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7. I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917) e crise sistêmica Gilberto Maringoni – UFABC - 2014

7. I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917) e crise sistêmica

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7. I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917) e crise sistêmica Gilberto Maringoni – UFABC - 2014. Programação 25 de abril: Devolução das provas – - PowerPoint PPT Presentation

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• 7. I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917) e crise sistêmica

Gilberto Maringoni – UFABC - 2014

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Programação

25 de abril: Devolução das provas – I Guerra Mundial e Revolução Russa

POLANYI, Karl, A grande transformação, Editora Campus, Rio de Janeiro, 2000, pags. 36 a 47 (Capítulo 2 – A década de 1920 conservadora; A década de 1930 revolucionária)HOBSBAWM, Eric J., A era dos extremos, Companhia das Letras, São Paulo, 1996, pags. 29 a 89 (Capítulos 1 e 2 – ‘A era da guerra total’ e ‘A revolução mundial’)

28 de abril – Crise sistêmica PARKER, Selwyn, O crash de 1929, Editora Globo, São Paulo, 2009,

pags. 400 a 418 (Pósfácio)

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Hobsbawm• Os quinze anos entre 1899 e 1914 foram

prósperos e a vida era incrivelmente atraente para os que tinham dinheiro. As sociedades da Europa Ocidental pareciam, de maneira geral, administráveis.

• Entretanto, no mundo havia áreas consideráveis onde claramente este não era o caso. Nessas regiões, aos anos de 1880 a 1914 foram um período de revoluções continuamente possíveis e reais.

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• A Era dos Impérios• Eric Hobsbawm

• Para a maioria dos Estados Ocidentais, e na maior parte do tempo entre 1871 e 1914, uma guerra européia era uma lembrança histórica ou um exercício teórico para um futuro indefinido. A principal função dos exércitos em suas sociedades durante esse período era civil.

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• O século burguês desestabilizou sua periferia de dois modos principais:

• 1. Solapando as antigas estruturas de suas economias e sociedades;

• 2. Tornando inviáveis seus regimes e instituições políticas estabelecidos.

• Dois grandes e instáveis impérios multinacionais europeus estavam a beira do colapso, a Rússia e o Habsburgo. Eles não eram muito comparáveis entre si, salvo na medida em que ambos representavam um tipo de estrutura. Eram países governados como propriedades familiares, que cada vez mais pareciam sobreviventes pré-históricos no século XIX.

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• Em contraste com os impérios antigos, ficavam na Europa, na fronteira entre zonas de economia desenvolvida e atrasada e, portanto, desde o início parcialmente integrados ao mundo economicamente “avançado”.

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• Causas da Guerra• As causas da guerra são complexas e

intrincadas. Elas repousam na natureza de uma situação internacional em deterioração progressiva, que escapava cada vez mais ao controle dos governos.

• Não havia interesse do mundo dos negócios na Guerra. No entanto, o desenvolvimento do capitalismo exacerbou rivalidades entre as potências e a expansão imperialista. A economia internacional não girava em torno de um único centro (GB). Seu declínio relativo era visível.

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• Mas havia grandes tensões não resolvidas:

• A disputa pelo comando da economia mundial, num quadro de clara decadência da Grã-Bretanha. Um subproduto fora o rearmamento dos países mais ricos;

• A industrialização chegara às forças armadas, através de novas e mortíferas armas com inédito poder de fogo.

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• O mundo da virada do século estava pautado por:

• Instabilidades internacionais nos países secundários (Rússia, 1905)• Revolução turca (1908), que desestabilizou acordos no oriente

médio. • A Áustria anexou a Bósnia Herzegovina, precipitando uma crise

com a Russia. • A crise com o Marrocos (1911), quando a Alemanha envia uma

canhoneira disposta a recuperar o porto de Agadir. • Itália ocupa Líbia em 1911• As Guerras Balcânicas• 1912 - Tensões nacionalistas contra Império Otomano (Bulgária,

Sérvia e Grécia), alimentadas pela Rússia e Áustria-Hungria – obtém territórios turcos na Europa.

• 1913 – Búlgara contra Sérvia e Grécia pela disputa da Macedônia – produto da guerra anterior

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• Desde 1815 não houvera nenhuma guerra envolvendo as potências européias. Desde 1871, nenhuma nação européia ordenara a seus homens em armas que atirassem nos de qualquer outra nação similar.

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• Tecnologia:• Tanques – Em pequena escala• Aviões –de observação a bombardeios• Submarino – Entrada efetiva cerco GB• Gás - Alemães usaram gás químico em Verdun. Repulsa

internacional. Convenção de Genebra. Não foi usado na II Guerra.• Antiga - táticas de infantaria – Séc XIX – Diferença: transportados

de trem ou veículos motoizados.• Com a sofisticação bélica, de uma forma ou de outra, os Estados

eram obrigados a garantir a existência de poderosas indústrias nacionais de armamentos, a arcar com boa parte do custo de seu desenvolvimento técnico e a fazer com que permanecessem rentáveis. Em outras palavras, tinham que proteger essas indústrias contra os vendavais que ameaçavam os navios da empresa capitalista, que singravam os mares imprevisíveis do mercado livre e da livre concorrência.

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• “Nos anos 1880, os produtores privados de armamento assinaram mais de um terço de seus contratos de fornecimento com as forças armadas; nos anos de 1890, 46%; nos anos 1900, 60%: o governo, incidentalmente, estava disposto a garantir-lhes dois terços.

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• Uma intrincada rede de alianças construídas em décadas anteriores provocava reações em cadeia diante de quaisquer tensões localizadas. Assim, a Sérvia, apoiada pela Rússia, era aliada da França e da Grã-Bretanha contra a Áustria-Hungria, que por sua vez contava com apoio alemão.

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• " Não admire que as empresas de armamento estivessem entre os gigantes da indústria, ou passassem a estar: a guerra e a concentração capitalista caminhavam juntas.

• Krupp, na Alemanha, o rei dos canhões, empregava 16 mil pessoas em 1873, 24 mil em torno de 1890, 45 mil em torno de 1900 e quase 70 mil em 1912, quando 50 mil das famosas armas Krupp saíram da linha de produção..

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• As principais nações da Europa tinham o interesse de desmembrar o decadente Império Turco-Otomano, cujos recursos petrolíferos e seu domínio sobre áreas estratégicas do Oriente Médio atraíam a cobiça das grandes potências.

• Com exceção  dos germânicos e  húngaros, todas as outras minorias governadas por Viena eram eslavas e, portanto, muito suscetíveis à propaganda pan-eslavista.

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• A Rússia fomentava um nacionalismo eslavófilo buscando "implodir" o Império Austro- Húngaro e assim tornar possível a presença dos súditos de Moscou na Europa Oriental.

• Havia ainda o "revanchismo"  francês. Paris desejava recuperar as províncias carboníferas da Alsácia e Lorena.

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• A guerra ocorreu entre a Tríplice Entente (aliança formada no início do século entre Grã-Bretanha, França e Rússia) e a Tríplice Aliança (pacto firmado em 1882 pela Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália).

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• O traço diplomático mais permanente do período 1871-1914 foi a Tríplice Aliança, na verdade era uma aliança austro-alemã, já que o terceiro participante, a Itália, logo se afastaria para finalmente se unir ao campo antialemão em 1915.

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As alianças na I Guerra

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• A guerra causou o colapso de quatro impérios – Alemão, Áusto-Húngaro, Russo r Turco-Otomano - e mudou de forma radical o mapa geopolítico da Europa e do Médio Oriente.

• Dinastias imperiais européias como as das famílas Habsburgos, Romanov e Hohenzollern, que vinham dominando politicamente a Europa e cujo poder tinha raízes nas Cruzadas, também caíram durante os quatro anos de guerra.

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• “Descobrir as origens da Primeira Guerra Mundial não equivale a descobrir "o agressor".

• Elas repousam na natureza de uma situação internacional em processo de deterioração progressiva, que escapava cada vez mais ao controle dos governos. Gradualmente a Europa foi se dividindo em dois blocos opostos de grandes nações.

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• A rivalidade entre as potências, confinada antes em grande medida à Europa e áreas adjacentes (com exceção dos britânicos), era agora global e imperial fora a maior parte das Américas, destinada com exclusividade à expansão imperial dos EUA pela Doutrina Monroe de Washington.

• Agora era igualmente provável que as disputas internacionais que tinham que ser resolvidas, para não degenerarem em guerras, ocorressem em qualquer parte do mundo.

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• Em duas ocasiões (1905 e 1911), a Europa quase foi à guerra, em meio a um braço de ferro entre franceses e alemães pela posse do Marrocos.

• O decadente Império Otomano era terreno fértil para disputas entre potências européias por mais mercado, fontes de matéria prima e mão de obra barata.

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• No início dos anos 1910, a tentativa de uma ex-província turca de população eslava, a Sérvia – com apoio da Rússia – de unificar todos os povos eslavos sob seu comando deu origem a duas Guerras Balcânicas (1912-13).

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• A partir de 1905, a desestabilização da situação internacional, como conseqüência da nova vaga de revoluções na periferia das sociedades plenamente "burguesas", acrescentou material inflamável novo a um mundo que já estava prestes a pegar fogo.

• Houve a revolução russa de 1905, que deixou o Império Czarista temporariamente incapacitado, encorajando a Alemanha a insistir em suas reivindicações no Marrocos, intimidando a França.

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• Dois anos depois, a Revolução Turca destruiu os acordos, cuidadosamente construídos, que visavam ao equilíbrio internacional no sempre explosivo Oriente Próximo.

• A Áustria aproveitou a oportunidade para anexar formalmente a Bósnia-Herzegovina (que anteriormente apenas administrava), precipitando assim uma crise com a Rússia, resolvida apenas com a ameaça de um apoio militar alemão à Áustria.

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• A terceira grande crise internacional, em torno do Marrocos em 1911, tinha reconhecidamente pouco a ver com a revolução e tudo a ver com o imperialismo e com as duvidosas operações de homens de negócios piratas, que perceberam suas múltiplas possibilidades.

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• A Alemanha enviou uma canhoneira disposta a se apoderar do porto de Agadir, ao sul do Marrocos, no intuito de obter alguma "compensação" dos franceses por seu "protetorado" iminente sobre o Marrocos, mas foi forçada a recuar pelo que pareceu ser uma ameaça britânica, a de ir à guerra do lado dos franceses; irrelevante se isso foi mesmo proposital ou não.

• Apesar das tensões, havia por parte dos líderes das grandes potências o interesse de se evitar uma guerra total.

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• Razões profundas• Colapso padrão-ouro• O colapso do padrão-ouro internacional na

virada do século foi o elo entre a desintegração da economia mundial e a transformação que adviria após 1930. O padrão ouro não era ma instituição meramente econômica, ele organizava as finanças, a economia, a politica e a sociedade.

• A dissolução do sistema econômico mundial que se processava desde 1900 foi responsável pela tensão política que explodiu em 1914.

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• O que empurrou o mundo para uma rivalidade insolúvel – desenvolvimento do capitalismo.

• Vale aqui a reflexão de Arrighi. O que impulsiona os Estados para a conquista territorial – e para a Guerra – não é a lógica territorialista.

• É a lógica capitalista. Mais do que nunca a reprodução do capital – o lucro – é o fim. A base territorial é o meio.

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• A guerra em si era aceitável somente na medida em que não interferisse nos "negócios como de costume”.

• De fato, por que os capitalistas mesmo os industriais, com a possível exceção dos fabricantes de armas desejariam perturbar a paz internacional, quadro essencial de sua prosperidade e expansão, se o tecido da liberdade internacional para negociar e o das transações financeiras dependiam dela?

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• No entanto, o desenvolvimento do capitalismo empurrou o mundo, inevitavelmente, em direção a uma rivalidade entre os Estados, à expansão imperialista, ao conflito e à guerra.

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• Após 1870, como os historiadores mostraram, "a passagem do monopólio à concorrência talvez tenha sido o fator isolado mais importante na preparação da mentalidade propícia ao empreendimento industrial e comercial europeu.

• Crescimento econômico também era luta econômica, luta que servia para separar os fortes dos fracos, para desencorajar alguns e endurecer outros, para favorecer as nações novas e famintas às custas das antigas.

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• A economia mundial deixara totalmente de ser, como fora em meados do século XIX, um sistema solar girando em torno de uma estrela única, a Grã-Bretanha.

• Embora as transações financeiras e comerciais do planeta ainda, na verdade cada vez mais, passassem por Londres, a Grã-Bretanha já não era, evidentemente, a "oficina do mundo", nem seu principal mercado importador. Ao contrário, seu declínio relativo era patente.

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• Um certo número de economias industriais nacionais agora se enfrentavam mutuamente. Sob tais circunstâncias, a concorrência econômica passou a estar intimamente entrelaçada com as ações políticas, ou mesmo militares, do Estado.

• O ressurgimento do protecionismo no período 1853-96 foi a primeira conseqüência dessa fusão.

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• O traço característico da acumulação capitalista era justamente não ter limite.

• As "fronteiras naturais" da Standard Oil, do Deutsche Bank, da De Beers Diamond Corporation estavam situadas nos confins do universo, ou antes, nos limites de sua capacidade de expansão.

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• Foi este aspecto dos novos padrões da política mundial que desestabilizou as estruturas da política mundial tradicional.

• Enquanto o equilíbrio e a estabilidade permaneciam como a condição fundamental das nações européias em suas relações recíprocas, em outros lugares nem as mais pacíficas hesitavam em recorrer à guerra contra os fracos.

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• Lenin 1916 – Imperialismo, fase suprema do capitalismo.

• Para Vladimir Lênin (1870-1924) não se poderia acalentar a esperança de que a paz entre os povos viesse a imperar na ordem imperialista. "No terreno do capitalismo, - perguntava ele - que outro meio poderia haver, a não ser a guerra, para eliminar a desproporção existente entre o desenvolvimento das forças produtivas e a acumulação de capital, por um lado, e, por outro lado, a partilha das colônias e das 'esferas de influência' do capital financeiro?"

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Vladimir Lenin (1870-1924)

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• “Nesta brochura, prova-se que a guerra de 1914-1918 foi, de ambos os lados, uma guerra imperialista (isto é, uma guerra de conquista, de pilhagem e de rapina), uma guerra pela partilha do mundo, pela divisão e redistribuição das colónias, das «esferas de influência», do capital financeiro, etc”.

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• “É que a prova do verdadeiro caracter social ou, melhor dizendo, do verdadeiro caracter de classe de uma guerra não se encontrará, naturalmente, na sua história diplomática, mas na análise da situação objetiva das classes dirigentes em todas potências beligerantes.

• Para refletir essa situação objetiva há que colher não exemplos e dados isolados (dada a infinita complexidade dos fenómenos da vida social, podem-se encontrar sempre os exemplos ou dados isolados que se queira susceptíveis de confirmar qualquer tese), mas sim, obrigatoriamente, todo o conjunto dos dados sobre os fundamentos da vida económica de todas as potências beligerantes e do mundo inteiro”.

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“A particularidade fundamental do capitalismo moderno consiste na dominação exercida pelas associações monopolistas dos grandes patrões. Estes monopólios adquirem a máxima solidez quando reúnem nas suas mãos todas as fontes de matérias-primas, e já vimos com que ardor as associações internacionais de capitalistas se esforçam por retirar ao adversário toda a possibilidade de concorrência, por adquirir, por exemplo, as terras que contêm minério de ferro, os jazigos de petróleo, etc.

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A posse de colônias é a única coisa que garante de maneira completa o êxito do monopólio contra todas as contingências da luta com o adversário, mesmo quando este procura defender-se mediante uma lei que implante o monopólio do Estado.

Quanto mais desenvolvido está o capitalismo, quanto mais sensível se toma a insuficiência de matérias-primas, quanto mais dura é a concorrência e a procura de fontes de matérias-primas em todo o mundo, tanto mais encarniçada é a luta pela aquisição de colônias”.

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“Os monopólios, a oligarquia, a tendência para a

dominação em vez da tendência para a liberdade, a

exploração de um número cada vez maior de nações

pequenas ou fracas por um punhado de nações

riquíssimas ou muito fortes: tudo isto originou os traços

distintivos do imperialismo, que obrigam a qualificá-lo de

capitalismo parasitário, ou em estado de decomposição.

Cada vez se manifesta com maior relevo, como urna das

tendências do imperialismo, a formação de "Estados"

rentistas, de Estados usurários, cuja burguesia vive cada

vez mais à custa da exportação de capitais e do "corte de

cupões".

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Seria um erro pensar que esta tendência para a decomposição exclui o rápido crescimento do capitalismo. Não; certos ramos industriais, certos setores da burguesia, certos países, manifestam, na época do imperialismo, com maior ou menor intensidade, quer uma quer outra dessas tendências.

No seu conjunto, o capitalismo cresce corri uma rapidez incomparavelmente maior do que antes, mas este crescimento não só é cada vez mais desigual como a desigualdade se manifesta também, de modo particular, na decomposição dos países mais ricos em capital (Inglaterra)”.

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A estopim

Em 28 de Junho de 1914 o Arquiduque Francisco Ferdinando, sobrinho do Imperador Francisco José e herdeiro do trono Austro-Húngaro e sua esposa Sofia, duquesa de Hohenburg, foram assassinados em Sarajevo, então parte do Império Austro-Húngaro.

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A conspiração envolveu Gavrilo Princip, um estudante sérvio que fazia parte de um grupo de quinze assaltantes que formavam o grupo Bósnia Jovem, que atuava em conjunto com o grupo ultra-nacionalista Mão Negra.

Gradativamente a Europa foi se dividindo em dois blocos e derivavam da entrada em cena do Império Alemão unificado entre 1864-71.

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• O assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando aparentemente detonou um confronto inimaginável.

• A Sérvia sempre pode contar com o respaldo da Rússia e esta, da França, Grã-Bretanha e simpatia dos EUA. A Austro-Hungria era aliada dos alemães.

