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Seminário sobre Paredes de Alvenaria, P.B. Lourenço & H. Sousa (Eds.), Porto, 2002 41 CONSTRUÇÃO EM TIJOLO CERÂMICO: DAS EXIGÊNCIAS NORMATIVAS DO PRODUTO À PRÁTICA DE APLICAÇÃO António BAIO DIAS Director executivo CTCV Coimbra SUMÁRIO O tijolo cerâmico é um dos elementos de alvenaria mais antigos. Actualmente é um dos produtos mais usados na construção portuguesa. É um produto técnico com exigências normativas específicas e cujos referenciais estão em fase de transição. Nesta comunicação apresentam-se as alterações previstas na norma EN 771-1 e as implicações para a sua produção e comercialização no mercado europeu. Finalmente são apresentados exemplos da sua utilização actual e as perspectivas de evolução. 1. NORMALIZAÇÃO 1.1. Normalização nacional A normalização actualmente existente para o tijolo cerâmico data dos anos sessenta e setenta: NP 80 [1] e NP 834 [2]. Foram, e continuam a ser, dois importantes documentos normativos que estabeleceram as características físicas e dimensionais para os tijolos cerâmicos de alvenarias.

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  • Seminrio sobre Paredes de Alvenaria, P.B. Loureno & H. Sousa (Eds.), Porto, 2002 41

    CONSTRUO EM TIJOLO CERMICO: DAS EXIGNCIAS NORMATIVAS DO PRODUTO PRTICA DE APLICAO

    Antnio BAIO DIAS Director executivo CTCV Coimbra

    SUMRIO O tijolo cermico um dos elementos de alvenaria mais antigos. Actualmente um dos produtos mais usados na construo portuguesa. um produto tcnico com exigncias normativas especficas e cujos referenciais esto em fase de transio. Nesta comunicao apresentam-se as alteraes previstas na norma EN 771-1 e as implicaes para a sua produo e comercializao no mercado europeu. Finalmente so apresentados exemplos da sua utilizao actual e as perspectivas de evoluo. 1. NORMALIZAO 1.1. Normalizao nacional A normalizao actualmente existente para o tijolo cermico data dos anos sessenta e setenta: NP 80 [1] e NP 834 [2]. Foram, e continuam a ser, dois importantes documentos normativos que estabeleceram as caractersticas fsicas e dimensionais para os tijolos cermicos de alvenarias.

  • 42 Construo em tijolo cermico: Das exigncias normativas do produto prtica de aplicao As suas caractersticas mais relevantes so o aspecto visual, a resistncia mecnica, a ausncia de eflorescncias, as dimenses e a durabilidade para os tijolos de revestimento.

    Figura 1: Diferentes tipos de tijolos cermicos

    1.1.1. Aparncia Os tijolos devem ser bem conformados, isentos de salincias ou reentrncias anormais, rachas e fissuras, no devem possuir incluses calcrias e devem ter um toque sonoro quando repercutidos com uma pea metlica. Os tijolos devem ser marcados com a identificao do fabricante. 1.1.2. Resistncia mecnica Os tijolos cermicos so sujeitos a ensaios de compresso. As faces de contacto dos tijolos com os pratos de compresso, so regularizadas com uma camada de argamassa e os tijolos so mergulhados em gua para saturao. A resistncia mecnica obtida deve ser superior a 15 kgf/cm2. Dos valores obtidos, numa amostra de 10 elementos, possvel classificar os tijolos cermicos em trs classes de resistncia: A, B e C.

    Quadro 1: Classes de resistncia mecnica segundo a NP 80

    Valor mnimo (kgf/cm2) Classe

    Tijolos furados Tijolos macios ou perfurados A 45 140 B 30 100 C 15 70

    Macio Furado PerfuradoFurao vertical

    Furao vertical com encaixes

  • A. Baio Dias 43

    1.1.3. Eflorescncias As eflorescncias so manchas brancas que aparecem na superfcie do tijolo. So provocadas por sais que se podem encontrar na composio da argila e que, quando em contacto com a gua, se dissolvem e migram para a superfcie do tijolo ao evaporar essa gua, cristalizando. Alguns desses sais so nocivos para as argamassas ou para a prpria cermica. As eflorescncias so limitadas a 5 cm2. 1.1.4. Dimenses Os formatos dos tijolos encontram-se normalizados pela NP 834. Esta norma define para os formatos 22x11x7, 30x20x7, 30x20x11, 30x20x15 e 30x22x20 as dimenses nominais, e as tolerncias.

