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2011- 2012 Custódia Rebocho BE, CMS, ESA 2011-2012 1ª Tertúlia Literária Mundos Em Português Poesia Dita

1ª Tertúlia - Mundos em Português, Poesia Dita

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Corpus poético da 1ª Tertúlia Literária relativa ao projeto Educativo «Povos, Culturas e Pontes», dinamizada pela ESA em conjunto com a CMS

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Page 1: 1ª Tertúlia - Mundos em Português, Poesia Dita

2011-2012

Custódia Rebocho

BE, CMS, ESA

2011-2012

1ª Tertúlia Literária – Mundos Em Português – Poesia Dita

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Tertúlia «Mundos em Português» - Poesia Dita

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INTRODUÇÃO

Tertúlia Poética «Mundos em Português» - Poesia Dita

Uma iniciativa organizada pela Escola Secundária com 3º

Ciclo de Amora, com a participação especial de Carlos

Amaral, Conceição Marques, Bartolomeu Dutra e Xico

Braga.

O que diz a poesia?

Este é o mote para a nossa viagem. Uma viagem pela

língua comum, pelo mar que nos une e/ou nos separa. De

várias partes do mundo, de diferentes continentes ou ilhas,

eis a poesia daqueles que se expressam em português.

Poema Introdutório, Xico Braga, Portugal

A escova, Xico Braga, Portugal

Lá no Água Grande, Alda Espírito Santo, S. Tomé

O homem que vinha ao entardecer, José Eduardo Agualusa,

Angola

Vidas modestas, Carlos Amaral, Portugal

Canção dos rapazes da ilha, Aguinaldo Fonseca, Cabo Verde

A Travessia, Xico Braga, Portugal

A nuvem branca, Xico Braga, Portugal

A saudade, Américo Morgado, Portugal

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Mar meu, Xanana Gusmão, Timor

Murmúrios, Waldir Araújo, Guiné

O mar, António Baticã Ferreira, Guiné

Quadras da vida e do mar, Artur Goulart, Portugal (Açores)

Horário do fim, Mia Couto, Moçambique

Barcos, Yolanda Silva, Cabo Verde

Poema salgado, Ovídio Martins, Cabo Verde

O último adeus dum combatente, Vasco Cabral, Guiné

Mar azul, Américo Morgado, Portugal

No que é teu, Carlos Amaral, Portugal

Com ternura, Carlos Amaral, Portugal

Soneto do amor total, Vinicius de Moraes, Brasil

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Dito pela São

1. POEMA INTRODUTÓRIO

A poesia canta o quê?

Perguntei-me e, perguntando vi o dia entardecer. Suavemente.

E o sol que se ia embora, já tardando noutros lugares, quedou-se. Quieto.

Curioso, pela resposta.

Eu vi isso, mas não liguei. Fui para casa.

Relaxei-me no sofá fiz amor com a fantasia

e esperei que em mim surgisse a vontade da poesia.

Já a noite engordara, e eu sozinho já cansado, antevendo um desespero

se, uma resposta mesmo breve

eu não soubesse encontrar.

A poesia canta o quê? De novo me perguntei

a conter um grito meu lancinante, só pode ser.

E quando já no meu peito uma dor se acendia

senti gravar-se-me na alma: - Canta tudo. Tudo canta, a poesia.

Xico Braga, Portugal

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Dito pelo Xico

2. A ESCOVA

A escova é um objecto de uma utilidade tremenda!

A escova escova e escova e escova e ainda… bué de vezes.

E escovar, toda a gente sabe, é tirar donde está, o que está (sem dever estar)

para, se bem escovado, pôr nada, no seu lugar.

É por isso que, intrinsecamente, a escova é duma inutilidade tremenda.

A escova é como as mulheres. Pode apresentar muitas formas.

Há a escova lisa, como a célebre Lisa, a Mona; a redonda, como a grávida, a mulher grávida;

há a comprida, como a noite, a noite sem mulher;

a pequena, como o seio que começa a despontar; a grande, como o amor da que é a nossa mãe.

