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08/04/2014 1 Engenharia Bioquímica Prof. Marília Magalhães Gonçalves Universidade Federal de São João Del Rei Vias metabólicas Metabolismo Soma de todas as reações químicas dentro de um organismo vivo Catabolismo – quebra de compostos orgânicos complexos em compostos mais simples Geralmente são reações de hidrólise e liberam energia Ex: quebra de açúcares em CO 2 e água Metabolismo Anabolismo – construção de moléculas orgânicas complexas a partir de moléculas mais simples Normalmente consomem energia e liberam água Ex: formação de proteínas a partir de aminoácidos, ácidos nucleicos a partir de nucleotídeos, polissacarídeos a partir de açúcares simples Geram materiais para o crescimento celular Funcionamento das células Para manutenção da vida, as células realizam trabalho Este trabalho se relaciona à síntese de compostos celulares, transporte de substâncias através das membranas, manutenção da pressão osmótica da célula, movimento celular... Funcionamento das células A energia para os processos vitais da célula é extraída por meio de reações bioquímicas a partir da degradação de substratos (catabolismo) e é canalizada e consumida para a síntese de moléculas (anabolismo) Moléculas são decompostas para que sua energia e matéria sejam aproveitadas para a síntese de outras moléculas que formarão a célula, suas organelas e membranas

Aula 5 - Vias Metabólicas

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BIOQUÍMICA

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  • 08/04/2014

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    Engenharia Bioqumica

    Prof. Marlia Magalhes Gonalves

    Universidade Federal de So Joo Del Rei

    Vias metablicas

    Metabolismo

    Soma de todas as reaes qumicas dentro de

    um organismo vivo

    Catabolismo quebra de compostos orgnicos

    complexos em compostos mais simples

    Geralmente so reaes de hidrlise e liberam

    energia

    Ex: quebra de acares em CO2 e gua

    Metabolismo

    Anabolismo construo de molculas orgnicas

    complexas a partir de molculasmais simples

    Normalmente consomem energia e liberam gua

    Ex: formao de protenas a partir de aminocidos,

    cidos nucleicos a partir de nucleotdeos,

    polissacardeos a partir de acares simples

    Gerammateriais para o crescimento celular

    Funcionamento das clulas

    Para manuteno da vida, as clulas

    realizam trabalho

    Este trabalho se relaciona sntese de

    compostos celulares, transporte de

    substncias atravs das membranas,

    manuteno da presso osmtica da

    clula, movimento celular...

    Funcionamento das clulas

    A energia para os processos vitais da clula

    extrada por meio de reaes bioqumicas a partir

    da degradao de substratos (catabolismo) e

    canalizada e consumida para a sntese de

    molculas (anabolismo)

    Molculas so decompostas para que sua energia

    e matria sejam aproveitadas para a sntese de

    outras molculas que formaro a clula, suas

    organelas e membranas

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    Figura 1: Relao entre sntese e degradao de molculas pelas clulas (Fonte: Serpa e Porto, 2005)

    Nutrio dos microrganismos

    As necessidades nutricionais dos

    microrganismos variam conforme sua

    capacidade de sintetizar os constituintes

    celulares a partir de nutrientes simples

    Entretanto, todos necessitam de gua, fontes

    de energia, carbono, nitrognio e elementos

    minerais

    Um grande nmero de microrganismos

    tambm necessita de suprimento de oxignio

    Fontes de energia

    A energia necessria aos microrganismos pode

    ser fornecida pela luz ou pela oxidao de

    substncias qumicas

    Essa energia estocada na forma de energia

    de ligao qumica, biologicamente utilizvel

    Ligao anidridofosfrica do trifosfato de

    adenosina (ATP), formada pela fosforilao do

    difosfato de adenosina (ADP)

