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ANÁLISE DE CONFIABILIDADE EM FLAMBAGEM LATERAL DE DUTOS RÍGIDOS SUBMARINOS Daniel Manso Haddad Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica. Orientador: Fernando Alves Rochinha Rio de Janeiro Agosto de 2011

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ANÁLISE DE CONFIABILIDADE EM FLAMBAGEM LATERAL DE DUTOS RÍGIDOS

SUBMARINOS

Daniel Manso Haddad

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de

Pós-graduação em Engenharia Mecânica, COPPE, da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de

Mestre em Engenharia Mecânica.

Orientador: Fernando Alves Rochinha

Rio de Janeiro

Agosto de 2011

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ANÁLISE DE CONFIABILIDADE EM FLAMBAGEM LATERAL DE DUTOS RÍGIDOS

SUBMARINOS

Daniel Manso Haddad

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ

COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM

ENGENHARIA MECÂNICA.

Examinada por:

________________________________________________

Prof. Fernando Alves Rochinha

________________________________________________

Prof. Daniel Alves Castelo

________________________________________________

Prof. Murilo Augusto Vaz

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

AGOSTO DE 2011

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iii

Haddad, Daniel Manso

Análise de Confiabilidade em Flambagem Lateral de

Dutos Rígidos Submarinos / Daniel Manso Haddad. – Rio

de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2011.

XVI, 119 p.: il.; 29,7cm.

Orientador: Fernando Alves Rochinha

Dissertação (mestrado) – UFRJ/COPPE/ Programa

de Engenharia Mecânica, 2011.

Referências Bibliográficas: p.95-98.

1. Flambagem Lateral de Dutos Rígidos. 2. Sleeper.

3. Análise de Confiabilidade. I. Rochinha, Fernando

Alves. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,

COPPE, Programa de Engenharia Mecânica. III. Título.

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iv

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Carlos Roberto Serrão Haddad e Verônica Manso Haddad, pela instrução,

carinho e atenção fornecidos não apenas durante a execução deste trabalho, mas ao

longo de toda a minha vida.

A meus irmãos, Marcela Manso Haddad e Guilherme Manso Haddad, tão presentes e

unidos quanto eu poderia desejar.

À minha namorada, Natália da Silva Souza, por tamanha presença e apoio no

desenvolvimento desta dissertação.

Aos meus primos mais próximos, Rafael, Diego, Jéssica, Joyce, Ytalo, Joany e João

Pedro, pelos quais a companhia me é valiosa.

Aos meus amigos, em especial àqueles que tantas vezes me ouviram negar propostas de

pedalada, caminhada, escalada ou viagens, em função da dedicação que estes anos de

estudo me exigiram.

Ao meu orientador, Fernando Rochinha, pelos sábios conselhos e pela objetividade com

que tratamos da construção desta dissertação.

Aos meus colegas de trabalho na Subsea 7, em especial ao Luciano Franco e Carlos

Charnaux, cujo apoio foi de grande valia para o desenvolvimento deste trabalho.

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Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M. Sc.)

ANÁLISE DE CONFIABILIDADE EM FLAMBAGEM LATERAL DE DUTOS RÍGIDOS

SUBMARINOS

Daniel Manso Haddad

Agosto/2011

Orientador: Fernando Alves Rochinha

Programa: Engenharia Mecânica

Com a demanda crescente por dutos rígidos submarinos submetidos a uma alta

pressão interna e alta temperatura, torna-se vigente a preocupação com o projeto

termomecânico da tubulação. Quando aquecido e pressurizado, um duto rígido tende a se

expandir axialmente. O atrito existente entre duto e solo, contudo, proporciona certa

resistência contrária à tendência de deslocamento axial do duto, gerando compressão. A

compressão, quando excedida para além de um limite, pode levar ao fenômeno de

flambagem lateral do duto. O método adotado neste trabalho, com o intuito de controlar a

flambagem lateral, foi o uso de sleepers. No intuito de se definir o espaçamento entre

sleepers, procedeu-se para a realização do cálculo do VAS tolerável. Uma vez que este

tenha sido definido, estimou-se diferentes VAS de projeto, a partir dos quais se

fundamentaram as análises de confiabilidade, executadas pelo método de Monte Carlo.

As curvas de falha do estudo de confiabilidade foram produzidas por análises detalhadas

em elementos finitos.

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Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M. Sc.)

RELIABILITY ANALYSES FOR LATERAL BUCKLING OF SUBSEA RIGID PIPELINES

Daniel Manso Haddad

August/2011

Advisor: Fernando Alves Rochinha

Department: Mechanical Engineering

Due to a growing demand for subsea rigid pipelines subjected to a high internal

pressure and high temperature, it becomes current the preoccupation with the thermo

mechanical design of pipelines. When heated and pressurized, a rigid pipe tends to

expand axially. The friction between pipe and soil, however, provides some resistance

against the tendency of pipe to displace axially, causing compression. This compression,

when exceeded beyond a limit, can lead to the phenomenon of lateral buckling of the

pipeline. The method adopted in this thesis, intending to control the lateral buckling, was

the use of sleepers. In order to define the spacing between sleepers, it was performed the

calculation of the tolerable VAS. Once this has been defined, it was estimated different

design VAS values, from which the reliability analyses were based on, performed by the

Monte Carlo method. The failure curves of the reliability study were produced by detailed

analysis with finite element models.

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vii

SUMÁRIO

1. Introdução 1

2. Revisão Bibliográfica 5

3. Flambagem Global 9

3.1. Conceito 9

3.2. Flambagem Vertical 9

3.3. Flambagem Lateral 10

3.4. Técnicas de Controle da Flambagem Lateral 12

3.4.1. Introdução 12

3.4.2. Técnicas de Inibição 12

3.4.3. Snake-Lay 13

3.4.4. Módulo de Bóias 14

3.4.5. Sleepers 14

4. Expansão de dutos 17

4.1. Conceito 17

4.2. Formulação da Força Axial Efetiva 17

4.3. Dutos Curtos e Dutos Longos 19

4.4. VAS - Virtual Anchor Spacing 21

4.5. VAS tolerável 23

4.5.1. Definição 23

4.5.2. Critérios limitantes 24

4.6. VAS de projeto 27

4.7. Formulação de Hobbs para Flambagem Lateral 28

4.8. Força Crítica de Flambagem 32

5. Modelo Numérico 34

5.1. Elemento e Malha 34

5.2. Elementos Finitos x Formulação de Hobbs 36

6. Análise de Confiabilidade 41

6.1. Variáveis Randômicas 42

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6.2. Métodos de Confiabilidade 44

6.2.1. FORM 44

6.2.2. SORM 45

6.2.3. Monte Carlo 46

7. Análise e Resultados 49

7.1. Bases do Projeto 52

7.1.1. Método de Iniciação 52

7.1.2. Dados de Entrada 55

7.2. Cálculo do VAS tolerável 60

7.2.1. Dados Gerais 60

7.2.2. Elementos Finitos 63

7.2.3. Resultados 64

7.3. VAS de projeto 67

7.4. Determinação da Curva de Falha 67

7.5. Simulações por Monte Carlo 73

7.6. Resultados 76

7.7. Interação entre alças de flambagem 85

7.7.1. Metodologia 85

7.7.2. Resultados 88

8. Conclusão 90

8.1. Síntese 90

8.2. Trabalhos Futuros 94

Referências Bibliográficas 95

Apêndice A - Planilha com critérios para cálculo do VAS tolerável 99

Apêndice B - Detalhamento das análises sobre dutos curtos e dutos longos 103

Apêndice C - Programa construído para aplicação do método de Monte Carlo 105

Apêndice D - Cálculo do SNCF devido à presença do revestimento da junta 113

Apêndice E - Planilha para verificação da susceptibilidade do duto à flambagem 116

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ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 3-1 – Fenômeno da flambagem vertical ................................................................ 10

Figura 3-2 – Modos mais comuns de flambagem lateral, vista de topo ............................ 11

Figura 3-3 – Spool intermediário de expansão ................................................................. 12

Figura 3-4 – Snake-lay, lançamento em zig-zag. Vista de topo e fora de escala .............. 13

Figura 3-5 – Representação de um módulo de bóias ....................................................... 14

Figura 3-6 – Representação de um duto apoiado sobre um Sleeper, [16] ........................ 15

Figura 3-7 – Diferença entre um single sleeper e um dual sleeper, [16] ........................... 16

Figura 4-1 – Distribuição de força efetiva típica em dutos curtos ..................................... 20

Figura 4-2 – Distribuição de força efetiva típica em dutos longos .................................... 21

Figura 4-3 – Força axial efetiva em duto flambado com extremidades fixas .................... 22

Figura 4-4 – Força axial efetiva em duto com vários pontos de flambagem ..................... 23

Figura 4-5 – Definição do comprimento da alça de flambagem, L, [12] ............................ 30

Figura 4-6 – Força na alça de flambagem, P, para os 4 primeiros modos ........................ 30

Figura 4-7 – Força distante da alça de flambagem, Po, para os 4 primeiros modos ......... 31

Figura 5-1 – Elemento PIPE31H, dois nós e 12 graus de liberdade [2] ............................ 35

Figura 5-2 – Análise de EF retratando o 3° modo de flambagem lateral .......................... 36

Figura 5-3 – Força axial efetiva ao longo do duto para várias temperaturas .................... 37

Figura 5-4 – Força axial efetiva na alça de flambagem, EF x Hobbs ................................ 39

Figura 5-5 – Força axial efetiva distante da alça de flambagem, EF x Hobbs .................. 39

Figura 6-1 – Representação da função de falha no espaço das variáveis físicas ............. 41

Figura 6-2 – PDF e representação gráfica da probabilidade P[x1≤x≤x2] ........................... 43

Figura 6-3 – Distribuição uniforme (esquerda) e normal (direita) ..................................... 44

Figura 6-4 – Desenho esquemático de uma análise por FORM, [24] ............................... 45

Figura 6-5 – Avaliação de confiabilidade por FORM e SORM .......................................... 46

Figura 6-6 – Avaliação de confiabilidade por Monte Carlo ............................................... 48

Figura 7-1 – Procedimento de aplicação do projeto ......................................................... 49

Figura 7-2 – Exemplo de sleepers (cortesia Subsea 7) .................................................... 53

Figura 7-3 – Uma das origens da imperfeição lateral sobre o sleeper .............................. 53

Figura 7-4 – Imperfeição lateral como variável probabilística ........................................... 54

Figura 7-5 – Modelo em EF para cálculo do SNCF .......................................................... 61

Figura 7-6 – Fluxograma do cálculo do VAS tolerável ...................................................... 62

Figura 7-7 – Modelo em EF para cálculo do VAS tolerável .............................................. 63

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Figura 7-8 – Refinamento de malha do modelo ............................................................... 64

Figura 7-9 – Vista de topo de uma análise de VAS tolerável ............................................ 65

Figura 7-10 – Vista lateral de uma análise de VAS tolerável ............................................ 66

Figura 7-11 – Seqüência de carregamento térmico ......................................................... 66

Figura 7-12 – Determinação da força crítica de flambagem ............................................. 69

Figura 7-13 – Variação da força crítica de flambagem com δL ......................................... 70

Figura 7-14 – Curva, superfície ou hiper-superfície de falha, apenas ilustrativo ............... 71

Figura 7-15 – Fcrit em função de µa para vários valores de µL, dado que δL=600mm ...... 72

Figura 7-16 – Fcrit em função de µa para vários valores de µL, dado que δL=1000mm .... 72

Figura 7-17 – Fcrit em função de µL para vários valores de µa, dado que δL=600mm ...... 72

Figura 7-18 – Fcrit em função de δL para vários valores de µa, dado que µL =0.60 .......... 73

Figura 7-19 – Força axial efetiva para força residual na alça de flambagem igual a 0...... 75

Figura 7-20 – Força axial efetiva para força residual na alça de flambagem igual a 0.5 ... 75

Figura 7-21 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=3km, µa, µL=uniforme, δL=normal .............. 77

Figura 7-22 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=3km, µa, µL=normal, δL=normal ................. 77

Figura 7-23 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=2km, µa, µL=uniforme, δL=normal .............. 78

Figura 7-24 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=2km, µa, µL=normal, δL=normal ................. 79

Figura 7-25 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=1,5km, µa, µL=uniforme, δL=normal ........... 79

Figura 7-26 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=1,5km, µa, µL=normal, δL=normal .............. 80

Figura 7-27 – Pf x Iterações, VAS=1,5km, µa, µL=normal, δL=normal ............................... 80

Figura 7-28 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=1km, µa, µL=uniforme, δL=normal .............. 81

Figura 7-29 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=1km, µa, µL=normal, δL=normal ................. 81

Figura 7-30 – Pf x Iterações, VAS=1km, µa, µL=normal, δL=normal .................................. 82

Figura 7-31 – Distribuição das ocorrências de Pf ............................................................. 83

Figura 7-32 – Alça de flambagem não planejada ............................................................. 85

Figura 7-33 – Fcrit em função de µa para vários valores de µL, dado que δL=200mm ...... 87

Figura 7-34 – Fcrit em função de µL para vários valores de µa, dado que δL=1000mm .... 88

Figura 7-35 – Fcrit em função de δL para vários valores de µL, dado que µa = 0,6 ............. 88

Figura 7-36 – Fcrit(solo) e Fcrit(sleeper), VAS=1,5km, µa, µL=normal, δL=normal ........................ 89

Figura B-1 – Modelo numérico e condições de contorno ............................................... 104

Figura B-1 – Vista geral do modelo para cálculo do SNCF ............................................ 113

Figura B-2 – Malha adotado no modelo para cálculo do SNCF ...................................... 114

Figura B-3 – Deformação longitudinal no duto (apenas o aço está sendo mostrado) ..... 115

Figura B-4 – Variação da deformação na fibra mais externa do lado compressivo ........ 115

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xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 4-1 – Constantes para modos de flambagem lateral ............................................ 29

Tabela 5-1 – Dados de entrada das análises comparativas ............................................. 38

Tabela 7-1 – Descrição sucinta das principais etapas do projeto ..................................... 51

Tabela 7-2 – Parâmetros do sleeper ................................................................................ 54

Tabela 7-3 – Dados de material do tubo e revestimento .................................................. 55

Tabela 7-4 – Redução da tensão de escoamento com a temperatura ............................. 56

Tabela 7-5 – Dados dimensionais do tubo e revestimento ............................................... 57

Tabela 7-6 – Dados operacionais .................................................................................... 57

Tabela 7-7 – Parâmetros e coeficientes dos critérios ....................................................... 58

Tabela 7-8 – Dados de solo ............................................................................................. 58

Tabela 7-9 – Atrito Lateral e Atrito Axial como variáveis probabilísticas ........................... 59

Tabela 7-10 – SNCF calculado ........................................................................................ 61

Tabela 7-11 – Resultados das análises numéricas do VAS tolerável ............................... 65

Tabela 7-12 – Possibilidades para o VAS de projeto ....................................................... 67

Tabela 7-13 – Variáveis para cálculo da força axial efetiva .............................................. 68

Tabela 7-14 – Discretização adotada para planejamento do conjunto de análises .......... 71

Tabela 7-15 – Análise de convergência da probabilidade de falha................................... 83

Tabela 7-16 – Resumo da probabilidade de falha estimada para o sistema .................... 85

Tabela D-1 – Dados de entrada específicos para a análise de SNCF ............................ 114

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xii

ABREVIATURAS

API American Petroleum Institute

BE Best Estimate

DNV Det Norske Veritas

ECA Engineering Critical Assessment

EF Elementos Finitos

FBE Fusion Bonded Epoxy

FORM First Order Realiability Method

HP High Pressure

HT High Temperature

IMPP Injection Molded Polypropylene

KP Kilometric Point

LB Lower Bound

OD Outer Diameter

PDF Probability Density Function

PP Polypropylene

SMTS Specified Minimum Tensile Strength

SMYS Specified Minimum Yield Stress

SNCF Strain Concentration Factor

SORM Second Order Realiability Method

SP3D Sage Profile 3D

UB Upper Bound

VAS Virtual Anchor Spacing

VIV Vortex Induced Vibration

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xiii

SIMBOLOGIA

Caracteres Latinos

a, b Limites do intervalo de distribuição uniforme

Ac Área do revestimento

Ai Área da seção interna do duto (referente ao fluido)

As Área da seção transversal de aço do duto

D Diâmetro externo nominal

dT Variação de temperatura

E Módulo de elasticidade

fderating Redução na tensão de escoamento, devido à temperatura

fy Resistência característica do material ao escoamento

fu Resistência última característica do material

Fcrit Força crítica de flambagem sobre o sleeper

Fcrit(sleeper) Força crítica de flambagem sobre o sleeper

Fcrit(solo) Força crítica de flambagem sobre o solo

Feff Força axial efetiva do duto

fo Ovalização inicial

Fres Força axial residual pós-flambagem

g Gravidade

h Lâmina d’água

H Força efetiva residual de lançamento

I Momento de inércia da seção do tubo

k1-k5 Constantes de Hobbs

L Comprimento da alça de flambagem

Lcrit Comprimento crítico da alça de flambagem

Lp Comprimento da tubulação

M Máximo momento fletor na alça de flambagem

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N Número total de simulações

Nf Número de casos de simulação na qual a função de falha é excedida

Nnl Parcela da força axial induzida pelo deslocamento

Np Parcela da força axial induzida pela pressão

Nres Parcela da força residual de lançamento

ns Quantidade total de sleepers ao longo da linha

Nθ Parcela da força axial induzida pela temperatura

Nν Parcela da força axial induzida pela tensão circunferencial

P Força axial efetiva na alça de flambagem

P(A U B U C ) Probabilidade de ocorrência simultânea dos eventos A, B e C

P(A) Probabilidade de ocorrência do evento A

pb(t2) Resistência à pressão do conteúdo

pc(t2) pressão de colapso característica (limite)

pe Pressão externa

Pf Probabilidade de falha

sistema-fP Probabilidade de falha do sistema

sistema-fP Probabilidade de não haver a falha do sistema

sleeper-fP Probabilidade de falha de um sleeper

i sleeper-fP Probabilidade de falha do sleeper i

i sleeper-fP Probabilidade de não haver a falha do sleeper i

pi Pressão interna

pmin Pressão interna mínima que pode ser garantida

Po Força axial efetiva distante da alça de flambagem

R Raio mínimo de curvatura do duto

Sc Força crítica de flambagem

Sfmax Força axial efetiva de um duto parcialmente restrito

SHobbs Força crítica de flambagem por Hobbs

Smax Máxima força compressiva no duto

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xv

So Força axial efetiva de um duto totalmente restrito

SOOS Força crítica associada ao OOS

t Espessura nominal da parede do tubo

t2 Espessura de parede do tubo corroído

tc Espessura do revestimento

tCA Espessura de corrosão na parede do tubo

Tam Temperatura ambiente

Top Temperatura de operação

Var(x) Variância de uma variável x qualquer

War Peso distribuído do duto no ar

Wsub Peso distribuído do duto submerso

x Distância ao longo do duto

y Máxima amplitude da alça de flambagem

Z, Z1 e Z2 Funções de falha

Caracteres Gregos

α Coeficiente linear de expansão térmica

αfab Fator de fabricação

αγω Fator da solda circunferencial

αh Razão mínima entre tensão de escoamento e tensão de ruptura

αu Fator de limite de resistência do material

β Índice de confiabilidade

∆Feff Diferença na Feff entre o local planejado (sleeper) e o não planejado (sobre o solo)

δL Imperfeição lateral inicial sobre o sleeper

∆pi Variação de pressão interna relativa ao lançamento

∆T Variação de temperatura relativa ao lançamento

εΑ Deformação acidental

εc Deformação característica (limite)

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xvi

εΕ Deformação ambiental

εe Deformação nominal equivalente máxima

εF Deformação funcional

εΙ Deformação de interferência

εsd Deformação de projeto

Φ Função cumulativa normal padrão

γΑ Fator de segurança da parcela acidental

γC Fator de segurança da condição de carregamento

γE Fator de segurança da parcela ambiental

γε fator de resistência à deformação

γF Fator de segurança da parcela funcional

γinc Razão de uma pressão não prevista e de projeto

γm fator de resistência do material

γSC fator de resistência da classe de segurança

µ Média

µa Coeficiente de atrito axial

µL Coeficiente de atrito lateral

µLmin Atrito lateral mínimo

ρc Densidade do revestimento

ρcont Densidade do conteúdo interno do tubo

ρs Densidade do aço

ρw Densidade da água do mar

ν Coeficiente de Poisson

σ Desvio padrão

σy Tensão de escoamento

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1

1. Introdução

Um crescente número de dutos rígidos submarinos vêm sendo instalados na costa

brasileira, principalmente nas Bacias de Campos e Santos. Dutos rígidos são tubulações

de aço padronizadas, de diâmetro externo variando de 6” a 80”, fabricadas principalmente

pelos processos de extrusão (tubo sem costura) ou UOE. Possuem um fina camada

(<1mm) de revestimento anti-corrosivo de FBE, e eventualmente uma camada com

espesso isolamento térmico (geralmente presente em linhas de óleo).

