Afecções Da Aorta

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    Afeces da Aorta

    ndice

    1. Definio, Histria Natural, Patognese e Etiologia das Doenas da Aorta

    2. Variantes Patolgicas das Disseces da Aorta Torcica: lceras Aterosclerticas Penetrantes e

    Hematomas Intramurais

    3. Classificao

    4. Diagnstico

    5. Tratamento Clnico

    6. Tratamento Cirrgico

    7. Tratamento Endovascular das Doenas da Aorta Torcica

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    1 - Definio, Histria Natural, Patognese e Etiologia das Doenas da Aorta

    Defini-se por aneurisma da aorta como uma dilatao anormal da aorta, que apresenta expanso

    progressiva. Com o aumento gradual, a aorta se enfraquece cada vez mais, ocasionando a possibilidade de

    disseco e ruptura da aorta. A incidncia dessa doena estimada como sendo de 5,9 casos por 100.000

    habitantes-ano. A idade mdia por ocasio do diagnstico varia de 59 a 69 anos, com predominncia de

    homens em relao s mulheres na razo de 2:1 a 4:1. Os indivduos com aneurisma da aorta apresentam

    freqentemente, condies clnicas concomitantes, incluindo hipertenso, coronariopatias, doena pulmonar

    obstrutiva crnica (DPOC) e insuficincia cardaca congestiva (ICC) 1.

    A histria natural dos aneurismas da aorta torcica (AAT) bastante variada, refletindo um amplo

    espectro de etiologias. Grande parte das evidncias disponveis sobre razes de crescimento e fatores de risco

    deriva de estudos sobre aneurismas da aorta abdominal (AAA); sendo que as evidncias sobre os AAT no

    apresentam a mesma consistncia.

    Em estudo sobre a histria natural dos AAT, a sobrevivncia global em 1 e 5 anos foi

    respectivamente de 85% e 64%. Os pacientes com aneurisma da aorta torcica descendente tiveram menor

    sobrevida a longo prazo (89% em 1ano; 39% em 5 anos) do que aqueles que tinham aneurisma da aorta

    ascendente (87% em 1 ano; 77% em 5 anos) (p6 cm). No caso dos aneurismas no operados em um perodo de 10 anos, o risco de ruptura foi de

    19,5% para os pequenos aneurismas e de 43% para os aneurismas de maior tamanho. Nesse estudo

    preliminar, alm de comprovar que a resseco dos AAA aumentava a expectativa de vida destes pacientes,

    tambm influenciou a tomada de decises pelos cirurgies durante anos e formou a base do ponto de corte

    tradicional de 6 cm como a indicao para o reparo eletivo3.

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    Um estudo retrospectivo de 300 pacientes realizado por Guirguis e Barber4, avaliou a razo de

    expanso de AAA e o risco de ruptura em relao ao dimetro. A mediana de razo de expanso foi de

    0,2cm/ano nos pacientes com aneurismas de menos de 4 cm, em comparao com 0,3 a 0,8 cm/ano para os

    pacientes com aneurismas de 4 cm ou mais. Alm disso, verificou-se que os aneurismas menores que 5cm de

    dimetro tm menor risco de ruptura do que os aneurismas com mais de 5 cm de dimetro. A incidncia

    cumulativa de ruptura em 6 anos foi respectivamente de 1% e 2% naqueles pacientes com aneurismas < 4cm

    e de 4cm a 5cm. No caso de aneurismas maiores que 5cm, a incidncia de ruptura aproximou-se de 20%.

    J em relao aos aneurismas da aorta ascendente e do arco artico, estes se rompiam ou

    dissecavam a um tamanho mdio de 6cm, enquanto que os aneurismas da aorta torcica descendente ou os

    toracoabdominais se rompiam ou dissecavam a um tamanho mediano de 7,2cm 5.

    Alm do tamanho, outros fatores tambm contribuem de forma importante na predisposio da

    rotura das doenas da aorta. Cronenwett et al6 mostraram que a hipertenso arterial sistmica (HAS) e DPOC

    so fatores de risco independentes de prognstico para ruptura da aorta em pacientes portadores de

    aneurisma. Outros autores4,6,7

    tambm no s confirmam a HAS como fator de risco como tambm

    correlacionam com a taxa de crescimento, apesar de outros autores5,8

    no confirmarem tal relao. Outros

    fatores no menos importantes a serem considerados so: fumo, arteriosclerose e sfilis1.

    Patognese

    A aorta classificada como uma artria elstica e apresenta trs camadas definidas: a ntima, a

    mdia e a adventcia. A ntima consiste de uma camada nica de clulas endoteliais sobre uma lmina basal.

    As clulas da ntima repousam sobre um tecido subendotelial constitudo de fibras de colgeno e elastina,

    fibroblastos e uma substncia fundamental mucide. A lmina elstica interna separa a camada ntima da

    mdia. Constituda principalmente de elastina, a lmina elstica interna apresenta fenestraes que

    possibilitam a difuso de substncias da luz vascular para nutrir clulas da parede artica. A camada mdia

    constituda de clulas musculares lisas em uma matriz de elastina, colgeno e substncia fundamental

    amorfa. A fibras elsticas da parede da aorta so dispostas na mdia como lamelas circunferenciais. As

    unidades lamelares constituem o arcabouo estrutural da mdia 1.

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    Em muitos pacientes com aneurisma da aorta, o exame histolgico revela uma perda de fibras

    elsticas, o que tambm designado como doena degenerativa medial. Os mecanismos dessa degenerao

    no foram estabelecidos, mas a fragmentao e a retrao das fibras elsticas da camada mdia so

    claramente evidentes. A degenerao medial mais avanada (como nos pacientes portadores de sndrome de

    Marfan) acarreta a perda de clulas musculares lisas. O exame histolgico revela uma reduo significativa

    de clulas musculares lisas na tnica mdia, entremeadas de mltiplos lagos de mucopolissacardeos

    (necrose cstica medial). No entanto, a perda de clulas musculares lisas da mdia no deve afetar

    diretamente o dimetro externo da aorta. A perda de clulas musculares lisas pode ter um papel importante

    na formao e crescimento do aneurisma da aorta, por suas funes de degradao e sntese, mas no pela

    perda de funo contrtil. O que necessrio para a formao do aneurisma a perda da integridade

    estrutural da adventcia e no da camada mdia9.

    Por fim, a camada mais externa, a adventcia constituda de tecido conectivo frouxo, formado por

    fibroblasto, colgeno, elastina e substncia fundamental. A funo biomecnica da adventcia a

    manuteno do dimetro externo mximo da aorta 10

    . A destruio da elastina nesta camada da parede

    acarreta a dilatao patolgica do vaso, enquanto a destruio do colgeno, tambm nesta camada acarreta a

    ruptura11

    .

