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ALEGRIAS, DECEPÇÕES E MOMENTOS INESQUECÍVEIS: UMA PAIXÃO CHAMADA TUPI FOOTBALL CLUB Neste ano em que completou 104 anos Tupi disputou a Série B do Campeonato Brasileiro 26 de maio de 1912. Essa é a data que marca o nascimento de um dos clubes mais importantes do interior de Minas Gerais e o mais popular da cidade de Juiz de Fora: o Tupi Football Club. Histórias marcantes, momentos especiais, decepções. Os conhe- cidos “altos e baixos”. Assim como todo clube de tradição, a equipe juiz-forana tem na sua história esses momentos. Al- guns que trouxeram alegrias e outros tristezas para o torcedor. Como não se lembrar do Fan- tasma do Mineirão, em 1966? E do título da Taça Minas em 2008? Da grande final da Série D em 2011 no Arruda com mais de 55 mil pessoas contra o Santa Cruz? A tristeza do rebaixamen- to em 2012 e a decepção contra o Paysandu nas quartas de final da Série C, em 2014? E mais recentemente, o acesso para a Série B em 2015. Momentos como esses se tornam marcantes. Este ano de 2016, em que completou 104 anos, foi um dos anos mais aguardados da história do Tupi. A equipe juiz-forana disputou a Série B do Campeonato Brasileiro. Um feito que poucos acredita- vam, ver o clube carijó entre as 40 equipes principais do país. O grande ano chegou. O Tupi não fez a campanha esperada no Campeonato Mineiro e amargou a 9° colocação. Na Serie B, onde havia uma mistura de duvidas e confiança por parte da torcida, a equipe acabou sendo rebaixa- da – 18° lugar, com 33 pontos. Ser rebaixado é sempre um mo- mento doloroso para qualquer equipe. Apesar de não conseguir se assegurar na Série B, o torce- dor carijó sabe que esse não é nem de perto um dos piores mo- mentos do clube. A competição que foi disputada é complicada e possui equipes com investi- mentos muito superiores aos da Série C. O Tupi era a equipe que tinha a menor folha salarial. O orçamento é algo que pesa muito no futebol e, sem dúvidas acaba sendo um fator determi- nante na maioria dos casos. Além disso, fatores políticos dentro do clube e o grande número de técnicos – no total foram cinco - que passaram pelo Tupi durante a temporada, foram prejudiciais, segundo grande parte da torcida. Ídolos do clube e do torcedor Nesses 104 anos, vários profissionais já passaram pelo Tupi, e alguns ficam marcados na história. Como por exem- plo, os jogadores que fizer- am parte da equipe que ficou conhecida como o “Fantasma do Mineirão”. Moacyr Toledo, João Pires e o técnico Geraldo Magela Tavares são os nomes mais lembrados daquele time. De ídolos recentes do Galo Carijó, o maior deles é Ademil- son Correa. O centroavante teve duas passagens pelo Tupi e, so- mando-as resulta em oito anos de clube. Foi a equipe na qual o jogador mais vezes vestiu a cam- isa, e com ela, se tornou o maior artilheiro do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio. Ga- nhou o carinho dos torcedores e seu espaço na história do Tupi. Para fazer parte da história de um clube não é preciso necessari- amente “entrar em campo”. E esse é o caso de Walker Campos, atu- al preparador de goleiros do Tupi que já está há 10 anos na função. Walker Campos Walker compeltou este ano 10 anos no profissional do Tupi (Foto: Leandro Colares) Além de atual preparador de go- Por Cézar Martins Reportagem Documental.indd 1 27/04/2017 22:00:00

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ALEGRIAS, DECEPÇÕES E MOMENTOS INESQUECÍVEIS: UMA PAIXÃO CHAMADA TUPI FOOTBALL CLUB

Neste ano em que completou 104 anos Tupi disputou a Série B do Campeonato Brasileiro

26 de maio de 1912. Essa é a data que marca o nascimento de um dos clubes mais importantes do interior de Minas Gerais e o mais popular da cidade de Juiz de Fora: o Tupi Football Club.

