23638656 Fator Maia Jose Arguelles[1]

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  • JOS ARGELLES

    O FATOR MAlAUm Caminho Alm da Tecnologia

    Traduo MAURO DE CAMPOS SILVA

    I

    EDITORA CULTRIXSo Paulo

  • SUMRIO

    Agradecimentos. .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9Prefcio por Brian Swimme ................. 10

    IntroduoO Mistrio dos Maias: A Cincia Transcendida. . . . . . . . . . . . . . . . 16

    1. Meus 33 Anos de Busca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 252. Os Maias: Adivinhos da Harmonia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 473. Os Mestres Galcticos e os Nmeros do Destino. . . . . . . . . . . .. 694. O Tear dos Maias: O M6dulo Harmnico Revelado. . . . . . . . . ., 895. A Hist6ria e o Sistema Solar: A Viso Galctica . . . . . . . . . . . .. 1166. O Fim do Ciclo:

    Sincronizao com o Alm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 1407. Tecnologia e Transformao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ., 1608. A Era Solar que se Aproxima. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 187

    Uma Introduo ao Paradigma Ressonante:Glossrio de Termos-chaves e Conceitos Maias . . . . . . . . . . . . . . .. 210O Sistema Numrico Harmnico Maia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 215Apndice A. Nmeros Radiais e Direcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219Apndice B. Os Fatores Maias e os Fractais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219Apndice C. Os Harmnicos do Calendrio. . . . . . . . . . . . . . . . . .. 220Apndice D. Nmeros Harmnicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 222Apndice E. O Ciclo de 52 Anos e o Ciclo do Calendrio Dirio.. 223Bibliografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 226O Autor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 230

  • AGRADECIMENTO

    A elaborao e a produo de O Fator Maia no teria sido possvel sem o amor que lhe foi dedicado.Os primeiros crditos so de minha sogra, Maya, que leu o manuscrito, captulo por captulo, incentivando-me, quando poucos o faziam. Naturalmente, devo agradecer sua ftlha Lloydine, minha esposa, que a fonte que me liga Terra, assim como a Terra est ligada s estrelas. Tambm sou grato a meus filhos - Josh, Tara, Heidi, Paul e Yvonne - e a seu crculo de amigos, os quais devem ser mencionados pelo amor incondicional que me dedicaram. Finalmente, nesse filo domstico, no seria justo deixar de mencionar os nodos psquicos de simpatia interdimensional, o co, Genji, e os gatos Sponsor e Onyx, testemunhos vivos de que no estamos ss.Alm das pessoas mencionadas no primeiro captulo, que me forneceram pistas, informaes e me inspiraram para a reconstituio de O Fator Maia, outras pessoas destacaram-se durante o' processo de fermentao e produo, agindo como verdadeiros luzeiros. Acreditando em mim e no meu trabalho, nutriram-me com o seu apoio. So eles: Stan Padilla, um pacato vidente, cuja arte e oraes so crculos de proteo que purificam o canal da viso; Brooke Medicine Eagle, cuja irmandade' a essncia cintilante da regenerao humana; Don Eduardo Calderon, ilusionista da matria do sonho, que ajudou a abrir condutos de memria terrena; Sua Eminncia, Tai Situ Rinpoche, por levantar uma ponte entre os mundos; Rupert Sheldrake, por empenhar-se na batalha; e Ted e J.J., que juntos praticaram a lealdade cosmongama.Obviamente, O Fator Maia no passaria de mais um manuscrito na gaveta no fosse o gnio de Barbara Clow, da Bear & Company, que, ao receber este texto, logo percebeu a necessidade de revel-Io ao mundo. Seu marido, Gerry, tambm merece ser lembrado pela.sua perseverana e humor durante todo o processo, bem como Angela Werneke, pelo cuidado com a apresentao visual. Por ltimo, sob este aspecto, sou grato aos seres do mundo espiritual, cuja orientao tem sido de paciente compaixo, semeando minha percepo de forma arrebatadora, enquanto eu exauria minhas dvidas.A todos esses, e a outros incontveis amigos, a gratido do ser ilimitado oferecida incondicionalmente de um corao cuja maior alegria a

  • simplicidade do momento.Evam maya e ma ho! (Salve a harmonia da mente e da natureza!)

    PREFCIOPOR BRIAN SWIMME

    Entre os sinlogos, h uma lenda sobre os primeiros ocidentais um grupo de eruditos jesutas - que estudaram o I Ching no sculo XVII. O empreendimento comeou com grande entusiasmo e esperana, aprendeu-se a lingua, decifraram-se e avaliaram-se os significados. Ento, adveio a tragdia. Vrios daqueles jovens talentosos ficaram loucos. A dificuldade em entender o I Ching no mbito das categorias mentais do Ocidente simplesmente ps aturdidos esses dedicados senhores. Por fim, a Companhia de Jesus foi obrigada a abandonar o projeto e mesmo a proibir o estudo dessa extica escritura chinesa.A histria, mesmo se apcrifa, lana alguma luz sobre o trabalho do dr. Jos Argelles, pois ele tambm mergulhou com seriedade naquilo que, para a mente ocidental, um sistema de conhecimento desconcertante, o Tzolkin dos maias. Depois de toda uma vida dedicada a esse enigma, o dr. Argelles apresenta sua histria, uma histria sem dvida fantstica. Somos convidados a levar em considerao - entre outras afirmaes "chocantes" - o seguinte:Em primeiro lugar, que a histria da humanidade , em grande parte, modelada por uma radiao galctica pela qual a Terra e o Sol vm passando h 5.000 anos, e que um grande momento de transformao nos aguarda quando chegarmos ao final dessa radiao, em 2012:Em segundo, que o comportamento e a viso de mundo de nossas culturas seguem a natureza dos perodos galcticos", cujo cdigo foi apreendido pelos maias tanto matemtica como simbolicamente.Terceiro, que cada pessoa tem poder de conectar direta sensorial, sensual e eletromagneticamente - a energia e a informao dessa radiao que emana do centro da galxia, e, assim, despertar para a mente real, a mente superior, a mente mais profunda.Sem duvida, muitos pensaro que o dr. Argelles seguiu o caminho dos jesutas que se perderam no I Ching - louco, manaco e entregue a deJirios pessoais. Certamente que o dr. Argelles est ciente de quo chocantes

  • so as suas concluses. A princpio, ele nos adverte com snceridade: "Para mim, significava um salto, desviar-me do abismo, por assim dizer, na direo de um territrio mental considerado inexplorado ou um tabu pelos padro cu1turais vigentes." E por certo seu trabalho possui tanto a extravagncia quanto a obscuridade de toda viso nova da realidade, e isso basta para fazer da leitura deste livro um desafio, independentemente da magnitude csmica de suas afirmaes.Dito isso, deixe-me assinalar por que penso que a viso do dr. Argelles de grande valor. Estou convencido de que qualquer viso do niverso que no nos deixa chocados, no tem importncia para ns. Devemos ter em mente que ns, ocidentais sensatos, ns, cidados racionais, cristos-judaicos-seculares-democrticos, mantemos a Terra como refm com nossas armas nucleares. Ns, industriais modernos, somos quem pratica o ecocdio que se espalha por todos os continentes.Dizer que uma certa viso do universo "sensata" significa dizer que ela se ajusta a essa concepo moderna de mundo, que criou e ainda conserva esse terror global. No precisamos de vises sensatas; precisamos das mais chocantes e fantsticas vises de universo que pudermos encontrar. A viso do dr. Argelles das mais qualificadas.- Mas essa viso no apenas fantstica. Com a preciso infalvel de todo gnio, o dr. Argelles sabe que a nica esperana de equilbrio para a cincia e sociedade ocidentais est em assimilar a cosmologia dos povos primitivos, e, em particular, a dos maias. Por que destacar as cosmologias primitivas? Porque os povos primitivos tiveram, em seus primrdios, a mesma convico: a de que a Terra, o Sol, a galxia, o universo - tudo, em toda parte, traz em si a vida e inteligente.O que precisamos de humildade. Ns, que somos treinados numa moderna viso de mundo que organiza e d apoio ao militarismo, ao consumismo, ao patriarcado e ao antropocentrismo, temos de reconhecer nosso engano fatal - comeamos admitindo que o universo est morto, que destitudo de sentimentos, de inteligncia e de propsito. Teremos coragem de nos livrar dessa fatal iluso? Teremos sabedoria para recorrer aos maias e sua cincia, para aprender algo sobre a realidade do universo?Daqui em diante, gostaria de comentar trs afirmaes "chocantes" do dr. Argelles. J que a minha rea a fsica matemtica, minha linha de pensamento necessariamente reflete os contornos da cincia

  • contempornea. Mas quero deixar bem claro que no estou tentando colocar a viso dos maias dentro de categorias cientficas modernas. A cosmologia maia no pode ser colocada em categorias cientficas modernas. Mas a surge em nosso tempo uma cincia ps-moderna, uma orientao cientfica que incorpora a viso de mundo dos povos primitivos concepo cientfica moderna. a partir do contexto dessa cincia holstica, pan-humana e ps-moderna que eu me posiciono.Primeiro: a radio galctica que, segundo os maias, estamos atravessando. Para comear, permitam-me dizer que a cincia moderna nunca abordou tal radiao corno os maias o fizeram. Mas, recentemente, os fsicos se deram conta da influncia de radiaes que atravessam a galxia, e isso por si s novidade. A astro fsica atual descreve essas radiaes corno ondas de densidade que varrem a galxia e que influenciam a sua evoluo. Por exemplo, o nascimento do nosso Sol resultado dessa onda. A onda de densidade passou e provocou a ignio de uma estrela gigante, que explodiu e deu origem ao Sol. De fato, toda formao estelar deve-se, a princpio, a essas radiaes que se espalham por nossa galxia. Podemos formular a noo da galxia corno um organismo envolvido em seu prprio desenvolvimento. Estamos falando da "dinmica auto-organizadora" da galxia. Ou, de urna perspectiva mais organicista, falamos da galxia corno algo em expanso - o nascimento das estrelas retratado corno parte da epigenia .galctica. Assim, o Sol seria ativado por urna dinmica governada pelo centro galctico; da mesma forma, o olho de urna r seria ativado pela dinmica governada pelo seu prprio centro orgnico.A questo bvia a seguinte: at que ponto vai o dinamismo galctico com respeito ao desenvolvimento do Sol e seus planetas? Isto , a dinmica da galxia est relacionada apenas com a"ignio do Sol, e, depois, este e a Terra prosseguem sozinhos? Ou a radiao galctica est comprometida com a evoluo da vida?Aqui preciso comentar duas coisas. Primeiro: pode-se dizer simplesmente que a galxia est continuamente envolvida, com a evo-luo da Terra e da vida. As radiaes de densidade vm se espalhando pela galxia nesses 4,55 bilhes de anos de existncia do Sol, e toda vez que atravessam a nossa estrela, alteram sua dinmica e tambm a energia radiante que banha a Terra. No tenho dvidas de que, ao refletirem sobre isso, os bilogos evolucionistas conseguiro explicar corno o