    Quadro 2: Dimenses segundo a NP 834 Comprimento (mm) Largura (mm) Altura (mm) Formato

    nominal tolerncia nominal tolerncia nominal tolerncia 22x11x7 220 6 107 4 70 4 30x20x7 295 7 70 4 190 5 30x20x11 295 7 110 4 190 5 30x20x15 295 7 150 5 190 5 30x22x20 295 7 220 6 190 5

    Figura 2 : Formatos normalizados segundo a NP 80

    22x11x7 30x20x7 30x20x11

    30x20x15 30x22x20

  • 44 Construo em tijolo cermico: Das exigncias normativas do produto prtica de aplicao 1.1.5. Durabilidade dos tijolos de revestimento Os tijolos de revestimento, por ficarem aparentes na construo, devem ser durveis quando expostos s condies atmosfricas e essa resistncia deve ser adequada severidade do ambiente local. Para avaliar a durabilidade dos tijolos cermicos feita uma indirecta atravs da avaliao do valor da absoro de gua fervente e do coeficiente de saturao. O coeficiente de saturao a razo entre o valor da absoro de gua fria e o valor da absoro de gua em ebulio (B). A classificao da durabilidade expressa em trs nveis: durvel sob severas exposies, para situaes em que a ocorrncia de temperaturas negativas se verifique aps saturao em gua dos tijolos; durvel sob exposies normais, para situaes de ocorrncia de temperaturas negativas sem saturao em gua dos tijolos; no durvel ao gelo. Os tijolos cermicos so classificados como durveis sob severas exposies caso o valor da absoro de gua em ebulio seja inferior ou igual a 7 % ou o valor do coeficiente de saturao (A/B) seja inferior ou igual a 0,6 ou o valor da resistncia mecnica seja superior ou igual a 490 kgf/cm2, ou o valor B+100(A/B) seja inferior ou igual a 72. So classificados como durveis sob exposies normais caso o valor de B+100(A/B) seja inferior a 93.

    Quadro 3: Classificao da durabilidade segundo a NP 80

    Classe Absoro de gua a quente (%)

    Resistncia mecnica (kgf/cm2)

    Coeficiente de saturao B+100(A/B)

    Durvel sob severas exposies 7 ou 490 ou 0,6 ou 72

    Durvel sob exposies normais > 7 e < 490 e > 0,6 e < 93

    No durvel ao gelo > 7 e < 490 e > 0,6 e 93

    1.2. Normalizao europeia A normalizao europeia para tijolos de alvenaria encontra-se em elaborao h mais de 10 anos, devido dificuldade de conciliar as opinies dos diversos pases bem como as alteraes necessrias para ir de encontro Directiva Europeia Produtos da Construo 89/106/CE [3]. Quando concluda a normalizao europeia sero retiradas as normas nacionais actualmente em vigor. Esta normalizao, para alm da alterao das caractersticas e dos ensaios, apresenta uma orientao diferente relativamente norma portuguesa. Enquanto que a norma portuguesa especifica os valores a atingir para cada caracterstica, a norma europeia especifica apenas as caractersticas e as tolerncias admissveis na norma prEN 771-1 [4] e os mtodos de ensaio nas normas da srie EN 772. Esta situao permite que cada produtor declare os valores que

  • A. Baio Dias 45

    garante para os seus produtos, obrigando por sua vez, o comprador a definir as exigncias para a aplicao pretendida.

    Quadro 4: Caractersticas e tolerncias previstas na norma prEN 771-1

    Norma Ensaio Exigncias Tolerncias/

    Classes/ Categorias

    EN 772-1 [5]

    Determinao da resistncia mecnica

    Resistncia mecnica e categoria a declarar pelo fabricante

    Categoria I ou II

    NP EN 772-3 [6]

    Determinao do volume lquido e percentagem de

    vazios por pesagem hidrosttica

    EN 772-5 [7]

    Determinao do teor em sais solveis activos

    Teor em sais solveis activos a declarar pelo fabricante

    S0, S1 ou S2

    NP EN 772-7 [8]

    Determinao da absoro de gua fervente para tijolos isolantes da humidade

    Limites da absoro de gua e limites a declarar pelo fabricante

    EN 772-11 [9]

    Determinao da taxa inicial de absoro de gua

    Limites da taxa inicial de absoro de gua a declarar pelo fabricante

    EN 772-13 [10]

    Determinao da densidade lquida e bruta

    Densidade a declarar pelo fabricante D1, D2, ou D0

    EN 772-16 [11]

    Determinao de dimenses Dimenses mdias e limites a declarar pelo fabricante

    T1, T2 ou T0 R1, R2 ou R0

    EN 772-19

    [12]

    Determinao da expanso por humidade para tijolos de

    grande formato e furao horizontal

    Inferior a 0,6 mm/m

    EN 772-22 [13]

    Determinao da resistncia ao gelo/degelo

    Categoria a declarar pelo fabricante F0, F1 ou F2

    PrEN 1052-3

    [14]

    Determinao da resistncia inicial ao corte

    Resistncia de adeso do tijolo argamassa a declarar pelo fabricante

    EN 1745 [15]

