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1 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI APOSTILA INTRODUÇÃO A BIBLIOTECONOMIA E ARQUIVOLOGIA ESPÍRITO SANTO

APOSTILA - admin.institutoalfa.com.bradmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico55296.pdf · Nesta apostila levantamos algumas características e elementos ... socialista

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1

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI

APOSTILA INTRODUÇÃO A BIBLIOTECONOMIA E

ARQUIVOLOGIA

ESPÍRITO SANTO

2

INTRODUÇÃO

A sociedade pós-industrial com suas características, entre elas a

globalização e as novas tecnologias, têm propiciado novas oportunidades

para o profissional da informação e, naturalmente, para o bibliotecário das

bibliotecas universitárias.

Debatem-se os conceitos social e econômico da informação. Discutem-

se os papéis sociais do bibliotecário: o de recuperador, preservador e

disseminador da memória e do conhecimento; e o de facilitador do acesso à

informação, centrado nas necessidades informacionais individualizadas.

Colocam-se novas possibilidades de prestação de serviços informacionais.

O campo de estudos na área de Biblioteconomia tem apresentado uma

expansão contínua, estimulado num primeiro momento pelos países que

enfrentaram problemas no controle de fluxo, de informações científicas e

tecnológicas, iniciado no período de guerra, e recentemente pela

necessidade, de como coletar, selecionar, sistematizar, controlar e

disseminar o conhecimento, numa sociedade que gera, supervaloriza e

descarta a informação num íntimo cada vez mais intensivo.

3

O QUE É BIBLIOTECONOMIA?

http://1.bp.blogspot.com/-aHcvEZQb-

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Biblioteconomia é a ciência que estuda os aspectos da representação,

da sistematização, do uso e da disseminação da informação através de

serviços e produtos informacionais. Trata sobre a análise, planejamento,

implementação, organização e a administração da informação em bibliotecas,

bancos de dados, centros de documentação, sistemas de informação e sites,

entre outros.

O papel do profissional bibliotecário é de agente mediador entre a

informação e quem a busca, de modo que o conhecimento chegue de forma

rápida e satisfatória ao seu usuário.

A Biblioteconomia é uma das profissões mais antigas da humanidade.

Estima-se que talvez tenha se iniciado nos primórdios com as práticas

estabelecidas pelos monges copistas. A Biblioteconomia no Brasil como

curso de graduação é considerada como uma das ciências da informação,

pelo seu caráter interdisciplinar e pelo seu objeto de estudo.

4

As principais áreas de pesquisa em biblioteconomia são: representação

temática, representação descritiva, linguagens documentárias, serviços de

referência, marketing em unidades de informação, arquitetura de informação,

usabilidade, catalogação, gestão de unidades de informação, infometria etc.

O QUE FAZ ESTE PROFISSIONAL?

http://www.brasilescola.com/upload/vestibular/e079d9b49b1e185fa784e7c171c622a9.jpg

O profissional de Biblioteconomia desenvolve atividades de

organização, tratamento, análise e recuperação de informações em diversos

níveis e suportes físicos, por meios manuais e automatizados, com vistas ao

atendimento das necessidades informacionais de todos os segmentos da

sociedade.

A utilização de novas tecnologias da informação vem exigindo, desse

profissional, novas habilidades e provocando mudanças no perfil tradicional.

O profissional de Biblioteconomia, que tradicionalmente atua em bibliotecas,

encontra novas frentes de trabalho em sistemas e redes de informação de

setores públicos, empresariais e industriais, escritórios de assessoria e

consultoria, organização de arquivos e de documentação particulares, ensino

5

e pesquisa, podendo atuar como analista da informação, como gestor de

serviços de informação e também na área de normalização."

O BIBLIOTECÁRIO NA SOCIEDADE

PÓS-INDUSTRIAL1

http://ayudafreelance.files.wordpress.com/2011/08/biblioteca.jpg

Nesta apostila levantamos algumas características e elementos

constituintes da sociedade pós-industrial, apresentando alguns elementos

para uma discussão de como estes fatores estão afetando o conhecimento

teórico, os paradigmas e o mercado de trabalho do profissional bibliotecário,

criando novas oportunidades e, desafiando-o a repensar a sua profissão e a

assumir novos papéis.

1 Texto adaptado de acordo com o original de SNBU2000 - XI Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias. O bibliotecário na sociedade pós-industrial. Autora: Profª Drª Kira Tarapanoff; Pesquisadora Senior Universidade de Brasília.

6

O conceito de sociedade pós-industrial diz respeito essencialmente às

mudanças na estrutura social, às transformações que se produzem na vida

econômica e na estrutura profissional, e por fim às novas relações que se

estabelecem entre a teoria e a prática experimental, entre a ciência e a

tecnologia.

Embora esta nova sociedade2 ainda esteja se formando e em evolução,

alguns traços essenciais podem ser identificados:

A passagem da produção de bens para a economia de serviços;

A preeminência da classe dos profissionais e técnicos do

conhecimento;

O caráter central do saber teórico, gerador da inovação e das

ideias diretivas nas quais a coletividade se inspira;

A gestão do desenvolvimento técnico e o controle normativo da

tecnologia;

A criação de uma nova tecnologia intelectual (De Masi, 1999,

p.33);

O novo modo de desenvolvimento - o informacionalismo (

conforme o cognomina Castells, ou pós-industrialismo como é chamado

por muitos outros),) como um que altera, mas não substitui o modo

predominante da produção (industrial ou agrícola);

A relação estrutural da globalização e da informacionalização a

sistemas de redes e à flexibilidade (Castells, 1999, p.212-214).

2 Nas diversas abordagens o conceito da nova sociedade identifica-se com o da sociedade pós-industrial, da informação, do conhecimento ou da aprendizagem.

7

http://blogs.odiario.com/odiarionaescola/wp-

content/uploads/sites/35/2012/03/images3.jpeg

Nesta nova sociedade, e devido à importância do saber teórico, dentre

outras, as universidades, institutos de pesquisa e cultura fazem parte das

instituições básicas que a constituem. O seu recurso fundamental é a

inteligência, o conhecimento, a criatividade, a inovação, as informações. O

setor econômico dominante inclui a produção de ideias e fornecimento de

serviços: transporte, comércio, finanças, seguros, saúde, instrução,

administração, pesquisa científica, cultura, lazer, e tudo o que constitui o

setor terciário.

Dentre as suas metodologias estão às teorias abstratas: modelos,

simulações; analise de sistemas; pesquisa dos problemas; invenção; enfoque

científico dos processos de previsão, de programação, de decisão;

desregulação e descentralização. A sua relação com o tempo e o espaço é

orientada para o futuro, inclui cenários e previsões em longo prazo; o ritmo de

trabalho é escolhido e individualizado, baseado no próprio indivíduo; vida

baseada no lazer; real time ( tempo real), obtenção da informação imediata.

A sua dimensão é transnacional, com conexões telemáticas e televisivas de

todos os lugares.

Muitos são os textos que tratam de aspectos específicos da sociedade

pós-industrial, mas há apenas alguns, não muitos, que tentam descrever sua

globalidade e compreender o seu sentido abrangente. Do ponto de vista

sociológico destacam-se o livro de Bell – The Coming of Post-Industrial

8

Society, A Terceira Onda (The Third Wave) de Alvin Toffler , A sociedade

pós-industrial (La Société post-industrielle), de Alain Tourraine (De Masi ,

1999), e A Sociedade em Rede (The rise of the network society) de Manuel

Castells.

Embora a expressão – sociedade pós-industrial - já tenha sido usada

por Arthur J. Penty, socialista inglês, que em 1914 organizou uma ontologia

intitulando-a Essays in Post-Industrialism e , em 1917, publicou em Londres

um volume com o título Old Worlds for New: a study of the post-industrial

state , à Bell é atribuída à invenção, ou pelo menos, difusão, desta

expressão. Bell (1977), coloca que dentre as vantagens da sociedade pós-

industrial estão à educação em massa, acesso às informações, lazer,

invenção da natureza, redução da incerteza.

Múltiplos e heterogêneos, complexos e interatuantes são os elementos

que constituem a nova sociedade. Mas dentre os mais importantes estão

seguramente à revolução tecnológica e informática, que graças sobretudo à

telemática e ao fato de o trabalho se tornar uma atividade cada vez mais

intelectual, pôde assim se desmassificar e se desconcentrar no território , até

fazer coincidir o lugar de atividade com o de residência familiar (De Masi,

1999, p.188).

Enquanto que Bell e Toffler relacionam o advento da era pós-industrial a

uma pluralidade de características, nenhuma prioritária e determinante, para

Tourraine o cerne da nova sociedade se encontra na produção científica e o

processo fundamental não é a produção dos bens, mas a programação da

inovação3.

Nesta sociedade a hegemonia é exercida não mais pelos proprietários

dos meios de produção, e sim por aqueles que administram o conhecimento

e que podem planejar a inovação.

3 Na sociedade pós-industrial o computador pode fornecer infinitas respostas a infinitas perguntas – nós é que não sabemos interrogar. O centro do problema é a ciência e a profundidade da transformação do método científico, isto é, a passagem da descoberta para a invenção, da busca de soluções à busca de questões. Este novo método é possível, porque as informações já podem ser elaboradas ao infinito e porque entendeu-se que, ao contrário do que sustentava Taylor, não existe um único caminho melhor do que todos ((one best way) para resolver cada problema(De Masi, 2000, p.196, 197)

9

http://bibufrjxerem.files.wordpress.com/2012/03/bibliotecc3a1ria.jpg

Para Castells o ponto inicial para se analisar a mudança da nova

economia, sociedade e cultura é a revolução da tecnologia da informação.

Esta tecnologia viabiliza uma estrutura social associada ao surgimento de um

novo modo de desenvolvimento, o informacionalismo4. No novo modo

informacional de desenvolvimento, a fonte de produtividade acha-se na

tecnologia de geração de conhecimentos, de processamento da informação e

de comunicação de símbolos. Na verdade, conhecimento e informação são

elementos cruciais em todos os modos de desenvolvimento, visto que o

processo produtivo sempre se baseia em algum grau de conhecimento e no

processamento da informação. A estrutura da economia, sociedade e cultura

informacional é a rede5 (Castells, 1999, p.35, 45).

Conhecimento é visto como: um conjunto de declarações organizadas

sobre fatos ou ideias, apresentando um julgamento ponderado ou resultado

4 Informacionalismo – modo de desenvolvimento pós-industrial. 5 A Empresa em rede concretiza a cultura da economia informacional/global: transforma sinais em commodities, processando conhecimentos (Castells, 1999, p. 192)

10

experimental que é transmitido a outros por intermédio de algum meio de

comunicação, de alguma forma sistemática ( Bell, 1973, p.175) .

Informação “ são dados que foram organizados e comunicados”(Porat,

1977, p.2)

O modus operandi da sociedade pós-industrial identifica-se ao da

Sociedade da Informação, que refere-se a um modo de desenvolvimento

social e econômico em que a aquisição, armazenamento, processamento,

valorização, transmissão, distribuição e disseminação de informação

conducente à criação de conhecimentos e à satisfação das necessidades dos

cidadãos e das organizações, desempenham um papel central na atividade

econômica, na criação de riqueza, na definição da qualidade de vida dos

cidadãos e das suas práticas culturais (Livro Verde para a Sociedade da

Informação em Portugal: http:///www.missao-si.mct.pt/livroverde/lvfinal.zip.)

O Programa brasileiro para a Sociedade da Informação foi lançado no

Brasil, no dia 15 de dezembro de 1999, com o os objetivos de:

1. Articular, coordenar e fomentar o desenvolvimento e utilização

segura de serviços avançados de computação, comunicação e informação

e suas aplicações na sociedade, mediante a pesquisa, desenvolvimento e

ensino brasileiros, acelerando a oferta de novos serviços e aplicações na

Internet, de forma a garantir vantagem competitiva e a facilitar a inserção

da indústria e empresa brasileiras no mercado internacional;

2. Fornecer, desta maneira, subsídios para a definição de uma

estratégia para conceber e estimular a inserção adequada da sociedade

brasileira na Sociedade da Informação (MCT, 1999).

No momento, após a instalação do Grupo de Trabalho para implantação

do programa, estão sendo criados vários GTs temáticos, para a elaboração

do Livro Verde da Sociedade da Informação, dentre os quais o GT de

Conteúdos e Identidade Cultural lançado em fevereiro de 2000, que merece

a atenção e acompanhamento dos bibliotecários no Brasil.

11

DESAFIOS PROFISSIONAIS DO

BIBLIOTECÁRIO

http://www.bibliotecavirtual.celepar.pr.gov.br/arquivos/Image/ImagensBiblio/bibliotecari

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Essas colocações introdutórias nos levam a indagar sobre como os

bibliotecários podem e devem atuar na nova sociedade, criar e administrar a

informação e o conhecimento e planejar a inovação?

Tradicionalmente o papel do bibliotecário tem sido o de apoio a essas

atividades. Qual deve ser o seu papel hoje - o de produtor , empresário,

intermediário ou analista da informação e do conhecimento? Ou de todos

estes juntos? Quais as suas principais responsabilidades sociais?

Segundo Toffler na nova sociedade o produtor é ao mesmo tempo

consumidor, e sugere um novo termo o prosumer. Esta analogia nos leva à

constatação que o saber é cíclico e contínuo, recomeça quando acaba,

necessitando sempre de novas informações para ser reativado e que todos

os que produzem informação e conhecimento também os consomem.