Histórias marcantes, momentos especiais, decepções. Os conhe-cidos “altos e baixos”. Assim como todo clube de tradição, a equipe juiz-forana tem na sua história esses momentos. Al-guns que trouxeram alegrias e outros tristezas para o torcedor.

Como não se lembrar do Fan-tasma do Mineirão, em 1966? E do título da Taça Minas em 2008? Da grande final da Série D em 2011 no Arruda com mais de 55 mil pessoas contra o Santa Cruz? A tristeza do rebaixamen-to em 2012 e a decepção contra o Paysandu nas quartas de final da Série C, em 2014? E mais recentemente, o acesso para a Série B em 2015. Momentos como esses se tornam marcantes.

Este ano de 2016, em que completou 104 anos, foi um dos anos mais aguardados da história do Tupi. A equipe juiz-forana disputou a Série B do Campeonato Brasileiro. Um feito que poucos acredita-vam, ver o clube carijó entre as 40 equipes principais do país.

O grande ano chegou. O Tupi não fez a campanha esperada no Campeonato Mineiro e amargou

a 9° colocação. Na Serie B, onde havia uma mistura de duvidas e confiança por parte da torcida, a equipe acabou sendo rebaixa-da – 18° lugar, com 33 pontos.

Ser rebaixado é sempre um mo-mento doloroso para qualquer equipe. Apesar de não conseguir se assegurar na Série B, o torce-dor carijó sabe que esse não é nem de perto um dos piores mo-mentos do clube. A competição que foi disputada é complicada e possui equipes com investi-mentos muito superiores aos da Série C. O Tupi era a equipe que tinha a menor folha salarial.

O orçamento é algo que pesa muito no futebol e, sem dúvidas acaba sendo um fator determi-nante na maioria dos casos. Além disso, fatores políticos dentro do clube e o grande número de técnicos – no total foram cinco - que passaram pelo Tupi durante a temporada, foram prejudiciais, segundo grande parte da torcida.

Ídolos do clube e do torcedor

Nesses 104 anos, vários profissionais já passaram pelo Tupi, e alguns ficam marcados na história. Como por exem-plo, os jogadores que fizer-am parte da equipe que ficou conhecida como o “Fantasma do Mineirão”. Moacyr Toledo, João Pires e o técnico Geraldo

Magela Tavares são os nomes mais lembrados daquele time.

De ídolos recentes do Galo Carijó, o maior deles é Ademil-son Correa. O centroavante teve duas passagens pelo Tupi e, so-mando-as resulta em oito anos de clube. Foi a equipe na qual o jogador mais vezes vestiu a cam-isa, e com ela, se tornou o maior artilheiro do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio. Ga-nhou o carinho dos torcedores e seu espaço na história do Tupi.

Para fazer parte da história de um clube não é preciso necessari-amente “entrar em campo”. E esse é o caso de Walker Campos, atu-al preparador de goleiros do Tupi que já está há 10 anos na função.

Walker Campos

Walker compeltou este ano 10 anos no profissional do Tupi (Foto: Leandro Colares)

Além de atual preparador de go-

Por Cézar Martins

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leiros do Tupi, é também torcedor da equipe juiz-forana. Acom-panha desde os 7 anos de idade, quando o pai e os irmãos o le-vavam para os jogos. Nas horas vagas gostava de ir ver os trei-nos. Com isso, surgiu a pai-xão pelo clube Carijó, que com o tempo, só veio a aumentar.

Walker chegou ao Tupi em 1999, e inicialmente veio para trabalhar na categoria de base do clube. O convite chegou pelo fato dos trabalhos sociais que fazia na cidade, ajudando as crianças de algumas escolinhas, como Bonsucesso e Uberabinha.

