136
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS DO SEMIÁRIDO FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman EM ÚTERO ISOLADO DE RATA PETROLINA PE 2013

› uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS DO

SEMIÁRIDO

FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO

INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE

Erythroxylum caatingae Plowman EM ÚTERO ISOLADO DE

RATA

PETROLINA – PE

2013

Page 2: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO

INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE

Erythroxylum caatingae Plowman EM ÚTERO ISOLADO DE

RATA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação

em Recursos Naturais do Semiárido, da Universidade

Federal do Vale do São Francisco, UNIVASF, Campus

Petrolina-PE, como requisito para a obtenção do título

de Mestre em Recursos Naturais do Semiárido. Área de

concentração: Fisiologia e Farmacologia

Orientador: Prof. Dr. Julianeli Tolentino de Lima

Co-Orientador: Prof. Dr. Luciano Augusto de Araújo

Ribeiro

PETROLINA – PE

2013

Page 3: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

Ribeiro, Fernanda Pires Rodrigues de Almeida

R484i Investigação da atividade espasmogênica de Erythroxylum caatingae

Plowman em útero isolado de rata / Fernanda Pires Rodrigues de

Almeida Ribeiro. – – Petrolina, 2013.

xix, 134 f. ; il. ; 29 cm.

Dissertação (Mestrado em Recursos Naturais do Semiárido) –

Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Petrolina,

Petrolina-PE, 2013.

Orientador: Prof. Dr. Julianeli Tolentino de Lima.

Co-orientador: Prof. Dr. Luciano Augusto de Araújo Ribeiro

Banca Examinadora: Marcos Antônio Alves de Medeiros,

Raimundo Campos Palheta Júnior

1. Plantas Medicinais. 2. Erythroxylum caatingae Plowman. 3.

Farmacologia. 4. Contrações uterinas. 5. Rata - útero isolado de rata. I.

Título. II. Universidade Federal do Vale do São Francisco.

CDD 581.19 Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca SIBI/UNIVASF

Bibliotecário: Maria Betânia de Santana da Silva CRB4-1747.

Page 4: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman
Page 5: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

DEDICATÓRIA

Aos meus pais,

Pelo apoio em todas as etapas desde o início. Por terem norteado minha formação ética e

moral, a qual servirá como exemplo que tentarei repassar ao meu filho.

Aos meus irmãos,

Mesmo a distância pude sempre contar com suas mensagens de carinho e afeto.

Ao meu marido,

Pela paciência, convivência, ensinamentos, orientações e pelo companheirismo durante todo

esse tempo.

Ao meu filho Kaio,

Por sempre me tirar do raciocínio na hora certa. Obrigada meu amor, mamãe te ama!

Page 6: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

AGRADECIMENTOS

À Deus, pelo dom da vida e por colocar no meu caminho pessoas tão especiais.

Ao Prof. Dr. Julianeli Tolentino de Lima, por acreditar e me proporcionar a sua orientação.

Ao Prof. Dr. Luciano Augusto de Araújo Ribeiro, pela co-orientação durante essa etapa.

Aos meus queridos amigos do Laboratório de Farmacologia Cardiorespiratória: Morganna,

Pedrita, Ayla e Fernando pelo companheirismo, amizade, risadas, e pelos momentos

agradáveis dentro e fora do laboratório.

Às companheiras de mestrado e laboratório, Raquel, Stefânia e Martapolyana, pela companhia

durante os experimentos e pela amizade.

À Juliane Cabral e Camila Souza, pelo auxilio mútuo durante essa caminhada, pela amizade

conquistada, pelas descobertas, pelas conversas e desabafos.

Aos demais colegas e amigos da turma do mestrado, do Programa de Pós-Graduação em

Recursos Naturais do Semiárido.

À Profª. Drª. Edigênia e seus orientados de iniciação científica, José Marcos Teixeira e

Luciana Costa por terem me cedido o extrato, contribuindo de maneira inestimável para o

andamento deste trabalho.

Aos técnicos de laboratório, Roniere e Fernando, pela ajuda nos procedimentos bioquímicos.

Às técnicas de laboratório Amanda e Ana Paula, pela amizade, pela disponibilidade e pelo

auxílio técnico de muita valia nesse processo.

À Leonardo Neves, pela sua amizade, competência e auxílio técnico que foram de extrema

importância no desenvolvimento de algumas fases desse trabalho. Além dele, os demais

funcionários do biotério, Euda, Helenildo e Jean por serem sempre prestativos quando

solicitados e dedicados ao trabalho. Obrigada pela ajuda!

Page 7: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

À Coordenação da Pós-Graduação em Recursos Naturais do Semiárido pela dedicação,

empenho e competência para com todos.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES) pelo suporte e

apoio financeiro na concessão da minha bolsa.

À Universidade Federal do Vale do São Francisco, instituição maior, pela oportunidade e por

promover o desenvolvimento técnico-científico.

À todos que de maneira direta ou indireta contribuíram nessa etapa

Muito Obrigado!

Page 8: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o

melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não

sou o que era antes”.

Marthin Luther King

Page 9: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

RESUMO

Investigação da atividade espasmogênica de Erythroxylum caatingae Plowman em útero isolado de rata.

Ribeiro, F.P.R.A (2013). Dissertação de Mestrado, PGRNSA/UNIVASF.

Em todas as partes do mundo as plantas medicinais são amplamente empregadas pela

população para o tratamento de uma infinidade de doenças. No que concerne as mulheres,

muitas delas costumam usar plantas medicinais como alternativa terapêutica, visto que um

grande número delas são acometidas por patologias associadas às contrações uterinas, sendo

essas anormalidades de grande interesse clínico e constituindo alvos de constantes buscas por

novas entidades terapêuticas. A família Erythroxylaceae compreende quatro gêneros

(LOIOLA et al., 2007), entre eles o Erythroxylum P. Browne, um dos mais estudados por

apresentar espécies, com potencial terapêutico, ricas em alcalóides tropânicos e pirrolidínicos,

taninos, terpenos e fenilpropanóides principalmente em suas folhas e frutos (ZUANAZZI et

al., 2001). Pertencente a esse gênero temos a espécie Erythroxylum caatingae Plowman, que

não possui relatos na literatura de seu uso na medicina popular, entretanto por possuir

distribuição endêmica desperta interesse quanto a possíveis efeitos farmacológicos. Devido a

ausência de maiores informações na literatura, objetivou-se a realização de um estudo sobre o

efeito do extrato etanólico bruto (Ec-EtOH) dessa espécie sobre o útero isolado de rata. O Ec-

EtOH (729 µg/mL), per si, induziu contrações de magnitudes significativas, com valores de

68,4±6,1% e 61,50±9,0%, comparando com as amplitudes das contrações induzidas por

10-2

UI/mL de ocitocina (Oci) e 10-5

M de acetilcolina (ACh), usados como padrões

uterotônicos. Além disso, o Ec-EtOH não foi capaz de inibir as contrações promovidas pelos

mesmos agonistas. Entretanto, quando adicionado sobre o tônus da contração induzida pela

ACh ou Oci, o Ec-EtOH induziu relaxamento de 108,3±4,2% e 60,9±15,2%, respectivamente.

Avaliando-se o efeito de administrações consecutivas do Ec-EtOH, para comparar o padrão de

resposta sobre tecidos uterinos não gravídicos e no período pós-parto, observou-se que em

tecido uterino não gravídico o Ec-EtOH induziu contrações com Emax de 71,1±15,1% na

primeira e 48,8±6,5% na segunda aplicação, comparando as contrações induzidas pela Oci, e

com Emax de 72,3±7,5% de contração na primeira e 57,0±6,5% na segunda aplicação,

comparando as contrações induzidas pela ACh. Já em tecido uterino pós-parto, a amplitude

máxima de contração do Ec-EtOH foi de 47,4±10,5% de contração, na primeira aplicação, e

76,5±6,7% de contração na segunda aplicação, comparando as contrações induzidas pela Oci.

Como o Ec-EtOH apresentou características uterotônicas, buscou-se investigar os possíveis

mecanismos de ação envolvidos. Usando a atropina (10µM), um antagonista não seletivo dos

receptores muscarínicos, o valor do Emax induzido pelo Ec-EtOH foi reduzido

significativamente, sendo ele de 58,4±9,4% de contração na ausência da atropina e

34,47±7,34% de contração na sua presença. Quando utilizou-se a indometacina (60µM), um

inibidor não seletivo da COX, o Emax de contração do Ec-EtOH foi de 68,1±6,3% na

ausência da indometacina e de 31,5±12,5% na sua presença, também apresentando uma

redução significativa. Por fim, quando utlizou-se o atosiban (0,1 µM), um antagonista dos

receptores para ocitocina, o Emax de contração induzido pelo Ec-EtOH foi de 68,12 ± 6,32%

na ausência do atosiban e de 30,54 ± 4,29% na sua presença. Como a contração uterina está

associada ao aborto, indução de parto pré-maturo e malformação, foi investigado se o Ec-

EtOH, na dose de 250 mg/kg (v.o.), seria capaz de causar algum desses efeitos em ratas

prenhas. Entretanto, o uso do Ec-EtOH, por cindo dias consecutivos, não ocasionou quaisquer

das alterações citadas. Conclui-se que o Ec-EtOH é uterotônico, tanto em tecido uterino não

gravídico e pós-parto, estando seu efeito relacionado a uma possível ativação dos receptores

muscarínicos, a liberação de prostaglandinas e a ativação dos receptores para ocitocina.

Palavras-chaves: Erythroxylum caatingae; efeito uterotônico; útero isolado de rata.

Page 10: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

ABSTRACT

Investigation of the spasmogenic activity of Erythroxylum caatingae Plowman in isolated rat uterus

Ribeiro, F.P.R.A (2013). Dissertação de Mestrado, PGRNSA/UNIVASF

In all parts of the world medicinal plants are widely used by the population to treat a

multitude of diseases. Regarding women, many of them often use medicinal plants as an

alternative therapy, since a large number of them are affected by diseases associated with

uterine contractions, being these abnormalities of great clinical interest, and constituting the

target of constant search for new therapeutic entities. The Erythroxylaceae family comprises

four genera (LOIOLA et al., 2007), including Erythroxylum P. Browne, one of the most

studied for displays species with therapeutic potential, rich in alkaloids and tropanic

pirrolidinic, tannins, phenylpropanoids and mainly terpenes in their leaves and fruits

(ZUANAZZI et al., 2001). Belonging to this genus have species Erythroxylum caatingae

Plowman, which has no published reports of its use in folk medicine, since that species has

endemic distribution arouses interest for possible pharmacological effects. Due to lack of

further information in the literature, the aim of this work was to conduct a study on the effect

of ethanol extract (Ec-EtOH) of this species on the isolated rat uterus. The Ec-EtOH

(729µg/mL), per si, induced contractions of significant magnitude, with values of 68.4±6.1%

and 61.50±9.0%, comparing with the amplitude of contractions induced by 10-2

UI/mL

oxytocin (OCI) and 10-5

M acetylcholine (ACh), used as standards uterotonics. In addition, the

Ec-EtOH was not able to inhibit the contractions promoted by the same agonists. However,

when added upon tone contraction induced by ACh or OCI, Ec-EtOH induced relaxation of

108.3±15.2 % and 60.9±4.2%, respectively. Evaluating the effect of consecutive

administrations of the Ec-EtOH, to compare the pattern of response on not-gravid uterine

tissues and the postpartum uterine tissues, it was observed that in the gravid uterine tissue Ec-

EtOH induced contractions with Emax of 71,1±15.1% in the first and 48.8±6.5% in the second

administration, comparing with the contractions induced by OCI, and Emax of 72.3±7.5 %

contraction in the first and 57.0±6.5% in the second administration , comparing the

contractions induced by ACh. In postpartum uterine tissue, the Emax of Ec-EtOH was

47.4±10.5% contraction in the first and 76.5±6.7% contraction in the second administration,

comparing contractions induced by OCI. As the Ec- EtOH showed uterotonic features, we

sought to investigate the possible mechanisms involved. Using atropine (10 µM) a non-

selective antagonist of muscarinic receptors, the Emax value of Ec-EtOH was reduced

significantly, from 58.4±9.4 % in the absence of atropine to 34.5 ± 7,3% in its presence.

When indomethacin was used (60μM) a nonselective COX inhibitor, the Emax of Ec-EtOH

was 68.1±6.3% in the absence of indomethacin and 31.5±12.5% its presence, also showing a

significant reduction. Finally, when was used atosiban (0.1µM), an oxytocin antagonist, the

Emax induced by Ec- EtOH was 68.1 ± 6.3% in the absence of atosiban and 30,5±4.3 % in its

presence. As uterine contraction is associated with abortion, induction of premature labor and

malformation, we investigated whether Ec-EtOH at a dose of 250 mg/kg (p.o.), could cause

some of these effects in pregnant rats. However, the use of Ec- EtOH by five consecutive days

did not cause any changes therein. We conclude that the Ec- EtOH is uterotonic, both in non

gravid uterine tissue and postpartum, their effect being related to a possible activation of

muscarinic receptors, the release of prostaglandins and oxytocin receptor activation.

Keywords: Erythroxylum caatingae; uterotonic effect; isolated rat uterus.

Page 11: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Foto de partes das folhas e flor de Erythroxylum caatingae Plowman 29

Figura 2 – Foto das folhas e fruto de Erythroxylum caatingae Plowman 30

Figura 3 – Anatomia do útero humano 31

Figura 4 – Camadas uterinas 32

Figura 5 – Útero de rata 33

Figura 6 – Anatomia do útero de rata 34

Figura 7 – Influência da ocitocina nas células do miométrio 45

Figura 8 – Exsicata da espécie Erythroxylum caatingae Plowman 58

Figura 9 – Esquema do protocolo a ser realizado para investigar o efeito do

Ec-EtOH (729 µg/mL) frente às contrações fásicas induzidas por 10-2

UI/mL de

ocitocina ou 10-5

M de acetilcolina.

63

Figura 10 – Esquema do protocolo a ser realizado para investigar o efeito do

Ec-EtOH (729 µg/mL) sobre às contrações tônicas induzidas por 10-2

UI/mL de

ocitocina ou 10-5

M de acetilcolina.

64

Figura 11 – Registro original do efeito espasmogênico do Ec-EtOH (729 µg/mL)

sobre o útero isolado de rata pré-contraído com 10-2

UI/mL de ocitocina e 10-5

M

de acetilcolina

73

Figura 12 – Registro original do efeito do Ec-EtOH (729 µg/mL) sobre o tônus da

contração em útero isolado de rata pré-contraído com 10-2

UI/mL de ocitocina e

10-5

M de acetilcolina

77

Page 12: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

LISTA DE TABELAS

Quadro 1 – Substâncias, sais e seus fornecedores 60

Tabela 1 – Composição da solução Locke Ringer. 61

Tabela 2 – Parâmetros bioquímicos obtidos das ratas do grupo do 1° dia de

prenhez tratadas com o Ec-EtOH durante 5 dias.

105

Tabela 3 – Parâmetros bioquímicos obtidos das ratas do grupo do 14° dia de

prenhez tratadas com o Ec-EtOH durante 5 dias.

105

Page 13: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Efeito do Ec-EtOH (729 µg/mL) frente às contrações fásicas induzidas

por 10-2

UI/mL de ocitocina e 10-5

M de acetilcolina em útero isolado de rata.

74

Gráfico 2 – Frequência das contrações induzidas pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) pré-

incubado frente aos agonistas ocitocina (10-2

UI/mL) e acetilcolina (10-5

M) em

útero isolado de rata.

75

Gráfico 3 – Efeito do Ec-EtOH (729 µg/mL) sobre às contrações fásicas induzidas

por 10-2

UI/mL de ocitocina e 10-5

M de acetilcolina em útero isolado de rata.

78

Gráfico 4 – Frequências de contrações induzidas pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) sob o

tônus das contrações fásicas induzidas por 10-2

UI/mL de ocitocina e 10-5

M de

acetilcolina em útero isolado de rata.

79

Gráfico 5 – Amplitude máxima (Emax) do Ec-EtOH (729 µg/mL) comparado aos

agonistas ocitocina (10-2

UI/mL) e acetilcolina (10-5

M) em útero isolado de rata.

81

Gráfico 6 – Amplitude média induzida pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) em sua 1ª e 2ª

aplicações comparado ao efeito contrátil de 10-2

UI/mL de ocitocina e 10-5

M de

acetilcolina em útero isolado de ratas.

82

Gráfico 7 – Frequência de contração induzida pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) em sua

1ª e 2ª aplicações na presença de ocitocina (10-2

UI/mL de) e acetilcolina (10-5

M)

em útero isolado de ratas.

83

Gráfico 8 – Tmax para atingir o Emax do Ec-EtOH (729 µg/mL) em sua 1ª e 2ª

aplicações na presença de ocitocina (10-2

UI/mL) e acetilcolina (10-5

M) em útero

isolado de ratas.

84

Gráfico 9 – Duração do efeito contrátil do Ec-EtOH (729 µg/mL) em sua 1ª e 2ª

aplicações na presença de 10-2

UI/mL de ocitocina e 10-5

M de acetilcolina em útero

isolado de ratas.

85

Gráfico 10 – Amplitude máxima (Emax) do Ec-EtOH (729 µg/mL) em sua 1ª e 2ª

aplicações comparado a ocitocina (10-2

UI/mL) em útero isolado de rata no pós-

parto.

86

Gráfico 11 – Amplitude média induzida pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) em sua 1ª e 2ª

aplicações comparado a ocitocina (10-2

UI/mL) em útero isolado de ratas no pós-

parto.

87

Page 14: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

Gráfico 12 – – Frequência da contração induzidas pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) em

sua 1ª e 2ª aplicações na presença de ocitocina (10-2

UI/mL) em útero isolado de

ratas no pós-parto.

88

Gráfico 13 – Comparações entre as amplitudes máximas (Emax) do Ec-EtOH

(729 µg/mL) em suas 1ª e 2ª aplicações com a ocitocina (10-2

UI/mL) em útero

isolado de rata não grávido e pós-parto.

89

Gráfico 14 – Comparação entre as amplitudes médias induzidas pelo Ec-EtOH

(729 µg/mL) em suas 1ª e na 2ª aplicações com o efeito contrátil de 10-2

UI/mL de

ocitocina em útero isolado de rata não grávido e pós-parto.

90

Gráfico 15 – Comparação entre as frequências de contrações induzidas pelo

Ec-EtOH (729 µg/mL) em suas 1ª e 2ª aplicações na presença de 10-2

UI/mL de

ocitocina em útero isolado de rata não grávido e pós-parto.

91

Gráfico 16 – Amplitude média de contração induzida pelo Ec-EtOH (729 µg/mL)

na ausência e na presença da atropina na concentração de 10 µM em útero isolado

de rata.

93

Gráfico 17 – Emax induzido pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) na ausência e na presença

de atropina nas concentração10 µM em útero isolado de rata.

93

Gráfico 18 – Frequência das contrações induzidas pelo do Ec-EtOH (729 µg/mL)

na ausência e na presença da atropina na concentração de 10 µM em útero isolado

de rata.

94

Gráfico 19 – Amplitude média de contração induzida pelo Ec-EtOH (729 µg/mL)

na ausência e na presença de indometacina na concentração de 60 µM em útero

isolado de rata.

96

Gráfico 20 – Emax induzido pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) na ausência e na presença

de indometacina na concentração de 60 µM em útero isolado de rata.

97

Gráfico 21 – Frequência de contração induzida pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) na

ausência e na presença de indometacina na concentração de 60 µM em útero

isolado de rata.

97

Gráfico 22 – Amplitude média de contração induzida pelo Ec-EtOH (729 µg/mL)

na ausência e na presença de atosiban na concentração de 10 -7

M em útero isolado

de rata.

99

Gráfico 23 – Emax induzido pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) na ausência e na presença

de atosiban na concentração de 10 -7

M em útero isolado de rata.

100

Page 15: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

Gráfico 24 – Frequência de contração induzida pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) na

ausência e na presença de atosiban na concentração de 10 -7

M em útero isolado de

ratas.

100

Gráfico 25 – Média do número de nascimentos entre os grupos controle e teste

1°dia de prenhez e controle e teste 14° dia de prenhez.

102

Gráfico 26 – Padrão do peso das ratas durante os dias de gavagem. 103

Gráfico 27 – Média do peso dos filhotes ao nascer entre os grupos controle e teste

1° dia de prenhez e controle e teste 14° dia de prenhez.

104

Page 16: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

LISTA DE ABREVIATURAS

AA Ácido araquidônico

ACh Cloridrato de Acetilcolina

ALT Alanina transaminase

AMPc Monofosfato cíclico de adenosina

AST Aspartato transaminase

ATP Adenosina trifosfato

BKca Canais para potássio de grande condutância ativados pelo cálcio

Ca2+

Cálcio

Ca2+

i Cálcio intracelular

Cav Canais para cálcio abertos por voltagem

CaM Calmodulina

[(Ca2+

)4-CaM] Complexo cálcio-calmodulina

COX Ciclooxigenase

COX-1 Ciclooxigenase-1

COX-2 Ciclooxigenase-2

DAG Diacilglicerol

DMSO Dimetilsulfóxido

E. caatingae Erythroxylum caatingae Plowman

Ec-EtOH Extrato etanólico bruto de Erythroxylum caatingae Plowman

Emax Amplitude máxima

E.P.M Erro Padrão da Média

GMPc Monofosfato cíclico de guanosina

GPCRs Receptores acoplados à proteína G

GTP Trifosfato de guanosina

HCl Ácido clorídrico

HCN Canais ativados por hiperpolarização e nucleotídeos cíclicos

5-HT 5-hidroxitriptamina

5-HT1 Receptor para serotonina do tipo 1

IP3 1,4,5-trisfosfato de inositol

IP3R Receptores de 1,4,5-trisfosfato de inositol

kg Quilogramas

K+ Potássio

Page 17: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

Kir Canais para potássio retificadores de entrada

K2P Canais para potássio de dois poros

Kv Canais para potássio abertos por voltagem

M Concentração molar (mol/L)

Mg+ Magnésio

mg Miligramas

mL Mililitros

MLC Cadeia leve da miosina

MLCK Cinase da cadeia leve da miosina

MLCK-P Cinase da cadeia leve da miosina fosforilada

Na+ Sódio

Nav Canais para sódio abertos por voltagem

NaOH Hidróxido de Sódio

nM Nanomolar

OECD Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico

Oci Ocitocina

OTR Receptores de ocitocina

PGE’s Prostaglandinas

PGE2 Prostaglandina E2

PGF2α Prostaglandina F2α

PGI2 Prostaciclina

PKA Proteína cinase dependente de AMPc

PKC Proteína cinase C

PKG Proteína cinase dependente de GMPC

PIP2 4,5 bisfosfato de fosfatidilinositol

PLC Fosfolipase C

RNAm RNA mensageiro

RS Retículo Sarcoplasmático

RyR Receptores de Rianodina

TCP Canais de potencial transiente

Tmax Tempo máximo

TRP Canais receptores de potencial transiente

UI Unidades Internacionais

UNIVASF Universidade Federal do Vale do São Francisco

Page 18: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

Vm Potencial de membrana

vs Versus

µg Microgramas

µM Micromolar

Page 19: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 21

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral 24

2.2 Objetivos específicos 24

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Plantas medicinais 26

3.2 Considerações sobre a família Erythroxylaceae e o gênero Erythroxylum 27

3.3 Considerações sobre a espécie Erythroxylum caatingae Plowman 29

3.4 Fisiologia do útero e do músculo liso uterino 31

3.4.1 O útero 31

3.4.1.1 O útero humano 31

3.4.1.2 O útero de ratas 33

3.5 Considerações sobre a contração e o relaxamento da musculatura lisa 34

3.6 Patologias associadas à motilidade uterina anormal 41

3.7 Fármacos uterotônicos e tocolíticos 44

3.7.1 Fármacos uterotônicos 44

3.7.2 Fármacos tocolíticos 49

3.8 Plantas com ações uterotônicas e tocolíticas 52

3.8.1 Plantas com ação uterotônica 53

3.8.2 Plantas com ação tocolítica 54

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Material 57

4.1.1 Material Botânico 57

4.1.2 Animais 59

4.1.3 Aspectos éticos 59

4.1.4 Substâncias e Sais 60

4.1.5 Soluções Nutritivas 60

4.1.6 Aparelhos 61

4.1.7 Preparo dos extratos da espécie vegetal, bem como das drogas e reagentes

para os ensaios farmacológicos.

61

4.1.7.1 Extratos 61

Page 20: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

4.1.7.2 Drogas e Reagentes 62

4.2 Métodos 62

4.2.1 Estudo da possível atividade espasmogênica do extrato etanólico bruto de

Erythroxylum caatingae Plowman (Ec-EtOH) em útero isolado de rata.

62

4.2.1.1 Preparação do útero para a realização do experimento. 62

4.2.1.2 Investigação do efeito do Ec-EtOH frente às contrações fásicas induzidas

por 10-2

UI/mL de ocitocina ou 10-5

M de acetilcolina.

63

4.2.1.3 Investigação do efeito do Ec-EtOH sobre as contrações tônicas induzidas

por 10-2

UI/mL de ocitocina ou 10-5

M de acetilcolina..

64

4.2.1.4 Investigação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH e o possível processo

de dessensibilização de receptores após aplicações consecutivas do extrato frente

às contrações fásicas induzidas por 10-2

UI/mL de ocitocina ou 10-5

M de

acetilcolina.

65

4.2.1.5 Investigação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH e o possível processo

de dessensibilização de receptores após aplicações consecutivas do extrato frente à

contração fásica induzida por 10-2

UI/mL de ocitocina em tecido uterino de ratas

após o parto.

65

4.2.2 Investigação do possível mecanismo de ação espasmogênica do Ec-EtOH em

útero isolado de rata.

66

4.2.2.1 Avaliação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH na ausência e na presença

de atropina.

66

4.2.2.2 Avaliação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH na ausência e na presença

de indometacina.

67

4.2.2.3 Avaliação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH na ausência e na presença

de atosiban.

67

4.2.3 Investigação da possível atividade espasmogênica do Ec-EtOH, em

diferentes períodos de gestação das ratas.

68

4.3 Análise estatística 70

5 RESULTADOS

5.1 Estudo da possível atividade espasmogênica do Ec-EtOH em útero isolado

de rata.

72

5.1.1 Investigação do efeito do Ec-EtOH frente às contrações fásicas induzidas por

10-2

UI/mL de ocitocina ou 10-5

M de acetilcolina.

72

Page 21: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

5.1.2 Investigação do efeito do Ec-EtOH sobre as contrações tônicas induzidas por

10-2

UI/mL de ocitocina ou 10-5

M de acetilcolina.

76

5.1.3 Investigação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH e o possível processo de

dessensibilização de receptores após aplicações consecutivas do extrato frente às

contrações induzidas por 10-2

UI/mL de ocitocina ou 10-5

M de acetilcolina.

80

5.1.4 Investigação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH e o possível processo de

dessensibilização de receptores após aplicações consecutivas do extrato frente à

contração induzida por 10-2

UI/mL de ocitocina em tecido uterino de ratas após o

parto.

86

5.2. Investigação do possível mecanismo de ação espasmogênica do Ec-EtOH

em útero isolado de rata.

92

5.2.1 Avaliação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH na ausência e na presença

de atropina.

92

5.2.2 Avaliação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH na ausência e na presença

de indometacina.

95

5.2.3 Avaliação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH na ausência e na presença

de atosiban.

98

5.3 Investigação da possível atividade espasmogênica do Ec-EtOH em

diferentes períodos de gestação das ratas.

101

6 DISCUSSÃO 107

7 CONCLUSÃO 119

8 PERSPECTIVAS 121

REFERÊNCIAS 123

ANEXO A – Certificado de aprovação do CEEHA 135

Page 22: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

INTRODUÇÃO

Page 23: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

I N T R O D U Ç Ã O | 21

Embora a medicina moderna esteja bem desenvolvida na maior parte do mundo, a OMS

reconhece que grande parte da população dos países em desenvolvimento depende da

medicina tradicional para sua atenção primária, tendo em vista que 80% desta população

utiliza práticas tradicionais nos seus cuidados básicos de saúde e destes 85% utilizam plantas

ou preparações destas (BRASIL, 2006).

De fato, em todas as partes do mundo as plantas medicinais são amplamente

empregadas pela população para o tratamento de uma infinidade de doenças, e as mulheres

costumam ser frequentes usuárias desse tipo de alternativa terapêutica. Das patologias que

mais acometem o sexo feminino, as associadas aos órgãos do sistema reprodutor, em especial

o útero, são alvos de constantes buscas terapêuticas.

