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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE LETRAS LET 103 – LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO II ANÁLISE GRAMATICAL Viçosa, Novembro de 2007

Análise Gramatical

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Análise do discurso aplicada a textos gramaticais. Trabalho apresentado na disciplina Leitura e Produção de Textos II, Universidade Federal de Viçosa.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSACENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE LETRASLET 103 – LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO II

ANÁLISE GRAMATICAL

Viçosa, Novembro de 2007

© 2007. Todos os direitos reservadosA reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610).

Versão 1.0

DEPARTAMENTO DE LETRAS – DLA/UFVDISCIPLINA LET 103 – LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS II – 2007.2

Responsáveis pela análiseLudmila Oliveira -59928 [email protected]

Rômulo Siqueira – 59922 – [email protected]

Thiago Mota –59926- [email protected]

Vivian Nunes – 59932– [email protected]

Professora Responsável pela Atividade

Profª.: Cristiane Cataldi dos Santos PaesE-mail: [email protected]

Informações e Contato

UFV - UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de LetrasAv. P.H. Rolfs, s/n, Campus Universitário - Centro36571-000 - Viçosa, MG - BrasilTelefone: (31) 3899-1614 / Fax: (31) 3899-2429Homepage: www.ufv.br

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 3

2. ANÁLISES GRAMATICAIS 4

2.1 Gramática On-Line 4

2.2 Gramática da Língua Portuguesa 6

2.3 Minigramática 9

2.4 Curso de Gramática Aplicada aos Textos 11

3. CONFRONTO 13

4. ANÁLISE DA PESQUISA 15

5. CONCLUSÃO 19

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 20

7. ANEXOS 21

7.1 Questionário 21

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1. INTRODUÇÃO

A análise gramatical proposta neste trabalho visa apresentar as diversas

abordagens sobre um mesmo tópico gramatical, além de apresentar uma pesquisa

sobre o conhecimento dos alunos sobre este. O tópico escolhido foi “Advérbio”. A

escolha foi feita por ser, aparentemente, um assunto do qual os estudantes têm pleno

domínio.

Ao confrontar diversas gramáticas, objetiva-se analisar as diversas abordagens

possíveis sobre um mesmo assunto. Foram selecionadas quatro gramáticas, cada qual

com um diferencial:

•Gramática On-Line: gramática virtual de livre acesso organizada pelo

Professor Dílson Catarino;

•Minigramática: de Ernani Terra e José de Nicola. Atende principalmente

estudantes e vestibulandos;

•Gramática da Língua Portuguesa: Enéas Martins de Barros, autor não

muito conhecido.

•Curso de Gramática Aplicada aos Textos: de Ulisses Infante, supostamente

uma abordagem diferenciada, já que é aplicada aos textos.

Foi feita uma entrevista com 20 alunos, sendo 10 graduandos em letras e 10

em secretariado executivo trílingüe. A pesquisa objetivou avaliar o conhecimento dos

alunos sobre o assunto e apresentava sete questões, sendo duas abertas e cinco

fechadas. As perguntas abertas foram analisadas segundo a Análise do Discurso e as

questões fechadas foram contabilizadas e convertidas em gráficos cujos resultados

serão apresentados no trabalho.

Análise Gramatical 4

2. ANÁLISES

2.1 Gramática On-Line

A análise da gramática on-line do professor Dílson Catarino revelou que essa

regra normativa se pauta no modelo tradicional. Advérbio é considerado,

invariavelmente, como “categoria gramatical invariável que modifica verbo, adjetivo e

advérbios”. Ele apresenta ainda as locuções adverbiais, que fazem as vezes do

advérbio na situação comunicativa. Como exemplos, cita às escondidas, demonstrando

o modo, e às vezes, como locução adverbial de tempo, ambas na situação a seguir:

Ele, às vezes, age às escondidas.

