88
Gerusa Lopes Porto Barbosa ANEMIA FERROPRIVA EM CRIANÇAS DE 6 A 24 MESES DE IDADE ATENDIDAS NO AMBULATÓRIO DE PUERICULTURA DO HOSPITAL DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS. Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Medicina Belo Horizonte 2006

ANEMIA FERROPRIVA EM CRIANÇAS DE 6 A 24 MESES DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp067562.pdf · ANEMIA FERROPRIVA EM CRIANÇAS DE 6 A 24 MESES DE ... 4.10 CONCEITOS E TERMINOLOGIAS

  • Upload
    donhan

  • View
    224

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Gerusa Lopes Porto Barbosa

ANEMIA FERROPRIVA EM CRIANÇAS DE 6 A 24 MESES DE

IDADE ATENDIDAS NO AMBULATÓRIO DE PUERICULTURA

DO HOSPITAL DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS.

Universidade Federal de Minas Gerais

Faculdade de Medicina

Belo Horizonte

2006

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Gerusa Lopes Porto Barbosa

ANEMIA FERROPRIVA EM CRIANÇAS DE 6 A 24 MESES DE ID ADE

ATENDIDAS NO AMBULATÓRIO DE PUERICULTURA DO HOSPITA L

DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS.

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da

Universidade Federal de Minas Gerais – MG, ao

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde –

Área de Concentração: Saúde da Criança e do

Adolescente, como requisito parcial para obtenção do

Título de Mestre.

Área de Concentração: Saúde da Criança e do

Adolescente

Orientador: Prof. Joel Alves Lamounier

Universidade Federal de Minas Gerais

Faculdade de Medicina

Belo Horizonte 2006

Barbosa, Gerusa Lopes Porto Investigação de anemia ferropriva em crianças de 6 meses a 24 meses de idade atendidas no Ambulatório de Puericultura do Hospital da Polícia Militar de Minas Gerais: prevalência e fatores de risco associados/Gerusa Lopes Porto Barbosa. Belo Horizonte, 2006. 85p. ilust. Dissertação. (Mestrado). Pediatria. Faculdade de Medicina da UFMG. 1. Anemia 2. Ferropriva 3. Puericultura 4. Prevalência 5. Crianças

I Título

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE MEDICINA

PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCE NTE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Reitor: Ronaldo Tadêu Pena

Vice-Reitora: Heloisa Maria Murgel Starling

Pró-reitor de Pós-graduação: Jaime Arturo Ramirez

FACULDADE DE MEDICINA

Diretor: Francisco José Penna

Vice-diretor: Tarcizo Afonso Nunes

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE – ÁR EA DE

CONCENTRAÇÃO SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Coordenador: Prof. Joel Alves Lamounier

Subcoordenador: Prof. Eduardo Araújo de Oliveira

Colegiado:

Profª Ana Cristina Simões e Silva

Prof. Eduardo Araújo de Oliveira

Prof. Francisco José Penna

Profª Ivani Novato Silva

Prof. Joel Alves Lamounier

Prof. Lincoln Marcelo Silveira Freire

Prof. Marco Antônio Duarte

Profª Regina Lunardi Rocha

Ludmila Fazito Resende (Representante Discente)

EPÍGRAFE

“Toda cultura é um esforço de pensar a respeito do mistério do mundo e,

principalmente, da pessoa humana: é uma forma de dar vazão à

dimensão transcendental da vida. O cerne de toda cultura

é a sua maneira de encarar o maior de todos

os mistérios: o mistério de Deus.”

João Paulo II, 2004

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Joel Alves Lamounier, por conduzir-me pelos meandros das idéias,

da metodologia científica e por ter conseguido despertar o meu interesse para a Pós-

graduação. Sua sabedoria, percepção, amizade, paciência e dedicação foram valiosas para o

meu crescimento profissional e para a elaboração deste trabalho.

A Profª Rocksane Carvalho Norton, pelo apoio e colaboração na co-orientação deste trabalho.

A Polícia Militar de Minas Gerais, em especial à Diretoria de Saúde, pela oportunidade de

desenvolver a pesquisa científica na busca da verdade, da procura e da descoberta de

respostas, visando a um melhor atendimento aos pequenos pacientes.

A Dra. Carla Bianca Domingues e Dra. Maria Alzira Sacchetto Moss (Bioquímicas) e Dra.

Maria Paula Alvim Machado (Patologista) do Hospital da Polícia Militar de Minas Gerais,

pelo apoio, disponibilidade, lealdade e exemplo de comportamento ético.

A Dra. Denise Maria Diniz e Dra. Juliana Ribeiro Rego, pediatras do ambulatório de

puericultura do Hospital Militar, pela valiosa ajuda na coleta de dados.

Aos acadêmicos da UFMG, André Paixão, Guilherme Parreira, Rodrigo Caixeta e Ryan

Jéferson, por terem contribuído efetivamente na aplicação dos questionários.

A nutricionista Daniela Silva Rocha, pelo auxílio e carinho durante a coleta de dados.

A amiga Miguir Terezinha Vieccelli Donoso, pela ajuda e companheirismo durante todo o

mestrado.

Ao Dr. André Costa Cruz Piancastelli, pela amizade e tradução do resumo.

Ao Dr. Marcelo Lima Porto pela amizade e disponibilidade.

A Gláucia Regina Soares Fernandes pela amizade e incentivo.

Aos Funcionários do Ambulatório de Puericultura e da Vacinação do Hospital Militar, pela

grande disponibilidade e assistência no desenvolvimento desse trabalho.

Aos pequenos pacientes, indispensáveis para minha formação profissional e meu aprendizado.

DEDICATÓRIA

Aos meus pais que sempre me incentivaram a

caminhar em direção da ética em busca do saber.

Aos meus queridos

filhos, Marcos e Helena, e ao meu marido,

Cirênio, pelo apoio incondicional que me

deram durante a minha pesquisa.

SUMÁRIO

EPÍGRAFE................................................................................................................................6

AGRADECIMENTOS.......................................................................................................... .....7

DEDICATÓRIA........................................................................................................................8

SUMÁRIO..................................................................................................................................9

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. 10

LISTA DE QUADROS ............................................................................................................ 11

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. 12

ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................................. 14

RESUMO ................................................................................................................................. 16

ABSTRACT .............................................................................................................................. 17

1 Introdução ............................................................................................................................. 18

2 Revisão de Literatura ............................................................................................................ 21

2.1 PREVALÊNCIA DE ANEMIA FERROPRIVA ....................................................................................................... 21

2.2 METABOLISMO DO FERRO ............................................................................................................................ 25

2.3 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE FERRO ........................................................................................ 26

2.6 MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DA ANEMIA FERROPRIVA ................................................................ 30

3 Objetivo ................................................................................................................................. 33

3.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................................................................... 33

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................................................. 33

4 Metodologia .......................................................................................................................... 34

4.1 TIPO DE ESTUDO .......................................................................................................................................... 34

4.2 HISTÓRICO DO HOSPITAL DA POLÍCIA M ILITAR ........................................................................................... 34

4.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ............................................................................................................................. 36

4.4 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ............................................................................................................................. 36

4.5 SELEÇÃO DA AMOSTRA ............................................................................................................................... 37

4.6 COLETA DE DADOS ...................................................................................................................................... 38

4.7 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA ................................................................................................................... 39

4.8 AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA ............................................................................................................................. 42

4.10 CONCEITOS E TERMINOLOGIAS RELACIONADOS AO ALEITAMENTO ............................................................ 44

4.11 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................................................. 44

4.12 ASPECTOS ÉTICOS ..................................................................................................................................... 45

5 Resultados e Discussão ......................................................................................................... 46

6 Conclusão .............................................................................................................................. 66

ANEXO 1 – COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA UFMG – COEP...................................................................... 76

ANEXO 3 – TERMO DE CONSENTIMENTO ........................................................................................................... 79

ANEXO 4 – TERMO DE COMPROMISSO ............................................................................................................... 80

ANEXO 6 – GLOSSÁRIO ...................................................................................................................................... 84

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Diagrama de distribuição da Amostra............................................................ 38

FIGURA 2: Balança eletrônica pediátrica – Filizola Baby, com capacidade de 15kg com

divisão de 5g........................................................................................................................

39

FIGURA 3: Régua antropométrica de madeira envernizada ao natural com 1 metro de

comprimento, com escala.....................................................................................................

40

FIGURA 4: Lactente sendo pesado na consulta de rotina de Puericultura no

HPM/MG.............................................................................................................................

40

FIGURA 5: Lactente sendo medido durante a consulta de rotina de Puericultura no

HPM/MG.............................................................................................................................

41

FIGURA 6: Sala de coleta de exame infantil do HPM/MG...............................................

43

FIGURA 7: Aparelho SYSMEX SF 3000 automático utilizado para fazer o

hemograma..........................................................................................................................

43

FIGURA 8: Aparelho AXSYM utilizado para fazer a dosagem da ferritina.....................

44

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Prevalência de anemia ferropriva, em criança brasileiras..............................

24

QUADRO 2: Facilitadores e inibidores de absorção do ferro-heme...................................

26

QUADRO 3: Níveis de referência de ferro, utilizando diferentes parâmetros

laboratoriais..........................................................................................................................

27

LISTA DE TABELAS TABELA 1: Características relacionadas à faixa etária e ao sexo das crianças atendidas

no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo

Horizonte, 2004..............................................................................................

46

TABELA 2: Prevalência de anemia nas crianças atendidas no serviço de puericultura

do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004............................

47

TABELA 3: Média de hemoglobina, por faixa etária, das crianças atendidas no serviço

de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte,

2004...............................................................................................................

47

TABELA 4: Concentração de ferritina entre as crianças anêmicas atendidas no serviço

de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004...

48

TABELA 5:Valores de hemoglobina e ferritina séricas das crianças atendidas no serviço

de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.....

48

TABELA 6: História pregressa em relação à anemia das crianças atendidas no serviço

de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004......

49

TABELA 7:Utilização de composto ferroso e de outros medicamentos em uso pelas

crianças atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-

MG, Belo Horizonte, 2004................................................................................

50

TABELA 8: Correlação entre os valores baixos de hemoglobina e a história pregressa de

anemia nas crianças atendidas no serviço de puericultura do Hospital da

Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004........................................................

51

TABELA 9:Características sociais das mães das crianças atendidas no serviço de

puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004...........

TABELA 10: Características das mães das crianças atendidas no serviço de puericultura

do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004...........................

52

54

TABELA 11:Características sociais dos pais das crianças atendidas no serviço de

puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004............................

55

TABELA 12: Características dos pais e da renda familiar das crianças atendidas no

serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo

Horizonte, 2004...........................................................................................

56

TABELA 13: Características relacionadas ao parto e ao nascimento das crianças

atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar/MG,

Belo Horizonte, 2004..................................................................................

57

TABELA 14: Características do parto e nascimento das crianças atendidas no serviço de

puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.......

58

TABELA 15: Amostra e porcentagem de crianças atendidas no serviço de puericultura

do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004 e que receberam

aleitamento materno e aleitamento materno predominante..........................

59

TABELA 16:Características da alimentação das crianças atendidas no serviço de

puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004......

60

TABELA 17: Correlação entre a alimentação com leite materno e anemia nas crianças

atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG,

Belo Horizonte, 2004....................................................................................

61

TABELA 18:Prevalência de morbidez entre as crianças atendidas no serviço de

puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.....

62

TABELA 19: Estado nutricional das crianças atendidas no serviço de puericultura do

Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004...............................

63

TABELA 20: Características da avaliação antropométrica das crianças atendidas no

serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo

Horizonte, 2004...........................................................................................

64

ABREVIATURAS E SIGLAS

AC Acre

AM Amazonas

BA Bahia

CDC Center of Disease Control

CE Ceará

CHCM Concentração de hemoglobina corpuscular média

COEP Comitê de Ética em Pesquisa

DF Distrito Federal

DP Desvio-padrão

Epi Info Epidemiologia Informática

ES Espírito Santo

fl Fentolitro

g/L Grama por litro

g/dL Grama por decilitro

Hb Hemoglobina

HCM Hemoglobina corpuscular média

HPM Hospital da Polícia Militar

HPM/MG Hospital da Polícia Militar de Minas Gerais

IC Índice de confiança

INAL Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição

kg Quilograma

MG Minas Gerais

mmol Milimol

MS Ministério da Saúde

MT Mato Grosso

n Número de indivíduos num grupo ou condição experimental (amostra)

N Número total de participantes ou respondentes

NCHS National Center of Health Statistics

OMS Organização Mundial de Saúde

OPAS Organização Panamericana de Saúde

OR Odds Ratio

p Nível de probabilidade (significância)

PE Pernambuco

pg Picograma

PI Piauí

PR Paraná

RDW Amplitude de variação dos eritrócitos

RJ Rio de Janeiro

RS Rio Grande do Sul

R$ Real

SAP Sociedade Americana de Pediatria

SBP Sociedade Brasileira de Pediatria

SBS Serviços Básicos de Saúde

SC Santa Catarina

SP São Paulo

SPSS Statistics Personal of Social Sciences

UBS Unidades Básicas de Saúde

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

USP Universidade de São Paulo

VCM Volume corpuscular médio

x Variável usada para representar valores individuais de dados

X2 Qui-Quadrado

├ Intervalo de classe, no extremo superior

┤ Intervalo de classe, no extremo inferior

µg Micrograma

µmol/L Micromol por litro

% Percentagem

< Menor

> Maior

RESUMO

O objetivo do presente estudo foi determinar a prevalência de anemia por deficiência de ferro em lactentes de 6 a 24 meses de idade e identificar possíveis fatores de risco. O estudo foi do tipo transversal, realizado no ambulatório de puericultura do Hospital da Polícia Militar de Minas Gerais, durante o período de agosto a dezembro de 2004 e incluiu 157 crianças. O estado nutricional foi avaliado pelos índices antropométricos (peso/idade, estatura/idade e peso/estatura) em escore z utilizando-se a referência antropométrica do CDC/NCHS. O diagnóstico da anemia foi realizado por meio da determinação da concentração de hemoglobina e da concentração de ferritina sérica. Foram consideradas anêmicas aquelas crianças que apresentaram concentração de hemoglobina inferior a 11,0 g/dL e concentração de ferritina sérica inferior a < 12µg/L. Informações sobre condições socioeconômicas, parto e nascimento, morbidade atual, ingestão de suplementos contendo ferro e demais medicamentos e práticas alimentares foram coletadas. Constatou-se que a mediana de idade foi 9 meses, sendo que 98,6% dos lactentes tinham menos de 18 meses e 54,8% eram do sexo feminino. A prevalência de anemia encontrada neste estudo foi de 27,4%, sendo que 83,7% dos anêmicos apresentaram anemia leve e 17,3% anemia moderada e nenhum caso de anemia severa (Hb < 9,5g/dl). A deficiência de ferro esteve presente em 55,8% das crianças anêmicas avaliadas, sendo a média de ferritina sérica de 14,28 µg/L±13,5. Das crianças avaliadas, apenas 27,4% haviam feito dosagem de hemoglobina antes da avaliação. Ressalta-se que 76,4% dos lactentes avaliados recebiam suplementação com sais de ferro no momento da pesquisa e 31,8% utilizavam outro medicamento, principalmente complexos vitamínicos. O déficit nutricional de maior freqüência na população em estudo foi o de peso para idade (5,7%). A ocorrência de um comprometimento no peso atual detectado pelo índice peso para estatura foi de 3,2%, valor também encontrado para o déficit estatural. Com relação às variáveis maternas, verificou-se que a idade média das mães foi 30,73 ± 5,12 anos, sendo que 79,3% tinham entre 20 e 35 anos de idade e 59,9% haviam completado o ensino médio. O percentual de mães que trabalhavam foi de 30,6%, e apenas 5,1% das mães foram solteiras. Analisando as variáveis paternas observou-se que a maioria dos pais, 73,9%, completou o ensino médio e todos trabalhavam. Com relação à renda das famílias, a mediana per capita de salários mínimos foi de 1,25 (salário mínimo vigente = R$ 260,00) com variação de 0,3 a 5,33 salários mínimos per capita. Analisando as variáveis de nascimento, verificou-se que 11,1% apresentaram baixo peso ao nascer e 2,5% foram prematuros. Observou-se também que 40,8% das mães foram primíparas e 65,5% tiveram parto do tipo cesárea. Dos lactentes 94,3% receberam leite materno e a média do tempo de aleitamento materno foi igual a 7 meses. O aleitamento materno predominante foi constatado em 89,2% das crianças sendo a mediana deste de 4 meses. No momento da pesquisa, 70,06 % das crianças recebiam leite de vaca e apenas 17,83% das crianças foram continuaram a receber o leite materno após os 6 meses de idade.Das mães estudadas 52,2%, relataram oferecer aos filhos suco de frutas cítricas junto do almoço e 33,8% oferecem leite próximo das refeições. Nenhuma das variáveis avaliadas constituiu-se em fator de risco para anemia. Conclui-se que a prevalência de anemia no presente estudo foi relativamente menor comparada àquelas encontradas em várias cidades e regiões do país, provavelmente pelo fato das crianças terem acesso facilitado ao serviço de puericultura.

Palavras-chaves: prevalência, anemia, lactentes, fatores de risco.

ABSTRACT

The objective of the present study was to determine the prevalence of iron deficiency anemia in 6 to 24 month-old infants and identify the possible risk factors. It was a transversal type study, performed at the well-child clinic at the Hospital Militar de Minas Gerais, from august to december 2004 and included 157 children. The nutritional status was evaluated by the anthropometric indexes (weight/age, stature/age and weight/stature) in z score using a CDC/NCHS anthropometric reference. The diagnosis of anemia was made by determining the serum hemoglobin and ferritin concentrations. Children with hemoglobin concentrations lower than 11,0 g/dl and ferritin values lower than 12 µg/L were considered anemic. Data on socio-economic conditions, delivery and birth, morbidity status, ingestion of iron supplements and other medications and alimentary habits were also collected. The mean age was 9 months, being 98.6% of infants less than 18 months-old and 54.8% were female. The prevalence of anemia found in this study was 27.4%, with 83,7% of anemic patients showing mild anemia, 17,3% moderate anemia and none of the cases had severe anemia (Hb <9.5g/dl). Iron deficiency was found in 55.8% of the evaluated anemic patients, and the mean serum ferritin was 14,28 µg/L±13,5). Only 27.4% of the evaluated children had the hemoglobin concentration dosed prior to the study. About 76.4% of infants were been given iron supplementation at the time of the study and 31.8% were using other medications, specially vitamins. The most frequently found nutritional deficit in the studied population was the weight/age (5.7%). The compromising of the actual weight detected by the weight index/height was 3.2%, a value also found for stature deficit. As to the maternal variables it was found that the mothers’ mean age were 30.73±5.12 years, of which 79.3% had ages between 20 and 35 years-old and 59.9% had senior secondary school education. The working mothers accounted for 30.6% and only 5.1% were single mothers. Analyzing the paternal variables it was found that 73.9% of the fathers had senior secondary school graduation and all of them worked. The family income had a mean minimum wage per capta of 1.25 (minimum wage at the time was R$ 260,00) with a variation of 0.3 to 5.33 times the minimum wage per capta. Analyzing the variables on birth it was found that 11.1% of the children had low weight at birth and 2.5% were born premature. It was also observed that 40.8% of the mothers were first-time mothers and 65.5% underwent cesarean delivery. Data on breastfeeding showed that 94.3% of the infants were breastfed with a mean time of 7 months. Predominant breastfeeding accounted for 89.2% of children with a mean time of 4 months. At the time of the study 70.06% of the children were being given cow milk and only 17.83% were still being breastfed after 6 months-old. It was also found that 52.2% of the mothers offered citric juices during lunch time and 33.6% gave their children milk near meals. None of the evaluated variables were considered a risk for developing anemia. The conclusion is that anemia prevalence in this study was relatively lower compared to the ones found in several cities and regions of the country, probably due to the facilitated access to the well-child clinic. Key words: prevalence, anemia, infants, risk factors.

