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O ESTILO ROMÂNICO Séculos XI- XII

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O ESTILO ROMÂNICO

Séculos XI- XII

• Arte românica surgiu em plena época feudal, tendo-se desenvolvido entre os sécs. XI e finais do séc. XII

• Transformando-se numa arte amadurecida e estruturalmente flexível, que se espalhou por toda a Europa, tornando-se no primeiro estilo internacional da Idade Média.

• Nesta época, toda a civilização europeia se moveu em nome de uma renovação arquitectónica que foi a expressão mais pura da Fé.

• O Românico desenvolveu-se no contexto deuma Europa Ocidental dominada

· pelo Monaquismo e pelo poder da Igreja(simbolizado pelo Mosteiro), quedesempenhou um papel unificador daideologia e da cultura;

· pelo Feudalismo e pelo poder da Nobreza(simbolizado pelo Castelo).

• O Românico desenvolveu-se, ainda, no contexto dedois fenómenos importantes:

· por um lado, as Peregrinações a Jerusalém, a Romae, especialmente, a Santiago de Compostela, emcujos “caminhos” se produziu a arte românica;

· por outro lado, as Cruzadas (1096-1270), queresultaram no conhecimento de antigos textosgregos preservados em árabe, da decoraçãooriental, de novas formas artísticas e de padrões devida mais desenvolvidos, para além de teremreaberto as vias comerciais do Mediterrâneo, com aconsequente recuperação do comérciointernacional, da vida urbana e da força militar.

Arquitectura civil e militar:A Torre

•A época necessitou também de uma arquitectura com características defensivas.

• Nesse sentido surgiu a torre (habitação do senhor ou do nobre), situada numa elevação natural ou artificial, para uma maior segurança;

• Ao seu redor era construída, em terra ou madeira, uma paliçada (conjunto de estacas de madeira fincadas verticalmente no terreno, ligadas entre si, de modo a formarem uma estrutura firme.) e um fosso com água, que defendiam a torre; as casas dos populares, os estábulos e os celeiros.

• A partir do séc. XI, devido a novas tácticas de defesa e armamento, as torres passaram a ser construídas em pedra

• Apresentavam um aspecto fortificado e austero, com paredes grossas e altas;

• Tinham forma quadrangular, reforçada por contrafortes salientes,

• Uma planta muito simples(duas ou três divisões unidas, sem espaços de ligação).

• As mais complexas possuíam :-no piso inferior ,um átrio com uma loja ou oficina; -no segundo piso, uma sala, a aula, que servia, por vezes, como local de reuniões de família, e a capella (oratório);-no terceiro piso, situavam-se os aposentos.

• A entrada da torre era bastante peculiar pois o acesso era feito directamente para o primeiro piso, através de uma escada em madeira que era retirada em momentos de perigo.

Arquitectura civil e militar:O Castelo

• Devido ao contacto com o Oriente das cruzadas, as torres evoluíram no sentido do castelo

• Este apresentava todas as características da torre, mas ocupava um maior espaço e continha mais elementos arquitectónicos como:

• uma dupla muralha com paredes compactas, terminada em ameias (aberturas no parapeito da muralha que serviam para os defensores avistarem os inimigos),

• A muralha era rodeada pelo adarve ou caminho da ronda com baluartes com seteiras (aberturas na muralha para, como o nome indica, se lançarem setas ou flechas) nas guaritas (pequena torre com seteiras, geralmente erguida no ângulo mais saliente de um baluarte de uma fortificação, com a função de protecção das sentinelas) e fosso (escavação profunda e regular, destinada a dificultar e, principalmente, impedir o acesso do inimigo)

• Desde o séc. XII, surgem os mata-cães (abertura no chão entre as mísulas que sustentam as ameias ou os balcões das fortificações medievais, através da qual se podia observar os atacantes que se encontravam na base da muralha defensiva, agredindo-os com pedras ou outros objectos)

• Possuíam uma torre de menagem, ( torre central e mais alta de um castelo medieval, principal ponto de poder e último reduto de defesa, servia também de recinto habitacional do castelo e albergava uma capela)

• Um pátio exterior; a capela; as cisternas; a forja; a ferraria; as casas das guarnições e dos cavaleiros; as cavalariças e os armazéns.

