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Percurso Pedestre CERRO DA CABEÇA

(5) Percurso Pedestre - Cerro da Cabeça

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CERRO DA CABEÇA Percurso Pedestre Alunos responsáveis: Bárbara Tavares Duarte Santos Filipe Carralves Professor responsável: Alberto Mascarenhas Tempo para a Lenda Mapa do percurso O Núcleo do Ambiente da Escola Dr. Formação do Cerro da Cabeça Localização e origem do Cerro da Cabeça A Ria Formosa Paisagem geológica O poço de cal Objectivos Fauna Flora 1

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Page 1: (5) Percurso Pedestre - Cerro da Cabeça

Percurso Pedestre

CERRO DA CABEÇA

Page 2: (5) Percurso Pedestre - Cerro da Cabeça
Page 3: (5) Percurso Pedestre - Cerro da Cabeça

SUMÁRIO

Introdução: Mais do que um percurso uma história

Objectivos

Localização e origem do Cerro da Cabeça

Formação do Cerro da Cabeça

Mapa do percurso

Paisagem geológica

Flora

Tempo para a Lenda

Fauna

A Ria Formosa

O poço de cal

Nota introdutória

O Núcleo do Ambiente da Escola Dr.

Francisco Fernandes Lopes, através da sua

actividade regular, tem procurado contribuir

para a divulgação do Nosso Património

Natural, face à necessidade de o preservar.

Resta-nos agradecer a todos aqueles que

connosco colaboraram nestas iniciativas,

contribuindo, deste modo, para a reflexão e

debate sobre o Nosso Património.

O Património Natural é de todos e todos o

devemos preservar.

1

Ficha Técnica

Núcleo do AmbienteAlunos responsáveis:

Bárbara Tavares

Duarte Santos

Filipe Carralves

Professor responsável:

Alberto Mascarenhas

Page 4: (5) Percurso Pedestre - Cerro da Cabeça

Mais do que um Percurso uma História...Cerro da Cabeça é uma área integrada na Lista Nacional de

Sítios da Rede Natura, pela Resolução do Conselho de

Ministros n.º 76/00, de 5 de Julho.

Esta área abrange 574 hectares e apresenta 249 metros de

altitude, no seu ponto mais alto. O seu ponto central

encontra-se a 07 ° 47 ' 00 '' W e 37 ° 06 ' 39 '' N. Toda a área

classificada está integrada no concelho de Olhão.

O Cerro da Cabeça é um sítio de elevado valor paisagístico e

científico, caracterizado essencialmente pelos afloramentos

rochosos calcários, que ocupam mais de 50% desta área,

originando uma paisagem cársica com algumas grutas

importantes.

Em relação à ocupação florística, a área é

essencialmente ocupada por carrascais e alguns

azinhais. No que se refere à ocupação faunística, destacam-

se algumas espécies de morcegos.

Prepare-se para conhecer os segredos escondidos nas rochas.

O Cerro da Cabeça apresenta uma paisagem calcária que data do Jurrássico Superior. Resultou na sua maior parte, da sedimentação de calcários bioconstruídos onde se observam alguns exemplares fossíliferos, o que nos indicam que a sua formação terá ocorrido em meio marinho e condições tropicais... O Algarve esteve submerso? a história continua...

Uma oportunidade única para deambular por

entre várias situações de experimentação e de

contacto directo com o ambiente.

Um percurso no espaço e no tempo, feito de

cheiros (flora) e de saberes... como se formam

as grutas?

Cerr

o da

Cab

eça

Aglomerado de sensações

Viagem ao passado

2

Page 5: (5) Percurso Pedestre - Cerro da Cabeça

OBJECTIVOS

Contextualizar a História Geológica da Região (Cerro da Cabeça):

Reconhecer, no terreno, aspectos

característicos da paisagem cársica.

Relacionar os aspectos observados

com os processos geológicos que os

teriam originado.

Inferir a sobre a relação existente entre

as modificações na região de Olhão/

Algarve e a Teoria da Tectónica de

Placas.

Reconhecer o papel dos agentes de

meteorização na modelação das

paisagens.