Em 2006, quando o Tupi es-tava no Módulo II e não tinha nenhuma perspectiva de dis-putar o Campeonato Minei-ro, foi formada uma comissão. Walker foi chamado pelo en-tão treinador, José Luís Peixo-to para o time profissional e desde então não saiu mais.

Título Nacional, Título da Taça Minas, quatro acessos, e indo para 11º ano consecu-tivo no principal módulo do Campeonato Mineiro. Walker pode ver de perto e fazer parte de todo esse desenvolvimento.

O preparador de goleiros já teve até mesmo o nome grita-do pelo torcedor. O jogo foi fora de casa, contra o América, pela semifinal da Taça Minas de 2007, no antigo estádio Inde-pendência. Na ocasião, o Tupi perdeu a partida por 3 a 2, mas como havia ganhado o primeiro jogo em casa por 3 a 1, acabou eliminando o América e indo para a final. Sem dúvida algu-ma, esse foi um dos momentos mais emocionantes para ele.

Dentre tantas alegrias que pode viver nesses 10 anos em que está no profissional, Walker destaca uma: O acesso ao Módulo I do Campeonato Mineiro, no ano em que chegou. “Deve-se destacar os acessos. Todos são impor-tantes, mas eu acho que sempre se deve ao recomeço. Foi ali a grande arrancada do Tupi, em

Equipe do Tupi que conquistou o acesso para o Módulo I do Campeonato Mineiro em 2006

2006, no Módulo II.” Ele tam-bém comenta sobre o compro-metimento que todos tiveram naquele ano. “Vale ressaltar que nós começamos sem salários. Então, foi por amor mesmo”.

O fato de também ser torcedor o motiva ainda mais para con-tinuar no Tupi. Walker chegou a receber propostas de outras equipes do Brasil e até dos Emi-rados Árabes, mas decidiu ficar, e nem tem pretensões de sair. “Para eu sair daqui, teria que ser uma coisa muito fantástica. E é difícil eu me ver com outras cores. A família também pesa, eu sou da cidade, e tenho um amor muito grande pelo Tupi. Então eu sempre estou achando que o clube está precisando de mim e parece que eu preciso dar algo a mais para o Tupi. Eu que-ro ficar na história do clube”.

História que ele conhece bem e teve o prazer de vivenciar, com momentos marcantes mes-mo antes de se tornar profis-sional. “Eu vi o time da década de 80 jogar. Então eu vi o time do Tupi ganhar aqui do Atléti-co-MG, que tinha Éder, Luiz-inho, Cerezo. Então tem mo-mentos que são inesquecíveis , como o t imaço que a gente t inha em 97, que ganhou de 8x1 do Avaí aqui dentro, foi épico!”. Além de jogos que fi-cam na memória, contratações também marcam, e Walker fala de Muller e Romário. Dois campeões mundiais. O “baixi-nho” não pode atuar por nenhu-ma partida oficial – a janela de transferência havia fechado an-tes da contratação. Apesar dis-

so, Romário trouxe visibilidade para a equipe de Juiz de Fora.

Como momento mais doído, Walker fala dos rebaixamen-tos, mas exalta o comprometi-mento que tem. “O descenso é dolorido. Este ano consumiu muito energia da gente. Então sem dúvidas está sendo dolo-rido. E em 2012, após o título, nós cairmos logo em seguida, machucou. Mas um guerreiro não foge a luta, e eu não fujo da minha responsabilidade. Se tiver que ajudar meu clube eu vou estar sempre presente”.

Ademilson Correa

Ademilson um dos maiores ídolos do Galo Carijó passou oito anos de sua

carreira no club

O atacante Ademilson, que atu-almente defende o Tupynambás, é considerado um dos ídolos

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recentes do Tupi. O centroa-vante de 42 anos de idade teve duas passagens pelo Carijó. A primeira foi de 2007 a 2009 e a segunda de 2011 a 2015.

