69324493 Fruticultura Luis Sergio Rodrigues Vale Engenheiro Agronomo Dr Professor

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MINISTRIO DA EDUCAO SECRETARIA DE EDUCAO PROFISSIONAL E TECNOLGICA INSTITUTO FEDERAL GOIANO CAMPUS CERES

FRUTICULTURA

LUS SRGIO RODRIGUES VALE Engenheiro Agrnomo - Dr. Professor

CERES-GOIS 2010

SUMRIO

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23.

A IMPORTNCIA DAS FRUTAS NA ALIMENTAO...................................................... CALAGEM.......................................................................................................................... NUTRIO DE PLANTAS................................................................................................. ADUBAO....................................................................................................................... PROPAGAO DE PLANTAS FRUTFERAS.................................................................. A CULTURA DA UVA........................................................................................................ A CULTURA DA BANANA................................................................................................ A CULTURA DO CITROS ................................................................................................. A CULTURA DO ABACAXI............................................................................................... A CULTURA DO MARACUJ........................................................................................... A CULTURA DO COCO..................................................................................................... A CULTURA DA MANGA.................................................................................................. A CULTURA DA GOIABA................................................................................................. A CCULTURA DO MAMO............................................................................................... A CULTURA DO FIGO....................................................................................................... A CULTURA DA GRAVIOLA............................................................................................. A CULTURA DO ABACATE.............................................................................................. A CULTURA DO CAJU...................................................................................................... A CULTURA DO PEQUI.................................................................................................... A CULTURA DO TAMARINDO......................................................................................... A CULTURA DA JACA...................................................................................................... A CULTURA DA JABUTICABA........................................................................................ REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..................................................................................

03 07 13 17 18 25 49 74 91 99 119 123 133 139 147 161 164 171 174 178 180 182 184

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1. A IMPORTNCIA DAS FRUTAS NA ALIMENTAO:

De acordo com o mdico Fernando Sartori no livro Frutas Brasileiras Exticas e Cultivadas (2006), as frutas devem estar presentes todos os dias em nossas alimentaes para que tenhamos uma vida longa e saudvel, e tambm para se dar mais vida aos anos e no mais anos vida. Deve-se ingerir, por dia, no mnimo 500g de frutas associadas s verduras e legumes. Deve-se ingerir no mnimo 5 variedades de frutas, verduras e legumes de cores diferentes, com composies e valores relacionados a fibras, protenas hidratos de carbono, acares, vitaminas e sais minerais. Alimentando-se de frutas as nossas vidas podem se prolongar em 10 a 20%, diminuindo assim os radicais livres e previnem diversas doenas degenerativas, nutricionais e oncognicas. Somente atravs da colorao, pode-se ter uma idia dos componentes nutricionais que fazem parte de sua composio. A cor amarela presente na manga (Mangifera indica), laranja (Citrus sinensis), caj-manga (Spondias dulcis), canistel (Pouteria campechiana), ara-boi (Eugenia stipitata), mangosto amarelo (Garcinia cochinchinenis) entre outras, tm quantidades considerveis de pigmento carotenide, precursor da vitamina A, que importante para os olhos. A cor vermelha encontrada na melancia (Citrullus lanatus), laranjas sanguneas (Citrus sinensis), pitanga (Eugenia uniflora), goiaba vermelha (Psidium guajava), entre outras, indica serem ricas em licopeno, substncia que age como antioxidante, e que est presente nas molculas que se ligam ao oxignio, impedindo-o de agir livremente nos tecidos, causando rupturas e esclerose, destruindo os vasos sanguneos pela oxidao e tendo como conseqncia patologias arterioesclerticas e tromboemblicas. A quantidade de substncias varia em cada tipo de fruta, dependendo da famlia ou mesmo da espcie em questo, da adubao e do tipo de solo. Para compreender a tabela a seguir, veja as seguintes definies. CALORIA: a unidade de medida de calor, quantidade de calor necessria para elevar em um grau centrgrado um grama de gua. Uma pessoa adulta de estatura mediana (1,70m) e peso em torno de 70Kg, necessita de 2000 calorias para sobreviver e manter suas funes, tais como, atividade muscular, temperatura corporal e funcionamento de todos os rgos. Uma pessoa precisa de 30 calorias por quilo por dia para manter as funes vitais. Em relao s frutas pode-se divid-las caloricamente em: a) Frutas de polpa carnudas ou suculentas estas apresentam baixo valor calrico, por possurem considervel volume de gua, que por sua vez isenta de calorias. Em mdia apresentam de 40 a 60 calorias por 100 gramas. Laranja, melancia, caj-manga, goiaba, grumixama (Eugnia brasiliensis), nectarina (Prunus persica var. nucipersica), pssego (Prunus prsica) e a uvaia (Eugenia pyriformis), so exemplos de frutas com baixo valor calrico. b) Frutas amilceas estas apresentam maior quantidade de amido, conseqentemente maior quantidade de carboidratos, sendo, portanto, mais calricas (cada grama de carboidratos oferece quatro calorias). Banana (Musa spp), jaca (Autocarpus heterophyllus), fruta-po (Autocarpus altilis), conde ou condessa (Annona reticulata), pinha (Annona squamosa), cherimia (Annona cherimola), graviola (Annona muricata), possuem em mdia de 90 a 100 calorias por 100 gramas. c) Frutas oleaginosas so as frutas mais calricas, contendo teores de leos ou gorduras insaturadas (cada grama de leo ou gordura oferece nove gramas de calorias). Este grupo composto pelo abacate (Persea americana, com 180 calorias por 100 gramas), amndoa do cocoda-baa (Cocos nucifera, com 580 calorias por 100 gramas). A noz-pec (Carya illinocensis) e a castanha-do-par (Bertholletia excelsa) possuem 700 calorias em cada 100 gramas. GUA: a porcentagem de gua nas frutas pode variar muito, desde 93% na melancia at 5% na castanha-do-Par. As frutas carnudas, por possurem elevado teor de gua, associado s vitaminas e sais minerais, constituem uma excelente fonte natural de hidratao, assim como tambm a gua de coco.

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MINERAIS: a) Clcio: um importante mineral, tornando parte na constituio dos ossos, dentes e sangue, onde atua na coagulao. Na musculatura, tem ao junto s molculas de miosina e de actina, produzindo a contrao muscular. Na infncia e adolescncia, o clcio faz parte do cimento entre as clulas sseas (osteoblastos), agindo nas epfises (extremidades sseas) na fase de crescimento. Na ps-menopausa, a reduo da absoro deste mineral, juntamente com sua sada dos ossos, causa a princpio osteopenia e posteriormente osteoporose. Frutas ricas em clcio: aa (Euterpe oleracea), buriti (Mauritia flexuosa), tamarindo (Tamarindus indica). O equivalente a 2% do corpo humano composto por clcio. b) Fsforo: est intimamente relacionado ao metabolismo do clcio, assim como associado vitamina D. Tem atuao nos ossos, dentes e, em menor escala, no sistema nervoso central. Cerca de 1% do corpo humano constitudo de fsforo. Frutas que contm maiores teores de fsforo: pupunha (Bactris gasiapes), aa, cacau (Theobroma cacao) e o coco-da-baa (amndoa). c) Ferro: Encontrado no aa, buriti, tamarindo e na tmara (Phoenix dactylifera), fundamental no transporte de oxignio pelo sangue atravs de uma protena denominada de hemoglobina. A deficincia de ferro leva ao aparecimento da anemia, que afeta principalmente a populao de baixa renda. d) Potssio: presente em maior quantidade na fruta-po, tamarindo, jaca e na banana, uma das frutas mais consumidas no mundo. importante nas trocas intra e extra celulares, nas membranas, fazendo parte da bomba de sdio e potssio. Contribui para a contrao muscular (evita cimbras), transmisso nervosa e para a musculatura cardaca. Atua nos rins e na fisiologia da diurese. O nosso corpo tem cerca de 0,25% de potssio. VITAMINAS: as vitaminas ou aminas da vida so substncias indispensveis para a manuteno das atividades do nosso corpo, atravs de reaes fsico-qumicas. Farmacologicamente, nada mais somos que um agregado de tomos e molculas, cada um desempenhando sua funo especfica para manter o funcionamento do corpo. E as vitaminas so justamente indispensveis para essas funes. Caso no sejam sintetizadas por nosso organismo, tem-se que ingerir alimentos que as contm em sua composio. As vitaminas podem ser lipossolveis (A, D, E e K) e hidrossolveis (C, B1, B2, B6 e B12, niacina e biotina). Apesar das dosagens que necessitamos diariamente serem pequenas, a falta de qualquer uma delas o suficiente para causar alteraes no nosso metabolismo e provocar disfunes e doenas. O ferro para ser absorvido necessita da presena da vitamina C e do cido flico. a) Vitamina A: a sntese da vitamina A est inter-relacionada a seus precursores como cido retinico e beta caroteno. Tem funes na pele, mucosa, retina e aparelho reprodutor. Tambm agem nos epitlios, na sntese de clulas da camada crnea da pele, na acne (espinhas) e na tenso pr-menstrual (TPM). As frutas que contm a vitamina A, so: pequi (Caryocar brasiliense), cacau, buriti, jaca, pssego e kiwi (Actinidia deliciosa). b) Vitamina B1: Conhecida como Tiamina, est presente na maioria das frutas, sendo encontrada em maiores quantidades no Buruti, Ara (Psidium catttleianum), Framboesa (Rubus ideus) e tmara. A vitamina B1 exerce maiores atividades no sistema nervoso perifrico, tais como alteraes nos reflexos e diminuio das reaes nervosas. A sua deficincia produz fraqueza, dores nos membros superiores e inferiores e aumento de freqncia dos batimentos cardacos (taquicardia). c) Vitamina B2: Conhecida como riboflavina, importante em reaes metablicas de lipdios (gorduras), glicdios (carboidratos) e protenas. Contm no buriti, ara, pequi, tmara e conde (Annona reticulata).

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d) Vitamina C: Conhecida como cido ascrbico, proporciona um aumento na expectativa de vida. Convm salientar que o organismo humano no sintetiza a vitamina C. S a adquirimos ingerindo alimentos que a contenha. A vitamina C possui ao durante a atividade fsica, elevando a resistncia fadiga, dando-nos mais disposio. A ingesto de 10 mg/dia/Kg de peso corporal de vitamina C diminui o colesterol em 5 a 7%. Atua tambm na arterioesclerose, como agente antioxidante, reduzindo o processo de oxidao pela inativao da ao do oxignio livre, processo este que produz placa de ateromas no interior das artrias, levando a processos tromboemblicos que causam isquemia. Atua tambm na sntese do colgeno, que mantm a pele mais elstica, retardando o aparecimento das rugas. Entre as frutas tem-se a nativa camu-camu (Myrciaria dbia), que possui valores prximos de 3000 mg por 100 mL de suco. Uma pessoa pesando 70 Kg tomando 30 mL de suco de camucamu, j supre as necessidades dirias. A acerola possui 1800 mg de cido ascbico por 100 mL de suco. A laranja possui 60 mg de vitamina C por 100 mL de suco. Quanto mais cida for a laranja, mais cido ctrico conter, e no mais cido ascrbico. Particularidades: a) Uva (Vitis vinifera): A semente apresenta propriedades antioxidantes promotoras de benefcios cardiocirculatrios, aumentando assim, a resistncia dos capilares sanguneos e reduzindo a degradao do tecido colgeno nas artrias. A uva roxa ou vermelha possui grande quantidade de antioxidantes. O vinho tinto indicado na preveno de problemas de corao, ou mesmo o suco concentrado de uva. Deve-se ingerir uma taa de vinho tinto ao dia ou dois copos de suco concentrado de uva, para suprir as necessidades antioxidantes do organismo. b) Laranja (Citrus spp.): As fibras encontradas na parte branca do seu fruto agregam as substncias gordurosas e facilitam a digesto, assim por apresentarem pectina, daro em ltimo caso consistncia s fezes diminuindo as patologias ano-retais. c) Mamo (Carica papaya): A papana presente no mamo, atua semelhante a uma enzima no estmago, denominado pepsina, auxiliando a digesto de outros alimentos proticos. Tem uma atividade levemente laxativa e diurtica. d) Guaran (Paullinia cupana): Alm dos seus frutos serem consumidos in natura, apresentam em sua anlise, cerca de 5,8% de cafena em suas sementes, sendo considerada um estimulante cardiorespiratrio.

