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A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal: Transformações e Evolução Ana Cláudia Amaro Moreira de Oliveira Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em ARQUITECTURA Orientadores: Professora Maria Alexandra de Lacerda Nave Alegre Arquitecta Maria Alexandre Bacharel Oliveira Carreira Júri: Presidente: Professora Helena Silva Barranha Gomes Vogais: Professora Maria Alexandra de Lacerda Nave Alegre Professor Francisco Manuel Caldeira Pinto Teixeira Bastos JULHO 2019

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A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal:

Transformações e Evolução

Ana Cláudia Amaro Moreira de Oliveira

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

ARQUITECTURA

Orientadores:

Professora Maria Alexandra de Lacerda Nave Alegre

Arquitecta Maria Alexandre Bacharel Oliveira Carreira

Júri:

Presidente: Professora Helena Silva Barranha Gomes

Vogais: Professora Maria Alexandra de Lacerda Nave Alegre

Professor Francisco Manuel Caldeira Pinto Teixeira Bastos

JULHO 2019

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Declaração

Declaro que o presente documento é um trabalho original da

minha autoria e que cumpre todos os requisitos do Código de

Conduta e Boas Práticas da Universidade de Lisboa.

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AGRADECIMENTOS

Às minhas orientadoras, a Professora Alexandra Alegre e a Arquitecta Maria

Bacharel, por toda a disponibilidade, orientação e apoio neste projecto.

A todos os professores que contribuíram para a minha formação.

Aos meus pais e à minha família que tornaram tudo isto possível, pelo

investimento, paciência e apoio.

A todos os meus amigos que me ajudaram e apoiaram em todo este percurso

e sempre me deram força para continuar.

Um obrigada a todos!

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ii

| RESUMO

A presente dissertação pretende identificar e analisar as transformações e evoluções

morfológicas e dimensionais de um conjunto de espaços em escolas destinadas ao ensino técnico,

construídas em Portugal entre o início do século XX e o início da década de 1970.

Inicialmente é realizada uma breve apresentação da evolução do ensino técnico em Portugal,

contextualizando na legislação da época e a sua evolução ao longo do tempo. Salienta-se as iniciativas

associadas à construção escolar e o desempenho da Junta das Construções para o Ensino Técnico e

Secundário criada em 1934, no âmbito do Ministério das Obras Públicas.

A identificação de diferentes períodos de concepção, com diferentes características entre eles,

constitui a base para o reconhecimento dos distintos casos de estudo, que são analisados em relação

à morfologia dos distintos espaços escolares (sala de aula, oficina, biblioteca, ginásio, museu e sala de

trabalhos manuais) e aos seus requisitos programáticos. Os projectos em estudo são: Escola Industrial

Machado de Castro, arquitecto Vitor Bastos Júnior (1915); Escolas Técnicas Elementares, JCETS,

1947; Escolas Profissionais, JCETS, 1950; Escola Industrial Marquês de Pombal, JCETS, 1958; 1º

Estudo Normalizado. Escolas Industriais e Comerciais. Estudos de Normalização (Projecto Mercúrio),

JCETS, 1960; 3º Estudo Normalizado – Escolas Industriais e Comerciais. Escola Industrial e Comercial

de Évora, JCETS, 1966 e Estudo Normalizado para a Escola Preparatória do Ensino Secundário.

Anteprojecto (Escola Preparatória de Mafra), JCETS, 1968. A informação é sistematizada e

apresentada em fichas síntese, por escola e para cada espaço escolhido. Cada ficha síntese inclui

elementos gráficos tais como a planta e o corte do espaço e a planta geral com o espaço assinalado.

Inclui-se a apresentação dos seguintes parâmetros de análise: dimensão, área e volume dos espaços;

pé direito, condições de iluminação natural: orientação dos vãos e percentagem de vão; índices de

ocupação: número de alunos total por sala e rácio m2/aluno.

Por fim, apresentam-se as conclusões através de gráficos, esquemas ou quadros síntese com

a análise da evolução do espaço ao longo do tempo, de modo a compreender as transformações

morfológicas e dimensionais dos espaços lectivos das escolas técnicas em Portugal no século XX.

PALAVRAS-CHAVE: Arquitectura Escolar, Ensino Técnico, Normalização, Construção Escolar, Sala

de Aula

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| ABSTRACT

The aim of this investigation is to analyze and identify the morphological and dimensional

transformations and evolutions of a set of spaces in technical schools built between the beginning of the

20th century and the 70s decade.

Initially, a brief presentation of the evolution of technical education in Portugal is presented,

contextualized in the legislation of the scoped time, stressing the importance of the initiatives of Junta

das Construções para o Ensino Técnico (since 1934).

The identification of different conception times, with distinctive characteristics between them,

grounded the selection of the case studies. The case studies are analyzed regarding the morphology of

their functional spaces: classroom, workshop class, library, gymnasium, museum and crafts class; and

their programmatic requirements. The selected case studies are Machado de Castro Industrial School,

architect Vitor Bastos Junior (1915); Elementary Technical Schools, JCETS, 1947; Professional

Schools, JCETS, 1950; Marquês de Pombal Industrial School, JCETS, 1958; 1st Normalized Study.

Industrial and Commercial Schools. Normalized Study (Mercúrio Project), JCETS, 1960; 3rd normalized

Study, Industrial and Commercial Schools. Industrial and Commercial School of Évora, JCETS, 1966

and Normalized Study for Preparatory School. Ante project (Preparatory School of Mafra), JCETS, 1968.

The information is synthesized and presented in summary sheets, by school and by space. Each

summary sheet includes graphic elements, plans, sections of the space and the general plan, marked

with each functional space. Includes the presentation of the following parameters: dimension, area,

volume; height, light, exposure and percentage of the window frame by area of the wall; number of

students per class and ratio m2/student.

The conclusions grasp the analysis of the evolution of technical schools in Portugal in the 20th

century based on the interpretation of graphics, schemes and summary tables and the morphological

and dimensional transformations of the scooped school spaces are summarized.

KEYWORDS: School Building Architecture, Technical Education, Normalization, School Construction,

Classroom

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| ÍNDICE

AGRADECIMENTOS _______________________________________________________________ i

RESUMO _________________________________________________________________________ ii

ABSTRACT ______________________________________________________________________ iii

ÍNDICE __________________________________________________________________________ iv

ÍNDICE DE TABELAS E IMAGENS ____________________________________________________v

1 . INTRODUÇÃO _________________________________________________________________ 1

1.1 Objectivos_____________________________________________________________ 3

1.2 Metodologia____________________________________________________________4

1.3 Revisão bibliográfica_____________________________________________________5

1.4 Estrutura______________________________________________________________ 6

2. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO __________________________________________________ 7

2.1 O ensino técnico e a construção escolar______________________________________9

2.2 A Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário e o desenvolvimento de

estudos de normalização_____________________________________________________12

3. CASOS DE ESTUDO ___________________________________________________________ 17

01 | Escola Industrial Machado de Castro, arq, Vitor Bastos Júnior, 1915

02 | Escolas Técnicas Elementares, JCETS, 1947

03 | Escolas Profissionais, JCETS, 1950

04 | Escola Industrial Marquês de Pombal, JCETS, 1958

05 | 1º Estudo Normalizado. Escolas Industriais e Comerciais. Estudos de Normalização

(Projecto Mercúrio, 1960)

06 | 3º Estudo Normalizado - Escolas Industriais e Comerciais. Escola Industrial e Comercial

de Évora, JCETS, 1966

07 | Estudo Normalizado para a Escola Preparatória do Ensino Secundário. Anteprojecto

(Escola Preparatória de Mafra), JCETS, 1968

4. RESULTADOS E ANÁLISES _____________________________________________________ 47

5.CONCLUSÕES ________________________________________________________________ 69

6.REFERÊNCIAS ________________________________________________________________ 75

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| ÍNDICE DE TABELAS E IMAGENS

ÍNDICE DE IMAGENS:

Figura 1- Gráfico da Evolução da Frequência do Ensino Técnico entre os anos lectivos de 1919-1920

a 1929-1930 (dados do Anuário Estatístico de Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional) ___________ 10

Figura 2- Interior das Oficinas. Escola Industrial Marquês de Pombal. Foto de Horácio Novais

(JCETS) ________________________________________________________________________ 11

http://www.asap-ehc.tecnico.ulisboa.pt/magens/projetos/164-292/001-110605-00201-FT0014.jpg

Figura 3- Maquete da Escola Técnica Elementar Eugénio dos Santos, Lisboa. Aplicação do projecto

das Escolas Técnicas e Elementares (JCETS)__________________________________________ 13

http://www.asap-ehc.tecnico.ulisboa.pt/imagens/projetos/82-165/001-110622-00201-FT0004.jpg

Figura 4- Adaptação dos projectos às possíveis condicionantes. Escolas Técnicas Elementares

(JCETS, 1947) ___________________________________________________________________ 14

Figura 5- Planta do piso 0 da escola (Heitor, 2010) ______________________________________ 20

Figura 6- Fachada Principal ________________________________________________________ 21

Junior, Silva (Junho de 1915) “Edifício da Escola Industrial “Machado de Castro” na Rua Saraiva de

Carvalho”, A Arquitectura Portuguesa, Lisboa: Centro Tipográfico Colonial, página 23

Figura 7 - Vista de Conjunto (JCETS,1947) ____________________________________________ 22

Figura 8- Vista de Conjunto (JCETS; 1950) ____________________________________________ 23

Figura 9- (1) Entrada da Escola Industrial Marquês de Pombal ; (2) Corpo das Aulas, Ginásio e

Recreio; Fotos de Hóracio Novais. (JCETS, 1958) _______________________________________ 25

Figura 10- Planta e Vista do Conjunto da Escola Industrial e Comercial do Montijo (JCETS,1960) _ 26

Figura 11- (1) Vista Aérea ; (2) Pavilhão de Aulas _______________________________________ 27

(1) Vista Aérea

Imagem gerada no Google Maps, através da sua localização

(2) Pavilhão de Aulas

https://www.parque-escolar.pt/pt/escola/028

Figura 12- Planta do Projecto da Escola Preparatória de Mafra (JCETS, 1968) ________________ 28

Figura 13- Evolução da forma da sala de aula __________________________________________ 50

Figura 14- Gráfico da evolução da área das salas de aula _________________________________ 50

Figura 15- Gráfico da evolução do pé direito das salas de aula _____________________________ 51

Figura 16- Gráfico da evolução da lotação, área e volume por aluno nas salas de aula __________ 52

Figura 17- Gráfico representativo da percentagem de vão por paramento nas salas de aula ______ 53

Figura 18 - Gráfico representativo da área de vão (área mínima a laranja e área máxima a cinza

segundo as normas) ______________________________________________________________ 54

Figura 19 - Evolução da forma da oficina ______________________________________________ 56

Figura 20- Gráfico da evolução da área da oficina _______________________________________ 56

Figura 21- Gráfico da evolução do pé direito das oficinas _________________________________ 57

Figura 22 - Evolução da Forma da Sala de Trabalhos Manuais _____________________________ 58

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Figura 23- Gráfico da Evolução da área da sala de Trabalhos manuais ______________________ 59

Figura 24 – Gráfico da evolução do pé direito da sala de trabalhos manuais __________________ 60

Figura 25- Gráfico da evolução da área da biblioteca ____________________________________ 61

Figura 26 – Gráfico da evolução do pé direito do ginásio __________________________________ 62

Figura 27 - Gráfico da Evolução da área do ginásio ______________________________________ 64

Figura 28- Gráfico da evolução do pé direito do ginásio ___________________________________ 64

Figura 29 - Gráfico da evolução da área do museu ______________________________________ 67

Figura 30 -Gráfico da evolução do pé direito do Museu ___________________________________ 67

FICHAS SÍNTESE:

01 | Escola Industrial Machado de Castro

Fachada da Escola

http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=7809

Plantas

Direcção Geral Secretariado e Ensino

02 | Escolas Técnicas Elementares

Perspectiva e Plantas

JCETS, 1947

03 | Escolas Profissionais

Perspectivas e Plantas

JCETS, 1950

04 | Escola Industrial Marquês de Pombal

Vista Geral

http://www.asap-ehc.tecnico.ulisboa.pt/imagens/projetos/164-292/001-110605-00201-FT0018.jpg

Plantas

JCETS, 1959

05 | Projecto Mercúrio

Perspectivas, Plantas, Cortes e Alçados

JCETS, 1960

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06 | Escola Industrial e Comercial de Évora

Plantas

JCETS, 1965

07 | Escola Preparatória de Mafra

Plantas

JCETS, 1968

ÍNDICE DE TABELAS:

Tabela 1- Tabela Comparativa dos dados da Sala de Aula Normal 49

Tabela 2- Tabela comparativa dos dados das oficinas 55

Tabela 3- Tabela comparativa dos dados das salas de trabalhos manuais 58

Tabela 4 - Tabela comparativa dos dados da biblioteca 61

Tabela 5- Tabela comparativa dos dados do ginásio 63

Tabela 6- Tabela comparativa dos dados do museu 66

ÍNDICE DE ABREVIATURAS

JAEES – Junta Administrativa do Empréstimo para o Ensino Secundário

JCETS – Junta para a Construção do Ensino Técnico e Secundário

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1 . INTRODUÇÃO

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Objectivos

A presente dissertação tem como principal objectivo identificar e analisar as transformações e

evoluções morfológicas e dimensionais de um conjunto de espaços em escolas destinados ao ensino

técnico, construídas em Portugal entre início do século XX e o início da década de 1970. A investigação

enquadra-se no projecto ATLAS of School Architecture in Portugal – Education, Heritage and

Challenges – ASAP_EHC1, coordenado pela professora Alexandra Alegre, cujo objectivo é analisar a

evolução da construção escolar destinada ao ensino pós-primário em Portugal desde o final do século

XIX até ao início da década de 1970. O projecto tem como instituição parceira a Secretaria-Geral do

Ministério da Educação e Ciência e é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Com base numa selecção de casos de estudo, previamente identificados no âmbito do projecto

ASAP_EHC, procedeu-se à análise e caracterização de um conjunto de espaços escolares nos

projectos correspondentes aos edifícios destinados ao ensino técnico, cobrindo diferentes épocas de

concepção. Neste contexto, a actividade da Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário

(JCETS), criada em 1934, é determinante na medida em que foi a entidade responsável pela concepção

e construção de escolas técnicas, entre a data da sua criação até à data da sua extinção, em 1969. É

da sua responsabilidade o desenvolvimento de projectos normalizados, iniciados em 1947, com o

projecto para as escolas elementares destinadas ao ensino técnico, e que se tornarão prática comum

até às décadas de 1980/1990. Os projectos em estudo são: Escola Industrial Machado de Castro,

arquitecto Vitor Bastos Júnior (1915); Escolas Técnicas Elementares, JCETS, 1947; Escolas

Profissionais, JCETS, 1950; Escola Industrial Marquês de Pombal, JCETS, 1958; 1º Estudo

Normalizado. Escolas Industriais e Comerciais. Estudos de Normalização (Projecto Mercúrio), JCETS,

1960; 3º Estudo Normalizado – Escolas Industriais e Comerciais. Escola Industrial e Comercial de

Évora, JCETS, 1966 e Estudo Normalizado para a Escola Preparatória do Ensino Secundário.

Anteprojecto (Escola Preparatória de Mafra), JCETS, 1968.

Pretende-se a caracterização dos diferentes espaços (sala de aula, oficinas, biblioteca, museu,

ginásio, sala de trabalhos manuais), representativos dos edifícios destinados ao ensino técnico,

segundo distintos parâmetros, permitindo uma análise comparativa de cada um destes parâmetros ao

longo do período em estudo. Com este estudo pretende-se verificar as transformações verificadas nos

distintos espaços escolares que integram o edifício escolar destinado ao ensino técnico, avaliando a

existência de padrões de desenvolvimento na sua evolução.

1 Toda a informação sobre este projecto de investigação pode ser consultada em: http://asap-ehc.tecnico.ulisboa.pt/

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1.2. Metodologia

O trabalho insere-se no âmbito da análise morfológica e adopta uma metodologia de carácter

analítico, considerando cinco momentos distintos:

1. Delimitação da amostra e selecção dos casos de estudo a partir do trabalho realizado em

arquivos, bibliotecas e entidades ligadas à concepção de edifícios destinados a escolas

técnicas permitindo:

- Identificação dos edifícios representativos de cada época de concepção;

- Recolha de toda a documentação escrita e gráfica, que constitui a base das análises

a realizar;

- Caracterização histórica da evolução do ensino técnico e impacto na concepção e

construção de edifícios destinados a escolas técnicas e edifícios destinados a liceu;

- Caracterização dos casos de estudo com base em documentação escrita e

desenhada de projectos de edifícios escolares.

