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Universidade do Sul de Santa Catarina Palhoça UnisulVirtual 2011 História da Arte Disciplina na modalidade a distância

[5954 - 18809]historia_da_arte (2)

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  • Universidade do Sul de Santa Catarina

    PalhoaUnisulVirtual

    2011

    Histria da ArteDisciplina na modalidade a distncia

  • CrditosUniversidade do Sul de Santa Catarina | Campus UnisulVirtual | Educao Superior a Distncia

    ReitorAilton Nazareno Soares

    Vice-Reitor Sebastio Salsio Heerdt

    Chefe de Gabinete da Reitoria Willian Corra Mximo

    Pr-Reitor de Ensino e Pr-Reitor de Pesquisa, Ps-Graduao e InovaoMauri Luiz Heerdt

    Pr-Reitora de Administrao AcadmicaMiriam de Ftima Bora Rosa

    Pr-Reitor de Desenvolvimento e Inovao InstitucionalValter Alves Schmitz Neto

    Diretora do Campus Universitrio de TubaroMilene Pacheco Kindermann

    Diretor do Campus Universitrio da Grande FlorianpolisHrcules Nunes de Arajo

    Secretria-Geral de EnsinoSolange Antunes de Souza

    Diretora do Campus Universitrio UnisulVirtualJucimara Roesler

    Equipe UnisulVirtual

    Diretor AdjuntoMoacir Heerdt

    Secretaria Executiva e CerimonialJackson Schuelter Wiggers (Coord.)Marcelo Fraiberg MachadoTenille Catarina

    Assessoria de Assuntos Internacionais Murilo Matos Mendona

    Assessoria de Relao com Poder Pblico e Foras ArmadasAdenir Siqueira VianaWalter Flix Cardoso Junior

    Assessoria DAD - Disciplinas a DistnciaPatrcia da Silva Meneghel (Coord.)Carlos Alberto AreiasCludia Berh V. da SilvaConceio Aparecida KindermannLuiz Fernando MeneghelRenata Souza de A. Subtil

    Assessoria de Inovao e Qualidade de EADDenia Falco de Bittencourt (Coord.)Andrea Ouriques BalbinotCarmen Maria Cipriani Pandini

    Assessoria de Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Jnior (Coord.)Felipe FernandesFelipe Jacson de FreitasJefferson Amorin OliveiraPhelipe Luiz Winter da SilvaPriscila da SilvaRodrigo Battistotti PimpoTamara Bruna Ferreira da Silva

    Coordenao Cursos

    Coordenadores de UNADiva Marlia FlemmingMarciel Evangelista CatneoRoberto Iunskovski

    Auxiliares de CoordenaoAna Denise Goularte de SouzaCamile Martinelli SilveiraFabiana Lange PatricioTnia Regina Goularte Waltemann

    Coordenadores GraduaoAlosio Jos RodriguesAna Lusa MlbertAna Paula R.PachecoArtur Beck NetoBernardino Jos da SilvaCharles Odair Cesconetto da SilvaDilsa MondardoDiva Marlia FlemmingHorcio Dutra MelloItamar Pedro BevilaquaJairo Afonso HenkesJanana Baeta NevesJorge Alexandre Nogared CardosoJos Carlos da Silva JuniorJos Gabriel da SilvaJos Humberto Dias de ToledoJoseane Borges de MirandaLuiz G. Buchmann FigueiredoMarciel Evangelista CatneoMaria Cristina Schweitzer VeitMaria da Graa PoyerMauro Faccioni FilhoMoacir FogaaNlio HerzmannOnei Tadeu DutraPatrcia FontanellaRoberto IunskovskiRose Clr Estivalete Beche

    Vice-Coordenadores GraduaoAdriana Santos RammBernardino Jos da SilvaCatia Melissa Silveira RodriguesHorcio Dutra MelloJardel Mendes VieiraJoel Irineu LohnJos Carlos Noronha de OliveiraJos Gabriel da SilvaJos Humberto Dias de ToledoLuciana ManfroiRogrio Santos da CostaRosa Beatriz Madruga PinheiroSergio SellTatiana Lee MarquesValnei Carlos DenardinSmia Mnica Fortunato (Adjunta)

    Coordenadores Ps-GraduaoAlosio Jos RodriguesAnelise Leal Vieira CubasBernardino Jos da SilvaCarmen Maria Cipriani PandiniDaniela Ernani Monteiro WillGiovani de PaulaKarla Leonora Dayse NunesLetcia Cristina Bizarro BarbosaLuiz Otvio Botelho LentoRoberto IunskovskiRodrigo Nunes LunardelliRogrio Santos da CostaThiago Coelho SoaresVera Rejane Niedersberg Schuhmacher

    Gerncia AdministraoAcadmicaAngelita Maral Flores (Gerente)Fernanda Farias

    Secretaria de Ensino a DistnciaSamara Josten Flores (Secretria de Ensino)Giane dos Passos (Secretria Acadmica)Adenir Soares JniorAlessandro Alves da SilvaAndra Luci MandiraCristina Mara SchauffertDjeime Sammer BortolottiDouglas SilveiraEvilym Melo LivramentoFabiano Silva MichelsFabricio Botelho EspndolaFelipe Wronski HenriqueGisele Terezinha Cardoso FerreiraIndyanara RamosJanaina ConceioJorge Luiz Vilhar MalaquiasJuliana Broering MartinsLuana Borges da SilvaLuana Tarsila HellmannLuza Koing ZumblickMaria Jos Rossetti

    Marilene de Ftima CapeletoPatricia A. Pereira de CarvalhoPaulo Lisboa CordeiroPaulo Mauricio Silveira BubaloRosngela Mara SiegelSimone Torres de OliveiraVanessa Pereira Santos MetzkerVanilda Liordina Heerdt

    Gesto DocumentalLamuni Souza (Coord.)Clair Maria CardosoDaniel Lucas de MedeirosJaliza Thizon de BonaGuilherme Henrique KoerichJosiane LealMarlia Locks Fernandes

    Gerncia Administrativa e FinanceiraRenato Andr Luz (Gerente)Ana Luise WehrleAnderson Zandr PrudncioDaniel Contessa LisboaNaiara Jeremias da RochaRafael Bourdot Back Thais Helena BonettiValmir Vencio Incio

    Gerncia de Ensino, Pesquisa e ExtensoJanana Baeta Neves (Gerente)Aracelli Araldi

    Elaborao de ProjetoCarolina Hoeller da Silva BoingVanderlei BrasilFrancielle Arruda Rampelotte

    Reconhecimento de CursoMaria de Ftima Martins

    ExtensoMaria Cristina Veit (Coord.)

    PesquisaDaniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC)Mauro Faccioni Filho (Coord. Nuvem)

    Ps-GraduaoAnelise Leal Vieira Cubas (Coord.)

    BibliotecaSalete Ceclia e Souza (Coord.)Paula Sanhudo da SilvaMarlia Ignacio de EspndolaRenan Felipe Cascaes

    Gesto Docente e DiscenteEnzo de Oliveira Moreira (Coord.)

    Capacitao e Assessoria ao DocenteAlessandra de Oliveira (Assessoria)Adriana SilveiraAlexandre Wagner da RochaElaine Cristiane Surian (Capacitao)Elizete De MarcoFabiana PereiraIris de Souza BarrosJuliana Cardoso EsmeraldinoMaria Lina Moratelli PradoSimone Zigunovas

    Tutoria e SuporteAnderson da Silveira (Ncleo Comunicao)Claudia N. Nascimento (Ncleo Norte-Nordeste)Maria Eugnia F. Celeghin (Ncleo Plos)Andreza Talles CascaisDaniela Cassol PeresDbora Cristina SilveiraEdnia Araujo Alberto (Ncleo Sudeste)Francine Cardoso da SilvaJanaina Conceio (Ncleo Sul)Joice de Castro PeresKarla F. Wisniewski DesengriniKelin BussLiana FerreiraLuiz Antnio PiresMaria Aparecida TeixeiraMayara de Oliveira BastosMichael Mattar

    Patrcia de Souza AmorimPoliana SimaoSchenon Souza Preto

    Gerncia de Desenho e Desenvolvimento de Materiais DidticosMrcia Loch (Gerente)

    Desenho EducacionalCristina Klipp de Oliveira (Coord. Grad./DAD)Roseli A. Rocha Moterle (Coord. Ps/Ext.)Aline Cassol DagaAline PimentelCarmelita SchulzeDaniela Siqueira de MenezesDelma Cristiane MorariEliete de Oliveira CostaElosa Machado SeemannFlavia Lumi MatuzawaGeovania Japiassu MartinsIsabel Zoldan da Veiga RamboJoo Marcos de Souza AlvesLeandro Roman BambergLygia PereiraLis Air FogolariLuiz Henrique Milani QueriquelliMarcelo Tavares de Souza CamposMariana Aparecida dos SantosMarina Melhado Gomes da SilvaMarina Cabeda Egger MoellwaldMirian Elizabet Hahmeyer Collares ElpoPmella Rocha Flores da SilvaRafael da Cunha LaraRoberta de Ftima MartinsRoseli Aparecida Rocha MoterleSabrina BleicherVernica Ribas Crcio

    Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Letcia Regiane Da Silva TobalMariella Gloria RodriguesVanesa Montagna

    Avaliao da aprendizagem Claudia Gabriela DreherJaqueline Cardozo PollaNgila Cristina HinckelSabrina Paula Soares ScarantoThayanny Aparecida B. da Conceio

    Gerncia de LogsticaJeferson Cassiano A. da Costa (Gerente)

    Logsitca de MateriaisCarlos Eduardo D. da Silva (Coord.)Abraao do Nascimento GermanoBruna MacielFernando Sardo da SilvaFylippy Margino dos SantosGuilherme LentzMarlon Eliseu PereiraPablo Varela da SilveiraRubens AmorimYslann David Melo Cordeiro

    Avaliaes PresenciaisGraciele M. Lindenmayr (Coord.)Ana Paula de AndradeAngelica Cristina GolloCristilaine MedeirosDaiana Cristina BortolottiDelano Pinheiro GomesEdson Martins Rosa JuniorFernando SteimbachFernando Oliveira SantosLisdeise Nunes FelipeMarcelo RamosMarcio VenturaOsni Jose Seidler JuniorThais Bortolotti

    Gerncia de MarketingEliza B. Dallanhol Locks (Gerente)

    Relacionamento com o Mercado Alvaro Jos Souto

    Relacionamento com Polos PresenciaisAlex Fabiano Wehrle (Coord.)Jeferson Pandolfo

    Karine Augusta ZanoniMarcia Luz de OliveiraMayara Pereira RosaLuciana Tomado Borguetti

    Assuntos JurdicosBruno Lucion RosoSheila Cristina Martins

    Marketing EstratgicoRafael Bavaresco Bongiolo

    Portal e ComunicaoCatia Melissa Silveira RodriguesAndreia DrewesLuiz Felipe Buchmann FigueiredoRafael Pessi

    Gerncia de ProduoArthur Emmanuel F. Silveira (Gerente)Francini Ferreira Dias

    Design VisualPedro Paulo Alves Teixeira (Coord.)Alberto Regis EliasAlex Sandro XavierAnne Cristyne PereiraCristiano Neri Gonalves RibeiroDaiana Ferreira CassanegoDavi PieperDiogo Rafael da SilvaEdison Rodrigo ValimFernanda FernandesFrederico TrilhaJordana Paula SchulkaMarcelo Neri da SilvaNelson RosaNoemia Souza MesquitaOberdan Porto Leal Piantino

    MultimdiaSrgio Giron (Coord.)Dandara Lemos ReynaldoCleber MagriFernando Gustav Soares LimaJosu Lange

    Conferncia (e-OLA)Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.)Bruno Augusto Zunino Gabriel Barbosa

    Produo IndustrialMarcelo Bittencourt (Coord.)

