68
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CAMPUS BIGUAÇU CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM Andréia Cristina Dias Feridas em pacientes oncológicos: um cuidado de enfermagem Biguaçu 2009

Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CAMPUS BIGUAÇU

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

Andréia Cristina Dias

Feridas em pacientes oncológicos: um cuidado de enfermagem

Biguaçu

2009

Page 2: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

Andréia Cristina Dias

Feridas em pacientes oncológicos: um cuidado de enfermagem

Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Enfermeiro Generalista, na Universidade do Vale do Itajaí, Campus Biguaçu. Orientadora: Prof.ª Msc. Ângela Maria Blatt Ortiga

Biguaçu

2009

Page 3: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

ANDREIA CRISTINA DIAS

FERIDAS EM PACIENTE ONCOLÓGICOS: UM CUIDADO DE

ENFERMAGEM

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado adequado para obtenção do titulo

de enfermeiro e aprovado pelo Curso de Enfermagem- Biguaçú, da Universidade

do Vale do Itajaí, Centro de Ciência da Saúde.

Área de concentração – Ciências da Saúde

Biguaçú 06 de julho de 2009

Profa. Msc Ângela Maria Blatt Ortiga

Profa. Msc Maria Terezinha Honório

Enfermeira Izes Maria S. Freire

Page 4: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Distribuição por tipo diagnóstico médico 33 GRÁFICO 2 Distribuição por idade e sexo 36 GRÁFICO 3 Tipos de feridas classificadas 38 GRÁFICO 4 Tipos de feridas classificadas 41 GRÁFICO 5 Tipos de produtos utilizados no tratamento de feridas 44 GRÁFICO 6 Tipos de produtos utilizados no tratamento de feridas oncológicas 48 GRÁFICO 7 Características das feridas oncológicas 52

Page 5: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Descrição do estágio das feridas oncológicas................................................. 50

Page 6: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 8 2 OBJETIVOS..................................................................................................... 11 2.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................... 11 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................. 11 3 REVISÃO DA LITERATURA....................................................................... 12 3.1 CÂNCER............................................................................................................ 12 3.2 AS FERIDAS – UMA ABORDAGEM GERAL............................................... 14 3.2.1 Classificação de feridas..................................................................................... 14 3.3 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE........................................................... 16 3.4 PROCESSO CICATRIAL DAS FERIDAS....................................................... 18 3.4.1 Tipos de cicatrização........................................................................................ 19 3.4.2 Fatores que afetam o processo de cicatrização.............................................. 19 3.5 FERIDAS ONCOLÓGICAS............................................................................. 22 3.5.1 Tipos de câncer que apresentam maior incidência de desenvolvimento de

feridas oncológicas........................................................................................... 25

3.5.1.1 Câncer de mama.................................................................................................. 25 3.5.1.2 Câncer de pênis................................................................................................... 25 3.5.1.3 Câncer de pele..................................................................................................... 25 3.6 CURATIVOS E COBERTURAS....................................................................... 27 4 METODOLOGIA............................................................................................. 29 4.1 A CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO............................................................. 29 4.2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO ESTUDO.................................................. 29 4.3 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE DESENVOLVIMENTO DO

ESTUDO............................................................................................................. 30

4.4 SELEÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS DOCUMENTOS............................ 31 4.5 ANÁLISE............................................................................................................ 31 4.6 ASPECTOS ÉTICOS DO ESTUDO.................................................................. 32 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS...................................................................... 33 5.1 DISTRIBUIÇÃO POR TIPO.............................................................................. 33 5.2 DISTRIBUIÇÃO POR IDADE E SEXO........................................................... 36 5.3 ANÁLISE GERAL DAS FERIDAS................................................................... 37 5.3.1 Feridas não oncológicas.................................................................................... 38 5.3.2 Feridas oncológicas........................................................................................... 41 5.3.3 Produtos utilizados no tratamento de feridas................................................. 43 5.3.4 Produtos utilizados no tratamento de feridas oncológicas............................ 46 5.3.5 Registro e características das feridas oncológicas e sua interface no

cuidado de enfermagem.................................................................................... 50

6 CONCLUSÃO................................................................................................... 55 7 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA................................................................ 58 APÊNDICE........................................................................................................ 62 ANEXOS............................................................................................................ 63

Page 7: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

DIAS, Andréia Cristina. Feridas oncológicas: um cuidado de enfermagem: 2009. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Curso de Graduação em Enfermagem, Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Biguaçu, Biguaçu/SC, 2009.

RESUMO

A formação do câncer, como lesão de uma forma geral, se dá de uma maneira lenta, podendo, muitas vezes, levar anos para que essas células malignas se desenvolvam e dêem origem a uma lesão ou tumor visível. Além do câncer que interfere na qualidade de vida da pessoa, surgem as feridas em decorrência do tratamento ou da internação. O presente trabalho investiga como o cuidado de enfermagem com feridas oncológicas é realizado e registrado num serviço de referência de oncologia na Grande Florianópolis-SC. A metodologia é uma pesquisa documental com dados secundários. O período de coleta foi de abril de 2006 a junho de 2007, através do “Instrumento para avaliação de feridas em pacientes oncológicos”. Foram analisados 40 instrumentos. Os dados foram agrupados por semelhança e analisados através de 5 categorias de análise que são: feridas não oncológicas; Feridas oncológicas; Produtos utilizados no tratamento de feridas; Produtos utilizados no tratamento de feridas oncológicas e Registro e Características das feridas oncológicas e sua interface no cuidado de enfermagem. Através desta análise, percebe-se que o tratamento de feridas na oncologia é realizado de forma tradicional conforme a apresentação das feridas, não diferenciando a técnica e os produtos das feridas comuns. A escolha é influenciada pelo estágio da ferida e suas características da ferida, visando sempre o bem estar, de forma humanizada. Os curativos são realizados exclusivamente pelas enfermeiras. O resultado desta pesquisa pode contribuir para o grupo “cuidando de feridas“ da instituição nas questões sobre o cuidado de enfermagem com feridas, visando à reformulação deste protocolo.

PALAVRAS CHAVE: FERIDAS. CÂNCER. CUIDADO DE ENFERMAGEM.

Page 8: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

DIAS, Andréia Cristina. Oncological wounds: a nursing care : 2009. Final Paper for the Nursing Graduation Course ,Vale do Itajaí University, Educational Centre of Biguaçu, Biguaçu/SC, 2009.

The cancer formation as lesion may happen very slowly and sometimes it may take years for the malign cells to develop and turn into a visible lesion or tumor .Apart from the cancer that interferes in people’s quality of life, the wounds appear mainly because of the cancer treatment or hospitalization. This work investigates how the nursing care of oncological wounds happens and how it is registered in a reference service of oncology in the greatest Florianópolis in the State of Santa Catarina. It is a research based on documents with secondary data which were collected from April 2006 to June 2007.It was used as a referential for analysis the INSTRUMENT FOR WOUNDS EVALUATION IN ONCOLOGICAL PACIENTS. Forty instruments were studied and the data were grouped considering the similarities and analyzed according to five analysis categories which are: non-oncological wounds, oncological wounds, products used in the wounds treatment, products used in the oncological wounds treatment and the register and characteristics of the oncological wounds and its interface with the nursing care . The studies showed that the treatment of oncological wounds is done in a very traditional way taking into consideration the wound aspect. It is used the same techniques and the same products that are used on a non- oncological wounds. The choice for one technique or another or one product or another is influenced by the stage and characteristics of the wounds .The healing is done only by nurses in a very humanized way always promoting the patient’s comfort. The results of this research may contribute for the group”taking care of wounds” of the institution on what involves the wounds care and the improvement of treatment. KEY WORDS: WOUNDS, CANCER, NURSE CARE

Page 9: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

8

1 INTRODUÇÃO

O ser humano vive em constante equilíbrio entre saúde e doença, mas isso pode

mudar, pois ele pode ser acometido, subitamente, por uma doença, muitas vezes a mais

temida por todas: o câncer. Esta, por ser uma doença grave, afeta todas as faixas etárias,

não distingue raça, cor, sexo ou idade. Ela traz consigo sofrimento, dor, angústia e

morte, não só para os que estão doentes, mas também envolvem todos aqueles que

convivem com o indivíduo acometido pela doença.

De acordo com Instituto Nacional do Câncer - INCA, “no Brasil, a estimativa,

para o ano de 2008, das taxas brutas de incidência por 1 milhão e de número de casos

novos por câncer em homens e mulheres, segundo a região e a análise por macrorregião,

mostra que a Região Sudeste ocupa a primeira posição sendo esta responsável por

242.060 novos casos. A Região Sul encontra-se na segunda posição, com 99.580 novos

casos; a Região Nordeste tem a terceira colocação, com 78.960 casos novos; a Região

Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa

o quinto lugar, apresentando 17.620 casos novos.” (BRASIL, 2007).

Uma pessoa, ao receber o diagnóstico de câncer, sente-o como se fosse a própria

sentença de morte, pelo fato de ser, ainda, visto como uma doença incurável.

O câncer é a segunda causa de morte no mundo, perdendo apenas para as

doenças cardiovasculares. É constitui-se, assim, num problema de saúde pública para o

mundo desenvolvido e também para nações em desenvolvimento.

Segundo D’Ângelo (2007), o número de novos casos de câncer aumentará de 10

milhões para 15 milhões nos próximos anos, e 60% desse número ocorrerão em países

em desenvolvimento. Já no Brasil, segundo INCA, estima-se mais de 470 mil novos

casos da doença a cada ano.

A explicação destes altos percentuais de doentes, por câncer, está relacionada a

maior exposição dos indivíduos a fatores de riscos cancerígenos. Pois os atuais padrões

de vida adotados em relação ao trabalho, nutrição e consumo em geral, expõem os

indivíduos a fatores ambientais mais agressivos, relacionados a agentes químicos,

físicos e biológicos resultantes de um processo de industrialização cada vez mais

evoluído. (INCA, 2009).

A mudança dos hábitos de vida da população está ligada, entre outros aspectos, à

obesidade, como resultado de uma dieta não saudável, à falta de práticas de exercícios

Page 10: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

9

físicos, ao tabagismo e ao consumo exagerado de álcool. Tudo isso são indícios para o

acometimento da doença nas pessoas (D’ANGELO, 2007).

Para haver controle dessa patologia precisa existir um envolvimento dos órgãos

públicos, ou seja, políticas públicas direcionadas à saúde pública, e o desenvolvimento

de campanhas que visem-na prevenção, como, por exemplo, campanhas contra o fumo,

álcool, produtos químicos e agrotóxicos das plantações assim como ações que

propiciem o diagnostico precoce. Com isso, percebe-se a necessidade de um

comprometimento de nossos governantes em investir na saúde, e de uma maior parte

dos profissionais de saúde e também da população, em procurar auxilio contra a doença

mais precocemente.

Nesse contexto de aumento de casos de câncer, não podemos negligenciar os

casos de câncer de pele, que cada vez mais vem acometendo as pessoas de modo geral,

levando ao aparecimento de feridas oncológicas, assim como os cânceres de mama,

cabeça e pescoço, e testículo que propiciam o aparecimento de lesões.

Segundo o INCA, a estimativa para o ano de 2006 para casos novos de câncer de

pele no Brasil era de 472 mil, 355 mil, se excluídos os casos de tumores de pele não-

melanoma, o que corresponde a quase dois casos novos por ano para cada 1.000

habitantes. Os cânceres mais incidentes, à exceção do pele-melanoma, são os de

próstata, pulmão e estômago no sexo masculino e mama, colo do útero e intestino no

sexo feminino (BRASIL, 2007).

Para Poletti et al. (2002), a formação do câncer, como lesão de uma forma geral,

se dá de uma maneira lenta, podendo, muitas vezes, levar anos para que essas células

malignas se desenvolvam e dêem origem a uma lesão ou tumor visível.

As feridas malignas muitas vezes não apenas desenvolvem-se em sitio primário,

mas também em gânglios inguinais, axilares que possam estar comprometidos. São

lesões que esta associada às negligências do próprio paciente que deixa para procurar

ajuda medica quando a ferida encontra-se em estado evoluído (DEALEY, 2006).

São feridas malignas de difícil tratamento, interferindo na qualidade de vida do

paciente.

Além do câncer que interfere na qualidade de vida da pessoa, surgem às feridas

em decorrência do tratamento ou da internação, que debilitam ainda mais. Citam-se as

lesões de lacerações de pele, intervenções terapêuticas e outras.

O meu interesse em estudar feridas na área da oncologia surgiu a partir da minha

vivência diária com este tipo de situação no meu ambiente de trabalho, local de escolha

Page 11: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

10

para esta pesquisa. As minhas dúvidas dizem respeito ao cuidado a ser desenvolvido

junto a pacientes portadores de câncer, que em certo estágio da doença, são acometidos

por feridas em decorrência das intervenções do tratamento do mesmo ou como

conseqüência da própria doença.

O Câncer traz sensações de sofrimento e angústia, mexendo com a auto-estima

das pessoas, sendo que sua evolução apresenta-se de forma lenta e opressora.

Acredito que estudar o pacientes com câncer e de feridas seja de suma

importância, pois estes pacientes, que vivenciam a doença e suas manifestações quando

são acometidos por uma ferida, apresentam modificações em seu íntimo ligadas aos

fatores psicológicos, auto-estima, estigma, envolvimento familiar e social, que

interferem na qualidade de vida.

As feridas oncológicas comprometem a auto-estima e a auto-imagem do

paciente, e traz consigo os sintomas de dor, sensação de desamparo e odores, que alguns

pacientes classificam como um castigo. Esta situação-problema me motivou a investigar

como é o cuidado de enfermagem com os pacientes com feridas, surgindo à seguinte

pergunta de pesquisa: Como é registrado pela enfermagem o cuidado com feridas

desenvolvido junto a um serviço especializado em oncologia na Grande

Florianópolis?