Dando continuidade à dissertação acerca de advérbios, o professor Dílson

Catarino faz a classificação desses. Ele os coloca dentro de modelos rijos e pré-

concebidos, como estruturas invariáveis e sem uma situação comunicativa. Por

exemplo, é apresentado o subtítulo advérbio de tempo, seguido de uma lista com

precisamente 22 (vinte e duas) palavras diferentes e que, segundo o autor, de fato se

comportam sempre como advérbios de tempo. Com as locuções adverbiais acontece o

mesmo. São descritas oito diferentes classes adverbiais, a saber:

•Modo

•Lugar

•Tempo

•Negação

•Intensidade

•Dúvida

•Afirmação

•Interrogação.

Em uma analogia, os advérbios, por essa concepção, são colocados

mecanicamente em caixas que os definem. São definidos pela forma, não pela situação

comunicativa na qual são empregados.

Análise Gramatical 5

Dando continuidade à gramática, o professor Dílson Catarino demonstra como

se dão as flexões adverbiais. Essas podem ser pelo grau comparativo (superioridade,

igualdade e inferioridade) ou superlativo absoluto (sintético ou analítico).

Por fim apresenta os advérbios irregulares bem e mal e suas formas no

superlativo melhor e pior. Terminando, fala que, em caso de dois advérbios terminados

em –mente aparecerem seguidos, omiti-se a terminação do primeiro em prol do

segundo.

Como se vê, essa gramática se pauta na forma tradicional de trabalhar o

conteúdo a língua portuguesa, considerando-a como um sistema autônomo e centrado

em si, sem a necessidade de pautar-se na situação comunicativa em que se apresenta.

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2.2 Gramática da Língua Portuguesa - Enéas Martins de Barros

O autor considera a classificação clássica do advérbio, palavra que modifica o

adjetivo, verbo ou outro advérbio, incompleta. Este descreve o advérbio como palavra

adjunta, modificadora, tanto do adjetivo, verbo e advérbio como também de pronome e

até de orações ou substantivos.

Ele cita a classificação feita pelo autor Gladstone Chaves Melo. E explica que

essa classificação é extremamente abrangente, mas que só o contexto caracteriza e

define o advérbio.

Ele prossegue com a classificação, definindo-o como invariável em gênero e

número, admitindo apenas a formação gradual. Essas formações são citadas e entre

parênteses é colocado um exemplo dessa formação para facilitar o entendimento. Cita

também a existência de diminutivos e expõe exemplos.

Em seguida, o autor argumenta, diretamente, que considera ociosa a

classificação utilizada pelas gramáticas em geral, mas que a registraria. Ao fazer isso

ele utiliza a pontuação, travessões, para enfatizar a importância do contexto para a

classificação dos advérbios (-insistimos-).

Ao citar como se classificam quanto à circunstância, o autor acrescenta uma

explicação de que os advérbios ficam substantivados se precedidos de preposição e

elabora um exemplo dessa situação. Em seguida, os advérbios são divididos em: de

lugar; de tempo; de modo; de negação; de dúvida; de intensidade; e de afirmação;

seguido de seus respectivos exemplos, mas sem indicar a aplicação, apenas palavras

isoladas.

Ele enfatiza a importância de se considerar particularmente o advérbio

interrogativo de lugar, de modo, de causa e de tempo.

Já quanto à forma, ele divide os advérbios em propriamente ditos e locuções

adverbiais, explicando que o primeiro consta de uma só palavra e o segundo por dois

ou mais elementos.

Análise Gramatical 7

O autor inclui o subtítulo, “Advérbios em Mente”, e explica que o único sufixo

adverbial é mente e que este constitui, com a forma feminina do adjetivo, os advérbios:

de tempo, de modo, de dúvida, etc. Ele também cita exemplos de advérbios formados

por outras palavras que não adjetivos, todos seguidos de exemplos retirados de textos

de João Guimarães Rosa.

