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A maldição do tigre - 5 a promessa do tigre

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Traduzido pela Equipe da página

Diz Que é fã de A Maldição do Tigre

Esta versão não é a oficial e tem como intuito a diversão dos fãs,

recomendamos a compra da versão oficial da Editora.

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Prólogo: Contrariado

Capítulo 1: Véu

Capítulo 2: Exposição

Capítulo 3: Corar

Capítulo 4: Isca

Capítulo 5: Noivo

Capítulo 6: Traição

Epílogo: Desaparecer

Capítulo Bônus 1(sobre a vida da mãe da Yesubai): Origem

Capítulo Bônus 2 (Perspectiva do Ren): Destinado

Prólogo O Sonho do Tigre

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Hartley Coleridge 1796 - 1849

Ela faleceu como o orvalho da manhã

Antes do sol estar alto;

Tão pouco tempo, ela mal sabia

Ele significava um suspiro

Como em torno da rosa há um perfume suave,

Doce amor em volta dela flutuou;

Admirada ela cresceu - enquanto desgraça mortal

Rastejava adiante, injusta, despercebida.

Amor era seu anjo da guarda aqui,

Mas o amor à Morte a tirou de circulação;

Amor era doce, por que deveríamos temer

Mas a santa Morte é mais gentil?

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A maioria das meninas aguardavam o momento em que

seu pai voltava para casa. Yesubai não. Assim que o sino soava

anunciando sua chegada, o medo tomava o seu coração em uma

posse poderosa e a jovem parava de respirar.

Ninguém que tomasse conhecimento da pequena criança

poderia dizer o quão mortalmente aterrorizada ela realmente

era. Tudo o que poderiam ver era uma princesa diminuta,

adornada na melhor das sedas. Seus grandes e incomuns olhos

cor de lavanda, emoldurados por cílios escuros, grossos, fixos

sobre um rosto em forma de coração, fazia mesmo os mais

zangados corações derreter. Por fora, ela era tão calma e tão

imóvel como um lago de montanha. Não havia nada de astuto e

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misterioso sobre ela, pelo menos não externamente. O

comportamento de Yesubai não refletia nada do pai.

Apesar disso, nenhuma alma que trabalhou de perto com

a família iria se arriscar tanto com um sussurro se quer a

respeito da possibilidade de imprudências para com a falecida

esposa de seu mestre. Ninguém seria estúpido. Eles pensaram e

pensaram. Todos eles se perguntavam como uma jóia rara

poderia surgir de fonte tão impura. Ninguém ponderou essa

idéia mais do que a zeladora amada de Yesubai, Isha.

A criada, Isha, havia sido chamada quase imediatamente

após a morte da esposa do mestre, Yuvakshi. Isha tinha, de fato,

amizade com a parteira que ajudou a entregar o bebê de

Yuvakshi, mas logo após o nascimento da jovem, a lamentável

morte de Yuvakshi foi anunciada. Isto foi rapidamente seguido

pelo misterioso desaparecimento da parteira. Isha, uma babá, foi

contratada e ela e o novo bebê foram banidos para o lado mais

distante da suntuosa casa no pequeno reino de Bhreenam.

Bhreenam uma vez tinha sido um lugar tranquilo para se

viver. Seu rei era velho, mas ele era um homem bom, com muito

poucas ambições políticas. A maioria das pessoas eram pastores

e agricultores e os militares eram grandes o suficiente para

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garantir a segurança de um agitador ocasional ou bêbado. Foi

um bom lugar para se viver. Uma vez.

Agora, um novo comandante militar tinha assumido. O

mesmo homem que havia contratado Isha. Ele era um homem

escuro. Perigoso. Externamente, é claro, ele era todo sorrisos e

ao rei que ele tratava com deferência, mas tudo o que Isha podia

fazer era entoar um apelo aos deuses para afastar o mal cada vez

que ele se aproximava. Seu empregador a assustava. Mais do

que qualquer um que ela já havia conhecido.

A suspeita de Isha, que o pai da jovem bebê tinha feito

algo terrível para sua esposa, foi amplificada quando ele visitou

o berçário. Muitas vezes ela ia entrar na sala e o encontrava

olhando para a jovem bebê com aversão nua em seu rosto.

Como uma covarde, ela esperava na porta, meio escondida e

torcendo as mãos enquanto ela sussurrava súplicas silenciosas

para que a menina que ela viria a amar não fizesse nada para

perturbar seu pai.

Quando ele saia, ela respirara um suspiro de alívio e

agradecia aos deuses por manter a menina sob sua custódia

dormindo. Mas, depois de cada uma de suas visitas, ela

descobriu que a menina estava acordada depois de tudo, os

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olhos líquidos ainda olhando para o local onde o rosto de seu pai

tinha estado recentemente.

Os pequenos membros do bebê estavam parados e seu

cobertor permanecia firmemente dobrado em redor dela.

Mais tarde, apesar do aparecimento frequente do pai do

bebê, Isha gostaria que a menina demonstrace mais emoção; na

verdade, muitas vezes ela se perguntava se havia algo de errado

com seus cuidados. Ela não parecia uma criança. Não era desse

tipo. Yesubai só tinha uma natureza séria.

Ela não brincava como outras crianças faziam. Em vez

de sonhar acordada ou encenar com seus brinquedos, ela apenas

os apoiava em um lugar que ela dizia bater melhor a luz neles.

Seus sorrisos eram raros. Embora sua beleza fosse inegável, a

maioria a via apenas como uma boneca bonita. Só Isha podia

sentir os sentimentos profundos que corriam sob a superfície.

As visitas do pai de Yesybai tornaram-se menos

frequentes conforme a criança crescia, e a maior parte do tempo,

ele deixava sua filha sozinha, a exceção de quando ele a levava

para assembléias políticas e festas. A rara beleza da criança

parecia agradar-lo, especialmente quando isto era observado

pelo rei. Yesubai seguia o pai de ministro para ministro, ainda

segurando sua mão quando ele exigia e não fazia nenhum som a

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não ser quando ela era diretamente abordada. Mesmo assim, ela

era tão educada e tão perfeita quanto uma princesa e sua

natureza calma encantava todos os que a conhecia.

Embora ele a usasse a seu favor, o pai de Yesubai falava

como se isso fosse imediatamente possível. Somente quando

abrigada em segurança nos braços de Isha, os ombros da jovem

menina caíam e seus belos olhos se fechavam. Isha, então,

levava a pequena criatura etérea para a cama e se perguntava,

não pela primeira vez, se ela era uma mulher adulta, sábia além

de seus anos, presa no corpo de uma menina.

Quando Yesubai tinha oito anos, seu pai partiu para uma

viagem a qual ele estava estranhamente animado. O brilho em

seus olhos era assustador e Isha secretamente desejou que tudo

o que o obrigou a partir, de alguma forma, o mativesse afastado

por tempo indeterminado, mas, como sempre, ele voltou, e ela

esperou com medo paralisante pela consequência. Se a viagem

de seu mestre tivesse ido bem, ele faria os servos entregar caixas

de flores, mas se tivesse ido mal, ele ia buscar Yesubai

pessoalmente. Isha não teve que esperar muito tempo.

Quando ela se movimentou no quarto, ela viu a menina

que ela viria a amar de pé, imóvel e olhando para a porta. Ela

tomou a mão de sua protegida e apertou levemente. Olhos cor de

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lavanda piscaram uma vez, duas vezes e então ela olhou para a

velha criada. Uma curva minúscula no canto de sua boca indicou

para Isha que Yesubai estava grata por sua presença.

Enquanto Yesubai cuidadosamente cobria o cabelo até a

cintura com um lenço roxo, Isha movimentava-se em torno do

quarto imaculado e deslizou um livro uma polegada para cima

da mesa, limpou a condensação do frasco de água fria,

endireitou uma manta e afofou alguns travesseiros.

O pisar de botas pesadas foi ouvido no corredor e

rapidamente Yesubai colocou seu lenço em seu rosto para que

apenas seus encantadores olhos pudessem ser vistos. Isha tomou

seu lugar para o lado do quarto e ficou nas sombras, preparando-

se para defender a sua protegida, mas secretamente esperando

que não fosse necessário. Por mais que Isha quisesse ser uma

mulher forte, alguém que não se curvava para o mal, ela sempre

sentia a culpa aliviar quando a menina que sabia demais era

capaz de lidar com seu pai sozinha. Um dia, pensou ela. Algum

dia, eu ficarei ao seu lado, destemida.

Mas Isha não ficou destemida ao lado de Yesubai, pelo

menos não de imediato. Quando o pai da menina entrou no

quarto, poder crepitou em suas mãos, tanto a menina quanto a

velha sábia sabia que a visita daquele dia não traria flores, mas

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espinhos. Quando Yesubai fez uma reverência para o seu pai e

diminutivamente baixou os olhos na forma como ele esperava,

ele atacou primeiro com o poder sobrenatural armazenado em

seus braços e depois com os punhos.

Sedas preciosas pegaram fogo. Pedaços de pedra

desgrudaram-se da parede e caíram no lado oposto. Pequenos

bonecos com rostos esculpidos de cera derreteram em poças.

Quando a destruição física se mostrou ineficaz em acalmar seu

temperamento, ele finalmente se virou para sua filha.

Corajosamente, ela ficou diante dele, de cabeça baixa e

calma, enquanto ele se enfurecia sobre as coisas que ele queria,

mas estavam fora de seu alcance, tais como o seu desejo por

uma mulher que o rejeitou, o fato de que Yesubai era fraca e

covarde, e que seu nascimento tinha lhe negado o filho que ele

tanto queria ao seu lado.

Com a fúria de um touro, ele recuou o braço e atingiu

Yesubai no rosto com tanta intensidade que a força ergueu seu

corpo magro. O vento jogou o véu de lado e chicoteou seu

cabelo. Com um tapa revoltante, Yesubai bateu na parede e

deslizou lentamente para baixo, contorsendo-se em uma pilha no

chão. A menina permaneceu imóvel, seu corpo quebrado,

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pendurado como uma boneca sem vida jogada descuidadamente

sobre pedaços irregulares de pedra.

Com um grito, Isha correu na direção do monstro apenas

para ser recompensada com uma perna quebrada, uma traqueia

esmagada, dois olhos enegrecidos e profundos hematomas roxos

pelo seu corpo. Sua protegida estava morta e Isha sabia que ela

em breve se juntaria a ela.

No silêncio depois de sua partida, ela acordou. Dor

lambeu os seus membros e bateu por baixo das pálpebras, e

ainda assim ela sentiu uma vibração tocar em seu braço.

Yesubai. A menina estava viva.

Ela tocou sua amada zeladora com ternura, dedos

hesitantes e um formigamento quente acalmou a dor que se

arqueou através dos membros de Isha. Horas se passaram e

quando ela se curou, Isha ponderou as coisas que ela tinha sido

capaz de coletar a partir dos atos violentos de seu mestre.

Parecia que ele tinha recentemente falhado em uma tentativa de

se infiltrar em um reino vizinho, o que estimulou sua raiva. Ele

gritou que os amuletos deveriam pertencer a ele e que se ele

tivesse que passar por milhares de soldados para colocar as

mãos sobre os jovens príncipes, então assim ia ser.

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Enquanto ele espancava a filha, ele disse que ela era

inútil e tão dócil como a mãe dela e que um homem poderoso

como ele era, precisava de uma mulher forte e persuasiva para

ficar ao seu lado. Ele disse que só desejava ter matado Yuvakshi

antes dela lhe dar uma filha choramingona para ser um espinho

ao seu lado.

Isha permaneceu quieta, o inchaço em seu rosto e corpo

diminuiu graças ao toque de cura de Yesubai, mas a jovem, com

cortes sangrando dos anéis de seu pai que estragaram seu belo

rosto, chorava e suavemente pedia desculpas, dizendo que não

havia muito que pudesse fazer para ajudar com a perna. Não

importava. Isha já havia se curado o suficiente.

Mancar durante todo aquele dia foi um lembrete para

Isha se manter firme contra o mal. Na verdade, deu a ela um

sentimento de orgulho em saber que ela tinha sido corajosa o

suficiente para defender sua protegida, afinal. No entanto,

heróica como ela estava naquele dia, ela ainda

desesperadamente temia o futuro. O que seu mestre faria

quando soubesse que as duas não haviam morrido?

Naquele dia, cheio de dor e tristeza, Isha veio a entender

duas coisas muito importantes.

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Primeiro - havia uma magia, obscuramente usada pelo pai, que

de alguma forma passou para a filha.

E segundo - o pai de Yesubai tinha realmente matado sua

falecida esposa e não hesitaria em matar novamente. Ela

suspeitava dele sobre a maldade sombria antes, mas agora ela

sabia que ele era capaz de pior. Muito pior.

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Eu sentei em frente ao espelho enquanto Isha escovava

meu cabelo com movimentos suaves e tocou as pétalas das

flores amarelas que eu tinha acabado de providenciar. Meu pai

havia retornado de uma campanha bem sucedida, que abriu

novos caminhos para a aquisição de riqueza. Não que as pessoas

ou o rei fossem ver uma moeda de ouro, uma ovelha gorda, ou

mesmo uma peça de tecido precioso. Não. Os únicos que iriam

lucrar com façanhas de meu pai seria seus colaboradores mais

próximos - homens tão vis, fraudulentos e corruptos quanto ele

era.

Claro que ninguém realmente chegou perto de cometer

os feitos dele. Se eu fosse, de fato, comparar as ações lado a

lado contra os atos de vilania realizada por meu pai, todos iriam

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ficar aquém. Eu há muito tempo parei de contar o número de

pessoas que ele tinha matado na mais violenta das formas. Se

não tivesse sido por Isha, eu teria silenciosamente desaparecido

anos atrás.

Infelizmente, a magia que eu tinha sido capaz de

aprimorar somente para mim mesma, exceto o pouco de cura

que eu tinha sido capaz de fornecer para Isha ao longo dos anos

- uma habilidade que mantive cuidadosamente em segredo. Nós

duas sabíamos o perigo que estavamos em meu pai descobrir

que eu estava em posse de sequer uma gota de magia que ele

possuía. Então nós duas assistiamos e esperamos, mas nunca

houve um momento em que não estávamos cercadas, nunca um

momento em que um guarda não esivesse atento. Todos sabiam

o que iria acontecer com eles se eles falhassem com meu pai.

Até o momento em que as circunstâncias mudassem, nós

estávamos presas.

Eu era sempre cuidadosa, sempre vigilante, mas era

ainda mais agora que ele tinha retornado. Era meu aniversário de

dezesseis anos e o rei, um tipo de homem como o meu pai,

desprezível, tinha pedido a minha presença em uma festa. Ele

estava dando uma festa elaborada e, embora eu estivesse grata

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por sua consideração em me convidar, meu estômago revirou

nervoso.

Quando as festividades foram anunciadas, eu encolhi

interiormente, sabendo que a atividade exigiria que eu fosse no

braço do meu pai, uma posição que eu detestava, mas ainda pior,

era uma posição que era inerentemente perigosa. Ainda assim,

para marcar o dia do meu nascimento, participar de um evento

luxuoso no palácio era um caso especial e raro o suficiente para

que eu pensasse na ocasião independentemente. Especialmente

porque eu achava que só poderia ter uma oportunidade de visitar

o famoso jardim do rei.

Isha anunciou que meu cabelo estava acabado. Ela

arrumou meu cabelo artisticamente e a maior parte do volume

ficou pendurado nas minhas costas, mas ela fixou várias seções

em minha coroa e colocou pequenas jóias entre os fios. Vestida

em sumptuosa e modesta seda como o meu pai permitia, eu me

apresentei para a inspeção de Isha.

Ela estalou a língua:

— Você sempre foi uma criança linda, minha pequena

Yesubai, mas você está se tornando um jovem de tirar o fôlego.

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Tomando o enorme véu de suas mãos, eu o envolvi nas

minhas costas, coloquei-o cuidadosamente sobre o meu cabelo e

lhe lancei uma pista de um sorriso triste.

— E você sabe o quanto eu gostaria de uma aparência

mais comum. Beleza só serve para chamar mais a atenção dele.

Enquanto ela prendia o véu no lugar, Isha contrapôs:

— Talvez a sua beleza seja além do alcance da natureza

dele.

— Talvez.

Fixei a parte inferior do véu dourado transparente

através do meu rosto, senti a pontada reveladora no meu

estômago que significava que alguém de grande poder estava

nas proximidades e disse:

— Ele se aproxima. Se esconda no armário.

— Sim, senhora. —Isha segurou meu rosto com a mão

suave e enrugada — Fique segura esta noite.

Eu dei um tapinha em seu braço.

— Você também.

Isha virou-se rapidamente, levando a escova com ela e

mancou para longe. Para uma mulher com uma perna ruim, ela

se moveu silenciosamente, uma habilidade que tínhamos

dominado por necessidade. Embora eu ouvisse atentamente, eu

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não podia ouvir uma indicação de que ela estava presente. Do

armário, ela seria capaz de ver a conversa entre eu e meu pai,

mas ela tinha instruções implícitas de não intervir, não

importava o que acontecesse.

A probabilidade de que ele se amontoaria abusadamente

em cima de mim antes de nós conhecermos o rei era mínima de

qualquer maneira, e mesmo que ele o fizesse, eu poderia me

curar, ao passo que a minha capacidade de curar qualquer

ferimento que ela sofresse era limitada. Se eu pudesse ao menos

praticar minha magia mais abertamente, talvez eu pudesse

atingir um nível de poder forte o suficiente para ser de grande

ajuda.

Preparando-me, eu baixei os olhos no momento preciso,

a porta abriu. Meu pai entrou no quarto com seu assessor,

Hajari, um homem tão cruel quanto feio. Estando enraizada no

lugar, eu subjugada, vacilei quando Hajari fechou a porta atrás

dele e senti o zumbido de energia no meu corpo como eu

propositadamente relaxei meus membros.

— E onde está a sua babá preguiçosa? — Meu pai,

Lokesh, imediatamente questionou. — Ela tem um mau hábito

de deixá-la sozinha por muito tempo.

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— Eu nunca estou realmente sozinha, pai — eu disse

suavemente e senti a sua carranca de aborrecimento. Eu tinha

sido negligente no meu comentário. Isso soou como ousadia.

Rapidamente, acrescentei:

— Além disso, não há uma alma viva na casa de meu

estimado pai que se atreveria a se aproximar de mim com más

intenções. Sua poderosa influência se faz sentir, mesmo à

distância.

Depois de um momento de escrutínio intenso, ele

decidiu deixar o meu comentário passar.

— É assim que deve ser — disse ele, impaciente.

— Talvez tenha sido imprudência minha. — expressei

rapidamente. — Mas eu mandei Isha para a cama cedo. Ela está

se sentindo doente e eu não queria atender o rei resmungando e

com um nariz vermelho feio.

Ele resmungou, mas logo perdeu o interesse em Isha.

Meu pai lamentava fraqueza acima de todas as coisas e

detestava vê-la nos outros. Desde que eu o conhecia, nunca tinha

ficado doente, mas se qualquer soldado tossisse na sua

proximidade era imediatamente enviado para longe de sua

presença. Sua aversão a doença trabalhava a meu favor, mas eu

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sabia que ele era muito inteligente para eu usar esse truque mais

de uma vez.

Me circulando, ele corajosamente avaliou minha

aparência e embora minhas mãos apertassem quando vi Hajari

me olhando lascivamente e exibindo os dentes enegrecidos e

quebrados - algo que ele só se atreveu a fazer quando meu meu

pai virou de costas - eu rapidamente abri os dedos e alisei

minhas saias. Não seria bom mostrar para meu pai que eu sentia

medo ou nervosismo. Ele amava nada mais do que invocar a

emoção nos outros. Mesmo o rosto de Hajari estava impassível

quando meu pai circulou ao redor.

— Eu suponho que você está vestida adequadamente —

disse meu pai. — Embora você saiba que eu prefiro lavanda do

que este dourado. Acentua seus olhos. — Ele segurou meu

queixo e eu obedientemente levantei o olhar para encontrar o

dele.

— Eu vou lembrar das suas preferências para a próxima

celebração que comparecermos. — Murmurei timidamente mas

com um pouco de atravimento para que o seu instinto de

explorar a fraqueza não fosse acionado. Nós dois sabíamos que

outros convites reais era improváveis na melhor das hipóteses.

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Meu pai era como uma rapina. Se uma pessoa fosse

ousada o suficiente para enfrentá-lo, ele admirava o gesto, mas

se ele considerasse uma pessoa muito fraca, ele simplesmente a

destruia. A melhor maneira de evitar ser preso entre suas

mandíbulas era não deixar pistas, mover-se através do espaço

como um espírito.

Eu tinha dez anos quando descobri que tinha a

habilidade de desaparecer. No começo, eu nem soube o que

aconteceu. O barulho de botas do lado de fora da minha porta

me assustou e eu congelei no lugar. Isha veio rapidamente para

o meu quarto, correndo, arrumando o meu quarto já arrumado.

Meu pai preferia as coisas do seu jeito, como ele fazia com o seu

pessoal - embora para ele as pessoas eram posses – para que

assim todos estivessem nos devidos lugares que ele queria

encontrá-los.

As precauções de Isha tinham sido desnecessárias. A

porta nunca se abriu. Quando ela espiou, ela conversou

brevemente com o guarda e, em seguida, fechou a porta.

Foi quando ela começou a chamar o meu nome:

— Bai. Yesubai? Onde você está? Você pode sair agora.

Seu pai está ausente. Foi apenas a troca da guarda.

— Eu ... eu estou aqui — eu sussurrei suavemente.

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— Bai? Onde você está? Eu não posso vê-la.

— Isha? — Preocupada, eu dei um passo a frente,

colocando minha mão em seu braço. Ela soltou um grito de

pânico e passou as mãos sobre meus braços e rosto.

— Deve ser a magia. — Disse ela. — Você ficou

invisível. Você pode mudar de volta?

— Eu não sei. — Eu respondi, o pânico florescia em

meu peito.

— Tente limpar sua mente. Pense em algo sem sentido.

— Como o quê?

Isha olhou para as caixas de flores que tinham acabado

de serem trazidas do mercado para eu fazer um arranjo – o único

prazer que meu pai me permitia. Enquanto eu segurava cada

lindo broto, eu imaginava que ele crescia selvagem no sol e

estendia suas folhas em direção ao céu, embora eu soubesse que

a maioria das flores que traziam para mim, eram cultivadas.

Assistir as flores murcharem lentamente ao longo do tempo,

parecia estranhamente apropriado e extremamente profético.

Eu me perguntava, assim como uma criança, quando

minha própria flor iria desaparecer e eu também iria definhar em

nada no meu quarto, onde eu não poderia extrair nenhum

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alimento e nunca sentiria o sol no meu rosto. Mesmo que eu

tivesse a liberdade de vagar pelos mercados sozinha.

— Liste todas as flores que você puder pensar. — Isha

disse, interrompendo meus pensamentos.

— Vou tentar. — Molhando os meus lábios, eu

comecei. — Jasmine, lótus, calêndula, girassol ...

— Aí está. Está começando a funcionar. Eu posso vê-la,

mas a luz passa por você como se fosse um espírito errante.

— Magnolia, dália, orquídea, crisântemo ...

— Só um pouquinho mais

— Lírio, rododendro, amaranto, Clematis, caliandra

— Agora sim! Você está totalmente visível. Como você

se sente?

— Eu me sinto bem. Eu não sinto como se estivesse

usando magia.

— Vamos praticar enquanto seu pai está fora. Você deve

ser capaz de controlar isso, Bai.

E nós praticamos. No momento em que ele voltou, um

período muito curto, quatro meses depois, a capacidade de

tornar-me invisível era fácil, mas tentamos como poderíamos e

eu não podia transferir ou compartilhar o dom com Isha. Nossa

felicidade no meu novo talento logo se tornou resignação desde

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que eu me recusei a deixar a minha tutora, mas ela desperdiçou

muitas horas e até mais lágrimas em tentar me convencer a

escapar sem ela. Em última instância, nós decidimos não correr

o risco de expor o dom e eu na maior parte permanecia no meu

quarto como eu fazia antes.

Durante os anos seguintes, havia apenas algumas raras

ocasiões em que eu usei minha habilidade recém-descoberta.

Uma vez para escapar dos avanços indesejáveis dos poucos dos

homens de meu pai que ousavam arriscar sua ira. Mesmo

quando menina, eu era sujeita a olhares lascivos e beliscões

quando meu pai não estava olhando. Eles me avisavam que se

eu dissesse a ele o que tinham feito, eles fariam algo horrível

para Isha. Quando me tornei mulher, as ameaças se tornaram

ainda mais comuns e eles tentavam me pegar sozinha.

Quando um deles conseguiu, eu escapei para o quarto

próximo e desapareci. Embora ele suspeitasse que o tinha

enganado de alguma forma, ele não se atreveu a dizer a meu pai,

porque então ele teria que explicar a razão pela qual ele tinha

estado no meu quarto, em primeiro lugar.

Eu usei meu poder algumas vezes depois disso para

espionar os guardas ou para roubar pequenos doces para dar

para Isha como presente, mas ela sentiu que o risco era muito

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grande e para mantê-la feliz, eu parei de usar a minha

capacidade a menos que fosse absolutamente necessário. Graças

à vigilância de Isha e os meus dons, eu consegui escapar de tudo

o que me queria mal, exceto do meu pai. O perigo sobre ele

descobrir minhas habilidades era inegável, então eu sofria seu

abuso em silêncio.

Embora eu não teria gostado de nada mais do que

desaparecer no momento em que o meu pai me circulava, eu lhe

dei um sorriso apertado e reforcei a minha determinação. Com

um farfalhar das minhas saias, fomos até a porta e descemos o

grande corredor, Hajari seguia silenciosamente atrás de nós, o

que significava que ele seria o meu guarda pessoal durante

aquela noite.

Eu subi na carruagem opulenta emprestada pelo rei e

permiti que o ar da festa girasse ao meu redor. Houve uma faísca

de emoção que revigorou os meus sentidos e mesmo que eu

estivesse com o meu pai, a oportunidade de ver além das

paredes do minha sala de estar era tão rara que decidi aproveitar

cada visão e som. Antes que eu pudesse me pegar, eu sorri. Meu

pai percebeu.

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— Você se parece com sua mãe quando nos encontramos

pela primeira vez.

O sorriso saiu do meu rosto e eu o substituí por uma

expressão neutra, antes de fechar a cortina e me voltar para

ele.

— Ela era linda. — Eu disse com indiferença.