1 Introdução

É a anemia mais comum na faixa etária pediátrica, com maior incidência no lactente

de 1 ano a 2 anos e no adolescente. Segundo estimativa da OMS, há cerca de 2 bilhões de

pessoas com deficiência de ferro, caracterizando, portanto, um problema de saúde pública

mundial, principalmente nos países em desenvolvimento.

No Brasil, apesar da carência de estudos nacionais abrangentes, dados regionais

mostram que a prevalência vem crescendo verticalmente, a despeito da marcante melhora dos

indicadores gerais de desenvolvimento (GOMES, 1998; MONTEIRO et al., 2000). Esse

crescimento tem sido observado em ambos os sexos, em todas as faixas etárias e em todos os

estratos socioeconômicos da população (MONTEIRO et al., 2000).

A anemia ferropriva é caracterizada por hemoglobina sérica abaixo dos valores

considerados normais para idade, sexo, estado fisiológico e altitude. Trata-se de um processo

evolutivo que tem início com a depleção dos estoques de ferro, seguido pela diminuição do

ferro de transporte e finalmente com a redução do ferro ligado à hemoglobina, resultando em

anemia clínica (ALMEIDA, 2004).

A deficiência de ferro tem sido considerada a carência nutricional mais prevalente no

mundo, manifestando-se principalmente em gestantes e nas crianças. Nessas, a faixa etária

inferior a 24 meses de vida representa o grupo de maior vulnerabilidade (DEMAYER, 1989).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), nos países em desenvolvimento,

39% das crianças menores de 4 anos e 48,1% das crianças entre 5 a 14 anos apresentam

anemia (WHO, 2001a).

O Brasil, apesar do crescente desenvolvimento econômico, científico e tecnológico,

situa-se entre os países com maior prevalência em deficiências nutricionais. A anemia é

destacada como a carência nutricional que tem aumentado verticalmente sua prevalência nos

últimos anos, tornando-se um grave e difícil problema de Saúde Pública (MONTEIRO et al.,

2000; ESCODA, 2002).

Dentre as conseqüências que a deficiência de ferro pode acarretar para a saúde infantil

estão o retardo do desenvolvimento mental e motor, alterações comportamentais e

psicológicas, comprometimento do crescimento, do sistema imunológico e digestório

(NEUMAN et al., 2000; WHO, 2001a). O aparecimento da anemia está intimamente

associado à baixa reserva de ferro ao nascer, ao ritmo aumentado de crescimento da criança,

à inadequada ingestão e absorção de ferro da dieta, à presença de parasitoses intestinais e às

perdas sangüíneas (SIGULEM, 1988).

18

Do ponto de vista clinico, os sinais e sintomas mais marcantes são caracterizados pelo

cansaço, fadiga, palidez das mucosas, diminuição da capacidade de trabalho físico, alteração

da termorregulação, menor capacidade de concentração e aparecimento de sintomas

gastrointestinais (falta de apetite, flatulência, desconforto epigástrico, náuseas, vômitos,

constipação e diarréia). Na anemia grave podem ser observados os defeitos na estrutura e

função dos tecidos epiteliais, especialmente na língua, unhas, boca e estômago (DEMAYER,

1989).

Muitas dificuldades têm sido encontradas para a prevenção e controle da anemia,

apesar do reconhecimento do impacto dessa afecção pelos profissionais da área de saúde. A

ineficácia das ações de Políticas de Saúde Pública (PSP) caracterizada pela não identificação

dos fatores prevalentes, aliada aos escassos investimentos nas áreas econômicas e de recursos

humanos favorecem acentuadamente o seu crescimento (TROWBRIDGE & MARTORELL,

2002).

Dentre as estratégias disponíveis para o controle da anemia ferropriva podem ser

citadas a educação nutricional com o propósito de aumentar a ingestão de ferro em

populações deficientes; a suplementação oral de ferro para grupos vulneráveis (gestantes e

lactentes); o enriquecimento com ferro dos alimentos mais consumidos pela população; o

controle de doenças infecciosas que podem acarretar depleção das reservas de ferro; as

medidas Públicas de Saúde, a exemplo do calendário vacinal, incentivo ao pré-natal e ainda os

cuidados básicos de saúde na infância objetivando identificar e tratar as deficiências

nutricionais (TROWBRIDGE & MARTORELL, 2002, ASSAO et al., 2004).

É na puericultura que as ações de prevenção e promoção da saúde devem ser buscadas

objetivamente com a finalidade de reduzir a prevalência da anemia ferropriva na infância. A

criança nascida a termo e com peso adequado para a idade gestacional, o aleitamento materno

exclusivo até o sexto mês de vida, seguido de alimentação complementar ajustada são

circunstâncias que contribuem para um crescimento e desenvolvimento adequado do

lactente. Ainda como forma de prevenção da anemia deve ser recomendada a suplementação

profilática com ferro até o segundo ano de vida.

Portanto, na prática pediátrica, essa orientação deve propiciar um aporte de ferro

suficiente para prevenir a anemia. Além disso, outras condições propiciam a ocorrência de

anemia ferropriva como o modo de alimentação, a precária adesão às recomendações

pediátricas, a indisponibilidade de medicamento, entre outras.

Define-se pericultura como um “conjunto de técnicas, empregadas para assegurar o

perfeito desenvolvimento físico, mental e moral da criança, desde o período da gestação até a

19

puberdade”. Este é um serviço de extrema importância no cuidado à saúde da criança, visto

que o profissional se torna uma referência para a família. O puericultor deve ter princípios

éticos e técnicos notórios, além da sensibilidade e da percepção aguçada; ser um bom

observador, saber ouvir e ter espírito crítico e científico.

Muitas doenças que se iniciam na infância, especialmente no primeiro ano de vida, têm

repercussões importantes por toda a vida e podem deixar graves seqüelas. A anemia ferropriva

se inclui entre estas doenças, sendo uma das carências nutricionais mais freqüentes na infância e

que freqüentemente passa despercebida e não recebe o tratamento e a prevenção adequada.

Os médicos puericultores do Hospital Militar efetivamente seguem as recomendações

da Organização Mundial da Saúde e da Sociedade Brasileira de Pediatria.

A pesquisadora responsável por este estudo é chefe do Serviço de Pediatria do

Hospital Militar e presta atendimento no referido Serviço há mais de 20 anos. Ao assumir o

compromisso técnico e ético de auxiliar a população atendida neste setor, propôs avaliar a

prevalência da anemia ferropriva entre seus usuários e traçar o perfil epidemiológico do

serviço de puericultura em relação a esta carência nutricional, para que no futuro possa

planejar e implementar um serviço de prevenção e controle de anemia ferropriva.

Esta pesquisa procura contribuir para o conhecimento mais minucioso de um grave problema

de saúde pública, não apenas nos seus aspectos gerais e universais, mas também com enfoque

específico regional de uma população assistida pelo Serviço de Saúde do HPM, conhecendo

as suas características sociais e condição individual das crianças amostradas.

Assim, diante da importância da anemia na infância, estudos de prevalência podem

trazer contribuições para melhor avaliação da dimensão do problema, complementados com

intervenções e ações preventivas com o objetivo de reduzir gradativamente as taxas de anemia

entre suas crianças.

20

2 Revisão de Literatura

2.1 Prevalência de anemia ferropriva

A anemia ferropriva é uma carência nutricional muito prevalente principalmente nos

dois primeiros anos de vida, devido tanto ao crescimento acelerado nesta fase da vida quanto

à ingestão inadequada de ferro na dieta. Por ser mundialmente distribuída e por acarretar

conseqüências graves ao crescimento e desenvolvimento na infância, a anemia ferropriva

constitui-se em um grave problema de Saúde Pública (WHO, 2001a), sendo que diversos

estudos no mundo e no Brasil confirmam que as crianças menores de 24 meses e as gestantes

constituem o principal grupo de risco para ocorrência desta deficiência (SZARFARC et

al.,1988; NEUMAN et al., 2000; LACERDA & CUNHA, 2001; SILVA et al., 2001;

BRUNKEN et al.,2002).

Segundo dados da OMS, existe uma prevalência de 20,1% de anemia em crianças

menores de 4 anos em países industrializados e de 39,0% em países em desenvolvimento

(WHO,2001a). A Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e a OMS estimam que, para

cada pessoa com anemia, exista, pelo menos, mais uma com deficiência de ferro. Assim, em

uma população com 50% de crianças com anemia – como é o caso de algumas regiões do

Brasil – 100%, apresentam deficiência em ferro (QUEIROZ & TORRES, 2000).

Na Argentina, 47% das crianças entre 9 meses e 24 meses residentes em Buenos Aires,

apresentam anemia, segundo os dados fornecidos pelo Comitê Nacional de Hematologia

(COMITÉ NACIONAL DE HEMATOLOGIA, 2001). Na Bolívia, 44% das crianças menores

de 24 meses também apresentam anemia ferropriva (LÖNNERDAL & DEWEY, 1996). Além

da elevada prevalência encontrada nestes estudos, os autores também verificaram que a baixa

disponibilidade de ferro na dieta poderia ser a principal causa da anemia ferropriva.

No Brasil, 35% das crianças de 1 ano a 4 anos são anêmicas, ou seja, são

aproximadamente 5 milhões de crianças com anemia no nosso país (NEUMAN et al., 2000).

Nas últimas décadas ocorreram mudanças importantes no universo da nutrição, com redução

gradativa dos índices de mortalidade infantil, diminuição da prevalência global da desnutrição

protéico-calórica, havendo predomínio da desnutrição crônica. Todavia, paralelamente,

verificou-se aumento da prevalência de anemia ferropriva em todas as regiões do Brasil

(INSTITUTO NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO, 1990).

Considerando os estudos brasileiros sobre anemia, poucos foram aqueles realizados

com populações com tamanho amostral e características homogêneas num grupo populacional

19

21

representativo. O número de estudos publicados ainda é considerado bastante limitado, além

de analisar grupos muito específicos como as creches, os Centros de Saúde, os albergues; ou

seja, trabalhos com grupos institucionais, o que dificulta o conhecimento da prevalência real

de anemia ferropriva no país (VANNUCCHI et al., 1992; MONTEIRO et al., 2000).

Os trabalhos científicos publicados e que discutem anemia nas crianças do Amazonas,

Pará, área ribeirinha dos rios Solimões e Negro e a cidade de Manaus, mostraram uma

prevalência de anemia em escolares de 50%, 50%, 29% e 60,5%, respectivamente

(DEVINCENZI et al., 2000). Em Rondônia, a prevalência de anemia em área endêmica de

malária foi de 70% nas crianças com idade entre 6 meses e 12 meses (CARDOSO et al.,

1992).

Em Recife, a prevalência de anemia variou de 41% a 77% no grupo populacional de

crianças menores de dois anos, atendidas em duas Unidades Básicas de Saúde (UBS), sendo

que a anemia foi mais prevalente em menores de 1 ano (SALZANO et al., 1985). Estudo

compreendendo quatro municípios da Zona da Mata Meridional de Pernambuco constatou

73,2% de crianças estão anêmicas aos 12 meses de idade, sendo que 28,2% apresentaram

hemoglobina sérica inferior a 9,0 g/dL (LIMA et al., 2004).

Em oito cidades urbanas da Paraíba a prevalência de anemia foi de 36,4% na faixa

etária de 0 a 60 meses. Verificou-se um aumento na prevalência no decorrer dos anos,

passando de 19,3% em 1982 para 36,4% em 2002, caracterizando a anemia como um

problema de importante magnitude em Saúde Pública para esta região (OLIVEIRA et al.,

2002).

Na Bahia, encontrou-se 22,4% de crianças menores de cinco anos anêmicas e na

Paraíba a prevalência foi de 22,7% em crianças menores de seis anos (DEVINCENZI et al.,

2000).

Em Fortaleza, a prevalência em lactentes residentes em áreas periféricas foi bastante

elevada, chegando a 60% (SOARES et al., 2000).

No estudo realizado por ASSIS et al. (1997), no semi-árido do estado da Bahia,

constatou-se uma prevalência de 22,2% nas crianças de 1 mês a 72 meses de idade, sendo que

naquelas menores de 23 meses de idade a prevalência encontrada foi de 50%, confirmando

que crianças desta faixa etária são integrantes de um grupo de maior risco para o

desenvolvimento da anemia ferropriva. Na cidade de Salvador (BA), verificou-se uma

prevalência de anemia de 50% na faixa etária de 0 a 6 meses e de 64,5% na faixa de

6 meses a 12 meses em uma amostra representativa de escolares (ASSIS et al., 2004).

22

Em Brasília (DF) a prevalência de anemia entre crianças carentes com idade inferior a

36 meses que freqüentavam creches foi de 29% (SCHIMITZ et al., 1998). Outro estudo

também realizado no Distrito Federal encontrou prevalência de 51% entre crianças de 6 meses

a 24 meses e 39% entre menores de um ano (SOARES, et al., 2000).

BRUNKEN et al. (2002) avaliando crianças menores de 3 anos matriculadas em

creches públicas localizadas em Cuiabá (MT) constataram uma prevalência de anemia de 63%

nas crianças com idade entre 6 meses e 24 meses, sendo que a idade crítica para o

desenvolvimento da anemia ferropriva foi de 18 meses. Ainda na região Centro-Oeste, na

cidade de Goiânia (GO) encontrou-se uma prevalência de 60,9% entre os lactentes atendidos

no ambulatório de pediatria do Centro Integrado de Assistência Médica Sanitária (HADLER

et al., 2002).

Na cidade de São Paulo e Ribeirão Preto, a prevalência de anemia em crianças

menores de 2 anos foi de 57% e 58,2%, respectivamente (DEVINCENZI et al., 2000). Em

Pontal, também no Estado de São Paulo, a prevalência foi de 62,5% na faixa etária de 12

meses a 72 meses (ALMEIDA et al., 2004). Segundo estudo de MONTEIRO et al. (2000),

sobre anemia na infância no município de São Paulo, no período de 1984 a 1996 a prevalência

da mesma aumentou em 25%, passando de 35,6% para 46,9%. A variação da prevalência com

a idade é significativa, aumentando muito do primeiro semestre de vida (33,7%) para o

segundo semestre (71,8%).

No Rio de Janeiro, em dois estudos com crianças na faixa etária de 12 meses a

18 meses, foi verificada uma prevalência de 50% de anemia (LACERDA & CUNHA, 2001;

RODRIGUES et al., 1997), sendo que em um deles a anemia grave esteve presente em 13,2%

das crianças (RODRIGUES et al., 1997).

Estudo realizado em Vitória (ES) por ALMEIDA et al. (2004) constatou prevalência

de 52,8% de anemia na faixa etária de 6 meses a 24 meses. Em Carrancas (MG), 49% das

crianças menores de 6 anos eram anêmicas (LAMOUNIER et al., 2004). Em Belo Horizonte

(MG), estudo realizado por CAPANEMA et al. (2002), encontrou prevalência de anemia em

37,3% das crianças de 0 a 6 anos incompletos, regularmente matriculadas em creches da

Regional Leste de Belo Horizonte. Considerando-se a variável altitude, a prevalência

encontrada de anêmicos foi de 47,8%. Em relação à distribuição da anemia por faixa etária,

encontrou-se maior prevalência em crianças ≤ 24 meses (81,1%), com decréscimo inverso em

relação à idade: 53,7% entre as crianças > 24 meses e ≤ 48 meses e 31,1% nos > 48 meses. Dois

estudos realizados no município de Viçosa (MG) verificaram uma prevalência de anemia de

23

60,8% em lactentes de 6 meses a 12 meses (SILVA et al., 2002) e de 63,2% em crianças de 12

meses a 60 meses (MIRANDA et al., 2003).

Os estudos no Sul do país constataram 54% de anemia em crianças de 6 meses a 35,9

meses, residentes no município de Criciúma (SC) (NEUMAN et al., 2000), e de 47,8% em

crianças menores de 3 anos em Porto Alegre (RS) (SILVA, 2001). A prevalência de anemia

em crianças menores de 12 meses atendidas na Pastoral da Criança em Pelotas (RS) foi de

81,1% (SANTOS et al., 2004).

Em outro estudo de abrangência nacional, a prevalência de anemia em 5.146 crianças

menores de um ano, atendidas em serviços de saúde de dez municípios, nas cinco regiões

geográficas brasileiras foi de 55,6%, sendo que naquelas com idade entre 6 meses e 12 meses

a prevalência foi de 51,7%. O baixo peso ao nascer e a alimentação complementar foram

fatores de risco importantes para a anemia (SZARFARC et al., 2004).

Em estudo recentemente publicado por SPINELLI et al. (2005), também de

abrangência nacional, a prevalência de anemia foi de 65,4% em amostra de 2.715 lactentes de

6 meses a 12 meses de idade, atendidos nas UBS de 12 municípios em cinco regiões do país:

Maringá (PR), Porto Alegre (RS), Viçosa (MG), Rio de Janeiro (RJ), Santo André e São

Paulo (SP), Cuiabá (MT), Brasília (DF), Teresina (PI), Salvador (BA), Rio Branco (AC) e

Manaus (AM). Os dados encontram-se sintetizados no Quadro 1.

Quadro 1: Prevalência de anemia ferropriva, em crianças brasileiras.