Identificar locais onde as rochas estão

a ser erodidas, onde há acumulação de

materiais, onde podem ser encontrados

fósseis e falhas,

Reconhecimento do conteúdo

fossilífero das diferentes litologias.

Identificar a fauna e a flora da região,

relacionando-a com as condições

ambientais.

Identificar possíveis impactos

ambientais nas regiões visitadas.

Identificar estruturas características do

modelado cársico.

A inclusão de um exemplo prático de uma paisagem

calcária como a do Cerro da Cabeça, ajuda a consolidar os

conhecimentos teóricos leccionados no ensino básico, 10º

e 11º anos da disciplina de Biologia e Geologia e

sobretudo permite interligar as vivências e observações do

quotidiano dos alunos com os mesmos.

A sua valorização, quer ao nível da biodiversidade quer,

sobretudo, ao nível dos elementos geológicos, impõe-se

como uma prioridade, numa estratégia de

desenvolvimento, para que a preservação do património

ambiental do concelho de Olhão seja um facto.

3

Page 6: (5) Percurso Pedestre - Cerro da Cabeça

Sua Origem

A Bacia Algarvia teve

dois principais episódios

modeladores: uma fase

distensiva mesozóica e

uma inversão tectónica,

isto é, uma fase

compressiva, que teve

maior incidência entre o

Cretácico Superior e o

Paleogénico Inferior

(Henriques, 2002).

A bacia algarvia estruturou-se num regime tectónico distensivo

relacionado com início do processo de fragmentação da Pangea e

formação do Atlântico Norte. O afastamento das placas tectónicas

(deriva da África para Oriente, relativamente à Eurásia ), provocou

o afundamento desta bacia, que terá sido posteriormente invadida

por águas marinhas. Assim, na bacia algarvia, actualmente com

cerca de 150 km de comprimento e 15 a 30 km de largura, terá

ocorrido, entre o Mesozóico e o Cenozóico. Nesta fase distensiva

originaram-se falhas, cuja movimentação controlou o acarreio de

clastos a partir de Norte, através da erosão de escarpas, tendo

fornecido provavelmente muitos clastos detríticos para as formações

em deposição.

Devido à inversão tectónica Alpina (direcção de compressão N - S a

NNW - SSE), ocorreu uma mudança de direcção da deriva da placa

de África, relativamente à da Eurásia (entre o Cenomaniano e o

Miocénico Inferior), de NW → SE para SW → NE, originando uma

progressiva colisão entre estes dois continentes e iniciando-se um

regime compressivo. Este regime levou à inversão tectónica da

Bacia Algarvia. Durante a inversão, ocorreu uma reactivação das

falhas distensivas, agora como inversas, dando origem a dobras e

cavalgamentos (Terrinha, 1998; Henriques, 2002).

Fase compressiva

Fase distensiva

O Cerro da Cabeça

Localizado a cerca de 2,5 km a Nor-Nordeste de

Moncarapacho, encontra-se limitado a Oeste pelo

Cerro de S. Miguel, a Sul pelas ilhas barreira da Ria

Formosa, a Este pela planície litoral que se estende

até Espanha, e a Norte por colinas do Barrocal

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Page 7: (5) Percurso Pedestre - Cerro da Cabeça

