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Análise de Competitividade do Setor das Indústrias de Moagem de Calcário e Mármore do Estado do Espírito
Santo
Vitória (ES), Maio de 2015
2
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ........................................................................................................... 3
1. ESTRUTURA DAS CADEIAS DE VALOR DA INDÚSTRIA MOAGEIRA ................. 4
1.2 Padrões de concorrência na Indústria de Moagem de Calcário e Mármore - As cinco forças de Porter ............................................................................................ 8
1.3 Padrões de desenvolvimento tecnológico na Indústria de Moagem de Calcário e Mármore - Tipologia de Pavitt .................................................................... 9
2. CENÁRIO E PANORAMA DO SETOR MOAGEIRO ............................................... 10
2.1 A indústria internacional de moagem de calcário e mármore ................................... 10
2.2 A indústria de Moagem de Calcário e Mármore no Brasil ........................................ 11
2.3 A indústria de Moagem de Calcário e Mármore no Espírito Santo ........................... 12
3. ANÁLISE DE COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA DE MOAGEM DE
CALCÁRIO E MÁRMORE ............................................................................................. 14
3.1 Caracterização das empresas ................................................................................. 14
4. DIAGNÓSTICO EMPRESARIAL PARA SUBSÍDIO AO CONTRATO DE
COMPETITIVIDADE DO SETOR DE MOAGEM DE CALCÁRIO E
MÁRMORE DO ES........................................................................................................ 20
4.1. Caracterização das empresas ................................................................................. 20
4.1.1. Perfil da mão de obra ........................................................................................ 20
4.1.2. Perfil do mercado .............................................................................................. 22
4.2. Desempenho das empresas .................................................................................... 23
4.2.1. Desempenho do faturamento e vendas ............................................................ 23
4.2.2. Desempenho da rentabilidade, da produtividade e tributário ............................ 24
4.3. Fatores associados à competitividade ..................................................................... 25
4.3.1. Gestão e inovação ............................................................................................ 25
4.4. Ações de qualidade, responsabilidade social e ambiental e relações do
trabalho .......................................................................................................................... 27
5. CONCLUSÃO .......................................................................................................... 27
6. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 28
7. ANEXO .................................................................................................................... 29
Padrões de concorrência - As cinco forças de Porter ..................................................... 29
Padrões de desenvolvimento tecnológico - Tipologia de Pavitt ...................................... 29
3
APRESENTAÇÃO
O Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo
(Ideies) é uma entidade do Sistema Federação das Indústrias do Estado do
Espírito Santo (Findes), responsável pelo apoio à Federação em questões
estratégicas voltadas para as áreas de competitividade e de defesa de
interesses da indústria capixaba, além das ações referentes aos assuntos
legislativos, ao desenvolvimento regional do Espírito Santo e ao crescimento
das micro, pequenas e médias empresas.
A entidade atua na estruturação de informações técnicas de interesse da
indústria capixaba, com foco em inteligência competitiva, como este estudo,
que tem o objetivo de atender contrapartida do Contrato de Competitividade
firmado entre o Setor das Indústrias de Moagem de Calcário e Mármore e o
Governo do Estado do Espírito Santo, qual seja, enviar à SEDES anualmente a
análise da competitividade do setor.
Para realização da Análise de Competitividade do Setor de Moagem de
Calcário e Mármore do Espírito Santo, foram adotados marcos teóricos que
estabelecem os padrões de concorrência, de desenvolvimento tecnológico e de
posicionamento estratégico, das empresas e do estado, na cadeia global de
valor do segmento. Os fatores abordados dizem respeito à capacidade
competitiva do setor, relacionados aos mecanismos de concorrência (preço,
diferenciação de produtos, introdução de novos processos e capacidade de
produção), à dinâmica dos mercados, às atuais posições competitivas das
indústrias internacional e doméstica, às estratégias adotadas para garantir a
capacidade de competir no longo prazo, bem como às vantagens competitivas
dos concorrentes.
Este documento é composto também por um “Diagnóstico empresarial para
subsídio ao contrato de competitividade do setor de moagem de calcário e
Mármore do ES”, que buscou identificar as ações e resultados do conjunto das
empresas signatárias do Compete, com relação ao desempenho econômico e
de mercado, à manutenção e/ou criação de novos empregos, a qualificação
profissional, investimentos em inovação e tecnologia, em saúde e segurança
do trabalhador e ações na sustentabilidade socioambiental.
4
1. ESTRUTURA DAS CADEIAS DE VALOR DA INDÚSTRIA MOAGEIRA
De um modo geral, o segmento de moagem de rochas carbonatadas é
composto basicamente pela extração de calcita (carbonato de cálcio) e/ou
dolomita (carbonato de cálcio e magnésio), podendo conter impurezas,
silicatos, fosfatos, sulfetos, sulfatos, óxidos e outros, além de matéria orgânica.
Dependendo dos teores de óxidos de cálcio e magnésio, as rochas assumem
características mais cálcicas ou mais magnesianas, sendo bastante raros na
natureza os tipos puramente cálcicos ou magnesianos. Em sentido amplo, o
termo “calcário” é empregado para caracterizar um grupo de rochas que
contém em sua composição teores de carbonatos superiores a 50%.
1.1 Cadeia de valor da Indústria de Moagem de Calcário e Mármore
O calcário apresenta uma grande variedade de usos, desde matéria-prima para
a fabricação de cal e cimento, corretivos de solos ácidos, tintas, ingredientes na
indústria de papel, plásticos, química, siderúrgica, de vidro; refratários e outras.
Ainda assim, o calcário representa um produto relativamente barato, exceto em
suas formas beneficiadas mais sofisticadas, de valor agregado elevado. Os
preços médios de comercialização têm sido de apenas R$120 por tonelada
(produção beneficiada) o que implica que os custos de logística,
comercialização e outros, são especialmente importantes em relação ao pó de
calcário. O baixo preço do pó de calcário resulta numa estreita relação entre a
demanda e a produção, levando a um baixíssimo nível de estoques na
indústria. Por outro lado, dada a relação entre os baixos preços do calcário e o
custo do frete, há pouco intercâmbio da produção, em nível internacional,
exceto para os produtos beneficiados de maior valor agregado, que
representam ínfima participação na produção total (menos de 1%).
