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A Arte da Antiguidade Clássica - Arte Grega (Contexto político-social) A Antiguidade Clássica é o período da História que compreende a origem e o desenvolvimento das civilizações grega, etrusca e romana. Vai de cerca do 1º Milénio a.C. a 476 d.C. (queda do Império Romano do Ocidente). " A lição da Grécia (é uma) lição de modéstia e de lucidez, que coloca o Homem no seu lugar: capaz de compreender, mas também de ignorar; amante da vida, mas consciente de que ela é precária; capaz de usar a sua inteligência com prazer, sem esquecer que o futura pertence aos Deuses - deuses concebidos á sua imagem e graças aos quais a medida humana, na sua forma ideal, fornece a referência suprema ao universo. (...) Este Grego sabe que nada se consegue sem luta. Mas, consciente da sua fraqueza, não despreza o adversário. (...) Para definir o pensamento grego emprega-se o termo humanismo (...); o Homem é um ponto de partida e uma medida necessária, e não um limite ou um fim. " François Chamoux, A Civilização Grega, Edições 70 "Quem eram os Gregos? Já encontramos alguns. Os Micénios, vindos para a Grécia no começo do segundo milénio a.C.

A arte da antiguidade clássica

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A Arte da Antiguidade Clássica - Arte Grega (Contexto político-social)

A Antiguidade Clássica é o período da História que compreende a origem e o desenvolvimento das civilizações grega, etrusca e romana. Vai de cerca do 1º Milénio a.C. a 476 d.C. (queda do Império Romano do Ocidente).

" A lição da Grécia (é uma) lição de modéstia e de lucidez, que coloca o Homem no seu lugar: capaz de compreender, mas também de ignorar; amante da vida, mas consciente de que ela é precária; capaz de usar a sua inteligência com prazer, sem esquecer que o futura pertence aos Deuses - deuses concebidos á sua imagem e graças aos quais a medida humana, na sua forma ideal, fornece a referência suprema ao universo. (...) Este Grego sabe que nada se consegue sem luta. Mas, consciente da sua fraqueza, não despreza

o adversário. (...)

Para definir o pensamento grego emprega-se o termo humanismo (...); o Homem é um ponto de partida e uma medida necessária, e

não um limite ou um fim. "

François Chamoux, A Civilização Grega, Edições 70

"Quem eram os Gregos? Já encontramos alguns. Os Micénios, vindos para a Grécia no começo do segundo milénio a.C. Outras tribos de fala helénica penetravam pelo Norte na península c. 1100 a.C., dominaram e absorveram a população micénica e espalharam-se progressivamente pelas ilhas do mar Egeu até à Ásia Menor. Foram essas tribos que, nos séculos seguintes, criaram a grande civilização a que damos o nome de grega. Não sabemos quantos eram, mas logo se evidenciaram dois grupos importantes: os Dórios, que se estabeleceram sobretudo nas regiões do continente, e os Jónios, disseminados pelas ilhas e pelas costas da Ásia banhadas pelo Egeu, em contacto

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estreito com as civilizações do Próximo Oriente. Alguns séculos passados, os Gregos também se encaminharam para o Ocidente, onde fundaram cidades importantes na Sicília e na Itália Meridional.

(...) Os Gregos sempre se mantiveram separados em muitas pequenas cidades-estados independentes. Podemos ver aqui um eco de antigas separações tribais, ou uma herança dos Micénios, ou ainda uma consequência da topografia da Grécia, cujas cadeias de montanhas, vales apertados e costas recortadas sempre teriam dificultado a unificação. A intensa rivalidade desses estados - militar, política e comercial - estimulou, sem dúvida o desenvolvimento das ideias e das instituições.

A nossa própria concepção de governo continua a depender de termos políticos de origem grega que reflectem a evolução da cidade-estado: monarquia, aristocracia, tirania, democracia e, o mais importante, política (derivado de polites, o cidadão da polis ou cidade-estado)."

O contexto político-social da Arte Grega:

No séc. V a.C., a Atenas democrática de Péricles representa o culminar de um tempo histórico e artístico da Grécia ou Hélade, a primeira civilização da Antiguidade Clássica.

Após as Guerras Persas (em 499 a.C., os Persas, procurando uma saída para o mar, atacaram a Grécia começando pelas cidades gregas da Ásia Menor. Assim começou uma longa guerra que só terminou em 449 a.C., com a derrota dos Persas, o que deu uma evidente supremacia aos atenienses), Atenas viveu um tempo de paz, de ócio e de liberdade, o que contribuiu para um grande florescimento que, conjugado com a intervenção de homens dotados, fizeram de Atenas a Escola da Grécia. Entre esses homens sobressaiu Péricles, que deu o nome ao século pela sua acção e eloquência como homem do Estado e como mentor de um projecto artístico-cultural e cívico.