    Gerncia Servio de Ateno Integral ao AcadmicoMaria Isabel Aragon (Gerente)Ana Paula Batista DetniAndr Luiz Portes Carolina Dias DamascenoCleide Incio Goulart SeemanDenise FernandesFrancielle FernandesHoldrin Milet BrandoJenniffer CamargoJessica da Silva BruchadoJonatas Collao de SouzaJuliana Cardoso da SilvaJuliana Elen TizianKamilla RosaMariana SouzaMarilene Ftima CapeletoMaurcio dos Santos AugustoMaycon de Sousa CandidoMonique Napoli RibeiroPriscilla Geovana PaganiSabrina Mari Kawano GonalvesScheila Cristina MartinsTaize MullerTatiane Crestani Trentin

    Avenida dos Lagos, 41 Cidade Universitria Pedra Branca | Palhoa SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: [email protected] | Site: www.unisul.br/unisulvirtual

  • PalhoaUnisulVirtual

    2011

    Design instrucional

    Gabriele Greggersen

    1 edio revista

    Lucsia Pereira

    Histria da ArteLivro didtico

  • Edio Livro Didtico

    Professor ConteudistaLucsia Pereira

    Design InstrucionalGabriele Greggersen

    Projeto Grfico e CapaEquipe UnisulVirtual

    DiagramaoAnne Cristyne Pereira

    Noemia Mesquita (1 Ed. Revista)

    RevisoB2B

    Foco (1 Ed. Revista)

    ISBN978-85-7817-341-8

    Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Universitria da Unisul

    Copyright UnisulVirtual 2011

    Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prvia autorizao desta instituio.

    709 P49 Pereira, Lucsia

    Histria da arte : livro didtico / Lucsia Pereira ; design instrucional Gabriele Greggersen. 1. ed. rev. Palhoa: UnisulVirtual, 2011.

    166 p. : il. ; 28 cm.

    Inclui bibliografia.ISBN 978-85-7817-341-8

    1. Histria da Arte. 2. Arte moderna. I. Greggersen, Gabriele. II. Ttulo.

  • Sumrio

    Apresentao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7Palavras da professora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

    UNIDADE 1 - Arte e esttica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15UNIDADE 2 - A arte nas sociedades tradicionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37UNIDADE 3 - A arte nas sociedades modernas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79UNIDADE 4 - Arte moderna e contempornea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111

    Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149Referncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151Sobre o professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159Respostas e comentrios das atividades de autoavaliao . . . . . . . . . . . . . 161Biblioteca Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165

  • 7Apresentao

    Este livro didtico corresponde disciplina Histria da Arte.

    O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autnoma e aborda contedos especialmente selecionados e relacionados sua rea de formao. Ao adotar uma linguagem didtica e dialgica, objetivamos facilitar seu estudo a distncia, proporcionando condies favorveis s mltiplas interaes e a um aprendizado contextualizado e eficaz.

    Lembre-se que sua caminhada, nesta disciplina, ser acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual, por isso a distncia fica caracterizada somente na modalidade de ensino que voc optou para sua formao, pois na relao de aprendizagem professores e instituio estaro sempre conectados com voc.

    Ento, sempre que sentir necessidade entre em contato; voc tem disposio diversas ferramentas e canais de acesso tais como: telefone, e-mail e o Espao Unisul Virtual de Aprendizagem, que o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade. Nossa equipe tcnica e pedaggica ter o maior prazer em lhe atender, pois sua aprendizagem o nosso principal objetivo.

    Bom estudo e sucesso!

    Equipe UnisulVirtual.

  • Palavras da professora

    Caro(a) aluno(a),

    Seja bem-vindo(a) disciplina Histria da Arte!

    Apesar de vivermos rodeados por manifestaes artsticas, a discusso sobre a arte sempre um assunto inquietante. Desde a antiguidade, os juzos sobre a arte oscilam, ora vista como coisa ftil, ora como algo sublime e intangvel. Falar sobre arte sempre andar num terreno movedio.

    Neste livro, focalizaremos especialmente as artes visuais, como a pintura, buscando contribuir com uma reflexo mais crtica sobre o seu sistema de significados. Entendemos que, atualmente, no embalo dos novos meios de comunicao, como a internet, a circulao de imagens (sejam ou no artsticas) nunca esteve to acessvel a to grande nmero de pessoas.

    Paradoxalmente, fato que boa parte dos indivduos no est preparada para efetuar uma recepo crtica destes artefatos culturais. Mesmo ouvindo repetidamente que uma imagem vale mais do que mil palavras, elas so vistas como algo complementar ou meramente ilustrativo dos textos escritos.

    Nos tpicos, voc poder conhecer e analisar obras artsticas de diversos tempos histricos. Com isto, objetivamos propiciar a voc uma maior familiaridade com os objetos artsticos que marcaram nossa cultura.

    As imagens includas neste estudo so apenas uma pequena amostra de um universo que voc poder continuar explorando. Alm da satisfao que isto pode proporcionar, voc descobrir nele um caminho de conhecimento, uma vez que acreditamos que, tanto no passado quanto no presente, a arte auxilia o homem a compreender o seu lugar no mundo.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Lembramos que, neste material impresso, as imagens esto em preto e branco. Para no perder esta importante parte da criao artstica, que reside justamente no uso da cor, consulte simultaneamente a verso on-line do material, em que as imagens esto disponibilizadas em cores.

    Por fim, alertamos que voc no vai encontrar aqui afirmaes derradeiras ou juzos consolidados sobre a arte e seus problemas. O que voc vai ler apenas uma proposta de abordagem entre muitas possveis.

    Desejamos a voc um bom percurso de estudos.

    Professora Lucsia Pereira.

  • Plano de estudo

    O plano de estudos visa a orient-lo no desenvolvimento da disciplina. Ele possui elementos que o ajudaro a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos.

    O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto, a construo de competncias se d sobre a articulao de metodologias e por meio das diversas formas de ao/mediao.

    So elementos desse processo:

    o livro didtico;

    o Espao UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA);

    as atividades de avaliao (a distncia, presenciais e de autoavaliao);

    o Sistema Tutorial.

    Ementa

    Esttica: etimologia e transformaes histricas do conceito. Funes da arte em diferentes contextos scio-histricos. Natureza e cultura nas concepes artsticas. Arte na antiguidade e na modernidade: diferenas essenciais na produo e na recepo. Manifestaes de vanguarda e as influncias exercidas nas artes brasileiras contemporneas. Arte e tecnologia. Projeto de Prtica da disciplina.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Objetivos

    Geral:

    Fomentar a reflexo crtica sobre o papel da arte em diferentes contextos histricos.

    Especficos:

    Estimular a viso da arte como expresso da cultura.

    Conhecer e identificar as diversas manifestaes artsticas.

    Relacionar os principais movimentos artsticos ao contexto histrico de sua produo.

    Carga Horria

    A carga horria total da disciplina 60 horas-aula.

    Contedo programtico/objetivos

    Veja, a seguir, as unidades que compem o livro didtico desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que voc dever alcanar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que voc dever possuir para o desenvolvimento de habilidades e competncias necessrias sua formao.

    Unidades de estudo: 4

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    Histria da Arte

    Unidade 1 Arte e esttica

    Nesta unidade, vamos tratar da arte e seus problemas, abordando conceitos, significados e a institucionalizao dos objetos artsticos na cultura.

    Unidade 2 A arte nas sociedades tradicionais

    Nesta unidade, abordaremos a arte desde a Pr-histria at a Idade Mdia. O intuito que voc perceba que ela teve diferentes significados ao longo do tempo: como arte mgica para os povos caadores e coletores no perodo Paleoltico; como instrumento de manuteno das instituies sociais no Egito antigo ou ainda a servio dos interesses da igreja na Idade Mdia.

    Unidade 3 A arte nas sociedades modernas

    Esta etapa compreende o estudo da arte do Renascimento at o incio do sculo XIX, quando, ento, descobriram-se as profundas inovaes trazidas pelos pintores renascentistas, entre elas a retomada dos ideais clssicos de beleza e a introduo da noo de perspectiva.

    Unidade 4 Arte moderna e contempornea

    Nesta unidade, abordaremos a mudana que ocorre no papel social da arte e do artista a partir da arte moderna e contempornea. Discutiremos como o capitalismo, a Revoluo Industrial e a cultura ps-moderna estaro relacionados a estas mudanas.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Agenda de atividades/Cronograma

    Verifique com ateno o EVA, organize-se para acessar periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorizao do tempo para a leitura, da realizao de anlises e snteses do contedo e da interao com os seus colegas e professor.

    No perca os prazos das atividades. Registre no espao a seguir as datas com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA.

    Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da disciplina.

    Atividades obrigatrias

    Demais atividades (registro pessoal)

  • 1UNIDADe 1Arte e estticaObjetivos de aprendizagem

    estudar os diferentes conceitos de esttica.

    Identificar e refletir criticamente sobre o significado da arte nos diferentes contextos histricos.

    Conhecer e discutir as principais propostas metodolgicas para o estudo da histria da arte.

    Sees de estudo

    Seo 1 A esttica

    Seo 2 O que arte?

    Seo 3 A histria da arte

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Para incio de estudo

    De acordo com os objetivos dessa unidade, o desafio principal fazer um apanhado de trs campos de estudo relacionados: esttica, arte e histria da arte. Como se trata de um livro para um curso de Filosofia, achamos importante introduzir o assunto com a apresentao de algumas ideias filosficas sobre a esttica. Voc notar que pensadores como Kant e Nietzsche extrapolaram a dimenso dos prprios objetos artsticos e em suas reflexes, encarando a esttica como fundamento do conhecimento e da condio humana.

    Estudar ainda que o objeto desta reflexo, a esttica, tem suas razes no pensamento de Plato (aprox. 427 a.C. / 347 a.C.), vindo a assumir o sentido moderno apenas no sculo XVIII. E que, de Plato aos dias atuais, a sua discusso resiste mera apreciao e se constitui num assunto inquietante e desafiador. Seja numa abordagem ancorada no sentimento esttico, no belo como perfeio, na arte como expresso da subjetividade do artista ou como pulso primitiva, no possvel fazer qualquer forma de generalizao a este respeito.

    Voc ver tambm que, em nosso meio, no se tem um conceito seguro sobre o que arte e tampouco sobre os temas a ela relacionados. Por fim, discutiremos alguns princpios e limites que regem a histria da arte.

    Bom estudo!