Ele cita a explicação de Celso Cunha de que quando dois advérbios terminados

em mente modificam a mesma palavra, para tornar mais leve o enunciado, pode-se

juntar o sufixo apenas no último. Ele completa que segundo o mesmo autor, se a

intenção for realçar as circunstâncias, costuma-se omitir a conjunção “e” e acrescentar

o sufixo a cada um dos advérbios.

Barros acrescenta que os advérbios terminados em mente tem papel relevante.

Além de comunicar noções de tempo, de modo ou qualidade, eles também podem

propiciar à frase sentido de lentidão, intuindo noção do tempo e da qualidade. E cita um

exemplo de como isso funciona.

No segundo subtítulo, “Particularidades”, ele enumera situações seguidas de

exemplos, como o fato de ser comum o uso de advérbios no lugar de adjetivos ou o fato

de que os substantivos indicativos de cor recusarem o sufixo mente. Apesar disso o

autor explica que é comum esse uso no nível literário. Nesse subtítulo também são

citados exemplos de advérbios menos comuns na linguagem cotidiana, além da

observação de que os comparativos “melhor” e “pior” devem ser substituídos pelas

formas analíticas quando modificadores de particípios.

O autor, em seu terceiro subtítulo, classifica as palavras denotativas. Ele explica

que a Nomenclatura Gramatical Brasileira classifica como denotativas certos advérbios

e expressões ungidas de carga efetiva.

Concluindo, o autor utiliza-se de outras vozes para incrementar seu estudo. Ele

também critica a abordagem tradicional do estudo do advérbio. Em todo o texto utiliza-

se de exemplos retirados de obrar literárias, além de citar advérbios incomuns

presentes nesse meio seguidos de seus respectivos sinônimos. Nota-se uma

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preocupação em expor variadas situações e o uso do advérbio, enfim, expor o tema de

forma abrangente.

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2.3 MINIGRAMÁTICA -Ernani Terra e José de Nicola

O autor inicia seu estudo apresentando a definição de advérbio de forma

bastante sucinta e simplificada, explanando que advérbio é uma palavra que modifica o

verbo, a fim de exprimir determinada circunstância. A seguir ele retoma o conceito,

acrescentando que um advérbio pode também modificar um adjetivo, outro advérbio ou

uma frase inteira, sendo que cada uma de suas explicações veio acompanhada de

exemplos.

A seguir e sem delongar o conceito anterior, ele apresenta o conceito de

locução adverbial, afirmando que normalmente o advérbio não é representado por uma

palavra única e sim, por um conjunto de palavras. Ao fim da explicação ele apresenta

dois exemplos em frases, e vários exemplos de locuções adverbiais soltas.

Prosseguindo, ele traz a informação de que os advérbios possuem variadas

classificações e apresenta cada uma delas, todas seguidas de alguns exemplos e sem

explicações, de modo que o leitor deve inferir o efeito delas a partir apenas do nome de

sua classificação e dos exemplos apresentados. Faz o mesmo posteriormente, ao

apresentar que os advérbios podem apresentar flexão de grau, mostrando cada flexão

e seus exemplos. Porém ele traz algumas informações complementares através de um

quadro denominado “Não ligue o automático” onde ele demonstra rapidamente e com

dois exemplos que os advérbios bem e mal assumem formas irregulares quando

flexionadas ao comparativo de superioridade (melhor e pior).

Na página seguinte aborda algumas dicas quanto ao emprego dos advérbios,

porém como sempre, trazendo informações bastante sucintas e sem maiores

observações com relação aos tópicos em questão. Logo após, traz uma rápida

explicação sobre as palavras denotativas e quais são os tipos de indicações que elas

podem trazer, cada uma seguida de um exemplo.

Para finalizar seu decorrer, o autor faz alusão à morfossintaxe do advérbio,

novamente de maneira simplista.