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Tabela: Composio nutricional e calorias de algumas frutferas (100g).Fruta Caloria (Unid.) gua (g) Protena (g) Gordura (g) Carboidrato (g) K (mg) Vit. A (mg) Vit. B1 (mg) Vit. B2 (mg) Vit. C (mg)

Abacaxi Abacate Acerola Banana Buriti Caju Carambola Cupuau Camucamu Coco Figo Fruta-po Goiaba branca Goiaba vermelha Graviola Groselha Ing Jabuticaba Jaca Laranja Limo Lichia Mangaba Manga Maracuj Melancia Melo Mangosto Mamo Seriguela Tangerina Tamarindo Uva

52,2 176,8 59,0 100,6 2 178,7 38,6 35,0 80 20,9 388,2 82 112,3 57,4 42,4 69,3 34,5 97,7 51,7 106 54,2 38,0 63,3 47,5 69 80 27,6 34 71,6 34,4 47,9 204 56,1

86,0 75,8 86,5 73,3 0 53,6 86,5 5 90 85,6 94,4 36,7 82,1 5 73,4 86 82,3 91,9 87,1 72,4 86,4 90,1 84,2 82,5 78 93 91 80,8 7 90 76,2 5 88,3 35,5 86

0,45 1,8 1,24 1,40 2,97 0,80 0,40 1,71 0,5 4,85 1,3 1,5 1,09 1,13 1,0 0,76 2,62 0,32 1,7 0,75 0,60 0,87 0,70 2,1 2,2 0,55 0,77 0,52 0,73 0,178 0,75 3 0,55

0,2 16,0 0,14 0,30 10,50 0,20 0,08 1,6 0,01 34 0,22 0,39 0,56 0,15 0,50 0,52 0,10 0,0 0,3 0,2 0,3 0,44 0,30 0,05 2 0,2 0,1 0,35 0,30 0,1 0,5 0,6 0,3

12,15 6,4 10,49 23,08 18,1 8,40 9 14,7 4,7 15,7 18,7 25,7 12,01 9,13 15,2 6,70 21,6 12,58 24,1 12,37 8,2 13,97 10,50 14,1 15,5 5,9 7,5 16,6 7,2 10,1 49 12,8

30,6 89,0 240,0 172,4 279,6 196 440 168,9 62,0 265,0 261,7 13,2 407,0 0,06 102,2 17 45 360 41,7 340,2 16 43,2 406 175,1

0,03 5 0,03 8 0,20 5 0,05 3531 0,38 0,27 0,03 0,01 0,00 3 0,03 0,10 0,00 6 0,08 0,04 0,04 0,10 2,5 0,03 0,22 0,03 0,2 0,22 0,62 0,04 0,01 0,01 0,05

0,09 1 0,3 0,03 2 0,18 0,03 0,02 0,05 0,08 0,01 0,05 0,04 0,09 0,12 0,09 0,01 0,14 0,04 0,03 0,04 0,05 0,02 0,04 0,1 0,10 0,03 0,04 0,06 0,03 0,06 0,09 0,34 0,03

0,04 0,28 0,05 8 0,06 0,23 0,02 0,04 0,21 0,01 0,09 0,07 0,26 0,15 0,10 0,05 0,01 0,09 0,09 0,06 0,4 0,04 0,05 0,04 0,1 0,13 0,04 0,03 0,06 0,04 0,03 0,04 0,13 0,06

0,33 11,5 1800 19,0 23,4 259, 3 39,5 26,0 2994 12,6 11,1 29,5 70,0 60,0 25,0 4,3 19,6 17,7 12,5 53,0 45,5 42 33 20,5 25,6 7,1 31 1,5 56,8 49,7 41,2 6 4,8

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2. CALAGEM: Para que se tenha sucesso na indicao de corretivos e fertilizantes para as plantas, tornam-se necessrios o conhecimento de alguns aspectos relacionados com a gua, solo e planta, ou seja, de onde se obtm os nutrientes necessrios para o bom desenvolvimento da massa vegetal. Quando se faz a anlise de uma planta verifica-se que a maior proporo do seu peso, 70 a 97% constituda pela gua. Secando a planta em estufa a 105O C por 72 horas, praticamente toda essa gua eliminada por evaporao, obtendo desse modo a matria seca. Fazendo a anlise da matria seca obtm-se a seguinte composio: Carbono (C), Hidrognio (H) e Oxignio (O) que correspondem a 95% do total e os minerais que correspondem a 5%. O Carbono vem do ar (CO2), o Hidrognio vem da gua e o Oxignio vem do ar e da gua. Os minerais vm diretamente do solo ou indiretamente atravs da aplicao de corretivos e fertilizantes. O solo contribui com os elementos minerais essenciais, e estes se classificam em macronutrientes e micronutrientes de acordo com a proporo em que aparecem na matria seca. Os macronutrientes so: nitrognio (N), fsforo (P), potssio (K), clcio (Ca), magnsio (Mg) e enxofre (S); os micronutrientes so: boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), mangans (Mn), Molibdnio (Mo), cobalto (Co) e zinco (Zn). Com o conhecimento destes minerais presentes no solo, tem-se como objetivo atravs da calagem a correo do solo com clcio e magnsio e conseqentemente a elevao do pH para a disponibilidade dos nutrientes. Com a adubao objetiva-se colocar disposio das plantas os nutrientes necessrios s suas exigncias nutricionais, ou seja, os nutrientes que esto deficientes no solo ou na gua e que so teis para o desenvolvimento da massa vegetal. Outra forma de aplicao de nutrientes alm do solo a utilizao de fertilizantes diludos em gua e aplicados sobre a planta, que tambm chamada de aplicao foliar. Para a correo da acidez do solo pode-se dizer aplicao de calcrio, calagem ou corretivo. O corretivo todo material capaz de, quando aplicado ao solo, corrigir-lhe uma ou mais caractersticas desfavorveis s plantas. 2.1. ACIDEZ DO SOLO: 2.1.1. Acidez e pH: cido uma substncia que tende a ceder prtons (ons hidrognio) a uma outra; base qualquer substncia que tende a aceitar prtons. HA cido H2O H+ + Aprton nion

Em meio aquoso o H+ est sempre hidratado: H2O + H+ = H3O+ (hidrnio). mais comum e menos rigoroso, entretanto, falar-se em H+ em vez de em H3O+. O pH (potencial de hidrognio) dado pela medida de ons H + no solo, e quando uma soluo de solo est neutra, o pH = 7; cida quando o pH for menor que 7 e alcalina quando o pH est acima de 7.

2.1.2. ORIGEM E TIPOS DE ACIDEZ DO SOLO: A origem primria da acidez do solo deve estar ligada ao CO2 que, durante as transformaes do material formado desempenha um papel relevante na produo de prtons:

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A) Acidez atravs do CO2: O CO2 liberado durante o processo de respirao das razes e organismos vivos. Ocorre a seguinte reao no solo: CO2 + H2O H2CO3 + H2O H2CO3 H2CO3 HCO3- + H3O+ H+ + HCO3-

B) Acidez atravs do Alumnio: A hidrlise do alumnio talvez a maior fonte de H+ no solo, cuja reao apresentada a seguir: Al 3+ + 3H2O Al (OH)3 + (precipitado) 3H+

C) Acidez atravs da matria orgnica: A dissoluo dos grupos terminais cidos da matria orgnica liberam H+ na soluo do solo. Exemplos: Grupos carboxlicos: RCOOH Grupos fenlicos: RC6H4OH RC6H4O- + H+ RCOO- + H+

D) Acidez atravs dos adubos: Os adubos nitrogenados principalmente na forma de NH4+ so as maiores fontes de H+ nos solos agrcolas. Ex: sulfato de amnio ((NH4)2SO4); nitrato de amnio (NH4NO3); uria ((NH2)2CO); MAP e DAP. Veja um exemplo de reao no solo do aumento da acidez: Quando as razes esto na presena de (NH4)2SO4 ocorre a seguinte reao: (NH4)2SO4 + 4O2 2NO3 + SO42 + 2H2O + 4H+

a) o NH4 absorvido mais rapidamente que o SO4 ; b) a entrada preferencial de NH4 na raiz compensada pela sada de H+, para ocorrer oequilbrio; c) o fluxo de H+ para a soluo do solo faz baixar o pH (pH cido). Veja um exemplo de reao no solo da diminuio da acidez: Quando as razes esto na presena de NaNO3 ocorre a seguinte reao:

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NaNO3

Na+ + NO3-

a) o on NO3- absorvido mais rapidamente que o Na+; b) a entrada preferencial de NO3- na raiz compensada pela sada de OH- , para ocorrer oequilbrio;

c) o fluxo de OH- para a soluo do solo faz aumentar o pH (pH bsico).TIPOS DE ACIDEZ DO SOLO: Acidez ativa ou pH = H+ Acidez trocvel: Al3+ Acidez potencial: H+ + Al3+ Bases trocveis: Ca2+; Mg2+; K+; Na+ Dessas determinaes so obtidos os valores calculados de Soma de Bases (SB), Capacidade de Troca de Ctions a pH 7 (CTC), Capacidade de Troca de Ctions efetiva (CTCef), Saturao por Bases (SB) e Saturao com alumnio (m): SB = Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+ CTCefetiva = SB + Al 3+ m = 100 x Al 3+ CTCefetiva 2.1.3. COLETA DE AMOSTRAS DE SOLO PARA ANLISE: A amostragem do solo a fase mais crtica de um programa de recomendao de adubao baseado em anlise do solo, especialmente considerando a heterogeneidade natural dos mesmos. A coleta de amostras de solo representativas essencial para o correto levantamento das necessidades de corretivos e de fertilizantes, possibilitando a obteno de rendimentos econmicos. Os procedimentos para a coleta de amostras de solo so: a) dividir a rea em unidades de solo homogneas, considerando-se o tipo de solo, a topografia, a vegetao e o histrico de utilizao da lavoura; b) os solos podem ser diferenciados pela sua cor, textura, profundidade, topografia; c) a rea que cada amostra de solo (amostra composta) representa pode variar desde o equivalente a um vaso de flores (100 cm2) at vrios hectares; d) cada rea homognea pode representar at 20 hectares; e) limpar o local a ser amostrado, retirando uma camada da superfcie do solo; f) andar na rea em forma de zig-zag para a coleta de amostras simples; g) em cada rea homognea coletar de 10 a 20 amostras simples de 0-20cm e de 20-40cm para dar uma amostra completa; h) usar um balde de 20 litros para homogeneizar as amostras simples; i) coletar 500g da amostra de solo para enviar ao laboratrio; j) colocar a amostra em um saquinho plstico, etiquetar, preencher o formulrio, colocar em uma embalagem de papel (caixa) e enviar ao laboratrio. ATENO: para as frutferas j implantadas coletar as amostras de solo na projeo da copa das plantas. Materiais a serem utilizados na coleta de amostra de solo: CTC = SB + H+ + Al3+ V = 100 x SB CTC

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a) trado holands, trado de rosca, calador, p de corte ou enxado; b) balde de plstico com capacidade de 20 litros; c) saquinhos plsticos, etiquetas e embalagem de papelo. Solo Camada arvel 1 ha = 2000t Amostra para Laboratrio 500g Anlise no Laboratrio 20g

2.1.4. APLICAO DE CALCRIO NO SOLO: Vantagens: a) aumenta o pH do solo, corrigindo a acidez; b) disponibiliza elementos nutricionais do solo para as plantas, tais como: fsforo, molibidnio e cloro; c) diminui a liberao do alumnio e mangans txicos s plantas; d) aumenta o teor de nutrientes como clcio e magnsio no solo s plantas; e) melhora a relao entre fungos, actinomicetos e bactrias no solo. Desvantagens: a) corrige apenas as camadas superficiais do solo; b) no disponibilidade de boro, cobre, ferro, mangans e zinco no solo para s plantas; 2.1.5. CLASSIFICAO E REAO DE NEUTRALIZAO DO CALCRIO: O calcrio uma rocha de origem sedimentar e metamrfica. Possui cerca de 38% de CaO + MgO. Quanto a concentrao de MgO o calcrio pode ser classificado em: - Calctico: < 5% - Magnesiano: 5 a 12% - Dolomtico: > 12% A acidez do solo provocada pelos ons H+ e pelo alumnio contidos na soluo do solo. A aplicao do calcrio eleva o pH do solo e reduz o Al 3+ e Mn2+ txicos para as plantas. Com a aplicao de Carbonato de Clcio no solo cido, ocorre a seguinte reao: CaCO3 + H2O CO32 - + H2O Ca2+ + CO32 HCO3 - + OH-