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    Histria da Arte

    Unidade 1

    Seo 1 A esttica

    Em Plato, o fundamento da arte repousava sobre a ideia de mimese. Como sugere Lacoste (1986), para se compreender o significado de arte como mimese faz-se necessrio entender a concepo grega de ser e verdade. Segundo esta concepo, toda arte cria apenas simulacros das coisas, ou seja, mostra as coisas como elas aparentam ser e no como elas so na verdade. Assim, quando afirmamos que uma pedra que est diante de ns uma pedra, reconhecemos nela a sua essncia, ou a ideia da pedra, que, por sua vez, permanente e no sujeita s transformaes do tempo.

    A apresentao do mundo fsico, elaborada pelos pintores (Plato inclui tambm os poetas e sofistas), cria apenas uma imitao distante em relao a esta essncia, o ser. Esta imitao da imitao era considerada pelo filsosfo inferior quela realizada pelos artesos que produzem objetos concretos a partir da prpria Ideia.

    Plato entendia que toda a criao era uma imitao, inclusive a criao do mundo era imitao do mundo das ideias. Ao contextualizar a posio de Plato, Lacoste (1986) mostra que ela no deixava de ser uma atitude crtica diante das mudanas artsticas que se operavam na Grcia naquele momento. ela se dirigia tanto para o naturalismo crescente alcanado na estatuaria grega, quanto para a skiagraphia (modernamente chamada de trompe- l oeil). essa tcnica era usada pelos pintores para criar no expectador a iluso de profundidade.

    Figura 1.1 Pintura mural da Casa dos Vettii em Pompeia, cerca de 30 a.C. Fonte: Marshall (1999).

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Observe, na figura, os falsos veios do mrmore e os elementos arquitetnicos ilusrios.

    Ao reconhecer o fascnio que este mundo de iluso despertava, Plato afirmava que a misso da filosofia era dissipar este poder exercido sobre a sensibilidade humana, pois a verdadeira beleza estava na apreenso intelectual das essncias. A arte de imitao se constitua num obstculo para isto, j que permanecia no mundo sensvel.

    Durante a Idade Mdia e incio da modernidade, no houve grandes abalos sobre o pensamento elaborado sobre a esttica na antiguidade. A contribuio mais inovadora surge no sculo XVIII, quando a esttica assume sua acepo moderna. Foi tambm nesta poca que o termo aparece pela primeira vez na obra do alemo Alexandre Baumgarten (1714-1762).

    Tomada do grego, no qual o sentido original se relacionava sensao, a esttica definida em Baumgarten como uma cincia do sensvel. Do ponto de vista da filosofia, a contribuio de Baumgarten reside na forma como ele encara o conhecimento perceptivo, ou seja, como um caminho para se alcanar a verdade, elevando, desta forma, o sensvel ao status de um saber elevado.

    Mas, em que consiste esta mudana fundamental no entendimento da esttica antiga e moderna?

    De acordo com Luc Ferry (1994), a significao desta mudana est no fato de que, na antiguidade, a obra era pensada como um microcosmo e que, portanto, fora dela (no macrocosmo) h um critrio objetivo do Belo. J para os modernos, destacadamente a partir de Kant, o sentido da obra est atrelado subjetividade, o Belo visto como um estado da mente e no mais um objeto ideal ou um conceito puro.

    Ao contrrio de Plato, a beleza, para Kant, no estava no mundo ideal ou tampouco internamente nas coisas. Ela vista como algo interno dos seres humanos, um espao de conciliao harmnica entre o esprito e a natureza. Em Crtica da faculdade do juzo

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    Histria da Arte

    Unidade 1

    de 1790, Kant define a esttica como a capacidade de fruio relacionada a outras capacidades humanas. Para exerc-la, o sujeito no necessitaria de nenhuma faculdade excepcional, todos os indivduos teriam a priori condies de captar e experimentar o belo.

    Para Kant, a esttica um estado de vida de direito prprio, uma capacidade de fruio intimamente relacionada a outras capacidades cognitivas do ser humano, sem depender, necessariamente, da aquisio de conhecimento, ou seja: para contemplar o belo, o sujeito no se vale das determinaes das capacidades cognitivas das faculdades do conhecimento. (VALe, 2005).

    Diferentemente da subjetividade de Kant, as formulaes de Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) sobre a esttica vincularo o belo artstico manifestao do esprito. O conceito de esprito foi desenvolvido por Hegel como a comunidade de homens que toma conscincia de si mesma na Histria (LACOSTE 1986, p. 43).

    Desta forma, em Hegel a arte toma o Belo como algo que existe na realidade em obras reais e histricas.

    Para este filsofo, as obras artsticas no so intemporais, ou mera imitao da natureza, como em Plato, pois representam um momento do esprito na Histria. Diz Lacoste (1986, p. 44), a respeito de Hegel, que: A arte nesse sentido, uma das vias pelas quais o homem enquanto esprito se separa da natureza. Uma vez que o esprito superior natureza, o Belo artstico seria tambm superior ao belo natural.

    Como produto do esprito, a arte no tem objetivo de dar prazer, ela um contedo em busca da forma, um interior que procura exteriorizar-se, o belo a ideia concretizada no mbito sensvel.J na Frana, por volta desta mesma poca, escritores, msicos e pintores formavam pequenos grupos, na maioria informais, para discutir questes relativas arte e ao gosto. Cabe salientar que a Europa (e o mundo em geral) experimentam, neste perodo, uma intensa transformao, tanto das estruturas polticas, quanto econmicas e sociais.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Os artistas presenciaram o surgimento de inovaes tcnicas, entre elas o advento da fotografia, que, na sua rpida penetrao no meio social, especialmente a partir da segunda metade do sculo XIX, retira da arte a exclusividade de reproduzir a realidade.

    O relevante nestas associaes de interesses que, alm de revelar o sentimento dos artistas ante este contexto de mudanas, elas abriam espao para a afirmao de posies contrrias quelas estabelecidas pelos grupos dominantes, tambm no que se refere arte e seus saberes. Nesse sentido, so ilustrativos os textos do pintor francs Eugene Delacroix (1798-1863).

    Figura 1.2 - Delacroix, 1832 Fonte: Salavisa [2011?].

    Consta que, no espao de alguns meses, Delacroix realiza vrios milhares de aquarelas, soltas ou s vezes reunidas em cadernos (de sete s se conservam quatro). Registrados em grafite - de maneira a precisar aqui uma indicao de cor, ali uma impresso que deseja recordar -, estes desenhos so executados em aquarela a partir de um esboo preparatrio a lpis negro.

    Seja na forma de dirios ntimos, carta ou textos publicados em jornais, seus registros no se restringiam aos aspectos tcnicos da pintura, como era usual, mas mostravam seu posicionamento diante de questes estticas fundamentais, as quais at ento eram discutidas apenas por filsofos e crticos.

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    Histria da Arte

    Unidade 1

    e qual o fundamento da arte para Delacroix?

    Em Delacroix, a pintura no mais algo que sinaliza um objeto do mundo exterior e sim a expresso da emoo individual do artista, da sua imaginao criadora. No gnio artstico estaria todo o fundamento da beleza, pois a natureza representa apenas a base do trabalho da criao. Os novos arranjos criados pelas necessidades interiores do artista vo super-la pela originalidade.Assim como a descoberta da fotografia tirou da arte a funo de documentar a realidade, os estudos sobre a cor e o seu potencial de provocar emoes foram tambm fatores decisivos nesta nova esttica, cujos princpios substituiro a imitao da natureza pela expresso do artista.Outra contribuio fundamental teoria da esttica veio do filsofo alemo Friedrich Nietzsche (1844-1900). Em Nietzsche, a esttica se manifesta em dois princpios bsicos, ou duas pulses artsticas que so equivalentes a dois estados psicolgicos, o apolneo e o dionisaco.

    Teremos ganho muito para a cincia esttica ao chegarmos, no s compreenso lgica, mas tambm imediata segurana da opinio de que o progresso da arte est ligado duplicidade do Apolnico e do Dionisaco [...]. (NIETZCHE, 2006, p. 34).

    O apolneo est relacionado medida, individualidade e conscincia e o dionisaco embriaguez, ao descomedimento e reconciliao do homem com a natureza. A arte no seria ento uma imitao (Plato), tampouco expresso da individualidade ou emoo como props Delacroix, mas a identificao primria com a natureza feita pelo artista (LACOSTE, 1986) e significa:

    A identificao primria com a Natureza, que nos conduzida atravs do transe dionisaco, a aproximao do homem da sua acepo mais pura, s suas potencialidades diversas, a seu querer que um borbulhar incessante no eterno dilema, na eterna ambigidade que o homem ante o seu querer, o ser e o no-ser, o nascimento e a morte, o homem frente a seu destino, o homem diante de si mesmo. (DOREA JUNIOR, [200-]).

    Baseado nas figuras mticas dos deuses Apolo e Dionsio.

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    Figura 1.3 - Dionsio e os stiros (Interior de um vaso), 480 a.C. Fonte: Dionsio...[2011?].

    De acordo com Nietzsche, a tragdia grega era a arte por excelncia desta comunho, pois fazia a reconciliao entre as duas foras. Encenada na Grcia pr-socrtica, a tragdia grega era uma apresentao teatral que fundia os dilogos com os cantos corais, de modo que estes seriam o veculo pelo qual a emoo dionisaca se descarregava.

    Figura 1.4 - Mscara do teatro grego antigo Fonte: Retalhos...(2011).

    Na poca de Scrates, a tragdia deixa de ser encenada neste formato, quando a msica substituda pelo dilogo. Segundo Nietzsche, a rejeio do mito pela aniquilao do esprito da msica levou atrofia dos instintos vitais e tornou o homem moderno incapaz de viver a energia desta pulso.

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    Histria da Arte

    Unidade 1

    O problema levantado por Nietzsche traz em seu bojo uma questo mais ampla do que apenas a discusso da esttica em si e apontado por muitos estudiosos de sua obra. Ele questiona a supremacia da filosofia racionalista e do esprito crtico que se desenvolvem na cultura grega a partir de Scrates, e a sua influncia na cultura ocidental, que impregna de desconfiana as formas de conhecimento que provm do irracional ou do inconsciente do homem.

    Nesta breve explanao sobre o pensamento esttico, esperamos que tenha sido possvel perceber que o conceito de esttica no conclusivo e sim um fenmeno histrico, e, como tal, no uma verdade acabada, mas sempre em elaborao.

    Seo 2 O que arte?

    Certamente, voc j deve ter se deparado com esta pergunta ou, no mnimo, presenciado algum debate cuja questo central era esta. presumvel que, neste momento, no tenha surgido uma resposta clara e objetiva, pois o tema no simples. Como na esttica, no existe um consenso relativo ao que venha a ser a arte.

    De acordo com Jorge Coli (1981, p.11),

    [...] se buscarmos uma resposta clara e definitiva, decepcionamo-nos: elas so divergentes, contraditrias, alm de freqentemente se pretenderem exclusivas, propondo-se como soluo nica.

