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FLAVIA SILVIA DOS SANTOS AS EQUAÇÕES DE WEYL E DIRAC COMO EQUAÇÕES RELATIVÍSTICAS PARA O SPIN Londrina 2013

AS EQUAÇÕES DE WEYL E DIRAC COMO EQUAÇÕES …§ões... · Seguem-se 3 Apêndices, A, B e C, com o propósito de expecificarmos as notações e convenções utilizadas no trabalho

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FLAVIA SILVIA DOS SANTOS

AS EQUAÇÕES DE WEYL E DIRAC COMO EQUAÇÕES RELATIVÍSTICAS PARA O SPIN

Londrina

2013

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FLAVIA SILVIA DOS SANTOS

AS EQUAÇÕES DE WEYL E DIRAC COMO EQUAÇÕES RELATIVÍSTICAS PARA O SPIN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Física da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Física. Orientador: Prof. Dr. José Abdalla Helayël-Neto

Londrina 2013

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FLAVIA SILVIA DOS SANTOS

AS EQUAÇÕES DE WEYL E DIRAC COMO EQUAÇÕES RELATIVÍSTICAS PARA O SPIN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Física da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Física.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________ Orientador: Prof. Dr. José Abdalla Helayël-

Neto Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas

____________________________________

Coorientador: Prof. Dr. Antônio Edson Gonçalves

Universidade Estadual de Londrina

____________________________________

Prof. Dr. Verissimo Manoel de Aquino Universidade Estadual de Londrina

Londrina, _____de ___________de _____.

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Dedico este trabalho a Deus e à minha

família.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por tudo o que Ele tem feito na

minha vida, por ser o Criador, Salvador e Mantenedor de tudo. Por Jesus ser meu

melhor amigo e estar me guiando em cada passo da minha jornada nessa Terra. Por

estar me capacitado com inteligência e força a concluir mais uma etapa da minha

carreira profissional. Pelo privilégio de ter conhecido pessoas maravilhosas, com

quem estive em contato esses quatro anos de graduação. E por tudo o que Ele tem-

me feito.

Sou grandemente agradecida ao meu orientador, o Prof. José

Abdalla Helayël-Neto, que,além de me ter orientado neste trabalho e me ensinado

conceitos físicos, mostrou-se um excelente profissional e físico, um exemplo de ser

humano, educado e um exemplo de humildade em pessoa. Obrigada pela paciência,

incentivo e pela enorme bagagem de conhecimento que me proporcionou através de

suas fascinantes vídeo-aulas, palestras e orientação.

Dedico esta conquista também aos meus amados pais (Cícero e

Vilma) e as minhas amadas irmãs (Marcela e Franciele), que sempre me

incentivaram a buscar a concretizar os meus sonhos. Agradeço pelo carinho, apoio,

amor e paciência que tiveram comigo.

A Universidade Estadual de Londrina (UEL) e ao CBPF, pela

oportunidade de participar das aulas de Eletromagnetismo e Iniciação Científica,

através das vídeo-aulas e pela oportunidade e privilégio de ser orientada pelo

Professor Helayël.

A todos os meus colegas de turma, perseverantes na jornada, em

especial, ao Renan, Mateus, Ana Carolina, Neusmar, Aline, Guilherme, Helder e

Demétrio.

Enfim, a todos os professores que me acompanharam durante a

graduação, em especial ao Prof. Pedro Henrique, a Profa. Hiromi Iwamoto, ao Prof.

Veríssimo Manoel de Aquino, ao Prof. Antônio Edson e ao Prof. Edson Laureto, por

todo apoio.

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SANTOS, Flavia Silvia dos. Asequações de Weyl e Dirac como equações relativísticas para o spin. 2013.67 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Física) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2013.

RESUMO

O presente trabalho consiste no estudo e na descrição física de duas categorias de férmions – Weyl e Dirac -através de equações de onda relativísticas extraídas a partir do Grupo de Lorentz. Neste contexto, apresentaremos as representações irredutíveis relevantes para as partículas do Modelo-Padrão das Interações Fundamentais. Mostraremos como compor a equação de Dirac através do acoplamento das equações de Weyl para férmions ditos left e right, através da introdução de um parâmetro de mistura com dimensão de massa. A metodologia de trabalho baseia-se, sobretudo nas aulas de cursos de Eletromagnetismo e Teoria Clássica de CamposdoCBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas), registradas no Projeto Vídeo-Aulas,e pesquisas bibliográficas sobre o assunto. Palavras-chave:Equações relativísticas. Férmions. Espaço de Minkowski. Spin. Representações irredutíveis do Grupo de Lorentz.

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SANTOS, Flavia Silvia dos. The Weyl and Dirac equations as relativistic equations for spin. 2013. 67 f. Final Course Paper (Physics Bachelor) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2013.

ABSTRACT

The present essay sets out to study and discuss the physical description of two categories of fermions – Weyl and Dirac – by analysing the corresponding relativistic wave equations that stem from the Lorentz Group. In this framework, we shall focus on the irreducible representions where the particles of the Standard Model for Fundamental Interactions are placed. We shall work out Dirac’s Equation by coupling the Weyl’s Equations for left- and right-handed fermions by means of a mixing mass parameter. The methodology of our work mainly consists in following the courses on Electromagnetic Theory and Classical Fields delivered at CBPF (Brazilian Centre for Research in Physics), available in the Video-Class Project, and bibliographical research on the topics of this essay.

Keywords: Relativistic equations. Fermions. Minkowski Space. Spin. Irreducible representations of Lorentz Group.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 – Gráfico das funções hiperbólicas ........................................................... 16

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 10

2 GRUPO DE LORENTZ ..................................................................................... 13

2.1 GRUPO SO(1,1).................................................................................................. 14

2.2 GRUPO SO(1,3).................................................................................................. 17

2.3 TRANSFORMAÇÃO DE LORENTZ UTILIZANDO ANOTAÇÃO COVARIANTE NO ESPAÇO

DE MINKOWSKI .................................................................................................... 20

2.4 OPERADORES DE SPIN ......................................................................................... 22

2.5 ÁLGEBRA DE LIE DO GRUPO DE LORENTZ .............................................................. 24

2.5.1 Representações do Grupo SO(1,3) .................................................................. 26

3 EQUAÇÕES DE MAXWELL EM NOTAÇÃO COVARIANTE ......................... 29

3.1 EQUAÇÕES DE MAXWELL NO VÁCUO EM NOTAÇÃO COVARIANTE ............................. 29

3.1.1 Equação de Continuidade ................................................................................ 32

3.2 SIMETRIA DE GAUGE ........................................................................................ 33

4 EQUAÇÕES RELATIVÍSTICAS PARA FÉRMIONS ........................................ 34

4.1 EQUAÇÃO DE WEYL ........................................................................................... 34

4.1.1 Equação de Weyl – Left ................................................................................... 34

4.1.2 Equação de Weyl – Right ................................................................................. 35

4.1.3 O D’Alembertiano Escrito no Espaço dos Espinores ........................................ 36

4.2 REPRESENTAÇÃO ESPINORIAL EM DIFERENTES BASES ......................................... 38

4.2.1 Construindo a Equação de Dirac ...................................................................... 38

4.2.2 Notação de Dirac .............................................................................................. 40

4.3 SOLUÇÃO DA EQUAÇÃO DE DIRAC PARA ENERGIA POSITIVA .................................... 43

4.3.1 Solução da Equação de Dirac no Referencial de Repouso (E > 0) ................. 43

4.3.2 Solução da Equação de Dirac para Momento Não Nulo (E > 0) ....................... 44

4.4 SOLUÇÃO DA EQUAÇÃO DE DIRAC PARA ENERGIA NEGATIVA .................................. 45

4.4.1 Solução da Equação de Dirac no Referencial de Repouso (E < 0) ................. 46

4.4.2 Solução da Equação de Dirac para Momento Não Nulo (E < 0) ....................... 47

4.5 INTRODUÇÃO DA INTERAÇÃO ELETROMAGNÉTICA ................................................... 48

4.6 SIMETRIA DE CONJUGAÇÃO DE CARGA DA EQUAÇÃO DE DIRAC ............................... 50

4.6.1 Conjugação de Carga e as Soluções de Antipartícula ..................................... 53

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5 CONCLUSÃO ................................................................................................... 56

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 59

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .............................................................................. 60

APÊNDICES ............................................................................................................. 61

APÊNDICE A – Vetores covariante e contravariante ................................................ 62

APÊNDICE B – Propriedades da conjugação de Dirac ............................................. 64

APÊNDICE C – Propriedades da conjugação de carga ............................................ 66

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10

1 INTRODUÇÃO

A importância dos métodos algébricos intrínsecos à Teoria de Grupos

para a descoberta das leis gerais da teria quântica tem-se tornado cada vez mais

visível, desde seu advento em 1929, no clássico livro de Hermann Weyl, “Theory of

Groups and Quantum Mechanics”, inicialmente publicado em alemão.A Teoria de

Grupos mostra-se um campo da Matemática de fundamental relevância para a

implementação e aplicação do conceito de simetria em sistemas quânticos e na

elaboração de modelos e teorias para as interações fundamentais entre partículas

genuinamente elementares. A investigaçãodas características específicas de cada

grupo de Lie, clássico ou excepcional, tem a vantagem de oferecer uma visão

sistemática sobre o sistema em estudo, mas a verdadeira compreensão das relações

entre grandezas físicas deve ser obtida seguindo-se um desenvolvimento

fundamental explícito, que envolve a teoria de representações.1

A metodologia de trabalho desta Monografia baseia-se, sobretudoem

cursos registrados no Projeto Vídeo-Aulasmantido pelos Grupos de Pesquisa “Teoria

de Campos e Partículas Elementares” e “Física e Humanidades”do CBPF (Centro

Brasileiro de Pesquisas Físicas) e pesquisas bibliográficas sobre a descrição de

férmions através das equações de onda relativísticas fermiônicas.

Este trabalho tem como objetivo o estudo da descriçãofísica de duas

categorias específicas de férmions, os férmions de Weyl e Dirac,através de equações

relativísticas extraídas a partir da teoria de grupo aplicada à Teoria da Relatividade

Restrita, e assim, apresentar alguns tipos de representações, notação e formalismo

que são muito importantes na descrição das partículas fundamentais do Modelo-

Padrão das Interações Fundamentais: a matéria - representada pelosléptons

carregados (elétron, múon, tau e suas correspondentes antipartículas), seus

respectivos neutrinos e as 3 famílias de quarks, o setor de bósons de gauge (fóton, os

bósons vetoriais carregados, W, e neutro, Z, e os glúons) e o crucial dubleto de

escalares de Higgs, elemento-chave para a geração de massa das partículas do

Modelo-Padrão.

Nesta Monografia, vamos nos concentrar especialmente no setor

fermiônico – a matéria do Modelo-Padrão. O nosso objetivo principal é mostrar de

forma pedagógica, o que não se encontra nos livros-texto da área, como derivar a

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equação de Dirac através do acoplamento das equaçõ

left e right, mediante a

massa nas equações de Weyl

Em geral, os livros

tentando trabalhar algo como a raiz quadrada da Equação de Klein

escalares, o que parece, em um primeiro momento para os iniciantes, uma derivação

muito formal, sem deixar claro, o que há de mais importante para a Equação de

o fato de ser uma equação relativística para o spin, fato que Pauli buscava

tenazmente, mas foi Dirac a primeiro chegar a um resultado bem

nosso ponto de partida.

Utilizaremos o

Cuja motivação física de

espaço-tempo de Minkowski,

Mecânica Quântica. O fato

inteiros, é um resultado da Teoria de Grupos. A Mecânica Quântica entra atribuindo

ao spin a sua unidade física: o

Os formalismo

fermiônicas, em especial o for

utilizados como suporte à desenvolvimentos

justifica que estudemos em detalhes esta

A estruturação do trabalho está

No Capítu

de simetria dos diferentes espaços, onde no espaço de Minkowski obtém

de Lorentz, que será o g

fermiônicas, que descrevem os férmio

No Capítulo 3, a

componente transversal do campo

se as equações de Maxwell.