Fonte Local Faixa etária Prevalência

Devincenzi et al., 2000 Região Norte escolares 29-60,5%

Cardoso et al., 1992 Rondônia 6 a12 meses 70%

Salzano et al., 1985 Recife <24 meses 41-77%

Lima et al., 2004 Zona da Mata Meridional, PE 12 meses 73,2%

Oliveira et.al., 2002 Paraíba 0-60 meses 19,3% em 1982

36,4% em 2002

Soares et al., 2002 Fortaleza, CE 0-24 meses 60%

Assis et al., 1997 Semi-Árido da Bahia 1-72 meses 22,2%

Assis et al., 2004 Salvador,BA 0-12 meses 50-64,5%

Schmitz et al., 1998 Brasília, DF < 36 meses 29%

Soares et al, 2000 Brasília, DF 6-24 meses 51%

Brunken et al., 2002 Cuiabá, MT < 36 meses 63%

Hadler et al., 2002 Goiás, MT 0-24 meses 60,9%

24

Almeida et al., 2004ª Pontal, SP 12-72 meses 62,5%

Monteiro et al., 2000 São Paulo, SP 0-60 meses 35,6% em 1984

46,9% em 1996

Lacerda & Cunha, 2001 e

Rodrigues et al., 1997

Rio de Janeiro, RJ 12-18 meses 50%

Almeida et al., 2004b Vitória, ES 6 a 84 meses 27,4%

Lamounier et al., 2004 Carrancas, MG <72 meses 49%

Capanema, 2002 Belo Horizonte, MG < 72 meses 37,3%

Miranda et al., 2003 Viçosa-MG 6-12 meses

12-60 meses

60,8%

63,2%

Neuman et al., 2000 Criciúma, SC 6-35,9 meses 54%

Silva et al., 2001 Porto Alegre, RS < 36 meses 47,8%

Szarfac et al., 2004 Abrangência Nacional 6-12 meses 55,6%

Spinelli et al., 2005 Abrangência Nacional 6-12 meses 65,4%

Fonte: SPINELLI et al., 2005

2.2 Metabolismo do ferro

O ferro é um mineral presente em todas as células do corpo humano e tem um papel

importante em várias funções vitais, tais como, carrear o oxigênio dos pulmões para os

tecidos na forma de hemoglobina, catalisar reações de oxidação, constituir hemeproteínas

(hemoglobina, mioglobina, citocromos, catalase, peroxidase) e enzimas ferro-sulfuradas

(flavoproteínas e hemeflavoproteínas), participar da conversão de β-caroteno em vitamina A e

da síntese de colágeno e metabolismo dos ácidos nucléicos, desintoxicar drogas no fígado e

atuar no funcionamento do sistema imunológico (BOTONI, 1997; CDC, 1998; BRUNKEN &

SZARFARC, 1999; GERMANO & CANNIATTI-BRAZACA, 2002).

Os estoques de ferro são mantidos primariamente na forma de ferritina (fígado), mas

também é estocado na forma de hemosiderina (medula óssea) e seu transporte na corrente

sanguínea é feito pela proteína transferrina. A absorção de ferro ocorre no duodeno e jejuno e

depende da forma em que este se encontra, dos facilitadores e inibidores da absorção, do

estado nutricional de ferro e da taxa de utilização celular.

A quantidade total de ferro no organismo é determinada pela ingestão, perda e estoque

deste mineral. Os indivíduos com reservas insuficientes de ferro ou em estado de hipóxia

25

apresentam uma absorção maior desse nutriente (CDC, 1998; INSTITUTE OF MEDICINE,

2000; AGGETT et al., 2002).

A composição da dieta exerce grande influência sobre a biodisponibilidade de ferro. O

ferro heme representa a forma altamente absorvida e que está presente exclusivamente nas

carnes vermelhas, aves e peixes. Já o ferro não-heme tem sua absorção afetada pelos tipos de

alimentos ingeridos numa mesma refeição, sendo que existem aqueles facilitadores e

inibidores da absorção desta forma do mineral. No leite materno, apesar da baixa quantidade

de ferro, esse mineral apresenta alto valor biológico, e o leite de vaca predispõe à baixa

absorção intestinal.

Segundo BARBOSA & CARDOSO (2003), os principais facilitadores e inibidores da

absorção do ferro não-heme estão registrados no Quadro 2.

Quadro 2- Facilitadores e inibidores da absorção do ferro não-heme.

Facilitadores Inibidores

• carne vermelha

• aves

• peixes

• ácido ascórbico

• outros ácidos orgânicos (ácido cítrico, ácido málico, ácido tartárico, ácido lático)

• fitatos

• polifenóis

• taninos

• fosfatos

• cálcio

• aditivo alimentar ()

• albumina e caseína

Fonte: BARBOSA & CARDOSO, 2003.

2.3 Avaliação do estado nutricional de ferro

A escolha do indicador para avaliar o estado nutricional de ferro depende do estágio da

deficiência de ferro. No primeiro estágio, chamado de estágio de depleção de ferro, observa-

se depleção dos estoques pela concentração sérica de ferritina. No segundo, denominado

estágio de deficiência de eritropoiese de ferro, ocorre redução da saturação da transferrina,

aumento da protoporfirina eritrocitária e elevação da capacidade de ligação total do ferro. No

último estágio, denominado de estágio da anemia ferropriva, observa-se redução da

concentração sérica de hemoglobina, hematócrito e índices hematimétricos (COOK, 1999;

WHO, 2001a). No Quadro 3 encontram-se registrados os pontos de coorte utilizados no

diagnóstico da deficiência de ferro.

26

Antes mesmo da instalação do quadro de anemia ferropriva, a deficiência de ferro

pode provocar uma redução nas enzimas dependentes de ferro, prejudicando desta forma a

respiração celular e o metabolismo energético, determinando um quadro clínico de fadiga e

apatia (TABOADA, 1983).

Quadro 3 - Níveis de referência para deficiência de ferro, utilizando diferentes parâmetros laboratoriais

Parâmetros Níveis de referência

Hemoglobina (1) 6 – 59 meses: < 11g/dL 5 – 11 anos: < 11,5 g/dL 12 – 15 anos: < 12g/dL

Hematócrito (1) 6 – 59 meses: < 33% 5 – 11 anos: < 34% 12 – 15 anos: < 36%

Ferritina (1) < 12µg/L

Ferro sérico (2) < 13µmol/L

Saturação de transferrina (3) Redução de 15 a 16%

Capacidade total de ligação do ferro (3) > 70 µmol/L

Protoporfirina eritrocítica (1)

Menores de 5 anos: >70µg/dL de eritrócitos >2,6µg de hemoglobina >61mmol/mol de heme

Maiores de 5 anos: >80µg/dL de eritrócitos >3µg de hemoglobina >70mmol/mol de heme

VCM (Volume corpuscular médio) (1) 1 – 2 anos: < 67 fl 2 – 5 anos: < 73 fl 5 – 8 anos: < 74 fl

HCM (Hemoglobina corpuscular média) (1)

1 – 2 anos: < 22 pg 2 – 5 anos: < 25 pg 5 – 8 anos: < 25 pg

CHCM (Concentração de hemoglobina

corpuscular média) (1)

1 – 2 anos: < 32 g/L

2 – 5 anos: < 32 g/L

5 – 8 anos: < 32 g/L

RDW (Amplitude de variação dos eritrócitos)(4) > 14%

(1)WHO, 1972; (2) COOK et al., 1992; (3) PAIVA et al., 2000; (4) CHOI & REIN, 1998

27

2.4 Determinantes da anemia ferropriva na infância

A deficiência de ferro na primeira infância está associada a vários fatores, dentre estes,

destacam-se as baixas reservas de ferro ao nascer, a intensa velocidade de crescimento da

criança, a ingestão inadequada de ferro e as perdas sanguíneas. Durante a gestação, a mãe

fornece ao feto o aporte adequado de ferro e, se o estado nutricional materno deste nutriente

encontra-se prejudicado, a saúde de ambos estará comprometida. O quadro clínico de

comprometimento da saúde materna tende a agravar-se, uma vez que o feto tem prioridade no

fornecimento de ferro (DALLMAN et al., 1980). As reservas de ferro ao nascer são

proporcionais ao peso do bebê e o último trimestre da gestação é o principal período para

formação das reservas fetais. Assim, o baixo peso ao nascer e a prematuridade também estão

relacionados à ocorrência da anemia (SIGULEM, 1988).

O intenso crescimento durante o primeiro ano de vida faz com que as necessidades de

ferro durante esta etapa sejam maiores. Uma criança a termo eleva três vezes o seu peso

corporal e em duas vezes a sua necessidade de ferro corporal. Considerando que o leite

materno é o alimento ideal para a criança até o sexto mês de vida, o desmame precoce e a

alimentação complementar inadequada podem resultar em ingestão deficiente de ferro,

prejudicando o pleno desenvolvimento do lactente (LÖNNERDAL,1984).

As condições socioeconômicas desfavoráveis podem comprometer, de forma indireta,

a deficiência de ferro. Aliado a estas condições desfavoráveis, o consumo inadequado de

alimentos que contêm ferro, dietas com baixa biodisponibilidade do mineral, baixo nível

educacional, maior exposição a condições sanitárias inadequadas e precário acesso aos

Serviços de Saúde corroboram para o surgimento dessa deficiência (QUEIROZ & TORRES,

2000).

Os fatores envolvidos na etiologia da anemia ferropriva em crianças são as condições

socioeconômicas desfavoráveis (baixa renda, baixa escolaridade dos pais, constituição

familiar com grande número de crianças), consumo alimentar inadequado (introdução precoce

da alimentação complementar, dieta inadequada em ferro e com baixa biodisponibilidade

deste mineral), dificuldade na assistência à saúde (precária assistência pré-natal e falta de

acompanhamento do desenvolvimento e crescimento da criança), morbidez elevada e

comprometimento dos fatores biológicos, como a idade (prevalência mais acentuada em

crianças de 6 meses a 24 meses) (OSÓRIO, 2002).

28

2.5 Conseqüências da anemia ferropriva na infância

A anemia ferropriva é uma doença que pode ter repercussões muito importantes no

crescimento, imunidade e desenvolvimento psicomotor, sendo que a gravidade das seqüelas é

muito variável e depende sobretudo da intensidade e duração da afecção, bem como da época

da vida em que esta carência nutricional ocorre, ressaltando que no início da vida as

repercussões neurológicas podem ser irreversíveis (DALLMAN et al, 1992).

Os dois primeiros anos de vida da criança são marcados por rápido crescimento e

desenvolvimento físico e social, sendo um período no qual ocorrem muitas transformações

orgânicas que são afetadas pela alimentação e ingestão de nutrientes (EUCLIDES, 2000). O

ferro é um micronutriente muito importante para o processo de crescimento e

desenvolvimento na infância. Estudos mostram que crianças suplementadas com ferro têm

crescimento e ganho de peso satisfatórios e redução de morbidez (LUNDSTRÖM & SIMES,

1980; ANGELES et al., 1993; TORRES et al. 1994).

A associação entre a deficiência de ferro e as doenças infecciosas é bastante

controversa. Sabe-se que a deficiência de ferro pode comprometer a função imunitária e

conseqüentemente propiciar maior risco de infecções. Ao mesmo tempo, uma série de

mudanças pode ocorrer no metabolismo de ferro devido a doenças inflamatórias e infecciosas

e que atuam como fatores de confusão quando é avaliado o estado nutricional do ferro. Já as

parasitoses representam menor importância na associação com anemia em lactentes, já que

estas infestações ocorrem mais frequentemente em crianças com idade superior a cinco anos

(OSÓRIO, 2002).

O desenvolvimento cognitivo também pode ser afetado pela deficiência de ferro. Sabe-

se que o ferro está ligado diretamente à formação e funcionamento do sistema nervoso,

acarretando prejuízos nos processos de mielinização e disfunção de neurotransmissores,

especialmente a dopamina que está ligada diretamente ao processo de aprendizagem

(LOZOFF, 1991; LOZOFF, 1998).

Estudos experimentais mostraram que a deficiência de ferro está associada a uma

menor concentração de ferro no cérebro (YOUDIM et al., 1989). Segundo LOZOFF, 1998,

existe uma relação entre o comportamento da criança e os estímulos recebidos do meio

externo. É notório que as crianças anêmicas, por serem menos ativas e explorarem pouco o

ambiente, acabam induzindo comportamentos menos estimuladores por parte de seus

cuidadores. Esta pequena interação com o meio externo causa prejuízo ao desenvolvimento

social, emocional e motor das crianças anêmicas que, em sua maioria, apresentam

29

características comportamentais como indecisão, tensão, retração, infelicidade, sonolência e

cansaço fácil. Neste estudo, a relação das crianças com a mãe também foi investigada e o

autor observou que as crianças anêmicas são amamentadas por menor período de tempo, as

mães são menos favorecidas intelectualmente e vivem em ambientes menos estimuladores.

Estudos realizados com famílias de crianças desnutridas verificaram que essas eram

bastante diferentes das famílias de crianças eutróficas, no que se refere ao maior número de

crianças na família, problemas nas relações conjugais, ausência ou falta do envolvimento do

pai com a criança, alcoolismo, mãe com infância problemática, gravidez não desejada, baixa

escolaridade materna, entre outros fatores (MONTE, 2000; CARVALHAES et al., 2002).

2.6 Medidas de prevenção e controle da anemia ferropriva

Pelo fato da anemia ferropriva ser considerada um grave problema de Saúde Pública,

acometendo aproximadamente 50% das crianças menores de cinco anos, o Ministério da

Saúde aprova a Portaria 730, de 13 de maio de 2005, que institui o Programa Nacional de

Suplementação de Ferro. Este se destina a prevenir a anemia ferropriva mediante a

suplementação alimentar universal de crianças entre 6 meses e 18 meses de idade, gestantes a

partir da 20ª semana gestacional e mulheres até o 3º mês pós-parto, em observância ao

Manual Operacional definido pela Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).

Estudo de efetividade da prescrição preventiva, utilizando doses semanais de sulfato

ferroso para crianças entre 6 meses e 59 meses de idade, por um período de 6 meses,

constatou um ganho médio de hemoglobina de 4,0 g/L e queda na prevalência de anemia de

mais de 50% dos casos (MONTEIRO et al., 2002).

Em Cuiabá (MT) a suplementação semanal durante 4 meses para crianças menores de

3 anos em seis creches resultou em um acréscimo médio da hemoglobina de 1,6 g/L e redução

da prevalência de anemia para um terço dos casos. Além disso, ao término da suplementação,

foram acrescidos mais cinco meses de orientação alimentar, e, com isso, reduziu a prevalência

inicial a um quarto dos casos (BRUNKEN et al., 2004).

Os dados coletados do Projeto Favela, da Escola Paulista de Medicina da USP,

demonstram que atividades de educação e promoção das ações básicas de saúde

desempenham papel fundamental na prevenção e controle de carências nutricionais como a

anemia (DEVINZENCI, 2004).

19

30

Também os estudos de LESSA et al. (2003) verificaram que após o estabelecimento de

um conjunto de ações preventivas, a prevalência de anemia de maior gravidade apresentou

redução de 33% para 7%, sendo que a média de hemoglobina elevou-se significantemente de

9,8 g/dL para 10,9 g/dL após as intervenções.

Com relação à profilaxia da anemia ferropriva, a Sociedade Brasileira de Pediatria

recomenda a administração medicamentosa à base de ferro, seguindo o protocolo abaixo

(SBP,1995):

• Recém-nascido a termo e com peso adequado para a idade gestacional: administrar 1

mg de ferro elementar/kg de peso/dia, após a introdução da alimentação

complementar, até o segundo ano de vida.

• Recém-nascido prematuro ou de baixo peso: administra-se 2 mg de ferro elementar/kg

de peso/dia, a partir do 30o dia de vida até o 3o mês; após esta fase administrar 1

mg/kg/dia até o segundo ano de vida.

A dose preconizada para tratamento da anemia é de 3 a 5 mg de ferro

elementar/kg/dia.

Ressalta-se que a Sociedade Americana de Pediatria (SAP) preconiza que a dose

máxima de ferro deva ser de 15 mg/dia, independente do peso da criança.

Rocha et al. (2006) em estudo realizado em creches em Belo Horizonte, com a

utilização de água fortificada com ferro e vitamina C para a prevenção e tratamento da anemia

ferropriva, observou que após 5 meses de fortificação da água, a prevalência de anemia

passou de 37,1% para 11,5% e a média de hemoglobina passou de 11,8±1,3 g/dl para

12,9±1,4 g/dl.

Existe um consenso entre vários pesquisadores que a anemia ferropriva pode

comprometer o crescimento e o desenvolvimento infantil. Este comprometimento tem origem

no fornecimento inadequado de energia, de macro e de micronutrientes, estando o ferro entre

estes últimos. Durante a primeira infância, devido ao crescimento acelerado, faz-se necessário

uma demanda expressiva de ferro e, caso esta necessidade não seja atingida, admite-se que

pode ocorrer uma desaceleração do crescimento (CHAWANG et al., 1988; BATISTA-

FILHO& FERREIRA et al., 1996; MONTE et al., 2001; BATISTA-FILHO et al., 2003).

Além da profilaxia medicamentosa, outras estratégias também podem ser utilizadas na

prevenção da anemia ferropriva. A educação nutricional representa uma estratégia principal,

já que a mãe pode ser orientada em relação ao aleitamento materno exclusivo nos primeiros

quatro meses de vida, instruída na introdução adequada da alimentação complementar quanto

aos tipos e consistência dos alimentos, fontes adequadas de ferro e esclarecida quanto aos

31

alimentos facilitadores e inibidores da absorção de ferro. A utilização de alimentos

fortificados com ferro é outra medida de caráter profilático que pode auxiliar no combate à

anemia ferropriva, já que não implica em modificações de hábitos alimentares (CARDOSO &

PENTEADO, 1994; DEVINZENCI et al., 2000).

Outro tipo de medida profilática é a adequada assistência materno-infantil. A correção

de problemas relacionados à saúde global à gestante, o acompanhamento pré-natal, a

assistência ao parto e a atenção ao puerpério são medidas importantes na prevenção de fatores

de risco para anemia, a exemplo do baixo peso ao nascer e da prematuridade (DEVINZENCI

et al., 2000).

As ações nos SBS podem contribuir para uma redução efetiva dos quadros de

deficiências nutricionais como a anemia. Através dos mesmos, o diagnóstico precoce se torna

possível e medidas adequadas de educação, controle e intervenção são possíveis de serem

realizadas pelos profissionais de saúde junto às gestantes e nutrizes.

32

3 Objetivo

3.1 Objetivo geral

Determinar a prevalência de anemia por deficiência de ferro em crianças na faixa

etária de 6 meses a 24 meses de idade atendidas no ambulatório de puericultura do Hospital

da Polícia Militar de Minas Gerais.

3.2 Objetivos específicos

� Avaliar o estado nutricional de crianças na faixa etária de 6 meses a 24 meses atendidas

no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar de Minas Gerais.

� Investigar a situação de aleitamento materno de crianças na faixa etária de 6 meses a 24

meses atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar de Minas

Gerais.

� Identificar os possíveis fatores de risco para anemia ferropriva em lactentes de 6 meses a

24 meses atendidos no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar de Minas

Gerais.

33

4 Metodologia

4.1 Tipo de estudo

Trata-se de um estudo com delineamento do tipo transversal e pesquisa descritiva para

avaliação e diagnóstico da anemia ferropriva nas crianças de 6 meses a 24 meses de idade

atendidas no ambulatório de puericultura do Hospital da Polícia Militar de Minas Gerais,

durante o período de agosto a dezembro de 2004.

4.2 Histórico do Hospital da Polícia Militar

O Hospital da Polícia Militar (HPM) foi o terceiro hospital geral fundado em Belo

Horizonte, tendo sido precedido pela Santa Casa de Misericórdia (1899) e pelo Hospital de

Isolamento (1910).