    Veja alguns exemplos, dentro das inmeras concepes disponveis:

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    Arte uma interpretao da vida (realidade). Vincula-se a fatores religiosos (pirmides egpcias ou esculturas da Grcia clssica), polticos (autoritarismo de Stlin na URSS), sociais (predomnio da burguesia no Romantismo) e simblicos (evangelistas associados a animais na decorao das igrejas medievais) (DAMBROSIO, 2000). Arte 1 [Do lat. arte.]S. f. 1. Capacidade que tem o ser humano de pr em prtica uma idia, valendo-se da faculdade de dominar a matria: A arte de usar o fogo surgiu nos primrdios da civilizao. 2. A utilizao de tal capacidade, com vistas a um resultado que pode ser obtido por meios diferentes: a arte da medicina; a arte da caa; a arte militar; a arte de cozinhar; Liceu de Artes e Ofcios. 3. Atividade que supe a criao de sensaes ou de estados de esprito de carter esttico, carregados de vivncia pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem o desejo de prolongamento ou renovao: uma obra de arte; as artes visuais; arte religiosa; arte popular; a arte da poesia; a arte musica (DICIONRIO AURLIO, 2010). A palavra arte uma derivao da palavra latina ars ou artis, correspondente ao verbete grego tkne. O filsofo Aristteles se referia a palavra arte como piesis, cujo significado era semelhante a tkne. A arte, no sentido amplo, significa o meio de fazer ou produzir alguma coisa, sabendo que os termos tkne e piesis se traduzem em criao, fabricao ou produo de algo. (LINDOMAR, 2007).

    Alguns estudiosos vo alm e afirmam que a arte sequer pode ser compreendida pelo discurso racional, pois as palavras reduzem seu significado, que somente pode ser apreendido pelos sentidos. O problema que esta viso nos coloca que normalmente no exercitamos nossa compreenso das coisas pelos sentidos e necessariamente temos de falar da arte por meio da palavra.

    Se por um lado difcil conceituar a arte, por outro no se pode negar que vivemos num mundo rodeado por ela. Olhe atentamente ao seu redor e voc perceber que ela est presente cotidianamente na msica, teatro, dana, arquitetura, literatura, artes plsticas...

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    Histria da Arte

    Unidade 1

    s vezes vista como terreno das coisas fteis, outras como algo sublime e intangvel, a arte comporta todos os objetos aos quais se atribui um contedo esttico. Sabemos tambm que ela provoca o sentimento de admirao por estar relacionada ao belo.

    por meio da arte que o homem, desde os tempos mais remotos, procura dar forma e funo matria. Segundo Ernst Fischer (2002, p. 57), A arte, capacita o homem para compreender a realidade e o ajuda no s a suport-la como a transform-la. Desta maneira, todo trabalho do artista e, por consequncia, toda imagem artstica representa a apreenso da realidade partindo da criao de formas sensveis.

    Figura 1.5 Vaso neoltico Fonte: Gomez (2011).

    A vivncia pessoal do artista transmitida pelo modo como ele organiza os dados sensveis. No caso das artes visuais, so eles: espao, peso, volume, textura, cor e luz. Os valores estticos so percebidos pela emoo e pela intuio e esto condicionados ao sujeito receptivo. Para alguns estudiosos, isto se d por meio dos elementos simblicos que realizam o contato do indivduo com seu mundo social.

    Lemos estes significados por meio do contexto, da forma e da nossa bagagem cognitiva que adquirimos pela nossa experincia social de mundo (FREITAS, 2004). Portanto, o ato de olhar a arte individual e est imbricado da cultura e das experincias de cada um.

    O termo imagem artstica se refere a todo material visual feito para funcionar esteticamente.

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    Ao olharmos uma pintura, escultura ou outro objeto artstico qualquer, logo sentimos algo que nos leva a gostar ou no do que vemos. H ainda que considerar a tendncia de que, em geral, gostamos daquilo que conhecemos e estranhamos o que desconhecemos. Esse fato que explicaria em parte a rejeio que habitualmente recai sobre as vanguardas artsticas, assunto que retomaremos mais adiante.

    Porm, importante distinguir as questes relativas ao gosto pessoal e linguagem artstica. Ou seja, o gosto pessoal definido pelas afinidades pessoais, mas podemos definir outros critrios de avaliao para no reduzir tudo a uma preferncia subjetiva.

    Estes critrios dizem respeito ao contedo expressivo, ao modo como o artista ordenou formalmente a obra e, por meio desta ordenao, exps seus pensamentos e emoes. Fayga Ostrower (1983, p.62), ao abordar a questo, definiu os limites destes dois modos de ver a arte:

    [...] se o gosto condiciona o convvio de cada um com as obras de arte, no constitui, em si, critrio de avaliao da obra. Necessariamente, o gosto uma reao individual e subjetiva. J os critrios de avaliao devem ser objetivos, abrangendo qualidades vlidas para todos.

    Os critrios desta valorao so definidos dentro de cada grupo social. Isto significa dizer que no existe um objeto artstico, se no for reconhecido como tal, pelos sujeitos e grupos sociais de uma determinada cultura. dentro do espao da cultura, portanto, que se articulam os discursos e instrumentos de legitimao, tanto da arte, quanto dos objetos artsticos.

    Mas em nossa cultura, quem determina o que uma obra de arte?

    No mundo ocidental, os discursos e modelos hierrquicos provm de trs instituies bsicas. De acordo com Ivan Gaskell (1992), primeiramente, temos negociantes, leiloeiros e colecionadores; em segundo, os diretores de museus e galerias pblicas; e, por ltimo, historiadores da arte, acadmicos, editores e crticos. Alm de

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    Histria da Arte

    Unidade 1

    determinarem o status de um objeto artstico, a histria e a crtica da arte criaram a ideia de estilo ou correntes. A recorrncia de constantes em uma obra definiria o estilo, tanto nas artes plsticas, como na literatura, na msica, na arquitetura etc.

    O estilo envolve a concepo e execuo da obra e pode ser adotado na esfera individual ou coletiva. s vezes, o estilo pode ser visto como cenrio de toda uma poca. O estilo nem sempre se define por uma ruptura brusca, e o desenvolvimento de aspectos novos, em geral, ocorre sobre o que j foi feito no passado.

    Veja a seguir uma imagem representativa do estilo Art Noveau, que se desenvolve entre 1890 e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) na Europa e nos Estados Unidos, e de l se disseminando para o resto do mundo. Sua influncia foi marcante no design, nas artes grficas e arquitetura.

    Figura 1.6 Alphonse Mucha, Salom, 1897. Obra representativa do estilo Art Noveau Fonte: My Clothing (2009).

    tambm nos meios oficiais que se formaram os juzos de valor que determinam o limite oficial entre os objetos artsticos e no artsticos. Para alguns, um objeto pode ser considerado artstico a partir da anlise dos aspectos tcnicos de sua execuo: composio, forma, equilbrio etc. Para outros, o estatuto de um objeto artstico no se resume a questes tcnicas.

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    Para voc compreender melhor o alcance destas colocaes, tome como exemplo a situao da arte indgena brasileira que, mesmo tendo reconhecido seu contedo esttico, permanece numa condio subalterna no cenrio da produo artstica. Isto ocorre porque o nosso modo de ver a arte foi construdo com base na colonizao portuguesa, tendo sido marcado, sobretudo, pelos valores europeus, cujos critrios esto associados beleza e criatividade.

    No caso da arte indgena, no h separao entre a questo utilitria e a artstica. Desta forma, defendem alguns autores (PROENA, 2003, p. 191) que a arte indgena mais representativa das tradies da comunidade do que da personalidade do indivduo que a faz.

    Na arte indgena, a representao sociocultural do grupo priorizada e aparece nos artefatos produzidos. Da pintura corporal at a cestaria e as panelas, esta arte est mesclada no universo da vida tribal, sendo o ornamento parte essencial de tudo o que fabricado, contudo, no existe (ou at ento no se tem notcia de) nenhuma palavra nas lnguas indgenas com o significado que tem em nossa sociedade.

    Ao olharmos o percurso da arte em diferentes momentos histricos, veremos que h fatores que levam tanto ao apreo quanto ao esquecimento de um estilo ou gosto. Ao sabor destas mudanas, recuperam-se obras, artistas e estilos do passado. estas oscilaes do gosto so tambm decorrentes de fatores diversos como os socioculturais e at mesmo fatos como as descobertas arqueolgicas.

    Este fluxo pode recair sobre um artista especfico, um movimento ou, at mesmo, o conjunto de obras de uma poca. Um exemplo, entre tantos outros, ocorreu no Renascimento com relao arte medieval. Grosso modo, podemos dizer que a arte medieval foi desqualificada porque estava associada s estruturas da Idade Mdia.

    A arte medieval foi reabilitada no sculo XIX.

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    Histria da Arte

    Unidade 1

    Figura 1.7 - Retbulo Medieval, de Ambrogio LorenzettiFonte: Fletcher (2011).

    No Renascimento, o ambiente cultural e artstico experimentava uma intensa fermentao. Os artistas eram valorizados pelas suas realizaes e alcanaram uma notoriedade at ento indita no meio social, diferentemente da Idade Mdia, quando as obras eram executadas por artistas annimos.

    Isto explica, em parte, o desinteresse que os renascentistas nutririam pela arte medieval. entre os fatores, destacam-se: a falta de liberdade do artista, a ideia de que a arte era coisa de artesos, a negao dos princpios clssicos, como harmonia e proporo...

    Um retbulo composto de uma tbua central, onde aparece o santo a quem se dedica a obra. As tbuas laterais narram os episdios mais marcantes da sua vida, em geral distribudos em compartimentos, na parte inferior. Muitas vezes, tambm se encontram representados aqueles que fizeram a encomenda e emblemas herldicos.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Figura 1.8 So Jernimo em seu estdio (1475-76). Antonello da Messina Fonte: Andrade (2010).

    Muitos conhecimentos sobre os princpios clssicos (da Grcia e Roma antigas) reaparecem no Renascimento europeu, graas ao trabalho de traduo de humanistas, como Leon Batista Alberti. O desenvolvimento do pensamento cientfico esteve a par e passo com o movimento artstico do Renascimento, o qual pode, inclusive, ser visto como uma das esferas nas quais as descobertas cientficas se expressaram.

    Leon Battista Alberti (Gnova, 18 de fevereiro de 1404 Roma, 20 de abril de 1472) foi um arquiteto e terico de arte: um humanista italiano, ao estilo do ideal renascentista e filsofo da arquitetura e do urbanismo, pintor, msico e escultor. Uma clebre frase sua foi Uma obra est completa quando nada pode ser acrescentado, retirado ou alterado, a no ser para pior.

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    Histria da Arte

    Unidade 1

    Analise o retbulo medieval e o quadro renascentista de Antonello da Messina, mostrados nesta seo, buscando diferenas e semelhanas entre ambos e registre suas observaes nas linhas disponveis

    Voc deve ter observado que existem variaes iconogrficas que podem ser facilmente notadas entre as imagens, especialmente o uso da perspectiva na imagem renascentista, o que d a ela um aspecto mais natural. Diferente da proposta do retbulo medieval, cujas figuras so organizadas hierarquicamente, sem causar ao expectador a sensao de profundidade.