• Um primeiro movimento – patrocinado pela Grã-Bretanha – para resolver pacificamente o problema do assassinato malogrou.

• A Alemanha invade a Bélgica, a caminho da França, em agosto de 1914.

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Duas frentesOcidente – França (prioridade alemã), Balcãs (por conta das pendencias da Austria-Hungria). Tornou-se o palco dos maiores massacres vistos até então. Objetivo alemão – Liquidar rapidamente a França (o que quase conseguiu, como em 1940) e partir para a Russia. Quase deu certo. O avanço foi detido no rio Marne, seis semanas após a declaração de guerra, próximo a Paris, em 9 de setembro de 1914:

Envolveu 2 milhões de homens (franceses e britânicos contr alemães) ao longo de 300 quilômetros. Sem um vencedor claro, mas com o avanço alemão impedido, os franceses, ingleses e belgas improvisaram uma extensa linha de trincheiras, que mantiveram a posição até quase o final da guerra. Milhões de homens conviveram ali, entre lama, privações, neve e ratos.

Oriente – Rússia

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• Verdun (cidade) antiga cadeia montanhosa e rota defensiva – Alemães tentaram romper a barreira em 1916 (fevereiro a agosto).

• 15 mil habitantes da cidade saem. Marco divisor. Alemanha perde a esperança na vitória total e Franco-britânicos perdem a esperança e vencer por suas próprias forças (sem EUA). Foi o ultimo ano da Russia na guerra. Pior campanha da guerra ( 2 milhões de homens envolvidos, 800 mil perdas totais)

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• Frente oriental• Alemanha e Potências Centrais faziam a

Rússia recuar na Polônia.• Balcãs, potências centrais tinha domínio.

Maiores perdas militares relativas – Sérvia e Romênia.

•  • Problema: impasse na frente ocidental –

Ali se decidiria a guerra. Guerra naval empatada.

• Guerra envolve população

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Principais frentes na I Guerra

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• EUA• Desempate – Entrada dos EUA,

em 1917, com recursos ilimitados.

• Saída da Rússia em 1917 liberou tropas alemãs no Oriente. 500 mil soldados. Nova ofensiva sobre Paris, após Brest Litowski (maço 1918.).

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• Fim da Guerra• A partir de 1917 a situação começou a alterar-

se, quer com a entrada em cena de novos meios, como o carro de combate e a aviação militar, quer com a chegada ao teatro de operações europeu das forças norte-americanas ou a substituição de comandantes por outros com nova visão da guerra e das táticas e estratégias mais adequadas; lançam-se, de um lado e de outro, grandes ofensivas, que causam profundas alterações no desenho da frente, acabando por colocar as tropas alemãs na defensiva e levando por fim à sua derrota.

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• É verdade que a Alemanha adquire ainda algum fôlego quando a revolução estala no Império Russo e o governo bolchevista, chefiado por Lenin, prontamente assina a paz sem condições.

• Anula assim a frente leste, mas essa circunstância não será suficiente para evitar a derrocada. O armistício que põe fim à guerra é assinado a 11 de Novembro de 1918.

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• A Cláusula de Culpa• Após o fim das batalhas, os países vencedores

elaboraram o Tratado de Versalhes e Tratado de Saint.Germain, que acusava tanto a Alemanha quanto o Império Austro-Húngaro pela responsabilidade da guerra.

• A Alemanha foi considerada culpada e teve que pagar as reparações pela guerra e todos os custos futuros, além de pensões para todos os veteranos da Tríplice Entente, num valor total estimado em trinta bilhões de dólares.

• O valor foi sendo renegociado por toda a década de 20, até ser extinto em 1931.

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Balanço material• Neste conflito estiveram envolvidos

cerca de 65 milhões de soldados.• A guerra química e o

bombardeamento aéreo foram utilizados pela primeira vez em massa na Primeira Guerra Mundial. Ambos tinham sido tornados ilegais após a Convenção Haia de 1907.

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• Sociedade das Nações• Um dos pontos do amplo tratado referiu-se à criação

de uma associação internacional, cujo papel seria o de assegurar a paz.

• Em 28 de julho de 1919, foi assinado o tratado de Versalhes, cuja sede passou a ser na cidade de Genebra, na Suíça.

• Uma de suas deliberações foi a constituição da Sociedade das Nações, também conhecida por Liga das Nações.

• Passou a existir oficialmente em 10 de janeiro de 1920, quando a Alemanha, um dos países conflitantes da Primeira Guerra, passou a constar na sede.

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• Sua criação foi baseada na proposta de paz conhecida como Quatorze Pontos, feita pelo presidente norte-americano Woodrow Wilson, em mensagem enviada ao Congresso dos Estados Unidos em 8 de janeiro de 1918.

• Os Quatorze Pontos propunham as bases para a paz e a reorganização das relações internacionais ao fim da Primeira Guerra Mundial, e o pacto para a criação da Sociedade das Nações constituíram os 30 primeiros artigos do Tratado de Versalhes.

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• Os países integrantes originais eram 32 membros do anexo ao Pacto e 113 dos estados convidados para participar, ficando aberto o futuro ingresso aos outros países do mundo.

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• As exceções foram Alemanha, Turquia e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

• Estava permitindo, desse modo, o Reino Unido, bem como o seu ingresso e o de seus domínios e colônias, como o exemplo dos Domínios Britânicos (Índia, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia).

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• Uma das conseqüências mais visíveis do fim da guerra foi o aparecimento de uma série de estados-nações – Polônia, Tchecoslováquia, Áustria, Hungria, Iugoslávia, Finlândia, Estonia, Letônia e Lituânia.

• A I Guerra Mundial envolveu TODAS as grandes potencias, todos os estados europeus, com exceçço de Espanha, Países baixos, Escandinávia e Suíça. Soldados atravessaram o Atlântico para lutar.

• A Guerra deixou definitivamente para trás o mundo do Congresso de Viena (1815) e o equilíbrio de poderes daí resultantes. A Inglaterra deixava de ser a potência hegemônica. O forte candidato ao posto eram os Estados Unidos.

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• Consequencias e mudanças da I Guerra

• Não existiam mais as grandes potências européias.

• Acabara o século europeu e o eurocentrismo.

• EUA já eram a maior economia mundial. Só seriam a dominante após 1945.

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• No Médio Oriente o Império Turco-Otomano foi substituído pela República da Turquia e muitos territórios por toda a região acabaram em mãos inglesas e francesas.

• Na Europa Central os novos estados Tchecoslováquia, Finlândia, Lituânia, Estônia e Iugoslávia "nasceram" depois da guerra e os estados da Austria, Hungria e Polônia foram redefinidos.

• Crise, ressentimentos e empobrecimento da população gerariam graves conseqüências políticas, especialmente na Alemanha e na Itália.

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• Revolução Russa • Eric Hobsbawm• “A Revolução de Outubro produziu de longe o mais

formidável movimento revolucionário organizado na história moderna. Sua expansão global não tem paralelo (...). Apenas trinta ou quarenta anos após a chegada de Lênin à Estação Finlândia em Petrogrado, um terço da humanidade se achava vivendo sob regimes diretamente derivados dos “Dez dias que abalaram o mundo” (Reed, 1919) e do modelo

organizacional de Lênin, o Partido Comunista. ”.

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Greve na fábrica de tratores Putilov – Petrogrado, 1917

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• Realizada num país atrasado, em meio a um conflito de largas proporções - a I Guerra Mundial - e num momento em que o capitalismo monopolista assumia um vigor inusitado, a Revolução de 1917 produziu reflexos em inúmeras áreas do conhecimento humano.

• Não há praticamente domínio da cultura que tenha ficado imune a seus impulsos. Arquitetura, música, artes plásticas, artes cênicas, fotografia, cinema, publicidade, dentre outros, foram tocados de forma indelével pelo formidável movimento de massas desencadeado naquele país.

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• A Rússia das últimas décadas do século XIX era um imenso país agrícola – 85% de sua população vivia no campo, em situação de extrema pobreza.

• O regime político era o czarismo, dinastia que se pretendia eterna. A partir da década de 1890, a indústria conheceu um sólido progresso, principalmente nas áreas de metalurgia, petróleo, tecelagem e carvão, graças a vultosos investimentos estrangeiros.

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• A atração de camponeses empobrecidos para as cidades deu origem a uma massa crescente de operários que adquiriam ao mesmo tempo qualificação técnica e consciência de classe.

• Mesmo sendo um país atrasado, a Rússia possuía vida cultural e intelectual bastante dinâmica, em larga medida anti-czarista. Esses setores formaram a base, desde meados do século XIX, para o florescimento de diversos movimentos revolucionários.

• O mais expressivo deles era o dos populistas (narodniks), surgido por volta de 1860.

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• Um dos grupos populistas, chamado Vontade do povo, realizou diversos atentados, entre eles o que culminou com o assassinato do czar Alexandre II, em 1881.

 • Uma das vertentes do movimento revolucionário

russo era a social-democracia.

• Em março de 1898, foi fundado o Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR).

• A agremiação fazia severas restrições às ações voluntaristas dos populistas.

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• Em março de 1902, Vladimir Lênin, um dos dirigentes do POSDR, publica o livro Que fazer? O título era uma referência ao romance homônimo do populista Nikolai Chernychevsky (1828-1889).

• Desenvolvendo as idéias de Marx e Engels, Lênin defende a necessidade imperiosa da construção de uma teoria revolucionária e de um “partido de novo tipo” que organize os trabalhadores.

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• Em seu congresso de 1903, o POSDR dividiu-se em duas facções: a maioria (bolchinstvo) e a minoria (menchinstvo).Daí vêm os nomes bolchevique e menchevique.

• As duas alas se constituíram, mais tarde, em partidos distintos.

 • Em 1904, a disputa pela hegemonia do extremo oriente

levou a uma guerra imperialista entre a Rússia e o Japão. O conflito se desenrolou nos territórios de dois países neutros, Coréia e China. A Rússia acabou derrotada. Para fazer frente ao esforço de guerra, o czar aumentou impostos e jornadas de trabalho. Os protestos e greves não tardaram a ocorrer.

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• O domingo sangrento • Em 22 de janeiro de 1905, cerca de 200 mil

trabalhadores e seus familiares aglomeraram-se em frente ao Palácio de Inverno, numa manifestação absolutamente pacífica, reivindicando melhores salários e condições de trabalho.

• O czar não estava. Não conseguindo dispersar a multidão, a guarda do Palácio atirou para matar. O saldo: centenas de mortos e mais de 3 mil feridos. As ilusões populares com a monarquia terminavam ali.

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Reconstituição do Domingo Sangrento

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• A partir de outubro de 1905, a onda de greves transformou-se numa maré incontrolável, com 400 mil trabalhadores paralisados no País.

• Em novembro, eles eram 2,5 milhões em todo o império. Eclodia, pela primeira vez, um movimento revolucionário popular, liderado pelos trabalhadores da indústria.

• Os marinheiros do encouraçado Potemkin, o mais poderoso da frota do Mar Negro, rebelaram-se, matando oficiais e hasteando a bandeira vermelha.

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O encouraçado Potemkim

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• Os rebeldes criaram um novo instrumento de decisões populares, os sovietes (conselhos), que reuniam delegados eleitos por grupos de 500 trabalhadores.

• O soviete mais importante era o da capital, São Petersburgo, presidido por Leon Trotsky. O soviete durou 50 dias. Seus membros foram presos em seguida.

• Uma greve geral, decretada três dias após sua queda foi derrotada por uma terrível repressão.

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• Como forma de recuar e manter o poder, o czar Nicolau II anunciou a criação da Duma – parlamento – em outubro de 1905.

• Todos os homens com mais de 25 anos teriam direito a concorrer. Mas o voto seria censitário, isto é, diferente de acordo com a classe social. Os proprietários de terra votavam diretamente e os camponeses só poderiam votar indiretamente.

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• Aberta em maio de 1906, a Duma foi fechada em julho, sob a alegação de contestar o poder do czar.

• As tensões se agravariam e o czarismo entraria em lenta crise por uma década.

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• Em 1915, os problemas do governo do czar pareciam mais uma vez insuperáveis. Nada pareceu menos surpreendente e inesperado que a revolução de março de 1917, que derrubou a monarquia russa.(...)

• A revolução da Rússia não podia e não seria socialista. As condições para uma tal transformação simplesmente não estavam presentes em um país camponês que era sinônimo de pobreza, ignorância e atraso, e onde o proletariado industrial, o predestinado coveiro do capitalismo de Marx, era apenas uma minúscula minoria, embora estrategicamente localizada.

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• A I Guerra Mundial• “A participação da Rússia na guerra encerrava

contradições quer nos motivos, quer nos fins. Em verdade, a luta sangrenta tinha como objetivo o domínio mundial. Neste sentido, ultrapassava as possibilidades da Rússia. (...)

• Ao mesmo tempo, a Rússia, na qualidade de grande potência, não poderia abster-se de participar da guerra dos países capitalistas mais adiantados, da mesma forma como não lhe fora possível, durante a época precedente, dispensar a instalação em suas terras de usinas, fábricas, ferrovias, assim como adquirir fuzis de tiro rápido e aviões”.

• Trotsky, A história da Revolução RA história da Revolução Russa

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• O exército russo perdeu 500 mil homens no conflito. A maior parte da indústria fechou as portas. Com a agricultura fortemente afetada, o espectro da fome assolava o País.

• Aquela situação acabou gerando um descontentamento geral com a política czarista. Com as massivas greves nos centros industriais mais importantes, o movimento revolucionário recomeçava a ganhar forças.

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• Em fins de 1916, o Partido Bolchevique, então na clandestinidade, com notável influência no movimento operário, foi o único a defender o fim da guerra e do czarismo e apontar a revolução como única saída.

• O fracasso da Rússia na guerra acabou contribuindo para a queda do sistema czarista, servindo de catalisador para a Revolução.

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• A Revolução foi fruto da insatisfação contra as guerras e a luta pela conquista da paz.

• Cansados de pagar a conta, milhares de cidadãos comuns assumiram a luta contra a situação imposta.

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• O caos era generalizado. Em 1917, toda a Europa se tornara um monte de explosivos sociais prontos para ignição.

• A Rússia, madura para a revolução social, cansada de guerra e à beira da derrota, foi o primeiro dos regimes da Europa Central e Oriental a ruir sob as pressões e tensões da Primeira Guerra Mundial

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Lenin discursa na praça Vermelha (1919)

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Tomada do Palácio de Inverno

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• A Revolução de Fevereiro e a queda do Czar

• “Petrogrado foi a capital do Império russo e o centro financeiro e industrial mais importante em uma sociedade primordialmente agrícola. Em 1917 tinha uma população de 2,4 milhões de habitantes.

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Poucas semanas antes da revolução de fevereiro, Lênin ainda se perguntava em seu exílio suíço se viveria para vê-la.

Na verdade, o governo do czar desmoronou quando uma manifestação de operárias (no habitual “Dia da Mulher” do movimento socialista – 8 de março) se combinou com um locaute industrial na notoriamente militante metalúrgica Putilov e produziu uma greve geral e a invasão do centro da capital (...) basicamente para exigir pão.

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• A Revolução de Fevereiro de 1917 chegou inesperadamente. Começou em 23 de fevereiro (8 de março), Dia Internacional da Mulher, quando milhares de donas de casa e operárias, ignorando os chamados dos dirigentes sindicais para manter a calma, ganharam as ruas. No dia seguinte, 200 mil operários estavam em greve em Petrogrado.

• Steve Smith, Petrogrado, 1917, o panorama visto de baixo

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• Em 25 de fevereiro, exércitos de manifestantes chocavam-se contra as tropas: começara a Revolução. Dois dias depois, chegou-se ao ponto culminante, quando regimentos inteiros da guarnição desertaram e passaram para o lado dos insurgentes. Em seguida, os membros da Duma - um arremedo de parlamento, criado em 1905 - recusaram-se a obedecer a ordem do czar de se dispersarem e declararam-se ‘Comitê Provisório’. Em 3 de março, Nicolau II abdicou do trono”.

• Steve Smith, Petrogrado, 1917, o panorama visto de baixo

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Alexandr Kerenski (à esquerda)

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• Constituiu-se um governo provisório, chefiado por Aleksandr Kerenski, membro socialrevolucionário da Duma. Todos os partidos políticos estavam nele representados, à exceção dos monarquistas e dos bolcheviques.

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• Quatro dias espontâneos e sem liderança na rua puseram fim a um Império Mais que isso: tão pronta estava a Rússia para a revolução social que as massas de Petrogrado imediatamente trataram a queda do czar como uma proclamação de liberdade, igualdade e democracia direta e universais.

• O feito extraordinário de Lênin foi transformar essa incontrolável onda anárquica popular em poder bolchevique.

• Institui-se o governo provisório e os inúmeros conselhos de base (sovietes).

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• Desde o início, os trabalhadores desconfiavam do governo provisório, o qual viam atados com mil laços a interesses capitalistas e dos donos de terras.

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• O Governo Provisório tentou governar com leis e decretos. O povo queria pão, paz e terra.

• Quando os bolcheviques – até então um partido de operários – se viram em maioria nas principais cidades russas, e sobretudo na capital (...) depressa ganharam terreno no exército, a existência do Governo Provisório tornou-se cada vez mais irreal. (...) Na verdade quando chegou a hora, mais que tomado o poder foi colhido.

• O argumento de Lênin não podia deixar de convencer seu partido. Se um partido revolucionário não tomasse o poder quando as massas o pediam, em que ele diferia de um partido não revolucionário?

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• “Para que a revolução ecloda, não é suficiente que os de baixo não queiram mais viver como antes, mas é importante também que os de cima não consigam mais viver como antes.”

• Lênin

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• Todo poder aos sovietes• “No dia 23 de outubro, numa reunião do

Comitê Central do Partido Bolchevique, tomou-se a decisão de se preparar uma insurreição armada. (...) Na noite do dia 6 para o dia 7 de novembro, o Comitê Militar Revolucionário, sediado no Instituto Smólni, deu a senha para o início da ação”.

