A Dança dos continentes

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A Dana dos continentes

A Dana dos continentesAs deformaes visveis na superfcie do terreno, os fenmenos vulcnicos e ssmicos, presentes tanto nos continentes, como no fundo dos oceanos, so provas do dinamismo da Terra. Nosso Planeta no um corpo esttico, pelo contrrio, ele esteve e continua sob intensa atividade.

Idias cientficas sobre a evoluo da Terra comearam a surgir h 200 anos atrs mas at o incio do presente sculo, acreditava-se que a distribuio dos continentes e oceanos era essencialmente a mesma.

A Deriva Continental

Em 1915, o alemo Alfred Wegener publicou a Teoria da Deriva dos Continentes, propondo que a 200 milhes de anos atrs todos as massas emersas de terra estariam reunidas em um nico super-continente, denominado Pangea, envolto por um mar universal, a Panthalassa. Posteriormente, essa massa continental fraturou-se em partes menores que se dispersaram em consequncia de movimentos horizontais. Alm da semelhana entre as margens dos continentes, que se encaixam como um grande quebra-cabea, Wegener buscou evidncias geolgicas, paleontolgicas e climticas, particularmente nos continentes do hemisfrio sul, para fundamentar sua hiptese. Ele acreditava que a fora para impulsionar a movimentao dos continentes seria derivada das mars e da prpria rotao da Terra. No entanto, existem dificuldades de ordem fsica e matemtica para sustentar esse modelo de movimentao e, por isso, a teoria sofreu forte oposio dos principais cientistas da poca, caindo, praticamente, em esquecimento.

Super continente Pangea h 200 milhes de anos Grande revoluo cientfica aconteceu nos Anos 60 com o aporte de inmeras e novas informaes, particularmente no campo da geologia e da geofsica marinha: melhor conhecimento do fundo dos oceanos desenvolvimento do paleomagnetismo, do conceito das falhas transformantes, da localizao mais precisa dos terremotos etc. A partir dessas idias, entre 1967 e 1968 nasce a teoria da Tectnica de Placas com os trabalhos de J. Morgan, X. Le Pichon e D. McKenzie, entre outros autores.

A teoria da Tectnica de Placas

Essa teoria postula que a crosta terrestre, mais precisamente a litosfera - que engloba toda a Crosta e a parte superior do Manto, at cerca de 100 km de profundidade - est quebrada em um determinado nmero de placas rgidas, que se deslocam com movimentos horizontais, que podem ser representados como rotaes com respeito ao eixo que passa pelo centro da Terra.

Essas movimentaes ocorrem porque a Litosfera, mais leve e fria, praticamente flutua sobre o material mais quente e denso e parcialmente fundido, existente no topo da Astenosfera. nessa parte viscosa, dos primeiros 200 km da Astenosfera, que so geradas as correntes de conveco, supostamente o mecanismo que proporciona a movimentao das placas tectnicas.

As placas deslizam ou colidem uma contra as outras a uma velocidade varivel de 1 a 10 cm/ano. Nas regies onde elas se chocam ou se atritam, crescem os esforos de deformao nas rochas e, periodicamente nesses pontos, acontecem os grandes terremotos. Justamente nos limites das placas tectnicas, ao longo de faixas estreitras e contnuas, que se concentra a maior parte da sismicidade de toda a Terra. tambm prximo das bordas das placas que o material fundido (magma), existente no topo da Astenosfera, ascende at a superfcie e extravaza-se ao longo de fissuras, ou atravs de canais para formar os vulces. Apesar de os terremotos e vulces normalmente ocorrerem prximo aos limites das placas, exepcionalmente, podem acontecer super terremotos nas regies internas das placas.

Distribuio mundial das placas tectnicas e tipos de limites entre elas Fundamentalmente existem 3 tipos de contactos entre as placas tectnicas propocionados por movimentaes com sentido divergente, convergente, de deslocamento horizontal ou falha transformante:

Movimento entre Placas Divergentes

Ocorre quando as placas se movimentam para direes contrrias entre si. Esse processo acontece principalmente nas reas ao longo das cadeias meso-ocenicas. Essas cadeias so extensas elevaes submarinas, cuja topografia muito mais acentuada e exuberante do que as tradicionais zonas montanhosas existentes nos continentes - podem alcanar mais de 1.000 km de largura e 20.000 km de extenso e sua crista marcada por profundas fendas ou fissuras. Quando as placas se afastam uma da outra, o material em estado de fuso - o magma - existente no topo da astenosfera, sobe atravs das fendas, situadas na crista das cadeias submarinas, e extravasa-se formando um novo fundo ocenico.