No Capítulo 4

equações relativísticas fermiônicas: Equação de Weyl e a Equação de Dirac.

Construímos a equação de Dirac. Verifica

de Dirac, o que se deve ao conteúdo da representação irredutível a ela

Introduz-se a interação ele

prescrição do acoplamento mínimo.

equação de Dirac através do acoplamento das equações de Weyl para férmions ditos

, mediante a introdução de um parâmetro de mistura

massa nas equações de Weyl para o neutrino (setor-left) e antineutrino

Em geral, os livros-texto motivam e chegam

tentando trabalhar algo como a raiz quadrada da Equação de Klein

escalares, o que parece, em um primeiro momento para os iniciantes, uma derivação

muito formal, sem deixar claro, o que há de mais importante para a Equação de

o fato de ser uma equação relativística para o spin, fato que Pauli buscava

tenazmente, mas foi Dirac a primeiro chegar a um resultado bem

Utilizaremos o grupo de Lorentz para obter as equações

motivação física de utilizá-lo é porque ele sistematiza a álgebrad

de Minkowski, fornecendo-nos a base algébrica para o que é o

O fato de o spin ser quantizado, tendo valores apenas semi

inteiros, é um resultado da Teoria de Grupos. A Mecânica Quântica entra atribuindo

ísica: o .

formalismos desenvolvidos para tratar das equações relativísticas

fermiônicas, em especial o formalismo de Dirac,são muito úteis, porque

suporte à desenvolvimentos e descobertas futura

justifica que estudemos em detalhes estas equações e as suas soluções.

A estruturação do trabalho está distribuída da seguin

No Capítulo 2, introduz-se o conceito de grupos através dos princípios

de simetria dos diferentes espaços, onde no espaço de Minkowski obtém

de Lorentz, que será o grupo base para a obtenção das equações relativísticas

descrevem os férmions, como o elétron.

No Capítulo 3, ao descrever o fóton através do D

componente transversal do campo , no espaço livre, em notação co

se as equações de Maxwell.

No Capítulo 4, são feitas descrições dos férmions através das

equações relativísticas fermiônicas: Equação de Weyl e a Equação de Dirac.

mos a equação de Dirac. Verifica-se a inserção natural do

irac, o que se deve ao conteúdo da representação irredutível a ela

a interação eletromagnética pelo tradicional método que denominamos de

prescrição do acoplamento mínimo.Analisamos as soluções da equação de Dirac e

11

es de Weyl para férmions ditos

de mistura com dimensão de

neutrino (setor-right).

à equação de Dirac

tentando trabalhar algo como a raiz quadrada da Equação de Klein-Gordon para

escalares, o que parece, em um primeiro momento para os iniciantes, uma derivação

muito formal, sem deixar claro, o que há de mais importante para a Equação de Dirac:

o fato de ser uma equação relativística para o spin, fato que Pauli buscava

tenazmente, mas foi Dirac a primeiro chegar a um resultado bem-sucedido. Este será

para obter as equações procuradas.

sistematiza a álgebradas rotações no

nos a base algébrica para o que é o spin na

quantizado, tendo valores apenas semi-

inteiros, é um resultado da Teoria de Grupos. A Mecânica Quântica entra atribuindo

s equações relativísticas

malismo de Dirac,são muito úteis, porque podem ser

e descobertas futuras na Física. Isto

e as suas soluções.

distribuída da seguinte forma:

rupos através dos princípios

de simetria dos diferentes espaços, onde no espaço de Minkowski obtém-se o grupo

rupo base para a obtenção das equações relativísticas

o descrever o fóton através do D’Alembertiano da

espaço livre, em notação covariante, obtém-

férmions através das

equações relativísticas fermiônicas: Equação de Weyl e a Equação de Dirac.

natural do spin na equação

irac, o que se deve ao conteúdo da representação irredutível a ela associada.

tromagnética pelo tradicional método que denominamos de

Analisamos as soluções da equação de Dirac e

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introduz-se o conceito do conjugado de Dirac e do conjugado de carga.

Finalmente, No Capítulo 5, apresentamos as nossas Considerações

Finais, onde organizamos de forma mais objetiva os resultados principais trabalhados

nesta Monografia.

Seguem-se 3 Apêndices, A, B e C, com o propósito de expecificarmos

as notações e convenções utilizadas no trabalho e explicitar, devidamente, detalhes

mais técnicos referentes a operações especiais associadas à Equação de Dirac.

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13

2 GRUPO DE LORENTZ

As teorias físicas são associadas a princípios de simetria,

invariâncias, que estão associadas a alguma classe de transformação, porque ao

mudar de referencial procuramos algo que deva permanecer invariante ao fazer a

transformação de um referencial para o outro. Esses princípios de simetria estarão

associados a alguma classe de transformação, e essas transformações se agrupam

em uma classe chamada de grupos. As leis físicas devem ser covariantes também,

com respeito ao seu grupo de transformação, ou seja, as leis da física independem do

observador, elas devem ser válidas em qualquer referencial, somente as grandezas

físicas medidas que mudarão.

Por exemplo, no espaço euclidiano bidimensional (E²) se impusermos

que o produto escalar é um invariante sob uma determinada transformação, então os

módulos dos vetores e os ângulos entre os vetores serão preservados, já que suas

definições envolvem o produto escalar:

|| = · â, · ||

Utilizando notação matricial o produto escalar é definido como: ds · ds Supondo transformação do tipo: ’ (1)

Impondo o princípio de simetria que preserva o produto escalar,

obtemos: ds · ds ds · ds ds’² = ds² ² ²

que nos conduz a condição de ortogonalidade (2)

A matriz(matriz identidade) é a métrica do espaço euclidiano para

que o princípio de simetria que preserva o produto escalar seja satisfeito para a

transformação do tipo ’ . Portanto, esse princípio de simetria nos conduziu

ao conjunto de matrizes ortogonais, que gera o grupo O(2), pois esse conjunto

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14

satisfaz as condições de um grupo (associatividade, matriz identidade, existência da

matriz inversa ). Tirando o determinante da condição de ortogonalidade: det # 1 %1

Se 1(subgrupo especial), obtemos o grupo SO(2), que é o

grupo de todas as matrizes reais (2x2) que sejam ortogonais e com determinanteigual

a +1.

A matriz transformação pode ser interpretada como uma matriz

rotação, ao fazer a relação entre: 1e que

e a identidade trigonométrica: ²& '(²& 1

2.1 GRUPO SO(1,1)

O espaço de Minkowski bidimensional(M1,1) com uma coordenada

temporal (cdt) e uma espacial (dx) é definido pela métrica , = )1 00 +1,, (3)

que define o produto escalar nesse espaço da seguinte maneira: ds · ds cdt dx )1 00 +1, )cdtdx , c²dt# + dx#

Definindo / )' ,, podemos reescrever o produto escalar, utilizando a notação matricial, como: · ² / /

Supondo transformação do tipo: (4)

Impondo o princípio de simetria que preserva o produto escalar,

obtemos: # / / / / / / ²

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que nos conduz a seguinte condição: (5)

Multiplicando a relação (5), pela direita, por , obtemos: (6)

ou (7)

A condição (5) gera o grupo O(1,1), o grupo das matrizes ortogonais

para uma dimensão temporal e uma dimensão espacial.

Seja a matriz transformação , uma matriz qualquer dada por:

dc

ba

Aplicando-a na condição (7), obtemos:

−=

10

01

db

ca

10

01

ac

bd

1

−=

∆ db

ca

ac

bd1(8.1)

onde, ∆ 1 – 3'é o determinante da matriz .

A expressão (8.1) conduz as seguintes relações:

d=a (8.2)

c=b (8.3)

b=c (8.4)

a=d (8.5)

Substituindo a relação (8.2) em (8.5) ou (8.3) em (8.4), obtém-se que:

∆² = 1 ∆ = ±1

Assim como nas matrizes ortogonais, ou seja, a matriz transformação

R Є O(1,1), são matrizes pseudo ortogonais.

Se ∆ = +1 (subgrupo especial), obtemos o grupo SO(1,1), que é o

grupo de todas as matrizes reais (2x2) que sejam pseudo ortogonais, satisfazendo a

condição (5) e com determinante igual a +1.

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A condição ∆ = +1 nos conduz a matriz transformação , dada por:

ab

ba

cujo determinante é: ∆ 1² + 3² 1 que pode ser relacionada com a identidade hiperbólica: '(4² & – 4² & 1 (9)

com, 1 '(4& e 3 4&, ou seja,

θθ

θθ

cosh

cosh

senh

senh(10)

Então, a matriz transformação dada pela expressão (10), nos

fornece que: /’ /

=

dx

cdt

senh

senh

dx

cdt

θθ

θθ

cosh

cosh

'

'

que nos conduz às seguintes relações: ' ’ '(4& ' 4& '(4& ' 4& (11.1) ’ 4& ' '(4& '(4& 4& ' (11.2)

Sabendo que:

'(4& 567586# 9 1, (12.1)

e supondo que conheçamos quem é 4&, impondo que esta seja igual a um valor :,

que deve estar no intervalo +1 ; 4& ; 1, como pode-se verificar no Gráfico 1:

Gráfico 1 – Gráfico das funções hiperbólicas

Fonte: Wikipedia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Sinh_cosh_tanh.png>. Acesso em: 20 de Out de 2013.

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Assim, se conhecermos quem é 4&, conheceremos quem é '(4&

utilizando a definição da função 4& e a identidade (9), porque queremos saber a

interpretação física da transformação /’ /, ou seja, temos que: 4& <5=>?@A<>? B : ; 1, (12.2) 4& :'(4&. (12.3)

Substituindo a relação (12.3) na equação (9), obtém-se que: '(4& D² 9 1. (12.4)

Substituindo a expressão (12.4) na equação (9), obtém-se que:

4& % :1 + :². De acordo com a relação (12.3) 4& ; '(4&, portanto: 4& + DD². (12.5)

Portanto, substituindo as expressões (12.4) e (12.5) na matriz ,

expressão (10), obtemos a seguinte matriz de transformação:

)'(4& 4&4& '(4&, D² E 1 +:+: 1 F Λ. (12.6)

Interpretando c

V=β , onde H é a velocidade relativa entre o

referencial S’ e o referencial S, obtém-se a transformação de Lorentz. ' DI ' + : , (13.1)

DI + :' .(13.2)

Portanto, as transformações do grupo SO(1,1), das matrizes pseudo

ortogonais, no espaço de Minkowski, nos fornece a transformação de Lorentz. No

espaço de M1,1 a transformação que deveria aparecer como uma rotação assim como

no espaço E2, apareceu como uma translação, ou seja, a Relatividade Restrita está

na métrica , que define um novo produto escalar, do positivo não definido.2

2.2 GRUPO SO(1,3)

O espaço de Minkowski 4-dimensional (M1,3), com uma coordenada

temporal e três espaciais, é definido pela métrica:

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18

−=

1000

0100

0010

0001

η

que define o produto escalar da seguinte forma; · # / / '# # + # + # + J² onde, o vetor é definido por:

/ B K' J L

Impondo o princípio de simetria que preserva o produto escalar,

obtivemos a seguinte relação: ΛMΛ M (14.1) Λ 1 (14.2)

que gera o grupo SO(1,3).

