundidade, bem serviria de

resumo para a própria trajetória do treinador.

Aliás, neste e na lavra de outros grandes nomes do esporte e da ad-ministração, que se dedica a estu-dar, Bernardinho tem encontrado elementos para criar seu próprio estilo, de garra, talento e muito trabalho, e que agora conta em detalhes no livro Transformando suor em ouro.

A noite de autógrafos foi reali-zada na quadra de vôlei do ginásio de esportes do clube Pinheiros, na zona sul da capital paulista, no dia 2 de fevereiro. Na ocasião, o autor deixou em um dos exemplares seu apoio e incentivo à Legião da Boa Vontade e a seu dirigente: “Caro José de Paiva Netto, espe-ro que o livro possa motivá-lo a continuar inspirando e orientando tantas pessoas. Um forte abraço, Bernardinho”. [L.S.M]

Clay

ton

Ferr

eira

Divu

lgaç

ão

12 | BOA VONTADE

Cartas, e-mails e literatura

Page 13: BOA VONTADE 217

O economista Carlos Lopes, Diretor-Executivo do Instituto das Nações Unidas para Formação e Pesquisa (UNITAR) em Genebra, na Suí ça, lançou no dia 14 de março o livro Desenvolvimento para céticos: como melhorar o desenvolvimento de capacidades, publicado originalmente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e agora lançado em Português.

“É uma tentativa de trazer ao debate algumas questões bas-tante discutidas nos anos 1970 e 1980, que provocaram alguma controvérsia que tem a ver com capacitação. O livro traz ao cen-tro de debates a questão da capa-citação e tenta apresentar casos

Simone Barreto

concretos onde isso funcionou”, resumiu Carlos, que recentemente fez assessoria direta do Secretá-rio-Geral da ONU, é autor de 20 livros de temas relacionados a desenvolvimento.

A Legião da Boa Vontade, que possui desde 1999 status consultivo geral no Conselho Econômico e Social (Ecosoc), foi representada no evento pelo Ge-rente Regional da LBV no Rio de Janeiro, Eliel Brum, que levou os cumprimentos fraternos do líder da Instituição ao escritor e econo-mista Carlos Lopes. Em retribui-ção, o autor enviou um exemplar da obra com a dedicatória: “Para Paiva Netto com amizade, Carlos Lopes. Rio 03/07”.

Carlos Lopes, Diretor de Institutoda ONU, lança livro no Brasil.

no dia-a-dia. (Leonara Lour-des Tomazi, via e-mail, de Florianópolis/SC) Arte na tela

Na revista BOA VON-TADE, edição no 214, a

matéria “Um diálogo entre o pas-sado, presente e futuro” ficou bem legal. Para-béns! (Mário de Souza

Chagas, coordenador técnico do Iphan, Rio de Janeiro/RJ)

Dr. Carlos Lopes autografa livro para Paiva Netto. À direita na foto, o representante da LBV no Rio de Janeiro, Eliel Brum.

Sim

one

Barr

eto

Clay

ton

Ferr

eira

BOA VONTADE | 13

Juca Kfouri estréia na literatura infantil

Com o recente lançamento do livro O Passe e o Gol, o jorna-lista, economista e comentarista esportivo Juca Kfouri fez sua estréia como escritor infantil. Sempre envolvido com o futebol, não poderia ter escolhido outro tema para a história dos gêmeos Joãozinho e Marinho, que, apesar do companheirismo de irmãos, têm suas diferenças quando estão em campo jogando. E é dessa forma natural, simples, que Juca consegue passar a importância do respeito, de se cultivar o espírito esportivo e mesmo uma vida mais saudável pelo desporto.

Em entrevista, Kfouri eviden-ciou o valor do respeito às diversas opiniões e, neste contexto, destacou a Campanha da LBV Esporte é Vida, não violência!: “O campo de futebol é um lugar de diversão, não de violência, de briga. E a campa-nha que a LBV há tantos anos faz, colocando faixas no Maracanã com esses dizeres, é a nossa luta”.

O jornalista Juca Kfouri dedi-cou dois exemplares de seu livro, um direcionado a todas as crianças atendidas pela Instituição e outro ao seu dirigente, com as dedicató-rias a seguir, respectivamente: “Às crianças da LBV, com o carinho do Juca Kfouri” e “Ao José de Paiva Netto, com a admiração do Juca Kfouri”.

Clayton Ferreira

Page 14: BOA VONTADE 217

Gente do Líbano que faz no Brasil, de Carlos Abumrad

Desde o início da emigração, dos que vie-ram fazer a América, até os dias atuais, mui-tos foram e são empreendedores no Brasil.

O jornalista Carlos Abumrad percebeu isso e registrou no livro Gente do Líbano que faz no Brasil a história de famílias que con-tribuíram para o desenvolvimento de nosso País com seu trabalho, reunindo na obra 40 biografias, com fotos e depoimentos. O próprio Abumrad, que é natural de Jundiaí/SP, é filho de um libanês, Camilo Feres, que chegou em terras brasileiras aos 15 anos e se dedicou ao comércio. A família materna também é de origem árabe e ligada à área comercial.

No dia do lançamento do título, 9 de fevereiro, na capital paulista, o autor simpaticamente dedicou um dos exemplares da obra, com estas palavras: “Ao colega Paiva Netto, com o abraço do Carlos Abumrad”.

[L.S.M]

Desde 11 de março, os leitores do conceituado O Estado do Pa-raná têm a oportunidade de ler, sempre aos domingos, as refle-xões e análises do jornalista e es-critor Paiva Netto. O convite para integrar a equipe de articulistas partiu do Diretor do periódico, sr. Mussa José Assis. Em entrevista à BOA VONTADE, o jornalista falou da qualidade do texto e do trabalho do dirigente da LBV: “Nós começamos a publicar a coluna do Paiva Netto e houve uma repercussão enorme, uma quantidade grande de e-mails cumprimentando pela novidade. Telefonemas a vários setores, que não chegaram nem a mim. Com os artigos do Paiva Netto enri-quecemos o jornal. É um homem de bem, faz um trabalho dirigido à comunidade, a um mundo me-lhor, cuidando da juventude, da criança. Então repercute. Ele é um homem importante na nossa sociedade, que tem um peso pelo comportamento. Escreve bem, transmite conhecimento, bon-dade. Aliado a isso, tem a ação concreta dele, que não está só no escrever, no falar, mas na obra que conduz. É uma coluna que perdurará por muito tempo!”.

Artigos de Paiva Netto aos domingos em O

Estado do ParanáVinicius Ramão

Na edição de 22 de fevereiro, o jornal O Globo, do Rio de Janei-ro/RJ, destacou, no caderno Boa Viagem, o Templo da Boa Vontade (TBV) numa matéria que aborda a diversidade religiosa da capital federal. O periódico citou aspectos arquitetônicos do Monumento, convidando os turistas a visitá-lo e ressaltando místicos ambientes do local. “O Templo Ecumêni-co é o lugar mais visitado por turistas em Brasília, segundo a Secretaria de Turismo do Dis-

trito Federal. No interior, os visitantes seguem uma tr i lha em espiral até o centro da Pirâmide, sob o cris-tal, simbolizando o caminho da purificação (...)”, ressaltando, ainda, que o TBV mantém as portas abertas durante as 24 horas do dia.

Juliana Bortolin

Vini

cius

Ram

ão

João

Per

iott

oVa

rgas

14 | BOA VONTADE

Caderno Boa Viagem, de O Globo,destaca Templo da Boa Vontade

Page 15: BOA VONTADE 217

A jornalista e apresentadora do programa A Tarde é Sua, da Rede TV! Sônia Abrão recebeu no dia 16 de março representantes do jornalista e escritor José de Paiva Netto que a prestigiaram no lançamento de seu livro Santas Receitas que ocorreu no Espaço FNAC, em São Paulo.

Amiga da LBV, Sônia disse em entrevista à Super Rede Boa

Sônia Abrão lança Santas Receitas

Vontade de Comunicação que “o dirigente da Legião da Boa Vontade trabalha muito pelo bem-estar do próximo”.

Na ocasião, dedicou um exemplar da obra lançada. “Que-

rido Paiva Netto, obrigada pelo carinho. E o livro vai para você que também é um homem de Fé e trabalha pelo Bem do Ser Humano. Beijos, Sônia Abrão”, escreveu.

Leilla Tonin

Vivia

ne P

roph

eta

Clay

ton

Ferr

eira

BOA VONTADE | 15

@

Árvores retorcidas, chão duro e seco, a força do nordestino que enfrenta as mais penosas adver-sidades para sobreviver. É sobre esse universo tão bem retratado por um dos maiores escritores brasileiros do século XX, Gra-ciliano Ramos (1892-1953), que o jornalista e vice-Presiden-te da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e Presidente da Representação da ABI em São Paulo, Audálio Dantas, e o fo-tógrafo cearense Tiago Santana debruçaram-se para recriá-lo na reportagem artístico-literária O Chão de Graciliano.

A idéia do livro, que, além de português, possui a versão em inglês e espanhol, surgiu a

O Chão de Graciliano,por Audálio Dantas

partir de 2002, época em que foi realizado o primeiro ensaio fotográfico para exposição de mesmo tí-tulo, no ano seguinte, no Sesc Pom-péia, em São P a u l o / S P. Esta mostra inspirou o ala-goano Audálio a tra-duzir em texto o tempo e o espaço de Graciliano.

O resultado da parceria foi entregue ao público em 1o de março, com o lançamento da obra na capital paulista. Dantas, que ressaltou ser um “colecionador

da revista BOA VONTADE”, fez questão de deixar seu carinho ao dirigente da LBV, na seguinte dedicatória: “Para José de Paiva Netto, com votos de êxito em sua missão permanente de busca do entendimento entre os homens. Cordialmente, Audálio Dantas”.

Leila Marco

Acima, o ilustre Au-dálio e sua simpática esposa, Vanira Kunc,

durante visita à escola da LBV em São Paulo.

Page 16: BOA VONTADE 217

Prezado Paiva Netto, é com grande satisfação que, em nome da Diretoria da Associação Brasi-leira de Imprensa, mais uma vez apresento-lhe os nossos cumpri-mentos pelo seu aniversário e os nossos sinceros votos de felici-dade. Cordialmente. (Maurício Azêdo, Presidente da ABI, Rio de Janeiro/RJ)

Nobre amigo Paiva Netto, muita paz! (...) Agradeço todos os gestos de lídima fraternidade (...), retribuindo-os em forma de vibrações de saúde e paz para o nobre Irmão, a fim de que possa continuar no seu santo ministério de iluminar consciências e liber-tar sentimentos, extensivamente à querida família. Abraços e reconhecimento, servidor em Jesus. (Divaldo Franco, médium e líder espírita, um dos fundadores do Centro Espírita Caminho da Redenção e da Mansão do Caminho)

@Cartas, e-mails e literatura

São 66 anos de vida, comemorados neste dia 02/03, dos quais 51 de-dicados ao Bem. Com esse enfoque, o jorna-lista Gilberto Amaral, em sua coluna do Jornal do Brasil, noticiou o aniversário do líder da LBV. No espaço, publi-

cou a nota: “Ecumenismo Irrestrito — Uma vida inteiramente voltada para a defesa dos valores

Humanos e Espirituais é o que comemora hoje o Presidente da LBV, José de Paiva Netto, em

mais um natalício que representa a busca incessante e irrestrita do Ecumenismo. (...) A chama de sua Obra inunda o Brasil inteiro de boas ações

que já começaram a ser copiadas no Exterior. Parabéns ao homem e

à sua Obra”.

Felicitações e laços de amizade

Educar para Outro Mundo Possível é o título do professor da Faculdade de Educação da Uni-versidade de São Paulo (USP) e Diretor do Instituto Paulo Freire,

Outro mundo é possível, por Moacir GadottiMoacir Gadotti, lançado em 1o de março, na capital paulista. Antes da sessão de autógrafos, o autor participou de uma mesa-redonda, em que profissionais da área edu-cacional abordaram assuntos que foram destaque na última edição do Fórum Social Mundial (FSM) e que têm ligação com o tema do livro.

Na obra, Gadotti, que pertence ao Conselho Internacional do Fó-rum, traz questionamentos como a sobrevalorização do econômico em detrimento do humano na Educa-

ção. Ainda a respeito do FSM, o professor frisou: “A Solidariedade não é apenas uma virtude, é hoje uma necessidade. Não haverá um outro mundo possível sem que seja solidário, justo e de Paz. Não basta a gente pregar a Solidariedade, é preciso dar exemplo, como a LBV está fazendo”.

Moacir Gadotti autografou o livro para o Diretor-Presidente da LBV, com estas palavras: “José de Paiva Netto: Juntos, outro mundo é possível. Com admiração, Moacir Gadotti”.

Viviane Propheta

Vivi

ane

Lago

Pro

phet

a

João

Pre

da

Sim

one

Barr

eto

Arqu

ivo

BV

16 | BOA VONTADE

Page 17: BOA VONTADE 217

Muito se discute a marca dos mil gols de Romá-rio. Causa polêmica o fato de o atacante do

Vasco da Gama ter colocado em sua relação gols feitos em divisões amadoras e até em amistosos. Mas todos são comprovados por súmulas e/ou matérias publicadas em jornais. Ou seja, a parte da imprensa que contesta os números do artilheiro é a mesma que, de forma involuntária, atesta a veracidade deles.

A validade ou não da marca dos mil gols de Romário foi além das nossas fronteiras. Atraiu a imprensa mundial, que enviou repórteres para registrar o feito, antes só alcançado pelo maior jogador de todos os tempos, Pelé.

Nem a FIFA deixou de dar seu parecer sobre o assunto. A entidade máxima do futebol mundial po-sicionou-se ao lado de Romário e referendou a sua marca. Considerou justa e merecida a contagem e hipo-tecou seu apoio à vitória pessoal do atacante brasileiro.

O próprio Romário lembrou que a marca dos mil gols não o iguala a Pelé. Ele sabe que está longe disso, pois o Rei balançou as redes, de forma oficial, mais de 1.200 vezes, num espaço de tempo menor, pois sua carreira foi mais curta. Mas ele também não ficou só nos gols profis-sionais. Contabilizou os que marcou

quando jogava pela sele-ção do Exército.

Isso desmereceu Pelé? De maneira alguma. Ja-mais alguém contestou sua marca. Ele foi e continua sendo inigualável, mesmo décadas depois de abando-nar o futebol. Em qualquer lugar do mundo, Pelé conti-nua sendo Pelé, o ainda Rei do Futebol, eleito o atleta do século 20.

Os brasileiros deveriam deixar os detalhes de lado e estar orgulhosos de terem mais um atleta que fez mais de mil gols em sua carreira. Só existem dois no mundo e ambos são brasileiros: Pelé e Ro-mário, cada um no seu estilo, cada um na sua época, mas ambos geniais ao seu modo.

Nenhum outro atacante chegou aos pés de Pelé e Romário, no tocan-te à quantidade de gols marcados. E não faltaram craques maravilhosos contemporâneos dos dois...

Não importa se a relação de Romário tem gols que alguns tei-mam em não aceitar como válidos. O importante é a festa. O que vale é a marca que entra para a história do esporte e coloca o Brasil, mais uma vez, como destaque no cenário mundial.

Parabéns, Romário. O Brasil festeja com você e torce para que

José Carlos Araújo (comunicador esportivo da Rádio Globo do Rio de Janeiro/RJ),especial para a BOA VONTADE.

Felip

e Fr

eita

s

1.000Romário

Coluna Esportiva

golsOsde

Em 1994, durante a Copa do Mundo dos EUA, quando a Seleção Brasileira de Futebol conquistou o tetracam-peonato, Romário brilhou dentro e fora dos campos, vestindo a camisa da Campanha LBV — Fiz um Gol pela infância brasileira.

Leill

a To

nin

Site

Ofic

ial d

o Va

sco/

Mau

rício

Val

/VIP

COM

M

outros atacantes brasileiros sigam seus passos e também ultrapassem a barreira dos mil gols marcados. O gol é a alegria do futebol e quem tem o ofício de fazê-lo só merece aplausos.

BOA VONTADE | 17

Page 18: BOA VONTADE 217

Mauricio de SousadeturmaA

“Eu trato os meus

personagens e

leitores como

se fossem meus

filhos.”

Foto

s: Da

niel

Trev

isan

18 | BOA VONTADE

Cultura

Page 19: BOA VONTADE 217

Mauricio de Sousaturma

Quando a pauta do desenhis-ta e empresário Mauricio de Sousa foi aventada na redação, um fato interes-

sante ocorreu: não se ouviam os tradicionais prós e contras, mas, sim, um a um ia naturalmente recor-dando a própria infância e como os personagens da Turma da Mônica estiveram presentes em sua vida. E foi aquele incentivo: — faça, sim! Tudo certo, entrevista agendada e lá estamos no quartel-general dos qua-drinhos mais famosos do Brasil. No andar dos estúdios, logo na entrada do hall, a decoração e objetos dis-postos já abrem a mente do visitante para viajar pelo mundo mágico dos pequeninos; velhos conhecidos dos gibis estão espalhados por todos os lados.

Na sala do desenhista, o apelo é ainda maior: encontram-se pinturas feitas por ele, como a Mônica Lisa (1989), inspirada no famoso quadro da Mona Lisa, do pintor italiano Leo-nardo da Vinci (1452-1519), Ce-bolinha Tocador de Pífaro (1982), que faz uma paródia de O Tocador de Pífaro (1867), de Claude Monet (1840-1926); e outros trabalhos da série “História em Quadrões”, de

sua lavra, ali e em outras paredes de seu estúdio,

despertando o fascínio infantil e, por que não dizer,

também nosso, os adultos. Ao percorrer o local com o olhar, pode-se apreciar pequenas reproduções da Mônica, do Cebolinha, Magali, Chico Bento, Cascão e Cia., muitos e muitos lápis de cor, aquarelas, cui-dadosamente dispostas em sua mesa principal e nos armários à volta.

Tão mágico como o lugar é encontrar o pai da turma, tranqüilo, simpático, concentrado, cumpri-

menta a todos e, no instante em que folheia a revista BOA VONTADE, vai comentando: “A revista está cada vez melhor, como é bom ser uma unanimidade”, referindo-se ao endosso que as atividades da Legião da Boa Vontade (LBV) recebem de tantos segmentos da sociedade. An-tes de o bate-papo acontecer, entra um grupo de crianças do quarto ano do ensino fundamental do Instituto de Educação José de Paiva Netto, da LBV, que conhecia o local de criação dos personagens, onde cerca de 150 artistas trabalham, entrega a Mau-ricio um cartão confeccionado por eles, com as assinaturas dos demais colegas da escola, ao qual agradece e diz que em breve retribuirá a visita.

De volta ao assunto que levou a equipe ali, explica como a empresa que preside, a Mauricio de Sousa Produções, tornou-se um exemplo de excelência na área de entreteni-mento infantil, com uma tiragem impressionante de gibis (uma média de 8 a 10 milhões de exemplares por mês), além de uma gama de produtos com os royalties da Turma da Mônica, que vão desde jogos a gêneros de higiene e alimentícios. “Eu trato os meus personagens e leitores como se fossem meus filhos. Daí a coisa dá mais certo, porque você se policia. É um sentido lógico, ninguém quer o mal para um filho, todo mundo deseja o bem, a felici-dade e um futuro brilhante, talvez por isso a gente tenha conseguido esses mais de 40 anos de sucesso da Turma da Mônica”, resume.

Durante a conversa com o nosso anfitrião, esses motivos vão surgindo mais claramente, vê-se que cada fase da linha de produção é acompanha-do por ele e, mais do que isso, que criou uma filosofia de vida e tra-

Débora Verdan e Leila Marco

BOA VONTADE | 19

Page 20: BOA VONTADE 217

Personagens especiaisMauricio que não pára no tem-

po, atualizando sempre suas his-tórias, tem deixado com elas uma mensagem de inclusão, graças a personagens especiais como Luca (um menino cadeirante) e Dorinha (uma garota cega). Segundo o artista, “são as crianças com algum tipo de deficiência que estão ensinando e eu estou captando o que está acon-tecendo em termos de conscientiza-ção da população, da criançada. Sempre com cuidado para que haja uma cópia da realidade mais gostosa, ingênua, com valores que estão meio esquecidos. Algumas pessoas falam que a gente faz uma história alienada, mas não é. Ela pega o lado bom da vida, gostoso, da camaradagem, da fraternidade, que a criançada brinca e briga, vai para casa e dorme, no dia seguinte acorda... e aquele problema que eles tinham no dia anterior deixou de existir, ou está com outras cores, ou esqueceram. Acho que isso vale também para nós, adultos”.

Ele conta que há muito tempo queria abordar o tema em seus qua-drinhos, mas que estudava uma for-ma de fazer isso sem que houvesse qualquer preconceito. “Tem de dar

balhos únicos. “A nossa histó-

ria em quadrinhos é diferente das outras

no mundo, não fazemos nada parecido. E não é que

eu quis assim, mas não sei fazer de outro jeito. Mas agrada

aqui, na Indonésia, na Coréia do Sul, na Itália, na Argentina. E já que estamos realizando um trabalho que filosoficamente parece bem-aceito, me dá mais responsabilidade. Na hora que eu aprovo uma capa, um desenho, um roteiro, tenho de pensar nos milhões de pessoas que vão ler”.

Herança culturalA preocupação com a linha edito-

rial, que já caminha para a quarta ge-ração de leitores, dá muitas alegrias e responsabilidades; o faz pensar no futuro, em quem cuidará dessa herança cultural: “Estamos prepa-rando o pessoal, jovens, parentes, meus filhos, para que eles continuem com essa proposta filosófica”.

Mas se depender de disposição, Mauricio vai longe, está com uma agenda repleta de projetos, como o recente lançamento do longa-me-tragem Turma da Mônica — Uma

Aventura no Tempo, talvez o melhor de sua carreira, com dezenas de efei-tos especiais e aventuras para contar a história na qual seus personagens lutam para recuperar os quatro ele-mentos da Natureza. Além deste, ainda há o convite para elaboração de algumas revistas para os Jogos Pan-americanos do Rio 2007, em que a Turma da Mônica recepcio-nará os atletas e explicará detalhes da Vila do Pan.

Quanto aos novos planos, fala com entusiasmo: “Eu queria viver 200 anos para fazer mais 200 filmes, 300, não sei. Temos hoje tecnologia, artistas para um produto mundial, de exportação, e os próximos serão ainda melhores. Confio muito na possibilidade do cinema brasileiro, como esse que lançamos, com uma máquina em volta, revista, merchan-dising e tudo para que o filme renda o suficiente para pagar o próximo. Porque é muito difícil você depender de investidores que chegam, não só com dinheiro, mas às vezes também com vontades diferentes da nossa, objetivos distintos. Não podemos colocar coisas que vão contra toda uma história de 40 anos de cuida-dos. É difícil manter essa linha, mas manteremos”.

À frente do quadro Mônica Lisa, em sua sala, Maurício de Sousa posa ao lado de algumas das crianças da LBV.

“A LBV está de

parabéns, tanto os

Soldadinhos de Deus

como as mães de todos

os filhos e os filhos

de todas as mães,

concordo plenamente

com isso.”

20 | BOA VONTADE

Page 21: BOA VONTADE 217

uma virada na cabeça, preparar a consciência e o inconsciente, para que se entenda que todos são dife-rentes, mas iguais ao mesmo tempo como Seres Humanos, com as mes-mas oportunidades, direitos. Vou co-locar cada vez mais esses assuntos que dizem respeito a diversos tipos de camadas sociais e de problemas físicos”, defende.

O Penadinho é outro persona-gem dentro desta linha. Segundo o criador, surgiu de uma necessidade de falar em morte de maneira na-tural, “como algo que faz parte da vida e que não devia ser um motivo de pavor”. E relembra: “Na minha infância, as pessoas não morriam no hospital, faleciam tranqüilamente nas suas casas, havia um ritual que todo mundo conhecia. Depois de algum tempo, ficou mais trágico, não sei se por causa da televisão, do cinema, a morte ficou ou violenta ou distante, coisa que também não deve ser assim. Logicamente sempre há um choque, é a ausência de alguém que geralmente se gosta, e isso dói bastante, então é preciso estar forte espiritualmente para suportar, enca-rar o fato. Por isso, resolvi colocar em quadrinho o Penadinho, a Dona Morte. Sei de casos que as nossas

historinhas ajudaram algumas famí-lias nesses momentos difíceis”.

O modo de encarar a morte vem também de uma convicção mais ampla do que se convencionou dar ao fenômeno. Diz Mauricio: “Seria um desperdício se perdêssemos tudo que estamos aprendendo. A Natu-reza, o que quer que venha acima dela, que tenha criado tudo, não iria fazer isso conosco. Estamos aqui, de alguma maneira, esforçando-nos para evoluir, aprender, atingir outro estágio, que é melhor. Caso

“A revista (BOA VONTADE) está cada vez melhor, como é bom ser unanimidade”, comentou Mauricio de Sousa ao folhear a edição no 216.

“É legal os Soldadinhos

de Deus terem mães

amorosas que estão

proporcionando com a

LBV esse movimento

(o IV Fórum Internacional

dos Soldadinhos de Deus,

da LBV). Se tivéssemos

famílias bem-constituídas

neste País e no mundo

não estaríamos com

tanta violência,

guerras, tudo

mais.”

Artistas da Mauricio de Sousa Produções em plena atividade

BOA VONTADE | 21

Page 22: BOA VONTADE 217

contrário não estaríamos lutando tanto para o progresso espiritual da turminha toda”.

Um Fórum feito por e para as crianças

Falando ainda em uma educação livre de amarras, na construção de uma cidadania plena, conversamos com o de-senhista a respeito do IV Fórum Internacional dos Soldadinhos de Deus, da LBV, realizado, si-multaneamente, em 31 de março, em diversas capitais do País e do Exterior. O Fórum teve como tema

Família, o princípio da Paz, em que as crianças discutiram o pensamen-to do saudoso Fundador da Obra, Alziro Zarur (1914-1979), no qual afirma em seu famoso Poema do Grande Milênio: “Os filhos são fi-lhos de todas as mães, e as mães são as mães de todos os filhos”. Além de compartilhar a mesma opinião, destacou a relevância do encontro: “É legal os Soldadinhos de Deus terem mães amorosas que estão proporcionando com a LBV esse movimento. Se tivéssemos famílias bem-constituídas neste País e no mundo não estaríamos com tanta violência, guerras, tudo mais. Um movimento que coloque a família no seu devido lugar, como célula mater da sociedade, do país, vale a pena a gente colaborar, ajudar, estar junto. A LBV está de parabéns, tanto os Soldadinhos de Deus como as mães de todos os filhos e os filhos de todas as mães, concordo plenamente com isso”.

Jesus é muito avançado para todo o sempre, é um livro aberto para você ler todos os dias.

O fato de o Cristo ser o Patrono do encontro promovido pela LBV, por Seu exemplo de Amor e Paz, fez Mauricio de Sousa refletir sobre o Seu legado ao mundo. “Ele trouxe uma mensagem que temos de relem-brar, não esquecer. Eu acredito que essas passagens do Cristo têm várias leituras, dependendo da idade, da maturidade que se vai adquirindo. Muito do que está nos ensinamentos Dele se pode fazer, atingir tranqüi-lamente, basta querer, ter vontade. Jesus é muito avançado para todo o sempre, é um livro aberto para você ler todos dias”, finalizou.

Acima, momento em que o artista fazia sua homenagem aos Soldadinhos de Deus, da LBV. Ao lado, os desenhos com a assinatura de Mauricio.

Page 23: BOA VONTADE 217

De volta

O que fazer quando tudo parece sem saída, prin-cipalmente se esses pro-blemas são de saúde?

Certamente são momentos em que uma mão amiga é fundamental. E esse apoio, às vezes, nos chega com um gesto solidário. Foi dessa maneira que Aparecida Maria Pícoli, 63, recebeu guarida numa difícil fase de sua vida no Lar para a Terceira Idade da Legião da Boa Vontade de Uberlândia/MG (Rua Padre Pio, 1353, Osvaldo Resende, tel.: (34) 3236-2377). An-teriormente, morava com o irmão viúvo, Benedicto Pícoli, 66, que, embora mais velho, gozava de ra-zoável saúde, mas foi impedido de cuidar dela quando precisou fazer cirurgia de emergência. Apareci-da, que é diabética e àquela altura tinha nas pernas diversas úlceras varicosas, estava acamada e não conseguia andar.

Ao chegar à Instituição foi logo encaminhada a um endocrinologis-ta para tratar a diabetes. A equipe de enfermagem e a fisioterapeuta cuidaram da medicação para a cura das úlceras e uma alimentação diferenciada, preparada pela nu-tricionista do Lar, estabeleceram o

equilíbrio do organismo. Depois de um ano e meio de tratamento, ela já não precisava mais do andador para locomover-se.

Além de cuidar do físico e do emocional, recebendo sempre muito carinho dos profissionais e voluntá-rios, ela teve na Casa a oportunidade, mesmo com problemas na fala, de fazer muitas amizades. Encontrou o senhor José Francisco Teixeira por quem se apaixonou e começou a namorar.

