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www.unipre.com.br Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO 1 SUMÁRIO GEO 01 PRODUÇÃO E TERRITÓRIO 5 GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO 52 GEO 03 EIXO 3: ESPAÇO URBANO BRASILEIRO 84 GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO 97 GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA 129

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SUMÁRIO 

GEO 01 ‐ PRODUÇÃO E TERRITÓRIO  5 

GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO  52 

GEO 03 EIXO 3: ESPAÇO URBANO BRASILEIRO  84 

GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO  97 

GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA  129 

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Organizaçãodoespaçoindustrialbrasileiro:evolução

etendênciasCaro estudante, neste capítulo

contemplaremos a parte do seu edital relativa a evolução industrial do Brasil, da sua fase colonial até a república.

Na fase colonial o Brasil estava voltado para o consumo de materiais manufaturados e industrializados. Portugal era um comerciante, importava produtos primários e exportava produtos manufaturados, logo não era interesse da metrópole o desenvolvimento da manufatura em sua principal colônia.

Ainda no período colonial desenvolveu no Brasil a produção de calçados, vasilhames e a fiação. Esses produtos eram importados da Europa e a Inglaterra, berço da indústria moderna, incentivará Portugal a impedir o desenvolvimento da manufatura nas colônias. Como medida restritiva a esse desenvolvimento foi assinado pela o ALVARA de 1785 que proibia a manufatura no Brasil colônia. Essa medida restringe a produção de tecidos – principal produto inglês – deixando livre a produção de panos grossos que eram utilizados para sacarias e para os escravos.

O período de desenvolvimento mais acelerado, fomentado pela produção de ouro, estimulou o consumo de ferramentas, e em 1795 foram feitas concessões para o setor da indústria de ferro. As distâncias encareciam os produtos no mercado interno o que levou a necessidade de permitir a manufatura na colônia.

O Tratado de Methuen, em 1703, conhecido como tratado de PANO X VINHO, garantiu aos ingleses o acesso ao mercado colonial português, via Portugal.

Até 1808, pode-se dizer que não havia propriamente indústrias no País, resumindo a atividade industrial à produção de tecidos grosseiros e de uns poucos artigos de natureza artesanal.

Com a chegada da coroa portuguesa ao Brasil uma nova fase se inicia.

Normalmente as bancas examinadoras induzem o candidato ao erro, argumentando que no Brasil colônia devido ao ALVARÁ de 1785 da rainha D Maria I, ou seja, período das manufaturas não havia produção industrial com a utilização de máquinas, tendo em vista que a utilização só teria começado a ocorrer com a

chegada da família real, que seria o marco inicial do período das maquinofaturas.

Não se deixe levar por esse argumento, pois existiam máquinas no Brasil colônia, porém eram todas consideradas rudimentares, ou seja, não apresentavam fontes energéticas.

Abertura dos Portos – 1808 – tarifas muito baixas facilitaram a importação, logo foram uma medida restritiva a industrialização local.

Com a abertura dos Portos ficaram assim as tarifas cobradas pela importação:

Taxa geral – 24% - válida para todos os países.

Taxa para Portugal (metrópole) – 16%

Taxa para Inglaterra (país amigo) – 15% (a partir de 1910). Em 1928, essa taxa passou a ser empregada para todos os países.

Dificuldades econômicas brasileiras levaram o país a elevar as tarifas de importação – foi uma medida basicamente fiscal – e foi implementada pelo Ministro da Fazenda Manoel Alves Branco – Lei Alves Branco. As taxas foram ampliadas para 30 a 60%, contudo a influência inglesa no império levou a concessão de vantagens tarifárias para os comerciantes desse país.

Peço sua atenção a esse período histórico (Abertura dos Portos), bastante abordado em provas, a banca costuma relacionar o aumento das tarifas de importação, como sendo um estímulo a produção industrial nacional. Porém, tratou-se de uma medida basicamente fiscal diretamente ligada ao aumento de arrecadação. Podemos observar que após 1808, apesar de liberação da atividade industrial que até então havia sido impedida pela metrópole, o desenvolvimento industrial não tomava impulso devido à falta de infraestrutura interna e à concorrência dos produtos externos, sobretudo ingleses.

Nessa fase destaca-se o papel de IRINEU EVANGELISTA DE SOUSA, o BARÃO DE MAUÁ. Esse brasileiro foi um idealista, sonhava com uma nação industrial e realizou grandes empreendimentos no país como: estaleiros, bancos (com agências no exterior), transporte com bondes de tração animal, canalização de gás para iluminação da cidade do Rio de Janeiro, lançamento do cabo submarino que ligou, por telégrafo, o Brasil e a Europa, criou a Companhia de Navegação do Amazonas e ainda lançou a primeira estrada de ferro no país – 1854.

Uma história ficou famosa nesse período – D Pedro II foi convidado a abrir as obras da ferrovia, e teve que colocar uma pá de terra na construção.

GEO 01 ‐ PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

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Esse fato foi utilizado pela imprensa como uma humilhação do Barão ao Imperador – muito bem explorado pelos ingleses o que gerou novas medidas de concessões aos importados e impediu o desenvolvimento industrial tão sonhado pelo Barão. Pena que o nosso Imperador fosse um intelectual e não um homem de Estado para ver a importância da industrialização naquele momento.

Outros fatores contribuíram para uma mudança na realidade do Brasil, mesmo sem o apoio do Estado, e fomentaram o desenvolvimento da indústria. Entre eles destacam-se:

Introdução do café em SP;

Com a chegada dos imigrantes houve certa expansão do mercado interno consumidor;

Disponibilidade de capitais e melhores transportes.

Abolição do tráfico de escravos – Lei Euzébio de Queirós, 1850.

(esse fato deixou o capital que era investido no tráfico disponível para ser investido em outros setores)

Começam a surgir alguns setores industriais voltados a atender as necessidades mais imediatas e que exigiam menor investimento e menor tecnologia como: alimentos, têxtil, de material de construção, etc.

Em 1850 havia no país:

- 02 fábricas de tecidos;

- 10 indústrias de alimentos;

- 02 indústrias de caixas e caixões;

- 05 indústrias metalúrgicas;

- 07 indústrias químicas.

Como você pode observar na leitura dos tópicos acima, no final do século XIX, o desenvolvimento industrial foi pequeno, apesar das tarifas de importação adotadas pelo governo que serviam também para proteger a indústria nacional da concorrência externa.

Iniciando o século XX a realidade brasileira não era diferente, isto é, até deflagrar a I GM. À partir da Primeira Guerra Mundial, a atividade industrial apresentou certa expansão em nosso país, pois já que não podia contar com os produtos importados da Europa, procurava desenvolver aqui alguns setores industriais.

A crise 1929/1930 e a Segunda Guerra Mundial marcaram outra fase de crescimento industrial, sobretudo em SP, RS e MG. Após

1940, surgem outros tipos de atividades industriais, já que antes dominavam indústrias de bens de consumo.

Em 1942, ocorre a construção da Cia. Siderúrgica Nacional. Inicia-se a produção de aço em grande escala, o que abre novas perspectivas para a expansão industrial brasileira.

Caro estudante, faz-se necessário destacar que a Cia. Siderúrgica Nacional foi implementada com o capital (financiamento) e tecnologia dos EUA, em troca de apoio brasileiro na Segunda Guerra Mundial.

Lembre-se que o Brasil (Rio Grande do Norte) abrigou a maior base militar estadunidense fora do seu território.

Na década de 1950 ainda enfrentamos problemas e obstáculos, como falta de energia e deficiente rede de transportes e comunicações, que vão ser tratados por Juscelino Kubitschek em seu plano de Metas (50 anos em 5) - além disso, o desenvolvimento industrial passa a ser dependente do capital externo. Nessa fase o governo optou pela indústria de bens de consumo duráveis bem como pelas indústrias automobilísticas e de eletrodomésticos, além realizar investimentos nos setores básicos de energia elétrica através da criação de várias empresas Cemig - Furnas, etc.).

Caro estudante, é importantíssimo frisar que no governo Vargas foi lançado às bases para a ação do Estado no sentido de estabelecer o controle de setores estratégicos para o desenvolvimento industrial. O modelo já pensado foi implementado nos governos seguintes.

A década de 60 é representada por um período de crise e estagnação da atividade industrial. Essa fase é marcada por uma economia associada e dependente do capital externo e um Estado forte, centralizador e controlador dos setores econômicos básicos.

A década de 70 caracterizou-se por apresentar uma maior diversificação da produção industrial e, consequentemente, das exportações chegando a atingir mais de 50% da pauta de exportações nacionais e que, até hoje, têm nos manufaturados o seu maior peso.

O Brasil, bem como a maior parte dos países de industrialização recente, apresenta uma grande participação do Estado na economia. Durante as décadas de maior industrialização o Estado teve que criar a infraestrutura básica necessária e isto incluiu estradas, hidrelétricas e outras e ainda assumir o investimento nos setores de base como a siderurgia, mineração, refino, etc. Essa necessidade gerou uma estatização dos setores de base da indústria nacional.

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O conceito moderno de economia e Administração Pública vê este sistema como obsoleto e o Estado, que já foi visto como tábua de apoio para a economia do país passou a ser visto como um grande estorvo. Era a necessidade de desestatizar a economia ( privatização ).

O critério das privatizações foi muito contestado, pois muitas estatais foram vendidas para outras estatais ou fundos de pensões com pagamento em títulos “moedas podres”. A organização de consórcios para participar dos leilões sugeria que nem tudo estava claro nessas transações.

Prezado candidato, na literatura acadêmica não faltam argumentos pró-privatizações, bem como argumentos contra. No entanto, os custos para a manutenção de um sistema evidentemente ineficiente, inchado de funcionários desnecessários e uma estrutura de comando montada apenas com critérios políticos, parece ter se tornado insustentável para um país que procura uma nova colocação no cenário mundial.

Apesar da perda patrimonial do Estado e da ampliação da internacionalização de nossa economia houve mudanças significativas e as empresas já privatizadas começam a apresentar um desempenho melhor, compatível com as regras básicas do capitalismo. A Mafersa, fabricante de vagões, apresentou lucros após anos de prejuízo enquanto estatal. A Usiminas aumentou sua produtividade e reduziu um terço seu endividamento. Se analisarmos caso a caso encontraremos outros exemplos exitosos.

Classificação da indústria 

A indústria pode ser entendida como ato de transformar matérias primas em bens de produção e de consumo. De um modo geral, as indústrias podem ser divididas em:

Extrativas: 

- mineral

- vegetal

Transformação: ‐ bens de produção 

- bens de capital

- bens de consumo (não duráveis, semiduráveis, duráveis ).

Construção: ‐ civil 

- naval

a) Indústrias extrativas: extraem produtos sem alterar suas características. A indústria extrativa se divide em vegetal, animal e mineral (ex.: indústria madeireira, da pesca, de mineração etc.).

b) Indústrias  de  transformação: são as que convertem as matérias-primas obtidas da natureza em objeto útil para o homem. Dividem-se em bens de consumo:

duráveis — produzem bens que são utilizados por um período relativamente longo (ex.: móveis, automóveis, aparelhos eletrônicos etc.);

semiduráveis — produzem bens que serão utilizados por um período que não é considerado longo nem curto, ou seja, apresenta uma vida útil “relativamente” longa. (ex.: roupas e calçados)

não-duráveis — produzem bens que são usados apenas uma vez ou por pouco tempo, isto é, têm “vida útil” relativamente curta (ex.:alimentos, roupas, calçados, remédios etc.).

c) Indústria  de  construção: São as que produzem casas, edifícios residenciais, comerciais, industriais. Também compreende a indústria de construção pesada (aeroportos, rodovias, túneis, pontes, usinas hidrelétricas etc.) e a indústria de construção naval.

Outras Classificações de Indústrias 

Segundo a função:

a) Indústrias germinativas - são as que geram o aparecimento de outras indústrias como, por exemplo, a petroquímica.

b) Indústria de ponta - são as indústrias dinâmicas, que comandam a produção industrial como, por exemplo, as indústrias químicas e automobilísticas.

Segundo a tecnologia:

a) Indústrias tradicionais - são as que estão ainda ligadas às vantagens oriundas da primeira revolução industrial. Podem ser empresas clânicas, ou seja, empresas familiares.

b) Indústrias dinâmicas - são aquelas ligadas ao desenvolvimento recente da química, eletrônica e petroquímica, principalmente. Utiliza muito capital e tecnologia e relativamente pouca força de trabalho.

Possuem uma flexibilidade maior de localização.

Segundo a aplicação de recursos ou fatores:

a) Indústrias capital-intensivas - as que aplicam os maiores recursos nos fatores capital e tecnologia.

b) Indústrias trabalho-intensivas - as que empregam os maiores recursos em força de trabalho.

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Distribuiçãogeográficadaatividadeindustrial

Prezado candidato, nesse capítulo veremos tópicos relacionados aos fatores que mais influenciaram na distribuição geográfica da atividade industrial no Brasil, bem como os motivos que conduziram a um aumento da dívida externa brasileira.

A opção de localização considera vários elementos. Destaca-se:

Infraestrutura – transporte, energia, telecomunicações;

Capital – terrenos, incentivos fiscais, disponibilidade de crédito;

Mercado consumidor;

Oferta de matéria-prima.

A grande região industrial do país é a região Sudeste, onde se destacam São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O centro econômico do Brasil, bastante urbanizado e industrializado, é constituído, principalmente, por São Paulo e Rio de Janeiro.

REGIÃO SUDESTE 

É a responsável por mais da metade de toda a atividade industrial e, sozinha, consegue cerca de 3/4 do valor da produção industrial.

Essa concentração no SE é devida a vários fatores, como:

a) sistemas de transporte e comunicação mais desenvolvidos;

b) maior produção energética;

c) maior e mais diversificado mercado consumidor;

d) maior concentração de capitais;

e) maior concentração de mão-de-obra;

f) melhor nível de vida e poder aquisitivo.

Destaques do Sudeste

São Paulo 

O Estado de São Paulo é o maior destaque. Concentrando cerca de 40% dos estabelecimentos industriais do país; 48% do pessoal ocupado em indústrias; 53% do valor da produção industrial.

A grande São Paulo, sobretudo os municípios do ABC, Diadema, Osasco, Guarulhos e outros,

possui a maior concentração industrial do país e da América Latina.

Ainda no Estado de São Paulo, outros centros industriais importantes, situam-se normalmente ao longo dos principais eixos rodoviários ou rodoferroviários. São eles:

a) Anhanguera - Campinas, Americana, Limeira, Piracicaba, Ribeirão Preto.

b) Dutra - Jacareí, São José dos Campos, Taubaté.

c) Washington Luís - Rio Claro, São Carlos, Araraquara, São José do Rio Preto.

d) Raposo Tavares - Sorocaba, Itapetininga, Presidente Prudente.

e) Anchieta - Cubatão, Santos, São Bernardo.

Veja o mapa da desconcentração da indústria no estado de São Paulo

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As indústrias do Estado de São Paulo caracterizam se pela diversificação: metalurgia, química, alimentícia, têxtil, transporte, construção, farmacêutica, etc.

 

Minas Gerais 

Vem aumentando a cada ano o valor da produção industrial e a área de influência industrial da Grande Belo Horizonte. O Centro Industrial de Contagem, próximo a Belo Horizonte, é diversificado e foi criado em 1970, em Betim uma nova área de produção de carros. Sua posição é apoiada na abundância de recursos minerais, sobretudo no minério de ferro, justificando o primeiro lugar na produção de aço do país.

Com a desconcentração industrial, novos centros ganham importância como é o caso de Juiz de Fora e Uberlândia, ambas fora da região metropolitana de Belo Horizonte.

Rio de Janeiro 

A maior concentração industrial coincide com o Grande Rio conformando uma região polindustrial. Destaques na indústria naval e do turismo.

O crescimento da indústria fluminense é mais dinâmico do Vale do Paraíba que se expande em função da influência ampliada exercida pelo RJ e SP.

Região Sul 

Apesar da antiguidade da ocupação industrial (o início está ligado à colonização europeia), a

Região Sul tem apenas 20% de participação no processo industrial. É a segunda região mais industrializada.

As indústrias mais importantes são as de bens de consumo: as alimentícias destacam-se no RS, como frigoríficos, couros, vinícola, as têxteis em SC e madeira no PR.

No RS, os centros mais industrializados são: Grande Porto Alegre, Caxias do Sul, Pelotas, Rio Grande, etc. Em SC, por sua vez, destacam-se: Joinville, Blumenau (têxtil); Criciúma e Tubarão (carvão). Já no PR tem-se Curitiba, polo industrial, além de centros no norte do Estado.

Foi amplamente beneficiada com a desconcentração industrial devido apresentar as melhores vantagens locacionais. Com o Mercosul a região recebeu novos investimentos devido apresentar melhor localização geográfica em relação ao bloco e por ter melhor infraestrutura energética, de estradas, portos e mão de obra qualificada.

REGIÃO NORDESTE 

É a terceira mais industrializada; as maiores aglomerações industriais se concentram no Recife e Salvador. A industrialização do NE está ligada à construção da usina hidrelétrica de Paulo Afonso, à criação dos distritos industriais, como Cabo, Paulista, Jaboatão, etc., em PE, e Centro Industrial de Aratu e do Polo Petroquímico de Camaçari na Bahia. Destaca-se, também, a concentração industrial em Fortaleza.

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Nos anos 90 a região passou a ser alvo de novos investimentos já em uma nova fase de integração. Até os anos 80 a industrialização estava subordinada a região SE, nos anos 90 a indústria que se instala no NE está subordinada à lógica internacional, à globalização.

Principais Indústrias e sua localização.

A indústria de transformação é a que mais se destaca, conforme os dados a seguir:

A indústria alimentícia tem a maior participação em pessoal ocupado em número de estabelecimentos. A indústria metalúrgica é a segunda em número de pessoal ocupado e valor de produção industrial.

Abrangem diversos ramos, tais como: laticínios, conservas, frigoríficos, bebidas, massas, moinhos, óleo, etc. Está entre as mais antigas do País. Apesar de estar disseminada por quase todo o País, é em SP que se verifica a sua maior concentração. Destaques: Carnes (frigoríficos): Araçatuba e Barretos (SP), Rio Grande e Pelotas (RS), Campo Grande (MS). Bebidas: Caxias do Sul, Bento Gonçalves (RS), Jundiaí, São Roque Ribeirão Preto (SP). Laticínios: Sul de MG, Vale do Paraíba (SP e RJ), grandes centros. Açúcar: Paraíba (SP), Campos (RJ), Maceió (AL).

Automobilística 

A produção automobilística brasileira sofreu um grande crescimento desde 1958, colocando-se, atualmente, entre as dez maiores empresas do mundo, sendo superada apenas por Japão, EUA, Alemanha, Inglaterra, França, Itália, Canadá e Rússia. As principais empresas automobilísticas são:

a) Volkswagen do Brasil - SP;

b) General Motors do Brasil - SP;

c) Ford Motores do Brasil - SP;

d) Mercedes-Benz do Brasil - SP;

e) Fábrica Nacional de Motores - RJ;

f) Fiat do Brasil - MG; e

g) Volvo do Brasil - PR.

A indústria automobilística foi implantada na segunda metade da década de 1950, durante o governo de Juscelino Kubitschek. Os principais fatores associados à implementação da indústria automobilística foram:

a) desenvolvimento da metalurgia e siderurgia;

b) as já existentes indústrias de montagem de veículos no Brasil;

c) existência de indústrias de autopeças;

d) mercado consumidor no SE;

e) desenvolvimento do setor rodoviário; e

f) criação do GEIA (Grupo Executivo da Indústria Automobilística).

A primeira indústria – Vemag – foi instalada em 1956, e em 1958, a Volkswagen.

Com isso desenvolvem-se indústrias ligadas ao setor automobilístico, como: vidros, artefatos de borracha, couro, material elétrico, metalurgia leve, etc.

A maior concentração ocorre em São Paulo graças a maior disponibilidade de mão-de-obra, indústrias de autopeças, proximidades da Cosipa e do Porto de Santos, existência de energia elétrica, etc.

Atualmente, o Brasil está entre os maiores produtores mundiais, com uma produção anual de cerca de 1 milhão de veículos.

É comum verificar a produção de novas marcas no Brasil. Isso se deve a abertura econômica ocorrida na década de 90 e o incentivo do governo para atrair novos empreendimentos.

Siderurgia 

Foi somente a partir de 1917 que se instalou no País, por iniciativa da Cia Siderúrgica Belgo-Mineira, localizada inicialmente em Sabará (MG) e depois em João Monlevade (MG). Aproveitando a abundância de minério de ferro existente em Minas Gerais, outras siderúrgicas foram se instalando na região, e, durante muito tempo, Minas Gerais foi o único centro siderúrgico do País. As causas que retardaram a implantação da siderurgia foram a escassez de carvão mineral, a falta de mão-de-obra e de capitais, além da ausência de indústrias capazes de consumir a produção.

  %  s/  os 

estabelecimentos 

industriais 

% s/ o 

pessoal 

ocupado 

% s/ o valor 

da  produção 

industrial 

a) extração mineral  1,9%  1,7%  1,5% 

b) transformação  98,1%  98,3%  98,5% 

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A partir de 1942, a siderurgia tomou grande impulso com a instalação da Cia. Siderúrgica Nacional (estatal) em Volta Redonda, no Vale do Paraíba fluminense. Sua localização obedecia à situação intermediária entre as jazidas de carvão (SC) e as áreas produtoras de minério de ferro (MG); ao ponto de encontro entre a Central do Brasil e a Rede Mineira de Viação; à proximidade dos maiores centros industriais e consumidores do País; à abundância de energia elétrica; e, por fim, à maior disponibilidade de mão-de-obra.

A elevada taxa de crescimento alcançada por este setor deve-se a vários fatores, tais como:

a) desenvolvimento das atividades industriais de base. as quais passaram a consumir a produção siderúrgica;

b) rápido desenvolvimento do setor de construção civil;

c) grande apoio governamental;

d) aumento do consumo de produtos industrializados;

O principal problema que afeta a indústria siderúrgica é o fornecimento de matérias-primas (carvão mineral), sendo por isso, muito grande o consumo de carvão vegetal.

O carvão produzido no Brasil não é bom para fazer o coque siderúrgico e por isso devemos importar carvão mineral.

Observações:

- 94% da produção siderúrgica concentra-se no SE

- As maiores produções siderúrgicas são obtidas pela Usiminas, CSN e Cosipa.

É importante frisar que o polo siderúrgico do Maranhão, integrado a produção de Serra de Carajás, está em franco crescimento.

Distribuição espacial das usinas siderúrgicas 

As siderúrgicas distribuem-se pelo espaço independentemente da localização do carvão mineral, pois as maiores produções desse produto vêm do sul, e é no SE que se encontra a maior produção de aço.

Portanto, outros foram os fatores responsáveis por esta localização. E, sobretudo, a presença de minério, como o ferro e o manganês e o mercado consumidor, que regem tal distribuição.

A produção atual de aço bruto situa-se perto de 2,8 milhões de toneladas, colocando o Brasil entre os 10 maiores produtores do mundo.

Enquanto o consumo per capita de aço dos países desenvolvidos, como EUA, Japão, Rússia, Alemanha, gira em torno de 400 a 500 kg/hab/ano, o consumo brasileiro é de cerca de 100 kg/hab/ano.

Apesar do franco desenvolvimento industrial experimentado pelo País nas últimas décadas, vários são os problemas que o afetam, destacando-se os seguintes:

- Quanto à energia: empregamos ainda elevada quantidade de lenha como fonte energética, falta garantias de investimentos para expansão da oferta energética.

- Quanto ao capital: escasso, não permitindo grandes investimentos por parte dos particulares, o que beneficia a participação de capitais estatais e estrangeiros.

- Quanto ao equipamento: a produção da indústria de máquinas e equipamentos ainda é insuficiente, sendo necessária a importação em larga escala.

- Quanto aos transportes: o sistema ferroviário e o hidroviário são deficientes. O sistema rodoviário está sobrecarregado.

- Quanto ao mercado consumidor: ainda restrito, apesar de estar em crescimento. A alta concentração de renda impede, de certa forma, a expansão do consumo.

Desenvolvimento brasileiro e o endividamento externo. 

Das correntes teóricas voltadas ao estudo do desenvolvimento da América Latina a dominante segue a orientação da CEPAL (1948) - órgão da ONU. Esse organismo buscou orientar os países latino-americanos a adotar políticas de desenvolvimento com base na substituição de importações. Esta orientação teve êxito no período JK e posteriormente durante o governo militar (1964 - 1985) - em especial na década de 1970 (milagre brasileiro).

As doutrinas cepalinas orientaram o desenvolvimento por intensificação das poupanças internas mais investimentos estrangeiros (multinacionais), para aumentar a substituição de importações, com balanças comerciais, em geral, deficitárias devido à importação de máquinas e equipamentos.

A aplicação do modelo econômico seguindo as orientações da CEPAL se deu no período JK (56-61) que é marcado pelo programa de metas. Investimento nacional combinados com o capital internacional permitiu a criação de hidrelétricas,

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indústria automobilística, autoestradas e a construção de Brasília.

Após 1950, o avanço das multinacionais desencadeou o desenvolvimento dos países periféricos. Os países que apresentavam melhores condições de infraestrutura tornavam-se destino de investimentos diretos, com a instalação de multinacionais e de investimentos indiretos, com a oferta de empréstimos voltados para a criação e ampliação de infraestrutura. Para exemplificar bata-nos verificar o ocorrido no Brasil nas décadas 60 - 70, quando surgiu no país uma milagrosa evolução econômica. Esse modelo constituiu, em preparar, facilitar, recepcionar, acomodar e favorecer mais e da melhor forma a entrada de capital internacional no Brasil.

Na década de 70 e início dos anos 80, essa prosperidade é abalada pela crise do petróleo (73 e 79), que provoca recessão e inflação nos países do primeiro mundo. Também nos anos 70, desenvolvem-se novos métodos e técnicas voltados para a produção. Nos anos 90 uma nova fase na produção industrial se instala com a modernização da industrial. O processo de automação, robotização e terceirização aumentam a produtividade e reduzem a necessidade de mão-de-obra gerando ainda a necessidade de novas qualificações e desaparecendo antigas profissões.

Assim, a globalização assentou o golpe nas teorias de desenvolvimento autônomo sob orientação cepalina.

 

Endividamento brasileiro 

No período 71/72 a inflação atinge os países desenvolvidos, inclusive os EUA. O padrão dólar estabelecido em Bretton Woods foi quebrado e as principais moedas passaram a oscilar gerando uma disponibilidade de dólares que passaram a ser aplicados nos países do terceiro mundo. Este dinheiro foi usado pelos países em desenvolvimento para cobrir déficits das suas

contas externas. A partir de 1973, verificamos uma escalada no preço do petróleo que levou os países em crescimento acelerado, como o Brasil, a um endividamento crescente.

Verificando o histórico da dívida brasileira observamos que dos 2,5 bilhões devidos em 1964 saltamos para 96,5 bilhões em 1990, ou seja, uma alta de 3860%. E dois anos depois, em 1992, a dívida já havia atingido 132,3 bilhões. A dívida passou a crescer muito rápido, muito mais rápido que a nossa capacidade de crescimento ou de pagamento.

Evolução da dívida externa brasileira (em bilhões de dólares)

O comprometimento de um percentual cada vez maior do PNB (produto nacional bruto), de 10,5% em 1968 para 27% em 1980, deixa o Brasil impedido de fazer novos investimentos. Este comprometimento interfere no crescimento econômico devido à necessidade do país em cumprir o serviço da dívida.

O processo de endividamento tornou-se ainda mais grave quando, no final dos anos 1970, as taxas de juros internacionais (a libor - taxa interbancária de Londres - e a prime rate - taxa básica cobrada pelos bancos dos EUA) oscilaram para cima, chegando a 15,18% a primeira e 15% a segunda. A taxa do FED, banco central americano, chegou a 13%.

Toda esta oscilação fez com que o capital retornasse aos EUA e Europa e fizesse disparar a dívida dos países periféricos que tinham a sua dívida corrigida com base nas taxas internacionais. Caro estudante, peço sua atenção ao seguinte fato, estando o Brasil inserido nesse contexto de alta de juros, o país foi duramente atingido devido ter mais de 60% de sua dívida baseada em juros flutuantes, ou seja, com o aumento das taxas prime rate e libor a dívida teve seus juros reajustados.

Vejamos um exemplo: o Brasil fez um

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empréstimo de 1 bilhão de dólares para desenvolver o programa Proálcool e comprometeu-se a pagar, apenas nos 5 primeiros anos, 800 milhões de dólares de juros e comissões, ou seja, quase a quantia contratada mas, com o aumento dos juros, esse montante cresceu ainda mais.

Assim, na iminência de não ter a capacidade de honrar seus compromissos em dia, a saída para o Brasil foi suspender unilateralmente (moratória parcial) durante o governo Sarney, o pagamento das prestações e dos juros da dívida e exigir a renegociação das condições e prazos de pagamento. Contudo, o Brasil voltou atrás e passou a adotar o receituário econômico do FMI.

O padrão da dívida que tinha vencimento a curto prazo - 5 anos - passa a ter novo perfil, 60% da dívida consegue prazos maiores que 10 anos. Tudo isto se deve ao fato de tentar evitar a insolvência dos países devedores, caso que levaria as finanças internacionais a um caos.

Ter crédito internacional é uma garantia para que o país continue a ser viável para receber investimentos. Assim, para que qualquer país assegure o serviço da dívida externa é necessário que ele garanta a cada ano um fluxo de novos empréstimos, financiamentos e obtenha, acima de tudo, saldos expressivos em sua balança de comércio exterior. EXPORTAR é o que IMPORTA.

É da receita da exportação que dependem, em última instância, o pagamento efetivo da dívida e a própria garantia para a contratação de novos empréstimos e financiamentos internacionais. Por isso é que o governo brasileiro tem se esforçado em incentivar as exportações e a manter um superávit primário alto para, desta forma, demonstrar ao mundo que o país tem condições de honrar seus compromissos e que é viável economicamente.

Outro modo de manter a dívida sob controle é através de acordos. Neste caso, a garantia para o pagamento é conseguida através de apoio financeiro do FMI. Negociações neste sentido foram realizadas no governo Figueiredo e outra no governo Collor / Itamar Franco. Ainda nos últimos anos do governo FHC e no atual foram feitos acordos com o FMI para garantir o cumprimento dos serviços da dívida e proteger a economia interna. O governo Lula conseguiu zerar a dívida do Brasil com o FMI, desse modo o país fica livre da obrigação de adotar as diretrizes econômicas preconizadas pelo FMI.

Assim, verificamos que todo quadro criado devido às modificações das taxas de juros internacionais afetou o crescimento brasileiro na

década de 1980 levando esta a ser conhecida como a DÉCADA PERDIDA e ainda reflete nos dias atuais.

Tecnopolos 

Os polos tecnológicos correspondem à concentração espacial de empresas e instituições de ensino e pesquisa envolvidas no estudo e na aplicação de tecnologia avançada (como, por exemplo, robótica, microeletrônica, cerâmica avançada, tecnologia espacial, biotecnologia, nanotecnologia entre outras) permitindo que as empresas assumam um perfil moderno e competitivo por meio da aplicação dessas tecnologias desenvolvidas nos centros de pesquisa.

Como possuem uma organização menos burocratizada, os polos tecnológicos facilitam a transferência de tecnologia para o setor produtivo industrial e, ao mesmo tempo, estimulam o desenvolvimento científico e tecnológico. Os principais polos tecnológicos brasileiros encontram-se concentrados sobretudo no Sudeste e Sul do Brasil, podendo-se destacar:

• o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), situados no município de São José dos Campos (SP), ambos de iniciativa governamental, que desenvolvem projetos na área aeronáutica, espacial, de fabricação de radares, antenas, entre outros;

• as Universidades Federal e Estadual de São Carlos (SP), que têm dirigido suas pesquisas científicas à obtenção de novos materiais, como é o caso de cerâmicas resistentes ao calor;

• os polos tecnológicos de informática, localizados nas cidades de São Paulo, Campinas (SP), Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis e Campina Grande (PB);

• as áreas de pesquisa de química fina e de biotecnologia, no Rio de Janeiro, em Porto Alegre, em Fortaleza e em Campinas, além de centros de pesquisa em biologia molecular, física, bioquímica, matemática e outras pelo Brasil.

Prezado candidato, ressalta-se que o Estado brasileiro exerceu uma grande influência no alargamento dos mercados nacionais, que, aos poucos, foram-se tornando cativos do poder hegemônico de São Paulo e do Sudeste. Segundo José Serra: “ uma das características marcantes do desenvolvimento do capitalismo no Brasil diz respeito ao significativo papel do Estado como fator de impulso à industrialização. Esse papel foi exercido não apenas através de suas funções fiscais de monitoria e de controle do mercado de

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trabalho ou de sua função de provedor dos chamados bens públicos, criação de infraestrutura e produção direta de insumos indispensáveis à industrialização pesada“.

Desconcentração industrial 

A desconcentração industrial no estado de São Paulo é bastante nítida. Ela se processou (e se processa), principalmente, ao longo dos quatro principais eixos rodoviários, que de certa forma acompanharam os eixos ferroviários construídos na época da expansão da cafeicultura: a Via Presidente Dutra (a Rio — São Paulo) atravessando o histórico Vale do Paraíba; o sistema Anchieta — Imigrantes (São Paulo — Baixada Santista); o sistema Bandeirantes—Anhanguera—Washington Luís (ligando a cidade de São Paulo ao norte e noroeste do estado); e a Via Presidente Castelo Branco, ligando a cidade de São Paulo a várias cidades do sudoeste do estado até Presidente Epitácio, no Vale do Rio Paraná, divisa com o Mato Grosso do Sul.

Esse processo de desconcentração acontece em todo território nacional e foi fomentado pelo governo federal pelo incentivo fiscal desenvolvido pelas superintendências de desenvolvimento – SUDENDE, SUDECO, SUDESUL e SUDAM. A desconcentração visava aproveitar as VANTAGENS COMPARATIVAS para produção industrial.

No  Sul – infraestrutura e mercado consumidor, mão-de-obra qualificada, proximidade de mercado consumidor – Argentina e Sudeste do país. A região mais beneficiada com a desconcentração foi a região Sul.

No  Norte – incentivos fiscais que facilitavam o acesso e concorrência no mercado nacional e internacional.

No  Nordeste – incentivos fiscais e mão-de-obra farta e barata. A produção estava voltada para o mercado do SE e, ultimamente, com os investimentos externos também se integra na produção para o mercado globalizado.

No  Centro‐Oeste, a partir da década de 90, observa-se a ação dos governos estaduais em atrair investimentos industriais. As vantagens fiscais oferecidas permitiram a instalação de indústrias de beneficiamento, para estarem próximas as fontes de matéria prima ou ainda novas plantas industriais como é o caso da indústria farmacêutica em Anápolis e a automobilística em Catalão, ambas em GO.

O governo criou as condições de infraestrutura necessárias ao processo de instalação industrial através da aquisição de empréstimos internacionais para a construção de obras de engenharia para garantir a realização dos investimentos.

Só alguns exemplos: Itaipu, Balbina, Tucuruí, transamazônica, estrada de ferro Carajás, BR 364.

DinâmicadoMercadodeTrabalho

Nas últimas décadas houve uma mudança significativa do mercado de trabalho no Brasil e no mundo. Vamos fazer algumas recordações:

Crise da Polônia na década de 1980 - o presidente do Sindicato Solidariedade, Lech Walesa - comandou os trabalhadores, parou o país e enfrentou o regime socialista.

Microinformática e a automação das linhas de montagem - com as constantes greves de trabalhadores em todo mundo, com greves constantes, as multinacionais substituem os trabalhadores por máquinas - sistemas automatizados que reduzia a quantidade de trabalhadores e exigia novas qualificações.

Grandes avanços científicos e tecnológicos - os grandes avanços alcançados nos laboratórios da indústria da guerra passa a estar disponível para o setor produtivo. A transferência de tecnologia para os países periféricos fazem mudar a lógica produtiva mundial.

Globalização da produção - não se pensa mais em uma produção centralizada, regionalmente constituída, esta deve ser descentralizada em busca das vantagens comparativas.

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Instabilidade social e econômica - se há instabilidade política e social, mão-de-obra organizada, sindicatos fortes, governos nacionalistas, as empresas fogem para outras localidades que lhes garantam segurança do investimento e garantias de rentabilidade e exportação dos lucros.

Neoliberalismo - a década de 1980 foi um marco para todas os itens listados anteriormente. Iniciou na Europa com Margareth Tacher e nos EUA com Ronald Regan a política neoliberal. Ainda nessa década verificamos a queda dos regimes militares, com a instauração de novas democracias que buscavam estar alinhadas com o novo pensamento mundial.

O socialismo em crise - e a URSS se desfaz e nasce a Comunidade dos Estados Independentes - CEI. Mikhail Gorbatchev, levou a União Soviética a mudanças políticas, econômicas e sociais. Ciente dos problemas que o país passava, Gorbatchev propôs dois planos: a perestroika (reestruturação) e a glasnost (transparência). Era o inicio de um mundo sem bipolaridade ideológica. Paralelamente a isso o capitalismo se reinventava, com a redução do estado na economia.

O Brasil estava nesse período passando pela redemocratização com a eleição indireta de Tancredo Neves e a promulgação de uma nova constituição.

A economia brasileira marcada por uma estrutura arcaica e falida. No campo observamos a concentração fundiária, injusta e antidemocrática, sujeitando milhares de trabalhadores a condições de trabalho sem garantias sociais. O setor industrial não consegue absorver a mão-de-obra que o campo não libera e os trabalhadores livres que já estão nas cidades. O setor de comércio e serviços passa a ser a tábua de salvação da economia para absorver essa mão-de-obra.

Esse processo de organização do mercado de trabalho, com a concentração dos trabalhadores no setor terciário é um fenômeno comum aos países em desenvolvimento. O setor industrial se desenvolve com uma tecnologia poupadora de mão-de-obra. A agricultura, do mesmo modo, passa por um processo contínuo de modernização e também reduz a necessidade de trabalhadores. O setor de serviços e comércio absorve esses trabalhadores, em postos formais e informais. Gera-se com isso uma economia paralela, a economia informal, gerando subempregos, sem garantias trabalhistas e sociais. Outra

característica desse setor e que tem uma média de salário baixa que o setor secundário.

As Transformações no conteúdo do trabalho e nas formas de emprego 

Os impactos são sentidos nas transformações que se colocam ao conteúdo do trabalho e no uso das qualificações e nas formas de emprego.

Aos trabalhadores ativos exigem-se novas habilidades, até então pouco exigidas no mercado de trabalho. O perfil desse novo trabalhador exige a capacidade de adaptar-se continuamente, a novas tecnologias de informação e comunicação que são empregadas na produção. Competências, como raciocínio lógico-abstrato, habilidades sociocomunicativas, responsabilidade, disposição para correr riscos e espírito de liderança, passaram a ser demandadas. A destreza em outras línguas (como inglês) e linguagens (como informática) está se tornando pré-requisito para o ingresso e manutenção em um mercado de trabalho estruturado.

Há uma mudança setorial significativa no mercado de trabalho. Alguns setores têm crescimento mais significativo e apresenta mais promissor para a absorção de novos trabalhadores.

Os setores de serviços que mais tendem a crescer nos próximos anos são:

- Telecomunicações  e  Informática: neste setor, a tendência é o aumento da exigência quanto à qualificação formal. Na atualidade já tem falta de trabalhadores qualificados. O setor se reorganizou e se viu a redução de postos de trabalho em empresas de grande porte (mil empregados) para gerar novos postos em empresas de menor porte, geralmente nas categorias micro, pequena e média empresas. Com a reorganização do setor o trabalho individual em rede, sem ter que sair de casa, passou a ser uma realidade até então impensada para o modelo de trabalho anterior.

- Comércio: as três categorias do setor (comércio de veículos, motocicletas e combustíveis; atacadista e varejista) empregaram em 1998 um total de 4,5 milhões de pessoas. A expansão deste setor é fortemente ligada à atividade econômica do país. Novos postos de trabalho e a formalização de negócios até então na informalidade fez o comércio expandir a oferta de empregos. Veja a variação no período 2003-2009.

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- Setor Financeiro: o setor apresentou recuperação em 2000 após ser fortemente atingido pela crise de 1999. A presença de investimentos internacionais e a concentração do setor o potencial de emprego voltou a subir. Há incentivos para a expansão do setor.

- Turismo: é um dos campos mais promissores para a geração de empregos e crescimento econômico do país. O potencial econômico tem crescido, pois ampliou o turismo interno com a retomada do crescimento da economia e a inserção de u grande números de famílias na classe média e ainda o Brasil tem divulgado mais o nosso potencial turístico no exterior visando à atração de turistas. Grandes eventos como a realização do Pan-americano, da candidatura para a Copa 2014 e olimpíada 2016. Esses eventos faz com que haja investimentos no setor e a geração de empregos. O turismo conforma uma ampla cadeia produtiva, o turismo repercute em 52 segmentos diferentes da economia e mantém cerca de 5 milhões de empregos, formais e informais.

Observe a distribuição da PEA pelos setores da economia em alguns países.

O Trabalhador Industrial e a Fábrica do Futuro 

Com a reorganização do setor produtivo no mundo com a globalização o Brasil necessitou realizar a abertura da economia, iniciado em 1990, o que levou a reestruturação da indústria. A reorganização teve impactos negativos, como a elevação do desemprego e também consequências positivas para a competitividade do país, incluindo a elevação da qualificação dos trabalhadores industriais.

Essa nova realidade exige um trabalhador mais qualificado. A exigência de qualificação atinge principalmente os trabalhadores mais jovens. Para acessar o primeiro emprego o trabalhador tem que demonstrar que tem possibilidade de adaptação / aprendizagem das funções em pouco tempo.

Para o futuro, as principais tendências para o mercado de trabalho são:

- deslocamento das atividades e da mão-de-obra da indústria para os serviços, especialmente para os serviços de apoio às atividades industriais em função das terceirizações;

- declínio do emprego industrial tradicional;

- crescente interdependência da força de trabalho em escala global;

- movimento contínuo em direção à elevação do perfil de escolaridade do trabalhador.

Características do mercado de trabalho atual - 2003 a 2009.

Segundo o IBGE o contingente da população ocupada diminuiu em 1,8%. Em 2008 era 21,7 milhões de pessoas ocupadas já em 2009 caiu para 21,3 milhões, ou seja, uma redução de 398 mil pessoas.

Desse modo, a proporção de pessoas ocupadas com 10 anos ou mais de idade passou de 52,5% em 2008, para 52,1% em 2009 (em 2003 era 50,1%).

A mudança também foi sentida quando observamos o percentual de trabalhadores com carteira de trabalho assinada no setor privado. Esse item passou de 44,1% em 2008 para 44,7% em 2009 (em 2003 era 39,7%). A formalização da mão-de-obra apresentou um novo recorde na série histórica da pesquisa do IBGE. Isso reflete o momento vivido pela economia nacional, mesmo que a economia global se encontre em crise. O que o governo comemora é que o contingente de trabalhadores que contribuíam para a previdência social também aumentou diminuindo, desse modo, a escalada do déficit da previdência.

Distribuição da PEA por setores

Países Primário Secundário Terciário

EUA 3% 25% 72%

Brasil 23,2% 23,8% 53,0%

Índia 62% 11% 27%

Etiópia 88% 2% 10%

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Veja as evoluções das taxas de desemprego no período 2002-2011.

Observe agora a média de salário dos trabalhadores do setor privado.

Rendimento médio real habitual dos empregados com carteira no setor privado, para o total das seis regiões metropolitanas de 2003 a 2011, em reais - a preços de dez/11

A Mulher no Mercado de Trabalho 

A inserção da mulher no mercado de trabalho no Brasil é tardia. O reconhecimento dos direitos da mulher como cidadã plena ainda é lento necessitando a intervenção do Estado para garantir os direitos da mulher. Em relação a luta contra a visão social de que a mulher não tem os mesmos direitos estão:

- Lei Nº 7.353, DE 29 DE AGOSTO DE 1985 que criou o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher - CNDM

- Lei Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.

Nas últimas décadas, a inserção das mulheres no mercado de trabalho tornou-se uma realidade. A participação feminina aumentou expressivamente. Em 2011 eram 45,4% na população ocupada (PO). Para as mulheres, esse indicador foi de 40,5% em 2003 passando para 45,3% em 2011. Entre os homens, esse percentual era de 60,8%, passando para 63,4%. Percebe-se

um aumento na ocupação das mulheres. A presença feminina também era majoritária na população desocupada (PD) e na população não economicamente ativa (PNEA)

O ingresso da mulher no mercado de trabalho veio associado a transformações nas relações familiares e conjugais. Houve uma redução no número de filhos, o aumento das famílias chefiadas por mulheres – em 1989 representavam 20,1%, em 1999 chegou a 26%.

As mulheres representam mais de 40% da força de trabalho no país, contudo a média de rendimentos é menor que os percebido pelos homens na mesma função. Apesar de estudarem por um período mais longo, obtendo no setor industrial, por exemplo, um ano a mais de escolaridade do que os homens, o diferencial de remuneração persiste elevado.

Analise o gráfico seguinte.

Vários fatores contribuem para impedir as mulheres de atingirem os mais altos cargos. Essas são barreiras, visíveis e invisíveis, que impedem o acesso aos postos mais bem remunerados. Podemos citar: a feminização de determinadas profissões (professoras primárias, enfermagem) e

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sua subsequente desvalorização, resistências sociais, a maternidade e a desigualdade na divisão das tarefas domésticas, a falta de massa crítica de mulheres nas organizações, etc.

As empresas estão mudando as suas estratégias de forma a recrutar e reter mulheres qualificadas no emprego. Algumas das mudanças que já são notadas e implementadas:

- diálogo extenso sobre as mudanças necessárias na cultura organizacional (workshops e reuniões dirigidas);

- implementação de políticas para equiparar salários e oportunidades;

- designação de responsáveis pela implementação de mudanças;

- avaliação (quantitativamente e qualitativamente) de progressos em áreas específicas.

A briga que as mulheres precisarão enfrentar para conseguir uma maior igualdade envolve poder. Apesar de já termos uma presidente, a representação no primeiro escalão tem sido ampliada, o setor privado tem uma estratégia diferenciada. Verifica-se que essa guerra por espaço e poder será travada cada vez mais em todas as esferas: políticas, dentro de casa e na empresa.

As principais tendências associadas ao avanço das mulheres no mercado de trabalho são:

- presença das mulheres em áreas e ocupações antes restritas aos homens

- maternidade adiada e um menor número de filhos;

- aumento do padrão de consumo familiar e do investimento em educação;

- crescente reivindicação por igualdade cívica e política.

Texto Complementar ‐ Informações sobre a mulher no mercado de trabalho 

A participação das mulheres no mercado de trabalho, seu perfil etário e educacional, o contingente feminino no setor público, a jornada de trabalho considerada a escolaridade, o percentual de mulheres que gostaria de trabalhar mais. Esses e outros pontos são levantados pelo IBGE no Dia Internacional da Mulher. O trabalho especial Mulher no Mercado de Trabalho: Perguntas e Respostas tem como objetivo apresentar um panorama da mulher no mercado de trabalho. As informações usadas provêm da Pesquisa Mensal de Emprego

(PME)2009, realizada nas regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

35,5%  das  mulheres  tinham  carteira  de trabalho assinada 

Em 2009, aproximadamente 35,5% das mulheres estavam inseridas no mercado de trabalho como empregadas com carteira de trabalho assinada, percentual inferior ao observado na distribuição masculina (43,9%). As mulheres empregadas sem carteira e trabalhando por conta própria correspondiam a 30,9%. Entre os homens, este percentual era de 40%. Já o percentual de mulheres empregadoras era de 3,6%, pouco mais da metade do percentual verificado na população masculina (7,0%).

61,2% das  trabalhadoras  tinham 11 anos ou mais de estudo 

Enquanto 61,2% das trabalhadoras tinham 11 anos ou mais de estudo, ou seja, pelo menos o ensino médio completo, para os homens este percentual era de 53,2%. A parcela de mulheres ocupadas com nível superior completo era de 19,6%, também superior ao dos homens (14,2%). Por outro lado, nos grupos de menor escolaridade, a participação dos homens era superior a das mulheres.

Elas trabalharam 38,9 horas em média 

Apesar de desde 2003 ter ocorrido uma redução de aproximadamente 36 minutos na diferença entre a média de horas trabalhadas por homens e mulheres, em 2009 as mulheres continuaram trabalhando, em média, menos que os homens. Cabe esclarecer que essa queda foi ocasionada pela redução na média de horas trabalhadas pelos homens. As mulheres, em 2009, trabalharam em média 38,9 horas, 4,6 horas a menos que os homens.

As mulheres trabalhavam menos que os homens em todos os grupamentos de atividade. Com a exceção das mulheres ocupadas em “Outros Serviços”, as demais atividades apresentaram aumento da média de horas trabalhadas para as mulheres. No grupamento “Administração Pública”, as mulheres trabalharam, em média, 36,4 horas semanais.

Em 2009, as mulheres com 8 a 10 anos de estudo foram as que declararam trabalhar mais horas semanais (39,4 horas). No entanto, aquelas com 11 anos ou mais de estudo foram as que apresentaram a menor diferença na média de

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horas trabalhadas em relação aos homens, 3,6 horas. Em 2003, esta diferença era de 4,4 horas.

As mulheres com 1 até 3 anos de estudo foram as que apresentaram a maior diferença (7,2 horas) na média de horas trabalhadas, quando comparadas aos homens. Tal realidade é similar à verificada em 2003, quando a diferença era de 7,3 horas.

O número de horas trabalhadas pelas mulheres que possuíam curso superior completo somente ultrapassava ao das que tinham até 3 anos de estudos.

Já as mulheres com 11 anos ou mais de estudo foram as únicas a aumentar a média de horas trabalhadas semanalmente, em todo o mercado de trabalho: de 38,8 horas em 2003 para 39,1 horas em 2009.

O rendimento continua sendo  inferior ao dos homens 

O rendimento de trabalho das mulheres, estimado em R$ 1.097,93, continua inferior ao dos homens (R$ 1.518,31). Em 2009, comparando a média anual de rendimentos dos homens e das mulheres, verificou-se que as mulheres ganham em torno de 72,3% do rendimento recebido pelos homens. Em 2003, esse percentual era de 70,8%.

Considerando um grupo mais homogêneo, com a mesma escolaridade e do mesmo grupamento de atividade, a diferença entre os rendimentos persiste. Tanto para as pessoas que possuíam 11 anos ou mais de estudo quanto para as que tinham curso superior completo, os rendimentos da população masculina eram superiores aos da feminina.

Verificou-se que nos diversos grupamentos de atividade econômica, a escolaridade de nível superior não aproxima os rendimentos recebidos por homens e mulheres. Pelo contrário, a diferença acentua-se: no caso do “Comércio”, por exemplo, a diferença de rendimento para a escolaridade de 11 anos ou mais de estudo é de R$ 616,80 a mais para os homens. Quando a comparação é feita para o nível superior, ela é de R$ 1.653,70 para eles.

No entanto, no grupamento da Construção, as mulheres com 11 anos ou mais de estudo têm rendimento ligeiramente superior ao dos homens com a mesma escolaridade: elas recebem, em média, R$ 2.007,80, contra R$ 1.917,20 dos homens.

Aumentou  a  escolaridade  das  mulheres que procuram trabalho 

Em 2009, entre o 1,057 milhão de mulheres desocupadas e procurando por trabalho, 8,1% tinha nível superior. Houve aumento na escolaridade dessas mulheres, visto que em 2003, em média, 5,0% tinham nível superior. Esse crescimento resulta do aumento da escolaridade de uma forma geral.

O aumento da escolaridade também pode ser verificado em outros níveis. Em 2003, em média, 44,7% das mulheres desocupadas tinham 11 anos ou mais de estudo. Em 2009, essa proporção ultrapassou significativamente a metade da população (59,8%). Verificou-se que a população feminina desocupada é proporcionalmente mais escolarizada que a população feminina acima de 10 anos. Enquanto, em média, 81,2% da população feminina desocupada tinham oito anos ou mais de escolaridade, na população em idade ativa este percentual era de 61,1%.

Cresceu o percentual de mulheres adultas querendo trabalhar 

A população feminina desocupada (1,057 milhão de mulheres, em 2009) está muito concentrada no grupo etário entre 25 e 49 anos de idade. Em 2003, as mulheres nesta faixa etária correspondiam a 49,3% da população feminina desocupada. Em 2009, elas já eram mais da metade: 54,2%. Fonte IBGE - 2010

DinâmicasterritoriaisdaeconomiaagrícolanoBrasil

O setor agrícola tem grande importância histórica para o país devido ao próprio processo de evolução da nossa economia. Até início do século XX a economia nacional era estritamente agrária e suas exportações dependiam do setor primário.

O maior problema que se verifica, quando estudamos a agricultura e a pecuária no Brasil, é a forte concentração dos meios de produção, de renda e o uso inadequado das terras agricultáveis, muitas vezes usadas como reserva de valor.

Desse modo, caracterizam problemas no setor agropecuário brasileiro a concentração de terras e o sistema primitivo de exploração da terra (baixo uso de tecnologia na produção).

Como podemos observar no estudo do Brasil até o momento o país apresenta diferenças significativas também no setor agrícola e podemos observar uma diferença espacial do uso

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da terra por setores com forte presença de tecnologia – CULTURAS VOLTADAS PARA A EXPORTAÇÂO – o outro apresenta baixo investimento tecnológico – CULTURA DE SUBSISTÊNCIA.

O maior problema é que a modernização agrícola levou a uma redução do número de trabalhadores no campo – causando o ÊXODO RURAL – acelerando o processo de EXPROPRIAÇÂO RURAL. Esse processo levou ao aumento de trabalhadores despreparados para o mercado urbano se concentrando nas periferias das grandes cidades e, consequentemente, ao aumento da pobreza urbana. (Essa pobreza estava distribuída no grande espaço rural e agora se concentra nas periferias das cidades)

Assim, podemos listar algumas características do campo no Brasil:

I. concentração fundiária;

II. baixo uso de tecnologia;

III. agricultura modernizada voltada para o mercado externo;

IV. cultura de subsistência com baixo investimento em tecnologia.

Especialização  produtiva  do  território  – fronteira agrícola 

A implementação da agricultura no país foi, historicamente, concentrada no litoral. Com a modernização do território, com a introdução do sistema rodoviário na segunda metade do século XX, tornou-se possível romper com as ilhas econômicas e criar um mercado nacional. Esses fatores levaram também a expansão da agricultura para o interior do território. A ocupação de novas áreas para a produção agrícola é chamada de FRONTEIRAS AGRÍCOLAS.

Na década de 40 a 60 a fronteira se concentrava na região Centro- Oeste, mas, a partir da década de 70, a Amazônia apresentou-se como a nova e principal área de expansão.

A ocupação diferencial do espaço, com sucessivas fases de modernização gerou um espaço heterogêneo quando observamos o espaço e consideramos os dados da produção, organização, uso de insumos e tecnologias. Esse espaço heterogêneo pode ser caracterizado da seguinte maneira:

- Centro-Sul – elevado grau de modernização agrícola com uso de insumos e tecnologia na produção. Máquinas, fertilizantes, sementes selecionadas, defensivos, empresas de pesquisas e

desenvolvimento tecnológico estão presentes no cenário produtivo.

Nordeste – a agricultura apresenta diferenças internas significativas. No sertão predomina a agricultura de subsistência sem nenhum investimento tecnológico, no litoral (cana, cacau), em bolsões de irrigação (vale do São Francisco) e nas áreas de cerrado (sul Piauí, Sul do Maranhão, oeste da Bahia) já apresentam como áreas de expansão da agricultura comercial voltada para a exportação que conformam sistemas produtivos com maior investimento em tecnologia e uso de insumos e mecanização.

Amazônia – aparece como a principal área de expansão agrícola do país. Nessa região se observa grande expansão sem a preocupação com a preservação do meio ambiente. Essa ocupação tem gerado muitos conflitos agrários. O uso do solo e os sistemas produtivos implantados têm aproveitado a fertilidade inicial do solo para garantir maior produtividade.

Modernização da agricultura 

O processo de modernização da agricultura se deu a partir da década de 1950 com a expansão, para o campo, do emprego e desenvolvimento de pesquisas científicas que ajudaram a aumentar a produção e a produtividade.

São exemplos dessa modernização:

Mecanização;  Redução da mão‐de‐obra;  Uso de insumos;  Desenvolvimento de pesquisas. 