  • desenvolvimento da vida na Terra tem ,sido moldado por essa dinmica. Cada vez mais compreenderemos que o formato da folha de olmo foi moldado no apenas por seleo natural, aqui na Terra, mas pela ao da galxia como um todo.Em segundo lugar, precisamos reconhecer que era simplesmente impossvel para a cincia moderna notar a existncia de uma radiao galctica tal corno os maias a descrevem. A cincia moderna se concentra no material e em sua mudana de posio. As qualidades - cores, odores, emoes, sentimentos, intuies - eram chamadas de secundrias e rejeitadas. Isto , ns nos comprometamos desde o comeo com um modo de conscincia que nunca iria admitir a radiao galctica dos maias.Ao mesmo tempo, o que precisa ser considerado o quanto foi difcil fazer o que a cincia moderna tem feito. Por exemplo, observar empwicamente que o Sol 'tem um comeo - isto urna proeza que requer um modo de conscincia muito elevado. Pense como teve do ser extica a conscincia para ver de fato o movimento dos continentes! Ou para ouvir o eco da bola de fogo primeva h vinte bilhes de anos atrs, no comeo do tempo! Ao aceitar o desenvolvimento especfico. da conscincia na cincia moderna, podemos comear a perdoar seus equvocos, e a apreciar outros modos de onscincia, desenvolvidos em torno de projetos culturais diferentes.Os maias eram um povo embriagado de objetivos culturais diferentes, que exigiam uma conscincia totalmente diferente. Onde os modernos cientistas detectaram experimentalmente os efeitos fsicos das radiaes de densidade varrendo toda a galxia; os maias foram capazes de detectr experinientalmente radiaes .de diferentes foras, radiaes que influenciavam no s o nascimento e a atividade das estrelas, mas o nascimento e a atividade de idias, vises, convices. Ou ainda, aquilo que eu mesmo julgo ser o caso: tanto os cientistas modernos como os maias respondem s mesmas radiaes. Os cientistas, modernos desenvolveram um modo de Conscincia que lhes permite expressar os efeitos flsicos dessas radiaes; os maias desenvolveram uma conscincia que lhes possibilitava, expressar os efeitos psquicos dessas radiaes.Segundo: os perodos galcticos: Na exposio do dr. Argelles, os maias ensinavam que cada era tinha uma qualidade especfica que favorecia um tipo especial de atividade, e tudo isso visvel no cdigo do Tzolkin. Conhecendo o cdigo galctico dos perodos, pode-se antecipar sua

  • chegada e, assim, agir adequadamente e com grande eficcia. Tal orientao para o universo era comum entre os povos primitivos, embora nenhum deles apresentasse as sofisticadas nuanas dos maias. Alm disso, as tradies religiosas ocidentais antigas e medievais possuem uma concepo de tempo semelhante, onde cada momento ou era tem sua qualidade particular atribuda pela essncia da divindade; o conhecimento dessa qualidade possibilitava uma profnda penetrao na atividade divina.A maneira como eu abordo a idia de um "perodo galctico" atravs dos vinte bilhes de anos de histria csmica. Quando examinamos nossa descrio do que realmente aconteceu, percebemos que cada era tem a sua qualidade prpria, seu momento nico, sua criao especfica.Por exemplo, depois de meio milho de anos na epopia csmica, chegou a hora de criar os tomos de hidrognio. Precisamos salientar aqui que essa criao est intimamente ligada natureza macrofsica do cosmos naquele momento. At ento, os tomos de hidrognio no haviam sido criados; depois, os tomos de hidrognio. no foram criados. Mas, naquela hora, os tomos de hidrognio puderam vir a ser aos quintilhes. H dezenas de exemplos semelhantes em todas as eras da epopia csmica, mas talvez fiquemos' com a emergncia dos tomos de hidrognio para fazer com que a questo referente atividade seja inerente ao perodo csmico.Antes do seu surgimento, era, de fato, possvel a um tomo individual de hidrognio ser formado. Mas para tanto era necessrio um tremendo dispndio de energia. E o tomo rapidamente se dissipava na fornalha primeva. Criar tomos de hidrognio em outras pocas significava trabalhar contra as tendncias do universo. A criao fluente e abundante depende, por um lado, da urgncia que prpria do hidrognio em manifestar-se, e, por outro, da periodicidade peculiar ao universo. Foi somente quando, para citar o dr. Argelles, "a necessidade momentnea juntou-se ao propsito universal" que a criao efetivamente ocorreu. Quando a qualidade do universo convidou os tomos de hidrognio existncia, eles brotaram em grande abundncia. A existncia desses perodos csmicos e galcticos detectada em toda parte durante esses vinte bilhes de anos.De sbito, vem luz a questo na mente ocidental: "Pode ser que haja perodos para o nascimento dos tomos, ou das galxias, ou das clulas

  • primitivas. Mas, e os meus pensamentos? E a cultura humana? So influenciados pelos tempos galcticos? Isso nos leva prxima discusso.Terceiro: interao pessoal com a mente galctica. Na verdade, o que podemos dizer sobre essa noo de inteligncia e propsito galcticos?Deixei essa questo para o fim, porque aqui lidamos com a extenso mais profunda da represso psquica ocidental. Os maias sentiam-se envolvidos com a mente do Sol, Que por sua vez lhes manifestava a mente e o corao da galxia. Achavam tambm que a galxia tinha desejos. Os cientistas modernos ouviram isso e relegaram os maias ao ba dos "contos de fada". Mas essa rejeio apenas revela a nossa condio psquica desequilibrada.Consideremos o que se segue. Nossos ancestrais intelectuais do sculo XVII podiam ficar diante de um animal que urrava de dor, convencidos de que esse animal no tinha quaisquer sentimentos. Ao serem indagados sobre como podiam ser to insensveis, explicavam que esses animais eram apenas mquinas que haviam sido danificadas; como fazem as mquinas quando esto avariadas, emitiam sons horrveis. .Como descendentes que somos desses cientistas, temos a mesma sensibilidade distotcida. Ento, por que permanecemos apticos enquanto o mundo vivente, hoje, geme de agonia por todo o planeta? Trago essa questo tona com a sperana de que, aproximando-nos da verdade que a nossa sensibilidade moderna a mais distorcida de todos esses 50.000 anos de existncia do Homo sapiens -, estaremos estimulando todo o espectro da sensitividade psquica humana. S ento daremos fim a essa nossa agresso vida. E assim poderemos viver uma existncia exttica semelhante dos maias.A nossa dificuldade vem de um equvoco cultural que nos leva a pensar nos tomos de hidrognio, nas estrelas, e assim por diante, como "apenas fsicos", e em ns mesmos e em nossa vida psquica como transcendentes, como algo totalmente separado do universo.A histria da criao csmica, segundo a cincia ps-moderna, oferece um ponto de partida. diferente: o universo como um evento nico de energia multiforme. E, portanto, a conscincia e o corpo do homem, assim como a conscincia e o corpo da coruja, so florescncias de um processo csmico numinoso. Seguindo essa orientao holstica, podemos comear a examinar como nossos pensamentos, nossos ossos e nossas intuies

  • representam tessituras da mesma dinmica fundamental sagrada.Dentro dessa perspectiva, os "sentimentos" no so fabricados na mente humana transcendente. Em vez disso, os sentimentos so transmitidos, exatamente como o so os ftons. Na verdade, essa a experincia mais comum. Diante de um imponente rochedo de granito uma pessoa banhada por toda sorte de sentimentos; esses so sentimentos que a montanha comunica ao ser humano.Considere, ento, um maia sendo iluminado pela luz do Sol. O que est acontecendo? Esse acontecimento, como qualquer outro, ao mesmo tempo psquico e fsico. Podemos falar da interao eletrodinmica quntica entre os ftons do Sol e os eltrons do homem, ou podemos falar dos sentimentos e das intuies experimentadas "interiormente". A totalidade do acontecimento exige que ambos os plos sejam aceitos conjuntamente. O Sol tanto aquece a pele quanto inflama a mente; o Sol tanto reparte o seu calor quanto expressa seus sentimentos interiores; o Sol tanto transmite sua energia termonuc1ear quanto projeta suas idias e necessidades.

    difcil parar de refletir sobre as idias fascinantes encontradas no livro do dr. Argelles. Mergulhe nelas e veja voc mesmo. E que possa retornar com uma fora renovada para promover a sade e a criao da Comunidade da Terra!Brian SwimmeInstitute in Culture and Creation SpiritualityHoly Names College, Oak1and. .

    INTRODUO: O MISTRIO DOS MAlAS:A CINCIA TRANSCENDIDA

    Desde o triunfo do racionalismoe da Revoluo lndustrial do sculo XVIII, institucionalizou-se o trusmo de que a cincia moderna representa o pinculo da realizao humana. Essa crena a pedra angular do progresso material e tecnolgico. A idia, de que possa ter havido uma cincia mais avanada do que aquela que hoje predomina, que, afinal de contas, fundamenta todos os aspectos da civilizao industrial, virtualmente impensvel. Porm, chegou o momento em que o

  • racionalmente impensvel pode ser a nica soluo que nos resta para atravessarmos com segurana a ameaadora investida do militarismo nuclear e do envenenamento ambiental que agora pe em risco a existncia deste planeta.Entrincheiradas e sempre vigilantes, as foras do materialismo cientfico guardam com muito zelo a entrada de seus dorpnios, tendo em mente um objetivo nico: manter o mito de uma superioridade tecnolgica sempre em evoluo. Assim, os OVNls, as experincias paranormais, a descoberta em 1976 de fenmenos "racionalmente" inexplicveis em Marte, logo se transformam em documentos confidenciais, negados ao pblico. Entretanto; na manh de 28 de janeiro de 1986, quatro dias depois do triunfante Voyager 2 ter-se aproximado de Urano com sua estonteante transmisso de informaes, o nibus espacial Challenger explodia aos olhos do pblico, que acompanhava o evento pela televiso. Naquele momento, o mito da superioridade tecnologica sofreu um severo golpe.A dvida e a vulnerabilidade exibidas pela malograda misso da Challenger fazem as pessoas inteligentes questionar mais do que nunca o objetivo da tecnologia e d "infalibilidade" da cincia moderna. E, atravs dessa fenda aberta no mito da superioridade tecnolgica, ventos estranhos agora sopram. Sob o luar daquilo que transcende o racionalismo cientfico, podemos formular as perguntas: e se o modo como estamos fazendo as coisas no for o melhor ou o mais inteligente que a Terra conhece? Podem existir pessoas mais capazes, mais sbias, mais avanadas do que ns, que desprezamos em nossa presuno? Pode haver uma cincia superior nossa, praticada tanto em nosso planeta quanto em algum outro lugar? O que nos d tanta certeza de que o materialismo cientco a melhor tcnica para arrancar respostas de um cosmos que infinitamente mais vasto e misterioso do que possa conceber a mente racional? Em outras palavras, o que o espectro da crise tecnolgica pede uma mudana de padro de natureza autenticamente radical. Tal mudana tem pairado no ar h muito tempo, graas pesquisa pioneira em fsica quntica, mas tem necessitado de um choque experimental para se assentar.Durante todo o sculo XX, mentes cientficas sensveis vm tentando informar-se e alertar o pblico para o comportamento irracional do mundo que a cincia racional tenta observar. Embora a sua mensagem tenha escapado aos comandantes e tecnocratas cujo poder de deciso regula a