    Isto ocorre por causa da (e tambm) diferentes preocupaes artsticas que marcaram os tempos histricos. A seguir, leia uma anlise sobre obra mostrada de Antonello da Messina e veja como ela ilustra o intercmbio de ideias e influncias, entre os artistas da poca.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Foi So Jernimo quem, no sculo IV d.C., traduziu a bblia do hebreu e do grego para o latim, sendo este o idioma vigente na Roma de sua poca. Messina o representou em meio a livros, como um pensador intelectual humanista. [...] Messina concilia a dimenso reduzida da obra de arte, freqente na Escola Flamenga, com a concepo de amplitude espacial das composies italianas. Desta forma, ele consegue nos apresentar, em uma obra de tamanho reduzido, a idia de monumentalidade recorrente no classicismo renascentista. esta apenas uma das formas que este artista encontrou de mesclar tendncias provindas do norte e do sul europeu do sculo XV e, com isso, traar uma linguagem artstica muito particular. [...] Por outro lado, a exatido no uso da perspectiva linear, que fica evidente no cho ladrilhado com motivos geomtricos, denuncia o olhar cientificista deste artista italiano. A luminosidade difusa outro elemento que nos remete arte dos Pases Baixos. Atravs do contraste de luz e sombra, combinado com a tonalidade quente de suas cores, Messina nos mostra um ambiente mgico e acolhedor. Desta mesma forma, o artista dissimula sua organizao simtrica do espao compositivo, quebrando em parte a rigidez que uma composio com to forte presena de motivos arquitetnicos deveria ter. (CASTHALIA DIGITAL ART STUDIO, 2006).

    Pelas consideraes feitas at aqui, voc j deve ter notado que a arte um assunto complexo, quando tratada no mbito do discurso formal. Entretanto, esta condio no deve ser obstculo para que nos aproximemos dela. Este desafio da histria da arte, assunto da prxima seo.

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    Histria da Arte

    Unidade 1

    Seo 3 A histria da arte

    Toda a obra de arte um sistema de formas, um organismo. A sua caracterstica essencial constituda pelo carcter da necessidade, no sentido de que nada pode ser alterado ou deslocado, mas tudo deve permanecer como . (Heinrich Wolfflin, 1984).

    Como to bem expressa Paul Klee (1971), o termo Histria da Arte, em geral, designa o estudo das artes visuais como a pintura e a escultura. O estudo de outras expresses da arte, como a msica, a literatura, a arquitetura ou o teatro, definido por uma terminologia mais especfica, como a histria do teatro, da msica, da literatura...

    Qualquer proposta de estudo sobre histria da arte sempre limitada. A presena da arte e, por conseguinte, dos objetos artsticos na histria, so de tamanha recorrncia e diversidade que impossvel abarc-los por inteiro. Por isto, dificilmente alguma proposta de historiar a arte pode pretender a totalidade.

    As metodologias para delimitar a especificidade disciplinar da histria da arte comearam a ser esboadas nos ltimos cem anos. Dentre elas, destacamos duas. A primeira delas privilegia o formalismo, entendido como o resultado plstico da atividade produtiva do artista, que possvel pela anlise da experincia formal: linhas, texturas, cores, luzes e volumes.

    A segunda, que pode ser designada de social, procura estudar a arte ou o aparecimento dos objetos artsticos, atrelados ao contexto histrico de sua produo. Artur Freitas (2004) afirma que esta perspectiva implica que se faa a releitura de suas condies de produo e a genealogia de suas recepes: a histria, enfim, de sua circularidade institucional, bem como da cadeia de informaes e valores gerados a partir da imagem. A histria da arte ajudaria, assim, a identificar as variaes dos estilos, relacionando-os com os aspectos histricos mais gerais de uma sociedade.

    Dois grandes tericos da proposta formalista so Henrich Wolfflin 1864/1945 e Henri Focillon 1881-1943.

    Esta perspectiva tem como expoentes um dos autores mais renomados, Arnold Hauser, especialmente com a obra Histria social da arte e da literatura. Esta obra teve bastante destaque nos anos 60/70 do sculo XX, por causa da tendncia de esquerda do autor. Veja a referncia completa no saiba mais.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Portanto, o estudo das obras artsticas pode ser feito inserindo-as no mbito da cultura em que foram produzidas, desde que se admita de antemo que nenhuma elaborao poder esgotar o seu significado, pois a linguagem no esgota o sentido da arte. Reconhecemos, desta forma, que a sociedade tem influncia sobre as sensibilidades artsticas e que isto afeta o trabalho dos artistas.

    Procuramos, nesta unidade, contemplar estas duas instncias, porque entendemos que isoladamente ambas as perspectivas tm limitaes: na primeira, temos a primazia das formas e, na segunda, a negao dos fatos visuais da imagem. Procurou-se explicitar isto na discusso do tempo histrico, mas tambm (dentro dos limites interpretativos) optamos pela anlise do aspecto formal da obra, feita muitas vezes pelo recurso da comparao.

    Sntese

    Nesta unidade, foram discutidos alguns princpios gerais que nortearam o debate sobre a esttica, cujo incio se deu com Plato. Procuramos mostrar que, alm dos filsofos, os artistas tambm manifestaram suas opinies com relao esttica, arte e quanto ao sentido do seu prprio trabalho. Para ilustrar esta importante etapa da discusso sobre a esttica, apresentamos algumas ideias do pintor francs Eugene Delacroix.Na continuidade, abordamos a arte como conceito irredutvel linguagem. Discutimos brevemente o funcionamento do sistema de arte em nossa cultura, mostrando que ele no comporta todas as expresses da arte produzida pelo homem, a exemplo do que ocorre com a arte indgena brasileira.Por fim, analisamos duas metodologias propostas para a histria da arte e como se instituem os movimentos artsticos, levando em considerao que a cultura o espao no qual eles se desenvolvem.

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    Histria da Arte

    Unidade 1

    Atividades de autoavaliao

    1) No livro A Origem da Tragdia, o filsofo alemo Friedrich Nietzsche esboa algumas ideias que se tornaram centrais na sua filosofia. Nesta obra, os deuses gregos Apolo e Dionsio so considerados foras artsticas que emergem da prpria natureza. Faa uma pesquisa em enciclopdias ou em sites seguros da internet para descrever trs traos do esprito dionisaco e trs do esprito apolneo.

    2) Com base nos dos estudos realizados, explique como se fundamentam os objetos artsticos em nossa cultura.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Saiba mais

    Para essa unidade, recomendamos:

    HAUSER, Arnold. Histria Social da Arte e da Literatura. So Paulo: Martins Fontes, 2000 (mencionada do texto).

    Sobre a questo do gosto, leia: FERRY, Luc. Homo aestheticus: a inveno do gosto na era democrtica. So Paulo: Ensaio, 1994.

    Sobre a relao do artista com seu meio social, assista ao filme Modigliani.

    Sinopse

    Na Paris de 1919, um grupo de artistas plsticos se rene, com frequncia, num dos cafs do alegre bairro de Montparnasse.

    Entre eles, encontram-se nomes como os de Pablo Picasso, Maurice Utrillo, Claude Monet, Diego Rivera, Chaim Soutine, Moise Kisling e Amedeo Modigliani. Muito brincalho, Modigliani chega danando, sobe nas mesas, senta-se no colo do sisudo Picasso, sendo bastante aplaudido. Embora excelente pintor e brincalho, seu temperamento, s vezes explosivo, faz com que perca grandes oportunidades, o que o leva a no ter uma vida financeiramente confortvel.

    Figura 1.9 - Modigliani Fonte: MB (2011).

  • 2UNIDADe 2A arte nas sociedades tradicionaisObjetivos de aprendizagem

    Desenvolver a habilidade de identificar estilos artsticos atravs dos tempos.

    Propiciar a discusso e reflexo crtica acerca do objeto artstico inserido no contexto histrico de sua produo.

    Conhecer obras representativas da arte, produzidas nas sociedades tradicionais, e desenvolver a capacidade de apreciao destas obras.

    Sees de estudo

    Seo 1 Arte pr-histrica

    Seo 2 Arte egpcia

    Seo 3 Grcia e Roma (antiguidade clssica)

    Seo 4 A poca medieval

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    Para incio de estudo

    Nesta unidade, voc vai estudar a arte e seu papel nas sociedades tradicionais. Iniciamos com a arte pr-histrica, examinando as primeiras civilizaes como a egpcia e cretense e a antiguidade clssica. Por fim, analisaremos a arte medieval e seu trajeto at o advento da modernidade no sculo XVI.

    O fundamento da sobrevivncia nas sociedades tradicionais era a agricultura e em volta dela se organizava a vida social. Elas tm como caracterstica uma maior proximidade com a natureza e, em virtude disto, apresentam uma concepo de tempo, baseada nas estaes do ano, no tempo cclico. Um outro fator que as diferencia das sociedades modernas a imobilidade social. Via de regra, os indivduos se mantinham por toda a vida dentro da mesma camada social em que nasciam.

    Nestas sociedades em que o senso geogrfico era restrito s comunidades locais, o status da arte esteve relacionado ao trabalho artesanal. Todos aqueles que detinham o domnio tcnico da fabricao das coisas eram considerados artesos. Com algumas excees, a despeito da fama de escultores gregos, como Fdias e Praxteles na Grcia antiga, no fazia muita diferena, em termos de prestgio social, fabricar um utenslio de uso cotidiano ou uma escultura, pois no havia a noo de artista como conhecemos hoje.

    Este cenrio s vai mudar com o Renascimento. Entretanto, a despeito disto, um vasto conjunto artstico foi legado desde a pr-histria at o florescimento e desenvolvimento das primeiras civilizaes, como a egpcia e cretense.

    Cabe lembrar que, apesar da organizao cronolgica dos contedos, a arte no pode ser analisada em termos de evoluo. Os estilos artsticos, apesar das aparentes diferenas, representam a busca dos artistas em conquistar novas relaes a exemplo do que fizeram os artistas que os antecederam, no significando que estas solues sejam melhores ou piores que aquelas.

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    Histria da Arte

    Unidade 2

    Seo 1 Arte pr-histrica

    As manifestaes artsticas so muito antigas. Sua importncia extrapola a mera apreciao esttica, como a arte pr-histrica, que fornece detalhes importantes do modo de vida dos primeiros grupos humanos. Do ponto de vista da pesquisa histrica, a existncia destes registros ajuda a compensar a imensa lacuna documental que recai sobre as pocas anteriores inveno da escrita.

    As imagens artsticas mais conhecidas remontam ao perodo em que o homem possua um reduzido domnio do mundo natural, conhecido como Paleoltico Superior. Estes povos viviam da caa e da coleta. Um dos exemplos mais destacados da sua arte so as pinturas encontradas nas cavernas, tambm chamadas de arte rupestre, em praticamente todas as regies do planeta. Dois stios bem conhecidos so os de Altamira na Espanha e Lascaux na Frana.

    Figura 2.1 - Caverna de Lascaux, Frana. Cerca de 15 mil anos Fonte: Schmitz (2009).

    Descoberta por 4 adolescentes em 1940, a gruta de Lascaux constitui uma referncia incontornvel no domnio da arte rupestre. Situada perto de Montignac, na Dordonha, na Frana. A disposio da gruta, cujas paredes esto pintadas com bovdeos (sic), cavalos, cervos cabras selvagens, felinos etc., permite pensar tratar-se de um santurio. As investigaes levadas a cabo durante os ltimos decnios permitem situar a cronologia das pinturas no final do Solutrense e princpio do Madalenense, ou seja 17 000 anos BP (antes da atualidade). (SILVA, 2007).

    O termo pr-histria traz consigo a noo preconceituosa de que os povos que desconheciam a escrita no tinham histria. Esta noo no tem mais sustentao na historiografia recente. O termo utilizado, contudo, para organizar a longa durao temporal em trs perodos, Paleoltico Inferior (500.000 a.C.), Paleoltico Superior (30.000 a.C.) e Neoltico (10.000 a.C.).