Arquitectura religiosaO Mosteiro

• Os mosteiros, juntamente com as igrejas, formam os dois tipos de edifícios religiosos.

• Morada dos monges (ex: Ordem de Cister ou de Cluny) ou os monges cavaleiros ( Ordem dos Templários ou dos Hospitalarios )

• Foram os detentores do saber• Os mosteiros, núcleos culturais e artísticos, foram os difusores

do novo estilo.• Na formação desta tipologia tiveram grande importância os

ensinamentos das ordens religiosas de Cluny (a partir de 984) e de Cister (a partir de 1100): o estilo cluniacense, de ornamentação profusa e muito luxuosa, com pinturas murais e esculturas decorativas, contrastava, sem dúvida, com a grande sobriedade cisterciense, cujas construções possuíam paredes nuas, quase sem elementos decorativos

Arquitectura religiosaA Catedral

• A Europa Medieval, como afirmou RaoulGlaber, "cobriu-se com um manto branco deigrejas", todas elas unidas pela mesma fé epelos mesmos princípios, mas com umagrande diversidade formal, comparticularidades próprias de cada região.

• Foi esta diversidade na unidade que maiscaracterizou o Românico;

• A catedral (também denominada por igreja, na linguagem comum)

• Apresenta como novidade, em relação às anteriores, o facto de ser totalmente abobadada em pedra, substituindo os tectos em madeira:

• A nave principal era coberta por abóbadas de berço ou canhão, que em alguns casos eram substituídas por cúpulas

• As naves laterais eram cobertas por abóbadas de aresta (cruzamento na perpendicular de duas abóbadas de berço, da mesma dimensão e ao mesmo nível);

• As igrejas românicas seguem dois modelos:- o menos utilizado, de planta centrada, em cruz grega, hexagonal, octogonal ou circular, de influência oriental;- o dominante, de tipo basilical, em cruz latina, com três, cinco ou sete naves.

• As naves da catedral são atravessadas por uma outra, o transepto, que podia ter apenas uma nave ou ser tripartido como o corpo da igreja e que confere ao edifício a sua forma cruciforme;

• no ponto de cruzamento aparece o cruzeiro, encimado pelo zimbório ou torre lanterna (sistema de iluminação e arejamento da igreja);

• no lado nascente do transepto abrem-se um ou dois absidíolos, que por vezes eram colocados no alinhamento das naves laterais

• a nave central conduz à abside central.

• A abside central, que contém a capela-mor onde se situa o altar e o coro.

• Devido ao aumento do culto, foi necessário construir mais altares onde se celebravam vários ofícios ao mesmo tempo; para tal, foi construído o deambulatório (espécie de corredor ou nave curvilínea), que contorna a abside e geralmente possui três a cinco capelas radiantes (que serviam para instalar os altares secundários).

• O deambulatório , as capelas radiantes e a abside formam um conjunto a que se dá o nome de cabeceira

• Em alguns casos a igreja românica é precedida por um nártex, que serve de vestíbulo à igreja (influência da basílica cristã); destinava-se a abrigar os catecúmenos (não baptizados), os energúmenos (possuídos dos demónio) e os penitentes;

• As igrejas de peregrinação possuíam uma cripta, local onde se depositavam e veneravam os restos mortais e/ou as relíquias dos santos e onde se realizavam cerimónias religiosas;

• A igreja possuía um átrio, recinto aberto, espécie de pátio quadrangular rodeado por quatro alas abobadadas e colunadas

• Consoante as regiões, a catedral podia ter uma ou duas torres sineiras, que ladeavam a fachada principal e possuíam diversas aberturas que difundiam a luz para a nave principal;

• A catedral é a representação de toda a Criação divina sobre aTerra.• A sua forma em cruz latina deve estar orientada no espaço deocidente para oriente (onde se encontra a abside) – comodeterminou o maior teólogo da Igreja Ocidental, S. Tomás de Aquino,foi a Oriente que se manifestou o Filho do Homem; foi a Oriente queCristo subiu ao Céu dos Céus.• O transepto estava orientado segundo um eixo norte-sul• A terceira dimensão é a vertical – no cruzeiro – sendo através delaque se passa do plano quadrado (símbolo da Terra e dos seusquatro elementos) , ao plano octogonal do zimbório (evocação dosoito anjos que suportam o “trono de Deus”) ou ao plano esférico dacúpula (símbolo do Céu). Este é o lugar da ascensão e do acesso aomundo espiritual.• A forma da catedral é materializada na Cruz tridimensional,guiando o espírito em direcção às mais altas realizações místicas.