2. Esta fase, mais operativa do tratamento do material recolhido, consistiu essencialmente na

análise funcional, incluindo a caracterização dos programas e da ocupação funcional dos

espaços e identificação de sectores funcionais. Identificação dos espaços mais

representativos do programa da escola técnica: sala de aula, oficinas, biblioteca, museu,

ginásio e sala de trabalhos manuais;

3. Tratamento gráfico do material recolhido: uniformização de escalas e digitalização;

4. Análise e caracterização dos espaços representativos referidos anteriormente em cada um

dos casos de estudo, focando os seguintes aspectos:

a) Dimensão, área e volume dos espaços;

b) Características formais e espaciais;

c) Pé direito;

d) Condições de iluminação natural: orientação dos vãos e % de vão;

e) Índices de ocupação: número de alunos total por sala e rácio m2/aluno.

5. Leituras conclusivas: elaboração das fichas síntese com toda a informação recolhida,

permitindo uma leitura comparada entre casos de estudo. Esta informação é acompanhada

por esquemas e gráficos representativos dos valores obtidos, permitindo uma leitura

comparativa da evolução das transformações de cada um dos espaços analisados.

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1.3. Revisão bibliográfica

O presente estudo, centrado na arquitectura de espaços destinados ao ensino técnico em

Portugal, entre o início do século XX e o início da década de 1970, em Portugal, exigiu a consulta de

um conjunto legislação, de referências bibliográficas, de processos de projecto e de relatórios

produzidos no âmbito do Ministério das Obras Públicas e Comunicações, que permitiram enquadrar o

tema no campo mais vasto da história da educação e da arquitectura escolar em Portugal.

A nível legislativo, os preâmbulos dos Decretos-Lei foram essências para a compreensão dos

objectivos políticos e educativos dos legisladores, nos distintos períodos em que foram publicados.

Neste âmbito distingue-se a reforma do ensino profissional industrial e comercial de 1947, com a Lei

n.º 2.025, de 19 de Junho (que irá também regulamentar o ensino profissional agrícola) e a promulgação

do Decreto-lei n.º 36409 de 11 de Julho de 1947, a legislação de 1948 que aprova o programa de

construção de edifícios destinados ao ensino profissional industrial e comercial, Decreto-Lei n.º 37028,

de 25/08/1948, o Decreto n.º 37029, de 25/08/1948, relativos ao Estatuto do Ensino Profissional

Industrial e Comercial, e ainda o Decreto-Lei n.º 47480, de 02/01/1967 que fundiu o primeiro ciclo do

Ensino Liceal e o Ciclo Preparatório do Ensino Técnico no Ciclo Preparatório para o Ensino Secundário.

Para a compreensão do desenvolvimento do ensino técnico em Portugal, e da relação com as

políticas educativas refere-se os estudos de Alves (2009), Ensino Técnico (1756-1973), de Azevedo

(2000), O Ensino Secundário na Europa, o neoprofissionalísmo e o sistema mundial, de Nóvoa (1992),

Educação Nacional, de Carvalho (1986) História do Ensino em Portugal, e ainda, de forma

complementar, o Anuário Estatístico em Portugal. Relativamente ao tema da arquitectura escolar,

salienta-se o estudo de Alegre (2009), Arquitectura escolar. O edifício liceu em Portugal (1882-1978),

e de Vaz (2008), Avaliação de desempenho de edifícios complexos: o edifício escolar dos anos 40 e

50 do século XX em Portugal, o que apresenta uma periodização do desenvolvimento da arquitectura

dos liceus, enquadrando também a concepção de escoas técnicas, e o segundo já centrado a

investigação nas escolas deste grau de ensino. Um conjunto de textos da autoria de arquitectos da

Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário, salientando-se Brandão (1968) e Silva

(1971), foram também importantes fontes de informação.

Por fim, os processos de projecto e publicações que se encontram à guarda do Núcleo de

Arquivo Técnico de Construções Escolares da Secretaria-Geral do Ministério da Educação e Ciência

(NATCE-SGMEC), constituiu um importante recurso para a realização do estudo. A documentação é

constituída por processos de projecto e obra (escrita e desenhada), fotografias, documentação variada

(ofícios, catálogos, etc.), e podem ser consultados em http://asap-ehc.tecnico.ulisboa.pt/index_pt.php.

A documentação dos processos de projecto, constituída nomeadamente por memória descritiva,

pareceres de avaliação e normas para a realização de projectos, bem como os desenhos de projectos

constituíram fonte primária para a realização das análises apresentadas. Também os relatórios

produzidos anualmente pela JCETS (MOPC e MOP) de descrição de obra realizada foram consultados.

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1.4. Estrutura

Este trabalho divide-se em três partes diferentes.

Na primeira parte é abordado o enquadramento teórico ao tema. É realizada uma breve

apresentação da evolução do Ensino Técnico em Portugal, contextualizando na legislação da época.

Salienta-se as iniciativas associadas à construção escolar e o desempenho da Junta das Construções

para o Ensino Técnico e Secundário.

A segunda parte do trabalho é dedicada à análise dos casos de estudo escolhidos. Apresentar-

se-á uma ficha síntese por escola para cada espaço escolhido (sala de aula, oficina, biblioteca, ginásio,

museu e sala de trabalhos manuais). Cada ficha síntese inclui elementos gráficos tais como a planta,

o corte do espaço e a planta geral com o espaço assinalado. Inclui-se igualmente nestas fichas, a

apresentação dos dados que variam de acordo com o tipo de espaço, sendo eles a área, o volume, o

pé direito, a lotação e área por aluno, a percentagem de vão em relação ao paramento, as orientações

e o número de salas de aula desse tipo que a escola contempla.

Por fim, na última parte do trabalho apresentam-se as conclusões retiradas desta análise,

através de gráficos, esquemas ou quadros síntese com a análise da evolução do espaço ao longo do

tempo, de modo a compreender toda a evolução e o funcionamento das escolas técnicas em Portugal

no século XX.

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2. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO

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2. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO

2.1. O ensino técnico e a construção escolar

A criação de escolas secundárias data de 1836, aquando da publicação da primeira reforma

da Instrução Secundária, que aprovou o Plano dos Liceus Nacionais em 1836, por Passos Manuel2.

Durante o século XIX o estímulo atribuído ao ensino profissional, motivou a criação de escolas técnicas

para o ensino de actividades industriais e agrícolas. Este movimento foi impulsionado na década de 80

do século XIX, por António Augusto Aguiar3 que propôs a generalização do ensino técnico por todo o

território, através do Plano da Organização do Ensino Industrial e Comercial. A Escola de Desenho

Industrial Marquês de Pombal foi a primeira escola industrial construída de raiz, em Lisboa, no ano de

1888. Após a queda da monarquia, e instaurando-se a 1ª República em 1910, o arquitecto Vitor Bastos

Júnior desenhou o projecto da segunda escola profissional do país, a Escola Industrial Machado de

Castro (Pereira, 2012).

Inicialmente, este ensino era dedicado ao ensino do desenho industrial, aritmética, geometria

elementar e contabilidade industrial, mas torna-se mais abrangente com a aproximação do século XX,

passando a incluir a pintura, escultura, mecânica, mobiliário, ourivesaria, construção civil, renda e

tecelagem. Esta maior abrangência de conteúdos irá reflectir-se também no aumento do número de

alunos a frequentar este tipo de ensino (Vaz, 2008).

O século XX vem trazer a criação de novos sectores produtivos que obrigam a um novo nível

de profissionalização. No período entre a primeira guerra mundial até ao princípio da década de 70,

assiste-se a uma constante procura de mão-de-obra profissionalizada em vários sectores. O trabalho

operário era um dos sectores que mais gerava riqueza no país, no entanto, era notória a falta de

pessoas com qualificações para este tipo de trabalho em Portugal. Segundo o Decreto publicado a 30

de Dezembro de 1852, o ensino industrial deveria gerar impacto directo no desenvolvimento da riqueza

pública. Era necessário pessoal dirigente que conseguisse executar o trabalho da melhor maneira, visto

que, em grande parte os mestres das oficinas eram recrutados no estrangeiro. Esta premissa serve de

reflexão aos métodos de ensino correntes à data e, começa-se a pensar de que modo se poderia

adaptar o ensino nas escolas a este tipo de trabalho (Alves, 2009).

“(…) É necessário dar a classe operária tudo o que lhe é devido, mas é indispensável primeiro

que tudo instruí-la convenientemente (…)”

(Decreto-Lei nº 5 019 de 1 de Dezembro de 1918)

Deste modo, em 1918, é realizada a primeira reforma do Ensino Técnico que procura aumentar

o número de escolas destinadas a este tipo de ensino, tentando resolver os problemas detectados.

Durante a 1ª República o número de escolas aumentou de 30 para cerca de 50 e o número de alunos

2 Passos Manuel foi ministro entre os anos 1836 e 1837, e teve um papel fundamental na criação dos liceus e a reorganização

do ensino em Portugal. 3 António Augusto Aguiar foi Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria entre 1883 e 1885.

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a frequentar o ensino técnico aumentou significativamente, sendo que segundo dados do Anuário

Estatístico de Portugal, no ano lectivo de 1919-1920 apenas 8820 alunos frequentavam este tipo de

ensino, enquanto que no ano lectivo de 1929-1930, este valor já se situava nos 17829 alunos.

Figura 1- Gráfico da Evolução da Frequência do Ensino Técnico entre os anos lectivos de 1919-1920 a 1929-1930 (dados do Anuário Estatístico de Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional)

A Ditadura Militar, instaurada a 28 de Maio de 1926, vem trazer novas reformas no ensino

técnico com o objectivo de uniformizar os diversos tipos de escolas existentes. O ensino separava os

alunos em duas classes, de modo a que, ao fim dos quatro anos de ensino primário, quem quisesse

aceder ao ensino não profissionalizado, escolheria o liceu, e quem quisesse seguir cursos profissionais

e o trabalho industrial e comercial, optaria pela escola técnica. Pretendia-se incentivar a população

portuguesa a seguir esta via de ensino, sendo que o mesmo iria repercutir-se na melhoria económica

do país (Vaz, 2008).

Em 1928, a construção de liceus foi alvo de um importante momento legislativo, quando Duarte

Pacheco, Ministro da Instrução Pública, cria a Junta Administrativa do Empréstimo para o Ensino

Secundário (JAEES) que faria parte daquele ministério (Decreto-Lei nº 15 942 de 11 de Setembro).

Este organismo tinha à disposição um empréstimo de 40 000 contos, destinado a construir e melhorar

os edifícios dos liceus. Pouco tempo mais tarde, em Janeiro de 1933, a JAEES transfere-se para o

Ministério das Obras Públicas, com o objectivo do regime de centralizar neste ministério toda a

actividade respeitante às obras públicas. Em 1934, a JAEES é substituída pela Junta das Construções

para o Ensino Técnico e Secundário (JCETS), através do Decreto-Lei n.º 24337 de 10 de Agosto, com

a responsabilidade da execução de novas construções para o ensino técnico e secundário (Vaz, 2008).

No ano de 1942 o número de alunos que frequentava o ensino técnico em Portugal já era de

35500. A sobrelotação das escolas existentes, tornava urgente o aumento do número de escolas

destinadas a este grau de ensino. Por outro lado, assiste-se a uma nova orientação da política

educativa do Estado Novo, iniciada pelo Ministro Pires de Lima, e continuada pelo ministro Francisco

Leite Pinto, orientada pela relação entre a educação e o desenvolvimento económico, encontrando no

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Frequência do ensino técnico entre 1919 a 1930

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11

ensino técnico uma resposta adequada à evolução do mercado de trabalho e à exigência de uma mão-

de-obra qualificada (Nóvoa 1992). Em 1947, uma nova reforma educativa, agora designado de Ensino

Técnico-Profissional, entra em vigor com a lei nº 2025 de 19 de Junho, definindo um aumento do

número de escolas por todo o país para responder aqueles objectivos. Propõe-se uma nova

organização do ensino técnico, dividindo-se em dois graus, sendo o 1º grau destinado ao Ciclo

Preparatório Elementar e de Pré-Aprendizagem, com a duração de dois anos, que seria leccionado nas

Escolas Técnicas Elementares, seguindo-se o 2º grau com duração de três ou quatro anos, em cursos

de Aprendizagem, Formação e Aperfeiçoamento Profissional que seriam leccionados em Escolas

Comerciais, Industriais e Comercias e Industriais. Após estes dois graus ter-se-ia acesso ao ensino

médio, leccionado em Institutos Comerciais ou Industriais (Vaz, 2008).

Figura 2- Interior das Oficinas. Escola Industrial Marquês de Pombal. Foto de Horácio Novais (JCETS)

No ano seguinte é aprovado o Decreto-Lei nº 37 028 de 25 de Agosto, que institui o programa

destinado ao Ensino Técnico-Profissional, permitindo deste modo a construção de novos edifícios e a

remodelação e ampliação dos existentes (Alegre, 2009). Esta lei marca o início do novo programa para

a construção de escolas da responsabilidade da JCETS, dotando parcelas do orçamento de estado

destinadas a construção, ampliação ou reparação de escolas. O incentivo atribuído pelo Estado Novo

ao Ensino Técnico orientou-se pela ambição de se atingirem as metas económicas definidas. Esta

reforma vai trazer inovações ao ensino que se mantiveram até à década de 70, desde uma

reestruturação dos cursos em função dos sectores económicos, à criação de um ciclo preparatório

propedêutico que fez a ligação ao ensino primário e uma rede de escolas mais abrangente, sendo que

mesmo em sítios onde não existia liceus, existiriam sempre escolas técnicas (Alves, 2009). No ano

lectivo de 1963-64 existiam em funcionamento 92 escolas destinadas ao ensino técnico, sendo que 64

foram intervencionadas pela JCETS, e dessas, 56 foram construídas de raiz (Vaz, 2008).

Em 1959, a União Internacional dos Arquitectos publicou a Carta das Construções Escolares

que funcionaria como um guia para o que deveria ser um edifício escolar bem construído. Este

documento vem introduzir um conjunto de alterações relativas ao sistema de construção, à área do

terreno, às dimensões das salas de aula, às condições de iluminação e ventilação. Informa-se nesta

carta que, por exemplo, a área por aluno se deve situar entre os 1,5 a 2,5 m2 e o número de alunos se

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deve situar no intervalo de 25 a 40 alunos, sendo que no caso português a recorrente área por aluno

era de 1,37 m2 com um número médio de alunos de 35 por sala de aula (Congresso de Rabat, 1965)4.

No ano de 1967, é publicado o Decreto-Lei nº 47 480 de 2 de Janeiro, que institui a unificação

do 1º Ciclo do Ensino Liceal com o Ciclo Preparatório do Ensino Técnico, dando origem ao Ciclo

Preparatório do Ensino Secundário, com a duração de dois anos. Esta reforma iria proporcionar uma

formação mais adequada à formação geral e de igual modo, permitiria aos alunos adiarem a escolha

entre o curso liceal ou o curso técnico, terminando com a escolha demasiado precoce que estava

instaurada até à data. Segundo o Decreto-Lei acima referido, o Ciclo Preparatório teria como objectivos

principais “completar e ampliar a formação de base obtida no ciclo elementar do ensino primário, em

ordem a fornecer uma preparação geral adequada em qualquer ramo do ensino secundário” e “orientar

os alunos na escolha dos estudos subsequentes a partir da observação das suas tendências e

aptidões”. A partir desta premissa, é iniciado o projecto da JCETS para a criação das Escolas

Preparatórias, coordenado pelo Arquitecto Augusto Brandão da JCETS.

Com o Despacho Ministerial de 25 de Julho de 1973, são criados quatro sectores do Ensino

Técnico, divididos em nove cursos gerais e vinte complementares. A partir desse momento, é notória a

falta de profissionais que possam leccionar estas especialidades que, aliando esse factor às novas

políticas pós 25 de Abril, irá comprometer a implementação destas mudanças (Alves, 2009). No período

pós 25 de Abril, extinguem-se algumas ideias impostas pela ditadura, passando a existir

maioritariamente escolas mistas e escrevendo-se na Constituição de 1976 que deveria existir “uma

rede de estabelecimentos públicos que cobrisse as necessidades de toda a população” (artigo 75º da

Constituição da República Portuguesa). O ensino técnico funde-se com o ensino liceal, passando a

partir desse momento, a existir apenas as escolas secundárias. O ensino técnico é assim extinto, com

a uniformização do ensino secundário (Pereira, 2012).

2.2. A Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário e o desenvolvimento

de estudos de normalização

Tal como referido anteriormente, no ano de 1928, o Ministro da Instrução Pública, Duarte

Pacheco, criou a Junta Administrativa do Empréstimo para o Ensino Secundário (JAAES), com o

objectivo de construir e melhorar as instalações liceais. Com a transferência para o Ministério das Obras

Públicas e a necessidade de melhorar o ensino técnico, é criada a Junta das Construções para o Ensino

Técnico e Secundário (JCETS). Esta entidade fica responsável pelo estudo e construção de novos

edifícios destinados ao ensino: liceus e escolas técnicas.