O emprego progressivo de máquinas e insumos industriais (fertilizantes, adubos, pesticidas) na produção agrícola originou a chamada industrialização da agricultura, principal elemento da modernização no setor.

Da relação ou integração entre os setores agropecuário e industrial surgiram os seguintes tipos de indústria:

Segundo, Ariovaldo Umbelino de Oliveira:

“ O estudo da agricultura brasileira deve ser feito no bojo da compreensão dos processos de desenvolvimento do modo capitalista de produção no território brasileiro. Toma-se, portanto, como ponto de partida a concepção de que esse desenvolvimento é contraditório e combinado.

Isto significa dizer que, ao mesmo tempo em que esse desenvolvimento avança, reproduzindo relações especificamente capitalistas (implantando o trabalho assalariado através da figura do “bóia-

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fria”), produz também, contraditoriamente, relações camponesas de produção (através do trabalho familiar).

Esse processo deve ser entendido também no interior da economia capitalista atualmente internacionalizada, que produz c se reproduz em diferentes lugares no mundo, criando processos e relações de interdependência entre Estados, nações e sobretudo empresas. A compreensão desses processos é fundamental para o entendimento da agricultura brasileira, pois eles provocam o movimento de concentração da população no país. “Esse movimento migratório está direcionado para as regiões metropolitanas, as capitais regionais”. Enfim, para as cidades de uma maneira geral.’’ (Geografia do Brasil 4 ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,2001 – Didática; 3- Vários autores )

Ainda seguindo a visão de Ariovaldo Umbelino de Oliveira:

“No campo, o processo de desenvolvimento capitalista está igualmente marcado pela industrialização da agricultura, ou seja, o desenvolvimento da agricultura tipicamente capitalista abriu aos proprietários de terras e aos capitalistas/ proprietários de terra a possibilidade histórica da apropriação da renda capitalista da terra, provocando intensificação na concentração da estrutura fundiária brasileira. “

Prezado candidato, perceba que a lógica do desenvolvimento capitalista na agricultura se faz no interior do processo de internacionalização da economia brasileira. Esse processo se dá no âmago do capitalismo mundial e está relacionado, portanto, com o mecanismo da dívida externa. Através dele os governos dos países endividados criam condições para ampliar a sua produção, sobretudo a industrial. Para pagar a dívida eles têm que exportar, sujeitando-se a vender seus produtos pelo preço estipulado mercado internacional.

Indústrias da agricultura ou agroindústrias: transformam produtos agropecuários em industrializados. Por exemplo, a indústria de óleos vegetais (de soja, de milho) e a de laticínios (queijo, manteiga). .Indústrias para a agricultura: fornecem bens de produção para a agricultura. Por exemplo, as indústrias de máquinas e equipamentos agrícolas (colheitadeiras, arados) e as indústrias químicas (fertilizantes, pesticidas).

Em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul encontra-se um complexo econômico agropecuário moderno, vinculado às necessidades industriais e altamente dependente de fluxos financeiros.

Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul funcionam como espaços de expansão da agropecuária moderna, cujo desenvolvimento é reflexo do transbordamento da economia rural dos estados do Sul e de São Paulo.

Na Região Nordeste, ainda que predominem as práticas agrícolas tradicionais, também existem áreas de intensa modernização. No oeste baiano, a soja recém-chegada dinamiza atividades como a avicultura e a suinocultura, enquanto no vale do Rio São Francisco crescem os polos de fruticultura irrigada, comandados por Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).

Denomina-se complexo agroindustrial a articulação ou junção da agropecuária com as chamadas indústrias para a agricultura (produtoras de máquinas e insumos) e com as agroindústrias (indústrias que processam os produtos agropecuários).

Com o avanço da modernização do campo verifica-se uma ampliação da subordinação do campo à cidade. O campo passa a sofrer pressão do meio urbano para produzir no ritmo de consumo das cidades estando, desse modo, controlado pela cidade. Para caracterizar essa subordinação os geógrafos propuseram o esquema do processo sanduíche, para tornar possível a visualização didática de como se dá a subordinação do campo a cidade.

Ocorre o processo sanduíche.

CIDADE

CAMPO

CIDADE

Como produzir O que produzir

Indústria para a agricultura Agroindústria

Colheitadeiras, fertilizantes, sementes.

Soja, milho.

Se de um lado a cidade diz como produzir e abastece o campo com seus produtos na outra ponta a cidade diz o que produzir, pois sua indústria necessita de matéria-prima para funcionar. A modernização pode ser sentida não só no modo de se produzir, mas também na organização da força de trabalho no campo.

A modernização acelerada da agricultura e a pobreza nas áreas rurais geraram pressão também nas áreas urbanas, ocasionando o êxodo rural (abandono das áreas rurais) e um processo caótico e acelerado de urbanização. Os problemas dos migrantes do meio rural (subemprego, pobreza), sem resolução, foram transferidos para as grandes metrópoles, agravando o quadro da exclusão social urbana.

Observações sobre a agricultura tradicional

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Está em decadência devido:

· incapacidade de adquirir equipamentos

· falta de financiamento

· maior custo de produção

· menor produtividade

Esse fato tem um custo devido a redução da área de produtos para subsistência; a redução das pequenas propriedades; absorção dos pequenos pelos grandes

Na agricultura tradicional – MDO familiar com grande importância para a absorção da MDO desempregada. Este setor encontra-se em integração ao agronegócio.

Maiores produções por estado 

SP – laranja, cana e no extremo oeste a pecuária de corte Vale do Paraíba (SP – RJ) – bacia leiteira

MG – café, maior rebanho bovino, 60% da produção de frangos.

SUL – conglomerados das indústrias de alimentos – soja, milho, trigo, fumo e uvas.

Norte do Paraná – expansão da agricultura paulista, Soja e milho atualmente – a modernização levou a concentração de terras e ao êxodo rural e a migração inter-regional.

RS – pecuária na campanha gaúcha sofre com a concorrência da pecuária da Argentina.

Centro-Oeste – soja – pós 1960 – farelo de soja para ração. Acidez do solo do cerrado equacionado pelo uso de tecnologia.

Maiores produtores – por produtos 

Arroz RS, MT, MA, MG – cultivado em todo paí, irrigado ou de várzea, no RS, e de sequeiro no Centro-Oeste.

Feijão PR, MG, BA, SP – todo país. Grande parte da produção é proveniente de pequenos produtores.

Mandioca PA, PR, BA, MA – todo o país, principalmente no NE.

Aumento da cultura comercial.

Laranja SP, BA, SE, RJ – exportação de suco concentrado.

Cana SP, AL, PR, PE – grande expansão nos anos 70 – Proálcool.

(GANHA EXPRESSÃO DEVIDO A NECESSIDADE DE DESENVOLVER COMBUSTÍVEL ALTERNATIVO)

Soja PR, MT, RS, GO – alimentação humana, óleo e ração animal.

Tem expandido do Sul para outras regiões (NE e CO).

Milho MG, SP, PR, RS – alimentação humana, ração animal e óleo.

Café MG, ES, SP, PR – exportação de grãos e café solúvel.

Cacau BA, PA, RO, ES – chocolate, manteiga, licores.

Banana PA, SP, BA – grande consumo interno e exportação.

Coco BA – aproveitamento do tronco, fruto, fibra, folhas ....

Trigo PR, RS, MS, SC – rotação com a soja (verão) e trigo (inverno), mecanizada.

Algodão CE, PE, PB, GO, MT – indústria têxtil, alimentícia (óleo), farmacêutica e adubo (bagaço).

Fumo SUL DO PAÍS – indústria de cigarros.

Problemas para a agricultura no Brasil 

Transportes 

Corredores de exportação – Santos, Paranaguá, EF Carajás Porto de Itaqui, BR 364 – Hidrovia do Madeira – Porto de Porto Velho e Itacoatiara

– AM (reduz 20% em relação ao aos portos de Santos e Paranaguá).

Soluções para a produção agrícola 

Ferronorte – acelerar a construção

BR 163 – Cuiabá-Santarém – liberar as obras com atendimento às exigências ambientais e sociais locais.

Pecuária 

A criação de animais tem ganhado expressão nas últimas décadas devido ao tipo de alimentação fornecida aos animais. Com a descoberta do mal da vaca louca os países europeus buscaram importar carne de países que não forneciam na alimentação animal ração com compostos de origem animal (farinha de osso).

Mesmo com a ampliação do mercado devido a esse aumento da demanda o mercado enfrenta

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outros problemas sanitários que prejudicam as exportações brasileiras,. Um exemplo é a febre aftosa que fez, nos últimos anos, a Rússia e a União Europeia suspenderem as importações de carnes do Brasil.

No entanto a modernização da produção no campo atingiu também a produção de animais e aves. Hoje já se consegue produzir um frango com 28 dias para o abate e um boi com 18 meses (o tempo anterior era de 48 meses). Essas possibilidades só foram possíveis pelo investimento em melhoria genética, pesquisas e investimentos no manejo que, em nosso país, foi capitaneado por agências públicas de pesquisa como é o caso da EMBRAPA.

A pecuária que se caracterizava por ser extensiva e de baixa produtividade com uso de pastagens naturais, esse foi um marco na ocupação do cerrado no CO, na ocupação inicial da Amazônia e NE.

A pecuária moderna observa uma produção intensiva – como se caracteriza a produção nas regiões Sul e SE. Essa produção tem como base o uso de matrizes selecionadas, pastagens artificiais e uso de ração e silagens na alimentação. Houve um grande crescimento na produção e hoje somos o maior exportador de carne bovina, além de termos excelentes mercado para a carne de porco e de frango.

Para termos uma ideia geral da produção pecuária no país pode-se resumir da seguinte forma:

Sul – principal região na produção de suínos e ovinos.

Sudeste – principal região na produção de equinos;

Centro-Oeste – maior produção de bovinos;

Nordeste – maior produtor de muares e caprinos;

Norte – maior produtor de bufalinos.

Devemos nos lembrar de que o MG e RS são importantes estados na produção de bovinos, o primeiro voltado para a produção leiteira e o segundo na produção de gado de corte.

Apesar da grande produção o brasileiro apresenta baixo consumo de carne e leite. Isso se deve a preocupação com a exportação e a pobreza devido à má distribuição de renda em nosso país.

Problemas ambientais: uso do solo na agricul‐tura e pecuária  

Lembrando dos solos de maior fertilidade natural e sua localização.

Massapé – NE

Terra Roxa – planaltos e chapadas da Bacia do Paraná.

O uso inadequado do solo, por empregar manejo impróprio ao tipo de clima – LEMBRANDO QUE IMPLEMENTAMOS O MANEJO SEGUNDO AO QUE HERDAMOS DA EUROPA – muitas áreas estão suscetíveis de desertificação. Pelos estudos realizados pelos centros de pesquisa no pais demonstram que o Brasil tem 900.000 km2 com risco de desertificação localizado nos estados RS (processo de arenização), BA, PE PI, RN, AL e SE. Desse total, 181.000 km2 estão afetados gravemente.

Vários problemas ambientais estão associados a produção agropecuária, destacamos aqui:

Desmatamento;  Queimadas;  Uso  de  agrotóxicos  (contamina  rios  lagos  e lençóis freáticos); 

Erosão  (perda  de  solo  e  assoreamento  e perda de solo); 

Erosão genética (redução da biodiversidade);  Compactação  do  solo  (mecanização  e pisoteio); 

Uso de  sementes  transgênicas –  redução da biodiversidade – Lei de Biossegurança. 

Agentes sociais no campo 

A agricultura no país se desenvolveu com o uso da mão-de-obra (MDO) escrava que posteriormente foi substituída pela MDO do imigrante europeu.

O café é a agricultura que marca a transição da MDO escrava e para a MDO do imigrante. Pós 1930 a agricultura perde espaço para o urbano e o campo (terra) passa a ser uma RESERVA DE VALOR. Assim que a exportação agrícola voltasse a ter importância o controle da terra retomaria a sua importância.

O que se viu após a modernização foi a liberação da MDO. Com a retomada da produção agrícola na década de 60/70 cresce a utilização de MDO assalariada, geralmente com contratação temporária. São novos trabalhadores denominados bóias-frias (corumbas, turmeiros e clandestinos no NE, volantes e peões no Sul e SE).

Até 1950 – 70% da PEA na agricultura e em 2000 – 23% da PEA contribuindo com 8% para o PIB

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A organização da produção no campo, durante a fase de baixa da agricultura, era realizada pelo desenvolvimento da parceria, arrendamento, ocupação e do trabalho permanente (esse último de menor expressão)

Leia o texto complementar : 

A Revolução Verde

A expressão Revolução Verde foi criada em 1966, em uma conferência em Washington. Porém, o processo de modernização agrícola que desencadeou a Revolução Verde ocorreu no final da década de 1940.

Esse programa surgiu com o propósito de aumentar a produção agrícola através do desenvolvimento de pesquisas em sementes, fertilização do solo e utilização de máquinas no campo que aumentassem a produtividade.

Isso se daria através do desenvolvimento de sementes adequadas para tipos específicos de solos e climas, adaptação do solo para o plantio e desenvolvimento de máquinas.

As sementes modificadas e desenvolvidas nos laboratórios possuem alta resistência a diferentes tipos de pragas e doenças, seu plantio, aliado à utilização de agrotóxicos, fertilizantes, implementos agrícolas e máquinas, aumenta significativamente a produção agrícola.

Esse programa foi financiado pelo grupo Rockefeller, sediado em Nova Iorque. Utilizando um discurso ideológico de aumentar a produção de alimentos para acabar com a fome no mundo, o grupo Rockefeller expandiu seu mercado consumidor, fortalecendo a corporação com vendas de verdadeiros pacotes de insumos agrícolas, principalmente para países em desenvolvimento como Índia, Brasil e México.

Utilização de máquina e insumos agrícolas

De fato, houve um aumento considerável na produção de alimentos.

No entanto, o problema da fome no mundo não foi solucionado, pois a produção dos alimentos nos países em desenvolvimento é destinada, principalmente, a países ricos industrializados, como Estados Unidos, Japão e Países da União Europeia.

O processo de modernização no campo alterou a estrutura agrária.

Pequenos produtores que não conseguiram se adaptar às novas técnicas de produção, não atingiram produtividade suficiente para se manter na atividade, consequentemente, muitos se endividaram devido a empréstimos bancários

solicitados para a mecanização das atividades agrícolas, tendo como única forma de pagamento da dívida a venda da propriedade para outros produtores.

A Revolução Verde proporcionou tecnologias que atingem maior eficiência na produção agrícola, entretanto, vários problemas sociais não foram solucionados, como é o caso da fome mundial, além da expulsão do pequeno produtor de sua propriedade.

Por Wagner de Cerqueira e Francisco

Graduado em Geografia

Equipe Brasil Escola

Aquestãoagráriaeaexpansãodoagronegócio

O acesso a terra no Brasil 

Período Colonial 

Era uma responsabilidade do Governo português a gestão do território de sua novíssima colônia. Como Portugal era uma nação de população reduzida era impossível estabelecer uma política de colonização de sua nova colônia que se somava ao seu rico império colonial, uma vez que Portugal já tinha possessões na África e expandia o comércio com o oriente. A solução encontrada pela Coroa foi criar o sistema de colonização privado mediante a doação de terras para nobres portugueses que ficavam responsáveis por empreender a colonização do Brasil. Foram criadas catorze capitanias hereditárias e doadas aos nobres, que receberam o título de Capitão Donatário e uma carta de doação de terras. Esse sistema durou 17 anos, o mesmo dava muita autonomia aos capitães donatários que passaram a ter amplo poder de decisão.

O sistema das capitanias foi substituído pela administração direta da colônia pela Coroa que nomeou os Governadores Gerais para exercerem o cargo de administrador da colônia. Esse modelo de administração durou mais ou menos três séculos. Esse período é conhecido em nossa história como Período Colonial.

Nesse tempo todo, não se fez nenhuma lei sobre a questão fundiária no Brasil que regulamentasse a posse e a propriedade da terra. Todas as terras eram propriedade pessoal do rei, o qual podia doá-las conforme seu interesse. Mas, ao mesmo tempo, acabava ocorrendo uma ou outra apropriação direta da terra. Alguns homens livres, mas sem possibilidades de manter uma grande propriedade se instalavam em terras

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menores, para produzir alimentos para o mercado interno. Era uma apropriação através da posse e não da doação real.

No período colonial se deu a instituição do regime de sesmarias. Uma das cartas régias que foi entregue ao governador geral, em fins do ano de 1530, mandava que este concedesse terras aos que, já estando no Brasil, desejassem povoá-lo.

Antes mesmo de D. Fernando I, rei de Portugal, expedir a primeira lei de sesmarias, já era antiga a praxe de retirar dos donos as terras inexploradas, para entregá-las a quem se dispusesse a lavrar e semear as mesmas.

Embora houvesse uma vasta extensão territorial a ocupar e aparentemente fosse fácil o acesso à terra, pois ela nada custava aos que a recebiam em doação, o fato é que, no período colonial, somente uma minoria se beneficiou do sistema de sesmarias. Lembre-se que a capacidade de cultivá-la estava associada a quantidade de escravos necessários para empregar na lavoura, o que exigia do senhor grandes posses.

No Sul as sesmarias eram em regra bem menores, o que decorria mais da natureza da economia local do que propriamente da condição social dos colonos, como alguns imaginam. As atividades da produção do açúcar, algodão e café levaram a formação de grandes propriedades, assim como a pecuária que acentuou a tendência à formação de imensos latifúndios e sua concentração nas mãos de uns poucos privilegiados. É importante lembrar que a terceira grande lavoura da colônia é a do tabaco, introduzida no século XVIII.

Ao longo do período de formação das monoculturas em larga escala e do criatório extensivo, vai surgindo nos imensos domínios da grande lavoura, nos engenhos e nas fazendas, uma agricultura de subsistência voltada exclusivamente para o abastecimento alimentar da população residente.

Ao contrário da cana-de-açúcar, do algodão e do tabaco, que se assentam em extensos latifúndios, as lavouras de subsistência se estabelecem não somente nas grandes propriedades mas também em pequenas unidades autônomas, onde não há escravos nem assalariados, e o proprietário ou simples ocupante são os que trabalham diretamente na terra, em regra, nos solos menos férteis e longe dos grandes centros urbanos. O último latifúndio típico, gerado pelo sistema das sesmarias, foi a fazenda de café.

Período Imperial 

A lei nº 601, denominada Lei de Terras, de 18 de setembro de 1850, e regulamentada em 1854 proibiu a ocupação de terras devolutas, só se admitia o acesso a terra pela compra a dinheiro.

A lei permitiu a revalidação das sesmarias que se mantivessem cultivadas ou com início de cultivo e morada habitual do sesmeiro, concessionário ou seu representante. Ao tentar corrigir os equívocos do regime de sesmarias, a lei visava ainda uma consolidação formal das posses já constituídas.

O procedimento introduzido pela Lei de Terras que previa que somente o acesso a terra seria permitido através da compra a dinheiro foi complementado com a alienação de terras públicas a um preço muito elevado. Este artifício impediu que posseiros e imigrantes pobres se tornassem proprietários de terras,.

República 

A Constituição republicana de 1891, em seu artigo 64, transferiu para os Estados as terras até então de domínio da União, reservando-se a esta as terras de uso público, as terras de marinha e as faixas de fronteira. Apesar dessa transferência não houve um processo de distribuição de terras aos recém-libertos e aos imigrantes que chegavam ao país. É importante lembrar que as oligarquias rurais detinham o poder econômico e político e essa realidade vai se estender por um longo período em nossa república e a posse de terras era garantia do status quo.

A oligarquia rural só começa a perder a hegemonia após a grande crise de 1929 a 1933.

Apesar dos procedimentos legais favorecerem a uma camada da sociedade no tocante ao acesso a terra isso não foi um impedimento ao surgimento da pequena propriedade.

A Lei Imperial, de 28 de setembro de 1848, que concedia áreas territoriais às Províncias para fins de colonização e proibia o trabalho escravo nessas áreas. As áreas doadas eram menores e favoreceu ao surgimento de propriedades rurais voltadas para atender o mercado interno e as cidades que cresciam. Essa lei beneficiou a colonização do sul do país com base na pequena propriedade que foi doada aos colonos de origem europeias.

Outros fatores contribuíram para a ampliação do número de pequenas propriedades. As crises do café que se iniciaram ainda no fim do Séc.. XIX e a necessidade de abastecimento dos centros urbanos afetaram a estrutura agrária, proporcionando a criação de pequenas propriedades dedicadas à exploração

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hortigranjeira, ao cultivo do algodão, de cereais, de frutas e à produção de laticínios.

A extinção da escravidão em 1888, a primeira superprodução cafeeira no início do século XX e a crise geral de 1929-33 que desarticulou o sistema agrícola vigente e muitas fazendas fecharam sendo parceladas em unidades menores.

Estrutura Fundiária 

Sesmaria foi um instituto jurídico português que normatizava a distribuição de terras destinadas à produção: o Estado, recém-formado e sem capacidade para organizar a produção de alimentos, decide legar a particulares essa função. Este sistema surgira em Portugal durante o século XIV, com a Lei das Sesmarias de 1375, criada para combater a crise agrícola e econômica que atingia o país e a Europa, e que a peste negra agravara.

Quando a conquista do território brasileiro se efetivou a partir de 1530, o Estado português decidiu utilizar o sistema sesmarial no além-mar, com algumas adaptações.

Os registros de terras surgiram no Brasil logo após o estabelecimento das capitanias hereditárias, com as doações de sesmarias. Os documentos mais antigos das capitanias datam de 1534.

Esses registros de terras servem para apresentar algumas informações como o local onde as pessoas viviam; revelar informações pessoais e familiares; se a propriedade foi herdada, doada ou ocupada e quais eram seus limites; se havia trabalhadores e como era constituída a mão-de-obra; em que região ficava tal propriedade; etc.

Todas as posses e sesmarias formadas foram legitimadas em registros públicos realizados junto às paróquias locais. A Igreja, nesse período da Colônia, encontrava-se unida oficialmente ao Estado. Dessa forma, os vigários (ou párocos) das igrejas eram quem faziam os registros das terras ou certidões, como a de nascimento, de casamento, etc. Somente com a proclamação da República, em 1889, Estado e Igreja se separaram.

Desenvolveram-se, assim, os chamados registros ou escrituras de propriedade. As sesmarias foram registradas dessa forma e são exemplos e documentos cartoriais. A maioria destas cartas de sesmarias encontra-se em Arquivos Públicos. Os Arquivos Governamentais possuem coleções de cartas de doações de sesmarias e registros de terras.

É importante saber, entretanto, as datas de criação das capitanias ou Estados, para saber onde procurar. Por exemplo, os registros mais antigos de Santa Catarina e Paraná encontram-se em São Paulo, pois eram Estados unidos, que só mais tarde foram desmembrados.

Lei de Terras ( 1850) 

Durante o século XIX, a economia mundial passou por uma série de transformações pela qual a economia mundialmente conduzida pelo comércio passou a ceder espaço para o capitalismo industrial. As grandes potências econômicas da época buscavam atingir seus interesses econômicos pressionando as demais nações para que se adequassem aos novos contornos tomados pela economia mundial. Para exemplificar tal situação podemos destacar o interesse inglês em torno do fim do tráfico negreiro.

Com relação ao uso da terra, essas transformações incidiram diretamente nas tradições que antes vinculavam a posse de terras enquanto símbolo de distinção social. O avanço da economia capitalista tinha um caráter cada vez mais mercantil, onde a terra deveria ter um uso integrado à economia, tendo seu potencial produtivo explorado ao máximo. Em consequência dessa nova prática econômica, percebemos que diversas nações discutiram juridicamente as funções e os direitos sobre esse bem.

No Brasil, os sesmeiros e posseiros realizavam a apropriação de terras aproveitando de brechas legais que não definiam bem o critério de posse das terras. Depois da independência, alguns projetos de lei tentaram regulamentar essa questão dando critérios mais claros sobre a questão. No entanto, somente em 1850, a chamada Lei 601 ou Lei de Terras, de 1850, apresentou novos critérios com relação aos direitos e deveres dos proprietários de terra. (Eusébio de Queirós)

Essa nova lei surgiu em um “momento oportuno”, quando o tráfico negreiro passou a ser proibido em terras brasileiras . A atividade, que representava uma grande fonte de riqueza, teria de ser substituída por uma economia onde o potencial produtivo agrícola deveria ser mais bem explorado. Ao mesmo tempo, ela também responde ao projeto de incentivo à imigração que deveria ser financiado com a dinamização da economia agrícola e regularizaria o acesso a terra frente aos novos campesinos assalariados.

Dessa maneira, ex-escravos e estrangeiros teriam que enfrentar enormes restrições para possivelmente galgarem a condição de pequeno e

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médio proprietário. Com essa nova lei, nenhuma nova sesmaria poderia ser concedida a um proprietário de terras ou seria reconhecida a ocupação por meio da ocupação das terras. As chamadas “terras devolutas”, que não tinham dono e não estavam sobre os cuidados do Estado, poderiam ser obtidas somente por meio da compra junto ao governo.

A partir de então, uma série de documentos forjados começaram a aparecer para garantir e ampliar a posse de terras daqueles que há muito já a possuíam. Aquele que se interessasse em, algum dia, desfrutar da condição de fazendeiro deveria dispor de grandes quantias para obter um terreno. Dessa maneira, a Lei de Terras transformou a terra em mercadoria no mesmo tempo em que garantiu a posse da mesma aos antigos latifundiários.

Estatuto da Terra (1964) e Reforma Agrária 

Art. 1° Esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola.

§ 1° Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade.

§ 2º Entende-se por Política Agrícola o conjunto de providências de amparo à propriedade da terra, que se destinem a orientar, no interesse da economia rural, as atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-lhes o pleno emprego, seja no de harmonizá-las com o processo de industrialização do país.

A Lei 4504, de 30 de novembro de 1964, foi concebida como a forma de colocar um freio nos movimentos campesinos que se multiplicavam durante o Governo João Goulart.

A lei estabelece que no Art. 2 parágrafo 1° que:

A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando, simultaneamente:

a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de suas famílias;

b) mantém níveis satisfatórios de produtividade;

c) assegura a conservação dos recursos naturais;

d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivem.

Aprofundaremos o que é extremamente relevante sobre o estatuto da terra na sequência.

Art. 4º Para os efeitos desta Lei definem-se:

I - “Imóvel Rural”, o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agroindustrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada;

II - “Propriedade Familiar”, o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros;

III - “Módulo Rural”, a área fixada nos termos do inciso anterior; A partir da lei concluímos que módulo rural é um conceito derivado do conceito de propriedade familiar e, em sendo assim, é uma unidade de medida, expressa em hectares, que busca exprimir a interdependência entre a dimensão, a situação geográfica dos imóveis rurais e a forma e condições do seu aproveitamento econômico.

IV - “Minifúndio”, o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar;

V - “Latifúndio”, o imóvel rural que:

a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1°,

alínea b, desta Lei, tendo-se em vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim a que se destine;

b) dos limites máximos permitidos de áreas dos imóveis rurais, os quais não excederão a seiscentas vezes o módulo médio da propriedade rural nem a seiscentas vezes a área média dos imóveis rurais, na respectiva zona;

c) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual ou superior à dimensão do módulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja, deficiente ou inadequadamente explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural;

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VI - “Empresa Rural” é o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de condição de rendimento econômico ...Vetado... da região em que se situe e que explore área mínima agricultável do imóvel segundo padrões fixados, pública e previamente, pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam-se às áreas cultivadas, as pastagens, as matas naturais e artificiais e as áreas ocupadas com benfeitorias;

Parágrafo único. Não se considera latifúndio:

a) o imóvel rural, qualquer que seja a sua dimensão, cujas características recomendem, sob o ponto de vista técnico e econômico, a exploração florestal racionalmente realizada, mediante planejamento adequado;

b) o imóvel rural, ainda que de domínio particular, cujo objeto de preservação florestal ou de outros recursos naturais haja sido reconhecido para fins de tombamento, pelo órgão competente da administração pública.

LEI Nº 8.629, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1993 que dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos a reforma agrária dispõe em seu:

Art. 2º A propriedade rural que não cumprir a função social prevista no art. 9º é passível de desapropriação, nos termos desta lei, respeitados os dispositivos constitucionais.

Art. 4º Para os efeitos desta lei, conceituam-se:

I. Imóvel Rural - o prédio rústico de área contínua, qualquer que seja a sua localização, que se destine ou possa se destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou agroindustrial;

II . Pequena Propriedade - o imóvel rural: · de área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fiscais;

III. Média Propriedade - o imóvel rural:

a) de área superior a 4 (quatro) e até 15 (quinze) módulos fiscais;

Parágrafo único. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária a pequena e a média propriedade rural, desde que o seu proprietário não possua outra propriedade rural.

Art. 5º A desapropriação por interesse social, aplicável ao imóvel rural que não cumpra sua função social, importa prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária.

O que é módulo fiscal? (Art 50 do Estatuto da Terra) Unidade de medida expressa em hectares,

fixada para cada município, considerando os seguintes fatores:

Tipo de exploração predominante no município;

Renda obtida com a exploração predominante;

Outras explorações existentes no município que, embora não predominantes, sejam significativas em função da renda ou da área utilizada;

Conceito de propriedade familiar.

A lei 8.629 complementa a lei 4504 no tocante a desapropriação de terras para a reforma agrária.

A luta pela terra no Brasil tem gerado um conjunto de estratégias de pressão ao Estado. Nesse conjunto destaca-se o papel da ocupação de propriedades pelos integrantes dos movimentos sociais ligados ao campo.

Devido a banalização dessa estratégia, no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, foi editada medida provisória:

- MEDIDA PROVISÓRIA No 2.183-56, DE 24 DE AGOSTO DE

2001. – que impede a desapropriação de terras ocupadas pelos movimentos sociais. Veja o que estabelece o texto legal.

Art. 4o A Lei no 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, passa a vigorar com as seguintes alterações:

§ 6o O imóvel rural de domínio público ou particular objeto de esbulho possessório ou invasão motivada por conflito agrário ou fundiário de caráter coletivo não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua desocupação, ou no dobro desse prazo, em caso de reincidência; e deverá ser apurada a responsabilidade civil e administrativa de quem concorra com qualquer ato omissivo ou comissivo que propicie o descumprimento dessas vedações.

§ 7o Será excluído do Programa de Reforma Agrária do Governo Federal quem, já estando beneficiado com lote em Projeto de Assentamento, ou sendo pretendente desse benefício na condição de inscrito em processo de cadastramento e seleção de candidatos ao acesso à terra, for efetivamente identificado como participante direto ou indireto em conflito fundiário que se caracterize por invasão ou esbulho de imóvel rural de domínio público ou privado em fase de processo administrativo de vistoria ou avaliação para fins de reforma agrária, ou que esteja sendo objeto de processo judicial de desapropriação em vias de imissão de posse ao ente expropriante; e bem assim quem for efetivamente identificado como participante de

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invasão de prédio público, de atos de ameaça, sequestro ou manutenção de servidores públicos e outros cidadãos em cárcere privado, ou de quaisquer outros atos de violência real ou pessoal praticados em tais situações.

§ 8o A entidade, a organização, a pessoa jurídica, o movimento ou a sociedade de fato que, de qualquer forma, direta ou indiretamente, auxiliar, colaborar, incentivar, incitar, induzir ou participar de invasão de imóveis rurais ou de bens públicos, ou em conflito agrário ou fundiário de caráter coletivo, não receberá, a qualquer título, recursos públicos.

§ 9o Se, na hipótese do § 8o, a transferência ou repasse dos recursos públicos já tiverem sido autorizados, assistirá ao Poder Público o direito de retenção, bem assim o de rescisão do contrato, convênio ou instrumento similar.” (NR)

Essa medida foi muito contestada por ser considerada uma ação repressora aos movimentos sociais campesinos.

Estimado candidato, faz-se necessário perceber que as terras no Brasil estão fortemente concentradas nas mãos de uma pequena parcela da população. Perceba melhor na leitura abaixo.

O estabelecimento de mais de 1.000 hectares corresponde, em número, a apenas 1% do total das propriedades, mas correspondem a 45,1% do total da área ocupada por estabelecimentos rurais no país.

Isso demonstra o padrão concentracionista no campo brasileiro uma vez que se os estabelecimentos rurais com até 10 hectares representam 49,7 % dos estabelecimentos rurais ocupando apenas 2,2% da área agrícola total.

A explicação para esse padrão de concentração é a absorção dos estabelecimentos de “até 10 hectares” e “10 a 100 hectares” pelos outros estabelecimentos maiores. Esse processo de concentração que vem ocorrendo no país é chamado de FAGOCITOSE RURAL e confirma a tese que há uma tendência de concentração fundiária no país. Nesse cenário de concentração observa-se um importante movimento de resistência – são os movimentos de lutas pela terra.

No Brasil esse tipo de movimento só passou a existir no século XX. ligas camponesas (1950) – NE sindicatos rurais

Igreja (Comunidade Eclesial de Base) e CPT – Comissão pastoral da Terra MST (1980)

Outras denominações de movimentos são comuns, mas, pelo histórico de formação,

verifica-se que tem origem nos movimentos citados anteriormente.

Evoluçãoetendênciasdosetordetransportes

Caro estudante, nessa unidade abordaremos um dos maiores gargalos ao pleno desenvolvimento brasileiro, que é a falta de infraestrutura do nosso sistema de transporte. Hoje não basta produzir. É indispensável por a produção em movimento, pois agora é a circulação que preside à produção.

No período colonial a interiorização se deu seguindo o vale dos rios – em especial na Amazônia. A ligação entre as diversas áreas produtivas e áreas consumidoras se davam pelo uso do sistema aquaviário.

A expansão da cana-de-açúcar dependia da navegação (fluvial e costeira) e do transporte terrestre (carruagem e montaria) para interligar as zonas produtivas aos portos que se ligavam com o exterior. Assim, após a instalação econômica de uma região é que se instalavam os sistemas de transportes. Basta observamos o caso do café.

Mapa Ferroviário de São Paulo 

Bacia de drenagem da produção de café 

Após a revolução industrial na Europa começa a expansão das ferrovias pelo mundo e elas chegam ao nosso país na 2ª metade do século XIX (1854 – com o Barão de Mauá). Este sistema de transporte estava baseado na ligação do interior (área de produção) ao litoral (porto de exportação) devido a relação econômica da colônia X metrópole. O espaço produtivo estava subordinado ao comércio da Europa, daí a organização dos meios de transportes em forma de

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uma "bacia de drenagem" visando escoar a produção para o mercado externo. Essa mesma rede de transportes possibilitava o abastecimento das áreas produtivas com produtos manufaturados e industrializados vindos do exterior.

Deste modo, analisando essa característica da economia nacional observamos a formação de “ilhas econômicas” no país. O traçado das ferrovias não possibilitaram criar uma interligação inter-regional do país, o pouco que se conseguiu foi estabelecer uma ligação intra-regional da região sudeste.

Ainda podemos verificar que o avanço dos meios de transportes segue a lógica do avanço tecnológico. Após a revolução industrial, o emprego do da propulsor a vapor e da ferrovia (séc. XIX) e, posteriormente, com a popularização do automóvel e dos avanços da aviação o mundo parecerá menor devido o aumento da eficiência dos meios de transportes. O espaço vai ganhando novas velocidades e fluidez com o avanço técnico empregado no transporte em geral.

Transporte Internacional 

O Brasil, em virtude de sua situação geográfica, mantém historicamente acordos de transporte internacional terrestre, principalmente rodoviário, com quase todos os países da América do Sul. Com a Colômbia, Equador, Suriname e Guiana Francesa o acordo está em negociação.

O Acordo sobre Transporte Internacional Terrestre entre os Países do Cone Sul, que contempla os transportes ferroviário e rodoviário, inclui Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Peru, Paraguai e Uruguai. Entre Brasil e Venezuela refere-se apenas ao transporte rodoviário. O mesmo ocorrerá com a negociação que está em andamento com a Guiana.

O Mercado Comum do Sul - Mercosul, que é um Tratado de Integração, com maior amplitude entre, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, absorveu o Acordo de Transportes do Cone Sul.

Tais acordos buscam facilitar o incremento do comércio, turismo e cultura entre os países, no transporte de bens e pessoas, permitindo que veículos e condutores de um país circulem com segurança, trâmites fronteiriços simplificados nos territórios dos demais.

No caso do Mercosul, já se atingiu estágio mais avançado com a negociação e adoção de normas técnicas comunitárias.

A evolução dos transportes internacionais terrestres se faz através de negociações conjuntas

periódicas visando atender as crescentes necessidades das partes, pela incorporação dos avanços tecnológicos e operacionais, pelo maior grau de segurança e pela maior agilidade dos procedimentos aduaneiros e imigratórios.

Assim, o mercado de movimentação dos fluxos internacionais de bens e pessoas torna-se cada vez mais dinâmico, competitivo e seguro, para as empresas nacionais dos diferentes países. Ressalte-se que o transporte terrestre doméstico de cada país não pode ser executado por empresas estrangeiras.

Complementarmente aos acordos básicos citados, têm sido estabelecidos acordos específicos no Mercosul, como o de Transporte de Produtos Perigosos e o Acordo sobre Trânsito.

Custos dos transportes 

Relação tempo X custos são inversamente pro‐porcionais. 

O transporte não pode encarecer o preço do produto de modo que o produto perca a competitividade no mercado.

Prezado candidato, o “Custo Brasil” é o custo de se produzir no Brasil. O Custo Brasil é um termo genérico, usado para descrever o conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que encarecem o investimento no Brasil, dificultando o desenvolvimento nacional, aumentando o desemprego, o trabalho informal, a sonegação de impostos e a evasão de divisas. Por isso, é apontado como um conjunto de fatores que comprometem a competitividade e a eficiência da indústria nacional. O sistema de transporte brasileiro com todos os seus problemas estruturais diminui nossa competitividade no cenário internacional como, por exemplo, o Brasil possui 55 portos, o de Santos, responde sozinho por 25% das exportações realizadas no país. Um container para sair do Brasil demora em média 7 dias, ao passo que o padrão internacional dura em média

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entre 1 e 2 dias. A documentação desse mesmo container passará por 24 órgãos do governo, ou seja, muita lentidão e muita burocracia.

A instalação de infraestrutura de transportes exige grandes somas de capital e tem retorno a longo prazo não sendo desta forma atrativo para a iniciativa privada. Neste sentido o Governo tem que balancear os investimentos em transportes com o DÉFICIT PÚBLICO devido a composição e comprometimento do PIB com a dívida do Estado.

O governo aprovou a lei da PPP – Parceria Público-Privada (Projeto de Lei 2546/03) no sentido de aumentar os investimentos buscando fazer parcerias com a iniciativa privada.

Infraestrutura receberá R$ 300 bilhões do PPP.

Apesar do interesse do Estado em criar condições para atrair o capital privado para o setor de infraestrutura isso não aconteceu. Outros problemas, entre os quais a falta de regulamentação e a grande internacionalização de nossa economia, impediram que essa iniciativa tivesse êxito nesse momento no país.

A saída do governo foi lançar uma nova fase de investimentos estatais para ampliar e garantir a modernização do setor de infraestrutura, como já havia feito em outros tempos no país. Esse modelo de estado impulsionador da economia, que investe em setores menos rentáveis e cria condições para novos investimentos em setores mais rentáveis, realizados pela iniciativa privada.

Transportes eficientes, modernos, baratos atraem as indústrias, se temos diferenças no serviço logo teremos também a opções por localidades nas quais é mais bem servido de infraestrutura. É o caso da região SE e Sul (região concentrada) que atrai as indústrias devido apresentar a melhor e maior densidade viária.

O modelo ideal de transporte deve interligar todos os modos de transportes, ou seja, estações intermodais, dando prioridade para:

pequenas distâncias 

– transporte rodoviário

grandes distâncias  

– hidroviário e ferroviário

cargas rápidas  

– transporte aéreo.

AS FERROVIAS 

Em 1854, ocorreu o estabelecimento da 1ª ferrovia, pelo Barão de Mauá, tinha 15 Km e

ligava a Praia da Estrela, na Baía da Guanabara, à raiz da serra de Petrópolis – RJ.

A expansão das ferrovias coincide com o avanço da produção cafeeira que iniciou no RJ e vai à direção de SP via Vale do Paraíba e posteriormente se expande para o oeste paulista.

O período de maior expansão ferroviário foi entre 1870 e 1920, período que passou de 745 km para 28535 km, coincidindo com a fase áurea da cafeicultura.

Após 1930, com a crise do café, o ritmo de expansão das ferrovias diminuiu. De 1920 a 1960 construíram menos de 10000 km e ainda, desde a época do café, as ferrovias concentravam-se nos estados do SE.

No NE os desenhos mais ou menos retilíneos interior - litoral são predominantes. Algumas ferrovias se complementam com trechos que unem as cidades de função política, econômica e portuárias mais importantes.

Na Região Norte os sistemas ferroviários são especialmente especializados e voltados para o escoamento da produção de minérios.

O exemplo da E F Amapá - transporte de manganês e E F Carajás - transporte de minério de ferro.

No SE e Sul o sistema ferroviário leva os produtos aos portos cumprindo a função de escoamento da produção. A E F Vitória - Minas e E F Central do Brasil, especializadas no transporte de ferro estão ligadas ao porto de Sepetiba (1973) que foi criado para atender o complexo industrial de Santa Cruz (RJ)

A desativação de ramais antieconômicos fez com que a rede ferroviária sofresse um recuo no país. No ano de 1992 estavam em operação 30.282 Km, mostrando que a lógica do negócio petroleiro e das rodovias implantado a partir da década de 1950 havia afetado o sistema ferroviário. Contudo, quanto às cargas, o uso das ferrovias foi crescente, passou de 44.846 toneladas em 1960 para 235.105 toneladas em 1990. A composição das cargas em 1994 era de 34,4% de minério de ferro, 11,3% de produtos siderúrgicos e 5,6% de carvão.

Dificuldades para a expansão da rede ferroviária no país: - custo de instalação; - menor flexibilidade; - requer terminal de cargas.

Prezado candidato, verificamos que como a construção se deu para atender às necessidades do modelo agrário exportador, as ferrovias estavam direcionadas no sentido interior – litoral para escoar a produção agrícola e que as ferrovias não serviram para integrar as diversas regiões do país.

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Questões da decadência das ferrovias 

a) diferenças das bitolas dificultam a integração das ferrovias

b) desde a década de 1930, quando a economia começava a se transformar de agroexportadora em predominantemente industrial, alterando com isso os tipos de cargas, as ferrovias não foram estruturadas para atender com a mesma rapidez e eficiência a essa nova realidade do país.

c) elevados custos da implantação desestimulando o investimento particular.

d) elevados déficits operacionais, material rodante obsoleto, administração ineficiente e morosidade no transporte.

Observe que deve ficar claro que as ferrovias já tiveram maior importância no Brasil. De 1950 até 2005 houve um decréscimo de quase 10 mil Km nas ferrovias brasileiras. A grande época do transporte ferroviário coincidiu com o auge do cultivo de café, estendendo-se do final do século XIX até meados do século XX. A partir daí, com o progressivo desenvolvimento da indústria automobilística, as ferrovias entraram em crise. Elas continuaram a ser constituídas apenas em áreas e projetos especiais como para transportar minérios da Amazônia até o porto de Itaqui, no Maranhão ( Estrada de ferro Carajás), a Ferrovia Brasília- Maranhão. Existem alguns projetos em implementação como: a Transnordestina, Ferronorte e Ferroeste, todas iniciadas, mas ainda incompletas por causa da falta de verbas.

O Estado esteve sempre atuante no sistema de transportes do país, com maior ênfase após a década de 1930, devido à intervenção do governo na economia com forte atuação como empresário no setor produtivo e ainda hoje como indutor da economia. Dessa forma, verifica-se que o sistema ferroviário sofreu um intenso processo de ESTATIZAÇÃO, com a criação da RFFSA – Rede Ferroviária Federal SA (1957) e da FEPASA – Ferrovias Paulista SA (1971).

Após longo período de intervenção a lógica da economia globalizada exigiu uma nova postura do Estado que iniciou, na década de 1990, uma fase de PRIVATIZAÇÃO. Desde 1996, grande parte da malha ferroviária foi repassada por concessão à iniciativa privada, principalmente aquelas relacionadas com o transporte de cargas.

A inclusão da Rede Ferroviária Federal S.A. no Programa Nacional de Desestatização através do Decreto n.º 473/92, propiciou o início da transferência de suas malhas para a iniciativa privada, durante um período de 30 anos, prorrogáveis por mais 30. Esse processo também resultou na liquidação da RFFSA, a partir de 07/12/99.

A falta de planejamento para o desenvolvimento de um modelo multimodal de transportes permitiu a especialização das ferrovias no Brasil. Veja algumas ferrovias e suas especializações.

Minério: 

o Estrada de Ferro Carajás o Estrada de Ferro Vitória‐Minas o Estrada de Ferro Amapá o Estrada de Ferro Trombetas o Ferrovia do Aço. 

Carvão: 

o Estrada de Ferro D Tereza Cristina 

Recentemente as ferrovias tiveram aumento no transporte de ferro (34,4%) seguido pelos produtos siderúrgicos (11,3%) e pelo carvão mineral (5,6%).

Na década de 1970 as ferrovias paulistas transportavam milho, trigo, café, cimento, madeira, adubos e açúcar, em 1990, 37,8 % eram

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combustíveis, 12,9% soja e farelo de soja, 9,1% de trigo, 7,8% de cimento.

No sistema Nordeste as ferrovias estavam destinas ao transporte da cana-de-açúcar e de açúcar (44,7%). No sistema Centro o transporte de minérios entre Belo horizonte e Volta Redonda representava 47,3% do movimento. No sistema Centro-Sul a E F Santos - Jundiaí e a E F Noroeste (Bauru - Corumbá), juntamente com as ferrovias estaduais transportam ferro, adubos, óleo diesel, algodão e café. O sistema Sul era responsável por fluxos de grãos e carvão. A ferrovia Sul Atlântica com 6300 Km transporta fertilizantes e insumos, soja e derivados de soja, óleo diesel, areia e cimento.

Ferrovias como instrumento de Geopolítica 

As ferrovias, além de seu papel de transporte e de integração regional, cumprem importante função geopolítica aumentado o fluxo de mercadorias e ampliando as relações com países vizinhos.

Há um caso interessante a se comentar: a malha ferroviária soviética tinha bitola diferente da malha ferroviária europeia com medida de segurança para ambas partes. A diferença na bitola impedia que um dos lados tivesse a possibilidade de invadir o território com facilidade.

Transporte urbano 

Em 1974 teve o início do transporte metroviário com a inauguração da linha norte-sul (Santana – Jabaquara) na capital paulista. O transporte de passageiros se dá no fluxo dos trens suburbanos e construção do metrô. O trabalhador

cada vez mais distante do trabalho tem necessidade de transporte mais eficientes devido a saturação da infraestrutura das cidades que sofrem com o aumento dos engarrafamentos.

Do mesmo modo verificamos que no transporte interurbano prevalece o transporte rodoviário.

TRANSPORTE RODOVIÁRIO 

Na segunda metade do século XX as estradas contribuíram para ligar as diversas regiões entre si. A rede brasileira passou de 302147 Km em 1952, para 1.657.769 Km em 1995, com grande crescimento na década de 1970.

A rede nacional é diversificada, explicitando as diferenças regionais do país, desta forma verificamos que as rodovias com melhor conservação, de melhor infraestrutura estão no Sul e SE. Também nestas duas regiões está a maior densidade ferroviária.

Km DE ESTRADAS POR 100 Km2 EM 1995

o SUL ‐ 814,9 o SE ‐ 585,8 

Km DE ESTRADAS POR 100 Km2 EM 1995

o SUL ‐ 814,9 o SE ‐ 585,8 o NE ‐ 255 o CO ‐ 187,6 o NORTE ‐ 37,7 

ESTRADAS PAVIMENTADAS POR Km2 EM 1995 NO SUDESTE

o MG ‐ 31,37 o SP ‐ 101,94 o RJ ‐ 118,11 

Em contraposição à realidade do Sudeste encontramos o Amazonas com 0,87 Km de estrada pavimentada por 1000 Km2.

No Sudeste estão os melhores trechos de rodovias federais e estaduais duplicadas. A maior densidade no Sudeste deve-se ao maior desenvolvimento técnico-científico da região.

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Km DE RODOVIA POR HABITANTE - POR GRANDE REGIÃO

o CO ‐ 21,42 o SUL ‐ 19,58 o NE ‐ 8,86 o NORTE ‐ 8,54 o SE ‐ 7,15. 

O histórico das rodovias remonta à necessidade de unir áreas de agricultura e pecuária aos centros de consumo do país. Assim, em 1926, com a construção da 1ª via moderna de transporte rodoviário (Governo de Washington Luís) entre RJ – SP (via Dutra) iniciava-se o processo de rodoviação do Brasil. Esta via era a única pavimentada até 1940. Com seu lema “Governar é construir estradas”, o governo reconhecia a importância das rodovias para criar um mercado nacional.

Em 1937, com a criação do DNER, a organização e a expansão do setor rodoviário tornou-se política de Estado. Assim, na década de 1950 – impulsionado pela indústria - o transporte rodoviário transformou-se no principal meio de locomoção do país. Atendia o interesse da indústria automobilística e das grandes

companhias de petróleo mundial, o Brasil passava a produzir e consumir carros, porém não produzia petróleo. O modelo de transporte adotado colocava o país em situação de dependência em relação ao petróleo e derivados importados.

Nos dias atuais as rodovias cumprem a função de unir áreas de agricultura e pecuária modernas às agroindústrias, aos centros de consumo nacional e às vias de exportação, logística que no Sudeste é bem mais avançada. No Norte e NE o governo federal é o principal agente na construção e administração das rodovias.

Para compreender a importância da indústria automobilística para a expansão das rodovias basta-nos verificar que em 1950 havia um automóvel para cada 259,5 habitantes, com enormes disparidades regionais. Em 1996, a relação era de um automóvel para cada 8,16 habitantes.

RELAÇÃO NÚMERO DE HABITANTES E AUTOMÓVEIS

o SE ‐ 5,52 o SUL ‐ 4,85 o CO ‐ 6,22 o NE ‐ 17,67 

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o NORTE ‐ 17,61 

Em 2000, a relação de habitantes por veículo era de 8,4, e atingiu 5,5 em 2011. No período compreendido entre 2004 e 2011, a frota brasileira aumentou 54,8%, totalizando 34,8 milhões de veículos no ano passado, enquanto a população cresceu em ritmo bem menor, de 5,7%, chegando a 192,3 milhões de pessoas em 2011.

O peso das relações pré-existentes e os níveis de renda relativamente inferiores contribuem para uma maior relação automóvel X habitante nas regiões N e NE.

Este reflexo verificado no transporte particular também pode ser observado no transporte de passageiros. No NE, a quantidade de linhas intermunicipais é menor que a metade do número de linhas do SE.

A presença do poder público no sistema de transportes é insuficiente. A presença de capital privado exige uma oferta de consumo mínimo como forma de perspectiva de lucro para as empresas.

No ano de 2000, o sistema rodoviário respondia por 96% do transporte de passageiros e 62% das mercadorias. A partir desses números podemos entender o motivo do ditado popular o qual afirma que “o Brasil caminha na carroceria do caminhão”.

Maior caminhão do mundo – Caterpillar 797B

Quem é dona desta incrível marca é a empresa norte-americana Caterpillar que fabricou o maior caminhão do planeta, desbancando o Terex Titan 33-19 que até então era o dono do título.

Um detalhe interessante é que o imenso motor a diesel não movimenta o caminhão. Ele serve de fonte de energia (3650-horsepower ou 2723-kilowatt) para dois motores elétricos, que estes sim, tracionam as enormes rodas. Custa apenas 3 milhões de dólares…

A integração regional 

A rodovia conseguiu realizar a integração regional do país. O marco dessa integração foi a construção dos trechos Rio – Bahia (1963) e Régis Bittencourt (BR 116) que ligava as regiões NE, SE e Sul.

Essas obras refletem a interligação da região litorânea, área de maior densidade demográfica e sede das principais cidades do país.

O projeto de integração territorial passa também pela construção de Brasília que

possibilitou a interiorização com base nas rodovias Os grandes projetos rodoviários objetivam:

- ocupar os vazios demográficos (áreas de baixa densidade demográfica).

- transferir excedentes populacionais (ligas camponesas NE, flagelados das secas)

- facilitar a ocupação e a pesquisa mineral

- integração do Centro-Sul à Amazônia – (Perimetral Norte, Transamazônica)

- Integrar o transporte fluvial da Bacia Amazônica com o modal rodoviário.

Mesmo com os grandes projetos desenvolvidos na Amazônia como: de extração mineral, projetos agropecuários e construção de eixos rodoviários, as rodovias ainda continuaram concentradas no Sudeste. As crises do petróleo (1973 e 1979) contribuíram para mostrar a ineficiência dos grandes projetos rodoviários, devido à dependência do país a uma fonte de energia que não éramos auto-suficientes - o petróleo.

Projeto de interligação do país

- Radiais – início 0 (Ex 010)

- Longitudinais – início 1 (Ex 101)

- Transversais – início 2 (Ex 272)

- Diagonais – início 3 (Ex 364)

- De ligação – início 4 (Ex 425)

Algumas rodovias que merecem destaque:

BR 364 – integra o projeto para a saída para o Pacífico possibilitando integrar a região Norte e Centro-Oeste com o mercado do Pacífico. Integra a área de produção de soja do MT o Porto de Porto Velho e deste com a hidrovia do Madeira (Porto Velho – RO a Itacoatiara – AM) BR 174 – Manaus – Boa Vista – integra Manaus – Caracas. Saída para os produtos da Zona Franca de Manaus. BR 230 – Liga o NE à Amazônia – sem funcionamento em grande parte.

BR 163 – Trecho Cuiabá – Santarém – trechos sem funcionamento em período de chuva.

BR 101 e BR 116 – Atravessam as principais áreas econômicas do país.

BR 277 – Saída ao Atlântico por rodovia para o Paraguai, até o porto de Paranaguá.

BR 262 – Saída ao Atlântico por rodovia para a Bolívia (via porto de Vitória). Já tem uma saída por ferrovia (noroeste do Brasil) que liga La Paz ao porto de Santos.

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PRIVATIZAÇÂO

1995 – privatização de rodovias por meio de concessões.

As concessionárias devem:

- pagamento ao governo;

- realizar manutenção e melhorias;

Podem cobrar pedágios.

10000 km privatizados.

Aumento de 45% do pedágio no período 1997 a 2001.

- encarecimento das viagens;

- aumento dos custos com transporte de cargas.

Transporte urbano

- descompasso entre a demanda e a oferta;

- aumento do transporte informal ou clandestino.

TRANSPORTE HIDROVIÁRIO

Caro candidato, o transporte hidroviário infelizmente é pouco valorizado no Brasil, apesar da riqueza das nossas bacias hidrográficas, que, em alguns casos, são navegáveis sem nenhuma obra de correção, como ocorre em grande parte das bacia Amazônica. A navegação é em grande parte impossibilitada por causa dos grandes projetos hidrelétricos, tal empecilho poderia ser corrigidos com obras de eclusas, dragagem e aprofundamento do leito dos rios. A negligência

com o desenvolvimento das hidrovias foi tanta que, nos anos 1970, construiu-se a rodovia Transamazônica, paralela e relativamente próxima ao rio Amazonas, ou seja, teria sido bem mais eficaz e barato que os recursos despendidos tivessem sidos alocados em uma hidrovia.

O sistema completo reúne embarcações e toda a interligação estabelecida pelos portos.

Navegação de Longo Curso

Demanda de embarcações estrangeiras.

Navegação de Cabotagem 

Principais portos de saída: Torguá e Angra dos Reis (RJ), Tubarão (ES), Aratu (BA) e Natal (RN) – 70% do embarque.

Principais portos de entrada: São Sebastião e Santos (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Vitória (ES) – mais da metade da carga.

Loyd Brasileira – empresa de navegação brasileira – entrou em concordata na década de 1980 – falta de investimentos.

Navegação interior 

Na região amazônica o transporte hidroviário é, para a maior parte de sua população, a base do seu diálogo com o país, uma vez que os vínculos aéreos permanecem restritos a uma pequena camada da sociedade.

Hidrovia Paraná – Paraguai

Hidrovia Tietê – Paraná – conhecida como hidrovia do Mercosul.