Muito progresso tem sido feito nos últimos anos para o entendimento da base fisiológica

da contratilidade uterina (WRAY et al., 2001). Anormalidades no processo de contração

muscular desse órgão durante as fases do ciclo menstrual, gravidez e parto podem ter

importantes implicações clínicas, incluindo dismenorréias, trabalho de parto prematuro,

atonias e hemorragias pós-parto, alguns desses fatores estão entre as causas de mortalidade

materna pré-natal no mundo ocidental (BRASIL, 2002; WHO, 2007). Em contraste, a indução

de contrações uterinas, principalmente durante o trabalho de parto pode ser necessária em

certas condições.

As terapias farmacológicas usadas para tratar as condições anormais de contratilidade

uterina variam desde efeitos para suprimir as contrações (agentes tocolíticos), aliviando os

sintomas típicos como as cólicas menstruais, enxaquecas e náuseas, que estão diretamente

relacionadas às disfunções do ciclo menstrual ou para induzir as contrações uterinas (agentes

uterotônicos), tratando sintomas próprios do período da gravidez como, induzir ao parto,

auxiliar durante as etapas do trabalho de parto, remoção da placenta retida e regulação da

hemorragia pós-parto (GRUBER; O’BRIEN, 2011).

Avaliando esse aspecto é interessante enfatizar que há a necessidade de aprofundar os

estudos sobre as plantas medicinais que afetem diretamente os órgãos do sistema reprodutor

feminino, especificamente o útero, visto que se pretende introduzir no mercado dos

fitoterápicos produtos que tenham ação comprovadamente eficaz sobre as complicações

associadas as contrações uterinas, e para isso é preciso estudos aprofundados que possam

comprovar a segurança para o uso das plantas, ervas e seus constituintes como agentes

terapêuticos.

É observável que o estudo de plantas, com intuito de descobrir seu potencial

terapêutico, tem demonstrado avanços notáveis no meio acadêmico e científico. Esse avanço

Page 24: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

I N T R O D U Ç Ã O | 22

tem como objetivo primordial obter novos compostos com propriedades terapêuticas que

possam ser significativamente interessantes para o desenvolvimento da química de produtos

naturais de plantas, da farmacologia de produtos naturais entre outras áreas relacionadas

(CECHINEL FILHO; YUNES, 1998; YUNES; PEDROSA; CECHINEL FILHO, 2001). A

integração destas áreas na pesquisa de plantas medicinais conduz a um caminho promissor e

eficaz para descobertas de novos medicamentos.

O gênero Erythroxylum, é um dos gêneros mais estudados por possui constituintes

químicos em algumas de suas espécies com amplo espectro de atividade farmacológica a

exemplo dos alcalóides tropânicos, pirrolidínicos, entre outros (ZUANAZZI et al., 2001). Há

registros recentes na literatura sobre o potencial terapêutico de plantas pertencentes ao gênero

como os estudos realizados por Santos et al. (2013) que investigou a ação do extrato etanólico

bruto obtido de espécies do gênero Erythroxylum sobre a musculatura lisa de traquéia de

cobaia e os estudo realizados por Aguiar et al. (2012) e Oliveira et al. (2011). Entretanto, a

espécie Erythroxylum caatingae Plowman possui poucos registros na literatura a respeito das

ações dos extratos, fases ou substâncias isoladas da mesma sobre a musculatura uterina, por

isso, o objetivo desse estudo foi o de investigar os possíveis efeitos do extrato de

Erythroxylum caatingae sobre a contração da musculatura lisa uterina de ratas.

Com isso, o desenvolvimento de estudos científicos na área da farmacologia baseados

na ação de plantas medicinais e principalmente as que são provenientes da biodiversidade

brasileira, sobretudo da região nordeste com ações espasmogênicas e/ou espasmolíticas sobre

o útero, a exemplo da espécie Erythroxylum caatingae Plowman do gênero Erythroxylum tem

grande relevância e visa à descoberta de novas aplicações terapêuticas para os recursos

naturais oriundos dessa região. A investigação de produtos naturais e de seus diversos

metabólitos continua sendo uma fonte potencial para o desenvolvimento de novas substâncias

com uso terapêutico, assim, os dados obtidos com este trabalho, além de serem inéditos,

servirão de início como ferramenta farmacológica para o entendimento do possível

mecanismo de ação dessa espécie sobre o útero isolado de rata.

Page 25: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

OBJETIVOS

Page 26: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

O B J E T I V O S | 24

2. OBJETIVOS

2.1 Geral

Contribuir para o estudo farmacológico de espécies vegetais presentes no Semiárido

Nordestino, especialmente do gênero Erythroxylum e da espécie Erythroxylum caatingae

Plowman com a finalidade de descobrir substâncias potencialmente terapêuticas ou que

sirvam como ferramentas farmacológicas para o melhor entendimento dos processos

fisiopatológicos envolvendo a contração uterina.

2.2 Específicos

2.2.1 - Estudar o possível efeito espasmogênico do extrato etanólico bruto da espécie

Erythroxylum caatingae Plowman (Erythroxylaceae) sobre o músculo liso de útero isolado de

rata, utilizando como parâmetros de medida as forças de contração;

2.2.2 - Verificar o efeito do extrato sobre a atividade contrátil de útero isolado de rata

nas condições não gravídicas e pós-parto;

2.2.3 - Caracterizar farmacologicamente o possível mecanismo de ação espasmogênica

do extrato da espécie em estudo;

2.2.4 - Verificar o efeito do extrato em ratas adultas e sua prole durante os períodos

gestacionais (pré-implantação e organogênese).

Page 27: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Page 28: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 26

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Plantas medicinais

O conhecimento sobre plantas medicinais representa muitas vezes o único recurso

terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. O uso de plantas no tratamento e na cura

de enfermidades é tão antigo quanto a espécie humana (VEIGA JÚNIOR et al., 2005). Ainda

hoje, mesmo com o surgimento de medicamentos benéficos e mais acessíveis, nas regiões

mais carentes do país e até mesmo nas grandes cidades brasileiras, plantas medicinais são

comercializadas em feiras livres, mercados populares e encontradas em quintais residenciais

(MACIEL et al., 2002).

Como dito anteriormente, ao longo do processo evolutivo, o homem foi aprendendo a

selecionar plantas para a sua alimentação e para o alívio de seus males e doenças. Como

resultado desse processo muitos povos passaram a dominar o conhecimento do uso de plantas

medicinais e até hoje, alguns ainda fazem uso consciente de medicamentos fitoterápicos

tradicionais relacionados com saberes e práticas que foram adquiridas ao longo dos séculos

(FERREIRA; PINTO, 2010).

As plantas medicinais são partes constituintes da biodiversidade, que é definida como a

variedade e variabilidade existentes entre organismos vivos e as complexidades ecológicas

nas quais eles ocorrem. Compreende não só uma associação de vários componentes

hierárquicos como ecossistemas, comunidades, espécies, populações e genes de uma área

definida (DOBSON, 1998).

A biodiversidade e seus componentes podem fornecer uma ampla gama de produtos de

importância econômica tanto para a indústria alimentícia quanto para a farmacêutica. Dentre

eles, o reino vegetal é o que tem contribuído de forma mais significativa principalmente para

a indústria farmacêutica, destacando-se assim os fitoterápicos e os fitofármacos, originados

dos recursos genéticos vegetais. Fitoterápicos são aqueles medicamentos preparados

exclusivamente à base de plantas medicinais. Fitofármacos são substâncias extraídas de

plantas, que apresentam atividades farmacológicas, podendo ter aplicações terapêuticas

(SIMÕES et al., 2010).

Neste sentido, é sabido que o Brasil é o país com a maior diversidade genética vegetal,

hospeda entre 15 e 20% de toda a biodiversidade mundial, sendo considerado o maior do

planeta em número de espécies endêmicas. Essa riqueza biológica nacional manifesta-se

também na diversidade entre os ecossistemas presentes, sendo eles, amazônia, cerrado, mata

Page 29: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 27

atlântica, caatinga, pantanal e pampa (GANEM, 2010). Essa biodiversidade associada a uma

rica diversidade étnica e cultural detém um valioso conhecimento tradicional associado ao uso

de plantas medicinais, além do potencial necessário para desenvolvimento de pesquisas com

resultados em tecnologias e terapêuticas apropriadas (BRASIL, 2006).

A escolha da planta para uso e avaliação do seu potencial químico e farmacológico na

maioria das vezes é baseada em seu uso na medicina popular, porém, a falta de conhecimento

sobre a forma de uso pode vir a trazer sérios riscos à saúde do homem.

O estudo farmacológico das drogas vegetais, além de constituir-se um campo quase

inesgotável de novos conhecimentos científicos, pode contribuir notavelmente para o

aprimoramento da medicina tradicional (SIXEL; PENICALLI, 2005). Vale ressaltar que a

idéia essencial na indicação do uso de fitoterápicos na medicina humana não é de substituir os

medicamentos já comercializados, mas sim aumentar as opções terapêuticas tanto para

profissionais de saúde, ofertando medicamentos equivalentes, quanto para a população,

ofertando uma terapia de custo mais acessível (SIMÕES et al., 2010).

3.2 Considerações sobre a família Erythroxylaceae e o gênero Erythroxylum

A família Erythroxylaceae compreende 4 gêneros e cerca de 240 espécies apresentando

distribuição pantropical, tendo como seus principais centros de diversidade e endemismo no

Brasil, Madagascar e Venezuela. A maioria das espécies pertence ao gênero Erythroxylum P.

Browne, de distribuição ampla e encontrado nos quatro continentes, principalmente na

américa tropical. Os outros gêneros, Aneulophus Benth., Nectaropetalum Engl. e

Pinacopodium Exell & Mendonça, possuem poucas espécies com distribuição exclusiva na

áfrica (LOIOLA et al., 2007).

O gênero Erythroxylum, com cerca de 230 espécies, é o único representado na região

neotropical, onde aproximadamente 187 espécies são exclusivas, tendo como principal centro

de diversidade e endemismo a américa do sul, principalmente no Brasil e Venezuela

(PLOWMAN; HENSOLD, 2004). É um grupo de grande versatilidade ecológica, com

espécies encontradas em ambientes úmidos como a floresta amazônica e a floresta atlântica, e

nas regiões semiáridas, ocorrendo em diferentes níveis de elevações, desde o nível do mar até

hábitats montanhosos (LOIOLA et al., 2007).

Esse gênero caracteriza-se pela presença de plantas lenhosas, arbustos ou árvores,

glabras, com catafilos geralmente semelhantes às estípulas. As folhas são alternas e inteiras,

com estípulas intrapeciolares. As flores são monoclinas, diclamídeas, pentâmeras e

Page 30: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 28

heterostílicas, com 10 estames de filetes unidos na base, formando um tubo que circunda o

pistilo. O ovário é súpero, tricarpelar, trilocular, mas geralmente com apenas um óvulo

desenvolvido. O fruto é uma drupa com coloração de vermelha a púrpura (LOIOLA et al.,

2007).

No Brasil são encontradas cerca de 114 espécies das 187 pertencentes ao gênero

Erythroxylum registradas para a américa tropical. Destas, aproximadamente 74 possuem

distribuição restrita ao Brasil, correspondendo a cerca de 40% das espécies da região

neotropical, ocorrendo em áreas como, por exemplo, na amazônia, floresta atlântica, no

cerrado e caatinga (PLOWMAN; HENSOLD, 2004), entre elas E. caatingae, E.

subrotundum, E. catuaba, E. vacciniifolium e E. subracemosum, sendo as três últimas muito

utilizadas na medicina popular (ZANOLARI et al., 2003 a, b).

Diversas espécies têm sido investigadas quanto à atividade farmacológica, a exemplo de

E. vacciniifolium, que apresentou efeito contra infecções oportunas em pacientes com HIV e

forneceu alcalóides tropânicos da série catuabina (A, B e C) (ZANOLARI et al., 2003 a),

E. pervillei apresentando alcalóides pervilleinas A e B, que inibiram o crescimento de

carcinoma de pele em células KB-VI. Alcalóides extraídos de E. rotundifolium também

apresentaram a mesma atividade antitumoral (CHÁVEZ et al., 2002). E. moonii apresentou

atividade antimicrobiana frente a cepas de bactérias, fungos e leveduras, fornecendo os

alcalóides tropânicos mooniina A e B (RAHMAN, 1998).

Em regiões específicas do nordeste brasileiro já foram registradas mais de 12 espécies,

como: E. caatingae Plowman, E. citrifolium A. St.-Hil, E. nummularia Peyr., E. pauferrense

Plowman, E. passerinum Mart., E. pulchrum A. St.-Hil., E. pungens O. E. Schulz, E.

revolutum Mart., E. simonis Plowman, E. suberosum var denudatum O. E. Schulz, E.

subrotundum A. St.-Hil. e E. squamatum Sw., encontradas nas mais diversas formações

(LOIOLA et al., 2007).

Dentro da família Erythroxylaceae o gênero Erythroxylum é o mais estudado, por

apresentar alcalóides tropânicos e pirrolidínicos, taninos, terpenos e fenilpropanóides

principalmente em suas folhas e frutos (ZUANAZZI et al., 2001), além disso, em espécies

coletadas no estado da Bahia, observou-se a presença de ácidos graxos esterificados e

triterpenos (CHÁVEZ et al., 1996). Os alcalóides tropânicos são uma grande classe de

produtos naturais devido aos seus efeitos analgésico, anticolinérgico, antiemético e

antihipertensivo (KHATTAK et al., 2002).

Page 31: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 29

3.3 Considerações sobre a espécie Erythroxylum caatingae Plowman.

A árvore pode chegar até 3 m altura. Possui distribuição restrita ao nordeste do Brasil,

sendo registrada para os estados da Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte

(Figura 1 e 2) (PLOWMAN; HENSOLD, 2004).

Figura 1 – Foto de partes das folhas e flor de Erythroxylum caatingae Plowman

Fonte: J.A. SIQUEIRA-FILHO.

Até o momento não há relatos do uso de Erythroxylum caatingae na medicina popular,

porém, estudos vêm sendo realizados com essa espécie em busca de identificar possíveis

ações terapêuticas de seus extratos. O estudo realizado Santos et al. (2013) investigou a ação

do extrato etanólico obtido das partes aéreas das espécies E. caatingae, E. subrotundum e E.

revolutum em músculo liso isolado de traquéia de cobaia. Aguiar et al. (2012) mostrou que o

extrato metanólico do caule de E. caatingae e todas as frações testadas, com exceção da

fração hexânica, apresentou atividade antimicrobiana contra bactérias gram-positivas e

fungos. Outro estudo realizado por Oliveira et al. (2011) avaliou as atividades citotóxicas do

extrato metanólico do caule de E. caatingae frente a uma linhagem de células de cancro

Page 32: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 30

humanas (HEp-2, NCI-H292 e KB), bem como o efeito antitumoral do extrato metanólico

frente a células tumorais de sarcoma 180, em ratos.

Figura 2 – Foto das folhas e fruto de Erythroxylum caatingae Plowman

Fonte: J. G. CARVALHO-SOBRINHO.

A

B

Page 33: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 31

3.4 Fisiologia do útero e do músculo liso uterino

3.4.1 O útero

3.4.1.1 O útero humano

O útero humano é um órgão muscular piriforme de paredes espessas e musculares,

normalmente situado entre a bexiga urinária e o reto. Mede cerca de 7,5 cm de comprimento e

5 cm de largura, porém, no período gestacional, ele se adapta em tamanho e estrutura às

necessidades de crescimento do feto (JACOB; FRANCONE; LOSSOW, 1990; GRAY;

WILLIAMS, 1995) e está dividido morfologicamente em três seções, a saber, o colo do útero,

o istmo e o corpo uterino (Figura 3).

Figura 3 – Anatomia do útero humano

Fonte: http://ticsnaescola.zip.net

O útero é um dos principais órgãos do sistema reprodutor feminino. É o local de

recepção, implantação e nutrição do óvulo, quando fecundado por um espermatozoide, e de

desenvolvimento do feto durante o período da gestação (SNELL, 1999).

O útero humano é composto de camadas longitudinal e circular de músculo liso,

organizadas perpendicularmente umas as outras. As fibras musculares são arranjadas em

forma de folhetos ou feixes com membranas celulares aderidas entre si em múltiplos pontos

Page 34: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 32

de modo que a força gerada em uma fibra muscular pode ser transmitida à seguinte. A camada

longitudinal externa consiste de uma rede de feixes de células musculares lisas orientadas no

eixo longitudinal do órgão e a camada circular interna, na qual as fibras estão dispostas

concentricamente em torno do eixo longitudinal do órgão. A contração da camada

longitudinal faz com que o órgão dilate-se e encurte-se, ao passo que a contração da camada

circular faz com que o órgão alongue-se, resultando em redução do diâmetro e do

comprimento (PAYTON; BRUCKER, 1999; WEBB, 2003; YOUNG, 2007; GUYTON;

HALL, 2011).

A parede uterina é formada por três camadas distintas (Figura 4). A camada mais

externa chamada de perimétrio é responsável pelo revestimento epitelial do órgão. O

miométrio é a camada muscular intermediária e mais espessa, consiste em feixes entrelaçados

de fibras musculares lisas envoltas em tecido conjuntivo organizado em camadas indefinidas

onde forças contráteis podem ocorrer em qualquer direção permitindo que o útero possa

assumir praticamente qualquer forma. Durante a gravidez, o crescimento e alongamento dessa

camada fornece o ambiente protetor para o feto em desenvolvimento e em seguida, com o

início do trabalho contrai ritmicamente para expelir o feto e a placenta. O endométrio é a

camada mais interna formada por um revestimento epitelial e um tecido conjuntivo chamado

de estroma endometrial (JACOB; FRANCONE; LOSSOW, 1990; GRUBER; O’BRIEN,

2011).

Figura 4 – Camadas uterinas

Fonte: adaptada de https://www.lookfordiagnosis.com

Page 35: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 33

3.4.1.2 O útero de ratas

O sistema reprodutor das ratas é formado pela vagina, um par de ovários e um conjunto

de ductos sexuais (oviduto, cornos uterinos, corpo uterino), nos quais ocorre o transporte dos

oócitos, o desenvolvimento dos embriões em caso de fertilização e a saída dos fetos por

ocasião do parto (Figura 5) (ANDERSEN et al., 2004).

O útero dos roedores consiste em tubos pares que se abrem separadamente na vagina, e

é denominado útero duplo ou duplex. Nas ratas de laboratório (Rattus norvegicus) o útero é

duplo, contínuo possuem dois canais cervicais distintos e a vagina simples (MARTINS et al.,

2011) e há uma importante camada muscular longitudinal em cada corno uterino, a qual se

torna transversa caudalmente na junção dos dois cornos uterinos (COOPER; SCHILLER,

1975 apud MARTINS, 2009). Nos mamíferos, o útero compreende uma camada miometrial

externa e uma camada interna denominada endométrio que se encontra imediatamente

adjacente ao miométrio (Figura 6). Em espécies não primatas, o miométrio é constituído por

duas camadas distintas, uma camada longitudinal exterior e uma camada interna circular com

origem, estrutura, função e padrões de contração diferentes. Em animais com um útero

bipartido, por exemplo, na rata, o músculo circular interior e longitudinal exterior são mais

facilmente separados do que em útero humano (VEALE; OLIVER; HAVLIK, 2000;

AGUILAR; MITCHELL, 2010).

Figura 5 – Útero de rata

Fonte: http://www.efdeportes.com/efd142/exercicio-fisico-na-prevencao-01.jpg

Page 36: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 34

Figura 6 – Anatomia do útero de rata

Fonte: adaptado de:

http://professor.ucg.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/4400/material/Reprodutor%20A.pdf

3.5 Considerações sobre a contração e o relaxamento da musculatura lisa

A regulação da contração do músculo liso apresenta um papel importante em muitos

processos fisiopatológicos. Alterações nesses processos podem contribuir para o

desencadeamento de eventos contráteis anormais em células musculares lisas de vários órgãos

importantes como vasos sanguíneos, estômago, intestinos, bexiga, útero, vias respiratórias,

entre outros (WEBB, 2003).

A contração do músculo liso uterino em especial possui um papel crítico na regulação e

no controle da atividade contrátil do miométrio (WORD, 1995; WRAY et al., 2001;

SHMYGOL, WRAY, 2004), sendo que muitos problemas como abortos, partos prematuros,

hemorragias pós-parto e cólicas uterinas estão associados a uma regulação anormal da

contratilidade desse músculo (WRAY et al., 2001; SHMYGOL; WRAY, 2004; LIMA et al.,

2005).

Fisiologicamente, o espasmo, isto é, a contração, muito comum neste tipo de músculo, é

conduzida principalmente pelo desenvolvimento de potenciais de ação através da membrana

plasmática, ou potenciais de membrana (Vm), resultante de um aumento transitório da

concentração do cálcio (Ca2+

) citosólico livre. Esse mecanismo pode ser desencadeado, tanto

pela liberação dos estoques de cálcio intracelulares (Ca2+

i), provenientes principalmente do

Page 37: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 35

retículo sarcoplasmático (RS) muito importante nesse tipo de músculo, quanto pela sua

entrada através de canais para Ca2+

na membrana plasmática (SOMLYO; SOMLYO, 1994;

RANG et al., 2007; GRUBER; O’BRIEN, 2011).

O Ca2+

desempenha um papel fundamental na sinalização celular. A sua concentração

no meio celular se altera em resposta a uma variedade de sinais, que diferem em sua origem

(extracelular ou intracelular), natureza química, mecânica ou elétrica (BRINI, 2003).

A excitabilidade das células do músculo liso, incluindo os miócitos uterinos, depende

também do movimento de outros íons além do Ca2+

, como por exemplo, o sódio (Na+) o

potássio (K+), pelo fato de que muitos processos necessitam de uma transmissão rápida e

precisa de informações entre suas células e tecidos (RIBEIRO, 2007). Nesse sentido, a

participação de outros canais iônicos desempenha papel crucial para essa rápida transmissão

de informações traduzindo os sinais na forma de mudanças no Vm, compreendendo dois

processos: a despolarização e a hiperpolarização da membrana (YU; CATTERALL, 2004).

Estes sinais elétricos resultam, na sua maioria, em oscilações na concentração de Ca2+

i, dessa

forma, promovendo o controle de inúmeros processos fisiológicos, como: secreção hormonal,

transmissão e processamento de informações pelo sistema nervoso central, sensações

somáticas e a própria contração muscular. Todos esses processos são mediados, pelo menos

em parte, por membros da superfamília de canais controlados por voltagem, dentre eles,

canais para K+ abertos por voltagem (Kv), canais para K

+ retificadores de entrada (Kir) e

canais para K+ de dois poros (K2P), canais para K

+ de grande condutância ativados por Ca

2+

(BKca), canais para Na+ abertos por voltagem (Nav), canais ativados por hiperpolarização e

nucleotídeos cíclicos (HCN), canais receptores de potencial transiente (TRP), canais de

potencial transiente (TPC), e canais para Ca2+

abertos por voltagem (Cav) (YU;

CATTERALL, 2004; WRAY; SHMYGOL, 2007; AGUILAR; MITCHELL, 2010).

A importância desses canais iônicos está relacionada ao fato de que a abertura/ativação

de alguns canais que levam ao processo de despolarização da membrana celular tende a ativar

principalmente os Cav e assim permitir a entrada de Ca2+

, de tal forma aumentando a

concentração de Ca2+

i, o que leva a ativação da maquinaria contrátil, enquanto o

abertura/ativação de outros canais que causam o processo de repolarização/hiperpolarização

na membrana celular tende a inativar os Cav, reduzindo assim a concentração de Ca2+

i

(SOMLYO; SOMLYO, 1994; 2003).

Como discutido, o aumento da concentração de Ca2+

i é um fator chave para muitas

respostas celulares dependentes da ligação a íons Ca2+

e para um vasto número de moléculas

efetoras, tais como algumas enzimas, proteínas contráteis e canais iônicos presentes na

Page 38: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 36

membrana. Enquanto o retículo sarcoplasmático representa a principal fonte de Ca2+

i, onde a

liberação de Ca2+

desta organela é decorrente principalmente da ativação de receptores de

1,4,5-trisfosfato de inositol (IP3R) e também de receptores de rianodina (RyR), a fonte de

Ca2+

extracelular é o líquido intersticial, onde o influxo de Ca2+

se deve à presença de canais

para esse íon na membrana plasmática (SOMLYO et al., 2004).

Assim, a contração se deve a ativação dos mecanismos contráteis que, sobretudo, são

ativados pelo aumento da concentração de Ca2+

i, e o relaxamento do músculo liso se dá pelo

retorno dos níveis de Ca2+

livre no citosol aos níveis basais (SOMLYO; SOMLYO, 1994).

Contudo, para que o relaxamento muscular ocorra é preciso ter havido um processo de

contração anterior e esse mecanismo que proporciona o aumento da concentração de Ca2+

i

levando à contração da musculatura lisa pode ocorrer, basicamente, por dois mecanismos, o

eletromecânico, que causa a despolarização levando a uma mudança no Vm, onde ocorre

influxo de Ca2+

por meio dos Cav, ou o fármacomecânico, onde a contração pode ser

promovida pela ligação de um agonista com o receptor e apresentar-se maior que a observada

apenas com a mudança de Vm (REMBOLD, 1996; SOMLYO; SOMLYO, 2003; RANG et al,

2007) e em alguns casos, os agonistas também podem inibir a bomba de extrusão de Ca2+

(VAN BREEMEN; SAIDA, 1989).

O mecanismo eletromecânico para a contração do músculo liso é originado a partir da

despolarização ou mudança de Vm induzida inicialmente por estimulação elétrica

(HERMSMEYER; STUREK; RUSCH, 1988, apud DEOCLECIANO JUNIOR, 2008) ou pelo

aumento na concentração extracelular de K+ que leva ao aumento do influxo de Ca

2+ por meio

de canais específicos para Ca2+

, em especial os Cav. O aumento da concentração de Ca2+

i

favorece a ligação do Ca2+

à calmodulina (CaM) e o complexo originado dessa junção, cálcio-

calmodulina ([(Ca2+

)4-CaM]), ativa a cinase da cadeia leve da miosina (MLCK) para

fosforilar a cadeia leve da miosina (MLC) e promover a interação da actina com a miosina,

levando a contração (REMBOLD, 1996; WRAY et al., 2001; NOBLE et al., 2009).

Os Cav que predominantemente apresentam-se na musculatura uterina são os canais

para Ca2+

tipo L, canais de grande condutância operados por voltagem, que são ativados à

medida que o Vm altera desencadeando todo o processo citado anteriormente. Além desse, o

miométrio ainda possui outros tipos de Cav, incluindo nesse grupo os canais para Ca2+

tipo T

que aparentam ter uma maior capacidade de condutância do que os do tipo L, sugerindo que

esse tipo de canal desempenha um papel importante na propagação de potenciais de ação,

além disso, eles apresentam uma cinética mais rápida talvez por serem ativados em tensões

mais baixas do que os canais para Ca2+

tipo L, o que pode ajudar a elevar o potencial para o

Page 39: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 37

limiar necessário para a ativação dos canais para Ca2+

tipo L e consequentemente desencadear

o processo contrátil (WRAY et al., 2001; NOBLE et al., 2009; AGUILAR; MITCHELL,

2010).

O processo de contração fármacomecânico ocorre através da ligação do agonista a

receptores acoplados à proteína G (GPCRs) em especial àqueles acoplados às proteínas Gq ou

G11 e, por meio da subunidade α, promovem a ativação da fosfolipase C (PLC) que, por sua

vez, hidrolisa fosfolipídios específicos na membrana, como o 4,5 bisfosfato de

fosfatidilinositol (PIP2) que produz como segundo mensageiro importante o 1,4,5-trisfosfato

de inositol (IP3), e o diacilglicerol (DAG) (OGUT; BROZOVICH, 2003; RANG et al., 2007).

A partir dessa hidrólise, o IP3 formado liga-se ao seu receptor no retículo sarcoplasmático,

IP3R, permitindo a liberação de Ca2+

i, a presença do íon no meio externo do RS desencadeia o

processo de liberação de mais Ca2+

pelo próprio Ca2+

(CICR) por meio da ativação dos RyR

que também estão presentes na membrana do RS promovendo a liberação de mais Ca2+

i

(WRAY et al., 2001; AGUILAR; MITCHELL, 2010), permitindo a formação do

[(Ca2+

)4-CaM], responsável pelo início do mecanismo contrátil. A ligação do agonista ao seu

receptor também aumenta o influxo de Ca2+

através da abertura de canais para Ca2+

do tipo L

promovida pelo DAG, que por sua vez fosforila a proteína cinase C (PKC) ativando um

mecanismo que não implica na alteração no Vm (WEBB, 2003; WILLETS et al., 2009).