Movimento de Placas Convergentes

Este caso ocorre quando duas placas se chocam. Na maior parte das vezes, uma delas desliza por debaixo da outra, formando profunda trincheira que penetra pelo fundo ocenico. A placa inferior desliza no interior da astenosfera segundo um plano inclinado - entre 40 a 60 com relao a horizontal. Essa regio de juno de placas recebe o nome de Zona de Subduo ou Zona de Benioff-Wadati. Mais de 3/4 dos terremotos do mundo ocorrem nesse tipo de limite de placas. a tambm que se encontram os sismos de foco profundo, com 300 a 700 km de profundidade.

Ao subsidir para zonas mais profundas da astenosfera a placa rgida encontra altas temperaturas podendo ser parcialmente fundida. Esse novo magma, que menos denso que as rochas circunvizinhas, sobe atravs de zonas de fraqueza da crosta e extravasa-se sob a forma de vulces. Aproximadamente 2/3 das erupes vulcnicas conhecidas ocorrem nesse tipo de limite de placas.

Exemplo clssico de placas convergentes a de Nazca e a da Amrica do Sul. A interao do movimento dessas placas possibilitou a formao da Cadeia Andina e a trincheira ocenica Chile-Peru.

Movimento Horizontal ou de Falha Transformante

Separa placas que esto se deslocando lateralmente. O atrito entre as placas grande de modo que podem ocorrer grandes esforos e deformaes nas rochas que, periodicamente, so liberados por meio de grandes terremotos. Para esse caso, o melhor exemplo a falha de Santo Andr, na California, limitando a Placa Americana, com movimento geral na direo SE, da Placa do Pacfico, com movimento geral na direo NW.

Teoria da Tectnica de Placas

Histrico

A crena de que os continentes no estiveram sempre nas suas posies atuais, foi postulada pela primeira vez em 1596 por um fabricante holands, Abraham Ortelius, sugerindo que as Amricas "foram rasgadas e afastadas da Europa e frica por terremotos e inundaes. A idia de Ortelius foi retomada posteriormente por outros cientistas, como Cuvier, Lord Kelvin e Beumont, numa linha de pensamento conhecida como "contracionismo", que admitia uma possvel movimentao lateral das massas continentais como conseqncia de uma contrao da Terra.

Pelegrini, em 1859, retomou as observaes de Ortelius, sendo o primeiro cientista a defender a fragmentao e deriva dos continentes vizinhos do Atlntico, baseando-se, tambm, em observaes de que determinados tipos de fsseis eram encontrados nos dois continentes.

Em 1888, Eduard Suess apresentou uma teoria global propondo que os continentes atuais teriam origem em um enorme paleocontinente que teria se fragmentado e afastado uns dos outros. Esta teoria baseava-se no pressuposto que o esfriamento gradual e contnuo da Terra poderia ter originado movimentos regulares da crosta, os quais em determinados momentos da histria geolgica assumiriam um carter mais violento em conseqncia da ocorrncia de fenmenos catastrficos.

O incio do declnio da perspectiva contracionista coincidiu com um perodo de controvrsia entre a geologia e a biologia. Os bilogos, fortemente influenciados pelo advento da Seleo Natural de Darwin, defendiam que uma ligao entre os continentes era fundamental para explicar a evoluo das diversas formas de vida, surgindo a "teoria das pontes continentais, apoiada na constatao inequvoca da existncia de afinidades relativas a fsseis de animais e plantas entre frica e Amrica do Sul, a Europa e a Amrica do Norte e Madagascar e a ndia. Os atuais continentes teriam estado ligados entre si por grandes massas terrestres, as chamadas pontes continentais, que desapareceram por imerso. Esta teoria considerava que uma massa terrestre equivalente ao tamanho de um continente podia tornar-se um mar, ou seja, defendia a movimentao vertical de determinados segmentos da crosta terrestre em vez do deslocamento horizontal. Esta teoria respondia aos dados da evidncia paleontolgica, mas no explicava a origem dos movimentos verticais que seriam responsveis pelas grandes massas atualmente desaparecidas.