E há a outra escova, que é precisa, a escova de aço mas que, agora, aqui, não tem lugar.

A escova de aço é para limpar a ferrugem das coisas.

E a ferrugem faz lembrar povo. E o povo faz lembrar coisas muito sérias.

E a poesia não tem tempo a perder com coisas dessas. E o poema está a perder o controlo.

E eu já não tenho mão nas palavras que aqui escrevo. E escovo, escovo. Escovo as palavras. Elas não saem. Daqui.

Eu quero cantar as escovas. Quero versejar, fazer um poema à escovadela.

… Passou a crise. Sou dono do meu verso. E no entanto… Que me interessam a mim as escovas? Que interesse têm?

As mágoas que nos chegam serão a caspa escovada do fato de um qualquer deus?

Xico Braga, Portugal

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Dito por Custódia

3. LÁ NO ÁGUA GRANDE

Lá no "Água Grande" a caminho da roça

negritas batem que batem co'a roupa na pedra.

Batem e cantam modinhas da terra.

Cantam e riem em riso de mofa

histórias contadas, arrastadas pelo vento.

Riem alto de rijo, com a roupa na pedra

e põem de branco a roupa lavada.

As crianças brincam e a água canta.

Brincam na água felizes...

Velam no capim um negrito pequenino.

E os gemidos cantados das negritas lá do rio

ficam mudos lá na hora do regresso...

Jazem quedos no regresso para a roça.

Alda Espírito Santo, S. Tomé e Príncipe

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Dito pela Isabel

4. O HOMEM QUE VINHA AO ENTARDECER

Falava com devagar, ajeitando as

palavras. Falava com cuidado,

houvesse lume entre as palavras.

Chegava ao entardecer, os sapatos

cheios de terra vermelha e do perfume

dos matos.

Cumpria rigorosamente os rituais.

Batia primeiro as palmas (junto

ao peito)

Depois falava.

Dos bois, das lavras, das coisas

simples do seu dia-a-dia. E todavia

era tal o mistério das tardes quando

assim falava

que doía.

José Eduardo Agualusa, Angola

Acompanhado

de música,

FASCINAÇÃO

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Dito, na íntegra, por: Carlos, São, Adelaide

5. VIDAS MODESTAS

Há grandeza

nas vidas modestas

como se todos os dias

nelas amadurecessem

pequenas festas.

Carlos Amaral, Portugal

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Dito pela Isabel

6. CANÇÃO DOS RAPAZES DA ILHA

Eu sei que fico.

Mas o meu sonho irá

pelo vento, pelas nuvens, pelas asas.

Eu sei que fico

Mas o meu sonho irá ...

Eu sei que fico

Mas o meu sonho irá

Nos frutos, nos colares

E nas fotografias da terra,

Comprados por turistas estrangeiros

Felizes e sorridentes.

Eu sei que fico mas o meu sonho irá ...

Eu sei que fico

Mas o meu sonho irá

Metido na garrafa bem rolhada

Que um dia hei de atirar ao mar.

Eu sei que fico

Mas o meu sonho irá ...

sei que fico

Mas o meu sonho irá

Nos veleiros que desenho na

parede.

Aguinaldo Fonseca, Cabo Verde

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Dito pelo Xico

7. A TRAVESSIA

Parto de mim

E atravesso o teu corpo

Para me encontrar

Longa a jornada

Que eu comecei um dia

Depois de ter sonhado

Com essa travessia!

Xico Braga, Portugal

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Dito pela São

8. A NUVEM BRANCA

Tenho no peito algodão

branco

no lugar do coração.

Tenho no olhar

branco

um sorriso de criança.

Corro na noite

branca

uma milha de ternura.

Com os meus dedos

aponto o céu

e pinto

o branco

de uma nuvem de ilusão.

Depois

como quem não quer a coisa

navego sonhos

e faço amigos.