    Summer et al. 12

    descreveram originalmente a diminuio do contedo de colgeno e elastina nos

    aneurismas da aorta abdominal. No entanto, no que se refere ao contedo de colgeno, este pode ser mais

    varivel. As clulas da matriz do tecido conectivo tm o potencial de sntese de um novo colgeno aps

    leses, porm a capacidade de gerao de nova elastina limitada. Na parede da aorta o colgeno

    responsvel pela fora tensil, enquanto que a elastina responsvel pela sua capacidade de rebote elstico13

    .

    A fibrilina outra protena estrutural que contribui para a organizao microfibrilar da matriz extracelular. A

    construo microfibrilar funciona como um arcabouo para o depsito de elastina durante a elastognese1.

    Patognese - Disseco da Aorta

    A disseco aguda da aorta o evento mais letal que afeta a aorta humana. As disseces envolvem

    uma ruptura da ntima, em geral transversa, com a separao das camadas avanando rapidamente ao longo

    do tero mais externo, mais fino, da camada mdia da aorta. Nas disseces da aorta ascendente, a falsa luz

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    ocupa a parte anterior direita da aorta e a parte medial da artria permanece intacta. A presso do sangue

    sobre a parede da aorta propaga a disseco ao longo do comprimento do vaso. A catstrofe aguda

    freqentemente designada como aneurisma artico disssecante; embora a palavra aneurisma possa no

    ser apropriada, porque a entrada do sangue nos dois teros mais externos da mdia precede em muitos casos

    a dilatao do vaso. A dilatao pode ou no vir a ocorrer subseqentemente, tornando, pois disseco da

    aorta uma expresso mais apropriada 1.

    A incidncia das disseces da aorta no precisa visto que ainda hoje muitos casos deixam de ser

    diagnosticados. Em grandes sries de necrpsia, a prevalncia varia de 0,2 a 0,8%. Acomete mais

    freqentemente os homens com razes variando entre 2:1 e 4:1. As mulheres e os afro-americanos com

    disseco da aorta tendem a ser mais idosos por ocasio das manifestaes iniciais, refletindo muito

    provavelmente a elevada incidncia de HAS nesses pacientes. A disseco em pacientes de menos de 40

    anos de idade afeta principalmente pacientes portadores com sndrome de Marfan e mulheres grvidas.

    Erdheim foi o primeiro autor a usar o termo necrose medial cstica para descrever a combinao

    de perda de clulas musculares lisas e degenerao mucide da camada mdia da aorta. Qualquer defeito

    focal especfico da mdia, incluindo os depsitos mucides das leses de Erdheim, era considerado como

    redistribuindo o estresse da parede para a camada ntima, acarretando possivelmente uma rotura da ntima.

    Embora fosse considerada vlida por muitos anos, essa teoria no pode mais ser considerada como o

    distrbio estrutural comum subjacente disseco da aorta. Na aorta ascendente e descendente parece haver

    processos mrbidos subjacentes distintos que levam ao enfraquecimento da parede vascular e uma

    suscetibilidade maior disseco1.

    Os pacientes com disseco do tipo A geralmente so mais jovens (idade mdia de 56 anos) e a

    degenerao do tecido elstico a observao histolgica mais comum. As disseces que afetam a aorta

    ascendente envolvem com freqncia um distrbio do tecido conectivo como as sndromes de Marfan ou de

    Ehlers-Danlos. Estudando a arquitetura elstica das disseces da aorta proximal, Nakashima et

    al.14

    comprovaram a presena de fibras elsticas frgeis e irregulares interligando as unidades lamelares,

    especialmente na mdia mais externa, enfraquecendo a parede da aorta

    Em pacientes no afetados por distrbios do tecido conectivo, a degenerao da mdia parece estar

    relacionada principalmente com o uso e o desgaste do envelhecimento induzido pela hipertenso arterial. Isto

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    pode explicar muitas disseces do tipo B, em indivduos mais idosos (idade mdia de 69anos) e

    freqentemente hipertensos15

    . Esses pacientes apresentam perda de clulas musculares lisas, com a

    degenerao dessas clulas em um padro laminar. Esse tipo de necrose laminar foi encontrado na aorta

    distal em conjuno com aterosclerose. A distoro na arquitetura elstica da mdia foi considerada como

    estando relacionada com o evento metablico pela degenerao das clulas musculares lisas1. Mesmo assim,

    outros pesquisadores mostraram que essa perda de clulas musculares lisas no uma entidade patolgica,

    mas est relacionada com o processo de envelhecimento normal16

    .

    Etiologia

    Embora haja muita discusso quanto s causas exatas da disseco da aorta, h alguns fatores bem

    estabelecidos que reconhecidamente predispe um indivduo esta condio. Depois dos defeitos do tecido

    conectivo, a hipertenso arterial sistmica considerada o fator predisponente individual de maior

    importncia na sua patognese1. Outros fatores que sabidamente predispe disseco incluem valvas

    articas bicspides, coarctao da aorta e a manipulao cirrgica da aorta torcica durante a canulao e sua

    ocluso 17-20

    . Alm disso, h relatos de arterite de clulas gigantes ocasionando aneurismas da aorta e sua

    subseqente disseco 17,18. Um efetivo hematoma intramural devido ruptura do vasa vasorum

    atualmente reconhecido como sendo uma variante da disseco da aorta. Todavia, os hematomas intramurais

    podem causar disseco somente em uma proporo minoritria dos casos 21

    .

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    Embora a sfilis crnica da aorta possa ocasionar um aneurisma sifiltico da aorta, h uma crena

    geral que a sfilis no contribui absolutamente para o processo de disseco, e as conseqentes cicatrizes

    transversas mediais podem at mesmo proteger o vaso, impedindo disseces futuras 17

    .

    Mais de 50% das disseces agudas em mulheres de menos de 40 anos (em geral restritas s

    pacientes reconhecidamente portadoras de distrbios do tecido conectivo ou de defeitos articos congnitos)

    ocorrem durante a gravidez. A incidncia de disseco em mulheres grvidas significativamente maior nas

    portadoras de sndrome de Marfan e nas pacientes que apresentam hipertenso ao final do perodo

    gestacional. As teorias etiolgicas que explicam a predisposio das mulheres grvidas disseco incluem

    alteraes hormonais durante a gravidez alterando o tecido conectivo da aorta 22,25

    .

    A possibilidade de transmisso hereditria das disseces da aorta na ausncia de distrbios do

    tecido conectivo conhecidos no foi muito abordada na literatura. Um defeito no gene da fibrilina

    responsvel pela sndrome de Marfan pode tambm ser a causa da disseco hereditariamente transmitida em

    pacientes sem outras caractersticas de Marfan. Schievink e Mokri 27

    observaram uma associao entre

    valvas articas bicspides congnitas e disseces articas espontneas, sugerindo um possvel defeito da

    crista neural, pois as cspides valvares articas e a mdia arterial do arco artico e dos ramos vasculares

    geralmente derivam de clulas da crista neural.