Alguns dutos de exportação de óleo e gás com comprimento total variando, muitas

vezes, de 10 a 100km, podem interligar unidades de produção offshore em lâminas

d’água de aproximadamente 2000m até estruturas próximas à costa em profundidades de

20m. Por ocuparem um longo trecho do leito marinho, o duto está sujeito a diferentes

condições operacionais e ambientais como corrente, diferentes tipos de solo, batimetria

do leito marinho, declividade, agentes corrosivos e gradientes de temperatura e pressão.

Um duto submarino pode ser lançado ao mar por meio de diferentes técnicas de

abandono, sendo os métodos mais comuns o S-Lay, J-Lay, Reeling e rebocamento. No

método S-Lay, a soldagem e o revestimento dos tubos são realizados no próprio navio, e

o lançamento do duto ocorre por sua popa, à medida que este avança. Neste método o

duto deixa o navio praticamente na horizontal, e sua forma geral se assemelha a um “S”

até tocar o leito marinho, daí o seu nome. O método J-Lay é similar ao S-Lay, com a

principal diferença que o duto é lançado praticamente na vertical, lhe trazendo a

vantagem de proporcionar um menor comprimento de duto suspenso, permitindo o

lançamento em lâminas d’água mais profundas. O método conhecido por Reeling, ou

também por Reel-Lay, consiste no enrolamento de um grande comprimento de duto

soldado onshore, ou seja em uma base de operações em terra. Tramos de 10 a 30km são

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comumente enrolados no carretel do navio a cada viagem, sendo necessário o seu

retorno à base de operações a cada novo re-abastecimento de dutos. Como a soldagem

dos tubos não é realizada no navio, este ganha maior velocidade de lançamento, podendo

com isto aproveitar curtas janelas de tempo bom. O método de rebocamento, por sua vez,

trata do reboque do duto soldado em terra até o seu local de abandono. Este é um

método limitado a dutos de curta extensão.

O projeto de um duto rígido submarino envolve primeiramente a seleção da rota do

duto, seleção do material e o dimensionamento da parede do duto em função das

condições de temperatura e pressão do fluido de operação e de sua estabilidade no

fundo. Em seguida são realizadas verificações de expansão térmica, flambagem global,

vão livres, projeto de proteção catódica, verificação da integridade durante o lançamento,

etc.

Cada verificação executada no decorrer de um projeto habitual de dutos rígidos

exige tamanha complexidade que várias frentes de estudo vêm se formando em

conteúdos consideravelmente específicos. A presente dissertação é um destes estudos,

cujo objetivo estará focado em determinadas etapas do dimensionamento termomecânico

de uma tubulação sujeita à flambagem lateral.

Nesta tese de mestrado, pretende-se estudar a confiabilidade associada à

flambagem lateral de dutos rígidos submarinos do tipo HP/HT (High Pressure / High

Temperature) e submetidos a iniciadores de flambagem do tipo sleepers.

Em estudos de confiabilidade, costuma-se mensurar a segurança de uma dada

situação através da estimativa da probabilidade de falha do sistema. O termo falha,

contudo, não está associado à ruptura ou colapso de uma estrutura, mas tão somente ao

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não cumprimento de um dado objetivo que se pretendia alcançar. Para o presente estudo,

a falha estará relacionada à não verificação da flambagem lateral do duto sobre algum

dos sleepers posicionados ao longo da rota.

Parâmetros diversos associados às condições de solo, lançamento ou operação

influenciam diretamente na probabilidade de flambagem de um determinado trecho de

duto sob uma determinada condição operacional. Nesta tese, estes parâmetros serão

distinguidos por natureza determinística ou probabilística, distinção esta que permitirá

abordar o fenômeno por meio de análises de confiabilidade.

Mediante a complexidade do problema proposto, a utilização de modelos em

elementos finitos torna-se impreterível no contexto de projetos detalhados. Ferramentas

numéricas capturam, com considerável precisão, quando adequadamente utilizadas e

interpretadas, respostas de sistemas não lineares e de múltiplas combinações de

parâmetros. Com isto em mente, a ferramenta Abaqus [2] será utilizada na intenção de

gerar o grande volume de modelos numéricos necessários para cumprir com objetivos

aqui descritos.

O presente documento inicia-se de fato com uma revisão bibliográfica, no capítulo

2, posicionando historicamente trabalhos desenvolvidos no campo da flambagem lateral.

A sequência lógica apresentada combina gradualmente cada assunto relevante para a

presente dissertação, sendo eles flambagem lateral, atribuição de ferramentas de

elementos finitos, utilização de sleepers e análises de confiabilidade.

No capítulo 3, apresentam-se conceitos gerais relacionados às duas principais

evidências de flambagem global em dutos rígidos submarinos: a flambagem vertical e a

lateral, assim como aborda técnicas usuais para mitigação ou controle destes fenômenos.

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No capítulo 4, uma vez que os conceitos gerais tenham sido apresentados, uma

detalhada descrição dos princípios teóricos relacionados à expansão térmica, e, por

conseguinte à flambagem lateral, será exposta. Neste momento serão introduzidos

conceitos e nomenclaturas adotados pelo mercado, importantes para o entendimento do

assunto.

No capítulo 5, serão realizadas descrições a respeito dos elementos e da malha

adotada nos modelos numéricos desta tese, assim como do software utilizado. Ainda,

resultados de análises numéricas serão comparados com resultados analíticos.

No capítulo 6, apresenta-se uma descrição sobre análises de confiabilidade, no

intuito de conceituar algumas nomenclaturas comuns e apresentar alguns métodos, tal

como FORM, SORM e Monte Carlo.

Por fim, no capítulo 7 aborda-se de fato o estudo detalhado que dá título à

presente tese. Aqui será apresentada com detalhe toda a metodologia das etapas que se

precisa cumprir para a realização do estudo de confiabilidade, assim como resultados e

conclusões obtidos para um estudo de caso arbitrário.

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2. Revisão Bibliográfica

Referências apresentando o fenômeno da flambagem termomecânica são

conhecidas desde a década de 40, conforme trabalho de MARTINET [31], embora seja de

grande consenso que a primeira contribuição efetiva para o desenvolvimento deste estudo

tenha tido início com a publicação de KERR [30], em 1978, sobre o fenômeno de

flambagem lateral aplicado em trilhos de trem. Neste trabalho, o autor parte de equações

diferenciais que representam o problema para gerar formulações que retratam diferentes

modos de flambagem lateral.

Com base nos estudos de KERR [30], surge em 1984 uma das mais importantes

publicações sobre flambagem lateral relacionada a dutos submarinos, apresentada por

HOBBS [12], onde se apresenta formulações tomadas como referências em muitos

trabalhos atuais. Neste primeiro trabalho de HOBBS, contudo, não se distingue o atrito

entre solo e duto entre as direções axial e lateral, tão pouco apresenta-se o efeito de

imperfeições iniciais (curvaturas residuais de lançamento) sobre o mecanismo da

flambagem. Uma importante observação confirmada por HOBBS [12], e já antes

constatada por MARTINET [31] e KERR [30], é que os modos de 1 a 4 da flambagem

lateral são os de ocorrência mais provável não só para trilhos de trem mas também para o

caso de dutos submarinos.

Com relação ao efeito das imperfeições na forma pré-flambagem, TAYLOR e GAN

[33] constataram haver considerável influência, tanto de natureza lateral quanto vertical,

sobre a carga crítica para iniciar a flambagem.

Em 1989, HOBBS e LIANG [13] publicam um segundo grande trabalho, desta vez

relacionado ao efeito da flambagem vertical em dutos restritos. Dois diferentes conceitos

foram examinados: dutos de extremidades fixas (representando ancoragem localizada ou

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uma cabeça de poço) e dutos com grande atrito localizado em curtos trechos (tal como

em condições de rockdumping, i.e. deposição de pedras sobre o duto). Desta vez a

formulação apresentada contempla distinção entre atrito axial e lateral.

No intuito de implementar cada vez mais estas formulações pioneiras, muitos

estudos vem sendo desenvolvidos recentemente, inclusive no Brasil. Pode-se mencionar

o trabalho de BENJAMIN e ANDRADE [18], que toma como base o princípio de KERR

[30] e HOBBS [12] e propõe uma metodologia onde se considera a influência do grau de

penetração do duto no solo. Ainda com base nestes trabalhos pioneiros, REIS [15]

desenvolve uma formulação analítica para representar o comportamento da flambagem

lateral iniciado por módulos de bóias.

Uma vez que se constate que um determinado duto tenha tendência à flambagem

lateral sobre o solo, um estudo mais detalhado precisa ser iniciado. Metodologias

consolidadas no mercado global são apresentadas no SAFEBUCK [26] e em normas tal

como a DNV-OS-F101 [3] e a DNV-RP-F110 [25]. Embora estas metodologias não sejam

de livre acesso, pode-se recorrer, por exemplo, a CARR et al [14] e RONEID et al [32],

visto que são trabalhos publicados pelos próprios autores que participaram das indicações

mencionadas.

De uma forma geral, o risco associado à flambagem de dutos submarinos exige

grande atenção e detalhamento de projeto. Com isto em vista, as principais metodologias

hoje seguidas indicam a utilização de ferramentas numéricas. Alguns diferentes softwares

podem ser utilizados com este intuito com similar precisão, conforme se constata em

BANASIAK et al. [1]. Dentre os softwares disponíveis, observa-se um maior uso da

ferramenta numérica Abaqus [2], tendo sido utilizado em guidelines de análises em

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elementos finitos como por exemplo o descrito por SOLANO [11], o qual o utiliza para

projeto de flambagem vertical, ou as indicações mais superficiais verificadas em BAI [4].

Uma vez verificada a necessidade de se realizar um estudo detalhado de

expansão termomecânica, o primeiro passo para dar início a todo o projeto envolve a

escolha do sistema facilitador da flambagem, conhecido também por trigger. Os três

principais triggers utilizados globalmente são o snake lay, o módulo de bóias ou o sleeper.

Os três mecanismos foram analisados por HARRISON et al. [35] no contexto de um

projeto específico do Golfo do México, onde por fim se adotou o uso de sleepers por ser,

segundo os autores, a solução mais prática em termos de projeto e implementação.

Exemplos de outros projetos ao longo do mundo que adotaram com sucesso o uso de

sleepers são retratados em TANSCHEIT et al [16], no Brasil, e JAYSON et al [34], em

Angola.

De acordo com REIS [15], os mecanismos facilitadores da flambagem possuem

distintos graus de confiabilidade, sendo, em geral, o mais confiável o módulo de bóias,

seguido pelo sleeper e por último o snake lay. Por grau de confiabilidade para o estudo

em questão, entende-se como sendo a certeza de que a flambagem lateral ocorrerá em

absolutamente todos os locais planejados. A confiabilidade de um sistema é medida em

termos da probabildiade de falha, ou seja, quanto menor a probabilidade de falha, maior a

confiabilidade.

Não existe hoje no mercado uma base sólida, clara e consolidada, sobre como

executar esta avaliação de confiabilidade. SRISKANDARAJAH et al [22] se utiliza da

formulação de Hobbs (HOBBS [12]) para calcular a probabiliadde de falha de uma

flambagem lateral sobre o leito marinho, com uso da técnica de Monte Carlo. BROWN et

al [23] vai mais além e desenvolve um estudo com resultados numéricos para a

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flambagem sobre sleepers, com uso da técnica de FORM para estimativa da

confiabilidade.

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3. Flambagem Global

3.1. Conceito

Conforme será visto adiante, o nível de compressão axial na qual um duto

submarino se encontra submetido está diretamente relacionado ao aumento da pressão

interna e da temperatura atuantes sobre ele após seu assentamento no leito marinho.

Quando esta força compressiva excede um determinado limite, o duto irá se deformar

globalmente em uma nova configuração de equilíbrio, aliviando com isto parte do esforço

compressivo. A este fenômeno na qual o duto assume um novo estado de equilíbrio é

chamado de flambagem global e a força para atingir este estado é a força crítica de

flambagem.

No contexto dos dutos submarinos, a flambagem global pode ser verificada em

duas principais formas, chamadas de vertical e lateral.

3.2. Flambagem Vertical

A flambagem vertical, conforme o próprio nome já indica, ocorre quando a direção

vertical é a direção preferencial para o seu deslocamento. O cenário mais comum onde

este tipo de flambagem se mostra presente é quando o duto está submetido a restrições

laterais e, portanto, a direção vertical é a única disponível para flambar.

Em águas rasas, praticava-se com freqüência o enterramento de dutos, técnica

essa que o restringia lateralmente e propiciava a sua flambagem vertical quando

aquecido. Esta técnica, contudo, é de baixa utilização no Brasil em função de seu alto

custo não justificar os benefícios que ela proporciona, especialmente quando tratamos de

águas profundas. Em países onde a pesca profissional envolve o arraste de redes, onde

imensas âncoras correm sobre o leito marinho por quilômetros, o enterramento dos dutos

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é uma opção quase obrigatória. Outra comum aplicação do enterramento de dutos se

aplica em águas de forte correnteza, caso esta seja uma opção menos custosa do que o

revestimento da linha com concreto ou o uso de tubos com maior espessura.

Figura 3-1 – Fenômeno da flambagem vertical

Projetos de flambagem vertical ([11], [13]) são altamente dependentes das

condições previstas de solo marinho. Como estes são parâmetros associados a

consideráveis níveis de incerteza, seu projeto se torna, por conseqüência, de considerável

complexidade e riscos.

3.3. Flambagem Lateral

Para o caso de dutos parcialmente enterrados ou não enterrados e sobre solo

irregular, onde há imperfeição na forma inicial do duto e não há restrições laterais, há

maior tendência de que o duto flambe lateralmente, visto que a força de atrito lateral na

maioria dos casos é menor do que o peso próprio do duto. Este problema foi estudado

Duto enterrado

Posição inicial - Antes da fase de operação

Flambagem vertical

Solo marinho

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para dutos rígidos pela primeira vez por HOBBS [12], usando métodos analíticos

conforme será apresentado mais adiante.

A flambagem lateral depende principalmente das propriedades do duto, fatores de

atrito axial e lateral e imperfeição inicial. Um dos fatores que gera esta mencionada

imperfeição é o desvio lateral ocorrido na rota durante o lançamento.

Quando submetido à flambagem lateral, o estado de equilíbrio adotado pelo duto

pode variar de acordo com o modo de flambagem solicitado. Experimentos e

constatações diversas por projetos executados ([12], [14]) têm mostrado que os modos

mais comuns são os quatro primeiros, conforme apresentado na Figura 3-2.

Figura 3-2 – Modos mais comuns de flambagem lateral (vista de topo)

Embora estes sejam os modos mais comuns, outros modos podem também surgir.

O que determina a formação de um ou outro modo são principalmente a forma da

imperfeição inicial e a magnitude da resistência lateral do solo.

No momento em que a flambagem ocorre, há notável diferença no perfil de força

axial efetiva ao longo do duto. Este ponto será mais bem abordado adiante.

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3.4. Técnicas de Controle da Flambagem Lateral

3.4.1. Introdução

As técnicas disponíveis para controle da flambagem lateral podem ser de duas

naturezas, as que propiciam a flambagem em pontos determinados da linha, ou seja, de

forma controlada, e as que impedem a ocorrência da flambagem por meio de mecanismos

ou soluções estratégicas. Muitas técnicas podem ser propostas para ambos os intuitos,

propiciar ou suprimir, e uma parcela destas soluções serão apresentadas neste capítulo.

Um apanhado mais completo destas técnicas é apresentado por KIEN et al [9].

3.4.2. Técnicas de Inibição

Muitas alternativas simples podem ser aqui propostas. A mais simples de todas

seria reduzir a força compressiva no duto, ou pela redução da temperatura e/ou pressão

interna, ou pela redução na espessura de parede do tubo. Contudo, muitos outros fatores

estão envolvidos na operação de uma linha submarina e estas duas opções são

praticamente inviáveis.