Podemos sugerir algumas linhas para discussão dos papéis e

responsabilidades sociais do profissional da informação bibliotecário na

sociedade pós-industrial:

12

1. Preservar a informação (ser responsável pela memória e cultura

da produção técnica e científica local e institucional);

2. Organizar a informação para uso;

3. Acessar a informação. Estabelecer conexão em redes, participar

de consórcios e variadas formas de cooperação. Planejar a informação;

4. Ser empreendedor ; personalizar/customizar a informação. Ser

consultor e information broker. Prestar os seus serviços de sua casa

eletrônica (“electronic cottage”)

5. Trabalhar a informação, agregar valor. Pesquisar a informação ;

6. Socializar a informação – preocupar-se com o acesso público à

informação, a informação como um patrimônio público (public good);

7. Educar para a utilização da informação e para a sociedade da

informação;

8. Valorizar o conceito econômico da informação, participar do e-

commerce, oferecendo serviços e produtos exclusivos;

9. Criar, pesquisar e consumir informação.

A essência das ciências que sustentam a profissão do bibliotecário, a

Biblioteconomia e a Ciência da Informação e o seu objeto de trabalho – o

ciclo informacional, não foram mudados. Embora a teoria seja a mesma ,a

prática do bibliotecário, especialmente aquela que se baseia em todas as

facilidades oferecidas pelas novas tecnologias e a globalização, bem como

no método científico da invenção, lhe abre muitos caminhos, muitas novas

possibilidades de prestar serviços informacionais e sugere uma nova forma

de administrá-los.

Novos/velhos papéis

Preservar a informação (ser responsável pela memória e cultura da

produção técnica e científica local e institucional)

13

http://dolls.com.br/PPupload/profissoes/p_bibliotecaria01.gif

Identidade cultural (preservar a cultura nacional, regional, local, de

grupos e individual)

Um dos principais indicadores do desenvolvimento da sociedade da

informação é a penetrabilidade das tecnologias de informação na vida diária

das pessoas e no funcionamento e transformação da sociedade como um

todo. No caso do Brasil, estima-se que durante o ano 2000 mais de 6 milhões

de brasileiros serão usuários da Internet e que nos próximos cinco anos

poderemos chegar a 30 milhões. Em termos numéricos, estas cifras projetam

o Brasil como um dos grandes mercados nacionais da Internet em nível

mundial, embora esta cifra seja extremamente modesta se comparada ao

total de habitantes no Brasil (4% aproximadamente).

Embora, também em termos relativos, o português tenha presença na

Internet, os números, em termos absolutos, também são modestíssimos.

Sete milhões de internautas utilizam a língua portuguesa na Internet.

Esse número faz com que o português ocupe a sétima posição entre os

idiomas mais utilizados na rede, segundo pesquisa publicada no site

espanhol La Empresa.net. Em primeiro lugar, como já era esperado,

encontra-se a língua inglesa, com mais de 147 milhões de usuários que

utilizam esse idioma quando navegam pela Web. O japonês está em

segundo, com cerca de 19 milhões de utilizadores.

O primeiro ponto é, portanto, a preservação do idioma e da produção

científica nacional tornando-a disponível ao mundo globalizado.

14

A sociedade da informação desenvolve-se também através da operação

de conteúdos6 sobre a infraestrutura de conectividade. Portanto, o

desenvolvimento da sociedade da informação no Brasil requer no futuro

próximo um esforço nacional conjugado para aumentar, por um lado, a

penetrabilidade da Internet pari passu com o uso adequado de tecnologias da

informação (incluindo os softwares potentes e amigáveis, com

ergonomicidade) e, por outro lado, o volume de conteúdos brasileiros.

Partindo da constatação que a sociedade se organiza em torno de uma

cultura, que é uma maneira de ver o mundo, através de um conjunto de

ideias implícitas e explícitas. O conceito de identidade cultural impõe-se.

Conteúdos informacionais

Dentre os princípios gerais para uma política sobre conteúdos e

identidade cultural, o GT Conteúdos e Identidade Cultural sugeriu em sua

primeira proposta apresentada em 14 de março do ano 2000, as seguintes

diretrizes para promoção de redes de conteúdos nacionais:

1. Valorizar a produção e difusão de registros informacionais de

todo tipo em língua portuguesa, como forma de promover o

autoconhecimento e autoestima do povo brasileiro;

2. Propiciar o registro das expressões culturais, artísticas,

religiosas e científicas, em qualquer mídia, também em línguas indígenas,

assim como nas dos povos africanos e de outras nacionalidades que

contribuíram para a nossa formação social, visando preservar e manter

vivas as origens da nação brasileira, em seus aspectos multiétnicos e

multiculturais;

3. Facultar a produção e o uso de conteúdos que reflitam os

interesses de regiões menos desenvolvidas, de áreas periféricas e rurais,

como forma de reduzir as disparidades regionais;

6 Os recursos, produtos e serviços de informação são identificados na Internet com o nome genérico de

conteúdos. Em resumo, conteúdo é tudo o que é operado na Internet. Uma das contribuições mais

extraordinárias da Internet é permitir que qualquer usuário, em caráter individual ou institucional, possa

a vir a ser produtor, intermediário e usuário de conteúdos. Os conteúdos são o meio e o fim da gestão

da informação e do conhecimento na sociedade da informação.

15

4. Dar oportunidade às minorias étnicas, sociais e políticas para o

registro e difusão de suas manifestações e ideias, como forma de diminuir

as desigualdades sociais.

Linhas de ação do Programa Sociedade da Informação no Brasil,

relativas às Tecnologias da Informação aplicadas à cultura, são as seguintes:

Salvaguarda e valorização do patrimônio por meio da

digitalização sistemática das obras e demais bens culturais, promovendo

também a criação e desenvolvimento de bibliotecas virtuais, privilegiando

a descentralização e dinamismo das comunidades capilarizadas pela

telemática;

Promoção de iniciativas para a salvaguarda e a afirmação da

cultura brasileira, como, por exemplo, a criação do “Museu de Todos os

Museus”(digital) e de uma grande “Enciclopédia Multimídia do Brasil”;

Aproveitamento dos resultados já obtidos pelo GT de Museus

Virtuais (http:www.lids.puc-rio.br/~pp/gtmv/principal/princip.htm) e pelo GT

de Bibliotecas (http://www.cg.org.br/gt/gtbv/gtbv.htm) do Comitê Gestor da

Internet Brasileira, no sentido de se criar uma plataforma inicial de 3 mil

entidades, por meio da qual poderá ser capilarizado todo o território

nacional;

Apoio e promoção de atividades e projetos visando a organizar,

reforçar e circular a informação documental, tanto em sua vertente erudita

quanto na popular;

Implementação de uma “midiateca virtual” suscetível de apoiar o

ensino – desde a rede primária até a universidade – e a pesquisa,

oferecendo recursos adaptados à resolução de problemas gerados em

todos os setores da vida social e científica.

16

HABILIDADES DO BIBLIOTECÁRIO

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Cabe ressaltar que a questão dos conteúdos depende da capacidade de

organização de nossas instituições e da parte de nossos profissionais, no

tocante aos seus acervos informacionais. Os conteúdos estarão sempre

sendo produzidos e armazenados de forma descentralizada e dispersa,

exigindo esforço para atraí-los e incorporá-los como serviços e produtos

mediados pela rede de acessos propostos pela sociedade da informação.

Aos bibliotecários é atribuída tal responsabilidade exigindo domínio da

localização, normalização, indexação, padrões, protocolos, utilização de

tecnologias e modernos instrumentos como metadados e marcação de textos

(Cunha, 1999, p.260). Destacam-se neste contexto tanto pelo domínio como

pelas iniciativas de modernização os bibliotecários universitários e os

especializados.

17

Organizar a informação para uso

Neste contexto o bibliotecário deve em primeiro lugar educar-se nas

Tecnologias da Informação para ter acesso e participar no processo de

informação globalizada, e em segundo instruir/educar usuários a utilizar a

informação em meio digital e disponível nas redes.

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Acessar a informação. Conectar-se a redes, participar de

consórcios e variadas formas de cooperação. Planejar a informação.

De Masi (2000) faz a seguinte colocação - se perguntarmos a um grupo

de pessoas que ciência do século XX mais contribuiu para o progresso

humano, talvez ninguém, nem os entendidos em organização, indicassem a

ciência organizacional. E no entanto, foi o desenvolvimento desta ciência que

possibilitou o fortalecimento de cada atividade, cognitiva e operacional, a um

nível desconhecido em todas as épocas anteriores da história, dentro e fora

dos locais de trabalho. Milhões de homens e mulheres na prática cotidiana,

milhares de especialistas em suas profissões, partindo das grandes

descobertas de Taylor e Ford, revolucionaram o modo com que os seres

humanos organizam seus próprios recursos e aumentam seu rendimento.

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Foi o management , a gestão, que introduziu as novas tecnologias nos

locais de trabalho, nas casas, nas diversões. Foi o management que criou as

empresas rede, as multinacionais, os distritos industriais, a globalização da

economia, dos gostos, do consumo.

O conceito de gestão da informação envolve novas e velhas diretrizes

conhecidas pelos bibliotecários. O seu principal objetivo é moldar (harness)

os recursos informacionais da organização e as suas capacidades de

informação para ensiná-la a aprender e adaptar-se às mudanças ambientais.

A criação da informação, aquisição, armazenamento, análise e uso, provêm a

estrutura intelectual que dá suporte ao crescimento e desenvolvimento de

uma organização inteligente adaptada às exigências e novidades da

ambiência.

Conceitualmente a gestão da informação é um conjunto de seis

processos distintos, mas interrelacionados: identificação de necessidades

informacionais, aquisição de informação, organização e armazenagem da

informação, desenvolvimento de produtos informacionais e serviços,

distribuição da informação, e uso da informação . Este processo é cíclico e

deve ser realimentado constantemente (Gestão ambiental em gestão da

informação) ( Choo, 1998, p.198-199).

Participação em redes

A Ciência da Informação tem como objeto de estudo a própria

informação, sua movimentação, recuperação e comunicação. Os

pressupostos que norteiam o seu paradigma de propiciar o acesso a

informação, são:

que a informação deve ser movimentada e comunicada;

a informação é algo que flui dentro de um sistema;

a informação é algo divisível dentro de unidades feitas em

partes num sistema;

o processo é modelado em termos de fluxo da informação entre

dois pontos através de um canal (Miksa, 1992);

19

o processo pressupõe a existência de tecnologia apropriada,

que hoje está nas redes.

À medida que as redes passam a interligar todas as atividades

humanas, o principal foco das organizações é redirecionado da maximização

do valor da organização para a maximização do valor da rede. A

sobrevivência da organização depende da sobrevivência da rede.(Kelly,

1999).

A tipologia de redes sugere a existência de duas categorias de redes,

vistas sob uma ótica funcional, ou seja redes físicas com função de conexão

e redes com função de provisão de serviços de informação.

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Embora as bibliotecas e os bibliotecários brasileiros ainda não estejam

totalmente preparados, é necessário que o país construa rapidamente uma

ampla infraestrutura de serviços de informação em rede eletrônica que

atenda às expectativas das unidades de informação na função de

compartilhamento de recursos, e as expectativas dos usuários, na função de

ampliação do acesso à informação (Carvalho, 1999, p.3).

As redes bibliográficas, como hoje se conhece, se distinguem de suas

predecessoras pela ênfase no uso de telecomunicações, capacidades

computacionais e contato imediato entre os membros. As grande redes hoje

existentes fornecem processamento distribuído, treinamento, catalogação,

20

empréstimo interbibliotecário, conversão retrospectiva, oferta compartilhada

de bases de dados e equipamentos (Carvalho, 1999, p.31)

COOPERAÇÃO; CONSÓRCIOS;

BIBLIOTECAS HÍBRIDAS

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Dentre os arranjos organizacionais cooperativos estabelecidos pelas

unidades de informação com o objetivo de compartilhar recursos, estão as

redes bibliográficas e de informação, os consórcios, as cooperativas, as

parcerias, a terceirização, os grupos de compras e as bibliotecas híbridas.

Em relação aos consórcios, há ampla difusão deste conceito nos

Estados Unidos e na Europa7. No Brasil, podemos citar o exemplo do

consórcio de bibliotecas de universidades e institutos de pesquisa do Estado

de São Paulo que propõe facilitar o acesso à informação, aumentando o grau

7 Na Inglaterra podem ser citados o Consortium of University and Research Libraries (CURL), um consórcio nacional que reúne as maiores e mais importantes bibliotecas universitárias de

pesquisa; e o Consortium of Academic Libraries em Manchester (CALIM), integra as bibliotecas

universitárias da cidade de Manchester.

21

de satisfação dos usuários e minimizar custos de aquisição de periódicos

científicos eletrônicos internacionais por meio de atividades cooperativas

(Kryzanowski & Taruhiu, 1998).

No caso das bibliotecas híbridas, o grande numero de projetos de

bibliotecas eletrônicas, digitais ou virtuais está produzindo uma gama

extensiva de tecnologias alternativas. O desafio é reunir as tecnologias e os

novos desenvolvimentos , mais os produtos e serviços eletrônicos já

disponíveis nas bibliotecas e harmonizar com as funções históricas das

bibliotecas físicas, criando bibliotecas híbridas acessíveis e organizadas8.