    Fontes de energia

    Organismos quimiotrficos - extraem a energia

    livre de compostos orgnicos e inorgnicos

    presentes no meio por meio de reaes

    exergnicas e a transferem para reaes

    endergnicas

    Organismos fototrficos utilizam energia da luz

    solar para realizao de reaes fotoqumicas

    exergnicas

    Fontes de energia

    Organismos quimiotrficos - extraem a energia

    livre de compostos orgnicos e inorgnicos

    presentes no meio por meio de reaes

    exergnicas e a transferem para reaes

    endergnicas

    Organismos fototrficos utilizam energia da luz

    solar para realizao de reaes fotoqumicas

    exergnicas

    Fontes de carbono

    Clula tpica contm cerca de 50% de sua massa

    seca em carbono

    Elemento necessrio para a biossntese de diversos

    constituintes celulares, como carboidratos,

    protenas, lipdeos, cidos nuclicos

    A forma de utilizao se relaciona com aquela

    empregada pelo microrganismo para suprimento

    de energia

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    Fontes de carbono

    Organismos autotrficos - tem capacidade de

    sintetizar algumas ou todas as suas subunidades

    monomricas, intermedirios metablicos e

    macromolculas a partir de molculas simples

    como CO2 e NH3

    Organismos heterotrficos precisam adquirir

    alguns de seus nutrientes do ambiente. Utilizam

    compostos mais complexos como fontes de

    carbono

    Figura 2. Classificao dos organismos quanto s suas fontes de energia (vermelho) ecarbono (azul) (Fonte: de Serpa e Porto, 2005)

    Trifosfato de adenosina (ATP)

    Energia livre e armazenada e transportada

    pela clula na forma qumica

    ATP uma molcula altamente energtica

    que funciona como carreador de energia e

    intermedirio nas reaes bioqumicas dos

    organismos

    Moeda energtica

    Trifosfato de adenosina (ATP)

    Alta energia se deve a grupo fosfato

    terminal

    Transfere grupo fosfato a molculas

    receptoras que so ativadas resultando em

    ADP (adenosina difosfato)

    ADP reciclado em reaes exergnicas

    voltando a ser ATP

    Trifosfato de adenosina (ATP)Transporte de substncias atravs da membrana

    Membrana plasmtica define os limites da

    clula mantendo as diferenas necessrias

    entre citoplasma e meio

    Bicamada lipdica no miscvel com o

    lquido extracelular nem com o intracelular

    Barreira entrada ou sada de gua e

    outras substncias da clula

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    Transporte de substncias atravs da membrana

    Entretanto, as clulas necessitam adquirir do

    meio compostos necessrios biossntese e

    produo de energia e liberar produtos de seu

    metabolismo

    Passagem de ons, nutrientes e metablitos

    ocorre por difuso direta pela camada lipdica

    (especialmente substncias lipossolveis) ou

    por canais especficos constitudos por

    protenas presentes na membrana

    Protenas na Membrana

    Algumas atravessam completamente a

    bicamada lipdica funcionando como um

    canal aquoso que permite o movimento livre

    de gua, ons e outras molculas hidrossolveis

    Protenas carreadoras ou transportadoras

    unem-se a ons ou molculas e vo sofrendo

    transformaes conformacionais que levam

    movimentao dessas molculas ou ons de

    um lado a outro da membrana

    Transporte de substncias atravs da membrana

    Difuso ocorre por um gradiente de

    concentrao da substncia

    Molculas ou ons so transportados por espaos

    intermoleculares, por protenas transportadoras ou

    protenas formadoras de canais

    Transporte ativo ons ou molculas se

    movimentam pela membrana contra um gradiente

    de concentrao

    Mediado por protena transportadora

    Necessita de energia, na forma de ATPFigura 4: Tipos de transporte atravs das membranas (Fonte: Serpa e Porto, 2005)

    Metabolismo Celular

    Conjunto de reaes bioqumicas que

    envolvem a degradao e a sntese de

    compostos pela clula

    Muitas reaes qumicas, mas de poucos

    tipos e normalmente simples

    Enzimas atuam como catalizadores

    biolgicos dessas reaes, diminuindo a

    energia de ativao

    Metabolismo Celular

    Enzimas se ligam s molculas de ATP

    promovendo a transferncia de energia

    qumica dessa molcula para outras ligadas

    enzima e que tambm esto reagindo

    Seguindo a primeira lei da Termodinmica,

    as clulas obtm energia do meio

    ambiente e a transformam para utiliz-la

    nas diversas atividades celulares

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    Vias Metablicas

    Caminhos pelos quais uma molcula

    transformada em outras na clula

    So interdependentes e relacionadas com

    o estgio de crescimento e atividade da

    clula

    Principais vias: Gliclise, Ciclo do cido

    ctrico, Cadeia transportadora de eltrons

    Vias Metablicas

    A energia (ATP) o elo qumico entre o

    catabolismo e o anabolismo

    - na converso de ATP para ADP + Pi, o grupo Pi

    transferido para o substrato ou para a enzima,

    transferindo a energia de uma reao para a outra

    e possibilitando que as reaes endergnicas

    (precisam de energia) ocorram

    Gliclise

    Via de degradao da glicose como fonte de

    carbono e energia

    Realizada por microrganismos, plantas e animais

    Glicose degradada por uma srie de reaes

    mediadas por enzimas, resultando em duas

    molculas de piruvato (intermedirio em outras

    vias)