Em 1910, Taylor elaborou uma ousada explicao que, apesar de equivocada na sua formulao, deu o primeiro passo no fixista sobre esta questo, onde segundo ele os continentes deslocavam-se das altas para as baixas latitudes pela ao das foras provocadas pelo movimento de rotao da Terra.

Entretanto, s em 1912 que a idia da movimentao dos continentes foi seriamente considerada como uma teoria cientfica, designada por "Teoria da Deriva dos Continentes", escrita em dois artigos publicados pelo meteorologista alemo chamado Alfred Lothar Wegener. O autor argumentava que, h cerca de 200 milhes de anos (durante o Trissico, quando a Terra era habitada por dinossauros), havia um supercontinente, que ele denominou de "Pangea", onde todas as massas continentais existentes estavam concentradas e que comeou a fraturar-se.

Wegener deduziu que era fisicamente impossvel para a maioria daqueles organismos ter nadado ou ter sido transportado atravs de um oceano to vasto. Para ele, a presena de espcies fsseis idnticas ao longo dos litorais de frica e Amrica do Sul era a evidncia que faltava para demonstrar que, uma vez, os dois continentes estiveram ligados. No entanto, somente algumas dcadas depois, com o avano da sismologia (cincia que estuda os terremotos e a propagao das ondas ssmicas no interior da Terra), conseguiu-se provar que a "litosfera" boiava sobre a "astenosfera" e isso era o motivo do deslocamento das placas tectnicas.

Alfred Wegener morreu durante uma expedio meteorolgica Groenlndia, em 1930. Algumas outras contribuies de Wegener na rea diziam respeito idade do assoalho ocenico, sugerindo que os oceanos mais rasos eram mais jovens, ou seja, que a crosta ocenica mais espessa mais velha. Esta informao foi importante para o desenvolvimento da hiptese da "deriva continental" na teoria da Tectnica de Placas. O autor foi muito contestado em sua poca. No incio da dcada de 1950, porm, as idias de Wegener foram retomadas, face novas observaes e descobertas cientficas.

A configurao atual das placas tectnicas pode ser vista na figura abaixo.

A Teoria

Considerando-se somente as propriedades qumicas das rochas, a Terra pode ser dividida em: ncleo, manto e crosta. Entretanto, baseando-se apenas nas propriedades fsicas das rochas, a Terra j pode ser dividida em ncleo, mesosfera, astenosfera e litosfera. Observe que essas subdivises simplesmente so coincidem (veja figura logo abaixo).

Desse modo, o planeta Terra pode ser comparado a um ovo, onde a gema corresponderia ao ncleo, a clara equivaleria ao manto e a casca representaria a crosta, superfcie terrestre a qual efetivamente temos acesso.

A Terra um planeta que tem um interior quente e parcialmente fluido, constatado em superfcie pelo homem atravs de manifestaes como atividades vulcnicas, fontes de guas termais e outros fenmenos. Vivemos no topo da litosfera, uma camada slida e rgida que recobre nosso planeta.

A litosfera toda fragmentada em placas que se movem. O calor interno da Terra e a frico entre as placas fazem com que ocorram, principalmente nos limites das placas litosfricas, vulces e terremotos. Em termos geolgicos, uma placa um segmento rgido e slido da crosta terrestre e constitudo por diversos tipos de rochas. A palavra tectnica tem sua origem no grego, equivalendo ao verbo construir. Juntando essas duas palavras, obtm-se a designao de "Tectnica de Placas", que se refere teoria de que a superfcie da Terra construda por placas. Assim, numa perspectiva simplificada, pode-se considerar que a teoria da tectnica de placas defende que a camada mais exterior da Terra, a crosta, se encontra fragmentada em placas de diferentes dimenses, que se movem umas em relao s outras, ao deslizar sobre material mais quente e fluido do interior da Terra.

A crosta abaixo dos oceanos constituda por rochas baslticas (minerais ricos em elementos qumicos pesados, por exemplo, ferro e magnsio), sendo chamada "crosta ocenica", com espessura mdia variando de 5 a 10 Km. J a crosta que forma os continentes composta por rochas granticas (minerais com elementos qumicos mais leves, por exemplo, silcio e alumnio), recebendo a denominao de "crosta continental", cuja espessura varia de 25 a 50 Km, podendo atingir 100 Km de profundidade, sob grandes cadeias de montanhas.