  • ordem social, os que divulgam a "nova cincia", como Fritjof Capra, Itzhak Bentov e Gary Zukov, tm se esforado admiravelmente para mostrar a semelhana entre a fsica quntica e o misticismo oriental, ao menos para uma minoria pensante crtica. Sem dvida, a concluso de Zukov em The Dancing Wu Li Masters (1979) toca as raias do inimaginvel ao declarar que estamos nos aproximando do fim da cincia. Contudo, mesmo ele incapaz de renunciar idia do esforo inquietante e do desenvolvimento progressivo de teorias fsicas cada vez mais amplas e mais teis.O verdadeiro "fim da cincia", a to antecipada mudana radical, significa a renncia idia de um progresso contnuo. Ou, pelo menos, uma renncia suficientemente longa para descobrir se no podem existir cincias no-fsicas ou. no-materialistas que transcendam totalmente a noo de progresso - e no-progresso. claro que o mito do progresso cientfico e da superioridade tecnolgica no poderia receber golpe maior do que a descoberta de que existiu uma cincia mais avanada antes do surgimento do mito do progresso, praticada por um povo que, pela avaliao moderna, ainda estava na Idade da Pedra. Mais especificamente, estou me referindo a um sistema de pensamento virtualmente desprezado por todos os proponentes da "nova cincia". Esse sistema de pensamento a cincia conhecida e praticada por um povo antigo chamado maia.O exemplo mais prximo do sistema de cincia maia conhecido dos paladinos da nova cincia o I Ching. Mesmo o I Ching, porm, no foi totalmente compreendido pelos "novos cientistas", que, ainda imersos na doutrina do progresso, no foram capazes de v-lo como ele : o cdigo de uma cincia baseada na ressonncia holonmica antes que na fsica atmica.Martin Schnberger, em The I Chingand the Genetic Code (1973), Robert Anton Wilson, em The Illuminati Papers (1980), e o meu Earth Ascending (1984) so algumas das poucas tentativas de abordar o I Ching como o exemplo de um sistema que mais abrangente do que a cincia atual. Como diz Schnberger, o I Ching representa , uma frmula do mundo com a envergadura de uma ordem da realidade. . . a resposta busca de Heisenberg de formas bsicas annimas e de simetrias polares de natureza uniforme.Como sistema ordenador do mundo que o I Ching, o sistema cientfico dos maias de ressonncia holonmica; tanto do futuro como do passado.

  • Na verdade, de urna perspectiva de cincia maia, os termos futuro e passado so de pouco valor corno medidas de superioridade ou progresso. Para os maias, se o tempo existe, ele como um circuito de onde tanto o futuro quanto o passado fluem igualmente, encontrando-se e unindo-se no presente. A cincia maia, bem como o I Ching, podem ser considerados tanto pr como ps-cientficos.Por que razo, ento, neste momento de crise tecnolgica e de mudana de padres, os maias invadem a nossa conscincia? Quem foram ou quem so os maias? De onde eles vieram? Quais foram as suas realizaes? Por que fizeram aquilo que fizeram? Por que abandonaram sua civilizao em pleno apogeu? Para onde eles foram, e por qu?Enquanto filosofias e prticas orientais - a ioga, a meditao, os arranjos florais, as artes marciais e assim por diante - vo se tornando aos poucos um fenmeno, cada vez mais comum nos ltimos cinqenta anos, revolucionando nossa cultura e com impacto sobre o pensamento cientfico, os maias permanecem enigmticos e distantes.

    Porm, evocar os maias da Amrica Central evocar ao mesmo tempo urna curiosa ressonncia do Oriente, da ndia. Afinal de contas, maia um termo filosfico hindu muito importante que significa "origem do mundo" e "mundo da iluso". A palavra maia em snscrito est ainda relacionada com conceitos como "grande", "medida", "magia" e "me". No causa surpresa o fato de Maya ser o nome da me do Buda. E no clssico vdico, Mahabharata, lemos que Maya era o nome de um notvel astrlogo-astrnomo, mago e arquiteto, alm de ser tambm o nome de urna grande tribo de navegadores.No s na ndia antiga, terra da metafsica e da aventura espiritual, que encontramos o nome Maya, mas tambm mais para o ocidente. O nome do tesoureiro do famoso menino-rei do Egito, Tutancamon, era Maya, enquanto na filosofia egpcia encontramos o termo mayet, que significa ordem universal do mundo. Na mitologia grega, entre as sete Pliades, filhas de Atlas e Pleione, e irms de Hades, h uma que se chama Maia, tambm conhecida como a estrela mais brilhante da constelao das Pliades. E, finalmente, sabemos que o nosso ms de maio deriva do nome da deusa romana, Maia, "a grande", deusa da primavera, filha de Fauno e esposa de Vulcano.Retomando aos maias da Amrica Central, sabemos que seu nome vem da palavra Mayab, termo que descreve a pennsula de Yucatn, rea principal

  • da base biorregional dos maias. Mas permanece a questo: quem foram os maias? Por que o nome associado a essa civilizao da Amrica Central aparece em muitas partes do mundo? apenas uma coincidncia? De onde vieram os maias?O dogma antropolgico corrente diz que os maias faziam parte de um grande grupo de amerndios que cruzou o estreito de Bering durante a ltima Era Glacial, h cerca de 12.000 anos, e Que finalmente estabeleceu-se no que agora a Amrica Central. Lendo os textos maias tardios, como o Papal Vuh, The Book of Chilam Balam e The Annals of the Cakchiquels, temos a clara impresso de que, realmente, os maias vieram de longe: "do outro lado do mar, viemos para o lugar chamado Tulan, onde fomos gerados por nossas mes' e por nossos pais. . ." (Cakchiquels). Para no se pensar que o tema simples, lemos em outra parte, no mesmo texto, um tanto truncado, que havia quatro Tulans:"De quatro (regies) as pessoas vieram para Tulan. Ao leste h uma Tulan; outra, em Xibalbay (o mundo subterrneo); outra, no oeste, de onde viemos; e mais outra onde est Deus (acima, cu). Portanto, havia quatro Tulans."Ao examinar a passagem anterior. vemos que o lugar de origem ou o processo de origem descrito pelos maias nesse texto posterior de natureza mandlica: celestial e csmica. Os quatro Tulans representam o caminho solar, o leste e o oeste, bem como o mundo superior e o mundo inferior. Alm disso, uma leitura da histria maia e mexicana em geral mostra que Tulan (ou Tollan) um cdigo arquetpico, alm de ser um lugar real. E se Tulan descreve no necessariamente um lugar geogrfico mas um processo de vir a ser, um ponto de entrada para um outro mundo? Nesse caso, as reminiscncias maias sobre sua origem lembram os hopis, que descrevem passagens de diferentes mundos, dos quais o atual o quarto. Mas o que so esses mundos? Descrevem eles antigos estgios de vida neste planeta? Ou descrevem passagens csmicas que simultaneamente correm aqui e/ou em outro lugar?Deixando de lado por enquanto a questo das origens, pisamos num solo mais firme quando contemplamos as realizaes dos maias. inquestionvel que os maias representam uma das grandes florescncias da civilizao do planeta Terra. Espalhados pelas florestas do Yucatn e nas terras montanhosas da atual Guatemala existe um nmero extraordinrio de cidades antigas e de templos. Elevadas pirmides

  • escalonadas, praas minuciosamente planejadas e centros cerimoniais so ricamente adornados com pedras esculpidas cobertas de inscries hieroglficas.

    Vrias coisas nos impressionam nas majestosas runas maias, principalmente seu isolamento. Mesmo com relao civilizao mexicana, intimamente ligada a ela, o estilo artstico maia singular. Isolados nas selvas da Amrica Central, os maias mostram-se to arredios quanto distantes. Porm, ao considerarmos suas pirmides sobressaindo-se entre as rvores da floresta, bem como seus intrincados hierglifos, tambm ficamos impressionados quanto poca em que os maias apareceram na histria. Quase trs mil anos depois do auge das construes das pirmides no Egito, cuja civilizao pode ser justificadamente comparada dos maias, estes surgem em Cena.Ainda mais dramtico do que o surgimento relativamente tardio da civilizao maia o seu repentino abandono. Por volta de 830 d.C., depois de uns 500 a 600 anos de intensa atividade, os principais centros foram abandonados ao tempo e floresta. De todos os enigmas apresentados pelos maias, esse parece ser o maior. Embora tenham sido feitos alguns esforos para se provar que a causa do abandono dos grandes centros foi uma revoluo interna, a seca ou a pestilncia, no h prova convincente para qualquer dessas teorias. Permanece ainda a possibilidade, por mais assombrosa que ela possa ser ao nosso modo de pensar, de os maias terem abandonado conscientemente a sua civilizao em pleno auge. Nesse caso, preciso perguntar: por qu?Intimamente relacionado com o mistrio do abandono dos principais centros por volta de 830 d.C. est o enigma no apenas do significado dos

  • hierglifos, mas das datas matemticas, astronmicas e dos calendrios deixados pelos maias. Se eles simplesmente tivessem abandonado sua arquitetura e sua arte, sua civilizao ainda assim seria comparvel s mais avanadas que a humanidade conheceu: os egpcios e os gregos, a dinastia Gupta, da ndia, os templos de Java, a dinastia T'ang, da China, e a clssica dinastia Heian, do Japo. Entretanto, so as suas realizaes cientficas que se destacam tanto quanto, se no mais, a grandeza harmnica de sua arte, e ainda continuam a nos causar admirao.Geralmente, fala-se sobre a realizao cientfica dos maias em termos da elaborao de seus calendrios. Os maias calcularam a extenso da revoluo da Terra ao redor do Sol at trs casas decimais. Isto eles fizeram sem os nossos instrumentos de preciso. E no s isso. Eles tinham calendrios dos ciclos de lunao e dos eclipses; mais ainda, eles mantinham calendrios que registravam as revolues sindicas e as sincronizaes dos ciclos de Mercrio, Vnus, Marte, Jpiter e Saturno. E em alguns de seus monumentos, encontramos registros de datas e/ou eventos que ocorreram h 400.000.000 anos, no passado. Tudo isso eles faziam com um sistema numrico nico e extraordinariamente simples, porm flexvel, que contava vintenas (em vez de dezenas) e utilizava somente trs smbolos notacionais. Por que, e com que finalidade?Como os calendrios maias esto relacionados com o mistrio de suas origens e com o enigma do abandono de suas cidades principais por volta de 830 d.C.? E para onde eles foram depois? Certamente que alguns ficaram. Entretanto, h uma clara interrupo antes do reincio da civilizao maia em fins do sculo X, que como se essa ruptura tivesse sido consciente e deliberada. No apenas profunda a ruptura entre o assim chamado Novo Imprio Maia e os maias pr-830 d.C., mas na poca em que os espanhis chegaram, foi como se toda a compreenso do passado tivesse sido esquecida. E, contudo, o calendrio permaneceu. Uma pista - para quem?Os arquelogos, claro, vem o sistema de calendrios to somente como um meio de se registrar o tempo. Mas a pergunta por que tanto tempo era empregado no registro do tempo? - fica sem resposta. Surge a suspeita de que o calendrio mais do que um calendrio. Ser esse sistema numrico to apurado tambm um meio de registrar calibraes harmnicas que se relacionam no apenas com posies espao-temporais, mas com qualidades ressonantes do ser e da experincia, cuja natureza nossa