Page 12: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

11

2.OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

• Investigar como é registrado o cuidado de enfermagem com feridas e feridas

oncológias num serviço de referência de oncologia na Grande Florianópolis-SC.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Caracterizar a forma com que está sendo realizados os registros da avaliação das

feridas de pacientes oncológicos em um serviço de referência de oncologia na

Grande Florianópolis;

• Identificar os tipos de feridas mais prevalentes no serviço de referência de

oncologia na Grande Florianópolis;

• Identificar os tipos de curativos e produtos mais utilizados nas feridas do serviço

de referência de oncologia na Grande Florianópolis.

Page 13: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

12

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1 CÂNCER

As pessoas, em geral, quando pensam em câncer, logo o sentem como uma

doença incurável, um sofrimento, um castigo e até mesmo uma sentença de morte,

porque todos esses adjetivos estão ligados a uma das doenças mais temidas pelas

pessoas.

A palavra câncer tem origem na antiguidade e é de origem grega (caranguejo).

As patas do caranguejo, em que estas são vistas como o símbolo da característica

infiltrativa da doença (BARACAT, FERNANDES JR, SILVA, 2000).

Para Santini, (2007), o câncer é visto como um problema de saúde pública, e

requer a implantação de serviços especializados e de equipe multidisciplinar capacitada

para estabelecer metas para as intervenções, seja para reduzir a mortalidade ou impedir

novos casos. Logo, é preciso investir na prevenção e na detecção precoce sendo que esta

aumenta consideravelmente a chance de cura.

Com o aumento da expectativa de vida, o homem começou a viver em função da

produção industrial, deixando a vida pacata do campo, e procurando condições de vida

melhor nas cidades, onde havia as indústrias e serviços. O aumento desordenado das

cidades gerou vários problemas sanitários, modificação no estilo de vida das pessoas, e

piora dos hábitos alimentares. Também, o alcoolismo e, principalmente, o tabagismo

passaram a ser freqüentes na vida das pessoas.

Segundo Santini (2007) a situação atual do câncer no Brasil assim se apresenta:

causalidade, ocorrência e ações de controle. Como causalidades têm a exposição da

população aos fatores de risco para o desenvolvimento da doença. Por exemplo,

consumo regular de bebida alcoólica, fumo, sedentarismo, má alimentação, obesidade,

exposição ao sol e contato com agentes cancerígenos, como amianto ou alumínio.

Ocorrência é a incidência com que a doença acomete a população masculina e feminina,

além das taxas de mortalidade no país. Ações de controle tratam-se das medidas de

controle da doença, através da prevenção, detecção precoce e rastreamento do câncer na

população.

O câncer é um processo patológico que começa quando uma célula anormal é

transformada pela mutação genética do DNA celular. Essa célula anormal forma um

Page 14: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

13

clone e começa se proliferar de maneira anormal, ignorando as sinalizações de

regulação do crescimento no ambiente circunvizinho à célula. (PARO et al., 2005).

Segundo Bevilacqua et al. (1998) apud Martendal e Silva (2006), o processo

fisiopatológico do câncer seria a desestruturação do DNA celular. Apresentam como

características principais das células malignas, as seguintes alterações:

• a multiplicação descontrolada e independente dos mecanismos de

controle das células normais;

• a apresentação e alterações morfológicas variáveis. Quanto maior a

diferenciação do tumor menor será o número de mitoses e vice-versa;

• as células cancerígenas são perenes, isto é, podem ser cultivadas por um

tempo indefinido, o que não ocorre em células normais;

• também destacam-se com facilidade das outras células, pois não têm a

mesma capacidade de adesão, facilitando assim, a nidação para os

tecidos vizinhos;

• apresenta proliferação desordenada, devido à perda da sua capacidade de

responder à inibição por contato;

• as células adquirem funções bioquímicas independentes e diferentes de

outras células que compõem o mesmo tecido original, tendo desta forma

a capacidade de produzir proteínas que são sintetizadas na vida fetal.

Tendo em vista as alterações do processo patológico do câncer, a metástase pode

ser definida como o crescimento de uma ou mais células neoplásicas, que se distanciam

e migram através do sistema sanguíneo e linfático, seja pela extensão da doença, no ato

cirúrgico ou por técnicas cirúrgicas (DE VITA, 2002 apud MERCÊS E

MARCELINO, 2004).

Para Mercês e Marcelino (2004), o câncer é considerado como uns dos males do

3º milênio, concorrendo com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - SIDA. Na

atualidade a doença é a mais demitida das doenças crônicas degenerativas, mesmo

representando possibilidade de cura em estágio inicial.

O câncer é visto como um dos problemas que mais aflige a humanidade.

Milhões de pessoas morrem por câncer ao redor do mundo. Representa cerca de 12 %

da mortalidade mundial, sendo que a previsão é previsto até 2020 é de

Page 15: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

14

aproximadamente 15 milhões de novos casos (OMS, 2004 apud MERCÊS E

MARCELINO, 2004).

3.2 AS FERIDAS – UMA ABORDAGEM GERAL

A preocupação com a cura de feridas vem deste a pré-história. Nessa época já

era usado folhas e ervam medicinais (na forma de cataplasma), com o objetivo de

promover a sua cicatrização e estancar o sangramento. Já os egípcios há três mil anos

preocupavam-se com a utilização de óleos e vegetais em forma de cataplasma e faixas

de algodão para manter a lesão limpa, obtendo através deste uma cicatrização mais

eficaz (DANTAS, 2003).

Para Dantas e Jorge (2003), a palavra ferida tem como definição algo que rompe

a continuidade da pele, deixando cicatriz como marca que acometeu em algum

momento em sua vida.

A palavra ferida nos faz lembrar lesões teciduais, que muitas vezes pode não ser

apenas uma lesão física, mas algo que dói mesmo sem necessitar de estímulo sensorial,

bem como uma marca deixada, ou uma mágoa, perda ou até mesmo uma doença

incurável. Portanto, ferida traz à pessoa a imagem de dor, perda, até mesmo depois do

processo cicatricial. (DANTAS e JORGE, 2003).

Ferida pode ser definida como uma lesão na pele, mucosas ou órgãos. Podem ser

causada por vários fatores, como uma incisão cirúrgica, traumas, infecção, úlceras

vasculares ou por efeitos do próprio organismo e por neoplasias.

3.2.1 Classificação de feridas

Segundo Dealey, (2006) as feridas são classificadas como crônicas agudas e pós-

operatórias.

Como crônicas são apresentadas como feridas de longa duração ou mesmo de

recorrências freqüentes, podendo o paciente apresentar múltiplos fatores que prejudica a

sua cicatrização.

Page 16: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

15

E como agudas são feridas de causas traumáticas que lesiona a pele como

queimadura superficial, cortes, em geral responde rápido ao tratamento e sua

cicatrização ocorrem sem problemas.

E as feridas pós-operatórios são que acontece como forma intencional,

apresentam cicatrização como primeira, segunda intenção ao cicatrizar, como primeira

intenção sua bordas são mantidas próximas, e segunda intenção ficam abertas

permitindo que ocorra a drenagem de material infectado.

Para Gogia (20003), as feridas também, apresentam características pela cor, isto

é, de vermelho, amarelo e preto. As vermelhas são vistas como feridas saudáveis no

processo de cicatrização, as amarelas são infectadas ou preenchidas por material

necrótico e as pretas são aquelas cobertas por material necrótico. São ocasionadas pela

interrupção da integridade da pele, seja de forma acidental ou intencional, por

procedimentos terapêuticos.

O paciente com câncer vive em constante desequilíbrio entre os procedimentos

terapêuticos e as terapias medicamentosas, além de ficarem exposto as mais variadas

situações decorrentes do tratamento entre outros que comprometem a pele do mesmo

proporcionando assim o desenvolvimento de lesões de pele. Entre elas podemos citar as

úlceras por pressão, lacerações de pele, cirurgias, radioterapias que acomete a pele pela

radiação, a quimioterapia pelo extravasamento de medicamento fora da veia,

provocando alterações tegumentares e processos inflamatórios e pela própria doença

que interfere na cicatrização das feridas prolongando assim, o desconforto e dor

causado pelas lesões de pele.

3.3 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE

Segundo Smeltzer e Bare (2005), a pele é composta por três camadas que são a

epiderme, derme e o tecido subcutâneo. A pele forma uma barreira entre os órgãos

internos e o ambiente externo, atuando em muitas funções importantes no organismo,

apresentando-se de forma contínua com as mucosas, do trato respiratório, digestório e

urogenital.

Page 17: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

16

A epiderme é a camada mais externa da pele e apresenta-se fina e avascular.

Tem como função básica manter a integridade da pele e atuar como uma barreira física

contra os agentes externos (HESS, 2002).

Na epiderme há formação de quatro camadas da profundidade à superfície que

são as camadas basais, espinhosas, granulosas e córneas, que se distinguem por

alterações que envolvem a queratinização e o grau de diferenciação dos queratinócitos

(ABREU, MARQUES, 2003).

A Camada basal mais profunda é formada por células colunares, que dão

origem às células epidérmicas. Seguida pela camada espinhosa ou escamosa por

apresentar a membrana plasmática dos queratinócitos retraída durante a sua formação, já

que isso faz com que à medida que as células se aproximam da sua superfície vão se

tornando mais achatadas. A camada granulosa tem como principal característica a

presença de grânulos de querato-hialina, além dos corpúsculos de Odland que ajudam a

manter a superfície da pele impermeável. A camada córnea apresenta-se anucleada, com

aspecto eosinofilico comum de células mortas, onde falta o núcleo e outras estruturas.

Tem como característica ser flexível e apresentar descamação na superfície, ao mesmo

tempo em que protege da perda de líquidos corporais e da entrada de água devido à

presença de lipídios.

Há outras células importantes encontradas na epiderme, que são os melanócitos,

que produzem a melanina, paralelamente a produção de queratinócitos na camada basal.

A melanina atua contras os efeitos lesivos dos raios ultravioletas sobre o DNA celular.

Isso explica porque pessoas albinas e as de pele mais claras não albinas têm o maior

risco de desenvolver câncer de pele.

As células de Langherans também presente na pele são importantes elementos

do sistema imunológico assim como as células de Merckel que são mecanorreceptores

associados às terminações nervosas intratérmicas da pele, desempenhando importantes

funções sensoriais.

A camada derme se constitui na maior porção da pele, fornecendo a força e as

estruturas. São compostas por duas camadas: papilar e reticular. A camada papilar se

encontra abaixo da epiderme, composta principalmente de células fibroblasticos. Já a

camada reticular, que se encontra abaixo da camada papilar, produz também colágeno e

feixes elásticos para atuar na sustentação da pele. Também é composta por vasos

sanguíneos e linfáticos, glândulas sudoríparas e sebáceas, e raízes pilosas (SMELTZER

e BARE, 2005).

Page 18: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

17

Outros elementos encontrados na pele são:

O tecido subcutâneo, que é constituído principalmente por tecido adiposo que

atua na mobilidade da pele, modela os contornos corporais e realiza uma função muito

importante para nosso organismo como isolante térmico (SMELTZES e BARE, 2005).

Para Hess (2002), a pele é o maior órgão do nosso corpo, por ser constituir de

10% do peso corporal. Para o autor a pele é um manto revestido do organismo, que

desempenha múltiplas funções, como:

� proteção, onde atua como uma barreira física contra a invasão de

microorganismos ou outras substâncias estranhas, protegendo contra infecções e

perda excessiva de líquidos e contra irradiação;

� sensibilidade pelas terminações nervosas, que permite que o indivíduo sinta as

sensações térmicas e sensitivas ao menor toque;

� termoregulação, que regula a temperatura corporal mediante a vasoconstrição,

vasodilatação e sudorese;

� excreção atuando na eliminação de resíduos corporais;

� metabolismo, promovendo a síntese de vitamina D na pele exposta à luz solar,

agindo assim no metabolismo de cálcio, fosfato e minerais, que são importantes

para formação óssea do indivíduo, principalmente em recém nascidos.

� imagem corporal única, fazendo cada ser humano ser único, pois retrata a

aparência do indivíduo.

3.4 PROCESSO CICATRIAL DAS FERIDAS

O processo de cicatrização inicia imediatamente após ter ocorrido a lesão, ou

seja, a reconstrução do tecido lesado. Para Jorge e Dantas (2003), a cicatrização é,

portanto, a cura de uma ferida que esteja em reparação, ou em regeneração dos tecidos

que são afetados. Pode-se dizer que são fenômenos que o organismo realiza com o

objetivo de substituir o tecido lesado por células renovadas.

Com isso o processo de cicatrização ocorre em três fases:

1ª fase: inflamatória ou exsudativa: tem como função ativar o sistema de

coagulação e promover o autodebridamento da ferida, e ao mesmo tempo atuar em

defesa contra os microorganismos da pele. Apresenta sinais típicos do processo

Page 19: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

18

inflamatório como dor, rubor, calor e edema. Está relacionada à perda da função local

da pele onde ocorre a lesão.A fase inflamatória da cicatrização esta dividido em três

etapas distintas, cuja função é preparar o local afetado para o crescimento do novo

tecido.

Etapa trombolítica ocorre à ativação da cascata de coagulação devido a ação do

fator IV e das plaquetas, assim como pela conversão do fibrinogênio solúvel em fibrina

insolúvel que vão auxiliar na formação do coagulo.

Etapa granulocitica, onde há liberação das enzimas proteolíticas mediadoras do

processo inflamatório.

Etapa macrofágica, onde os macrófagos secretam substâncias que vão dar

continuidade ao processo de desbridamento, atuando no controle da fase da cicatrização.

2ª fase proliferativa: nesta fase predomina a mitose celular, com o

desenvolvimento do tecido de granulação, que é a formação de um novo tecido,

composto por capilares, colágeno, fibronectina e outros componentes protéicos. A

formação de neocapilar é estimulada pelos fatores angiogênicos secretados pelos

macrófagos, que estimulam a migração e a proliferação das células endoteliais dos

vasos sanguíneos. Esse processo inicialmente ocorre em um ambiente com pouco

oxigênio, e a medidas que os macrófagos vão estimulando a formação das citoquinas e

do fator de crescimento. O oxigênio vai aumentando no leito das feridas e criando um

ambiente favorável ao tecido de granulação da lesão. Com isso são ativados os

fibroblastos para elaboração do colágeno que será depositado no leito da ferida.