Acima: Representao da Estrutura Interna da Terra (Fonte: Site do USGS)

Os Limites das Placas Tectnicas

Existem trs tipos de limites de placas tectnicas (veja ilustrao global no final deste texto):a) Divergentes - quando uma nova crosta gerada e as placas se distanciam umas das outras, desenvolvendo uma "margem continental passiva";b) Convergentes - quando uma placa mergulha sob a outra, sendo que uma delas consumida, resultando em uma "margem continental ativa";c) Conservativos - quando no h produo nem destruio de crosta, as placas deslizam lateralmente uma em relao outra, ao longo de fraturas denominadas "falhas transformantes".

a) Limites Divergentes

Os limites divergentes ocorrem quando uma nova crosta ocenica criada, com movimentao horizontal das placas em sentido oposto. Desse modo, o surgimento de um oceano se inicia com a fragmentao de um continente, em regime tectnico extensional (veja modelo esquemtico abaixo).

No primeiro estgio de "abertura de um oceano" ocorre o soerguimento e abaulamento da crosta continental e eventualmente o seu fraturamento. Uma grande depresso se desenvolve no continente e a gua do mar invade as terras mais baixas, formando lagos salinos. A atividade vulcnica intensa, pois o afinamento crosta continental faz com que a camada quente e fluda abaixo da litosfera (a astenosfera) se aproxime da superfcie. Esse tipo de ambiente geotectnico chamado de "rift valley" (termo geolgico em ingls que significa "vale de fendas de grande extenso"). O exemplo atual de um continente nesta fase de fragmentao o Rift Valley Africano, na frica Oriental (Etipia, Uganda, Qunia, Repblica do Congo, Tanznia, Malui e Moambique).

No segundo estgio, a divergncia das foras se acentua e a crosta continental se fragmenta formando dois continentes, agora separados por um oceano encaixado em uma grande fratura. A asceno do material magmtico quente da astenosfera gera uma srie de atividades vulcnicas, formando um denso assoalho de composio bsica (basalto), denominada crosta ocenica. As bordas continentais soerguidas tornam-se "rea fonte" (onde ocorre intemperismo e eroso das rochas) dos sedimentos depositados nas bacias ocenicas adjacentes. O exemplo atual de um oceano nesse estgio de abertura o Mar Vermelho que separa a Pennsula Arbica da frica Oriental.

Se a divergncia prossegue, chega-se ao terceiro estgio da "formao de um oceano". O calor vindo da astenosfera fica restrito regio ocenica central, onde a atividade vulcnica intensa forma a Dorsal ou Cadeia Meso-Ocenica. medida que as placas se distanciam, mais frias ficam suas bordas continentais (pois esto longe do centro de gerao de calor) e estas so recobertas pelas guas marinhas, formando a plataforma continental. O exemplo atual desse estgio o Oceano Atlntico que separa a Amrica da frica e Europa, cuja abertura teve incio h 180 milhes de anos, com a fragmentao do supercontinente Pangea, circundado por um nico oceano existente na poca, chamado de Pantalassa (do grego que significa "todos os mares").

Hoje em dia, uma das mais baixas taxas de separao de placas de cerca de 2.5 cm/ano, quer dizer 25 km em 1 milho de anos (Cadeia do rtico). A velocidade mais rpida de separao acontece na Cadeia do Pacfico Leste, prximo Ilha de Pscoa, com mais de 16 cm/ano.

Acima: Limites de Placas Divergentes (Fonte: Projeto Caminhos Geolgicos)

b) Limites Convergentes

Acredita-se que as dimenses das massas continentais no tenham variado significativamente desde a formao do planeta Terra (4.5 Ga = bilhes de anos). As variaes das dimenses das massas continentais sugere que a crosta deve ser destruda na mesma medida em que criada. Tal destruio (reciclagem) da crosta ocorre ao longo dos limites convergentes das placas tectnicas, por coliso ou porque uma placa mergulha sob a outra ("subduco") ou at colocada sobre a outra ("obduco"), em regime tectnico compressivo.