Análise Gramatical 10

Ao final de toda a explicação, a gramática apresenta alguns exercícios

relacionados apenas ao assunto tratado a fim de revisão e, logo após, alguns exercícios

com foco nas provas vestibulares.

Considerando todas as características apresentadas pelo autor durante a

explanação apresentada, pode-se dizer que a Minigramática por ser modelo em

miniatura tratou o assunto de maneira relativamente superficial, sendo que o seu foco

provável é a revisão de conhecimentos já obtidos, e não instruir com informações

novas.O autor não deixa em momento algum de ser bastante claro e simples em todas

informações que apresenta, prolongando cada tópico apenas com exemplos

relacionados ao assunto tratado.

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2.4 Curso de Gramática Aplicada aos Textos - Ulisses Infante

O autor inicia o estudo dos advérbios de maneira criativa, de modo a reter a

atenção do leitor. Ele utiliza uma poesia de Manuel Bandeira e, em seguida, faz um

questionário objetivando “ativar” o conhecimento prévio que o leitor tem de advérbio.

Posteriormente, Infante conceitua advérbio como “palavra que basicamente

caracteriza o processo verbal, exprimindo circunstâncias” e utiliza trechos da poesia

para exemplificar tais circunstâncias. Além disso, o autor explana que alguns advérbios

podem intensificar ou caracterizar as noções transmitidas por adjetivos ou por outros

advérbios e ainda enfatiza que isso ocorre principalmente com os advérbios que

exprimem intensidade e modo.

Em alguns casos, os advérbios podem se referir a uma oração inteira, nessa

situação, normalmente, transmitem a avaliação de quem fala ou escreve sobre o

conteúdo da oração. Ulisses Infante ainda ressalta que as locuções adverbiais são

conjuntos de duas ou mais palavras que funcionam como um advérbio.

Prosseguindo, o autor destaca a morfossintaxe do advérbio e classifica os

mesmos de acordo com as principais circunstâncias adverbiais tais como lugar, tempo,

modo, afirmação, negação, intensidade e dúvida.

Na página seguinte, ele apresenta outras circunstâncias e “algumas delas nos

parecem subdivisões das apontadas anteriormente, como acontece com a freqüência

(subdivisão da circunstância de tempo). Outras parecem realmente importantes, como é

o caso, por exemplo, das circunstâncias de causa e finalidade”.

A seguir, o autor apresenta flexão de grau e exemplifica grau comparativo e

grau superlativo e ainda ressalta: “na linguagem coloquial e familiar, é comum a

utilização de formas diminutivas dos advérbios com valor superlativo: Amanhã vamos

sair cedinho”.

O autor termina o estudo dos advérbios mostrando sua importância e

essencialidade na produção de textos e leitura e finaliza com um interessante texto,

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“Palavras difíceis de classificar”, que exemplifica, classifica e conceitua palavras

denotativas.

Posteriormente há uma série de atividades e textos a fim de solidificar o

conhecimento do leitor.

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3. CONFRONTOAo comparar as análises, é possível notar inúmeras diferenças.

A gramática de Infante foi a única a introduzir o assunto de forma diferente.

Utilizou um poema para exemplificar o uso do advérbio. As outras três foram

tradicionais, tendo a conceituação como primeiro item.

Quanto a conceituação. A Gramática on-line foi a mais tradicional,

apresentando o advérbio como palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo e

advérbio. A Minigramática o fez de forma similar, mas iniciou o conceito enfatizando a

modificação do verbo a fim de exprimir circunstância, só depois acrescentou a alteração

no adjetivo e advérbio; Infante, concorda em parte, pois conceitua como palavra que

caracteriza o processo verbal exprimindo circunstância. Além disso, acrescenta que ele

pode intensificar ou caracterizar as noções transmitidas por adjetivos e outros advérbios

e enfatiza que isso é mais comum com os de intensidade e de modo. A classificação de

Barros considera essas classificações incompletas, acrescentando que apenas o

contexto pode definir o advérbio.