Para os atenienses, a sua cidade era o espaço físico da pólis (agregação de homens livres), a comunidade dos cidadãos. Como forma de organização politica adoptaram o regime de cidade-estado, cujo governo evoluiu da monarquia á democracia. Deste modo, o espaço urbano de Atenas era composto por uma fortaleza no ponto mais alto, a acrópole (cidadela militar, onde estão instalados os locais para o culto religioso e cívico), por uma zona labiríntica na parte baixa, que inclui a ágora (praça pública - centro da vida da pólis, com espaços para reuniões políticas, manifestações desportivas e artísticas, comércio, assembleias, teatros, estádios, mercados, feiras), pelos campos envolventes e pelo porto do Pireu (porta aberta para o mar, importante para as trocas comerciais e desta forma, para o desenvolvimento do comércio).

Com uma população de aproximadamente 350 000 habitantes (Cidadãos – Naturais de Atenas, filhos de pai e mãe atenienses. Apenas estes tinham direito a

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exercer função politica e administrativa; Metecos – Estrangeiros que tinham autorização para residir em Atenas e pela qual pagavam um imposto especial. Eram homens livres, geralmente comerciantes ou artesãos, mas sem direitos políticos – sendo o resto mulheres e escravos), Atenas viveu uma confortável situação económica e social: como o solo era pobre e montanhoso, os atenienses estabeleceram trocas comerciais com a Magna Grécia, a Grécia asiática e insular; desenvolveram os ofícios e as indústrias localizados em quarteirões e bairros; lotearam terras fora da Ática para a fixação de colonos e exploração de produtos agrícolas.

A situação política também era estável: estava consolidada a democracia devido ao contributo de legisladores como Sólon, o reformador (garantiu uma igual justiça para todos e repartiu os cargos públicos pelas diferentes classes sociais), Pisístrato, o tirano (assegurou a prosperidade económica e cultural de Atenas) e Clístenes, o fundador da democracia. Esta democracia era imperfeita pois só os cidadãos homens tinham direitos políticos e administrativos e o direito ao voto; porque não havia liberdade de expressão (o filósofo grego Sócrates foi condenado á morte pois pôs em causa a existência dos Deuses, sendo acusado de, através das suas ideias, corromper as ideias da juventude) e porque existia a lei do ostracismo (expulsar da cidade os cidadãos que não concordassem com o sistema).

Em Atenas celebravam-se ao ar livre cerca de 60 festas religiosas e culturais por ano, pois a religião, que estava ao cargo do Estado, cumpria-se também deste modo. Multidões de atenienses e forasteiros participavam nestes programas como forma de consciencialização e demonstração da sua grandeza e dos seus valores, para o mundo grego e para os povos vizinhos; os gregos adoravam vários Deuses (politeísmo) que foram criados á imagem e semelhança dos Homens (antropomorfismo) e possuíam também sentimentos, defeitos e vícios. Distinguiam-se dos seres humanos pela imortalidade (que conseguiram por terem praticado feitos sobre-humanos) e pela superlativização das qualidades humanas – sempre belos, jovens e inteligentes. Para que a intervenção dos Deuses fosse benéfica era praticado o culto divino. Eram organizadas festas, sacrifícios, oferendas, procissões (por exemplo, as Panateneias de Atenas e as Grandes Dionísias) e jogos. Os gregos não aceitavam dogmas, não tinham “bíblias”, não seguiam magias e não tinham o conceito de pecado, apenas acreditavam em mistérios (doutrinas que só eram comunicadas aos iniciados). Cada pólis tinha os seus cultos privados e a sua organização ficava a cargo dos cidadãos.

Como resultado de todo este clima próspero, a cultura e a arte floresceram: dado que a cidade tinha sido destruída pelos Persas durante as guerras, fizeram-se grandes trabalhos públicos de restauro e construção (muralha, templos, fontes e edifícios municipais) que ocupavam homens sem trabalho, uma mão-de-obra especializada, uma classe média numerosa e escravos.