Neste meio tempo, o irmão de Aparecida fez a cirurgia e se resta-beleceu, foi quando quis levá-la para morar com ele novamente.

“É gratificante ver esta rein-tegração familiar. Quando isso é possível, resgata os laços afetivos”,

destaca a assistente social do Lar da LBV, Maria de Lourdes Custódio Mauro.

Hoje, todos os personagens desta história encontram-se mui-to bem. Benedicto agradece, em nome dele e da irmã, a acolhida tão providencial que teve na Obra: “Graças a Deus, ela re-cebeu vida, porque estava numa situação que, se ficasse em mi-nha companhia, teria morrido. Na LBV, cuidaram muito bem, dando toda atenção e carinho. Fui muito bem recebido quando procurei a Instituição. Deus me deu uma companheira e acha-mos melhor levá-la para morar conosco e, assim, ceder lugar a outra pessoa que precisa”.

Mônica Mendes

para casaVovó atendida no Lar da LBV encontra

oportunidade para retornar ao convívio familiarAparecida Maria Pícoli

Ledi

lain

e Sa

ntan

a

Môn

ica

Men

des

Melhor Idade

Fachada do Lar para a Terceira Idade da LBV, de Uberlândia/MG.

BOA VONTADE | 23

Page 24: BOA VONTADE 217

Esporte é Vida!

Cinqüenta e seis anos depois do primeiro Pan-americano, a cidade do Rio de Janeiro/RJ recebe para a XV edição

dos Jogos, de 13 a 29 de julho deste ano, exatamente o dobro de participantes que Buenos Aires, na Argentina, recepcionou em 1951. Números que mostram uma clara evolução do esporte no continente. Estão confirmados para o Rio 2007 5.500 atletas, de 42 países, em 28 modalidades, para este que é o maior evento da área nas Américas. E essa é, sem dúvida, uma vitrine excep-cional para o desporto nacional e eleva o status do Brasil como promotor de acontecimentos deste e de maior porte em outras datas. Além disso, a construção e revi-talização de espaços importantes (veja na página 26 os locais) para os Jogos ficarão como uma boa

herança, ampliando o leque de oportunidades para os nossos atletas tão carentes de incentivos.

grandedesafio

do Pan no Rio

O

símbolos da cidade, que já foi o maior do mundo à época de sua construção (em 1950) e que, ainda hoje, impressiona pela im-ponência. O Maracanã será ainda o local das finais do futebol e da chegada da maratona.

Pela primeira vez, o Parapan ocorre na mesma cidade

Consecutivamente à compe-tição, o Rio receberá também os Jogos Parapan-americanos, entre 12 e 19 de agosto. É um fato inédito na história: a cidade sede dos Jogos Pan-americanos também é do Parapan. Graças a isso, poderão ser usados as mes-mas instalações e equipamentos e ver-se o desempenho de 1.300 atletas especiais e 700 membros de delegações, disputando 10 modalidades esportivas.

Orçamentos estourados e an-damentos de obras à parte, agora é a vez e a hora de focalizar as lentes nesta grande festa que se realiza de quatro em quatro anos, sempre um ano antes dos Jogos Olímpicos. Acompanhar o desempenho dos esportistas, na quebra de recordes, e fazer com que os objetivos maiores sejam realmente alcançados, como ensinar às novas gerações a im-portância do Esporte como fator de superação, fortalecimento dos laços de amizade e união entre cidadãos e povos.

Vale relembrar que esta é a segunda vez que o País recebe os jogos, a primeira se deu em 1963, na capital paulista, e foi de tamanho sucesso que reuniu dezenas de milhares de pessoas na cerimônia de abertura, no Es-tádio do Pacaembu. Desta vez, o cenário inicial e de encerramento do grande encontro é o Complexo Esportivo do Maracanã, um dos

Leila Marco

24 | BOA VONTADE

Page 25: BOA VONTADE 217

Clodoaldo Silvasuperação e promessa de medalha no Parapan 2007

O “Tubarão Paraolímpico”, como ficou também co-nhecido Clodoaldo Silva, é um fenômeno da natação

do Brasil. Em 2005, foi eleito pelo Comitê Paraolímpico In-ternacional o melhor atleta do mundo. A premiação é resultado de uma carreira brilhante. Um ano antes, durante a Paraolimpíada de Atenas, ele conquistou seis medalhas de ouro e uma de prata nas oito provas que disputou. Era a primeira vez que, em uma única edição paraolímpica, um esportista brasileiro alcançava um resultado de tamanho vulto e quebrava quatro recordes mun-diais, cinco paraolímpicos e 11 parapan-americanos.

Também em 2005 ganhou nada menos que 47 medalhas de oito competições nacionais e três internacionais. Destas, 40 de ouro, 5 de prata e 2 de bronze. Bateu o seu próprio recorde mundial nos 50m livres na Inglaterra, quan-

do nadou na I Copa do Mundo Paraolímpica. No ano seguinte, foram mais 25 medalhas em três competições internacionais e uma nacional, sendo 22 de ouro e três de prata. Novamente superou o seu próprio recorde mundial nos 100m nado livre, duas vezes, e nos 50m borboleta.

Esses resultados são nor-malmente impressionantes e, mais ainda, quando se sabe que ele iniciou na natação como forma de reabilitação. “Eu nasci com paralisia ce-rebral e até os 7 anos de idade não andava. Tive de fazer várias cirurgias no decorrer da minha infância e adolescência. E aos 16 fiz minha quarta e última opera-ção, e o meu médico recomendou nadar”, explica Clodoaldo.

O Esporte apareceu na sua vida e ele soube aproveitar com garra todas as oportunidades que foram surgindo. “As dificuldades sempre me motivaram. Esse é um

ponto de-cisivo, é o

que destaca um campeão. E depois que che-guei a esse topo, de ser escolhido o melhor atleta paraolímpico do mundo, de ter ganhado várias medalhas internacionais, de ter batido vários recordes mundiais, não me acomodei. Eu nunca fico confortável com a situação, busco sempre o meu limite.”

“As dificuldades sempre

me motivaram. Esse é um

ponto decisivo, é o que

destaca um campeão. E

depois que cheguei a esse

topo, de ser escolhido o

melhor atleta paraolímpico

do mundo (...), não me

acomodei.”

Líci

a Cu

rvel

lo

Divu

lgaç

ão

BOA VONTADE | 25

Page 26: BOA VONTADE 217

O nosso campeão olímpico dá ainda outra lição de vida. “Eu tenho o seguinte lema: as coisas que con-seguimos muito fáceis, perdemos com a mesma proporção, ao que é difícil damos mais valor. Graças a Deus, sempre tive esse pensamento e uma família sólida que me motivou, incentivou, o que foi fundamental para crescer na vida.”

A realização dos dois aconteci-mentos na capital fluminense suscita um sentimento muito especial no atleta. “Quando a gente começa a treinar, o primeiro pensamento é chegar à Seleção Brasileira, a um campeonato internacional. Ao con-seguir realizar esse sonho um outro vem: de participar de um campeo-nato deste vulto no Brasil. E teremos essa chance de ver na torcida os nossos amigos, familiares. Isso será mais um detalhe para os brasileiros conseguirem um bom resultado, tanto em quantidade quanto em qualidade de medalhas.”

Para Clodoaldo isso poderá fazer o Brasil deixar de ter pai-xão só pelo futebol e aproximar da sociedade modalidades como o handebol, futebol de praia, a natação, o atletismo e tantos outros. Nesse particular, elogiou o esforço de várias instituições que desenvolvem ações neste sentido. “Uma delas é a LBV, que dá oportunidade às crianças, aos adolescentes, porque o nosso futuro são eles. É uma iniciativa louvável e eu espero que sirva de exemplo para outras organizações poderem realizar o mesmo. Tanto é que, em Natal/RN, estou criando o Instituto Clodoaldo Silva para fazer um pouco do que a LBV faz e também poder praticar um esporte, estudar, ser um grande atleta. Mas se não conseguir ser um grande esportista, que possa ser um bom cidadão, tendo res-peito, dignidade, exercendo sua cidadania”, finalizou.

Alguns dos locais das competições (Fonte: www.rio2007.org.br)

• Complexo Esportivo do Maracanã — O Estádio principal será palco das finais do futebol, da chegada da maratona e das cerimônias de abertura e encerramento. No Ginásio do Maracanãzinho ocorrerão os jogos de vôlei. O Parque Aquático Júlio Delamare receberá o pólo aquático. Endereço: Rua Professor Eurico Rabelo, s/nº, portão 18, Maracanã.

• Marina da Glória — Principal entrada para as embarcações marítimas que chegam à cidade, a Baía de Guanabara receberá as raias da vela, tendo como ponto de saída e chegada dos barcos a Marina da Glória. Endereço: Avenida Infante D. Henrique s/ nº, Aterro do Flamengo.

• Vila Pan-americana — Em um terreno de 420.000m², priorizará o conforto e a comodidade dos atletas e oficiais. A Vila está no raio de 10 quilômetros que abrigará mais de 60% dos locais de competição, o Centro de Imprensa Principal (MPC) e o Centro Internacional de Transmissões (IBC). Endereço: Avenida Ayrton Senna, 3.400, Barra da Tijuca.

O campeão Clodoaldo e algumas das medalhas conquistadas nos Jogos Paraolímpicos de Atenas, em 2004.

Divu

lgaç

ão

26 | BOA VONTADE

Esporte é Vida!

Page 27: BOA VONTADE 217

Nas quadras, o nosso País tam-bém tem grandes chances de arrematar medalhas no Pan-Americano do Rio. E a de

elas serem douradas é ainda maior quando o assunto é voleibol. Além de toda a torcida verde-amarela, quem também aposta nos atletas brasileiros é Paulão, campeão olímpico pela Seleção Brasileira em 1992. Em visita ao Lar e Parque Alziro Zarur, da LBV, no dia 7 de março, o ex-jogador destaca que o vôlei brasileiro no Pan estará, sim, bem representado.

Ele credita à competição um sen-tido mais especial, referindo-se aos resultados a longo prazo que podem

Paulão, campeãoolímpico de 1992

ser obtidos. “Não é importante só pelas chances de trazer uma Olim-píada, mas pela bagagem que fica para um país. Esse investimento no Esporte, como uma questão educa-tiva, é fundamental para que a gente mostre que muito mais importante que ganhar uma medalha de ouro é cantar o Hino Nacional, é trazer o orgulho para os seus colegas, seu município, Estado e País”, garante, com a experiência de quem já dis-putou três edições do Pan.

Crendo nisso, Paulão uniu seus 25 anos de carreira à dedicação de formar uma geração de campeões no esporte e na cidadania, ao se especializar no esporte educativo.

Com isso, desenvolve, em parceria com a Prefeitura de Gravataí/RS, projetos voltados para crianças e adolescentes. Com essa veia para o social, o campeão mundial não po-deria deixar de manifestar seu apoio às iniciativas que visam ao incentivo das modalidades esportivas. Neste contexto, registrou: “A Legião da Boa Vontade está de parabéns por um investimento a longo prazo que premia esse processo de ser educa-do para a vida. (...) Parabenizo o Diretor-Presidente da LBV e toda a equipe, por esse envolvimento”, frisou.

A respeito da visita que fez à uni-dade da LBV em Glorinha, Paulão ressaltou: “É uma satisfação estar aqui com vocês. Não conhecia pes-soalmente a LBV aqui em Glorinha, mas sou parceiro há muitos anos da Obra, que faz um trabalho belíssi-mo de educar as nossas crianças, de dar oportunidades a elas. Eu aqui fico muito à vontade, até pe-las dificuldades que tive na minha infância, quando vejo um trabalho como esse e as oportunidades que esses jovens estão tendo. A LBV faz isso com grande maestria. São poucos que fazem isso no Brasil, com tanta qualidade como a LBV. Quero parabenizá-los e me colocar à disposição, como sempre”.

Paulão ladeado por alguns dos guris do Lar e Parque Alziro Zarur, da LBV. Visite: Rodovia RS 030, km 19, parada 119.

Informações: (51) 3487-1033.

Liliane Cardoso

Arm

ando

Kita

mur

a

Lilian

e Car

doso

Lilia

ne C

ardo

so

BOA VONTADE | 27

Page 28: BOA VONTADE 217

Ricardo Boechatabre o coração

Angélica Beck e Rodrigo OliveiraFotos: Daniel Trevisan

28 | BOA VONTADE

Entrevista na Band

Page 29: BOA VONTADE 217

O relógio aponta 16 ho-ras na redação da Rede Bandeirantes de TV em São Paulo/SP. Câmeras,

repórteres, editores, cinegrafis-tas, todos prontos para cobrir a chegada do Presidente norte-americano, George W. Bush, ao Brasil: ele desembarcaria dali a duas horas. É nesse cenário que Ricardo Boechat, apresentador do Jornal da Band, nos recebeu cordialmente.

Vislumbrar o currículo deste jornalista é fundamental para situar o leitor nas palavras que vêm a seguir. O início da carreira remete à década de 1970, e com a nova profissão a sede de sempre querer saber mais. Daí o fato de ser bem-sucedido por mais de 35 anos no jornalismo. A grande escola de Boechat foi a prática ao lado de nomes respeitados como Ibrahim Sued (1924-1995) e Zózimo Barroso do Amaral (1941-1997). Boechat nos contou ainda que o Povo tem sido sua constante fonte de informação para os noticiários cotidianos da TV Bandeirantes e Rádio Band News FM.

BOA VONTADE — Você se consi-dera carioca?

Ricardo Boechat — Claro, me considero carioca. Não sou no sentido nato, pois não nasci no Rio de Janeiro, e sim em Buenos Aires (Argentina) porque meu pai trabalhava para o Itamaraty. Meus irmãos e eu nascemos em paí-ses onde ele estava tra-balhando, no final dos anos 1940 e meados dos

anos 1950. Os três filhos mais jo-vens, dos sete que ele e minha mãe tiveram, nasceram já no Brasil, mas os quatro anteriores nasceram fora e eu fui um deles. Mas torço fervorosamente pelas derrotas da Argentina em todos os esportes possíveis, sejam quais forem os adversários, portanto que não me venham dizer: “Ah, argentino!”. Embora ache um país fantástico e tal, um povo belíssimo, mas não tem esse negócio, não. Fui registrado na embaixada já. Meu pai não deu margem a dúvidas (risos).

BV — Nas memórias de infância, de juventude, já havia alguma ligação com a profissão de jor-nalista?

Boechat — Não posso me considerar alguém que um dia se deu conta de que seria jornalis-ta ou seguiria essa carreira. Na verdade, fui trabalhar em jornal do mesmo jeito que antes tinha tentado vender livros, material de escritório ou qualquer outra coisa que me permitisse o sustento. Saí de casa, segui meu próprio cami-nho, que era o que os jovens na minha época ainda pretendiam. Hoje mudou: eles permanecem mais tempo em casa com os pais e eu entendo como natural esse pro-cesso. Mas no meu tempo, não! As

angústias, as demandas interiores, exteriores, as aspirações, os sonhos, as utopias eram outras, e realizá-las passava por sair de casa para ser dono do próprio nariz, como a gente dizia. E, então, fui trabalhar em

“Ibrahim Sued era

profundamente exigente

e bravo. Então não havia

como sobreviver ao lado

dele se não aprimorasse

esse dom, ou se não o

tivesse para aprimorar. No

quarto ano de trabalho,

ele chegou para mim, num

sábado de manhã, e disse:

‘Olha, acho que você

engrenou, até a semana

passada o seu bilhete azul

estava na minha gaveta’.

O bilhete azul era o de

demissão. “

Ricardo Boechat

Zózimo Barroso do Amaral

Boechat ao lado do saudoso Ibrahim Sued

Arqu

ivo

pess

oal

jornal porque foi a oportunidade que apareceu.

BV — Isso ocorreu na década de 1970, certo?

Boechat — Sim, no Diário de Notícias, foi por aí, em meados de 1970, se a memória já não falha muito. Eu sei que a carteira está assinada já a partir de 1971 e demorei um certo tempo para ter a carteira assinada. Na verdade, meu primeiro trabalho numa reda-ção sem nenhum vínculo e muito

BOA VONTADE | 29

Page 30: BOA VONTADE 217

passageiro foi no Última Hora, de Niterói/RJ, com uma edição, um caderno feito em Niterói, no final dos anos 1960. Eu estava lá e conhecia um veterano jornalista cujo filho jogava bola com a gente. E pintou lá uma tarefa para a qual, em função de uma certa identidade que tínhamos, me chamaram para fazer, relacionada a uma cobertu-ra que eles estavam realizando à época em torno do assassinato do filho de um velho jornalista do Última Hora, chamado Ivandel. Aí eles precisavam de alguém que não fosse conhecido daqui e que desse uns telefonemas. Então

o meu primeiro contato com uma redação foi assim, no Última Hora, de Niterói.

BV — Esse primeiro trabalho pode ter estimulado essa sua veia de jornalista apurador, de investigação?

Boechat — Eu prefiro chamar o jornalismo de apuração do que de investigação. O apurador é que a gente quer dar esse ar meio romântico, então diz que é jorna-lista investigativo. Se ele fosse um investigador da polícia, ele seria

demissão; eles usavam essa cor no departamento pessoal. Então, descobri no quarto ano de trabalho com o Ibrahim que eu estava em teste, na iminência de ser demitido a qualquer momento como alguém que fizera uma experiência de três meses, como reza a legislação. Era um grande professor, ao vivo e em cores, da arte de farejar a informa-ção, de correr atrás, de apurar, de cultivar as fontes.

BV — Conte-nos um pouco sobre as colunas diárias. Como foi esse desafio na sua carreira?

Boechat — É preciso levar

em conta que esse aprendizado é como todos na vida: cumulativo. Quem tem 30 anos fazendo coluna, tende a ter uma perfomance me-lhor do que alguém que tenha 15, a despeito de que este que tem 15 seja muito mais talentoso do que este que tem 30. Porque você vai somando as fontes. Toda fonte tem um resíduo de notícia, tem um re-torno. Há fontes que ressurgem das cinzas; outras, fora dos holofotes, são melhores; tem fontes que, no ostracismo, se abrem mais. Então, há mil químicas, mil mecânicas,

um investigador que investiga. Nós somos jornalistas; nós apu-ramos. Então, acabei imprimindo essa característica ao meu traba-lho de forma mais acentuada do que outras — por exemplo, não desenvolvi nenhum pendor para a análise, para o texto mais longo, para a política, para o debate. O meu negócio era o factual, o ins-tantâneo, era o tiro curto, frontal. Quem demandava isto de mim e, portanto, acabou imprimindo essa característica à minha formação profissional foi a atividade de co-luna porque eram colunas de notas factuais, informativas. Colunas

que, no início, eram feitas pelo co-lunista mais renomado que o País teve. Pelo menos o de maior nome nacional e internacional: Ibrahim Sued e que era profundamente exigente e bravo. Então não havia como sobreviver ao lado dele se não aprimorasse esse dom, ou se não o tivesse para aprimorar. No quarto ano de trabalho, ele chegou para mim, num sábado de manhã, e disse: “Olha, acho que você engrenou, até a semana passada o seu bilhete azul estava na minha gaveta”. O bilhete azul era o de

“Eu prefiro chamar o jornalismo de apuração do que de

investigação. O apurador é que a gente quer dar esse ar meio

romântico, então diz que é jornalista investigativo. Se ele fosse

um investigador da polícia, ele seria um investigador que

investiga. Nós somos jornalistas; nós apuramos.”

30 | BOA VONTADE

Entrevista na Band

Page 31: BOA VONTADE 217

que o tempo é que vai permitindo capturar, perceber, explorar — no bom sentido da palavra. Foi um aprendizado, um apanhar e suar de camisa diários, que foram sendo aprimorados pelo tempo e, claro, algum jeito para isso devo ter tido. Portanto, fazer coluna era o que eu mesmo me dava conta, muitas ve-zes com grande angústia, de dar de cara com uma maldita página em branco rigorosamente todo dia. E a constatação de que o mérito de on-tem não é a medalha de hoje, não é o dever cumprido de hoje. Você on-tem fez uma coluna que arrebentou e resultou em suítes*1, manchetes

em todos os jornais; mas hoje você tem que fazer a coluna de amanhã e nada do que você fez ontem vai salvá-lo de um fracasso, se você não lavrar a terra, suar a camisa, sentir sede do jeito que sentiu on-tem. Então é isso, era basicamente a percepção de que era um por dia, saindo do zero. Uma coluna im-pressa é, sem dúvida, assim como o jornalismo impresso, na minha modesta opinião, a melhor escola do jornalismo. A coluna diária de notas é uma belíssima escola dentro do jornalismo impresso, talvez a de

maior intensidade de aprendizado e de acumulação de experiência.

BV — Você já citou Ibrahim. Além dele, na ocasião, quem também foi importante para você?

Boechat — O Zózimo Barroso era um cavalheiro da notícia, um artista, que tinha um humor muito sofisticado, um gentleman na for-ma de escrever e de apurar. O Elio Gaspari disse que o Zózimo tinha a arte de tirar uma notícia de você, sem que você notasse que ele estava te ligando para pegar uma notícia. E é verdade. Ele era um doce de pessoa. O Zózimo pegava um ato e

lapidava o fato no texto, na pontua-ção, no saque... Eu pegava um fato e enfiava o fato nas pessoas. Fui mais disso do que daquilo. Sempre fui um cara muito — vou me permitir dizer aqui — melhor que o Zózimo. Diria até que comparado, tempo a tempo, até tão eficiente quanto Ibrahim nesse aspecto. Porque a época que o Ibrahim fez isso era outra, ele meio que na baba, sozinho. Disputei com competidores diários, muito presen-tes. Mas ouso dizer, sem nenhuma pretensão à vaidade, que sempre fui bom ou competitivo (prefiro

“O Zózimo Barroso era um cavalheiro da notícia,

um artista, que tinha um humor muito sofisticado,

um gentleman na forma de escrever e de apurar.

(...) O Zózimo pegava um ato e lapidava o fato no

texto, na pontuação, no saque... ”

ver dessa maneira, competitivo) para farejar, localizar as jazidas. E o Zózimo, para manter essa compa-ração, se chegássemos juntos a uma mina de diamante, eu provavelmen-te acharia a maior pedra bruta e ele faria a melhor jóia. É uma questão de lidar com as coisas. Tanto eu quanto ele teríamos mercado para justificar a nossa existência.

BV — Como você compara o colu nismo social de hoje e o do passado?

Boechat — Não sou hoje um

O pintor pernambucano Cícero Dias (1907-2003) com o jornalista Boechat

BOA VONTADE | 31

Page 32: BOA VONTADE 217

ali o Presidente tal. Tanto posso perguntar para ele em que casa de jóias ele comprou o brilhante de sua senhora, como posso perguntar para ele que decreto vai anunciar amanhã; se o juro vai subir; se vai torturar mais um preso político ou se vai dar outro golpe de Estado. E como ele circulava nesse ambiente, percebeu que ali estava a descrição da toalha de seda importada não sei de onde, e a notícia do banqueiro, General, Presidente, Ministro ou sei lá mais quem. Esta fusão que Ibrahim fez na coluna consolidou o seu mito, a sua mística como alguém que tinha um espaço onde ocorriam furos, bombas. Foi tão forte o efeito disso no colunismo e no jornalismo brasileiros, que se pode dizer que o único produto jornalístico genuinamente nacional é o colunismo de notícias, de hard news, para usar a expressão da moda. O Ibrahim foi o precursor desta forma, com esta química. Maneco Müller (1923-2005), meu

querido amigo, contemporâneo do Ibrahim, o Zózimo depois, muitos anos depois, e outros, foram fa-zendo variações desse tema, e eu inclusive. E de resto, para olhar para o futuro, tenho a impressão de que o colunismo de hard news, de furos na imprensa como um todo, inclusive no próprio jornal em que ele está inserido, tende a ir perdendo terreno, porque é natural que a segmentação faça dessas colunas de variedades seres meio exóticos, quer dizer, como seria dar um furo na economia, se você tem Luis Nassif, Miriam Leitão, só na economia? Como é que você vai dar um furo na política, se tem Franklin Martins, Ricardo Noblat? Antigamente as colunas nadavam em todas as piscinas temáticas possíveis. Essa era uma facilidade que está acabando.

BV — Como é essa relação do hard news, do furo de notícias, e você atualmente?

leitor de colunas tão assíduo, que me sinta confortável para analisá-las. Vou fazer um rápido recorte do que aconteceu até o momento em que estava nesse jogo cotidiana-mente. As colunas eram mundanas até os anos 1940, início dos 1950. Se você pegar uma coluna do próprio Ibrahim, já nos anos 1960, 1970, você vai ver que tinha muita abobrinha, muita coisa. Era muito na primeira pessoa, o colunista era muito personagem da coluna, sua maneira de lidar com o meio, com o mundo e tal, ele era muito na primeira. O Ibrahim foi o primeiro a perceber que no mesmo salão onde ele colhia as amenidades com a elite estavam necessariamente também as notícias, porque a notí-cia é um subproduto do poder e é, por definição, aquilo que interessa às pessoas. O que o Ibrahim per-cebeu? Eu estou à minha esquerda com um banqueiro fulano, à minha direita com o general beltrano, diante de mim o Ministro sicrano,

“A gente tem é

que viver, contemplar, amar,

andar à toa e sair dessa concepção

imbecil, patronal, capitalista, bestializante,

de que nós estamos aqui pra produzir, nós

temos que progredir. Eu quero é estar debaixo

de uma sombra, olhar o céu, contemplar uma

nuvem, beijar a minha mulher amada, estar

com os meus filhos, quiçá os meus netos

e por aí vai. (...) Ainda não consegui

levar avante essa visão

filosófica.”

32 | BOA VONTADE

Entrevista na Band

Page 33: BOA VONTADE 217

“A minha

relação com a ABI é uma

relação de reverência, respeito e

memória. Eu, moleque ainda, com 17

anos, fui à ABI algumas vezes e bebia

um pouco daquela mística, de grandes

figuras, como Herbert Moses

(1884-1972).”

Boechat — Minha motiva-ção, meu vício é muito mais sa-ciado pela descoberta do fato do que propriamente sua exposição pública. Isso para mim já é algo que a dinâmica do fato impõe. Mal comparando: é ter um filho e criá-lo, são emoções diferentes. Digamos que estou muito mais no ato de ter, do descobrir, do ver nascer. Como se fosse um arqueólogo entre a descoberta do jazigo lá da tumba de Ramsés e a sua presença no Louvre. Estou muito mais naquele primeiro momento.

BV — Na rádio Band News FM, você foi vencedor da categoria “Apresentador/ Âncora de Rá-dio”, do Prêmio Comunique-se (2006). Como tem sido essa tarefa de trabalhar numa rádio FM?

Boechat — O rádio está me dando uma oportunidade que os outros veículos não me deram, que me leva a uma constatação surpreendente: a oportunidade de matraquear, falar. Por que a surpresa, de certa forma? Porque é o veículo que só conheci na terceira idade da profissão. Um jornalista com 54, 55 anos está na terceira idade da profissão, ainda que intelectualmente suponho que se possa durar muitos anos mais. Mas ao ser admitido na atividade

diária de radiojornalismo, o que eles me demandaram foi que eu fizesse um programa, comentando uma notícia e tal. Só que você vai fazer isso falando o que lhe vem à cabeça, o que acha, seus valores, suas idéias, visões. A resposta do público, diferentemente do jornal e da própria televisão, é muito imediata e incisiva. O ouvinte de rádio, para este tipo de programa, nos chama para a discussão. E eu, que não só falo com-pulsivamente, como escrevo compulsivamente, respondo a todos. Sempre brincava, dizendo que a melhor fonte é quem quer trair. É uma figura teatral, mas é o seguinte: o que quer trair, quer trair o segredo que lhe foi confia-do pela mulher, pelo chefe, pelos amigos, pelo trabalho. E vai fazer isso contando para quem? Para mim, de preferência (risos). Então, achava que a melhor fonte é o traidor. Não é pejorativo o termo, no meu ponto de vista. Talvez para quem foi traído, sim. Mas é o cara que vai cometer a inconfidência. Sempre tive essa convicção. Hoje, depois que comecei a fazer rádio, cheguei à constatação de que estava errado. A melhor fonte é o Povo, o cidadão-comum. Ele faz coisas que o jornalista não faz, que as fontes dos jornalistas não fazem.

BV — Qual sua relação com a Associação Brasileira de Im-prensa (ABI)?

Boechat — A minha relação com a ABI é de reverência, respeito e memória. Eu, moleque ainda, com 17 anos, fui à ABI algumas vezes e bebia um pouco daquela mística, de grandes figuras, como Herbert Moses (1884-1972). Na minha saí-da do Globo, na minha demissão, a ABI se posicionou solidariamente a mim, o Fernando Segismundo, que estava na presidência, também o José Talarico. Emitiram uma nota de solidariedade, de repúdio à forma como transcorreu aquele episódio. Portanto a minha relação com a ABI

Miriam Leitão e Boechat

Ricardo NoblatLuis Nassif Franklin MartinsManeco Müller

Arqu

ivo

pess

oal

José

Cru

z/AB

r

Arqu

ivo

BV

Divu

lgaç

ão E

dito

ra C

onte

xto

Fern

ando

Que

vedo

/ Ag

. O G

lobo

BOA VONTADE | 33

Page 34: BOA VONTADE 217

BV — Se não es-tamos engana-dos, este é um pensamento de sua autoria: “Te-mos de reapren-der a contemplar, passear, divagar, coisas que foram massacradas pela idéia de produção”. É mais ou menos isso?