Os principais usos dos produtos contendo pó de calcário são:
fluxantes na indústria siderúrgica;
produção de cimento;
fabricação de vidros, aço, papéis, plásticos, tintas, cerâmica e muitos
outros;
correção de solos ácidos;
aditivos em diversos processos químicos;
produção de alimentos;
produtos de higiene.
O tratamento das rochas carbonatadas, especialmente o calcário, depende do
uso e especificações do produto final. A lavra seletiva, a catação manual, a
britagem em estágio unitário e o peneiramento são os métodos usuais para
5
obtenção de produtos, cuja utilização final não requer rígidos controles de
especificações. Este é o caso, especialmente, para o calcário agrícola.
A cominuição1 do calcário pode ser feita via seca, segundo as etapas de
britagem, classificação, moagem em moinho de rolos tipo Raymond ou em
moinhos tubulares com bolas, com cuidados especiais para evitar a
contaminação por ferro. Para moagem mais fina, são utilizados moinhos
micronizadores ou de bolas, com os mesmos cuidados em relação à
contaminação por ferro. Uma descrição do tipo de equipamento utilizado para
moagem do calcário pode ser vista na Figura 1.
Figura 1: Diagrama do circuito básico de moagem e classificação de Calcário
Em decorrência dos mercados de papel, tinta, plástico e borracha reivindicarem
produtos cada vez mais finos, os grandes produtores de carbonato de cálcio,
principal componente de rochas como o calcário, passaram a investir em novos
processos de moagem. Neste contexto, o sistema de classificação recebe
maior atenção, tanto no avanço dos circuitos, adicionando mais estágios ao
processo, como no desenvolvimento de equipamentos de classificação com
melhor desempenho.
1 Cominuição é a operação, ou o conjunto de operações, que consiste na redução das dimensões físicas de um dado conjunto de blocos, ou partículas, através do rompimento de sua coesão, por meio de ação mecânica externa, de forma controlada.
6
O consumo de energia aumenta significativamente para moagem em
granulometrias ultrafinas. Consta-se tal fato em ambas as etapas, moagem e
classificação. A esta se reserva a maior parcela do consumo. Na área de
moagem de carbonato de cálcio natural, os avanços tecnológicos são dirigidos
aos sistemas de classificação a seco, nos quais se observam mudanças,
notadamente, na geometria dos equipamentos, com a finalidade de melhorar a
diferença de pressão nos equipamentos de classificação. Isso reduz, de forma
expressiva, o consumo de energia, comparado ao sistema convencional de
classificação.
É enorme a gama de atividades industriais que se utilizam dos produtos desse
setor como matéria prima em aplicações diversas, destacando-se o uso ou
aplicação em siderurgia, na agricultura, tintas, revestimentos, cerâmica, PVC –
tubos e conexões, E.V.A, espumas, vidros, argamassa, palmilhas, massa
corrida, papel, louças, ração animal, corretivo de solo, sabão, aromas, creme
dental, indústria têxtil, borrachas, curtume, tapetes, e ainda como matéria prima
para o setor farmacêutico e como fonte de cálcio e magnésio para a indústria
alimentícia.
Tipos de Usos:
Segmento Automotivo
Algumas empresas do setor já produzem uma linha completa de carbonatos
(finos e micronizados) e baritina para uso no segmento automotivo. A indústria
automobilística oferece uma gama de opções para a aplicação da barita e dos
carbonatos. Esses produtos entram como carga nas pastilhas, como
extensores e pigmentos nas tintas. São utilizados ainda como cargas
destinadas ao isolamento acústico dos carros, estando também presente nos
plásticos e partes de borracha dos veículos. O carbonato também está
presente na fabricação dos pneus.
Segmento Siderúrgico
O calcário siderúrgico tem uma dupla função podendo ser utilizado na
siderurgia tanto como fundente quanto fluxante. Seu uso se dá pela capacidade
do óxido de cálcio reagir com as impurezas, entre outras, para o caso com
aquelas que contêm enxofre. Esse tipo de reação é importante nos processos
pirometalúrgicos de altas temperaturas, nos quais o CaO produzido pela
decomposição do CaCO3 reage com as impurezas ácidas, por exemplo, nos
fornos de fabricação de ferro gusa. Outras são as funções do calcário
7
siderúrgico na indústria do aço, como escorificar as impurezas da carga e
diminuir a temperatura de fusão da carga e a viscosidade da escória facilitando
o seu escoamento.
Segmento da Construção Civil
Fabricação de Argamassas – Com uso de tecnologias específicas o setor já
produz argamassas com diferentes aplicações no segmento da construção
civil. As diferentes linhas de argamassas são produzidas para atender a cada
função construtiva. São basicamente produtos à base de cimento, para
assentamento, revestimento interno e externo (manual e projetável), contra
piso e massa única. Destaque, em especial, para uma linha com alta tecnologia
de produção, as argamassas projetáveis à base de gesso para reboco interno.
Segmento dos Plásticos
Os Carbonatos Naturais entram na produção de vários tipos de resinas e PVC,
este com maior parcela do consumo. Os carbonatos com granulometrias muito
finas e os polímeros são adicionados à composição dos mais diversos tipos de
plásticos para melhorar suas propriedades físicas e as características de
processabilidade. O uso do Carbonato de Cálcio na indústria de plásticos
apresenta diversas vantagens. Sua dosagem e sua distribuição granulométrica
adequada proporcionam aos compostos de PVC, dureza, propriedades de
tensão, textura e brilho superficial. Ele controla a viscosidade e o coeficiente
da expansão térmica do plástico na moldagem das placas; proporciona
resistência ao polímero e baixa o custo do produto acabado; tem ainda a
capacidade de favorecer a manufatura de poliéster, saturado com altos
percentuais de carbonatos. O Carbonato de Cálcio Natural Ultra Fino é usado
na produção de plásticos em diversas aplicações dentre elas na produção de:
fraldas, filmes, móveis, materiais de construção, produtos automotivos, sacolas
de lixo, tubos, baldes de lixo, embalagens de alimentos, papéis, garrafas
sintéticas, além de outros. Sua adição, na faixa de 15 a até 30% em peso,
promove as propriedades físicas dos produtos e permite aumentar o
rendimento, porque sua condutividade térmica está cinco vezes acima do
polietileno ou polipropileno.