• Trotsky, História da Revolução da Revolução Russa

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• A tomada do Palácio de Inverno • “Por volta das 22 horas do dia 7, as tropas

revolucionárias que cercavam o Palácio de Inverno atacaram, após um tiro de canhão disparado pelo cruzador Aurora. Logo, o Palácio caiu nas mãos dos bolcheviques. (...) Os ministros do governo provisório foram mandados para a fortaleza de Pedro e Paulo”.

• L. Bryant, Seis meses vermelhos na Rússia •  

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Tomada do Palácio de Inverno – reconstituição

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• Planejada para ser a deflagradora da revolução mundial, a Revolução Russa estava isolada internacionalmente. Assim, exércitos ingleses, franceses, alemães, japoneses, norte-americanos e tchecos uniram-se aos exércitos do czar, que ainda combatiam o governo, na tentativa de derrubar o poder soviético.

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• 17 de novembro – a Rússia sai da Guerra• A Rússia que saiu da I Guerra Mundial

tinha sua economia destroçada, o sistema de transportes arruinado e o abastecimento das cidades em colapso.

• Vastos setores do território não estavam sob controle por parte do Estado.

• Aparentemente, o poder soviético tinha poucas chances de sobreviver.

Page 110: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Trotsky sobre a Guerra• “A participação da Rússia na Guerra encerrava

contradições quer nos motivos, quer nos fins.

• Em verdade, a luta sangrenta tinha como objetivo o domínio mundial. Neste sentido, ultrapassava as possibilidades da Rússia. (...) Ao mesmo tempo, a Rússia, na qualidade de grande potência, não poderia abster-se de participar da guerra dos países capitalistas mais adiantados, da mesma forma como não lhe fora possível, durante a época precedente, dispensar a instalação em suas terras de usinas, fábricas, ferrovias, assim como adquirir fuzis de tiro rápido e aviões”.

• Trotsky, A história da Revolução Russa

Page 111: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Os três anos seguintes à Revolução de Outubro se constituem numa das maiores guerras civis da história. Para fazer frente a esta ameaça, o Partido Bolchevique definiu as bases do chamado “comunismo de guerra”: os transportes e a indústria tiveram de se submeter às necessidades do combate. Proibiu-se a existência de qualquer empreendimento privado.

•  

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• A partir de 1921, os bolcheviques se legitimaram em todo o país. Mas o espectro da crise econômica rondava a Rússia. A fome entre os anos de 1921 e 1922 matou cerca de 5 milhões de pessoas. Outras vinte milhões haviam perecido desde 1914. O “comunismo de guerra” não estava mais tendo sucesso.

 • “A revolução mundial, que justificou a decisão de

Lênin de entregar a Rússia ao socialismo, não ocorreu, e com isso, a Rússia soviética foi comprometida, por uma geração, com um isolamento empobrecido e atrasado”

• Eric Hobsbawm, A Era dos Extremos

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Fome

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• A crise persistia• A resposta de Lênin foi a implantação da NEP

(Nova Política• Econômica), em março de 1921. Através dela,

ao invés de terem o excedente do que produziam requisitado compulsoriamente pelo Estado, os camponeses poderiam vender seus produtos. Reiniciou-se o comércio privado. A conseqüência imediata foi o aumento da produção agrícola, que possibilitaria as bases do crescimento industrial.

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• A diretriz gerou uma contradição: os médios e grandes proprietários, que começaram a ter lucros com a medida, reforçaram suas posições contrárias à socialização da economia.

•  • Até 1925, as enormes perdas causadas pela

guerra civil e pela fome foram superadas quase completamente. No entanto, havia a necessidade premente de se investir no crescimento da industrialização.

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• Em termos econômicos, a Rússia levou dez anos para recuperar-se da Revolução de 1917 e da guerra civil. Só em 1927, a produção agrícola e industrial atingiu o nível anterior a 1914.

• Todavia, o cidadão soviético comum estava satisfeito, pois embora o padrão de vida ainda fosse baixo, melhorava sensivelmente a cada ano.

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Repercussões• Sovietes foram formados por operários em Cuba.• 1917- 9 biênio bolchevique na Espanha.• 1919 - Movimentos estudantis em Pequim.• 1919 em Córdoba na Argentina.• 1917 no México.• Movimento de liberação na Indonésia.• Movimento dos tosquiadores na Austrália.• Nos EUA os mineiros de Minnesota.• A Revolução de Outubro foi universalmente reconhecida

como um acontecimento que abalou o mundo.

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• A história do Breve Século XX não pode ser entendida sem a Revolução Russa e seus efeitos diretos e indiretos. Não menos porque se revelou a salvadora do capitalismo liberal, tanto possibilitando ao Ocidente ganhar a Segunda Guerra Mundial contra a Alemanha de Hitler quanto fornecendo o incentivo para o capitalismo se reformar

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• Consequências e mudanças da I Guerra• Não existiam mais as grandes potências européias

• Acabara o século europeu e o eurocentrismo.• EUA já eram a maior ecnomia mundial. Só seriam a

dominante após 1945.• No Médio Oriente o Império Turco-Otomano foi

substituído pela República da Turquia e muitos territórios por toda a região acabaram em mãos inglesas e francesas.

• Na Europa Central os novos estados Tchecoslováquia, Finlândia, Látvia, Lituânia, Estônia e Iugoslávia "nasceram" depois da guerra e os estados da Austria, Hungria e Polônia foram redefinidos.

• Crise, ressentimentos e empobrecimento da população gerariam graves conseqüências políticas, especialmente na Alemanha e na Itália.

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Ascensão da direita na Europa• A ascensão da direita radical após a Primeira

Guerra Mundial foi sem dúvida uma resposta ao perigo, na verdade à realidade da revolução social (Revolução de Outubro).

• A militância de classe média e de classe média baixa deu uma virada para a direita radical, sobretudo em países onde as ideologias de democracia e de liberalismo não eram dominantes.

• Na verdade, nos principais países centrais do liberalismo ocidental – Grã-Bretanha, França e EUA – a hegemonia da tradição revolucionária impediu o surgimento de quaisquer movimentos fascistas de massa importantes.

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Itália e Alemanha• A passagem pelos momentos de crises interna e

externa da Itália e da Alemanha tornam-se essenciais para o entendimento do contexto em que os indivíduos carentes de representatividade estavam inseridos, para legitimar uma ideologia totalitária e empregadora do terrorismo político, como alternativa aos problemas e às crises que assolavam seus respectivos países.

• Os modelos eram o fascismo italiano e o nacional-socialismo, sendo estes desenvolvidos em países que reuniram condições internas e externas para o surgimento da ideologia sob forma de movimento em condições de disputa pelo poder.

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• Haviam na Itália aspectos do desenvolvimento do capitalismo de tipo tardio, que irão influenciar no surgimento de idéias como o nacionalismo, o expansionismo e o imperialismo colonialista, utilizadas na composição fascista.

• O desequilíbrio na concentração de pólos econômico, contribuindo para constantes choques entre regiões mais pobres e mais ricas são presentes na península itálica, promovendo dificuldades para a estabilidade do país.

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• A Marcha sobre Roma foi uma vasta manifestação fascista, com característica de golpe de estado, de direita, ocorrida em 28 de outubro de 1922

• Milhares de militantes fascistas que reivindicavam o trono da Itália. Este evento representou a ascensão ao poder do Partido Nacional Fascista (PNF) e o fim da democracia liberal, pela nomeação de Benito Mussolini como chefe de governo pelo Rei Vítor Emanuel III

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• Mesmo após a unificação territorial, a Itália permanecia com fissuras sérias, tanto culturais quanto econômicas, traduzidas por concepções separatistas, fomentadas pelas regiões de índice de industrialização mais elevado, atacando as regiões predominantemente agrárias.

• Os fatores de disparidade interna que minavam o sistema liberal adotado como forma de governo, eram ampliados pelos acontecimentos externos.

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• Junto ao “perigo vermelho” os movimentos nacionalistas originados antes da Grande Guerra permaneciam ativos e ideologicamente organizados.

• Diante da expansão das ideologias de esquerda, cujo símbolo mais forte na Itália era o Partido Socialista Italiano (PSI), os nacionalistas adotaram a postura de oposição radical à esquerda.

Page 127: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

Entre as motivações aos ataques estão: • O internacionalismo adotado pelos

socialistas - interpretado como traição à pátria, diante das ambições nacionais,

• O princípio mobilizador mantido pelo PSI, regido pela revolução social, adquirindo assim antipatia dos setores médios da sociedade no pós-Guerra, em função do medo da proletarização.

Page 128: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Alguns destes movimentos de nacionalismo exaltado, antiliberais e anti-socialistas se viram, no pós-Guerra Mundial, aglutinados sob liderança de Benito Mussolini, ex-integrante do Partido Socialista Italiano, e ex-diretor do Avanti! (jornal oficial do partido).

• Após ser expulso do PSI, por fazer apologia à entrada da Itália na Primeira Guerra Mundial – constrangendo o internacionalismo do partido -, Mussolini torna pública sua interpretação da luta de classes marxista, levando-a a escala mundial.

Page 129: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

Condições• As condições ideais para o triunfo da ultradireita

alucinada eram um Estado velho, com seus mecanismos dirigentes não mais funcionando, uma massa de cidadãos desencantados, desorientados e descontentes, não mais sabendo querer ser leais, forte movimento socialista ameaçando ou parecendo ameaçar com a revolução social, mas não de fato em posição de realizá-la; e uma inclinação do ressentimento nacionalista contra o tratado de paz de 1918-1920.

Page 130: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• A Alemanha sentiu de maneira mais violenta as punições impostas pelo Tratado de Versalhes.

• A intervenção das nações vitoriosas, sob o respaldo do tratado firmado após a Primeira Guerra Mundial, em assuntos políticos e econômicos internos da Alemanha, suscitaram sensação de debilidade interna e de indignação coletiva.

• O Artigo 231 do Tratado de Versalhes enfatizava a responsabilidade moral exclusiva do Reich alemão, sendo constantemente lembrado, como forma de justificar as ações que pesavam contra a Alemanha derrotada. O direito de autodeterminação dos povos, defendido pelo presidente estadunidense Wilson, era suspendido quando rogado pelos alemães em defesa da soberania nacional.

Page 131: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• As medidas previstas pelo tratado de paz da Conferência de Versalhes implicavam em privações ao desenvolvimento industrial alemão, ora pela perda de territórios estratégicos - ricos em minério de ferro e carvão (matérias-primas para o desenvolvimento da indústria de base) -, ora pela imposição de racionamentos à produção fabril.

Page 132: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• O putsch de MuniqueInspirado no movimento fascista de Mussolini na Itália, Hitler, em novembro de 1923, organizou um golpe a partir da cidade de Munique, tendo como pano de fundo a grave crise econômica no país.

• .Apesar do fracasso do movimento, projetou o partido e suas idéias em nível nacional.

Hitler preso após a tentativa de golpe

Page 133: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

O mundo do pós GuerraHobsbawm• A Primeira Guerra Mundial foi seguida por um tipo de

colapso verdadeiramente mundial, sentido pelo menos em todos os lugares em que homens e mulheres se envolviam ou faziam uso de transações impessoais de mercado.

• Na verdade, mesmo os orgulhosos EUA, longe de serem um porto seguro das convulsões de continentes menos afortunados, se tornaram o epicentro deste que foi o maior terremoto global medido na escala Richter dos historiadores econômicos - a Grande Depressão do entreguerras.Em suma: entre as guerras, a economia mundial capitalista pareceu desmoronar. Ninguém sabia exatamente como se poderia recuperá-la.

Page 134: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• A globalização da economia dava sinais de que parara de avançar nos anos entreguerras.

• Por qualquer critério de medição, a integração da economia mundial estagnou ou regrediu.

Page 135: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

Por que essa estagnação?

• Sugeriram-se vários motivos, como por exemplo que a maior das economias do mundo, a dos EUA, passara a ser praticamente auto-suficiente,exceto pelo suprimento de umas poucas matérias-primas; jamais dependera particularmente do comércio externo.

Page 136: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

Crise e mudança• O mundo do início dos anos 1930 enfrentava os

sobressaltos da Grande Depressão, cujo marco definidor foi a quebra da bolsa de Nova York, em 29 de outubro de 1929. Nenhum país capitalista passou incólume pela crise.

• Vivendo uma expansão constante desde a segunda metade do século anterior, sem enfrentar nenhum conflito significativo em seu território desde a Guerra de Secessão (1861-1865), os Estados Unidos despontaram, após a Guerra de 1914-1918, como a maior potência mundial e a força dominante entre os mercados latino-americanos.

Page 137: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Apesar de uma enorme desigualdade social - 90% da riqueza estava na mão de 13% dos estadunidenses - nunca uma sociedade exibira tamanha opulência e tamanha pujança econômica.

• Mas a roda girou em falso através de uma brutal crise de superprodução. Ela refletia a saturação dos mercados, que não absorviam mais o volume de mercadorias produzidas. Sem mecanismos de regulação, o livre-mercado mostrou seus limites.

Page 138: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• A quebra fez com que bilhões de dólares evaporassem da noite para o dia, centenas de empresas fossem à bancarrota e as demissões de trabalhadores atingissem números nunca imaginados. Somente em Nova York, em fins de 1929, havia um milhão de desempregados vagando pelas ruas.

Page 139: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Nos EUA, a queda dos preços dos produtos primários (que deixaram de cair ainda mais pelo acúmulo feito de estoques cada vez maiores) simplesmente demonstrou que a demanda deles não conseguia acompanhar a capacidade de produção.

Page 140: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Uma dramática recessão da economia industrial norte-americana logo contaminou outro núcleo industrial, Alemanha.

• A produção industrial americana caiu cerca de um terço entre 1929 e 1931, e a alemã mais ou menos o mesmo.

Page 141: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• A Westinghouse, grande empresa de eletricidade,perdeu dois terços de suas vendas entre 1929 e 1933, enquanto sua renda líquida caiu75%em dois anos.

A crise se difundiu internacionalmente.

• Isso deixou prostrados Argentina, Austrália, países balcânicos, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Egito, Equador, Finlândia, Hungria, Índia, Malásia britânica, México, Índias holandesas (atual Indonésia), Nova Zelândia, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela

• As economias da Áustria, Tchecoslováquia, Grécia, Japão, Polônia e Grã-Bretanha, bastante sensíveis a abalos sísmicos vindos do Ocidente (ou Oriente), foram igualmente abaladas.

Page 142: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

Em suma, a Depressão tornou-se global no sentido literal.

• Quase simbolicamente, a Grã-Bretanha em 1931 abandonou o Livre Comércio, que fora tão fundamental para a identidade econômica britânica desde a década de 1840.

• O trauma da Grande Depressão foi realçado pelo fato de que um país que rompera clamorosamente com o capitalismo pareceu imune a ela: a União Soviética.

Page 143: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

URSS• Enquanto o resto do mundo, ou pelo menos o

capitalismo liberal ocidental, estagnava, a URSS entrava numa industrialização ultra-rápida e maciça sob seus novos Planos Qüinqüenais.

• De 1929 a 1940, a produção industrial soviética triplicou, no mínimo dos mínimos. Subiu de 5% dos produtos manual faturados do mundo em 1929 para 18% em 1938, enquanto no mesmo período a fatia conjunta dos EUA, Grã-Bretanha e França caía de 59% para 52%do total do mundo.

• E mais, não havia desemprego.

Page 144: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Essas conquistas impressionaram mais os observadores estrangeiros de todas as ideologias, incluindo um pequeno mas influente fluxo de turistas sócio-econômicos em Moscou em 1930.

• O que eles tentavam compreender não era o fenômeno da URSS em si, mas o colapso de seu próprio sistema econômico, a profundidade do fracasso do capitalismo ocidental

Page 145: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Qual era o segredo do sistema soviético? Podia-se aprender alguma coisa com ele? Ecoando os Planos Qüinqüenais da URSS, "Plano" e "Planejamento" tomaram-se palavras da moda na política.

• Os partidos social-democratasa adotaram "planos", como na Bélgica e Noruega.

Page 146: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Jovens políticos conservadores como o futuro primeiro-ministro Harold Macmillan (1894-1986) tornaram-se porta-vozes do "planejamento".

• Até os nazistas plagiaram a idéia, quando Hitler introduziu um "Plano Quadrienal" em1933.

Page 147: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

Por que a economia capitalista não funcionou entre as guerras?

• A situação nos EUA é parte essencial de qualquer resposta a essa pergunta. Pois, se era possível responsabilizar, ao menos parcialmente, as perturbações da Europa na guerra e no pós-guerra, ou pelo menos nos países beligerantes da Europa, pelos problemas econômicos ali ocorridos, os EUA tinham estado muito distantes do conflito, embora por um curto e decisivo período tivessem se envolvido nele.

• Assim, longe de perturbar sua economia, a Primeira Guerra Mundial, como a Segunda, beneficiou-os espetacularmente.

Page 148: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Em 1913, os EUA já se haviam tornado a maior economia do mundo, arcando com mais de um terço da produção industrial mundial. Além disso, a guerra não apenas reforçou sua posição como maior produtor do mundo, como os transformou no maior credor do mundo.

• Em suma, não há explicação para a crise econômica mundial sem os EUA. Isso não pretende subestimar as raízes exclusivamente européias do problema, em grande parte, de origem política

Page 149: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Em 1929. respondiam por mais de 42% da produção mundial total, comparados com apenas pouco menos de 28% das três potências industriais européias.

• É uma cifra espantosa. Concretamente, enquanto a produção de aço americana subiu cerca de um quarto entre 1913 e 1920, a produção de aço do resto do mundo caiu cerca de um terço.