Não era uma pergunta ou um convite para abrir um

diálogo, mas uma declaração neutra que eu sabia ser verdade.

Eu há muito tempo descobri que era mais fácil e seguro só

responder o que era esperado e, mesmo assim, dizer o mínimo e

o mais educadamente possível. Eu também aprendi a não criar

mentiras que meu pai poderia facilmente desvendar.

— Sim. Ela era. — Ele respondeu. — Mas ela — ele se

inclinou para a frente — não é mais.

Eu entendi sua mensagem. Ele esperava que os homens

me bajulassem esta noite e minhas ações seriam cuidadosamente

vigiadas.

— Eu entendo, pai. — Eu disse e baixei os olhos,

apertando as mãos levemente no meu colo.

Após essa troca, ele me ignorou e conversou com Hajari,

que estava sentado demasiado próximo. Através das minhas

muitas camadas de seda, eu podia sentir a sua coxa pressionada

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contra a minha e de tempos em tempos, ele movia

propositadamente a perna em minha direção, me cutucando.

Tentando ignorá-lo, eu deslizei para mais perto da janela e

olhei para a cidade que passava.

Além dos edifícios havia florestas, um grande lago e as

montanhas que ofereciam proteção contra os inimigos de nosso

rei. A magnífica cidadela era construída inteiramente de

mármore e granito, e com suas várias torres, cúpulas e varandas,

havia muitos lugares para explorar. Infelizmente, eu nunca teria

essa oportunidade.

Nós aceleramos para o primeiro dos três portões em arco,

cada um nomeado pelos guardiões de mármore esculpidos que

estavam de cada lado na base de cada arco. O primeiro era o

Vanar Pol com duas grandes estátuas de macaco. Depois, Bagh

Pol, ou O Portão dos tigres gêmeos. Tremi quando vi o

conjunto terrível dos guardiões tigre com dentes e garras à

mostra.

O último era o Hathi Pol, ou o Portão Elefante, com um

elefante de pé em tamanho natural em cada extremidade, corpos

erguidos e grandes presas que se projetavam para a frente.

Embora não houvesse sinais, eu sabia que o outro lado do

grande Portão do elefante era usado para brigas de elefante -

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uma nova e terrível prática que meu pai tinha iniciado. Ele

afirmava que a luta era utilizada para avaliar quais elefantes

eram os mais fortes, os mais poderosos e os vencedores eram

usados em guerra.

Eu sabia que ele encorajava os combates não para filtrar

os fracos, no entanto, certamente era algo que ele fazia para

agitar o sangue dos homens. As lutas eram encenadas e era dado

ópio aos animais para fazê-los mais selvagens que o normal. As

batalhas de elefantes atraía os mais sanguinários dos homens,

guerreiros ferozes sem compaixão que tentavam lucrar com a

guerra e a dor dos outros. Em suma, era uma forma de recrutar

os tipos de homens que ele queria ao seu redor.

Mas, para a festa, as batalhas e sangue tinham sido

limpos. O palácio brilhava com milhares de lâmpadas e vestidos

coloridos de centenas de mulheres, que, usavam joias que

tilintavam e enfeitavam as passarelas como se fossem flores

vibrantes balançando entre a paisagem.

No interior, a luz cintilante refletia as pinturas de parede,

vidro colorido, mármore e espelhos. Murais fantásticos

representavam as grandes vitórias dos reis passados. Cada

quarto, cada corredor, cada terraço aberto era uma obra-prima da

arquitetura e todos os cantos estava preenchido com as riquezas

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do reino - vasos preciosos recolhidos de locais exóticos, artes

que tinham sido concluídas por mestres sob encomenda e

esculturas tão lindas que eu queria correr meus dedos sobre os

detalhes esculpidos.

Apesar da opulência do interior do palácio, havia uma

coisa acima de tudo que eu queria ver - o jardim suspenso no

pátio superior. Eu sabia que meu pai não gostaria de visitar um

lugar assim. Não havia cortesãos, nem diplomatas, nem

estratégias políticas acontecendo lá, mas pensei que, talvez, se

eu pudesse ter um vislumbre do lendário jardim, então eu iria

guardar a visão disso na memória e lembrar dele através dos

meus longos e solitários anos.

Infelizmente, eu demorei um pouco longe demais

próximo a estátua de mármore da deusa Durga e meu pai puxou

meu braço e apertou dolorosamente o meu pulso até que o

sangue pulsasse quente na minha mão. Nós nos movemos em

silêncio até que me deparei com um casal que meu pai queria

falar.

Ele finalmente soltou meu pulso e eu torci minha mão para

frente e para trás com o mínimo de movimento possível até que

voltei a sentir os meus dedos. Meu alívio foi de curta duração,

no entanto, e logo entramos na sala de recepção do rei - uma

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vasta área adornada com tantas lanternas e muito verde que eu

senti como se estivesse em um bosque sob centenas de estrelas.

O meu pai me levou de pessoa para pessoa e eu não

pude deixar de notar que quase todos os homens que se

aproximavam pareciam estar me avaliando. Um deles foi até

ousado o suficiente para tocar o meu véu. Imediatamente seus

dedos caíram e ele começou a engasgar. A água caiu de sua boca

em tal quantidade que não era natural. Rapidamente ele fugiu e

eu não tinha certeza se o homem sobreviveu ao nosso encontro.

— Venha, Yesubai. — Meu pai instruíu enquanto ele

pegava meu braço em um aperto forte. — Preciso falar com o rei

para descobrir por que a ordem de sua presença tem tanto ...

interesse sem motivo.

Enquanto esperávamos a nossa vez de falar com o rei, a

impaciência do meu pai deixou hematomas no meu braço já

dolorido, apesar do seu aspecto, ele parecia imperturbável.

Lokesh olhava descaradamente o trono de ouro do rei, seus

olhos ficavam atentos quando alguém se virava para ele, mas

voltavam quando eles desviavam o olhar.

Finalmente, era a nossa vez. O velho rei sorriu

gentilmente para mim e bateu palmas de alegria.

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— Lokesh, o herói de guerra! Como vai o nosso

exército? — O rei perguntou com uma expressão que mostrava

claramente que ele estava mais interessado na festa do que na

resposta do meu pai.

Curvando-se rigidamente, meu pai respondeu

calmamente:

— Nossos inimigos se acovardam diante do poder do seu

trono, grande rei

— Muito bom. — Disse o rei com desdém. — Agora

então. Eu suponho que você está se perguntando por que eu

arranjei esta festa e pedi especificamente para a sua filha

participar.

— Eu estou ... curioso. — Lokesh respondeu.

— Ah, meu amigo inteligente, estou muito satisfeito. Se

eu realmente tenho guardado esse segredo de você e todos os

seus espiões do palácio, então eu ficarei feliz de levar o crédito

por saber que um dos homens mais mortais não pode – enganar

o mestre da astúcia. Feliz o dia em que você entrou no meu

reino, Lokesh.

— Eu me sinto exatamente da mesma maneira, meu rei.

— Sim.

— Agora, talvez você possa partilhar o seu segredo.

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O rei riu.

— Sim, o meu segredo. — O rei bateu no ombro do meu

pai, um gesto que eu sabia que meu pai detestava. — Meu

amigo, você sabe que eu não tenho filhos sobreviventes e que

você é o próximo líder natural no reino.

Meu pai sorriu - um semblante utuoso, como de uma

cobra que me assustou no meu âmago.

Aparentemente, ele não tinha o mesmo efeito sobre o rei

ingênuo. O homem sentado no trono tinha um chacal próximo

que parecia como um cão fiel. Era só uma questão de tempo

antes de seu novo animal de estimação virasse e o devorasse.

— Você me lisonjeia. — Disse Lokesh.

— Nem um pouco. Qualquer elogio que eu dou é bem

merecido. Agora, então, eu tenho observado, cuidadosamente

estudando suas atividades e incursões em outros reinos

— Ah é? — Disse meu pai.

— Bastante. Eu aprecio seus esforços para expandir as

fronteiras do nosso reino por meio da diplomacia, negociações

ou — ele se inclinou para a frente e baixou a voz — de

intimidação.

Está mais para conspiração, confronto e terrorismo.

Pensei.

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O rei continuou

— Como tal, eu embarquei em um negócio próprio.

Pequenas ondas de choque de dor empolaram meu braço

onde meu pai tinha agarrado. Eu poderia literalmente sentir a

raiva pulsando sob seus dedos.

— O que você fez? — Meu pai conseguiu torcer as

palavras para soar despreocupado, embora eu senti a verdadeira

ameaça por trás deles. O rei estava naturalmente indiferente.

Alegremente, ele anunciou:

— Eu convidei alguns dos homens mais poderosos dos

reinos vizinhos para vir aqui com a promessa de que — o rei

ergueu as sobrancelhas e lançou os olhos rapidamente de um

lado para outro — aquele que oferece o melhor negócio, terá sua

filha, a bela Yesubai, como esposa.

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Minha respiração ficou presa e meu corpo congelou. Por

um momento de pânico, eu pensei que eu iria desaparecer, mas o

rei correu os olhos entre eu e meu pai, tentando avaliar as nossas

reações. Felizmente para mim, meu véu obscureceu o choque

que consegui esconder rapidamente. A tensão na mão do meu

pai não mostrava nada em seu rosto. Ele deu ao rei um sorriso

tenso.

— E quanto tempo você vem planejando isso, grande

rei? — Meu pai perguntou educadamente, mas eu poderia dizer

que ele estava fervendo.

Meu estômago torceu dolorosamente, uma indicação de

que ele estava juntando seu poder ao seu redor. Eu nunca havia

sentido o poder emanar dele com tanta força antes. Eu quase

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podia sentir a escuridão se aglutinando em seu interior. Fervia e

se agitava, erguendo-se como um vulcão prestes a entrar em

erupção.

Ele conseguir contê-lo no final me surpreendeu.

— Oh, durante as últimas várias semanas. Eu tenho que

admitir, estou satisfeito com a resposta. Parece que o interesse

de muitos homens poderosos foi aguçado. Eu estive muito

ocupado alimentando seu desejo de ter como esposa a filha de

meu conselheiro militar infame. Muitos vieram e é um tributo à

nossa reputação mútua e as incursões feitas em nome de meu

reino, meu amigo. Sem mencionar os rumores descarados e

verdadeiros da sua grande beleza, minha querida.

O rei acrescentou as palavras finais como uma tentativa

de embelezar, mas suas palavras me gelaram. Eu sabia que nada

poderia convencer meu pai a me casar com ninguém, nem

mesmo um homem que ele poderia ganhar algo. O fato era que

eu pertencia a ele e ele não tinha nenhuma intenção de me

deixar ir embora. Ele deixou esse fato muito claro para mim ao

longo dos anos.

Finalmente, meu pai falou. Dando ao rei um sorriso de chacal,

ele disse:

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— Como somos felizes por ser de utilidade para a casa

real. Minha filha está... honrada em atender os pretendentes que

você trouxe para o nosso reino.

Eu não deixei de notar o uso de "nosso", quando ele

falou do reino. Por outro lado, o que ele disse me surpreendeu.

Quando ele não tinha encontrado uma maneira educada e

inteligente para rejeitar a oferta do rei, eu não podia ajudar, mas

me perguntei qual seria sua estratégia.

Certamente ele poderia ter argumentado que eu era muito

jovem, que eu era a única mulher a cuidar da casa desde o

falecimento de minha querida mãe, uma mentira que poderia ser

facilmente aceita por alguém tão ingênuo como o rei, ou apenas

não era o momento certo. Eu poderia achar mais de uma dúzia

de razões para rejeitar tranquilamente a oferta do rei.

Talvez meu pai simplesmente não queria embaraçar o

rei. Talvez ele tivesse sido pego de surpresa e ainda não tinha

achado uma alternativa. Arriscando um olhar sobre o homem de

pé ao meu lado, eu podia ver que ele estava mais uma vez sob

controle. Ele estava brincando de ser diplomata enquanto se

virava para um homem e depois outro. O crescente poder que eu

tinha sentido diminuiu novamente, ocultando-se de todos.

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Por mais que eu tentasse não permitir que esperança

florecesse no meu coração que a oferta do rei poderia realmente

vir a ser concretizada, ela floreceu. Mesmo o mais vil dos

homens na festa era uma melhor opção do que ficar com meu

pai. Tudo o que precisaria era um lapso na segurança, um

pequeno momento de complacência, um fragmento de confiança

e eu poderia fugir com Isha. Talvez este esquema chocante seria

minha saída.

O rei fez o anúncio imediatamente, convidando o meu

pai e eu para ficar com ele no palanque.

— Meus amigos! Juntem-se. Como vocês sabem, eu não

fui abençoado com um filho e não tenho sucessor real, mas isso

não quer dizer que o meu reino não tem joias premiadas. Na

verdade, meu conselheiro militar inteligente e mais leal tem uma

filha, na verdade, ela que é mais bonita do que uma deusa e ele

gentilmente me permitiu a oportunidade de entregá-la em

casamento como se fosse minha filha. O que buscamos é uma

união. A combinação perfeita. Ela deseja se juntar com um

noivo adequado, é claro, mas isso vai ser uma fusão e não

apenas de pessoas, mas das nações, de poder e de riqueza.

Venham! Olhem mais de perto. Seu decoro é sem manchas. Sua

inocência e juventude permitiria que o homem a molde no tipo

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de companheira que seria melhor para ele. Vocês não poderiam

desejar mulher mais perfeita.

O rei levantou-se e andou ao meu redor. Meu pai,

relutantemente soltou meu braço. O fato de que eu estava sendo

exposta era humilhante, mas o pior era saber que meu pai de

alguma forma me culparia pelas ações do rei. Não só ele iria me

bater severamente, mas agora não havia nenhuma maneira dele

deixar a cidade. Não com o meu futuro incerto.

Desfrutando de sua arrogância, o rei continuou com um

floreio. Cada afirmação que ele fazia agitava a multidão ainda

mais.

— Na verdade eu nunca vi uma flor de tal beleza. Ela é

como uma jóia rara, é preciosa. Eu gostaria de saber como eu

sou um dos poucos privilegiados por tê-la visto sem o véu.

Neste momento meu pai olhou para mim, seus olhos

brilhando como punhais afiados. Ele tinha há muito tempo

insistido que eu me mantesse velada quando em público e eu

sempre me mantive. O rei nunca tivera a oportunidade de ver

meu rosto. Pelo menos eu não acreditava que ele poderia ter

visto. O único lugar que eu ficava sem véu era dentro do meu

próprio quarto.

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— Devo confessar, meu amigo. — O rei, bateu nas

costas do meu pai — Eu estava passando pela sua casa e vi sua

filha com a janela aberta, o rosto dela ficou radiante com o luar.

Fiquei fascinado por seu belo rosto.

Meu coração se afundou. Eu geralmente era tão

cuidadosa em me esconder do mundo exterior, mas quando a

lua estava cheia, alguns meses atrás, eu não conseguia dormir.

Estava quente e eu rastejei para minha janela, permitindo que a

brisa doce e a luz fria da lua cheia banhassem minha pele

quente. Foi quando o rei deve ter me visto.

Agora, graças à confissão do rei, eu seria movida. Não

haveria mais flores, porque não haveria mais janelas. Isha e eu

seríamos alojadas em uma masmorra murada e alta em um

espaço sem luz, sem ar, sem sequer um vislumbre do mundo

exterior.

Abatida, emprestei apenas metade de uma orelha ao rei.

— Embora eu seja um homem velho — disse ele —

fiquei impressionado com sua grande beleza. Meu conselheiro

militar a manteve só para si ao longo dos anos, mas esconder um

tesouro do mundo é um desserviço. Portanto, esta noite o meu

presente para vocês é permitir que todos vocês partilhem do

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esplendor de meu palácio, desfrutem os frutos suculentos de

meu jardim e aqueçam-se pela perfeição de nossas mulheres.

Eu não sabia o que o rei ia fazer até ele estar atrás de

mim. Desajeitadamente, ele puxou meu véu, puxando-o para

longe do meu rosto. As presilhas foram arrancadas

dolorosamente do meu cabelo e vários fios pretos longos caíram

com o véu dourado. Me senti nua e exposta, mas eu me mantive

ereta, sabendo instintivamente que me encolher não seria a coisa

certa a fazer.

Por alguma razão, o meu pai permitiu que isso

acontecesse. Talvez fosse para me ensinar uma lição ou para me

colocar no meu lugar. Seja qual for a razão, eu senti a

necessidade inerente de me proteger e proteção, quando vinha

de meu pai, significava apenas uma coisa. Então, eu levantei

meus ombros, arrumei minha expressão e baixei os olhos.

O rei colocou a mão embaixo do meu queixo e levantou

minha cabeça:

— Deixe todos eles verem você, minha querida.

Eu lhe dei um sorriso educado e olhei em volta para as

pessoas olhando para mim. Houve alguns suspiros audíveis,

vários homens lascivos e algumas mulheres que me olhavam

com inveja visível. Outros me deram olhares de piedade ou me

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olhavam de cima a baixo de maneira fria, calculista, mas

qualquer que seja a resposta de cada pessoa, não parecia haver

nenhuma alma na sala que não estivesse olhando para mim.

Mas então eu encontrei um. Um único homem estava na

parte de trás estudando a estátua da deusa Durga. Ele encheu um

prato e estava de costas para nós, enquanto ele comia, parecia

totalmente desinteressado no anúncio do rei.

O homem era jovem, talvez apenas alguns anos mais

velho do que eu. Ele usava um casaco preto com detalhes

dourados que acentuou seus ombros poderosos e cintura fina.

Seu cabelo era espesso, na altura dos ombros enrolados nas

extremidades e fiquei surpresa ao descobrir que eu queria ver o

rosto dele. Por que um homem viria para a festa e não iria

querer participar dela? Talvez ele não tivesse interesse em ter

uma noiva. Quando ele tocou o mesmo ponto na mão da deusa

que eu tinha tocado antes, a minha curiosidade foi provocada.

Quem era ele?

— E então? Eu não disse que ela era bonita? — Perguntou o

rei abertamente.

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— De tirar o fôlego — um homem olhando

maliciosamente nas proximidades murmurou enquanto me dava

um sorriso sugestivo.

— Muito bonita — um homem mais velho

complementou enquanto vinha para a frente e se apresentou para

o meu pai e voltou-se para o rei.

O homem mais velho parecia rei. Talvez ele estivesse se

oferecendo como noivo.

Eu nunca tinha me permitido cogitar a possibilidade de

que eu teria a chance de me casar com alguém jovem e bonito -

um homem que eu pudesse amar e vir a confiar. Para os meus

propósitos, um homem mais velho poderia ser a melhor escolha.

Ele provavelmente seria um meio mais fácil de escapar. Quando

o senhor mais velho olhou na minha direção, dei-lhe um sorriso

tímido.

Meu pai estava ocupado e não viu, mas Hajari viu e eu

sabia que haveria um acerto de contas mais tarde, mas talvez a

salvação poderia ser comprada com alguns sorrisos cuidadosos e

algum interesse fingido. Quando o rei me apresentou

formalmente ao velho sultão, eu bravamente o olhei com

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orgulho. Não me atrevi a olhar para o meu pai. Infelizmente a

minha escolta estava me seguido de perto, pelas costas .

— Não se preocupe com meu segurança, Hajari — eu

disse — meu pai adora garantir minha segurança.

— Claro. Eu entendo — o homem bem vestido

respondeu. Enquanto ele servia um prato para nós, ele

perguntou:

— Você acha que você poderia desfrutar da vida à

beira-mar?

— Você vive em Mumbai? — Eu perguntei com

atenção.

— Não. Eu moro em Mahabalipuram. Você conhece a

minha cidade?

— Confesso que não.

— Nossa cidade é agitada com um porto movimentado.

Nós negociamos com muitas terras distantes e temos vários

artesãos e escultores que fazem nossos templos e santuários

bonitos. Talvez você considere visitar.

— Ela não gostaria de viver em uma cidade de

marinheiros grosseiros, Devanand. Ela pertence a uma cidade de

beleza. Permita-me apresentar-me, minha linda. Meu nome é

Vikram Pillai.

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— Beh, você é um comerciante! Seu título é comprado.

Meu sangue é real!

— Seu sangue é velho. Ela precisa de um noivo que

possa andar sem ajuda.

— Como se atreve! Por favor desconsidere suas

explosões, minha querida. Uma jovem tão inocente e tão doce

como você não deve ser submetida a tais perturbações

inapropriadas.

— Sua juventude é o assunto em questão. Eu sou um

pretendente muito melhor. E eu posso oferecer riqueza. Não há

mais ninguém com caravanas comerciais mais rentáveis.

— Você pode ter mais riqueza à sua disposição, mas

você esquece que eu tenho uma frota. Uma aliança com o meu

reino seria uma decisão muito sábia.

— Nós vamos ver isso!

— Sim. Certamente iremos!

O homem mais jovem com um bigode caído nos deixou

sozinhos e eu me senti grata, mas não foi a primeira ou última

interrupção. Um círculo de homens tinha se formado ao redor,

cada um clamando por atenção e oferecendo a sua riqueza, suas

terras, seus títulos ou, em alguns casos, sua pessoa, em troca

pela minha mão em casamento. Era esmagador.

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Um pequeno agarrão pegou meu braço e me puxou não muito

suavemente do círculo de homens.

— Senhores, minha filha vai voltar em breve. Por favor,

permitam-me um momento para falar com ela em particular.

O aperto do meu pai no meu braço era absoluto e havia

uma expressão estranha em seu rosto. Não havia dúvidas de que

ele estava irritado com toda a situação e achou os homens

desagradáveis. Ao mesmo tempo, havia algo por trás de seus

olhos, um prazer inexplicável que fez o meu sangue gelar.

Ele acenou para um transeunte e esperou que ficassemos

sozinhos, então disse calmamente:

— O rei é cortês. — Suas palavras pingavam sarcasmo

— Nos convidou para passar a noite. Você vai se retirar para a

ala feminina. Assim que o rei der boa noite aos seus convidados,

Hajari vai acompanhá-la até a porta no lado de fora. Você vai se

comportar com o decoro que eu espero e pela manhã eu vou

chamar você. Se eu descobrir alguma coisa, qualquer coisa, em

seu comportamento que eu considere inapropriado ou que não

seja do meu agrado, Isha vai sofrer horrivelmente. Você

entendeu?

— Sim, pai.

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— Bom. Agora cubra seu rosto. Os homens aqui já

cobiçaram você o suficiente esta noite, eu suponho.

— Claro.

Imediatamente eu comecei a arrumar o meu véu e

quando ele ficou do agrado dele, ele me deixou sozinha

novamente com Hajari, que sussurrou ardentemente em meu

ouvido:

— Você acha que é a sua chance de fugir, mas você não

vai a lugar nenhum. Vi você andar pomposa como se fosse o

prêmio do rei quando nós dois sabemos que você não passa de

um brinquedo. Uma bonequinha quebrada.

Hajari arriscou passar a mão pelo meu braço. Eu

endureci, mas não disse nada.

— Você vê, eu sei o que todos esses outros homens não

sabem. Que você gosta de apanhar e um dia, quando seu pai não

estiver olhando com cuidado, eu vou lhe mostrar a maneira

correta de brincar.

Felizmente, outro pretendente apareceu naquele

momento e Hajari recuou. O resto da noite, eu me mantive

ocupada sendo escoltada no braço de vários homens, cada um

tentando me convencer, de uma forma ou de outra, apesar do

fato de que todos nós sabíamos que a decisão estava nas mãos

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do rei e de meu pai e não comigo. Se eu fosse capaz de escolher,

eu provavelmente escolheria Devanand. A idéia de que Isha e eu

poderíamos desaparecer em um navio para longe era atraente.

Durante a noite, eu peguei vislumbres do estranho quieto

enquanto ele vagava pelo corredor. Não havia dúvida de que ele

era um guerreiro. Sua forma poderosa e a maneira como ele se

portava tornaram isso óbvio. Uma serva carregando uma

bandeja de frutas cortadas tropeçou e ele não apenas a pegou,

mas ajudou a mulher a se endireitar. Naquele momento, ele se

virou e eu respirei fundo. Ele era o homem mais bonito que eu já

tinha visto.

No braço de Devanand novamente, eu perguntei com

cuidado:

— Quem é aquele rapaz? Aquele lá vestido de preto?

— Onde?

— Aquele falando com Vikram Pillai. — Disse

baixinho.

— Ah, é o filho mais novo do Rajaram.

— Rajaram? — questionei.

— Sim. Seu irmão é o herdeiro do trono, então ele não é

um bom pretendente para você, se é isso que você está

pensando. Não me surpreende você ter perguntado sobre ele. Ele

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é jovem e eu acho que uma garota como você iria achá-lo

atraente.

Eu rapidamente dei um tapinha no braço do rei de

Mahabalipuram e o tranquilizei.

— Nem um pouco. Eu simplesmente não fui apresentada

a ele ainda.

— É improvável que se case antes de seu irmão. Talvez

ele esteja aqui para negociar o noivado em seu lugar.

— Ele não veio. Além disso, sendo tão jovem quanto eu,

talvez seja melhor ficar com alguém com mais experiência. Um

homem mais velho pode me ajudar a navegar pelas águas

turbulentas da juventude. Você não concorda?

Ele riu, satisfeito com a minha referência a sua cidade e

me apresentou a alguns outros homens que ele considerava

aliados.

Finalmente, as festividades foram concluídas e aqueles

que ficaram no palácio foram escoltados para vários quartos

para descansar. Hajari e eu seguíamos atrás de uma serva que

nos conduziu por uma série de corredores longos. Já era tarde e

a lua cheia lançava sua luz suave sobre nós enquanto

caminhávamos. A cada poucos passos, um arco aberto permitia

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que a brisa suave da noite balançasse os babados das minhas

saias.

Quando chegamos a uma porta dupla talhada, a serva

inclinou-se e a abriu, indicando que eu deveria entrar. Hajari

estreitou os olhos em alerta, mas não disse nada. Depois que as

portas foram fechadas atrás de mim, tirando a visão do homem

do meu pai, eu respirei aliviada e segui a serva.

Ela me levou a uma câmara espaçosa, com uma cama

enorme. Um banho tinha sido elaborado e ela ficou o tempo

suficiente para me ajudar. Um vestido de dormir foi deixado

para mim e depois que eu estava confortável, a serva partiu. Eu

estava sozinha. Verdadeiramente só. Eu não sabia o que iria

acontecer comigo quando o sol nascesse na manhã seguinte, mas

no momento, eu estava fora de perigo.