Segmento de Tintas, Textura, Grafiatos, Resinas e Primer
Os Carbonatos de Cálcio Natural têm uma grande importância para a
composição das tintas como carga e extensor. O setor consegue atender as
indústrias de tintas que exigem granulometria muito fina do carbonato, para
8
assim poder fornecer produtos que formem leitos muito finos sobre a superfície
pintada. Esses Carbonatos de Cálcio Natural são muito utilizados em tintas
para automóveis, texturas, tintas especiais e tintas mobiliárias em geral. Sua
principal função nas tintas é ser usado como agente espaçador e redutor da
quantidade de TiO2 necessário à pintura, promovendo melhor cobertura.
Segmento da Agricultura
Neste segmento o calcário corretivo de solo é aplicado para corrigir a acidez e
promover o crescimento das plantas. O cálcio, ao reagir com hidrogênio em
excesso, diminui a concentração dos íons de hidrogênio, elevando o pH do
solo.
O calcário corretivo, principalmente o calcário dolomítico, proporciona dois
nutrientes importantes para os solos, cálcio e magnésio, como também
elementos-traço contidos na rocha calcária. O calcário também neutraliza a
acidez gerada pelos fertilizantes nitrogenados, tais como nitrato, amônio e
sulfatos, aumentando o cultivo e o conteúdo orgânico do solo.
1.2 Padrões de concorrência na Indústria de Moagem de Calcário e Mármore - As cinco forças de Porter
O modelo das Cinco Forças de Porter oferece um instrumento importante para
compreensão dos padrões de concorrência das empresas em seus setores
industriais. A identificação da intensidade e da direção de cada uma das forças
que conformam a pressão competitiva, operante em cada setor, possibilita
compreender o posicionamento das empresas, as áreas em que as mudanças
estratégicas talvez proporcionem maior retorno e apontam as tendências
setoriais mais significativas para inserção e consolidação de suas posições no
mercado.
A seguir, será apresentada uma análise da indústria moageira à luz do modelo
proposto por Porter.
Poder de negociação dos consumidores: Mercado altamente sensível,
sendo o preço e qualidade os seus principais drivers. A sazonalidade impacta
diretamente na cadeia produtiva. O preço do calcário é negociado diretamente
com as grandes indústrias de transformação o que dificulta o poder de
negociação dos produtores.
9
Poder de negociação dos fornecedores: Como a grande maioria das
empresas do setor possui jazida própria e o processo é extrativista, não há
negociação de fornecedores.
Produtos substitutos: Não há produtos substitutos no setor de moagem de
calcário e mármore.
Novos entrantes: A entrada de novos players no ramo moageiro não é uma
ameaça, principalmente pelos altos investimentos para aquisição de
equipamento, tecnologia e adequações ambientais necessárias na extração do
calcário e do mármore.
Grau de rivalidade: A concorrência neste setor é alta, que provoca uma
disputa acirrada por preço que é nociva ao setor.
Figura 2: Conformação das cinco forças de Porter na Indústria de Moagem de
Calcário/Mármore
Forças de Porter Pó de
Calcário/Mármore
Poder de negociação dos
Consumidores
Poder de negociação dos
Fornecedores
Produtos substitutos
Novos entrantes
(barreiras à entrada)
Grau de rivalidade
1.3 Padrões de desenvolvimento tecnológico na Indústria de Moagem de
Calcário e Mármore - Tipologia de Pavitt
A tipologia Pavitt permite algumas conclusões importantes para serem
consideradas na definição de uma estratégia de desenvolvimento nacional: (a)
mostra que os setores de atuação das empresas impõem determinados
comportamentos empresariais; (b) mostra que os setores também guardam
assimetrias entre si, revelando a importância da dimensão setorial para uma
consideração analítica; (c) indica que não apenas os setores industriais são
10
diferentes como existe uma certa hierarquia entre eles na medida em que
alguns setores geram e transmitem conhecimento técnico e outros são
receptores de progresso técnico.
A indústria de moagem de calcário e mármore é uma indústria de alta
tecnologia, que prevê altos investimentos para atuação neste segmento, o que
dificulta a entrada de novos players. De acordo com as características
apresentadas e com a tipologia de Pavitt, a indústria de moagem é classificada
como um setor intensivo em escala. Nesse tipo de indústria é necessário o
domínio de um conjunto de conhecimentos relativamente amplo, abrangendo a
tecnologia de processo e a tecnologia de produtos. Nessa classe de indústria,
as inovações são tanto de processos (objetivando a redução de custos de
produção) quanto de produtos (principalmente nos segmentos em que a
diferenciação e a produção de produtos especiais são aspectos relevantes na
concorrência).
2. CENÁRIO E PANORAMA DO SETOR MOAGEIRO
2.1 A indústria internacional de moagem de calcário e mármore
As principais entidades que publicam informações sobre a produção mineral
mundial, como o USGS (United States Geological Survey), através do Mineral
Commodity Summaries, e o British Geological Survey, dentre outros, não
divulgam estatísticas mundiais específicas sobre as reservas e produção de
calcário, em parte devido à falta de estatísticas fornecidas pelos respectivos
países e, em parte, devido à dificuldade de caracterização da produção de
calcário diferenciada da produção de outras rochas comumente consideradas
como calcário. Ainda assim, o USGS (Mineral Commodity Summaries, 2014)
sugere que as reservas mundiais de calcário e dolomito, mesmo não sendo
estimadas especificamente, seriam adequadas para atender a demanda
mundial durante muitos anos. Estima-se que as maiores reservas estejam com
os maiores produtores mundiais.
Todas as rochas carbonáticas compostas predominantemente por carbonato
de cálcio e/ou carbonato de cálcio e magnésio (calcários, dolomitos, mármores,
etc.), independentemente da relação CaO/MgO, são fontes para a obtenção de
corretivos de acidez dos solos, portanto, as reservas brasileiras de calcário
agrícola podem ser consideradas como as mesmas reservas brasileiras de
calcário, independentemente de sua aplicação (tabela 1).
11
Tabela 1: Reservas e produção Mundial
2.2 A indústria de Moagem de Calcário e Mármore no Brasil
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de calcário. Sua produção
anual está em torno de mais de cem milhões de toneladas de calcário bruto e
beneficiado, apresentando um crescimento de aproximadamente vinte por
cento nos últimos cinco anos. As reservas lavráveis de calcário no Brasil estão
relativamente bem distribuídas pelos estados brasileiros, e, como em muitos
países do mundo, representam centenas de anos de produção, nos níveis
atuais.