    2 - Variantes Patolgicas das Disseces da Aorta Torcica: lceras Aterosclerticas

    Penetrantes e Hematomas Intramurais

    Descritas pela primeira vez na dcada de 30, as lceras aterosclerticas penetrantes (UAP) ulceram

    e desorganizam a lmina elstica interna, penetrando profundamente por meio da ntima at a camada mdia

    da aorta. A placa pode desencadear uma disseco localizada, associada ou no a um grau varivel de

    hematoma na parede da aorta, que pode se estender at a adventcia formando um pseudoaneurisma, ou pode

    romper para o hemitrax direito ou esquerdo1.

    A UAP e o hematoma intramural (HIM) da aorta eram praticamente desconhecidos na poca

    anterior aquisio de imagens articas por aortografia. Na atual poca de aquisio de imagens

    tridimensionais de alta resoluo da aorta por tomografia computadorizada (TC), ressonncia magntica

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    nuclear (RMN) emesmo a ecocardiografia tranesofgica (ETE), esses dois distrbios passaram a ser

    reconhecidos com mais freqncia 28-31

    . H uma preocupao no sentido de que a anatomia patolgica e o

    comportamento clnico das UAP e dos HIM podem diferir daqueles da disseco da aorta e que pode ter de

    ajustar especificamente o tratamento clnico32

    . Est se tornando particularmente mais evidente que a escassez

    de informaes e a raridade relativa do diagnstico devem-se ao fato de que casos de UAP e HIM so com

    freqncia diagnosticados de maneira incorreta e tratados como disseces articas.

    A baixa freqncia, o diagnstico incorreto pela inspeo radiolgica inicial e a ausncia de

    experincia clnica com UAP e HIM alm de impedir a definio de uma terapia tima para essas duas

    entidades, decorreu uma literatura escassa e de pequenas casusticas.

    3 - Classificao dos Aneurismas e Disseces

    Inicialmente os aneurismas podem ser classificados pela sua localizao, isto , aorta ascendente,

    arco artico, aorta torcica descendente e aorta abdominal. Essa classificao muito importante porque a

    etiologia, a histria natural e o tratamento de cada aneurisma diferem, dependendo de sua localizao. Os

    aneurismas da aorta torcica descendente podem se estender distalmente e comprometer a aorta abdominal,

    criando um aneurisma da aorta toracoabdominal1. At 25%dos pacientes com aneurismas da aorta torcica

    apresentam aneurismas em outras localidades da aorta. A recomendao para pacientes com aneurismas

    torcicos, que se examine toda a aorta para afastar comorbidades1.

    Alm da localizao, os aneurismas podem ser classificados de acordo com sua forma podendo ser

    sacular ou fusiforme. A importncia da distino de sua forma resume principalmente na abordagem

    teraputica e no estabelecimento da ttica cirrgica.

    Os aneurismas da aorta torcica e abdominal so classificados de acordo com a classificao de

    Crawford (Fig.1). So classificados em quatro tipos33,34

    :

    I Compromete toda a extenso da aorta torcica descendente e poro da aorta abdominal

    II Compromete toda a extenso da aorta torcica descendente e toda a aorta abdominal

    III Compromete a poro mdia distal da aorta torcica descendente e segmentos variados ou

    toda a aorta abdominal.

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    IV Compromete toda ou parte da aorta abdominal. No compromete a aorta torcica descendente.

    As disseces so classificadas de acordo com a extenso da propagao da falsa luz. As roturas da

    ntima ocorrem nos pontos de estresse hemodinmico, presumivelmente maior, quais sejam a parede lateral

    da aorta ascendente e o ponto imediatamente distal ao ligamento arterial na aorta descendente torcica34

    .

    Utiliza-se na prtica clnica duas classificaes: a classificao de DeBakey (Fig 2) e a de Stanford

    (Fig 3). A classifico de DeBakey descreve trs tipos distintos de disseco: os tipos I e II que se originam

    na aorta ascendente, com o tipo II limitando-se apenas na aorta ascendente e o tipo I estendendo-se para o

    arco artico e aorta descendente. O tipo III limita-se apenas na aorta descendente e subdivide-se em dois

    subtipos: tipo IIIa e tipo IIIb1,34

    . O tipo IIIa se restringe ao acometimento da aorta descendente torcica e o

    tipo IIIb estende-se at a aorta abdominal e artrias ilacas.

    A classificao de Stanford define as disseces de tipo A como envolvendo a aorta ascendente e

    as do tipo B com envolvendo a aorta descendente.

    Outras categorias de classificao dos aneurismas incluem congnitos ou desenvolvidos,

    degenerativos, crnicos ps-traumticos, inflamatrios, infecciosos, mecnicos e aneurismas

    anastomticos34-36

    .(Quadro 1)

    O tipo congnito ou desenvolvido geralmente ocorre nos pacientes portadores da sndrome de

    Marfan; uma desordem autossmica dominante que resulta na deficincia na sntese da glicoprotena

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    fibrilina. A aorta torna-se aneurismtica como um resultado do reduzido nmero de microfibrilas em sua

    camada mdia da aorta.

    A sndrome de Ehlers-Danlos outro grupo de condies heterogneas caracterizadas por vrios

    defeitos na sntese do colgeno tipo III. O desenvolvimento de aneurismas incomum, mas geralmente

    ocorre ruptura sem disseco nos pacientes tipo IV como um evento trgico. Ehlers-Danlos tipo IV

    geralmente espordico, mas quando familiar, usualmente uma desordem autossmica dominante.

    O tipo degenerativo tem como condio patolgica mais freqente a degenerao cstica medial

    que geralmente resulta em aneurismas da aorta ascendente. Achados caractersticos so: fragmentao, perda

    do tecido elstico e perda das clulas musculares lisas. A dilatao geralmente est confinada na poro da

    aorta ascendente. Os aneurismas degenerativos, geralmente associados com aterosclerose da aorta, so de

    ocorrncia mais freqente nos aneurismas da aorta torcica e abdominal, e muitas vezes acometendo a

    poro descendente e a poro toracoabdominal. Os fatores contribuintes implicados no desenvolvimento

    destes aneurismas tm sido atribudos protelise anormal, presena de enzimas sricas que decompe a

    elastina e deficincia de colgeno e elastina.

    O aneurisma crnico ps-traumtico resultante de trauma fechado, geralmente acomete o tero

    proximal da aorta torcica descendente e pode se apresentar muitos anos aps o trauma. Quando no ocorre o

    bito do paciente e mesmo se este no submetido ao tratamento cirrgico pela transseco aguda, rotura de

    pelo menos parte da circunferncia da aorta, freqentemente na poro do ligamento arterioso, resultando no

    extravasamento de sangue para os tecidos peri-articos. Este sangue pode permanecer em comunicao com

    a aorta e formar um hematoma pulstil que contido pela adventcia da aorta ou pelos tecidos mediastinais.