Esta oportunidade e liberdade de criar e produzir, a abastança de fundos, vindos do tesouro da Liga de Delos (associação das cidades-estado da Ásia Menor, das ilhas e da Grécia continental dirigida por Atenas, com fins defensivos. Cada cidade pagava tributos que estavam reunidos num tesouro, na ilha de Delos. Mais tarde Péricles mudou o tesouro para Atenas, serviu-se dele para a reconstrução da sua cidade e impôs o seu poder militar e político ás outras cidades, de uma forma imperialista) e a genialidade singular de Péricles atraíram a Atenas muitos artistas talentosos, filósofos e intelectuais que contribuíram para um notável desenvolvimento. Reunindo influências de diversas tradições (povos da

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Mesopotâmia, do Egipto, de Creta e de Micenas), criaram uma síntese cultural original que deu aos atenienses a possibilidade de aprender, de pensar e de viver de um modo actuante e crítico.

No entanto esta prosperidade foi efémera. As criticas à democracia e ao próprio governo de Péricles impuseram-se; a ambição de Esparta e da sua Liga do Peloponeso (associação das cidades do Peloponeso, dirigida por Esparta, em oposição à Liga de Delos. Pretendiam destronar Atenas e ocupar a sua posição hegemónica) fizeram eclodir a Guerra do Peloponeso (envolveu as cidades das duas Ligas entre 431-404 a.C. e levou à destruição da cidade de Atenas e à sua sujeição à oligarquia de Esparta e às suas regras); a peste apareceu na Ática. Matou cerca de um terço da população inclusive Péricles e arruinou o comércio, o trabalho nos campos e a indústria. Surgiu assim um tempo de dúvidas e convulsões, que deitaram por terra o tempo de confiança, liberdade e prosperidade que os atenienses tinham vivido até então.Em 338 a.C., Atenas é conquistada por Filipe II, rei da Macedónia, e depois pelos Romanos; apesar disso manteve-se sempre um importante centro filosófico, científico e artístico.

Ruínas da Acrópole de Atenas

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BIBLIOGRAFIA (Textos, Transcrições e Imagens):- "Grécia", Peter Levi, Ed. Círculo de Leitores;

- "História da Arte", H. W. Janson, Fundação Calouste Gulbenkian.- "História da Cultura e das Artes - 11º Ano", Ana Lídia, Fernanda Meireles e

Manuela Cernadas Cambotas, Porto Editora.

Em grande parte, a arte minóica é representada por entalhes e por cerâmica pintada; só em 1500 a.C., durante o grande “período do Palácio”, começamos a encontrar pinturas, e destas, em geral, restaram apenas fragmentos. Embora certo grau de estilização egípcia se evidencie, por exemplo, no modo com que se repetem esquematicamente as figuras humanas, a representação minóica exibe um naturalismo e uma elasticidade bastante ausentes na arte egípcia. Os minóicos encontravam inspiração na natureza, e sua arte caracteriza-se por espantoso grau de realismo. Eram uma civilização marítima, e as pinturas revelavam conhecimento do oceano e das criaturas marítimas, como os golfinhos, por exemplo.

Outro tema recorrente é o salto sobre touros, um ritual que se acredita estivesse ligado a religião. Outra obra do palácio real de Cnosso, o “Afresco do toureador”, é uma das mais bem conservadas pinturas minóicas, ainda que fragmentária. Os fragmentos reunidos, revelaram três acrobatas, sendo duas moças de pele clara e um homem de pele mais escura, o qual salta sobre um magnífico touro. Na interpretação mais comum, essa pintura representaria uma seqüência de movimentos: a moça da esquerda segura os chifres do touro na preparação para o salto; o homem encontra-se a meio salto; a moça da direita já está no chão e apruma-se esticando os braços, tal como uma ginasta moderna.

A civilização micênica era uma cultura da Idade do Bronze e desenvolveu-se na Grécia continental. Veio a suceder a antiga minóica em Creta, surgindo por volta de 1400 a.C. para tornar-se a cultura dominante na ilha. A história e as lendas da civilização micênica constituem o pano de fundo para narrativas de Homero (c. 750 a.C.) cujos poemas épicos, a Ilíada e a Odisséia, refletem a chamada “era heróica”: o fim do período micênico. Uma das mais duradouras imagens da arte micênica é essa mascara funerária, que durante certa época, imaginou-se ser a do rei micênico Agamenon, o qual, nas lendas homéricas, liderou os gregos nas guerras de Tróia. Sabemos apenas que se trata de uma máscara funerária e que foi tirada de um dos túmulos régios do período micênico, no século XVI a.C.