O tipo de convergncia de placas tectnicas depende do tipo de litosfera envolvida:a) ocenica - continental;b) continental - continental;c) ocenica - ocenica.

. Convergncia Ocenica-Continental

Se fosse possvel drenar o Oceano Pacfico, seria visto um grande nmero de longas e estreitas "fossas" (ou trincheiras) com 8 a 10 km de profundidade, cortando o substrato ocenico. As fossas correspondem s pores mais profundas dos oceanos e so criadas por subduco de crostas nos limites de placas convergentes (observe a figura abaixo).

Na costa oeste da Amrica do Sul, ao longo da fossa Peru-Chile, a placa ocenica de Nazca est sendo empurrada por baixo da placa continental Sul-Americana. Por outro lado, est em soerguimento a Cordilheira dos Andes na placa Sul-Americana. Terremotos fortes e destrutivos ocorrem nos limites dessas placas, sendo comum a formao de cadeias de montanhas na crosta continental, cujo processo denominado "orognese".

A convergncia ocenica - continental gera muitos dos vulces hoje ativos, produzindo um "arco magmtico" na borda do continente, com rochas de composio intermediria a cida ("andesito" a "riolito", respectivamente). Nessas regies, as atividades vulcnicas na crosta continental esto claramente associadas com a subduco da crosta ocenica ao longo das fossas tectnicas.

Acima: Convergncia de Placa Ocenica com Placa Continental (Fonte: Site do USGS)

. Convergncia Ocenica-Ocenica

Assim como ocorre uma zona de subduco na convergncia oceano - continente, o mesmo fenmeno se d quando duas placas ocenicas se encontram. Neste processo tambm h a formao de uma fossa ocenica. A Fossa das Marianas (paralela s Ilhas Marianas), com profundidade prxima a 11 km, produto da convergncia da Placa do Pacfico com a das Filipinas.

Neste processo tambm ocorrem vulces. Depois de milhes de anos de acmulo de lavas desses vulces submarinos, formam-se inmeras ilhas vulcnicas. Estas, por sua vez, do origem aos arquiplagos, conhecidos como "arcos de ilhas", situados atrs da zona de subduco (observe a figura abaixo).

O magma que gera as rochas dos arcos de ilhas tem composio intermediria ("andesito") e um produto da fuso da crosta ocenica subductada com o material ascendente da astenosfera. A placa descendente produz uma fonte de acumulao de energia pela interao com a outra placa, levando a freqentes terremotos de intensidade moderada a forte.

Acima: Convergncia de Placa Ocenica com Placa Ocenica (Fonte: Site do USGS

. Convergncia Continental-Continental

Devido diferena de densidade entre a crosta ocenica e a crosta continental, a crosta ocenica (mais densa) geralmente empurrada por baixo da crosta continental (menos densa), mergulhando para as regies mais profundas da Terra, ao longo da zona de subduco (veja o estgio 1 da figura abaixo). Se esse movimento continua, a crosta ocenica totalmente destruda, dando origem coliso de continentes. Nesse processo, os continentes se aglutinam uns aos outros, resultando numa grande cadeia de montanhas (veja o estgio 2 do modelo). A Cordilheira dos Himalaias, exemplo desse tipo de convergncia, foi formada a partir da coliso das placas da ndia e da sia, no processo iniciado h cerca de 70 milhes de anos e que continua at hoje em dia.

Ao contrrio dos outros fenmenos, esse produz, no continente, forte deformao (dobramentos e falhamentos) e intenso "metamorfismo" (processo pelo qual uma rocha transformada em outro tipo de rocha com caractersticas distintas, atravs de reaes no estado slido), podendo chegar fuso parcial de suas rochas, gerando atividades plutnicas cidas ("granito").