Nos primeiros anos de existência da nova capital do Estado de Minas Gerais, a

Brigada Policial, doravante denominada Força Pública, e atualmente Polícia Militar do Estado

de Minas Gerais não possuía nenhum serviço de saúde constituído e muito menos uma sede

própria (Hospital).

Os oficiais e praças recebiam atendimento médico na Santa Casa, sendo internados em

um setor especial, chamado “Enfermaria Militar”. Com o passar do tempo o atendimento na

Santa Casa tornou-se insatisfatório devido ao número crescente de militares na nova capital,

havendo também a necessidade de tratamento dos seus familiares.

Com o objetivo de solucionar o problema, o Governador do Estado de Minas Gerais,

Júlio Bueno Brandão, cria o Serviço de Saúde da Força Pública e o Hospital da Polícia

Militar, através da lei nº 597 de 30 de agosto de 1913, tendo sido aprovado o regulamento de

seu funcionamento no dia 16 de dezembro de 1913, através do Decreto nº 4060.

No dia 1º de junho de 1914 foi inaugurado o Hospital da Polícia Militar, localizado à

rua Manaus, entre Álvares Maciel e Padre Marinho, no bairro Santa Efigênia, próximo ao 1º

Batalhão de Polícia Militar da capital. O Hospital possuía 60 leitos, gabinete médico e

dentário, sala de operações, farmácia, sala de Raio-X com aparelho de Raio-X moderno para

aquela época. Fizeram parte do quadro clínico do hospital muitos médicos ilustres a exemplo

de Dr. Juscelino Kubitschek e Dr. Guimarães Rosa.

34

Atualmente, o corpo clínico do hospital é constituído por profissionais de diversas

especialidades, contando com um número representativo de mestres e doutores. Atualmente as

especialidades estão assim distribuídas:

� Anestesiologia

� Angiologia e cirurgia vascular

� Assistência farmacêutica

� Cirurgia geral e pediátrica

� Cirurgia plástica

� Clínica médica

� Dermatologia

� Endocrinologia

� Fisioterapia

� Gastroenterologia

� Geriatria

� Ginecologia

� Homeopatia

� Neurologia

� Odontologia

� Oncologia

� Ortopedia

� Otorrinolaringologia

� Pediatria

� Pneumologia

� Proctologia

� Psicologia

� Psiquiatria

� Reumatologia

� Serviço de enfermagem

� Urologia

Além do plano assistencial na área da saúde, o Hospital Militar tem excelência

acadêmica para alunos de graduação, em forma de estágios e correlatos e também oferece

diversos programas de Residência Médica autorizados pelo Ministério da Educação e Cultura.

35

A filosofia do hospital é o acolhimento e a humanização da atenção prestada aos

usuários. A humanização é uma prioridade, sendo que todos os funcionários civis e militares

realizam com freqüência cursos de capacitação, aperfeiçoamento e qualificação na prestação

de serviços. A educação continuada também é rotineiramente incentivada a todos os

profissionais que integram o quadro de saúde do HPM.

O Serviço de Pediatria é composto por 23 médicos militares e 14 médicos civis, além

de 8 médicos residentes. No Serviço de Puericultura, local desse estudo, são atendidas cerca

de 500 crianças por mês. Estas consultas são agendadas mensalmente e atendem crianças

desde o segundo ano de vida.

4.3 Critérios de inclusão

Crianças na faixa etária de 6 meses a 24 meses atendidas no Ambulatório de

Puericultura do Hospital da Polícia Militar de Minas Gerais

4.4 Critérios de exclusão

• Presença de doenças crônicas previamente diagnosticadas na entrevista como asma,

bronquite, diabetes, cardiopatias, nefropatias, dentre outras.

• Crianças portadoras de doenças crônicas (renais, imunodeficiências, paralisias

cerebrais e cardiopatias congênitas cianóticas).

• Presença de doenças hematológicas conhecidas, à exceção da anemia ferropriva;

entre elas drepanocitose, esferocitose congênita, talassemia, deficiência da enzima

eritrocitária glicose-6-fosfatodesidrogenase, anemia hemolítica, etc.

• Crianças sabidamente portadoras de anemias de outra etiologia (hemoglobinopatias,

anemias hemolíticas e anemia megaloblástica).

• Presença de doenças que pudessem interferir no crescimento ou deformidades que

comprometessem as medidas antropométricas.

• Crianças que no dia do exame apresentaram qualquer manifestação de doença aguda

(febre, diarréia, vômitos, entre outros), porque sabidamente a presença de processos

inflamatórios agudos e/ou crônicos acarreta alterações nos níveis de hemoglobina.

• Impossibilidade de obtenção do Termo de consentimento informado (Anexo 3).

36

4.5 Seleção da Amostra

Todos os pacientes têm prontuário médico que contempla a história clínica atual,

história patológica pregressa, história familial e condição socioeconômica (constituição

familiar, escolaridade, renda familiar, número de pessoas na família, etc), antecedentes

pessoais (condições de gestação e nascimento, viroses da infância, vacinação, etc).

De cada criança era obtido, em uma única vez, os seguintes dados, que constavam do

protocolo de pesquisa que foi aplicado em forma de Questionário (Anexo 5):

• identificação da criança e da mãe, através de entrevista com os pais ou responsáveis

• variáveis socioeconômicas dos pais

• dados referentes à criança (peso e comprimento ao nascer, duração da gestação,

ordem de nascimento e tipo de parto)

• variáveis específicas da amamentação e do leite materno

• complementação alimentar

• morbidez apresentada no mês de coleta de sangue

• profilaxia com composto ferroso

• medicamentos

• exames complementares de diagnóstico para anemia

• antropometria e avaliação bioquímica

A amostra inicial calculada foi de 181 crianças, determinada a partir dos seguintes

parâmetros: número médio de crianças menores de 24 meses atendidas no setor de puericultura

do Hospital da Polícia Militar (N = 375), freqüência esperada de anêmicos na população da

pediatria = 35% (levando em consideração o Trabalho publicado por CAPANEMA, 2002),

margem de erro = 5% e uma confiabilidade (1-α) = 95%. Para essa análise foi utilizando o

programa Statcalc do software Epi Info, versão 6.04, (DEAN et al.,1996).

Trata-se de uma amostra não probabilística, em que foi utilizado o critério de

acessibilidade. Foram selecionadas as crianças que o pesquisador teve acesso durante a coleta

de dados, admitindo que estes possam representar o universo estudado. Assim, foram

selecionadas todas as crianças com idade de 6 meses a 24 meses que freqüentaram o

Ambulatório de Puericultura do Hospital da Polícia Militar, no período de agosto a dezembro

de 2004. Neste período, foram atendidas em média 515 crianças de 0 a 24 meses, no

Ambulatório de Puericultura do Hospital da Polícia Militar.

37

Desse total, inicialmente foram selecionadas 211 crianças para compor a amostra deste

estudo. Dessas, 54 crianças foram excluídas por apresentarem doenças agudas no dia da

avaliação. Assim, a amostra final foi constituída por 157 crianças (Figura 1). É importante

ressaltar que não houve nenhuma criança excluída por apresentar hemoglobinopatia, doenças

graves ou porque seus responsáveis se recusassem a participar do estudo.

FIGURA 1 - Diagrama de distribuição da Amostra.

4.6 Coleta de dados

Após concordarem em participar do estudo e assinarem o termo de consentimento

informado (Anexo 1), os responsáveis responderam um questionário pré-codificado (Anexo 2).

O questionário tinha por objetivo obter as seguintes informações: identificação da

criança (sexo, data de nascimento, peso ao nascer, comprimento ao nascer e duração da

gestação), condições socioeconômicas (escolaridade e ocupação dos pais, estado civil da mãe,

AMBULATÓRIO DE PUERICULTURA DO HPM/MG

38

renda familiar, número de pessoas que moram na casa), morbidez atual, ingestão de

suplementos contendo ferro e demais medicamentos e práticas alimentares.

4.7 Avaliação antropométrica

O peso das crianças foi aferido em balança eletrônica pediátrica – Filizola Baby, com

capacidade de 15kg com divisão de 5g. As crianças foram despidas e posicionadas deitadas

sobre a concha anatômica da balança, de forma confortável e segura.

O comprimento foi obtido utilizando-se um antropômetro horizontal, com a régua

graduada em centímetros e subdividida em milímetros, com extensão de 100 cm. Posicionou-

se a criança em decúbito dorsal, apoiando a cabeça no plano vertical (parte fixa do

antropômetro). Os joelhos eram alinhados sobre a superfície de apoio, as pernas estendidas e

os pés encostados na parte móvel formando um ângulo reto com a mesma (JELLIFFE, 1966;

WHO, 1995).

FIGURA 2 – Balança eletrônica pediátrica – Filizola Baby, com capacidade de 15kg com divisão de 5g.

39

As balanças eram aferidas a cada pesagem e os antropômetros, por serem de material

não deformável, necessitaram apenas de revisão periódica do seu adequado posicionamento

na mesa conforme preconizado por NOGUEIRA DE ALMEIDA (2001) em sua Tese de

Doutorado apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, em 2001.

FIGURA 3 – Régua antropométrica de madeira envernizada ao natural com 1 metro de comprimento, com escala.

FIGURA 4 – Lactente sendo pesado na consulta de rotina de Puericultura no HPM/MG.

40

Para a avaliação do estado nutricional, foram calculados os índices peso/idade,

estatura/idade e peso/estatura e os mesmos foram expressos em z-escore (unidades de desvio

padrão) e comparados com a referência antropométrica do Center for Disease Control (CDC,

2000).

Para os índices analisados, as crianças que apresentaram os valores de z-score menores

que –2,00 foram classificadas como desnutridas. Para os índices peso/idade e peso/estatura,

ou déficit estatural, para estatura/idade; as que se encontraram no intervalo entre -2,00├ -1,00

foram classificadas como risco de desnutrição ou de déficit estatural; as que apresentaram o

valor de z-score igual ou maior que -1,00 e menor ou igual a 1,00 foram classificadas como

eutróficas para os índices peso/idade e peso/estatura. Já para o índice estatura/idade todos que

estavam em -1,00 ou acima deste valor foram classificadas como eutróficas. Para caracterizar

o estado nutricional como risco de sobrepeso e sobrepeso propriamente dito considerou-se os

intervalos de 1,00 ┤2,00 e >2,00 para o diagnóstico, respectivamente. Utilizou-se na análise

dos dados antropométricos o software Epi Info, versão 2002.

FIGURA 5 – Lactente sendo medido durante a consulta de rotina de Puericultura no HPM/MG.

41

4.8 Avaliação bioquímica

Todos os participantes do estudo receberam uma guia para a realização do hemograma

no laboratório do Hospital da Polícia Militar. As crianças com níveis de hemoglobina inferior

a 11,0 g/dL realizaram o exame de ferritina para confirmação da anemia ferropriva.

Entretanto, a coleta de sangue foi realizada apenas uma vez em cada criança.

O diagnóstico da anemia foi realizado por meio da determinação da concentração de

hemoglobina e da concentração de ferritina sérica. Foram consideradas anêmicas aquelas

crianças que apresentaram concentração de hemoglobina inferior a 11,0 g/dL

(DEMAYER,1989) e concentração de ferritina sérica inferior a < 12µg/L (WHO, 2001a).

Para definição dos graus de anemia, utilizaram-se as seguintes categorias: anemia grave

(hemoglobina < 7,0 g/dL); anemia moderada (hemoglobina entre 7,0 e 9,0 g/dL) e anemia

discreta (hemoglobina > que 9,0 g/dL e menor que 11,0 g/dL), segundo a classificação de

DEMAYER (1989).

4.9 Coleta de material

As crianças chegavam ao ambulatório acompanhadas de seus responsáveis, para

consulta agendada de puericultura. O responsável pela criança foi informado sobre a pesquisa

e convidado a participar.

O questionário foi aplicado e preenchido pelos médicos da puericultura e alunos da

UFMG, devidamente treinados e orientados pelo pesquisador.

Após a consulta e análise dos critérios de exclusão, a criança era encaminhada ao

laboratório do Hospital Militar. As guias de pedido de exame eram identificadas para facilitar

a execução e obtenção de dados.

No laboratório, o sangue venoso (cerca de 1,5 ml) era colhido por técnicos de

enfermagem, na sala para coleta de exames de crianças, que era separada, para melhor

conforto das mesmas. A criança era posicionada em decúbito dorsal na cama apropriada para

punção venosa. Após garroteamento do membro a ser puncionado, era feita assepsia com

álcool 70%. A seringa usada era descartável, de 5 ml e a agulha de 25/7. A seguir, era feita a

compressão do local puncionado de 3 a 5’.

No sangue para hemograma havia anticoagulante (EDTA) e no material retirado para

dosagem de ferritina usou-se o soro sem anti-coagulante. Após o término, era dada ficha de

lanche para as crianças maiores de 1 ano.

42

O hemograma foi feito no aparelho SYSMEX SF 3000 automático. O sangue foi

homogenizado e só no caso de dúvida foi feita leitura da lâmina. O material ficou armazenado

em geladeira, em torno de cinco dias, para depois ser desprezado.

A dosagem de ferritina foi feita no aparelho AXSYM. Os resultados dos exames sob

coordenação da patologista clínica eram diretamente entregues ao pesquisador.

FOTO 1 APARELHO

FIGURA 6 – Sala de coleta de exame infantil do HPM/MG.

FIGURA 7 – Aparelho SYSMEX SF 3000 automático utilizado para fazer o hemograma.

43

4.10 Conceitos e terminologias relacionados ao aleitamento

Segundo a Organização Mundial da Saúde e a Organização Panamericana da Saúde

(OMS/OPAS, 1991) as categorias de aleitamento são definidas como:

- Aleitamento Materno: quando a criança recebe leite materno, diretamente da mama ou

extraído, independente de estar recebendo qualquer outro alimento ou líquido, incluindo leite

não humano.

- Aleitamento Materno Predominante: quando a criança recebe além do leite materno,

diretamente da mama ou extraído, água ou bebidas a base de água como suco de frutas e chás.

4.11 Análise dos dados

Os dados foram tabulados e analisados no software Epi Info-6.04 (DEAN et al., 1996),

EPI Info versão 2002 e o Statistics Personal of Social Sciences, SPSS 10.0.

O teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov foi utilizado para verificar o tipo de

distribuição das variáveis do estudo. A associação entre as variáveis categóricas foi verificada

pelo teste do Qui-Quadrado e quando a frequência esperada foi inferior a 5 em uma das

caselas utilizou-se o teste de Fisher. A Odds Ratio (OR) e seus intervalos de confiança de

FIGRURA 8 – Aparelho AXSYM utilizado para fazer a dosagem da ferritina.

44

95% (IC-95%) foram calculados para determinar possíveis fatores de risco para a anemia.

Adotou-se como nível de significância estatística o valor de p < 0,05.

4.12 Aspectos Éticos

O projeto foi aprovado pela Câmara Departamental do Departamento de Pediatria e

pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais – COEP (Anexo

3). Previamente à coleta de dados, foi apresentado aos pais ou responsável legal pela criança o

Termo de Consentimento. As crianças com o diagnóstico de anemia receberam o tratamento

da doença de acordo com o protocolo da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), conforme

foi referendada na revisão de literatura dessa pesquisa.

45

5 Resultados e Discussão

5.1 características da população

Para a composição da amostra foram contactadas 211 crianças, na medida em que

estas buscavam atendimento no ambulatório de puericultura do Hospital da Polícia Militar de

Minas Gerais. Deste total, 157 foram incluídas nas análises, por preencherem os critérios de

inclusão do estudo.

Com relação às características das crianças avaliadas observou-se que a mediana de

idade foi de 9 meses, sendo que 98,6% tinham menos de 18 meses. Vários estudos mostram

esta faixa etária como de risco para a anemia ferropriva (SZAFARC et al., 1988; ASSIS et al.,

1997; NEUMANN et al, 2000; SILVA et al., 2001).

A distribuição por sexo, nesta população se deu de forma muito homogênea sendo

54,8% do sexo feminino e 45,2% do sexo masculino conforme é demonstrado na Tabela 1.

Ocorreu um predomínio de crianças na faixa etária de 6 meses a 12 meses. Esses achados

devem-se à estrutura referenciada exclusiva do Serviço de Puericultura aos usuários de saúde

da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais por representar uma unidade-padrão para

lactentes com adequada disponibilidade material (berços, fraldas, mamadeiras, etc) e recursos

humanos treinados e capacitados através de cursos de reciclagem e capacitação.

TABELA 1 – Características relacionadas à faixa etária e ao sexo das crianças atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.

Variável Freqüência

N % sexo masculino 71 45,2 feminino 86 54,8 idade (meses) 6-12 129 82,2 12-18 26 16,4 18-24 2 1,2

Apesar da carência de levantamentos de trabalhos nacionais sobre a prevalência da

anemia ferropriva no Brasil, os quadros epidemiológicos demonstrados por diversos estudos

realizados em diferentes regiões indicam elevadas freqüências de anemia (VANNUCCHI et

al., 1992; SZARFARC et al., 1995, SPINELLI, et al. 2005). Segundo a OMS, 10% das

46

crianças menores de 12 meses que residem em países desenvolvidos e cerca de 50% daquelas

que residem nos países em desenvolvimento estão anêmicas nessa faixa etária (FREIRE,

1998).

A prevalência de anemia encontrada nesta Tese de Dissertação foi de 27,4%, sendo

que 83,7% das crianças anêmicas apresentou anemia discreta (Hb11-9 g/dL), 17,3%

moderada (Hb 9-7 g/dL) e não foi observado nenhum caso de anemia grave (Hb <9,5g/dl)

(Tabela 2). Estes achados foram muito diferentes dos estudos feitos nas UPS de Recife, em

que 85% de crianças anêmicas encontravam-se na faixa etária de 6 meses a 11 meses e 82%

na faixa etária entre 12 meses e 23 meses de idade (ROMANI, et.al., 1991).

Em uma amostra de 2.992 crianças, com idades compreendidas entre 6 meses e

23 meses, atendidas dentro da demanda espontânea de 160 UBS, em 63 municípios do Estado

de São Paulo, foram detectadas 59% das crianças com valor de hemoglobina sérica inferior a

11,0 g/dl e, em 25% valor inferior a 9,5 g/dl (TORRES, et.al., 1994).

TABELA 2 - Prevalência de anemia nas crianças atendidas no serviço de puericultura do

Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.

Variável Frequência

N % anemia Não 114 72,6 Sim 43 27,4 anemia discreta (Hb11-9 g/dL)* 36 83,7 anemia moderada (Hb 9-7 g/dL) * 7 16,3

*Prevalência entre os anêmicos (N=43).

A média mais baixa de hemoglobina ocorreu nas crianças com idade inferior a 18

meses sendo este valor de 11,4±1g/dl (Tabela 3). Este aumento progressivo das médias de

hemoglobina também foi observado por diversos estudos no Brasil (SALZANO, et al., 1984;

ROMANI, et al., 1991; ROCHA, 2006).