Da habilidade gerencial dependem as mudanças. Sugere-se a adoção

plena da gestão da informação, em especial no seu aspecto de organização

voltada para o aprendizado, e em relação constante com o ambiente. Além

de requererem uma nova postura de planejamento e gestão, os novos

modelos de serviços baseados no acesso requerem, entre outros, a

introdução de requisitos tecnológicos e técnicos e a participação em arranjos

organizacionais cooperativos em rede. Sugere-se também que o bibliotecário

preocupe-se em fazer estágios e identifique as melhores práticas

internacionais para nivelar-se aos padrões mais modernos de conexão em

redes.

INTELECTUAL DA INFORMAÇÃO

Aquilo que chamamos de Revolução da Informação é, na realidade,

uma revolução do conhecimento. A rotinização dos processos não foi

possibilitada por máquinas. O computador é apenas o gatilho que a

desencadeou. O software é a reorganização do trabalho tradicional, baseado

em séculos de experiência, por meio da aplicação do conhecimento e,

especialmente, da análise lógica e sistemática. A chave não é a eletrônica,

mas sim a ciência cognitiva.

8 Mais informação sobre o conceito de aglomerações consultar o site :

http://www.ukoln.ac.uk/dlis/models/clumps /

Para mais informação sobre Bibliotecas Híbridas e Pesquisa consultar:

http://www.ukoln.ac.uk/services/elib/background/pressreleases/summary2.html

22

A estrutura da sociedade pós-industrial, demanda profissionais liberais,

técnicos, cientistas, profissionais da informação, gestores do conhecimento e

da tecnoestrutura. Propicia a expansão das profissões ricas em informação,

como os cargos de administradores, profissionais especializados e técnicos

(Castells, 1999, p.227).

Novas profissões tem aparecido no mercado como o webmaster, um

especialista responsável pelo desenho e manutenção do site da empresa ,

que deve ter uma compreensão completa da cultura Web e que se preocupa

com a forma de disseminação de informações da e sobre a empresa9.

Algumas escolas, como a Coppe-UFRJ estão oferecendo cursos de

graduação em profissões antes desatendidas, como as do engenheiro da

informação, o de engenheiro de infraestrutura e meio ambiente e

engenheiro de automação e controle. Disciplinas a serem cursadas para o

engenheiro da informação, incluem empreendedorismo, teoria da

aprendizagem e gestão do conhecimento, e ainda inteligência computacional,

banco de dados, redes de computadores, multimídia, sistemas digitais e

outras disciplinas, como interface homem-máquina.

São os cidadãos que terão de decidir, em última análise, se estão

dispostos a aprender novas profissões, a aceitar os desafios da nova

sociedade assumindo os papéis e o comportamento que a mesma exige,

descortina e oportunista.

Que profissões podem surgir para o bibliotecário, que sejam de cunho

de um intelectual da informação? Pela sua formação sugerimos que, uma das

vertentes seja aquela relacionada à necessidades informacionais dos

usuários e ao seu conhecimento de onde buscar estas informações.

9 Em geral, a maioria das empresas pede pelo menos dois Webmasters – um para as questões técnicas e outro para o conteúdo. O webmaster técnico é responsável pela administração e manutenção do sistema, enquanto que o webmaster do conteúdo é reponsável pela elaboração, entrega e atualização da informação do site (Cutler & Richard, 1995, p.125).

23

Customizar a informação

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tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcR0yYd0LBzwkMPNgmaDTaXukqBmd8MtyihicEfGJr

DkdNzV5R_L50HMjr-3

A habilidade para discriminar e distinguir documentos relevantes, na

massa de informação disponível nas redes digitais está se tornando cada vez

mais difícil para os profissionais da informação. Há um excesso de oferta

informacional. Há duas formas de lidar com a explosão da informação: filtrar

a informação antes que ela atinja o usuário final; ou customizar a informação

depois que ela chega. A função do bibliotecário está mais do lado da

customização que é uma atividade centrada no usuário e sua demanda

informacional (Berghel, Barleant, Foy and McGuire, 1999, p.505).

Pelo seu treinamento e know-how de organizar o conhecimento dentro

de sistemas e estruturas que facilitam o uso produtivo da informação e dos

recursos informacionais o bibliotecário é considerado um especialista da

informação (Choo, 1998, p.212).

Algumas oportunidades para especialistas de informação (information

workers), podem, dentre outras atividades, centrar-se na busca, reunião e

interpretação da informação com valor agregado para as atividades de uma

24

organização ou de um indivíduo, visando melhor posicionamento no mercado

ou lucro. Neste contexto a busca informacional é um processo de construção

do novos conhecimentos e entendimentos para adicional valor para as

atividades de uma empresa, ou atividade de um indivíduo (Kuhlthau, 1999).

Pode ainda o information broker especializar-se em selecionar

informação personalizada para clientes/usuários com perfil de demanda

específico para pesquisa e/ou especialidades em assuntos de ponta. Este

tipo de atividade difere da tradicional disseminação seletiva da informação no

sentido que busca informação em todos os suportes informacionais e não

apenas os bibliográficos, mas também notícias, gráficos, percentuais,

indicadores, etc., todo o tipo de dados aos quais pode-se agregar valor para

transformá-lo em informação e conhecimento para o cliente.

O conhecimento de seu cliente é central para um bom serviço

personalizado. Na abordagem de marketing, não é apenas preciso conhecer

as necessidades informacionais , mas antecipar-se à elas, surpreender e

encantar o seu usuário com informação bem selecionada e com valor

agregado.

Um instrumento que pode auxiliar o bibliotecário na busca e seleção de

assuntos pertinentes são os software agentes, ou agentes informacionais

inteligentes, robôs que filtram informação, relacionam pessoas com

interesses similares, automatizam comportamento repetitivo e realizam,

quando bem programados, inúmeros outros cruzamentos

informacionais(Maes, Guttman & Moukas, 1999)

Em estudo recente no Brasil, Baptista (1998) concluiu que a

terceirização tem sido o elemento facilitador para atuação empresarial do

especialista da informação. As habilidades necessárias identificadas foram:

saber avaliar as necessidades do cliente, escrever relatórios, saber taxar e

vender produtos, definir a estrutura de negócio, tomar pulso do mercado e

desenvolver um programa de marketing.

25

TELETRABALHO

http://www.coladaweb.com/files/bibliotecario.jpg

No contexto da sociedade pós-industrial, o local de trabalho não

constitui mais uma variável independente do teorema organizacional e o

horário rigidamente sincronizado não constitui mais uma exigência do

trabalhador, principalmente do trabalho intelectual. Oportuniza-se o

teletrabalho.

O local típico de produção, da difusão da informação, inclui electronic

cottage (a casa eletrônica), trabalho domiciliar on-line. O cidadão pode, de

sua casa, servindo-se do telefone, do fax e do microprocessador, desenvolver

um trabalho a pedido de uma empresa ou pessoa, utilizando os seus próprios

recursos computacionais e capacidade de busca.

Inúmeros são os exemplos de teletrabalho na Rede (Internet) como o

desenvolvimento do Linux que envolveu basicamente três características

inerentes ao teletrabalho: cooperação, voluntariado e trabalho intelectual. No

campo da ciência e tecnologia, as bibliotecas virtuais, laboratórios virtuais,

pesquisas e desenvolvimento internacionais, entre outros, são alguns

exemplos acadêmicos de teletrabalho.

A atividade de informatin broker leva ao empreendedorismo da

informação, para tal além de seu know how do ciclo informacional o

bibliotecário necessitará de bons conhecimentos de máquina (novas

tecnologias), utilização de softwares e conhecimento de uso e busca em

26

fontes informacionais nacionais e internacionais (Internet, bancos e bases de

dados).

Além da disposição e disciplina para trabalhar num ambiente próprio e

independente do contexto organizacional, o bibliotecário empreendedor deve

ainda adquirir conhecimentos específicos de negócio, dentre eles saber

vender e cobrar pelo seu produto e conhecer muito bem o mercado e o seu

usuário da informação.

Trabalhar a informação, agregar valor

Agregar valor a produtos ou serviços significa imprimir aos mesmos uma

diferenciação que os torna mais atraentes aos olhos dos consumidores, quer

seja em termos de qualidade, rapidez, durabilidade, assistência ou preço.

Podem ser identificadas seis categorias de atividades de valor agregado:

facilidade de uso, redução de informação desnecessária (noise), qualidade,

adaptabilidade (refere-se à habilidade do serviço oferecido ser compatível

com as necessidades do usuário em seu ambiente de trabalho), economia de

tempo e economia de custo (Taylor, 1986).

No que se refere à informação, a agregação de valor excede os

métodos tradicionais de consulta, pesquisa e disponibilização de informação

aos usuários das também tradicionais bibliotecas. As atividades dos

bibliotecários podem incluir: treinamento, consultoria e atendimento a

consultas dos usuários sobre seleção de fontes de informação;

desenvolvimento de estratégias de pesquisa/busca; e avaliação da

informação.

Eles podem participar do planejamento e das atividades decisórias da

organização, onde exerçam o processamento, reunião e coleta de

informações ambientais pertinentes à organização (vigilância informacional)

procurando desenvolver um entendimento íntimo de como a informação é

usada. Devem buscar entender qual o impacto da informação adquirida no

desenvolvimento do indivíduo e da organização (Choo, 1998, p.215)?

27

A recuperação da informação

Qualidade, valor agregado, precisão, rapidez, nada disto tem significado

sem uma ciência ou disciplina de apoio chamada recuperação da informação.

Esta surgiu com o advento da automação e das novas tecnologias. Esse

novo conceito à Biblioteconomia passou também a ser central à Ciência da

Informação. A recuperação da informação , cunhada por Calvin Mooers

(1951), engloba os aspectos intelectuais da descrição de informações e suas

especificidades para a busca, além de quaisquer sistemas, técnicas ou

máquinas empregados para o desempenho da operação.

As técnicas de recuperação permitem a normalização, a identificação do

conteúdo, a relevância, a precisão e especificidade das informações que

trata. É um trabalho de indexação de extrema importância para identificar

assuntos de interesse. O seu conceito mais intrínseco é o da relevância,

ligado à efetividade. A relevância indica relação (Saracevic, 1999, p.1059).

Recuperação da informação e empreendedorismo

https://linafuko.files.wordpress.com/2010/03/librarian-1.jpg

28

Centrada na recuperação da informação, uma indústria de informação,

on line, emergiu nos anos 70 , crescendo passou a ser a aplicação mais

disseminada de qualquer sistema informacional no mundo (Hahn, 1966).

Na década de 80, a indústria comercial da informação baseada na

recuperação da informação, tornou-se lucrativa obtendo grande sucesso.

Muitos pesquisadores em recuperação da informação tornaram-se

empresários de recuperação da informação. Esses empresários

desenvolveram uma variedade de procedimentos de recuperação da

informação voltados para o mercado e baseados em algoritmos, aplicáveis à

escala de grandes arquivos, múltiplas aplicações e/ou várias tecnologias

avançadas. Tornou-se a indústria do conhecimento, no seu sentido mais puro

(Saracevic, 1999, p. 1058).

É preciso enfatizar, no entanto, que o World Wide Web 10, que emergiu

na primeira metade dos anos 90 não se utiliza dos princípios científicos da

recuperação da informação. A recuperação da informação da web, toda ela

comercial, voltada para o lucro, que se propõe a fornecer , segundo a sua

propaganda, mecanismos de busca para encontrar informações relevantes11

para os usuários, sob demanda, está se desenvolvendo e prosperando fora

da área.

Principalmente de analista de conteúdos, indexador, selecionador de

palavras chaves relevantes. Atualmente centenas de termos de indexação

podem ser incluídos em diversos níveis de representação nos acervos

digitalizados. Em alguns casos, com o auxílio de modernos programas de

indexação, pode-se fazer a varredura de todas as palavras do texto, mas sem

perder de vista a questão da relevância e da precisão. Mas a recuperação vai

além dos dados textuais , hoje é possível recuperam imagens, vídeo, áudio,

músicas inteiras podem ser recuperadas e ouvidas.

10 WWW – ou W3, aplicativo da Internet. É um sistema de menus e hipermídia. Em português denomina-se teia mundial (Cavalcanti, 1996, p.119-120). 11 Os pioneiros da ciência da informação desenvolveram processos e sistemas de recuperação da

informação, nos anos 50, e definiram como seu objetivo principal a recuperação da informação

relevante . Questiona-se, no entanto, a relevância da recuperação na web , por esta não utilizar os

princípios científicos da recuperação da informação (Saracevic, 1999, p.1058)

29

Como se deve indexar a videoconferência? Como atribuir pontos de

acesso temático a um documento/programa que é realizado ao vivo, via

Internet? (Cunha, 1999, p.261)

O que o bibliotecário pode fazer para organizar a informação na Rede?

Quem assessorou os desenvolvedores do Yahoo?

CARACTERÍSTICA DAS UNIDADES

DE INFORMAÇÃO

http://www.conexaoaluno.rj.gov.br/imagens/bibliotecario.jpg

As unidades de informação12 (bibliotecas, centros e sistemas de

informação e de documentação) são organizações sociais sem fins lucrativos,

cuja característica como unidade de negócio é a prestação de serviços, para

os indivíduos e a sociedade, de forma tangível (produtos impressos), ou

intangível (prestação de serviços personalizados, pessoais, e hoje, cada vez

mais, de forma virtual – em linha, pela Internet).