Acima: Coliso de Placas Continentais (Fonte: Projeto Caminhos Geolgicos)

Na coliso de placas do tipo margem continental passiva, pode haver "cavalgamento" da crosta ocenica sobre a crosta continental, atravs de processo tectnico muito complexo, denominado obduo. Neste caso, so formados os "ofiolitos" (rochas que representam fatias de crosta ocenica ou manto posicionados em meio a rochas continentais, geralmente associados com sedimentos marinhos na zona de coliso de placas). Exemplos de ofiolitos so encontrados atualmente no Chipre (Complexo de Troodos) e na Arbia Saudita (Montanhas de Om).

c) Limites Conservativos

O limite entre duas placas que deslizam lateralmente uma em relao outra definido como falha transformante. Muitas falhas transformantes ocorrem nos oceanos, gerando feies do tipo zig-zag, pois so transvervais s Cadeias Meso-Ocenicas. Entretanto, essas falhas podem se estender para dentro do continente, como a Falha de Santo Andr, na Califrnia, nos Estados Unidos (veja figura abaixo). Nesse caso, a Placa do Pacfico, onde est situada a cidade de Los Angeles, se desloca para o norte, enquanto a Placa Norte-Americana, contendo a cidade de So Francisco, se movimenta para sul. Quando a energia concentrada ao longo desses limites liberada, h movimentao das placas, ocorrendo uma srie de terremotos com focos rasos e, portanto, altamente destrutivos.

Esquerda: Falha de Santo Andr, na Califrnia, nos Estados Unidos(Fonte: Site do USGS)Direita: Formao de Hot Spot, nas Ilhas do Hava, Oceano Pacfico (Fonte: Site do USGS)

Hot Spot

A maioria dos vulces ocorre nas bordas de placas, mas existem excees. No caso das Ilhas do Hava, situadas no meio da Placa do Pacfico, todas tm origem vulcnica, mas o limite de placa mais prximo fica a cerca de 3.200 km de distncia. Isto ocorre devido ao fenmeno conhecido como "hot spot" (traduzido do ingls como "pontos quentes"). Os hot spots so registros pontuais de atividades magmticas relacionadas com asceno de material do manto, denominadas "plumas do manto", que tm origem na interface do manto inferior com o ncleo externo. Imagine os continentes sendo carregados sobre a crosta ocenica, como se fossem objetos em uma esteira rolante. Assim, enquanto uma placa se move sobre um hot spot, o material do manto chega superfcie e forma vulces, na verdade, ilhas vulcnicas e at cordilheiras submarinas (veja figura acima).

No Brasil, alguns pesquisadores atribuem a seqncia de corpos de rochas alcalinas (minerais ricos em sdio e potssio) alinhados na direo leste-oeste e separados por dezenas a centenas de quilmetros, desde Itatiaia, passando por Tingu, Nova Iguau, Itana, Rio Bonito, Morro de So Joo at Arraial do Cabo, todos no Estado do Rio de Janeiro, como resultado de antiga atividade vulcnica produzida por hot spot, que estaria, atualmente, no meio do Oceano Atlntico. Esse lineamento se estenderia tambm para o Estado de Minas Gerais, incluindo Poos de Caldas. Dataes das rochas dessas localidades revelam idades decrescentes de oeste para leste (veja figura abaixo), fato considerado como forte evidncia da passagem da Placa Sul-Americana sobre o hot spot.

Distribuio das Rochas Alcalinas no Territrio Fluminense

Juno Trplice

No incio do processo de rifteamento, provavelmente induzido pela asceno de plumas do manto (hot spot), a crosta sofre ruptura ao longo de um sistema de fraturamento formando ngulos de 120 graus. Esse ponto nico onde se inicia a fragmentao da crosta denominado "ponto trplice ou juno trplice". Um dos exemplos atuais de juno trplice ocorre no Oceano Pacfico, entre as placas do Pacfico, Nazca e Cocos.

De modo geral, essas fraturas da juno trplice evoluem para trs riftes, sendo que dois deles formam oceanos e margens continentais passivas. Entretanto, a crosta preservada de uma ruptura completa ao longo da terceira fratura, tornando-se um rift abortado, que recebe a denominao de "aulacgeno" (no Brasil, a Bacia do Recncavo-Tucano-Jatob, na Bahia, considerada um exemplo de rifte abortado). Atualmente, este processo est ocorrendo no Oriente Mdio, entre a Arbia Saudita e o nordeste da frica, onde dois braos de riftes ativos formam o Mar Vermelho e o Golfo de Aden. O terceiro rifte constitui o Rift Valley Africano, que se estende para dentro do continente africano.