TABELA 3 - Média de hemoglobina, por faixa etária, das crianças atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.

Faixa Etária (meses)

Freqüência Média Hb (g/dL) N %

6-12 11,48 ± 1,12 129 82,2 12-18 11,49 ± 1,57 26 16,4 18-24 12,55 ± 1,90 2 1,2

47

A deficiência de ferro esteve presente em 55,8% das crianças anêmicas avaliadas, e a

média de ferritina sérica foi de 14,29 µg/L (DP = ±13,5) (Tabelas 4 e 5).

TABELA 4 - Concentração de ferritina entre as crianças anêmicas atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.

Variável Freqüência

N % concentração de ferritina nas crianças anêmicas ≥12µg/L 19 44,2 <12µg/L 24 55,8 Total 43 100

TABELA 5 - Valores de hemoglobina e ferritina séricas das crianças atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.

Variáveis Média ± DP Mediana Mínimo e Máximo

hemoglobina* 11,49 ± 1,21 11,6(1) 7,10 - 14,10 ferritina** 14,29 ±13,50 8,6 0,77 - 46,98

(*) hemoglobina (n=157) (**) ferritina de anêmicos (n=43) 1 Não apresentou distribuição normal DP = desvio-padrão.

Das 19 crianças anêmicas avaliadas, 47,4% (n=9) tinham história clínica de infecção

nos últimos 15 dias que antecederam a coleta do sangue.

A ferritina sérica pode elevar-se com os processos infecciosos agudos, inflamações,

neoplasias e doenças hepáticas (BAYNES, 1996; WHARTON, 1999). Na verdade, o valor da

ferritina expressa estoques de ferro depletados somente naqueles pacientes que não

apresentam infecção. Isso é explicado pelo fato da apoferritina ser uma proteína de fase aguda,

que encontra-se elevada em resposta a algum processo infeccioso ou inflamatório (WHO,

2001b). Para evitar os possíveis efeitos da infecção nos indicadores do estado nutricional de

ferro tem-se sugerido a dosagem da proteína C reativa como controle (OLIVARES et al., 2000).

Outra desvantagem em relação à utilização da ferritina sérica na avaliação nutricional

refere-se ao custo dispendioso do exame; quando comparado ao custo da dosagem de

hemoglobina. Nesta pesquisa, como não foi feita a dosagem de proteína C reativa sérica, para

48

apurar os possíveis efeitos da infecção sobre a taxa de ferritina sérica aumentada. Assim, não

podem ser feitas inferências sobre os valores de ferritina.

Destaca-se, entretanto, que todas as crianças com anemia moderada apresentaram

valores de ferritina sérica inferiores a 12 µg/L.

Das crianças que foram avaliadas 27,4% relataram que já haviam feito aferição de

hemoglobina antes da avaliação neste estudo, sendo que 18% já tinham o diagnóstico de

anemia e, por conseguinte, já tinham feito algum tratamento da afecção (Tabela 6). Esses

achados foram piores que os encontrados por NETTO (2005), em um estudo realizado com

lactentes no município de Viçosa (MG), onde 50% das crianças avaliadas já haviam feito

exame e foi detectada anemia anteriormente à avaliação.

TABELA 6 - História pregressa em relação à anemia das crianças atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.

Variável Freqüência

N % fez exame de anemia anteriormente (n=157) N 107 68,2 S 43 27,4 S/I 7 4,5 havia diagnóstico de anemia anteriormente (n=43) N 17 34 S 9 18 S/I 17 48 fez tratamento prévio de anemia (n=9) N 0 0 S 9 100

N = não S = sim S/I = sem informação

Com relação ao uso de medicamentos à base de ferro, deve-se ressaltar que 76,4% dos

lactentes avaliados recebiam suplementação com sais de ferro, no momento da pesquisa. A

SBP recomenda que todos os lactentes devem fazer a profilaxia com medicamentos à base de

ferro até os 24 meses de idade (SBP, 1995). O medicamento mais utilizado por 66,3% das

crianças que já faziam o uso de composto ferroso foi o hidróxido de ferro polimaltosado

(Tabela 7).

49

TABELA 7 - Utilização de composto ferroso e de outros medicamentos em uso pelas crianças atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.

Variáveis Freqüência

N % criança faz uso de ferro medicamentoso N 37 23,6 S 120 76,4 principio ativo (n=120) hidróxido de ferro polimaltosado 76 63,3 sulfato ferroso 31 25,8 sulfato ferroso+vit. C+ comp. B 7 5,9 ferro quelato glicanato 6 5,0 uso diário do composto ferroso (n=120) N 31 25,8 S 89 74,2 horário que toma o composto ferroso (n=120) próximo ao almoço/jantar 60 50,0 próximo ou junto com leite 13 10,8 outro horário 39 32,5 S/I 8 6,7 uso de outro medicamento Não 106 67,5 Sim 50 31,8 S/I 1 0,6 tipo de medicamentos (n=50) Vitaminas 42 82,4 outros medicamentos 7 13,7 S/I 1 3,9

N = não S = sim S/I = sem informação

Ao avaliar o uso do composto ferroso, observou-se que 25,8% das crianças não o

utilizavam diariamente. A baixa adesão ao uso correto da medicação é considerada o principal

obstáculo para atingir uma prevenção efetiva com o suplemento de ferro via oral. Isto é

justificado pela dificuldade de se obter o uso correto do medicamento para crianças

aparentemente saudáveis (BATISTA-FILHO & FERREIRA, 1996).

Na amostra estudada, 31,8% utilizavam outros medicamentos e, dentre eles, os

principais foram os complexos vitamínicos (Tabela 7).

Uma das hipóteses que pode ser levantada para a baixa aceitação da suplementação

com o ferro é a pouca motivação das mães nas ações de prevenção e promoção da saúde.

Freqüentemente as consultas decorrem de algum quadro mórbido apresentado pela criança.

19

50

Este fato ressalta a importância da prevenção da anemia com o uso de medicamentos em

posologia adequada.

Observa-se na Tabela 8 que não foi encontrada relação entre a presença de valores

baixos de hemoglobina com quaisquer variáveis relacionadas à historia pregressa de anemia e

à utilização de suplementos. Entretanto, observa-se que houve uma tendência estatística

(p = 0,06) entre as crianças com anemia e aquelas que utilizavam suplementos vitamínicos.

TABELA 8 - Correlação entre os valores baixos de hemoglobina e a história pregressa de anemia nas crianças atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.

Variáveis Odds Ratio Intervalo de

Confiança (95%) Valor de p

realizou exame de anemia (S/N) e anemia

2,29 0,86 – 6,32 0,06(*)

anemia pregressa (S/N) e anemia atual

2,33 0,26 – 21,95 0,36

toma composto ferroso (S/N) e anemia

0,98 0,42 – 2,27 0,96

tempo de ttilização do composto ferroso (< ou ≥ 3 meses) e anemia

1,47 0,58 – 3,69 0,36

uso diário do composto ferroso (S/N) e anemia

1,00 0,35 – 2,77 0,99

composto ferroso junto com as refeições (S/N) e anemia

1,35 0,50 – 3,66 0,51

uso de vitaminas (S/N) e anemia 2,28 0,86 – 6,24 0,06

(*)Tendência estatística: p<0,09. Nível de significância: p < 0,05. Odds Ratio bruto Intervalo de confiança = 95%

Em um estudo realizado por SZARFARC et al. (1996), em Centros de Saúde, no

município de Santo André (SP), foi avaliada a eficácia de um programa de suplementação

profilática de ferro em crianças no primeiro ano de vida. Observou-se neste estudo, que após

a intervenção, em crianças que compareceram a mais de 5 consultas, a prevalência de anemia

foi significantemente inferior (37%) comparada à 62,5% daquelas que compareceram menos

vezes ao Serviço de Saúde.

Conclui-se que a suplementação com medicamentos a base de fero e com posologia

variada, ainda que bem conduzida e com adesão satisfatória, apresenta resultados limitados na

prevenção da anemia ferropriva, nos primeiros anos de vida.

51

Alguns autores consideram que a suplementação preventiva com ferro nos lactentes

pode reduzir significativamente o risco de anemia ferropriva caso seja incorporada na prática

da atenção primária à saúde (MONTEIRO, et al., 2002; FERREIRA et al., 2003;

DEVINCENZI, 2004).

5.2 Características sociais da mãe

A Tabela 9 apresenta as características sociais das mães de 157 crianças que

participaram da amostra.

TABELA 9 - Características sociais das mães das crianças atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.

Variável Freqüência

N % estado civil Casada 131 83,4 união informal 18 11,5 Solteira 8 5,1 idade materna <20 anos 2 1,3 20-35 anos 114 79,3 >35 anos 28 19,4 escolaridade materna analfabeta 2 1,3 fundamental incompleto 21 13,4 fundamental completo 22 14,0 médio incompleto 9 5,7 médio completo 94 59,9 superior incompleto 3 1,9 superior completo 5 3,2 mãe com trabalho extra-domiciliar S 48 30,6 N 108 68,8 S/I 1 0,6 período que trabalha (n=48) Integral 31 64,6 Parcial 16 33,3 S/I 1 2,1 mãe policial militar (n=48) Sim 14 29,2

52

Não 34 70,8 N = não S = sim S/I = sem informação

Observa-se que a idade média das mães foi de 30,7 ± 5,1 anos e que 79,3% tinham

entre 20 anos e 35 anos de idade. O número de mães adolescentes foi pequeno, diferente

daquilo que é visto comumente no País, onde é encontrada uma prevalência de mães

adolescentes de 14,3%, segundo os dados da Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde

(1996); em Minas Gerais observa-se uma prevalência de 17,7% (IBGE, 2005).

Sabe-se que a gestação na adolescência é fator de risco para prematuridade e baixo

peso ao nascer, devido à baixa idade ginecológica e incompleto crescimento físico da mãe

(BEMFAM, 1997; COSTA & NETO, 1999; AZEVEDO et al, 2002).

Com relação à escolaridade, verificou-se que 59,9% completaram o ensino médio. Os

dados nacionais demonstram que 38,1% das mulheres em idade reprodutiva (PNDS, 1996) e

41,9% das mães cujos filhos têm até 6 anos de idade, possuem baixa escolaridade (IBGE,

1999).

A escolaridade materna é um fator que influencia favoravelmente o estado de saúde

das crianças, uma vez que as mães com melhor nível educacional normalmente se preocupam

mais facilmente com os cuidados básicos da criança, a exemplo das consultas médicas,

higiene e alimentação (IBGE, 1999).

A percentagem de mães que exerciam atividade de trabalho fora de seus domicílios foi

de 30,6% e, dessas, 64,6% em período integral. O perfil das mães desse estudo também foi

diferente da população brasileira que demonstrou que 51% das mulheres em idade reprodutiva

exercem alguma forma de trabalho (PNDS, 1996). Portanto, a maioria das mães avaliadas por

esse estudo possuía maior tempo para cuidar das suas crianças.

Apenas 5,1% das mães eram solteiras, demonstrando uma situação privilegiada em

relação à estatística nacional que demonstra que 18% das mães não vivem com o esposo ou

companheiro (PNDS, 1996). Dados do IBGE (2005) também revelam que o maior percentual

de mães solteiras apresentam baixo estrato de renda socioeconômica.

Neste estudo as variáveis maternas não se correlacionaram com a incidência de anemia

nos lactentes avaliados, como pode ser observado na Tabela 10.

No estudo de ASSIS (1997) a escolaridade materna, correlacionada à idade da criança,

não mostrou ser uma variável importante na determinação da anemia. Também no estudo

53

sobre a tendência secular da anemia no município de São Paulo, o aumento verificado na

prevalência de anemia não pôde ser explicado nem por fatores socioeconômicos, a exemplo

da renda e escolaridade materna e muito menos pelas condições ambientais, como saneamento

e acesso aos serviços de saúde; já que estes tiveram uma evolução comprovadamente

construtiva na cidade (MONTEIRO, et al, 2000).

TABELA 10 - Características das mães das crianças atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.

Variáveis Odds Ratio Intervalo de

Confiança (95%) Valor de

p(*) idade materna (<20 anos) e anemia

0,00 0,00 – 35,16 0,79

idade materna (> 35 anos) e anemia 1,56 0,59 – 4,09 0,32 escolaridade da mãe (< ou ≥ 1º grau) e anemia

1,23 0,60 – 3,08 0,41

tempo de trabalho da mãe (parcial/integral) e anemia

0,90 0,20 – 4,06 0,87

mãe policial militar (S/N) e anemia

0,56 0,13 – 2,40 0,37

(*)Teste de Fisher. Nível de significância: p < 0,05. Odds Ratio bruto Intervalo de confiança = 95%

5.3 Características sociais dos pais

Na Tabela 11 são apresentadas as características sociais dos pais das crianças

avaliadas. Observa-se que 73,9% dos pais completou o ensino médio. Estes resultados são

bem diferentes dos resultados encontrados em um estudo realizado com lactentes no

município de Viçosa (MG), em que cerca de 35% dos pais estudaram menos de quatro anos

(SILVA, 2003).

A baixa escolaridade paterna pode estar relacionada com a inserção precoce do mesmo

no mercado de trabalho e conseqüentemente com a reduzida renda familiar. Das famílias

analisadas, todos os pais trabalhavam e mais de 83% dos mesmos trabalhavam na Polícia

Militar de Minas Gerais (Tabela 11).

54

TABELA 11 - Características sociais dos pais das crianças atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.

N = não S = sim S/I = sem informação (1) Enfermeiro, auxiliar de enfermagem, auxiliar administrativo, vendedor, entre outros.

Com relação à renda das famílias, a mediana per capita de salários mínimos foi de

1,25 (salário mínimo vigente no ano de 2004 = R$ 260,00) com variação de 0,30 a 5,33

salários mínimos per capita. A renda per capita permite avaliar a distribuição dos recursos

Variável Freqüência

N % escolaridade paterna fundamental incompleto 4 2,5 fundamental completo 7 4,5 médio incompleto 6 3,8 médio completo 116 73,9 superior incompleto 8 5,1 superior completo 9 5,7 S/I 7 4,5 pai trabalha S 157 100,0 N 0 0,0 período que trabalha Integral 107 68,2 Parcial 45 28,7 S/I 5 3,2 pai policial militar S 151 96,2 N 6 3,8 profissão do pai Cabo 57 36,3 Soldado 26 16,6 soldado reformado 4 2,5 Sargento 25 15,9 2º sargento 6 3,8 3º sargento 4 2,5 Capitão 4 2,5 Tenente 2 1,3 2º tenente 1 0,6 sub-tenente 1 0,6 Outros (1) 10 6,1 S/I 17 10,8

55

entre os membros da família e pode indicar as condições de saúde e de alimentação da criança

(IBGE, 1999; RIBAS et al., 1999).

Na literatura consultada, os estudos demonstram que o estado nutricional das crianças

está associado à renda econômica familiar, onde se observa uma maior prevalência de

desnutrição em crianças de baixa renda (PNSN, 1989; ENGSTROM & ANJOS, 1999; RIBAS

et al., 1999; MONTEIRO, 2000).

Observa-se na Tabela 12 que as variáveis correlacionadas ao pai e à renda familiar não

estabeleceram relação com a presença de anemia nas crianças avaliadas.

TABELA 12 - Características dos pais e da renda familiar das crianças atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.

Variáveis Odds Ratio Intervalo de Confiança (95%)

Valor de p(*)

escolaridade do pai (< ou ≥ 1º grau) e anemia

8,84 0,78 – 227,70 0,058

pai policial militar (S/N) e anemia

2,97 0,45 – 19,48 0,18

renda per capita (≤1 ou > 1) e anemia 1,32 0,60 – 2,94 0,45 renda per capita (≤0,5 ou > 0,5) e anemia

3,68 0,65 – 21,90 0,09

(*)Teste de Fisher. Nível de significância: p < 0,05. Odds Ratio bruto Intervalo de confiança = 95%

SILVA (2003) estudou os fatores de risco para anemia em lactentes no município de

Viçosa (MG) e observou que dentre as variáveis citadas na Tabela 12 somente a baixa renda

per capita e a escolaridade paterna corresponderam a fatores de risco para a anemia.

O fato de estes fatores estarem relacionados com a anemia, há uma pressuposição de

uma maior exposição da criança a um ambiente vulnerável (SILVA et al., 2001).

A escolaridade paterna influi indiretamente nestas condições de saúde segundo outros

autores, destacando que a mesma pode estar relacionada com a inserção do homem no

mercado de trabalho, comprometendo conseqüentemente a renda familiar e, em última

análise, o acesso aos alimentos (OSORIO, 2002).

56

5.4 Variáveis relacionadas ao parto e ao nascimento

Na análise das variáveis de nascimento, verificou-se que 11,1% das crianças

apresentaram baixo peso ao nascer, percentual ligeiramente superior ao encontrado na PNDS

que foi de 8,1% (BEMFAM, 1997). Verificou-se também que 2,5% foram prematuros; valor

inferior aos encontrados no País que variam entre 5% e 15% (ALBERMAN & EVANS, 1992)

(Tabela 13).

TABELA 13 - Características relacionadas ao parto e ao nascimento das crianças atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar/MG, Belo Horizonte, 2004.

Variáveis

Freqüência

N % peso ao nascer <2.500g 18 11,1 2.500├3.000 g 49 30,7 3.000├4.000 g 83 51,8 ≥ 4.000 g 7 4,3 duração da gestação (meses) 6 1 0,6 7 3 1,9 8 14 8,9 9 139 88,5 ordem de nascimento 1 64 40,8 2 55 35,0 3 28 17,8 4 7 4,5 5 1 0,6 S/I 2 1,3 tipo de parto Cesárea 103 65,6 vaginal (normal) 49 31,2 S/I 5 3,2

S/I = sem informação

O baixo peso ao nascer e a prematuridade são as principais causas de morbi-

mortalidade no primeiro ano de vida (SCHOLL et al., 1994). Também o baixo peso e a

prematuridade podem ser considerados fatores de risco para o desenvolvimento da anemia

ferropriva. Sabe-se que no último trimestre da vida fetal são formadas as maiores reservas

57

de ferro no feto. Assim, as crianças nascidas prematuras e/ou com baixo peso apresentam

menores reservas corporais de ferro. Durante a vida intra-uterina, o feto acumula o ferro em

quantidade proporcional ao seu aumento de peso (LONNERDAL & DEWY, 1996).

Também na tabela 13 observa-se que 40,8% das mães são primíparas, e houve um

percentual acentuado de cesarianas (65,5%) quando comparado aos dados da PNDS, em que

se verificou um percentual de 36,4%. Ressalta-se que essa ocorrência encontra-se muito

acima dos 10%, admitido como adequado (BEMFAM, 1997).

Nenhuma das variáveis características relacionadas ao parto e ao nascimento

correlacionou-se com a anemia, conforme visto na Tabela 14.

TABELA 14 - Características do parto e nascimento das crianças atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.