Boechat — Eu me identifico com esse pensamento que talvez seja meu ou de qualquer outro. Houve um período que ainda é muito forte dentro do meu so-nho, da minha utopia, em que eu insistia muito. Diferentemente do valor prevalente na sociedade, não acho que o homem nasceu para trabalhar como o fazemos. Acho que essa é uma deformação

que a organização humana, a chamada evolução da vida

em grupo, acabou im-pondo ao homem. A troco de que, ou de que ente, estaría-mos num planeta tão maravilhoso, que está sendo destruído tão rapi-

damente, para ralar do jeito que a gente

rala? Isso é uma defor-mação, uma “monstra” de

uma deformação. Sempre traba-lhei muitas horas por dia, muitos dias por semana, por mês e por ano. Sempre tirei muito menos férias do que tinha direito, do que deveria, sempre entendi que isso não era o razoável. Em 1998, por aí, tive um pique hipertensivo na redação do Globo. Nunca tinha tido nada do gênero, e foram três

piques assim, três momentos com intervalos de 10 minutos. No ter-ceiro, já estava no departamento médico do jornal, que era lá em-baixo, no estacionamento. E aí me dei conta de que estava tendo algo muito grave, muito estranho, nada jamais semelhante tinha acontecido e jamais me sentira tão mal. Aí caiu a seguinte ficha: Eu estou morrendo, tendo um enfarte. Vou morrer aqui, agora. Nesse estacionamento, nesse lu-gar, onde estou trabalhando há 30 anos, 20 horas por dia. E dizem que quando você vai morrer, você tem o tal flash, e toda a sua vida passa pelos seus olhos. É uma síntese que vem com clareza e contundência, porque é o adeus mesmo. Tive exatamente isso que estou dizendo: entronizei o sen-timento de que estava morrendo naquele instante. Pois bem, o que eu senti? Uma tristeza profunda com uma pitada de arrependi-mento pelas razões que geravam essa tristeza. E o que era essa tristeza? Era a constatação de que tinha passado a vida trabalhando e iria morrer no estacionamento do trabalho. Talvez aquilo tenha influído um pouco nessa síntese. Não gosto da idéia de passar a vida me matando de trabalhar. Acho que as pessoas estão fora do rumo, fora do seu sentido mais natural. A gente tem é que viver,

é muito de carinho, de respeito, de reverência. Mas, do mesmo jeito que gosto da ABI, não gosto da idéia dos “jornalistas unidos jamais serão vencidos”. Prefiro olhar pra esse poder como olho pra todos os ou-tros. Que os colegas não me levem a mal. Não que eu vá entrar num

jantar com jornalistas e a gente vá se matar. Mas estou falando do ponto de vista filosófico, institucional. Quero é competir, que vocês disputem comi-go, que me critiquem, que eu possa criticá-los, que a gente possa bater de frente, porque certamente o cara que nos paga o salário, comprando jornal, vendo TV, ouvindo rádio, estará mais bem representado pela síntese dessa luta.

Herbert Moses Fernando Segismundo José Talarico

“A melhor

fonte (de informação)

é o Povo, o cidadão-comum.

Ele faz coisas que o jornalista

não faz, que as fontes

dos jornalistas não

fazem.”Fo

tos:

Arqu

ivo

BV

34 | BOA VONTADE

Entrevista na Band

Page 35: BOA VONTADE 217

contemplar, amar, andar à toa e sair dessa concepção imbecil, patronal, capitalista, bestiali-zante, de que nós estamos aqui para produzir, nós temos que progredir. Quero é estar debai-xo de uma sombra, olhar o céu, contemplar uma nuvem, beijar a minha mulher amada, estar com os meus filhos, quiçá os meus netos e por aí vai. Não quero ter aquele sentimento outra vez, pelo amor de Deus! Não quero ser economicamente ativo! Que me perdoem aí os pregadores do labor humano. Agora, detalhe: depois disso, trabalhei muito mais do que tinha trabalhado. Ainda não consegui levar adiante essa visão filosófica (risos).

BV — Que recado deixaria aos leitores da revista BOA VON-TADE e também à Legião da Boa Vontade?

Boechat — Uma das vanta-gens de envelhecer é que a gente pode dizer que conhece coisas há muito tempo e de que este tempo nos ajuda não a julgá-las, mas a entendê-las, a avaliá-las. Eu co-nheço a Legião da Boa Vontade há muito tempo. Conheço não como um participante, não como um voluntário, um contribuinte muito ocasional, em algumas cir-cunstâncias acionado pelos muitos mecanismos que essa Organização tem para procurar esse tipo de par-ceiro. Mas conheço de ver, de ler, de ouvir algumas coisas, do tempo do Alziro Zarur (1914-1979), dos tempos que me remetem lá para os anos 1970, talvez até antes. E o que eu gostaria de dizer para os leitores da revista BOA VON-

“Conheço a Legião da

Boa Vontade há muito tempo.

(...) A LBV pode ser mais ou

menos simpática aos olhos

de uns ou de outros; pode

estar mais à direita ou mais

à esquerda aos olhos de

uns ou de outros; ser mais

conservadora ou menos

conservadora aos olhos de uns

ou de outros; mas aos olhos

de todos, e aí me engajo

nisso, podemos dizer que ela

é uma entidade que sempre

esteve empenhada numa

causa, num objetivo: de

ajudar as pessoas, contribuir

com elas, tentar melhorar

a realidade muito dura que

muitas infelizmente ainda

enfrentam no nosso País.”

TADE é o seguinte: a LBV pode ser mais ou menos simpática aos olhos de uns ou de outros; pode estar mais à direita ou mais à esquerda aos olhos de uns ou de outros; ser mais conservadora ou menos conservadora aos olhos de uns ou de outros; mas aos olhos de todos, e aí me engajo nisso, podemos dizer que ela é uma entidade que sempre esteve empenhada numa causa, num ob-jetivo: de ajudar as pessoas, con-tribuir com elas, tentar melhorar a realidade muito dura que muitas infelizmente ainda enfrentam no nosso País. A minha formação política sempre defendeu e ainda defende a idéia de que a realidade social só pode ser transformada pelo próprio Povo. Nesse sentido é preciso que, enquanto essa idéia, essa utopia, esse horizonte não se materializem, a gente cuide do dia-a-dia. Esta é uma tarefa que demanda engajamento, coração, amor ao próximo. A Legião da Boa Vontade está no grupo das instituições, das entidades, que são muitas, que lidam com a realidade brasileira, movidas a esse tipo de sentimento positivo. E nesse sen-tido, acho que é importante que a gente reconheça acima de tudo esse papel, não só dela, eu insisto, mas de muitos outros voluntários que estão por aí nesse país gigan-tesco, lidando com essa massa humana mais gigantesca ainda de necessitados.

* Suítes — Jargão jornalístico que designa o desenvol-vimento, nos dias seguintes, de uma notícia publicada pelo jornal.* Nota da redação — Nossos agradecimentos à Paula Boechat, filha do jornalista, por ceder as fotos de arquivo pessoal e de cunho histórico que ilustraram a matéria.

BOA VONTADE | 35

Page 36: BOA VONTADE 217

36 | BOA VONTADE

Arte na Tela

estabelece seus contrastes. Cidade de concreto armado, perde-se no meio do verde e dos belos jardins. Sem esquinas, mais calorosa, aco-lhe os que aqui residem. Tem filhos naturais jovens, mas adotou muitos outros. Nasceu sob o signo das artes e possui artistas plásticos, escritores, compositores, poetas, entre tantos. É patrimônio de todos e é este local que está ganhando novas obras de Oscar Niemeyer, que neste ano comemora seu centenário.

A cidade que ele ajudou a pla-nejar possui 2,4 milhões habitantes, tem a maior renda do País, o melhor padrão de vida e uma atividade cultural efervescente, contando-se considerável número de eventos e uma série de boas exposições. Hoje, após 47 anos, Brasília ganha mais um lugar com essas características:

sonho e

o Complexo Cultural da República João Herculino, construído entre as áreas administrativa e central do setor de diversões. Completa o plano original da capital brasileira, previsto por Lúcio Costa (vencedor do concurso na época), do qual se edificou apenas uma parte, que é o Teatro Nacional.

O complexo possui o Museu Nacional Honestino Guimarães (em forma de cúpula), um centro musical com espaço para duas mil pessoas, a biblioteca Leonel de Moura Brizola, um conjunto multiplex e um cinema 180º com miniplanetário. Neste projeto, o arquiteto Oscar Niemeyer retoma idéias antes visitadas, mas de maneira singular. Quem conhece a Oca do Ibirapuera (na capital paulista) terá uma certa lembran-

Marta Jabuonsky, curadora da Galeria de Arte do Templo da Boa Vontade.

Arqu

ivo

pess

oal

Oscar Niemeyer rumo aos 100 anos

realidade

Arte na Tela

Repr

oduç

ão B

V

O olhar se perde no horizon-te e encontra um dos mais belos céus do Brasil. Em meio a tantas retas das

construções modernas destacam-se as curvas das árvores do cerrado. Brasília nacional e internacional, da mistura das raças, encanta e

Arqu

ivo

BV

Page 37: BOA VONTADE 217

BOA VONTADE | 37

ça, só que o museu é muito maior, sendo mais complexo, tecnológico e sofisticado. Comparando as cú-pulas da Câmara e do Senado, da virada da década de 1960, época da construção de Brasília, percebem-se as diferenças. É uma obra que atende aos minuciosos requisitos museo lógicos e de segurança, além de cumprir com todos os dispositivos de acessibilidade aos deficientes físicos. É muito inte-ressante ver a juventude criativa do nosso arquiteto interagindo com técnicas modernas, dentro de uma linha histórica do seu traba-lho, incorporando a inovação e os recursos que a engenharia permite. Por exemplo, a cúpula do museu é maior que a da Capela Sistina do Vaticano, e são sete andares livres entre o piso de exposição e o teto. É considerada a maior obra física e cultural já construída nas três Américas, desde o início deste milênio. É também o maior investimento na cultura feito no País com recursos exclusivos do Go-verno do Distrito Federal.

O Complexo Cultural da Repú-blica ocupa um es-paço de mais de 91 mil metros quadrados, sendo 11 mil só de área construída.

Este renomado arquiteto espe rou mais de 40 anos para conseguir com-pletá-lo. Por isso, falar de Brasília, de arquitetura, sem falar nele é cometer uma heresia.

Oscar Niemeyer nasceu em 15 de dezembro de 1907, no Rio de Janeiro/RJ. Filho de Oscar Nie-meyer Soares e de Dona Delfina Almeida. Tem uma única filha,

realidadeO arquiteto Oscar Niemeyer

aceitou o convite para presidir a Comissão de Honra do Centená-rio da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), que transcorrerá em 7 de abril de 2008. Niemeyer é sócio da ABI desde 1952, quando ingressou na Casa por proposta de Herbert Moses, então Presidente da Casa. Naquela década, Nie-meyer fundou, editava e dirigia

a revista Módulo, especia-lizada em arquitetura

e que contemplava também temas cul-turais.

Niemeyer presidirá a Comissão de Honra do Centenário da ABI

Fonte: ABI On-line

Após a aceitação de Niemeyer, a ABI vai convidar para integrar a Comissão de Honra do Centenário personalidades dos diferentes cam-pos da vida cultural, da área de co-municação e do meio empresarial. A Comissão de Honra terá caráter honorífico, para testemunhar o apreço da ABI e da comunidade jornalística aos variados setores da vida do País desde a fundação da Casa, em 1908. Além da Comis-são de Honra, a ABI constituiu a Comissão Executiva do Centená-rio, da qual participam diretores e associados da Casa.

Ana Maria Nie-meyer Soares, cinco netos, treze

bisnetos e cinco tetranetos.Possui obras espa-

lhadas por todo o mundo. Do México à Itália, de Israel à França, e, no Brasil, praticamente em todo o País. É o arquiteto dos palácios de Brasília, mas tam-bém dos pontos de ônibus, caixa d’água etc.

Define-se como uma “pessoa simples, aberta para a vida e apta a aceitar todas as mudanças que os tempos estabelecem”. Para ele,

“fazer arquitetura é criar beleza”. A escritora Vera Brant, amiga

de Niemeyer, diz que “além de arquiteto extraordinário, escultor, criador de belo texto, o que mais impressiona aos que convivem com Oscar é a sua generosidade, solidariedade humana, preocupa-ção com os mais pobres e com os injustiçados”.

Essas afirmações são reforça-das com a frase que se lê em seu escritório na Avenida Atlântica, na capital fluminense: “O importante não é o arquiteto, mas a vida, os amigos e este mundo que devemos modificar”.

ABI

Niemeyer em seu escritório com o Presidente da ABI, Maurício Azêdo, em 29 de março, ocasião em que o pedido foi oficializado.

Page 38: BOA VONTADE 217

38 | BOA VONTADE

Lembranças deMãe Menininha

do Gantois

Texto e fotos: Nizete Souza

Durante três dias, a Bahia sau-dou uma das mais queridas filhas da terra. Nascida em 10 de fevereiro de 1894, na

capital baiana, Maria Escolástica da Conceição Nazareth, mais co-nhecida como Mãe Menininha do Gantois, completaria 113 anos de nascimento. Falecida em 1986, era filha de Oxum e considerada a mais famosa de todas as mães-de-santo brasileiras.

As homenagens à sua memória tiveram início em 8 de fevereiro, no Terreiro do Gantois (no qual esteve à frente por 64 anos), em Salvador, com o lançamento do livro Mãe

Menininha do Gantois, de autoria da psicóloga Cida Nóbrega e da jornalista Regina Echeverria. A obra traz dados históricos, relatos, frases e pensamentos da Iyalorixá — posto mais alto na hierarquia da religião, que dita regras e comanda todo o funcionamento do Terreiro —, depoimentos de alguns filhos da casa e registros fotográficos, que também ilustram a trajetória.

Prestigiando o evento estiveram admiradores, familiares, autoridades,

políticos, iyalorixás e babalorixás e diversos artistas. Na oportunidade, as autoras do livro dedicaram um exemplar ao dirigente da Legião da Boa Vontade: “Para José de Paiva Netto, que sabe apreciar uma história de fé e amor, um abraço”, escreveu Cida Nóbrega. Regina Echeverria registrou: “José de Paiva Netto, muito axé e amor de Menini-nha. Beijo”.

Em entrevista à BOA VONTA-DE, a atual Iyalorixá do Gantois, Mãe Carmem da Silva, agradeceu o apoio recebido da LBV: “É uma grande homenagem realmente, não só minha, mas de todos os nossos amigos, como a de José de Paiva Netto, dirigente da LBV, que é um grande amigo e parceiro. Em todos os momentos está com o Gantois. Eu Cida Nóbrega Regina Echeverria

Acontece na Bahia

Caetano e sua querida mãe, Dona Canô, também prestigiram a festa.

Page 39: BOA VONTADE 217

BOA VONTADE | 39

tenho imenso prazer em recebê-los, disponham de mim e disponham do Gantois, estarei sempre às ordens de vocês”.

A Mãe Menininha, em várias oportunidades, afirmou que o escri-tor e jornalista Paiva Netto “nasceu para fazer o Bem”, como relatou Mãe Carmem da Silva à revista: “A verdade está aí para todo o mundo ver, ela não falhou, como sempre. Eu quero que vocês façam do Gantois o prolongamento da sua casa! O nosso princípio, o nosso propósito, é fazer o Bem, por isso é que eles foram tão unidos (Paiva Netto e Mãe Menininha), mesmo de longe, mas comungavam do mesmo ideal”.

As homenagens incluíram palestras, selo personalizado, ca-rimbo comemorativo e um show beneficente em prol das obras sociais do Terreiro, na Concha Acústica do TCA, reunindo Maria Bethânia, Gal Costa, Caetano Veloso, Jerônimo, Márcia Short e Mariene de Castro.

Ainda em Salvador, os festejos do Senhor do Bonfim, no dia 11 de janeiro, foram palco de fé e emoção. Como já é tradição, pes-soas de várias religiões se uniram para presentear o Divino Mestre, o Senhor do Bonfim, com oferendas e a famosa água de cheiro. Pelo 15º ano consecutivo, a Legião da Boa Vontade marcou presença na Colina Sagrada, portando a tradi-cional estampa de Jesus, presente

Aneliése de Oliveira

do Diretor-Presidente da LBV, José de Paiva Netto, ao Povo baiano.

A Lavagem simboliza o sincre-tismo religioso da cidade. Desde o século XVIII, três dias antes da missa do domingo de Bonfim (o segundo depois da Festa de Reis), os romeiros lavam a igreja para a cele-bração. Essa prática vem de muito tempo, desde a época de 1745, ano em que foi esculpida uma imagem bem parecida com a que se encontra hoje na Igreja de Nossa Senhora da Penha, vinda de Portugal. Nove anos depois, foi inaugurada a Colina Sagrada do Senhor do Bonfim, onde está guardada Sua representação.

O cortejo tem início na Igreja da Conceição da Praia e segue até o adro da Colina Sagrada, numa caminhada de mais de oito qui-lômetros. Adeptos das diversas crenças presentes comovem-se quando avistam a estampa majes-tosa do Cristo Ecumênico levada pela Legião da Boa Vontade, desde 1992.

“Essa é a maior festa religiosa dos baianos, que é a reverência

ao Senhor do Bonfim. A participação de uma entidade

cinqüentenária como a LBV, que tem o respeito

de todos, mostra a Fé que ela tem na sua

missão. Parabenizo a Legião da

Boa Vontade e espero que o trabalho e a

missão de vocês continuem bem altos.”

Jacques Wagner, Governador da Bahia.

Fé e emoção na Lavagem das escadarias do Bonfim

Mãe Carmem da Silva

Leia a biografia da Mãe Meni-ninha do Gantois e de outras ilustres figuras que contribuem, em todas as épocas, por um mundo melhor, na revista BOA VONTADE Mulher, edição espe-cial. Para comprar a sua, ligue: (11) 3358-6840.

Para saber mais

Lembranças deMãe Menininha

do Gantois

Page 40: BOA VONTADE 217

No intento de trazer bem-estar à socie-dade, o movimento fundacional se reu-

niu, no dia 9 de março, em São Paulo/SP, para refletir sobre o caminho percorrido e as novas metas a serem traçadas, duran-te a realização do I Congresso Brasileiro de Fundações em São Paulo e do II Encontro Nacional Confies-Profis. O encontro ocor-rido no auditório da Fundação Cásper Líbero com a presença de autoridades, formadores de opi-nião, dirigentes e colaboradores de fundações e de entidades de interesse social.

Rumos

das fundaçõesNo comando das palestras,

entre outros conferencistas, es-tiveram nomes de destaque, a exemplo da antropóloga Ruth Cardoso, do jurista Ives Gandra Martins, e de Belchior Melo de Souza (Representante da Receita Federal em Alagoas).

O Curador de Fundações — Mi-nistério Público de São Paulo/SP, Dr. Airton Grazzioli, um dos palestrantes, ao traçar o panorama dos temas discutidos, ressaltou o ponto positivo do encontro. “É um marco de reunião, onde as funda-ções podem se congraçar com au-toridades (o primeiro setor) e com o segundo setor (que é o mercado),

no sentido de discutir o caminho que elas percorreram e os rumos que deverão percorrer, em razão do desejo premente de incrementar as suas atividades, (...) em benefício da população, especialmente a popu-lação menos abastada monetaria-mente”, frisou o Dr. Airton.

A proposta geral do aconteci-mento e os envolvidos em seus debates foram os pontos desta-cados na análise do Dr. Fran-cisco de Assis Alves, Presidente do Colégio de Procuradores do Confies, também conferencista no congresso. “Um evento como esse eu reputo como de uma importância bastante relevante,

desafiose

Dr. Francisco de Assis Alves

Dr. Airton Grazzioli Dr. Tomáz de Aquino Resende

Dr. Gustavo Saad DinizDra. Dora Silvia Cunha Bueno

Curadoria de Fundações

Dr. José Moscogliatto Caricatti

Débora VerdanFotos: Daniel Trevisan

40 | BOA VONTADE

Page 41: BOA VONTADE 217

muito significativa. Na verdade é aqui que começam a ser debati-dos assuntos de peculiar interesse das fundações e, sobretudo, pela composição, pela presença nesse evento de promotores, procura-dores de justiça, encarregados do velamento das fundações”, disse.

Para o Dr. José Moscogliatto Caricatti, Diretor da Fundação Conrado Wessel, há outra vertente fundamental que deve ser desen-volvida pelas entidades fundacio-nais. “É total a importância das instituições do Terceiro Setor para a educação. Aliás, eu diria que é imprescindível. Não há estrutura oficial capaz de satisfazer a todas as necessidades que se ramifica-ram pelos indivíduos”, pontuou.

Convidada pela organização do Congresso, a Fundação José de Paiva Netto (FJPN), instituí-da pela Legião da Boa Vontade

(LBV), teve seu trabalho reco-nhecido pelo Dr. Graz zioli: “A Fundação José de Paiva Netto faz um trabalho brilhante através da mídia, que conta também com o respaldo de muitas outras fun-dações”, avaliou.

O Dr. Tomáz de Aquino Re-sende, Procurador de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais e Coordenador do Centro de Apoio Operacional ao Terceiro Setor (Ca-ots), igualmente manifestou sua ad-miração pelas atuações da entidade fundacional. Em entrevista, realçou “o papel fundamental da Legião da Boa Vontade”. E justificou: “Eu sou bem simplista nas minhas análises. Basta o nome Legião, que é um mundo de gente, um grande número de pessoas da Boa Vontade. E pelo que tenho visto, a LBV é realmente uma Legião de Boa Vontade”.

O advogado e escritor Dr. Gustavo Saad Diniz uniu voz

aos demais participantes e desta-cou o valor das parcerias visando ao desenvolvimento social. “As fundações precisam se congregar, debater a sua realidade, os pon-tos fracos e unificar o discurso de modo a implementar uma política pública em prol das fundações. Então todos esses eventos, todas essas iniciativas, elas são fun-damentais pra estruturação do setor”, acredita.

Esse ponto também foi de-fendido nas palavras da Dra. Dora Silvia Cunha Bueno, Presidente da Associação Pau-lista de Fundações (APF), que registrou: “Nós tivemos aqui representados 24 procuradorias e promotorias das capitais do Brasil e um público bastante se-leto, não só ligado ao movimento fundacional de apoio às universi-dades, mas também a outros tipos de fundações”.

* Fundação José de Paiva Netto — Fundada em 31 de janeiro de 1995, a FJPN foi instituída com o objetivo primordial de contribuir na divulgação e realização de atividades sociais, educacionais, culturais e filosóficas, visando ao desenvolvimento integral e ao bem-estar da pessoa humana.

Na abertura do evento, os participantes cantaram o Hino Nacional Brasileiro.

desafios

BOA VONTADE | 41

Page 42: BOA VONTADE 217

Há quem veja no dia-a-dia de Lucimara Parisi, Diretora do programa Domin-

gão do Faustão, apenas uma profissional dos bastidores, que atua atrás das câmeras. No en-tanto, passagens como locutora, dubladora e atriz certificam a vida profissional de Maria Teresa Romano, seu nome de batismo que manteve até os 16 anos de idade. Somadas a isso, marcas pessoais, como garra e simpatia, também foram preponderantes para consolidar a trajetória de Lucimara.

Um pouco dessas característi-cas pôde ser notada pelas crianças atendidas no centro educacional da LBV, de São Paulo/SP, por onde ela passou na tarde do últi-mo 7 de março. As boas-vindas

e carinhoSensibilidade

“Nunca aceitei um não.

(...) Não existe isso! Vamos

resolver de alguma forma.

Essa palavra não pode

acontecer com a gente.

Então nunca aceitei um

obstáculo como obstáculo.

Eu resolvia!.”

para a visitante foram dadas pelo Coral Ecumênico Infantil LBV, que a presenteou com flores e um belo cartão.

Simpática, a Amiga da Boa Vontade bateu palmas e retribuiu o gesto com abraços e beijos em todas as crianças. “Sempre passei em frente daqui, pois era o meu caminho: todo dia eu olhava, e sempre acompanhava o trabalho da LBV. E aí, hoje, para a minha surpresa, cheguei, pensei que fosse entrar direto, já fosse entrar numa sala. Foi quando vi aquele monte de crianças maravilhosas, saudáveis, carinhosas, cantando para mim. É um momento grati-ficante. Você fica em estado de graça, assim do jeito que estou agora”, narra.

A equipe da revista BOA VON-TADE a acompanhou por toda a

Destaque

Leilla Tonin e Rodrigo Oliveira

de Lucimara ParisiFotos: Daniel Trevisan

42 | BOA VONTADE

Page 43: BOA VONTADE 217

visita e, ao término, tive-mos um bate-papo exclu-sivo em que ela sintetizou um pouco de sua vida, dos desafios que enfrentou e do que planeja, inclusi-

ve, revelando, em primeira mão, que pretende lançar mais uma obra literária em breve.

Encontro com a comunicação

Um dado curioso de Lucimara, ao contrário do que se vê nas demais biografias, a comunicação apareceu na vida dela. “Na ver-dade eu estudava e queria aprender a escrever em máquina. (...) Nesse curso conheci uma menina que ficou minha amiga. Ela conhecia uma pessoa que trabalhava na TV como sósia do Chico Anysio. Seu nome é Valdeci Monteiro. Sendo amigos,

Lucimara sorri e posa para fotos com

algumas das crianças da LBV

SensibilidadeUm pouco de sua vida e de

como chegou à mídia, os

obstáculos por que passou e a

vontade que tem de lançar um

novo livro.

F Fr

eita

s

Fausto Silva

Leila

Mar

co

BOA VONTADE | 43

Page 44: BOA VONTADE 217

ele foi à escola bus-cá-la para participar de um programa na antiga TV Paulista, da Organização Vic-tor Costa (OVC) e fui junto. Chegando lá, eles me convidaram para fazer uma participação no programa. Foi assim que aconteceu. A partir daí comecei a fazer outro programa e outro e outro...”, rememora.

Formada em Jornalismo, a paulistana Lucimara tem no currí-culo passagens pelas TVs Paulista e Tupi e pela Rádio Nacional de São Paulo (onde exerceu o cargo de produtora de esportes). Poste-riormente, dirigiu o Perdidos na Noite e, ao término da década, em 1988, com o início do programa Domingão do Faustão, tornou-se diretora de produção, cargo que ocupa até hoje.

Apesar de ter trabalhado diante das câmeras, a jornalista não escon-de sua preferência pelos bastidores: “Eu me dei bem nessa função. Con-

vivo com muita gente mais de perto. Tenho a oportunidade de co-nhecer um por um, de trabalhar com todos, e isso vai, não acomo-dando, mas firmando naquilo que você quer.

Então gosto mais”, revela.No entanto, a seriedade está

sempre em primeiro lugar quando o assunto é trabalho. Para fazer suas produções, Lucimara não mede esforços: “Apesar do sorri-so, a gente trabalha muito sério, até quando fazíamos o Perdidos na Noite, que eu dirigia, a gente sempre falava isso: ‘A bagunça, a desorganização tem de ser orga-nizada, senão não acontece’”.

A busca do Cristo internoPara enfrentar os embates da

vida, Lucimara revela que se utiliza da força, da autoconfiança. Ao ser questionada sobre como passou pelos obstáculos durante a carreira, afirmou com segurança: “Superei porque primeiro, não aceitava como obstáculo”. E, complementa: “Quando se pensa desta maneira, você já supera automaticamen-te. Nunca aceitei um não. Essa palavra não pode acontecer com a gente. Então nunca aceitei um obstáculo como obstáculo. Eu resolvia! No momento certo, o pro-blema aparecia, e a gente encarava de uma forma natural, relaxada, e ia passando”.

A diretora também atribui a suas crenças os êxitos alcan-çados na vida. “Acredito mui-to em Deus. Mas muito porque Ele está comigo o tempo intei-ro, me respondendo, me aten-

“Fiquei muito feliz

de estar na LBV, pelo

carinho com que todos

vocês me receberam. O

meu desejo é o de que

todos continuem nessa

união, nessa força, nessa

energia especial que faz

com que as pessoas se

sintam felizes, alegres e

com vontade de viver.”

Destaque

Chico Anysio

João

Pre

da

Page 45: BOA VONTADE 217

dendo. Quando a gente fala muito, as pessoas podem até pensar que é um pouco de fanatismo, mas não é. No momento em que você pensa, a resposta é muito rápida! Faço mesmo meditações, procuro o meu Cristo interno, e através desse relaxamento, tenho muita força. Você tem momentos em que fica um pouco abalada, abatida, até porque é um Ser Humano, e a superação não é assim tão fácil. Mas você olha no espelho e diz: ‘Você é muito mais do que isso!’. E assim tenho esses meus encontros com Deus”, confessa.