Assim esses nions podem reagir com os prtons da soluo do solo: CO32 - + 2H+ HCO3 - + H+ OH - + H+ CO22 - + H2O CO22 - + H2O H2O

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Nestas reaes podemos observar que o nion que neutraliza a acidez do solo, e que a medida que os ons H+ vo sendo removidos da soluo do solo, prtons da acidez potencial vo passando para a soluo. Concomitantemente, os ons Ca 2+ vo ocupando os lugares deixados pelos H+ da acidez potencial, a saturao por bases aumenta e, assim, a acidez ativa decresce e o pH se eleva. A reao dos ons hidroxila da soluo do solo feita atravs de reao com componentes do solo, como o alumnio, matria orgnica, argila e outros, responsveis pela acidez. Al 3+ + 3OH Al(OH)3

O hidrxido de alumnio insolvel e, portanto no absorvido pelas razes. O alumnio trocvel apresenta relao inversa com o pH do solo, isto , quanto maior o pH, menor o teor de alumnio trocvel e tambm da saturao de Alumnio. Atravs do grfico 1, pode-se observar que a medida que se eleva a saturao por bases do solo aumenta-se o pH, e no grfico 2, a medida que se eleva a saturao por bases a saturao de alumnio no solo decresce.

pH em CaCl2

6 5 4 0 20 40 60 80 100 Saturao por bases (%)

100 80 60 m (%) 40 20 0 10 20 30 40 50

Saturao por bases (V%) No clculo da quantidade de calcrio a ser utilizada, deve-se levar em considerao que o preo deve ser corrigido para 100% de PRNT, posto na propriedade. Assim, quando da deciso de comprar, o preo efetivo do calcrio deve ser calculado de acordo com a frmula:

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Preo efetivo (posto na fazenda) = Valor nominal do calcrio x 100 PRNT

2.1.6. USO DO GESSO AGRCOLA E SUA REAO NO SOLO: O gesso agrcola originrio da reao de cido sulfrico sobre rocha fosfatada, realizada com o fim de produzir cido fosfrico. De forma simplificada, essa reao pode ser representada por: Ca(PO4)6F2 + 10H2SO4 + 20H2O CaSO42 - + H2O SO42 - + Al 3+ Ca2+ + SO42 AlSO4+ 10CaSO4.2H2O + 6H3PO4 + 2HF

O gesso agrcola no corrige a acidez do solo, apenas leva para camadas mais profundas o clcio e forma na reao o complexo AlSO4+ que indisponvel s plantas, controlando assim, o alumnio nas camadas inferiores do solo. 2.1.6.1. Critrios para a recomendao de gesso agrcola no solo: O gesso agrcola deve ser aplicado e incorporado ao solo quando o mesmo estiver deficiente em clcio e enxofre. Como o gesso tem a caracterstica de arrastar para camadas mais profundas do solo, clcio, magnsio, potssio e alumnio, torna-se necessrio que o gesso seja aplicado em conjunto com o calcrio, ou seja, primeiramente aplica-se o gesso e posteriormente o calcrio. O gesso ir arrastar os ctions para camadas inferiores do solo e o calcrio permanecer na camada superior. Como critrios para a recomendao de gesso agrcola, tm-se: a) aplicar 2 t/ha de gesso para cada 1 cmolc/dm3 de Al3+ (Malavolta e Kliemann,1985). b) aplicar gesso quando o teor de clcio for inferior a 0,3 cmolc/dm3; alumnio igual ou superior a 0,5 cmolc/dm3 ou saturao de alumnio superior a 40% (Lopes, 1986). c) aplicar gesso quando for utilizado o mtodo de saturao por bases e substituir 25% do CaO do calcrio por CaO do gesso (Lopes,1986). d) aplicar gesso quando for utilizado o mtodo de elevao dos teores de clcio e magnsio e neutralizao do alumnio e adicionar 25% de CaO com base no CaO do calcrio (Lopes,1986).

2.1.7. MTODOS UTILIZADOS PARA CALCULAR A NECESSIDADE DE CALCRIO EM GOIS: a) Mtodo do alumnio trocvel:

N.C (t/ha) = {2 x Al3+ + [2* (Ca2+ + Mg2+)]} x 100/PRNT* Para solos com teor de argila inferior a 20%, utiliza-se o ndice 1,2.

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b) Mtodo da Saturao por Bases: NC = (V2 V1) x 100/PRNT N.C = necessidade de calcrio a aplicar em t/h. CTC = capacidade de troca de ctions (Ca2+ + Mg2+ + K+ + H+ + Al3+). V1 = saturao por bases atual do solo (%). V2 = saturao por bases desejada (%). PRNT = poder relativo de neutralizao total do calcrio (%). Este mtodo mais indicado para a recomendao de calcrio porque leva em considerao o tipo de solo, a CTC do solo, a cultura e a qualidade do calcrio. 3. NUTRIO EM FRUTICULTURA: A anlise da planta no suficiente para caracterizar um elemento como essencial. Por isso absorvem do solo, sem muita discriminao, os elementos essenciais, os benficos e os que podem trazer-lhes a morte. Todos os elementos essenciais so encontrados dentro da planta, mas nem todos os elementos encontrados na planta so essenciais. A lista dos elementos hoje considerados essenciais : a) Macronutrientes: N, P, K, S, Ca, Mg b) Micronutrientes: B, Cl, Co, Mo, Fe, Zn, Mn, Cu A separao entre macro e micro nutrientes baseia-se apenas na concentrao em que o elemento aparece na matria seca, a qual vai ser refletida nas quantidades exigidas, contidas, ou fornecidas (solo, adubo) no processo de formao da colheita. 3.1. ABSORO, TRANSPORTE E REDISTRIBUIO: 3.1.1. ABSORO DE NUTRIENTES: A absoro o processo pelo qual o elemento nutriente passa do substrato (solo, soluo nutritiva) para uma parte qualquer da clula (parede, citoplasma, vacolo). Para que o elemento nutriente penetre na raiz, necessrio, em primeiro lugar, que ele entre em contato com a raiz. Este contato pode ser de 3 formas: a) Interceptao radicular: a raiz, ao se desenvolver, encontra o elemento na soluo do solo, na qual ele tem que estar para que possa ser absorvido. Ex: Clcio, Cobre, Ferro, Zinco. b) Fluxo de massa: consiste no movimento do elemento em uma fase aquosa mvel (soluo do solo), de uma regio mais mida, distante da raiz, at outra mais seca (prxima da superfcie radicular). Ex: Nitrognio, Potssio, Clcio, Magnsio, Enxofre, Boro, Molibidnio, Zinco. c) Difuso: o elemento caminha por distncias muito curtas dentro de uma fase aquosa estacionria, indo de uma regio de maior concentrao para outra de concentrao menor na superfcie da raiz. Ex: Fsforo, Potssio, Ferro, Mangans e Zinco. Tabela1. Forma de absoro do on pelas razes, tipo de contato e aplicao de adubos. Elemento Forma de absoro Tipo de contato Aplicao de adubos pelas razes N NO3Fluxo de massa Distante e m cobertura P H2PO4 Difuso Perto e localizado K K+ Difuso(+); Fluxo de Perto e localizado massa(-)

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Ca Mg S B Cu F Mn Mo Zn

Ca2+ Mg2+ SO4H3BO3 Cu2+ Fe2+ Mn2+ HMoO4Zn2+

Fluxo de massa(+); Interceptao Fluxo de massa Fluxo de massa Fluxo de massa Interceptao(+); Fluxo de massa(-); Difuso(-) Interceptao(+); Difuso(-); Fluxo de massa(-) Difuso(+); Interceptao(-) Fluxo de massa Difuso

Lano Lano Distante e em cobertura Distante e em cobertura Lano e localizado Lano e localizado Perto e localizado Lano Perto e localizado

Os elementos so absorvidos com velocidades diferentes, em geral obedecendo seguinte ordem decrescente: nions: NO3- > Cl- > SO42- > H2PO4 Ctions: NH4+ > K+ > Na+ > Mg2+ > Ca2+ 3.1.2. TRANSPORTE DE NUTRIENTES: O Transporte de nutrientes na planta o movimento do nutriente do local de absoro para outro qualquer, dentro ou fora da raiz. Esse transporte pode ser da raiz at os vasos do cilindro central ou atravs de longa distncia, ou seja, da raiz at a parte area. Na raiz o elemento caminha da epiderme para parnquima cortical, deste para a endoderme e deste para o cilindro central (floema e xilema). Ocorre o transporte de longa distncia predominantemente no xilema, embora para alguns como o potssio ocorre no floema. 3.1.3. REDISTRIBUIO: A redistribuio dos elementos nas plantas d-se preferencialmente pelo floema. Os elementos podem mostrar mobilidade muito diferente. Tais como: a) Elementos mveis: N, P, K, Mg, Cl, Mo b) Elementos pouco mveis: S, Cu, Fe, Mn, Zn c) Elementos imveis: Ca, B Essa mobilidade maior ou menor no floema tem relevncia prtica: Elementos mveis: deficincia em folhas mais velhas. Elementos pouco mveis: deficincia em folhas mais velhas, geralmente. Elementos imveis: deficincias nas folhas e rgos mais novos. 3.2. DIAGNOSE VISUAL E FOLIAR:

a) Diagnose visual: a diagnose consiste em comparar o aspecto da amostra com o do padro.Na maior parte dos casos compara-se o de um rgo, geralmente a folha. Dependendo do

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elemento, porm, a comparao pode ou deve ser feita comparando-se outros rgos: da raiz ao fruto. A diagnose visual determinada atravs dos sintomas de deficincias ou de excessos de nutrientes nas partes ou no todo na planta. Na tabela 2 so apresentadas algumas deficincias de alguns nutrientes nas plantas. Tabela 2. Identificao de deficincias minerais nas plantas. Nutriente Sintomas de deficincias N Folhas amareladas, inicialmente nas mais velhas, como resultado da protelise. ngulo agudo entre caule e folhas. Dormncia de gemas laterais. Reduo no perfilhamento. Senescncia precoce. Folhas menores devido ao menor nmero de clulas. P Folhas amareladas nas mais velhas, pouco brilho, cor verde azulada ou manchas pardas. ngulos foliares mais estreitos. Menor perfilhamento. Gemas laterais dormentes. Nmero reduzido de frutos e sementes. Atraso no florescimento. K Clorose e depois necrose das margens e pontas das folhas, nas mais velhas. Menor tamanho dos frutos (laranja). Diminuio da dominncia apical. Interndios mais curtos em plantas anuais. Ca Amarelecimento de uma regio limitada da margem das folhas mais novas. Crescimento no uniforme da folha, do qual resultam formas tortas. Murchamento e morte das gemas terminais. Pequena frutificao ou produo de frutos anormais ou podrido estilar (limo). Mg Clorose das folhas, usualmente comeando e sendo mais severa nas mais velhas. Clorose internerval e em algumas espcies a clorose seguida pelo desenvolvimento de cor alaranjada. S Clorose, primeiro nas folhas mais novas. B Folhas pequenas, com ou sem clorose, grossas ou quebradias, com nervuras suberificadas e salientes s vezes tons vermelhos ou roxos. Morte do meristema apical do caule, e sua regenerao a partir de gemas axilares pode dar galhos em leque na parte do ramo principal ou do caule. Zn Diminuio no comprimento dos interndios com a formao dos tufos terminais de folhas perenes. Folhas novas pequenas, estreitas e alongadas. Cu Folhas inicialmente verdes escuras em ramos vigorosos (laranjeiras), tornando-se clorticas (pontas, margens). Mo Clorose malhada geral, manchas amarelo-esverdeadas ou laranjas brilhantes em folhas mais velhas e depois necrose. b) Diagnose Foliar: um mtodo de avaliao do estado nutricional das culturas em que se analisam determinadas folhas em perodos definidos da vida da planta. O motivo pelo qual analisam-se as folhas conhecido: elas so os rgos que, como regra geral, refletem melhor o estado nutricional, isto , respondem mais as variaes no suprimento do elemento, seja pelo solo, seja pelo adubo. A diagnose foliar tem trs aplicaes: - avaliao do estado nutricional. - identificao de deficincias que provocam sintomas semelhantes, dificultando ou impossibilitando a diagnose visual. - avaliao da necessidade de adubos. Para a diagnose foliar a amostragem deve ser muito criteriosa. Nesta operao consideram-se: a poca, a idade da planta, a posio da folha na haste, o nmero de amostras na planta e por rea e, finalmente o encaminhamento da amostra para o laboratrio. A tabela 3 apresenta esses critrios para a amostragem.

