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FUCAP Curso Técnico de Enfermagem Prof. Carla – ([email protected]) FISIOLOGIA ¨A sorte favorece a mente bem preparada." Louis Pasteur

Apostila de Fisiologia 20112

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FUCAPCurso Técnico de Enfermagem

Prof. Carla – ([email protected])

FISIOLOGIA

¨A sorte favorece a mente bem preparada." Louis Pasteur

2013/1

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FUCAP Curso Técnico de Enfermagem Disciplina: Fisiologia

SUMÁRIO

CAPÍTULO TÍTULO PÁGINAI Fundamentos de Fisiologia 03II Sistema Hematológico 08III Sistema Nervoso 12IV Sistema Circulatório 21V Sistema Respiratório 28VI Sistema Renal e Os Líquidos Corporais 32VII Sistema Digestivo e Metabólico 35VIII Endocrinologia e Reprodução 37

CALENDÁRIO

ATIVIDADE ASSUNTO DATA

- Reflexão Técnica

¨Todo profissional da saúde deve compreender o funcionamento, a regulação e a integração dos diversos sistemas do corpo humano, sendo que o domínio dos princípios fisiológicos pelo bom enfermeiro permite a conexão da ciência com a eficiência da assistência nas suas diversas áreas de atuação, com ênfase na prevenção, diagnóstico e terapias.¨

AIRES, Margarida de Mello

- Mensagem

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¨A felicidade às vezes é uma benção, mas geralmente é uma conquista.¨ Autor desconhecido

FUCAP Curso Técnico de Enfermagem Disciplina: Fisiologia

Capítulo I: Fundamentos de Fisiologia

Introdução a Fisiologia Humana

A palavra fisiologia define a ciência que estuda o funcionamento dos organismos vivos, e sua base é de grande importância para a explicação da própria vida.

A unidade funcional básica do corpo é a célula, existindo cerca de 75 trilhões delas em cada ser humano. A maior parte das células está viva e, em sua imensa maioria, também se reproduz e, com isso, garante a continuidade da vida. Cada organismo é um conjunto de células que se agregam em estruturas especializadas para a realização de funções específicas.

- Especialização Celular e Meio Extracelular

A divisão de trabalho é conseqüência da especialização celular. A célula especializada apresenta estruturas adaptadas a atividades específicas, além daquelas destinadas às funções básicas de sobrevivência, que colaboram para a manutenção do organismo.

A organização multicelular proporciona maior estabilidade às células. Isso porque todas as células corporais se encontram imersas em um líquido denominado extracelular que ocupa os espaços entre elas, mantendo um ambiente constante. Os organismos unicelulares (microorganismos), entretanto, estão intimamente relacionados a um ambiente externo geralmente inconstante, sujeito a todo tipo de variações.

O meio fluido (líquido) que envolve as células é chamado de fluido extracelular ou, em algumas vezes, de meio interno. O fluido extracelular é praticamente o mesmo em todas as partes do corpo.

A existência do líquido extracelular permite que, embora todas as células corporais necessitem atender a determinados requisitos básicos, como nutrição, respiração e excreção, por exemplo, elas só precisem realizar trocas com esse líquido, de onde obtêm seus nutrientes e gases e para onde enviam as substâncias excretadas.

Células com diferentes tipos de especialização estruturam-se na formação de órgãos. Conjuntos de órgãos afins se organizam, formando os sistemas corporais, que são responsáveis por todas as funções vitais.

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O funcionamento do organismo como um todo resulta da combinação harmônica de todos os sistemas como o tegumentar, esquelético, muscular, articular, nervoso, circulatório, respiratório, digestório, excretor, reprodutor, endócrino e sensorial.

- Metabolismo

A formação e a manutenção de todas as estruturas dos seres vivos dependem de diversas reações químicas. Denomina-se metabolismo o conjunto das reações químicas que atuam na síntese de novas substâncias e na obtenção de energia que permite a construção e o funcionamento do organismo.

As reações de anabolismo são reações químicas envolvidas na formação de substâncias complexas a partir de outras mais simples. As reações de catabolismo estão envolvidas na degradação de substâncias complexas até outras mais simples.

- Homeostase

O funcionamento do organismo depende de condições constantes do líquido extracelular, mantidas apesar das variações ambientais às quais o ser vivo está exposto. Essas condições referem-se às características físicas e químicas desse líquido, como o pH, a pressão, o volume, a concentração de íons, e a presença, em níveis adequados, de determinados nutrientes, como o oxigênio, a glicose e os sais minerais. Essa situação de constância (equilíbrio) recebe o nome de homeostase.

No entanto, essa situação constante não deve ser interpretada como uma situação totalmente estática. Ao contrário, as células estão continuamente interagindo com o líquido extracelular, pois, em função do metabolismo, há um contínuo consumo e reposição dos constituintes desse líquido, que se mantém num equilíbrio dinâmico.

Num indivíduo equilibrado, cada sistema de órgãos do corpo desempenha um papel específico na homeostasia. Por exemplo, o sistema respiratório controla as concentrações de oxigênio e de gás carbônico no meio interno, auxiliando na geração de ATP e ajustando o pH do sangue. Os rins removem os produtos do metabolismo dos líquidos orgânicos enquanto que, ao mesmo tempo, controlam as concentrações dos diferentes íons. O sistema digestivo processa os alimentos a fim de prover os nutrientes adequados para o meio interno. Os músculos e o esqueleto dão apoio e locomoção para o corpo, de modo que este pode buscar a compensação para suas próprias necessidades, especialmente aquelas relacionadas com a obtenção de alimento e de água para o meio interno. O sistema nervoso inerva os músculos e também controla o funcionamento de muito dos órgãos internos, funcionando em associação com o sistema respiratório, a fim de controlar as concentrações de oxigênio e de gás carbônico. O sistema endócrino controla a maior parte das funções metabólicas do corpo, bem como a velocidade (e a intensidade) das reações químicas celulares, e as concentrações de glicose, gorduras e aminoácidos nos

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líquidos corporais, bem como a síntese de novas substancias necessitadas pelas células. Até mesmo o sistema reprodutor tem papel na homeostasia, dado que leva à formação de novos seres humanos e, portanto, novos meios internos para substituir os mais antigos, que envelhecem e morrem.

Fisiologia Celular

- A Célula e sua Composição

As células são formadas, em sua maior parte, por cinco substancias básicas: água, que está presente em concentrações de 70 a 85%; proteínas que normalmente constituem de 10 a 20% da massa celular; lipídios, formando cerca de 2% das células em geral, mas até 95% das “células adiposas”; carboidratos, com cerca de 1% da massa celular total; e vários íons, incluindo especialmente o potássio, o magnésio, o fosfato, o bicarbonato, e pequenas quantidades de sódio, de cloro e de cálcio. Cada célula contém, além das estruturas básicas, muitas estruturas físicas altamente organizadas, chamadas de organelas.

Sobre as estruturas das células podemos citar o núcleo que contém o material genético, estando envolto por membrana própria; o citoplasma com substâncias exteriores ao núcleo e contendo as organelas: ribossomas (RNA + proteína); retículo endoplasmático (rede de túbulos que sintetizam substâncias); aparelho de Golgi (completa a síntese e armazena proteínas); lisossomas (contém enzimas digestivas); mitocôndrias (sintetiza ATP) e centríolos (participam da divisão celular); e membrana celular que é externa e composta de dupla camada de fosfolipídios, regulando a troca entre a célula e seu meio ambiente, e sendo receptora de partículas como hormônios e medicamentos.

- Ambiente Líquido da Célula e Transporte Através da Membrana Celular → BOMBA DE SÓDIO E POTÁSSIO

O liquido do corpo está dividido entre o que está por fora das células, chamado de líquido extracelular, e o que está no interior dessas células, chamado de líquido intracelular. Esses dois líquidos contêm os nutrientes necessários ao metabolismo celular, incluindo substâncias como a glicose, aminoácidos, ácidos graxos, colesterol, fosfolipídios, gordura e oxigênio. Por outro lado, as composições iônicas desses dois tipos de líquido são muito diferentes entre si. A diferença mais importante é a de que o líquido extracelular contém grandes quantidades de íons sódio e cloreto. Ao contrário, o líquido intracelular contém grandes quantidades de íons potássio e fosfato. A membrana celular desempenha papel ativo na manutenção das diferenças de composição de íons e outras substâncias entre os líquidos extra e intracelulares.

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Por exemplo, as células humanas mantêm uma concentração interna de íons potássio (K+) cerca de 20 a 40 vezes maior que a concentração existente no meio extracelular. Por outro lado, a concentração de íons sódio (Na+) se mantém, no interior das nossas células, cerca de 8 a 12 vezes menor que a do exterior. O movimento desses íons através da membrana citoplasmática e seu retorno ao estado original estão associados a ação da famosa bomba de sódio e potássio, que em termos de funções fisiológicas está ligada diretamente aos processos de contração muscular, condução dos impulsos nervosos e concentração de água no interior da célula.

CONTEXTUALIZAÇÃO CLÍNICA

a) Temperatura Corporal e Regulação Térmica

O metabolismo corporal é expressão da intensidade (ou velocidade) com que a energia está sendo liberada pelo metabolismo dos nutrientes em todo o corpo. Sob condições de estrito repouso, seu valor é de 60 a 70 calorias por hora, o que é chamado de metabolismo basal. Entretanto, pode ter valor até 20 vezes maior que esse, durante o exercício acentuado, que aumenta o metabolismo de forma mais intensa que qualquer outro tipo de estímulo. Outros fatores que podem aumentar o metabolismo, embora com intensidade bem menor, incluem: a estimulação simpática, que o aumenta de duas vezes; o efeito do hormônio tiroidiano sobre metabolismo celular, que o aumenta de cerca de duas vezes; e a febre, que o aumenta de cerca de duas vezes para cada elevação de 8ºC da temperatura corporal.

Exceto em condições muito especiais, toda a energia liberada dos nutrientes do corpo é transformada, eventualmente, em calor. Mesmo a maior parte da energia que promove a contração muscular é transformada em calor, em função do atrito das articulações, da viscosidade do movimento do próprio músculo e etc. É esse calor que mantém o corpo aquecido.

A temperatura corporal é controlada, de modo muito preciso, por equilíbrio entre a intensidade da perda de calor e a intensidade da produção de calor. O calor é perdido por três meios: por radiação, por condução para o ar e par os objetos sólidos, e por evaporação da água pelos pulmões e pela pele, especialmente na sudorese.

Centros nervosos no hipotálamo, chamado de termostato hipotalâmico, controlam a temperatura corporal pela regulação, tanto da perda como da produção de calor. Quando a temperatura corporal aumenta acima da temperatura normal de 37ºC, a intensidade da perda de calor fica maior que a intensidade da produção de calor. De modo inverso, a temperatura abaixo desse normal, o termostato hipotalâmico reduz a perda de calor e aumenta a produção de calor.

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A perda de calor é regulada pelo controle do fluxo sangüíneo na pele, que, por sua vez, controla a intensidade com que o calor é transferido da parte central, profunda, do corpo para a sua superfície; pelo controle da sudorese, que, por sua vez, controla a intensidade da evaporação pela pele. A produção de calor é regulada pela estimulação simpática em todo o corpo, o que aumenta o metabolismo celular, por aumento do tônus muscular e pela produção de calafrios, ambos aumentando de muito a intensidade da produção de calor pelos músculos e, durante períodos prolongados de tempo; e pelo controle da secreção do hormônio tiroidiano, o que aumenta a intensidade de metabolismo em todas as células do corpo.

O termo febre define um estado em que a temperatura corporal está aumentada acima dos limites da variação normal. Geralmente, ocorre quando há liberação para o sangue de proteínas ou de polissacarídios anormais, por exemplo, quantidade tão pequena quanto 1/1000 g de polissacarídios derivados de determinadas bactérias pode produzir febre bem intensa. Esses polissacarídios ou proteínas anormais produzem o reajuste do termostato hipotalâmico, fazendo-o regular a temperatura corporal em valor mais alto que o normal. Experimentos têm demonstrado que a febre ajuda o corpo a resistir aos efeitos devastadores de muitas doenças infecciosas.

Resumindo, a manutenção da temperatura corporal está ligada à atuação dos vasos cutâneos (sudorese) e ao metabolismo celular (glicose e gordura), já a regulação da água corpórea está associada ao controle da sede, secreção do hormônio ADH que atua sobre o rim (reaborção de água e sais) e ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona. Quando tal fisiologia entra em desequilíbrio pode ocorrer o processo de desidratação, com fortes impactos celulares (coração e SNC).

b) Regulação Hormonal Metabólica do Organismo → Tireóide

→ Características:

- Não possui aberturas externas, mas é ricamente suprida pelos vasos sangüíneos e linfáticos, os quais fornecem iodo. - O iodo captado é metabolizado com tirosina para formar os hormônios tireoidianos (tiroxina / T3 e T4).- Os hormônios tireoidianos possuem diversos efeitos celulares, incluindo o aumento do catabolismo (quebra) dos carboidratos e lipídeos (regulando o metabolismo energético), a respiração celular e a estimulação da síntese protéica em varias células. - Uma das funções mais importantes do hormônio tireoidiano é seu papel crítico no desenvolvimento cerebral. - Também é responsável pela produção do hormônio Calcitonina que diminui o cálcio do sangue e estimula sua fixação óssea.

→ Distúrbios da Tireóide

Os distúrbios da tireóide são de difícil detecção, pelo fato de seus sintomas serem vagos até a doença evoluir para um nível grave. O tratamento frequentemente é de longo prazo, e é necessário que o paciente realize acompanhamento periódico para monitorizar a

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resposta ao tratamento. Os distúrbios da tireóide incluem o hipotireoidismo, o hipertireoidismo, a crise tireotóxica, tumores da tireóide e o bócio.

1) Hipertireoidismo

Não existe um fator etiológico para o hipertireoidismo, também denominado doença de Graves. Pesquisadores sugeriram que ele pode ser um distúrbio auto-imune ou herdado. A hipersecreção de hormônios tireoidianos pode ser devida a tumores tireoidianos, hipofisários ou neoplasias hipotalâmicas. Também é possível que ela decorra do estresse ou de uma infecção. O distúrbio é mais comum em mulheres, ocorrendo aumento da taxa metabólica com elevação de T3 e T4.

Os sintomas variam de leves a graves. Os pacientes com hipertireoidismo bem desenvolvido são em geral inquietos, apesar de se sentirem fatigados e fracos, são muito excitáveis e constantemente agitados. Eles podem apresentar tremores nas mãos, resultando numa falta de coordenação incomum. O paciente não tolera o calor e mostra aumento de apetite, mas com perda de peso. A diarréia e a visão borrada ou dupla também podem ocorrer. A exoftalmia, observada em pacientes com hipertireoidismo grave, decorre do aumento dos tecidos muscular e adiposo que circundam as porções posterior e laterais do globo ocular. O aumento de volume do pescoço provocado pelo aumento da tireóide frequentemente é visível. O paciente pode apresentar também taquicardia, hipertensão arterial moderada, nervosismo, ansiedade, insônia, pele ruborizada, quente e úmida e menstruações irregulares ou escassas.

Dentre os achados diagnósticos (exame de sangue no setor de bioquímica) estão os níveis séricos elevados de T3 e T4 e baixos de TSH.

2) Hipotireoidismo

O hipotireoidismo ocorre quando a tireóide não secreta uma quantidade adequada de hormônios tireoidianos. Essa condição pode originar-se na tireóide (hipotireoidismo primário) ou na hipófise, quando a secreção de TSH é insuficiente. Independentemente da causa, o resultado da secreção inadequada do hormônio tireoidiano é o retardamento de todos os processos metabólicos.

O hipotireoidismo grave é denominado mixedema. O mixedema avançado e não tratado pode evoluir para o coma mixedematoso. Sinais dessa condição potencialmente letal são hipotermia, hipotensão arterial e hipoventilação. Um paciente com hipotireoidismo que apresenta infecção, trauma ou tremores excessivos ou que vem utilizando drogas (narcóticos, sedativos ou tranqüilizantes) pode evoluir para o coma mixedematoso.

Em muitos aspectos, os sinais e sintomas são opostos aos do hipertireoidismo. A taxa metabólica e a atividade física e mental tornam-se lentas. O paciente mostra letargia e falta de energia, cochila freqüentemente durante o dia, tem esquecimento e cefaléias crônicas. O paciente apresenta inexpressividade facial, sua face é do tipo máscara. Contudo, ele freqüentemente demonstra irritação. A língua pode aumentar de volume, os lábios podem engrossar, e é possível que ocorra edema palpebral. A temperatura corporal e a freqüência do pulso diminuem. O paciente mostra intolerância ao frio. O peso aumenta apesar da baixa digestão calórica. A pele é seca, e os pêlos geralmente são grossos e esparsos e

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tendem a cair. Distúrbios menstruais são comuns. A constipação pode ser grave. A voz é grave e rouca, e a fala, lenta. É possível que a audição seja comprometida. O paciente pode apresentar adormecimento ou formigamento nos membros superiores ou inferiores; esse adormecimento não melhora com a mudança de posição.

O hipotireoidismo pode acarretar aumento do coração causado pelo derrame pericárdico, e uma maior tendência à aterosclerose e à distensão cardíaca. A anemia também pode estar presente. O reconhecimento precoce do hipotireoidismo é difícil porque muitos de seus sintomas são inespecíficos, e talvez não sejam graves a ponto de fazer com que o paciente procure um médico. Essa condição pode permanecer sem tratamento durante anos.

No hipotireoidismo primário, o nível de TSH encontra-se aumentado por causa da retroalimentação negativa à hipófise. A captação de iodo pode estar diminuída. Os níveis séricos de T3 e T4 estarão diminuídos mostrando a baixa atividade da tireóide.

SIMULAÇÕES CLÍNICAS E ATIVIDADES DE FIXAÇÃO → Capítulo I

1) A fisiologia celular e conseqüentemente a regulação de todas as atividades orgânicas tem como centro a atuação da (o): a) Anabolismo de lipídeos nas células cardíacas.b) Bomba de sódio e potássio com geração de polarização e despolarização.c) Homeostasia de bloqueio do catabolismo de glicose no metabolismo energético. d) Catabolismo de lipídeos nas células nervosas. e) Não há resposta correta.

2) Suspeita-se de hipotireoidismo para a pessoa abaixo, portanto, assinale a alternativa incorreta:

a) Dentre as suas causas podemos citar atrofia glandular por envelhecimento, radiação ou hiperatividade feminina.b) Dependendo do grau de deficiência hormonal será calculada a dose do medicamento repositor de tiroxina. c) Devido à diminuição ou ausência da tiroxina, a atividade celular pode chegar até cerca da metade.d) Nas pessoas com hipotireoidismo, os exames laboratoriais demonstram níveis reduzidos de T3 e T4 e elevação do TSH.e) Dentre os sinais podemos citar extrema fadiga, perda de cabelo, depressão, intolerância ao calor e ganho de peso pela ativação do centro da fome.

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3) O indivíduo abaixo encontra-se excessivamente ativo, nervoso, com pele úmida, pulso rápido, intolerância ao calor, perda de peso e mãos trêmulas. Se for exposto a uma carga emocional ou física excessiva, problemas cardiovasculares podem ocorrer. O indivíduo pode apresentar:

a) Obesidade. b) Osteoporose.c) Hipertireoidismo. d) Hipotireoidismo. e) Não há resposta correta.

4) O processo de despolarização gerado pela Bomba de Sódio e Potássio visa: a) Ativar a célula para que realize suas funções dentro da fisiologia tecidual.b) Aumentar a produção de adrenalina para estimular o armazenamento de glicose.c) Ativar o processo de glicólise e bloquear a quebra do glicogênio.d) Deixar a célula em repouso para que não execute suas funções.e) Não há alternativa correta.

5) Assinale a alternativa incorreta em relação aos sinais/sintomas do Hipotireoidismo: a) Aumento de peso e intolerância ao frio.b) Mãos trêmulas e intolerância ao calor.c) Fadiga e perda de cabelo.d) Fadiga e ganho de peso.e) Unhas frágeis e pele seca.

6) O funcionamento do organismo depende de condições constantes do líquido extracelular, mantidas apesar das variações ambientais às quais o ser humano está exposto. Essas condições de equilíbrio referem-se à concentração de íons e a presença de nutrientes, como o oxigênio, a glicose e os sais minerais no metabolismo de cada sistema. Essa situação de constância é definida no ramo da fisiologia como: a) Eritropenia.b) Hemostasia. c) Catabolismo.d) Homeostasia. e) Anabolismo.

7) A formação e a manutenção de todas as estruturas dos seres vivos dependem de diversas reações químicas. O conjunto destas interações químicas que atuam na síntese de novas substâncias e na obtenção de energia que permite a construção e funcionamento do organismo é definido fisiologicamente como: a) Catabolismo.

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b) Homeostase.c) Anabolismo.d) Metabolismo.e) Não há resposta correta.

8) O sistema que controla as concentrações de oxigênio e gás carbônico no meio interno, auxiliando na geração de ATP e ajustando o pH do sangue é definido como: a) Respiratório.b) Nervoso.c) Renal.d) Hematológico.e) Endócrino.

9) Assinale a alternativa que descreve os riscos do cigarro e do estresse exagerado persistindo na vida dos pacientes: a) Liberação de adrenalina e melhoria cardiovascular.b) Liberação de adrenalina, com glicogenólise e vasoconstrição.c) Liberação de cortisol, com aumento da imunidade.d) Liberação de calcitonina, com reforço ósseo.e) Liberação de tiroxina e atrofia da tireóide.

10) Um dos hormônios tireoidianos é a Calcitonina, portanto, assinale a alternativa que descreve corretamente a sua função: a) Aumenta a absorção de cálcio no intestino delgado, garantindo a sua concentração ideal no sangue.b) Diminui o cálcio do sangue, estimulando a fixação óssea e prevenindo a osteoporose.c) Estimula a tireóide a produzir cálcio evitando que o paciente apresente osteoporose.d) Atua em conjunto com o TSH no sentido de estimular a produção de tiroxina para evitar o hipotireoidismo.e) Não há alternativa correta.

11) Em relação ao Hipertireoidismo, assinale a alternativa incorreta: a) Devido ao aumento de tiroxina a atividade celular pode chegar ao dobro do normal.b) Dentre as suas causas podemos citar tumores, infecções e distúrbios hipotalâmicos e hipofisários. c) O hipertireoidismo é uma condição que pode ser adquirida pelo consumo exagerado de compostos emagrecedores. d) Nos pacientes com hipertireoidismo, os exames laboratoriais demonstram níveis elevados dos hormônios T3, T4 e TSH.e) Dentre os sinais podemos citar excitação, nervosismo, intolerância ao calor, perda de peso, mãos trêmulas e pele úmida.