  • predisposio materialista impede de ver?No h dvida de que na literatura sobre os maias e sobre suas realizaes intelectuais acuradas poucos so os autores que abordam o assunto de alguma outra- forma que no seja aquela em que a civilizao maia vista como coisa do passado, como menos avanada do que a nossa. A concepo progressista de que os maias representavam um dentre vrios fluxos de civilizao que lutavam contra tais adversidades ambientais, para atingir nosso nvel de materialismo e de cincia, a viso que Inspira quase tudo o que se disse acerca dos maias. E, por essa razo, muita coisa pode estar completamente errada.Depois de muitos anos de estudo e de reflexo sobre o mistrio dos maias, cheguei inevitvel concluso de que esse povo no pode ser compreendido com os padres que temos usado para medi-los e julg-los. Tendo j h muito tempo a intuio de que o objetivo da vida para os maias podia ser bem diferente do que a nossa imaginao materialista supe, recentemente cheguei concluso de que no apenas os maias - ao menos os maias cuja civilizao sofreu uma interrupo abrupta em seu auge em 830 d.C. eram mais capazes do que ns, mas tambm sua cincia era bem mais avanada do que a nossa. Quanto a isso, pouco importa que eles no utilizassem ferramentas de metal ou dispositivos que lhes poupassem esforos, como a roda (eles tambm no tinham animais de carga).Pelo fato de terem realizado tanto com to pouco, os maias tm algo de muito importante para nos ensinar neste momento de crise tecnologica. e de mudana de padres. N _ verdade, os maias I podem at possuir no s o "novo" padro, mas tambm o conhecimento cientfico atravs do qual esse paradigma pode ser aplicado",Sendo assim, talvez no seja por acaso que os maias foram a ltima civilizao antiga a florescer neste planeta. Nem talvez seja casual o fato de os maias representarem a ltima tradio antiga a ser examinada e compreendida "luz" do ,pensamento moderno. De fato, pode ser que tenha chegado a hora para um "redescobrimento" dos maias.Considerando tudo isso, estou inclinado a sentir a presena espiritual dos maias. Sbios misteriosos daquilo que chamamos mestres da sincronizao, sua presena insinuante. E claro, o tempo ,o mesmo. Tudo est mapeado, planejado, projetado Foram deixados copiosos indcios.

  • O que preciso estrutura mental adequada para examinar essas pistas. O colapso da estrutura \ mental atual poder permitir a leitura dessas pistas e suas conseqentes concluses - concluses que podem de certa forma desviar o planeta do curso da extino para o caminho da transformao.Ao preparar a apresentao deste texto, duas coisas me orientaram: o estudo de um fenmeno que passei a entender como um cdigo-mestre galctico e a intuio de que necessria uma ruptura dramtica com o atual modelo cientfico se quisermos no apenas sobreviver, mas operar uma transformao na direo mais positiva e benfica possvel. H tanto tempo desprezadq, o Fator Maia deve agora ser examinado.A idia de escrever este livro me ocorreu muito repentinamente. Porm, depois de refletir, percebi que vinha trabalhando com esse material por mais de trinta anos. Nesta fase da minha vida e da vida do planeta; preciso mostrar a verdade de forma clara, coerente e honesta. Muitos so os caminhos que levam verdade. Inspirao, intuio direta, experincia e revelao so complementadas pelo estudo, pela pesquisa, pela experimentao e pela anlise. Todos esses elementos tm sido utilizados no tratamento e na apresentao do Fator Maia. Entretanto, mais do que qualquer outra coisa, sinto que meu dever apresentar da forma mais simples e direta possvel o Cdigo Maia e o Mdulo Harmnico.Mais do que um calendrio, o Mdulo Harmnico Maia agora apresentado evoca a imagem do Hexagrama 49 do I Ching:

    Revoluo (Mudana):Fogo no lagoA imagem da REVOLUOAssim o homem superior organiza o calendrio.E toma evidente. as estaes.

    com o interesse de organizar o calendrio - o calendrio como o conheciam os viajantes csmicos maias - e tornar evidente que estamos envolvidos em perodos ou estaes galcticas que este livro apresentado. Na posse de tal conhecimento, poderemos nos adaptar Terra e deixar de lado nossa presuno infantil e perigosa com relao ao

  • mito do progresso e da superioridade tecnolgica. Nisso reside a importncia de O Fator Maia: um caminho alm da tecnologia.

    A GRANDE RODA, A MANDALA DE PACAL VOTAN

    PEDRA CALENDRIO DOS ASTECAS - SCULO XV D.C.MEUS 33 ANOS DE BUSCA

  • Embora neste livro eu escreva sobre coisas que parecem culturalmente remotas ou transcendentalmente csmicas, seria um erro pensar que os maias so inacessveis. Conforme tenho visto durante toda a minha vida, a experincia maia, com sua riqueza de conhecimentos artsticos e cientficos, no to estranha ou diferente quanto persistentemente familiar, como nas numerosas coincidncias da palavra maia e seus cognatos espalhados por todo o mundo civilizado. Ao mesmo tempo, porm, a experincia maia, ou o Fator Maia como eu o tenho chamado, ampla, inquestionavelmente ampla, e contm implicaes que se estendem muito alm dos domnios de nossa imaginao.Tenho 47 anos, e foram precisos 33 anos para que eu percebesse que, mesmo com toda a sua amplido, o Fator Maia nos simptico, acessvel, comunicvel. A fim de que outros tambm possam entrar nesse mundo gostaria de contar rapidamente como foi a minha aproximao. Comeando bem do incio, eu fui concebido no Mxico e, embora tenha nascido nos Estados Unidos, passei meus primeiros cinco anos nesse pais. O fato de o apartamento de meus pais localizar-se no nmero 100 da rua Tula, na Cidade do Mxico, impressionou-me mais tarde pela curiosa sincronicidade, j que o nome Tula a forma tolteca de Tulan ou TolIan, o centro de origem dos maias.Foi em 1953, ano da descoberta do cdigo gentico e dos cintures de radiao Van Allen, o campo magntico da Terra, que ocorreu o meu primeiro contato com os maias. Naquele vero meu pai havia levado meus dois irmos gmeos e eu para o Mxico. Era a oportunidade perfeita para um garoto de quatorze anos. Eu no tinha estado no Mxico desde o dia em que o deixei, aos cinco anos, mas a Cidade do Mxico ainda representava minhas reminiscncias infantis de uma capital colonial. Embora no chegssemos alm de Cuernavaca, no Museu Nacional de Antropologia fui estimulado por uma forte impresso que me despertou profundos e remotos sentimentos. Mas o museu, com seu fantstico acervo de artefatos, incluindo a grande Pedra Calendrio dos Astecas, no era nada comparado com a experincia da grande cidade pirmide de Teotihuacan, "Lugar Onde os Deuses Tocaram a Terra".Enquanto galgava a Pirmide do Sol e olhava em direo das montanhas, malhadas pelas nuvens e pelo cu ainda azul daqueles tempos, um sentimento profundo brotou em mim, uma nsia de conhecer. Eu sabia que no se tratava apenas de um conhecimento sobre as coisas, mas um

  • conhecimento que vem de dentro das coisas, que eu desejava com tanto ardor. Quando desci os degraus da pirmide, espantado e maravilhado com a grandiosidade da cidade de Teotihuacan, fiz um juramento a mim mesmo: seja o que for que tenha acontecido aqui, eu vou saber - no apenas como um estrangeiro ou como um arquelogo, mas como um verdadeiro conhecedor, um vidente.

    Deve ter sido naquele outono, em 1953, quando trabalhava na biblioteca pblica de Rochester, Minnesota, que se estabeleceu o elo seguinte. Eu estava arquivando alguns livros, tarefa que apreciava bastante' pela oportunidade que tinha de me deparar com idias novas e diferentes. E de todos os livros que estimulavam e arrastavam a minha mente para alm de si prpria, havia dois em particular: Tertium Organum, de P.D. Ouspensky, e The Ancient Maya, de Sylvanus Griswold Morley.Com relao ao primeiro volume: por que as "estonteantes" descries das possibilidades de existncia de infinitos mundos paralelos eram suficientes para deixar minha imaginao numa condio de serena transcendncia - ou tratar-se-ia de urna recordao? Realmente, eu no sabia discernir. Por alguma razo, o livro de Morley sobre os maias causava o mesmo efeito. Ou antes, enquanto expandia minha compreenso de uma experincia cultural de elevadas dimenses, o livro de Morley me dava um roteiro das probabilidades terrenas de fundamentar as experincias csmicas que Ouspensky descrevia no Tertium Organum.Seja corno for, o livro de Morley deixou em mim urna impresso indelvel. As fotografias dos maias atuais, as curiosas descries antropolgicas dos maias em relao a outros membros da raa monglica, os diagramas dos templos antigos e as reprodues das esculturas em pedra, de extraordinria delicadeza, harmonia e mistrio, tudo isso me fascinava. Mas nada me fascinava mais do que o sistema numrico e matemtico dos maias. Rapidamente eu o aprendi: um . = 1 ponto igual a um ou a uma unidade de um mltiplo de vinte; uma barra, cinco ou um mltiplo de cinco vezes vinte; e um glifo de uma concha, zero ou a plenitude. Era to extraordinariamente simples - e aerodinmico. E depois havia os nomes das diferentes posies-valores: kin, os um; vinal, os 20; tun, os 400; katun, os 8.000; e baktun, os 160.000.

    Durante longas horas eu me maravilhava com a maestria que o sistema representava - e o mistrio sobre quais teriam sido os seus propsitos.