A actividade da JCETS iniciou-se pelo Programa de Novas Construções, ampliações e

melhoramentos de edifícios liceais, com o plano de construção de liceus de 1938 (Decreto-Lei nº 28604

de 21 de Abril de 1938), e só mais tarde, em 1957, se dedica ao desenvolvimento de estudo de edifícios

destinados ao ensino técnico. Logo em 1948, é aprovado um programa de construção de edifícios

4 União Internacional dos Arquitectos (Congresso de Rabat). (1965, February). Carta das Construções Escolares. Binário 77,

pp. 505-509

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destinados ao ensino técnico-profissional (Decreto-Lei nº 37028, de 25 de Agosto de 1948), que dará

lugar, durante toda a década de 50, à construção de escolas técnicas elementares, industriais,

comerciais, práticas de agricultura, agro-industriais, de artes decorativas, e ainda as escolas de

regentes agrícolas, os institutos industriais e comerciais (Vaz, 2008).

O primeiro estudo de normalização desenvolvido pela JCETS em 1947, destina-se às escolas

elementares (Anteprojecto Tipo das Escolas Técnicas Elementares). Em 1951, é inaugurada a primeira

escola projectada por esta entidade para aquele grau de ensino: a Escola Técnica Elementar Eugénio

dos Santos, em Lisboa (Alvalade). Os princípios que nortearam a concepção deste projecto basearam-

se no desenvolvimento de soluções vantajosas e económicas, e paralelamente atender às novas

necessidades da evolução do ensino. O trabalho da JCETS assentou em princípios de normalização

das soluções e componentes da construção e pela distribuição do programa de espaços em três blocos

autónomos (espaços lectivos e administrativos, ginásio e refeitório, e trabalhos manuais), que permitia

a adaptação do projecto a terrenos com distintas configurações e declives. O desenvolvimento de

projectos de normalização com vista ao aperfeiçoamento das soluções construtivas, garantiu ao longo

do tempo a diminuição tanto dos custos como do tempo de obra (Vaz, 2008).

Figura 3- Maquete da Escola Técnica Elementar Eugénio dos Santos, Lisboa. Aplicação do projecto das Escolas Técnicas e Elementares (JCETS)

Com o aumento da frequência do ensino técnico, a JCETS desenvolveu assim um conjunto de

projectos normalizados, no sentido de dar respostas imediatas ao problema da escassez de edifícios

escolares, e criando um rápido alargamento da rede de liceus e escolas técnicas. A maior parte dos

projectos desta entidade eram realizados pela mesma equipa, com recurso a processos construtivos

semelhantes e aplicando o mesmo projecto tipo, o que acelerava o processo de construção de escolas

em todo o território nacional. Foram criadas normas para a elaboração dos projectos com objectivos

económicos e técnicos (Vaz, 2008).

Assim, a partir do desenvolvimento do projecto normalizado para as Escolas Técnicas

Elementares, em 1947, seguiu-se o projecto normalizado para as Escolas Profissionais em 1950 e

1952. O programa de escolas técnicas obrigava a uma área lectiva maior que a dos liceus e optando-

se por organizar os espaços lectivos do corpo das salas de aula distribuídos ao longo de um corredor

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central, ao invés do corredor lateral, como havia sendo feito no caso dos liceus. Os corpos de educação

física utilizariam a solução normalizada que se usava nos edifícios liceais, com o ginásio no piso

superior, e o refeitório, cozinha e a sala de canto coral no piso inferior (Alegre, 2009). Estes projectos

seriam adaptados segundo características territoriais, como o terreno, orientação e vias de acesso

(Vaz, 2008).

Figura 4- Adaptação dos projectos às possíveis condicionantes. Escolas Técnicas Elementares (JCETS, 1947)

Ao longo das décadas de 1940-50 foi-se criando por todo o país, uma rede de estabelecimentos

de semelhantes características, mas com maior ênfase na zona da grande Lisboa e zonas litorais Norte

e Centro. De ressalvar a importância da localização sendo que era dada uma maior importância aos

liceus nas capitais de distrito e às escolas técnicas no resto do país (Vaz, 2008).

O primeiro projecto normalizado para escolas industriais e comerciais (Projecto Mercúrio) data

de 1960, e utiliza pela primeira vez o princípio da modulação construtiva em relação à estrutura e

elementos construtivos (Alegre, 2009). Será utilizado em variadíssimos projectos em todo o país como

por exemplo as escolas de Almada, Cacém, Caldas da Rainha, Espinho, Évora, Famalicão, Gouveia,

Montijo, Moura, Santarém, Viana do Castelo, Vila Franca de Xira, Vila Real de Santo António.

Ainda relativamente aos edifícios destinados ao ensino técnico, segue-se, durante a década de

60, o desenvolvimento do 3º Projecto Normalizado destinado a Escolas Industriais e Comerciais (1964)

e do Estudo Normalizado aplicado à Escola Preparatória do Ensino Secundário (1968).

O 3º Projecto Normalizado destinado a Escolas Industriais e Comerciais (1964), desenvolvido

em 1964 sob a responsabilidade de Augusto Brandão, irá propor uma nova solução tipológica baseada

na organização dos espaços em pavilhões autónomos, solução que irá marcar a arquitectura escolar

até ao final do século. O pavilhão garantia a diminuição de custo na medida em que diminuía a área de

construção, aumentando a área lectiva por aluno, e eliminava o corredor substituindo-os por pátios

cobertos em redor do qual se distribuíam os espaços lectivos.

Uma solução tipológica semelhante será também utilizada no projecto para as novas escolas

preparatórias em 1968, sob responsabilidade do Arquitecto Augusto Brandão, da JCETS. Opta-se,

assim, pela decomposição do volume-edifício escolar em núcleos-pavilhões autónomos que facilmente

se implantam a diferentes cotas e segundo distintas configurações de terreno. Estes pavilhões

organizam espaços lectivos (salas de aula) em redor de um espaço aberto. Os corpos de oficinas e

trabalhos manuais deixam de existir, visto que o ensino preparatório tem objectivos mais generalistas

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do que as escolas técnicas. Destacado de todo o conjunto encontram-se as aulas de educação física,

com instalações interiores cobertas e exteriores.

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3. CASOS DE ESTUDO

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3. CASOS DE ESTUDO

O presente capítulo dá a conhecer um conjunto de projectos de escolas destinadas ao ensino

técnico em Portugal, permitindo compreender transformações e a evolução dos princípios

arquitectónicos a eles associados ao longo do período em estudo. Estes projectos cobrem diferentes

períodos de concepção correspondendo a distintos requisitos educativos a nível do ensino técnico.

De entre os casos de estudo foram escolhidos casos mais específicos como é o caso da Escola

Industrial Machado de Castro, por ter sido a pioneira do ensino técnico em Portugal, ou a Escola

Industrial Marquês de Pombal por conseguir englobar todos os tipos de sala de aula que se pretende

estudar, mas também casos de estudos mais abrangentes como os estudos normalizados, prática

corrente no desenvolvimento da arquitectura escolar em Portugal.

Estes estudos normalizados são aplicados aos vários tipos do Ensino Técnico em Portugal tal

como as Escolas Técnicas e Elementares, Escolas Profissionais e Escolas Preparatórias.

Foram seleccionados para este trabalho os seguintes casos de estudo:

01 | Escola Industrial Machado de Castro, arquitecto Vitor Bastos Júnior, 1915

02 | Escolas Técnicas e Elementares, JCETS (arquitecto João Costa e Silva), 1947

03 | Escolas Profissionais, JCETS, 1950

04 | Escola Industrial Marquês de Pombal, JCETS (arquitecto António José Pedroso), 1958

05 | 1º Estudo Normalizado: Escolas Industriais e Comerciais. Estudos de Normalização

(Projecto Mercúrio, JCETS, 1960)

06 | 3º Estudo Normalizado – Escolas Industriais e Comerciais. Escola Industrial e Comercial

Escola Industrial e Comercial de Évora, JCETS (arquitecto Augusto Brandão), 1966

07 | Estudo Normalizado para a Escola Preparatória do Ensino Secundário. Anteprojecto

(Escola Preparatória de Mafra), JCETS (arquitecto Augusto Brandão), 1968

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01 | Escola Industrial Machado de Castro (1915)

O projecto da Escola Industrial Machado de Castro é da autoria do Arquitecto Vítor Bastos

Júnior, data de 1915, e situa-se em Lisboa, na Rua Saraiva de Carvalho, perto do Jardim da Estrela.

Actualmente funciona como a Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa.

O projecto de 1915 para a Escola Industrial Machado de Castro constitui o primeiro exemplo

de uma escola técnica desenhada de modo a oferecer as melhores condições de aprendizagem para

este tipo de ensino. Inclui espaços específicos para o ensino prático, salas de aula e oficinas, sendo

que as aulas teóricas continuam a ser leccionadas no edifício antigo. A escola funciona em dois

volumes principais (o novo projecto e o edifício antigo) e o volume do pavilhão de educação física.

Relativamente ao novo edifício, este tem dimensões 44 x 36 metros e é dividido em três pavimentos,

sendo que no piso térreo se situam as oficinas de carpintaria, serralharia, ourivesaria e qualquer outro

tipo de oficina que se pudesse criar. No primeiro andar situam-se as cinco salas de desenho elementar,

os gabinetes dos professores, o vestíbulo, secretaria e direcção e os vestuários, todos eles servidos

por amplos corredores. No segundo andar encontram-se as salas de desenho ornamental, máquinas,

construção, modelação, pintura decorativa, ateliers, sala do conselho, biblioteca e gabinetes dos

professores (Junior, 1915).

De modo simétrico, a planta distribui os espaços lectivos ao longo das fachadas principal e

laterais, aos quais se acede através de um corredor central. As escadas de acesso aos pisos situam-

se a eixo, no centro do edifício. A partir do corredor central acede-se por passadiços, em cada piso, ao

corpo posterior de salas/oficinas.

Para este estudo foram escolhidas as salas de aula que melhor representam as salas em

estudo, utilizando factores como a área, a forma e a orientação como pontos relevantes para a escolha

do espaço.

Figura 5- Planta do piso 0 da escola (Heitor, 2010)

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Figura 6- Fachada Principal

02 | Escolas Técnicas Elementares. Anteprojecto tipo (1947)

No ano de 1947, a JCETS desenvolve o primeiro projecto normalizado para as Escolas

Técnicas Elementares, sob a coordenação do arquitecto José Costa e Silva. Segundo a memória

descritiva, este projecto tinha como principal objectivo o desenvolvimento de uma construção

económica e a sua adaptação a vários locais com características topográficas e dimensões diferentes.

O projecto foi desenvolvido para 1000 alunos, distribuídos por 30 turmas, com uma área mínima de

implantação de 10.000 metros quadrados. Este projecto normalizado foi aplicado na construção de

diversas escolas do Ensino Técnico Elementar, sendo em primeiro lugar desenvolvido para a Escola

Técnica Elementar de Alvalade em Lisboa.

A escola divide-se em 3 corpos distintos: o corpo das salas de aula, dos trabalhos manuais e

da educação física (refeitório), além de um recreio ao ar livre.

O programa-tipo para a construção das Escolas Técnicas Elementares segue as “Normas para

a elaboração dos projectos tipos das Escolas Técnicas Elementares” que estabeleciam princípios para

os seguintes itens: Classificação Geral dos Serviços, Posição Relativa dos Serviços e Estudo das

Diferentes Dependências. O programa funcional é divido em seis agrupamentos: grupo dos serviços

administrativos, escolares, serviços especiais, serviços de educação física, serviços de comunicação e

diversos, que se devem posicionar no projecto de acordo com as normas definidas.

O grupo dos serviços administrativos deve-se situar junto da entrada principal com acesso

directo ao átrio de entrada. Relativamente ao grupo dos serviços escolares, deve ser dividido em dois

corpos distintos, sendo um deles o corpo das aulas, que se desenvolve em três pisos onde os seus

espaços são distribuídos ao longo de um corredor central e inclui as salas de aula normais, as salas de

ciências geográfico-naturais e as salas de desenho, com a entrada localizada num dos extremos sendo

que se poderia localizar ou no extremo ou lateralmente. A disposição das salas em relação ao corredor

central facilitava a colocação das salas de aula orientadas a Sul e as salas de desenho

preferencialmente a Norte. Os edifícios dos trabalhos manuais contemplam seis oficinas de trabalhos

manuais de um piso, com iluminação superior, além dos depósitos de material e ainda as instalações

sanitárias em contacto com o recreio coberto.

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O grupo de serviços especiais inclui o museu, as instalações dos professores, a biblioteca e o

médico escolar que se deverão situar no corpo das aulas.

O grupo dos serviços de educação física inclui um ginásio/sala de festas com fácil ligação ao

exterior, com vestiários de ginástica, balneários e sala do professor de ginástica. É neste pavilhão que

também se situa a sala de canto coral e a mocidade portuguesa. No piso inferior inclui-se o refeitório

com a respectiva copa e a cozinha. Não foram feitas alterações em relação ao projecto que existia para

os liceus.

Figura 7 - Vista de Conjunto (JCETS,1947)

03 | Escolas Profissionais, Anteprojecto (1950)

O projecto de 1950, é um desenvolvimento do projecto normalizado para as Escolas Técnicas

e Elementares, também ele produzido pela JCETS e tinha em conta as Escolas Industriais, Comerciais

ou Industriais e Comerciais podendo ser aplicada a qualquer tipo de escola do Ensino Técnico. Em

relação ao que estava estipulado no projecto anterior foram acrescentados espaços que não existiam

e que vieram complementar o ensino, tal como os laboratórios, salas dactilografia, contabilidade,

comércio e os trabalhos femininos. As salas de trabalhos manuais são substituídas por oficinas

adaptadas ao ensino profissional. Segundo a memória descritiva, o projecto foi desenvolvido para a

frequência de 500 alunos, cerca de 15 turmas, e deveria ocupar uma área mínima de implantação de

15.000 m2, sendo que esta poderá oscilar consoante o valor por metro quadrado em cada localidade.

O ensino profissional difere do ensino elementar pela existência de oficinas. Assim, este

projecto é bastante semelhante ao anterior, dividido em três corpos: o das oficinas, dividido em duas

partes, o das aulas e o de educação física, além do recreio ao ar livre.

O corpo de aulas é igualmente distribuído em três pisos, onde se situam os principais serviços

como a secretaria, o gabinete do director, a sala de professores e médico, o museu, a biblioteca, as

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salas de aula normais, de desenhos e acrescentando-se salas mais especificas não incluídas no

projecto anterior, tal como as salas de ciências geográficas-naturais.

Os dois corpos de oficinas, de um só piso, incluem oficinas de diferentes dimensões para

diversas aulas tais como as aulas de electricidade, mecânica de automóveis, serralharia, carpintaria,

modelação, cerâmica e canteiro. Estas oficinas têm iluminação zenital com lanternim shed, dispondo

também cada uma delas de um depósito de apoio.

O corpo de educação física é igual ao das Escolas Técnicas Elementares, dado que a

frequência das escolas profissionais nunca seria superior à das escolas técnicas elementares.

Segundo a memória descritiva e do mesmo modo que as Escolas Técnicas Elementares,

subdivide-se esta escola em seis grupos de serviços, sendo eles: (1) o Grupo dos Serviços

Administrativos, que incluiria a secretaria, direcção e instalações sanitárias, (2) o Grupo dos Serviços

Escolares, onde se situavam as salas de aula normais, aulas de desenho, aulas de ciências geográfico-

naturais, laboratórios, anfiteatros, contabilidade, comercio e dactilografia, oficinas, trabalhos femininos,

recreios e instalações sanitárias de alunos, (3) o Grupo de Serviços Especiais que incluiria os vestiários,

museus, biblioteca, gabinetes dos professores e médico escolar, (4) Grupo de serviços de educação

física que incluiria o ginásio, os seus vestuários, balneário, canto coral, refeitório e a sala da mocidade

portuguesa, (5) grupo de serviços de comunicações que incluiria os corredores, escadas e o átrio de

entrada e por ultimo (6) os diversos onde se situavam as arrecadações gerais, instalações eléctricas,

sinalização e telefone.

Figura 8- Vista de Conjunto (JCETS; 1950)

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04 | Escola Industrial Marquês de Pombal (1958)

Originalmente localizada na zona de Alcântara, a Escola Industrial Marquês de Pombal foi uma

das primeiras escolas a incluir o ensino técnico em Lisboa, tendo as suas instalações sido transferidas

para a sua localização actual na Rua Alexandre de Sá Pinto, na zona de Belém, no ano de 1963.

O projecto elaborado pela JCETS, com o arquitecto António José Pedroso como responsável,

segue o Estudo sobre Escolas Técnicas de 1952. Previa uma capacidade de 2000 alunos, divididos em

aproximadamente 60 turmas do ensino técnico. Este projecto foi feito devido à crescente necessidade

do desenvolvimento dos cursos de electricidade e mecânica de automóveis e aviões (Vaz, 2008). Esta

escola oferecia diversos cursos tais como carpinteiro de moldes, fundidor, serralheiro, montador-

electricista e especializações em mecânico de automóveis e mecânico de aviões.

