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Hidráulica Fluvial II Propriedades físicas dos sedimentos 2. Propriedades físicas dos sedimentos 2.1. Propriedades dos grãos (partículas) 2.1.1. Dimensão ¾ As dimensões das partículas, de forma irregular, representam-se pelo “Diâmetro esférico equivalente”: Diâmetro nominal : diâmetro da esfera de densidade e volume iguais aos da partícula; (útil quando é fácil de medir o volume da partícula) Diâmetro de peneiração : φ da esfera que, como a partícula, passa sem folga pela rede de um peneiro; (comum para areias) Diâmetro de sedimentação : φ da esfera de densidade igual à da partícula, que atinge a “velocidade terminal” (em equilíbrio), w s , igual à da partícula, nas mesmas condições; (útil para areias finas, siltes e argilas) Diâmetro de queda : φ da esfera de densidade 2.65, que atinge a mesma velocidade terminal que dada partícula, em água destilada à temperatura de 24°C. (útil para areias finas, siltes e argilas) Processos Fluviais e Costeiros, 2002 II1 Francisco Sancho

2. Propriedades físicas dos sedimentos 2.1. Propriedades

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Page 1: 2. Propriedades físicas dos sedimentos 2.1. Propriedades

Hidráulica Fluvial II − Propriedades físicas dos sedimentos

2. Propriedades físicas dos sedimentos

2.1. Propriedades dos grãos (partículas)

2.1.1. Dimensão

As dimensões das partículas, de forma irregular,

representam-se pelo “Diâmetro esférico equivalente”:

− Diâmetro nominal: diâmetro da esfera de densidade e

volume iguais aos da partícula; (útil quando é fácil de

medir o volume da partícula)

− Diâmetro de peneiração: φ da esfera que, como a

partícula, passa sem folga pela rede de um peneiro;

(comum para areias)

− Diâmetro de sedimentação: φ da esfera de densidade

igual à da partícula, que atinge a “velocidade terminal”

(em equilíbrio), ws, igual à da partícula, nas mesmas

condições; (útil para areias finas, siltes e argilas)

− Diâmetro de queda: φ da esfera de densidade 2.65, que

atinge a mesma velocidade terminal que dada partícula,

em água destilada à temperatura de 24°C. (útil para

areias finas, siltes e argilas)

Processos Fluviais e Costeiros, 2002 II−1 Francisco Sancho

Page 2: 2. Propriedades físicas dos sedimentos 2.1. Propriedades

Hidráulica Fluvial II − Propriedades físicas dos sedimentos

Classes de tamanhos: (divisão primária)

CLASSE GAMA DE DIÂMETROS

Calhau (cobles) D ≥ 64 mm

Seixo (gravel) 2 mm ≤ D < 64 mm

Areia (sand) 62 µm ≤ D < 2 mm

Silte (silt) 4 µm ≤ D < 62 µm

Argila (clay) 0.24 µm ≤ D < 4 µm

NOTA: Os diâmetros indicados e mais vulgares são

os diâmetros de peneiração

2.1.2. Forma

A forma influencia a velocidade de transporte, a

velocidade de queda, a estabilidade dos taludes, etc.

Existem vários parâmetros que caracterizam a forma das

partículas, destacando-se:

a) Esfericidade=3 , sendo Vp e Vs os volumes da

partícula e da esfera que a circunscreve,

respectivamente.

spV

V

Processos Fluviais e Costeiros, 2002 II−2 Francisco Sancho

Page 3: 2. Propriedades físicas dos sedimentos 2.1. Propriedades

Hidráulica Fluvial II − Propriedades físicas dos sedimentos

b) factor de forma de Corey:

abcSf =

a = maior eixo ortogonal da partícula,

b = eixo médio ortogonal da partícula,

c = menor eixo ortogonal da partícula,

Ex.: areias de quartzo: SF≈0.7

2.1.3. Densidade

Varia com a composição mineralógica, afectando o

transporte de sedimentos por segregação (efeito de

encouraçamento, “armouring”)

Quartzo e feldspato: γγ= ≈ 2.65ss

2.1.4. Velocidade de queda ou de sedimentação

Em regime estacionário, a velocidade de queda, ws, é

denominada de velocidade terminal e a força resistente

(de arrastamento, que resulta do atrito) é equilibrada

pelo peso submerso.