Além de certo amor ao ouro, a máscara revela a imensa dignidade da imagem micênica do homem. Essa obra muitíssimo expressiva é uma grande descrição icônica do que significa ser um ser humano.Fragmentos de pinturas micênicas encontradas em dois sítios arqueológicos (Tirinta e Pilo) na Grécia representam o que devem ter sido impressionantes ciclos murais. Muitos dos murais

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minóicos e micênicos não eram afrescos no sentido habitual da palavra, pois assim como para os egípcios, foram criados aplicando-se a têmpera à massa seca. Entre os temas dos murais micênicos, incluíam-se não só as cenas do cotidiano, mas também descrições do mundo natural. Se comparada à arte minóica, a micênica era bastante solene. Essas duas tradições formavam o pano de fundo do qual emergiria a arte grega posterior.

A civilização micênica entrou em colapso por volta de 1100 a.C. Seu fim marcou o término da Idade do Bronze na Grécia. Seguiu-se um período de uns 100 ou 150 anos, conhecido como “Idade das Trevas”, e sabemos menos sobre a cultura egéia nessa fase. Depois disso, findou-se a pré-história e começou a história escrita. Aproximadamente em 650 a.C., a Grécia arcaica emergiu como a civilização mais avançada na Europa.

Da mesma forma que seus antecessores cretenses, os gregos eram muito menos preocupados com túmulos do que os egípcios. Deixaram-nos uma série de estatuetas de bronze, que são tidas em alta conta. Mas a pintura dos gregos (uma arte em que seus escritores nos asseguram terem sido eles muitíssimo capazes) perdeu-se quase por completo. Uma das razões para isso está em que, diferentemente dos egípcios, minóicos e micênicos, que pintavam apenas murais, os gregos pintavam sobretudo em painéis de madeira, que não resistiram ao tempo.

O erudito romano Plínio, o Velho (23/24-79 d.C.), cujas detalhadas descrições do mundo antigo influenciaram muitas gerações seguintes, é a maior fonte de informações sobre a pintura grega. Em todas as outras escolas artísticas, a veracidade de tais descrições pode ser avaliada pelas pinturas que chegaram até nós. Isso não vale para a grega, e, portanto, jamais se poderá determinar o valor do que Plínio escreveu.Nossa única pista da beleza da pintura grega está quase toda na decoração de vasos, uma arte relativamente menor e essencialmente utilitária. A palavra “vaso” (que começou a ser usada no século XVIII como termo amplo para designar a cerâmica grega) talvez crie equívocos. Ao contrário do que pode acontecer hoje em dia, os gregos nunca faziam vasos apenas com fins decorativos; sempre tinham em mente um propósito específico. Seus ceramistas produziam uma ampla gama de produtos, em diversos formatos, tais como jarras de armazenagem, garrafas de perfume e ungüento e recipientes de líquidos usados em rituais.

Nas pinturas gregas de vasos percebemos a preocupação com a anatomia, pois a figura humana tornou-se o principal tema da arte e da filosofia gregas. Vemos um afastamento em relação ao que mostravam as pinturas dos túmulos egípcios, com aquelas fórmulas pré-concebidas para representação do mundo. Surge toda uma nova maneira de ver a arte, em relação ao que o olho enxerga e a mente dispõe.

Se a pintura de vasos é mesmo uma arte menor, ela contava então com alguns grandes praticantes. O ateniense Exécia (Exekias), que viveu por volta de 535 a.C., assinou como pintor pelo menos duas peças cerâmicas em que aparecem figuras negras, e o estilo do artista, com sua poesia e perfeito equilíbrio, é reconhecível de imediato. Vale observar que Exécia produzia não apenas as pinturas, mas também as cerâmicas. Sua obra é importante porque revela a direção que a arte figurativa tomaria, indicando o salto desde uma reprodução simbólica “hieroglífica” dos objetos no mundo até uma representação que procurava mostrar o mundo tal como ele realmente se apresenta. Isso fica muito evidente no tratamento dado à vela da embarcação nesse soberbo cúlice (ou kylix, uma taça rasa de duas alças), Dionísio em seu barco.

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Dionísio, o deus do vinho, da vegetação e da fertilidade, jaz em repouso enquanto leva à humanidade o segredo do vinho. Vinhas simbólicas enrolam-se no mastro e elevam-se frutuosamente para o céu, em maravilhosa adaptação à difícil composição circular do cúlice. O barco com a vela fulgurante, desliza majestoso sobre o mundo rosa e laranja do Céu e da Terra, e golfinhos brincam ao redor da presença sagrada. A cena vibra com surpreendente senso de completude.

A pintura grega de vasos está, caracteristicamente, preocupada em contar histórias, e muitos vasos trazem imagens de episódios relatados por Homero na Ilíada e na Odisséia, obras escritas no século VIII a.C. Vasos ornados com narrativas datam de tempos anteriores a Homero, chegam ao período clássico grego (que sucedeu o período arcaico por volta de 480 a.C.) e alcançam até épocas bem posteriores.