A partir de 1993 acaba o monopólio estatal e inicia a privatização de alguns portos no país:

- 1995 – navegação de cabotagem deixa de ser monopólio; Navegação fluvial

Os rios tiveram um papel importante na ocupação do território brasileiro. Através do Tietê, Amazonas e São Francisco, efetuou-se a ocupação de vastas porções do território. Atualmente é o sistema de menor participação no transporte de mercadorias. A navegação fluvial vê-se prejudicada pelo fato de a maior parte dos rios serem de planalto e os rios de planície situarem-se afastados das áreas mais desenvolvidas. Os rios de planalto não impedem definitivamente a navegação, porém sua navegabilidade depende da construção de canais laterais, comportas (eclusas). É o caso da eclusa da Barra Bonita no Tietê, de Jupiá no Paraná, além de outras projetadas.

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As bacias de maior importância são: 

 

Bacia Amazônica 

Possui percurso navegável de 22.446 km, entre o rio Amazonas e seus afluentes. A navegação do rio Amazonas é internacionalizada até o Porto de Manaus, desde 1867, controlada pela Enasa - Empresa de Navegação da Amazônia S.A.

Os principais portos estão em Belém e Manaus.

Bacia do Prata 

Compreende a navegação feita no rio Paraguai, rio Paraná e em alguns afluentes, controlada pelo serviço de navegação da Bacia do Prata (oficial). Cumpre destacar que o transporte fluvial do rio Paraguai é um dos mais importantes do Brasil, pelo valor da carga que por ele é transportada: minérios (ferro e manganês

provenientes do Maciço do Urucum), gado, madeira, arroz, cimento, trigo e derivados de petróleo para importação. Seus principais portos no Brasil são: Corumbá e Ladário.

O rio Paraná tem seu trecho navegável no Brasil no seu alto curso, na divisa de São Paulo e Mato Grosso do Sul, 1.500 km. Transporta trigo, soja, gado e madeira e seus portos principais são: Presidente Epitácio, Panorama e Guaíra.

Bacia do São Francisco 

Constituída por este rio, desde Juazeiro (Bahia) até Pirapora (Minas Gerais), e alguns afluentes. A navegação é controlada pela Codevasf.

A articulação do São Francisco ao litoral é feita pela Estrada de Ferro Central do Brasil, de Pirapora ao Rio de Janeiro e pela Viação Férrea Leste Brasileiro, de Juazeiro a Salvador.

A navegação é facilitada pela Barragem de Três Marias e Eclusa de Sobradinho.

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 Outras bacias 

De importância restrita, destacam-se os rios Jacuí (RS) e o Rio Doce (MG).

O rio Tietê tem seu trecho navegável a partir de Barra Bonita.

Navegação marítima 

Pela posição que o Brasil ocupa no Oceano Atlântico, com um perímetro costeiro de 7.400 km e possuindo a economia voltada para o litoral, era de se esperar que a nossa Marinha Mercante fosse muito desenvolvida. Porém, isso não acontece. Possuímos 376 embarcações, com mais de 100 toneladas, que deslocam 144.000 toneladas.

Essa Marinha Mercante precária constitui-se num dos pontos de estrangulamento da nossa economia. Vários são os problemas que dificultam o desenvolvimento da Marinha, entre os quais:

- embarcações velhas (em média 44 anos de uso);

- deficiência das instalações portuárias;

- problemas tarifários;

- desorganização administrativa.

O setor de transporte marítimo conta com dois importantes órgãos:

- a Sunamam - Superintendência Nacional da Marinha Mercante, que tem como objetivo reorganizar o setor;

- o Geicon - Grupo Executivo da Indústria da Construção Naval, que cuida do Planejamento, da execução e renovação das embarcações.

Em parte, os problemas estão sendo resolvidos pelo Fundo Portuário Nacional.

A ampliação de estaleiros, por meio da política da Sunamam deverá solucionar grande parte dos problemas referentes às embarcações, esperando-se, num futuro próximo, a renovação quase total da frota.

A navegação é feita sob duas modalidades:

Navegação de longo curso ou internacional

No Brasil, a navegação de longo curso estava sendo feita pelo Lloyd Brasileiro com cerca de 84 embarcações e pela Fronape (Frota Nacional de Petroleiros) que possui 80 embarcações.

Atualmente a navegação vive um momento de crise, sendo que a necessidade nacional de navegação é suprida por navios estrangeiros

fretados, o que representa importante saída de divisas dos cofres públicos.

Quanto à Fronape, todo o petróleo bruto e os derivados importados são, praticamente, transportados por esta companhia.

As principais empresas de navegação de longo curso no Brasil são: Fronape - petróleo e minério de ferro.

Lloyd Brasileiro - máquinas e produtos agrícolas.

Docenave - Vale do Rio Doce Navegação S/A - minérios.

Navegação de cabotagem 

É a navegação que liga os diversos portos brasileiros entre si. Podendo ser feita somente por navios nacionais, segundo dispositivos constitucionais. Porém, devido às deficiências da nossa Marinha Mercante, mais de 50% de tonelagem é transportada por embarcações estrangeiras.

Entre as principais companhias que exploram esse tipo de navegação, temos:

o Lloyd ‐ Cia. Costeira de Navegação. o Aliança ‐ Cia. Baiana de Navegação. o Cia. Paulista de Navegação. 

Portos 

Em grande parte, como já dissemos, as deficiências apresentadas pela nossa Marinha Mercante devem-se às instalações portuárias que são precárias. Dentre os diversos portos marítimos e fluviais, dois podem ser considerados de primeira categoria: Santos e Rio de Janeiro.

Os maiores portos em carga (tonelagem).

Ao lado dos portos de múltiplas funções, em virtude de serem escoados produtos variados, existem os portos especializados:

- Santana (Macapá, AP) - manganês.

- Areia Branca (RN) - sal marinho.

- Malhado (Ilhéus, BA) - cacau.

- Tubarão e Vitória (ES) - ferro de MG.

- Sepetiba (RJ) - minério de ferro.

- Itajaí (SC) - pescado.

- S. Sebastião (SP) - petróleo.

- S. Francisco do Sul (SC) - madeira.

- Maceió (AL) - açúcar e petróleo.

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- S. Luís – Itaqui (MA) - ferro de Carajás (PA).

O complexo portuário-industrial de Sepetiba (RJ), inaugurado em maio de 1982, receberá, inicialmente, carvão metalúrgico e energético, destinados ao parque siderúrgico da Região Sudeste. Deverá estar capacitado também para a futura movimentação de minério de ferro, destinado à exportação, designando o movimento desses produtos no ponto do Rio de Janeiro.

Sepetiba estará destinado à movimentação de granéis e insumos básicos industriais, enquanto o porto do Rio de Janeiro restringir-se-á ao manuseio de cargas mais nobres.

O porto de Sepetiba articular-se-á com a Ferrovia do Aço, através da malha ferroviária existente, passando por Japeri e Volta Redonda, o que tornará possível o escoamento do minério de ferro de MG. E, através de Itutinga, fará a conexão com a malha ferroviária do Centro-Oeste, permitindo a futura exportação, por Sepetiba, da produção agrícola do cerrado (GO, MG).

Maior navio cargueiro do mundo – Knock Nevis O Super-Petroleiro Knock Nevis, é o maior navio do mundo, sendo assim o mais pesado objeto móvel já construído pelo homem. Depois de inúmeras reformas e mudanças de nome (já foi chamado de Seawise Giant, Happy Giant, Jahre Viking), hoje o Knock Nevis não navega mais. Ele atua como uma Base Flutuante de Armazenamento de Produtos Petrolíferos (ou FSO – Floating Storage and Offloading), pertencente à norueguesa Fred Olsen Production e está atualmente no Qatar para a Maersk Oil.

Poucos portos no mundo podiam receber o Knock Nevis (normalmente ele não atracava no porto, descarregava o petróleo em navios menores) e também devido ao seu grande calado não podia navegar no canal da Mancha, no canal do Panamá ou no canal de Suez. Com um comprimento de mais de 458 m e um calado de quase 30m quando carregado, não podia se aproximar da costa.

Algumas informações sobre o Knock Nevis:

O Knock Nevis transportava petróleo do Golfo Pérsico para os Estados Unidos e são necessários alguns deles somente para suprir o consumo diário de petróleo americano. Enquanto um carro faz curva em um raio de 10 metros, o Jahre Viking só consegue fazer curvas em um raio de 3.7 km! Na velocidade máxima, para parar totalmente o Jahre Viking precisa de 10 km!

Prezado candidato, numa comparação entre os sistemas de transportes, tendo por base o gasto de 1 litro de diesel, chega-se ao seguinte modelo:

1 litro de diesel em embarcações marítimas transporta —— 500 toneladas ( petroleiros e graneleiros)

1 litro de diesel de avião transporta ——— 150 toneladas

1 litro de diesel de trem transporta ————— 125 toneladas

1 litro de diesel de carreta transporta ———25 toneladas

Logo, através desse esquema pretende-se ilustrar que a opção brasileira por transporte de cargas através de rodovias demonstra-se como sendo, o menos viável em termos de gastos energéticos, sem contar os gastos de manutenção.

TRANSPORTE AÉREO 

O Brasil tem hoje 255 aeroportos públicos com código IATA (International Air Transport Association), e dados de 2007 apontavam que o país tinha 2.498 aeroportos e aeródromos (locais sem terminais de passageiros), sendo 739 públicos e 1.759 particulares. Comparando com os números da Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO, em inglês), isso significa o segundo maior número de aeroportos do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, que têm 16.507 locais para pouso e decolagem de aeronaves.

Ainda com os dados de 2007, um número alarmante: 90% do tráfego aéreo no Brasil era concentrado em apenas 20 aeroportos. Pior ainda, dos 67 maiores aeroportos (operados pela INFRAERO), 70% tinham horários ociosos. Isso

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significa uma enorme concentração de voos em poucos locais e horários, colocando ineficiências em todo o sistema. Isso se deve ao crescimento desordenado dos voos e da falta de planejamento para a organização dos mesmos.

Prezado candidato, corroborando com estas informações e levando-se em conta um índice mundial que compara o número de passageiros transportados com a quantidade de quilômetros rodados pelas aeronaves, o país aparecia (em 2007) em 16º lugar no ranking mundial. Ficamos atrás de países como Japão, China, Holanda, Austrália e Rússia, que, apesar de terem menos aeroportos, utilizam de maneira muito mais eficaz e distribuída a sua estrutura.

Outro fator que não contribui para a melhora do setor no Brasil é a grande concentração do mercado. Mais de 80% do mercado de avião doméstica é concentrado em apenas duas empresas. Mesmo com a “guerra” de tarifas, que ocasionou o crescimento em 20% da demanda por voos nacionais em 2009, ainda é pouco frente aos 100 milhões de viagens de ônibus por ano realizadas no Brasil. A expectativa do setor aéreo é que o número de passageiros dobre nos próximos 5 anos, roubando parte do mercado dos ônibus, tentando oferecer preços comparáveis.

Evidentemente, a chegada da Copa do Mundo e das Olimpíadas em 2014 e 2016 animam as empresas. Mas elas dependem da regulamentação do governo e principalmente da infraestrutura dos aeroportos, ainda muito dependentes de Congonhas e sem opções viáveis no curto prazo. Sete grandes aeroportos brasileiros devem receber obras importantes, visando os dois eventos internacionais.

O fato é que a malha aeroviária brasileira é muito fragmentada: o modelo vigente hoje na aviação brasileira usa quatro aeroportos: Galeão, Brasília, Congonhas e Guarulhos. É um processo de baldeação: quem vem do sul e quer ir para o norte, para em um desses aeroportos e faz uma baldeação. É preciso usar outros hubs (centros) em outras cidades, desafogando o tráfego nas principais cidades, além de tentar ligar as cidades entre si em voos diretos sem escala.

1927 – início da arrecadação comercial com a criação da Viação Aérea Rio-Grandense (Varig) com a linha Porto Alegre a Rio Grande. Em 1999, o transporte aéreo representava 2,16% do movimento total de passageiros. O elevado preço e o baixo poder aquisitivo explicam o caráter elitista deste transporte.

O 1º aeroporto a ser privatizado deve ser o de Ribeirão Preto (SP).

Evolução do Transporte Aéreo de Passageiros

Na Amazônia, porém, em virtude do menor desenvolvimento de estradas e ferrovias, das grandes distâncias e da natureza de seu isolamento, é o avião que permite boa parte dos intercâmbios, e ali a aviação regional ganha relevo. Mas essa importância, numa região de baixas densidades demográficas, e dada muito mais pelo número de pontos interligados do que pela espessura dos fluxos. Por isso, se a quantidade de passageiros embarcados em voos regionais está em torno de 10% do SE, o número de cidades vinculadas (sem considerar as capitais nem Tocantins) é de 42 contra 52 da região SE.

Maior avião de carga do mundo visita o Brasil

O Antonov An-225 Mriya é um avião cargueiro fabricado na Ucrânia e operado pela Antonov Airlines (também Ucraniana). Ele foi desenvolvido para transportar cargas enormes e pesadas que jamais poderiam ser transportadas por outros aviões de cargas convencionais como o Boeing 747 Large Cargo Freighter, o Antonov An-124 ou o C-5 Galaxy, o mais próximo da capacidade do An-225. Inaugurado em dezembro de 1988, ainda está em plena operação. Ele pousa em chão de terra (com ou sem chuva) e até na neve (incluindo regiões remotas e desérticas da Sibéria).

Foi utilizado para transportar o ônibus espacial russo Buran. Já esteve no Brasil prestando serviço à Petrobras com uma tripulação de apenas 6 pessoas, consegue carregar até 250 toneladas de carga, que entram por suas portas que medem mais de 4 x 6 metros. Ele vazio pesa quase 300 toneladas.

A média de um Hercules C 130 utilizado em larga escala no Brasil e vários outros países é de 79 toneladas. Logo, percebe-se que o Antonov na 225 é uma exceção a regra do aviões de carga utilizados no mundo.

Segue em anexo um texto complementar sobre uma atualidade do assunto:

Avião de carga da Embraer lançado oficialmente.

O esperado lançamento pela brasileira EMBRAER do seu projecto de avião de carga marcou durante a LAAD-2009 a data do início de

Ano 1945 1975 1986 1995

Quantidade de

passageiros

245.672 6.512.649 15.508.850 18.039.779

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um programa que levará à fabrição KC-390 a partir de 2012 e à sua primeira entrega durante 2015.

O KC-390 será um avião de carga militar de médio porte, baseado inicialmente no avião de transporte civil EMB-190, ele foi, porém, alvo de grande número de alterações que praticamente o afastaram de modelo de avião comercial.

O KC-390 terá asa alta, porta traseira para o acesso rápido e facilidade de transporte, juntamente com várias outras capacidades que definem uma aeronave de transporte militar.

O avião brasileiro terá uma capacidade de transporte ligeiramente superior a vinte toneladas, que é o valor de referência para a mais recente versão do Hércules, o C-130J

Ele pode ser utilizado como aeronave reabastecedora. Ele poderá transportar viaturas blindadas 6x6 e 8x8, como as que estão presentemente em estudo para futura integração no exército brasileiro.

O novo avião de transporte da EMBRAER apresenta-se como potencial concorrente para o C-130 (Hércules) da americana Lockeed que, embora continue a ser uma referência, é visto por muitos como projeto antiquado.

Além do C-130, outras aeronaves são vistas como potenciais competidores.

O Airbus A-400 tem maiores capacidades, mas o seu enorme custo, poderá servir de incentivo à aquisição de uma maior quantidade de aeronaves, para forças que não tenham necessidade de um raio de operação mais elevado.

Aeronaves de concepção russa ou chinesa também poderão ser consideradas como potências concorrentes, principalmente porque embora sejam de um nível de preço idêntico, os clientes consideram-nas como potenciais focos de problemas, pois as empresas dessa origem não têm qualquer tradição em termos de capacidade comercial e de apoio pós venda, que é uma das características da EMBRAER.

Outros modelos de menores dimensões como o Alenia C-27J e o C-295 da EADS também são potenciais concorrentes embora se encontrem noutro segmento de mercado dado tratar-se de aeronaves com capacidade de transporte na casa das 10 toneladas.

Considerando os potenciais mercados onde o futuro KC-380 se tentará impor, a EMBRAER considera que existe um mercado potencial para cerca de 700 aeronaves do tipo.

CORREDOR DE EXPORTAÇÃO 

Foi estabelecido, por intermédio do Ministério dos Transportes, o programa de corredores de exportação que, melhorando a infraestrutura viária, desde áreas de produção até certos portos selecionados, visam à redução dos custos dos transportes de bens destinados à exportação . Na Amazônia é o avião que permite boa parte dos intercâmbios, e ali a aviação regional ganha relevo. Mas essa importância, numa região de baixas densidades demográficas, e dada muito mais pelo número de pontos interligados do que pela espessura dos fluxos. Por isso, se a quantidade de passageiros embarcados em voos regionais está em torno de 10% do SE, o número de cidades vinculadas (sem considerar as capitais nem Tocantins) é de 42 contra 52 da região SE.

Corredor De Exportação do Rio Grande 

Esse corredor destina-se a estimular as exportações de sua área de influência, compostos predominantemente de produtos manufaturados, como calçados e artigos de couro.

Corredor de exportação de Paranaguá 

Podem, se relacionar como principais produtos de exportação nesse corredor, o café, o algodão, a soja, o milho, e, potencialmente, o sorgo, a carne, a madeira. As rodovias componentes desse corredor formam um feixe convergente na cidade de Curitiba, de onde parte a estrada de acesso ao porto de Paranaguá.

Corredor de exportação de Santos  

A área de influência do Porto de Santos compreende todo o Estado de São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.

Entre os produtos primários de exportação, pelo volume, destacam-se: café, milho, algodão e carne. Também muito variada é a pauta de exportação de produtos manufaturados.

Corredor de exportação de Vitória‐Tubarão 

A área de influência desse corredor é formada pelos Estados do Espírito Santo, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro.

Esse corredor contempla o Quadrilátero Ferrífero, bem como as áreas com potenciais para a exportação de madeira, carne, cereais, além de outros produtos manufaturados.

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Corredor de exportação do Rio Grande 

Esse corredor destina-se a estimular as exportações de sua área de influência, compostos predominantemente de produtos manufaturados, como calçados e artigos de couro.

Corredor de exportação de Paranaguá

Podem, se relacionar como principais produtos de exportação nesse corredor, o café, o algodão, a soja, o milho, e, potencialmente, o sorgo, a carne, a madeira. As rodovias componentes desse corredor formam um feixe convergente na cidade de Curitiba, de onde parte a estrada de acesso ao porto de Paranaguá.

Corredor de exportação de Vitória‐Tubarão 

A área de influência desse corredor é formada pelos Estados do Espírito Santo, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro.

Esse corredor contempla o Quadrilátero Ferrífero, bem como as áreas com potenciais para a exportação de madeira, carne, cereais, além de outros produtos manufaturados.

DUTOS 

O transporte dutoviário pode ser dividido em:

1 - Oleodutos, cujos produtos transportados são em sua grande maioria: petróleo, óleo combustível, gasolina, diesel, álcool, GLP, querosene e nafta, e outros.

2 - Minerodutos, cujos produtos transportados são: Sal-gema, Minério de ferro e Concentrado Fosfático.

3 - Gasodutos, cujo produto transportado é o gás natural. O Gasoduto Brasil-Bolívia (3150 km de extensão) é um dos maiores do mundo.

Esta modalidade de transporte vem se revelando como uma das formas mais econômicas de transporte para grandes volumes principalmente de óleo, gás natural e derivados, especialmente quando comparados com os modais rodoviário e ferroviário.

A ANTT deverá se articular com Agência Nacional de Petróleo - ANP, visando a criação de Cadastro Nacional de Dutovias, eficiente e seguro, que sirva para orientar suas ações e projetos.

Lembrando que embora o Brasil seja autossuficiente em petróleo (Brand- Bruto), ainda importamos petróleo (light- Refinado). Além dos maiores custos, em comparação com o transporte ferroviário e com o hidroviário, o transporte

rodoviário provoca maior poluição atmosférica e agrava os congestionamentos em algumas estradas e nas grandes metrópoles do país.

O transporte interno, baseado fundamentalmente nas rodovias, demonstra-se ainda mais oneroso pelo estado de conservação das estradas.

O custo de pavimento é alto e sua qualidade baixíssima: dura em média cinco anos, enquanto nos EUA e na Europa a pavimentação dura em média vinte anos.

Novas políticas de transporte 

Criar condições para estabelecer a ligação da área de produção com o mercado consumidor, configurando uma nova estrutura em “bacia de drenagem” por meio de empreendimentos privados.

A lei da Parceria Público-Privado – (PPP) ira criar condições para aumentar os investimentos em infraestrutura.

Estamos passando por um processo de modernização das rodovias, com duplicação de vários trechos.

Prezado estudante, deve ficar claro que a opção brasileira por transporte rodoviário representa um custo quatro vezes mais caro que o ferroviário e quase vinte vezes mais caro que o hidroviário. A enorme primazia do transporte rodoviário acarreta um excessivo gasto de energia, especialmente de petróleo.

Políticasterritoriaisnosetordeenergia:matriz,distribuição

etecnologias

Prezado candidato, esse conteúdo tende a ser exigido já que o Brasil se destaca no cenário mundial como um dos grandes países industrializados que utiliza maciçamente a fonte hídrica na produção de eletricidade. Essa característica ajuda para as baixas emissões de gases do efeito estufa de origem energética. É lógico que o petróleo ocupa espaço de relevância na matriz brasileira. A autossuficiência em petróleo e a diversificação da matriz de combustíveis, por meio da produção de biocombustíveis, são componentes do planejamento estratégico do país. A diversificação é uma necessidade também no setor elétrico e o aumento do uso do gás natural já ocasionou tensões nas relações com a Bolívia. Observe que a evolução da matriz energética, nas três últimas décadas, revela a continuidade do processo de modernização do país e os rumos seguidos pelas

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políticas energéticas. De modo geral, registrou-se redução da participação de lenha e carvão vegetal no consumo energético e uma diminuição menor, mas significativa, da participação dos derivados de petróleo. Simultaneamente, do cresceram as parcelas de participação da eletricidade, do álcool da cana-de-açúcar e dos gás natural.

A energia é necessária ao Desenvolvimento Econômico e Social para que possamos crescer esconômicamente.

A questão da matriz energética 

Refere-se à fonte da qual um país retira a energia necessária a funcionar a sua produção e consumo da população. A partir da participação de um determinado tipo de energia na matriz energética podemos inferir o nível de desenvolvimento desse país.

Países desenvolvidos: matriz energética com base no PETRÓLEO, CARVÃO, HIDRELÉTRICA, ENERGIA NUCLEAR

Países subdesenvolvidos: matriz energética com base na LENHA, CARVÃO, ENERGIA MUSCULAR. Outra forma de se avaliar o grau de desenvolvimento de um país é analisando o seu consumo PER CAPITA de energia Brasil - 1954 KW/ano

Em nosso país o consumo de energia é muito diversificado e distribui por fontes diversas de energia: petróleo e GN, hidroeletricidade, carvão mineral, biomassa, energia nuclear.

Apesar da forte participação do petróleo na matriz energética do Brasil nossa matriz tem o maior percentual vindo do aproveitamento da hidroeletricidade.

Matriz energética no Brasil 

HIDROELETRICIDADE 

Condições que favorecem a esta decisão:

país tropical com boa quantidade de chuvas 

relevo predominante de planaltos e depressões 

os rios de planaltos acabam por nos dar um bom potencial hidrelétrico. 

Aspectos espaciais, sociais, econômicos e ambientais ligados ao uso da energia

A distribuição espacial considerada amplitude da transmissão, descentralização a produção, localização dos recursos naturais, localização e densidade da demanda de energia.

Com a urbanização aumenta a necessidade de energia.

Sociais: Políticas de inclusão são pensadas também pelo acesso de energia, daí verificamos no Brasil políticas para atendimento a população de baixa renda. O programa de energia rural é uma exemplo de política energética que visa inclusão social.

Ambientais: Na atualidade questões ambientais sempre perpassam a produção energética. Questiona-se as inundações, degradação solo, degradação, poluição das grandes cidades, contaminação fluvial e marítima.

Macroeconômicos: Para garantir a oferta de energia torna-se necessário o planejamento de médio e longo prazo, pois os investimentos influenciam o acréscimo da dívida externa, geração de emprego, necessidade de importar bens de capital e de investir em pesquisas para aproveitamento energéticos, crescente necessidade de investimentos para manutenção da produção.

Os avanços recentes da ciência e tecnologia e as perspectivas novas necessidades geradas a partir da preocupação ambiental permite o aproveitamento de fontes alternativas.

O biodiesel é um exemplo e refere-se a um combustível alternativo ao diesel, renovável e biodegradável, obtido comumente a partir da reação química de óleos ou gorduras, de origem animal ou vegetal. Outro exemplo é o álcool natural, já amplamente utilizado.

Além das fontes convencionais de energia, temos também, as chamadas fontes alternativas.

Tipos de energia 

o Convencionais  ‐ Petróleo, carvão,  lenha, , nuclear. 

o Alternativas ‐ Álcool, eólica, geotérmica, gás natural, marés, biomessa, hidráulica. 

Quanto a sua renovação na natureza temos:

Renováveis e não‐renováveis. Renováveis são aquelas que continuam disponíveis depois de utilizadas, isto é, que não se esgotam. Como exemplo, temos a energia solar, a energia dos vegetais (biomassa), da correnteza dos rios (hidráulica), dos ventos (eólica), do calor interno do planeta Terra (geotérmica), das marés, entre outras.

Quanto às não-renováveis, estas são limitadas e demoram milhões de anos para se formar, isto é,

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se esgotarão e não serão repostas (o petróleo, o gás natural, o carvão mineral e o urânio, por exemplo).

Quanto ao uso podemos classificar como:

o Primária  ‐  de  utilização  direta  ‐  Ex. petróleo 

o Secundária  ‐  derivada  de  uma  outra fonte – Termelétrica 

ANALISANDO ALGUMAS FONTES DE ENERGIA. 

 

Carvão 

Combustível da 1ª Revolução Industrial.

Tem sua formação ligada ao soterramento de material orgânico - florestas e animais no período Permiano (cerca de 270 milhões de anos) na Era Paleozóica. Sua ocorrência se dá em bacias sedimentares.

Propomos esse mnemônico para grande a sequência da qualidade dos diversos tipos de caso. No Brasil teremos as principais ocorrências na Região Sul do país.

Qualidade do carvão em ordem crescente de qualidade

TU rfa

L inhito

H ulha

A ntracito

Maior produtor nacional – SC – A infraestrutura de transporte para o escoamento de produção é tornado pela Ferrovia Tereza Cristina – portos de laguna e Imbituba.

Petróleo 

Em 1938 foi criado CNP – Conselho Nacional de Petróleo- era o mercado da ação do Estado no Planejamento energético do país.

Em 1939 foi descoberto primeiro poço na Bahia (Lobato).

Em 1953 foi criado a Petrobrás que teve o monopólio sobre as atividades ligada a produção e refino do petróleo. Ficou fora do monopólio a distribuição.

A política energética na década de 50 foi influenciado pelo movimento

O PETRÓLEO É NOSSO.

O modelo de desenvolvimento adotado pelo país foi marcado pela dependência do petróleo, fonte de energia a qual não éramos autossuficientes. A nossa economia foi fortemente impactada pelas crises do petróleo na década de 1970.

1973 – acordo entre os países exportadores de petróleo – OPEP elevou o preço do petróleo.

1979 – guerra Irã x Iraque- novos aumentos devido a guerra entre grandes produtores.

1975 – Contratos de risco - Para driblar a crise o Brasil lançou o Contrato de Risco com descoberta dos poços na Bacia de campos e posteriormente novas descobertas na plataforma continental, o país viu reduzida a sua dependência. Hoje com o Pré-sal podemos nos tornar exportadores visando atrair investimentos para o setor de produção.

Maior produção na plataforma continental.

Com a crise o Brasil teve que mudar a sua matriz energética investindo em outros setores energéticos.

Proálcool 

Energia Nuclear com a produção de Angra I e II 

Grandes  hidrelétricas  uma alternativa  que  mudou  a  nossa matriz energética. 

Atualmente o governo defende a construção de novas termonucleares visando ampliar a produção energética e driblar as limitações impostas pela legislação ambiental a qual tem impedido a expansão de produção de novas hidrelétricas.

1995 - Quebra do monopólio estatal no setor de petróleo.

1997 - Criação da ANP.

Álcool  

Entre as vantagens apresentadas está a recuperação econômica do Nordeste que passa por crises sucessivas, e ainda nos dias atuais apresenta alternativa para a redução do aquecimento global.

Desvantagens - As primeiras críticas estão relacionadas as:

- não resolver o problema do diesel e sim da gasolina – o transporte dependia do óleo;

- ocupação de terra fértil.

- trazia consigo o problema dos rejeitos – vinhoto e bagaço

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Com o avanço tecnológico a produção do álcool é muita aceita, pois passou a ser uma alternativa a gasolina que polui muito mais. O vinhoto passou ser utilizado na produção de fertilizantes e o bagaço na produção de energia em termelétrica e nas caldeiras das usinas, só não resolveu questão da distribuição da terra.

Energia Nuclear 

Alternativa para reduzir a dependência do petróleo.

Problemas - Exige grande investimento, demora para entrar em operação e produz lixo radioativo. Sofre o estigma de acidentes, como o de Chernobyl.

Vantagem: produz eletricidade de forma limpa, não contribui para o efeito estufa.

ENERGIA ALTERNATIVA 

Eólica

É a fonte de energia alternativa com maior taxa de crescimento. Ainda assim, só entra com 0,1% da produção total de eletricidade. É a favorita dos ambientalistas.

Pró: poluição zero. Pode complementar as redes tradicionais.

Contra: instável, está sujeita a variações do vento e a calmarias. Os equipamentos são caros e barulhentos.

Solar  

Ainda não se mostrou capaz de produzir eletricidade em grande escala. A Tecnologia deixa a desejar e o custo de instalação é alto. Para produzir a mesma energia de uma hidrelétrica, os painéis solares custariam quase dez vezes mais.

Pró: útil como fonte complementar em residências e áreas rurais distantes da rede elétrica central. Índice zero de poluição.

Contra: o preço proibitivo para produção em média e larga escalas.Só funciona bem em áreas muito ensolaradas.

Geotérmica 

Aproveita o calor do subsolo da Terra, que aumenta à proporção Gás natural, ao contrário do que se pensava há duas décadas, as reservas Geotérmica aproveita o calor do subsolo da Terra,

que aumenta à proporção de 3 graus a cada 100 metros de profundidade. Representa apenas 0,3% da eletricidade produzida no planeta.

Pró: custos mais estáveis que os de outras fontes alternativas. É explorada nos Estados Unidos, Filipinas, México e Itália.

Contra: só é viável em algumas regiões, que não incluem o Brasil. É mais usada como auxiliar nos sistemas de calefação.

Gás natural  

Ao contrário do que se pensava há duas décadas, as reservas desse combustível fóssil são abundantes.

É cada vez mais usado para gerar eletricidade.

Pró: é versátil, de alta eficiência na produção de eletricidade e não vai faltar. Polui menos que o carvão e o petróleo.

Contra: os preços instáveis em algumas regiões; exige grandes investimentos em infraestrutura de transporte (gasodutos ou terminais marítimos).

Hidrelétricas  

As usinas respondem por 18% da energia elétrica global. São responsáveis pelo fornecimento de 50% da eletricidade em 63 países e por 90% em outros 23, entre eles o Brasil.

Pró: são uma fonte de energia renovável, que produz eletricidade de forma limpa, não poluente e barata.

Contra: exigem grande investimento inicial na construção de barragens. Podem ter a operação prejudicada pela falta de chuvas.

Biomassa  

Agrupa várias opções como queima de madeira, carvão vegetal e o processamento industrial de celulose e bagaço de cana-de-açúcar. Inclui o uso de álcool como combustível. Responde por 1% da energia elétrica mundial.

Pró: aproveita restos reduzindo o desperdício. O álcool tem eficiência equivalente à da gasolina como combustível para automóveis.

Contra: o uso em larga escala na geração de energia esbarra nos limites da sazonalidade. A produção de energia cai no período de entre safra. Dependendo de como se queima, pode ser mui o poluente.

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Redescomércioeterritório.

Vivenciamos um tempo no qual a fluidez das fronteiras é constante, já não contamos com territórios dominados por uma realidade simples, mas a convivência de diversos agentes atuando e construindo o espaço. Nesse tempo de globalização, observamos uma transformação quantitativa e qualitativa dos movimentos que redefine o território, processando novas relações que fortalecem e fragilizam, ao mesmo tempo, os objetos e agentes construtores do território.

O resultado mais imediato neste cenário é a formação de múltiplas redes que podem ser evidenciada nos sistemas atuais de transportes (logística), de informação e de comércio.

O uso do espaço é coletivo, mas o uso que é feito destas redes atuais se dá de forma extremamente seletiva e não significa vantagens a toda sociedade, uma vez que podemos verificar uma parcela da sociedade utilizando-se dos bens e serviços por elas estruturados enquanto uma parcela significativa fica excluída.

No que se refere ao problema da exclusão há um reflexo nítido na gestão do território. Para conseguir a reprodução dos benefícios para toda sociedade torna-se necessário investimentos que, muitas vezes, não estão disponíveis para o Estado.

Vamos aqui compreender a formação das redes tendo como suporte as obras técnicas que permitem interligar dois espaços no território, integrando-os e permitindo um processo de complementaridade ou subordinação do território.

O meio técnico dos sistemas de transporte, nos permite colocar três pontos para reflexão:

1) como se estrutura redes geográficas em suas formas atuais;

A rede de transporte permitiu a integração territorial e a subordinação das regiões periféricas - NE, N e CO - a estrutura da indústria e comércio do Sudeste. A estrutura tradicional permite criar uma hierarquia mais rígida, uma vez que, a estruturação da rede se dá pela existência das estradas, ferrovias e hidrovias.

2) a compreensão das transformações contemporâneas nas redes em suas diferentes feições e usos;

Na atualidade, as redes de transporte são sobrepostas por outras vias de subordinação e exercício de domínio no território. As redes de comunicação e, mais recentemente, a internet, permitiu uma fluidez no processo da estruturação das redes e dos fluxos que se dão no território.

Esses fluxos que anteriormente dependiam do meio físico - redes de transporte - hoje são definidos também pelo fluxo de informação que, posteriormente, necessitam da rede física para confirmar o domínio e estruturação da rede.

3) o poder destes sistemas de transporte na transformação dos territórios;

Quando se construiu a estrada Rio-Bahia e a Belém-Brasília verificamos o fim das ilhas econômicas e a integração territorial. O uso que o meio produtivo faz das redes de transporte permite compreender que com a construção de uma nova estrada teremos a inserção de mais uma porção do território na dinâmica dominante de uso do espaço para produção de riquezas.

Uma nova geografia de redes

Vamos analisar esses dois mapas seguintes:

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Observando a distribuição da densidade e do grau de diversidade das atividades de comércio e de serviços nos dois mapas verificamos como um centro exerce influência sobre outro por possibilitar acesso a bens e serviços que não estão disponíveis em toda a porção do território.

Ao avaliar a oferta de bens e serviços exercida pelas cidades na rede urbana do País verifica-se também o grau de participação e posição na rede. O IBGE em sua avaliação utilizou como fonte dos dados o Cadastro de Empresas - CEMPRE 2004.

"Deste, extraiu-se o número total de classes de atividades comerciais e de serviços segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE para todos os municípios do Brasil, partindo da premissa de que, quanto maior o número de classes de atividade presentes, maior a diversidade de oferta dessas atividades, e maior, consequentemente, a centralidade exercida pela cidade." (REGIC, 2007)

Um território marcado pela profusão das conexões, quando a mobilidade da produção, do capital e das pessoas se impõe praticamente como regra, ainda que não se realize do mesmo modo para todos os homens e lugares, a proliferação das redes técnicas aparece como algo imprescindível.

Os fluxos e a densidade destes nos âmbitos regionais, nacionais ou internacionais, surgem como condição que se impõe à circulação crescente de tecnologia, de capitais e de matérias-primas.

A mobilidade física (fluxo material) pode ser facilmente compreendida, contudo a mobilidade da informação (fluxo imaterial) só pode ser representada pela comunicação e pela circulação de informações que definem, e por vezes determinam, a especialidade dos espaços que são criados e recriados continuamente.

Devemos estar atentos em todas as análises das redes para que conheçamos e possamos identificar as posições políticas e ordens entre diferentes pontos do planeta, sobretudo pela ação das grandes empresas, grupos econômicos, bancos, etc. Estes agentes organizam o território de forma a atender plenamente as necessidades de controle da produção/distribuição hegemônicas, atestando o uso corporativo das redes e do próprio território. É no território que a ação das grandes empresas e dos agentes financeiros se mostram como elemento organizador e normatizador das ações e da vida dos lugares.

Assim, ao estarem subordinados às redes, os lugares são (re)funcionalizados, tomando uma nova especialização no território. As redes não podem ser vistas e analisadas somente pelo ponto de vista técnico, de estrutura e fluxos, mas

também com um enfoque social que observa o sujeito, sua cultura, sua relação com o lugar e a necessidade de identidade para a produção e reprodução deste sujeito.

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EXERCÍCIOS  

1. "A união entre  ciência e  técnica,  a partir dos anos 1970, havia transformado o território brasi‐leiro,  revigora‐se  com  os  novos  e  portentosos recursos da  informação,  a partir do período da globalização e sob a égide do mercado." 

O texto refere-se a:

formação dos polos tecnológicos - (tecnopólos).

a) início da revolução técnico-científica no Brasil.

b) inicio da terceira revolução industrial no país.

c) melhorias na circulação dos insumos, dos produtos, do dinheiro, das ideias e informações.

d) uma nova fase de integração, mas com especialização geográfica a produção material e imaterial.

2. O  plano  para  escoamento  da  produção  do Brasil  central  tem  com  base  a  implantação  de um complexo sistema de engenharia, do qual se destaca: 

a) a BR 163 - que interliga Cuiabá a Santarém.

b) a BR 230 - que interliga o NE ao Norte do país.

c) a ferrovia Noroeste do Brasil que ecoa a produção de minérios do maciço do urucum no MS

d) da ferrovia Norte - Sul que interligará o sistema ferroviário ao hidroviário tendo o porto de Itaqui no Maranhão como ponta de exportação da produção.

e) A hidrovia Tocantins que já tem eclusas da hidroelétrica de Tucuruí em fase final de construção.

3. Quando  a  presença  do  poder  público  no  sis‐tema  de  transportes  é  insuficiente,  os  fixos  e fluxos passam a pertencer ao domínio mercantil tanto na sua quantidade quanto na sua frequên‐cia. Mas nesse caso a oferta decorre da existên‐cia de um consumo básico mínimo, que por sua vez  depende  da  renda  das  pessoas  e  de  suas possibilidades  d  acesso.  Assim,  é  a  perspectiva de  lucro para  as  empresas  que  comanda  o  sis‐tema rodoviário de fluxos." 

De acordo com o texto acima e com a realidade dos transportes no país, qual das alternativas abaixo não é verdadeira:

a) os sistema rodoviário brasileiro é mais eficiente na região concentrada com várias rodovias duplicadas.

b) A maior concentração de portos modernos coincide com as regiões mais dinamicamente desenvolvidas.

c) A integração dos vários tipos de transportes e de interesse dos empresários, tendo estes participado ativamente da privatização para suprir a falta de investimentos públicos.

d) A privatização aconteceu em trechos de retorno garantido.

e) Nas regiões menos dinâmicas tem carência de investimentos, tanto publico quanto privado.

4. "Até 1950 havia no Brasil um automóvel para cada  259,5  pessoas  com  enormes  disparidades regionais. Em 1996 a densidade para o Brasil era de  8,12  habitante  por  automóvel.  Ainda  que alguns estados  fossem menos providos, as  regi‐ões  Sudeste  (5,52),  Sul(4,85)  e  Centro‐Oeste (6,22) ostentam densidades  superiores  à média nacional. Não era o caso do Nordeste  (17,67) e do Norte  (17,610,  com densidades de  cerca de 18 pessoas por automóvel. 

De acordo com o texto acima julgue a afirmativa correta.

a) o desenvolvimento da indústria automobilística concentrada no Sudeste justifica sua maior densidade automobilística.

b) A menor concentração na região Norte se justifica pela menor densidade de estradas.

c) O peso das relações pré-existentes e os níveis de renda relativamente inferiores, entre outras razões, contribuem para uma motorizarão menor.

d) A produção de automóveis na região concentrada tornou os automóveis mais acessíveis por não ter que ser transportados para longas distâncias.

e) Com a expansão e melhoria da malha rodoviária estas disparidades vão diminuir principalmente devidas já haver uma dispersão industrial automobilística.

5. "a opção explícita por parte do governo  fede‐ral a favor da rodoviação fez com que o processo de  industrialização  tivesse um desenvolvimento desigual dentro do espaço nacional.:  

É correto afirmar então:

a) o fato é que a grande presença de veículos acaba por gerar maiores quantidades de impostos arrecadados e, consequentemente, a supremacia

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das rodovias levaria a um menor investimento em infraestrutura.

b) o crescimento do numero de rodovias no Sudeste gera necessidades de meios que provém da indústria automobilística, justificando assim a opção locacional pela região concentrada.

c) a atividade produtiva do sul do país contou com maiores possibilidades de fluidez, o que, mais ainda hoje, pesa em favor do desenvolvimento, muitas vezes em detrimento das regiões Norte e Nordeste.

d) a densidade dos fluxos na região concentrada exigiu novos investimentos que levou a nova concentração econômica deixando a região de ser o centro da economia nacional.

e) o governo investe no sistema multimodal para reverter o processo de concentração industrial, desta forma o complexo de rodovias e ferrovias pré-existentes passam a não contribuir para esta nova fase da industrialização.

6. As  ferrovias  comandaram  o  transporte  até meados do  século XX. Sua  rigidez  levou a  redu‐ção  da  participação  do  total  transportado  no país. 

O item que confirma a afirmativa acima é:

a) as ferrovias envelheceram e não coincidia com a região mais dinamicamente desenvolvida.

b) as rodovias coincidindo com as áreas servidas pelas ferrovias sobrepõe-nas devido a sua melhor flexibilidade

c) a capacidade de transporte de outros meios levou as ferrovias a serem desativadas.

d) a administração das ferrovias pelo governo federal, via RFFESA, não garantiu os investimentos na modernização das ferrovias, porem garantiu a sua expansão.

e) o transporte ferroviário, devido ser mais oneroso que o rodoviário, foi substituído por este logo que se desenvolveu a indústria automobilística no país.

7. É INCORRETA a afirmativa: 

a) a partir das décadas 1970 e 1980, com a expansão da fronteira agropecuária, a garimpagem e a mineração acentuou-se o fluxo migratório para as regiões Norte e Centro-Oeste.

b) houve um declínio do crescimento populacional natural no Sudeste no período posterior a 1970.

c) houve uma inversão do fluxo migratório interno, da região mais industrializada para as novas fronteiras agrícolas.

d) o Nordeste continua como região de repulsão de população, devido a permanência de estruturas sociais ultrapassadas.

e) as duas principais regiões fornecedoras de migrantes para o Centro-Oeste, no período 1940 - 1950, foram o Nordeste e Sul.

8. (Enem) A grande produção brasileira de  soja, com  expressiva  participação  na  economia  do país,  vem  avançando  nas  regiões  do  Cerrado brasileiro. Esse tipo de produção demanda gran‐des extensões de terra, o que gera preocupação, sobretudo 

a) econômica, porque desestimula a mecanização.

b) social, pois provoca o fluxo migratório para o campo.

c) climática, porque diminui a insolação na região.

d) política, pois deixa de atender ao mercado externo.

e) ambiental, porque reduz a biodiversidade regi-onal.

9. (Pucpr)  A  Ecologia  presta muita  atenção  aos solos, pois estes são a base de todo o ecossiste‐ma  pousado  sobre  eles. No  Brasil,  temos  solos de boa fertilidade que permitem grande aprovei‐tamento agrícola. 

Sobre os solos brasileiros, a afirmação IN-CORRETA é:

a) A decomposição e desagregação das rochas no seu local de origem formam os solos eluviais.

b) A terra roxa é encontrada principalmente no Planalto Meridional Brasileiro.

c) O massapé, solo escuro riquíssimo em matéria orgânica, é encontrado no Nordeste e sua utiliza-ção é histórica no cultivo da cana-de-açúcar em épocas coloniais.

d) No Centro-Sul do país, observa-se presença do solo denominado salmourão.

e) O massapé e a terra roxa, quanto a sua origem podem ser classificados como solos aluviais.

10. (UFMG)  Considerando‐se  a  organização  es‐pacial da  indústria na Região Sudeste brasileira, é INCORRETO afirmar que  

a) a concentração geográfica da indústria no espa-ço intra-regional foi responsável, em décadas recentes, pelos processos de deseconomia de aglomeração na Região.

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b) o transporte ferroviário constituiu a principal via de integração do espaço oriental brasileiro, viabilizando a expansão do mercado interno da produção industrial do Sudeste.

c) a moderna industrialização do campo foi intro-duzida nessa Região, de forma pioneira no País, com o desenvolvimento da agroindústria de soja e laranja em São Paulo.

d) o processo de industrialização, ainda em sua etapa inicial, recebeu suporte do Governo pela implantação de empresas estatais no Rio de Janei-ro e em Minas Gerais.

11. Sobre  a  localização  do  Brasil  é  CORRETO afirmar que: 

a) O Brasil localiza-se na América do Sul, ocu-pando a porção centro-oriental do continente.

b) A distância leste-oeste (Ponta Seixas – PB à Serra Contamana – AC) é ligeiramente superior à distância norte-sul (Monte Caburaí – RR à foz do Arroio Chuí – RS).

c) Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os dois únicos Estados inteiramente abaixo do Trópico de Capricórnio.

d) O Chile, a Bolívia e o Equador são os únicos países da América do Sul que não fazem limites com o Brasil.

e) Apesar de ser um país de grande extensão lon-gitudinal, o Brasil possui um único fuso horário.

12. Assinale a alternativa que contém duas cau‐sas que prejudicam a navegação fluvial no Brasil. 

a) A maior parte dos rios é de planalto e os rios de planícies situam-se longe das áreas mais desenvolvidas.

b) Os rios não têm volume de água suficiente e as embarcações são muito deficitárias.

c) A rede de drenagem é endorrêica e os rios de planícies encontram-se fora das áreas mais desenvolvidas.

d) O custo de transporte rodoviário é baixo e a expansão da rede ferroviária foi rápida.

e) A maioria dos rios é intermitente e as embarcações possuem pequeno calado.

13. Os  solos  amazônicos,  nos  quais  está sustentada  a  densa  floresta  equatorial  úmida, podem ser caracterizados pela 

a) grande profundidade, permitindo a sustentação prolongada da vegetação nativa e das culturas que a substituem.

b) grande fertilidade, relacionada aos nutrientes originários dos sedimentos trazidos pelos rios.

c) grande fragilidade, relacionada a sua pouca espessura e dependência da camada de material orgânico proveniente de plantas.

d) baixa acidez, facilitando a adaptação de projetos de reflorestamento à medida que certas áreas vão sendo devastadas.

e) baixa produtividade, gerando espécies nativas pouco aproveitáveis comercialmente, bem como a rotatividade de outros cultivos.

14. Na(s)  questão(ões)  a  seguir  escreva  nos parênteses  (V)  se  for  verdadeiro  ou  (F)  se  for falso. 

O Brasil possui uma das mais amplas, diversificadas e extensas redes fluviais de todo o mundo. Em relação à rede hidrográfica brasileira podemos dizer:

( ) em sua maior parte, os rios brasileiros são perenes, isto é, nunca secam;

( ) no Brasil, predominam rios com foz do tipo delta, com exceção do rio Amazonas que possui foz do tipo misto;

( ) na bacia Amazônica, além do rio Amazonas e de seus afluentes, podemos observar a presença de paranás-mirins, que são córregos ou pequenos rios que unem rios maiores entre si;

( ) a bacia do Tocantins-Araguaia, apesar de apresentar muitos trechos navegáveis, possui um importante potencial hidrelétrico, encontrando-se nela a usina do Tucuruí, cuja energia abastece o projeto Carajás;

( ) o São Francisco é um rio de planalto, que nasce na serra da Canastra, em Minas Gerais, e atravessa os estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.

15. Verifique  se  os  itens  a  seguir  apresentam CORRETAMENTE  características  de  três  bacias hidrográficas brasileiras e o seu aproveitamento: 

I - BACIA AMAZÔNICA - A maior do Brasil. O rio principal é de planície, excelente para a navegação. Nos seus afluentes, existem inúmeras cachoeiras, o que lhe confere um elevado potencial hidráulico.

II - BACIA DO SÃO FRANCISCO - O rio principal nasce em Minas Gerais e percorre áreas

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de clima semi-árido no interior nordestino. Parte de seu curso é utilizado para a navegação, como fonte de energia e para a irrigação de uma área do Sertão nordestino.

III - BACIA DO PARANÁ - O rio principal, formado pelos rios Grande e Paranaíba, deságua no estuário do Prata. A bacia é formada por rios de planalto, e o seu potencial energético é amplamente aproveitado.

Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s):

a) I

b) II

c) I e II

d) II e III

e) I, II e III

16.  (Vunesp) Observe o esquema que se refere a um  dos  mais  importantes  momentos  do processo de industrialização brasileira. 

Assinale a alternativa que completa, correta a I e

II respectivamente, o esquema.

a) estrangeiros (multinacionais) -investimentos em infra-estrutura.

b) nacionais (originários do café) - políticas de privatização.

c) nacionais (originários da pecuária) - investimentos em infra-estrutura.

d) estrangeiros (multinacionais) - políticas de privatização.

e) nacionais (originários do café) - formação de mão-de-obra especializada.

17. Analise  as  afirmativas  abaixo  sobre  o processo de industrialização no Brasil e, a seguir, assinale a alternativa correta. 

I. Muitas das economias externas necessárias à atividade industrial, como centrais elétricas, usinas siderúrgicas e estradas, entre outras, foram feitas à custa dos investimentos do Estado brasileiro.

II. A aceleração do processo de substituição das importações do Brasil, a partir da II Guerra Mundial, revelou que as economias externas do Sudeste já apresentavam condições para produzir bens de consumo duráveis.

III. A política de descentralização industrial, promovida pelo Estado brasileiro, foi motivada por uma necessidade de integração territorial e potencialização dos fluxos migratórios interregionais.

a) Somente I está correta.

b) Somente II está correta.

c) Somente I e II estão corretas.

d) Somente II e III estão corretas

e) Todas as afirmativas estão corretas.

1. A 2. D 3. C

4. C 5. C 6. B

7. E 8. E 9. E

10. B 11. A 12. A

13. C 14. V F F V V 15. E

16. A 17. A

GABARITO

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Meioambienteeurbanização:questõese

problemas

O meio ambiente não estabelece fronteira. A fábrica que emite poluente na Alemanha causa chuva ácida na França. Os dejetos da cidade de São Paulo poluem o Tietê, que se dissolve no Paraná, e por aí vai até chegar ao oceano.

A interação do meio mostra que ações isoladas trazem resultados pequenos devido à interdependência ambiental. As mudanças que observamos geram desconforto e incertezas. Essas incertezas afetam também o sistema produtivo, ou a possibilidade de gerar lucro fácil.

Na década de 1950 foram transferidas diversas indústrias para os países pobres. Essas empresas buscavam mão-de-obra barata e leis ambientais mais flexíveis – quando não existentes. Essa era uma estratégia de desenvolvimento daquele momento que busca ampliar o lucro com mão de obra barata e baixo custo de investimento em proteção ambiental.

Com as mudanças que se observou ao longo do século XX observou que esta não afetaria somente os países pobres, ou seja, controlar somente a natalidade na periferia mundial e continuar com o mesmo comportamento no sistema produtivo não traria a redução da pressão sobre o meio ambiente.

Com isso se inicia uma ação ambiental que passa a ser executada em todo mundo, em ritmos diferenciados. Daí vem a proibição do uso de determinados produtos como o DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) se tornou um dos mais conhecidos inseticidas de baixo custo) – lembrem-se da música de Raul Seixas, a mosca que falava sobre o uso do DDT.

A discussão sobre o meio ambiente vinha, de certa forma, disfarçada na resistência ao imperialismo vigente. A canção de Odair José – Pare de tomar a pílula – também faz uma crítica ao que se observava para o controle da natalidade como forma de denunciar o modelo imposto pelo sistema dominante.

O que se vê nesse processo é que chegamos no século XXI, com graves problemas ambientais herdados da despreocupação e da incompreensão que o meio ambiente é um sistema e está interligado. Desse modo podemos relacionar

alguns problemas que são recorrentes nas discussões em geral:

1) Efeito  estufa – o efeito estufa é o aumento da capacidade da atmosfera em acumular calor na atmosfera. Os gases – principalmente o CO2 – aumentam a capacidade de reter calor. A mudança da composição da atmosfera faz com que tenhamos a temperatura aumentada com o passar do tempo. A pergunta básica é – porque não mudar a emissão de carbono porque a energia do petróleo é barata e a indústria de bens é muito dependente dos derivados de petróleo – vamos passar um dia sem plástico, sem tecidos de microfibra, sem solventes, etc. É possível imaginar tal reestruturação?

2) Ilhas  de  calor – todo material tem uma capacidade de reter calor e essa capacidade foi medida e chama-se albedo. É a medida da quantidade de radiação solar refletida por um corpo ou uma superfície. É calculado como sendo a razão entre a quantidade de radiação refletida pela quantidade de radiação recebida. O albedo é considerado como sendo em relação à faixa do espectro visível e em relação à normal da superfície do astro e é medido em uma escala que varia de 0 a 1. 0 (zero) equivale a uma reflexão, isto é, toda a luz recebida é refletida, ao passo que 1 (um) equivale a uma absorção total. Em estudos sobre aquecimento global e ilhas de calor estes fatores são importantes, pois algumas mudanças no albedo podem equilibrar os efeitos causados pelo aquecimento global.

No caso da ilha de calor, o albedo dos materiais construtivos é calculado levando em consideração não somente a luz visível, mas as radiações infravermelha e ultravioleta na medida em que todas influenciam no microclima urbano. Como conceito a Ilha de calor: é o nome que se dá para o aquecimento climático maior das áreas urbanas em relação às áreas rurais circunvizinhas. O contraste entre a temperatura média no centro de uma grande cidade e de suas áreas rurais vizinhas varia, em média, de 4 a 6°C, podendo chegar a 11°C, levando a um grande desconforto da população durante o verão e a um grande aumento no consumo de energia elétrica usada na refrigeração dos ambientes domésticos, comerciais e industriais.

GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

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Veja a figura abaixo:

PERFIL DE UMA ILHA DE CALOR

Fonte:EPA-US/Mod. E.Zimbres

1=Área residencial suburbana, 2=Parque; 3=Área urbana

residencial; 4=Centro; 5=Comercial; 6=Área suburbana

residencial; 7=Rural

Essa questão vem sempre acompanhada da discussão das chuvas nos grandes centros. A maior temperatura leva a uma elevação da evaporação e a formação de nuvens que aumentam a pluviosidade gerando chuvas convectivas. Essas chuvas levam a ocorrência de inundações que são agravados pelo isolamento do solo urbano, com consequente aumento do escoamento superficial. A falta de infraestrutura de coleta das águas pluviais ou, quando da existência desta, a precariedade dos serviços de limpeza urbana ou de coleta de lixo levam aos entupimentos de bueiros e galerias causando transtornos como se vê nas figuras abaixo:

Ainda podemos destacar os seguintes problemas ambientais urbanos

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3) Produção de  lixo  sólido - o descarte do lixo em local inadequado além de contribuir para o aquecimento global também produz chorume que polui o solo e o lençol freático.

4) Poluição do ar - emissão de poluentes pelos carros, fábricas, poeira, etc.

5) Poluição  das  águas - a produção de esgoto, que na maioria das cidades brasileiras são lançados nos rios sem nenhum tratamento, polui os mananciais que são as fontes para o abastecimento das próprias cidades. O uso de detergentes com bactericidas é um problema ainda maior, pois pode contribuir para desenvolver microrganismos resistentes aos medicamentos que utilizamos nos tratamentos convencionais;

6) Inversão  térmica - mais comum nas cidades mais frias. A camada de poluição impede a entrada dos raios solares até a superfície. Com isso o ar frio próximo ao solo concentra a poluição e aumenta os casos de doenças respiratórias.