Outra opção que se aproveita do alívio da força compressiva da linha é o uso de

spools intermediários de expansão. Estes são posicionados em determinados pontos para

permitirem algum deslocamento axial da linha, reduzindo assim a força axial efetiva. Esta

solução seria uma boa alternativa em detrimento às técnicas de iniciação de flambagem

largamente utilizados, não fosse seu alto custo de implementação.

Figura 3-3 – Spool intermediário de expansão

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Alguns outros métodos baseiam-se puramente no impedindo espacial do duto ao

deslocamento. Com isto não há alívio, mas sim o desenvolvimento de grandes esforços

compressivos. Pode-se aqui citar o enterramento total do duto, o método de rock

dumping, que consiste na deposição de rochas sobre seções da linha, ou a ancoragem

local de alguns pontos.

3.4.3. Snake-Lay

Dentre as três principais técnicas para iniciação da flambagem lateral, sendo elas

o snake-lay, o módulo de bóias e o uso de sleepers, a primeira é considerada a menos

confiável em termos de garantia de flambagem.

Esta técnica consiste em um lançamento em zig-zag, na qual a sucessão de

curvaturas promovidas durante o lançamento são os pontos facilitadores do fenômeno da

flambagem. Por ser muito dependente das propriedades do solo, onde em geral reside

grande incerteza, esta técnica é tida como pouco confiável. Outra fonte de incerteza seria

o fato de não termos absoluto controle no raio de curvatura promovido a cada zig-zag.

Contudo, este raio pode ser relativamente bem controlado com o uso de dispositivos

instalados no pré-lançamento, que propiciam raios de curvatura muito menores do que os

possíveis de serem realizados unicamente em função do atrito duto x solo durante a

instalação.

Figura 3-4 – Snake-lay, lançamento em zig-zag. Vista de topo e fora de escala

Esta técnica foi utilizada com sucesso em alguns projetos, conforme retratado em

[21].

Flambagem

Duto

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3.4.4. Módulo de Bóias

Conforme o próprio nome indica, por este processo são instalados módulos

flutuantes em determinados trechos ao longo de toda a linha. Usualmente, estas bóias

não são projetadas para afastar o tubo do solo, mas tão somente reduzir em 80% a 90% o

seu peso submerso em operação nas regiões em que foram aplicadas. Com isto, reduz-

se o atrito e portanto a resistência do solo sobre o duto, reduzindo por consequência a

força crítica de flambagem neste ponto. Além disto, as imperfeições geométricas verticais

também contribuem para a iniciação da flambagem.

Figura 3-5 – Representação de um módulo de bóias

3.4.5. Sleepers

Este método considera o uso de promovedores de imperfeições verticais para dar

início ao fenômeno da flambagem. Os sleepers são estruturas lançadas anteriormente ao

processo de instalação da linha, sendo esta lançada sobre ele.

O princípio de aplicação de uma imperfeição vertical está também associado a

uma redução na resistência lateral do duto ao deslocamento, tendo em vista que grande

trecho deste permanece suspenso sobre o solo. Isto, por sua vez, reduz localmente a

força crítica de flambagem, o que o torna um facilitador deste fenômeno.

Bóias Duto

Solo

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Figura 3-6 – Representação de um duto apoiado sobre um Sleeper, [16]

Sleepers são estruturas de simples fabricação e fácil instalação, tornando-o

largamente utilizado em projetos diversos, especialmente no Brasil, conforme mostrado

em TANSCHEIT et al [16].

Em função de afastar o duto do solo, o sleeper gera dois vãos livres, ou seja,

trechos suspensos de duto. A ação das correntes oceânicas sobre estes vãos podem

propiciar um processo de fadiga de alto ciclo por Vibração Induzida por Vórtice (VIV).

Logo, quanto maior a altura do sleeper, maior o trecho de duto suspenso e, portanto, pior

em termos de fadiga. Com isto em mente, surge o conceito de dual sleeper, que trata de

reduzir a altura suspensa e com isto os comprimentos dos vãos, por meio da aplicação de

dois sleepers próximos e em paralelo, conforme Figura 3-7.

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Figura 3-7 – Diferença entre um single sleeper e um dual sleeper, [16]

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4. Expansão de dutos

4.1. Conceito

A expansão de dutos submarinos pode ser induzida por alta pressão interna (HP,

high pressure) e por alta temperatura (HT, high temperature). Neste contexto, os dutos

podem estar sujeitos ao fenômeno de flambagem global que, se devidamente controlado,

não resulta em falha do duto. Tubulações para escoamento de óleo são os mais

preocupantes em termos de susceptibilidade à flambagem lateral, visto que o óleo escoa

aquecido e este é o principal indutor da flambagem. Linhas de gás no Brasil, em geral,

não precisam ser projetadas contra flambagem, embora uma breve verificação seja

necessária.

Se um duto está livre para se expandir axialmente, o aumento na temperatura e

pressão durante a operação resultaria no aumento do seu comprimento. Contudo, devido

à restrição axial oferecida pelo atrito entre solo e duto durante a sua expansão, surgem

forças axiais compressivas ao longo de seu comprimento, justamente o que se precisa

para dar início ao mecanismo de flambagem global.

4.2. Formulação da Força Axial Efetiva

De acordo com a norma DNV-OS-F101, [3], a força axial efetiva de um duto

totalmente restrito pode ser descrita conforme a equação 4.1. Esta equação é aplicável

quando se pretende encontrar a força axial efetiva desenvolvida em uma viga totalmente

restrita em ambas as extremidades.

TEAvApHS siio ∆⋅⋅⋅−⋅−⋅⋅∆−= α)21( (4.1)

Onde,

H = Força efetiva residual de lançamento

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∆pi = Variação de pressão interna relativa ao lançamento

∆T = Variação de temperatura relativa ao lançamento

α = Coeficiente linear de expansão térmica

E = Módulo de elasticidade

As = Área da seção transversal de aço do duto

Ai = Área da seção transversal interna do duto (referente ao fluido)

ν = Coeficiente de poisson

A fórmula acima apresentada é composta por parcelas de diversas fontes, que de

acordo com BAI [4] pode ser re-escrita da seguinte forma:

nlvpreso NNNNNS ++++= θ (4.2)

• HNres = : A força residual de lançamento é um parâmetro geralmente obtido a

partir de análises numéricas do processo de instalação, de onde se captura a

tração estática de fundo, gerada pelo peso distribuído do duto e pela forma da

catenária do duto suspenso. Por ser muitas vezes complicado de se obter este

valor de forma precisa, e sabendo-se que seu valor é tipicamente igual ou

maior que zero, uma solução conservadora algumas vezes adotada seria

negligenciar este componente, supondo portanto que H = 0;

• TEAN s ∆⋅⋅⋅−= αθ : A força axial induzida pela temperatura ocorre se o duto

estiver operando em uma temperatura diferente da qual o duto possuía no

momento em que se assentou ao solo. Esta componente é calculada a partir

das conhecidas fórmulas de expansão linear de uma viga reta

( TLL o ∆⋅⋅=∆ α ) unida ao conceito de tensão

∆⋅=⇒⋅=

os L

LE

A

NE θεσ ;

• isp pAN ∆⋅−= : A força axial induzida pela pressão é unicamente a diferença entre

a pressão interna atuante sobre o duto no momento do assento ao solo e a

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pressão de operação. Repare que esta componente é independente da

pressão externa;

• isv pAvN ∆⋅⋅⋅= 2 : A força axial induzida pela tensão circunferencial previne a

contração da seção transversal através do efeito de Poisson;

• nlN : Esta é a força axial induzida pelo deslocamento, gerada pela deflexão do

duto. A priori esta força é desconhecida, mas pode ser estimada localmente

com um estudo de vãos livres ou por meio de análises detalhadas em

elementos finitos de toda a rota.

A força axial efetiva em uma região parcialmente restrita é observada em dutos

curtos, em trechos próximos das extremidades livres de um duto longo ou próximos a

alças de flambagem. Esta força é a máxima força de atrito possível de ser desenvolvida

em um dado local, sendo descrita como:

xWS subf ⋅⋅−= µmax (4.3)

Onde,

µ = Coeficiente de atrito axial

subW = Peso submerso distribuído

x = Distância da extremidade livre até o ponto onde se deseja calcular a força

axial efetiva

4.3. Dutos Curtos e Dutos Longos

Como visto anteriormente, dutos submetidos a variação de temperatura e pressão

tenderão a expandir. Estando o duto parcialmente ou totalmente restrito, alguma força

axial compressiva irá se desenvolver ao longo de seu comprimento. De forma a constatar

a validade dos modelos apresentados na seção anterior, análises simples de elementos

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finitos foram realizadas e comparadas com os resultados das equações. Uma breve

descrição dos modelos numéricos encontra-se no Apêndice B.

Faz-se necessário definir duas denominações distintas para os dutos, de forma a

caracterizar o cenário que iremos tratar. Usualmente os classificamos como dutos “curtos”

ou dutos “longos”.

Dutos curtos são aqueles nas quais a força de atrito total desenvolvida é

insuficiente para restringir por completo o duto. Isto significa que praticamente todo o duto

irá se deslocar sobre o solo, se expandindo nas direções conforme mostram as setas na

Figura 4-1, onde se apresenta uma distribuição típica de força efetiva em um duto curto.

Este ponto de equilíbrio em torno do qual o deslocamento axial se inverte possui o

deslocamento axial nulo e é conhecido como âncora virtual.

Nota: Temperatura constante ao longo da linha. Não se aplicou pressão interna.

Figura 4-1 – Distribuição de força efetiva típica em dutos curtos

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Em dutos longos observa-se que a resistência máxima de atrito do solo é superior

à força requerida para restringir por completo o duto. Com isto, certa porção dele está

completamente restrita enquanto as outras seções, próximas às extremidades livres,

estão parcialmente livres para expandir. Neste caso há a formação de todo um trecho

virtualmente ancorado. Uma distribuição típica de força efetiva em um duto longo é

mostrada na Figura 4-2.

Nota: Temperatura constante ao longo da linha. Não se aplicou pressão interna.

Figura 4-2 – Distribuição de força efetiva típica em dutos longos

Conforme se pode notar, grande compatibilidade entre solução numérica e

analítica foi constatada.

4.4. VAS - Virtual Anchor Spacing

A formação da flambagem lateral em dutos rígidos pode ser descrita usando o

conceito de Virtual Anchor Spacing (VAS). De forma a ilustrar esse conceito, é

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22

apresentado na Figura 4-3 a distribuição da força axial efetiva em um duto de

extremidades fixas, cuja flambagem lateral ocorreu na metade de seu comprimento.

Nota: Foram utilizados valores arbitrários para a geração deste gráfico.

Figura 4-3 – Força axial efetiva em duto flambado com extremidades fixas

A distância entre duas âncoras virtuais (Virtual Anchor) é definida como VAS.

Observa-se nesta figura que no ponto de flambagem, i.e. onde há formação da alça de

flambagem, constata-se um baixo valor de força efetiva, que se mantém baixo à medida

que a flambagem se desenvolve. Toda esta região cuja força efetiva sofre redução pode

ser considerada como “parcialmente restrita”, conforme definições já feitas, e sofre

deslocamento axial sobre o solo. Neste caso, o trecho de duto entre as duas âncoras

virtuais sofre deslocamentos no sentido de formação da alça de flambagem, sendo

portanto o responsável por sua geração.

É possível que vários pontos de flambagem ocorram ao longo de uma tubulação.

Um gráfico esquemático retratando a formação de três alças de flambagem sucessivas é

mostrado na Figura 4-4. Na figura, o VAS para cada flambagem é nomeado de D1 a D3.

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23

Figura 4-4 – Força axial efetiva em duto com vários pontos de flambagem

A presença de uma seqüencia de âncoras virtuais divide a linha em uma

seqüencia de linhas curtas restritas em suas extremidades. Com isso, a resposta da linha

entre duas âncoras virtuais é a mesma do que seria entre duas âncoras reais.

Quanto mais próximas estão as alças de flambagem, i.e. menores os VAS, menor

será o deslocamento axial que alimenta cada alça de flambagem. Com isso, menor será

também a deflexão lateral experimentada pelo duto nas alças.

4.5. VAS tolerável

4.5.1. Definição

Como visto acima, quanto mais pontos de flambagem estiverem sido induzidos à

linha, menores serão os valores de VAS correspondentes. Contudo, quanto mais pontos

de iniciação, menor a confiabilidade geral do sistema, que está relacionada à

probabilidade de ocorrer a flambagem em absolutamente todos os pontos de iniciação.

Portanto, faz-se importante que seja calculado o maior valor seguro de VAS que deva ser

usado como referência para um dado duto em uma dada região.

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24

Para se estimar este valor, conhecido por VAS tolerável, deve-se gerar um modelo

de um duto assentado sobre um solo plano, com um comprimento inicial qualquer, e

submetê-lo às condições máximas prevista para a sua operação na região analisada.

Com os resultados gerados, deve-se checar as cargas oriundas da alça de flambagem

contra os critérios de projeto estabelecidos (serão abordados adiante). Se os critérios

estiverem sendo respeitados, deve-se aumentar o comprimento de duto adotado

inicialmente no modelo e re-executar a análise. Esta operação deve ser repetida até que

algum dos critérios seja excedido, pois o maior comprimento de duto aceitável é o valor

definido como VAS tolerável.

O VAS tolerável depende principalmente das condições operacionais (pressão

interna e temperatura), atritos do duto com o solo, método de iniciação (sleepers, módulo

de bóias, ...) e parâmetros da seção do tubo. Como alguns destes parâmetros variam ao

longo da rota de um duto, conseqüentemente o VAS tolerável deve ser calculado em

vários pontos ao longo da rota. Geralmente este valor é menor na extremidade do duto

onde ocorre a entrada do fluido (inlet) e aumenta ao longo do comprimento do duto, à

medida que as condições operacionais de temperatura e pressão são reduzidas.

4.5.2. Critérios limitantes

Os critérios limitantes adotados para a definição do VAS tolerável estão definidos

abaixo (SAFEBUCK [26]):

• Limite de plasticidade: a deformação nominal máxima desenvolvida no duto

flambado não deve exceder a capacidade de deformação uniforme do material. A este

valor não se deve adicionar qualquer fator de concentração de deformação.

( )he αε −⋅≤ 97,030,0 (4.4)

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25

Onde,

eε = deformação nominal máxima (em tração)

hα = razão entre tensão de escoamento e tensão de ruptura

• Fadiga de baixo ciclo: ao longo do planejamento da vida útil do duto,

estima-se que este sofrerá algumas paradas de operação (shutdown), o que o induz a re-

estabelecer uma nova configuração de equilíbrio entre a forma inicial pré flambagem e a

forma pós flambagem. Estes sucessivos ciclos térmicos, que podem ser gerados por

paradas parciais ou totais, geram ciclos de alta tensão, sendo portanto necessária a

verificação da fadiga de baixo ciclo.

Esta avaliação assume que a fadiga irá ocorrer na solda circunferencial de união

entre os tubos, e não no material de base. Ela se baseia na utilização de curvas SN com o

objetivo de se calcular o dano total sofrido pelo duto durante a operação, que não pode

exceder uma determinada razão pré-estabelecida com base no fator de segurança do

projeto e no percentual de dano permitido para a fase operacional, tendo em vista que

parte do dano de fadiga foi previamente consumido, por exemplo, na fase de instalação

da linha rígida. Esta verificação pode ser realizada com base na norma DNV-RP-C203,

[27].

• Fratura e colapso plástico: Este é um estudo detalhado chamado de ECA

(Engineering Criticality Assessment) e realizado com base na norma BS-7910 [28]. Com

base nos ciclos de tensão, gerados pelos ciclos térmicos na qual se sujeitará a linha, este

estudo tem o objetivo de prever o tamanho admissível de defeito de soldagem que

proporcionaria um crescimento de trinca estável até ao final da vida de projeto do duto.

• Flambagem local: durante a flambagem lateral, o ápice da alça sofre

grandes deformações, podendo inclusive ultrapassar o limite plástico. Portanto, deve-se

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26

verificar este ponto por um critério de flambagem local por deslocamento controlado, cuja

deformação é a variável checada. As equações que serão aqui apresentadas foram

retiradas da norma DNV-OS-F101 [3].

Critério para um duto submetido à deformação compressiva e pressão interna

maior do que a externa:

( )ei

ec

Sd ppquandoppt

≥−

≤ , min2

εγ

εε (4.5)

Critério para um duto submetido à deformação compressiva e pressão interna

menor do que a externa:

( ) ( ) e

msc

c

e

c

Sd ppquandotp

pp

t<≤

−+

min2

min

8,0

2

1

.

0,

γγγ

εε

ε

(4.6)

Onde,

εSd = deformação de projeto

εc = deformação característica (limite)

t2 = espessura de parede do tubo corroído

pe = pressão externa

pmin = pressão interna mínima que pode ser garantida

γε = fator de resistência à deformação

D = diâmetro externo nominal

pi = pressão interna

pc(t2) = pressão de colapso característica (limite)

γSC = fator de resistência da classe de segurança

γm = fator de resistência do material

A deformação característica pode ser calculada por:

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27

( )( ) gwh

b

eec

tp

pp

D

tppt ααε ...75,5101,0.78,0, 5,1

2

min2min2

−+

−=− (4.7)

Onde,

pb(t2) = resistência à pressão do conteúdo

αh = razão mínima entre tensão de escoamento e tensão de ruptura

αgw = fator da solda circunferencial

A deformação de projeto é definida como:

CAACFIEECFFSd γγεγγεγεγγεε ⋅⋅++⋅⋅++⋅+⋅⋅= (4.8)

Onde,

εF = deformação funcional

γF = fator de segurança da parcela funcional

γC = fator de segurança da condição de carregamento

εE = deformação ambiental

γE = fator de segurança da parcela ambiental

εI = deformação de interferência

εA = deformação acidental

γA = fator de segurança da parcela acidental

4.6. VAS de projeto

Uma vez estabelecido o VAS tolerável, pode-se estimar o posicionamento dos

instrumentos de iniciação da flambagem (sleepers, bóias etc.) ao longo da rota. Contudo,

o valor de VAS efetivamente utilizado, chamado de VAS de projeto, é sempre menor do

que o VAS tolerável. Alguns motivos que justificam esta afirmação estão expostos abaixo:

• O número de iniciadores igualmente distribuídos ao longo da rota gera uma

distância entre eles inferior à calculada, pois o VAS tolerável encontrado em geral não é

múltiplo do comprimento da rota;

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• Quando o posicionamento coincide com grandes irregularidades no solo ou

significativas inclinações, devendo o iniciador ser instalado em outro local;

• Quando há tendência à flambagem em locais não desejados, como por

exemplo, em trechos de cruzamentos sobre linhas pré-existentes, podem-se aproximar os

iniciadores destes pontos propositalmente.

