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24 1 da Conversao Precoce ou Tardia ap6s Endovascular do Aneurisma da Aorta Abdominal: Como Torna-las Menos M6rbidas Christopher K. Zarins A endovascular do aneurisma da a or- abdominal apresenta mor b i-mortalidade inferior a :' J' gi a convencional, sendo portanto, considerada 0 : de para portadores de aneurisma : =. 20 rta infra-renal com anatomia prop[cia ( l). Estudos :. ·:s. e ctivos randomizados recentes tem demonstrado :- :: aproximada de tres vezes na mortalidade ope- r: ' 3 q uando esta e feita pela via endovascu- :' :: m com a cirurgia aberta (2,3) . Esta redu- :::. da m ortalidade associada ao aneurism a e mantida ;::: : . de ate 4 anos (2) . A endovascular : : ::- e urisma, no entanto, e associada com algumas :- precoces e tardias (problemas na -= :. _ :c le ncia dos dispositivos, vazamento, au- do saco aneurismatico e ruptura do aneurisma) =: : _:: IS podem requerer a de procedimentos > : _- arios para sua 0 indice de reinterven- :. endovascular do aneuri s ma tem sido : :: : :. em torno de 9-35%( 4.7) / incluindo a - :- - :. du los ex tensores, molas, stents e oclusores . Quando as endovascul a res falham ou J p os s[veis, a conversao para ci rurgia aberta pode _-= - :::es saria , seja durante 0 procedimento inicial ou _ : :: e nte para tratar ou prevenir a ruptura . As con s e- _:: - : 35 da conversao precoce ou tardia sao grave s e : _ =r" m orte e/ou insuficiencias cardiaca, re s pirat6ria - : - :: . Acredita-se que os riscos de conver s ao cirur- =.= :. endovascular do aneuri s ma da aort a sejam maiores que 0 da cirurgia aberta eletiva, pela pre- da endopr6tese(8, 9, 1 0) Os objetivos do presente Capitulo sao revisar a conversao cirurgica endovascular e discutir as maneiras de minimizar os ris- cos previamente mencionados . Conversao Cirurgica Endovascular do Aneurisma da Aorta Abdominal Nao obstante 0 objetivo da endo- vascular seja evitar a necessidade de cirurgia aberta, a conversao do procedimento endovascular para a ci- rurgia aberta convencional pode ser necessaria em alguns pacientes, seja no momento da da endopr6tese ou mais tardiamente. Convers6es precoces sao definidas como as realizadas dentro do perfodo de 30 dias a contar da da endopr6tese e con- vers6es tardias como as realizada s ap6s este periodo. Convers6es precoces decorrem, em geral, de problemas oriundos da dos pacientes ou de aspectos teClli- cos da do dispositivo. Conver s 6es tardias, por sua vez, sao relacionada s a falencia do dispositivo ou do tratamento empreendido e podem ser realizadas de emergencia, durante a ruptura, ou eletivament e, para prevenir a sua ocorrencia. A necessidade de conver s ao cirurgica e bastante variavel de acordo com a literatura internacion a l, variando de 2% a 50 %/ na dependen- cia da ex periencia do Centro em q uestao, do tipo de 263

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241ConseqLH~ncias da Conversao Precoce ou Tardia ap6s Corre~ao Endovascular do Aneurisma da Aorta Abdominal: Como Torna-las Menos M6rbidas Christopher K. Zarins

Introdu~ao

A corre~ao endovascular do aneurisma da aor­: ~ abdominal apresenta morbi-mortalidade inferior a :' J'gia convencional, sendo portanto, considerada 0 : ':- ~ed imento de elei~ao para portadores de aneurisma : =. 20rta infra-renal com anatomia prop[cia(l). Estudos :. ·:s. ectivos randomizados recentes tem demonstrado :- :: -, ~ao aproximada de tres vezes na mortalidade ope­

r: ~ : ' 3 quando esta corre~ao efeita pela via endovascu­: ' ::m compara~ao com a cirurgia aberta(2,3) . Esta redu­:::. da mortalidade associada ao aneurism a e mantida ;::: : . ::~ rrodo de ate 4 anos(2) . A corre~ao endovascular : : ::-eurisma, no entanto, e associada com algumas :- ~ :. i ca~6es precoces e tardias (problemas na libera~ao -= :. _ :c lencia dos dispositivos, vazamento, migra~ao, au­- = -~ J do saco aneurismatico e ruptura do aneurisma) =: : _:: IS podem requerer a execu~ao de procedimentos > :_- arios para sua corre~ao . 0 indice de reinterven­:~ : :. : s -corre~ao endovascular do aneurisma tem sido : :: : :. ~o em torno de 9-35%(4.7)/ incluindo a coloca~ao - :- - :. du los extensores, molas, stents e oclusores.