Formação do Cerro da Cabeça

ERA PERÍODO ÉPOCA IDADE Era

Cenozóica

Neogénico

Holocénico 0,01 M.a

2 M.a.

7 M.a.

26 M.a

65 M.a

100 M.a

140 M.a

160 M.a

176 M.a

210 M.a

245M.a

290 M.a

315 M.a

365 M.a

413 M.a

441 M.a

504 M.a

570 M.a

4500 M.a

Era Cenozóica

Neogénico Plistocénico

0,01 M.a

2 M.a.

7 M.a.

26 M.a

65 M.a

100 M.a

140 M.a

160 M.a

176 M.a

210 M.a

245M.a

290 M.a

315 M.a

365 M.a

413 M.a

441 M.a

504 M.a

570 M.a

4500 M.a

Era Cenozóica

Neogénico

Pliocénico

0,01 M.a

2 M.a.

7 M.a.

26 M.a

65 M.a

100 M.a

140 M.a

160 M.a

176 M.a

210 M.a

245M.a

290 M.a

315 M.a

365 M.a

413 M.a

441 M.a

504 M.a

570 M.a

4500 M.a

Era Cenozóica

Neogénico

Miocénico

0,01 M.a

2 M.a.

7 M.a.

26 M.a

65 M.a

100 M.a

140 M.a

160 M.a

176 M.a

210 M.a

245M.a

290 M.a

315 M.a

365 M.a

413 M.a

441 M.a

504 M.a

570 M.a

4500 M.a

Era Cenozóica

PaleogénicoPaleogénico

0,01 M.a

2 M.a.

7 M.a.

26 M.a

65 M.a

100 M.a

140 M.a

160 M.a

176 M.a

210 M.a

245M.a

290 M.a

315 M.a

365 M.a

413 M.a

441 M.a

504 M.a

570 M.a

4500 M.a

Era Paleozóica Cretácico

Superior

0,01 M.a

2 M.a.

7 M.a.

26 M.a

65 M.a

100 M.a

140 M.a

160 M.a

176 M.a

210 M.a

245M.a

290 M.a

315 M.a

365 M.a

413 M.a

441 M.a

504 M.a

570 M.a

4500 M.a

Era Paleozóica Cretácico

Inferior

0,01 M.a

2 M.a.

7 M.a.

26 M.a

65 M.a

100 M.a

140 M.a

160 M.a

176 M.a

210 M.a

245M.a

290 M.a

315 M.a

365 M.a

413 M.a

441 M.a

504 M.a

570 M.a

4500 M.a

Era Paleozóica

Jurássico

Superior

0,01 M.a

2 M.a.

7 M.a.

26 M.a

65 M.a

100 M.a

140 M.a

160 M.a

176 M.a

210 M.a

245M.a

290 M.a

315 M.a

365 M.a

413 M.a

441 M.a

504 M.a

570 M.a

4500 M.a

Era Paleozóica

Jurássico Médio

0,01 M.a

2 M.a.

7 M.a.

26 M.a

65 M.a

100 M.a

140 M.a

160 M.a

176 M.a

210 M.a

245M.a

290 M.a

315 M.a

365 M.a

413 M.a

441 M.a

504 M.a

570 M.a

4500 M.a

Era Paleozóica

Jurássico

Inferior

0,01 M.a

2 M.a.

7 M.a.

26 M.a

65 M.a

100 M.a

140 M.a

160 M.a

176 M.a

210 M.a

245M.a

290 M.a

315 M.a

365 M.a

413 M.a

441 M.a

504 M.a

570 M.a

4500 M.a

Era Paleozóica

TriásicoTriásico

0,01 M.a

2 M.a.

7 M.a.

26 M.a

65 M.a

100 M.a

140 M.a

160 M.a

176 M.a

210 M.a

245M.a

290 M.a

315 M.a

365 M.a

413 M.a

441 M.a

504 M.a

570 M.a

4500 M.a

Era Paleozóica PérmicoPérmico

0,01 M.a

2 M.a.

7 M.a.

26 M.a

65 M.a

100 M.a

140 M.a

160 M.a

176 M.a

210 M.a

245M.a

290 M.a

315 M.a

365 M.a

413 M.a

441 M.a

504 M.a

570 M.a

4500 M.a

Era Paleozóica

CarbónicoSuperior

0,01 M.a

2 M.a.

7 M.a.

26 M.a

65 M.a

100 M.a

140 M.a

160 M.a

176 M.a

210 M.a

245M.a

290 M.a

315 M.a

365 M.a

413 M.a

441 M.a

504 M.a

570 M.a

4500 M.a

Era Paleozóica

CarbónicoInferior

0,01 M.a

2 M.a.

7 M.a.

26 M.a

65 M.a

100 M.a

140 M.a

160 M.a

176 M.a

210 M.a

245M.a

290 M.a

315 M.a

365 M.a

413 M.a

441 M.a

504 M.a

570 M.a

4500 M.a

Era Paleozóica

Devónico Devónico

0,01 M.a

2 M.a.

7 M.a.

26 M.a

65 M.a

100 M.a