Page 150: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Em suma, após o fim da Primeira Guerra Mundial, os EUA eram em muitos aspectos uma economia tão internacionalmente dominante quanto voltou a tornar-se após a Segunda Guerra Mundial.

• Foi a Grande Depressão que interrompeu temporariamente essa ascensão.

Page 151: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

A crise deixou a Europa Central pronta para o fascismo.

• Na Alemanha em 1923 a unidade monetária foi reduzida a um milionésimo de milhão de seu valor de 1913, ou seja, na prática o valor da moeda foi reduzido a zero.

• Mesmo nos casos menos extremos, as conseqüências foram drásticas.

Page 152: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• O desemprego na maior parte da Europa Ocidental permaneceu assombroso e, pelos padrões pré-l914, patologicamente alto.

Page 153: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

•8. O entreguerras e a crise sistêmica

Gilberto Maringoni – UFABC - 2014

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Programação

5 de maio: O entreguerras e a crise sistêmica– Referências

HOBSBAWM, Eric J., A era dos extremos, Companhia das Letras, São Paulo, 1996, pags. 90 a 112 (Capítulo 3 – ‘Rumo ao abismo econômico’)PARKER, Selwyn, O crash de 1929, Editora Globo, São Paulo, 2009, pags. 400 a 418 (Pósfácio)

Page 155: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

O mundo do pós GuerraHobsbawm• A Primeira Guerra Mundial foi seguida por um tipo de

colapso verdadeiramente mundial, sentido pelo menos em todos os lugares em que homens e mulheres se envolviam ou faziam uso de transações impessoais de mercado.

• Na verdade, mesmo os orgulhosos EUA, longe de serem um porto seguro das convulsões de continentes menos afortunados, se tornaram o epicentro deste que foi o maior terremoto global medido na escala Richter dos historiadores econômicos - a Grande Depressão do entreguerras.Em suma: entre as guerras, a economia mundial capitalista pareceu desmoronar. Ninguém sabia exatamente como se poderia recuperá-la.

Page 156: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• A globalização da economia dava sinais de que parara de avançar nos anos entreguerras.

• Por qualquer critério de medição, a integração da economia mundial estagnou ou regrediu.

Page 157: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

Por que essa estagnação?

• Sugeriram-se vários motivos, como por exemplo que a maior das economias do mundo, a dos EUA, passara a ser praticamente auto-suficiente,exceto pelo suprimento de umas poucas matérias-primas; jamais dependera particularmente do comércio externo.

Page 158: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

A crise deixou a Europa Central pronta para o fascismo.

• Na Alemanha em 1923 a unidade monetária foi reduzida a um milionésimo de milhão de seu valor de 1913, ou seja, na prática o valor da moeda foi reduzido a zero.

• Mesmo nos casos menos extremos, as conseqüências foram drásticas.

Page 159: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• O desemprego na maior parte da Europa Ocidental permaneceu assombroso e, pelos padrões pré-l914, patologicamente alto.

Page 160: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

Itália e Alemanha• A passagem pelos momentos de crises interna e

externa da Itália e da Alemanha tornam-se essenciais para o entendimento do contexto em que os indivíduos carentes de representatividade estavam inseridos, para legitimar uma ideologia totalitária e empregadora do terrorismo político, como alternativa aos problemas e às crises que assolavam seus respectivos países.

• Os modelos eram o fascismo italiano e o nacional-socialismo, sendo estes desenvolvidos em países que reuniram condições internas e externas para o surgimento da ideologia sob forma de movimento em condições de disputa pelo poder.

Page 161: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Haviam na Itália aspectos do desenvolvimento do capitalismo de tipo tardio, que irão influenciar no surgimento de idéias como o nacionalismo, o expansionismo e o imperialismo colonialista, utilizadas na composição fascista.

• O desequilíbrio na concentração de pólos econômico, contribuindo para constantes choques entre regiões mais pobres e mais ricas são presentes na península itálica, promovendo dificuldades para a estabilidade do país.

Page 162: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• A Marcha sobre Roma foi uma vasta manifestação fascista, com característica de golpe de estado, de direita, ocorrida em 28 de outubro de 1922

• Milhares de militantes fascistas que reivindicavam o trono da Itália. Este evento representou a ascensão ao poder do Partido Nacional Fascista (PNF) e o fim da democracia liberal, pela nomeação de Benito Mussolini como chefe de governo pelo Rei Vítor Emanuel III

Page 163: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Mesmo após a unificação territorial, a Itália permanecia com fissuras sérias, tanto culturais quanto econômicas, traduzidas por concepções separatistas, fomentadas pelas regiões de índice de industrialização mais elevado, atacando as regiões predominantemente agrárias.

• Os fatores de disparidade interna que minavam o sistema liberal adotado como forma de governo, eram ampliados pelos acontecimentos externos.

Page 164: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Junto ao “perigo vermelho” os movimentos nacionalistas originados antes da Grande Guerra permaneciam ativos e ideologicamente organizados.

• Diante da expansão das ideologias de esquerda, cujo símbolo mais forte na Itália era o Partido Socialista Italiano (PSI), os nacionalistas adotaram a postura de oposição radical à esquerda.

Page 165: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

Entre as motivações aos ataques estão: • O internacionalismo adotado pelos

socialistas - interpretado como traição à pátria, diante das ambições nacionais,

• O princípio mobilizador mantido pelo PSI, regido pela revolução social, adquirindo assim antipatia dos setores médios da sociedade no pós-Guerra, em função do medo da proletarização.

Page 166: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Alguns destes movimentos de nacionalismo exaltado, antiliberais e anti-socialistas se viram, no pós-Guerra Mundial, aglutinados sob liderança de Benito Mussolini, ex-integrante do Partido Socialista Italiano, e ex-diretor do Avanti! (jornal oficial do partido).

• Após ser expulso do PSI, por fazer apologia à entrada da Itália na Primeira Guerra Mundial – constrangendo o internacionalismo do partido -, Mussolini torna pública sua interpretação da luta de classes marxista, levando-a a escala mundial.

Page 167: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

Condições• As condições ideais para o triunfo da ultradireita

eram um Estado velho, com seus mecanismos dirigentes não mais funcionando, uma massa de cidadãos desencantados, desorientados e descontentes, não mais sabendo querer ser leais, forte movimento socialista ameaçando ou parecendo ameaçar com a revolução social, mas não de fato em posição de realizá-la; e uma inclinação do ressentimento nacionalista contra o tratado de paz de 1918-1920.

Page 168: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• A Alemanha sentiu de maneira mais violenta as punições impostas pelo Tratado de Versalhes.

• A intervenção das nações vitoriosas, sob o respaldo do tratado firmado após a Primeira Guerra Mundial, em assuntos políticos e econômicos internos da Alemanha, suscitaram sensação de debilidade interna e de indignação coletiva.

Page 169: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• O Artigo 231 do Tratado de Versalhes enfatizava a responsabilidade moral exclusiva do Reich alemão, sendo constantemente lembrado, como forma de justificar as ações que pesavam contra a Alemanha derrotada.

• O direito de autodeterminação dos povos, defendido pelo presidente estadunidense Wilson, era suspendido quando rogado pelos alemães em defesa da soberania nacional.

Page 170: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• As medidas previstas pelo tratado de paz da Conferência de Versalhes implicavam privações ao desenvolvimento industrial alemão, ora pela perda de territórios estratégicos - ricos em minério de ferro e carvão (matérias-primas para o desenvolvimento da indústria de base) -, ora pela imposição de racionamentos à produção fabril.

Page 171: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• O putsch de MuniqueInspirado no movimento fascista de Mussolini na Itália, Hitler, em novembro de 1923, organizou um golpe a partir da cidade de Munique, tendo como pano de fundo a grave crise econômica no país.

• .Apesar do fracasso do movimento, projetou o partido e suas idéias em nível nacional.

Hitler preso após a tentativa de golpe

Page 172: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Mussolini, em um discurso proferido dia 28 de outubro de 1925 proferiu a frase que define concisamente a filosofia do fascismo: "Tutto nello Stato, niente al di fuori dello Stato, nulla contra lo Stato" ("Tudo no Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado").

Page 173: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• O Fascismo italiano assume que a natureza do estado é superior à soma dos indivíduos que o compõem e que eles existem para o estado, em vez de o estado existir para os servir. Deste modo todas os assuntos dos indivíduos são assuntos do Estado.

• No seu modelo corporativista da gestão totalitária mas privada, as várias funções do Estado são desempenhadas por entidades individuais que compõem o Estado, sendo do interesse do Estado inspeccionar essa acção, sem nacionalizar aquelas entidades.

• A atividade privada é num certo modo empreguada pelo Estado, o qual pode decidir suspender a infra-estructura de alguma entidade de acordo com a sua utilidade e direcção, ou interesse do estado.

Page 174: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• O fascismo foi de certa forma o resultado de um sentimento geral de ansiedade e medo dentro da classe média na Itália do pós-guerra, que surgiu no seguimento da convergência de pressões interrelacionadas de ordem económica, política e cultural.

Page 175: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Sob o estandarte desta ideologia autoritária e nacionalista, Mussolini foi capaz de explorar os medos perante o capitalismo numa era de depressão pós-guerra, o ascendente de uma esquerda mais militante, e um sentimento de vergonha nacional e de humilhação que resultaram da "vitória mutilada" da Itália nos tratados de paz pós Primeira Guerra Mundial.

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• O fascismo, primeiro em sua forma original italiana, depois na forma alemã do nacional-socialismo, inspirou outras forças antiliberais, apoiou-as e deu à direita internacional um senso de confiança histórica: na década de 1930, parecia a onda do futuro.

• Sem o triunfo de Hitler na Alemanha, a idéia do fascismo como um movimento universal, uma espécie de equivalente direitista do comunismo internacional tendo Berlim como sua Moscou, não teria se desenvolvido.

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• A ascensão da direita radical após a Primeira Guerra Mundial foi também uma resposta ao avanço da revolução social e do poder operário em geral, e à Revolução de Outubro e ao leninismo em particular.

• Sem esses, não teria havido fascismo algum, pois embora os demagógicos ultradireitistas tivessem sido politicamente barulhentos e agressivos em vários países europeus desde o fim do século XIX, quase sempre haviam sido mantidos sob controle antes de 1914.

Page 178: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

NazismoDo programa do NSDAP - Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores • Pedimos igualdade de direitos para o Povo Alemão em relação às outras

nações e a revogação do Tratado de Versalhes e do Tratado de Saint-Germain.

• É necessário impedir novas imigrações de não alemães. Pedimos que todos os não alemães estabelecidos no Reich depois de 2 de Agosto de 1914, sejam imediatamente obrigados a deixar o Reich.

• Todos os cidadãos têm os mesmos direitos e os mesmos deveres.• Pedimos a nacionalização de todas as empresas que atualmente pertencem

a trusts.• Pedimos uma participação nos lucros das grandes empresas.• Pedimos a criação e proteção de uma classe média sã, a entrega imediata

das grandes lojas à administração comunal e o seu aluguer aos pequenos comerciantes a baixo preço. Deve ser dado prioridade aos pequenos comerciantes e industriais nos fornecimentos ao Estado, aos Länder ou aos municípios.

• Pedimos uma reforma agrária adaptada às nossas necessidades nacionais• O Estado deve preocupar-se por melhorar a saúde pública mediante a

proteção da mãe e dos filhos.

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• Tais aspirações nacionalistas não realizadas (ou frustradas) manchavam a reputação do liberalismo e do constitutionalismo entre muitos sectores da população italiana. Adicionalmente, tais instituições democráticas nunca cresceram ao ponto de se tornarem firmemente enraizadas na nova nação-estado.

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Crise e mudança• O mundo do início dos anos

1930 enfrentava os sobressaltos da Grande Depressão, cujo marco definidor foi a quebra da bolsa de Nova York, em 29 de outubro de 1929. Nenhum país capitalista passou incólume pela crise.

Page 181: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Vivendo uma expansão constante desde a segunda metade do século anterior, sem enfrentar nenhum conflito significativo em seu território desde a Guerra de Secessão (1861-1865), os Estados Unidos despontaram, após a Guerra de 1914-1918, como a maior potência mundial e a força dominante entre os mercados latino-americanos.

Page 182: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Apesar de uma enorme desigualdade social - 90% da riqueza estava na mão de 13% dos estadunidenses - nunca uma sociedade exibira tamanha opulência e tamanha pujança econômica.

• Mas a roda girou em falso através de uma brutal crise de superprodução. Ela refletia a saturação dos mercados, que não absorviam mais o volume de mercadorias produzidas. Sem mecanismos de regulação, o livre-mercado mostrou seus limites.

Page 183: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• A quebra fez com que bilhões de dólares evaporassem da noite para o dia, centenas de empresas fossem à bancarrota e as demissões de trabalhadores atingissem números nunca imaginados. Somente em Nova York, em fins de 1929, havia um milhão de desempregados vagando pelas ruas.

Page 184: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Nos EUA, a queda dos preços dos produtos primários (que deixaram de cair ainda mais pelo acúmulo feito de estoques cada vez maiores) simplesmente demonstrou que a demanda deles não conseguia acompanhar a capacidade de produção.

Page 185: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Uma dramática recessão da economia industrial norte-americana logo contaminou outro núcleo industrial, Alemanha.

• A produção industrial americana caiu cerca de um terço entre 1929 e 1931, e a alemã mais ou menos o mesmo.

Page 186: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• A Westinghouse, grande empresa de eletricidade,perdeu dois terços de suas vendas entre 1929 e 1933, enquanto sua renda líquida caiu75%em dois anos.

A crise se difundiu internacionalmente.

• Isso deixou prostrados Argentina, Austrália, países balcânicos, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Egito, Equador, Finlândia, Hungria, Índia, Malásia britânica, México, Índias holandesas (atual Indonésia), Nova Zelândia, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela

• As economias da Áustria, Tchecoslováquia, Grécia, Japão, Polônia e Grã-Bretanha, bastante sensíveis a abalos sísmicos vindos do Ocidente (ou Oriente), foram igualmente abaladas.

Page 187: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

Em suma, a Depressão tornou-se global no sentido literal.

• Quase simbolicamente, a Grã-Bretanha em 1931 abandonou o Livre Comércio, que fora tão fundamental para a identidade econômica britânica desde a década de 1840.

• O trauma da Grande Depressão foi realçado pelo fato de que um país que rompera clamorosamente com o capitalismo pareceu imune a ela: a União Soviética.

Page 188: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

URSS• Enquanto o resto do mundo, ou pelo menos o

capitalismo liberal ocidental, estagnava, a URSS entrava numa industrialização ultra-rápida e maciça sob seus novos Planos Qüinqüenais.

• De 1929 a 1940, a produção industrial soviética triplicou, no mínimo dos mínimos. Subiu de 5% dos produtos manual faturados do mundo em 1929 para 18% em 1938, enquanto no mesmo período a fatia conjunta dos EUA, Grã-Bretanha e França caía de 59% para 52%do total do mundo.

• E mais, não havia desemprego.

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• Essas conquistas impressionaram mais os observadores estrangeiros de todas as ideologias, incluindo um pequeno mas influente fluxo de turistas sócio-econômicos em Moscou em 1930.

• O que eles tentavam compreender não era o fenômeno da URSS em si, mas o colapso de seu próprio sistema econômico, a profundidade do fracasso do capitalismo ocidental

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• Qual era o segredo do sistema soviético? Podia-se aprender alguma coisa com ele? Ecoando os Planos Qüinqüenais da URSS, "Plano" e "Planejamento" tomaram-se palavras da moda na política.

• Os partidos social-democratasa adotaram "planos", como na Bélgica e Noruega.

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• Jovens políticos conservadores como o futuro primeiro-ministro Harold Macmillan (1894-1986) tornaram-se porta-vozes do "planejamento".

• Até os nazistas plagiaram a idéia, quando Hitler introduziu um "Plano Quadrienal" em1933.

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Por que a economia capitalista não funcionou entre as guerras?

• A situação nos EUA é parte essencial de qualquer resposta a essa pergunta. Pois, se era possível responsabilizar, ao menos parcialmente, as perturbações da Europa na guerra e no pós-guerra, ou pelo menos nos países beligerantes da Europa, pelos problemas econômicos ali ocorridos, os EUA tinham estado muito distantes do conflito, embora por um curto e decisivo período tivessem se envolvido nele.

• Assim, longe de perturbar sua economia, a Primeira Guerra Mundial, como a Segunda, beneficiou-os espetacularmente.

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• Em 1913, os EUA já se haviam tornado a maior economia do mundo, arcando com mais de um terço da produção industrial mundial.

• Além disso, a guerra não apenas reforçou sua posição como maior produtor do mundo, como os transformou no maior credor do mundo.

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• Em suma, não há explicação para a crise econômica mundial sem os EUA.

• Isso não pretende subestimar as raízes exclusivamente européias do problema, em grande parte, de origem política

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• Em 1929. respondiam por mais de 42% da produção mundial total, comparados com apenas pouco menos de 28% das três potências industriais européias.

• É uma cifra espantosa. Concretamente, enquanto a produção de aço americana subiu cerca de um quarto entre 1913 e 1920, a produção de aço do resto do mundo caiu cerca de um terço.

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• Em suma, após o fim da Primeira Guerra Mundial, os EUA eram em muitos aspectos uma economia tão internacionalmente dominante quanto voltou a tornar-se após a Segunda Guerra Mundial.

• Foi a Grande Depressão que interrompeu temporariamente essa ascensão.

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• O mundo do início dos anos 1930 enfrentava os sobressaltos da Grande Depressão, cujo marco definidor foi a quebra da bolsa de Nova York, em 29 de outubro de 1929. Nenhum país capitalista passou incólume pela crise.

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• No início da década de 1930, a mudança veio abrupta. Seus marcos foram o abandono do padrão-ouro pela Grã-Bretanha, os Planos Qüinqüenais na Rússia, o New Deal nos EUA e a ascenção do nacional-socialismo na Alemanha e o colapso da Liga das nações em favor de impérios autárquicos.