    Energia contida nas ligaes qumicas fica na

    forma de ATP

    Gliclise

    Cofator NAD (nicotinamida adenina

    dinucleotdeo) reduzido a NADH, precursor

    na formao de molculas de ATP

    Figura 5: Primeira etapa da gliclise (Fonte: Serpa e Porto, 2005) Figura 6: Segunda etapa da gliclise (Fonte: Serpa e Porto, 2005)

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    Gliclise

    Saldo de 2 ATP, 2 NADH e 2 molculas de

    piruvato

    nica fonte de produo de ATP para os

    microrganismos anaerbios

    NADH regenerado em processos de

    fermentao por molculas orgnicas

    como receptores de eltrons

    Fermentao

    Alguns organismos ou tecidos (como os

    msculos) funcionam anaerobicamente, seja

    por restrio de oxignio ou intolerncia total

    Clula precisa dar um destino s molculas de

    piruvato e NADH produzidas na gliclise

    Processos anaerbios utilizam fermentao

    Piruvato pode ser transformado em lactato

    (fermentao ltica) ou etanol (fermentao

    alcolica)

    Figura 7: Converso do piruvato e regenerao do NAD+ (cofator) por processos anaerbios (Fonte: Serpa e Porto, 2005)

    Fermentao

    Rendimento energtico inferior (2 ATP), j

    que nenhum dos aceptores alternativos

    apresenta potencial to oxidante quanto o

    oxignio

    Uso de aceptores alternativos permitiram

    aos microrganismos respirarem em

    ambientes sem oxignio, sendo de extrema

    importncia ecolgica

    Fermentao

    Processos anaerbios podem ser utilizados

    no tratamento de efluentes com obteno

    de maior mineralizao da matria

    orgnica

    Ciclo do cido Ctrico

    Via utilizada pelas bactrias e pela maioria

    das clulas eucariticas que ocorre em

    sequncia gliclise em anaerobiose

    Objetivo de produzir mais ATP e fatores

    reduzidos pela oxidao total da glicose

    em CO2 e H2O respirao celular

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    Ciclo do cido Ctrico

    Figura 8. Converso de piruvato a acetil-CoA catalisada por um complexo enzimtico. CoA = coenzima A (Fonte: Serpa e Porto, 2005)

    Ciclo do cido Ctrico

    Ocorre na matriz mitocondrial (eucariotos) ou no

    citoplasma (procariotos)

    Acetil-CoA tambm um produto do catabolismo

    de aminocidos e cidos graxos

    Ocorre a fosforilao de uma molcula de

    guanosina difosfato (GDP), gerando o GTP que

    posteriormente convertido a ATP

    Ciclo do cido Ctrico

    Figuras 9: Ciclo do cido ctrico (Fonte: Serpa e Porto, 2005)

    Ciclo do cido Ctrico Produz energia na forma de 2 GTP (2 ATP) e tambm

    cofatores reduzidos (8 NADH e 2 FADH2/molcula de

    glicose)

    Abastece o metabolismo celular com compostos

    intermedirios precursores em outras vias de sntese de

    compostos celulares

    citrato - cidos graxos e esterides

    cetoglutarato glutamato e outros aminocidos

    oxalacetato aspartato e outros aminocidos, purinas e

    pirimidinas

    Ciclo do cido Ctrico

    Regulao da gliclise e do ciclo do cido ctrico

    dependem basicamente das relaes NAD+/NADH

    e ADP/ATP

    Ocorre de acordo com a necessidade energtica

    e condio metablica em que a clula se

    encontra

    Relaes maiores que 1 tendem a ativar o ciclo e

    menores tendem a diminuir a velocidade

    Transportadores de eltrons As enzimas que catalizam as reaes requerem o transporte

    de eltrons de uma parte para a outra da via metablica

    Molculas relativamente pequenas realizam o transporte.

