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LIÇÃO nº 35 TEMA: A Falsa Personalidade INTRODUÇÃO A personalidade é múltipla e tem muitos transfundos. Nela fica depositado o Karma das existências anteriores, Karma em vias de cumprimento ou cristalização do mesmo. As impressões não digeridas convertem-se em novos agregados psíquicos e o que é mais grave, em várias personalidades. A personalidade não é homogénea senão heterogénea e plural. Devemos seleccionar as impressões da mesma forma que escolhemos as coisas da vida. Se nos esquecemos de nós mesmos um instante dado, ante um novo acontecimento, formam-se novos "eus" e se são muito fortes formam-se novas personalidades dentro da personalidade. Aí está a causa de muitos traumas, complexos e conflitos psicológicos.

13 - L35-A Falsa Personalidade

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  • LIO n 35

    TEMA: A Falsa Personalidade

    INTRODUO

    A personalidade mltipla e tem muitos transfundos.

    Nela fica depositado o Karma das existncias anteriores,

    Karma em vias de cumprimento ou cristalizao do mesmo.

    As impresses no digeridas convertem-se em novos

    agregados psquicos e o que mais grave, em vrias

    personalidades. A personalidade no homognea seno

    heterognea e plural.

    Devemos seleccionar as impresses da mesma forma

    que escolhemos as coisas da vida. Se nos esquecemos de

    ns mesmos um instante dado, ante um novo

    acontecimento, formam-se novos "eus" e se so muito

    fortes formam-se novas personalidades dentro da

    personalidade. A est a causa de muitos traumas,

    complexos e conflitos psicolgicos.

  • Curso de Gnose por correspondncia I.G.A.

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    Uma impresso no digerida que chegue a formar uma

    personalidade dentro de ns e que no seja aceite,

    converte-se numa fonte de conflitos espantosos. Nem todas

    as personalidades que carregamos em ns so aceites,

    dando origem a muitos traumas, complexos, fobias, etc.

    Antes de mais necessrio compreender a

    multiplicidade da personalidade, ela mltipla em si

    mesma. De maneira que pode haver algum que tenha

    desintegrado os agregados psquicos, porm se no

    desintegra a personalidade, no poder alcanar a

    iluminao autntica e a dita de viver.

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    A FALSA PERSONALIDADE

    Existe um elemento prejudicial em ns que bice para a

    aquisio da verdadeira felicidade, a falsa personalidade.

    Se esta se desvanecesse s reinaria nos nossos coraes a

    Bem-aventurana; desafortunadamente esta falsa personalidade

    est constituda por certos ingredientes prejudiciais: a vaidade

    e a presuno; no h dvida de que se estes dois elementos

    desaparecessem da face da terra, a vida do ser humano

    mudaria totalmente.

    Com a presuno e a vaidade processam-se muitas causas

    e efeitos equivocados; o presunoso quer subir ao topo da

    escala, fazer-se sentir, amarfanhar honras, dignidades, coraes,

    sentimentos, sem se interessar pela dor alheia.

    O vaidoso sente-se ferido quando algum o agride e em

    prol da sua vaidade sacrifica outros, para ter o que mais

    deslumbra as pessoas: o flamejante carro, a luxuosa residncia,

    os elegantes trajes, etc., no importa que tenha que explorar

    muitos, se por esse meio, ou por distintos meios, conseguir o

    dinheiro necessrio que lhe permita mostrar ao mundo a sua

    fatuidade.

    Assim pois, a presuno e a vaidade so gravssimas;

    graves so tambm os cimes e as preocupaes; as

    preocupaes so parecidas s moscas, milhares de eus das

    preocupaes revoluteiam na mente, aguardando pretexto para

  • Curso de Gnose por correspondncia I.G.A.

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    formar problemas. Assim como as moscas pousam de forma

    indiscriminada sobre a imundcie e sobre a comida, sobre tudo

    o que encontram, assim tambm o enxame dos Eus das

    preocupaes; eles aguardam algo em que pousar-se para

    formar preocupaes: um conceito, uma palavra, uma ideia,

    uma teoria, qualquer coisa, no importa o que seja. Os Eus das

    preocupaes aguardam apenas o instante em que possam

    formar problema e flutuam na mente, so perceptveis para

    aqueles que possuam a divina Clarividncia. terrvel pensar

    que tais Eus se correspondem com a falsa personalidade.