140 M.a

160 M.a

176 M.a

210 M.a

245M.a

290 M.a

315 M.a

365 M.a

413 M.a

441 M.a

504 M.a

570 M.a

4500 M.a

Era Paleozóica

SilúricoSilúrico

0,01 M.a

2 M.a.

7 M.a.

26 M.a

65 M.a

100 M.a

140 M.a

160 M.a

176 M.a

210 M.a

245M.a

290 M.a

315 M.a

365 M.a

413 M.a

441 M.a

504 M.a

570 M.a

4500 M.a

Era Paleozóica

Ordovícico Ordovícico

0,01 M.a

2 M.a.

7 M.a.

26 M.a

65 M.a

100 M.a

140 M.a

160 M.a

176 M.a

210 M.a

245M.a

290 M.a

315 M.a

365 M.a

413 M.a

441 M.a

504 M.a

570 M.a

4500 M.a

Era Paleozóica

Câmbrico Câmbrico

0,01 M.a

2 M.a.

7 M.a.

26 M.a

65 M.a

100 M.a

140 M.a

160 M.a

176 M.a

210 M.a

245M.a

290 M.a

315 M.a

365 M.a

413 M.a

441 M.a

504 M.a

570 M.a

4500 M.a

Pré – Câmbrico Pré – Câmbrico Pré – Câmbrico

0,01 M.a

2 M.a.

7 M.a.

26 M.a

65 M.a

100 M.a

140 M.a

160 M.a

176 M.a

210 M.a

245M.a

290 M.a

315 M.a

365 M.a

413 M.a

441 M.a

504 M.a

570 M.a

4500 M.a

A Formação Cerro da Cabeça, encontra-se numa megasequência sedimentar, que começa no

Oxfordiano (início do Jurássico Superior) e termina no Titoniano (fim do Jurássico Superior), ou seja,

a Formação Cerro da Cabeça formou-se durante a fase distensiva e o seu afloramento na compressiva.

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Page 8: (5) Percurso Pedestre - Cerro da Cabeça

“ Diz uma lenda, cuja origem remonta muitos séculos atrás, que à pessoa que der treze voltas ao Cerro da Cabeça, pela meia-noite, aparecerá uma formosa moura que lhe ofertará todas as suas riquezas, guardadas no aludido Monte do Tesouro, em recompensa de a ter desencantado com aquelas voltas” (Oliveira e Xavier, 1898).

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Este percurso leva-o a descobrir um dos mais importantes e peculiares exemplos da geomorfologia cársica do Algarve

MAPA DO PERCURSO

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Page 9: (5) Percurso Pedestre - Cerro da Cabeça

Paisagem Geológica No início deste percurso o desafio é Olhar para a paisagem... observar

as estruturas cársicas bem visíveis, onde encontra o mais espectacular campo de megalapiás do

Algarve. O terreno do Cerro da Cabeça é rochoso e muito acidentado, podendo observar-se grandes

penedos arredondados, relevos cónicos e pedunculados, torres, arcos, blocos...

Um pouco mais...

observa as diáclases (fendas) que resultam

da acção das águas de escorrência sobre as

rochas carbonatadas. Da reacção da água

com o dióxido de carbono atmosférico,

resulta o ácido carbónico que, misturado

com as águas de escorrência, dissolve o

carbonato de cálcio existente nas rochas

carbonatadas. Com a continuação da acção

das águas formam-se os algares e as grutas.

A cor cinzenta dos calcários deve-se à

dolomitização resultante da circulação das

águas ricas em sais de magnésio, que

passam a integrar os calcários (dolomíticos)

7

Page 10: (5) Percurso Pedestre - Cerro da Cabeça

Se mais caminhar, um pequeno algar vai encontrar...e a gruta

descobrir...