    Mtodo para a determinao dos valores trmicos

    declarados e de projecto

    Propriedades trmicas a declarar pelo fabricante

    PrEN 13501-1

    [16]

    Classificao ao fogo de produtos de construo

    Parte 1: Classificao usando resultados de ensaios de

    reaco ao fogo

    Classe a declarar pelo fabricante Classe A1 (sem necessidade de

    ensaios) ou outra classe

    (ver legenda na pgina seguinte)

  • 46 Construo em tijolo cermico: Das exigncias normativas do produto prtica de aplicao Legenda do Quadro 4: Categoria I Elementos com tenso de compresso com um nvel de confiana superior a 95%; Categoria II Elementos que no cumprem o nvel de confiana previsto para a categoria I; Tolerncia D1 mximo de 10 %; Tolerncia D2 mximo de 5 %; Tolerncia D0 desvio em percentagem declarado pelo fabricante; Tolerncia T1 fabricodimensode4,0 mm, e no mximo 3 mm; Tolerncia T2 fabricodimensode25,0 mm, e no mximo 2 mm; Tolerncia T0 desvio em mm declarado pelo fabricante; Tolerncia R1 fabricodimensode6,0 mm; Tolerncia R2 fabricodimensode3,0 mm; Tolerncia R0 limites em mm declarados pelo fabricante; Categoria F0 Exposio passiva Alvenaria ou elementos de alvenaria que no sero expostos humidade e condies de gelo; Categoria F1 Exposio moderada Alvenaria ou elementos de alvenaria que esto expostos humidade e ciclos de gelo e degelo; Categoria F2 Exposio severa Alvenaria ou elementos de alvenaria que esto sujeitos saturao com gua, combinada com ciclos frequentes de gelo e degelo, devido s condies climticas e ausncia de elementos de proteco; Classe A1 Os elementos que contenham homogeneamente distribudos materiais orgnicos at um mximo de 1,0 % da sua massa ou volume, so classificados na classe A1 de resistncia ao fogo sem necessitarem de ensaios.

    Quadro 5: Classificao dos teores de sais solveis prevista na norma prEN 771-1 Percentagem da massa no superior a

    Categoria Na+ + K+ Mg2+

    S0 requisitos no especificados requisitos no especificados S1 0,17 0,08 S2 0,06 0,03

    1.2.1. Resistncia mecnica O objectivo deste ensaio, realizado de acordo com a norma EN 772-1 determinar a resistncia mecnica nos tijolos. Na fase de preparao as faces rectificadas por abraso a seco. aplicada uma carga uniformemente distribuda com intensidade crescente at rotura. No se encontram definidos valores mnimos mas apenas duas categorias I e II, sendo a categoria I destinada aos tijolos de resistncia mecnica garantida e a categoria II destinada a tijolos normais.

  • A. Baio Dias 47

    Figura 3 : Determinao da resistncia mecnica segundo a norma EN 772-1

    1.2.2. Volume lquido e percentagem de furao O objectivo deste ensaio, realizado de acordo com a norma NP EN 772-3, determinar o volume lquido dos elementos de alvenaria por pesagem ao ar e pesagem em gua e subtrair ao volume total, obtido pelas suas dimenses. Tambm se podem obter o volume e percentagem de vazios.

    Figura 4 : Pesagem hidrosttica segundo a norma NP EN 772-3

    1.2.3. Teor em sais solveis activos O objectivo deste ensaio, realizado de acordo com a norma EN 772-5, determinar o teor em sais solveis. baseado na extraco de gua de uma amostra moda, de elementos cermicos

  • 48 Construo em tijolo cermico: Das exigncias normativas do produto prtica de aplicao de alvenaria, e determinao da quantidade de magnsio solvel e ies de sdio e potssio, libertados durante o ensaio, os quais podem ser responsveis, em determinadas condies, por efeitos nocivos nas argamassas ou nos prprios elementos.

    Figura 5 : Anlise do teor em sais solveis segundo a norma EN 772-5

    1.2.4. Absoro de gua O objectivo deste ensaio, realizado de acordo com a norma NP EN 772-7, determinar a percentagem de absoro de gua. Os provetes, aps secagem at massa constante, so pesados e subsequentemente imersos em gua em ebulio durante 5 h, escorridos e pesados. calculada a razo entre o aumento de massa devido saturao e a sua massa em seco.

    Figura 6 : Determinao da absoro de gua por imerso segundo a norma NP EN 772-7

    1.2.5. Taxa inicial de absoro de gua O objectivo deste ensaio, realizado de acordo com a norma EN 772-11, determinar a taxa inicial de absoro de gua por capilaridade. Aps secagem at massa constante, a face de assentamento dos elementos imersa em gua durante um determinado perodo de tempo e

  • A. Baio Dias 49

    registado o aumento de massa. No caso dos elementos cermicos medida a taxa inicial de absoro de gua.