Para a adaptação na sua chega-da e afirmação no clube, Ade-milson elogiou o elenco que a equipe tinha naquele ano como fator essencial. “Minha chega-da foi excelente, minha adap-tação melhor ainda. Cheguei num grupo bom, num grupo unido. Então ficou fácil. Aí foi só trabalhar mesmo e focar no objetivo. Eu dei sorte que quan-do cheguei ao Tupi, em 2007, peguei um grupo muito bom. Aí o futebol fica mais fácil. Cheguei num ambiente leve”.

Além do carinho que pegou pelo Carijó, Ademilson, que é de Itaguaí (RJ), passou a gostar também da cidade de Juiz de Fora. “A cidade é maravilhosa. Desde quando cheguei, sempre gostei de morar em Juiz de Fora. Eu e minha família. A cidade é muito boa e ficou mais fácil ainda para se adaptar ao clube”.

Bom desempenho e títulos em ambas as passagens. Ade-milson define as duas como excelentes e relembra das con-quistas que teve com a cami-sa alvinegra. “As minhas duas passagens foram maravilhosas. Logo que cheguei consegui um vice campeonato da Taça Minas. No ano seguinte consegui ser campeão. Depois campeão do interior. Na minha segunda pas-sagem, fomos campeão da Série D. Então, cada ano que pas-sei no Tupi foi bom demais”.

Dentre todas as conquistas que teve em suas passagens, Ade-milson escolhe o título nacional de 2011 como o mais marcante. “O melhor momento foi quando a gente foi campeão no Arru-da, em cima do Santa Cruz. Foi muito emocionante nossa che-gada em Juiz de Fora, quando a torcida já estava nas ruas nos esperando. Ali foi um momento

Equipe do Tupi que conquistou a série D em 2011

muito especial”. Como momento mais triste, Ademilson conside-rou o ano seguinte, 2012 quando o Tupi foi rebaixado da Série C.

Quando se trata de centroa-vante, logo há de se pensar em gols. Essa é a principal função. E, em meio a tantos gols que marcou jogando pelo Carijó, Ademilson escolhe o gol que fez contra o Cruzeiro, no Campeonato Mineiro em 2010. O jogo foi no Estádio Municipal e naquela ocasião o Tupi venceu o time de Belo Horizonte por 3x2, de virada.

As conquistas e os diversos gols marcados com a camisa do Tupi fazem com que Ademil-son, apelidado carinhosamente pelo torcedor de “Ademito”, seja lembrado até hoje pela tor-cida, mesmo não atuando mais pelo clube. “Minha relação com os torcedores é a melhor pos-sível. Até hoje sempre me tra-tam com carinho, e isso é muito gratificante, independente de qualquer coisa. Isso eu sempre vou levar para minha vida e guardar no coração, o respeito que os torcedores têm por mim”.

Momentos Históricos

Time brilhante, boa campa-nha e título. Esses são três fa-tores que podem fazer surgir momentos históricos e marcan-tes para um clube de futebol. O Tupi em seus 104 anos conse-

guiu vivenciar cada um dos três. “O Fantasma do Mineirão”. Se

alguém ouviu falar do Tupi, cer-tamente já escutou esse termo. O ano foi 1966. A equipe do Tupi estava renovada em relação à do ano anterior e convidou o Cru-zeiro para um amistoso em Juiz de Fora. O time da capital perdeu por 3x2. Pode-se dizer que esse foi o jogo que iniciou a caminha-da da equipe que mais adiante ficou conhecida nacionalmente.

Após vencer o Cruzeiro, o Tupi foi convidado pelo Atlético-MG para jogar no Mineirão e, ga-nhou deles por 2x1. Com isso, ficou faltando o Galo Carijó jo-gar contra apenas mais um time da capital, o América-MG. O jogo foi realizado, e outra vitó-ria do Tupi, mais uma por 2x1.