7) Erosão - a ocupação de encostas, em especial por moradias de população de baixa renda, causa o avanço da erosão. E comum no verão, período mais chuvoso, ocorrer deslizamentos nas encostas e causar mortes. Estes deslizamentos podem atingir até bairros e cidades inteiras.

8) Enchentes - uma das consequências da ampliação das áreas urbanizadas é o aumento das chuvas torrenciais. Essas chuvas, normalmente de verão, ocorrem devido ao maior aquecimento das áreas urbanas e consequente aumento da evaporação. Com isso há a formação de chuvas convectivas. O maior volume de chuvas concentradas em um pequeno espaço de tempo causa enchentes, principalmente devido a falta de um planejamento que preveja uma drenagem suficiente para atender a essa realidade.

9) Poluição  sonora  e  visual - este já é um problema em quase todos centros urbanos. O uso de veículos aumenta a quantidade de ruídos, bem como o uso de placas e letreiros das lojas e propaganda, sem um planejamento adequado, causa também uma poluição visual significativa.

Osimpactosdaagropecuárianadinâmicaambiental

Os impactos da produção agropecuária são graves devidos, principalmente, por haver a substituição da vegetação natural, que tem

equilíbrio com os animais, aves e insetos da região, por uma vegetação alienígena - o cultivo (pastos ou plantação agrícola).

Assim ao listarmos os problemas ambientais causados pela atividade agropecuária sempre listaremos os desmatamento como o principal problema. Segue a esse o uso das queimadas como estratégia para a limpeza da região desmatada ou como manejo de pastagens.

Seguem abaixo alguns dos principais problemas:

a) Desmatamento – o desmatamento apresenta-se como o maior vilão para a quebra do equilíbrio ambiental. Se não fosse somente a modificação do albedo da superfície – retirada da vegetação que tem baixa absorção de calor pela exposição da terra nua que tem maior capacidade de absolver calor, ainda desencadeia outros problemas que listamos a seguir:

b) destruição  do  solo – devido à exposição ao sol e chuva;

c) aumento  do  escoamento  superficial – como não se tem as plantas para reduzir a velocidade de escoamento, as águas das chuvas escoam mais rapidamente, diminuindo a percolação no solo – reduz o abastecimento do subsolo;

d) aumento  da  erosão – os solos são erodidos pela ação efetiva da água;

e) aumento  do  assoreamento  dos  rios – com o aumento da erosão, as águas que vão para os rios e lagos contém mais material sólido aumentando o aumento da sedimentação nos vales dos rios.

f) redução da vida nos rios e  lagos – com o aumento do assoreamento a composição química das águas se modifica e os rios e lagos ficam mais rasos afetando diretamente na vida aquática;

g) redução  da  biodiversidade – com a substituição da vegetação natural pela agricultura muitas espécies, animais e vegetais deixam de existir.

h) queimadas - outro problema que podemos relacionar ao desmatamento é a QUEIMADA. Essa técnica aumenta a emissão de CO2 e, infelizmente, é um recurso muito utilizado pelos agricultores para a limpeza das áreas desmatadas ou para a limpeza de pastagens degradadas.

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Destacamos ainda como problemas associados à produção agropecuária:

1) compactação  do  solo - o uso intensivo de maquinas agrícolas e o pisoteio do gado faz com que o solo seja compactado. Com a compactação reduz a capacidade de percolação e influencia no abastecimento dos lençóis freáticos;

2) Poluição  das  águas - o uso de defensivos e adubos, quando da ocorrência das chuvas, são dissolvidos e poluem os rios e lagos.

3) Eutrofização - o aumento de adubo e matéria orgânica nos rios e lagos levam ao aumento da produção de algas.

4) Salinização do  solo - o uso da irrigação leva a concentração de sais no solo, reduzindo a produtividade.

5) Desertificação - em algumas áreas de clima tropical pode ocorrer a desertificação. Há a perda da capacidade dos ecossistemas de regeneração e a capacidade de produzir.

EnergiaeMeioAmbiente:impactossocioambientaisdasdiversasmatrizesenergéticas

brasileiras

Ao explorarmos qualquer riqueza no meio ambiente estaremos causando algum tipo de

impacto. Assim, falar em exploração sem impacto significa fazer o homem retornar aos níveis de tecnologia e consumo da idade da pedra, quando o homem não passava de um ser integrado ao meio.

Naquele tempo a expectativa de vida do homem era de algo em torno de 27 anos, e quando falamos em expectativa é que a maioria sequer chegava a essa idade.

O domínio do fogo, e consequentemente das fontes de energia, permitiu ao homem uma mudança técnica significativa de modo a poder, na atualidade, ter a capacidade de obter energia de diversas fontes, algumas mais eficientes, outras, nem tanto.

Devo deixar claro que todas as escolhas são motivadas pelo custo da energia produzida. A popularização de uma tecnologia e consequente uso e produção em larga escala reduz o custo da energia, mas ainda não conseguimos superar a nossa principal fonte de energia, talvez a mais antiga utilizada pelo homem - o petróleo.

A exploração desta fonte permitiu desenvolver mais que uma fonte concentrada de energia mas também centenas de subprodutos que hoje está presente em todos os setores de nossa vida.

É possível pensar em um carro movido a álcool ou painéis solares, contudo estamos longe de arrumar um substituto para o plástico ou benzina, o nafta, asfalto, ou outro subproduto.

Impossível substituir - NÃO. Viável a substituição a curto prazo - TAMBÉM NÃO.

Vejamos agora alguns prós e contras para algumas fontes de energia:

ÁLCOOL  

Entre as vantagens apresentadas está a recuperação econômica do Nordeste que passa por crises sucessivas, e ainda nos dias atuais apresenta alternativa para a redução do aquecimento global.

Desvantagens - As primeiras críticas estão relacionadas as:

- não resolver o problema do diesel e sim da gasolina – o transporte dependia do óleo;

- ocupação de terra férteis.

- trazia consigo o problema dos rejeitos – vinhoto e bagaço

Com o avanço tecnológico a produção do álcool é muita aceita, pois passou a ser uma alternativa a gasolina que polui muito mais. O vinhoto passou ser utilizado na produção de

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fertilizantes e o bagaço na produção de energia em termelétrica e nas caldeiras das usinas, só não resolveu questão da distribuição da terra.

 

CARVÃO MINERAL 

Pró - fonte de energia barata e abundante

Contra - produz efluentes altamente tóxicos como e outros metais pesados Libera CO2 que contribui para ao aquecimento global e para a chuva acida.

PETRÓLEO 

Pró - fonte de energia barata e abundante. É uma fonte de energia que tem grande penetração tecnológica em outros setores econômicos.

Contra - produz efluentes altamente tóxicos como e outros metais pesados Libera CO2 que contribui para ao aquecimento global e para a chuva acida.

ENERGIA NUCLEAR 

Alternativa para reduzir a dependência do petróleo.

Problemas

Exige grande investimento, demora para entrar em operação e produz lixo radioativo. Sofre o estigma de acidentes, como o de Chernobyl.

Pró: produz eletricidade de forma limpa, não contribui para o efeito estufa.

ENERGIA ALTERNATIVA 

EÓLICA - poluição zero. Pode complementar as redes tradicionais.

SOLAR  - útil como fonte complementar em residências e áreas rurais distantes da rede elétrica central. Índice zero de poluição.

GEOTÉRMICA - Aproveita o calor do subsolo da Terra. É explorada nos Estados Unidos, Filipinas, México e Itália. Só é viável em algumas regiões, que não incluem o Brasil.

BIOMASSA - Agrupa várias opções como queima de madeira, carvão vegetal e o

processamento industrial de celulose e bagaço de cana-de-açúcar.

Pró: aproveita restos reduzindo o desperdício.

HIDRELÉTRICA 

Pró: é uma fonte de energia renovável, que produz eletricidade de forma limpa, não poluente.

Contra: construção de barragens. Podem ter a operação prejudicada pela falta de chuvas.

Adinâmicadanaturezanoespaçobrasileiro

A Dinâmica Climática no Brasil 

O SER HUMANO E OS RECURSOS NATURAIS 

É possível viver sem explorar os recursos oferecidos pelo planeta? 

Vamos estudar um pouco a relação tão séria que existe entre as pessoas e a natureza, partindo do princípio que para criticar é necessário conhecer. Podemos começar com a seguinte pergunta:

QUEM DEPENDE DE QUEM?

Não responda. Lembre-se – a pergunta não é tão simples quanto parece. Vamos reformular a pergunta par ficar mais claro.

É o ser humano que depende da natureza ou é a natureza que depende de nós?

A resposta certa é:

Nem o ser humano depende da natureza nem a natureza depende do ser humano, pois não se deve separar um do outro; na realidade nós, seres humanos, somos partes da natureza. E é óbvio que ao destruí-la estaremos destruindo a nossa própria condição de sobrevivência no planeta.

Em sala de aula, é comum ouvir alguns alunos fazerem críticas, ou até perguntarem a si mesmo – como as pessoas podem ser tão cruéis com a natureza? “Precisamos proteger urgentemente o meio ambiente”. As pessoas não podem continuar explorando e acabando com a natureza da forma como estão fazendo. Essas indagações são feitas sem uma reflexão mais aprofundada. É importante lembrar que foram os recursos retirados da natureza que permitiram à construção de sua casa, da escola, do hospital, do asfalto, de seu caderno,

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sua caneta, a roupa que está vestindo e tudo mais. Ao ser alertado sobre esta situação, normalmente o aluno fica em dúvidas quanto às críticas feitas, e perguntam: se não podemos viver sem os recursos da natureza, como vamos poder preservá-la?

Sabendo que o ser humano e a natureza fazem parte de um todo, que não se excluem e sim se completam, vamos estudar um pouco desta natureza.

NOSSO PLANETA.  

Na verdade a natureza é formada por quatro camadas globais: a ATMOSFERA, a HIDROSFERA, a LITOSFERA e a BIOSFERA. As três primeiras camadas se relacionam, e partes de cada uma se somam e vão formar a quarta e a mais importante camada que é a BIOSFERA. Vamos estudar um pouco de cada uma delas.

AS QUATRO CAMADAS GLOBAIS DO PLANETA

1ª - ATMOSFERA – É a camada de ar que está em volta do planeta. Devido à força de atração da Terra quanto mais próximo da superfície maior é a concentração de gases. Principalmente o nitrogênio e o oxigênio e quanto mais elevada à altitude os gases vão diminuindo e a temperatura também. É nesta camada que ocorrem os fenômenos atmosféricos como a formação de nuvens, as precipitações, os relâmpagos, os trovões, os furacões e os tornados.

2ª - HIDROSFERA – É a camada de água nos estados líquido, sólido e gasoso que formam os lagos, oceanos, mares, rios, geleiras, lençol subterrâneo, inclusive fazendo parte da atmosfera, na forma gasosa, como umidade do ar. Corresponde a da superfície do planeta, e como a atmosfera, a Hidrosfera é fundamental para a existência de vida no planeta.

3ª - LITOSFERA – É a camada de rochas ou a crosta (casca). Parte sólida que forma a superfície da Terra; é formada por solo e subsolo. E na litosfera e na hidrosfera que se concentram a maior parte da vida no planeta.

4ª – BIOSFERA  ‐  É a soma de partes das três camadas globais anteriores: a Atmosfera, a Hidrosfera e a Litosfera, formando a camada onde temos os seres vivos do planeta.

Vejamos:

De onde vem o ar que respiramos?

(Calma, respire fundo antes de responder)

A água que bebemos?

(Pense naquele copo cheio de água fresca.... Aliás uma dica, beba muita água, um corpo bem hidratado funciona melhor, inclusive o cérebro, para guardar o que foi estudado.)

E os alimentos que consumimos?

Veja se você acertou as respostas.

O ar vem da Atmosfera, a água vem da Hidrosfera e a maioria dos alimentos é produzida na superfície da Litosfera, e que ao alterar uma destas camadas, não tenha dúvidas que estaremos alterando todas as demais camadas direta ou indiretamente.

Desse ponto em diante vamos estudar esses assuntos de forma separada, mas não podemos esquecer que eles se completam, formando um todo, que deve ser compreendido sempre em conjunto.

 

ATMOSFERA  

Observamos que é na atmosfera é que ocorrem os fenômenos climáticos. Alguns esclarecimentos iniciais:

Tempo – é a combinação passageira dos elementos do clima: temperatura, pressão atmosférica, umidade, ventos e precipitações atmosféricas (chuvas).

Clima – é a sucessão habitual dos tipos de tempo em determinado lugar da superfície terrestre.

Para caracterizar um tipo climático são realizadas anotações das mudanças momentâneas durante vários anos. Essas operações são realizadas em estações metrológicas, bóias lançadas nos mares e oceanos e ainda dados de balões metrológicos que fazem os registros das camadas mais altas da atmosfera. As informações são processadas em supercomputadores que reúnem os dados e permitem definir com maior precisão as variações dos elementos  do  clima e fazer previsões do tempo com alta qualidade de precisão.

A formação de um clima depende da quantidade de luz que a superfície recebe e da interação com o tipo de superfície – terra ou água.

Os elementos que compõem o clima são:

Temperatura  Pressão atmosférica  Umidade  Ventos  Precipitações atmosféricas (chuvas). 

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Esses fatores contribuem para a diferenciação dos tipos de climas e são denominados fatores climáticos, são eles:

Latitude 

Altitude 

Continentalidade 

Maritimidade 

Correntes marinhas 

Considerando nosso objetivo devemos observar as características do nosso país e a posição deste no globo terrestre para compreendermos os diversos tipos de climas existentes em nosso país.

92% está na zona intertropical (entre o Trópico de Câncer e Trópico de Capricórnio)

93% está no hemisfério sul. Devemos considerar ainda que o hemisfério sul tem o predomínio das massas líquidas – oceanos – e a característica física das águas também conferem elevado grau de umidade.

Massa  de  ar – é uma grande porção da atmosfera, que se caracteriza ou se individualiza por suas qualidades de temperatura e umidade.

Podem ser Equatoriais, tropicais ou polares e as suas características estão associadas ao local onde se originam. As massas de ar têm as suas características de temperatura e umidade relacionadas ao local de sua formação.

Veja o quadro resumo.

A umidade das massas de ar vem do processo de evapotranspiração que ocorre na superfície da terra.

Lembremos o ciclo das águas.

O deslocamento das massas de ar se dá devido à formação de zonas de alta e baixa pressão na superfície terrestre. A distribuição desigual da energia local nas zonas de baixas, médias e altas latitudes causa um aquecimento diferencial da superfície terrestre e também a formação de áreas com pressões deferências.

Lembremos as características físicas da atmosfera.

Frio – ar mais denso, maior peso, maior pressão.

Quente – o ar se expande – menor peso, menor pressão.

O balão de ar quente sobe porque está mais leve. O mesmo ocorre com a camada de ar nas áreas de baixa latitude. Ao subir, abrem espaço para ser ocupada por outra porção de ar. Esse movimento permite que as massas de ar se desloquem das áreas de maior para as de menor pressão.

No deslocamento das massas de ar elas vão imprimindo as suas características de temperatura e umidade nas áreas em que vão ocupando e também modificando as suas próprias características ao interagir com outras massas de ar de características diferentes, ou seja, perdem parte de suas características originais. O contato entre as massas de ar geram a frentes.

Frente  fria – zona de contato entre uma massa de ar fria e outra quente.

Frente  quente - zona de contato entre uma massa de ar quente e outra fria.

Temperatura Umidade

Equatoriais Marítima

Tropicais Continental

Polares

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MASSAS DE AR QUE ATUAM NO BRASIL 

mEc  –  Equatorial  Continental – quente e úmida. Tem sua origem na noroeste da Amazônia. Sua umidade vem da grande evapotranspiração na região, apesar de ter sua origem no continente. Atua, no verão em todas as regiões do Brasil, até o norte do PR. No inverno tem sua atuação restringida à Amazônia.

 

mEa  –  Equatorial Atlântica – quente e úmida. Tem sua formação na região do anticiclone dos Açores. Sua atuação no Brasil restringe à porção norte do território, litoral das regiões N e NE. Forma os ventos alísios de nordeste.

 

 

mTa  –  Tropical  Atlântica – quente e úmida. Formada no anticiclone de Santa Helena, próximo ao trópico de capricórnio. Forma os ventos alísios de Sudeste. Atua no litoral do Brasil. Forma as chuvas frontais de inverno ao interagir com a mPa.

Ao entrar no continente forma as chuvas orográficas ao interagir com o relevo mais pronunciado, por exemplo, a serra do mar. Nessa região é registrado o maior índice pluviométrico do país.

mTc  –  Tropical  Continental – quente e seca. Tem sua origem na Depressão do Chaco. Na primavera e verão encontra-se com a mEc, provocando chuvas. No outono e inverno, encontra-se com a mPa, ocorrendo baixo índice pluviométrico.

mPa  –  Polar Atlântica – formada no atlântico sul é uma massa de ar fria e úmida. Ao dirigir para nosso país perde parte de suas características, principalmente de umidade.

Atua no Brasil em três ramificações:

 

Primeiro  ramo – avança pelo litoral e, sem obstáculos, atinge até o nordeste, provocando as chuvas de inverno. Como se desloca pelo litoral e se associa com a mTa, ventos alísios de sudeste, mantém sempre úmida.

 

Segundo  ramo – sobre para as regiões altas do território (planalto meridional) e mantém as características de temperatura. É responsável pelas geadas nos estados do sul e SP. Os ventos dessa massa de ar são o minuano e o pampeiro.

 

Terceiro  ramo – segue pelas áreas de planície do interior do território e sem obstáculos chega até a Amazônia causando o fenômeno da FRIAGEM.

Veja o mapa dos tipos climáticos no Brasil e os climogramas referentes a cada tipo climático.

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Climograma – é um gráfico de dupla entrada. A linha corresponde à variação da temperatura e as colunas referem-se ao índice de pluviosidade do mês correspondente.

Tipos climáticos 

Equatorial – quente e úmido 

Tropical  –  verão  úmido  e  inverno seco. 

As variações do clima tropical são:

Tropical de altitude, tropical litorâneo, tropical semi-árido.

Subtropical – verões quentes e invernos frios com boa distribuição das chuvas ao longo do ano.

Fazendo um breve resumo, podemos conceituar o clima como um estado médio das condições atmosféricas ao longo de um longo período de tempo, enquanto o tempo representa o estado momentâneo da atmosfera.

Para se classificar o clima devem ser conhecidos os elementos climáticos – temperatura, chuva, umidade, massas de ar, vetos e pressão atmosférica - e os fatores climáticos –

latitude, altitude, continentalidade, maritimidade e correntes marítimas.

Desta forma podemos acabar por concluir que o clima de um local está ligado à sua posição geográfica no globo terrestre.

Analisando o mapa a seguir, indagamos quais características podemos verificar nos tipos

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climáticos do Brasil (para refletir).

Climas Controlados por Massas de Ar Equatoriais e Tropicais 

 

Equatorial  Úmido (Convergência dos Alísios)

Tropical (Inverno seco e verão úmido)

Tropical  Semi‐Árido (Tendendo a seco pela irregularidade da ação das massas de ar)

Litorâneo Úmido (Influenciado pela Massa Tropical Marítima)

Climas Controlados por Massas de Ar Tropicais e Polares 

 

Subtropical  Úmido (Costas orientais e subtropicais, com predomínio da Massa Tropical Marítima). Fonte: Atlas Geográfico Escolar - Maria Elena Simielli/Mário De Biasi

De acordo com a classificação climática de Arthur Strahler, predominam no Brasil cinco grandes climas, a saber:

1) Clima equatorial úmido da convergência dos alísios, que engloba a Amazônia;

2) Clima tropical alternadamente úmido e seco, englobando grande parte da área central do país e litoral do meio-norte;

3) Clima tropical tendendo a ser seco pela irregularidade da ação das massas de ar, englobando o sertão nordestino e vale médio do rio São Francisco; e

4) Clima litorâneo úmido exposto às massas tropicais marítimas, englobando estreita faixa do litoral leste e nordeste;

5) Clima subtropical úmido das costas orientais e subtropicais, dominado largamente por massa tropical marítima, englobando a Região Sul do Brasil.

Dinâmica da Hidrografia 

O estudo da hidrografia está intimamente ligado ao estudo do clima e do relevo. Então vamos relembrar alguns detalhes:

Relevo brasileiro – predomínio de planaltos.

Clima – predomínio de climas quentes e úmidos.

Essas duas características nos ajudam a compreender a realidade da nossa rede hidrográfica que é rica em rios e pobre em lagos, predomínio do regime pluvial com o predomínio de rios perenes e drenagem exorréica.

drenagem  exorréica – os rios deságuam para fora do continente – nos oceanos

drenagem  endorréica – os rios deságuam para dentro do continente – em lagos.

Observe o mapa na página seguinte e verifique a riqueza de nossos rios e a conformação das grandes bacias hidrográficas.

Quanto ao tipo de foz, predomina a desembocadura na forma de estuário (as águas escoam por um único canal), sendo exceções os rios Paraíba do Sul e Paranaíba, que têm a foz em delta (desembocadura por vários canais), e o Amazonas que tem foz mista.

O predomínio de rios planálticos confere grande potencial hidrelétrico. Os rios de planície têm aproveitamento para a navegação. Esse tipo de transporte é mais desenvolvido na região Norte do país, mas vem ganhando expressão devido ao baixo custo desse tipo de transporte.

AS BACIAS HIDROGRÁFICAS BRASILEIRAS  SÃO: 

Bacia Amazônica 

Ocupa uma área de 6.892.475 Km2, dos quais 3.984.467 km2 estão em território brasileiro.

A maior bacia hidrográfica do planeta tem sua vertente delimitada pelos divisores de água da cordilheira dos Andes, pelo planalto das guianas e pelo planalto central. Seu rio principal nasce no peru, como o nome de Marañon, e passa a ser denominado Solimões da fronteira brasileira até o encontro com o rio Negro, a partir daí, recebe o nome de Amazonas. É o rio mais extenso (total de 7.100 km) e de maior volume de água no planeta.

Os rios dessa bacia correm sobre um relevo predominantemente plano, o que reduz a velocidade das águas, criando um padrão meândrico, com lagos marginais e campos de inundação nos períodos das cheias. São típicos os igarapés (pequenos córregos).

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O alto índice pluviométrico na região permite a formação de rios perenes com grande volume de água. O potencial hidrelétrico da bacia se

concentra nos rios tributários que estão em áreas de relevo planáltico.

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Seus afluentes provenientes do hemisfério norte têm cheias de julho a setembro e os do hemisfério sul, de dezembro a março. Isso contribui para que a bacia apresente um regime complexo, com mais de uma cheia anual.

O avanço do desmatamento e do garimpo a região tem trazido grandes problemas ecológicos como o aumento da erosão e, com isso, aumento de sedimentos a serem transportados pelos rios. Essa realidade tem aumentado o assoreamento o que causa, nos períodos de vazante, o surgimento de bancos de areia que atrapalham a navegação.

A bacia tem como característica um regime misto: pluvial e nival.

Bacia do Tocantins‐ Araguaia 

Ocupa uma área de 803.250 km2, metade pertencente ao rio Tocantins e metade ao rio Ara-guaia.

O rio Tocantins nasce a cerca de 250 km de Brasília com sua nascente no Brasil central, em Goiás. O rio Araguaia nasce em Mato Grosso, na fronteira com o Goiás, circunda a ilha do Bananal (maior ilha fluvial do mundo) e une-se ao rio Tocantins no estremo norte do estado de mesmo nome, ai definindo a região denominada Bico do Papagaio.

Ambos os rios apresentam variações de declividade ao longo do percurso, o que lhes con-ferem bom potencial hidrelétrico. Nessa bacia é importante lembrar a construção da Hidrelétrica de Tucurui que foi construída com o objetivo de fornecer energia para o Projeto Carajás.

Bacia do Paraná 

Drena a porção centro-meriodional do país, abrangendo os estados de MG, O, MS, SP, PR, SC com área de 891.309 km2.

Tem como rio principal o rio Paraná, o dé-cimo sétimo mais extenso do mundo, com 2.940 km.

O rio Paraná tem suas nascentes na região Sudeste, separando as terras do Paraná do Mato Grosso do Sul e do Paraguai. O rio Paraná é o principal curso d'água da bacia, mas também são

muito importantes os seus afluentes e formadores, como os rios Grande, Paranaíba, Tietê, Paranapa-nema, Iguaçu, dentre outros. Essa bacia hidrográ-fica é a que tem a maior produção hidrelétrica do país, abrigando a maior usina hidrelétrica do mundo: a Usina de Itaipu, no Estado do Paraná, projeto conjunto entre Brasil e Paraguai.

Bacia do Paraguai  

Nasce na serra do Araporé, em Mato Gros-so, a cerca de 100 km de Cuiabá, cortando de norte a sul a enorme planície do Pantanal.

È uma bacia de planície, com bom aprovei-tamento para a navegação. A bacia possui 2.345 km navegáveis, por onde circulam muitas merca-dorias, destacando os minérios de ferro e manga-nês, extraídos do maciço do Urucum e embarca-dos nos portos de Corumbá e Porto Murtinho.

Bacia do Uruguai 

Formada pela junção do rio Canoas, que vem de SC, com o rio Pelotas, que vem do RS. Depois de fazer a divisa entre os dois estados o rio Uruguai desvia-se para o sul. Separando as terras do Brasil e Argentina, indo desembocar próximo a Buenos Aires, no rio da Prata, após ter percorrido uma extensão de 1.500 km.

Bacia Platina 

É a segunda maior bacia do mundo e é formada pela confluência dos rios Paraná, Para-guai e Uruguai. A navegação nessa bacia é impor-tante devido permitir a integração de territórios dos países pertencentes ao Bloco Econômico do Mercosul.

Bacia do São Francisco 

Drena terras de cinco estados, MG, BA, PE, SE e AL, fazendo a ligação entre o NE e o SE.

O rio São Francisco tem extensão de 4.133 km, drenando uma área de 631.133 km2, nasce na serra da Canastra. Apesar de atravessar uma regi-ão de clima semi-árido, o rio é perene devido ter sua nascente em área de clima tropical, chuvoso.

No seu trecho inicial, após a descida da serra da Canastra, está a hidrelétrica de Três Ma-rias. No interior do NE apresenta novas hidrelétri-cas que tem função importante no fornecimento de energia para a região e no plano de desenvol-vimento industrial do NE.

Regime  fluvial  corresponde  ao  volume de  água dos 

rios durante o ano, se o aumento do volume das enchen‐

tes e vazantes foi provocado por água da chuva caracteri‐

za‐se então por regime fluvial. Caso a enchente e vazante 

sejam decorrentes do degelo  em montanhas  é denomi‐

nado  de  regime  níval.  Às  vezes  podem  ocorrer  os  dois 

casos em um mesmo rio (ex. rio Amazonas) 

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O trecho navegável dessa bacia está no tre-cho entre Pirapora, em MG, até Juazeiro, na BA.

Atualmente, discute-se o uso das águas do São Francisco para outros fins, como o projeto de transposição e ainda o uso para a irrigação.

Bacia do Nordeste 

Esse é um conjunto de bacias agrupadas em uma área de 884.835 km2. Abrange grande área no NE – do MA a SE – e caracteriza-se por apresentar dois tipos de rios:

o Rios  perenes – predominantes na parte oci-dental da região, destacando-se o rio Parnaíba no qual foi instalado a usina hidrelétrica de Castelo Branco.

o Rios  temporários – predominantes na parte mais interior do território e nos litorais do CE e RN, Nessa áreas há inúmeros açudes, cons-truídos para reter a água recolhida no período chuvoso e assim amenizar o efeito da seca. Destaca-se entre os açudes o de Orós, no rio Jaguaribe.

Bacia de Leste  

Esse agrupamento de bacias entende-se de SE até o litoral paulista. Seus rios descem direta-mente dos planaltos e serras para o oceano, apre-sentando, por isso, inúmeras corredeiras e quedas d´água, o que dificulta a navegação, Devido a não integração dos rios o volume de água é pequeno o que também interfere no aproveitamento energéti-co.

Bacia de Sudeste 

Esse agrupamento estende-se do litoral sul de SP até o RS, compõem-se predominantemente de rios de planalto e, portanto, com poucas possi-bilidades de navegação.

Nessa bacia destacam-se os rios Camaquã, Jacuí, no RS, Itajaí, em SC, e Ribeira do Iguape, em PR e SP.

Bacia do Amapá  

Formada pelos rios Oiapoque e Araguari.

O aquífero Guarani 

È responsável por cerca de 80% da água acumulada na Bacia Sedimentar do Paraná. Es-tende-se pelos países da Argentina, Paraguai, Uruguai além do Brasil. Aqui estende-se pelos

estados de MG, MS, GO, SP, PR, SC e RS. É um sistema transnacional.

A preocupação com o aquífero é manter a qualidade da água, que ainda está livre de conta-minação. Devido a sua ocorrência coincidir com uma área de grande desenvolvimento agrícola, com intenso uso de químicos no cultivo, é uma preocupação o monitoramento e controle do uso de agrotóxicos visando a preservação do aquífero.

Dinâmicadavegetação‐AspectosBiogeográficoseos

EcossistemasnoBrasil

 

DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 

Os domínios morfoclimáticos são entendidos como a combinação ou síntese dos diversos elementos da natureza, caracterizando ou individualizando uma determinada porção do território.

A paisagem natural é constituída por vários elementos: estrutura geológica, clima, relevo, solos, vegetação e hidrografia - que se influenciam mutuamente, cada um deles interligado aos demais e definindo um conjunto particular.

Dentre esses elementos, destaca-se, principalmente, o clima e o relevo como fundamentais pela influência que exercem sobre o meio ambiente. Desde a sua formação (± 4,5 bilhões de anos), a Terra sofreu várias modificações em seu clima, com períodos de aquecimento e resfriamento, elevação ou diminuição de chuvas, sendo algumas em escala global e outras de dimensão local. As alterações ocorridas nos últimos 2 milhões de anos são as que deixaram vestígios mais evidentes: nos períodos frios, ocorreu o aumento das geleiras polares e das áreas montanhosas, que diminuíram seus limites quando a temperatura média da Terra voltou a elevar-se. As médias e altas latitudes foram as mais afetadas por esses fenômenos.

Já nas baixas latitudes ocorreram, paralelamente, fases chuvosas e secas, durante as quais os domínios naturais se modificaram, com avanços e recuos de florestas tropicais, savanas e desertos.

Assim, o clima atuou como modificador do meio ambiente e ainda hoje, devido às alterações mais recentes provocadas sobretudo, pela ocupação humana, continua a provocar transformações ambientais.

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Quanto ao relevo, as forças endógenas – internas - comandam sua formação através do condicionamento estrutural; hipergêneses, vulcanismos e terremotos provocam o surgimento de diferentes tipos de rochas que têm resistência diferente aos processos de desgaste provocados pelas forças exógenas – externas - que modelam as formas do relevo. Os agentes externos formados pelas águas correntes, gelo, vento realizam o processo de desgaste e modelagem do relevo. Dependendo da forma de relevo e considerando a sua origem geológica, encontramos solos e vegetações diferenciados em cada domínio espacial.

As modificações que o homem vem produzindo com as atividades econômicas e, sobretudo, com a construção de cidades, têm contribuído para as transformações das formas de relevo e, consequentemente, do meio ambiente.

Os diversos elementos presentes no meio e que caracterizam os domínios morfoclimáticos permitem delimitar esse domínios por caracterizações gerais a partir do clima, tipo de relevo e paisagem vegetal, cada qual com dinâmica própria e interagindo com os tipos de rochas que formam o relevo e que é o substrato para ocupação de biomas vegetais permitindo aos estudiosos delimitar com mais segurança os limites de cada domínio.

Não é sempre que um mesmo elemento natural é o determinante da paisagem, da mesma forma que não há delimitação precisa ou rigorosa entre um domínio e outro, pois é muito difícil determinar com precisão tais limites. Daí existir entre um domínio e outro as chamadas áreas ou faixas de transição. Como exemplo, podemos citar a sub-região do meio-norte (MA/PI), onde predomina a mata dos cocais ou babaçuais, sendo esta uma área de transição entre os domínios amazônicos a oeste e da caatinga do lado leste.

PRINCIPAIS DOMÍNIOS DO BRASIL 

 

Devido a sua grande extensão territorial (8,5 milhões de km2) o Brasil é marcada por uma grande diversidade de aspectos naturais e apresen-ta seis principais domínios morfoclimáticos e diversas áreas não individualizadas, denominadas como de transição.

a) Domínio Amazônico – Este domínio é também chamado de terras baixas florestadas equatoriais. Domínio marcado pelo predomínio de terras baixas sedimentares (planícies) com clima equatorial quente e úmido o ano todo. Apresenta imensa floresta úmida e heterogênea e a mais

vasta bacia fluvial do mundo. O peso da natureza é marcante. A floresta amazônica abriga uma grande variedade de espécies. É latifoliada pereni-fólia pois apresenta uma folhagem diversificada na qual predominam as folhas largas que perma-necem verdes durante todas as estações do ano. A riqueza e a exuberância dos ecossistemas flores-tais contrastam com a pobreza de grande parte dos solos da região: mais de 70% do domínio amazô-nico é constituído por solos ácidos e intemperiza-dos, de baixa fertilidade. Apenas algumas planí-cies aluviais inundadas e apresentam solos ricos em nutrientes. Esse contraste revela a fragilidade do ecossistema amazônico. A reciclagem dos nutrientes orgânicos e minerais necessários à manutenção dos ecossistemas regionais não é feita pelos solos, mas pela própria floresta. Os solos são responsáveis pela presença de pequenas man-chas de vegetação extraflorestal dentro da hileia. As toneladas de folhas, frutos e flores que caem anualmente sobre o solo, se transformam em ma-terial orgânico e mineral devido a alta temperatura e umidade que contribuem para o trabalho de reciclagem realizado pelos fungos e bactérias decompositora. Esse material decomposto é con-sumido pela vegetação, ou seja, a vegetação se nutre dela mesma.

b) Cerrado – Domínio marcado por exten-sos planaltos com chapadões sedimentares, clima tropical típico com duas estações bem definidas (verão chuvoso e inverno seco), vegetação arbus-tiva e herbácea (cerrado), na maior parte, e matas de galerias ou ciliares junto aos rios. Apresenta solos pobres e ácidos. É o domínio que caracteriza a região Centro-Oeste. As características climáti-cas são, em parte, responsáveis pela menor fertili-dade dos solos desse domínio. No verão, as chu-vas abundantes "lavam" o solo, retirando seus nutrientes; no inverno, a seca prolongada tem como consequência altas taxas de evaporação, o que provoca acúmulo do ferro e do alumínio, responsáveis pela toxidez e acidez dos solos.

O cerrado, vegetação dominante, é com-posto principalmente por dois estratos: o arbóreo-arbustivo, de caráter lenhoso, e o herbáceo-subarbustivo, formado pelas gramíneas e outras ervas.

c) Caatinga – Domínio que caracteriza o sertão nordestino, marcado por um relevo planál-tico, onde aparecem áreas deprimidas (depres-sões), delimitadas por planaltos e chapadas. O clima é semi-árido (quente e seco); a vegetação a ele adaptada é pobre e arbustiva, com presença de cactáceas e plantas xerófitas. Os solos são rasos e pobres em matéria orgânica, mas ricos em sais minerais.

A caatinga, vegetação dominante é uma formação vegetal adaptada ao calor e à aridez. Suas espécies dominantes possuem folhas peque-

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nas e hastes espinhentas. Nas áreas de maior alti-tude, que recebem chuvas de relevo, encontram-se alguns trechos de matas úmidas, conhecidas regi-onalmente como brejos. O domínio macroecoló-gico da caatinga se caracteriza pela irregularidade das precipitações e, principalmente, pela incapa-cidade de retenção da umidade, devido aos solos rasos.

d) Mares  de morros – Domínio que cor-responde à área do planalto atlântico, principal-mente no sudeste, onde o clima tropical úmido

modelou um relevo bem característico, com mor-ros arredondados do tipo meia-laranja, conhecido como "mares de morros". As florestas originais que cobriam esta região foram quase totalmente devastadas com a substituição por cultivos agríco-las. A ação dos agentes do modelado sobre a es-trutura geológica, predominantemente cristalina, produziu um relevo típico de morros arredonda-dos. Além dos "mares de morros", compõem a morfologia da região as escarpas planálticas que separam o planalto cristalino da planície costeira. Originalmente, a floresta tropical úmida, conheci-da como Mata Atlântica, recobria cerca de 95% desse domínio; trata-se de uma formação florestal densa e heterogênea, extremamente rica em espé-cies vegetais. Hoje restam menos de 4% da cober-tura vegetal primária, verdadeiras ilhas florestais em alguns trechos montanhosos das escarpas

planálticas.

e) Araucária - Este domínio ocupa os pla-naltos sedimentares-basálticos da porção oriental da bacia do Rio Paraná, nos quais a altitude média varia entre 850 metros e 1.300 metros. Original-mente, esse domínio era revestido por uma flores-ta subtropical conhecida corno mata das araucá-rias e por manchas de vegetação herbácea e arbus-tiva. A devastação da mata das araucárias teve início com a colonização alemã e italiana. Nas primeiras décadas do século, os colonos utiliza-vam a madeira para a construção de casas, móveis e artefatos domésticos. Também desatavam pe-quenos trechos para a prática da policultura de alimentos.

Este domínio aparenta relevo de cuesta, so-lo fértil (terra roxa) e elevado potencial hidráulico da bacia do Paraná. O clima é do tipo subtropical com inverno e verão rigorosos.

f) Pradarias  ou  campos  (pampas) – Este domínio abrange a região conhecida como Cam-panha Gaúcha. Nele destaca-se a presença de um relevo suavemente ondulado na forma de colinas, conhecidas como "coxilhas". As colinas são reco-bertas por vegetação campestre. Este domínio é, na verdade, um prolongamento do pampa argenti-no e uruguaio no sul do Brasil.

Trata-se de uma extensa área com predo-mínio de terras baixas, na qual se sobressai a vegetação herbácea. A pecuária extensiva com

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suas estâncias (fazendas de gado) e a rizicultura são as principais atividades econômicas nesse domínio e contribuem para a modificação da co-bertura vegetal original.

DOMÍNIOS FITOGEOGRÁFICOS 

Chamamos de domínio fitogeográfico ao conjunto de tudo aquilo que existe na natureza: relevo, climas, tipos de solos, vegetação, hidro-grafia, geologia, suas relações e importância para os seres vivos do planeta. Como a vegetação é uma das partes que mais se destaca chamando a atenção das pessoas, normalmente utilizamos a formação vegetal que predomina num determina-do espaço geográfico para indicar o domínio.

OS PRINCIPAIS DOMÍNIOS FITOGEOGRÁ-FICOS, OU BIOMAS DO PLANETA, OU

MORFOCLIMÁTICOS

Na verdade, a forma como chamamos o conjunto da natureza muda de uma ciência ou disciplina para outra, mas o assunto estudado e o resultado final são o mesmo. Tentar compreender a natureza e os resultados positivos ou não da interferência humana nas condições naturais e o planeta. Portanto, no fundo, são sinônimos: domí-nio morfoclimático, domínio climatobotânico, bioma, biocenose, ecossistema ou meio ambiente. Tudo isto vai resultar no que denominamos de biosfera.

Vejamos  agora  as  especificidades  da  co‐bertura vegetal brasileira 

 

Quando estudamos a vegetação nos vêm à memória as grandes paisagens fotografadas pelo mundo. São as belíssimas coberturas vegetais que fazem parte dos cenários de vários filmes, qua-dros, posters, calendários, cartões postais etc.

Quem não tem pelo menos uma história na qual tenha como cenário uma bela paisagem que foi palco para um momento durante a sua vida? O interessante é que muitas vezes não associamos a cobertura vegetal à realidade climática de uma região, tão pouco a historia de ocupação do ho-mem em uma região.

A distribuição das paisagens vegetais na superfície terrestre está relacionada às caracterís-ticas climáticas de cada lugar. Observemos as seguintes afirmações:

- as espécies são adaptadas à quantidade de água disponível;

- as espécies são adaptadas a uma tempera-tura média anual;

- as espécies necessitam de uma quantida-de de luminosidade para se reproduzirem;

Observando essas afirmativas podemos concluir que existem fatores que limitam à proli-feração das espécies e desse modo influenciam na cobertura vegetal. Assim, para compreendermos as diversas coberturas vegetais é preciso conside-rar os diversos domínios climáticos existentes.

 

 

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Distribuição da vegetação no Brasil. 

Ao compararmos os mapas da vegetação e do clima podemos observar que o tipo de cobertura vegetal se relaciona a um determinado tipo de clima. Veremos mais adiante no estudo do clima que a pluviosidade e as temperaturas variam, assim também ocorre como o tipo de vegetação. Também observamos que a cobertura vegetal varia conforme a oferta de água e a temperatura média. Ainda influenciam na cobertura vegetal elementos como o tipo de solo e outros fatores como as inundações periódicas.

Observe os seguintes dados referentes a área de ocupação dos biomas brasileiros:

Fonte: IBGE

No mapa temos os biomas como um con-junto de vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria.

Essas diferentes formações vegetais estão subdividas em quatro grupos:

Formações florestais; 

Formações complexas; 

Formações herbáceas; e  

Formações litorâneas. 

 

 

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VAMOS À CARACTERIZAÇÃO DE CADA GRUPO. 

 

FORMAÇÕES FLORESTAIS 

São áreas vegetais com espécies de grande porte abrigando arvores menores, arbustos e her-báceas sob as suas copas. O país tem grandes formações florestais classificadas em dois tipos: latifoliadas e acicufoliadas.

Floresta latifoliada equatorial  

Conhecida como floresta amazônica ou hiléia e ocupa cerca de 40% do território nacio-nal. Estende-se por quase toda a região Norte, pela porção setentrional do Mato Grosso e pela porção ocidental do Maranhão.

Característica de clima quente e superúmi-do a floresta é extremamente heterogênea e densa. Divide-se em três extratos:

Igapó – parte da floresta que se desen-volve nas partes baixas onde o solo é permanen-te inundado. Tem sua principal área de ocorrên-cia no baixo Amazonas. Espécies: piaçava, açaí, vitória-régia.

Várzea – parte da floresta que se desen-volve na parte de médio relevo. Nessas áreas as inundações são periódicas. Espécies: Seringuei-ra, cacau.

Uma importante relação dessa área com a produção local de alimentos. Com a inundação é periódica há uma fertilização do solo que é utili-zado na agricultura.

Terra  firme - é a parte da vegetação que se desenvolve nas regiões mais altas que estão livres da inundação. É o trecho mais exuberante da floresta. Espécies: cedro, castanha, mogno.

Apesar da exuberância da floresta não en-contramos grande fertilidade nos solos da região. A manutenção da floresta se dá pela reciclagem de nutrientes da própria floresta que disponibiliza os nutrientes para a sustentação de tão grande quantidade de plantas.

Como temos elevadas temperaturas e gran-de umidade fica facilitada o trabalho dos microor-ganismos na desintegração das folhas, galhos e animais que morrem e recobrem o solo.

Experiências agrícolas na Amazônia mos-traram-se desastrosas por negligenciar esse siste-ma que ocorre na região. Com o desmatamento o solo ainda mantinha boa fertilidade por alguns anos. Com a agricultura intensiva, queimadas e a falta de reposição o solo empobrecia, ficava ex-posto ao grande volume de chuvas e em pouco tempo tornava o cultivo caro. É importante lem-brar que no inicio o baixo investimento em adu-bação fez a atividade agrícola ter grande lucrativi-dade, mas após a queda da fertilidade natural o

lucro diminuiu o que gerou pressão pela ocupação de novas áreas aumentando, assim, o desmata-mento.

Floresta latifoliada tropical 

Floresta exuberante, bastante parecida com a floresta equatorial. Heterogênea e densa aparece em diferentes pontos do país onde a temperatura é elevada e é alto o teor de umidade.

No litoral, com o nome de mata atlântica, estende-se do RN ao RS. No interior do SE ela aparecia em quase toda a área drenada pelo rio Paraná e seus afluentes, sendo por isso conhecida como mata da bacia do Paraná.

A intensa ocupação humana na região de ocorrência dessa cobertura vegetal está muito degradada, deixando de existir em muitos pontos sendo substituída por áreas agrícolas.

As áreas mais preservadas são as da serra de mar que, devido ao tipo de relevo, dificultou a ocupação humana e a exploração florestal.

A destruição dessa vegetação remonta a ocupação do território pelos portugueses e o de-senvolvimento da agricultura comercial voltada à exportação. A cultura canavieira no litoral do NE, o avanço do cultivo de café em SP e MG e atual-mente a expansão urbana e o crescimento da ação das madeireiras e da poluição são fatores que contribuem para a destruição dessa floresta.

Mata de cocais  

Formação de transição, concentrada no meio-norte. Essa região é a transição de dois tipos climáticos – a oeste o clima superúmido equatori-al e a leste o semi-árido.

As espécies mais importantes dessa for-mação são o babaçu e a carnaúba. Essa última também é conhecida como a “árvore da providên-cia” pois dela tudo se aproveita – a folha é utiliza-da para retirar a cera e para cobertura das casas (é ainda temos casebres cobertos de palha pelo Bra-sil); o caule e a raiz dos quais são extraídos insu-

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mos para medicamentos; sementes – bebida; fruto – alimento.

Como é uma região muito pobre e o extrativismo ser uma atividade importante a floresta foi prote-gida e é considerada de interesse social. As for-mações naturais, mesmo em áreas privadas, po-dem ser exploradas livremente pelas famílias.

Com o crescimento da importância econômica do uso da cera e do óleo na indústria de cosméticos já se observa o plantio de cultivos comerciais de babaçu e carnaúba na região.

Floresta Acicufoliada subtropical 

A floresta acicufoliada é uma formação tí-pica do clima subtropical, menos quente e úmido. As espécies de árvores têm as suas folhas finas e alongadas (em forma de agulha - daí o nome aci-cufoliadas). Esse recurso no formato da folha evita a perda de água pela transpiração devido ter uma menor área para a transpiração. É relativa-mente homogênea, apresentando poucas varieda-des, predominando a araucária (pinheiro-do-paraná).

Estendia originalmente do sul de SP ao norte do RS, mas devido ser uma formação mais homogê-nea e aberta, com espécies de bom proveito para a indústria, facilitou a exploração intensa.

Espécies nativas: canela, araucária, imbuia.

FORMAÇÕES COMPLEXAS 

As formações complexas correspondem aos domínios dos cerrados, caatinga e do pantanal, nos quais os estratos arbóreos e herbáceos convi-vem na paisagem.

São formações herbáceas e arbustivas e cada um deles apresenta características próprias, resultante dos elementos naturais que tornam-se fatores limitantes a alguma espécie fazendo pre-dominar outras espécies mais adaptadas.

Cerrado 

Também denominado savana-do-brasil, o cerrado é a segunda formação vegetal mais exten-sa do país. Ocupava cerca de 25% do nosso terri-tório (veja quadro anterior) mas tem sofrido inten-so processo de devastação.

Típico das áreas de clima tropical com du-as estações bem definidas aparece em quase todo Brasil central, isto é, na região CO, sul do MA, oeste da BA e MG e norte de SP.

Caracteriza-se pelo domínio de pequenas árvores e arbustos retorcidos, com troncos cober-tos de cortiça. Geralmente são espécies caducifó-lias (folha que caem) para evitar a perda de água durante a estação seca. Outra adaptação é ter as

raízes longas que se aprofundam no solo em busca de água.

A visão paisagística do cerrado levou a afirmação que seu aspecto era devido à pobreza do solo sendo a área utilizada economicamente para a pecuária extensiva, aproveitando o extrato herbáceo do cerrado.

O desenvolvimento de novas técnicas agrí-colas e estudos sobre o solo do cerrado possibili-taram o cultivo nessa região o que acelerou o processo de degradação.

O cerrado está dividido em quatro estratos, conforme a predominância vegetal:

o Campos limpos – predominam as gra-míneas;

o Campos sujos – as gramíneas aparecem intercaladas com espécies arbustivas;

o Campos cerrados (cerrado) – predo-minam as espécies arbustivas de menor porte;

o Cerradão – formações nas quais as co-pas das árvores se tocam criando som-bra. O estrato herbáceo-arbustivo fica reduzido.

Nessa formação vegetal encontramos tam-bém a presença das MATAS GALERIA ou MA-TAS CILIARES que acompanham os cursos d’água. A maior umidade das áreas próximas aos mananciais permite a predominância de espécies de maior porte.

A mata mais aberta e a presença de um re-levo plano, com formações do tipo mesa, facilitou o avanço da agricultura mecanizada o que impri-miu forte processo de devastação do cerrado.

Caatinga 

Formação típica do clima semiárido do ser-tão nordestino. Ocupa cerca de 11% do território nacional.

Nessa formação vegetal encontramos espé-cies xerófilas (cactáceas), caducifólias e que de-senvolveram mecanismos de redução da perda de água, com é o caso da carnaubeira que têm as suas folhas cobertas por cera para reduzir a transpira-ção ou ainda de várias outras espécies que trans-formam parte de suas folhas em espinhos para reduzir a perda de água.

O uso econômico da região de caatinga es-tá ligado à produção agropecuária o que explora a vegetação e obtém baixos rendimentos e afeta negativamente o equilíbrio ecológico. A pequena capacidade natural para sustentar a atividade pe-cuária influencia na destruição da cobertura vege-tal original.

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FORMAÇÃO HERBÁCEA 

Essas formações são também denominadas campestres e são compostas de vegetação rasteira, com gramíneas e pequenos arbustos. Tem ocor-rência em todo território brasileiro e diferencia-se de acordo com as características climática e pedo-lógicas (solos) da área de ocorrência.

Campos  ‐  são os campos meridionais, destacando-se a campanha gaúcha, no RS. Nessa área encontramos a área de gramíneas mais extensa e homogênea. Também encontramos os campos de Va-caria, em MS. A atividade econômica nessas áreas é a pecuária, mas a agricul-tura mecanizada tem ocupado lugar de destaque nos últimos anos.

Campos  de  hileia  –  correspondem às áreas inundáveis da Amazônia oriental, como o litoral do Amapá, ilha de Marajó e golfão maranhense.

Campos de altitude – na serra da Manti-queira e na região serrana dos planaltos residuais norte-amazônicos – chamados campos de Roraima.

Formação litorânea. 

As formações litorâneas estendem-se por toda costa do país e apresentam constituições variadas, condicionadas ao tipo de solo e ao nível de umidade.

Mangues  –  vegetação adaptada ã in-tensa salinidade e à falta de oxigena-ção do solo. A vegetação tem raízes aéreas para ajudar na respiração (pneumatóforas – raízes que respi-ram).

É considerado um berçário devido ao grande número de espécies que reproduzem e tem a primeira fase de desenvolvimento nessa área. Devido a importância dos mangues para a vida animal nos oceanos tornou-se uma área de prote-ção permanente.

A exploração do mangue é proibida, mas nessa região se desenvolve atividades econômicas como a extração do caranguejo.

Restingas  –  misturam espécies herbá-ceas, arbustivas e arbóreas como a aroeira-de-praia e o cajueiro, favore-cendo a formação de dunas. 

Dunas – a vegetação de duna é rasteira e tem raízes profundas e grande exten-são horizontal, formando verdadeiros cordões vegetais. É importante na fi-

xação das dunas, sem essa vegetação as dunas ficam suscetíveis à ação do vento.

Praia –  são comuns as espécies halófi-las – planta adaptadas a ambiente sali-nizados - que proliferam em ambientes ricos em sal, como a salsa-de-praia e o jundu, vegetação arbóreo-arbustiva do litoral paulista.

Dinâmicadacrostaterrestre‐estudodorelevo

Geologia e evolução da Terra 

Para o estudo da evolução da Terra tornou-se necessário dividir a sua existência em Eras que foram subdivididas em Períodos e estes em Épo-cas (subdivisões dos períodos Terciários e Qua-ternários). Tudo isso, porque durante os estudos conseguiu caracterizar alguns acontecimentos que haviam ocorrido estes demarcaram as divisões do tempo geológico.

Com a formação do continente ancestral - PANGEIA - a intensa atividade vulcânica e dos constantes movimentos tectônicos formou-se os terrenos mais antigos - os ESCUDOS CRISTA-LINOS - com rochas magmáticas e metamórficas.

Essa formação inicial foi fragmentada e iniciou o processo de formação dos continentes.

Deriva Continental - no final do período Triássico começou a ruptura do pangeia. No he-misfério norte definiu-se a LAURÁSIA e no sul a GONDWANA. No Cretáceo a América do Sul começou a se separar da África originando o Atlântico.

Através do tempo geológico os continentes estiveram expostos a intensos processos de des-gaste, possibilitando a ocorrência de rebaixamen-tos e soerguimentos. Suas formas atuais são resul-tado da modelagem exercida pela ação dos AGENTES EXTERNOS ou AGENTES EROSI-VOS (chuva, vento, rios, neve, etc.) atuando du-rante milhões de anos sobre as formas definidas pelos AGENTES INTERNOS (tectonismo, vulca-nismo e os abalos sísmicos).

A intensa atividade do manto (magma) é capaz de romper e deslocar as placas da crosta a uma velocidade de 1 cm ao ano, lenta demais para a nossa percepção, tanto que, os atuais continentes começaram a ser definidos nos últimos 200 mi-lhões de anos a partir da fragmentação da massa continental. Nas margens das placas tectônicas forma-se uma área de constante expansão levando os continentes a se afastar "atropelar" outras pla-

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cas permitindo uma constante renovação dos assoalhos oceânicos.

O oceano Atlântico se expande a partir da Dorsal Mesoatlântica (margem construtiva), as regiões banhadas por ele possuem atividade sís-mica e vulcânica baixa.

No oceano Pacífico as margens das placas pressionadas a oeste da América e a leste da Ásia, configura uma faixa de grande instabilidade, o Cinturão de Fogo Circumpacífico (margem des-trutiva), com fossas submarinas, ilhas vulcânicas e intensa atividade tectônica (sismos e vulcanismo).

Nos pontos em que as placas continentais colidem, suas rochas são comprimidas, dobradas e acabam formando montanhas. As partes mais altas possuem idade inferior a 65 milhões de anos e resultam da colisão entre as placas continental e oceânica (cordilheira dos Andes e Montanhas Rochosas) e da colisão entre placas continentais (Himalaia, Alpes, Atlas e Cárpatos)

As diversas pressões que agem sobre a crosta terrestre fez com que houvesse movimentos de longa duração - EPIROGÊNESE - causados pela pressão vertical (PLACAS IMERSAS NO MAGMA) e os movimentos de curta duração - OROGÊNESE - causados pela pressão horizontal (encontro dos limites das placas tectônicas) (UMA PARTE MERGULHA NO MAGMA E A OUTRA DOBRA E SE LEVANTA - CORDI-LHEIRAS)

Houve grandes fases de orogênese durante o tempo geológico:

No final do PRÉ-CAMBRIANO e início do PALEOZÖICO;

Na passagem do PALEOZÓICO para o MESOZÓICO com a ruptura do PANGÉIA;

No TERCIÁRIO com a formação das cor-dilheiras atuais (Andes, Rochosas)

Agentes  externos - são os transformadores do modelado (relevo)

Intemperismo  químico - em função do contato das rochas com a água e a umidade. É muito intensa nas regiões tropicais e equatoriais, como no Brasil.

Intemperismo  físico - desintegração das rochas por processo mecânico - aquecimento e resfriamento que causa ruptura (rachadura) nas rochas. É muito significativa nos desertos e nas altas latitudes (próximo aos polos)

Ação  dos  ventos - pela retirada de peque-nas partículas depositando em outro local e ex-pondo uma nova camada da rocha.

Ação  das  águas ( fluvial, marinha e glaci-al)

fluvial - escavação dos vales dos rios; tra-balho dos rios - ESCAVAÇÃO - alto curso, TRANSPORTE - médio curso e DEPOSIÇÃO - baixo curso;

marinha - atua sobre as áreas litorâneas (abrasão marinha);

glacial - atua nas altas latitudes - teve ação nas médias latitudes durante as glaciações (MO-VIMENTO DAS GELEIRAS).

Formações cristalinas antigas 

No Brasil 36% é formado pelos escudos cristalinos, sendo que 32% são do Arqueozóico e que tem as rochas cristalinas e 4% são do Protero-zóco e neste são encontrados as jazidas minerais (Fe, Mn, Sn).