A menos que vejamos imagem e vaso como um todo, não podemos apreciar por completo a pintura cerâmica grega.Uma figura chave na Odisséia, Palas Atena, a deusa protetora da cidade de Atenas, aparece numa ânfora confeccionada cerca de 480 a.C. pelo artista anônimo que os estudiosos denominaram Pintor de Berlim.

A curva negra e brilhante da ânfora cria a impressão de que a deusa afasta-se de nosso olhar, ao mesmo tempo que nos possibilita vislumbrá-la em sua solene doçura. Palas Atena estende uma jarra de vinho para Heracles, que está na outra face da ânfora; ambas as figuras mantêm intacta sua própria privacidade, mas ainda assim se comunicam. É uma obra maravilhosamente reverenciada e contida, tão simples quanto complexa.Essa ânfora é um exemplo da técnica das figuras vermelhas, que foi inventada por volta de 530 a.C. e sucedeu a cerâmica das figuras negras. Na técnica das figuras vermelhas, as figuras não recebiam pigmento; o fundo negro é que era pintado em torno delas, deixando que o vermelho da cerâmica fizesse as vezes das figuras, as quais tinham então pintados seus detalhes anatômicos, e as cenas descritas nos vasos foram ficando cada vez mais complexas e ambiciosas. Um bom exemplo dessa inovação é a pintura no interior de uma tigela de beber fabricada na olaria do ceramista Brigo (Brygos); o artista desconhecido que a pintou é conhecido simplesmente como Pintor de Brigo.

Embora o tema (a mulher que segura a cabeça de um jovem bêbado enquanto ele vomita) não seja atraente, as figuras são representadas com dignidade e finura. Em especial, as roupas dão à mulher uma graça terna.

A Arte Grega

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Os gregos antigos se destacaram muito no mundo das artes. As

esculturas, pinturas e obras de arquitetura impressionam, até os dias

de hoje, pela beleza e perfeição. Os artistas gregos buscavam

representar, através das artes, cenas do cotidiano grego,

acontecimentos históricos e, principalmente, temas religiosos e

mitológicos. As grandes obras de arquitetura como os templos, por

exemplo, eram erguidos em homenagem aos deuses gregos.

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Arte Cretense

A arte cretense era diferente das outras, talvez por causa do culto e

da religião desempenhar um papel secundário na vida dos Cretenses,

ou talvez por essa civilização estar apenas voltada para o comercio e

economia daquela ilha. O fato de o comerciante ser mais propenso as

inovações e a mudanças, tivesse sido o diferencial que fez surgir essa

arte. Essa arte era cheia de fantasia, vida, delicadeza, graciosidade e

originalidade, expressava o gênio de um povo acostumado à

independência. Os artistas eram capazes de representar o momento

de fúria de um touro ou o suave movimento de um polvo. Os artesãos

trabalhavam a cerâmica, o ouro, a prata, o bronze, com os quais

faziam lindas peças e objetos de adorno. Os cretenses na área

artística só foram superados pelos gregos.

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Arte Micênica

A arte micênica caracterizou-se principalmente pelo

desenvolvimento da arquitetura, tendo como modelo o megaron

micênico e pelo desenvolvimento do artesanato em cerâmica, onde

encontramos figuras decorativas, retratando cenas do cotidiano. Os

palácios nessa época eram decorados por afrescos, que foram

influências da arte cretense, e representavam cenas do

cotidiano.

Características da Arte Grega

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Pintura Grega

A pintura grega também foi muito importante nas artes da Grécia

Antiga. Os pintores gregos representavam cenas cotidianas,

batalhas, religião, mitologias e outros aspectos da cultura grega. Os

vasos, geralmente de cor preta, eram muito utilizados neste tipo de

representação artística. Estes artistas também pintavam em paredes,

principalmente de templos e palácios.

Escultura Grega

Entre os séculos XI e IX a.C. a escultura produziu pequenas obras,

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representando figuras humanas, em argila ou marfim. Durante o

período arcaico a pedra tornou-se o material mais utilizado, comum

nas simples estátuas de rapazes e de moças e ainda refletiam a

influência externa. As esculturas transmitiam uma forte noção de

realismo, pois os escultores gregos buscavam aproximar suas obras

ao máximo do real, utilizando recursos e detalhes, os nervos,

músculos, veias, expressões e sentimentos são observados nas

esculturas. A temática mais usada foi a religiosa, principalmente,

representações de deuses e deusas

Arquitetura Grega

O fato de serem p oliteístas e de

acreditarem na semelhança entre deuses e homens, criou uma

expressão religiosa singular no Mundo Grego, sendo que os templos

dos mais variados deuses se espalharam por todas as cidades gregas.