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Tabela 3. Critrios para a amostragem de folhas para a diagnose foliar. Frutfera poca Folhas Tamanho da amostra Abacate De 3 a 4 meses Limbo dos ramos no frutferos, 100 folhas; 4 por aps a brotao altura do ombro, nos 4 pontos planta. de primavera cardeais. Abacaxi No florescimento Parte basal no clorofilada da folha 50 folhas; uma por mais longa (folha D). Essas folhas planta. Cortar em tm insero aproximada de 45 com pedaos e retirar a haste e a base quebrada. 200g. Banana Na emisso da 10 cm centrais da 3 folha, a partir do 25 folhas; uma por florescncia pice, eliminando-se a nervura planta. central e as metades perifricas. Citros No vero Folhas geradas na primavera, com 100 folhas; 4 por cerca de 6 meses de idade, nos planta. ramos com frutos. Nos 4 pontos cardeais da planta. Manga No florescimento Folha com pecolo, da parte mdia 100 folhas; 4 por dos ramos do ltimo ano, na altura planta nos pontos mdia das plantas. cardeais. Goiaba Um ms depois 4 par, ramos terminais sem frutos. 30 folhas de terminar o crescimento do ramo Ma Primavera-vero Inteiras, com pecolos na parte 100 folhas de 25 mediana de ramos do ano. plantas. Mamo Florescimento Folha F na axila com a primeira flor 18 folhas expandida. Maracuj Outono Ramos medianos, 4 a partir da 60 folhas ponta. Pra 2-3 semanas Inteiras, poro mediana dos ramos 100 folhas de 25 aps do ano. plantas florescimento pleno Pssego Vero Recm amadurecidas do 100 folhas de 25 crescimento do ano. plantas. Uva Fim do Na base do primeiro cacho 30-60 folhas. florescimento Com o resultado dos teores de nutrientes da anlise foliar, deve-se verificar atravs de tabelas os nveis crticos de macro e micronutrientes para frutferas e observar se os resultados obtidos esto a nveis crticos ou normais para, posteriormente, fazer a correo de nutrientes no solo ou na planta. A tabela 4 apresenta os teores foliares de macro e micronutrientes que, em geral, consideram adequados. Deve-se ter presente, entretanto, que esses valores so indicaes muito gerais, tais como: condies de solo, clima e variedade podero influenciar os mesmos, aumentando-os ou diminuindo-os. Tabela 4. Teores totais de macro e principais frutferas (anlise de folhas). Cultura N P K Ca g/Kg Abacate 16-2 1,2-2, 15-2 15-3 0 5 0 0 Abacaxi 20-2 2,1-2, 25-2 3-4 2 3 7 micronutrientes considerados adequados para as Mg 4-8 4-5 S 2-3 2-3 B 50-1 00 30-4 0 Cu 5-1 5 9-1 2 Mn mg/Kg 50-20 30-50 0 0 100-2 50-20 00 0 F Mo Zn 30-1 50 10-1 5

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Banana Citros Goiaba Ma

27-3 6 25-2 7 30

1,8-2, 7 1,2-1, 6 3

35-5 4 12-1 7 30

2,5-1 2 30-4 9 13 14-2 0 20-2 2 30-3 3 15-2 0 14-2 1 15-2 5 30-4 0

3-6 3-5 3 2-4 10 5-6 3-4 3-5 3-5 3-4

2-3 1,52 3 2-3 4-6 1,61,8 3-4 1,72,6 2-3 2-3

10-2 5 36-1 00 30-6 5 15 30 40-5 0 20-4 0 40-6 0 30-4 0

23-2 2-2,5 15-2 5 0 Mamo 45-5 5-7 25-3 0 0 Manga 10-1 1,2-1, 4-6 2 4 Maracuj 40-6 4-5 35-4 0 5 Pra 23-2 1,4-2 12-2 7 0 Pssego 26-3 2-3 25-3 5 0 Uva 25-2 2-3 15-2 7 0 Fonte: Malavolta e Vitti (1989).

6-3 0 5-1 6 1016 5-1 0 11 30 1020 9-2 0 -

80-36 0 60-12 0 144-1 62 100-2 00 291 70 120-2 00 60-20 0 -

200-2 000 25-10 0 202-3 98 50-10 0 70 120 400-6 00 60-12 0 100-1 50 40-10 0

0,1-1 0,150,30 -

20-5 0 25-1 00 28-3 2 25-3 0 43 90 25-4 0 30-4 0 30-4 0 25-4 0

4. ADUBAO EM FRUTICULTURA: A adubao deve ser realizada sempre com critrio e relacionada anlise de solo. Para o estado de Gois as interpretaes e indicaes so feitas de acordo com a 5 a Aproximao (1988). Cada adubo, seja mineral ou orgnico contm concentraes de nutrientes diferenciadas, como mostra a tabela 5. Tabela 5. Tipos de adubos e concentraes de nutrientes nos adubos mais utilizados em fruticultura: ADUBO Sulfato de amnio Nitrato de amnio FRMULA (NH4)2SO4 NH4NO3 CONCENTRAO DE NUTRIENTES (%) N 20 35(NH4) 50(NO3) 14 45 4 P2O5 K2O CaO MgO S 22

Nitrato de potssio KNO3 Uria N2COH4 Fosfato natural Ca10(PO4)6F2 Farinha de ossos Superfosfato Ca(H2PO4)+CaSO4.2H2 simples O Superfosfato Ca(H2PO4)2.H2O Triplo Termofosfato Magnesiano Yoorin Cloreto de KCl potssio Gesso Agrcola* CaSO4.2H2O

46 35 26 18 45 18 60 32 18 44 20 15 21 11 14

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*

No considerado adubo, e sim corretivo.

Em fruticultura, a calagem deve ser aplicada em toda a rea de cultivo, j a adubao dever ser feita em covas, de acordo com as dimenses para cada frutfera. Em fruticultura utiliza-se a adubao de plantio (orgnica e/ou mineral), adubao de crescimento e adubao de produo.

5 - PROPAGAO DE PLANTAS EM FRUTICULTURA: 5.1. PROCESSOS DE PROPAGAO: H dois processos de propagao de plantas: Propagao sexuada ou por sementes Propagao assexuada ou vegetativa

Propagao sexuada ou por sementes: Este processo envolve a formao da semente que o vulo fecundado e desenvolvido. A fecundao consiste na fuso dos gametas masculino e feminino, originando o zigoto. Este d origem ao embrio que a parte essencial da semente a qual ainda contm tecidos de reserva e tegumentos. Caractersticas das sementes: - A semente um rgo de resistncia que se conserva vivo, em condies adversas, por muito mais tempo que qualquer outra parte da planta. - Praticamente todo trabalho orientado de melhoramento vegetal se baseia na propagao sexuada e na semente como portadora de carga hereditria. - Muitas doenas de vrus no so transmitidas pela semente, embora a planta genitora dessa semente esteja doente. Na propagao sexuada, mesmo em espcies autofecundadas ocorre uma certa taxa de cruzamentos e a preservao do gentipo puro difcil em grandes populaes de plantas propagadas por sementes. Por repetidas autofecundaes consegue-se, porm, uma populao bastante homozigota para efeitos prticos e muito uniformes. Plantas hermafroditas funcionais: Muitas plantas possuem flores hermafroditas funcionais, isto , os rgos reprodutivos masculinos e femininos reunidos na mesma flor sem nenhum dispositivo morfolgico, fisiolgico ou gentico que impea a autofecundao. Tais plantas apresentam uma taxa de cruzamentos muito baixa, de 0,1 a 5% e so, portanto, bastante homozigotas. A esse grupo pertencem algumas espcies ctricas. Plantas hermafroditas com dicogamia: Estas plantas tm flores hermafroditas, mas os rgos sexuais amadurecem em horrios diferentes, impedindo a autofecundao. A fecundao realizada por plen de outra planta da mesma espcie mas de horrio diferente. Fala-se em protoginia quando a maturao do pistilo acontece antes das anteras e em protandria quando as anteras amadurecem antes dos pistilos. A dicogamia responsvel pela fecundao cruzada e ocorre, por exemplo, no abacateiro (Persea sp) e na mangueira (Mangifera indica).

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Plantas monicas: A planta monica possui ambos os rgos reprodutivos, mas em flores separadas, unissexuais. Embora a autofecundao seja possvel, a alogamia predominante. Culturas para a produo de sementes devem ficar isoladas de outras plantas da mesma espcie por vrios quilmetros para evitar a contaminao pelo vento ou por insetos polinizadores. So bastante heterozigotas e a este grupo pertencem a Noz pecan (Carya iliinoensis) e o coco da Bahia (Cocus nucifera). Plantas diicas: As plantas diicas possuem os sexos separados por planta, havendo plantas com flores unissexuais masculinas e plantas com flores unissexuais femininas. O cruzamento neste caso obrigatrio, e enquadram neste grupo a tmara (Phoenix dactilifera), mamo (Carica papaia) e caqui (Diospyros sp). Propagao assexuada ou vegetativa: A propagao vegetativa o nico meio de propagao que se preserva perfeitamente o gentipo, sendo todos os indivduos descendentes geneticamente idnticos entre si e planta me e constituindo, assim, um clone. A propagao vegetativa depende da capacidade de regenerao de tecidos e rgos a partir dos meristemas do caule, da raiz ou da folha. Ocorre neste caso, a diviso normal das clulas (mitose) e posterior diferenciao. Caractersticas da propagao vegetativa: Os filhos apresentam gentipo idntico ao da planta-me, constituindo um clone. A propagao vegetativa encurta a vida das plantas perenes, e antecipa o incio da sua fase reprodutiva. Reduz o porte das plantas perenes em comparao com as originadas por sementes, o que constitui uma vantagem para a fruticultura.

Apomixia: As sementes de algumas espcies vegetais do origem a embries sem fecundao, ou seja, embries vegetativos. Estes embries so chamados apomticos, e resultam da diviso celular normal (mitose) dos tecidos diplides do vulo e possuem, a mesma constituio gentica da planta-me. Os indivduos descendentes por apomixia so um clone. Embora a fecundao no esteja envolvida na formao dos embries apomticos, a polinizao necessria para estimular o desenvolvimento dos tecidos do vulo e dos embries. Isso acontece nas sementes de citros (Citrus sp) e manga (Mangifera indica) que apresentam um ou mais embries nucelares ao lado de um sexual.

ESTRUTURAS NATURAIS ESPECIALIZADAS: - Estolhos: So caules areos que se desenvolvem rentes ao solo e cujos ns enrazam e originam novas plantas. Ex. morango (Fragaria sp).

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- Rebentos: So mudas enraizadas provenientes da base do caule areo ou de caule subterrneo. Ex. abacaxi (Ananas comosus) e banana (Musa sp). - Filhotes: So mudas no enraizadas originadas na parte area do caule. Ex. abacaxi. - Rizomas: So caules subterrneos de forma varivel desde curtos e arredondados at alongados e finos. Como caule tpico, o rizoma apresenta ns e entre-ns com gemas que originam a parte area da planta. Ex. Banana. - Mergulhia: Este mtodo de propagao consiste em provocar o desenvolvimento de razes em ramos, antes de destac-los da planta-me. O ramo ferido ou curvado e, neste local, envolvido por terra mida ou outro substrato umedecido, at que se verifique o enraizamento quando ento destacado da planta-me. O ramo posto a enraizar continua recebendo gua e nutrientes da planta-me. Ex. Lichia (Litchi chinensis) como mergulhia simples e jabuticabeira (Myrciaria cauliflora) como mergulhia area ou alporquia. Este princpio se baseia no estiolamento ou no bloqueio total ou parcial do fluxo de seiva elaborada, resultando no acmulo de carboidratos na base do ramo, local de formao de razes adventcias. ESTAQUIA: Estaquia o mtodo de propagao vegetativa pelo qual um fragmento vegetal isolado (estaca) regenera uma planta completa. A estaca pode ser um pedao de caule, de raiz, de folha ou uma folha inteira. Em fruticultura utiliza-se muito a estaquia de caule, como por exemplo, a figueira (Ficus carica), a uva (Vitis sp.), a amora (Morus nigra). Hoje quase a totalidade dos pomares com goiaba (Psidium guajava) no Brasil, so formados com mudas obtidas por estacas. A formao de razes nas estacas se d pelo movimento de hormnio na planta. As gemas apicais e folhas novas elaboram cido indol actico (AIA), a qual translocada do pice para a base, onde estimula a emisso de razes adventcias. Este hormnio chamado de auxinas.