Incapaz de dormir tanto quanto estava exausta, levantei

da minha cama e saí para a varanda. A lua tinha se afastado, mas

eu imaginei que havia se passado apenas uma hora desde que

me recolhi. A brisa suave levou o perfume de jasmim e eu ouvi

o som inconfundível de água. Uma série de passos soou acima

da minha varanda e de repente eu percebi que o jardim suspenso

do rei poderia estar a poucos metros de distância.

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Olhando o redor, eu fiquei invisível e, com a lua

iluminando o meu caminho, dei um passo, me escondendo na

noite.

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Seguindo o som da água, eu rastejei silenciosamente

pelas escadas. Guardas estavam a postos sobre os parapeitos,

mas eles nem sequer olharam na minha direção. A brita debaixo

dos meus pés e a brisa em minha pele nua fizeram eu me sentir

viva. Meu pulso acelerou quando subi ao nível dos guardas.

Com um pouco de investigação, eu encontrei um outro conjunto

de escadas não muito longe de onde o primeiro lance terminou.

No lado da escada, uma pequena cachoeira caía da parede de

cima. Eu sabia que devia ser proveniente do jardim suspenso,

então eu subi mais alto.

Agora, três níveis acima do meu quarto, parei em uma

ampla varanda e olhei para a cidade ao luar. A maioria das

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lâmpadas tinham sido extintas para a noite, mas havia luz

suficiente provindas das tochas, fogueiras e velas ao redor dos

edifícios da cidade e as estruturas escuras abaixo pareciam que

estavam iluminadas com vaga-lumes. Apesar da vista ser tão

bonita, eu estava atrás de outra coisa.

Silenciosamente fazendo meu caminho de volta pelo

corredor, eu não encontrei nenhum outro conjunto de escadas.

Em vez disso havia várias portas. Nervosa para testá-las, eu

coloquei minha mão em cada uma e escutei em silêncio antes de

abrí-las. A primeira tinha escadas que levavam para baixo. A

segunda guardava várias armas - flechas, arcos, escudos e

lanças. A terceira porta era a mais pesada e abriu com um

rangido alto. Eu congelei, esperando que ninguém tivesse

ouvido.

Quando não havia nenhum sinal revelador de botas

pesadas no meu caminho, eu escorreguei dentro da entrada

escura e encontrei um outro conjunto de escadas para cima. Eu

hesitei, pensando que eu poderia perder meu caminho de volta,

mas o meu desejo de ver o jardim me puxou para a frente e eu

subi um degrau e outro, até que emergi no final de um túnel. O

luar e o cheiro de água e de coisas verdes vivas me chamaram

para seguir adiante.

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Corri e dei um passo através de um arco que dava

passagem para o paraíso. Durante o dia, o jardim deveria ser de

tirar o fôlego, mas à noite, iluminado apenas pelas estrelas e

luar, o jardim era mágico. Cada recanto escuro sussurrava

segredos que esperavam serem descobertos por mim.

Os rumores eram de que o rei havia cortejado sua noiva a

noite nos caminhos bem cuidados durante uma caminhada entre

as folhagem murmurantes. Era fácil imaginar um casal de

namorados andando sob as árvores, aproveitando a ocultação

encantadora que elas ofereciam.

Movendo-me mais profundamente no jardim, notei os

pilares de pedra que suportavam fileira após fileira de folhagens

que pairavam acima de mim em etapas como um teatro. À

esquerda havia um terraço trançado com videiras delicadas. À

direita havia uma galeria de arte viva com portas em arco que

levavam a outros níveis.

Em cada nível, havia estátuas esculpidas, fontes

gotejantes, torres com plantas penduradas e esculturas feitas

com vegetação. Embora não houvesse tochas para oferecer luz,

os raios da lua penetravam na copa folhosa o suficiente para que

eu pudesse observar quase todos os detalhes.

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Um caminho de pedra apareceu para circunavegar o

jardim inteiro. Em torno dele havia solo recentemente revirado

escuro e rico em nutrientes. Agachando-me, eu pressionei a

minha mão no material macio. Eu não consegui encontrar o

chão de pedra que iria apoiar tal peso, mas a julgar pelo tamanho

das árvores, as maiores delas tinham troncos maiores que eu, o

teto que segurava o jardim deveria ser muito grosso na verdade,

talvez com 20 pés ou mais.

No centro do jardim havia uma fonte maciça de tal

magnificência. Passei a maior parte de uma hora passando

minhas mãos sobre as figuras esculpidas e pela água. Curiosa,

eu segui o caminho dos córregos. Eles surgiam de uma série de

aquedutos que traziam água para o telhado da cidadela usando

dezenas de cisternas que transportavam a água do rio.

Todos os níveis foram construídos em um pequeno

ângulo, o que permitia que a água fluisse para baixo, irrigando

todo o jardim. O que não era usado no jardim, era levado de

volta para o rio quando a água caía ao lado do edifício em uma

cachoeira. O projeto era genial.

A sombra de enormes árvores estavam bem acima das

paredes do edifício e isto me deu a sensação de estar no topo de

uma grande montanha. Eu examinei o frágil crescimento de

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pequenas novas plantas molhadas com o orvalho da noite,

arranquei um pequeno botão e o coloquei atrás da minha orelha

e admirei uma seção de novas plantações que o cultivador do

jardim tinha acabado colocar.

A brisa quente da noite levantou as folhas das árvores,

fazendo-as dançar e suspirar como se estivessem vivas. O som

provocou meus sentidos. Eu andei por um labirinto multi-nível

só para emergir em um bosque de árvores frutíferas perfeitas,

cheias de esferas maduras de todas as espécies. .

Além, havia um pequeno prado de grama viçosa, um

lugar perfeito para fazer um piquenique. Como seria romântico

jantar lá sob a sombra de uma árvore com o murmúrio da fonte e

a vista da cidade. Deitei na grama com a mão atrás da minha

cabeça e olhei para as inúmeras constelações que enchiam o céu

da noite, pensando que se eu fosse incrivelmente sortuda, eu

logo estaria olhando para o mesmo ponto no convés de um

navio levando eu e Isha para outra terra.

Querendo explorar mais, deixei as lâminas de grama

macia e continuei. Flores pareciam brotar de todos os pedaços

de terra. Eu arranquei uma calêndula laranja e a joguei no fluxo

de água, rindo baixinho enquanto eu a seguia. A pequena flor

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dançou e balançou até que cheguei à beira do jardim onde ela

caiu por cima do muro e desapareceu.

Esta parte do jardim estava nivelada com o muro e eu

tive uma visão clara das muralhas da cidadela e os soldados que

estavam de guarda. Não querendo sair, mas sabendo que eu

deveria fazer o meu caminho de volta para a minha cama, eu

lentamente voltei os níveis, capturando cada visão, cheiro e som.

Relutante em continuar, parei na fonte central uma vez mais e

descobri uma flor aquática que eu nunca tinha visto antes.

Parecia uma flor de lótus, mas em vez do rosa comum ou

a cor branca, a flor tinha tons de lavanda. Era a coisa mais linda

que eu já tinha visto. Tentada a arrancá-la da água mesmo

sabendo que se meu pai encontrasse isso no meu quarto ele

saberia o que eu tinha feito, eu a examinei de todos os ângulos,

fixiando-a na memória.

Assim, eu estava tão atenta no meu estudo que eu não

ouvi os passos até a pessoa se aproximando estar quase

diretamente atrás de mim. Eu congelei e olhei para o meu braço,

deixando escapar um pouco de alívio por eu ainda estar

invisível. Ainda assim, a pessoa se aproximou e só parou pouco

antes de correr para mim. Mordendo meu lábio, eu dei um passo

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cuidadoso, estremecendo quando meu pé bateu em uma

pedrinha.

Rapidamente olhando para cima, me encontrei olhando

nos olhos dourados do homem que eu tinha reparado antes na

festa, o que estava aparentemente desinteressado no anúncio do

rei em relação a minha elegibilidade para casar. Seus olhos se

estreitaram quando ele olhou para o lugar onde a pequena pedra

tinha rolado e então ele examinou as árvores que nos rodeavam.

Depois de um momento, ele deixou escapar um pequeno suspiro

e colocou as duas mãos na borda da fonte.

Ele olhou para a água, como se ele estivesse tentando

adivinhar o seu futuro e não pareceu gostar do que viu. Então

ele notou a flor roxa que eu recentemente examinava, a pegou

em suas mãos e a levou para seu rosto. Ele respirou fundo e

suspirou. Eu achei o cheiro do homem em pé ao meu lado mais

inebriante do que o da flor. Ao contrário dos outros homens lá

embaixo que levavam com eles o cheiro do álcool que tinham

bebido ou o alho que tinham comido, este homem cheirava a

sândalo almiscarado e o cheiro de grama doce aquecida pelo sol.

Satisfeito, ele gentilmente deixou cair a flor aquática de

volta para dentro da fonte, onde se formou um círculo

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preguiçoso antes de flutuar novamente. Era como se houvesse

algo magnético sobre o homem que atraiu a flor excepcional em

sua direção. De repente, percebi que eu também tinha chegado

perigosamente perto de tocá-lo.

Inclinando-me para trás em um ângulo estranho, então

ele não iria me sentir, eu me perguntava quanto tempo ele ficaria

no meu espaço pessoal. Enquanto ele não se movia, o estudei da

mesma maneira que eu fiz com o jardim. O fato de que ele era

bonito era óbvio, mas eu tinha ficado perto de homens bonitos

antes e sempre me mantive praticamente indiferente. Um

homem bonito pode ser tão cruel quanto um feio. Eu tinha

demasiadas experiências desagradáveis com os homens para

simplesmente confiar em um baseando-me em sua aparência.

Ele ser o filho de um imperador significava que ele era

poderoso, mas ele não usava o seu poder de uma forma óbvia

como o meu pai fazia. Esse fato me fez gostar mais dele. Sua

roupa era bem feita, mas não se vangloriava com ornamentos

típicos que declaravam a todos que era um homem rico que as

usava. Seu corpo era o de um guerreiro, não um rei, o que

provavelmente significava que seu pai ainda estava vivo e, ainda

mais, isso significava que ele era corajoso - um homem que

estava ao lado de seus soldados, em vez de se por atrás deles.

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Seus traços não eram típicos dos homens que tinha me

deparado antes. A forma do seu rosto e boca pareciam diferentes

de alguma forma e seus olhos dourados, com pequenas manchas

que contrastavam com a cor da tinta henna recém-feita, eram tão

raros quanto eram notáveis. Ele era tão exótico e raro como a

flor que eu tinha acabado de encontrar - um encantador,

fascinante e contraditório homem.

Ele era um soldado e ainda assim ele parecia ter um

apreço por coisas belas. Um herdeiro de um grande império e

ainda aqui ele estava sozinho, sem um guarda-costas ou uma

comitiva. Ninguém estava prestes a limpar seus pés ou oferecer

reverência.

Aqui havia um intitulado príncipe atraente que

aparentemente não se importava em nada para festas, diplomacia

ou mulheres elegíveis. E onde a maioria dos homens seria

negligente, ele não foi apenas gentil, mas ajudou a serva - um

gesto que poucos homens que eu conhecia iria ter,

especialmente para aqueles que consideravam abaixo de sua

posição.

Ao observá-lo passar seus dedos no lago de carpas, eu

sorri e tive que parar de rir quando os peixinhos famintos

levantaram as cabeças acima da água fazendo formas

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suplicantes com suas bocas. Eles estavam com fome e pediam o

sustento que eles pensavam que ele poderia proporcionar.

— Sinto muito. Eu não trouxe para vocês qualquer pão.

— Disse ele. — Se eu soubesse que vocês estavam aqui, eu teria

trazido.

Minha diversão foi substituída por algo mais, algo

quente, um sentimento que eu não conseguia descrever. Calor

coloriu meu rosto e eu silenciosamente apertei minhas mãos

contra ele. Espantada, percebi que eu estava corando de estar

apenas na sua presença. Meu pulso acelerou quando eu olhei

para seu rosto tão avidamente quanto os peixes coloridos. Na

verdade, eu não conseguia desviar o olhar dele até que eu notei o

sulco da sua testa se curvar em confusão e ele olhou em minha

direção.

— O que foi? — Perguntou ele. — Que criatura etérea

que vocês descobriram?

Olhei para baixo balancando a cabeça e coloquei as mãos

na boca em horror quando eu percebi que os peixes tinham

abandonado o rapaz bonito e agora estavam virados na minha

direção. Eles viam através de qualquer feitiço que me deixava

invisível para os outros.

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Enquanto suas bocas largas abriam e fechavam, eles

nadaram para mais perto, ele deu um passo em minha direção.

Então nesse momento, um homem chamou.

— Aí está você. Obrigado por concordar em me ver.

O jovem príncipe parou; seu corpo ficou tenso quando

ele se virou para reconhecer o recém chegado. Entrando na

clareira ao redor da fonte, o homem caminhou para a frente com

confiança, a máscara que ele usava era uma versão do seu eu

anterior. Mais jovem que o enrugado diplomata que era

tipicamente preferido de meu pai - um dom que ele só usava

quando ele se encontrava com os muito mais jovens do que ele.

Não era diferente o suficiente para que a maioria das

pessoas pudessem notar. Na verdade, eu parecia ser a única que

via o meu pai como ele realmente era - um decrépito, cadáver

esquelético - um homem tão deteriorado do lado de fora quanto

ele estava apodrecido no interior. O que ele poderia querer com

esse rapaz? Eu me perguntava. Apesar do fato de que o meu

instinto me dizia para fugir o mais rápido possível, uma outra

parte de mim queria ficar, queria ficar entre o estranho bonito e

meu pai e protegê-lo como eu fiz com Isha.

O jovem respondeu:

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— Suas ... intimações não me deixaram negar o seu

pedido.

— E por que você negaria? Lhe garanto que este diálogo

será de importância vital para o futuro de ambos os nossos

reinos. — Meu pai sorriu de um modo encantador que me

enraizou no lugar onde eu estava. — Talvez você permita me

apresentar corretamente. — Ele se inclinou e estendeu a mão em

um gesto de boa vontade. — Meu nome é Lokesh.

O jovem ignorou a mão estendida:

— Eu sei quem você é.

— Ah, eu posso ver que minha reputação me precede.

— De fato, precede. Embora eu espere que seja

exagerada, a minha impressão é de que não é.

Meu pai estalou a língua.

— Certamente um guerreiro como você sabe que uma

reputação reconhecidamente chocante muitas vezes pode servir

para beneficiar muito seu portador, se não, talvez mais do que

uma espada bem feita?

Cruzando os braços sobre o peito musculoso, o estranho

respondeu:

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— Sim. E também sei que o tipo de homem disposto a

permitir que tal reputação exista, indepentende se é verdade ou

não, é um homem que eu teria às minhas costas.

Lokesh riu em resposta. Eu nunca tinha ouvido ele rir

antes, mesmo em tom de brincadeira, e tanto quanto eu poderia

dizer, sua reação era genuína. Por alguma razão, a resposta do

estranho encantou meu pai. O sentimento nervoso que eu tinha a

respeito da segurança do jovem se intensificou em vários graus.

— Que inteligente. Mas, novamente, eu não esperaria

nada menos de um Rajaram.

Os olhos do homem jovem se estreitaram.

— Sinto que o meu tempo aqui tem sido desperdiçado.

Fomos informados de que esta reunião seria sobre as

negociações do tratado. Em vez disso, eu me descubro

convidado em uma festa no jardim das mulheres, onde eu sou

obrigado a ver pavões pomposos pavonear por aí em toda sua

nobreza enquanto eles adulam, se embonecam e se empinam por

aí e felicitam um ao outro sobre a quantidade de ouro guardado

em seus cofres. Está tarde e como minha intenção é sair com o

nascer do sol, eu preferiria me retirar para o meu quarto para as

poucas horas restantes até essa altura. Se você quer discutir o

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último conflito, então eu sugiro que você comece com ele. Se

não, eu vou me despedir.

Os olhos de Lokesh brilharam.

— Kishan. Posso chamá-lo assim? — Meu pai não

esperou pela aprovação, mas continuou. — Posso lhe assegurar

que as recentes — ele fez uma pausa — pequenas brigas entre as

nossas tropas, tão triviais como elas são, de fato estão em minha

mente. O fato de que os nossos dois reinos foram criados em

desacordo me dói e eu sinto que devo tentar persuadi-lo de que

eu de forma alguma sou o instigador de tais atos traiçoeiros.

O estranho não disse nada, mas seus punhos se apertaram

e os músculos de seus braços se flexionaram. Ele claramente

não acreditou nas mentiras derramadas dos lábios de meu pai,

pelo menos não completamente. Eu não tinha certeza do que

Lokesh vinha fazendo em todas as suas campanhas secretas, mas

agora estava claro que ele tinha objetivos maliciosos em relação

a este jovem e sua família. O medo que eu sentia por ele quase

me chocou. Meu corpo tremia e minha respiração se tornou

irregular.

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— Não, Kishan. Meu propósito hoje é colocar um fim a

qualquer descontentamento e construir uma ponte entre o nosso

povo.

— E como você propõe que façamos isso? — Perguntou

o estranho.

Dando um passo para a frente e levantando a mão de tal

forma que parecia suplicar para quem está de fora, mas

obviamente estava ameaçando na minha perspectiva, ele disse:

— Com a criação de uma aliança entre nossas famílias.

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Eu não podia ajudá-lo e soltei um suspiro suave,

involuntário. Felizmente, nem meu pai, nem o jovem percebeu

isso por causa do som da corrente da fonte.

— O que você quer dizer? — Perguntou o homem

bonito. Ele tinha razão para desconfiar. O que quer que meu pai

estava planejando não prenunciaria nada de bom para todos os

envolvidos.

Lokesh virou-se e aproximou-se da fonte de água.

Deixando o fluxo de água passar pelas pontas dos dedos, ele

perguntou:

— Você naturalmente está ciente do anúncio do rei esta

noite?

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— Que a sua filha está disponível para casar? O que tem

isso?

Uma parte de mim ficou machucada pela observação do

jovem. Eu racionalizei isso, lembrando-me que eu não estava à

procura de um pretendente de qualquer forma. Que a melhor

coisa para mim e Isha era eu me casar com um homem que

vivesse longe do meu pai. Longe o suficiente para que eu

pudesse escapar. Tal coisa seria fácil com o rei de

Mahabalipuram, mas eu suspeitava que deixar um homem como

este estranho seria muito mais difícil. Ainda assim, saber de sua

indiferença ao meu respeito foi um duro golpe para o meu

orgulho feminino.

Eu sempre soube que eu era linda. Isha me dizia isso

muito o dia inteiro e eu recebia bastante atenção dos homens

que cercavam a nossa casa para conferir a minha aparência, mas

pela primeira vez na minha vida, me senti ... desagradável. A

idéia de que o jovem que eu achava tão fascinante não tinha

interesse algum em mim, ferroou.

Meu pai prosseguiu:

— Você pode não saber disso, mas o anúncio de hoje

não foi planejado. O rei tem a intenção de usar a minha filha

para promover seu alcance e como ela é a única ligação restante

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que tenho com minha amada falecida esposa, você pode

entender que a declaração sobre a sua elegibilidade para o

casamento me causou alguma preocupação.

Apertei os olhos com a menção de minha mãe. Isha tinha

compartilhado suas suspeitas sobre a morte da minha mãe há

muito tempo. Ela me disse que minha mãe não morreu no parto

como o meu pai fez todos acreditar. Sua amiga, a parteira que

me entregou, tinha falado com Isha apenas algumas horas

depois que eu nasci e informou que mãe e filha estavam

saudáveis.

Quando a amiga de Isha voltou para verificar a mim e

minha mãe, a morte de minha mãe foi anunciada e a parteira

desapareceu. Isha acreditava sinceramente que o meu pai tinha

eliminado as duas mulheres. Depois de ter visto o seu

temperamento de perto, eu não duvidava que ele era capaz de ter

feito isso. Se eu achasse que matá-lo era uma possibilidade, eu

teria feito isso sozinha, há muito tempo. O homem bonito falou,

e me distrai dos meus pensamentos de vingança.

— O que isso tem a ver comigo? — Perguntou o

estranho.

Meu pai correu as pontas dos dedos para trás e para a

frente na água e eu notei que todos os peixes desapareceram.

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Não mais suplicando, eles rapidamente se retiraram para os

confins da lagoa. Será que sentiram algo quando meu pai tocou

a água? Eu me perguntei. Ou, talvez, ele usou seu poder de

alguma forma para fazê-los recuar. Mordi o lábio, tão atenta as

próximas palavras proferidas por meu pai que eu mal podia

respirar.

— Pensei que pudéssemos chegar a um acordo

mutuamente benéfico.

— Tipo o que?

— O seu irmão mais velho, Dhiren, não é? Ouvi dizer

que ele ainda não tomou uma noiva.

— Ele ainda é jovem. Além disso, ele tem estado muito

ocupado defendendo nossas terras de suas ... pequenas

desavenças.

Meu pai olhou rapidamente para o estranho, seus lábios

se curvaram ligeiramente com a observação do homem.

— Não seria melhor — Lokesh perguntou com um

sorriso astuto — se o seu irmão pudesse voltar a seus deveres

em casa? Esquecer a guerra e as disputas sobre território e

dedicar-se a ser o imperador que ele está destinado a tornar-se?

Com a rainha adequada ao seu lado, ele poderia tomar o seu

lugar de direito. Filhos homens poderiam reinar em seu lugar.

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— Deixe-me adivinhar. Você deseja que sua filha seja a

rainha.

— Ela é linda. Obediente. Recatada. Além do mais, seu

dote é apoiado pelo rei. — Ele se inclinou para a frente e baixou

a voz. — E, só entre nós dois, com a minha filha no trono, eu

ficaria satisfeito que meus netos um dia poderão governar

ambos os reinos. As brigas sem sentido sobre território

acabariam e ambos os nossos reinos poderiam florescer de uma

forma mutuamente satisfatória.

O jovem esfregou o queixo e eu ouvi o som dele

esfregando a barba em seu rosto. Eu queria gritar, gritar para ele

não dar ouvidos às palavras de meu pai. Lokesh nunca cumpria

suas promessas. Ficar aqui ouvindo ele era perigoso. Mas eu não

disse nada e torci minhas mãos invisíveis, desesperada para

ouvir sobre esse futuro que ele planejara para mim. O fato de

que Lokesh não permitiria que o rei me casasse com alguém de

sua escolha não foi surpreendente, mas eu tinha permitido que

um pequeno raio de esperança crescesse e como eu esperava,

meu pai o apagou antes mesmo de uma noite ter se passado.

Então meu pai desonesto completou:

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— Com certeza, a este ponto você poderia ser liberado

para perseguir seus próprios objetivos. Talvez você possa

encontrar uma mulher com riquezas suficientes para que você

possa comprar uma pequena propriedade de sua preferência.

Obviamente, como o segundo filho, seria dada uma parte da

riqueza de seu pai para você se estabelecer. Com o suficiente

para iniciar, você pode até se dar bem. Você nunca seria capaz

de se manter com o seu irmão, é claro, mas não há nenhuma

vergonha em ser o segundo melhor. E tenho certeza de que os

filhos reais da minha filha iriam gostar de conhecer o seu tio se

ele se dignasse a visitá-los de vez em quando.

Enquanto Lokesh continuava, as costas do jovem

endireitaram-se ainda mais. Sua fúria era evidente. Eu sabia

disso e meu pai sabia disso. Manipulação era uma de suas

habilidades e a única maneira de contornar era fingir que nada

do que ele dizia o afetava.

Mais uma vez, eu achei que eu deveria defender o jovem,

mas não havia nada que eu pudesse fazer. Meu pai tinha

tramado suas camadas de manipulação em torno do homem

como uma cobra hábil e eu quase podia ouvir o som do ego do

belo estranho sendo ferido conforme as voltas o apertavam.

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— Você entende que eu sinto um grande afeto paternal

pela minha filha. É imperativo para mim que eu a mantenha por

perto. Nossas terras fazem fronteira uma com a outra. Por isso,

estou disposto a negociar um compromisso em nome do nosso

rei, mas não se enganem, se minha generosa oferta for rejeitada,

não terei escolha senão aumentar as hostilidades entre os nossos

povos.

— E você se sente confortável alojando sua filha com

seus inimigos?

A língua de Lokesh disparou sobre os lábios:

— Tenho toda a confiança de que você vai tratá-la com a

honra e o respeito que ela merece.

Eu poderia ter rido. Não havia nenhum inimigo mais

perigoso para o meu bem-estar do que o homem que dizia sentir

"afeto paterno" por mim.

O jovem chamado Kishan virou as costas para o meu pai,

o que significava que ele estava de frente para mim. Na verdade,

ele estava a apenas alguns centímetros de distância. Uma

miríade de emoções cruzou seu rosto enquanto ele considerava

as palavras de meu pai. Eu queria alcançá-lo e acariciar sua testa

com a ponta do meu dedo, para suavizar as rugas e aliviar o

desconforto que meu pai havia lhe causado.

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Finalmente, ele disse:

— Eu vou passar a sua proposta adiante para os meus

pais. Vamos enviar nossa resposta por correio dentro de uma

quinzena.

Meu pai abaixou a cabeça em um gesto de boa vontade

fingida.

— Que seus cavalos sejam rápidos.

Kishan se despediu e Lokesh obsevou ele partir. O

silêncio desceu sobre o jardim. Todos as coisas répteis ficaram

quietas. Até o vento se acalmou. Minha respiração de repente

parecia muito alta. Eu bati em minha testa superaquecida e

desejei que minhas pernas invisíveis parassem de doer.

Erguendo as mãos, Lokesh canalizou sua energia, um ato que eu

raramente tinha testemunhado. A água da fonte ondulou e

congelou enquanto gelo cobria cada centímetro da superfície de

pedra do caminho.

Ele chicoteou os braços no ar e um vento forte destruiu o

jardim, arrancando flores delicadas de suas hastes e quebrando

as árvores. Então ele ergueu os braços e o chão tremeu, a fonte

congelada rachou e eu tropecei e caí. Mordi minha língua forte,

em vez de gritar. Empurrando as mãos abertas, faíscas azuis

saíram de seus dedos e enegreceram o tronco de uma árvore

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próxima. Diminuindo os ataques, ele apagou o poder e com um

passo determinado ele deixou o jardim, descendo um conjunto

diferente de escadas do que o que eu tinha usado.

Eu esperei um longo tempo antes de voltar para o meu

quarto e quando voltei, eu lavei cuidadosamente os meus pés e

subi na cama, mas o sono me escapou. Em vez disso, eu olhei

para o material transparente estendido sobre minha cama e me

preparei para a manhã que estava por vir.

