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1 Uma pequena parada O que esses encontros andam causando em nós, nos nossos campos de atuação, o que estamos produzindo com isso? Como trazer para o corpo da escrita a riqueza dessa experiência e o que está por vir? E, o modo como estamos sustentando esse compromisso : presença, convivência, horário. Processos

Angela Carneiro: As quebradas nos transformam

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Uma pequena parada

O que esses encontros andam causando em nós, nos

nossos campos de atuação, o que estamos

produzindo com isso? Como trazer para o corpo da

escrita a riqueza dessa experiência e o que está por

vir? E, o modo como estamos sustentando esse

compromisso : presença, convivência, horário.

Processos

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Como nos tornamos quem somos?

O Viajante Pelas quebradas saiu Ulisses

a enfrentar tormentas, perigos, mistérios do vasto mundo e segredos do caminho. O viajante reconstrói-se com o itinerário, se refaz, se reanima, se reafirma como ser humano e segue adiante.

José Orlando

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E...

Quem ficar esperando assunto e não olhar em volta está perdendo o mel da coisa.

Adélia Prado

Aulas, discussões, lanche amigo, coletivo quebradas, site, apresentações, exposições,

territórios

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Inquiet'Ações

A escrita que nos trama Rogéria Reis

Música: plataforma de múltiplos saberes no ambiente escolar Juliana Barreto

Do clube do Feijão à Ciranda de Oficinas

Fábio Augusto Pedroza

Conscientização social e política através da cultura Daniel Remilik

Um acrobata entre o ritmo e a letra

Babilak Bah

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Reinventemos Nós

Reiventando a Escola- A vez e a voz dos jovens! Andressa Abraão Costa

Minha Música é Meu Quilombo Ludi Um

Narrativas de crianças e jovens: a poesia como ato de resistência e transformação social Fabiana

Silva

A Educação desmistificando o olhar da Matemática Luciana Andreia

Roda: Zona Autônoma Transitória Carlo Alexandre Teixeira Silva

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Mapas, ordenamentos, figurações

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Estranhas Criaturas

Dividimos o mundo Entre terra e água.Pátrias, blocos e continentes. Inferno e paraíso.

Humanos e não humanos. Amor e ódio.Centro e periferia. Positivo e negativo...

...Em nome do giro e transladodos planetas,tentamos medir a vida

por conta da ilusão dos dias e das noitesdada pela dança da terra.

Viramos artistas-cientistas,descobrindo estrelas e criandopoesia. Wellington de Moraes.

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Tensão

• Polarizar o mundo transformando tudo em ou isso ou aquilo, nos faz perder a multiplicidade do entre. Do entre isso e aquilo.

• ESCOLHA

• ”O novo ponto de vista tem uma carga secreta de ruptura com o conforto, então incomoda, as vezes machuca...”Angelo Mello

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Campo de Forças

Transformação

TENSÃO

Entre

Intensidades

Formas e Forças

Cartografias

Diferenças diferenças difeRenças difecrenças

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Tensão, outras narrativas

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Ao meu lado senta a crise,

não esperava encontra-la tão cedo. Estou com frio e não trouxe casaco. Por que a arte não está na lógica da utilidade? Ok. Descubro que faço inutilidades. Sirvo ao pensamento, ajo adquirindo conhecimento. Gosto desse vendedor de biscoito “costelinha com limão”.Lembro me que minha mãe sempre dizia que não existe “mais ou menos” ou é um ou é outro. Essa dualidade sempre me perseguiu, hoje não sei se estou bem ou mal. Mamãe que não me ouça, estou mais ou menos.

Luiz Fernando Pinto

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Arte do equilibrista

Caminhar no equilíbrio de um caminho que se sustenta numa tensão.

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Visíveis e Invisíveis

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Travessias

• “O pensamento sente e o corpo pensa.” Os impulsos são vômitos aguados. Com o tempo o visível torna-se invisível e o que já é invisível vira o que? ... Enquanto Allan da Rosa falava, sentia cheiro de rosas, esgoto, sentia o vento, via os fios e as pipas dos meninos aqui na rua, lembrei das ruas alagadas no centro de N.I., dos butecos tocando forró, um misto de sensações. Como se as coisas tivessem alma. O estudo da alma do mundo…Janaína Tavares

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Não há lugar para a ingenuidade

Na atualidade, qualquer tema não pode deixar de abordar sua inserção no contexto do neoliberalismo e seus efeitos nos modos de produção de subjetividades.

Ou seja, como essa lógica do mercado atravessa nosso modo de sentir, de escolher, de perceber, de trabalhar, de viver, de morrer.

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Qualquer coisa

Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio,

que compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva etc.etc.

Perdoai.