As grandes, médias e pequenas empresas que se dedicam à mineração ou
beneficiamento do calcário compõem uma indústria com muitos participantes,
mas cuja produção está concentrada nas maiores empresas (as dez maiores
empresas representam mais de um terço da produção), especialmente em
relação ao beneficiamento. A mineração se dá preponderantemente a céu
aberto.
As empresas atuantes na indústria de mineração e beneficiamento do calcário
têm, em geral, uma estrutura relativamente fechada (poucas são incorporadas
como sociedades anônimas), e poucas detêm certificações relativas à
qualidade e ao meio ambiente (ISO 9001 e ISO 14.001).
O parque produtivo tem investido relativamente pouco em inovações
tecnológicas, e os fornecedores têm conseguido atender à demanda do
mercado com as instalações atuais, mesmo se em muitos casos sejam
modernas ou muito eficientes. As projeções realizadas para a demanda por
investimentos nas minas e nas usinas de calcário no Brasil, até o ano de 2030,
levaram em conta que não houve expressivas mudanças tecnológicas que
impliquem numa mudança nos coeficientes de investimentos realizados, por
12
tonelada produzida nas minas ou processada nas usinas, observados
atualmente.
Quanto à demanda por mão de obra nas minas e nas usinas de calcário, no
Brasil, as projeções realizadas com base nos valores da produção projetada
apontam para um substancial aumento da mão de obra empregada, dos quase
doze mil empregados, atualmente, para algo entre 19 mil (Cenário Frágil) a 29
mil (Cenário Inovador) trabalhadores, com pouco mais da metade ocupada nas
minas. Como grande parte dessa mão de obra é pouco qualificada (pouco mais
de 12%,entre minas e usinas, é de nível superior), atualmente, e não é prevista
uma mudança nas exigências em relação à proporção de mão de obra mais
qualificada, até 2030, imagina-se que o mercado não terá dificuldade em
disponibilizar essa mão de obra (tabela 2).
Tabela 2: Projeção da demanda por mão de obra total (Minas e Usinas), até 2030
Fonte: Silva, J. O. Produto RT 38 Perfil do Calcário
2.3 A indústria de Moagem de Calcário e Mármore no Espírito Santo
No Espírito Santo o setor de moagem de calcários e mármore compõe uma das
mais relevantes atividades de rochas no sul do Estado encontrando-se
presente nas cidades de Cachoeiro de Itapemirim, Vargem Alta e Castelo. Seu
parque industrial possui aproximadamente 30 empresas que estão localizadas
nas proximidades das jazidas desses minerais favorecendo sobremaneira seu
custo e seu processamento. Todos os produtos ofertados pelas empresas são
oriundos da mesma lente onde se lavram os mármores capixabas que já estão
consolidados nos mercados nacional e internacional. São aproveitados o
Carbonato de Cálcio e Magnésio Natural, o Calcário Corretivo de Solo e o
Calcário Siderúrgico (figura 3).
Utilizando o critério de classificação do IBGE como critério de classificação do porte das indústrias pelo número de empregados (tabela 3), o setor atualmente é o responsável pela geração algo em torno de 7800 empregos diretos e pelo menos 9000 empregos indiretos. Este setor também tem uma função social
13
importante por fixar o homem em seu lugar de origem a partir da utilização principalmente na mão de obra existente e formada na própria região (tabela 4).é constituído em grande maioria por micro e pequenas empresas que (gráfico 1).
Tabela 3: Classificação do porte por número de empregados
Porte N° de empregados
Micro com até 19 empregados
Pequena de 20 a 99 empregados
Média 100 a 499
Grande mais de 500 empregados
Fonte: IBGE
O setor de moagem
Figura 3 - Número de empregos por porte: no Brasil e no ES 2013
Tabela 4 - Evolução do número de empresas (CNPJ) e empregos no Brasil e no ES
Descrição CNPJ Empregos CNPJ Empregos CNPJ Empregos CNPJ Empregos CNPJ Empregos
0810-0/0990-
4/2399-1/4683-4 Brasil 9.101 98.946 9.481 108.091 9.870 115.551 10.275 122.747 10.544 126.947
0810-0/0990-
4/2399-1/4683-4 ES 636 7.372 644 7.541 639 7.564 631 7.794 639 7.807
Fonte: Rais 2013
Elaboração: IDEIES/FINDES
2013
Cnae 2.0
2009 2010 2011 2012
As empresas moageiras produzem atualmente em torno de 187.000
toneladas/mês, equivalente a 2.244.000 toneladas/ano dos principais produtos
como carbonato de cálcio natural, calcário siderúrgico e calcário corretivo de
solo.
Fonte: Rais/MTE 2013
14
O setor está produzindo abaixo de sua capacidade instalada que é de
aproximadamente 308.000 toneladas/mês, equivalentes a 3.38 milhões de
toneladas/ano. Em função de dificuldades enfrentadas com a crise e várias
mudanças ocorridas no mercado a produção atual deve estar em torno de 40%
de tudo aquilo que o setor pode produzir.
O setor moageiro tem enorme importância para o Espírito Santo. Isso por que é
um setor que gera um grande número de empregos e está em crescendo nos
últimos anos, como podemos observar a evolução no quadro de empregos do
onde o setor está inserido (tabela 5). As empresas de moagem favorecem a
fixação do homem no campo, contribuem para a interiorização do
desenvolvimento, uma vez que essas atividades são desenvolvidas em várias
regiões do Estado, auxiliando a geração de renda de um grande número de
produtores rurais, muitos dos quais operando em regime de agricultura familiar.
Tabela 05 - Evolução do número de empregos no Espírito Santo
Cnae 2.0 Descrição 2009 2010 2011 2012 2013
0810-0 Extração de Pedra, Areia e Argila 5.397 5.540 5.680 5.957 6.091
0990-4Atividades de Apoio à Extração de Minerais, Exceto
Petróleo e Gás Natural150 108 79 88 94
2399-1Fabricação de Produtos de Minerais Não-Metálicos não
Especificados Anteriormente1.470 1.554 1.423 1.342 1.213
4683-4Comércio Atacadista de Defensivos Agrícolas, Adubos,
Fertilizantes e Corretivos do Solo355 339 382 407 409
7.372 7.541 7.564 7.794 7.807
2,3% 0,3% 3,0% 0,2%
Fonte: Rais/MTE
Elaboração: Ideies/ Findes
TOTAL
3. ANÁLISE DE COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA DE MOAGEM DE
CALCÁRIO E MÁRMORE
3.1 Caracterização das empresas
A Unidade de Gestão do Conhecimento (UGC) com o objetivo de desenvolver
análises e pesquisas sobre competitividade de setores industriais,
principalmente os participantes do COMPETE/ES, promove fóruns de
discussão dos setores industriais por meio da realização de grupos focais com
os empresários e representantes de entidades de promoção do
desenvolvimento industrial no estado.