Quando a luz do dia encontrou o meu quarto, eu esperei

que meu pai fosse me buscar. Eu esperava que ele fosse

aparecer imediatamente, mas conforme as horas da manhã

passaram e nem mesmo uma camareira veio ao meu quarto, me

aventurei. Eu não encontrei ninguém, nenhum convidado ou

funcionário, até que entrei no grande salão e então quem me

procurou não era meu pai nem o seu braço-direito, Hajari, mas o

rei Devanand, meu pretendente de Mahabalipuram.

— Oh, minha querida. Isto é trágico. Trágica notícia de

fato.

— O que foi? — Lhe perguntei enquanto eu ajustava o

véu com mais força sobre minha face. — O que aconteceu?

— Você não ouviu?

Eu balancei a cabeça em resposta.

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— O rei foi assassinado.

— É ... isto é possível? — Eu perguntei, a suspeita já

enchendo minha mente. — Como ele morreu? Foi descoberto o

vilão?

— Ainda não. Seu pai está investigando.

— Eu entendo.

— A princípio, acreditava-se que ele simplesmente

faleceu em seu sono, mas quando as mulheres foram atendê-lo,

seu camisolão caiu. Foi quando eles viram as marcas pretas no

peito perto de seu coração.

— Marcas pretas?

— Sim. A área que circundava o coração dele estava

queimada, mas a pele enegrecida não era suficiente para matá-

lo. Ainda assim, é prova suficiente para levantar suspeitas.

— Entendo. O que está acontecendo agora? Onde está o

meu pai?

— Ele está organizando as tropas. Eles irão defender o

reino até que um novo rei seja escolhido. Ele teme que um

usurpador possa tentar tomar o trono e ele não quer que isso

aconteça.

— Claro.

Ele acariciou minha mão.

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— Infelizmente, isso significa que não serão mais feitos

planos neste momento a respeito de seu futuro. Você deve saber

que eu fiz as minhas intenções muito claras para o seu pai. Ele

me garantiu que eu seria um dos primeiros a saber quando tudo

se acalmasse. Até então, todos os convidados devem retornar o

mais silenciosamente possível para seus próprios domínios.

— Eu entendo.

— Ah. Lá está o homem de seu pai. Eu vou deixá-la em

seu cuidado então. Até que nos encontremos de novo, senhorita

encantadora.

O rei apertou minha mão e, relutantemente, me deu a

Hajari, que pegou meu braço em um aperto forte.

— Onde você estava? — Ele sussurrou em meu ouvido.

— Ninguém veio me buscar esta manhã. — Respondi

friamente.

— Seu pai está esperando por você. Venha.

Ele me arrastou pelo corredor e através de várias

passagens, saboreando a oportunidade de me mostrar que ele

estava no comando, embora nós dois soubessemos que era

apenas temporário. Com certeza, seu comportamento mudou

completamente no momento em que entrou no quarto onde meu

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pai estava sentado e cercado por assessores do falecido rei.

Quando ele me viu, ele dispensou o grupo.

— Dormiu bem, minha querida? — Ele perguntou

educadamente enquanto os últimos homens saiam e fechavam a

porta atrás deles.

— Sim, pai. — Eu respondi com o meu olhar treinado

em seus pés.

— Eu suponho que você ouviu falar da morte do rei. —

Disse ele e pelo seu tom de voz, eu não poderia dizer se ele quis

dizer isso como uma pergunta ou uma afirmação. Eu decidi que

era melhor não dizer nada.

Ele esperou por alguns segundos e, em seguida,

confirmou o que eu já suspeitava.

— Trágico, não é? Claro, você está ciente de que isso

pode significar para você.

— Que eu não vou me casar, afinal? — Me aventurei

em voz baixa.

— Oh, você vai se casar, Yesubai, mas não com um rei

velho que você obviamente prefere. — Ele se virou e caminhou

de volta para a mesa do rei, onde um grande mapa estava aberto.

Ele pegou uma estatueta de um guerreiro nas costas de um

elefante e o mudou para outro local através de uma linha preta

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grossa desenhada sobre o mapa. O território estava marcado

com a palavra Rajaram. Olhei para longe antes que ele olhasse

para mim novamente.

— Você deveria estar feliz. — Disse ele. — Minha

intenção é que você se case com alguém muito mais jovem. E

então, quando você for uma rainha e um pouco de tempo passar,

eu vou esperar que você o mate.

Assustada, olhei para cima e o encontrei olhando para

mim, com um brilho diabólico em seus olhos.

— Para ver se você vai cumprir sua parte neste pequeno

drama, eu vou manter Isha por perto. Você entende as minhas

expectativas? — Ele terminou.

Depois que eu pisquei sobre a umidade dos meus olhos,

eu assenti levemente e respondi:

— Sim, pai.

— Muito bem. Você pode ir. Vamos residir aqui até que

os arranjos apropriados sejam feitos para o seu noivado.

...

Levou cerca de um mês para o meu pai subir

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relutantemente ao trono. Ele manteve Isha longe de mim para

segurar que eu cumprisse com o combinado. As empregadas

atribuídas a mim eram eficientes, mas frias e Hajari tornou-se

uma constante presença ao meu lado. Em nenhum momento ele

me deixava fora da sua vista. Meu quarto foi considerado muito

fácil de escapar e novos aposentos foram atribuídos a mim.

Havia apenas uma porta para entrar e sair do meu novo quarto e

até que as correspondências fossem enviadas, o meu pai estava

contente em me deixar lá.

Minhas refeições eram trazidas e eu era permitida

caminhar no pátio uma vez por dia apenas se Hajari estivesse

comigo. Desde que eu sabia que estar a sós com Hajari só

resultaria em um ataque provável, eu determinei que era melhor

ficar no meu quarto. Sem Isha, o único rosto conhecido no meu

mundo muito limitado, eu me desesperava. Alimentos perderam

seu atrativo e eu mantive as cortinas pesadas fechadas sobre

minha janela gradeada.

Em seguida, umas correspondências chegaram. A família

Rajaram tinha considerado a oferta do meu pai, apesar das

ameaças reveladas por trás dele, e a própria rainha disse que

gostaria de me encontrar para verificar se eu seria um bom

partido para seu filho. Meu pai estava emocionado com a

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perspectiva. Ele havia se distraído com as funções do reino, mas

quando o mensageiro chegou, ele não pode esperar para

compartilhar a notícia e me levou até ele imediatamente. Ele não

estava satisfeito com a minha aparência.

— Você andou doente? — Ele questionou.

— Não, pai.

Grosseiramente, ele arrancou o véu do meu rosto e

estreitou seus olhos enquanto ele segurava meu queixo, virando

a cabeça de um lado a outra para me estudar. Me empurrando

para o lado, ele encurralou Hajari e envolveu a mão ao redor da

garganta do homem. Seus olhos se arregalaram e ele chiou

enquanto arranhava debilmente a mão do meu pai.

— Você vai garantir que ela coma, que seu cabelo seja

escovado e oleado até que brilhe e que não haja nenhuma marca

em seu rosto ou inchaço sob os olhos. Eu fui claro?

— Sim, meu rei. — Hajari tossiu.

— Bom. — Ele deixou o seu servo cair e acrescentou.

— Ela parte em três dias. Garanta que ela esteja pronta. Eu

quero que ela seja adornada como uma princesa. Agora vá.

Preciso falar com ela a sós.

Hajari, cuja garganta estava agora inchada e vermelha,

recuou sem dizer uma palavra e fechou a porta atrás de si.

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Meu pai disse:

— Agora então. Há algumas coisas que eu acho que

devemos discutir antes de você partir.

Pavor me tomou quando o palácio da Família Rajaram

veio à tona. Eu estava no meio de uma grande caravana,

andando em uma carruagem opulenta e estava vestida como se

eu já fosse uma grande rainha. Meu pai não poupou nenhuma

despesa em apresentar o seu pequeno presente mortal para a

família Rajaram. Dentro de um baú cheio de vestidos de seda

suntuosa e véus havia um compartimento secreto cheio de

garrafas de veneno e facas afiadas pequenas o suficiente para

caber dentro de um bolso.

Eu sabia as conseqüências se eu falhasse. Meu pai

deixou bem claro para mim. Eu deveria agradar Dhiren, o mais

velho, me casar com ele, descobrir o paradeiro secreto de suas

relíquias de família, roubá-las e matá-lo. Até lá, eu deveria

espionar a família Rajaram.

Se eu não fizesse o que meu pai queria, ele iria torturar

Isha. Torci a pequena mecha de cabelo grisalho de Isha no meu

bolso. Ele tinha me dado como um lembrete de que eu precisava

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cumprir o meu dever. Na verdade, ele tinha sido tão específico

sobre o método que ele usaria para ferir a minha babá que eu

não tinha dúvida de que ele não tinha apenas feito isso antes,

mas que apreciava a oportunidade de fazer novamente.

Meu estômago se apertou dolorosamente, sabendo que

eu tinha concordado em me tornar uma assassina secreta e uma

espiã para o homem doente, depravado que meu pai era, mas as

consequências se eu falhasse, eram impensáveis. Eu não podia

permitir que a minha amada Isha sofresse nas suas mãos. Eu não

sabia se eu poderia cometer um assassinato para salvá-la, mas

não havia dúvida de que eu devia a ela por me proteger dele.

Toda vez que eu a via mancar, me lembrava que a culpa era

minha por ela sofrer, minha culpa, ela permanecer em seu

emprego. Eu não iria deixá-la nas mãos dele.

Quando cheguei ao palácio, fui apresentada e cada

pessoa que eu conheci parecia aberta e gentil. Hajari tinha vindo

comigo e tentou inserir-se como meu auto denominado protetor,

mas felizmente o conselheiro militar, um homem astuto, que

parecia ver através de meu véu os segredos escondidos dentro

do meu coração, atribuíu seu próprio homem também. Ele foi

sábio em fazer isso. As ações de Hajari foram severamente

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restringidas com o soldado dos Rajaram constantemente nas

proximidades.

Eu não encontrei Deschen até o jantar naquela noite. A

rainha era o personificação da elegância. Ela me observava do

outro lado da mesa e perguntou questões educadas sobre a

minha casa e família. Ela interpretou minhas respostas contidas

como timidez. Depois do jantar, ela me chamou para seu quarto

privado e me mandou sentar a seu lado. Mulheres de todas as

idades a rodeavam e conversavam alegremente enquanto

costuravam.

Quando ela viu que eu estava relutante em falar sobre

mim mesma, ela falou de sua família distante, de sua terra natal

e de seus filhos. Seu amor por sua família era óbvio, como o

fato de que ela era ferozmente protetora com seus filhos. Ela

parecia surpresa quando eu perguntei sobre seu filho mais

jovem, mas estava muito disposta a compartilhar histórias de sua

juventude. Eu logo soube que Kishan tinha sido enviado para as

fronteiras e provavelmente voltaria dentro de um mês e que

Dhiren não era esperado há algum tempo. Deschen disse que

queria me conhecer primeiro, antes de a decisão a respeito do

noivado fosse feita.

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Todos os dias eu saía para os jardins do palácio, sempre

com os meus dois acompanhantes e todas as noites eu passava

com Deschen. Não demorou muito para eu admirar a mãe de

Kishan. Ela me fascinou, quase tanto como o seu filho. Ficou

claro que havia um grande amor entre Deschen e seu marido.

Quando chegava a hora de se retirar, o imperador vinha buscar a

esposa. Juntos, eles davam boa noite a todas as mulheres viúvas

que ela acolhera.

As mulheres, cujos maridos tinham morrido na guerra,

eram ferozmente leais à família Rajaram e eu senti

impulsionada por ouvir as suas histórias. Gostaria de saber se

poderia haver uma maneira de salvar Isha. Ela iria florescer

como uma das mulheres da rainha. Eu estava apenas começando

a me sentir em casa e segura quando o meu pai me fez uma

visita.

Um pesadelo terrível me acordou. Meus braços se

arrepiaram e percebi que as janelas estavam abertas, as cortinas

ondulantes na brisa. Eu tinha acabado de levantar para fechá-las

quando ouvi uma voz.

— Você parece bem, minha querida.

Congelando no lugar, eu instintivamente abaixei minha

cabeça.

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— Pai. — Eu disse.

— Como as coisas estão progredindo? A família aceitou

você?

— Eu acredito que eles aceitaram.

— Então por que está demorando tanto? Por que eu não

ouvi nada sobre um noivado?

— A rainha ainda está me avaliando. Além disso, ambos

os príncipes estão fora.

— Sim. Eu estou os mantendo ocupados.

— Mas por quê? Pensei que quisessemos eles aqui.

Ele se moveu tão rapidamente que eu não estava

preparada. Meu pai me empurrou contra a parede com o

antebraço na minha garganta.

— O que você disse? — Ele perguntou, seus olhos

escuros brilhando ao luar.

— Peço desculpas. — Eu sussurrei. — Eu não quis

questioná-lo.

— Lembre-se de seu lugar — Ele sibilou.

Eu balancei a cabeça, me xingando por ser tão

imprudente. Meu tempo longe do meu pai me fez complacente.

— Eu não preciso explicar minhas ações para você.

Ainda assim, quando a rainha mencionar os conflitos que

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mantém seus filhos longe, você pode lhe garantir que você tem

bastante influência sobre seu pai para acabá-los e que eles

devem concordar com a união de nossas famílias. Você já viu os

medalhões que eu lhe pedi para encontrar?

— Não. Nem a rainha, nem o rei os usa. O conselheiro

militar não permite que eu ou Hajari nos movamos pela

propriedade sem seus homens estarem presentes.

Meu pai murmurou:

— Eu deveria ter matado aquele Kadam.

Quando eu não disse nada, ele deu um passo para trás,

finalmente, me liberando de seu poder sobre o meu pescoço, e

disse:

— Você sabe o motivo de eu buscar esses medalhões?

— Não. — eu respondi com cuidado — Eu só preciso

saber que você os quer.

— Isso é certo. — Ele parecia satisfeito com a minha

resposta.

Inclinando a cabeça, ele me considerou por um

momento, depois disse:

— Talvez, minha cara Yesubai, é hora de você entender

exatamente quem você é.

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Senti o oxigênio deixar meus pulmões.

— O que quer dizer?

— Sim. Se você souber minhas motivações, você vai

entender a melhor forma de me servir. — Virando-se, ele cruzou

as mãos atrás das costas e começou — Você é a filha de um

homem muito poderoso e eu não quero dizer politicamente. —

Ele caminhou ao redor da sala tocando vários objetos que

pertenciam à família real enquanto falava. — Eu fui o herdeiro

de um trono de uma grande província em uma terra muito longe

daqui. — Ele se voltou para mim. — Mesmo que eu tenha

matado meu irmão e minha madrasta para ascender ao trono, eu

desisti.

Que ele tinha matado para realizar seus objetivos não foi

surpreendente, mas se afastar de um trono, era.

— Você não queria esse poder? — Eu questionei.

— Mandar em um reino não é poder. — Ele cuspiu

enquanto olhava para mim — Este é o verdadeiro poder. — Ele

puxou uma corrente em volta do seu pescoço e me mostrou um

amuleto quebrado anexado ao final.

— O que é isso?

— Chama-se amuledo de Damon.

— Isso é um tigre?

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— Como você é inteligente, minha querida. — Ele

esfregou o polegar sobre o amuleto com uma expressão quase

carinhosa. Ele murmurou baixinho, como se perdido em seus

pensamentos — Há muito tempo atrás, houve uma grande

batalha que uniu os reinos da Ásia. Um demônio apareceu. Ele

devastou o país e, finalmente, suas atrocidades ficaram horríveis

demais para ser ignoradas. Cinco reinos se uniram para derrotar

o monstro de uma vez por todas.

Meu pai nunca tinha dito nada sobre seu passado. A

maioria do que eu sabia foi adquirido a partir de pedaços que eu

tinha escutado. Fiquei fascinada e horrorizada ao mesmo tempo.

Ele continuou.

— Na véspera de sua derrota, uma deusa bela e horrível

os liderou montada em seu tigre, chamado Damon.

Sorrindo secretamente, ele bateu nas garras do tigre no

medalhão.

— Quando o demônio foi finalmente morto, ela

presenteou cada reino com um pedaço do amuleto. Logo,

descobriu-se que as peças do amuleto controlavam os elementos

- cada parte com um deles. Diz-se que se o amuleto for

remontado, seu portador vai possuir o poder da própria deusa.

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Isso explicava muito - o fogo azul que eu tinha visto em

suas mãos, a água derramando da boca do homem que ousou me

tocar, os pequenos tremores no chão sempre que ele estava com

raiva, os fortes ventos que tinha invocado no jardim e a morte

prematura do rei. Isso era o que levava o meu pai. Isso era o que

ele procurava. E de alguma forma, uma parte desse poder que

ele tinha reunido havia sido transmitido através de seu sangue.

Minhas habilidades eram presentes de uma deusa.

Ele sorriu como se provocando uma criança com um

brinquedo.

— Você pode ver, existem duas peças que faltam.

— Estas são as peças que eu estou procurando?

— Sim. Uma vez que o amuleto estiver completo, não

haverá nada nem ninguém que não possa controlar. Eu vou ser

invencível. E se você tiver muita sorte, você vai viver para se

aquecer na minha glória. Não vai ser o mesmo como se você

fosse um filho, mas eu nunca me fecho para novas ...

oportunidades.

Ele segurou meu queixo em sua mão, a seu parto firme.

— Se você tivesse um pouco de fogo em seu sangue.

Um filho? Quem seria ele? ... Deschen. Ela era a mulher

que ele desejava para isso.

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— Mas Deschen pode ter passado de seus anos férteis.

— Sim. Essa é uma possibilidade. — Admitiu. — É por

isso que eu estou interessado com a possibilidade de permitir

que você se case com um dos príncipes. Se eu não posso ter um

filho para moldar a minha imagem, talvez possa com neto.

A idéia de que meu pai poderia se tornar ainda mais

poderoso era surpreendente. Tudo fazia sentido. A razão que eu

tinha sido enviada. Os conflitos com a família Rajaram. Era tudo

para ter os amuletos e arrancar Deschen de sua família.

Agora que eu sabia a verdadeira motivação de meu pai,

era ainda mais importante que eu escondesse minhas

habilidades. Se ele soubesse o que eu poderia fazer, ele moldaria

a mim e meu descendente em quem ele era - um assassino,

sedento de poder, receptáculo do mal. Quanto mais eu fosse

fraca e dócil, menos ele iria me ver e quanto menos ele me

visse, menos vilania ele esperaria que eu participasse.

— Você sabe o que eu espero — disse ele. — Você tem

duas semanas para anunciar seu noivado ou encontrar os

medalhões. Para cada dia após isso, vou lhe enviar um dos

dedos de Isha em uma caixa.

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Engolindo o meu horror, meus olhos encheram-se de

lágrimas frustradas, eu murmurei:

— Sim, pai.

Quando olhei para cima, ele tinha ido embora.

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O sono me escapou o resto da noite. Meu pai poder ter

acesso aos jardins do palácio tão facilmente me assustou mais

do que eu gostaria de admitir. Eu desesperadamente, pensei que

eu nunca realmente ganharia qualquer retrato de liberdade, que a

sombra de meu pai iria assombrar a mim e todos que me

cercavam pelo resto da minha vida.

Ainda assim, sabendo que ele tinha ido tão longe para

me colocar na casa Rajaram significava que deveria ter um

limite para o que ele poderia fazer. O fato de que ele precisava

de mim para cumprir o seu propósito era uma indicação de que

ele não era todo-poderoso. Talvez, se eu fosse muito cuidadosa e

muito inteligente, poderia haver uma maneira de contornar os

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seus planos, mas tal traição viria com um preço alto. Se eu fosse

contra ele, eu precisava ter certeza absoluta que teria sucesso.

No momento em que o sol se levantou. Eu estava vestida

e procurei Deschen. Apesar do pouco tempo que eu tive ao seu

lado, senti que ela poderia ser confiável e se havia uma coisa

que eu precisava para vencer o meu pai em seu próprio jogo, era

um poderoso aliado.

Me disseram que Deschen estava na ala das mulheres e

entrei sem bater só para encontrar a rainha envolta nos braços de

seu marido. Claro, eu sabia que deveria ter saído imediatamente,

mas meus pés estavam enraizados no local.

O imperador era um homem bonito, muito parecido com

seu filho, Kishan, o homem que eu vinha pensando há semanas

apesar da minha determinação para não fazer isso. O marido de

Deschen usava seu poder como manto sobre os ombros, e ainda

assim ele segurava sua esposa tão ternamente como se ela fosse

uma flor preciosa.

Ela, obviamente, não o temia de qualquer forma. Na

verdade, ela corajosamente se contorceu para longe quando ela

reparou em mim e parecia não temer nenhuma represália por

rejeitá-lo. O marido riu, nem um pouco irritado quando ela bateu

os punhos contra o peito dele e ele não parecia nem

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remotamente envergonhado de ser pego apaixonadamente

abraçado na sua esposa. Ele se moveu para trás dela, passou os

braços em volta da sua cintura e educadamente perguntou se eu

tinha dormido bem.

Embora eu tivesse aberto minha boca para responder, as

palavras não vieram e Deschen me resgatou da situação

embaraçosa, lembrando a ele que eu era tímida, especialmente

perto de homens e que ele deveria deixar de me deixar

desconfortável e ir encontrar algo real para fazer.

— Sim, Hridaya Patni. — ele respondeu carinhosamente.

Rindo, ele me deu uma piscada, beijou sua esposa na

bochecha e sussurrou algo em seu ouvido, fazendo-a sorrir,

antes de sair do quarto.

Quando ele foi embora e ela se acomodou em sua cadeira

favorita, ela me chamou para mais perto. Antes de eu sequer dar

um passo, eu soltei:

— Você o ama! — quase como uma acusação.

— Sim. — Ela sorriu e levantou a mão para mim. — Isso

é tão chocante?

Eu dei alguns passos hesitantes para a frente.

— Os homens são ...

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Torci minhas mãos, perguntando como eu poderia

terminar a frase sem ofendê-la. Finalmente, eu disse:

— Os homens não são de confiança.

Ela riu baixinho e depois ficou séria enquanto estudava a

minha expressão. Chegando ao lado da minha cabeça, ela

levantou as sobrancelhas, pedindo a minha permissão. No meu

aceno de cabeça, ela cuidadosamente tirou o véu que cobria o

meu rosto e segurou meu queixo. O gesto foi gentil e maternal e

embora eu tentasse conter minhas emoções, lágrimas encheram

meus olhos. Por um longo minuto, ela olhou para mim.

— Algum homem machuca você, Yesubai?

Meu corpo balançava com pequenos tremores e quando

as palavras me escaparam, ela disse:

— Diga-me.

Eu sabia que eu precisava considerar cada palavra como

se cada uma levaria a minha morte e, o que era pior, a morte de

Isha, mas estar na presença dela me fez sentir como se a

esperança fosse uma coisa que eu poderia alcançar, como se

pudesse haver um final feliz de alguma forma para mim. Lambi

meus lábios e comecei a falar e nossa conversa foi tão intensa

que uma hora se passou antes de eu parar.

Ela escutou com amável empatia que eu só tinha

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experimentado com Isha. Quando eu terminei, ela acariciou meu

cabelo e disse:

— Você estará segura conosco, Yesubai. Eu prometo a

você que o meu filho nunca irá tratá-la com grosseria. Ele será

paciente com você. No entanto, se você não deseja casar neste

momento, você está convidada a ficar de qualquer maneira.

Gostaria de lhe oferecer refúgio como eu faço com minhas

mulheres. Mas eu espero que você considere, pelo menos,

conhecer o meu filho antes de decidir.

Foi tão fácil. A bondade que ela mostrou me fez sentir

ainda mais vil, ainda mais ambígua, por causa das coisas que eu

não tinha compartilhado com ela. Se eu tinha certeza de alguma

coisa, era de que eu não era digna de ser um membro desta

família. Eles eram confiavéis, genuínos e sem malícia. Meu pai

iria destruí-los e se eu não pudesse fazer nada para impedi-lo,

gostaria de me manter responsável por sua morte.

Depois que eu lhe assegurei que minha inteção era realmente me

aliar com sua família, ela descobriu uma porta escondida atrás

de uma cortina, dizendo que eu poderia usá-la quando eu

precisasse escapar da atenção de Hajari. Ela levava para o

jardim e quando eu fiz meu caminho até a passagem secreta, eu

fiquei invisível e me perguntei se eu tinha feito um erro grave.

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Meu pai ficaria zangado com as minhas habilidades, mas

mesmo ele não podia negar os resultados. Havia, é claro, a

possibilidade de que ele nunca descobrisse. A esposa de

Rajaram havia concordado em manter a minha confissão na

mais estrita confiança. Ainda assim, eu pensei que os potenciais

benefícios superavam os riscos.

A fim de angariar a simpatia de Deschen, eu disse a ela

do abuso do meu pai. Nem tudo. Se eu tivesse tentado fazer isso,

teria levado muito mais do que uma hora. Na realidade, eu não

compartilhei nem mesmo uma fração do que eu tinha

experimentado em suas mãos. Eu não revelei seus poderes de

feiticeiro ou o fato de que ele ameaçou a vida de Isha. Eu não

mencionei o veneno secreto no meu armário ou as facas que se

encaixavam nos bolsos escondidos costurados em meus

vestidos.

Tudo o que foi necessário para fazer ela me defender foi

falar da raiva do meu pai. Eu disse a ela sobre a época que ele

destruiu o berçario em um acesso de raiva por causa do meu

choro quando eu era bebê. Que ele tinha batido em Isha sem

sentido por me permitir fazer tanto barulho. Os olhos de

Deschen se encheram de lágrimas, juntamente com os meus

enquanto eu descrevia ele me jogando contra a parede com

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tanta força que me deixou inconsciente. Ela engasgou quando

falei dos meses que passei trancada longe do mundo, com

apenas as flores para alegrar o meu quarto.

Havia histórias suficientes para contar - contos não tão

incomuns para as mulheres - eu tinha muito para compartilhar,

sem mencionar em qualquer detalhe sobrenatural. Acrescentei

que Hajari também me ameaçou várias vezes, fazendo avanços

inadequados, me beliscando e me tocando quando meu pai não

estava por perto.