Com uma área de cerca de 32.000 m2 e uma área construída de 8550 m2 (MOP-JCETS, 1962),

incluía seis corpos, sendo que um deles não foi construído. Estes cinco corpos incluem o Corpo das

Aulas, o Corpo das Oficinas das Serralharias e da Electricidade, o Corpo dos Laboratórios e o Corpo

do Ginásio.

O corpo das aulas designado como o edifício principal, é dividido em quatro pisos e tem uma

extensão de 100 metros de comprimento. Nele estão situados os principais serviços, tais como a

secretaria, a sala do director, a enfermaria, salas de professores, associações de antigos alunos, a

Mocidade Portuguesa, museu, biblioteca e as principais salas de aula, tais como as salas de aula

normais, especiais, anfiteatros, laboratórios e salas de desenho. A presente investigação contemplou

o estudo das salas de aula ditas normais, do museu e da biblioteca. Este edifício comunica com os

restantes corpos através de galerias cobertas.

O pavilhão do ginásio, dividido em 3 pisos, inclui uma sala destinada à Mocidade Portuguesa,

o refeitório, a copa e a cozinha, os balneários, o ginásio principal, também utilizado como sala de festas

e destinado a prática da educação física, canto coral ou sala de cinema/ teatro/ festas. Este corpo tem

uma exposição solar Sul-Norte.

Quanto ao corpo das oficinas e das serralharias iluminado superiormente, trata-se de dois

edifícios paralelos, com um corredor entre eles, sendo que de um lado estão as serralharias e do outro

as oficinas de carpintaria. Perpendicularmente a estes dois edifícios situa-se o edifício das oficinas de

electricidade, que ainda aloja laboratórios e anfiteatros.

Estes corpos formam um U, com os recreios localizados no centro.

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Figura 9- (1) Entrada da Escola Industrial Marquês de Pombal ; (2) Corpo das Aulas, Ginásio e Recreio; Fotos de Hóracio Novais. (JCETS, 1958)

05 | 1º Estudo Normalizado, Escolas Industriais e Comerciais. Estudos de Normalização

(Projecto Mercúrio, 1960)

Datado de 1960, este projecto da JCETS, seguiu as normas elaboradas para dois programas

de escolas para 800 e outro para 1200 alunos, e destina-se ao ensino misto. Os desenhos incluem o

projecto para a Escola de Almada, do Cacém, Caldas da Rainha, Espinho, Évora, Famalicão, Gouveia,

Montijo, Moura, Santarém, Viana do Castelo, Vila Franca de Xira, Vila Real de Santo António. O estudo

normalizado considerou apenas o programa de 800 alunos na medida em que ambos são bastante

semelhantes, diferenciando-se por um aumento, num dos corpos, do número de salas de aula.

Tratando-se de um Estudo Normalizado, tanto a área de implantação como a de construção variam de

acordo com as distintas localizações das escolas. Todo o desenho deste projecto baseia-se numa

métrica bastante regular. A normalização deste projecto passava por criar um módulo para cada

edifício, perceber como se poderiam articular entre eles e criar várias soluções de pormenores

construtivos que poderiam ser a solução independentemente do local onde se implantam.

Tal como nos projectos anteriores divide-se em 3 corpos principais: o corpo das Aulas, o das

oficinas e o de Educação Física.

O corpo das aulas e administração funcionam juntos e estão divididos em duas unidades

dependendo do número de alunos ou da sua implantação. Para o caso das escolas para 800 alunos

consideram-se dois corpos A1 e A4 conectados por um corpo de ligação, quando a entrada principal

se realiza a Norte, ou os corpos A3 e A4 conectados por um corpo de ligação quando a entrada principal

se realiza a Sul, Nascente ou Poente. Os espaços dos corpos A organizam-se ao longo de um corredor

central, e cruzam-se numa zona central onde se localiza a escada de acesso aos diferentes pisos,

permitindo também receber iluminação natural.

Nestes corpos A, estão situados os serviços administrativos e médicos, as salas de aula

normais, as salas de desenho, laboratórios, anfiteatros, salas de ciências geográficas e naturais,

comércio, dactilografia, caligrafia, contabilidade, museu e biblioteca.

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O corpo G, igual tanto para o projecto de 800 como de 1200 alunos, acolhe as funções relativas

à educação física, ao refeitório e ao canto coral. Este pavilhão inclui o refeitório e a cozinha, a sala

canto coral, os vestiários e balneários e no piso superior, o ginásio para os alunos que, para além da

sua utilização para as aulas de educação física, funciona também como sala de festas com um palco,

e ainda um ginásio mais pequeno para as alunas.

O corpo das oficinas é distribuído em uma ou duas unidades, dependendo do projecto. Assim

sendo ou existe duas unidades O1 ou apenas uma unidade O2 de maior dimensão que uma O1. No

programa de 800 alunos inclui-se uma unidade O1 ou metade da unidade O2.

Este corpo de oficinas inclui oficinas de electricidade, carpintaria, marcenaria, trabalhos

manuais, serralharia e forja.

O desenvolvimento deste estudo de normalização apoiou-se numa forte componente de

normalização dos componentes da construção, permitindo a sua pré-fabricação, com vantagens a nível

económico e de rapidez de construção. As preocupações de modelação elegeram o módulo da sala de

aula de dimensões aproximadas 7 x 8 metros, módulo que estabelece as regras dimensionais do

desenho dos vãos da fachada.

Figura 10- Planta e Vista do Conjunto da Escola Industrial e Comercial do Montijo (JCETS,1960)

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06 | 3º Estudo Normalizado – Escolas Industriais e Comerciais. Escola Industrial e

Comercial de Évora (1966)

O projecto para a Escola Industrial e Comercial de Évora foi elaborado pela JCETS em 1966,

sob a responsabilidade do Arquitecto Augusto Pereira Brandão. O projecto contemplou um total de

1200 alunos para o ensino misto.

O programa desta escola incorpora salas de aula normais, ciências geográficas-naturais,

trabalhos manuais femininos, formação feminina, trabalhos manuais masculinos, salas de desenho,

anfiteatros, laboratório de física, laboratório de química, aula de comércio, caligrafia, dactilografia,

contabilidade, escritório comercial, oficinas de serralharia, ginásios, refeitório, secretaria, direcção,

arquivo, instalações sanitárias e vestiário.

O projecto é constituído por diversos núcleos, incluindo os de Aulas (A), o núcleo que inclui três

corpos: da administração (AD), da biblioteca (B) e central (C) que incluem os serviços, salas de estar e

refeitórios, o núcleo do Ginásio (G) e os núcleos de oficinas (O).

Os núcleos de Aulas são três (A1, A2 e A3), divididos em 3 pisos, onde estão situadas as salas

de aula normais, salas de desenho, ciências geográficas e naturais, trabalhos manuais, laboratórios,

anfiteatros, e as salas mais técnicas para as aulas de contabilidade, caligrafia, comércio.

Os pólos AD, B e C estão interligados e incluem os serviços como a secretaria, o gabinete do

director e salas de professores na parte do núcleo Ad e uma biblioteca no piso superior, a sala

polivalente, o refeitório e o palco e jogos na parte do núcleo B, e a formação feminina e a cozinha na

parte C.

O núcleo G inclui o Ginásio, os vestiários e balneários e é composto por dois pisos.

O núcleo O das oficinas é de apenas um piso, e inclui as oficinas de serralharia e electricidade

e os seus anexos.

Figura 11- (1) Vista Aérea ; (2) Pavilhão de Aulas

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07 | Estudo Normalizado para a Escola Preparatória do Ensino Secundário. Anteprojecto

(Escola Preparatória de Mafra), JCETS, 1968

Para a análise do estudo das Normalizado para a Escola Preparatória do Ensino Secundário

foi seleccionada a Escola Preparatória do Ensino Secundário de Mafra. Este projecto data do ano de

1968 e é um projecto da JCETS, da responsabilidade do Arquitecto Augusto Pereira Brandão.

Este projecto seguiu as mesmas premissas do projecto normalizado anterior, de organizar a

escola em pavilhões autónomos, de forma a facilitar a sua implantação em terrenos com distintas

localizações e reduzir os custos através também de uma grande racionalidade construtiva.

A escola organiza-se em cinco núcleos principais em que dois núcleos são de aulas (A1, A2 ou

A6) organizadas envolvendo um pátio central, o núcleo comum (A5), o núcleo central (C) e o núcleo

gimnodesportivo (G).

Cada núcleo de aulas deve assim incluir quatro a cinco salas de aula normais, uma sala de

desenho, uma sala de trabalhos manuais, uma sala de Ciências da Natureza, um gabinete para os

professores, uma biblioteca, um vestiário, dois instalações sanitárias, vestiário e arrecadação. Há ainda

um corpo comum (A5) que inclui duas salas de aula, uma de trabalhos manuais e outra de desenho.

Quanto ao núcleo central (C), este inclui os todos os serviços da escola: secretaria, arquivo,

instalações sanitárias e vestuário do pessoal administrativo e os gabinetes do director, sub-director,

orientadores, médico, mocidade portuguesa, professores, biblioteca, duas salas de pessoal menor, sala

de pais de alunos, sala de espera e instalações sanitárias. Inclui também o refeitório, cozinha e copa,

museu, salas de convivo e música.

O núcleo gimnodesportivo (G) inclui uma zona coberta com 3 ginásios, vestiários, balneários,

gabinete do professor e instalações sanitárias e na zona descoberta existem campos de jogos e pistas

de atletismo.

Figura 12- Planta do Projecto da Escola Preparatória de Mafra (JCETS, 1968)

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Análise dos casos de Estudo

Para a realização da presente investigação foi identificado um conjunto de espaços escolares,

presentes na maioria das escolas técnicas estudadas, para análise das suas transformações e

caracterização da sua evolução: salas de aula normais, oficinas e salas de trabalhos manuais,

biblioteca, o museu e o ginásio.

As salas de aula normais são as salas de aula mais comuns em qualquer tipo de ensino, desde o

primário ao universitário. É o espaço central no processo ensino-aprendizagem correspondendo ao

espaço no qual estão distribuídas as mesas dos estudantes, que podem ser colocadas em diversas

disposições, a mesa do professor e outro mobiliário que possa ser considerado necessário para o apoio

à aula. São as salas de aula mais recorrentes para aprender as disciplinas comuns durante todo o

ensino.

As oficinas e as salas de trabalhos manuais são espaços próprios do ensino técnico, onde se

leccionavam aulas mais práticas tal como serralharia, carpintaria, electricidade, cerâmica entre muitas

outras aulas que fizessem parte do programa técnico-profissional.

A biblioteca trata-se do local da escola onde estão colocados os livros de apoio aos estudantes,

sendo que tem como principais objectivos ler, estudar e consultar. Em grande parte dos casos, inclui

mesas de estudo, onde os alunos podem estar. Servia de sala de conselho e era destinada a

professores e alunos.

O museu é o local de exposição da escola, e em quase todos os projectos se situa num local de

passagem, de modo a ter um fácil acesso e visibilidade.

Por último, o ginásio é o local destinado às aulas de educação física, normalmente equipado com

material próprio para estas aulas. Era utilizado também como sala de festas ou cinema e por essa

mesma razão existia em grande parte dos projectos um palco.

Para cada um destes espaços foram quantificados os seguintes itens:

- área (em metros quadrados),

- volume (em metros cúbicos),

- pé direito (em metros),

- lotação (número de alunos),

- área por aluno (em metros quadrados por número de alunos),

- percentagem de área de vão por área de paramento,

- orientação principal dos espaços,

- número de cada tipo de sala de aula de cada escola.

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Refere-se que, a falta de informação nos desenhos técnicos, memórias descritivas ou outros

documentos, não permitiu a quantificação de todos os valores.

Toda a informação é apresentada em fichas síntese que incluem a identificação da escola, o ano

do projecto, a sua localização e o arquitecto responsável pelo projecto. Foram incluídos nestas fichas

os desenhos técnicos com a identificação das salas de aula e circulações, todos eles à mesma escala.

Foi também criado um código de cores que identifica o tipo de sala de aula, utilizado em todas as fichas

síntese.

É importante referir que para a análise é escolhida, em todos os casos de estudo, a sala de aula

tipo que mais se repete. Em relação às oficinas com coberturas inclinadas e à sala de trabalhos manuais

das Escolas Técnicas Elementares, e devido ao facto de não existirem dados rigorosos em relação a

todos os casos de estudo do ponto mais alto da cobertura, considerou-se como referência, de modo a

ser mais coerente, a altura da parede lateral como altura do pé direito. O cálculo do volume deste

espaço é assim calculado apenas com base nesse valor, e não no valor real, sendo que as oficinas

têm uma cobertura inclinada e não plana.

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01 | Escola Industrial Machado de Castro, arquitecto Vitor Bastos Júnior, 1915

A Escola Industrial Machado de Castro tem uma configuração bastante irregular, e foi

necessário escolher uma sala tipo para cada espaço, que melhor se adequasse a cada situação. Esta

escola possui cinco dos seis espaços escolhidos para análise deste trabalho, não existindo o museu.

Não foi possível recolher dados rigorosos em relação ao pé direito, devido à falta de desenhos técnicos

de alçados e cortes do projecto original, sendo a medida do pé direito baseada no levantamento

arquitectónico feito aquando da remodelação da mesma pela equipa da arquitecta Teresa Nunes da

Ponte em 2009.

Em relação às salas de aula, foi escolhida uma sala de aula tipo do edifício principal, situada

em contacto com as fachadas principal. A sala escolhida, de forma rectangular, tem dimensões de 6x10

metros, o que totaliza uma área de 60 m2. O desenho técnico não permite apurar rigorosamente o valor

do pé direito, mas é possível medir o pé direito duplo que será aproximadamente de 6,4 metros, e assim

sendo considerou-se o pé direito destas salas de 4,6 metros. Os desenhos técnicos, não nos permitem,

no entanto, apurar o número de alunos que a sala de aula tem capacidade. No caso da sala tipo

escolhida, esta tem uma orientação a Norte. O edifício contém 25 salas de aula normais, que se

encontram distribuídas nos vários corpos da escola e em diversos pisos.

As oficinas, situadas nos dois pisos mais baixos, têm também uma configuração bastante

diferente, sendo cada uma delas destinadas a diferentes tipos de aulas, para anos escolares diversos.

Foi escolhida para esta análise a oficina de serralharia dos 9os e 10os anos, que tem a configuração

rectangular e semelhante aos restantes casos de estudo. Esta com dimensões aproximadas de 9,50x24

metros, tem aproximadamente 225 m2 de área. Sendo que existem várias oficinas com duplo pé direito,

assumiu-se um pé direito tipo para estas salas de 6,4 metros. Esta sala é orientada a Sul, Nascente e

Norte. Em toda a escola existem seis oficinas no total, todas elas com diferentes usos e dimensões.

Aliadas às oficinas estão as salas de trabalhos manuais (oficinais), também situadas nos dois

pisos mais baixos do edifício, numa totalidade de três salas, destinadas cada uma, a anos escolares

diferentes. Na análise foi seleccionada a sala de trabalhos oficinais dos 9os e 10os anos. Esta adopta

uma forma rectangular, com uma área de 98,05 m2. Do mesmo modo que as oficinas também para as

salas de trabalhos manuais, foi assumido um duplo pé direito de 6,4 metros. Orienta-se a Sul e Oeste,

e não temos dados suficientes que nos permitam concluir acerca da lotação desta sala.

Na escola existem duas bibliotecas, a dos alunos e a dos professores. Para a análise neste

trabalho, apenas foi considerada a biblioteca dos alunos. Com um pé direito duplo de 6,4 metros, esta

sala tem uma mezzanine que funciona como sala de estudo. A biblioteca tem uma forma

aproximadamente quadrada, com uma área de 100 m2. Orienta-se a Norte e Oeste.

O ginásio situa-se na zona mais a Sul de toda a escola, ocupando toda a área do primeiro piso

do corpo de ginástica. Tem a forma rectangular com dimensões de 28x18 metros. Contempla

aproximadamente uma área de 500 m2. Não se encontraram dados relativos a este espaço que

permitam identificar o seu pé direito.

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02 | Escolas Técnicas e Elementares

Na análise das Escolas Técnicas e Elementares, estão presentes de cinco dos seis espaços

escolares escolhidos. Por se tratar do ensino técnico elementar, verifica-se a ausência das oficinas

profissionais.

Apesar de não ser explícito nos desenhos técnicos, conseguimos encontrar os valores do pé

direito das salas de aula e do ginásio na memória descritiva, o que nos leva a conseguir calcular o

volume das salas de aula. Em relação às oficinas de trabalhos manuais, apenas nos é dito, na memória

descritiva, a altura da parede lateral de 3,4 metros, sendo o cálculo do volume desta sala de aula

calculado apenas com base nesse valor, e não no valor real, sendo que estas oficinas têm uma

cobertura inclinada e não plana.