    Analisemos o prejudicial que a falsa personalidade e,

    quanto aos cimes, que diramos? O ciumento faz de uma

    pulga um cavalo, faz de qualquer coisa um problema; se o ser

    amado sorri, j um motivo de cimes para o ciumento, ento a

    pessoa calunia, fere, faz dano; mas no existem apenas cimes

    passionais, existem tambm outras formas de cimes: cimes

    religiosos, cimes polticos, etc. H cimes de amizade, isso

    ningum o pode negar; os cimes so mltiplos e causam

    grande dor, tal como os eus das preocupaes.

    A presuno indubitavelmente gravssima; assim como a

    vaidade, que tanta ostentao faz; enfim, todos estes elementos

    pertencem simplesmente falsa personalidade. Poderamos ser

    felizes se no possussemos a falsa personalidade;

    desgraadamente todo o mundo a possui; na ausncia da falsa

    personalidade viveramos em xtase. Quo ditosos nos

    sentiramos! Porm desgraadamente todos possumos a falsa

    personalidade e isso muito grave.

  • Curso de Gnose por correspondncia I.G.A.

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    necessrio que nos proponhamos destruir a falsa

    personalidade. Isto possvel se fizermos a dissecao dos

    cimes, da vaidade, dos eus das preocupaes, do orgulho, etc.

    Quando se compreende que a presuno um dos factores

    mais densos da falsa personalidade, propomo-nos fazer a

    dissecao desse elemento e dissolvemo-lo radicalmente;

    pensemos no que a felicidade do Ser e o que a falsa

    personalidade.

    O Ser em si mesmo feliz, infinitamente ditoso; quando

    algum elimina a falsa personalidade fica na plenitude do Ser;

    ento goza da Bem-aventurana; porm muito poucos so os

    que se preocupam por esta classe de estudos, raros so os que

    realmente tentam auto-explorar-se profundamente.

    Necessitamos provocar uma transformao em ns; se um

    mago por arte de magia nos dissolvesse a vaidade e a

    presuno, encontrar-nos-amos totalmente transformados,

    porm no saberamos o que fazer, ficaramos desorientados,

    no encontraramos sentido para a vida, suicidar-nos-amos,

    morreramos e no entanto h que dissolver esses dois

    ingredientes, a presuno e a vaidade.

    Porm o processo da mudana, da dissoluo, deve ser

    metdico, didctico e at dialctico, caso contrrio

    morreramos, ficaramos desorientados.

    Quando se compreende isto, propomo-nos trabalhar sobre

    ns mesmos; necessitamos tornar-nos auto-conscientes dos

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    nossos prprios pensamentos, dos nossos prprios sentimentos

    e dos efeitos que outros seres humanos produzem em ns.

    Quando se compreende a necessidade de nos tornarmos

    auto-conscientes, vamos dissolvendo os factores da presuno e

    da vaidade, assim como os dos cimes e das preocupaes,

    processa-se uma transformao; obviamente isso levar-nos-ia

    ao despertar, seria fundamental, despertar radical.

    Os Eus da presuno e da vaidade que correspondem

    falsa personalidade, fazem com que nos identifiquemos com as

    coisas deste mundo, com as coisas materiais, com os sucessos,

    com os acontecimentos, com as coisas, com os eventos, etc.;

    estas identificaes absorvem-nos, vampirizam-nos a

    Conscincia e submergem-na mais profundamente.

    De maneira que necessitamos que a nossa Conscincia

    desperte, fazendo a separao entre ns e as coisas, os eventos,

    os acontecimentos.

    Por isso devemos tornar-nos auto-reflexivos,

    auto-conscientes.

    O trabalho da desintegrao dos elementos da falsa

    personalidade costuma ser por vezes muito difcil e isto no o

    podemos negar; ns queremos desintegrar certos elementos e

    sub-elementos da falsa personalidade com o propsito de

    conseguirmos a felicidade, qual temos direito;

    desgraadamente e isso o grave, por vezes sentimos que

    estancamos; h Eus e elementos agregados ou sub-elementos da

  • Curso de Gnose por correspondncia I.G.A.