• .

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• Em 1940 já não existiam vestígios do sistema anterior.

• A causa da mudança foi o colapso do sistema econômico internacional.

• Algumas moedas desapareceram, como a alemã, a austríaca, a húngara e a russa. Apareceu um fenômeno inteiramente novo: a fuga de capital

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• Vivendo uma expansão constante desde a segunda metade do século anterior, sem enfrentar nenhum conflito significativo em seu território desde a Guerra de Secessão (1861-1865), os Estados Unidos despontaram, após a Guerra de 1914-1918, como a maior potência mundial e a força dominante entre os mercados latino-americanos.

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• Nunca uma sociedade exibira tamanha opulência e pujança econômica.

• Mas a roda girou em falso através de uma brutal crise de superprodução.

• O livre-mercado mostrou seus limites.

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• A quebra fez com que bilhões de dólares evaporassem da noite para o dia, centenas de empresas fossem à bancarrota e as demissões de trabalhadores atingissem números nunca imaginados.

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• Após a crise, a produção industrial americana caiu cerca de um terço entre 1929 e 1931, e a alemã mais ou menos o mesmo, mas essas são médias suavizadas.

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• A Depressão tornou-se global no sentido literal.

• A interdependência do comércio e, especialmente, a interdependência financeira agiram como poderosos instrumentos de transmissão internacional da crise.

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• De imediato, foram atingidos Argentina, Austrália, países balcânicos, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Egito, Equador, Finlândia, Hungria, Índia, Malásia britânica, México, Índias holandesas (atual Indonésia), Nova Zelândia, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

• As economias da Áustria, Tchecoslováquia, Grécia, Japão, Polônia e GrãBretanha, bastante sensíveis a abalos sísmicos vindos do Ocidente (ou Oriente), foram igualmente abaladas.

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• O Brasil tornou-se um símbolo do desperdício do capitalismo e da seriedade da Depressão, pois seus cafeicultores tentaram em desespero impedir o colapso dos preços queimando café em vez de carvão em suas locomotivas a vapor. (Entre dois terços e três quartos do café vendido no mundo vinham desse país.)

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• Apesar disso, a Grande Depressão foi muito mais tolerável para os brasileiros ainda em sua grande maioria rurais que os cataclismos econômicos da década de 1980; sobretudo porque as expectativas das pessoas pobres quanto ao que podiam receber de uma economia ainda eram extremamente modestas.

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• O Brasil de 1930 tinha 37,6 milhões de habitantes e o café respondia por 70% de sua receita de exportações. Sem indústrias de monta e com uma economia baseada em produtos agrícolas, o país vive ao sabor das ondas da economia mundial.

• A crise de 1929 bate de frente nessa lógica da quase monocultura. Agoniza a República Velha. Avizinha-se uma grave crise social.

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• De acordo com Celso Furtado, a política de valorização do café, por seu efeito multiplicador na economia, teve características anticíclicas que impediram o aprofundamento da crise no país.

• Os fortes subsídios estatais na compra da produção, mesmo com a redução da demanda externa, foram decisivos para que, em 1933, a economia começasse a se recuperar.

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• A política de valorização do café resultava de um acordo firmado entre cafeicultores e o governo federal, em 1906, na cidade de Taubaté.

• Através dele, o Estado compraria o excedente da produção, evitando crises de superprodução e a queda abrupta dos preços no mercado mundial.

• Funcionava como se o país estabelecesse uma política de cotas de produção.

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• A defasagem cambial desestimulava as importações. Ao mesmo tempo, a recuperação do setor cafeeiro conferia maior dinamismo ao mercado interno, nesse momento mais atraente para investimentos que a economia de exportação, então estagnada. Foi o mercado interno o motor da recuperação econômica brasileira, um processo, segundo Furtado, inédito.

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• A produção industrial e mesmo a agrícola voltou-se, em sua maior parte, para o consumo local, no início dos anos 1930.

• O pólo dinâmico da economia deslocava-se do setor exportador para a demanda doméstica, que gerava maiores lucros e atraía mais investimentos.

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• Assim, mesmo com as importações de insumos e maquinário dificultadas pela depreciação da moeda nacional, a indústria – especialmente a de bens de capital - pode se desenvolver.

• O Brasil passou a importar máquinas e equipamentos obsoletos nos países centrais, mais baratos, o que compensava a defasagem cambial. A produção industrial cresceu cerca de 50% entre 1929 e 1937. Assim, a taxa de câmbio depreciada passou a ter enorme importância no desenvolvimento da economia brasileira.

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No cenário mundial• A conseqüência básica da Depressão foi o

desemprego em escala inimaginável e sem precedentes, e por mais tempo do que qualquer um já experimentara.

• No pior período da Depressão (1932), 22% a 23% da força de trabalho britânica e belga, 24% da sueca, 27% da americana, 29% da austríaca, 31% da norueguesa, 32% da dinamarquesa e nada menos que 44% da alemã não tinha emprego.

• O único Estado ocidental que conseguiu eliminar o desemprego foi a Alemanha nazista entre 1933 e 1938.

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• Não houvera nada semelhante a essa catástrofe econômica na vida dos trabalhadores até onde qualquer um pudesse lembrar.

• O que tornava a situação mais dramática era que a previdência pública na forma de seguro social, inclusive auxílio-desemprego, ou não existia, como nos EUA, ou, pelos padrões de fins do século 20, era parca, sobretudo para os desempregados a longo prazo.

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• A Grande Depressão destruiu o liberalismo econômico por meio século.

• Em 1931, a Grã-Bretanha, Canadá, toda a Escandinávia e os EUA abandonaram o padrão-ouro, sempre encarado como a base de trocas internacionais estáveis.

• Em 1936 haviam-se juntado a eles os belgas, os holandeses e os franceses.

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• A Grã-Bretanha em 1931 abandonou o Livre Comércio, que fora tão fundamental para a identidade econômica britânica desde a década de 1840 quanto a Constituição americana para a identidade política dos EUA.

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• Após a guerra, o "pleno emprego", ou seja, a eliminação do desemprego em massa, tornou-se a pedra fundamental da política econômica nos países de capitalismo democrático reformado.

• Seu mais famoso profeta e pioneiro foi o economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946).

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• Os keynesianos afirmavam, corretamente, que a demanda a ser gerada pela renda de trabalhadores com pleno emprego teria o mais estimulante efeito nas economias em recessão.

• Apesar disso, o motivo pelo qual esse meio de aumentar a demanda recebeu tão urgente prioridade - o governo britânico empenhou-se nele mesmo antes do fim da Segunda Guerra Mundial - foi que se acreditava que o desemprego em massa era política e socialmente explosivo, como de fato mostrara ser durante a Depressão.

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• O trauma da Grande Depressão foi realçado pelo fato de que um país que rompera clamorosamente com o capitalismo pareceu imune a ela: a União Soviética.

• Enquanto o resto do mundo, ou pelo menos o capitalismo liberal ocidental, estagnava, a URSS entrava numa industrialização ultra-rápida e maciça sob seus novos Planos Qüinqüenais.

• De 1929 a 1940, a produção industrial soviética triplicou, no mínimo dos mínimos.

• Subiu de 5% dos produtos manual faturados do mundo em 1929 para 18% em 1938.

• No mesmo período a fatia conjunta dos EUA, Grã-Bretanha e França caía de 59% para 52% do total do mundo.

• E mais, não havia desemprego na URSS.

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• Ecoando os Planos Qüinqüenais da URSS, "Plano" e "Planejamento" tomaram-se palavras da moda na política.

• Os partidos social-democra tas adotaram "planos", como na Bélgica e Noruega.

• Até os nazistas plagiaram a idéia, quando Hitler introduziu um "Plano Quadrienal" em 1933.

Page 222: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• O sistema mundial, pode-se argumentar, não funcionou porque, ao contrário da Grã-Bretanha, que fora o centro antes de 1914, os EUA não precisavam muito do resto do mundo, e portanto, outra vez ao contrário da Grã-Bretanha, que sabia que o sistema de pagamentos mundiais se apoiava na libra esterlina e cuidava para que ela permanecesse estável, os EUA não se preocuparam em agir como estabilizador global.

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• O que tomava a economia tão mais vulnerável durante um período em que houve um boom de crédito era que os consumidores não usavam seus empréstimos para comprar os bens de consumo tradicionais, que mantêm corpo e alma juntos, e têm portanto muito pouca variação: alimentos, roupas e coisas semelhantes.

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• O mundo continuou em depressão ao longo de toda a década de 1930.

• Isso foi mais visível na maior de todas as economias, a dos EUA, porque as várias experiências para estimular a economia feitas pelo "New Deal" do presidente F. D. Roosevelt - às vezes de maneira inconsistente - não corresponderam exatamente à sua promessa econômica.

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• Economistas que aconselhavam que se deixasse a economia em paz, governos cujos primeiros instintos, além de proteger o padrão ouro com políticas deflacionárias, era apegar-se à ortodoxia financeira, aos equilíbrios de orçamento e à redução de despesas, visivelmente não tomavam melhor a situação.

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• Na verdade, à medida que continuava a Depressão, argumentava-se com considerável vigor, entre outros por J. M. Keynes que tais governos estavam piorando a Depressão.

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• Não surpreende que os efeitos da Grande Depressão tanto sobre a política quanto sobre o pensamento público tivessem sido dramáticos e imediatos.

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• Infeliz o governo por acaso no poder durante o cataclismo, fosse ele de direita, como a presidência de Herbert Hoover nos EUA (1928-32), ou de esquerda, como os governos trabalhistas na Grã-Bretanha e Austrália.

• A mudança nem sempre foi tão imediata quanto na América Latina, onde doze países mudaram de governo ou regime em 1930-31, dez deles por golpe militar.

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• Em meados da década de 1930 havia poucos Estados cuja política não houvesse mudado substancialmente em relação ao que era antes do crash.

• Na Europa e Japão, deu-se uma impressionante virada para a direita, com exceção da Escandinávia, onde a Suécia entrou em seu governo social-democrata de meio século em 1932, e na Espanha, onde a monarquia Bourbon deu lugar a uma infeliz e, como se viu, breve República em 1931

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• Os portões para a Segunda Guerra Mundial foram abertos em 1931.

• O fortalecimento da direita radical foi reforçado, pelo menos durante o pior período da Depressão, pelos espetaculares reveses da esquerda revolucionária.

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• O Estado no centro da agenda

• No combate à crise, a maior parte dos governos dos países mais importantes adotou políticas intervencionistas e de fortalecimento do Estado, além da URSS. São alguns exemplos:

• EUA - 1932-1944• Alemanha – 1933-1945• Espanha – 1938-73• Itália – 1922-1944• Portugal - 1932-1968• Brasil – 1930 -1945• Argentina – 1946 -1955• México – 1934-1940

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• O teórico da retomada• John Maynard Keynes (1883-1946), economista

britânico, defendia, contra as teses liberais, uma política econômica de Estado intervencionista.

• Nela, os governos usariam medidas fiscais e monetárias para mitigar os efeitos adversos dos ciclos econômicos - recessão, depressão e booms. Suas ideias serviram de base para a escola de pensamento conhecida como economia keynesiana.

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• Na década de 1930, Keynes iniciou uma revolução no pensamento econômico, opondo-se às ideias da economia neoclássica que defendiam que os mercados livres ofereceriam automaticamente empregos aos trabalhadores contanto que eles fossem flexíveis na sua procura salarial.

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• Após a eclosão da Segunda Guerra Mundial, as ideias econômicas de Keynes foram adotadas pelas principais potências econômicas do Ocidente.

• Durante as décadas de 1950 e 1960, o sucesso da economia keynesiana foi tão retumbante que quase todos os governos capitalistas adotaram suas recomendações.

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• O impacto da Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda (1936) nos meios acadêmicos e na formulação de políticas públicas excedeu o que normalmente seria esperado, até mesmo de pensadores tão destacados como John Maynard Keynes.

• O objetivo de Keynes, ao defender a intervenção do Estado na economia não é, de modo algum, destruir o sistema capitalista de produção. Muito pelo contrário, segundo o autor, o capitalismo é o sistema mais eficiente que a humanidade já conheceu (incluindo aí o socialismo).

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• O objetivo é o aperfeiçoamento do sistema, de modo que se una o altruísmo social (através do Estado) com os instintos do ganho individual (através da livre iniciativa privada). Segundo o autor, a intervenção estatal na economia é necessária porque essa união não ocorre por vias naturais, graças a problemas do livre mercado.

• Suas ideias e as dos seus seguidores foram adotadas por vários governos ocidentais e também por muitos governos do terceiro mundos.

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O New Deal, a reação dos EUA• Em 4 de março de 1933, Franklin Delano Roosevelt (1882 -1945)

torna-se presidente dos Estados Unidos.

• A crise econômica e social iniciada em outubro de 1929 arruína o país. Desaparece a confiança na prosperidade. Os especuladores arruinados não podem mais saldar suas dívidas. Os bancos reclamam sua parte.

• Como não conseguem reaver o dinheiro que lhes é devido, 659 bancos fecham suas portas em 1929, 1.352 em 1930, e 2.294 no ano seguinte. Obrigados a abrir falência, os industriais fecham as fábricas.

• O desemprego atinge índices astronômicos: 1,5 milhão de americanos em 1929, 13 milhões de homens e mulheres quatro anos mais tarde, ou seja, um quarto da população ativa.

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• Roosevelt promete agir imediatamente nos primeiros 100 dias de seu mandato.

• De março a junho de 1933, inúmeros projetos invadem o Congresso. A equipe do presidente, principalmente o Brain Trust, demonstra uma atividade febril.

• A 9 de março, uma lei reorganiza o sistema bancário e permite a reabertura dos bancos.

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• Nascem vários órgãos federais.• O Civilian Conservation Corps (CCC), conduzido

por militares, empregará 250 mil pessoas, que passam a trabalhar nas estradas, florestas e parques nacionais.

• A Federal Emergency Relief Administration (Fera) destinará US$ 500 milhões aos estados e municípios para que criem empregos.

• O Agricultural Adjustment Act (AAA) tenta remediar a crise agrícola limitando a superprodução, elevando os preços, e ajudando os fazendeiros que aceitarem reduzir a superfície cultivada.

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• A Tennessee Valley Authority (TVA) valorizará o vale do Tennessee, construirá barragens hidrelétricas, facilitará a irrigação e assegurará o desenvolvimento regional.

• A National Industrial Recovery Act (Nira) visa dar novo vigor às atividades industriais, e confia aos empresários a iniciativa de concluir acordos com a ajuda do federal. O artigo 7 dessa lei garante aos trabalhadores o direito de formar sindicatos. A Civil Works Administration (CWA) dará assistência a 4 milhões de desempregados.

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• O método não se limita aos cem dias do programa.

• À medida que vários desses organismos vão desaparecendo, conforme o prazo fixado pela lei, são substituídos por outras administrações, formadas segundo o mesmo modelo.

• A Works Progress Administration (WPA) data de 1935 e é sucessora da Fera. A Securities Exchange Commission (SEC) cuida da regulamentação das operações da Bolsa. A Rural Electrification Administration (REA) recebe a missão de eletrificar as zonas rurais.

• A National Youth Administration (NYA) trata do desemprego dos jovens.

• O National Labor Relations Board (NLRB) controla o processo de negociações trabalhistas.

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• Cada medida envolve a criação de secretarias, comitês e serviços para assegurar a aplicação da lei.

• É como se os Estados Unidos procurassem compensar seu atraso em relação às pesadas administrações européias.

• O governo federal torna-se o motor da vida econômica e social, intervindo em todos os domínios. Neste sentido, Roosevelt vai contra os seus predecessores. Ele não acredita mais na filosofia política do passado. É preciso que o país entre na modernidade.

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• Seis anos após a ascensão ao poder de Roosevelt, a crise não fora superada. Os índices econômicos são reveladores.

• O PIB de 1939 atinge com dificuldade o nível de 1929; e se o critério escolhido for o PIB per capita, o índice de 1939 é ligeiramente inferior.

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• A produção industrial experimentou ligeira melhora em 1937, antes de cair novamente no ano seguinte e ganhar alguns pontos em 1939.

• O desemprego diminuiu. Todavia, há ainda 9,5 milhões de pessoas sem emprego, ou seja, 17% da população ativa. O desempregado de 1939 está, é certo, mais bem protegido do que o de 1929. Mas o que colocará a economia americana nos trilhos será a produção de guerra. O New Deal teve êxito apenas relativo.

• Somente a guerra retiraria os EUA da crise.

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• O fortalecimento do Estado no Brasil Sonia Draibe:

• "De uma a outra fase da industrialização, com autonomia, força e capacidade de iniciativa, o Estado brasileiro planejou, regulou e interveio nos mercados e tomou-se, ele próprio, produtor e empresário; através de seus gastos e investimentos coordenou o ritmo e os rumos da economia e, através de seus aparelhos e instrumentos, controlou e se imiscuiu até o âmago da acumulação capitalista.

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• Do ponto de vista social e político, regulou as relações sociais, absorveu no interior de suas estruturas os interesses e se transformou numa arena de conflitos, todos eles mediados e arbitrados pelos seus agentes.

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• Manifestou-se como Executivo forte, como aparelho burocrático-administrativo moderno e complexo e passou a operar através de um corpo cada vez maior e mais sofisticado de funcionários, os novos burocratas, metamorfoseados, nestas circunstâncias, em aparente 'tecnocracia'. (Sonia Draibe)

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• “Um tipo de Estado que se enraiza numa estrutura social heterogênea, em desequilíbrio tendência!; um tipo de Estado que se erige sobre um conjunto de forças sociais em transformação, não articuladas objetivamente. Finalmente, um tipo de Estado que (. ..) vai adquirindo, ao longo do processo de transição, as estruturas centralizadas, unificadas e ramificadoras do Estado nacional capitalista". (Sonia Draibe)

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• No vasto setor colonial do mundo, a Depressão trouxe um acentuado aumento na atividade antiimperialista, em parte por causa do colapso dos preços das mercadorias das quais dependiam as economias coloniais (ou pelo menos suas finanças públicas e classes médias), e em parte porque os próprios países metropolitanos apressaram-se em proteger sua agricultura e empregos, sem avaliar os efeitos dessas políticas sobre suas colônias.