    O resultante falso aneurisma pode aumentar e romper com o aumento do estresse da parede (Lei de LaPlace).

    Em relao aos aneurismas inflamatrios, os provveis candidatos ao tratamento cirrgico so os

    pacientes portadores de arterite de Takayasu, doena de Behet, doena de Kawasaki e arterite de clulas

    gigantes. Outras doenas inflamatrias, tais como espondilite anquilosante, artrite psoraca, poliarterite

    nodosa e sndrome de Reiter podem resultar em dilatao da raiz da aorta e insuficincia artica que

    necessite de tratamento cirrgico.

    Os aneurismas primrios infectados da aorta torcica so raros. A causa mais freqente a

    deposio direta de bactria na ntima da aorta em alguma poro doente ou aterosclertica seguindo um

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    episdio de endocardite ou infeco de uma leso por jato. Tambm pode ocorrer infeco de um trombo

    intraluminal de um aneurisma degenerativo pr-existente aps um episdio de bacteremia ou outros

    processos infecciosos. O organismo mais comum o Staphilococcus aureus, seguido pelo Staphilococcus

    epidermides, Salmonella e espcies do Streptococcus.

    4 - Diagnstico

    Sinais e Sintomas

    Muitos pacientes com aneurismas da aorta torcica so assintomticos sendo muitas vezes

    diagnosticados durante investigao clnica para outras doenas. Os sintomas relacionados ao aneurisma

    geralmente se desenvolvem tardiamente, no curso do aumento do dimetro da aorta, como conseqncia da

    compresso do aneurisma s estruturas adjacentes. comum em pacientes com aneurisma da aorta

    ascendente apresentao de dor torcica principalmente em regio anterior, podendo ou no ter irradiao

    para frcula e pescoo ou mesmo para regio interescapular. Pacientes com aneurismas da aorta ascendente

    envolvendo a raiz da aorta freqentemente apresentam sintomas relacionados insuficincia da valva

    artica. A prpria dilatao do anel artico associada perda da juno sino-tubular so os principais

    mecanismos no estabelecimento da insuficincia artica.

    Pacientes com aneurismas do arco artico podem apresentar dor no pescoo e mandbula. A

    rouquido pode resultar do estiramento do nervo laringeo recorrente; estridor pela compresso da traquia;

    disfagia pela compresso do esfago; dispnia pela compresso do parnquima pulmonar e pletora e edema

    pela compresso da veia cava superior. Pacientes com aneurismas da aorta torcica descendente podem

    relatar dor na regio interescapular ou dor pleurtica do lado esquerdo. Aneurismas da aorta abdominal

    podem se associar com dor lombar, dor abdominal e dor no ombro esquerdo como resultado da irritao do

    diafragma esquerdo. Os fenmenos compressivos so raros, entretanto pode ocorrer eroso de corpos

    vertebrais pela compresso do aneurisma sobre os mesmos levando a quadros neurolgicos.

    Dor de carter agudo e de forte intensidade na regio anterior do trax e pescoo ou interescapular

    a apresentao tpica dos sintomas da disseco aguda da aorta, embora possa representar a expanso de

    um aneurisma ou de uma disseco crnica. A dor de carter agudo tambm pode ser resultado de hematoma

    intramural da aorta ou eroso de uma lcera penetrante aterosclertica. Acidente vascular cerebral, evidncia

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    de isquemia renal, mesentrica ou de extremidades inferiores podem resultar de embolizao de placas de

    ateroma ou trombos do interior de um aneurisma o que justifica uma investigao rigorosa da aorta torcica e

    abdominal, alm de um exame clnico detalhado na ocasio de um desses eventos.

    Sinais fsicos diretos da presena de um aneurisma da aorta torcica so incomuns. Em tempos

    remotos, uma massa pulstil na regio anterior do trax era a primeira evidncia da presena de um

    aneurisma da aorta ascendente e no raramente promovia eroso do esterno e/ou arcos costais e ruptura.

    Sinais de insuficincia artica tambm podem estar presentes nas dilataes da raiz da aorta. Uma massa

    pulstil no abdmen superior pode estar presente nos casos de aneurisma tracoabdominal. Evidncias de

    embolizao de provveis fragmentos de placas de ateroma ou trombos do interior de um aneurisma para as

    extremidades inferiores podem ocasionalmente ser a primeira manifestao de doena artica grave34

    .

    Mtodos Diagnsticos

    Radiografia de Trax

    A radiografia simples de trax pode sugerir um aneurisma da aorta torcica ascendente ou

    descendente. Aneurismas da aorta ascendente produzem uma sombra convexa direita da silhueta cardaca.

    Aqueles do asco artico, uma sombra anterior e para o lado esquerdo e aqueles da aorta torcica descendente

    uma sombra para esquerda e regio posterior (figura). Entretanto, aproximadamente 17% dos pacientes com

    aneurismas ou disseces da aorta documentados, no apresentam nenhum achado na radiografia de trax.

    Aumentos significativos da aorta ascendente podem estar confinados regio retroesternal, de modo que a

    silhueta cardaca parea normal. Aneurismas que envolvem a aorta ascendente e arco artico no podem ser

    diferenciados de tumores ou massas do mediastino anterior pela radiografia de trax34

    Ecocardiografia

    Ao contrrio da TC e da RNM, a ecocardiografia transesofgica (ETE) constitui um valioso

    mtodo diagnstico nas doenas da aorta. porttil e pode ser trazido beira do leito do paciente. Esta

    vantagem de fundamental importncia no diagnstico das leses agudas da aorta, no s pela

    acessibilidade, mas tambm pela agilidade no diagnstico e seu custo operacional. Alm disso, avalia de

    forma acurada acometimentos das valvas cardacas, principalmente valva artica nas disseces aguda da

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    aorta. Avalia tambm a funo ventricular e a presena de derrames pericrdicos. A rigor, no h a

    necessidade de ser exclusivamente a ETE no diagnstico das doenas da aorta. Em situaes de contra-

    indicao para a ETE, a ecocardiografia transtorcica tambm avalia de forma bastante satisfatria as

    doenas da aorta ascendente.

    A ETE implica um risco pequeno, porm real ao paciente e, ao contrrio dos outros mtodos

    diagnsticos, a seleo apropriada dos pacientes torna-se primordial para se evitar as complicaes. Uma

    preocupao adicional se justifica em certas situaes clnicas em que esta sendo considerada a deciso de

    realizar a ETE. Os pacientes com insuficincia respiratria podem vir a apresentar uma hipoxemia perigosa

    durante a introduo da sonda. Outros pacientes, especialmente os idosos, so muitos sensveis sedao

    necessria ETE e tornam necessrio uma boa monitorizao. Pacientes idosos com algum grau de

    desorientao ou confuso mental podem ter o inconveniente da sonda penetrar pelo seio piriforme sem que

    o paciente se queixe, podendo levar perfurao. As contra-indicaes relativas incluem estreitamentos

    esofgicos, esofagite grave, varizes de esfago e coagulopatias34

    .