Exemplos de plantas propagadas por estaquia de caule em fruticultura: * Figo (Ficus carica) * Uva (Vitis sp.) * Amora (Morus nigra) * Marmelo (Cydonia oblonga) * Ma (Malus sylvestris) * Fruta-po (Artocarpus altilis) * Oliveira (Olea europeae) * Rom (Punica granatum) * Ameixa (Prunus sp) * Pssego (Prunus persica) * Pera (Pyrus communis) * Acerola (Malpighia emarginata) * Nspera (Eriobotrya japonica)

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* Goiaba (Psidium guajava) * Lichia (Litchi chinensis) * Umbu (Spondia tuberosa) Tamanho das estacas de caule: As estacas devem ter no mnimo uma gema para emitir folhas, pois, as razes se formam longe das gemas. Porm, as gemas favorecem o aparecimento de razes, ento, conveniente a presena de pelo menos duas gemas nas estacas de caule. Nas plantas que apresentam gemas distantes, a estaca deve ser cortada, na parte inferior, logo abaixo de uma gema. Na parte superior da estaca, onde as gemas ficam prximas, a distncia entre corte e gema no importa. As estacas devem ter no mnimo 20cm e mximo de 30cm de comprimento com dimetro de 0,5cm a 1,5cm. As estacas devem ser cortadas em bisel nos dois lados. Na parte inferior da estaca para aumentar a superfcie de corte para melhor enraizamento. Na parte superior para no acumular gua da chuva ou da irrigao. Para facilitar o enraizamento das estacas de caule, pode-se utilizar fitoreguladores como o cido naftaleno actico (ANA), o cido indolbutrico (AIB) e o cido indol actico (AIA) que se encontram no comrcio. Em plantas de difcil enraizamento, pode-se aplicar sobre a regio do corte o AIB diludo em talco na concentrao de 3%. Atualmente so encontrados no mercado tanto cidos prontos na forma lquida como diludos em talco industrial. Na forma lquida as estacas so imersas na base e o tempo de imerso ser menor ou maior conforme a concentrao da mistura. Quando o hormnio for diludo em talco, umedece-se a base da estaca para que a aderncia da mistura seja melhor. ENXERTIA: A enxertia a unio de partes de diferentes plantas, de modo que essas partes continuem seu crescimento como uma s planta, conservando cada parte as suas caractersticas. A parte inferior que inclui o sistema radicular da nova planta, constitui-se o porta-enxerto ou cavalo e a parte superior constitui-se o enxerto ou cavaleiro. Esta planta composta recebe gua e nutrientes minerais (seiva bruta) pelas razes do porta-enxerto e carboidratos (seiva elaborada) das folhas do enxerto. Para que ocorra um movimento normal da seiva necessria uma ligao perfeita entre os tecidos vasculares. A unio entre o enxerto e o porta-enxerto se baseia na presena do tecido meristemtico secundrio, conhecido por cmbio, o que acontece em plantas da classe dicotilednea. Aplicaes da enxertia: * Perpetuao de clones que no podem ser propagados economicamente, por estaquia, mergulhia ou outros mtodos assexuados. * Controle de pragas e doenas existentes no solo. * Mudana de cultivar, em plantas perenes adultas. * Recuperao de rvores frutferas danificadas. * Reduo do tamanho de rvores. * Estudo de viroses. Muitas fruteiras como o citrus, abacateiro, mangueira, cajueiro e goiabeira so de difcil propagao por outros mtodos assexuados, por isso, a enxertia mais utilizada. poca da enxertia:

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A poca de enxertia depende das condies climticas, do estado de desenvolvimento dos porta-enxertos e das plantas. As plantas perenes de folhagem permanente, tropicais ou subtropicais, devem ser enxertadas no incio ou durante o perodo de vegetao ativa que, nas regies tropicais midas, contnuo durante todo o ano. Na maior parte do Brasil, o fator limitante para a vegetao durante certa poca do ano a seca, que pode ser superada pela irrigao. No centro-sul os meses de agosto a outubro so, preferveis para a enxertia, pois, as plantas recmenxertadas tero um longo perodo quente e chuvoso e favorvel ao crescimento. Tipos de enxertia: - Borbulhia: Borbulhia o mtodo de enxertia pelo qual se usa como enxerto uma borbulha, ou seja, uma gema acompanhada com um pedao de casca. A borbulhia apresenta como vantagens um maior rendimento do material disponvel para enxerto, pois cada gema pode resultar em uma nova planta e no caso de falha, pode ser repetida. Para que o processo da borbulhia tenha sucesso necessrio que a planta solte a casca, isto , que a casca cortada se desprenda do lenho e possa ser levantada atravs do canivete. Se isso no ocorrer e o problema for a seca, duas ou trs irrigaes em intervalos pequenos resolve o problema. Tipos de borbulhia: Borbulhia sob-casca: Por este mtodo de enxertia fazem-se duas incises na casca do porta-enxerto: uma vertical, maior e uma horizontal, menor, de modo a formar um T (direto) ou T (invertido). Ao longo dos cortes levanta-se um pouco a casca. Em seguida corta-se a borbulha, ou seja, uma gema com uma poro alongada de casca, que introduzida debaixo da casca do porta-enxerto. Aps a introduo da gema o enxerto amarrado com fita plstica, espera-se o pegamento da borbulha e retira-se a fita. A borbulhia sob-casca utilizada em citrus sp.

Borbulhia de placa embutida: A borbulhia de placa embutida prefervel sob-casca quando a casca do portaenxerto pouco flexvel e quebradia. Neste caso, corta e retira-se um pedao quadrangular, elptico ou um anel inteiro de casca com ou sem lenho do porta-enxerto, substituindo-o por um pedao igual de casca com uma gema do enxerto. Este mtodo de borbulhia usado na gravioleira (Annona muricata). GARFAGEM: A garfagem o mtodo de enxertia pelo qual se usa como enxerto um garfo, isto , um pedao de ramo que geralmente contm vrias gemas. A garfagem pode ser de 3 tipos: no topo, inglesa e lateral. A garfagem pode ser utilizada na mangueira, abacateiro, cajueiro, pequizeiro, mangabeira, goiabeira. a) Garfagem no topo:

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A garfagem no topo comea pela eliminao da parte superior do porta-enxerto, atravs de um corte horizontal. Pela posio do garfo, distinguem-se 4 modalidades de garfagem: em fenda (simples, cheia e dupla), sob-casca, embutida e de superposio. a1) Garfagem no topo em fenda: Procedimentos: Elimina-se a parte superior do porta-enxerto. Corta-se o toco verticalmente no meio (fenda) e sem rach-lo. Corta-se na forma de cunha alongada o garfo. Insere-se o garfo na fenda do porta-enxerto, pelo menos um dos lados deve coincidir com a casca do porta-enxerto. Amarra-se com fita plstica o garfo no porta-enxerto.

a2) Garfagem no topo sob-casca: A garfagem no topo sob-casca feita quando a casca do porta-enxerto solta com certa facilidade. Para realizar a garfagem sob-casca faz-se um corte vertical na casca a partir da parte superior do porta-enxerto de alguns centmetros. O garfo deve ser cortado em bisel na parte inferior e inserida sob a casca do porta-enxerto. b) Garfagem inglesa: Para a enxertia de garfagem inglesa, o enxerto e o porta-enxerto devem ter aproximadamente o mesmo dimetro. b1) Garfagem inglesa simples: Consiste em cortar obliquamente ou em bisel, tanto para o porta-enxerto quanto o garfo e justapor um ao outro de modo que haja coincidncia da casca dos dois em todo permetro, ou pelo menos, na maior parte. b2) Garfagem inglesa com entalhe: O entalhe aumenta a superfcie de contato entre o porta-enxerto e o garfo, dando maior firmeza ao conjunto. So feitos um corte em bisel e um entalhe tanto no porta-enxerto e no garfo.

ENCOSTIA: A encostia chamada tambm de enxertia por aproximao ligando galhos ou razes. A sua caracterstica que o enxerto ou cavaleiro continua ligado planta me at que se verifique o pegamento da enxertia. O enxerto continua recebendo a seiva o que aumenta muito a probabilidade de pegamento. A encostia lateral um tipo de encostia em que a copa do portaenxerto conservada at se verificar o pegamento do enxerto. Somente aps de verificado o desenvolvimento da planta enxertada que ela desligada da copa do porta-enxerto. CULTURA DE MERISTEMA OU MICROPAPAGAO:

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Este mtodo de propagao empregado para produzir clones, livres de viroses e outras molstias, como o caso de produo de mudas de banana, morango e abacaxi, alm de propagar grandes quantidades de mudas a baixos custos. Este mtodo baseia-se no princpio de que o meristema apical de uma planta doente ainda est livre de patgenos, durante a fase inicial de diferenciao. Em laboratrio corta-se um pequeno pedao do meristema apical com at 4 primrdios foliares e colocado em um meio de cultura, dentro de um tubo de ensaio. A partir da a plntula comea a se desenvolver, transplantada para pequenos vasos, saquinhos plsticos ou tubetes e ocorre o transplantio definitivo no campo. Desde a retirada dos explantes (matrizes) at o plantio das mudas no campo so necessrios de 12 a 15 meses. A micropropagao de mudas de bananeira utilizada para evitar a disseminao de doenas de solo, como a fusariose (Fusarium oxysporum) e os nematides, bem como de pragas danosas cultura, como a broca ou moleque da bananeira (Cosmopolites sordidus).

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6. A CULTURA DA UVA:1. INTRODUO: A viticultura brasileira apresentou nos ltimos anos um grande avano com relao a qualidade de uva tanto de mesa quanto para produo de vinho. Este fato se deve a pesquisa desenvolvida por diversos rgos oficiais, principalmente a EMBRAPA. As exportaes brasileiras de uvas frescas em 1999 foram de 8.033t, passando para 25.087 t em 2002. Com a pesquisa brasileira de ponta com relao a produo de uva, cada vez mais comum nas frutarias, feiras e supermercados possurem diversas variedades de uva em todas as estaes do ano. Isso devido aos fatores climticos apropriados para a conduo da cultura em vrias partes do territrio nacional, alm de variedades adaptadas. O Brasil possui clima, solo e variedades adaptadas para que a produo de uva seja da melhor qualidade como produto final, seja de uva de mesa ou vinho. As caractersticas de clima tropical favorecem a implantao de lavoura de uva com temperaturas mdias mnimas de 20C e mdias mximas de 31C, o que proporciona valores totalmente adequados a regio de Ceres. Esta amplitude trmica ideal para o perfeito crescimento e desenvolvimento da cultura da uva. Nas regies de Morrinhos, Aragoinia, Santa Helena, Inhumas e Itabera so exemplos de sucesso de produo de uva no Estado de Gois. Em Santa Helena j possui a primeira fbrica de vinho do cerrado, produzindo vinho de acordo com a EMBRAPA de tima qualidade. O vinho o produto obtido pela fermentao alcolica total ou parcial da uva fresca, da uva amostada ou do mosto de uva. Mosto o produto obtido pelo esmagamento da uva fresca e madura. Deve-se ter presente que a composio do vinho est ligada diretamente uva da qual teve sua origem. Uvas para vinho corrente: com baixos teores em acar e acidez, do vinhos que se conservam pouco, inspidos e fracos. Uvas para vinho de mesa: com teores de acar entre 18 e 21,5% e 5 a 8% de acidez, do bons vinhos, porm sem qualidades especiais. Uvas para grandes vinhos: uvas com 19-21% de acar e 5 a 7% acidez. A produo de uvas torna-se uma grande opo para todos os produtores, tanto pequeno, mdio ou grande, proporcionando uma grande retorno financeiro, no somente com a venda e comercializao da uva in natura, mas tambm de produtos como o vinho, gelia, passas e de suco concentrado. A uva tem a sua origem de duas regies, a europia (Vitis vinifera) e a americana (Vitis labrusca), alm de outras espcies, como Vitis riparia (Americana), Vitis aestivalis (Americana), Vitis berlandieri (Americana e Asitica). As tabelas 1, 2, 3 e 4 mostram os Estados produtores no Brasil, a rea cultivada em ha, o consumo per capita dos derivados da uva at o ano de 2005 no Brasil e o consumo per capit de vinho no mundo. Os resultados apresentados mostram que o Brasil tem um potencial gigantesco quando comparado aos outros dados mundiais, principalmente quando tm-se no pas fatores totalmente favorveis como os climticos e consumo muito baixo dos produtos pelos brasileiros. Tabela 1. Produo de uvas no Brasil (t). Estado 2004 2005 Rio Grande do Sul 696.557 611.907 So Paulo 193.300 231.680 Pernambuco 151.699 153.101 Paran 96.662 100.700 Bahia 85.910 86.338 Santa Catarina 46.007 47.971 Minas Gerais 13.068 14.374