4.7. Formulação de Hobbs para Flambagem Lateral

Muitas metodologias para estudar o fenômeno de flambagem lateral já foram

desenvolvidas, conforme constatado em [15], [17] e [18], sendo elas em grande parte

fundamentadas no método de HOBBS ([12], [13]), considerado o mais importante e

largamente referenciado no mundo.

A teoria de Hobbs é baseada no equilíbrio de forças e compatibilidade de

deslocamentos pós flambagem de um duto reto. O duto é tratado como uma viga sob

carregamento axial, a partir do qual se gera uma equação diferencial linear que,

devidamente resolvida, resulta nas formulações descritas adiante.

A relação entre força axial efetiva, Po, e o comprimento da alça de flambagem, L, é

descrita como:

⋅⋅

⋅⋅⋅⋅⋅+⋅⋅⋅⋅+= 1

)(1

2

52

23IE

LWEAkLWkPP

A

sLssAo

µ

µµ (4.9)

Onde,

P = Força axial efetiva na alça de flambagem

µA = Coeficiente de atrito axial

µL = Coeficiente de atrito lateral

As = Área da seção transversal de aço do tubo

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Ws = Peso submerso distribuído

L = Comprimento da alça de flambagem, definido conforme Figura 4-5

I = Momento de inércia da seção do tubo

E = Módulo de elasticidade

A força axial efetiva na alça de flambagem, P, é dada por:

21

L

IEkP

⋅⋅= (4.10)

A máxima amplitude da alça de flambagem, y, é dada por:

4

4 LIE

Wky sL ⋅

⋅⋅=µ

(4.11)

O máximo momento fletor, M, é calculado por:

2

5 LWkM sL ⋅⋅⋅= µ (4.12)

As constantes k1-k5 para os quatro primeiros modos fundamentais estão

apresentadas na Tabela 4-1.

Tabela 4-1 – Constantes para modos de flambagem lateral

Modo: k1 k2 k3 k4 k5 1 80,76 6,39E-05 0,5 0,002407 0,06938 2 39,48 0,000174 1 0,005532 0,1088 3 34,06 0,000167 1,294 0,01032 0,1434 4 28,2 2,14E-04 1,608 1,05E-02 0,1483

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30

Figura 4-5 – Definição do comprimento da alça de flambagem, L, [12]

Abaixo são apresentadas algumas representações gráficas de P x L e Po x L, no

intuito de se verificar a diferença nos perfis de forças para cada um dos principais modos,

supondo uma condição de um duto qualquer onde As=0,019625m2, I=0,0002266m4,

E=207GPa, Ws=1000N/m, µA=0,6 e µL=0,8.

Figura 4-6 – Força na alça de flambagem, P, para os quatro primeiros modos

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Figura 4-7 – Força distante da alça de flambagem, Po, para os quatro primeiros modos

Algumas premissas foram adotadas por Hobbs na geração de sua formulação,

sendo elas:

- O material do duto permanece no regime elástico;

- Imperfeições iniciais não estão sendo consideradas, estando o duto perfeitamente

reto;

- Formulação válida apenas para pequenas rotações;

- A formulação toma como base que o duto tem comprimento suficiente para

desenvolver restrição axial completa fora da zona de flambagem.

A utilização do método de elementos finitos pode sobrepor estas simplificações,

sendo portanto importante a sua aplicação na fase de projeto detalhado de um duto.

Efeito de imperfeições e comparações desta formulação com elementos finitos serão

apresentadas na tese, sendo também encontrados em outras referências, como em

SRISKANDARAJAH [19].

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4.8. Força Crítica de Flambagem

A força crítica de flambagem está diretamente relacionada à susceptibilidade à

flambagem lateral, sendo portanto de extrema importância que seja aqui definida. Define-

se que o duto não está susceptível à flambagem caso a seguinte equação seja

verdadeira:

Smax ≤ Sc (4.13)

Onde Smax é a máxima força compressiva no duto, definida como:

Smax = min(So, Sfmax) (4.14)

Onde,

So = força axial efetiva de um duto totalmente restrito

Sfmax = força axial efetiva de um duto parcialmente restrito

E a força crítica de flambagem, Sc, é definida por:

Sc = min(SOOS, SHobbs) (4.15)

Onde, SOOS é a força crítica associada ao OOS (Out-Of-Straigthness) do duto, i.e.

relacionada ao quão pouco retilíneo está o duto, medido pela curvatura residual de

lançamento. É representada como:

RWS LOOS ⋅⋅= minµ (4.16)

Onde,

minLµ = Atrito lateral mínimo

W = Peso submerso distribuído

R = Raio mínimo de curvatura do duto

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SHobbs é a mínima força de acordo com as formulações de Hobbs para o qual a

flambagem em um duto reto deve ocorrer. Esta força deve ser obtida a partir do ponto de

mínimo das curvas presentes na Figura 4-7. Muito embora se possa estimar este valor de

forma analítica, derivando e igualando a derivada a zero para se encontrar o ponto crítico,

comumente para os modos 1 a 4 de flambagem se encontra estes pontos por processos

iterativos, visto a complexidade das equações. Para o modo infinito de Hobbs, tem-se:

2

29.2crit

HobbsL

IES

⋅⋅= (4.17)

Onde o comprimento crítico, Lcrit, é definido por:

( )

125.0

2

min

3

)(

⋅⋅⋅

⋅=

AEW

IEL

L

critµ

(4.18)

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5. Modelo Numérico

Análises em elementos finitos para a concretização deste estudo poderiam ser

executadas em diferentes softwares comerciais, como por exemplo, Abaqus, Ansys, Sage

Profile 3D (SP3D) e ADINA, sendo este último ainda pouco utilizado no Brasil para esta

aplicação.

BANASIAK et al. [1] apresenta estudos comparativos de flambagem lateral entre

os softwares Abaqus, Ansys e Sage Profile 3D. A principal conclusão obtida foi de que os

resultados para os três softwares mostraram boa concordância em termos de

deslocamento lateral, força axial efetiva e momento fletor, com diferenças inferiores a

10%. Em termos de tensões e deformações, Abaqus e Ansys mantiveram boa

compatibilidade, mas o software SP3D apresentou discrepância em mais de 10% nos

valores obtidos, diferença esta a favor do conservadorismo.

O software adotado ao longo de todo este estudo será o Abaqus FEA [2]. Este é

um software de aplicações gerais que pode ser usado para análises de elementos de

viga, casca ou sólidos, em espaços 2D ou 3D. Possui um módulo dedicado para pré-

processamento (Abaqus CAE) e outro para pós-processamento (Abaqus viewer), muito

embora seus arquivos de entrada e saída possam ser gerados independentemente

destes, utilizando-se apenas linhas de comando, o que o torna altamente capaz de ser

utilizado em processos automatizados.

5.1. Elemento e Malha

Em todas as análises realizadas foram utilizados os elementos do tipo PIPE31H,

que são elementos lineares do tipo PIPE pertencentes a um espaço tridimensional de

modelagem, com dois nós e 12 graus de liberdade, e de formulação híbrida.

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35

Figura 5-1 – Elemento PIPE31H, dois nós e 12 graus de liberdade [2]

Elementos do tipo PIPE são elementos de viga modificados com capacidade de se

aplicar pressão interna e externa, portanto apropriados para a aplicação que se deseja.

A formulação híbrida é largamente recomendada para casos de estruturas muito

esbeltas e problemas de contato, tal como uma tubulação sendo lançada no solo marinho.

Elementos híbridos possuem alguma superioridade em casos numericamente

complicados de se calcular forças axiais e cisalhantes em vigas. O problema é que em

alguns casos uma pequena diferença nas posições nodais pode causar grandes forças

em outras partes do modelo, causando conseqüentemente grandes deslocamentos em

outras direções. Os elementos híbridos superam esta dificuldade pela utilização de uma

formulação mais geral onde forças axiais e cisalhantes são incluídas no elemento como

variáveis primárias junto aos deslocamentos e rotações. Embora esta formulação gere

uma demanda maior de cálculo, tornando a análise mais demorada, ela em geral

converge mais rápido, especialmente em casos onde o duto sofre grandes rotações.

Quanto à malha, refinamentos locais foram realizados para redução gradual do

tamanho do elemento, de tal forma que a alça de flambagem não possua elementos

maiores que duas vezes o diâmetro do tubo, conforme recomendação de BRUTON et al

[20]. Ainda, para garantir a suavidade da malha e com isso a acurácia dos resultados,

dois elementos vizinhos de diferentes tamanhos não terão diferença em seus

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36

comprimentos superior a cinco vezes o do outro. Este nível de refino proposto foi testado

nas análises utilizadas para a presente tese e mostrou de fato ser adequado.

Mantém-se ativa em todos os steps de todas as análises a opção de não

linearidade, visto as diversas fontes de não linearidade contidas nos modelos, onde se

destacam a teoria de grandes deslocamentos, material não-linear e contato não-linear.

5.2. Elementos Finitos x Formulação de Hobbs

Esta seção tem como objetivo comparar resultados analíticos para flambagem

lateral de dutos retos obtidos por Hobbs com análises em elementos finitos para algumas

diferentes condições de imperfeições iniciais.

As imperfeições iniciais foram provocadas artificialmente no modelo por meio de

um deslocamento induzido no ponto central do duto, de tal forma que a flambagem ocorre

preferencialmente neste ponto.

Conforme já previsto por HOBBS [12], o modo 3 de flambagem é o mais comum

quando a flambagem ocorre sobre o solo, sendo também observado nos resultados

numéricos, conforme Figura 5-2.

Figura 5-2 – Análise de EF retratando o 3° modo de flambagem lateral

Neste modelo não se definiu uma redução para a tensão de escoamento em

função da temperatura, tendo sido mantido um valor fixo de 450MPa.

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O duto tem comprimento suficiente para desenvolver restrição axial completa fora

da zona de flambagem, conforme pode ser evidenciado na Figura 5-3. Para isto foi

considerado um modelo de 30km de extensão com extremidades fixas, onde a iniciação

da flambagem ocorre no centro, ou seja na posição de 15km.

Figura 5-3 – Força axial efetiva ao longo do duto para várias temperaturas

Dados gerais para esta análise estão apresentados na Tabela 5-1.

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Tabela 5-1 – Dados de entrada das análises comparativas

Parâmetro Valor

Variação de temperatura 0°C a 100°C

Diferencial de pressão -

Atrito lateral 1,2

Atrito axial 0,4

Peso distribuído 1000 N/m

Diâmetro externo do duto 323,85mm

Espessura do duto 20,6mm

Módulo de Elasticidade 207GPa

Diferentes imperfeições laterais foram aplicadas no centro do duto, de tal a testar

diferentes condições de flambagem. Estas imperfeições foram aplicadas como um

deslocamento lateral prescrito no ponto central e podem ser observadas nos gráficos

adiante.

Embora a formulação de Hobbs tenha sido concebida para um duto reto em

regime elástico e com formulação de pequenas rotações, moderada concordância entre

formulação analítica e resultados em elementos finitos foi constatada.

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Figura 5-4 – Força axial efetiva na alça de flambagem, EF x Hobbs

Figura 5-5 – Força axial efetiva distante da alça de flambagem, EF x Hobbs

A Figura 5-5 apresenta o fenômeno de snap-through, também previsto na norma

DNV-RP-F110 [25]. Este fenômeno é observado em estruturas que possuem um ponto

limite de instabilidade. Se a carga é aumentada infinitesimalmente além de sua carga

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40

crítica, a estrutura experimenta uma grande deformação até uma diferente configuração

estável distante da configuração original.

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41

6. Análise de Confiabilidade

Confiabilidade, de forma bastante sucinta, está relacionado à probabilidade de um

determinado evento não exceder um limite especificado durante um determinado tempo

de referência ([36], [37]).

Um clássico exemplo usado para retratar este conceito é o de um elemento de

cabo de resistência R submetido a uma carga de valor S, podendo as variáveis R e S

obedecer a distribuições probabilísticas quaisquer. Para este exemplo, a probabilidade de

falha, Pf, pode ser descrita como a probabilidade de R ser menor do que S, o que

ocasionaria a ruptura do cabo, ou seja:

Pf = P[R ≤ S] = P[Z ≤ 0] (6.1)

Z = R – S (6.2)

Onde Z é a função de falha do dado problema. Neste exemplo, a representação

gráfica da função de falha é uma reta (Figura 6-1), mas em problemas diversos esta

função pode assumir comportamento não linear.

Figura 6-1 – Representação da função de falha no espaço das variáveis físicas

Superfície de Falha (Z=0)

Região de falha

Região segura

R

S

S

R

R>S ou

Z>0

R≤S ou

Z≤0

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42

Para o exemplo acima, diz-se que o sistema ‘falha’ quando ocorre a ruptura do

cabo, ou seja, quando a carga S é superior à resistência R. O termo ‘falha’, contudo, não

está associado à ruptura ou colapso de uma estrutura, mas tão somente ao não

cumprimento de um dado objetivo que se pretendia alcançar. Para o estudo desta tese, a

falha estará relacionada à não verificação da flambagem lateral do duto sobre algum dos

sleepers posicionados ao longo da rota. Portanto, a confiabilidade neste caso está

relacionada à probabilidade de ocorrer a flambagem nos dados locais planejados de

acordo com a técnica de iniciação utilizada. Métodos diversos, em sua maioria utilizando

técnicas analíticas, são descritas por [22] e [23].

O presente capítulo tem o objetivo de apresentar alguns importantes métodos de

confiabilidade mencionados na literatura e disseminados no mercado.

6.1. Variáveis Randômicas

Os dados de entrada de um problema podem ser distinguidos entre

determinísticos ou probabilísticos. Variáveis determinísticas são aquelas que podem ser

representadas por um valor único, em razão de representarem uma característica cuja

variação possa ser considerada desprezível ou apenas irrelevante para o dado problema.

Por outro lado, uma variável de natureza probabilística (ou randômica) é aquela cuja

incerteza na consideração de seu valor nos obriga a representá-la não de forma absoluta,

mas através de uma função de distribuição onde se associam seus possíveis valores com

diferentes possibilidades de ocorrência. Uma variável randômica, portanto, é representada

por uma função densidade de probabilidade, usualmente chamada de função de

distribuição de probabilidades (PDF, Probability Density Function).

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43

Na Figura 6-2 pode-se observar um exemplo onde se apresenta a PDF de uma

variável x. A probabilidade da variável x assumir valores entre x1 e x2, dado que fx(x) é a

sua PDF, pode ser calculado pela equação abaixo.

dxxfxxxx

xx )(][ P

2

121 ∫=≤≤ (6.3)

Figura 6-2 – PDF e representação gráfica da probabilidade P[x1≤x≤x2]

Na literatura existem muitas funções teóricas que podem ser utilizadas para

representar a PDF de uma variável. A escolha de uma ou outra para representar uma

determinada variável passa basicamente por um processo de ajuste em relação aos

dados medidos (ou observados) frente a uma determinada amostragem. No presente

trabalho, utilizam-se apenas dois tipos de função, a uniforme e a normal (ou gaussiana),

cujos perfis são retratados na Figura 6-4.

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44

Figura 6-3 – Distribuição uniforme (esquerda) e normal (direita)

6.2. Métodos de Confiabilidade

6.2.1. FORM

FORM (First Order Reliability Method) é um método eficiente de cálculo de

confiabilidade de primeira ordem que determina a probabilidade de falha através das

seguintes etapas:

i. transformação do espaço das variáveis físicas de um problema (x1, x2, ...) em um

espaço de variáveis normais padrões (u1, u2, ...);

ii. procura, no espaço transformado, pelo ponto pertence à superfície de falha que

esteja mais próximo à origem do sistema. Este ponto é conhecido como ponto de

projeto, U*;

iii. ajusta a superfície de falha por um plano (ou hiperplano) tangente ao ponto de

projeto.

A partir da execução das três etapas acima, representadas na Figura 6-4, pode-se

estimar a probabilidade de falha pela equação:

)( β−Φ=fP (6.4)

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Onde Φ é a função cumulativa normal padrão e β é o índice de confiabilidade,

definido como a distância do ponto de projeto à origem do sistema de coordenadas

transformadas.

Figura 6-4 – Desenho esquemático de uma análise por FORM, [24]

Se a superfície de falha for linear, o método retorna com solução exata. Caso não

seja, a precisão desta aproximação depende do nível de não linearidade da superfície de

falha. Portanto, sempre que o método de FORM for utilizado em algum projeto pela

primeira vez, deve-se realizar análises comparativas utilizando-se outros métodos, em

geral Monte Carlo, para validar seus resultados.

6.2.2. SORM

Se a função de falha for de natureza não linear e a aproximação linear proposta

pelo método de FORM não for suficiente para retratá-la com precisão, pode-se utilizar

métodos de aproximação de ordem mais elevada para ajuste à superfície de falha.

A aproximação por superfície quadrática no ponto de projeto é chamada de SORM

(Second Order Reliability Method). As etapas de utilização do método de SORM

consistem das mesmas três etapas apresentadas para o método de FORM, com a

exceção de que o ajuste da superfície deixa de ser por uma superfície linear e passa a ser

por uma superfície quadrática, Figura 6-5.

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46

Figura 6-5 – Avaliação de confiabilidade por FORM e SORM

6.2.3. Monte Carlo

O método de Monte Carlo [37] é um método de amostragem artificial utilizado na

solução de experimentos aleatórios onde se tem conhecimento das distribuições de

probabilidade das variáveis envolvidas. A simulação pelo método de Monte Carlo consiste

na estimativa da probabilidade de falha associada a um estado limite a partir da seguinte

metodologia:

i. Gerar números aleatórios para cada variável analisada de acordo com suas

funções de distribuição;

ii. Para cada amostra de variáveis criadas pseudo-aleatoriamente, verifica-se se há

violação do estado limite estabelecido, ou seja se as variáveis geradas criam um

cenário onde a função de falha é excedida;

iii. Acompanha-se o valor de probabilidade de falha calculado ao longo das

simulações. Este valor deve convergir uma vez que sejam gerados um número

suficiente de casos.

Superfície de Falha

Região de

falha

Região

segura

U1

U2

Aprox.

Linear

(FORM)

Aprox.

Quadrática

(SORM)

U*

β

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47

Para a geração dos valores das variáveis básicas, recorre-se a um algoritmo

computacional, de geração de sequências de números. Quanto à estimativa da

probabilidade de falha, esta pode ser encontrada por:

N

NP

f

f = (6.5)

Onde Nf é o número de casos de simulação na qual a função de falha é excedida

(Z≤0) e N é o número total de simulações.