Além da Ajuda Divina, Lucima-ra também não dispensa o incentivo daqueles que sempre a apoiaram na trajetória. Pedimos alguns nomes, mas ela não arrisca e arremata: “Existiram várias pessoas, sempre. Cada um na sua forma, na sua ca-racterística. Um dá um sorriso e diz: ‘Vá firme!’; outro: ‘Segura a onda, não é bem assim’. (...) Mas no fundo é você quem procura aprender o que é correto. Tive uma formação, graças a Deus, muito boa nesse sentido com meus pais”.

Lucimara escritoraTodas as crenças e desafios da

vida desta comunicadora ganha-

ram as páginas de uma autobio-grafia, lançada em 2005, com o título Uma mulher que faz. Foi incentivada por pessoas próxi-mas a transformar em capítulos os feitos realizados na frente e atrás das câmeras. “Conto todas essas minhas experiências. Falo um pouco de mim, como pessoa e como profissional, dos obstáculos que temos, não só no trabalho, mas na vida, e as nossas evolu-ções, de acordo com essas expe-riências”, pontua. Na ocasião do lançamento, a jornalista mandou um exemplar da obra ao líder da LBV com a dedicatória: “José de Paiva Netto. Sou sua fã. Abraços, Lucimara Parisi”.

Os bons resultados obtidos com a primeira experiência no mercado livreiro, certamente, incentivam a diretora a trazer novidades em breve. O assunto, ela adianta que será em torno da força e da busca necessárias para alcançar o sucesso profis-sional.

“Fiquei muito feliz de estar na LBV”

Ao término da entrevista, ma-nifestou a alegria de conhecer as instalações do centro educacional

da Legião da Boa Vontade, do qual é antiga colaboradora. Sala por sala, interagiu com a garota-da e com os profissionais que ali atuam. Além de sorrisos, Lucima-ra distribuiu autógrafos, a pedido dos pequenos — atendidos nas séries iniciais da Supercreche Jesus —, até mesmo dos ado-lescentes do ensino fundamen-tal. Durante a visita, relembrou quando esteve no Templo da Boa Vontade, em Brasília/DF e, neste contexto, destacou a energia que se encontra nos ambientes da LBV: “Fiquei muito feliz de estar na LBV, pelo carinho com que todos vocês me receberam. O meu desejo é o de que todos continuem nessa união, nessa força, nessa energia especial que faz com que as pessoas se sintam felizes, alegres e com vontade de viver. Para você, colaborador da LBV, é assim, curto, grosso e objetivo: Insista, persista e não desista”.

Ao dirigente da LBV, regis-trou: “Estou aqui à disposição! Um grande abraço para o Paiva Netto. Começo a falar dele e não paro mais, sou meio fanática por ele! Eu o adoro. Muito obrigada pelo carinho!”.

Lucimara na gravação da campanha Amigos da Boa

Vontade, no estúdio do fotógrafo Chico Audi.

“Acredito muito em Deus. Mas muito porque Ele está

comigo o tempo inteiro, me respondendo, me atendendo.

Quando a gente fala muito, as pessoas podem até

pensar que é um pouco de fanatismo, mas não é. No

momento em que você pensa, a resposta é muito

rápida!.”

BOA VONTADE | 45

Page 46: BOA VONTADE 217

46 | BOA VONTADE

Arqu

ivo

pess

oal

a Receita Federal está com-pletando 39 anos. Secre-taria da Receita Federal é apenas a mais recente

denominação da Administração Tributária Brasileira nestes cinco séculos de existência. Muitos discordam do nome Imposto de Renda, uma vez que os salários

Mario de Moraes(especial para a BOA VONTADE)

são taxados e, segundo a turma do contra, salário não é renda. Não é o que diz mestre Aurélio em seu famoso dicionário: “Renda — Im-portância recebida por pessoa ou entidade, geralmente de forma periódica, como remuneração de trabalho”. Este ano, o contribuinte vai se deparar com seis mudanças no preenchimento do Imposto de Renda relativo aos ganhos de 2006 (veja o quadro “Como não cair na malha fina”).

Mas para se chegar ao que hoje é denominado Imposto de Renda, é interessante historica-mente recuarmos ao tempo da Monarquia. Quando Dom João VI desembarcou no Brasil, fu-gindo das tropas de Napoleão,

Portugal já não era a poderosa potência de antigamente. As finanças portuguesas haviam sofrido dois grandes abalos: com a restauração dos Braganças, após o domínio espanhol (1580 a 1640), o governo inglês exigiu que a filha de Dom João IV se casasse com o rei Carlos II da Inglaterra em 1661, a noiva tendo de levar um dote de 2 milhões de cruzados e a entrega das regiões de Tanger e Bombaim. Acresce o fato de que Portugal pagou mais 4 milhões de cruzados à Holanda, como indenização pela alegada expulsão dos holandeses de Pernambuco, em 1654, além de entregar o Ceilão e as ilhas Molucas. Isso arrombou de vez

é de rendaImposto

Phot

oDis

c

Serviço ao cidadão

Page 47: BOA VONTADE 217

BOA VONTADE | 47

rendaDevem declarar os trabalhadores

que ganharam salários acima de

R$ 14.992,32 em 2006. Quem atrasar a

entrega ficará sujeito à multa de

R$ 165,74. O primeiro lote de restituição

deve ser liberado em 15 de junho.

os cofres portugueses. A fortuna que seguia do Brasil para Portu-gal — de 1750 a 1760 acredita-se que saíram daqui 2,5 milhões de toneladas de ouro e 1,5 milhão de quilates de diamantes — havia se exaurido desde 1800.

Em 7 de março de 1808, a Corte portuguesa e seus acólitos desembarcaram no Rio de Ja-neiro, que tinha na época 60 mil habitantes, sendo 40 mil escravos negros. Só do reino português vieram 15 mil pessoas, além de fortes comerciantes ingleses e franceses; artistas italianos; naturalistas da Áustria e uma boa quantidade de escravos afri-canos. Dom Mar-cos de Noronha e Brito, vice-rei e capitão geral do Brasil, deu as boas-vindas a Dom João VI, entregando-lhe o palácio onde vivia. Os demais recém-chegados foram sendo acomodados graças a uma lei ditatorial do monarca português, que rezava que quem tivesse mais de uma propriedade devia cedê-la aos migrantes que a necessitassem. Esta lei vigorou até 1818.

O Brasil que, de 1500 a 1808, fora Colônia e Vice-Reino de Portugal, de acordo com desejo de Dom João VI passou a chamar-se Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1808-1822). A figura do monarca português, gordo, comilão e de pouco ou nenhum asseio, foi muito ridicularizada por jornalistas e escritores bra-sileiros. Acontece que foi ele,

honra lhe seja feita, quem abriu os portos brasileiros, numa atitude considerada como a emancipação econômica do Brasil; foi ele quem deu o Alvará da Liberdade Indus-trial, permitindo a instalação em nosso país de diversas indústrias. Infelizmente, o governo inglês forçou Dom João VI a taxar as mercadorias brasileiras em 16%, enquanto os produtos semelhan-tes da Inglaterra eram taxados em 15%. Com isso, os britânicos arrebentaram com a indústria

brasileira. Ainda em 1808, Dom João VI fundou o Banco do Brasil. Por causa da irresponsabilidade dos então dirigentes do BB, que emitiram mais do que o lastro de ouro, o dinheiro perdeu o valor e a respeitabilidade. Em 1828, o Banco do Brasil, insolvente, foi obrigado a fechar as portas.

Os anos mais faustosos da Corte portuguesa no Brasil foram de 1817 e 1818, com a chegada da princesa Leopoldina, filha do imperador da Áustria-Hungria, a 5 de novembro de 1817, para ca-sar-se com Dom Pedro, Duque de Bragança e Príncipe do Brasil; e o aniversário, coroação e aclamação de Dom João VI, a 13 de maio de 1818, como monarca de uma tra-dicional Casa Real européia.

Até 1770, a espinha dorsal da administração fazendária do Bra-sil Colônia eram as Provedorias da Fazenda Real, criadas com as Capitanias Hereditárias na década de 1530 a 1540. As provedorias, que foram implantadas em quase todo o Brasil, não tinham fun-ções meramente tributárias ou fazendárias. Elas constituíam o cerne da administração civil e o suporte da intendência militar. Além disso, cuidavam desde a arrecadação de impostos

até o armazenamento de armas e munições; construíam obras públicas e navios; organizavam e financiavam expedições bélicas ou exploratórias ao interior; pro-viam a manutenção de serviços essenciais; administravam portos e pagavam servidores civis e mili-tares. Sua principal finalidade, no entanto, era fiscalizar e arrecadar impostos e reprimir o contraban-do. Por volta de 1760 estouraram alguns escândalos envolvendo as provedorias do Rio de Janeiro e da Bahia, enfraquecendo essas insti-tuições. Finalmente, elas foram extintas em 1832. Segundo alguns historiadores, as provedorias, mes-mo na decadência, provaram sua utilidade e solidez. Delas são des-cendentes diretos os órgãos regio-

Page 48: BOA VONTADE 217

Serviço ao cidadão

48 | BOA VONTADE

nais do Ministério da Economia, da Fazenda e do Pla-nejamento, como as Delegacias de Administração, as

Superintendências da Receita Federal, as

Alfândegas e as Dele-gacias da Receita.

De acordo com o tri-butarista Manoel Ruiz, “a

evolução da atividade econômica brasileira foi responsável por toda a transformação por que passaram os sistemas tributários, iniciados ainda no Brasil Colô-nia”. Em 1534 foram criadas as Provedorias da Fazenda Real, as primeiras repartições tributárias no Brasil. Na época, parte desses tributos arrecadados era destina-da à Coroa Portuguesa. O Erário Régio ou Tesouro Real, que surgiu no reinado de Dom José I, depois da extinção da Casa dos Contos do Reino, simboliza o regime de centralização absoluta, isto é, todas as rendas da Coroa nela sendo depositadas e dela saindo os fundos para todas as despesas. A partir do Erário Régio, o ato de arrecadar e repartir mudou o nome e o destino do que era arrecadado, transformando-o na Secretaria da Receita Federal, responsável pela administração, arrecadação e fiscalização tributária, que obteve um grande avanço quanto às faci-lidades para o cumprimento das obrigações tributárias. Após 1960, com o crescimento da arrecada-ção e aumento da carga tributária nacional, que estava em torno de 16% e 18% do Produto Interno Bruto (PIB), no início da década e

Como não cair na malha fina• Aumento de cotas para pagamento — Até 2006, era permitido ao contribuinte pagar o total do imposto em seis cotas. A partir de agora, o valor poderá ser dividido em oito cotas.

• Débito automático, em conta corrente, do imposto a pagar — A função será habilitada no software para declarações originais entregues no prazo. A primeira cota será por agendamento do pagamento. A partir da segunda cota por meio de débito automático;

• Informar CPF dos dependentes maiores de 21 anos — Essa medida facilitará o cruzamento de dados e, deste modo, evitará que os rendimentos dos dependentes sejam omitidos na declaração.

• Dedução da contribuição à Previdência do empregado domés-tico — Os valores pagos como Contribuição Patronal à Previdência Social do empregado doméstico serão deduzidos do Imposto devido, obedecendo ao limite de até R$ 536,00. O contribuinte deverá in-formar o número de inscrição do trabalhador na Previdência (NIT), nome do empregado doméstico e valor pago;

• Doações a campanhas eleitorais — Deverão ser informados, de forma discriminada, o CNPJ, nome (candidato, partido político ou comitê financeiro) e o valor da doação, atendendo ao acordo celebrado entre a Secretaria da Receita Federal e o Tribunal Superior Eleitoral;

• Lucros e dividendos recebidos — De-verão ser informados lucros e dividendos recebidos pelo titular e dependentes, bem como CNPJ e nome da fonte pa-gadora.

a partir de 1968 passou para mais de 24% do PIB.

A estimativa da Receita é que 23,5 milhões de contribuintes fa-çam a declaração neste ano, acima, portanto, dos 22,1 milhões de 2006. O prazo de entrega será entre 1o de março e 30 de abril.

Devem declarar os trabalhadores que ganharam salários acima de R$ 14.992,32 em 2006. Quem atrasar a entrega ficará sujeito à multa de R$ 165,74. O primeiro lote de res-

tituição deve ser liberado em 15 de junho.

A Receita Federal liberou 156.546 declarações que caíram na malha fina em 2006, com imposto a resti-tuir, no valor de R$ 200 milhões.

Cerca de 8,27 milhões de bra-sileiros estão com as inscrições no Cadastro da Pessoa Física (CPF) suspensas. São as pessoas que não entregaram a Declaração de Isento ou a do Imposto de Renda nos dois últimos anos.

Page 49: BOA VONTADE 217

BOA VONTADE | 49

A 23ª Cavalgada do Mar, maior evento de homens e mulheres a cavalo do mundo, que ocorreu de 9

a 17 de fevereiro, com saída de Torres/RS e chegada a Palmares do Sul/RS, conta todos os anos com a cobertura do site Inema (www.inema.com.br), veículo que divulga esportes radicais, aventuras e encontros esporti-vos em geral. Após a LBV ter participado da Cavalgada, que é comandada pelo tradicionalista e apresentador de televisão Vil-mar Romera, o site entrevistou o apresentador do programa Sentinela dos Pampas (que vai ao ar das 7 às 8 horas, de segun-da a sexta-feira, na Super Rede Boa Vontade, Super RBV, AM 1300), Humberto Cassuriaga, que destacou o objetivo da Ins-tituição no encontro.

Elisa Rodrigues

Confira alguns trechos da matéria intitulada “Paz na 23ª Cavalgada do Mar”:

“‘(...) Paz na Terra aos Ho-mens de Boa Vontade’, esse é o lema que está escrito na ban-deira da LBV. E é justamente esse lema que os cavaleiros da Legião da Boa Vontade carre-gam consigo na 23ª Cavalgada do Mar. Cassuriaga, radialista da Super RBV, diz que o mundo precisa de Paz, e essa é a prin-cipal meta dele na cavalgada, divulgar a Paz. (...)

“(...) Antes de sair, os parti-cipantes montam seus cavalos e fazem uma oração para que tudo aconteça da melhor forma possível, para que os animais fiquem bem, que a união se faça presente.

“‘Quero que todas as pessoas sintam a Natureza, sintam a Paz,

a amizade, a alegria. E que essa cavalgada possa servir de exem-plo para os cavaleiros e para o público em geral’, diz Humberto. Além de propagar esses valores, a LBV preocupa-se em divulgar as tradições gaúchas. Um bom exemplo disso é o Diretor-Presi-dente da Legião da Boa Vontade, Paiva Netto, que sempre apóia a cultura do Rio Grande do Sul.

“Para encerrar, a LBV agra-dece ao Dr. Bráulio Dinarte Pinto, proprietário da Cabanha Boeiro Branco, que cedeu os animais para os cavaleiros da Legião da Boa Vontade, e ao Inema, que sempre divulgou a LBV”.

A Instituição em Porto Ale-gre/RS está localizada na Av. São Paulo, 722 (esquina com a Av. São Pedro) — São Geraldo, tel.: (51) 3325-7000.

Acontece no Sul

23ª Cavalgada do Mar

ganha destaque na mídia gaúcha

site

Inem

a

Page 50: BOA VONTADE 217

Fotos: Daniel Trevisan

50 | BOA VONTADE

A competente trajetória do jornalista Luiz Malavolta

Luiz Malavolta é daque-les profissionais raros em nossos dias, ainda da velha e boa escola que formou

lendários jornalistas, que encaram a tarefa de informar não como um ganha-pão apenas, mas uma verdadeira missão. Acredita que é possível, sim, defender a sociedade e dar à mídia um papel cultural, educativo, social, trazendo para o noticiário os assuntos de real interesse à população. Em setem-bro próximo, completa 34 anos de lide e diz que não se arrepende do caminho escolhido quando era bem novo, aos 14 anos, época em que ingressou no Jornal da Cidade, de Bauru/SP, sua terra natal. Neste periódico, fez de tudo: reportagens de rua, cozinhou matérias e, em pouco tempo, o embrião do grande repórter ia surgindo. Desde este período não parou mais, sempre

se aprofundando na profissão que abraçou com o coração e a mente.

No currículo, um vasto conhe-cimento e a experiência adquirida em décadas de serviço em impor-tantes veículos, como Chefe de Reportagem da TV Globo (com uma série de matérias investiga-tivas), passagens nos jornais O Globo, Folha de S. Paulo, além de ter recebido por destacados traba-lhos os Prêmios Vladimir Herzog e Líbero Badaró de Jornalismo.

Atualmente é Chefe de Reda-ção da Rede Record de Televisão, onde comanda 30 equipes exter-nas, e, nesta entrevista, conta um pouco de suas reminiscências, do dia-a-dia na redação de uma grande emissora, dá dicas para o pessoal da área e oferece lições valiosas para os interessados em entender melhor o mundo em que vivem.

BOA VONTADE — Queremos saber um pouco mais da sua história, afinal são mais de 30 anos de carreira.

Malavolta — Comecei muito jovem na profissão. Na verdade, como uma espécie de office-boy, entrei em um jornal no interior de São Paulo, chamado Jornal da Cidade, que é importante para Bauru. Eu tinha 14 anos. Fui tra-balhar com um jornalista muito experiente. O meu objetivo era realmente dedicar-me ao jornalis-mo, embora fosse muito jovem, e aos 15 anos já escrevia textos, ia pra rua na reportagem, fiz toda a cozinha do jornal e nunca mais trabalhei em qualquer outra ativi-dade. Faz, em setembro, 34 anos que entrei para essa área.

BV — Desde criança já pensava: “É isso que eu quero ser!”.

Entrevista na Record

Reflexões de um

Chefe de redaçãoLeila Marco e Leilla Tonin

Page 51: BOA VONTADE 217

BOA VONTADE | 51

“Eram pessoas

que aprenderam

daquele jeito mais

antigo, tinham uma

consciência política

grande. Isso foi

importante na minha

formação, conhecer

essas matrizes

políticas, entender

o contexto social da

profissão e saber

que um jornalista

não é apenas um

profissional, ele tem

uma missão: defender

a sociedade.”

Malavolta — Eu possuía uma dificuldade muito grande com nú-meros, matemática, não era uma coisa de que gostava na escola, mas tinha facilidade para escrever. Tanto que as professoras do ensino fundamental, na época dividido em primário e ginásio, diziam: “Você tem jeito para escrever, será doutor em alguma coisa”, não se falava em jornalismo. Certa vez, estava em férias escolares, em uma empresa que vendia lustres, onde meu pai trabalhava na parte de instalação elétrica. Do lado desta loja, havia um jornal, que depois até trabalhei nele. Era mui-to curioso, ficava olhando aquelas coisas fantásticas, as máquinas, as pessoas andando para dentro do jornal, e queria muito saber o que era. Tinha facilidade com texto, de viajar, de raciocinar em cima das palavras. E aí esse jornal mudou

para um local próximo da minha casa, em Bauru, um prédio novo, bonito, equipamento moderno, e eu passava sempre por ali para ir à escola. Até que um dia pedi à minha mãe (Aparecida Cazo Malavolta) para me ajudar a falar com alguém de lá. Acabou dando certo, estavam precisando de um office-boy e me contra-taram. Depois de algum tempo virei jornalista, como todo mun-do daquela época. Os primeiros jornalistas com quem trabalhei foram dois ex-ferroviários, um ex-carpinteiro, um ex-funcionário do Banco do Brasil e um ex-corretor de imóveis. Eram pessoas que aprenderam daquele jeito mais antigo, talvez provinciano, mas escreviam muito bem, tinham uma cons ciência política grande. Por exemplo, um dos ex-ferroviários era formado também em Direito,

Chefe de redação

Page 52: BOA VONTADE 217

Malavolta em uma das ilhas de edição em que analisa reportagens para os programas jornalísticos da TV Record.

foi cassado pela ditadura e teve uma trajetória política, conheceu Fidel Castro, era uma pessoa liga-da à esquerda. Isso foi importante, na minha formação, conhecer essas matrizes políticas, entender o contexto social da profissão e saber que um jornalista não é ape-nas um profissional, ele tem uma missão: defender a sociedade.

BV — O que não pode faltar a um jornalista?

Malavolta — A curiosidade é o início de tudo. Curioso num aspecto positivo, não aquela coisa banal, de fuxico. A pessoa tem de estar sempre questionando, per-guntando sobre o que faz. Agora, não adianta ser apenas curioso se não tiver uma boa formação humanística, intelectual, um pre-paro sobre história, antropologia, economia, política. Você não precisa ser especialista em nada, mas deve ter condições de discutir

com qualquer entrevistado, fonte, de igual pra igual. Uma parte você adquire na escola, na leitura obri-gatória de livros, de textos, e outra na convivência com entrevistados interessantes, com pessoas que lhe agregam conhecimentos. Às vezes uma entrevista é uma aula de direito, de economia, de socio-logia. Ler bons livros, não só de literatura, mas obras técnicas de economia, política, para entender melhor o mundo, o que está acon-tecendo. O jornalista que não faz isso fica defasado, não consegue acompanhar o ritmo das coisas que estão cada vez mais ágeis.

BV — E o futuro do jornalismo?Malavolta — As pessoas

têm cada vez menos tempo para ler, ver televisão, se dedicar à informação. E hoje há uma competitividade muito grande na área, tem o rádio, a televisão, o jornal, a revista e a internet.

Você começa a ser informado minuto a minuto pela internet, e essa tecnologia já extravasou, foi para o telefone celular. Há um monte de mídia e submídias e novas mídias que vão surgindo e as pessoas vão tendo esta infor-mação imediata, rápida: acabam não formando conceitos, que só o meio impresso consegue dar, contextualizar; então uma acaba complementando a outra.

BV — É importante o papel da mídia impressa neste sentido?

Malavolta — Se você ficar satisfeito só com o rádio, com a televisão ou a internet, está se limitando. Chego muito cedo na televisão e pego os principais jornais do Brasil, de São Paulo, Rio de Janeiro, vejo-os minucio-samente, para fazer anotações, acompanhar o desdobramento, o que a imprensa escrita deu e que a gente tinha abordado anterior-mente no meio eletrônico. E nunca deixo de ler duas coisas que, para mim, são fundamentais: os edito-riais, para ver o direcionamento, a forma opinativa dos assuntos que são importantes, e, segundo, leio as cartas dos leitores, porque o jornalista tem de saber o que o público está pensando, quais assuntos na visão dele são relevan-tes. Os leitores acabam indicando os temas que lhes interessam, o que querem ver no jornal, o que estão reclamando. Já tirei muitas pautas legais desta seção.

BV — É o retorno?Malavolta — Se eu fosse

editor-chefe de um jornal, alguns temas colocaria como fixos, por

52 | BOA VONTADE

Entrevista na Record

Page 53: BOA VONTADE 217

exemplo, questões relativas à segurança pública. Quando digo isso, não é a cobertura do varejo, do assunto policialesco, é o tra-balho de reportagem dos assuntos referentes à falta de segurança, tal-vez um dos problemas mais graves que enfrentamos. Outro tema é a questão dos direitos humanos, mas não de uma forma banal, naquela velha e manjada apologia, mas no que diz respeito aos direitos individuais e diários que a pessoa tem: a falta de atendimento mé-dico, da polícia à comunidade... isso é tudo questão de direitos humanos. Ainda assuntos como o desemprego, a educação e a saúde

pública. Cuidando, atuan do nessas frentes, você defende a sociedade naquilo que lhe é mais caro.

BV — Isso é primordial.

Malavolta — Uma está di-retamente relacionada à outra. Nós só temos a violência porque criamos uma sociedade desigual, injusta. O Brasil não é um país pobre, é injusto, isso é quase um lugar-comum. Há uma sociedade empurrada para os marginais. No bojo disso tudo tem a questão do

tráfico de entorpecentes que con-taminou e hoje comanda muitas áreas. A falência da educação, com a falta de oportunidade, da con-centração de renda, de emprego e, tudo isso, tem levado a esse caos que transformou o país num infeliz recordista. Chegamos a registrar uma marca de 40 mil homicídios por ano, são pessoas assassinadas de forma violenta e, muitas delas, indicam as pesquisas, são jovens.

BV — Como analisa o papel do Terceiro Setor em reduzir as di-ferenças que se apresentam hoje no Brasil?

Malavolta — O Terceiro Setor

precisa ter mesmo uma participa-ção efetiva, porque a educação é a base de tudo, da solução dos nossos problemas. Quando você instrui uma pessoa, ela é capaz de saber identificar os seus pro-blemas, cobrar os políticos, o governo. Deixar o Ser Humano na ignorância, à míngua, é torná-lo excluído. A educação é o único instrumento capaz de incluir, talvez o que nos salvará de uma tragédia muito maior. Eu acabo de voltar de uma viagem de dez dias

à Índia, onde fizemos uma série de reportagens com o repórter Rodrigo Vianna (“Os Novos Ca-minhos da Índia” que foi ao ar no Jornal da Record). Este país tem algumas ligações históricas com o passado da gente, porque, afinal de contas, os portugueses saíram de Portugal para ir para o caminho das Índias e descobriram o Brasil. Tanto que os nossos povos nativos são chamados de índios. Fomos colonizados pelos portugueses, como uma boa parte da Índia, de-pois vieram os ingleses e tomaram conta daquilo lá. É uma nação que tem um bilhão e 100 milhões de habitantes, com 300 milhões de

pessoas na miséria e, aparente-mente, não há fome, existe uma farta produção de alimentos, de distribuição, é um processo muito indiano de ser que acho que no Brasil não funcionaria. Eles des-cobriram, nesses últimos dez anos, que a solução para os seus males — e os problemas deles são seis vezes maiores do que os nossos, porque a população de lá é seis vezes maior — virá da educação. Sem interferência de autoridades governamentais, nós fizemos um

“A falência da educação, com a falta de oportunidade,

da concentração de renda, de emprego e, tudo isso,

tem levado a esse caos que transformou o país num

infeliz recordista. Chegamos a registrar uma marca de

40 mil homicídios por ano, são pessoas assassinadas

de forma violenta e, muitas delas, indicam as

pesquisas, são jovens.”

BOA VONTADE | 53

Page 54: BOA VONTADE 217

“Ler bons livros, não só

de literatura, mas obras

técnicas de economia,

política, para entender

melhor o mundo, o que

está acontecendo. O

jornalista que não faz

isso fica defasado, não

consegue acompanhar o

ritmo das coisas que estão

cada vez mais ágeis.”

giro por lá e vimos que a educação está levando a economia da Índia a crescer uma média de 8% ao ano, três vezes mais que o Brasil. Pude ver, ao lado da pobreza, surgir centros de excelência, de produção, de tecnologia e, por trás disso, está a formação. Estive numa escola em que os alunos, de famílias pobres, estavam bem-arrumadinhos, estudando numa sala com ar-condicionado, sendo alfabetizados em dois idiomas, o inglês e língua nacional: o híndi, que é uma das principais de lá (falada por 40% da população). Lá são 18 línguas oficiais e mais um monte de dialetos. Eles descobri-ram aquilo que o Japão (há muitos anos), a Coréia, a Coréia do Sul (recentemente), e outros países da Ásia, como Taiwan, descobriram: a educação.

BV — Algum jornalista lhe serviu de exemplo ou de inspiração nesta carreira vitoriosa?

Malavolta — Sempre procu-rei olhar como os grandes nomes da imprensa de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, trabalhavam. Muito novo cheguei a São Paulo, estava com 19 anos, e fui para uma redação, na qual havia jornalistas não famosos, mas altamente res-peitados no meio. E acabei assi-milando aqueles ensinamentos. A coisa boa é que entra no seu san-gue e você dá continuidade àquela obra. E também conviver com gente importante, como o Caco Barcellos, o Walmir Salaro, o Tonico Ferreira. Fiquei na Folha S. Paulo também durante cinco anos, e lá trabalhei com o Clóvis Rocha, enfim, pessoas que eram

referências. Não digo copiar, mas aprender o método de trabalho que é correto. Fazer o bom jornalismo, que acrescente, agregue, torne a sociedade cada vez melhor.

BV — Qual é a sua opinião sobre a exigência do diploma na carrei-ra de jornalismo?

Malavolta — É importante a formação universitária, mas acredito que chegou o momento de se rediscutir a questão do di-ploma. Porque quando se criou a lei específica de regulamentação, em 1969, em pleno governo mili-tar, era para controlar a atividade profissional, eles queriam saber quem era quem, para ver como esse sujeito agia. O meu registro profissional é por decreto-lei,

embora tenha feito Faculdade de Comunicação, e um dos do-cumentos que exigiram de mim, porque peguei o registro sem ter o grau universitário concluído, era o atestado ideológico. O que signifi-ca? Tive de declarar que era uma pessoa ideologicamente pacífica, que não partilhava de nenhuma aventura de esquerda, enfim, todo mundo que quisesse pegar o regis-tro tinha de contar uma fantasia. E sem isso não havia possibilidade de um processo de concessão do registro profissional pelo Ministé-rio do Trabalho. Essa lei, portanto, está velha, ultrapassada. E ela permitiu a expansão de cursos de Comunicação Social, poste-riormente de Jornalismo. Hoje, se tem um monte de cursos, muitas faculdades que estão formando profissionais não-preparados, adequadamente, para o mercado de trabalho. Acho que deveria ser discutida a regulamentação: quem quisesse fazer Direito e seguir a carreira de jornalista faria uma especialização em Jornalis-mo. Aí seria de melhor qualidade, teria uma formação humanística, técnica e poderia especializar-se em uma área de Direito, por exemplo.