  • Evidentemente, Morley nlTo sabia. Conquanto valorizasse bastante os remanescentes maias, como quase todos os arquelogos (e isso eu iria descobrir mais tarde), julgava os maias por padres de tecnologia material. Morley os considerava como estando na Idade da Pedra. Nada de metalurgia, nada de rodas. E, contudo, na avaliao de Morley, e muito para seu espanto, sem esses instrumentos materiais eles ainda conseguiram criar uma cincia e uma arquitetura de uma beleza harmnica igual das grandes civilizaes do Velho Mundo. Para Morley, que escreveu em 1947, os maias permaneciam uma "exceo refratria. . . Poucas culturas, se que, existe alguma, com aspectos primitivos comparveis... concentraram-se em realizaes intelectuais de tal extenso".Minha insatisfao com as limitaes de Morley era gerada pela minha prpria falta de experincia e conhecimento, necessrios para se encontrar a verdadeira razo para esse desconforto. Por mais que eu mergulhasse nos conhecimentos matemticos, astronmicos, e sobre os calendrios, tal como tinham sido decifrados por pessoas como Morley e seus colegas, havia um vu alm do qual minha experincia no podia penetrar. Aqui eu me retraia em devaneios e fantasias. E uma fantasia sempre voltava: uma viagem para as clidas florestas da Mesoamrica onde, atravs de uma experincia catrtica e transfigurativa, eu surgiria, no como at ento eu tinha sido, mas como portador de um conhecimento, um vidente. Esse devaneio, que persistia, estimulou-me em minha busca dos maias.Durante os meus anos de faculdade, e especialmente os de graduao, os maias foram um passatempo. Embora eu estudasse histria da arte no nvel de graduao, a Universidade de Chicago no oferecia cursos de arte pr-colombiana. Todavia, aproveitei todos os recursos da biblioteca da universidade, alm daqueles do Instituto de Arte de Chicago e do Museu de Campo. Fazendo uso das habilidades que adquiria e da disciplina que eu estava aprendendo no estudo formal de histria da arte, fiz rpidos progressos em meu prprio estudo dos maias e da arte pr-colombiana em geral. Em quase todos os aspectos, era um bom curso. Eu estava livre para mergulhar naquela que era realmente a minha rea favorita da histria da arte.Entretanto, enquanto eu lia, estudava, refletia e observava, tornava-se evidente que alguma coisa estava errada. Parecia que ningum estava captando o problema. Os arquelogos todos tratavam a civilizao maia

  • como se ela fosse uma feliz aberrao enigmtica da Idade da Pedra. Comecei a suspeitar que os arquelogos estudavam os maias justamente porque sua mente presunosa e seu posicionamento nunca os entenderia, atribuindo aos maias a responsabilidade do seu fracasso!Alm de Morley, talvez o mais proeminente autor e intrprete dos maias um homem chamado J.E.S. Thompson. Compilador admirvel de dois monumentais volumes, Maya Hieroglyphic Writing e A Catalog of Mayan Hieroglyphs, alm de textos mais gerais como The Rtseand Fali of Mayan Civilization, Thompson, mais do que qualquer outro, escreveu sobre os maias como se eles fossem sbios idiotas, mas hbeis, sabe l Deus por que razo, em clculos astronmicos abstrusos ao ponto de tal habilidade se constituir numa obsesso demonaca, mas sem nenhuma finalidade racional! Mais ainda do que Morley, Thompson julgava os maias pelo escalo do Renascimento europeu, por sua civilizao e por seus valores. As discusses de Thompson sobre a arte dos maias deixa transparecer uma impacincia flexvel at certo ponto. Por no compreenderem o significado da cultura maia, muitos arquelogos como Thompson geralmente atribuem a ela o pior, projetando a si mesmos, com seus hbitos modernos, sobre um sistema de vida aliengena e fatalista. Assim, ao se confrontar com o que certamente o aspecto mais enigmtico da civilizao maia - seu sbito declnio no sculo IX - Thompson prefere ver nisso uma revolta dos escravos contra governantes despticos. Todavia, " difcil acreditar que uma civilizao to solidamente estabelecida pudesse ser vencida de modo to repentino. Se insatisfaes vinham se acumulando lentamente durante os sculos, no deixaram qualquer indcio que pudesse identific-las."Enquanto toda essa confuso se instaurava em minha cabea, preparei-me, no vero de 1964, para uma outra viagem minha ao Mxico. A fascinao romntica pelo lugar atingiu seu ponto mximo. A viagem de carro, como eu a tinha feito com meu pai h dez anos atrs, proporcionou bastante tempo para admirar as paisagens interminveis de montanhas e de cu. Para mim, a terra era mstica, viva, possuidora de grandes segredos. Minha abertura para o mistrio daquela terra foi complementada pela descoberta de outros pontos de vista diferentes dos dos arquelogos materialistas. O principal foi o da escritora Laurette Sejourn.Eu j estava familiarizado com o seu livro, Burning Water: Thought and Religion in Ancient Mexico, onde se pode respirar novos ares, em

  • contraste com os textos dos arquelogos, pois Sejourn levava a srio as aptides mentais e espirituais dos povos antigos. Na Cidade do Mxico entrei em contato com o seu estudo, The Universe of Quetzalcoatl. Na introduo desse livro, o eminente historiador da religio, Mircea Eliade, escrevendo sobre a abordagem de Sejourn, disse que, para ela, a cultura forma uma unidade orgnica. . . e, portanto, deve ser estudada a partir do seu ncleo e no de seus aspectos perifricos". Havia ressonncia entre essa perspectiva e as minhas impresses pessoais. Comecei a perceber que a -dificuldade em estabelecer parmetros relativos aos maias e aos povos mexicanos antigos era um problema da nossa prpria civilizao. Seja l o que for que eu tenha comeado a sentir em 1953, agora estava se aprofundando. Alm de Teotihuacan, eu visitava os antigos stios mexicanos de Tula e Xochicalco. Munido de algum conhecimento, minha intuio penetrou fundo naquelas pedras silenciosas. Foi particularmente em Xochicalco que os sentimentos de premonio - ou recordao - agregaram-se com intensidade perturbadora. Xochicalco fica bem no alto, nas montanhas remotas do estado de Guerrero.A sua arquitetura harmnica, simples, dominada por uma presena singular: Quetzalcoatl, a Serpente Emplumadao Datando dos sculos nove e dez doC., Xochicalco, "Lugar da Casa das Flores", representa uma fuso entre o estilo de Teotihuacan, nas montanhas mexicanas, e aquele do perodo clssico dos maias. Sem dvida, foi em Xochicalco que as elites maias e de Teotihuacan refugiaram-se e reuniram-se depois do declnio "abrupto" do perodo clssico. E foi l que nasceu o Quetzalcoatl "histrico", em 947 d.C. Para mim, aumentava o mistrio; e, ao mesmo tempo, comeava uma etapa de descobertas.O mistrio era o de Quetzalcoatl, a Serpente Emplumada, que os maias chamavam de Kukulkan, "Lugar Onde Mora a Serpente". A obra de Sejourn sobre Quetzalcoatl deixava claro que no se tratava de um deus apenas, mas um deus mltiplo; no um homem apenas, mas muitos homens; no s uma religio, mas um complexo mtico, uma estrutura mental. E tambm ficava evidente que essa constelao de feies, essa presena mltipla, animava cada aspecto das antigas civilizaes mexicana e maia. No apenas as artes, mas a astronomia e o calendrio foram influenciados por Quetzalcoatl, que estava fortemente associado com a estrela da manh e da tarde, o planeta VnusoAssociaes celestes, astronmicas, bem como seu papel como figura

  • religiosa da estatura de um Moiss ou de um Cristo, deram evidncias profticas a Quetzalcoatl. Assim, no sculo X 1 Reed, Quetzalcoatl, suposto fundador da cidade de Tula e revitalizador de Chichn Itz, em Yucatn, tendo profetizado sua volta no dia 1 Reed, no ano 1 Reed, foi confirmado pela chegada de Corts naquele mesmo dia, uma Sexta-feira Santa no calendrio cristo, ano de 1.519 d.C.

    A SERPENTE EMPLUMADA, QUETZA LCOATL, XOCHICALCO, SCULO X D.C.

    Esse fato por si s parece ter sido suficiente para debilitar o j perturbado Montezuma II, imperador do malfadado imprio asteca.Embora poucos em nossa cultura tenham ouvido falar de Quetzalcoatl. exceto os que conhecem o romance de D.H. Lawrence, The Plumed Serpent, os fatos profticos ocorridos deram-me a convico de Que Quetzalcoatl no foi apenas um caso local. Antes, vi nele uma forma imanente e invisvel que sustenta e transcende a trama mtica da mecanizao. Fortalecido com essa intuio, mais uma vez voltei do Mxico com um sentimento de misso pessoal.Quando conclu meus "estudos de. graduao em histria da arte, em 1965, eu tinha chegado a uma posio intuitivamente mais refletida a respeito dos maias e das civilizaes de Anahuac, "Lugar Entre as guas", o nome original dado ao Mxico e Amrica Central. Os arquelogos podiam desenterrar pedras e catalogar datas, atribuir nomes como "deus D" ou "objeto ritual", mas isso no dizia nada sobre a dinmica das civilizaes antigas. Para mim, era bvio que uma estrutura mental intuitiva devia ser desenvolvida alm da necessidade de se penetrar nos

  • estados mentais que produziram os artefatos. E ademais, os artefatos no passavam de resduo. A realidade estava na condio mental-emocional presente 'Dos artefatos.Alm disso, se estados msticos e transcendentes de conscincia eram estimulados por meio de prticas e atos de contemplao eXecutados pelos seguidores, de Quetzalcoatl-Kukulkan, o que me impedia, ento, e a outras pessoas, ,de atingir esse estado mental? R.M Bucke, William James e Aldous Huxley j no tinham apresentado argumentos convincentes o bastante acerca da unidade dos estados msticos de conscincia em todas as pocas e lugares? E o objetivo das prticas msticas no era levar a pessoa a um estado de unidade? Segundo Sejourn, a religio 'de Quetzalcoatl, como pano de fundo de toda civilizao mexicana, era essencialmente um processo, que conduzia unificao mstica. Examinando os artefatos mais harmnicos dessas civilizaes antigas, eu no tinha nenhuma dvida de que alguma coisa assim ocorrera.No final do ano de 1966, iniciei uma experincia motivado tanto por essas reflexes quanto pela convico de que se a arte havia proporcionado a vazo mais criativa para as experincias msticas, talvez atravs dela se pudesse penetrar na estrutura mental que criou as civilizaes dos maias e de Teotihuaan. evidente que entre as minhas inspiraes no ciclo de pintura, ao qual me dedicava, estavam os murais de Teotihuacan, a cermica: e os trabalhos hieroglificos dos maias. O brilho da cor, a capacidade de transmitir informao atravs de estruturas simblicas condensadas, o desenho geral que reunia muitos aspectos e formas em um nico discurso geomtrico, embora ondulante e vibrante, eram aspeotos da arte maia-mexicana que me inspiravam.O resultado dessa experincia foi uma srie de grandes painis de posio livre, que Humphry Osmond, o inventor da palavra "psicodlico", chamou, quando viu em 1968, de "Portas da Percepo". Para mim, o mais significativo foi o prprio processo de elaborao dessas pinturas, pois, de fato, elas tinham me dado a oportunidade de entrar nos lugares onde pude conversar com Tlacuilo, o velho pintor, o formador dos arqutipos. Meu corao se abriu e meu ser foi inundado de recordaes. No posso dizer se eram recordaes de vidas passadas ou no, mas eram reminiscncias coletivas do fluxo mental dos antigos. O conhecimento comeou a vir de dentro de mim.