Pronto, o Tupi havia ganhado dos três times de Belo Horizon-te. Mas por último, ainda foi cha-mado para jogar uma revanche contra o Cruzeiro, dessa vez no Mineirão, como tinha sido com Atlético e América. Resultado: mais uma vitória do Tupi, 2x1.

Essa sequência de vitórias em cima dos clubes considerados grandes do futebol brasileiro fez com que aquela equipe do Tupi ficasse conhecida, sendo chamada até para treinar com a Seleção Brasileira. Não resta dúvidas de que esse time deixou sua marca na história do clube.

Títulos também entram na história, e um dos mais impor-

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tantes do Tupi foi conquistado no final da década passada, em 2008. O título foi o da Taça Mi-nas, torneio que nos anos atuais não vem sendo mais disputado, mas que teve sua importância durante anos. A final foi con-tra o América-MG, e com o tí-tulo o Tupi garantiu vaga na Copa do Brasil no ano seguinte.

Outro recente de tamanha im-portância é o do Campeonato Brasileiro da Série D, em 2011. A final foi contra o Santa Cruz, time tradicional no cenário na-cional. O Galo Carijó venceu os dois jogos da final, o primeiro por 1x0 e o segundo por 2x0. No segundo jogo, em Recife, havia mais de 55 mil torcedo-res do adversário e a vitória com esse cenário coroou ain-da mais o campeonato do Tupi.

Além desses dois títulos que se pode dizer que são os mais expressivos do Tupi. O Carijó também já conquistou o Cam-peonato Mineiro da Segunda Divisão (1983), o Módulo II (2001), três Campeonatos Re-gionais (1976, 1977 e 1978) e inúmeros Campeonatos Juiz-foranos. Essas conquistas e as boas campanhas que foram re-alizadas resultando em vices campeonatos – Campeonato Mi-neiro (1983), Módulo II (2006) e Taça Minas (2007), também acabam sendo lembradas posi-tivamente na história do clube.

Mais recentemente, em 2015,

Time do Tupi que ficou conhecido com “Fantasma do Mineirão”, em 1966

o Tupi conseguiu um feito que poucos acreditavam. Apesar da decepção de perder o jogo do acesso em casa para o Paysan-du em 2014, o Tupi começou a série C de 2015 forte e sem se deixar abalar pelo ano anterior. O Galo Carijó dominou o gru-po B durante grande parte da temporada, caindo de produção apenas nas últimas três roda-

Jogadores do Tupi festejando o acesso para a série B do Campeonato Brasileiro em 2015

das, onde já havia garant ido a c lass i f icação para as quartas de f inal de forma antecipada. Terminou a 1ª fase na terceira colocação do grupo, a t rás ape-nas de Londrina e Portuguesa.

Nas quartas de f inal , o adver-sár io foi o ASA de Arapiraca que havia se c lassi f icado em segundo lugar do grupo A. No pr imeiro confronto, em Juiz

de Fora, o Tupi prat icamen-te garant iu a sua classi f ica-ção com uma vi tór ia de 2x0, deixando uma boa vantagem para o segundo jogo que acon-tecer ia no dia 19/10/2015 na casa de seu adversár io . Em Arapiraca o t ime de Juiz de Fora coroou uma temporada espetacular com mais uma vi-tór ia , 2x1 com direi to a um golaço do contestado Kaio Wilker, e garant iu a c lass i f i -cação para a tão sonhada Série B do Campeonato Brasi le i ro .

Neste ano, apesar de não ter conseguido a permanência na Série B, foi um ano diferen-te para o torcedor. Muitos já t inham consciência das l imi-tações do clube e as dif icul-dades que encontrar ia na se-gunda divisão. Apesar disso, o Galo Cari jó ganhou mais vis ibi l idade e a equipe lutou até o f im, encerrando sua par-

t ic ipação com uma vi tór ia fora de casa. 2x0 contra o Paraná.