No entanto, em especial nas duas últimas décadas, as unidades de

informação têm sofrido redução orçamentária, tanto no Brasil como no

exterior, e têm sido submetidas à competição por recursos/insumos de toda

a espécie, em especial por recursos financeiros (Young, 1994, p.110). A

pergunta que as unidades informacionais têm se feito é: o que fazer quando

as fontes tradicionais de fomento diminuem os seus repasses? Formas

12 Unidade de informação – instituições voltadas para a aquisição, processamento, armazenamento e disseminação de Informações.

30

cooperativas para a maximização de recursos são estudadas, mas também

aflora a possibilidade de cobrança da prestação diferenciada de serviços e

produtos internacionais. E neste caso, deve-se cobrar por serviços

informacionais? Como cobrar, quando cobrar, quanto cobrar?

Informação como bem público

Assuntos complexos como livre acesso à informação, barreiras para o

livre acesso à informação pública, e cobrança direta por serviços

bibliotecários com valor agregado têm provocado discussão e debate entre as

profissionais da informação. O posicionamento tradicional é que os serviços

bibliotecários são um bem público (domínio público) e que o acesso livre à

informação é um direito fundamental de cada cidadão numa sociedade

democrática. Este posicionamento esposa uma visível preocupação com a

finalidade e a justiça social.

A questão principal em debate é o foco na definição do que é bem

público, em instituições de serviço (público). A importante distinção entre

informação como bem público e informação como bem econômico

(commodity), está na diferença entre a informação a serviço da equidade

social e aquela que oferece um portfolio 13de serviços, representando vários

graus de eficiência, a preço compatível de mercado competitivo.

Aqueles que vêem a informação como um bem público enfatizam a

natureza econômica única da informação. A informação tem características

econômicas atípicas que a distinguem de ativos (commodities) mais

tangíveis, a informação pode se expandir, é completa, capaz de ser

substituída, transportável, difusa e pode ser compartilhada. Como um

produto/mercadoria, a informação não se deprecia e é disponível livremente,

tem um valor que cresce com a reutilização e a sua apresentação em outra

forma (re-embalagem), e é extremamente difícil de controlar. Desta forma, o

argumento do bem público, mantém que o acesso amplo à informação resulta

num uso crescente que beneficia a sociedade como um todo, e não apenas

partes desta sociedade (Young, 1994, p.108)

13 Portfolio – seus componentes são os negócios e produtos que constituem a empresa.

31

Vamos preservar as bibliotecas

http://www.laverdadyotrasmentiras.com/wp-content/uploads/2012/09/bibliotecario.jpg

Argumenta-se também que a crença que toda a informação estará

disponível para todos na Internet, de qualquer lugar, a qualquer momento, é

baseada num pressuposto marxista equivocado a respeito da natureza

humana. Nada é inteiramente livre e problemas de direitos autorais devem

ser resolvidos, nos seus aspectos de o que pode ser digitalizado ( o que é de

domínio público) e quem pode ter acesso à esses materiais14. O problema de

compatibilizar interesses conflitantes de propriedade intelectual de um lado, e

o acesso livre e igual do outro, impõe restrições de onde se pode consultar

os materiais produzidos.

A biblioteca tradicional, a de quatro paredes, é a única que pode

disponibilizar livremente os materiais com direitos de autor reservados. Neste

14 Segundo (GANDELMAN, 1997) “Os direitos autorais continuam a ter sua vigência no mundo on line da mesma maneira que no mundo físico. A transformação das obras intelectuais para bits em nada altera os direitos das obras originalmente fixadas em suportes físicos, como já referido anteriormente. ... O direito de reproduzir uma obra é exclusivo de seu titular, inclusive o direito de reproduzi-la eletronicamente em uns e zeros ( para serem lidos por computadores). E se alguém armazena de forma permanente, no seu computador, material protegido pelo direito autoral, uma nova cópia é feita, necessitando a mesma, portanto, de uma autorização expressa do respectivo titular.

32

argumento a biblioteca tradicional é vista como o único lugar no qual os

leitores podem consultar livremente não somente os materiais com direitos

autorais reservados, mas também bases de dados (site-licensed) que não

podem ser utilizadas de qualquer lugar, por qualquer pessoa no espaço

virtual. Enquanto a natureza humana não mudar e os direitos autorais do

ciberespaço não estiverem resolvidos a biblioteca tradicional será o lugar

onde qualquer cidadão poderá ter livre acesso à qualquer obra com copyright

(Mann, 1999)

Todas as habilidades tradicionais do bibliotecário centradas no ciclo

informacional, mas em especial as centradas no usuário, na informação

utilitária e na informação para a cidadania.

EDUCAR PARA A UTILIZAÇÃO DA

INFORMAÇÃO E PARA A SOCIEDADE

DA INFORMAÇÃO

Sociedade da Informação e cultura

Não haverá sociedade da informação sem cultura informacional.

Isto que chamamos sociedade da informação só existirá quando houver

para ela uma cultura correspondente. A cultura informacional é mais que o

conhecimento e a sensibilização da sociedade para o uso da informação, ou

ainda a habilidade dos indivíduos ou grupos de fazer o melhor uso possível

da informação. É também mais que o resultado mecânico de uma simples

acumulação de tecnologias, tem ainda como componente a “alfabetização em

informação” (Menou, 1996).

Educação para a sociedade da informação

33

Educar a si próprios e educar aos outros para a sociedade da

informação, é um dos grandes desafios para o profissional bibliotecário e um

passo importante para a formação da cultura informacional na sociedade.

Permitir a todos o acesso a informação é crucial para o desenvolvimento

individual e coletivo do cidadão, e o caminho a ser percorrido para capacitar o

cidadão ao uso crítico da informação é uma tarefa que as escolas, as

universidades e todos os tipos de bibliotecas, públicas, universitárias e

outras, devem assumir. Preparar os cidadãos para a sociedade da

informação constitui tarefa prioritária para o governo, as organizações e seus

profissionais.

O governo propõe em sua área de atuação Governo e Cidadania

aumentar a transparência das ações de governo, melhorando e ampliando a

prestação de serviços diretamente ao cidadão (CCT, 1999, p.41). Outro

projeto importante, o projeto Agência Cidadão, patrocinado pela Finep, se

propõe a oferecer um serviço voltado para o cidadão, que pretende fornecer

informações importantes e úteis para o seu dia-a-dia sobre documentos

pessoais, educação, saúde, direitos, trabalho e mostrar como e onde fazer,

para que serve, quanto custa, quando será, etc.

Outro passo importante é a alfabetização em tecnologias da

informação, e também a extensão à infoaprendizagem. A biblioteca do futuro,

dentre outras atividades, deve propiciar a interface de treinamento entre o

usuário e as ferramentas da meta-informação, e tornar-se ponto focal de

uma comunidade (real e virtual) de conhecimento, centro cultural e ponto de

referência para encontros de comunidades de cibernautas 15 (Allen & Retzlaff,

1998).

A tecnologia da informação pode ser usada como veículo para ajudar a

eliminar desigualdades sociais e econômicas. As ferramentas das tecnologias

da informação e suas aplicações podem oferecer oportunidades que

transcendem barreiras de raça, gênero, deficiência, idade, capacidade

financeira e lugar. O acesso à tecnologia da informação em ambientes

educacionais, é um pré-requisito para construir a base de habilidades que

15 Cibernauta – expressão nova que caracteriza os usuários dos serviços já existentes, como produto das tecnologias da comunicação e informação (Cavalcanti, 1996, p.106)

34

possibilitará aos nossos profissionais atuar de forma produtiva na sociedade

da informação do novo século.

VALORIZAR O CONCEITO ECONÔMICO

DA INFORMAÇÃO, PARTICIPAR DO E-

COMMERCE, OFERECENDO SERVIÇOS E

PRODUTOS EXCLUSIVOS

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Escassez de recursos

O outro lado da moeda é equilibrar o enfoque social com o enfoque

econômico. A escassez de recursos é uma das vertentes que tem mudado

a postura das unidades Informacionais em termos administrativos,

organizacionais e como unidades de negócio, que vêem hoje, a informação

oferecida como um bem econômico, que pode ser vendida em forma física ou

na forma de comércio eletrônico e não apenas como um benefício cultural ou

social, suprindo lacunas para o crescimento individual dos cidadãos, que,

acredita-se, o mercado por si só nunca supriria de forma adequada.

35

Comércio eletrônico

O comércio eletrônico – ou seja, a emergência explosiva da Internet

como importante (e, talvez, com o tempo, o mais importante) canal mundial

de distribuição de bens, serviços e surpreendentemente, empregos na área

administrativa e gerencial, inclusive oferece inúmeros serviços de

infoempresários. É ela que está provocando transformações profundas na

economia nos mercados e nas estruturas de indústrias inteiras; nos

produtos, serviços e em seus fluxos; na segmentação, nos valores e no

comportamento dos consumidores; nos mercados de trabalho e de emprego.

Mas talvez seja ainda maior o impacto exercido sobre a sociedade, a política

e, sobretudo, sobre a visão que temos do mundo e de nós mesmos.

O comércio eletrônico que mais cresce nos Estados Unidos ocupa uma

área que, até agora, nem sequer era comércio propriamente dito: o de

empregos para funcionários administrativos, gerentes e executivos. Quase

metade das maiores empresas do mundo hoje contrata por meio de Web

sites. E cerca de 2,5 milhões de administrativos e gerentes (dois terços dos

quais não são engenheiros ou profissionais da área da informática) têm seus

currículos na Internet e buscam emprego por meio dela. O resultado é um

mercado de trabalho completamente novo.

Isso ilustra outro efeito importante do comércio eletrônico. Canis de

distribuição novos mudam a identidade dos clientes e compradores. Eles

modificam não apenas a maneira como os fregueses compram, mas também

o que compram. Transformam o comportamento dos consumidores, os

padrões de poupança , a estrutura da indústrias, em suma, a economia por

inteiro.

O comércio eletrônico é visto como o produto mais visível do

teletrabalho, pois é um novo raciocínio sobre trabalho e emprego na

sociedade da informação.

36

CRIAR, PESQUISAR E CONSUMIR

INFORMAÇÃO

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Bibliotecário de apoio, intermediário, facilitador da informação?

O bibliotecário e o especialista da informação, que trabalham em

organizações e centros de informação, foram sempre vistos como parte do

staff de apoio, trabalhando quietamente nos bastidos, à margem das funções

mais importantes das organizações ou empresas. Mas o fato de que este

profissional possui as habilidades que são muito necessárias para

efetivamente adquirir, organizar e distribuir informação, as organizações

(inteligentes) não podem se dar ao luxo de prescindir de sua contribuição e

participação em atividades estratégicas (Choo, 1998, p.215).

Os bibliotecários, especialistas em informação, devem quebrar essas

barreiras e refazer/inovar as suas funções na empresa, agir de forma mais

agressiva antecipando-se às necessidades e fornecendo informações para a

organização se conhecer melhor e à sua ambiência. Devem ser também os

37

primeiros a fazerem uso de modernas tecnologias de informação e de

software informacional que facilite a recuperação e disseminação da

informação. A sua função globalizada é a de estabelecer conexões com

aqueles que detêm a informação, e os que as querem (Davenport & Prusak,

1993, p.408)

Bibliotecário na organização inteligente

A organização inteligente entende que a descoberta e o uso do

conhecimento pode ser melhor atingidos se fizer uma parceria estratégica

informacional entre aqueles na organização ,que criam e usam a informação,

os especialistas da informação e os especialistas em tecnologia

informacional. Esta sinergia coletiva é necessária para tecer uma rede de

informações estruturadas e não estruturadas, internas e externas, correntes e

históricas, e informações orientadas para o futuro: para criar instrumentos e

métodos para acessar e selecionar a melhor informação disponível; desenhar

arquiteturas informacionais baseadas num entendimento profundo das

necessidades informacionais e de comunicação de seus clientes; e integrar

os processos informacionais da organização, formando uma plataforma para

o aprendizado e desenvolvimento organizacional (Choo, 1998, p.217).

Sair da posição de apoio e de intermediador da informação para a de

criador, agregador de valor e consumidor da informação este é o passo a ser

dado pelo bibliotecário. A melhor forma de fazê-lo é através da inovação e da

educação continuada.

O bibliotecário inteligente

As universidades devem assumir a responsabilidade pela formação,

atualização e adaptação dos profissionais de biblioteconomia aos novos

meios de tornar disponível a informação e aos novos ambientes

organizacionais voltadas para o aprendizado, a criação de conhecimento e à

inovação, onde esse deverá assumir papéis mais proativos.

38

Cursos como por exemplo o de Inteligência Competitiva poderiam ser

ministrados.

Inteligência competitiva, pode ser entendida, como o resultado da

análise de informações e dados coletados, que irá embasar decisões; ou

estrutura de redes ativas baseada em fatores críticos de sucesso16 para a

organização; ou ainda, Processo sistemático de coleta, tratamento, análise e

disseminação da informação sobre atividades de concorrentes, tecnologias e

tendências dos negócios, visando subsidiar a tomada de decisão e atingir as

metas estratégicas da empresa (Gilda Massari Coleho, 2000).

É feita a distinção entre dado (valor sem significado); informação (dado

com significado) e conhecimento (informação estruturada e contextualizada).