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Estas pinturas so, em geral, de tamanho monumental e representam animais de caa. Apesar da sua antiguidade, as imagens, sob nenhum aspecto, podem ser taxadas de primrias. Os traos seguros e vigorosos e a integridade das formas mostram um alto grau de elaborao esttica. Estas imagens no foram criadas para serem apreciadas no sentido em que isto feito em nosso meio.

    era uma arte a servio da magia.

    Esta a explicao mais aceita sobre o significado da arte pr-histrica. Todavia, importante no confundir magia e religio, pois so distintas. As prticas mgicas dos homens e mulheres pr-histricos no preenchem os requisitos que definem aquilo que entendemos por religio: no h potncias sagradas e tambm no h f que estabelea uma conexo com seres espirituais de outro mundo.

    Observe novamente as figuras representadas na caverna de Lascaux. Note que os animais aparecem pintados de modo mais natural possvel. Por isto, atribui-se pintura do perodo Paleoltico um carter naturalista, ou seja, a busca por representar as coisas mais prximas de sua aparncia no natural.

    O domnio da representao anatmica outro fator indicativo de que o artista foi um observador atento, uma vez que as pinturas mostram uma incrvel semelhana com os seres retratados.

    Este um aspecto fundamental para a compreenso da questo mgica, pois, ao pintar um animal sendo alvejado, o pintor deveria faz-lo o mais fielmente possvel. Isto porque no havia uma separao reconhecida entre o objeto representado e aquilo que efetivamente ele representava.

    Imagem e realidade eram inseparveis para homens e mulheres pr-histricos. Tudo parece indicar que havia a crena de que aprisionar o animal na pintura garantia que o mesmo fosse feito na caada.

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    Histria da Arte

    Unidade 2

    Figura 2.2 - Caverna de Lascaux, Frana. Cerca de 15 mil anos Fonte: Guimares (2009).

    Mas, como as pinturas eram realizadas?

    O artista pr-histrico trabalhava em cavernas escuras, com iluminao reduzida, fator que acabou sendo decisivo para a preservao das imagens que hoje conhecemos. Em alguns casos, ele fazia sulcos na parede e posteriormente os pintava com tintas feitas do carvo, xidos minerais, substncias vegetais e sangue animal.

    O sentido desta arte somente pode ser compreendido pela rdua luta pela sobrevivncia que os homens da pr-histria tinham de empreender para driblar as dificuldades que a sobrevivncia lhes impunha. O que se pode apurar do seu legado artstico que j nestes primrdios, a arte foi de fundamental importncia para que pudessem expressar suas crenas, medos e desejos.

    Numa poca em que a expectativa de vida era muito baixa, a capacidade da mulher em gerar e alimentar uma vida era vista com admirao. Feitas de osso, chifre ou pedra, as estatuetas femininas conhecidas como vnus so as mais antigas representaes femininas ilustrativas desta viso.

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    Esta denominao vem do fato dos estudiosos julgarem que estes pequenos amuletos correspondiam ao ideal de beleza da pr-histria. Para Camille Paglia (1994, p. 61), A gordura da imagem um smbolo de abundncia numa era de fome. Ela a demasia da natureza, que o homem anseia por dirigir para sua salvao. Acreditando no seu poder mgico, o artista retinha em sua criao os atributos que mais o interessavam, os quadris e seios, simbolizando a fertilidade feminina.

    Na escultura Vnus de Willendorf , mostrada na figura 2.3, possvel identificar essas caractersticas. A estatueta tem 11,1 cm de altura e representa estilisticamente uma mulher. Esta estatueta foi descoberta pelo arquelogo Josef Szombathy em um stio arqueolgico situado perto de Willendorf, na ustria, em 1908. uma estatueta esculpida em calcrio e colorido com ocre vermelho. (PORTAL DA ARTE, [200-]).

    Mesmo sendo de extrema importncia dentro da dinmica cultural das sociedades pr-histricas, as suas realizaes artsticas no possuam o sentido atual que damos s obras de arte. Naquele momento, inexistia uma ideia para designar o que arte.

    O processo de abstrao, ou a capacidade de destacar um ou mais elementos de uma realidade complexa, era ainda um fator em desenvolvimento no perodo pr-histrico.

    medida que o controle da natureza foi aumentando, a arte tambm se transformou. Foi isto que ocorreu no perodo Neoltico, quando houve a domesticao de plantas e animais. no Neoltico que o nomadismo d lugar sedentarizao, fator decisivo para a prosperidade das comunidades pr-histricas.

    A arte vai se modificar ao mesmo tempo em que as organizaes sociais se tornam mais complexas, com o surgimento da diviso do trabalho e a formao das clulas familiares. Graas domesticao dos animais, o campons neoltico j no precisava caar para conseguir o seu sustento. Com mais tempo para outras atividades, a produo de bens materiais sofreu um incremento com o desenvolvimento da cermica, da tecelagem e do trabalho com metais.

    O perodo Neoltico corresponde a ltima fase da Pr-Histria. Iniciou-se por volta de 10.000 a.C. e vai at 4.000 a. C. Todavia, esta uma periodizao criada para facilitar o estudo, pois aspectos do modo de vida do Neoltico persistiram em muitos grupos humanos at recentemente.

    Figura 2.3 - Vnus de Willendorf Fonte: Schmitz (2009).

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    Unidade 2

    Figura 2.4 - Vasos neolticos encontrados na regio da atual Bulgria Fonte: Arquivo pessoal da autora (2010).

    Novas tcnicas de execuo e novos temas daro arte do Neoltico um aspecto menos naturalista e mais geomtrico. Para muitos estudiosos, os povos do Neoltico tm uma menor preocupao com a aparncia natural das coisas, pois eram menos dependentes dos seus sentidos que seus antecessores.

    A observao que caracterizou o Paleoltico cedera lugar a uma maior racionalizao. Por conseguinte, os objetos passaram a ser criados buscando a funo utilitria e tambm a beleza. Outra mudana fundamental do Neoltico foi a separao da realidade e da magia, que, por sua vez, substituda lentamente pelos rituais religiosos.

    Mas por que as organizaes simplesmente no se transformam em instituies que aprendem, como nos dias de hoje?

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    Seo 2 Arte egpcia

    Desde a antiguidade, as realizaes artsticas dos egpcios nunca pararam de influenciar as sociedades ocidentais, tendo marcado, sobretudo, a cultura grega e romana. Nos ltimos dois sculos, arquelogos, historiadores e aventureiros se lanaram numa busca sem precedentes pelo legado artstico dos antigos egpcios. O resultado desta caa ao tesouro foi a disperso do conjunto de obras nas mos de colecionadores e de museus pelo mundo inteiro.

    Pirmides, esfinges, templos magnficos, esculturas, pinturas, objetos ritualsticos e cotidianos so testemunhos de uma das mais complexas e duradouras organizaes sociais da histria. a apreciao deste fabuloso legado artstico que desperta e mantm a curiosidade sobre este povo antigo, cuja principal motivao para a produo artstica, como voc vai estudar adiante, residia na ideia de imortalidade.

    A civilizao egpcia sucedeu s comunidades neolticas que se estabeleceram s margens do rio Nilo na frica. A partir do momento em que os egpcios dominaram a regularidade das cheias do Nilo, a fertilidade da terra garantiu colheitas abundantes.

    Por volta de 3.200 a.C., ocorre a formao de um estado centralizado, dando incio ao perodo conhecido como Dinstico. A partir da, a sociedade do Egito antigo teve certa estabilidade, mantida por uma monarquia teocrtica, cuja figura central era o fara.

    Supremo governante, visto como Deus vivo, o fara tinha controle sobre as instituies burocrticas, militares, culturais e religiosas. A firmeza e solidez de seu poder so expressas em muitas obras artsticas. Por patentear a ordem e a estabilidade, ele era usualmente representado em atitudes nobres, com gestos de eternidade (BAKOS e BARRIOS, 1999). Na escultura do fara Miquerinos e sua esposa (figura 2.5), mostrada a seguir, possvel identificar estas caractersticas.

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    Unidade 2

    Figura 2.5 - O Fara Miquerinos e a Rainha, V dinastia, c. 2470 a.C. Fonte: Pontes (2009).

    Perceba que os braos colados ao corpo e os punhos cerrados do ao conjunto uma sensao de imobilidade tpica da arte egpcia, em que os seres eram representados em sua idealidade e no em sua naturalidade. Os escultores deviam dar s imagens dos seus governantes a impresso de fora e juventude.

    O pice do poder faranico ocorreu no Antigo Imprio. Neste perodo originaram-se conhecidas manifestaes da arquitetura egpcia, como as pirmides, construdas para abrigar em seu centro o corpo mumificado do fara. Sendo considerado um ser divino, o fara deveria ir para junto de seus iguais, da a altura das pirmides

    O imprio egpcio dividido nos seguintes perodos: Antigo Imprio (3200 a.C. at 2300 a.C.), Mdio imprio (2000 a.C.), Novo Imprio (1500 a.C. at 525 a.C.).

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    Figura 2.6 - As Grandes Pirmides de Giz, IV e V dinastias: Miquerinos (c. 2470 a.C.), Quefren (c. 2500 a.C.) e Quops (c. 2530 a.C.), respectivamente Fonte: Pontes (2009).

    As pirmides foram construdas numa poca em que os faras exerciam mximo poder poltico, social e econmico no egito Antigo. Quanto maior a pirmide, maior seu poder e glria.

    A vida cultural e social dos egpcios foi caracterizada intensamente pela religio politesta, que penetrava em todos os aspectos da vida pblica e privada. A crena na vida aps a morte, tanto do corpo quanto da alma, foi um dos seus mais fundamentais preceitos. Buscando isto, os egpcios desenvolveram tcnicas apuradas de preservao, como o processo de mumificao.

    No de se estranhar que boa parte do seu legado artstico seja composta de objetos voltados aos cultos morturios.

    Durante muito tempo, acreditou-se que a sua construo tenha sido realizada unicamente por mo de obra escrava, mas a historiografia recente, luz de novos documentos, ampara tambm a hiptese do trabalho remunerado.

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    Figura 2.7 - Sarcfago de Tutancamon, descoberto numa tumba intocada, em 1922 Fonte: El Pas.com : La Comunidad (2010).

    Coube arte a misso de perpetuar as crenas religiosas e, muito embora as mudanas fossem ocasionais, o fato que, em centenas de anos, suas convenes pouco mudaram. A arte egpcia manteve aspectos regulares que definem seu estilo e a torna reconhecvel, como voc ver a seguir.

    Os tesouros encontrados na tumba deste fara deram ao mundo uma viso totalmente nova do tipo dos artefatos egpcios que haviam sido roubados h muito tempo de todas as tumbas faranicas e dispersos ou desprovidos de seu ouro ou pedras. (THE METROPOLITAN OPERA GUILD, 2008).