Pela nova denominação, trabalhada pelo Professor Jurandir Ross, os escudos cristalinos estão divididos em duas grandes formações, as áreas cratônicas e as áreas de dobramentos anti-gos.

a) As áreas cratônicas ou plataformas 

Correspondem aos terrenos mais antigos e modelados por várias fases erosivas. Esta grande sequência de erosões determina que o Brasil tenha grandes altitudes, prevalecendo em certos pontos devido à erosão diferencial.

Nestas áreas prevalecem as rochas meta-mórficas muito antigas (do pré-cambriano) apre-sentando concentrações minerais. Elas podem ser divididas em três áreas:

Plataforma  das Guianas – estão os pontos mais elevados como (serras do Tumucumaque, Acaraí, Paracaima, Parima, Imeri e outras);

Plataforma  Sul  –  Amazônica  – estão os pontos como Chapada dos Parecis (RO/MT), Serra do Carajás (PA), Serra do Cachimbo (PA);

Plataforma do São Francisco – encontra-se a Chapada Diamantina. Esta área confunde-se com as áreas dos dobramentos antigos que a mar-geiam, sendo de difícil identificação a limitação entre as duas formações.

b) As áreas de dobramentos antigos 

Correspondem aos cinturões orogenéticos datados do pré-cambriano e muito resistentes à erosão. Correspondem aos relevos com maiores altitudes do relevo do Brasil, guardando, mesmo

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após várias fases erosivas, o aspecto serrano em grandes extensões (mares de morros).

Pode ser dividida em três grupos:

Cinturões  orogenético  do Atlântico – seu relevo é sustentado por rochas de quartizito de difícil erosão. Estende-se da região oriental do NE até o sudeste do RS. Ocorre acidentes como a Serra do Espinhaço, do Mar e da Mantiqueira.

Cinturão orogenético de Brasília – esten-de-se do sul do TO até o sudeste de MG. Após várias fases erosivas, desenvolveu relevos de serras estreitas e alongadas associadas a chapadas de topos planos e altos. Destaca-se as serras da Canastra e Negra em MG, as de Caldas Novas, da Mesa, Dourada e do Bouqueirão e ainda algumas chapadas como a de Brasília, dos Veadeiros e de Cristalina em GO.

Cinturão orogenético Paraguai‐Araguaia – estende-se do norte de GO e TO até o MT, na região de Cuiabá, reaparecendo na extremidade sul do pantanal, na serra da Bodoquena. A oeste de Cuiabá encontra-se a província serrana de MT. São serras geradas por dobramentos antigos e estão parcialmente conservadas.

Acidentes importantes:

Serra do Imeri (AM) – Pico da Neblina (3014 m) e Pico 31 de Março (2992 m);

Serra do Caparaó (MG/ES) – Pico da Bandeira (2890 m);

Serra da Mantiqueira (MG/RJ/SP) – Pico das Agulhas Negras (2787 m);

Serra das Guianas (RR) – Pico Roraima (2772 m);

Chapada Diamantina (BA) – Pico das Almas (1850 m);

Serra do Mar (RJ/SP/PR/SC) – Morro da Igreja (1888 m).

Bacias Sedimentares 

Representam 64% do nosso território for-madas ao logo de várias fases de deposição nos últimos 600 milhões de anos. Os terrenos mais antigos datam do Paleozóico (era formadora das reservas de carvão), os intermediários do Meso-zóico (era formadora das reservas petrolíferas) e as mais recentes do Cenozóico.

São os terrenos de altitudes mais modestas e predominam as rochas de origem marinha e continental.

Estão divididas em três grandes grupos:

Bacia  sedimentar  Amazônica – a planície amazônica são em sua maior parte formada por baixos planaltos denominados BAIXOS PLATÔS ou TABULEIROS. Nos níveis mais baixos são chamados de VÁRZEAS e nos níveis intermediá-rios de TERRAÇO OU TESO.

Bacia  sedimentar  do  Parnaíba  ou Mara‐nhão; 

Bacia sedimentar do Paraná.

O RELEVO SUL AMERICANO 

Devido ao deslocamento da placa Sul-americana para oeste entrando em contato com a placa de Nazca (PACÍFICO), ocorreu no TER-CIÄRIO o soerguimento da costa oeste sul ameri-cana formando a cordilheira dos Andes. A parte central (onde está localizado o BRASIL) e leste não houve grandes modificações a não serem as causadas pela mudança do escoamento dos rios.

O estudo da geologia, que subsidia de in-formações o estudo de relevo, realiza a classifica-ção da crosta do planeta, quanto à origem, existem três tipos de províncias geológicas: escudos  cris‐talinos, bacias  sedimentares e dobramentos modernos. 

Nos escudos pré-cambrianos apresentam disponibilidade de minerais metálicos (ferro, manganês, ouro, bauxita, etc) e por isso é muito explorada economicamente.

Nos escudos paleozóicos encontram-se os minerais não metálicos (cimento, gesso).

Nos dobramentos modernos, o terreno so-erguido pode conter qualquer tipo de minério.

Nas bacias sedimentares ocorrem fragmen-tos de minerais erodidos e sedimentos orgânicos que podem transformar-se em combustíveis fós-seis ( petróleo, carvão mineral e xisto betumino-so).

As principais reservas petrolíferas e carbo-níferas datam, respectivamente, das eras MESO-ZÓICA e PALEOZÓICA.

RELEVO NO BRASIL 

Para a compreensão do relevo brasileiro torna-se necessário a compreensão da estrutura geológica do território. Veja no mapa a seguir essa divisão geológica.

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Para a compreensão do relevo brasileiro torna-se necessário a compreensão da estrutura geológica do território. Veja no mapa a seguir essa divisão geológica.

Observando essa estrutura iniciamos a de-finição do nosso território.

Muito  antigo - pré-cambrianos – sofreu sucessi-vos períodos de desgaste possuindo altitudes mo-destas.

As bacias sedimentares da Amazônia e do Panta-nal têm formação no terciário e quaternário, ou seja, são modernas.

Classificação do relevo: 

Segundo Aroldo de Azevedo - conside-rou a altimetria como método par clas-sificar o relevo. Planaltos - acima de 200 m - 59% do país e planícies - abai-xo de 200 m de altitude - 41% do país.

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Segundo este autor o relevo do Brasil estaria divi-dido em 8 unidades de relevo

Planalto    Planícies 

Guinas Amazônica

Central Pantanal

Atlântico Costeira

Meridional Pampa

Segundo Ab´Saber o relevo do Brasil ficou divi-dido em 10 unidades de relevo

Jurandyr  Ross propôs em 1995 uma nova classifi-cação elaborada a partir da análise de imagens de radar obtidas com o Projeto RADAM BRASIL (1970 - 1985)

Considera-se, neste estudo, as cotas altimétricas para a delimitação dos compartimentos do relevo.

Planaltos - relevo acidentado com al-timetria acima de 300 m onde predo-mina a erosão;

Depressão - levemente acidentado com altimetria entre 100 e 500m;

Planície - terreno plano com altimetria inferior a 100 m onde o processo de deposição é predominante.

 

 

Segundo Ross o Brasil tem 28 unidades de relevo 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Planaltos sedimentares

1 Planalto da Amazônia ocidental

2 Planaltos e chapadas da bacia do Parnaíba

3 Planaltos e chapadas da bacia do Paraná

4 Planalto e chapadas dos parecis

Planaltos - estruturas cristalinas e do-bramentos antigos

5 Planaltos residuais norte amazônicos

6 Planaltos residuais sul amazônicos

7 Planaltos e serra atlântico leste-sudeste

8 Planaltos e serras goiás- minas

9 Planaltos residuais do alto Paraguai

10 Planalto da Borborema

11 Planalto sul rio grandense

Depressões

12 Depressão da amazônia ocidental

13 Depressão marginal norte amazônica

14 Depressão marginal sul-amazônica

15 Depressão do Araguaia

16 Depressão cuiabana

17 Depressão do alto Guaporé

18 Depressão do Miranda

19 Depressão sertaneja e do são Francisco

20 Depressão do Tocantins

21 Depressão periférica da borda leste da bacia do Paraná

22 Depressão periférica sul rio-grandense

Planície

23 Planície do rio amazonas

24 Planície do rio arguaia

25 Planície do rio Guaporé

26 Planície e pantanal mato-grossense

27 Planície da lagoa dos patos e mirin

28 Planície e tabuleiros litorâneos

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EXERCÍCIOS  

1. (Ufrs) A  queimada  nos  ecossistemas  campes‐tres do Brasil é uma prática a que os agricultores recorrem anualmente, como uma forma tradicio‐nal  de  gestão  agrícola  em  suas  propriedades. Com o decreto que institui a Lei de Crimes Ambi‐entais  no  País  (Lei  nr  9605/98),  esta  prática  é considerada  como  sendo  crime  ambiental passí‐vel de aplicação de multas. Em relação à queima‐da, são feitas as seguintes afirmações. 

I - Favorece a disseminação de micro-organismos no solo, possibilitando, assim, uma maior fertili-dade.

II - Diminui a biodiversidade dos ecossistemas campestres, comprometendo o desenvolvimento de uma série de espécies de gramíneas.

III - Favorece o rebrote acelerado das gramíneas palatáveis aos rebanhos, após sua ocorrência.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.

b) Apenas II.

c) Apenas I e II.

d) Apenas II e III.

e) I, II e III.

2. (Mackenzie) A partir da década de 60, o Nor‐deste passou a receber a ajuda do governo atra‐vés  de  incentivos  fiscais,  os  quais  não  provoca‐ram mudanças na sua estrutura porque: 

a) o campo não recebeu a devida atenção por parte dos fazendeiros, interessados apenas em usufruir diretamente os benefícios.

b) a nova indústria era voltada para a produção de insumos com destino às indústrias do Centro-Sul.

c) as antigas usinas açucareiras absorveram a ajuda do poder público, não diversificando, desta forma, os recursos que chegaram.

d) a agroindústria da Zona da Mata não facilitou a geração de novos empregos, dando continuidade às migrações já existentes.

e) a transformação do antigo trabalhador em assalariado promoveu o aparecimento de uma classe que passou a viver exclusivamente do poder público.

3. (Vunesp) Com  relação  ao  lixo doméstico pro‐duzido pela sociedade urbana do Brasil, é verda‐deiro afirmar:  

a) Um elevado porcentual da receita municipal provém da reciclagem.

b) A quase totalidade é constituída por plásticos, vidros e metais, facilmente decompostos em am-bientes anaeróbicos.

c) A maior parte é enterrada em aterros sanitários apropriados, o que elimina a possibilidade de contaminações.

d) As áreas onde o lixo é depositado são inóspitas devido à proliferação de animais transmissores de doenças.

e) Os aterros sanitários são fertilizados pelos resí-duos sólidos, enquanto os mananciais se benefici-am com o chorume.

4. (Fuvest‐SP)  As  afirmações  seguintes  relacio‐nam‐se  a  acordos  internacionais  ‐Rio de  Janeiro (1992) e Kioto  (1997)  ‐para  redução da emissão de gases que  intensificam o efeito estufa (gases‐estufa).  

I. Os Estados Unidos, destaque nas negociações, são o principal país a emitir gases-estufa devido ao grande volume de sua atividade econômica.

II. O Brasil propôs, no Rio de Janeiro, que um país possa comprar, de outro, parte da cota da emissão de gases-estufa.

III. Os acordos internacionais esbarram em inte-resses dos produtores de petróleo e de automó-veis.

IV. Os países, em Kioto, concordaram em diminu-ir, no início do século XXI, a emissão de gases-estufa.

Está correto apenas o que se afirma em:

a) I, II e III.

b) I, III e IV.

c) I, II, III e IV

d) II e IV.

e) II, III e IV

5. (EsSA)  Os  tipos  de  clima  que  apresentam  os maiores  e  os  menores  índices  pluviométricos anuais são, respectivamente, os seguintes: 

a) equatorial e tropical;

b) tropical e equatorial;

c) equatorial e subtropical;

d) subtropical e equatorial;

e) equatorial e semiárido.

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6. (EsSA) Os climas predominantes no Brasil são: 

a) Litorâneo Úmido e Subtropical

b) Equatorial e Tropical

c) Equatorial e Tropical Semiárido

d) Tropical e Subtropical

e) Litorâneo Úmido e Tropical Semiárido

7. Assinale  a  alternativa  correta  a  respeito  da estrutura  geológica  e  das  formas  de  relevo,  no território brasileiro. 

a) As áreas cristalinas estão relacionadas aos es-cudos e são de formação muito antiga. Rochas magmáticas, como o granito, e metamórficas, como o gnaisse, são comuns nesse Complexo Cristalino.

b) O Brasil não apresenta dobramentos terciários, como a cadeia andina, situada na porção ocidental da América do Norte. As altitudes são, em geral, modestas, devido à estabilidade geológica dos terrenos e à ação erosiva.

c) As chapadas são planícies cristalinas de super-fície aplainada, quase horizontal.

d) Em algumas regiões de contato entre estruturas sedimentares e cristalinas, comuns na região Su-deste, criam-se desníveis que recebem o nome de cordilheiras.

e) As serras do Mar, da Mantiqueira e do Espi-nhaço fazem parte do conjunto de planaltos e de serras da Amazônia.

8. Com  relação a Serra do Mar, assinale a alter‐nativa INCORRETA. 

a) É a borda oriental do planalto Atlântico, com escarpas de falhas voltadas para leste.

b) No Paraná, é um degrau entre o litoral e o pri-meiro planalto do interior.

c) As maiores elevações do Estado do Paraná aí se localizam, tais como Pico Paraná, Pico Caratuva, Pico Ferraria e outros.

d) A Serra do Mar no Paraná é recoberta por es-pécies da mata higrófila latifoliada, a Mata Atlân-tica.

e) A Serra do Mar não se restringe ao Sudeste e Sul do Brasil estendendo-se desde o Amapá até o Rio Grande do Sul.

9. Sobre a ação dos agentes externos na  forma‐ção  do  relevo  terrestre,  assinale  a  alternativa INCORRETA. 

a) A erosão eólica é mais intensa nas regiões ári-das.

b) Os agentes de erosão mais poderosos são os rios, que criam e aprofundam vales por meio da abrasão e da dissolução.

c) Erosão é o processo de remoção e transporte de sedimentos que ajudam a desgastar rochas; o principal agente ao longo dos últimos dez milhões de anos é a ação do Homem.

d) Os agentes de erosão selecionam sedimentos de tamanhos diferentes; assim, o vento carrega pe-quenas partículas, ao passo que uma geleira mo-vimenta fragmentos de todo tamanho, desde partí-culas minúsculas, até grandes blocos de rochas.

10. Sobre a ação dos agentes externos na forma‐ção  do  relevo  terrestre,  assinale  a  alternativa INCORRETA. 

a) A erosão eólica é mais intensa nas regiões ári-das.

b) Os agentes de erosão mais poderosos são os rios, que criam e aprofundam vales por meio da abrasão e da dissolução.

c) Erosão é o processo de remoção e transporte de sedimentos que ajudam a desgastar rochas; o principal agente ao longo dos últimos dez milhões de anos é a ação do Homem.

d) Os agentes de erosão selecionam sedimentos de tamanhos diferentes; assim, o vento carrega pe-quenas partículas, ao passo que uma geleira mo-vimenta fragmentos de todo tamanho, desde partí-culas minúsculas, até grandes blocos de rochas.

11. (EsSA)  Sobre  a  dinâmica  das  massas  de  ar brasileiras  podemos  afirmar  que  as  chuvas  de inverno no  litoral oriental do Nordeste e as gea‐das  no  Centro‐Sul  do  país  são  provocadas,  res‐pectivamente, pela: 

a) mTa e mPa;

b) mEa e mEc;

c) mPa e mTc;

d) mEa e mTa;

e) mTc e mTa.

12. (EsSA) O pico da Neblina, ponto  culminante do Brasil, está na fronteira do Brasil com a(o): 

a) Peru

b) Equador

c) Guiana

d) Colômbia

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e) Venezuela

13. Bacia hidrográfica é a área abrangida por um rio principal e sua rede de afluentes e subafluen‐tes. Sobre as bacias hidrográficas brasileiras e sua utilização, é correto afirmar: 

a) O potencial hidrelétrico da Bacia do Paraná é o mais aproveitado do país em função de sua pro-ximidade com o Centro-Sul, área de maior de-manda por energia elétrica.

b) A Bacia Amazônica caracteriza-se pelo predo-mínio de rios de planalto e hidrografia pouco densa; por isso, a navegação fluvial é inexpressiva na região.

c) A navegação na Bacia do Tocantins ocorre sazonalmente devido ao regime de intermitência de seus rios.

d) A Bacia do Uruguai possui a principal hidrovia que integra política e economicamente os países do Mercosul.

e) A Bacia do São Francisco sofre grande impacto em função da transposição de seu rio principal.

14. Sobre as matas de Araucária, assinale o que for correto. 

a) No estado do Paraná, ainda ocupam extensas áreas de solos orgânicos e de terra roxa no planal-to de Guarapuava.

b) O pinheiro-do-paraná é, atualmente, a principal matéria-prima da produção de papel, nos três estados do Sul do Brasil.

c) Na porção norte do Estado do Paraná, associ-am-se aos fundos de vale dos grandes rios, mais sombreados e frescos.

d) O pinho é uma madeira muito resistente, sendo um dos principais produtos de exportação do Paraná.

e) O pinhão é um produto extrativo natural dessa formação, sendo a gralha azul um elemento dis-persor das sementes das araucárias.

15. A  degradação  dos  solos  transforma  muitas regiões em desertos. Assinale a alternativa incor‐reta sobre os fatores diretamente causadores de degradação do solo. 

a) O controle biológico de pragas e a adubação orgânica.

b) O desmatamento e a consequente erosão dos horizontes do solo.

c) As queimadas, que destroem a matéria orgâni-ca.

d) A lixiviação de nutrientes provocada pela ação das chuvas sobre os solos desprotegidos.

e) A compactação do terreno provocada pela atividade pecuária.

16. Sobre os rios, seus elementos, erosão, trans‐porte e sedimentação fluviais, assinale a alterna‐tiva INCORRETA: 

a) Nas regiões que normalmente coincidem com o seu curso superior, onde a maior declividade do terreno acarreta maior velocidade das águas, a ação erosiva de um rio é menos intensa.

b) Os rios de planalto geralmente possuem grande força hidráulica e têm importância para a produ-ção de energia elétrica, fundamental para o desen-volvimento industrial.

c) As planícies de inundação ou aluvionais são formadas por ocasião das cheias dos rios.

d) As pequenas partículas de sedimentos, tais como silte e argila, são transportadas em suspen-são constituindo-se na carga de suspensão de um rio.

e) Dando-se as costas para suas nascentes, à direi-ta ficam as margens direitas e, à esquerda, as margens esquerdas.

17. (UFSC) A questão ambiental  tem‐se  caracte‐rizado  como uma das  grandes preocupações do mundo moderno. Muitos dos  recursos utilizados na produção industrial são extraídos diretamente da  natureza,  causando‐lhe  prejuízos  por  vezes incalculáveis. Hoje, é bastante corrente a reutili‐zação e/ou  reciclagem de muitos produtos, bem como  uma  maior  preocupação  com  medidas antipoluição, além de uma melhoria na educação, quando  se  refere  à  questão  do meio‐ambiente. Tudo  isso,  como  medida,  para  que  no  futuro possamos  ter  um  ambiente  propício  à  continui‐dade das atividades econômicas e principalmen‐te, viáveis à própria vida. 

Com relação a essa temática, é CORRETO afirmar que:

a) A preocupação com a degradação ambiental é legítima e oportuna, pois muitos recursos necessá-rios à vivência humana poderão se esgotar em pouco tempo.

b) A inquietação por questões ambientais é um exagero, fruto apenas de discussões de inúmeros grupos ecológicos radicais.

c) Com um sistema sócio-econômico voltado principalmente à produção de mercadorias, visan-do basicamente ao lucro, torna-se fácil, sob o

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capitalismo, a não degradação dos recursos natu-rais.

d) Não há problemas quanto aos recursos mine-rais, pois os estudos garantem, para qualquer caso (água, minérios, fontes de energia térmica) reser-vas suficientes para os próximos 500 anos.

e) Com a queda no processo de urbanização, di-minuirão, vertiginosamente, os problemas sócio-ambientais, tanto nas cidades quanto no meio rural.

18. O vento é o ar atmosférico em movimento e se forma pelas:  

a) sucessões do tempo.

b) diferenças na pressão atmosférica de um lugar em relação a outro.

c) diferenças de temperatura entre o mar e o con-tinente.

d) influências da latitude na umidade do ar.

e) instabilidades do tempo em áreas extensas.

19. Com  relação às massas de ar que atuam no Brasil:  

I. A Tropical Continental é a mais seca e ocorre, predominantemente, no período de verão.

II. A massa de ar Equatorial Continental, por for-mar-se sobre o continente nas proximidades do equador, é quente e extremamente seca.

III. A massa de ar Tropical Atlântica é gerada pelo mesmo anticiclone que dá origem aos ventos alísios de sudeste.

IV. O avanço das massas polares sobre a porção sul do continente se manifesta pela formação de frentes frias que, ao se deslocarem pelo interior, podem chegar até a região Amazônica.

Assim, é correto afirmar que:

a) Somente I é verdadeira.

b) Somente I e III são verdadeiras.

c) Somente II e III são verdadeiras.

d) Somente I, III e IV são verdadeiras.

e) Somente I e IV são verdadeiras.

20. No  Brasil,  a  variedade  de  climas  existentes está relacionada a diferentes fatores. Entre aque‐les considerados dinâmicos,  temos as massas de ar. Em virtude da grande extensão territorial que o Brasil possui, nosso país apresenta  cinco mas‐sas  de  ar  agindo  sobre  o  território,  cada  uma delas  apresentando  características  relativas  à 

temperatura e à umidade. Por exemplo: a Massa __________caracteriza‐se como __________.  

a) Equatorial Atlântica; quente e úmida

b) Equatorial Continental; fria e úmida

c) Tropical Atlântica; fria e seca

d) Tropical Continental; quente e úmida

e) Polar Atlântica; fria e seca

21. Um dos níveis das terras baixas amazônicas é a várzea que é considerada: 

a) a terra mais elevada, com constituição arenosa e inundada eventualmente.

b) o terraço fluvial mais característico da bacia com altitude inferior a cinco metros.

c) a planície verdadeira, com terrenos quaterná-rios, sujeita a inundações.

d) uma área pantanosa, com vegetação halófila e constituída de terras cristalinas.

e) um baixo platô terciário, nunca inundado, com vegetação rasteira.

22. Considere  os mapas  da  Região  Norte  apre‐sentados a seguir. 

Como pode-se observar, a extensão da planície amazônica é diferente para os dois geógrafos. Essas interpretações estão associadas a critérios diferentes.

São eles:

a) Aroldo de Azevedo - altitude de 0 a 100m;

Jurandyr Ross - altitude de 0 a 200m.

b) Aroldo de Azevedo - altitude de 0 a 200m;

Jurandyr Ross - processo de formação sedimentar.

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c) Aroldo de Azevedo - estrutura geológica crista-lina;

Jurandyr Ross - sucessão de processos erosivos.

d) Aroldo de Azevedo - estrutura geológica sedi-mentar;

Jurandyr Ross - altitude de 0 a 100m.

e) Aroldo de Azevedo - sucessão de processos erosivos;

Jurandyr Ross - sedimentação em fossa tectônica.

23. Sobre os agentes modificadores do  relevo é incorreto afirmar 

a) Os agentes modificadores ou exógenos atuam incessantemente sobre o relevo terrestre, e conse-guem modificar sensivelmente a paisagem geo-morfológica através dos processos de erosão e de sedimentação.

b) A decomposição química de certas rochas, provida pela ação lenta da umidade do ar, consti-tui o processo estático de erosão de maior eficiên-cia.

c) A erosão mecânica ou dinâmica manifesta-se pela desagregação das rochas produzidas pelas mudanças bruscas de temperatura, pelos ventos, chuvas, águas correntes e ondas do mar.

d) A desagregação mecânica das rochas sob o efeito de mudanças térmicas da atmosfera mani-festa-se com maior freqüência nas regiões de climas úmidos, onde as oscilações termométricas diurnas mostram-se acentuadas.

e) No processo de sedimentação, todo o material residuário fornecido pelos altos relevos é trans-portado e deposita-se no fundo dos mares ou, em distâncias menores, no sopé das cristas montanho-sas, nos fundos dos vales, nas margens dos rios etc.

24. Quanto  à  estrutura  geológica  do  Brasil,  po‐demos afirmar que: 

I - as formações geológicas cristalinas, consolida-das ao longo do Pré-Cambriano, possuem impor-tantes reservas de minerais metálicos;

II - os derrames vulcânicos ocorridos na era me-sozóica, no sul e sudeste do país, acabaram por originar solos de alta fertilidade conhecidos como terra roxa;

III - as bacias sedimentares, formadas na era ce-nozóica, apresentam grandes reservas minerais de manganês e estanho.

É(São) verdadeira(s) a(s) afirmativa(s):

a) I apenas.

b) I e II apenas.

c) I e III apenas.

d) II e III apenas.

e) I, II e III.

25. No  Brasil,  as  concentrações minerais  locali‐zadas  no  Quadrilátero  Ferrífero  e  em  Carajás formaram‐se na era geológica 

a) Pré-Cambriana.

b) Paleozóica

c) Mesozóica.

d) Cenozóica.

e) Quaternária.

26. Analise os Climogramas 

Os climogramas I e II correspondem, respectiva-mente, às áreas assinaladas no mapa com as letras

a) A e B.

b) A e D.

c) B e C.

d) C e D.

e) D e A.

27. O ar atmosférico está sempre em movimen‐to, na forma de massa de ar ou de vento. Se uma massa de ar possui características particulares de temperatura  e  umidade,  torna‐se  importante para  a  determinação  do  tempo  e  do  clima  de uma  área.  Dependendo  da  estação  do  ano,  as massas  avançam  para  o  território  brasileiro  ou recuam, o que vai determinar o clima. 

Observe o mapa representativo da ação das mas-sas de ar no Brasil, no verão e no inverno.

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Com base nas informações acima e em seus co-nhecimentos, é correto afirmar que

a) a Massa Equatorial Continental (mEc) - indica-da na figura pelo número 2 -, quente e úmida, com centro de origem na parte ocidental da Amazônia, domina, durante quase todo o ano, a porção noro-este dessa região.

b) a Massa Polar Atlântica (mPa) - indicada na figura pelo número 5 -, fria e seca, se origina na depressão do Chaco e abrange uma área de atua-ção muito limitada, permanecendo, durante quase todo o ano, em sua região de origem.

c) a Massa Tropical Continental (mTc) - indicada na figura pelo número 3 -, quente e úmida, origi-nária do Oceano Atlântico, nas imediações do trópico de Capricórnio, exerce enorme influência sobre o clima da parte litorânea do Brasil.

d) a Massa Equatorial Atlântica (mEa) - indicada nas figuras pelo número 2 -, quente e úmida, do-mina a parte litorânea da Amazônia e do Nordes-te, em alguns momentos do ano, e tem seu centro de origem no Oceano Atlântico.

e) a Massa Tropical Atlântica (mTa) - indicada na figura pelo número 4 -, fria e úmida, forma-se nas porções do Oceano Atlântico próximas à Patagô-nia. Atua mais no inverno, quando entra no Brasil como uma frente fria, provocando chuvas e queda de temperatura.

28. Numere a coluna da direita de conformidade com a da esquerda e, a seguir, assinale a alterna‐tiva que apresenta a sequência encontrada. 

CARACTERÍSTICAS

Possui a maior biodiversidade do planeta, apre-sentando três estratos: mata de igapó, várzea e terra firme.

1. Predomínio de espécies adaptadas ao clima temperado e assemelha-se, na densidade ve-getal, a um bosque.

2. Possui um estrato exposto à ação intensa de massas de ar provenientes do Oceano Atlânti-co.

3. Formações rasteiras constituídas por gramí-neas que atingem até 60 cm. Sua origem pode estar associada a solos rasos ou temperaturas baixas em regiões de altitudes elevadas.

TIPOS DE VEGETAÇÃO

( ) Mata Atlântica.

( ) Floresta Amazônica.

( ) Mata dos Pinhais.

a) 3 ; 2 ; 1. b) 3 ; 1 ; 4. c) 3 ; 2 ; 4. d) 3 ; 1 ; 2. e) 1 ; 3 ; 2. 

29. Em  relação  ao  domínio  morfoclimático  no Brasil  e  suas  características,  associe  a  segunda coluna  de  acordo  com  a  primeira  e,  a  seguir, assinale a alternativa com a sequência correta. 

DOMÍNIO MORFOCLIMÁTICO

1. Amazônico

2. Cerrado

3. Araucária

4. Mares de Morros

5. Caatinga

6. Pradarias

CARACTERÍSTICAS

( ) Predominância de solos ácidos e vegetação arbustiva e herbácea.

( ) Espaço subtropical com predomínio de vege-tação baixa, gramíneas e herbácea.

( ) Grande interferência da variação latitudinal do clima tropical e da proximidade atlântica. Vegetação original devastada em larga escala pela ocupação do território nacional.

( ) Vegetação homogênea, aciculifoliada, em área próxima ao trópico de Capricórnio.

( ) Solos rasos e pobres em matéria orgânica, com domínio da vegetação xerófila.

a) 2 ; 5 ; 1 ; 6 ; 3.

b) 4 ; 6 ; 1 ; 3 ; 5.

c) 2 ; 3 ; 4 ; 6 ; 5.

d) 4 ; 6 ; 5 ; 3 ; 1.

e) 2 ; 6 ; 4 ; 3 ; 5.

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1. D 2. B 3. D  4. C

5. E 6. B 7. A  8. E

9. C 10. C 11. A  12. E

13. A 14. E 15. A  16. A

17. A 18. B 19. D  20. A

21. C 22. B 23. D  24. B

25. A 26. B 27. D  28. D

29. B  

GABARITO

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Dinâmicapopulacionaleurbanização

 

Urbanização brasileira 

Considera-se errado falar de urbanização no Brasil durante a época colonial, quando ocor-reu na verdade um crescimento de cidades, pois a população rural cresceu tanto quanto a urbana, e às vezes até mais. A urbanização só começou a ocorrer de fato quando a indústria se tornou o setor mais dinâmico da economia, o que só acon-teceu no século XX.

Quando a economia nacional foi domi-nada pelas atividades primárias de exportação, como o açúcar ( século XVI e XVII), a mineração ( século XVIII), o café (de meados do século XIX até o século XX) e outras, a população urbana permaneceu mais ou menos estável, representada entre 8 e 10 % do total. Isso é facilmente explica-do pela predominância da força de trabalho no setor primário, pela quase inexistência do setor secundário ou industrial e pela pequena necessi-dade de mão de obra no setor terciário.

“ O índice de urbanização pouco se alte-rou entre o fim do período colonial até o final do século XIX e cresceu menos de quatro pontos nos trinta anos entre 1890 e 1920 ( passando de 6,8% a 10,7% ), foram necessários apenas vinte anos, entre 1920 e 1940, para que essa taxa triplicasse, passando a 31, 24%. A população concentrada em cidades passa de 4,552 milhões de pessoas em 1920 para 6 208 699 em 1940. “ (SANTOS, Mil-ton - A Urbanização Brasileira- 5 ed. – São Paulo- Editora da Universidade de SP.)

Com a industrialização, verificou-se uma urbanização intensa, ocorrendo aumento propor-cional dos empregos no setor secundário e no terciário. A percentagem da população urbana sobre o total da população brasileira passou de cerca de 16% em 1920 para 31% em 1940, 45% em 1960 e cerca de 86% em 2010. Afirma-se comumente que a urbanização brasileira não é decorrência direta da industrialização, pois esta não gera empregos em números suficientes para atender ao grande êxodo rural e provoca, assim, desemprego e subemprego em grandes escalas nas cidades. De fato, quando comparamos a urbaniza-ção do Brasil com a que ocorreu em outros países capitalistas desenvolvidos na época da revolução industrial, verifica-se que aqui o setor secundário absorveu menos mão- de obra. E também que o setor terciário se tornou hipertrofiado, pouco capi-talizado e com atividades de pequeno porte que

podem ser classificados como subemprego. Isso se aplica ao grande número de vendedores ambu-lantes, empregadas domésticas, guardadores e lavadores de carro nas ruas, etc.

Em parte isso se explica, porque, como vimos, a industrialização brasileira é do tipo tar-dia, tendo se iniciado apenas no final do século XIX e mediante importação de tecnologia e má-quinas dos países desenvolvidos. Essa tecnologia, geralmente poupadora de mão-de-obra, foi desen-volvida em países em que o crescimento demográ-fico há muito tempo declinou, paralelamente à urbanização que ocorreu no século XIX ( no caso do Reino Unido, desde meados do século XVIII). No Brasil, assim como em outros países de indus-trialização tardia, essa tecnologia importada agra-vou o problema desemprego e do subemprego, já que o declínio das taxas de natalidade é bem mais recente e menos acentuado que nos países em que ela foi elaborada.

Urbanização e Êxodo Rural 

É um equívoco comum, livros revistas e outras publicações, confundir urbanização com crescimento urbano, na realidade são dois proces-sos interligados, mas distintos. O crescimento urbano consiste na expansão das cidades e pode existir sem que, necessariamente, haja urbaniza-ção.

Esta só ocorre quando o crescimento ur-bano é superior ao rural, ou seja, quando há mi-grações rural-urbanas e a população das cidades aumenta proporcionalmente em relação à do cam-po.

Em alguns países desenvolvidos, como o Reino Unido, a urbanização já cessou, passando a haver apenas um limitado crescimento urbano, que decorre, em parte, do crescimento natural da população das cidades e, em parte, da imigração. Nesse país, a população urbana já chegou aos 92% do total e prevalece uma situação estável entre a cidade e o campo, com visível diminuição da migração rural- urbana, que, por vezes, chega a ser inferior à migração urbano-rural.

A urbanização, portanto, tem um limite, ponto final, ao passo que o crescimento das cida-des pode continuar indefinidamente. Um bom exemplo é Cingapura, Estado-Nação com uma única cidade e sem meio rural. Logo, sua popula-ção urbana é de 100%, mas existe crescimento urbano, ou seja, crescimento da população da cidade e, concomitantemente uma renovação urbana, não existe mais urbanização, visto que não há migrações do campo para a cidade.

GEO 03 EIXO 3: ESPAÇO URBANO BRASILEIRO

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O ritmo de crescimento da população ur-bana é 2,5 vezes superior ao da população rural, apesar das taxas de natalidade dos que habitam as cidades serem inferiores. Portanto, a elevação da população urbana, elemento responsável pelo processo de urbanização ainda em curso e de forma bastante intensa no mundo subdesenvolvi-do, é decorrente da transferência em grande quan-tidade da população do campo para a cidade.

De acordo com Milton Santos, os deter-minantes do êxodo rural são múltiplos, podendo ser:

de ordem política: nos períodos de guerras e revoluções; 

de ordem demográfica:  em países de  cres‐cimento demográfico maciço,  como a  Índia e a China; 

de ordem econômica: por causa do desequi‐líbrio econômico cada vez maior entre a ci‐dade e o campo. 

A queda mundial dos preços dos produ-tos agrícolas, o protecionismo de mercado, dos países desenvolvidos e, em certos casos, a meca-nização contribuíram para acelerar o processo de migração da população rural em direção às cida-des. Na América Latina, a estrutura fundiária concentradora constitui um fator relevante ao êxodo rural.

Causas do êxodo rural no Brasil:

a) busca de empregos com melhor remu-neração;

b) mecanização da produção rural;

c) fuga de desastres naturais (secas, en-chentes, etc.);

d) busca por acesso a educação para os filhos;

e) busca por acesso aos serviços urbanos (hospitais, transportes, etc).

Consequências:

aumento  do  desemprego  nas  cidades – o trabalhador do campo não tem as qualifica-ções exigidas pelo mercado de trabalho urba-no e, por isso, permanece desempregado ou ingressa no trabalho informal (ambulantes, vigilantes de carro)

aumento  da  ocupação  irregular  do  solo urbano  (favelas,  cortiços) – as cidades não estão preparadas para receber esse novo con-tingente humano e não faz os investimentos em infraestrutura para atender a demanda causando o aumento das áreas favelizadas;

estrangulamento  dos  serviços  urbanos (hospitais  e  escolas) – causam a redução da

qualidade do atendimento, isso quando a ci-dade consegue atender a todos o que, na atua-lidade, é uma raridade. Em todos os grandes centros os hospitais passam por uma crise de atendimento com falta de médicos, enfermei-ros, leitos e medicamentos.

Na educação se verifica que as escolas com excesso de alunos por sala de aula como consequência da falta de planejamento para aten-der as demandas geradas por esse movimento populacional.

Os municípios rurais também acabam sendo afetados pelo êxodo rural. Com a diminui-ção da população local, diminui a arrecadação de impostos, a produção agrícola decresce e muitos municípios acabam entrando em crise. Vários municípios brasileiros tiveram decréscimo popu-lacional devido ao êxodo para os centros regionais e regiões metropolitanas.

O fenômeno do êxodo rural causa no ur-bano duas faces bem distintas – nos municípios menores dependentes da atividade agrícola obser-va-se uma redução das atividades econômicas com perda da população mais jovem tornando-se municípios com um maior percentual de popula-ção idosa e nos municípios maiores – centros regionais e regiões metropolitanas – observa-se um crescimento desordenado com grande parcela da população imersa no trabalho informal e com a infraestrutura de serviços urbanos estrangulada devido ao crescimento acelerado dessas cidades.

O êxodo rural é uma realidade em todos os países do mundo, mas o que se vê como pro-blema não é a transferência da população rural para a cidade, mas a incapacidade do Estado em garantir qualidade de vida para essa população.

Texto complementar

O Meio Técnico- Científico ( Milton Santos- A Urbanização Brasileira) A fase atual, do ponto de vista que aqui nos interessa, é o mo-mento no qual se constitui, sobre territórios cada vez mais vastos, o que estamos chamando de meio técnico- cientifico, isto é, o momento histórico em que a construção ou reconstrução do espaço se dará com um crescente conteúdo de ciência, de técnicas e de informação. O meio natural era aquela fase da história na qual o homem escolhia da natureza aquilo que considerava fundamental ao exercício da vida e valorizava diferentemente essas condições naturais, as quais, sem grande modificação, constituíam a base material da exis-tência do grupo. O fim do século XVIII e, sobre-tudo, o século XIX vêem a mecanização do terri-tório: o território se mecaniza.

Podemos dizer, junto com Sorre (1948) e André Siegfried (1955), que esse é o momento ela criação do meio técnico, que substitui o meio

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natural. Já, hoje, é insuficiente ficar com esta última categoria, e é preciso falar de meio técnico-científico, que tende a se superpor, em todos os lugares, ainda que de modo desigual, ao chamado meio geográfico. Esse meio técnico-científico (melhor será chamá-lo de meio técnico científico-informacional) é marcado pela presença da ciên-cia e da técnica nos processos de remodelação do território essenciais às produções hegemônicas, que necessitam desse novo meio geográfico para sua realização. A informação, em todas as suas formas, é o motor fundamental do processo social e o território é, também, equipado para facilitar a sua circulação.

Isso nos obriga a distinguir dois períodos anteriores à fase atual da organização do territó-rio. Num espaço de tempo relativamente curto, o Brasil acelera a mecanização do território e en-frenta uma nova tarefa, isto é, a constituição, sobre áreas cada vez mais vastas, desse meio técnico-científico- informacional.

É apenas após a Segunda Guerra Mundial que a integração do território se torna visível, quando as estradas de ferro até, então desconecta-das na maior parte do País, são interligadas, cons-troem-se estradas de rodagem, pondo em contato as diversas regiões entre elas e com a região polar do país, empreende-se um ousado programa de investimentos em infraestruturas.

Ainda uma vez, uma nova materialidade de superpõe novos sistemas de engenharia aos já existentes, oferecendo as condições técnicas ge-rais que iriam viabilizar o processo de substitui-ção de importações para o qual todo um arsenal financeiro, fiscal, monetário, serviria como base das novas relações sociais (incluído o consumo aumentado), que iriam permitir mais uma decola-gem.

Redeehierarquiaurbana

 

Rede urbana e Hierarquia Urbana 

Rede urbana: é o sistema hierarquizado de cidades, dependendo todas de um centro maior, que comanda o espaço por ela polarizado.

São interligados pelas mesmas vias de co-municação, transportes, etc. É a projeção física do espaço, da hierarquia e da dinâmica existente entre as cidades. Essa hierarquia se expressa pela rede urbana apresentando as cidades com posição de polarização sobre as demais. O IBGE classifi-cou as cidades, considerando diversos aspectos em termos da oferta de bens e serviços. As cida-des pequenas possuem bens e serviços de consu-mos muito frequentes ( as principais necessidades ); as cidades médias os menos frequentes e as

cidades grandes bens e serviços de consumo raro. Assim as cidades mais desenvolvidas exercem influência sobre as outras de uma região ou até mesmo em todo país. No Brasil, a hierarquia ur-bana é assim estruturada:

o cidades globais: Rio de Janeiro e São Paulo

o metrópoles nacionais: RJ, SP, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife, For-taleza.

o metrópoles regionais: Belém, Manaus e Goiâ-nia.

o capitais regionais: Campinas, Sorocaba, Cuia-bá, Florianópolis e etc.

o centros regionais: Andradina, Frutal, Limoei-ro, Jacarezinho, Anápolis, Lins, Nova Fribur-go, etc.

o centros locais: Luziânia, Unaí, Santo Antônio do Descoberto.

o cidades locais: Xique-xique, Irecê, Hidrolân-dia.

o Observe o mapa da rede urbana (REGIC -2007 - IBGE)

As áreas metropolitanas representam um conjunto de espaços contíguos e integrados socio-economicamente a uma cidade central, com servi-ços públicos de infraestrutura comuns. Possuem planejamento integrado de seu desenvolvimento urbano, elaborado por um conselho deliberativo, nomeado pelo governo do estado. Tal Conselho Deliberativo é auxiliado por um Conselho Consul-

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tivo, formado por representantes de todos os mu-nicípios integrantes da área metropolitana. O IBGE considera Brasília, Goiânia, Manaus, como sendo metrópoles incompletas. As áreas metropo-litanas foram criadas em 1973, pelo Congresso Nacional mediante Lei Complementar e abrigam hoje cerca de 43.000.000 de habitantes (1/4 da população total).

RegiõesMetropolitanas

O processo de crescimento horizontal das cidades leva a ampliação da mancha urbana de forma contínua. Quando isso se dá em regiões mais dinâmicas economicamente, há um fenôme-no na geografia urbana que chamamos de conur‐bação que é o processo da união da malha urbana de dois municípios.

O que podemos observar com esse proces-so é que o planejamento urbano dos municípios não pode ser pensado isoladamente, quando muito o chefe do executivo deve ponderar o impacto da oferta de serviços como escola, saúde, tratamento de água, esgoto, coleta de lixo, transporte urbano, entre outros serviços, para decidir os investimen-tos futuros de modo a não perder receita para o município vizinho. Se ofertar um serviço de saúde e educação com qualidade superior ao vizinho haverá uma migração para o uso desses serviços.

Então como administrar nesses casos. Simples, planejar conjuntamente. Esse processo de planejamento dos serviços básicos de forma coordenada por vários municípios levou a forma-ção das regiões metropolitanas.

Atualmente, o país conta com 37 regiões metropolitanas e três regiões integradas de desen-volvimento, totalizando 482 municípios e o Distri-to Federal. Em 1973, o país contabilizava oito regiões metropolitanas, que somavam 113 muni-cípios.

A Lei Complementar nº 14, de 1973, esta-beleceu a noção de Região Metropolitana (RM), aplicando-a às nove principais aglomerações ur-banas do país, são elas:

1. São Paulo,

2. Rio de Janeiro,

3. Belo Horizonte,

4. Salvador,

5. Curitiba,

6. Porto Alegre,

7. Recife,

8. Fortaleza

9. Belém.

As regiões metropolitanas eram áreas ad-ministrativas formadas pelos maiores municípios do país e os municípios a eles conurbados.

Com o advento da Constituição de 1988 e a recuperação de uma maior autonomia dos esta-dos houve uma ampliação das regiões metropoli-tanas. Assim, a partir da década de 1990, outros critérios foram adotados que, além da população, passou a levar em conta a estrutura produtiva. Desse modo, o conceito de RM foi estendido para mais outras áreas, além das nove originais.

REGIÃO NORTE DO BRASIL 

Amapá Região Metropolitana de Macapá

Amazonas Região Metropolitana de Manaus

Pará Região Metropolitana de Belém

Região Metropolitana de Santarém

REGIÃO NORDESTE DO BRASIL

Alagoas Região Metropolitana de Maceió

Região Metropolitana do Agreste

Bahia Região Metropolitana de Salvador

Região Metropolitana de Feira de Santana

Ceará Região Metropolitana de Fortaleza

Região Metropolitana do Cariri

Maranhão

Região Metropolitana de São Luís

Região Metropolitana do Sudoeste Mara-nhense

Paraíba

Região Metropolitana de João Pessoa

Região Metropolitana de Campina Grande

Região Metropolitana de Patos

Região Metropolitana de Guarabira

Pernambuco Região Metropolitana do Recife

Rio Grande do Norte

Região Metropolitana de Natal

Sergipe Região Metropolitana de Aracaju

REGIÃO CENTRO‐OESTE DO BRASIL 

Goiás Região Metropolitana de Goiânia

Mato Grosso Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá

REGIÃO SUDESTE DO BRASIL 

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Espírito Santo Região Metropolitana de Vitória

Minas Gerais Região Metropolitana de Belo Horizonte

Região Metropolitana do Vale do Aço

Rio de Janeiro Região Metropolitana do Rio de Janeiro

São Paulo

Região Metropolitana da Baixada Santista

Região Metropolitana de Campinas

Região Metropolitana de São Paulo

Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte

REGIÃO SUL DO BRASIL 

Paraná

Região Metropolitana de Curitiba

Região Metropolitana de Londrina

Região Metropolitana de Maringá

Santa Catarina

Região Metropolitana de Chapecó

Região Metropolitana Carbonífera

Região Metropolitana de Florianópolis

Região Metropolitana da Foz do Rio Itajaí

Região Metropolitana de Lages

Região Metropolitana do Norte/Nordeste Catarinense

Região Metropolitana do Vale do Rio Itajaí

Região Metropolitana de Tubarão

Rio Grande do Sul

Região Metropolitana de Porto Alegre

Processodeurbanizaçãobrasileiro

 

Tipos de ocupação do espaço nacional 

Refere-se à maneira como a população se distribui no espaço nacional. Sabe-se que o processo de ocupação do nosso território foi do LITORAL para o INTERIOR.

Os fatores que mais contribuíram para a interiori-zação foram:

1. atividade pastoril no Vale do São Francisco, pois o gado não poderia ser criado junto aos cana-viais;

2. atividade mineradora com a ação de entradas e bandeiras;

3. conquista de novos territórios e fixação das fronteiras através de

tratados;

4. atividade cafeeira ou “Marcha do Café”;

5. frentes pioneiras “Marcha para o Oeste”;

6. colonização moderna no sul;

7. construção de Brasília;

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8. novas áreas de expansão agrícola na Amazônia (mais recente).

a) Áreas  Ecúmenas: são áreas favoráveis à ocupa-ção humana e, por isso, possuem elevada densida-de demográfica. No Brasil, estas áreas foram desenvolvidas em função do processo histórico. Cerca de 50% da população vive na faixa litorâ-nea, densidades acima dos 100 hab./km2. As mais ecúmenas são:

Zona da Mata Nordestina; 

Sul da Bahia; 

Áreas Metropolitanas; 

Zona da Mata Mineira; 

Áreas Coloniais do Sul; 

Sul de Minas Gerais. 

b) Áreas Mesocúmenas: são áreas razoavelmente favoráveis à ocupação humana. Daí, possuem uma ocupação intermediária, isto é, entre 40 a 100 hab/km2. Destacam-se como áreas mesocúmenas:

Faixa de terras que vai do PA até o Meio-Norte no Vale Médio do Parnaíba; Vale Médio do São Francisco;

Região Centro-Oeste, especialmente as regiões sudeste e sudoeste do MS e parte do GO.

c) Áreas  Anecúmenas: são áreas que apresentam dificuldade para a ocupação, seja naturais ou socioeconômicas e técnicas. São, geralmente, vazios demográficos ou de baixa densidade de-mográfica. No Brasil, possuem menos de 5 hab./km2:

Amazônia Ocidental;

Extremo Norte da Amazônia;

Pantanal Mato-grossense.

Importante: obviamente, que em função da tecno-logia moderna quase todas as áreas podem ser ocupadas independentemente das suas condições naturais.

Nos últimos 500 anos, a história ocidental foi (e ainda é) marcada por fortes movimentos migrató-rios, que exerceram grande influência na atual configuração da população de muitos países, bem como em suas economias, sociedades e cultura.

Mas o que será que desencadeia uma onda migra-tória? Quais motivos são mais importantes?

a) a pobreza;

b) crises econômicas;

c) instabilidade política;

d) catástrofes naturais;

e) conflitos;

f) perseguições religiosas ou políticas; e

g) guerras.

Formação das cidades e a constituição do espa‐ço urbano  

A cidade é a mais espetacular forma de transfor-mação do espaço geográfico elaborada pelas ati-vidades humanas. A cidade é uma forma de orga-nização espacial complexa e moderna que possui uma estrutura dependente do grau de desenvolvi-mento tecnológico e cultural aplicado. Hoje, é praticamente impossível imaginar a vida fora da influência urbana que dinamiza os níveis de urba-nização e elabora o espaço urbano.

A urbanização é o aumento proporcional da popu-lação urbana em relação à população rural, ou seja, ocorre quando o crescimento da população urbana é superior ao crescimento da população rural. Um país só é considerado urbanizado quan-do mais da metade da população reside em cida-des.

Urbanização e crescimento urbano 

A urbanização não corresponde ao crescimento das cidades em consequência do crescimento natural ou vegetativo de sua população. Ela ocorre a partir do êxodo rural, que proporciona à cidade um crescimento maior que o do campo. Quando a população urbana cresce em igual proporção ao crescimento da população rural, o que ocorre é o crescimento urbano. O crescimento populacional das cidades teoricamente não tem limites, ao con-trário da urbanização. Esta corresponde a um aspecto espacial ou territorial proveniente de modificações socioeconômicas. A Revolução Industrial, por exemplo, provocou profundas alte-rações espaciais e econômicas, acelerando o pro-cesso de urbanização na medida em que as dife-renças entre o campo e a cidade se aprofundavam, fazendo com que o meio urbano crescesse e pas-sasse a comandar o meio rural.

 

Urbanização: 

É o aumento percentual da população urbana em relação à população rural.

É a transferência de grandes contingentes popula-cionais do campo para a cidade.

Conceitos básicos:

Cidade: é toda sede de Município. Para tal, de acordo com a Lei Complementar n° 1, de 9 de novembro de 1967, são necessários os seguintes requisitos:

a) população superior a 10 mil habitantes ou não inferior a 5 milionésimos da população do estado;

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b) eleitorado que represente mais de 10% da po-pulação;

c) arrecadar, no último exercício, pelo menos milionésimos da arrecadação do estado;

d) possuir um centro urbano com mais de 200 casas.

Macrocefalismo: é o crescimento desordenado das cidades a partir de um núcleo central origi-nando problemas urbanos.

Conurbação: é o processo de sobreposição física e socioeconômica dos espaços de dois ou mais sítios urbanos resultante do macrocefalismo. A conurbação se dá pela fusão da malha urbana de dois municípios limítrofes.

Metrópole: é a cidade principal de um país (naci-onal) de uma região (regional), é assim considera-da em função da polarização que exerce sobre os espaços circunjacentes, devido aos seus equipa-mentos urbanos.

Megalópole: é uma vasta área urbanizada, resul-tante da conurbação entre duas ou mais Metrópo-les. Caracteriza-se pela intensa dinamização das atividades financeiras, industriais, políticas, co-merciais e técnicocientíficas. No Brasil, segundo o IBGE, ainda está em formação entre Rio e São Paulo.

Causas e consequências da urbanização no Brasil  

A rápida urbanização dos países subdesenvolvidos estabeleceu a criação dos enormes aglomerados urbanos desprovidos das mínimas condições de infraestrutura e saneamento básico, o que caracte-riza a expansão do macrocefalismo urbano mar-cado por graves problemas sociais de difícil solu-ção. As grandes cidades são vistas como “grandes berços de oportunidades”, funcionam como ímãs, que atraem os homens do campo, fugitivos da pobreza rural imposta pela concentração fundiá-ria, pela mecanização e pelo desemprego, chegam em busca de uma vida melhor e acabam aumen-tando os percentuais indicadores da miséria urba-na brasileira.

O desenvolvimento do capitalismo, apoiado nos níveis de industrialização e impulsionados pela força do mercado urbano, transformou a cidade no grande centro de comando da economia. A cidade subordinou o campo (veja o esquema do processo sanduíche) e estabeleceu uma divisão do trabalho segundo a qual o campo fica na responsabilidade de abastecer a cidade de alimentos e matéria-prima, recebendo em troca produtos industrializa-dos, máquinas, tecnologia e empréstimos de capi-tais.

CIDADE CAMPO CIDADE

Dita o que se produz no campo (soja, milho, cana)

Consome os produtos do campo

Produz matéria-prima e alimentos

Consome produtos industriais

Diz como se pro-duz no campo e no ritmo que a indús-tria produz.

Produzem pesqui-sas e fornecem máquinas, imple-mentos, insumos, etc

O maior desenvolvimento urbano e as transformações impostas às cidades alteram áreas rurais e urbanas e explicam o crescente esvazia-mento da população do campo, em favor das ci-dades.

Dentre as causas que levaram o Brasil a es-se rápido processo de urbanização, podemos citar:

Causas atrativas: Processo de industrialização a partir de 1930; atração exercida pela cidade sobre os habitantes no meio rural.

Causas repulsivas: êxodo rural, decorrente de transformações no campo, como a mecanização em algumas áreas; baixos salários e precárias condições de vida no campo; estrutura fundiária arcaica, favorecida pelo processo de concentração fundiária.

Observe os mapas seguintes da migração interna na segunda metade do Século XX.

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Consequências

A rapidez no processo de urbanização gerou um crescimento acentuado e desordenado (macrocefa-lismo urbano) das cidades. Aliado ao grande con-tingente populacional e à falta de emprego (resul-tado do não crescimento dos setores secundários e terciários no mesmo ritmo da urbanização), a urbanização trouxe para as cidades uma série de problemas como a especulação imobiliária, a submoradia, o favelamento, a carência de infraes-trutura urbana, a falta de espaços verdes e a vio-lência urbana, desemprego, subempregos, inchaço ou hipertrofia do setor terciário e explosão infor-mal.

Desigualdadesesegregaçãosócio‐espacial

O espaço urbano é capitalista por sua natureza. Não há nada que se possa dizer que é gratuito, pois quando é público é financiado pelos impostos e quando é privado é financiado pelos recursos dos particulares.

Parece obvia a afirmativa, mas é necessário dizer isso é para se ter a noção que o espaço urbano é um espaço de consumo, ou seja, o próprio espaço é mercadoria comercializada a preço elevado.

Desse modo, na cidade veficaremos os seguintes fenômenos urbanos: favelização, periferização, macrocefalismo, marginalismo, especulação imo-biliária, desemprego e/ou subemprego, deteriora-ção dos equipamentos urbanos.

O excesso de população, gerado pelo próprio crescimento vegetativo e reforçado pelas migra-ções forçou a estrutura básica de apoio à popula-ção como escolas, hospitais, postos de saúde, áreas de lazer coletivos, como praças e parques, entre outros serviços públicos.

O crescimento acelerado e a concentração no meio urbano dos cidadãos pobres que eram expul-sos do meio rural, devido a modernização da agri-cultura, gerou a necessidade de novos bairros, muitas vezes criados sem planejamento e sem infraestrutura, visando criar um alojamento para

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essas populações que não tinham os recursos para investir na aquisição de uma moradia em um bairro com a infraestrutura necessária a ocupação humana.

O reflexo desse crescimento é o surgimento de uma CIDADE FORMAL com toda infraestrutura urbana - coleta de lixo, ruas asfaltadas, agua, luz, esgoto, etc. e de uma CIDADE INFORMAL na qual a infraestrutura é incompleta ou inexistente.