Fazendo a expansão em primeira ordem da matriz transformação Λ,

temos que: Λ N O Σ OΣ# (15)

Substituindo a expansão (15) na relação (14.1), obtemos que: ΣM +MΣ (16)

A matriz Σ é uma matriz (4x4):

ponm

lkji

hgfe

dcba

(17)

Substituindo a matriz (17) na relação (16), obtemos:

=

1000

0100

0010

0001

**

1000

0100

0010

0001

plhd

okgc

njfb

miea

ponm

lkji

hgfe

dcba

onde, 1 +1 0 3

' R S

T +T 0 +U 4 + V +V 0

W +( X +X 0

Assim,

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19

−−

−=Σ

0

0

0

0

lhd

lgc

hgb

dcb

Definindo:3 Y, ' Y#, YZ, &, 4 &#,W &Z

Logo, podemos reescrever a matriz Σ como:

+

+

−+

+

+

0100

1000

0000

0000

0010

0000

1000

0000

0000

0010

0100

0000

0001

0000

0000

1000

0000

0001

0000

0100

0000

0000

0001

0010

321

321

θθθ

ααα

(18.1)

Obtendo, assim, seis geradores composto por:ρ\ , R 1,2,3, que são

os geradores que acoplam o tempo e o espaço, denominados de boostspois geram

as transformações de Lorentz e Ω\, R 1,2,3, os geradores que caracterizam o

espaço e desacoplam o tempo, representam rotações no espaço e pertencem a

álgebra so(3).

Podemos reescrever a matriz Σ como: Σ Y` Y#`# YZ`Z &Ω &#Ω# &ZΩZ (18.2)

Os geradores `\ , R 1,2,3 correspondem aos chamados boosts e os

geradores Ω\, R 1,2,3 descrevem, respectivamente, rotações no sentido

trigonométrico realizadas nos planos coordenados x-y, y-z e z-x.

As matrizes de transformação Λ são:

=Λ =

1000

0100

00cosh

00cosh

11

11

11αα

αα

ρα senh

senh

e

zz

yy

xctsenhx

xsenhctct

=

=

+=

+=

'

'

)(cosh)('

)()(cosh'

11

11

αα

αα

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20

==Λ

1000

0cosh0

0010

00cosh

22

22

αα

αα

senh

senh

e

zz

yctsenhy

xx

ysenhctct

=

+=

=

+=

'

)(cosh)('

'

)()(cosh'

22

22

αα

αα

==Λ

33

33

cosh00

0100

0010

00cosh

αα

αα

senh

senh

e

zctsenhz

yy

xx

zsenhctct

)(cosh)('

'

'

)()(cosh'

33

33

αα

αα

+=

=

=

+=

−==Λ

Ω

1000

0cos0

0cos0

0001

11

1111

θθ

θθθ

sen

sene

zz

yxseny

ysenxx

ctct

=

+−=

+=

=

'

)(cos)('

)()(cos'

'

11

11

θθ

θθ

−==Λ

Ω

22

2222

cos00

0100

0cos0

0001

θθ

θθθ

sen

sene

zxsenz

yy

zsenxx

ctct

)(cos)('

'

)()(cos'

'

22

22

θθ

θθ

+=

=

−+=

=

==ΛΩ

33

33

33

cos00

cos00

0010

0001

θθ

θθ

θ

sen

sene

zysenz

zsenyy

xx

ctct

)(cos)('

)()(cos'

'

'

33

33

θθ

θθ

+−=

+=

=

=

onde: :\ ab@ ec 1 d1 + :\#e , R 1,2,3

Portanto, obtivemos novamente a transformação de Lorentz, agora

para o grupo SO(1,3). Assim, a métrica do espaço de Minkowski gera a

transformação de Lorentz mais rotação, ou seja, nos conduz a Relatividade Restrita.

2.3 TRANSFORMAÇÃO DE LORENTZ UTILIZANDO A NOTAÇÃO COVARIANTE NO ESPAÇO DE

MINKOWSKI

Reescrevendo o grupo de Lorentz, utilizando a notação covariante

(veja o Apêndice A), o vetor / no espaço M1,3 será escrito como:

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21

f B ct; x, y, z j; , #, Z (19)

que obedece a transformação de Lorentz, da seguinte forma: f Λkfk (20.1)

onde, a transformação de Lorentz Λkfé dada pelas matrizes: 11ρα

e=Λ ou 2ρ

e=Λ ou

e=Λ .

A partir da transformação (20.1) obtivemos as relações (14.1) e

selecionamos a condição (14.2), que definem o grupo de Lorentz. Reescrevendo

essas expressões em notação covariante: ΛflMlfΛkf Mfk (20.2)

Utilizando a expressão (18.2), fazendo a expansão em primeira

ordem da transformação de Lorentz, obtemos:

f Λkfk )mInopNop,kf k # qrlΣrl s kfk t ukfk #qrlΣrl vwk (21)

onde, Λ N

Σ 12qrlΣrl

A expressão matricial geral que reproduz qualquer componente dos

geradores do grupo de Lorentz, no espaço M1,3, é dada por: Σrl kf +urfMlk + Mrkulf (22)

O elemento de linha, em notação covariante é dado por: # ff Mfkkf Mfkkf ff (23)

A partir da expressão (20.2), obtemos que: MlfΛkf Λ lfMfk(24.1)

Multiplicando a expressão (20.1) por Mlf, à esquerda, temos que: Mlff MlfΛkfk (24.2)

Substituindo a relação (24.1) em (24.2), obtemos que: l Λ lfMfkk (24.3)

Portanto, no espaço dual, a transformação do objeto covariante é

realizada pela matriz transposta inversa Λ diferentemente do objeto

contravariante, que é realizado pela matriz própria Λ. Isso ocorre devido a métrica

não trivial () do espaço de Minkowski.

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22

O operador gradiente no espaço de Minkowski, em notação

covariante é dado por: xf yyz @ x , | (25.1)

xf yyz @ x , +| (25.2)

O D’Alembertiano é dado por: xfxf @²x² + |# (25.3)

O D’Alembertiano é um invariante por transformação de Lorentz.

A transformação do operador gradiente, na notação covariante é

dada por: yyz yyz yzyz Λ fk yyz (25.4)

onde, xxf Λ fk xxk

ou seja, a derivada de uma coordenada contravariante resulta em uma coordenada

covariante e vice-versa.

2.4 OPERADORES DE SPIN

O teorema de Helmholtz diz que todo campo vetorial pode ser

decompostoem uma parte longitudinal ou solenoidal mais uma parte transversal ou

irrotacional, demonstrando que a condição necessária para se conhecer esse campo

vetorial é ter o conhecimento de seu rotacional e de seu divergente. 3

Seja uma função auxiliar ~, continua e definida em todo o espaço.

Aplicando a seguinte relação vetorial sobre esta função: | | ~ || · ~ + |²~ (26.1)

Definindo: +|²~ (26.2) | ~ (26.3) | · ~, (26.4)

substituindo estas definições na relação (26.1), obtemos a seguinte expressão para

o campo vetorial : +| | (26.5)

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23

ou seja, (26.6)

Assim, a partir da definição (26.3) do vetor , tirando o seu

divergente, sabendo que o divergente do rotacional de um vetor é sempre nulo, logo,

obtemos que: | · | · | ~ 0

Portanto, para se conhecer bem certo campo precisa-se conhecer

seu divergente e seu rotacional. 4

Tirando o divergente da expressão (26.5), obtemos: | · +|# B `, , J (26.7)

Tirando o rotacional da expressão (26.5), obtemos: | | | || · + |# +|# B , , J (26.8)

A partir das equações (26.7) e (26.8), temos que: + |I | · (26.9)

+ |I | (26.10)

As expressões (26.9) e (26.10) estão em notação simbólica, elas significam,

matematicamente, que:

+Z | · 4| + | Z + | · +Z | 4| + | Z + |

onde, a função de Green do laplaciano é dada por: |# + uZ + ou seja, dividir um função pelo laplaciano significa calcular a sua função de Green.

Assim, podemos reescrever a expressão (26.5), substituindo pela

relação (26.9), como:

| 1|# | · | cuja i-ésima componente do vetor é dada por: \ yby|² | \ q\ &\ (27.1)

Definindo:

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24

q\ B x\x|²

Substituindo a relação (26.10) na componente do rotacional do vetor , temos que:

| \ \x \x + 1|# x + 1|# u\u + u\uxx + 1|# xx\ + xx\ + 1|# xx\ 1|# |#\ \ + xx\|#

| \ u\ + q\ B &\ Então, de acordo com a relação (26.6) podemos decompor a relação

(27.1) em uma parte longitudinal e uma transversal, dadas respectivamente por: \ yby|² q\ (27.2)

\ u\ + yby|I &\ (27.3)

No espaço M1,3, um quadrivetor é escrito como: f j, (componente contravariante) f j, + (componente covariante)

No Grupo SO(1,3), que gera o espaço M1,3, a componente j é um

escalar com spin igual a zero 0 , já as componentes espaciais que formam um

vetor tridimensional tem spin igual a um, 1 . Portanto, no campo , a parte

longitudinal guarda spin nulo 0 e a parte transversal guarda o spin inteiro igual

a unidade 1 . 2

2.5 ÁLGEBRA DE LIE DO GRUPO DE LORENTZ

Álgebras de Lie surgem naturalmente como espaços vetoriais de

transformações lineares munidos com uma operação chamada de comutador.

O objetivo agora é identificar e caracterizar os espinores do grupo

SO(1,3), porque os espinores descrevem os férmions. E queremos encontrar uma

equação relativística que descreva o férmion fundamental do eletromagnetismo, o

elétron.

Obtivemos seis geradores a partir das transformações de Lorentz,

cuja representação matricial foi fornecida na equação (22), mas sabendo que M² ,

ou por componentes, MfkMk uf, podemos reescrever a equação (22) como:

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25

Σfk +MfMk + MfMk (28)

cujas componentes do tipo Σj\ B \, R 1,2,3 são chamados de boosts e geram as

transformações de Lorentz, e as componentes Σ\ B \, R U V ou \ # \Σ representam as rotações do espaço.

Buscamos a descrição dos férmions dentro da álgebra so(1,3), por

isso, calcularemos o comutador entre os geradores do grupo SO(1,3), utilizando as

expressões (22) e (28), Σfk , Σl ΣfkΣl + Σl Σfk

MfMk + MfMkurMl + Mrul + MMl + MMlufMk + Mfuk MfMkMl + MfMklMr + MfMkMl MflMkMr +MMlfMk MMlkMf MfMlMk + MkMlMf Mk+Σfl Mfl+Σk MklΣf MfΣkl

Σfk , Σl +MkΣfl MflΣk + MklΣf + MfΣkl (29.1)

ou seja, o comutador entre dois geradores quaisquer resulta em uma combinação

linear matricial, confirmando que os geradores formam uma álgebra de Lie.

Fazendo o comutador de dois boosts obtém-se: B\, B Σj\, Σj +M\jΣj + MjΣ\j M\Σjj MjjΣ\ Σ\ (29.2)

já que pela definição da métrica M, os elementos fora da diagonal são nulos, ou seja, M\j 0 e não existe rotação em um plano Σ\, ( R U, ou seja, o comutador entre

dois boostsgera uma rotação.

Fazendo o comutador entre duas rotações obtém-se,

R\, R 14 \=Σ=, Σ Utilizando a relação (29.1):

R\, R 14 \=u=Σ uΣ= + u=Σ + uΣ= 14 \Σ 14 \=Σ= + 14 \Σ + 14 \=Σ=

+14 u\u + u\uΣ + 14 u\u= + u\u=Σ=

+14 u\u + u\u Σ + 14 u\u= + u\u= Σ=

R\, R +Σ\ (29.3)

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26

ou seja, o comutador entre duas rotações gera outra rotação.