As depressões escavadas no lapiás

prolongam-se muitas vezes na

vertical, dando origem a algares

mais ou menos profundos (por

exemplo, Algar Medusa e Algar

do Próximo, respectivamente). É

no Cerro da Cabeça que podemos

encontrar as formas endocársicas

mais profundas do carso algarvio,

nomeadamente Algar Maxila

(superior a 95 metros), Algar

Medusa (74 metros), GEAM

(superior a 50 metros), entre

outros.

Muitos algares desenvolvem-se a nível subterrâneo,

originando grutas, como por exemplo, a Gruta da Senhora,

localizada na base do Cerro da Cabeça. Neste substrato

carbonatado do barrocal algarvio foram, até ao momento,

descobertas, pelos espeleólogos, cerca de 100 grutas (entre as

300 inventariadas em toda a região algarvia), das quais

destacamos, pelas significativas dimensões, a gruta da

Senhora, a gruta do Garrafão, a gruta dos Mouros, a gruta da

Ladroeira Grande e a gruta da Ladroeira Pequena (Almeida,

1979).

Estas formações geológicas desenvolveram, no seu interior,

diversas estruturas, tais como estalactites, estalagmites e

colunas, o que justifica o valor geológico, arqueológico e

didáctico que lhe é atribuído.

Os calcários dolomíticos acinzentados do Jurássico Superior,

com aproximadamente 155 M.a. (Manuppella, 1988),

apresentam alguns exemplares fossilíferos (espongiários,

lamelibrânquios, gastrópodes e equinodermes), formados em

meio marinho, sob condições ideais, antes da abertura do

Oceano Atlântico, recebendo a designação de “Calcários

Bioconstruídos do Cerro da Cabeça”.

8

Page 11: (5) Percurso Pedestre - Cerro da Cabeça

Junto à gruta, procure um bom local para se sentar...tempo par ler

e conhecer as lendas...

“No começo do cerro da Cabeça, ao lado do mar, existe

uma cavidade cercada de pedras, uma espécie de

pequena sala, que vai comunicar para um grande

algueirão, denominado o Abismo .

É tradição corrente entre os habitantes dos sít ios vizinhos

que aquela caverna comunica com o castelo de Tavira,

comunicação de que faziam uso os mouros no tempo em

que dominavam a província do Algarve.

Onde aparecem tais cavernas, há a opinião de que os

mouros as habitaram em tempo, e que ainda hoje al i se

conservam encantados. Para confirmar essa opinião

contam-se diversas histórias de indivíduos que foram

surpreendidos de noite por aqueles misteriosos seres. As

cavernas são para o nosso povo uma espécie de mapa

coreográfico dos sarracenos. Onde encontra uma caverna

aí lhe parece ver uma antiga residência mourisca, que

ainda hoje conserva como reféns, um tr iste mouro ou uma

formosa moura, mas encantados.

No cerro de S. Miguel, próximo da mesma povoação, também têm sido vistos mourinhos encantados. Entre tais lendas corre uma relativa ao nome da sede da freguesia. Corre pela tradição que Moncarapacho tirara o seu nome daquele serro, que realmente é assaz alto, mas talhado a pique, e sem um declive. Este serro é conhecido por Monto Escarpado. Diz-se que o primitivo povo ficava junto desse serro e por isso conhecido por Monte Escarpado, que, com o andar dos séculos, se transformou no actual Moncarapacho como uns escrevem, ou Monte Carapacho, como escrevem outros para se não afastar talvez do nome primitivo.”

Nesta freguesia não há uma lenda completa: tudo se reduz a

referências vagas de mouras, encantadas e encantamentos circunscritos a

certos lugares da freguesia.

9

Page 12: (5) Percurso Pedestre - Cerro da Cabeça

...as histórias continuam...

“Não muito distante de Moncarapacho

existe uma r ibeira e nesta um pego

denominado o Bum-bum . As lavadeiras do

povo costumam ir a l i lavar a roupa,

escolhendo o local apropr iado. Há muitos

anos foi a l i uma lavadeira chamada Maria

da Graça. Depois de ter lavado algumas

peças de roupa, apareceu- lhe uma cr iança,

vest ida de encarnado e com um gorro da

mesma cor.