Observe na fotografia da cidade do Rio de Janeiro que convivem, lado a lado, a favela (cidade informal) e o asfalto (cidade formal).

Esse é um dos principais aspectos da se-gregação espacial no meio urbano. Podemos ob-servar essa segregação também na presença e ausência dos equipamentos urbanos, em especial de saúde e lazer.

PlanejamentoeGestão‐PlanosDiretoreseEstatutoda

Cidade

O processo de urbanização acelerada ocor-rido nos países em desenvolvimento gerou um fenômeno comum que é o crescimento desorde-nado de bairros sem a infraestrutura necessária para a habitação humana.

Desse modo podemos notar que os pro-blemas urbanos não são novos. Em nosso cotidia-no podemos verificar que se proliferam as perife-rias longínquas e desprovidas de serviços e equi-pamentos urbanos essenciais; favelas, invasões, vilas e alagados nascem e se expandem. Ao olharmos em nossa cidade facilmente encontrare-mos bairros que podem enquadrar em um desses espaços listados anteriormente.

O adensamento e a verticalização do espa-ço urbano podem ser verificados com frequência. Essas mudanças do espaço urbano tem que ser

antecedido de planejamento que deve avaliar o impacto da verticalização no transito local, a exis-tência de serviços para a população que ficará mais adensada, existência de áreas para garagens nos shoppings e centros comerciais, etc. A avalia-ção antecede a autorização dos empreendimentos visando reduzir o impacto negativo de um proces-so desordenado e sem regulação do poder público.

É comum verificarmos cidades que estão tornando as ruas mais largas, duplicando vias de acesso, construindo viadutos e outras obras para reduzir o impacto do crescimento desordenado.

Outro fator negativo que podemos destacar é a poluição de águas, do solo e do ar que assume grandes proporções no meio urbano. A falta de coleta de lixo e a falta de consciência coletiva quanto ao manejo do lixo, seja com a seleção para a coleta seletiva ou a destinação correta do lixo para ao beneficiamento correto, evitando o depó-sito em lixões. A produção de lixo e esgoto supera em muito a capacidade instalada das cidades de realizar o manejo correto dos resíduos sólidos e o tratamento do esgoto.

Veja o mapa e gráfico a seguir:

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Podemos observar que os benefícios decor-rentes do processo de urbanização são historica-mente injustos, resultantes de décadas de descaso e falta de planejamento sobre o crescimento do espaço urbano. Com o crescimento desordenado e o processo de migração, muitas vezes, os novos bairros eram predominantemente ocupados por imigrantes gerando nos administradores incom-preensão do processo da mobilidade populacional. Pode-se falar até em preconceito e que os gestores públicos tiveram uma atuação privilegiada voltada apenas para alguns setores da cidade.

O quadro urbano atual se constitui em um dos maiores desafios deste século que é fornecer con-dições de moradia aos cidadãos.

Veja que há um déficit de moradia muito grande em todas as regiões do país. Como a falta de moradia atinge a população mais carente há uma proliferação de áreas com habitação em con-dições precárias.

Devido a realidade atual das cidades e a previsão na constituição, o governo lançou o Esta-tuto da Cidade que reúne importantes instrumen-tos urbanísticos, tributários e jurídicos que podem garantir efetividade ao Plano Diretor, responsável pelo estabelecimento da política urbana na esfera municipal e pelo pleno desenvolvimento das fun-ções sociais da cidade e da propriedade urbana, como preconiza o artigo 182 da CF/88.

O Estatuto da Cidade estabelece a gestão democrática, garantindo a participação da popula-ção urbana em todas as decisões de interesse pú-blico. Essa é uma forma da população contribuir para o crescimento das cidades de forma ordenada e fiscalizar o poder público para que não haja o beneficiamento que atenda a uma parcela da po-pulação. A participação popular está prevista e, através dela, as associações representativas - asso-ciações de bairros, movimentos sociais (Movi-mento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST, entre

outros) e dos vários segmentos da sociedade. O gestor público deve desenvolver as discussões e fomentar a participação popular em todas as eta-pas de construção do Plano Diretor – elaboração, avaliação – e na formulação, execução e acompa-nhamento dos demais planos, programas e proje-tos de desenvolvimento urbano municipal.

A regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população pobre também está prevista. Um dos maiores problemas levanta-dos pelo governo federal é a falta da regularização fundiária. Sem o documento de propriedade do terreno, a escritura pública, o morador não conse-gue o alvará para construção, fica sem acesso às linhas de crédito para financiamento da constru-ção entre outros benefícios que poderia ter acesso com a regularização fundiária. Diante desse pro-blema o governo criou o Ministério das Cidades.

A luta de intelectuais, lideranças sociais, pesquisadores, ONGs ligadas ao movimento ur-bano foi decisivo para a criação do Ministério das Cidades. Hoje esse órgão trabalha para apoiar os municípios a superar os principais problemas do setor de habitação, saneamento básico, transportes públicos, trânsito e a ocupação do solo urbano.

A complexidade para a realização do plano diretor levou a maioria dos municípios a não conseguirem cumprir o prazo, desse modo, o foco do ministério está também na capacitação de gestores públicos visando a implementação da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano e desenvolver ações de apoio ao setor público mu-nicipal e estadual

Plano diretor  

De acordo com a própria lei, é "o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana", obrigatório para municípios:

Com mais de vinte mil habitantes ou conurbados;

Integrantes de "área de especial interesse turístico" ou área em que haja atividades com significativo impacto ambiental;

Que queiram utilizar de parcelamento, edificação ou utilização compulsórios de imóveis.

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EXERCÍCIOS  

1. Julgue a alternativa INCORRETA

a) o processo de urbanização aumentava as demandas de eletricidade, com difusão dos bondes elétricos, da iluminação publica e das primeiras industrias.

b) A produção de energia no inicio do Séc. XX estava distribuída fundamentalmente entre os estados do Sudeste, do Sul e o nordestino Per-nambuco.

c) A industrialização balbuciante leva à constru-ção de usinas elétricas em todas as regiões do país, com a padronização das linhas de transmis-são e distribuição, que foi acompanhada por uma centralização estatal das empresas elétricas.

d) A construção da binacional Itaipu tinha por objetivo prover energia para o consumo residenci-al, dado o avanço da urbanização pós 1950.

e) A forte demanda energética no Sudeste e Sul, causada pela industrialização acelerada, e ao mesmo tempo a chegada inovadora dos modelos globais de aproveitamento hidrelétrico e a crise do petróleo nos anos 1970 foram decisivos para asse-gurar o processo de substituição da energia térmi-ca pela hidrelétrica.

2. (Fuvest-SP) Podemos afirmar que a rede urba-na no Brasil é

a) pouco densa no Sul, devido ao desenvolvimen-to agrícola baseado no minifúndio familiar, volta-do à produção de trigo para o consumo interno.

b) densa no Centro-Oeste, devido ao desenvolvi-mento agrícola baseado na produção de soja e trigo, constituindo uma hierarquia urbana comple-ta.

c) rarefeita no Nordeste, devido à migração da população para outras regiões do país, que ofere-cem oportunidades de trabalho.

d) pouco densa no Norte, apresentando uma estru-tura hierárquica incompleta, apesar dos investi-mentos estrangeiros em infra-estrutura urbana, a partir de 1970.

e) densa no Sudeste, devido à bem desenvolvida infra-estrutura de transporte e ao número de cida-des, viabilizando um sistema de fluxos de merca-dorias e de pessoas.

3. (PUC-MG) São causas do acentuado êxodo rural no Brasil, exceto:

a) o avanço do modo de produção capitalista no campo, com grande produtividade, tecnologia e mecanização.

b) a melhor qualidade de vida encontrada nos grandes centros urbanos, pela oferta ampla de trabalho.

c) as atividades industriais, comerciais e de servi-ços serem basicamente urbanas, fragilizando a estrutura rural.

d) o empobrecimento do camponês em função da expansão das grandes propriedades rurais.

e) o desequilíbrio estrutural entre a oferta de mão-de-obra e de empregos no campo.

4. (EsSa) A maior concentração de Unidades Federadas no território brasileiro ocorre na região:

a) Norte

b) Nordeste

c) Sudeste

d) Centro–Oeste

e) Sul

5. (Ceeteps-SP) No Brasil, em curto intervalo de tempo, as cidades se transformam, residências são substituídas por comércio ruas e avenidas são construídas ou alargadas, e os edifícios se multi-plicam. Entretanto, algumas cidades brasileiras têm história diferente, ou seja, foram inicialmente "planejadas".

O exemplo brasileiro mais típico é Brasília, mas podemos ainda citar:

a) Goiânia (GO) e São Luís (MA).

b) Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR).

c) Belo Horizonte (MG) e Goiânia (GO).

d) Palmas (TO) e São Luís (MA).

e) Campo Grande (MS) e Curitiba (PR).

6. (VUNESP) Segundo a hierarquia urbana, as cidades mais importantes de um país, que coman-dam a rede urbana nacional, estabelecendo áreas de influência, correspondem aos (às): a) centros regionais b) cidades-dormitórios c) metrópoles nacionais d) capitais regionais e) metrópoles regionais

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7. Sobre o processo de modernização da agricul‐tura brasileira, é correto afirmar: 

a) a introdução de infraestruturas produtivas na exploração de borracha torna os rendimentos atingidos em São Paulo superiores àqueles verifi-cados na Amazônia.

b) no Nordeste, a introdução de inovações técni-cas na agricultura permitiu a formação de extensa área contínua de modernização, integrando a pro-dução da fruticultura do vale do São Francisco à zona produtora de grãos do Oeste Baiano.

c) o surgimento de áreas modernizadas de produ-ção de cana-de-açúcar no interior de São Paulo gerou um abandono dessa cultura no cinturão histórico da Zona da Mata nordestina.

d) as frentes pioneiras no Brasil contemporâneo associam-se, sobretudo, à ocupação plena da regi-ão Sul, graças aos acréscimos técnicos ali realiza-dos nos últimos dez anos.

e) a diminuição da área plantada de café e a sua expansão da fronteira para áreas mais afastadas das grandes metrópoles resultaram em uma dis-persão espacial da sua produção para além da Região Concentrada do país.

8. Analise  as  afirmativas  abaixo  sobre  grandes estruturas geomorfológicas do  território brasilei‐ro e, a seguir, assinale a alternativa correta. 

I. Na atualidade não há dobramentos modernos no Brasil, entretanto, no passado geológico os movi-mentos orogenéticos fizeram surgir dobramentos especialmente próximo à faixa litorânea do país.

II. As plataformas, crátons, ou escudos cristalinos, abundantes no território brasileiro, são decorren-tes da solidificação do magma, conseqüentemente, formados por rochas sedimentares com grande possibilidade de extração de minerais metálicos.

III. Os espaços das bacias sedimentares não coin-cidem necessariamente com as unidades morfoló-gicas das planícies. Um exemplo desse fato é a grande bacia sedimentar amazônica na qual apa-rece, numa estreita faixa, a planície do rio Ama-zonas.

IV. As formações geológicas mais recentes do território brasileiro são as bacias sedimentares da era cenozóica, no período quaternário, a exemplo do espaço ocupado pelo Pantanal matogrossense.

a) Somente a I, a II e a III estão corretas.

b) Somente a I, a III e a IV estão corretas.

c) Somente a II, a III e a IV estão corretas.

d) Somente a I, a II e a IV estão corretas.

e) Todas estão corretas.

9. Sobre a ação das massas de ar na composição dos sistemas atmosféricos e a dinâmica climática do Brasil, é correto afirmar: 

a) a massa Equatorial Continental é quente e seca, nasce na região amazônica e é responsável pelos invernos secos no interior do país.

b) o centro do país possui um clima tropical típi-co, com duas estações bem definidas: verão úmi-do, fruto do deslocamento para o norte da zona de convergência intertropical, e inverno seco.

c) o encontro das massas Tropical Atlântica (quente e úmida) e Polar Atlântica (fria e úmida) gera no litoral brasileiro diminuição de temperatu-ra e chuvas frontais, especialmente nos Estados do Sudeste e sul do Nordeste.

d) ao longo de todo o ano, uma corrente da massa Polar Atlântica sobe pelo “corredor” do Pantanal e gera o fenômeno da Friagem no semi-árido nor-destino, fazendo baixar a temperatura local.

e) uma barreira orográfica ao longo da faixa lito-rânea do país faz com que a chuva de relevo man-tenha uma maior umidade na margem ocidental, ao passo que no lado oriental o vento chega seco.

10. Sobre a inserção do Brasil no mundo globali‐zado é incorreto afirmar: 

a) o desemprego estrutural, ou tecnológico, que se faz presente no mundo inteiro, ampliado pelo processo de globalização, também atinge o Brasil.

b) o modelo neoliberal é um pressuposto político para a realização da globalização econômica, nesse sentido pode-se afirmar que as práticas do governo de Fernando Collor de Melo foram de-terminantes para a inserção do Brasil nessa fase mais avançada do capitalismo mundial.

c) as privatizações que ocorreram no Brasil, espe-cialmente na década de 1990, confirmam a inter-nacionalização do Estado com a penetração de capitais estrangeiros inclusive em áreas estratégi-cas.

d) a mundialização do capitalismo ao final do século XX permitiu o acesso de diversos países no sistema de trocas mundiais, esse fato ampliou o número de parceiros comerciais do Brasil.

e) a globalização, entendida como intensificação de fluxos materiais e imateriais na escala mundial, exclui a participação do Brasil, pois ela depende de um ambiente com grande infra-estrutura técni-ca e produção científica de ponta para se realizar.

11. Sobre  o  processo  de modernização  da  agri‐cultura brasileira, é correto afirmar: 

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a) a introdução de infraestruturas produtivas na exploração de borracha torna os rendimentos atingidos em São Paulo superiores àqueles verifi-cados na Amazônia.

b) no Nordeste, a introdução de inovações técni-cas na agricultura permitiu a formação de extensa área contínua de modernização, integrando a pro-dução da fruticultura do vale do São Francisco à zona produtora de grãos do Oeste Baiano.

c) o surgimento de áreas modernizadas de produ-ção de cana-de-açúcar no interior de São Paulo gerou um abandono dessa cultura no cinturão histórico da Zona da Mata nordestina.

d) as frentes pioneiras no Brasil contemporâneo associam-se, sobretudo, à ocupação plena da regi-ão Sul, graças aos acréscimos técnicos ali realiza-dos nos últimos dez anos.

e) a diminuição da área plantada de café e a sua expansão da fronteira para áreas mais afastadas das grandes metrópoles resultaram em uma dis-persão espacial da sua produção para além da Região Concentrada do país.

12. Analise as afirmativas abaixo acerca do pro‐cesso de urbanização no Brasil e, a seguir, assina‐le a alternativa correta. 

I. A partir da década de 50 do século passado, estabelece-se uma tendência à aglomeração da população em cidades com mais de 20 mil habitantes, conduzindo a um processo de urbanização concentrada e posterior metropo-lização.

II. As regiões metropolitanas, criadas em 1972, tem, no Brasil do século XXI, grande importância administrativa, mas pequena atratividade demo-gráfica, sendo responsáveis por percentuais infe-riores a 20% da população nacional, uma marca da interiorização da nossa urbanização.

III. O processo de desmetropolização, em curso no Brasil, reflete a busca por qualidade de vida nas pequenas cidades e leva a um decréscimo demográfico nas metrópoles.

a) Somente I está correta.

b) Somente II está correta.

c) Somente I e III estão corretas.

d) Somente I e II estão corretas.

e) Todas as afirmativas estão corretas.

1. D 

2. E 

3. E 

4. B 

5. C 

6. C 

7. A 

8. B 

9. C 

10. E 

11. A 

12. C 

GABARITO

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EvoluçãoeorganizaçãodoespaçonoBrasilprimário‐

exportador

Prezado estudante, através da análise do mapa acima, você pode perceber que o território brasileiro praticamente triplicou durante a união ibérica (1580-1640), quando os portugueses avan-çaram além da linha de Tordesilhas, que dividia as possessões portuguesas e espanholas. O avanço além da linha do tratado possibilitou a ocupação efetiva do território em nome da coroa portuguesa que, durante o período da união ibérica, era exer-cido pela mesma pessoa. Era um só rei e dois reinos. Dom Filipe II de Espanha reinava na Es-panha desde 1556 e passou a reinar também em Portugal a partir de 1580, com o nome real de D Felipe I. A sucessão de D Felipe durará por três reinados até que em 1640 foi restaurada a inde-pendência do reino de Portugal quando acendeu ao trono português a casa de Bragança.

Toda ocupação realizada pelos "brasilei-ros" durante o reinado Felipino em Portugal foi a base para garantir a posse do território utilizando o dispositivo do UTI POSSIDETIS.

Povoamento no século XVII e XVIII  

Durante o século XVII, a economia açuca-reira se desenvolveu e passou a ocupar maiores áreas, ao mesmo tempo em que desenvolveu-se a

pecuária, como atividade complementar. No final do século temos as primeiras ocorrências de ouro. Nos séculos XVII e XVIII, ocorreu um maior povoamento do interior, com as bandeiras, a mi-neração, a penetração pelo vale do rio Amazonas e a expansão no Vale do São Francisco e no sertão do Nordeste. Mas a maior parte da população continuou próxima ao litoral, ocorrendo de fato a formação de “ ilhas” de povoamento no interior. Algumas “ ilhas” duraram pouco tempo, esvazi-ando-se em função do esgotamento das jazidas de ouro e diamantes na região das minas gerais.

Ao analisarmos o povoamento no século XVII percebemos que o território brasileiro pouco mudou em relação ao território do século XIX. Porém as atividades econômicas tornaram-se mais diversificadas, destaca-se a ocupação do interior do território, principalmente com a mineração e a presença da pecuária no sul do país, neste caso para a produção de carne, e ao mesmo tempo abastecendo a região sudeste.

Bandeirantismo 

Ocorreu basicamente no século XVIII e foi motivada pela busca de metais preciosos e , sobre-tudo, pela caça de indígenas para serem vendidos como escravos. Movimento de penetração para o interior com origem, principalmente, em São Paulo e contribuiu para a expansão dos domínios territoriais portugueses no continente.

As bandeiras adentravam ao território com diversas finalidades:

Bandeiras  de  apresamento - capturar in-dígenas para o trabalho na lavoura como escravos. Durante o domínio espanhol houve falta de mão-de-obra devido a interrupção do tráfico de escra-vos. Os holandeses ocuparam diversas colônias portuguesas, entre elas o Brasil e possessões na África. O tráfico de escravos para o Brasil foi direcionado para a região sob domínio holandês.

 

Bandeiras  de  monções - visavam abaste-cer os núcleos de ocupação do interior do territó-rio. É intitulado bandeiras de monções devido utilizar os rios como vias de acesso e isso ocorria durante o período das cheias.

 

Bandeiras  oficiais  ou  Entradas - eram ex-pedições organizadas pelo governo em busca de conhecer o território e encontrar as sonhadas ri-quezas minerais na colônia.

Atenção! É muito comum a banca exami-nadora associar o crescimento demográfico às bandeiras. Porém, segundo William Vicentini, do

GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO

Utti Possidetis ou uti possidetis iuris é um princípio de direito internacional segundo o qual os que de fato ocupam um território possuem direito sobre este.

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ponto de vista do povoamento, o bandeirantismo foi uma atividade despovoadora, pois extermina-ram um enorme número de índios que não queri-am virar escravos. Porém serviu de base para o conhecimento sobre as terras interioranas, que foram importantes para a penetração posterior rumo ao oeste.

Povoamento nos séculos XIX e XX 

As áreas localizadas ao sul do trópico de Capricórnio tornaram-se efetivamente povoadas a partir do século XIX, com a chamada colonização moderna, feita por imigrantes, especialmente colonos alemães, italianos e eslavos.

A imigração no Brasil teve início em 1530 com a chegada dos colonos portugueses, que vieram para cá com o objetivo de dar início ao plantio de cana-de-açúcar. Durante todo período colonial e monárquico, a imigração portuguesa foi a mais expressiva.

Nas primeiras décadas do século XIX, imi-grantes de outros países, principalmente europeus, vieram para o Brasil em busca de melhores opor-tunidades de trabalho. Compravam terras e come-çam a plantar para sobreviver e também vender em pequenas quantidades. Aqueles que tinham profissões (artesãos, sapateiros, alfaiates, etc.) na terra natal abriam pequenos negócios por aqui.

No começo da década de 1820, muitos imigrantes suíços (primeiros imigrantes não por-tugueses) se estabeleceram na cidade de Nova Friburgo (estado do Rio de Janeiro). Neste mesmo período os alemães começaram a chegar à Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Estes imigrantes passaram a trabalhar em atividades ligadas à agri-cultura e pecuária.

Já os italianos, que vieram em grande quantidade para o Brasil, foram para a cidade de São Paulo trabalhar no comércio ou na indústria. Outro caminho tomado por eles foi o interior do estado de São Paulo, para trabalharem na lavoura de café que estava começando a ganhar fôlego em meados do século XIX.

Já os japoneses começaram a chegar ao Brasil em 1908. Grande parte destes imigrantes foi trabalhar na lavoura de café do interior paulis-ta, assim como os italianos.

Imigração Alemã 

Imigração Italiana 

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Imigrantes Japonês 

Bairro da Liberdade localizado no estado de São Paulo 

Frentes Pioneiras 

A principal atividade econômica que serviu de base a esse pioneirismo foi a cultura do café. Por causa do aumento das exportações, do crédito bancário facilitado para novas plantações, e do esgotamento dos solos de algumas áreas, o café originou uma verdadeira marcha. Esse percurso ficou conhecido como “marcha  do  café” e criou uma série de novas cidades em áreas até então pouco povoadas.

Existia uma preocupação do governo em ocupar o interior e ampliar a presença nessa por-ção do território. Para melhor gerir o território a partir da década de 40, século passado, o governo federal, o qual era liderado por Getúlio Vargas, iniciou uma intervenção na administração do território com a criação dos Territórios Federais. Esse tipo de intervenção na gestão territorial só teve fim com o advento da constituição de 1988 quando os últimos territórios foram incorporados ou elevados à condição de estados.

A partir de 1940, teve início o movimento de ocupação do Brasil central, do chamado Cen-tro-Oeste, no início favorecido pela Estrada de Ferro Noroeste, que chegou até Corumbá. Com a

construção de Brasília (1956-1960), e de estradas ligando essa cidade a outras, o crescimento popu-lacional tornou-se mais intenso nessa região. Pos-teriormente, a partir dos anos 1970, houve novo impulso na ocupação do Brasil central por causa do aproveitamento agrícola das áreas de cerrado com o cultivo da soja e a criação de gado.

 

A Conquista da Amazônia 

Foram as missões religiosas dos séculos XVII e XVIII que iniciaram esse processo. A ação catequizadora dos missionários era acompanhada de tropas de resgate portuguesas, que visavam caçar indígenas para escravizá-los.

De 1870 a 1910, ocorreu a fase da borracha Amazônica, que deu novo impulso à ocupação da região. Com o declínio das exportações desse produto, por causa das plantações de seringueiras na Ásia e, depois, da fabricação borracha sintética (petróleo), a prosperidade declinou e em certas áreas chegou haver refluxo. Nas últimas décadas, especialmente a partir de 1970, vem ocorrendo um aumento na ocupação da Amazônia brasileira, agora por causa da presença de minérios (ouro, ferro e etc), e da derrubada da floresta Amazônica para o estabelecimento da agricultura (principal-mente cultivo da soja) ou da pecuária extensiva de corte (para exportação de carne). Foi um prolon-gamento da ocupação do Brasil central.

OBS: Hoje o crescimento populacional no Norte e no Centro-Oeste do país tem sido muito grande, bem superior à média nacional.

 

As últimas delimitações de fronteiras 

  Questão de Palmas 

A questão de Palmas, território situado en-tre o sudoeste do Brasil e o nordeste da Argentina (que hoje constitui o oeste do Paraná e de Santa Catarina, também conhecido Iguaçu), foi solucio-nada em 1895. Os dois países disputavam esse território de 35 431 km2 rico em ervais (a planta da erva-mate), e que começou a ser mais intensa-mente explorado na segunda metade do século XIX. Para sorte do Brasil, na época a Argentina vivia enorme crise política (de 1889 a 1895 ocor-reram quatro mudanças de presidente do país e dos seus ministérios) e, ao mesmo tempo, Teatro Municipal de Manaus confrontava o Chile por causa de uma disputa de fronteiras muito mais problemática. Em 1895, a opinião pública e as tropas argentinas estavam mobilizadas contra o Chile. Brasil e Argentina decidiram recorrer à arbitragem do presidente dos Estados Unidos, que, após estudar as reclamações de ambos os lados (e também os argumentos do Chile, que

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intercedeu a favor do Brasil), acabou decidindo que o território de Palmas deveria pertencer ao Brasil.

 

 

Questão do Amapá 

A questão do Amapá, que opôs o Brasil à Guiana Francesa (colonizada pela França), tam-bém foi resolvida por meio de arbitragem interna-cional, dessa vez realizada pela Suíça. As autori-dades suíças, escolhidas de comum acordo pelos dois lados em litígio, decidiram em 1900 que essa área, que corresponde aproximadamente à metade do atual estado do Amapá, deveria continuar a fazer parte do Brasil.

Questão do Acre 

Quanto ao Acre, a disputa principal foi com a Bolívia, que reclamou da invasão da parte leste do seu território por seringalistas brasileiros.

Durante alguns anos as tropas bolivianas e brasileiras, em ação conjunta, tentaram expulsar dessa área. os seringalistas, mas, após muitas lutas, eles se rebelaram e declararam a indepen-dência do Acre em 1902.

Brasil e Bolívia - e também o Peru, que te-ve um pequeno trecho do seu território invadido pelos seringalistas, reuniram-se em 1903 e assina-ram o Tratado de Petrópolis, segundo o qual essa

área passou a fazer parte do território brasileiro. O Brasil indenizou a Bolívia e o Peru em cerca de 2 milhões de libras esterlinas, a moeda internacional mais valorizada na época, e se comprometeu a construir a Ferrovia Madeira-Mamoré para esco-amento e exportação da borracha através dos portos de Manaus e Belém.

Questão do Pirara 

O último grave problema fronteiriço no contorno terrestre foi a questão do Pirara, que opôs o Brasil à Guiana Inglesa, na época colônia do Reino Unido e hoje país independente denomi-nado Guiana. Ocorreu uma disputa sobre uma área de 22 015 km2 ao redor do lago de Pirara, na Amazônia, e uma arbitragem internacional, reali-zada pelo governo italiano, decidiu que a maior parte desse território (12950 km2) ficaria sob domínio da Guiana Inglesa e outra parte (9 065 km2 ), com o Brasil.

Descrição geral 

O Brasil é o quinto maior país do mundo em área descontínua: tem 5,7% das terras emersas e ocupa 48% da América do Sul.

Se forem consideradas apenas as áreas contínuas, ele passa a ocupar a 4ª (quarta) posi-ção, já que os Estados Unidos possuem dois terri-tórios externos: Havaí e Alasca.

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Está localizado na porção centro-oriental do subcontinente sulamericano (entre os paralelos de 5º16' de latitude norte e 33º44' de latitude sul, e entre os meridianos de 34º47' e 73º59' de longitu-de oeste), com seu litoral banhado pelo oceano Atlântico.

Como o Brasil tem o formato aproximado de um gigantesco triângulo, mais precisamente de um coração, sendo mais extenso no sentido leste-oeste do que no sentido norte-sul. Entretanto, como essas distâncias são quase iguais, costuma-se dizer que o Brasil é um país equidistante.

Distância Leste-Oeste: (em linha reta) 4.328 km.

Distância Norte-Sul: (em linha reta) 4.320 km.

 

Localização 

Nosso país é cortado ao norte pela Linha do Equador, que atravessa os estados do Amazo-nas, Roraima, Pará e Amapá e pelo Trópico de Capricórnio que passa pelos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, aos 23º27’30" de latitude sul.

Faz fronteira com quase todos os países sul-americanos. Somente não tem fronteira com o Equador e o Chile. Ao norte faz fronteira com a Guiana, Guiana Francesa, Suriname e a Venezue-la; a noroeste com a Colômbia; a oeste com o Peru e a Bolívia; a sudoeste com o Paraguai e a Argentina; e ao sul com o Uruguai. Toda a sua extensão nordeste, leste e sudeste são banhados pelo Oceano Atlântico.

O espaço geográfico do Brasil é considera-do privilegiado, já que nosso território é quase inteiramente aproveitável, não apresentando de-sertos, geleiras ou cordilheiras - as chamadas áreas anecúmenas - que impossibilitam a plena ocupação do território, como ocorrem com a mai-or parte dos países muito extensos da Terra.

Coordenadas geográficas do Brasil 

O Brasil está situado entre os paralelos 5°16’19” de latitude norte e 33°45’09” de latitude sul e entre os meridianos 34°45’54” de longitude leste e 73°59’32” de longitude oeste.

O país é cortado ao norte pela Linha do Equador e ao sul pelo Trópico de Capricórnio; por isso, possui a maior parte do seu território situado no hemisfério sul (92%) e na zona tropical (93%).

Altitudes 

De modo geral, as altitudes do território brasileiro são modestas. O território não apresenta grandes cadeias de montanhas, cordilheiras ou similares formados nos períodos mais recentes. O ponto mais elevado no Brasil é o Pico da Neblina, com cerca de 3.114 m de altitude.

Fronteiras do Brasil 

O Brasil tem 23.086 km de fronteira, sendo 15.791 km terrestre e 7.367 km marítima.

Marítimas 

O litoral estende-se da foz do rio Oiapo-que, no cabo Orange, ao norte, até o arroio Chuí, no sul. A linha costeira do Brasil tem uma exten-são de 7.491 km, constituída principalmente de praias de mar aberto.

Terrestres 

Com exceção de Equador e Chile, os de-mais países da América do Sul fazem fronteiras com o Brasil, sendo as mais extensas com a Bolí-via e Perun, e menos extenso com o Suriname, maior parte com o Pará e apenas 593 km 25 no leste com o Amapá.

Pontos Extremos 

Os pontos extremos do território brasileiro são:

Ao norte, a nascente do Rio Ailã, no Mon-te Caburaí, Estado de Roraima (5º 16’ de latitude norte), na fronteira com a Guiana;

Ao sul, o Arroio Chuí no Rio Grande do Sul (33º 45’ de latitude sul), fronteira com o Uru-guai;

O extremo leste da parte continental do Brasil é a Ponta do Seixas, em João Pessoa, na Paraíba (34º 47’ de longitude oeste); porém, as ilhas oceânicas de Fernando de Noronha, Atol das Rocas, arquipélago de São Pedro e São Paulo, Trindade e Martim Vaz ficam ainda mais a leste, sendo o extremo leste absoluto do território brasi-leiro uma ponta sem nome na Ilha do Sul do ar-quipélago de Martim Vaz, a cerca de 28° 50’ de longitude oeste;

A oeste, a serra da Contamana ou do Divi-sor, no Acre (73º 59’ de longitude oeste), na fron-teira com o Peru.

O Brasil tem uma área total de 8.514.876 km² que inclui 8.456.510 km² de terra e 55.455 km² de água.

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A maior parte de seu clima é tropical, em-bora apresente uma zonas possa ser classificadas como temperadas.

Deste modo, o Brasil é o país mais extenso da América do Sul. É ainda o terceiro das Améri-cas e o quinto do mundo: apenas a Rússia (com 17.075.400 km²), o Canadá (com 9.970.610 km²), a República Popular da China (com 9.517.300 km²) e os Estados Unidos da América (com 9.372.614 km²) têm maior extensão.

Devido ao fato de apresentar tão grande extensão territorial, o Brasil é considerado um país continental, ou seja, um país cujas dimensões físicas atingem a proporção de um verdadeiro continente, sendo que seu território ocupa 1,7% da superfície do globo terrestre, 5,7% das terras emersas do planeta Terra, 20,8% da superfície do continente americano e 47,3% da superfície da América do Sul.

Mapa físico do Brasil – destaque para os pontos extremos

N: LN 5°16’20” e LnO 60o 12’43” na nas-cente do Rio Ailã/monte Caburaí em Roraima.

S: LS 33°45’03” e LnO 53o 23’48” no ar-roio Chuí no Rio Grande do Sul.

L: LS 07°09’28” e LnO 34o 47’30” na ponta do Seixas/Cabo Branco na Paraíba.

O: LS 07°33’13” e LnO 73°59’32” na nas-cente do Rio Moa/serra de Contamana no Acre.

Observação:

L – latitude

Ln – longitude

Modernizaçãodaeconomiaedesenvolvimentoregional

Com o advento da independência pouco houve de mudança para a realidade econômica brasileira. Éramos uma nação com perfil econômico de co-lônia. Nossa preocupação estava voltada a abaste-cer o mercado externo sem, contudo desenvolver o mercado interno.

Continuamos um império, escravagista e sem um projeto de modernização e integração da econo-mia interna.

Algumas décadas depois, com a ascensão inglesa como potência hegemônica capitalista tornou-se necessário abandonar a importação de escravos, começar a substituir a mão-de-obra cativa por trabalhadores livres e repensar a economia nacio-nal, que teria que ter pelo menos a capacidade de abastecimento de bens de consumo mais simples, uma vez que os países que os exportavam já não tinham tanto interesse assim nesse comercio.

Surgiram algumas indústrias locais e o processo de industrialização se iniciou lentamente, uma vez que o Estado continuava a fomentar o setor agrá-rio-exportador. A essa modernização forçada da economia somou-se a urbanização no Brasil que gerou novas necessidades. As cidades que cresci-am necessitavam de novos produtos gerando, desse modo, novas possibilidades de investimen-tos. A urbanização criou as condições necessárias para a industrialização.

Quando tratamos do processo de industrialização traçamos uma linha do tempo para definir as fases do processo, realizando um comparativo com as revoluções industriais ocorridas na Europa e EUA.

Primeira RI Segunda RI  Terceira RI

De 1750 a 1930

Desde a liberação da produção de panos grossos e a siderurgia para atender a região das minas até a conformação da indústria.

De 1930 a 1980.

É a fase da mo-dernização da economia que passa de agrário-exportadora para urbano-industrial.

Após 1990 - fase da abertura da economia e inser-ção da indústria nacional no cenário de produ-ção globalizada.

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Observe a tabela abaixo com a evolução de nossa industrialização 

Número de estabelecimento industriais e de operários no Brasil segundo a época da fundação das empresas (1849-1920)

Época da funda-ção

Nº de estabeleci-mentos industriais

Nº de operários

Até 1849 35 2.929

De 1850 a 1854 16 1.177

De 1855 a 1859 8 1.094

De 1860 a 1864 20 775

De 1865 a 1869 34 1.864

De 1870 a 1874 62 6.019

De 1875 a 1879 63 4.230

De 1880 a 1884 150 11.715

De 1885 a 1889 248 24.369

Total até 1889 636 54.172

Total até 1920 13.569 293.673

A primeira revolução é caracterizada pela consti-tuição da classe operária e o desenvolvimento da indústria de bens de consumo.

Brasil: Tipos de indústrias em 1920 e sua participação no valor da produção

Tipo de indústria Participação no valor da produção

Indústria de alimentação 40,2%

Indústria têxtil 27,6%

Indústria de vestuário e objetos de toucador

8,2%

Indústria química e análogas 7,9%

Outros Grupos 16,1%

No Brasil, as bases da industrialização mo-derna foram lançadas na década de 1930, com a implantação da indústria de base durante o gover-no de Getúlio Vargas. A consolidação desse pro-cesso se deu nas décadas de 1950 e 1960, passan-do pelo governo JK que atraiu investimentos in-ternacionais.

Mudanças estruturais na economia brasileira

Taxas anuais de crescimento

Anos Agricultura Indústria

1920-29 4,1% 2,8%

1933-39 1,7% 11,2%

1939-45 1,7% 5,4%

Dessa forma, desencadeou-se um quadro de modernização de toda a economia, que elevou às cidades a posição central na vida econômica brasileira.

Por outro lado, a modernização também atingiu as atividades agrárias, gerando desempre-go e miséria nas zonas rurais, o que levou um grande contingente populacional do campo em direção às cidades. A modernização da agricultura - revolução verde - permitiu aos fazendeiros, que viam esse setor passar por um longo tempo de crise, a retomar a produção a partir do incentivo governamental e da necessidade de alimentos gerado pelo crescimento das cidades e da popula-ção absoluta do país.

É necessário lembrar que a partir do go-verno Vargas o incentivo ao campo foi reduzido ou, pelo menos, não houve mais o esforço do Estado em garantir ganhos aos fazendeiros. Essa foi uma política anterior, conhecida como política do "Café com Leite", na qual os grupos ligados à economia agrária dominava o poder político.

Com a modernização da agricultura, mar-cado pela mecanização e reestruturação desse setor, com a subordinação do campo a cidade, foi marcado por intensas migrações, tanto no sentido do campo para as cidades, como também as mi-grações intra-regionais que levavam grandes con-tingentes de trabalhadores para as metrópoles que nasciam naquele momento histórico. O principal fluxo migratório era em direção dos estados e regiões de economia agrária para o Sudeste indus-trializado.

Apesar de haver uma modernização da economia, de termos atingido níveis de cresci-mento anual do PIB, o processo de modernização da economia brasileira era excludente, gerava riquezas que eram concetradas com uma minoria da população e, até os dias de hoje, não permitiu à superação da pobreza e das desigualdades sociais. O que se pode observar é que modernização apro-fundou as desigualdades já existentes, que tem origem em um passado distante, marcado pela concentração dos bens produtivos (terras), pela dificuldade em se criar condições de acesso a estes bens (lei de terras de 1850), uso do trabalho escravo e pela resistência em abolir essa forma de mão-de-obra do nosso meio.

Assim como discutimos na atualidade a questão da inserção das minorias, devemos tam-bém discutir e apoiar iniciativas de inclusão soci-al, transferência de renda, reforma agrária e desa-propriação de bens que não cumprem a função social, seja no campo ou na cidade, pois, em nossa sociedade, o discurso de garantias individuais presentes na CF/88 está apoiado em um pensa-mente que foi gerado em uma sociedade que de-fende a concentração de renda. O sucesso de um

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sujeito está medido pela capacidade deste em concentrar riquezas e o Estado passa a proteger o direito deste cidadão. Fruto da defesa desse pen-samento são as constantes transferências de recur-sos que o governo faz em prol de alguns grupos econômicos como justificativa de apoio ao desen-volvimento de alguns setores econômicos.

Apesar da expansão das camadas médias que observamos nos últimos anos, que apresenta ainda com um ganho de poder aquisitivo pelas classes médias baixas, contribuíram para a ex-pansão do mercado consumidor e garantir a conti-nuidade do crescimento econômico que se verifica nos últimos anos. Contudo a diferença de rendi-mentos entre ricos e pobres é hoje vem caindo lentamente. Veja o mapa a seguir com coeficiente de Gini no mundo.

O índice Gini é calculado comparando os rendimentos dos 20% mais ricos do país com os rendimentos dos 20% mais pobres. O Índice de Gini do Brasil de 2010 com base em 2009 é de 0,539 o que demonstra que nosso país tem uma alta concentração de renda. Comparando a evolu-ção de Brasil com a implementação das políticas de inclusão e uma política de recuperação do poder de compra do salário mínimo podemos ver que o índice Gini do Brasil vem caindo lentamen-te ao longo das duas últimas décadas, com a aber-tura da economia do governo Collor, pelo período da estabilização da moeda iniciado no governo Itamar, das mudanças administrativas de respon-sabilidade fiscal, inicio da implementação das políticas de transferência de renda para as cama-das mais pobres e as privatizações do governo Fernando Henrique, a ampliação dos programas de transferência de renda e retomada do investi-mento público voltado a fomentar a economia e o consumo interno desenvolvida no governo Lula. Em 1991 era de 0,6366; em 2005 =0,552; em 2009 = 0,544

O processo concentrador gerou o fenôme-no urbano da metropolização. As duas maiores

cidades brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro, consideradas pelo IBGE como metrópoles glo-bais, lideram há décadas o ranking das localidades que mais contribuem para o produto interno bruto do país, em virtude, sobretudo, da concentração espacial histórica de grandes empresas e das sedes dos bancos.

Com a ampliação da pesquisa, prospecção e produção de petróleo, nos últimos anos, alguns pequenos municípios entraram no ranking das cidades que mais contribuem para a formação do PIB nacional. Com a atividade petroleira alguns municípios desbancaram as capitais de alguns estados no que diz respeito à participação no PIB.

Em meio à revolução tecnocientífica e à intensificação do processo de globalização, as grandes metrópoles nacionais começaram a ganhar destaque como centros concentradores de empresas intensivas em tecnologia e como locais da sede de companhias de ramos tradicionais.

Esse processo de concentração da atividade produtiva, que é denominada economia de escala, se dá por reunir em um mesmo espaço as condi-ções favoráveis a produção - infraestrutura, ener-gia, mão de obra, matéria prima, mercado consu-midor, capital, meios de comunicação e transpor-te. Assim, verificamos que esse efeito passa as ocorrer no espaço geográfico brasileiro.

Esse fenômeno gerará, em um espaço de tempo, o aumento dos custos de produção, a cha-mada DESECONOMIA DE ESCALA. Isso ocor-re devido a organização da mão-de-obra em sindi-catos que levam a ganhos salariais, o aumento de impostos para garantir os serviços básicos, au-mento da violência, aumento dos custos com terrenos, trânsito engarrafado, distancia entre o local de moradia do trabalhador e o local de traba-lho entre outros fatores. Devido à redução das vantagens produtivas os novos investimentos são planejados para outras regiões levando a descon-centração espacial das fábricas. Essa desconcen-tração foi beneficiada pela modernização dos setores de transportes e comunicações.

Veja a tabela a seguir com a participação no PIB nacional para cada estado/região

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Veja que a desconcentração das atividades produ-tivas e a inclusão social fez com que as regiões periféricas ganhassem espaço e participação na produção da riqueza nacional.

Regionalizaçãoeplanejamentoterritorial

O território nacional 

Nação, do latim natio, de natus (nascido), é a reunião de pessoas, geralmente do mesmo grupo étnico, falando o mesmo idioma e tendo os mes-mos costumes, formando, assim, um povo, cujos elementos componentes trazem consigo as mes-mas características étnicas e se mantêm unidos pelos hábitos, tradições, religião, língua e consci-ência nacional. Ou seja, a nação é uma coletivida-de política.

Obs: A nação brasileira apresenta expres-siva diversidade cultural, que decorre da formação histórica da sociedade.

O Estado é uma comunidade política que se caracteriza pela existência de um poder sobera-no, ou seja, trata-se da organização do poder polí-tico. O poder do Estado e os direitos dos cidadãos são exercidos no interior do território brasileiro. Seus limites são as fronteiras nacionais, que sepa-ram o Brasil dos países vizinhos. O poder do Estado-Nação contemporâneo ergue-se sobre os conceitos de soberania e propriedade.

A propriedade confere os direitos de uso e venda que são exercidos na esfera econômica.

A Constituição é um contrato entre a nação e o Estado. Esse contrato define os princípios e as leis que regulam a via política: as liberdades fun-damentais, os direitos e deveres dos cidadãos, as atribuições dos governantes e dos representantes do povo.

A Soberania é a possibilidade que tem o Estado de usar do poder, limitado somente pelas condições da política interna e obrigações contra-tuais para com outras nações. A soberania confere o poder de mando, que se exerce na esfera políti-ca. O Estado exerce a soberania sobre o conjunto do território, mas a propriedade parcelar da terra está distribuída entre particulares. Outros concei-tos:

a) Autoridade moral considerada como su-prema; poder supremo, irresistível.

b) Os direitos anexos ao soberano ou sobe-rana.

Obs: A soberania de um Estado não se cir-cunscreve apenas ao território terrestre.

As fronteiras fixas e lineares são criações humanas, da esfera da política. As linhas de fron-teiras internacionais dos mapas políticos delimi-tam o território dos Estados-Nação.

As fronteiras do Brasil estendem-se numa extensão de 23.086 quilômetros e são compostas por uma seção terrestre de 15.719 quilômetros e uma marítima de 7.367 quilômetros.

Território é o espaço geográfico submetido a um poder central ou, mais precisamente, a área de validade de um conjunto de normas. Ou seja, o território nacional é o espaço, limitado por fron-teiras, no qual se exerce a soberania do Estado brasileiro, expressa na Constituição e nas leis que dela derivam.

A Federação apoia-se na autonomia relati-va de suas unidades políticas, que têm o direito de elaborar as próprias leis, desde que atendam aos princípios da Constituição Federal.

Um país para ser governado é dividido em unidades administrativas de modo a garantir a universalização da ação do Estado que busca o bem comum da sociedade.

A Constituição brasileira estabelece a divi-são do país em estados e estes em municípios e esta divisão estabelece a base para a administra-ção do país que se organiza nos níveis municipais, estaduais e federal.

A União reúne os estados e o distrito fede-ral sendo governado por um presidente que repre-senta o poder executivo. O poder legislativo é bicameral e é representado pelo Senado e Câmara

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dos Deputados. O terceiro poder é o judiciário e é representado pelos tribunais (STJ e STF)

Os estados são uma herança das antigas capitanias do período colonial e imperial e que após a proclamação da república em 1889 passa-ram a ser denominados estados. Hoje, devido o país ser uma República Federativa os estados gozam de certa independência, tendo até mesmo a sua Constituição, mas não podem se separar da federação. O estado tem constituído três poderes, o executivo, comandado pelo governador, o legis-

lativo, formado pela assembleia legislativa e o judiciário, formado pelos tribunais e comandado pelos desembargadores.

O município, que se confunde com cidade, é outro nível da administração brasileira. Tem os poderes do executivo, representado pelo prefeito e do legislativo, representado pela câmara dos vere-adores.

Este nível da administração tem grande importância devido a comandar diretamente os fatos locais que garantem à população o acesso

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aos bens e serviços necessários ao bem comum, bem como ser o articulador do desenvolvimento local.

O Brasil é um país de dimensões continen-tais e apresenta grandes diversidades regionais. Mesmo tendo 92% de seu território dentro da zona intertropical o país apresenta diferentes cli-mas, solos, hidrografia e desenvolvimento socioe-conômico.

Com o objetivo de programar o desenvol-vimento do país e buscando diminuir a diferença entre os mais diversos pontos do Brasil foi plane-jado políticas de desenvolvimento regional. Para aplicar estas políticas o país foi dividido em regi-ões que diferenciam com o tempo.

As regiões brasileiras são em número de cinco, conforme o mapa abaixo, e confundem-se com os limites dos estados que a compõem.

Fonte: IBGE

Ao observar os mapas da evolução da di-visão regional, apresentada anteriormente, pode-mos verificar que as políticas regionais iniciaram em 1940 quando o governo de Vargas implemen-tou uma forte política nacionalista que se segui-ram nos governos posteriores, sempre buscando aplicar políticas de desenvolvimento regional.

Para conseguir desenvolver suas políticas regionais o governo buscou integrar as regiões levando-se em conta as suas características fisio-gráficas e socioeconômicas. As potencialidades regionais foram levantadas e com uma política de desenvolvimento regional foi implementado di-versos projetos visando conseguir desenvolver as regiões e conseguir um melhor equilíbrio entre as diversas regiões.

Ao observar os mapas da evolução da di-visão regional, apresentada anteriormente, pode-mos verificar que as políticas regionais iniciaram em 1940 quando o governo de Vargas implemen-tou uma forte política nacionalista que se segui-ram nos governos posteriores, sempre buscando aplicar políticas de desenvolvimento regional.

Para conseguir desenvolver suas políticas regio-nais o governo buscou integrar as regiões levan-do-se em conta as suas características fisiográficas e socioeconômicas. As potencialidades regionais foram levantadas e com uma política de desenvol-vimento regional foi implementado diversos pro-jetos visando conseguir desenvolver as regiões e conseguir um melhor equilíbrio entre as diversas regiões.

O desequilíbrio regional é fruto de um processo histórico aliado à integração do país na economia mundial. O modelo primário exportador permitiu, durante a história, passarmos por ciclos econômi-cos que estabeleceram nas regiões economias locais que se integravam diretamente ao exterior:

Nordeste: economia do açúcar, algodão e cacau.

Norte: Amazônia - economia da exploração do látex (borracha)

Centro‐Oeste: pouco explorada e ocupada - é uma expansão da economia do ciclo do ouro

Sul: economia agrícola baseada na produção de charque. Essa foi uma região que se integrou com a economia interna, abastecendo a região sudeste durante o ciclo do ouro.

Sudeste: essa região tornou-se a região central na economia do país por apresentar diversos ciclos econômicos sucessivos. Quando uma atividade econômica entrava em crise era sucessivamente substituída por uma nova atividade econômica. Os ciclos que levaram o SE a se tornar a região cen-tral do país foram: ciclo do ouro, ciclo do café, ciclo da indústria. Com a industrialização ampliou a urbanização e a formação das metrópoles que concentraram os principais serviços: sistema fi-nanceiro, universidades e centros de pesquisa, sedes das grandes empresas, em especial as multi-nacionais.

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Regiões Brasileiras 

REGIÃO SUDESTE 

Composta pelos estados de São Paulo, Rio de janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, repre-senta a região mais importante do país. Concentra a maior parte da população, da produção industri-al e do poder político. Devido às caraterísticas históricas desenvolveu-se em função dos seguin-tes fatores:

Ouro: descoberto no fim do século XVII tornou-se de grande importância para a colônia no século XVIII, o que viabilizou a transferência da sede do poder político de Salvador para o Rio de Janeiro que aí permaneceu até a década de 50 do século passado quando a capital do país foi trans-ferida para Brasília.

A descoberta do ouro proporcionou grande fluxo de imigrantes em busca das minas e também do nascimento de vários centros urbanos como Vila Rica, atual Ouro Preto. Nesta época houve grande interiorização da população que antes se fixava no litoral. Esta interiorização valeu para desenvolver diversas atividades subsidiárias das minas e o nascimento de diversas atividades com-plementares nas novas cidades o que fez surgir a classe média formada por funcionários do gover-no colonial, militares, comerciantes e profissio-nais liberais.

Poder político: desde a transferência da se-de administrativa da colônia para o Rio de Janeiro o poder decisivo desta e posteriormente do gover-no imperial e republicano ficou concentrado no Rio de Janeiro. Lá se instalou a corte e todas as decisões eram emanadas do Rio de Janeiro para o restante do país.

Poder econômico: anteriormente consegui-do pela exploração do ouro o poder econômico da região foi sendo substituído sucessivamente pelo café, que tem seu auge no segundo reinado, e depois pela produção industrial. Com a indústria de substituição de importações a região foi bene-ficiada por diversos motivos dentre eles pela exis-tência de um mercado consumidor representado pelas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo já bem desenvolvidas, pela infraestrutura existente como bancos, portos, estradas e ferrovias, pela mão-de-obra especializada representada pelos imigrantes europeus que se fixaram na cidade e pelo capital disponível vindo da atividade cafeeira que estava em crise.

Desenvolvimento técnico-científico: desde o período colonial esta região foi beneficiada pela instalação de unidades educacionais que desen-volveram a sua mão-de-obra. Com uma melhor educação e em tempos mais recentes pela instala-ção de grandes universidades a região pode de-senvolver um bom número de centros de pesqui-sas e institutos tecnológicos que abrigam boa parte da produção científica do país. Devido a apresentar um bom nível de desenvolvimento socioeconômico a região foi escolhida para ser sede das multinacionais que se instalaram no país após a década de 50.

Concentração do poder financeiro: a con-centração inicial das sedes do sistema financeiro nacional, quando a capital era sediada na cidade do Rio de Janeiro, permitiu concentrar no SE as principais sedes de bancos e das bolsas de valores. Com a fusão da bolsa do RJ e bolsa de SP os negócios e as decisões econômicas passam a estar concentrados em SP.

Nesta região estão os principais portos, Santos em SP e Tubarão no ES, Sepetiba no RJ, os principais aeroportos e estradas. Também se concentra na região a melhor infraestrutura de comunicação e a sede dos principais sistemas de comunicação.

REGIÃO SUL 

Composta pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul é a região com menor número de estados e a que ocupa menor área no país. Tem característica especial na sua incorporação ao país, enquanto as demais foram ocupadas pela exploração da grande unidade pro-dutiva rural, esta região foi ocupada por imigran-tes em pequenas unidades produtivas familiares.

Tendo grande participação de imigrantes e uma economia voltada para a produção de gado pouco se atraiu o escravo negro. Também tem grande relevância a participação dos jesuítas por-tugueses na incorporação de terras ao nosso terri-tório, principalmente no oeste da região.

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Devido às suas características climáticas esta região proporcionou a produção de produtos característicos de climas mais amenos, mas desta-ca-se na produção de soja (com destaque para o PR e RS), trigo (PR com 62% da produção nacio-nal), milho (com destaque para o PR), fumo (des-taque para RS 45% da produção nacional e SC) e arroz (RS 29% da produção nacional).

Após a década de 70 do século passado certos produtos como o arroz, soja, trigo e algo-dão vêm crescendo a produção na região CO e esta produção acompanha o fluxo migratório ocorrido da região Sul para o CO com o incre-mento das novas fronteiras agrícolas.

Tem grande expressão na produção de suí-nos (região N-NE do RS, SW do PR e Oeste de SC) e ovinos (60% do rebanho nacional, sendo que o RS produz 98% da lã nacional)

Além de sua importância na produção agropecuária a região Sul também tem uma boa expressividade industrial, principalmente após o processo da desconcentração industrial que garan-tiu novo impulso para o setor secundário na regi-ão.

Nos últimos anos, após a implementação do MERCOSUL, tem ganhado constantes inves-timentos na área industrial e novas montadoras que se instalaram no país escolheram esta região como base. A política desencadeada pelos gover-nadores de estados, GUERRA FISCAL, é uma consequência desta nova realidade que possibili-tou uma pequena descentralização da indústria no país.

REGIÃO NORDESTE 

É composta pelos estados da Bahia, Sergi-pe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão. É a região com o maior número de estados, num total de nove, esta região apresenta grande disparidades intra-regionais, principalmente, entre o interior e o litoral.

Foi a primeira região a receber povoamen-to efetivo e também a primeira que representou desenvolvimento econômico expressivo. Com o Tratado de Tordesilhas a região NE pertencia a Portugal e uma vez que esta não apresentou ne-nhuma riqueza mineral a sua exploração foi pen-sada de modo a proporcionar a produção de pro-dutos tropicais para o mercado europeu.

A implantação do PLANTATION para a produção da cana-de-açúcar fez com que esta região apresentasse grande importância econômi-ca no período colonial.

Foi alvo de invasões estrangeiras devido a sua riqueza e berço de diversas revoltas causadas pela insatisfação da situação de exploração im-

plantado na região. Abrigou a capital da colônia até o século XVIII quando esta foi transferida para o Rio de Janeiro.

Devido as suas características climáticas sofre sucessivas secas que influenciam na manu-tenção da qualidade de vida dos seus habitantes. A seca passou a ser utilizada politicamente para garantir a manutenção da oligarquia rural no po-der. A luta para a convivência com a seca permi-tiu, devido a estrutura política, criar a Indústria da Seca. Com a indústria da seca, a oligarquia rural conseguiu se manter no poder devido ao chamado voto de cabresto. Tudo isso, aliado ao efeito eco-nômico da seca, mantem a região com grande desigualdade social e intra-regional, além de abri-gar uma população dependente das ações inclusi-vas do governo, como a ajuda monetária represen-tada pela bolsa família, bolsa escola, etc.

A sua indústria está concentrada no litoral, principalmente, nas cidades de Salvador, Recife e Fortaleza. Esta indústria veio para o NE com o incentivo da SUDENE (criada em 1958 no gover-no de Kubitschek e foi o primeiro órgão de plane-jamento macrorregional). A indústria incentivada pela SUDENE é controlada pela indústria do SE. Neste período houve um grande incremento in-dustrial estendendo até década de 70 com uma política de empréstimos subsidiados e incentivos fiscais proporcionados pelos governos.

Outra característica do NE é a concentra-ção da maior parte da população no litoral, prin-cipalmente, nas grandes cidades.

A região não é homogênea e apresenta grandes diferenças intra-regionais. Existem nessa região áreas mais industrializadas, outras com agricultura moderna e outras ainda com agropecu-ária tradicional e pouquíssimo desenvolvimento costuma-se dividir o NE brasileiro em 4 principais sub-regiões de acordo com as suas características físicas e socioeconômicas (do litoral leste para o interior) vide mapa a seguir:

ZONA DA MATA ou LITORAL ORIENTAL: 

Estende-se desde o RN até a BA.