Xico Braga, Portugal

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Dito pelo Xico

9. A SAUDADE

Gostava que a saudade não deixasse este pressentimento descontente

de não ouvir a sintonia batendo cadente

de corações que se amam.

É um eco magoado que se repete Como onda a quebrar no rochedo,

levando as lágrimas de quem sente

que o mundo lhe foi tirado.

A saudade é aquela brancura que se vê Quando a onda se eleva.

Américo Morgado, Portugal

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Dito pela Custódia

10. MAR MEU

Pudesse eu

prender entre os dedos os suspiros do mar

e distribui-los ás crianças

Pudesse eu

acariciar com os dedos A suave brisa das ondas

e sentir cabelos de crianças

Pudesse eu

sentir nos dedos

o beijo das espumas e ouvir os risos

das crianças

Pudesse eu tocar com os dedos

o sono do mar e embalar os olhos

de crianças

Pudesse eu ter entre os dedos

belas conchinhas e fazer colares

p’ra as crianças

Oh, mar meu!

porque esperas? porque não dás?

porque não sentes? porque não ouves?

Xanana Gusmão, Timor

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Dito pelo Carlos

11. MURMÚRIOS

Dizem que são murmúrios os ecos

que chegam do fundo deste mar

São palavras soltas aos ventos

frases melódicas para somar

Murmúrios que escondem feitiços

segredos e estórias por desmontar

São lamentos de cores mestiços

São sombras desenhadas ao luar

No fundo deste mar o silêncio fala

grita e clama como a força das marés

Não longe essa voz alguém embala

Não longe os ecos se escutam no convés

No fundo deste mar há tormentos

Há vontade de um silêncio romper

Querer e vontade não são lamentos

No fundo, este mar esconde um poder!

Waldir Araújo, Guiné

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Dito pela Isabel

12. O MAR

Olhai: o Mar tem influência singular

Sobre mim. Os animais aquáticos são tantos

Valia a pena persegui-los no mar alto;

Valia a pena vê-los saltar através das ondas.

O Mar, esse mundo que os homens não habitam,

É imenso, tão belo e tão perfeito!

O Mar tem influência singular

Sobre mim. Eu bem queria ir ver as ondas;

Valia a pena olhá-las a correr

Loucamente; valia a pena

Ver qual delas primeiro entrava na baía.

Ah!, o Mar vasto, no entanto, aqui nos fala

Sim, fala-nos interiormente,

E nos compreendemos a sua língua:

E uma língua que se entende.

(Ah, que impressão nos faz o Mar!)

António Baticã Ferreira, Guiné

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Dito pela São

13. QUADRAS DA VIDA E DO MAR

Não há pena não há mágoa

que não tenha o seu findar…

Já andam à tona d’água

os meus sonhos a boiar.

E esta aragem rarefeita

a dormir sobre os telhados,

como a calma insatisfeita

dos navios ancorados.

Baloiçar lento da quilha

com as ondas a chorar…

O corpo preso preso na ilha,

coração preso no mar.

Aquela nuvem lá longe

parece de temporal.

Andam gaivotas brincando

além no mastro real.

Acompanhado

de música:

LÁ, MI

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Ó do leme tem cautela!

Há baixios a aparecer!

Quero viver o meu sonho

antes da lua esconder.

Esta ânsia que me prende

só tem sossego no mar…

É como a vaga dolente

sempre na rocha a quebrar.

A vida que tens vivido

passou-se. Não volta mais…

Ficou um peixe esquecido

sobre as escadas do cais.

Maré baixa, maré alta,

divertimento do mar.

Como na vida faz falta

um barquinho de brincar.

Artur Goulart, Açores , Portugal

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Dito pelo Carlos

14. Horário do Fim

morre-se nada

quando chega a vez

é só um solavanco na estrada por onde já não vamos

morre-se tudo

quando não é o justo momento

e não é nunca esse momento

Mia Couto, Moçambique

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Dito pela Isabel

15. BARCOS

“Nha terra é quel piquinino

É São Vicente é que di meu”

Nas praias Da minha infância

Morrem barcos Desmantelados.