Fazendo o comutador entre um boost e uma rotação, obtém-se que:

B\, R 12 =Σj\, Σ= 12 =u\Σj= uj=Σ\ + u\=Σj + ujΣ\= B\, R +\ (29.4)

ou seja, o comutador entre um boost e uma rotação gera outro boost. Portanto,

existem termos fora da diagonal. Porém, se reescrevermos uma nova base de

geradores como uma combinação linear entre um booste uma rotação, dada por: ¡\ \# \ R\ (30.1)

¢\ + \# \ + R\ (30.2)

na qual, J\, J R\¡ K\, ¢ R\¢ J\, ¢ 0

Portanto, com essa nova base no espaço M1,3, definida pelas

expressões (30.1) e (30.2), o spin possui duas álgebras, devido à mistura do

boostcom a rotação.

so(1,3) ~ so(3) ¦ so(3) su(2) ¦ su(2)

Como o spin não relativístico é definido pela álgebra su(2), então o

spin relativístico é definido pela composição de dois spins não relativísticos su(2) ¦

su(2), caracterizando assim o fóton, cuja representação é )# , #,.2

2.5.1 Representações do Grupo SO(1,3)

A partir dos seis geradores do grupo de Lorentz (Σfk definiram-se

duas classes de geradores,os boostsΣj\ e as rotações Σ= , dos quais através da

combinação linear desses dois tipos de geradores definiram-se dois novos tipos de

geradores ¡\, ¢\ , que comutam entre si, ¡\ , ¢\ 0, ou seja, são ortogonais, criando

assim uma nova base.

Assim, a álgebra de Lie do grupo de Lorentz pode ser escrita como a

composição de duas álgebras su(2), já que ¡\ e ¢\ são uma combinação linear

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27

complexa de boosts com rotações e por isso ¡\ e ¢\ são descritos pela álgebrasu(2)

individualmente. (1,3 §¨2 ¦ §©2 O grupo SU¬2 pode ser caracterizado por um número j, que pode

tomar valores inteiros e semi-inteiros, cujo vetor é representado por Ψ, com (2j+1)

componentes. E similarmente, SU®2 é caracterizado por k, cujo vetor é

representado por Ψ,¯.

O grupo SO(1,3) é caracterizado por dois números U, V porque

somente esses dois geradores comutam entre si. Portanto, para caracterizar uma

partícula relativística é necessário especificar quem são esses dois números U, V . A representação 0,0 , onde U 0 e V 0, caracteriza um escalar,

um campo de Higgs.

A representação # , 0 , onde U # e V 0, pode caracterizar: um

lépton (W , um quark ° ou um neutrino ± no setor left. Associada a essa

representação o vetor é ² , Y 1,2 (espinores de Weyl – left). Essa representação,

cuja dimensão é igual a dois, satisfaz a seguinte relação: J\, J R\¡

cuja relação é satisfeita pelas matrizes de Pauli divididas por dois: ³b# , # ´ R\ # , com J\ µ\/2 e K\ 0.

A representação 0, # , onde U 0 e V #, pode caracterizar: um

lépton (W· ou um quark °· no setor right, cujo vetor 鸹 , Y¹ 1,2. Da mesma forma

essa representação, com dimensão igual a dois, satisfaz a seguinte relação: K\, K R\¢

cuja relação é satisfeita pelas matrizes de Pauli divididas por dois: ³b# , # ´ R\ # , com K\ b# e J\ 0

Portanto conhecemos quem são os geradores das representações # , 0 e 0, # . Um objeto obtido a partir da soma espacial# , 0 ¦ 0, # , representa

o elétron, que é descrito pela equação de Dirac, com dimensão igual a quatro, cujo

vetor é denotado por:

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28

Ψ EWW·F º²²#¸¹¸#¹»

A representação com U # e V #, )# , #, ¼ f j, \, onde

\ , onde R 1,2,3,caracteriza o fóton. Essa representação cuja dimensão é 2U 1 2V 1 , que é igual a quatro tem como geradores:

J\ µ\2 ½ #

K\ # ½ µ\2

onde:

¡ 12 E 0 ## 0 F ¡# 12 E 0 +R#R# 0 F ¡Z 12 E# 00 +#F

¢\ Kµ\2 00 +µ\2L

Por exemplo, uma rotação em torno do eixo x é dada por: Σ#Z ¾

onde,

¡ R2 ¿ R¾ ¢ + R2 ¿ + R¾

Somando ¡ com ¢ obtém-se que:

+¾ ¡ ¢, ¾

0110

1001

1001

0110

Portanto, a representação )# , #,é bosônica, porque ao realizar uma

rotação completa de 2 em torno do próprio eixo sobre o objeto, o resultado é o

próprio objeto. Essa é a chamada representação quadrivetorial do grupo de Lorentz,

pois um vetor nessa representação é denotado por f j, . Do ponto de vista

do grupo SO(3) (espaço euclidiano), a representação )# , #, de SO(1,3), apresenta 0 e 1.

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29

3 EQUAÇÕES DE MAXWELL EM NOTAÇÃO COVARIANTE

Com as definições anteriores dos operadores de spin a partir do

Teorema de Helmholtz, vamos, agora, passar à discussão de um interessante

aspecto que nos evidencia o importante papel das representações do grupo de

Lorentz no programa de encontrar as equações relativísticas adequadas para

descrever partículas com spin bem-definido.

O primeiro exemplo que trabalharemos envolve o caso do spin1.

Mostraremos como a propagação de uma partícula de spin1 e massa de repouso

nula automaticamente nos leva à descrição, baseada na simetria de calibre, das

equações de Maxwell em sua forma covariante. Portanto, ficará claro como uma

argumentação completamente baseada na representação )# , #, do grupo SO(1,3)

nos leva a redescobrir as equações de Maxwell em bases puramente algébricas.

Este exemplo do spin1 nos abrirá o caminho para uma derivação

bastante peculiar da equação de Dirac para férmions com spin# massivos, mais

especificamente, os elétrons e pósitrons.

3.1 EQUAÇÕES DE MAXWELL NO VÁCUO EM NOTAÇÃO COVARIANTE

O D’Alembertiano da componente transversal do campo igual

azero descreve uma partícula com 1 e massa de repouso nula (fóton), no espaço

livre, ou seja, onde a densidade de carga e a corrente são nulas. k 0 (31)

Substituindo a relação (27.3), “covariantizada”, na equação (31),

obtemos:

k Àk + xkxf fÁ 0

k + xkxff 0

Usando a definição do D’Alembertiano, relação (25.3), obtemos: xfxfk + xkxff xfxfk + xkf 0 xf~fk 0

ou (32) xf~fk 0

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30

Definindo o tensor de segunda ordem como: ~fk B xfk + xkf (33) ~fk xfk + xkf

Portanto, a partir do espaço M1,3, descrevendo uma partícula com 1 e massa de repouso nula obtemos as equações de Maxwell no espaço livre.

Para  0 e ± R, R 1,2,3, a partir da expressão (33), obtemos

que, ~j\ xj\ + x\j + @ x + |\j B /\ / (34.1)

na qual, sabendo que \ + e definindo j j B Ã/', temos que:

xj\ + x\j +1' x + | Ã'

+x + |Ã Ä (34.2)

definindo/ B Ä/' (campo elétrico).

Para  R, R 1,2,3 e ± U, U 1,2,3, a partir da expressão (33),

obtemos que, ~\ x\ + x\ +\| (34.3)

ou seja, ~# +| Z,~#Z +| , ~Z +| #

Para  R, R 1,2,3 e ± 0, substituindo a expressão (34.1) na

equação (32), obtemos: x\~\j x\/\ | · / 0 | · / 0 | · Ä 0 (34.4)

Para  0, R, R 1,2,3 e ± U, U 1,2,3, obtemos:

xf~f xj~j x\~\ 1' x/ + x\ ³\| ´ 1' x/ + \x\ 0

Definindo, | B (34.5)

e lembrando que: \ +\ x\ +x\ | @²xÄ (34.6)

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31

Expandindo a equação (32) obtemos a identidade de Bianchi: xf~k xk~f x~fk 0

Para  0 e ± R, R 1,2,3, V U, U 1,2,3, obtemos: xj~\ x\~j x~j\ 0

onde, ~\ +\| +\

~j\ +~\j Ä\'

então, obtemos que:

+1' \x + 1' x\Ä + xÄ\ +1' \x + 1' \| Ä 0

| Ä +x (34.7)

Para  R, R 1,2,3, ± U, U 1,2,3 e V 1,2,3, obtemos: x\~ x~\ x~\ 0 x\ \x \x 0

Multiplicando a equação acima por \, obtemos: +\x\ \\x \\x 0 +u\u + u\ux\ u\\u + u\u\ x u\\u + u\u\ x 0 +x 3x 3x + x\\ 3x + x\\ 0 6x 0 x | · 0 (34.8)

Portanto, a equação (32) é equação de Maxwell no vácuo na

notação covariante.

Para descrever uma partícula com 1 e massa de repouso

diferente de zero, a equação (31) precisa ser diferente de zero. Acrescentandoum

termo ao lado direito da equação (32), descreveremos essa nova partícula da

seguinte forma: xf~fk ÂjUk

ou (35) xf~fk ÂjUk

Para  R, R 1,2,3 e ± 0, obtemos:

x\~\j x\~j\ x\ Ä\' ÂjUj

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32

x\Ä\ 'ÂjUj

Sabendo que, ~j\ Ä\/'e'² 1/ÆjÂj

e definindo: Uj '`

obtemos que: | · Ä ÇÈ (Lei de Gauss) (36.1)

Para  0, R, R 1,2,3 e ± V, V 1,2,3, obtemos: xj~j x\~\ ÂjU 1'² xÄ \x\ 1'² xÄ + \x\ ÂjU

onde, Uf Uj, + e \ +\, logo: | @²xÄ Âj (Lei de Ampère com correção de Maxwell) (36.2)

A partir da identidade de Bianchi, para  0 e ± R, R 1,2,3, V U, U 1,2,3, da mesma forma que no espaço livre, obtemos a Lei de Faraday: | Ä +x (36.3)

Da mesma forma que no espaço livre, para  0 e ± R, R 1,2,3, V U, U 1,2,3, obtemos a lei de Gauss para o Magnetismo: | · 0 (36.4)

3.1.1 Equação de Continuidade

Tirando o divergente da equação (35), e sabendo que os índices do

tensor ~fk são índices mudos, obtemos: xkxf~fk xfxk~kf +xfxk~fk +xkxf~fk ÂjxkUk

onde, ~fk +~kf

então, para o lado esquerdo da equação acima temos que: xkxf~fk +xkxf~fk 0

Logo, o sinal de igualdade implica que o lado direito será dado por: xkUk xjUj x\U\ 0 x` | · 0 (36.5)

esta equação é a chamada equação de continuidade.

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33

3.2 SIMETRIA DE GAUGE

Fazendo uma transformação nas componentes do vetor da

seguinte forma: k k xkT onde,T seja uma função contínua, tal que: xfxkT xkxfT

Tirando o gradiente das componentes do vetor , obtemos: xfk xfk xfxkT Logo, a transformação do tensor ~kf será dada por: ~fk xfk + xkf xfk xfxkT + xkf + xkxfT xfk + xkf ~fk

Portanto, se o campo fapresentar uma transformação feita por uma

função contínua T , o tensor ~fk será um invariante, apresentando uma simetria, a

chamada simetria de Gauge ou Calibre, ou seja, a descrição de uma partícula de 1 e massa de repouso nula no espaço M1,3 está vinculada com uma simetria de

Gauge.

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34

4 EQUAÇÕES RELATIVÍSTICAS PARA FÉRMIONS

A cada partícula associa-se uma equação relativística que

caracterize e descreva essa partícula. Por isso, para cada representação U, V obtida a partir dos geradores do grupo SO(1,3) procuraremos uma equação

relativística que a descreva, porque cada um desses objetos possue um espinor

associado que descreve a sua dinâmica.

As equações relativísticas fermiônicas descrevem os férmions, cuja

característica são spins semi-inteiros.

As equações especificadas nos itens seguintes descrevem

partículas elementares e subatômicas. A equação de Weyl descreve o neutrino e o

antineutrino, a equação de Dirac descreve o elétron.