    Alm das contra-indicaes clnicas, existem tambm algumas limitaes tcnicas para a ETE. O

    brnquio fonte principal direito se interpe entre o esfago e a aorta ascendente; em conseqncia disso, at

    40% da aorta ascendente podem no ser visualizada. Outra limitao tcnica a dificuldade de acesso aos

    vasos da base do arco artico, geralmente com imagem limitada e pouco definida. Artefatos de reverberao

    na aorta ascendente podem facilmente simular uma aba de disseco. Para tal, de fundamental importncia

    no s o conhecimento dos artefatos comuns s tcnicas de ultra-sonografia, como tambm as variaes da

    aparncia dos tecidos mediastinais e para-articos, a anatomia venosa torcica e as variantes anatmicas

    comuns35,36

    .

    Ecocardiografia Transtorcica

    A ecocardiografia transtorcica, em oposio transesofgica, tem um papel muito limitado

    na avaliao da aorta, com sensibilidade muito inferior ETE. Em casos de que se suspeita de uma patologia

    artica, uma abordagem transtorcica dirigida para a obteno de imagens da aorta pode melhorar a

    visibilizao, mas unicamente dentro de limites bastante estreitos. Em geral pode-se visibilizar a aorta

    ascendente por vrios centmetros acima da valva artica e pode-se obter uma visibilizao limitada do arco

  • 14

    14

    artico a partir da posio da incisura supra-esternal. Podem-se medir os dimetros nesses locais e at

    eventualmente detectar um flap da ntima, sugerindo disseco da aorta, mas com as devidas reservas,

    tendo sempre a necessidade de confirmao diagnstica com outro mtodo diagnstico, exceo de uma

    imagem clara o suficiente para o diagnstico associado experincia do executor. No raro, os pacientes

    apresentam uma histria vaga, sintomas inespecficos ou uma suspeita diagnstica de infarto do miocrdio,

    sem qualquer indicao de uma doena artica no diagnstico diferencial. Nessas circunstancias, uma

    disseco ou rotura podem passar facilmente desapercebidas. A sensibilidade e especificidade da

    ecocardiografia transtorcica simplesmente no so suficientes para confirmarem esses diagnsticos de

    maneira confivel34,36

    .

    Tomografia Computadorizada de Trax

    Tomografia computadorizada (TC) de trax a tcnica no invasiva mais utilizada para o

    diagnstico das doenas da aorta. Fornece informaes sobre dimetro, localizao e extenso da doena.

    de particular importncia na documentao na taxa de crescimento dos aneurismas, em determinar tempo

    para interveno cirrgica em pacientes assintomticos e na avaliao ps-operatria37

    . Devido ao fato de

    mais de 25% dos pacientes apresentarem aneurismas em mais de um segmento da aorta, tanto a aorta

    torcica quanto a abdominal devem ser investigadas. A TC tambm til nos hematomas intramurais da

    aorta, nas lceras aterosclerticas penetrantes da aorta e de forma mais marcante nas disseces da aorta. A

    principal desvantagem da TC a necessidade de utilizao de contraste para a delineao precisa da aorta,

    que pode ser contra-indicado para pacientes com alergia ao contraste ou pacientes com quadros de

    insuficincia renal37-39

    .

    O advento da TC espiral no incio da dcada de 1990 redefiniu o papel da TC na aquisio de

    imagens da aorta torcica. Ao contrrio da TC convencional, que obtm imagens seqencialmente passo a

    passo, os aparelhos de TC espiral tm a capacidade de obter imagens de toda a aorta em uma nica aquisio

    volumtrica cm suspenso da respirao. As informaes obtidas por essa aquisio de TC volumtrica

    podem ser usadas para a gerao de imagens em mltiplos planos e orientaes, incluindo interface

    interativas tridimensionais (3-D) e de realidade virtual. Esta tcnica e designada como angiografia TC

    porque as imagens podem ser manipuladas para simula a aparncia de um angiograma convencional34

    .

  • 15

    15

    Embora sua representao grfica impressione, as tcnicas de TC de primeira gerao no eram

    mais precisas que as imagens de TC axiais padres. S recentemente os avanos na aquisio de imagens 3-

    D, utilizando uma tcnica denominada representao de volume, atingiram nveis diagnsticos superiores aos

    das imagens axiais padres39

    .

    Dentre as vantagens que a TC proporciona podemos destacar de forma mais relevante a sua

    disponibilidade; podendo ser realizada mesmo dentro do contexto emergencial sem a necessidade de um

    radiologista ou mesmo um cardiologista, podendo ser realizada por um tcnico. Outra caracterstica

    importante da TC sua rapidez. Os aparelhos de ltima gerao reproduzem imagens de toda a aorta em

    segundos, podendo cada exame durar cerca de 5 minutos. Por fim, com sua devida relevncia, a

    convenincia para os pacientes. A TC tem a caracterstica de ser pouco invasiva, necessitando apenas da

    injeo de contraste que, alis, deve-se ter cautela em relao aos pacientes portadores de insuficincia renal.

    De forma no menos importante, a TC tambm contribui no diagnstico de outras doenas torcicas

    importantes, que podem simular as manifestaes clnicas iniciais de disseces e aneurismas da aorta,

    incluindo embolia pulmonar, pneumotrax e pneumonia34

    .

    Ressonncia Nuclear Magntica

    A Ressonncia Nuclear Magntica (RNM) emerge como um mtodo de imagem de primeira linha

    para diagnsticos das doenas da aorta. Ao contrrio da TC, a tcnica padro no requer uso de contraste.

  • 16

    16

    Em certas aplicaes um simples estudo pode fornecer informaes semelhantes quelas obtidas em

    associao do ecocardiograma com a TC fornece excelente imagem das disseces e pode identificar

    precisamente formaes de tombos e stios de entrada. Pode tambm diferenciar hematoma periartico de

    trombose de um falso aneurisma. A angioressonncia com contraste, como por exemplo, o gadolneo, e a

    reconstruo em 3-D permite a investigao de toda a aorta torcica e seus principais ramos, superiores

    quelas obtidas com a angiografia convencional. Alm disso, avalia tambm o pericrdio, a valva artica e o

    padro de contratilidade do ventrculo esquerdo. No entanto, a RNM apresenta o inconveniente de no ser

    to disponvel quanto TC e ao eccardiograma. O tempo de realizao da RNM longo, chegando a durar

    cerca de 40 minutos, e se torna inadequada nas situaes de emergncia, por exemplo, nos casos de

    disseco aguda da aorta40,41

    .