Mas, eu preciso ser Outros.Manoel de Barros

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Homo economicus

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Linhas de fuga

• Por isso, sugiro a todos os outros milhões e em breve bilhões de signatários do facebook, que peguem uma atiradeira nas mãos e estiquem o elástico com uma pequena pedra presa no couro e a lancem para bem longe. Sintam a força e a física real dessa metáfora.

Carlo Alexandre

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Linhas de fuga

Carnaval

Meu gozo foi cerceado,lacrado no cimento da Sapucaí.Mas sou rebelde e não me dei por vencido.Malandro, escorreguei para a Lapa e para as ladeiras de Santa, me espalhei no centro do Bola Preta, até em Copacabana pulei com o meu Peru Cansado! Não quero mais que me roubem as mulatas roliças,o Bloco das Piranhas, o estigma do Clóvis! Meu samba é de rua e de preto, me respeitem se eu for ao seu salão! Denise Lima

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Rizoma

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Chegança Quebrada

E a Quebradas chegou no MAR, trazendo um mar de gente, de muitas cores, muitos saberes, muito teores e a aula era uma onda, uma onda sem fim tipo a fita de Moebius… E o diretor seguindo a não lógica do drible dos quebradeiros quebrou o protocolo.O DIRETOR SENTOU NA MESA!!!Sentou à mesa???

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Chegança

Não, sentou na mesa e foi degustado como manjar e se lambuzou dos sabores nossos, ardentes , ardidos, convidou a Lígia e o Almícar e eles foram devorados por cada boca sedenta de cada quebradeiro que tem na guerra cotidiana como aliado os Neguinhos.

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Chegança

Somos todos Marechais, né não MC???Que venha a próxima “aulaonda”, Pq esta já surfeiEm baixo do teto do Japeri Alguém grita: PODE CHEGAR E na barca e no buzão também Somos todos chegados!!!

Ludi Um

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É a guerra neguinho

“ A gente tem que enfrentar essa guerra diariamente

Saber que às vezes tá calor, às vezes faz frio Entender qual é o procedimento. Não se

camuflar! Ir para frente É a guerra neguinho” MC Marechal

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O nós dos afetos

O que nos amarra é o afeto.

A capacidade de afetar e se deixar afetar.

A capacidade de dar nós.

Aninhar o outro estrangeiro, e que faz nascer as diferenças.

Capacidade de se espantar.

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Nada acontece

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Acontecimento

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Afeto: sementeiras de corpo e tempo

Tempo

corpo

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Tempo / Presença

... Mas decidi ontem gerir meu tempo e minha vida de maneira que eu me permita ir além do que um dia me oferece. Deixar emergir o que está no meu profundo,

as feridas e as chagas do meu próximo, tendo-as como tão minhas. Mesmo sabendo que sempre me restará pouco tempo e apesar das insuficientes 24

horas.

Juliana Barreto

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Que corpos são esses?

Que liberdade foi aquela?O que foi visto no palco? O que foi imaginado? Que cores são possíveis em nossa imaginação? O que afinal as Danças de Rua estão fazendo naquele lugar iluminado, os grandes palcos do mundo? Com esses [des-]pressupostos artísticos, será que algum quebradeiro seria capaz de trocar comigo?

Xandu

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Fazer corpo

• Pensar com a pele

• Ouvir com os olhos

• Comer com as mãos

• Sentir com os ouvidos

• Tocar com a boca

• e de novo misturar em novas combinações.

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Rizoma

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Quem fala em mim?

• Micropolíticas “A questão micropolítica é a de como reproduzimos (ou não) os modos de subjetividade dominante.” (Guattari, 1986).

• Desengessar.

• Desviar.

• Deriva.

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Dúvida respiradouro

“ Constato que o que faz o mundo evoluir não é a crença, a certeza e sim a dúvida!” Denise Lima

Práticas de saúde, como práticas de ousadia,

não só de conservação da vida, mas práticas

de expansão.

Atitude de espreita.

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Pancada / Toque

• Mas o que é um SLAM DE POESIA?

• - “Não é sarau?!”

• Calma, sem sustos, please! ... Por Slam entendam “uma pancada”, ou seja, uma poesia capaz de tirar o público de seu lugar confortável como espectador __é preciso envolvê-lo!

Xandu

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Trans bordos

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Trama por contágios

Alô, Quebradeiros!

Ainda tô me recuperando de tanta alegria que vocês me deram nessa 1a. aula da U.Q!Uma honra viver com vcs aquele encontro.Por tudo o que aprendi, de delicado e contundente, por todos os sorrisos, por toda poesia compartilhada e sobretudo pelo acolhimento quebradeiro, muito, muito obrigada.