Processos Fluviais e Costeiros, 2002 II−3 Francisco Sancho

Page 4: 2. Propriedades físicas dos sedimentos 2.1. Propriedades

Hidráulica Fluvial II − Propriedades físicas dos sedimentos

Força de arrastamento (“drag”):

221

sDd wACF ρ=

CD = coeficiente de resistência, depende do No. de

Reynolds, ν=Re w sw D

Regime laminar (lei de Stokes): CD=24/Rew

A = área de projecção da partícula no plano normal à

trajectória. Para uma esfera: 42DA π=

ρ = massa volúmica do fluido

Peso de uma partícula (esférica) submersa:

( )ρρπ −= sgDW 361

ρs = massa volúmica da partícula

D = diâmetro da esfera

ρρρ

ρ

−==⇔= s

DDsD gD

CAC

WwFW 134

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Processos Fluviais e Costeiros, 2002 II−4 Francisco Sancho

Page 5: 2. Propriedades físicas dos sedimentos 2.1. Propriedades

Hidráulica Fluvial II − Propriedades físicas dos sedimentos

Camada limite

laminar Camada limite laminar

com separação turbulenta na zona de sombra da esfera

Camada limite turbulenta,

redução de CD

(Adaptado de Cardoso, 1998)

A velocidade de queda de partículas isoladas, em água

destilada, é dada em função do diâmetro de peneiração,

de SF, e da temperatura (em °C) → ver ábaco

Processos Fluviais e Costeiros, 2002 II−5 Francisco Sancho

Page 6: 2. Propriedades físicas dos sedimentos 2.1. Propriedades

Hidráulica Fluvial II − Propriedades físicas dos sedimentos

Velocidade de queda em função de SF e de D

(Adaptado de Cardoso, 1998)

Ws das partículas depende ainda: do “efeito de

conjunto”, da concentração de sedimentos, da

turbulência, das forças (electromagnéticas) de

interacção,...

Na prática, considera-se o diâmetro médio, Dm

Processos Fluviais e Costeiros, 2002 II−6 Francisco Sancho

Page 7: 2. Propriedades físicas dos sedimentos 2.1. Propriedades

Hidráulica Fluvial II − Propriedades físicas dos sedimentos

2.2. Propriedades das misturas granulométricas

2.2.1. Distribuição granulométrica

Geralmente, os sedimentos consistem em misturas com

grãos de diâmetros, formas e densidades diversas

Caracterização estatística das amostras

Peneiração mecânica: determinação da distribuição

granulométrica → curvas de frequência acumulada

− Diâmetro mediano, D50

− Diâmetro médio, 100

∑∆= ii

mD

D

Sendo ∆i a diferença percentual entre 2 valores

consecutivos e Di o valor médio dos D extremos que

delimitam o intervalo ∆i. (Ver exemplo)

− Coeficiente de graduação, σD

− Diâmetro em que n% do material é mais “fino”, Dn.

Exemplos: D35 (Einstein), D65., D85

− Diâmetro médio geométrico, Dg

Processos Fluviais e Costeiros, 2002 II−7 Francisco Sancho

Page 8: 2. Propriedades físicas dos sedimentos 2.1. Propriedades

Hidráulica Fluvial II − Propriedades físicas dos sedimentos

(Adaptado de Cardoso, 1998)

Processos Fluviais e Costeiros, 2002 II−8 Francisco Sancho

Page 9: 2. Propriedades físicas dos sedimentos 2.1. Propriedades

Hidráulica Fluvial II − Propriedades físicas dos sedimentos

Geralmente, as curvas de distribuição granulométrica

seguem uma distribuição “log-normal” (representadas por

rectas em gráficos em papel log-normal).

(Adaptado de Cardoso, 1998)

Processos Fluviais e Costeiros, 2002 II−9 Francisco Sancho

Page 10: 2. Propriedades físicas dos sedimentos 2.1. Propriedades

Hidráulica Fluvial II − Propriedades físicas dos sedimentos

Permite definir:

− Diâmetro geométrico, Dg : valor de D para a ordenada

de 50%, lida sobre a recta que une os pontos

correspondentes às percentagens de 16 e 84% da

curva granulométrica, 1684DDg =D

− Coeficiente de graduação,

+=

16

50

50

8421

DD

DD

Dσ , é

aproximadamente igual ao desvio padrão da amostra.

2.2.2. Porosidade

Porosidade, υ: % de vazios num dado volume de

sedimentos secos.

Os sedimentos finos são em geral mais porosos que os

grosseiros. Finas: 44 < υ < 49%Médias: 41 < υ < 48%Grossas: 39 < υ < 41%

− Areias:

Processos Fluviais e Costeiros, 2002 II−10 Francisco Sancho

Page 11: 2. Propriedades físicas dos sedimentos 2.1. Propriedades

Hidráulica Fluvial II − Propriedades físicas dos sedimentos

2.2.3. Ângulo de atrito interno

É o ângulo cuja tangente é igual à razão entre as forças

tangenciais e normais numa situação de deslizamento

iminente entre duas camadas de sedimentos.

Sendo as forças de coesão, para areias, em geral fracas,

o ângulo de atrito interno coincide com o ângulo de

repouso, θr, ou ângulo de talude natural.

Variação do ângulo de repouso com D de materiais uniformes

(Adaptado de Cardoso, 1998)

Processos Fluviais e Costeiros, 2002 II−11 Francisco Sancho