Os templos eram construídos normalmente sobre uma plataforma de

um metro de altura chamada estereóbato.

A utilização de colunas de pedra é uma das características marcantes

da arquitetura grega, sendo responsável pelo aspecto monumental

das construções. A princípio as colunas obedeceram a dois estilos: o

Dórico, mais simples e "mais pesado" , e o Jônico, considerado "mais

suave". No século V surgiu o estilo Coríntio, considerado mais

ornamentado, refinado. Foi neste século V , também conhecido como

século de ouro ou ainda século de Péricles, que a arquitetura

conheceu seu maior desenvolvimento, tendo como grande exemplo o

Partenon de Atenas, do arquiteto Ictino

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A Arte da Antiguidade Clássica - Arte Grega (Cerâmica e Pintura)

De entre o artesanato artístico deixado pelos Gregos, a cerâmica é a que tem maior destaque, pois era uma mercadoria de primeira necessidade pelas múltiplas funções que possuía - serviço doméstico, usos artesanais e comerciais, apoio a cerimónias religiosas e fúnebres.O seu estudo é, entre o de todas as outras artes gregas (arquitectura e escultura), aquele que melhor documenta a evolução da plástica grega e também a evolução social, cultural e política da História da Grécia.

Evoluiu em cinco estilos principais:

* ESTILO PROTO-GEOMÉTRICO (séc. XI a X a.C.), Idade das Trevas:

Neste primeiro estilo predominam os motivos naturalistas e a influência creto-micénica. Vão-se introduzindo formas geométricas básicas tais como os losangos, os círculos, as linhas rectas e onduladas, entre outras;

* ESTILO GEOMÉTRICO (sécs. IX e VIII a.C.):Este estilo tinha como principal característica o uso de motivos geométricos numa decoração simples e sóbria, motivos esses que eram dispostos à volta do corpo dos vasos, compondo bandas ou frisos; as bandas eram decoradas com motivos organizados em combinações e variações criativas tais como meandros, gregas, triângulos, losangos, linhas quebradas ou contínuas, axadrezados, entre outros, que eram realçados a preto sobre o fundo de cor natural do vaso.

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Ânfora grega do séc. IX

Este estilo começa a sofrer, a partir do séc. VIII, alterações como a introdução de elementos figurativos (animais e/ou figuras humanas) na decoração, que compunham cenas descritivas e narrativas, como batalhas ou cerimónias fúnebre e que eram apresentandos como meras silhuetas a negro, muito esquematizadas e estilizadas, de onde se excluíram todos os outros pormenores secundários; surgiu ainda a tendência para o aumento progressivo do tamanho das peças, que se destinavam a ser colocadas nos cemitérios como indicadores das sepulturas, á semelhança de estelas ou monumentos funerários. No final deste século o estilo geométrico entra em fase de desintegração.

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Ânfora de Dipylon, do Mestre de Dipylon. Séc. VIII a.C. (c. 760-750 a.C.). Argila.

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Vaso de Dipylon, séc. VIII a.C. (c. 750-700 a.C.).Este vaso, " (...) do cemitério de Dipylon, em Atenas, pertence a um grupo de enormes recipientes que serviam de urnas funerárias: o fundo tem orifícios para o escoamento dos líquidos que eram lançados ritualmente sobre o cadáver. No corpo do vaso vemos o defunto em câmara ardente, ladeado de carpideiras de braços erguidos, e

a procissão do enterro, com guerreiros a pé e de carro.Nestas cenas é de realçar a ausência de qualquer alusão a uma vida além-túmulo, a intenção é meramente

comemorativa. Diz-nos apenas: aqui jaz um homem importante, que foi chorado por muitos e teve um esplêndido funeral. Não tinham esses Gregos qualquer conceito de vida futura? Acreditavam, pelo menos, num

reino dos mortos, região obscura, mal definida, onde as almas, ou "sombras", tinham uma existência débil e passiva, sem nada exigirem dos vivos. (...) Não obstante, os Gregos cuidavam das sepulturas e nelas faziam

libações, por piedosa lembrança e não para dar satisfação a quaisquer necessidades dos falecidos. Recusaram-se claramente a adoptar os complicados costumes funerários dos Micénios.