4.1 EQUAÇÃO DE WEYL

4.1.1 Equação de Weyl - Left

No Capítulo 3 obtivemos as equações de Maxwell covariantes, onde

os campos de radiação descreviam partículas com massa nula S 0 e spin igual

a 1 ( 1) através da equação (31). Agora queremos descrever uma partícula com

massa nula e spin #, que é a descrição do neutrino (de acordo com o Modelo

Padrão), um férmion - left. Impondo que o spin dessa partícula esteja projetado ao

longo da direção de movimento, que é dada pelo vetor momento linear, a equação

que pode descrever essa partícula é a seguinte: · X #Ê (37.1)

onde o operador de spin na representação meio é dado por:

µ2 Ê

Assim, atuando o operador dado pela equação (37.1) sobre um

espinorΨ, na qual Ψ é um autoestado do operador · X com autovalor# Ê, obtém-se

que: Ê # · ||ψ # Êψ (37.2)

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35

Sabendo que o momento relativístico é definido como: RÊxf Xf (38)

na qual, RÊxj Xj Xj Ì@, xj yÍ@ RÊx\ X\ +X E definindo o quadrivetorµ contravariante como, µf B µj, µ

na qual: µj #

As matrizes de Pauli são: µ µ\ µz, µÎ, µÏ então, a partir da relação (37.2), obtém-se que:

X · µψ Ä' ψ

Utilizando o Princípio da Correspondência com a mecânica quântica,

obtém-se que:

+Rʵ · |ψ RÊx' ψ

Rʵ · | xjψ 0 Rʵ\x\ xj#ψ 0 Rʵfxfψ 0 (Equação de Weyl - left) (39)

ou, sabendo que RÊxf Xf, podemos reescrever essa equação da seguinte forma: µfXfψ 0

Portanto, a equação de Weyl - left descreve o movimento de um

férmion não massivo, com # e cuja projeção do spin está ao longo do

movimento, o neutrino, cuja representação é )# , 0,.

4.1.2 Equação de Weyl - Right

Para descrever uma partícula com massa nula e spin #, e cujo

spin dessa partícula esteja projetado no sentido contrário da direção de movimento,

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ou seja, a descrição de um férmion - right, )0, #,. A equação que pode descrever

essa partícula é a seguinte: · X + # Ê (40.1)

Analogamente ao que foi feito para o férmion-left, tendo # Ê , definindo um espinor–right¸¹ e definindo µÐf B ,+µ , obtém-se que: Ê # · || χ + # Êχ (40.2)

+Rʵ · |χ +RÊx' χ

Rʵ · | xjχ 0 RÊ+µ\x\ xj#χ 0 RʵÐfxf¸ 0 (Equação de Weyl - right) (41)

ou, podemos reescrever essa equação da seguinte forma: µÐfXfχ 0

Portanto, a equação de Weyl - right descreve o movimento de um

férmion não massivo, com # e cuja projeção do spin está no sentido contrário à

direção do movimento, o antineutrino, cuja representação é )0, #,.

A representação )0, #,é equivalente ao complexo conjugado da

representação )# , 0,, indicando que o antineutrino é uma partícula diferente do

neutrino. 2

E0, 12F~ E12 , 0FÒ

4.1.3O D’Alembertiano Escrito no Espaço dos Espinores

Adotamos na notação covariante que : µf B , µ Se definirmos um sigma barrado: µÐf B ,+µ

a partir da relação simétrica entre esses dois quadrivetores: µfµÐk µkµÐf

Para  ± 0, obtém-se que:

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µjµÐj µjµÐj 2

Para  0 e ± R, obtém-se que: µjµÐ\ µ\µÐj +µ µ 0

Para  R e ± U, obtém-se que: µ\µÐ µµÐ\ +µ · µ + µ · µ +2u\

Portanto, a expressão geral da relação simétrica entre os dois

quadrivetores sigma é dada por: µfµÐk µkµÐf 2Mfk# (42)

Mas, a relação de anticomutação: Óµf , µÐkÔ µfµÐk µÐkµf

fornece:

Para  ± 0: Óµj, µÐjÔ µjµÐj µÐjµj 2

Para  0 e ± R: Õµj, µÐ\Ö µjµÐ\ µÐ\µj +µ + µ +2

Para  R e ± U: Õµ\ , µÐÖ µ\µÐ µÐµ\ +µ · µ + µ · µ +2u\

Portanto, a relação de anticomutação geral entre os quadrivetores

sigma também fornece uma relação similar à (42).

Atuando µfxfsobre µÐkxk, sabendo essa relação é simétrica e

utilizando a relação (42), temos que:

µfxfµÐkxk 12 µfµÐkµkµÐf xfxk Mfk# xfxk µfxfµÐkxk (43)

Aplicando o operador D’AlembertianoµfxfµÐkxk sobre espinor-

leftΨ, obtemos a equação de Weyl-left, dada por: Ψ 0 (44)

Aplicando o operador D’AlembertianoµfxfµÐkxk sobre espinor-

rightχ¹ , obtemos a equação de Weyl - right, dada por: χ¹ 0 (45)

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4.2 REPRESENTAÇÃO ESPINORIAL EM DIFERENTES BASES

Sabendo que:

12 , 0 ½ 0, 12 × HD¹ Ø 12 , 12 0, 12 ½ 12 , 0 × H¹ D Ø 12 , 12 onde a representação# , # é uma representação espinorial Y:¹ ou Y¹:.

Etendo que qualquer matriz 2x2 pode ser expandida na base Ó, µÔ ou na base Ó, +µÔ, como no exemplo: H Sfµf Sj S\µ\ (46.1) H fµÐf j \µÐ\ (46.2)

Multiplicando a equação (46.1) por µÐk e a equação (46.2) por µk,

pela direita, e tirando o traço, obtém-se que: ÙHµÐk Sf ÙµfµÐk ÙHµk Sf ÙµÐfµk onde: ÙµfµÐk ÙµÐfµk 2Mfk, que conduzem a: Sf # ÙHµÐk ef # ÙHµk

Assim, podemos reescrever as expressões (46.1) e (46.2) como: H¹ D # ÙHµÐk µ¹ Df (46.3)

HD¹ # ÙHµk µÐD¹f (46.4)

ou seja, pode-se expandir a matriz H em diferentes bases. Portanto, a atuação da

matriz µ leva a representação :¹ )0, #, em Y # , 0 e vice-versa e essa relação

conduz a equação de Dirac.2

4.2.1 Construindo a Equação de Dirac

Descrevemos o neutrino e o antineutrino através da equação de

Weyl, que é um férmion # não massivo. Para descrever uma partícula

fermiônica massiva, deve-se acoplar um termo de massa à equação de Weyl.

Portanto, adicionando as equações de Weylright e left um termo massivo, com

unidade de momento, já que o termo µfXf da equação de Weyl tem unidade de

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momento e concordando com o princípio de covariância, o qual diz que todos os

termos de uma equação tensorial têm que ter a mesma natureza, ou seja: Xfµf ¹ DψD ξcχ¹ 0 (47.1) XfµÐf D¹ χD¹ Û'² 0 (47.2)

onde, os termos Ü Û possuem dimensão de massa e como ' (velocidade da luz)

tem dimensão de velocidade, então ξc e Û' tem dimensão de momento. Pode-se

perceber também que o termo Xfµf ¹ D transforma o espinorleftψD cuja

representação é )# , 0, para a representação right)0, #, e igualmente, o termo

XfµÐf D¹ transforma o espinor rightχD¹ cuja representação é )0, #, para a

representação left)# , 0, .

As equações (47.1) e (47.2) são equações acopladas pela massa

fermiônica.

A partir da equação (47.2), obtém-se que:

² + 1Û' XkµÐk¸

Substituindo essa expressão na equação (47.1), desacoplamos as

equações: XfXkµfµÐk¸ + ÜÛ'#¸ 0

onde o termo µfµÐk é simétrico, logo ele pode ser reescrito como # µfµÐk µkµÐf e

utilizando a expressão (42), obtém-se que: XfXkMfk#¸ + ÜÛ'#¸ 0 X² + ÜÛ'# ¸ 0

Considerando que Ü, Û possuem unidades de massa, então a

equação a cima conduz a seguinte relação: X² S²'# (48)

Fazendo uma correspondência com a relação entre energia e

momento Ä 'X, a expressão (48) nos conduz a relação de energia relativística IJ S²'Ý, onde o quadrivetor momento é igual a Xf Sc', X Sc', 0 , com o

vetor momento nulo, ou seja, a partícula está em um estado estacionário.

Portanto, as equações acopladas (47.1) e (47.2) estão descrevendo

uma partícula fermiônica massiva em um estado estacionário.

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Reescrevendo as equações (47.1) e (47.2) utilizando a

representação matricial e definindo Ü Û +S:

À+S' XfµÐfXfµf +S'Á E²F 0

Utilizando a representação de Weyl, reescrevemos a expressão

acima como:

³Xf ) 0 µÐfµf 0 , + S'´ E²F 0

Definindo: cf B ) 0 µÐfµf 0 , (matrizes gama de Dirac na representação de Weyl)

Ψ E²F Ø E12 , 0F ¦ E0, 12F

Obtemos a equação de Dirac: Xfcf + S'Ψ 0

Como Xf RÊxf, então: RÊcfxf + S'Ψ 0 (49)

Portanto, acoplando um termo de massa a Equação de Weyl nas

representações )0, #, e )# , 0, obteve-se a Equação de Dirac, que descreve uma

partícula fermiônica # com massa, ou seja, a descrição do elétron.

A Equação de Dirac é uma equação de primeira ordem tanto na

derivada temporal, quanto na espacial, por isso ela possui dois graus de liberdade

(carga e spin) com quatro coordenadas: elétron com energia positiva e spin up ou

spin down e elétron com energia negativa (anti-elétron) com spin up ou down.

4.2.2 Notação de Dirac

A partir de agora, será utilizado a notação de Dirac, para isso será

necessário redefinir a notação do espinor Ψ, para eliminar os índices com pontos

que foi adotado no espaço de Minkowski, ou seja:

Ψ º²²#¸¹¸#¹» B ºΨΨ#ΨZΨÝ

» Ψ , Y 1,2,3,4

Essa redefinição será utilizada para distinguir o espaço dos

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espinores, como os índices Y 1,2,3,4, do espaço de Minkowski, onde tínhamos os

índices com ponto do setor right e os índices sem ponto do setor left.

A partir da definição da matriz cf, feita na seção 4.2.1, obtém-se as

seguintes propriedades dessa matriz:

O quadrado das componentes temporal e espacial da matriz cf, é

dado por: cj # c\# + (50)

A componente temporal da matriz cf é hermitiana e a componente

espacial é anti-hermitiana: cj Þ cjc\Þ +c\ (51)

onde

cj E# 00 +#F c\ ) 0 µ+µ 0, (52)

Essas matrizes são unitárias, pois multiplicando a matriz cj Þ por cj

e multiplicandoc\Þ por c\, pela esquerda. Tendo que cjcj e c\c\ , obtém-se

que: cjcj Þ c\c\Þ As componentes da matriz gama espacial e temporal anti-comutam

entre si: cjc\ +c\cj (53) c\c +cc\, R U Nessa nova representação, a representação de Dirac, perde-se a

noção de espinor left e right, como havia-se definido no espaço de Minkowski.

O objetivo de se utilizar essa notação é o de diferenciar as

componentes que são relativísticas e as que não são. Já, na representação de Weyl

ficou claro a estrutura de spin da partícula. Os diferentes tipos de representações

são importantes para ajudar a resolver o problema abordado e simplificar a

interpretação física do mesmo, porque independentemente da representação a física

do problema é a mesma.

Reescrevendo a equação de Dirac, dada pela equação (49), no

espaço dos momentos, tendo que RÊxf Xf, obtém-se que: cfXf + S'Ψßp 0 (54)

Utilizando a notação de Dirac, essa equação terá a seguinte forma:

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EÄ + S'# +µ · X 'µ · X ' +Ä S'# F )Üá, 0

onde:

Ü EΨΨ#F á EΨZΨÝF

na qual, Ü â )# , 0, á â 0, # , porque nessa nova representação há uma mistura de

componentes.