Agonistas indutores de contração, por exemplo, ocitocina, acetilcolina, carbacol, entre outros,

medeiam à contração do músculo liso por meio desse processo descrito anteriormente.

Nas células do músculo liso miometrial, como em outros tipos de células, os agonistas

exercem a sua ação através da ativação dos receptores que promovem a liberação de Ca2+

via

mensageiros secundários intracelulares. O útero possui ambos os receptores, IP3R e RyR,

porém, são fisiologicamente mais importantes para a sua função os IP3R que promovem o

aumento da concentração de Ca2+

i desencadeando a resposta fisiológica (WRAY;

SHMYGOL, 2007).

Independente dos processos iniciais para a contração serem de origem eletromecânica

ou fármacomecânica, ambos consistem em um aumento da concentração de Ca2+

i que

favorece a formação [(Ca2+

)4-CaM] e este complexo por sua vez ativa a MLCK para fosforilar

a MLC promovendo a interação das pontes cruzadas e o deslizamento entre os filamentos de

actina e miosina, levando a contração (SOMLYO; SOMLYO, 1994; 2003).

No entanto, a elevação da concentração de Ca2+

i é transitória e dependente do estado de

fosforilação da MLC, que é regulada principalmente pelo [(Ca2+

)4-CaM] e nem sempre é

paralela a fosforilação da MLC ou ao grau de ativação contrátil. Em alguns casos,

Page 40: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 38

particularmente após a estimulação com um agonista endógeno, um aumento na concentração

de Ca2+

i pode proporcionar uma força de contração maior do que a esperada, sendo este

processo conhecido como sensibilização de Ca2+

(FUKATA; AMANO; KAIBUCHI, 2001;

AGUILAR; MITCHELL, 2010). Este mecanismo sensibilizador de Ca2+

envolve a ativação

da RhoA, uma proteína de ligação ao trifosfato de guanosina (GTP) que inibe a atividade da

fosfatase da MLC pela Rho-quinase (Rho-K) (WEBB, 2003; SOMLYO; SOMLYO, 2000).

Isto promove um aumento no tempo do estado contrátil, uma vez que ocorre a diminuição na

atividade da fosfatase da MLC (SANDERSON et al., 2008).

É certo que os canais para Ca2+

, sejam eles do tipo L, tipo T, Cav, entre outros,

participam do processo de contração do músculo liso, e para que o relaxamento possa ocorrer

o aumento do Ca2+

i deve ser reduzido à níveis de repouso. Este mecanismo pode ser

desencadeado pelo transporte para fora da célula e reabsorção do Ca2+

i pelo RS (WRAY et al.,

2001).

Assim, estabelecida a contração, o relaxamento é o passo seguinte no processo. Esse

mecanismo, assim como a contração, pode acontecer por meio de processos semelhantes que

resultam, ao contrário de todo o processo descrito anteriormente, na diminuição da

concentração do Ca2+

i. De grande importância para tal fenômeno é o movimento dos íons K+,

através de canais presentes na membrana plasmática, contribuindo para a regulação do influxo

de Ca2+

através dos Cav (THORNELOE; NELSON, 2005).

Os canais para K+ desempenham um papel chave na regulação do Vm e na

excitabilidade celular, o qual depende do balanço entre o aumento da condutância ao K+,

levando a uma hiperpolarização, e a diminuição da condutância ao K+, levando a uma

despolarização. O retorno ao nível basal da célula lisa se dá pela remoção dos estímulos

contráteis (agonistas ou despolarização) o que promove a hiperpolarização, resultando na

redução da excitabilidade da membrana, ocorrendo o fechamento dos canais de Cav e, em

seguida o relaxamento muscular (WRAY et al., 2003).

O mecanismo eletromecânico que leva ao relaxamento muscular ocorre devido à

repolarização da membrana, ao contrário do que provoca a despolarização, que pode ocorrer

em função da liberação em especial do fator relaxante derivado do endotélio (óxido nítrico -

NO). Este fator ativa diretamente a ciclase de guanilil (GC) solúvel ou, no caso dos agonistas

que induzem relaxamento, a ligação aos seus receptores ativa diretamente uma GC ou ciclase

de adenilil (AC), resultando na formação do monofosfato cíclico de guanosina (GMPc) e

monofosfato cíclico de adenosina (AMPc), respectivamente. O aumento na concentração de

GMPc ativa a proteína cinase dependente de GMPC (PKG), enquanto que o aumento na

Page 41: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 39

concentração de AMPc ativa tanto uma proteína cinase dependente de AMPc (PKA) como a

PKG, que resultam na ativação de canais de K+ (REMBOLD, 1996).

Os mecanismos que podem resultar em relaxamento e que estão diretamente

relacionados com o acoplamento fármacomecânico incluem a fosforilação de proteínas-alvo

via PKG ou PKA de vários substratos, podendo promover: (1) o aumento na atividade da

Ca2+

-ATPase tanto do RS, como da membrana plasmática, promovendo aumento do sequestro

e o efluxo de Ca2+

, respectivamente, reduzindo a concentração de Ca2+

i; (2) a inativação dos

IP3R e redução da sua capacidade de liberar Ca2+

do RS; (3) a diminuição da formação do

IP3R e, consequentemente, redução da liberação de Ca2+

do RS; (4) a inibição da MLCK,

reduzindo sua afinidade pelo complexo [(Ca2+

)4-CaM], e a fosforilação de teloquina, que

promove a ativação da MLCK, ambos os processos causando uma redução nos níveis de

MLC fosforilada e da própria contração; (5) a inibição dos CaV, promovendo uma redução da

concentração de Ca2+

i por diminuição do influxo de Ca2+

; (6) a ativação de canais para K+

que, indiretamente, por repolarização ou hiperpolarização causam a desativação dos CaV

(WOODRUM; BROPHY, 2001; DUTTA et al., 2002; DANILA; HAMILTON, 2004).

Quando se pesquisa especificamente a atividade uterina, sabe-se que o Vm é ajustado

pela variação da condutância do íon K+ pela membrana, pelo fato desse órgão ser composto

de músculo liso, e essa musculatura lisa uterina tem um padrão de manutenção da atividade

contrátil apresentando um período de descanso com discretas contrações intermitentes com

variação de frequência, amplitude e duração dependendo da fase em que se encontra

(AGUILAR; MITCHELL, 2010). A origem do impulso elétrico que inicia uma contração no

miométrio e a regulamentação da sua direção de propagação são objetos de estudos

constantes. A passagem direta de excitação elétrica de uma célula para outra é o mecanismo-

chave através do qual a excitação se espalha por todo o músculo (MIYOSHI et al., 1998).

Como citado anteriormente, o estado da contratilidade é regulado predominantemente

pela concentração de Ca2+

i e essa regulação apresenta-se em três fases: manutenção de

concentrações basais, que desempenham um papel importante durante o período de repouso

do músculo liso, o aumento acentuado na concentração de Ca2+

i que ocorre tanto com a

estimulação agonista quanto com a mudança do Vm e a restauração da concentração de Ca2+

i

ao estado de repouso após a estimulação que, no geral, esses processos são controlados por

canais iônicos. Além disso, a entrada de Ca2+

, pelo menos em útero de rata, ocorre quase

exclusivamente através dos canais para Ca2+

do tipo L e em miométrio humano tem sido

sugerido que pode haver alguma atividade dos canais para Ca2+

do tipo T, além dos canais do

tipo L (AGUILAR; MITCHELL, 2010).

Page 42: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 40

Existem muitos mecanismos envolvidos na regulação da contratilidade uterina

principalmente quando se investiga a conversão da contratilidade do miométrio,

especialmente durante a gravidez, do estado de quietude para um estado ativo e reativo

durante o parto. É uma condição que exige vários fatores associados e esse conjunto pode ser

resultado de uma complexa interação de sistemas e eventos (GARFIELD et al., 1995). Young

(2007); Garfield et al.(1995); Sakai et al.(1995) apresentam como um sistema que aparenta ser

de grande importância na regulação da contratilidade uterina durante a gravidez, constituído

por vias de condução célula-célula denominadas "junções-gap", que, quando presentes,

aumentam a excitação do miométrio. Muitos estudos têm demonstrado que a formação e a

presença dessas junções entre as células miometriais são considerados os principais locais

para a regulação da contratilidade uterina e, em muitas espécies, as “junções-gap” aumentam

antes do parto fornecendo assim caminhos intercelulares que permitem a sincronização da

atividade elétrica e metabólica e sendo assim, acredita-se que a ausência ou encerramento

destes contatos especializados favorece a inatividade, ou seja, a manutenção da quiescência

durante gravidez.

A atividade uterina pode ser modulada também por diversos receptores acoplados à

proteína G (GPCRs). Por exemplo, os receptores acoplados a Gαq como os receptores de

ocitocina (OTR), prostanóides FP e TP, receptores da endotelina que estimulam a

contratilidade ativando a PKC via presença de Ca2+

e os receptores acoplados a Gαs,

β2-adrenérgicos, prostanóides EP2 e IP, alguns receptores de 5-hidroxitriptamina (5-HT) que

podem estar participando do processo de relaxamento uterino através do aumento dos níveis

de AMP cíclico do miométrio. Além desse, os receptores acoplados a Gαi, os

alfa-2-adrenérgicos, muscarínicos, receptores de serotonina (5-HT1) podem potencializar a

contratilidade, provavelmente por inibir a produção de AMPc (BERNAL, 2003).

Assim como ocorre no músculo liso, a excitabilidade dos miócitos uterinos também está

relacionada com o movimento de íons como Na+, Ca

2+ e cloreto (Cl

-) no compartimento

citosólico a partir do espaço extracelular, e de K+ na direção oposta, esse último constitui o

principal fator para o estabelecimento do Vm. No útero, há diferentes tipos de canais para K+

e algumas isoformas desse tipo de canal incluindo os voltagem-dependentes, dependentes de

Ca2+

e os que são modulados pelo ATP, apresentam mudança de distribuição e expressão com

o início da gestação e no seu término. Estas alterações de expressão desses canais podem

influenciar no controle da contratilidade uterina além de que, todos estes tipos de canais para

K+ foram detectados no miométrio humano, porém quais canais desempenham papéis

Page 43: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 41

predominantes e como interagem entre si ainda não foi correlacionado (WRAY et al., 2001;

WRAY et al., 2003; AGUILAR; MITCHELL, 2010).

3.6 Patologias associadas à motilidade uterina anormal

O útero é um órgão único em muitos aspectos e é funcional para apenas uma pequena

porção da vida de uma mulher, a principal função a que se destina é a de preservação da

espécie. É sensível ao meio ambiente local e muda de função em resposta a estímulos

endócrinos. Contudo, a verdadeira singularidade do útero está nas alterações funcionais

sequenciais que esse órgão desempenha e que são necessárias para a conclusão de uma

gravidez normal (YOUNG, 2007).

O início da atividade contrátil do útero ainda é alvo de estudos aprofundados por

possuir caráter complexo em relação à identificação dos fatores desencadeantes. Um grande

número de mulheres são acometidas por patologias associadas às contrações uterinas e essas

desempenham um papel importante em muitas e variadas funções reprodutivas, incluindo

transporte de esperma e embriões, implantação, menstruação, gestação e parto. A

contratilidade anormal pode estar por trás de doenças comuns e importantes, tais como

infertilidade, falhas de implantação, dismenorréias, endometriose, aborto, parto prematuro

espontâneo (AGUILAR; MITCHELL, 2010) ou ainda associados a condições como distocias,

que são classificadas como dificuldades no trabalho de parto caracterizado pelo progresso

anormalmente lento que pode ocorrer por diversos fatores, dentre eles: anormalidades nas

contrações uterinas apresentando-se como contrações inadequadas ou contrações

descoordenadas (LEVENO, 2007); e a hemorragia pós-parto que é uma das complicações

mais temida em obstetrícia e uma das três causas mais comuns de morbidade e mortalidade

materna (WHO, 2007).

Dismenorréias

As dismenorréias ou menstruações dolorosas são condições específicas do ciclo

menstrual feminino que pode ser de origem patológica, tais como tumores fibróides do útero,

endometriose, doença pélvica inflamatória ou considerada como dismenorréia primária por

ser provocada por causas não óbvias. Cerca de 30% a 50% das mulheres apresentam

dismenorréia primária que tende a diminuir com a idade e após a gestação (JACOB;

FRANCONE; LOSSOW, 1990; LIMA, 2004). A causa da dismenorréia primária acredita-se

Page 44: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 42

ser devido ao aumento da produção endometrial de prostaglandinas (PGEs) que resulta a

partir da diminuição dos níveis de progesterona no final da fase lútea promovendo ação

enzimática com liberação de fosfolipídios, produção do ácido araquidônico e ativação da via

da ciclooxigenase (COX) (NOVAK; BEREK, 2005).

Aborto

O aborto, seja ele inevitável incompleto ou completo, é considerado quando ocorre

eliminação do tecido da gravidez antes da 20ª semana de gestação, sendo assim tipicamente

apresentados no primeiro trimestre da gravidez e acometem cerca de 15% a 20% das

mulheres, sendo em sua maioria abortos espontâneos causados por problemas cromossômicos

que impossibilitam o desenvolvimento fetal ou por complicações trombóticas (NOVAK;

BEREK, 2005). Também pode ser provocado por uso de substâncias que promovem o

aumento na contratilidade uterina. O aborto é um método muito antigo de controle de

natalidade, praticado em todas as civilizações e que em diversos países é uma prática

reconhecida, contudo é proibido em quase toda a américa latina, o que não impede a prática

no Brasil, com número próximo a meio milhão por ano tendo como recursos mais comumente

utilizados os chás e infusões de plantas medicinais (RODRIGUES et al., 2011).

Trabalho de parto prematuro

O trabalho de parto prematuro é aquele que ocorre depois da 20ª e antes da 38ª semana

de gestação, considerado uma importante causa de doença e mortalidade neonatal. Ocorrem

em cerca de 8% a 10% das gestações e possui causa desconhecida, porém há indícios de que

alterações emocionais fortes podem desencadear o processo (LIMA, 2004). A prematuridade

é responsável por 75% a 95% dos óbitos neonatais, quando excluídas as malformações

congênitas, e 50% das anormalidades neurológicas. Recém-nascidos prematuros têm um risco

40 vezes maior de óbito neonatal quando comparados com os recém-nascidos a termo

(DÓRIA; SPAUTZ, 2011).

Page 45: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 43

Hemorragia pós-parto

A hemorragia pós-parto é caracterizada por uma perda de sangue estimada de mais de

500 mL após parto vaginal ou maior que 1000 mL após cesariana durante as primeiras

24 horas pós-parto e, dentre as principais causas de hemorragia pós-parto, a atonia uterina, ou

seja, o fracasso do útero em contrair totalmente após a saída da placenta continua a ser a de

maior incidência (MUÑOZ et al., 2012). A hemorragia pós-parto é apresentada como

imediata (primária) e tardia (secundário). A hemorragia pós-parto primária ocorre dentro das

primeiras 24 horas após o parto, enquanto a hemorragia pós-parto secundária ocorre entre

24 horas e 6 semanas após o parto (CHELMOW, 2011). A OMS relata que a hemorragia

obstétrica é responsável por cerca de 127 mil mortes por ano em todo o mundo e é a principal

causa mundial de mortalidade materna.

Os casos citados acima estão diretamente relacionados às atividades anormais da

musculatura uterina. Sabe-se que a atividade muscular uterina é independente da inervação

extrínseca, e essa atividade contraturante pode ser desencadeada por diversos mecanismos

como os citados anteriormente, no entanto, são considerados também como fatores

importantes nesses processos a influência hormonal, dentre elas a ação do estrógeno,

progesterona, prostaglandinas, ocitocina, entre outros (SNELL, 1999; JACOB; FRANCONE;

LOSSOW, 1990; LIMA, 2004). Nesse aspecto, agentes que promovam contrações ou que as

iniba tem seu valor significativo quando destinado ao tratamento específico nas diversas fases

das contrações miometriais.

Alterações associadas à anormalidade da motilidade uterina variam relativamente entre

gravidades menores e as que levam ao risco de morte (BRODY; MINNEMAN; WECKER,

2006). O foco para a terapia farmacológica é escolhido de acordo com a necessidade

primordial apresentada. Os fármacos utilizados na terapêutica para tratar as complicações

decorrentes das contrações uterinas anormais podem ser classificados funcionalmente como:

drogas que promovem a contração uterina utilizadas para a indução e aumento do trabalho de

parto, para tratar a hemorragia pós-parto e atonia uterina denominadas de drogas uterotônicas

ou espasmogênicas; enquanto que as drogas que promovem a latência uterina ou relaxamento,

inibe as contrações uterinas para impedir o trabalho de parto prematuro e diminui as

contrações miometriais que provocam as cólicas uterinas, são denominadas como drogas

tocolíticas ou espasmolíticas (PAYTON; BRUCKER, 1999; MOHAN; BENNETT, 2006).

Page 46: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 44

3.7 Fármacos uterotônicos e tocolíticos

3.7.1 Fármacos uterotônicos

Agentes uterotônicos são definidos como fármacos que produzem contração uterina e

estes fármacos podem ser utilizados na terapêutica ou profilaxia de distúrbios uterinos.

Existem três principais usos clínicos para os estimulantes uterinos: induzir aborto terapêutico,

induzir ou aumentar as contrações durante o parto e diminuir a perda sanguínea após

eliminação da placenta a fim de prevenir ou interromper a hemorragia pós-parto (LIMA,

2004; BRODY; MINNEMAN; WECKER, 2006).

De acordo com a literatura existem diversos agentes uterotônico, além de efetores

intracelulares que são conhecidos por serem cruciais para desencadear uma contração

eficiente no músculo liso uterino como os agonistas dos receptores muscarínicos, a ocitocina,

bem como o seu análogo, a carbetocina, as prostaglandinas das famílias E (PGE2) ou F

(PGF2α) além dos seus análogos, alcalóides do ergot como a ergometrina e a metilergonovina

(methergine) e antagonistas dos receptores de progesterona, dos quais a mifepristona é a mais

amplamente utilizada e alguns desses são medicamentos específicos ou grupos de

medicamentos utilizados clinicamente para estimular a contratilidade uterina (DITTRICH et

al., 2009; MUÑOZ et al., 2012).

Ocitocina

A ocitocina é o mais potente e específico dos estimulantes uterinos é um hormônio

sintetizado no hipotálamo e estocado na pituitária, é conhecido por agir direta e indiretamente

estimulando a contração do músculo liso uterino e é amplamente utilizado para estimular as

contrações uterinas durante o trabalho de parto bem como para evitar hemorragia pós-parto

(WILLETS, 2009). Como um agente farmacológico a ocitocina pode produzir efeitos

similares à ocitocina endógena, aumentando a força e duração das contrações do miométrio

(MOHAN; BENNETT, 2006).

A ocitocina promove contrações uterinas, aumentando a concentração de Ca2+

i na célula

do miométrio (PAYTON; BRUCKER, 1999) (Figura 7). Os efeitos fisiológicos da ocitocina

são primariamente mediados através de um GPCR específico, por meio do receptor da

ocitocina (OTR). O peptídeo liga-se a uma proteína G, preferencialmente a da classe Gαq/11,

Page 47: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 45

na superfície do miócito uterino, resultando na geração de DAG e IP3, através da ação da PKC

sobre o PIP2. DAG estimula a síntese de prostaglandina (PG), seguido por fluxo de Ca2+

extracelular através dos Cav e o IP3 estimula a libertação de cálcio do retículo sarcoplasmático

(WILLETS, 1999; DYER; VAN DYK; DRESNER, 2010). A ocitocina também estimula um

aumento de fosfolipase A2 (PLA2) no citoplasma e induz a atividade de ciclooxigenase-2

(COX-2), as duas principais enzimas de biossíntese de PG (DYER; VAN DYK; DRESNER,

2010; GRUBER; O’BRIEN, 2011).

A ocitocina geralmente é utilizada para induzir ou estimular o trabalho de parto no final

da gestação, sendo bem menos útil no início da gestação, fato esse associado ao aumento da

concentração dos OTR no miométrio à medida que avança a gestação, aumentando a

sensibilidade à ocitocina por meio da regulação positiva dos níveis de RNA mensageiro

(RNAm) do receptor da ocitocina (BRODY; MINNEMAN; WECKER, 2006; MOHAN;

BENNETT, 2006; DYER; VAN DYK; DRESNER, 2010).

Figura 7 – Influência da ocitocina nas células do miométrio

Fonte: adaptada de DYER; VAN DYK; DRESNER, 2010.

Prostaglandinas

As prostaglandinas (PGs) são ramificações de uma grande família de compostos

endógenos biologicamente ativos (PAYTON; BRUCKER, 1999), membros da família dos

eicosanóides, derivados do ácido araquidônico (AA) por meio da conversão do AA pela

Page 48: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 46

enzima ciclooxigenase (COX) que possui duas isoformas, a COX-1, forma constitutiva,

promove a produção de eicosanóides que são responsáveis por processos fisiológicos,

enquanto que a COX-2, forma induzida, é responsável por alterações observadas com a

inflamação (RANG et al., 2007). As PGs são sintetizadas dentro das membranas fetais

humanas (âmnio e córion), além do miométrio, particularmente durante a segunda fase do

ciclo menstrual, capazes de modular contrações uterinas (GROOM, 2007; ARROWSMITH;

KENDRICK; WRAY, 2010) e, por isso, desempenham um papel importante no trabalho de

parto atuando na estimulação da contratilidade do miométrio, amadurecimento do colo uterino

e vasoconstrição tendo também participações sobre as cólicas uterinas na fase menstrual, mais

conhecida como dismenorréias (NOVAK; BEREK, 2005). Sendo as membranas fetais uma

fonte importante de PGs, eventos que levam ao início da contratilidade uterina, seja

dismenorréia ou trabalho de parto prematuro, são caracterizados pelo aumento significativo de

PGs, tendo como percursor o AA e pensa-se que a isoforma COX-2 é de importância na

produção dessas PGs intrauterinas. Seus efeitos são mediados através da ligação com GPCR e

a ativação dos canais para Ca2+

na membrana celular e, dentro desse grupo, as prostaglandinas

de maior interesse, tanto relacionado com a contratilidade, quanto com o relaxamento uterino,

são as prostaglandinas E2 (PGE2), prostaglandinas F2α (PGF2α) e prostaciclina (PGI2).

(MOHAN; BENNETT, 2006; GROOM, 2007; SU, 2012).

As ações das PGs são mediadas por receptores específicos nas membranas plasmáticas

de células alvo que levam à estimulação do segundo mensageiros distintos. Os receptores de

prostaglandinas são classificados em cinco subtipos (DP, EP, FP, IP e TP) com base na sua

sensibilidade para os cinco prostanóides primários (PGD2, PGE2, PGF2α, PGI2, e TXA2),

respectivamente (PALLISER et al., 2005). O acoplamento dos receptores de PGs ao seu

ligante específico, ativa vias intracelulares distintas podendo levar desde à resposta contrátil

(EP1, EP3, FP, TX) ou ao relaxamento (EP2, EP4, IP, DP). O efeito contráctil das PGs é

baseado na mobilização do Ca2+ e na inibição da atividade da AMPc e além disso, elas agem

mais eficazmente perto de seu local de produção. PGF2α promovem liberação de Ca2+

do RS

por meio da ativação do receptor acoplado à proteína G (Gq/11) ativando a PLC, estimulando a

produção de IP3 e resultando em liberação de Ca2+i acarretando aumento da contratilidade

uterina através do seu próprio receptor. Além disso, dentro do miométrio, a PGF2α promove a

formação da junção-gap e aumenta a expressão dos OTR. A PGI2 atua com vasodilatador,

podendo correlacionar a doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG) a uma

deficiência da PGI2. Já a PGE2 exerce efeito por meio de aumento dependente da

concentração de Ca2+i mediado através dos receptores Gαq, tendo como resultado final o

Page 49: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 47

amadurecimento do colo do útero, seguido de amolecimento, apagamento e dilatação do colo

durante as contrações uterinas. Os efeitos de PGE2 e PGF2α são conduzidos principalmente

através dos receptores EP e os subtipos de receptores FP, respectivamente (VAN GEIJN,

2007; GRUBER; O’BRIEN, 2011). Segundo Mohan; Bennett (2006) a contratilidade in vitro

do miométrio é modulada por meio das PGs via aumento da expressão da junção-gap e do

acoplamento célula-célula.

As principais classes de prostaglandinas utilizadas na terapêutica são dinoprostona

(PGE2), gemeprost, análogo da PGE1, dinoprost (PGF2α), carboprost, análogo da PGF2α e

misoprostol, análogo da PGE1 (MOHAN; BENNETT, 2006).

As prostaglandinas assim como a ocitocina atuam promovendo a contratilidade uterina,

no entanto, as prostaglandinas podem promover aumento da contratilidade uterina em

qualquer período da gestação dessa forma é possível utilizá-la para esvaziamento uterino na

presença de aborto nas primeiras semanas de gravidez, no segundo trimestre e nos casos de

morte fetal intra-uterina (PAYTON; BRUCKER, 1999; RANG et al., 2007).

Alcalóides do ergot (derivado da ergotamina)

Alcalóides do Ergot, ou alcalóides derivados da cravagem do centeio, originados a partir

do fungo Claviceps purpurea, foi a primeira droga ocitócita eficaz. Quando a ocitocina não

consegue produzir tônus uterino adequado, uma terapia de segunda escolha, não havendo

contra-indicação, é iniciada principalmente na terceira fase do trabalho de parto para o

tratamento das complicações associadas à contração muscular lisa uterina como a hemorragia

pós-parto e atonia uterina. Dentre eles, metilergonovina (Metergin) e ergometrina são

utilizados como uma nova alternativa visto que eles promovem rapidamente fortes contrações

uterinas do tipo tônico-sustentadas, sendo desaconselhável para utilização durante o início do

trabalho de parto. Ergometrina e metilergonovina são agonistas parciais dos receptores

α-adrenérgicos, 5HT-1, e os receptores de dopamina, contudo, pouco se sabe acerca do

mecanismo de ação, o que se sugere que seja feito através de canais para Ca2+

ou um receptor

do tipo α-adrenérgico no miométrio (BREATHNACH; GEARY, 2009; DYER; VAN DYK;

DRESNER, 2010; SU, 2012).

Page 50: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 48

Antagonistas dos receptores de progesterona

A progesterona é um hormônio esteróide, produzido principalmente pelo corpo lúteo

dos ovários e placenta, responsável por preparar o revestimento do útero para a implantação

de um óvulo fertilizado (GRUBER; O’BRIEN, 2011) e importante regulador para o

estabelecimento e manutenção da gravidez (LEE et al., 2006) atuando através de receptores

intracelulares, receptores de progesterona (RP) que fazem parte da "super família" de

reguladores ligante ativadores de transcrição (PAŘÍZEK; KOUCKÝ; DUŠKOVÁ, 2013).

Tanto em animais quanto em humanos, a progesterona tem sido estabelecida como um dos

principais agentes inibidores responsáveis pela quiescência uterina e estudos em animais

demonstram que a retirada ou diminuição dos níveis da progesterona é o fator responsável

pela iniciação do trabalho de parto (MOHAN; BENNETT, 2006). Diferente da maioria das

outras espécies, o parto em seres humanos ocorre sem uma diminuição nos níveis de

progesterona seja nos fluidos maternos, fetal ou líquido amniótico, sugerindo que a retirada da

progesterona não é necessária. No entanto, estudos mostram que o uso de um antagonista dos

RP induz ao trabalho de parto em todas as fases da gravidez humana podendo ser utilizado

com agente abortivo, sugerindo que o trabalho de parto humano envolve uma forma de

retirada de progesterona que não depende de uma diminuição dos níveis circulantes da mesma

e outros mecanismos (MESIANO; WELSH, 2007).

Mifepristona (RU486) é um antagonista competitivo nos receptores de progesterona,

seu uso consiste na retirada farmacológica da progesterona consequentemente associada com

o inicio do trabalho de parto, e tem sido utilizada clinicamente para facilitar a interrupção da

gravidez no primeiro trimestre. A mifepristona atua na síntese de PG e é conhecida por

diminuir os níveis de prostaciclina (PGI2), consequentemente, promovendo um aumento na

contratilidade uterina (MOHAN; BENNETT, 2006; ZAKAR; HERTELENDY, 2007). Para

indução do aborto terapêutico é utilizada juntamente com um análogo de prostaglandina,

normalmente o misoprostol (GEMZELL-DANIELSSON; BYGDEMAN; ARONSSON,

2006).