Quando as solu~6es endovasculares falham ou ~ ~ : ~ ~ J poss[veis, aconversao para ci rurgia aberta pode _-= - :::essaria, seja durante 0 procedimento inicial ou _ : :: ente para tratar ou prevenir a ruptura .As conse­_:: - : 35 da conversao precoce ou tardia sao graves e : _=r" morte e/ou insuficiencias cardiaca, respirat6ria

- : - :: . Acredita-se que os riscos de conversao cirur­=.= :. - s -corre~ao endovascular do aneurisma da aorta

sejam maiores que 0 da cirurgia aberta eletiva, pela pre­sen~a da endopr6tese(8, 9, 10) Os objetivos do presente Capitulo sao revisar a conversao cirurgica p6s -corre~ao

endovascular e discutir as maneiras de minimizar os ris­cos previamente mencionados.

Conversao Cirurgica P6s-Corre~ao Endovascular do Aneurisma da Aorta Abdominal

Nao obstante 0 objetivo da corre~ao endo­vascular seja evitar a necessidade de cirurgia aberta, a conversao do procedimento endovascular para a ci­rurgia aberta convencional pode ser necessaria em alguns pacientes, seja no momento da coloca~ao da endopr6tese ou mais tardiamente. Convers6es precoces sao definidas como as realizadas dentro do perfodo de 30 dias a contar da coloca~ao da endopr6tese e con­vers6es tardias como as realizadas ap6s este periodo. Convers6es precoces decorrem, em geral, de problemas oriundos da sele~ao dos pacientes ou de aspectos teClli­cos da libe ra~ao do dispositivo. Convers6es tardias, por sua vez, sao relacionadas a falencia do dispositivo ou do tratamento empreendido e podem ser realizadas de emergencia, durante a ruptura, ou eletivamente, para prevenir a sua ocorrencia. A necessidade de conversao cirurgica e bastante variavel de acordo com a literatura internacional, variando de 2% a 50%/ na dependen­cia da experiencia do Centro em questao, do tipo de

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264 SeCl;ao IV - Aorta Abdominal

endoprotese utilizada, da dura~ao e complexidade do seguimento clinico pos-operatorio (8-14) . No protocolo US Lifeline Registry of Endovascular Aneurysm Repair, com 2664 pacientes tratados em estudos clinicos con­trolados visando aaprova~ao da endoprotese pelo FDA e com seguimento minimo de 5 anos, 0 risco cumulati­vo (analise de Kaplan-lVleier) de conversao cirurgica em 6 anos foi de apenas 5%(15) . No protocolo EUROSTAR, que inclui varias endoproteses, este risco foi da ordem de 2.1 % ao ano. Riscos mais elevados, neste protocolo, foram associados ao desenho da endoprotese, a vaza­mentos do tipo I ou III, migra~ao e acotovelamento da endoprotese(16). 0 estudo clinico prospectivo EVAR-1, usando dispositivos atuais, relatou indice bruto de con­versao cirurgica de 2.6% para seguimento medio de 3.3 anos(2). Estudos recentes, de grandes casufsticas provenientes de um unico Centro, relatam indice bruto de conversao cirurgica, incluindo conversao precoce e tardia de 3-6%(17, 18}.