    Figura 7 : Determinao da absoro de gua por imerso segundo a norma EN 772-11

    1.2.6. Massa volmica O objectivo deste ensaio, realizado de acordo com a norma EN 772-13, determinar a massa volmica absoluta seca e a massa volmica aparente seca dos elementos de alvenaria. Aps secagem at massa constante e determinao dos volumes absolutos e aparentes, so calculadas as massas volmicas secas absolutas e aparentes dos elementos de alvenaria.

    Figura 8 : Determinao da massa volmica segundo a norma EN 772-13

    1.2.7. Dimenses O objectivo deste ensaio, realizado de acordo com a norma EN 772-16, determinar as dimenses dos elementos de alvenaria. Aps preparao das faces, atravs da eliminao de rebarbas nas arestas que possam prejudicar a medio, so medidos o comprimento, a largura e a altura dos provetes, bem como a espessura das paredes exteriores e septos interiores, com auxlio de um dispositivo apropriado.

  • 50 Construo em tijolo cermico: Das exigncias normativas do produto prtica de aplicao

    Figura 9 : Determinao da massa volmica segundo a norma EN 772-16 1.2.8. Expanso por humidade O objectivo deste ensaio, realizado de acordo com a norma EN 772-19, determinar a expanso por humidade de elementos cermicos de alvenaria de furao horizontal de grande dimenso. Este ensaio mede a alterao de comprimento dos provetes provocada pela aco da gua fervente, durante um perodo de 24 h.

    Figura 10 : Determinao da expanso por humidade segundo a norma EN 772-19

    1.2.9. Resistncia ao gelo O objectivo deste ensaio, realizado de acordo com a norma EN 772-22, determinar a resistncia ao gelo/degelo de elementos cermicos de alvenaria. montado um painel de elementos cermicos de alvenaria que tenham sido previamente imersos em gua durante um perodo de tempo determinado. Os elementos so separados uns dos outros por meio de uma junta de borracha ou por meio de argamassa de endurecimento rpido que aps estar suficientemente dura imersa em gua durante um determinado perodo de tempo. Este painel subsequentemente arrefecido at que toda a gua que tenha sido absorvida se encontre congelada e a gua prxima da superfcie repetidamente descongelada e congelada. A

  • A. Baio Dias 51

    deteriorao provocada pelas aces de congelamento e descongelamento avaliada e usada para determinar a resistncia dos tijolos ao gelo/degelo.

    Figura 11 : Determinao da resistncia ao gelo segundo a norma EN 772-22

    1.2.10. Determinao da resistncia ao corte O objectivo deste ensaio, realizado de acordo com a norma EN 1052-3, determinar a tenso inicial ao corte das alvenarias. Os provetes so ensaiados ao corte sob uma carga de quatro pontos, com pr-compresso perpendicular s juntas de assentamento. So considerados quatro modos diferentes de falha para que os resultados se considerem vlidos. A tenso de corte inicial definida pela curva de regresso linear para uma tenso normal nula.

    Figura 12 : Determinao da resistncia ao corte segundo a norma EN 1052-3

  • 52 Construo em tijolo cermico: Das exigncias normativas do produto prtica de aplicao 2. EXIGNCIAS PARA A MARCAO CE A marcao CE um sistema de comprovao da conformidade obrigatrio para os produtos que circulem no mercado europeu. Os produtos da construo esto abrangidos pela directiva 89/106/CE. Para o caso dos elementos de alvenaria foi publicada a deciso 97/740/CE [17] que define os nveis de comprovao da conformidade aplicveis aos tijolos cermicos. Quadro 6: Sistemas de comprovao da conformidade aplicveis a tijolos cermicos, de acordo

    com a directiva 89/106/CE Atribuies do fabricante Atribuies de um organismo aprovado Categoria

    de tijolos Sistema Controlo da produo

    Ensaio inicial

    Ensaios de acompanhamento Inspeco inicial

    Inspeco de acompanhamento

    I 2+ ; ; ; ; ; II 4 ; ;

    Para os elementos de alvenaria de categoria I, prevista na norma EN 771-1, (tijolos com resistncia mecnica mdia cuja probabilidade de falha no exceda 5%) foi atribudo o sistema de comprovao de conformidade 2+ que consiste em:

    Controlo da produo da fbrica da responsabilidade do fabricante; Ensaios iniciais para caracterizao do produto e ensaio peridicos de

    acompanhamento, da responsabilidade do fabricante;

    Inspeco inicial da fbrica e de acompanhamento para verificao na realizao do controlo da produo e dos resultados dos ensaios, por uma entidade independente.