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    falsa personalidade muito difceis de desintegrar; ento

    necessitamos revestir-nos de muita pacincia, se que

    queremos de verdade avanar.

    medida que aprofundamos mais e mais dentro de ns

    mesmos, vamos descobrindo tambm que existem em ns

    certos agregados psquicos inumanos muito difceis de

    pulverizar; no devemos impacientar-nos, sobretudo quando

    ainda no pagmos o preo do avano; desintegrar por vezes

    certos elementos difceis possvel quando se paga, porm

    tambm absurdo querer eliminar certos sub-elementos de

    forma imediata, sem ter pago.

    Recordemos que tais ou

    quais agregados inumanos,

    personificando erros, se

    encontram de verdade

    intimamente relacionados com

    causas equivocadas e estas por

    sua vez com o Karma; assim

    pois, no estranhemos se por

    vezes estancamos em tal ou

    qual elemento, simplesmente

    est o mesmo vinculado a tal ou qual causa negativa; ms

    causas produzem maus efeitos e essas ms causas ou eus causas

    por sua vez encontram-se vinculados Lei do Dever e Haver, o

    Karma; para esses casos necessrio pagar para poder

    desintegrar estes ou aqueles elementos difceis. No se paga

    apenas o Karma com dor, pode pagar-se tambm com boas

  • Curso de Gnose por correspondncia I.G.A.

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    obras e at se pode alcanar o perdo mediante o supremo

    arrependimento, ento os Eus Causas dissolvem-se. A

    impacincia nestes estudos prejudica-nos enormemente.

    Se queremos realizar avanos srios, devemos tornar-nos

    srios, no concebvel um homem srio que no tenha

    adquirido a pacincia. O Cristo Jesus disse: "Em pacincia

    possuireis as vossas almas". Uma boa dose de pacincia

    necessria quando estancamos em tal ou qual Eu. urgente que

    nos tornemos mais conscientes de ns

    mesmos em pensamento, em

    sentimento e na palavra.

    Diferenciemos o que a

    dissertao propriamente dita e o que

    a charla; a charla e o charlato so o

    mesmo, por isso nos nossos estudos no

    devemos jamais aceitar a palavra charla,

    ou charlato; ns no damos charlas.

    A dissertao, encontramo-la nos

    dilogos de Plato, que diferente. As

    dissertaes so o que Scrates realizava com os seus

    discpulos.

    Valeria a pena estudar a Repblica de Plato, assim

    poderamos fazer uma clara diferenciao entre o que

    dissertao e o que a charla dos charlates.

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    A charla algo mecnico por natureza; o charlato, o que

    d charlas, o indivduo que no tem Conscincia do que est a

    dizer, fala mecanicamente. A dissertao outra coisa, possui

    reflexo, quem d o ensinamento fala por reflexo evidente do

    Ser, escolhe as palavras adequadas para cada ideia, assim

    reveste as ideias com palavras exactas, resultado evidente da

    auto-reflexo do Ser.

    Quem discursa, quem d o ensinamento esotrico

    gnstico, de modo algum discorreria mecanicamente;

    observemos que os homens reflexivos quando discursam,

    fazem-no evidentemente concentrados, escolhem os termos que

    necessitam para revestir as ideias transcendentais do Ser.

    Assim, devemos tornar-nos conscientes da palavra;

    tambm devemos tornar-nos conscientes dos nossos

    sentimentos e dos nossos pensamentos. No h dvida de que

    em ns existem os cinco centros principais da mquina

    orgnica: o Intelectual, o Emocional, o Motor, o Instintivo e o

    Sexual. O Intelectual est situado no crebro, o centro Motor na

    parte superior da espinha dorsal, o Emocional

    inquestionavelmente no corao, plexo solar e centros

    simpticos nervosos; o Instintivo na parte inferior da espinha

    dorsal e o Sexual propriamente dito no Sexo; estes so os cinco

    cilindros da mquina orgnica.

    Devemos aprender a manejar os nossos centros se que

    queremos viver conscientemente; um grande sbio dizia que

    deveramos usar tambm as partes inferiores dos cinco centros

  • Curso de Gnose por correspondncia I.G.A.