BV — Qual a notícia que gostaria de dar?

Malavolta — Dizer que ex-tirpamos a pobreza, que acabou a corrupção, extinguiu-se a infe-licidade e que, a partir de agora, somos uma nação rica, pujante, igualitária, que não precisamos ser dominadores, mas que podemos ser o exemplo de uma humanidade justa, pacífica.

54 | BOA VONTADE

Entrevista na Record

Page 55: BOA VONTADE 217

Acontece no Brasil

Môn

ica

Men

des

BOA VONTADE | 55

Com 11 anos de estrada, o grupo mineiro Tianastácia chegou a seu sétimo CD, o Orange 7, lançado no fim de 2006, em Belo Horizonte/MG. A banda, formada por cinco músicos, nunca se afastou do seu estilo: o rock, trazendo neste ritmo composições universais, que falam da vida e do amor. O vocalista do grupo, Maurinho Nastácia, diz que há “uma convivência fa-miliar no Tianastácia, tanto que adotamos o mesmo sobrenome (Nastácia) para ter mesmo a idéia de família”.

Outro ponto em comum en-tre os amigos, além da música, está na admiração ao trabalho da LBV. Maurinho falou à revis-ta BOA VONTADE e deu seu

Integrante do tianastácia de Belohorizonte destaca os 57 anos da LBV

Mônica Mendesapoio à Campanha Criança Nota 10 — Sem Educação não há futu-ro!, da LBV, que distribuiu material escolar a milhares de crianças pro-venientes de famílias em situação de pobreza. Na ocasião, destacou mais um aniversário da LBV, com-pletado no último 1º de janeiro.

Disse o músico em sua mensa-gem: “Parabéns, LBV! Que viva mais, no mínimo, 57 anos, porque o Ser Humano precisa de gente com Boa Vontade como vocês, e uma Legião da Boa Vontade é funda-mental. Que esse trabalho continue sempre! Tudo que o Tianastácia puder fazer a gente fará, porque as pessoas precisam. Quanto mais carinho, Boa Vontade a gente tiver, melhor será o mundo”.

A Legião da Boa Vontade de Manaus/AM recebeu, no dia 22 de fevereiro, a doação de uma tonelada de alimentos (ar-roz, milharina, frutas e verdu-ras) do programa Mesa Brasil

Mesa Brasil SeSC doa uma tonelada de alimentos à LBV de Manaus

Adriane Mafra

SESC, em parceria com a Compa-nhia Nacional de Abastecimento (Conab), que beneficiará centenas de famílias atendidas pela Institui-ção. São crianças, jovens e adultos da melhor idade — como são cha-mados, carinhosamente, os vovôs e vovós na LBV — que participam dos programas socioeducacionais da Organização na cidade e região.

O Mesa Brasil SESC é um programa de segurança alimen-tar e nutricional sustentável, que

redistribui alimentos excedentes (próprios para o consumo). A iniciativa tem ajudado pessoas que vivem em situação de vulne-rabilidade social e pessoal.

Visite a LBV e conheça de perto o trabalho desenvolvido no Brasil e Exterior. Em Ma-naus/AM, o Centro Comunitário e Educacional da Legião da Boa Vontade está localizado na Rua Manicoré, 100, Cachoeirinha, tel.: (92) 3215-7930.

Maurinho Nastácia veste a camisa da LBV

Algumas das crianças atendidas pela LBV em Manaus/AM

João

Pre

da

Page 56: BOA VONTADE 217

Meio Ambiente

São Francisco,Rio da Integração Nacional

Dr. Eng. Marco Antonio Palermo, da Associação Brasileira de Recursos Hídricos.

Dani

el Tr

evis

an

Divu

lgaç

ão

56 | BOA VONTADE

A bacia do rio São Francis-co é extensa e complexa, abrangendo um número significativo de unidades

federadas que, pela organização político-administrativa do país, compreende a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, todos autônomos, o que lhe con-

lidade ambiental, abrangendo áreas de acentuada riqueza e alta densidade demográfica e áreas de pobreza crítica e baixa densidade demográfica. Na parte superior da bacia, por exemplo, encontra-se a Região Metropolitana de Belo Horizonte, polarizada pela capital do Estado de Minas Gerais. Com 26 municípios, área de 6.225 km2 e representando menos de 1% de toda a bacia do rio São Francisco, concentrava, no ano 2000, mais de 3,9 milhões de habitantes, corres-pondendo a 29,3% da população local. Entretanto, cerca de 344.000 km2 da bacia do rio São Francisco, ou seja, 53,8%, estão incluídos no Polígono das Secas, compreenden-do 251 municípios e mais de 5,6 milhões de habitantes.

fere um modelo que exige muita interação, integração e negociação para se criar sinergias em sua ges-tão, capaz de contribuírem para um desenvolvimento sustentável do Brasil.

Nela existem todos os tipos de usos hídricos possíveis, o que lhe confere uma particularidade impor-tante para o desenvolvimento de estudos; compatibilização e otimi-zação desses usos, destacando-se a geração de energia, navegação, irrigação, pesca, turismo e lazer, di-luição de efluentes, abastecimento doméstico e industrial, mineração, entre outros. A esses usos se inclui a necessidade de manutenção de vazões ecológicas.

É uma bacia com paradoxos socioeconômicos e vulnerabi-

Marco Antonio Palermo

Page 57: BOA VONTADE 217

Unidade Área População Municípiosfederada Km2 % Habitantes % Nº %

Minas Gerais 234.684 36,8 7.595.274 57,2 240 47,7Goiás 3.041 0,5 107.858 0,8 3 0,6Distrito Federal 1.355 0,2 22.000 - 1 0,2Bahia 305.866 48,0 2.663.527 20,1 114 22,7Pernambuco 69.607 10,9 1.614.565 12,2 69 13,7Alagoas 14.321 2,3 1.002.900 7,5 49 9,7Sergipe 8.046 1,3 291.831 2,2 27 5,4Total 636.920 100 13.297.955 100 503 100

Por onde passa o São FranciscoO quadro abaixo mostra as unidades federadas, suas áreas, população e número de municípios que integram a Bacia:

São Francisco,

Divu

lgaç

ão

Divu

lgaç

ão

BOA VONTADE | 57

econômica da Bacia. A rede fluvial do São Francisco, embora não mui-to densa quando considerada a área total da Bacia, conta com alguns cursos d’água de grande vazão. Pelo menos sete desses afluentes têm vazão média acima de 100 m3/s, cuja contribuição é de 1.506 m3/s, equivalente a 73% da vazão regularizada a jusante de Sobradi-nho, que é de 2.080 m3/s.

O rio São Francisco tem, entre rios, riachos, ribeirões, córregos e veredas, 168 afluentes, dos quais 99 são perenes (com leito contínuo) e 69 são intermitentes (com interrupções). Os mais importantes formadores com regime perene são os rios: Para-catu, Urucuaia, Carinhanha, Cor-rente de Grande, pela margem esquerda; e das Velhas, Jequitaí e Verde Grande, pela margem direita. A jusante do rio Grande, os afluentes situados no polígono

das secas são in-termitentes: secam e produ-zem grandes torrentes no período chuvoso.

Um rio que pede socorroApesar de todas essas parti-

cularidades, há ainda problemas ambientais relacionados à Bacia do São Francisco. Um deles é a erosão, incluindo a oriunda de es-tradas rurais, que resulta em carga de sedimentos que atinge os corpos de água e acarreta problemas de qualidade e assoreamento da calha fluvial.

Outro aspecto negativo de-corre da concentração urbana, industrial e da atividade minera-dora, com a geração de resíduos, lançamento de esgotos e poluição que comprometem a qualidade da água dos corpos receptores. Ainda nesse tópico, é válido destacar a poluição difusa em razão da agricultura e de esgotos lança-dos inclusive em corpos d’água intermitentes, comprometendo a qualidade das águas superficiais e subterrâneas.

Toda essa complexidade de fatores confere ao São Francisco grande importância estratégica. Novas intervenções são necessárias para atender às demandas exis-tentes. A implementação dessas intervenções requer da sociedade sabedoria e prudência para asse-gurar o almejado desenvolvimento sustentável.

Fonte de referência: PAE São Francisco, ANA/GEF/PNUMA/OEA, 2004

Na Bacia há precipitações plu-viométricas superiores a 2.000 mm nas suas cabeceiras, em Minas Ge-rais. Na zona semi-árida da Bahia e de Pernambuco as chuvas são inferiores a 350 mm, aumentando, daí em direção à foz, onde os va-lores médios anuais são em torno de 1.300 mm.

Vinte e sete por cento da su-perfície da Bacia apresenta solos aptos à prática da agricultura, dos quais 3 milhões de hectares com potencial de serem irrigados. Se forem flexibilizados com alturas de bombeamento até 60 m, ampliam-se para 8 milhões de hectares, conforme indicou o Plano Diretor para o Desenvolvimento do Vale do São Francisco.

Veias no sertãoEsgotado o aproveitamento dos

maiores potenciais hidrelétricos, resta a agricultura como vocação

Page 58: BOA VONTADE 217

Opinião — Mídia Alternativa

IMPRENSAalternativaPrimeiro jornal

de bairro do

Rio foi lançado

em 1883

A Gazeta Suburbana, um tablóide de qua-tro páginas vendido a 100 réis e editado

quinzenalmente na Rua do Hos-pício, 149/151, no bairro de Todos os Santos, estação da linha férrea depois do Méier, é considerado o primeiro jornal de bairro que circulou na cidade do Rio de Ja-neiro, isto em 15 de dezembro de

1883. Com uma tiragem de 4.000 exemplares, a publicação que data do tempo do Império desta-cava em seu editorial que “nascia como instrumento de protesto dos moradores à falta de atenção das autoridades aos problemas que afligiam aquela sociedade e que eram comuns a outros bairros mais distantes do centro da cida-de”. Seu editor dizia textualmen-

Carlos Arthur Pitombeira(especial para a BOA VONTADE)

Repr

oduç

ão B

V

Repr

oduç

ão B

V

58 | BOA VONTADE

Page 59: BOA VONTADE 217

pelo jornalista Mário Peixoto, em 1966.

Anos mais tarde, quando traba-lhamos juntos na Rede Ferroviária Federal, tive a oportunidade de ouvir dele próprio o que o inspirara a criar o jornal. A preocupação não foi a mesma que influenciou o apa-recimento da Gazeta Suburbana, que deixou de circular em 1885. A idéia, segundo Mário, surgiu no início da década de 1960, no Veloso, conhecido bar da zona sul do Rio de Janeiro — onde se arrastava um barril para fazer de cadeira — e ponto de encontro, na época, de jornalistas, escritores e artistas. Ele, Tom Jobim (1927-1994), Vinícius de Moraes (1913-1980) e Fausto Wolff, entre outros, estruturaram a idéia de o bairro ter o seu jornal. Ipanema começava a ficar conheci-da no mundo inteiro por causa da

Carlos Arthur Pitombeira, jornalista e conselheiro da ABI

sica fazia dos bares Jangadeiro, Zepelin e Veloso os seus redutos de inspirações. E assim, em fevereiro de 1966, circulava a edição no 1 do Jornal de Ipanema com a seguinte matéria de capa: Ipanema, um bairro feliz!

Na historiografia da imprensa brasileira pouca atenção tem sido dada aos jornais que refletem os interesses e anseios de uma região e seus moradores, cujos problemas são geralmente esquecidos pela grande imprensa preocupada com fatos de maior repercussão.

A preocupação em se registrar fatos e mensagens em uma mesma comunidade começou na cidade do Rio de Janeiro nos últimos 20 anos do século 19 e foi provocada

te: “até agora os subúrbios foram tratados como uma criança: só lhes deram promessas”.

Vê-se por aí como tem sido heróica a história da Imprensa Alternativa. Esses incríveis jor-nais de bairro, 123 anos depois da circulação do primeiro número da Gazeta Suburbana, continuam resistindo. Quando fecha um, abre

Graças ao profissionalismo e ao idealismo de muita gente, os jornais de bairro vão se firmando como uma realidade, deixando pelo caminho os oportunistas e se transformando no verdadeiro mercado para os estudantes de Comunicação, constituindo-se, ao mesmo tempo, sem interferências e simulações, na maior fonte de informações para governadores e prefeitos das aflições do Povo.

outro. No Rio, é difícil precisar quantos eles são hoje, mas é pos-sível reconhecer que, com espírito comunitário (não considerar “O Pasquim”, pela proposta original que determinou o seu lançamento em plena ditadura), pioneiro foi o Jornal de Ipanema, fundado

Garota de Ipanema. E precisava mostrar o que tinha.

O bairro já aparecia no cenário como um centro em que a moda, a cultura e o status tiravam a vez de Copacabana, onde a movimentação de artistas, teatrólogos, jornalistas, pessoal do cinema novo e da mú-

pelo aumento da população e o desenvolvimento dos bairros, o que deu aos seus moradores uma consciência da importância do local onde se fixavam, aumentada pelo surgimento de pontos ao longo das estações nas Estradas de Ferro Leo-poldina e Central do Brasil.

Felip

e Fr

eita

s

IMPRENSA

Repr

oduç

ão B

V

BOA VONTADE | 59

Page 60: BOA VONTADE 217

Os jornais de bairro apareceram nos subúrbios cariocas a partir de 1880. Além do Gazeta Suburbana, podemos citar ainda O Suburbano, de 1900, o primeiro jornal da Ilha do Governador, e o jor-nal-revista Copacabana, de Teotônio de Oliveira, a primeira publicação da zona sul da cidade. A diferença da data de lançamento entre os dois foi de poucos anos.

Na Confeitaria Bon Marché, que ficava ali na esquina da Aveni-da Nossa Senhora de Copacabana com a Rua Siqueira Campos, nascia

o Beira-Mar, um jornal voltado para os moradores de Copacabana, Ipanema e Leme. Inúmeros títulos foram inspirados pelos caminhos das linhas dos trens da Leopoldina e da Central do Brasil: O Santa Cruz, O Tijuquense, O Botafogo, Gazeta de Botafogo, O Santacruzense, O Paquetaense e tantos outros.

Graças ao profissionalismo e ao idealismo de muita gente, os jornais de bairro vão se firmando como uma realidade, deixando pelo caminho os oportunistas e se transformando no verdadeiro mercado para os

estudantes de Comunicação, cons-tituindo-se, ao mesmo tempo, sem interferências e simulações, na maior fonte de informações para gover-nadores e prefeitos das aflições do

povo. Pena que ainda não exista uma conscientização dos co-merciantes para anunciar nessas

publicações, as que realmente melhor poderão atender aos

seus apelos de venda. Mas isso também não demora muito e co-

meça a mudar.A internet, a cada dia que passa,

obriga os grandes jornais a repen-sarem sua pauta e a darem novo tratamento à notícia, em uma luta permanente pela concorrência, a disputa do leitor, do melhor meio de se comunicar, interagir com ele. Mas esta preocupação, por enquan-to, está longe de atingir os jornais de bairro e a imprensa alternativa e comunitária como um todo que desejamos ver fortalecido para que se concretize o processo de demo-cratização da informação que tanto defendemos.

Os jornais de bairro — que re-fletem interesses e anseios de uma região e seus moradores — surgiram a partir de 1880, no Rio de Janeiro/RJ.

Page 61: BOA VONTADE 217

A Câmara dos Deputados tem na atual legislatura enormes desafios a superar. O primeiro deles é resgatar a imagem da

instituição, com trabalho e resgate ético. O segundo é dar conseqüência a projetos substantivos para o país, que esperam análise legislativa, a começar pelo Plano de Aceleração do Crescimento, um conjunto de medidas destinadas a impulsionar o ritmo do desenvolvimento da economia brasileira.

Anunciado pelo Presidente Lula, o PAC prevê o investimento — do governo, de estatais e do setor pri-vado — de mais de R$ 500 bilhões em infra-estrutura até 2010, além da redução de impostos para setores potenciais, como construção civil, infra-estrutura, semicondutores e microcomputadores. O plano ainda

Beto Albuquerque*

estabelece regras para o reajuste dos salários dos servidores públicos e do salário mínimo nos próximos quatro anos.

Com os aperfeiçoamentos que o Legislativo promoverá, o PAC merece o apoio dos congressistas porque é uma decisão inédita de um governo para dinamizar o cres-cimento econômico, com metas claras, em linha com outros países emergentes.

Mas há outros temas que devem constar de uma agenda política nacional para 2007. Dentre eles, estão o pacote da segurança pública, o fim do voto secreto em votações do Congresso e as reformas política e tributária. Avançar no encaminha-mento desses temas deve ser um compromisso da atual legislatura.

Os últimos quatro anos ficaram marcados apenas pelos desvios de conduta de alguns deputados. Entretanto, convém lembrar que naquela legislatura as duas Casas aprovaram uma série de reformas modernizadoras da legislação.

Há exemplos como a reforma do Judiciário, a lei de falências, a lei geral da micro e pequena empresa, os estatutos do Idoso e do Torcedor, a lei de proteção da Mata Atlântica, a criação do Fundeb (Fundo de Desenvolvi-mento da Educação Básica), a lei de gestão de florestas públicas e a lei que coíbe a violência domés-tica contra a mulher. Ao todo, o plenário da Câmara analisou 726 projetos e aprovou 611. Uma refor-ma administrativa terminou com as convocações extraordinárias remuneradas e reduziu o recesso parlamentar de 90 para 55 dias. São evidências positivas incontes-táveis daquele período.

O Congresso Nacional tem um papel fundamental a cumprir, que é o de contribuir para a execução da agenda de desenvolvimento pro-posta pelo Presidente Lula. Dessa forma, quem ganha é o Brasil.

Novos desafios

*Deputado (PSB-RS), vice-líder do governo na Câmara.

Opinião Política

do Congresso Nacional

Deputado Beto Albuquerque

Divu

lgaç

ão

BOA VONTADE | 61

Page 62: BOA VONTADE 217

Imagine a rotina de um cen-tro de ensino que recebe a criança, aos 4 meses de vida, e cuida dela por 17 anos, até

que esteja plenamente apta aos desafios do mercado de trabalho e da universidade, tendo sido amparada por um amplo pro-cesso de educação integral com a qualidade e o rigor técnico e pedagógico exigidos na época de estudo. Não bastasse este zelo,

há de se frisar um diferencial pioneiro: o desenvolvimento, de forma plena, de valores huma-nos e espirituais do educando. O resultado desse labor é o que a Legião da Boa Vontade denomi-na de Cidadão Ecumênico, cuja formação é possível graças à Pedagogia do Afeto, proposta do educador Paiva Netto que priori-za formar Cérebro paralelamente ao Coração.

É uma jornada realmente meri-tória, e nem foi mencionado que, ao longo dessas décadas de in-vestimento na preparação pessoal da criança e do jovem, a família, além de receber auxílio da LBV, também acompanha de perto o desenvolvimento do educando.

Empreendimentos como o Con-junto Educacional da Legião da Boa Vontade, em São Paulo/SP (formado pela Supercreche Jesus e

afetopara educarcom Qualidade eCidadania Ecumênica

Angélica BeckAn

dré

Fern

ande

s

62 | BOA VONTADE

Educação em Debate

Page 63: BOA VONTADE 217

pelo Instituto de Educação José de Paiva Netto), são exemplos emble-máticos do impacto renovador das ações da Instituição no seio popular, de modo a apontar caminhos para o salto qualitativo que é preciso dar rumo à Cultura de Paz. Sua grande contribuição está no modelo educacional que se desenvolve a partir das práticas da Pedagogia do Cidadão Ecumênico, a Pedagogia do Afeto.

O diferencialFazer emergir os frutos de uma

racionalidade esclarecida pelo equi-líbrio de sentimentos fraternos com base no Amor Irrestrito do Cristo Ecumênico é o diferencial e a essência do foco pedagógico cujo princípio considera que o Novo Mandamento de Jesus — Lei de Amor Universal — pode e deve sempre iluminar todos os setores da vida e do saber humano. Não pode-

ria ser diferente no cotidiano de uma escola, aliás, de uma grande escola, como é o caso da unidade modelar da LBV na capital paulista.

Compreender esta visão edu-cacional na sua totalidade implica em, salutarmente, repensar o legado ecumênico de Jesus pela ótica apre-sentada pelo propositor da Pedago-gia de Amor. O Divino Mestre, na definição de Paiva Netto, “é uma generosa e atualíssima idéia em marcha que merece ser estudada e vivida por todas as Almas anti-sectárias, libertas de preconceitos e tabus”.

21 anos de históriaOs trabalhos educacionais da

LBV na capital bandeirante são desenvolvidos em dois grandes edifícios principais. No número 700 da Avenida Rudge funcionam as atividades relativas ao segundo ano do ensino fundamental (já dentro da proposta atual do MEC, de 9 anos de formação) até o terceiro ano do ensi-no médio. Ao lado, na esquina com as avenidas Sérgio Tomás e Norma Pieruccini Gianotti, está a Supercre-che Jesus, o primeiro edifício a entrar em funcionamento.

Numa época em que a educação infantil era ainda um tema de segun-da grandeza, a LBV inaugurou esta unidade utilizando toda sua força de mobilização popular. Quem de-dicaria um terreno nobre, próximo ao centro da capital paulista, para receber filhos de mães em situa-ção de risco social que trabalham nas cercanias dessa movimentada região? Afastando-se do campo das discussões e partindo para o da prática, o líder da LBV convocou uma ação nacional para adquirir o

Dani

el Tr

evis

an

Dani

el Tr

evisa

n

Andr

é Fe

rnan

des

BOA VONTADE | 63

Acima, uma turma do ensino médio debate a crise no Oriente Médio, em aula de Geografia. Ao lado, aluna da LBV concentrada durante aula de xadrez.

Na imagem ao lado, atividade pedagógica na

qual é despertada a importância da consciência

ecológica.

Page 64: BOA VONTADE 217

imóvel, levantar o prédio em tempo recorde para, em 25 de janeiro de 1986, aniversário de fundação da cidade de São Paulo, entregá-lo em benefício de milhares de famílias e suas crianças.

Localização estratégica para a Vida

A compra do terreno e cons-trução da Supercreche Jesus é um dos belos capítulos da história da cinqüentenária LBV. “Era uma área abandonada que oferecia riscos à vizinhança. Mas este amplo espaço abrigava um te-souro de vida: um bosque com 21 árvores centenárias. Deste modo, Paiva Netto, preocupado com a preservação do meio ambiente e da vida, manteve um patrimônio verde que pouco se vê atualmente na região central de São Paulo, adequando a construção da esco-la às características originais”, salienta a diretora do Instituto de Educação da LBV, Luciana Cintra Teixeira.

Com a valorosa ajuda do Povo, o terreno ocioso transformou-se, em pouco tempo, num recanto de amor e poesia. “O Irmão Paiva fez questão de que esse lindo bosque fosse mantido para que as nossas crianças pudessem se desenvolver emocional e pedago-gicamente, mas também conviver com o verde, com os pássaros e usufruir desta Paz que a natu-reza inspira ao Ser Humano”, destaca Luciana.

Rotina de alegriaAs crianças são recebidas a partir

das 7 horas da manhã com atividades

dirigidas. Quem chega com soninho tem tempo para despertar e os jogos e livros são oferecidos até que, às 8 horas em ponto, toda sala se reúna para o café da manhã. “Criamos o hábito de todos se sentarem ao redor das mesinhas para a alimentação. É como toda família gostaria de fazer, de ter esse tempo para estar junto, com tranqüilidade. O dia-a-dia dos pais não permite, muitas vezes, mas as crianças não podem ser tolhidas desse instante de socialização e conversa. E eles iniciam sempre com a Prece Ecumênica do Pai-Nosso, ensinada por Jesus. Este é

o primeiro exercício de valores da nossa prática cotidiana”, narra a coordenadora da Supercreche Jesus, Elaine Freire.

A alimentação, segundo ela, é um dos muitos momentos espon-tâneos da aprendizagem. “Apro-veitamos todas as oportunidades de ensino. Se o legume que a criança vai comer é uma beterraba, falamos da letra B, do som do B. Destaca-mos a cor, o aspecto nutricional etc., e observamos que a criança alcança uma consciência muito grande acerca da qualidade da alimentação.”

Milhares de pessoas passam diante do Conjunto Educacional da LBV diariamente e se deparam com uma bela mensagem, em forma de versos, extraída do Poema do Grande Milênio, de autoria do radia-lista e jornalista Alziro Zarur, saudoso Fundador da LBV: “Os filhos são filhos de todas as mães, e as mães são as mães de todos os filhos”. Paiva Netto fez questão de exaltar essa mensagem que surge imponente no meio das árvores: um cenário de tran-qüilidade para o agitado ritmo paulista.

Clay

ton

Ferr

eira

Alziro Zarur (1914-1979), saudoso Fundador da LBV.

64 | BOA VONTADE

Educação em Debate

Page 65: BOA VONTADE 217

“Num momento de

desespero eu procurei

a LBV e ela acolheu a

mim e a meus filhos.

Sou separada, tenho de

trabalhar e a Supercreche

Jesus hoje cuida de minhas

duas crianças. Sou muito

feliz, pois aqui encontrei

todo o apoio.”

Maristela Augusta de Leão é mãe atendida pela LBV em São Paulo/SP.

As atividades didáticas são mes-cladas por outros quatro momentos de refeição: o lanche da manhã, o almoço, o lanche da tarde após um bom soninho e o jantar. A jornada de aprendizado, marcadamente alegre, vai até às 18 horas e inclui período pedagógico, aulas de música, edu-cação física, cultura ecumênica, de contar de histórias, recreação, balé, caratê, atividades na brinquedoteca, nos cantinhos de leitura, no amplo pátio com área verde, nas quadras poliesportivas, além das diversas excursões e passeios dirigidos.

A Pedagogia do Cidadão Ecumê nico, ao eleger o elemen-to da afetividade para o processo educativo, estabelece como prin-

cípio elementar o cultivo da ora-ção, sempre dentro de preceitos irrestritamente ecumênicos. Este exercício singelo e verdadeiro dispara uma inenarrável ambi-ência de aprendizado a partir das crianças, que dão demonstrações notáveis de disposição psicomen-tal e espiritual para as lições do cotidiano.

Para o assistente de direção pedagógica, Marcelo Rafael, o que se estabelece é “um novo olhar sobre o aluno e sobre a metodo-logia de aprendizagem, sempre acreditando que aquele estudante, além da matéria presente ali, em sala de aula, é muito mais: é um Espírito eterno”.

Ambiente acolhedor: Toda estrutura das escolas da LBV visa ao conforto e acolhimento das crianças em situação de vulnerabilidade atendidas desde muito novas pela Instituição. As salas de aula são equipadas com mobiliário adequado para cada faixa etária. Tudo muito colorido, limpo e espaçoso, a fim de que os pequeninos te-nham todas as condições de desenvolver suas habilidades.

Dani

el Tr

evis

anDa

niel T

revis

an

BOA VONTADE | 65

Page 66: BOA VONTADE 217

Eliana PittmanA internacional

Em um bate-papo descon-traído no apartamento da cantora Eliana Pittman, no Rio de Janeiro/RJ, ela

contou ao Programa Samba e His-tória fatos relevantes da profissão e da vida pessoal. “Nunca planejei ser cantora. Queria ser diplomata, via-jar pelo mundo, mas acabei fazendo isso com a música”, declara.

Nascida na capital fluminense, Eliana Leite da Silva começou sua jornada musical aos 15 anos,

ao apresentar-se em um programa da extinta TV Rio, ao lado do pai de coração, o famoso saxofonista norte-americano Booker Pittman (1909-1969), que havia se casado com sua mãe Ophélia (1928-2000) há quatro anos. Desde então a carreira seguiu repleta de elogios e aplausos.

O fato de ser mulher, negra e fa-zer sucesso em países estrangeiros já garantiriam a Eliana Pittman um lu-gar de destaque no mundo artístico, mas, além disso, ela tem cultivado, ao longo dos 46 anos de trabalho, um amor incomum à música, o que a fez alçar a categoria das maiores estrelas do Brasil. “Mantive sempre a dignidade, a postura. Espero que isso sirva de exemplo no futuro”, diz a cantora.

Com talento e um pouco de sor-te, Eliana rapidamente destacou-se no cenário musical. Surgiram os programas de rádio, TV, shows em casas noturnas e o reconhecimento do público. Cantora, atriz e baila-rina, ela se tornou o que podemos chamar de show-woman, uma artista completa.

Acompanhada de Booker, Eliana conheceu grandes nomes internacionais, como Louis Arms-trong (1901-1971) e Count Basie

(1904-1984) e assistiu a shows de suas musas Sarah Vaughan (1924-1990) e Ella Fitzgerald (1917-1996). Ainda nos Estados Unidos, a cantora fez cursos com o mestre do show business Fred Steal, aulas de dança com Sammy Davis Jr. (1925-1990), além de realizar apresentações no progra-ma de televisão do famoso Jack Paar (1918-2004), apresentador da NBC Americana.