O Torcedor

A torcida é sem dúvida uma peça fundamental no futebol , e la é essencial para os t imes. Um clube não tem que ter necessar iamente milhares de

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torcedores , mas é importante que tenha torcedores fiéis, que independente da s i tuação estejam dispostos a apoiar. O Tupi , apesar de sofrer um pouco com o esvaziamento no estádio, a fa l ta de apoio por par te de empresár ios e da própria população da cidade, tem torcedores apaixonados. Até quando a fase não é das melhores , é possível ver as mesmas pessoas no estádio, aqueles f ié is que, faça chuva ou sol sempre estão no Mário Helênio apoiando e cantando.

Em 2016 a real idade do Tupi foi á Sér ie B, o que não acon-tecerá no próximo ano, já que o Cari jó re tornou para a ter-ceira divisão. De cer ta ma-neira , foi um sent imento dif-erente para a torcida. Alguns anos atrás ninguém cogi tava que o Tupi chegaria á Sér ie B, mas apesar da paixão e apoio ao t ime, a maior ia dos torcedores do Galo Cari jó possuem as mesmas cr í t icas e opiniões quanto á queda.

Amaury Vieira é torcedor do Tupi desde 1965 e vivenciou grandes momentos do clube. Este ano ele lamenta a fa l ta de planejamento. “Em relação a não ter conseguido se manter na sér ie B, acho que qualquer t ime pode cair, se ja o pequeno ou o grande. Nós t ivemos mui-tos f racassos. Não houve con-tratação, não houve renovação, nós t ivemos quatro técnicos t rocados e não adiantou nada, mas nós temos que levantar a cabeça e por o t ime pra f rente . Eu, como torcedor, espero que o Tupi daqui pra f rente , con-trate um técnico pra dar uma força melhor, contrate joga-dores melhores e tenha uma diretor ia melhor pra tocar o t ime pra f rente , para quem sabe vol tar a sér ie B em 2018”.

Gian Rezende (23) , um dos fundadores da torcida orga-nizada Tribo Cari jó também

Média de público foi baixa durante o ano. Marketing do clube não conseguiu ser eficiênte (Foto: Bruno Ribeiro)

lamenta. “Acho que o maior problema que causou o rebai-xamento foi á fa l ta de plane-jamento. O Tupi é um t ime que não conta com apoio de empre-sár ios e de dinheiro por causa da diretor ia , que é uma direto-r ia que gera desconfiança e t ra-balha de uma maneira obscura, ass im f ica dif íc i l para que os empresár ios invis tam dinheiro. Por mais que o Tupi tenha uma t radição e um públ ico apaixo-nado, eu acho que a diretor ia es tá muito equivocada no modo de pensar e manter as coisas fechadas, não jogando l impo e aber to com os torcedores”.

As cr í t icas à diretor ia do clu-be são prat icamente unânimes entre os torcedores do Tupi . “O t ime não conseguiu perma-necer na sér ie B ni t idamente pela fa l ta de planejamento por par te da diretor ia . Trouxeram jogadores de qual idade duvi-dosa para o c lube e f icava fal-tando preparo f ís ico. O t ime sempre tomava gol no f inal das par t idas . Parece que ele foi pra sér ie B com estrutura de sér ie D”, af i rmou Marcelo Scot ton.

Para a lguns torcedores a que-da já era esperada, como foi para José Henrique. “Para mim foi marcante quando o Tupi su-biu para a sér ie B, mas acho

que o t ime não conseguiu se manter porque é pequeno e a gestão foi ruim. Todo mundo sabia que isso ia acontecer, não foi surpresa pra ninguém”.

De um modo geral os torce-dores sabiam que ser ia um ano complicado, mas as fa lhas na par te adminis t ra t iva do clube acabaram comprometendo no rebaixamento. Apesar do obje-t ivo do ano não ter se concre-t izado, o apoio dos torcedores cont inuará no ano seguinte , junto com a esperança de mais anos de alegrias e glór ias .

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