    Para os elementos de alvenaria de categoria II (tijolos que no cumprem o nvel de confiana previstos para a categoria I) foi atribudo o sistema de comprovao da conformidade 4 que consiste na declarao do fabricante. O fabricante necessita de:

    possuir um sistema de controlo da produo da fbrica; realizar ensaios iniciais de caracterizao do produto para poder declarar os valores de

    referncia das caractersticas dos seus produtos, relativamente norma EN 771-1.

    Em ambos os sistemas o produto dever ser marcado com a marcao CE.

    Figura 13 : Smbolo de marcao CE segundo a Directiva 89/106/CE

  • A. Baio Dias 53

    A directiva 89/106/CE impe para os produtos da construo seis requisitos essenciais:

    1 - Estabilidade e resistncia mecnica;

    Traduz-se pela estabilidade do conjunto e resistncia estrutural aco das cargas permanentes, das sobrecargas, das deformaes trmicas, do vento e acidentais e pela resistncia aos choques de corpos slidos.

    2 - Segurana ao fogo;

    Traduz-se pela reaco ao fogo, caracterizada pelo contributo dos materiais constituintes para a origem e desenvolvimento do incndio e expressa por classes de reaco ao fogo em funo da no combustibilidade, da inflamabilidade e da velocidade de propagao das chamas e pela resistncia ao fogo, caracterizada pelo impedimento da propagao dum incndio de um local para o outro e expressa pelo tempo durante o qual a estabilidade no apresenta nem degradao nem deformao incompatveis com a funo do elemento.

    3 Higiene, sade e ambiente;

    Traduz-se pela emisso ou desenvolvimento de substncias nocivas ou insalubres nas suas superfcies.

    4 - Segurana na utilizao;

    Traduz-se pela segurana do contacto, caracterizada pela segurana dos utilizadores em evitar leses por contacto com as paredes e pela segurana s intruses humanas ou de animais.

    5 Proteco contra o rudo

    Traduz-se pelo isolamento aos rudos areos, caracterizado pelo abaixamento do nvel dos rudos areos exteriores que atravessam a parede e pelos rudos emitidos pela parede transmitidos por vibraes.

    6 Economia de energia e reteno do calor

    Traduz-se pela resistncia da parede passagem do calor.

    Para dar resposta directiva 89/106/CE o fabricante dever declarar as caractersticas dos seus produtos, baseadas em ensaios e tratamento estatstico, que podero ser realizados pelo prprio fabricante ou recorrendo a laboratrios independentes.

  • 54 Construo em tijolo cermico: Das exigncias normativas do produto prtica de aplicao

    Quadro 7: Caractersticas a declarar consoante a aplicao, com a norma EN771-1

    Caracterstica Observaes Aplicao Norma de

    ensaio Unidades

    Resistncia compresso

    Valor declarado e categoria I ou II

    Para elementos sujeitos a requisitos de resistncia

    estrutural EN 772-1 N/mm2

    Estabilidade dimensional

    Expanso por humidade declarada

    Para elementos sujeitos a requisitos de resistncia

    estrutural EN 772-19 mm/m

    Adeso argamassa

    Valor inicial declarado de resistncia ao corte

    Para elementos sujeitos a requisitos de resistncia

    estrutural EN 1052-3 N/mm2

    Absoro de gua

    Taxa inicial declarada de absoro de gua

    Para elementos sujeitos a requisitos de resistncia

    estrutural EN 772-11 kg/(m2.min)

    Teor em sais solveis activos

    Declarao do teor de sais solveis com base nas classes

    S0, S1, S2

    Para elementos sujeitos a requisitos de resistncia

    estrutural EN 772-5 -

    Reaco ao fogo

    Declarao da reaco ao fogo com base nas classes A-F

    (com base em ensaios) ou A (sem necessidade de ensaios)

    Para elementos sujeitos a requisitos de resistncia ao

    fogo EN 13501-1 -

    Emisso de radioactividade

    (a estabelecer) Para elementos sujeitos a

    requisitos de radioactividade (a

    estabelecer) -

    Absoro de gua

    Valor declarado da absoro de gua

    Para elementos sujeitos a requisitos de impermeabilidade

    e uso no exterior EN 772-7 %

    Permeabilidade ao vapor de

    gua

    Coeficiente de difuso do vapor de gua

    Para elementos sujeitos a uso no exterior

    (a estabelecer)

    -

    i) Valor declarado da densidade bruta e classe de

    tolerncia

    EN 772-13

    kg/m3

    EN 772-16

    mm

    ii) Geometria declarada, formato e funcionalidade,

    definidas ou ilustradas com dimenses

    Densidade e configurao

    iii) Dimenses declaradas e tolerncias

    Para elementos sujeitos a requisitos de isolamento

    Acstico

    EN 772-16

    mm

    Resistncia trmica

    Resistncia trmica ou densidade e configurao

    Para elementos sujeitos a requisitos de isolamento

    trmico EN 1745 m2K/W

    Durabilidade ao gelo e degelo

    Categoria de resistncia ao gelo/degelo

    EN 772-22 -

    * Os tijolos cermicos comuns so classificados na classe A de resistncia ao fogo, sem necessidade de ensaios segundo a Deciso 96/603/CE [18]