Barros e Infante concordam que, em algumas situações, o advérbio pode se

referir à oração inteira. Mas apenas o segundo cita que nesses casos, geralmente,

traduzem a avaliação de quem fala ou escreve a oração.

A Gramática on-line e a Minigramática apresentaram o conceito de locução

adverbial logo no início, já Barros e Infante o fizeram no meio de seus trabalhos.

Quanto à classificação dos advérbios, a Gramática on-line inclui o tipo

“interrogativos”, já Barros não o cita como uma forma de advérbio, apenas acrescenta

que se deve considerar, particularmente, o advérbio interrogativo de lugar, de modo, de

causa e de tempo. Infante apresenta outras classificações e cita que estas se

assemelham a subdivisões de outras já citadas.

Quanto às flexões, a Minigramática e a Gramática on-line citaram como

exemplo de advérbios com flexão irregular as palavras “melhor” e “pior”. Já Barros não

Análise Gramatical 14

utiliza esse exemplo, apenas cita que as mesmas devem ser substituídas pelas formas

analíticas quando modificadoras de particípios.

Apenas Infante comentou que é comum o uso de diminutivos na linguagem

coloquial.

É notável também a diferença quanto à forma de trabalhar a gramática. A

Minigramática por ser direcionada a estudantes e ser compacta, é bastante sucinta em

suas explicações. Já Barros utiliza vozes de outros autores como argumento, além de

aprofundar bastante o assunto.

Apenas a Gramática on-line não tratou das palavras denotativas em conjunto

com os advérbios.

Quanto ao uso de dois advérbios terminados em “mente” seguidos, a Gramática

on-line explica que a terminação do primeiro deve ser omitida. A Minigramática e a obra

de Infante não citam o assunto; e Barros, citando Celso Cunha, explica que isso pode

acontecer, mas que não é obrigatório e completa que se a intenção for realçar as

circunstâncias, ele deve ser mantido.

A Minigramática apresentou exercícios após a explicação. Isso evidencia o

caráter escolar em sua concepção. Infante também acrescentou exercícios e textos.

Cada gramática, apesar do foco em comum, teve sua particularidade, formas

diferentes de analisarem o mesmo assunto, sempre tentando apresentar o tema da

melhor forma possível para os leitores.

Análise Gramatical 15

4. ANÁLISE DAS ENTREVISTAS

Foram feitas vinte entrevistas, sendo dez com graduandos do curso de Letras e

dez do curso de Secretariado Executivo Trilíngue. O objetivo dessas foi visualizar o real

conhecimento dos estudantes de dois cursos que trabalham cotidianamente com o

manuseio do idioma português quanto ao uso do termo questão desta análise: o

advérbio.

A entrevista constou de sete questões (anexo 7.1), sendo duas abertas e cinco

de múltipla escolha. As respostas foram analisadas como sendo certa ou errada,

mesmo quando o tema era de caráter mais pessoal, como a freqüência de uso dos

advérbios, visto que os mesmos inundam o linguajar de qualquer falante, independente

de se conhecer ou não sua definição.

Dividiram-se em cinco grandes grupos, a saber: 1 – questões discursivas; 2 –

referentes à utilidade e freqüência do uso de advérbios; 3 – de identificação de

circunstância; 4 – relacionadas a referentes e 5 – abrangência vocabular.

Quanto ao primeiro grupo, com o auxílio de recursos advindos de estudos

referentes à análise de discurso (Orlandi: 1988) nota-se que os graduandos do curso de

Letras, quando lhes foi solicitada a definição de advérbio, tiveram um caráter mais

preso ao texto da gramática para se expressar. Suas respostas tiveram um caráter mais

pedagógico, em comparação às dos estudantes de secretariado. Quarenta por cento

deles se expressaram de forma correta e compreensiva nas duas questões propostas.