Variáveis Odds Ratio Intervalo de

Confiança (95%) Valor de

p(*) peso ao nascer (≤ 2500g ou > 2500g) e anemia

1,16 0,36 – 3,55 0,78

duração da gestação (< ou ≥ 9 meses) e anemia

1,38 0,42 – 4,34 0,55

ordem de nascimento (< ou ≥ 4)

0,36 0,02 – 3,04 0,29

tipo de parto (cesárea ou normal) e anemia

1,68 0,70 – 4,11 0,20

(*)Teste de Fisher (quando a frequência esperada foi inferior a 1). Nível de significância: p < 0,05. Odds Ratio bruto Intervalo de confiança = 95%

OSÓRIO et al.(2004) observaram que as crianças de Pernambuco na faixa etária de

6 meses a 59 meses, que não recebiam água tratada, tinham diarréia e baixo peso ao nascer e

que efetivamente estavam associados a um menor valor de hemoglobina. Já as crianças

européias de 12 meses de idade, que faziam uso de fórmulas lácteas, suplementos de ferro e

nasciam com peso adequado para a idade gestacional apresentavam associação favorável com

os níveis de ferritina (MALE, et al., 2001).

Os níveis de ferritina de lactentes de 6 meses a 24 meses da Nova Zelândia estiveram

associados favoravelmente ao sexo feminino e nascimento a termo (SOH, et al., 2004).

58

5.5 Variáveis relacionadas à saúde das crianças

Embora a maioria (94,3%) dos lactentes avaliados tenham recebido leite materno, o

tempo de aleitamento materno foi de 1 mês a 7 meses, com média de 7 meses e mediana de 4

meses. Este tempo de aleitamento é superior ao preconizado pela PNDS (92%) em nosso País.

O aleitamento materno predominante foi observado em 89,2% das crianças (Tabela 15).

TABELA 15 - Amostra e porcentagem de crianças atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004 e que receberam aleitamento materno e aleitamento materno predominante.

Variáveis Frequência

N % aleitamento materno S 148 94,3 N 8 5,1 S/I 1 0,6 aleitamento materno predominante S 140 89,2 N 12 7,6 S/I 5 3,2

N = não S = sim S/I = sem informação

Estes achados demonstram que algumas crianças receberam aleitamento por tempo

inferior aquele recomendado pela OMS que é de 6 meses. Daí em diante e até os 24 meses, o

aleitamento complementado deve ser mantido (WHO, 2001b).

O leite materno é considerado o principal alimento no primeiro ano de vida. Ele pode

ser eficaz na manutenção do estado nutricional adequado de ferro e de outros nutrientes, na

oportuna proteção contra as infecções e no fortalecimento do vínculo mãe/filho

(EUCLYDES,2000). Segundo LONNERDAL & DEWEY,1996, o aleitamento materno

fornece para o lactente a quantidade de ferro suficiente para a manutenção do estado

nutricional de ferro e de outros nutrientes, desde que seja proposto de maneira exclusiva.

A primazia do leite materno é incontestável visto que propicia uma melhor absorção do

ferro quanto comparado com os outros leites. Também apresenta características que favorecem o

crescimento do lactente, promove a maturação da mucosa intestinal, está livre de contaminação

microbiológica e suas propriedades imunológicas conferem maior resistência às infecções.

59

O tempo do aleitamento materno de forma exclusiva deve ser preconizado até o sexto

mês de vida, principalmente em países em desenvolvimento. Há evidências de que a

introdução precoce de alimentos ao lactente não trará nenhum benefício nutricional. Além

disso, predispõe ao risco de infecções veiculadas pela alimentação complementar.

Um estudo controlado, proposto por KRAMER & KAKUMA (2002) em Honduras,

mostra que nos países em desenvolvimento, onde a deficiência nutricional de ferro materna e

do recém- nascido são insatisfatórias, o aleitamento materno exclusivo sem suplementação de

ferro pode comprometer o estado hematológico da criança em torno dos 6 meses de idade.

A introdução da alimentação complementar representa um período que pode resultar

em baixa biodisponibilidade de ferro alimentar, associada ao aumento das necessidades

fisiológicas deste mineral no primeiro ano de vida, acarretando maior vulnerabilidade das

crianças à anemia. Além disso, a ingestão do leite próximo às grandes refeições pode

comprometer a absorção do ferro devido à presença do cálcio (TUDISCO, 1988).

Vários autores no Brasil não têm verificado o efeito protetor do leite materno sobre a

anemia ferropriva (NEUMAN et al., 2000; SILVA, 2003; DEVINCENZI, 2004).

Na Tabela 16 estão apresentados os dados relacionados à alimentação das crianças

com diferentes tipos de leite e ainda com o uso de suco natural.

TABELA 16 - Características da alimentação das crianças atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.

Variáveis Freqüência

N % tipo de leite leite materno 28 17,8 leite de vaca 90 57,3 leite materno + leite de vaca 20 12,7 leite materno + fórmulas 2 1,3 leite materno + leite de soja 1 0,6 leite de cabra 1 0,6 Fórmulas 7 4,5 S/I 8 5,1 leite materno próximo à refeição S 53 33,8 N 100 63,7 S/I 4 2,5 suco natural durante ou próximo às refeições S 82 52,2 N 75 47,8

N = não S = sim S/I = sem informação

60

Observa-se que 70,06 % das crianças recebiam leite de vaca, sendo que 57,32%

recebiam exclusivamente leite de vaca e 12,74% recebiam leite de vaca e leite materno.

Também pode ser visto que somente 17,83% das crianças foram amamentadas

exclusivamente com leite materno após os 6 meses de idade. A OMS recomenda que a

amamentação se estenda até os 24 meses de idade (WHO, 2001b).

A introdução do leite de vaca antes do sexto mês de vida oferece um maior risco ao

lactente para o desenvolvimento da anemia ferropriva, pois além da menor absorção do ferro

disponível no leite de vaca pela criança, o leite pode causar micro-hemorragias no trato

gastrointestinal, levando a uma perda sanguínea que pode agravar ainda mais o estado

nutricional de ferro (CSP, 1991).

Das crianças estudadas, 52,2% recebiam suco de frutas cítricas junto do almoço. Estes

alimentos atuariam como um fator estimulador da absorção do ferro da refeição, e 33,8%

eram amamentadas com leite materno próximo às refeições. Esta proposta pode interferir na

absorção do ferro, uma vez que o leite é um alimento rico em cálcio e este nutriente pode

inibir a absorção de ferro, por competir pelo mesmo receptor absortivo.

Nesta pesquisa não houve correlação entre o aleitamento materno e a anemia (Tabela 17).

TABELA 17 - Correlação entre a alimentação com leite materno e anemia nas crianças

atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.

Variáveis Odds Ratio Intervalo de Confiança (95%)

Valor de p(*)

recebeu leite materno (S/N) e anemia 0,36 0,02 – 3,10 0,30 tempo de aleitamento materno (< ou ≥ 6 meses) e anemia

1,55 0,65 – 3,68 0,27

recebeu leite materno predominante (S/N) e anemia

0,86 0,17 – 3,74 0,83

tempo de aleitamento materno predominante (< ou ≥ 4 meses) e anemia

1,52 0,60 – 3,82 0,33

leite junto com refeições (S/N) e anemia 1,54 0,70 – 3,39 0,24 suco natural junto às refeições (S/N) e anemia

0,72 0,33 – 1,55 0,36

(*) Teste de Fisher Nível de significância: p < 0,05 Odds Ratio bruto Intervalo de confiança = 95%

O consumo de sucos de frutas junto às refeições também não esteve associado à

anemia. Alguns autores também não encontraram relação estatisticamente significante entre a

61

anemia e o consumo de fontes de vitamina C, apesar de ser conhecida a menor prevalência de

anemia entre as crianças que consomem frutas junto às refeições (LACERDA &CUNHA,

2001; SILVA, 2003)

Nos primeiros 15 dias que antecederam a pesquisa, 41,4% dos lactentes apresentaram

algum tipo de enfermidade (Tabela 18). Destes, cerca de 75% apresentaram quadros clínicos

variados de infecções. As doenças infecciosas são as principais enfermidades prevalentes na

primeira infância, constituindo-se no principal motivo para busca de atendimento médico

(IBGE, 1999). Como já descrito anteriormente, a presença de infecções pode elevar a

concentração de ferritina sérica das crianças anêmicas, dificultando o diagnóstico da anemia

ferropriva. Destaca-se que a presença dessa morbidez não esteve associada à anemia

(OR=0,74, IC 95%=0,33 – 1,64).

TABELA 18 - Prevalência de morbidez entre as crianças atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.

Variável Freqüência

Morbidade N % N 90 57,3 S 65 41,4 S/I 2 1,3

N = não S = sim S/I= sem informação

A deficiência nutricional mais freqüente na população em estudo foi o de peso para

idade (5,7%), que demonstra que a desnutrição pode ter sido causada por processos mórbidos

passados ou recentes. Um outro parâmetro que também apresentou elevada prevalência foi o

parâmetro de peso para estatura (3,2%), sinalizando a ocorrência de um comprometimento no

peso atual das crianças avaliadas. O déficit estatural também apresentou uma prevalência

semelhante (3,2%), indicando uma desnutrição pregressa, oriunda de um processo crônico de

privação alimentar (Tabela 19).

62

TABELA 19 - Estado nutricional das crianças atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.

Variável Freqüência

N % estatura para idade baixa estatura 5 3,2 risco de baixa estatura 18 11,5 estatura normal 134 85,3 peso para idade baixo peso 9 5,7 risco de baixo peso 29 18,5 peso normal (eutrofia) 93 59,2 risco de sobrepeso 21 13,4 sobrepeso 5 3,2 peso para estatura baixo peso 5 3,2 risco de baixo peso 23 14,6 peso normal (eutrofia) 86 54,8 risco de sobrepeso 32 20,4 sobrepeso 11 7

Este valor é bem inferior ao referido pela Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição

(PNSN), que evidenciou que 15% das crianças brasileiras apresentavam déficit estatural

(MONTEIRO et al., 1992).

Na Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) de 1996, os achados impróprios

do estado nutricional para os índices de peso/estatura, peso/idade e estatura/ idade, entre

crianças de 12 meses e 23 meses de idade, foram 2,9, 6,3 e 15,1%; respectivamente. Todas as

deficiências apresentadas pela população estudada encontram-se acima dos 2,3% esperados,

considerando a distribuição normal da população de referência.

O estudo realizado por MONTEIRO e col (2000a), na cidade de São Paulo, mostrou

que no período de 22 anos a desnutrição na infância ficou controlada, tornando-se

relativamente rara, mesmo entre as famílias mais pobres. Entretanto, nesse mesmo período,

ocorreu redução significativa na concentração média de hemoglobina (de 11,6 g/dL para 11,0

g/dL) e aumento significativo na prevalência de anemia (de 35,6% para 46,9%).

Essa evolução desfavorável foi observada em ambos os sexos, em todas as faixas

etárias e em todos os estratos econômicos da população. A evolução tendeu a ser ainda mais

desfavorável para o terço mais pobre das crianças da cidade, o que determinou o agravamento

das desvantagens desse estrato frente aos demais. A renda familiar, a escolaridade materna e o

tipo de aleitamento representaram algumas variáveis favoráveis na prevenção da anemia e,

63

assim, não puderam explicar o aumento da enfermidade. Entretanto, a estabilidade apurada

quanto à densidade de ferro na dieta, em valores inferiores às necessidades, justifica a elevada

prevalência da enfermidade, mas não explica seu aumento (MONTEIRO et. al., 2000b).

Diante dessa situação faz-se inferência ao termo “Fome Oculta” que pode ser definida

como a carência não explícita de um ou mais micro nutrientes, sendo um estágio anterior ao

surgimento dos sinais clínicos de carência detectáveis e não está necessariamente associado as

doenças nitidamente definidas como as observadas na desnutrição calórico-proteica.

Normalmente ocorre uma associação de deficiências de nutrientes, comprometendo

várias etapas do processo de desenvolvimento da criança (RAMALHO, 2006).

Neste estudo, a avaliação antropométrica não se correlacionou com a anemia, como

pode ser observado na Tabela 20.

TABELA 20 - Características da avaliação antropométrica das crianças atendidas no serviço de puericultura do Hospital da Polícia Militar-MG, Belo Horizonte, 2004.

Variáveis Odds Ratio Intervalo de

Confiança (95%) Valor de

p(*) risco de baixa estatura e anemia

1,51 0,53 - 4,21 0,39

risco de baixo peso para idade e anemia 1,79 0,72 - 4,44 0,16

risco de baixo peso para estatura e anemia

0,86 0,30 - 2,38 0,75

risco de sobrepeso para idade e anemia 1,20 0,45 - 3,15 0,68

risco de sobrepeso para estatura e anemia 1,37 0,61 - 3,04 0,40

(*)Teste de Fisher. Nível de significância: p < 0,05 Odds Ratio bruto Intervalo de confiança = 95%

RODRIGUES et al. (1997), em estudo com crianças cariocas de 12 meses a 18 meses,

não verificaram associação da desnutrição com a anemia, avaliada também pelo escore Z

(peso/idade), observando inclusive maior prevalência de anemia entre as crianças eutróficas.

Os índices antropométricos de crianças no sul do Brasil (NEUMAN et al., 2000;

SILVA et al, 2001) e de lactentes de Goiânia (HADLER, 1998) não estiveram associados a

um maior risco de anemia. Também num estudo realizado com crianças de 12 meses a 60

meses em bairros periféricos do município de Viçosa (MG), não foi observada nenhuma

64

associação entre anemia ferropriva e desnutrição calórico-protéica. Encontrou-se alta

prevalência de anemia (63,2%) enquanto que as deficiências de peso/idade, estatura/idade e

peso/estatura estavam presentes em 11,7%, 7,0% e 5,8%, respectivamente (MIRANDA et al.,

2003).

De forma oposta a estes dados, no estudo realizado por ROMANI et al. (1991),

estudando crianças de 6 meses a 71 meses de uma Unidade de Saúde em Recife (PE), foi

observada uma associação significante entre anemia e desnutrição, já que entre crianças

eutróficas a prevalência de anemia foi de 47%, subindo para 60,5% e 70,3% entre crianças

desnutridas de grau I e graus II/III, respectivamente. Também TORRES et al. (1994),

encontraram 56,3% de crianças eutróficas com anemia e 61,9% de desnutridos.

A OMS propôs critérios para classificação da prevalência de anemia, através do nível

de hemoglobina ou hematócrito, como grau de problema de saúde pública, sendo que

prevalência de anemia igual ou superior a 40% é considerada como grave problema de saúde

pública, valores entre 20% e 39,9%, como moderado problema de saúde pública e valores

entre 5% e 19,9% médio problema de saúde pública (WHO, 2001). Sendo assim, a partir da

prevalência de anemia encontrada em cada país, essa pode ser classificada quanto à

magnitude do problema de saúde pública.

65

6 Conclusão

Os resultados do presente estudo permitem concluir que a prevalência de anemia

(27,4%) encontrada na amostra se caracteriza como um problema moderado de saúde pública

e indica a necessidade de propostas mais efetivas no sentido de minimizar este problema.

Apesar de fatores como tempo inadequado de aleitamento materno, práticas

alimentares incorretas e ausência da profilaxia medicamentosa não terem se constituído como

fatores de risco para anemia, sabe-se que os mesmos podem contribuir para o inadequado

estado nutricional de ferro. Diante disto, intervenções que reforcem o aleitamento materno

exclusivo até o sexto mês de vida, orientações adequadas quanto à introdução correta da

alimentação complementar e incentivo à profilaxia medicamentosa são fundamentais na

prevenção da anemia ferropriva na infância.

O atendimento de crianças nos primeiros anos de vida em consultas de puericultura, que

inclui o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, enfocando a alimentação adequada,

a vacinação e a prevenção de doenças, é sem dúvida um fator importante para o controle da

anemia.

É nítida a importância da freqüência ao serviço de saúde, no atendimento no serviço

de puericultura, para controle da anemia. Mas com base nos resultados encontrados, apesar da

qualidade dos serviços de saúde prestados pelo Hospital Militar da Polícia de Minas Gerais,

não se mostrou totalmente eficiente para a prevenção da anemia. Assim, torna-se necessário

propor mudanças no atendimento de puericultura que poderia ser a implementação de um

Programa Prevenção e Combate a Anemia Ferropriva no ambulatório de pediatria e

puericultura do hospital da Polícia de Militar de Minas Gerais, bem como nos demais serviços

de saúde ligados diretamente à polícia no estado.

Este programa deverá enfocar suplementação profilática de ferro, segundo o protocolo da

Sociedade Brasileira de Pediatria, como uma alternativa adequada para a prevenção da anemia

ferropriva nos dois primeiros anos de vida, tendo em vista os riscos que essa deficiência acarreta

para o desenvolvimento infantil. Salienta-se que esta intervenção deve ser acompanhada de

atividades educativas diversas, visando a mudança de práticas que pode levar ao surgimento da

anemia, enfocando, principalmente, o prolongamento do aleitamento materno, como fator

fundamental na prevenção do aparecimento precoce da anemia, a adequação da alimentação

complementar após o 6º mês de vida, ao lado de trabalho educativo de conscientização do valor

da puericultura para o crescimento e desenvolvimento da criança.

66

7 Referências Bibliográficas

AGGETT, P. J.; AGOSTONI, C.; AXELSSON, I.; BRESSON, J.; GOULET, O.; HERNELL, O.; KOLETZKO, B.; LAFEBER, H. J.; MICHAELSEN, K. F.; MICHELI, J.; RIGO, J.; SZAJEWSKA, H.; WEAVER, L.T. Iron metabolism and requirements in early childhood: Do we know enough?: A commentary by the ESPGHAN Committee on Nutrition. Journal of Pediatric Gastroenterology and Nutrition, v. 34, p. 337-345, 2002.

ALBERMAN, E.; EVANS, S.J.W. A epidemiologia da prematuridade: etiologia, freqüência e prognóstico. Anais Nestlé.44:5-24,1992.

ALMEIDA, A. P. C.; ZANDONADE, E.; ABRANTES, M. M.; LAMOUNIER, J. A. Deficiência de ferro e anemia em crianças de Vitória, ES. Pediatria, v. 26, n. 3, p. 140-150, 2004.

ALVIM, R.A; PAES, C.A.; OLIVEIRA, M.C.L.A.; VIANA, M.B. Anemias. In: LEÃO, E.; CORREA E.J.; MOTA, J.A.C.; VIANA, M. B. Pediatria Ambulatorial. 4ed., Coopmed Editora Médica, 2005. cap. 71, p. 690-701.

ANGELES, I. T.; GROSS, R.; SCHULTINK, W; SASTROAMIDJOJO, S.; MATULESSI, P. Decreased rare of stunting among anemic Indonesian preschool children though iron supplementation. American Journal of Clinical Nutrition , v. 58, p. 339-342, 1993.

ASSAO, T. Y.; SILVA, D. G.; RIBEIRO, L. C.; DEVINCENZI, M. U.; SIGULEM, D. M. A importância do ferro na saúde e nutrição materno-infantil. Compacta Nutrição, v. 5, n. 3, 2004, 19p.