  • A. Baio Dias 55

    3. PRTICA DE APLICAO 3.1. Tijolo furado Para dar resposta s exigncias regulamentares trmicas e acsticas, ser necessrio seguir algumas regras, sendo seguidamente apresentados alguns exemplos de aplicao. 3.1.1. Isolamento trmico O Regulamento das Caractersticas de Comportamento Trmico dos Edifcios (R.C.C.T.E.[19]) define coeficientes de transmisso trmica de referncia (K), para vrias zonas climticas do pas. As solues construtivas devero assim procurar uma combinao de elementos (cermicos, argamassas de reboco, juntas e materiais de isolamento trmico, se necessrio) que no seu conjunto apresentem coeficientes de transmisso trmica inferiores aos valores de referncia.

    Quadro 8: Coeficientes de transmisso trmica de referncia K (W/m2.C), de acordo com o R.C.C.T.E.

    Zonas climticas I1 I2 I3

    Envolvente exterior 1,40 1,20 0,95 Envolvente interior 1,87 1,60 1,27

    O R.C.C.T.E. prev, no entanto, a utilizao de outras solues construtivas cujos coeficientes de transmisso trmica sejam superiores aos de referncia, desde que haja ganhos solares, por envidraamentos no sombreados orientados a sul e/ou sejam adoptados coeficientes de transmisso trmica menos elevados em zonas especficas da envolvente (condies de inverno) ou desde que os correspondentes ganhos adicionais de calor sejam compensados por melhoria das restantes exigncias (condies de vero). Em qualquer dos casos, essas solues construtivas no devero, em caso algum, ter qualidade inferior aos requisitos mnimos impostos pelo R.C.C.T.E., a fim de reduzir o risco de condensaes na face interior dos elementos da envolvente.

    Quadro 9: Coeficientes de transmisso trmica mximos admissveis K (W/m2.C), de acordo

    com o R.C.C.T.E. Zonas climticas Envolvente opaca vertical

    I1 I2 I3

    Envolvente exterior 1,80 1,60 1,45 Envolvente interior 2,00 2,00 1,90

  • 56 Construo em tijolo cermico: Das exigncias normativas do produto prtica de aplicao

    Figura 14 : Exemplos de paredes de alvenaria de tijolo da envolvente exterior que respeitam as

    exigncias regulamentares do R.C.C.T.E. [20]

  • A. Baio Dias 57

    Figura 15 : Exemplos de paredes de alvenaria de tijolo da envolvente exterior que respeitam as exigncias regulamentares do R.C.C.T.E.

  • 58 Construo em tijolo cermico: Das exigncias normativas do produto prtica de aplicao 3.1.2. Isolamento acstico A definio das condies das condies acsticas em edifcios regida pelo Regulamento Geral Sobre o Rudo (R.G.S.R. [21]). Este regulamento define fundamentalmente trs critrios distintos de controlo do comportamento acstico de edifcios: um relativo ao grau de incomodidade, outro relativo s condies acsticas interiores e um terceiro de isolamento acstico. A limitao dos nveis de rudo, s depende significativamente do tipo de parede de alvenaria de tijolo quando as fontes de rudo em causa no se encontrarem no mesmo compartimento dos receptores a proteger, ficando estes espaos separados pelas referidas paredes. Os Quadros seguintes apresentam de forma resumida os limites de isolamento conferidos pelas paredes, que devem ser cumpridos respectivamente em edifcios de habitao, escolares, escolares para deficientes e hospitalares.

    Quadro 10: Limites de isolamento em edifcios de habitao, segundo o R.G.S.R. Elemento Mnimo Regulamentar

    Paredes exteriores (com envidraados)

    R45 > 25 dB em edifcios implantados em local pouco ruidoso R45 > 30 dB em edifcios implantados em local ruidoso R45 > 35 dB em edifcios implantados em local muito ruidoso

    Divisrias interiores Ia > 40 dB Paredes entre fogos e entre fogos e espaos comuns Ia > 48 dB

    Paredes entre fogos e espaos de comrcio, servios ou de espectculos

    Ia > 55 dB

    R45 ndice mdio de reduo sonora; Ia ndice de isolamento aos sons areos.