3ª fase reparadora ou maturação tem como características a ocorrência de dois

processos, que são: a síntese pelos fibroblastos e a lise pelas colagenases. São estruturas

que vão se reorganizando na medida em que a maturação ocorre, e com isso o tamanho

da cicatriz também diminui gradualmente e a coloração começa a modificar aos poucos

do vermelho para o branco, que são características do tecido cicatricial. Esse processo

tem início por volta da terceira semana após a ocorrência da ferida.

Page 20: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

19

3.4.1 Tipos de cicatrização

Gogia (2003) descreve três tipos de cicatrização:

a) Fechamento primário: acontece quando a cicatrização ocorre por primeira

intenção ocorre em incisão cirúrgica com perda mínima de pele, onde as bordas são

aproximadas e suturadas.

b) Fechamento secundário: a cicatrização ocorre por segunda intenção.

Normalmente são lesões extensas, abertas e muitas vezes com perda de tecidos. Levam

mais tempo para cicatrizar, apresentando três processos: granulação, deposição de

colágeno, contração, através da contração, acontece o fechamento secundário.

c) Fechamento primário retardado, ou cicatrização por terceira intenção:

acontece em feridas mais extensas, podem ser altamente contaminadas e com risco para

desenvolver infecção.

3.4.2 Fatores que afetam o processo de cicatrização

São vários os fatores que podem interferir estão no processo de cicatrização.

Entre eles estão os fatores sistêmicos e os locais. Estes causam impacto sobre a

cicatrização ocasionando a interrupção da inflamação, da granulação, epitelização e

contração da ferida.

Gogia (2003) destaca alguns fatores que interferem no processo de cicatrização:

Estado nutricional: Fator importante no processo da cicatrização. A falta de nutrientes

poderá prejudicar ou retardar o fechamento da ferida. A deficiência de proteína,

vitaminas, ferro, colágeno estão relacionados com a formação de novos capilares e na

remodelação da ferida, podendo levar também a risco de infecção, de modo a afetar a

cicatrização.

Portanto, cada fase necessita de determinados nutrientes para que o processo de

cicatrização aconteça. A fase inflamatória destaca a importância da vitamina K, das

proteínas e dos aminoácidos que exercem papel importante para que o processo de

cicatrização se desenvolva normalmente. E a fase proliferativa requer o fornecimento de

Page 21: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

20

proteína, ferro, zinco, aminoácidos e oxigênio (BRITO apud JORGE E DANTAS,

2003).

E na fase reparadora destaca-se a importância do fornecimento protéico para que

não ocorra o retardo na contração da ferida aberta pela alteração do substrato

responsável pela reparação tecidual (CORSI et al. 1995).

Doenças sistêmicas: como descrito anteriormente como as diabetes e a arteriosclerose,

a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), os problemas vasculares, a

insuficiência renal e hepática são fatores que dificultam o processo da cicatrização das

feridas (GOGIA, 2003).

Insuficiência vascular: a arterial e venosa estão relacionada neste processo,

afetando a cicatrização. A insuficiência arterial, existente em doenças como a

arteriosclerose e a diabete, é fator preponderante, por ser ferida com dificuldade de

cicatrização e suscetível a infecção causada pela redução de oxigênio neste local da

lesão.

A insuficiência venosa esta relacionado ao impedimento do fluxo sangüíneo ao

coração, que resultara em edema. O edema promove uma pressão local que bloqueia a

oxigenação aos tecidos levando ao desenvolvimento de ulceras de estase venosa, com

difícil cicatrização com risco para infecção.

Idade: Com as mudanças fisiológicas da pele, como a granulação retardada, a

interligação das fibras de colágenos são mudanças que acontecem conforme a idade do

indivíduo. O idoso está mais propenso à baixa resistência, pelos vasos mal organizados,

o que é fator para o retardamento das feridas. Com isso, acometem a essa faixa etária as

lesões de maior dificuldade na cicatrização (GOGIA, 2003).

Para Borges, Chianca (2000) apud Orosco e Martin (2006), quando as pessoas

são acometidas por feridas, fisiologicamente, há uma diminuição na intensidade e

velocidade no processo de cicatrização. Pode-se perceber que em crianças, a

cicatrização acontece muito mais rápida, em comparação ao idoso, já que o processo de

cicatrização vem diminuindo conforme a idade.

Page 22: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

21

Medicamentos sistêmicos: O uso de antibióticos, embora possa estar atuando no

processo de infecção, pode estar, ao mesmo tempo, impedindo a cicatrização. Assim

como os corticóides, antiinflamatórios, quimioterápicos, que são medicamentos que

estarão de uma maneira retardando o processo de cicatrização das feridas.

O tratamento quimioterápico acarreta defeitos na cicatrização, devido a

ocorrência de uma aplasia medular, anemia, agranulocitose e inadequada produção de

plaquetas, predispondo o paciente a processos infecciosos (BAJAY, 2001 apud

OROSCO e MARTIN, 2006).

Dantas e Jorge, 2003, acrescentam, aos fatores já descritos, o uso das drogas

imunossupressoras, que têm relacão com o retardo e dificuldade no processo da

cicatrização, fazendo com que diminua a resposta inflamatória, aumentando o risco para

infecção.

3.4.2.1 Fatores locais

Entre os fatores que dificultam a cicatrização, estão pressões sobre a pele, da

ferida ou em proeminência ósseas, ambiente seco no leito da ferida, traumas constantes,

ou fluxo sanguíneo interrompido pelo edema interferindo na oxigenação e nutrição dos

tecidos em formação (DANTAS e JORGE, 2003). Alem desses fatores podemos ainda

citar a fricção, cobertura inadequada, troca freqüente de cobertura, presença de infecção,

presença de tecido desvitalizado, entre outras.

3.5 FERIDAS ONCOLÓGICAS

O aumento do número de câncer de pele ocasiona outro problema, que se torna

cada vez mais freqüente na população: as feridas oncológicas, provocadas pelo câncer, e

são denominadas de feridas malignas (POLETTI et al., 2002).

De acordo com Firmino (2005), as feridas oncológicas são lesões que se

desenvolvem normalmente a partir de um tumor primário ou como conseqüência de um

tumor em estágio avançado.

Estas feridas acontecem pela infiltração de células malignas nas estruturas da

pele, acometendo vasos sanguíneos e linfáticos, ou mesmo sendo provocadas por

tumores primários ou metatásticos. Com o rompimento da pele, o nódulo da lesão

Page 23: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

22

tumoral poderá tornar-se uma massa necrótica com crescimento proliferativo, podendo

tomar conta de toda a extensão da lesão (FIRMINO, 2005).

Conforme Firmino e Carneiro (2007) a fisiopatologia das feridas tumoral

acontece pelo processo oncogênese, sobre o tegumento, onde acontece alterações

celulares e enzimáticas, que vão ocasionar o crescimento e invasão de estruturas

adjacentes à pele. As células cancerosas infiltram no epitélio de sustentação dos vasos

linfáticos e/ou sanguíneos, assim formando uma cratera ulcerativa com margens

distintas. E para outro autor Haisfield- Wolfe ME e Baxendale (1999) apud em Firmino

e Carneiro (2007), diz que a massa tumoral que cresce dentro da pele e em suas

estruturas de suporte conseqüentemente há uma diminuição da vascularização,

ocorrendo então a ruptura e necrose capilar que resultará em uma ferida com

características purulenta, friável, com odor e dor, alem de ter aparência de ferida podre.

Para Firmino (2005), cerca de 5% a 10% do pacientes com esse tipo de feridas,

seja em decorrência de tumores primários ou de tumores metásticos, constituem, ainda,

mais agravo na vida destas pessoas portadoras de feridas, pois as mesmas acabam

desfigurando parte do corpo em que a ferida está inserida, tornando-se, muitas vezes,

dolorosa, com odor e secretiva.

Com o aparecimento do câncer, muitas vezes há o desenvolvimento de lesões

para alguns tipos de tumores, como por exemplo, o câncer de mama. Este, quando em

fase avançada, apresenta a possibilidade para o desenvolvimento de lesões que,

normalmente, acomete a região da própria mama.

Os cânceres de cabeça e pescoço, mama, ovários, pênis, cólon, linfoma e outros

contribuem mais para o desenvolvimento de feridas oncológicas, sendo que essas

predominam mais no câncer de mama, e cabeça e pescoço, em que caracterizam seus

sítios primários ou metastáticos (FIRMINO, 2005).

Para Thomas (1998) apud Pimenta e Mamédio (2006), as lesões tumores

desenvolvem-se em diferentes localizações e em diferentes tipos de câncer. O tórax tem

maior predominância, seguido de cabeça e pescoço, região da virilha e genitais, dorso e

restante do corpo.

A denominação para este tipo de feridas é neoplásicas ou tumorais e ulcerativas.

A primeira não apresenta característica de evoluir, e também não apresenta uma

localização própria. Já a segunda é maligna quando se encontra em forma de cratera e

ferida fungosa maligna, pelo aspecto vegetativo ou por apresentar aspecto de “couve-

flor” (POLETTI et al., 2002).

Page 24: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

23

Para Mamédio e Pimenta (2006), as feridas malignas são resultados finais do

processo de infiltração na pele por células tumorais que invadem o epitélio, adquirindo

o aspecto de uma lesão vegetante.

As lesões vegetantes estão associadas, conforme a idade da pessoa, às metástases

que aparecem na fase final da doença, sendo o câncer de mama e pulmão exemplos

desse tipo de tumor, os quais, geralmente, levam ao desenvolvimento destas lesões.

Sendo o de mama freqüente no sexo feminino e o de pulmão no sexo masculino.

(MAMÉDIO E PIMENTA, 2006).

Ao trabalhar com paciente com feridas malignas, os profissionais de saúde têm

que estar envolvidos emocionalmente com esse ser humanos, pois o mesmo se encontra

fragilizado pela própria doença. Agindo assim, esses profissionais minimizam o

sofrimento do paciente, causado pelas feridas, que normalmente evoluem para crateras e

ulceradas, em locais como região da cabeça e pescoço, onde mesmo coberto, não

disfarça o aspecto de sofrimento vivenciado pelo paciente.

Essas lesões, geralmente, são marcantes aos pacientes por acarretar sofrimentos

sejam físicas ou psíquicos, e por representar sensação desagradável e desconfortável ao

paciente que vivencia esse processo da doença (MAMÉDIO E PIMENTA, 2006).

As feridas malignas podem ser caracterizadas por um conjunto de sinais e

sintomas, podendo ou não evoluir junto com o crescimento da lesão. Elas apresentam

características como o odor fétido, sangramento, a dor no local, exsudado e infecção

(MAMÉDIO E PIMENTA, 2006).

Segundo Poletti (2002) e Firmino (2005), as características das feridas

oncológicas são:

• Seu aparecimento pode ser em conjunto ou mesma sozinha, variando a

coloração de pele, podendo ser rosa, violácea, vermelha ou marrom;

• Apresenta dificuldade no processo de cicatrização, devido à disfunção

celular;

• Possui um alargamento no estágio inicial da lesão com infiltração do

epitélio e aporte linfático e sanguíneo;

• Forma crateras ulcerativas de bordas irregulares, com grandes

quantidades de exsudado, odor, sangramento e alteração física, devido à

forma de crescimento tumoral;

Page 25: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

24

• Presença da derme endurecida ou massa subcutânea, aderida ao tecido

com crescimento de massa tumoral.

São feridas que apresentam alterações do sistema sangüíneas, linfáticos,

intersticiais e celulares e deste modo geram o edema e sangramento pelo desequilíbrio

hemostático. Possui tecido necrótico que se desenvolve em ambiente propício para

colonização de bactérias, que liberam seus ácidos, emitindo odores desagradáveis e

fétidos nas feridas. Além destas alterações, o crescimento desordenado do tumor na

ferida pode levar à compressão de estruturas, partes moles, estruturas nervosas, levando

a pessoa a sentir dores insuportáveis nas feridas (MAMÉDIO E PIMENTA, 2006).

3.5.1 Tipos de câncer que apresentam maior incidência de desenvolvimento de

feridas oncológicas

A pesquisa mostra que o câncer com prevalência em desenvolvimento de feridas

tem algumas características similares com aparecimento como podemos observar que o

câncer de mama apresenta a tendência. A partir desta observação descreverei uma breve

revisão de cada diagnostico, a seguir, aos tipos de tumores encontrados no instrumento

para avaliação de feridas em pacientes oncológico:

3.5.1.1 Câncer de mama

O câncer de mama é considerado o 2ª tipo de cancer mais freqüente no mundo e

o mais comum entre as mulheres. Atingindo mulheres a partir de 35 anos, com história

na família, e com maior incidência, acima dos 50 anos (BRASIL, 2008).

Os sintomas mais comuns do cancer de mama são os nódulos, podendo ser

palpável nas axilas, acompanhado ou não de dor local. Pode apresentar alterações como

abaulamento ou retração na pele com aspecto de casca de laranja (BRASIL, 2009).

O tratamento é realizado através de quimioterapia para tratamento sistêmico,

hormonioterapia, radioterapia para tratamento loco - regional, e tratamento cirúrgico

(INCA 2009).

3.5.1.2 Câncer de pênis

Page 26: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

25

É um tipo de tumor raro que acometendo homens a partir dos 50 anos, sendo que

no Brasil representa 2% dos casos de câncer nos homens. Pode estar relacionados ao

padrão socioeconômico e condições de má higiene pessoal (INCA 2009).

Apresenta sintomas com características de feridas ou lesões persistentes em

região da glande, prepúcio ou corpo do pênis. Além destes pode apresentar sinais de

gânglio inguinal em região da virilha. O tratamento é realizado através de cirurgia

quando há presença e gânglios, que pode ser sinal de progressão da doença, as

metástases. A quimioterapia e a radioterapia são complementos para o tratamento

(INCA 2009).