Apesar do repertório limitado de formas ao seu dispor, o pintor deste vaso conseguiu obter um efeito de espantosa variedade. O espaçamento das bandas, a sua largura e a densidade dos motivos denotam uma

relação subtil com a estrutura da vasilha. No entanto, o interesse pela representação é ainda muito limitado: as figuras ou os grupos, repetidos a intervalos regulares, pouco mais são que outra espécie de ornamento, parte

da mesma delineação geral, de maneira que o seu tamanho depende do espaço que ocupam. Elementos figurativos e geométricos coexistem no mesmo campo, e são difíceis de distinguir uns dos outros: os losangos

tanto podem representar as pernas de um homem como as de uma cadeira ou de uma essa; círculos pontilhados podem ser ou não cabeças humanas; quanto aos triângulos inclusos, os galões, etc., entre as

figuras, não sabemos se eram decorativos se descritivos."

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Cratera com tampa rematada por uma pequena hydria, pintada por Censola. Séc. VIII a.C. (c. 750-740 a.C.).

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Loutrophos grego, vaso para transportar a água nas cerimónias nupciais, de estilo geométrico tardio. Séc. VI a.C. (c. 690-680 a.C.).

* ESTILO ARCAICO (final do séc. VIII ao séc. V a.C.) que se subdividiu em duas fases evolutivas:

- FASE ORIENTALIZANTE (até aproximadamente 650 a.C.), que é profundamente marcada por influências orientais - Egipto e Próximo Oriente, avivadas pelo comércio crescente com essas regiões.Os temas caracterizam-se pelo regresso ao figurativo (necessidade de narrar e representar) e pelo aparecimento de cenas de carácter mitológico. A figuração define-se pela representação de animais míticos ou lendários e

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de figuras híbridas como grifos (animais mitológicos, misto de leão e águia), esfinges (figura mitológica com cabeça de mulher, corpo de leão, cauda de serpente e asas de águia) e górgonas (figura mitológica, mulher com a cabeça armada de serpentes, o mesmo que Medusa); e pela representação de elementos vegetais e naturalistas, como lótus e palmetas e animalistas. É dada preferência às figuras de grande tamanho, tratadas ainda em silhueta estilizada, mas incluindo a técnica da incisão - pequenos traços realçados a branco ou vermelho que compunham pormenores anatómicos ou de vestuário;

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O Cegamento de Polifemo e Górgonas, Ânfora de Elêusis. Séc. VII a.C. (c. 675-650 a.C.).

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Oinochoe ródio, "estilo do bode selvagem", séc. VII a.C. (c. 640-630 a.C.)

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- FASE ARCAICA (inícios do séc. VII até cerca de 480 a.C.) - Fase marcada pelo aparecimento da cerâmica decorada com a técnica das figuras pintadas a negro, que favoreceu um efeito decorativo e bidimensional.Sobre o fundo vermelho do barro destacam-se os elementos figurativos, representados como silhuetas estilizadas à maneira antiga (lei da frontalidade - rosto e pernas de perfil, olho e tronco de frente e ancas a três quartos) e a técnica da incisão continua em uso, permitindo pormenorizar o interior das figuras, agora enriquecidas com linhas de contorno dos músculos e outros pormenores como a barba, o cabelo e até o padrão do vestuário. Com todas estas preocupações e inovações torna-se notório o maior rigor aplicado nas figuras, que lhes imprime um grande realismo e expressividade. Para além dos relatos mitológicos passam a ser representadas cenas da vida familiar e do quotidiano.

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Cratera de Colunas grega, com animais a enfrentarem-se, pintada por Sophilos. Séc. VI a.C. (c. 580-570 a.C.)

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Cratera de Volutas grega, chamada Vaso de François, séc. VI a.C (c. 570 a.C.)

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Ânfora grega "Aquiles e Ájax a jogar um jogo de tabuleiro", de Exéquias. Séc. VI a.C. (c. 540-530 a.C.). Argila.

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Ânfora grega panatenaica com corrida a pé masculina, séc. VI a.C. (c. 530-520 a.C.)

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Hydria de Caere, com o cegamento de Polifemo, séc. VI a.C. (c. 520 a.C.)

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Ânfora panatenaica com atletas, séc. V a.C. (c. 500 a.C.)

* ESTILO CLÁSSICO (sécs. V e IV a.C.):Este estilo corresponde ao período do apogeu técnico, estético e conceptual do povo grego, no qual a arte foi encarada como uma consequência directa da superioridade criativa, racional e filosófica da cultura grega. O desenho e a pintura tiveram um enorme desenvolvimento através da descoberta, aperfeiçoamento e aplicação de revolucionárias inovações técnicas e formais tais como a criação dos cânones escultóricos, a perspectiva, as sombras e os claro-escuro e a

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posição em escorço. É implantada a técnica das figuras vermelhas sobre o fundo negro (mantendo-se, contudo, o fabrico da cerâmica das figuras negras), que confere à pintura uma maior perspectiva, dinamismo, realismo, naturalismo e expressividade. Nesta técnica, toda a superfície do vaso era coberta verniz negro, à excepção das figuras, que mantinham a cor avermelhada natural; os pormenores anatómicos e outros eram acrescentados com um pincel mergulhado em tinta preta.