12) Representa a deficiência tireoidiana não tratada na infância e relacionada ao hipotireoidismo congênito. Seu agravamento pode causar retardo mental e prejudicar consideravelmente o futuro e a qualidade de vida da criança. Trata-se do:a) Cretinismo.

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b) Hipertireoidismo.c) Mixedema.d) Bócio.e) Não há alternativa correta.

13) Em relação à Tireóide, assinale a alternativa incorreta: a) A tireóide executa a captação e o metabolismo do iodo que reage com a tirosina para formar os hormônios T3 e T4.b) A hipófise é responsável pela produção do TSH que estimula a tireóide quando necessário fisiologicamente.c) Uma das funções mais importantes dos hormônios da tireóide é o seu papel crítico no desenvolvimento cerebral.d) Os hormônios tireoidianos atuam regulando o catabolismo de carboidratos e lipídeos, além de outras etapas do metabolismo.e) O hormônio tireoidiano calcitonina atua estimulando a absorção de cálcio no intestino e armazenando-o no fígado.

14) A prática de exercícios físicos é muito benéfica a saúde das pessoas independente do quadro clínico, porém a escolha do exercício correto é fundamental, principalmente para a perda de peso. Portanto, nos exercícios curtos de explosão como musculação, a principal fonte energética muscular será: a) Proteína. b) Fosfocreatina.c) Lipídeo.d) Glicose.e) Não há resposta correta.

15) A manutenção da temperatura corporal é estratégica para a Homeostasia. Portanto, discorra sobre o seu mecanismo de controle fisiológico, descrendo os eventos gerados (impactos) no organismo em locais muito quentes ou frios e estratégias para preveni-los e revertê-los.

Capítulo II: Sistema Hematológico

Células Sangüíneas, Hemoglobina e Resistência à Infecção.

A função dos glóbulos vermelhos é, principalmente, a de transportar oxigênio dos pulmões para os tecidos, enquanto que a dos glóbulos brancos é a de destruir os organismos invasores e outros agentes que sejam lesivos ao corpo. Embora a medula óssea forme grande número de glóbulos brancos e vermelhos, a maior parte dos glóbulos brancos sai da corrente sangüínea, passando para os tecidos. Por conseguinte, apenas um em cada quinhentos glóbulos (células sangüíneas) circulantes é branco.

A estrutura do glóbulo vermelho (ou hemácia) é a de um saco frouxo, formado por membrana celular, parcialmente cheio de citoplasma, mas possuindo concentração elevada (cerca de 34%) de hemoglobina. O oxigênio combina de modo muito frouxo com a

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hemoglobina, quando o sangue passa pelos pulmões, sendo liberado dessa hemoglobina quando o sangue passa pelos capilares periféricos. Um dos principais constituintes da hemoglobina é o ferro; na verdade, cerca de dois terços de todo o ferro do corpo está na hemoglobina das hemácias. Visto que o ferro está em concentração muito baixa na maioria dos alimentos, o corpo desenvolveu sistema especial para o processamento do ferro. O ferro é transportado no sangue combinado a uma proteína: a transferrina. Quando o ferro é absorvido pelo intestino em quantidades maiores do que as que podem ser imediatamente utilizadas na formação de hemoglobina, o ferro em excesso é armazenado no fígado, sob a forma de ferritina. Quando existe excesso de ferro, tanto no sangue como nos depósitos hepáticos, a transferrina não mais combina com o ferro absorvido pela mucosa intestinal, de modo que todas essas etapas se transformam em mecanismo automático para impedir a absorção adicional de ferro. Outras substâncias, além do ferro, que são importantes para a formação das hemácias incluem a vitamina B12, o ácido fólico e outras vitaminas.

Muitas pessoas sofrem de anemia, o que significa falta do número suficiente de glóbulos vermelhos. As diversas causas incluem deficiência de ferro; deficiência de vitaminas B12 ou de outras vitaminas; perda de sangue; destruição da medula óssea, o que impede a formação das hemácias; e formação de células anormais que não conseguem resistir aos traumatismos de passar por capilares estreitos, de modo que as células rompem com grande facilidade e desaparecem do sangue.

Os diferentes tipos de glóbulos brancos (ou leucócitos) incluem três tipos celulares chamados de granulócitos: neutrófilos, eosinófilos e basófilos, além de dois outros tipos de células não-granuladas: os monócitos e os linfócitos. Os linfócitos são parte do sistema imune. Todos os outros tipos de leucócitos são células fagocíticas, que desempenham papel essencial na proteção do corpo contra a invasão por bactérias e outros agentes estranhos que podem lesar o corpo.

Quando ocorre uma infecção em um ponto qualquer do corpo, os granulócitos e os monócitos migram, por movimento amebóide, para fora dos capilares sanguíneos até a área infectada. Isso é causado por substâncias quimiotáxicas, liberadas pelos tecidos lesados e que atraem os glóbulos brancos. No inicio, os neutrófilos são os mais abundantes, visto que podem migrar para a área infectada muito mais rapidamente do que podem fazer os outros tipos celulares. Como resultado, representam a primeira linha de defesa contra o agente infectante. Entretanto, após cerca de 12 ou mais horas, também aparece grande número de monócitos. Quando penetram nos tecidos, os monócitos aumentam muito de tamanho, quando passam a ser chamados de macrófagos. Passam a ser capazes de fagocitar muito mais bactérias do que podem fazer os neutrófilos e, portanto, representam uma segunda linha de defesa, especialmente potente, contra a infecção.

Os macrófagos estão presentes em muitos tecidos do corpo, mesmo nas condições normais, especialmente nas regiões onde existe maior tendência à invasão do corpo por agentes estranhos, como nas paredes dos alvéolos pulmonares, nos gânglios linfáticos, a fim de remover agentes estranhos da linfa, antes que essa linfa atinja o sangue, nos sinusóides hepáticos, para a remoção das bactérias e de outras substâncias estranhas do sangue porta que vem dos intestinos, no baço e na medula óssea, para a remoção de agentes estranhos que tenham conseguido atingir a circulação sangüínea geral, e abaixo da pele, a fim de remover os agentes que invadem através da pele. Esse sistema dos macrófagos é, com muita freqüência, chamado de sistema reticuloendotelial.

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Imunidade e Alergia

O termo imunidade define a capacidade do corpo de se proteger contra agentes estranhos específicos, tais como determinadas bactérias, vírus, toxinas ou células de tecidos estranhos. Existem dois tipos distintos de sistemas imunes, cada um deles depende da função dos linfócitos: o sistema dos linfócitos “B” e o sistema dos linfócitos “T”.

Sistema dos Linfócitos “B”. Este sistema forma anticorpos para a destruição dos agentes invasores. O mecanismo para essa função é o seguinte: na primeira exposição a um agente estranho específico, alguns de seus constituintes - em especial, suas proteínas ou polissacarídeos – chamados, genericamente, de antígenos, reagem com os linfócitos “B”, nos gânglios linfáticos. Esses linfócitos nessas condições, formam os plasmócitos que se multiplicam intensamente e produzem grande quantidade de moléculas protéicas chamadas anticorpos. Esses anticorpos possuem a capacidade especifica de reagir com o tipo exato de antígeno que originou sua formação, sem que, nas situações usuais, reajam com outras substâncias dos tecidos corporais. Como resultado, os anticorpos destroem apenas o agente invasor. Essa destruição é realizada por aglutinação (o que quer dizer ajuntamento, formar grupos), lise (significando ruptura da membrana celular do agente), neutralização (o que significa bloqueio de seus efeitos tóxicos), ou opsonização (significa fazer com que o agente invasor fique suscetível à fagocitose por neutrófilos ou por macrófagos).

Sistema dos Linfócitos “T”. Neste sistema, um conjunto inteiramente diferente de linfócitos dos gânglios linfáticos, as células T, reage com o antígeno do mesmo modo como fazem as células do sistema B. Entretanto, ao invés de formar anticorpos, esse sistema produz células T sensibilizadas. Essas células possuem locais reativos em suas membranas celulares que são semelhantes aos pontos reativos das moléculas de anticorpos. Como resultado, as células T sensibilizadas fixam-se ao agente invasor do mesmo modo como fazem os anticorpos. Entretanto, existem vários tipos de células T e os mais importantes deles são os seguintes: células T citotóxicas, que se fixam diretamente ao agente invasor, destruindo-o; células T ajudantes, que interagem com o sistema imune das células B nos gânglios linfáticos, para a produção de anticorpos pelas células B, contra os antígenos que sensibilizam as células T; e células T supressoras, que atuam no sentido de controlar todo o processo imune, impedindo, principalmente, as reações imunes desreguladas.

Normalmente, embora todos os tecidos do corpo humano possuam proteínas, nosso sistema de imunidade está adaptado para não formar anticorpos ou linfócitos sensibilizados que possam atacar os tecidos do próprio corpo. Isto é chamado de tolerância imune. Contudo, em certas circunstâncias, de modo mais freqüente na idade avançada do que na juventude, o sistema imune fica anormal, e alguns anticorpos os linfócitos sensibilizados são formados, tendo a capacidade de atacar os tecidos do próprio corpo. Isso é causa das várias formas de doenças auto-imunes, como por exemplo, a febre reumática, a artrite reumatóide, a doença tireoidiana, a doença paralisante miastenia grave e a doença auto-imune chamada lúpus eritematoso, que ataca todos os tecidos do corpo e é letal, caso não seja tratada.

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A alergia é outra condição que resulta de anormalidade do sistema de imunidade. Algumas pessoas possuem forma hereditária de alergia. Outras pessoas formam quantidades muito grandes de anticorpos cujas moléculas têm grandes dimensões, os anticorpos IgE, que possuem número várias vezes maior de pontos reativos que os anticorpos comuns. Esses anticorpos anormais fixam-se fortemente a muitas das células corporais, em especial aos basófilos. Então, quando ocorre reação imune entre esses anticorpos e o antígeno – que, neste caso, é chamado de alérgeno – que provocou sua formação, os basófilos rompem e liberam diversas substâncias tóxicas, todas exercendo efeitos potentes sobre o corpo. Entre essas substancias, merecem destaque a histamina, que pode causar a febre do feno e a urticária, e a substância de ação lenta da anafilaxia, que pode causar asma.

Coagulação do Sangue, Transfusão e Transplante de Órgãos

A coagulação sangüínea não ocorre na circulação normal. Contudo, quando um vaso sangüíneo é rompido e há sangramento, forma-se um coágulo – nas condições usuais – dentro de poucos minutos, no local da ruptura, que faz cessar esse sangramento. A coagulação do sangue é o resultado de uma série de reações químicas, que envolvem, principalmente, grupo de enzimas plasmáticas especificas, chamadas de fatores de coagulação. As diferentes etapas do mecanismo da coagulação são as seguintes:

1. A primeira etapa é a formação do ativador de protrombina. Isso pode ocorrer como resultado de dois mecanismos químicos distintos que são, respectivamente, o mecanismo extrínseco e o mecanismo intrínseco. O mecanismo extrínseco começa com a ruptura do vaso sangüíneo e a exposição conseqüente do sangue aos tecidos rotos de sua vizinhança. Dois fatores desses tecidos rotos, o fator tecidual e os fosfolipídios teciduais, iniciam reação no plasma sangüíneo, que promove a reação conjunta dos fatores V, VII e X, sob a influência catalisadora dos íons cálcio, para a formação do ativador de protrombina. O mecanismo intrínseco é desencadeado por traumatismo ao próprio sangue, o que determina uma série de reações que envolvem os fatores V,VIII, IX, X, XI e XII, bem como os íons cálcio, com o produto final sendo também o ativador de protrombina.

2. Uma vez que o ativador de protrombina tenha sido formado, transforma a protrombina em trombina.

3. A trombina age como enzima, para transformar o fibrinogênio em filamentos de fibrina, que enredam os glóbulos vermelhos e o plasma, para formar o coágulo propriamente dito.

A qualquer tempo, é sempre formada pequena quantidade de trombina no sangue circulante. Entretanto, uma outra substância, a heparina, exerce seus potentes efeitos, a fim de impedir a coagulação provoca por essa trombina. Como resultado, na maioria das situações, não ocorre coagulação até que concentrações limiares de trombina tenham sido formadas de modo abrupto, devido à ruptura de vaso ou de trauma grave ao sangue.

A transfusão de sangue de uma pessoa para outra está sempre sob ameaça de dois tipos de perigo: primeiro, o da coagulação do sangue durante o próprio processo da transfusão e, segundo, o de reações imunes contra o sangue que é transfundido por anticorpos no sangue do recipiente. O problema da coagulação do sangue é solucionado

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pela adição de íons citrato ao sangue que vai ser transfundido, no momento de sua colheita no doador. Esses íons reagem com o cálcio iônico, presente no sangue do doador, transformando-o em forma não-iônica e, sem os íons cálcio, não ocorrerá coagulação por muitas semanas, se o sangue é conservado sob refrigeração.

A maioria das reações de transfusão que envolvem o mecanismo imune é causada por dois sistemas distintos de antígenos, chamados aglutinógenos, que existem na membrana dos glóbulos vermelhos: o sistema ABO e o sistema Rh. No sistema ABO, existem quatro tipos diferentes de glóbulos vermelhos: o tipo O, o tipo A, o tipo B e o tipo AB. Se os sangues do doador e do recipiente não são compatíveis, a aglutinação dos glóbulos vermelhos tem alta probabilidade de ocorrência, devido à existência de anticorpos, as aglutininas, no sangue do recipiente, e isso é seguido por hemólise das células aglutinadas, após algumas horas. No sistema Rh, as pessoas que possuem o fator Rh em seus glóbulos vermelhos são ditas Rh positivas, enquanto as que não o possuem são as Rh negativas. Quando sangue Rh positivo é transfundido para pessoas Rh negativa, ocorre reação de transfusão, semelhante à observada no sistema ABO, em especial se o recipiente foi previamente exposto ao sangue Rh positivo.

Quando um feto com sangue Rh positivo se desenvolve no útero de mãe com sangue Rh negativo, anticorpos anti-Rh, formados no organismo materno, são, com muita freqüência, transferidos para o feto, através da placenta, produzindo grande destruição dos glóbulos vermelhos do feto, causa da condição chamada de eritroblastose fetal.

O transplante de órgãos e tecidos obedece, em suas linhas gerais, aos mesmos princípios que regem a transfusão de sangue. Contudo, um outro sistema de antígenos – os antígenos HLA – é especialmente importante na produção de reações imunes contra o órgão transplantado, levando, quase sempre, à morte do órgão em menos de duas semanas, a não ser que sejam empregados medicamentos específicos na supressão do sistema imune.

SIMULAÇÕES CLÍNICAS E ATIVIDADES DE FIXAÇÃO → Capítulo II

1) Assinale V para as alternativas verdadeiras e F para as falsas: ( F) A falta de cálcio e potássio pode gerar redução na produção de hemoglobina e baixa na oxigenação dos tecidos.( V ) O processo definido como Desvio a Esquerda é o aparecimento de células sangüíneas jovens na circulação.(V) A Eosinofilia pode estar associada à alergias/verminoses e a Pancitopenia à estimulação da medula na quimioterapia.( F) A técnica definida como Auto Hemoterapia é aprovada pelo Ministério da Saúde e muito útil para pacientes e atletas.( V) A associação de tabagismo e anticoncepcionais orais pode conduzir a quadros de hemorragias graves.

2) A transfusão de sangue de um doador AB- para um indivíduo com sangue tipo O+: a) Pode ser realizada se a pessoa correr sério risco de morte.b) Não pode ser realizada devido à hemólise e leucopenia gerada pela produção de anticorpos no receptor.

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c) Pode ser realizada normalmente, após a retirada dos anticorpos anti A e B gerados no sangue do doador.d) Não é realizada por incompatibilidade no Sistema ABO, sendo que os anticorpos anti A e B do receptor levarão a hemólise.e) Pode ser realizada após filtração completa do sangue e separação da hemoglobina e ferro do doador.

3) A ocorrência de hemorragia pode estar relacionada aos eventos abaixo, exceto: a) Trombocitopenia e deficiência na agregação plaquetária.b) Traumas mecânicos e uso de AAS.c) Distúrbios hemostáticos como alterações na coagulação.d) Uso de anticoncepcionais de alta dose hormonal e consumo de cigarro.e) Picos hipertensivos e deficiência de vitamina K.

4) Representa falha terapêutica e perfil de risco para uma pessoa HIV com doença ativa e baixa adesão ao recomendado: a) Leucocitose, carga viral baixa com CD4 e CD8 não alterados.b) Leucócitos dentro dos valores de referência com carga viral e CD4 baixos, mas CD8 elevado.c) Leucocitose, carga viral baixa com CD4 e CD8 diminuídos.d) Leucopenia, com taxas elevadas de CD4, CD8 e carga viral.e) Leucopenia, carga viral alta e CD4 e CD8 baixos.

5) A Dengue requer do profissional de enfermagem capacidade de gestão de recursos humanos e materiais, além de conhecimentos científicos sobre sua fisiopatologia. Dentro desse contexto, assinale a alternativa que descreve eventos possíveis para o quadro: a) O surgimento de trombocitopenia com hemorragia torna a situação de risco ao paciente.b) O uso de AAS é indicado para garantir a agregação plaquetária e a coagulação sanguínea. c) Os linfócitos do tipo CD4 e CD8 são destruídos levando a baixa imunidade.d) As toxinas virais bloqueiam a produção de hemácias e hemoglobina levando a anemia.e) Não há alternativa correta.

6) A trombose é um distúrbio hemostático bastante comum e importante nos serviços de saúde no Brasil. É um processo muito impactante ao organismo, ocorrendo localmente ou gerando eventos subseqüentes como infarto. Dentro desse contexto, assinale a alternativa que não descreve causas possíveis para o quadro trombótico: a) Alteração no fluxo sanguíneo como estase laboral, internações prolongadas ou compressão vascular tumoral.b) Anemia hemolítica, queimaduras, rejeição de transplantes ou transfusão incompatível.c) Pós-parto, cirúrgico, neoplasias, infecções ou doenças auto-imune.d) Alteração da parede vascular como aterosclerose e HAS.e) Não há alternativa correta.

7) Assinale a opção que não representa uma causa possível para anemia: a) Deficiência de ácido fólico e vitamina B12 na gestação.

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b) Destruição das hemácias em doenças auto-imune (genéticas).c) Deficiência de eritropoetina na insuficiência renal.d) Deficiência de ferro pela perda crônica de sangue.e) Todas as opções representam causas possíveis para anemia.

8) A transfusão de sangue de um doador O+ para um indivíduo com sangue tipo A-:a) Não pode ser realizada, mesmo se a pessoa correr sério risco de morte.b) Devido a compatibilidade ABO e Rh, a transfusão pode ser realizada normalmente.c) Pode ser realizada normalmente, após a retirada dos anticorpos anti A e B gerados no sangue do doador.d) Não é realizada por incompatibilidade no Sistema ABO, sendo que os anticorpos anti A e B do receptor levarão a hemólise.e) Pode ser realizada após filtração completa do sangue e separação da hemoglobina e ferro do doador.

9) O organismo humano é altamente dependente do suprimento contínuo de oxigênio, porém, as trocas gasosas e o abastecimento celular de oxigênio são limitados por alguns fatores que podem comprometer a fisiologia corporal. Portanto, assinale a alternativa que não limita o processo de oxigenação: a) Baixo fluxo sanguíneo associado à ação de vasoconstritores como o cigarro.b) Elevada produção de muco e secreção no trato respiratório, reduzindo a qualidade da inspiração/expiração.c) Falta de tempo para adaptação em locais elevados, onde há baixa concentração de oxigênio.d) Redução na quantidade de hemácias e hemoglobina no sangue como nas anemias.e) Todos os fatores acima limitam a oxigenação tecidual.

10) O Sistema Hematológico garante a comunicação fisiológica, química e celular entre os diversos sistemas e ajuda na manutenção da homeostase. Portanto, marque a opção incorreta sobre as funções do sangue: a) Auxilia na manutenção da hidratação e temperatura corporal.b) Atua no transporte de oxigênio absorvido dos pulmões e nutrientes do trato gastrointestinal para as células do corpo.c) Atua no transporte de hormônios e anticorpos dos locais de produção para os sítios de ação.d) Transporta produtos tóxicos produzidos no metabolismo celular para pulmões, pele, fígado e rins onde são eliminados.e) Não há resposta incorreta.

11) Relacione os parâmetros abaixo e posteriormente assinale a alternativa que determina a seqüência correta:

1) Hemoglobina 2) Transferrina 3) Ferritina 4) TSH e calcitonina 5) Ácido Fólico e Vitamina B12

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( 5 ) Importante na formação fisiológica das hemácias.( 2 ) Atua na condução do ferro pelo sangue.( 1 ) Atua no transporte de gases pelo sangue.( 3 ) Atua no armazenamento de ferro no fígado.

a) 1 – 2 – 3 – 4. b) 4 – 2 – 1 – 3. c) 5 – 3 – 1 – 4. d) 5 – 2 – 1 – 3. e) 4 – 3 – 2 – 1.

12) Assinale a opção que apresenta o tipo celular sanguíneo estratégico para o sistema imunológico, sendo responsável pela produção e ativação de anticorpos e estando aumentado nos casos de infecção viral, vacinação, leucemia e uso de corticóides.a) Leucócitos do tipo linfócito.b) Leucócitos do tipo mieloblasto.c) Eritrócitos ou hemácias.d) Trombócitos ou plaquetas.e) Leucócitos do tipo monócitos.

Capítulo III: Sistema Nervoso

Plano Geral do Sistema Nervoso Central e a Sinapse

O sistema nervoso é formado por três subsistemas principais: um eixo sensorial que transmite sinais das terminações nervosas sensoriais periféricas para quase todas as partes da medula espinhal, do tronco cerebral, do cerebelo e do córtex, um eixo motor que conduz sinais neurais, com origem em todas as áreas centrais do sistema nervoso para os músculos e glândulas de todo o corpo; e um sistema integrador que analisa a informação sensorial, a armazena na memória, para um uso futuro e que utiliza tanto a informação sensorial como a armazenada na determinação das respostas apropriadas.

Muitas das reações neurais mais simples são integradas a nível da medula espinhal, incluindo efeitos do tipo de retirada de qualquer parte do corpo do campo de ação de estímulo doloroso, e de reflexos que encurtam os músculos sempre que estiverem estirados em excesso e, até mesmo, de sinais que produzem os movimentos de marcha, sob condições adequadas. Reações mais complexas do sistema nervoso, como as de controle da postura e do equilíbrio, bem como as de controle da respiração e da circulação, são integradas a nível do tronco cerebral. As funções ainda mais complexas do sistema nervoso, como os processos do pensamento, armazenamento de memórias e determinação de atividades motoras complexas são todas integradas no cérebro. O cerebelo atua em íntima associação com todas as outras partes do sistema nervoso central, participando na coordenação de todas as funções motoras seqüenciais.