  • O bom pintor sbio, deus est no seu corao.Ele conversa com o seu prprio corao.Ele pe a divindade em todas as coisas.Provrbio Nahuatl

    Enquanto a Viso dos antigos pintores mexicanos e maias me guiava durante a pintura dessas Portas da Percepo, foi o estudo do I Ching que me proporcionou a percepo da estrutura primria da mudana, que era ta; tambm a estrutura primria de cada um dos oito painis. Os painis estavam divididos em trs partes. Enquanto os teros superior e inferior eram estruturalmente espelhos um do outro, a parte central representava a zona de mudana ou transformao. Essa estrutura de transformao tambm apresentava uma simetria bilateral completa. Muitos anos depois, descobri que a estrutura bsica dessas Portas da Percepo eram as mesmas da Configurao Trplice Binria, a imagem-chave incrustada na Matriz do Calendrio Sagrado dos maias, o cdigo-chave do meu livro Earth Ascending.Como estivesse seguindo um caminho visionrio quando fiz outra visita ao Mxico, em 1968, tambm estava melhor preparado para aquilo que iria ver. Alm da visita ao novo Museu de Antropologia, o ponto alto dessa aventura foi a viagem para Monte Alban, a cidadela zapoteca, ou do povo das nuvens, localizada nas montanhas de Oaxaca. Datando de pelo menos 600 a.C., Monte Alban representa uma fuso das influncias maias e mexicanas em seu singular estilo cultural. L se encontram as esculturas dos Danzantes, os danarinos sacerdotes-xams extticos com cabea de animal, cujo interior do corpo est assinalado com hierglifos. Porm, ao lado deles, encontramos marcaes notacionais do sistema matemtico maia, sinais do Calendrio Sagrado. Aqui, tambm, na, grande praa do centro cerimonial, est o Observatrio, peculiarmente disposto de forma oblqua. Ponderando sobre a identidade dos danarinos e sobre o significado dos sinais constantes no calendrio, recebi sugestes de presenas - seres estalares, guardies. Quem eram eles?No longe de Monte Alban, na pequena cidade de Teotitlan del Valle, ainda so celebradas antigas cerimnias, e ainda se tecem tapearias de um sofisticado refinamento geomtrico e simblico. O proprietrio de

  • uma pequena loja, que falava ingls (seu irmo, o tecelo, s falava zapoteca), me surpreendeu. Seu recurso era puxar dois tecidos de vermelho e preto, o outro azul e laranja. O desenho desses tecidos era notvel, pois consistia numa nica linha que se espiralava e se projetava de maneira tal que, dividindo o tapete em duas partes iguais, tambm criava a imagem de uma mandala. Como eu olhasse admirado, o proprietrio piscou para mim e disse, "Veja, os antigos mexicanos tambm conheciam o Yin e o Yang." Por causa da cintilao das cores complementares, azul e laranja, comprei aquela pea, e, tomando uma cerveja cerimonial com o proprietrio, senti que tinha passado por uma outra interseco de faixas temporais.

    Contudo, era 1968, uma poca de inquietao e violncia por toda parte. Quando saamos da Cidade do Mxico, ouvimos as notcias do rdio sobre os tumultos de Tlaltelolco, onde cerca de 400 estudantes foram mortos. Meus pensamentos voltavam-

  • se cada vez mais, no apenas para as injustias no mundo, mas para aquela viso distorcida que predominava em toda parte a respeito do Terceiro Mundo. Essa preocupao comeou a inspirar minhas aulas de histria da arte, e em Davis, onde eu lecionava na Universidade da Califrnia, participei dos esforos iniciais para criar uma faculdade Americana Nativa - a Universidade Deganawida-Quetza1coatl.Foi atravs desses esforos que conheci dois americanos nativos renegados, Tony Shearer e Sun Bear. Tony estava muito envolvido com as profecias de Quetza1coatl e com o Calendrio Sagrado, sobre os quais ele escreveu em seu livro Lard af the Dawn. Um livro seu anterior, Beneath the Maan and Under the Sun, descreve o Calendrio Sagrado e contm a imagem que eu chamo de Configurao Trplice Binria, o desenho mgico de 52 unidades dentro da matriz de 260 unidades do Calendrio Sagrado. Foi atravs da inspirao de Tony que vim a interessar-me mais tarde pelos estudos do Calendrio Sagrado, ou Tzolkin, como tem sido chamado. Foi tambm Tony que me falou sobre a importncia da data de 1987 relativa s profecias referentes volta de Quetzalcoatl.Os esforos de Sun Bear para fundar a Tribo do Urso e o seu claro apelo para o retorno terra e ao modo de vida tradicional muito mc inspiraram naquela poca, a ponto de eu me envolver na organizao do Primeiiro Festival da Terra, em Davis. Aquele foi o Dia da Terra, 1970, o lanamunto do movimento ecolgico. Essas atividades e interesses persistiram enquanto eu lecionava no Evergreen State College. Foi l, no inverno de 1972, que eu tambm encontrei o tradicional porta-voz dos hopis, Thomas Banyaca, que compartilhava das profecias desse povo. Sempre lembrarei de Thomas dizendo que "somente aqueles espiritualmente fortes sobrevivero passagem no Quarto Mundo e a vinda do Quinto". Entendi que aquele. momento estava intimamente relacionado com a data de 1987, que Tony havia me revelado.Os estudos sobre o pensamento maia e sobre os antigos mexica nos exerceram grande influncia na elaborao do meu livro, The Transformative Vision (1975). Essencialmente uma crtica da civiizao ocidental, empregando a metfora dos hemisfrios direito e esquerdo do crebro, utilizei o "Grande Ciclo" maia de 5.125 anos, que comeou em 3113 a.C e termina em 2012 d.e., juntamente com o conceito hindu das quatro idades ou Yugas e o conceito de Yeats dos cones e matizes, como estrutura para pr em perspectiva a moderna "tirania do hemisfrio

  • esquerdo". Todavia, a nica anlise da "Transformative Vision" que apareceu em um jornal de arte desprezava os meus esforos, pois eu tivera a audcia de avaliar o Renascimento e a moderna civilizao ocidental a partir de perspectivas cosmolgicas to "alienigenas" como a hindu e a maia.

    HUNAB KU

    No vero de 1974, enquanto dava aulas sobre arte mexicana nativa e pr-colombiana, no Instituto Naropa, conch uma grande verso do Calendrio Sagrado, utilizando o sistema de notao' maia. Uma outra verso desse calendrio aparece como Mapa 9, em Earth Ascending. 0 que me impressionou nessa verso foi o efeito rtmico das vinte repeties das notaes, de um at treze. Esta foi a primeira indicao que tive de que o Calendrio podia ser mais do que aquilo. Seria algum tipo de cdigo?

  • Durante esse tempo, nos meados dos anos 70, quario vivia em Berkeley,

  • participei de um efmero projeto educacional chamado Fundao Shambhal-Tollan. Enquanto Shambhala referia-se ao mstico reino da sia Central, to fundamental para os ensinamentos e conhecimentos profticos do Budismo Tibetano, Tollan (Tula) representava a cidade mtica e fonte da sabedoria dos maias e dos antigos mexicanos. Segundo minha intuio, existia alguma conexo; conquanto obscura, entre esses dois domnios legendrios, ,uma conexo no tanto no plano terreno, mas no corpo etrico do planeta. Houve, em algum tempo remoto, uma congruncia e uma sincronizao de tradies profticas entre a gente de Shambhala e a de Tollan? A volta dos "guerreiros, de Sham bhala" e o retorno de Quetzalcoatl estariam de alguma forma relacionados?Enquanto a viso da Fundao Shambhala-Tollan ultrapassava minha capacidade de implementar algo de prtico com ela, encontrei nos ensinamentos do Budismo Tibetano uma base importante para a minha mente. Dedicando-me intensamente a prticas de meditao tornada acessvel por meio do meu instrutor, ChgyamTrungpa Rinpoche, descobri na doutrina Vajrayana um vasto contexto para dar prosseguimento s minhas investigaes sobre os maias. Em particular, os ensinamentos sobre a mente-nica pareciam muito teis para consideraes ulteriores a respeito do calendrio maia, suas origens e especialmente sua base filosfica ou cientfica. D mesmo modo que nas cosmologias budistas (e hindu), os maias descrevem um universo de ciclos infinitos de tempo e de ser. Antes, os maias so mais precisos nos cmputos desses ciclos.' Em todo caso, a contemplao de ciclos de grande alcance e que tudo encerram leva inevitavelmente a considerarmos o fato de que no estamos ss, de que existe uma infinidade de outros mundos, mais evoludos do que o nosso prprio sistema. E se quisermos alcanar um grau maior de conhecimento e de comunicao, de que outra forma poderia ser seno por meio do desenvolvimento da mente, atravs do esclarecimento e da expanso da conscincia?Ainda nos meados dos anos 70, publicaram-se dois outros livros que estimularam minhas reflexes cosmolgicas sobre os maias e seu calendrio, Time and Reality in the Thought of the Maya, do filsofo mexicano Miguel Len-Portilla e Mexico Mystique, de Frank Waters. Embora complacente com a potica da imaginao maia, e apresentando uma comparao do pensamento maia com o taosmo chins, o estudo de Len-Portilla no consegue penetrar na cincia real que est por trs do

  • calendrio e da "obsesso dos maias com o tempo. Por outro lado, o estudo de Frank Waters possui a virtude de apresentar as tradies profticas dos maias e dos antigos mexicanos num contexto de certa forma contemporneo. Ele focaliza, especialmente, a data final do Grande Ciclo, que ele determina para 24 de dezembro de 2011 d.C., como o momento de uma grande transformao na conscincia planetria, "A Futura Sexta Era da Conscincia".Em 1976, viajei para o Mxico mais uma vez. Nessa ocasio, aventurei-me em solo maia e visitei o antigo stio de Palenque. Quando eu e minha famlia chegamos a Palenque, desabou uma verdadeira tempestade tropical. Escalamos os nove nveis da Pirmide das Inscries e procuramos abrigo no templo, que se localiza no alto. De l vimos um duplo arco-ris que parecia sair do Templo dos Ventos, no longe de onde estvamos.No h dvida sobre a magia de Palenque, com duplo arco-ris ou no. Aqui foi descoberto o tmulo do lder Pacal Votan, em 1947 o nico tmulo em pirmide, no Mxico, de estilo egpcio. No hnada em Palenque que no seja harmonioso. As esculturas em baixo-relevo da Cruz Folhada e da Cruz do Sol so incomparveis, assim como a tampa do sarcfago do tmulo de Pacal Votan. Contudo, o que mais me cativou foram os vestgios de afrescos pintados no Templo dos Ventos. Sim, eu j os tinha visto. Eles haviam ocupado a minha mente quando comecei a pintar as Portas da Percepo uns dez anos antes.Devido presena do tmulo de Pacal Votan, cuja cmara funerria decorada com o simbolismo dos Nove Senhores da Noite, ou Nove Senhores do Tempo, o mistrio de Palenque profundo. O sentimento de abandono e de silncio humano est em toda parte. Ao mesmo tempo, a sinfonia da selva flui em ondas e crescendos de um contnuo xtase de insetos. Tpica dos grandes centros clssicos dos maias, Palenque redama a pergunta: Por que Palenque foi abandonada? Para onde foram os sacerdotes, os astrnomos, os artesos? Que conhecimento levaram com eles, e por qu? No mais do que cem milhas distante de Palenque, no alto das Serras de Chiapas, perto da fronteira com a Guatemala, localiza-se a cidade de San Cristobal. Outrora um grande centro colonial, agora San Cristobal parece um tanto desolada, longnqua. Porm, ocasionalmente, possvel v-los nas ruas: os maias lacandnios. Longos cabelos negros, descendo at