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Tabela 2. rea plantada de uva no Brasil (ha). Estado 2004 Rio Grande do Sul 40.351 So Paulo 11.990 Pernambuco 4.692 Paran 5.794 Bahia 3.407 Santa Catarina 3.949 Minas Gerais 917 Brasil 71.100 Tabela 3. Consumo per capita de derivados da uva no Brasil. Produtos 2000 2001 2002 2003 Vinhos (L) 1,89 1,81 1,71 1,68 Suco de 0,33 0,35 0,34 0,39 uva (L) Uva de 2,32 3,42 3,42 3,39 mesa (Kg) Uva seca 0,09 0,10 0,08 0,08 (Kg) Tabela 4. Consumo per capita de vinho no mundo. Pases Luxemburgo Frana Itlia Portugal Crocia Espanha Argentina Uruguai Chile Brasil 6.2. CULTIVARES PORTA-ENXERTOS:

2005 42.449 12.306 4.742 5.800 3.422 4.224 934 73.877 2004 1,76 0,37 3,52 0,09 2005 2,01 0,54 3,54 0,09

L/pessoa 63,4 56,1 48,2 46,3 48,1 34,1 31,6 24,0 14,7 2,01

Atualmente os principais porta-enxertos para a viticultura tropical brasileira so as cultivares desenvolvidas pelo Instituto Agronmico de Campinas, IAC-313 'Tropical', IAC-572 'Jales' e o IAC-766 Campinas. As trs cultivares adaptam-se bem s condies tropicais do Brasil, porm apresentam diferenas quanto ao vigor. As mais vigorosas so a IAC-572 e a IAC-313, seguidos pelo IAC-766. Entre estes porta-enxertos, o IAC-572 o mais indicado para o cultivo da cv. Nigara Rosada no sistema em latada para a regio centro-oeste do Brasil, principalmente Gois. 6.2.1. Preparo do substrato para produo de porta-enxerto: Para a produo de mudas de porta-enxertos em saquinhos utilizam-se as seguintes propores para o preparo de substrato: 1 m3 de substrato = 3 a 5 Kg Supersimples + 500g a 1,0 Kg de KCl. 6.2.2. Preparo do material para estaquia: As estacas que se destinam ao plantio em viveiro ou diretamente no campo so cortadas com 25-30 cm de comprimento e com duas a trs gemas, ou 40 a 50cm de comprimento com 3 a 5

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gemas. O corte da base das estacas feito sobre o n; o do pice feito trs a quatro centmetros acima da gema superior, o que evita o ressecamento da mesma. As gemas que ficaro enterradas so eliminadas, para que haja maior absoro de gua, facilitando o enraizamento e evitando a emisso de ramos ladres. Com 90 a 120 dias aps o plantio das estacas as mudas esto prontas para serem levadas ao campo. 6.2.3. Preparo do material para enxertia em garfagem no topo em fenda cheia: Os enxertos ou garfos so fragmentos de vara da cultivar produtora que apresentam duas gemas, medindo de 5 a 7cm de comprimento. A extremidade superior cortada reta, trs a quatro centmetros acima da gema, e a inferior cortada em forma de cunha. A seguir enrola-se o enxerto com fita plstica, deixando-se somente as gemas descobertas. A extremidade superior deve ser bem protegida, para evitar o dessecamento do enxerto. Porta-enxertos para enxertia de mesa: So fragmentos de vara da cultivar escolhida como porta-enxerto. Medem em torno de 25 30 cm e possuem duas a trs gemas. O corte inferior feito bem junto ao n e o superior 6-8 cm acima da gema superior. As gemas so eliminadas para favorecer o enraizamento e tambm para evitar que haja emisso de ramos ladres. Porta-enxertos para enxertia de campo: As mudas de porta-enxertos so plantadas no campo e seus ramos, em nmero de dois, so conduzidos na vertical. Todas as brotaes secundrias so eliminadas, o que favorece o engrossamento dos ramos que sero enxertados. Por ocasio da enxertia, cortam-se dois ramos a 20 cm do solo e eliminam-se todas as folhas abaixo do corte. Enxertia: A enxertia consiste na unio do enxerto com o porta-enxerto,j devidamente preparados. Na enxertia de garfagem de fenda cheia, o enxertador deve observar a seguinte seqncia: a) Cortar verticalmente a estaca ou os ramos do porta-enxerto, abrindo uma fenda de dois a trs centmetros, sem atingira n imediatamente abaixo do local do corte; b) Introduzir nessa fenda o enxerto com a extremidade inferior cortada em cunha; c) Certificar-se do estabelecimento de contato entre as cascas do enxerto e do porta-enxerto, ainda que tal contato s ocorra de um lado. Neste caso, a gema do enxerto prxima cunha deve ficar voltada para o lado em que as cascas se unem; d) Aps a colocao do enxerto na fenda do portaenxerto, fixaras mesmos com fita de plstico, para evitar um possvel deslocamento do enxerto, o que prejudicaria a enxertia. Na enxertia de campo, pode-se utilizaras plantas de porta-enxerto, com os ramos verdosos e material do enxerto em incio de lignificao pois, segundo observaes feitas, a cicatrizao se processa com maior rapidez e de maneira mais uniforme, no se produzindo, aparentemente, nenhuma necrose dos tecidos. A operao de enxertia pode ser realizada em qualquer poca do ano; o crescimento da muda, entretanto, menor no perodo mais frio, ou seja, de meados de maio a agosto. Os processos de enxertia citados apresentam alto ndice de pega. Sugere-se, ento, a enxertia de mesa por apresentar as seguintes vantagens: possvel no s antecipar em trs meses ou mais a primeira colheita, como tornar a formao da muda mais econmica; Atravs da seleo das mudas que formaro o vinhedo, obtm-se maior homogeneidade da rea; H a reduo na emisso de ramos ladres provenientes do porta-enxerto. possvel conseguir plantas vigorosas, semelhantes s obtidas com a enxertia de campo.

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Mudas sendo enraizadas em saquinhos (estacas); enxertia por garfagem no topo em fenda cheia.

3. CULTIVARES COPAS: Os cultivares copas mais plantados comercialmente no Brasil possuem as seguintes caractersticas: Uvas Finas Itlia Rubi Benitaka Brasil Red Globe Ribier Uvas Rsticas Nigara branca Nigara rosada Takashumy Kioho Uvas sem Sementes Centenial Seedles Climson Seedles Thompson Seedles BRS Morena BRS Clara BRS Linda

6.3.1. CULTIVARES COPAS DE UVAS SEM SEMENTES:

Centennial Seedless uma cultivar sem sementes, obtida na Califrnia, Estados Unidos, realizado em 1966 e lanada em 1980. A planta apresenta-se vigorosa e produtiva, com folhas grandes, cachos grandes e bagas de colorao branca, alongadas, crocantes e com sabor neutro agradvel. Uma dificuldade de cultivo diz respeito sensibilidade degrana, o que exige cuidados especiais na colheita, manuseio e embalagem dos cachos.

Thompson SeedlessTambm conhecida com Sultanina em alguns pases, originria da sia Menor, a cultivar sem sementes mais plantada no mundo. A planta vigorosa, os cachos so grandes e as bagas apresentam colorao branca-amarelada, de forma elipside, polpa de textura firme e sabor neutro agradvel. Embora o tamanho natural das bagas seja pequeno, aplicaes com cido giberlico podem torn-las de tamanho adequado para a comercializao.

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Crimson Seedless uma cultivar sem sementes, da Califrnia, e lanada em 1989. Foi introduzida no Brasil pelo IAC, em 1993. A planta vigorosa e produtiva, com cachos soltos medianamente compactos e bagas ovides alongadas de colorao avermelhada, crocantes e sabor neutro agradvel.

BRS MorenaBRS Morena' uma cultivar de uva sem sementes desenvolvida pela Embrapa Uva e Vinho a partir do cruzamento Marroo Seedless x Centennial Seedless, realizado em 1998 e lanada em 2003. A planta apresenta vigor moderado e fertilidade elevada, o cacho de tamanho mdio a grande, cilindro-cnico, solto a mais ou menos cheio, pednculo curto. A baga tem forma elptica, tamanho natural, em mdia, 16mm x 20mm, preta, pelcula de espessura mdia, polpa incolor, trincante, sabor neutro; trao de semente pequeno a mdio, macio, imperceptvel ao mastigar.

BRS ClaraBRS Clara' outra cultivar de uva sem sementes desenvolvida pela Embrapa Uva e Vinho e lanada em 2003. Ela oriunda do cruzamento CNPUV 154-147 x Centennial Seedless, realizado em 1998. uma cultivar vigorosa e produtiva, o cacho de tamanho mdio a grande, cnico, s vezes alado, cheio, pednculo robusto, longo. A baga tem forma elptica, tamanho natural, em mdia, 15 mm x 20 mm, verde-amarelada, chegando a amarelo mais intenso quando exposta ao sol, pelcula de espessura mdia, resistente, polpa incolor, firme, crocante; sabor moscatel leve e agradvel, trao de semente grande e de cor marrom, porm, imperceptvel mastigao. BRS Linda BRS Linda' tambm uma cultivar de uva sem sementes desenvolvida pela equipe de pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho. Ela oriunda do cruzamento CNPUV 154-90 x Saturn, realizado em 1998. A planta vigorosa e muito produtiva, apresenta cacho de tamanho grande, cilindro-cnico, cheio, pednculo curto. A baga elptica, tamanho natural, em mdia, de 19mm x 24mm, cor verde, tornando-se amarelada quando exposta ao sol; pelcula de espessura mdia; polpa incolor, firme, crocante, sabor neutro, trao de semente minsculo, praticamente invisvel. bastante sensvel ao odio (Uncinula necator), exigindo cuidados no seu controle. Em relao s demais doenas fngicas, tem comportamento similar cv. Itlia, devendo ser adequadamente protegida.

6.3.2. CULTIVARES COPAS DE UVAS COM SEMENTES: Itlia A cultivar Itlia uma cultivar de pelcula branca, resultado do cruzamento entre 'Bicane' e 'Moscatel de Hamburgo', realizado em 1911, por Angelo Pirovano, e originalmente chamado de Pirovano 65. a principal uva fina de mesa cultivada nos principais plos produtores brasileiros. Dentre as principais caractersticas da cultivar Itlia destacam-se a produtividade, que facilmente atinge 30t/ha/ciclo; a boa aceitao pelo mercado consumidor, tanto nacional quanto internacional; o bom tamanho de bagas; o sabor moscatel e; a boa resistncia ao transporte e ao armazenamento. Os principais problemas com a cv. Itlia esto relacionados sensibilidade s doenas, principalmente mldio e odio, e necessidade de mo-de-obra intensiva para realizao dos tratos culturais, principalmente o raleio de bagas, que promovem perdas e aumentam o custo de produo. Isso tem feito com que muitos produtores procurem outras cultivares para diversificarem a produo.