Sistemas de cobertura e suporte

• Igrejas românicas eram totalmente abobadadas.

• Nave central era coberta pela abóbada de berço (resultante da sucessão de arcos de volta perfeita).

• Naves laterais, mais baixas, eram cobertas por abóbadas de arestas ( cruzamento ortogonal de duas abóbadas de berço, da mesma dimensão e do mesmo nível)

• Nas catedrais sob influencia oriental, as abóbadas eram substituídas por uma sucessão de cúpulas.

• Em todas as coberturas a cada abóbada ou a cada cúpula correspondia, em planta, uma área quadrada.

• A passagem do quadrado da cúpula para a semiesfera cupular foi resolvido por meio de:- trompas (elemento que faz a transição da forma quadrada da base para a circular sobre a qual se apoia a cúpula) [pag.38 – imagem 40] ou - pendentes (formas triangulares côncavas que, construídas a partir dos

ângulos do quadrado, o transformam numa circunferência onde a cúpula assenta). [pag. 39 – imagem 42]

• Cada abobada e cúpula, com os seus elementos de descarga de forças, forma unidades rítmicas : os Tramos [pag. 39 – imagem 41A]

Cada Tramo é constituído por:– Dois arcos torais, transversais– Dois arcos formeiros, que separam a nave principal das laterais– Arcos de cruzeiro, que formam arestas ou nervuras de abóbada.[pag. 38 – imagem 39B)

• A pressão contínua exercida pela abóbada ou pela cúpula da nave principal é descarregada, através dos arcos, para os

pilares e colunas e sobre as naves laterais para as paredes exteriores do edifício

• As naves laterais exercem pressões que anulam as forças exercidas pela abóbada principal nos pilares e colunas.

• A pressão exercida pelas abóbadas laterais é transmitida à parede exterior do edifício:

- reforçada por paredes grossas, com poucas aberturas

- e por contrafortes adossados e chanfrados, situados no exterior e no mesmo alinhamento dos pilares.

• Pilares – situam-se no interior da igreja, no ponto de charneira de dois tramos. – São compostos e cruciformes, possuindo um colunelo (coluna

geralmente de diâmetro inferior, mais delgada, que pode estar adossada a

outros elementos) ou pilastra (pilar fundido numa parede) por cada um dos arcos definidores de um tramo.

• Na sua forma maiscomplexa ( utilização de

abóbadas de aresta em todas as

naves) cada pilar suportacinco arcos de abóbada, sódo lado da nave principal :

– Um dobrado ou toral;

– Dois formeiros;

– Dois cruzeiros.

Correspondente a

cinco colunelos.

• Nalguns casos foram usados colunas entre os pilares, dispostasalternadamente, de modo a fazerem a descarga de forças dos tramos das naves laterais (têm metade da dimensão do da nave

principal)

• Os pilares e colunas, distribuídos alternadamente, formam um elemento rítmico e uma cortina separadora entre as naves

Alçado Interno da nave principal(desenho do edifício projectado num plano vertical, perpendicular à base)

• Alçado interno da nave possui organização vertical( bi ou tripartida)constituída por:- Arcada principal, que divide a nave central das laterais e é formada por pilares ou colunas;

• Tribuna, uma espécie de galeria semiabobadada, situada no primeiro andar, aberta para a nave central.-Serve para se fazer a descarga das forças da parede exterior-Destinava-se às mulheres que iam sozinhas à igreja, pois daí se assistia aos ofícios religiosos;

[A tribuna desenvolve-se durante o románico e corresponde ao piso sobre as naves laterais. Ocupa toda a largura das ditas naves.]