A cr iança em vez de se aproximar da

lavadeira fo i sentar-se sobre a roupa já

lavada. Indignou-se a pobre mulher com o

procedimento do garoto e ameaçou-o; e le,

porém, em vez de atender aos conselhos

da mulher, começou a cuspir sobre a roupa

lavada.

Desesperada do procedimento da cr iança,

saiu à pressa da água e correu sobre ela. A

cr iança, porém, t inha boas pernas, e safou-

se com pasmosa agi l idade. Chegada a um

ponto qualquer desapareceu, sem que a

lavadeira percebesse o dest ino que tomara.

Vol tou para o pego e fo i examinar a roupa,

que fora enxovalhada pelo atrevido garoto.

Qual não foi o seu espanto, quando, no

lugar onde o garoto cuspira, v iu dobrões de

legí t imo ouro! O mourinho encantado

recompensara assim os desgostos da

mulher.”

Pesquisa feita por Andreia Vicente e outros

10

Page 13: (5) Percurso Pedestre - Cerro da Cabeça

Agora pare, para os aromas cheirar

e algumas plantas identificar...

Devido à existência de alguma terra rossa, resultante da dissolução dos calcários dolomíticos, é frequente encontrar, no Cerro da Cabeça, alguma vegetação rasteira, adaptada aos solos pouco espessos (palmeira anã, carrascos, azinheiras, tojos e aroeiras).

Palmeira-anã (Chamaerops humilis)

A palmeira anã, ou palmito, é umaespécie de duração

elevada,que era tradicionalmenteutilizadaparacestos e

tapetes. Esta espécieé nativada EuropaContinental,não

se encontrandoemperigo de extinção, em Portugal, no

entanto,está extinta emFrança e Malta.Éa únicaespécie

depalmeiraespontâneano nossopaís, apresentando‐se

sobaformadearbusto.

Rosmaninho (Lavandula stoechas)

O rosmaninho é uma planta muitoabundantenonosso

país,poiséumaplantaespontâneaqueflorescenoverão.

Estaplantaé da família dasalfazemas,tradicionalmente é

utilizadaparaproblemasrespiratórios,comoaasma.

Marioila (Phlomis purpurea)

Amarioilaéumaplantacaracterísticasdezonas secas.As folhas e ramos apresentam pequenos pêlos e erautilizadaparalavaraloiça.

11

Page 14: (5) Percurso Pedestre - Cerro da Cabeça

tempo para tirar algumas fotografias para mais tarde recordar...

Espargo (Aspargus albus)

Existem trêsespécies do géneroAsparagus,

emPortugal.

Os espargos são arbustos espinhosos que

aparecem em sítios muito quentes e

soalheiros,frequentementerochosos.

Bons dias (Ipomoea indica)

Estaplanta vulgarmente designadaporbons

dias ou glória da manhã, é uma espécie

invasora emPortugal,comorigemnazona

tropical da América do Sul, Ásia e Hawai,

tendo sido introduzida com fins

ornamentais.

Aroeira (Pistacia lentiscos)

A aroeira é um arbusto oriundo da região

mediterrânica, que cresce até aos 10

metros. É uma espécie de crescimento

rápido, heliófila, termófila, quese adaptaa

qualquersubstrato.

É caracterizadapelapresença depequenas

frutos, sob a forma de drupas, de cor

vermelhaa pretas, quesurgemnoOutono,

estes frutos são muito apreciados pelas

aves,comoporexemploospardais.

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Page 15: (5) Percurso Pedestre - Cerro da Cabeça

Euphorbia (Euphorbia sp)

A designação Euphorbia está associada a África, segundo a

tradição,já queorei JubaII da Mauritânia,teriafeitochegaresta

planta aoseufísico(oumédico)Euphorbos,paraseremexploradas

as suas capacidades curativas, no século I antes de Cristo. No

entanto,olátexqueaplanta larga quandocortadaé muitotóxico

paraoorganismo.