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    do Ser; a muitos parecer estranho que um sbio aconselhe e

    refiro-me neste momento de forma categrica a Ouspenski, usar

    tambm as partes inferiores dos distintos centros da Mquina

    orgnica, porm assim ; estes pem-nos em interaco com a

    vida prtica, com os factos concretos da existncia; sabendo-os

    manejar evitamos o desperdcio desnecessrio de energia; seria

    absurdo utilizar as partes inferiores dos distintos centros da

    mquina quando se deveriam utilizar as partes superiores dos

    distintos centros, ou vice-versa.

    Um exemplo concreto: suponhamos que algum, num

    momento dado, est ocupado num ofcio trivial, sem

    importncia e que nesse momento est terrivelmente

    concentrado nesse ofcio tonto, aplicando o melhor da sua

    mente e da sua vontade para fazer uma tontaria e h um

    desperdcio de energias intil. Bastaria ocupar a parte inferior

    dos centros da mquina e assim evitar-se-ia o desperdcio intil

    de energia.

    Quem quiser aprender a eliminar os factores prejudiciais

    da falsa personalidade deve manejar os cinco centros orgnicos

    e saber utiliz-los bem. Tambm necessrio saber usar as

    energias que fluem pelo interior do organismo humano; por

    exemplo, um mau uso das energias o pensamento excitado.

    Uma mente excitada, est a funcionar mal.

    Obviamente, o centro intelectual e o emocional, se

    trabalham de forma coordenada e maravilhosa tornam-se

    produtivos, realizam obras esplndidas, maravilhosas,

  • Curso de Gnose por correspondncia I.G.A.

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    funcionam bem; porm se a mente se encontra excitada por

    exemplo, com a energia sexual, ou com a energia do centro

    instintivo, ou com a energia do centro motor, neste caso a

    mente est a funcionar mal. Que haveria a fazer? Aprofundar

    no centro intelectual para pr ordem dentro da mente, retir-la

    do estado de excitao e pensar com inteira serenidade e lgica;

    no nos referimos lgica formal, mas sim ao Tertium

    Organum, lgica superior; assim, a mente excitada funciona

    incorrectamente.

    Necessitamos aprender a manejar correctamente os

    centros da mquina, se que queremos de verdade eliminar os

    elementos indesejveis da falsa personalidade. Existem muitos

    eus mecnicos, inteis, nos cinco centros da mquina, que

    devem ser eliminados, eus de muitas tontarias que devem ser

    eliminados.

    A presuno e a vaidade dentro da falsa personalidade

    originam, a partir das suas profundidades, certas aces que

    resultam totalmente equivocadas e prejudiciais.

    Vejamos quo necessria a auto-explorao de si mesmo,

    quo indispensvel auto-explorar-se. Conforme formos

    desintegrando os ingredientes da falsa personalidade, ir-se-

    produzindo uma transformao didctica, dialctica e ao final,

    o que da resulta, de tal transformao, vem a ser a Conscincia

    desperta, lcida.

  • Curso de Gnose por correspondncia I.G.A.

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    Quando algum de verdade estabelece este ensinamento

    na sua mente e no seu corao, compreende a necessidade de

    sacrificar muitas coisas, a necessidade de lutar por muitas

    causas; h necessidade de sacrificar muito para conseguir a

    transformao de foras; sacrificar o que mais grato vida, ao

    homem, ao ser humano, indispensvel quando queremos

    transformar-nos.

    Que se entende por transformao? Convertermo-nos

    numa criatura diferente, numa criatura que corresponde

    melhor ao futuro perodo solar, isso transformao; porm

    no poderemos alcanar tal transformao se no tivermos

    pacincia. "Em pacincia possuireis as vossas almas". O

    impaciente fica estancado e fracassa para sempre; no podemos

    dizer que no vamos passar por processos de estancamento

    porque todos passamos por esses processos, porm se nos

    enchermos de pacincia, sairemos de tais estados.

    Necessitamos tornar-nos mais profundos no pensar. A que

    se pareceriam as pessoas superficiais? As pessoas superficiais

    so como as poas que se formam nos caminhos, os charcos sem

    fundo, as guas apodrecem e s fica o lodo.

    As pessoas de profundo pensar assemelham-se aos lagos

    profundos, a vivem os peixes, a palpita a vida. Necessitamos

    tornar-nos muito profundos para descobrirmos tantas e tantas

    coisas que tem a falsa personalidade; o mais grave que se

    algum se identifica com a falsa personalidade, se vive nela,

  • Curso de Gnose por correspondncia I.G.A.