Vale ressaltar que ela foi a primei-ra mulher a gravar discos de samba-enredo: O Mundo Encantado de Monteiro Lobato, com a Mangueira. Cantou para a Rainha da Inglaterra Elizabeth II em sua visita ao nosso País; apresentou o programa Eliana superbacana, na TV Excelsior; foi uma das primeiras cantoras a explo-rarem ritmos oriundos da tradição popular nortista, como o Carimbó; e atuou em produções norte-ameri-canas e brasileiras.

A carreira solo inicia-se quando em 1969 morre, aos 60 anos, Booker Pittman, o mentor de seu sucesso. Da mãe recebeu forças para suplantar a perda, o incentivo para continuar brilhando como cantora, impedindo que ela trocasse de profissão para abraçar a diplomacia. “Até hoje as pessoas falam dele como se estivesse

Fotos: Arquivo pessoal

66 | BOA VONTADE

Samba e História

Hilton Abi-Rihan

Page 67: BOA VONTADE 217

Eliana Pittman“Mantive sempre

a dignidade, a

postura. Espero

que isso sirva de

exemplo no futuro.”

Eliana Pittman

O radialista e jornalista Hilton Abi-Rihan entrevista grandes nomes da cultura na-cional no programa Samba e História. Na Super Rede Boa Vontade de Rádio (Super RBV), você pode acompanhar essas entre-vistas aos domingos, às 5, 14 e 20 horas. Pela Boa Vontade TV, o telespectador pode assisti-las aos sábados, às 23 horas. Outra opção para acompanhar o programa é aos domingos, às 15 ou 23 horas. Pela Rede Mundial de Televisão, confira o bate-papo aos domingos, às 12 horas.

Fran

cisc

o Tr

ombi

no

vivo, vivendo entre nós. (...) Ele me deixou uma herança importante: o seu nome”, recorda com carinho.

Em sua apresentação na edição 2006 do Brazilian Executive Award, Eliana se superou. Escolhida para homenagear os empresários bra-sileiros premiados no evento, ela apresentou versões de clássicos da Música Popular Brasileira (MPB), misturando músicas de Tim Maia (1942-1998) e Dona Ivone Lara. Em uma performance dirigida pelo idealizador do projeto, o produtor Carlos Salles, a cantora mostrou versatilidade e alegria. Foram 15 horas para preparar e ensaiar o show Samba & Bossa.

Seu mais recente trabalho, o CD Minhas Influências, foi lançado em bancas de jornais e reúne sucessos da MPB, com uma interpretação emocionante, a exemplo do que se pôde ver em Você Abusou, Copaca-bana, Não tem solução, Trem das Onze, e El Dia Que Me Quieras, entre outras.

Amiga de Boa VontadeEliana Pittman, que admira as

atividades desenvolvidas pela Le-gião da Boa Vontade no Brasil e no Exterior, reconhece na liderança de Paiva Netto, no seu trabalho como

escritor e jornalista o segredo desse desempenho. No último 2 de mar-ço, o dirigente da LBV completou mais uma ano de vida, e a cantora deixou registrada essa admiração: “Graças à sua força, atitude, per-sistência, num Brasil de altos e baixos, eu nunca vi a LBV perder o rumo. São 66 anos de vida, 50 de LBV, quase que nasceu dentro da Instituição. (...) Eu quero que Deus, Jesus, dêem todas as forças, que veja sua Obra sempre nesta maré. Ele consegue com os seus livros passar confiança, orienta-ção à juventude, às crianças, que o respeitam porque vêem nele o líder maravilhoso que é. Parabéns, parabéns, parabéns!”.

Aproveitando a oportunidade, Eliana falou ainda da antiga ami-zade pela Organização, recordando o presente doou ao Templo da Boa Vontade, localizado em Brasília/DF. “Obrigada pela honra que a direção da LBV nos deu — eu, como estudante da Cabala e re-presentando o Centro de Cabala do Rio de Janeiro — de doar um Zohar* para a Biblioteca do TBV, que foi muito bem recebido em um lugar especial, uma grande distin-ção para nós. O Zohar é o estudo do Antigo Testamento, que é a lei

de Moisés. Agradeço igualmente ao querido amigo José de Paiva Netto, por ter me dado a honra também de participar de um evento da LBV em Nova York”, finalizou.

*The Zohar — “O Livro do Esplendor” — O mais completo registro de infor-mação a respeito do conhecimento e a natureza da doutrina da Cabala.

Colaboração: Aneliése de Oliveira

Certamente sua veia musical foi influen-

ciada pelo saudoso pai, Booker Pittman,

renomado saxofonista norte-americano.

Na foto, Buca — como era apelidado o

músico — aparece com sua bela esposa,

a sempre lembrada Ophélia Pittman.

O talento de Eliana em exibição na extinta TV Tupi

BOA VONTADE | 67

Page 68: BOA VONTADE 217

Quem passou em frente do Conjunto Educacional da Legião da Boa Von-tade na capital paulista

(Av. Rudge, nº 700 — Bom Retiro), no dia 13 de março, notou uma movimentação diferente. O palco, montado próximo às quadras es-portivas, estava repleto de mochilas escolares, azuis e amarelas. Além disso, as paredes do tablado foram enfeitadas com ilustrações gigantes de apontador, régua, lápis, massinha de modelar etc. A ocasião, mais do que especial: era a entrega dos kits de material escolar da Campanha LBV: Criança Nota 10 — Sem Educação não há Futuro!

Centenas de mochilas — conten-do seis cadernos (cinco de brochura e um de recados), um pacote de papel sulfite, seis lápis pretos, uma caixa de lápis de cor com 12 unida-des e de giz de cera, duas canetas esferográficas, duas borrachas, um apontador com depósito, dois tubos

melhorLBV inicia distribuição

de material escolar a

milhares de estudantes

em risco social Elias Paulo

futuroPara um

de cola, uma tesoura sem ponta, uma régua de 30 cm, um estojo e um jogo pedagógico — foram distribuídas aos alunos do 1º ao 5º ano do Institu-to de Educação José de Paiva Netto e aos pequeninos do Maternal ao Infantil II da Supercreche Jesus.

O evento contou com a apresen-tação da peça teatral “A importância do material escolar”, a presença dos personagens do programa Geração 2000, da Boa Vontade TV, e, abri-lhantando ainda mais o encontro, o canto contagiante do Coral Ecumê-nico Infantil LBV.

Com essa iniciativa, a LBV, graças à Solidariedade do Povo brasileiro, tem a oportunidade de minimizar os gastos dos pais com a educação do filho. Exemplo disso é o caso de Maria Aparecida Ro-drigues Costa, que garantiu que o kit escolar ajudará muito o seu menino: “Eu estou desempregada. Agora, quando tiver a matéria, ele não ficará sem escrever”.

A empreitada da Instituição visa promover a melhoria de vida e a auto-estima da criança e de sua famí-lia, beneficiando economicamente os pais que não têm recursos para a compra do material, proporcionando aos pequenos motivação para o estu-do e reduzindo os índices de evasão escolar e de analfabetismo. “É im-portante esse trabalho. O meu filho recebeu material para o ano todo. A gente fica feliz por isso. Existem muitos pais que não têm condição de comprar para os filhos um lápis, um caderno, e quando eles recebem da LBV é uma felicidade imensa”, afirmou Cláudia de São José da Silva, mãe de um dos alunos do Instituto de Educação da LBV.

Dirce Gena também manifestou sua gratidão. Segundo ela, que tem duas crianças, a Campanha da LBV é relevante, porque existem mães que não possuem condições de com-prar uma mochila. “A gente trabalha para isso, mas quando não tem o que

João

Mig

uel

Ataí

de A

lves

Laris

sa B

. Cos

ta

José

Mig

uel

Luiz

Tard

ivo

Acontece

Araçatuba/SP Araraquara/SP Bauru/SP Campinas/SP Franca/SP

Page 69: BOA VONTADE 217

fazer...”, declarou. “É um presente maravilhoso. Estou muito contente por eles, porque com dois filhos é tudo em dobro. Acaba faltando no bolso. Paiva Netto, Deus o abençoe. Muito obrigada, de coração”. Gena ainda enalteceu o bom atendimento da escola: “Fico o dia inteiro tran-qüila, em paz, porque sei que meus filhos estão num lugar muito bom, seguro. A LBV cuida, ama, trata como mãe”, disse, muito grata.

Campanha beneficia também o interior do Estado

Além da capital bandeirante, di-versos outros municípios em todo o Brasil estão sendo beneficiados com a iniciativa. Nesta edição, a reportagem focaliza ainda o inte-rior do Estado de São Paulo, mais precisamente as crianças atendidas pelos Centros Comunitários e Educacionais da LBV de Aguaí, Araçatuba, Araraquara, Bauru, Campinas, Franca, Jundiaí, Leme,

Mogi das Cruzes, Piracicaba, Pre-sidente Prudente, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, São José dos Campos e Sorocaba. Em todas essas localidades, a alegria tomou conta do ambiente, contagiando ao mesmo tempo a garotada, as personalidades, colaboradores,

simpatizantes que se encontravam presentes no dia da entrega, em 12 de fevereiro. Algumas dessas opi-niões podem ser vistas abaixo:

“A LBV é uma entidade que nos

enche de orgulho, pois ela traz para as nossas crianças o reforço escolar, a educação, o esporte, o lazer e a parte cultural”.

Ronaldo Napeloso, Presidente da Câmara Municipal de Araraqua-ra/SP.

“Quero parabenizar a Legião da Boa Vontade por esse trabalho extraordinário distribuindo kits escolares para as crianças de fa-mílias de baixa renda. É como diz a Instituição: Sem Educação não há Futuro! Temos de nos unir para ajudar a LBV a promover essas ações sociais!”

Arlindo Comparini, taxista e colaborador da LBV em Cam-pinas/SP.

melhor“Fico o dia inteiro

tranqüila, em paz, porque

sei que meus filhos estão

num lugar muito bom,

seguro. A LBV cuida, ama,

trata como mãe.”

Dirce Gena, uma das mães atendidas pela LBV.

João

Mig

uel

Cris

tiane

Mira

lha

Laira

Cos

ta

Laira

Cos

ta

Laira

Cos

ta

Presidente Prudente/SP Ribeirão Preto/SP São José do Rio Preto/SP Piracicaba/SPMogi das Cruzes/SP

Dani

el Tr

evis

an

Daniel

Trev

isan

Page 70: BOA VONTADE 217

70 | BOA VONTADE

O Diretor-Presidente da Legião da Boa Vonta-de recebeu na quinta-feira, 22 de fevereiro,

durante a Assembléia Magna da LBV, uma homenagem da Oomoto (Religião fundamentada no Xin-toísmo, de origem japonesa, com preceitos universalistas, fundada em 1892). Na ocasião, o represen-tante da Oomoto no Brasil e na América do Sul, Professor Shigeki Maeda (Diretor da Oomoto Inter-nacional — sediada em Brasília), homenageou o dirigente da LBV com vestimenta e objetos típicos de sua crença.

Entre os presentes, destaque para a peça de cerâmica vinda de Ka-meoka, região de Kyoto, no Japão, especialmente confeccionada pela Quinta Guia Espiritual da Oomoto, sra. Kurenai Deguchi, como símbo-lo dos laços de amizade que unem a LBV e a Oomoto. Segundo o profes-sor Maeda, “o Mestre Paiva Netto é o primeiro a receber esta honraria fora do Japão”. Shigeki foi portador também de um quimono com os brasões da Oomoto e de um antigo chefe provincial japonês da família Shimazu, um potentado de seu país há 500 anos, em Kyusyu, distrito japonês. Entre os significados dos emblemas que se encontram nesta vestimenta sagrada, estão a trans-cendência do Céu e da terra, do fogo e da água. Além disso, Paiva Netto recebeu os dois mais importantes livros desta doutrina, vertidos para o idioma Esperanto pelo próprio Maeda e, posteriormente, traduzi-dos para o Português pelo professor Benedicto Silva, destacado tradutor esperantista e ativo colaborador do movimento espírita brasileiro.

Quanto a essa generosa demons-tração de apreço, manifestou-se àquela altura o líder da LBV, infor-mando que as peças estariam expos-

Oomoto do Japão presenteia líder da LBV

LaçosAneliése de Oliveira

Atualidade

Peça de cerâmica confecciona-da pela Quinta Guia Espiritual da Oomoto. “O Mestre Paiva Netto é o primeiro a receber esta honraria fora do Japão”, disse o professor Maeda.

Reprodu-ção do site da Oomoto

no Japão, com ampla

cobertura da homenagem que ocorreu

na sede da LBV no Rio de

Janeiro/RJ.

culturais

Da esquerda para a direita: Dona Lucimara Augusta (E) e o jornalista Paiva Netto (que foi presenteado com um quimono, no qual constam os brasões da Oomoto do Japão e de um antigo chefe provincial japonês da família Shimazu, um potentado de seu país há 500 anos). Na foto, aparecem também o Professor Shigeki Maeda e o senhor Jorge das Neves, esperantista e Legionário da Boa Vontade.

Clay

ton

Ferr

eira

Page 71: BOA VONTADE 217

BOA VONTADE | 71

*Umê — em japonês, significa “flor da ameixeira”.

tas no Templo da Boa Vontade, na capital federal: “(...) Estou sentindo uma vibração extraordinária na mi-nha Alma. (...) Colocarei essas lem-branças tão honrosas em Brasília, no Memorial (que leva seu nome), com a foto da Mestra Deguchi. (...) Manifestações dessa qualidade são tão tocantes que devem ser espiritu-almente valorizadas”. Paiva Netto retribuiu os presentes, condecoran-do o Missionário da Oomoto com um distintivo de ouro da LBV, em forma de coração, que traz gravada em relevo a passagem do Evan-gelho em que os Anjos anunciam o nascimento do Cristo: “Paz na Terra aos Homens de Boa Vonta-de” (Evangelho de Jesus, segundo Lucas, 2:14). A Quinta Guia Espi-ritual da Oomoto recebeu a mesma honraria. Na oportunidade, Paiva Netto enviou ao Japão um quadro com a foto do Conjunto Ecumênico

da LBV em Brasília/DF, formado pelo Templo da Boa Vontade e pelo Par-lamento Mundial da Fra-ternidade Ecumênica, o ParlaMundi, como sím-bolo da amizade entre a Oomoto e a Legião da Boa Vontade.

Aproveitando sua passagem pelo Rio de Janeiro, o senhor Maeda conheceu as instalações da unidade educacional da Obra, na zona norte da cidade. “Com grande prazer e honra visitei a escola da LBV. Pude ir a cada sala onde crianças estudam e brincam para que sejam bem educadas, felizes, práticas na sociedade, para que se tornem pes-soas maduras com as condições ne-cessárias, como crianças de Deus”, escreveu no livro de depoimentos.

Professor Maeda: “Eu me senti mais próximo da LBV”.

O professor Maeda, membro

da Associação Internacional dos Escritores Esperantistas (EVA) — órgão ligado à Associação Uni-versal de Esperanto —, publicou na revista oficial da Oomoto no Japão, com circulação de mais de 100 mil exemplares em todo o país do sol nascente, um artigo intitulado “Doutor Paiva Netto e a LBV”. No texto, o Missionário descreve seu marcante encontro com o líder da Instituição, durante o evento de comemoração dos 17 anos do Templo da Boa Vontade. Ao falar sobre o assunto, salientou: “Ele é um escritor cujas obras são best-sellers, com milhões de exemplares vendidos. Ele é também compositor de música clássica”.

Sobre o trabalho social da Legião da Boa Vontade, frisou: “(...) A ação da LBV tem muito contribuído no campo educa-cional, cultural, comunicação de massa, religioso (em especial o inter-religioso), não somente no país de origem, mas também no estrangeiro. Atualmente a LBV é uma das maiores orga-nizações. A Instituição consi-dera importante o princípio do Ecumenismo, acolhendo todas as organizações, a exemplo da católica, espírita, umbandista, xintoísta, budista etc., indepen-

Paulo César Pereira, Esperantista e Legio-nário da Boa Vontade.

dentemente de suas doutrinas e seitas. Além disso, a LBV, desde sua fundação, introduziu a lín-gua internacional Esperanto e tem contribuído em favor do movimento esperantista”.

Ao término, pontuou: “Este homem que ampara milhões de habitantes no Brasil foi, em con-traste à dinâmica da ação, uma pessoa gentil, simpática e muito doce. Após este encontro, eu me senti mais próximo da LBV”. O profes-sor Maeda dispo-nibilizou também a matéria no portal da Oomoto.

E no mês de mar-ço, por ocasião das comemorações dos 66 anos de Paiva Netto, o representante da Oomoto no Brasil e na América do Sul, gentilmente, encaminhou ao homenageado um tankao, tipo de poema tradicional japonês, para felicitá-lo pela data: “Eis que agora/ desabrocham as flo-res brancas de umê*/ em terras brasileiras,/ mil anos após o ilimitado/ e mui espinhoso sofri-mento”.

A Quinta Guia Espiritual da Oomoto, em um dos locais sagrados na sede da instituição oriental, com o quadro que recebeu de presente retratando o Conjunto Ecumênico da LBV, em Brasília/DF, Brasil. Paiva Netto gentilmente enviou-o por intermédio do sr. Shigeki Maeda. No alto da imagem, observam-se as fotos dos fundadores da religião japonesa.

João

Pre

da

Divu

lgaç

ão

Page 72: BOA VONTADE 217

72 | BOA VONTADE

Resultados da 1a Feira de

Inovações Rede Sociedade

Solidária promovida pela LBV,

com suporte da ONU, serão

apresentados a chefes de

estado em Genebra (Suíça), no

mês de julho/2007.

Manter a Paz e a segurança no mundo, promover o progresso social, melhorar os padrões de vida e cuidar

dos direitos humanos são algumas das principais funções da Organi-zação das Nações Unidas (ONU). Para viabilizar essas ações, a ONU instituiu seis órgãos principais, entre eles o Conselho Econômico e Social (Ecosoc), que, além de atuar ao lado do governo dos países, tem aproximado a sociedade civil de seus quadros há 10 anos, principalmente nos dois últimos, quando se verifi-cou que só desta forma se poderá garantir o cumprimento dos Oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).

Tornar realidade esse apoio além do nível governamental requereu parâmetros novos da ONU. Em cumprimento a essas reformas no organismo, discutidas na última Assembléia Geral, o Ecosoc ganhou a função da Revisão Ministerial Anual (Annual Ministerial Review — AMR), que entre as novas ativida-des trouxe a Innovation Fair (Feira de Inovações).

Globalizando Nações Unidas

nobres AçõesDanilo Parmegiani e Leila Marco

Apoio: Realização:

Page 73: BOA VONTADE 217

A Legião da Boa Vontade (LBV), na vanguarda desta mudança, pro-moveu em diversas cidades a 1ª Feira de Inovações Rede Sociedade Solidária — com apoio do Centro de Informações das Nações Unidas no Brasil (UNIC-Rio) e o suporte do Departamento de Assuntos Socio-econômicos (UN/DESA), da Sede da ONU em Nova York. O objetivo foi compartilhar boas práticas que possam ser multiplicadas como no-vas tecnologias sociais e estimular alian ças estratégicas intersetoriais que otimizem os impactos de trans-formação na sociedade.

Lançada em Porto Alegre em 13 de março, a iniciativa obteve a ade-são de representantes de centenas de entidades de classe, universidades, movimentos religiosos e de juven-tude, fundações, órgãos públicos e organismos internacionais.

O conjunto de eventos foi realiza-do no mês de março em Brasília/DF, São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, e nos workshops regionais em Porto Alegre/RS, Belo Horizonte/MG, Aracaju/SE, Santos/SP e em Buenos Aires/Argentina.

Esta ação foi considerada pioneira pela sra. Hanifa Me-zoui, Chefe da Seção de Orga-nizações Não-Governamentais (NGO Section) do Conselho

Hanifa Mezoui, Chefe da Seção de Organi-zações Não-Governamentais (NGO Section) do Conselho Econômico e Social (Ecosoc)

O Secretário-Geral da Organi-zação das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, deu os parabéns à Legião da Boa Vontade, no último dia 9 de março, pelo trabalho que realiza à frente de programas e projetos socioeducacionais. Re-presentantes da LBV entregaram, em mão, ao Secretário-Geral o documento oficial que mostra as ações que vêm sendo realizadas há quase 60 anos pela LBV em favor da mulher.

O documento, traduzido pela ONU em seus seis idiomas oficiais (Inglês, Francês, Espanhol, Russo, Chinês e Árabe), apresenta as boas práticas desenvolvidas pela Instituição no Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Por-

Dr. Ban Ki-moon, Secretário-Geral da ONU, parabeniza a LBV

nobres Ações À esquerda, Danilo Parmegiani, da LBV, e o Dr. Ban Ki-moon.

tugal e Estados Unidos.Delegações de dezenas de países

estiveram reunidas, de 26/2 até 9/3, na sede das Nações Unidas, para debater o tema “A eliminação de todas as formas de discriminação e violência contra as meninas”. O encontro teve o objetivo de fazer uma avaliação das políticas nacionais a fim de garantir o cum-primento da Declaração dos Direi-tos das Mulheres e das Meninas. A declaração na íntegra pode ser encontrada no site oficial da ONU (documents.un.org), digitando-se o símbolo de busca E/CN.6/2007/NGO/33. Os sites www.lbv.org.br e www.boavontade.com também dis-ponibilizam a versão completa em Português e nos referidos idiomas.

Abaixo, a reprodução do documento elaborado pela LBV e traduzido pelas Nações Unidas nos seus seis idiomas oficiais. Na próxima edição da BOA VONTADE, confira a repercussão das iniciativas da Legião da Boa Vontade na ONU.

Chinês

Espanhol

Francês

InglêsÁrabe

Russo

Adria

na R

ocha

Alzi

ro B

raga

Page 74: BOA VONTADE 217

74 | BOA VONTADE

Econômico e Social (Ecosoc), au-toridade máxima para as entidades da sociedade civil dentro da Orga-nização. “Quero congratular-me ainda mais com vocês porque estão fazendo do Brasil o primeiro país a promover a Innovation Fair com abrangência nacional. (…) Desejo levar o resultado desse trabalho para a AMR Innovation Fair, que o Ecosoc promoverá em julho, du-rante a Reunião do Alto Segmento das Nações Unidas, em Genebra (Suíça), e mostrar aos chefes de estado, conselhos ministeriais e demais participantes. Eles desejam ver o que tem sido feito em âmbito

nização da 1ª Feira de Inovações Rede Sociedade Solidária. A LBV tem feito um trabalho tremendo e eu quero agradecer por ter participado de um evento dessa envergadura. Em diversas apresentações hoje, aqui, aprendi muito com os pales-trantes. Fiquei impressionada com os projetos”.

Esta edição da Feira foi desta-que em rede nacional pelo A Voz do Brasil (distribuído pela Agência Brasil para TV, internet e rádio) e internacional pela Rádio ONU (de Nova York/EUA), além da Folha On-line, Correio Brazi-liense, O Sul, O Globo On-line, o Portal da ABI, Jornal do Brasil (Coluna da jornalista Hildegard Angel), JB On-line, O Estado do Paraná, O Sul e O Dia; as TVs Nacional, Bandeirantes e Band News; as rádios Nacional, Bandeirantes AM e News FM, CBN (Brasília), Tupi, Eldorado AM e Manchete e milhares de outras importantes mídias.

O Coral Ecumênico Infantil LBV apresentou-se em todos os locais, como um sopro de esperança, da geração que cresce já com a cons-ciência de Fraternidade planetária. Na oportunidade, o Jovem Legio-nário Alziro de Paiva, representou o Diretor-Presidente da Instituição, José de Paiva Netto, levando a men-sagem do dirigente da Legião da Boa Vontade, especialmente escrita para o encontro.

O sorriso da Dra. Michele Fedoroff com as crianças do Coral Ecumênico Infantil

LBV, que deu as boas-vindas à repre-sentante da ONU, em São Paulo/SP. A reportagem com a visita dela aos

centros educacionais no Brasil pode ser lida na página 82.

Rede Sociedade Solidária Estendendo sua própria rede de

ações socioeducacionais, a LBV, a fim de melhor contribuir para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, pro-postos pela ONU, fomenta a Rede Sociedade Solidária, iniciativa que visa convergir o trabalho de organi-zações de variados segmentos sob a bandeira da Solidariedade, a partir de ações intersetoriais, envolvendo o esforço conjunto e cooperativo do governo, de empresas socialmente responsáveis e da sociedade civil. Atua em uma esfera regionalizada para possibilitar a inclusão das comunidades locais no desenvolvi-mento socioeconômico sustentável. Para isso, promove encontros, de-senvolve relacionamentos e motiva ações conjugadas e colaborativas em torno de causas comuns e mais amplas.

Alziro de Paiva

internacional. E aqui está a LBV, com status consultivo geral desde 1999, conquistando seu assento e trazendo tudo isto”.

O documento a que se refere a sra. Hanifa foi fechado com a con-tribuição de cerca de mil lideranças participantes da Rede Sociedade So-lidária (Veja quadro ao lado) durante a Feira de Inovações. A lista dessas organizações encontra-se publicada no sites da LBV e do Portal Boa Vontade (www.lbv.org.br e www.boavontade.com).

A Dra. Michele Billant-Fe-doroff representou oficialmente o Departamento de Assuntos Socio-econômicos das Nações Unidas na série de eventos. E em suas palestras, deu um panorama da Organização e de como a sociedade civil pode interagir com a ONU. Para ela, “as práticas regionais, como esta orga-nizada pela Legião da Boa Vontade, identificarão as políticas bem-suce-didas que farão parte do repertório de boas práticas na implementação das Metas do Milênio”. Segundo Fedoroff, “a marcha contra a ex-trema pobreza no Brasil avançou consideravelmente e o país está no caminho de reduzir pela metade o número de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia até 2015”. Apesar disso, ressaltou, as diferenças sociais ainda são muito grandes.

Em entrevista, destacou a re-levância da empreitada que se realizava ali: “Congratulo-me com o senhor José de Paiva Netto e a Legião da Boa Vontade pela orga-

Nações Unidas

Clay

ton

Ferr

eira

João

Pre

da

Page 75: BOA VONTADE 217

Aspecto parcial do auditório Austregésilo de Athayde, no ParlaMundi da LBV, durante a abertura da Feira de Inovações Rede Sociedade Solidária, na capital federal.

BOA VONTADE | 75

Na capital federal, o evento ocorreu no dia 20 de março nos diversos espaços do Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumê-nica (ParlaMundi da LBV), su-perlotando o local. Militantes e líderes dos mais variados setores e representantes do governo bra-sileiro — Senado Federal, Câ-mara dos Deputados e Executivo — discutiram o tema Parcerias Globais para o Desenvolvimento — Fortalecendo esforços para a erradicação da pobreza e da fome, seguindo orientação do Ecosoc de compartilhar boas práticas que possam ser multiplicadas.

Muitas autoridades estiveram presentes, a exemplo do Presiden te do Conselho Nacional de Assis-tência Social (CNAS), Professor Silvio Iung, que comentou o papel

da feira: “Quero saudar efetiva-mente mais um encontro que a LBV promove, em parceria com tantas organizações, para o enfrentamen-to destas chagas da Humanidade: a pobreza e a fome. Acredito que o aproveitamento de inovações e de parcerias seja a solução para o nosso próprio Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Obri-gado à LBV pela iniciativa, pelo convite e esforço que tem feito pelo País”.

A primeira-dama do Distrito Fe-deral, a sra. Marianne Vicenthini Arruda, ressaltou a oportunidade que se cria mesmo para aquelas pessoas que não se organizaram em associações: “Gostaria realmente de agradecer ao dirigente da LBV que, há quinze anos, quando comecei um trabalho de ajuda às mulheres

a Solidariedade Ecumênicaintersetorial

Em Brasília

artesãs de fundo de quintal, vocês foram os primeiros a abrir as portas para nos oferecer esse espaço, para que elas pudessem ter a primeira possibilidade de apresentar os seus produtos”.

Da mesma forma, enalteceu o Senador Mozarildo Cavalcanti (Roraima) durante o Jornal do Se-nado, distribuído pela Radiobrás:

Professor Silvio Iung, Presidente do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), palestrou no evento.

João

Pre

daJo

ão P

reda

Page 76: BOA VONTADE 217

76 | BOA VONTADE

“Essa inclusão traz para a América Latina os olhos das Nações Unidas. A ONU tem, hoje, na LBV, uma par-ceira prioritária, primordial, nesse combate à pobreza”. E completou, posteriormente, em outra entrevis-ta: “A LBV é precursora na área do Terceiro Setor, é campeã nisso. Cumprimento a Legião da Boa Vontade, na pessoa do Paiva Netto, por esse e por todos os outros even-tos que vem realizando ao longo da sua história”. O Senador Sérgio Zambiasi (Rio Grande do Sul) comentou: “Precisamos que gran-des instituições com credibilidade, como é o caso da LBV, assumam essa liderança e proponham o uso destes meios modernos para que os braços da Solidariedade possam realmente cobrir os espaços que es-tão descobertos, chegando à popu-lação mais sofrida. A LBV é a casa de todos nós, é democrática, cristã, ampla, que nos oferece este grande horizonte de Solidariedade”.