    Aortografia

    geralmente realizada em pacientes que vo ser submetidos intervenes eletivas da aorta

    torcica. Fornece informaes sobre a localizao dos aneurismas, particularmente em relao aos seus

    principais ramos em toa sua extenso. Detecta a presena de insuficincia artica e possibilita a investigao

    coronariana bem como de ramos mesentricos e renais. Alm de fornecer informaes importantes a respeito

    da anatomia da aorta e seus ramos, permite calcular melhor o risco operatrio e estabelecer melhor a ttica

    operatria. Entretanto, apresenta como principais desvantagens o uso de contraste (nefrotxico), a prpria

    invasibilidade da tcnica e a limitao tcnica de no poder diagnosticar eventualmente um hematoma da

    aorta intramural ou mesmo quantificar o dimetro de um aneurisma da aorta caso este esteja preenchido por

    trombos1,34

    .

    Tratamento Clnico

    As doenas articas como os aneurismas e as disseces, so condies graves que continuam a

    propor desafios ao tratamento mdico. Com os avanos das pesquisas cardiolgicas e das tcnicas cirrgicas,

    a abordagem e o tratamento dessas condies continuam a evoluir e trazer benefcios aos pacientes.

    Os aneurismas da aorta torcica so condies importantes que em geral exigem interveno

    cirrgica, devido ao risco de rotura e disseco, que so as principais causas de morte nas doenas da aorta1.

  • 17

    17

    A histria natural est em geral relacionada com a localizao e a causa primria da doena. A previso de

    rotura e outras complicaes permanece um desafio. A lei de LaPlace mostra que, quando o aumento do

    aneurisma aumenta, o estresse da parede artica tambm aumenta, levando a uma posterior expanso e

    crescimento do aneurisma34

    .

    Talvez o aspecto mais importante do tratamento dos pacientes com aneurismas da aorta torcica

    seja a ocasio ideal para a correo cirrgica. Esse momento ideal permanece incerto por vrias razes;

    entretanto, esto sendo feitos progressos em direo a uma nova abordagem teraputica comum. Em

    primeiro lugar, os dados disponveis sobre a histria natural dos aneurismas da aorta torcica so limitados.

    Em segundo lugar, a alta incidncia de doenas cardiovasculares concomitantes nessa populao torna difcil

    determinar a ocasio, j que a segunda causa mais comum de bito nestes pacientes (depois das

    complicaes relacionadas ao aneurisma) so as outras doenas cardacas. Alm disso, o risco cirrgico,

    embora certamente esteja diminuindo nos centros que tm maior experincia, pode ter mais importncia que

    os potenciais benefcios em determinados pacientes2,4-8

    .

    Em trs dos maiores estudos de aneurismas da aorta torcica que incluram 264 pacientes que no

    foram submetidos a tratamento cirrgico na ocasio do diagnstico, a causa de bito mais comum foi a

    rotura do aneurisma, ocorrendo em 42% a 70% dos pacientes. A sobrevida em cinco anos variou de 13% a

    39%43

    .

    Em relao aos pacientes portadores da Sndrome de Marfan, a abordagem deve ser mais criteriosa

    e o acompanhamento mais rigoroso. O uso de beta-bloqueadores ofereceu benefcios potenciais de uma

    forma geral e em especial nestes pacientes. Tm a capacidade de reduzir os nveis de presso arterial e ainda

    a fora pulstil (dP/dT). Atribui-se aos beta-bloqueadores a capacidade de reduo da velocidade do aumento

    dos aneurismas da aorta abdominal, alm de ser efetivo no controle dos pacientes com disseco aguda da

    aorta. Entretanto, alguns estudos mostram que doses pequenas de beta-bloqueadores no mostraram

    benefcios no controle das doenas da aorta, principalmente na Sndrome de Marfan44

    .

    Nas disseces da aorta, os objetivos iniciais da teraputica so estabilizar a disseco, prevenir a

    rotura e reduzir ao mnimo as complicaes da propagao da disseco (comprometimento vascular e

    rotura). Cada centro em geral faz uma abordagem individualizada que envolve inicialmente teraputica

    farmacolgica e depois dependendo da localizao da disseco, interveno cirrgica, controle

  • 18

    18

    farmacolgico continuado ou uma combinao de ambos. Mas independentemente da localizao da

    disseco, deve-se iniciar em todos os pacientes uma teraputica clnica imediata, mesmo antes que estejam

    disponveis os resultados dos estudos diagnsticos.

    Para o tratamento inicial, so preferveis os agentes endovenosos de ao inicial rpida e meia-vida

    curta, que permitam um fcil ajuste da dose. O nitroprussiato de sdio muito eficiente e fcil de ajustar.

    Comea-se com pequenas doses com posteriores ajustes at atingir uma presso arterial mdia de

    aproximadamente 60 mmHg a 75 mmHg. A administrao concomitante de um beta bloqueador endovenoso

    necessria, porque a administrao isolada do nitroprussiato pode aumentar a relao dP/dT (assim como

    outros vasodilatadores, devido cronotropia e inotropia aumentadas) mediada por ao reflexa. Doses de

    beta-bloqueadores de ao curta por infuso contnua(propanolol, esmolol) podem ser usadas at que se

    alcance uma resposta satisfatria, em geral indicada por uma freqncia cardaca de 60 a 70 batimentos /min.

    Outros agentes como os bloqueadores dos canais de clcio endovenoso, inibidores da ECA endovenoso

    tambm esto sendo usados com maior freqncia na disseco da aorta34

    .

    No que se refere ao acompanhamento clnico essencial o exame fsico a cada 6 meses

    acompanhado de radiografia de trax. O controle por TC, ETE ou RNM deve ser realizado a cada 6 ou 12

    meses, dependendo, em parte, da disponibilidade destes testes e em pacientes de alto risco, como os de

    Sndrome de Marfan, possivelmente com maior freqncia. Deve-se lembrar que a disseco artica um

    processo evolutivo que pode exigir uma ou mais intervenes aps a correo inicial; portanto o

    acompanhamento rigoroso decisivo nestes pacientes.

    Tratamento Cirrgico

    Aorta ascendente

    A cirurgia da aorta tem alcanado relativo sucesso nos ltimos anos de seu desenvolvimento. As

    doenas articas pronunciam catstrofes que podem levar morte ou srias complicaes. O sucesso com a

    interveno eletiva do aneurisma tem levado a esforos vigorosos para identificar a doena artica antes que

    ocorram as complicaes. O diagnstico ainda um desafio, porque a doena da aorta ascendente em geral

    silenciosa at que afete a valva artica, artrias coronrias ou resulte em complicao grave.