15
Os grupos focais utilizam a interação grupal para produzir dados e insights que
seriam dificilmente conseguidos fora do grupo. Os dados obtidos levam em
conta o processo do grupo, tomados como maior do que a soma das opiniões,
sentimentos e pontos de vista individuais. A despeito disso, o grupo focal
conserva o caráter de técnica de coleta de dados, adequado, a priori, para
investigações qualitativas. Tem como objetivo obter uma variedade de
informações, sentimentos, experiências, representações de pequenos grupos
acerca de um tema determinado.
Análises de competitividade devem levar em conta simultaneamente – e com o
devido peso – os processos internos à empresa e à indústria e as condições
econômicas gerais do ambiente produtivo.
Existem como sabemos grandes disparidades de produtividade entre os vários
setores da atividade privada, com níveis baixos decorrentes da falta de
inovação, de organização, de liderança e de gestão de recursos humanos (e
também da falta de capital e/ou de financiamento). Estes fatores estão para
além do ajustamento pelos salários e dependem quase inteiramente do lado
das empresas e, sobretudo, das suas lideranças.
Os fatores de competitividade, internos às empresas, que orientaram a
discussão e que serão abordados nesta análise foram: Alianças Estratégicas,
Capital Humano, Confiabilidade, Conhecimento, Custo, Fatores Culturais,
Flexibilidade, Inovação, Qualidade, Rapidez, Relacionamento com Clientes,
Responsabilidade Social, Sistemas de Controle, Técnicas de Produção e
Tecnologias da Informação e Comunicação.
Dentre os fatores externos ou sistêmicos, foram analisadas questões referentes
ao ambiente macroeconômico, à disponibilidade e tipo de crédito, ao custo de
financiamentos, à infraestrutura econômica, infraestrutura técnica, científica e
educacional e à tributária.
A seguir, serão apresentadas as principais características apontadas pelos
empresários, convidados a participar do Grupo Focal de Competitividade do
Setor de Moagem de Calcário e Mármore, como as que definem as formas
de concorrência do setor e os obstáculos para o crescimento sustentável do
segmento no Estado.
3.1.1 Mecanismos de concorrência do setor de moagem de calcário e
mármore.
Os empresários relataram que o setor moagem de calcário e mármore compete principalmente pelo preço, não podendo, entretanto, deixar de lado a qualidade do produto. A diversificação de uso dos produtos é um fator que propicia um
16
dinamismo ao mercado e uma maior flexibilidade na indústria, conforme tabela 06. Tabela 6 – Relação segmento x driver de mercado
SEGMENTO PRINCIPAL DRIVER
Calcário Siderúrgico Preço Calcário para corrigir solo Preço Indústria de Tintas Preço/Qualidade Plástico Qualidade
A maior parte das empresas está voltada para a diversificação de produtos, pois o maquinário utilizado é o mesmo para todas as indústrias, não trazendo grande complexidade a oferta de um mix de produtos para atender a demanda.
“Na minha empresa eu faço os mesmos materiais que as outras fazem também. Ofereço preço e qualidade, porque se não tiver associado a isso você acaba descumprindo contrato.”
Foi citada a falta de união do setor, o que acaba provocando a briga acirrada pelo preço, pois há uma competitividade entre as empresas que é nociva ao setor. Há também uma forte pressão por parte de outras fontes de suprimentos, como por exemplo, o estado do Paraná, que está resolvendo questões técnicas que antes impediam o fornecimento para as indústrias de SP, com diferenciação de frete na ordem de 50%, inviabilizando as negociações da indústria local. 3.1.2 Mercados a que se direcionam os produtos da cadeia produtiva.
O principal mercado a que se destinam as vendas das indústrias moageiras, são as indústrias siderúrgicas localizadas no ES e fora do estado (SP, RJ,MG, PR). O estado vem perdendo o mercado do sul e SP após a solução dada pelos moageiros do PR e GO quanto a problemas na qualidade do calcário
“O Paraná consegue fornecer para as indústrias de SP, aí a gente perde pelo frete. O produto que eles vendem é mais caro que o nosso, preço FOB, mas por conta do frete, o nosso preço final acaba ficando mais caro.”
3.1.3 Posição atual da indústria no mercado – doméstico ou
internacional – desempenho, vantagens e desvantagens
competitivas.
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O setor de moagem do ES é pioneiro no Brasil para a aplicação de calcário e os produtos oriundos da moagem são os que têm melhor valor agregado do Brasil. Há alguns anos atrás, somente a cidade de Cachoeiro de Itapemirim supria as demandas de componentes para o mercado de tintas no país. Hoje por conta dos altos custos em logística, abriu-se oportunidade de desenvolver novas fontes de suprimento como PR, MG, GO e SP.
“Temos o melhor produto, melhor preço, mas com o frete fica inviável, tornando o produto pouco competitivo.”
A maior parte das empresas possui jazida própria, mas algumas vezes se faz o aproveitamento de outras jazidas, comprando pontas de outras pedreiras para atender a demanda. Novos concorrentes têm dificuldade de entrar no mercado, visto que o processo para adquirir tecnologia, mão de obra, energia e matéria-prima é de alto custo.
“Não é fácil entrar... maquinário é caro..energia é cara...”
Dado o pequeno valor agregado do produto, a logística possui um papel importante na formação de preço, impactando negativamente a indústria capixaba que não tem opções de transporte se restringindo ao modal rodoviário. Anteriormente o estado possuía a opção de transporte ferroviário, o que beneficiava a categoria com valores de frete mais viável.
“O frete que pagamos aqui, tem um impacto grande no preço final dos nossos produtos, ficando difícil competir com estados que estão mais próximos das empresas de transformação.”