Agonista dos receptores muscarínicos

Em muitos tecidos musculares lisos populações mistas de receptores muscarínicos do

tipo M2 e M3 estão presentes. Por outro lado, tem havido pouca investigação sobre os

principais tipos de receptores muscarínicos presentes em útero de ratos e humanos. A

Page 51: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 49

contração uterina em resposta, por exemplo, a acetilcolina (ACh), um agonista dos receptores

muscarínicos, tem sido observado em vários mamíferos, incluindo ratos, suínos e humanos.

Este efeito é mediado através da interação de acetilcolina com os receptores muscarínicos e

sabe-se que existem vários subtipos de receptores muscarínicos (M1, M2, M3, M4, M5), que

são expressos em muitos tecidos. O músculo liso de muitas espécies mostra que populações

heterogéneas de receptores muscarínicos tanto M2 quanto o M3 estão envolvidos na função

contrátil. Em membranas de útero de rato, os receptores muscarínicos do tipo M2 e do tipo M3

foram detectados, no entanto, os receptores muscarínicos que medeia a contração no tecido

miometrial humano não é bem caracterizado (PENNEFATHER; GILLMAN;

MITCHELSON, 1994; DITTRICH et al., 2009).

Embora os receptores muscarínicos do tipo M2 e M3 sejam mais numerosos dentro no

músculo liso, estudos farmacológicos indicaram que a sinalização do receptor do tipo M3 é o

responsável pela maior parte da contração desencadeada no músculo liso induzida por

agonista muscarínico no trato urogenital inferior, incluindo a bexiga e o útero. A ativação dos

receptores muscarínicos do tipo M3 acoplados a proteína Gq/11 estimula a contração do

músculo liso dependente do Ca2+

através da cascata de PIP2, o que resulta na geração de IP3.

O IP3 por sua vez estimula a liberação de Ca2+

dos estoques intracelulares do RS essa

liberação promove um aumento na concentração de Ca2+

i promovendo a fosforilação da

cinase da cadeia leve de miosina, que leva ao evento da contração do músculo liso (BASHA

et al., 2008).

3.7.2 Fármacos tocolíticos

Ao contrário dos agentes uterotônicos, os tocolíticos são medicamentos utilizados para

inibir as contrações uterinas. Eles são usados para relaxar o útero no caso das dismenorréias,

para prevenir ou atrasar o parto prematuro, para retardar o trabalho de parto quando há

necessidade de transporte da mãe para uma unidade de cuidados especializados ou para

permitir tempo suficiente para implementação de outras modalidades de tratamento tal como

administração de esteróides para maturação do pulmão fetal. A maioria dos tocolíticos

promove sua ação por meio da estimulação do AMPC que, por sua vez, inibe a MLCK e essa

redução diminui a concentração de cálcio intracelular, produzindo o relaxamento do

miométrio (PAYTON; BRUCKER, 1999).

Apesar dos inúmeros estudos desenvolvidos nessa área, ainda não há um consenso sobre

qual dentre eles é o melhor agente tocolítico para a terapêutica. Entre os tocolíticos utilizados

Page 52: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 50

atualmente estão os agonistas dos receptores β-adrenérgicos, bloqueadores dos canais para

cálcio, inibidores da síntese de PG/anti-inflamatórios não esteroidais (AINE), antagonista dos

receptores para ocitocina (atosiban) e sulfato de magnésio (GYETVAI, et al., 1999; OEI,

2006; GROOM, 2007; ARROWSMITH; KENDRICK; WRAY, 2010).

Agonistas dos receptores β-adrenérgicos

Os agonistas β-adrenérgicos, incluem fenoterol, ritodrina, salbutamol e terbutalina, são

agonistas não seletivos, atuando em ambos receptores β1 e β2. Porém, no miométrio, os

receptores do tipo β2 estão presentes com mais predominância, mediando o relaxamento pela

ativação da adenilil cilcase, promovendo aumento do AMPc resultando em alterações no

balanço de cálcio, em conjunto com a inibição da MLCK (MOHAN; BENNETT, 2006), ou

seja, as interações com os receptores locais específicos causam aumento na produção

intracelular de AMPc, resultando na redução da concentração de Ca2+

i, onde os níveis mais

baixos de Ca2+ inibem a ativação do mecanismo contrátil das proteínas actina e miosina que,

por sua vez, resulta no relaxamento do miométrio (LAM; GILL, 2005). Embora

β-adrenérgicos reduzam as contrações uterinas, eles parecem não ter qualquer efeito sobre o

amadurecimento do colo do útero ou das membranas fetais (GROOM, 2007). O uso desse tipo

de medicamento necessita de avaliação prévia e monitoramento contínuo devido ao fato de

que os receptores β-adrenérgicos estão presentes em vários tecidos humanos, além do

miométrio uterino, e a consequente falta de especificidade do útero significa que algumas

dessas drogas podem exercer efeitos em outros locais do corpo e, por isso, diversos estudos

têm destacado questões de segurança ao usar esses medicamentos para tratamento do parto

prematuro, particularmente com relação a eventos cardiovasculares maternos (OEI, 2007).

Sulfato de magnésio

O sulfato de magnésio atua promovendo o relaxamento da musculatura tendo sido

utilizado desde há muito em obstetrícia como tocolítico ou como profilaxia para a eclampsia,

quando a pré-eclâmpsia existe (PAYTON; BRUCKER, 1999). Embora o mecanismo de ação

não esteja completamente esclarecido fisiologicamente, existe um antagonismo entre

magnésio (Mg2+

) e Ca2+

, o Mg2+

promove uma redução na entrada de Ca2+

através do

bloqueio na membrana dos canais para Ca2+

, dentre eles o do tipo L e consequentemente

redução desse íon no meio intracelular, esse antagonismo causa diminuição da disponibilidade

Page 53: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 51

de Ca2+

o que diminui a contratilidade do miométrio e talvez essa seja uma das suas principais

ações (ARROWSMITH; KENDRICK; WRAY, 2010).

Outros bloqueadores dos canais para cálcio – nifedipina

Bloqueadores dos canais para cálcio são normalmente usados no tratamento da

hipertensão e exercem o seu efeito através do bloqueio do influxo transmembranar de Ca2+

por meio dos Cav do tipo L e também pela ligação a proteínas de ligação de cálcio intracelular

(MOHAN; BENNETT, 2006; GROOM, 2007). Como se sabe, a contração no músculo liso é

decorrente no aumento da concentração de Ca2+

i, portanto, um decréscimo resultante na

concentração de Ca2+

i leva a inibição da interação actina-miosina e, por conseguinte,

diminuição da contratilidade do miométrio. Devido a sua capacidade em relaxar o músculo

liso, os bloqueadores do canal para Ca2+

, em particular a nifedipina, são amplamente

utilizados como agentes tocolíticos (ABRAMOVICI; CANTU; JENKINS, 2012).

Inibidores da síntese de prostaglandinas – indometacina; inibidores seletivos da COX

Como citado anteriormente, as PGs desempenham um papel importante nos

mecanismos que levam a iniciação e manutenção do trabalho de parto, seja ele a termo ou pré-

termo. Fármacos que inibem a produção das prostaglandinas funcionam como tocolíticos,

inibindo o mecanismo de ação que leva a contração uterina por meio da participação das PGs,

ou seja, inibição da enzima COX responsável pela conversão do ácido araquidônico em

prostaglandinas, nesse caso, a indometacina, um inibidor não seletivo da COX, bem como os

inibidores seletivos da COX, funcionam como importantes agentes tocolíticos (GROOM,

2007).

Indometacina

A indometacina atua como inibidor não seletivo da COX mais amplamente utilizado

como tocolítico e tem efeito inibidor reversível na contratilidade do miométrio. Foi o primeiro

anti-inflamatório não-esteroidal a ser utilizado e por ser não seletivo e esta classe de drogas

potencialmente inibe tanto a COX-1 e COX-2. A indometacina também pode inibir a

contratilidade do miométrio através do bloqueio direto dos canais para cálcio nesse tecido

(MOHAN; BENNETT, 2006).

Page 54: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 52

Inibidores seletivos da COX

Inibidores seletivos da COX, particularmente da COX-2, foram inicialmente

desenvolvidos e comercializados pela indústria farmacêutica para tratar condições tais como

artrite reumatóide e osteoartrite. Estudos recentes têm sido desenvolvidos para comparar os

efeitos causados pelos dos inibidores seletivos da COX-2 com os causados pela indometacina,

sendo essa um inibidor não seletivo da COX. Dentre os fármacos estudados estão a

nimesulida, celecoxib (Celebrex®) e rofecoxib (Vioxx

®), que foram testados quanto ao uso

como agente tocolítico (GROOM, 2007; ABRAMOVICI; CANTU; JENKINS, 2012).

Antagonista dos receptores para ocitocina – atosiban

A ocitocina tem um papel fundamental quando se trata do início do trabalho de parto

tanto a termo quanto na atividade uterina prematura. Mulheres em situação de trabalho de

parto prematuro estão mais suscetíveis a uma maior sensibilidade à ocitocina e uma maior

concentração de OTR em comparação com as mulheres em idade gestacional semelhante, mas

que não estão em trabalho de parto (ARROWSMITH; KENDRICK; WRAY, 2010).

Atosiban, é um peptídeo sintético, atua como antagonista competitivo dos OTR e

vasopressina, se ligando aos OTR no miométrio e potencialmente também nas membranas

fetais (MOHAN; BENNETT, 2006), portanto, a inibição do receptor para ocitocina conduz a

uma redução no influxo de Ca2+

extracelular, bem como a liberação das reservas de Ca2+i

causando a inibição da contratilidade. Assim como os β-adrenérgicos, o modo de ação do

atosiban é na contratilidade do miométrio e não tem nenhum efeito sobre outros aspectos do

processo de trabalho de parto (GROOM, 2007).

3.8 Plantas com ações uterotônicas e tocolíticas

Por mais que algumas plantas sejam usadas pela medicina tradicional como adjuvante

em problemas de saúde, alguns destes medicamentos têm efeitos prejudiciais secundários. A

natureza dessas ações pode envolver a modulação, por exemplo, das contrações uterinas,

resultando quer na estimulação (uterotônico) ou inibição (tocolítico) de contrações musculares

miometriais (GRUBER; O’BRIEN, 2011).

Desse ponto de vista, o uso de medicamentos fitoterápicos, em casos específicos como a

gravidez pode causar danos irreversíveis tanto à mãe quanto ao feto. Além disso, as

Page 55: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 53

informações sobre a segurança de utilização destes produtos durante esse período ou estudos

que comprovem sua eficácia ainda são escassas (CLARK; RATES; BRIDI, 2007).

Em países onde a medicina tradicional é inacessível para a população rural ou muito

cara para a comunidade, a maioria dos habitantes depende de remédios tradicionais à base de

plantas. Não diferente quando se trata da população feminina, cujo costume popular leva ao

uso dessas preparações em situações que vão desde doenças comuns até no tratamento de

desordens menstruais, auxílio no trabalho de parto e prevenção de complicações relacionadas

ao pós-parto.

3.8.1 Plantas com ação uterotônica

A utilização de fitoterapia para aliviar problemas associados com condições

ginecológicas da menstruação e menopausa, para apoiar a saúde durante a gravidez e para

facilitar o parto é comum entre muitas culturas tradicionais (GRUBER; O’BRIEN, 2011).

Contudo, essas mesmas plantas utilizadas para fins terapêuticos podem apresentar efeitos que

são desconhecidos e que podem gerar transtornos para as mulheres principalmente durante a

gestação (RODRIGUES et al., 2011). O fato de os medicamentos tradicionais poderem ter

efeitos uterotônicos é uma consideração importante de saúde pública.

As plantas medicinais com propriedades uterotônicas possuem a mesma finalidade

quando do uso de fármacos que promovem a contratilidade uterina. Muitas preparações são

usadas com finalidade de provocar abortos, tratar problemas menstruais ou para conduzir o

trabalho de parto prolongado. Decocções de Agapanthus africanus e Clivia miniata são

usadas como agentes uterotônicas na medicina tradicional da África do Sul (VEALE;

OLIVER; HAVLIK, 2000); concentrações altas de Ficus exasperata foram utilizadas para

estimular o aumento da contratilidade uterina in vitro em ratas (BAFOR; OMOGBAI;

OZOLUA, 2009); o extrato obtido de Plumeria rubra (Linn) foi testado quanto à atividade

abortiva em ratas albinas (DABHADKAR; ZADE, 2012); Ricinus communis e Euclea

divinorum são tradicionalmente usados por parteiras do Quênia para induzir ou aumentar o

trabalho de parto, conduzir o trabalho de parto prolongado, como também reter hemorragia

pós-parto (KAINGU; ODUMA; KANUI, 2012).

Na cultura brasileira, diversas substâncias que são isoladas de vegetais considerados por

muitos como medicinal possuem inúmeras atividades não compatíveis com sua função

primária podendo ser citotóxicas ou genotóxicas e/ou mostram relação com a incidência de

tumores e abortos. Exemplos práticos são a arruda (Ruta graveolens), que pode provocar

Page 56: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 54

aborto e fortes hemorragias e é considerada a planta de maior uso para prática do aborto; alho

(Allium sativum), aloe (Aloe ferox), cânfora (Cinnamomum canphora), confrei (Symphitum

officinalis), eucalipto (Eucaliptus globulus), gengibre (Zingiber officinalis) e sene (Cassia

angustifolia e Cassia acutifolia) podem ser abortivas por estimularem a motilidade uterina.

Além dessas, alguns óleos essenciais também devem ser evitados principalmente no primeiro

trimestre da gravidez como, os provenientes de bétula (Betula alba), cedro (Cedrela

brasiliensis), erva-doce (Pimpinella anisum), jasmim (Jasminum officinalis), manjericão

(Origanum basilicum), manjerona (Majorana hortensis), tomilho (Thymus vulgaris), rosa

(Rosa sp.) e lavanda (Lavanda angustifolia) (VEIGA Jr. et al., 2005; CLARK; RATES;

BRIDI, 2007).

3.8.2 Plantas com ação tocolítica

Quando se trata de ações espasmolítica ou tocolítica a medicina tradicional busca a

utilização de compostos ativos que promovam essa ação no organismo com objetivo de

prevenir ou tratar complicações decorrentes da contratilidade uterina. A maioria das pesquisas

sobre plantas com ação tocolítica direciona-se para obter compostos farmacologicamente

ativos que produzam o efeito desejado.

As cólicas uterinas e partos pré-maturos são problemas que acometem muitas mulheres

no mundo inteiro. Tentar descobrir alguma substância que possa prevenir ou até curar esses

problemas é de extrema importância.

A ampla gama de tocolíticos em uso é um testemunho do fato de que ainda não se

possui uma droga ideal. Portanto, o desenvolvimento de novos agentes tocolíticos seguros e

eficazes é um importante tema de pesquisas que vem sendo desenvolvidas continuamente.

Pesquisas realizadas para comprovar o uso das plantas como ferramentas terapêuticas

medicinais mostram que algumas espécies possuem compostos promissores com propriedades

tocolíticas como, por exemplo, o estudo realizado por Alencar Cunha et al. (2003)

identificando que o óleo de Copaifera langsdorfii, possui um diterpeno com atividades

relaxante sobre o músculo liso uterino de ratas frente a contrações induzidas por agonistas

como ocitocina e acetilcolina; o chá das folhas de Duguetia furfuraceae (At. Hil) B. et. H.,

conhecida como marolinho, araticum-do-campo, ata brava, é indicado para combater

dismenorréia (TOLEDO, 2006); Agave americana L é utilizada para tratar dismenorréia,

Matricaria chamomilla, ou camomila, usada para tratar cólicas uterinas (OSOSKI et al.,

2002). Pesquisas feitas por Shih; Hsu; Yang (2009) evidenciaram o efeito tocolítico das raízes

Page 57: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A | 55

da erva chinesa Scutellaria baicalensis; o extrato metanólico e clorofórmio de Curcuma

aeruginosa Roxb. exerceram efeito tocolítico sobre o útero de ratas pré-tratadas com

estrogênio (THAINA et al., 2009).

Novas alternativas de tratamento médico continuam sendo alvos de interesses e estudos,

principalmente quando essas alternativas consistem no uso de plantas medicinais em suas

diversas apresentações, visto que muitos pacientes ainda preferem de certa forma essa

modalidade de tratamento.

O músculo liso é o principal tipo de músculo que controla o funcionamento da maioria

dos órgãos ocos do organismo, assim uma droga que venha a interferir em quaisquer dos

mecanismos que levam à contração nos músculos lisos, poderá vir a ser bastante útil, uma vez

que substâncias espasmogênicas têm uma aplicação funcional e importante em vários

processos fisiopatológicos, tais como: auxilio na promoção de contrações uterinas em trabalho

de parto prolongado, na prevenção da hemorragia pós-parto por fatores como atonia uterina,

na expulsão da placenta quando os mecanismos fisiológicos não contemplam a realização do

processo, e todas as outras ações que necessitem de contrações musculares.

A pesquisa por produtos naturais pode dar contribuições substanciais para inovação das

drogas, uma vez que o estudo das plantas medicinais poderá provê não só o entendimento dos

mecanismos de ação, como a descoberta de novas estruturas químicas e consequentemente o

desenvolvimento de novos fármacos.

Page 58: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

MATERIAL E MÉTODOS

Page 59: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

M A T E R I A L E M É T O D O S | 57

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 MATERIAL

4.1.1 Material Botânico

A espécie Erythroxylum caatingae Plowman foi coletada no povoado de Caboclo,

latitude 08°28’44,70’’S, longitude 040°56’09,50’’W, altitude 582 m, na estrada para a

Fazenda Boqueirão no município de Afrânio, estado de Pernambuco. O material botânico foi

identificado pelo Prof. Dr. José Alves Siqueira Filho, da Universidade Federal do Vale do São

Francisco (UNIVASF) e uma exsicata da planta está depositada no Herbário da UNIVASF –

HVAFS, sob o n°13965 (Figura 8 A e B).

Foram utilizados extratos brutos obtidos das partes aéreas (folhas) da espécie

Erythroxylum caatingae Plowman, fornecidos pelos nossos colaboradores do setor de química

do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Plantas Medicinais (NEPLAME), do Laboratório de

Pesquisas do Vale do São Francisco (LAPEVALE) e do Instituto de Pesquisas em

Substâncias Bioativas (IPESB) da Universidade Federal do Vale do São Francisco

(UNIVASF).

Page 60: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

M A T E R I A L E M É T O D O S | 58

Figura 8 – Exsicata da espécie Erythroxylum caatingae Plowman.

Foto: Fernanda Ribeiro.

B

A

Page 61: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

M A T E R I A L E M É T O D O S | 59

4.1.2 Animais

Foram utilizadas ratas Wistar virgens (Rattus norvegicus) pesando entre 150 e 250 g,

procedentes do Biotério Central da UNIVASF.

Antes dos experimentos todos os animais eram mantidos em gaiolas de polipropileno

com ventilação e temperatura (22 1 C) controladas e constantes, submetidos diariamente a

um ciclo claro-escuro de 12 horas, com a fase de luz iniciando às 6:00 horas e terminando às

18:00 horas, sob rigoroso controle alimentar com uma dieta balanceada a base de ração tipo

“pellets” com livre acesso a água (disponível em frascos de vidro com bicos apropriados) até

60 minutos antes dos experimentos. Todos os experimentos foram realizados no período entre

7:00 horas às 19:00 horas.

4.1.3 Aspectos éticos

Todos os protocolos experimentais propostos respeitaram os critérios éticos de

experimentação animal preconizados pela Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de

Laboratório (SBCAL/COBEA), International Council for Laboratory Animal Science

(ICLAS) e pela Lei no. 11.794, de 8 de outubro de 2008. Além disso, o presente projeto foi

submetido à análise pelo Comitê de Ética e Deontologia em Estudos e Pesquisa da

Universidade Federal do Vale do São Francisco (CEDEP-UNIVASF), de acordo com o

Protocolo nº 0002/131211 (Anexo A).

Page 62: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

M A T E R I A L E M É T O D O S | 60

4.1.4 Substâncias e Sais

Todas as substâncias e sais utilizados estão descritos no quadro a seguir.

Quadro 1 – Substâncias, sais e seus fornecedores.

SUBSTÂNCIAS FORNECEDORES

Atosiban

Sigma-Aldrich (St. Louis, MO, USA).

Cloridrato de Acetilcolina (ACh)

Cremofor EL

Dietilestilbestrol

Indometacina

Sulfato de atropina

Cloreto de Cálcio Di-hidratado

(CaCl2.2H2O)

Isofar, Brasil

Cloreto de sódio (NaCl) Vetec, Brasil

Glicose (C6H12O6),

Cloreto de potássio (KCl) Dinâmica

Dimetilsulfóxido (DMSO) Cromato produtos químicos

Bicarbonato de sódio (NaHCO3) Proquímicos

Etanol Absoluto

Ocitocina União Química

4.1.5 Soluções Nutritivas

Para os experimentos de contração e relaxamento do músculo liso isolado utilizou-se

solução nutritiva de Locke Ringer, aerada com mistura carbogênica (95 % de O2 e 5 % de

CO2). O pH era ajustado para valores entre 7,2 e 7,4 com solução de HCl ou NaOH (1N) e

mantida a temperatura constante de 32 ± 1ºC. A composição desta solução está descrita a

seguir (Tabela 1).

Page 63: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

M A T E R I A L E M É T O D O S | 61

Tabela 1 – Composição da solução Locke Ringer.

Substâncias Concentração (mM)

NaCl

KCl

CaCl2.2H2O

Glicose

NaHCO3

154,0

5,63

2,16

5,55

5,95

4.1.6 Aparelhos

Para registro das contrações isotônicas os segmentos de útero isolado foram suspensos

em cubas (10 mL) de um sistema de banho para órgãos isolados modelo EFF-321 (Insight

Instruments, Brasil). Para o monitoramento das contrações foram utilizados transdutores de

força modelo TRO015 (Panlab

, s.l., Espanha) e Fort 15 (WPI

, USA) acoplados a um

amplificador de força do tipo “bridge system” (Insight

, Brasil), conectado a um computador.

Para aferição do pH das soluções nutritivas utilizou-se um pHmetro digital modelo

pH250 (Policontrol

, Brasil). Todas as substâncias foram pesadas em balança analítica

modelo FA2104N (Celtac

, Brasil) ou semi-analítica modelo MARK300 (Bel

, Brasil) e os

animais em balança comum modelo 9094C/4 (Toledo

, Brasil).

4.1.7 Preparo dos extratos da espécie vegetal, bem como das drogas e reagentes para os

ensaios farmacológicos.

4.1.7.1 Extratos

Os extratos foram solubilizados em cremofor EL na concentração de 3 % (P/V) e

diluídos em água destilada (pH 7,0) para obtenção da solução-estoque (10 mg/mL) a qual foi

armazenada em um “freezer”, entre -18° e -20° C, sendo novamente diluída em água destilada

de acordo com a necessidade de cada protocolo experimental. A concentração final de

cremofor na cuba nunca excedeu 0,01 % (V/V). Nessa concentração, o cremofor não

apresenta efeito relaxante significante em útero isolada de rata, de acordo com dados obtidos

em experimentos anteriores realizados em nosso laboratório.

Page 64: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

M A T E R I A L E M É T O D O S | 62

4.1.7.2 Drogas e Reagentes

Todas as drogas e reagentes foram armazenadas na temperatura padrão exigida,

dissolvidos e diluídos em água destilada e as soluções-estoque armazenadas a -20°C na

concentração de 10-2

M, sendo diluídas conforme a necessidade dos protocolos. Exceto a

indometacina foi dissolvida e diluída em solução de DMSO a 0,6% para obtenção da solução

estoque com concentração de 10-2

M. O dietilestilbestrol foi dissolvido em etanol para

obtenção da solução estoque (10 mg/mL) e diluído novamente em etanol para obtenção da

solução final (1 mg/mL).

4.2 MÉTODOS

4.2.1 Estudo da possível atividade espasmogênica do extrato etanólico bruto de

Erythroxylum caatingae Plowman (Ec-EtOH) em útero isolado de rata.

4.2.1.1 Preparação do útero para a realização do experimento

As ratas, 24 h antes do início dos experimentos, foram tratadas com dietilestilbestrol,

administrado por via subcutânea, na dose de 1 mg/kg para indução do estro. Decorrido este

tempo, eram eutanasiados por deslocamento cervical e a cavidade abdominal aberta para

dissecção do útero, o qual era colocado em uma placa de Petri contendo solução nutritiva de

Locke Ringer a 32 C aerada com mistura carbogênica (95% O2 e 5 % CO2) para retirada de

tecido conectivo e limpeza. Em seguida, os dois cornos uterinos eram separados por meio de

uma incisão, abertos longitudinalmente para obter tiras de tecido uterino de 2 centímetros de

comprimento, e suspensos verticalmente, por meio de um fio de algodão em cubas de vidro

(10 mL), ligados a transdutores de força acoplados a um sistema de banho de órgãos.

Para estabilização da preparação, esta era mantida em repouso por 60 minutos antes do

contato com qualquer agente, sob tensão de 1 g, efetuando-se, neste período, a renovação da

solução nutritiva da cuba a cada 15 minutos.

Page 65: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

M A T E R I A L E M É T O D O S | 63

4.2.1.2 Investigação do efeito do Ec-EtOH frente às contrações fásicas induzidas por

10-2

UI/mL de ocitocina ou 10-5

M de acetilcolina.

O útero foi montado como descrito no item 4.2.1.1. Após o período de estabilização de

60 minutos duas contrações isotônicas de magnitudes similares do tipo concentração-resposta

foram induzidas com 10-2

UI/mL de ocitocina ou com 10-5

M de acetilcolina em

concentrações submáximas (controle). Em seguida, na ausência da ocitocina ou acetilcolina, o

Ec-EtOH foi incubado por 15 minutos na concentração de 729 µg/mL. Após esse período e

ainda na presença do Ec-EtOH uma nova curva concentração-resposta foi induzida utilizando

um dos agonistas (Figura 9).

Figura 9 – Esquema do protocolo a ser realizado para investigar o efeito do Ec-EtOH (729 µg/mL)

frente às contrações fásicas induzidas por 10-2

UI/mL de ocitocina ou 10-5

M de acetilcolina.

Page 66: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

M A T E R I A L E M É T O D O S | 64

4.2.1.3 Investigação do efeito do Ec-EtOH sobre as contrações tônicas induzidas por

10-2

UI/mL de ocitocina ou 10-5

M de acetilcolina.

O útero foi montado como descrito no item 4.2.1.1. Após o período de estabilização de

60 minutos duas contrações isotônicas de magnitudes similares do tipo concentração-resposta

foram induzidas com 10-2

UI/mL de ocitocina ou com 10-5

M de acetilcolina em

concentrações submáximas (controle). Após lavagem seguida de um período de 30 minutos

uma nova curva-resposta foi induzida com um dos agonistas e passados 10 minutos da

indução da contração, sobre o tônus da contração, o extrato foi adicionado na cuba na mesma

concentração inicial (729 µg/mL) (Figura 10).

Figura 10 – Esquema do protocolo a ser realizado para investigar o efeito do Ec-EtOH (729 µg/mL)

sobre às contrações tônicas induzidas por 10-2

UI/mL de ocitocina ou 10-5

M de acetilcolina.

Page 67: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

M A T E R I A L E M É T O D O S | 65

4.2.1.4 Investigação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH e o possível processo de

dessensibilização de receptores após aplicações consecutivas do extrato frente às

contrações induzidas por 10-2

UI/mL de ocitocina ou 10-5

M de acetilcolina.

O útero foi montado como descrito no item 4.2.1.1. Após o período de estabilização de

60 minutos duas contrações isotônicas de magnitudes similares do tipo concentração-resposta

foram induzidas com 10-2

UI/mL de ocitocina ou com 10-5

M de acetilcolina em

concentrações submáximas (controle). Em seguida, na ausência da ocitocina ou acetilcolina, o

Ec-EtOH foi incubado na concentração de 729 µg/mL e avaliado os parâmetros como

amplitude máxima (Emax), amplitude média, tempo máximo para se atingir o Emax (Tmax),

frequência das contrações e duração do efeito. Decorrido o tempo de avaliação das contrações

espontâneas produzida pela primeira aplicação do Ec-EtOH e seguida de dois períodos de 15

minutos para lavagem do tecido, uma nova aplicação do Ec-EtOH foi feita e observado

novamente os mesmo parâmetros avaliado na primeira aplicação do Ec-EtOH na mesma

concentração inicial (729 µg/mL).

4.2.1.5 Investigação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH e o possível processo de

dessensibilização de receptores após aplicações consecutivas frente à contração induzida

por 10-2

UI/mL de ocitocina em tecido uterino de ratas após o parto.