Em relação às salas de aula, contam-se nove, orientadas a sul, de forma rectangular (6x9

metros), com um pé direito de 3,4 metros, e um volume total de 183,6m3. Através das plantas

fornecidas, contam-se 35 lugares de aluno mais um destinado ao professor, sendo que para uma área

de 54 m2, corresponde 1,54 m2/aluno. A memória descritiva refere que a iluminação deve corresponder

a 1/6 a 1/8 da superfície da sala e o peitoril deve elevar-se a uma altura de 1,20 metros do pavimento.

Para majorar estes valores utilizou-se o valor de 1/6 da superfície da sala, ou seja 9 m2 de vão. Assim

sendo, para uma área de parede de 30,6 m2, a percentagem de vão por paramento é de 29,4 %.

Relativamente às salas de trabalhos manuais, contam-se seis salas de aula iguais

rectangulares, com dimensões de 8x16 metros, totalizando uma área de 128 m2, que corresponde a

3,55m2 por aluno. Nos desenhos contabilizam-se 18 mesas de trabalho, deduzindo-se que estas sejam

utilizadas por dois alunos, (no catálogo de mobiliário fornecido, as mesas para dois alunos utilizadas

em oficinas, têm dimensões aproximadas das dimensões representadas nas plantas). Estas salas de

aula orientam-se a Poente e Nascente.

A biblioteca tem uma área de 90 m2, com 2 mesas de 8 lugares, deduzindo-se assim a lotação

para 16 pessoas. Orientada a Norte no desenho principal, pode esta, mudar a sua localização

dependendo da localização da entrada, situando-se então, nesta nova situação, no extremo mais Este

do corpo das aulas.

O ginásio localizado no piso superior do corpo de educação física conta com uma área que

ocupa quase a extensão do pavilhão. Totalizando uma área de 405 m2 para um pé direito de 6 metros.

Quanto a lotação do ginásio, não se consegue apurar valores, por se tratar de uma sala de desporto.

Em relação à orientação, o ginásio contempla vãos a Nascente e Poente.

O museu, localizado no piso térreo, conta com uma área de 140 m2 para um pé direito de 3,4

metros. Tratando-se do museu, não conseguimos determinar um valor correcto para a sua lotação.

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03 | Escolas Profissionais

Muito semelhante ao caso de estudo anterior, verifica-se novamente a existência de cinco dos

seis espaços escolhidos para análise. Destinada ao Ensino Profissional, as oficinas de trabalhos

manuais são substituídas pelas oficinas profissionais.

De igual modo, os desenhos técnicos, não contemplam cortes nem alçados e desse modo não

nos permite ter informação de valores de pé direito. No entanto, como este projecto é uma adaptação

do projecto para Escolas Técnicas Elementares, assume-se que o pé direito adoptado é o mesmo da

Escola Técnica e Elementar.

Orientadas a Sul, tal como no caso anterior, as salas de aula normais têm dimensões de 6x9

metros, totalizando uma área de 63 m2, com forma rectangular. Do mesmo modo, a sala tem

capacidade para 35 alunos, com uma área de 1,8 m2/aluno. Neste caso de estuda conta-se nove salas

de aula normais. A memória descritiva deste projecto permite-nos deduzir que a área de janela deve

ser 1/6 da área do pavimento, dando um valor de cerca de 7 m2 de vão. Assumindo-se o pé direito de

3,4 metros, a área de parede é de cerca de 30,6 m2, dando uma percentagem de vão por paramento

de 22,8%.

A maior diferença relativamente ao projecto anterior de 1947 diz respeito às oficinas. Em

relação ao pé direito destas oficinas procedeu-se do mesmo método e considerou-se um pé direito

geral de 3,4 metros. As 8 oficinas orientam-se na direcção Nascente e Poente e apresentam-se em

diferentes dimensões, consoante as funções que acolhe. Sendo que a carpintaria possui umas

dimensões mais adequadas ao tamanho de uma oficina foi essa a sala escolhida.

A oficina de carpintaria tem uma área de 405 m2, para um igual pé direito de 3,4 metros. A

lotação desta sala foi deduzida a partir do mobiliário presente no desenho técnico, que apresenta 22

mesas para dois alunos, além das mesas de trabalho específico de carpintaria. Deduz-se deste modo

que as mesas de dois alunos permitem a capacidade de 44 alunos nesta sala de carpintaria, sendo as

restantes mesas utilizadas para o trabalho. A área por aluno situa-se nos 9,20 m2/ aluno.

A biblioteca localizada no extremo Este do corpo das aulas, possui uma área de 145 m2 para

um pé direito de 3,4 metros. Segundo o desenho técnico, é constituída por cinco mesas de 8 lugares,

tendo assim a capacidade para 40 pessoas, sendo que tem uma área por aluno de 3,65 metros

quadrados.

O ginásio localizado tal como no projecto anterior no piso superior do corpo de ginástica,

contempla uma área de 440 metros quadrados para um pé direito de 6 metros. Do mesmo modo não

há dados concretos para a lotação do ginásio por se tratar de um espaço desportivo.

O museu difere neste projecto por ser dividido em dois pisos, tratando-se de dois museus,

situados um por cima do outro. Ambos têm uma área de 65 metros quadrados e um pé direito de 3,4

metros. Está orientado a sul e não se tem valores de lotação, devido ao facto de se tratar de um museu

e não de uma sala de aula.

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04 | Escola Industrial Marquês de Pombal, JCETS, 1958

A Escola Industrial Marquês de Pombal, situada em Lisboa, contém cinco dos seis espaços

escolhidos para análise, faltando apenas a sala de trabalhos manuais.

Na ficha síntese foi incluída uma perspectiva da escola, uma planta geral que identifica as salas

de aula, as oficinas e o museu, e a planta do pavilhão do ginásio e de dois pisos do corpo das aulas.

Em relação às salas de aula, contam-se 10 distribuídas ao longo dos vários pisos do pavilhão

das aulas, todas elas de dimensões iguais. Cada sala de aula tem a forma aproximadamente quadrada,

com dimensões de aproximadamente 7,5x 6,3 metros, com uma área de 48,75 m2. Têm um pé direito

de 3,4 metros, e um volume de 165, 75 m3. O mobiliário desenhado nas plantas, permite concluir que

a sala tem capacidade de 36 alunos, com uma área por aluno de aproximadamente 1,35 m2. Todas as

salas de aula orientam-se a Sul, com uma percentagem de vão por paramento de 43, 29%, sendo que

11,03 m2 são de vão, numa área de parede de 25,47 m2.

Para análise das oficinas, foram escolhidas as oficinas maiores, sendo que as oficinas de

serralharia e carpintaria, são de iguais dimensões. As oficinas maiores foram escolhidas por se

aproximarem das áreas de todos os casos de estudo, logo torna-se mais coerente para análise. Cada

oficina é aproximadamente quadrada, com dimensões de 27,37x13,20 metros, totalizando uma área

de 362 m2. O pé direito destas oficinas é de 4,9 metros na zona lateral, sendo este valor escolhido para

estar em conformidade com as restantes análises, criando um volume de 1728 m3. A oficina escolhida

é orientada e Este e Oeste, com uma percentagem de vão por paramento de 48,87 m3. Contam-se 15

oficinas, embora nem todas com as mesmas dimensões.

A biblioteca localizada no corpo das aulas, tem a forma rectangular de dimensões 9,89x7,11

metros, com uma área aproximada de 70 m2, com um pé direito de 3,4 metros e um volume de 238 m3.

Orienta-se a Sul, situando-se na mesma ala das salas de aula, com uma percentagem de vão por

paramento de 32,44%.

O ginásio situado no corpo do ginásio de forma rectangular e dimensões aproximadas de 28,35

x 15 metros tem uma área de 466 m2. Com um pé direito de 6,4 metros, tem um volume de 2982 m3.

Com uma área de janela de reduzida dimensão à área de parede, a percentagem de vão por paramento

é de apenas 5,5%, distribuídos em 2 paredes, orientadas a Oeste e Este.

O museu divide-se em 2 pisos do corpo das aulas. Para análise considerou-se apenas uma

sala de museu, que tem uma área de 88,74 m2, com uma forma rectangular de dimensões aproximadas

de 15x 6,5 metros. O pé direito é o mesmo das salas de aula, situando-se nos 3,4 metros totalizando

um volume de 301,72 m3. Orienta-se a Sul, tal como as salas de aula, tendo uma percentagem de vão

por paramento de 33,2%.

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05 | 1º Estudo Normalizado. Escolas Industriais e Comerciais. Estudos de Normalização

(Projecto Mercúrio, 1960)

O Projecto Mercúrio contém todos os espaços escolares escolhidos para este estudo.

As 12 salas de aula deste projecto, com uma forma aproximadamente quadrada, com

dimensões de 7 por 8 metros, totalizando uma área de 56 m2. Com um pé direito de 3,5 metros, medido

no alçado dos desenhos técnicos, tem um volume total de 196 m3. A memória descritiva refere que a

lotação destas salas é de 36 alunos, com uma área por aluno de 1,55 m2. A área de vão destas salas

de aula é de 10 m2 distribuídos em dois tipos de vão, enquanto que a área da parede é de 28 m2,

calculando-se uma percentagem de vão por paramento de 35,7%. Todas as salas de aula normais

estão orientadas a Sul.

A totalidade das oficinas difere na sua posição e dimensão, seleccionando-se, por isso, uma

oficina tipo para o estudo. À semelhança dos casos de estudo anteriores foi escolhida a oficina que

melhor representa, a serralharia do corpo O1. Com uma forma rectangular de dimensões de 16x24

metros, contempla uma área de 384 m2. Os desenhos técnicos indicam uma cobertura inclinada com

luz zenital com um pé direito lateral de 4,5 metros e um pé direito no topo da cobertura de 7 metros.

Para ser coerente com os restantes projectos considerou-se, para o cálculo volume, apenas esse pé

direito, e não o valor no cimo da cobertura. Sendo assim o volume da oficina é de 1728 m3. Nem os

desenhos nem a memória descritiva referem dados que permitam deduzir a lotação destas salas.

Existem oficinas de trabalhos manuais tanto no corpo de oficinas como no corpo das aulas. No

corpo das aulas situam-se as oficinas de trabalhos manuais femininos, estas com a mesma

configuração de uma sala de aula normal. Para este estudo foram adoptadas as oficinas de trabalhos

manuais do corpo das oficinas, por serem as que melhor representam esta tipologia. Assim sendo,

totalizam-se na escola duas salas de trabalhos manuais femininos mais quatro no pavilhão das oficinas.

Configuram-se salas de forma rectangular de 8x16 metros, com uma área total de 128 m2. Seguindo a

mesma lógica considera-se o pé direito lateral de 4,5 metros, o que dá um volume de 576 m3 por oficina.

Não tendo dados sobre a lotação não é possível apurar a área por aluno.

A biblioteca situa-se no pavilhão das aulas, orientada a Sul, no extremo do corpo A1. Tem a

forma rectangular com dimensões um pouco maiores que uma sala de aula, 24x7 metros,

contabilizando uma área de 168 m2. Com um pé direito semelhante ao das aulas (3,5 metros), o volume

desta sala é de 588 m3. Dado não existirem dados da lotação, não temos dados suficientes para concluir

acerca da área por aluno. Situando-se na mesma ala que as salas de aula, tem uma orientação a Sul.

No segundo piso do pavilhão de educação física encontram-se dois ginásios: o das raparigas

e o ginásio principal. Para a análise seleccionou-se ginásio principal, com as características comuns

aos restantes projectos. O ginásio tem forma rectangular com dimensões de 28x14 metros, com uma

área de 375 m2. Contabiliza-se um volume total de 2250 m3. Tratando-se do ginásio não se definiu uma

lotação especifica para este espaço. Não tendo dados em relação à orientação, assume-se que se

pode orientar em qualquer direcção.

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Por último, o museu que se situa no segundo piso, ocupa exactamente a mesma área de 56

m2 de uma sala de aula, tendo as dimensões iguais de 7x8 metros. Com um pé direito de 3,5 metros,

tal como em todo o piso, tem um volume de 196 m3. O museu não possui dados em relação a lotação,

e situa-se na ala contrária às salas de aula, com a orientação a Norte.

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06 | 3º Estudo Normalizado – Escolas Industriais e Comerciais. Escola Industrial e

Comercial de Évora, JCETS, 1966

O projecto da Escola Industrial e Comercial de Évora é dividido por pavilhões. Optou-se por

escolher apenas um pavilhão de aulas para esta análise, visto o seu padrão se repetir em todos os

pavilhões. Foi escolhido o corpo A1, por este conter além das salas de aula normais, também algumas

salas de trabalhos manuais. Este projecto contém cinco dos seis espaços estudados nesta dissertação.

Num total de 16, as salas de aula normais desta escola podem ser orientadas para qualquer

ponto cardeal, mas no caso específico do corpo A1, todas elas são orientadas a Sul, que pode ser

confirmado na planta geral do projecto. Estas salas têm dimensões de 7.70x8 metros com um pé direito

de 3,2 metros, o que totaliza uma área de 62 m2 e um volume de 197,12 m3. A percentagem

vão/paramento é de 63,49%. Os desenhos não permitem apurar dados em relação à lotação da escola,

não sendo assim possível também calcular a área por aluno desta escola.

Na escola, contabiliza-se 4 oficinas, todas elas de dimensões diferentes. Para análise foi

escolhida a oficina de carpintaria, com a área mais semelhante aos restantes casos de estudo. Esta

com forma quadrada, conta com as dimensões de aproximadamente 14,4x14,4 metros, contabilizando-

se uma área de 207 m2 que para um pé direito de 3,5 metros, serve um volume de 724,5 m3. Sendo

que esta oficina é interior, não tem qualquer vão para o exterior, considerou-se não ter qualquer

orientação, e desse modo não é possível calcular a percentagem de vão por paramento. Não existem

dados em relação à lotação da sala de aula, não sendo possível calcular a área por aluno.

As salas de trabalhos manuais, num total de 4 estão distribuídas em vários pavilhões. Para

análise, foi escolhida como sala tipo, a sala de trabalhos manuais do corpo A1, no primeiro pavimento.

A sala tem dimensões de 7,70x16,30 metros com um pé direito de 3,2 metros, o que totaliza uma área

de 125,51 m2 e um volume de 401,63 m3. Orienta-se a Noroeste, com uma percentagem de vão por

paramento de 63,49%. Não existem dados em relação à lotação da sala da aula.

A biblioteca situada no piso superior do corpo AD, de forma irregular, tem uma área de 105 m2,

e uma cobertura inclinada, sendo que foi considerada para a análise o valor de 2,6 metros, sendo este

o pé direito mais baixo da biblioteca. Sendo assim, calcula-se um volume de 273 m3. Sendo que a

biblioteca tem vãos em todas as direcções, considera-se que se orienta a todos os pontos cardeais,

com uma percentagem de vão por paramento de 22,67%, sendo que para uma área de parede de

164,67 m2, 37,28 m2 são de vão. Tal como as restantes salas, não existem dados de lotação.

O ginásio tem uma forma rectangular com dimensões de 29,80x20 metros com uma área

aproximadamente de 600 m2. Com um pé direito de 7,2 metros, contabiliza-se um volume de 4320 m3.

A percentagem de vão por paramento situa-se nos 11,60%, tendo o ginásio um perímetro de 100

metros, calculando-se uma área de parede de 720 m2, e uma área de vão de 83,54 m2 distribuídos ao

longo das quatro paredes.

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44

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45

07 | Estudo Normalizado para a Escola Preparatória do Ensino Secundário. Anteprojecto

(Escola Preparatória de Mafra), JCETS, 1968

A Escola Preparatória de Mafra, contém cinco dos seis espaços estudados. No programa das

escolas preparatórias já não estão incluídas as oficinas, e assim sendo não são incluídas neste

projecto.

Sendo este projecto organizado por pavilhões, as salas de aula distribuem-se nos vários corpos

de aulas (A1 e A6), sendo que para análise, foi considerada uma sala do pavilhão A1. A sala escolhida

é aproximadamente quadrada, com dimensões de 6,70x6,785 metros, totalizando uma área de 128,16

m2. Esta escola, tem o pé direito mais baixo de todos os casos de estudo, situando-se nos 2,88 metros,

totalizando um volume de 128,16 m3. Segundo os desenhos técnicos, cada sala de aula tem uma

lotação diferente, sendo que os lugares dos alunos são distribuídos de maneiras diferentes em cada

sala. Para análise considerou-se um valor médio entre todas as salas, de 32 alunos, sendo que se

calcula uma área por aluno de 1,39 m2. As salas orientam-se em várias direcções, dependendo do

pavilhão escolhido por cada pavilhão poder ter uma implantação diferente no terreno. Considerou-se

assim uma orientação a Este ou Oeste dependendo do pavilhão A1 escolhido. Com uma área de parede

de 19,54 m2 e uma área de vão de 7,3 m2, a percentagem de vão por paramento é de 37,36. Contam-

se 18 salas de aula distribuídas ao longo de 4 pavilhões de aulas.