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• 9. A II Guerra Mundial e a Hegemonia dos EUA

• Gilberto Maringoni – UFABC 2014

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• Saídas da crise e a II Guerra Mundial. Hegemonia dos EUA;HOBSBAWM, Eric J., A era dos extremos, Companhia das Letras, São Paulo, 1996, pags. 144 a 177KENNEDY, Paul. Ascensão e queda das grandes potências, Editora Campus, Rio de Janeiro, 1989, pags. 331 a 356

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• Contra o inimigo comum - Hobsbawm

• A Guerra foi o único momento em que dois antípodas, a pátria mãe do capitalismo, os EUA, e a matriz do socialismo, a URSS, se uniram em prol de uma causa comum.

• A situação histórica era sem dúvida excepcional e teria vida relativamentte curta. Durou, no máximo, de 1939 (quando os EUA reconheceram oficial mente a URSS ) até 1947 (quando os dois campos ideológicos se defrontaram como inimigos na “Guerra Fria”).

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• Em outras palavras, a aliança foi determinada pela ascensão e queda da Alemanha de Hitler (1933-45), contra a qual EUA e URSS fizeram causa comum, porque a viam como um perigo maior do que cada um ao outro.

• Os motivos pelos quais o fizeram transcendem o alcance das relações internacionais convencionais ou a política de influência, e é o que toma tão significativo o anômalo alinhamento de Estados e movimentos que acabaram travando e ganhando a Segunda Guerra Mundial.

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• O que acabou forjando a união contra a Alemanha foi o fato de que não se tratava apenas de um Estado-nação com razões para sentir-se descontente com sua situação, mas de um Estado cuja política e ambições eram determinadas por sua ideologia.

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• A fronteira passava não entre capitalismo e comunismo, mas entre o que o século XIX teria chamado de “progresso” e a “reação” — só que esses termos já não eram exatamente opostos.

• Tomou-se uma guerra internacional, porque em essência suscitou as mesmas questões na maioria dos países ocidentais.

• Foi também uma guerra civil, porque as linhas que separavam as forças pró e antifascistas cortavam cada sociedade.

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• O que uniu todas essas divisões civis nacionais numa única guerra global, internacional e civil, foi o surgimento da Alemanha de Hitler.

• Ou, mais precisamente, entre 1931 e 1941, a marcha para a conquista e a guerra da aliança de Estados — Alemanha, Itália e Japão, da qual a Alemanha de Hitler se tornou o pilar central.

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• O tabuleiro da Guerra foi montado na década anterior.

• Em 1931, o Japão invadiu a Manchúria e estabeleceu ali um Estado títere.

• Em 1932 ocupou a China ao Norte da Grande Muralha e chegou a Xangai.

• Em 1933 Hitler subiu ao poder na Alemanha com um programa que ele não tentava ocultar.

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• Em 1934, uma breve guerra civil na Áustria eliminou a democracia ali e introduziu um regime semifascista que se destacou sobretudo por resistir à integração com a Alemanha e (com apoio ita liano na época) por derrotar um golpe nazista que assassinou o premiê austríaco.

• Em 1935, a Alemanha comunicou sua ruptura com os tratados de paz e ressurgiu como grande potência militar e naval, reapossando-se (por plebiscito) da região do Saar em sua fronteira ocidental e desligando-se com desprezo da Liga das Nações.

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• No mesmo ano Mussolini, com igual desprezo pela opinião pública, invadiu a Etiópia, que a Itália passou ocupar como colônia em 1936-7, após o que o Estado também rasgou sua ficha de membro da Liga.

• Em 1936, a Alemanha recuperou a Renânia e, com ajuda e intervenção ostensivas de Itália e Alemanha, um golpe militar na Espanha iniciou um grande conflito, a Guerra Civil Espanhola.

• As duas potências fascistas fizeram num alinhamento formal, o Eixo Berlim-Roma, en quanto Alemanha e Japão concluíam um “Pacto Anti-Comintem”.

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• Em 1937, sem surpreender ninguém, o Japão invadiu a China e partiu para uma guerra aberta que só cessou em 1945.

• Em 1938, a Alemanha também achou que chegara a hora da conquista.

• A Áustria foi invadida e anexada em março, sem resistência militar, e, após várias ameaças, o acordo de Munique em outubro despedaçou a Tchecoslováquia e transferiu grandes partes dela para Hitler, mais uma vez pacificamente.

• O resto foi ocupado em março de 1939, encorajando a Itália, que não tinha demonstrado ambições imperiais por alguns meses, a ocupar a Albânia.

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• Quase imediatamente uma crise polonesa, mais uma vez resultante de mais exigências territoriais alemãs, paralisou a Europa.

• Disso veio a guerra européia de 1939-41, que se tomou a Segunda Guerra Mundial.

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• Decorrência da crise do liberalismo

• Outro fator entrelaçou os fios da política nacional numa única teia internacional: a consistente e cada vez mais espetacular debilidade dos Estados democráticos liberais (que coincidiam ser também os Estados vitoriosos da Primeira Guerra Mundial); a sua incapacidade ou falta de vontade de agir, individualmente ou em conjunto, para resistir ao avanço de seus inimigos.

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• Há um agudo contraste entre o Velho e Novo Mundo.

• Na Europa não ocorreu nada semelhante à dramática mudança de republicanos para democratas em 1932 (o voto presidencial destes subiu de entre 15 a 16 milhões para quase 28 milhões em quatro anos), mas deve-se dizer que, em termos eleitorais, Franklin D. Roosevelt atingiu seu pico em 1932, embora (para surpresa de todos, com exceção de seu povo) ficasse só um pouco aquém daquilo em 1936.

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• O racismo nazista logo provocou o êxodo em massa de intelectuais judeus e esquerdistas, que se espalharam pelo que restava de um mundo tolerante.

• A hostilidade nazista à liberdade intelectual quase imediatamente expurgou das universidades alemãs talvez um terço de seus professores.

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• Muitos conservadores achavam, sobretudo na Grã-Bretanha, que a melhor de todas as soluções seria uma guerra germano-soviética, enfraquecendo, e talvez destruindo, os dois inimigos, e uma derrota do bolchevismo por uma enfraquecida Alemanha não seria uma coisa ruim.

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• A relutância pura e simples dos governos ocidentais em entrar em negociações efetivas com o Estado vermelho, mesmo em 1938-9, quando a urgência de uma aliança antiHitler não era mais negada por ninguém, é demasiado patente.

• Na verdade, foi o temor de ter de enfrentar Hitler sozinho que acabou levando Stalin, desde 1935 um inflexível defensor de uma aliança com o Ocidente contra Hitler, ao Pacto Stalin-Ribbentrop de agosto de 1939, com o qual esperava manter a URSS fora da guerra enquanto a Alemanha e as potências ocidentais se enfraqueciam mutuamente

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• Como a Segunda Guerra Mundial iria demonstrar, a única aliança antifascista efetiva seria a que incluísse a URSS.

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• Segunda Guerra Mundial (1939–1945) • O conflito opôs os Aliados às

Potências do Eixo, tendo sido o conflito que causou mais vítimas em toda a história da Humanidade.

• As principais potências aliadas eram a China, a França, a Grã-Bretanha, a União Soviética e os Estados Unidos. O Brasil se integrou aos Aliados em 1943.

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• A Alemanha, a Itália e o Japão, por sua vez, perfaziam as forças do Eixo.

• Muitos outros países participaram na guerra, quer porque se juntaram a um dos lados, quer porque foram invadidos, ou por haver participado de conflitos laterais. Em algumas nações (como a França e a Jugoslávia), a Segunda Guerra Mundial provocou confrontos internos entre partidários de lados distintos.

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• Início da guerra na Europa• A 1 de Setembro de 1939, o exército

alemão lançou uma forte ofensiva de surpresa contra a Polônia, com o principal objetivo de reconquistar seus territórios perdidos na Primeira Guerra Mundial e com o objetivo secundário de expandir o território alemão.

• As tropas alemãs conseguiram derrotar as tropas polacas em apenas um mês.

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• A União Soviética tornou efetivo o acordo (Ribbentrop-Molotov) com a Alemanha e ocupou a parte oriental da Polónia.

• A Grã-Bretanha e a França, responderam à ocupação declarando guerra à Alemanha, mas não entrando, porém, imediatamente em combate. A Itália, nesta fase, declarou-se "país neutro".

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• O plano de expansão do governo envolvia uma série de etapas.

• Em 1938, com o apoio da população austríaca, o governo nazista anexou a Áustria, episódio conhecido como Anschluss.

• Em seguida, reivindicou a integração das minorias germânicas que habitavam os Sudetos (região montanhosa da Checoslováquia).

• Como esta não estava disposta a ceder, a guerra parecia iminente, foi então convocada uma conferência internacional em Munique.

• Na conferência de Munique, em setembro de 1938, ingleses e franceses, seguindo a política de apaziguamento, cederam à vontade de Hitler, concordando com a anexação dos Sudetos

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Dresden, Alemanha, fevereiro de 1945

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Stuka

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GUERRA!• Início da guerra na Europa• A 1 de Setembro de 1939, o exército alemão

lançou uma forte ofensiva de surpresa contra a Polónia, com o principal objectivo de reconquistar seus territórios perdidos na Primeira Guerra Mundial e com o objetivo secundário de expandir o território alemão.

• As tropas alemãs conseguiram derrotar as tropas polacas em apenas um mês.

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• A União Soviética tornou efetivo o acordo (Ribbentrop-Molotov) com a Alemanha nazista e ocupou a parte oriental da Polónia.

• A Grã-Bretanha e a França, responderam à ocupação declarando guerra à Alemanha, mas não entrando, porém, imediatamente em combate.

• A Itália, nesta fase, declarou-se "país neutro".

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• O plano de expansão alemão envolvia uma série de etapas.

• Em 1938, com o apoio da população austríaca, o governo nazista anexou a Áustria, episódio conhecido como Anschluss.

• Em seguida, reivindicou a integração das minorias germânicas que habitavam os Sudetas (região montanhosa da Checoslováquia). Como esta não estava disposta a ceder, a guerra parecia iminente, foi então convocada uma conferência internacional em Munique.

• Na conferência de Munique, em setembro de 1938, ingleses e franceses, seguindo a política de apaziguamento, concordaram com a anexação dos Sudetos.

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Cronologia da II Guerra Mundial• 1939 • 1 setembro - tropas da Alemanha invadem a

Polônia. Começa oficialmente Guerra.• 3 de setembro - França e Inglaterra declaram

guerra à Alemanha.• 6 de setembro – Os EUA se declaram neutros• 10 de setembro - começa a Batalha do Atlântico.• 17 de setembro - União Soviética invade a Polônia.• 27 de setembro - Polônia se rende aos alemães.• 30 de novembro- URSS ataca a Finlândia.

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• 1940• 18 de janeiro - Dinamarca, Suécia e Noruega declaram

neutralidade.• 10 de maio - Alemanha invade a Bélgica, Holanda, Luxemburgo

e norte da França.• 16 de maio - a Alemanha começa a bombardear o sul da

Inglaterra.• 3 de junho - Aviões da Alemanha bombardeiam Paris.• 10 de junho - Itália declara guerra aos aliados.• 14 de junho - Paris é tomada pelos alemães.• 8 de agosto - Alemães começam a atacar Londres pelo ar.• 25 de agosto - Aviação inglesa bombardeia a cidade de Berlim.• 13 de setembro - Incursões militares italianas no norte da

África.• 22 de setembro - Japão invade a Indochina Francesa (Vietnã).• 27 de setembro - Alemanha, Itália e Japão firmam o tratado

conhecido como Eixo Roma-Berlim-Tóquio, delineado desde a década anterior.

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• 1941• 13 de abril - URSS e Japão assinam o

Pacto de Neutralidade.• 16 de junho - EUA ordenam o

fechamento de todos os consulados alemães no país.

• 22 de junho - Alemanha ataca URSS• 7 de dezembro - Japão ataca Pearl

Harbor.• 8 de dezembro - EUA declaram guerra ao

Japão• 11 de dezembro - Alemanha e Itália

declaram guerra aos Estados Unidos.

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• 1942• 13 de setembro - Tem início a Batalha de

Stalingrado. O cerco nazista à cidade se deu entre 17 de julho de 1942 e 2 de fevereiro de 1943. A batalha foi o ponto de virada na frente leste da guerra, marcando o limite da expansão alemã no território soviético e é considerada a maior e mais sangrenta batalha de toda a História, causando a morte e ferimentos em cerca de dois milhões de soldados e civis.

• 10 de novembro - A França de Vichy é ocupada pelos alemães.

• 24 de novembro - Tropas alemãs são cercadas em Stalingrado.

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• 1943• 10 de julho - Tropas aliadas

desembarcam na Sicília.• 28 de novembro - Conferência

de Teerã, onde se encontram Churchill, Roosevelt e Stálin para decidir o final da Guerra

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• 1944• 17 de janeiro - Começa a Batalha de

Monte Cassino na Itália com participação de soldados brasileiros do lado dos aliados.

• 4 de junho - Aliados entram em Roma.

• 6 de junho - Dia D, os aliados desembarcam na Normandia.

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• 1945• 17 de janeiro - Varsóvia é ocupada pela URSS• 27 de janeiro - Exército vermelho libertam os

prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz.• 4 de fevereiro - começa a Conferência de Yalta

(Criméia), reunindo Churchill, Roosevelt e Stalin.• 28 de abril – Mussolini é morto por guerrilheiros

resistentes• 30 de abril - Hitler se suicida em Berlim.• 2 de maio - Berlim é ocupada pelo exército soviético.• 6 de agosto - EUA lançam bomba atômica sobre a

cidade japonesa de Hiroshima. • 2 de setembro - Assinatura da rendição do Japão e fim

da Segunda Guerra Mundial.

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Europa antes da Guerra

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Alemanha – ofensiva inicial

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1941

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• OS EUA na Guerra

• Não fosse Pearl Harbor e a declaração de guerra de Hitler, os EUA sem dúvida teriam continuado fora da guerra. Não está claro sob que circunstâncias poderiam ter entrado.

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• A aliança anti-Hitler na Europa• A França e a Inglaterra se sabiam fracos

demais para defender a paz estabelecida em 1918 para atender a seus interesses. Também sabiam que esse status quo era instável e impossível de ser mantido.

• Nenhum tinha nada a ganhar com outra guerra, e muito a perder. A política óbvia e lógica era negociar com a nova Alemanha para estabelecer um padrão europeu mais durável,

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• Uma Segunda Guerra Mundial, podia-se prever com segurança, arruinaria a economia britânica e desmontaria grandes partes de seu império. O que verdade foi o que aconteceu.

• As vacilações terminaram numa guerra que ninguém queria, numa época e lugar que ninguém queria (nem a Alemanha), e que na verdade deixou a GrãBretanha e a França sem a mínima idéia do que, como beligerantes, deviam fazer, até que a blitzkrieg (a invasão da França e a batalha da Inglaterra) de 1940 os aniquilou.

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• Mesmo diante da evidência que eles próprios aceitaram, os apaziguadores na Grã-Bretanha e França ainda não conseguiam pensar em negociar a sério uma aliança com a URSS , sem a qual a guerra não podia ser nem adiada nem vencida.

• Até quando os exércitos alemães entraram na Polônia, o govemo de Chamberlain ainda estava disposto a negociar com Hitler, como Hitler calculara que ele faria.

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• Guerras periféricas – Década de 1930

• As disputas da década de 1930, travadas dentro dos Estados ou entre eles, eram transnacionais. Em nenhuma parte foi isso mais evidente do que na Guerra Civil Espanhola de 1936-9, que se tomou a expressão exemplar desse confronto global.

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• A Espanha era uma parte periférica da Europa

• Mais de 40 mil jovens estrangeiros de mais de 50 países acabaram indo lutar e muitos morrer num país sobre o qual provavelmente não conheciam mais que o mapa no atlas da escola. É significativo que não mais de mil voluntários estrangeiros tenham lutado do lado de Franco.

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• Na época, a Guerra Civil Espanhola não pareceu um bom presságio para a derrota do fascismo. Internacionalmente, foi uma versão em miniatura de uma guerra européia, travada entre Estados fascistas e comunistas, os últimos marcadamente mais cautelosos e menos decididos que os primeiros.

• A Internacional Comunista – 1919-43 - mobilizara todos os seus formidáveis talentos em favor da República espanhola.

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• O futuro marechal Tito, libertador e líder da Iugoslávia comunista, organizava o fluxo de recrutas das Brigadas Internacionais em Paris;

• Palmiro Togliati, líder comunista italiano, era o dirigente de fato do inexperiente Partido Comunista espanhol, e foi um dos últimos a escapar do país em 1939.

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• O teatro da Guerra• Internacionalmente, transformou-se numa

aliança entre o capitalismo dos EUA e o comunismo da União Soviética.

• Dentro de cada país da Europa — mas não, na época, do mundo dependente do imperialismo ocidental — esperava unir todos os dispostos a resistir à Alemanha ou à Itália, ou seja, formar uma coalizão de resistência que fosse de um lado a outro do espectro político.

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• Geopolítica do pós Guerra• A divisão do globo, ou de uma grande

parte dele, em duas zonas de influência, negociadas em 1944-5, permaneceu estável.

• Nenhum lado cruzou mais que momentaneamente a linha que os dividiu durante trinta anos. Ambos recuaram do confronto aberto, assegurando assim que as guerras frias mundiais jamais se tornassem quentes.