Quanto as certificações exigidas pelo mercado, os empresários relataram que devido às características do produto final apresentarem grande variância nas minas (a pedra processada em uma jazida é diferente de outra), com granulometrias diferentes, existe um procedimento rigoroso de aprovação antes de homologar um fornecedor, pois os componentes químicos são diferentes um do outro o que confere uma vantagem no momento das negociações, não havendo uma briga de preço neste momento, pois a variação do produto pode comprometer a qualidade final. Relataram ainda que se as indústrias de transformação fossem aqui no estado não haveria concorrência com os outros estados produtores, mas a grande concentração está em estados como SP,MG,PR.
A principal vantagem competitiva para o setor moageiro do estado está na qualidade do material extraído, que é considerado o melhor do país se destacando dos demais concorrentes que não possui os mesmos elementos que conferem as características específicas para determinados usos. Citaram que a desvantagem que se tem em relação aos outros mercados é principalmente a distância dos grandes centros, onde se concentra as indústrias de transformação. Os empresários salientaram que seriam
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necessários investimentos em linhas férreas para escoamento da produção, desta forma a concorrência de outros estados seria reduzida e o estado se tornaria mais competitivo no preço final dos produtos. Quanto ao parque tecnológico, salientaram que investem sempre em modernização dos equipamentos para gerar maior produtividade e economia nos processos produtivos e afirmaram que há dificuldade para aquisição de crédito sendo que a maioria adquire maquinário com recursos próprios. 3.1.4 Fatores externos à empresa que impactam a competitividade
(ambiente macroeconômico, disponibilidade e tipo de crédito, custo
de financiamentos, infraestrutura econômica, infraestrutura técnica,
científica e educacional e tributária), dentre outros.
O setor tem enfrentado uma série de exigências do Ministério do Trabalho e do Ministério Público na questão de emissão de poluentes. Devido ao processo produtivo ter como característica básica a transformação de rocha em pó, a emissão de particulados no ar é inevitável. Altos investimentos estão sendo feitos para minimizar os efeitos, mas não se conseguiu chegar a um resultado satisfatório e não há alternativas em curto prazo para resolver a questão. Os empresários afirmaram que o Ministério do Trabalho e o Ministério Público querem a eliminação de 100% dos particulados emitidos, o que é impossível levando em consideração as características da moagem. Está sendo estudado, junto ao MP, a fixação de limites de tolerância para a emissão de particulados.
“Nosso negócio é transformar o pó em poeira. Quanto mais fino o pó, mais valor agregado.” “A tecnologia do maquinário é ensacamento através de pressão. Pressão em cima de poeira gera particulado.”
A grande maioria das empresas não tem preocupação em buscar certificações ambientais e de qualidade. Somente empresas que fornecem para grandes clientes e os mesmos exigem as certificações para fornecimento se interessam em obtê-las. Há uma forte pressão por parte dos órgãos de regulação do setor, mas os processos são demorados e burocráticos atrasando e muitas vezes, corre-se o risco da atuação na ilegalidade.
“Quem trabalha com explosivos tem que se submeter às exigências do Exercito. Só que burocracia é muito grande, mas estamos aprendendo a lidar com eles. O tempo dele é diferente do nosso.”
Os empresários relataram que o setor tem trabalhado no limite, sem investimentos em ampliação das atividades, devido a falta de expectativas a longo prazo para o setor. Esta situação se arrasta desde 2009 e a tentativa de diversificar a produção para ganhar um pouco mais de competitividade. Com a
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entrada do estado do PR, as empresas foram forçadas a cortar investimentos, reduzir o quadro de funcionários, diminuir a rentabilidade o que acabou trazendo um encolhimento do setor.
“Vou manter a capacidade atual, manter os equipamentos, pois não temos expectativas positivas... se conseguir manter já tá bom... não podemos errar... qualquer erro é prejuízo.”
Outro ponto abordado foi a falta de qualificação da mão de obra. A formação dos colaboradores é feita através de treinamentos fornecidos pela empresa, mas a alta rotatividade e o grande contingente de lesionados dificulta a manutenção de um quadro qualificado.
“A rotatividade é muito alta... você tem que dar curso, tem que investir na mão de obra, você tem que investir no colaborador, pra tudo. Para operar uma máquina você tem que pagar um curso, enfim o custo é muito alto para formação...”
3.1.5 Análise dos instrumentos de incentivo à competitividade existentes
(Compete, isenções fiscais e outros).
Os empresários relataram que o COMPETE é um grande diferencial para a sobrevivência do setor no estado, já que os mesmos citaram a dificuldade em negociar a margem dos produtos comercializados para fora do estado.
“Se não tivéssemos o COMPETE, o setor já teria morrido no estado...”
3.1.6 Propostas para o aumento da competitividade.
As principais propostas indicadas pelos empresários para o aumento da competitividade do setor estão descritas a seguir:
Investimento por parte do governo para o retorno da linha férrea para
aumentar a competitividade.
Linhas de financiamento com juros diferenciados.
Propuseram a união da classe em cooperativa para buscar maximizar
esforços nas negociações.
Tratamento diferenciado em todas as áreas de atuação do Governo para
agilizar processos para as empresas signatárias do COMPETE, evitando
assim os entraves burocráticos de diversos setores, como por exemplo,
ampliação de prazos das exigências legais.
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4. DIAGNÓSTICO EMPRESARIAL PARA SUBSÍDIO AO CONTRATO DE
COMPETITIVIDADE DO SETOR DE MOAGEM DE CALCÁRIO E
MÁRMORE DO ES
4.1. Caracterização das empresas
A análise apresentada neste estudo possui como fonte a pesquisa quantitativa,
elaborada e realizada pelo Ideies. A coleta de dados foi realizada por meio de
questionário eletrônico no mês de março 2015, junto às empresas que
participam do Contrato de Competitividade firmado entre o Governo do Estado
e o Setor das Indústrias de Moagem de Calcário e Mármore do Espírito Santo.
Salienta-se que os valores apresentados divergem dos dados da Receita
Estadual do Espírito Santo, visto que a pesquisa não atingiu a totalidade do
setor, entretanto, acompanha a tendência.
A amostra da pesquisa foi constituída por 06 (seis) unidades produtivas.