3.5.1.3 Câncer de pele

Atualmente o câncer de pele vem tendo destaque por estar ligado diretamente a

fatores que levam ao seu desenvolvimento, sendo a exposição solar o principal fator

desencadeante da formação de uma lesão. Outros fatores podem estar a associados,

como história familiar, a cor da pele de pessoas de pele branca, tem a maior propensão

para à manifestação do câncer de pele.

Para Brasil (2007), o câncer como o carcinoma basocelular é responsável por

70% dos diagnósticos de câncer de pele, o carcinoma epidermóide, com 25% dos casos

e o melanoma é detectado em 4% dos pacientes. Felizmente o carcinoma basocelular,

mais freqüente, é também o menos agressivo. O carcinoma basocelular e o epidermóide

são também chamados de câncer de pele não melanoma, enquanto o melanoma e outros

tipos, com origem nos melanócitos, são denominados de câncer de pele melanoma.

Para Baracart, Fernandes JR e Silva (2005), os três tipos principais de câncer de

pele são:

Carcinoma basocelular - tipo de câncer de pele mais comum, apresenta-se sob

três formas clínicas: carcinoma basocelular, nodular como forma de um nódulo na

superfície da pele.

Carcinoma basocelular plano cicatricial – apresenta-se sob forma de uma lesão

de evolução lenta, semelhante a uma lesão fungóide. Durante sua evolução apresenta

ulceração e sangramento, seguido de uma cicatrização falsa, ou seja, a ferida aparece e

Page 27: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

26

depois cicatriza, tendo a impressão de que há melhora, e esse processo continua

freqüentemente.

Carcinoma tipo úlcera roedora apresenta-se sob forma plana, com bordas

elevadas e seu crescimento se faz em profundidade.

Carcinoma espinocelular - está relacionado à exposição solar, desenvolvendo a

partir desta, lesões benignas como a hiperceratose ou ceratose actinicas. Sua

apresentação é uma lesão plana, descamativa, com fundo eritematoso, semelhante à

lesão fungóide, e raramente evolui para metástase.

Melanoma - é o tipo de câncer de pele mais agressivo, pois tem seu crescimento

muito rápido, podendo evoluir para metástase sistêmica, acometendo locais importantes

como o cérebro, ossos, fígado e pulmões. Apresenta-se sob várias formas, tendo seu

crescimento superficial, aparece como manchas enegrecidas, com bordas irregulares que

crescem muito rápido.

3.6 CURATIVOS E COBERTURAS

O tratamento local da lesão é denominado curativo e se constitui no

procedimento de limpeza e cobertura cujo objetivo é auxiliar no restabelecimento da

integridade do tecido e prevenir a colonização dos locais de inserção de dispositivos

invasivos diagnósticos ou terapêuticos, como por exemplo, cateteres, drenos

(DECLAIR, 2002 apud PERREIRA E BACHION, 2005).

O cuidado com feridas vem desde a antiguidade. Na civilização egípcia há mais

de três mil anos atrás, utilizavam, para o tratamento de feridas, excremento de insetos e

humanos, entre outros produtos, embora essas substâncias absurdas tivessem como

fator, no entendimento da mesma, o poder de antibacteriano para o tratamento ou

prevenção das possíveis infecções (BAJAY, JORGE E DANTAS, 2003).

A preocupação com o tratamento de feridas, como se sabe, é antigo porem

estudos científicos sobre cicatrização de feridas em meio úmido só começaram a ser

feito a partir de 1950 e muitos estudos acerca do assunto ainda tem sido desenvolvidos.

Isso levou a um grande avanço no conhecimento dos diferentes tipos de lesões, do

processo de reparação do tecido lesado, bem como de todos os fatores envolvidos nele.

Também, propiciou o desenvolvimento de um arsenal de produtos para cobertura de

Page 28: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

27

feridas a serem utilizados no tratamento das mesmas (BAJAY, JORGE E DANTAS,

2003).

A escolha para o curativo ideal está relacionada ao tipo de lesão e depende de

sua indicação, contra-indicação, vantagens e desvantagens, disponibilidade,

durabilidade, adaptabilidade e as facilidades de seu uso (PERREIRA E BACHION,

2005).

Para a definição ideal temos que considerar que a lesão apresenta algumas

características como umidade, exsudado, sangramento, odor e dor. A partir disto, a

escolha dever ser adequada para cada tipo de curativo de modo que todos estes

problemas possam ser resolvidos. Blanes (2004) cita que o curativo deve manter a

umidade na interface da ferida, remover o excesso de exudado, permitir a troca gasosa,

promover o isolamento térmico, proporcionar proteção contra infecção, ser isento de

partículas e permitir a remoção deste sem causar danos no tecido.

A cobertura pode ser primária, aquela que fica diretamente em contato com a

ferida, e secundária, aquela que fica sobre a cobertura primária, que são a gaze,

chumaço, ataduras e fita.

Blanes (2004) cita alguns tipos de curativos utilizados para todos os tipos de

feridas em vários estágios entre eles:

-placa hidrocolóide quando em contato com a ferida com exsudado, forma um gel, o

qual permite estimular a síntese de colágeno e a migração das células epiteliais. A

presença do gel em meio úmido não permite a aderência da ferida na cobertura que

proporcionará alívio da dor no local da lesão. O hidrocolóide também é comercializado

na forma de pasta ou pó, sob a qual facilita sua aplicação e remoção, evitando assim

traumas para ferida.

- hidrogel é um gel transparente, no qual sua formação química é de redes

tridimensionais, polímeros, copolímeros hidrofílico composto com 78 a 96% de água.

Atua na ferida reduzindo a dor, proporcionando sensação refrescante, devido à umidade

do produto, ajudando na remoção de tecidos desvitalizados no leito da lesão. Podem ser

usados em feridas com exsudação de baixa a moderada em também em pequenas lesões

com cavidades..

-papaína é uma enzima proteolítica de origem vegetal, constituída por 17 aminoácidos

diferentes em sua composição. Promover a granulação e epitelização da ferida assim

como o desbridamento de feridas com tecidos necróticos. Estudo que indica que a

papaína em contato com exsudado promove reações significativas ao redor da pele, daí

Page 29: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

28

a importância avaliar a área perilesional sobre necessidade de trocas do curativo,

evitando assim lesões ao redor da ferida.

-alginato de cálcio é polissacarídeo derivado dos ácidos algínicos. Tem sua indicação

para feridas altamente exsudativas, pois em contato com o exsudado transforma-se em

gel, podendo ser trocado quando estiver totalmente suturado pelo exsudado. O gel tem

um odor fétido e com aparência purulenta, tais características não deve ser confundidos

com secreção purulenta.

-acido Graxo Essencial (AGE) produto derivado dos ácidos graxos e óleos vegetais, não

sintetizados pelo organismo, promovem a quimiotaxia e angiogênese, mantém o meio

úmido e acelera o processo de granulação tecidual. Forma uma película de proteção na

pele, e tem indicação para prevenção de dermatite, úlceras por pressão, tratamento de

lesões abertas ou fechadas, com ou sem infecção. Pode ser associados a outros produtos

para curativos como, por exemplo, o Alginato de cálcio.

Page 30: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

29

4 METODOLOGIA

4.1 A CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

Este estudo se caracteriza por uma pesquisa documental realizada através de

fonte secundária.

Para GIL (2009) na pesquisa documental as fontes de informações são

diversificadas e dispersas, são documentos de primeira mão que não receberam

tratamento analítico, e são conservados em órgãos públicos e instituições privadas. A

pesquisa documental apresenta vantagens por considerar que os documentos são fontes

ricas de dados e informações, não exige custo na pesquisa e não exige contato com os

sujeitos da pesquisa.

Porém, a desvantagem evidente quando se utiliza deste tipo de material é a não

representatividade e a subjetividade, dado que nem todos os fenômenos são alvos de

documentação e nem toda documentação é organizada a partir de critérios científicos.

A pesquisa foi realizada através da coleta de informações contidas nos

Instrumento para Avaliação de Feridas em Pacientes Oncológicos, existente na unidade

de oncologia clínica, com autorização da subgerente e coordenadora da instituição

(anexo 1). Portanto, para pesquisa documental onde serão utilizadas as informações de

fonte secundária contidas nas fichas.

Considerando que o cuidado com feridas oncológicas seja uma atribuição da

enfermagem, necessitamos de pesquisa nesta área para melhorar o desempenho e

auxiliar a enfermagem oncológica a estabelecer base para o conhecimento científico na

sua prática de cuidado, buscando comprovação destes dados no aprimoramento de sua

área na forma de pesquisa em saúde.

4.2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO ESTUDO

O projeto de pesquisa foi desenvolvido na área de enfermagem oncológica, sob a

investigação de como o cuidado com feridas é desenvolvido e registrado num serviço de

oncologia. Trata-se de uma pesquisa documental, pela qual certifica a pesquisa a

Page 31: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

30

resumir os dados contidos no Instrumento para Avaliação de Feridas em Pacientes

Oncológicos, preenchidos pelas enfermeiras da unidade de oncologia clínica.

A pesquisa analisou os registros realizados no instrumento para avaliação de

feridas em pacientes oncológico (TAFPO) respeitando todos os itens contidos na fichas.

4.3 LOCAL DO ESTUDO

A pesquisa foi desenvolvida em uma instituição de saúde pública prestadora do

Sistema Único de Saúde, vinculada com a Secretaria e Estado da Saúde de Santa

Catarina, sendo que o objetivo desta instituição é o tratamento de pessoas portadoras de

câncer através de quimioterapia, radioterapia bem como do transplante de medula

óssea. A unidade é habilitada pelo Ministério da Saúde como UNACON – Unidade de

Assistência de alta complexidade em oncologia.

Segundo a Portaria GM-/MS nº 2.439 de 08 de dezembro de 2005, Brasil (2009),

que institui a Política Nacional de Atenção Oncológica visando a Promoção, Prevenção,

Diagnóstico, Tratamento, Reabilitação e Cuidados Paliativos, a ser implantada em todas

as unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão do SUS a

Unidade de Alta Complexidade em Oncologia - UNACON é uma unidade hospitalar

que possui as condições técnicas, físicas e recursos humanos adequados para prestação

de uma assistência especializada de alta complexidade para um diagnóstico definitivo

para o tratamento dos casos de câncer mais prevalentes.

A unidade de Oncologia clinica na qual foi realizado a pesquisa é uma unidade

de referência de alta complexidade de oncologia da Grande Florianópolis e possui 26

leitos divididos em cinco enfermarias.

Page 32: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

31

4.4. COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizado através da leitura do instrumento para avaliação

de feridas de pacientes oncológico dos pacientes internados na Unidade de Oncologia

Clínica entre o período de abril de 2006 a junho de 2007, separando-se os

instrumentos (IAFPO) que possuíam registro de feridas oncológicas e feridas não

oncológica.

Foram estudados 40 instrumento para avaliação de feridas em pacientes

oncológico.

Por se tratar de uma pesquisa documental não foi realizado o consentimento

livre esclarecido aos pacientes, pois, numa unidade de referência estadual, os pacientes

são de várias regiões do estado, o que inviabilizaria a realização desta pesquisa. Foi

apenas solicitada autorização da instituição, porém todos os dados de identificação serão

tratados respeitando os preceitos éticos, e o que determina a resolução do CNS 196/96 (

BRASIL, 1996).

4.5 ANÁLISE

Para Gil (2009), a análise ocorrerá por três caminhos:

• A primeira partirá da escolha dos documentos, a formulação e a

construção do material para a análise.

• A segunda através da exploração do conteúdo quanto aos dados de

enumeração, escolha do material e a classificação;

• E a terceira será a constituição do tratamento e a interpretação dos dados.

A análise estatística descritiva é uma forma de descrever as características

variáveis pela qual se pretende determinar a natureza desta relação, aplicando o método

estatístico, com objetivo primordial da representação e observação quantitativa e avaliar

os fenômenos estatísticos apresentados de uma pesquisa (Gil, 2009).

Realizou-se em momentos a pesquisa:

1ª momento: apresentação do documento de intenção de pesquisa na instituição.

Page 33: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

32

2ª momento: apresentação do projeto de pesquisa a coordenação de enfermagem

da instituição a ser pesquisada.

3ª momento: a realização da coleta dos dados presentes nos 40 instrumentos, no

período de abril de 2009.

4ª momento: elaboração de uma planilha consolidando todos os dados existente

no instrumento de coleta.

5ª momento: análise e interpretação dos dados coletados. Neste momento, foram

classificados, categorizados e interpretados de acordo com a pesquisa

documental.

Os dados foram separados da seguinte forma:

• Identificação geral dos pacientes (idade, sexo e diagnóstico médico);

• Separação dos instrumentos que possuíam registros de feridas oncológicas e

feridas não oncológica.

• Identificação do profissional que fez a avaliação e o registro;

• Identificação dos tipos de curativos e produtos utilizados nas feridas não

oncológica e nas feridas oncológicas;

• Realização de pesquisa bibliográfica, identificando estudos semelhantes

comparando com os resultados encontrados na pesquisa relacionados o cuidado

implementado com a literatura.

4.6 ASPECTOS ÉTICOS DO ESTUDO

Neste estudo os cuidados com as questões éticas foram tomados deste o

momento da coleta de dados nas fichas na identificação até a divulgação dos resultados.

A pesquisa documental, através do instrumento de avaliação de feridas, não

abordou a identificação dos sujeitos contidos na identificação de cada

instrumento(IAFPO). Apenas foi analisado o item que foi estabelecido na coleta de

dados, respeitando os princípios da ética na pesquisa em documentos.

Page 34: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

33

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Apresentaremos neste capitulo num primeiro momento os resultados gerais de

identificação referente ao diagnóstico médico, idade e sexo dos pacientes avaliados

através do levantamento do instrumento para avaliação de feridas em pacientes

oncológicos na unidade de referência em oncologia da Grande Florianópolis.

O levantamento de dados foi realizado considerando os registros no período de

abril de 2006 a junho de 2007, e foram separados os IAFPO que possuíam registro de

feridas oncológicas e das não oncológicas.