As salas de trabalhos manuais situam-se nos pavilhões das aulas e para a análise foi escolhida

a sala do pavilhão A1 tal como no caso das salas de aula normais. De forma rectangular, com alguns

cortes, tem aproximadamente dimensões de 13,89x6,67 metros que totaliza uma área de 92,64 m2 com

um pé direito de 2,88 e um volume de 266,80 m3. Os desenhos técnicos contabilizam 8 mesas de

trabalho, que se deduzem ser cada uma para dois alunos, sendo que a lotação será então de 16 alunos,

o equivalente a metade de uma turma. A área por aluno é de 5,79 m2. Da mesma maneira que as salas

de aula, dependendo do pavilhão A1 escolhido pode ter uma orientação a Norte ou a Sul. A

percentagem de vão por paramento é de 61,75 sendo que 24,70 m2 são de vão e 40 m2 de parede.

Existem 4 salas de trabalhos manuais na escola.

A biblioteca situa-se no corpo central (C), de forma quase quadrada com dimensões de 6,33x

6,60 metros, totalizando uma área aproximada de 25 m2. Este pavilhão tem o pé direito de 3,20 metros,

equivalendo um volume de 80 m3. Orienta-se a Sul com uma percentagem de vão por paramento de

42%, equivalente a uma área de parede de 26,02 m2 e uma área de vão de 11,058 m2.

O ginásio divide-se em três (Ginásio 1, Ginásio 2, Ginásio 3) todos numa área open space de

forma rectangular e dimensões de 40,60 x 21,75 metros. Sendo uma área recortada conta-se apenas

848 m2 de área para um pé direito de 7 metros, totalizando um volume de 5936 metros. Orienta-se a

Este com essa parede de área 280 m2, e uma área de vão de 28 m2, traduzindo-se numa percentagem

de vão por paramento de 10%. Não conseguimos determinar a lotação do ginásio.

O museu localizado no corpo central (C), com ligação para a biblioteca tem uma forma irregular,

aproximadamente rectangular, com uma área total de 64 m2. Tendo um pé direito de 3,2 metros, o

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46

volume deste espaço é de 204,8 m3. O museu tem uma percentagem de vão por paramento de 90%,

sendo que praticamente toda a área de parede que contém um vão, está preenchida por vãos.

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47

4. RESULTADOS E ANÁLISES

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48

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49

4. RESULTADOS E ANÁLISES

Nesta fase do trabalho, procurou-se realizar uma análise comparativa sobre os dados

recolhidos dos sete casos de estudo. Para que a análise fosse coerente, dividiu-se os dados em várias

tabelas, ordenadas cronologicamente, desta vez por tipo de espaço, e não por escola, permitindo

comparar os diversos espaços em cada escola ao longo do tempo. Através destas tabelas, criaram-se

gráficos que permitem a realização de uma análise comparativa destes espaços, no período estudado.

4.1 SALAS DE AULA NORMAIS

Os dados relativos às salas de aula normais de cada escola que se consideraram fundamentais

analisar incluem: o ano de projecto, dimensões, lotação, área por aluno, percentagem de vão,

orientação e o número de salas de aula existentes.

DESIGNAÇÃO

An

o

La

rgu

ra (

m)

Co

mp

rim

en

to (

m)

Dir

eit

o (

m)

Áre

a (

m2)

Vo

lum

e (

m3)

Lo

taç

ão

Áre

a/A

lun

o

(m2/a

lun

o)

Vo

lum

e/A

lun

o

(m3/a

lun

o)

%V

ão

Áre

a d

e V

ão

(m

)

Ori

en

taç

ão

de

sa

las

Escola Industrial Machado de Castro

1915 6 10 3 60 180 - - - - - Norte 25

Escolas Técnicas e Elementares

1947 6 9 3,4 54 183,6 35 1,54 5,25 29,4 9 Sul 10

Escola Profissionais

1950 7 9 3,4 63 214,2 35 1,8 6,12 22,8 7 Sul 8

Escola Industrial Marquês de Pombal

1958 6,5 7,5 3,4 48,75 165,75 36 1,35 4,60 43,2 11,03 Sul 10

Projecto Mercúrio (800 alunos)

1960 7 8 3,5 56 196 36 1,56 5,44 35,7 10 Sul 12

Escola Industrial e Comercial de Évora

1965 7,7 8 3,2 61,6 197,12 - - - 63,5 16,25 Todas 16

Escola Preparatória de Mafra

1968 6,64 6,7 2,9 44,49 128,13 32 1,39 4,00 37,4 7,3 E-O 18

Tabela 1- Tabela Comparativa dos dados da Sala de Aula Normal

Analisou-se inicialmente as dimensões da sala de aula, concluindo-se que a largura nunca varia

muito, estando situada no intervalo dos 6 aos 7,7 metros, enquanto no comprimento se nota uma maior

diferença variando dos 6,7 aos 10 metros. Cronologicamente a sala de aula evolui de uma forma mais

rectangular, no início do século, para tendencialmente se aproximar da forma quadrada, ao longo do

tempo. Na figura seguinte demonstra-se a evolução das proporções da sala de aula nos 7 casos estudo,

identificando a sua razão (r), que ao longo dos anos se vai aproximando de 1.

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50

Figura 13- Evolução da forma da sala de aula

Foi também analisada a relação ao longo dos anos da área das salas de aula. A linha de

tendência demonstra uma pequena diminuição da dimensão da sala de aula, mas de uma forma

irregular ao longo dos anos. Denota-se um aumento da área das salas no projecto das escolas técnicas

e elementares, para as escolas profissionais, atingindo-se aí uma área máxima de 63 m2. Apesar dos

projectos serem semelhantes, o projecto das escolas profissionais exclui duas salas de aula que

existiam no projecto anterior, aumentando a área das salas de aula. Atinge-se a menor área de sala de

aula, no projecto da Escola Preparatória de Mafra, já no final do período estudado quando a forma da

sala de aula é praticamente regular.

Figura 14- Gráfico da evolução da área das salas de aula

De seguida foi analisado o pé direito das salas de aula e a sua evolução ao longo dos anos. É

notória a tendência da diminuição do pé direito ao longo dos anos, com especial ênfase no caso da

63

44,49

35

40

45

50

55

60

65

Escola Industrial

Machado de Castro

Escolas Técnicas e

Elementares

Escola Profissionais

Escola Industrial

Marquês de Pombal

Projecto Mercúrio

Escola Industrial e

Comercial de Évora

Escola Preparatória

de Mafra

1915 1947 1950 1958 1960 1965 1968

m2 Área da Sala de Aula

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51

Escola Industrial Machado de Castro5. Nota-se que o pé direito nos primeiros projectos é sempre

bastante semelhante ao longo dos anos variando entre valores de 3,4 a 3,5 metros. Refere-se assim,

que o pé direito das escolas analisadas diminui tendencialmente ao longo dos anos, atingindo o mínimo

de 2,88 metros no caso da Escola Preparatória de Mafra e o seu máximo na Escola Industrial Machado

de Castro situando-se este valor nos 4,6 metros.

Figura 15- Gráfico da evolução do pé direito das salas de aula

A lotação da sala de aula é um dado bastante relevante neste estudo, pois permite reflectir

sobre a área (m2) por aluno. Infelizmente, não se consegue apurar os dados para todas as escolas

deste estudo, mas abrange-se um alargado número de escolas, o suficiente para se conseguir tirar

conclusões ao longo do período estudado. No caso das salas de aula este dado está bastante completo

em todas as informações e desenhos disponibilizados.

No gráfico abaixo, assinalou-se a azul claro o volume por aluno de cada sala, a azul mais

escuro a área por aluno e a cinza a lotação de cada escola. Segundo a Carta das Construções

Escolares de 1965 a área por aluno deve se situar entre os 1,5 a 2,5 m2 por aluno, o que podemos

concluir que os valores medidos nas escolas estudadas encontram-se no limite desses valores, à

excepção da Escola Industrial Marquês de Pombal e da Escola Preparatória de Mafra, que não

cumprem essa recomendação, com 1,35 m2/ aluno e 1,39m3/aluno respectivamente. A área por alunos

nas escolas profissionais tem a maior área entre as restantes escolas com 1,80m2/aluno, estando

5 Como referido, os dados desta escola não são completamente rigorosos, devido tanto à falta de desenhos

técnicos, como da falta de qualidade de imagem de cada corte ou alçado, podemos assumir que aí se encontre o elemento que destoa desta tendência.

4,6

3,4 3,4 3,43,5

3,2

2,88

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

Escola Industrial

Machado de Castro

Escolas Técnicas e

Elementares

Escola Profissionais

Escola Industrial

Marquês de Pombal

Projecto Mercúrio

Escola Industrial e

Comercial de Évora

Escola Preparatória

de Mafra

1915 1947 1950 1958 1960 1965 1968

m2 Pé Direito

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52

dentro dos parâmetros pretendidos. O volume da sala de aula evolui quase proporcionalmente à área

por aluno. Quanto maior a área da sala de aula, maior é a área por aluno devido à lotação das salas

de aula ser bastante semelhante em todos os casos de estudo variando entre os 35 ou 36 alunos por

sala, apenas se notando uma maior diferença no último caso de estudo em que a lotação se situa nos

32 alunos, sendo a área desta sala de aula também a mais pequena de todos os casos de estudo.

Figura 16- Gráfico da evolução da lotação, área e volume por aluno nas salas de aula

Relativamente à luminosidade nas salas de aula, foi analisada a percentagem de vão por

paramento. Para esta análise considerou-se a percentagem de vão que existe em cada parede da sala

de aula. Refere-se que no caso de apenas uma das paredes da sala de aula conter um vão, apenas a

área dessa parede é considerada para o cálculo, seguindo esse método para o número de paredes

com vão existentes em cada sala de aula. Assim sendo foi desenhado um gráfico que representa a

área de parede a cinzento e a área de vão a azul. O gráfico não inclui dados da Escola Industrial

Machado de Castro pela inexistência dos mesmos.

Nas restantes escolas não se consegue identificar um padrão muito constante destas

percentagens, mas os valores variam quase sempre entre os 40 a 60 %, apenas se notando uma maior

diferença no caso das escolas técnicas e profissionais. É de notar que nesses casos de estudo não

existem alçados que nos permitam retirar os valores rigorosos, existindo apenas um dado que nos

informa que o vão deve ter uma fracção da área da sala de aula, e desse modo talvez o valor não seja

rigoroso o suficiente, e destoa um pouco dos restantes casos de estudo.

1,541,80

1,351,56

1,39

35 35 36 3632

5,25

6,12

4,60

5,44

4,00

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

Escolas Técnicase Elementares

EscolaProfissionais

Escola IndustrialMarquês de

Pombal

ProjectoMercúrio

EscolaPreparatória de

Mafra

Área/Aluno (m2/aluno) Lotação Volume/aluno (m3)

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53

Figura 17- Gráfico representativo da percentagem de vão por paramento nas salas de aula

Foi analisado de igual modo o valor absoluto dos vãos, sendo que se verifica praticamente a

mesma evolução em relação ao vão por paramento, sendo que o caso de estudo com menos área de

vão são as escolas profissionais. Segundo as Normas, o Estudos Normalizados 1 e 2 aplicam-se nas

Escolas Técnicas Elementares e nas Escolas Técnicas e Profissionais e a área de vão deve estar

situada no intervalo de 1/6 a 1/8 da área do pavimento. Apesar de cumprirem esta imposição normativa

as Escolas Técnicas e Profissionais verificam apenas o valor mínimo. Nos restantes projectos as

normas indicam que a sua área deve ser entre 1/5 a 1/8 da área do pavimento. O Projecto Mercúrio e

a Escola Preparatória de Évora cumprem este requisito, no entanto o projecto da escola Industrial

Marquês de Pombal e da Escola Industrial e Comercial de Évora situam-se um pouco acima destes

valores, talvez pelo facto de serem projectos específicos aplicados após o projecto normalizado.

29,422,8

35,7

63,49

43,2437,36

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

EscolaIndustrial

Machado deCastro

EscolasTécnicas e

Elementares

EscolasProfissionais

ProjectoMercúrio

EscolaIndustrial e

Comercial deÉvora

EscolaIndustrial

Marquês dePombal

EscolaPreparatória

de Mafra

1915 1947 1952 1960 1965 1958 1968

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54

Figura 18 - Gráfico representativo da área de vão (área mínima a laranja e área máxima a cinza segundo as

normas)

Em relação à orientação das salas de aula, são normalmente orientadas a Sul, exceptuando o

caso de estudo da Escola Industrial Machado de Castro que se situam a Norte, e a Escola Preparatória

de Mafra que tanto podem ser orientadas a Nascente como a Poente.

Outro aspecto importante a ressalvar, é o aumento do número de salas de aula nas escolas ao

longo do tempo. À excepção da Escola Industrial Machado de Castro que contém 25 salas de aula, a

partir daí todos os projectos têm tendência a ter um maior número de salas de aula. Conclui-se que tal

se pode dever ao facto de a dimensão das salas de aula também diminuir, como também ao longo dos

anos os projectos passaram a ser feitos em pavilhões o que pode ajudar a uma maior distribuição de

salas por estes pavilhões. Além disso, ao longo dos anos, o número de alunos a frequentar as escolas

também aumentou, logo era necessário um maior número de salas de aula para conseguir responder

a este problema.

97

11,03 10

16,25

7,3

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

EscolasTécnicas e

Elementares

EscolasProfissionais

EscolaIndustrial

Marquês dePombal

ProjectoMercúrio

EscolaIndustrial e

Comercial deÉvora

EscolaPreparatória

de Mafra

1947 1952 1958 1960 1965 1968

m2 Área de vão

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55

4.2 OFICINAS

Em relação às oficinas, analisou-se as suas dimensões, orientações e o número de salas de

aula. A quase ausência de valores relativos à lotação e percentagem de vão não permitiu considerar

estas análises. As Escolas Técnicas Elementares e a Escola Preparatória de Mafra não contêm dados

nesta análise, sendo que o primeiro projecto não inclui oficinas, e o segundo trata-se de uma Escola

Preparatória que devido à criação do Ciclo Preparatório do Ensino Secundário deixou de incluir no seu

programa este espaço.

DESIGNAÇÃO

An

o

La

rgu

ra (

m)

Co

mp

rim

en

to (

m)

Áre

a (

m2)

Dir

eit

o (

m)

Vo

lum

e (

m3)

Lo

taç

ão

Áre

a/A

lun

o

(m2/a

lun

o)

%V

ão

Ori

en

taç

ão

de

Ofi

cin

as

Escola Industrial Machado de Castro

1915 9,3 24 225 6,4 1440 - - - N, S, E 6

Escolas Técnicas e Elementares

1947 - - - - - - - - - 0

Escolas Profissionais

1950 16 25 405 3,4 1377 44 9,2 - O-E 8

Escola Industrial Marquês de Pombal

1958 13,2 27,37 181,3 4,9 888,13 - - 48,87 E - O 15

Projecto Mercúrio

1960 16 24 384 4,5 1728 - - 21,11 Todas 17

Escola Industrial e Comercial de Évora

1965 13,7 14,4 207 3,5 724,5 - - - - 4

Escola Preparatória de Mafra

1968 - - - - - - - - - 0

Tabela 2- Tabela comparativa dos dados das oficinas

Em relação às dimensões das oficinas, a maioria tem uma forma rectangular, exceptuando-se

o caso da Escola Industrial de Évora, em que a oficina tem medidas muito semelhantes em relação à

largura e comprimento. Nos restantes casos de estudo o comprimento situa-se entre os 24 e os 27,27

metros, notando-se uma maior diferença na largura que varia entre os 9,3 e os 16 metros. Na imagem

a baixo, verifica-se a evolução da sua forma e as suas proporções, sendo que tal como referido

anteriormente a razão (r) é semelhante em todos os casos de estudo, exceptuando o último que se

aproxima bastante de 1.

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56

Figura 19 - Evolução da forma da oficina

Em relação à área da oficina nota-se uma clara diminuição da sua área ao longo dos anos.

Salienta-se que o primeiro projecto para o ensino profissional, onde são incluídas as oficinas, é apenas

criado em 1950, determinando-se aí uma área normalizada da oficina que seria aplicada nos projectos

posteriores. Isto justifica o facto do projecto da Escola Industrial Machado de Castro fugir a esta regra.