Desejo a vocês todos muitas viagens e que cada um descubra a sua Ítaca, o seu terreiro, a sua linguagem! Meu abraço,Martha Alkimin

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O cair de uma gota

• Uma gota caiPor entre as pedras da vida.Que faz nascer um ramo de vida.Do galho quente do amorUm sonho ardia.Ardilosa gota, árvore da vida.Uma gota vai, sobe sem guarida.E desce molhando a flor.Lhe dando um gole de vida.Essa mesma flor se pergunta.

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Uma gota que vira mar

• Se é comum o medo de ter medo.A gota da flor ao molhar o medoEsvanece a beleza da flor.Que perde as pétalasComo o pavão perde as plumas.Expandindo o seu absoluto pelo mundo.

• Um poema construído coletivamente por: Angelo Mello, Fabiana da Silva, Fabio Augusto Pedroza, Karen Kristien, Marcio Rufino, Melenn Kerhoas, Tita Clemente, Andressa Abraão e Vitor Nascimento

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Narrativas que tecem o mundo

Escrevo por gentileza da memória.

José Paes de Lima citado por Janaína Tavares

• Se a escrita protege do esquecimento. Fui pensar.

Rute Casoy

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O arqueiro

“...uma atiradeira e aquele gesto pode ser olhado como uma forma de olhar para trás e ver o que estou fazendo no agora- ou seja que venho me perdendo e me desumanizando ao me inscrever num odo de pertencimento e que vira captura...não só menos Pop e menos visível no mundo”.

Carlo Alexandre

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Encantamento

...”Entendo que estas pessoas enraizadas nos seus contextos sintam fome de histórias.

Do refresco das palavras voadoras”...

Rute Casoy

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O Narrador

Primeiro: que aula empolgante… Chapei.

Segundo: esse tema da memória tá rebatendo direto na cabeça desde terça. E várias sacadas têm me vindo a partir disso, como o uso que as periferias do país fazem da memória pra também garantir laços de sobrevivência conjunta.

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O conta Dor

O papel do contador de histórias é fundamental nisso.Me ocorreu uma viagem aqui de que talvez a diferença entre pobreza e miséria tivessem a ver com isso; a miséria é a pobreza sem história, sem fábula, logo sem raiz, sem pertencimento, sem esperança.

Caraca, viajando muito aqui.

Heraldo HB

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Mas, de repente vi-me abduzido

• por fortes imagens de pessoas tão pequeninas cujos sonhos foram roubados, aprisionados e até exterminados quiçá para sempre.Lágrimas inundaram minha mente.Precisei em respeito, silenciar por um momento que parecia eterno. Só voltando à tona com as palavras finais vindas do fundo da sala mas parecendo um eco do fundo da alma:“ Pede licença ao tambor, entra na roda e depois conversamos.” Jessica Castro.

Wellington de Moraes

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Tocar com as palavrasimagem enviada por Luiz Fernando Pinto

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Livro dos Rostos

Na atualidade, por onde se inscrevem nossas narrativas?

Nossa vida no Livro dos Rostos, aonde mais?

Tempo para escutar, suportar o que está no invisível, mas presente.

Testemunha.

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Tramas

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Por enquanto

Nosso percurso se faz no contágio; não é regido por modelos prontos, não é feito à toa, mas com atenção;

Atento à multiplicidade enxarcado da fala de muitos, vem de um conhecimento situado, cotidiano, dos pequenos gestos para fazer falar um poeta e não um burocrata, a gentileza e não a barbárie;

Ruma às bordas da periferia do pensamento, aberto ao fora.

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Por enquanto

Nosso percurso põe em questão esse modo de vida que desnutre a vida, que isola a voz do Homo Politicus, para uma produção em que as escolhas possam caminhar na fratria com o outro e não sobre o outro.

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Tomar da palavra

Diante de uma plateia, a maioria desconhecida, tremendo arrisquei pegar o microfone para

relatar o que vivo. Celeste Conceição

As vozes não podem parar.Sejam nos porões marginais

Nas celas lotadasNas ruas tomadas

Calar não dá mais…

Fábio Augusto

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Desafio: Mapa

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Tensões: Novas Cartografias

Mapa Mapa

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Cartografar

Cuidados:• A cartografia não é um

método pronto, reversão do metá-hódos (caminho) em hódos-metá (experimentação do pensamento), provisória e parcial,

• A cartografia é um acompanhamento de processos,

• A atenção do cartógrafo não busca um foco, é abertura ao inesperado,

Cuidados:• A cartografia é a construção

de um plano coletivo de forças,

• A cartografia trabalha com a dissolução do ponto de vista do observador,

• Cartografar é habitar um território existencial,

• Cartografar implica uma política de narratividade,

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Para quê?

Para lutar pela diferença quando a igualdade apaga a singularidade,

E lutar pela igualdade quando a diferença insulta.

Boaventura Santos

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Fazer mundo e se fazer

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Seguindo

grata