A unidade básica de controle do sistema nervoso é a sinapse, onde os sinais passam das fibrilas terminais de um neurônio para a célula neural seguinte. A sinapse é formada por um botão sináptico, situado na extremidade da fibrila neural, e a membrana superficial do neurônio seguinte, onde encosta o botão sináptico.

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O botão sináptico secreta uma substância transmissora que atua sobre a membrana e que pode ser tanto excitatória quanto inibitória, o que permite que sinais que cheguem possam produzir excitação ou inibição no neurônio seguinte. Um neurônio, em geral, só é excitado pela descarga simultânea de grande número de sinapses; isto é, os sinais vindos de muitas sinapses devem-se somar, antes que um potencial de ação seja produzido no neurônio estimulado. Se esse neurônio está sendo, também, inibido por sinapses inibitórias, serão necessários sinais excitatórios em maior número para produzir reação.

Nervos, Potenciais de Membrana e Transmissão Nervosa

Todos os sinais nervosos são transmitidos por fibras nervosas, no cérebro, na medula espinhal ou em nervos periféricos. As fibras nervosas mais longas são axônios, cada um dos quais cresce a partir de um corpo celular neural, algumas vezes atingindo o comprimento de até um metro. O axônio é uma estrutura tubular, limitada por uma membrana celular típica e cheia com líquido intracelular chamado de axoplasma.

Na face interna da membrana de todas as fibras nervosas existe um potencial elétrico chamado de potencial de membrana. É causado por diferenças de concentração iônica, entre as duas faces da membrana celular. Especificamente, a concentração do íon potássio na face interna da membrana é muito elevada, em comparação com a vigente na face externa. Essa diferença de concentração faz com que os íons potássio, com carga positiva, passem para o lado de fora da fibra, deixando no interior as moléculas de proteína, com carga negativa, que não podem atravessar a membrana, o que cria uma eletronegatividade interna.

A membrana nervosa também é sede de outra diferença de potencial que é essencial para a transmissão dos sinais neurais. É uma alta concentração de íons sódio na face externa da membrana, contrastando com uma concentração reduzida em sua face interna, exatamente o contrário do que é observado para a diferença de concentração do íon potássio. Quando a fibra nervosa é adequadamente estimulada, os canais de sódio da membrana tornam-se muito permeáveis e os íons sódio, com carga negativa, passam em

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grande quantidade para o interior do axônio, o que faz com que o potencial de membrana torne-se subitamente positivo, deixando de ser negativo. Entretanto, essa entrada de íons sódio é muito fugaz, durando menos de um milésimo de segundo e, após término, os íons potássio voltam de novo a fluir para o exterior, o que restabelece a negatividade na face interna da membrana. Essa variação seqüencial do potencial da membrana de negativo a positivo e, de novo, volta para o negativo, é chamada de potencial de ação.

Um potencial de ação que ocorra em qualquer ponto da membrana de uma fibra nervosa provoca a passagem de corrente elétrica pelo interior do axônio. Essa corrente tem o efeito de abrir os canais de sódio nas áreas adjacentes da membrana axônica, o que faz com que o potencial de ação se propague ao longo de toda a extensão da fibra nervosa, de uma extremidade à outra. Dessa forma, os sinais neurais, chamados de impulsos nervosos, são transmitidos de um ponto do sistema nervoso para outro.

Os potenciais de ação podem ser produzidos nos nervos por muitos estímulos diferentes. Por exemplo, as terminações neurais mecanossensíveis, ocorrendo em todo o corpo, podem abrir os canais de sódio e produzir potenciais de ação. Também, no sistema nervoso central, os sinais são transmitidos de uma fibra nervosa para outra por meio de um mecanismo hormonal. Isto é, um potencial de ação, na primeira fibra, faz com que suas terminações secretem pequena quantidade de hormônio que atua na membrana da fibra seguinte, fazendo-a, abruptamente, permeável aos íons sódio; isso produz um potencial de ação nessa fibra. As fibras nervosas que controlam os músculos esqueléticos secretam um hormônio, a acetilcolina, na placa motora, e essa acetilcolina abre número suficiente de canais de sódio na membrana da fibra muscular para produzir, também nessa fibra muscular, potenciais de ação. Assim, as fibras musculares conduzem sinais de modo semelhante às fibras nervosas.

Cada fibra nervosa é isolada das demais por células de Schwann. Em alguns casos, essas células de Schwann enrolam suas membranas em torno dos axônios, criando uma bainha isolante em torno dessas fibras. Essa bainha é chamada de bainha de mielina, visto conter grandes quantidades de substâncias lipídica isolante, a mielina, e as fibras com essa bainha são denominadas fibras mielinizadas. Em outros casos, as fibras nervosas ficam simplesmente mergulhadas na membrana das células de Schwann. Essas fibras são chamadas de fibras amielínicas. As fibras mielínicas, devido a ser melhor isoladas, transmitem os sinais neurais com muita rapidez e com uso muito pequeno de energia neural. Por outro lado, as fibras amielínicas são, em geral, muito mais delgadas que as mielínicas, de modo que grande número delas pode ficar contido em tronco nervoso único de pequeno diâmetro.

Sensação Somestésica e Interpretação dos Sinais Sensoriais pelo Encéfalo

As sensações somestésicas são aquelas que têm origem na superfície do corpo ou em suas estruturas profundas. Incluem sensações como o tato, a pressão, o calor, o frio, a dor e a angulação das articulações.

A percepção da sensação começa nos receptores sensoriais. Muitos deles são terminações nervosas livres de fibras nervosas periféricas de função sensorial. O mais importante exemplo desse tipo é representado pelas fibras da dor. Outros receptores sensoriais somestésicos são muito especializados, muitas vezes sendo formados por uma ramificação nervosa encapsulada, de modo distinto, por um tecido próprio; essas

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terminações respondem a tipos específicos de sensações. Uma dessas terminações, chamada de corpúsculo de Meissner, é extremamente sensível ao contato extremamente leve. Grande número desses corpúsculos é encontrado nas pontas dos dedos; dão aos dedos a capacidade excepcional de detectar forma, textura e outras características dos objetos.

Após chegar a medula espinhal, trazidos pelos nervos espinhais, os sinais sensoriais são transmitidos ao cérebro por duas vias principais, o sistema dorsal e o sistema espinotalâmico. No sistema dorsal, os sinais trafegam por fibras nervosas de grande calibre, localizadas, em sua maior parte, nas colunas dorsais da medula espinhal, enquanto que, no sistema espinotalâmico, os sinais trafegam por fibras com diâmetro bem menor, situadas nas colunas anterolaterais da medula espinhal. Essas duas vias terminam no tálamo, onde esses sinais são retransmitidos por um outro conjunto neuronal para a área somestésica do córtex cerebral, chamada de córtex somestésico. Além disso, cada um desses sistemas, em especial o espinotalâmico, tem fibras ramificadas, principalmente no nível da medula espinhal e do tronco cerebral. Sinais dessas ramificações produzem reflexos medulares e, também, reflexos do tronco cerebral, particularmente, reflexos que provocam contrações dos músculos da postura e do equilíbrio.

O tálamo desempenha um papel especialmente importante na determinação do tipo de sensação – a chamada modalidade sensorial – que uma pessoa irá experimentar, isto é, se será tato, ou pressão, ou frio, ou calor ou dor. A função do córtex somestésico é, principalmente, a de determinar em qual ponto do corpo esses sinais sensoriais têm origem.

As sensações de dor desempenham papel fundamental na proteção dos tecidos corporais contra a lesão. Em verdade, é a própria lesão do tecido que estimula as terminações nervosas da dor. Quando são estimuladas, o sistema sensorial da dor causa respostas múltiplas, começando com reflexos de defesa (flexão) integrados a nível da medula espinhal, que retiram partes do corpo do campo de ação dos estímulos dolorosos. A dor também provoca um nível muito elevado de excitabilidade de modo quase instantâneo no tronco cerebral e no cérebro, seguido por reações do tipo de correr, lutar, gritar etc. Entretanto, até certo ponto, o grau de estoicismo de uma pessoa pode controlar sua reatividade à dor. Parte desse controle depende de um mecanismo de controle da dor especial que transmite sinais do cérebro e do tronco cerebral até às pontas posteriores da medula espinhal, onde inibem a transmissão dos sinais de dor, no ponto onde primeiro chegam à medula espinhal.

Os tipos especiais de dor incluem a dor visceral, com origem nos órgãos internos como o coração, o estômago, o fígado etc. e a cefaléia, que é, usualmente, uma manifestação de dor com origem no interior da caixa craniana.

Funções Motoras da Medula Espinhal e do Tronco Cerebral

A medula espinhal é a área integradora para os múltiplos reflexos musculares que produzem respostas musculares localizadas. Alguns desses reflexos são:

1. O reflexo de estiramento muscular, que faz com que qualquer músculos que seja esticado em demasia se contraia instantaneamente, o que impede variações significativas de seu comprimento. Esse reflexo é especialmente importante por tornar os movimentos corporais contínuos, fluidos e uniformes e não abruptos, trêmulos e irregulares.

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2. O reflexo tendinoso muscular, que provoca o relaxamento muscular quando sua tensão fica excessivamente aumentada.3. Os reflexos com origem nos pés, que ajudam a sustentar o corpo contra a ação da gravidade. Por exemplo, a pressão sobre a sola dos pés faz com que as pernas fiquem rigidamente estendidas, de modo a poderem sustentar o corpo.4. Os reflexos que ajudam a evitar lesão do corpo. São, em sua imensa maioria, os reflexos de defesa (ou de flexão) produtores das contrações musculares apropriadas à retirada de parte do corpo do campo de ação de em estimulo produtor de dor.5. Os reflexos da marcha. Existem circuitos reverberativos localizados na região da perna da medula espinhal, que produzem os movimentos de marcha. Sinais com origem em centros encefálicos mais superiores controlam esses movimentos de marcha, de modo a que tenham um propósito para a locomoção.6. Reflexos vesicais e retais. Esses reflexos produzem a contração da bexiga urinaria quando esse órgão é distendido por volume excessivo de urina ou a contração retal quando as fezes produzirem estiramento das paredes do reto.

O tronco cerebral controla as contrações musculares posturais subconscientes do corpo, inclusive as contrações que são responsáveis pela manutenção do equilíbrio corporal. Essas funções de controle ficam localizadas, predominantemente, na formação reticular bulbar, que se estende desde o bulbo raquidiano, ao longo da protuberância, até o mesencéfalo.

Quando uma pessoa está acordada e em pé, a porção superior dessa estrutura é naturalmente excitável, e excita os músculos extensores das pernas, bem como os músculos axiais do tronco, o que permite que as pernas e o tronco sustentem o corpo contra a ação da gravidade.

O grau de concentração dos diferentes músculos, tanto nas pernas como no tronco, é controlado por sinais que chegam à formação reticular bulbar a partir do aparelho vestibular, também chamado de “aparelho do equilíbrio”. Esse órgão contém pequenos grânulos calcificados, os otólitos, que ficam apoiados sobre terminações nervosas sensoriais muito excitáveis, as células ciliadas, e o peso desses otólitos produz padrão específico de sinais nervosos por essas células, para cada posição da cabeça, em relação à ação da gravidade. Dessa forma, o aparelho vestibular sinaliza se uma pessoa está em posição de equilíbrio ou não, e a formação reticular bulbar utiliza essa informação para produzir a concentração dos músculos adequados para manter o equilíbrio.

Controle da Atividade Muscular pelo Córtex Cerebral, pelos Gânglios e pelo Cerebelo

As atividades motoras mais complexas do corpo são controladas pelo córtex cerebral, pelos gânglios da base e pelo cerebelo, com essas três áreas funcionando, quase que sempre, em conjunto e não isoladamente. Entretanto, a remoção do córtex cerebral, em alguns animais inferiores, tem efeito muito pequeno sobre a capacidade do animal de andar, de correr e, até mesmo de lutar. O que eles perderam foi o caráter proposital de suas atividades motoras. No ser humano, por outro lado, o córtex cerebral é muito mais desenvolvido e, de modo correspondente, parte consideravelmente maior de nossas atividades motoras é controlada pelo córtex. A lesão do córtex no ser humano causa,

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principalmente, perda das capacidades funcionais das mãos, dos dedos e das partes distais dos braços, embora os movimentos mais grosseiros do tronco, das pernas e dos ombros ainda permaneçam parcialmente intactos. Por outro lado, se os gânglios basais são gravemente lesados, ao mesmo tempo em que o córtex o é, mesmo os movimentos corporais grosseiros, no ser humano, ficam muito prejudicados.

A área motora do córtex cerebral fica localizada no lobo frontal, imediatamente à frente do sulco central. A parte posterior dessa área motora, chamada de córtex motor primário, controla músculos individuais ou grupos de músculos intimamente associados, em especial os pequenos músculos das mãos, dos dedos e da boca, o que permite um controle bastante preciso. As partes mais anteriores dessa área motora, chamada de córtex pré-motor, controlam a contração coordenada de grupos musculares múltiplos, o que permite a execução de inúmeras atividades motores de precisão.

O cerebelo funciona em associação com todas as outras áreas motoras do sistema nervoso, inclusive com o córtex motor, com os gânglios basais e com a medula espinhal, a fim de coordenar principalmente, as contrações musculares seqüenciais. O cerebelo possui um tipo especial de circuito neuronal que permite que os sinais sejam retardados por varias frações de segundo. Por conseguinte, se deseja realizar dois movimentos diferentes, um em seguida ao outro, o cerebelo produz o retardo apropriado, entre as atividades motoras seqüenciais. Por exemplo, durante o andar, cada passo consiste em movimento seqüenciais da perna para a frente e para trás. Se o seqüenciamento não é perfeito, a pessoa perde seu equilíbrio, que é o acontece, em termos precisos, quando o cerebelo é gravemente lesado, condição essa chamada de ataxia.

O controle da palavra falada é um exemplo especialmente interessante de controle motor de alta complexidade. As palavras que vão ser anunciadas não são escolhidas pelo córtex motor mas, pelo contrário, pela parte do córtex sensorial chamada de área de Wernicke, localizada, nas pessoas destras, na parte póstero-superior do lobo temporal esquerdo. A área de Wernicke transmite os sinais apropriados para a área de Broca, localizada, nas pessoas destras, no córtex pré-motor esquerdo. Essa área funciona em associação com o córtex motor primário, com os gânglios basais e com o cerebelo para controlar as seqüências de contrações dos músculos laríngeos, orais e respiratórios, necessários para a formação das diferentes palavras.

Os Processos Intelectuais - Sono e Vigília - Padrões Comportamentais e Efeitos Psicossomáticos

O que são os pensamentos? Como armazenamos as memórias em nosso cérebro? Como são controladas as funções intrínsecas do próprio cérebro? Essas são, talvez, as mais importantes funções de todo o encéfalo e as que menos conhecemos.

Quando uma pessoa está tendo um pensamento determinado, e isso ocorre com muita intensidade, muitas áreas distintas, e não apenas uma única área, do encéfalo, serão simultaneamente estimuladas. Com participação especial existem o tálamo, muitas áreas de todo o córtex cerebral e, até mesmo, áreas do tronco cerebral, em especial, do mesencéfalo. Acredita-se que cada um desses componentes tenha contribuição específica para a compreensão do que representa o pensamento. A isso é dado o nome de teoria holística do pensamento.

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Uma memória é um pensamento que é armazenado em um sistema neuronal do encéfalo e, após certo tempo, é relembrado. Algumas memórias perduram por apenas alguns minutos e são as memórias a-curto-prazo. Provavelmente, é o resultado da ativação neuronal contínua, o que faz com que a memória do pensamento permaneça viva, por algum tempo. Entretanto, se um pensamento é muito forte, especialmente, se causa dor ou prazer, ficará guardado nas áreas de memória do encéfalo, sob a forma de memórias a-longo-prazo. Isso resulta de alguma alteração, física ou química, das sinapses, que modifica sua capacidade futura de transmitir sinais. Isto é, aquelas sinapses que foram excitadas por um pensamento específico desenvolvem facilitação permanente ou semipermanente, que permite o reaparecimento desse mesmo pensamento em outra ocasião futura, desde que ocorra a estimulação adequada.

Outro processo intelectual importante do encéfalo é a sua capacidade de analisar a informação sensorial que lhe chega e de torná-la significativa. A área mais importante de todo o córtex cerebral para essa função é a área de Wernicke, localizada, em pessoas destras, na parte superior e posterior do lobo temporal. É aí que toda a informação derivada das experiências auditivas, visuais e somestésicas converge e é analisada. Por exemplo, as áreas visuais do córtex occipital podem detectar letras e, talvez, até mesmo palavras, mas sem a área de Wernicke, o significado da frase raramente é compreendido.

As regiões pré-frontais dos lobos frontais – as regiões de situação anterior ao córtex motor – são um enigma, pois podem ser removidas do cérebro e a pessoa continua a pensar e a realizar cálculos matemáticos rotineiros. Contudo, sem as áreas pré-frontais, a pessoa perde sua capacidade de resolver problemas intelectuais complexos e, em especial, de manter fluxo contínuo de pensamento sobre determinado assunto por mais de alguns minutos. Por conseguinte, diz-se, muitas vezes, que as áreas pré-frontais permitem a elaboração de pensamentos especialmente profundos.

Mas, o que é que ativa os processos do pensamento ou, em outras palavras, o que é que causa a vigília e a atenção para essas perguntas. As partes superiores da formação reticular do tronco cerebral, em particular aquelas localizadas no mesencéfalo e na protuberância superior, podem, quando excitadas, estimular todo o encéfalo a entrar em atividade, produzindo o estado de vigília. Esse sistema excitador é o sistema reticular ativador. Transmite a maior parte de seus sinais para o córtex cerebral, por meio do tálamo, e a estimulação de áreas específicas do tálamo pode excitar partes determinadas do córtex cerebral, talvez, dirigindo por esse meio a atenção para categorias específicas de pensamento.

O sistema reticular ativador pode ser excitado por sinais oriundos de quase todos os sistemas sensoriais, quer sejam somáticos, ou visuais, ou aditivos, ou de outros tipos, sinais que retornam do córtex cerebral para a porção mesencefálica do sistema reticular ativador e sinais vindos do hipotálamo e das outras partes do sistema límbico. Após muitas horas de atividade excessiva do sistema reticular ativador, esse sistema fica fatigado e seu nível de atividade diminui até o ponto em que ocorre o sono. Após período apropriado de repouso, a fadiga desaparece e recomeça a vigília.

A maior parte dos padrões comportamentais apresentados por uma pessoa é produzida por excitação do hipotálamo e das estruturas que o cercam, chamadas, em seu conjunto, de sistema límbico. A estimulação aplicada a algumas dessas áreas pode causar dor intensa e sentimentos de punição; a de outras pelo contrário, prazer e recompensa. E a estimulação aplicada às outras áreas do sistema límbico pode causar excitabilidade

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exacerbada, desenvolvimento de enraivecimento, produção de postura agressiva, e de outras respostas comportamentais. Ainda outras áreas produzem as respostas opostas: docilidade extrema, mansidão e, até mesmo, amor. Sabemos o mínimo e, no entanto, queremos saber o máximo sobre essas funções de nosso encéfalo.

O Sistema Nervoso Autônomo e o Hipotálamo

O sistema nervoso autônomo controla as funções internas do corpo. É dividido em dois componentes distintos: o sistema nervoso simpático e o sistema nervoso parassimpático. Os dois componentes são estimulados por múltiplos centros cerebrais, localizados, principalmente, no hipotálamo e tronco cerebral.

Os nervos periféricos simpáticos, juntos com os nervos espinhais, têm origem nos segmentos torácicos e nos dois primeiros segmentos lombares da medula espinhal. Esses nervos chegam às cadeias simpáticas, uma a cada lado da coluna vertebral. A partir desse ponto, os nervos terminais simpáticos se distribuem por todo o corpo. A maioria das terminações simpáticas secreta a adrenalina (norepinefrina ou epinefrina), que exerce os diversos efeitos simpáticos sobre o corpo.

Entre todas as funções simpáticas são especialmente importantes as de controlar o grau de vasoconstrição na pele, o que permite o controle da perda de calor pelo corpo, controle da intensidade da sudorese pelas glândulas sudoríparas, o que também é parte do controle da perda de calor, controle da freqüência cardíaca, controle da pressão sangüínea arterial, inibição das secreções e dos movimentos gastrintestinais e aumento do metabolismo na maior parte das células do corpo.

O sistema nervoso parassimpático tem origem em diversos nervos cranianos e, também, de vários segmentos sacrais da medula espinhal. Todas as terminações parassimpáticas secretam acetilcolina. As fibras parassimpáticas no nervo oculomotor controlam a focalização dos olhos e a dilatação das pupilas; as fibras parassimpáticas nos nervos vago e glossofaríngeo controlam a secreção salivar, a freqüência cardíaca, a

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secreção gástrica, a secreção pancreática e muitas das contrações da parte superior do tubo gastrintestinal; e, finalmente, as fibras parassimpáticas, de origem sacral, controlam o esvaziamento da bexiga e do reto.

O hipotálamo é a parte encefálica mais importante para o controle das “funções vegetativas” do corpo, expressão que define o conjunto das funções orgânicas internas subconscientes, incluindo a maioria das funções do sistema nervoso autonômico. O hipotálamo contém muitos núcleos distintos. Algumas das funções reguladoras exercidas por esses diferentes núcleos são:- Regulação do sistema cardiovascular, em especial da freqüência cardíaca e da pressão arterial.- Regulação da temperatura corporal, pelo controle de funções tais como a perda de calor pelo corpo, pela variação do grau de vasoconstrição cutânea, intensidade da perda de calor pelo corpo, por sudorese, e intensidade da produção de calor pelos tecidos, pelo controle do metabolismo celular.- Regulação da água corporal, pelo controle da sede e do mecanismo de ingestão de água e, também, pela secreção de hormônio antidiurético que atua sobre o rim, fazendo com que retenha água.- Regulação da alimentação, pela excitação de um centro da fome no hipotálamo, quando as reservas de nutrientes do corpo estão depletadas.- Controle da excitação e da raiva, quando a pessoa é ameaçada por qualquer modo.- Controle da secreção de quase todos os hormônios pituitários. Os hormônios pituitários, por sua vez, controlam a secreção de cerca da metade de todos os outros hormônios secretados pelas glândulas endócrinas do corpo. Portanto, por meio desses sistemas hormonais, o hipotálamo controla, pelo menos, a metade de todas as funções metabólicas do corpo.