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• EUA X URSS• O breve sonho de Stalin, de uma parceria

americano-soviética no pós Guerra, não fortaleceu de fato a aliança global de capitalismo liberal e comunismo contra o fascismo. Em vez disso, demonstrou sua força e amplitude.

• Várias partes da Europa foram libertadas pela revolução guerrilheira ou pelo Exército Vermelho.

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• Muito curiosamente, a URSS foi (com os EUA ) o único país beligerante a que a guerra não trouxe nenhuma mudança social e institucional significativa.

• Começou e terminou o conflito sob Joseph Stalin.

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• A guerra impôs enormes tensões à estabilidade do sistema, sobretudo severamente reprimida na área rural. Não fosse a arraigada crença do nacional-socialismo de que os eslavos eram uma raça de escravos subumanos, os invasores alemães teriam podido conquistar apoio duradouro entre muitos povos soviéticos.

• Por outro lado, a verdadeira base da vitória soviética foi o patriotismo da nacionalidade majoritária da URSS.

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• A Segunda Guerra Mundial se tomou oficialmente conhecida na URSS como “a Grande Guerra Patriótica”.

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Balanço macabro• Países Número de mortos na II Guerra • URSS 17 000 000 • Alemanha 5 500 000 • Polônia 4 000 000 • China 2 200 000 • Iugoslávia 1 600 000 • Japão 1 500 000 • França 535 000 • Itália 450 000 • Grã-Bretanha 396 000 • EUA 292 000

Fonte: Almanaque Abril, 1999

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No Oriente• O que exige explicação é por que, afinal, o

antiimperialismo e os movimentos de libertação coloniais se inclinaram em sua maioria para a esquerda, e assim se viram, pelo menos no fim da guerra, convergindo com a mobilização antifascista global.

• O motivo fundamental é que a esquerda ocidental era o viveiro das teorias e políticas antiimperialistas, e o apoio aos movimentos de libertação colonial vinha em maior parte da esquerda internacional, e sobretudo (desde o Congresso Bolchevique dos Povos Orientais, em Baku, em 1922) do Comintern e da URSS .

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• Além disso, os ativistas e futuros líderes dos movimentos de independência, que pertenciam principalmente às elites de seus países educadas no Ocidente, sentiam-se mais à vontade no ambiente não racista e anticolonial dos liberais, democratas, socialistas e comunistas locais do que em que qualquer outro, quando iam às suas metrópoles.

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• Quem o fascismo mobilizava• No fim, o fascismo não tinha mobilizado

nada além de seus países originais, a não ser um punhado de minorias ideológicas da direita radical, a maioria das quais teria sido marginalizada em seus próprios países, uns poucos grupos nacionalistas que esperavam atingir seus objetivos com uma aliança germânica, e um monte de refugos do fluir e refluir da guerra e conquista, recrutados para a bár bara soldadesca auxiliar da ocupação nazista.

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• O nacional-socialismo nada tinha a oferecer à Alemanha pós-1945, a não ser lembranças amargas.

• O fascismo desapareceu com a crise mundial que lhe permitira surgir.

• Jamais fora, mesmo em teoria, um programa ou projeto político universal.

• Por outro lado, o antifascismo, por mais heterogêneo e transitório que fosse sua mobilização, conseguiu unir uma extraordinária gama de forças.

Page 315: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Países do Terceiro Mundo acreditavam que só a ação pública podia tirar suas econo mias do atraso e dependência. No mundo descolonizado, seguindo a inspiração da União Soviética, a estrada para o futuro parecia ser a do socialismo.

• A União Soviética e sua nova e extensa família acreditavam apenas no planeja mento central.

Page 316: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Todas as regiões do mundo avançaram no pós-guerra com a convicção de que a vitória sobre o Eixo, conseguida através da mobilização política e de políticas revolucionárias, além de sangue e ferro, abria uma nova era de transformação social.

Page 317: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Em certo sentido, tinham razão. Jamais a face do globo e a vida humana foram tão dramaticamente transformadas quanto na era que começou sob as nuvens em cogumelo de Hiroshima e Nagasaki.

Page 318: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• ONU• No plano das relações internacionais, o fracasso

da Sociedade das Nações em evitar a guerra levaria à criação de uma nova instituição, a Organização das Nações Unidas.

• Fundada em Junho de 1945, apresentou como objectivos assegurar a paz e a cooperação internacional. Uma das razões apontadas para o fracasso da Liga das Nações foi a igualdade entre países pequenos e grandes, que bloqueava o processo de tomada de decisões.

Page 319: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• A ONU vai distinguir na sua organização interna cinco grandes países, tidos como detentores de maiores responsabilidades, e os restantes; estes cinco países possuem assento permanente no Conselho de Segurança, principal órgão da ONU, onde possuem direito de veto.

• Os outros membros do Conselho de Segurança são seis países eleitos rotativamente.

Page 320: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• As principais potências imperialistas (França e Inglaterra) saíram da Guerra completamente arrasadas, tornado insustentável a manutenção de seus vastos territórios coloniais.

• Foi durante essa época que iniciou-se o movimento de descolonização afro-asiática.

Page 321: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• A Segunda Guerra Mundial provocou igualmente o fim da hegemonia mundial da Europa e a ascensão de duas superpotências, os Estados Unidos da América e a União Soviética, que seriam os protagonistas da cena internacional durante o período conhecido como a Guerra Fria.

Page 322: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Supremacia norteamericana• Com o desfecho da Segunda Guerra

Mundial, os Estados Unidos podiam considerar-se os maiores beneficiários da Guerra.

• Seu território não fora alvo de massivas destruições, a perda de vidas fora diminuta (apesar dos cerca de 292mil soldados mortos em combate, não contando com os feridos e desaparecidos) e o esforço de guerra proporcionou crescimento econômico.

Page 323: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Entre 1939 e 1945, os EUA entraram num período de desenvolvimento resultante do aumento do PIB, do incremento da produtividade agrícola e industrial e da queda das taxas de desemprego.

• Este crescimento económico foi mais notório a partir de 1945, porque os EUA, além de abastecerem o mercado interno, estavam passaram a ser fornecedores e a estender seu raio de influência aos países devastados pela guerra.

Page 324: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Nos anos 1950, a sociedade americana era vista no exterior como a terra da abundância: de pessoas, de bens e de meios técnicos. E afirmava-se já como uma superpotência capitalista na corrida pela liderança do mundo ocidental.

Page 325: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

10. A descolonização e a emergência do 3º. mundo. ONU, organismos multilaterais

Gilberto Maringoni – UFABC 2014

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• Referências HOBSBAWM, Eric J., A era dos extremos, Companhia das Letras, São Paulo, 1996, pags. 223 a 252 (Guerra fria)

• ARRIGHI, Giovanni, O Longo século XX, Contraponto/ Editora UNESP, Rio de janeiro/ São Paulo, 1996, pags. 247 a 334KENNEDY, Paul. Ascensão e queda das grandes potências, Editora Campus, Rio de Janeiro, 1989, pags. 356 a 415

Page 327: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• A Segunda Guerra Mundial se tomou oficialmente conhecida na URSS como “a Grande Guerra Patriótica”.

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Balanço macabro• Países Número de mortos na II Guerra • URSS 17 000 000 • Alemanha 5 500 000 • Polônia 4 000 000 • China 2 200 000 • Iugoslávia 1 600 000 • Japão 1 500 000 • França 535 000 • Itália 450 000 • Grã-Bretanha 396 000 • EUA 292 000

Fonte: Almanaque Abril, 1999

Page 329: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Hobsbawm:

• EUA X URSS• O breve sonho de Stalin, de uma parceria

americano-soviética no pós Guerra, não fortaleceu de fato a aliança global de capitalismo liberal e comunismo contra o fascismo. Em vez disso, demonstrou sua força e amplitude.

• Várias partes da Europa foram libertadas pela revolução guerrilheira ou pelo Exército Vermelho.

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• Hobsbawm:

• Muito curiosamente, a URSS foi (com os EUA ) o único país beligerante a que a guerra não trouxe nenhuma mudança social e institucional significativa.

• Começou e terminou o conflito sob Joseph Stalin.

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• Hobsbawm:• A guerra impôs enormes tensões à

estabilidade do sistema, sobretudo severamente reprimida na área rural.

• Não fosse a arraigada crença do nacional-socialismo de que os eslavos eram uma raça de escravos subumanos, os invasores alemães teriam podido conquistar apoio duradouro entre muitos povos soviéticos.

• Por outro lado, a verdadeira base da vitória soviética foi o patriotismo da nacionalidade majoritária da URSS.

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• Hobsbawm:• No Oriente• O que exige explicação é por que, afinal, o

antiimperialismo e os movimentos de libertação coloniais se inclinaram em sua maioria para a esquerda, e assim se viram, pelo menos no fim da guerra, convergindo com a mobilização antifascista global.

• O motivo fundamental é que a esquerda ocidental era o viveiro das teorias e políticas antiimperialistas, e o apoio aos movimentos de libertação colonial vinha em maior parte da esquerda internacional, e sobretudo (desde o Congresso Bolchevique dos Povos Orientais, em Baku, em 1922) do Comintern e da URSS .

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• Além disso, os ativistas e futuros líderes dos movimentos de independência, que pertenciam principalmente às elites de seus países educadas no Ocidente, sentiam-se mais à vontade no ambiente não racista e anticolonial dos liberais, democratas, socialistas e comunistas locais do que em que qualquer outro, quando iam às suas metrópoles.

Page 334: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Quem o fascismo mobilizava• No fim, o fascismo não tinha mobilizado

nada além de seus países originais, a não ser um punhado de minorias ideológicas da direita radical, a maioria das quais teria sido marginalizada em seus próprios países, uns poucos grupos nacionalistas que esperavam atingir seus objetivos com uma aliança germânica, e um monte de refugos do fluir e refluir da guerra e conquista, recrutados para a bár bara soldadesca auxiliar da ocupação nazista.

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• Hobsbawm:• O nacional-socialismo nada tinha a oferecer à

Alemanha pós-1945, a não ser lembranças amargas.

• O fascismo desapareceu com a crise mundial que lhe permitira surgir.

• Jamais fora, mesmo em teoria, um programa ou projeto político universal.

• Por outro lado, o antifascismo, por mais heterogêneo e transitório que fosse sua mobilização, conseguiu unir uma extraordinária gama de forças.

Page 336: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Países do Terceiro Mundo acreditavam que só a ação pública podia tirar suas economias do atraso e dependência. No mundo descolonizado, seguindo a inspiração da União Soviética, a estrada para o futuro parecia ser a do socialismo.

• A União Soviética e sua nova e extensa família acreditavam apenas no planejamento central.

Page 337: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Todas as regiões do mundo avançaram no pós-guerra com a convicção de que a vitória sobre o Eixo, conseguida através da mobilização política e de políticas revolucionárias, além de sangue e ferro, abria uma nova era de transformação social.

Page 338: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Em certo sentido, tinham razão. Jamais a face do globo e a vida humana foram tão dramaticamente transformadas quanto na era que começou sob as nuvens em cogumelo de Hiroshima e Nagasaki.

Page 339: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• ONU• No plano das relações internacionais, o fracasso

da Sociedade das Nações em evitar a guerra levaria à criação de uma nova instituição, a Organização das Nações Unidas.

• Fundada em 1945, apresentou como objetivos assegurar a paz e a cooperação internacional. Uma das razões apontadas para o fracasso da Liga das Nações foi a igualdade entre países pequenos e grandes, que bloqueava o processo de tomada de decisões.

Page 340: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• A ONU vai distinguir na sua organização interna cinco grandes países, tidos como detentores de maiores responsabilidades, e os restantes; estes cinco países possuem assento permanente no Conselho de Segurança, principal órgão da ONU, onde possuem direito de veto.

• Os outros membros do Conselho de Segurança são dez países eleitos rotativamente.

Page 341: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• As principais potências imperialistas (França e Inglaterra) saíram da Guerra completamente arrasadas, tornado insustentável a manutenção de seus vastos territórios coloniais.

• Foi durante essa época que iniciou-se o movimento de descolonização afro-asiática.

Page 342: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• A Segunda Guerra Mundial provocou igualmente o fim da hegemonia mundial da Europa e a ascensão de duas superpotências, os Estados Unidos da América e a União Soviética, que seriam os protagonistas da cena internacional durante o período conhecido como a Guerra Fria.

Page 343: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Supremacia norteamericana• Com o desfecho da Segunda Guerra

Mundial, os Estados Unidos podiam considerar-se os maiores beneficiários da Guerra.

• Seu território não fora alvo de massivas destruições, a perda de vidas fora diminuta (apesar dos cerca de 292 mil soldados mortos em combate, não contando com os feridos e desaparecidos) e o esforço de guerra proporcionou crescimento econômico.

Page 344: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Entre 1939 e 1945, os EUA entraram num período de desenvolvimento resultante do aumento do PIB, do incremento da produtividade agrícola e industrial e da queda das taxas de desemprego.

• Este crescimento econômico foi mais notório a partir de 1945, porque os EUA, além de abastecerem o mercado interno, estavam passaram a ser fornecedores e a estender seu raio de influência aos países devastados pela guerra.

Page 345: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• A supremacia americana era um fato.

• Os Acordos de Bretton Woods de 1944 geraram o Banco Mundial (“Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento”) e o FMI, ambos ainda existentes, tomaram-se de fato subordinadas à política americana.

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• De acordo com Giovanni Arrighi, em 1947, 70% das reservas internacionais de ouro pertenciam aos Estados Unidos. E a exacerbação da demanda de dólares, por parte de governos e empresas estrangeiros, significou o controle norteamericano da liquidez mundial tornou-se muito maior do que estava implícito na extraordinária concentração de ouro monetário.

• A II Guerra Mundial demonstrara que os EUA podiam se tornar ricos e poderosos em meio ao caos sistêmico.

Page 347: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Nos anos 1950, a sociedade americana era vista no exterior como a terra da abundância: de pessoas, de bens e de meios técnicos. E afirmava-se já como uma superpotência capitalista na corrida pela liderança do mundo ocidental.

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Áreas de influência no pós Guerra

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Cronologia 1945-1983• 1944• Julho – Conferência de Bretton Woods desenha o novo sistema

financeiro internacional

• 1945• Fevereiro: Conferência de Yalta (Ucrânia) – Churchill, Roosevelt e

Stalin acordam a divisão de áreas de influência. A Alemanha é dividida em 4 zonas de influência. Romênia, Bulgária e Hungria ficariam sob influência soviética. A Grécia fica na órbita britânica, o Japão fará parte da geopolítica dos EUA e a Coréia é dividida em dois. Há um acordo também sobre a criação da ONU, no qual os três mais França e China terão direito a veto sobre as deliberações.

• Agosto - Cientistas estadunidenses testam com sucesso o primeiro dispositivo atômico do mundo. Em agosto de 1945 os EUA atacam as cidades de Hiroshima e Nagasaki com armas nucleares.

• Outubro – Cai o Estado novo no Brasil. O governo Dutra aproxima-se dos EUA, rompe com a URSS e coloca o PCB na ilegalidade.

• Outubro - Criação da ONU

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• 1946• Agosto - Winston Churchill cita a expressão "iron

curtain" ou, em português, "cortina de ferro", em discurso pronunciado no Westminster College, em Fulton, Missouri, nos Estados Unidos

• 1947• 12 de março – Doutrina Truman – Nova doutrina

externa dos EUA define apoio a todos os países que se colocam contra o “avanço do comunismo” e afirma ser necessário "defender o mundo capitalista contra a ameaça socialista". Em seguida, o secretário de estado George Catlett Marshall anunciou a disposição de os Estados Unidos colaborar financeiramente para a recuperação da economia dos países europeus, o Plano Marshall. Truman deu início à concessão de créditos auxiliando a Grécia e a Turquia, com o objetivo de sustentar governos pró-ocidentais naqueles países. Um diplomata soviético classifica oo gesto como “verdadeira declaração de guerra fria contra a URSS”.

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• 1947• Junho – Lançado Plano Marshall

• 15 de agosto – Independência da Índia - Os ingleses reconheceram a independência indiana que levou em função das rivalidades religiosas a criação da União Indiana governada por Nerhu , do Partido do Congresso, com maioria hinduísta , e do Paquistão (Ocidental e Oriental) governado por Ali Jinnah ,da Liga Muçulmana com maioria islamita.

• 9 de setembro - Proclamada a República Popular da Bulgária, após dois anos de maioria comunista no governo e forte apoio soviético

• 29 de novembro – ONU aprova partilha da Palestina em dois Estados, um árabe e outro judeu. Os árabes não aceitam. Em maio do ano seguinte, é criado o Estado de Israel, que inicia uma agressiva política belicista na região.

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• 1948• 22 de fevereiro – Comunistas tchecos obtêm

maioria do parlamento e chegam ao poder.• Criada a OEA• A ONU proclama a Declaração Universal dos

Direitos do Homem• Fraude nas eleições italianas – patrocinada pelos

EUA - dá vitória à Democracia Cristã (48,5%) contra os Comunistas (31%)

• Criada a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe ou Comissão Económica para a América Latina e Caraíbas (português europeu) (CEPAL), pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas. Seu objetivo de incentivar a cooperação econômica entre os seus membros. Ela é uma das cinco comissões econômicas da Organização das Nações Unidas (ONU).

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• 1949• Abril - A Organização do Tratado do Atlântico Norte

(OTAN) é fundado pela Bélgica, o Canadá, a Dinamarca, a França, a Islândia, a Itália, Luxemburgo, os Países Baixos, a Noruega, Portugal, o Reino Unido, e os Estados Unidos.

• A URSS testa sua primeira bomba atômica• Agosto – Brasil – Fundada a Escola Superior de

Guerra• Outubro - Revolução – Criada a República Popular

da China• Maio - Formação da Alemanha Ocidental.• Outubro - Formação da Alemanha Oriental.