Finalizando, lhe pedi para não mencionar o abuso de

Hajari ou fazer qualquer coisa a meu respeito, assim meu pai

não saberia. Ela concordou, mas insistiu em me dizer sobre as

passagens secretas do palácio. Então ela me surpreendeu

dizendo que ela achava que eu seria um bom partido para seu

filho e que, se eu estivesse disposta, ela gostaria de marcar um

encontro.

O fato dela me aceitar tão prontamente me deixou cética

em relação a suas habilidades para avaliar. Eu tinha conseguido

o resultado que queria, mas eu queria saber qual custo teria e

não apenas para mim, mas o que isso significaria para ela e sua

família.

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Meu pai voltou à marca de duas semanas e eu lhe dei a

notícia de que Deschen concordou com o compromisso e queria

marcar um encontro com Dhiren assim que um período de

calmaria em seus deveres permitisse. A notícia agradou meu pai.

Ele me assegurou que os conflitos iriam parar imediatamente

para que eu pudesse ser apresentada para o meu futuro noivo.

Quando perguntei como estava a saúde de Isha, ele

simplesmente me deu um largo sorriso parecido com um gato

que está encurralando um rato. Então ele sussurrou mais

ameaças, dizendo que Hajari estava frustrado com meus

desaparecimentos constantes.

Eu respondi com uma verdade parcial.

— Hajari deixou algumas das mulheres aqui nervosas.

Deschen baniu-o da ala das mulheres e como tenho que agradá-

la, eu estive ao seu lado quase que continuamente.

Ele me olhou como se estivesse tentando ver os

pensamentos secretos na minha cabeça, mas finalmente cedeu.

— Muito bem. Em seu tempo livre, eu vou fazê-lo

espionar o Kadam.

Lokesh deixar qualquer possível segredo meu significava

a promessa de que ele iria me visitar novamente, muito em

breve.

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No dia seguinte, eu estava sentada perto de Deschen

ouvindo pela metade os relatórios da manhã dos homens que ela

enviara para trazê-la as notícias da guerra, até que um deles

disse algo que animou meus ouvidos.

Quando ele se inclinou e saiu, eu perguntei a Deschen:

— Ele estava indicando que o seu filho voltou para casa?

— Sim. — Ela sorriu e, em seguida, acrescentou. — Oh,

mas não é Dhiren. É o meu filho mais novo, Kishan, que voltou.

Eu imagino que ele irá juntar-se a nós para o jantar.

— Oh.

— Não se preocupe. Você vai conhecer Dhiren em

breve.

Eu balancei minha cabeça e lhe dei um pequeno sorriso.

— Estou ansiosa para isso.

— Muito bem. Agora, você me dá licença? Eu gostaria

de garantir que os cozinheiros vão fazer hoje à noite refeição

favorita de Kishan.

— Claro.

Ela colocou a mão nas minhas costas enquanto me

levantava.

— Você gostria de andar no jardim? Há um labirinto no

centro que é difícil de andar para a maioria das pessoas. Eu acho

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que você pode facilmente evitar o homem de seu pai lá. —

Baixando a voz, ela sussurrou — O truque é sempre virar para a

esquerda.

Com um brilho nos olhos, ela partiu, juntamente com sua

comitiva e quando eu estava sozinha, eu usei a minha

capacidade de me tornar invisível. Tomando o seu conselho, eu

me propus a explorar o labirinto do jardim, algo que eu desejava

fazer.

O jardim Rajaram era muito diferente dos jardins

suspensos do palácio do rei, mas era bonito mesmo assim, cheio

de flores de todos os tipos e árvores frondosas que cheiravam a

seiva perfumada. Confiante de que eu permanecia invisível, eu

levei o meu tempo explorando, tocando plantas delicadas e

botões florais até me deparar com o labirinto.

Curiosa, entrei e virei à esquerda de uma dúzia de vezes,

até que me deparei com o centro. Uma fonte cheia de flores de

lótus me chamou mais perto. No meio do labirinto cercado por

cercas vivas tão altas que eu não conseguia ver por cima delas,

eu me senti segura, como se a vida vegetal que eu amava tanto

pudesse se envolver ao meu redor e me proteger de tudo de

ruim no mundo.

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Por me sentir tão segura, eu deixei o poder de

invisibilidade esvanecer e levantei meu rosto para o sol quente.

Quando eu fiquei muito quente, eu balancei o véu do meu rosto

e cabelo, deixando-o cair sobre meus braços e passei os dedos

pela fonte, espirrando a água no meu pescoço e rosto. O

zumbido das abelhas e o canto dos pássaros me tranquilizou e eu

fui capaz de esquecer de onde eu estava e, o que era mais

importante, quem eu era. No jardim, eu era apenas uma garota

que adorava flores.

Entre as flores de lótus cor de rosa e brancas, notei algo

diferente, algo que eu tinha visto antes. Era a mesma flor

aquática cor de lavanda que eu tinha encontrado na fonte do rei.

— Impossível. — Eu sussurrei e estendi a mão para

arrancá-la da água para que eu pudesse examiná-la mais de

perto. — Talvez você seja mais comum do que eu pensava.

Uma voz suntuosa atrás de mim disse:

— Eu diria que é excepcional.

Assustada, eu deixei cair a flor e me virei. Parado na

entrada do centro do labirinto estava o homem que eu não era

capaz de esquecer, apesar de ter semanas desde que eu o tinha

visto. Pisquei, momentaneamente ofuscada por seu largo sorriso

até que ele deu um passo em minha direção. Então lembrei e as

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pressas puxei meu véu sobre o meu cabelo e rosto, em seguida,

abaixei minha cabeça.

Ele hesitou ao ver minha reação.

— Peço desculpas. Eu não queria incomodá-la.

Minha língua parecia amarrada. Eu queria falar, mas não

conseguia descobrir o que dizer. Em vez de exigir uma resposta

ou ficar impaciente comigo, ele se aproximou da fonte e pegou a

flor que eu tinha deixado cair sobre a pedra. Gentilmente, ele

colocou de volta entre as outras flores.

— É linda, não é? — Perguntou ele, parecendo não se

importar se eu responderia. — Eu a vi no jardim do Bhreenam e

pedi uma muda antes de ir embora. Eu achei que minha mãe iria

gostar.

— É adorável. — Eu sussurrei.

Peixes minúsculos dispararam para a superfície, me

lembrando do koi, quando eu fiquei ao lado dele antes, mas

desta vez ele sabia que eu estava lá. Como se estivesse lendo

minha mente, ele disse:

— Há uma história contada pelo povo da minha mãe

sobre estes peixes. Muito longe, há um rio cheio deles. Embora

isso não aconteça com frequência, alguns peixes koi nadam todo

o caminho até a cabeceira do rio. Lá eles encontram uma grande

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cachoeira e os mais corajosos e bravos peixes, superando o seu

esgotamento, saltam para o topo e recebem um presente dos

deuses.

— O que os deuses poderiam dar a um peixe? — Eu

perguntei, calmamente curiosa.

Ele inclinou a cabeça e embora eu pudesse ver um brilho

nos olhos, reconhecendo que ele tinha ouvido, ele não se virou

em minha direção, mas estendeu a mão e passou a mão pela

fonte e depois segurou a parte de trás do seu pescoço, molhando

sua pele com a água fria.

— Eles se transformam em grandes dragões. A cachoeira

na cabeceira do Rio Amarelo foi assim chamada de Portão do

Dragão. Então você vê, qualquer criatura, mesmo uma tão

despretensiosa como um peixe, pode se tornar algo poderoso.

Quando eles corajosamente suportam suas provações, eles

encontram o seu destino.

O que ele disse era notável. Não só porque eu estava

envolta em sua capacidade de contar uma história, mas porque

ele parecia saber exatamente o que eu precisava ouvir. Eu

também lutava contra grandes obstáculos e pensei que se havia

esperança para um peixe humilde, então talvez os deuses

estivessem cientes de mim também. Talvez se eu provasse

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minha dignidade, poderia ser concedido a mim o presente que

eu procurava.

— Peço desculpas pela minha aparência desgrenhada. —

Disse ele, me puxando dos meus pensamentos. — Kadam me

treinou mais do que o habitual. Tenho medo que ele me puna

por ter ido embora nas últimas semanas. Ele acha que eu vou me

tornar gordo e preguiçoso sem suas rondas diárias.

Quando ele soltou sua camisa e jogou água em seu

pescoço, eu engoli e molhei meus lábios, mas por outro lado,

congelei no lugar. Kishan era tudo menos gordo e preguiçoso.

Na verdade, ele era o mais belo exemplar de homem que eu

tinha visto. Seus braços e peito eram grossos e musculosos e sua

camisa se agarrava ao seu corpo de tal forma que me fez sentir

como se eu tivesse ficado parada muito tempo no sol.

Falando do sol, seus olhos dourados, especialmente

quando olhava em minha direção, eram quentes o suficiente para

me derreter em uma poça onde eu estava. Na verdade, fiquei

surpresa que eu ainda não tinha me juntado a fonte. Fiquei

imaginando como seria poder ser a água que ele estava

espirrando contra sua pele quando algo chamou minha atenção.

Era o medalhão. Estava pendurado no seu pescoço e eu

estava absolutamente certa de que era o que meu pai estava

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procurando. Medo frio se infiltrou em meu corpo, gelando

minha pele febril. Envolvendo os braços em volta da minha

cintura, me abraçando. O que eu ia fazer? Se o meu pai

soubesse que este rapaz usava o item que ele queria, ele o

mataria. Ou ele ia me obrigar a fazer isso. De qualquer maneira,

os belos olhos dourados de Kishan seriam fechados para sempre.

Seu calor trocados pelo o frio da sepultura. Eu tremi.

— Está com frio? — Perguntou ele. — Vai me permitir

acompanhá-la de volta para o palácio?

Dei a ele um breve aceno. Ele me levou para a seção

aberta das cercas vivas e disse:

— Meu nome é Kishan, por sinal.

— Eu sei. — Eu respondi calmamente.

Virando-se para olhar para mim, ele me deu um olhar

intrigado, mas sorriu.

— Estou em desvantagem, então. Talvez a bela moça me

agraciaria com seu nome?

Eu parei de andar, minha mente correndo com a

futilidade do que eu estava tentando fazer. Como eu poderia

salvá-lo, salvar sua família, quando meu pai planejava tais males

contra eles? Eu levantei os olhos e vi o cordão em sua garganta.

Como ele iria morrer? Eu me perguntei.

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Será que eu acordaria um dia para ouvir sobre marcas

pretas em seu peito? Será que ele simplesmente desapareceria?

Ou talvez a sua morte seria pelas minhas mãos. Talvez eu fosse

a única a levar minha pequena faca na sua garganta. Talvez eu

seria a única a pressionar o copo cheio de veneno em seus

lábios.

De repente, eu podia olhá-lo por mais tempo. Meu nome

era o nome de sua assassina. Eu era uma assassina em formação.

Ele merecia pelo menos colocar um nome no rosto de um dos

responsáveis.

— Yesubai. — Eu sussurrei. — Meu nome é Yesubai.

Esmagando minhas saias com meus punhos, eu corri para longe

dele e corri todo o caminho de volta ao palácio, sem nunca olhar

para trás.

...

Embora eu tentasse evitar Kishan, ele parecia saber

sempre onde eu estava. Ele era um dos únicos homens

permitidos dentro da ala das mulheres. Encontrei ele deitado aos

pés de sua mãe, conversando com ela, em mais de uma ocasião.

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Cada vez, ele tentou me envolver na conversa, mas eu dava

desculpas e ia embora. Quando jantávamos, eu o pegava me

olhando e muitas vezes ele se ofereceu como guarda quando eu

ia caminhar no jardim para apaziguar Hajari.

Kishan parecia sentir o meu alívio por tê-lo perto e

quando entrávamos, eu quase esquecia que Hajari estava com a

gente. Kishan tinha a capacidade de me fazer sentir segura. Era

semelhante à forma como eu me sentia no jardim. Não era

apenas por ele ser um grande homem, era outra coisa. Eu não

tinha percebido até o terceiro dia que o que eu sentia perto dele

era esperança. Ninguém poderia estar ao redor de Kishan e não

ser afetado por sua firmeza, pela forma como ele era

esclarecido.

Assim como as árvores, suas raízes penetravam

profundamente e eu sonhava que, se ele me envolvesse em seus

braços, ele poderia me levar a uma distância segura dentro de

seus ramos e me esconderia do mundo. Ele não era abalado por

nada. Ele não temia nada. Observando-o treinar com seus

soldados, pude ver que eles o respeitavam e confiavam nele

completamente. E ainda mais, eu estava ficando perigosamente

perto de sentir o mesmo por ele.

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Tudo muito rapidamente, Deschen anunciou que a

caravana estava pronta para me levar para conhecer Dhiren.

Quando eu entrei na carruagem, eu levantei as cortinas,

procurando o rosto de Kishan, mas ele não foi me ver partir. Eu

disse para mim mesma que era melhor e nos preparamos para a

longa viagem para o outro lado do império.

Quando eu conheci Dhiren, fiquei impressionada com

quanto ele era bonito. Ele parecia mais com sua mãe do que seu

pai. Seus olhos eram surpreendentemente azuis, mas gentil

como ele era, eu senti falta do calor do olhar dourado de

Kishan.

Conversamos por muito tempo. Ele era educado, bem -

educado, tudo o que uma mulher deveria querer em um homem,

mas havia algo faltando. Havia uma distância entre nós que

parecia muito grande para quebrar. Embora eu o observasse com

atenção durante o tempo em que estivemos juntos, eu nunca vi

um cordão em volta do seu pescoço indicando que ele usava um

pedaço do amuleto que meu pai procurava.

Era óbvio que as dificuldades que ele encontrou com o

exército de meu pai o tinha distraído, mas ele nunca me culpou

pelo fato e ele nem sequer discutiu os aspectos diplomáticos de

nossa união. Ele apenas disse que estava ansioso para o nosso

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casamento e tinha uma grande esperança de que seríamos felizes

juntos.

Documentos foram assinados e ele foi cortês e atencioso

em ter certeza que eu tinha todo o conforto que ele poderia

pagar para a minha viagem de volta, mas quando ele apertou os

lábios contra a minha mão em despedida, tudo que eu pude

sentir foi arrependimento. Ele era um bom homem, maravilhoso

mesmo. Um homem tão diferente do meu pai como a noite era

do dia.

Isso fez com que a minha cumplicidade com os planos de

meu pai ficasse mais difícil de suportar.

Eu tinha retornado para o palácio não fazia nem um dia

quando meu pai fez outra visita, mas desta vez foi uma oficial.

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Um mensageiro trouxe notícias para o palácio que

Dhiren aprovou o encontro alguns dias antes de eu chegar e em

antecipação a este anúncio, o meu pai tinha sido notificado. Na

manhã depois do meu regresso, fui chamada à sala do

imperador.

Kishan quase me derrubou enquanto caminhava para

fora. Ele estava com raiva, uma emoção que não era

totalmente incomum de sentir quando na presença de meu pai -

mas quando ele me viu, seus olhos se acenderam em mim

brevemente antes de olhar para longe. Era como se ele não

pudesse mais tolerar olhar para mim e a ideia me cortou com a

dor de milhares de agulhas. Eu estava tão dominada pela

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sensação que eu quase esqueci que eu estava na presença do

meu pai.

Lokesh se aproximou de mim enquanto Kishan

rapidamente saiu da sala e desapareceu.

— Yesubai. Como é agradável vê-la em boas condições

de saúde, minha querida. — Disse ele, como se estivesse feliz

em me ver. Mas por trás de sua máscara pública, seus olhos

brilharam loucamente e eu podia ver as promessas sussurradas

de coisas agonizantes que estavam por vir.

— Pai — eu disse enquanto abaixava minha cabeça. —

Eu acredito que sua viagem foi sem incidentes?

— De fato. As felicitações estão em ordem. Seu

compromisso é motivo de fazer que ambos os reinos

comemorem.

— Sim. — Rajaram respondeu. — Na verdade, vamos

comemorar esta noite.

Meu pai pegou meu braço num aperto forte que foi

oculto pelas dobras do meu vestido.

— Muito bem. — Disse ele. — Talvez mais tarde esta

noite então podemos discutir quando você acha que seu filho

pode estar preparado para finalizar a união?

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— Asseguro-lhe que seu noivado com Yesubai será a

primeira coisa na mente do meu filho. — Disse Deschen. —

Tenho certeza de que, assim que a ocasião permitir, ele virá

rapidamente para fazê-la sua esposa.

Lokesh deu Deschen um sorriso meloso que mal

disfarçou o olhar malicioso.

— Então até esta noite eu vou ficar com minha filha.

A expressão equilibrada de Deschen se transformou em

uma carranca e ela se levantou de seu trono.

— Se você não se importar, eu gostaria de passar algum

tempo com ela esta tarde. Eu me afeiçoei muito com nossas

conversas.

— Claro. — Lokesh inclinou-se ligeiramente e, em

seguida, se virou e saiu da sala comigo de reboque. Ele não

disse nada e até mesmo dispensou Hajari quando saímos do

palácio para longe das fileiras de soldados que o esperavam.

Quando ele estava convencido de que nós estávamos longe o

suficiente, ele me soltou e ficou de costas para mim enquanto

inspecionava a terra e o jardim próximo. Colocando as mãos nos

quadris, ele circulou lentamente, levando os olhos em tudo ao

nosso redor, até que os pousou em mim. O que eu vi em sua

expressão me surpreendeu. Ele estava ... feliz.

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— Você fez bem. — Disse ele.

— Estou feliz por ter agradado você, pai.

— De alguma forma, você conseguiu até mais do que eu

esperava. Parece que sua beleza vale alguma coisa, afinal.

Eu nunca tinha visto meu pai em tal estado de espírito.

Ele estava quase dançando de alegria.

— Não só você ludibriou um contrato de casamento com

o príncipe mais velho, mas tem seu irmão mais novo salivando

por você também. Ele praticamente me implorou para considerá-

lo em vez de Dhiren. Eu, é claro, insisti que Dhiren era o melhor

pretendente. Eu não quero que haja qualquer dúvida a respeito

de sua futura posição.

Kishan me queria? O pequeno nó de esperança no meu

coração desenrolou. Por apenas um momento, eu considerei a

forma como o imperador abraçou sua rainha e me perguntei se

havia mesmo a menor possibilidade que Kishan algum dia me

seguraria de tal forma.

Meu pai interrompeu minha linha de pensamento.

— Deschen também olha para você com carinho. Eu não

poderia ter esperado um resultado melhor. Portanto, eu mudei de

ideia em relação ao nosso plano. Você vai envenenar o príncipe

mais novo e seu pai esta noite e casar com o mais velho. Se eu

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posso usá-lo, eu vou deixá-lo viver. Ele parece ser um líder

militar bastante competente.

Matar Kishan? Ele queria que eu matasse ele?

— Não! — Eu gritei e bati as mãos sobre minha boca

enquanto seus olhos astutos voltaram-se para mim.

— O que você disse? — Ele perguntou com uma voz

baixa e ameaçadora.

Lutando para proteger não só Kishan, mas a mim

mesma, eu disse a única coisa que eu sabia que iria distraí-lo.

— O príncipe mais jovem usa um dos amuletos. Eu já vi.

Você não deve matá-lo até eu descubrir a localização do outro.

Meu pai fez uma pausa e, corajosa, eu pisei em direção a

ele e coloquei minha mão em seu braço.

— Kishan pode ser ... manipulado. Talvez eu possa

descobrir sobre a outra peça. Sinceramente, eu não tenho certeza

se eu teria a mesma influência sobre Dhiren; ele é gentil, mas ele

não olha para mim com o mesmo fogo como Kishan.

— Você é mais esperta do que eu lhe dei crédito,

Yesubai, mas, novamente, você é minha filha. Muito bem, use

suas artimanhas para descobrir o paradeiro do segundo amuleto

e traga-o para mim imediatamente.

— E o Imperador?

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— O que tem ele?

— Se eu matá-lo, iria trazer suspeitas sobre nós. Será

muito mais fácil lidar com os príncipes se eles se deixarem levar

por um sentimento de segurança.

Meu pai ficou rígido, com o corpo tenso. Ele não estava

acostumado à minha coversa às costas dele, mas ele não podia

ignorar meus comentários também e ele ainda precisava de mim

para continuar seus propósitos. Faíscas azuis acenderam nas

pontas dos seus dedos. Eu os vi com o canto do meu olho, mas

sabia que não devia reconhecer seu poder abertamente. Ele o

conteu e disse:

— Por enquanto, então, a família Rajaram viverá.

Trabalhe sobre o príncipe mais novo até Dhiren chegar e

aguarde novas instruções.

Curvando a minha cabeça, eu disse:

— Como quiser.

— Agora volte para o palácio e passe o dia com a rainha.

Fale com ela das minhas ... realizações.

Ele então virou as costas para mim, uma indicação de

que eu estava dispensada e eu rapidamente voltei para o palácio.

Naquela noite jantamos juntos, uma grande família feliz,

apesar de Kishan não olhar para mim e meu pai me olhar com

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muita frequência. Hajari ficou atrás de meu pai, seus olhos

atirando dardos com mensagens que me ameaçavam que ele iria

me pegar no momento em que eu estivesse sozinha. Ele era um

homem que eu não sentiria remorso em matar.

Meu pai iria embora no dia seguinte. Quando houve uma

batida na minha porta ao nascer do sol, eu presumi que era ele,

mas para minha surpresa era Deschen e ela estava sozinha.

— Onde está o seu guarda? — Eu perguntei temendo o

que meu pai faria se ele fosse para cima dela.

Deschen encolheu os ombros.

— Privilégio de Rainha. — Ela disse com um sorriso.

Ela pediu desculpas por interromper meu sono, embora

eu não tivesse dormido durante a maior parte da noite e

perguntou se eu não me importaria de lhe fazer companhia. A

segui para o campo aberto onde os soldados treinavam.

— O que estamos fazendo aqui? — Eu perguntei.

Deixando para trás o seu manto, Deschen revelou um

vestido estilo quimono afivelado na cintura com chinelos macios

e calças por baixo, como as que um soldado usaria.

— Eu precisava praticar um pouco. — Ela disse com

uma piscadela. — Ah, lá está Kadam.

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O comandante de meia-idade do exército de Rajaram

pisou no círculo de terra utilizado para treinar e entregou à sua

rainha um conjunto lindo de espadas. Eu nunca tinha visto

armas como aquelas antes e eu me perguntei se elas tinham

vindo de sua terra natal.

— Minha rainha. — O homem se inclinou diante dela.

— Você está pronta para tomar posição?

— Eu estava pronta há uma hora. Você esteve enrolado

como um gato em sua cama por muito tempo esta manhã? Eu

temo que você está se tornando um homem velho, Anik.

O soldado sorriu.

— Ainda não, minha senhora.

— Entao, levante a sua espada. — Deschen ousou com

uma expressão travessa.

Enquanto eles lutavam, eu me enrolei na base de uma

árvore para assistir. O líder do exército era um lutador

experiente, mas logo ficou claro que Deschen era mais do que

capaz de manter-se. Eu nunca tinha visto uma mulher lutar

antes, muito menos se movimentando de forma tão ágil e

flexível. O par de espadas deslizavam no ar como se fossem

uma extensão de seu corpo e ela girava e girava como uma

bailarina letal.

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Eu podia ver por que o meu pai estava fascinado por ela.

Logo o par treinando foi acompanhado por Kishan, que bem

humorado brincou com seu homem-das-armas seria superado

por uma mulher. Quando Deschen perguntou se seu filho

poderia fazer melhor, Kadam lhe atirou a espada. O príncipe

puxou a túnica e circulou sua mãe. Ele não tinha me visto e me

escondi nas sombras. Embora Deschen soubesse que eu estava

lá, eu senti como se estivesse espionando.

A rainha questionou seu filho quando as espadas se

encontraram e eu logo me perguntei se ela tinha me trazido para

um propósito completamente diferente. Kishan, sem saber que

eu estava por perto, respondeu a perguntas de sua mãe

abertamente.

Ela perguntou:

— Como você está depois de ontem?

— Assim como pode-se esperar.

— Você sabe que nós tentamos.

— O que eu sei é que, mais uma vez, Ren venceu.

— Não é uma competição, Kishan.

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— Claro que não é. Como poderia ser quando nunca

houve qualquer esperança de sucesso? Eu vou perder todas as

vezes.

— Não o tempo todo. Talvez seja apenas o pai que

anseia pelo título.

— Que mulher trocaria amor por um trono?

Deschen baixou a espada.

— Eu trocaria. — Ela disse sobriamente. — Dê a ela um

pouco de crédito.

Kishan moveu sua espada para sua mão, girou o pulso e

virou novamente. Quando as espadas se encontraram, ele ficou

cara a cara com sua mãe.

— Mesmo que ela me queira, seu pai não permitiria isso.

— Nós não sabemos totalmente se isso é verdade.

Ele deu a sua mãe um olhar de dúvida e ela fez uma

careta.

— Tudo bem, então ele é um homem teimoso. Talvez

com o tempo nós possamos influenciar seu pensamento.

— Ren deve voltar dentro de uma semana e ele vai estar

esperando uma noiva para cumprimentá-lo.

— Talvez haja algo que possa ser feito sobre isso.

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Kishan ergueu as sobrancelhas para o sorriso secreto de

sua mãe e desviou a espada dela para longe de sua garganta.

Deschen continuou:

— O que quer que ela decida, eu quero que seja escolha

dela. Eu não quero pressioná-la de qualquer forma. — Mais

discretamente, ela acrescentou. — A pobre menina foi

pressionada com frequência em sua vida.

Com um contramovimento hábil, Deschen torceu o pulso

e a arma de Kishan foi arrancada de sua mão. Ela levantou a

espada em seu peito e riu.

— Nunca subestime as mulheres, meu filho.

Rindo, Kishan, disse:

— Eu nunca poderia subestimá-la, mãe. — Ele beijou a

bochecha dela e foi recuperar a espada. — Melhor de três? —

Ele sugeriu e mãe e filho começaram novamente.

A pele de Kishan brilhava à luz da manhã e o cuidado

que ele tinha com sua mãe era animador. Aqui estava um

homem que iria tratar sua esposa com respeito e bondade que

ele demonstrava com sua mãe. Aqui estava um homem que não

se sentia ameaçado por uma mulher poderosa. Aqui estava um

homem que eu poderia me importar.

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Deschen estava certa sobre eu não me importar nem um

pouco em ter o título de rainha. Eu me perguntava quais eram

seus planos e fiquei maravilhada com o quão habilmente ela

manipulou meu pai. Ela propositalmente me levou lá naquela

manhã. Ela queria que eu ouvisse a conversa. Eu estava

pensando por quê e exatamente o que ela esperava que eu

fizesse sobre isso quando ouvi uma voz atrás de mim.