O conhecimento (ou inteligência) é o elemento habilitador da decisão. O

processo de Inteligência Competitiva é que da a visão geral consistente, a

partir das informações. O conceito pode ser ilustrado como uma pirâmide em

três camadas (da base para o topo) : fontes, análise e sistema de inteligência

(Fuld, 1995).

A Inteligência Competitiva, quando aplicada ao sistema administrativo,

ou ao planejamento estratégico, ou ainda à coleta de informações para

tomada de decisão empresarial, pode gerar uma série de produtos com

sucessivo grau de valor agregado. Começa no nível mais baixo, com uma

base de dados de informação bruta. A partir desta base de dados, boletins de

notícias são produzidos e distribuídos aos indivíduos na organização. O

próximo nível pode ser representado, por exemplo, pelos perfis da

concorrência que são preparados de forma resumida ou detalhada. A seguir

podem vir os relatórios de impacto estratégico, nos quais começa-se a

agregar valor à informação. É neste nível que a inteligência realmente

16 Fatores Críticos de Sucesso - são aquelas características, condições, ou variáveis que quando

adequadamente sustentadas, mantidas ou gerenciadas podem ter impacto significativo sobre o sucesso

da posição competitividade de uma organização dentro de um segmento industrial específico (como

dentro da indústria da informação) (Leidecker & Bruno, 1984). São variáveis que a gerência pode

influenciar através de suas decisões e que podem afetar significativamente a posição competitiva da

organização ou ainda de vários segmentos de uma indústria. O conceito de fatores críticos de sucesso

pode ser aplicado a três níveis de análise : organizacional, específico daquele segmento (ramo

industrial ou área de atuação), e ambiental econômico, sócio-político). Em número limitado de áreas

nas quais os resultados, se forem satisfatórios, irão assegurar um desempenho competitivo de sucesso

para a organização. Os FCS são os meios que garantem a realização dos objetivos da organização.

39

começa a ser formada porque o impacto potencial é determinado com base

nas notícias. Mais valor ainda é agregado no nível seguinte que consiste

numa análise mais minuciosa da situação. A hierarquia é encabeçada com

resumos mensais de inteligência e resumos especiais direcionados para a

alta gerência (Tyson, 1997)

A Inteligência Competitiva se utiliza de um conjunto de medidas do

planejamento estratégico que inclui a identificação de melhores práticas,

análise de pontos fortes e fracos do mercado e estudo de tendências

(oportunidades, ameaças). Utiliza-se de métodos como a informetria e a

bibliometria, técnicas como a de Delphus, benchmarking, cenários, e outras,

com o objetivo de assegurar um melhor posicionamento no ambiente . Nas

indústrias e no setor produtivo este melhor posicionamento significará

vantagem competitiva frente aos concorrentes.

Em organizações não governamentais ou ainda, sem fins lucrativos, a

inteligência competitiva assume um papel mais próximo à inteligência

cooperativa, fazendo jus ao objetivo dessas organizações, qual seja, o

desenvolvimento de trabalhos voltados para o bem público. Algumas destas

entidades atuam nas áreas de informação e educação, outras são

operacionais e se envolvem com projetos técnicos na área do

desenvolvimento, sem nenhum objetivo de geração de lucros. As bibliotecas,

que são tradicionalmente organizações sem fins lucrativos, se inserem nesta

categoria e devem utilizar a inteligência competitiva e/ou cooperativa para se

posicionarem com alguma vantagem no mercado, aproximando-se de forma

mais personalizada de seu cliente/usuário, ocupando um espaço, que está

cada vez mais tomado por empresas privadas e comerciais.

O que se espera hoje do bibliotecário é a criação e gerenciamento de

informações e oferta de serviços e produtos com valor agregado e em tempo

real. Suas atividades baseiam-se hoje em acervos fixos e dados,

informações, sons e imagens contidos em bases de dados e nos estoques

informacionais digitalizados e disponíveis em redes e na Internet.

Habilidades que se esperam dele são: domínio das tecnologias de

imagem, reconhecimento de caracteres óticos, linguagens Markup,

catalogação e metadados, tecnologia de indexação e de bases de dados,

desenho de interfaces com o usuário, programação, tecnologia de rede

40

(web), e gerenciamento de projetos (Tennant, 1999, p.39). E também trabalho

com a informação, interpretando dados, transformando-os em conhecimento

com valor agregado para a tomada de decisões na organização, ou para

atender necessidades informacionais de pesquisadores, e ainda de qualquer

tipo de usuário.

Espera-se também do bibliotecário uma atitude profissional proativa que

o posicione com destaque, como especialista da informação que é, e como

empresário , no contexto da Sociedade da Informação. Espera-se dele

também uma atitude de vigilância com o bem (informacional) público e com o

desenvolvimento e disseminação dos conteúdos informacionais através das

redes.

Percebe-se, na Sociedade da Informação, que a atividade informacional

está presente em todos os ambientes organizacionais e não apenas nas

bibliotecas, abrindo campo para inúmeras profissões da informação, mas com

um core comum, o ciclo informacional.

Finalizando, os perfis profissionais que podem ser detectados hoje,

incluem muitas características do profissional tradicional, mas também muitos

outras que emergem das inúmeras possibilidades que as modernas

tecnologias, as redes, a web, e a Internet têm propiciado, em especial o que

tange à recuperação da informação e ao atendimento personalizado aos

usuários, bem como as modernas teorias de gestão e trabalho com a

informação.

41

ARQUIVOLOGIA

http://www.apostilasdigitais.com/diretorio/produtos/arquivologiaconc1.jpg

Desde o desenvolvimento da Arquivologia como disciplina, a partir da

segunda metade do século XIX, talvez nada tenha sido tão revolucionário

quanto o desenvolvimento da concepção teórica e dos desdobramentos

práticos da gestão.

A gestão de documentos é uma operação arquivística, "o processo de

reduzir seletivamente a proporções manipuláveis a massa de documentos,

que é característica da civilização moderna, de forma a conservar

permanentemente os que têm um valor cultural futuro, sem menosprezar a

integridade substantiva da massa documental para efeitos de pesquisa.

Embora sua concepção teórica e prática tenha se desenvolvido após a

Segunda Guerra Mundial, a partir dos E.U.A. e do Canadá, a gestão de

documentos teve suas raízes no final do século XIX, em função dos

problemas detectados nas administrações públicas destes dois países,

referentes ao uso e guarda da documentação.

Na primeira metade do século XX criaram-se comissões que visavam

tornar mais eficiente o uso dos documentos por parte da administração

pública.

42

Vale ressaltar que durante esse período, as instituições arquivísticas

(públicas) caracterizavam-se pela função de órgãos estritamente de apoio à

pesquisa, comprometidas com a conservação e o acesso aos documentos

considerados de valor histórico.

Paralelamente iniciava-se a era da chamada administração "científica",

que procurava mostrar aos administradores como racionalizar o processo

administrativo, desenvolvendo suas atividades de forma menos dispendiosa,

melhor e mais rápida. A palavra-chave das administrações dos países

desenvolvidos - sobretudo gestão de documentos os E. U. A. - , passou a ser

eficiência.

A aplicação dos princípios da administração científica para a solução

dos problemas documentais gerou o conjunto de princípios da gestão de

documentos, os quais resultam, sobretudo, na necessidade de se racionalizar

e modernizar as administrações. Não se tratava de uma demanda setorizada,

produzida a partir das próprias instituições arquivísticas. A gestão de

documentos veio a contribuir para as funções arquivísticas sob diversos

aspectos:

ao garantir que as políticas e atividades dos governos fossem

documentadas adequadamente;

ao garantir a melhor organização desses documentos, caso tivessem

valor permanente;

ao inibir a eliminação de documentos de valor permanente;

ao definir criteriosamente a parcela dos documentos que constituiriam o

patrimônio arquivístico do país, ou seja, 5% da massa documental

produzida (segundo a UNESCO).

No VIII Congresso Internacional de Arquivos, realizado em Washington,

em 1976, a gerou maior consciência em todo o governo, no caso norte-

americano, quanto ao significado dos documentos, qualquer que fosse o

suporte, e as suas necessidades de conservação.

As instituições arquivísticas públicas, particularmente os Arquivos

Nacionais dos Estados Unidos e do Canadá, adquiriram uma nova feição,

43

assumindo também a função de órgão de apoio à administração pública, com

a competência de orientar programas de gestão de documentos nos diversos

órgãos governamentais.

A INFORMAÇÃO ARQUIVÍSTICA

http://2.bp.blogspot.com/-

KxsuR3_o50Q/UCRw6oUekkI/AAAAAAAAACg/nGIrXZ4Sf7M/s1600/arquiv.jpg

Considerando a literatura da área e as práticas desenvolvidas em

alguns países, pode-se sugerir que as políticas arquivísticas têm como

pressuposto:

o reconhecimento da informação governamental como um recurso

fundamental para o Estado e a sociedade civil;

a informação governamental contempla a sociedade civil com o

conhecimento do Estado e da própria sociedade civil - passado e

presente;

a informação assegura transparência ao Estado, facilitando ao governo

administrar suas diversas funções sociais;

o livre fluxo de informação entre Estado e sociedade civil é essencial

para uma sociedade democrática: cabe, assim, ao governo minimizar a

44

carga de demanda sobre a sociedade civil, diminuindo o custo de suas

atividades de informação e maximizando a utilização da informação

governamental;

os benefícios sociais derivados da informação governamental devem

exceder os custos públicos da informação, ainda que tais benefícios não

possam ser sempre quantificáveis;

a gestão de documentos (correntes e intermediários) governamentais é

essencial para assegurar transparência e, em conjunto com a

administração dos arquivos permanentes, proteger os documentos

históricos e assegurar direitos legais e financeiros ao Estado e à

sociedade;

o intercâmbio transparente e eficiente da informação científica e

tecnológica, estimula a excelência na pesquisa científica e o uso efetivo

dos recursos públicos de apoio à pesquisa e ao desenvolvimento;

a tecnologia da informação não é um fim em si mesmo, trata-se de um

conjunto de recursos que auxilia a efetividade e eficiência das ações do

governo.

45

ARTIGO PARA LEITURA

Educação, trabalho e o delineamento de novos perfis profissionais:

o bibliotecário em questão

Maria da Conceição Calmon Arruda

Mestre em ciência da informação, bibliotecária da Procuradoria-Geral da

Câmara Municipal,

E-mail: [email protected].

Regina Maria Marteleto

Professora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação,

Convênio CNPq/IBICT – UFRJ/ECO.

E-mail: [email protected]

Donaldo Bello de Souza

Professor da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de

Janeiro - UERJ.

Resumo

O movimento de reestruturação da qualificação profissional não é exclusivo

da área de informação, mas se insere nas transformações por que passa o

mundo do trabalho. O texto contextualiza o cenário em que emerge a

demanda por um trabalhador mais qualificado e mostra a discussão em torno

das qualificações necessárias para que o bibliotecário interaja como sujeito

frente aos novos requerimentos do mundo do trabalho.

Palavras-chave: Bibliotecário; Qualificação profissional; Trabalho-Educação.

Education, work and job skills: the librarian on focus

46

Abstract

The demand for new skills and qualifications is not exclusive information

professionals. Thus the general context in which this happens is analysed and

the new skills librarians are expected to develop are discussed.

Keywords

Librarian; Job skills; Education; Trainning.

INTRODUÇÃO

O atual estágio de desenvolvimento tecnológico, rico em possibilidades

de armazenamento, acesso e disseminação de informações, traz novamente

à pauta de discussão o papel do profissional da informação em relação ao

aparato científico-tecnológico e sua afirmação como gestor da informação.

Contudo, sob uma nova materialidade: a informação, no novo modelo

econômico, é percebida como um valor, dada a possibilidade de vir a se

transformar em conhecimento e em inovação tecnológica. Esta nova

dimensão da informação, aliada ao desenvolvimento tecnológico, desvincula

a informação de espaços restritos e de monopólios profissionais.

Neste novo cenário, a tecnologia possibilita autonomia ao usuário,

demandando nova postura dos profissionais da informação, que passam a ter

seu campo de atuação ampliado e redimensionado. Conjugado ainda aos

novos modelos organizacionais e de gestão do trabalho, que privilegiam,

entre outros fatores, as descrições de cargos genéricas e a flexibilidade

funcional, faz com que a área de informação passe a congregar profissionais

de outros campos de atuação, causando tensão e insegurança aos

profissionais tradicionalmente vinculados a ela.

Os espaços antes restritos em que estes profissionais atuavam perdem

o monopólio sobre o gerenciamento da informação, o qual passa a ser

efetuado de forma descentralizada e por profissionais oriundos de outras

áreas do conhecimento. O acesso remoto possibilita a conexão com fontes

de informação geograficamente distantes e a autonomia dos usuários, que

passam a contar com formas alternativas de acesso.

As mudanças em pauta suscitaram uma série de questões na área de

informação tanto no que diz respeito ao "novo" perfil do profissional da

47

informação, quanto à capacidade do setor acadêmico em fornecer uma

resposta adequada ao mercado de trabalho na forma de cursos de formação

profissional e de educação continuada.

O objetivo deste artigo é mostrar que a demanda por um novo perfil

profissional não é exclusiva da área de informação, mas se insere e se

articula com as mudanças introduzidas no mundo do trabalho e na demanda

do setor produtivo por um trabalhador mais qualificado. Para dar conta deste

objetivo, estabelecemos a conexão com a área de Trabalho-Educação2 a fim

de identificar e compreender os elementos e as materialidades que estão

afetando o mundo do trabalho e contribuindo para a conformação de um novo

modelo de qualificação profissional.