Para realização desse protocolo, as ratas foram eutanasiadas 24 horas após o parto

natural e o útero foi montado como descrito no item 4.2.1.1. Após o período de estabilização

de 60 minutos uma contração isotônica do tipo concentração-resposta foi induzida com

10-2

UI/mL de ocitocina em concentração submáxima (controle). Em seguida, na ausência da

ocitocina, o Ec-EtOH foi adicionado na cuba na concentração de 729 µg/mL por 30 minutos e

os parâmetros avaliados foram o Emax, amplitude média e frequência das contrações.

Decorrido o tempo de avaliação da primeira aplicação do Ec-EtOH e seguida de dois períodos

de 15 minutos para lavagem do tecido, uma nova aplicação do Ec-EtOH foi feita para

observar novamente os parâmetros citados anteriormente para a segunda aplicação do

Ec-EtOH na mesma concentração inicial (729 µg/mL).

Page 68: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

M A T E R I A L E M É T O D O S | 66

4.2.2 Investigação do possível mecanismo de ação espasmogênica do Ec-EtOH em útero

isolado de rata.

4.2.2.1 Avaliação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH na ausência e na presença de

atropina.

O útero foi montado como descrito no item 4.2.1.1. Após o período de estabilização de

60 minutos uma contração isotônica foi induzida com 10-5

M de acetilcolina na concentração

submáxima (controle). Em seguida, na ausência da acetilcolina, a atropina foi pré-incubada na

concentração de 10 µM, segundo Kwan et al. (2003) nessa concentração a atropina atua como

um antagonista não seletivo dos receptores muscarínicos. Passado um período de 15 minutos

após pré-incubação das concentrações de atropina, adicionou-se acetilcolina às cubas.

Seguindo o protocolo, após adição de acetilcolina, foram realizadas duas lavagem com espaço

de tempo de 15 minutos entre elas e, em seguida, o Ec-EtOH foi adicionado às cubas na

concentração de 729 µg/mL e avaliado por 30 minutos para observar a presença de possíveis

contrações induzidas pelo extrato. Decorrido o tempo de contato do Ec-EtOH com os tecidos,

seguida de lavagem dos mesmos, uma nova pré-incubação de atropina (10 µM) foi feita por

um período de 15 minutos e, em seguida, adicionado Ec-EtOH (729 µg/mL), observando por

30 minutos se houve contração induzida pelo extrato na presença do antagonista competitivo

dos receptores muscarínicos.

Page 69: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

M A T E R I A L E M É T O D O S | 67

4.2.2.2 Avaliação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH na ausência e na presença de

indometacina.

O útero foi montado como descrito no item 4.2.1.1. Após o período de estabilização de

60 minutos uma contração isotônica foi induzida com 10-2

UI/mL de ocitocina na

concentração submáxima (controle). Em seguida, na ausência da ocitocina, foi pré-incubado

indometacina na concentração de 60 µM, baseado no protocolo feito por Shih et al. (2009),

nessa concentração e indometacina atua como um inibidor não seletivo da ciclooxigenase

(COX). Passado um período de 15 minutos, após pré-incubação da indometacina, adicionou-

se ocitocina às cubas. Seguido de dois períodos de lavagem de 15 minutos de intervalo entre

elas o Ec-EtOH foi adicionado nas cubas na concentração de 729 µg/mL e avaliado por

30 minutos para observação de possíveis contrações induzidas pelo extrato. Decorrido o

tempo contato do Ec-EtOH com o tecido e seguido de lavagem do mesmo, uma nova pré-

incubação de indometacina na concentração de 60 µM foi feita por um período de 15 minutos

e em seguida adicionado Ec-EtOH (729 µg/mL), observando por 30 minutos se houve

contração induzida pelo extrato na presença do inibidor não seletivo da COX.

4.2.2.3 Avaliação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH na ausência e na presença de

atosiban.

O útero foi montado como descrito no item 4.2.1.1. Após o período de estabilização de

60 minutos uma contração isotônica foi induzida com 10-2

UI/mL de ocitocina na

concentração submáxima (controle). Em seguida, na ausência da ocitocina, foi pré-incubado

atosiban, um antagonista competitivo dos receptores para ocitocina, na concentração de

10-7

M, nessa concentração o atosiban é capaz de inibir 50% da contração no tecido em estado

basal (DORET et al., 2003). Passado um período de 15 minutos após pré-incubação do

atosiban, adicionou-se ocitocina as cubas. Seguido de um período de lavagem de 15 minutos o

Ec-EtOH foi adicionado nas cubas na concentração de 729 µg/mL e avaliado por 30 minutos

a presença de contrações induzidas pelo extrato. Decorrido o tempo de observação da ação do

Ec-EtOH sobre o tecido e seguido de lavagem do mesmo, uma nova pré-incubação de

atosiban na concentração de 10-7

M foi feita por um período de 15 minutos e em seguida

adicionado Ec-EtOH (729 µg/mL), observando por 30 minutos se houve contração induzida

pelo extrato na presença do antagonista dos receptores para ocitocina.

Page 70: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

M A T E R I A L E M É T O D O S | 68

4.2.3 Investigação da possível atividade espasmogênica do Ec-EtOH, em diferentes

períodos de gestação das ratas.

Para investigar a atividade espasmogênica do Ec-EtOH, um grupo de ratas Wistar

virgens com idade em torno de três meses, pesando entre 150 e 250 g, em fase pró-estro foram

selecionadas. Os animais foram divididos em gaiolas de polipropileno, passaram pelo período

de adaptação e, em seguida, foram separadas para o acasalamento com machos de fertilidade

comprovada na proporção de duas fêmeas para cada um macho (2:1).

Para avaliar a ação do Ec-EtOH nos diferentes períodos de prenhez das ratas, elas

foram divididas em outros dois grupos distintos, o grupo do 1° dia de prenhez e o grupo do

14° dia de prenhez. Cada grupo recebeu por gavagem o veículo correspondente, o grupo teste

recebeu extrato na dose de 250 mg/kg de peso corporal e o grupo controle recebeu o

equivalente a 1 mL de água. O protocolo para investigação do efeito do Ec-EtOH sobre as

diferentes fases da prenhez, o período de administração e a dose administrada, foi adaptado

dos estudos desenvolvidos por Almeida; Lemonica (2000), Costa-Silva et al. (2007), Sandeep

et al. (2011) e Dabhadkar; Zade (2012).

As ratas foram acasaladas com os machos durante a noite e examinadas no dia

seguinte para evidenciar a cópula por meio da observação do esfregaço vaginal. As ratas que

apresentaram esfregaço contendo espermatozóides foram consideradas fecundadas e esse dia

foi considerado como o 1° dia de prenhez (SANDEEP et al., 2011; DABHADKAR; ZADE,

2012). Após comprovação da prenhez, as fêmeas foram separadas em caixas individuais e

divididas em grupo controle (10 animais) e grupo teste (10 animais).

Nos grupos correspondentes ao 1° dia de prenhez, as ratas do grupo teste receberam

por gavagem o extrato na dose de 250 mg/kg de peso durante cinco dias, iniciando no

primeiro dia da prenhez, ou seja, no dia de confirmação pelo esfregaço vaginal da presença de

espermatozóides na vagina até o 5° dia após o coito e os animais do grupo controle receberam

o veículo (água) por via oral da mesma forma e no mesmo período de tempo. O primeiro dia

após o coito corresponde à presença do zigoto (uma célula no oviduto) e o quinto dia

corresponde à implantação do blastocisto no útero, ou seja, esse período é considerado como

pré-implantação (ALMEIDA; LEMONICA, 2000; CARMO; PETERS; GUERRA, 2007).

No segundo grupo correspondente ao 14° dia de prenhez o mesmo protocolo foi

repetido, os animais do grupo teste receberam por gavagem o extrato na dose de 250 mg/kg de

peso durante cinco dias, porém nesse grupo a administração foi feita a partir do décimo quarto

(14°) dia de prenhez até o décimo oitavo (18°) (SANDEEP et al., 2011; DABHADKAR;

Page 71: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

M A T E R I A L E M É T O D O S | 69

ZADE, 2012) e os animais do grupo controle receberam o veículo (água) por via oral da

mesma forma e no mesmo período de tempo. De acordo com Carmo; Peters; Guerra (2007)

esse período corresponde ao desenvolvimento da fase embrionária até próximo ao início do

segundo estágio fetal e nascimento, considerado como o período de organogênese (19-22 dias

de prenhez).

Durante a fase de administração no primeiro grupo, os animais foram monitorados

para detecção de quaisquer anormalidades principalmente quanto à presença de sangramentos

vaginais e os animais do segundo grupo foram monitorados quanto a um possível parto

prematuro. Todos os animais foram a termo e observados até três (3) dias após o nascimento

dos filhotes.

Ao final, os seguintes parâmetros foram avaliados e comparados com o padrão

controle, dentre eles, número de abortos ou partos prematuros, quantidade de nascimento e

peso dos filhotes ao nascer, presença de malformações externas, variações de peso das ratas

durante a aplicação do extrato e veículo, e parâmetros bioquímicos como níveis de AST, ALT

e creatinina foram observados para avaliar possíveis alterações que indicassem toxicidade

após o tratamento nesses animais.

Page 72: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

M A T E R I A L E M É T O D O S | 70

4.3 Análise Estatística

Para investigar o efeito espasmogênico do Ec-EtOH os seguintes parâmetros foram avaliados:

Amplitude máxima (Emax): corresponde ao pico máximo em amplitude de contração atingido

pelo Ec-EtOH após sua pré-incubação em um determinado período de tempo em comparação

a amplitude máxima de contração induzida pelo agonista;

Amplitude média: corresponde ao somatório de todos os picos de contrações induzidos pelo

Ec-EtOH após sua pré-incubação, dividido pelo número total desses picos em um

determinado período de tempo;

Tempo para se atingir a amplitude máxima (Tmax): corresponde ao tempo em que se

atingiu o pico máximo em amplitude de contração induzido pelo Ec-EtOH após sua pré-

incubação;

Frequência das contrações: corresponde ao somatório de todos os picos de contrações

induzidos pelo Ec-EtOH após sua pré-incubação, dividido por um determinado período de

tempo;

Duração do efeito: corresponde ao tempo que o Ec-EtOH foi capaz de induzir contrações

após sua pré-incubação;

Todos os resultados obtidos foram expressos como média ± erro padrão da média e

analisados estatisticamente empregando-se o teste “t” de Student pareado ou não pareado e

Teste Mann Whitney para avaliar os dados conforme a especificidade de cada protocolo, onde

os valores de p < 0,05 foram considerados significantes.

Todas as análises estatísticas foram realizadas com auxílio do programa Graph-Pad

Prism

versão 5.0 (GraphPad Software Inc., San Diego CA, USA), disponível no laboratório

de farmacologia da UNIVASF.

Page 73: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

RESULTADOS

Page 74: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 72

5 RESULTADOS

5.1 Estudo da possível atividade espasmogênica do Ec-EtOH em útero isolado de rata.

5.1.1 Investigação do efeito do Ec-EtOH frente às contrações fásicas induzidas por

10-2

UI/mL de ocitocina ou 10-5

M de acetilcolina.

O Ec-EtOH quando pré-incubado no tecido uterino das ratas na concentração de

729 µg/mL e na ausência dos agonistas foi capaz de produzir contrações de valor significante

apresentando 68,39 ± 6,1% de amplitude quando comparado com a contração fásica induzida

inicialmente por 10-2

UI/mL de ocitocina e 61,50 ± 9,0% de amplitude quando comparado

com a contração induzida por 10-5

M de acetilcolina como padrões uterotônicos (Figuras 11 A

e 11 B).

O Ec-EtOH quando pré-incubado e seguido de adição dos agonistas foi incapaz de

inibir as contrações promovidas pelos mesmos, chegando essas a 92,67 ± 4,49% da amplitude

de contração para ocitocina e 89,16 ± 8,15% da amplitude de contração para acetilcolina

(Gráficos 1 A e 1 B). Além disso, não houve diferença significativa entre os agonistas quanto

ao padrão da frequência de contração verificando que para a ocitocina a frequência chegou a

10 ± 1,8 contrações/15 minutos com uma média de 0,66 ± 0,12 contrações/minuto e para a

acetilcolina de 10 ± 2,25 contrações/15 minutos com uma média de 0,65 ± 0,15

contrações/minuto (Gráfico 2).

Page 75: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 73

Figura 11 - Registro original do efeito espasmogênico do Ec-EtOH (729 µg/mL) frente às contrações

fásicas induzidas por10-2

UI/mL de ocitocina (A) e 10-5

M de acetilcolina (B) em útero isolado de rata.

Fonte: WINDAQ/DATAQ

A

B

Page 76: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 74

Gráfico 1 – Efeito do Ec-EtOH (729 µg/mL) frente às contrações fásicas induzidas por 10-2

UI/mL de

ocitocina (A) e 10-5

M de acetilcolina (B) em útero isolado de rata (n = 8). Colunas e barras verticais

representam a média ± e.p.m., respectivamente. ap < 0,05 e teste “t” de Student pareado

(agonista vs Ec-EtOH). bp < 0,05 (Ec-EtOH vs Ec-EtOH + agonista).

Oci Ec-EtOH Ec-EtOH + Oci 0

25

50

75

100 a

a, b

b

Co

ntr

açã

o (

%)

ACh Ec-EtOH Ec-EtOH + ACh 0

25

50

75

100 a

a, b

b

Co

ntr

açã

o (

%)

B

A

Page 77: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 75

Gráfico 2 – Frequência das contrações induzidas pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) frente às contrações

fásicas induzidas pelos agonistas ocitocina (10-2

UI/mL) e acetilcolina (10-5

M) em útero isolado de

rata (n = 8). Colunas e barras verticais representam a média ± e.p.m., respectivamente. Teste “t” de

Student não pareado (Oci vs ACh).

E c -EtOH (729 g/mL)

Pré-incubado

Oci ACh 0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

Fre

qu

ênci

a (

min

-1 )

Page 78: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 76

5.1.2 Investigação do efeito do Ec-EtOH sobre as contrações tônicas induzidas por

10-2

UI/mL de ocitocina ou 10-5

M de acetilcolina.

Ec-EtOH (729 µg/mL) foi capaz de promover relaxamento no tecido uterino de ratas

quando administrado sobre o tônus da contração induzido por 10-2

UI/mL de ocitocina

apresentando valores de 60,92 ± 15,24% e para a acetilcolina com 108,3 ± 4,25% (Gráficos 3

A e 3 B).

O Ec-EtOH também foi capaz de aumentar a frequência das contrações sobre o tônus

significativamente (Figuras 12 A e 12 B). Durante a pré-contração com acetilcolina os valores

da frequência de contração foram de 43 ± 5,1 contrações/30 minutos com uma média de 1,43

± 0,17 contrações/minuto comparado com a ocitocina os valores obtidos foram em torno de

15 ± 3,9 contrações/30 minutos com uma média de 0,5 ± 0,13 contrações/minuto (Gráfico 4).

Page 79: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 77

Figura 12 – Registro original do efeito do Ec-EtOH (729 µg/mL) sobre as contrações tônicas

induzidas por 10-2

UI/mL de ocitocina (A) e 10-5

M de acetilcolina (B) em útero isolado de rata.

A

B

Page 80: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 78

Gráfico 3 – Efeito do Ec-EtOH (729 µg/mL) sobre as contrações tônicas induzidas por 10-2

UI/mL de

ocitocina (A) e 10-5

M de acetilcolina (B) em útero isolado de rata (n = 8). Símbolos e barras verticais

representam a média ± e.p.m., respectivamente. *p < 0,05 e teste “t” de Student pareado

(agonista vs Ec-EtOH).

Controle (Oci) Ec-EtOH (729 g/mL) 0

25

50

75

100

125

*

Rel

ax

am

en

to (

%)

Controle (ACh) Ec-EtOH (729 g/mL) 0

25

50

75

100

125

*

*

Rel

ax

am

en

to (

%)

A

B

Page 81: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 79

Gráfico 4 – Frequências de contrações induzidas pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) sobre as contrações

tônicas induzidas por 10-2

UI/mL de ocitocina e 10-5

M de acetilcolina em útero isolado de rata (n = 8).

Colunas e barras verticais representam a média ± e.p.m., respectivamente. *p < 0,05 e teste “t” de

Student não pareado (Oci vs ACh).

Oci ACh 0.00

0.25

0.50

0.75

1.00

1.25

1.50

1.75 *

E c -EtOH (729 g/mL)

Sobre o tônus

Fre

qu

ênci

a (

min

-1 )

Page 82: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 80

5.1.3 Investigação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH e o possível processo de

dessensibilização de receptores após aplicações consecutivas do extrato frente às

contrações induzidas por 10-2

UI/mL de ocitocina ou 10-5

M de acetilcolina.

Na investigação do efeito do Ec-EtOH, na concentração de 729 µg/mL em duas

aplicações consecutivas frente às contrações induzidas pelos agonistas ocitocina (10-2

UI/mL)

e acetilcolina (10-5

M), os seguintes parâmetros, amplitude máxima (Emax), amplitude média,

frequência das contrações, tempo máximo (Tmax) para se atingir o Emax, e duração do efeito

contrátil foram analisados em dois momentos consecutivos, na primeira e na segunda

aplicação do extrato.

Na avaliação da amplitude máxima (Emax) promovida pelo Ec-EtOH, observa-se que o

mesmo foi capaz de induzir contrações com valores de Emax em torno de 71,1 ± 15,1% de

contração na primeira aplicação e de 48,8 ± 6,5% de contração na segunda aplicação

comparando com a contração máxima induzida pela ocitocina como padrão de controle. Para

a acetilcolina, o Ec-EtOH foi capaz de induzir contrações com valores de Emax chegando a

72,3 ± 7,5% de contração na primeira aplicação e a 57,0 ± 6,5% de contração na segunda

aplicação (Gráficos 5 A e 5 B).

Observando que a segunda aplicação do Ec-EtOH para ambos os agonistas induziu

contrações com Emax menores que a primeira.

Page 83: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 81

Gráfico 5 – Amplitude máxima (Emax) do Ec-EtOH (729 µg/mL) em sua 1ª e 2ª aplicações comparado

aos agonistas ocitocina (10-2

UI/mL) (A) e acetilcolina (10-5

M) (B) em útero isolado de rata (n=5). As

colunas e barras verticais representam a média ± e.p.m, respectivamente. a

p < 0,05, teste “t” de

Student pareado (agonista vs Ec-EtOH 1ª aplicação / agonista vs Ec-EtOH 2ª aplicação). bp < 0,05,

teste “t” de Student pareado (1ª vs 2ª aplicação Ec-EtOH).

Ocitocina 1ª aplicação 2ª aplicação

0

25

50

75

100a

a

Ec-EtOH

Em

ax

(% c

on

traçã

o O

ci)

Acetilcolina 1ª aplicação 2ª aplicação

0

25

50

75

100

a,b

a,b

a

Ec-EtOH

Em

ax

(% c

on

traçã

o A

Ch

)

A

B

Page 84: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 82

Os valores da amplitude média das contrações produzidas pelo Ec-EtOH frente aos

agonista ocitocina (10-2

UI/mL) e acetilcolina (10-5

M) não apresentou diferença significativa

entre as aplicações. Quando a ocitocina foi o padrão de comparação, o Ec-EtOH produziu

contrações de amplitudes médias tanto na primeira quanto na segunda aplicação com valores

de 28,61 ± 7,13% de contração e 20,83 ± 4,40% de contração, respectivamente. Quando o

padrão utilizado foi a acetilcolina, os valores da amplitude média foram de 45,46 ± 4,36% de

contração na primeira aplicação e 35,52 ± 5,18% de contração na segunda aplicação (Gráficos

6 A e 6 B).

Gráfico 6 – Amplitude média de contração induzida pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) em sua 1ª e 2ª

aplicações comparado ao efeito contrátil de 10-2

UI/mL de ocitocina (A) e 10-5

M de acetilcolina (B)

em útero isolado de ratas (n=5). As colunas e barras verticais representam a média ± e.p.m,

respectivamente. Teste “t” de Student pareado (1ª aplicação do Ec-EtOH vs 2ª aplicação do Ec-EtOH).

1ª aplicação 2ª aplicação

0

10

20

30

40

50

Ec-EtOH

Am

pli

tud

e m

édia

(% c

on

traçã

o O

ci)

1ª aplicação 2ª aplicação

0

10

20

30

40

50

Ec-EtOH

Am

pli

tud

e m

édia

(% c

on

traçã

o A

Ch

)

B

A

Page 85: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 83

Avaliando a frequência de contração, tanto na primeira quanto na segunda aplicação do

Ec-EtOH os valores não apresentaram diferença significativa.

Na presença de ocitocina o Ec-EtOH, na concentração de 729 µg/mL, atingiu valores

correspondentes a 24 ± 3 contrações/30 minutos correspondendo a 0,80 ± 0,10

contrações/minuto na primeira aplicação e para a acetilcolina os valores foram de 29 ± 2

contrações/30 minutos correspondendo a 0,98 ± 0,06 contrações/minuto. Na segunda

aplicação, para ocitocina os valores foram de 25,5 ± 7 contrações/30 minutos equivalendo a

0,85 ± 0,23 contrações/minuto e para a acetilcolina de 25,5 ± 5,1 contrações/30 minutos

equivalendo a 0,85 ± 0,17 contrações/minutos (Gráficos 7 A e 7 B).

Gráfico 7 – Frequência de contração induzida pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) em sua 1ª e 2ª aplicações

na presença de ocitocina (10-2

UI/mL de) (A) e acetilcolina (10-5

M) (B) em útero isolado de ratas

(n=5). As colunas e barras verticais representam a média ± e.p.m, respectivamente. Teste “t” de

Student pareado (1ª aplicação do Ec-EtOH vs 2ª aplicação do Ec-EtOH).

1ª aplicação 2ª aplicação0.00.10.20.30.40.50.60.70.80.91.01.1

Ec-EtOH

Con

trole

Oci

Fre

qu

ênci

a (

min

-1)

1ª aplicação 2ª aplicação 0.0 0.1

0.2 0.3

0.4 0.5

0.6 0.7

0.8 0.9

1.0

1.1

Ec -EtOH

Co

ntr

ole

AC

h

Fre

qu

ênci

a (

min

-1

)

A

B

Page 86: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 84

Na investigação do tempo máximo (Tmax) em que ocorreu o Emax, nos tecidos pré-

contraídos tanto com ocitocina quanto com acetilcolina, o Tmax para a primeira aplicação,

mostrou-se mais rápido que para a segunda. Na presença de ocitocina, o Tmax para atingir o

Emax na primeira aplicação do Ec-EtOH (729 µg/mL) foi de 54,00 ± 19,81 segundos e na

presença da acetilcolina a primeira aplicação do Ec-EtOH alcançou Emax em 91,20 ± 30,53

segundos. Para a segunda aplicação, o Emax obtido para o controle com ocitocina foi de 156,8

± 25,49 segundos e para acetilcolina como controle foi de 167,0 ± 70,61 segundos. Nesse

caso, o Tmax na presença da ocitocina apresentou diferença significativa em relação à

acetilcolina (Gráficos 8 A e 8 B).

Gráfico 8 – Tmax para atingir o Emax do Ec-EtOH (729 µg/mL) em sua 1ª e 2ª aplicações na presença

de ocitocina (10-2

UI/mL) (A) e acetilcolina (10-5

M) (B) em útero isolado de ratas (n=5). As colunas e

barras verticais representam a média ± e.p.m, respectivamente. *p < 0,05, teste “t” de Student pareado

(1ª aplicação do Ec-EtOH vs 2ª aplicação do Ec-EtOH).

1ª aplicação 2ª aplicação

0

50

100

150

200

250

*

Ec -EtOH

Co

ntr

ole

Oci

T m

ax (s

)

1ª aplicação 2ª aplicação

0

50

100

150

200

250

Ec -EtOH

Co

ntr

ole

AC

h

T m

ax (

s)

A

B

Page 87: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 85

O tempo médio de duração do efeito contrátil do Ec-EtOH tanto na primeira aplicação

quanto na segunda para a ocitocina corresponderam a 12,60 ± 4,52 minutos e

14,00 ± 4,52 minutos, respectivamente. Na presença da acetilcolina os valores foram

12,20 ± 4,52 minutos e 11,40 ± 4,73 minutos não havendo diferença significativa entre eles

(Gráficos 9 A e 9 B).

Gráfico 9 – Duração do efeito contrátil do Ec-EtOH (729 µg/mL) em sua 1ª e 2ª aplicações na

presença de 10-2

UI/mL de ocitocina (A) e 10-5

M de acetilcolina (B) em útero isolado de ratas (n=5).

As colunas e barras verticais representam a média ± e.p.m, respectivamente. Teste “t” de Student

pareado (1ª aplicação do Ec-EtOH vs 2ª aplicação do Ec-EtOH).

1ª aplicação 2ª aplicação0

5

10

15

20

Ec-EtOH

Con

trole

Oci

Du

raçã

o d

o e

feit

o (

min

-1)

1ª aplicação 2ª aplicação0

5

10

15

20

Ec-EtOH

Con

trole

AC

h

Du

raçã

o d

o e

feit

o (

min

-1)

A

B

Page 88: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 86

5.1.4 Investigação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH e o possível processo de

dessensibilização de receptores após aplicações consecutivas frente à contração induzida

por 10-2

UI/mL de ocitocina em tecido uterino de ratas após o parto.

Na investigação do efeito do Ec-EtOH, na concentração de 729 µg/mL em duas

aplicações consecutivas frente à contração induzida por ocitocina (10-2

UI/mL) sobre o tecido

uterino da rata no estado de pós-parto, os seguintes parâmetros foram analisados: amplitude

máxima (Emax), amplitude média e frequência das contrações.

O Ec-EtOH na ausência do agonista (ocitocina) foi capaz de induzir contrações com

Emax chegando a 47,43 ± 10,54 % de contração durante a primeira aplicação e 76,53 ± 6,70%

de contração durante a segunda aplicação. Comparando o padrão das contrações, observou-se

que houve diferença significativa apenas entre a ocitocina e cada aplicação, não havendo

diferença significativa entre as aplicações (Gráfico 10).

Gráfico 10 – Amplitude máxima (Emax) do Ec-EtOH (729 µg/mL) em sua 1ª e 2ª aplicações

comparado à ocitocina (10-2

UI/mL) em útero isolado de rata no pós-parto (n=6). As colunas e barras

verticais representam a média ± e.p.m, respectivamente. a

p < 0,05, teste “t” de Student pareado

(agonista vs Ec-EtOH 1ª aplicação / agonista vs Ec-EtOH 2ª aplicação). Teste “t” de Student pareado

(1ª aplicação Ec-EtOH vs 2ª aplicação Ec-EtOH).

Ocitocina 1ª aplicação 2ª aplicação0

25

50

75

100a

a

a

Ec-EtOH

Em

ax (

% c

on

traçã

o O

ci)

Page 89: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 87

Quando avaliado a amplitude média das contrações produzida pelo Ec-EtOH, o mesmo

induziu contrações de 16,4 ± 4,5% na primeira aplicação e de 23,6 ± 4% na segunda não

havendo diferença significativa entre as aplicações (Gráfico 11).

Gráfico 11 – Amplitude média induzida pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) em sua 1ª e 2ª aplicações

comparado ao efeito contrátil de 10-2

UI/mL de ocitocina em útero isolado de ratas no pós-parto (n=6).

As colunas e barras verticais representam a média ± e.p.m, respectivamente. Teste “t” de Student

pareado (1ª aplicação do Ec-EtOH vs 2ª aplicação do Ec-EtOH).

1ª aplicação 2ª aplicação0

10

20

30

Ec-EtOH

Am

pli

tud

e M

édia

(% c

on

traçã

o O

ci)

Page 90: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 88

Na observação do padrão da frequência das contrações produzidas pelo Ec-EtOH na

presença de ocitocina, os valores para a primeira aplicação foram de 9,3 ± 4 contrações/30

minutos correspondendo a 0,31 ± 0,12 contrações/minuto e para a segunda aplicação de

8,4 ± 3 contrações/30 minutos correspondendo a 0,28 ± 0,10 contrações/minuto, também não

demonstrando diferenças significativas entre elas (Gráfico 12).

Gráfico 12 – Frequência da contração induzidas pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) em sua 1ª e 2ª aplicações

na presença de ocitocina (10-2

UI/mL) em útero isolado de ratas no pós-parto (n=6). As colunas e

barras verticais representam a média ± e.p.m, respectivamente. Teste “t” de Student pareado

(1ª aplicação do Ec-EtOH vs 2ª aplicação do Ec-EtOH).