— Linda.

O sentimento de apreço soou sujo vindo dos lábios de

meu pai. Me levantei da cadeira confortável debaixo da árvore

de imediato, meu rosto corou com a ideia de que minha

vigilância foi vacilante. Que eu tinha sido pega observando mãe

e filho com o mesmo tipo de desejo sedento de meu pai que

tinha me revoltado.

— Ela é verdadeiramente única. — Disse ele.

— Sim, ela é.

Kishan nos notou em seguida e deixou cair sua espada,

ganhando um corte no braço quando sua lâmina não rebateu a de

sua mãe.

— Yesubai? — Ele deu um passo para a frente e depois

parou.

A rainha virou-se, passando um tecido em seu pescoço.

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— Ah. Vendo escondido com seu pai, então? — Ela me

perguntou com uma piscadela. Ela abordou meu pai. —

Obrigado por permitir que ela ficasse com a gente nestes

próximos meses. É uma pena que Ren não esteja pronto antes.

Inclinei a cabeça, imaginando o que ela iria usar de

desculpa para impedir Dhiren de voltar para casa. Era óbvio que

ela amava Kishan, mas eu nunca tive a impressão de que ela

favorecia um filho sobre o outro.

— Sim. — Lokesh lhe deu um pequeno sorriso. — Uma

pena. Até que nos encontremos de novo, minha senhora. — Ele

pegou a mão dela e beijou-a por um período desconfortável de

tempo, então se virou para mim. — Adeus, minha filha. Você

vai ter notícias minhas.

Deschen pediu para Kishan para escoltar o meu pai para

seu séquito de soldados e, em seguida, passou o braço em volta

de mim.

— Você se manteve muito bem. — Disse ela.

Eu não tinha certeza se ela estava se referindo às

revelações que eu tinha escutado ou a presença de meu pai.

Então eu decidi falar.

— Foi gentil da sua parte pedir para eu ficar.

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— Você voltar com ele? Eu acho que não. Você está sob

nossa proteção agora, Yesubai.

Juntas, vimos quando os cavalos de meu pai correram

para longe do palácio e fora do portão. Kishan se virou para nós,

me deu um longo olhar e então suspirou e começou a voltar em

nossa direção. Enquanto esperávamos por ele, ouvi o pedido da

rainha para seu homem das armas, Kadam.

— Aumente a segurança no banheiro das mulheres. Eu

estava sendo espionada esta manhã. O culpado ainda tem de ser

pego.

Ele fez uma reverência.

— Vou tratar disso pessoalmente, minha senhora.

Vendo minha expressão chocada, ela rapidamente me

tranquilizou.

— Não tenha medo, Yesubai. Todos nós vamos manter

você segura.

Embora eu tivesse toda a fé na dedicação dos soldados

da rainha, eu sabia exatamente quem estava observando a

rainha. Meu rosto ficou vermelho ao saber o que o meu pai tinha

feito e eu senti a culpa dele quase tão completamente como se

eu tivesse cometido o ato.

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Confirmando as palavras da rainha, logo foi anunciado

que Dhiren deveria iniciar uma longa jornada pelo império. Foi

sugerido que ele levaria algum tempo para por todos os assuntos

do império em ordem antes de voltar para casa e focar a atenção

em sua noiva.

Dhiren relutantemente concordou e se reuniu com

assessores de seu pai em cidades e fortalezas, tomando o

caminho mais longo para casa na frente de guerra.

Hajari havia sido deixado para trás para me fiscalizar e

por causa disso, Kishan tomou para si a função de ser minha

escolta pessoal. A medida que os dias passavam, eu descobri

que eu estava ansiosa para vê-lo. Ele me ensinou a jogar Pachisi

e eu me tornei muito boa nisso, mesmo vencendo ele em mais

de uma ocasião. Às vezes, sua mãe se juntava a nós, mas mais

frequentemente era só nós dois com Hajari sentado por perto,

mal-humorado e entediado.

Deschen frequentemente convocava Kishan para a ala

das mulheres, fingindo que precisava dele só para lhe pedir para

me levar até a cozinha para buscar um doce para ela ou para me

escoltar até o jardim para cortar algumas novas flores. Uma vez

ela mentiu abertamente e disse que eu tinha reclamado de estar

entediada e perguntou se ele se importaria de me ensinar a

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montar. Era óbvio que a sua intenção era nos deixar

propositadamente juntos.

Considerando o fato de que eu estava para me casar com

seu irmão, a situação era embaraçosa. Ainda assim, eu adorava

estar com Kishan. Nas horas que passávamos juntos, eu

confiava nele. Eu adorava ver o brilho em seus olhos dourados

quando ele ria e o calor do seu sorriso enchia meu coração de

uma forma inesperada. Eu nunca pensei que eu seria capaz de

confiar em um homem. As experiências que eu tive com eles

tinham sido menos do que agradáveis, mas Kishan era diferente.

Confiança logo se tornou fidelidade. Fidelidade levou à

admiração. E então, antes que eu estivesse ciente do que

aconteceu, admiração se transformou em um desejo que era ao

mesmo tempo terrível e espantoso e eu percebi que estava

apaixonada. Apesar disso, Kishan se manteve respeitável e tão

distante como um primo.

Enquanto as longas semanas se passavam e os rumores

do retorno de Dhiren começaram a circular, eu me perguntava se

eu tinha de alguma forma mal interpretado Deschen e meu pai.

Que os sentimentos de Kishan ao meu respeito haviam mudado

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com o tempo. Que ele agora me aceitava mais como uma irmã e

já não me desejava como um homem fazia a uma mulher.

Todo o tempo, quase diariamente, chegavam cartas de

Dhiren. Ele falava eloquentemente sobre a vida que ele

imaginava para nós juntos e apesar de minha carta de resposta

ser breve e até um pouco curta, suas respostas ficaram mais

quentes ao longo do tempo, mais emocionais e íntimas. Após me

esgueirar na passagem secreta para o jardim para evitar Hajari,

eu encontrei um banco e me sentei lá, com as últimas páginas de

Dhiren amassadas na minha mão e me perguntando o que eu

estava fazendo com esta pobre família quando Kishan me

encontrou.

— Yesubai? O que há de errado? — Perguntou ele.

Ele se sentou ao meu lado e arrancou as páginas de meus

dedos. Colocando-as suavemente em sua coxa, ele leu:

Minha querida Bai,

Os meses que nos separamos têm pesado sobre mim. Como eu

queria estar ao seu lado neste exato momento. Apesar do

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pedido de minha mãe, a minha intenção é voltar para casa

depois da minha visita a esta cidade, passando as útimas

paradas. Posso até chegar antes de você receber esta

carta. Devo admitir que toda vez que eu fecho meus olhos eu

vejo você. Eu sou o mais afortunado dos homens por ter sido

prometido em casamento a uma mulher tão bonita como você é.

A forma como a luz brilha em seu rosto ...

Kishan parou de ler, as páginas caíram de seus dedos.

— Kishan? — Eu perguntei. — Kishan, diga alguma

coisa.

Ele não disse. Me dando apenas um breve olhar, se

levantou e se afastou rapidamente em direção ao labirinto do

jardim.

— Onde você vai? — Gritei quando ele desapareceu

atrás das cercas vivas.

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Eu finalmente o encontrei no centro do labirinto. Ele se

inclinou sobre a fonte, as mãos espalmadas contra a borda, de

costas para mim e ele não se virou para me reconhecer antes de

falar.

— Bai? — Ele perguntou em voz baixa. — Ele chama

você de Bai?

— Sim. Não. Eu nunca pedi a ele.

— Mas você não se importa.

Eu não tinha certeza de como responder a ele. Isha me

chamava de Bai e eu sempre gostei do nome. Parecia um

segredo entre nós duas. Era um nome que significava que

alguém me amava.

Finalmente, eu respondi.

— Eu preferiria que ele não usasse esse nome, na

verdade. — Me aproximando de Kishan por trás, eu continuei

com uma voz suave. — Eu sei que você chama seu irmão de

Ren, mas eu só me refiro a ele como Dhiren. Honestamente, eu

não sei se eu iria me sentir confortável chamando-o de outra

forma.

Eu estava tentando lhe transmitir de uma pequena

maneira que não era o seu irmão que eu amava. Kishan ainda

não olhava para mim e eu balbuciei mais.

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— O meu pai sempre disse que apelidos são utilizados

apenas por pessoas de castas mais baixas.

Estremeci com minhas próprias palavras. Elas soaram

cruéis e não era o que eu pretendia dizer a ele. Eu tinha acabado

de insultar não só ele, mas toda a sua família.

— Ele vai estar em casa a qualquer momento. — Disse

Kishan.

— Sim. — Respondi.

— E então você vai se casar com ele.

— Não é isso o que está combinado?

— É ...

— É ... O quê?

— É o que você quer? — Ele se virou para mim em

seguida e estendeu a ponta dos dedos, correndo-os para baixo no

comprimento do véu que cobria o meu cabelo. O tecido fino, já

solto, caiu do meu rosto. — Yesubai?

A maneira como ele disse meu nome era quase uma

carícia. Minhas pernas tremiam e embora não estarmos mais

perto do que estivemos no passado, senti a distância entre nós

fechando. O ar se envolveu em torno de nós dois e aqueceu

minha pele.

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— Eu ... — meus lábios tremiam e eu abaixei a cabeça,

incapaz de me conter, enquanto presa em seu olhar. — Eu não o

amo. — Eu finalmente murmurei.

Kishan respirou fundo e gentilmente correu os dedos ao

longo do meu maxilar para meu queixo, levantando minha

cabeça para que eu pudesse me afogar em seus olhos dourados,

mais uma vez.

— Você ama alguém, então?

Em silêncio, eu assenti.

— Diga-me. — Disse ele enquanto eu observava seus

lábios formarem as palavras.

Meu coração batendo me fez sentir excessivamente

tensa, como se a única coisa que eu podia focar era o

formigamento dos meus membros. Com uma voz lenta e

pensamentos confusos, eu sussurrei:

— Eu gostaria que você fosse meu noivo.

Um batimento cardíaco passou e depois outro e no

momento eu estava quente e congelada ao mesmo tempo. Então

ele sorriu e era sol e calor e promessas não ditas envoltas em

uma única expressão. Antes que eu percebesse o que estava

acontecendo, ele pressionou seus lábios contra a palma da minha

mão e beijou a pele macia. Seus lábios se moviam sobre o meu

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pulso lentamente, antes que ele pegasse minha outra mão.

O nevoeiro nebuloso que tinha envolvido a minha mente

engrossou e eu me tornei um ser de sentimentos e sensações.

Tudo que eu queria era mais. Mais de seus lábios. Mais de seu

calor. Mais dele. Ele subiu para o meu pescoço quando eu

finalmente fui capaz de me concentrar em suas palavras. Ele

havia dito que iria falar com o meu pai.

Eu coloquei minhas mãos em seu peito e o empurrei com

força. De repente, eu me afastei e senti a falta de seu calor tão

intensamente como se meu próprio pai tivesse congelado o

sangue em minhas veias.

— Não. — Eu sussurrei.

— O que quer dizer com não? — Ele perguntou, tão

confuso e tão afetado quanto eu.

— Quero dizer que nós vamos ter que tomar cuidado.

Meu pai é um ... ele é um homem difícil.

A expressão de Kishan petrificou.

— Eu não vou permitir que ele te machuque mais,

Yesubai.

— Por favor, apenas ... apenas me dê algum tempo para

conversar com ele. Talvez eu possa convencê-lo a reconsiderar.

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— Quando ele olhou duvidoso, acrescentei — Eu prometo que

vou tentar encontrar uma maneira de ficarmos juntos.

— Ren vai voltar em breve. Se quisermos alterar os

termos de seu noivado, então algo deve ser decidido

rapidamente.

— Vou mandar um recado para ele imediatamente. —

Tomei suas mãos nas minhas e apertei os lábios nos seus dedos.

— Por favor, Kishan, vamos manter isso entre nós por enquanto.

Ele concordou e me levou de volta ao palácio. Chamei

Hajari e mandei uma carta para o meu pai dizendo que eu tinha

que falar com ele imediatamente. Naquela noite, meu pai

apareceu no meu quarto e mesmo tendo cuidadosamente me

preparado para a sua visita, minhas mãos ainda tremeram

quando ele apareceu.

— Dhiren se aproxima e é esperado chegar dentro de

alguns dias. Kishan declarou seus sentimentos por mim

abertamente e eu acredito que não há muito que ele não faria

para parar o casamento.

— Estou vendo. — Disse meu pai. — Por favor,

continue.

— Se você o encorajasse em seu pedido, é muito

provável que ele encontre uma maneira de lhe dar os itens que

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você procura. Talvez, então, eles não sejam mais uma ameaça

para você e não haveria necessidade de destruí-los.

Obscuramente, meu pai riu.

— Você acha que todo esse plano é porque eu os vejo

como uma ameaça? Não, minha filha ignorante. Eles são tão

insignificantes quanto sua mãe fraca era. Nos anais do tempo, o

cisco que eles fazem sobre a história será absolutamente

indiscernível. Você acha que eu me importo que ele a ama?

Você acha que eu não posso ver como você anseia por ele. Eu

não sou nenhum tolo, Yesubai. Não se engane. Estou

completamente no controle de todas e cada uma de suas

pequenas vidas minúsculas. As ninharias que concedo a você é

porque eu desejo isso. Você existir no final, é porque eu permiti.

— Ele passou a mão sobre a barba do queixo — Ainda assim, há

algo a ser dito sobre o jogo a ser jogado além de sua inevitável

conclusão comovente. Muito bem. — Ele me deu um último

olhar, em seguida, virou-se para a janela. — Diga ao príncipe

mais novo que gostaria de me encontrar com ele amanhã ao

anoitecer na fronteira entre nossas terras no espaço entre as

colinas. Eu vou decidir, então, se o que lhe permite viver pode

me fornecer entretenimento suficiente.

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Eu balancei a cabeça, horrorizada com o que eu tinha

feito e quando ele saiu, eu fiquei me perguntando se havia algo

que eu poderia ter feito diferente. Mais uma vez o conforto

silencioso do sono me fugiu e usei meu véu mais escuro para me

esconder no dia seguinte. Não só para disfarçar meu estado sujo,

mas senti que precisava encobrir todos os males que eu tinha

participado. Não pela primeira vez, eu me perguntava se o

mundo poderia ter sido melhor se eu não tivesse nascido.

Kishan prontamente concordou em se encontrar com

meu pai e, sob o pretexto de um passeio ao pôr do sol, partimos

para as fronteiras. Meu pai estava esperando por nós. Ele acenou

para Kishan, que se aproximou vestindo apenas uma espada

token e um peitoral. O fato de que ele estava lamentavelmente

despreparado para entrar em conflito com o meu pai não passou

despercebido por mim. Mordi o lábio até sangrar. Mesmo que

Kishan estivesse devidamente vestido para a batalha e não fosse

abordar um acordo de casamento, ele ainda não seria páreo para

o meu pai.

Após que a genuflexão adequada foi feita, Kishan

anunciou corajosamente que ele queria que o meu pai

reconsiderasse ele. O brilho nos olhos de meu pai me disse que

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Kishan estava se comportando exatamente da maneira que ele

esperava.

— E o que você vai me oferecer em troca da perda do

título? — Perguntou meu pai. — Certamente você não espera

que eu aceite a sua proposta simplesmente por bondade do meu

coração?

Kishan fez várias ofertas de riquezas, belos cavalos,

elefantes de batalha e quaisquer outras bugigangas que possuía,

mas logo ficou claro que o meu pai estava ficando entediado.

— Eu não tenho nenhuma necessidade de tais coisas. —

Ele afirmou categoricamente. — Kishan, eu sinto que você é um

homem que pode tomar decisões difíceis, mesmo se isso

necessitar de um sacrifício ou dois. Estou certo?

Kishan cruzou os braços sobre o peito.

— Eu sou conhecido por ser decisivo em batalha.

— Muito bom. Então eu vou ser o mais direto com você

que eu puder. Minha filha, Yesubai, tentou deixar de lado seus

sentimentos por você, para que ela possa tomar o seu lugar

como a rainha e esposa de seu irmão. Infelizmente, ela parece

ser incapaz de conter o amor de brotar em seu coração e

escolheu você. Francamente, seria melhor para ambas as nossas

famílias e reinos se vocês dois nunca tivessem se encontrado,

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mas eu sou um homem delicado, que compreende as paixões

dos jovens.

Eu levantei uma sobrancelha, mas não disse nada.

Lokesh continuou.

— Por ser solidário com o seu sofrimento, eu vou

concordar em modificar os termos do compromisso.

Kishan riu e passou os braços em volta de mim, me

apertando em um abraço apertado.

— Mas ... — disse meu pai, com a desaprovação sobre

as ações de Kishan evidente em seu rosto. — Você deve

concordar com meus termos.

Kishan se afastou de mim e o jovem apaixonado pareceu

ter sido substituído pelo príncipe digno de ser filho de seu pai.

— Não há nada que eu possa lhe prometer em nome do

meu pai. Eu só posso dar-lhe o que eu tenho. Se há algo mais

que você deseja, você terá que levar até meus pais.

Lokesh colocou o braço em volta dos ombros de Kishan.

— Filho. Posso chamá-lo assim? — Ele não esperou pela

resposta de Kishan. — Não vamos envolver Rajaram e Deschen

ainda. Estas negociações estão em um rumo tão delicado,

devemos proceder com cuidado? Hmm?

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Kishan acenou timidamente.

— Quais são os seus termos, então?

— Oh, não muitos. Uma bagatela, realmente. Você vê,

eu sou o que você poderia chamar de colecionador.

— Um colecionador de quê?

Lokesh riu.

— Muitas coisas, mas no seu caso, há algo em sua posse

que pode desencadear o meu interesse suficiente para me fazer

considerar que desistir de um título para Yesubai, é uma boa

troca.

— E o que é?

— Há um amuleto na posse da sua família. Dois deles,

na verdade.

— O amuleto Damon? O que você quer com eles? Eles

não são de qualquer valor monetário. Eles são apenas

bugigangas proferidas em minha família.

— Sim. Estou ciente de que não valem muito, mas você

vê, eles são muito velhos. — Lokesh sorriu como um chacal. —

E eu tenho uma afinidade especial por ... relíquias antigas.

— Estou vendo.

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Kishan abaixou a cabeça, seu maxilar movendo-se

enquanto ele examinava a proposta do meu pai. Finalmente, ele

disse:

— Vou lhe dar a minha peça, mas Dhiren tem a outra. Eu

duvido que ele iria considerar lhe dar sendo que eu poderia

roubar sua noiva.

— Sim. Eu posso ver como isso pode ser um problema.

Ainda assim, são ambas as peças ou não há negócio. Se não

conseguirmos chegar a um acordo, então Yesubai irá casar com

seu irmão. Indepentende se ela pode ser infeliz.

Kishan não disse nada, mas eu podia ver o desespero em

seus olhos. Por mais que ele me quisesse, ele sabia que não

havia maneira de Dhiren voluntariamente desistir de seu

amuleto. Não se isso significasse me perder.

Atrás de Kishan eu podia sentir meu pai juntando seu

poder ao seu redor. Se ele não poderia manipular o príncipe, ele

o mataria.

— Kishan. — Eu propus. — Talvez haja outra maneira.

— Como? — Ele sussurrou. — Ren não vai nos ajudar.

— E se a gente o pegasse de surpresa?

— O que quer dizer?

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— Sim, minha filha. O que você está dizendo? — Eu não

perdi a ameaça implícita na voz de meu pai.

— E se a gente organizasse um roubo?

— Ren não guarda o amuleto com ele. E, mesmo assim

eu não sei onde ele está.

— Então, meu pai poderia enviar soldados disfarçados

para econtrar Dhiren em sua viagem de volta. Eles teriam

instruções específicas para descobrir a localização de seu

amuleto e então eles poderiam detê-lo, enquanto você vai e o

pega. Ele nunca sequer saberia que estamos envolvidos.

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As coisas não aconteceram exatamente como o

planejado. Hajari e alguns dos homens de meu pai me

roubaram do palácio na noite seguinte e me levaram de volta

para Bhreenam, onde Kishan me recebeu de braços abertos.

— O que está acontecendo? — Eu perguntei.

— Ren está dificultando. Ele não iria cooperar, então ele

está sendo trazido para cá. Vamos encontrá-lo no salão

principal quando ele chegar. Não é o que nós pretendíamos que

acontecesse, mas Ren nos deixou sem qualquer outra opção.

Seu pai disse que nós vamos ter que enfrentá-lo de forma

aberta e que acredita que Ren será mais favorável se ele ver

nós três como uma frente unida. Meu irmão é tecnicamente

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prisioneiro de seu pai, mas ele me garantiu que só prentede

ameaçar Ren até que nos dê o que ele quer, então ele vai

assinar um novo acordo de noivado.

— Mas ...

— Ah, aí está você, minha querida. Se você nos der

licença, Kishan, vou acompanhar minha filha para seu quarto

para descansar e se trocar antes de seu irmão chegar

— Claro. — Kishan disse e apertou minha mão quando

meu pai me puxou para longe.

Quando chegamos no meu quarto, deixei escapar um

pequeno grito quando vi Isha esperando por mim. Ela estava

muito mais magra e seu rosto parecia cansado, mas ela estava

viva e naquele momento, ela estava abençoada o suficiente.

Apontando para a cama, meu pai disse:

— Você vai vestir esta peça. Eu espero que você

apresente a sua melhor forma, e como tal, você não vai se

adornar com o seu típico véu. Eu quero que você seja uma

distração para os dois irmãos. Se você tiver muita sorte, eu vou

deixar um deles viver. Mas se meus planos falharem — ele

andou e segurou meu rosto, me forçando a olhar em seus olhos

— todos que você ama irão sofrer. Você entendeu, Yesubai?

— Eu entendi.

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— Bom. Vou enviar Hajari para buscá-la. Faça seus

preparativos.

Quando a porta se fechou, Isha correu.

— Oh, minha querida menina.

— Isha, eu estou com tanto medo! Ele vai matá-los!

— Não pense sobre isso. Apenas se concentre em uma

coisa de cada vez. Vamos vesti-la.

Duas horas mais tarde, eu varri o longo corredor com

sinos tilintando na minha cintura e tornozelos. Meu cabelo

estava enrolado com ouro e joias. Eu nunca tinha usado meu

cabelo exposto antes e me senti nua sem meu véu, mas eu

mantive meus ombros para trás e cabeça erguida. Kishan saiu

de trás de um pilar.

— Yesubai. — Ele suspirou. — Você está ... você está

linda!

— Obrigada. Meu pai escolheu minhas roupas.

— Talvez ele pretenda nos permitir casar imediatamente.

Eu dei-lhe um pequeno sorriso.

— Talvez.

— Eu prometo a você, Yesubai, vamos encontrar uma

maneira de ficarmos juntos. Não há nada que eu não faria por

você.

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Ele tocou sua testa na minha e eu corajosamente segurei

seu rosto com a palma da mão.

— Eu sei. — Eu sussurrei suavemente.

Mesmo que meu pai permitisse Kishan viver, eu sabia

que era só uma questão de tempo até que ele destruisse e

aniquilasse a pequena e frágil centelha do amor que tinha

crescido entre nós. Quando eu peguei o braço de Kishan e ele

me levou para a sala do trono, eu sabia que seria apenas uma

questão de tempo até que ele soubesse o que eu tinha feito e ele

me odiaria por isso. Na tentativa de salvar os membros da

família Rajaram, eu só acabei os acorrentando em mim, então

eles sofreriam o mesmo destino que eu.

Não havia nenhuma maneira de fugir. Enquanto eu

caminhava em direção ao trono onde meu pai estava sentado, eu

me senti como se estivesse caminhando para a forca. O brilho

reluzente de esperança tinha me cegado a realidade e agora eu

estava sentada ao lado de meu pai, sendo engolida por isso.

Quando Dhiren foi trazido, a certeza da minha situação

desesperadora praticamente me esmagou. Ele tinha sido

duramente espancado, mas isso não me surpreendeu. Se Kishan

ficou chocado, ele não registrou em seu rosto. Ren foi

interrogado, ridicularizado e menosprezado por meu pai. Ele

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estava permitindo que sua verdadeira natureza se mostrasse no

lugar da face diplomata cuidadosamente planejada que ele

preferia exibir, o que significava que ele realmente não tinha a

intenção de deixar os príncipes sobreviverem.

Fui tomada por vergonha e embora partisse meu coração

assistir a tragédia se desenrolar diante dos meus olhos, eu era

incapaz de fazer algo para detê-lo. Meu pai não podia ser

derrotado. Eu sabia e ainda assim eu tinha me enganado em

pensar que eu poderia encontrar um meio. Eu era uma tola.

Por meio de um nevoeiro mental, ouvi meu pai dizer:

— Talvez você precise de uma demonstração do meu

poder. Yesubai, venha!

Incapaz de fazer mais do que abanar a cabeça, eu vi meu

pai reunir o seu poder para atacar. Ele ia matar. Eu tinha que

fazer alguma coisa, mas cada instinto que eu tinha me dizia para

pisar com cuidado. Que meu pai não perdoaria qualquer forma

de traição. Eu estava congelada no lugar de terror. Então Dhiren

disse que o veneno de meu pai percorreu o meu sangue. Eu me

perguntei se isso era verdade.

Eu não conspirei para roubar a família Rajaram? Eu não

coloquei minhas próprias necessidades acima de um estranho?

Eu não tinha escondido armas e venenos para matar o homem

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que eu aprendi a amar? Meu pai não era a víbora. Eu era. Eu

tinha levado estes dois nobres príncipes para a morte. Lágrimas

encheram meus olhos enquanto eu percebia que não havia como

escapar da sua maldade. Ela corria em minhas veias.

O conhecimento do que eu era, quem eu era, me irritou.

Eu não queria ser a filha de Lokesh por mais tempo. Eu queria

ser alguém bom. Alguém corajoso e nobre. Alguém digno do

amor que Kishan tinha oferecido. Um gemido patético ficou

preso na minha garganta. Se eu não fizesse nada eles iriam

morrer, mas Isha e eu poderiamos viver. Se eu confrontasse meu

pai, ele me mataria junto com eles e, em seguida, se vingaria de

uma forma terrível e lenta da minha babá.