Atuação Nervosa e a Contração Muscular

O corpo tem três tipos diferentes de músculo: o músculo esquelético, o músculo cardíaco e o músculo liso. Os músculos esquelético e cardíaco são músculos estriados, e têm mecanismos contráteis similares. O músculo liso, que é o tipo de músculo encontrado na maioria dos órgãos internos, possui organização intracelular diferente, mas a base química da contratação ainda é a mesma.

Cada fibra muscular esquelética é formada por algumas centenas a muitas dezenas de milhares de fibras musculares esqueléticas dispostas paralelamente, cada uma delas estendendo-se por todo o comprimento do músculo. Por sua vez, cada fibra muscular contém de algumas centenas a vários milhares de miofibrilas, também com disposição paralela. E, ao longo da extensão de cada miofibrila, existem milhões de diminutos filamentos moleculares, os filamentos de actina e de miosina, que se dispõem de forma alternada – em primeiro, o conjunto de filamentos de miosina, em seguida, um conjunto de filamentos de actina – com essa seqüência ocorrendo repetitivamente ao longo de todo o comprimento da miofibrila. As extremidades dos filamentos de actina e de miosina sobrepõem-se umas às outras e, em presença de íons cálcio, interagem entre si, tanto em

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termos físicos quanto químicos, o que faz com que esses filamentos deslizem, uns sobre os outros. Isto é, as extremidades dos filamentos de actina são, literalmente, puxadas em direção às e por meio das extremidades dos filamentos de miosina, o que representa o mecanismo para a contração muscular. Os pontos médios dos filamentos de actina estão fixados a uma membrana intracelular, a membrana Z, que, por sua vez, está fixada à membrana celular da fibra muscular. A parte da fibra muscular situada entre duas membranas Z sucessivas é o sarcômero. Quando os filamentos de actina e de miosina deslizam entre si, o comprimento do sarcômero encurta. Por isso, o sarcômero é a unidade contrátil do músculo esquelético.

A contratação da fibra muscular é causada por um potencial de ação que se propaga ao longo da membrana dessa fibra. Esse potencial de ação também atinge o interior da fibra muscular por meio dos diminutos túbulos transversos (túbulos T), que podem atravessar toda a espessura da fibra muscular em cada sarcômero. O fluxo de corrente elétrica durante o potencial de ação faz com que outro sistema tubular intracelular, o retículo sarcoplasmático, libere íons cálcio no sarcoplasma, que é o líquido no interior da fibra muscular. São esses íons cálcio que iniciam a contração muscular. Dentro de um centésimo a um quinto de segundo após a liberação dos íons cálcio no sarcoplasma, uma bomba de cálcio muito potente, situada na membrana do retículo sarcoplasmático, transporta os íons cálcio de volta ao retículo. Por conseguinte, a duração da concentração das fibras do músculo esquelético fica entre os limites de um centésimo e um quinto de segundo.

Uma teoria para explicar as forças atrativas entre os filamentos de actina e de miosina durante a contração é a do mecanismo da catraca. Microfotografias eletrônicas têm mostrado que os filamentos de miosina possuem múltiplas projeções, pontes cruzadas, dirigidas para os filamentos de actina. Na extremidade de cada ponte cruzada, existe uma cabeça alongada, que pode ser movida de um lado para outro. Acredita-se que essa cabeça seja, inicialmente, movida para a frente, quando se fixa ao filamento de actina; em seguida, move-se para trás, trazendo o filamento de actina, e, em determinado ponto desse movimento de retorno, solta-se do filamento de actina. Um novo ciclo é representado por essa mesma seqüência sendo repetida para um ponto mais adiante do filamento de actina. Os movimentos dessas cabeças são energizados pela degradação do trifosfato de adenosina a difosfato de adenosina, o que libera a energia necessária para a promoção da contração muscular.

O músculo liso não é dividido em sarcômeros. Pelo contrário, os filamentos de actina e de miosina ficam misturados de modo bem menos organizado, ao longo de toda a extensão da fibra muscular lisa. Também, a maior parte do, se não todo, cálcio que provoca a contração penetra na célula através da membrana da fibra muscular lisa, no momento de potencial de ação, e não é liberada no interior da fibra, a partir do retículo sarcoplasmático. A duração da contração do músculo liso é, em geral, de 10 a 100 vezes maior do que a duração da contração do músculo esquelético, visto que o bombeamento do cálcio para fora da membrana da célula muscular lisa é muito lento. Muitos dos filamentos de actina estão fixados à membrana da célula muscular lisa, o que causa o encurtamento da fibra muscular.

A contração do músculo liso também pode ser provocada por diversos hormônios e por outros fatores que aumentam a permeabilidade da membrana da fibra muscular ao cálcio, sem a intermediação de potenciais de ação.

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- O Potássio e o Potencial de Membrana na Atividade Muscular Cardíaca

O potássio é o principal íon intracelular, particularmente importante para manter a carga elétrica na membrana, o que é necessário para a comunicação neuromuscular e para o transporte de nutrientes para dentro das células e para a retirada de resíduos das células. A concentração de potássio dentro das células é cerca de 30 vezes maior que a concentração no sangue e em outros líquidos extracelulares.

Os níveis de potássio são controlados principalmente pelo hormônio esteróide aldosterona, o qual aumenta a excreção de potássio. A aldosterona é secretada pela glândula adrenal na presença dos níveis aumentados de potássio. A acidose metabólica (por exemplo, causada por diabetes não controlado) ou alcalose (por exemplo, causada por vômito excessivo) podem afetar o potássio no sangue, uma vez que este íon se desloca para dentro ou para fora das células em intercâmbio com os íons de hidrogênio. Por exemplo, na acidose, alguns dos íons de hidrogênio em excesso irão de deslocar para dentro das células, enquanto os íons de potássio são liberados pelas células.

Pequenas alterações na concentração de potássio fora das células podem ter efeitos substanciais na atividade dos nervos e dos músculos. Isso é particularmente evidente no músculo cardíaco. Níveis baixos de potássio causam o aumento da atividade (que podem levar a uma arritmia), enquanto níveis altos causam diminuição da atividade. Ambos os casos podem levar a uma parada cardíaca em algumas circunstâncias. Portanto, situações clínicas que envolvam anormalidades no metabolismo do potássio requerem sua análise no sangue.

SIMULAÇÕES CLÍNICAS E ATIVIDADES DE FIXAÇÃO → Capítulo III

1) Assinale a opção que determina, na seqüência, as áreas cerebrais atuantes em cada um dos parâmetros fisiológicos abaixo:

- Envolvida nos processos mentais de alto nível, raciocínios complexos, intelecto e racionalidade.- Envolvida no controle cardiovascular, da respiração e do equilíbrio.- Envolvida na percepção do tato, calor, frio, pressão e dor.

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a) Hipotálamo – Córtex Pré-Frontal – Tronco Cerebral.b) Córtex Pré-Frontal – Tronco Cerebral – Córtex Somestésico.c) Sistema Nervoso Somático – SNA – Córtex Pré-Frontal.d) Córtex Somestésico – SNA – Sistema Nervoso Somático.e) Não há alternativa correta.

2) A transmissão sináptica interneuronal tem como sentido de propagação do estímulo:

a) Axônio → axônio. b) Dendrito → dendrito. c) Axônio → dendrito. d) Dendrito → axônio. e) Não há alternativa correta.

3) Um indivíduo demonstra-se extremamente agitado, agressivo, com a pupila dilatada, reclamando de boca seca, coração acelerado, ejaculação precoce, insônia e dificuldade para realizar suas funções fisiológicas. Tal cliente, não aceita relatar a substância que está fazendo uso, mas você desconfia tratar-se de um:a) Antagonista simpático como as anfetaminas.b) Parassimpaticomimético como a cocaína.c) Benzodiazepínico como a maconha.d) Simpaticolítico como o crack.e) Simpaticomimético como as anfetaminas.

4) Estudos acerca do consumo controlado e diário de chocolate vem ganhando ênfase na medicina moderna, principalmente pela sua relação com o aumento da serotonina na sinapse. Dentro desse contexto, assinale a alternativa que descreve áreas de regulação da serotonina: a) Atividade sexual.b) Humor.c) Sono.d) Apetite.e) Todas as alternativas acima estão corretas.

5) O modelo de funcionamento nervoso baseado na sinapse química e elétrica está presente:a) No sistema nervoso central.b) Na conexão interneuronal, neuroglandular e neuromuscular.c) No sistema nervoso periférico.

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d) No sistema nervoso somático e autônomo.e) Em toda e qualquer transmissão de estímulo nervoso, independente da área cerebral ou periférica.

6) Os casos de agressividade exagerada em situações normais do cotidiano como em jogos de futebol ou brigas de trânsito podem ser explicados pela ocorrência do evento fisiológico disposto na alternativa:a) Liberação de adrenalina e hiperexcitação do Sistema Límbico.b) Liberação de acetilcolina e bloqueio do córtex cerebral.c) Liberação de adrenalina e ativação do SNA parassimpático.d) Liberação de acetilcolina e ativação do SNA simpático.e) Não há alternativa correta.

7) Quando o profissional de saúde busca o controle de quadros asmáticos ele deve administrar aos pacientes substâncias fisiologicamente, exceto:a) Simpaticolíticas.b) Simpaticomiméticas. c) Parassimpaticolíticas. d) Anticolinérgicas. e) Agonistas adrenérgicas.

8) Determine a alternativa que não apresenta uma condição necessária para que ocorra a contração muscular: a) Estímulo Nervoso → neurotransmissão.b) Ocorrência do processo sináptico e atuação da acetilcolina na placa neuromuscular.c) Proteínas Contráteis → interação Actina-Miosina. d) Formação de Energia → Metabolismo (ATP).e) Ocorrência de glicólise e lipólise nas fibras musculares para ativação da acetilcolina.

9) Assinale a alternativa que descreve o neurotransmissor relacionado a ação do crack, a Esquizofrenia e ao Parkinson: a) Adrenalina.b) Acetilcolina.c) Serotonina.d) GABA.e) Dopamina.

10) Homem de 50 anos, gerente de banco, sofreu assalto seguido de seqüestro dos familiares. Um ano após o ocorrido, ainda apresenta-se tenso, agitado, deprimido e com lembranças freqüentes daqueles momentos e sem conseguir retornar ao local onde ocorreram os fatos. Dentro dos seus conhecimentos fisiológicos, quais são as classes dos medicamentos mais adequados para o tratamento do paciente será: a) Antagonista adrenérgico e analgésico. b) Anticolinérgico e beta-bloqueador. c) Simpaticomimético e anticolinérgico. d) IRSS e Benzodiazepínico.

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e) Não há resposta correta.

11) Assinale a opção que apresenta, respectivamente, um neurotransmissor excitatório e um inibitório da sinapse nervosa: a) GABA e dopamina. b) Serotonina e GABA.c) Adrenalina e acetilcolina. d) Noradrenalina e dopamina. e) Dopamina e serotonina.

12) Várias nomenclaturas científicas e práticas podem ser utilizadas por profissionais de saúde para definir um mesmo medicamento. Portanto, determine o efeito que pode ser esperado quando da administração de um anticolinérgico ao paciente: a) Hipoglicemia.b) Broncodilatação. c) Broncoconstrição. d) Bradicardia.e) Não há resposta correta.

13) O sistema nervoso caracteriza-se como uma área fisiológica de extrema importância e complexidade, sendo que sua fisiologia altamente relacionada à sua forma de disposição no organismo. Portanto, assinale a opção que apresenta a organização correta do sistema nervoso. a) SNC (simpático e parassimpático) e SNP dividido em Somático e Autônomo (encéfalo e medula espinhal). b) SNC (somático e autônomo) e SNP (encéfalo e medula espinhal).c) SNC (encéfalo e medula espinhal) e SNP dividido em Somático e Autônomo (simpático e parassimpático) d) SNC Somático e SNP Autônomo e Encefálico. e) Não há resposta correta.

14) Um paciente sofreu lesão na parte póstero-superior do lobo temporal esquerdo, portanto, os impactos gerados serão: a) Na fala incluindo a formação das palavras. b) Nos movimentos finos incluindo a ação das mãos.c) No controle da respiração e movimento dos pés. d) Na regulação da temperatura corporal e batimentos cardíacos.e) Não há alternativa correta.

15) A adrenalina é um hormônio estratégico na fisiologia geral do organismo, atuando para: a) Estimular o reparo de feridas pela elevação da circulação de sangue no local.b) Promover a redução do débito cardíaco, vasoconstrição e redução da PA. c) Promover a absorção sistêmica de nutrientes da dieta.d) Aumentar o débito cardíaco e controlar o fluxo sanguíneo.

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e) Dilatar os vasos sanguíneos e reduzir a PA.

16) Com base na fisiologia do sistema nervoso, assinale a alternativa correta: a) Um indivíduo tem seu tecido nervoso, sinapses, inteligência e comportamentos determinados apenas geneticamente. b) No cérebro adulto, as relações humanas ou o consumo de substâncias não interferem na geração de quadros depressivos.c) Não há alternativa correta.d) Transtornos afetivos ou psicopatias estão associados apenas a disfunção dos NT nos centros cerebrais específicos.e) Mesmo após o nascimento o cérebro humano continua se desenvolvendo funcional e anatomicamente.

17) Determine em qual região do sistema nervoso são realizadas as seguintes funções:

Controle do equilíbrio, respiração e circulação.Controle do pensamento e memória.Percepção, controle e transmissão dos estímulos dolorososRegulação do processo de sonolência no ser humanoControle dos músculos da face e formação das palavrasControle motor delicado como ação dos dedos e mãosControle da micção e defecação

18) Descreva e crie desenhos esquemáticos que detalhem o processo de transmissão nervosa, incluindo a sinapse química (atuação dos neurotransmissores GABA, serotonina e dopamina) e a sinapse elétrica (geração/transmissão do potencial de ação com polarização/despolarização/repolarização).

19) Leia a situação abaixo e responda o que se pede:

O Sr. Luiz Silva, solteiro, no momento desempregado, trabalhou como auxiliar de escritório numa agência bancária e estudou engenharia na cidade de Florianópolis. Há aproximadamente 1 ano, começou a se tornar calado e acabou se isolando, inclusive no seu local de trabalho. Começou a ouvir vozes e acreditava que os colegas do banco estavam “de olho” nele e que falavam dele pelas costas. Relatava, à época, dificuldades para concentrar-se no trabalho e, sempre que possível, saía da sala com desculpas de tomar um cafezinho ou ir ao banheiro. Além disso, começou a achar que as pessoas na rua o olhavam de modo estranho, dando-lhe a impressão que o julgavam “feio e louco”. Deixou de usar o telefone, pois podiam estar ouvindo o que ele falava. Começou a achar que seus vizinhos ficavam a fiscalizar tudo o que ele fazia em casa. À época, o pai o levou a um médico que prescreveu Haloperidol, porém, após um mês o paciente teve uma leve depressão e com

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seis meses de tratamento passou a apresentar tremores marcantes e movimentos involuntários, sendo então internado. Passou cerca de 30 dias internado, obtendo alta, mas permanecendo em licença de saúde e tomando Haloperidol e Biperideno como tratamento domiciliar. Nesta etapa, ainda ouvia vozes, mas dizia ao pai que sabia fazerem parte de sua doença. Passava a maior parte do tempo sem fazer nada, e, nos últimos meses também não demonstrava qualquer interesse por nenhuma atividade. Dizia que estava tão desanimado que chegou a pensar em morte; apresentava diminuição do apetite e passou a acordar mais cedo que o habitual, apesar de não estar trabalhando. Foi, então, reinternado e não tivemos mais notícias.

Responda as indagações propostas:

a) Explique a esquizofrenia com base na fisiologia da sinapse?b) Explique o surgimento dos tremores e movimentos involuntários?c) Como explicar a prescrição do Biperideno ou da Olanzapina para o paciente?

Capítulo IV: Sistema Circulatório

Ação Bombeadora do Coração e sua Regulação  

 O coração é formado, na realidade, por duas bombas distintas: o coração direito, que bombeia o sangue para os pulmões e o coração esquerdo, que bombeia o sangue para todas as outras partes do corpo.  Cada um desses dois corações é formado por duas câmaras separadas: o átrio e o ventrículo. Os átrios funcionam como bombas de escorva que forçam a passagem de sangue adicional para os ventrículos, antes que ocorra a contração ventricular. Então, os ventrículos contraem com grande força, após fração de segundo, bombeando o sangue para os pulmões ou para a circulação sistêmica. Portanto, os ventrículos são chamados de bombas de força (ou de potência).

O coração possui quatro válvulas distintas que permitem o fluxo do sangue para a frente, impedindo seu refluxo. Duas dessas válvulas, as válvulas atrioventriculares, funcionam como válvulas de entrada para os ventrículos respectivos. As outras duas, as válvulas semilunares, funcionam como válvulas de saída para os mesmos ventrículos. Quando um ventrículo contrai, a pressão exercida pelo sangue sobre as válvulas atrioventriculares, de dentro para fora, força seu fechamento, de modo a impedir o refluxo do sangue ventricular para o átrio. Ao mesmo tempo, a compressão do sangue pelas paredes ventriculares força o sangue contra as válvulas semilunares, fazendo com que abram e permitindo o fluxo de sangue do ventrículo para a artéria pulmonar ou para a aorta. Em seguida, quando o ventrículo relaxa, a elevada pressão do sangue nas grandes artérias força o retorno do sangue contra as válvulas semilunares, o que as fecha, impossibilitando o retorno do sangue para o ventrículo. Ao mesmo tempo, o sangue que retorna ao coração pelas veias sistêmicas abre as válvulas atrioventriculares e, novamente, enche os ventrículos, na preparação de um novo ciclo de bombeamento.

Em muitos aspectos, o músculo cardíaco é bastante semelhante ao músculo esquelético, mas possui duas características que o tornam muito adaptado à ação bombeadora do coração. Primeira, as fibras do músculo cardíaco são interconectadas entre si, de modo que um potencial de ação com origem em qualquer ponto da massa muscular pode se propagar por toda a sua extensão e fazer com que toda a massa contraia

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a um só tempo. Isso permite que o músculo cardíaco da parede de cada uma das câmaras contraia ao mesmo tempo e, portanto empurre o sangue para diante. Segunda, o potencial de ação do músculo cardíaco dura por cerca de três décimos de segundo, o que é dez ou mais vezes maior que a do potencial de ação da maioria dos músculos esqueléticos. Portanto, a duração da contração do músculo cardíaco também é de ordem de três décimos de segundo, que representa o tempo necessário para que o sangue flua dos ventrículos para as artérias.

O coração também possui um sistema especial para o controle de sua ritmicidade, que é formado pelo nó sinusal (nodo sinoatrial ou nodo SA), situado na parede do átrio direito, próximo ao ponto de entrada da veia cava superior; o nodo atrioventricular (nodo AV), situado no septo atrial, perto do ponto onde os dois átrios fixam-se aos ventrículos; e um sistema de grandes fibras cardíacas, de condução muito rápida, as fibras de Purkinje, condutoras do impulso cardíaco com grande velocidade, desde o nodo AV para todas as regiões dos dois ventrículos.

Em um coração normal, o nó sinusal controla a freqüência do batimento cardíaco e, por isso, é chamado de marcapasso do coração. Quando a pessoa está em repouso, o nó sinusal contrai ritmicamente cerca de 72 vezes por minuto, e o potencial de ação, chamado de impulso cardíaco, gerado por esse nodo, é propagado para todo o coração, primeiro, por todo o átrio, em seguida para o nodo AV e, em seguida, pelo sistema de Purkinje para os ventrículos e, depois, pelos próprios ventrículos.

À medida que o impulso cardíaco passa pelo nodo AV, sofre de pouco mais de um décimo de segundo, uma vez que as fibras condutoras desse nodo são extremamente delgadas e conduzem com muita lentidão. Esse retardo é extremamente importante para a função cardíaca, por permitir que os átrios contraiam uma fração de segundo antes dos ventrículos, o que permite o fluxo de sangue para esses ventrículos, antes que comecem o ciclo de bombeamento cardíaco.

Quando o coração está lesado, como ocorre, frequentemente, quando um dos vasos coronarianos é ocluído, parte do sistema de condução do coração poderá ficar bloqueada, de modo a impedir o processo normal da condução. Por exemplo, o bloqueio da condução do nodo AV para o sistema ventricular de Purkinje, condição chamada de bloqueio atrioventricular, é muito comum na velhice. Quando ocorre, os átrios continuam a contrair em seu ritmo normal de cerca de 72 batimentos por minuto, mas os sinais atriais não mais

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são conduzidos para os ventrículos. Nessa situação, as grandes fibras de Purkinje do sistema ventricular começam a produzir impulsos na freqüência de 15 a 40 batimentos por minuto e passam a funcionar como marcapasso ventricular. Dessa forma, os ventrículos começam a contrair com freqüência inteiramente distinta da dos átrios, de modo que os átrios e os ventrículos deixam de contrair sincronicamente.

Outra anomalia da condução cardíaca, mas muito mais desastrosa, é a fibrilação ventricular, na qual o sinal cardíaco circula, repetitivamente, pelo músculo cardíaco, seguindo percurso cheio de desvios, de modo que o sinal nunca é interrompido. Por conseguinte, partes dos ventrículos permanecem contraídas durante todo o tempo, não existindo período de relaxamento onde os ventrículos podem se encher com sangue. Como resultado, não existe a função de bombeamento do coração e a pessoa morre em poucos segundos.

    Fluxo Sangüíneo pela Circulação Sistêmica e sua Regulação

O fluxo sangüíneo pela circulação sistêmica é causado pela pressão nas artérias, enquanto que a intensidade desse fluxo é determinada pela resistência total, referida como a resistência periférica total, em todos os diferentes vasos da rede sistêmica. A fórmula seguinte mostra as inter-relações entre fluxo sangüíneo, a pressão e a resistência:

Fluxo Sangüíneo = Pressão/ResistênciaA pressão nas artérias é causada pelo bombeamento do sangue pelo ventrículo

esquerdo para a aorta. A resistência ao fluxo sangüíneo na circulação sistêmica é causada pelo atrito do sangue ao se escoar ao longo das superfícies das paredes vasculares. A maior parte dessa resistência fica localizada nos vasos de menor calibre, em especial, nas arteríolas e nos capilares, uma vez que a resistência ao fluxo é inversamente proporcional à quarta potência do diâmetro do vaso. Dessa forma, a resistência de vaso com 1 mm de diâmetro é 16 vezes maior do que a resistência apresentada por vaso com diâmetro de 2 mm.