  • 19

    19

    Dentro deste contexto importante que se ressalte a necessidade de uma boa compreenso da

    anatomia da aorta. A aorta ascendente comea no anel artico e termina na origem da artria inominada,

    onde continua como o arco artico. A aorta ascendente se divide no segmento proximal em uma poro do

    seio (tambm conhecido como raiz artica), onde fica a valva artica e os stios das artrias coronrias, e

    distalmente, uma poro tubular. Logo acima da raiz da aorta, superiormente s comissuras da valva artica

    encontramos um estreitamento da aorta chamado juno sinotubular e acima deste estreitamento a aorta se

    extende at a poro do arco de forma uniforme. Essas distines so importantes, pois as expresses aorta

    ascendente e substituio da aorta ascendente so imprecisas e no especificam o segmento a que se refere

    em relao poro do seio ou poro tubular ou a ambos. As operaes que envolvem a poro do seio da

    aorta so mais complexas porque envolvem correo ou substituio da vlvula artica ou das artrias

    coronrias34

    .

    Para a correo de problemas na raiz da aorta a tcnica mais comumente utilizada a tcnica de

    Bentall De Bono45

    . Consiste na substituio da raiz da aorta por um enxerto composto, formado por uma

    prtese artica (tubo de dacron) acoplado a uma prtese valvar mecnica. A valva artica substituda pela

    prtese valvar e os stios coronarianos so implantados na parede lateral do tubo.

    O homoenxerto (tecido de cadver humano) da raiz da aorta tambm pode ser utilizado na correo

    dos aneurismas desta poro. Podem ser frescos ou criopreservados. O autoenxerto pulmonar a retirada da

    valva pulmonar com a poro proximal do tronco pulmonar do prprio paciente e utilizada como substituto

    da raiz da aorta. Este procedimento conhecido como operao de Ross46,47

    .

  • 20

    20

    Razes articas de porco tm-se tornado disponveis comercialmente. Esses heteroenxertos so

    tratados por glutaraldedo e, portanto, so viveis e seguros. Apresentam vantagens hemodinmicas sobre as

    bioprtees valvares de porco convencionais, mas so mais tecnicamente exigentes para o implante. Tambm

    so conhecidas como bioprteses sem stent34

    .

    A substituio da raiz artica que preserva a valva artica refere-se substituio da raiz da aorta e

    uma parte da poro tubular da aorta ascendente por prtese de dacron, preservando a valva artica. Esta

    tcnica operatria requer maior habilidade e experincia, pois so necessrios ajustes do enxerto o implante

    das comissuras da valva artica e dos stios coronarianos1,34,48-50

    .

    A interveno mais comum da aorta ascendente a substituio da poro tubular por um tubo de

    dacron. a principal tcnica utilizada nas disseces aguda da aorta tipo A. As disseces agudas tipo A no

    tratadas associam-se a uma mortalidade muito alta. Nas primeiras 24 a 48 horas, a mortalidade aproxima-se

    de 1 a 2% por hora. Devido a este fato, os pacientes que apresentam disseco aguda tipo A, so submetidos

    a tratamento cirrgico de emergncia1,34

    . O comportamento natural dos pacientes que se submetem ao

    tratamento tardio e ao tratamento no-cirrgico , portanto praticamente desconhecido. O tratamento

    cirrgico imediato ainda recomendado para candidatos aceitveis operao que apresentem uma imediata

    disseco aguda tipo A; entretanto o estudo de Scholl51

    permite duas colocaes: os pacientes com disseco

    tipo A que so encaminhados ou diagnosticados alguns dias aps as manifestaes iniciais e superaram com

    xito o perodo de risco inicial, podem ser operados com segurana de maneira semi-eletiva (e no em

    carter de emergncia); e os pacientes selecionados que no so candidatos operao e que sobrevivem

    disseco de tipo A inicial sem complicaes podem ser tratados com uma terapia clnica agressiva e obtm

    uma sobrevivncia inicial e uma evoluo a curto prazo aceitveis, melhores do que se esperava

    anteriormente.

    Nas disseces articas de tipo A, a extenso proximal da disseco pode causar a distoro das

    comissuras articas e uma conseqente insuficincia artica pelo desabamento das valvas da valva artica .

    Alm disso, a extenso proximal da disseco tambm pode levar ao comprometimento das artrias

    coronrias, o que causa isquemia e infarto do miocrdio52

    . Quando as disseces articas do tipo A avanam

    para a raiz da aorta, podem romper-se no espao pericrdico e levar a um quadro grave com srio

    comprometimento hemodinmico caracterizado por choque cardiognico ou mesmo o tamponamento

  • 21

    21

    cardaco. A ruptura no pericrdio a causa mais comum de morte no primeiro perodo de duas semanas aps

    a disseco tipo A34

    .

    Pacientes com sintomas atribudos a aneurismas crnicos da aorta ascendente devem, em geral, ter

    imediato tratamento cirrgico se os sintomas so decorrentes do aumento do dimetro do aneurisma ou por

    uma possvel insuficincia artica. A indicao para a operao de correo de aneurisma da aorta passa a ser

    individual a partir do momento em que considerarmos o ndice de massa corprea de cada um. A anlise de

    um paciente com ndice de 1,7 apresentando aorta torcica descendente medindo 5,0 cm diferente para

    outro paciente que apresenta ndice de 2,1. fundamental ter sempre o conceito da tenso da parede da aorta

    conforme seu dimetro53

    . Para isso imprescindvel termos sempre o melhor controle da presso arterial

    destes pacientes. A indicao operatria deve levar em considerao o risco operatrio e o benefcio que esta

    pode proporcionar ao paciente. O paciente assintomtico que ainda no apresentar um dimetro suficiente

    que aumente de forma considervel o risco de ruptura, este ainda pode ser acompanhado com o tratamento

    clnico principalmente se apresentar doenas ou comorbidades associadas ou alto risco operatrio34

    . Um

    inconveniente para os pacientes submetidos correo dos aneurismas da raz da aorta a necessidade de

    anticoagulao quando implantada vlvula artica mecnica (Operao de Bentall De Bono)45,54

    . Para tanto,

    para alguns pacientes elegveis, existe a alternativa de correo de aneurismas da raz da aorta com

    preservao da valva artica (Tcnica da Incluso ou Tcnica do Remodelamento)48-50

    .

    Pacientes com doena degenerativa medial cstica ou portadores da sndrome de Marfan podem

    receber uma conduta mais agressiva. Devem ser submetidos operao eletiva para substituio da aorta

    ascendente quando o maior dimetro da aorta exceder de 5,0 cm a 5,5 cm. Se a insuficincia artica for

    substancial, a operao pode ser aconselhada antes da aorta atingir estes dimetros1,34,55

    . Pacientes que

    apresentam dilatao da aorta ascendente em associao com valva artica congnita bicspide e que requer

    substituio da valva artica, deve ter concomitante substituio da aorta ascendente quando suas medidas

    estiverem entre 4,5cm e 5,0cm34,56

    . Outra condio especial a valva artica bicspide. Nos casos em que

    existe indicao para tratamento cirrgico da valva artica bicspide, deve ser considerada a substituio da

    aorta ascendente, mesmo que ela no apresente os dimetros clssicos para indicao. A justificativa que

    nestes pacientes existe alterao na estrutura das fibras elsticas da parede da aorta.56

    .