5.1 DIAGNÓSTICO MÉDICO

No gráfico 1 apresentamos a distribuição por tipo de diagnóstico médico

encontrado na análise do instrumento para avaliação de feridas em pacientes

oncológicos.

3%3%

3%3%

3%3% 3% 3% 3% 3%

3%3%

3%

35%

8%5%5%5%5%

5%

mama

adenocarcinoma

pele

cabeça e pescoço

laringe

hepático

tumor renal;celulas renais

metastático

Pênis

angiosarcoma

labio

orofaringe

pulmão

linfoepitelioma

esôfago

tireoide

celulas escamosas

tumor anal

testículo

primário desconhecido

Gráfico 1: Distribuição por tipo diagnóstico médico encontrado na ficha para avaliação de feridas em pacientes oncológicas na unidade de referência em oncologia da Grande

Florianópolis, maio 2009. Fonte: documental.

Page 35: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

34

Através da análise das fichas de curativo, percebeu-se que o diagnóstico do

câncer de mama apresentou uma maior incidência em relação aos outros diagnósticos.

Dos 40 casos estudados foram identificados 14 casos de câncer de mama

correspondendo a 35% dos IAFPO. Para o INCA (2009), o câncer de mama é o tipo de

tumor que mais teve aumento nos últimos anos, com 49 mil novos casos. Outro fato

relacionado ao câncer de mama é o acometimento das lesões percussoras pelo câncer e

que normalmente leva ao desenvolvimento de feridas tumorais.

Avaliando os 14 casos de câncer de mama relacionando com a idade, podemos

destacar que 3 (três) casos tiveram a patologia com a idade de 35 a 40 anos, 1 (um) caso

com 42 anos, 5 (cinco) casos com idade entre 50 a 60 anos, 2 (dois) casos com idade

entre 60 a 70 anos, e 3 (três) casos com mais de 70 anos.

Segundo o Ministério da Saúde, o câncer de mama é o segundo tipo câncer mais

freqüente no mundo e o que mais acomete as mulheres. Apesar de ter um bom

prognóstico na fase inicial, ainda assim nos casos avançados continua com taxas

elevadas de mortalidades (BRASIL, 2009). Os riscos relacionados com a idade mostram

que são vários os fatores, que propiciam o aparecimento do cancer entre eles vida

reprodutiva, menarca precoce, nuliparidade, primeira gestação após os 30 anos de idade,

uso de anticoncepcionais orais, menopausa e há também o aumento da idade, sendo que

posteriormente a doença se desenvolve de forma lenta após os 50 anos (BRASIL, 2009).

O Ministério da Saúde (MS) em 2004 recomenda as seguintes ações para

rastreamento em mulheres assintomáticas, para o controle do câncer de mama:

• O exame clínico das mamas a partir dos 40 anos;

• Mamografia para mulheres entre 50 e 69 anos;

• Exame clínico das mamas e mamografia anual a partir dos 35 anos para

mulheres que pertencem ao grupo de risco.

E o segundo diagnóstico médico de maior incidência freqüência foi o

adenocarcinoma. O adenocarcinoma obteve 3 (três) casos, representando 8% dos

IAFPO, sendo que 2(dois) foram de sexo feminino com idade entre de 67 a 75 anos, e 1

(um) caso do sexo masculino com idade de 73 anos. O adenocarcinoma é um tipo de

tumor que se apresenta através de metástases. Quanto às primeiras manifestações, cerca

de 60% destas podem ser cutâneas e correspondem a casos de neoplasia em estágio

avançado. O sítio primário é reconhecido somente em 15% a 20% dos pacientes em

investigações complementares e está relacionada aos vários tipos de cânceres, tendo a

Page 36: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

35

denominação de adenocarcinoma de mama, testículo, pâncreas, pulmão e outros

(NAHAS, MENICONI, BIRELONI, 2004).

O terceiro diagnóstico médico de maior incidência foi o adenocarcinoma co 3

(três) caso corresponde a 8% e com 5 (cinco)) casos, correspondendo a 5% dos IAFPO

foi o câncer hepático, laringe, pele, cabeça-pescoço e tumor renal com destaque para o

câncer de laringe, que é um dos mais comuns a atingir a região da cabeça e pescoço,

representando cerca de 25% dos tumores malignos que acometem esta área e 2% de

todas as doenças malignas (BRASIL, 2009). Portanto, são tumores precursores no

desenvolvimento de lesões malignas localizadas nestes locais.

O câncer de pele corresponde a cerca de 25% de todos os tumores malignos

registrados no Brasil. Quando detectado precocemente, o câncer de pele apresenta altos

índices de cura. Acomete normalmente pessoas com mais de 40 anos de idade, e está

relacionado com a exposição a produtos químicos e a exposição solar (BRASIL, 2009).

Em relação a estes tipos de câncer, que apresentaram o maior índice de feridas,

verifica-se que são tumores com propensão para o desenvolvimento de lesões, que

muitas vezes desenvolvem-se em estágios já avançados da doença.

Os demais 13 diagnósticos identificados nas fichas correspondem a 1(um) de

cada tipo de diagnóstico médico, correspondendo cada um a 3%.

Page 37: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

36

5.2 DISTRIBUIÇÃO POR IDADE E SEXO

No gráfico 2 apresentamos a distribuição por idade e sexo encontrado na análise

do instrumento para avaliação de feridas em pacientes oncológicos.

2 0

1 2

2 5

8 9

2 2

2 5

0 5 10 15 20

17 a 27

28 a 38

39 a 49

50 a 60

61 a 71

72 a ...

masculino

feminino

Gráfico 2: Distribuição por idade e sexo encontradas na ficha para avaliação de feridas em pacientes oncológicas na unidade de referência em oncologia da Grande Florianópolis,

maio 2009. Fonte: documental

Ao analisar gráfico 2, verifica-se que maior prevalência do sexo feminino, em

23 IAFPO, correspondendo a (57,5%), e 17 IAFPO do sexo masculino (42,5%).

Avaliando o sexo e faixa etária, a faixa etária de maior freqüência ocorreu

entre 50 e 60 anos em ambos os sexos, o que é esperado, pois o câncer ocorre

com maior freqüência na fase adulta e idosa.

Com o aumento da expectativa de vida no Brasil, que vem aumentando

progressivamente neste século e início do século XX, a expectativa de vida do

brasileiro, que era de menos de 35 anos passou, em 2000, para 68 anos. A redução das

taxas de natalidade e de mortalidade em idades prematuras contribui para a mudança na

estrutura etária da população, tornando-a mais velha, do ponto de vista demográfico. E

assim, progressivamente, aumenta o número de pessoas que passam a compor as faixas

etárias que apresentam risco de desenvolver câncer (BRASIL, 2009).

Page 38: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

37

Avaliando os dados documentais contidos na ficha para avaliação de feridas em

pacientes oncológicos, na unidade de referência em oncologia da Grande Florianópolis

maio 2009, pudemos identificar as seguintes categorias de análise.

Que o paciente com câncer pode durante sua internação para tratamento acabar

desenvolvendo feridas que muitas vezes são de difícil cicatrização, devido a vários

fatores relacionados, como estados nutricional ou pelo próprio diagnóstico. Além

daquele portador de feridas oncológicas que convive com a doença instalada em seu

organismo, tendo que vivenciar os efeitos provocados pela lesão.

5.3 ANÁLISE GERAL DAS FERIDAS

A avaliação dos instrumentos para avaliação de feridas em pacientes oncológicas

(IAFPO) na unidade de referência em oncologia da Grande Florianópolis neste estudo

possibilitou avaliar quais são as feridas que acometem uma pessoa com diagnóstico de

câncer. Para melhor ilustrar os dados encontrados, optamos por analisar separadamente

os dados referentes às feridas não oncologicas que normalmente ocorrem em função da

internação prolongada e/ou pelo tratamento utilizado, e uma análise pontual referente às

feridas oncológicas. Por isso, estabelecemos as seguintes categorias de análise:

1. Feridas não oncologicas;

2. Feridas oncológicas;

3. Produtos e tratamentos utilizados em feridas

4. Produtos e tratamentos utilizados em feridas oncológicas;

5. Registros e características das feridas oncológicas e sua interface no de

Cuidado de enfermagem.

Page 39: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

38

5.3.1 Feridas não oncológicas

Dos 40 instrumentos analisados na unidade de oncologia clínica da unidade de

referência em oncologia da Grande Florianópolis, 13 fichas são específicas de feridas

oncológicas correspondendo a 32% do total sendo que o restante (27) correspondendo a

68% refere-se a outras feridas relativas ao tratamento do câncer ou adquiridas durante a

internação. Somente 01 (uma) refere-se a uma lesão anterior à hospitalização, devido a

um acidente doméstico e duas sem descrição.

No gráfico 3 apresentamos a distribuição por tipo de ferida encontrada na análise

do instrumento de avaliação de feridas da unidade de referência em oncologia da

Grande Florianópolis (instrumento de avaliação de curativo).

32%

12%9%

12%

7%

5%

5%3%

3% 3% 3% 3% 3%

oncologicas

incisão cirurgica

laceração de pele

ulcera por presão/escara

deiscência de sutura

ostoma

sem descrição

jejunostomia

radiodermite

flebite

cistostomia

lesão na boca

lesão perfuro cortante

Gráfico 3: feridas não oncológicas classificadas na ficha para avaliação de feridas em pacientes oncológicas na unidade de referência em oncologia da Grande Florianópolis,

maio 2009. Fonte: documental

Das feridas relacionadas ao período de internação ou ao tipo de intervenções

para o tratamento, destaca-se que 12% estão associadas à deiscência de sutura, 12%

com a laceração de pele e 9% associadas a pressão sobre tecidos moles com formação

de úlceras de pressão.

No que refere às demais feridas, além de estarem ligadas ao tratamento do

câncer, são feridas comuns, que normalmente acometem pacientes que ficam internados

por períodos prolongados e que acabam desenvolvendo feridas, que muitas vezes

Page 40: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

39

tornam-se de difícil cicatrização. A formação destas feridas pode ser facilitada pelo

baixo padrão nutricional, tratamento quimioterápico, cirurgia, radioterapia são fatores

estes que normalmente debilitam o estado geral, podendo desencadear complicações

sérias aos pacientes.

A deiscência de sutura da ferida operatória pode ocorrer como conseqüência da

infecção de parede, em pacientes depauperados ou muito obesos, com desnutrição, em

uso de corticóides, tosse intensa, vômitos e esforço físico realizado pelo paciente, o seu

grau vai desde a evisceração até a ocorrência de hérnia incisional (BARACAT,

FERNANDES JR e SILVA, 2000). Brito apud Jorge e Dantas (2003), relata que a

desnutrição interfere no mecanismo de defesa do sistema imunológico, fazendo com que

aumente os riscos de infecção nas feridas.

Segundo Hess (2002) a deiscência de suturas normalmente são complicações

provocadas pela cicatrização da ferida, que acontece entre o terceiro e o décimo

primeiro dia estando envolvidos vários fatores do processo cicatricial.

As lacerações de pele são conseqüências da fragilidade da pele, que resulta no

rompimento da barreira de proteção e tecidos (MANUAL DE ASSISTENCIA

INTEGRAL A PESSOAS COM FERIDAS CRÔNICAS, 2004). Este tipo de lesão

acontece em pacientes com quadro de desnutrição severa, pacientes idosos e debilitados.

São complicações que dificultam o processo de cicatrização. Há ainda as punções

periféricas que são submetidos muitas vezes gerando estes problemas de pele.

As úlceras por pressão podem ser definidas como uma lesão que acomete

pacientes que passam a maior parte do tempo acamados ou sentados numa mesma

posição por períodos prolongados, cujas estruturas são comprimidas pela pressão,

levando há uma hipóxia tecidual e isquemia, desenvolvendo um processo de necrose na

pele (FIRMINO E CARNEIRO, 2007).

Outros fatores podem contribuir para o desenvolvimento da úlcera por pressão

como aponta Jorge e Dantas (2003) sendo eles: a diminuição da perfusão tecidual, a

idade do paciente, a mobilidade, nível de consciência, umidade na pele, nutrição, fricção

e cisalhamento e as doenças crônicas.

As úlceras por pressão podem se classificadas através dos seguintes estágios

(DEALEY, 2006):

Estagio I – eritema não-esbranquiçado de pele intacta. Descoloração da pele,

aquecimento, edema ou endurecimento podem ser usados como indicadores,

principalmente em pessoas de pele escura.

Page 41: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

40

Estagio II – perda de espessura parcial da pele, envolvendo epiderme ou derme.

Estagio III – ferida de espessura total, envolvendo dano ou necrose de tecido

subcutâneo podendo se estender até a fáscia.

Estagio IV - destruição total da pele com necrose ou dano ao músculo, osso ou

estruturas de suporte com ou sem perda.

Os pacientes com câncer são propensos ao declínio do estado geral levando à

queda do estado geral, que muitas vezes tem comprometimento de medula que exige

repouso absoluto, astenia crônica devido aos tratamentos terapêuticos e outros

procedimentos que requerem repouso. Pacientes idosos com atrofia muscular, edema

generalizado ou anasarca e em estado terminal são predispostos ao desenvolvimento

destas lesões na pele.

Apesar de aparecer em menor freqüência, destacamos a radiotermite com 3%

dos casos provenientes do tratamento com radioterapia, que destrói as células tumorais

pela radiação, mas provoca reações de fotos sensibilidade. Esta complicação afeta na

qualidade de vida do paciente com alteração na auto-imagem e na auto-estima, devido a

radiossensibilidade, sendo a primeira manifestação que apresenta na pele, e muitas

vezes leva o paciente ao isolamento social (FIRMINO, 2005).

Vale lembrar que o paciente oncológico possui características diferenciadas

quanto ao acesso venoso periférico, devido às fragilidades venosas pelas várias punções

que são submetidos. Portanto é de extrema importância o profissional tomar os cuidados

no momento da administração das drogas antineoplásicas.