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    A pintura egpcia

    As pinturas egpcias datam da pr-histria at a ltima fase do imprio (conhecida como fase greco-romana). Encontradas em geral no interior de tmulos e templos, elas no tinham, como ocorreu com as pinturas nas cavernas, o objetivo de ser expostas para apreciao pblica, mas sim, de levar para a vida aps a morte o que fosse necessrio para garantir o conforto e o lugar social do morto. Os temas abordados so muito amplos e narram desde cenas modestas da vida de camponeses e operrios at o cerimonial que cercava a vida da nobreza.

    Figura 2.8 - Cena do Livro dos Mortos, XVIII dinastia Fonte: Gombrich (1999).

    Nos muitos exemplos da pintura egpcia, cujo tema a figura humana, notamos uma das suas principais convenes estilsticas, a lei da frontalidade. Ela perdurou por mais de dois mil anos e , sem dvida, um dos aspectos que mais definem a sua singularidade. Esta regra de representao, seguida pelos artistas egpcios, determinava como o corpo humano deveria ser retratado. Arnold Hauser (2000) definiu a lei da frontalidade da seguinte maneira:

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    [...] seja qual for (sic) posio em que o corpo representado, toda a superfcie do trax est voltada para o expectador, de tal forma que a parte superior do corpo divisvel por uma linha vertical em duas metades iguais. Essa abordagem axial, oferecendo a mais ampla viso possvel do corpo, tenta obviamente apresentar a impresso mais ntida e menos complicada a fim de evitar qualquer mal entendido, confuso ou encobrimento dos elementos da pintura.

    Figura 2.9 - Fragmento de um Livro dos Mortos, XVIII dinastia Fonte: Gombrich (1999).

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    Como voc pode observar, o artista egpcio trabalhava em funo do que via e do que no via. A impresso que temos, ao olhar atentamente para estas obras, de que seu autor queria reter na imagem o mximo de elementos possveis. O que importava no era a beleza, mas a clareza e permanncia, pois, para atravessar a eternidade, o corpo (assim como todas as outras coisas representadas) deveria estar o mais completo possvel. Para tanto, havia algumas regras a serem rigorosamente obedecidas:

    Homens representados mais escuros do que as mulheres. A perspectiva hierrquica determinando que o fara fosse mostrado em tamanho maior do que as outras pessoas.

    Os deuses aparecem representados sempre da mesma forma. Contudo, em alguns momentos, a arte egpcia oscilou entre conservadorismo e inovao, como no Novo Imprio, quando as reformas religiosas implantadas pelo fara Akhenaton resultaram em uma maior liberdade criativa para os artistas. Algumas obras deste perodo so menos geometrizadas e mais fluidas, abrandando a tradicional sensao de imobilidade.

    Figura 2.10 - Fara Amenfis IV. Relevo em pedra calcrea. Aprox. 1370 a.C.Fonte: Gombrich (1999).

    Amenhotep IV, mudou seu nome para Akhenaton e tentou implantar um culto monotesta, cujo nico deus Aton era representado pelo disco solar. As mudanas no sobreviveram ao seu reinado (1372 1358 a.C.).

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    Neste relevo, voc pode identificar o que se chamou estilo Akhenaton. Observe que, quase caricatural, a imagem do Fara revela formas mais suaves e fluidas.

    Aprofunde seus conhecimentos estudando as caractersticas histricas do Novo Imprio em enciclopdias ou sites recomendados da internet.

    Seo 3 Grcia e Roma (antiguidade clssica)

    A Grcia antiga era constituda por trs partes: Grcia Continental, o Peloponeso e a Grcia insular. Diferentemente da arte egpcia voltada para a religio, a arte grega foi concebida para ser vista. Seja ornamentando ambientes, adornando templos ou como oferenda para agradar aos deuses, seu objetivo era a vida presente.

    Na arte grega predominam o ritmo, a harmonia e o equilbrio embalados por caractersticas marcantes como a busca pela beleza e o interesse pelo homem.

    fato que os padres estticos de nossa cultura foram profundamente influenciados ou at mesmo herdados da Grcia antiga. Na arquitetura, teatro, literatura, escultura, seu legado continuou vivo no Ocidente, onde foi continuamente reabilitado

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    As origens da civilizao grega

    A regio que constituiu a antiga Grcia recebeu a vinda de povos indo-europeus a partir de 2.000 a.C. Suas origens esto ligadas histria da ilha de Creta, cujo apogeu ocorreu entre 2.000 a.C e 1400 a.C. Graas sua posio privilegiada na regio do Mediterrneo, Creta manteve hegemonia comercial efetuando contatos culturais com importantes povos da antiguidade, como os egpcios.

    Por meio das descobertas arqueolgicas feitas no sculo XIX, algumas realizaes artsticas dos cretenses se tornaram conhecidas, como as pinturas do palcio de Cnossos.

    Figura 2.11 - Golfinhos, Palcio de Cnossos em Creta Fonte: Pontes (2008).

    Em sua maior parte, a pintura minica ou cretense tem inspirao na natureza, caracterstica que acabou sendo exportada de Creta para outras culturas mediterrnicas. A pintura cretense identificada tambm pela capacidade de apreenso das formas e pelo intenso colorido e movimento.

    Por volta de 1.400 a.C., os aqueus invadiram Creta, dando origem civilizao creto-micnica. Este perodo ficou denominado como pr-homrico. Cidades importantes como Micenas e Tirinto foram erguidas, cujas grandes muralhas sobreviveram aos tempos. Do ponto de vista estilstico, a arte destes povos vai ser mais pesada e formal do que a cretense. Um dos mais conhecidos exemplos desta arte a Porta dos Lees encontrada na cidade de Micenas.

    Inicialmente construdo a partir de cerca de 1900 A.C., tendo sido destrudo cerca de 1700 A.C.; e reconstrudo cerca de 1600 A.C. 1500 A.C., fase a que pertencem a maior parte das runas hoje visveis, o Palcio de Cnossos a principal atrao da ilha de Creta. O palcio teria sido novamente destrudo cerca de 1450 A.C., na sequncia da erupo do vulco de Santorini. (VICENTE, 2004).

    Os aqueus eram grupos guerreiros originrios da regio dos Blcs.

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    Figura 2.12 - Porta dos Lees em Micenas, aproximadamente 1.500 a.C. Fonte: ALBV (2008).

    Aps a queda da civilizao creto-micnica, a Grcia vai mergulhar numa poca rural, com o enfraquecimento da vida poltica e econmica. Surgem as comunidades gentlicas, forma de organizao social caracterizada pelo poder das grandes famlias. Sobre estes tempos, os registros so escassos, sendo os principais deles a Ilada e a Odisseia, ambos supostamente de autoria do poeta Homero. Neste perodo, tambm conhecido como tempos homricos (sc. XII a VIII), vai ser constituda a

    base da civilizao grega, com o surgimento da Cidade-Estado grega (polis), centro poltico, social e religioso autnomo.

    A plis surge como consequncia da crise poltica e econmica que levou desintegrao das comunidades gentlicas no fim dos tempos homricos.

    De acordo com a lenda, o poeta cego Homero teria registrado os poemas que eram conhecidos apenas na tradio oral.

    Figura 2.13 Homero, busto de mrmore, cpia romana de original gregoFonte: Martins (2008).

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    Cada uma das cidades gregas tinha sua classe dominante, seus deuses prprios e seu sistema de vida diferenciado. O princpio desta autonomia foi fundamental para o desenvolvimento econmico, cultural e artstico.

    A arte grega

    A arte grega foi complexa e diversa. Nossa abordagem vai seguir a organizao recorrente na maior parte dos livros de histria da arte, situando-a entre o surgimento das Cidades-Estado at a tomada da Grcia pelos romanos, fixando o estudo das suas regularidades estilsticas mais constantes em trs momentos respectivamente: perodo arcaico, clssico e helenstico.

    O estilo arcaico (sc. VII a.C ao sc. V a.C)

    Mesmo que seja difcil circunscrever os limites da influncia, sabemos que os gregos foram influenciados artisticamente por outros povos e tambm pelas civilizaes que os precederam, como a cretense e a creto-micnica, estudadas anteriormente.

    Mas fato tambm que estas civilizaes souberam ir muito alm do que aprenderam, desenvolvendo um estilo artstico inconfundvel e sem parmetros anteriores. Como disse Hauser (2000, p. 77), antes deles no existia o livre inqurito, nem a investigao terica, nem o conhecimento racional, nem arte como conhecemos hoje isto , uma atividade cujas criaes podem ser sempre apreciadas como formas puras.

    No perodo arcaico, os artistas comearam a esculpir, em mrmore, figuras em rigorosa posio frontal, com o peso do corpo distribudo sobre as duas pernas.

    Mas, j por volta desta poca que, por meio do aprimoramento das esculturas humanas, notamos mudanas feitas com tcnicas egpcias. Observe estes exemplos de Kouros e Koir e compare com a imagem do fara Miquerinos, mostrada nas pginas anteriores.

    Kouros e Koir so nomes dados s esculturas de homens e mulheres jovens respectivamente.

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    Voc deve ter notado que as semelhanas com a esttua egpcia so indiscutveis: posio frontal, punhos cerrados, o peso do corpo apoiado nas duas pernas. Estas esculturas transmitem a mesma sensao de imobilidade que encontramos na estatuaria egpcia. Isto porque, inicialmente, a forma de esculpir em grandes blocos foi copiada dos egpcios, mas observe que a imagem do Kouros a seguir, j apresenta uma variao, que foi a introduo de vos entre braos e pernas.

    Figuras 2.15 - Irmos Cleobs e Biton, 580 a.C. Fonte: Gombrich (1999).

    Isto acaba transmitindo uma sensao mais leve e dinmica, artifcio que atingir culminncia nas obras do perodo clssico, que voc estudar a seguir.

    Figura 2.14 - Koir, 530 a.C. Fonte: Arquivo pessoal da autora (2010).

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    O perodo clssico (sc. V a.C. ao sc. IV a.C)

    medida que os artistas gregos vo aprimorando as tcnicas de execuo, o mrmore, material usado desde o sculo VII, passa a ser substitudo pelo bronze. A questo que os escultores buscavam resolver com esta substituio era conseguir fazer partes do corpo sem necessariamente ter de apoi-las, coisa que o mrmore no favorecia, j que tinha propenso de quebrar com o prprio peso.

    A esta altura, voc deve estar se perguntando, ento, por que a maioria das estatuas gregas que conhecemos parece ser de mrmore? O fato que muitos exemplares originais feitos em bronze foram perdidos, destrudos ou transformados em materiais blicos ao longo do tempo.

    O que sobrou foram cpias em mrmore feitas pelos romanos a partir dos originais gregos. Graas a isto, podemos conhecer obras importantes, como a cpia feita de um original de Mron, conhecida como discbulo.

    Figura 2.16 - Discbulo. Cpia romana, de um original em bronze de Mron. Aproximadamente 450. a.C. Fonte: Gombrich (1999).

    Mron foi um escultor grego (sculo V a.C.), nascido em Elutras. Foi o mais velho dos trs grandes escultores do sculo de Pricles: Mron, Fdias e Policleto. Duas de suas obras chegaram at ns, em cpias romanas: Atena e Mrsias, e mais O Discbolo uma das esculturas mais famosas da histria da arte. (NUNES, 2008).

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    Unidade 2

    Como voc pode notar nas esculturas aqui mostradas, os gregos buscavam representar um ser humano perfeito. Isto somente foi conseguido por meio de processos racionais que levaram ao conhecimento das propores anatmicas e da simetria.