À medida que N se torna infinitamente grande, Pf se aproxima do resultado exato.

Para que se saiba o momento em que a probabilidade de falha convergiu para um valor

aceitável, pode-se medir em paralelo a sua variância. Para pequenos valores de Pf, pode-

se expressá-la como:

N

P

N

PPPVar

ff

ff ≅−

⋅=)1(

)( (6.6)

Para problemas gerais do setor offshore, é comum estabelecer um limite anual

para Pf de 10-3 a 10-5 (DNV-OS-F101, [3]), de acordo com a classe de segurança. Como a

variância é inversamente proporcional a N, um número alto de simulações deve ser

realizado para a obtenção de valores confiáveis de Pf.

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Figura 6-6 – Avaliação de confiabilidade por Monte Carlo

Por ser possível definir a probabilidade de falha com suficiente precisão mesmo

para funções de falha de grande não linearidade, o método de Monte Carlo é,

freqüentemente, adotado para validar outras técnicas aproximadas, tal como FORM e

SORM.

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7. Análise e Resultados

O presente capítulo irá apresentar todas as bases de cálculo e premissas,

metodologia detalhada e os resultados do estudo desenvolvido. A estrutura dos sub-

tópicos deste capítulo foi organizada de tal forma a se orientar a partir do cronograma

proposto na Figura 7-1.

Figura 7-1 – Procedimento de aplicação do projeto

Tal como qualquer projeto ou estudo, o desenvolvimento deste processo tem início

com a reunião das bases de projeto, ou seja, com a definição dos valores de cada

variável importante ao estudo e também com a definição do cenário geral que se pretende

Cálculo do VAS tolerável

Bases do

projeto

VAS de projeto

Determinação da curva de

falha

Simulações por Monte

Carlo

Probabilidade de falha

aceitável?

VAS pode ser

aumentado?

Sistema confiável

sim

sim

não

não

Rever método de iniciação

Verificação de susceptibilidade

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abordar. Aqui se apresenta também o método de iniciação proposto para tornar suscetível

a flambagem lateral, assim como suas características.

Uma vez que se tenha reunido os dados de entrada do projeto, caminha-se para o

próximo passo do fluxograma – a verificação da susceptibilidade do duto à flambagem.

Esta primeira verificação é imprescindível no projeto de quase todo duto rígido, pois neste

ponto se define se o duto possui ou não tendência de flambar em um ou mais trechos ao

longo de sua extensão. A metodologia de cálculo se baseia nas formulações já

apresentadas para cálculo da força axial efetiva ao longo do duto e as compara com as

forças críticas de flambagem calculadas conforme formulações de Hobbs e OOS,

seguindo as premissas descritas na seção 4.8. Esta etapa é puramente analítica e

desenvolvida no software Mathcad [39], cuja planilha se encontra no ANEXO E. Nesta

etapa se conclui se haverá necessidade de prosseguir com a realização de um projeto

termomecânico.

A próxima etapa do processo tem como objetivo a determinação do VAS tolerável,

o máximo VAS aceitável que se poderá adotar nas subseqüentes análises de

confiabilidade, caracterizando-se como um importante passo para a definição de um valor

coerente de VAS, na qual se garante que, independente da combinação das variáveis

probabilísticas de projeto, o compromisso com a integridade estrutural do duto estará

garantida.

Com base no valor do VAS tolerável e também no comprimento total do duto

submarino, pode-se definir um ou mais valores de VAS de projeto, no intuito de se avaliar

a confiabilidade de cada um deles. Quanto menor o VAS de projeto, se espera que menor

seja a confiabilidade do sistema associada à flambagem sobre os sleepers.

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O próximo passo consiste na construção dos modelos em elementos finitos cujo

duto possua comprimento igual ao VAS de projeto. Uma grande quantidade de análises

em elementos finitos será realizada a partir das possíveis combinações das variáveis

probabilísticas. O intuito destas será retornar a força crítica de flambagem característica

de uma série de cenários possíveis, definindo com isso as curvas/superfícies de falha da

análise de confiabilidade.

Uma vez definida a superfície de falha através da força crítica de flambagem,

pode-se realizar as gerações amostrais das variáveis probabilísticas dentro de suas

curvas de densidade de probabilidades pré-definidas. Os valores de força axial efetiva

que se caracterizarem como falhas, mediante sua comparação com o valor crítico dado

pela curva de falha, contribuirão para a estimativa da probabilidade de falha sobre um

dado sleeper. A este processo de geração de amostras artificiais e comparação com a

curva de falha para estimativa da confiabilidade do problema se denomina método de

Monte Carlo.

Conhecendo-se a probabilidade de falha sobre um dado sleeper, generaliza-se o

resultado para encontrar a probabilidade de falha de todo o sistema. Se a probabilidade

de falha de todo o sistema for confiável, tem-se o fim do processo. Caso não o seja, pode-

se partir para a avaliação de um VAS de projeto maior do que o anteriormente suposto,

mas que obviamente respeite o valor de VAS tolerável. Caso não haja a possibilidade de

rever o valor de VAS de projeto, resta apenas a re-avaliação do método utilizado para a

iniciação da flambagem.

Uma descrição sucinta de cada etapa está apresentada adiante.

Tabela 7-1 – Descrição sucinta das principais etapas do projeto

Bases do Apresentação de todos os dados de entrada do projeto e do método

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projeto proposto de iniciação.

Verificação de Susceptibilidade

Verifica-se se o duto estará sujeito, em uma ou mais regiões ao longo

de sua extensão, ao fenômeno da flambagem. Com isso se determina

a necessidade de se prosseguir com o projeto termo-mecânico.

Cálculo do VAS tolerável

Utilização de modelos em elementos finitos para cálculo do VAS

tolerável.

VAS de projeto Suposição de um VAS de projeto, para uso nas análises de

confiabilidade. Este valor deve ser menor do que o VAS tolerável.

Determinação da curva de

falha

Preparação da seqüência de análises em elementos finitos com

diferentes parâmetros, na intenção de definir as curvas/superfícies de

falha das análises de confiabilidade.

Simulações por Monte Carlo

Uma vez estabelecida a função de falha do estudo, simulações serão

geradas para encontrar o percentual de casos de falha, caracterizando

a probabilidade de falha.

7.1. Bases do Projeto

7.1.1. Método de Iniciação

Por se tratar de um método de baixo custo e alta eficiência, serão utilizados

sleepers para se promover a flambagem lateral.

Conforme já mencionado, um sleeper é uma estrutura instalada anteriormente ao

processo de instalação da tubulação, a qual é lançada sobre ele. Com a passagem do

duto submarino sobre o sleeper, dois trechos de duto suspensos se formarão um de cada

lado. Este afastamento do solo proporciona localmente uma redução na força de atrito

que surge em reação à tendência de expansão da linha durante a sua pressurização e

aquecimento. Esta redução no atrito associado à imperfeição vertical que se caracteriza

pela passagem do duto sobre o sleeper são os principais motivos que proporcionam a

flambagem lateral do duto nesta posição, em função de reduzirem a força crítica de

flambagem.

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Figura 7-2 – Exemplo de sleepers (cortesia Subsea 7)

Outro importante parâmetro relacionado ao uso de sleepers é a imperfeição lateral

do duto sobre este, ou em outras palavras, o desvio lateral ocorrido na rota durante o

lançamento. Enquanto o duto está sendo lançado, a embarcação navega no sentido de

seguir a rota pré-definida no projeto. Esta rota é projetada como um “corredor de

lançamento”, onde certa variação lateral é permitida. De modo a exemplificar o corredor

de lançamento e o desvio lateral que ocasiona a imperfeição sobre o sleeper, apresenta-

se a figura abaixo, onde a título de ilustração consta um corredor de +/- 20m de tolerância.

Figura 7-3 – Uma das origens da imperfeição lateral sobre o sleeper

-20m

+20m

Rota de

projeto Duto lançado,

com seus

desvios laterais

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Esta imperfeição lateral inicial contribui na determinação da força crítica de

flambagem e será, portanto, considerada. Como seu valor é altamente impreciso na fase

de projeto, pois depende das condições de lançamento, esta variável é freqüentemente

estudada como sendo de natureza probabilística, cuja função densidade de probabilidade

pode ser estimada com base em projetos passados. Para o presente projeto, imperfeições

laterais típicas medidas serão utilizadas para manter a coerência do estudo, mas deve-se

notar que estas não possuem correlação direta com um projeto real.

200 300 400 500 600 700 800 900 1 103

×

0

1 103−

×

2 103−

×

3 103−

×

x

Figura 7-4 – Imperfeição lateral como variável probabilística

Características do sleeper adotadas nas análises estão presentes na Tabela 7-2.

Tabela 7-2 – Parâmetros do sleeper

Parâmetro Valor Unidade Natureza

Altura total do sleeper 1,0 m Determinística

Atrito lateral (Duto x Sleeper)

0,2 - Determinística

Atrito axial (Duto x Sleeper)

0,2 - Determinística

Imperfeição lateral do duto sobre o sleeper

µ = 600 mm

Função de distribuição

normal σ = 100

µ = 600mm

σ = 100mm

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7.1.2. Dados de Entrada

Neste capítulo serão apresentados todos os dados de entrada utilizados no

projeto, entre eles dados de material, dimensionais, operacionais e fatores de segurança

indicados por normas de projeto.

Propriedades de material do tubo e do revestimento podem ser encontradas na

Tabela 7-3.

Tabela 7-3 – Dados de material do tubo e revestimento

Parâmetro Valor Unidade

Tubo

Material API 5L X65 (Aço C-Mn) -

Tensão de escoamento mínima especificada (SMYS)

450 MPa

Tensão de ruptura mínima especificada (SMTS)

530 MPa

Coeficiente de Poisson 0,3 -

Módulo de elasticidade 207 GPa

Densidade 7850 kg/m3

Coeficiente de expansão térmica linear 11,7 x 10-6 1/°C

Revestimento Material Polipropileno --

Densidade 900 kg/m3

De acordo com PALMER [5], o material mais utilizado mundialmente para a

fabricação de dutos de escoamento de óleo e gás é o aço carbono-manganês (C-Mn), por

questões econômicas. Estes dutos são em geral fabricados segundo a especificação API

5L, [10], para diferentes graus. Como pôde ser visto na tabela acima, o material do duto

adotado nesta dissertação é classificado de acordo com esta especificação.

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Para caracterização do regime elástico do aço, faz-se necessário definir dois

únicos parâmetros - o seu módulo de elasticidade e o seu coeficiente de Poisson. No

contexto das análises de VAS tolerável, onde se verifica o estado pós-flambagem do duto,

e tendo em vista que nesta condição o duto pode sofrer deformação plástica, faz-se

necessário caracterizar também suas propriedades plásticas. Para caracterização do

regime plástico, adotar-se-á um modelo de material elástico-perfeitamente plástico na

representação da curva tensão x deformação do aço. Este modelo está alinhado com

recomendação dada por BRUTON et al [20].

Importante notar que a tensão de escoamento e o módulo de elasticidade do aço

reduzem com o aumento da temperatura, enquanto que o coeficiente de expansão

térmica aumenta com o aumento da temperatura. Não se pretende aqui representar esta

variação no módulo de elasticidade ou no coeficiente de expansão térmica, visto ser

pouco significativa esta mudança. Contudo, a variação da tensão de escoamento será

representada e pode ser vista na Tabela 7-4 (em acordo com a norma DNV-OS-F101 [3]).

Tabela 7-4 – Redução da tensão de escoamento com a temperatura

Temperatura [ºC]

Redução na tensão [MPa]

50 0

100 30

200 70

Interpolações serão realizadas automaticamente pelo Abaqus para valores

intermediários de temperatura.

Dados dimensionais do tubo e do revestimento podem ser visualizados na Tabela

7-5.

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Tabela 7-5 – Dados dimensionais do tubo e revestimento

Parâmetro Valor Unidade

Tubo

Diâmetro externo 323,85 mm

Espessura 20,6 mm

Espessura de corrosão 3 mm

Revestimento Espessura 50 mm

A densidade considerada para a água do mar será de 1025kg/m3.

A título de cálculo do VAS de projeto, se suporá que o duto possui apenas 18km

de extensão, a uma profundidade considerada constante e igual a 1000m.

A título do estudo, as condições operacionais serão consideradas constantes ao

longo do modelo e estão apresentadas na Tabela 7-6.

Tabela 7-6 – Dados operacionais

Parâmetro Valor Unidade

Fluido de operação Óleo -

Densidade do fluido de operação 800 kg/m3

Temperatura 70 °C

Pressão interna 15 MPa

Parâmetros e coeficientes dos critérios estão definidos na Tabela 7-7.

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Tabela 7-7 – Parâmetros e coeficientes dos critérios

Descrição Símbolo Valor

Razão de uma pressão não prevista e de projeto γinc 1,10

Fator de limite de resistência do material αU 0,96

Razão entre tensão de escoamento e tensão de ruptura αh 0,89

Fator da solda circunferencial αgw 1,0

Fator de resistência do material γm 1,15

Fator de segurança da parcela funcional γF 1,10

Fator de segurança da parcela ambiental γE 1,30

Fator de segurança da condição de carregamento γC 1,07

Fator de resistência da classe de segurança γSC 1,14

Fator de resistência à deformação γe 2,50

Fator de fabricação αfab 1,0

Ovalização inicial fo 3%

Dados de solo estão apresentados na Tabela 7-8. As siglas LB, BE e UB indicam

Lower Bound, Best Estimate e Upper Bound, respectivamente.

Tabela 7-8 – Dados de solo

Parâmetro Valor Unidade

Tipo de solo Areia -

Rigidez vertical 200 kN/m/m

Atrito Axial

LB 0,40 -

BE 0,75 -

UB 1,10 -

Atrito Lateral

LB 0,60 -

BE 1,20 -

UB 1,70

Em termos de VAS tolerável, de forma a majorar os esforços esperados na região

da alça de flambagem, utiliza-se a combinação de atrito axial LB e atrito lateral UB em sua

determinação. O motivo para esta escolha é fundamentada no fato de que um alto atrito

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lateral aumenta a curvatura na alça de flambagem, e ao mesmo tempo quanto menor o

atrito axial, maior será a região de alimentação da alça formada, ou seja, maiores serão

os trechos de duto que se deslocarão axialmente no sentido de contribuir com a formação

da alça de flambagem. Estes dois efeitos contribuem com o aumento da deformação

longitudinal compressiva, retratando com isso a condição mais desfavorável que se

poderia ter combinando os atritos.

Em termos de análise de confiabilidade, os dados de atrito entre duto e solo são

considerados como variáveis probabilísticas, mediante seu alto nível de incerteza. As

funções densidade de probabilidade do atrito axial e lateral são apresentadas na Tabela

7-9 para duas diferentes considerações, supondo distribuição uniforme ou normal.

Tabela 7-9 – Atrito Lateral e Atrito Axial como variáveis probabilísticas

Caso 1 - Distribuição

Normal

Atrito axial

µ 0,75

σ 0,10

Atrito lateral

µ 1,20

σ 0,15

Caso 2 - Distribuição

Uniforme

Atrito axial

a 0,40

b 1,10

Atrito lateral

a 0,60

b 1,70

A título de simplificação, a tração residual resultante do processo de instalação do

duto será considerada nula.

Uma vez que a principal resposta esperada seja a probabilidade de falha do

sistema, precisa-se definir um valor máximo aceitável como critério de projeto.

Referências do mercado offshore, como a norma DNV-OS-F101 [3], costumam definir

probabilidades de falha aceitáveis de acordo com a classe de segurança adotada. Para

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condições de duto em operação e local de flambagem com mais de 500m de distância de

qualquer plataforma, que é justamente o cenário habitual, a classe de segurança média é

aplicável, indicando, por conseguinte, uma máxima probabilidade de falha de 10-4 (ou

0.01%, percentualmente). Em termos práticos, isto significa que no máximo 1 simulação a

cada 10000 poderia falhar para que o critério seja cumprido. Em suma, aplicar-se-á neste

trabalho o critério de falha máxima aceitável de 10-4, conforme recomendação da DNV-

OS-F101 [3]. Contudo, apenas como informação, valores inferiores a este já foram aceitos

em outros projetos [38].

7.2. Cálculo do VAS tolerável

7.2.1. Dados Gerais

As análises de VAS tolerável devem a princípio ser geradas para vários trechos do

duto. Contudo, o objetivo aqui é apenas estimar um valor em uma dada região onde será

posicionado o sleeper.

Estas análises consistem basicamente de um duto bi-engastado assentado sobre

um solo plano e com um sleeper posicionado na metade do seu comprimento. Sucessivas

análises serão rodadas até que o critério limite seja alcançado. A análise imediatamente

anterior à que excedeu o critério conterá o maior comprimento permitido de duto, sendo

este o máximo comprimento tolerável entre duas alças de flambagem consecutivas, ou

seja, o VAS tolerável.

Os critérios limitantes utilizados para checar a integridade estrutural do duto serão

apenas os de limite de plasticidade e de flambagem local (seção 4.5.2), visto que uma

avaliação de fadiga de baixo ciclo envolveria algumas outras disciplinas não possíveis de

serem abordadas nesta tese. Para aplicação do critério de flambagem local, captura-se da

análise de elementos finitos a deformação mecânica longitudinal compressiva máxima

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61

verificada no ápice da alça de flambagem. A deformação mecânica é calculada a partir da

deformação total, excluindo-se a contribuição térmica no valor desta deformação.

Antes de se utilizar o valor de deformação mecânica na verificação do critério,

deve-se majorá-lo através de um fator de concentração de deformação (SNCF, StraiN

Concentration Factor), comumente calculado por meio de análises detalhadas em

elementos finitos, onde se representa em detalhes o tubo de aço, o revestimento do tubo

e o revestimento aplicado no entorno da região soldada entre dois tubos. A aplicação

deste fator objetiva contemplar o efeito local de concentração ocasionado tão somente

pelos revestimentos na região da junta de campo, pois variações na espessura de parede

entre os tubos soldados e desalinhamentos de soldagem já estão contemplados nos

fatores parciais de segurança utilizados na aplicação do critério. Análises em elementos

finitos foram executadas e o resultado se encontra na Tabela 7-10. Uma imagem do

modelo utilizado pode ser vista na Figura 7-5, enquanto que detalhes desta análise estão

presentes no Apêndice D.