Muitos entenderam advérbio como a estrutura que modifica o verbo e houve quem

dissesse que é uma classe de palavras invariáveis como definição. A maioria ateve-se

aos advérbios que caracterizam modo e tempo, quando solicitadas a dar exemplos.

Já os graduandos de Secretariado Executivo não souberam/conseguiram definir

claramente o que seriam os advérbios. A maioria das respostas relacionava-se apenas

a acompanhamento/modificação do verbo, não se expressando em relação aos

adjetivos e ao próprio advérbio. A maioria dos advérbios utilizados como exemplos

também se referiam às condições de tempo e modo. As respostas apresentaram-se

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como rápidas e sucintas, sem muitas delongas ou explicações extensas, o que, de

certa forma, caracteriza o perfil do profissional em questão.

Alguns estudantes, de ambos os grupos, confundiram exemplos de advérbios

com tipos. Quando indagados acerca de exemplos, responderam tempo, modo,

intensidade... Outros trocaram por conjunções, mostrando contudo, entretanto,

todavia... A maioria, porém, apresentou bom domínio das questões propostas.

Na análise da utilidade e freqüência de uso dos advérbios, nota-se que os

graduandos de Letras possuem maior domínio do assunto, como mostra o gráfico a

seguir:

Gráfico 1. Freqüência na utilização do advérbio (Elaboração própria).

Como se nota, a maioria está consciente dos usos e freqüência com que os

advérbios são utilizados em práticas sociais.

O terceiro grupo caracteriza-se como de identificação de circunstância. Nesse,

pretendeu-se perceber se os entrevistados têm conhecimento semântico do uso

contextualizado dos advérbios. Pode-se notar que os estudantes de ambas as áreas

dominam a construção do sentido, referente a tal uso na prática social do idioma

português.

Análise Gramatical 17

Gráfico 2. Identificação de circusntância (Elaboração própria).

No quarto grupo de perguntas, obtiveram-se respostas quanto ao referente do

advérbio em uso. Nessa parte, pretendeu-se analisar se os estudantes têm domínio

quanto ao mecanismo de referências na construção frasal, mostrando qual termo da

frase apresentada recebia a circunstância expressa pelo advérbio em questão. Ao

observar o gráfico abaixo, nota-se que os graduandos estão bem localizados no

contexto discursivo e têm bom domínio do caso em questão.

Gráfico 3.Questão relativa ao referente (Elaboração própria).

O quinto grupo caracterizou-se como o de domínio vocabular. Foi este que

apresentou a maior margem de desconhecimento do público em questão. Em princípio,

a questão que aqui se caracterizou seria incluída no grupo de identificação de

circunstância. Porém os advérbios utilizados se enquadravam entre os menos usuais e

não foram apresentados em situações discursivas. Dessa forma, foi criada a quinta

Análise Gramatical 18

categoria, na qual entende-se que a principal análise é decorrente do conhecimento

vocabular. Conforme gráficos abaixo:

Gráfico 4. Domínio vocabular (Elaboração própria).

Como se pode perceber, tais graduandos têm um domínio interessante do uso

do termo em questão. Os alunos de Letras, futuros multiplicadores do uso correto do

idioma, obtiveram um melhor aproveitamento. Já os futuros secretários executivos

apresentaram um domínio expressivo, embora seja menor que o desempenho dos de

letras. Ambos necessitam do conhecimento, seja para multiplicá-lo, seja para utilizá-lo

em situações discursivas com alto grau de formalidade.

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5. CONCLUSÃO

Ao realizar a análise, conclui-se que apesar de o foco ser o mesmo, as

abordagens se diferem. O advérbio, que aparentemente não causaria tantas

divergências como o uso da pontuação, apresentou inúmeras diferenças, desde a

abordagem até a forma de apresentar exemplos.