Assim, obtém-se as seguintes equações: Ä + S'# Ü + 'µ · X á 0 (55) 'µ · X Ü + Ä S'# á 0

Da última equação se extrai que: á @· Ì7@I Ü (56)

Portanto, no limite não relativístico ã ä ' , as quatro componentes

do espaço espinorial tendem para a representação bidimensional, com um espinor

dominante, pois á depende de Ü, assim, Ü é o espinor fixo, trazendo consigo 4

parâmetros reais independentes e á é o espinor dependente. Isso ocorre porque foi

imposto que Ψ satisfaz a equação de Dirac. A quantidade de parâmetros obtida foi

devido o fato de a equação de Dirac ser uma equação de primeira ordem na

derivada temporal.

Substituindo a expressão (56) na equação (55), obtém-se a equação

de energia e momento para uma partícula relativística massiva. Ä# + S#'Ý + µ · X' # Ü 0

onde, µ · X' # '²µ\µX\X '²X² µ\µ

Assim, obtém-se que: Ä# + S#'Ý + '²X² Ü 0

Para Ü arbitrário, extraí-se a equação da energia relativística

massiva: Ä %S#'Ý '²X² B %X (57)

Portanto, a relação energia-momento relativístico é uma

consequência da equação de Dirac.

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43

4.3SOLUÇÃO DA EQUAÇÃO DE DIRAC PARA ENERGIA POSITIVA

Definindo §; X , o espinor de Dirac, com quatro componentes,

como a solução da equação de Dirac com energia positiva (E > 0), a equação de

Dirac será dada por: cj + c · X' + S'# §; X 0 (58)

Tirando o conjugado hermitiano da equação (58): §Þcj c · X' + S'# 0 (59)

onde, cjÞ cj, cÞ +c, XÞ X Multipicando a equação (58) por §Þ pela esquerda, multiplicando a

equação (59) por § pela direita e somando o resultado, obtém-se que:

§Þ§ X S'² §Þcj§

Definindo um novo tipo de conjugado, denominado de conjugado de

Dirac(veja o Apêndice B), como: §Ð §Þcj (60)

onde, §Ð §Ò §#Ò +§ZÒ +§ÝÒ diferenciando-se do conjugado hermitiano: §Þ §Ò §#Ò §ZÒ §ÝÒ

4.3.1 Solução da Equação de Dirac no Referencial de Repouso (E > 0)

Seja a energia dada por: Ä X S'#

obtemos que a solução de um espinor com energia positiva e momento nulo, ou

seja, a solução no referencial de repouso, será dada por: S'²cj + § S'#; 0 0 (61)

Na representação de Dirac, temos que: cj + )0 00 +2, (62)

Portanto, substituindo a matriz (62) na equação (61), obtemos que:

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S'² )0 00 +2,K§§#§Z§ÝL 0

implicando que: §Z §Ý 0. Então, a forma do espinor da solução com E>0 é dada

por:

§S'#; 0 K§§#00 L § K1000L §# K0100L (63)

com duas soluções independentes no espaço bidimensional.

4.3.2 Solução da Equação de Dirac para Momento Não Nulo (E > 0)

Pode-se reescrever a equação de Dirac para uma partícula

relativística com energia positiva e momento arbitrário (não nulo) como: cfXf + S' §Xf 0 (64)

Multiplicando o operador de Dirac pelo seu conjugado, obtemos: cfXf + S' ckXk S' cfckXfXk + S²'² X² + S²'² Ý

onde, o termo cfck, que é simétrico, pode ser reescrito como:

cfck 12 cfck ckcf MfkÝ

Logo, a solução da equação (64) é dada por: §Xf ckXk S' §S'#; 0 (65)

Portanto, conhecendo a solução para a partícula livre em energia

positiva, basta multiplicá-la pelo operador ckXk S' que obtemos a solução em

qualquer instante, para um momento arbitrário.

Tendo que as duas soluções no referencial de repouso são:

K1000L , K0100L

Aplicando o operador ckXk S' nessas soluções, obtemos que:

ckXk S' K1000L åæ@ S' µ · X+µ · X + æ@ S' çK1000L èéæ@ S' 0+XÏ+Xz + RXÎê

ë (66)

onde,

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+µ · X )10, +E XÏ Xz + RXÎXz RXÎ +XÏ F )10, ) +XÏ+Xz + RXÎ,

Portanto, o espinor èéæ@ S' 0+XÏ+Xz + RXÎê

ë é o boostdo espinor livre, K1000L, de

energia positiva, no referencial da partícula de movimento.

A outra solução é dada pela aplicação do operador ckXk S' sobre a segunda solução:

ckXk S' K0100L åæ@ S' µ · X+µ · X + æ@ S' çK0100L èé0æ@ S' +Xz RXÎXÏ êë (67)

onde,

+µ · X )01, +E XÏ Xz + RXÎXz RXÎ +XÏ F )01, E+Xz RXÎXÏ F

Portanto, o espinor èé0æ@ S' +Xz RXÎXÏ êë é o boost do espinor livre, K0100L, de

energia positiva, no referencial da partícula de movimento.

Assim, a solução geral de um elétron com E > 0 e momento não nulo

é dada pela combinação linear desses dois boosts, (66) e (67). Portanto, dado um

elétron com E > 0 e momento definido sabemos qual é a sua função de onda.

4.4SOLUÇÃO DA EQUAÇÃO DE DIRAC PARA ENERGIA NEGATIVA

Definindo ã+; X , o espinor de Dirac, com quatro componentes,

como a solução da equação de Dirac com energia negativa (E < 0), a equação de

Dirac será dada por: cj c · X' S'# ã+; X 0 (68)

Definindo: Xìf B /';+ X temos: cfXf cj ' + c · X

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cfXìf cj ' c · X

Assim, podemos reescrever a equação (68) como: cfXìf S' ã+X 0 (69)

Tirando o conjugado hermitiano da expressão (68), temos que: ãÞcj + c · X' S'# 0 (70)

Multiplicando a equação (69) por ãÞ a esquerda e multiplicando a

equação (70) por ã a direita, e somando o resultado, obtemos que:

(/S'² ãìã +ãÞã (71)

onde, ãì B ãÞcj

Portanto, obtivemos o mesmo resultado que o anterior (para a

energia positiva), porém, agora, com sinal negativo.

Assim, temos: cfXf + S' §X 0 cfXìf S' ã+Xì 0

4.4.1 Solução da Equação de Dirac no Referencial de Repouso (E< 0)

Analogamente ao processo seguido para encontrar a solução da

equação de Dirac com E > 0, seguiremos o mesmo procedimento para encontrar a

solução para a E < 0.

A solução de um espinor com energia negativa e momento nulo, ou

seja, a solução no referencial de repouso, será dada por: cj ã+/'; 0 0 (72)

Na representação de Dirac, temos que: cj )2 00 0, (73)

Substituindo a matriz (73) na equação (72), obtemos que:

)2 00 0,Kãã#ãZãÝL 0

implicando que: ã ã# 0

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então, a forma do espinor da solução com E < 0 é dada por:

ã+/'; 0 K 00ãZãÝL ãZ K0010L ãÝ K0001L (74)

com duas soluções independentes no espaço bidimensional:

K0010L, K0001L

4.4.2 Solução da Equação de Dirac para o Momento Não Nulo (E < 0)

Sendo a equação de Dirac para uma partícula relativística com

energia negativa e momento arbitrário (não nulo) dada por: cfXìf S' ã+Xì 0 (75)

multiplicando o operador de Dirac pelo seu conjugado, obtemos: cfXìf S' ckXìk + S' cfckXìfXìk + S²'² X² + S²'² Ý

onde, cfck MfkÝ e XìfXìf XfXf X² Logo, a solução da equação (75) é dada por: ã+/'; X ckXìk + S' ã+S'; 0 (76)

Portanto, conhecendo a solução para a partícula livre com energia

negativa, basta multiplicá-la pelo operador ckXìk + S' que obtemos a solução em

qualquer instante, para um momento arbitrário.

Aplicando o operador ckXìk + S' nas soluções da equação de

Dirac para E < 0, no referencial de repouso, obtemos que:

ckXìk + S' K0010L åæ@ + S' µ · X+µ · X +æ@ S' çK0010L èéXÏXz RXÎ+æ@ S' 0 êë (77)

Portanto, o espinor èéXÏXz RXÎ+æ@ S' 0 êë é o boostdo espinor livre, K0010L, de

energia negativa, no referencial da partícula de movimento.

Aplicando o operador ckXìk + S' sobre a segunda solução,

obtemos:

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ckXìk + S' K0001L åæ@ + S' µ · X+µ · X +æ@ S' çK0001L èéXz + RXÎ+XÏ0+æ@ S' êë (78)

Portanto, o espinor èéXz + RXÎ+XÏ0+æ@ S' êëé o boostdo espinor livre, K0001L, de

energia negativa, no referencial da partícula de movimento, onde, ckXìk + S' cjXìj c\Xì\ + S' cjXìj + c\Xì\ + S' cj ' c · X + S'

na qual, para E < 0, Xì\ +X. Portanto, a solução geral de um elétron com E < 0 e momento não

nulo é dada pela combinação linear desses dois boosts, dados pelas equações (77)

e (78).

4.5INTRODUÇÃO DA INTERAÇÃO ELETROMAGNÉTICA

Tendo que a equação de Dirac livre foi obtida na seção 4.2.1: RÊcfxf + S'Ψ 0

introduzindo um termo de potencial eletromgnético nesta equação, dado por:

xf í xf RÊ f

obtemos a seguinte equação: RÊcfxf + S' + fcfΨ 0 (79)

Reescrevendo esta equação no espaço dos momentos, obtemos: cfXf + S' + fcfΨ 0 (80)

Assim, acrescentamos o campo eletromagnético na equação de

Dirac, para descrever uma partícula carregada, um férmion, em acoplamento mínimo

com o campo elétrico.

Trabalharemos no limite baixamente relativístico, onde a energia

dominante é a energia de repouso mc².

Abrindo a equação (80), temos que: cjÄΨ + c · X'Ψ + S'#Ψ + ÃcjΨ ec · cΨ 0 (81)

onde, j Ã/', \ +

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Utilizaremos a notação de Dirac, pois nesta notação fica claro que a

componente da representação de Dirac no campo dos espinores tem quatro

componentes, que são dois espinores com duas componentes cada um, onde a

parte inferior é fracamente relativística.

Reescrevendo a equação (81) utilizando as matrizes de Dirac,

obtemos:

ÀÄ + S'# + Ã # +'µ · X + 'µ · X + +Ä + S'# Ã #Á EÜF 0 (82)

onde, EÜF Ψ

A partir da equação (82), obtemos as seguintes equações

acopladas: Ä + S'# + Ã Ü 'µ · X + ¸ (83) 'µ · X + Ü (Ä S'# + Ã ¸ (84)

Da equação (84) extraímos que:

¸ @·5îÌ7@I5Ã Ü (85)

Substituindo a relação (85) na equação (83), obtém-se que: Ä + S'# + Ã Ä S'# + Ã Ü 'µ · X + ²Ü (86)

Para o lado esquerdo da equação (86), temos que: Ä + S'# + Ã Ä S'# + Ã Ü 2S'²Ä=ï + Ã Ü (87)

onde, Ä=ï Ä + S'# eÄ S'# + à 2S'² Para o lado direito da equação (86), temos que: µ\µX\ + \ X + '#Ü '²µ\µX\X + X\ + \X ²\Ü '#u\ R\µX\X + X\ + \X ²\ Ü '²X²Ü '²²²Ü + R'#X · µÜ + 2'# · XÜ 'µ · X + ² Ü (88)

Observação: µ\µ tem uma parte simétrica e uma antissimétrica.