A pressão sangüínea média normal, na aorta, é de cerca de 100 mm Hg e o fluxo sangüíneo total, por toda a circulação sistêmica, referido como débito cardíaco (ou volume minuto), é de cerca de 5 litros/min, nas condições de repouso. Entretanto, mesmo no indivíduo médio, o débito cardíaco pode aumentar até 15 a 20 litros/min durante o exercício intenso e, em atletas bem treinados, pode até atingir o dobro desses valores.

O fluxo sangüíneo pelos tecidos é regulado, principalmente, por um mecanismo que é definido como de auto-regulação local do fluxo sangüíneo; isso significa controle exercício, em sua maior parte, pela intensidade com que os nutrientes são utilizados nos diferentes tecidos. Por exemplo, quando um tecido consome quantidades excessivas de oxigênio, os vasos sangüíneos da região dilatam, permitindo maior fluxo sangüíneo para o tecido. A causa dessa vasodilatação ainda não está completamente esclarecida; pode ser resultado de alguma substância vasodilatadora, liberada pelo tecido, em especial, a substância vasodilatadora adenosina, liberada pelas células hipóxicas. Ou poderia ser a conseqüência da simples falta de oxigênio suficiente para manter a contração das paredes dos vasos sangüíneos.

Em algumas condições, o sistema nervoso simpático também desempenha papel muito importante no controle do fluxo sangüíneo. Por exemplo, durante o exercício intenso, quando os músculos necessitam de quantidades imensas de fluxo sangüíneo, o

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sistema nervoso simpático constringe os vasos sangüíneos em quase todos os territórios e tecidos não-musculares, o que desvia o sangue para os músculos.

Cerca de três partes de todo o volume de sangue no sistema circulatório está nas veias. Quando uma pessoa tem perda extensa de sangue, as veias podem ficar contraídas, o que faz com que quantidades adequadas de sangue encham os outros vasos do corpo. Por conseguinte, as veias, além de atuarem como os condutores para o retorno do sangue, a partir dos tecidos periféricos, também são chamadas de reservatórios sangüíneos para o corpo.

Territórios Especiais do Sistema Circulatório

O sistema vascular, em cada órgão do corpo, é especificamente adaptado para atender às funções do órgão. As características do fluxo sangüíneo, em alguns dos mais importantes territórios especiais da circulação, são as seguintes:

1. Fluxo Sangüíneo Coronariano. O coração, como todos os outros músculos do corpo, necessita de fluxo sangüíneo nutridor; esse fluxo suprido pelos vasos sangüíneos coronarianos. Duas artérias coronarianas, a coronária direita e a coronária esquerda têm origem na base da aorta, imediatamente à frente da válvula aórtica. Cerca de 85% do fluxo coronariano passam para o ventrículo esquerdo, visto que o músculo desse ventrículo é bem mais volumoso, necessitando de muito mais nutrição do que o músculo do ventrículo direito. A intensidade do fluxo sangüíneo pelos vasos coronarianos é controlada, principalmente, pelo mecanismo de auto-regulação. Isto é, quando o coração trabalha demasiadamente, utilizando quantidades excessivas de oxigênio e de outros nutrientes, os vasos coronarianos dilatam de forma automática, o que permite o suprimento de nutrientes para manter o trabalho adicional que está sendo executado pelo coração.

2. Fluxo Sangüíneo Muscular. Muito embora os músculos esqueléticos formem quase que 40% da massa corporal, seu fluxo sangüíneo total, nas condições de repouso, é de apenas 1 litro/min. Entretanto, durante o exercício, esse fluxo pode aumentar até cerca de 20 litros/min ou mais. Assim, o fluxo sangüíneo muscular é extremamente variável e está relacionado, quase que de forma total, à necessidade aumentada de nutrientes desses músculos, durante sua atividade, e especial, por oxigênio. Na verdade, o fluxo sangüíneo é quase que diretamente relacionado à utilização de oxigênio pelos músculos, o que representa um dos principais mecanismos de regulação do fluxo sangüíneo, como foi discutido no capitulo procedente.

3. Fluxo Sangüíneo Cerebral. O fluxo sangüíneo total para o cérebro é, em média, de 700 ml/min. Essa intensidade de fluxo permanece relativamente constante na maioria das condições, o que favorece a manutenção de concentrações constantes de nutrientes e de íons nos líquidos que banham as células cerebrais. Os três fatores que têm maior importância para o controle do fluxo sangüíneo cerebral são as concentrações cerebrais de gás carbônico, oxigênio e íons hidrogênio. O fluxo sangüíneo aumenta sempre que é necessário oxigênio e, também, aumenta sempre que for preciso transportar gás carbônico ou íons hidrogênio em excesso, quando esse excesso ocorrer no cérebro.

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4. Circulação Porta e Fluxo Sangüíneo Hepático. Quase todo o sangue que drena o tubo gastrintestinal passa, primeiro, pela veia porta e, em seguida, por extensa rede de diminutos seios hepáticos do fígado, antes de atingir a veia cava inferior. O sangue que vem do tubo gastrintestinal contém grandes quantidades de substancias derivadas dos alimentos, que foram absorvidos pelo intestino, em especial, glicose e muitos aminoácidos. Revestindo os seios hepáticos em todas as suas faces existem paredes continuas de células hepáticas, que captam a maior parte das substancias derivadas dos alimentos, armazenando-se temporariamente. Esses nutrientes são, posteriormente, liberados para o sangue, no intervalo entre as refeições, de modo a existir sempre fluxo constante de nutrientes para os tecidos.

5. Fluxo Sangüíneo Cutâneo. Nas condições normais, não mais que um décimo do sangue que flui pela pele serve para a função de nutrição dessa pele. Pelo contrário, a maior parte desse fluxo atende ao mecanismo de controle da temperatura corporal. Para esse fim, a pele possui extensos plexos venosos situados alguns poucos milímetros abaixo da superfície cutânea. Quando as pequenas artérias, que suprem de sangue esses plexos, estão dilatadas, grandes quantidades de sangue aquecido fluem para esses plexos, vindos da parte central do corpo, e esse sangue é resfriado na pele, antes de ser devolvido à parte central do corpo. Centros nervosos do cérebro controlam a intensidade do fluxo cutâneo, a fim de manter constante a temperatura corporal. Quando o corpo está frio, quase nenhum sangue flui para a pele, de modo que apenas quantidades mínimas de calor corporal são perdidas. Mas, quando o corpo está aquecido, até 2 a 3 litros/min de sangue podem fluir pela pele, com perda de quantidades imensas de calor.

Pressão Arterial Sistêmica e Hipertensão

A pressão arterial é pulsátil porque, a cada batimento cardíaco, uma pequena quantidade de sangue é bombeada pelo coração para a aorta. Após cada contração cardíaca, a pressão, nas condições normais, aumenta até cerca de 120 mm Hg, que corresponde à pressão sistólica. Nos intervalos entre os batimentos cardíacos, visto que o sangue continua a fluir das grandes artérias para a circulação sistêmica, a pressão cai para cerca de 80 mm Hg, valor da pressão diastólica. O método usual para a expressão dessas pressões é de 120/80. A pressão arterial média, que é o valor médio da pressão, durante todo o ciclo cardíaco, é a pressão que determina a intensidade média do fluxo sangüíneo pelos vasos sistêmicos.

Para assegurar que o fluxo sangüíneo na circulação sistêmica não aumente ou diminua devido às pressões variáveis, é extremamente importante que a pressão arterial média seja regulada de modo a ter valor muito constante. Isso é conseguido por meio de um grupo complexo de mecanismos que envolvem o sistema nervoso, os rins, e diversos mecanismos hormonais.

1. Controle Neural. O controle a curto prazo da pressão arterial, durante períodos de segundos ou de minutos, é realizado quase que integralmente por reflexos nervosos. Um dos mais importantes desses reflexos é o reflexo barorreceptor. Quando a pressão arterial fica muito aumentada, ocorre distensão e excitação de receptores neurais especiais, os barorreceptores, situados nas paredes da aorta e da artéria carótida interna. Esses barorreceptores enviam sinais para o bulbo raquidiano, no tronco cerebral que, por sua

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vez, envia sinais desde o bulbo, pelo sistema nervoso autonômico, para provocar a lentificação do coração, forca de contração cardíaca diminuída, dilatação das arteríolas e dilatação das grandes veias que, em conjunto, atuam no sentido de fazer com que a pressão arterial baixe até o valor normal. Efeitos exatamente opostos ocorrem quando a pressão arterial fica demasiadamente baixa e os barorreceptores deixam de ser estimulados.

2. Controle Renal. Os rins são responsáveis quase que inteiramente pelo controle a longo prazo da pressão arterial. Atuam por meio de dois mecanismos muito importantes para o controle da pressão arterial: um deles é o mecanismo hemodinâmico, o outro é o mecanismo hormonal, que será descrito adianta sobre o titulo de controle hormonal. O mecanismo hemodinâmico é muito simples. Quando a pressão arterial aumenta acima do normal, a pressão excessiva nas artérias renais faz com que o rim filtre quantidades aumentadas de liquido e, portanto, que também excrete quantidades aumentadas de água e de sal. A perda dessa água e desse sal diminui o volume sangüíneo, o que faz com que a pressão retorne aos valores normais. De modo inverso, quando a pressão cai abaixo do valor normal, os rins retêm água e sal até que a pressão retorne ao normal.

3. Controle Hormonal. Vários hormônios desempenham papeis importantes no controle da pressão, mas, indubitavelmente, o de maior significação é o sistema hormonal renina-angiotensina do rim. Quando a pressão cai a valores insuficientes para manter o fluxo sangüíneo normal pelos rins, os rins secretam a renina. Essa substancia é uma enzima que age sobre uma das proteínas do plasma para fracionar o composto de ação hormonal angiotensina. Por sua vez, essa angiotensina produz a contração das arteríolas de todo o corpo, o que permite que a pressão arterial aumente até seu valor normal.

A expressão hipertensão significa pressão arterial elevada. Em raras ocasiões, a pressão arterial média pode aumentar até duas vezes o valor normal, atingindo valores tão altos quanto 200 mm Hg. Em alguns pacientes, a causa da hipertensão é a função renal anormal, o que impede a excreção renal de água e de sal. Em outros casos, a hipertensão é causada por atividade neural simpática excessiva; secreção em demasia dos hormônios do córtex supra-renal, esses hormônios agindo sobre o rim para produzir retenção de sal e de água; ou secreção excessiva de renina pelo rim. Contudo, cerca de 95% de todas as pessoas com hipertensão de causa desconhecida. Estudos recentes têm mostrado que vários aspectos da função renal estão anormais na hipertensão essencial, e que poderiam ser causa dessa hipertensão.

Débito Cardíaco, Retorno Venoso, Insuficiência Cardíaca e Choque

O debito cardíaco define a intensidade (ou velocidade) com que o coração bombeia sangue. Em adulto normal, seu valor é de cerca de 5 litros/min, mas pode atingir até 20 litros/min em adulto jovem normal, durante exercício extenuante e, algumas vezes, até 35 a 40 litros/min no corredor de maratona bem treinado.

Dois fatores básicos determinam o valor do débito cardíaco: um deles é a capacidade do coração em bombear sangue. O segundo é a capacidade do sangue em fluir pela circulação sistêmica. Em condições normais, a capacidade do coração em bombear sangue é muitas vezes maior do que o próprio débito cardíaco. Portanto, a capacidade de bombeamento do coração não é fator limitante na determinação do débito cardíaco. Pelo

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contrário, o débito cardíaco é regulado, normalmente, pelos fatores na circulação sistêmica que controlam o fluxo sangüíneo pelos vasos periféricos, em particular, pelos dois fatores seguintes: a resistência ao fluxo sangüíneo oposta pelos vasos sangüíneos sistêmicos e pela pressão de enchimento sistêmico média.

A resistência ao fluxo sangüíneo pelos vasos sistêmicos é, por sua vez, controlada, principalmente, pelo mecanismo de auto-regulação, que significa a capacidade de cada tecido em controlar seu próprio fluxo sangüíneo, segundo suas necessidades, em especial por sua necessidade de oxigênio. Isto é, a insuficiência de oxigênio reduz a resistência local e, portanto, aumenta o fluxo sangüíneo local. A quantidade total de sangue que retorna, pelas veias, para o coração, chamado de retorno venoso, é igual à soma de todos os fluxos sangüíneos dos territórios corporais. Um coração normal irá bombear todo esse sangue que retorna ao coração. Portanto, o débito cardíaco é, em condições normais, regulado indiretamente pela utilização de nutrientes pelos diversos tecidos, isto é, pelo metabolismo dos tecidos – em especial, pela utilização de oxigênio.

A pressão média de enchimento sistólico é a média das pressões em todos os territórios da circulação sistêmica, e é uma medida do grau com que os vasos ficam cheios com sangue. Pode ser aumentada pelo aumento do volume sangüíneo ou pela contração dos vasos sangüíneos em redor do sangue já existente. A intensidade do retorno venoso é diretamente proporcional à pressão média sistêmica, de modo que está é, também, um dos fatores importantes no controle do retorno venoso e do débito cardíaco.

A expressão insuficiência cardíaca significa eficácia reduzida de bombeamento. Mais freqüentemente, é causada por doença obstrutiva das artérias coronárias, que diminui o suprimento sangüíneo para o músculo cardíaco. Na insuficiência cardíaca, uma ou mais de uma de três anormalidades distintas da função circulatória podem ocorrer: débito cardíaco baixo, o que produz fluxo sangüíneo insuficiente para todas as partes do corpo; congestão de sangue nos pulmões, devido à incapacidade do coração esquerdo em bombear o sangue que vem dos pulmões para a circulação sistêmica – isso, freqüentemente, causa edema pulmonar grave e morte por sufocação; e congestão de sangue na circulação sistêmica, devido à incapacidade do coração direito de bombear adequadamente – o que, muito freqüentemente, causa edema grave em todo o corpo.

O choque circulatório define condição em que ocorre redução tão acentuada do débito cardíaco que os tecidos do corpo sofrem por falta de suprimento sangüíneo. Em termos básicos, existem dois tipos distintos de choque circulatório: o choque cardíaco e o choque por baixo retorno venoso. O choque cardíaco, usualmente, só ocorre em pessoas que sofreram infarto agudo do miocárdio, o que significa o bloqueio agudo de uma das artérias principais para o músculo cardíaco, com a conseqüente depressão aguda e grave da capacidade de bombeamento do coração. O choque por baixo retorno venoso resulta, na maioria dos casos, de perda de volume sanguíneo, o que reduz a pressão média de enchimento sistêmico da circulação até valor baixo demais para assegurar um retorno venoso adequado. Essa redução do volume sangüíneo pode ser efeito de hemorragia, de desidratação extrema, causado por sudorese muito intensa, ou por perda de plasma para tecidos traumatizados.

Um dos maiores problemas do choque circulatório, qualquer que seja sua causa é o de que, uma vez que atinja determinada gravidade, ele se torna progressivo. Isto é, o próprio choque circulatório faz com que muitos componentes do sistema circulatório comecem a se deteriorar, o que causa a intensificação do choque. Uma vez o choque tendo se tornado

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progressivo, o paciente, na maioria das vezes, morre, a não ser que sejam instituídas medidas heróicas de tratamento.

SIMULAÇÕES CLÍNICAS E ATIVIDADES DE FIXAÇÃO → Capítulo IV

1) Assinale a alternativa que não descreve um evento capaz de elevar a pressão arterial: a) Vasoconstrição induzida pelo uso de drogas.b) Vasodilatação gerada nos processos de choque hipovolêmico associado a desidratação.c) Ativação do SNA simpático durante atividades que necessitem de intensa atividade muscular.d) Liberação de adrenalina e excitação do nó sinusal.e) Aumento da força e freqüência cardíaca pela elevação do volume sanguineo.

2) A pressão arterial tem seu valor aumentado fisiologicamente durante a prática de exercícios físicos ou cronicamente em pacientes considerados hipertensos. O cálculo da PA é executado corretamente com a fórmula: a) PA = Débito Cardíaco X Potencial de Açãob) PA = Força Cardíaca X Vasodilataçãoc) PA = Débito Cardíaco X Resistência Vascular Periféricad) PA = Freqüência Cardíaca X Força Cardíaca e) Não há alternativa correta.

3) É um sistema especial de condução do impulso, com grandes fibras cardíacas de condução rápida. Trata-se do (a):a) Nó Atrioventricular.b) Sistema Hiss/Purkinge. c) Neurônios e sinapse.d) Veias e artérias. e) Não há alternativa correta.

4) Analise os traçados elétricos cardíacos e assinale a opção que sugere, corretamente, as situações clinicas na seqüência:

. (I) (II) (III) (IV)

(I) (II) (III) (IV)

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a) Taquicardia Bradicardia Fibrilação Parada Cardíaca

b) Fibrilação Parada Cardíaca

Bradicardia Taquicardia

c) Bradicardia Taquicardia Parada Cardíaca

Fibrilação

d) Taquicardia Fibrilação Bradicardia Parada Cardíaca

e) Não há alternativa correta.

5) Assinale V para as alternativas verdadeiras e F para as falsas e determine a alternativa com a sequencia correta:

(V ) Os sons que representam o ciclo de funcionamento cardíaco são chamados de bulhas cardíacas.(V) Os exercícios físicos proporcionam reforço vascular, do miocárdio e da musculatura respiratória.(V) O infarto é mais letal quando ocorrer no lado direito associado a circulação pulmonar e a oxigenação do sangue.(V) O processo de sudorese pode conduzir o indivíduo a desidratação, com a possibilidade de arritmia cardíaca.( F) Os quadros de pressão arterial elevada sempre estarão associados ao aumento do ritmo cardíaco (taquicardia)( F) O tecido muscular liso presente nas veias e nas artérias possui a mesma capacidade de elasticidade.

a) V – V – F – V – F – F. b) F – V – F – V – V – F.c) V – V – V – V – F – F. d) V – F – V – V – V – V. e) Não há resposta correta.

6) Com base na visualização do resultado do eletrocardiograma abaixo, assinale a alternativa incorreta:

a) Durante a ocorrência do caso não há despolarização ventricular organizada.b) O ritmo cardíaco é irregular, caótico, com ondas de vários tamanhos e formas.c) O evento clínico observado pelo traçado das ondas é definido como Fibrilação Ventricular.d) É a causa mais freqüente de infarto obstrutivo e choque hipovolêmico observado nas emergências hospitalares.

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e) Na progressão do quadro a atividade contrátil cessa e o coração apenas tremula, sendo que o débito cardíaco passa a ser zero, não há pulso, nem batimento cardíaco, caracterizando a parada cardíaca.

7) Nos últimos anos a qualidade de vida nas grandes cidades tem influenciado muito o surgimento de patologias associadas ao estresse, tais como o infarto. Portanto, assinale a alternativa que contém a opção incorreta sobre o sistema circulatório: a) O sincronismo das bombas cardíacas garante a perfusão tecidual fisiológica necessária em situações específicas.b) A diástole ocorre quando o coração dilata e se enche de sangue. c) A taquicardia pode ocorrer em conseqüência da queda da PA, hipóxia, exercícios, dor, raiva e febre.d) A PA pode variar em função da idade, peso, emoções e exercícios.e) Não há alternativa incorreta.

8) As atividades físicas geram ____________________ devido ao aumento da ________________________. a) Elevação da PA – força e freqüência cardíaca (débito cardíaco)b) Redução da PA – vasodilatação muscular.c) Elevação da PA – vasoconstrição muscular.d) Redução da PA – vasoconstrição muscular.e) Não há resposta correta.

9) Em relação ao nó sinusal, assinale a opção incorreta: a) Constituído por um aglomerado de células musculares especializadas e auto-excitáveis.b) Controla o ritmo e a freqüência cardíaca. c) Localiza-se perto  da junção entre o átrio direito e a veia cava superior.d) Apresenta FC rápida que se dissemina e estimula átrios e ventrículos, tornando-se o ritmo cardíaco → marcapasso.e) Não há alternativa incorreta.

10) A substância química conhecida como um hormônio capaz de proporcionar aumento na freqüência e força cardíaca é: a) Água. b) Adrenalina. c) Acetilcolina.d) Vitamina. e) Não há resposta correta.

11) Representa o fechamento das válvulas semilunares (aórtica e pulmonar) ao fim da contração. Trata-se da (o): a) 2ª bulha cardíaca.b) 1ª bulha cardíaca.c) Marcapasso cardíaco.d) Bloqueio da despolarização cardíaca.e) Não há alternativa correta.

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12) O choque é um distúrbio circulatório complexo de ocorrência muito comum e caracterizado pelo déficit de perfusão tecidual, portanto, é extremamente importante para a enfermagem conhece-lo. Dentro desse contexto, assinale a incorreta: a) Causado por hipovolemia, hipotonia vascular periférica e alterações agudas no enchimento ou esvaziamento do coração.b) Causado por hipovolemia secundária a hemorragia ou desidratação nas queimaduras, diarréias ou vômito.c) Os sinais clínicos observados no choque podem ser hipotensão, cianose, taquicardia e hipotermia.d) O organismo dispara o sistema simpático e redistribui sangue circulante no intuito de reverter o processo.e) Não há resposta incorreta.

13) Os mecanismos de controle da pressão arterial são: a) Renal, respiratório e vascular.b) Neural, renal e hepático.c) Neural, renal (hormonal e hemodinâmico) e desvio do fluido capilar.d) Renal (hormonal e hemodinâmico), epitelial e nervoso.e) Renal, vascular e epitelial.

14) Durante o almoço, você observa que a garçonete que trabalha no restaurante esta grávida e usa meias elásticas. Você imagina que talvez fosse recomendação médica para evitar que as pernas ficassem inchadas. Tal indicação médica ocorre porque as meias: a) Ajudam a passagem de sangue nas artérias.b) Diminuem a chegada de sangue nas pernas.c) Facilitam o retorno de sangue venoso para o coração.d) Aumentam a pressão sistólica e diastólica.e) Ativam o nodo sinusal para que ocorra a fibrilação ventricular direita.

15) Em uma pessoa jovem e com boa saúde, quando ocorre a sístole ventricular, as grandes artérias contraem-se e a pressão sanguínea em seu interior atinge, em média, cerca de 120 mmHg. Qual das alternativas a seguir contém as informações que completam corretamente, as lacunas propostas acima: a) contraem-se e 80.b) relaxam-se e 80.c) relaxam-se e 120.d) contraem-se e 120.e) não se alteram e 120.

16) O paciente durante uma consulta de enfermagem queixa-se de falta de ar, dificuldade para subir escadas e de dormir deitado, podendo dormir apenas sentado ou com vários travesseiros, fadiga, inchaço nas pernas e aumento da barriga. Como enfermeira, você suspeitaria de: a) DAC. b) ICC. c) Arritmias.d) HAS. e) Valvopatia.