Militarização das relações entre as duas Alemanhas

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• 1950• Fevereiro – Senador norteamericano Joseph Mc Carthy,

de extrema-direita, começa uma histérica cruzada anticomunsita, que s e reproduz no Senado e nos meios de comunicação. Várias lideranças populares, artistas, cientistas e personalidades são processadas, presas e algumas são condenadas à cadeira elétrica.

• Junho - A Coreia do Norte – que havia vivido uma Revolução em 1945, com forte influência soviética - invade a Coreia do Sul, iniciando a Guerra. O general americano Douglas MacArthur discute publicamente a possibilidade de usar armas nucleares para definir o conflito.

• Brasil – Vargas é eleito presidente com plataforma nacionalista

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• 1951• Março – Irã, governado pelo nacionalista Mohamed

Mossadegh, nacionaliza o petróleo, até então dominado por capitais britânicos, através da Companhia Anglo Iraniana de Petróleo, desde 1908. O país era responsável pela produção de 40% do óleo do Oriente Médio.

• 1 de setembro - O Tratado de Segurança ente Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos (ANZUS) é assinado.

• 1952• Novembro - A primeira teste de bomba de hidrogênio

acontece nos Estados Unidos.• O Reino Unido explode um dispositivo nuclear• Novembro - Dwight D. Eisenhower é eleito presidente dos

Estados Unidos.• Golpe leva ao poder Gamal Abdel Nasser, no Egito. Seria

assassinado em 1970• Guatemala – Eleito o governo nacionalista de Jacobo Arbenz.

Seria deposto em 1954 pelos EUA, após realizar um governo centrado nas questões sociais e patrocinador de uma reforma agrária

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• 1953• Janeiro - Dwight D. Eisenhower torna-se o presidente

dos Estados Unidos.• Criada a República Popular da Polônia• Março - Morte de Stálin, assume em seu lugar Nikita

Kruschev, o novo chefe da União Soviética. Fim da Guerra da Coréia. A URSS testa sua primeira bomba termonuclear (hidrogênio).

• Agosto – Irã - Mossadegh é derrubado. Inicia-se a ditadura do Xá Rehza Pahlevi

• 1954• Maio- Franceses são derrotados em Dien Bien Phu, no

Vietnã, após 55 dias de cerco• Agosto – Brasil - Após cerco midiático da direita, Vargas

se suicida.

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• 1955• Abril – Conferência de Bandung (Indonésia), com

participação de 29 países, cria o Movimento dos Não Alinhados

• Maio – Criado o Pacto de Varsóvia ou Tratado de Varsóvia, aliança militar entre os países socialistas do Leste Europeu e a União Soviética. O tratado estabeleceu o alinhamento dos países membros com Moscou, estabelecendo um compromisso de ajuda mútua em caso de agressões militares

• 1956• Fevereiro – XX Congresso do Partido Comunista da

União Soviética. O Secretário-geral Nikita Khrushev denuncia “os crimes de Stálin”

• Outubro – Israel ataca Egito• Novembro – Na lógica da geopolítica mundial, URSS

invade a Hungria, derrubando governo reformista de Imre Nagy

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• 1957• Outubro - A União Soviética lança o primeiro satélite

artificial, o Sputnik, lançado com o foguete Sputinik-1, cuja versao militar foi o primeiro Míssil balístico intercontinental

• 1959• Janeiro – Revolução Cubana

• 1960• A França explode um dispositivo nuclear.• Em Bagdá, os cinco principais produtores de petróleo

(Arábia Saudita, Irão, Iraque, Kuwait e Venezuela) fundaram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo. A criação da OPEP foi uma forma de reivindicar perante uma política de achatamento de preços praticada pelo cartel das grandes empresas petroleiras ocidentais – as chamadas "sete irmãs" (Standard Oil, Royal Dutch Shell, Mobil, Gulf, BP e Standard Oil da California).

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• 1961• Fevereiro – Patrice Lumumba, primeiro ministro

nacionalista do Congo, é assassinado, um ano após a independência do país

• A União Soviética lança o primeiro homem ao espaço, Yuri Gagarin, a bordo do foguete Vostok-1, da família R-7, uma versão civil do Míssil balístico intercontinental Vostok-K

• Agosto – Construção do Muro de Brelim

• 1962• Outubro – Crise dos mísseis. John Kennedy, presidente

dos EUA, anuncia bloqueio econômico contra Cuba• Julho – Após 132 anos de domínio colonial francês, a

Argélia obtém a independência, numa guerra violentíssima

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Crise no pós-Guerra• Com o final da Segunda Guerra Mundial,

estabeleceu-se uma política global bipolar, ou seja, centrada em dois grandes pólos (denominadas na época superpotências): EUA e URSS. Formadas por ideais distintos, ambos os pólos de poder tinham como principal meta a difusão de seus sistemas políticos e culturais no resto do mundo

• Os EUA defendiam a política capitalista, argumentando ser ela a representação da democracia e da liberdade. Em contrapartida a URSS enfatizava o socialismo como resposta ao domínio burguês e solução dos problemas sociais.

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• Após a derrota alemã na Segunda Guerra, os países vencedores lhe impuseram pesadas sanções.

• Entre elas a divisão da Alemanha em quatro zonas de influência, cada uma chefiada por um dos vencedores: Estados Unidos, França, Reino Unido e União Soviética. Berlim, a capital da Alemanha, também foi dividida, mesmo estando totalmente em território de influência soviética. Então a comunicação entre o lado ocidental da cidade fragmentada e as outras zonas era feita por pontes aéreas e terrestres.

Page 362: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Com as nações européias frágeis, após uma guerra violenta, os Estados Unidos estenderam uma série de apoios econômicos à Europa aliada, para que estes países pudessem se reerguer e mostrar as vantagens do capitalismo. Assim, o Secretário de Estado dos Estados Unidos, George Marshall, propõe a criação de um amplo plano econômico, que veio a ser conhecido como Plano Marshall.

• Era uma série de empréstimos a baixos juros e investimentos públicos para facilitar o fim da crise na Europa Ocidental e repelir a ameaça do socialismo entre a população descontente.

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• Em 1951, foi elaborado o Plano Colombo, similar ao Plano Marshall, porém bem menos ambicioso, para estimular o desenvolvimento de países do sul e sudeste da Ásia. Somente o Japão, entre 1947 e 1950, recebeu uma ajuda financeira na ordem de 2,5 bilhões de dólares diretamente do Tesouro dos Estados Unidos

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A Guerra Fria• A Guerra Fria foi a designação atribuída

ao conflito político-ideológico entre os Estados Unidos (EUA), defensores do capitalismo, e a União Soviética (URSS), defensora do socialismo, compreendendo o período entre o final da Segunda Guerra Mundial e a extinção da União Soviética.

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• É chamada "fria" porque não houve qualquer combate físico, embora o mundo todo temesse a vinda de um novo conflito mundial por se tratarem de duas potências com grande arsenal de armas nucleares.

• Norteamericanos e soviéticos travaram uma luta ideológica, política e económica durante esse período. Se um governo socialista fosse implantado em algum país do Terceiro Mundo, o governo norte-americano via aí logo uma ameaça aos seus interesses; se um movimento popular combatesse um governo alinhado aos EUA, logo receberia apoio soviético.

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Corrida armamentista• Terminada a Segunda Guerra Mundial, as duas

potências vencedoras dispunham de uma enorme variedade de armas, muitas delas desenvolvidas durante o conflito.

• Tanques, aviões, submarinos, navios de guerra constituiam as chamadas armas convencionais. Mas os grandes destaques eram as chamadas armas não-convencionais, mais poderosas, eficientes, difíceis de desenvolver e extremamente caras. A principal dessas armas era a bomba atómica. Só os EUA tinham essas armas, que aumentava em muito seu poderio bélico.

Page 367: 7.  I Guerra Mundial (1914-18), Revolução Russa (1917)  e crise sistêmica

• Os 45 anos que vão do lançamento das bombas atômicas até o fim da União Soviética não formam um período homogêneo único na história do mundo.

• Eles dividem-se em duas metades, tendo como divisor de águas o início da década de 1970.

• A Segunda Guerra Mundial mal terminara quando a humanidade mergulhou no que se pode encarar, razoavelmente, como uma Terceira Guerra Mundial, embora uma guerra muito peculiar, a Guerra Fria entre EUA e URSS.

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• As duas superpotências aceitaram a distribuição global de forças no fim da Segunda Guerra Mandíal, que equivalia a um equilíbrio de poder desigual mas não contestado em sua essência.

• A URSS controlava uma parte do globo, ou sobre ela exercia predominante influência — a zona ocupada pelo Exército Vermelho e/ou outras Forças Armadas comunistas no término da guerra — e não tentava ampliá-la com o uso de força militar.

• Os EUA exerciam controle e predominância sobre o resto do mundo capitalista, além do hemisfério norte e oceanos, assumindo o que restava da velha hegemonia imperial das antigas potências coloniais. Em troca, não intervinha na zona aceita de hegemonia soviética.

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• Na Europa, linhas de demarcação foram traçadas em 1943-45, tanto a partir de acordos em várias conferências de cúpula entre Roosevelt, Churchill e Stalin, quanto pelo fato de que só o Exército Vermelho podia derrotar a Alemanha.

• O problema é que a futura orientação dos novos Estados pós-coloniais não estava nada clara.

• Foi nessa área que as duas superpotências continuaram a competir, por apoio e influência, durante toda a Guerra Fria.

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• A situação mundial se tomou razoavelmente estável pouco depois da guerra, e permaneceu assim até meados da década de 1970, quando o sistema internacional e as unidades que o compunham entraram em outro período de extensa crise política e econômica.

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• Provavelmente o período mais explosivo foi aquele entre a enunciação formal da Doutrina Truman, em março de 1947 (“Creio que a política dos Estados Unidos deve ser a de apoiar os povos livres que resistem a tentativas de subjugação por minorias armadas ou por pressões de fora”), e abril de 1951, quando o mesmo presidente americano demitiu o general Douglas MacArthur, comandante das forças americanas na Guerra da Coréia, que levou sua ambição militar longe demais.

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• Assim que a URSS adquiriu armas nucleares — quatro anos depois de Hiroxima no caso da bomba atômica (1949), nove meses depois dos EUA , no caso da bomba de hidrogênio (1953) — as duas superpotências claramente abandonaram a guerra como instrumento de política, pois isso equivalia a um pacto suicida.

• Em qualquer avaliação racional, a URSS não apresentava perigo imediato para quem estivesse fora do alcance das forças de ocupação do Exército Vermelho. Saíra da guerra em ruínas, exaurida e exausta, com a economia de tempo de paz em frangalhos, com o rn desconfiado de uma população que, em grande parte fora da Grande Rússia, mostrara uma nítida e compreensível falta de compromisso com o regime.

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• Os dois lados viram-se comprometidos com uma insana corrida armamentista para a mútua destruição, e com o tipo de generais e intelectuais nucleares cuja profissão exigia que não percebessem essa insanidade.

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• OTAN e Pacto de Varsóvia• Em 1949 os EUA e o Canadá, juntamente com a

maioria da Europa capitalista, criaram a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma aliança militar com o objetivo de proteção internacional em caso de um suposto ataque dos países do leste europeu.

• Em resposta à OTAN, a URSS firmou entre ela e seus aliados o Pacto de Varsóvia (1955) para unir forças militares da Europa Oriental. Logo as alianças militares estavam em pleno funcionamento, e qualquer conflito entre dois países integrantes poderia ocasionar uma guerra nunca vista antes.

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As bases da descolonização• A Grande Depressão desestabilizou a política nacional e

internacional do mundo dependente. Os anos 1930 foram portanto uma década crucial para o Terceiro Mundo, não tanto porque a Depressão levou à radicalização, mas antes porque estabeleceu contato entre as minorias politizadas e a gente comum de seus países.

• Os anos de Depressão quebraram os laços entre as autoridades coloniais e as massas camponesas, deixando espaço para o surgimento de futuros políticos.

• No fim da década de 1930, a crise do colonialismo já se espalhara para outros impérios, embora dois deles, o italiano (que acabava de conquistar a Etiópia) e o japonês (que tentava conquistar a China), ainda se achassem em expansão, se bem que não por muito tempo.

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• A Síria e o Líbano (antes franceses) se tomaram independentes em 1945; a Índia e o Paquistão em 1947; Birmânia, Ceilão (Sri Lanka), Palestina (Israel) e as índias Orientais holandesas (Indonésia) em 1948. Em 1946, os EUA concederam status formal de independência às Filipinas, que haviam ocupado desde 1898.

• O império japonês desaparecera em 1945.

• O Norte da África islâmico já estava abalado, mas ainda se segurava.

• A maior parte da África Central e Setentrional, e as ilhas do Caribe e Pacífico permaneciam relativamente calmas.

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• Só em partes do Sudeste Asiático essa descolonização política sofreu séria resistência, notadamente na Indochina francesa (atuais Vietnã, Camboja e Laos), onde a resistência comunista declarara independência após a libertação, sob a liderança do nobre Ho Chi Minh.

• Os franceses, apoiados pelos britânicos e depois pelos EUA, realizaram uma desesperada ação para reconquistar e manter o país contra a revolução vitoriosa.

• Foram derrotados e obrigados a se retirar em 1954, mas os EUA impediram a unificação do país e mantiveram um regime satélite na parte Sul do Vietnã dividido.

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• Depois que este, por sua vez, pareceu à beira do colapso, os EUA travaram dez anos de uma grande guerra, até serem por fim derrotados e obrigados a retirar-se em 1975, depois de lançar sobre o infeliz país um volume de explosivos maior do que o empregado em toda a Segunda Guerra Mundial.

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• No fim da Segunda Guerra Mundial, a rápida e pacífica retirada da Grã-Bretanha do maior bloco da humanidade já submetido e administrado por um conquistador estrangeiro estava longe de ser um sucesso completo.

• Foi conseguida à custa da sangrenta divisão da Índia num Paquistão muçulmano e numa índia não religiosa mas esmagadoramente hindu, no curso da qual talvez várias centenas de milhares de pessoas foram massacradas por adversários religiosos e outros milhões de habitantes expulsos de suas terras ancestrais para o que era agora um país estrangeiro. Isso não fazia parte do plano dos nacionalistas indianos, dos movimentos muçulmanos nem dos governantes imperiais.

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• Descolonização e revolução transformaram de modo impressionante o mapa político do globo. O número de Estados internacionalmente reconhecidos como independentes na Ásia quintuplicou.

• Na África, onde havia um em 1939, agora eram cerca de cinqüenta. Mesmo nas Américas, onde a descolonização no início do século XIX deixara atrás umas vinte repúblicas latinas, a de então acrescentou mais uma dúzia.

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• Perry Anderson• O novo tipo de nacionalismo que se tornou

dominante em escala mundial após 1945 foi antiimperialista, e suas principais zonas geográficas foram Ásia, África e América atina. Quais eram suas características estruturais?

• Socialmente, o novo nacionalismo era muito mais heterogêneo que as formas de nacionalismo europeu que sucedera. Os movimentos de libertação nacional que varreram o Terceiro Mundo foram guiados por uma ampla gama de classes sociais.

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• O Vietnã e o Oriente Médio enfraqueceram os EUA , embora isso não alterasse o equilíbrio global das superpotências, ou a natureza do confronto nos vários teatros regionais da Guerra Fria.

• Entre 1974 e 1979, uma nova onda de revoluções surgiu numa grande parte do globo

• A terceira rodada dessas revoltas no Breve Século XX parecia poder mudar o equilíbrio das superpotências desfavoravelmente aos EUA, pois vários regimes na África, Ásia e mesmo no próprio solo das Américas eram atraídos para o lado soviético e — mais concretamente — forneciam à URSS bases militares, e sobretudo navais, fora de seu núcleo interior.

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• A nova onda de revoluções, todas provavelmente contra os regimes conservadores que os EUA se haviam feito os defensores globais, deu à URSS a oportunidade de recuperar a iniciativa.

• À medida que o decadente império africano de Portugal (Angola, Moçambique, Guiné-Cabo Verde) passava para o domínio comunista e a revolução que derrubou o imperador da Etiópia se voltava para o Leste; à medida que a velozmente desenvolvida marinha soviética passava a contar com grandes novas bases nos dois lados do oceano Índico; à medida que o xá do Irã caía, um clima beirando a histeria foi tomando conta do público americano e do debate privado.

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Economia e finançasJosé Luís Fiori

• Na história do sistema capitalista, só existiram duas moedas internacionais: a libra e o dólar. E só se pode falar da existência de três sistemas monetários globais: o “padrão ouro”, que ruiu na década de 1930; o “padrão dólar”, que terminou em 1971; e o “padrão dólar-flexível”, que nasceu na década de 1970 e está passando por uma turbulência, neste início do Século XXI.

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• Os dois primeiros sistemas se apoiaram numa relação fixa entre a libra e o dólar, e uma base metálica comum, o ouro; mas o terceiro sistema, o “dólar-flexível”, não tem nenhum tipo de padrão metálico de referência, apoiando-se apenas no poder dos EUA de definir o valor da sua moeda nacional/internacional, e dos seus títulos da dívida pública.

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• O dólar, moeda-chave da economia mundial do pós-guerra planejada e garantida pelos EUA , enfraqueceu.

• Em teoria apoiado pelos lingotes de Fort Knox, que abrigava quase três quartos das reservas tífe ouro do mundo, na prática consistia sobretudo em dilúvios de papel ou moeda contábil — mas como a estabilidade do dólar era garantida por sua ligação com determinada quantidade de ouro, os cautelosos europeus, encabeçados pelos ultracautelosos franceses de olho no metal, preferiram trocar papel potencialmente desvalorizado por sólidos lingotes.

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• Apesar de certa imprecisão histórica, se pode dizer que o “padrão ouro” nasceu depois da vitória inglesa nas guerras bonapartistas, e junto com a supremacia econômica britânica, na América e na Índia.

• Por sua vez, o “padrão dólar” só se impõe a todo mundo capitalista, depois da vitória americana na II Guerra Mundial.