Conversao Cirurgica Precoce

A corre~ao cirurgica precoce e evento raro, po­rem de alto risco operatorio. Conversao imediata, rea­lizada durante 0 curso do procedimento endovascular prima rio e associada a altos indices de morbidade e mortalidade(8} . Em experiencia de oito anos com 649 pacientes, provenientes de um unico Centro, a conver­sao imediata foi necessaria em apenas 1,4% dos casos, porem a mortalidade operatoria destes pacientes foi de 22% (17). As causas de conversao precoce foram: calcifi­ca~ao extensa dos vasos com incapacidade de avan~ar o dispositivo atraves da arteria iliaca, falencia mecani­ca durante a libera~ao, impossibilidade de cateterizar o membro contralateral, migra~ao proximal da endo­protese durante a libera~ao, com cobertura das arterias rena is e/ou ruptura do colo aortico. Todos os pacientes foram tratados com exposi~ao trans peritoneal da aorta e remo~ao da endoprotese com coloca~ao de protese aortica bifurcada, com exce~ao de um paciente em que foi realizada a reconstru~ao tubular da aorta . Clampea­mento aortico supra-renal ou supraceliaco foi necessa­rio em dois pacientes. Dois pacientes morreram no pos­operatorio imediato, um de falencia de mul tiplos orgaos e sistemas por hemorragia maci~a em decorrencia de ruptura de aorta e 0 outro de infarto do miocar'dio apos reopera~ao por oclusao de enxerto de membro infe ri or com isquemia aguda de membro. Comp lica~6es nao­

fatais ocorreram em 33% dos casos e incluiram infarto do miocardio (1), deiscencia de parede abdominal (1) e sangramento pos-operatorio (1), os dois ultimos neces­sitando reopera~ao'17)

Em revisao de 14 anos incluindo 574 pacientes provenientes de um unico Centro, submetidos acorre­~ao endovascular de aneurisma da aorta abdominal, entre 1993 a 2006, 1 % dos pacientes necessitaram de conversao ci rurgica imediata . A morta Iidade operatoria nestes casos foi de 40%(1 8}. As indica~6es para conver­sao aguda incluiram a ruptura intra-operatoria da aorta (2), a migra~ao completa da endoprotese para 0 saco aneurismatico, imediatamente apos a libera~ao (1) e 0

vazamento tipo I (2). Convers6es precoces associadas a calcifica~ao iliaca e impossibilidade de cateteriza~ao fo­ram excluidas desta Serie(18) . Exposi~ao transperitoneal mediana foi usada em cinco casos com clampeamento infra-renal, remo~ao da endoprotese e substitui~ao do enxerto. Dois destes pacientes morreram no pos-ope­ratorio imediato, a despeito do clampeamento aortico supra-renal ter sido evitado. A alta mortalidade associa­da aconversao cirurgica imediata tambem foi observa­da por outros(10, 14}, sendo frequentemente relacionada ao carater emergencial do procedimento, anecessidade de oclusao prolongada da aorta easignificativa e ines­perada perda sanguinea . 0 indice de mortalidade para conversao cirurgica imediata esignificativamente maior que 0 da conversao tardia, sugerindo que em pacientes estaveis, a conversao cirurgica imediata, apos insucesso do tratamento endovascular, deve ser evitada, sempre que possivel. Tais pacientes devem ser tratados de for­ma planejada, com reparo tardio eletivo.

Conversao Cirurgica Tardia

Conversao cirurgica tardia pos-corre~ao endo ­vascular do aneurisma da aorta emais frequente qUE a conversao precoce e associada a riscos significativa­mente menores. Convers6es tardias podem ser reali za­das em situa~ao de emergencia para 0 tratamento dE aneurisma roto, ou de forma eletiva para 0 tratamento de uma variedade de condi~6es, como por exemplo, va ­zamento, crescimento do aneurisma, migra~ao ou falen­cia do dispositivo. Em raras ocasioes, a conversao ciru r­gica enecessaria por ocasiao de infec~ao ou forma~a de fistula aorto-duodenal.

Os indices de mortalidade para conversao Ct­

rurgica tardia variam de 0 a 20% (8-11,14,17,18). Revisa:

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Cap. 24. Consequencias da Conversao Precoce ou Tardia ap6s CEAAA: Como Tornil-Ias Menos M6rbidas 265

inicial realizada por May, em 1997, relatava mortali­dade associ ada ao procedimento da ordem de 17% e incidencia de insuficiencia renal necessitando de hemodialise tambem de 17%(8). Com frequencia, a conversao cirurgica tardia inclui a remo~ao completa da endopr6tese e sua substitui~ao por pr6tese con­vencional cirurgica. Este procedimento pode requerer clampeamento supra-renal ou supracelfaco, pela pro­ximidade das arterias renais com os mecanismos de fi­xa~ao proximal da endopr6tese que incluem ganchos, farpas e extens6es supra-renais. 0 stress fisiol6gico do clampeamento a6rtico supra-renal e bem conhecido e associado a aumento da morbi-mortalidade quando comparado ao clampeamento infra-renal. A dificulda­de na remo~ao de sistemas de fixa~ao proximal pode contribuir para 0 prolongamento do tempo de clampe­