Torna-se claro que a área vai diminuindo ao longo dos anos. O pico situa-se no ano de 1950 com o

primeiro projecto para as Escolas Profissionais, nos 405 m2, e diminui até ao ano de 1965 para apenas

207 m2 no caso da Escola Industrial e Comercial de Évora. O pé direito da oficina, ao contrário da área,

vai aumentando ao longo dos anos, exceptuando-se no caso da Escola de Évora que diminui. O caso

da Escola Industrial Machado de Castro é considerado uma excepção pelo facto mencionado

anteriormente de que a Escola foi construída antes do primeiro projecto das escolas profissionais, que

determinam o modelo da oficina.

Figura 20- Gráfico da evolução da área da oficina

405

207

150

200

250

300

350

400

450

Esc

ola

Ind

ust

ria

l Ma

cha

do

d

e C

ast

ro

Esc

ola

s T

écn

ica

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E

lem

en

tare

s

Esc

ola

s P

rofi

ssio

na

is

Esc

ola

Ind

ust

ria

l Ma

rqu

ês

de

Po

mb

al

Pro

ject

o M

erc

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o

Esc

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Ind

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ria

l e

Co

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l de

Évo

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Esc

ola

Pre

pa

rató

ria

de

M

afr

a

1915 1947 1950 1958 1960 1965 1968

m2 Área da Oficina

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57

Figura 21- Gráfico da evolução do pé direito das oficinas

Em relação à orientação da sala de aula, na maioria dos casos de estudos os pontos cardeais

preferencialmente escolhidos são nascente e poente, sendo que se podem orientar também a Sul ou

Norte.

6,4

3,4

4,94,5

3,53

4

5

6

7

Esc

ola

Ind

ust

ria

l Ma

cha

do

d

e C

ast

ro

Esc

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s T

écn

ica

s e

E

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ust

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l e

Co

me

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l de

Évo

ra

Esc

ola

Pre

pa

rató

ria

de

M

afr

a

1915 1947 1950 1958 1960 1965 1968

m2 Pé Direito da Oficina

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58

4.3 TRABALHOS MANUAIS

As salas de trabalhos manuais foram analisadas em relação a dimensões, orientação e número

de salas, dado que a lotação e a percentagem de vão não contém dados suficientes para uma análise

evolutiva. As Escolas Profissionais e a Escola Industrial Marquês de Pombal não incluem salas de

trabalhos manuais, e desse modo não estão incluídas nesta análise.

DESIGNAÇÃO

An

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lum

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m3)

Lo

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ão

%V

ão

Ori

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ão

de

Sa

las

Escola Industrial Machado de Castro

1915 9,25 10,6 98,05 6,4 628 - - S-O 3

Escolas Técnicas Elementares

1947 8 16 128 3,4 435,2 36 - O-E 6

Escolas Profissionais

1950 - - - - - - - - 0

Escola Industrial Marquês de Pombal

1958 - - - - - - - - 0

Projecto Mercúrio

1960 8 16 128 4,5 576 - 21,1 Todas 6

Escola Industrial e Comercial de Évora

1965 7,7 16,3 125,5 3,2 401,63 - 63,5 Noroeste 4

Escola Preparatória de Mafra 1968 6,67 13,9 92,65 2,88 266,82 16 61,7

Sul ou Norte

4

Tabela 3- Tabela comparativa dos dados das salas de trabalhos manuais

Em relação às dimensões, as salas de trabalhos manuais funcionam quase como as oficinas,

dado que à excepção do caso da Escola Industrial Machado de Castro que tem a forma quase

quadrada, em todas as outras escolas as oficinas têm uma forma rectangular bastante acentuada. As

larguras das salas de aula variam dos 6,67 aos 9,25 metros e os comprimentos dos 10,6 aos 16,3

metros. A Razão (r) de proporção é bastante semelhante em todos os casos (entre 0,47 e 0,5) à

excepção do primeiro que é de 0,87.

Figura 22 - Evolução da Forma da Sala de Trabalhos Manuais

Page 71: A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal · A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal: Transformações e Evolução Ana Cláudia Amaro Moreira de Oliveira Dissertação

59

Analisou-se de seguida a área da sala trabalhos manuais, que vai diminuindo tendencialmente

ao longo do período estudado. A Escola Industrial Machado de Castro foge à regra, tendo uma área

menor que as Escolas Técnicas Elementares que, deduzindo que por ter sido construída anteriormente

aos projectos da JCETS, ainda não é um projecto normalizado, e não segue as mesmas características

das escolas posteriores. Os projectos com maior área são os das Escolas Técnicas Elementares e o

Projecto Mercúrio com 128 m2, sendo que o projecto da Escola Industrial e Comercial de Évora, não se

desvia muito desse valor, com 125,5 m2. A maior diferença é notória na Escola Preparatória de Mafra,

onde o valor diminui para 92,65 m2 , sendo que o programa para esta escola era diferente das

anteriores, tratando-se de uma escola preparatória, onde as salas de trabalhos manuais, não teriam

um papel tão fundamental como seria nos restantes casos de estudo.

Figura 23- Gráfico da Evolução da área da sala de Trabalhos manuais

128

92,6

80

90

100

110

120

130

140

Esc

ola

Ind

ust

ria

l Ma

cha

do

de

C

ast

ro

Esc

ola

s T

écn

ica

s e

Ele

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Esc

ola

Ind

ust

ria

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Pro

ject

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80

0 a

lun

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Esc

ola

Ind

ust

ria

l e C

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e

Évo

ra

Esc

ola

Pre

pa

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ria

de

Ma

fra

1915 1947 1950 1958 1960 1965 1968

m2 Área da Sala de Trabalhos Manuais

Page 72: A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal · A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal: Transformações e Evolução Ana Cláudia Amaro Moreira de Oliveira Dissertação

60

Figura 24 – Gráfico da evolução do pé direito da sala de trabalhos manuais

Relativamente ao pé direito da sala de trabalho manuais, há uma clara diminuição da sua altura,

o que pode ser explicado pelo facto de que os edifícios no início do século teriam todos um pé direito

maior do que os mais recentes. A Escola Industrial Machado de Castro tem o maior pé direito com 6,4

metros, o que se deve ao facto de os edifícios dessa época incluírem dimensões maiores. Nos restantes

projectos nota-se uma maior discrepância de valores em relação à escola referida anteriormente, sendo

que o menor valor medido é de apenas 2,88 metros, no caso da escola Preparatória de Mafra, o caso

de estudo mais próximo da actualidade.

Em relação às orientações das salas de aula, não se denota nenhum padrão dado que se em

todos os casos de estudo se encontram diversas orientações para este espaço. O número de salas de

aula não varia muito, sendo que a Escola Técnica Elementar terá o maior número de salas (6), talvez

devido ao facto ter um corpo completamente dedicado a esta disciplina e o Projecto Mercúrio que para

além das 4 salas que também têm as outras escolas, ainda inclui mais duas de trabalhos manuais

femininos, visto esta ser uma escola dedicada ao ensino misto.

6,4

3,4

4,5

3,2

2,88

2

3

4

5

6

7

Esc

ola

Ind

ust

ria

l Ma

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do

de

C

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Esc

ola

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ola

Ind

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ria

l Ma

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80

0 a

lun

os)

Esc

ola

Ind

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l e C

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Évo

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Esc

ola

Pre

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de

Ma

fra

1915 1947 1950 1958 1960 1965 1968

m2 Pé Direito da Sala de Trabalhos Manuais

Page 73: A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal · A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal: Transformações e Evolução Ana Cláudia Amaro Moreira de Oliveira Dissertação

61

4.4 BIBLIOTECA

Na biblioteca deu-se prioridade à análise da área, do pé direito, e da orientação e percentagem

de vão. Factores como a lotação e área por aluno não foram considerados nesta análise pois trata-se

de um espaço utilizado por todos os estudantes, em diferentes períodos do dia. Não se inclui nesta

análise o número de salas existente porque todas as escolas têm apenas uma biblioteca.

DESIGNAÇÃO

An

o

Áre

a(m

2)

Dir

eit

o(m

)

Ori

en

taç

ão

%V

ão

Escola Industrial Machado de Castro

1915 100 6,4 Norte-Oeste

-

Escolas Técnicas Elementares

1947 90 3,4 Norte -

Escolas Profissionais

1950 145 3,4 Oeste -

Escola Industrial Marquês de Pombal

1958 70 3,4 Sul 32,44

Projecto Mercúrio

1960 168 3,5 Sul 71,43

Escola Industrial e Comercial de Évora

1965 105 2,6 Todas 22,67

Escola Preparatória de Mafra

1968 25 3,2 Sul 42,5

Tabela 4 - Tabela comparativa dos dados da biblioteca

Figura 25- Gráfico da evolução da área da biblioteca

168

25

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Escola Industrial

Machado de Castro

Escolas Técnicas e

Elementares

Escolas Profissionais

Escola Industrial

Marquês de Pombal

Projecto Mercúrio

Escola Industrial e

Comercial de Évora

Escola Preparatória

de Mafra

1915 1947 1950 1958 1960 1965 1968

m2 Área da Biblioteca

Page 74: A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal · A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal: Transformações e Evolução Ana Cláudia Amaro Moreira de Oliveira Dissertação

62

Figura 26 – Gráfico da evolução do pé direito do ginásio

Ao longo do período estudado, denota-se uma grande diminuição da área da biblioteca, mas

não se correspondendo, no entanto, a um padrão. É bastante notória a diminuição da área no caso de

estudo da Escola Preparatória de Mafra, sendo que é de apenas 25 m2. O projecto Mercúrio inclui a

maior área com cerca de 168 m2.

Em relação ao pé direito da biblioteca varia muito. Contudo na maioria dos projectos é de 3,4

a 3,5 metros. O projecto da Escola Industrial Machado de Castro evidencia uma clara diferença, devido

ao facto de neste projecto, este espaço inclui um duplo pé direito onde na zona superior se inclui uma

mezzanine que funcionava como espaço de estudo de apoio à biblioteca. A Escola Industrial e

Comercial de Évora tem o menor pé direito de apenas 2,6 metros.

Relativamente à orientação não se um encontra um padrão, sendo que nos projectos no início

do período em estudo, estes espaços orientavam-se tendencialmente a Norte ou Oeste, enquanto que

a partir de 1958, se orienta para Sul. No caso da Escola Industrial e Comercial de Évora está orientada

a todos os quadrantes pois ocupa um piso inteiro.

6,4

3,4 3,4 3,4 3,5

2,6 3,2

2

3

4

5

6

7

Esc

ola

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Ma

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1915 1947 1950 1958 1960 1965 1968

m2Pé Direito da Biblioteca

Page 75: A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal · A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal: Transformações e Evolução Ana Cláudia Amaro Moreira de Oliveira Dissertação

63

4.5 GINÁSIO

Em relação ao ginásio apenas se tratou as conclusões em relação à área de ginásio, ao seu

pé direito e à percentagem de vão por paramento, pois se tratando de espaço de desporto não há

propriamente dados que nos elucidem acerca da lotação deste espaço, logo não faz sentido calcular a

área por aluno, e salvo raras excepções apenas existe um ginásio por escola. A orientação também

não foi inserida nesta análise gráfica por se tratar de um pavilhão independente em que a maior parte

das vezes tem iluminação de todos os pontos cardeais.

DESIGNAÇÃO

An

o

Áre

a (

m2)

-Dir

eit

o (

m)

%V

ão

s

Escola Industrial Machado de Castro 1915 500 Escolas Técnicas Elementares 1947 405 6 Escolas Profissionais 1950 440 6 Escola Industrial Marquês de Pombal 1958 466 6 5,5 Projecto Mercúrio 1960 375 6 36 Escola Industrial e Comercial de Évora 1965 600 7,2 11,6 Escola Preparatória de Mafra 1968 848 7 10

Tabela 5- Tabela comparativa dos dados do ginásio

Achou-se determinante nesta análise ao pavilhão de ginástica, a evolução da área e o pé direito

deste pavilhão. Para isso criaram-se dois gráficos elucidativos da evolução destes parâmetros ao longo

do período estudado:

Page 76: A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal · A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal: Transformações e Evolução Ana Cláudia Amaro Moreira de Oliveira Dissertação

64

Figura 27 - Gráfico da Evolução da área do ginásio

Figura 28- Gráfico da evolução do pé direito do ginásio

848

375

250

350

450

550

650

750

850

Esc

ola

Ind

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ria

l Ma

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Esc

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s T

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Pre

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Ma

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1915 1947 1950 1958 1960 1965 1968

m2 Área do Ginásio

6 6

6,4

6

7,2

7

5

6

7

8

Esc

ola

Ind

ust

ria

l Ma

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do

de

C

ast

ro

Esc

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s T

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ica

s e

Ele

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nta

res

Esc

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rofi

ssio

na

is

Esc

ola

Ind

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ria

l Ma

rqu

ês

de

P

om

ba

l

Pro

ject

o M

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úri

o

Esc

ola

Ind

ust

ria

l e C

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ial d

e

Évo

ra

Esc

ola

Pre

pa

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ria

de

Ma

fra

1915 1947 1950 1958 1960 1965 1968

m2Pé-Direito do Ginásio

Page 77: A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal · A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal: Transformações e Evolução Ana Cláudia Amaro Moreira de Oliveira Dissertação

65

Na análise destes dois gráficos, conclui-se que a área do ginásio ao longo do tempo foi

tendencialmente crescendo, acompanhando este processo também com um aumento do pé direito

deste espaço. O ginásio da Escola Preparatória de Mafra tem a maior área (848 m2), sendo que este

ginásio é dividido em três ginásios mais pequenos, todos incluídos na mesma área.

Em relação à percentagem de vão, apenas o projecto Mercúrio tem uma percentagem maior,

sendo que nos restantes projectos, o valor é bastante mais baixo em relação aos restantes espaços

estudados, dado que o ginásio tem um grande pé direito e na maior parte dos casos, o vão trata-se de

um pequeno rasgão na parte superior da parede, logo a sua área é bastante pequena em relação à

parede. Em relação à orientação, estes vãos são normalmente orientados em duas direcções opostas

(Norte-Sul ou Este-Oeste).

Page 78: A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal · A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal: Transformações e Evolução Ana Cláudia Amaro Moreira de Oliveira Dissertação

66

4.6 MUSEU

Em relação ao museu considerou-se importante analisar a sua área, o seu pé direito, tal como

questões de luminosidade tratando-se a percentagem de vãos e também a sua orientação.

DESIGNAÇÃO

An

o

Áre

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2)

Dir

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Ori

en

taç

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%V

ão

Escola Industrial Machado de Castro 1915 - - - - Escolas Técnicas Elementares 1947 140 3,4 Norte - Escolas Profissionais 1952 65 3,4 Sul - Escola Industrial Marquês de Pombal 1958 88,7 3,4 Sul 33,2 Projecto Mercúrio 1960 56 3,5 Norte 100 Escola Industrial e Comercial de Évora 1965 - - - - Escola Preparatória de Mafra 1968 64 3,2

Este - Oeste 90

Tabela 6- Tabela comparativa dos dados do museu

Na análise da área do museu, consegue-se perceber que esta reduziu significantemente ao

longo dos anos, estando este espaço ausente em dois dos sete casos de estudo. A área de museu vai

diminuindo tendencialmente ao longo do período estudado, sendo que se daria mais importância a este

espaço no projecto para as Escolas Técnicas Elementares, onde a área era de 140 m2. Nos projectos

mais recentes, a área deste espaço é reduzida para mais de metade, como por exemplo na Escola

Preparatória de Mafra onde é de apenas 64 m2.

Relativamente ao pé direito, este não varia muito ao longo do tempo, situando-se no intervalo

de 3,2 a 3,5 metros quase sempre incluído no corpo de aulas. Em relação à sua orientação não se

encontra um padrão visto que se orienta em qualquer direcção ao longo do tempo. A percentagem de

vão por paramento é bastante elevada visto que na maior parte dos casos a janela ocuparia quase a

totalidade do museu.

Page 79: A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal · A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal: Transformações e Evolução Ana Cláudia Amaro Moreira de Oliveira Dissertação

67

Figura 29 - Gráfico da evolução da área do museu

Figura 30 -Gráfico da evolução do pé direito do Museu

140

56

20

40

60

80

100

120

140

Esc

ola

Ind

ust

ria

l Ma

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do

de

Ca

stro

Esc

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s T

écn

ica

s e

Ele

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Esc

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Pre

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m2

Área do Museu

3,4 3,4 3,4

3,5

3,2

3,1

3,2

3,3

3,4

3,5

Esc

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Ind

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ria

l Ma

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do

de

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ast

ro

Esc

ola

s T

écn

ica

s e

Ele

me

nta

res

Esc

ola

s P

rofi

ssio

na

is

Esc

ola

Ind

ust

ria

l Ma

rqu

ês

de

P

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l

Pro

ject

o M

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úri

o (

80

0 a

lun

os)

Esc

ola

Ind

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l e C

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e

Évo

ra

Esc

ola

Pre

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rató

ria

de

Ma

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1915 1947 1952 1958 1960 1965 1968

m2Pé Direito

Page 80: A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal · A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal: Transformações e Evolução Ana Cláudia Amaro Moreira de Oliveira Dissertação

68

Concluindo, é notória a existência de padrões na maioria dos espaços nas diferentes escolas,

ao longo do período estudado.