  • 22

    22

    Essas recomendaes so baseadas em evidncias que a mortalidade operatria combinada tardia

    menor que a mortalidade observada em pacientes manuseados clinicamente34

    .

    Arco Artico

    Pacientes que so sintomticos por aneurismas crnicos que envolvem o arco artico devem, em

    muitas instncias, ser submetidos tratamento cirrgico, porque a histria natural desta condio

    particularmente desfavorvel. Devido relativa complexidade das operaes que requerem substituio do

    arco artico e por causa das complicaes neurolgicas no serem incomuns, a operao eletiva geralmente

    aconselhada somente para aneurismas que atingem dimetro de 5,5cm a 6,0cm ou quando quando

    documentado aumento progressivo do aneurisma34,57

    .

    Aneurismas do arco artico so freqentemente associados com doena aneurismtica da aorta

    torcica ascendente e descendente, e isto pode ser a principal indicao para a operao57,58

    .

    A doena aterosclertica envolve o arco mais freqentemente que outras partes da aorta torcica.

    Devido presena de placas aterosclerticas com a espessura maior que 4,0 mm um importante preditor de

    infarto cerebral e porque tais placas tambm so uma fonte de embolizao para outros rgos, a substituio

    por enxertos do segmento do arco envolvido deve ser considerada quando for detectada em pacientes que so

    submetidos operao do corao ou da aorta ascendente1,57,58

    .

    Aorta Torcica Descendente e Aorta Toracoabdominal

    Pacientes com sintomas atribudos a aneurismas crnicos que envolvem a aorta torcica

    descendente e toracoabdominal em geral, tem a correo indicada de imediato, porque a rotura antes da

    operao aumenta consideravelmente o risco do procedimento. O surgimento de sintomas, mesmo que sejam

    leves, particularmente em pacientes com aneurismas toracoabdominal, pode representar progresso para uma

    fase subaguda que associada com aumento de risco de ruptura e maior mortalidade operatria.

    Aconselhamento de tratamento cirrgico para pacientes assintomticos com aneurismas crnicos da

    aorta torcica descendente ou da aorta toracoabdominal nessas reas menos considerado por causa dos

    riscos de leso isqumica da medula espinhal, falncia renal e uma alta prevalncia de complicaes

    pulmonares ps-operatrias1,34,58-60

    . Uma cuidadosa avaliao dos fatores de risco pr-operatrios para bito

  • 23

    23

    e paralisia ps-operatria essencial antes que uma recomendao para interveno cirrgica seja feita. Estes

    fatores de risco devem ser pesados contra a probabilidade de ruptura do aneurisma. Em pacientes de baixo

    risco em centros operatrios experientes, a operao eletiva aconselhvel quando o aneurisma exceder o

    seu dimetro em 5,0cm a 6,0cm, ou quando h aumento progressivo documentado34

    . Todos os pacientes em

    que o tratamento cirrgico deferido, deve ter um seguimento peridico com determinao do tamanho e da

    extenso do aneurisma ou outras doenas da aorta por TC ou RNM a cada 6 ou 12 meses, dependendo do

    tamanho da aorta. O aumento do tamanho durante o perodo de observao , em geral, um forte indicativo

    para interveno cirrgica.

    Outras Condies

    H evidncias de estudos sobre a histria natural que pacientes com aneurismas crnicos

    resultantes de disseco da aorta tipo so mais comuns a morrerem por ruptura do aneurisma que em

    pacientes que apresentam aneurismas que no esto associados a disseco. No estudo de Griepp et al61

    ,

    pacientes com ruptura de aortas dissecadas cronicamente apresentavam dimetros mximos

    significativamente menores da aorta torcica descendente que pacientes com ruptura de aneurismas

    degenerativos. Estas observaes indicam que uma abordagem cirrgica mais agressiva indicada em

    pacientes com aneurismas associados disseco tipo B.

    Pacientes com lcera aterosclertica penetrante ou hematoma intramural em que cujos sinais e

    sintomas de ruptura estejam presentes bem como no desenvolvimento de falsos aneurismas, devem ser

  • 24

    24

    submetidos substituio do segmento da aorta afetado21

    . Pacientes com doena aterosclertica grave e

    repetidos episdios de embolizao para territrio mesentrico, rins ou extremidades inferiores, devem ser

    considerados para tratamento cirrgico do segmento afetado34

    .

    Endoprteses

    O uso de prteses endovasculares para o tratamento das doenas da aorta torcica descendente vem

    ganhando destaque dentro da teraputica das doenas da aorta. O uso das endoprteses elimina a necessidade

    de toracotomia e ocluso da aorta torcica. Essa abordagem menos invasiva pode ser de particular

    importncia para pacientes de maior idade ou pacientes com condies co-existentes que aumentariam o

    risco de um tratamento cirrgico convencional62

    .

    A experincia clnica limitada. A maior srie de pacientes a acumulada por Dake e cols63

    da

    universidade de Stanford. Entre 103 pacientes tratados por prtese endovascular por um perodo de 5 anos,

    apresentou mortalidade hospitalar de 9%. Entre as principais complicaes incluem: acidente vascular

    cerebral(7%), paraplegia ou paraparesia(3%), insuficincia renal aguda (5%), leso arterial grave (4%),

    insuficincia respiratria (12%) e infarto do miocrdio (2%). Nesta srie, 24%dos pacientes no

    apresentaram completa trombose do segmento excludo da aorta. Em 2 pacientes ocorreu ruptura tardia do

    aneurisma. A sobrevida atuarial foi de 81% em 6 meses e 73% em 2 anos. Os dois anos de sobrevida para os

    subgrupos que foram considerados operveis e para aqueles que foram considerados inoperveis foi de

    91% e 60%, respectivamente.

    Ainda permanecem importantes complicaes subseqentes ao procedimento: endoleak

    persistente64

    , migrao da endoprtese, ruptura da aorta, leses vasculares perifricas necessitando de

    abordagem cirrgica e alteraes morfolgicas na poro proximal e distal ao segmento reparado pela

    prtese endovascular65

    . Atualmente, existe uma tendncia em associar do uso das endoprteses com a tcnica

    operatria clssica, principalmente em pacientes graves e de alto risco operatrio66

    .

    O desenvolvimento de melhores sistemas de liberao e de prteses com melhores mecanismos de

    fixao na parede da aorta podem reduzir complicaes e melhorar de forma consistente os resultados

    obtidos hoje pelas prteses endovasculares.

  • 25

    25

  • 26

    26

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