Elaborao:Ktia Mansur

Colaborao:Adriana de OliveiraModificado por Marlia Barbosa

Abaixo: Tipos de Limites de Placas Tectnicas (Fonte: Site do USGS)

USGS - United States Geological Survey

UnB - Glossrio Geolgico Universidade de Braslia

Os Tsunamis ou Maremotospor Augusto Martini

Chamada de tsunami - palavra de origem japonesa que significa 'grande onda' (tsu = grande e nami = onda) -, a onda gigante e solitria forma-se em oceanos ou lagos por causa de um evento geolgico. Isso quer dizer que, em geral, os tsunamis surgem aps um terremoto nas profundezas dos oceanos causado pelo movimento das placas tectnicas (Para saber mais sobre placas tectnicas leia o box no final do texto). O terremoto pode desencadear uma avalanche submarina de lama e pedras, que movimenta a gua de repente e com grande fora. Isso intensifica o movimento das ondas e gera o tsunami.

A possibilidade de ocorrer um tsunami na Europa, na frica e no Brasil pequena. J em continentes que so margeados pelo oceano Pacfico, as chances so maiores. Isso acontece porque h menos vulcanismos e movimento de placas tectnicas nas bordas dos continentes localizados s margens do oceano Atlntico do que em continentes com costa voltada para o Pacfico.

O fato que a onda gigante pode viajar por centenas ou at milhares de quilmetros no oceano. Um terremoto no Chile pode provocar um tsunami na Austrlia. So raros os tsunamis gigantescos que destroem vilas ou cidades costeiras. A maioria deles muito fraco e gera ondas com poucos centmetros.

Existe a possibilidade de que a altura do tsunami aumente durante a viagem pelos oceanos. Uma onda com altura entre dois e quatro metros pode crescer ao atingir guas rasas que estejam prximas ao ponto de impacto da onda com a costa. Tsunamis desse tipo j aconteceram na Califrnia, no Oregon e em Washington, estados localizados na costa dos Estados Unidos voltada para o oceano Pacfico. As ondas tinham entre dez e 18 metros. Existem pessoas que no sentem medo de ondas desse tamanho. Para alguns surfistas malucos, essa a oportunidade de tentar pegar a maior onda de suas vidas.

Muitos pases atingidos por tsunamis construram centros para estudar esse fenmeno, como o Japo, os Estados Unidos, a Austrlia e a Costa Rica. O objetivo evitar catstrofes maiores. O monitoramento feito atravs de sismgrafos posicionados ao redor do planeta e que emitem dados dirios sobre a movimentao no interior da Terra. Os observatrios trocam esses dados e outras informaes para que os pesquisadores possam prever quando um tsunami acontecer e quanto tempo ser necessrio para ele chegar costa. Com esse cuidado, as pessoas podem ser retiradas rapidamente das reas de risco e levadas para locais seguros. Assim, o nmero de vtimas e os prejuzos materiais diminuem.

H centros de pesquisa que estudam a possibilidade de o impacto da queda de asterides nos oceanos em tempos remotos ter provocado fortes tsunamis. Como conseqncia, mudanas drsticas na zona costeira teriam ocorrido, como o desaparecimento de algumas espcies e mudanas nos rumos da evoluo de outras.Esses fenmenos naturais mostram como a Terra dinmica, est em constante mudana e que preciso aprender a conviver com eles.

Embora as ondas geradas pelos tsunamis possam se propagar a 800 Km/h, os navegadores quase no do conta por elas. No entanto, ao aproximarem-se do litoral, essas montanhas de gua erguem-se subitamente, devastando tudo sua passagem. Os tsunamis atravessam o oceano em poucas horas. Em 1960 um terremoto sacudiu o Sul do Chile. Menos de 24 horas depois, do outro lado do mundo, esse tremor deu origem a um tsunami que devastou as costas do Japo. Outro tsunami famoso foi o da ilha de Krakatau (antes conhecida como Krakatoa) na Indonsia, em 1883. Ele aconteceu por causa de grandes erupes vulcnicas nas ndias Orientais o que provocou nas costas de Java, Sumatra e ilhas vizinhas ondas terrveis, com 30 m de altura. Esse tsunami destruiu completamente a cidade de Merak, levando um navio 2,5 km para o interior da ilha, a 10 metros do nvel do mar! Nesse tsunami, mais de 36 mil pessoas morreram. Antes disso, em 1755, ondas com mais de 20 metros de altura atingiram o litoral de Lisboa, capital de Portugal, destruindo a cidade e matando centenas de pessoas.