    Escultores como Policleto codificaram medidas perfeitas, por exemplo, determinando que o corpo deveria medir sete vezes e meia o tamanho da cabea.

    Os principais mestres da escultura clssica grega so: Praxteles, celebrado pela graa das suas esculturas, pela lnguida pose em S (Hermes com Dionsio menino). Ele foi o primeiro artista que esculpiu o nu feminino; Policleto, autor de Dorforo - condutor da lana, criou padres de beleza e equilbrio usando o tamanho das esttuas, que deveriam ter sete vezes e meia o tamanho da cabea; Fdias, talvez o mais famoso de todos, autor de Zeus Olmpico, sua obra-prima, e Atenia. Realizou toda a decorao em baixos-relevos do templo Partenon: as esculturas dos frontes, mtopas e frisos; Lisipo, representava os homens tal como se veem e no como so (verdadeiros retratos). Foi Lisipo que introduziu a proporo ideal do corpo humano, com a medida de oito vezes a cabea. (MARTINS; IMBROISI [200-]).

    Estas convenes, criadas h tanto tempo, mostrando homens e mulheres sempre jovens, belos e de expresso ausente, foram admiradas e amplamente usadas pelos grandes mestres do Renascimento e ainda regem padres de beleza atuais.

    Figura 2.17 - Praxteles Hermes com o jovem Dionsio, 350 a.C. Fonte: Gombrich (1999).

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    A escultura deste perodo tem como caracterstica o naturalismo idealista, entendido como a tentativa do artista de melhorar a natureza. Marilena Chau (2001, p. 362) definiu este padro nos seguintes termos: Na verdade mostra o mundo como desejaramos que fosse, melhorando e aperfeioando o real.

    Para sua pesquisa e reflexo Tendo por base os dados aqui apresentados e pesquisas nos materiais de sua preferncia, analise a escultura de Hermes com o jovem Dionsio e anote suas impresses acerca da composio, procurando avaliar questes formais, como equilbrio, proporo, movimento e a atmosfera que dela emana. Aps registrar suas impresses nas linhas seguintes, compare suas concluses com aquelas apresentadas no saiba mais desta unidade.

    Ainda na poca clssica, temos a era de ouro de Atenas, quando as artes ganharam um impulso, resultando em obras clebres da escultura e da arquitetura, entre elas, o Partenon. Construdo na parte alta da cidade chamada de Acrpole, este templo foi consagrado deusa Atenas, protetora da cidade.

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    Figura 2.18 O Partenon, Acrpole, Atenas, 447-432 a.CFonte: Gombrich (1999).

    A poca helenstica (sc. III ao sc. II a.C).

    Durante o perodo conhecido como helenstico, as transformaes histricas vo interferir profundamente no fazer artstico. Esta poca foi marcada pelo domnio macednico sobre as Cidades-Estado, iniciado por Felipe II e continuado por seu filho Alexandre (356-323 a.C.), que estendeu seu imprio at a ndia. Aps a sua morte, este foi transformado em uma srie de Estados independentes. Entretanto, a consequente mescla de culturas, do Ocidente e o Oriente, que resultou do processo expansionista, gerou uma nova cultura definida como helenstica.

    Como resultado da nova condio social e poltica da Grcia, vamos perceber um naturalismo mais acentuado nas esculturas. O idealismo dos tempos clssicos vai desaparecer e, em seu lugar, teremos mais realismo com a tentativa de atribuir caractersticas psicolgicas s esculturas.

    O Partenon provavelmente o mais conhecido de todos os templos gregos da antiguidade. Construdo entre 480 e 323 a.C., ele representa todo o refinamento e estilo da arquitetura de Atenas nesse perodo. (STUART, 2006).

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    Figura 2.19 - O gauls moribundo, 230 a.C. Autor desconhecidoFonte: Portal So Francisco [200-].

    Sentimentos, como a dor e o sofrimento, passam a ser incorporados s imagens, resultando em obras de teor dramtico, como o caso da escultura acima.

    O grupo mostrado a seguir, conhecido como Laocoonte e seus filhos, narra um episdio mtico da Guerra de Troia. Produzido no sculo I a.C., ele sintetiza a filosofia artstica da fase helenstica.

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    Figura 2.20 - Laocoonte e seus filhos. Ca. 175 - 50 a.C. Fonte: Gombrich (1999).

    Paulatinamente abandonada, a atitude contemplativa do perodo clssico suplantada pela realidade destes novos tempos. Uma vez invadida e fragmentada a civilizao grega, o artista se distancia do idealismo de outrora, a arte fica mais prxima da condio humana, como o envelhecimento, o sofrimento e a morte.

    A esttua representa Laocoonte e seus dois filhos, Antiphantes e Thymbraeus, a serem estrangulados por duas serpentes marinhas em um episdio dramtico da Guerra de Tria. Laocoonte, um sacerdote de Apolo, foi o nico que pressentiu o perigo que o cavalo de Tria representava para a cidade e que protestou contra a ideia de o levar para dentro das muralhas. Segundo a lenda, Poseidon, um deus que favorecia os gregos, enviou ento duas serpentes para calar a voz da oposio. Apesar de provavelmente datar do perodo posterior ao sculo I a.c, esta escultura considerada uma escultura helenstica. (RAMALHETE, 2009).

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    A arte romana

    Por arte romana definimos o conjunto das manifestaes que surgiram na pennsula itlica do incio do sculo VIII a.C. at o sculo IV d.C. Neste perodo, ocorreram a ascenso e o declnio do Imprio Romano, cuja histria normalmente divida em trs perodos:

    Monarquia, que vai da fundao (cuja data imprecisa, sendo a mais usual 753 a.C.) at 509 a.C;

    Repblica, que vai de 509 a.C. at 27 a.C.

    Imprio, que vai de 27 a.C. at a tomada de Roma por povos germnicos em 476 d.C.

    Os romanos foram conquistadores e agregaram longas vastides da Europa e do Oriente aos seus domnios. Para manter este imprio, foi necessrio criar uma eficiente estrutura militar e administrativa, o que influenciou no desenvolvimento de uma arte pragmtica e utilitria.

    Quanto s influncias que absorveram de outras culturas, devemos considerar, sobretudo, a etrusca e a grega. Dos gregos, os romanos tomaram o alfabeto, conceitos religiosos e muito da sua arte. De acordo com Proena (2000), a influncia dos etruscos pode ser notada pelo aspecto realista que a arte romana assumir.

    Dos etruscos, os romanos aprenderam tambm conhecimentos de engenharia, como o uso do arco. Este elemento acabou se tornando uma especialidade da arquitetura romana, que o utilizou na construo de obras pblicas, como pontes, aquedutos e monumentos. A ele, os romanos misturaram o fronto e colunas, tpicos da arquitetura grega.

    Parte destas construes, espalhadas pela Europa e Oriente, ainda permanecem de p, atestando a excelncia construtiva alcanada pelos romanos. Alguns dos monumentos mais caractersticos eram os arcos comemorativos presentes em todas as provncias do imprio.

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    Figura 2.21 - Arco triunfal de Tibrio. Reinou entre 14 a 37 d.C. Orange, sul da Frana Fonte: Gombrich (1999).

    Outro tipo de monumento comemorativo apreciado pelos romanos eram as colunas. Uma das mais representativas a de Trajano, erigida em 113 d.C., e narra a vitria deste imperador em uma campanha realizada na Dcia (atual Romnia). A altura da coluna equivalente a um prdio de dez andares e tem toda a sua superfcie em mrmore talhado. A partir de baixo, ela vai se desenrolando em espiral, levando ao leitor uma narrativa contnua e clara por 150 episdios sucessivos.

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    Figuras 2.22 e 2.23 - Respectivamente Coluna de Trajano, 113 d.C. Roma Coluna de Trajano, pormenor, 113 d.C. Roma. Fonte: Flauzino (2008).

    O desenvolvimento da narrativa se d num pergaminho que tem por volta de 180 metros de comprimento e 2500 figuras humanas. Os relevos so rasos e seu objetivo parece ter sido impressionar o observador, pela mincia dos detalhes. A figura do imperador Trajano d unidade composio, aparecendo diversas vezes ao longo da narrativa repleta de cenas violentas.

    A pintura de murais foi muito comum nas casas dos romanos mais abastados. Muitas destas pinturas foram encontradas em bom estado de conservao nas cidades de Pompeia, Herculano e Estbias. Em virtude disto, os estudiosos puderam conhecer os estilos e os temas dos quais se ocuparam os pintores.

    Em alguns exemplos, percebemos como os artistas procuraram atribuir caractersticas individuais e realistas. Na imagem mostrada a seguir, voc concorda que h o interesse em mostrar as personalidades dos dois jovens retratados?

    A cidade de Pompeia foi soterrada juntamente com Herculano e Estbias. Elas ficavam situadas aos ps do vulco Vesvio. Este entrou em erupo em 24 de agosto do ano 70 d.C. e despejou uma chuva de cinzas e depois lava.

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    Unidade 2

    Figura 2.24 -Afrescos de Pompeia Fonte: Pontes (2009).

    Pedro Paulo Funari (2001, p. 98), ao comentar as caractersticas da sociedade romana, adverte:

    Pode-se dizer que Roma contava ento com dois grupos sociais bem distintos: uma minoria muito rica, que constitua o grupo poltico dirigente no exrcito e as instituies, e uma grande massa de pobres, que vivia do po e circo, ou seja, recebia alimentos a preos baixos e espetculos pblicos gratuitos para sua diverso. Enfim, a vida econmica desenvolveu-se muito, mas a prosperidade foi desigual.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Este contexto influenciou a produo de uma arte fugidia, desconectada dos problemas que cresceram na mesma medida do Imprio. Ela tinha como objetivo proporcionar deleite esttico por meio do aspecto naturalista e descontrado. Perceba como o artista conseguiu criar uma atmosfera idlica, pelo modo suave com que organizou a composio, desde a seleo do tema, do modo delicado com que a jovem se afasta, at a escolha das cores.

    Figura 2.25 - Donzela colhendo flores. Pintura mural proveniente de Estbias, sculo I d.C. Fonte: Gombrich (1999).

    A arte romana desenvolveu um profundo senso de realismo. A preocupao em fixar traos da personalidade notada quando esculpiam bustos de figuras clebres da sociedade. Esta prtica foi copiada dos etruscos, que costumavam conservar retratos feitos de cera de seus antepassados.

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    Histria da Arte

    Unidade 2

    Logo foi aprimorado pelos romanos que, pelo fato de a cera ser perecvel, substituram-na pelo uso de materiais mais durveis, como o metal e o mrmore.

    Figura 2.26 - Cipio, o africano. General romano que destruiu as tropas cartaginesas entre 211 a 206 a.C. Fonte: UOL Educao [200-].

    O escultor estudava atentamente a fisionomia do modelo, procurando captar traos fsicos e de expresso. Ao contrrio dos artistas gregos, os romanos no vo buscar a beleza, mas sim, o carter. Como escreveu Gombrich (1999, p.83):

    O fato curioso que, apesar da significao solene dos retratos, os romanos permitiram que seus artistas os compusessem mais realistas e menos lisonjeiros do que os gregos jamais tentaram fazer.

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    Seo 4 A poca medieval

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