E amento supra-renal, acarretando isquemia renal pro­longada e danos aparede da aorta com complica~6es anastom6ticas posteriores. Lyden( l 1) relatou indice de mortalidade de 20% em cinco pacientes submetidos aconversao aberta tardia eletiva com clampeamento supraceliaco, em seguimento de 4 anos. Outros au­to res tambem observaram mortalidade perioperat6ria alta com a via de acesso mediana e 0 clampeamento supraceliacd9, 10). Lipsitz(14) relatou mortalidade de 18% em pacientes submetidos aconversao cirurgica tardia com duas mortes em pacientes submetidos ao clampeamento supraceliaco e remo~ao da endopr6te­se, mas nenhuma morte em nove pacientes com remo­; ao limitada da endopr6tese, deixando partes ou ate 'I1 esmo toda a endopr6tese no local.

Verzini, por outro lado, nao relatou mortes em 29 convers6es tardias com clampeamento supra-renal 2:1'1 12 pacientes (41 %) e remo~ao comp leta da en­jopr6tese em todos, exceto dois casos(17} Conversao : rCI rgica aberta foi realizada de forma eletiva em 25 ::acientes com seguimento medio de 33 meses ap6s = procedimento endovascular primario. As i nd i ca~6e s :ara conversao eletiva incluiram crescimento do 2neu­- sma, migra~ao e vazamentos. Nenhum tratamento =1dovascular secundario foi tentado em 8 % dos pa­: 2ntes. 0 fato de ter-se dado preferenc ia a cor re~ao

~ etiva aberta ao inves do tratamento endQl.'as Jlar ;2cundario culminou em indice de conlJersao ta rda ~Iat ivamente elevado (4,5%) e rISCO CL.' Ij 2 ~ 1 , 0 CJ

::1 ersao tardia de 9% em 6 anos pelo :irs So: ::: e opl an Meier(17) A maioria das e ndocr::;~=S=5 2r" ­

='egadas neste experimento eram di sOJs: . :s _

renais sem ganchos ou farpas, 0 que facilitou a sua remo~ao completa sem mortalidade. Jiminez tambem nao relatou mortalidade entre os 12 dos 574 pacien­tes (2.1 %) submetidos a conversao cirurgica tardia em periodo medio de 27 meses ap6s 0 procedimento endovascular(18) A grande maioria das endopr6teses usadas neste experimento incluia ganchos no sistema de fixa~ao proximal e 76% dos casos foram tratados com dispositivos bifurcados de primeira gera~ao. Estes dispositivos nao apresentam compollentes auxiliares para corre~ao dos vazamentos do tipo I e III e portanto s6 dois pacientes foram submetidos a interven~6es en­dovasculares secundarias (implante proximal de stent de Palmaz) antes da cOllversao cirurgica propriamente dita(18). Clampeamellto a6rtico supra-renal foi neces­sario em apenas um dos tres pacientes em que foi usado balao de oclusao a6rtico, posicionado Ila aorta supra-renal, antes da corre~ao aberta do aneurisma . Em alguns pacientes, 0 balao a6rtico foi posicionado atraves da endopr6tese, na aorta supra-renal, ap6s a abertura do aneurisma, de forma a permitir a exposi­~ao completa da endopr6tese, sem a necessidade da exposi~ao operat6ria da aorta visceral. Esta tecnica per­mitiu a remo~ao das farpas e ganchos proximais, sem a interferencia do clampeamento a6rtico adjacente. Ap6s a remo~ao da endopr6tese e do balao a6rtico, proce­deu-se ao clampeamento infra-renal. Esta tecnica, sem duvida, contribuiu para 0 baixo indice de mortalidade operat6ria. Adicionalmente, na maioria dos pacientes, p endopr6tese nao foi completamente removida. Em oito das doze convers6es tardias (67%), um ou ambos os ramos iliacos foram deixados no local. Esta conduta foi facilitada pelo desenho da endopr6tese que nao incluia stents nos ramos iliaeas em seis dos oito pacientes. COI1­versao cirurgica tardia por ruptura foi associada aindices de mortalidade que variaram de 0-50%(8, 17, 19) Alguns autores acreditam que a endopr6tese exer~a efeito pro­tetol', limitando a hemorragia e reduzindo a mortalidade nos casos de aneurisma roto. Verzirli nao relatou mor­talidade entre os tres pacientes submetidos a conver­sao cirurgica de emergencia por aneurisma roto, mas informou que outros tres pacientes com aneurism as rotos p6s-corre~ao endovascular de aneurisma de aorta abdomina l foram referidos para outros hospitais, aonde vie ram a falecer sem terem side subrnetidos aconver­sao cirurgica . Caso tais pacientes tivessem side in cl ui­dos no G~lculo da mortalidade de I'uptura p6s-corre~ao endovascular, esta seria de 50%(17).