Tabela 7-10 – SNCF calculado

Deformação Longitudinal Compressiva

SNCF Distante da

concentração Valor máximo

0,97% 1,39% 1,43

Figura 7-5 – Modelo em EF para cálculo do SNCF

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62

O modelo numérico de VAS será primeiramente executado com um duto de

extensão qualquer. Dependendo se a condição limite estabelecida for atingida, o duto

será aumentado ou diminuído e nova análise será executada. Uma sucessão de análises

serão rodadas até o resultado definitivo, conforme melhor exposto no fluxograma da

Figura 7-6.

Figura 7-6 – Fluxograma do cálculo do VAS tolerável

Aumentar

comprimento

do duto

Reduzir

comprimento

do duto

Critério

excedido?

Leitura dos resultados

e aplicação dos

critérios

Executar

análise

Geração

do modelo

em EF

VAS

tolerável

Sim Não

Independe (*)

(*) Gerou-se casos

suficientes para definir o

VAS com precisão desejada

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63

7.2.2. Elementos Finitos

Longos modelos de elementos finitos foram construídos para representação do

fenômeno, conforme se verifica na Figura 7-7. Como as duas extremidades do duto

devem representar âncoras virtuais, todas as duas foram devidamente fixadas.

Figura 7-7 – Modelo em EF para cálculo do VAS tolerável

O solo e o sleeper são modelados como superfícies analíticas rígidas. A lei de

atrito de Coulomb foi utilizada para representar o contato entre solo e duto, tendo sido

especificado o mínimo fator (LB) de atrito axial residual junto ao máximo fator (UB) de

atrito lateral.

Aplicou-se o peso do duto por meio de carregamento distribuído, de tal forma que

os pesos do aço, revestimento, fluido interno e o empuxo fossem todos contabilizados.

Conforme se notará na Figura 7-8, um comprimento variável de elemento foi

utilizado ao longo do duto, contudo que o menor tamanho de elemento na alça de

flambagem respeitasse o limite pré-estabelecido de duas vezes o diâmetro do tubo,

Ampliação da

imagem

sleeper solo plano

Duto com imperfeição

lateral (fora de escala)

Vista global do modelo

Extremidade

fixa Extremidade

fixa

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conforme definido na seção 5.1. Nesta figura, os nós dos elementos estão representados

pelo símbolo X. O elemento adotado foi o PIPE31H.

Figura 7-8 – Refinamento de malha do modelo

7.2.3. Resultados

No processo iterativo utilizado, iniciaram-se as análises com um comprimento

relativamente curto de duto, aumentando gradativamente o comprimento e refinando

quando o resultado já se mostrava aparente.

Para comparação do critério de flambagem local pela norma DNV-OS-F101 [3],

captura-se do modelo a deformação mecânica gerada no ápice da alça de flambagem. A

deformação mecânica foi obtida a partir da soma da componente elástica e plástica da

deformação longitudinal, excetuando-se a deformação térmica, o qual não oferece risco

em termos de colapso local. Ainda, multiplica-se este valor por um fator de concentração

de deformação (SNCF), majorando a deformação mecânica.

Para comparação do critério por limite de plasticidade, captura-se do modelo o

valor de deformação plástica equivalente.

Vale notar que todos os valores de deformação obtidos do modelo numérico são

os mais críticos ao longo da seção do elemento de tubo.

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Foi gerada uma planilha no software Mathcad [39] para cálculo dos critérios, a qual

está disponível no Apêndice A.

A Tabela 7-11 apresenta os resultados obtidos, de onde se conclui o valor de VAS

tolerável como sendo o maior VAS possível que atenda os critérios requeridos.

Tabela 7-11 – Resultados das análises numéricas do VAS tolerável

VAS [km]

Alça de flambagem

[m]

Força axial efetiva na alça [kN]

Flambagem Local Limite de Plasticidade

Ambos criterios

atendidos?

Deformação Nominal

(compressiva) com SNCF

Criterio

Deformação Nominal (trativa)

sem SNCF

Critério

2,0 7,9 -208 0,48% 1,35% 0.30% 2,40% sim

3,0 9,6 -184 0,98% 1,35% 0.62% 2,40% sim

3,3 10,1 -178 1,24% 1,35% 0.77% 2,40% sim

3,4 10,2 -176 1,32% 1,35% 0.81% 2,40% sim

3,5 10,4 -174 1,45% 1,35% 0.90% 2,40% não

3,6 10,5 -172 1,63% 1,35% 1.03% 2,40% não

4,0 11,1 -166 2,35% 1,35% 1.50% 2,40% não

5,0 12,3 -153 4,73% 1,35% 3.10% 2,40% não

Apresentam-se, nas figuras abaixo, imagens obtidas das análises para um dos

casos analisados. Observa-se pela Figura 7-9 e Figura 7-10 as imperfeições aplicadas,

tanto verticalmente (ação do sleeper) quanto lateralmente (simulando desvio residual de

lançamento).

Figura 7-9 – Vista de topo de uma análise de VAS tolerável

sleeper

Duto, forma pós-flambagem

Duto, forma pré-

flambagem

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Figura 7-10 – Vista lateral de uma análise de VAS tolerável

A Figura 7-9 mostra também que o modo 1 de flambagem foi verificado, sendo

este o de ocorrência mais comum quando se trata de flambagem lateral sobre um sleeper,

ao contrário do modo 3 que se verifica comumente em dutos flambados diretamente sobre

o leito marinho, conforme constatado na seção 5.2.

A Figura 7-11 mostra a seqüência de carregamento térmico e sua implicação na

alça de flambagem. Nesta figura, dT significa variação de temperatura.

Figura 7-11 – Seqüência de carregamento térmico

sleeper

Duto sobre o sleeper

Leito marinho

dT=0°C dT=20°C

dT=40°C dT=70°C

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7.3. VAS de projeto

Conforme já definido, VAS de projeto é a distância de fato adotada entre duas

âncoras virtuais, mas por conseqüência acabará sendo também a distância usada no

espaçamento entre dois sleepers, necessariamente igual ou menor do que o VAS

tolerável previamente calculado.

Sabendo-se que o duto possui 18km de extensão e partindo da premissa de que

os sleepers serão igualmente espaçados ao longo deste comprimento, pode-se definir os

possíveis valores de VAS de projeto em função de diferentes quantidades totais de

sleepers, respeitando-se sempre o VAS tolerável de 3,4km.

Tabela 7-12 – Possibilidades para o VAS de projeto

Comprimento do duto

18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18

Quantidade de sleepers 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

VAS de projeto 3 2,6 2,3 2,0 1,8 1,6 1,5 1,4 1,3 1,2 1,1 1,1 1,0

Nota: Valores arredondados para uma casa decimal

Algumas destas possíveis soluções serão analisadas. Quanto menor o VAS de

projeto adotado, espera-se que menor seja a confiabilidade do sistema, fato este que será

constatado mais adiante.

7.4. Determinação da Curva de Falha

A probabilidade de falha para o caso a ser analisado é a probabilidade do duto não

flambar sobre um determinado sleeper. Em outras palavras, é a probabilidade de a força

axial efetiva desenvolvida no duto não exceder a força crítica de flambagem. Nesta

condição, não haveria flambagem lateral, o que se constitui uma falha.

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Utilizando-se do conceito de função de falha, define-se que a falha ocorre sempre

que a função de falha Z assume um valor negativo (Z<0), sendo:

Z = Feff – Fcrit (7.1)

Onde,

Feff = Força axial efetiva

Fcrit = Força crítica de flambagem sobre o sleeper

A força axial efetiva será obtida a partir da fórmula de duto parcialmente restrito,

ou seja:

Feff = µa.Wsub.x (7.2)

A natureza dos parâmetros desta equação está apresentada na Tabela 7-13.

Tabela 7-13 – Variáveis para cálculo da força axial efetiva

Símbolo Descrição Natureza

µa Atrito axial Probabilística

Wsub Peso submerso distribuído Determinística

x Distância entre âncora virtual e ápice da alça de flambagem

Determinística

A força crítica de flambagem é obtida a partir das análises de elementos finitos,

sendo função de três variáveis probabilísticas: a imperfeição lateral inicial sobre o sleeper

(δL) e os atritos axial (µa) e lateral (µL) entre duto e solo.

Portanto, pode-se reescrever a função de falha Z da seguinte forma:

Z = µa.Wsub.x – Fcrit(µa, µL, δL) (7.3)

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A função Fcrit(µa, µL, δL) será obtida a partir de uma grande seqüência de análises

de elementos finitos, cada qual com uma determinada combinação de µa, µL e δL. O que

caracteriza o instante da flambagem, conforme já explicado anteriormente, é a

instabilidade do sistema, ou seja o instante em que os deslocamentos crescem

independentemente do aumento da força aplicada. A Figura 7-12 apresenta graficamente

o instante da ocorrência da flambagem e como se obtém a força crítica a partir da

resposta do sistema no tempo. Esta figura apresenta dados reais obtidos de uma

simulação em particular, dentre as muitas executadas.

Figura 7-12 – Determinação da força crítica de flambagem

A variação dos três parâmetros probabilísticos geram diferentes forças críticas de

flambagem, maiores ou menores, de acordo com sua combinação. Abaixo apresenta-se a

título ilustrativo o efeito da variação da imperfeição lateral sobre o sleeper em relação a

esta força crítica, medida no ápice da alça de flambagem.

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Figura 7-13 – Variação da força crítica de flambagem com δL

A escolha de se considerar apenas três variáveis probabilísticas e todas as outras

como determinísticas não significa que estas três sejam as únicas cujas variações

possam ser representativas. Realizar estudos de confiabilidade incorporando o efeito da

variação de todas as variáveis envolvidas seria computacionalmente proibitivo, pelo

menos atualmente, por requerer um enorme número de simulações em elementos finitos.

Parâmetros que se suponha possuir um efeito menos representativo podem ser a

princípio contabilizados como valores determinísticos que contribuam conservadoramente

no resultado da confiabilidade, [23].

Na intenção de ilustrar o efeito da escolha da quantidade de variáveis

probabilísticas na geração da superfície de falha, pode-se recorrer à Figura 7-14. A

primeira figura ilustra o caso onde a força crítica de flambagem é função de apenas um

parâmetro cuja variação é relevante. Sendo função de uma variável, pode-se desenhá-la

como uma curva no plano, Fcrit(µa) x µa . Quando se adiciona outra variável, porém, parte-

se para a representação de uma superfície, visto que Fcrit(µa, µL) x µa x µL. Com a inclusão

de uma terceira variável probabilística, compromete-se a representação gráfica, pois se

começa a trabalhar em um hiper-espaço, onde Fcrit(µa, µL, δL) x µa x µL x δL.

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Figura 7-14 – Curva, superfície ou hiper-superfície de falha, apenas ilustrativo

O conjunto de análises a serem executadas foram definidas a partir da

combinação dos valores de atrito discretizados em 0.1 e da imperfeição lateral

discretizada em 200mm. Com isto, oito diferentes valores de atrito axial foram

combinados a doze valores de atrito lateral e cinco diferentes imperfeições laterais,

totalizando 480 análises de elementos finitos. As faixas analisadas estão presentes na

Tabela 7-14.

Tabela 7-14 – Discretização adotada para planejamento do conjunto de análises

µa 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1

µL 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7

δL 200 400 600 800 1000

A escolha destas três variáveis justifica-se pela variação na resposta da força

crítica de flambagem frente à variação de cada variável independentemente. Os gráficos a

seguir foram gerados fixando-se outros termos, de forma a capturar o efeito isolado de

uma variável para uma dada condição, ao mesmo tempo facilitando a visualização através

de curvas no plano. Estes gráficos foram gerados a partir das análises contendo um VAS

de 2km.

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Figura 7-15 – Fcrit em função de µa para vários valores de µL, dado que δL=600mm

Figura 7-16 – Fcrit em função de µa para vários valores de µL, dado que δL=1000mm

Figura 7-17 – Fcrit em função de µL para vários valores de µa, dado que δL=600mm

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Figura 7-18 – Fcrit em função de δL para vários valores de µa, dado que µL =0.60

Apenas alguns gráficos foram apresentados, pois não caberia aqui apresentar toda

e qualquer variação de uma variável em função das outras. Estes, contudo, são

suficientes para a constatação de dois importantes fatos: Primeiramente, pode-se

observar um alto grau de não linearidade no problema, em função das múltiplas

concavidades constatadas; Além disto, observa-se também que o efeito da imperfeição

lateral sobre o sleeper possui grande peso na resposta do problema frente às outras

variáveis.

7.5. Simulações por Monte Carlo

No intuito de se gerar as amostras artificiais das variáveis µa, µL e δL de acordo

com suas curvas de distribuição características, utilizou-se a biblioteca numérica GNU

Scientific Library [40], rotina gratuita e de livre distribuição capaz de gerar variáveis

aleatórias de acordo com aproximadamente 32 diferentes PDFs. Esta rotina funciona por

meio de interface com o software Excel.

À medida que cada conjunto de variáveis µa, µL e δL vai sendo gerado, calcula-se

seu valor correspondente de força axial efetiva através da equação 7.2. A princípio, a real

aparência desta equação deveria contabilizar a força axial residual pós-flambagem (Fres)

sobre os sleepers vizinhos, para os casos de flambagem onde o sleeper não seja nem o

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primeiro e nem o último ao longo da rota. A equação, portanto, poderia ser re-escrita da

seguinte forma:

Feff = Fres + µa.Wsub.x (7.4)

Contudo, a contabilização desta parcela torna mais complexo o problema, visto

que teríamos agora outra incógnita, de natureza não linear, que a princípio poderia ser

estimada a partir de análises em elementos finitos. Uma alternativa simples para evitar

tamanha complexidade, que está sendo adotada neste tese, é de desconsiderar esta

parcela, supondo que Fres= 0. O conservadorismo desta premissa pode ser constatado

pelo comparativo apresentado na Figura 7-19 e Figura 7-20. Nestas figuras, os locais de

flambagem correspondem às posições 2, 4, 6 e 8. A primeira e a última alça de

flambagem, correspondentes às posições 2 e 8, respectivamente, desenvolveriam, na

hipótese da não ocorrência de flambagem nestes pontos, a mesma força efetiva em

qualquer um dos dois gráficos. Os outros pontos de flambagem, no entanto, chegariam a

desenvolver uma força axial efetiva superior na condição em que Fres>0, o que acarretaria

como conseqüência uma mais alta chance de propiciar a flambagem nestes pontos, visto

que maior será a probabilidade de flambagem quanto maior for a força axial efetiva.

Nota: Não há compromisso com as unidades dos parâmetros, apresentados qualitativamente.

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Figura 7-19 – Força axial efetiva para força residual na alça de flambagem igual a 0

Nota: Não há compromisso com as unidades dos parâmetros, apresentados qualitativamente.

Figura 7-20 – Força axial efetiva para força residual na alça de flambagem igual a 0.5

A força crítica de flambagem, por outro lado, é interpolada a partir dos resultados

em elementos finitos anteriormente gerados e descritos na seção 7.4. Este processo de

interpolação é uma aproximação necessária para se permitir o trabalho com o uso de

análises em elementos finitos.

Uma metodologia alternativa a esta estimativa da força crítica seria, ao invés de

interpolar valores previamente calculados, gerar uma análise em elementos finitos para

cada amostra gerada por Monte Carlo. Contudo, como em geral são necessárias mais de

um milhão de análises para se chegar a um bom resultado de confiabilidade para este

trabalho, e supondo que cada análise demorasse em torno de dois minutos para ser

executada, um milhão de análises demoraria algo superior a três anos de processamento

contínuo, o que obviamente torna proibitiva esta alternativa.

A programação desenvolvida no Visual Basic for Applications do Excel, para

aplicação do método de Monte Carlo, se encontra no Apêndice C.

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7.6. Resultados

Para cada VAS de projeto a ser analisado, foram executadas 480 análises em

elementos finitos na intenção de capturar todas as combinações propostas para os

parâmetros de µa, µL e δL. Como foram rodados um total de três diferentes VAS de

projeto, sendo de 1,5km, 2km e 3km, multiplicando-se este valor por três chega-se ao

total de 1440 análises em elementos finitos executadas. Contudo, comparando-se os

resultados gerados constatou-se que a força crítica de flambagem, para uma mesma

condição de µa, µL e δL, mantinha-se praticamente a mesma entre as análises com

diferentes VAS. Pode-se concluir deste fato que, ao menos para o cenário analisado, a

força crítica independe do comprimento de duto adotado no modelo (VAS de projeto).

Caso não se queira obter dos modelos qualquer resposta pós flambagem, como

amplitude da alça ou força axial efetiva residual no ápice da alça, pode-se utilizar um

único comprimento de duto como base para realização da grande quantidade de análises

necessárias no intuito único de gerar a tabela com as forças críticas de flambagem (Fcrit),

o que poupa considerável esforço. Com isto em mente, utilizou-se a tabela com dados de

Fcrit gerada a partir das análises de VAS=1,5km nas avaliações por Monte Carlo de uma

condição de VAS=1km.

Em todos os casos, a confiabilidade foi estimada pelo método de Monte Carlo. Por

se tratar de um método iterativo, a precisão no resultado depende que se realize uma

quantidade suficiente de simulações para que a probabilidade de falha convirja. Projetos

similares ([38], [15]) mostraram que um total de 107 simulações tem sido suficientes para

se alcançar a resposta esperada.

A melhor condição dentre as analisadas, em termos de confiabilidade, está

relacionada aos maiores valores de VAS de projeto. Abaixo estão apresentados gráficos

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com os histogramas de força efetiva e força crítica para quatro valores de VAS de projeto,

sendo eles 3km, 2km, 1,5km e 1km. Há dois gráficos para cada caso de VAS por terem

sido realizadas avaliações supondo as curvas densidade de probabilidade dos atritos ora

como uniforme, ora como normal (gaussiana).

Figura 7-21 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=3km, µa, µL=uniforme, δL=normal

Figura 7-22 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=3km, µa, µL=normal, δL=normal

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As figuras acima, tal como outras mostradas adiante, indicam que se encontrou

uma probabilidade de falha igual a zero. Isto apenas significa que, dentro do universo

analisado, não se encontrou uma única condição que indicasse uma falha. Caso fosse

aumentado o número de simulações para muito além de 107, poderíamos vir a ter casos

indicando falha, o que nos resultaria em Pf>0. Contudo, por se tratar de um valor muito

baixo e já muito distante do critério estabelecido de 10-4, esta não é uma preocupação

vigente.

Figura 7-23 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=2km, µa, µL=uniforme, δL=normal

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Figura 7-24 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=2km, µa, µL=normal, δL=normal

Os gráficos para um VAS de 2km já apresentam maior proximidade entre os

valores de força efetiva e força crítica, mas ainda sem constatação de casos de falha em

qualquer das simulações.