  • abaixo dos joelhos, vestindo tnicas brancas simples, os lacandnios conseguiram manter sua integridade, levando uma vida sedentria nas terras baixas da floresta, onde conservam o calendrio e a riqueza de seus sonhos. Revelando poucos segredos, eles vm a San Cristobal para fazer algum comrcio e depois voltam novamente para o seu refgio.Ao v-los, fiquei impressionado. Que papel os atuais lacandnios, esses descendentes dos antigos astrnomos, representam no grande drama do mundo? Ser como sugere o filme Chac, simplesmente para conservar o sonho, o esprito aborgine, sem o qual o mundo se arruinaria mais cedo do que se espera? O que ocorre na psique do nativo, que ns nunca vemos ou sabemos, e que entretanto mantm um necessrio equilbrio com a Terra?Pegamos um txi em San Cristobal, num domingo, e fomos visitar uma vila afastada. Na velha igreja, que era uma igreja s na aparncia, os ndios dirigiam seus cultos. O cheiro de incenso de copal era forte. Periodicamente, o canto atingia uma estranha harmonia e depois passava para uma suave cacofonia. Do lado de fora, os jefes, os lderes locais, passavam um basto com ponta de prata entre eles, decidindo sobre questes levantadas pela comunidade. Observando tudo isso, fiquei pensando - quem fala por essas pessoas? Ou ser que eles falam da e pela Terra, e isso tudo o que importa?O abismo aparente que existe entre os maias atuais e os arquitetos das antigas cidades no pode ser julgado pelos nossos critrios de progresso material. Refletindo sobre essa questo, lembro-me do mito hopi referente a Palat-Kwapi, a Misteriosa Cidade Vermelha do Sul. A histria conta as migraes para as terras quentes do sul e a construo da cidade-templo de Palat-Kwapi, com seus quatro planos. Porm, o objetivo da construo apenas o de obter e consolidar um sistema de conhecimento. A ordem de os construtores abandonarem a cidade, deixando-a como um memorial desse conhecimento, depois de terminada a obra. Esquecendo a ordem, os habitantes comeam a entrar em decadncia, mas uma rivalidade entre cls faz com que despertem. Recordando-se de sua misso, as pessoas finalmente abandonam Palat-Kwapi, a Misteriosa Cidade Vermelha do Sul.Esse mito se ajusta bem aos maias. O objetivo deles era codificar e estabelecer um sistema de conhecimento, uma cincia, e, tendo-o codificado em pedra e em texto, ir embora. A civilizao tal qual a

  • conhecemos, uma forja de armas de destruio e paralelamente uma coleo de bens materiais, no serviria de forma alguma para os seus propsitos ou sistema de conhecimento. Um outro fator surge nesse cenrio: uma vez que o sistema de conhecimento e a cincia maia interessavam-se tanto por ciclos de tempo, eles divisaram no horizonte um perodo de trevas, e por esta razo viram que era hora de dar as coisas por encerradas e partir. Dadas as condies do mundo atual, quem poder dizer que estavam errados?Pelo menos, esse era o meu raciocnio no final dos anos 70, quando ento passei por uma crise pessoal e por um colapso alcolico. Ao sair dessa desordem psquica, em 1981, olhei ao meu redor pareceu-me que a crise global dos anos 60 agora tinha-se tornado endmica, tanto assim que no era reconhecida. Minhas prprias pesquisas tinham-me levado a uma posio de sntese, em que via a Terra como um todo orgnico. Porm, eu sentia que o mpeto da civilizao moderna estava conduzindo as coisas a um ponto onde, ou li divindade intervm ou deixamos como legado a nossa extino.Para mim, significava dar um salto, desviar-me do abismo, por assim dizer, na direo daquele territrio mental considerado extinto ou tabu pelos padres culturais vigentes.Pela primeira vez em quase uma dcada, adotei uma forma visual de expresso como vazo principal para aquilo que eu precisava aprender. Atravs de uma srie de colugons e de pinturas com tinta, desapareci detrs de grandes punhados de ouro ou prata - as sries de Arte 'Planetria. Entrei numa elevada sintonia com a Terra.Havia chegado a hora de levar a srio a idia de uma mente ou conscincia planetria. Em razo de meus estudos' de histria da arte e de minhas prprias investigaes pessoais, eu estava convicto de que no s a Terra era um organismo vivo, mas tambm de que o seu padro de vida na verdade anima, do geral at o particular, todos os aspectos de sua evoluo, inclusive os processos que chamamos de civilizao. totalidade da interao entre a vida mais abrangente da Terra e as respostas individuais e de grupo a essa vida define a "arte planetria". Neste processo maior, percebi vagamente que. os maias foram os navegantes ou mapeadores das guas da sincronizao ga1ctica. Por outro lado, os egpcios, uns. trs mil anos antes, tinham firmado e definido o curso da Terra, no oceano da vida galctica, atravs da Grande Pirmide.

  • A expanso do pensamento, da percepo e do sentimento resultou numa srie de exploraes, encontros e coincidncias surpreendentes. No outono de 1981, .depois de ter conhecido e me envolvido com Lloydine Burris, uma danarina e visionria, escrevi um texto de "fico cientfica" intitulado Crnicas da Arte Planetria - A Confeco do Quinto Anel. A perspectiva real desse conto imaginrio de "arte planetria", localizado em alguma poca do futuro, provinha do sistema este1ar de Arcturus. Qualquer que seja o mrito dessa histria no publicada, parecia imperativo desenvolver uma conscincia que se ocupasse das nossas questes planetrias distncia, de modo que pudesse surgir alguma coerncia da confuso dos noticirios do dia-a-dia e do terrorismo nuclear. Descobri, ento, que essa atitude era tambm fundamental para penetrar mais profundamente no mistrio dos maias. Ser que o sistema maia era uma matriz codificada, em sincronia com um conhecimento de nvel galctico, adotado para as idiossincrasias deste planeta?Essa linha. de pensamento inevitavelmente levou-me ao compndio de matrizes codificadas, Earth Ascending. A princpio, um texto de geomancia, de "adivinhao telrica", o ponto de partida desse livro tinha sido a coincidncia de identidade entre o I Ching e os 64 cdons, as palavras-cdigo do DNA, isto , o cdigo gentico. Quanto a mim, a descoberta sincrnica de que cada uma das fileiras, horizontais e verticais, do quadrado mgico de oito, de Ben Franklin, produz a soma 260, levou-me a considerar a relao entre a matriz do Calendrio Sagrado dos Maias, o Tzolkin de 260 unidades, e o I Ching. O que se seguiu foi o fluxo espontneo de "mapas" ou matrizes que constituem Earth Ascending, a figura-cdigo principal sendo a "configurao trplice binria", cuja base o Calendrio Sagrado dos Maias.Tenho plena conscincia de que, para muitos, os mapas de Earth Ascending so. como uma lngua estrangeira. Isso no me causa surpresa, pois a compreenso efetiva desses mapas, mesmo para mim, s ocorreu depois da publicao do livro em 1984. Aos poucos, comecei a perceber que os mapas, bem como o prprio sistema maia, vinham de longe. Ora, at o incio dos anos 80, realmente eu no havia ponderado a respeito da natureza dos OVNls ou das inteligncias extraterrestres. Mas com o fenmeno do "direcionamento" do material de Earth Ascending, eu tinha sido levado a um outro nvel de possibilidade. A obra de fico cientfica que precedera Earth Ascending, com sua perspectiva arcturiana, seria

  • tanto uma pista para a origem da informao quanto para o mistrio dos maias? Se fosse, estava claro para mim que a transmisso de informao de diferentes pontos da galxia no dependia de variveis espao-temporais, mas, em vez disso, apontava para um princpio de difuso ressonante.A hiptese de vida e inteligncia em outros mundos recebeu um grande impulso no final de 1983, quando conheci Paul Shay do Stanford Research Institute e Richard Hoagland, que j fora cientista da NASA. Hoagland participara dos trabalhos que envolviam as sondas Viking com destino a Marte, em 1976. Por exemplo, ele no ficou satisfeito quanto ao modo com que a NASA havia tratado a descoberta de certos fenmenos em Marte, incluindo uma grande "face" que aparecia esculpida no topo de uma meseta. Ao ver as fotos realadas por computador, com as quais Hoagland estava trabalhando, fiquei perturbado. Algo como uma. memria me abalou, mas era mats ampla, mais profunda e infinitamente mais obsessiva do que qualquer outra que j me ocorrera. A minha primeira impresso foi de que a civilizao- a vida evoluda - havia se desenvolvido em Marte, e que essa civilizao havia encontrado um fim trgico. Simultaneamente ao reconhecimento instantneo desse fato, tambm percebi que o conhecimento desse evento ainda estava de alguma forma presente e ativo no campo de conscincia da Terra.Na manh do Natal de 1983, fiz uma descoberta fortuita. Querendo partilhar com minha famlia as "novidades de Marte", para meu encanto, encontrei uma foto da face marciana num livro, The New Solar System, que eu tinha desde h muitos anos, mas que nunca havia examinado mais cuidadosamente. Ento, devido semelhana das capas, apanhei um exemplar de Overlay: The Influence o[ Primitive Art on Contemporary Art, de Lucy Lippard, que eu havia comprado para dar de presente, em Los Angeles, um dia antes do meu encontro cOm Hoagland. Abrindo O livro de Lippard aleatoriamente, na pgina 144, fui surpreendido por uma foto que aparecia no canto superior esquerdo: uma face persistentemente familiar, um modelo para escultura de Isamu Noguchi feito em 1947, 29 anos antes da misso Viking, intitulado The Sculpture to be Seen from Mars.Se a informao da NASA havia evocado a realidade da vida em outros mundos, a descoberta do trabalho de Noguchi, que teria tido o mesmo tamanho da face marciana, se tivesse sido concludo, evocou em mim,