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    Figura 16 : Exemplos de valores de Ia para diversas solues de paredes de alvenaria [21]

  • 60 Construo em tijolo cermico: Das exigncias normativas do produto prtica de aplicao 3.2. Tijolo de face vista A utilizao de tijolo face--vista em Portugal est quase sempre associada a construes de qualidade superior e considerada uma mais valia em termos de durabilidade e aspecto. Noutros pases, esta prtica est mais vulgarizada e, no obstante as suas conhecidas capacidades, utilizada de forma diversa e com diferentes nveis de qualidade em edifcios de todos os tipos, desde os edifcios pblicos ou de servios (no segmento superior do mercado) at habitao colectiva de mais baixo custo ou mesmo em instalaes precrias ou rudimentares. Interessa pois reafirmar o papel do tijolo face--vista em paredes de fachada com desempenho superior, avaliado segundo as diferentes exigncias funcionais j apresentadas e analisadas neste manual, de modo a que elas representem um factor de dignificao do tijolo cermico e uma garantia de qualidade para os utentes. Nestas condies, exige-se que a construo seja executada por operrios especializados, de acordo com a tecnologia mais adequada, seguindo um projecto devidamente detalhado. O projecto, que se considera imprescindvel em todos os actos de construo, , neste caso, uma pea fulcral. o projecto que deve determinar o aspecto final da parede (o seu aparelho, a espessura e acabamento das juntas, a distribuio da cor do tijolo, os remates, etc.) mas tambm as condies de apoio na estrutura, a drenagem das caixas de ar, os remates na caixilharia e nas caixas de estore, as caractersticas do tijolo - resistncia ao gelo, baixo teor de sais solveis, reduzida expansibilidade, etc.), recordando que, a par da elevada qualidade destas paredes existe tambm um significativo risco de perda de estanquidade e uma enorme dificuldade de reparao localizada, por exemplo em situaes de fissurao.

    Figura 17 : Exemplo de construo com tijolos de face vista

    3.3. Tijolo resistente Os edifcios com estrutura resistente total ou parcialmente constituda por paredes de alvenaria de tijolo no so frequentes nas construes actuais, apesar de estar demonstrada a sua

  • A. Baio Dias 61

    competitividade em termos econmicos e de desempenho para edifcios correntes de 2 ou 3 pisos. Depois de um vazio regulamentar nesta matria j possvel ter informao tcnica suficiente para projectar com segurana em alvenaria estrutural, com base em cdigos e regulamentos estrangeiros e, agora, com base nos Eurocdigos 6 e 8 [22 e 23]. As alvenarias estruturais diferem das alvenarias correntes, no s pelo mtodo de clculo e planificao, mas tambm pelos mtodos e pormenores de construo e, naturalmente, pelos materiais utilizados. Por exemplo, a resistncia do tijolo e o seu controlo de qualidade passam a assumir um papel fundamental, uma vez que a resistncia ltima das paredes depende, em geral, do elo mais fraco da cadeia. As juntas, por seu lado, desempenham um papel ainda mais relevante no que respeita obteno de valores mnimos de resistncia ao corte e flexo. Uma vez que o material cermico particularmente resistente compresso, necessrio valorizar essa caracterstica no fabrico e aplicao dos tijolos. Desse modo, frequente a adopo de tijolos com furao vertical para a realizao de alvenarias estruturais. Para melhorar a resistncia ao corte e flexo e aumentar a ductilidade das paredes frequente recorrer a armaduras de ao a colocar nas juntas horizontais e em montantes verticais de confinamento, como se ver no pargrafo seguinte.

    Figura 18 : Exemplos de utilizao de tijolos de furao vertical.

    3.3.1. Alvenaria armada A introduo de armaduras de ao nas juntas horizontais de assentamento e, no caso do tijolo de furao vertical, nalguns alinhamentos verticais, posteriormente preenchidos com beto ou argamassa, permite aumentar de modo significativo a resistncia mecnica das alvenarias sob

  • 62 Construo em tijolo cermico: Das exigncias normativas do produto prtica de aplicao diversos tipos de aces, em particular quando estas so geradoras de elevados esforos de corte ou traco. Deste modo, a utilizao da alvenaria armada como naturalmente passou a ser designada tem grande interesse estrutural, em particular sob aces horizontais (vento e sismo) ou cargas concentradas e permite novas experincias arquitectnicas. Verifica-se, no entanto, que a utilizao de solues semelhantes em alvenarias no-estruturais lhes permitem acomodar com facilidade diversos movimentos e aces localizadas que doutro modo (construo corrente no armada) seriam a causa de fissuras graves e recorrentes. Surge, assim, o conceito de alvenaria no-estrutural pouco armada ou de alvenaria com armaduras locais, em que se seleccionam as zonas de parede onde a colocao de armaduras se traduz num maior benefcio (padieiras e contorno de vos em geral, apoio de cargas pontuais, cunhais, embasamento de paredes sobre suporte muito deformvel, etc.). A estratgia de projecto das paredes de alvenaria armada depende significativamente da funo da parede. No caso de paredes estruturais devem ser aplicados mtodos de clculo adaptados ao comportamento conjunto dos materiais, tal como acontece com o beto armado. Estes mtodos de clculo esto ainda pouco divulgados em Portugal, nomeadamente ao nvel do ensino. Nas paredes no estruturais o projecto ainda organizado de forma emprica, a partir do conhecimento do funcionamento mecnico das paredes e das zonas mais vulnerveis. A Figura seguinte apresenta diversos exemplos de situaes em que a utilizao de armaduras nas juntas horizontais benfica para o seu comportamento, incluindo a preveno da fissurao.