Figura 7-25 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=1,5km, µa, µL=uniforme, δL=normal

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Figura 7-26 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=1,5km, µa, µL=normal, δL=normal

Deve-se notar que a partir de um VAS de 1,5km observa-se alguma probabilidade

de falha, ao menos na condição onde os atritos são representados por distribuições

normais. O valor foi apresentado no gráfico como sendo aproximado em função da baixa

ocorrência de cenários com falha, tendo sido constatados apenas duas falhas em 107

simulações, o que torna duvidosa a adoção deste resultado como sendo um resultado

final. A variação da Pf ao longo das simulações é apresentada na Figura 7-27.

Figura 7-27 – Pf x Iterações, VAS=1,5km, µa, µL=normal, δL=normal

Os gráficos apresentados logo abaixo são correspondentes a um cenário onde o

VAS de projeto é de apenas 1km. Os resultados de probabilidade de falha apresentados

Primeira

falha Segunda (e última)

falha

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pelos dois gráficos abaixo indicam extrapolação do critério pré-definido, onde se deve

respeitar a relação Pf < 10-4. Com isso, conclui-se que o caso de VAS = 1km não é

aceitável em termos de confiabilidade.

Figura 7-28 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=1km, µa, µL=uniforme, δL=normal

Figura 7-29 – Ocorrências de Fcrit e Feff, VAS=1km, µa, µL=normal, δL=normal

A probabilidade de falha é calculada de forma iterativa, atualizada a cada nova

simulação. A Figura 7-30 mostra a variação da probabilidade de falha ao longo das

simulações, onde se visualiza notável convergência.

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Figura 7-30 – Pf x Iterações, VAS=1km, µa, µL=normal, δL=normal

Um bom procedimento para se constatar a convergência deste valor de uma forma

que não visual, mas quantitativa, é de se calcular a média e o desvio padrão da

probabilidade de falha ao longo de certa quantidade de iterações. A Tabela 7-15

apresenta uma análise onde se calcula a média (µ) e o desvio padrão (σ) das últimas 106

simulações, para posteriormente calcular a média mais dois desvios padrões (µ + 2.σ) e

compará-la ao valor da última iteração. O cálculo proposto é citado na literatura ([36], [37])

e fundamenta-se no fato de que, supondo que a distribuição de falha seja uma

distribuição normal, o intervalo (µ - 2.σ) a (µ + 2.σ) corresponde a 95% de seu espaço

amostral. No entanto, a forma da distribuição de Pf, presente na Figura 7-31, indica que

para o presente caso uma distribuição normal não representaria o ajuste mais adequado.

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Tabela 7-15 – Análise de convergência da probabilidade de falha

Pf

Ultima iteração 1,53715E-04

Média (µ) 1,53733E-04

Desvio padrão (σ) 4,08843E-07

µ + 2.σ 1,54551E-04

Figura 7-31 – Distribuição das ocorrências de Pf

Para se definir a probabilidade de falha não apenas de um sleeper, mas de todo o

sistema, i.e. a probabilidade de que ocorra falha em um ou mais sleepers, precisa-se

definir alguns outros parâmetros. Sendo i sleeper-fP a probabilidade de falha relacionada ao

sleeper “i”, define-se a probabilidade de falha de seu evento complementar, que indica

que não haverá falha sobre o sleeper “i”, como:

i sleeper-fi sleeper-f P1P −= (7.5)

Sabe-se que a probabilidade de ocorrência de uma série de eventos

independentes pode ser representada por:

P(A U B U C ) = P(A).P(B).P(C) (7.6)

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Logo, a probabilidade de que a falha não ocorra em nenhum dos sleepers,

sistema-fP , pode ser escrita como:

( )∏∏ −==ss n

ii sleeper-f

n

ii sleeper-fsistema-f P1PP (7.7)

Onde,

ns = Quantidade total de sleepers ao longo da linha

Contudo, a simplificação adotada no presente estudo, que supõe serem

constantes todos os parâmetros ao longo da linha, torna igual a probabilidade de

flambagem sobre qualquer sleeper, permitindo reescrever a equação da seguinte forma:

( ) snsleeper-fsistema-f P1P −= (7.8)

Ou ainda,

( ) snsleeper-fsistema-f P11P −−= (7.9)

A Tabela 7-16 reúne as probabilidades de falha calculadas para o sistema, para

cada um dos casos analisados. Para os casos onde não se verificou nenhuma falha ou

não houve chance de se convergir a um valor de falha confiável, será suposto muito

conservadoramente que ocorreram cinco casos de falha no total de casos gerados,

apenas para prevenir que o total de simulações não mascare alguma falha que poderia vir

a ocorrer e não teria sido capturada.

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Tabela 7-16 – Resumo da probabilidade de falha estimada para o sistema

VAS [km]

Pf sleeper ns Pf sistema Critério Status

3,0 5,00E-07 (1) 5 2,50E-06 1,0E-04 Ok

2,0 5,00E-07 (1) 8 4,00E-06 1,0E-04 Ok

1,5 5,00E-07 (1) 11 5,50E-06 1,0E-04 Ok

1,0 3,80E-03 17 6,27E-02 1,0E-04 Não

Confiável Nota 1: Conservadoramente, supõe-se a ocorrência de cinco casos de falha

7.7. Interação entre alças de flambagem

7.7.1. Metodologia

No método proposto anteriormente, verifica-se a probabilidade de ocorrência da

alça de flambagem em um determinado local planejado. Um problema muito relevante e

que independe do método de iniciação de flambagem adotado é se um OOS sobre o

seabed, oriundo do processo de lançamento, seria suficiente para causar a flambagem

fora do local planejado, ou seja, diretamente sobre o leito marinho e não sobre o sleeper,

conforme esquematizado na Figura 7-32.

Figura 7-32 – Alça de flambagem não planejada

Embora este evento possa ser indesejável, este não necessariamente é um evento

inaceitável, visto que a sua probabilidade de ocorrência pode ser baixa ou mesmo a sua

conseqüência possa gerar riscos aceitáveis.

Distância entre sleepers

Sleeper Sleeper Alça não planejada

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Uma função de falha complementar é proposta por BROWN et al [23] no intuito de

contemplar esta avaliação, conforme apresentada abaixo.

Z = Fcrit(solo) – ∆Feff – Fcrit(sleeper) (7.10)

Onde,

Fcrit(solo) = Força crítica de flambagem diretamente sobre o solo

∆Feff = Diferença na Feff entre o local planejado e o local sobre o solo considerado como um potencial para a iniciação da flambagem

Fcrit(sleeper) = Força crítica de flambagem sobre o sleeper

Mediante a incerteza do local onde poderia ocorrer uma flambagem não planejada

sobre o solo, pode-se assumir conservadoramente que este local seria próximo a um dos

sleepers, de tal forma que a diferença na força axial efetiva destes locais possa ser

assumida como nula (∆Feff = 0).

Portanto, o estudo passaria a ter duas funções de falha, Z1 e Z2, tal como resumido

abaixo.

Z1 = Feff – Fcrit(sleeper) (7.11)

Z2 = Fcrit(solo) – Fcrit(sleeper) (7.12)

Esta nova função, Z2, indica que se a força crítica para flambagem sobre o solo for

menor do que a força crítica para flambagem sobre o sleeper, então o duto irá flambar

preferencialmente sobre o solo, acarretando em uma falha.

Para se obter a Fcrit(solo), procedeu-se da mesma forma que para o cálculo da

Fcrit(sleeper), ou seja, através da execução de análises em elementos finitos com todas as

possíveis combinações das variáveis µa, µL e δL conforme Tabela 7-14. Os modelos

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numéricos igualam-se aos anteriormente executados, cujas condições de contorno são

apresentadas na Figura 7-7, com a única diferença de que nenhum sleeper foi

considerado nestas análises.

Em paralelo, calculou-se também para cada simulação a força crítica de

flambagem correspondente às formulações analíticas desenvolvidas por HOBBS [12],

com o intuito de balizar os resultados numéricos.

Os gráficos apresentados abaixo retratam a influência dos dados de entrada de

natureza probabilística na resposta da força crítica de flambagem para as análises em

elementos finitos realizadas sem o sleeper. Pode-se constatar que para este caso o atrito

axial tem influência nula na resposta do problema.

Figura 7-33 – Fcrit em função de µa para vários valores de µL, dado que δL=200mm

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Figura 7-34 – Fcrit em função de µL para vários valores de µa, dado que δL=1000mm

Figura 7-35 – Fcrit em função de δL para vários valores de µL, dado que µa = 0,6

7.7.2. Resultados

Com base em um modelo de VAS de 1,5km, foram realizadas 107 simulações por

Monte Carlo para se gerar amostras aleatórias de quatro parâmetros, sendo eles µa, µL,

δL(solo) e δL(sleeper). Resolveu-se distinguir as imperfeições sobre o solo e sobre o

sleeper por variáveis independentes, embora sejam representadas por uma mesma curva

de densidade de probabilidades. As variáveis µa e µL foram novamente analisadas para os

dois casos, i.e. como distribuições uniformes e como distribuições normais.

No problema específico retratado nesta tese, não se verificou nenhum caso de

falha através da nova verificação, i.e. por Z2 < 0 (Fcrit(solo) < Fcrit(sleeper)).

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Como esta nova condição de falha é independente da força axial efetiva, basta

comparar as curvas resultantes de Fcrit(solo) e Fcrit(sleeper) caso se queira realizar alguma

especulação a cerca dos resultados. Esta comparação é apresentada na Figura 7-36.

Figura 7-36 – Fcrit(solo) e Fcrit(sleeper), VAS=1,5km, µa, µL=normal, δL=normal

A primeira conclusão que se pode obter é de que há boa compatibilidade entre os

resultados analíticos (por Hobbs) e numéricos da força crítica de flambagem sobre solo,

embora maior espalhamento dos resultados tenha sido verificado nas análises numéricas.

Outro fato é sobre a distância entre os valores calculados para Fcrit(solo) e Fcrit(sleeper),

responsável por não gerar um único caso de falha, o que reforça a segurança do projeto.

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8. Conclusão

8.1. Síntese

No cenário atual de projeto de dutos rígidos, a economia relacionada à instalação

de dutos rígidos torna cada vez mais presente o planejamento de dutos rígidos

submarinos interligando plataformas e unidades terrestres. Muitos destes dutos escoam

produtos como óleo e gás sob alta pressão e alta temperatura. No caso particular das

linhas de óleo, é muito freqüente que se escoe o fluido oriundo do poço sob alta

temperatura por quilômetros de extensão. Revestimentos térmicos espessos, comumente

em torno de 50mm mas podendo alcançar, em alguns casos, até 100mm de espessura,

garantem que a temperatura seja mantida alta por praticamente toda a extensão do duto,

essencial para garantir, em contra-partida, uma baixa viscosidade do óleo, o que reduz a

perda de carga que seria proporcionada.

Com a sujeição do duto rígido a uma alta temperatura e alta pressão, este tende a

se expandir. A sua expansão, contudo, sofre certa restrição por parte do leito marinho

onde a tubulação se encontra apoiada, em função do atrito resistente e contrário ao

movimento axial oriundo do processo de expansão. Esta força contrária ocasiona

compressão axial no duto. Altos níveis de compressão axial, por sua vez, sujeitam o duto

a um fenômeno conhecido e explorado em diversos campos da engenharia, a flambagem

global.

No caso particular de dutos rígidos submarinos, dois casos comuns de flambagem

global são estudados, a flambagem vertical e a flambagem lateral. A flambagem vertical

ocorre comumente em tubulações enterradas, condição esta não muito usual no contexto

dos dutos rígidos no Brasil, mas relativamente comuns em projetos da Noruega para

atuação no mar do norte. A flambagem lateral, contudo, é um fenômeno comum em linhas

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de óleo no Brasil, visto grande parte delas estarem não enterradas e terem sido

projetadas para que flambem lateralmente e de forma controlada.

De forma a se planejar o controle da flambagem lateral em linhas aquecidas,

estabelece-se primeiramente qual o método de controle de flambagem lateral será

utilizado. Por método de controle entende-se um mecanismo ou estrutura que propicie a

ocorrência da flambagem lateral em determinadas posições ao longo da linha, de forma a

haver controle das alças de flambagem e com isso garantirmos que a flambagem ocorra

dentro de parâmetros seguros. Dentre os métodos mais comuns, que são o snake-lay, o

módulo de bóias e o sleeper, utiliza-se com muita freqüência este último.

Sleepers são estruturas de baixo custo e baixo risco, visto serem de fácil

fabricação e fácil implementação. Estes foram utilizados nesta dissertação para tratar da

iniciação da flambagem e construir toda a base de projeto.

Uma vez que se tenham definidas as bases do projeto, i.e. todos os dados de

entrada relevantes e o método de controle da flambagem, o passo que se segue é comum

ao projeto de quase todo duto rígido – a verificação da susceptibilidade do duto à

flambagem. Esta verificação é também usual em dutos de gás, embora se conclua em

sua maioria que não haja tal susceptibilidade.

Uma vez constatada a resposta que se esperava, ou seja, que o duto estará

sujeito a tal fenômeno, o primeiro passo de fato no plano de projeto termo-mecânico é o

cálculo do VAS tolerável. Conforme conceituado por algumas vezes no corpo desta

dissertação, o VAS tolerável é o máximo comprimento de duto aceitável entre duas

âncoras virtuais, sendo esta aceitação sujeita aos critérios definidos na seção 4.5.2. Uma

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vez que se tenha vencido esta etapa, pode-se determinar um ou mais valores de VAS de

projeto, para enfim estimar as possíveis distâncias a se considerar entre os sleepers.

Na seqüência, inúmeras análises em elementos finitos, com o uso do software

Abaqus, foram utilizadas para traçar as possíveis forças críticas de flambagem dadas as

diversas combinações entre os parâmetros tidos como não determinísticos, sendo eles o

atrito axial, o atrito lateral e a imperfeição lateral inicial sobre o sleeper. A partir de então,

gerou-se uma tabela com estas forças críticas em função dos três parâmetros

probabilísticos mencionados.

Com a ajuda de uma rotina gratuita em Excel, chamada de GNU Scientific Library,

pôde-se gerar amostras aleatórias das variáveis probabilísticas que obedecessem a suas

curvas densidade de probabilidade. Para cada conjunto de variáveis geradas desta forma,

calculou-se a força axial efetiva e a força crítica de flambagem, esta última interpolada a

partir da tabela construída com os resultados das análises de elementos finitos. Mediante

a comparação entre a força axial efetiva (Feff) e a força crítica de flambagem (Fcrit),

puderam-se determinar os casos de falha, ou seja, os casos em que a Feff < Fcrit. Segundo

a definição de falha adotada nesta dissertação, constitui-se falha a não verificação da

flambagem sobre o sleeper. Com a estimativa da probabilidade de falha de um dado

sleeper, realizado através da geração de 107 simulações, estimou-se também a

probabilidade de falha de todo o sistema, i.e. a probabilidade de que não houvesse falha

em nenhum sleeper ao longo da rota.

No estudo de caso abordado, adotaram-se parâmetros operacionais e ambientais

coerentes com um projeto real de um duto de 12 polegadas com espessura de parede de

20,6mm. O VAS tolerável encontrado foi de 3,4km, limitado pelo critério de flambagem

local por deslocamento controlado, onde a máxima deformação mecânica permitida foi

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calculada como sendo 1,35%. Com a realização das análises de confiabilidade, verificou-

se uma probabilidade de falha não aceitável apenas para o caso onde o VAS de projeto

era de 1km. A partir de um VAS de 1,5km, no entanto, já se consegue boa confiabilidade.

Além destes, casos considerando um VAS de 2 e 3km também foram analisados, mas

nenhum caso de falha foi constatado, tamanha a confiabilidade do sistema.

Adicionalmente a estas análises, realizou-se também, apenas como verificação

complementar, alguma consideração sobre interação entre uma alça de flambagem sobre

o sleeper e uma alça não planejada sobre o solo. Para isto foram novamente realizadas

inúmeras análises em elementos finitos, mas desta vez com a intenção de se construir

uma tabela com valores críticos de flambagem em função da variação dos mesmos três

parâmetros probabilísticos considerados anteriormente, mas agora para uma condição de

flambagem diretamente sobre o solo. Os valores de força crítica assim gerados foram da

ordem de três vezes os valores de força crítica gerados para a flambagem sobre o

sleeper. Nesta verificação complementar, checou-se se uma condição gerada

aleatoriamente em alguma das milhões de simulações condizia com uma força crítica de

flambagem sobre o solo inferior à força crítica de flambagem sobre o sleeper, o que

poderia significar que o duto flambaria preferencialmente em local não planejado, o que

se constituiria numa falha. Nenhum caso de falha foi constatado nesta nova verificação,

onde se supôs um VAS de 1,5km.

Concluindo, abordou-se, na presente dissertação, uma série de etapas

importantes e essenciais no planejamento de um projeto termo-mecânico de dutos

rígidos. A constatação do alto nível de confiabilidade neste estudo de caso fornece boa

base para se estabelecer configurações similares em projetos reais.

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8.2. Trabalhos Futuros

Uma série de simplificações foi realizada ao longo das análises apresentadas na

presente dissertação para com isso viabilizar o isolamento de determinados fatores e

distinguir diferentes fontes de contribuição para uma dada resposta. Uma possível

proposta de desenvolvimento futuro poderia estar relacionada à verificação do efeito de

não se considerar estas simplificações, que implicam em conservadorismos. Poder-se-ia,

por exemplo, considerar algum valor para a força axial efetiva na alça de flambagem

(Fres), tida como nula na seção 7.5. Um valor diferente de zero poderia relacionar a alça

estudada com as alças vizinhas, o que implicaria em, eventualmente, analisar o problema

por meio de algum recurso iterativo.

Outro ponto seria utilizar a metodologia aqui apresentada no intuito de estudar o

efeito de sistemas de dual sleeper seria uma boa alternativa para os casos onde se

necessite de comprimentos de vãos suspensos menores, por questões de fadiga por VIV.

Adicionalmente, poder-se-ia também executar estudos envolvendo outros métodos como

módulos de bóia ou snake-lay, cada qual com o desafio de construir modelos em

elementos finitos que representem adequadamente o fenômeno para estes métodos.

Por último, ferramentas avançadas de otimização poderiam ser exploradas no

intuito de se reduzir a quantidade de análises numéricas a se gerar ou então com a

intenção de aumentar a quantidade de variáveis aleatórias consideradas para além de

três, supondo que se utilize da mesma quantidade total de análises.