Área de clima tropical úmido.

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Concentra a maior parte da população do NE, registrando elevadas densidades demográfi-cas e cidades populosas.

A Zona da Mata, antes lugar de “planta-tion” colonial, escravista, concentra, hoje, a pro-dução industrial regional, distribuída espacialmen-te na forma de manchas, no entorno de algumas capitais.

Compreende as seguintes subunidades:

ZONA DA MATA AÇUCAREIRA 

Estende-se do RN até a parte setentrional da BA.

Predomínio de grandes propriedades agrí-colas que praticam a monocultura canavieira vol-tada para exportação a monocultura açucareira da Zona da Mata, que atingiu seu apogeu do séc. XVI ao XVIII, entrou em decadência a partir do séc. XIX, pois aumentou-se a produção em outras partes do país (especialmente em SP) e também houve o crescimento da oferta no mercado inter-nacional.

Os maiores problemas nordestinos estão nessa área, mais do que no Sertão = aí domina a pobreza, as cidades cheias de favelas ou “mocam-bos”, a mão-de-obra é mal remunerada e boa parte dos trabalhadores rurais recebe menos que o salá-rio mínimo.

RECÔNCAVO BAIANO 

Área situada ao redor da cidade de Salva-dor.

Destaca-se pela extração petrolífera (já chegou a produzir cerca de 80% das necessidades do país) e pelas indústrias, especialmente petro-químicas destaque para o pólo petroquímico de Camaçari.

A industrialização dessa região vem cres-cendo desde as décadas de 1970 e 1980, com indústrias petroquímicas, mecânicas e químicas em 2000, iniciou-se no município de Camaçari a instalação da indústria automobilística (a Ford fechou a sua unidade de produção no RS e foi para essa região).

Registra também idênticos problemas de submoradias, pobreza e mão-de-obra com remu-nerações baixíssimas.

SUL DA BAHIA ou ZONA DO CACAU 

Engloba as cidades de Ilhéus e Itabuna.

Nessa área predomina a monocultura ca-caueira voltada para exportação o cultivo do cacau é feito de forma sombreada, já que o cacaueiro é

uma planta que se desenvolve bem à sombra de árvores de maior porte.

Essa área já foi bem mais rica no passado, mas sofreu um esvaziamento econômico nas últi-mas décadas devido à queda do preço internacio-nal do cacau.

AGRESTE 

Zona de transição entre o litoral, Zona da Mata (úmido) e o Sertão (semiárido).

É uma faixa de região de clima semiúmido que pratica a policultura em minifúndios e atrai população aumentando a densidade demográfica dentro deste contexto cresceram cidades como: Campina Grande (tecnopolo), Caruaru, Gara-nhuns, que funcionam como autênticas capitais regionais dessa zona.

Faixa identificada economicamente por cultivos alimentares e pela criação de gado.

O agreste alterna, de maneira geral, dois ti-pos de vegetação: a Floresta tropical e a caatinga.

Predominam na sub-região as pequenas e médias propriedades, policultoras.

Atualmente, o Agreste Nordestino passa por um processo de “pecuarização” que provoca inúmeras consequências, dentre as quais cita-se: a substituição das áreas de plantação de lavouras de lavouras por pastos, fato que reduz o número de empregados agrícolas e desabastece o mercado de produtos alimentares, além de provocar a concen-tração de terras na região.

MEIO‐NORTE ou ZONA DOS COCAIS ou NORDES‐TE OCIDENTAL 

Formado pelos estados do MA e PI.

Nessa faixa de terra encontra-se a mata dos cocais = vegetação de transição entre a caatinga e a floresta amazônica = é formada por palmeiras como a carnaúba (“árvore da vida”) e, principal-mente, o babaçu do caule do babaçu se extrai o palmito e, de suas sementes, um óleo usado na fabricação de cosméticos e de aparelhos de alta precisão; do caule da carnaúba pode-se tirar uma cera, e de seu caroço é extraído um óleo = tanto a cera quanto o óleo da carnaúba são utilizados na fabricação de ceras, velas, lubrificantes, etc.

É uma região: de transição entre a Amazô-nia e o Nordeste, com economia baseada no extra-tivismo vegetal e na agricultura tradicional de algodão e arroz.

É uma unidade economicamente pobre, onde ainda predominam o extrativismo vegetal (babaçu) e uma agricultura tradicional de algodão, cana-de-açúcar e arroz.

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Desde os anos de 1970, porém, a agricultu-ra tradicional vem passando por mudanças na década de 1980, a soja havia se tornado o princi-pal produto cultivado na cidade de Balsas, uma das manchas de cerrado no sul do MA a plantação dessa leguminosa foi introduzida por agricultores que emigraram do sul do país é mecanizada, o que explica o crescimento de sua produção hoje 90% da produção de soja dessa região é exportada pelo porto de São Luís os lucros proporcionados pela exportação atraíram um contingente ainda maior de emigrantes dos estados sulinos do país para a cidade de Balsas e arredores.

SERTÃO 

O sertão nordestino tem como característi-cas naturais de maior destaque as seguintes: clima semiárido, rios intermitentes e vegetação de caa-tinga.

Clima: tropical semiárido - caracteriza-se pela irregularidade das chuvas, com uma estação de seca prolongada.

A causa PRINCIPAL para a existência do clima semiárido no Nordeste brasileiro é a circu-lação geral da atmosfera, fenômeno externo à região.

As características marcantes do ecossiste-ma da Caatinga:

a) os solos pouco profundos, devido aos baixos índices pluviométricos e ao predomínio do intemperismo físico;

b) as extensas superfícies arrasadas pela erosão, típicas de um clima mais seco;

c) os inselbergs, ou morros residuais, que resistiram a um intenso trabalho erosivo;

d) os “brejos” constituídos por áreas mais úmidas, nos vales fluviais ou nos pés de serras;

e) encontram-se, aqui e ali, manchas de so-los ligeiramente salinizados.

A caatinga, que em tupi-guarani significa “mata branca”, é um ecossistema e, como tal, possui relações de interdependência entre os dife-rentes elementos que a constituem a caatinga é predominante na área conhecida como Sertão Nordestino, avançando também pelo Norte do Estado de Minas Gerais é a vegetação característi-ca do clima tropical semiárido, com altas tempera-turas ao longo do ano e baixa pluviosidade con-centrada em período curto as espécies vegetais são xerófilas ou xerófitas, apresentando mecanismos de adaptação ao calor e aos longos períodos de estiagem: folhas pequenas que caem durante a seca e são substituídas por espinhos; revestimento dos tecidos que ajuda a perder menos água por transpiração; raízes com capacidade para capturar água e armazenar nutrientes, etc. em seu conjunto,

a caatinga constitui uma vegetação pouco densa, com importante estrato arbustivo caducifoliado e espinhoso; ela abriga também cactáceas. As espé-cies mais características são o xiquexique, o man-dacaru, a jurema e a árvore barriguda as espécies vegetais são xerófilas, apresentando mecanismos de adaptação ao calor e aos longos períodos de estiagem: folhas pequenas que caem durante a seca e são substituídas por espinhos; revestimento dos tecidos que ajuda a perder menos água por transpiração; raízes com capacidade para capturar água e armazenar nutrientes, etc. em seu conjunto, a caatinga constitui uma vegetação pouco densa, com importante estrato arbustivo caducifoliado e espinhoso; ela abriga também cactáceas as espé-cies mais características são o xiquexique, o man-dacaru, a jurema e a árvore barriguda vide dese-nho a seguir.

 

A “indústria da seca”: 

Este tema já foi tratado anteriormente. Tal expressão refere-se aos interesses econômicos e políticos de grupos que lucram com as secas a criação de órgãos públicos como o DNOCS (De-partamento Nacional de Obras Contra as Secas), no início do Séc. XX (chamava-se IOCS – Inspe-toria de Obras Contra as Secas), não resolveu o problema e beneficiou grandes proprietários de terras, denominados “coronéis”, e políticos liga-dos ao partido no poder os açudes, normalmente construídos com recursos públicos em grandes propriedades particulares, acabam sendo controla-dos pelo fazendeiro, que os usam em roveito pró-prio as verbas federais que chegam para combater o efeito das secas são distribuídas para políticos ligados ao partido no poder, que as usam, muitas vezes, apenas para garantir votos (o “voto de cabresto”).

O “Polígono  das  Secas”: as últimas secas no Sertão têm ultrapassado a área definida na década de 1950 como “polígono das secas”, pois

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esta não incluía municípios na parte sul e leste do MA é fato conhecido que, desde as primeiras secas registradas na época colonial até hoje, a área de abrangência desse fenômeno climático se ex-pandiu = DESERTIFICAÇÃO isso foi uma decor-rência de desmatamentos intensos, significando a eliminação da cobertura botânica original, presen-ça de uma cobertura invasora, com redução da biodiversidade e do patrimônio genético; falta de uma política adequada de combate às secas e de convívio com elas.

O polêmico projeto de transposição das 

águas do rio S. Francisco: 

O rio São Francisco é a principal fonte de água para irrigação e geração de energia no Nor-deste Brasileiro ele atravessa a zona semiárida, que vem apresentando um acelerado processo de crescimento urbano, em função da migração cam-po-cidade provocada pela crise do complexo ga-do-algodão-lavouras alimentares.

Nos dias atuais, o “Velho Chico” - deno-minação cunhada pelos ribeirinhos - está no cen-tro das atenções devido ao projeto de transposição de suas águas para as bacias hidrográficas do Sertão Setentrional = esse projeto é considerado, por muitos, a melhor alternativa para minimizar o problema da vulnerabilidade climática e da tensão social no Nordeste Semiárido.

Aziz Ab’Saber, considerado um dos geó-grafos mais importantes do mundo, falando de suas angústias de brasileiro para o caderno ALI-ÁS, declarou que “os governantes e os políticos não têm noção de escala e sabem que o povo também não tem”. Segundo ele, o semiárido tem 750 mil quilômetros quadrados, no mínimo, e a transposição das águas do São Francisco não vai resolver o problema dessa região. Para Aziz, é preciso também saber a quem irá servir a transpo-sição: se aos capitalistas, que têm fazendas e mo-ram em apartamentos chiques em Fortaleza ou Recife, ou aos pobres da região, “pessoas que

passaram a vida resistindo à seca”. (Adaptado de: AB’SABER, Aziz. “Ab’Saber: os meridianos da independência”. Jornal da Ciência: órgão da Soci-edade Brasileira para o Progresso da Ciência, dez. 2004).

O aumento da oferta de água em algumas áreas do semiárido não garante a distribuição equitativa desse recurso. As razões para o conflito entre o uso das águas para irrigação e o seu apro-veitamento na geração de energia elétrica no vale do São Francisco:

a localização geográfica das principais áreas irrigadas à montante (mais próxima da nas-cente) da sequência de quedas d’água no Rio São Francisco, onde estão situadas as usinas de Paulo Afonso I, II, III e IV,

Moxotó, Itaparica e Xingó, faz com que a expansão da irrigação, que demanda cada vez mais água, esteja competindo com a geração de energia = o aumento da área irrigada no vale, conjugada com a demanda de água para a transpo-sição, pode vir a comprometer a vazão mínima necessária para a geração de energia.

As críticas feitas pelos movimentos ambi-entalistas à transposição de águas do São Francis-co para as bacias do Nordeste Setentrional: exis-tem soluções menos custosas e mais sustentáveis para sanar o problema da falta de água no semiá-rido, como a construção de poços e cisternas; o regime fluvial e a vazão do Rio São Francisco já estão bastante comprometidos pelo desmatamento em suas cabeceiras e de seus formadores e a transposição seria um golpe mortal na vida do rio; a transposição comprometeria a vazão do rio para a jusante (mais próxima da foz), aumentando a salinidade em sua foz, o que afeta a vida nos manguezais; a transferência das águas do São Francisco, com os seres vivos que nele vivem, para os rios do Nordeste Setentrional, poderia afetar seriamente os ecossistemas fluviais do semiárido.

Embora a pecuária seja a atividade econô-mica dominante no Sertão, realiza-se também o cultivo de algodão. “Um novo, desconhecido e próspero Nordeste, uma nova fronteira agrícola que se consolida ano a ano com a produção de grãos no oeste da Bahia, sul do Maranhão e sudes-te do Piauí. É esta a nova aposta da Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) para tirar do papel o secular projeto da Transnordestina. Com inves-timentos de R$ 4,5 bilhões em reforma ou amplia-ção de 1.860 quilômetros de trilhos, o governo federal planeja interligar as áreas produtoras de soja, milho e algodão aos Portos de Suape, em Pernambuco, e de Pecém, no Ceará.” (“Jornal do Comércio. Nova fronteira agrícola aguarda a Transnordestina” - 14/05/2006). O progresso agrícola na região é uma demonstração da adapta-ção das lavouras modernas às regiões de caatinga

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e à seca. “O Nordeste segue seco tendo muito mais gente do que as relações de produção ali imperantes podem suportar. As secas espasmódi-cas que assolam a região criam descontinuidades forçadas na produção rural e conduzem a um desemprego maciço dos que não tem acesso à terra, relegando-os à condição potencial de reti-rantes. Sem emprego e pão ninguém pode convi-ver com as vicissitudes de uma natureza rústica (...)” (AZIZ, Nacib Ab’ Saber. OS SERTÕES: A originalidade da terra. Ciência Hoje, Eco-Brasil, volume especial, maio, 1992.)

Os projetos de irrigação no semiárido: os primeiros projetos de fruticultura irrigada às mar-gens do São Francisco (no vale médio do S. Fran-cisco: cidades de Juazeiro, na BA e Petrolina, em PE), começaram há 20 anos e, atualmente, produ-zem grande quantidade de frutas (mangas, uvas, melões) que são em boa parte exportadas para os Estados Unidos e Europa.

REGIÃO NORTE 

É composta pelos estados do Amazonas, Amapá, Acre, Pará, Rondônia, Roraima e Tocan-tins. É a maior em extensão territorial região (58% do território brasileiro) e devido a suas condições naturais é muito visada por outros países. Abrange a maior bacia hidrográfica, grandes reservas mine-rais e tem o maior potencial hidrelétrico do país além de abrigar a maior biodiversidade do plane-ta. Sua exuberante floresta latifoliada equatorial e a riquíssima rede hidrográfica são os principais elementos formadores do quadro natural.

Por vezes a região é confundida com a Amazônia legal, mas seus limites não são idênti-cos. A AMAZÔNIA extrapola os limites da regi-ão Norte e abrange a maior parte do estado do MT e do TO e a metade oeste do MA.

Foi por muito tempo considerada um ane-cúmeno (local impróprio à habitação, vazio de-mográfico). Nos dias atuais apresenta-se como uma fronteira da expansão agropecuária e do povoamento.

Após 1964, como parte da estratégia do re-gime militar de desenvolver as regiões e promover integração nacional, foi criada a SUDAM com o intuito de desenvolver a região Norte. Fruto desta estratégia foi feita a implementação de diversos projetos como o da Zona Franca de Manaus, o projeto do Grande Carajás, projeto Jari e Calha Norte. O crescimento da Amazônia se fez em favor do grande capital nacional e estrangeiro e a custa de grande destruição da natureza com explo-ração e até extermínio dos povos nativos e signifi-cou o agravamento de inúmeros problemas, dentre os quais o problema ecológico.

É, desde a década de 1970, a frente pionei-ra que recebe investimentos para a integração

produtiva, em especial no setor agropecuário. Com o avanço das fazendas há uma substituição da vegetação natural pelas pastagens e agricultura e, consequentemente, uma discussão acerca da proteção da floresta. O crescimento da integração da região Norte a economia nacional - mundial trará, nas próximas décadas uma intensa discussão que necessita ser capitaneada pelo nosso governo, para garantir a nossa soberania.

REGIÃO CENTRO‐OESTE 

A região é composta pelas seguintes uni-dades da federação: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e pelo Distrito Federal. Tem grande importância no atual contexto do desenvolvimento nacional uma vez que é uma importante fronteira agrícola em pleno desenvolvimento. Está rece-bendo grandes investimentos desde a década de 60 e com o aprimoramento da infraestrutura de transportes proporcionou um melhor escoamento da produção. Recebeu grande contingente de imigrantes vindo da região sul e desenvolveu a produção de soja no cerrado, do trigo no MS, além do algodão, sendo hoje a região com a maior produção de soja e algodão.

Hoje, a indústria do turismo tem grande expressão para a região, em especial com a eleva-ção do pantanal mato-grossense como patrimônio natural. Com o título há a necessidade de desen-volver projetos de preservação ambiental.

A inserção econômica da região está inte-grada ao desenvolvimento da região centro-sul (Sudeste, Sul, Centro-Oeste)

Importantes projetos agroindustriais foram implementados na região o que a fez despontar como a principal região produtora de grãos. O grande rebanho está possibilitando a atração de frigoríficos além de outras áreas da produção que continuam possibilitando o crescimento urbano.

Sofreu diversas intervenções de modo que modificou o mapa da região. Em 1977 foi criado o estado de Mato Grosso do Sul, oriundo do estado de Mato Grosso. Com a Constituição de 1988 dividiu o estado de Goiás e foi criado o estado de Tocantins que passou a integrar a região Norte, além da criação do Distrito Federal que abriga a capital do país, e é hoje a 4ª cidade mais populosa do Brasil.

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Reestruturaçãoprodutiva,redeseasnovaspropostasde

regionalização

Os complexos regionais 

O geógrafo Pedro Pinchas Geiser, apresen-tou uma proposta de regionalização do país consi-derando o processo de modernização do território, representado pela tecnologia empregada na pro-dução, a infraestrutura e a qualidade dos fluxos presentes no espaço geográfico.

“O geógrafo Pedro Pinchas Geiger propôs, em 1967, a divisão regional do Brasil em três regiões geoeconômicas ou complexos regionais (...). Essa divisão regional tem por base as carac-terísticas geoeconômicas e a formação histórico-econômica do Brasil. (...)” (ADAS, M. “Geogra-fia: o Brasil e suas regiões geoeconômicas”. São Paulo: Moderna, 1996. p. 52 e 67.)

A divisão em complexos regionais não tem finalidades estatísticas, como a divisão regional oficial (IBGE) ela surgiu como síntese geográfica de um século de integração nacional e continua a ser um instrumento eficaz para a compreensão da dinâmica de valorização do território brasileiro.

A dinâmica regional brasileira expressa as grandes tendências econômicas e demográficas de apropriação e valorização do território.

O processo de integração nacional, impul-sionado pela modernização industrial do Sudeste, não encontra tradução precisa na divisão regional oficial. Essa lacuna foi preenchida pela proposta de divisão do país em três complexos regionais ou regiões geoeconômicas.

A proposta, elaborada em 1967, pelo geó-grafo Pedro Pinchas Geiger, assentou-se em crité-rios diferentes daqueles que haviam orientado os técnicos do IBGE na delimitação das macrorregi-ões oficiais. Mais do que características naturais ou econômicas singulares, os complexos regionais espelham, no plano espacial, os resultados da

integração econômica promovida pela concentra-ção industrial no Sudeste. Ao contrário da divisão regional oficial, a delimitação dos complexos regionais não é moldada pelos limites político-administrativos das unidades da federação.

O norte semiárido de Minas Gerais integra o Complexo do Nordeste; o oeste do Maranhão integra o Complexo da Amazônia; Tocantins e Mato Grosso estão divididos entre a Amazônia e o Centro-Sul.

No final da década de 1960, quando Geiger elaborou sua proposta, o Centro-Sul já tinha se consolidado como o coração econômico do Brasil. O complexo regional concentrava 70% da popula-ção brasileira e a maior parte da produção indus-trial e agropecuária do país, funcionando como fonte dos capitais que dinamizavam toda a eco-nomia nacional.

O Centro‐Sul expressa a integração eco-nômica do Sudeste industrial e financeiro com o Sul agrícola e industrial. Também espelha a ex-pansão da agropecuária moderna para a porção meridional do Centro-Oeste e a transferência da capital federal para o Brasil Central.

O Complexo  do Nordeste abrange a vasta região de povoamento antigo e apropriação produ-tiva baseada em estruturas agrárias e sociais arcai-cas. A “questão nordestina” ocupa um lugar des-tacado no debate nacional sobre a pobreza e as desigualdades de desenvolvimento regional.  

O Complexo da Amazônia coincide, essen-cialmente, com o Domínio Amazônico. Ele ex-pressa a existência de uma fronteira de expansão da economia nacional, que é tanto uma fronteira demográfica quanto uma fronteira de recursos.

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Observe os mapas a seguir.

A divisão do Brasil em regiões geoeconô-micas é uma proposta de estudo do espaço brasi-leiro com base em três grandes unidades territori-ais (Amazônia, Nordeste e Centro-Sul), individua-lizadas segundo critérios geográficos e econômi-cos. Mais do que características naturais ou eco-nômicas singulares, os complexos regionais espe-lham, no plano espacial, os resultados da integra-ção econômica promovida pela concentração industrial no Sudeste. Assim, abrangem regiões produtivas com características desiguais, mas que foram soldados pela emergência de um mercado interno unificado.

AMAZÔNIA 

Com uma área de 5 milhões de Km² ( 58% da área do país), é a mais extensa das regiões geoeconô-micas. A Amazônia apresenta pequena população absoluta, baixa densidade demográfica (7 hab.: por km²), economia encalçada no extrativismo mineral e vegetal e na agropecuária.

O complexo da Amazônia expressa a existência de uma fronteira de expansão da economia nacio-nal, que é tanto uma fronteira demográfica como uma fronteira de recursos.

A indústria aparece na região geoeconômica da Amazônia sob a forma de enclaves, estabelecidos a partir de incentivos federais ou para explorar os recursos minerais. Esses focos industriais não estão conectados ao mercado regional, mas aos mercados do Centro-Sul e do exterior. O mais importante enclave industrial fica na capital do Amazonas. A Zona Franca nasceu em 1967, sob a supervisão da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), vinculada ao Ministério do Interior. Com ela, era deflagrada uma operação geopolítica para a criação de um expressivo centro industrial em plena Amazônia. Sua meta consistia em reforçar o poder nacional na ‘’região de fron-teira‘’.

A estratégia dos militares era transformar Manaus em um ‘’porto livre‘’ tanto para importação quan-to para exportação. A isenção de impostos sobre importação de máquinas, matérias-primas, com-ponentes e sobre de mercadorias, aliada ao baixo custo da mão-de–obra local, deveria atrair empre-sas transnacionais e nacionais para a fabricação de bens de consumo duráveis. Sob esse ponto de vista, a Zona Franca foi um sucesso. O estado saltou de 145 indústrias em 1967 para 800 em 1977, sendo 549 localizadas em Manaus.

OBS: No seu auge a Zona Franca representava 75% do PIB de todo o Estado e gerava mais de 120 mil empregos diretos e indiretos. As empresas

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de eletroeletrônica dominam a aglomeração indus-trial, vindo em seguida as mecânicas e as de in-formática.

O processo de ocupação e exploração mineral está concentrada na Amazônia Oriental.

AMAZÔNIA ORIENTAL 

Constituída por Amapá, Pará, Tocantins, Mato Grosso e pelo oeste do Maranhão. É a área que mais sofreu modificação antrópica, principalmen-te em Mato Grosso e nos eixos de transportes da Belém-Brasília e E. F. Carajás. As jazidas de ferro da Serra de Carajás foram descobertas em 1967 e revelou-se a maior reserva de minério de ferro do mundo.

Em 1980 foi lançado o Programa Grande Carajás, com a seguinte infraestrutura:

Estrada de Ferro Carajás (890 Km). 

Porto de Itaqui, em São Luís. 

Hidrelétrica  de  Tucuruí,  no  rio  Tocan‐tins. 

PROJETOS principais do Programa Grande Cara-jás:

1) PROJETO FERRO CARAJÁS - Extração de minério para exportação (maior parte para o Ja-pão). Ao longo da ferrovia há previsão de instala-ção de siderúrgicas primárias, com a opção ener-gética do carvão vegetal, o que pode acarretar em mais desmatamento.

2) PROJETO DOS PÓLOS DE ALUMÍNIO - A matéria-prima é a bauxita cujas reservas estão na Serra de Oriximiná, no Vale do Rio Trombetas, no noroeste do Pará (fora da área do Programa).

Em Barcarena (próxima a Belém), a Alumínio do Norte do Brasil S. A. (ALUNORTE) produz alu-mina e a Alumínio Brasileiro S. A. (ALBRAS) fabrica alumínio. Em São Luís, a Alumínio do Maranhão S. A. (ALUMAR) produz alumina e alumínio. Essas três indústrias são os principais consumidores da energia elétrica de Tucuruí.

NORDESTE 

A região geoeconômica do Nordeste abrange uma vasta região de povoamento antigo e apropriação produtiva baseada em estruturas agrárias e sociais arcaicas. Ocupando uma área de 1,5 milhão de km² ( 18% da área do país) que se estende a meta-de leste do maranhão até o norte de Minas Gerais. Concentra cerca de um terço da população do país e constitui uma ‘’região-problema’’, em virtude dos graves problemas sociais e econômicos que apresenta: pobreza, fome, subnutrição, elevadas taxas de mortalidade infantil e de analfabetismo,

desemprego, baixos salários, secas, elevada con-centração de renda e terras.

A industrialização do Nordeste desenrolou-se sob signo das políticas de desenvolvimento regional conduzidas pelo governo federal. Tais políticas estimularam uma limitada desconcentração da indústria, em escala nacional, mas provocam concentração industrial, em escala regional. A criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), em 1960, foi o ponto de partida de um projeto de desconcentração indus-trial baseado no planejamento estatal. Através de um vasto programa de incentivos ficais (benefí-cios como redução de alíquota de impostos, isen-ção de impostos) o Estado conseguiu direcionar investimentos privados do Centro-Sul para o Nor-deste.

Destaques:

· Implementação de usinas hidrelétricas de grande porte no rio São Francisco.

· Polo petroquímico de Camaçari na Bahia · In-dústrias de fertilizantes de Sergipe

· Complexo químico de Salgema, atual Braskem, de Alagoas

· Polo têxtil em Fortaleza

· Porto de Pecém no Ceará

Sob a atuação da SUDENE, o Nordeste emergiu como região industrial periférica de relevância as capitais sediados no Sudeste. Os laços de depen-dência manifestam-se com especial nitidez no caso da indústria de bens intermediários - produ-tos químicos, petroquímicos e metalurgia que são insumos para as empresas do Centro- Sul. A in-dustrialização incentivada modificou o panorama econômico nordestino, transferindo para as cida-des o foco de acumulação regional de riquezas: a agropecuária realizava quase 30% do PIB região em 1965; em 2004, menos de 10%. O setor se-cundário gera, atualmente, cerca de dois quintos do PIB regional. Algo em torno de 30% do Im-posto - Sobre Circulação de Mercadorias e Servi-ços (ICMS arrecadado pelos estados nordestinos provém de empreendimentos que foram financia-dos pelo Finor.

O golpe de Estado de 1964 e a instalação do re-gime militar acabaram com a ameaça da reforma agrária que apavorava os usineiros da Zona da Mata. Mas a ruptura tinha sido realizada. O diag-nóstico tradicional, que vinculava a pobreza da região ao fenômeno das secas, deu lugar ao ponto de vista desenvolvimentista, que tinha como prio-ridade a implantação de polos industriais no Nor-deste. Sob essa orientação, estabeleceu-se em 1974 o Fundo de Investimentos do Nordeste (Fi-nor), uma linha de financiamento de investimen-tos operado pelo BNB e baseado em descontos no imposto de renda de pessoas jurídicas.

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O Finor financiou, ao longo a sua história, a im-plantação ou expansão da maior parte dos grandes grupos industriais com fábricas no Nordeste, co-mo as transnacionais Nestlé, Gessy Lever e Aleoa, a antiga estatal Companhia Vale do Rio Doce e empresas nacionais como Votoramim, Gerdau, Samello, Grendene, Vicunha e Azulejos Eliane. Os recursos provenientes do fundo possibilitaram a criação polo petroquímico de Camaçari, na Bahia, o maior complexo industrial do Nordeste. Os incentivos do Finor, as políticas industriais dos governos industriais dos governos estaduais e a adoção de sistemas flexíveis de organização do trabalho foram decisivos para o sucesso da estra-tégia dessas empresas.

Atualmente impulsionado pelo polo petroquímico de Camaçari, o setor químico continua a se ex-pandir e a se diferenciar, atuando numa faixa que se estende de Salvador a Maceió. Em Sergipe, a Petrobras instalou uma fábrica de fertilizantes nitrogenados. Em Alagoas, no município de Ma-rechal Deodoro, implantou-se o polo cloroquími-co, um complexo industrial cujo núcleo reside na produção de soda cáustica e derivada de cloro a partir do sal-gema.

CENTRO‐SUL 

A Região geoeconômica Centro-Sul abrange os estados regiões Sul e Sudeste brasilei-ros (com exceção do norte de Minas Gerais), além dos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, sul do Tocantins e do Mato Grosso, e o Distrito Federal. Compreende aproximadamente 2,2 milhões de km² (cerca de 25% do território brasileiro).

O processo de industrialização ocorrido no Brasil a partir da década de 50, apoiado tanto na entrada maciça do capital estrangeiro, quanto na iniciativa privada nacional e na própria interven-ção estatal, baseou-se no desenvolvimento dos setores mecânico, metalúrgico, químico, de mate-rial elétrico e de transportes, consolidando-se a região como centro da economia nacional. Desde então, aqueles setores industriais acusam partici-pação crescente no Sudeste, em detrimento das indústrias tradicionais (têxtil, alimentos e bebidas, que vêm-se registrando uma queda relativa). Essa tendência vêm-se afirmando no conjunto da regi-ão, embora o desenvolvimento das indústrias seja diferenciado ao nível dos estados.

O Centro-Sul é a região de economia mais dinâmica do país, produzindo a maior parte do PIB nos setores agrário, industrial e de serviços, além de concentrar a maior parte da população. Apesar da maior dinamicidade, o Centro-Sul pos-sui também as contradições típicas do desigual desenvolvimento socioeconômico brasileiro. Além de expressar a integração econômica do Sudeste industrial e financeiro com o Sul agrícola

e industrial. Também espelha a expansão da agro-pecuária moderna para a porção meridional do Centro-Oeste e a transferência da capital para o Brasil central. A concentração de portos de gran-des movimentos no Sudeste e, em menor escala, no Sul, reflete a organização geográfica do territó-rio nacional. Nesse sentido por ser o complexo geoeconômico mais urbanizada e que abrigam as principais concentrações industriais funcionam, também sob esse aspecto, como elos entre o Brasil e o mercado mundial.

A importância histórica desta região data do desenvolvimento da atividade mineradora, quando o eixo econômico e político do país trans-feriu-se para o Centro-Sul. Após a mineração, o café, no Século XIX, valorizou também a área, tanto no Vale do Paraíba Fluminense como no Paulista, assim como, no Século XX, este produto impulsiona o oeste de São Paulo. Manteve, no entanto, a estrutura fundiária do latifúndio neoco-lonial exportador, sendo que no Rio Paraíba utili-zou-se da mão-de-obra escrava negra. Na Era Vargas esta região encontrou sua vocação indus-trial. O capital do café e o esforço do Estado vão transformá-la em um grande centro industrial, sobretudo, nas metrópoles nacionais de São Paulo e Rio de Janeiro, e na regional de Belo Horizonte.

Urbana e industrial, esta região apresenta algumas características marcantes:

a) Agricultura - Como produção elevada - cana-de-açúcar, café, soja, milho e arroz, utiliza-se, porém, da mão-de-obra temporária ou boia-fria, mostrando ai seus graves contrastes sociais e espaciais: ao lado de uma agricultura moderna há estruturas arcaicas, como a questão social, técnica e política do Vale do Jequitinhonha e norte de Minas Gerais, por exemplo;

b) Pecuária - Dinâmica, não só para o abas-tecimento da carne, como de leite e derivados. Destacam os rebanhos de Minas Gerais e São Paulo.

c) Concentração Industrial - Destacamos quatro espaços industriais importantes: São Paulo, Rio de Janeiro, área do rzeae cidades médias do oeste paulista.

d) Extrativismo Mineral - Extração de fer-ro no Quadrilátero de Minas Gerais, que destinado ao mercado externo (porto e usina de Tubarão -E.F.Vitória - Minas). Extração de petróleo - bacia de Campos-Macaé.

e) Crise Social - Nas metrópoles do Sudes-te, destacamos o grave problema da segregação espacial. Mesmo com a redução da migração, a favelização amplia-se, fato que constata o elevado processo de segregação do espaço geográfico, com a favelização e a formação de uma enorme periferia urbana.

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f) Crise Ambiental - Desmatamento, reti-rada do mangue, poluição da Baía de Guanabara, deslizamento de encostas, problema do lixo, etc. , são tônicas na vida da região. A industrialização e a exploração econômica acelerada, sem respeito ao meio ambiente e visando ao lucro imediato, seguindo modelos externos, são fatores geradores desta crise vivenciada pela mais dinâmica região do país.

g) Demografia: - Apresenta a maior popu-lação absoluta e relativa, ou seja, é o complexo geoeconômico mais populoso e povoado.

QUATRO BRASIS ‐ DIVISÃO REGIONAL DE MILTON SANTOS 

A proposta do geógrafo Milton Santos em 2001, no livro Brasil: território e sociedade no início do século XXI tem as seguintes característi-cas:

Baseada  na  difusão  diferencial  do meio técno‐científico‐informacional e nas heranças do passado. 

Dividiu  o  Brasil  em  quatro  regiões: Amazônia, Nordeste, Centro‐Oeste e Região Concentrada 

Conhecida como os “quatro brasis” 

O NORDESTE 

O complexo regional do NE vai desde a porção leste do MA até o norte de MG, abrangen-do pouco menos de 20% do território nacional.

Essa grande região, onde vivem cerca de 27% (2004) da população do país, constitui uma área de repulsão populacional, que desde o final do séc. XIX vem fornecendo migrantes para as demais regiões mas durante vários séculos (XVI a XVIII) esse complexo regional abrigou a grande maioria da população do Brasil Colônia e, até 1763, a capital político administrativa na cidade de Salvador.

Problemas econômicos e sociais são res-ponsáveis por deslocamentos populacionais na região NE os mais comuns podem ser designados como: sazonais ou temporários a população serta-neja que se desloca nas estações secas encontra na Zona da Mata uma demanda por mão-de-obra sazonalmente (o bóia-fria ou corumba) aquecida pela realização da colheita de cana-de-açúcar vide desenho a seguir:

A ideia que fazemos hoje do NE, como uma grande região diferenciada no espaço brasi-leiro, é recente, do final do séc. XIX e início do séc. XX ’nos períodos anteriores havia vários “nordestes”, áreas bastante diferentes e com eco-nomias regionais relativamente isoladas umas das outras: a região açucareira da Zona da Mata, cen-tralizada em Olinda e Recife; o sertão pecuário, servindo como complemento da Zona da Mata; a região do MA e arredores, onde houve até uma administração colonial diferente; e a área hoje correspondente ao CE e PI, que durante séculos manteve poucas ligações com o resto do NE ’ foi com o processo de integração nacional, realizado a partir da industrialização do país e sua concen-tração em SP, que o NE passou a ser encarado como uma grande região, com traços em comum e individualizada no conjunto do Brasil a industria-lização coincidiu com a decadência econômica das áreas nordestinas e o fluxo emigratório da região, que passou a ser fornecedora de mão-de-obra o NE, no séc. XX, passou a ser visto como uma “região problema”, área decadente que ne-cessitava de ajuda governamental para se desen-volver.

O desempenho da economia do NE melho-rou muito a partir da década de 1990 no período

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de 1994 a 1997, a taxa de crescimento da econo-mia nordestina foi de 3,9%, enquanto a taxa mé-dia de crescimento da economia nacional foi de 2,7% confirmando essa tendência de crescimento, em 1998 o PIB do NE foi de 144,9 bilhões de reais; naquele ano o PIB brasileiro foi de 901 bilhões de reais o NE atingiu esse montante gra-ças à continuidade de crescimento e diversificação dos setores secundário e terciário entre 1997 e 1998, a atividade industrial cresceu cerca de 8% e a de prestação de serviços cerca de 2,5% os seto-res industrial e de serviços, liderados respectiva-mente pela construção civil e pela telefonia, são os responsáveis pelo dinamismo da economia nordestina.

“Em 1989, quase todos os 407 operários da cidade de Pacajus (Ceará) estavam na fábrica de suco e castanha-de-caju Jandaia. Hoje, a cidade abriga a fábrica de jeans da Vicunha, a Rigesa, produtora de papel, e uma cadeia de fornecedores. O número de empregos chegou a 5.188, um salto de 1.147%.

São Paulo já foi o Eldorado de todo cea-rense, diz o mecânico de tecelagem Genival Soa-res da Silva, que morou nove anos na capital pau-lista. Mas hoje o futuro está aqui, completa o operário, que ganha R$ 550,00, metade do que recebia em São Paulo.” (Adaptado de “Folha de S. Paulo”, 19/09/99.) as mudanças na relação entre a economia paulista e algumas áreas do NE, no que tange ao emprego, podem ser traduzidas pela seguinte afirmação: a crise econômica no Centro-Sul estimula as migrações de retorno e a criação de empregos mais baratos no NE.

O processo de industrialização do Nordeste iniciou-se na segunda metade do século XIX no início do século XX, sofreu a implantação de indústrias diferentes das até então existentes a SUDENE reanimou o desenvolvimento industrial nordestino ’ incentivos fiscais contribuíram para a implantação de novas indústrias e a modernização de algumas das antigas, no entanto, a SUDENE investindo mais em áreas que já apresentavam um certo dinamismo econômico, não minimizou a pobreza nordestina e as migrações para as grandes cidades a implantação de um setor elétrico na bacia do São Francisco (hidrelétricas de Sobradi-nho, Paulo Afonso, Itaparica, Xingó, etc.) e a presença de mão-de-obra abundante e barata aju-daram a atrair capitais do Centro-Sul ’ a preferên-cia por indústrias de alta capitalização e tecnolo-gia avançada impediu a participação de capitais regionais e limitou o emprego de mão-de-obra.

Recentemente tem-se dado grande desta-que à instalação de várias indústrias no Nordeste brasileiro, muitas das quais de capital estrangeiro: indústrias de bens de consumo (vestuário e calça-dos) no Ceará, montadoras de veículos na Bahia, indústrias variadas que criam algumas centenas de empregos diretos e possibilitam muitos outros

empregos indiretos essa preferência do capital externo pelo Nordeste brasileiro deve-se, entre outros motivos: à existência de mecanismo de atração, como isenção de impostos, subsídios e incentivos fiscais, e à presença de mão-de-obra abundante e pouco organizada do ponto de vista sindical.

Veja no gráfico a seguir que a economia nacional está não só em expansão, mas também em formalização da mão-de-obra.

Isso demonstra a força de uma sequencia de crescimento.

Por outro lado, os indicadores sociais, a exemplo das taxas de analfabetismo e de mortali-dade infantil, continuam sendo os piores do país, apesar de dados mais recentes mostrarem que há melhorias em relação a essas taxas.

AMAZÔNIA 

A Amazônia legal abrange uma área total de 4 978 247 km², que corresponde quase perfei-tamente à Amazônia brasileira. Ela foi estabeleci-da pelo governo federal em 1966, com a criação da SUDAM

– Superintendência para o Desenvolvi-mento da Amazônia. A SUDAM foi criada com o objetivo de desenvolver a Amazônia legal a partir do incentivo ao desenvolvimento da indústria e da agropecuária, criar infraestrutura e promover o povoamento.

São quase 5 milhões de quilômetros qua-drados, o que corresponde a mais da metade (cer-ca de 58%) do território nacional o que demonstra a sua importância geopolítica e estratégica para o governo brasileiro.

A Amazônia abrange a região Norte, uma das cinco regiões em que o Brasil foi dividido pelo IBGE, e parte de Mato Grosso e a parte oeste do Maranhão.

Historicamente a Amazônia se confor-mou como um polo exportador de borracha, cuja importância se restringiu ao período 1870-1920. A

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economia dependente do extrativismo controlado por companhias exportadoras impediu o desen-volvimento de uma base econômica que permitis-se a inserção da região no eixo econômico e pro-dutivo do país.

As grandes exportações de borracha na-tural para a Europa e os Estados Unidos atraíram grandes levas de migrantes nordestinos para a Amazônia Ocidental possibilitando uma ocupação regional, mesmo que rarefeita.

O surto da borracha não criou as bases para o desenvolvimento regional e sequer dinami-zou um importante mercado regional. Apesar de se mostrar como uma região periférica, pouco articulada com o principal eixo da economia bra-sileira, a Amazônia passou a representar um espa-ço geopolítico importante, não somente por ser mais da metade do território nacional, mas, espe-cialmente, pela necessidade do país em ampliar as suas exportações para garantir o modelo de de-senvolvimento adotado a partir da metade do Séc XX.

A partir do governo Vargas o Estado im-plementou uma política regional que permitiu a integração do mercado nacional, rompendo com as ilhas econômicas permitindo, desse modo, a criação de um mercado nacional. A criação desse mercado seguiu-se a uma nova postura do Estado que busca desenvolver políticas regionais visando reduzir as diferenças inter-regionais.

A estratégia de planejamento regional implementada pelo governo na segunda metade do Sec XX levou a criação das superintendências de desenvolvimento. Em 1966, foi a criada a Su-perintendência para o Desenvolvimento da Ama-zônia (SUDAM).

Com a criação da SUDAM definiu-se uma nova estratégia para o território amazônico no cenário brasileiro e esta passa a configurar uma nova região de planejamento, a Amazônia Legal, que atualmente engloba os estados do Acre, Ron-dônia, Amazonas, Pará, Amapá, Mato Grosso, Tocantins e Roraima, além do oeste do Estado do Maranhão. Um novo modelo de desenvolvimento é implementado na região e tem como base o incentivo a grandes projetos agropecuários, prin-cipalmente no oeste do Mato Grosso e ao longo da calha do Rio Amazonas.

Essa mesma política vai se repetir nas demais regiões do país e no ano seguinte à criação da SUDAM, foi a vez da Superintendência para o Desenvolvimento do Centro-Oeste (SUDECO) e da Superintendência para o Desenvolvimento do Sul (SUDESUL). Essa estratégia revela a forte centralização do poder político característica des-se período, já que todos esses órgãos de planeja-mento são subordinados ao governo federal. Essa unidade socioeconômica e ambiental, de uma perspectiva agregada, esconde uma grande diver-

sidade interna, formada por vários ecossistemas naturais com características distintas e condições específicas para a presença humana e a atividade econômica. Na realidade, ao contrário dos este-reótipos difundidos sobre a região, a diversidade – ambiental, socioeconômica, tecnológica e cultural – é a principal característica desse amplo espaço regional brasileiro.

No geral, esses ecossistemas têm em co-mum, além da diversidade e extensão territorial, a fragilidade e a delicadeza de seu equilíbrio. “No ambiente terrestre – afirma a SUDAM/PNUD – o ciclo de nutrientes é essencialmente baseado na cadeia trófica com pequena participação do subs-trato inorgânico, fazendo com que a modificação da cobertura vegetal possa ser, portanto, desastro-sa: e o ambiente aquático, essencialmente lótico, embora com as águas correndo em baixas veloci-dades, se modificado pela implantação de barra-mentos artificiais, pode também sofrer irremediá-veis degradações.” A região Norte concentra uma das maiores reservas de recursos naturais do pla-neta, representada especialmente pela grande riqueza florestal, pela massa de ecossistemas aquáticos e pela biodiversidade. Concentra cerca de um terço das florestas tropicais úmidas da Terra, calculado em mais de 300 milhões de hec-tares de floresta densa e mais de 100 milhões de hectares de floresta aberta, o que abriga um total de madeiras comercializáveis da ordem de 45 bilhões de m³ de madeira em pé . Com uma bacia hidrográfica de quase seis milhões km², reúne um grande potencial hidrelétrico e de recursos pes-queiros, além de vastas áreas de várzea, com po-tencial agrícola ainda inexplorado. Além disso, tem grandes reservas de minérios tradicionais (ferro, bauxita, ouro e cassiterita) e de minérios com novas aplicações tecnológicas (nióbio, man-ganês, titânio).

Entretanto, a mais importante riqueza da região Norte neste final de século, dominado pela revolução científica e tecnológica, reside na diver-sidade dos seus ecossistemas, representada pelo material biológico de espécies vegetais, animais e micro-organismos (plantas medicinais, aromáti-cas, alimentícias, toxinas, tanantes, oleaginosas, fibrosas, fungos, bactérias etc.). Essas espécies tornam a região uma grande usina de vida: o mai-or banco genético do planeta, contendo provavel-mente cerca de 30% do estoque genético mundial. É uma valiosa biblioteca viva para pesquisa no terreno da genética e microbiologia e para o de-senvolvimento da biotecnologia.

A grande concentração de riquezas em recursos naturais torna a região Norte uma das últimas fronteiras de recursos do mundo e, especi-almente, do Brasil. Com o esgotamento de fontes internacionais e a implantação de vias de penetra-ção econômica, a região Norte ganhou destaque nas últimas décadas e se transformou numa região

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de fronteira. Essa característica vai determinar e explicar as frentes de ocupação e as diversas ini-ciativas políticas orientadas para a integração da região Norte na expansão econômica e moderni-zação brasileira.

Por outro lado, sua amplitude, localiza-ção e acumulação de biodiversidade tornam a região Norte uma base de interesses e disputas geopolíticas. Constituindo um complexo ecológi-co transnacional integral e articulado pela conti-nuidade e contiguidade da floresta, juntamente com seu amplo sistema fluvial, a região Norte une vários subsistemas ecológicos da América Latina. A dimensão territorial da Amazônia brasileira lhe confere um estatuto de quase-continente, com a floresta amazônica compondo um grande maciço natural concentrado no território brasileiro.

A ampliação recente da consciência in-ternacional dos problemas globais de conservação ambiental realimenta o debate e os interesses sobre as florestas tropicais úmidas, de modo que a região Norte (Amazônia, num sentido mais am-plo) volta a ser objeto de pressões e disputas geo-políticas, que giram em torno das formas de apro-priação de sua riqueza – especialmente a biodiver-sidade – e da sua posição no controle das condi-ções climáticas.

Todos esses fatores devem ter importante peso na definição de políticas e iniciativas volta-das à região Norte, à sua ocupação econômica, à utilização de suas riquezas e ao controle político, econômico e estratégico da fronteira norte do Brasil.

REGIÃO CONCENTRADA 

Abrangendo quase um terço do território brasileiro, o complexo regional do Centro-Sul estende-se de Goiás e Mato Grosso do Sul até o extremo meridional do Brasil, incluindo, portanto, o Sudeste. Essa grande região abriga cerca de dois terços dos habitantes do país e concentra a maior parte dos recursos econômicos nacionais: indús-trias, agropecuária moderna, bancos, mercado de capitais, comércio, universidades, etc. Em 2005, cerca de 78% do PIB brasileiro concentrava-se no Centro-Sul.

Trata-se, assim, da parte do território na-cional de maior ocupação humana. Justamente por isso, possui os maiores contrastes internos, pois as maiores disparidades regionais são obra da socie-dade humana e não da natureza. Comparando o Centro-Sul à Amazônia, esta pode ainda ser con-siderada uma região relativamente homogênea. É claro que existem diversidades na Amazônia a ponto de alguns autores falarem em “Amazônias”, no plural, mas estamos comparando com o Centro Sul, que apresenta maiores diferenças internas.

No Centro-Sul, localiza-se a megalópole brasileira, que está em formação. Tal região é considerada o “centro econômico” do país, além de muitas áreas pouco industrializadas e agricultu-ra tradicional. Nesse complexo regional, estão seis áreas metropolitanas do Brasil: São Paulo e Rio de Janeiro, as duas metrópoles globais; e Belo Horizonte, Curitiba, Brasília e Porto Alegre, qua-tro metrópoles nacionais. O grau de urbanização dessa enorme região é bem maior que o da Ama-zônia ou do Nordeste, com uma rede urbana mais integrada, com maior concentração de cidades em relação ao espaço.

A divisão territorial do trabalho entre as diversas áreas que compõem o Centro-Sul do país é bem desenvolvida, com intensos fluxos de mer-cadorias pelo espaço geográfico. As rodovias mais movimentadas do Brasil localizam-se aí, bem como os principais portos e aeroportos, a maior rede de telefonia do país, etc.

Podem ser reconhecidas as seguintes unidades nesse conjunto regional do Centro-Sul: megalópole, Zona da Mata mineira, Quadrilátero Ferrífero, Triângulo Mineiro, porção sul de Goiás, Grande Belo Horizonte, Sul do país e outras áreas.

 

Megalópole 

A megalópole ou “centro econômico” do Brasil é uma área que abrange a Baixada Santista - onde se localiza o principal porto do país inúme-ras indústrias (siderúrgicas, petroquímicas, etc.) -, a Grande São Paulo, Campinas e Paulínia, o Grande Rio de Janeiro e cidades ao longo de. rodovia Presidente Dutra, principal eixo de liga-ção entre as duas metrópoles globais.

Nessa área, também denominada “região urbana global Rio-São Paulo”, predomina a ativi-dade industrial, com os estabelecimentos fabris mais modernos do país. Mas aí aparece também o “cinturão verde” de São Paulo, área hortigranjeira ao redor da cidade de Mogi das Cruzes, que abas-tece até o Rio de Janeiro. Uma zona de pecuária leiteira localiza-se nos diversos municípios que compõem o Vale do Paraíba, área ao redor da rodovia Presidente Dutra (e do rio Paraíba do Sul), que abrange terras dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.

O Vale do Paraíba, no qual se destacam as cidades de São José dos Campos (SP), Taubaté (SP), Guaratinguetá (SP), Lorena (SP) e Volta Redonda (RJ), também sedia um importante par-que industrial, com indústrias automobilística, química, aeronáutica, de armamentos, siderúrgica, etc. Zona da Mata Mineira.

 

 

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A Zona da Mata mineira  

Localiza-se na porção sudeste de Minas Gerais, onde se destaca a cidade de Juiz de Fora. A industrialização aí tem avançado bastante nos últimos anos, mas a Zona da Mata mineira ainda se destaca como uma área agrícola e de pecuária leiteira, que abastece principalmente o Grande Rio e Belo Horizonte.

 

Quadrilátero Ferrifero 

É uma área vizinha a Belo Horizonte, onde se destacam as cidades de Sabará, Congo-nhas, Santa Bárbara, Mariana e Ouro Preto. Trata-se da região que mais produz minério de ferro no Brasil, escoado por ferrovia até o porto de Vitória (Tubarão), no Espírito Santo, e daí exportado. Aí se localizam também inúmeras indústrias, nota-damente siderúrgicas.

 

Triângulo Mineiro 

Área sudoeste de Minas Gerais, onde se sobressaem as cidades de Uberlândia e Uberaba, o triângulo Mineiro é uma região agrícola e pecua-rista, com gado de corte, mas onde a atividade comercial e a industrialização vêm se expandindo bastante desde pelo menos os anos1980.

 

Sul de Goiás 

Composta por áreas vizinhas a Goiânia, Anápolis e Brasília, a porção Sul de Goiás é uma região agrícola que se destaca pelo cultivo do arroz e da soja, além de inúmeras atividades in-dustriais e comerciais.

 

Grande Belo Horizonte 

É uma área de grande dinamicidade in-dustrial, com empresa automobilística e indústrias metalúrgicas , mecânica e inúmeras outras.

 

Sul do País 

A porção Sul do país é uma área que abrange três estados meridionais do Brasil (Para-ná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e na qual também se pode incluir a maior parte do estado de São Paulo, que possui inúmeras características comuns a esses três estados: forte presença de imigrantes e de seus descendentes, agropecuária moderna, grande número de cidades médias com indústrias, etc.

Pode-se mencionar, dentro dessa parte sul do país:

· Campanha gaúcha ou região dos pam-pas - área onde aparecem as cidades de Bagé, Uruguaiana, Santana do Livramento e Santa Ma-ria. É uma região de pecuária moderna, com gado seleciona do, e de agricultura com técnicas mais adequadas, destacando-se o cultivo de trigo, soja e arroz.

· Vale do Itajaf - localiza-se em Santa Catarina, onde estão as cidades de Blumenau, Brusque e Joinville, esta mais ao norte. É uma área de colonização alemã, com predomínio de pequenas e médias propriedades agrícolas, que praticam a policultura associada à pecuária. Loca-lizam-se aí inúmeras indústrias têxteis, alimentí-cias e outras.

· Região serrana do Rio Grande do Sul - área de colonização italiana e principal centro vinícola do país. As videiras marcam a paisagem em torno das cidades de Bento Gonçalves, Gari-baldi e Caxias do Sul, que é também uma impor-tante cidade industrial.

· Vale do Ribeira - localiza-se na parte sudeste do estado de São Paulo,ao redor do rio Ribeira de Iguape. Trata-se da área menos desen-volvida do estado, praticamente sem indústrias e onde se destaca o cultivo da banana e do chá, este introduzido por imigrantes japoneses. · Vale do Tubarão - área produtora de carvão mineral em Santa Catarina, inclui as cidades de Tubarão e Criciúma.

Outras áreas do Centro-Sul

Existem ainda outras partes dessa região, mais difíceis de serem individualizadas ou que sofrem grandes transformações na atualidade.

Pode-se mencionar:

· Norte do Rio de Janeiro e Espírito San-to - área de ocupação mais antiga do Centro-Sul, com o centro e o norte de Minas Gerais. Há imen-sos canaviais nessa área. A descoberta e a explo-ração de petróleo no litoral do Rio de Janeiro e do Espírito Santo modificaram bastante a paisagem regional, promovendo um grande aumento no orçamento de inúmeros municípios em virtude do recebimento dos royalties pelo produto. Nos anos 1990, o norte deste último estado foi incorporado à área de atuação da Sudene, quando recebeu inúmeros incentivos fiscais e atraiu algumas in-dústrias.

· Mato Grosso do Sul - área onde se des-taca a pecuária de corte e onde os cultivos do trigo e da soja se expandiram bastante nos últimos anos. Destaca-se a cidade de Campo Grande (foto acima). · Pantanal Mato-Grossense - área de pla-nície fluvial, banhada pelo rio Paraguai e afluen-tes, periodicamente inundada pelas chuvas em

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grande parte de sua extensão. É uma espécie de periferia do Centro-Sul, com pecuária extensiva de corte, cujo gado é engordado nas invernadas, ou seja, áreas de pastagens utilizadas para engor-dar o gado antes do abate, de Araçatuba, Presiden-te Prudente e Andradina, para, depois, abastecer de carne a Grande São Paulo.

Identidadenacionaleregionalismos

Matrizes culturais do Brasil 

A cultura nacional é resultado da contribuição de vários grupos étnicos que, ao longo da história, passaram a integrar a sociedade brasileira e a contribuir com as suas características para formar as matrizes culturais do Brasil.

A miscigenação de diversos povos - o branco europeu, os diversos grupos indígenas o negro e, posteriormente, no século XIX e XX, com a en-trada de imigrantes europeus e asiáticos formou-se esse povo que pode se ver em diversas outras culturas, ou mesmo, diversos povos podem se ver na sociedade brasileira.

Um povo ou grupo étnico é o termo que se emprega para um agrupamento de pessoas com identidade cultural em comum. Caracterizam a unidade cultural: idioma, costumes, maneiras de pensar, sentir e agir.

Dai verificarmos o importante papel do gover-no português em obrigar a língua portuguesa na colônia, pois falávamos uma mistura de línguas. O mesmo fato se repetiu quando o governo de Getú-lio Vargas obrigou a todas as escolas a utilizarem o português. Nessa época, algumas colônias de imigrantes europeus educavam seus filhos utili-zando a língua do país de origem.

O elemento língua portuguesa foi muito im-portante como identidade na formação da nação que nascia após a independência.

Do século XVI ao início do século XIX, a constituição étnica principal do Brasil foi o negro, o índio e o branco. A vinda da família real e a preocupação da coroa em branquear a população fez com que fosse incentivada a vinda de imigran-tes europeus.

A primeira leva de colonos veio da ilha dos Açores. Essa era uma migração diferente, pois não estava em busca de um sujeito isolado, mas de grupos familiares. No auge da produção do café veio a proibição do tráfego negreiro. Essa realida-de fez com que os fazendeiros e o Estado fossem em busca de trabalhadores na Europa. No período entre 1850-1930 chegaram ao Brasil migrantes de origem europeia e alguns asiáticos.