    Figura 19 : Exemplos da utilizao da alvenaria armada em conjunto com tijolos de furao vertical

  • A. Baio Dias 63

    4. REFERNCIAS [1] NP 80 (1964) Tijolos para alvenaria. Caractersticas e ensaios. Edio Outubro 1975,

    IPQ, Lisboa [2] NP 834 (1971) Tijolos de barro vermelho para alvenaria. Formatos. Edio Julho 1979,

    IPQ, Lisboa [3] Directiva 89/106/CE Produtos da construo, de 21 de Dezembro de 1989. J.O. n L

    40/12 de 12 de Fevereiro de 1989 [4] prEN 771-1:2000 Specifications for masonry units Part 1: Clay masonry units. Ed.

    Abril 2000, CEN, Bruxelas [5] EN 772-1:2000 Methods of test for masonry units Part 1: Determination of

    compressive strength. Ed. Junho 2000, CEN, Bruxelas [6] NP EN 772-3:2000 Mtodos de ensaio para elementos de alvenaria Parte 3:

    Determinao do volume lquido e da percentagem de furao em elementos cermicos para alvenaria por pesagem hidrosttica. Ed. Novembro 2000, IPQ, Lisboa

    [7] EN 772-5:2001 Methods of test for masonry units Part 5: Determination of active soluble salts content of clay masonry units. Ed. Dezembro 2001, CEN, Bruxelas

    [8] NP EN 772-7:2000 Mtodos de ensaio para elementos de alvenaria Parte 7: Determinao da absoro de gua em gua fervente de elementos cermicos para alvenaria. Ed. Novembro 2000, IPQ, Lisboa

    [9] EN 772-11:2000 Methods of test for masonry units Part1: Determination of water absorption of aggregate concrete, autoclaved aerated concrete, manufactured stone and natural stone masonry units due to capillary action and the initial rate of water absorption of clay masonry units. Ed. Maro 2000, CEN, Bruxelas

    [10] EN 772-13:2000 Methods of test for masonry units Part1: Determination of net and gross dry density of masonry units (except for natural stones). Ed. Junho 2000, CEN, Bruxelas

    [11] EN 772-16:2000 Methods of test for masonry units Part1: Determination of dimensions. Ed. Junho 2000, CEN, Bruxelas

    [12] EN 772-19:2000 Methods of test for masonry units Part1: Determination of moisture expansion of large horizontally perforated clay masonry units. Ed. Maro 2000, CEN, Bruxelas

    [13] EN 772-22:1999 Methods of test for masonry units Part1: Determination of freeze/thaw resistance of clay masonry units. Ed. Novembro 1999, CEN, Bruxelas

    [14] prEN 1052-3:1996 Methods of test for masonry Part 3: Determination of initial shear strength. Ed. Janeiro 1996, CEN, Bruxelas

    [15] EN 1745:1999 Masonry and masonry products. Methods for determining declared and design thermal values. Ed. Novembro 1999, CEN, Bruxelas

    [16] EN 13501-1:1999 Fire classification of construction products and building elements Part 1: Classification using test data from reaction to fire tests. Ed. Novembro 1999, CEN, Bruxelas

    [17] Deciso 97/740/CE Produtos de alvenaria. J. O. n L 299 de 4 de Novembro de 1997 [18] Deciso 96/603/CE Classificao dos produtos ao fogo. J.O. n L 267 de 19 de Junho

    de 1996.

  • 64 Construo em tijolo cermico: Das exigncias normativas do produto prtica de aplicao [19] Regulamento das Caractersticas de Comportamento Trmico dos Edifcios, D.-L. N

    40/90 de 6 de Fevereiro de 1990, INCM, Lisboa [20] Silva, J. Mendes et al Manual de Alvenaria de Tijolo. Setembro 2000, APICER [21] Regulamento Geral Sobre o Rudo, D.-L. N 251/87 de 24 de Junho, alterado pelo D.-L.

    N 292/89 de 2 de Abril e pelo D.-L. N 72/92 de 28 de Abril. [22] Eurocode 6 Design of masonry structures Part 1-1: General Rules for Buildings. Rules

    for reinforced and unreinforced masonry. CEN, prENV 1996-1-1, 1995 [23] Eurocode 8 Earthquake Resistance Design of Structures Part 1: General Rules for

    Buildings. CEN, prENV 1998-1, 1993