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17) Método diagnóstico de estrutura e fisiologia cardíaca com o fornecimento de imagens estáticas ou em movimento como o de fluxo sanguíneo pelo Doppler. É indicado na avaliação de pacientes com sopro, palpitação, dor torácica, infarto, ICC e anomalias congênitas. A alternativa que define tal exame é: a) CK-MB e troponina.b) RX contrastado. c) Eletroencefalograma.d) Eletrocardiograma.e) Ecocardiograma.

18) Discorra sobre os mecanismos fisiológicos envolvidos no quadro observado abaixo:

A expressão insuficiência cardíaca significa eficácia reduzida de bombeamento. Mais freqüentemente, é causada por doença obstrutiva das artérias coronárias, que diminui o suprimento sangüíneo para o músculo cardíaco. Na insuficiência cardíaca, uma ou mais de uma de três anormalidades distintas da função circulatória podem ocorrer: débito cardíaco baixo, o que produz fluxo sangüíneo insuficiente para todas as partes do corpo; congestão de sangue nos pulmões, devido à incapacidade do coração esquerdo em bombear o sangue que vem dos pulmões para a circulação sistêmica – isso, freqüentemente, causa edema pulmonar grave e morte por sufocação; e congestão de sangue na circulação sistêmica, devido à incapacidade do coração direito de bombear adequadamente – o que, muito freqüentemente, causa edema grave em todo o corpo.

19) Justifique o uso de diuréticos pelos hipertensos: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

20) Demonstre os seus conhecimentos, com riqueza de informações, sobre os mecanismos fisiológicos responsáveis pelo controle da pressão arterial no organismo humano.

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______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

21) Execute o solicitado abaixo:

- Determine o nome das estruturas indicadas na ilustração esquemática cardíaca a seguir. - Descreva o processo circulatório geral e o controle do seu ritmo fisiológico.

Capítulo V: Sistema Respiratório

Mecânica da Respiração, Fluxo Sangüíneo Pulmonar e Transporte de Oxigênio e Gás Carbônico

O principal músculo da respiração é o diafragma, mas outros músculos, que comprimem o abdômen ou que elevam ou abaixam a parede anterior do tórax, são importantes para o processo da ventilação pulmonar, especialmente durante a ventilação profunda. A contração do diafragma alonga os pulmões, o que provoca a inspiração. A compressão do abdômen eleva o diafragma, o que provoca a expiração. A elevação da parede torácica anterior também provoca inspiração, isso acontece pela elevação das costelas, desde a posição oblíqua, para baixo, até a posição horizontal, o que aumenta o diâmetro ântero-posterior do tórax. De modo inverso, a depressão da parede anterior torácica produz expiração.

Não existem ligações físicas entre os pulmões e a parede torácica. Em vez disso, os pulmões são mantidos como que empurrados contra essa parede por pequeno vácuo no espaço intrapleural que é o espaço extremamente reduzido entre os pulmões e a parede do tórax. Quando a cavidade torácica é aumentada, esse vácuo faz com que os pulmões se expandam, ao mesmo tempo. A expansão dos pulmões, por sua vez, produz discreta pressão negativa no seu interior, o que puxa o ar para dentro, causando a inspiração.

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Durante a expiração, a pressão intra-alveolar torna-se ligeiramente positiva, o que empurra o ar para fora.

As concentrações dos diferentes gases nos alvéolos são expressos em termos da pressão exercida por esse gás isoladamente, o que é denominado de pressão parcial. As pressões parciais aproximadas dos gases respiratórios de importância, para uma pessoa ao nível do mar, são as seguintes: oxigênio 104 mm Hg e gás carbônico, 40 mm Hg.

A pressão do oxigênio no sangue que penetra nos capilares pulmonares é baixa, de apenas 40 mm Hg. Como resultado, o oxigênio difunde para o sangue pulmonar, até que sua pressão iguale os 104 mm Hg da pressão parcial do oxigênio no ar alveolar. Por outro lado, a pressão do gás carbônico, no sangue chega aos capilares pulmonares, é alta, de cerca de 45 mm Hg, de modo que o gás carbônico difunde desse sangue para os alvéolos, até que sua concentração iguale os 40 mm Hg de pressão parcial de gás carbônico no ar alveolar. Assim, o sangue pulmonar absorve oxigênio e elimina gás carbônico.

Quando o sangue arterial sistêmico atinge os capilares dos tecidos periféricos, o oxigênio difunde para suas células, visto que elas estão utilizando o oxigênio de forma contínua, o que mantém o teor de oxigênio muito baixo, da ordem de alguns poucos milímetros de mercúrio. De modo inverso, essas células produzem gás carbônico, também de modo continuo, de forma que a pressão celular do gás carbônico é bem maior do que a do sangue capilar; por conseguinte, o gás carbônico difunde das células para o sangue, por onde é transportado para os pulmões.

Cerca de 97 % de todo o oxigênio transportado pelo sangue, dos pulmões para os tecidos periféricos, o são em combinação química com a hemoglobina, e apenas 3% em solução nos líquidos do sangue. Entretanto, a combinação do oxigênio com a hemoglobina é muito fraca, de modo que pode ser facilmente deslocado da hemoglobina ao chegar nos capilares periféricos, sendo, então, liberado para as células.

Cerca de 7% do gás carbônico transportado pelo sangue estão em solução. O restante é transportado, principalmente, em combinação com a água, no interior dos glóbulos vermelhos, formando íons bicarbonato, em processo que é catalisado por enzima dos glóbulos vermelhos, a anidrase carbônica. Pequena parte do gás carbônico combina com a molécula da hemoglobina, no interior dos glóbulos vermelhos, sendo transportada nessa forma. Assim, os glóbulos vermelhos são importantes no transporte de oxigênio para os tecidos e também, para o transporte de gás carbônico dos tecidos para eliminação na expiração.

Regulação da Respiração e a Fisiologia dos Distúrbios Respiratórios

O ritmo básico da respiração é gerado pelo centro respiratório, situado no bulbo raquidiano e na protuberância do tronco cerebral. Esse centro é formado por três grupos principais de neurônios, chamados de a área inspiratória, a área expiratória e a área pneumotáxica.

Na respiração normal em repouso, a área inspiratória é ativada a cada 5 segundos, produzindo a inspiração, com duração de 2 segundos. Isto é, a respiração normal é causada quase que inteiramente pela contração dos músculos inspiratórios, com contribuição mínima dos músculos expiratórios. Entretanto, na respiração profunda, o centro expiratório entra em atividade nos períodos intercalados entre os de atividade inspiratória e, nessas condições, os músculos expiratórios têm contribuição equivalente a

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dos músculos inspiratórios. O centro pneumotáxico controla a amplitude dos movimentos respiratórios, bem como o intervalo de tempo entre as respirações.

Durante a respiração normal, uma pessoa respira cerca de 6 litros/min, o que constitui o volume minuto respiratório. Durante a respiração muito profunda, esse valor pode atingir até 150 litros/min.

A freqüência e a amplitude da respiração são controladas por quatro fatores diferentes: a pressão do gás carbônico (PCO2) no sangue, a concentração dos íons hidrogênio (pH) no sangue, a pressão do oxigênio (PO2) no sangue, e sinais neurais das áreas cerebrais controladoras dos músculos. Para o controle respiratório, a pressão sangüínea do gás carbônico e a concentração sangüínea dos íons hidrogênio têm importância muito maior que a pressão do oxigênio, o que é contrário ao que poderia ser esperado. Entretanto, é muito bom que isso aconteça, visto que as concentrações de gás carbônico e de íons hidrogênio nas células dos tecidos são determinadas, quase que exclusivamente, pela capacidade pulmonar de eliminar o gás carbônico (o que também reduz o ácido carbônico do sangue e a concentração dos íons hidrogênio ao mesmo tempo). Por outro lado, a hemoglobina do sangue funciona como um “tampão de oxigênio” muito potente, que ajuda a regular a concentração do oxigênio nos tecidos, de modo que um controle preciso da respiração não é necessário para a manutenção das quantidades normais de oxigênio nas células desse tecido. Durante o exercício intenso, quando é necessária uma respiração muito aumentada, os sinais neurais, com origem nas áreas cerebrais controladas dos músculos, exercem efeito estimulatório direto sobre o centro respiratório, no sentido de aumentar a respiração, o que permite que as concentrações do gás carbônico, dos íons hidrogênio e do oxigênio sejam mantidas quase que exatamente normais durante esse exercício.

Alguns dos mais importantes distúrbios respiratórios são os seguintes:

1. Hipoxia, que se relaciona ao baixo teor de oxigênio e que pode ser causada por pressão parcial reduzida do oxigênio no ar, anormalidades pulmonares que diminuem a difusão de oxigênio para o sangue pulmonar, quantidade diminuída de hemoglobina no sangue, para transporte de oxigênio para os tecidos, incapacidade cardíaca de bombear quantidades adequadas de sangue para os tecidos, e incapacidade dos tecidos em utilizar o oxigênio, mesmo que ele esteja disponível.

2. Dispnéia, que quer dizer “fome de ar”. Essa condição é, com maior freqüência, o resultado de excesso de gás carbônico no sangue, o que produz a sensação dispnéica. Entretanto, algumas pessoas podem apresentar a “dispnéia psíquica”, em decorrência de estado neurótico.

3. Pneumonia, que significa infecção dos pulmões. Isso faz com que os alvéolos fiquem cheios com o exsudato infeccioso, que impede a absorção do ar alveolar para o sangue pulmonar.

4. Edema pulmonar que, na maioria dos casos, é causado por pressão capilar pulmonar muito elevada, resultante da insuficiência do ventrículo esquerdo. O líquido transuda dos capilares para os tecidos e alvéolos pulmonares, bloqueando o transporte de oxigênio e de gás carbônico através da membrana respiratória.

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5. Enfisema, cuja ocorrência é devida, na maior parte dos casos, ao fumo. Nessa condição, até cerca de 4/5 das paredes alveolares podem estar destruídos, de modo que a pessoa pode ter, apenas, um quinto de tecido pulmonar funcionante.

6. Asma, que resulta do espasmo dos bronquíolos dos pulmões, que acontece em decorrência da estimulação alérgica do músculo liso bronquiolar.

Desvios do pH do sangue: Exercício Físico X Capacidade Respiratória

Nas células do nosso corpo, o CO2 é continuamente produzido como um produto terminal do metabolismo. Parte desse CO2 se dissolve no sangue, estabelecendo o equilíbrio (reação química) visto acima. Esse é um exemplo de equilíbrio que está associado a respiração pulmonar, mantendo o pH sangüíneo entre 7,3 e 7,5. Porém, em determinadas situações o mecanismo tampão é superado, surgindo os quadros de acidose e alcalose respiratória. Vale lembrar que existem também os quadros de acidose e alcalose metabólica e que o sistema renal também participa do equilíbrio ácido-base (controle do pH), mas ambos serão descritos no decorrer do curso.

a) Acidose:

Respiração deficiente (hipoventilação) acarreta a elevação da concentração de CO2 no sangue, aumentando a concentração de H+ e diminuindo o pH sangüíneo. Essa situação é denominada de acidose.Sintomas: falta de ar, diminuição ou supressão da respiração, desorientação com possibilidade de coma.

Causas: ingestão de drogas, enfisema, pneumonia, bronquite, asma, alterações no sistema nervoso central.

Obs: a acidose metabólica ocorre em conseqüência do aumento da quantidade de ácidos no sangue como o ácido lático (colapsos circulatórios) ou cetonemia (DM). O pH do sangue reduz sem a interferência respiratória na produção do distúrbio.

b) Alcalose:

Um ataque de histeria ou de ansiedade extrema pode levar uma pessoa a respirar muito rápido. Essa hiperventilação acarreta a perda de uma quantidade maior de CO2 pelos pulmões, diminuindo a concentração de H+ e aumentando o pH do sangue. Essa situação é denominada alcalose.

Sintomas: respiração ofegante, entorpecimento, rigidez muscular e convulsões.Causas: ingestão de drogas, cirroses, exercícios físicos excessivos, overdose de aspirina.

Fisiologia da Aviação, do Espaço e do Mergulho Submarino

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O maior problema na fisiologia da aviação ou das altitudes elevadas é a pressão parcial progressivamente decrescente do oxigênio do ar, à medida que se ascende a altitudes cada vez maiores. Devido a isso, na altitude de 7 Km apenas metade da hemoglobina sangüínea está combinada com o oxigênio; a pessoa normal entra em coma se respirar ar a essa altitude. Entretanto, se a pessoa estiver aclimatada, processo que produz diversas alterações no sistema respiratório, incluindo aumento acentuado do número de glóbulos vermelhos, pode chegar a conseguir respirar na altitude do pico do Monte Everest, 8.845 metros, por até meia hora, sem entra em coma.

Quando a pessoa respira oxigênio puro, poderá ascender até a altitude de 14,3 Km. A razão para essa diferença é a de que o ar normal contém quatro quintos de nitrogênio e apenas um quinto de oxigênio. Quando o nitrogênio é substituído por oxigênio, apesar da pressão total muito baixa (a pressão barométrica) nas altitudes muito elevadas, o fato de que todo o gás inspirado é de oxigênio, e não mistura de nitrogênio e de oxigênio, permite a oxigenação adequada do sangue.

Na fisiologia do espaço, o problema respiratório é solucionado pelo estabelecimento de pressões adequadas de nitrogênio e de oxigênio na cabine da espaçonave. Como resultado, os problemas fisiológicos de maior importância não são respiratórios, mas sim são as forcas de aceleração e de desaceleração, que ocorrem na partida e na chegada. Essas forcas implicam o posicionamento apropriado das pessoas no interior da espaçonave, de modo que atuem no sentido horizontal e não ao longo do eixo vertical do corpo. Quando essas forcas atuam na vertical, o sangue é deslocado de uma extremidade do corpo para outra, provocando a fuga de todo o sangue para a extremidade inferior do corpo, de modo que nenhum sangue retorna ao coração, com o conseqüente colapso da circulação, ou forçando tanto sangue para a cabeça que ocorre ruptura dos vasos sangüíneos no cérebro e nos olhos.

Durante a viagem espacial, a pessoa também experimenta a imponderabilidade, o que significa que, em termos literais, a pessoa flutua no interior da espaçonave. Apesar da grande apreensão sentida no inicio do programa espacial sobre os efeitos fisiológicos dessa imponderabilidade sobre o corpo, isso não constituiu problema sério, exceto pelo fato de que os músculos e os ossos do corpo ficarem descondicionados pela falta do esforço muscular para compensar a ação da gravidade.

No mergulho submarino, problemas fisiológicos graves surgem como conseqüência das pressões muito altas, tanto do oxigênio como do nitrogênio no ar é que respirado. Por exemplo, a 30 metros abaixo do nível do mar, a pressão parcial de cada um desses dois gases está aumentada de 10 vezes.

As pressões muito elevadas de nitrogênio produzem a absorção excessiva desse gás pelos líquidos orgânicos. Na profundidade submarina de 61 metros, a quantidade de nitrogênio que é absorvida no período de 15 minutos a 2 horas é suficiente para causar sonolência, e até mesmo anestesia completa pode acontecer em profundidades maiores. Por outro lado, quando a pessoa retorna para a superfície, o nitrogênio que estava dissolvido em seus líquidos orgânicos, durante o período de pressão elevada, escapa do estado dissolvido, formando bolhas de nitrogênio gasoso nos tecidos, visto que não mais estar submetido ao efeito da pressão do mar em torno do corpo. Essas bolhas são capazes, em termos literais, de produzirem a ruptura dos tecidos corporais, causando dor imediata. Essa condição é chamada de mal-dos-mergulhadores. Lesões permanentes podem ser

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produzidas no sistema nervoso, deixando a pessoa paralisada ou com comprometimento mental.

SIMULAÇÕES CLÍNICAS E ATIVIDADES DE FIXAÇÃO → Capítulo V

1) Um grupo de 20 pessoas permaneceu numa sala pequena, pouco ventilada, por cerca de 2 horas. Muitos perceberam que como resposta fisiológica houve aumento na freqüência respiratória e cardíaca. Portanto, a melhor explica a razão para isso é: a) A concentração do sódio sanguíneo aumentou.b) O volume sanguíneo aumentou pela desidratação.c) A concentração de oxigênio no sangue aumentou e disparou os impulsos nervosos respiratórios.d) O ar da sala se tornou quente e disparou o sistema parassimpático.e) A concentração de CO2 do sangue aumentou e disparou os impulsos respiratórios.

2) A prática continuada de exercícios físicos como natação e caminhada melhora muito a saúde dos seres humanos. Esses exercícios demandam um alto gasto de energia, e são, portanto, os mais recomendados para alguém que deseja perder peso e melhorar a capacidade funcional dos pulmões e do sistema cardiovascular. Dentro desse contexto, assinale a alternativa que estabelece a relação da função pulmonar e cardiovascular com as atividades físicas. a) Promover a acidose e bloquear a alcalose.b) Permitir a quebra do glicogênio no fígado.c) Reforço vascular e da musculatura respiratória e aumento do VO2 máximo, com melhora no suprimento de oxigênio.d) Impedir o aumento da PA e temperatura corporal durante os exercícios.e) Nenhuma das anteriores.

3) O organismo humano é altamente dependente do suprimento contínuo de oxigênio, porém, as trocas gasosas e o abastecimento celular de oxigênio são limitados por alguns fatores que podem comprometer a fisiologia corporal. Portanto, assinale a alternativa que não limita o processo de oxigenação: a) A presença de muco e secreção no trato respiratório.b) Atuação do sistema nervoso simpático via adrenalina.c) Dano neurológico no nervo trigêmeo.d) A quantidade de hemácias e hemoglobina no sangue.e) O fluxo sanguíneo associado à ação de vasoconstritores como o cigarro.

4) Os seres humanos têm uma capacidade impressionante de sobrevivência perante as adversidades. Dentro desse contexto, o principal fator ambiental alterado em altitudes e a resposta fisiológica capaz de adaptar os seres humanos nessa condição são: a) Rarefação do ar respirado e aumento do número de leucócitos.

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b) Aumento da pressão atmosférica e elevada oxigenação das hemácias.c) Mais oxigênio no ar atmosférico e intensa atividade do diafragma.d) Menos oxigênio no ar inspirado e aumento do número de hemácias.e) Aumento da pressão arterial devido à elevada concentração de oxigênio no ar.

5) Paciente A. J. K, 32 anos, trabalha como motoboy e durante uma entrega sofreu acidente grave com trauma craniano devido à soltura do capacete na colisão. Os exames de imagem relataram danos cerebrais que justificam uma intervenção cirúrgica longa e de alto risco. Após tal procedimento o paciente passou a apresentar dispnéia, hipotensão arterial e arritmias cardíacas. A suspeita diagnóstica envolve: a) Acidose e hipoventilação. b) Alcalose com bronquite. c) Uremia com dano renal. d) Embolia gasosa. e) Não há resposta correta.

6) A seqüência correta das estruturas do sistema respiratório é: a) Boca, fossas nasais, rim, pulmões, brônquios, faringe e traquéia.b) Boca, fossas nasais, laringe, coração, brônquios, traquéia e faringe.c) Fossas nasais, faringe, laringe, traquéia, brônquios e pulmões. d) Boca, laringe, pulmões, coração, traquéia e brônquios.e) Fossas nasais, faringe, laringe, pulmões, coração e traquéia.

7) O objetivo primordial da fisiologia do sistema respiratório é promover a troca de gases na quantidade e velocidade fisiológica, garantindo ao ser humano a homeostase. Nesse sentido, o oxigênio é um ingrediente fisiologico fundamental para: a) Manter o pH do sangue e evitar a alcalose e acidose. b) Permitir a replicação celular e transmissão genética.c) Evitar o surgimento de patologias como asma e bronquite.d) Evitar o surgimento de desidratação e alteração da PA.e) Garantir a produção de ATP na célula no processo de oxidação.

8) Assinale a alternativa incorreta em relação ao movimento de inspiração. a) Ocorre contração dos músculos intercostais e do diafragma.b) O volume pulmonar aumenta.c) È um processo controlado localmente com baixa influencia da atuação do sistema nervoso central e periférico.d) A pressão interna diminui e o ar penetra no organismo.e) Visa principalmente impedir a instalação da hipóxia tecidual.

9) Os radicais livres produzidos no metabolismo celular estão em evidência. Portanto, assinale a alternativa incorreta: a) Antioxidantes como vitaminas E e C são importantes para neutralizar os danos que podem ser gerados pelos radicais livres.b) Os radicais livres são normalmente produzidos durante as reações de oxidação da glicose com oxigênio para gerar ATP.

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c) Lesões mediadas por radicais livres estão envolvidas num pequeno número de doenças, principalmente agudas.d) Um desequilíbrio entre os sistemas de geração e de eliminação de radicais livres é o potencial causador de doenças.e) Os radicais livres podem ser capazes de gerar lesões no DNA, envelhecimento celular e malignização celular.

10) Assinale a alternativa que descreve os nervos envolvidos no processo respiratório. a) Glossofaríngeo, vago, cranianos e vestíbulo-coclear.b) Glossofaríngeo, vago, frênico e intercostais.c) Glossofaríngeo, vago, frênico e hipoglosso.d) Glossofaríngeo, vago, hipoglosso e carotídeos.e) Frênico, hipoglosso, somático e trigêmeo.

11) Um atleta morador da cidade de Criciúma deveria participar de uma maratona numa cidade a 3.700m de altitude. Você sugeriu que ele viajasse semanas antes para o local. Explique, em termos ambientais e fisiológicos, a razão da sugestão dada.

12) Estabeleça e explique a relação entre a fisiologia respiratória e o controle do pH sanguíneo.

13) Explique a ocorrência de infecções respiratórias repetidas nos fumantes e o alto índice de abortos e prematuridade no caso de gestantes usuárias de cigarro.

Capítulo VI: Sistema Renal e os Líquidos Corporais

Dinâmica da Membrana Capilar, os Líquidos Corporais e o Sistema Linfático

Os líquidos do corpo são distribuídos, aproximadamente, do seguinte modo: água corporal total (40 litros), sendo a soma do líquido intracelular (25 litros) e extracelular (15 litros). O líquido extracelular é definido como a soma do volume do líquido intersticial (12 litros) e do volume de plasma sanguíneo (3 litros), atingindo cerca de 15 litros.

O líquido extracelular difunde muito facilmente nos dois sentidos pelos poros da membrana capilar, passando do plasma sangüíneo para o liquido nos espaços intersticiais, e vice-versa. Desse modo, o liquido extracelular é continuamente misturado e transportado pelo sangue para todos os setores do corpo, transportado, desse modo, os nutrientes para as células e delas removendo os seus excretas.