• Trifório, formado por dois, três ou mais arcos por tramo, por vezes substituía a tribuna, e interligava o pequeno corredor situado acima da nave lateral (na inexistência desse corredor, o trifório era apenas uma arcatura decorativa cega);

[O triforio aparece mais durante o gótico e pode estar acima da tribuna, sendo mais estreito, por ele apenas pode passar uma pessoa. Quando não está acima da tribuna, substitui-a, mas continua a ser mais estreito. ]

• Clerestório, a zona de iluminação da igreja que fica pegado aos arcos do tecto (abaixo dos arcos formeiros da abóbada principal), constituído por janelas ou frestas;

A iluminação do edifício• Devido ao equilíbrio de forças necessário à sustentação

das abóbadas, as paredes da catedral românica são grossas, compactas e aberturas.

• Isto confere aos interiores, um clima místico de paz e recolhimento, propício à reflexão e à oração;

• O sistema de iluminação é feito através de:

- Clerestório (1)

- Torre lanterna (2), com uma série de aberturas que difundem a luz para a nave principal, a partir do cruzamento com o transepto

- Janelões (3), na fachada (arquitectura francesa)

- Rosácea (4) (igrejas italianas)

(1) (2) (3) (4)

Configuração

• A igreja possui uma combinação de volumes:

- circulares, dados pela cabeceira

- rectangulares, corpo da igreja e transepto

- poliédricos e piramidais, torres sineiras e lanterna

• O efeito geral da catedral românica é de grande solidez e robustez, reforçado pelos contrafortes salientes e adossados, situados exteriormente ;

• Outra das principais características da igreja românica é a horizontalidade;

• Fachadas das catedrais medievais, normalmente corpo tripartido:

- corpo central de forma rectangular, terminado em triangulo (correspondente ao telhado de duas águas). Neste corpo encontram-se elementos de decoração e iluminação ( rosáceas, janelões, contrafortes, portais)

- dois corpos laterais, unidos ao central, podem ser mais baixos e inclinados (correspondentes às naves laterais) ou mais elevados (correspondem às duas torres sineiras).

• Sistema de construção:

– as pedras da estrutura são esculpidas em chanfro ( recorte em meia cana ou bisel), em moldura ( ornamento saliente enquadrando um elemento arquitectónico ou decorativo) ou em medalhão ( baixo-relevo de forma oval ou circular)

– Aparelhadas com rigor e justapostas sem argamassa

– Ocupam, com precisão, o espaço que lhes é devido e mantêm-se em equilíbrio (devido ao peso e à pressão)

Decoração do exterior

• A decoração esculpida das igrejas românicas possui influências bárbaras e bizantinas.

• Os relevos, ornamentais e figurativos distribui-se interna e externamente.

• Tem um carácter decorativo, didáctico e simbólico ( o eterno conflito entre a luz e as trevas, essência espiritual do mundo românico)

Decoração do exterior• A decoração escultórica estava limitada ao

portal e à cornija:

- as cornijas (remate logo a seguir ao telhado) eram decoradas com arcos cegos e cachorradas (conjunto de cachorros, isto é, peças salientes esculpidas), que podiam ter também uma função de suporte da cornija.

• Os cachorros possuíam formas geométricas, zoomórficas e antropomórficas (as últimas exerciam uma função de educação moral, cívica e religiosa, ou de crítica social e política);

• A fechar os algeroses (caleiras) existiam gárgulas, que serviam para escoar a água da chuva e podiam ter tanto uma forma simples como serem aproveitadas para a representação de motivos animalistas e míticos.

• Na fachada principal da catedral os elementos decorativos que mais se destacam são:

- as rosáceas (além de decorarem o exterior do edifício, também iluminavam o interior), trabalhadas com motivos geométricos e florais;

- os grandes janelões (que possuíam as mesmas funções da rosácea)

- O portal, que tanto podia ser simples como encaixado num pórtico saliente.

• O mais vulgar possui: uma entrada chanfrada, ou ombreira, ornamentada com colunelos; uma porta simples ou dupla, que tem a meio do vão uma coluna, também esculpida (mainel), que sustenta a arquitrave (lintel ou dintel), decorada com um relevo esculpido;

• A meio do vão uma coluna, também esculpida (mainel),

• Sustenta a arquitrave (lintel ou dintel), decorada com um relevo esculpido;

• e um tímpano, espaço semicircular circundado por arcos de volta inteira (arquivoltas), sustentado pelo lintel.

• A sua superfície é decorada com relevos