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    ento fracassa, mais tarde ter que involuir no tempo dentro

    dos mundos infernos.

    Se reflectirmos profundamente, descobrimos dentro de

    ns mesmos certos erros que servem de base a determinados

    agregados psquicos dificlimos de desintegrar.

    Como quebrantaramos as causas equivocadas, aquelas

    que nos fazem permanecer estancados num ponto do qual no

    samos por mais que queiramos? Torna-se necessria

    forosamente a dissecao analtica do erro que nos mantm

    estancados, o estudo profundo relacionado com tal agregado

    psquico e o supremo arrependimento, a suprema dor.

    A desintegrao de tais ou quais erros em ns no

    questo meramente intelectual, h que passar s vezes por

    grandes crises emocionais, h que chegar a chorar lgrimas de

    sangue quando de verdade se quer a transformao; ento

    assim consegue-se produzir a desintegrao de tal ou qual

    agregado difcil; geralmente esses agregados difceis tm causas

    muito graves, tais causas ou eus causas relacionam-se de forma

    directa com a Lei, com o Karma. possvel alcanar o perdo

    de certas dvidas quando o arrependimento sincero.

    Diz o Mestre Samael: "Em certa ocasio dirigia-me eu minha

    Me Divina Kundalin; ela, a Serpente Sagrada dos grandes

    mistrios, estava enroscada numa coluna conservando a sua

    cabea de tipo humano; supliquei-lhe perdo, pois obviamente

    lutava pela revalorizao de certos princpios ticos em mim

  • Curso de Gnose por correspondncia I.G.A.

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    mesmo, pela reavaliao de certos valores msticos, pela

    regenerao do Ouro Espiritual.

    "A resposta dela foi definitiva, disse: "Estais perdoado

    filho meu, perdoo-te, j trs vezes te perdoei"

    "Na Antiga Terra Lua, durante o Mahanvantara de Padma, ou Loto de Oro, tinha sido eu perdoado; no continente Mu, outrora situado entre as embravecidas ondas do Pacfico, tinha sido perdoado e agora pela terceira vez necessitava de perdo, porm acrescentou a Serpente Sagrada: "Numa dessas, a segunda vez que vos perdoei referindo-se ao continente Mu - o teu karma era to grave que francamente apesar de eu te ter perdoado no me atrevi a penetrar no Palcio dos Senhores do Karma porque me teriam humilhado os Senhores da Lei; apesar disso perdoei-te", disse a Me Divina. "Graas te dou, Me", foi a minha resposta.

    Assim perdoa a Vbora Sagrada dos Antigos Mistrios, a

    Princesa Kundalini; quando algum se encontra no mximo

    grau de estancamento, em que no vai nem para trs nem para

    diante, em que no anda de nenhuma forma, no lhe resta mais

    remdio que implorar o perdo a Devi Kundalini Shakti a fim

    de que ela possa desintegrar determinadas causas equivocadas,

    eus causas e aniquilando as mesmas, os efeitos anulam-se.

    Assim, h que ter pacincia para realizar o trabalho; o

  • Curso de Gnose por correspondncia I.G.A.

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    importante para ns conseguir a transformao, possvel

    consegui-la quando se tem pacincia, o impaciente no avana

    uma polegada nestes estudos.

    Em todo o caso, mediante a aniquilao Budista, mediante

    a desintegrao de toda a classe de elementos inumanos ou

    sub-humanos prejudiciais em ns, consegue-se que a

    Conscincia, a Essncia, fique completamente desengarrafada,

    na ausncia da falsa personalidade; essa Conscincia desperta

    confere-nos a Bem-aventurana. Assim, h que conseguir a

    Bem-aventurana aqui e agora, mediante a transformao

    radical.

    Como que muitos compreendendo isto, sentindo a

    necessidade da mudana, no tenham na realidade

    continuidade de propsitos? Uns perseveram por um tempo e

    logo se cansam, abandonam o trabalho sobre si mesmos e no

    conseguem nenhuma transformao; para consegui-la torna-se

    indispensvel a continuidade de propsitos; necessitamos viver

    em estado de Auto-observao contnua.