Tsunamis Devastadores atravs dos tempos

1896: um dos piores desastres provocados por tsunami engoliu aldeias inteiras ao longo de Sanriku, no Japo; uma histrica onda submergiu cerca de 26.000 pessoas.

1883: mais de 36.000 pessoas morreram em Java devido a um tsunami causado pela erupo do vulco Krakatoa, prximo ao estreito de Sonda (Sunda).

1946: Um terremoto nas ilhas Aleutas enviou um tsunami para o Hava e matou159 pessoas, sendo que s cinco morreram no Alasca.

1964: Um terremoto no Alasca ativou um tsunami de at 20 ps de altura, matando 11 pessoas to longe quanto na Cidade Crescent, Califrnia, e ao todo causou mais de 120 mortes.

1983: no Japo,104 pessoas morreram devido a um tsunami provocado por um terremoto prximo.

17 de julho de 1998: em Papua, na Nova guin, um tsunami matou 3.000 pessoas. Um terremoto de magnitude 7.1, distante 15 milhas da praia, deu origem a uma onda de 40 ps de altura, e destruiu as aldeias de Arop e Warapu.

O mais recente deles: 26 de dezembro de 2004 - mais de 24.000 mortos contabilizados at o momento

O sismo e os maremotos de domingo (27/12), provocaram devastao em sete pases do sul e sudeste da sia e causaram mais de 24.000 mortos, segundo nmeros ainda provisrios.O balano das vtimas, at o momento (28/12, 11h10, quando escrevo esse artigo) por pas : 12.029 Indonsia; 4.491 ndia; 6800 Tailndia; 830 Malsia; 48 Maldivas; 43 Birmnia; 30 Bangladesh.

Em toda a regio atingida, mais de um milho de pessoas esto sem abrigo, os feridos so da ordem dos milhares e h tambm milhares de desaparecidos.

Vrios pases do leste europeu consideram prioritrio criar pequenas unidades de sade nos pases asiticos atingidos pelos maremotos para transferir as vtimas para hospitais no afetados pela catstrofe.

No h muita gente para salvar neste caso, pois no como o que ocorre num terremoto "normal". A falta de gua potvel e a degradao do saneamento bsico so tambm questes essenciais.

As Placas Tectnicas

A crosta do nosso planeta dividida em cerca de 20 pedaos, conhecidos como placas tectnicas. Essas placas encontram-se sobre o manto, a camada interior da Terra que formada por "material gelatinoso". O ncleo da Terra aquece o material do manto, que se torna mais leve e sobe. Ao subir, ele esfria, fica mais pesado e desce. Assim acontece a movimentao do material aquecido no interior do nosso planeta, as chamadas correntes de conveco. Elas movimentam as placas tectnicas, que podem se afastar uma das outras ou chocar-se. Como os continentes encontram-se sobre as placas tectnicas, acompanham o movimento.

No hemisfrio Sul, h cerca de 150 milhes de anos, no perodo Jurssico, as correntes de conveco dividiram em pedaos o megacontinente Gondwana. Elas fraturaram a crosta terrestre e separaram a Amrica do Sul, frica, Austrlia, Antrtica e ndia. Nas regies de Gondwana, que hoje so Brasil e frica, as correntes de conveco formaram fissuras e fraturas na crosta terrestre, o que gerou derramamento de lava. A ao contnua dessas foras tambm rompeu completamente a crosta terrestre e formou o oceano Atlntico. Porm, ele no parecia o vasto mar que hoje: a fragmentao de Gondwana formou apenas um pequeno oceano, que s "cresceu" quando Brasil e frica comearam a se afastar de forma gradual h, aproximadamente, 135 milhes de anos.

Quem pensa que Brasil e frica j encontraram sua posio no globo terrestre depois de tantos milhes de anos em movimento, engana-se. As placas tectnicas sobre as quais os dois pases esto localizados continuam a se afastar com velocidade mdia de dois centmetros por ano. Como o movimento das placas tectnicas bastante lento em relao s dimenses da Terra, ns no percebemos a movimentao dos continentes. Mas equipamentos sensveis comprovam que eles se movem.