Em relação à sala de aula, conclui-se que a sua área, volume e pé direito vai diminuindo

tendencialmente ao longo dos anos, enquanto que a área por aluno mantém quase sempre os mesmos

valores. A forma da sala de aula, que inicialmente teria uma forma rectangular, tendencialmente vai-se

aproximando da proporção 1:1, passando a adoptar uma forma mais aproximada do quadrado. Em

relação aos vãos, a sala de aula tem preferencialmente a orientação a Sul.

Relativamente às oficinas, a sua área vai diminuindo ao longo dos anos, no entanto o seu pé

direito vai variando, sendo que até meio do período estudado aumenta, e depois vai diminuindo. A sua

forma é preferencialmente rectangular, sendo que a única excepção é a da Escola Industrial e

Comercial de Évora, onde adopta a forma quase quadrada.

No caso das salas de trabalhos manuais, estas utilizam quase a mesma ideia que as salas das

oficinas, adoptando a forma rectangular. As suas dimensões vão aumentando até meio do período

estudado e diminuindo na outra metade. O seu pé direito diminui ao longo do tempo.

Em relação à biblioteca, não se encontra um padrão em relação à sua área, sabendo-se apenas

que ela vai diminuindo, mas com bastantes variações ao longo dos anos. O seu pé direito é o dado

mais estável, dado que se situa quase sempre entre os 3,4 ou 3,5 metros. A sua orientação também

não permite encontrar um padrão, mas tendencialmente se orienta a Norte ou Este até 1958, e depois

se passa a orientar a Sul.

O ginásio aumentou sua área e o seu pé direito ao longo dos anos. Orienta-se quase sempre

em duas direcções opostas (Norte-Sul ou Este-Oeste) e a percentagem de vão em relação à parede, é

quase sempre baixa, pois a solução de vãos utilizada nos ginásios era quase sempre de um pequeno

rasgão no topo da parede em todo o seu comprimento.

Por último, em relação ao museu, a sua área vai diminuindo ao longo dos anos. No entanto o

seu pé direito mantém-se bastante constante ao longo deste período. Não se encontra um padrão em

relação à sua orientação. Verifica-se, no entanto, que a percentagem de vão por paramento é bastante

elevada.

Page 81: A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal · A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal: Transformações e Evolução Ana Cláudia Amaro Moreira de Oliveira Dissertação

69

5.CONCLUSÕES

Page 82: A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal · A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal: Transformações e Evolução Ana Cláudia Amaro Moreira de Oliveira Dissertação

70

Page 83: A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal · A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal: Transformações e Evolução Ana Cláudia Amaro Moreira de Oliveira Dissertação

71

Considerações Finais

A presente dissertação teve como principal objectivo analisar um conjunto de espaços lectivos

do edifício escolar destinado ao ensino técnico, desde o início do século XX até ao início da década de

1970, identificando e analisando as características morfológicas e dimensionais dos mesmos. Através

de material de estudo previamente recolhido, procedeu-se à sua análise, inicialmente por escola,

procurando identificar as principais dimensões de cada tipo de sala de aula, a sua utilização, o

mobiliário, a lotação, as soluções arquitectónicas utilizadas para a iluminação, circulação e disposição

dos corpos lectivos e não lectivos em relação a estes e, ao terreno em que se encontram implantados.

Posteriormente foi feita a análise por tipo de espaço lectivo ou não lectivo de modo a conseguir

identificar padrões que correlacionassem as escolas técnicas.

O estudo permitiu identificar dois momentos na concepção de escolas técnicas em Portugal.

O primeiro correspondente ao período de concepção da Escola Industrial Machado de Castro,

denunciando um primeiro investimento no ensino técnico após a implantação da República, mas

reflectindo ainda o Plano da Organização do Ensino Industrial e Comercial, de António Augusto de

Aguiar. O projecto para a Escola Industrial Machado de Castro, projectada e construída no início do

século, antes da criação da JAAES e JCETS, constitui assim um caso especial.

O segundo momento, correspondente à acção da JCETS (1934-1969), em particular após a

reforma do ensino técnico de 1947/48, marcado pelo desenvolvimento de projectos de normalização.

A prática de uniformização do programa, iniciada em 1930 por este organismo para os programas

liceais, e continuada para as escolas técnicas a partir de 1947, em conjunto com estratégias de controlo

de custos estão na base de uma estratégia de uniformização dos projectos. A actividade da JCETS

reflecte, no entanto, distintas opções arquitectónicas: um primeiro período, até ao final da década de

1950, de alguma continuidade com as opções arquitectónicas que marcaram a concepção dos edifícios

liceais dos anos 1940, de uniformização dos projectos filiados numa concepção de forte sentido

nacionalista, reflexo dos ideais políticos e pedagógicos do Estado Novo. Um segundo período, marcado

pela influência internacional que a equipa da JCETS estabeleceu com organismos intergovernamentais

e com o contacto com a experiência inglesa na construção escolar, com resultados na alteração dos

métodos de projecto (desenvolvimento de projetos-tipo), na adopção de novos métodos e sistemas

construtivos (modulação e normalização da construção), da aplicação de novos modelos de

aprendizagem mais activos e centrados no alunos, e em estratégias de controlo de custos e de

ocupação intensiva do espaço escolar.

A sistematização de projecto e construção que marca a acção da JCETS apoia-se numa

intenção de normalização do programa de espaços para os diferentes tipos de ensino técnico (ensino

técnico elementar, industrial, comercial e industrial e comercial), traduzida num documento de apoio à

realização do projecto designado por “Normas de apoio ao projecto-tipo”, realizado pela mesma

entidade. .Estas normas, em conjunto com a legislação em vigor vão permitir o desenvolvimento dos

projectos que garantam uma rápida generalização do ensino técnico por todo o país, através de uma

construção mais rápida, do aperfeiçoamento de soluções construtivas e do desenvolvimento de novas

Page 84: A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal · A Arquitectura das Escolas Técnicas em Portugal: Transformações e Evolução Ana Cláudia Amaro Moreira de Oliveira Dissertação

72

soluções tipológicas mais económicas (pavilhão) e que se adaptam a terreno de diferentes

configurações e pendentes.

Um olhar mais atento sobre os parâmetros em análise na presente dissertação permite

relacionar as opções arquitectónicas com as principais políticas educativas relativas ao ensino técnico,

com os requisitos pedagógico e também com os desenvolvimentos técnico-construtivos. A diminuição

do pé-direito dos espaços lectivos, para além da economia que representa em termos de custos,

denuncia também uma vontade de humanização do espaço lectivos, aproximando-o da escala dos

seus utilizadores, e uma adaptação à estrutura reticulada de betão armado, com maior expressão a

partir da década de 1960. Também a alteração formal do espaço da sala de aula, de um espaço

rectangular para um espaço mais quadrado, representa uma mudança no método de ensino, e na

alteração da relação hierárquica professor-aluno: o espaço rectangular direccionado para o conjunto

professor-quadro-estrado, é substituído por um espaço quadrangular que privilegia o centro da sala (o

espaço do aluno). De referir ainda que a diminuição de área da generalidade dos espaço lectivos

(relação área/volume por aluno) foi acompanhado por uma maior exigência a nível das suas condições

de habitabilidade, garantindo condições térmicas e lumínicas mais adequadas, e mobiliário desenhado

de acordo com as exigência pedagógicas, permitindo uma maior flexibilidade de arranjo do espaço. É

necessário referir ainda que o espaço da biblioteca e do museu não sofrem grandes alterações ao

longo do tempo, não ocupando uma posição privilegiada na articulação do programa de espaços,

denunciando uma ausência de estratégia educativa-pedagógica destes espaços no processo

educativo. Finalmente, os valores relativos ao espaço do ginásio, confirmam a importância atribuída à

educação física, em particular a partir de 1960. Esta espaço vai progressivamente autonomizar-se dos

restantes espaços lectivos, num pavilhão especificamente desenhado para o acolher, quer por razões

associadas às novas exigências do programa daquela disciplina quer por incompatibilidade funcional

com o novo espaço central da escola e do refeitório.

É de notar também a evolução tipológica das escolas técnicas, que evoluíram de edifícios

compactos de corredor central, para conjunto de blocos funcionais e finalmente distribuição de espaço

por pavilhões autónomos. A Escola Industrial Machado de Castro representa os projectos do início do

século, de edifício único que acolhia todos os espaços lectivos e oficinais da escola. Os espaço lectivos,

de dimensões e pé-direito generosas e iluminados por grandes vãos que permitiam a higienização do

espaço interno, organizam-se ao longo de um corredor central. Os projectos desenvolvidos entre o final

da década de 40 e toda a década de 50, que sistematizam o programa de espaços em blocos funcionais

(espaços lectivos, ginásio/refeitório e oficinas) ligados por galerias exteriores cobertas. E finalmente,

os projectos normalizados da década de 1960, que elegem a tipologia pavilhonar para organização dos

espaço lectivos e não lectivos. Trata-se de uma solução que se apoia na modulação estrutural, na

normalização construtiva e na uniformização das soluções arquitectónicas. É uma solução

essencialmente económica, que organiza em pavilhões autónomos os espaços das salas de aula,

oficinas e ginásio, que tornaria muito mais simples a sua implantação em diferentes terrenos.

Conclui-se também a importância de alguns espaços nos projectos apresentados reflectindo

opções educativas e pedagógicas que reconhece a importância do ensino activo e experimental: a

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Escola Industrial Machado de Castro destaca-se a extensa área de oficinas de serralharia e

electricidade e um novo pavilhão para os laboratórios e oficinas específicas de áreas introduzidas pela

primeira vez nesta escola, deslocando as salas de aula normais para o edifício antigo. No projecto para

as Escolas Técnicas Elementares (1947) refere-se a importância atribuída às salas de trabalhos

manuais, no conjunto dos espaços lectivos, que ocupam uma área semelhante à implantação do

pavilhão das salas de aula. O mesmo acontece nas Escolas Técnicas Profissionais com o pavilhão das

oficinas. A Escola Industrial e Comercial de Évora destaca-se pela nova reestruturação da disposição

dos pavilhões, em núcleos, em torno de um pátio central, onde além do pavilhão de oficinas, as salas

mais práticas (desenho e trabalhos manuais) ocupam uma maior área que as salas de aula e de

ciências.

Por fim, uma referência ao projecto para o estudo normalizado para a Escola Preparatória do

Ensino Secundário (EPES) de 1968, que representa, de certo modo, o início do fim da estratégia de

compartimentação em que assentou o sistema educativo do Estado Novo, diferenciando a via de ensino

liceal da via de ensino técnico. O projecto desenvolvido reflecte um novo programa que expressa a

finalidade deste novo ciclo de ensino que corresponde a um alargamento de visão adquirida na

primária, identificando três princípios educativos: informar, formar e integrar, e orientar o alunos

segundo as suas aptidões. Opta-se, assim, pela decomposição do volume-edifício escolar em núcleos-

pavilhões que facilmente se implantam a diferentes cotas e segundo distintas configurações de terreno

e que assenta a organização dos espaços numa forte correlação entre todas as disciplinas.

Perspectivas e Desenvolvimentos Futuros

A presente dissertação desenvolve uma metodologia de análise de várias tipologias de edifícios

escolares. Esta metodologia poderia ser aplicada a outros níveis de ensino, desde o ensino primário

ao ensino universitário, em diversos contextos, locais, ou épocas históricas. Apesar do ensino técnico

ter sido reformulado, existem ainda muitas escolas em funcionamento que foram construídas na época

analisada, por isso este estudo pode funcionar como uma referência na adaptação dessas escolas.

Seria pertinente verificar como é que as escolas se foram adaptando às necessidades actuais, tendo

em conta as premissas originais da sua concepção. Dentro do tema das Escolas Técnicas, existem

muitos mais projectos, muitos deles normalizados, e aplicados em várias zonas do país. Através desses

projectos conseguir-se-ia obter mais dados e parâmetros de análise, de modo a conseguir um estudo

mais abrangente.

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7.REFERÊNCIAS

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REFERÊNCIAS

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Decreto-Lei nº 5029, de 1 de Dezembro de 1918

Decreto-Lei nº 15942, de 11 de Setembro de 1928

Decreto-Lei nº 2864, de 21 de Abril de 1938

Decreto-Lei nº 36507, de 17 de Setembro de 1957

Decreto-Lei nº 37028, de 25 de Agosto de 1948

Decreto-Lei nº 47480, de 2 de Janeiro de 1967

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desenhadas.

JUNIOR, Silva (1915) – “Edifício da Escola Industrial “Machado de Castro” na Rua Saraiva de Carvalho”

in Arquitectura Portuguesa nº 6. Lisboa: Centro Topográfico Colonial, 21-24

Lei nº 2025, de 19 de Junho de 1947

NÓVOA, António (1992) “A Educação Nacional”. In: Nova História de Portugal, dir. Joel Serrão e A. H.

de Oliveira Marques, volume XII, Portugal e o Estado Novo (1930-1960), coord. Fernando Rosas.

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PEREIRA, Clara (2012) – Caracterização construtiva e do estado de degradação das escolas do ensino

secundário, Caso de Estudo: Escolas Industriais e Comerciais, Dissertação para obtenção do Grau de

Mestre em Construção e Reabilitação, Instituto Superior Técnico – Universidade Técnica de Lisboa

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Construção, Instituto Superior Técnico – Universidade Técnica de Lisboa

Fontes Documentais:

Núcleo de Arquivo Técnico de Construções Escolares, da Secretaria-Geral do Ministério da Educação

e Ciência

Consulta dos seguintes processos de projectos:

- Escolas Técnicas Elementares. Anteprojecto tipo, JCETS (1947)

- Escolas Profissionais. Anteprojecto, JCETS (1950)

- Estudo sobre Escolas Técnicas, JCETS (1952)

- Processo da Escola Industrial Marquês de Pombal, JCETS (1958)

- 1º Estudo Normalizado. Escolas Industriais e Comerciais. Estudos de Normalização (Projecto

Mercúrio), JCETS (1960)

- 3º Estudo Normalizado. Escolas Industriais e Comerciais. Escola Industrial e Comercial de

Évora, JCETS (1966)

- Estudo Normalizado para a Escola Preparatória do Ensino Secundário. Anteprojecto (Escola

Preparatória de Mafra), JCETS (1968)

Relatórios:

- MOP-JCETS. 1952. Novas Instalações de edifícios de Liceus e Escolas do Ensino Técnico

Profissional inauguradas no ano de 1952. Lisboa.

- MOP-JCETS. 1958. Novas Instalações para o Ensino Técnico Profissional inauguradas no

ano de 1958. Lisboa.

- MOP-JCETS. 1959. Novas Instalações inauguradas em 1959. Lisboa.

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- MOP-JCETS. 1961. Novas Instalações de Escolas Técnicas e Liceus a inaugurar em Abril e

Maio de 1961. Lisboa.

- MOP-JCETS. 1962. Novas Instalações de Escolas Técnicas a inaugurar em 1962. Lisboa.

- MOP-JCETS. 1963. Novas Instalações de Escolas Técnicas a inaugurar em 1963. Lisboa.

- MOP-JCETS. 1964. Novas Instalações de Liceus a inaugurar em 1964. Lisboa.

- MOP. 1952. Melhoramentos inaugurados oficialmente em 1952. Lisboa.

- MOP. 1955. Melhoramentos inaugurados oficialmente em 1955. Lisboa.

- MOP. 1956. Melhoramentos inaugurados de 20 a 29 de Maio 1956. Lisboa.

- MOP. 1960. Melhoramentos a inaugurar no período de 27 de Abril a 28 de Maio. Lisboa.

- MOP. 1951. “Obras Públicas concluídas em 1950”. Boletim do Comissariado do Desemprego.

Lisboa.

- MOP. 1961. “Obras Públicas concluídas em 1960”. Boletim do Comissariado do Desemprego.

Lisboa.

- MOP. 1962. “Obras Públicas concluídas em 1961”. Boletim do Comissariado do Desemprego.

Lisboa.

- MOP. 1963. “Obras Públicas concluídas em 1962”. Boletim do Comissariado do Desemprego.

Lisboa.

- MOP. 1964. “Obras Públicas concluídas em 1963”. Boletim do Comissariado do Desemprego.

Lisboa.

- MOP. 1965. “Obras Públicas concluídas em 1964”. Boletim do Comissariado do Desemprego.

Lisboa.

- MOP. 1966. “Obras Públicas concluídas em 1965”. Boletim do Comissariado do Desemprego.

Lisboa.

- MOP. 1967. “Obras Públicas concluídas em 1966”. Boletim do Comissariado do Desemprego.

Lisboa.

- MOP. 1970. “Obras Públicas concluídas em 1969”. Boletim do Comissariado do Desemprego.

Lisboa.