Este artigo divide-se em seis partes: após a presente, de caráter

introdutório, analisamos as mudanças no mundo do trabalho; na terceira

estudamos a emergência de novos perfis profissionais; a quarta parte trata

dos efeitos das mudanças no padrão de qualificação profissional na área de

informação; a quinta mostra a discussão em torno das qualificações

necessárias para que o bibliotecário interaja como sujeito diante dos novos

requerimentos do mundo do trabalho; por fim, na conclusão, indicamos que

as mudanças no perfil profissional não são exclusivas da área da informação,

mas se articulam, como as demais profissões, com as transformações em

curso no mundo do trabalho.

MUDANÇAS NO MUNDO DO TRABALHO

A regulamentação do trabalho assalariado, que teve início no século

passado e alcançou seu apogeu no Estado Providência, está sendo

desmontada sem que o modelo de compromisso social entre capital e

trabalho tenha alcançado a totalidade dos países e o conjunto dos

trabalhadores. O redimensionamento da relação capital/trabalho e a revisão

dos direitos trabalhistas passam a ser parte integrante da estratégia adotada

pelos países para superação da crise econômica e implementação do novo

modelo econômico, produzindo modificações na organização do trabalho e a

aparente subtração do trabalho, principalmente do trabalho assalariado, como

forma de integração social, de mobilidade ascendente e de garantia de um

futuro melhor para o indivíduo e sua família (Castel, 1998).

48

Segundo Castel (1998), estaríamos diante não do desaparecimento do

trabalho, mas de um movimento de crescente precarização do mesmo,

manifesto pela diminuição da oferta do pleno emprego, pelo aumento de

contratos de trabalho por tempo determinado, pela desabilitação de uma

parcela da população para o emprego e pela crescente dificuldade de

absorção dos jovens pelo mundo do trabalho. E, independentemente das

materialidades dos países, em menor ou maior grau, identifica-se um

movimento de uniformização na adoção de políticas trabalhistas

desvinculadas das conquistas dos trabalhadores e do Estado Providência.

Em sua crítica à tese da não-centralidade do trabalho na sociedade

contemporânea (Offe, 1989a; Offe, 1989b; Habermas, 1987), Castel (1998)

utiliza-se de dados que demonstram que o número de indivíduos vinculados a

uma atividade formal não decresceu na França. Segundo o autor, o que se

observa é o incremento do emprego precário e a intensificação do trabalho,

este último caracterizado pelo aumento de tarefas, horas trabalhadas e pela

imbricação do trabalho no tempo livre dos indivíduos.

"Inúmeras formas modernas de emprego pedem (...) uma

disponibilidade constante e, a rigor, uma conversão total aos valores da

empresa. O medo da dispensa acentua ainda mais essa pressão; o indivíduo

é levado a pensar no trabalho fora da situação de trabalho e tenta garantir-se

contra uma má avaliação superinvestindo no trabalho" (Castel, 1998 , p. 156).

O emprego de meio período frutificou e deu origem a novos arranjos

trabalhistas, como, por exemplo, o emprego de fim de semana, de meia

semana, zero hora etc., dotando as organizações com um contigente de

trabalhadores móvel e flexível. É importante ressaltar que não se identifica

um consenso entre os autores sobre os efeitos da flexibilização para o

trabalhador.

Toffler (1980) percebe o emprego parcial como mutuamente benéfico

para trabalhadores e empregadores, liberando os primeiros para o

desenvolvimento de tarefas e atividades particulares e possibilitando aos

empregadores as condições ideais para adequação da força de trabalho de

acordo com as oscilações da economia globalizada e do mercado interno.

Outros autores, Freeman (1995) e Harvey (1996), por exemplo, também

identificam um diálogo entre trabalhadores e empregadores nos arranjos de

49

trabalho parcial, mas alertam sobre a crescente terceirização da força de

trabalho, sua exclusão dos benefícios oferecidos aos empregados centrais e

sua descartabilidade.

Castells (1996) chama a atenção para o risco de que, sem

regulamentação, evolua para um patamar em que a flexibilização seja a

regra, e não a exceção nas condições de trabalho, pois, apesar da

mobilidade do capital e dos apelos da globalização, os dados analisados pelo

autor sobre a mobilidade da força de trabalho indicam que o mercado de

trabalho só se globaliza para um pequeno grupo da população mundial,

altamente qualificado.

Além disso, ao valorizar o trabalho qualificado, o novo modelo

econômico expõe a fragilidade do trabalho não qualificado, cujo custo se

torna muito alto para sua manutenção nas organizações, gerando uma

demanda decrescente, pois:

"Quando governos e organizações não podem efetuar mudanças nos

contratos de trabalho, como na União Européia, o custo do trabalho não

qualificado torna-se muito alto com referência às commodities

comercializadas com os países de industrialização recente. Segue-se o

desemprego da força de trabalho não qualificada que era, comparativamente,

muito dispendiosa, tendo em vista sua baixa qualificação" (Castells, 1996, p.

237-238).

Esse cenário é agravado pelo fato de a flexibilização da produção e as

tecnologias de informação permitirem às organizações, além da redução de

custo, a contratação de mão-de-obra qualificada em qualquer parte do

planeta. As organizações podem utilizar – sem necessidade de deslocamento

físico, nem perda de qualidade – os serviços de trabalhadores altamente

especializados, locados em qualquer região do globo que possua uma

infraestrutura de informação e comunicação adequada e um ambiente

político-econômico receptivo. Fazem parte dessa nova força de trabalho:

"(...) engenheiros e cientistas de computação [indianos] que recebem

aproximadamente 20% do salário pago nos Estados Unidos para atividades

similares. O mesmo ocorre no setor financeiro e no de negócios em

Singapura, Hong Kong e Taipei" (Castells, op. cit., p. 238).

50

Paralelamente a esse quadro de exclusão, centralização, desemprego,

desabilitação e fragmentação presente no mundo do trabalho, ressurgem os

modelos de valorização do ser humano que exaltam a importância de

oferecer ao trabalhador saúde, educação, reconhecimento de seu

desempenho (ascensão profissional, gratificação, prêmios), percebendo-o

como um colaborador da organização. De acordo com Frigotto (1996) e

Kuenzer (1995), esse cenário paradoxal só pode ser entendido a partir da

compreensão de que essa valorização está ligada à própria fragilidade do

modelo flexível, de sua dependência do envolvimento humano.

"Se por um lado retomam-se os investimentos no homem', de modo a

viabilizar a extração de mais-valia extraordinária através de novas

estratégias, por outro lado, o princípio continua a ser a velha concepção

taylorista de redução de tempos mortos (...) buscando novas formas de

realização do taylorismo `casado' com a teoria das relações humanas que

gerou o comportamentalismo na década de 50 e que apenas se sofistica, a

partir das determinações da modernidade, que contraditoriamente

expressam, ao nível das ideias, um aparente maior respeito pelo homem, sua

razão, seus sentimentos e seus direitos, a par da realização material de

crescentes formas de exclusão do emprego, do consumo, da educação, da

saúde, etc." (Kuenzer, 1995, p. 4).

Ainda de acordo com Kuenzer, a organização flexível, para se

concretizar, precisa contar com um núcleo central motivado, envolvido e

disposto a internalizar os objetivos e as metas da organização. O capital

humano passa a ser o fator diferencial de ganho, uma vez que o máximo de

produtividade calcado em máquinas tem um. As organizações passam a

preferir modelos e ferramentas organizacionais que privilegiem a integração

funcional e organizacional, assim como trabalhadores aptos a articular seu

conhecimento em função do novo padrão produtivo.

O enfraquecimento dos sindicatos, aliado à retração do mercado de

trabalho, permite às organizações maior autonomia no estabelecimento de

um perfil profissional adequado aos seus interesses. O trabalhador, além de

conviver com a precarização do emprego, com novos arranjos de trabalho,

com o desemprego, tem de responder à exigência de maior qualificação.

Ampliam-se os requisitos profissionais. Em adição às qualificações formais,

51

são exigidas capacitações tácitas3 que permitam ao trabalhador atuar como

agente integrador na dinâmica pesquisa-produção-vendas, o que leva a um

novo perfil profissional que privilegia a criatividade, a interatividade, a

flexibilidade e o aprendizado contínuo.

A EMERGÊNCIA DE NOVOS PERFIS PROFISSIONAIS

Conforme postulado anteriormente, o novo modelo econômico interpõe

um novo perfil profissional que requer, além de maior qualificação

profissional, maior envolvimento emocional e social do trabalhador. Elege-se

como ideal o profissional que potencialize a comunicação, a interpretação de

dados, a flexibilização, a integração funcional e a geração, absorção e troca

de conhecimento. Este, portanto, deve ser capaz de operacionalizar seu

conhecimento profissional de modo integrado às suas aptidões e vivências

socioculturais. O trabalhador adestrado, característico do modelo fordista4,

deixa de atender aos requisitos do novo padrão produtivo. É necessário um

profissional capaz de interpretar dados e sinais emitidos pelos novos

sistemas autômatos, agindo pró-ativamente a partir desses dados, atuando

como agente do processo de inovação. Em vez de ser responsável por uma

só tarefa, o que caracterizava a especialização, solicita-se que ele cumpra

diversas tarefas, que seja polivalente ou multifuncional, demonstrando

responsabilidade pelo seu processo de trabalho5.

A opção por equipes de trabalho é uma estratégia utilizada pelas

organizações para obtenção da polivalência. As equipes viabilizam a

integração de profissionais de áreas diversas, com um nível de qualificação

mais elevado, direcionados à resolução de problemas. Essas equipes podem

ser inter, multi ou transdiciplinares, dependendo da estratégia organizacional.

No trabalho em equipe, a hierarquia é regulada por seu mediador e pelos

diversos papéis que seus integrantes assumem no decorrer dos projetos. Seu

ritmo de trabalho e o desempenho de seus integrantes são subordinados aos

prazos e metas fixados pela organização. Os indivíduos interagem em

grupos, mas não são parceiros do grupo, e sim da organização,

comprometidos com sua visão estratégica e sua missão organizacional

(Machado, 1996). É dentro dessa dinâmica que as equipes se auto-avaliam,

avaliam seus integrantes e são avaliadas pela organização.

52

Segundo Machado (1996), no trabalho em equipe a semi-autonomia é

regulada por um tempo informático e pelos laços de responsabilidade e

motivação dos trabalhadores com a empresa. O êxito e absorção de

conhecimento de uma equipe pode não se transmutar em conhecimento para

outras equipes ou mesmo para todos os indivíduos que as compõem. Já

Deluiz (1994) vê o trabalho em equipe como uma oportunidade para a

emancipação do trabalhador, tanto no que diz respeito à organização dos

trabalhadores e reivindicação por melhores condições de trabalho, quanto à

participação no processo decisório da organização. Nesse sentido, a

valorização da comunicação no novo modelo é um fator que pode atuar como

elemento integrador.

Contudo, a demanda por um profissional mais integrado e responsável

não necessariamente se apresenta como contrapartida para a ampliação de

sua participação no processo decisório das organizações (Bourdieu, 1998;

Kuenzer, 1995; Lojkine, 1995), nem uma superação do taylorismo, o que

ocorre é que o controle sobre o trabalho deixa de ser exercido de fora para

dentro, na forma taylorista pura, para ser internalizado pelo trabalhador

através de seu comprometimento com os valores, a missão e os objetivos da

organização. A análise de Bourdieu (1998, p. 225) é que, longe de oferecer

uma transição para uma forma de organização do trabalho que torne possível

o enriquecimento da tarefa, os novos modelos de gestão estabelecem, a

partir de estudos científicos e acadêmicos, ferramentas organizacionais que

permitem "tirar proveito de maneira metódica e sistemática6 de todas as

possibilidades que a ambiguidade do trabalho oferece objetivamente às

estratégias patronais". Muda-se a roupagem, mas a essência de controle e

dominação permanece subjacente sob a forma de desemprego, de

precarização do emprego e das condições de trabalho.

Apesar de desenvolver uma análise similar, Lojkine (1995) identifica, na

própria característica do novo modelo, que requer dos trabalhadores

integração e interatividade com os processos desenvolvidos pela

organização, uma oportunidade para a superação da divisão histórica entre

aqueles que planejam e aqueles que executam o trabalho.

As alterações no perfil profissional não se restringem ao âmbito da

qualificação profissional e da gestão do trabalho, mas abrangem o conteúdo

53

e a forma como o trabalho é realizado, como o trabalhador se relaciona e se

socializa no ambiente de trabalho. Atingem a subjetividade do sujeito,

invadindo seu espaço social, seu comportamento individual e coletivo.

Necessita-se de um profissional flexível, apto a atuar em situações de

trabalho diferenciadas e a mobilizar seu conhecimento em prol da

organização.