Para 33% das empresas quando questionadas sobre a produção responderam
que Calcário Siderúrgico e o Carbonato de Cálcio são os principais produtos do
portfólio comercializado. (Gráfico 1)
4.1.1. Perfil da mão de obra
Em 2014, quanto ao número de empregados com carteira assinada, as
empresas pesquisadas contavam com 605 pessoas registradas, 0,8% superior
Gráfico 01: Principal Produto Fonte: Pesquisa do Setor de Moagem/Ideies
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ao número de empregados do ano anterior (Gráfico 2) com um aumento de
8,0% nas horas trabalhadas nos últimos 2 anos. (Gráfico 3)
Em relação à escolaridade dos empregados, observou-se a predominância do
nível fundamental (54%). Os níveis médio e técnico representam 38%, sendo o
ensino superior/especialização somente 7,3%. (Gráfico 04).
As empresas quando questionadas sobre quais profissionais faltam no seu
quadro de pessoal, 18% afirmaram que há carência de mecânico, eletricista
operadores, químicos e administrativo, devido à dificuldade de contratação de
mão de obra especializada na região onde estão sediadas (Gráfico 05).
Gráfico 02: Número de empregados Gráfico 03: Número de horas trabalhadas
Fonte: Pesquisa do Setor de Moagem/Ideies
Gráfico 04: Escolaridade dos empregados Gráfico 05: Carência de mão de obra
Fonte: Pesquisa do Setor de Moagem/Ideies
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4.1.2. Perfil do mercado
Referente ao destino das vendas, todas as empresas vendem para o Espírito
Santo e outros estados. Quanto às vendas de seus produtos, 45,5% das
empresas responderam que destinam para outras indústrias, 27,3% distribuidor
e para o consumidor final respectivamente. (Gráfico 06)
As empresas quando questionadas com quais os estados concorre o Espírito Santo no seu ramo de atuação, apresentaram São Paulo (100%) e Minas Gerais (67%) como os principais estados concorrentes. (Gráfico 07) Quando questionadas quais os países mais concorrem com o Espírito Santo, as empresas apontaram a Índia (33%) como principal país concorrente.
Fonte: Pesquisa do Setor de Açúcar/Ideies
Gráfico 06: Destinação das Vendas
Fonte: Pesquisa do Setor de Moagem/Ideies
Gráfico 07: Estados concorrentes
Fonte: Pesquisa do Setor de Moagem/Ideies
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4.2. Desempenho das empresas
4.2.1. Desempenho do faturamento e vendas
As empresas pesquisadas têm apresentado aumento no faturamento nos
últimos anos, sendo que, em 2013, cresceu 6,6% e em 2014 o crescimento foi
na ordem de 11,9%. No acumulado de 2 anos, o crescimento total foi de
19,3% em faturamento. (Gráfico 08). O gráfico 09 apresenta o resultado do
ICMS apurado nos últimos 3 anos, que recuperou o crescimento de
arrecadação de 48,7% em 2014 após o ano de 2013 ter tido uma queda de
28,8%.
Os fatores que movimentaram o faturamento podem ser observados no gráfico
abaixo (Gráfico 10).
Gráfico 08: Desempenho do faturamento Gráfico 09: Arrecadação de ICMS
Fonte: Pesquisa do Setor de Moagem/Ideies
Gráfico 10: Fatores para o crescimento do faturamento
Fonte: Pesquisa do Setor de Moagem/Ideies
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4.2.2. Desempenho da rentabilidade, da produtividade e
tributário
Para 100% das empresas pesquisadas houve crescimento no custo total
quando comparado ao ano anterior.
As justificativas podem ser observadas no gráfico 11, são predominantemente
de aumento do custo da matéria-prima impactando 100% das empresas que
responderam a pesquisa em seguida da elevação da mão de obra com 83%.
Quanto à margem de lucro houve crescimento para 33% das empresas, com
relação ao ano de 2014. Outros 33% das empresas reduziram as margens do
ano de 2014. (Gráfico 12).
Gráfico 12: Desempenho margem de lucro
Fonte: Pesquisa do Setor de Moagem/Ideies
Gráfico 11: Justificativa do Aumento do Custo Total
Fonte: Pesquisa do Setor de Moagem/Ideies
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4.3. Fatores associados à competitividade
O gráfico a seguir (Gráfico 13) apresenta os fatores que contribuem para a
competitividade do setor de moagem. Qualidade, aumento da produtividade,
capacidade de atendimento e preço são os fatores de maior importância para o
aumento da competitividade.
4.3.1. Gestão e inovação
As empresas quando questionadas sobre o desenvolvimento de novos
produtos nos últimos dois anos, fora unâmines em afirmar que investem em
inovação.
Para 83% das empresas o desenvolvimento de novos produtos é interno
(Gráfico 14), sendo que para 33% a inovação é de responsabilidade do setor
de Produção/Engenharia (Gráfico 15).
Gráfico 13: Fatores de competitividade
Fonte: Pesquisa do Setor de Moagem/Ideies
Gráfico 14: Desenvolvimento de novos produtos Gráfico 15: Setores onde ocorre a inovação
Fonte: Pesquisa do Setor de Moagem/Ideies
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O desenvolvimento de novos produtos teve alto impacto em abertura de novos mercados para 100% dos respondentes e para 67% satisfação dos clientes e médio impacto no aumento das vendas em outros estados para 67% das empresas. (Gráfico 16)
Os investimentos de novos produtos e processos ainda são pequenos,
conforme dados apresentados no gráfico 17.
Gráfico 17: Investimento em novos produtos e processos
Fonte: Pesquisa do Setor de Moagem/Ideies
Gráfico 16: Fatores de competitividade
Fonte: Pesquisa do Setor de Moagem/Ideies
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Quando questionadas sobre certificações, registro ou solicitações de direito de
propriedade industrial, 33% das empresas apresentaram registro apenas no
INPI.
.
4.4. Ações de qualidade, responsabilidade social e ambiental e
relações do trabalho
As empresas pesquisadas destacaram várias ações que foram implementadas
em 2014, no âmbito de programas sociais e ambientais. São elas:
Realiza atividades regulares para monitorar e controlar possíveis
impactos de sua atividade sobre o meio ambiente.
Tem implantado processos de destinação adequada aos seus resíduos.
Existe na empresa programa para reutilização/reciclagem de resíduos.
Promove junto aos colaboradores programas de conscientização sobre
conservação de energia e seu uso eficiente.
Participa de comitês ou conselhos locais para discussão da questão
ambiental junto ao governo e à comunidade.