Roselha-maior (Cistus albidus)

A roselha‐maior encontra‐se na zona sul do nosso país,

preferencialmenteemsolos calcários,comooéocasodoCerroda

Cabeça.Assuas floressãograndes e as folhas sãocobertas deuma

penugemque lhe confere umtomesbranquiçado,daíoseuepíteto

específico“albidus”.

Carrasco (Quercus coccifera)

É aplanta que melhor define aregiãomediterrânica O carrasco,

normalmente, apresenta‐se sob a formadearbusto, no entanto

podeatingiroportearbóreo,ostenta umafolhagempersistente de

coloração verde, com folha de margem serrada e espinhosa e

frutificaemAgosto,alturaemquesurgemas bolotas.O carrascal

tem grande importância ao nível da cinegética, proporcionando

bons refúgios para as perdizes, coelhos, lebres, entre outras

espécies.

Orquídea (família Orchidcea)

Nascem sobretudonos soloscalcáriosepedregosos do Barrocal

Algarvio. Pelos arrelvados secos desta faixa que une a Serra ao

Litoral.

As orquídeas selvagens são um tesouro frágil e precioso. A sua

existência pressupõe um delicado equilíbrio ecológico, e muitas

delasnãosuportamsercolhidas.

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Page 16: (5) Percurso Pedestre - Cerro da Cabeça

Se com cuidado andar, alguns animais poderá encontrar...

Se não encontrou, aproveite a oportunidade para descansar ao som do canto do pintassilgo ou do chilrar do pardal...

Morcego(Rhinolophus hipposídeos)

Alimentam‐sede insectos ecaçamduranteanoite.

Coelho selvagem(Orytolagus cuniculos)

Estes coelhostempêlogrossoe macio, acastanhado ouacinzentado.

Gato selvagem(Felis silvestris)

É um animal muito independente e bom caçador.

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Page 17: (5) Percurso Pedestre - Cerro da Cabeça

Se ao Miradouro chegou... A Formosa avistou

“Na tarde, notavam-se as ausências no lago.

Onde estavam os flamingos rosa,

dormindo o dia nos aquilinos bicos?

E as correrias dos velhos galeirões,

mostrando quão perene é o nosso tempo?

Patos reais, porfírios azuis, nem as garças brancas

denunciam a vida, junto das sapeiras e das dunas,

nas águas salobras.

Talvez um apelo longínquo das gaivotas,

atentas ao desenrolar das estações,

ou o incómodo da primavera dos homens, sempre

dispostos a perturbar a serenidade dos belos mundos

que desconhece.”

(Raimundo, 1956)

Considerado pela convenção de Ramsar, como uma zona húmida de interesse internacional, o Parque

Natural da Ria Formosa é uma área protegida que se localiza na zona oriental da costa algarvia

(sotavento). A Ria Formosa situa-se numa zona de confluência do Oceano Atlântico, do Mar

Mediterrâneo e da costa norte de África e ocupa uma extensão de cerca 18.400 hectares, ao longo de 60

km de costa, entre o Ancão (concelho de Loulé) e a Manta Rota (concelho de Vila Real de Santo

António), abrangendo, ainda, áreas significativas dos concelhos de Faro, Olhão e Tavira (Parque

Natural da Ria Formosa, 1994).

Na chamada zona de interface encontram-se charcos de água salobra, sapais e pequenas linhas de água,

que constituem o habitat de importantes comunidades vegetais e faunísticas, sobretudo no que diz

respeito à avifauna aquática, sendo esta uma zona de paragem obrigatória de aves migratórias e local

de nidificação de espécies raras. Este ecossistema de águas calmas, superficiais, quentes e ricas em

nutrientes, propicia, também, o desenvolvimento de várias espécies de peixes (como o robalo, a

dourada e o sargo), moluscos, sobretudo, bivalves e crustáceos.

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Page 18: (5) Percurso Pedestre - Cerro da Cabeça

Se continuar para Norte um poço de cal irá encontrar...

Se não quiser voltar pela escadaria e gosta de caminhar, quando ao poço de cal chegar,tome o caminho à sua direita e ao ponto de partida irá dar.

Nesses poços era

extraída a cal, que os

mais antigos, utilizavam

para caiar as suas casas

e açoteias.

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