No entanto, do ponto de vista dos enfoques que versam sobre o

trabalho no processo de produção capitalista, não há consenso. Segundo

Paiva (1989), coexistem quatro teses básicas:

(1) Tese da Desqualificação Progressiva da Força de Trabalho: como

ocorreu na passagem da fase artesanal para a manufatura, no capitalismo

ocorre, tendencialmente, a desqualificação do trabalhador;

(2) Tese da Requalificação: a nova base técnica possibilitaria uma

elevação da qualificação média dos trabalhadores;

(3) Tese da Polarização das Qualificações: criação efetiva de poucos

postos de trabalho de qualidade que exigiram profissionais altamente

qualificados em oposição à geração de muitas vagas para profissionais pouco

qualificados, com aprofundamento das diferenças salariais entre

trabalhadores qualificados e trabalhadores não qualificados;

(4) Tese da Qualificação Absoluta e da Desqualificação Relativa:

elevação da qualificação média e redução da qualificação relativa "o nível de

conhecimentos atingidos pela humanidade se reduziria se comparado com

épocas pretéritas" (Paiva, 1989, p. 4-5).

Jones & Wood (1984), em sua argumentação contra a tese da

desqualificação e substituição de mão-de-obra, destacam a importância da

relação custo versus benefício para as organizações na adoção de novas

tecnologias. Salientam que a opção por uma tecnologia não estaria

unicamente vinculada ao controle sobre os trabalhadores, mas também a

uma série de fatores que englobam a estratégia da organização, o mercado

consumidor, a concorrência, o mercado de trabalho etc., os quais

seguramente são levados em consideração quando da opção ou não por uma

tecnologia.

No que tange à tese da polarização das qualificações, hegemônica nos

anos 70, Hirata (1996) sustenta que esta não teve comprovação empírica nas

54

pesquisas realizadas na década seguinte, em virtude de ter ocorrido uma

requalificação em larga escala dos trabalhadores, decorrente da adoção

pelas empresas de um novo padrão produtivo e de organização do trabalho.

Carvalho (1996), Machado (1991) e Paiva (1989) também sinalizam para um

aumento médio na qualificação dos trabalhadores oriundo da adoção dos

novos modelos de gestão e das novas tecnologias, mas ressaltam que esse

aumento é heterogêneo, não podendo ser generalizado para o conjunto da

população.

No que diz respeito à desabilitação profissional7 e ao surgimento de

novas ocupações, a análise de Assis (1996) afirma que, com a automação,

existe uma tendência de algumas ocupações virem a ter sua posição

redefinida e/ou desaparecerem e de criação de outras. Todavia, a autora

destaca que não se identifica uma ruptura entre as ocupações dimensionadas

sobre a nova base técnica e as ocupações preexistentes, havendo, portanto,

uma qualificação adicional, a qual pode ser construída a partir de um

conhecimento já sedimentado, passando a se constituir no ponto de partida

da nova qualificação. A consideração da existência de uma nova ocupação

implicaria que a incorporação de inovações tecnológicas na rotina do trabalho

gerou mudanças tão intensas no conteúdo deste que as qualificações

anteriores se tornaram ultrapassadas: "nessa situação, não se trata de

adaptar ou reconverter conhecimentos e habilidades do sistema convencional

para o `novo', pois as funções emergentes prescindem destes" (Assis, 1996,

p.191).

Sem subtrair a importância da demanda por maior qualificação do

trabalhador no design do novo perfil profissional, é importante destacar a

valorização de qualificações tácitas na composição deste perfil e o forte apelo

para o comprometimento efetivo dos trabalhadores com a organização. Essa

transição é identificada pela área de trabalho-educação como uma

oportunidade e, ao mesmo tempo, como uma ameaça: uma oportunidade

para se construir um modelo de educação integral, que capacite os indivíduos

como agentes de seu destino e de sua história (Frigotto, 1996; Machado,

1992) e, em concomitância, uma ameaça de desvalorização do padrão

escolar e de estabelecimento de modelos de reconhecimento e certificação

55

pelo setor produtivo que não habilitem os indivíduos com saberes concretos e

duradouros (Lope & Martin Artiles, 1998; Stroobants, 1997; Tanguy, 1997).

OS EFEITOS DAS MUDANÇAS NA ÁREA DE INFORMAÇÃO

Os profissionais da informação estão sendo instados a reafirmar sua

importância e seu valor para o mundo do trabalho, em meio à transição para

um novo modelo de qualificação profissional. Uma controvérsia que vem

permeando a área de informação é a retirada de qualquer referência à

palavra biblioteca do nome das instituições de formação profissional, que

passariam a ser nomeadas pela expressão informação ou por ciência da

informação. O argumento que respalda essa mudança é que a palavra

biblioteca restringe o âmbito de atuação dos profissionais e dificulta a

identificação dos mesmos pelo mercado de trabalho, para atuação em outros

espaços profissionais. A tese contrária a essa alteração destaca que o estudo

da informação como fenômeno não fornece o suporte teórico necessário para

a complexidade que envolve o conceito de biblioteca (Crowley & Brace,

1999).

Schiller (1996) atribui as transformações por que estão passando as

bibliotecas e os bibliotecários americanos não só à forma mercadoria que a

informação está assumindo nesse fim de século, uma vez que desde a

invenção da imprensa ocorre o comércio e o empacotamento do

conhecimento, mas ao estabelecimento de uma política de eficiência e

lucratividade nos serviços públicos, que não condiz com a tradição de

gratuidade e livre acesso defendida pelos bibliotecários. Para o autor, em um

momento em que as bibliotecas se orientam para clientes, para a geração de

recursos, é necessário um profissional com a mesma visão, e não aquele

voltado para problemas humanísticos, como, por exemplo, o acesso e

disponibilização democrática de informação.

Com o objetivo de identificar de que forma os profissionais da

informação estão lidando com as mudanças no mundo do trabalho e em seu

perfil profissional, a Federação Internacional de Informação e Documentação

(FID) criou, em 1991, o Grupo de Interesse Específico sobre Papéis,

Carreiras e Desenvolvimento do Moderno Profissional da Informação (SIG

56

FID/MIP), que realizou uma pesquisa mundial entre os profissionais da área

para identificar seu perfil "moderno"8.

No item da pesquisa da FID relativo às mudanças que estão ocorrendo

no conteúdo do trabalho nos últimos cinco anos, a tecnologia desponta como

propulsora das principais modificações, seguida por elementos de gestão

organizacional e do trabalho, tais como intensificação do trabalho, aumento

da responsabilidade individual9, influência do mercado internacional e da

competitividade e outros. No que diz respeito às qualificações necessárias

para ascensão profissional, as respostas mais frequentes foram as seguintes:

domínio das tecnologias de informação, aquisição de mais de um idioma,

capacidade de comunicação e de relacionamento interpessoal,

gerenciamento etc. Uma das conclusões da pesquisa que merece destaque é

que não se identifica uma unicidade nas qualificações requeridas ao

"moderno" profissional da informação10. Quanto às principais barreiras do

desenvolvimento profissional, detectam-se dois padrões de respostas, um

relacionado a qualificações e habilidades a serem desenvolvidas, tais como

treinamento, qualificação, atitudes comportamentais, e outro referente a

fatores circunstanciais, como gênero, idade, cultura organizacional etc.

Na visão da vice-presidente da FID, Margarita Almada de Ascencio:

"Nenhum profissional da atualidade tem condições de reunir todas as

habilidades, conhecimentos e competências necessários para interagir e

equacionar os problemas decorrentes dos fluxos de informação e

conhecimento. Para resolvê-los é necessária a formação de equipes

interdisciplinares em todos os níveis e processos: estratégicos, gerenciais e

operatórios (Almada de Ascencio, 1997, p. 9)"11.

A etapa brasileira da pesquisa foi realizada de acordo com as

recomendações da FID, sob o patrocínio do Instituto Euvaldo Lodi do Distrito

Federal (IEL/DF), em parceria com o Instituto Brasileiro de Informação em

Ciência e Tecnologia (IBICT). Os responsáveis por unidades de informação

especializadas em ciência e tecnologia integrantes do sistema

Comut12compõem o universo pesquisado, devido à inexistência de um

cadastro nacional por categoria profissional. O levantamento foi realizado

mediante o envio de questionários e posterior tabulação dos dados13. Um de

seus desdobramentos é fornecer subsídios ao IEL/DF e ao IBICT para

57

formulação de cursos de treinamento e educação continuada para os

profissionais da informação (Tarapanoff, 1997). Entre as variáveis

pesquisadas, concentramo-nos na análise do perfil do profissional informante

e no perfil das mudanças e tendências.

A pesquisa constata que o perfil do profissional informante é composto

prioritariamente de bibliotecários, sendo os demais profissionais oriundos de

áreas diversas, e que o grupo pesquisado apresenta um percentual

significativo de pós-graduados lato sensu (39,50%) e stricto sensu (12%). Em

relação à Educação Continuada, esta ocorre principalmente no ambiente de

trabalho, voltada para a assimilação de ferramentas gerenciais, o que não

constitui uma surpresa, visto que a pesquisa foi direcionada aos responsáveis

pelas unidades de informação. A educação a distância só foi vivenciada por

10% dos pesquisados.

Na categoria Mudanças e Tendências, a tecnologia é indicada como o

principal fator de mudanças nos últimos três anos. No que tange ao

conhecimento técnico e habilidades necessárias para a virada do milênio,

destacam-se o desenvolvimento de produtos e serviços, a cooperação em

redes e as novas tecnologias. Quanto às qualificações necessárias para o

desenvolvimento profissional, desponta em primeiro lugar o treinamento para

a inovação e desenvolvimento de produtos e processos – seguido pelo

treinamento para cooperação em redes, novas tecnologias, treinamento para

a qualidade; treinamento em recursos e disponibilidade informacionais,

treinamento para a competitividade, ordenamento/cadastramento da

informação eletrônica por meio da criação de cadastros em World Wide Web

e outros.

As mais citadas entre as barreiras para o desenvolvimento profissional

foram as seguintes: inadequação da grade curricular dos cursos de

biblioteconomia, documentação e ciência da informação à realidade do

mercado de trabalho; a carência de apoio da instituição para a educação

continuada e o treinamento em serviço; falta de motivação dos profissionais

para a educação continuada; por fim, a oferta reduzida de cursos voltados

para inovações tecnológicas.

Embora a pesquisa brasileira tenha se restringido aos profissionais

vinculados à área de ciência e tecnologia, o diagnóstico sobre a necessidade

58

de educação continuada e de maior envolvimento com os objetivos da

organização é concorrente com o que emerge da literatura analisada sobre

mudança no perfil dos profissionais da informação.

Vale destacar que a automação total ainda não faz parte da realidade

das unidades de informação pesquisadas e que a multiplicidade de recursos

informacionais dificulta uma tipologia das diversas áreas de atuação dos

profissionais da informação. Estes fatos sinalizam para um desafio referente

à capacidade dos cursos de formação profissional em desenvolver/ajustar

seus currículos e cursos de educação continuada às mutações da sociedade

de forma a abranger todas as nuanças da área de informação e responder às

necessidades dos profissionais.

A VISÃO DOS CURSOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

A discussão em torno das qualificações necessárias para que o

profissional da informação interaja como sujeito diante das demandas do

mundo do trabalho não é recente, muito menos a pressão para que os cursos

de formação profissional adaptem seus currículos às transformações da

sociedade.

Segundo Menou (1996, p.7), muitas das atividades eleitas como novas

estão sendo discutidas desde a década de 50. Assim, estar-se-iam

confundindo os novos modelos organizacionais e a sofisticação do aparato

técnico com a emergência de um novo profissional, embora "a conceituação,

o quadro operacional, as necessidades" se mantenham.

Os textos da década de 80 (Figueiredo & Lima, 1986; Robredo, 1986)

orientam os profissionais para o aprofundamento de estudos nas áreas de

administração, gerenciamento de bases de dados e de recursos humanos,

marketing de serviços, tecnologia de informação, a fim de que os mesmos

possam responder às demandas de qualificação do mercado de trabalho.

Figueiredo & Lima (1986) destacam que o novo cenário científico-

tecnológico, aliado a uma nova conformação político-econômica, leva à

valorização da informação como insumo do processo econômico, redefinindo

as qualificações do profissional da informação para o mundo do trabalho:

59

passa-se a requerer capacidade gerencial e administrativa voltada para os

acervos informacionais, assim como educação continuada. Nesta mesma

linha, Robredo (1986) afirma que o desenvolvimento tecnológico, aliado ao

novo modelo econômico, que passa a valorizar a informação em sua

estrutura de troca, tem como uma de suas consequências a redefinição do

conceito de biblioteca e do perfil do profissional da informação. Identifica,

ainda, a necessidade de adaptação do currículo, em vista da incorporação de

novas atividades ao conteúdo do trabalho dos bibliotecários:

"I) a aplicação dos recursos de processamento eletrônico de dados e de

telecomunicações; II) as técnicas gerenciais; III) o desenvolvimento dos

esquemas cooperativos com vistas à organização de redes; IV) o

desenvolvimento de técnicas de análise da informação e indexação"

(Robredo, 1986, p. 61).

Podemos depreender, a partir do enfoque dos autores acima

referendados, a existência de consenso em torno da ocorrência de uma

intensificação do trabalho do profissional da informação, que tem novas

atividades acrescidas ao seu processo de trabalho, as quais demandam

maior envolvimento intelectual.