Realiza algum tipo de ação social ou doação em beneficio da
comunidade.
Desenvolve produtos e processos que respeitam os objetivos
ambientais, de saúde e segurança.
5. CONCLUSÃO
O setor de moagem de calcário e mármore é extremamente versátil, usado nas
mais variadas aplicações e em diferentes indústrias, como nas siderúrgicas, na
agricultura e em diversas outras indústrias. Apesar de ser um produto
importante para setores tão expressivos na economia, há uma relativa falta de
dados sobre sua produção e comercialização. Boa parte desta dificuldade se
deve ao fato de seu uso se dar em segmentos muito diferentes, que o utilizam
de formas também muito diferentes, conforme as especificações aplicáveis às
suas necessidades.
Em relação à produção, além do Brasil ser um produtor de grande porte, com
produção de mais de cem milhões de toneladas anuais, sua produção tem
apresentado um crescimento significativo nos últimos anos. No estado,
portanto o segmento tem grande potencial para continuar a crescer, mas esse
crescimento depende essencialmente de investimentos na cadeia logística,
para atingir os objetivos de redução de custos e aumento da competitividade.
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6. REFERÊNCIAS
Silva, J. O. Produto RT 38 Perfil do Calcário, Ministério de Minas e Energia – MME, agosto 2009. Sampaio, J. A., Almeida, S. L. M., 2009. Calcário e Dolomito – Capítulo 16, in Rochas & Minerais Industriais: Usos e Especificações, Ed. Adão Benvindo da Luz e Fernando A. Freitas Lins. SINDIROCHAS - Sindicato da Indústria de Rochas Ornamentais, Cal e Calcários do Espírito Santo. Informações do setor de moagem de Calcário e Mármore do ES. DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral. Sumário Mineral 2014, pg. 42 a 44. SINDICAL – Sindicato das Indústrias de Calcário e Derivados para Uso Agrícola do Estado de São Paulo, 2009. Site institucional. Disponível em http://www.sindical.com.br, acessado em 17-05-2009. Pavitt, K. (1984). Sectoral patterns of technical change: towards a taxonomy and a theory. Research Policy, 13(6), 343-373. Porter, M. E. (1996). Estratégia competitiva. Rio de Janeiro: Campus. Speech by HoD David Daly at the 10 Annual General Meeting of the Spice Council.
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7. ANEXO
NOTA METODOLÓGICA Padrões de concorrência - As cinco forças de Porter Segundo o consagrado modelo de Porter (1996), a concorrência no seio de uma indústria, ao condicionar as taxas de retorno, é orientada por cinco forças: (a) ameaça de novos entrantes, (b) grau de rivalidade entre as empresas existentes, (c) ameaça de produtos substitutos, (d) poder de negociação de fornecedores e (e) poder de negociação de clientes. Isoladas ou em conjunto, estas são cruciais na determinação ou formulação de estratégias empresariais. As ameaça de novos entrantes é condicionada pelas barreias à entrada cujas fontes fundamentais são: economias de escala, necessidades de capital, diferenciação de produto, custo de mudança e acesso a canais de distribuição. A rivalidade é conseqüência da interação dos seguintes fatores: número de concorrentes; velocidade de crescimento da indústria; peso relativo dos custos fixos na composição de gastos empresariais; baixa diferenciação ou custo de mudança; altos custos para a obtenção de incrementos de produção; concorrentes divergentes cujas assimetrias de estratégias impedem o entendimento acerca do funcionamento da indústria e baixas barreiras à saída. A ameaça de produtos substitutos é condicionada pela oferta de produtos e serviços de outros segmentos industriais que podem competir em um mesmo segmento de mercado. Por fim, um alto poder de negociação de fornecedores e clientes pode afetar a rentabilidade de um empreendimento
Padrões de desenvolvimento tecnológico - Tipologia de Pavitt
Pavitt (1984) através de um estudo empírico identificou quatro padrões setoriais de inovação, a saber:
1- setores receptores de progresso técnico: compreendem setores industriais nos quais as principais inovações foram geradas fora desses mesmos setores, sobretudo na indústria de máquinas e equipamentos e de insumos (nesse caso, a tecnologia vem incorporada em outras mercadorias – maquinas e insumos – sendo seu o acesso feito nas transações de mercado). 2 - setores intensivos em escala: nesses é necessário o domínio de um conjunto de conhecimentos relativamente amplo, abrangendo a tecnologia de processo e a tecnologia de produtos; nessa classe de indústria, as inovações são tanto de processos (objetivando a redução de custos de produção) quanto de produtos (principalmente nos segmentos em que a diferenciação e a produção de produtos especiais são aspectos relevantes na concorrência); aqui as inovações são geradas tanto internamente às empresas como em cooperação com fornecedores, principalmente de bens de capital; por fim, esses mercados são mais concentrados tanto pela escala de plantas e de
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empresas quanto pelas economias de escala derivadas do aprendizado tecnológico. 3 - ofertantes especializados: compreendem indústrias produtoras de máquinas e equipamentos e de instrumentação; para essas indústrias deter tecnologia de produto é estratégico (o fator crítico de concorrência é a performance dos produtos); por atuarem sob encomenda não há espaço para ganhos à escala o que implica que há espaço para atuação de empresas de pequeno e médio porte (porém muito capacitadas tecnologicamente nos seus segmentos de mercado); pela sua natureza, as inovações são geradas internamente às empresas e em cooperação com seus grandes clientes. 4 - setores baseados em ciência: para as empresas pertencentes a essa categoria o desenvolvimento tecnológico é de fronteira, utilizando-se também os conhecimentos científicos que se encontram na fronteira das ciências básicas; nelas, as inovações se orientam ao lançamento de novos produtos e novos processos de produção objetivando a redução de custos; em geral atuam são grandes empresas em termos de escala de gasto em faturamento e P&D. A tipologia Pavitt permite algumas conclusões importantes para serem consideradas na definição de uma estratégia de desenvolvimento nacional: (a) mostra que os setores de atuação das empresas impõem determinados comportamentos empresariais; (b) mostra que os setores também guardam assimetrias entre si, revelando a importância da dimensão setorial para uma consideração analítica; (c) indica que não apenas os setores industriais são diferentes como existe uma certa hierarquia entre eles na medida em que alguns setores geram e transmitem conhecimento técnico e outros são receptores de progresso técnico.