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Apêndice A - Planilha com critérios para cálculo do VAS tolerável

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Apêndice B - Detalhamento das análises sobre dutos curtos e dutos longos

Neste apêndice serão apresentados detalhes das análises em elementos finitos

utilizadas no capítulo 4.3 para comparar resultados analíticos e numéricos, no contexto do

assunto de dutos curtos e dutos longos. Não serão aqui apresentados os parâmetros de

entrada tal como diâmetro e espessura do tubo, fatores de atrito etc, que foram adotados

nas análises, pois o objetivo destas foi de apenas introduzir o conceito e o comportamento

esperado, e não apresentar resultados quantitativos.

A ferramenta de elementos finitos utilizada para a execução das análises foi o

programa Abaqus [2]. Duas análises foram feitas, uma para representar um duto curto e

outra para representar um duto longo, sendo que a única distinção entre ambas foi o

comprimento total do duto, de 8km (curto) ou 20km (longo).

O tubo foi modelado em um ambiente tridimensional, com elementos de viga

lineares do tipo PIPE31H. Elementos do tipo PIPE são elementos de viga modificados

para serem capazes de interpretar a aplicação de pressão interna e externa. A malha

adotada foi uniformemente discretizada, com elementos lineares de 10m de comprimento.

O solo, por sua vez, foi modelado como uma superfície analítica rígida. O contato

vertical entre duto e solo foi estabelecido como de comportamento rígido, enquanto que

distintos fatores de atrito tangencial, i.e. axial e lateral, foram especificados.

A figura abaixo resume as condições de contorno e o posicionamento do duto

sobre o solo na análise.

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104

Figura B-1 – Modelo numérico e condições de contorno

O peso submerso do duto foi previamente calculado e aplicado como um

carregamento distribuído. A variação de temperatura, responsável pela variação na força

efetiva do duto, foi considerada homogênea ao longo de seu comprimento.

Solo

Duto Extremidade

livre

Extremidade livre

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Apêndice C - Programa construído para aplicação do método de Monte Carlo

Dim Fcrit(200, 200, 30) Dim rangeua(200), rangeuL(200), rangeImp(30) Dim n_ua, n_uL, n_imp Private Sub CommandButton1_Click() Dim r As Long Dim seed As Long Dim media(4) As Single Dim desv(4) As Single Application.Calculation = xlManual 'Para estimar tempo de análise a1 = Hour(Time) * 60 * 60 + Minute(Time) * 60 + Second(Time) Range("perc").Value = 0 'Plota resultados nas linhas do Excel a cada N_plota iterações N_plota = Range("Plot_Ite").Value min_Feff = 100000000 max_Feff = 0 min_Fcrit = 100000000 max_Fcrit = 0 'Posicionamentos no Excel lDist = Range("dist").Row cDist = Range("dist").Column cFeff = Range("Feff").Column 'Dados para geração das variáveis probabilisticas seed = Range("seed").Value iterations = Range("iteracoes").Value r = CreateRandom(seed) i = 1 Do While Cells(lDist, cDist + i).Value <> "" media(i) = Cells(lDist + 1, cDist + i).Value desv(i) = Cells(lDist + 2, cDist + i).Value i = i + 1 Loop '************************* 'Dados para cálculo da Feff Wsub = Worksheets("DadosEntrada").Range("Wsubfull").Value * 1000 L = Worksheets("DadosEntrada").Range("vasL").Value CoefK = Worksheets("DadosEntrada").Range("CoefK") Area = Worksheets("DadosEntrada").Range("Area")

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Inercia = Worksheets("DadosEntrada").Range("Inercia") E = Worksheets("DadosEntrada").Range("E") 'Carrega valores de Fcrit da tabela com curva de falha (FEA) Call FcritFEA Falha_FEAsle = 0 Range("D11:P60000").ClearContents Range("J7:M8").ClearContents Range("A25:B25").ClearContents Range("P4:R5").ClearContents '*********************************** 'Função FOR que varre cada iteração '*********************************** For lin = 0 To iterations - 1 '*********************************** 'Cada variável probabilística é gerada 'Atrito Axial i = 1 Select Case Cells(lDist, cDist + i).Value Case "Uniforme" vari_prob = GetUniform(r, media(i), desv(i)) 'variavel Case "Normal" vari_prob = GetGaussian(r, desv(i)) + media(i) 'variavel End Select ua = vari_prob 'Atrito Lateral i = 2 Select Case Cells(lDist, cDist + i).Value Case "Uniforme" vari_prob = GetUniform(r, media(i), desv(i)) 'variavel Case "Normal" vari_prob = GetGaussian(r, desv(i)) + media(i) 'variavel End Select uL = vari_prob 'Imperfeição inicial i = 3 Select Case Cells(lDist, cDist + i).Value Case "Uniforme" vari_prob = GetUniform(r, media(i), desv(i)) 'variavel Case "Normal" vari_prob = GetGaussian(r, desv(i)) + media(i) 'variavel End Select Imperf = vari_prob

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'*********************************** 'Força efetiva - INICIO '************************************ Feff = ua * Wsub * L / 1000 '************************************ 'Força efetiva - FIM '************************************ '****************************************** 'Fcrit por tabela de falha (FEA) - INICIO '****************************************** 'descobrindo intervalo inferior e superior de cada variável For i = 0 To (n_ua - 1) If ua < rangeua(i) And i > 0 Then ua_inf = rangeua(i - 1) ua_sup = rangeua(i) Exit For ElseIf ua < rangeua(i) Then ua_inf = rangeua(i) ua_sup = rangeua(i + 1) Exit For ElseIf i = (n_ua - 1) Then ua_inf = rangeua(i - 1) ua_sup = rangeua(i) End If Next For i = 0 To (n_uL - 1) If uL < rangeuL(i) And i > 0 Then uL_inf = rangeuL(i - 1) uL_sup = rangeuL(i) Exit For ElseIf uL < rangeuL(i) Then uL_inf = rangeuL(i) uL_sup = rangeuL(i + 1) Exit For ElseIf i = (n_uL - 1) Then uL_inf = rangeuL(i - 1) uL_sup = rangeuL(i) End If Next For i = 0 To (n_imp - 1) If Imperf < rangeImp(i) And i > 0 Then Imperf_inf = rangeImp(i - 1) Imperf_sup = rangeImp(i) Exit For

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ElseIf Imperf < rangeImp(i) Then Imperf_inf = rangeImp(i) Imperf_sup = rangeImp(i + 1) Exit For ElseIf i = (n_imp - 1) Then Imperf_inf = rangeImp(i - 1) Imperf_sup = rangeImp(i) End If Next 'realizando interpolações x1 = Fcrit(ua_inf * 100, uL_inf * 100, Imperf_inf / 100) x2 = Fcrit(ua_inf * 100, uL_inf * 100, Imperf_sup / 100) x3 = Fcrit(ua_sup * 100, uL_sup * 100, Imperf_inf / 100) x4 = Fcrit(ua_sup * 100, uL_sup * 100, Imperf_sup / 100) x5 = Fcrit(ua_inf * 100, uL_sup * 100, Imperf_inf / 100) x6 = Fcrit(ua_inf * 100, uL_sup * 100, Imperf_sup / 100) x7 = Fcrit(ua_sup * 100, uL_inf * 100, Imperf_inf / 100) x8 = Fcrit(ua_sup * 100, uL_inf * 100, Imperf_sup / 100) If Imperf_sup <> Imperf_inf Then x12 = x1 + (x2 - x1) * (Imperf - Imperf_inf) / (Imperf_sup - Imperf_inf) x34 = x3 + (x4 - x3) * (Imperf - Imperf_inf) / (Imperf_sup - Imperf_inf) x56 = x5 + (x6 - x5) * (Imperf - Imperf_inf) / (Imperf_sup - Imperf_inf) x78 = x7 + (x8 - x7) * (Imperf - Imperf_inf) / (Imperf_sup - Imperf_inf) Else x12 = x1 x34 = x3 x56 = x5 x78 = x7 End If If uL_sup <> uL_inf Then x1256 = x12 + (x56 - x12) * (uL - uL_inf) / (uL_sup - uL_inf) x7834 = x78 + (x34 - x78) * (uL - uL_inf) / (uL_sup - uL_inf) Else x1256 = x12 x7834 = x78 End If If ua_sup <> ua_inf Then x12567834 = x1256 + (x7834 - x1256) * (ua - ua_inf) / (ua_sup - ua_inf) Else x12567834 = x1256 End If Fcrit_FEAsle = -x12567834 / 1000 'em kN 'Falha cumulativa nesta iteração If Fcrit_FEAsle > Feff Then Falha_FEAsle = Falha_FEAsle + 1

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'Probabilidade de falha nesta iteração Pf_FEAsle = Falha_FEAsle / (lin + 1) '****************************************** 'Fcrit por tabela de falha (FEA) - FIM '****************************************** 'Checa se há valor máximo ou mínimo If Feff < min_Feff Then min_Feff = Feff If Feff > max_Feff Then max_Feff = Feff If Fcrit_FEAsle < min_Fcrit Then min_Fcrit = Fcrit_FEAsle: min_imp = Imperf: min_ua = ua: min_uL = uL If Fcrit_FEAsle > max_Fcrit Then max_Fcrit = Fcrit_FEAsle: max_imp = Imperf: max_ua = ua: max_uL = uL '****************************************** 'Plota resultados a cada N_plota iterações If lin Mod N_plota = 0 Then 'Barra de progresso / status Range("A22").Value = lin / iterations Cells(lDist + 4 + (lin / N_plota), cDist).Value = lin + 1 'Numero de iterações Cells(lDist + 4 + (lin / N_plota), cDist + 1).Value = ua Cells(lDist + 4 + (lin / N_plota), cDist + 2).Value = uL Cells(lDist + 4 + (lin / N_plota), cDist + 3).Value = Imperf Cells(lDist + 4 + (lin / N_plota), cFeff).Value = Feff Cells(lDist + 4 + (lin / N_plota), cFeff + 1).Value = Fcrit_FEAsle Cells(lDist + 4 + (lin / N_plota), cFeff + 2).Value = Falha_FEAsle Cells(lDist + 4 + (lin / N_plota), cFeff + 3).Value = Pf_FEAsle 'Estimativa do tempo gasto a2 = Hour(Time) * 60 * 60 + Minute(Time) * 60 + Second(Time) Range("A25") = Fix((a2 - a1) / 60) Range("B25") = (a2 - a1) Mod 60 'Imprime máximos e mínimos Cells(lDist, cFeff).Value = max_Feff Cells(lDist + 1, cFeff).Value = min_Feff Cells(lDist, cFeff + 1).Value = max_Fcrit Cells(lDist + 1, cFeff + 1).Value = min_Fcrit Cells(lDist, cFeff + 2).Value = Falha_FEAsle Cells(lDist, cFeff + 3).Value = Pf_FEAsle

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Range("P4") = max_ua Range("Q4") = max_uL Range("R4") = max_imp Range("P5") = min_ua Range("Q5") = min_uL Range("R5") = min_imp End If Next lin 'Imprime máximos e mínimos Cells(lDist, cFeff).Value = max_Feff Cells(lDist + 1, cFeff).Value = min_Feff Cells(lDist, cFeff + 1).Value = max_Fcrit Cells(lDist + 1, cFeff + 1).Value = min_Fcrit Cells(lDist, cFeff + 2).Value = Falha_FEAsle Cells(lDist, cFeff + 3).Value = Pf_FEAsle Range("P4") = max_ua Range("Q4") = max_uL Range("R4") = max_imp Range("P5") = min_ua Range("Q5") = min_uL Range("R5") = min_imp 'Estimativa do tempo gasto a2 = Hour(Time) * 60 * 60 + Minute(Time) * 60 + Second(Time) Range("A25") = Fix((a2 - a1) / 60) Range("B25") = (a2 - a1) Mod 60 Application.Calculation = xlAutomatic Application.ScreenUpdating = True End Sub Sub FcritFEA() Falha = 0 PriLinFa = 4 'Primeira linha com valor da tabela de falha TabFalha = "Tabela Curva Falha" '************************************ 'Carregando toda a tabela de falha na array Fcrit n_ua = 0 n_uL = 0 n_imp = 0

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Worksheets(TabFalha).Range("AE" & PriLinFa & ":AG1000").ClearContents i = PriLinFa Do While Worksheets(TabFalha).Range("U" & i).Value <> "" ua = Worksheets(TabFalha).Range("L" & i).Value uL = Worksheets(TabFalha).Range("M" & i).Value Imperf = Worksheets(TabFalha).Range("O" & i).Value Fcrit_v = Worksheets(TabFalha).Range("U" & i).Value Fcrit(ua * 100, uL * 100, Imperf / 100) = Fcrit_v 'Gerando range do atrito axial ua_status = 0 For y = PriLinFa To (PriLinFa + n_ua) If ua = Worksheets(TabFalha).Range("AE" & y).Value Then ua_status = 1 Next If ua_status = 0 Then Worksheets(TabFalha).Range("AE" & (PriLinFa + n_ua)).Value = ua n_ua = n_ua + 1 End If 'Gerando range do atrito lateral uL_status = 0 For y = PriLinFa To (PriLinFa + n_uL) If uL = Worksheets(TabFalha).Range("AF" & y).Value Then uL_status = 1 Next If uL_status = 0 Then Worksheets(TabFalha).Range("AF" & (PriLinFa + n_uL)).Value = uL n_uL = n_uL + 1 End If 'Gerando range da imperfeição inicial imp_status = 0 For y = PriLinFa To (PriLinFa + n_imp) If Imperf = Worksheets(TabFalha).Range("AG" & y).Value Then imp_status = 1 Next If imp_status = 0 Then Worksheets(TabFalha).Range("AG" & (PriLinFa + n_imp)).Value = Imperf n_imp = n_imp + 1 End If i = i + 1 Loop ' Alinhando valores dos ranges em ordem crescente *************** range_sort = "AE4:AE100" Worksheets(TabFalha).Sort.SortFields.Clear Worksheets(TabFalha).Sort.SortFields.Add Key:= _ Range(range_sort), SortOn:=xlSortOnValues, Order:=xlAscending, DataOption _

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:=xlSortNormal With Worksheets(TabFalha).Sort .SetRange Range(range_sort) .Header = xlNo .MatchCase = False .Orientation = xlTopToBottom .SortMethod = xlPinYin .Apply End With range_sort = "AF4:AF100" Worksheets(TabFalha).Sort.SortFields.Clear Worksheets(TabFalha).Sort.SortFields.Add Key:= _ Range(range_sort), SortOn:=xlSortOnValues, Order:=xlAscending, DataOption _ :=xlSortNormal With Worksheets(TabFalha).Sort .SetRange Range(range_sort) .Header = xlNo .MatchCase = False .Orientation = xlTopToBottom .SortMethod = xlPinYin .Apply End With range_sort = "AG4:AG100" Worksheets(TabFalha).Sort.SortFields.Clear Worksheets(TabFalha).Sort.SortFields.Add Key:= _ Range(range_sort), SortOn:=xlSortOnValues, Order:=xlAscending, DataOption _ :=xlSortNormal With Worksheets(TabFalha).Sort .SetRange Range(range_sort) .Header = xlNo .MatchCase = False .Orientation = xlTopToBottom .SortMethod = xlPinYin .Apply End With '*************** For i = 0 To (n_ua - 1) rangeua(i) = Worksheets(TabFalha).Range("AE" & (i + PriLinFa)) Next For i = 0 To (n_uL - 1) rangeuL(i) = Worksheets(TabFalha).Range("AF" & (i + PriLinFa)) Next For i = 0 To (n_imp - 1) rangeImp(i) = Worksheets(TabFalha).Range("AG" & (i + PriLinFa)) Next

End Sub

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Apêndice D - Cálculo do SNCF devido à presença do revestimento da junta

A presença do revestimento na região da junta entre os tubos resulta em um

considerável aumento no valor de deformação local, aumento este que precisa ser

considerado na aplicação do critério usado para o cálculo do VAS tolerável.

Uma vista geral do modelo utilizado para a estimativa da concentração de

deformação (SNCF) está apresentada na figura abaixo. Três partes de diferentes

materiais foram consideradas no modelo, sendo eles o duto (aço), o revestimento do duto

(polipropileno, PP) e o revestimento da junta (polipropileno injetado, IMPP). A região da

solda está sendo mostrada, mas ela não foi modelada.

Figura B-1 – Vista geral do modelo para cálculo do SNCF

Para a criação da malha, foram considerados elementos sólidos lineares de oito

nós com integração reduzida (C3D8R). Um refino mais acentuado foi realizado na porção

central do duto, local de onde se extrairá o resultado de SNCF. Detalhes gerais de refino

podem ser visualizados na Figura B-2, onde se notará pelo menos três elementos ao

longo da espessura do duto e quatro ao longo da espessura dos revestimentos.

Duto (Aço)

Revestimento da junta (IMPP)

Revestimento do duto (PP)

Linha da solda

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Figura B-2 – Malha adotado no modelo para cálculo do SNCF

Como se pôde notar, apenas metade do duto foi modelado, na intenção de se

aproveitar sua simetria. Considerou-se um modelo com apenas 5m de extensão,

suficiente para afastar a região de interesse dos resultados espúrios provenientes das

condições de contorno.

Enquanto se manteve uma das extremidades do duto fixa, aplicou-se na outra

curvatura pré-definida suficiente para curvá-lo até atingir uma deformação longitudinal

compressiva equivalente à que observamos no ápice da alça de flambagem, em torno de

1%.

Alguns dados de entrada foram considerados especialmente para esta análise e

não estão sendo citados em nenhum outro local desta tese, mas apenas na Tabela D-1.

Tabela D-1 – Dados de entrada específicos para a análise de SNCF

Material E [MPa]

v [-]

σy

[MPa]

IMPP 600 0,4 10

A B

B A

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PP 1000 0,4 15

Uma vista deformada está sendo apresentada na Figura B-3.

Figura B-3 – Deformação longitudinal no duto (apenas o aço está sendo mostrado)

Resultados são graficamente apresentados na Figura B-4. O valor de SNCF é

estimado a partir da divisão entre a deformação de pico, i.e. 1,39%, com a deformação

longitudinal fora da concentração, i.e. 0,97%. Portanto, SNCF para este caso vale 1,43.

Figura B-4 – Variação da deformação na fibra mais externa do lado compressivo

-0,97%

-1,39%

Resultados espúrios provenientes das condições de contorno

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Apêndice E - Planilha para verificação da susceptibilidade do duto à flambagem

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