    Se algum descobre os processos da vaidade e da

    presuno, ento pode trabalhar j com esses dados, trabalhar

    tudo isso e pulverizar essa vaidade e essa presuno.

    difcil que algum permanea em Auto-observao

    contnua, de dia e de noite, constantemente, difcil encontrar

    algum assim; quando se persevera, quebrantam-se os Eus e

    libera-se a Conscincia, tornamo-la refulgente, tornamo-la

    desperta. Necessita-se mudar, urge a mudana e tal no

  • Curso de Gnose por correspondncia I.G.A.

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    possvel se continua a existir em ns a falsa personalidade.

    Necessitamos tornar-nos conscientes dos nossos prprios

    pensamentos e dos nossos prprios sentimentos, assim como do

    efeito que produzem em ns as pessoas que nos rodeiam.

    Necessitamos tornar-nos conscientes do ambiente em que

    vivemos e das relaes que temos connosco mesmos; enquanto

    continuarmos a existir como mquinas inconscientes, nada

    estamos a fazer. Necessitamos deixar de ser mquinas.

    Quando no se tenha estabelecido um Centro Permanente

    de Conscincia em ns, existe falta de continuidade de

    propsitos, porm quando se estabelece um centro magntico

    no centro da Essncia ento h continuidade de propsitos;

    normalmente o centro magntico da nossa prpria existncia

    encontra-se localizado na falsa personalidade.

    Os bpedes tricerebrados no tm individualidade

    alguma, no tm um Centro Permanente de Conscincia. Cada

    um dos seus pensamentos, sentimentos e aces, dependem da

    calamidade do Eu que em determinado momento controle os

    centros capitais da mquina humana.

    Muitos so os que aguardam a "Bem-aventurana eterna"

    com a morte do corpo fsico, porm no sabem que com a morte

    do corpo no resolvem o problema do Eu.

    A personalidade em si mesma pura energia, ningum

    nasce com uma personalidade, a personalidade filha do seu

    tempo, nasce no seu tempo, morre no seu tempo, no h

  • Curso de Gnose por correspondncia I.G.A.

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    nenhum amanh para a personalidade do morto; quando

    retornamos, quando nos reincorporamos num novo corpo,

    temos que criar uma nova personalidade.

    A personalidade em si mesma energia, porm esta torna-

    se falsa quando certos eus penetram no seu interior e se

    desenvolvem na mesma; por exemplo, o eu da vaidade, o eu

    dos cimes, os eus das preocupaes, os eus do intelectualismo,

    os eus mecnicos, utilizam essa energia, apoderam-se, vm

    situar-se dentro dessa personalidade tornando-a falsa. Porm se

    desintegramos tais eus ento torna-se pura, energtica, sem

    esses eus um instrumento para trabalhar, porm j no a

    falsa.

    A personalidade deve equilibrar-se com a Essncia;

    quando a personalidade mais forte que a Essncia, h

    desequilbrio, quando a Essncia mais forte que a

    personalidade h equilbrio.

    Certas pessoas do campo desenvolvem a Essncia

    maravilhosamente a par da personalidade, quando vo

    cidade esto em equilbrio e certas pessoas da cidade

    desenvolvem a personalidade de forma exorbitante, quando

    vo ao campo, quando se pem em contacto com as pessoas

    simples esto em desequilbrio; necessitamos um perfeito

    equilbrio entre a essncia e a personalidade.

  • Curso de Gnose por correspondncia I.G.A.

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    Um mestre Ressurrecto que possa

    conservar o corpo fsico, obviamente

    ter uma personalidade eternal no

    mundo fsico, ter outra

    personalidade eternal no mundo

    astral, relacionada com o corpo

    astral; outra no mundo mental

    relacionada com o corpo mental,

    outra personalidade no mundo

    causal relacionada com o corpo

    causal; de maneira que h quatro

    personalidades fundamentais, a

    fsica, a astral, a mental e a causal.

    A fsica est governada por 48 leis, a astral est governada

    por 24 leis, a mental est governada por 12 leis e a causal est

    governada por 6 leis.

    Se conseguirmos liberar-nos da falsa personalidade,

    estabelecer-nos-emos de facto no terceiro estado de

    Conscincia, na recordao de si mesmo, do prprio Ser;

    desgraadamente todos ns, devido falsa educao recebida,

    aos maus exemplos dos nossos familiares, camos do terceiro

    estado de Conscincia no segundo estado, isto como cair do

    cu ao inferno.