1ª aplicação 2ª aplicação0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

0.30

0.35

0.40

0.45

Ec-EtOH

Fre

qu

ênci

a (

min

-1)

Page 91: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 89

Avaliando os protocolos realizados e os parâmetros utilizados como Emax, amplitude

média e frequência de contração, decidiu-se fazer uma comparação entres esses parâmetros

para avaliar como se comportava o Ec-EtOH em tecido uterino de ratas não grávidas com o

tecido uterino das ratas após o parto.

Na avaliação do Emax, o Ec-EtOH desencadeou contrações de amplitudes diferentes entre

os tecidos uterinos de ratas não grávidas e pós-parto tendo como agonista padrão a ocitocina.

Os valores do Emax entre os tecidos na primeira aplicação foram de 71,10 ± 15,1% para não

grávidas e 47,43 ± 10,5% para o pós-parto não havendo diferença significativa entre eles. No

entanto, a segunda aplicação do Ec-EtOH nos tecidos apresentou um aumento no padrão e

uma diferença significativa entre eles, para não grávidas o valor do Emax chegou a

48,83 ± 6,5% enquanto que para o pós-parto foi de 76,53 ± 6,7%, havendo diferença

significativa entre os tecidos (Gráfico 13).

Podendo observar que o padrão de contração do extrato muda conforme o estado

fisiológico do útero.

Gráfico 13 – Comparação entre as amplitudes máximas (Emax) do Ec-EtOH (729 µg/mL) em suas 1ª e

2ª aplicações com a ocitocina (10-2

UI/mL) em útero isolado de rata não grávido (n=5) e pós-parto

(n=6). As colunas e barras verticais representam a média ± e.p.m, respectivamente. a

p < 0,05, teste “t”

de Student pareado (agonista vs não grávida 1ª aplicação/ agonista vs não grávida 2ª aplicação/

agonista vs pós-parto 1ª aplicação/ agonista vs pós-parto 2ª aplicação/ não grávida 1ª aplicação vs não

grávida 2ª aplicação/ pós-parto 1ª aplicação vs pós-parto 2ª aplicação). bp < 0,05, teste “t” de Student

não pareado (não grávida 1ª aplicação vs pós-parto 1ª aplicação / não grávida 2ª aplicação vs pós-parto

2ª aplicação).

Ocitocina 1ª aplicação 2ª aplicação 1ª aplicação 2ª aplicação0

25

50

75

100

a

a, b

a, b

a

Não grávida Pós-parto

Em

ax (

% c

on

traçã

o O

ci)

Page 92: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 90

A amplitude média das contrações não apresentou diferença significativa entre as

aplicações nem entre as preparações de tecido uterino, mantendo um padrão com valores na

primeira aplicação de 28,61 ± 7,3% para o tecido uterino não gravídico e 13,64 ± 5% em

tecido uterino pós-parto, já para a segunda aplicação os valores foram de 20,83 ± 4,4% para o

não gravídico e 20,76 ± 4,2% para o pós-parto (Gráfico 14).

Gráfico 14 – Comparação entre as amplitudes médias induzidas pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) em sua 1ª

e 2ª aplicações com o efeito contrátil de 10-2

UI/mL de ocitocina em útero isolado de rata não grávido

(n=5) e pós-parto (n=6). As colunas e barras verticais representam a média ± e.p.m, respectivamente.

Teste “t” de Student pareado (não grávida 1ª aplicação vs não grávida 2ª aplicação/pós-parto 1ª

aplicação vs pós-parto 2ª aplicação). Teste “t” de Student não pareado (não grávida 1ª aplicação vs

pós-parto 1ª aplicação / não grávida 2ª aplicação vs pós-parto 2ª aplicação).

1ª aplicação 2ª aplicação 1ª aplicação 2ª aplicação0

10

20

30

40

Não grávida Pós-parto

Am

pli

tud

e M

édia

(% c

on

traçã

o O

ci)

Page 93: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 91

A frequência das contrações apresentou diferença significativa entre as aplicações nos

tecidos não gravídico e pós-parto.

Em tecido uterino não gravídico o valor da frequência de contração durante a primeira

aplicação foi de 24 ± 3 contrações/30 minutos correspondendo a cerca de 0,80 ± 0,10

contrações/minuto e em tecido uterino pós-parto de 9,3 ± 4 contrações/30 minutos

correspondendo a 0,31 ± 0,12 contrações por minuto. Durante a segunda aplicação os valores

foram de 25,5 ± 7 contrações/30 minutos correspondendo a 0,85 ± 0,23 contrações/minuto em

tecido uterino não gravídico e de 8,4 ± 3 contrações/30 minutos correspondendo a 0,28 ± 0,10

contrações por minuto em tecido uterino pós-parto (Gráfico 15).

Gráfico 15 – Comparação entre as frequência de contrações induzidas pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) em

sua 1ª e 2ª aplicações na presença de 10-2

UI/mL de ocitocina em útero isolado de rata não grávido

(n=5) e pós-parto (n=6). As colunas e barras verticais representam a média ± e.p.m, respectivamente. a,b

p < 0,05, teste “t” de Student não pareado (não grávida 1ª aplicação vs pós-parto 1ª aplicação / não

grávida 2ª aplicação vs pós-parto 2ª aplicação).

1ª aplicação 2ª aplicação 1ª aplicação 2ª aplicação0.00.10.20.30.40.50.60.70.80.91.01.1

a

ba

b

Não grávida Pós-parto

Fre

qu

ênci

a (

min

-1)

Page 94: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 92

5.2. Investigação do possível mecanismo de ação espasmogênica do Ec-EtOH em útero

isolado de rata.

5.2.1 Avaliação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH na ausência e na presença de

atropina.

Para a avaliação do efeito do Ec-EtOH na ausência e na presença de atropina os

seguintes parâmetros, amplitude média, Emax, e frequência de contração, foram avaliados

comparando com acetilcolina como controle. A atropina, na concentração de 10 µM

antagonizou significativamente a contração induzida por 10-5

M de acetilcolina apresentando

valores de 12,63 ± 7,03% como era previsto. O Ec-EtOH quando adicionado às cubas, e na

ausência da atropina, induziu contrações de amplitude média correspondente a 60 ± 8 %

comparando ao agonista acetilcolina como controle. Quando a atropina foi pré-incubada e

seguida de adição do Ec-EtOH, diferentemente do apresentado com acetilcolina, a atropina

não foi capaz de antagonizar de forma significativa a amplitude média das contrações

promovidas pelo Ec-EtOH chegando a valores de 39,42 ± 11,5% (Gráfico 16).

Com relação ao Emax induzido pelo Ec-EtOH, o valor obtido apresentou diferença

significativa quando comparados na ausência e na presença da atropina. O Emax na ausência da

atropina chegou a 58,40 ± 9,43% de contração enquanto que na presença esse valor chegou a

34,47 ± 7,34% de contração (Gráfico 17), sugerindo que há participação dos receptores

muscarínicos no desencadeamento das contrações induzidas pelo Ec-EtOH.

Page 95: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 93

Gráfico 16 – Amplitude média de contração induzida pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) na ausência e na

presença da atropina na concentração de 10 µM em útero isolado de rata (n=9). As colunas e barras

verticais representam a média ± e.p.m, respectivamente. ap < 0,05, teste “t” de Student pareado (ACh

vs ACh + atropina /ACh vs Ec-EtOH/ACh vs Ec-EtOH+ atropina).

Gráfico 17 – Emax induzido pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) na ausência e na presença de atropina na

concentração de 10 µM em útero isolado de rata (n=9). As colunas e barras verticais representam a

média ± e.p.m, respectivamente. *p< 0,05 e Teste “t” de Student pareado (Ec-EtOH vs Ec-EtOH +

Atropina).

ACh ACh + Atropina Ec-EtOH Ec-EtOH + Atropina 0

25

50

75

100

a

a

a

Am

pli

tud

e M

édia

(% c

on

tração A

Ch

)

a

Ec-EtOH Ec-EtOH + Atropina 0

10

20

30

40

50

60

70

*

E m

ax (

%)

Page 96: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 94

Nesse mesmo protocolo a frequência de contração produzida pelo Ec-EtOH na ausência

e na presença da atropina também foi comparada. Na ausência da atropina, a frequência das

contrações desencadeadas após a administração do Ec-EtOH correspondeu a

18 ± 3,9 contrações/30 minutos equivalendo a 0,60 ± 0,13 contrações/minuto enquanto que na

presença da atropina os valores corresponderam a 18,3 ± 9,3 contrações/30 minutos

equivalendo a 0,61 ± 0,31 contrações/minuto, não havendo diferença significativa entre as

frequências tanto na ausência quanto na presença de atropina (Gráfico 18).

Gráfico 18 – Frequência das contrações induzidas pelo do Ec-EtOH (729 µg/mL) na ausência e na

presença da atropina na concentração de 10 µM em útero isolado de rata (n=9). As colunas e barras

verticais representam a média ± e.p.m, respectivamente. Teste “t” de Student pareado (Ec-EtOH vs Ec-

EtOH + atropina).

Ec-EtOH Ec-EtOH + atropina 0.00

0.25

0.50

0.75

1.00

Fre

qu

ênci

a (

min

-1 )

Page 97: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 95

5.2.2 Avaliação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH na ausência e na presença de

indometacina.

Para investigar o efeito do Ec-EtOH na ausência e na presença de indometacina, usando

a ocitocina (10-2

UI/mL) como controle, os seguintes parâmetros de avaliação como a

amplitude média, Emax e a frequência de contração foram observados. A indometacina na

concentração de 60 µM não foi capaz de inibir a contração induzida por 10-2

UI/mL de

ocitocina apresentando valores de 101 ± 16,23% de contração. Na avaliação da amplitude

média das contrações os valores apresentaram diferença significativa. Na ausência da

indometacina o Ec-EtOH (729 µg/mL) induziu contrações com amplitude média

correspondente a 68,12 ± 6,32% enquanto que, na presença, os valores alcançados foram de

31,48 ± 12,54% (Gráfico 19).

Avaliando o Emax produzido pelo Ec-EtOH, os valores obtidos tanto na ausência quanto

na presença da indometacina não apresentaram uma diferença significativa. O Ec-EtOH

atingiu 74,52 ± 5,22% de contração máxima na ausência da indometacina e 50,29 ± 14,21%

na presença (Gráfico 20). Quanto à frequência de contração produzida pelo Ec-EtOH, na

ausência da indometacina chegou a 19,5 ± 6 contrações/30 minutos correspondendo a

0,65 ± 0,2 contrações/minuto enquanto que na presença chegou a 12 ± 4,5 contrações/30

minutos correspondendo a 0,40 ± 0,15 contrações/minuto não havendo diferença entre elas

(Gráfico 21). Analisando os dados em conjunto, podemos concluir que a contração induzida

pelo Ec-EtOH parece estar relacionada com a produção de prostaglandinas no tecido uterino.

Page 98: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 96

Gráfico 19 – Amplitude de contração induzida pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) na ausência e na presença

de indometacina na concentração de 60 µM em útero isolado de rata (n=7). As colunas e barras

verticais representam a média ± e.p.m, respectivamente. ap< 0,05 e teste “t” de Student pareado

(Oci vs Ec-EtOH) bp< 0,05 e teste “t” de Student pareado (Ec-EtOH vs Ec-EtOH + indometacina).

Oci Oci + indo Ec-EtOH Ec-EtOH + indo 0

25

50

75

100

125

b

a

a, b

Am

pli

tud

e m

édia

(% c

on

tração O

ci)

Page 99: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 97

Gráfico 20 – Emax induzido pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) na ausência e na presença de indometacina na

concentração de 60 µM em útero isolado de rata (n=7). As colunas e barras verticais representam a

média ± e.p.m, respectivamente. Teste “t” de Student pareado (Ec-EtOH vs Ec-EtOH + indometacina).

Gráfico 21 – Frequência de contração induzida pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) na ausência e na presença

de indometacina na concentração de 60 µM em útero isolado de rata (n=7). As colunas e barras

verticais representam a média ± e.p.m, respectivamente. Teste “t” de Student pareado (Ec-EtOH vs

Ec-EtOH + indometacina).

Ec-EtOH Ec-EtOH + indo 0

10

20

30

40

50

60

70

80

E m

ax (%

)

Ec-EtOH Ec-EtOH + indo 0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

Fre

qu

ênci

a (

min

-1 )

Page 100: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 98

5.2.3 Avaliação do efeito espasmogênico do Ec-EtOH na ausência e na presença de

atosiban.

Para a investigação do efeito do Ec-EtOH tanto na ausência quanto na presença de

atosiban na concentração de 10-7

M usando 10-2

UI/mL de ocitocina como padrão de

contração, os parâmetros: amplitude média de contração, amplitude máxima (Emax) e

frequência de contração foram avaliados. O atosiban reduziu a amplitude de contração

induzida por 10-2

UI/mL de ocitocina, o que era esperado apresentando 62,22 ± 4,35% de

contração comparando com o controle inicial (100%). Na avaliação da amplitude média das

contrações, na ausência e na presença do atosiban, os valores apresentaram diferença

significativa. Na adição do Ec-EtOH, na concentração de 729 µg/mL às cubas, o mesmo

induziu contrações de amplitudes médias correspondentes a 68,12 ± 6,32% de contração na

ausência do atosiban enquanto que na presença do antagonista dos receptores para ocitocina, a

amplitude de contração promovida por Ec-EtOH foi reduzida por volta de 50% quando

comparado com a contração inicial induzida pelo extrato na ausência do antagonista,

chegando a valores de 30,54 ± 4,29% de contração, sugerindo que o padrão de contração

induzido pelo Ec-EtOH pode ser pela a ativação dos receptores para ocitocina no útero

(Gráfico 22).

No entanto, comparando o Emax promovido pelo Ec-EtOH, os valores obtidos na

ausência e na presença do atosiban foram de 44,90 ± 5,50% de contração e 51,23 ± 4,76% de

contração respectivamente não apresentando diferença significativa (Gráfico 23). Os valores

para o padrão da frequência de contração produzido pelo Ec-EtOH na ausência e na presença

do atosiban também não apresentaram diferença significativa entre eles chegando a

10,2 ± 3 contrações/30 minutos correspondendo a 0,34 ± 0,1 contrações/minuto e de

15 ± 4 contrações/30 minutos correspondendo a 0,5 ± 0,13 contrações/minuto,

respectivamente (Gráfico 24).

Page 101: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 99

Gráfico 22 – Efeito da Ocitocina (10-2

UI/mL) e do Ec-EtOH (729 µg/mL) na ausência e na presença

de atosiban na concentração de 10-7

M em útero isolado de rata (n=7). As colunas e barras verticais

representam a média ± e.p.m, respectivamente. ap < 0,05, teste “t” de Student pareado (Oci vs Oci +

atosiban/ Oci vs Ec-EtOH). bp < 0,05, teste “t” de Student pareado (Ec-EtOH vs Ec-EtOH + atosiban).

Oci Oci + atosiban Ec-EtOH Ec-EtOH + atosiban 0

25

50

75

100

a

a, b

a

b

Am

pli

tud

e m

édia

(% c

on

tração O

ci)

Page 102: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 100

Gráfico 23 – Emax induzido pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) na ausência e na presença de atosiban na

concentração de 10-7

M em útero isolado de rata (n=7). As colunas e barras verticais representam a

média ± e.p.m, respectivamente. Teste “t” de Student pareado (Ec-EtOH vs Ec-EtOH + atosiban).

Gráfico 24 – Frequência de contração induzida pelo Ec-EtOH (729 µg/mL) na ausência e na presença

de atosiban na concentração de 10-7

M em útero isolado de ratas (n=7). As colunas e barras verticais

representam a média ± e.p.m, respectivamente. Teste “t” de Student pareado (Ec-EtOH vs Ec-EtOH +

atosiban).

Ec-EtOH Ec-EtOH + atosiban 0

10

20

30

40

50

60

E m

ax (

%)

Ec-EtOH Ec-EtOH + atosiban 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35 0.40 0.45 0.50 0.55 0.60 0.65

Fre

qu

ênci

a (

min

-1 )

Page 103: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 101

5.3 Investigação da possível atividade espasmogênica do Ec-EtOH em diferentes

períodos de gestação das ratas.

O Ec-EtOH administrado por gavagem na dose de 250mg/kg de peso nos dois grupos de

animais testes não foi capaz de promover aborto ou antecipar o parto nem induziu má

formação nos filhotes. O número de animais nascidos vivos foi superior ao número de

animais nascidos mortos ou que morreram após o nascimento e nenhum deles apresentou

algum tipo de malformação aparente. Todas as ratas, tanto do grupo controle quanto do grupo

teste levaram a prenhez a termo.

No grupo controle, a média de dias para o nascimento dos filhotes foi de

21,6 ± 0,68 dias e a média de nascimentos entre as ratas foi de 10,00 ± 0,82 filhotes e dentre

eles houveram 4 mortes após o nascimento.

No grupo teste do 1º dia de prenhez, a média de dias para o nascimento dos filhotes foi

de 21,80 ± 0,73 dias com uma média de 7 ± 1,5 filhotes por rata sem mortes entre eles e não

houve diferença significativa entre o numero de nascimentos comparando com o grupo

controle. Nesse aspecto, acredita-se na hipótese de que o Ec-EtOH, na dose administrada, é

incapaz de induzir o aborto ou de diminuir consideravelmente o número de implantações no

período inicial da prenhez.

No grupo teste do 14° dia de prenhez, a média de dias para o nascimento dos filhotes foi

de 21,20 ± 0,58 dias e a média de nascimento entre as ratas foi de 8,80 ± 2,01 filhotes dentre

eles 2 filhotes morreram após o nascimento. Não houve diferença significativa entre o número

de nascimentos comparado ao controle, sugerindo assim que a dose administrada (250mg/kg)

do Ec-EtOH também não influenciou no desenvolvimento da gestação e nem causou o parto

prematuro desses animais (Gráficos 25 A e 25 B).

Page 104: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 102

Gráfico 25 – Média do número de nascimentos entre os grupos controle e teste 1°dia de prenhez e

controle e teste 14° dia de prenhez. As colunas e barras verticais representam a média ± e.p.m,

respectivamente. Teste Mann Whitney (controle vs tratamento).

Controle Tratado (1º-5º dias)0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

de

filh

ote

s (t

rata

dos

dia

)

Controle Tratado (14º-18º dias)0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

de

filh

ote

s (t

rata

dos

14º

dia

)

A

B

Page 105: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 103

O peso das ratas foi mensurado durante os dias de aplicação do extrato e do veículo e a

média do peso foi calculada comparando os animais teste com os animais controle. O peso,

não apresentou diferença significativa entre os grupos controle e tratado. No grupo

correspondente ao1° dia de prenhez a média do peso do grupo controle foi de 272 ± 7 g e para

o grupo teste de 259 ± 10 g. No grupo correspondente ao 14° dia de prenhez a média de peso

do grupo controle foi de 281,4 ± 4,2 g e para o grupo teste de 279 ± 5,3 g, podendo sugerir

que o Ec-EtOH não influencia o ganho ou a perda de peso na dose administrada (Gráficos 26

A e 26 B).

Gráfico 26 – Padrão do peso das ratas durante os dias de gavagem. Símbolos e barras verticais

representam a média ± e.p.m., respectivamente. Teste “t” de Student não pareado (controle 1º dia vs

tratamento1º dia/ controle 14º dia vs tratamento14º dia).

0 1 2 3 4 5 6 7 8

220

240

260

280

300Controle

Tratado 1° dia Prenhez

Dias de gavagem

Pes

o (

g)

13 14 15 16 17 18 19 20 21

225

250

275

300

325Controle

Tratado 14° Dia Prenhez

Dias de gavagem

Pes

o (

g)

A

B

Page 106: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 104

Quanto ao peso corporal dos filhotes, a média registrada para o grupo controle foi de

5,6 ± 0,13 gramas e quando avaliado os dois grupos testados, houve diferenças significativa,

com aumento de peso apenas no grupo do 1º dia de prenhez, onde a média de peso ao nascer

foi de 6,19 ± 0,22 gramas, enquanto que a média do grupo correspondente ao 14º dia de

prenhez foi de 5,95 ± 0,12 gramas quando comparados com o controle (Gráficos 27 A e 27

B).

Gráfico 26 – Média do peso dos filhotes ao nascer entre os grupos contorle e tteste 1° dia de prenhez e

controle e teste 14° dia de prenhez. As colunas e barras verticais representam a média ± e.p.m,

respectivamente. Teste “t” Student não pareado (controle vs tratado).

Controle Tratado (1º-5º dias)0

1

2

3

4

5

6

7

8

*

Pes

o d

os

filh

ote

s (g

)

Controle Tratado (14º-18º dias)0

1

2

3

4

5

6

7

8

Pes

o d

os

filh

ote

s (g

)

A

B

Page 107: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E S U L T A D O S | 105

Os parâmetros bioquímicos como AST, ALT e creatinina foram analisados para avaliar

possíveis alterações que indicassem toxicidade após o tratamento nas ratas dos grupos testes

de acordo com as tabelas abaixo. Quando comparando entre eles, após análise dos resultados,

foi possível concluir os grupos testados não apresentaram diferença significativa quando

comparado ao controle indicando assim não haver toxicidade induzida pelo Ec-EtOH na dose

administrada (Tabelas 2 e 3).

Tabela 2: Parâmetros bioquímicos obtidos das ratas do grupo do 1° dia de prenhez tratadas com o Ec-

EtOH durante 5 dias.

Parâmetros Tratamento

Controle Experimental

AST/TGO (U/L) 182,4 ± 47,92 142,5 ± 30,44

ALT/TGP (U/L) 122,3 ± 25,29 173,9 ± 39,29

CREATININA (mg/dL) 0,80 ± 0,07 0,78 ± 0,02

Os valores estão expressos como média ± e.p.m. (n = 5). Teste “t” de Student não pareado.

Tabela 3: Parâmetros bioquímicos obtidos das ratas do grupo do 14° dia de prenhez tratadas com o

Ec-EtOH durante 5 dias.

Parâmetros Tratamento

Controle Experimental

AST/TGO (U/L) 213,5 ± 45,48 215,3 ± 19,31

ALT/TGP (U/L) 150,8 ± 20,90 116,3 ± 16,19

CREATININA (mg/dL) 0,44 ± 0,12 0,42 ± 0,11

Os valores estão expressos como média ± e.p.m. (n = 10). Teste “t” de Student não pareado.

Page 108: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

DISCUSSÃO

Page 109: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

D I S C U S S Ã O | 107

6 DISCUSSÃO

O presente trabalho teve como objetivo investigar o possível efeito espasmogênico do

extrato etanólico bruto de Erythroxylum caatingae Plowman (Ec-EtOH) em útero isolado de

rata. O principal resultado obtido nesse estudo é que o Ec-EtOH apresenta efeito

espasmogênico semelhante ao de agonistas usados na terapêutica tradicional e parece que esse

efeito é mediado, pelo menos em parte, pela ativação dos receptores muscarínicos, pela

liberação de prostaglandinas e ativação dos receptores para ocitocina (OTR) no útero.

Os ensaios preliminares realizados, utilizando o tecido uterino de ratas virgens pré-

tratadas com dietilestilbestrol, tiveram como objetivo determinar se o Ec-EtOH de fato

apresentava efeito espasmogênico ou espasmolítico sobre esse órgão em comparação com os

agonistas, ocitocina e acetilcolina, usados como padrão. Os resultados obtidos inicialmente

mostraram que o Ec-EtOH apresentou efeito espasmogênico significativo quando comparado

às contrações iniciais induzidas pelos agonistas utilizados como padrão uterotônico.

Para avaliação da ação espasmolítica do Ec-EtOH no tecido uterino investigou-se a

possível ação inibitória do extrato frente às contrações induzidas pelos agonistas citados

anteriormente, sendo então observado que o Ec-EtOH na presença de ocitocina ou acetilcolina

não foi capaz de inibir a contração promovida por esses agonistas, além disso, o extrato não

exibiu diferença no padrão da contração independentemente do agente uterotônico utilizado

bem como da ausência ou presença dos mesmos (Gráfico 1).

No mesmo protocolo analisou-se o padrão de resposta Ec-EtOH utilizando como

parâmetro de avaliação a frequência de contrações produzidas pelo extrato tanto na ausência

quanto na presença dos agonistas. Uma vez que não existiu qualquer diferença no padrão da

contração durante a avaliação inicial da ação do Ec-EtOH, independentemente do agente

uterotônico utilizado, seria de se esperar o mesmo para as frequências de contração nas

mesmas condições. Como pode ser observado no gráfico 2 que há semelhança entre os

padrões das frequências produzidas pelo extrato entre os agonistas.

Diversos estudos mostram a ação de plantas medicinais com atividade uterotônica ou

ocitócita como os estudos com Agapanthus africanus e Pentanisia prunelloides que

apresentam atividade contracturante do músculo liso uterino quando administradas

diretamente no tecido e quando os extratos foram pré-incubados, aumentaram a resposta

inicial do útero principalmente frente à ocitocina (KAIDO et al., 1997). Os extratos de Euclea

divinorum e Ricinus communis aumentaram as frequências de contrações em tiras uterinas de

coelhas (KAINGU; ODUMA; KANUI, 2012). Outras inúmeras espécies de plantas têm sido

Page 110: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

D I S C U S S Ã O | 108

descritas na literatura também como uterotônicas ou uterotônicas, por exemplo, Matricaria

chamomilla, Calendula officinalis, Celosia cristata, Plantago lanceolata L., Plantago major

L., Symphytum officinale, Capsella bursa pastoris, Hypericum perforatum e Clivia miniata

(GRUBER; O'BRIEN, 2011; SHIPOCHLIEV, 1981, VEALE; OLIVER; HAVLIK, 2000).

Fisiologicamente a contração do músculo liso se dá por intermédio do Ca2+

, onde o

aumento desse íon no meio intracelular é responsável por induzir os mecanismos que levam a

contração (SOMLYO; SOMLYO, 1994), nesse aspecto, comparando os efeitos do Ec-EtOH

podemos sugerir que o modo de atuação do extrato é semelhante ao que causa a ativação da

mecânica contrátil com aumento do íon Ca2+

no meio intracelular. Sabe-se que muitos tipos

diferentes de receptores acoplados à proteína G (GPCR), além de outros processos com a

mudança no Vm, estão envolvidos diretamente na inicialização da contração uterina,

desencadeando todo um processo que permeia a hidrólise do IP3, a ligação ao seu receptor no

RS, a liberação de Ca2+

i, e assim sucedendo aos demais eventos que levam a contração do

músculo liso (AGUILAR; MITCHELL, 2010; WRAY et al., 2001).

Em ambos os casos descritos acima a contração é promovida ou por meio do

acoplamento entre o agonista e seus receptores na membrana celular e dentre os principais

receptores associados ao útero estão a prostaglandina FP e receptores EP3 (CHEN et al.,

1998; TUNARU et al., 2012), receptores de endotelina ETA (RAE; CALIXTO;

D'ORLEANS-JUSTE, 1993), receptores M3 muscarínicos (DORJE et al., 1990) e receptores

de ocitocina (OTR) (MacDONALD, 2013), ou a partir da despolarização ou mudança de Vm

induzida inicialmente por estimulação elétrica levando ao aumento na concentração

extracelular de K+ e causando aumento do influxo de Ca

2+ por meio dos Cav (NOBLE et al.,

2009; REMBOLD, 1996; WRAY et al., 2001), mecanismos estes que, inicialmente, não se

pode determinar por qual deles o Ec-EtOH estaria diretamente relacionado.

Outro aspecto importante é que a contração no músculo liso em resposta a vários

agentes contráteis pode se apresentar frequentemente composta por duas fases: um

componente fásico caracterizado pela condição rápida, sendo essa condição atribuída a uma

liberação de Ca2+

do RS e um componente tônico que, por sua vez, apresenta-se mais lento,

dependendo da entrada de Ca2+

após a despolarização (McCARRON et al., 2002).

O útero é verdadeiramente um dos únicos órgãos que possuem os dois componentes

atuando de forma distinta, em determinadas fases ele exibe contrações do tipo fásicas e em

outras exibe contrações do tipo tônicas (YOUNG, 2007), e esta resposta bifásica pode ser

devido à fonte de Ca2+

no músculo liso, proveniente dos estoques intracelulares e do líquido

extracelular.

Page 111: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

D I S C U S S Ã O | 109

Com base no mecanismo de ação da contração uterina, ora fásico, ora tônico, decidiu-se

investigar o possível efeito do Ec-EtOH sobre o tônus da contração induzida por ocitocina e

acetilcolina. Observou-se que o Ec-EtOH (729 µg/mL) apresentou efeito relaxante

significativo sobre as contrações induzidas por ocitocina (60,92 ± 15,24% de relaxamento

máximo) e acetilcolina (108,3 ± 4,25% de relaxamento máximo), mostrando uma diferença

estatística significativa entre esses valores, sendo menos efetivo quando o agonista padrão foi

a ocitocina (Gráfico 3) da mesma forma o padrão da frequência de contração também foi

alterado, observando que o extrato aumentou a frequência de contração quando o agonista foi

a acetilcolina (Gráfico 4). Nesse aspecto, como a composição do Ec-EtOH ainda está sendo

elucidada, espera-se que os vários componentes contidos no extrato bruto de Erythroxylum

caatingae Plowman possam ter alvos farmacológicos diversificados e, assim, apresentar

diferentes efeitos, simultaneamente uterotônico e relaxante.