    Classes:

    - Que se difundem livremente: NAD+, NADP+

    - Associados membrana:

    Flavoprotenas FMN/FAD

    Protenas com Fe e S

    Quinonas

    Citocromos

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    Transportadores de eltrons

    NAD+ + 2 e- + 2 H+ NADH + H+ (alto potencial

    redutor)

    As clulas contm uma quantidade limitada de

    NAD+ ,sendo que sua forma reduzida NADH precisa

    ser continuamente re-oxidada para manter o

    processo metblico

    Transportadores de eltrons So intermedirios nas reaes de oxidao-reduo

    em clulas:

    NAD - nicotinamida adenina dinucleotdeo (coenzima)

    FAD flavina-adenina mononucleotdeo (flavoprotena)

    FMN flavina mononucleotdeo (flavoprotena)

    Citocromos (protico)

    Quinonas (no protico)

    Responsveis pela eficincia na obteno de energia

    Transportadores de eltronsCadeia transportadora de

    eltrons Tambm chamada cadeia respiratria, o processo de

    reoxidao de NADH e FADH2

    Envolve uma srie de carreadores de eltrons, protenas

    presentes nas mitocndrias capazes de aceitar ou doar

    eltrons

    Na gliclise e ciclo do cido ctrico so formados 10

    moles de NADH e dois moles de FADH2 por mol de

    glicose

    A energia contida nesses fatores de reduo ser

    utilizada pela clula para formar ATP (fosforilao

    oxidativa)

    Figura 10. Representao da cadeia transportadora de eltrons (Fonte: Serpa e Porto, 2005)

    Cadeia transportadora de eltrons

    Energia liberada pela oxidao de NADH usada para

    o bombeamento de H+ para a rea intermembrana da

    mitocndria

    Transporte de eltrons do complexo I (libera energia)

    Coenzima Q (Ubiquinona) Complexo III (libera

    energia)

    Citocromo C Complexo IV (libera energia; reduo

    de O2 para H2O)

    O2 aceptor final de eltrons na respirao

    FAD regenerado pelo complexo II coenzima Q

    segue caminho similar ao NAD+

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    Fosforilao Oxidativa

    Os H+ retornam matriz mitocondrial (com

    liberao de energia) e so utilizados pela ATP

    sintase (complexo V) para a sntese de ATP

    Em bactrias o processo ocorre na membrana

    citoplasmtica

    Balano da cadeia respiratria e fosforilao oxidativa

    Reaes de oxidao e reduo em presena de

    um aceptor de eltrons externo - O2

    A molcula inteira do substrato oxidada at CO2

    Alto potencial de energia

    Grande quantidade de ATP gerada: at 30 ATPs

    Balano da cadeia respiratria e fosforilao oxidativa

    Produo de ATP:

    Na cadeia respiratria:

    2 NADH formados na gliclise geram 3 ATP (ocorre perda de

    energia para entrar na matriz mitocondrial interna)

    2 NADH da converso piruvato Acetil-CoA 5 ATP

    6 NADH formados no ciclo do cido ctrico 15 ATP

    2 FADH formados no ciclo do cido ctrico 3 ATP

    Formao direta na Gliclise 2 ATP

    Formao indireta no Ciclo do cido ctrico 2 GTP

    Total ................................................................ 30 ATP

    Regulao do Metabolismo

    Uma espcie pode produzir diferentes metablitos

    (seguir mais de uma via) quando cultivada sob

    diferentes condies de cultivo e nutrientes

    Saccharomyces cerevisiae produz etanol em

    anaerobiose e biomassa em aerobiose

    Em condies aerbias, mas com altas

    concentraes de substrato h a produo de

    etanol, sugerindo que o metabolismo no

    regulado apenas por O2 (represso catablica)

    Regulao do Metabolismo

    Efeito Crabtree ou represso catablica glicose

    reprime as atividades de enzimas respiratrias (ou a

    sntese das mesmas), fazendo com que a levedura

    preferencialmente produza etanol

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    Referncias Bibliogrficas

    GALLO, L. A. BASSO, L. C. Fundamentos de Bioqumicapara Cincias

    Biolgicas,Cincias dos Alimentos, Agronmicas e Florestais (apostila)

    ESALQ USP, 2012

    LEHNINGER,A. L.; NELSON, D. L.; COX, M.M. - Princpios de Bioqumica.

    So Paulo, Sarvier, 2006

    SERPA, G.; PORTO, L. Introduo EngenhariaGenmica (apostila).

    UniversidadeFederal de Santa Catarina, 2005

    Schmidell,W. et al. Biotecnologia Industrial. So Paulo: Edgard Blucher, vol. 2

    2001

    Notas de aula do professor Andr Aguiar. Engenharia Bioqumica, UFSJ

    CAP