Apesar da rápida difusão do líquido extracelular através das paredes capilares, o volume plasmático e o volume do líquido intersticial permanecem quase que exatamente constantes. A razão disso é que as forças que causam o movimento de líquido nas duas direções através dos poros das membranas capilares estão quase que em perfeito equilíbrio. As forcas que atuam no sentido de fazer com que o líquido saia dos capilares

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são: a pressão capilar, com valor da ordem de 17 mm Hg, que empurra o líquido para fora, através da membrana capilar; pressão coloidosmótica das proteínas do líquido intersticial,com valor da ordem de 5 mm Hg, que puxa líquido para fora, através da membrana capilar; e pressão negativa do líquido no líquido intersticial, com valor em torno de -6 mm Hg, e que também puxa líquido para fora, através da membrana capilar. A soma total desses valores é 28 mm Hg. Em posição a essas forcas que atuam no sentido de promover a saída de líquido do capilar, existe forca que atua no sentido inverso, causada pela pressão coloidosmótica das proteínas do plasma que está no interior dos capilares, com valor também em torno de 28 mm Hg, e que puxa líquido para o interior dos capilares pelo mecanismo da osmose. Dessa forma, as forcas de efluxo e de influxo são iguais, fenômeno chamado de lei dos capilares.

Além do sistema circulatório para o sangue, o corpo ainda possui outro sistema de fluxo de líquido, o sistema linfático. Esse sistema começa em vasta rede de capilares linfáticos muito diminutos, situados entre os capilares sangüíneos nos tecidos. O líquido filtra dos espaços teciduais para esses capilares linfáticos, onde passa a ser chamado de linfa. A linfa flui ao longo de vasos linfáticos progressivamente mais calibrosos, que, em sua maior parte, deságuam no canal torácico, que é um vaso com cerca de 5 mm de diâmetro que começa no abdome, ascende ao longo do tórax, desaguando na veia subclávia esquerda, no pescoço, fazendo, assim, com que a linfa retorne ao sangue.

Todos os vasos linfáticos possuem grande número de válvulas linfáticas, orientadas de modo tal a só permitirem o fluxo para fora dos tecidos. Qualquer movimento do corpo, seja ele causado por movimentos musculares, por movimentos passivos, ou até mesmo pelas pulsações arteriais, provoca a compressão de alguns linfáticos e faz com que o líquido seja movido através desse sistema valvular até chegar ao sistema venoso. Esse mecanismo é chamado de bomba linfática.

A mais importante função do sistema linfático é a de devolver as proteínas plasmáticas do liquido intersticial de volta à circulação do sangue. Uma pequena quantidade das proteínas plasmáticas vaza continuamente. Através dos poros capilares para o líquido intersticial. Se não forem devolvidas ao sangue circulante, a pressão coloidosmótica do plasma cairia a volumes demasiadamente baixos para reter líquido na circulação. Esse retorno das proteínas, normalmente, necessita apenas de intensidade muito pequena do fluxo linfático, da ordem de 2 a 3 litros de linfa a cada dia.

Ocasionalmente, ocorrem anormalidades no mecanismo das trocas líquidas nos capilares que resultam em edema, que significa passagem excessiva de líquido para fora do plasma e para o líquido intersticial, com a conseqüente tumefação dos tecidos. As causas desse efeito são: pressão capilar elevada, usualmente como resultado de insuficiência cardíaca ou de bloqueio das veias que drenam os tecidos; baixa concentração das proteínas plasmáticas, geralmente decorrente da perda de proteínas pelos rins ou pela incapacidade de síntese de novas proteínas por desnutrição; permeabilidade aumentada dos poros capilares, determinada, na maioria dos casos, por efeitos tóxicos que afetam os capilares, o que permite o vazamento excessivo de proteínas para fora dos capilares e seu acúmulo no líquido intersticial; e bloqueio do sistema linfático, o que impede o retorno da proteína que fica no interstício, para o plasma, o que permite que a concentração das proteínas plasmáticas caia a volume muito baixo, enquanto que a concentração de proteína no líquido intersticial aumenta muito; duas causas que, isoladas ou em conjunto, produzem a transudação excessiva de líquido para os tecidos.

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A Função Renal e a Excreção de Urina

As principais funções dos rins são remover os produtos finais do metabolismo e controlar as concentrações da maior parte das substancias iônicas no liquido extracelular, inclusive de íons como o íon sódio, o íon potássio e o íon hidrogênio.

A unidade funcional do rim é o néfron. Nos dois rins de um ser humano, existem cerca de dois milhões de néfrons. O néfron é dividido em duas partes funcionalmente distintas: o corpúsculo renal e túbulo renal. Por sua vez, o corpúsculo renal é formado pelo glomérulo, que é uma rede capilar, e pela cápsula de Bowman, que envolve o glomérulo. A pressão do sangue no interior do glomérulo é de cerca de 60 mm Hg, que é valor bastante alto para a pressão, o que faz com que grandes quantidades de liquido, chamado de filtrado glomerular, sejam filtradas para fora do capilar, sendo coletadas pela cápsula de Bowman. Nesse filtrado glomerular é encontrada a maioria dos produtos finais do metabolismo que devem ser eliminados dos líquidos orgânicos.

O filtrado glomerular sai da cápsula de Bowman por meio do túbulo renal, que é dividido em quatro seqüenciais: o túbulo proximal, a alça de Henle, o túbulo distal e o tubo coletor. À medida que o filtrado passa por esse sistema tubular, as partes desse filtrado que são necessárias ao organismo - principalmente, os nutrientes, como a glicose e os aminoácidos, a água e a maior parte dos íons – são reabsorvidas pelos túbulos, voltando para os capilares peritubulares, situados em torno dos túbulos. Por outro lado, os produtos finais do metabolismo quase não são reabsorvidos, se é que o que são na verdade, de modo que, em sua maior parte, são eliminados pela urina.

Dessa forma, a teoria da função renal é a de filtrar grandes quantidades de liquido do plasma, reabsorvendo aqueles constituintes que são necessários, sem, no entanto, reabsorver os que não são necessários. Cerca de 180 litros de filtrado glomerular são formados a cada dia, mas menos de 1% dessa quantidade, cerca de 1,5 litro por dia, é eliminado como urina. Apesar disso, esse pequeno volume ainda contém a maior parte dos produtos finais do metabolismo, altamente concentrados. Alguns desses produtos finais do metabolismo de maior importância são: a uréia, o acido úrico, a creatinina, os fosfatos, os sulfatos e o excesso de ácidos.

Duas das anormalidades mais comuns do rim, que provocam a excreção diminuída desses produtos finais do metabolismo são:

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1. Destruição ou perda total de néfrons. Esse é o resultado freqüente da pielonefrite, a infecção do rim. Quando mais do que três quartos dos néfrons foram perdidos, a pessoa começa a ter dificuldades de excreção dos produtos finais do metabolismo, e passa a acumular quantidades excessivas de uréia, de acido úrico, de íons hidrogênio, de creatinina e de outras substancias, nos líquidos orgânicos, o que causa um estado grave de intoxicação, a uremia.

2. Glomerulonefrite. Isso quer dizer inflamação dos glomérulos, o que causa bloqueio de muitos capilares glomerulares, fazendo com que deixem de filtrar quantidades adequadas do filtro glomerular. Algumas vezes, o paciente desenvolve uremia, como acontece quando perde grande número de néfrons. Em outros casos, a falha em formar quantidades adequadas de filtrado provoca o acúmulo de água e de sal no sangue, o que acarreta aumento do volume sangüíneo, com o aumento conseqüente da pressão arterial até níveis hipertensivos. Quando a pressão arterial aumenta o suficiente para fazer com que seja formada quantidade normal de filtrado glomerular, a fim de que ocorra produção normal de urina, a pessoa tem hipertensão.

Regulação da Composição e do Volume dos Líquidos Corporais, a Bexiga Urinária e a Micção.

O rim desempenha papel essencial na regulação da concentração da maior parte dos constituintes do líquido extracelular. Alguns dos mecanismos específicos para essa regulação são:

1. Regulação da concentração do íon sódio. A concentração de íons sódio é controlada, principalmente, pela regulação da quantidade de água do corpo. Quando a concentração de sódio fica muito aumentada, isso ativa dois mecanismos, cujos efeitos são de aumentar a quantidade de água no corpo: secreção de hormônio antidiurético pela glândula hipófise posterior, com esse hormônio atuando sobre o rim, fazendo-o reter água, e estimulação da sede, o que faz com que a pessoa beba grandes quantidades de água em excesso. O teor de água no corpo dilui o sódio no liquido extracelular e faz com que sua concentração decresça ate o normal. Entretanto, isso também aumenta o volume sangüíneo, o que por sua vez, causa aumento da pressão arterial, o que provoca a excreção renal do excesso de água que carrega consigo o sódio que estiver em demasia.

2. Regulação da concentração do íon potássio. Quando a concentração do íon potássio fica muito elevada, dois mecanismos de controle por feedback negativo entram em ação para fazer com que essa concentração retorne a seu valor normal. O primeiro é um efeito direto do potássio em excesso sobre as células epiteliais dos túbulos renais, produzindo transporte aumentado de potássio dos capilares peritubulares para u lúmen tubular, de onde os íons potássio são perdidos na urina. O segundo mecanismo de feedback é o seguinte: a concentração aumentada do íon potássio estimula o córtex supra-renal a secretar quantidades muito elevadas de aldosterona. Essa aldosterona estimula as células epiteliais tubulares a transportar potássio para o lúmen tubular, de onde será perdido pela

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urina. Por esses dois mecanismos, a concentração dos íons potássio, no líquido extracelular, é mantida dentro de limites muito estreitos. 3 .Regulação do Equilíbrio Ácido-Básico. A regulação do equilíbrio ácido-básico, na verdade, quer dizer regulação da concentração dos íons hidrogênio. Quando a concentração dos íons hidrogênio está acima do normal, diz-se que a pessoa tem acidose. Quando está abaixo do normal, diz-se que ela tem alcalose. Três mecanismos distintos funcionam em conjunto para controlar a concentração dos íons hidrogênio: todos os líquidos corporais contêm tampões ácido-básicos. São substancias químicas que se combinam com grande numero de íons hidrogênio, quando esses íons estão presentes em excesso, ou os liberam, quando seu número esta reduzido. O mais importante desses sistemas tampões é o tampo bicarbonato formado por ácido carbônico e íons bicarbonato. Quando a concentração do íon hidrogênio aumenta tanto que passa a estimular a respiração, a freqüência respiratória elevada faz com que sejam eliminadas grandes quantidades de gás carbônico do sangue. Visto que o gás carbônico reage com a água para formar acido carbônico, a perda de gás carbônico também diminui o teor de acido carbônico, o que faz com que a concentração de íons hidrogênio volte até o normal. Se os dois primeiros mecanismos não normalizaram a concentração dos íons hidrogênio, então os rins podem ainda realizar essa correção pelo aumento ou pela diminuição da excreção dos íons hidrogênio na urina. Todos os túbulos renais têm a capacidade de secretar os íons hidrogênio, e a intensidade dessa secreção aumenta na proporção direta da concentração sangüínea dos íons hidrogênio, o que permite a eliminação de qualquer excesso de íons hidrogênio, provocando o retorno de sua concentração no liquido extracelular ao normal.

4. Regulação do Volume Sangüíneo. Quando o volume sangüíneo fica muito aumentado, a pressão arterial começa a se elevar dentro de poucas horas. Isso, por sua vez, aumenta a filtração glomerular bem como o volume que é perdido como urina. Parte dessa perda de líquido extracelular representa perda de volume plasmático, o que faz com que o volume sangüíneo retorne a seu valor normal.

Sistema de Transporte Urinário e a Micção.

A urina formada pelos néfrons é vazada, por meio dos canais (ou tubos) coletores, na pelve renal. Desse ponto, por meio das fortes contrações peristálticas do ureter, a urina é propelida para a bexiga urinária, mesmo quando a pressão no interior dessa bexiga está muito elevada.

O esvaziamento da bexiga pela uretra constitui a micção. Quando a bexiga fica demasiadamente cheia, receptores neurais de estriamento situados na parede desse órgão são excitados, e sinais reflexos retornam para a parede da bexiga, fazendo com que contraia, o que força a urina passar pelo orifício da uretra. Esse é o reflexo da micção. Se ocorre em momento adequado para que a pessoa possa urinar, ela, de modo voluntário, relaxa seu esfíncter uretral externo, o que permite a ejeção da urina.

SIMULAÇÕES CLÍNICAS E ATIVIDADES DE FIXAÇÃO → Capítulo VI

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1) Assinale a alternativa que descreve como o sistema linfático atua no controle do volume sanguíneo prevenindo de edemas: a) Eleva a pressão hidrostática.b) Aumenta a produção de albumina.c) Aumenta a produção de aldosterona.d) Estabiliza a pressão coloidosmótica (hidrostática X oncótica)e) Não há resposta correta.

2) Assinale a alternativa que descreve a função principal do sistema renal: a) Produção de bicarbonato para tornar o sangue ácido e manter as proteínas do plasma.b) Aumentar a produção de leucócitos e plaquetas.c) Estimular a eliminação de água e proteínas para a manutenção da constituição sanguínea.d) Remover os produtos finais do metabolismo e controlar as concentrações iônicas (potássio, sódio e etc)e) Não há resposta correta.

3) As explicações para a ocorrência de uremia (1) e de elevação da PA pela retenção de sódio (2) estão na seqüência da opção a) (1) Aumento da produção de uréia pelo rim devido ao excesso de eritropoetina. (2) Elevação na perda de água e sódio nos rins devido à ação conjunta do sistema respiratório e renal.b) (1) Maior produção de néfrons devido a estímulos hormonais. (2) Estímulo do reflexo miccional com maior eliminação de líquidos.c) (1) Destruição ou perda total de néfrons em conseqüência da pielonefrite. (2) Secreção de hormônio antidiurético e estímulo da sede, aumentando o volume de sangue.d) (1) Aumento da filtração glomerular. (2) Redução na produção de aldosterona.e) Não há alternativa correta.

4) Explique a atuação do sistema renal no controle do (a): - pH sanguíneo- pressão sanguínea- produção de hemácias5) Justifique, fisiologicamente, a relação entre a insuficiência renal e a uremia?6) Descreva a regulação fisiológica do sódio corporal.7) Explique fisiologicamente o reflexo da micção e a relação entre a glomerulonefrite e o desenvolvimento de hipertensão. 8) Imaginando um indivíduo ofegante, discorra sobre o controle químico/fisiológico da respiração.

Capítulo VII: Sistema Digestivo e Metabólico

Movimentos e Secreções Gastrintestinais e Sua Regulação58

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Os movimentos gastrintestinais podem ser divididos em dois tipos funcionais distintos: peristaltismo e movimentos de mistura. O peristaltismo propele o conteúdo gastrintestinal ao longo do tubo digestivo; consiste em constrições circulares, em torno da víscera, que se propagam ao longo de sua parede, o que empurra o conteúdo visceral para diante. O peristaltismo é controlado, em sua maior parte, por ação nervosa intrínseca do plexo mioentérico na parede visceral, que representa o sistema nervoso controlador do próprio tubo digestivo.

Os movimentos de mistura variam conforme a região do tubo digestivo. No estômago, são, principalmente, movimentos peristálticos locais, propagados apenas por pequenas distâncias na parede gástrica, mas que produzem profundas indentações no conteúdo do estômago, e, como resultado, o mistura com as secreções gástricas. No intestino delgado, a mistura é realizada, em sua maior parte, por múltiplos anéis de contração, espaços de 6 a 10 cm ao longo do intestino, ocorrendo várias vezes por minuto, dividindo o conteúdo intestinal, de modo repetitivo, em pequenas frações.

Para o inicio da deglutição, a língua move-se para cima, até entrar em contato com o palato duro e, em seguida, desloca-se para trás, forçando o alimento que esta na boca em direção à faringe. À medida que o alimento passa pelas fauces, receptores sensoriais situados nessa região transmitem sinais para o tronco cerebral, a fim de provocar o reflexo da deglutição. Esse reflexo, por sua vez, isola a nasofaringe da faringe, fecha o orifício de passagem para a traquéia, puxa a laringe, que começa na parte superior do órgão, propagando-se para baixo, o que forca a passagem de seu conteúdo alimentar para o esôfago. Uma vez no esôfago, o alimento distende suas paredes, o que estimula o plexo miontérico a produzir ondas peristálticas que forçam o alimento a passar pelo resto da distância esofagiana para o estômago, em cinco a oito segundos.

O esvaziamento gástrico é controlado, principalmente, como resposta ao alimento que já chegou ao duodeno. A distensão do duodeno provoca um reflexo mioentérico que atua sobre o estômago – o reflexo enterogástrico – que inibe as contrações gástricas, ao mesmo tempo que promove a constrição do esfíncter pilórico, o que impede a saída de qualquer fração do conteúdo gástrico para o duodeno, até que cesse a distensão duodenal. Esse reflexo enterogástrico também pode ser desencadeado pela presença de acido no duodeno, impedindo o esvaziamento gástrico até que essa acidez seja neutralizada pelas secreções pancreática e intestinal. Esse mecanismo é muito importante, visto que as secreções gástricas são fortemente ácidas e capazes de digerir a própria parede duodenal, caso não sejam neutralizadas.

Outro movimento muito especializado do tubo gastrintestinal é o processo da defecação. Quando as fezes distendem o reto, os receptores de estriamento em sua parede ficam excitados, o que desencadeia um reflexo de defecação, que passa, primeiro, por nervos sensoriais, até a extremidade inferior da medula espinhal e, daí, de volta, por nervos parassimpáticos, para o reto, sigmóide e cólon descendente, produzindo fortes ondas peristálticas. A pessoa, então escolhe se vai ou não defecar: isso é realizado pela constrição voluntaria do esfíncter externo do ânus, para impedir a defecação, ou o relaxa, para que ocorra.

A secreção pelas glândulas gastrintestinais ocorre em resposta ao alimento que trafega ao longo do tubo digestivo. As secreções mais importantes são:

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1. Secreção salivar, contendo grandes quantidades de muco e, também, da enzima ptialina, que começa a digestão dos compostos amiláceos.

2. Secreção gástrica, contendo grandes quantidades de ácido clorídrico e da enzima pepsina, ambos extremamente importantes para o inicio da digestão das proteínas.

3. Secreção pancreática, contendo grandes quantidades de tripsina, para a continuação da digestão das proteínas, amilase, para a digestão dos carboidratos, e a lípase pancreática, para a digestão de gorduras. Além dessas enzimas, a secreção pancreática contém elevada concentração de bicarbonato de sódio, que neutraliza o ácido clorídrico que chega ao duodeno, vindo do estômago.

4. Secreção hepática, com elevado teor de sais biliares que se misturam com as gorduras, participando de sua digestão e de absorção.

5. Secreção do intestino delgado, contendo grandes quantidades de muco, de água e de eletrólitos. Além disso, as células epiteliais que recobrem as vilosidades contêm peptidases, para etapa final da digestão das proteínas, sucrase, lactase e maltase, para a digestão final dos carboidratos, e pequenas quantidades de lípase intestinal, para ajudar na digestão das gorduras.

Digestão e Assimilação de Carboidratos, Gorduras e Proteínas.

Os mais importantes carboidratos da dieta são os amidos, o glicogênio, a sucrose (o açúcar de cana) e a lactose (açúcar do leite). Os amidos e o glicogênio são grandes polímeros da glicose. São, inicialmente, digeridos pela ptialina das secreções salivares e pela amilase da secreção pancreática até o dissacarídeo maltose. Essa maltose, por sua vez, é desdobrada pela maltase, nas células epiteliais das vilosidades intestinais, para formar glicose. De modo similar, a sucrose é desdobrada pela sucrase, dando glicose e frutose, enquanto que a lactose é desdobrada pela lactase em glicose e galactose. A glicose, a frutose e a galactose são, então, absorvidas pela membrana epitelial da vilosidade intestinal para o sangue porta. À medida que esse sangue passa pelo fígado, a frutose e a galactose são, em suas maiores partes, convertidas em glicose. Dessa forma, em termos essenciais, quase que todos os carboidratos são transportados para os tecidos na forma de glicose. A captação de glicose pela maioria das células é controlada pelo hormônio insulina que, por conseguinte, é o principal controlador do metabolismo dos carboidratos no corpo. Uma vez no interior da célula, a glicose é usada, em sua maior parte, para a produção de energia metabólica.

A gordura neutra, que representa a maior fração das substâncias gordurosas da dieta, é formada por glicerol ligado a três moléculas de ácidos graxos. Os ácidos graxos são liberados do glicerol, no intestino delgado, principalmente pela ação da lípase pancreática. No entanto, os sais biliares da bile são também necessários para a digestão completa das gorduras. Esses sais exercem ação detergente sobre os glóbulos de gordura, que ajuda o desdobramento da gordura em partículas muito pequenas que podem então ser digeridas. Por outro lado, à medida que os ácidos graxos vão sendo removidos das gorduras durante o processo digestivo, eles se prendem aos sais biliares e são “transportados” sob essa forma para as vilosidades, onde são absorvidos. Ao passarem pelas vilosidades, os ácidos

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graxos voltam a se combinar com o glicerol, formando novos pequenos glóbulos gordurosos, recobertos por camada de proteína e chamados de quilomícrons. Esse quilomícrons passam para a linfa, nas vilosidades, e são transportados por ela em direção ao canal torácico, por onde são despejados no sangue e, finalmente, depositados nas células de gordura disseminadas por todo o corpo. Quando essa gordura armazenada deve ser utilizada para a produção de energia, é desdobrada de novo, ainda no interior das células gordurosas, em glicerol e ácidos graxos, e esses ácidos graxos são transportados pelo sangue, para serem usados pelas células dos tecidos, em sua maior parte, para energia. Grande parte dessa gordura também é usada pelo fígado para a formação de outras substâncias, em especial o colesterol e os fosfolipídios, também necessárias em abundância em todo o corpo.

Todas as proteínas são formadas por longas seqüências de aminoácidos. No estômago, sob a ação da enzima digestiva pepsina, as proteínas são desdobradas em proteoses, em peptonas e em polipeptídios muito grandes, no intestino delgado, sofrem ainda digestão adicional, pela ação da tripsina, da quimotripsina e da carboxipeptidase – todas secretadas no suco pancreático – até pequenos polipeptídios. Essas pequenas moléculas são, finalmente, desdobradas pelas peptidases das células epiteliais das vilosidades intestinais em aminoácidos. Os aminoácidos são absorvidos pelas vilosidades intestinais para o sangue.