Em paralelo a essa intensificação do abstração do trabalho14, a indústria

da informação passa a buscar no mercado de trabalho profissionais capazes

de gerenciar seu acervo informacional. Entretanto, mais que uma formação

em biblioteconomia ou em ciência da informação, as organizações passam a

valorizar a polivalência, o domínio do universo tecnológico e as atitudes

comportamentais:

"Enquanto a possessão de um certificado credenciado ou um diploma

de uma escola de biblioteconomia ou ciência da informação é frequentemente

a qualificação necessária e suficiente para a carreira na área de

biblioteconomia e documentação, este tem um peso bem menor na indústria

de informação" (Cronin, 1983, p. 13)

Caballero Valdés & Perón González (1998), Grover et al. (1997) e

Ortega Carrasco & Sanchez Vanderkast (1998) fazem eco a Cronin (1983),

ao ressaltar a importância de qualificações comportamentais para a atuação

dos profissionais em questão, assim como a necessidade de uma

reestruturação dos cursos de modo a adequá-los aos novos requerimentos

60

do mercado de trabalho. Como síntese dos elementos relacionados por estes

autores, como importantes para a capacitação dos profissionais da

informação, destacamos: a educação continuada, a adaptabilidade social, a

capacidade de mobilizar seu conhecimento para o alcance dos objetivos da

organização, o aprender a aprender, a sociabilidade, a lealdade e a

responsabilidade. A novidade da discussão atual parece residir na ênfase

dada à educação continuada, às qualificações tácitas e a atitudes

comportamentais.

Intensificam-se as pressões para rápida adaptação do setor acadêmico

à nova conformação do mundo do trabalho, aliadas a um novo fator: o

profissional da informação também passa a ser cobrado a investir em seu

aperfeiçoamento contínuo, seja este aperfeiçoamento pela via da educação

continuada e/ou por aprendizado autônomo; por sua capacidade de articular

e aprofundar conhecimentos que respondam às demandas do setor

produtivo, ou por sua capacidade de transferir para o trabalho sua vivência

profissional e sociocultural. A qualificação profissional passa a ser "um fator

coadjuvante", mas não determinante do sucesso profissional, uma vez que a

esta se aliam "a trajetória de vida do profissional (antes mesmo de sua

formação acadêmica), suas aptidões culturais, profissionais, políticas e

sociais" (Marchiori, 1992, p. 3).

Segundo Hafter & Wollss (1998), há um consenso entre os diversos

atores da área de informação (professores, gerentes e profissionais) quanto à

importância da educação continuada como forma de sobrevivência e

desenvolvimento profissional. Em seu estudo acerca das pesquisas

realizadas sobre a necessidade de educação continuada dos bibliotecários15,

constatam que, apesar das diferenças de metodologia, escopo, faixa etária

do grupo pesquisado etc. dessas pesquisas, o fantasma do descompasso

tecnológico é presente entre os profissionais, tanto que "o mantra que todos

os pesquisados entoam é o de solicitação por tecnologia, mais solicitação por

tecnologia, e ainda mais solicitação por tecnologia" (Hafter & Wollss, 1998, p.

2). Mas, embora a tecnologia informacional seja um componente importante

da realidade contemporânea e da (re)definição do processo de trabalho, as

análises sobre os novos requerimentos do conteúdo do trabalho dos

profissionais da informação sinalizam não para a operacionalização

61

tecnológica, mas para uma intensificação do trabalho abstrato (ensino de

ferramentas informacionais, gerenciamento, planejamento e pesquisa), onde

o conhecimento de tecnologia informacional é importante, mas não

determinante para a realização do mesmo. Isto leva as autoras a concluir que

os profissionais estão tendo uma percepção distorcida sobre os elementos

necessários para sua educação continuada e sua consequente manutenção

no mundo do trabalho:

"É triste dizer que, se os resultados das pesquisas refletirem a

realidade, os bibliotecários estão selecionando cursos de educação

continuada que são mais adequados aos novos requerimentos efetuados

pelo mercado de trabalho aos auxiliares de biblioteca!" (Hafter & Wollss,

1998, p. 12).

Os cursos de biblioteconomia e documentação vêm implementando

ações visando a reformular seus currículos, apesar de reconhecerem a

impossibilidade de o ciclo de formação profissional acompanhar os saltos

tecnológicos e a velocidade a que está sendo submetida a sociedade

contemporânea16.

Os resultados preliminares de uma pesquisa realizada pela Faculdade

de Biblioteconomia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas

(Fabi/Puccamp), visando a adequar a oferta de seus cursos à realidade do

mercado de trabalho, sinalizam que o perfil do profissional da informação

desejado pelo empresariado da Cidade de Campinas (SP) e região está mais

relacionado a qualificações tácitas do que a uma qualificação profissional

formal:

"A expectativa maior é em relação ao comportamento do profissional,

espera-se que tenha a capacidade de entender a missão da organização em

que está inserido, que saiba trabalhar em equipe e também que o

bibliotecário seja um profissional correto, que tenha iniciativa, motivação,

perspicácia, seja crítico e receptivo à (sic) mudanças que tenha seriedade"

(Beraquet et al., 1997, p.10).

Contudo, a área de atuação dos profissionais da informação não se

restringe às empresas, mas abrange espaços vinculados à preservação da

memória, educação, disseminação cultural etc. De acordo com Kobashi

(1997), a diversidade de espaços de atuação do profissional da informação

62

impossibilita a determinação de uma estrutura (curricular) rígida. Essa

constatação levou a reformulação do curso de biblioteconomia da Escola de

Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) a privilegiar

uma formação global, que contribuísse para o desenvolvimento do espírito

crítico dos alunos. O projeto pedagógico da ECA/USP se norteou por um

currículo flexível, que possibilitasse liberdade ao aluno na escolha de

disciplinas optativas, resguardando um núcleo básico (currículo mínimo) que

permite aos alunos contato com questões específicas da área.

"O aspecto mais importante a ser considerado na formação é a

capacidade de resposta às mudanças17, isto é, preparar os alunos para um

desempenho multifuncional, face à variedade de situações colocadas pelo

mundo do trabalho, muitas delas imprevisíveis" (Kobashi, 1997, p. 40).

A opção da ECA/USP por um currículo que privilegie a diversidade e a

pesquisa desenvolvida pela Fabi/Puccamp são ações que sinalizam uma

sintonia dos cursos de formação profissional com as mudanças em curso,

embora não se identifique um posicionamento uniforme quanto às tendências

para formação acadêmica dos profissionais da informação no futuro.

Ante a diversidade de espaços de atuação profissional e a dificuldade

de se estabelecer um consenso quanto ao perfil profissional do bibliotecário,

Mueller (1989) propõe que sua formação profissional ocorra a partir da

associação entre profissões afins.

"Tal associação poderia se dar no sistema de formação profissional,

com o estabelecimento de uma estrutura que permitisse movimentação não

só no sentido vertical, como hoje existe, de bacharelado para mestrado e

doutorado em uma mesma carreira, mas entre carreiras. Isto é, pessoas com

formação básica diversa poderiam cursar os demais níveis da estrutura de

formação profissional de quaisquer das áreas afins, com reconhecimento

legal. Haveria então não apenas a classe bibliotecária, mas uma classe de

profissionais da informação, da qual os bibliotecários fariam parte"(Mueller,

1989, p. 69).

Já Pinheiro (1997, p. 36) vê, na educação continuada e nos programas

interdisciplinares, uma alternativa para superação "dos impasses hoje vividos

de formação e prática". Para Tarapanoff (1997), o mais provável é que a

63

formação dos profissionais da informação ocorra na pós-graduação, e não

mais nos cursos de graduação, seguindo uma tendência internacional.

Pelo exposto anteriormente, não se identifica um argumento consensual

entre as propostas de reformulação dos cursos de biblioteconomia. Todavia,

fica claro que os cursos de formação profissional reconhecem as

transformações por que vem passando a sociedade contemporânea e estão

buscando equacionar essas questões de forma a capacitar os indivíduos com

saberes que lhe possibilitem articular sua permanência no mercado de

trabalho, pois que um ensino baseado na última novidade tecnológica

dificilmente encontrará respaldo no mercado de trabalho do futuro.

CONCLUSÃO

Tanto a iniciativa da FID em desenvolver uma pesquisa em nível

mundial, quanto a preocupação dos cursos de formação profissional em

reformular seus currículos sinalizam mudanças no perfil dos profissionais da

área de informação, em contextos geográficos e socioeconômicos

completamente diversos.

A literatura consultada nos mostra um redimensionamento da

qualificação profissional, acompanhada da necessidade de o indivíduo

adaptar seu acervo cognitivo e articular sua personalidade para interagir com

o mundo do trabalho. O termo "moderno", utilizado pela FID para adjetivar o

profissional da informação, parece acentuar um ritual de passagem para um

novo padrão profissional que exigiria dos profissionais redobrados esforços

em educação continuada, integração organizacional e capacidade de atuar

em equipe.

Todavia, o perfil delineado pela literatura e pelas pesquisas se aproxima

daquele requerido pela especialização flexível. As análises são quase que

sincrônicas em suas conclusões e recomendações, refletindo, em maior ou

menor grau, a demanda do setor produtivo por um trabalhador com aptidões

que lhe possibilitem direcionar e redimensionar seu acervo cognitivo em

função das metas e objetivos da organização, em paralelo ao investimento

individual em treinamento e capacitação. Mas, longe de apontar soluções ou

64

mesmo recomendações concretas que atendam à necessidade de educação

continuada dos profissionais da informação, as pesquisas são um reflexo do

movimento de fragmentação e dispersão que se instala no mundo do

trabalho, espelhando a insegurança dos profissionais ante a velocidade das

inovações organizacionais e tecnológicas, assim como sua dificuldade em

sistematizar conhecimentos científicos-tecnológicos para sua educação

continuada em um cenário em que o próprio mundo do trabalho parece

enfatizar o plano subjetivo do indivíduo, em termos de suas competências

pessoais.

Dentro dessa dinâmica é importante que as ações direcionadas à

formação profissional e à educação continuada destes profissionais estejam

sedimentadas na compreensão dos processos transformação por que passa

o mundo do trabalho, o que permite aos indivíduos a percepção das

materialidades que se articulam na confecção e validação de um novo

modelo de qualificação profissional e que contribuem para o estrangulamento

do mercado de trabalho. Isso, posto que o delineamento de um novo perfil

profissional não é exclusivo da área da informação, mas endógeno ao novo

modelo econômico, que introduz novas formas de gestão do trabalho e de

socialização dos indivíduos, valorizando a atuação em equipe, a

interdisciplinaridade, o aprendizado contínuo e atitudes comportamentais.

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Artigo aceito para publicação em 01-08-2000

1 Este artigo tem como base a dissertação de mestrado defendida, em

agosto de 1999, no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação,

Convênio CNPq/IBICT – UFRJ/ECO, sob a orientação da professora Regina

Maria Marteleto e a co-orientação do professor Donaldo Bello de Souza.

70

2 A área de trabalho-educação é parte do campo da educação e teve

sua consolidação formal, no Brasil, em 1981, quando o professor Miguel

Arroyo criou, na reunião anual da Associação Nacional de Pós-Graduação

em Educação (ANPEd), o grupo Educação e Trabalho. A criação deste grupo

foi motivada pela necessidade de proporcionar maior visibilidade à área de

trabalho-educação, que estava relegada a segundo plano nos Programas de

Pós-Graduação em Educação. Um dos objetivos da área de trabalho-

educação é o estudo da relação entre a educação e o processo produtivo no

contexto político-econômico e social em que esta se inscreve (Kuenzer,

1988).

3 Jones & Wood (1984) definem o conhecimento tácito como o

conhecimento anterior, fruto da experiência e da intuição do trabalhador.

4 O fordismo é entendido aqui como o processo de produção em massa

voltado para um consumo de massa, aliado a uma racionalização de trabalho

taylorista, que não pode ser generalizado como padrão universal, mas que

norteou a produção capitalista no século 20.

5 É importante diferenciar o trabalhador polivalente do trabalhador

multifuncional. Enquanto o primeiro é submetido a maior número de

rotinas/tarefas em adição às que realiza, sem que com isso ocorra maior

intelectualização do trabalho, o segundo é exposto a situações complexas,

que requerem maior atuação cognitiva (Salermo, 1996).

6 Grifo do autor.

7 A desabilitação profissional ocorre quando a qualificação profissional

do indivíduo já não se enquadra ao espaço produtivo.

8 O resultado desse levantamento já está disponível no website da FID,

e a proposta é atualizá-lo a cada dois anos.

9 Responsabilidade individual significa, no novo modelo econômico, o

comprometimento do indivíduo com seu processo de trabalho e com a missão

corporativa da organização.

10 Ver item Trends and Issues da pesquisa.

Http://fid.conicyt.cl:8000/mip12.htm. Arquivo consultado em 15/06/1999.

11 "Ningún profesional en la actualidad puede tener todas las

habilidades, conocimientos y competencias necesarias para ir resolviendo los

complejos y multifacéticos problemas del mundo actual de flujos de

71

información y conocimiento. Para resolverlos hace falta incorporar grupos

interdisciplinarios en todos los niveles e los procesos: estratégicos,

gerencialies y operativos" (Almada de Ascencio, 1997, p. 9).

12 Sistema de solicitação de fotocópias de documentos ou parte de

documentos entre unidades de informação.

13 Dos 881 questionários enviados, 401 foram devolvidos (Tarapanoff,

1997).

14 É necessário nesse momento maior reflexão sobre o processo e

prática do trabalho, pela via do distanciamento ou pela abstração.

15 O estudo priorizou pesquisas não publicadas, realizadas na Califórnia

(EUA), entre 1996 e 1997 (Hafter & Wollss, 1998).

16 Ver Kobashi (1997) e Marchiori (1992).

17 Grifo da autora.

72

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