Para o Deputado Federal Beto Albu-querque (Rio Gran-de do Sul): “Está na hora de globalizar a Solidariedade, a preocupação com o outro. A experiência de muitos anos da LBV mostra que é possível todos nós — cada um do seu jeito, modo, crença — fazermos alguma coisa”.

Na parte da manhã, foram ex-postos os painéis temáticos, com representação intersetorial que contaram com a moderação de Lylia Galetti, do Ministério do Meio Ambiente; Alzira Vieira, do Sebrae; e Arlete Sampaio, do Mi-nistério de Desenvolvimento Social (MDS). Neles foram apresentados os trabalhos de cada organização em relação ao tema da Feira de Inovações.

À tarde, o evento transferiu-se para o segundo subsolo do Parla-

Sérgio Zambiasi Beto Albuquerque Lylia Galetti Alzira Vieira Arlete Sampaio

Nações Unidas

Na capital gaúcha, que foi a primeira cidade bra-

sileira a sediar a Feira de Inovações, em 13 de março, o encontro ocorreu no

Centro Comunitário e Educacional da LBV, com a participação dos seguintes palestrantes: Dr. Carlos Manoel Farias, Superintendente da

Companhia Nacional de Abastecimento (Conab-RS); de Clódis Xavier Silva, executivo do Instituto

Gerdau — Gestor do Fundo Pró-Infância dos Profissionais da Gerdau Brasil; e de Paulo Albu-

querque, Doutor em Sociologia, especialista em Terceiro Setor e professor da Univer-

sidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Aspecto parcial dos es-tandes que apresentaram projetos e soluções de tecnologias sociais.

Perly Cipriano

No estande da Pastoral da Criança, da es-querda para a direita, Dayane Mônica da Silva (voluntária da Pastoral da Criança), Dra. Michele Fedoroff, Eliane Maria (da LBV) e Vânia Lúcia Ferreira Leite, Assessora Inter-nacional da Pastoral da Criança/CNBB e Conselheira do CNAS.

Foto

s: Jo

ão P

reda

João

Pre

daJo

ão P

reda

Lucian Fagundes

Aylton Gomes

Page 77: BOA VONTADE 217

BOA VONTADE | 77

Mundi, da LBV, onde 20 estandes de diversos segmentos mostraram seus projetos. A Feira contou ainda com apresentações culturais e, em segui-da, os participantes seguiram para os workshops, que foram divididos em três subtemas: “Educação”, “Meio Ambiente” e “Emprego e Renda”.

Ao final do dia foi aberta a Ex-posição “Faça a Diferença” (Quadro ao lado). A mostra apresentou oito conceituados artistas radicados na capital federal, que se utilizaram de diferentes técnicas para instigar os observadores, levando-os a reflexões sobre os Oito Objetivos de Desen-volvimento do Milênio. Esta cole-tiva itinerante será levada a várias cidades brasileiras e ao Exterior.

Marianne Vicenthini Mozarildo Cavalcanti

Em Buenos Ai-res/Argentina, no dia 14

de março, com o apoio do Fó-rum do Setor Social, na Fundação

Navarro Viola, o acontecimento teve a participação de dezenas organizações

da sociedade civil, governamentais e empresariais e foi estruturado com

apresentações de painéis e oficinas de reflexão e intercâmbio. Destaque para a presença do Vice-Ministro

do Desenvolvimento Social da Nação, Dr. Daniel

Arroyo.

Metas do MilênioAs oito

em telasexpostas na Galeria de

Arte do TBV

1o Objetivo — Acabar com a fome e a

miséria. Obra: Amor, o princípio da vida.

Artista: Hermínia Metzler

2o Objetivo — Educação básica de qualida-

de para todos. Obra: Educação de qualida-

de para todos. Artista: Adauto Pereira

3o Objetivo — Igualdade entre sexos e valori-

zação da mulher. Obra: Igualdade e paz entre

homens e mulheres. Artista: Darlan Rosa

8o Objetivo

— Todo

mundo traba-

lhando pelo

desenvol-

vimento.

Obra: Todos

Trabalhando.

Artista: Naza-

ré Martins

5o Objetivo — Melhorar a saúde das

gestantes. Obra: O contato com a natureza

melhora a saúde das gestantes. Artista:

Marlene Godoy

6o Objetivo — Combater a aids, a malária

e outras doenças. Obra: Solidário. Artista:

Omar Franco

4o Objetivo — Reduzir a mortalidade

infantil. Obra: Promessa para Viver.

Artista: Toninho de Souza

7o Objetivo

— Qualidade

de vida e res-

peito ao meio

ambiente

Obra: Boa

semente,

bons frutos,

raízes sólidas.

Artista: Zello

Visconti

Arqu

ivo

BV

Page 78: BOA VONTADE 217

78 | BOA VONTADE

A LBV convidou diversos representan-

tes da sociedade civil para o workshop em Santos/SP, dia 17,

visando obter sugestões e idéias para a AMR Innovation Fair. Palestraram, na oportunidade, a psicóloga Juliana Assef

Pierotti, coordenadora da Agência de Mobilização Social; Patrícia Limeres, do Instituto Cultural Usiminas (Usicultura);

Célio Nori, Coordenador do Fórum da Cidadania; e Márcio Lara, Se-

cretário de Governo da Pre-feitura de Santos.

Os trabalhos da Feira realizaram-se na capital paulista, no Conjunto Educacional da Instituição, em 22 de março. Além do tema principal, outro assunto ganhou destaque: a Educação, considerada a chave prin-cipal para diminuir as desigualdades. Neste particular, a representante das Nações Unidas afirmou que recursos do governo brasileiro “melhoraram o ín-dice de alfabetização por todo o país, (...) de 91,8% em 1990 para 96,6% em 2003. Outra boa notícia é o índice primário dessa implementação na Educação, cresceu de 86% de 90 e 91, para 97% em 2002 e 2003. Entretanto, apenas 35% dos jovens do Brasil conseguem se formar no Ensino Médio, resultando em uma lacuna de habilidades considerável no mercado de trabalho”, explanou a Dra. Michele, mostrando que ainda há muito que se fazer.

A cerimônia, que foi muito concorrida, uniu autoridades e um público plural, das mais variadas áreas do pensamento e campos de atuação para discutir esses fatos.

O representante do dirigente da LBV, Alziro de Paiva, explicou em suas boas-vindas como aquele local de ensino era próprio para esse debate: “Meu pai, nesses mais de 50 anos de trabalho na LBV, sempre foi um grande e incansável lutador

pela Educação, com a Pedagogia do Cidadão Ecumênico, uma proposta sua aplicada, com sucesso, em todos os estabelecimentos de ensino da Instituição, sob o lema ‘Aqui se estu-da. Formam-se Cérebro e Coração’. Metodologia que tem por objetivo desenvolver os educandos em sua totalidade, de forma que as relações humanas possam ser aprimoradas com base nos valores éticos, sociais e espirituais”.

O combate à desigualdade social, que pode evitar que muitos sejam empurrados à marginalidade, foi alvo de comentário do Presidente da Comissão Municipal de Direitos Humanos, ex-Ministro da Justiça, Dr. José Gregori. “É com muita emoção que aqui compareço. Já me habituei, desde Brasília, nos tempos difíceis de governo, pelo

menos, uma vez a cada seis meses visitar os amigos da Legião da Boa

Nações Unidas

A escola como ferramenta de inclusão é o foco em SP

Dani

el Tr

evisa

n

Clayton Ferreira

Page 79: BOA VONTADE 217

Carla

Môn

ica

BOA VONTADE | 79

Vontade. E mais uma vez estou aqui para renovar o meu respeito e o meu apoio aos trabalhos desse movi-mento que realmente é construtivo no Brasil. E hoje particularmente a gente pôde comprovar com os olhos, com os ouvidos, quase que pode pegar o que esse movimento faz de concreto, não só através da oração, através do melhor que temos que é a possibilidade de levar o nosso pensamento, isso já seria muito. Mas também no plano dos fatos, no plano concreto de atuação. Essas crianças tão afinadas, tão felizes de ter encontrado uma possibilidade de progresso e de integração na vida, são uma demonstração dessa outra parte de atuação da Legião da Boa Vontade.

“Fiquei muito feliz em saber dos esforços, dos trabalhos da Legião de Boa Vontade, levando ao conhe-cimento de todos um programa dos mais importantes das Nações Uni-das: as metas do milênio. A ONU vê que elas têm eco, na América Latina, numa cidade como São Paulo, por-que a LBV está empenhada para que o Brasil dê a sua contribuição, sobretudo um país como o nosso que está atravessando uma crise de violência extremamente gra-ve e preocupante. O jeito para sair de uma crise como essa é exatamente desenvolver pro-gramas de abrangência social como o das metas do milênio e não deixar de fazer as orações e a

elevação de pensa-mento que a Legião de Boa Vontade faz. E não esquecer que a criança tem de ser uma priorida-de de todos. Como disse muito bem o líder da LBV, Paiva

Netto: ‘Criança faz bem aos olhos. Criança faz bem ao coração!’”, concluiu.

Para o Primeiro-Secretário da Câmara Municipal de São Paulo, o Vereador e jornalista José Américo Dias (São Paulo), a empreitada só merece elogios: “É um prazer dar o meu testemunho sobre a importância da LBV liderar esta luta. Fico feliz que a Legião da Boa Vontade, com esta tradição, com esta competência, possa assumir este papel de combate à pobreza, à miséria, na nossa cida-de e no nosso País. Porque a LBV tem uma excelência no atendimento, um afeto que se vê nas obras, que não atende apenas às necessidades básicas, que faz a formação integral da pessoa. Hoje, precisamos fazer isso para que jovens encontrem um caminho saudável, sem violência, crime”.

O Deputado Estadual Apareci-do Sério da Silva (São Paulo) fez coro: “A Feira é tão maravilhosa, meritória, que só poderia acontecer

Dr. José Gregori José Américo Dias Aparecido Sério da Silva

A capital mineira foi palco da Feira de

Inovações no dia 14. O evento teve a participação especial do Dr.

Tomáz de Aquino Resende, Procurador de Justiça e Coordenador do Centro de

Apoio Operacional ao Terceiro Setor (Caots) do Ministério Público de Minas Gerais; Dr. Anfilófio Salles, Presidente da Fundação Acesita; Dr. Márcio José Ferreira, Presi-dente da Associação dos Deficientes

Físicos de Betim/MG e membro do Conselho Nacional de

Assistência Social.

primeiro nesta Casa, a LBV, que conheço e freqüento. O professor Paiva Netto, efetivamente, ajuda a mudar o mundo, a transformá-lo para melhor, tenho convicção disto. O trabalho que é feito aqui — do ponto de vista ecumênico, de elevar o Espírito, de trazer a Palavra de Jesus com uma ação efetiva de res-gatar vidas, de educar crianças — é absolutamente necessário”.

Além de palestras e cases, com grande troca de experiências de projetos que alcançaram êxito no âmbito do Terceiro Setor, o evento em São Paulo teve a par-ticipação especial dos estudantes de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e dos alunos do Instituto de Educação José de Paiva Netto (IEJPN), que elaboraram uma mostra cultural sobre os Oito Ob-jetivos do Milênio, demonstrados em fotos, vídeos, colagens, ma-quetes, recortes e músicas.

A escola como ferramenta de inclusão é o foco em SP

Dani

el Tr

evis

an

Dani

el Tr

evis

an

Dani

el Tr

evis

an

Dani

el Tr

evis

an

Page 80: BOA VONTADE 217

80 | BOA VONTADE

Dois dias depois, foi a vez do Centro Educacional, Cultural e Comunitário da Legião da Boa Von-tade, na capital fluminense, reunir lideranças de vários setores, com en-foque na ação comunitária por meio de parceiros socioeconômicos.

Um Mutirão de Cidadania e Saú-de abriu as atividades da Innovation Fair, com variados atendimentos de saúde. A ação ofereceu também serviços de beleza (corte de cabelo, manicure e pedicure), oficinas de geração de renda; orientações jurí-dicas e sobre Meio Ambiente, além de palestras educativas diversas. Para a criançada, show de mágica e aplicação de flúor.

Apoiaram o mutirão o Cen-tro Universitário Augusto Motta — Unisuam, Universidade Celso Lisboa, Corbi (Centro de Orienta-ção e Reabilitação Beneficente de Inhaúma), Ação Comunitária do Brasil, Coordenadoria Controle de Vetores, a organização Assistên-cia à Família, saúde e cidadania, CEAD, Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, Arte e Natureza, Assistência à Família, Saúde e Cidadania, Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Co-mercial), Apiberj (Associação dos profissionais do Instituto de Bele-za do Estado do Rio de Janeiro), Comunidade em Ação, Salão Irmã

Mutirão de cidadania e saúdemarca Feira no Rio

Nações Unidas

e Sustentabilidade; João Oliveira, Secretário-Adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Social e Trabalho; João Paulo Ribeiro, Conselheiro do CNAS; José Antônio Martins Alves, Presidente do Conselho de Assistên-cia Social do DF; José Eurípedes da Silva, Chefe Adjunto de Comunicação e Negócios da Embrapa; Lúcia Fernanda Kaingang, Diretora Executiva do Instituto Indígena Brasileiro (Inbrapi); Luciana Bareicha, professora da Faculdade de Educação do Juscelino Kubitschek e representante do Instituto Círculo de Giz; Luiz Roberto, Diretor da ONG Ação e Esperança; Lylia Galetti, do Ministério do Meio Ambiente; Maria Helena Alcântara de Oliveira, Vice-Presidente da APAE/DF e Coordenadora Nacional da Educação Profissional das APAES; Michelline Carvalho, Analista social do Instituto Marista de Solidariedade; Paulo Bareicha, Coordenador do Projeto Teatro Ecopedagógico do Instituto Círculo de Giz; Perly Cipriano, Subsecretário da Secretaria Especial de Direitos Humanos (Secretaria ligada à Presidência da República); Roselma Cavalcante, Gerente da Área Social do Instituto Cultural e Profissionalizante; Rossana Pavanelli, Mestre em gestão empresarial e Sócia-Diretora da Hoje/Emp Consulting;

Sandra Madeira, Coordenadora do Projeto Mulheres Empreendedoras Arrodeando Brasília; Sidiclei Patrício, Secretário Executivo do Consórcio Social da Juventude do Ministério do Trabalho e Emprego; Silas Leite, Conselheiro Representante do Ministério das Relações Exteriores; Sônia Maria Silva, Cooperativa Cem Dimensão; Sônia Shuitek, Gerente da Caixa Cultural de Brasília; Vanessa de Castro, da UnB; e Vânia Lúcia Ferreira Leite, Assessora Nacional da Pastoral da Criança CNBB e Conselheira do CNAS.

São Paulo/SP — Carlos Rogério de Carvalho Nunes, Conselheiro do CNAS e Secretário de Políticas Sociais da Central Única dos Trabalhado-res (CUT); Dora Silvia Cunha Bueno, Presidente da Associação Paulista de Fundações de São Paulo/SP; João Santo, Conselheiro do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA); Lúcia Bludeni, Presidente da Comissão do Direito do Terceiro Setor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Seção-SP; Marcelo Roberto Monello, Presidente do Conselho Municipal de Assistência Social (Comas); Marcos

Agradecimento — Em nome do Diretor-Presidente da LBV, José de Paiva Netto, agradecemos ainda a presença de outras destacadas autoridades que prestigiaram a 1ª Feira de Inovações Rede Sociedade Solidária:

Brasília/DF — Antonieta Contini, Gerente de Empreendedorismo Social do Sebrae/DF; Carlos Vogado, Coordenador do Programa Picasso não-Pichava; Carmem Lima Maria T.F.Oliveira Lima, Assessora da Presidência do Instituto de Integração Social e Promoção da Cidadania (Integra); Carolina Maria Ribeiro da Silva, Coordenadora do projeto da ONG Cata-Ventos; Dilma Moraes, Gerente Social do Instituto Marista de Solidariedade; Dione Melo da Silva, Supervisora da Área de Comunica-ção e Negócios da Embrapa; Gilney Viana, titular da Secretaria Nacional de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável; Gina Marine Ferreira, Coordenadora do Programa Cozinha Brasil do SESI; Izabel Cristina Bruno Bacellar Zaneti, professora da Faculdade de Educação da UnB e Doutora em Desenvolvimento Sustentável/UnB – Educação Ambiental

Idalina Cecília de Paiva (coorde-nadora Valdete Trotta), Superin-tendência de Políticas de Prevenção à Dependência Química/CEAD, Secretaria Municipal de Saúde — SMS — Controle de Vetores e Voluntários da LBV.

O sr. Carlos dos Santos, do Centro de Informações das Nações Unidas no Brasil (UNIC-Rio), comentou o significado maior do acontecimento: “Esta Feira Social é de extrema importância por estar diretamente em sintonia com o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas e terá muitas dicas práticas de como avançarmos na in-clusão social. Esse trabalho da LBV

Clay

ton

Ferr

eira

Page 81: BOA VONTADE 217

Verô

nica

Ale

xand

re

BOA VONTADE | 81

Em Aracaju/SE, o workshop ocorreu no Audi-

tório da Escola do Legislativo, no dia 15, e contou com palestras de Maria

Luci Silva, Presidente do Instituto Recrian-do e representante do Fórum Estadual de De-fesa dos Direitos da Criança e do Adolescente

(Fórum DCA-SE), e da professora Magaly Nunes de Gois, da Universidade Tiradentes (Unit). Pre-sentes também ao encontro Mariana Sarmento

Netto da Silva, Representante do Grupo Empresarial Gbarbosa, e Sônia Meire

Santos de Jesus, Secretária Adjunta da Secretaria Estadual de Assistência

Social, Trabalho e Combate à Pobreza.

Dra. Michele Fedo-roff, representante da ONU, acompanha os resultados da oficina de geração de renda. No destaque, um exemplo dos atendimentos sociais prestados na ocasião: o de corte de cabelo.

Deise GravinaPedro Prata César Bastos

Da esquerda para a direita: Eliel Brum e Sílvia Vitro, representan-tes da LBV; Dr. Carlos dos Santos, Diretor da UNIC Rio; e Pedro Paulo Torres, articulador junto ao Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Gonçalves, Conselheiro do CNAS e Presidente do Conselho Gestor da Associação para a Valorização e Promoção de Excepcionais (AVAPE); Mário Valsechi, Gerente do escritório do Sebrae Região Norte de São Paulo; Sérgio de Oliveira, Coordenador do Fórum Paulista de Prevenção e Erradi-cação do Trabalho Infantil de São Paulo; e William Lisboa, Coordenador do Fórum de Assistência Social do Município de São Paulo. Rio de Janeiro/RJ — André Santos, representando o Governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral; Hylton Luz, Presidente da Organização Homeopatia Ação; Professor José Remízio Garrido, Reitor do Unisuam; Jurema da Silva Batista, Presidente da Fundação para a Infância e Adolescência (FIA); Lia Blower, Diretora de Comunicação e Marketing do Setor Instituto Comércio Ético e Solidário; Maria Emília do Nascimento, Presidente do Instituto Tecnoarte; professor Paulo César, Reitor do Centro Universitário Celso Lisboa; Rubens Andrade, Vereador; e Sérgio Bastos, Mobilizador Social da Ação Comunitária do Brasil.

é altamente relevante, porque o Estado, por si só já não pode fazer tudo, o cidadão tem de, cada vez mais, se envolver e se preocupar com o dia-a-dia do seu País”.

O representante do Oi Futuro — Telemar, Pedro Prata, confirmou o pensamento de responsabilidade social que vem crescendo nas em-presas: “É uma grande satisfação participar do evento da LBV, que é uma instituição superséria e que, antes da gente, já realizava um tra-balho reconhecido e de grande força para o País. (...) A gente acredita que só acontecerão o desenvolvi-mento e a justiça social quando

diferentes pessoas e organizações se unirem”.

Deise Gravina, Presidente da Federação das Instituições Bene-ficentes (FIB), afirmou que este diálogo que se estabelece é o anelo de uma nova Humanidade: “Quan-do a LBV e a ONU promovem um encontro desse, ele justamente vem ao encontro dos anseios que todos nós temos, seja ele do primeiro, do segundo ou do terceiro setor”.

O Coordenador do Centro de Referência à Diversidade Religiosa

(CRDR), César Bastos, fez refe-rência semelhante: “É um prazer repetir esse compromisso com a LBV. As Metas do Milênio são uma forma de as organizações, as tradições religiosas e todas as pessoas interessadas em viver em um mundo melhor se organizarem. Essa iniciativa não poderia ser de outra entidade, até porque é pela LBV que se tem o Ecumenismo, com o saudoso Alziro Zarur (1914-1979). (...) A LBV solidifica essa Rede de Solidariedade”.

Clay

ton

Ferr

eira

Clay

ton

Ferr

eira

Clay

ton

Ferr

eira

Clay

ton

Ferr

eira

Clay

ton

Ferr

eira

Sim

one

Barr

eto

Page 82: BOA VONTADE 217

82 | BOA VONTADE

FRATERNIDADEroteiro de Paz e

Representante da ONU

conhece o trabalho

de quatro centros de

excelência da LBV

Nações Unidas

Acostumada a viajar pelo mundo a servi-ço da Organização das Nações Unidas

(ONU), a Dra. Michele Billant-Fedoroff, que representou ofi-cialmente o Departamento de Assuntos Socioeconômicos da ONU na 1a Feira de Inovações Rede Sociedade Solidária, pro-movida pela Legião da Boa Vontade (LBV) (leia reportagem completa na página 72), chegou ao Brasil no dia 19 de março para um enriquecedor roteiro. Além dos compromissos preestabele-cidos da Feira, reservou parte do seu tempo para aprofundar seu contato com as ações da LBV em Brasília/DF, São Paulo/SP, Glorinha/RS e Rio de Janeiro/RJ. O que ela viu e sentiu está em resumo nesta matéria.

No Templo da Boa Vontade, a Espiritualidade Ecumênica

Depois de integrar o evento que se realizaria na capital federal, a Dra. Michele, dia 20, conheceu o Templo da Boa Vontade (TBV), monumento erguido à Paz e ao entendimento entre todos os povos. Ficou impres-sionada com a arquitetura do am-biente, registrando aquele momento com fotos. Com muito respeito e solenidade, bebeu da Água Fluidi-ficada e, ao chegar diante do Trono e Altar de Deus, leu o pensamento do Diretor-Presidente da LBV, José de Paiva Netto: “Todo dia é dia de renovar o nosso destino”, exposto ali em diversas línguas, entre elas o francês, seu idioma natal.

Na Sala Egípcia, outro notável espaço do TBV, a representante da ONU ressaltou a fidelidade das reproduções das peças encontradas

no ambiente, pela semelhança com as originais do antigo Egito. Nada passava despercebido a seus olhos, mesmo os detalhes, como os impres-sos distribuídos em vários pontos do Templo em diferentes idiomas, bem como a expressiva presença das embaixadas na Galeria de Arte, onde podem ser vistos presentes artísticos da cultura de muitos países.

Na Fonte do TBV, resumiu o sentimento que vivenciou, próximo à escultura francesa de Jesus, o Cristo Ecumênico: “Eu acabei de ter um passeio espiritual pelo TBV e acredito que temos aqui todos os elementos da Paz e da harmonia que podem ajudar na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio no mundo. Fiquei muito impressionada com toda a estrutura, do ponto de vista da arquitetura e da Espiritualidade. É surpreendente ter

Clay

ton

Ferr

eira

Page 83: BOA VONTADE 217

BOA VONTADE | 83

FRATERNIDADEPaz

expressado todos os elementos de crenças e princípios em um único lugar”.

Para ela, “é preciso um homem incrível (a exemplo de Paiva Netto) para ter uma idéia tão brilhante e concretizá-la em tamanha estru-tura”.

Com as crianças da LBV em São Paulo, o incentivo a prosseguir

Na tarde seguinte, a Dra. Michele já estava na capital paulista visitando o Conjunto Educacional da Legião da Boa Vontade, onde foi caloro-samente saudada pelos meninos e meninas do Coral Ecumênico In-fantil LBV. Em inglês, os pequenos cantores entoaram a música Bem-Vinda à nossa escola. Uma criança a presenteou com um cartão espe-cial, confeccionado pelos próprios

alunos durante suas atividades. “Obrigada pelas boas-vindas”, disse a homenageada, e completou: “Agradeço pelo jeito lindo de vocês cantarem e por cantarem com tanta fluência em inglês”. Fez questão de posar para fotos abraçada à garo-tada: “Eu guardarei a imagem de todos vocês na minha mente e em meu coração”, afirmou.

Após a apresentação, percorreu os ambientes da Supercreche Jesus e do Instituto de Educação da LBV. A cada passo, mostrava-se mais encan-tada com o serviço socioeducacional da Instituição: “Levarei para Nova York o que vocês fizeram para mim hoje. Falarei para as pessoas o quanto me encorajaram a continuar fazendo meu trabalho, por causa desta imagem linda”.

A Dra. Michele esteve nas salas de aula, enfermaria, refeitórios,

consultório dentário, laboratórios de informática e de química, física e biologia, a biblioteca, e testemunhou: “As crianças têm muita sorte de freqüentar a LBV”. A qualidade das dependências e os amplos jardins levaram-na novamente a notar: “Tudo isso só poderia ter vindo de um homem de grande visão, que é o Paiva Net-to”. E registrou no Livro de Opi-niões: “Eu fiquei admirada com o trabalho realizado pela LBV com as crianças carentes da cidade de São Paulo. Esta escola da Legião da Boa Vontade torna essas crian-ças menos favorecidas em alunos muito privilegiados, dando a elas a oportunidade de receber a melhor educação do País. Desejo muito sucesso em suas vidas e futuros esforços. Quero reiterar meu pro-fundo respeito pela LBV”.

Depois de a representante da ONU ter conhecido o Lar e Parque da LBV, o dirigente da Legião da Boa Vontade a recebeu ao som do Hino Nacional francês, o que a deixou muito emocionada. O anfitrião conversou com a ilustre visitante na língua-pátria (França) dela.

Dra. Fedoroff na Nave do Templo da Paz, em Brasília/DF.

“Esta escola da Legião da Boa Vontade torna essas crianças

menos favorecidas em alunos muito privilegiados, dando a

elas a oportunidade de receber a melhor educação do país.

Eu desejo muito sucesso em suas vidas e futuros esforços. E

quero reiterar meu profundo respeito pela LBV.”

João

Pre

da

Luci

an F

agun

des

Daniel

Trev

isan

Page 84: BOA VONTADE 217

84 | BOA VONTADE

Ao centro, a representante da ONU posa para foto com os jovens do Grupo Raízes do Rio Grande, da LBV, que mostraram à visitante um pouco da tradição e dança gaúchas.

Encontro em bom francêsCoroando esses encontros,

o principal ocorreria em Glori-nha/RS, em 23 de março, quando a cultura e a tradição gaúchas uniram-se a símbolos maiores da França, terra natal da visitante, para saudá-la. O dirigente da LBV a recebeu, depois de a representan-te da ONU ter conhecido o Lar e Parque Alziro Zarur, com o Hino Nacional francês, La Marseillaise, o que a comoveu profundamente. Em francês, Paiva Netto a saudou e, quase que instantaneamente, um descontraído bate-papo desenvol-veu-se, em que foram discorrendo sobre experiências dos dois países. A Dra. Michele, agradecendo a gentil acolhida, fez um pedido ao anfitrião: “Que você continue com a sua grande missão aqui no Brasil e no mundo”.

Na ocasião, ela pôde conver-sar com alguns dos guris e gostou muito do suporte que os meninos têm na Instituição. “Este é um

ambiente perfeito para a inte-gração familiar”.

Durante a recepção, assistiu ao espetáculo do Grupo Raízes do Rio Grande, formado por jovens da Obra, que fez apresentações das danças Eu Sou do Sul, Chimarrita, Balaio, Dança dos Facões e a Chu-la, com a participação do pequeno chuleador Emanuel Wolff Raber (9 anos), que veio de Cambará do Sul/RS especialmente para a ceri-mônia. Ela ainda recebeu das mãos do Soldadinho de Deus Guilherme Caetano (8), um kit com itens tra-dicionais da cultura gaúcha.

A Dra. Fedoroff mostrou-se admirada pela natureza local e a qualidade dos profissionais que pre-param os meninos para a reinserção social. Ela também conversou com os professores David Cafruni e Mara Fernandes, do Programa Ambiental Esfera Azul, da Universi-dade Luterana do Brasil (Ulbra), par-ceira da Legião da Boa Vontade. A conversa girou em torno da Agenda

21 e dos programas e projetos desen-volvidos pelas duas Organizações na aplicação de práticas eficazes à sociedade.

Na despedida de Glorinha, fez mais um registro: “Estive visitan-do a LBV, conhecendo as ativida-des e os programas que o sr. Paiva Netto tem desenvolvido. Quase no fim da minha visita conheci a fon-te de energia, desse dinamismo e o homem com o coração e o cére-bro que tem conseguido expandir essa maravilhosa Organização e esses programas que levam tan-ta alegria para tantas crianças, famílias e idosos. Espero que o Presidente Paiva Netto possa continuar com esse trabalho por muitas e muitas décadas”.