Veja o gráfico abaixo:

Foram aproximadamente oito décadas de in-tensas vindas de grupos de trabalhadores de diver-sas origens: portugueses, espanhóis, italianos, alemães, libaneses e japoneses. Todos esses povos contribuíram para a formação cultural do Brasil. Quando avaliamos a nossa comida regional con-seguimos identificar as marcas dos povos que predominaram em uma região do país. Havia uma preocupação em manifestar seus costumes e suas crenças. Desse modo, os imigrantes influenciaram e foram influenciados.

Podemos identificar como foi a contribuição quando observamos a diversidade de nossa músi-ca, palavras de nosso idioma, as festas populares, as crenças e sincretismo religioso. Em tudo, quan-do observamos com essa intencionalidade, pode-mos identificar as influências desses povos que aqui se fixaram.

A partir de 1930 a migração para o Brasil de-clinou, o processo de modernização da economia e a crise no setor agrícola trazia grandes levas de

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trabalhadores do campo para a cidade. Outra questão que também foi observada foi as ideolo-gias de alguns grupos europeus - socialista, anar-quistas, etc. - que passavam a incomodar o gover-no brasileiro. Os movimentos da classe operária no inicio do Sec. XX foi marcado pela ideologia dos trabalhadores que vinham da Europa para trabalharem nas fábricas.

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EXERCÍCIOS  

1. A primeira imigração de não portugueses para o Brasil foi a dos;

a) alemães

b) italianos

c) japoneses

d) suíços

e) poloneses

2. Caracteriza a integração da economia interna do Brasil.

a) Ampliação das redes de transportes, havendo uma concentração no Centro-Sul, mas conse-guindo servir todo território pela interligação dos meios de transportes - o modelo multi-modal.

b) A substituição dos meios menos flexíveis por meios mais flexíveis.

c) O investimentos públicos mais numerosos e mais injeção de recursos para promover a ex-portação e mais proteção ao grande capital.

d) Novas formas de relação entre metrópole econômica e centros regionais se estabelecem por intermédio do caminhão.

e) Se os transportes marítimos sempre reforçam dependência em relação ao estrangeiro, os novos transportes terrestres, a partir da 2ª Guerra Mun-dial, garantem a integração e a independência econômica.

3. "A união entre ciência e técnica, a partir dos anos 1970, havia transformado o território brasi-leiro, revigora-se com os novos e portentosos recursos da informação, a partir do período da globalização e sob a égide do mercado."

O texto refere-se a:

a) formação dos polos tecnológicos - (tecnopó-los).

b) inicio da revolução técnico-científica no Brasil.

c) inicio da terceira revolução industrial no país.

d) melhorias na circulação dos insumos, dos pro-dutos, do dinheiro, das ideias e informações.

e) uma nova fase de integração, mas com especia-lização geográfica a produção material e imaterial.

4. A inversão do fluxo migratório para o Centro-Oeste e Amazônia deveu-se:

a) implementação do programa de recuperação econômica de áreas pouco povoadas.

b) implementação de projetos de colonização particulares em RR e MS.

c) implementação de projetos rodoviários aliados a programas de assentamentos.

d) crescimento urbano devido a modernização dos meios de transporte com a implementação de novos portos.

e) obras gigantescas levou a indução de migração em direção à Amazônia.

5. (Ufal) "Nesta sub-região nordestina, a paisa-gem é marcada tradicionalmente pela presença de pequenas propriedades policultoras que empre-gam mão-de-obra familiar. Mas, nas últimas dé-cadas, a pecuária tem se desenvolvido bastante provocando a concentração de terras, o aumento do desemprego rural e a emigração."

O texto se refere

a) à Zona da Mata.

b) ao Meio-Norte.

c) ao Sertão.

d) ao Agreste.

e) ao Recôncavo Baiano

6. (Fatec) Recentemente tem-se dado grande destaque à instalação de várias indústrias no Nor-deste brasileiro, muitas das quais de capital es-trangeiro: indústrias de bens de consumo (vestuá-rio e calçados) no Ceará, montadoras de veículos na Bahia, indústrias variadas que criam algumas centenas de empregos diretos e possibilitam mui-tos outros empregos indiretos.

Essa preferência do capital externo pelo Nordeste brasileiro deve-se, entre outros motivos,

a) ao fim das políticas de incentivos fiscais instituídas na época da SUDENE e à densa rede rodoferroviária da Região.

b) à redução das diferenças regionais, graças ao processo de democratização do Estado e à existência de sindicatos de trabalhadores fortes e atuantes.

c) à existência de mecanismo de atração, como isenção de impostos, subsídios e incentivos fiscais, e à presença de mão-de-obra abundante e pouco organizada do ponto de vista sindical.

d) ao atual momento econômico, que tem possibilitado a volta maciça dos migrantes

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nordestinos, com novos hábitos de consumo, e à presença de ambulantes matérias-primas.

e) ao novo papel do Estado, cada vez mais distanciado do mercado, e à melhoria generalizada da qualidade da mão-de-obra nordestina.

7. (Unesp) Dentre os grandes projetos que objeti-varam a integração da Amazônia, destaca-se o que visava à ocupação efetiva das áreas fronteiriças, ao desenvolvimento de infra-estrutura e valoriza-ção econômica e à demarcação de terras indíge-nas. A descrição diz respeito ao Projeto

a) Calha Norte.

b) Jari.

c) Trombetas.

d) Carajás.

e) Tucuruí.

8. (EsSa) A opção que indica os dois países vizi-nhos com os quais o Brasil possui as maiores extensões fronteiriças é:

a) Equador e Bolívia

b) Chile e Equador

c) Bolívia e Peru

d) Peru e Chile

e) Bolívia e Paraguai

9. A Bacia do Rio São Francisco passou a ter um destaque maior, pois o governo brasileiro pretende utilizar suas águas num projeto a fim de minimi-zar os problemas da seca no Nordeste Brasileiro. Sobre o rio e sua bacia hidrográfica, assinale o que for correto.

a) O Rio São Francisco foi, no passado, o principal elo entre o Nordeste e o Sul do país, sendo por isso chamado de “rio da integração nacional”.

b) Com mais de 3.000 km de extensão, a pesca nunca teve importância como fonte de alimenta-ção na bacia do São Francisco.

c) A Bacia do Rio São Francisco banha os es-tados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ala-goas e Sergipe e tem como principais afluentes os Rios Tocantins, Araguaia, Paranaíba e Grande.

d) Possui longo trecho navegável entre Minas Gerais e Bahia além de, como rio de planalto, apresentar diversas quedas d’água que lhe confe-rem grande potencial hidráulico, a exemplo das usinas de Paulo Afonso e Sobradinho.

e) Embora atravesse longo trecho com caracte-rísticas subtropicais, mantém-se como rio perene embora sofra variação em seu volume de água, além de já ser utilizado para irrigação e forneci-mento de água para as populações ribeirinhas.

10. Aziz Ab’Saber, considerado um dos geógra-fos mais importantes do mundo, falando de suas angústias de brasileiro para o caderno Aliás, de-clarou que “os governantes e os políticos não têm noção de escala e sabem que o povo também não tem”. Segundo ele, o semiárido tem 750 mil qui-lômetros quadrados, no mínimo, e a transposição das águas do São Francisco não vai resolver o problema dessa região. Para Aziz, é preciso tam-bém saber a quem irá servir a transposição: se aos capitalistas, que têm fazendas e moram em apar-tamentos chiques em Fortaleza ou Recife, ou aos pobres da região, “pessoas que passaram a vida resistindo à seca”.

Com base no texto acima e nos conhecimentos de Geografia, assinale a alternativa correta.

a) O aumento da oferta de água em algumas áreas do semiárido não garante a distribuição equitativa desse recurso.

b) Segundo Ab’Saber, um planejamento adequado para a região teria de ser elaborado com base em mapas de escala cartográfica pequena, que apre-sentam informações mais detalhadas.

c) Aziz Ab’Saber defende que a transposição deve beneficiar preferencialmente os grandes produto-res da região, pois os pobres já se acostumaram às restrições impostas pela seca.

d) O semiárido corresponde ao domínio da vege-tação de cerrado, condicionando, em conjunto com o clima, a baixa fertilidade dos solos.

e) Ab’Saber sustenta que a principal causa da miséria no semiárido resume-se a causas naturais.

11. O mapa mostra a localização de uma grande usina hidrelétrica destinada a abastecer as regiões Norte e Nordeste do Brasil. Assinalar a alternativa que contém, na seguinte ordem:

1 - o nome da hidrelétrica; 2 - o nome do rio em que se localiza.

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a) 1 - Furnas; 2 - Grande.

b) 1 - Carajás; 2 - Tocantins.

c) 1 - Tocantins; 2 - Tucuruí.

d) 1 - Tucuruí; 2 - Araguaia.

e) 1 - Tucuruí; 2 - Tocantins.

12. O Brasil é um país rico em rios, o que lhe confere um grande potencial hidrelétrico. Este potencial está relacionado respectivamente aos seguintes fatores geográficos:

a) às condições climáticas e ao relevo acidentado.

b) à predominância no país do clima equatorial e à existência de poucas áreas planas.

c) à continentalidade do território e à disposição longitudinal do seu relevo.

d) à latitude e à monotonia do relevo.

e) à tropicalidade e à existência de planícies de tamanho considerável.

13. As condições naturais do Brasil favorecem amplamente a produção de hidreletricidade. Sobre o seu aproveitamento, é INCORRETO afirmar que:

a) o rio São Francisco recebeu a sua primeira hidrelétrica em 1913, instalada por Delmiro Gou-veia, que passou a utilizá-la na sua fábrica de linha.

b) em 1901, foi instalada a usina de Parnaíba no rio Tietê para fornecer energia para a cidade de São Paulo.

c) a construção da usina de Tucuruí, no rio Tocan-tins, permitiu a exploração mineral do complexo de Carajás.

d) é na bacia do Paraná que se situa o maior apro-veitamento hidrelétrico do país, destacando-se os complexos de Urupungá e Itaipu.

e) Balbina, hidrelétrica da bacia do Paraguai, abastece toda a região Centro-Oeste e trechos da região Norte.

14. Associe os minerais aos Estados onde ocor-rem predominantemente:

1. Ferro

2. Sal

3. Carvão

4. Estanho

5. Cobre

6. Chumbo

( ) Rondônia e Amazonas

( ) Minas Gerais e Pará

( ) Bahia, Rio Grande do Sul, São Paulo e Para-ná

( ) Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte

( ) Bahia e Rio Grande do Sul

( ) Santa Catarina

A sequência correta é:

a) 4, 3, 2, 1, 5, 6

b) 5, 4, 1, 2, 3, 6

c) 4, 6, 2, 1, 5, 3

d) 4, 1, 6, 2, 5, 3

e) 4, 5, 3, 1, 2, 6

15. Considere as afirmações adiante sobre os grandes Projetos Minerais no Brasil.

I - Usam técnicas conservacionistas, preservando o meio ambiente.

II - Por suas características é considerado fator de repulsão de população.

III - De modo geral implantam-se com o objetivo de atender aos mercados nacionais e internacio-nais.

IV - São exercidas por empresas mistas de capital nacional e internacional.

Estão corretas SOMENTE

a) I e II

b) I e IV

c) II e III

d) II e IV

e) III e IV

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16. (UFCE) Sobre o Nordeste do Brasil, é verda-deiro afirmar que:

a) na Zona da Mata açucareira predominam as pequenas propriedades agrícolas ocupadas com a policultura.

b) as atividades industriais implantadas a partir da Sudene possibilitaram eliminar as desigualdades regionais do país.

c) o avanço do capitalismo no campo vem provo-cando mudanças nas relações de trabalho e possi-bilitando o acesso à ter- ra para a maioria dos trabalhadores rurais.

d) o litoral nordestino apresenta-se homogêneo quanto aos seus aspectos físicos, uso do solo e exploração econômica.

e) a Sudene foi criada com o objetivo de integrar a região ao processo de expansão do capitalismo nacional com base na industrialização.

17. (Cefet-PR) Analise as afirmações abaixo sobre a população brasileira.

I. Devido a fatores históricos e econômicos, a maioria da po- pulação concentra-se nas porções litorâneas e a densidade demográfica decresce do norte para o sul.

II. A transformação em uma sociedade urbano-industrial permitiu a queda significativa da natali-dade e a conseqüente redu- ção do número de jovens.

III. Como conseqüência do processo de industria-lização, temos hoje uma pirâmide etária que reve-la uma base mais larga que há vinte anos.

IV. A população absoluta do Brasil e sua grande extensão territorial permitem-nos classificar o país como muito populoso, porém pouco povoado.

Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmação(ões):

a) I e II.

b) III.

c) IV.

d) I e III.

e) II.

18. A  metropolização  brasileira  se  dá  também como  "involução". O dito processo de  involução metropolitana significa: 

a) diminuição da mancha urbana das metrópoles brasileiras em razão da dispersão espacial das classes médias.

b) aumento da pobreza nas metrópoles brasileiras como resultado da escassez de investimentos públicos em infraestrutura.

c) redução do número de municípios componentes das Regiões Metropolitanas, visando a otimização das Políticas Públicas.

d) aumento de contingentes populacionais sem qualificação educacional ou profissional nas me-trópoles brasileiras.

e) diminuição da circulação de capitais e a conse-quente redução do crescimento econômico das metrópoles em relação ao território como um todo.

1. D 

2. E 

3. B 

4. D 

5. D 

6. C 

7. A 

8. C 

9. D 

10. A 

11. E 

12. A 

13. E 

14. D 

15. E 

16. E 

17. C 

18. E 

GABARITO

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MovimentosMigratórios

Imigrações 

A imigração inicia a partir da chegada da coroa portuguesa ao Brasil.

Para garantir a ocupação do território foi incentivada a vinda de imigrantes para a região sul do país. O governo trouxe 4.000 famílias aço-rianas para a região de Porto Alegre e Santa Cata-rina.

A preocupação da coroa portuguesa gira-va em torno da garantia territorial disputada com os espanhóis. Posteriormente a preocupação estará fundamentada na garantia de mão-de-obra para a lavoura que expandia para ao interior paulista. Era a fase do café, o ouro negro conquistava mercado no exterior, passava a compor o produto de expor-tação mais importante para o país e sofria com a limitação imposta pelo fim do tráfico de escravos.

Podemos listar muitas causas da imigra-ção para o Brasil, porém as mais importantes são:

maior quantidade de negros, mestiços e indí-genas nos períodos colonial e imperial;

necessidade de ocupar efetivamente o territó-rio devido às ameaças de invasão estrangeira;

pressões da Inglaterra contra a escravidão;

instabilidades econômicas na Europa em função das guerras.

Fatores favoráveis à imigração para o Brasil:

desenvolvimento da cafeicultura exigindo muita mão-de-obra;

leis abolicionistas;

subsídio às despesas de viagem dos imigran-tes;

permissão ao imigrante para que este pudesse cultivar gêneros alimentícios em uma gleba de terras;

custeio das despesas dos imigrantes no pri-meiro ano de trabalho;

crise na Itália.

Fatores desfavoráveis à imigração para o Brasil:

compromisso do imigrante para pagar as despesas da viagem com trabalho nos cafe-zais;

a I Guerra Mundial;

crise da economia cafeeira com a “Quebra da Bolsa de Nova Iorque,” em 1929;

temor dos imigrantes de serem tratados como escravos;

revolução de 30;

lei das latitudes, isto é, o clima tropical de difícil adaptação;

medidas restritivas da Constituição de 1934 (exceto para os portugueses):

lei das cotas;

seleção profissional;

seleção social;

seleção ideológica.

Principais grupos de imigrantes para o Brasil:

Italianos: foram para São Paulo (interior e capital) onde se dedicaram à cultura do café e à indústria. No Rio Grande do Sul e Santa Catarina (interior) fundaram cidades e se de-dicaram à cultura da uva para produzir vi-nhos.

Espanhóis: foram para vários lugares, especi-almente para São Paulo, tanto para a capital como para o interior, onde se dedicam ao co-mércio, oficinas, restaurantes.

Japoneses: chegaram a partir do inicio do século XX e foram para São Paulo (capital e interior) onde cuidam de hortifruticultura e granjas, floricultura e comércio. No Paraná (capital e interior) dedicam-se à agricultura e ao comércio. No Pará (interior e capital) cul-tura da pimenta-do- reino, juta, frutas e co-mércio.

Alemães: foram para Santa Catarina (Vale do Itajaí) onde se dedicam à policultura e à in-dústria caseira. No Rio Grande do Sul, São Paulo e Espírito Santo dedicam-se a diversas atividades.

Eslavos: foram, principalmente, para o Paraná (capital e interior) onde se dedicam especial-mente às atividades madeireiras e agricultura.

Sírio-libaneses: foram para diversas partes do país, especialmente para as áreas urbanas,

GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASI‐LEIRA

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pois geralmente, dedicam-se ao comércio em lojas ou como ambulantes.

Portugueses: mais numerosos, espalharam-se por todo o país, especialmente no Rio de Ja-neiro, dedicaram-se geralmente ao comércio (quitandas, padarias, bares...).

Imigração no Brasil, por nacionalidade –  

períodos decenais 1884‐1893 a 1924‐1933 

Nacionalidade 

Efetivos decenais 

1884‐

1893 

1894‐

1903 

1904‐

1913 

1914‐

1923 1924‐1933 

Alemães  22778  6698  33859  29339  61723 

Espanhóis  113116  102142  224672  94779  52405 

Italianos  510533  537784  196521  86320  70177 

Japoneses  ‐  ‐  11868  20398  110191 

Portugueses  170621  155542  384672  201252  233650 

Sírios e turcos  96  7124  45803  20400  20400 

Outros  66524  42820 109222  51493  164586 

Total  883668  852110 100661

7 503981  717223 

Fonte: Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de janeiro : IBGE,

2000. Apêndice: Estatísticas de 500 anos de povoamento. p. 226

A tabela acima demonstra a entrada de imigrantes até a promulgação da Lei de Cotas – 1934, editada no governo Vargas.

No próximo gráfico podemos verificar a contribuição dos imigrantes para o crescimento demográfico brasileiro pelo número de entradas de imigrantes no período de 1850 – pós-lei de terras e 1975. Após 1975 o Brasil começou a apresentar um déficit migratório, ou seja, passa-mos a ser um país com fluxo de emigração.

Os principais destinos de brasileiros para o exterior são: EUA, Europa, Japão – Dekaseguis, países vizinhos.

Migrações Internas 

Vários fatores contribuem para a mobilida-de da população no interior do território. As mu-danças econômicas regionais e as alterações no sistema produtivo podem dispensar mão de obra em uma região e criar empregos em outra. Desse modo, a população tende a ir em busca de melho-rias que podem ser momentâneas – causando as migrações temporárias ou permanentes

Êxodo  Rural: é a transferência permanente de grandes levas populacionais do campo para a cidade. Tornaram-se mais intensos a partir da década de 50 devido ao processo de industrializa-ção. O Censo de 1970, indicava predomínio de população urbana (55,92°% ) em relação à popu-lação rural (44,43%).

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Causas do Êxodo Rural: 

· mecanização das lavouras;

· concentração fundiária;

· falta de assistência médico-hospitalar e educacional no campo;

· falta de empregos permanentes com salá-rio fixo, e

· baixos salários nas cidades

· atração exercida pela cidade sobre o ho-mem do campo;

· possibilidade de emprego e salário fixos;

· assistência médico-hospitalar e educacio-nal; e

· possibilidade de aposentadoria e da casa própria.

Consequências do Êxodo Rural: 

· no campo: queda da produção em áreas que não foram mecanizadas, redução da popula-ção rural e falta de mão-de-obra para pequenos e médios proprietários.

· na cidade: favelização, periferização, ma-crocefalismo, marginalismo, especulação imobili-ária, desemprego e/ou subemprego, deterioração dos equipamentos urbanos.

O êxodo rural é o grande responsável pelo acelerado ritmo de urbanização do Brasil.

Transumância: é um movimento periódico, determinado, ou não, por razões climáticas, por isso diz-se que um movimento SAZONAL. Ocor-re no Brasil nas seguintes regiões:

Nordeste: do Sertão para a Zona da Mata e/ou litoral por ocasião do período das secas e, retorna no período das chuvas. Os trabalhadores são denominados de Corumbas.

Amazônia: executado pelos seringueiros que, numa época entram na Floresta em busca do látex, depois retornam às suas casas para fazer a preparação das denominadas pélas, isto é, a goma de borracha natural.

Quando termina esta parte do trabalho eles vão para as zonas de coletas de castanha-do-pará e, assim, sucessivamente.

Movimento Pendular ou Commuting: são movimentos periódicos, isto é, diários da periferia para os grandes centros de comércio e de indús-trias pela manhã e de retorno à noitinha. Dão origem às cidades-dormitórios e pique de trânsito ou “rush”.

Outros movimentos internos: 

· rural/rural: são trabalhadores rurais que saem de uma área agrícola para outra em função de trabalho;

· urbano/rural: são fluxos de trabalhado-res temporários que saem das cidades interioranas para executar trabalhos nas fazendas das adjacên-cias. É o caso dos “bóias-frias”.

· urbano/urbano: são trabalhadores espe-cializados que buscam melhores salários entre as cidades industrializadas. Geralmente ocorre das pequenas para as grandes cidades.

· inter‐regionais: quando há deslocamento de populações de uma região para a outra, sendo no Brasil denominados de “retirantes”. O Nordes-te é a maior área de repulsão e o Sudeste a princi-pal área de atração.

Migrações inter‐regionais 

A industrialização do Sudeste, principal-mente dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, na década de 80, foi o grande fator atrativo para essa região. Tal fator, capaz de atrair brasileiros de outras regiões e estrangeiros, é bem represen-tado pelo maior fluxo interno proveniente da grande região Nordeste. Esse fluxo nordestino também era direcionado para o Maranhão em função da rizicultura da várzea; para o Mato Grosso, atraída pela garimpagem; para Rondônia em função da extração de cassiterita e para o Nor-te do Paraná, onde a expansão da cafeicultura exigia mão-de-obra nos anos 60. Quanto ao estado de Goiás, o principal fator de atração populacional foi a construção de Brasília, movimento de grande monta, dinamizador do crescimento populacional do Centro-Oeste.

Na região Sudeste o principal fator popula-cional foi a industrialização que dinamizou as migrações inter-regionais e o êxodo rural, repre-sentado na maior parcela pela população oriunda do Nordeste, marcado pela estagnação da econo-mia, coronelismo, concentração fundiária e as privações da população. Essa população recém-regressa tem estoque de mão-de-obra barata, aten-dendo à voracidade dos grandes poderosos capita-listas e o acentuado crescimento urbano acelerado e desordenado, marcado pelas funções de produ-ção e trabalho do esquema centro-periferia.

A partir de 1964, apoiado na vontade dos governos militares, iniciou-se então a marcha em direção à Amazônia, no local predominou o gran-de capital e ignorou-se o homem da terra, pois as propriedades ocupadas possuíam dimensões gi-gantescas, geralmente, fruto de apropriação e expropriação de terras indígenas e de posseiros para beneficiarem grandiosos projetos agropecuá-rios. A mão-de-obra de maior vulto na região continua sendo a nordestina que é incrementada a

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partir de 1967, após a criação da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA).

O norte do Paraná continuou atraindo, principalmente em função da concentração de terras do sul do país e da situação socioeconômica das populações do Nordeste; esse fluxo se alastra por todo o estado de Mato Grosso. A década de 70, através do governo do general Médici, desta-cou a necessidade imediata de construção de ex-tensas rodovias como a Transamazônica e a Cuia-bá-Santarém para facilitar o fluxo migratório oriundo do Nordeste, com a finalidade de reduzir o superpovoamento das áreas metropolitanas do Sudeste, que já apresentavam tensões sociais, abastecer a Amazônia de mão-de-obra e reduzir as mostras de pobreza do Nordeste.

Essas estradas foram implantadas sem ne-nhum estudo de impacto ambiental e social, e apresentaram como principais prejudicados os indígenas e seus ecossistemas, através das ocupa-ções e crescimento populacional desordenado.

A década de 90 foi evidenciada pela queda do movimento interno em direção ao Sudeste, e particularmente as metrópoles que já apresentari-am os maiores índices negativos do macrocefa-lismo urbano, passaram a reduzir o crescimento populacional (ex.: São Paulo), o crescimento das cidades de pequeno e médio porte e a permanên-cia acentuada do vetor migratório para a Amazô-nia.

Observe o mapa dos fluxos migratórios na década de 1970.

O perfil das migrações internas modificou e, atualmente, verifica-se a tendência de migração das grandes cidades para as cidades de porte mé-dio. Fatores que constituem a qualidade de vida como violência, trânsito, poluição, estagnação da Infraestrutura urbana são considerados no mo-mento de escolher o novo destino de moradia. Nas grandes regiões metropolitanas já se identifica a formação de famílias que moram nas chamadas

cidades jardins e trabalham diariamente no grande centro urbano.

Esse mapa resume a mudança no perfil das migrações internas: da migração inter-regional do período 40-70 para, hoje, termos as migrações em direção aos polos regionais. Veja o quadro abai-xo:

Ranking das Unidades da Federação com maior população não-natural – Brasil - 2000

Unidade da Federação População não-natural

São Paulo 8.821.030

Rio de Janeiro 2.476.072

Paraná 1.795.751

Goiás 1.293.733

Minas Gerais 1.221.299

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

Populaçãoetrabalho

Tarsila do Amaral, Operários, 1933.

Prezado candidato, neste capítulo analisa-remos a população quanto à distribuição da popu-lação nos setores da economia (primário, secundá-rio terciário) percebemos enormes transforma-

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ções que permitem avaliar a economia do país. Entre os fatores causadores de alterações, podem se destacar a industrialização, a urbanização e a modernização de campo brasileiro.

No Brasil, a concentração fundiária injusta, antidemocrática e impune que proporciona grande quantidade de terras nas mãos de poucos. Existem milhares de trabalhadores sem-terra prontos para produzir os quais são, geralmente, aproveitados como trabalhadores temporários (bóias-frias) nas grandes fazendas. A falta de acesso a terra influ-encia nos fluxos populacionais em direção a cida-de, aumentando as taxas de êxodo rural, contribu-indo ainda mais para o aumento dos níveis de urbanização e dilatação da PEA (população eco-nomicamente ativa) nos setores secundário e ter-ciário. Devemos ainda considerar o papel da me-canização e a tecnologia inserida no campo as quais contribuiu para a liberação da mão-de-obra para as cidades.

Devemos atentar para a existência de várias situa-ções de subdesenvolvimento nos países, como por exemplo, os africanos que apresentam sua econo-mia quase que plenamente calcada na agricultura tradicional, que exige numerosa mão-de-obra; já nos países subdesenvolvidos e industrializados, como Brasil, Argentina, Egito e México a distri-buição da população é marcada por intenso pro-cesso de terceirização (concentração da população no setor terciário) da população, mas isso não é visto exclusivamente como melhoria em função da industrialização e, sim, como problemas exis-tentes nas economias desses países.

Podemos citar muitos problemas na distribuição dos trabalhadores por faixa de renda. Veja o gráfi-co a seguir:

Distribuição das pessoas ocupadas de 10 ou mais, por classes de rendimento no trabalho principal - 2005-2007.

FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí-

lios. 2007.

O Brasil, na condição de periferia privile-giada, apresenta deficiência em oferta de empre-gos e como consequência disso, apresenta inchaço no setor terciário (hipertrofia do terciário), geran-do elevados índices de informalidade.

A PEA brasileira total é da ordem de 42% da população total, sendo que destes, 65% é mas-culina e 35% feminina. Nos setores da economia verifica-se o seguinte distribuição:

setor  primário (agricultura, pecuária e ex-trativismo) = 23,2%;

setor  secundário (indústria e construção civil) = 23,8%;

setor  terciário (serviços, profissionais libe-rais, funcionalismo, comércio...) = 53,0%.

Candidato, como se observa nessa divi-são, o setor primário é basicamente rural e os setores secundários e terciários são principalmente urbanos. O setor primário abrange grande percen-tual da população ativa em países pouco industria-lizados. O setor secundário era considerado o mais importante pelo menos até os anos 1970, no auge da Segunda Revolução Industrial. O setor terciário é o mais complexo e problemático dos

Distribuição da PEA por setores

Países Primário Secundário Terciário

EUA 3% 25% 72%

Brasil 23,2% 23,8% 53,0%

Índia 62% 11% 27%

Etiópia 88% 2% 10%

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três, pois é muito amplo, engloba atividades muito diversas e, às vezes, até discrepantes, tanto ativi-dades modernas (setor financeiro, firmas que elaboram programas para computadores, assesso-rias diversas, universidades, etc.) quando ativida-des tradicionais (camelôs, biscateiros, subempre-gados). Nos países desenvolvidos, esse setor é grande e vem crescendo cada vez mais.

Para a população ocupada as condições variam muito. Uma característica da situação dos países de industrialização tardia é ter um setor terciário inchado e com muita informalidade. O trabalho informal é um problema muito grave, pois mesmo que o trabalhador esteja produzindo riqueza, este não tem as garantias de proteção do trabalho e do sistema de assistência social como aposentadoria, seguro desemprego, seguro acidente, licença ma-ternidade e paternidade. O trabalho informal é um mal para o governo devido não permitir o reco-lhimento de impostos, mas é mais prejudicial para o trabalhador que fica sem amparo em caso de necessidade. Veja no gráfico a seguir a distribui-ção da população ocupada.

Pessoas ocupadas por posição na ocupação - 2006-2007

FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. 2007

Observe a forte diferença na distribuição da população pelos setores produtivos no Brasil.

Grandes regiões do Brasil: pessoas de 10 anos ou mais de idade ocupadas, por setores de produção (1993)

Setores de produção Grandes

regiões Primário Secundário Terciário

Norte 13,8% 19,2% 67% Nordeste 42,1% 14,4% 43,5% Sudeste 16,2% 25,5% 58,3%

Sul 32,8% 22,0% 45,2% Centro-

Oeste 28,3% 15,3% 56,4%

Brasil 27,4% 20,7% 51,9%

O Sudeste apresenta 25,5% da sua popula-ção no setor secundário.

A Região Norte apresenta o mais elevado percentual da população no setor terciário — 67%.

O estudo da distribuição populacional por setores da economia fornece subsídios para o conhecimento da economia e viabiliza o replane-jamento do espaço geográfico brasileiro.

Caro candidato, a PEA – População Eco-nomicamente Ativa – diz respeito a parcela da população de um país que trabalha ou que está procurando emprego é designada população eco-nomicamente ativa, está voltada para o mercado de trabalho e inclui a população ocupada( pessoas que estão efetivamente trabalhando ) e os desem-pregados. A parcela que não trabalha e não esta empenhada na busca de emprego denomina-se inativa e inclui as crianças, os aposentados, os estudantes ( desde que não trabalhem) e as mulhe-res que exercem funções domésticas remuneradas.

Qualidade na força de trabalho 

A qualificação na força de trabalho influi de forma direta nas características da economia dos países e seu desenvolvimento, afinal de con-tas, o homem é o agente da vida econômica dos países. Para avaliar a qualidade da mão-de-obra verificam-se os índices de analfabetismo existente no país. Veja o gráfico a seguir:

Taxas de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais - 2005-2007

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FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. 2007.

O problema que se verifica ainda é o baixo índice de escolaridade, conformando grande par-cela da população com menos de quatro anos de estudo. Essa parcela da população é considerada analfabeta funcional.

Quando falamos em qualificação da força de trabalho um parâmetro importante é o analfa‐betismo  funcional - pessoas com 15 anos ou mais que têm menos de 4 anos de estudo completos - ou que não são capazes de ler mais e entender mais do que uma palavra ou uma frase curta. Essas pessoas têm muita dificuldade de se inserir no mercado de trabalho devido a exigência tecnoló-gica que se verifica em qualquer função do mer-cado. Veja o gráfico:

Porém verifica-se que já se registra uma queda nas taxas de analfabetismo geral da popula-ção e do analfabetismo funcional, isso influencia na qualidade da mão-de-obra em geral. Como o índice de analfabetismo é mais alto na população mais idosa à medida que essa passa para a inativi-dade a PEA apresenta um melhor perfil.

Veja no gráfico abaixo a série histórica

A mulher no Brasil – ISERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO

Diversas conquistas têm colocado a mulher numa posição de luta sem trégua na busca de uma sociedade justa; no entanto, a participação da mulher na sociedade sempre foi marcada pela interferência da instituição família, que sempre enfrentou conceitos e ideologias machistas, prin-cípios inibidores do desempenho feminino na vida social e no mercado de trabalho. A herança de uma sociedade patriarcal retardou a inserção da mulher no mercado de trabalho.

Pessoas Economicamente Ativas - 2006-2007

FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. 2007.

Apesar da predominância masculina na PEA bra-sileira, a participação da mulher no mercado de trabalho brasileiro tem aumentado consideravel-mente nos últimos anos. Esse ingresso foi dificul-tado, ao longo dos anos, por inúmeros obstáculos como a maternidade e a criação de filhos, o baixo nível de empregos. O emprego da mão-de-obra feminina não é seguido dos mesmos padrões de empregabilidade masculina. As mulheres recebem menores rendimentos quando comparados em uma mesma categoria de trabalho. A diferença de tratamento tem raízes culturais e econômicas.

Veja a inserção da mulher, por região, na catego-ria de dirigente:

O gráfico demostrou que as mulheres con-tinuam ganhando espaço no mercado de trabalho do Brasil.

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Composiçãosocialeétnica

Prezado candidato, nossos estudos de população tem como finalidade trazer informações acerca da formação étnica, composição da população em gênero e distribuição por grupos de idade, distri-buição da população pelos setores produtivos, formação da população economicamente ativa e inativa, expectativa de vida, índice de desenvol-vimento humano, pobreza e exclusão social. No Brasil, os estudos são realizados pelo IBGE.

Para se desenvolver esses estudos o IBGE realiza estudos estatísticos e censos demográficos visan-do levantar informações sobre cada domicílio brasileiro. O período entre os censos, que são realizados com intervalos de 10 anos, o IBGE realiza as pesquisas nacionais por amostra de domicílios – PNAD com o objetivo de atualizar os

dados e realizar as projeções necessárias para subsidiar as ações do Estado.

Conceitos centrais no estudo de população

Taxa  ou  índice  de  natalidade: é o número de nascimentos dividido pela população total, multi-plicado por 1.000. (TN= n° de nat/pop. total .1.000). Tendo por base dados de 2005 a TN do Brasil era de 20,4%o (20,4 por mil) ou 2,04%. Embora ainda seja considerada elevada, a natali-dade brasileira está experimentando uma redução nos últimos anos devido aos seguintes fatores:

casamentos mais tardios, principalmente no meio urbano; 

elevado custo da formação de um indivíduo nas áreas urbanas; 

maior  integração da mulher no mercado de trabalho; 

maior  acesso  aos  métodos  anticoncepcio‐nais nas últimas décadas. 

Atenção candidato, não confundir a taxa de cres-cimento vegetativo com a taxa de crescimento demográfico. A segunda a população de um país aumenta mediante dois processos: a diferença entre o número de pessoas que entraram e o das que saíram; e diferença entre os índices de natali-dade e os de mortalidade que é o crescimento vegetativo/ natural. Apesar de ter diminuído bas-tante nas últimas décadas, os índices brasileiros de natalidade ainda são relativamente altos, se com-parados aos dos países desenvolvidos.

 

Taxa  ou  índice  de  mortalidade: é o número de óbitos dividido pela população total, multiplicado por 1.000. (TM = n° de óbitos/pop. Total . 1.000). Tendo por base dados de 2005o último a TM do Brasil era de 6,3%o ou 0,63%. A taxa de mortali-dade experimentou sensível redução nos últimos anos em função dos seguintes fatores:

Ø maior acesso à assistência médico-hospitalar por um maior número de pessoas em função da urbanização da população; Ø desenvolvimento da medicina preventiva com as campanhas de vaci-nação e da utilização de aparelhos e drogas mais sofisticadas;

Ø melhoria das condições de saneamento básico que, embora não seja para todos, tem crescido nos últimos anos.

 

Taxa  ou  índice  de  crescimento  vegetativo  ou natural: é o saldo entre a TN e a TM, isto é, CV = TN-TM. Pelo último censo (2010) era de 1,17%.

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Taxa  ou  índice  de mortalidade  infantil: é o nú-mero de crianças que nascem vivas, porém mor-rem até um ano de idade. Segundo dados de 2008- o Brasil, seria de 23%o ou 2,3%. Ainda é conside-rada elevada.

Taxa de  fecundidade: é o número médio de filhos nascidos vivos durante a fase reprodutiva femini-na, considerada pelo IBGE para efeito estatístico, como sendo entre 15 e 49 anos. Esta taxa caiu em 19% no período de 1980 a 1984 (era de 4,35 e caiu para 3,53 em 1984). De 1960 a 1984 sofreu uma queda da ordem de 50%. Isto se deve, princi-palmente, à grande frequência das ligaduras ou laqueadura das trompas. Atualmente, nossa taxa de fecundidade está estimada em 1,8 filhos por mulher.

Caro estudante, a queda da taxa de fecundidade no Brasil avançou bastante nos últimos 46 anos. Saindo de 6 filhos por mulher em 1960 e chegan-do a 1,8 em 2010. Ou seja, abaixo da taxa de reposição recomendada pela ONU, que é de 2,1 filhos por mulher. A continuar dessa forma a população brasileira terá um decréscimo popula-cional por volta de 2040, quando deverá está pró-xima de 235 milhões de habitantes.

De acordo com a especialista do IBGE Sônia Oliveira, a grande variação diz respeito à relação entre o nível de instrução das mulheres e o plane-jamento do número de filhos. “Em anos anterio-res, os números de filhos por mulher caíam apenas em classes mais altas e para mulheres que tinham melhor instrução. Hoje, mesmo as mulheres de classes baixas planejam o número de filhos que querem ter.” O estudo mostra que, em 1970, mu-lheres que tinham até três anos de estudo tinham cerca de 7,2 filhos e mulheres com oito ou mais anos de estudo tinham 2,7 filhos. Em 2005, esses índices eram de 3 e 1,4 filhos, respectivamente. O levantamento reúne dados já pesquisados pelo IBGE e pretende analisar a relação entre os índi-ces demográficos e a questão da saúde. “Pegamos índices oriundos de diversos estudos já publicados e analisamos tendências como a queda da mortali-dade infantil e da fecundidade, por exemplo,”, explica Sônia.

Expectativa de vida: é a esperança de vida que corresponde à vida média da população. Pelos dados de 2008, a expectativa de vida esta em torno de 72,6 anos, sendo mais elevada para as mulheres.

Prezado estudante, que fique claro que a banca examinadora correlaciona o aumento da expecta-tiva de vida a um avanço na qualidade de vida da população brasileira o que no atual contexto é tido como correto.

Política  demográfica  brasileira: oficialmente, o governo adotou sempre uma política natalista ou populacionista. A partir de 1974, o governo pas-sou a interessar-se por uma “Política de Planeja-

mento Familiar”. O Brasil enviou representantes à Conferência de Bucareste promovida pela ONU, sobre Planejamento Familiar.

O modelo de planejamento adotado no Brasil tem como base o planejamento organizado pela pró-pria família e, não pelo Governo. A posição do governo é neutra, pois há grande resistência social exercida principalmente pela Igreja e pelos Parti-dos Progressistas. Devemos destacar que em nos-so território houve momentos de esterilização em massa de mulheres de baixa renda, especialmente no Nordeste, sendo patrocinada por fundações estrangeiras como é o caso da BEMFAM (Socie-dade Brasileira de Bem-Estar Familiar). Nas dé-cadas de 60 e 70 o governo, mesmo não tendo uma política clara de controle populacional permi-tiu atuação de instituições estrangeiras como a Fundação Rockenfeller e Fundação Ford no Bra-sil, o que acabou por influenciar influenciando as políticas sanitárias e de controle populacional.

Atenção candidato, nossa constituição prevê que o Estado deve dar as condições para a família reali-zar o planejamento familiar por meio da educação e das condições materiais para isso, como é o caso da distribuição gratuita de camisinhas, pílulas e ainda a realização, nos hospitais públicos de ci-rurgias como a vasectomia e a laqueadura. As autoridades brasileiras, na realidade, especialmen-te no tocante ao posicionamento sobre o tema procura agradar a igreja católica e os demais gru-pos cristãos, majoritários no país e radicalmente contra os métodos anticoncepcionais; e também se opõem às pressões exercidas pelos países ricos, que gostariam de políticas mais firmes de controle da natalidade nos países pobres especialmente na América Latina. Apesar desse posicionamento, na política interna o governo brasileiro tem procura-do expandir os métodos de planejamento familiar.

 

A população em números 

Existe certo equilíbrio biológico entre os sexos. A demografia utiliza o conceito de índice de mascu-linidade (1 homem por 100 mulheres). Em todas as regiões observa-se que o índice de masculini-dade ao nascer é maior do que 100, o que significa dizer que nasceu mais crianças do sexo masculino do que do sexo feminino.

O índice de crescimento populacional vem apre-sentando sensível redução de crescimento desde a década de 70, em decorrência da ocorrência de diversos fatores como:

a preponderância da emigração; 

as dificuldades econômicas do país; 

a insegurança no trabalho; e 

a inserção marcante da mulher no mercado de trabalho. 

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Observando a pirâmide etária do ano 2000 verifi-ca-se que há mais nascimentos de homens (base da pirâmide) e uma maior mortalidade destes demonstrado pelo estreitamento mais acentuado. No topo observa-se o predomínio de mulheres, demonstrando que estas têm maior longevidade.

O crescimento demográfico tem apresenta-do uma modificação substancial nas últimas déca-das. Desde 1872, quando se iniciou o acompa-nhamento da população e se realizou o primeiro censo até a década de 1940 o Brasil a presentava um crescimento demográfico inferior a 2%. Isso era uma realidade na qual se tinha altas taxas de natalidade e altas taxas de mortalidade. Muitos nascimentos, porém muitos óbitos, a expectativa de vida era muito baixa.

Vários fatores contribuíram para essa rea-lidade, entre eles:

Falta de acesso a infraestrutura – água tra-tada, esgoto canalizado, coleta de lixo, etc.

Falta de acesso a saúde – vacinas, pré-natal, hospitais suficientes;

Alimentação deficiente – a subnutrição era um mal comum entre a população pobre...

Observe a comparação das pirâmides etá-rias das últimas três décadas.

Base larga, topo estreito - Baixa expectativa de vida

Inicia o estreitamento da base, corpo começa a alargar.

Continua o estreitamento da base, alargar o copo e o topo.

Visite o link abaixo do IBGE e veja a projeção da população até o ano de 2050

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_populacao/2008/piramide/piramide.shtm

Devido as mudanças que ocorreram, após a década de 1940, houve a preocupação com o crescimento populacional. Verificava-se que após a 2ª GM deu inicio a transição demográfica nos países pobres. Vejamos o gráfico seguinte:

Período de Pré-transição – registram-se al-tas taxas de natalidade - TN e taxas de mortalida-de – TM com baixo crescimento vegetativo.

1ª fase – queda brusca das TM com a ma-nutenção das TN – explosão demográfica. Princi-pais causas das mudanças são o maior acesso a saúde (vacinas, remédios) e infraestrutura (urba-nização)

2ª fase – queda das taxas de natalidade – com a urbanização inicia uma mudança no padrão

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de família na sociedade. Mulheres no mercado de trabalho, maior custo para manutenção da família na cidade, melhorias sanitárias.

3ª Fase – regime demográfico moderno – pós-transição. Esse é o momento em que se tem um crescimento populacional baixo, tendendo a estabilidade demográfica. Nessa fase, o cresci-mento populacional se dá, principalmente, devido ao aumento da expectativa de vida

A tendência que se observa no período pós-transição são: Mudança do perfil de mortali-dade – fim das mortes por doenças de pobre (des-nutrição e epidemias) para termos mortes de velho – doenças cardiovasculares.

Mudança no perfil populacional – redução do percentual de jovens na população e cresci-mento do percentual de velhos.

Redução do número de componentes na família – família celular – pai, mãe, dois filhos.

Observe os dois gráficos que demonstram as mudanças por década (gráfico 1) e no período de 1991 a 2003 (gráfico 2).

Gráfico 1

Gráfico 2

A redução da taxa de fecundidade demons-tra que as famílias em nosso país têm decidido ter um menor número de filhos.

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EXERCÍCIOS  

1. O período de 1850 a 1930  foi o de maior en‐trada de imigrantes no Brasil. São favoráveis para isso, EXCETO: 

a) o desenvolvimento da cafeicultura.

b) a abolição da escravatura.

c) custeio, por parte do governo imperial, dos gastos de transporte do imigrante até 1889.

d) condições favoráveis ao desenvolvimento ur-bano e das atividades industriais e manufatureiras.

e) disposição dos fazendeiros de café de cobrir as despesas do imigrante durante o 1º ano de traba-lho.

2. Assinale a alternativa INCORRETA: 

a) no Brasil é muito intensa a mestiçagem entre brancos e amarelos.

b) do ponto de vista antropológico, a população brasileira ainda se encontra em formação.

c) os eslavos, principalmente poloneses, concen-tram na região Sul.

d) os negros estão concentrados, em sua maioria no Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, regiões que receberam o maior contingente de escravos para a agroindústria açucareira, lavoura cafeeira e mine-ração, respectivamente.

e) os mulatos são resultantes do cruzamento do branco com o negro, sendo numerosos no Nordes-te e Sudeste brasileiros.

3. (UFCE) Sobre a dinâmica populacional no Bra‐sil, nos últimos 40  (quarenta) anos, considere as seguintes afirmativas:  

I. O crescimento natural ou vegetativo é o princi-pal elemento do incremento demográfico no país.

II. O aumento das taxas de natalidade da popula-ção brasileira vem ocorrendo paralelamente com a intensidade do crescimento da população urbana.

III. Os índices médios de mortalidade infantil, apesar de terem diminuído nas últimas décadas, ainda estão longe de se igualar aos índices dos países do chamado "Primeiro Mundo". De acordo com as afirmativas, pode-se dizer corretamente:

a) apenas I é verdadeira.

b) apenas II é verdadeira.

c) apenas I e II são verdadeiras.

d) apenas I e III são verdadeiras.

4. (CEFET‐PR) Analise as afirmações abaixo sobre a população brasileira.  

I. Devido a fatores históricos e econômicos, a maioria da população concentra-se nas porções litorâneas e a densidade demográfica decresce do norte para o sul.

II. A transformação em uma sociedade urbano-industrial permitiu a queda significativa da natali-dade e a consequente redução do número de jo-vens.

III. Como consequência do processo de industria-lização, temos hoje uma pirâmide etária que reve-la uma base mais larga que há vinte anos.

IV. A população absoluta do Brasil e sua grande extensão territorial permitem-nos classificar o país como muito populoso, porém pouco povoado.

Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmação(ões):

a) I e II.

b) III.

c) IV.

d) I e III.

e) II.

5.  (PUC‐MG) A distribuição da população brasi‐leira no território constitui‐se um grave problema atual, sendo incorreto afirmar que:  

a) a luta pela posse da terra, no campo ou na cida-de, para moradia ou trabalho, gera conflitos e acentua a crise política, econômica e social.

b) ocorrem grandes aglomerações demográficas em áreas urbanas, acentuadas pelo êxodo rural.

c) o fenômeno da metropolização especialmente se relacionou ao processo de industrialização.

d) cerca de um quarto da população vive em áreas rurais, dispersas no território.

e) a ocupação do espaço é homogênea, por não apresentar empecilhos naturais ao povoamento e à produção.

6. (FEI‐SP) Observe  a  tabela  abaixo  e  indique  a alternativa correta.  

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a) As projeções indicam que o Brasil se torna cada vez mais um país jovem.

b) No futuro existirá uma reversão da urbanização que ocorreu durante o século XX.

c) As projeções indicam a necessidade de o go-verno voltar de modo significativo as políticas públicas em direção aos estratos mais jovens da população.

d) Existe uma projeção de diminuição absoluta da população em idade ativa no país.

e) A população urbana brasileira apresenta uma tendência futura de crescimento e envelhecimen-to.

7.  (UFPI) Sobre a população brasileira assinale a opção correta.  

a) A causa máxima do declínio populacional nas áreas urbanas deve-se ao aumento da taxa de mortalidade infantil.

b) A modernização não alterou, em nada, a dinâ-mica populacional brasileira.

c) A regulamentação da esterilidade voluntária é um dos pontos centrais da lei que regula o plane-jamento familiar.

d) O Brasil já atravessou o período da chamada transição demográfica.

e) Os estereótipos sexuais impedem que ocorra a feminização da pobreza.

8.  (Unimep‐SP)  A maioria  dos  estrangeiros  que compõem a nova onda de imigrantes para o Bra‐sil vem de países ricos, traz família, instala‐se em São Paulo e Rio de Janeiro e tem mais de 30 anos. No  ano  passado,  17.178  estrangeiros  vieram trabalhar  legalmente no mercado brasileiro, um contingente mais de três vezes o total registrado em 1993, 5.256  segundo o Ministério do Traba‐lho. Neste ano, o ritmo de chegada desses novos imigrantes  continua  acelerado.  Até  junho, mais de 8.000 entraram no país com visto de trabalho. Essa  tendência  se acentuou  fortemente em  fun‐ção de dois processos nos anos 1990:  

a) terceirização e reengenharia;

b) renovação tecnológica e informatização;

c) automação e privatização;

d) globalização e privatização;

e) terceirização e informatização.

9. (UFES)  A  imigração  japonesa  se  iniciou  no Brasil  em  1908.  Entretanto,  nos  últimos  anos, tem  havido  uma  inversão  do  fluxo  migratório. São  os  dekasseguis  que  partem  em  direção  ao Japão.  

É correto afirmar que os dekasseguis são:

a) trabalhadores brasileiros, bem remunerados, interessados em turismo a baixo custo.

b) trabalhadores brasileiros que foram para o Japão atuar em linhas de produção, ocupando posições subalternas.

c) trabalhadores brasileiros que foram em busca de trabalhos altamente especializados e bem pa-gos.

d) trabalhadores brasileiros que se engajaram definitivamente no mercado de trabalho japonês e que não têm intenção de retorno.

e) trabalhadores brasileiros que se destacam nos melhores empregos, competindo com a classe trabalhadora japonesa.

10. Sobre a estrutura e a dinâmica populacional do  Brasil,  assinale  a(s)  proposição(ões)  VERDA‐DEIRA(S): 

a) O crescimento natural é maior nas áreas urba-nas, em virtude das condições favoráveis ao de-senvolvimento da criança.

b) Desde meados da década de 60, a população urbana predomina em relação à população rural.

c) Dentre os fatores responsáveis pelo êxodo ru-ral, ganham destaque a industrialização, a estrutu-ra fundiária e a mecanização agrícola.

d) A taxa de natalidade, apesar dos esforços na área de educação e saúde, teima em crescer nas últimas décadas.

e) A diminuição da participação dos jovens (0-19 anos), entre 1970 e 1991, na estrutura etária brasileira, confirma mudanças no comportamento reprodutivo da população.

11. (Cesgranrio) Em relação às fontes de energia do Brasil, podemos afirmar que: 

a) O preço do quilowatt de energia nuclear é um estímulo à instalação dessa fonte energética.

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b) O aproveitamento dos nossos rios de planalto é de aproximadamente 90%, donde se conclui que o Brasil deva buscar outras fontes energéticas.

c) O carvão mineral é uma importante fonte de energia, sendo que as principais vantagens das jazidas brasileiras são o baixo custo da produção e a grande quantidade de carvão coqueificável.

d) A produção de energia elétrica no Brasil é basicamente de fonte hidráulica, e sua participa-ção supera a ordem de 75%.

e) As regiões Sudeste e Sul, juntas, participam com 75% da produção e 30% do consumo total de energia elétrica.

12. (PUC‐MG) A distribuição da população brasi‐leira no território constitui‐se um grave problema atual, sendo incorreto afirmar que:  

a) a luta pela posse da terra, no campo ou na cida-de, para moradia ou trabalho, gera conflitos e acentua a crise política, econômica e social.

b) ocorrem grandes aglomerações demográficas em áreas urbanas, acentuadas pelo êxodo rural.

c) o fenômeno da metropolização especial- mente se relacionou ao processo de industrialização.

d) cerca de um quarto da população vive em áreas rurais, dispersas no território.

e) a ocupação do espaço é homogênea, por não apresentar empecilhos naturais ao povoamento e à produção.

13. (FEI‐SP) Observe a  tabela abaixo e  indique a alternativa correta.  

a) As projeções indicam que o Brasil se torna cada vez mais um país jovem.

b) No futuro existirá uma reversão da urbanização que ocorreu durante o século XX.

c) As projeções indicam a necessidade de o go-verno voltar de modo significativo as políticas públicas em direção aos estratos mais jovens da população.

d) Existe uma projeção de diminuição absoluta da população em idade ativa no país.

e) A população urbana brasileira apresenta uma tendência futura de crescimento e envelhecimen-to.

14. (Fuvest‐SP)  

Fonte: IBGE, 2001.

Analise as pirâmides etárias do Brasil, conside-rando os itens abaixo sobre a estrutura populacio-nal brasileira.

I. O aumento significativo, na faixa de 15-19 anos, nesse período, foi decorrente do milagre econômico brasileiro.

II. A base mais estreita da pirâmide de 2000, quando comparada com a de 1960, indica uma redução na taxa de natalidade.

III. O alargamento do topo da pirâmide de 2000 indica um decréscimo da expectativa de vida da população brasileira.

IV. Nos últimos 40 anos, há evidências de que o país passa por processo de transição demográfica.

Estão corretas todas as afirmações da alternativa

a) I e II.

b) I e III.

c) II e III

d) II e IV.

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Page 141: 222244851 Apostila CHQAO Geografia

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e) III e IV.

15. (UFPI) Sobre a população brasileira. assinale a opção correta.  

a) A causa máxima do declínio populacional nas áreas urbanas deve-se ao aumento da taxa de mortalidade infantil.

b) A modernização não alterou, em nada, a dinâ-mica populacional brasileira.

c) A regulamentação da esterilidade voluntária é um dos pontos centrais da lei que regula o plane-jamento familiar.

d) O Brasil já atravessou o período da chamada transição demográfica.

e) Os estereótipos sexuais impedem que ocorra a feminização da pobreza.

16. (Fuvest‐SP)  Podemos  afirmar  que  a  rede urbana no Brasil é  

a) pouco densa no Sul, devido ao desenvolvimen-to agrícola baseado no minifundo familiar, volta-do à produção de trigo para o consumo interno.

b) densa no Centro-Oeste, devido ao desenvolvi-mento agrícola baseado na produção de soja e trigo, constituindo uma hierarquia urbana comple-ta.

c) rarefeita no Nordeste, devido à migração da população para outras regiões do país, que ofere-cem oportunidades de trabalho.

d) pouco densa no Norte, apresentando uma estru-tura hierárquica incompleta, apesar dos investi-mentos estrangeiros em infraestrutura urbana, a partir de 1970.

e) densa no Sudeste, devido à bem desenvolvida infraestrutura de transporte e ao número de cida-des, viabilizando um sistema de fluxos de merca-dorias e de pessoas.

17. (Mackenzie‐SP) "Este  tipo de migração ocor‐re entre o interior do Nordeste (principalmente o Agreste) e o litoral. Logo após a colheita do milho e  feijão  no  interior,  os  pequenos  produtores deslocam‐se para a Zona da Mata onde vão  tra‐balhar no corte e na moagem da cana. Terminada a tarefa, retornam ao interior. No ano seguinte a migração se repete."  

(COELHO, Marcos A. Geografia do Brasil. São Paulo, Mo-derna.)

o tipo de migração descrita no texto é classi- fica-da como:

a) transumância.

b) migração pendular.

c) êxodo rural.

d) "commuting".

e) emigração.

18. Os  últimos  censos  demográficos  do  Brasil têm  registrado  inúmeras mudanças na dinâmica e  no  comportamento  da  população  brasileira. Todas as afirmações abaixo são exemplos destas alterações com exceção da(o): 

a) declínio das taxas de natalidade, fecundidade e mortalidade geral.

b) aumento da população idosa no conjunto da população.

c) crescimento da população e ameaça de explo-são demográfica.

d) elevação do número de pessoas empregadas no setor terciário.

e) aumento da expectativa de vida.

1. D 2. A 3. D  4. C

5. E 6. E 7. D  8. B

9. B 10. C 11. D  12. E

13. E 14. D 15. D  16. E

17. A 18. D  

GABARITO

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