Meu pai continuou:

— Você quer ouvi-la gritar? Eu prometo a você que ela

faz isso muito bem. Eu ofereço-lhe uma escolha mais uma vez.

Renuncie a sua peça para mim.

Foi a mentira que mudou tudo. Toda a minha vida eu

tinha estado com muito medo do meu pai e seu poder. A todo

momento, eu vivia com um medo mortal dele. Quando ele

anunciou aos príncipes que invocaria tal terror para a vida de sua

filha para fazê-la gritar, eu percebi que era exatamente isso que

ele queria e eu nunca tinha dado a ele. Eu permanecia estóica e

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não afetada do lado de fora, como se o meu pai não fosse um

monstro no final de tudo, mas um homem.

Embora tivesse realmente me traumatizado a ponto de

me quebrar, ele não tinha. Ele nunca, nem uma vez em meus 16

anos, me fez gritar. A ideia me deu uma sensação de poder

como eu nunca tinha sentido antes.

Lokesh - Eu jurei mentalmente nunca chamá-lo de pai

novamente - tinha voltado a sua faca para Dhiren e estava

tecendo um feitiço. Vi luz surgir ao redor deles. Antes que eu

pudesse fazer um movimento, Kishan saltou. Ele colidiu com

meu pai, que usou seu poder para empurrar o príncipe para

longe. Enquanto ele torturava, Dhiren limitado tentou, em vão,

chegar a seus pés, percebi que Kishan tinha arrancado com

sucesso a faca de Lokesh.

Os gritos dos dois príncipes agitaram algo feroz dentro

de mim. Algo precisava ser feito. Alguém precisava agir. Jurei

então que seria esse alguém. Contra todos os instintos que eu

tinha construído ao longo de meus 16 anos, eu agarrei os braços

da cadeira dourada onde eu estava sentada e me levantei.

Sentindo-me liberta dos grilhões da opressão de Lokesh,

eu levantei meus braços, murmurando um apelo aos deuses para

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que eu pudesse finalmente e realmente ser capaz de usar a minha

capacidade de curar e proteger em outros. Como o peixe koi, eu

empurrei o poder que eu carregava dentro de mim em direção

aos dois príncipes.

Meu desejo secreto foi respondido. Eu podia sentir as

feridas que meu pai tinha feito neles se fecharem. Lokesh berrou

em frustração enquanto eu me movi silenciosamente, me

tornando invisível e agarrei a faca de Kishan que havia caído no

chão.

Eu não tinha experiência com luta como Deschen. Eu

não tinha um plano. Mas eu tinha uma arma. Lokesh se inclinou

para Dhiren, girando seu talismã e o acertei. Com toda a força

que eu poderia reunir, afundei a faca profundamente nas costas

de meu pai. Ele gritou de raiva e o som me deu satisfação por

um momento, mas o momento não durou muito. Eu esperava

que o meu ataque fosse distraí-lo o tempo suficiente para

permitir que os irmãos fugissem, mas ele arrancou a faca das

costas e ignorou a dor como se fosse a picada de uma abelha.

Ele se dirigiu para Kishan e me tornando visível, eu me

posicionei na frente dele e empurrei minha mão contra o seu

peito, gritando.

— Você não vai tocá-lo!

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— Yesubai, não! — Kishan disse fracamente enquanto

ele tentava me mover para o lado, mas Lokesh era um furacão

de fúria.

Ele usou o poder do vento. Ele explodiu para fora de seu

corpo em todas as direções e quando meu pai me levantou, me

jogando para o lado para que ele pudesse chegar até Kishan, o

vento levou meu corpo.

Quando caí, meu pescoço bateu no estrado e eu ouvi um

estalo. Senti dor, mas apenas por um instante antes de um

entorpecimento abençoado me sufucar. Imediatamente a

respiração saiu do meu corpo. Tudo parou ao meu redor e o

ambiente assumiu uma qualidade de sonho como um estranho

silêncio.

Eu podia ver que Kishan tinha caído, mas ele parecia

congelado e eu me perguntava se era devido a algo Lokesh tinha

feito. Então eu ouvi o tilintar de sinos e uma bela mulher

apareceu diante de mim. Ela viu a cena sangrenta de traição que

eu tinha iniciado e ajoelhou-se ao meu lado. Seus olhos eram

gentis quando ela pegou a minha mão.

— Olá, Yesubai. — Ela disse. — Eu sempre quis

conhecê-la.

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Ela estava vestida com um vestido brilhante e seus olhos

eram tão verdes quanto uma floresta profunda. Ela usava um

bracelete dourado em seu braço na forma de uma cobra. Depois

de passar a mão lentamente ao longo do meu pescoço, ela disse:

— Você pode falar, se quiser.

— Quem ... quem é você? O que está acontecendo?

— Eu sou a deusa Durga.

— Uma deusa? — Lágrimas encheram meus olhos.

Minhas orações aos deuses tinham sido de fato respondidas. —

Então você está aqui para nos salvar?

Infelizmente, ela balançou a cabeça.

— Não. Esta não é a razão de eu ter vindo.

— Eu não entendo. Então, por que você está aqui?

— Como eu disse, eu queria conhecê-la.

— Por quê?

— Eu queria ter uma noção de quem você é. — Ela

olhou para os homens congelados no lugar e disse calmamente.

— Especificamente, eu queria saber se você o amava.

— Se eu amo quem?

— Kishan.

Talvez eu tivesse batido a cabeça com muita força e

estivesse em uma espécie de sonho acordada, mas a visão da

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bela deusa parecia muito real para mim. E havia algo sobre ela

que me fez querer confessar a verdade das coisas.

— Sim. — Respondi baixinho. — Eu o amo. Sinto muito

sobre o que aconteceu com Dhiren. Ele é um bom homem. Ele

não merecia ser abusado desta forma. Se eu pudesse voltar e

fazer as coisas de maneira diferente, eu faria.

A deusa me estudou e depois assentiu.

— Eu acredito em você.

— Eles não merecem ter seus destinos amarrados ao

meu.

— Eu não quero que você se preocupe sobre os seus

destinos, Yesubai.

— Mas Lokesh ...

Ela tocou a mão na minha bochecha, inclinou-se e

sussurrou:

— Seu pai vai ser derrotado, mas isso não vai acontecer

neste momento.

— Será que vou viver para ver isso?

Ela fez uma pausa, considerou a questão e então disse,

quase como se fosse contra o seu melhor julgamento:

— Eu não acho como os outros acham sobre alguém

saber o seu futuro, por isso vou responder a sua pergunta. —

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Tomando minha mão na dela, ela a envolveu. Eu só tinha um

momento para me perguntar por que eu não conseguia senti-la

antes dela dizer —Você não vai sobreviver ao dia de hoje. A

queda quebrou o seu pescoço.

— Mas eu posso me curar.

Ela balançou a cabeça.

— O dom de proteção e cura que você ofereceu aos

irmãos veio com um grande custo. Ao defender os dois, o poder

dentro de você foi consumido. Você tornou-se verdadeiramente

mortal.

Lágrimas encheram meus olhos. Ela esperou

pacientemente ao meu lado até que eu conseguisse falar.

— Eu me provei digna para você, então?

— Você não tem nada a provar para mim, Yesubai.

— Talvez não, mas Kishan disse que um dom seria

concedido até mesmo a mais humilde das criaturas a quem os

deuses considerasse digna.

A deusa hesitou, então assentiu levemente.

— Qual presente que você procura?

— Você pode ... cuidar dele?

Sóbria, com uma pitada de alívio, ela balançou a cabeça.

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— Eu vou. Eu vou cuidar de ambos os príncipes. Isso eu

prometo a você.

— Você pode também salvar Isha?

— Quem é Isha?

— Ela é minha serva. Lokesh vai se vingar em cima

dela.

A deusa olhou brevemente, olhando para algo além do

alcance da minha visão e depois assentiu.

— Sim. Vou oferecer a ela um lugar de refúgio.

— Então, o sacrifício valeu a pena.

— Sim. Descanse agora, pequena. Você é muito

corajosa.

Em uma explosão de luz brilhante, a deusa desapareceu,

e, mais uma vez, eu descobri que eu não conseguia respirar.

Kishan me recolheu em seus braços, apertou os lábios na minha

testa e confessou.

— Dayita, meu amor. Não me deixe.

O presente de seus sussurros e promessas sinceras era

algo que eu não tinha certeza se merecia, mas o meu coração se

encheu de gratidão por tudo mesmo assim.

O arrependimento final que capturou minha mente

enquanto eu era varrida da vida mortal não era sobre Isha ou

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Dhiren, confrontar o meu pai ou até mesmo deixar Kishan para

trás. As garantias da deusa tinham me dado um pouco de

conforto em relação a todos eles.

Não, a única coisa que eu lamentava mais em estar

morrendo era que quando Kishan finalmente apertou seus lábios

contra os meus, algo que eu ansiava desde que eu estive ao lado

dele no jardim do rei, eu não consegui senti-lo. A morte me

roubou de experimentar o gosto requintado de seus lábios, mas

pelo menos ele era a última coisa a envolver minha visão

enquanto partia do mundo.

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- vida de Yuvakshi -

A menina trêmula puxou com força o xale sobre os

ombros, como se ao fazer isso, ela seria capaz de proteger-se,

mas o tecido agrupado fez uma espécie de armadura e em seu

frágil coração ela sabia que nunca iria se sentir segura

novamente, mesmo se ela tivesse sido envolvida da cabeça aos

pés com o mais forte dos aços. A menina de 17 anos de idade

estava no quarto do comandante e ponderou o que a levou a esse

destino.

O servo de seu pai a tinha deixado sem a menor

cerimônia na porta do chefe militar do rei, um homem, ainda

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mesmo o mais poderoso dos amigos de seu pai, só se atreveria a

sussurrar sobre isso apenas atrás de suas mãos. Ela sabia que seu

pai, um comerciante nato, tinha recentemente feito alguns novos

amigos influentes. De que outra forma ele tornou-se tão bem

sucedido de repente? Mas ela não tinha ideia que suas ligações

eram tão altas.

Eles sempre foram bem financeiramente, mas Yuvakshi

era a filha mais velha de sete filhos e com tantas bocas para

alimentar, ela esperava que seus pais fariam um acordo para ela

ainda muito jovem. Ela tinha esperança de que o homem para

quem seria dada pelo menos seria mais próximo da sua idade, se

não um dos jovens da cidade que tinha mostrado interesse no

passado.

Tinha um bom número para escolher, o passatempo

favorito de Yuvakshi enquanto trabalhava com sua mãe ou

organizava o estoque na loja, ela sonhava com o que sua vida

poderia ser se ela casasse com um deles. Ela tinha seus

favoritos, é claro, a maioria daqueles que tinham uma forma

bonita ou uma carteira considerável, ou, se tivesse sorte, ambos.

E seu pai era um homem inteligente que mantinha sua bela filha

à vista de todos os que agraciavam o seu negócio, então ela teve

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muitas oportunidades para considerar o que poderia ser uma

parte de seu futuro.

Todos que colocavam os olhos em Yuvakshi

concordavam que ela era uma beleza rara, que qualquer jovem

ficaria orgulhoso de tê-la como esposa. Mesmo se ela não fosse

graciosa, os filhos de famílias mais pobres teriam a visitado

muitas vezes, na esperança de chamar sua atenção e ganhar não

só uma parte, mas uma participação no negócio do comerciante.

Qualquer um desses meninos esperançosos, mesmo o gordo com

a pele avermelhada cujo hálito fedia a cebolas teria sido uma

opção melhor do que esta.

Yuvakshi esperava que, quando ela deixasse sua casa

como uma adulta, ela teria pelo menos uma união honrosa com

um homem que iria levá-la como sua esposa. Nem em suas

imaginações mais terríveis ela esperava que seu pai iria usá-la

de forma tão vergonhosa. Para entregá-la a alguém que

pretendia roubar o futuro que ela sonhou.

Nada poderia ser pior.

Quando seu pai anunciou suas intenções, não havia nada

que a mãe de Yuvakshi pudesse fazer para detê-lo. Nenhuma

quantidade de lágrimas mudaria a ideia dele.

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— Uma barganha é uma barganha. — Ele disse, jogando

a mão no ar para parar a discussão antes de sair abruptamente

depois de emitir as instruções enigmáticas para preparar sua

filha para partir.

Quando a jovem foi levada para fora com apenas seus

dois melhores vestidos em um pequeno saco, sua mãe torceu as

mãos e murmurou baixinho para o marido sobre coisas obscuras

que Yuvakshi não queria ouvir, mas mesmo ela podia ver o

medo nos olhos de seu pai quando sua mãe pediu-lhe para

considerar uma alternativa ou, pelo menos, negociar a

possibilidade de um casamento oficial antes.

Sem sequer um adeus, seu pai tomou conta de sua esposa

em lágrimas, apertando-a contra seu peito enquanto ele assentiu

abruptamente para o servo que levou a menina para fora do

mercado. Seus passos eram lentos, enquanto seguia o homem

pelo caminho através das lojas ocupadas e até a estrada

principal. Ela ficou surpresa quando o lado comercial da cidade

deu lugar a casas que eram mais ricas e, em seguida, eles

passaram as residências de vários diplomatas e políticos. Ainda

assim, o homem continuou.

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Yuvakshi começou a se perguntar sobre suas

circunstâncias. Talvez sua mãe estivesse errada. Talvez seu pai

tinha escolhido bem para ela, afinal. Talvez alguém de

substância tinha decidido se comprometer com um líder da

cidade. A menina mordeu o lábio. Mesmo que o homem fosse

mais velho, ele poderia não ser tão ruim.

Se ele fosse uma espécie passível, ele poderia até

considerar o casamento se ela lidasse com a relação

delicadamente. No mínimo, ela não passaria fome. Foi quando

ela foi levada até os portões quase impenetráveis de fortaleza

militar do rei, que ela começou a entender verdadeiramente o

que estava acontecendo.

— Sou consorte de um soldado? — Perguntou ao

homem caminhando ao lado dela.

Ele zombou.

— Não é um soldado. Seu pai não lhe daria para nada

menos disso.

Ela piscou e refletiu sobre isso antes de dizer:

— O rei?

O homem riu abertamente.

— Você se acha bonita o suficiente para fazê-lo esquecer

a mulher que ele amava?

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Yuvakshi não tinha certeza de como responder a essa

pergunta. Para dizer o que ela realmente pensou, ela iria ser

considerada arrogante e, ainda assim, se havia uma coisa que ela

era confiante, era sobre a sua aparência. Ela não precisou

responder, porque no momento em que os pesados portões se

abriram, o homem que a acompanhava deu-lhes uma saudação

rápida antes de girar e ir embora enquanto eles foram em sua

direção.

De repente cercada pela guarda do rei, Yuvakshi nunca

se sentira tão sozinha. Ela perguntou para um deles o nome do

homem para quem ela foi levada e não só eles não lhes

responderam, mas nem sequer olharam em sua direção. Eram

tão pedregosos e tão insensíveis como estátuas. Medo

descontrolado se derramou na forma de lágrimas travessas.

Portas pesadas foram desbloqueadas com clanks

estridentes que soavam a ela como o som de uma cela e até

mesmo seu passo lento e pesado parecia como se seus

tornozelos estivessem algemados e acorrentados a uma bola

pesada.

Uma mulher com cara de severa a encontrou no topo de

uma escada em espiral. Estando perto do palácio, e com o

tamanho da casa sendo maior do que qualquer coisa que ela já

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tinha visto, Yuvakshi pensou que o interior deveria ser opulento

e grandioso, mas, em vez disso, as passagens eram confusas e

escuras. Havia uma nítida falta de janelas e as que podia ver

eram intransitáveis com grossas barras de ferro.

O teto era baixo e havia tantas voltas e reviravoltas que

ela sentiu como se estivesse presa no labirinto do jardim onde as

plantas estavam crescendo ao seu redor tentando ultrapassar o

caminho e sufocar aqueles que ousassem atravessar suas

fronteiras. A mulher enviada para conduzi-la teve a cordialidade

de uma bruxa por quem havia cruzado por engano.

Ela guiou Yuvakshi para um quarto que era, se não

opulento, então, pelo menos melhor do que os corredores que

ela percorreu. Rapidamente se tornou óbvio que este não era o

espaço que ela iria morar quando a sua bolsa foi prontamente

removida e um vestido branco fino foi colocado sobre a cama. A

mulher saiu com um aviso de que seu mestre voltaria dentro de

uma hora e se ela fosse inteligente, tentaria agradá-lo.

Antes, Yuvakshi perguntou:

— Quem é ele? O seu mestre?

O flash de pena que a menina viu nos olhos da mulher

deve ter sido um truque da luz, uma vez que a senhora não

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estava lá para oferecer qualquer conforto. Pelo menos ela

respondeu a pergunta.

— O nome dele é Lokesh. — Ela disse antes de sair do

quarto, fechando a porta atrás dela.

— Lokesh? — Yuvakshi sussurrou.

Certamente a mulher estava enganada. O mercado

zumbia com rumores sobre o líder militar que servia o rei. As

atrocidades que diziam que ele tinha cometido variavam de

traição à morte de inocentes. Uma parte dizia que ele ganhara o

poder fazendo um pacto com um demônio, mas a maioria deles

dizia que ele era o demônio. Como isso pode ser? Como poderia

o pai ter-lhe dado para um homem assim?

Pelo menos agora o medo nos olhos de seu pai fazia

sentido. Já que tinha negociado com um demônio alguém que

era da sua própria família. E ela seria o única a sofrer por isso.

Instintivamente, sabendo que seria mais sensato da parte dela

jogar suas forças com o objetivo de ganhar qualquer bondade

que o homem possuía no seu coração de demônio, Yuvakshi

cuidadosamente vestiu o vestido dado a ela e seus dedos

vasculharam seus cabelos escuros, retirando cuidadosamente as

tranças até que seu cabelo caísse em ondas longas pelas suas

costas.

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Ela alisou as rugas imaginárias do vestido e entrou na luz

solar, movendo seu corpo de modo que os raios do sol

refletissem em seu rosto e acendessem seus olhos. A espera foi

longa devido ao seu nervosismo, mas foi menor do que ela teria

desejado. Com um barulho pesado, a porta se abriu e o objeto de

seu medo ficou olhando imóvel para ela.

Yuvakshi não disse uma palavra, mas se endireitou em

toda sua estatura, inclinando os ombros e arregalando os olhos

antes de baixar os cílios recatadamente.

— Meu senhor. — Ela disse em voz baixa e inclinou a

cabeça brevemente.

Corajosamente, Lokesh avançou, agarrou-lhe o queixo e

levantou o rosto dela para que ele pudesse olhá-la. Seus olhos se

estreitaram e suas narinas se alargaram.

— Qual é o seu nome? — Perguntou ele, sua respiração

quente em seu rosto em chamas.

— Yuvakshi. — Disse ela. — Filha de...

Ele apertou sua maxilar, cortando suas palavras.

— Eu não me importo de quem você é filha. — Seu

olhar quente arrastou para baixo pelo seu corpo e de volta para

seu rosto. — Você é bonita o suficiente, eu acho.

— Obrigada ...

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— Não fale.

Sabiamente, Yuvakshi segurou a língua.

Lokesh virou e começou a tirar sua capa. Em seguida, ele

se sentou com raiva e fez um gesto para ela ajudá-lo com suas

botas. Ela fez, mas quando ela se esforçou para tirá-las, ele a

empurrou para o lado. Ela caiu contra uma mesa e a derrubou,

machucando o quadril na queda. Sua mão mal tinha tocado nela

e ainda a pressão era tão forte, que ela mal conseguia recuperar

o equilíbrio.

No momento, Yuvakshi sabia duas coisas com certeza.

Primeiro, o homem para quem tinha sido dada, era mais

desafiador e mais poderoso do que os rumores somados e

segundo, ele era um homem com um temperamento violento,

que não tinha nenhuma suavidade em seu coração. Agradá-lo

seria a única maneira que ela iria sobreviver, então ela fez da

sobrevivência o propósito de sua vida.

Ela não teve nenhuma ilusão sobre o seu lugar na vida

dele. Quando ela não era necessária, ela se tornava tão pequena

e invisível possível, mas no momento em que ele tinha utilidade

para ela, ela ia até ele e oferecia-lhe tudo o que ele queria. Não

demorou muito antes de sua antiga vida parecer um sonho.

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Houve um dia pessoas que a amavam? Quem queria fazê-la

feliz? Parecia impossível.

Todo o seu mundo era agora este homem e a dor pairava

em torno dele em uma nuvem negra. Não havia previsão de

quando o relâmpago poderia surgir ou quão pesada e dolorida a

punição seria. Se houvesse um padrão, ela poderia ter

descoberto isso. Ela era boa nisso. Bom em sentir quando

alguém ia comprar ou se estava apenas vagando no mercado à

procura de roubar uma maçã ou tentando um negócio melhor.

Com este homem não havia como decifrá-lo. Ele era

volátil. Zangado com o mundo. E, no entanto, havia uma

incompletude sobre ele. Ele era ... fragmentado de alguma

forma. Havia algo que ele queria e queria desesperadamente,

mas mesmo com tanto cuidado que ela prestava atenção, ele

nunca deu nenhuma pista.

Quando ela descobriu que estava grávida, ela hesitou em

lhe dar a notícia. Por um lado, ele poderia se sentir como se seu

objetivo já não servisse e ele a mataria. Por outro lado, ele

poderia simplesmente trocá-la. Era possível que sua mãe poderia

levá-la, mas era improvável. Ela estava envergonhada e com

uma criança.

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Havia lugares que tais mulheres poderiam ir, mas a vida

de uma mulher contaminada e seu filho não era feliz. Ainda

assim, a sobrevivência do lado de fora poderia ser mais fácil do

que a vida com Lokesh. Ela estava se preocupando com suas

opções, não encontrava um resultado que seria agradável para

ela e seu bebê, quando seu mestre voltou para casa. Depois de

ajudá-lo com suas botas e entregar-lhe uma bebida fria do jarro

de água, ela decidiu simplesmente dizer a ele.

Quando ela pegou o copo vazio e se virou, colocando-o

sobre a mesa, ela disse:

— Estou grávida.

Ela se manteve de costas para ele, o medo sobre a sua

resposta transformando-a em uma covarde. Quando ele não

disse nada, ela o encarou hesitante. Havia uma expressão de...

não de alegria ou felicidade, mas ... de satisfação no rosto dele.

— Tem certeza? — Ele perguntou finalmente.

— Eu tenho. — Yuvakshi respondeu. — Eu acredito que

é o terceiro mês.

— Grávida. — Ele pensou enquanto ponderava

brevemente e, em seguida, deixou ao quarto.

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Lokesh não retornou a noite toda. No dia seguinte, ele

encontrou Yuvakshi e disse-lhe para se preparar para o

casamento. Ele tinha arranjado um casamento para eles na

semana seguinte. Yuvakshi não sabia o que pensar, mas a reação

dele à sua notícia foi muito melhor do que ela poderia ter

esperado. Ela consolou-se pensando que se ela tivesse que ser

casada com um demônio, pelo menos, seu filho nasceria com

honra.

Essa ideia parecia estar refletida em Lokesh também. Ele

frequentemente fazia menção de seu filho nascer legitimamente.

Parecia importante para ele por algum motivo e Yuvakshi

esperava que, se ele não tinha qualquer amor por ela, pelo

menos ele poderia suavizar um pouco com seu filho. E o faria

amolecer ... um pouco.

Após o casamento, uma pequena cerimônia onde seus

pais lhe desejaram o melhor, mas evitaram olhar nos olhos dela,

Yuvakshi foi para um quarto mais confortável, teve mais servas,

e, o que era ainda melhor, Lokesh passava a maior parte de seu

tempo com ela falando sobre o bebê e seu conforto, a consulta

com as parteiras, e ganhando ainda mais prestígio e controle no

reino do que ele já tinha. Ele disse que queria construir um

legado para passar para o filho.

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Embora Lokesh constantemente falasse de um filho,

Yuvakshi ignorava as dúvidas pequenas que tinha sobre o que

aconteceria se uma filha nascesse. Ela esperava que ele mimasse

a filha, no entando, parecia um otimismo irreal quando

considerava seu caráter. Certamente os deuses notariam seu

sofrimento silencioso e abençoariam ela com um menino.

Infelizmente, não era para ser.

Quando suas angústias começaram, Yuvakshi saboreou a

dor. Não era nada em comparação com os espancamentos que

seu marido lhe dera antes que ela anunciasse sua gravidez. Ela

sabia que, ao dar-lhe este presente precioso, ela garantiria um

lugar para ela e seu filho. Talvez ela pudesse fazer este trabalho

depois de tudo. Ela se esforçaria ainda mais para agradá-lo,

moldaria-se no que ele queria que ela fosse.

A parteira disse que nunca tinha visto um trabalho de

parto tão fácil. Quando a serva enxugou a testa e deu-lhe um

copo de água, Yuvakshi pensou que os deuses tinham de fato a

abençoado. Ela ouviu o grito e viu a parteira enrolar o pacote em

um cobertor. Tudo o que Yuvakshi podia sentir era alívio e

satisfação em dar ao marido o que ele tão desesperadamente

queria.

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As servas moveram-se após o nascimento e a nova mãe

adormeceu com um sorriso, um reflexo amargo e quebrado da

menina bonita e feliz que ela tinha sido uma vez. Que triste seria

a pequena coisa que fez aquele sorriso possível, a pequena

menina que descansava em um berço ao lado dela, seria o último

sentido fugaz de felicidade na vida curta de Yuvakshi.

A menina adorável de apenas dezoito anos de idade, com

cabelos longos, escuros e olhos brilhantes violeta, a esposa de

um monstro, acordou de um sonho agradável para encontrar o

marido pairando sobre ela, com o rosto roxo de raiva. Quando

ele colocou suas mãos ao redor dela, esmagando sua garganta e

roubando o fôlego de seu corpo, ela manteve-se alerta apenas o

tempo suficiente para discernir as palavras ameaçadoras

cuspidas em seu rosto que ela tivera uma menina.

No breve momento transitório encontrado entre a vida e

a morte, Yuvakshi se perdeu em um pensamento. Não era sobre

o que foi roubado dela, ou de seus pais decepcionantes, não de

seu assassino e marido abusivo, e não sobre a dor em seus

pulmões. Naqueles segundos demasiado curtos finais, Yuvakshi

pensou na única coisa em sua vida que lhe deu a verdadeira

felicidade - o amor que ela sentia pela pequena filha preciosa.

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E ela estava contente.