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266 Seccao IV - Aorta Abdominal

Como Torna-Ias Menos M6rbidas

Conversao cirurgica pos-insucesso do trata­mento endovascular e procedimento de grande porte, com consideravel risco para 0 paciente. A maioria destas conversoes pode ser evitada com a sele~ao criteriosa do paciente, a implanta~ao precisa da endoprotese, 0 segui­mento elinico detalhado e atraves de procedimentos en­dovasculares secundarios necessarios para manuten~ao da fixa~ao e da fun~ao da endoprotese. Outro aspecto de grande import.§ncia e evitar-se a conversao cirurgica de emergencia, seja durante 0 procedimento inicial ou posteriormente por ocasiao de aneurisma roto. Sele~ao cuidadosa do paciente associada ao planejamento pre­operatorio detalhado e familiaridade da equipe medica com a endoprotese e tecnicas endovasculares a serem usadas sao indispensaveis antes de se proceder ao reparo endovascular. Erros tecnicos, culminando com a ruptura aortica ou iliaca, devem se evitados ao maximo e0 aces­so com fio-guia deve ser mantido durante toda a dura~ao do procedimento. Na eventualidade da ruptura da aorta ou das iliacas, deve-se proceder a imediata oelusao do local da ruptura com balao, com controle fluoroscopico da posi~ao e da sua eficacia no controle da hemorragia, ao inves de se optar pela explora~ao cirurgica imediata com elampeamento da aorta. As arterias iliacas devem ser avaliadas com cuidado atraves de exames de imagem para determinar seu diametro, tortuosidade, calcifica~ao e facilidade de cateteriza~ao. Nos pacientes com iliacas de pequeno calibre, grave mente calcificadas, muito tor­tuosas ou de dificil acesso, deve-se proceder acoloca~ao

de conduite anastomosado a por~ao proximal da diaca externa ou da iliaca comum. A coloca~ao da endoprotese atraves deste conduite e segura e eficiente para evitar problemas na implanta~ao e libera~ao da endoprotese que poderiam requerer conversao cirurgica de emergen­cia. Apos 0 terminG do procedimento endovascular, este conduite pode ser simplesmente ligado ou usado como ponte ileo-femoral em pacientes com doen~a oel usiva importante. Rupturas aortica e/ou iliaca, com freqliencia, resultam da insufla~ao excessiva do balao usado para vedar a endoprotese ou tratar vazamento do tipo I. A se­le~ao do tamanho apropriado do balao, ass im como da pressao de insufla~ao efundamental para evitar a ruptura.

Precisao tecnica na libera~ao do balao e mu ito importante para a eficacia da corre~ao endovascular a curto e longo prazo. Cada endoprotese tem 0 seu si ste­ma de libera~ao e marca~oes diferenciadas, pona to 0

usuario deve estar familiarizado com as instru~oes do fabricante quanto ao uso do dispositivo selecionado. A endoprotese deve ser posicionada com a sua borda superior 0 mais proximo possivel da arteria renal mais baixa e estendida de forma a cobrir toda a extensao da arteria lIiaca. Este procedimento confere maxima fixa­~ao e suporte estrutural contribuindo para boa eficacia a longo prazo.