Portanto, substituindo as expressões (87) e (88) na equação (86),

obtemos: 2S'#Ä=ï + Ã Ü '²X²Ü '²²²Ü + R'#X · µÜ + 2'# · XÜ

Dividindo a equação acima por 2S'# e rearranjando os termos:

Ä=ï + Ã Ü X²2S Ü ²2S²Ü + 22S X · Ü + R2S X · µÜ

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12S X + ²Ü + R2S X · µÜ

na qual, da mecânica quântica e do eletromagnetismo, pelo princípio de

correspondência, temos que: X +RÊ| +RÊ Portanto, Ä=ï + Ã Ü # X + ²Ü + Ê5# · µÜ (89)

Obtemos, assim, uma interação eletromagnética. Aquilo que no

espaço de Minkowski, no limite não-relativístico, é um acomplamento mínimo, no

limite fracamente relativístico é a interação do spin elétrico com o campo magnético,

já que ð Ê# µ. Rearranjando a equação (89), para Ä=ïÜ RÊxÜ,obtemos a equação

de Schrödinger: RÊxÜ # X + ² + Ê5# · µ Ã Ü (90)

Reescrevendo o penúltimo termo do lado direito da equação (90): Ê5# · µ 2 ) Ê5#, · )#, Âñð · Â · (91)

esse termo é o acoplamento magnético, onde: Ê5# B Âñ (magneton de Bohr)

ð µ2

5 2 (razão giro eletromagnética do elétron) (92)

O resultado prevendo que a razão giro eletromagnetica do elétron

fosse igual a 2 foi um grande triunfo da equação de Dirac, pois esse resultado foi

extraído naturalmente da equação de Dirac, já na equação de Pauli, o termo 5 2

precisa ser “colocado a mão” forçadamente, ou seja, a interação eletromagnética

fracamente relativística é não-mínima. Pois ao introduzir o acoplamento mínimo na

equação de Dirac, a relatividade já introduz o acoplamento magnético.2

4.6SIMETRIA DE CONJUGAÇÃO DE CARGA DA EQUAÇÃO DE DIRAC

A equação de Dirac com um campo eletromganético dada pela

equação (79) é dada por:

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RÊcfxf + S' + fcfΨ 0

Tomando o conjugado de Dirac desta equação, obtemos: +RÊxfΨò cf + S'Ψò + fΨòcf 0 (93)

Transpondo a equação (93), obtemos: +RÊcfxfΨò + S'Ψò + fcfΨò 0 (94)

Existe uma matriz ó, unitária e antissimétrica, tal que: ócfó +cf (95) Ócf , ckÔ 2Mfk (96) Ócf, ckÔ 2Mfk (97) Ó+cf , +ck Ô 2Mfk (98)

onde, os dois grupos de matrizes (97) e (98) satisfazem a álgebra das matrizes

gama. Asrelações de (96) a (98)são denominadas de automorfismo da álgebra,

porque os elementos mudam, mas as relações algébricas não mudam. A

transformação (95) independe da representação que for utilizada.

Então, aplicando a matriz ó na equação (94), pela esquerda, e tendo

que, óó , obtemos: +RÊócfóóxfΨò + S'óΨò + fócfóóΨò 0 (99)

Utilizando a propriedade (95) e definindo um novo tipo de

conjugação, denominado de Conjugação de Carga(veja Apêndice C), dado por: Ψ@ B óΨò (100)

fazendo essas substituições na equação (99), obtemos: RÊcfxfΨ@ + S'Ψ@ fcfΨ@ 0 (101)

A equação (101) é a equação de Dirac com um campo

eletromagnético para o espinor Ψ@. Portanto, a equação de Dirac oferece duas

soluções, na qual a solução Ψ@ tem a mesma massa e esta submetida ao mesmo

campo eletromagnético que a solução Ψ, mas com carga oposta + , ou seja, duas

soluções que se diferem somente pela natureza da carga, carga positiva para a

solução Ψ e carga negativa para a solução Ψ@.

Indo para a representação de Dirac, onde a propriedade (95) é

satisfeita, multiplicando essa relação pela matrizó, pela direita, obtemos: ócf +cfó (102)

onde: ócj ócj +cjó í Óó, cjÔ 0

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óc óc có í ó, c 0 (103) óc# óc# +c#ó í Óó, c#Ô 0 ócZ ócZ cZó í ó, cZ 0

então, pelas propriedades (103), se fizermos: ó Vcjc# (104)

Multiplicando a expressão (104) por cj, pela direita, temos que: ócj Vcjc#cj +Vc#cjcj +Vc#

Multiplicando a expressão (104) por cj, pela esquerda, temos que: cjó Vcjcjc# Vc#

então, a expressão (104) é mesmo uma solução da equação (102).

Se a matriz ó for unitáriaó óÞ , a partir da solução (104), na

qual:

ó 1V +c# cj 1V cjc#

óÞ VÒ+c# cj VÒcjc#

temos que: ó óÞ 1V cjc# VÒcjc#

|V#| 1

ou seja, a matriz ó tem que ser uma fase: ó \cjc# (105)

cuja transposta é dada por: ó \c#cj +\cjc# +ó

Portanto, se a matriz ó for unitária, ela também será antissimétrica e

satisfaz a propriedade (95) para qualquer cf.

Na notação de Dirac, a expressão (105) ficará como:

ó \ ) 00 +, E 0 µÎ+µÎ 0 F \ E 0 µÎµÎ 0 F

Se \ R, temos que:

ó R E 0 µÎµÎ 0 F R K0 0 0 +R0 0 R 00R +R0 0 00 0 L K 0 0 0 10 0 +1 00+1 10 0 00 0 L

ó Rcjc# (106)

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Utilizando as definições de conjugação de carga (100) e conjugação

de Dirac (60) e também a relação (106), temos que: Ψ@ B óΨò óΨÞcj ócjΨÒ ócjóCΨÒ +cjCΨÒ +cjRcjc# ΨÒ +Rc#ΨÒ Ψ@ +Rc#ΨÒ (107)

Em notação das matrizes de Dirac:

Ψ@ +R K 0 0 0 +R0 0 R 00+R R0 0 00 0 LºΨÒΨ#ÒΨZÒΨÝÒ» K 0 0 0 +10 0 1 00+1 10 0 00 0 LºΨÒΨ#ÒΨZÒΨÝÒ

»

Ψ@õ\ïö@ º+ΨÝÒΨZÒΨ#Ò+ΨÒ» (108)

Portanto, a conjugação de carga pega as soluções de energia

negativa e transforma em soluções de energia positiva, porém, como a conjugação

de carga tem o sinal da carga oposto, então, troca-se a carga e troca-se o sinal da

energia. 2

4.6.1 Conjugação de Carga e as Soluções de Antipartícula

Obtivemos na seção 4.4, as soluções para a equação de Dirac com

energia positiva e negativa: cfXf + S' §Ä, X 0 cfXìf S' ã+Ä,+Xì 0

Para energia positiva Ä S'# e momento nulo X 0 , obtivemos

que as soluções são:

§ K1000L , §# K0100L

Para energia negativa Ä +S'# e momento nulo X 0 , as

soluções são:

ã K0010L , ã# K0001L

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Tirando o conjugado de carga da solução ã, utilizando as definições

de conjugado de Dirac e de Carga, e a expressão (106), temos que: ã@ óãÐÐÐ +cjóãÒ +Rc#ãÒ ã@ +Rc#ãÒ Em notação das matrizes de Dirac,

ã@ K 0 0 0 +10 0 1 00+1 10 0 00 0 LK0010L K0100L §#

ã@ §#

Tirando o conjugado de carga novamente, na qual sabemos que Ψ@ @ Ψ (veja o Apêndice C), temos que: ã@ @ ã §#@ (109)

Tirando o conjugado de carga da solução ã#, utilizando as definições

de conjugado de Dirac e de Carga, e expressão (106), temos que: ã#@ óã#ÐÐÐ +cjóã#Ò +Rc#ã#Ò ã#@ +Rc#ã#Ò Em notação das matrizes de Dirac,

ã#@ K 0 0 0 +10 0 1 00+1 10 0 00 0 LK0001L +K1000L +§

ã#@ +§

Tirando o conjugado de carga novamente, temos que: ã#@ @ ã# +§@ (110)

Portanto, a partir das relações (109) e (110), observa-se que a

solução de energia negativa ã, ã# , nada mais é do que o conjugado de carga da

solução de energia positiva §, §# . Os lados direitos das relações (109) e (110)

possuem energia positiva e descrevem um objeto com carga positiva, os lados

esquerdos são soluções com energia negativa e descrevem um objeto com carga

negativa, porém as massas das partículas são as mesmas. Logo, as soluções de

energia negativa podem ser interpretadas como a conjugação de carga das soluções

de energia positiva. Essa foi a interpretação que Dirac deu para as soluções com

energia negativa, ou seja, aqui Dirac prevê a existência dos pósitrons (carga oposta, , com E > 0).2

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Assim, quando fazemos a conjugação de carga sobre um elétron com

energia negativa, obtemos um pósitron com energia positiva. Esse ponto foi o

“ponto-chave” na qual Dirac interpretou a antipartícula. Logo, não há mais solução

com energia negativa, mas sim uma solução com energia positiva e com carga

oposta , ou seja, um pósitron.2

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5CONCLUSÃO

Introduziu-se o conceito de grupos através dos princípios de simetria

dos diferentes espaços, dando um exemplo com o espaço euclidiano bidimensional

(E²). Então, definiu-se uma nova métrica que caracteriza o espaço de Minkowski,

impondo o princípio de simetria que preserva o produto escalar para uma

transformação do tipo ’ , que nos conduz a condição e selecionando

o subgrupo com 1, obtém-se o grupo SO(1,3), o grupo das matrizes

pseudo ortogonais (4x4), com uma dimensão temporal e três espaciais, denominado

de grupo de Lorentz, cujas transformações são as Transformações de Lorentz, da

Relatividade Restrita.

Através da álgebra de Lie caracterizou-se os espinores do grupo

SO(1,3), que descrevem os férmions, na qual, a partir desses procuramos as

equações relativísticas que descrevam as partículas.A partir dos geradores do grupo

de Lorentz definiu-se duas classes de geradores, os boosts e as rotações, na qual a

combinação linear destes dois tipos de geradores nos conduz a uma nova base,

composta por dois novos geradores ¡\, ¢\ , cujos grupos são caracterizados por dois

números U, V . Onde para caracterizar uma partícula relativística é necessário

especificar quem são esses dois números U, V . Os estudos sobre a luz conduziram o andamento da Física a

algumas representações: as equações de Maxwell, posteriormente a Relatividade e

ao grupo de Lorentz, que são descritas pelas equações relativísticas, na qual cada

uma está associada a um espinor. A partir do grupo de Lorentz ao atuar sobre um

espinor fermiônico, ou seja, um espinor cuja representação é uma partícula com spin

semi-inteiro, com as matrizes de Pauli, levando a representação (½, 0) para a

representação (0, ½) para descrever um férmion massivo é necessário acrescentar

um parâmetro de massa na representação fermiônica (½, 0) e (0, ½), que nos

conduz a Equação de Dirac.

Através da descrição do fóton na notação covariante obteve-se as

equações de Maxwell.

Obteve-se dois tipos de representações: a representação de Dirac e

a representação de Weyl, na qual, esses diferentes tipos de representações são

importantes para ajudar a resolver o problema abordado e simplificar a interpretação

física do mesmo, porque independentemente da representação a física do problema

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é a mesma. Na representação de Weyl obtém-se claramente a estrutura de spin e na

representação de Dirac fica claro o quanto as partículas são relativísticas ou não.

Através da teoria degrupo obteve-se as equações de Maxwell do

eletromagnetismo e as relações da física quântica, onde o spin surge naturalmente

da equação de Dirac sem precisar ser “colocado a mão”, demonstrando a

importânicia do ponto de vista proporcionado pela teoria de grupos para a

descoberta das leis físicas.