Exemplos de extrato de uma mesma planta que apresenta ações diversificadas têm sido

descritos na literatura, como o extrato hidroalcoólico das partes aéreas de Dendrophthoe

falcata, que apresentam atividade estrogênica quando administrado sozinho, e quando

administrado concomitantemente com etinilestradiol exibe ligeira atividade antiestrogênica

(PATTANAYAK; MAZUMDER, 2009).

O papel das plantas medicinais com ações contracturantes vem despertando inúmeros

estudos científicos com intuito de descobrir possíveis agentes uterotônicos que apresentem

como ponto positivo efeitos colaterais reduzidos em relação aos fármacos comumente usados

e em alguns estudos o papel dessas terapias alternativas têm demonstrado efeitos

significativos. Os experimentos in vitro utilizando o útero de ratas mostraram que os extratos

aquosos de folhas de Bidens pilosa e Luffa cylindrica aumentaram a motilidade uterina,

sugerindo que ambos possuem ação ocitócita, sendo um aspecto a ser considerado para o uso

terapêutico dos fitoterápicos no parto (KAMATENESI-MUGISHA et al., 2007).

Seguindo o estudo, em outro protocolo desenvolvido buscou-se avaliar como Ec-EtOH

se comportava diante de aplicações consecutivas com a mesma concentração e o efeito que

essa administração causava sobre o tecido uterino não gravídico e no pós-parto usando como

parâmetros de avaliação a amplitude máxima (Emax) e amplitude média das contrações

comparando com a contração inicial induzida por ocitocina ou acetilcolina, o tempo máximo

(Tmax) para se atingir o Emax e a duração desse efeito sobre o tecido entre as aplicações do

extrato.

Na avaliação dos parâmetros citados anteriormente, em tecido uterino não gravídico o

Ec-EtOH atingiu valores de Emax significativos durante a primeira aplicação quando

Page 112: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

D I S C U S S Ã O | 110

comparado com os agonistas ocitocina e acetilcolina, entretanto, na segunda aplicação o

Ec-EtOH produziu contrações com amplitudes menores em relação à primeira parecendo

haver algum mecanismo de dessensibilização nesse processo (Gráficos 5). Nesse sentido,

decidiu-se avaliar o Tmax para se atingir a amplitude máxima da contração e se o mesmo

apresentaria o padrão desenvolvido pelo Emax nas duas etapas de aplicação do extrato e, como

se previa, o Tmax para se atingir o Emax na primeira aplicação foi mais rápido que para a

segunda, confirmando a suposição quanto ao processo de dessensibilização entre as

aplicações consecutivas, além disso, o padrão de comparação entre os agonistas mostrou que

o Tmax quando o tecido foi contraído inicialmente com ocitocina apresentou-se mais rápido

que para a acetilcolina (Gráficos 8).

O processo de dessensibilização dos receptores pode ser desencadeado por exposição

excessiva do tecido a ação de um agonista. A literatura exemplifica através dos ensaios feitos

sobre a pré-exposição contínua e prolongada do tecido miometrial à ocitocina, mostrando que

a partir de 3 horas de exposição a uma concentração de 10-8

mol/L in vitro, com células

cultivadas de miométrio humano, ocorria dessensibilização dos receptores de ocitocina

(OTRs) resultando em diminuição da resposta contrátil do músculo uterino por diminuição da

liberação do cálcio intracelular mediada por esse agonista e esse mecanismo era dependente

do fator tempo (ROBINSON et al., 2003).

Estudos realizados por Willets et al. (2009) indicaram que os OTRs são

dessensibilizados rapidamente nos tecidos uterinos de não grávidas mesmo em resposta a

exposições moderadas de agonistas e, recentemente, outros trabalhos confirmaram a mesma

hipótese investigando esse mesmo processo de dessensibilização na presença de

concentrações diferentes do agonista (10-10

mol/L e 10-8

mol/L) e em tempos diferentes

(1- 4 horas) com tecido miometrial de ratas, demonstrando que esta dessensibilização ocorria

com tão pouco tempo de exposição, nesse caso, em pelo menos 1 hora após o pré-tratamento,

principalmente na concentração de 10-8

mol/L de ocitocina, levando à diminuição no padrão

das contrações miometriais, mostrando nesse caso que o fator dessensibilização era

dependente da concentração e não do tempo (MAGALHÃES et al., 2009; BALKI et al.,

2012).

A dessensibilização não é desencadeada apenas por agentes uterotônicos, ocorre

também em tecidos expostos a agentes tocolíticos, por exemplo, com os β-adrenérgicos que

são agonistas amplamente utilizados para o tratamento do trabalho de parto prematuro, onde

nesse caso, a exposição contínua do miométrio à estimulação do agonista β-adrenérgico induz

a uma perda de capacidade de resposta do músculo para estes agentes demonstrando estar

Page 113: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

D I S C U S S Ã O | 111

provavelmente relacionada com uma sub-regulação do β-receptor resultando em uma

diminuição nos possíveis locais disponíveis para a interação dos agonistas com os β-

receptores (HERMAN-GNJIDIC; MacLUSKY; LYE, 1994).

Seguindo o mesmo protocolo para avaliação das aplicações consecutivas ainda em

tecido miometrial não gravídico, o padrão da amplitude média das contrações induzidas pelo

Ec-EtOH foi comparado individualmente para cada agonista. Apesar de não apresentarem

diferença significativa, os valores numéricos para a acetilcolina na primeira aplicação do

extrato foram maiores que para a ocitocina, sendo a amplitude média a soma de todos os picos

de contrações apresentadas pelo Ec-EtOH durante um determinado período de tempo

(Gráficos 6). Nesse mesmo protocolo também não foram observadas alterações no padrão das

frequências das contrações (Gráficos 7) e nem com relação ao tempo médio de duração do

efeito contrátil do Ec-EtOH para nenhum dos agonistas (Gráficos 9). O Ec-EtOH poderia

estar promovendo a contração talvez por meio da ativação dos OTRs e, com isso levando a

uma dessensibilização de OTRs pela exposição excessiva do tecido uterino de ratas não

grávidas ao extrato de acordo com os estudos descritos anteriormente.

Ao avaliar a ação do Ec-EtOH sobre o tecido uterino de ratas no pós-parto, pode-se

observar um padrão diferente de apresentação dessas contrações em relação ao que foi

observado no protocolo anterior, no tecido não gravídico.

A diferença no padrão das contrações entre os tecidos uterinos, não grávidos e pós-

parto, pode estar relacionada ao nível de expressão dos OTR e demais receptores nos

diferentes períodos gestacionais e serem independentes da dessensibilização. As

concentrações dos receptores principalmente para a ocitocina no miométrio de rata

apresentam-se mais elevadas quanto mais próximo do parto, apresentando picos

imediatamente antes do início do trabalho de parto enquanto que os níveis de RNA

mensageiro do receptor de ocitocina em útero humano aumentam em torno de 100 vezes até

próximo a 32 semanas de gestação e 300 vezes antes do parto em comparação com o

miométrio de mulheres não grávidas (ZEEMAN; KHAN-DAWOOD; DAWOOD, 1997).

Talvez, essa variação na expressão dos receptores explique o fato do Emax e amplitude

média das contrações não apresentarem diferença significativa entre as aplicações no tecido

uterino pós-parto de ratas já que essa fase sucede ao evento do parto e, provavelmente o nível

de expressão desses receptores ainda corresponda ao que se apresenta na fase do trabalho de

parto, apesar de não serem significativa as diferenças, os valores numéricos para segunda

aplicação foram superiores em relação a primeira nos dois parâmetros (Gráficos 10 e 11).

Page 114: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

D I S C U S S Ã O | 112

Entretanto, quando comparamos o Emax entre os tecidos uterinos não gravídicos no pós-

parto, percebe-se que houve diferença no padrão de contração produzido pelo Ec-EtOH

principalmente no tecido uterino no pós-parto, tendo o extrato produzido contrações de

amplitude máxima de valores significativos mesmo durante a segunda aplicação quando

comparados com as contrações induzidas no útero não gravídico (Gráfico 13). Outro ponto a

ser considerado é que a expressão de OTR é aumentada juntamente com outras proteínas

associadas à contração, tais como COX 2 e conexina, antes do parto, e isto pode ter papel

significativo, onde outros alvos para ação do agonista poderão estar participando do processo

de contração, assim como, mecanismos de ação diferentes podem estar envolvidos, sendo

concebível também que a reciclagem de OTRs e/ou as taxas de re-sensibilização sejam mais

rápidas durante e após o parto (WILLETS et al., 2009).

O fato do padrão da frequência de contração do Ec-EtOH ser superior em tecido uterino

não gravídico em comparação com o tecido uterino no pós-parto pode ter relação com o

estado fisiológico do tecido, o padrão de estiramento e o tipo de contração desencadeado pelo

mesmo nos diferentes estados. O útero apresenta diversas mudanças durante a fase da

gravidez, uma delas é que ele sofre um processo de estiramento necessário para conter o feto e

a placenta, e acredita-se que esse alongamento pode vir a ser um dos fatores importantes para

o controle inicial do trabalho de parto, bem como para a involução do útero no pós-parto

(WRAY, 1993). Quando o útero se torna ativo, a expulsão do feto ocorre devido a fortes

ondas contráteis organizadas e rítmicas e nesse aspecto, o nível de estiramento do miométrio

pode determinar principalmente a frequência da contração promovida por este órgão

(RIEMER; HEYMANN, 1998).

É sabido também que durante as fases de expulsão do feto e no pós-parto o útero

desenvolve padrões de contração mais predominantemente do tipo tônica que tem como

propósito, além da expulsão do feto, favorecer a involução do órgão para retorno ao estado

normal (YOUNG, 2007), nesse caso pode-se supor que a forma de atuação do Ec-EtOH no

tecido uterino pós-parto seria sobre essa fase tônica da contração promovendo contrações com

padrão semelhante as tônicas sustentadas o que levaria consequentemente a uma diminuição

na frequência das contrações (Gráfico 15). Kasai et al., (1995) mostrou em seu estudo que o

padrão de estiramento uterino foi capaz de modular as contrações rítmicas do útero, induzidas

pela ocitocina.

Existem diversos tipos de canais e correntes que atuam na atividade do miométrio,

porém nem todos esses canais e correntes foram caracterizados totalmente. Tal conhecimento

Page 115: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

D I S C U S S Ã O | 113

poderia levar ao desenvolvimento de bloqueadores seletivos ou agonistas necessários para um

melhor controle da contratilidade uterina (WRAY et al., 2001).

Baseado nessa idéia sobre os tipos de canais e correntes que participariam da contração

do miométrio decidiu-se investigar qual possível mecanismo de ação estaria envolvido nas

contrações desencadeadas pelo Ec-EtOH. De início buscou relacionar se havia participação

dos receptores muscarínicos no desencadeamento das contrações induzidas pelo extrato. A

investigação foi baseada na ação do Ec-EtOH na presença e na ausência da atropina, na

concentração de 10 µM, um antagonista não seletivo dos receptores muscarínicos.

A acetilcolina produz contrações uterinas através da ativação dos receptores

muscarínicos do tecido miometrial causando a liberação de cálcio intracelular e para que se

possa inibir essa contração, os antagonistas desses receptores são utilizados como padrão de

resposta, como foi feito no início do protocolo para confirmar a ação antagonista. Na

sequencia, o Ec-EtOH quando pré-incubado na ausência da atropina, induziu contrações de

amplitudes médias significativas apenas quando comparadas ao padrão uterotônico, a

acetilcolina (Gráfico 16). No entanto, ao avaliar o Emax após a adição do antagonista dos

receptores muscarínicos, na concentração de 10 µM, o Ec-EtOH modificou seu padrão de

contração exibindo um Emax reduzido quando comparado com o valor da contração na

ausência do antagonista, sugerindo então que um ou mais princípios ativos no extrato possuí

atividade agonista sobre os receptores muscarínicos uterinos semelhantes à acetilcolina, o que

levaria a diminuição do padrão de resposta do agonista na presença da atropina (Gráfico 17).

Dados na literatura apresentam ações semelhantes de diversos extratos frente ao

antagonista não seletivo dos receptores muscarínicos, como por exemplo, o pré-tratamento

com atropina (70 nM) não alterou a resposta contrátil do extrato de Clivia miniata, mas inibiu

a resposta do Agapanthus africanus em tiras de tecido uterino livres de endométrio, sugerindo

que a estimulação de receptores muscarínicos é um componente para a ação do Agapanthus

africanus e não da Clivia miniata no miométrio (VEALE; OLIVER; HAVLIK, 2000). O

mesmo grupo confirmou a ação da atropina frente às contrações induzidas apenas pelo

Agapanthus africanus em útero isolado de rata inibindo da mesma forma o padrão de

contração desse extrato (VEALE et al., 1999).

Sabemos que os mecanismos que levam a contratilidade do útero tem participação de

diversos agentes efetores, dentre eles, as prostaglandinas (PGs) desempenham um papel

importante na contratilidade uterina em várias fases do ciclo menstrual e reprodutivo. A

atividade uterina é estimulada principalmente pela PGE2 e PGF2α agindo em receptores do

tipo prostaglandina E (EP) e F (FP), respectivamente. A ativação dos receptores FP estimula

Page 116: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

D I S C U S S Ã O | 114

fortemente o miométrio, enquanto que a ativação dos receptores de EP pode levar à contração

ou relaxamento, dependendo da expressão do subtipo EP (PALLISER et al., 2005).

Com objetivo de investigar a possível participação das prostaglandinas no mecanismo

contrátil desencadeado pelo Ec-EtOH, avaliamos a ação do extrato na presença e na ausência

da indometacina, um inibidor não seletivo da COX, que, por conseguinte, é uma ferramenta

útil para investigar a atividade farmacológica do extrato nesse tipo de protocolo.

Na ausência do inibidor não seletivo da COX o Ec-EtOH foi capaz de produzir

contrações de amplitudes médias com valores significativos quando comparado com o padrão

ocitocina. No entanto, na presença da indometacina (60 µM), o inibidor foi capaz de reduzir

significativamente o padrão de contração da amplitude média produzido pelo Ec-EtOH,

sugerindo assim, que as prostaglandinas podem estar diretamente envolvidas no mecanismo

de ação contracturante do Ec-EtOH (Gráfico 19).

Nesse mesmo protocolo, quando adicionada a ocitocina na presença da indometacina,

esse inibidor não produziu efeito sobre a contração induzida pela agonista contrátil. Segundo

Chan; Chen; Manning (1993), o mecanismo de ação da ocitocina no útero ocorre por duas

vias, uma através do acoplamento com seu receptor, causando contrações das células do

miométrio e a segunda por meio de um subtipo de receptor para promover a síntese e

liberação de prostaglandinas. Neste trabalho, o fato da indometacina não exibir qualquer

efeito sobre a contração induzida pela ocitocina no tecido uterino, pode ser devido a uma

maior expressão dos OTR em relação aos receptores de prostanóides no tecido uterino.

Outros estudos corroboram sobre o papel das prostaglandinas na contratilidade uterina,

onde a indometacina foi capaz de inibir as contrações induzidas pelo extrato de Ficus

asperifolia em útero de rata (WATCHO et al., 2011), o efeito uterotônico das folhas de

Monechma ciliatum também foi inibido pela indometacina (UGURU et al., 1998), indicando

assim o envolvimento das PGs nas respostas uterotônicas induzidas pelos extratos dessas

plantas.

Um outro agente importante no desencadeamento das contrações uterinas é a ocitocina,

principalmente durante a fase do trabalho de parto. O tecido miometrial é dotado de

receptores para ocitocina (OTR) que quando são ativados pela ocitocina endógena, promovem

contrações uterinas, aumentando a concentração de Ca2+

i na célula miometrial por meio da

ligação aos receptores acoplados à proteína Gq.

Observando o padrão de contração apresentado pelo Ec-EtOH decidiu-se investigar se

as contrações induzidas pelo Ec-EtOH poderiam ser desencadeadas por um mecanismo

semelhante ao da ocitocina. Nesse sentido, o atosiban, um antagonista competitivo dos

Page 117: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

D I S C U S S Ã O | 115

receptores para ocitocina, foi utilizado como padrão de comparação para a inibição das

respostas induzidas pela ocitocina e pelo Ec-EtOH. No protocolo experimental, pode-se

perceber que o Ec-EtOH mais uma vez foi capaz de promover contrações de amplitude média

com valores significativos na ausência do atosiban e quando o antagonista dos OTRs foi

adicionado às cubas, reduziu significativamente o padrão dessas contrações chegando a mais

de 50% de redução (Gráfico 22), concluindo que o Ec-EtOH provavelmente estaria

desencadeando o mecanismo de contração no tecido uterino por meio da ativação dos OTRs.

Estudos realizados com o atosiban mostram que a sua eficácia clínica foi comparável à

terapia β-agonista convencional, ou seja, ele apresentou ação tocolítica considerável quando

comparado com agentes utilizados comumente na prática obstétrica e ainda apresentando

menores efeitos secundários tanto maternos quanto neonatais sendo esse agente tido como um

grande avanço no uso de terapias tocolíticas atualmente (LIN et al., 2009; WEX et al., 2011;

WORLDWIDE ATOSIBAN VERSUS BETA-AGONISTS STUDY GROUP, 2001).

Os estudos com o Ec-EtOH in vitro, mostraram que o extrato apresenta um padrão

uterotônico promovendo contrações de valores significativos quando pré-incubado

diretamente no tecido uterino.

Com intuito de complementar os estudos, decidiu-se investigar o efeito que o Ec-EtOH

apresentaria sobre o tecido uterino em experimentos in vivo e se o mesmo seria capaz de

provocar aborto, parto prematuro, más-formações nos filhotes ou toxicidade nesses animais.

Usando uma dose de 250mg/kg de peso, o Ec-EtOH foi administrado por gavagem nas

ratas em períodos distintos de prenhez para avaliar os parâmetros citados anteriormente. A

escolha do período de administração do extrato foi baseada no estudo de Carmo; Peters;

Guerra (2007), sobre o período de desenvolvimentos dos embriões em ratas, onde a

organogênese, inicia-se entre o 6º e 8º dia e termina entre o 15º e 18º. Após o período de

organogênese, inicia-se a fetogênese, onde ocorre o crescimento e o amadurecimento das

estruturas formadas no período anterior e que se estende até o nascimento, no 21º ou 22º dia

da prenhez, esses períodos correspondem desde a implantação até a fase de crescimento e

nascimento.

Os experimentos demonstraram que o Ec-EtOH na dose administrada (250mg/kg peso)

não foi capaz de induzir o aborto nem provocar malformações ou parto pré-maturo em

nenhuma das fases do teste, não alterou o padrão do peso das ratas e observou-se também que

a média entre o número de filhotes nascidos no grupo controle e nos grupos teste não variou

de forma significativa indicando que o Ec-EtOH não exerceu influência no processo de

implantação (Gráficos 25 e 26). Em relação ao peso dos filhotes, os pertencentes às ratas do

Page 118: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

D I S C U S S Ã O | 116

grupo do 1º dia de prenhez apresentaram aumento de peso corporal significativo quando

comparado ao controle e ao grupo das ratas do 14º dia de prenhez (Gráfico 27). Mesmo não

havendo diferença significativa estatisticamente, algumas ratas tiveram menos filhotes que

outras e esse fator pode ter sido o influenciador quanto à oferta da alimentação aos seus

filhotes e o ganho de peso em relação aos demais grupos.

O potencial de toxicidade dos remédios empregados na medicina popular, apesar de

muitos serem utilizados há séculos, ainda necessita de avaliação para se determinar o possível

efeito.

Nos últimos anos, a atenção tem sido focada na terapia tradicional, a base

medicamentos derivados de plantas medicinais onde muitos ainda presumem que esse tipo de

medicamento apresente menos efeitos secundários em comparação com as drogas alopáticas,

por isso, uma atenção considerável tem sido dirigida para a identificação de plantas atóxicas

que possam ser utilizadas para consumo humano (LOBO; PHATAK; CHANDRA, 2010).

A investigação da toxicidade de plantas medicinais na literatura é comum e busca

avaliar os possíveis os efeitos dos extratos e/ou substâncias sobre os órgãos e tecidos para que

essas plantas possam ser usadas como possíveis agentes terapêuticos. Para avaliar o potencial

de toxicidade de qualquer substância, os parâmetros bioquímicos são ferramentas

fundamentais na investigação dos possíveis efeitos tóxicos. Nesse estudo, apenas os níveis de

AST, ALT e creatinina, normalmente utilizados para detectar lesão hepática e para avaliar a

função renal, respectivamente, foram avaliados com intenção de se observar uma possível

ação tóxica do Ec-EtOH nos animais durante um determinado período da prenhez.

Nesse estudo, particularmente para a dose utilizada (250mg/kg de peso) nas diferentes

fases de prenhez, não houve alterações significativas entre o grupo controle e os grupos

tratados em todos os parâmetros avaliados. O Ec-EtOH, especificamente nessa dose, não foi

capaz de causar alterações hepáticas ou renais consideradas tóxicas para os animais (Tabelas 2

e 3). Assim, seria considerável então, que essa dose do extrato utilizada poderá ser usada

como um possível meio de comparação ou controle para futuros estudos baseado nesse

mesmo tipo de protocolo e utilizando o mesmo extrato, com o objetivo de coletar dados mais

aprofundados sobre outras dosagens, período de tempo mais longo, além de outros parâmetros

bioquímicos para confirmar se esse padrão se confirma em outras apresentações do extrato de

forma a garantir a sua utilização segura na prática terapêutica.

Alguns estudos consideram que para avaliar a toxicidade pré-natal, ou mesmo in vivo,

muitos fatores devem ser considerados, tais como o período de gestação, as doses

administradas, mutagenicidade, embriofetotoxicidade, alterações de fertilidade,

Page 119: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

D I S C U S S Ã O | 117

carcinogenicidade, entre outros, sendo importante considerar esses fatores para que possa se

estabelecer protocolos experimentais apropriados (BEDNARCZUK et al., 2011).

A seleção da dose para este estudo baseou-se nos estudos feitos por outros autores que

buscaram identificar a melhor resposta do organismo comparada às doses administradas dos

extratos em estudo e se esses seriam tóxicos ou não. Dabhadkar; Zade, (2012), utilizou como

um dos parâmetros para avaliação da toxicidade aguda de Plumeria rubra (Linn), os valores

sugeridos pela diretriz da OECD 423, que discute sobre a toxicidade aguda de classes.

Avaliando os dados obtidos nesse trabalho, percebe-se o quanto é importante à

descoberta de fármacos que atuam sobre a motilidade uterina e sobre a regulação do tônus

desse músculo, uma vez que contrações de padrão anormal, provocadas ou inibidas podem

desencadear situações agravantes levando desde o surgimento de condições como trabalho de

parto prematuro a hemorragia pós-parto por não regressão do órgão ao estado normal.

Portanto, a ação descrita neste trabalho sobre o extrato etanólico bruto de Erythroxylum

caatingae Plowman em útero isolado de rata, pela primeira vez na literatura revelou uma

possível atividade ocitócita, mostrando que os mecanismos de ação pelos quais o extrato atua

tem padrão semelhante aos apresentados pelos agonistas conhecidos e já utilizados na

terapêutica médica ou os agonistas utilizados como padrão uterotônico. Outras vias de

sinalização intracelular que não foram investigadas, podem ter um papel importante no efeito

contracturante do Ec-EtOH sobre o músculo liso uterino, ainda sendo necessárias futuras

investigações para a obtenção de uma visão total sobre o mecanismo de ação pelo qual o

extrato exerce seus efeitos.

Espera-se que os resultados aqui apresentados contribuam como ferramenta

farmacológica para um melhor entendimento do mecanismo excitação-contração do músculo

liso uterino ou como um potencial agente terapêutico para os problemas de saúde relacionados

a esse órgão.

Page 120: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

CONCLUSÃO

Page 121: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

C O N C L U S Ã O | 119

7 CONCLUSÃO

A investigação farmacológica da atividade do extrato etanólico bruto de Erythroxylum

caatingae Plowman sobre útero isolado de rata em estro forneceu evidências de que o Ec-

EtOH atua, principalmente, como agente contracturante.

Quanto aos possíveis mecanismos de ação investigados nesse trabalho, o efeito

contrátil desencadeado pelo Ec-EtOH pode estar relacionado a uma possível ativação dos

receptores muscarínicos, a liberação de prostaglandinas ou, a uma ativação dos receptores de

ocitocina presentes no tecido uterino.

O Ec-EtOH in vivo na dose de 250 mg/kg administrado por via oral não causou aborto,

malformação ou parto prematuro, nos grupos testados, podendo essa dose vir a ser

considerada como um padrão para comparações em investigações futuras.

Page 122: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

PERSPECTIVAS

Page 123: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

P E R S P E C T I V A S | 121

8 PERPESCTIVAS

Com estudo in vitro:

Caracterizar farmacologicamente o mecanismo de ação espasmogênica do Ec-EtOH em

útero isolado de rata utilizando outros agentes contracturantes da musculatura lisa uterina

como os alcalóides do ergot (metilergonovina) e antagonistas dos receptores de progesterona;

Avaliar a ação do extrato na presença de outros agentes tocolíticos, como os agonistas

dos receptores β-adrenérgicos, bloqueadores de canais para Ca2+

e inibidores seletivos da

COX.

Com estudo in vivo:

Avaliar o grau de toxicidade do Ec-EtOH, bem como a possível ação abortiva ou

indutora de parto prematuro de outras doses do extrato;

Avaliar o efeito do Ec-EtOH sobre a contração uterina in vivo.

Page 124: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

REFERÊNCIAS

Page 125: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E F E R Ê N C I A S | 123

REFERÊNCIAS

ABRAMOVICI, A.; CANTU, J.; JENKINS, S. M. Tocolytic therapy for acute preterm labor.

Obstetrics and Gynecology Clinics of North America, v. 39, nº. 1, p. 77-87, 2012.

AGUIAR, J. S. et al. Antimicrobial, antiproliferative and proapoptotic activities of extract,

fractions and isolated compounds from the stem of Erythroxylum caatingae Plowman.

International Journal of Molecular Sciences, v. 13, nº. 4, p. 4124-4140, 2012.

AGUILAR, H. N.; MITCHELL, B. F. Physiological pathways and molecular mechanisms

regulating uterine contractility. Human Reproduction Update, v. 16, nº. 6, p. 725-744, 2010.

ALENCAR CUNHA, K. M; PAIVA, L.A; SANTOS, F.A; GRAMOSA, N. V; SILVEIRA,

E.R; RAO, V. S. Smooth muscle relaxant effect of kaurenoic acid, a diterpene from Copaifera

langsdorffii on rat uterus in vitro. Phytotherapy Research, v. 17, nº. 4, p. 320-324, 2003.

ALMEIDA, F. C. G.; LEMONICA, I. P. The toxic effects of Coleus barbatus B. on the

different periods of pregnancy in rats. Journal of Ethnopharmacology, v. 73, nº. 1-2, p. 53-

60, 2000.

ANDERSEN, M. L. et al. Princípios Éticos e Práticos do Uso de Animais de

Experimentação. Universidade Federal de São Paulo – São Paulo, Editora Cromosete, 2004.

167p.

ARROWSMITH, S.; KENDRICK, A.; WRAY, S. Drugs acting on the pregnant uterus.

Obstetrics, Gynaecology & Reproductive Medicine, v. 20, nº. 8, p. 241-247, 2010.

BAFOR, E. E.; OMOGBAI, E. K. I.; OZOLUA, R. I. Evaluation of the uterotonic activity of

the leaf extract of Ficus exasperata Vahl in rats. Research Journal of Medicinal Plants,

v. 3, nº. 2, p. 34-40, 2009.

BALKI, M. et al. Contractile efficacy of various prostaglandins in pregnant rat myometrium

pretreated with oxytocin. Reproductive Sciences, v. 19, nº. 9, p. 968-975, 2012.

BASHA, M. et al. Functional significance of muscarinic receptor expression within the

proximal and distal rat vagina. American Journal of Physiology - Regulatory, Integrative

and Comparative Physiology, v. 297, p. 1486-1493, 2009.