Deve-se realizar angiografia pos-procedimento, apos a libera~ao da endoprotese, para verificar 0 seu posicionamento e determinar a presen~a de vazamento. Embora vazamentos nao sejam desejaveis, nem sempre e possivel elimina-Ios durante a corre~ao endovascular. A presen~a de vazamento, mesmo que do tipo I, nao deve suscitar conversao cirlJrgica aberta imediata. Mui­tos vazamentos do tipo I fecham sozinhos ou podem ser controlados com sucesso, atraves de procedimento en­dovascular eletivo realizado no periodo pos-operatorio.

Seguimento pos-operatorio cuidadoso, baseado em exames de imagem, deve ser realizado em todos os pacientes para determina~ao do sucesso do procedi­mento endovascular. Sao de fundamental importancia a determina~ao da presen~a de vazamento, de mudan~as do colo aortico ou do tamanho do aneurisma e da po­si~ao e integridade da endoprotese. Felizmente, a gran­de maioria dos achados pode ser corrigida atraves de procedimento endovascular secunda rio. A coloca~ao de extensoes proximais e distais pode nao so corrigir vaza­mentos do tipo I como tambem desconexoes de modu ­los, vazamentos do tipo III e migra~ao ou acotovelamen­to da endoprotese. I\]os casos de angula~ao grave do colo, a conversao endovascular para endoprotese aorto­monoiliaca pode eliminar vazamento proximal do tipo I. Nos casos de defeitos na malha da endoprotese ou de vazamento do tipo III, a solu~ao e recobrir 0 dispositivo implantado com nova endoprotese. Vazamentos do tipo II geralmente nao necessitam de tratamento, a menos que resultem em aumento significativo do aneurisma. otratamento endovascular deve ser considerado em to­dos os pacientes antes de se partir para conversao cirur­gica eletiva. Esta deve ser reservada para os pacientes com vazamentos do tipo I e III associados a crescimento aneurismatico, assim como para pacientes selecionados com vazamento do tipo II tambem com crescimento do aneurisma, que nao responderam ao tratamento en do­vascular secundario. 0 procedimento cirurgico, nestes casos, deve ser individualizado para cada paciente, de fo rma a reduzir 0 risco associado ao mesmo. Exposi\ao

-__ • -.." • " ..... _ _", ' "' IIII ~ '"II , - , - ..................

Cap. 24. Consequencias da Conversao Precoce ou Tardia ap6s CEAAA: Como Torna-Ias Menos M6rbidas 267

aberta convencional com controle da aorta atraves da via transperitoneal ou retroperitoneal ediffcil na presen­~a de endopr6tese, podendo ser necessario 0 clampea­mento supra-renal ou supracelfaco. A morbidade asso­ciada a este procedimento pode ser minimizada atraves da i ntrodu~ao de balao de oclusao aortica por bainha :ransfemaral, no infcio do procedimento. Esta conduta -: articularmente utiI em procedimentos de emergencia ::i'a aneurismas rotos nao carrigidos com a terapeutica -: - ovascular. Este balao deve ser posicionado na aorta 5.. ra-renal, sob controle fluarosc6pico e insuflado de ::: rdo com a necessidade, para garantir 0 controle da :: ta proximal. A bainha deve ser avan~ada ate 0 nivel == Jalao para prevenir a sua migra~ao distal. Nos casos :: -: ti os 0 bal ao nao e insuflado ate que 0 aneurisma e = ~ 10 infra-renal tenham sido expostos e 0 clam pea­- ~ 0 se fa~a necessario. Esta conduta pode minimizar :: 2xtensao da dissec~ao cirurgica necessaria, alem de : ~ -ll i tir melhor visualiza~ao da endoprotese dentro do : :: = aneurismatico e reduzir 0 tempo de oclusao aor­~ :; . Apos a abertura do saco aneurismatico, 0 corpo =:: 2ndoprotese e clampeado de forma a evitar sangra­- ~- 0 retr6grado. A fonte do vazamento e entao con­- --" ada e corrigida. Em geral, isto so e possivel atraves : : - orre~ao de vazamento proximal do tipo I, podendo : ~ 1ao requerer a remo~ao completa da endoprotese. ::- :2Sde vazamento do tipo II podem ser eliminadas :"0' es da liga~ao da arteria mesenterica inferior e das : , ~ ri a s lombares pervias par dentro do aneurisma.