Obtivemos que a massa do elétron surge do acoplamento dos

setores left e rightdo grupo de Lorentz. Mostramos, assim, como emergem as

matrizes de Dirac e a Álgebra de Clifford naturalmente a partir da introdução de

massa na equação de Weyl, obtendo-se finalmente a Equação de Dirac.

Introduzindo um termo de potencial eletromgnético na equação de

Dirac, para descrever um férmion carregado, em acoplamento mínimo com o campo

elétrico, no limite baixamente relativístico, obtivemos uma interação eletromagnética.

Aquilo que no espaço de Minkowski, no limite não-relativístico, é um acomplamento

mínimo, no limite fracamente relativístico é a interação do spin elétrico com o campo

magnético, já que ð Ê# µ. Dessa análise obteve-se, também, que a razão giro

eletromagnetica do elétron é igual a 2, o que foi um grande triunfo da equação de

Dirac.

Verificou-se que a equação de Dirac oferece duas soluções, Ψ e Ψ@,

na qual a solução Ψ@ tem a mesma massa e esta submetida ao mesmo campo

eletromagnético que a solução Ψ, mas com carga oposta + , ou seja, duas

soluções que se diferem somente pelo natureza da carga, carga positiva para a

solução Ψ e carga negativa para a solução Ψ@.

A partir das soluções para a equação de Dirac com momento nulo e

energia positiva (§, §# , e com momento nulo e energia negativa ã, ã# , tirando o

conjugado de carga dessas soluções, obteve-se que, a solução de energia negativa ã, ã# é o conjugado de carga da solução de energia positiva §, §# , ou seja, ã §#@ e ã# +§@ . Como os lados direitos dessas relações possuem energia

positiva e descrevem um objeto com carga positiva, os lados esquerdos são

soluções com energia negativa e descrevem um objeto com carga negativa, cujas

massas das partículas são as mesmas. Então, as soluções de energia negativa

podem ser interpretadas como a conjugação de carga das soluções de energia

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positiva. Essa foi a interpretação que Dirac deu para as soluções com energia

negativa, prevendo, assim, a existência do pósitron.

Portanto, quando fazemos a conjugação de carga sobre um elétron com

energia negativa, obtemos um pósitron com energia positiva. Essa interpretação de

Dirac foi muito importante, porque dessa forma não há mais solução com energia

negativa, mas sim uma solução com energia positiva e com carga oposta, ou seja, o

pósitron.

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REFERÊNCIAS

1 WEYL, Hermann; ROBERTSON, H. P.The theory of groups and quantum mechanics.[s.n.]. DoverPublications, 1931.p.vii e viii.

2HELAYËL-NETO, José Abdalla. Notas do Curso: Eletromagnetismo Clássico, 1º semestre e 2º semestre de 2013. Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, Rio de Janeiro, 2012.

3 HSU, Hwi P.Análise vetorial. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1972. p. 122-125. 4 CANTARERO, Andrés. Terema de Helmholtz. 2004. Disponível em: <http://www.uv.es/cantarer/em/>. Acessoem: 23 out. 2013.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

1 DIRAC, Paul Adrien Maurice. The quantum theory of the electron. Cambridge:JSTOR, 1928. (Communicated by R. H. Fowler, F.R.S. – Received January 2, 1928).

2DIRAC, Paul Adrien Maurice. The quantum theory of the electron: Parte IICambridge:JSTOR, 1928. (Communicated by R. H. Fowler, F.R.S. – Received February 2, 1928).

3 OAKES, Thiago Luiz Antonacci.Estado fundamental do átomo de hidrogênio via equação de Dirac em um cenário com comprimento mínimo. 2013. 72f. Tese (Doutorado em Ciências Físicas) – Centro de Ciências Exatas, Universidade Federal do Espírito Santo, Espírito Santo, 2013. 4 BROWN, Laurie M.Paul A.M.Dirac’s the principles of quantummechanics. Physics in Perspective, BirkhäuserVerlag, Basel, 2006(This article is based upon a talk I gave at the Baylor University Dirac Centennial Conference, September 30-October 2, 2003, organized by Bruce Gordon). 5RIBAS, Rafael Marques. Equação de Dirac. 2001. 39f. Monografia (Bacharel em Física) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

Vetores covariante e contravariante

Em um espaço qualquer, n-dimensional (SN) podemos definir o

produto escalar como:

u · v §\ ù · ãú §\ã\ onde, a métrica do espaço é definida como:

\ ù · ú Utilizando a notação matricial, reescrevemos o produto escalar

como: u · v §ã

Supondo uma transformação do tipo: §’ § ã’ ã

e impondo que o produto escalar seja um invariante, obtemos: u · v §ã §ã §ã u · v que nos conduz a seguinte condição: (A-1)

Se a métrica for não singular, ou seja, se ela tiver um determinante

não nulo, ela será inversível.

Definindo um novo vetor (§û como o produto entre a métrica e o

vetor § : §û §

Aplicando a transformação em§û , obtemos: §û § § §(A-2)

A partir da relação (A-1), temos que: (A-3)

Substituindo a relação (A-3) em (A-2), obtemos que: §û § § §û (A-4)

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Portanto em um espaço cuja métrica é não trivial cria-se uma

nova categoria de vetores §û § (vetor dual) que se transforma por ,

diferentemente da primeira categoria de vetores § que se transforma por . Esses

dois tipos de vetores que têm origem na métrica não trivial são chamados de vetores

covariantes e contravariantes, que podem ser definidos colocando-se índices em

cima e embaixo. Definiremos como vetores contravariantes os vetores com índice

em cima, e vetores covariantes os vetores com índice embaixo: § §f (vetor contravariante) (A-5) §û § §f(vetor covariante) (A-6)

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APÊNDICE B

Propriedades daconjugação de Dirac

Conhecendo as seguintes propriedades do conjugado hermitiano: cjÞ cj(B-1) c\Þ +c\, R 1,2,3 (B-2)

onde, cjcj , c\c\ + (B-3)

na qual, em notação de Dirac,

cj E# 00 +#F c\ ) 0 µ+µ 0,

Multiplicando a relação (B-1) por cj, a direita e a esquerda, e

utilizando a propriedade (B-3), obtém-se que: cjcjÞcj cjcjcj cj cjcjÞcj cj (B-4)

Fazendo a mesma operação sobre a relação (B-2), obtém-se que: cjc\Þcj +cjc\cj c\cjcj c\ cjc\Þcj c\(B-5)

Comparando as expressões (B-4) e (B-5) verifica-se que tanto a

coordenada espacial quanto a coordenada temporal, ambas obedecem a mesma

relação. Portanto podemos agrupá-las em uma expressão única dada por: cjcfÞcj cf , Â 0,1,2,3(B-6)

Reescrevendo essa relação para matrizes, temos que: cj¿Þcj ¿ò

De acordo com as propriedades (B-1) e (B-2), observa-se que na

conjugação hermitiana nem todas as matrizes gama são auto-conjugadas. Mas, na

conjugação de Dirac, todas as matrizes gama são auto-conjugadas: cìf cf , Â 0,1,2,3(B-7)

Portanto, definimos o conjugado de Dirac como: ²Ð ²Þcj (para um espinor ²) (B-8) ¿ò cj¿Þcj (para uma matriz M) (B-9)

Analisaremos, a seguir, algumas proriedades do conjugado de Dirac:

1) Para duas matrizes, temos que:

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¿¾ÐÐÐÐÐ cj¿¾ Þcj cj¾Þ¿Þcj cj¾Þcjcj¿Þcj ¾ò¿ò ¿¾ÐÐÐÐÐ ¾ò¿ò (B-10)

Introduzimos o termo cjcj, pois ele é igual a matriz identidade.

2) Tirando o conjugado do conjugado de Dirac, temos que:

¿òò cj¿ÞÞcj ¿ ¿òò ¿ (B-11)

3) Fazendo o produto de uma matriz com um espinor, obtemos: ¿²ÐÐÐÐÐ ¿² Þcj ²Þ¿Þcj ²Þcjcj¿Þcj ²Ð¿ò ¿²ÐÐÐÐÐ ²Ð¿ò (B-12)

4) Multiplicando um espinor por um escalar, obtemos: '²ÐÐÐÐ '² Þcj 'Ò²Þcj 'ҲР'²ÐÐÐÐ 'ҲР(B-13)

5) Multiplicando uma matriz por um escalar, obtemos: '¿ÐÐÐÐ cj'¿ Þcj 'Òcj¿Þcj 'Ò¿ò '¿ÐÐÐÐ 'Ò¿ò (B-14)

6) Tirando o conjugado de Dirac de uma mariz inversa: ¿ÐÐÐÐÐÐ cj¿ Þcj cj¿Þ cj cj ¿Þ cj cj¿Þcj ¿ò ¿ÐÐÐÐÐÐ ¿ò (B-15)

na qual, utilizamos a seguinte propriedade: ¿¿

Tirando o conjugado hermitiano dessa propriedade, temos que: ¿¿ Þ ¿Þ¿ Þ ¿ Þ ¿Þ

Portanto, a partirdessas propriedades, (B-10) a (B-15) observa-se

que a conjugação de Dirac apresenta propriedades similares às do conjugado

hermitiano. Exceto, que como já dissemos, as matrizes gama são auto-conjugadas

na conjugação de Dirac, o que não ocorre na conjugação hermitiana.

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APÊNDICE C

Propriedades da conjugação de carga

Tendo que a definição do Conjugado de Carga é definido por: Ψ@ B óΨò (C-1)

(i) Tirnado o transposto desta relação, obtemos: Ψ@ óΨò +Ψòó

Multiplicando essa última relação pela matriz ó, pela direita, e

sabendo a matriz ó é uma matriz unitária e antissimétrica, temos que: Ψ@ ó +Ψòóó Ψò +Ψ@ ó (C-2)

(ii) Tirando o transposto da seguinte relação ΨòΧ, que é um número,

ou seja a transposta de um número é o próprio número, temos que: ΨòΧ ΨòΧ ΧΨò ΧóóΨò +Χ@ÐÐÐΨ@ ΨòΧ +Χ@ÐÐÐΨ@ (C-3)

onde, a partir da definição (C-1) e utilizando a definição de conjugado de Dirac para

um espinor, dado pela expressão (B-8), temos que: Ψ@ B óΨò óΨÞcj ócjΨÒ ócjóóΨÒ +cjóΨÒ(C-4)

cujo conjugado de Dirac será dado por: Ψ@ÐÐÐÐ B Ψ@ Þcj (C-5)

Substituindo a relação (C-4) em (C-5): Ψ@ÐÐÐÐ ócjΨÒ Þcj Ψcjócj Ψóócjócj +Ψócjcj +Ψó

onde, cjcj , ócfó +cf Ψ@ÐÐÐÐ +Ψó (C-6)

(iii) Tirando o transposto da seguinte relação ΨòcfΧ, que também é

um número, temos que: ΨòcfΧ ΨòcfΧ ΧcfΨò ΧóócfóóΨò Χ@ÐÐÐcfΧ@ onde, utilizamos as relações (C-1), (C-6), ócfó +cf e óó . ΨòcfΧ Χ@ÐÐÐcfΧ@ (C-7)

(iv) Utilizando a definição de conjugado de carga (C-1),a relação (C-

4) e a definição de conjugado de Dirac para um espinor, dado pela expressão (B-8).

Então, tirando o cojugado de carga do conjugado de carga, temos que:

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Ψ@ @ óΨ@ÐÐÐÐ ó+cjóΨÒ ÐÐÐÐÐÐÐÐÐÐÐÐÐ +óΨÒÐÐÐÐóìcj +óΨÒÞcjcjóÞcjcj +óΨó +ó+ó Ψ Ψ

onde, óÞ ó cjcj ΨÒÞ Ψ ΨÒÐÐÐÐ ΨÒÞcj óì cjóÞcj

Portanto, Ψ@ @ Ψ (C-8)