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Ânfora grega "Hércules num banquete", pintor de Andokides, séc. VI a.C. (c. 520-510 a.C.)

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 Douris, Eos e Memnon, pintura do interior de um Kylix ático, séc. V a.C. (c. 490-480 a.C.).Esta pintura "mostra a deusa da aurora segurando o corpo do filho, morto e despojado da armadura por Aquiles.

Nesta comovedora evocação da dor perpassa na arte grega um estado de ânimo estranhamente profético da Pietà Cristã. Não é menos notável a liberdade expressiva do desenho: as linhas são tão flexíveis como se

tivessem sido feitas à pena. Douris soube traçar os contornos dos membros sob os vestidos, sabe contrastar os perfis vigorosos e dinâmicos com toques mais finos e delicados, como os do pormenor anatómico no corpo de

Memnon."

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Pintor da Fundição, O Lápita e o Centauro, pintura do interior de um Kylix ático."Os pormenores de O Lápita e o Centauro estão desenhados livremente a pincel, em vez de laboriosamente

gravados, libertando mais o artista da sujeição corrente à perspectiva lateral; as linhas internas de comunicação, pelo contrário, foram exploradas, permitindo ousados escorços e sobreposições de membros,

minuciosos pormenores do trajo (veja-se o saiote plissado) e interessantes expressões faciais. Ficou tão fascinado por todos esses efeitos novos que deu às figuras a maior dimensão possível. Chega a parecer que vão

rebentar o círculo da moldura: uma parte do capacete do Lápita foi mesmo cortada."

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Lekythos grego, séc. V a.C. (c. 480 a.C.)

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Calyx Krater grega, séc. V a.C. (c. 440-430 a.C.)

Durante este período verificou-se uma enorme liberdade criativa entre os modeladores e decoradores das peças cerâmicas: alguns autores misturaram figuras vermelhas e negras com fundos amarelados ou brancos, figuras negras com brancas, entre outras; nas oficinas da Ática desenvolveu-se uma cerâmica funerária com fundo branco, cujas figuras emergiam do mesmo, sendo definidas exclusivamente pela linha de contorno, traçada com precisão e onde a decoração primava pela austeridade (o chamado estilo belo); noutras escolas incorporaram-se figuras modeladas em relevo, colocadas sobre as partes mais largas dos vasos; surgiram também novas colorações, que em alguns casos, chegaram até à policromia.

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Musa Tocando a Cítera, pintura de um Lekythos grego, atribuída ao pintor de Aquiles, séc. V a.C. (c. 445 a.C.)

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* ESTILO HELENÍSTICO (séc. III ao início da Era Cristã):Na época helenística, por várias razões, a cerâmica grega perdeu o seu prestígio, qualidade artística e encanto, acabando por se banalizar.

No que diz respeito à pintura grega, é à cerâmica e a algumas cópias da época romana de pinturas gregas e de mosaicos, que se vão colher todas as informações necessárias para compreender a sua evolução e ainda para o entendimento da cultura, da civilização e da plástica gregas, devido ao facto de quase toda a grande pintura mural ter desaparecido.

Pintura Funerária a fresco, encontrada no Túmulo de Tuffatore, em Pesto. Séc. V a.C. (c. 490-470 a.C.).

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Batalha de Isso entre Alexandre e Dario III, mosaico do chão da Casa Do Fauno de Pompeia. Cópia romana de um original grego do séc. IV ou III a.C. (c. 330-300 a.C.).

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Mosaico com Pombas, cópia romana de um original grego do séc. II ou I a.C. (c. 190-100 a.C.).

BIBLIOGRAFIA (Textos, Transcrições e Imagens):

- "Grécia", Peter Levi, Ed. Círculo de Leitores;

- "História da Arte", H. W. Janson, Fundação Calouste Gulbenkian.

- "História da Cultura e das Artes - 11º e 12º Anos", Ana Lídia, Fernanda Meireles e Manuela Cernadas Cambotas;

- "Tesouros Artísticos do Mundo, Volume III: Consagração da Arte Clássica - Arte Grega e Etrusca", Vários Autores, Ed. Ediclube;

- "Visual Encyclopedia of Art - Arte Greco-Romana, Ed. Scala.