    Nascemos no terceiro estado de Conscincia e depressa

    camos no segundo, no erradamente apelidado de viglia,

    equivalente a cair do cu ao inferno; neste inferno do

  • Curso de Gnose por correspondncia I.G.A.

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    segundo estado de Conscincia, onde os eus nascem, onde os

    agregados psquicos se manifestam, onde todos os elementos

    inumanos perversos que temos afloram, se robustecem,

    surgem; o segundo estado um verdadeiro inferno.

    urgente estudar a Gnose e utilizar as ideias prticas que

    estamos a dar neste curso para se trabalhar seriamente sobre si

    mesmo. No entanto no poderamos trabalhar sobre ns

    mesmos com a inteno de dissolver tal ou qual "Eu", sem t-lo

    observado previamente. A observao de si mesmo permite que

    penetre um raio de luz no nosso interior.

    Qualquer "Eu" se expressa na cabea de um modo, no

    corao de outro modo e no sexo de outro modo. Necessitamos

    observar o "Eu" que num momento dado tenhamos captado,

    urge v-lo em cada um destes trs centros do nosso organismo.

    Na relao com outras pessoas, se estivermos alerta e

    vigilantes como vigia em poca de guerra, iremos

    auto-descobrir-nos.

    Devemos recordar: a que horas nos feriram a vaidade? E o

    nosso orgulho? Que foi que mais nos contrariou neste dia?

    Porque tivemos essa contrariedade? Qual a causa secreta?

    Estudemos isto, observemos a nossa cabea, corao e sexo.

    A vida prtica uma escola maravilhosa; na inter-relao

    podemos descobrir esses "Eus" que no nosso interior

    carregamos.

  • Curso de Gnose por correspondncia I.G.A.

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    Qualquer contrariedade, qualquer incidente pode

    conduzir-nos, mediante a auto-observao ntima, descoberta

    de um "Eu", j seja este de amor-prprio, inveja, cimes, ira,

    cobia, suspeita, calnia, luxria, etc.

    Necessitamos conhecer-nos a ns mesmos antes de

    podermos conhecer os demais. urgente aprender a ver o

    ponto de vista alheio.

    Se nos pusermos no lugar dos demais descobriremos que

    os defeitos psicolgicos que a outros atribumos, os temos de

    sobra no nosso interior.

    Amar o prximo indispensvel, mas no se pode amar o

    outro se antes no aprendermos a colocar-nos na posio da

    outra pessoa, no trabalho esotrico.

    A crueldade continuar a

    existir sobre a face da Terra

    enquanto no aprendermos a

    colocar-nos no lugar dos outros.

    Mas se no temos a coragem de nos

    vermos a ns mesmos, como

    poderamos colocar-nos no lugar de

    outros?

    Porque haveramos de ver

    exclusivamente a parte m de outras pessoas? A antipatia

    mecnica para com outra pessoa que pela primeira vez

    Cena de inveja (El Bosco)

  • Curso de Gnose por correspondncia I.G.A.

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    conhecemos indica que no sabemos colocar-nos no lugar do

    prximo, que no amamos o prximo, que temos a Conscincia

    demasiado adormecida.

    Parece-nos antiptica determinada pessoa? Porque

    motivo? Talvez porque bebe? Observemo-nos... Estamos

    seguros da nossa virtude? Estamos seguros de que no

    carregamos no nosso interior o "Eu" da embriaguez? Melhor

    seria que ao vermos um borracho a fazer palhaadas

    dissssemos:

    "Este sou eu, que palhaadas estou a fazer..."

    Quando algum se conhece mais a si mesmo, conhece

    cada vez mais os outros. O indivduo com Ego no v as coisas

    claramente, equivoca-se. Os que tm Ego falham porque lhes

    falta reflexo, mesmo quando h uma tremenda lgica na sua

    anlise.

    Se no se digerem as impresses, criam-se novos eus. H

    que aprender a seleccionar as impresses. No se trata de ser

    melhor, o que interessa mudar. O Ser surge quando nos

    transformamos e deixamos de existir. Os elementos

    indesejveis que carregamos no nosso interior so os que

    controlam as nossas percepes, impedindo-nos de ter uma

    percepo integral que nos traga dita e felicidade.

  • Curso de Gnose por correspondncia I.G.A.

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