Em muitos casos, nao enecessario remover com­: -::cmente a endoprotese, mas sim a parte mal fixada

ou com funcionamento inadequado, como por exemplo, no caso de alargamento do colo a6rtico com vazamento proximal do tipo I, somente a parte proximal da endo­pr6tese precisa ser removida, preservando-se os ramos ilfacos. 0 carpo da endopr6tese ou mesmo os ramos iliacos podem ser divididos com auxilio de dispositivos cartadores de metal, de forma a separar seus compo­nentes. Enxerto cirurgico pode ser entao anastomosado proximalmente ao colo aortico infra-renal edistalmente aos componentes remanescentes da endoprotese, seja esta tubular ou bifurcada. Caso um dos ramos iliacos esteja dobrado, ocluido ou associado a vazamento do tipo I, deve-se proceder a remo~ao deste ramo com a coloca~ao de enxerto cirl~lrgico anastomosado apor~ao distal da arteria ilfaca ou aarteria femoral.

Nos casos de vazamento do tipo I ocasionado pelo alargamento do colo a6rtico infra-renal, com ve­da~ao inadequada pela endopr6tese, pode-se realizar o cadar~amento do colo a6rtico, sem a necessidade de clampeamento. Este procedimento modificado de con­versao cirurgica exige a exposi~ao da aorta e do colo aortico infra-renal para cerclagem externa deste colo, de forma a reduzir 0 seu diametro. Este procedimento corrige 0 deficit de veda~ao entre a endopr6tese e a parede da aorta, eliminando 0 vazamento proximal do tipo I. Para confirmar 0 sucesso deste procedimento, deve-se abrir 0 aneurisma, remover os trombos intra­murais e confirmar a ausencia de vazamento do tipo I. A endopr6tese em questao nao e removida, sendo 0

saco aneurismatico fechado sobre a mesma par meio de forma bem ajustada (Figura 1) .

....AI

:,gu ra 1A, Expos i~ao da aor ta pela via transperitoneal e assagE- _= :3-:3:e Dacron ao redor do colo a6rtico. B, A banda de Dacron eajustada ao redor do co lo a6rtico com multiplos pontos, de fo ma a 'edu:" 5:: . : a~~:r0 pr movendo melhor veda~ao proximal e e limina~ao do vazamento do tipo I.

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268 Secc;ao IV - Aorta Abdominal

Figura 1C - 0 saco aneurismatico eaberto com aremo~ao de trombos intramu­rais e a inspe~ao da endoprotese, com a confirma~ao da ausencia de vazamento do tipo I. No caso de vazamentos do tipo II, pode-se proceder a ligadura da arte ria mesenterica inferior ou dos orificios das arterias lombares, Aendoprotese edeixada em posi~ao e 0 saco aneurismatico fechado ao seu redor.

Conclusao

Convers6es cirurgicas precoces, realizadas du­rante a corre~ao endovascular do aneurisma, estao re­lacionadas aerros tecnicos eassociadas aaltas taxas de morbidade emortalidade, Sele~ao criteriosa do paciente e planejamento pre-operat6rio adequado em associa­~ao amelhoria das endopr6teses e de seus sistemas de libera~ao tem contribufdo para minimizar 0 risco deste tipo de conversao.

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o paciente em questao apresenta vazamento do tipo I de infcio precoce, associado ao alargamento do colo a6rtico com veda~ao proximal inadequada, Pro­cedimento endovascular secundario para coloca~ao de extensao proximal nao foi capaz de eliminar 0 vazamen­to, permitindo 0 crescimento continuado do aneurisma, Nenhum vazamento do tipo I distal e observado e os ramos ilfacos estendem-se ate a bifurca~ao ilfaca, bila­teralmente,

Convers6es cirurgicas tardias sao mais diffceis que a simples corre~ao aberta convencional devido apresen~a

da endopr6tese, Planejamento pre-operat6rio cuidadoso e modifica~ao da tecnica operat6ria podem reduzir a mor­bidade e mortalidade associadas, Estas tecnicas incluem desde 0 clampeamento supra-renal ou supracelfaco com remo~ao da endopr6tese ate a oclusao intra-a6rtica com balao e remo~ao parcial ou nula da endopr6tese,

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