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Rubi A cultivar Rubi surgiu de uma mutao somtica constatada em pomar comercial de uva 'Itlia' do Sr. Kotaro Okuyama, em 1972, no municpio de Santa Mariana, Estado do Paran. Apresenta as mesmas caractersticas da cultivar Itlia, com exceo da cor da pelcula que apresenta-se rosada. Para que a cv. Rubi apresente uma boa colorao, tanto em tonalidade quanto em uniformidade, o perodo de maturao deve ocorrer em perodos com amplitude trmica, ou seja, com temperaturas quentes durante o dia e frias durante a noite. Benitaka Tambm uma cultivar originada de mutao somtica espontnea da cultivar Rubi, encontrada na propriedade dos viticultores Sadao & Takakura, em Flora, no Estado do Paran, em 1988. Apresenta as mesmas caractersticas vegetativas e produtivas das cultivares Itlia e Rubi, diferindo apenas quanto colorao rosada intensa das bagas e colorao avermelhada do pincel. Brasil A 'Brasil' outra cultivar originada de mutao somtica espontnea da cultivar Benitaka, encontrada na propriedade de Hideo Takakura, em Flora, no Estado do Paran, em 1991. Apresenta as mesmas caractersticas vegetativas e produtivas das cultivares Itlia, Rubi e Benitaka, diferindo destas pela colorao preta das bagas e por apresentar polpa colorida. A cultivar Brasil tem encontrado algumas dificuldades de comercializao em funo da colheita em ponto de maturao inadequado, devido colorao preta das bagas mesmos quanto o teor de acares ainda no atingiu o mnimo de 14Brix. Redglobe ou Red Globe Essa cultivar foi obtida em Davis, na Universidade da Califrnia, e introduzida no Brasil pelo IAC, em 1988. uma cultivar bastante vigorosa e produtiva, com cachos e bagas grandes. A colorao das bagas rosada a vermelha, com polpa firme e sabor neutro. As principais vantagem do cultivo dessa uva so a produtividade elevada, a boa aceitao no mercado, a boa capacidade de conservao ps-colheita e a resistncia ao rachamento de bagas por ocorrncia de chuvas prximo e durante o perodo de colheita. As principais dificuldades referem-se ao controle do crescimento vegetativo e anomalias como o dessecamento de bagas e murchamento do engao.Pingo

de Mel A cultivar Pingo de Mel uma cultivar oriunda de mutao espontnea da cultivar Itlia, em So Miguel Arcanjo-SP, por volta de 1989/90.. Apresenta caractersticas produtivas muito semelhantes cultivar Itlia, com exceo da forma elptica/ovide das bagas. um material bastante sensvel ao rachamento de bagas devido ocorrncia de chuvas. Em Pirapora, os produtores tiveram interesse por esse material em funo da boa aceitao pelos consumidores e pelo tamanho grande das bagas. Entretanto, atualmente, os poucos plantios existentes esto sendo substitudos por outras cultivares em funo da pouca oferta dessa cultivar e, consequentemente, pouca tradio de consumo. .Nigara Rosada Surgiu de uma mutao somtica natural da Nigara Branca, no municpio de Jundia, (SP), em 1933. Possui as mesmas caractersticas de Nigara Branca, exceto a cor, mais atraente ao consumidor. Essa cultivar a mais recomendada para o Estado de Gois, em funo de sua dupla aptido, ou seja, serve tanto consumo in natura como para produo de vinho.

IsabelApesar de todos os esforos para substituir esta cultivar desde a dcada de 1930, a Isabel persiste com 50% da uva produzida no Rio Grande do Sul e a principal cultivar plantada em Santa Catarina. Origina vinho tpico, em anos chuvosos pouco coloridos, apreciado por uma faixa especfica de consumidores. O suco de Isabel a base do suco brasileiro para exportao. uma cultivar de Vitis labrusca, muito bem adaptada s condies climticas do Sul do Brasil. Fornece

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produes abundantes em poda curta; resistente ao odio e s podrides do cacho, porm est sujeita a perdas pela incidncia de antracnose e de mldio. Normalmente enxertada mas pode ser plantada de p-franco; vinhedos de p-franco normalmente exigem um perodo de formao mais longo mas atingem 80-100 anos com produes econmicas.

BRS Violeta: A BRS Violeta foi obtida a partir de cruzamento BRS Rbea x IAC 1398-21, realizado na Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonalves, RS, em 1999. Deste cruzamento foram obtidas 642 sementes, originando uma populao de 337 plantas. Em maro de 2001, esta populao foi enxertada, sobre o porta-enxerto IAC 572, na rea experimental da Embrapa Uva e Vinho/Estao Experimental de Viticultura Tropical - EEVT, em Jales, SP. A primeira produo foi obtida em setembro de 2002, quando a planta original foi selecionada pela produtividade e pela qualidade da uva, destacando-se o sabor, a intensa colorao e o teor de acar do mosto. Imediatamente foi propagada e, sob o cdigo CNPUV 773-36, passou a ser avaliada em rea com 30 plantas, na EEVT. Em setembro de 2003, foi obtida a primeira produo de CNPUV 773-36 nesta rea, confirmando-se as caractersticas da planta original, observadas no ano anterior. Ainda em 2003, foi colocada em rea de validao implantada no municpio de Nova Mutum, MT, onde confirmou a capacidade produtiva e a qualidade da uva em trs colheitas: uma em 2004 e duas em 2005. Resultados similares foram obtidos na EEVT em mais dois ciclos produtivos, sendo um em 2004 e outro em 2005, confirmando a adaptao desta cultivar s condies tropicais da regio. Sob condies de clima temperado, foi avaliada nas reas experimentais da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonalves, RS, a partir de 2003, apresentando bom desempenho agronmico e alta qualidade da uva. O cacho mdio, em torno de 150g, cilindrocnico, alado, solto a medianamente cheio, pednculo de comprimento mdio. A baga tamanho mdio, 15,80mm de dimetro, esfrica, cor preto-azulada, pelcula espessa, resistente, polpa colorida, fundente, sabor aframboezado, sementes normais, 2,94 g/100 sementes. Em condies normais de cultivo atinge 25 a 30 t/ha de uvas com 19 a 21Brix, dependendo das condies climticas de cada safra. A acidez do mosto relativamente baixa, entre 50 e 60 meq/L e o pH situa-se entre 3,70 e 3,80. Produes maiores podem ser obtidas, porm, a qualidade pode ser prejudicada. Apresenta bom comportamento em relao s doenas fngicas, em especial ao odio (Uncinula necator), antracnose (Elsinoe ampelina), requeima (agente no identificado) e s podrides do cacho, porm, pode ser atacada pelo mldio (Plasmopara viticola), devendo ser protegida preventivamente para evitar possveis perdas. O vinho e o suco elaborados com uvas da cultivar BRS Violeta apresentam intensa colorao violcea, sabor aframboezado caracterstico e acidez relativamente baixa. A cultivar BRS Violeta recomendada paracultivo na Serra Gacha, no Noroeste de So Paulo e na regio de Nova Mutum, em Mato Grosso, onde j foi testada. Pode ser utilizada tanto para a elaborao de vinho tinto de mesa, como para a elaborao de suco. Os produtos elaborados com uvas da cultivar BRS Violeta so indicados para uso em corte com os vinhos e sucos elaborados a partir de uvas das tradicionais cultivares Isabel e Concord, agregando-lhes mais cor. Tambm pode compor com vinho e suco das cultivares Isabel Precoce e Concord Clone 30, ambas apresentando maturao precoce, coincidente com esta nova cultivar. Esta combinao uma alternativa para a antecipao da safra e ampliao do perodo de processamento industrial na regio da Serra Gacha. 6.4. CALAGEM E ADUBAO: 6.4.1. Calagem: A calagem tem como objetivos a neutralizao do alumnio e mangans trocveis, elevao dos teores de clcio e magnsio e aumento da disponibilidade de nutrientes como o fsforo. A aplicao de calcrio deve ser realizada, pelo menos, dois meses antes do plantio do portaenxerto ou das mudas. O calcrio deve ser aplicado e incorporado na profundidade de 20 cm. A dosagem a aplicar deve ser referente a necessidade corretiva para elevar o pH a 6,0. A saturao por bases desejada varia de 70 a 80%.

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6.4.2. Adubao de plantio: A adubao de plantio dever ser realizada de 15 a 30 dias antes do plantio, de forma contnua, nos sulcos abertos para este fim. Utiliza-se esterco bovino na base de 20 litros por cova.Os nutrientes minerais fsforo e potssio sero utilizados segundo as quantidades recomendadas de acordo com o resultado da anlise de solo (Tabela 5). Tabela 5. Adubao fosfatada e potssica recomendada de acordo com a anlise de solo. Nutriente P (mg/dm3) K (mg/dm3) Quantidade no solo Quantidade (g/planta) a aplicar 0-10 150 11-20 100 P2O5 21-40 70 0-10 80 11-20 50 K2O 21-40 30

6.5. PLANTIO:

Covas: 40cm x 40cm x 40cm Espaamento: 3m x 2m; 2,5m x 2,5m; 2,5m x 2,0.6.6. CONSTRUO DA ESTRUTURA AREA: Para a produo de uva de mesa: utiliza-se a latada. Para a produo de uva para vinho: utiliza-se a espaldeira (cerca) e ypsilon. A latada deve estar pronta antes da poca da enxertia, para evitar danos aos enxertos durante a sua construo. Devem-se utilizar materiais durveis (madeira de eucalipto tratado ou postes de concreto; arames com galvanizao pesada e alta resistncia mecnica) para garantir boa longevidade da estrutura. O aramado deve ficar situado numa altura de 1,8 m a 1,9 m do solo para facilitar o trabalho de mquinas e de operrios. Passos para construo de uma latada: Demarcar os quatro cantos do parreiral. Fincar os cantoneiros (palanques) no solo a 1,5 m de profundidade. Colocar os trs rabichos de quatro fiadas com arames n 6 em cada cantoneiro a 1,5 m de profundidade, sendo os dois laterais posicionados na projeo do alinhamento das duas respectivas laterais e o terceiro no meio. Esticar o fio de contorno, cordoalha de 7 fios, atravs de uma talha na altura preconizada e prendlo pelas presilhas. Fincar os postes laterais a 0,70 m de profundidade, com as bases alinhadas no permetro do parreiral, com seus respectivos rabichos de duas fiadas feitas com arames n 8, posicionados nas projees perpendiculares das respectivas laterais. Outra opo usar chapas ncoras, tirantes, cordoalhas e alas pr-formadas com galvanizao pesada e alta resistncia mecnica. Se for usar a tela para cobrir o parreiral, os postes externos devem ser de 2,5 m e 3,0 m de comprimento, dispostos de forma alternada no contorno da latada. Neste caso, so necessrios postes de 3 m para esticar os arames que sustentaro a tela. A ordem de colocao dos arames a seguinte: primeiro coloca-se arames n 12, ou ovalado com bitola de 2,4 mm x 3,00 mm e galvanizao pesada, no mesmo sentido da rua. Depois, os portas fios com arame n 12 ou ovalado, com bitola de 2,4 mm x 3,00 mm e galvanizao pesada, sobre os anteriores, no sentido perpendicular ao da rua, para sustentar os de n 14 comum ou de 2,10 mm de bitola, no mesmo sentido da rua, os quais sustentaro as varas. Independente do espaamento entre plantas, os arames da malha simples sempre sero esticados na cordoalha externa, passando-os por cima de todos os arames que cruzam a latada no sentido perpendicular, deixando-se uma distncia entre eles de 30 cm a 35 cm. Esta distncia visa facilitar a grampeao dos ramos. Amarrar os arames da malha fina nos pontos sobre os arames porta fios, atravs de arame n 18, objetivando-se mant-los eqidistantes, para no haver

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aglomerao dos mesmos durante a retirada do material de poda. Em reas onde h riscos de granizo, ataque de pssaros, necessrio a cobertura do parreiral com tela de polietileno especial, com aditivos anti-raios ultravioletas e 18% de sombreamento. Sistema de conduo da videira em latada, especificando postes e fios. Postes - a) cantoneira; b) lateral; c) interno; d) rabicho; Fios - e) cordo primrio de cabeceira; f) cordo primrio lateral; g) fio da produo; h) fio da vegetao; i) fio de sustentao da malha; j) fio rabicho. (Ilustrao: A. Miele).