BEDNARCZUK, V. O. et al. Testes in vitro e in vivo utilizados na triagem toxicológica de

produtos naturais. Visão Acadêmica, América do Norte, 11, abr. 2011. Disponível em:

<http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/academica/article/view/21366/14087> Acessado em:

Jul/2013.

BERNAL, A. L. Mechanisms of labour - biochemical aspects. BJOG: an International

Journal of Obstetrics and Gynaecology, v.110, suppl. 20, p. 39-45, 2003.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.

Departamento de Assistência Farmacêutica. Política nacional de plantas medicinais e

fitoterápicos. Brasília, 2006. 60 p.

Page 126: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E F E R Ê N C I A S | 124

BRASIL. Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro. Resolução nº 1757, de 18 de

fevereiro de 2002. Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 2002.

BREATHNACH, F.; GEARY, M. Uterine Atony: definition, prevention, nonsurgical

management, and uterine tamponade. Seminars in Perinatology, v. 33, nº. 2, p. 82-87, 2009.

BRINI, M. Ca2+

signalling in mitochondria: mechanism and role in physiology and pathology.

Cell Calcium, v. 34, nº. 4-5, p. 399-405, 2003.

BRODY, T. M; MINNEMAN, K. P; WECKER, L. (Ed.) Brody: farmacologia humana. 4. ed.

Rio de Janeiro: Elsevier, c2006. 724 p.

CARMO, J. C.; PETERS, V. M.; GUERRA, M. O. Cronologia do desenvolvimento

embrionário e fetal de ratos, conforme a datação do início da prenhez. Boletim do Centro de

Biologia da Reprodução, Juíz de Fora, v. 26, nº. 1-2, p. 51-59, 2007.

CECHINEL FILHO, V.; YUNES, R. A. Estratégias para a obtenção de compostos

farmacologicamente ativos a partir de plantas medicinais. Conceitos sobre modificação

estrutural para otimização da atividade. Química Nova, v. 21, nº. 1, p. 99-105, 1998.

CHAN, W. Y.; CHEN, D. L.; MANNING, M. Oxytocin receptor subtypes in the pregnant rat

myometrium and decidua: pharmacological differentiations. Endocrinology, v. 132, nº. 3,

p. 1381-1386, 1993.

CHÁVEZ, D. et al. Reversal of multidrug resistance by tropane alkaloids from the stems of

Erythroxylum rotundifolium. Journal of Natural Products, v. 65, nº. 4, p. 606-610, 2002.

CHÁVEZ, J. P. et al. Flavonoids and triterpene ester derivatives from Erythroxylum leal

costae. Phytochemistry, v. 41, nº. 3, p. 941-943, 1996.

CHELMOW, D. Postpartum haemorrhage: prevention. Clinical Evidence (Online). v. 2011,

p.1-111, 2011.

CHEN, J. et al. Prostanoid-induced contraction of the rabbit isolated uterus is mediated by FP

receptors. Prostaglandins & Other Lipid Mediators, v. 55, nº. 5-6, p. 387-394, 1998.

CLARKE, J. H. R.; RATES, S. M. K.; BRIDI, R. Um alerta sobre o uso de produtos de

origem vegetal na gravidez. Infarma, v.19, nº 1-2, 2007.

COOPER, G.; SCHILLER, A. L. Anatomy of the guinea pig. 1975. In: MARTINS, L. L.

Ovariossalpingohisterectomia em cutias: técnicas anestésica e cirúrgica, análise

morfológica uterina e microbiológica da vagina e do útero (Dasyprocta azare,

Lichtenstein, 1823). 2009. 58 f. Dissertação (Mestrado em Cirurgia Veterinária) -

Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal –

SP, 2009.

COSTA-SILVA, J. H. et al. A toxicological evaluation of the effect of Carapa guianensis

Aublet on pregnancy in Wistar rats. Journal of Ethnopharmacology, v. 112, nº. 1, p. 122-

126, 2007.

Page 127: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E F E R Ê N C I A S | 125

DABHADKAR, D.; ZADE, V. Abortifacient activity of Plumeria rubra (Linn) pod extract in

female albino rats. Indian Journal of Experimental Biology, v. 50, nº. 10, p. 702-707, 2012.

DANILA, C. I.; HAMILTON, S. L. Phosphorylation of ryanodine receptors. Biological

Research, v. 37, nº. 4, p. 521-525, 2004.

DITTRICH, R. et al. Differences in muscarinic-receptor agonist, oxytocin, and prostaglandin-

induced uterine contractions. Fertility and Sterility, v. 92, n°. 5, p. 1694-1700, 2009.

DOBSON, A.; P. Conservation and biodiversity. New York: Scientific American Library,

1998.

DORET, M. et al. The in vitro effect of dual combinations of ritodrine, nicardipine and

atosiban on contractility of pregnant rat myometrium. BJOG: an International Journal of

Obstetrics and Gynaecology, v. 110, nº. 8, p. 731-734, 2003.

DÓRIA, M. T.; SPAUTZ, C. C. Trabalho de parto prematuro: predição e prevenção. Femina,

v. 39. nº. 9, p. 443-449, 2011.

DORJE, F. et al. Novel pharmacological profile of muscarinic receptors mediating contraction

of the guinea-pig uterus. Naunyn-Schmiedebergs Archives of Pharmacology, v. 342, nº. 3,

p. 284-289, 1990.

DUTTA, K. et al. Depressed PKA activity contributes to impaired SERCA function and is

linked to the pathogenesis of glucose-induced cardiomyopathy. Journal of Molecular and

Cellular Cardiology, v. 34, nº. 8, p. 985-996, 2002.

DYER, R. A.; VAN DYK, D., DRESNER, A. The use of uterotonic drugs during caesarean

section. International Journal of Obstetric Anesthesia, v. 19, nº. 3, p. 313-319, 2010.

FERREIRA, V. F.; PINTO, A. C. A fitoterapia no mundo atual. Química Nova, v. 33, nº. 9,

2010.

FUKATA, Y.; AMANO, M.; KAIBUCHI, K. Rho-Rho-kinase pathway in smooth muscle

contraction and cytoskeletal reorganization of non-muscle cells. Trends in Pharmacological

Sciences, v. 22, nº. 1, p. 32-39, 2001.

GANEM, R. S. Conservação da biodiversidade: legislação e políticas públicas. Brasília:

Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2010. 437 p.

GARFIELD, R. E. et al. Role of gap junctions and nitric oxide in control of myometrial

contractility. Seminars in Perinatology, v. 19, nº. 1, p. 41-51, 1995.

GEMZELL-DANIELSSON, K.; BYGDEMAN, M.; ARONSSON, A. Studies on uterine

contractility following mifepristone and various routes of misoprostol. Contraception. v. 74,

nº. 1, p. 31-35, 2006.

GRAY, H.; WILLIAMS, P. L. Anatomia. 37. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995,

2 v.

Page 128: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E F E R Ê N C I A S | 126

GROOM, K. M. Pharmacological prevention of prematurity. Best Practice & Research

Clinical Obstetrics & Gynaecology, v. 21, nº. 5, p. 843-856, 2007.

GRUBER, C. W.; O’BRIEN, M. Uterotonic Plants and their Bioactive Constituents. Planta

Medica, v. 77, nº. 3, p.207-220, 2011.

GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro, RJ:

Elsevier, 2011. 1151 p.

GYETVAI, K. et al. Tocolytics for preterm labor: a systematic review. Obstetrics &

Gynecology, v. 94, nº.5, part. 2, p. 869-877, 1999.

HERMAN-GNJIDIC, Z.; MacLUSKY, N. J.; LYE, S. J. Dexamethasone partially protects the

myometrium against β-adrenergic a onist-induced desensitization in vivo in the rat. American

Journal of Obstetrics and Gynecology, v. 171, nº. 6, p. 1651-1659, 1994.

HERMSMEYER, K.; STUREK, M.; RUSCH, N. Calcium channel modulation by

dihydropyridines in vascular smooth muscle, 1988.In: DEOCLECIANO JÚNIOR, O. B.

Avaliação da atividade relaxante de 17-nor-subincanadina E, um alcalóide isolado de

Aspidosperma ulei markgr. sobre a musculatura lisa cavernosa de coelhos. 2008. 116f.

Dissertação (Mestrado em Farmacologia). Universidade Federal do Ceará, Fortaleza-CE,

2008.

JACOB, S. W; FRANCONE, C. A.; LOSSOW, W. J. Anatomia e fisiologia humana. 5. ed.

Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1990. 569 p.

KAIDO, T. L. et al. Preliminary screening of plants used in South Africa as traditional herbal

remedies during pregnancy and labour. Journal of Ethnopharmacology, v. 55, nº. 3, p. 185-

191, 1997.

KAMATENESI-MUGISHA, M. et al. The oxytocic properties of Luffa cylindrica (L.) M.

Roem. and Bidens pilosa L., traditionally used medicinal plants from western Uganda.

African Journal of Ecology, v. 45, nº. s3, p. 88-93, 2007.

KAINGU, C. K.; ODUMA, J. A.; KANUI, T. Preliminary investigation of contractile activity

of Ricinus communis and Euclea divinorum extracts on isolated rabbit uterine strips. Journal

of Ethnopharmacology, v. 142, nº. 2, p., 496-502, 2012.

KASAI, Y. et al. Stretch-induced enhancement of contractions in uterine smooth muscle of

rats. The Journal of Physiology, v. 486, nº. 2, p. 373-384, 1995.

KHATTAK, K. F. et al. New tropane alkaloids from Erythroxylum moonii. Journal Natural

Products, v. 65, n°. 6, p. 929-931, 2002.

KWAN, C. Y. et al. In vitro relaxation of vascular smooth muscle by atropine: involvement of

K+ channels and endothelium. Naunyn-Schmiedeberg's Archives of Pharmacology, v. 368,

nº. 1, p. 1-9, 2003.

LAM, F.; GILL, P. β-Agonist Tocolytic Therapy. Obstetrics and Gynecology Clinics of

North America, v. 32, nº. 3, p. 457-484, 2005.

Page 129: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E F E R Ê N C I A S | 127

LEE, K. et al. Molecular mechanisms involved in progesterone receptor regulation of uterine

function. The Journal of Steroid Biochemistry and Molecular Biology, v. 102, nº. 1-5, p.

41-50, 2006.

LEVENO, K. J. et al. Manual de Obstetrícia de William's: Complicações na Gestação. 22ª

edição. Artmed. Porto Alegre - RS, 2007.

LIMA, D. R.. Manual de farmacologia clínica, terapêutica e toxicologia. Rio de Janeiro:

MEDSI, 2004. 2215 p.

LIMA, J. T. et al. Spasmolytic action of diplotropin, a furanoflavan from Diplotropis

ferruginea Benth., involves calcium blockade in guinea-pig ileum. Zeitschrift Fur

Naturforschung Section B, a journal of Chemical Sciences, v. 60b, nº. 10, p. 1093-1100,

2005.

LIN, C. et al. Randomized trial of oxytocin antagonist atosiban versus beta-adrenergic

agonists in the treatment of spontaneous preterm labor in taiwanese women. Journal of the

Formosan Medical Association, v 108, n° 6, p. 493-501, 2009.

LOBO, V. C.; PHATAK, A.; CHANDRA, N. Acute toxicity studies of some indian medicinal

plants. Pharmacognosy Journal, v. 2, nº. 8, p. 207-210, 2010.

LOIOLA, M. I. B. et al. Flora da Paraíba, Brasil: Erythroxylaceae Kunth. Acta Botânica

Brasílica. v. 21, nº. 2, p. 473-487, 2007.

MACIEL, M. A. M. et al. Plantas medicinais: a necessidade de estudos multidisciplinares.

Química Nova, v. 25, nº. 3, p. 429-438, 2002.

MacDONALD, K. S. Sex, receptors, and attachment: a review of individual factors

influencing response to oxytocin. Frontiers in Neuroscience, v. 6, nº. 194, 2013.

MAGALHÃES, J. K. R. S. et al. Oxytocin pretreatment decreases oxytocin-induced

myometrial contractions in pregnant rats in a concentration-dependent but not time-dependent

manner. Reproductive Sciences, v. 16, nº. 5, p. 501-508, 2009.

MARTINS, L. L. et al. Morfologia do útero de cutias nulíparas e não nulíparas. Arquivo

Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 63, nº. 2, p. 326-332, 2011.

McCARRON, J. G. et al. Agonist-induced phasic and tonic responses in smooth muscle are

mediated by InsP3. Journal of Cell Science, v. 115, p. 2207-2218, 2002.

MESIANO, S.; WELSH, T. N. Steroid hormone control of myometrial contractility and

parturition. Seminars in Cell and Developmental Biology, v. 18, nº. 3, p. 321-331, 2007.

MIYOSHI, H. et al. Gap junction currents in cultured muscle cells from human myometrium.

American Journal of Obstetrics and Gynecology, v. 178, nº. 3, p. 588-593, 1998.

MOHAN, A. R..; BENNETT, P. R. Drugs acting on the pregnant uterus. Current Obstetrics

and Gynaecology, v. 16, nº.3, p.174-180, 2006.

Page 130: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E F E R Ê N C I A S | 128

MUÑOZ, S. M. et al. Update on the use of uterotonic agents. Revista Española de

Anestesiología y Reanimación, v. 59, nº. 2, p. 91-97, 2012.

NOBLE, K. et al. A review of recent insights into the role of the sarcoplasmic reticulum and

Ca entry in uterine smooth muscle. European Journal of Obstetrics & Gynecology and

Reproductive Biology, v. 144, s. 1, p. s11-s19, 2009.

NOVAK, E. R.; BEREK, J. S. Novak tratado de ginecologia. 13. ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2005. 1338 p.

OEI, S. G. Calcium channel blockers for tocolysis: A review of their role and safety following

reports of serious adverse events. European Journal of Obstetrics & Gynecology and

Reproductive Biology, v. 126, nº.2, p. 137-145, 2006.

OGUT, O.; BROZOVICH, F. V. Regulation of force in vascular smooth muscle. Journal of

molecular and cellular cardiology, v. 35, nº. 4, p. 347-355, 2003.

OLIVEIRA, S. L. et al. Tropane alkaloids from Erythroxylum caatingae Plowman.

Chemistry & Biodiversity, v. 8, nº. 1, p. 155-165, 2011.

OSOSKI, A. L. et al. Ethnobotanical literature survey of medicinal plants in the Dominican

Republic used for women’s health conditions. Journal of Ethnopharmacology, v. 79, nº. 3,

p. 285-298, 2002.

PALLISER, H. K. et al. Prostaglandin E and F receptor expression and myometrial sensitivity

at labor onset in the sheep. Biology of Reproduction, v. 72, nº. 4, p. 937-943, 2005.

PAŘÍZEK, A.; KOUCKÝ, M.; DUŠKOVÁ, M. Progesterone, inflammation and preterm

labor. The Journal of Steroid Biochemistry and Molecular Biology, Disponível em:

< http://dx.doi.org/10.1016/j.jsbmb>. Acessado em: abr/2013.

PATTANAYAK, S. P.; MAZUMDER, P. M. Effect of Dendrophthoe falcata (L.f.) Ettingsh

on female reproductive system in Wistar rats: a focus on antifertility efficacy. Contraception,

v. 80, nº. 3, p. 314-320, 2009.

PAYTON, R. G.; BRUCKER, M. C. Drugs and Uterine Motility. Journal of Obstetric,

Gynecologic, & Neonatal Nursing, v. 28, nº. 6, p. 628-637, 1999.

PENNEFATHER, J. N.; GILLMAN, T. A.; MITCHELSON, F. Muscarinic receptors in rat

uterus. European Journal of Pharmacology, v. 262, p. 297-300, 1994.

PLOWMAN, T. C.; HENSOLD, N. Names, types and distribution of neotropical species of

Erythroxylum (Erythroxylaceae). Brittonia, v.56, nº. 1, p. 1-53, 2004.

RAE, G. A.; CALIXTO, J. B.; D'ORLEANS-JUSTE, P. Conversion of big endothelin-1 in rat

uterus causes contraction mediated by ETA receptors. Journal of Cardiovascular

Pharmacology, v. 22, s. 8, p. s192-s195, 1993.

RAHMAN, A. V. Dimeric tropane alkaloids from Erythroxylum moonii. Phytochemistry,

v. 48, nº. 2, p. 377-383, 1998.

Page 131: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E F E R Ê N C I A S | 129

RANG, H. P. et al. Farmacologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 829 p.

REMBOLD, C. M. Electromechanical and pharmacomechanical coupling. In: BÁRÁNY; M.

Biochemistry of smooth contraction, San Diego: Academic Press, p. 227-239, 1996.

RIBEIRO, L. A. A. Participação da Via AC-AMPc-PKA na resposta relaxante induzida

pelo ácido 8(17),12E,14-labdatrieno-18-óico (labdano-302) em músculos lisos. 2007. Tese

(Doutorado em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos). Centro de Ciências da Saúde,

Universidade Federal da Paraíba, Paraíba.

RIEMER, R. K.; HEYMANN, M. A. Regulation of uterine smooth muscle function during

gestation. Pediatric Research, v. 44, nº. 5, p. 615-627, 1998.

ROBINSON, C. et al. Oxytocin-induced desensitization of the oxytocin receptor. American

Journal of Obstetrics and Gynecology, v. 188, nº. 2, p. 497-502, 2003.

RODRIGUES, H. G. et al. Efeito embriotóxico, teratogênico e abortivo de plantas medicinais.

Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 13, nº. 3, p. 359-366, 2011.

SAKAI, N. et al. Studies of connexin 43 and cell-to-cell coupling in cultured human

myometrial cells. Progress in Cell Research, v. 4, p. 171-180, 1995.

SANDEEP, G. et al. Effect of plumbagin free alcohol extract of Plumbago zeylanica Linn.

root on reproductive system of female Wistar rats. Asian Pacific Journal of Tropical

Medicine, v. 4, nº. 12, p. 978-984, 2011.

SANDERSON, M. J. et al. Regulation of airway smooth muscle cell contractility by Ca2+

signaling and sensitivity. Proceedings of the American Thoracic Society, v. 5, nº. 1, p. 23-

31, 2008.

SANTOS, H. A. S. et al. Avaliação da atividade relaxante do extrato etanólico bruto obtido de

Erythroxylum caatingae, Erythroxylum subrotundum e Erythroxylum revolutum

(Erythroxylaceae) em traquéia isolada de cobaia. Evolvere Scientia, v. 1, n°. 1, p. 119-133,

2013.

SHIH, H. C.; HSU, C. S.; YANG, L. L. In vitro study of the tocolytic effect of oroxylin a

from Scutellaria baicalensis root. Journal of Biomedical Science, v.16, nº. 27, p. 1-7, 2009.

SHIPOCHLIEV, T. Uterotonic action of extracts from a group of medicinal plants.

Veterinarno Medicinski Nauki, v.18, nº. 4, p. 94-98, 1981.

SHMYGOL, A.; WRAY, S. Functional architecture of the SR calcium store in uterine smooth

muscle. Cell Calcium, v. 35, p. 501-508, 2004.

SIMÕES, C. M. O. et al. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6. ed. Porto Alegre:

UFRGS, 2010. 1102 p.

SIXEL, P. J.; PECINALLI, N. R.. Características farmacológicas gerais das plantas

medicinais. Infarma, v.16, nº 13-14, 2005.

Page 132: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E F E R Ê N C I A S | 130

SNELL, R. S. Anatomia clínica para estudantes de medicina. 5. ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, c1999. 857 p.

SOMLYO, A. P.; SOMLYO, A. V. Signal transduction and regulation in smooth muscle.

Nature, v. 372, nº. 6503, p. 231-236, 1994.

SOMLYO, A. P.; SOMLYO, A. V. Signal transduction by G-proteins, Rho-kinase and

protein phosphatase to smooth muscle and non-muscle myosin II. Journal of Physiolog, v.

522, nº. 2, p. 177-185, 2000.

SOMLYO, A. P.; SOMLYO, A. V. Ca2+ sensitivity of smooth muscle and nonmuscle

myosin II: modulated by G proteins, kinases, and myosin phosphatase. Physiological

Reviews, v. 83, n. 4, p. 1325-1358, 2003.

SOMLYO, A. V. et al. Smooth muscle myosin: regulation and properties. Philosophical

Transactions of the Royal Society of London, serie B. Biological Sciences. v. 359, nº.

1452, p. 1921-1930, 2004.

SU, C. W. Postpartum Hemorrhage. Primary Care: Clinics in Office Practice. v. 39, nº. 1,

p. 167–187, 2012.

THAINA, P. et al. Uterine relaxant effects of Curcuma aeruginosa Roxb. rhizome extracts.

Journal of Ethnopharmacology, v. 121, nº. 3, p. 433-443, 2009.

THORNELOE, K. S.; NELSON, M. T. Ion channels in smooth muscle: regulators of

intracellular calcium and contractility. Canadian Journal of Physiology and Pharmacology,

v. 83, nº. 3, p. 215–242, 2005.

TOLEDO, M. R. S. et al. Fitotoxicidade de extrato aquoso de Duguetia furfuraceae (St. Hil,)

B. et H. em ratos (Rattus norvegicus). Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.8, nº. 4,

p. 281-222, 2006.

TUNARU, S. et al. Castor oil induces laxation and uterus contraction via ricinoleic acid

activating prostaglandin EP3 receptors. Proceedings of the National Academy of Sciences

of the United States of America, v. 109, nº. 23, p. 9179-9184, 2012.

UGURU, M. O. et al. Uterotonic properties of the methanol extract of Monechma ciliatum.

Journal of Ethnopharmacology, v. 62, nº. 3, p. 203-208, 1998.

VAN BREEMEN, C.; SAIDA, K. Cellular mechanisms regulating [Ca2+

]I smooth muscle.

Annual Review of Physiology, v. 51, p. 315-329, 1989.

VAN GEIJN, H. Uterine contraction agents, tocolytics, vaginal therapeutics, and local

contraceptives, In: SCHAEFER, C.; PETERS, P.; MILLER, R. K. Drugs During Pregnancy

and Lactation (Second Edition), Academic Press, Oxford, 2007, Pages 368-380.

VEALE, D.J.H. et al. Pharmacological effects of Agapanthus africanus on the isolated rat

uterus. Journal of Ethnopharmacology, v. 66, nº. 3, p. 257-262, 1999.

Page 133: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E F E R Ê N C I A S | 131

VEALE, D.J.H.; OLIVER, D.W.; HAVLIK, I. The effects of herbal oxytocics on the isolated

“stripped” myometrium model. Life Sciences, v. 67, nº. 11, p. 1381-1388, 2000.

VEIGA JÚNIOR, V. F.; PINTO, A. C.; MACIEL, M. A. M. Plantas medicinais: cura segura?

Química Nova, v. 28, nº. 3, p. 519- 28, 2005.

WATCHO, P. et al. Evaluation of in vitro uterotonic activities of fruit extracts of Ficus

asperifolia in rats. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, v. 2011,

p. 1-7, 2011.

WEBB, R. C. Smooth muscle contraction and relaxation. Advances in Physiology

Education, v. 27, nº. 4, p.201-206, 2003.

WEX, J. et al. Atosiban versus betamimetics in the treatment of preterm labour in Italy:

clinical and economic importance of side-effects. European Journal of Obstetrics &

Gynecology and Reproductive Biology, v. 157, n°. 2, p. 128-135, 2011.

WILLETS, J. M. et al. Regulation of oxytocin receptor responsiveness by G protein-coupled

receptor kinase 6 in human myometrial smooth muscle. Molecular Endocrinology, v. 23,

nº. 8, p. 1272–1280, 2009.

WOODRUM, D. A.; BROPHY, C. M. The paradox of smooth muscle physiology. Molecular

and Cellular Endocrinology, v. 177, nº. 1-2, p. 135-143, 2001.

WORD, R. A. Myosin phosphorylation and the control of miometrial contraction/relaxation.

Seminars in Perinatology, v. 19, nº. 1, p. 3-14, 1995.

WORLDWIDE ATOSIBAN VERSUS BETA-AGONISTS STUDY GROUP. Effectiveness

and safety of the oxytocin antagonist atosiban versus beta-adrenergic agonists in the treatment

of preterm labour. British Journal of Obstetrics and Gynaecology, v. 108, nº. 2, p. 133-142,

2001.

WRAY, S. Uterine contraction and physiological mechanism of modulation. American

Journal of Physiology, v.264, nº. 1, p. 1-18, 1993.

WRAY, S. et al. The physiological basis of uterine contractility: a short review.

Experimental Physiology, v. 86, nº. 2, p. 239-246, 2001.

WRAY, S. et al. Calcium Signaling and Uterine Contractility. Journal of the Society for

Gynecologic Investigation, v.10, nº. 5, p. 252-264, 2003.

WRAY, S.; SHMYGOL, A. Role of the calcium store in uterine contractility. Seminars in

Cell & Developmental Biology, v 18, p. 315-320, 2007.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Making pregnancy safer. Reducing the global

burden: postpartum haemorrhage. Disponível em

<http://www.who.int/maternal_child_adolescent/documents/newsletter/mps_newsletter_issue

4.pdf>. Acessado em abr/2013.

Page 134: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

R E F E R Ê N C I A S | 132

YOUNG, R. C. Myocytes, myometrium, and uterine contractions. Annals of the new york

academy of sciences, v. 1101, p. 72-84, 2007.

YU, F. H.; CATTERALL, W. A. The VGL-chanome: a protein superfamily specialized for

electrical signaling and ionic homeostasis. Science’s Signal Transduction Knowledge

Environment, v. 2004, nº. 253, p. 15, 2004.

YUNES, R. A.; PEDROSA, R. C.; CECHINEL FILHO, V. Fármacos e fitoterápicos: a

necessidade do desenvolvimento da indústria de fitoterápicos e fitofármacos no brasil.

Química. Nova, v. 24, nº. 1, p. 147-152, 2001.

ZAKAR, T.; HERTELENDY, F. Progesterone withdrawal: key to parturition. American

Journal of Obstetrics and Gynecology, v. 196, nº. 4, p. 289-296, 2007.

ZANOLARI, B. et al. On-line identification of tropane alkaloids from E. vacciniifolium by

liquid chromatography–UV detection–multiple mass spectrometry and liquid

chromatography–nuclear magnetic resonance spectrometry. Journal of

Chromatogragraphy, v. 1020, nº. 1, p. 75-89, 2003a.

ZANOLARI, B. et al. Tropane alkaloids from the bark of Erythroxylum vacciniifolium.

Journal of Natural Products, v. 66, nº. 4, p. 497-502, 2003b.

ZEEMAN, G. G.; KHAN-DAWOOD, F. S.; DAWOOD, M. Y. Oxytocin and its receptor in

pregnancy and parturition: current concepts and clinical implications. Obstetrics &

Gynecology, v. 89, nº. 5, part 2, p. 873-883, 1997.

ZUANAZZI, J. A. S. et al. Alkaloids of Erythroxylum (Erythroxylaceae) species from

Southern Brazil. Biochemical Systematics and Ecology, v. 29, nº. 9, p. 819-825, 2001.

Page 135: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

ANEXOS

Page 136: › uploads › 7 › 8 › 9 › 0 › 7890742 › disser… · FERNANDA PIRES RODRIGUES DE ALMEIDA RIBEIRO INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOGÊNICA DE Erythroxylum caatingae Plowman

A N E X O S | 134

ANEXO A – Folha de aprovação do Comitê de Ética em Estudos Humanos e Animais

(CEEHA).

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO Comitê de Ética em Estudos Humanos e Animais

CERTIFICADO Certificamos que o projeto intitulado “INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ESPASMOLÍTICA DE ESPÉCIES DO GÊNERO ERYTHROXYLUM: UM ESTUDO COMPARATIVO”, Protocolo nº 0002/131211, sob a responsabilidade de JULIANELI TOLENTINO DE LIMA, está de acordo com os princípios éticos de experimentação animal adotados pelo Comitê de Ética em Estudos Humanos e Animais da Universidade Federal do Vale do São Francisco. We certify that the Research “INVETSIGATION OF THE SPASMOLYTIC ACTIVITY OF ERYTHROXYLUM SPECIES: ACOMPARATIVE STUDY” protocol number 0002/131211, under the responsibility of JULIANELI TOLENTINO DE LIMA, is agree with Ethical Principles in Animal Research adopted by The Ethics Committee in Human and Animal Studies of Universidade Federal do Vale do São Francisco.

Petrolina, 24 de fevereiro de 2011.

______________________________________________________________ Prof. Alexandre H. Reis

Coordenador do Comitê de Ética em Estudos Humanos e Animais UNIVASF

___________________________________________________________________

Av. José de Sá Maniçoba, s/n – Centro – Petrolina - PE

CEP 56.304-205 - Petrolina – PE Tel/Fax: (87) 2101-6797 E-mail: [email protected]