Um fato interessante relativo às pesquisas foi que os estudantes, tanto de

secretariado quanto de letras não conhecem alguns advérbios, mais comuns na

linguagem literária. Houve também alguns que confundiram a conceituação de advérbio

com seus tipos.

As entrevistas mostraram que os graduandos têm muita dificuldade em

expressar definições acerca de o que é um advérbio, porém quanto ao uso, o resultado

foi muito bom. Pelas respostas também se notou a definição do perfil dos profissionais

de letras e secretariado, quando se pede a caracterização do termo em questão. Os

futuros profissionais de letras buscaram definir e enfatizar suas posturas de forma mais

compreensível e que levem ao entendimento. Já os futuros secretários buscaram

expressar-se sucintamente, de forma breve sem aprofundamentos.

Pela análise dos dados, tanto das entrevistas como das gramáticas, percebeu-

se também que, tendo a linguagem como sistema de interação social, construtora de

discursos, ideologias e sentidos, a forma mais aceita pelos praticantes do idioma é a

visão inovadora proposta por Barros, ainda que o público em geral tenha como suporte

de seu conhecimento a gramática pautada no tradicionalismo.

Por fim, o advérbio é uma classe gramatical de suma importância e

aplicabilidade no contexto discursivo e na formação da ideologia operante na

sociedade. Atua como modificador, acrescentando circunstâncias ao verbo, adjetivo e a

si mesmo. A modificação acrescentada é no campo semântico e dominá-la caracteriza

necessidade básica para comunicação. O confronto de bibliografias apresentado deixa

bem clara essa visão e é o que de maior pode-se concluir com o término desse trabalho

de análise.

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6. REFERÊNCIAS

BARROS, Enéas Martins de. Gramática da Língua Portuguesa. 2. ed.- São Paulo:

Atlas, 1991.

CATARINO, Dílson. Gramática On-line. Disponível em:

<www.gramaticaonline.com.br> Acesso em 15 de novembro de 2007

DELL'ISOLA, Regina Lúcia Peret; GUIMARÃES, Maria de Nazaré. Pontuação: Conceitos e Critérios. Reflexões sobre a língua portuguesa: ensino e pesquisa.

Campinas, SP: Pontes, 1997.

ORLANDI, Eni Pulcinelli. Discurso e Leitura. São Paulo: Cortez 1988.

TERRA, Ernani; NICOLA, José de. Minigramática. São Paulo: Scipione, 2002.

INFANTE, Ulisses. Curso de gramática aplicada aos textos. 7ª ed. - São Paulo:

Scipione, 2006.

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7. ANEXOS

7.1 Questionário

Curso: Período:

1. O que você entende por advérbio?

2. Poderia citar três exemplos de advérbios?

3. Qual a utilidade do advérbio?

( ) – Tornar a frase mais elegante.

( ) – Modificar as relações semânticas.

( ) – Qualificar o sujeito e o objeto.

4. Com que freqüência você utiliza advérbios?

( ) – Freqüentemente. ( ) – Raramente. ( ) – Nunca

5. Nas frases abaixo, indique a circunstância expressa pelo advérbio em destaque:

a) Benedita sorria alegremente, após aquele tanto de emoções profundas.

( ) – Tempo e modo.

( ) – Modo e intensidade.

( ) – Modo e tempo.

b) O céu estava tímido, com sua luz esbranquecida, e as nuvens, cá perto do chão

pareciam chorar compulsivamente.

( ) – Lugar e condição.

( ) – Modo e intensidade.

( ) – Lugar e modo.

6. Associe as colunas:

( A ) Adrede

( B ) Assaz

( C ) Alhures

( D ) Debalde

( ) De propósito

( ) Inutilmente

( ) Bastante

( ) Em outro lugar

7. Em qual das frases o advérbio refere-se apenas ao verbo?

a) Ferozmente, Albano lhe fez ver sua posição contraditória.

b) Albano fez-lhe, ferozmente, ver sua posição contraditória.