No último lugar que esteve antes de viajar para Nova York, ocasião em que pôde ver as ações do Centro Educacional, Cultural e Comunitário da Instituição, na capital flumi-nense, deixou uma mensagem de incentivo: “Os programas da LBV são impressionantes. Espero que possam expandir ainda mais esse trabalho, conhecimento e habilidade para outros países e, isso, é o que encoraja a ONU. Levarei para as Nações Unidas, para os governos e participantes daquela Feira (AMR — Genebra, Suíça) o que são os programas da LBV, que merecem ser apresentados no Conselho Econômico e Social em julho, a fim de influenciar, de transmitir suas histórias de sucesso para outras organizações no mundo”.

“Levarei para as Nações Unidas, para os governos e participantes daquela Feira (AMR

— Genebra, Suíça) o que são os programas da LBV, que merecem ser apresentados no

Conselho Econômico e Social em julho, a fim de influenciar, de transmitir suas histórias de

sucesso para outras organizações no mundo. “

Dra. Michele Billant-Fedoroff

Nações UnidasLu

cian

Fag

unde

s

Page 85: BOA VONTADE 217

Danie

l Tre

visan

BOA VONTADE | 85

Assim que chegou a Nova York (EUA), depois de cumprir sua agen-da de viagens pelo Brasil, a Dra. Michele Billant-Fedoroff, Chefe Adjunta da Seção de ONGs/De-partamento de Assuntos Socioeco-nômicos da ONU, escreveu uma correspondência ao dirigente da LBV, na qual releva as impressões que teve ao participar da 1a Feira de Inovações Rede Sociedade Solidária e de conhecer as quatro unidades-modelo da Legião da Boa Vontade. Abaixo, a mensagem escrita em 27 de março de 2007:

“Prezado Senhor Paiva Netto,“Eu gostaria de congratular-me

com o senhor e com a Legião da Boa Vontade pelo grande sucesso e pelos resultados concretos da Feira de Inovações Rede Sociedade Solidária realizada por todo o Brasil durante

este mês e encerrando-se no dia 24 de março de 2007, no Rio de Janeiro. Em nome do meu Departamento e da Senhora Hanifa Mezoui, Chefe da Seção de ONGs, eu representei as Nações Unidas em alguns des-ses encontros e foi um grande prazer ter tido a oportunidade de encontrar-me com o senhor e ter uma frutífera troca de visões sobre assuntos que serão debatidos no Conselho Econômico e Social, em sua próxima sessão (em julho, Genebra/Suíça).

“Eu continuo particular-mente impressionada com o seu profundo comprometi-mento com a implementa-ção dos Objetivos de De-senvolvimento do Milênio

Dra. Michele escreve ao líder da LBV

e com os esforços desenvolvidos pelo senhor e sua equipe, sob sua hábil supervisão, de engajar, no setor da educação, iniciativas con-cretas com outros atores da socie-dade civil, incluindo setor privado. Estou muitíssima encantada, pois, por meio dos eventos que o senhor organizou e pelos esforços da sua Instituição, vi o fortalecimento de uma coerente estrutura e uma plataforma de desenvolvimento contínuo, de capacitação e rede com foco nos assuntos da educação e, particularmente, nos setores nos quais crianças ainda são afetadas pela pobreza e a fome.

“Eu percebo a necessidade de termos organizações como a LBV trabalhando em relacionamento próximo com as Nações Unidas, visto que a ONU sozinha não pode resolver os assuntos em questão na atualidade. Espero ansiosamente fortalecer a cooperação entre nos-sas duas Instituições, especialmen-te dando prosseguimento imediato por meio de projetos de parceria a fim de fortalecer a contribuição da sociedade civil aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

“Por favor, aceite, Senhor Paiva Netto, meus mais sinceros agradeci-mentos e a garantia das minhas mais elevadas considerações”.

Ao término, despediu-se escre-vendo em francês:“Eu espero ter o prazer de revê-lo em um futuro pró-ximo e ter o prazer de conversar com o senhor em minha língua materna, que o senhor domina bem.

“Sinceramente,“Michele Fedoroff

“Chefe Adjunta da Seção de ONGs/Departa-mento de Assuntos Socioeconômicos da ONU”.

“Estou muitíssima encantada,

pois, por meio dos eventos que o

senhor (Paiva Netto) organizou e

pelos esforços da sua Instituição, vi

o fortalecimento de uma coerente

estrutura e uma plataforma de

desenvolvimento contínuo, de

capacitação e rede com foco

nos assuntos da educação e,

particularmente, nos setores nos

quais crianças ainda são afetadas

pela pobreza e a fome.”

A S S I M Q U E C H E G O U A O S E U A ,

Page 86: BOA VONTADE 217

no que se refere à primeira e oitava metas que refletem, respectiva-mente, sobre o combate à pobreza e a importância de fomentar par-cerias globais em prol do desen-volvimento sustentável.

Ressaltou que, em seu diálogo, a Dra. Michele descreveu o inesquecí-vel momento em que foi recebida no Lar e Parque Alziro Zarur, da LBV, em Glorinha/RS, ao som do Hino Nacional da França. Acrescentou que conversou em francês durante todo o tempo com o líder da LBV e contou ainda todas as impressões que teve ao visitar as obras da Le-gião da Boa Vontade.

Outro ponto que ela destacou à Dra. Hanifa foi a visita que fez na Fundação José de Paiva Netto, quando viu os jovens atuantes no trabalho, o que, conforme afirmou, reflete a liderança de Paiva Netto. Gostou muito também do termo Espiritualidade Ecumênica e real-mente entendeu o que viria a ser esse estágio de evolução do Espírito ao conhecer o Templo da Boa Vontade, em Brasília/DF.

Ao término de nossa conversa, a Dra. Hanifa pontuou: “Está vendo, Conceição! Ela voltou aos Estados Unidos, mas o coração e a mente dela ficaram no Brasil”. A Chefe da Seção de ONGs no Ecosoc também manifestou sua vontade de visitar a Legião da Boa Vontade, o que pretende fazer brevemente.

vações Rede Sociedade Solidária.Ela enfatizou que levará esse

resultado positivo das Feiras pro-movidas pela LBV para as discus-sões em Genebra (Suíça), no mês de julho, como recomendações de práticas bem-sucedidas para garantir o cumprimento dos Oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), principalmente

Estive com a Dra. Hanifa Me-zoui, Chefe da Seção de Organiza-ções Não-Governamentais (NGO Section) do Ecosoc, e com a Dra. Michelle Fedoroff, na Sede das Nações Unidas, na tarde de 31 de março. Assim que cheguei ao escri-tório, Hanifa veio ao meu encontro e, visivelmente feliz, disse já estar ciente do sucesso da 1a Feira de Ino-

Sede das Nações Unidas

Arqu

ivo

BV

Arqu

ivo

BV

86 | BOA VONTADE

Dra. Hanifa: “Michele voltouaos EUA, mas o coração e a mente

dela ficaram no Brasil.”

Conceição de AlbuquerqueDe Nova York/EUA

Nações Unidas

Page 87: BOA VONTADE 217
Page 88: BOA VONTADE 217

Mais frutas, verduras e

legumes. É o essencial para a

composição de um cardápio

menos calórico e mais nutritivo.

Sal, açúcar e gordura devem

ser moderados.

Fonte: Ministério da Saúde

Alimentaçãosaúdeetodo dia

Saúde

88 | BOA VONTADE

Phot

oDis

c

Page 89: BOA VONTADE 217

O aumento das taxas de sobre-peso e de obesidade no mun-do inteiro tornam a adoção de uma dieta saudável um

tema cada vez mais preocupante para autoridades, profissionais de saúde e para a própria população, pelas graves conseqüências que uma alimentação inadequada pode trazer à saúde. Conhecer o papel de determinados alimentos no fun-cionamento do corpo, evitar outros ricos em açúcar, gorduras e sal e saber a melhor forma de compor as refeições contribui bastante para uma rotina com mais saúde.

“Uma alimentação saudável deve ser saborosa, variada, colori-da, acessível do ponto de vista físico e financeiro, equilibrada em quan-tidade e qualidade e segura sanita-riamente”, explica Dillian Goulart, consultora técnica da Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde. Para ela, em um país como o Brasil, com vasta diversidade natural e cul-tural, uma dieta balanceada deve se basear em hábitos alimentares regio-nais e que atendam às necessidades nutricionais de cada fase da vida. “O adjetivo balanceada refere-se ao equilíbrio entre as quantidades dos diferentes grupos de alimentos que precisam estar presentes em nossa rotina. E é importante que as pessoas tenham acesso à infor-mação sobre como deve ser esse equilíbrio”, observa.

Guia alimentar para a população

Para ajudar os profissionais de saúde a informar o brasileiro sobre a importância de se adotar uma alimentação saudável, o Ministério da Saúde lançou no ano passado o Guia Alimentar para a População Brasileira. Esta publicação é dis-tribuída a profissionais de saúde e também está disponível no portal do Ministério (www.saude.gov.br/nutricao). O Guia classifica os alimentos por grupos, divididos de acordo com os nutrientes presentes em sua composição e o papel des-tas substâncias para o organismo. O grupo das frutas, legumes e verduras, por exemplo, apresenta como nutrientes predominantes as vitaminas e os minerais.

Grupos de alimentos em cada refeição

Segundo os profissionais de saúde, de maneira geral, uma re-feição deve conter de duas a três porções de alimentos do grupo de cereais, raízes e tubérculos; uma porção do grupo dos feijões e ou-tros alimentos vegetais ricos em proteínas; de duas a três porções de frutas, legumes e verduras e uma de carne, peixe ou ovo. Reco-menda-se que a carne tenha pouca

gordura e que se dê preferência às preparações cozidas, assadas ou grelhadas, em vez das fritas.

Quantidade de refeições diárias

Além do conteúdo das refeições, o número também deve ser balance-ado. Os nutricionistas indicam três refeições diárias, intercaladas por pequenos lanches.

Café da manhã e lanchePara iniciar a rotina, os nutricio-

nistas sugerem um café da manhã saudável, que garanta a energia necessária à realização das ativi-dades durante todo o dia, com ce-reais, raízes e tubérculos — fonte principal de energia — e alimentos do grupo do leite e derivados. Aos adultos, aconselha-se escolher leite e derivados com quantidades menores de gordura. As frutas também são indicadas como parte de um café da manhã saudável e podem ser consumidas na sua forma natural ou como salada de frutas ou sucos.

Para os lanches, uma fruta, um

Os nutricionistas indicam três

refeições diárias, intercaladas

por pequenos lanches.

Alimentaçãosaúdetodo dia

Page 90: BOA VONTADE 217

Saúde

iogurte sem açúcar, um sanduíche natural sem maionese ou uma fa-tia de bolo caseiro sem cobertura constituem alternativas considera-das saudáveis. “Pode-se variar os tipos de frutas ou de ingredientes, mas é preciso procurar sempre aqueles com menores quantidades de gordura, sal e açúcar”, assinala Dillian Goulart.

Almoço e jantarPara o jantar, recomenda-se uma

refeição mais leve que o almoço, já que à noite, geralmente, o ritmo das atividades diminui e o metabolismo do corpo torna-se mais lento. Em conseqüência disso, a digestão e a absorção dos alimentos tendem a demorar mais e a ser mais difíceis, principalmente em caso de uma refeição pesada. Verduras e legu-mes refogados, cereais integrais — como arroz ou macarrão com um molho de tomate — ou um san-duíche natural são boas alternativas para esta refeição. É importante também não exagerar na quantida-de de alimentos consumida à noite, pois as calorias em

excesso podem ser acumuladas sob forma de gordura corporal.

A adoção de uma alimenta-ção saudável — aliada a hábitos como a prática regular de ativi-dades físicas —, a moderação no consumo de bebidas alcoólicas e não fumar contribuem para evitar doenças muito perigosas, como a obesidade, a hipertensão, a dia-bete e o câncer. Esses problemas provocam a morte de milhares de brasileiros todos os anos e geram enormes custos para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Integrais, diet e light na quantidade certa

Uma alternativa para dietas especiais, os alimentos diet e light precisam ser consumidos com mo-deração. Ao contrário do que muita gente pensa, esses produtos não podem ser consumidos livremente e, em excesso, também engordam.

Alimentos diet são especial-mente formulados para grupos da população com condições específi-cas de saúde. Diet é o alimento do qual algum nutriente foi totalmente retirado, como ocorre com produtos sem açúcar, destinados a diabéti-cos. A linha light reúne alimentos

com a quantidade de algum nutrien-te ou valor ener-gético (calórico) reduzido, quando comparado a ou-

tro na versão con-vencional. É o caso de um iogurte com

redução de 30% de gordura. Tanto os ali-

mentos diet quanto light podem não ter

necessariamente o conteúdo de açúcar ou de energia reduzido; po-dem ter alteradas as quantidades de gordura, proteínas, sódio e outros componentes. Por essa razão, deve-se ler atentamente os rótulos com a composição dos produtos.

Uma boa pedida para uma dieta balanceada são os alimentos integrais, que sofreram menos processamento industrial. Por este motivo, mantêm preservados vários nutrientes, como fibras, vitaminas e minerais. Se consumidos em quan-tidades adequadas, alimentos como arroz e pão integral ajudam no con-trole do peso. Uma das funções das fibras — presentes nos alimentos integrais e em frutas, verduras e legumes — é reduzir a sensação de fome, contribuem para o bom fun-cionamento do intestino e ajudam a diminuir a absorção de gorduras e açúcares pelo organismo.

Um produto muito presente em restaurantes naturais e que também merece atenção em seu consumo é o açúcar mascavo, aquele de cor mar-rom. Embora mais saudável que o açúcar refinado, continua sendo um açúcar. Sua composição de glicose é a mesma que a do açúcar branco. Por isso, os diabéticos devem evitá-lo, e também o mel e o melado.

Fuja da gordura trans Restaurantes, lanchonetes e

fabricantes de alimentos do mundo

90 | BOA VONTADE

Page 91: BOA VONTADE 217

inteiro vêm mudando seus cardápios e a receita de alguns de seus pratos por conta de substâncias conhecidas como gorduras trans. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina que todos os alimentos tragam em sua embalagem a quantidade de gordura trans presente em suas fórmulas.

Formada por um processo de hidrogenação, as gorduras trans servem para melhorar a consistên-cia e aumentar a vida de prateleira de alguns produtos. O aspecto crocante de certos biscoitos, por exemplo, vem do uso desse tipo de gordura. O consumo excessivo de alimentos ricos em gorduras trans tende a aumentar o coles-terol total e o colesterol “ruim” (LDL) e a diminuir os níveis de colesterol “bom” (HDL). A con-seqüência dessas alterações no sangue, a longo prazo, pode ser a formação de placas nas artérias (aterosclerose) e o surgimento de doenças como infarto e derrame cerebral.

Felizmente, há uma preocupa-ção e uma tendência por parte da indústria de alimentos e de alguns restaurantes no mundo inteiro, principalmente de grandes redes, de substituir gradualmente a gordu-ra trans por outro tipo de gordura em seus produtos, para causar menos danos à saúde da popula-ção”, observa a consultora técnica

Dillian Goulart, do Ministério da Saúde. “É importante investir em pesquisas sobre maneiras de tornar os alimentos industrializados mais saudáveis”, ressalta.

O Ministério da Saúde vem construindo propostas de pactos com as indústrias de alimentos

para redução do teor de alguns nu-trientes nos seus produtos, como o sódio, largamente consumido pela população brasileira e que contri-bui para o aumento dos níveis de pressão arterial, que pode levar à hipertensão e a outras doenças crônicas.

BOA VONTADE | 91

Page 92: BOA VONTADE 217

Trago aos leitores da revista BOA VONTADE uma importante matéria, pu-blicada no site do Instituto

Nacional de Câncer (INCA/MS), que atenta para um grave proble-ma de saúde pública: o câncer de próstata, que já é a segunda causa de óbito em homens, per-dendo apenas para os casos da doença no pulmão. Esclarece o trabalho em questão que “o aumento observado nas ta-xas de incidência pode ser parcialmente justificado pela evolução dos m é t o d o s diagnósti-cos , pe la me lhoria na q u a l i d a d e dos sistemas

Walter Periotto

de informação do país e pelo aumento na expectativa de vida do brasileiro”. Na seqüência, de forma didática, são fornecidas as informações principais para a prevenção e os cuidados do mal. Fique atento!

“Fatores de risco — Assim como em outros cânceres, a idade é um fator de risco importante, ganhando um significado espe-cial no câncer da próstata, uma vez que tanto a incidência como a mortalidade aumentam expo-nencialmente após a idade de 50 anos. A influência que a dieta pode exercer sobre a gênese do câncer ainda é incerta, não sendo conhecidos os exatos componen-tes ou através de quais mecanis-mos estes poderiam estar influen-ciando o seu desenvolvimento. Contudo, já está comprovado que uma dieta rica em frutas,

verduras, legumes, grãos e cereais integrais, e com menos gordu-ra, principalmen-te as de origem

animal, não só pode ajudar a diminuir

o risco desta doença, como também de ou-

tras.”

SintomasOs principais são: o hábito de levantar várias vezes à noite para urinar, dificul-dade no ato de urinar e dor à micção.

Diagnóstico

É feito pelo exame clínico (toque retal) e pela dosagem do antígeno prostático específico (PSA, sigla em inglês), que podem sugerir a existência da doença e indicarem a realização de ultra-sono-grafia pélvica (ou prostática transretal, se disponível). Esta ultra-sonografia, por sua vez, poderá mostrar a necessi-dade de se realizar a biópsia prostática transretal.

A escolha deve ser individualizada e de-finida após discutir os riscos e benefícios do tratamento com o seu médico.E finaliza o documento explicando que, em vias gerais, “o Instituto Nacional de Câncer recomenda que o controle do câncer da próstata seja baseado em ações educativas voltadas em primeiro lugar à população masculina, alertando sobre os sinais e sintomas iniciais do mal, estimulando-os a procurar uma unidade de saúde tão logo sejam notados; e aos profissionais de saúde, atualizando-os sobre os sinais de alerta para suspeição deste câncer e os procedimentos de encaminhamento para o diagnóstico precoce dos casos”.

Tratamento

Prevenindo oCâncer de Próstata

Dani

el Tr

evis

an

Saúde

92 | BOA VONTADE

Page 93: BOA VONTADE 217
Page 94: BOA VONTADE 217

Leve o pássaro até seu ninho

“Quem pensa que criança é boba é que é bobo!” ensina o educador Paiva Netto. E para provar esse pensamento, ele criou vários espaços onde a garotada pode falar o que pensa e principalmente sugerir soluções para os problemas do mundo, tendo como fundamento o Evangelho e o Apocalipse de Jesus, o Cristo Ecumênico. Desta forma, surgiu o Fórum Internacional dos Soldadinhos de Deus, da LBV. Uma festa especial, com debates, oficinas, brincadeiras, música e atividades culturais. O Fórum está em sua 4a edição com o tema Família, o Princípio da Paz e teve sua conclusão no dia 31 de março.

O Soldadinho de Deus Igor dos Reis

Salomão, 13 anos, de São Bernardo do Campo/SP, não perdeu tempo e já escreveu sobre a importância deste evento:

“Eu estive no Fó-rum dos Soldadinhos de Deus para cantar, participar das Aulas de Moral Ecumênica,

encontrar os outros Soldadinhos de Deus, porque somos todos amigos na

LBV.Um soldado sempre luta pelo seu objetivo!

E eu, como Soldadinho de Deus, luto pelo meu, que é levar a todos o Novo Mandamento de Jesus: ‘Amai-vos como Eu vos amei’. Um Man-damento que aplico a cada ato do meu dia”.

IV Fórum Internacional dos SoLdadInhoS de deuS, da LBV.

Trisavô Brás da Silva, 96 anos, bisavó Maria Dalva da Silva, avó Kárita Cardoso Viana, papai Thiago Cardoso Viana e eu, Joaquim José da Fonseca Viana, 1 ano.

5 gerações juntas no ideal da LBV

Igor dos Reis Salomão

Arqu

ivo

pess

oal

94 | BOA VONTADE

Page 95: BOA VONTADE 217

(1) Gilvan Ribeiro, Rio de Janeiro/RJ, (2) da esquerda para a direita Alan Augusto Ferreira de Sousa, 5 anos, Emanuel de Lucas Conceição de Sousa, 7 meses, a vovó Francisca Pinheiro de Sousa, Ismael Mateus Conceição de Sousa, 7 meses, Querem Happuc Conceição de Sousa, 8 anos, e Aurilete Ricardo Conceição de Sousa, 4 anos, São Paulo/SP, (3) Emmanuel Fernandes Santos, 7 anos, Rio de Janeiro/RJ, (4) Michael Vinicius, 12 anos, e Leticia Emmanuely Valim de Lima, 6 anos, Indaiatuba/SP e (5) Larissa Geovana de Carvalho Rodrigues, 6 anos, e Milena Geovana de Carvalho Rodrigues, 2 anos.

disse Jesus: deixai vir a mim as criancinhas, e não as impeçais, porque

delas é o Reino de deus. (Evangelho de Jesus, segundo Marcos, 10:14)

Qual a Sombra do Cão?

Res

p.: 3

.

Page 96: BOA VONTADE 217

Quem é essa mulher/ Que canta sempre esse estri-bilho/ Só queria emba-lar meu filho/ Que mora

na escuridão do mar/ (...)/ Quem é essa mulher/ Que canta como dobra um sino/ Queria cantar por meu menino/ Que ele já não pode mais cantar.”

Angélica: o que antes fora uma canção escrita por Chico Buarque à estilista Zuzu Angel (1921-1976) em virtude do desa-parecimento de seu filho Stuart Angel Jones (1946-1971), hoje expande seu significado a tantas outras mães e tantos outros pais. Quem consegue se tranqüilizar não sabendo o paradeiro de seus filhos? Quantas mães não ficam acordadas até tarde da noite pre-ocupadas porque simplesmente seus filhos não ligam avisando onde e com quem estão? Anda-mos na rua com medo de tudo e de todos. Somos uma sociedade que declarou estado de pânico. E um dos principais fatores disso é algo que ultimamente não distin-gue faixa etária, condição social, gênero, etnia ou região. Quem não se preocupa com ela? Pois é... A ameaça da violência tem tirado o sossego da população mundial.

O 3o Relatório sobre os Direitos

Quemnão se

preocupa?

Josué Ben-Nun, graduando em História pela USP, é militante da Juventude Ecumênica da LBV.

Clay

ton

Ferr

eira

96 | BOA VONTADE

Ação Jovem LBV

Page 97: BOA VONTADE 217

Humanos no Brasil, lançado dia 16 de março de 2007, pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV), da Universidade de São Paulo (USP), demonstrou que não houve um úni-co Estado sem registros de graves violações entre 2002 e 2005, refle-tindo a tão próxima e triste realidade a que assistimos todos os dias.

Paulo Mesquita Neto, coor-denador do relatório, afirmou à Agência Reuters em 15 de março que “há um recesso no desenvol-vimento de políticas de direitos hu-manos, que contribui para o déficit de democracia e o crescimento da violência, insegurança e injustiça em todas as regiões do país”. Há de se concordar que existe um proble-ma estrutural. Contudo, é preciso questionar se, ao sanar isso, teremos a almejada paz social. O jornalista José de Paiva Netto certa vez afir-mou: “O problema não é mais de leis, porém de homens”.

O estudo constatou que crian-ças e adolescentes são de maneira crescente vítimas de violência praticada por armas de fogo. Nas áreas urbanas, a violência fatal continua a atingir de forma intensa e desproporcional os jovens do sexo masculino, moradores das áreas ca-rentes das grandes cidades e regiões metropolitanas. De 2000 para 2004, as mortes por homicídio por 100 mil habitantes entre jovens de 15 a 24 anos aumentaram de 26,71 para 27,01. Apesar de uma redução de 12,20% na Região Sudeste, as taxas de homicídio por 100 mil habitantes entre jovens dessa mesma faixa etária aumentaram nas Regiões Sul (33,6%), Nordeste (19,9%), Norte (21,8%) e Centro-Oeste (1,4%).

Apesar do quadro alarmante, o Brasil dá demonstrações de que

quer mudanças efetivas já! A comoção tomou conta do país nos recentes casos do menino João Hélio, 6 anos, no Rio de Janeiro, e da menina Priscila Aprigio, 13 anos, em São Paulo. O Povo foi às ruas, unido, protestar contra essas situações. Para reverter esse panorama deplorável, é preciso obviamente arrancar o mal pela raiz. Paiva Netto nos convida a descobrir tal origem em seu artigo escrito à Folha de S. Paulo, em 1980: “Todos estão profundamente preocupados com a brutalidade que campeia no orbe; à cata de uma solução para pelo menos diminuir a violência, que saiu dos lugares ocultos, das noites escuras e tomou as ruas, invadiu mentes e lares, veio para a luz do sol. Esquecem-se, porém, de que, se há violência, não é só problema dos governos, das organizações policiais, mas principalmente um desafio para todos nós, sociedade. Se ela saiu da noite escura e veio mostrar-se à luz do dia, é porque habita o íntimo das criaturas. Existindo nas almas e nos corações, far-se-á presente onde estiver o Ser Humano”.

Sua contribuição não termina aí. Seguramente afirma que a derra-deira solução só pode encontrar-se em Deus, o Ser Supremo, Onipo-tente, Onipresente, Onisciente e Onidirigente, que não é invenção neuroquímica. Como nada é por acaso, vale destacar a emoção que envolveu aqueles que foram à Igreja da Candelária, em homenagem ao Espírito Eterno (porque os mor-tos não morrem) de João Hélio. As pessoas, superlotando o local, clamavam por justiça, numa missa que, no dizer do veterano jornalista

Hélio Fernandes, “foi rezada pelo próprio Criador do Universo.” Na sua coluna na Tribuna da Imprensa, do dia 21 de fevereiro, ainda escre-veu: “O clima de medo e de horror que se transformou em paixão tinha que ter inspiração e vontade divina. (...) A crueldade não foi esquecida. Mas através dela se manifestou a beleza da solidariedade”.

E essa tem sido a grande ban-deira da Legião da Boa Vontade (LBV), que há quase sessenta anos vem unindo o Povo, por um Brasil melhor e por uma Humanidade mais feliz, despertando nos cora-ções a vivência da Fraternidade do Novo Mandamento de Jesus, o Cristo Ecumênico. Essa é a mais eficaz ferramenta capaz de resol-ver os problemas que afligem as criaturas. Somente transformando as Almas humanas para melhor acabaremos com tanta barbaridade que mancha a história do Planeta Terra como um todo. Por isso, é tão oportuno concluir com esse pen-samento do Diretor-Presidente da LBV: “Cuida do Espírito, reforma o Ser Humano. E tudo se transfor-mará”. Pense nisso...

Momento de emoção e fé na Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro/RJ.

BOA VONTADE | 97

Paulo Araújo/ Agência O Dia

Page 98: BOA VONTADE 217

98 | BOA VONTADE

Variedade

Para comemorar os 10 anos da Rádio Nativa (95,3 FM), completados em 10 de março, o Coral

Ecumênico Infantil LBV esteve um dia antes da data nos estúdios da emissora e, com seu canto, homenageou os funcionários, levando vários deles às lágrimas. No ensejo, as crianças levaram também um bolo e entoaram o tradicional Parabéns pra Você!, apagando as velas com o pessoal da emissora.

A apresentadora Tatiana Fra-guas Hovoruski, que comanda o programa Hora mais paixão Na-tiva, exibido naquele horário, tam-bém recebeu o carinho dos meninos e meninas da LBV e autografou um postal personalizado da rádio para cada pequenino. “Essas crianças conseguiram me tocar. O trabalho que vocês fazem é campeão em audiência do coração, uma coisa que qualquer pessoa sonha em fazer. Quero parabenizar o Paiva

Netto por esse serviço maravilhoso, é um homem honrado, do Bem. Se eu tivesse um chapéu aqui (lá na minha terra a gente tira o chapéu para as pessoas de bem), tiraria para ele agora”, comentou a apre-sentadora.

Outro que ficou encantado com o presente foi o Diretor Artístico da Nativa, o apresentador Murilo Júnior: “A LBV realmente é um exemplo, é nossa parceira e sem-pre será. Vamos estreitar ainda mais esse relacionamento. A LBV é um orgulho para o Brasil. Paiva, um abraço a você. Parabéns por esse trabalho! Sabemos o quanto é difícil num País como o nosso ter força para levar à frente um projeto tão bonito e importante. Conte sempre conosco”.

Ao término da visita, o Coral Ecumênico Infantil LBV ainda gravou no estúdio uma partici-pação especial, que foi ao ar no horário das 13h30.

Alguns dias depois do aniver-

sário da Rádio Nativa, a locutora Tatiana veio, em nome da equipe, à Supercreche Jesus e ao Instituto de Educação José de Paiva Netto, da LBV, na capital paulista (Av. Rudge, 700, Bom Retiro), em retribuição à amável visita.

Crianças da LBV comemoram

Roberta Assis

os 10 anos da Rádio Nativa

Estúdio da emissora em São Paulo/SP

Vivi

ane

Prop

heta

Page 99: BOA VONTADE 217
Page 100: BOA VONTADE 217

Novo CR-VLiberdade é ser você mesmoNovo CR-V