A flebite, também com 3%, são lesões de pele, comum no tratamento do câncer

como complicações da quimioterapia ou de medicamentos fora da veia, causando

reações adversas, como desconforto e lesão no tecido, além de edema, eritema no local

da punção e dificuldade no retorno venoso. A flebite pode estar relacionada com a

administração rápida de drogas. Conforme Bonasa (1992), o extravasamento é o escape

de droga do vaso sanguíneo para os tecidos circunjacentes.

O tratamento de quimioterapia pode ocasionar uma série de efeitos ao paciente

como: toxicidades neurológicas, cardíacas, renais, pulmonares, gastrintestinais, vesicais,

hematológica, disfunção reprodutiva, alergias, alterações metabólicas e toxicidade

dermatológica..

Page 42: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

41

5.3.2 Feridas oncológicas

O paciente com câncer apresenta um diferencial em sua pele em relação à

diminuição da camada do tecido adiposo e na sua espessura, e quando associada com

quadro de anorexia ou caquexia aumenta ainda mais o comprometimento da pele pelo

ressecamento. Desnutrição, cicatrização prejudicada e com elevado risco de

rompimento da integridade da pele são fatores relacionados à doença que provocam no

paciente. O edema, o emagrecimento e as intervenções terapêuticas como cirurgia,

ostomia e radioterapia são fatores que prejudicam a integridade da pele (FIRMINO E

CARNEIRO, 2007).

O paciente portador de câncer quando submetido ao procedimento cirúrgico está

mais propenso às complicações no pós-operatório devido às causas externas ou internas,

como a dificuldade na cicatrização, o estado geral e nutricional em que se encontram

muitas vezes. Isso pode levar a apresentar tais complicações, como a deiscência de

sutura da ferida operatória.

No gráfico 4 apresentamos a distribuição por tipo de ferida oncológica

encontrada na análise do instrumento de avaliação de feridas da unidade de referência

em oncologia da Grande Florianópolis ( instrumento de avaliação de curativo).

Gráfico 4: feridas oncológicas classificadas na ficha para avaliação de feridas em pacientes oncológicos na unidade de referência em oncologia da Grande Florianópolis, maio 2009.

Fonte: documental.

6

1 1 1 1 1 1 1

0

1

2

3

4

5

6

mama cabeça e pesçoco pelepênis angiosarcoma lábio orofaringe metastático

Page 43: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

42

Sabemos que muitos pacientes portadores de câncer, em certos momentos da

vida, podem desenvolver feridas de origem tumorais que são altamente desconfortáveis

e imprevisíveis, causando grandes desconfortos, sejam físicos, psicológicos ou sociais,

diminuindo a auto-estima e interferindo nos hábitos de vida. Além disso, podem ocorrer

outros tipos de feridas, causadas muitas vezes pelo prolongamento da hospitalização.

Para Poletti et al. (2002), a prevalência de feridas oncológicas é baixo e ocorre

em aproximadamente 5% a 10% dos pacientes portadores de doenças metastáticas.

Geralmente aparecem nos últimos meses de vidas das pessoas portadoras de cancer ou

quando a própria pessoa deixa para procurar ajuda já em fase muito avançadas da

doença. Talvez por estes motivos existam poucas pesquisas sobre feridas oncológicas.

Avaliando as feridas oncológicas, encontramos 06 (seis) relacionadas ao câncer

de mama e as demais relacionadas a câncer de pele, cabeça e pescoço, angiosarcoma,

lábio, orofaringe e um metastático.

As feridas oncológicas acontecem pelo fato das células malignas se infiltrarem

nas estruturas da pele acometendo vasos sanguíneos e linfáticos ou por derivarem de

tumores primários ou metásticos. Com o rompimento da pele o nódulo da lesão tumoral

poderá tornar-se uma massa necrótica com crescimento proliferativo podendo acometer

toda a extensão da lesão (FIRMINO, 2005).

Para Firmino (2005), os pacientes com este tipo de ferida, sejam em decorrência

de tumores primários ou de tumores metásticos, constituem mais um agravo nas suas

vidas, pois acabam desfigurando parte do corpo da pessoa onde a ferida está inserida,

tornando-se muitas vezes dolorosa, com odor e secretiva.

De acordo com os tipos de câncer as feridas mais comuns são: cabeça e pescoço,

mama, ovário, pênis, cólon, linfoma, bexiga e leucemias, sendo que com mais

predominâncias são no câncer de mama e cabeça e pescoço (FIRMINO, 2005).

Para Memédio e Pimenta (2006) o câncer de mama é a fonte de maior freqüência

no desenvolvimento de lesões vegetantes malignas. Estudos histológicos descritos pelos

autores relatam que as lesões vegetantes malignas mais encontradas foram: câncer de

mama, rim, cabeça e pescoço, estômago, pulmão, ovário, útero, fígado, intestino,

bexiga, pele, pênis, vesícula, linfoma, leucemia e melanoma.

Quando o paciente é submetido ao procedimento cirúrgico, neste caso a cirurgia

de mama, a paciente apresenta dificuldade quanto aos cuidados com a ferida, gerando

ansiedade, e levando, às vezes, às complicações. Segundo Gutiérez et al., (2004)

Page 44: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

43

pacientes que se submetem à cirurgia de mama em geral apresentam conhecimento

deficiente sobre o cuidado com a ferida, pois este déficit acarretará prejuízo em relação

ao cuidado, propiciando a ocorrência de complicações que farão retardar o processo de

cicatrização da ferida.

Os pacientes que se submetem a procedimento cirúrgico requerem alguns

cuidados específicos no que se refere à idade do paciente, comprometimento orgânico,

déficit nutricional, distúrbio da coagulação, imunidade e assim como em relação às

complicações pós-operatórias. As complicações pós-operatórias, como infecção,

cicatrização prejudicada da ferida alterações na função pulmonar, renal e na coagulação

venosa são fatores presentes nas cirurgias de diagnóstico e tratamento do câncer

(SMELTZER E BARE, 2006).

Na análise do (instrumento de avaliação de curativo) prevaleceram às feridas

oncológicas de mama, 46% dos casos. As bibliografias estudadas apontam que no

câncer de mama é comum o aparecimento destas lesões. Conforme os IAFPO com

diagnostico foram de câncer de mama as pacientes possuem idade entre 36 e 78 anos.

Em relação as outras 7 (sete) tipos feridas encontradas, todas apresentaram apenas um

caso para cada tipo. Isto pode ter ocorrido devido ao período de análise (abril de

2006 a junho de 2007) destacamos um caso de cabeça e pescoço, e pênis, que segundo

Firmino, 2005 este tipo de câncer é comum desenvolver feridas neoplasias.

5.3.3 Produtos utilizados no tratamento de feridas não oncológicas

Dos 40 IAFPO avaliados observou-se que o Ácido Graxo Essencial (AGE) foi o

produto mais utilizado, sendo que na maioria, 3 tipos de feridas, houve associação

de um ou mais produtos.

Segundo Bajay apud Jorge e Dantas (2003) à escolha do tipo de cobertura a ser

utilizada, muitas vezes está relacionada com o propósito de proteção, absorção da

umidade da ferida, exsudado, odores, prevenção de contaminação por fatores externo e

imobilização contra traumatismos que possam ocorrer em uma lesão.

Conforme Mamédio e Pimenta (2006) atualmente existem tratamento tópico

adequado para cada tipo de ferida, esteja apresentando odor, sangramento, exsudado

entre outros, cujo objetivo para o cuidado com feridas de origem tumoral é:

Page 45: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

44

• Proporcionar o máximo de conforto ao paciente;

• Facilitar a absorção ou a drenagem do exsudado na ferida;

• Evitar o mau cheiro;

• Favorecer a aceitação social, sobre tudo em lesões desfigurante, através

da limpeza e manter uma cobertura adequada.

Portanto, como as taxas de câncer que apresentam ferida oncológica vêm

aumentando, torna-se necessário selecionar o material e o produto ideal a ser utilizado

nos curativos, com objetivo principal de diminuir os sintomas apresentados pelas feridas

e proporcionar maior conforto ao paciente.

Para realizar um tratamento adequado das feridas é essencial além da avaliação

sistêmica, a avaliação da lesão considerando aspectos como tamanho, borda,

profundidade, forma que se apresenta presença de tecido necrosado tecido de

granulação, quantidade de exsudado presença de dor e odor característico da ferida

(Jorge e Dantas, 2003).

No gráfico 5 apresentamos os produtos utilizados em ferida não oncológica

encontrada na análise do instrumento de avaliação de feridas da unidade de referência

em oncologia da Grande Florianópolis.

24

15

87

21 1 1 1 1

0

5

10

15

20

25

Ácido GraxoEssencialAlginato de Calcio

Papaina

Placa deHidrocoloideSulfadiazima dePrataColagenase

Pó Hidrocoloide

Metronidazol ComprimidoAdaptic

Aguacel/ Hidrogel

Gráfico 5:Produtos utilizados em pacientes com feridas na unidade de referência

em oncologia da Grande Florianópolis, maio 2009.

Fonte: documental.

Page 46: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

45

Atualmente há muitas opções de curativos existentes no mercado, conforme a

evolução das feridas. Os curativos são uma forma de tratamento das feridas e sua

escolha vai depender do estágio ou fase da cicatrização em que elas se encontram.

Conforme os dados obtidos no IAFPO o produto mais utilizado no tratamento de

feridas oncológica e não oncológicas foi o Ácido Graxo Essencial (AGE), utilizado em

60% das feridas.

O AGE, apresenta-se como um óleo vegetal, composto por ácido linoléico, ácido

caprílico e cáprico vitamina A e E e lecitina de soja, cuja função é atuar na prevenção de

úlcera por e no tratamento de lesões (Jorge e Dantas, 2003).

Para Franco, Gonçalves (2008), o acido graxo essencial promove a quimiotaxia e

a angiogênese que aceleram o processo de cicatrização e granulação mantendo o leito da

ferida úmido ao ser aplicado em pele integra formar uma película na pele prevenindo

escoriações por sua capacidade, de hidratação, além de proporcionar nutrição celular.

O Alginato de Cálcio, conforme a pesquisa, foi o segundo produto de escolha, em

37% das feridas. Segundo Poletti et al.,( 2002) o alginato de cálcio é utilizado no

tratamento de feridas com odores e secreção e por ser um produto que tem sua origem

de algas marrons, apresenta altas concentração de cálcio, que ativa o mecanismo de

coagulação das feridas que apresentam estas características. Além deste o alginato

também tem alto poder de absorção de exsudado auxilia no desbridamento de feridas

com d tecidos necrosados (DEALEY, 2006).

O uso da papaína para o tratamento de feridas ocorreu em 20% dos casos. A

papaína é composta de uma mistura de enzima proteolítica e peroxidases, presente no

mamão papaya, e atua no processo de regeneração tecidual, diminuindo o tempo de

cicatrização, bem como tem ação bacteriostática, antiflamatória, não interferindo na

integridade da pele. Sua indicação é em feridas abertas, limpas ou infectadas, e atua no

desbridamento de tecidos desvitalizado da ferida (FERREIRA et al., 2005).

A placa de hidrocolóide obteve o 4ª lugar (17,5%) entre os utilizados em

curativos de feridas especificamente oncológica obteve como um dos produtos

utilizado, em vista dos outros sua utilização foi complementada no tratamento de feridas

oncológicas. Tem sua indicação principal na prevenção de escaras mantém maior

absorvência, sendo eficaz no exsudado dentro da cobertura. Diante disto, a placa de

hidrocolóide foi utilizada como curativo de escolha para tratamento de feridas seja de

causa oncológica, ou adquirida na instituição. O hidrocolóide apresenta de tamanhos e

Page 47: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

46

variações como coberturas mais finas, não havendo necessidade de cobertura

secundaria.

5.3.4 Produtos utilizados no tratamento de feridas oncológicas

Dos 13 instrumentos (IAFPO) avaliados, observou-se que o Ácido Graxo

Essencial (AGE) foi o produto mais utilizado, e que, em alguns casos, houve

associação de um ou mais produtos .

O tratamento das feridas oncológicas não é muito estudado, por isso há pouco

assunto que fale especificamente a respeito do mesmo. O que se tem são pesquisas

pautadas na forma tradicional, as quais buscam o controle dos sinais e sintomas que as

feridas apresentam. (FIRMINO, 2005).

Neste sentido, o cuidado com a ferida apresenta-se de forma paliativa, busca

controlar o sangramento, exsudado, odor, dor, infecção e promover ao paciente o

conforto e bem estar.

A escolha do produto utilizado nas feridas vai depender da sua etiologia, devido

às particularidades que este tipo de lesão apresenta, que envolve o estágio da ferida, os

fatores emocionais do paciente e tem como objetivo proporcionar proteção, absorção,

exsudado, odores e prevenir de contaminação e proteger contra traumas que possa

ocorrer (BAJAY APUD JORGE E DANTAS, 2003).

A avaliação da lesão é um fator importante na escolha da cobertura ideal.

Mamédio e Pimenta (2006) descrevem algumas características importantes a ser

observada na avaliação da lesão para uma melhor escolha do produto ao ser utilizado

na ferida:

• Tamanho e profundidade da lesão;

• Tipo de tecido presente;

• Presença de fistula, abscesso, irritação e inflamação;

• Presença de sangramento ou risco de hemorragia;

• Presença de odor fétido;

• Quantidade de exsudado produzido;

• Sinais clínicos de infecção local;

• Presença de dor na lesão;

• Limitação física que a lesão provoca;

Page 48: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

47

• a doença apresenta-se sistêmica ou localizada e que tipo de tratamento

já realizado;

• História clínica do paciente;

• Impactos emocionais envolvidos com relação à lesão.

São estes aspectos que são avaliados no paciente com feridas tumorais, e que a

partir deste pode-se criar alternativas no cuidado com as feridas, e junto proporcionar o

conforto e bem estar ao paciente.