Tabela 6. Especificaes e nmero de postes para formar um hectare de vinhedo na forma de quadrado e conduzido em latada. Tipo de poste Tamanho Dimetro (mm) Quantidade Cantoneira 3,0 16 a 18 4 Cabeceira 2,50 12 a 14 78 Lateral 2,50 12 a 14 38 Interno 2,20 7 a 10 741 Rabicho 1,20 15 124

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Tabela 7. Caractersticas do aramado para a formao de um hectare de vinhedo conduzido em latada. Fios Quantidade Nmero de fios Carga mnima Dimetro (m) (kgf) (mm) Cordo de cabeceira 10 7 2500 6,42 Cordo lateral 10 7 2500 6,42 Fio de sustentao da 1920 3 1000 4,0 malha Fio da produo 4000 1 800 2,40 x 2,30 Fio da vegetao 16000 1 500 2,10 Fio do rabicho 350 3 1000 4,0 6.6. PRTICAS CULTURAIS: 6.6.1. Tutoramento: Antes de plantar a muda ou imediatamente aps, enterrar um tutor que conduzir a brotao verticalmente at o arame do sistema de conduo. 6.6.2. Irrigao: Imediatamente aps o plantio, deve-se irrigar abundantemente a rea, de modo que o nvel de umidade no solo chegue a capacidade de campo (Cc). Essa primeira rega favorece o pegamento das mudas, pelo fato de colocar suas razes em contato com os nutrientes previamente incorporados nos sulcos de adubao. 6.6.3. Poda de conduo e amarrao: Aps o plantio, conserva-se um nico ramo, que conduzido at a latada, amarrado convenientemente ao tutor, a fim de obter uma planta de tronco bem ereto e evitar que se quebre pela ao do vento. Os ramos ladres que saem do porta-enxerto e as brotaes laterais so eliminadas ainda novas, evitando-se desse modo a competio com o ramo que est sendo conduzido. Quando o ramo ultrapassar a latada de uns 30 cm, procede-se sua poda, deixando-se a gema imediatamente abaixo do sistema de conduo. Quando as gemas apicais do ramo podado brotarem, deixam-se apenas as duas ltimas brotaes, que daro origem aos braos primrios. 6.6.4. Limpeza: A partir do plantio indispensvel conservar as fileiras de plantas sempre limpas, para evitar que as mudas novas sejam abafadas pelas plantas invasoras. Nas entre linhas utilizase a roadeira ou enxada rotativa para manter a vegetao rasteira ao solo. 6.6.5. Combate s formigas : Na fase inicial de desenvolvimento das videiras muito importante que se d combate eficiente s formigas, pois se estas atacarem na poca de aparecimento das primeiras folhas, praticamente inevitvel a perda das mudas. A melhor hora para localizar os caseiros e realizar seu controle com um formicida adequado a partir das 17 horas. 6.6.6. Tratamento fitossanitrio: Na fase de crescimento das plantas necessrio proceder ao controle preventivo das doenas passveis de ocorrerem, sobretudo o odio durante o ano todo e o mldio no perodo chuvoso. Desse modo, as plantas podem desenvolver-se sadias e com maior rapidez. 6.6.7. Nutrio e adubao: A produo de uvas de qualidade decorre, em grande parte, da nutrio equilibrada das videiras. O equilbrio alcanado quando as plantas recebem quantidades de nutrientes que atende suficientemente s necessidades nutricionais da cultura para vegetar e produzir de maneira satisfatria. A nutrio da videira compreende uma srie de processos fsicos, qumicos, fisiolgicos e biolgicos, resultantes das interaes entre as plantas e o meio no qual esto estabelecidas. Nas reas de clima tropical, por exemplo, a videira d mostras de estar convenientemente nutrida quando aps a colheita e durante o perodo de maturao dos ramos sua folhagem e seus brotos terminais no apresentam sintomas visuais de deficincia ou excesso de nutrientes.

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6.6.8. Adubaes de cobertura na fase de crescimento: Com o objetivo de realizar-se uma adubao equilibrada. Sugere-se que, na fase de crescimento das plantas as adubaes nitrogenadas sejam parceladas em quatro aplicaes de 25 g por planta, a cada 45 dias nos solos arenosos, e duas de 50 g por planta, a cada 90 dias nos solos argilosos, iniciando a primeira aplicao 30 dias aps o plantio e terminando na primeira poda de frutificao. Pode-se utilizar 70g de 20-00-20 ou 20-05-20 de 30 em 30 dias ou de 45 em 45 dias. 6.6.9. Adubaes de fundao na fase produtiva: Aps a primeira poda de frutificao, deve-se adubar o vinhedo a cada ciclo vegetativo, utilizandose esterco, fsforo, potssio e nitrognio, de forma equilibrada, considerando sempre a necessidade da cultura. O esterco e o fsforo so aplicados 20-25 dias antes de cada poda de frutificao, em sulcos abertos alternadamente em cada lado da linha das plantas. Nos ciclos do primeiro ano de produo, os sulcos devem ficar localizados a 50 cm de distncia das plantas; no segundo ano, a 80 cm, e do terceiro ano em diante, a 100 cm. Essas distncias relacionam-se com o crescimento do sistema radicular, que deve ser constante desde o momento em que a muda comea a expandir as razes at o total estabelecimento da planta, quando as razes devero ocupar o mximo da rea do solo que lhes destinada.

6.6.10. Adubaes de cobertura na fase produtiva: As adubaes com nitrognio e potssio so aplicadas em cobertura no local onde existir maior umidade e o mais prximo do sistema radicular, fazendo-se a seguir uma ligeira incorporao dos adubos. As adubaes nitrogenadas so parceladas em trs etapas: aplica-se 30% da dose total quando as brotaes atingirem 15 cm de comprimento, 30% na fase de chumbinho, e 40% logo aps a colheita. As adubaes com potssio so parceladas em duas etapas: 30% da dose total aplicada na fase de chumbinho e 70% na fase de amolecimento dos bagos. As quantidades de nutrientes podero ser alteradas de acordo com o monitoramento da cultura atravs de anlises foliares. As recomendaes acima descritas so para adubao no solo; no caso de utilizar-se fertilizao atravs da gua de irrigao, haver mudanas nas pocas e quantidades de nutrientes recomendados. Por ser o sistema de fertirrigao altamente eficiente na administrao de nutrientes s plantas, normalmente a quantidade de produto utilizado bem menor. Tabela 8. Adubao de cobertura da videira (ALBUQUERQUE, 1996, adaptado). Nutrientes no Crescimento Fase de desenvolvimento solo Produo (ciclo) 1 2 3 4 g N/planta 80g N/planta 100 120 150 180 Fsforo (mgP/dm3) g P205/planta 0 10 100g 70 70 70 100 P2O5/planta 11 20 80 50 50 50 100 21 30 40 30 30 30 60 Potssio (mgK g K2O/planta /dm3) 0 10 80 g K2O/planta 80 100 120 150 11 20 60 60 80 100 120 21 40 40 40 60 80 90

5 200 120 90 70 200 160 120

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6.6.11. PODAS: 6.6.11.1. Poda de formao: A poda de formao a que induz o adequado desenvolvimento do tronco e dos braos primrios e secundrios nas plantas ainda jovens. Aps o plantio das mudas na rea do vinhedo, conduz-se um ramo principal por planta, guiado por um tutor para que suba bem ereto at a latada. Os ramos ladres que saem do porta-enxerto e as brotaes laterais so eliminados quando ainda novos, evitando-se que venham a competir com o ramo que est sendo conduzido. Quando o ramo principal ultrapassar a latada em cerca de 30 cm, efetua-se a sua poda, preservando-se a gema situada imediatamente abaixo do corte. O desabrochamento das duas gemas terminais, que em geral no difcil, d origem a dois ramos que sero conduzidos no sentido da linha das plantas e formaro seus braos primrios, os quais se estendero por todo o espao que lhes destinado. Sobre esses braos, a intervalos de 35 - 40 cm, formam-se os braos secundrios na medida em que o espaamento definido permitir. Um outro mtodo de conduo aquele em que se utiliza um nico brao primrio, direcionado a favor dos ventos dominantes. Sobre os braos secundrios, atravs de podas sucessivas, formam-se as unidades de produo em torno de 2 a 3 por brao secundrio, separadas de 1520 cm uma da outra.

6.6.11.2. Perodo de repouso: No trpico, as plantas de videira caracterizam-se por um contnuo crescimento, que as capacita a produzir duas a trs safras por ano. Os cultivares de ciclos fenolgicos medianos produzem duas safras e meia por ano, em decorrncia desse hbito de crescimento. importante ter-se, entretanto, entre uma safra e outra, um perodo de repouso de 20 a 30 dias, quando acontece a maturao dos ramos, com a fase final da diferenciao das gemas (crescimento do cacho a nvel microscpio) e o acmulo de hidratos de carbono. Para que tais atividades fisiolgicas se processem, necessrio que as videiras tenham uma folhagem sadia, sem sintomas de deficincias nutricionais e ou doenas, o que permite que as plantas continuem fotossintetizando ativamente, resultando num acmulo maior de substncias de reserva. ainda nesse perodo que as plantas demonstram estar equilibradas nutricionalmente, pois quando aparecem nitidamente os sintomas de carncia ou excesso de nutrientes na folhagem. Durante o perodo de repouso, importante manter um certo nvel de umidade no solo, para evitar que as plantas sofram estresse hdrico. Segundo Pereira & Paez, citados por ALBUQUERQUE (1996), a ocorrncia de dficit hdrico no perodo de repouso compromete a brotao e a produo das videiras no ciclo seguinte. Como essa fase do ciclo fenolgico da videira em clima tropical tem sido muito pouco estudada, h aspectos associados aos processos hormonais e metablicos nela desenvolvidos que so praticamente desconhecidos. 6.6.11.3. Poda de frutificao: A poda de frutificao levada a efeito imediatamente aps o repouso permite que se regule a estrutura produtiva das plantas, facilitando a obteno de,colheitas satisfatrias e de excelente qualidade. Atravs da poda de frutificao deixa-se em cada unidade de produo, um esporo de duas gemas e uma vara com quatro ou mais gemas. A finalidade do esporo dar origem vara e ao esporo da poda do ciclo subseqente; enquanto que a da vara a produo de cachos. O nmero de gemas por vara determinado pelo vigor das plantas e pela localizao das gemas frteis; j a fertilidade das gemas, isto , a sua capacidade de emitir brotaes com cachos est determinada geneticamente em cada cultivar, sofrendo tambm influncia externa das condies climticas no momento da diferenciao floral, bem como do estado nutricional das plantas.

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De modo geral, recomendvel deixar-se o menor nmero de gemas possvel por vara e que seja compatvel com a cultivar trabalhada. Pretende-se com essa recomendao minimizar os efeitos negativos da m brotao das gemas que ocorre nas reas de clima tropical. No caso da cultivar Itlia, deixa-se em torno de quatro a oito gemas por vara, sendo que as gemas mais frteis esto localizadas da sexta at a oitava. Na Piratininga, as gemas frteis localizam-se da quarta sexta, podendo-se realizar uma poda mdia com varas de quatro a seis gemas.

Poda curta com 2 a 3 gemas para formao de ramos:

Poda mista

Poda longa com 5 a 7 gemas

6.6.12. Brotao das gemas: As gemas da videira, sob condies de clima tropical, apresentam uma forte dominncia apical, que caracterizada pelo desabrochamento mais vigoroso das gemas terminais das varas, resultando numa brotao desuniforme e irregular da planta como um todo. Essa dominncia est supostamente relacionada com a produo e translocao de reguladores de crescimento, tais como as auxinas. As auxinas promoveriam o transporte de assimilados diretamente para a regio meristemtica da gema apical, bloqueando a disponibilidade dos nutrientes para as gemas laterais, e tambm agiriam inibindo o desenvolvimento das conexes vasculares entre as gemas laterais e o tecido vascular principal. Para diminuir os efeitos da forte dominncia apical nas videiras, conveniente utilizar alguns produtos qumicos que foram a brotao rpida e uniforme das gemas. Conforme pesquisas desenvolvidas na regio do Submdio So Francisco (Albuquerque e Albuquerque, citados por ALBUQUERQUE, 1996), os produtos mais eficientes para equilibrar a brotao