ASSIS, A. M. O.; BARRETO, M. L.; GOMES, G. S. S.; PRADO, M. S.; SANTOS, N. S.; SANTOS, L. M. P.; SAMPAIO, L. R.; RIBEIRO, R. C.; OLIVEIRA, L. P. M.; OLIVEIRA, V. A. Prevalência e fatores associados à ocorrência da anemia em pré-escolares na cidade de Salvador, Bahia, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 20, n. 6, p. 1633-1641, 2004.

ASSIS, A. M. O.; SANTOS, L. M. P.; MARTINS, M. C.; ARAÚJO, M. P. N.; AMORIM, D. Q.; MORRIS, S. S.; BARRETO, M. L. Distribuição da anemia em pré-escolares do semi-árido da Bahia. Cadernos de Saúde Pública, v. 3, n. 2, p. 237-244, 1997.

AZEVEDO, G. D.; FREITAS, R. A. O.; FREITAS, A. K. M. S. O; ARAÚJO, A. C. P. F.; SOARES, E. M. M.; MARANHÃO, T. M. O. Efeito da idade materna sobre os resultados perinatais. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, n. 24 p. 181-5, 2002.

BARBOSA, T. N. N.; CARDOSO, A. L. Deficiência de ferro e repercussões sobre o desenvolvimento cognitivo: aspectos preventivos. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, v. 18; n. 3; p. 130-135, 2003.

BAYNES, R. D. Assessment of iron status. Clinical of Biochemistry, v. 29, n. 3, p. 209-215, 1996.

BOTTONI, A.; CLOLETTE, A.; SCHMITZ, B. A. S; CAMPANARO, C. M.; ACCIOLY, E.; CUVELLO, L. C .F. Anemia Ferropriva. Revista Paulista de Pediatria, v. 15, p. 127-133, 1997.

67

BRUNKEN, G. S.; GUIMARÃES, L. V.; FISBERG, M. Anemia em crianças menores de 3 anos que freqüentam creches públicas em período integral. Jornal de Pediatria, v. 78, n. 1, p. 50-56, 2002.

BRUNKEN, G. S.; MUNIZ, P. T.; SILVA, S. M. Suplementação semanal com sulfato ferroso reduz em 1/3 a prevalência de anemia em pré-escolares. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 7, n. 2, p. 210-219, 2004.

BRUNKEN, G. S.; SZARFARC, S. C. Ferro: metabolismo, excesso e toxicidade e recomendações. Cadernos de Nutrição, v.18, p. 23-34, 1999.

CANADIAN PEDIATRIC SOCIETY (CPS). Metting the iron needs of infants and young children: an update. Can.Med.Assoc., v.144, n.11, p.1451-1454, 1991.

CAPANEMA, F. D. Anemia em Crianças de 0 a 6 Anos em Creches Conveniadas da Prefeitura de Belo Horizonte - MG: aspectos clínicos e laboratoriais. Belo Horizonte, 2002. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais.

CARDOSO, M. A.; FERREIRA, M. U.; CAMARGO, L. M. A.; SZARFARK, S. C. Anemia em população de área endêmica de malária, Rondônia (Brasil). Revista de Saúde Pública, v. 26, n. 3, p. 161-166, 1992.

CARDOSO, M. A.; PENTEADO, M. V. C. Intervenções Nutricionais na Anemia Ferropriva. Cadernos de Saúde Pública, v. 10, n. 2, p. 231-240, 1994.

CARVALHAES, M. A. B. L.; BENICIO, M. H. D. A. Capacidade materna de cuidar e desnutrição infantil. Revista de Saúde Pública, v. 36, n. 2, p. 188-197. 2002.

CENTER FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Recommendations to prevent and control iron deficiency in the United States. MMWR 47 (RR-3). 1998. 36 p. Disponível em: <http://www.cdc.gov/mmwr/mmwrsrch.htm [2005]>. Acesso em: 19 out. 2005.

CHAWANG, L.; SOEMANTRI, A. G.; POLLITT, E. Iron supplementation and physical growth of rural Indonesian children. American Journal of Clinical Nutrition , v. 47, p. 496-501, 1988.

CHOI, S.; REIN, T. Anemia and red cell distribution width at the 12-month well-baby examination. Southern Medical Journal, v. 91, p. 372-374, 1998.

COMITÉ NACIONAL DE HEMATOLOGÍA. Anemia ferropênica. Normas de diagnóstico y tratamiento. Archivos Argentinos de Pediatria, v. 99, n. 2, p. 162-167. 2001.

COOK, J. D. The nutritional assessment of iron status. Archivos Latino-Americanos de Nutricion, v. 49, p. 11-14, 1999.

COOK, J. D.; BAYNES, R. D.; SKIKNE, B. S. Iron deficiency and the measurement of iron status. Nutrition Research Review, v. 5, p. 189-202, 1992.

68

COSTA, M. C. O.; NETO, A. F. O. Abordagem nutricional de gestantes e nutrizes adolescentes: estratégia básica na prevenção de riscos. Journal de Pediatria, n. 75, p. 161-166, 1999.

DALLMAN, P. R.; SIMES, M. A.; STEKEL, A. Iron deficiency in infancy in childhood. American Journal of Clinical Nutrition, v. 33, p. 86-118, 1980.

DALLMAN, P. R.; YIP, R.; OSKI, F. A. Iron deficiency and related nutritional anemia. In: NATHAN, S. G. & OSKI, F. A. W. B. Hematology of infancy and childhood. Philadelphia: Saunders, 1992, p. 413-44.

DEAN, A. G.; DEAN, J. A.; COULOMBIER, D. et.al. Epi info, Version 6.04a, a word processing, database, and statistics programs for public health on IBM-compatible microcomputer. Atlanta: Center for health disease control and prevention, 1996.

DEMAYER, E. M. Preventing and controlling iron deficiency though health care. Geneva: WHO, 1989.

DEVINCENZI, M. U.; RIBEIRO, L. C.; SIGULEM, D. C. Anemia Ferropriva na Primeira Infância – II. Compacta Nutrição, p. 1-20, 2000

DEVINCENZI, M.U. Evolução dos níveis de hemoglobina: estudo em crianças menores de dois anos acompanhadas pelo projeto favela. São Paulo, 2004.[Tese de Doutorado UNIFESP/EPM].

ENGSTRON, E. M.; ANJOS, L. A. Déficit estatural nas crianças brasileiras: relação com condições sócio-ambientais e estado nutricional materno. Cadernos de Saúde Pública, v. 15, n. 3, p. 559-67, 1999.

ESCODA, M. S. Q. Para a crítica da transição nutricional. Ciência e Saúde Coletiva, v. 7, n. 2, p. 219-226, 2002.

EUCLYDES, M. P. Nutrição do lactente: base cientifica para uma alimentação adequada. 2ª ed. Viçosa, 2000.

FERREIRA, M. L. M.; FERREIRA, L. O. C.; SILVA, A. A.; BATISTA-FILHO, M. - Efetividade da aplicação do sulfato ferroso em doses semanais no Programa Saúde da Família em Caruaru, Pernambuco, Brasil. Cad. Saúde Pública, 19(2):375-381, 2003.

FILHO, M. A. B. Transição Nutricional no Brasil: Tendências regionais e temporais. Cadernos de Saúde Pública, v.19, supl. 1, p. S181-S191, 2003.

FILHO, M. A. B.; FERREIRA, L. O. C. Prevenção e tratamento da anemia nutricional ferropriva: novos enfoques e perspectivas. Cadernos de Saúde Publica, v. 12, n. 3, p. 411-415, 1996.

FREIRE, W.B. La anemia por deficiencia de hierro: estrategias de la OPS/OMS para combatirla. Revista de Salud Pública de México, v. 40, n. 2, 1998.

GERMANO, R. M. A.; CANNIATTI-BRAZACA, S. G. Importância do ferro em nutrição humana. Revista Nutrire, v. 24, p. 85-104, 2002.

69

HADLER, M. C. C. M.; JULIANO, Y.; SIGULEM, D.M. Anemia do lactente: etiologia e prevalência. Jornal de Pediatria, v. 78, n. 4, p. 321-306, 2002.

INSTITUTE OF MEDICINE / FOOD AND NUTRITION BOARD. Iron. In: A report of the panel on micronutrients, subcommittees on upper reference levels of nutrients and of interpretation and use of dietary references intakes, and the standing committee on the scientific evaluation of dietary references intake. Washington, National Academy Press; 2000. p. 290-393.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa sobre padrões de vida 1996-1997: primeira infância. Rio de Janeiro: IBGE, 1999.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Síntese de Indicadores Sociais 2004. Rio de Janeiro: IBGE, 2005.

INSTITUTO NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO. Pesquisa nacional sobre saúde e nutrição. Perfil de crescimento da população brasileira de 0 a 25 anos. Brasília, 1990. 60p.

JELLIFFE, D. B. The assessment of the nutritional status of the community. Geneva: WHO, 1966.

KRAMER, M.S.; KAKUMA, R. - The optimal duration or exclusive breastfeeding: a systematic review. Geneva: World Health Organization, 2002.

LACERDA, E. M. A.; CUNHA, A. J. Anemia ferropriva e alimentação no segundo ano de vida no Rio de Janeiro, Brasil. Revista Panamericana de Salud Publica, v. 9, n. 5, p. 294-300, 2001.

LAMOUNIER, J. A.; SAMPAIO, M.; BRACARENSE, B.; PEREIRA, M. P.; CHAMONE, B. C; CAMPOS, C. T. Eficácia terapêutica do hidróxido de ferro III polimaltosado na anemia ferropriva em crianças menores de seis anos em Carrancas, Minas Gerais. Revista Médica de Minas Gerais, v. 14, n. 1, 2004. Abstract. Disponível em: <http://www.medicina.ufmg.br/ped/resumos_docentes.htm> Acessado em: 17 jan. 2006.

LESSA, A. C.; DEVINCENZI, M. U.; SIGULEM, D. M. Comparação da situação nutricional de crianças de baixa renda no segundo ano de vida, antes e após a implantação de programa de atenção primária à saúde. Cadernos de Saúde Pública, v. 19, n. 2, p. 505-514, 2003.

LIMA, A. C. V. M. S.; LIRA, P. I. C.; ROMANI, S. A. M.; EICKMANN, S. H., PISCOYA, M. D.; LIMA, M. C. Fatores determinantes dos níveis de hemoglobina em crianças aos 12 meses de vida na Zona da Mata Meridional de Pernambuco. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil , v. 4, n. 1, p. 35-43, 2004.

LÖNNERDAL, B. Iron and breast milk. In: STEKEL, A. Iron nutrition in infancy and childhood. Nestlé Nutrition Whorkshop Series. New York: Raven Press, 1984, p. 95-117.

LÖNNERDAL, B.; DEWEY, K. G. Epidemiologia da deficiência de ferro no lactente e na criança. Anais Nestlé, v. 52, p. 11-17, 1996.

LOZOFF, B. Nutrition and the live cycle development and behavioral effects of iron deficiency anemia in infants. Nutrition Today, v. 33, n. 1, p. 27-36, 1998.

70

LOZOFF, B.; JIMENEZ, E.; WOLF, A. W. Long-term developmental outcome of infants with iron deficiency. New England of Journal Medicine, v. 325, p. 687-694, 1991.

LUNDSTRÖM, U.; SIIMES, M.A. Reed blood cell values in low-birth-weight infants: ages at which values become equivalent to those of term infants. Jornal de Pediatria, v. 96, p. 1040-1042, 1980.

MALE, C., PERSSON, L.A., FREEMAN, V., GUERRA, A., VANT’T HOF, M.A., HASCHKE, F. Prevalence of iron deficiency in 12-mo-old infants from 11 European areas and influence of dietary factors on iron status (Euro-Growth Study). Acta Paediatric, v.90, p.492-498, 2001.

MINISTÉRIO DA SAÚDE - Portaria nº 730, de 13 de maio de 2005. Institui o Programa Nacional de Suplementação de Ferro, destinado a prevenir a anemia ferropriva e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Imprensa Nacional. Brasília, DF, 16 maio 2005. Edição Número 92.

MIRANDA, A. S.; FRACESCHINI, S. C. C.; PRIORE, S. E; EUCLYDES, M. P.; ARAUJO, R. M. A.; RIBEIRO, S. M. R. R; NETTO, M. P. et.al. Anemia ferropriva e estado nutricional de crianças com idade de 12 a 60 meses do município de Viçosa, MG. Revista de Nutrição da PUCCAMP, v. 16, n. 2, p. 163-169, 2003.

MONTE, C. G; MUNIZ, H. C.; FILHO, S. D. Promoção da nutrição de crianças menores de 5 anos no dia-a-dia da comunidade: Manual para médicos, enfermeiros, nutricionistas e agentes comunitários de saúde. UFES: Gráfica Universitária, 2001.

MONTE, M. C. G. Desnutrição: um desafio secular. Jornal de Pediatria, v. 76, supl. 3, p. 285-297, 2000.

MONTEIRO, C. A.; BENÍCIO, M. H. D.; GOUVEIA, N. C. Saúde e Nutrição das crianças brasileiras no final da década de 80. In: Perfil Estatístico de Crianças e Mães no Brasil – Aspectos de Saúde e Nutrição de Crianças no Brasil, 1989 (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, org.), Rio de Janeiro: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/ Fundo das Nações Unidas para a Infância/ Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição. p. 19-42, 1992.

MONTEIRO, C. A.; CONDE, W. L. Tendência secular da desnutrição e da obesidade na infância na cidade de São Paulo (1974-1996). Revista de Saúde Pública, v. 34, supl. 6, p. 52-61, 2000.

MONTEIRO, C. A.; SZARFARC, S. C.; BRUNKEN, G. S; MUNIZ, P. T.; SILVA, S. M. A prescrição semanal de sulfato ferroso pode ser altamente efetiva para reduzir níveis endêmicos de anemia na infância. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 5, n. 1, p. 71-83, 2002.

MONTEIRO, C. A.; SZARFARC, S. C.; MONDINI, L. Tendência secular da anemia na infância na cidade de São Paulo (1984-1996). Revista de Saúde Pública, v. 34, supl. 6, p.62-72, 2000.

MONTEIRO, Carlos Augusto e CONDE, Wolney Lisboa. Tendência secular da desnutrição e da obesidade na infância na cidade de São Paulo (1974-1996). Rev. Saúde Pública, dez. 2000, vol.34, no.6, supl, p.52-61. ISSN 0034-8910.

71

MONTEIRO, Carlos Augusto, SZARFARC, Sophia Cornbluth e MONDINI, Lenise. Tendência secular da anemia na infância na cidade de São Paulo (1984-1996). Rev. Saúde Pública, dez. 2000, vol.34, no.6, supl, p.62-72. ISSN 0034-8910.

NOGUEIRA DE ALMEIDA, C.A. Anemia ferropriva e deficiência de ferro em crianças pré-escolares institucionalizadas em creches de Pontal, SP. Ribeirão Preto: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/ISP, 2001. 172p. (Tese Doutorado em Pediatria)

NETTO, M. P. Estado nutricional de ferro e vitamina A em crianças de 18 a 24 meses do município de Viçosa, Minas Gerais. Viçosa, 2005. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Viçosa.

NEUMAN, N. A.; TANAKA, O. Y.; SZARFARC, S. C.; GUIMARÃES, P. R. V.; VICTORA, C. G. Prevalência e fatores de ricos para a anemia no sul do Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 34, n. 1, p. 57-63, 2000.

OLIVARES, M.; WALTER, T.; COOK, J. D.; HERTRAMPF, E.; PIZARRO, F. Usefulness of serum transferrin receptor and serum ferritin in diagnosis of iron deficiency in infancy. American Journal of Clinical Nutrition, v.7272:1191-5, 2000.

OLIVEIRA, R. S.; DINIZ, A. S.; BENIGNA, M. J. C.; MRANDA-SILVA, M.; LOLA, M. M.; GONÇALVES, M. C.; ASCIUTTI-MOURA, L.; RIVERA, M. A.; SANTOS, L. M. P. Magnitude, distribuição espacial e tendência da anemia em pré-escolares da Paraíba. Revista de Saúde Pública, v. 36, n. 1, p. 26-32, 2002.

ORGANIZACION PANAMERICANA DE LA SALUD. Organização Mundial de la Salud Indicadores para evaluar las praticas de lactancia materna. Ginebra: OPAS, 1991.

OSÓRIO, M. M. Fatores determinantes da anemia em crianças. Jornal de Pediatria, v. 78, n. 4, p. 269-278, 2002.

OSÓRIO, M. M., LIRA, P. I. C., ASHWORTH, A. Factors associated with Hb concentration in children aged 6-59 months in the State of Pernambuco, Brazil. British Journal of Nutrition, v.91, p.307-14, 2004.

PAIVA, A. A.; RONDÓ, P. H. C.; GUERRA-SHINOHARA, E. M. Parâmetros para avaliação do estado nutricional de ferro. Revista de Saúde Pública, v. 34, p. 421-426, 2000.

QUEIROZ, S. S.; TORRES, M. A. A. Anemia ferropriva na infância. Jornal de Pediatria, v. 76, supl. 3, p. 298-304, 2000.

RAMALHO, A. Um retrato na fome oculta no Brasil. Saúde e Nutrição Informativo trimentral da divisão Danoninho do Grupo Danone. Abril 2006.

RIBAS, D. L. B.; PHILIPPI, S. T.; TANAKA, A. C.; ZORZATTO, J. R. Saúde e estado nutricional infantil de uma população da região Centro-Oeste do Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 33, n. 4, p. 358-65, 1999.

ROCHA, D.S. e colaboradores, Relatório: Fortificação da água potável com ferro e vitamina C na prevenção e tratamento da anemia ferropriva em crianças de creches de Belo Horizonte-MG. UFMG. Fevereiro. 2006 mimeo.

72

ROCHA, D.S. Prevalência de anemia e estado nutricional em crianças de creches da regional leste de belo horizonte, mg Belo Horizonte-MG, 2006.[Dissertação de mestrado-UFMG/FM].

RODRIGUES, C. R. M.; MOTTA, S. S.; CORDEIRO, A. A.; LACERDA, E. M. A; REICHENHEIM, M. E. Prevalência de anemia ferropriva e marcadores de risco associados em crianças de 12 e 18 meses de idade atendidas nos Ambulatórios do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira. Jornal de Pediatria, v. 73, n. 3, p. 189-194, 1997.

ROMANI, S.A.M.; LIRA, P.I.C.; FILHO, M.B.; SEQUEIRA, L.A.S.; FREITAS, C.L.C. - Anemias em pré-escolares: diagnóstico, tratamento e avaliação. Recife-PE, Brasil. Arch. Latinoam. Nutr. , XLI: 159-67. Junho, 1991.

SALZANO, A. C.; TORRES, M. A. A.; FILHO, M. A. B.; ROMANI, S. A. M. Anemias em crianças de dois serviços de saúde de Recife, PE (Brasil). Revista de Saúde Pública, v. 19, n. 6, p. 499-507, 1985.