Para Gomes e Camargo (2004), o tratamento tópico adequado para cada tipo de

ferida, que apresenta odor, sangramento, exsudado e outras características tem como

objetivo:

• Proporcionar o máximo de conforto ao paciente;

• Facilitar a absorção ou a drenagem do exsudado na ferida;

• Evitar o mau cheiro;

• Favorecer a aceitação social, sobre tudo em lesões desfigurante, através

da limpeza e manter uma cobertura adequada.

Para Jorge e Dantas (2003), o enfermeiro deve manter uma monitorização

contínua das feridas, através de registro, ou outra maneira de avaliação, pois deste modo

poderá prestar uma assistência adequada para cada tipo de lesão.

No gráfico 6 apresentamos os produtos utilizados em feridas oncológica

encontradas na análise do instrumento de avaliação de feridas da unidade de referência

em oncologia da Grande Florianópolis.

Page 49: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

48

3

32

1

1

11

Papaina

Alginato de Calcio e Ácido GraxoEssencial

Ácido Graxo Essencial

Papaina, Alginato de Calcio eÁcido Graxo Essencial

Alginato de Calcio, Metronidazol e Adaptic

Aguacel/ Hidrogel

Alginato de Calcio

Gráfico 6: Produtos utilizados no tratamento de feridas oncológicas na unidade de

referência em oncologia da Grande Florianópolis, maio 2009. Fonte: documental.

Com as grandes variedades de coberturas disponíveis no mercado é possível se

fazer a melhor escolha para as diversas condições apresentadas pelas feridas. Estas

coberturas podem ser indicadas muitas vezes por condições semelhantes, cujo objetivo é

conjuntamente apresentar o mesmo resultado esperado.

Percebe-se a utilização de associações de alguns produtos no tratamento de

feridas oncológica com o objetivo de se alcançar um melhor resultado.

Os produtos mais utilizados foram: alginato de cálcio e Ácido Graxo Essencial

(AGE). Em conjunto, esses dois produtos agem no processo inflamatório das lesões e

nas feridas altamente exsudativas, e em associação, atuam com poder de resolução mais

eficaz. De acordo com Bajay, Jorge e Dantas (2003), o AGE ou Ácido Graxo Essencial

possui capacidade de modificar as reações inflamatórias e imunológicas, altera as

funções leucocitárias e acelera o processo de granulação do tecido. Já o alginato tem sua

indicação em feridas altamente exudativas e capacidade de absorção, tendo apresentado

eficiência ao estimulo do processo de granulação do tecido lesionado.

Outra associação encontrada foi Alginato com metronidazol e adaptic.

Para Memédio e Pimenta (2006), o uso do metronidazol está indicado para

feridas oncológica, atuando na diminuição do odor fétido, que são características

presentes pelo fato de haver tecido necrótico que favorecendo a colonização de bactérias

Page 50: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

49

anaeróbica e liberam ácidos voláteis como produto final do metabolismo, acasionando

os odores nas feridas oncológicas.

Para Caruso et al. (2004), o curativo aquacel tem sua indicação para feridas

exsudativa, que em contato com a lesão forma um gel mantendo um ambiente úmido,

absorve e retêm microorganismo em sua fibra, reduzindo e minimizando os riscos de

uma possível infecção na ferida. Também tem se mostrado eficaz com outras feridas

agudas ou crônicas, uma vez que este contribui para a cicatrização e ajuda no controle

da dor.

As feridas oncológicas têm como características apresentar-se com grande

quantidade de exsudado no leito da lesão, necessitando de um produto específico para o

controle desta drenagem, sendo que o aquacel possui esta propriedade.

As demais feridas oncológica avaliadas utilizaram somente um produto, sendo

novamente o Ácido Graxo Essencial (AGE) o mais indicado, seguido da papaína e do

alginato de cálcio.

A papaína é uma enzima inespecífica e tem sua indicação para desbridar feridas

com presença de tecido necrótico. Em associação ao desbridamento instrumental se dá

sua remoção rápida e eficazmente (YAMADA APUD JORGE E DANTAS, 2003).

Na análise das fichas das 13 feridas, todas evidenciaram que algumas

apresentaram tecidos necrosados onde tinha indicação o uso da papaína como principal

produto.

As feridas oncológica em estado avançado normalmente apresentam infecção,

inflamação no local e início de tecido desvitalizado. São estes os fatores apresentados

pela ferida oncológica onde a papaína tem a sua indicação.

Relativamente a outras características das feridas oncológicas, como o

sangramento resultante do desequilíbrio do processo de hemostasia, o alginato de cálcio

é tido como primeira escolha para realizar a absorção desta drenagem no leito da ferida,

portanto sua indicação é tanto em feridas abertas sangrantes com grande quantidade de

exsudado e infecção local (JORGE DANTAS, 2003). Os demais produtos descritos no

gráfico 5 tiveram menor uso.

Page 51: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

50

5.3.5 Registro e características das feridas oncológicas e sua interface na qualidade

de vida

Na avaliação de um curativo é importante que o profissional de saúde avalie as

condições da ferida. Esta avaliação é baseada em três aspectos: diâmetro da ferida,

composto pela avaliação do seu comprimento x largura, que possibilita classificar a

ferida em pequena média ou grande, e a profundidade, que mostra quanto de perda de

tecido ocorreu (LEITE, 2007).

Utilizou-se neste estudo dados documentais, demonstrando que o preenchimento

relacionado a estes itens apresenta poucos campos preenchidos, 8 (oito) instrumentos

não possuem registro o que dificulta a análise, pois somente 4 (quatro) instrumento

apresentaram os dados completos.

Relacionando a largura, comprimento e profundidade das feridas oncológica

sendo que, destas 13 (doze) feridas oncológicas avaliadas, somente 4 (quatro) estavam

com registros completos dos dados clínicos observo-se que: a profundidade variou de

1,5 a 2 cm e a largura e comprimento entre 2 e 20 cm, conforme os dados

apresentados na tabela 1.

Tabela 1: Descrição do estágio das feridas oncológicas identificadas na ficha para

avaliação de feridas em pacientes oncológicos na unidade de referência em oncologia da

Grande Florianópolis, maio 2009.

Estágio No Freqüência %

Grau I 2 16,7

Grau II 4 33,4

Grau III 3 25

Grau IV 1 8,3

Sem classificação 2 16,7

Total 12 100

Fonte: documental.

Observa-se na tabela 1, que prevaleceram feridas do grau II (33,4%), seguidas

das de grau III (25%) e de grau IV (8,3%). Como 2 (dois) casos não tinham

classificação, a análise fica prejudicada. Novamente ressaltamos a importância do

preenchimento adequado dos dados avaliativos da ferida.

Page 52: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

51

Conforme Haisfeild, Wolfe e Baxendale Cox (1999) apud Leite (2007), o

estadiamento da lesão tumoral se classifica como:

-Estagio I a pele é integra, tecido de coloração avermelhada ou violácea,

nódulos visível e delimitado, apresenta assintomático;

-Estagio II ferida aberta envolve a derme e epiderme, com ulcerações

superficiais podendo apresentar se friáveis, sensíveis à manipulação, com ausente (lesão

seca), ou com pouca quantidade (lesão úmida), processo inflamatório ao redor tecido

exibe coloração avermelhada ou violácea e o tecido na ultrapassam o tecido subcutâneo;

-Estagio III feridas que envolvem derme, epiderme e subcutâneo com

profundidade regular, mas com saliência e formação irregular, são friáveis com áreas

ulcerados e tecidos necrótico liquefeito ou sólido e aderidos, são fétidos, secretivas com

aspecto vegetativo, mas não ultrapassam o subcutâneo. Pode apresentar lesões satélites

com risco de ruptura, tecido com colorações avermelhadas, violáceas, com leito da lesão

de coloração amarelada;

-Estagio IV feridas invadindo profundidades estruturas anatômicas. Tem

profundidade expressiva, por vezes não se visualiza seus limites, apresenta abundante

odor fétido, tecido ao redor apresentando coloração avermelhada, violácea o leito da

lesão e de coloração amarelada.

As feridas classificadas como estagio II, acontecem devido aos fatores de

crescimento acelerado pelas células tumorais, onde o tumor cresce e aumenta sua rede

neovascular, provocando pressão sobre os tecidos, ocasionando o desequilíbrio

fisiológico da ferida onde manifesta todos os eventos apresentados pelas feridas

oncológica com acometimento de tecidos subcutâneos, entre outros (GOMES e

CAMARGO, 2004).

Avaliando o componente do instrumento que descreve as características das

feridas oncológicas, identificamos nas 13 feridas os seguintes aspectos que podem

alterar o processo de cicatrização, e também interferem na qualidade de vida do

paciente, conforme descritas no gráfico 7:

Page 53: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

52

10

7

65

5

55

necrose

secreçao

odor

infecçao

hiperemia

dor

edema

Gráfico 7: Características das feridas oncológicas identificadas na ficha para avaliação de feridas em pacientes oncológicas na unidade de referência em oncologia da Grande Florianópolis, maio

2009. Fonte: documental.

Avaliando o gráfico 7, observa-se que nos registros das feridas oncológica

avaliadas, apresentaram mais de um dos aspectos apontados no gráfico sendo que mais

de 40% das feridas apresentaram uma ou mais destas características.

Para Leite (2007), as feridas tumorais apresentam características ligadas à lesão

tumoral como: sangramento causado pelo rompimento dos vasos e capilares; prurido ao

redor da lesão devido à liberação da histamina, decorrente do processo inflamatório; o

odor pela liberação dos ácidos voláteis como a cadaverina, prutrocina ocasionados pela

ação das bactérias anaeróbica e aeróbica que se colonizam na ferida; e o exsudato

devido à inflamação e infecção presentes nas feridas.

Além destas características apresentadas pelas feridas, há também a necrose que

está relacionada a interrupção do aporte sanguíneo do local da lesão ou pela presença de

infecção evoluindo para a morte tecidual em toda a extensão da ferida (LEITE, 2007).

De acordo com Firmino, Carneiro (2007), a lesão necrótica apresenta-se à partir

da diminuição dos mecanismos de vascularização no local, onde o tecido inicia o

processo de isquemia, evoluindo para necrose tecidual.

Portanto frente às características apresentadas pelas feridas oncológica pode-se

concluir que são feridas de difícil cicatrização e que o tratamento fornecido tem fim

paliativo.

O paciente deve ser ouvido e ser respeitado quanto ao seu estado gerado pelo

desconforto causado pela lesão. Acompanhado a este desconforto vem o aspecto

Page 54: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

53

emocional, pois são fatores que fazem com que gere o isolamento e afastamento do

convívio de familiares e sociais. Portanto, os cuidados devem ser implementados

visando melhorar a qualidade de vida e evitar as possíveis complicações geradas pela

ferida tumorais.

Cada ferida é única, bem como cada paciente. Isto exige um cuidado

individualizado e sistêmico para resolução dos efeitos que a ferida traz para vida do

paciente que vivencia esse processo de doença.

As presenças da lesão alteram a qualidade de vida do paciente oncológico no

fato de cria um impacto psicológico devido as lembranças visíveis da doença no dia-dia,

interferindo na qualidade de vida pessoal e de seus familiares, onde todos estão

envolvidos com este sofrimento, já que consideram que o fim da vida está próximo.

Além de apresentar todos os efeitos como a deformidade, úlcera feia, odor

desagradável e exsudado acompanhados, muitas vezes pelo sangramento que afetará a

vida deste paciente.

. As características apresentadas pelas feridas oncológicas mexem intensamente

com a vida do paciente, seja emocional, familiar ou social, onde os mesmos entregam-se

a mercê da própria doença, convivendo com a dor e odores tido como os sintomas mais

repugnantes, com aspecto físico desfigurante levando ao isolamento familiar e social

(Firmino, 2005). Diante disto, cada vez mais tem se questionado sobre feridas

oncológicas, o tratamento indicado para resolução dos efeitos apresentados que muitas

vezes é realizado de forma paliativa cujo objetivo é o controle dos sintomas.

Porém ao tratar as feridas oncológicas não podemos esquecer-nos do tratamento

psicológico do paciente, que convive com a doença que se tornou uma batalha constante

contra todas as características que ela apresenta em sua vida diária. A partir disto, o

papel da enfermeira diante destas questões é de suma importância para realizar um

planejamento satisfatório e individualizado que supra os desejos do paciente e que

provoque o mínimo de alterações no seu estilo de vida (LEITE, 2007).

E, para atingir os objetivos do cuidado com o paciente com ferida, a enfermagem

precisa encontrar caminhos que proporcionem um cuidado humanizado, que minimize o

desconforto e que integre o paciente ao seu tratamento.

A unidade onde coletamos os dados tem buscado aprimorar o cuidado com

feridas, pois reformulou o grupo que anteriormente chamava-se “grupo de curativos”

para grupo “cuidando de feridas”. Este grupo utiliza um instrumento padrão para

avaliar as feridas. Este documento padronizado visa melhorar a avaliação de feridas e

Page 55: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

54

padronizar o tratamento das mesmas com objetivo de proporcionar uma melhor

qualidade de vida e tratamento durante o período que perdurar a internação na

instituição.

Porém, este estudo mostrou que não há adesão de todos os enfermeiros no

preenchimento do mesmo, principalmente no que se refere ao itens avaliados, que

constam de dados referentes à hidratação, higiene, sono e repouso, turgor elasticidade

da pele, hidratação de mucosa ocular e oral, eliminações, exames complementares

laboratoriais e avaliação nutricional. Outro campo com pouco registro foi o referente à

avaliação da própria ferida (estágio, comprimento, largura, profundidade, hiperemia,

edema, necrose, infecção, exsudado, odor e dor).

Observou-se na análise do preenchimento da fichas que os campos identificação

do paciente, descrição da ferida, localização da ferida, produtos utilizados tiveram um

preenchimento mais adequado. No período avaliado houve predomínio de uma

profissional, que realizou quase a totalidade das avaliações.

Atualmente o grupo “cuidando de feridas” está retornando a fazer as reuniões

mensais, sendo que sua composição foi ampliada para outros setores da instituição. E

uma das propostas do grupo é a revisão do instrumento para avaliação de feridas de

pacientes oncológicos, sendo que este estudo poderá servir de subsídio para a

reformulação do mesmo.