Muitos desses aminoácidos ficam armazenados no fígado, até que sejam necessários em outro ponto do corpo, mas, eventualmente, são transportados para todas as células do corpo, onde vão ser usados nas proteínas dos tecidos ou na produção de energia.

Grandes quantidades de íons também são absorvidas pelo tubo digestivo, em especial os íons sódio, potássio, cálcio, ferro, cloreto, fosfato, bicarbonato e magnésio. A maior parte desses íons é absorvida ativamente pela mucosa intestinal, o que significa que são carreados por transporte ativo através do epitélio intestinal.

O processo digestivo/metabólico é intensamente controlado por hormônios:

A Energética dos Alimentos e a Nutrição

A substância intracelular usada para energizar quase que todas as funções celulares é o trifosfato de adenosina, universalmente designado pela sigla ATP. Dois dos radicais fosfatos da molécula do trifosfato de adenosina são presos ao restante da molécula por ligações de alta-energia, cada uma delas contendo cerca de 8.00 calorias de energia por mol de trifosfato de adenosina. Essa quantidade de energia é suficiente para energizar quase todas as reações químicas necessárias ao funcionamento celular. A reação química para a liberação da energia do ATP é:

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Por sua vez, a energia utilizada para a síntese do trifosfato de adenosina nas células é derivada da glicose, dos ácidos graxos e dos aminoácidos do alimento. As células, primeiro, desdobram a glicose, os ácidos graxos e dos aminoácidos em ácido acético e, no caso da glicose, em ácido pirúvico e depois em ácido acético. O ácido acético penetra nas mitocôndrias onde é desdobrado em gás carbônico e em átomos de hidrogênio. Esse hidrogênio reage com o oxigênio para formar água, mas libera, ao mesmo tempo, quantidades imensas de energia que fazem com que os íons fosfato reajam com o difosfato de adenosina, o que cria um novo ATP.

Cerca de 40% da energia derivada do alimento na dieta americana média é derivada de carboidratos, outros 45% das gorduras e apenas 15% da proteína. A quantidade de energia nos diferentes alimentos é expressa em termos de Calorias (com C maiúsculo), que é o símbolo para quilocalorias. Um grama de carboidrato fornece 4,1 Calorias, um grama de gordura fornece 9,3 Calorias e um grama de proteína fornece 4,1 Calorias. Portanto, com base no peso, a gordura fornece duas vezes mais Calorias do que a proteína ou os carboidratos. As necessidades energéticas normais de uma pessoa média, para um dia comum sem excessos, é de cerca de 1.800 Calorias, enquanto que uma pessoa que esteja executando trabalho pesado pode necessitar até de 6.000 a 8.000 Calorias por dia. Alguns dos nutrientes especiais, que são necessitados pelo corpo, incluem:- Vitamina A: especialmente importante na manutenção da saúde das diversas estruturas epiteliais do corpo.- Tiamina: necessária à formação da enzima decarboxilase, que remove o gás carbônico de vários alimentos, durante os processos metabólicos celulares: a falta dessa vitamina provoca a doença beribéri.- Niacina e riboflavina: ajudam a promover os processos do metabolismo oxidativo necessários à formação do trifosfato de adenosina na ausência dessas vitaminas, ocorre a doença pelagra.- Vitamina B12 e ácido fólico: necessários à medula óssea para a formação dos glóbulos vermelhos; a falta dessas substâncias causará a anemia perniciosa.- Vitamina C: necessária à formação de tecido conjuntivo sadio em todo o corpo; em sua falta, ocorre escorbuto.- Vitamina D: necessária à absorção do cálcio pelo tubo digestivo; em sua falta, ocorre o raquitismo.- Vitamina K: necessária à formação de vários dos fatores de coagulação; quando falta, podem ocorrer sangramentos graves.

Capítulo VIII: Endocrinologia e Reprodução

Introdução à Endocrinologia: as Glândulas Endócrinas, os Hormônios Hipofisários e a Tiroxina

As glândulas endócrinas secretam hormônios para o sangue circulante e esses hormônios, por sua vez, atuam sobre células-alvo em muitos pontos do corpo. Existem seis glândulas endócrinas muito importantes e várias outras de menor importância são: a glândula hipófise, que secreta oito hormônios de grande importância; a glândula tireóide, com três hormônios de importância; as glândulas paratireóides, com um hormônio

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importante; as glândulas supra-renais, com quatro hormônios importantes; as ilhotas de Langerhans do pâncreas, com dois hormônios importantes; e os ovários, no sexo feminino, com dois hormônios importantes e os testículos, no sexo masculino, com um hormônio importante.

Os hormônios modificam a função celular por um de dois mecanismos distintos: por ativarem o mecanismo do AMP cíclico, ou por ativarem os genes. No mecanismo do AMP cíclico, o hormônio ativador combina com substância receptora especial situada na superfície da membrana celular. Isso ativa a enzima adenilciclase, localizada na membrana que, por sua vez, converte parte do ATP no interior da célula no monofosfato cíclico de adenosina (AMP cíclico). Essa substância exerce efeito ativador sobre muitas reações químicas intracelulares, o que faz com que a célula aumente suas atividades funcionais especificas. No mecanismo genético de controle hormonal, o hormônio ativador reage com uma substância receptora no citoplasma celular, e a combinação do hormônio com o receptor migra para o núcleo, onde vai ativar um ou mais genes específicos; estes, por sua vez, vão promover atividades funcionais especificas nas células.

A glândula hipófise (pituitária) é formada por duas partes distintas, que são consideradas como duas glândulas diferentes: a glândula hipófise anterior e a glândula hipófise posterior.

A glândula hipófise anterior secreta seis hormônios principais: o hormônio do crescimento, hormônio tireoestimulante, o hormônio adrenocorticotrópico, a prolatina, o hormônio foliculoestimulante e o hormônio luteinizante. A maior parte desses hormônios atua no sentido de controlar outras glândulas. A secreção de todos os hormônios da hipófise anterior é controlada pelo hipotálamo. Núcleos específicos do hipotálamo secretam fatores de liberação ou inibitórios, um de cada, para todos os hormônios da hipófise anterior. Esses fatores são secretados para o sangue dos capilares hipotalâmicos. Esse sangue é, então, conduzido para a glândula hipófise anterior por meio de veias porta hipotálamo-hipofisárias.

O hormônio do crescimento exerce efeito generalizado sobre todas as células do corpo. Aumenta o transporte de aminoácidos para o interior celular, aumentando não só o número das células mas também sua dimensões, o que resulta em crescimento generalizado de todos os tecidos. É a secreção excessiva do hormônio do crescimento pela glândula hipófise anterior que causa, ocasionalmente, o gigantismo de certas pessoas.

A glândula hipófise posterior secreta dois hormônios importantes: o hormônio antidiurético, que reduz o teor de água excretado nos rins com urina e a ocitocina, que promove a concentração uterina, favorecendo a expulsão do feto durante o parto.

O mais importante hormônio secretado pela glândula tireóide é a tiroxina. A tiroxina aumenta a velocidade (ou intensidade) de quase todas as reações químicas em todas as células do corpo, mas o mecanismo dessa ação ainda não é conhecido. Entretanto, todas ou quase todas as enzimas celulares ficam com suas quantidades aumentadas. De igual modo, o número de mitocôndrias em todas as células também fica aumentado. Se esses aumentos de enzimas e de mitocôndrias são a causa do metabolismo celular aumentado ou sua conseqüência, ainda é questão discutida.

Na ausência total de secreção tiroidiana de tiroxina, que é a condição chamada de hipotireoidismo, a intensidade global do metabolismo corporal diminui até cerca da metade do valor normal. Quando são secretados grandes excessos de tiroxina, o que

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constitui o hipertireoidismo, a intensidade do metabolismo pode aumentar até o dobro da normal.

A secreção de tiroxina é controlada pelo hipotálamo e pela glândula hipófise anterior. O hipotálamo secreta o fator liberador de tirotrofina que é transportado pelas veias porta hipotálamo-hipofisárias para a glândula hipófise anterior, onde vai estimular a produção do hormônio tireoestimulante. Este hormônio é carreado pelo sangue até a glândula tireóide, onde vai aumentar a secreção de tiroxina.

Hormônios do Córtex Supra-Renal, Insulina e Glucagon.

O córtex supra-renal secreta dois hormônios muito importantes, aldosterona e cortisol, ambos indispensáveis à vida.

A aldosterona é chamada de mineralocorticóide por alterar, de modo específico, as concentrações de íons (minerais) no corpo. O efeito mais importante da aldosterona é o de aumentar a intensidade da absorção dos íons sódio pelos túbulos renais, ao mesmo tempo que aumenta a secreção dos íons potássio, a partir do sangue, por esses mesmos túbulos. O resultado final é a retenção de sódio no corpo, com perda de potássio. Durante a doença de Addison, na qual as glândulas supra-renais não secretam aldosterona, a concentração extracelular dos íons potássio pode, por vezes, ficar aumentada até o dobro da normal, o que exerce efeitos sobre o coração, fazendo com que diminua a eficiência de seu bombeamento. Ao mesmo tempo, muito pouco sódio é retido no corpo, em quantidade insuficiente para manter um volume extracelular adequado, o que, eventualmente, leva ao choque circulatório. Em conjunto, esses dois fatores causam a morte dentro de poucos dias.

Quando a secreção de aldosterona está excessivamente aumentada, o que é, em geral, causado por um tumor secretante de aldosterona, ocorre retenção de sódio e de água no corpo, e o volume do líquido extracelular fica maior que o normal. Isso faz com que o débito cardíaco fique aumentado, o que pode causar hipertensão.

O cortisol é chamado de glicocorticóide por atuar sobre o metabolismo da glicose no corpo. Entretanto, exerce efeitos igualmente potentes sobre o metabolismo das gorduras e das proteínas, de modo que é, na verdade, um hormônio metabólico geral. Os dois efeitos metabólicos básicos do cortisol são: o de mobilizar a gordura e a proteína dos tecidos e o de utilizar essas substâncias para suprir a maior parte da energia necessária para o metabolismo corporal. Ao mesmo tempo, o cortisol também diminui a utilização dos carboidratos para energia.

Outro importante efeito do cortisol é o de estabilizar a membrana dos lisossomos, isto é, diminuir a facilidade com que os lisossomos se rompem no interior das células, liberando suas enzimas digestivas intracelulares. Esse efeito do cortisol reduz, de forma acentuada, a intensidade da inflamação dos tecidos que ocorre em muitas doenças, em especial, nas doenças auto-imunes, como a febre reumática, a artrite reumatóide e algumas doenças renais agudas.

As Ilhotas de Langerhans do pâncreas secretam dois hormônios importantes, a insulina e o glucagon, ambos exercendo efeitos extremamente significativos sobre o metabolismo da glicose.

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O efeito primário mais importante da insulina é o de aumentar o transporte da glicose através da membrana celular, o que acontece na maior parte das células corporais. Isso, por sua vez, aumenta a intensidade do metabolismo da glicose pelas células, inclusive com aumento da utilização da glicose para energia, com aumento no armazenamento do glicogênio, tanto nos músculos como no fígado, e com aumento da conversão da glicose em gordura, tanto no fígado como nas células gordurosas. Na falta de insulina, que é a condição clinica chamada de diabetes, quantidades muito pequena de glicose é usada para tais fins. Pelo contrario, as células utilizam principalmente gorduras e proteínas para o suprimento de suas necessidades energéticas. Uma conseqüência disso é o aumento da concentração de substâncias lipídicas no sangue circulante, em especial, de ácidos graxos, de colesterol e de um produto da degradação dos ácidos graxos, o ácido acetoacético. Concentração sangüínea excessiva de ácidos pode levar ao coma diabético e o excesso de colesterol pode favorecer o desenvolvimento precoce de aterosclerose e de ataques cardíacos graves.

A principal função do glucagon é a de aumentar a concentração sangüínea de glicose. Isso é produzido de duas maneiras: o glucagon tem ação direta e muito rápida para fracionar o glicogênio hepático em moléculas de glicose, que são liberadas para o sangue. O glucagon também promove a conversão de aminoácidos em glicose, pelas células hepáticas, que é o processo da glicogênese, que representa quantidade adicional de glicose a ser liberada no sangue circulante.

Metabolismo do Cálcio, Osso, Hormônio Paratireoidiano e a Fisiologia do Osso.

Os íons cálcio são essenciais para a função de todas as células do corpo, em parte por terem efeito potente de diminuir a permeabilidade das membranas celulares, mas também por ativarem muitas das enzimas intracelulares. Um dos mais graves efeitos que podem ocorrer na falta de número adequado de íons cálcio no sangue e nos líquidos teciduais é a tetania, o que quer dizer geração espúria de potenciais de ação nos nervos periféricos que provocam a contração dos músculos. Isso resulta da extrema permeabilidade da membrana neural aos íons sódio, o que permite que vazem para o interior da fibra e, desse modo, gerar potenciais de ação repetitivos.

No osso, o cálcio fica combinado ao fosfato e a outros íons, para formar a hidroxiapatita, que é o principal sal do osso. Na verdade, pelo menos 99% de todo o cálcio do corpo estão nos ossos. A hidroxiapatita tem a dureza do mármore, e fornece a resistência compressional do osso. O osso também contém um grande número de fibras colágenas muito fortes que dão a resistência tensional do osso.

A vitamina D é essencial para a adequada absorção do cálcio pelo tubo digestivo. O cálcio é ativamente transportado através da membrana epitelial do intestino e esse transporte é muito aumentado pela vitamina D. Na ausência da vitamina D, o osso recém-formado não consegue depositar as quantidades normais dos cristãos de hidroxiapatita, de modo que o osso fica mole e toma várias formas contorcidas, uma condição chamada de raquitismo.

A concentração do íon cálcio no liquido extracelular é controlada por dois hormônios distintos: o hormônio paratireoidiano, secretado por quatro pequenas glândulas paratireóide situadas por trás da glândula tireóide, e a calcitonina, secretada pela

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glândula tireóide. De longe, o mais importante é o hormônio paratireoidiano. Esse hormônio paratireoidiano exerce três efeitos principais que elevam a concentração sangüínea do íon cálcio. Primeiro, ativa grande número de células, chamadas de osteoclastos, nas cavidades do osso. Essas células, literalmente, comem seu caminho pelo osso, liberando os íons cálcio para o sangue. Segundo, o hormônio paratireoidiano estimula a reabsorção de cálcio pelos túbulos renais, o que reduz a perda dos íons cálcio pela urina. Terceiro, o hormônio paratireoidiano também aumenta a intensidade da absorção de ácido pelo intestino, principalmente por ser o hormônio paratireoidiano essencial para a ativação da função absorsiva da vitamina D. sempre que o cálcio sangüíneo cai abaixo do normal, exerce efeito direto sobre a glândula paratireóide, no sentido de aumentar sua secreção do hormônio paratireoidiano. Normalmente, dentro de algumas horas, as quantidades aumentadas do hormônio paratireoidiano trarão, de volta ao normal, a concentração de cálcio. A perda de todas as quatro glândulas paratireóides, o que, por vezes, ocorre inadvertidamente, durante a remoção da glândula tireóide no tratamento do hipertireoidismo, poderá causar a tetania hipoparatireoidina, letal em poucos dias.

A calcitonina exerce quase que efeito oposto, sobre a concentração dos íons cálcio, que o do hormônio para tireoidiano. Quando a concentração dos íons cálcio fica muito elevada, exerce efeito direto sobre a glândula tireóide para aumentar a secreção de calcitonina. Por sua vez, essa calcitonina produz deposição aumentada de cálcio nos ossos, o que reduz a concentração do íon cálcio até o normal. Entretanto, a calcitonina é um hormônio bem mais fraco do que o hormônio paratireoidiano e é um hormônio que o corpo pode passar sem ele, sem conseqüências graves.

Os dentes são estruturas ósseas extremamente especializadas, formadas, como os outros tecidos ósseos, por fortes fibras colágenas e outras fibras semelhantes, para dar força tensional e por cristais de hidroxiapatita, para a força compressional. A parte principal de um dente é formada pela dentina, que tem, aproximadamente, a mesma composição e resistência da maior parte do osso compacto do corpo. As superfícies externas dos dentes são revestidas por uma camada de esmalte, que é extremamente dura e resistente à brasão mecânica, bem como aos ácidos e às enzimas criadas pela ação bacteriana na boca. A razão para essa resistência extrema é dupla: o esmalte contém cristais de hidroxiapatita muito grandes e muito densos, que são muito resistentes à destruição química, e também contém fina malha de fibras de proteína especiais, extremamente fortes, que são quase que completamente resistentes a todos os tipos de destruição.

Sistemas Reprodutivos Masculino e Feminino e seus Hormônios

Os principais órgãos masculinos para a reprodução são os testículos, o epidídimo, os canais deferentes, as vesículas seminais, a próstata e o pênis.

Durante a atividade sexual, reflexos neurais, com origem, principalmente, na glande do pênis, passam para a medula espinhal, retornando para os órgãos sexuais, produzindo ereção do pênis, secreção de muco pelas glândulas associadas ao pênis, para efeitos de lubrificação, e emissão e ejaculação, que ocorrem no instante de excitação sexual máxima – o período do orgasmo masculino.

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No testículo, o esperma se diferencia a partir de espermatogônias, que se multiplicam por etapas sucessivas formando espermatócitos primários, espermatócitos secundários e, finalmente, espermátides, que maturam espermatozóides (o esperma). No intervalo das etapas de espermatócito primário a secundário, os 23 pares de cromossomos da espermatogônia se dividem para formar 23 cromossomos individuais, não-pareados, do esperma. Também ocorre, nesse processo de divisão, que metade do esperma recebe o cromossoma masculino, chamado de cromossoma Y, responsável pela formação de feto do sexo masculino, enquanto a outra metade recebe o cromossoma feminino, chamado de cromossoma X.

O hormônio sexual masculino, a testosterona, é secretado pelas células intersticiais de Leydig do testículo. Esse hormônio é responsável pelo desenvolvimento das características corporais masculinas típicas. Por outro lado, durante o desenvolvimento precoce do embrião, na fase inicial da gravidez, a testosterona secretada pelo embrião é responsável pela diferenciação dos órgãos sexuais masculinos.

Tanto a formação do esperma quanto a secreção de testosterona pelo testículo são controladas por hormônios secretados pela hipófise anterior: o hormônio foliculoestimulante, que é o responsável principal pelo inicio da espermatogênese, e o hormônio luteinizante, que é o estimulo primordial para a secreção de testosterona.

As principais estruturas do sistema reprodutivo feminino são a vagina, o útero, as trompas uterinas e os ovários. Na margem anterior da vagina fica situado o clitóris, que pode ter ereção, como o pênis masculino, possuindo glande semelhante à do pênis, embora de dimensões muito reduzidas. A estimulação das terminações sensoriais nessa glande e, em menor grau, em outras áreas em torno da vagina, produz intensas sensações sexuais durante o ato sexual. Essas terminações sensoriais enviam sinais neurais para a parte inferior da medula espinhal, de onde retornam para os órgãos sexuais, onde vão produzir tumefação da genitália, secreção de líquido mucóide para o interior da vagina, para fins de lubrificação, e contrações rítmicas da vagina e do útero, durante o orgasmo.

Alterações cíclicas da função ovariana ocorrem mensalmente, com variação da secreção dos hormônios femininos e da estrutura do revestimento interno do útero; em seu conjunto, essas variações constituem o ciclo sexual feminino.

Várias centenas de milhares de óvulos imaturos – os oócitos primários – existem nos ovários, ao nascimento. Durante cada ciclo sexual mensal, as células foliculares, que circundam vários desses oócitos, começam a proliferar, e desenvolvem-se, nos ovários, folículos vesiculares cheios de líquido. Um desses folículos cresce mais do que os outros e rompem-se em torno do décimo quarto dia do ciclo, liberando seu ovulo no interior da cavidade pélvica. Isso é a ovulação. Esse óvulo é, em seguida, transportado para o interior do útero, por meio de uma das trompas uterinas e, caso seja fertilizado, ocorrerá o desenvolvimento de um novo ser.

Durante, aproximadamente, as duas primeiras semanas de cada ciclo sexual, as células foliculares do folículo em desenvolvimento secretam grandes quantidades de estrogênio. Contudo, após a ovulação, as células foliculares do folículo roto transformam-se no corpo amarelo, que também secreta grandes quantidades de progesterona.

O crescimento dos folículos é causado, em sua maior parte, pelo hormônio foliculoestimulante, secretado pela glândula hipófise anterior, enquanto que a ovulação é causada pelo hormônio luteinizante. A ritmicidade do ciclo feminino é determinada por

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uma complexa série de interações de mecanismos de feedback negativos entre os dois hormônios ovarianos e os dois hormônios hipofisários.

Durante a primeira metade de cada ciclo sexual o revestimento do útero – o endométrio - fica muito espessado devido à intensa proliferação de suas células e pelo crescimento das glândulas endometriais. Esses efeitos são resultados são resultantes da secreção de estrogênio que ocorre no inicio do ciclo. Durante a segunda parte do ciclo, que ocorre sob a influência do estrogênio e da progesterona, o endométrio fica ainda mais espessado, em torno do dobro, devido à edemaciação de seus tecidos; ao mesmo tempo, as glândulas endometriais passam a ser muito secretoras. A esse tempo, o endométrio está preparado para a implantação de um óvulo fecundado. Contudo, caso isso não ocorra, o corpo amarelo regride e a perda de sua secreção de estrogênio e de progesterona produz a menstruação. Nesse caso, o ciclo endometrial recomeça sob novo ciclo de secreção de estrogênio e de progesterona, por novos folículos ovarianos.

A vitória pertence aos que nela acreditam!

REFERÊNCIAS

Livro(s) Texto:

AIRES, Margarida de Mello. Fisiologia. 2.ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 1999.

GANONG, William F. Fisiologia médica. 17.ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan,

1999.

KAWAMOTO, Emilia Emi. Anatomia e fisiologia humana. 2.ed. São Paulo : E.P.U.,

2003.

Livro(s) complementares:

BERNE, Robert M.; LEVY, Matthew N.. Fisiologia. 4.ed. Rio de Janeiro : Guanabara

Koogan,2000.

CARLSON, Neil R. Fisiologia do comportamento. 7.ed. São Paulo : Manole, 2002. 699

p.

CINGOLANI, Horacio E.; HOUSSAY, Alberto B.. Fisiologia humana de Houssay. 7.ed.

Porto Alegre, RS : Artmed, 2004.

GUYTON, Arthur C.; HALL, John E.. Tratado de fisiologia médica. 10.ed. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

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WILMORE, Jack H.; COSTILL, David L.. Fisiologia do esporte e do exercício. 2.ed.

São Paulo : Manole, 2001. 709 p.

Bom semestre e sucesso sempre!Forte abraço, Prof. Carla.

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