Fantasmas

De pescadores Contrabandistas

Desaparecidos Em qualquer vaga

Nem eu sei onde.

E eu sou a mesma

Tenho dez anos Brinco na areia

Empunho os remos… Canto e sorrio…

A embarcação Para o mar!

É para o mar!...

E o pobre barco O barco triste

Cansado e frio Não se moveu…

Yolanda Silva, Cabo Verde

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Dito pelo Xico

16. POEMA SALGADO

Eu nasci na ponta-da-praia

por isso trago dentro de mim

todos os mares do Mundo

Meu correio são as ondas

que me trazem e levam

recados e segredos

E meus bilhetes

(meus bilhetinhos de saudade)

são suspiros salgados

que as sereias recolhem

da crista das ondas

Nas conchas e búzios

de todos os mares do Mundo

ficaram encerradas

minhas canções de amor

Que eu nasci na ponta-da-praia

Por isso trago dentro de mim

todos os mares do Mundo.

Ovídio Martins, Cabo Verde

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Dito pelo Carlos

17. O ÚLTIMO ADEUS DUM COMBATENTE

Naquela tarde em que eu parti e tu ficaste

sentimos, fundo, os dois a mágoa da saudade.

Por ver-te as lágrimas sangraram de verdade

sofri na alma um amargor quando choraste.

Ao despedir-me eu trouxe a dor que tu levaste!

Nem só teu amor me traz a felicidade.

Quando parti foi por amar a Humanidade.

Sim! Foi por isso que eu parti e tu ficaste!

Mas se pensares que eu não parti e a mim te deste

será a dor e a tristeza de perder-me

unicamente um pesadelo que tiveste.

Mas se jamais do teu amor posso esquecer-me

e se fui eu aquele a quem tu mais quiseste

que eu conserve em ti a esperança de rever-me!

Vasco Cabral, Guiné

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Dito pela Adelaide

18. MAR AZUL

O que nos guia e nos faz mover

não é a liberdade, mas o amor.

Cria vida, dá, ensina a olhar

aproxima de igual para igual.

Quero encontrar-te

estar contigo

mergulhar no mesmo mar, na

mesma onda

respirar o mesmo ar no beijo que

une vidas.

A palavra, chilreio, grito, vento, trovão

Não satisfaz o coração, na sinfonia mais bela

mas é uma rosa vermelha, caleidoscópio de todas as

cores,

magia, alegria do saber e do amor.

Dá-me a tua mão e vem mergulhar comigo.

É este o mar azul

Américo Morgado, Portugal

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Dito por: São, Adelaide, Xico, Custódia (1 verso cada) + Carlos

(poema total)

19. NO QUE É TEU

No teu Olhar vejo o Céu e o Mar,

No teu Cabelo beijo as Espigas ao Sol,

Na tua Pele desejo o Campo Florido,

No teu Sorriso perco o Juízo.

Carlos Amaral, Portugal

Dito pela Isabel

20. COM TERNURA

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Terás sempre a inocência no olhar

Como quem me quer saborear?

Ao teu lado apetece a eternidade.

Apetece ganhar-te o secreto amor,

Abençoando esse modo delicado de ser

Como se o desejo em ti fosse beber…

Contigo apetece o espanto do despertar.

Dando-te o sol e a lua,

pois se te olho, a riqueza do mundo

é minha, e muito mais tua!

Carlos Amaral, Portugal

Acompanhado

de música,

LÁGRIMA

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Dito pela São e pelo Carlos

21. SONETO DO AMOR TOTAL

Amo-te tanto, meu amor… não cante

O humano coração com mais verdade…

Amo-te como amigo e como amante

Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante

E te amo além, presente na saudade

Amo-te, enfim, com grande liberdade

Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente

De um amor sem mistério e sem virtude

Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde

É que um dia em teu corpo de repente

Hei de morrer de amar mais do que pude.

Vinicius de Moraes, Brasil

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Música/Acompanhamento

Bartolomeu Dutra

FIM