  • com a mesma chocante preciso, a transmisso de informao pelo princpio da difuso ressonante, um processo que eu descrevi como rdio-gnese: transmisso universal de informao atravs da, ou como, luz ou energia radiante. E claro, novas questes surgiram. Qual a relao entre conhecimento e recordao? Pode o futuro ser tambm o nosso passado? Aquilo que est acontecendo agora em nosso planeta pode ser de algum modo uma repetio de um drama que j ocorreu em outros mundos, e se assim for, como podemos evitar o perigo da extino?Numa obra potica intitulada Earth Shaman, escrita em 1984, tentei analisar essas questes e, ao mesmo tempo, narrar a histria da Terra como um organismo consciente, utilizando como componente mtico a descrio hopi da passagem que existe entre os trs primeiros mundos e o atual, e a passagem iminente para um quinto mundo. A imagem da Terra que desenvolvida em Earth Shaman, li "terra de cristal", deve muito ao meu encontro com a ndia cherokee portadora da linhagem, a notvel Dhyani Ywahoo, que conheci na primavera de 1984. Foi ela que, olhando para Lloydine e para mim, disse: "Suas mentes esto muito fechadas; deviam estar trabalhando com cristais." Comeamos a fazer isso imediatamente, e nos cristais encontramos um instrumento preciso para a sintonia. pessoal e para a coleta de informaes. Intuindo que a prpria Torra cristalina em sua natureza, deparei com pesquisas tanto da Unio Sovitica quanto de mapeadores como Elizabeth Hagens e William Becker, confirmando essa possibilidade. .De algum modo, a imagem da Terra como um cristal parecia ser condizente com a idia de transmisso da informao galctica atravs do princpio da difuso ressonante, uma chave, para a compreenso da origem e natureza da matriz maia.No incio do ano de 1985, fui contatado por um maia chamado Humbatz Men. Quem lhe havia indicado o.. meu nome fora Toby Campion, membro de uma organizao chamada Grande Fraternidade Universal, cuja atividade est centrada principalmente no Mxico e na Amrica do Sul. Durante uma srie de hilariantes chamados noturnos conduzidos em um espanhol simplificado, fiquei sabendo que Humbatz estava operando com 17 dos "calendrios" maias. A maioria dos arquelogos, aceita a possibilidade de cerca de meia dzia desses calendrios. Humbatz havia escrito tambm um pequeno texto chamado Tzol 'Ek, Mayan Astrology. Por obra de perseverana e magia, finalmente Humbatz Men apareceu em Boulder, em maro de 1985, quando deu uma palestra intitulada "A

  • Astrologia Maia.A chave para tudo o que "Humbatz havia apresentado, e que ele mesmo tinha recebido ,atravs de transmisso oral;,',foi uma observao final. "O nosso sistema solar", declarou Humbatz, " o stimo ,dos sistemas registra dos pelos maias." No h dvida de que o meu encontro com Humbatz foi, o evento mais crucial de minha longa histria de investigao sobre os maias. Conversas posteriores com Dhyani Ywahoo, alm de um encontro com Harley Swiftdeer, confirmaram-me que Humbatz havia me dado a pista mais importante at agora para a compreenso ir da natureza do sistema de pensamento dos maias. Realmente, a informao maia vinha de longe. Mas como, exatamente, e com que finalidade?Foi numa assemblia intitulada .conselho de Quetzalcoatl, que aconteceu em um instituto neoxamnico, a Fundao Qjai, em abril de 1985, que a presena do fenmeno que agora chamo de Fator Maia confirmou-se para mim. Grosso modo, o Fator Maia aquele fator desprezado quando se considera o significado da histria humana, e, em particular, o conhecimento cientfico como. um todo. Ao olharmos mais uma vez para ele, vemos que o Fator Maia a presena de um padro galctico, um instrumento preciso que nos coloca em contato com a comunidade de inteligncia galctica. Verificado ainda mais de perto, microscopicamente at, o Fator Maia a observao de que estamos vivendo h cerca de 26 anos um momento de grande sincronizao galctica. Ou encaramos isso seriamente agora, ou perderemos a oportunidade.Meu encontro com Terence McKenna, autor do fascinante Invisible Landscape, muito contribuiu para esse entendimento do Fator Maia, pois tambm ele, trabalhando com o I Ching, tinha sido conduzido at os maias. Em particular, os seus fractais calendrios tinham-no levado concluso de que estamos envolvidos comum ciclo final" de tempo, cujos 67 anos de durao vo de Hiroxima, em 1945, at a data de sincronizao maia de 2012 d.C., o fechamento do assim chamado Grande Ciclo, que comeou em 3113 a.C. Aproximadamente no vero de 1985, eu estava certo de que o cdigo que estava por trs do Grande Ciclo era uma chave que revelaria o significado de nossa prpria histria - e de nosso dilema atual. Assim foi que me debrucei com renovada energia sobre o Fator Maia.Como preparao para a minha mais recente viagem ao Mxico, comecei a trabalhar intensamente com os hierglifos maias. Particularmente,

  • dediquei-me aos vinte Signos Sagrados, os glifos-chave do Calendrio Sagrado. O contato com os estudos analgicos da simbologia antiga dos egpcios em R.A. Schwaller de Lubicz, me havia proporcionado um ponto de partida para os meus renovados estudos dos glifos maias. Deixar-me absorver nesses glifos, fazendo desenhos e vrios arranjos com eles, foi algo profundamente revelador. Descobri que estava adquirindo informao atravs deles. Isso me demonstrava que o Fator Maia no era nada morto, ou pertencente ao passado, mas um sistema vivo.Em dezembro de 1985, Lloydine e eu estvamos no Yucatn, no imenso stio de Coba, na sua maior parte ainda no escavado. O mais setentrional dos centros de civilizao maia pr-830 d.C., e tambm um dos maiores. Coba possui uma presena que o prprio eptome do enigma maia. Invadida pela floresta, suas pirmides altamente escalonadas e suas praas fornecem o esteio para um vasto sistema de estradas retas e planas chamadas sacbeob, marcadas e caracterizadas por grandes esculturas hieroglficas, algumas contendo datas - ou so nmeros harmnicos? - referentes a eventos localizados em pontos inconcebveis do passado remoto, ou em algum outro sistema.

  • Coba foi o ponto inicial e final de uma peregrinao de um ms que terminou em 10 de janeiro de 1986. Nesse perodo, passamos pela Cidade do Mxico, na ocasio seriamente atingida pelo terremoto, Teotihuacan e pelas montanhas vulcnicas dos lagos Patzcua'ro e Chapala. Retrnando ao Yucatn, partimos com nossos amigos do Grupo Cristaux, Francis Huxley, Adele Getty, Colleen Kelly e Robert Ott, para uma excurso que inclua visitas a Uxmal e Chichn Itz, bem como s fantsticas cavernas de Loltun e Balankanche, finalmente voltando para a costa do Caribe e Coba.As visitas a Uxmal e Chichn Itz foram teis para definir o que tenho chamado de a ltima ou a segunda revelao de Kukulkan-Quetzalcoatl. Chegando ao Yucatn por volta de 987 d.C., com 40 anos de idade, Kukulkan revitalizou os centros de Uxmal e Chichn Itz e fundou a cidade de Maiapan, antes de partir em 999 d.C. Cerca de um ano antes, eu tivera a oportunidade de ouvir o curandeiro Iakota, Gerald Red Elk, falar sobre a relao - e de fato a identificao entre Cristo e Quetzalcoatl. Meditando sobre o antigo stio de Chichn ltz, o harmonioso Templo de Kukulkan e as numerosas representaes simblicas associadas a Kukulka;ocorreu-me que Kukulkan-Quetzalcoatl,que em 999 d.C. profetizou a chegada de Corts e a vinda da cristandade para o Mxico, foi ele mesmo uma encarnao do Cristo.

    luz de minha incipiente compreenso dos maias como navegadores planetrios e mapeadores do campo psquico da Terra, do sistema solar e da galxia, tais pensamentos ou insinuaes, como a identidade entre Kukulkan e Cristo, pareciam cada vez menos chocantes. Ao descobrir o filsofo maia, Domingo Pardez, cujo livro, Mayan Parapsychology, li com avidez, minha viso dos maias como seres altamente evoludos psquica, intelectual e espiritualmente, foi bastante estimulada. Porm, permanecia a questo: de onde teriam vindo? Ou, pelo menos, de onde vinha sua informao, e como, exatamente, ela era aqui transmitida?Enquanto nossa excurso seguia pelo mar das Carabas, tive outras intuies referentes ao Fator Maia. Foi novamente em Coba, no alto da grande pirmide, o Nohoch Mul, que o significado do "culto solar" dos maias (bem como dos egpcios e dos incas) comeou a fazer mais sentido para mim. De fato, o Sol no apenas literalmente a fonte e o sustentculo da vida, mas tambm o mediador da informao que chega at ela de

  • outros sistemas estelares atravs da energia radiante.A assim chamada adorao do sol, tal como atribuda aos antigos maias, , na realidade, o reconhecimento de que um saber mais elevado est sendo literalmente transmitido atravs do Sol, ou, mais precisamente, atravs dos ciclos de atividades binrias das manchas solares. O Tzolkin, ou Calendrio Sagrado, um meio de rastrear essa informao utilizando os ciclos das manchas solares. O Tzolkin tambm a matriz da informao comunicada por pelo menos dois sistemas estelares, que criam um campo de comunicao binria atravs das manchas solares. Quanto s fontes de informao, parece claro que as Pliades so uma delas; e muito provvel que Arcturus seja a outra.Nosso ltimo fim de tarde no Yucatn passamos em uma rstica hospedaria de teto de colmo chamada Chac Mool. As ondas do mar, em gestos contnuos, arrebentavam sobre a praia intemporal. noite, as estrelas espargiam seu plio de infinitas recordaes no cu enegrecido. Contemplando a geometria de padres estelares se interpenetrando, senti um bem-estar incrvel brotar em todo o meu ser. Ao som do vento, ao som das ondas, vista do deslumbrante esplendor das estrelas, um conhecimento profundo e maravilhoso espalhou-se por todas as clulas do meu corpo. Os maias estavam voltando, mas no como poderamos t-los imaginado. Essencialmente, seu ser, como o nosso, transcende a forma fsica. E, precisamente por essa razo, seu retorno pode ocorrer dentro de ns, atravs de ns, agora.Acordamos para saudar o alvorecer em Chac Mool. Nu entre as ondas do mar, olhei pura cima. O cu, flamejante com nuvens cor-de-rosa, anunciava o novo dia. Despedimo-nos dos amigos e dos conhecidos e fomos para Cancun, depois para o aeroporto, e finalmente para o falecido mundo industrial. Desta vez eu retomava mais autntico do que nunca, e ao mesmo tempo como se fosse outro. O Fator Maia tinha sido recuperado. Talvez o ciclo mundial ainda marcasse o seu encontro com o destino da galxia .

  • OS MAIAS: ADIVINHOS DA HARMONIA