Page 56: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

55

6 CONCLUSÃO

Num primeiro momento deste estudo, buscou-se conhecer como a enfermagem

vem realizando os registros no que refere ao avaliarem pessoas com câncer e que trazem

consigo a presença de uma lesão que muitas vezes são originarias da própria patologia e

em outras são caracterizadas pelo tratamento ou pela própria hospitalização.

Buscou-se também conhecer os tipos de feridas mais prevalentes, assim como

identificar os produtos mais utilizados para o tratamento de feridas num serviço de

referencia em oncologia da grande Florianópolis.

Neste estudo, percebe-se que o cuidado com feridas em paciente oncológicos

ainda é pouco pesquisado, principalmente pela área da enfermagem.

A importância da escolha do curativo ideal para cada tipo de ferida, que busca

através deste, o conforto e a resolução do problema que é manifestado pelas feridas,

proporcionar ao pacientes condições de viver sem o desconforto apresentado no

organismo, lhe prestando o cuidado preciso e adequado, minimizando-os.

A assistência a pacientes com feridas oncológicas, principalmente de origem

tumoral, mexe com o estigma das pessoas, e para isso a enfermagem deve estar

preparada para lidar com estas questões.

Acredito que se os profissionais da saúde avaliarem adequadamente o cuidado

com feridas se tornarão menos agressivo, no momento de sua realização, gerando menos

sofrimento.

Os resultados deste estudo demonstraram que a prevalência de feridas no

diagnostico de câncer foi o câncer de mama, principalmente no que refere as lesões

apresentadas pelo instrumento de coleta.

Percebeu-se que o câncer de mama é mais propenso ao desenvolvimento de

feridas de origem tumoral e neste estudo teve o maior número, seguido do câncer de

cabeça e pescoço, e laringe.

Segundo Poletti (2002) e Firmino (2005), o paciente deixa para buscar auxílio

médico quando a ferida de origem tumoral encontra-se em estágio avançado, tendo com

isto mais dificuldade para o controle dos sintomas apresentados.

Neste estudo, o maior número de casos incidiu sobre os pacientes com idade entre

50 e 60 anos. Isso mostra que o câncer é uma doença que normalmente se manifesta na

fase adulta ou na velhice.

Page 57: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

56

Em relação às características apresentadas pelas feridas oncológicas, o odor é tido

como o pior dos sintomas apresentados pelos pacientes, pois leva ao isolamento social,

familiar e muitas vezes são visto como um sinal de que o final da vida está próximo.

Para o desenvolvimento da pesquisa, foram estudados 40 instrumentos para

avaliação de feridas em pacientes oncológicos. Nestas foram identificadas 13 feridas de

origem tumoral e 27 feridas consideradas como adquiridas durante a internação e

tratamento.

Quanto ao instrumento para avaliação de feridas para pacientes oncológicos, os

dados obtidos foram importantes para subsidiar esta pesquisa.

No entanto, alguns campos foram poucos preenchidos, gerando dificuldades para

análise dos dados. Isto, porém, não significou prejuízos da análise, pois apenas faltaram

alguns complementos. Sugerimos que alguns itens do instrumento da parte da avaliação

nutricional, laboratorial, eliminações e higienização tenham que ser modificados,

tornando mais específicos no momento da coleta, facilitando o preenchimento e

melhorando a qualidade da avaliação das feridas. Deste modo estes itens já fazem

parte do prontuário, não necessitando ficar junto ao instrumento.

Os curativos complexos na instituição estudada são realizados exclusivamente

pelas enfermeiras, havendo necessidade de melhorar e adesão desde profissional para

o completo preenchimento do instrumento de avaliação, este apresentava campos em

branco, principalmente os relacionados à avaliação clínica do paciente.

As formas de tratamento das feridas são muitas entre como radioterapia,

quimioterapia, cirurgia, entre os tratamentos tópicos para realização do curativo temos

os produtos mais utilizados: os ácidos graxos essencial, papaína, alginato de cálcio,

hidrogel, e hidrocolóide. Como a cicatrização deste tipo de feridas vai depender do

tratamento, por apresentarem em estágio avançado e de difícil cura completa, devido a

isto a importância que a enfermeira esteja junto a este paciente na realização do cuidado

paliativo das feridas e estar sempre visando a prevenção dos sintomas (GOMES e

CAMARGO, 2004).

Acreditamos que se o profissionais da saúde tiverem o conhecimento sobre os

processos do desenvolvimento e a manifestação das feridas de forma geral, poderão

traçar um caminho que busque a prevenção das feridas e seus sintomas.

Quanto às feridas adquiridas durante a internação, precisa-se realizar medidas de

prevenção deste processos, para que eles possam ser evitados. Porém, isso somente

poderá ocorrer se toda equipe de enfermagem estiver envolvida no protocolo e

Page 58: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

57

medidas de cuidado, pois 60% das feridas estudas foram classificadas como

decorrentes da hospitalização e do tratamento, sendo necessário que o cuidado seja

planejado para evitar estas lesões.

Concluímos que o tratamento de feridas na oncologia é realizado de forma

tradicional conforme a apresentação das feridas, não diferenciando a técnica e os

produtos das demais. A escolha é influenciada pelo estágio e pelas características da

ferida, visando sempre o bem estar do paciente, porém o fator primordial é a

humanização deste procedimento, visando o conforto, assim como minimizar as

angustias, tremores e as fantasias do paciente.

Portanto, a enfermagem precisa buscar formas inovadoras de agir, melhorar seu

conhecimento sobre cuidando com feridas, e contribuir assim para uma melhor

avaliação e planejamento do cuidado para cada tipo de ferida, envolvendo o paciente,

familiares e equipe de enfermagem no cuidado, junto proporcionar o conforto e bem

estar, livre de sofrimento e dor, para que juntos atingem os objetivos esperados.

O resultado desta pesquisa pode contribuir para o retorno do grupo cuidando de

feridas para atuação novamente a instituição junto a outras áreas em conjunto com

outros profissionais para a continuidade do serviço que visa o cuidado com pacientes

com feridas.

.

Page 59: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

58

7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ABREU, E. S, MARQUES0, M. E. A. Histologia da pele normal. In JORGE. S A; DANTAS, E.P.R.Sonia. Abordagem Multiprofissional do tratamento de feridas, editora Atheneu, 2003. BAJAY, H.M., JORGES, A., DANTAS, S.R.P.E. Técnicas básicas para a realização de curativos no âmbito hospitalar. in: JORGE S A, DANTAS SRPE. Abordagem multiprofissional no tratamento de feridas. São Paulo: Atheneu, 2003 p.69 BARACART, FERNANDESJR, SILVA. Cancerologia atual: Um Enfoque multidisciplinar. Ed Roca São Paulo, 2000. BLANES,L. Tratamento de feridas. Baptista-Silva.JCC,editor. Cirurgia vascular: guia ilustrado. São Paulo:2004.Disponivel em URL: //www.bapbaptista.com BRASIL, Conselho Nacional de saúde. Resolução 196/96: Questões éticas envolvendo seres humanos. Brasília, 10 de outubro de 1996. BRASIL, Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Ações de enfermagem para o controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. / Instituto Nacional de Câncer. – 3. ed.atual. amp. – Rio de Janeiro: INCA, 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância de Câncer. Estimativas 2008: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2007. disponível: http://www.inca.gov.br/estimativa/2008. acessado: 24 de junho de 2008. BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria nº 2.439/GM de 08/12/2005, institui a Política Nacional de Atenção Oncológica (PNAO), Brasília , 2005. BRITO S. O nutricionista na avaliação e no tratamento de pacientes portadores de feridas. in: JORGE S A, DANTAS SRPE. Abordagem multiprofissional no tratamento de feridas. São Paulo: Atheneu; 2003 p337. BONASSA, Edva Moreno Aguiar. Enfermagem em quimioterapia. Rio de Janeiro:Atheneu, 1992.

Page 60: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

59

CARUSO, D.M. et al. Aquacel Ag no tratamento de queimaduras de espessura parcial: Resultados de um estudo clinico. Journal of Burn Care & Rehabilitation. Janeiro/fevereiro 2004. Impresso em março 2005 Brasil. D ÂNGELO. A nova abordagem do câncer. Revista Rede Câncer, n 01, maio 2007. DANTAS, Sonia Regina; JORGE, Silvia A. Abordagem multiprofissional do tratamento de feridas. São Paulo: Atheneu, 2003. DANTAS, E.P R.Sonia. Aspectos históricos do tratamento de feridas in JORGE. S A; DEALEY, C. Cuidando de feridas: um guia para enfermeira in: BLANES, L. Tratamento de feridas. Baptista-Silva. JCC, editor. Cirurgia vascular: guia ilustrado. São Paulo: 2006. FERREIRA, A.M., et AL. Revisão de estudo clínicos de enfermagem: utilização de papaína para o tratamento de feridas. Rev Enfermagem UERJ 2005; 13:382-9. FIRMINO, F.; CARNEIRO, Sueli. Úlceras por Pressão, Feridas Neoplasicas e Micose Fungóide: Reflexões da Pratica Assistencial no Rio de Janeiro. Práticas Hospitalar ano IX n50 março-abril, 2007. FIRMINO, F.; Feridas Neoplasicas: estadiamento e controle dos sinais e sintomas. Praticas Hospitalar, ano VII, numero 42, nov-dez 2005. FRANCO, D.; GONÇALVES, L.F. Feridas cutâneas: a escolha do curativo adequado. Rev. Col.Cir. vol.35. Rio de Janeiro maio/jun, 2008. GIL, A.C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4 ed, editora Atlas, São Paulo, 2009. GOGIA P. Feridas: Tratamento e Cicatrização. Rio de Janeiro: Hucitec; 2003. GOMES Pimentel, Isabelle; CAMARGO Caldas, Teresa. Feridas Tumorais e Cuidado de Enfermagem: Buscando evidencias para o controle de sintomas. Ver Enfermagem UERJ, 12:211-6,2004.

Page 61: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

60

GUTIEREZ, R.G.M. Infecção no sitio cirúrgico: vigilância pós alta precoce de pacientes submetida à cirurgia oncológica de mama. Revista Brasileira de Cancerologia v. 50 edição 1, p 17-25, 2004. HESS C T.. Tratamento de Feridas e Úlceras. Rio de Janeiro (RJ): Reichmann & Affonso Ed; 2002. INCA Instituto Nacional do Câncer. Tipos de câncer. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=332> , acessado: 10/06/2009. LEITE, A.C. Feridas tumorais: Cuidado de enfermagem. Rev. Cientifica do HCE ano II, n 2 37. 2007. MARTENDAL, Cristina Izabel; SILVA, da Rosa, Luciana. Os estressores de adolescentes com câncer de uma unidade de internação hospitalar: Universidade Vale do Itajaí, 2006. p.19. Trabalho de Conclusão de Curso, 2006. MERCÊS N.N.A; MARCELINO R, S Enfermagem Oncológica: A representação Social do Câncer e o cuidado Paliativo no Domicilio. Editora Nova letra, Blumenau, 2004. Meniconi, Marcos Túlio Martino; Birolini, Dario. Adenocarcinoma metastático cutâneo de origem desconhecida. Relato de um caso. Arq. Gastroenterol. vol.41 no.2 São Paulo Apr./June 2004 MOYSE SZKLO. Prevenção: A chave para controle do câncer Revista Rede Câncer, n. 04 Março 2008. PARO, Daniela, PARO Juliana, FERREIRA, M.L.Deise O enfermeiro e o cuidar em oncologia pediátrica Departamento de Enfermagem especializada Faculdade de medicina de São Paulo do Rio Preto Arq. Ciência. PERREIRA Lima, Ângela; BACHION, Marcia Maria. Tratamento de feridas: análise da produção cientifica publicada na Revista Brasileira de Enfermagem de 1970-2003. Rev Bras Enferm 2005 mar-abr; 58(2): 208-13. PIMENTA M,A .C; MAMÉDIO,C. Cuidado com lesões vegetantes maligna in PIMENTA, M.A.C. et al. Dor e Cuidados Paliativo: enfermagem medicina e psicologia. Editora Manole, São Paulo, 2006.

Page 62: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

61

POLETTI A, A N; at al. Feridas malignas: Uma Revisão de Literatura. Revista Brasileira sw Cancerologia, 2002. RIBEIRÃO PRETO. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal da saúde. Manual: Assistência Integral às pessoas com feridas crônicas. Ribeirão Preto, 2004. SANTINI, A.L; SUTCLIFFE, S.:Cooperação para o controle da câncer. Revista Rede Câncer, n 03- Novembro, 2007. SANTINI. A L, Prevenção: é o melhor caminho. Revista Rede Câncer, n 01- Maio, 2007. Saúde 2005 jul- set; 12 (3):151-157. SMELTZER, Suzane. C; BARE G.;Tratado de Enfermagem Medico-Cirurgico.10 ed. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan 2005. Vol 2 e 4. YAMADA, B.F.A., JORGE, A., DANTAS. S. R. P. E. Processo de limpeza de feridas. in: JORGE S A, DANTAS SRPE. Abordagem multiprofissional no tratamento de feridas. São Paulo: Atheneu, 2003 p.69

Page 63: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

62

APÊNDICE

Instrumento de coleta de dados

1) Como se caracteriza a forma de avaliação das feridas pela enfermagem

2) E como se caracteriza o instrumento de avaliação da unidade com ferida pela

enfermagem

3) Quais os tipos de feridas mais prevalentes no serviço de oncologia

4) Quais os tipos de curativos utilizados pela enfermagem nas feridas oncológica.

Page 64: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

63

ANEXOS

Page 65: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

64

Page 66: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

65

Page 67: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

66

Page 68: Andréia Cristina Dias - UNIVALIsiaibib01.univali.br/pdf/Andreia Cristina Dias.pdf · Centro-Oeste apresenta o quarto lugar, com 28.510 novos casos; e a Região Norte ocupa o quinto

67