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- Narrado pelo Ren -

Todo o curso da minha vida mudou no dia em que meus

pais me visitaram e minha mãe perguntou se eu estava pronto

para me tornar noivo. O casamento era algo que não tinha estado

em primeiro plano na minha mente, mas concordei em

considerá-lo uma vez que ajudaria a trazer a paz à região e era

óbvio que ela estava animada com a menina. Eu sabia que

minha mãe não iria escolher qualquer uma para tomar seu lugar

no trono. A mulher que seria minha noiva teria de ser especial.

Eu não estava desapontado. Embora ... não era assim que

me sentia no início.

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De pé nas sombras frescas de uma das nossas

propriedades, bem acima da pequena, mas próspera cidade

abaixo, eu assisti a chegada da minha pretendente. A caravana

chegou mais cedo do que eu esperava e quando vi a carruagem

passar pelos portões e sob o arco decorativo, fiquei surpreso

com a forma como as minhas mãos tremeram. Que um mero

lapso de uma menina que eu não tinha sequer conhecido ainda

poderia me causar tremores como um soldado inciante em sua

primeira batalha, me encheu de uma estranha combinação de

prazer e angústia.

Meu batimento cardíaco acelerou e uma sensação

inebriante de excitação correu por minhas veias. Tive o prazer

de descobrir que eu estava ansioso para conhecer a minha noiva.

Aprender tudo sobre ela seria uma distração bem-vinda dos

conflitos constantes que assolavam minha mente.

Como ela seria?

Eu queria saber seus gostos e desgostos. Eu queria

memorizar o modo como suas mãos se moviam e o cheiro do

seu cabelo. Talvez eu tivesse tempo suficiente com ela para

descobrir um de seus pratos favoritos. Eu ansiava por ouvi-la rir

e me perguntei o que ela acharia de um futuro imperador que

gostava de escrever poesia.

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Quando ela se aproximou, meu pensamento mudou.

Minha mãe tinha mencionado que o noivado, caso eu

concordasse com ele, precisava acontecer mais cedo ou mais

tarde, referindo-se ao fato de que a menina estaria mais segura

com a gente do que ela estava com sua própria família. Eu fiz

uma careta. Ela teria se machucado? Teria sido abusada?

Minhas mãos se apertaram em punhos com a idéia de que

alguém tinha lhe causado mal. Se descobrisse que o fato era

esse, eu iria destruir quem era o responsável. Eu já me sentir

protetor com ela era um bom sinal.

Os soldados à frente da caravana circularam a

carruagem, uma vez que parou em frente à casa elaborada que

tinha se tornado a minha sede provisória. Coloquei as mãos no

corrimão esculpido, me inclinei e chamei os soldados de Kadam

perguntando se tinha acontecido quaisquer incidentes durante a

viagem. Eles responderam que a viagem tinha sido tão fácil

como escorregar para um banho quente, algo que o soldado mais

velho e líder, um homem quase pronto para se aposentar do

serviço militar, disse enquanto olhava adiante.

Quando eu assegurava que comida, descanso e um lugar

confortável para lavar a poeira da estrada de seus pés estava lhes

esperando, houve uma vibração de cortinas e vi uma mão

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delicada desaparecer no espaço escuro dentro carruagem. Me

xingando por não estar na porta para encontrá-la imediatamente,

eu girei e saltei para baixo do lance de escadas o mais rápido

que pude e corri para a carruagem, enquanto um dos soldados

ofereceu o braço para ajudá-la.

Passando uma mão nervosa pelo meu cabelo, coloquei o

que eu esperava que fosse um sorriso encantador no meu rosto e

esperei que ela se voltasse para mim. Ela era facilmente duas

cabeças menor do que eu e ela estava tão envolta em tecido que

eu não tinha ideia de como era seu corpo e forma. Vendo que ela

usava véus cor de safira, minha cor favorita, eu levei isso como

um bom sinal e disse:

— Saudações, linda Yesubai. Tenho a honra de conhecê-

la.

Baixei a cabeça até que senti que ela se virou para mim e

levantei meu olhar para encontrar o dela. Eram os olhos mais

surpreendentes que eu já vi – tom surpreendente de lavanda tão

brilhantes que me fez lembrar de uma das cobiçadas rosas roxas

da minha mãe. Através de um véu cobrindo o rosto, que era

transparente o suficiente, eu pude ver a curva de sua bochecha, a

boca generosa e seu queixo empinado.

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Apesar do fato de que eu sabia que isso não era algo

excessivamente correto, eu não pude me conter e peguei a mão

dela na minha, pressionando meus lábios nos seus dedos finos.

— Estou tão feliz que você veio. — Eu disse

calorosamente enquanto meus olhos pegavam os dela

novamente sobre os nós dos dedos de sua mão.

— Eu também estou contente por estar aqui. — Ela

respondeu de forma suave, mas distante e educada.

Uma prática muito politíca para recuar do meu erro

descuidado juntamente com sua saudação apenas morna ao me

ver, eu apertei os dedos levemente, deixei cair a mão e apertei a

minha mão nas minhas costas e dei vários passos para longe. Eu

tinha suposto muito, muito rapidamente e obviamente a assutei.

Talvez ela não pensasse sobre a possibilidade de casamento,

tanto quanto eu estava.

Também era provável que a idéia de estar perto de um

homem fosse alarmante para ela. Eu era bom o suficiente para

ler a linguagem corporal para saber que ela me considerava um

perfeito desconhecido e que ela não confiava em mim ainda,

mas eu estava determinado que eu faria tudo ao meu alcance

para mostrar a ela que eu era digno de ganhá-la. E de alguma

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forma eu ia fazer de tudo para me aproximar dela como um

filhote de cachorro exuberante e inexperiente.

— Você prefere descansar? Eu posso pedir que lhe

tragam comida se você preferir comer sozinha. — Eu ofereci

enquanto caminhávamos.

Ela considerou minhas palavras por um momento e então

respondeu:

— Não. Eu acho que eu prefiro ter minhas refeições com

os demais.

Balançando a cabeça um pouco para reconhecer as

palavras dela, eu considerei não apenas o que ela disse, mas

como ela disse. Eu não tive a sensação de que ela

particularmente queria comer comigo, mas ela sentia que era seu

dever. A última coisa que eu queria era forçar uma mulher a se

tornar minha noiva, que considerasse casar comigo uma

obrigação. Eu queria amor. Talvez isso não desse certo.

— Vamos fazer nossa refeição daqui uma hora .

Ela assentiu com a cabeça e eu sinalizei as mulheres que

eu tinha designado para cuidar de suas necessidades durante a

sua estadia. Elas correram para a frente e a levaram para sua

suíte para deixá-la confortável. Suspirando pesadamente, a

decepção caiu sobre mim, mas recusando-me a permitir que isso

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extinguisse a esperança que eu tinha sentido antes, resolvi dar a

ela algum tempo e me reuni com os soldados de Kadam

enquanto esperava seu retorno.

O jantar foi tranquilo, comigo fazendo mais do que falar

e ela respondendo com palavras breves e acenos quase

imperceptíveis. Minha frustração voltou à tona. Não era isso que

eu queria. A garota que eu imaginei passar o resto da minha vida

teria mais fogo, mais paixão, mais ... ousadia. Eu queria alguém

que pudesse se defender. Que não se intimidaria simplesmente

porque eu era um homem ou o herdeiro de um trono.

Naquela noite, depois do jantar andei pelo terraço,

perguntando o que eu deveria fazer. Devo mandá-la de volta?

Dizer a minha mãe que ela tinha se enganado em sua escolha?

Era verdade que ela era linda e falava bem, mas isso não era o

suficiente. Era errado querer mais?

A lua de repente rompeu com as nuvens e vi Yesubai na

varanda abaixo. Ela usava um vestido de seda de mangas sino

brancas. Seu rosto brilhante estava livre de véus e seu cabelo

escuro pendia solto, a ponta quase tocando o chão. Fios grossos

voaram na brisa. Mais uma vez fiquei impressionado com sua

beleza. Enquanto eu estava ali olhando para ela, eu a vi levantar

a mão ao rosto e passar em sua bochecha. Ela fez isso mais e

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mais e mesmo eu não conseguindo ouvir o som, eu sabia que ela

estava chorando.

A ideia de se casar comigo era assim tão horrível? Será

que ela se sentia presa? Talvez ela pensasse que iríamos

abandoná-la se não concordasse com o casamento. Talvez ela

preferia fazer algo diferente com sua vida. Ela precisava saber

que iria protegê-la de qualquer maneira. Fiquei surpreso que

minha mãe já não tivesse explicado isso.

Eu desçi as escadas e saí para a sua varanda.

— Yesubai? — Ela se virou para olhar para mim,

alarmada. Eu levantei a mão. — Eu sinto muito se eu a assustei.

Eu estava no último andar e ouvi seu choro. — Não era verdade.

Ela não tinha feito um barulho, mas eu não conseguia pensar em

mais nada para dizer. — Você vai me dizer o que está errado?

— Eu perguntei.

Seus olhos cor de lavanda estavam luminosos à luz da

lua e ela parecia um espírito da floresta nervoso pronto para

saltar sobre a sacada e voar a qualquer momento.

— N ... não há nada errado. — Ela respondeu,

finalmente. Eu poderia dizer que ela estava angustiada por eu ter

sido testemunha de suas lágrimas.

Dei um passo mais perto.

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— Eu prometo a você. Não tenho nenhum desejo de vê-

la machucada ou infeliz. Se a ideia de se tornar minha noiva está

perturbando você, isso pode ser facilmente sanado.

O olhar de pânico no rosto dela me confundiu.

— Não! — Ela declarou. — Eu não posso permitir que

você me mande embora.

— Não foi isso que eu quis dizer. — Eu esfreguei meu

queixo enquanto a estudava, perguntando por que eu parecia

estar dizendo todas as coisas erradas. Não soava como eu.

Tentei novamente. — Eu só quis dizer que, se você não tem

nenhum desejo de se casar, não vou forçá-la. Nada foi

finalizado. Você é livre para escolher.

— Livre. — Ela soltou uma respiração curta com uma

risada em seguida, congelou e ergueu os olhos para mim antes

de virar de costas. — Se ao menos eu fosse. — Ela terminou.

— Pode ser. — Eu disse enquanto terminei com a

distância entre nós. — O casamento para mim não é a única

maneira de você se livrar daqueles que machucaram você.

Ela endureceu.

— O que quer dizer? — Perguntou ela.

— Quero dizer ... — Senti que ela não queria que eu a

tocasse, assim, sem saber o que fazer com minhas mãos, cruzei

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os braços desajeitadamente em meu peito. — Eu quero dizer que

a nossa família irá protegê-la de qualquer maneira.

— E quem vai proteger você?

Suas palavras eram tão suaves que eu mal podia

compreendê-las, mas quando as entendi, fui tomado por

compreensão. Ela estava apavorada. E não era comigo.

— Yesubai, eu não vou deixar você ser prejudicada.

Ela se virou e olhou para mim, então, totalmente. Sem

hesitação. Nenhuma reserva. Nada a esconder. Era como se uma

janela para a sua alma se abrisse e eu vi a pessoa que ela era. A

pessoa que ela queria ser. Ela tinha um núcleo de força, mas ele

estava enterrado tão profundamente dentro dela que eu me

perguntava se ela sabia que estava lá. Eu não sabia se eu seria

capaz de superar a distância e descascar as camadas as quais ela

se escondia atrás. Mesmo que fosse possível, levaria tempo e

muita paciência, mas eu sentia que o resultado valeria a pena.

Silenciosamente, eu perguntei:

— O que você quer, Yesubai?

Ela respondeu com um murmúrio hesitante, com a testa

franzida, como se ela não tivesse entendido a pergunta.

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— Eu quero ... — ela fez uma pausa. — Eu quero estar

com alguém que me ame. Eu quero viver com sua família. Eu

quero me sentir segura.

Sorri então e ofereci minha mão aberta. Ela colocou a

sua mão, muito menor, na minha e embora seus dedos

tremessem, ela não protestou quando eu coloquei minha outra

mão em cima e apertei levemente.

— Eu prometo a você. Vou lhe dar todas essas coisas,

se... se é isso que você quer, Yesubai.

Ela olhou para as nossas mãos e, em seguida, para mim,

procurando o meu rosto por um momento antes de dizer

finalmente:

— É o que eu quero.

Esse foi o ponto de virada para mim. Eu já tinha visto a

pessoa que ela queria ser. A pessoa com força e fogo que vivia

por trás dos véus. Seria preciso uma grande dose de bondade e

paciência para trazê-la para fora. Eu decidi que eu poderia

esperar por isso. Eu poderia esperar que ela aprendesse a me

amar. Poderíamos adiar o noivado e mesmo se decidíssemos ir

em frente com isso, um compromisso poderia durar anos.

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Eu estava confiante de que ao longo do tempo iríamos

conhecer um ao outro e que havia uma chance para que

fossemos felizes.

Quando eu sugeri atrasar o noivado no dia seguinte, ela

se opôs, dizendo que precisava assinar a papelada antes de

voltar. Levei várias horas dando atenção a ela e com cuidado fiz

perguntas antes dela admitir que foi seu pai que insistiu na

união. Ela acreditava absolutamente que se ela voltasse sem ter

um acordo comigo, ele iria causar um grande sofrimento.

Eu sabia que seu pai era um líder militar inteligente e

astuto, e que ele havia manipulado o seu caminho para o reino,

mas agora eu também sabia que ele era o responsável por

aterrorizar a filha. Esse conhecimento queimou dentro de mim,

especialmente sabendo que não havia recurso imediato para

lidar com ele como ele merecia. Eu teria que passar com

cuidado por onde ele estava interessado.

O importante era manter Yesubai segura e fora de seu

alcance. Ter vingança precipitadamente ou me mover contra a

pessoa que a machucou poderia minar tudo o que estávamos

trabalhando para realizar. Lokesh iria terminar o noivado, no

mínimo, e, em seguida, usar a desculpa de que ele e sua família

tinham sido insultados e iria resultar em uma chuva de guerra

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em cima de nossas cabeças, no máximo. Eu precisava pensar

como o diplomata que eu tinha sido treinado para ser e conter o

fogo dentro do meu coração de guerreiro até o momento certo.

Apesar das vantagens políticas que nossa união traria, eu

não queria que Yesubai pensasse que eu desejava um

relacionamento com ela simplesmente para trazer a paz entre

nossos reinos ou mesmo para protegê-la, apesar de ambos os

motivos serem válidos. Eu disse a ela que eu estava ansioso para

ser um marido e prometi que eu tentaria o melhor que eu

pudesse para ser um bom esposo. Acima de tudo eu queria que

ela fosse feliz. Quando eu disse isso, ela pareceu considerar a

minha palavra e relaxou um pouco mais.

Passamos alguns dias juntos e eu estava feliz por ela

querer estar ao meu lado enquanto eu visitava as tropas e me

reunia com os líderes da cidade. Ela permaneceu envolta em

véus e era tão calma e tão imóvel como uma estátua, mas eu

podia ver seus olhos brilhantes me observando enquanto eu

falava e ela parecia estar alerta e interessada em tudo o que ela

via e experimentava.

Esperança floresceu dentro de mim de novo e eu pensei

que talvez nem tudo estivesse perdido. Em várias ocasiões, eu a

peguei olhando para mim, para a pele nua exposta na parte

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superior do meu tórax e garganta, em particular, e me perguntei

se isso significava que ela poderia estar tão atraída por mim

como eu estava por ela.

Eu me flagrei sorrindo mais vezes. Eu mesmo escrevi

um poema não sobre a minha misteriosa garota dos sonhos, mas

sobre a garota com o cabelo longo, preto e rosto brilhante, que

estava sob o luar na varanda, com lágrimas de prata correndo

pelo rosto. Embora eu nunca a ouvi rir ou descobri a sua comida

favorita, ela me agraciou com um belo sorriso ou dois e eu me

considerei com sorte.

Antes de ir embora, eu me senti confiante de que seria

um bom relacionameto e quando eu perguntei a ela, mais uma

vez, se ela tinha certeza, ela respondeu:

— Me tornar uma Rajaram é tudo o que eu poderia

desejar.

Devido à sua insistência, os papéis foram trazidos e

fizemos nosso noivado oficial. Eu sabia que minha mãe ficaria

satisfeita e eu estava bem. Vê-la partir foi difícil. Mal tínhamos

iniciado o longo processo de conhecer um ao outro. Eu sabia

que precisava me mover com cuidado e lentamente com ela,

então eu só tentei o mais cortês, o mais despido, dos gestos e

toquei meus lábios rapidamente na parte detrás de sua mão,

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ansiando pelo dia em que ela estaria confortável o suficiente

para permitir que eu a segurasse em meus braços e me

despedisse dela.

Enquanto eu assistia a caravana partir, eu me questionva

sobre o meu estado de recém-noivo. Ficaríamos separados por

muito mais tempo do que eu queria. Se houvesse alguma coisa

que eu aprendi sobre Yesubai no pouco tempo que passamos

juntos, era que ela precisava de persuasão constante, como uma

égua hesitante e eu temia que os passos ténues que tínhamos

feito seriam em vão se ficassemos separados por muito tempo.

Seria muito fácil deixar o frágil relacionamento que tinhamos

inciado retroceder ao ponto que experimentamos no primeiro

encontro.

Foi quando eu decidi que iria escrever para ela. Todos os

dias, se necessário. Se eu não pudesse estar com ela em pessoa,

eu abriria meu coração para ela no papel. Então, talvez, quando

nos encontrassemos de novo, sentiríamos que a distância entre

nossos corações não era tão difícil de superar depois de tudo.

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Seu coração selvagem disparou, batendo de forma

caótica como o riacho a sua frente. Seus membros tremiam e

quando o luar atravessou a sua forma, eu pude ver o seu pulsar e

seus olhos olhando de um lado ao outro, em alerta ao perigo. Eu

a observei das sombras das árvores, um espectro negro atento

como a morte. Depois de erguer seu nariz no ar uma última vez,

ela nervosamente abaixou sua cabeça para beber água.

Eu saltei do meu esconderijo e atravessei a grama e

arbustos, acabando com a distância como uma estrela cadente.

Minhas garras rasparam contra uma raiz retorcida, empurrando-

a para cima do solo, como o braço de um esqueleto e ela ouviu o

barulho.

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Saltando rapidamente, o veado desviou para a esquerda.

Eu pulei, mas meus dentes pegaram somente o pelo espesso do

seu casaco de inverno. Ela soltou um grito de alerta e meu

sangue correu e eu me senti mais vivo do que eu estive em

meses.

Eu ataquei novamente e desta vez envolvi minhas garras

ao redor do seu torno arfante num abraço mortal. Ela lutou

embaixo de mim, revidando o melhor que pode, enquanto eu

mordia o seu pescoço. Afundando meus dentes, eu apertei sua

traquéia. Quebrando-a eu poderia sufocá-la e eu acreditava que

era uma maneira mais delicada, mais humana de caçar, mas de

repente, me senti como se eu estivesse sufocando lentamente.

A animação que eu senti enquanto eu caçava se esvaiu e

eu fiquei mais uma vez com o vazio que constantemente

ameaçava me consumir. Isso me sufocou e me engasgou, me

matando sem pressa da mesma forma como eu estava tirando a

vida daquela criatura.

Eu abri minha boca e levantei minha cabeça. Sentindo a

mudança, o veado se lançou para o riacho me dando as costas.

Quando ela desapareceu no mato, água fria caiu sobre minha

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pele grossa e por um momento eu desejei apenas poder respirar

e deixar para lá. Deixar de lado minhas memórias. Deixar de

lado minha decepção. Deixar de lado meus sonhos.

Se ao menos eu acreditasse que a morte seria tão amável.

Aos poucos, eu fiz meu caminho para fora do riacho.

Minhas patas estavam tão cheias de lama quanto meus

pensamentos. Desanimado, eu balancei a água da minha pele e

fui inutilmente tentando tirar a lama entre minhas garras quando

ouvi a risada de uma mulher.

— Essa foi a caçada mais patética que eu já vi. — Ela

zombou.

Eu joguei minha cabeça para cima e vi Anamika

agachada no galho de uma árvore, o arco dourado no seu ombro

e a aljava amarrada às suas costas.

Eu resmunguei baixinho, mas ela ignorou a advertência e

continuou a fazer comentários.

— Você escolheu a criatura mais fraca na floresta e você

não pode abatê-la. Que tipo de tigre você é?

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Ela agilmente pulou do galho grosso. Anamika usava seu

vestido verde e enquanto ela caminhava na minha direção, eu

fiquei momentaneamente distraído por suas longas pernas, mas

depois ela abriu a boca novamente.

Ela colocou as mãos na cintura e disse:

— Se você está com fome, eu posso abater a sua refeição

para você, já que é muito fraco para fazer você mesmo.

Resmungando, eu virei de costas para ela e fui em outra

direção, mas ela rapidamente me alcançou, acompanhando a

minha velocidade mesmo quando eu corri por entre as árvores.

Quando eu percebi que não havia nenhum movimento dela, eu

parei e mudei de forma.

Como homem, eu virei para ela e gritei aborrecido:

— Por que você insiste em me seguir, Anamika? Não é

suficiente que esteja preso com você dia após dia?

Ela estreitou seu olhar.

— Eu também estou muito presa — Ela rolou a palavra

por toda a língua, já que era muito nova para ela. — aqui com

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você assim como você está comigo. A diferença é que eu não

desperdiço minha vida ansiando por algo que nunca terei.

— Você não sabe nada sobre o que eu anseio!

Ela levantou uma sobrancelha para o que eu falei e eu

sabia o que ela estava pensando. Na realidade, ela sabia tudo o

que eu ansiava. Ser o tigre de Durga significava que nós dois

compartilhávamos um vínculo, uma conexão mental que nos

ligava cada vez que assumíamos a forma de Durga e Damon. O

poder não lhe interessava, o que realmente fez dela a escolha

perfeita para governar como uma deusa. Ela nunca abusou das

armas ou usou o Amuleto de Damon para fins egoístas. Isto era

algo que eu admirava nela, embora nunca admitisse.

Havia outras coisas que eu percebi que me fizeram

respeitá-la nos últimos seis meses. Anamika era justa e sábia em

resolver disputas, sempre pensava nos outros antes de si mesma

e ela empunhava as armas melhor do que a maioria dos homens

que eu conhecia. Ela merecia um companheiro que a apoiasse e

ajudasse a tornar o seu fardo mais fácil. Isso supostamente

deveria ser o meu trabalho, mas em vez disso, muitas vezes eu

chafurdava em auto- piedade. Eu estava prestes a pedir

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desculpas quando ela começou a apertar meus botões

novamente.

— Acredite ou não, eu não estou te seguindo para tornar

sua vida desagradável. Estou simplesmente garantindo que não

se machuque. Seus pensamentos estão constantemente

distraídos, o que significa que você coloca seu bem estar em

risco.

— Me machucar? Me machucar! Eu não posso ser

ferido, Anamika!

— Se machucar foi tudo o que você tem feito nos

últimos seis meses, Damon. — ela disse mais calmamente. —

Eu tentei ser paciente com você, mas você continua a exibir

isso, essa... Fraqueza.

Com raiva, eu me aproximei dela e enfiei um dedo no ar

próximo ao seu nariz, efetivamente ignorando quase não

perceptível pelo pó, mas ainda atraentes, sardas e os grandes

cílios de seus olhos verdes que poderiam fazer um homem se

perder.

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— Vamos esclarecer algumas coisas, Anna; em primeiro

lugar, o que eu sinto é negócio meu e, segundo — Eu parei

depois que eu ouvi ela puxar a respiração. Preocupado que eu

poderia assustá-la, eu recuei um passo e parei de gritar. — Em

segundo lugar, quando estamos em público, eu sou Damon, mas

quando estamos sozinhos, por favor, me chame de Kishan.

Virei as costas para ela, levei minha mão para o tronco

de árvore próxima e deixei o fogo da raiva que ela sempre trazia

a tona enfraquecer e se tornar brasas mortas e fumaça.

Concentrando em desacelerar minha respiração, eu notei sua

aproximação até que eu senti a sua mão no meu braço. O toque

de Anamika sempre me causava um formigamento quente pela

minha pele, uma parte da nossa conexão cósmica.

— Eu sinto muito... Kishan. — ela disse. — Não foi

minha intenção irritar você ou trazer suas emoções voláteis à

superfície.

Desta vez seus comentários irritantes não me

incomodaram. Em vez disso, ri secamente.

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— Eu vou tentar lembrar de manter minhas ―emoções

voláteis‖ contidas. Nesse meio tempo, se você importunar o

tigre ele pode não pensar duas vezes em lhe mostrar seus dentes.

Ela me estudou em silêncio por um momento, em

seguida, passou por mim, voltando para nossa casa com uma

expressão dura. O som suave dos seus murmúrios desapareceu

enquanto ela se movia por entre as árvores, mas ainda peguei a

frase: ―Eu não tenho medo dos seus dentes.‖

Eu senti culpa por deixá-la voltar para casa sozinha, mas

eu notei que ela usava o amuleto de Damon e sabia que não

havia nada nesta terra que poderia prejudicá-la. Quando ela se

foi, eu me espreguicei e me perguntei se eu deveria voltar para

casa que nós compartilhávamos, compartilhar era um termo

relativo, ou se eu deveria passar a noite na floresta. Eu tinha

acabado de encontrar um bom pedaço de grama para dormir e

descansar o meu corpo, quando senti a presença de outra pessoa.

Quem estaria aqui? Um caçador? Anamika teria voltado?

Lentamente, eu circulei, fazendo de pouco a nenhum

som e quando eu tinha terminado de circular, eu pulei para trás,

meu coração batendo em choque. Um pequeno homem estava

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diante de mim, como se tivesse surgido do nada, o que ele

provavelmente tinha feito. O luar brilhou em sua cabeça careca

e, quando ele se moveu, suas sandálias esmigalharam a grama.

Nós não tínhamos visto o monge desde aquele dia fatídico em

que eu dei a minha noiva, a garota que eu amava mais do que a

vida, para o meu irmão. O dia em que vi meus sonhos, minhas

esperanças e meu futuro saltar através de um turbilhão de

chamas e desaparecer, extinguir como uma lâmpada que fica

sem óleo.

Eu estava vazio desde então.

— Phet — eu disse simplesmente. — O que o traz para a

minha versão do inferno?

O homem agarrou o meu ombro e olhou para mim com

seus lúcidos olhos castanhos.

— Kishan — disse gravemente. — Kelsey precisa de

você.

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Traduzido pela Equipe da página

Diz Que É Fã de A Maldição do Tigre

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