SANTOS, I.; CESAR, J. A.; MINTEN, G.; VALLE, N.; NEUMANN, N. A.; CERCATO, E. Prevalência e fatores associados à ocorrência de anemia entre menores de seis anos de idade em Pelotas, RS. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 7, n. 4, p. 403-415, 2004.

SCHIMITZ, B. A. S.; PICANÇO, M. R.; AQUINO, K. K. N. C.; BASTOS, J.; GIORGINI, E.; CARDOSO, R.; BRAGA, J. A. P.; FISBERG, M. Prevalência de desnutrição e anemia em pré-escolares de Brasília - Brasil. Pediatria Moderna, v. 34, n. 4, p. 155-164, 1998.

SIGULEM, D. M. Epidemiologia da anemia ferropriva na infância. Revista da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 10, n. 149, p. 103-107, 1988.

SILVA, D. G. Fatores de Risco para Anemia Ferropriva em Lactentes do Município de Viçosa, Minas Gerais, 2003. 121p. Tese (Dissertação de Mestrado) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG.

SILVA, D. G.; FRANCESCHINI, S. C. C.; PRIORE, S. E.; RIBEIRO, S. M. R.; SZARFARC, S. C.; SOUZA, S. B; ALMEIDA, L. P.; LIMA, N. M. M.; MAFFIA, U. C. C. Anemia ferropriva em crianças de 6-12 meses atendidas na rede pública de saúde do município de Viçosa, Minas Gerais. Revista de Nutrição da PUCCAMP, v.15, n. 3, p. 301-308, 2002.

SILVA, L. S. M.; GIUGLIANI, E. R. J.; AERTS, R. G. C. Prevalência e determinantes de anemia ferropriva em crianças de Porto Alegre, RS, Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 35, n. 1, p. 66-73, 2001.

SOARES, N. T.; GUIMARÃES, A. R. P.; SAMPAIO, H. A. C.; ALMEIDA, P.C.; COELHO, R. R. Estado nutricional de lactentes em áreas periféricas de Fortaleza. Revista de Nutrição da PUCCAMP, v. 13, p. 99-106, 2000.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP). Preconização da profilaxia de ferro em lactentes. Atualidades SBP, v. 4, n. 25, p. 12, 1995.

SOCIEDADE CIVIL BEM-ESTAR FAMILIAR NO BRASIL (BEMFAM). Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde 1996. Rio de Janeiro: BEMFAM/IBGE/ DHS/USAID/FNUAP/UNICEF, 1997.

73

SOH, P.; FERGUSON, E. L.; MCKENZIE, J. E.; HOMS, M.Y.V.; GIBSON, R.S. Iron deficiency and risk factors for lower iron stores in 6-24-month-old New Zealanders. European Journal of Clinical Nutrition, v. 58, p. 71-79, 2004.

SPINELLI, M. G. N.; MARCHIONI, D. M. L.; SOUZA, J. M. P.; SOUZA, S. B.; SZARFARC, S. C. Fatores de risco para anemia em crianças de 6 a 12 meses no Brasil. Revista Panamericana de Salud Publica, v.17, n.2, p.94-91, 2005.

SZARFARC, S. C.; MONTEIRO, C. A.; MEYER, M.; TUDISCO, E. S.; REIS, I. M. Estudo das condições de saúde do município de São Paulo-SP (Brasil), 1984-85. X- Consumo Alimentar. Revista de Saúde Pública, v. 22, n. 4, p. 266-272, 1988.

SZARFARC, S. C.; SOUZA, S. B.; FURUMOTO, R. A. V.; BRUNKEN, G. S.; ASSIS, A. M. O.; GAUDENZI, E. N.; SILVA, R. C. R.; SOUZA, J. M. P. Concentração de hemoglobina em crianças do nascimento até um ano de vida. Cadernos de Saúde Pública, v. 20, n. 1, p. 266-274, 2004.

SZARFARC, S.C.; BERG, G.; SANTOS, A.L.S.; SOUZA, S.B.; MONTEIRO, C.A. - Prevenção de anemia no primeiro ano de vida em centros de saúde do município de Santo André, São Paulo. J. Pediatr. (RJ), 72(5):329-34, 1996.

TABOADA, H. Rol del hierro en la nutrición infantil- segunda parte. Revista Chilena de Pediatria, v. 54, p. 132-138, 1983.

TORRES, M. A. A; SATO, K.; JULIANO, Y.; QUEIROZ, S. S. Terapêutica com doses profiláticas de sulfato ferroso como medida de intervenção no combate à crianças atendidas em unidades básicas de saúde Revista de Saúde Publica, v. 28, n. 6, p. 410-415, 1994.

TROWBRIDGE, F.; MARTORELL, R. Forging effective strategies to combat iron deficiency. Summary and recommendations. Journal of Nutrition . v. 132, p. 875S-879S, 2002.

TUDISCO, E. S. O papel da dieta na profilaxia da anemia ferropriva. Revista da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 10, n. 149, p. 129-133, 1988.

VANNUCCHI, H.; FREITAS, M. L. S.; SZARFARC, S. C; Prevalência de anemia nutricionais no Brasil. Cadernos de Nutrição, v. 4, p. 7-26, 1992.

WHARTON, BA. Iron deficiency in children: detection and prevention. British Journal of Haematology, v. 106 p. 270-280, 1999.

WORD HEALTH ORGANIZATION. Iron deficiency anaemia. Assessement, prevention, and control. A guide for programme managers. WHO/UNICEF/UNU. 2001a.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Physical status: the use interpretation of anthropometry. Geneva: WHO; 1995.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. The optimal duration of exclusive breastfeeding: results of a WHO systematic review. Geneva: World Health Organization; 2001b.

74

YOUDIM, M. B. H; BEM-SHACAHAR, D.; YEHUDA, S. Putative biological mechanisms of the effect of iron deficiency on brain biochemistry and behavior. American Journal of Clinical Nutrition, v. 50, p. 607-17, 1989.

75

Anexos

Anexo 1 – Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG – COEP

A pesquisa foi feita em consonância com a Resolução do Conselho

Nacional de Saúde nº 196, de 10 de outubro de 196 e pode ser encontrada em

http://www.usp.br/ip/pesquisa/res196.hrml

Há dois livros que discutem muito bem esse tema:

VIEIRA, S.; HOSSNE, W.S. Experimentação com seres humanos. São Paulo: Moderna,

1987.

VIEIRA, S.; HOSSNE, W.S. Pesquisa Médica: a ética e a metodologia. São Paulo: Pioneira,

1998.

O Comitê de Ética é encarregado de examinar projetos de pesquisa e é constituído por

cientistas, não-cientistas,e especialistas em Direito, teólogos, representantes da comunidade,

entre outros.

76

77

Anexo 2 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa - UFMG

Universidade Federal de Minas Gerais Comité de Ética em Pesquisa

PARECER

PROCESSO: ETIC 336/04 Projeto: "Anemia ferropriva em crianças de 6 a 24 meses de idade atendidas no Ambulatório de Puericultura do Hospital da Polícia Militar de Minas Gerais" Pesquisadores responsáveis: Prof. Dr. Joel Alves Lamounier (orientador)

Gerusa Lopes Porto Barbosa (mestranda) Instituição: Departamento de Pediatria - Faculdade de Medicina/UFMG

Data de entrada no COEP/UFMG: 20/08/04

Data de recebimento pelo parecerista: 01/09/04 Data de entrega do parecer: 11/09/04

Data de início da pesquisa: agosto/2004 Data de término: junho/2005

Os pesquisadores consideram ser altíssima a prevalência de anemia ferropriva em diversas regiões do Brasil, sobretudo entre crianças de 6 a 24 meses de idade. Frente a essa situação, planejou-se este estudo transversal para diagnosticar a prevalência daquele tipo de anemia em crianças, naquela faixa etária, atendidas no Ambulatório de Puericultura do Hospital Militar. Além do diagnóstico, será feita uma avaliação antropométrica. Os dados serão coletados da seguinte maneira: preenchimento de questionário pela mãe ou responsável pelo lactente para colher informações materna, sócio-econômicas e da criança, além das práticas alimentares da mãe e da criança; avaliação antropométrica; avaliação nutricional e dosagem de hemoglobina (por meio de uma única punção venosa, tendo como linha de corte para o diagnóstico de anemia o nível menor de l l,Og/dL. As crianças com o nível inferior a 11,Og/dL, farão exame de ferritina para confirmação do tipo de anemia. As crianças que farão parte da pesquisa serão aquelas atendidas no período de agosto a dezembro de 2004. Os pesquisadores apresentaram critérios de inclusão e de exclusão claros. As crianças com diagnóstico de anemia receberão tratamento de acordo com o preconizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria.

O projeto possui uma revisão da literatura bem documentada e uma exposição clara de seus objetivos e de sua metodologia. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido possui linguagem acessível e contempla os parâmetros éticos conforme a Resolução 196/96. Diante do exposto, sou, smj, pela aprovação do projeto em questão, recomendando apenas que sejam acrescentados o telefone e o endereço atualizados deste COEP no TCLE.

78

Anexo 3 – Termo de Consentimento

FACULDADE DE MEDICINA DA UFMG: Departamento de Pediatria HOSPITAL DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS: Puericultura e Profilaxia

TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO Srs Pais ou Responsável

A anemia é a principal doença por carência nutricional em nosso país e em todo mundo, principalmente em crianças pequenas, causando sérios problemas de saúde, devendo por este motivo ser identificada e tratada o mais cedo possível.

Este estudo faz parte do projeto de mestrado, onde pretendo verificar a anemia em lactentes de seis a 24 meses de idade do Ambulatório de Puericultura do Hospital da Polícia Militar de Minas Gerais.

O Sr(a) estará respondendo a um questionário, e seu filho será pesado e medido. Para confirmação da anemia haverá uma coleta de sangue, no braço realizado no

laboratório do Hospital da Polícia Militar. Todo o material utilizado para a coleta de sangue será descartável e os riscos são mínimos podendo ocorrer, em alguns casos, hematoma local. O exame será feito com auxiliar por um profissional de enfermagem com experiência.

Será mantido o sigilo quanto à identificação da criança estudada, logo não será identificada em nenhuma publicação que possa resultar do estudo.

Se o Sr(a) não quiser participar do trabalho, nada acontecerá com seu filho(a), não havendo prejuízo à continuidade de seu acompanhamento na Puericultura.

O Sr(a) terá a garantia de ser esclarecido(a) a qualquer momento, sobre qualquer dúvida a respeito dos procedimentos e assuntos relacionados à pesquisa.

Grata,

Gerusa Lopes Porto Barbosa Coordenadora do Projeto

Tel. para contato: 32365173

Eu, estando totalmente esclarecido(a) sobre o projeto Anemia ferropriva em crianças

de seis a 24 meses de idade atendidas no Ambulatório de Puericultura do Hospital da Polícia Militar de Minas Gerais, após ter lido a carta de informação, autorizo a inclusão de meu filho(a) no projeto. Nome da criança: ___________________________________________________ Nome do responsável: _______________________________________________ Assinatura do responsável:____________________________________________ Consentimento informado: princípio existente na ética de pesquisa segundo o qual os participantes de um experimento devem ser antecipadamente informados a respeito de qualquer aspecto da pesquisa que possa influenciar sua decisão de participar.

79

Anexo 4 – Termo de Compromisso

Belo Horizonte, 09 de julho de 2004.

Termo de Compromisso

Na qualidade de pesquisador responsável do projeto “Anemia Ferropriva em crianças de seis

a 24 meses de idade atendidas no Ambulatório de Puericultura do Hospital da Polícia Militar

de Minas Gerais” comprometo em cumprir os termos da Resolução 196, de 10 de outubro de

1996, do Conselho Nacional de Saúde.

Para os devidos fins, firmo o presente.

____________________________________________________ Joel Alves Lamounier

Orientador – Programa de pós-graduação em Pediatria

80

Anexo 5 – Questionário do Projeto

Questionário do Projeto

Data: ____/____/______

1 - Identificação da criança e da mãe

1.1 – Nome da criança:

1.2 – Data de nascimento da criança:

1.3 – Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

1.4 – Nome da mãe ou responsável:

1.5 – Data de nascimento da mãe ou responsável:

1.6 - Endereço:

________________________________________________ ________________________________________________

1.7 - Telefone: 1.8 – Situação conjugal: ( ) solteira ( ) casada ( ) com companheiro

2 – Variáveis sócio–econômicos

2.1 – Escolaridade da mãe: (anos completos)

2.2 – Mãe trabalha fora:

( ) Sim ( ) Não Tempo: ( ) Integral ( ) Parcial Polícia Militar ( ) sim ( )não Cargo:

2.3 – Escolaridade do pai: (anos completos)

2.4 – Pai trabalha fora:

( ) Sim ( ) Não Tempo: ( ) Integral ( ) Parcial Polícia Militar ( ) sim ( )não Cargo:

2.5 – Renda familiar (salários mínimos): 2.6 – Número de pessoas na família

3 – Dados referentes à criança

3.1 – Peso ao nascer (Kg): 3.2 – Comprimento ao nascer (cm): 3.3 – Duração da gestação: 3.4 – Ordem de nascimento: 3.5 – Tipo de parto: ( ) cesárea ( ) normal

REC:

81

4 – Leite Materno

4.1 – Recebeu leite materno: ( ) Sim ( ) Não 4.2 – Tempo de aleitamento total (meses): 4.3 – Menos de um mês especificar quantos dias:

4.4 – Recebeu leite materno predominante: ( ) Sim ( ) Não 4.5 – Tempo de aleitamento predominante (meses):

4.6 – Menos de um mês especificar quantos dias:

5 – Leite

5.1 – Toma leite: ( ) Sim ( ) Não 5.2 – Tipo : 5.3 – Toma leite próximo das refeições (intervalo menor que 1 hora):

( ) Sim ( ) Não

6 – Suco

6.1 - Toma suco natural durante ou próximo das refeições: (fruta cítrica – laranja, limão..)

( ) Sim ( ) Não

7 – Morbidades

7.1 – Morbidades no último mês: ( ) Sim ( ) Não Especificar:____________________________________________________________________

8 - Profilaxia com composto ferroso

8.1 – Toma composto ferroso ( ) Sim ( ) Não 8.2 – Qual: 8.3 – Quantidade: 8.4 – Quanto tempo: 8.5 – Toma todo dia 8.6 – Horário que toma o composto ferroso ( )próximo ao almoço e jantar – até 30

minutos ( ) perto ou junto do leite ou mamadeira ( ) Outro horário Qual?

9 – Medicamentos

9.1 – Toma: 9.2 – Qual:

82

10 - Exame de anemia

10.1 – A criança já fez algum exame de anemia:

10.2 – Há quanto tempo a criança fez o exame

10.3 – Resultado: Anêmica ( ) Não Anêmica ( ) 10.4 – Tratamento:

11 – Antropometria e avaliação bioquímica

11.1 - Peso atual: 11.2 - Altura atual: 11.3 - Concentração de hemoglobina: 11.4 – Ferritina:

83

Anexo 6 – Glossário

AMOSTRA : é uma subcoleção de elementos extraídos de uma população.

AMOSTRAGEM : processo de escolha dos membros de uma população que serão incluídos

numa amostra.

AMOSTRAGEM NÃO PROBABILÍSTICA : tipo de procedimento de amostragem que não

permite especificar a probabilidade de qualquer membro da população ser incluído na

amostra.

COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO : índice de intensidade da relação entre duas

variáveis.

DELINEAMENTO COM GRUPOS INDEPENDENTES : experimento em que sujeitos

diferentes são designados a cada um dos grupos. Também denominado delineamento entre

sujeitos.

DESVIO-PADRÃO : raiz quadrada da media dos desvios em relação à média do grupo (raiz

quadrada da variância). Desvio médio dos escores em relação à média.

ESCORE PADRONIZADO OU ESCORE Z: é o número de desvios-padrão pelo qual um

valor x dista da média (para mais ou para menos).

ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS : medidas estatísticas que descrevem os resultados de um

estudo. Incluem medidas de tendência central (por exemplo, média), variabilidade (por

exemplo, desvio-padrão) e correlação (por exemplo, r de Pearson)

HIPÓTESE: uma afirmativa sobre o que é verdadeiro numa particular situação;

freqüentemente diz respeito à relação entre duas ou mais variáveis.

HIPÓTESE DE PESQUISA: suposição de que as variáveis investigadas estão relacionadas

na população e que o efeito observado com base em seus dados amostrais é verdadeiro.

HIPÓTESE NULA : hipótese utilizada para fins de pesquisa, segundo a qual as variáveis

investigadas não estão relacionadas na população. Qualquer efeito observado com base em

resultados amostrais deve-se a erro aleatório.

INTERVALO DE CONFIANÇA : intervalo de valores em torno de um valor amostral no

qual um valor populacional provavelmente está situado. Expresso em termos de grau de

confiança. Um intervalo de confiança (ou estimativa intervalar) é uma amplitude (ou um

intervalo) de valores que tem probabilidade de conter o verdadeiro valor da população.

MÉDIA : uma medida de tendência central obtida somando-se os escores e, então, dividindo a

soma pelo número de escores.

84

MEDIANA : uma medida de tendência central. O escore que divide uma distribuição de

escores ao meio.

MÉTODO TRANSVERSAL : método de pesquisa de desenvolvimento em que pessoas de

diferentes idades são estudadas numa data apenas. É conceitualmente semelhante ao

delineamento com grupos independentes.

NÍVEL DE SIGNIFICÂNCIA : probabilidade de rejeitar a hipótese nula quando esta é

verdadeira.

POPULAÇÃO : grupo definido de indivíduos dos quais se extrai uma amostra.

PROBABILIDADE : é a chance de ocorrência de algum evento ou resultado.

RESULTADOS NÃO SIGNIFICATIVOS : resultados provavelmente devidos a fatores de

erro que justificam a decisão de não rejeitar a hipótese nula.

SIGNIFICÂNCIA ESTATÍSTICA : rejeição da hipótese nula quando um resultado tem

baixa probabilidade de ocorrência (em geral menor ou igual a 0,05), se a hipótese nula for

verdadeira.

VARIABILIDADE : quantidade de dispersão dos escores em torno de algum valor central.

VARIÂNCIA : medida de variabilidade dos escores em torno da média. A média da soma dos

quadrados dos desvios em relação à média do grupo.

VARIÁVEL : qualquer evento, situação, comportamento ou característica individual que

varia, isto é, assume pelo menos dois valores.

VARIÁVEL DEPENDENTE : a variável que é a resposta do sujeito e que depende do nível

da variável independente manipulada.

VARIÁVEL INDEPENDENTE : a variável que é manipulada para observar seus efeitos

sobre a variável dependente.

VIÉS DO ENTREVISTADOR : influência intencional ou não intencional exercida por um

entrevistador, de tal forma que o comportamento real ou interpretado dos respondentes é

consistente com as expectativas do entrevistador.

VIÉS DO EXPERIMENTADOR (EFEITOS DE EXPECTATIVA) : qualquer influência

intencional ou não que o experimentador exerce sobre os sujeitos para confirmar a hipótese

que está sendo investigada.

85

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo