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ANATOMIA INTERNA E
FISIOLOGIA DOS INSETOS
Parte 1
TEGUMENTO
O tegumento é de origem ectodérmica e pode ser descrito
como um elipsóide oco e continuo, modificado por
complexas INVAGINAÇÕES e EVAGINAÇÕES.
As principais funções atribuídas ao tegumento são:
- Promover proteção mecânica, química e biológica.
- Evitar perda excessiva de água, possibilitar sustentação
de músculos e órgãos e servir de ponto de ligação de
músculos e órgãos.
- Servir de ponto de ligação às pernas, asas e outros
apêndices.
ESTRUTURA GERAL DO TEGUMENTO
MEMBRANA BASAL - É uma camada de
POLISSACARÍDEOS SECRETADA por um tipo de
hemócitos (células do sangue);
- Separa a epiderme do hemocele, nervos e traquéias,
necessários ao funcionamento do tegumento, penetram a
membrana basal e ocorrem entre esta e a epiderme.
EPIDERME - Consiste de uma simples camada de
CÉLULAS POLIGONAIS EPITELIAIS SECRETORAS,
intermediadas com células especializadas de vários
tipos.
A epiderme é direta ou indiretamente responsável pela formação de toda a cutícula.
As GLÂNDULAS DÉRMICAS - são responsáveis pela
produção da camada de cimento da epicutícula, também
chamada tetocutícula, tipicamente, ela consiste de uma
estrutura vacuolada e um duto, chamado duto da
glândula dérmica.
Os ENÓCITOS - são também inclusões epidérmicas,
conhecidas apenas nos insetos, que forma a camada de cuticulina, a mais interna das camadas da epicutícula.
OS TRICÓGENOS (sensilos tricóideos) - são inclusões
epidérmicas responsáveis principalmente pelo senso tátil
e audição, e são numerosos no corpo do inseto.
CUTÍCULA - É formada pelo material secretado direta
ou indiretamente pelas células epidérmicas e
depositado na superfície externa, que aí se solidifica
para formar o exoesqueleto.
- A cutícula divide-se em:
Epicutícula ou cutícula não quitinosa e;
Procutícula ou cutícula quitinosa.
ECDISE
É o nome dado ao fenômeno de MUDANÇA DE
TEGUMENTO dos artrópodes.
É de controle hormonal
Nesse processo as células epidérmicas, que se tornam
grandemente aumentadas, separam-se inicialmente da
CUTÍCULA VELHA por processos citoplasmáticos
(apólise).
Na ecdise, o velho tegumento é digerido por ENZIMAS
contidas no fluido da ecdise produzido pelas células
epidérmicas.
A função do fluido da ecdise é DIGERIR E DISSOLVER
as camadas mais internas da velha cutícula.
O fluido da ecdise ataca somente a endocutícula que,
como regra geral, é completamente degradada; a
exocutícula e a epicutícula não são afetadas, e formam a
exúvia, que é descartada a cada muda.
A endocutícula degradada é quase toda reabsorvida.
Essa reabsorção, bem como a do fluido da ecdise,
ocorre antes que o inseto inicie a muda.
O inseto escapa de sua cutícula velha e EXPANDE
SUAS ASAS e o corpo devido a contrações de
músculos abdominais, concentrando assim o sangue
na cabeça e no tórax.
A pressão assim criada abre a cutícula ao longo da
LINHA DE ECDISE, e o inseto vagarosamente dirige-se
para fora do velho tegumento.
APARELHO DIGESTIVO E
SISTEMA DE EXCREÇÃO
Os insetos podem alimentar-se de quase qualquer tipo
de substância orgânica natural, tais como folhas, frutos,
xilema, sangue, madeira seca, lã, pena de aves etc.
Em alguns insetos, como baratas e cupins, a digestão
é ajudada por bactérias e protozoários, que são
simbiontes intestinais.
Os insetos não sintetizam esteróis (para o
ECDISÔNIO) e carotenóides (para pigmentação); e
portanto esses compostos devem ser provenientes da
alimentação ou ação de microrganismos.
ESTRUTURA GERAL DO APARELHO DIGESTIVO
A forma do tubo digestivo e a complexidade de sua
estrutura estão relacionadas com os HÁBITOS
ALIMENTARES dos insetos.
Aqueles que se alimentam de alimento sólido (por
exemplo, gafanhotos e baratas) apresentam tipicame um
tubo digestivo largo, reto e curto com musculatura
desenvolvida, e possuem proteção contra ferimentos
mecânicos.
Por outro lado, insetos que alimentam de sangue, seiva ou
néctar apresentam, em geral, um tubo digestivo longo,
estreito e com dobras para permitir um máximo de contato
com o alimento líquido.
O aparelho digestivo - é um tubo que percorre o seu corpo no
sentido longitudinal desde a boca até o ânus.
O espaço entre o canal alimentar e a parede do corpo é
chamado HEMOCELE ou cavidade geral do corpo, que é
grandemente ocupado com hemolinfa.
Durante o desenvolvimento embrionário, o canal alimentar
divide-se em três porções:
o ESTOMODEU ou intestino anterior, o PROCTODEU ou
intestino posterior, que aparecem como invaginações do
ectoderma, e o MESÊNTERO ou intestino médio, que se
desenvolve internamente a partir do endoderma.
O estomodeu e o mesêntero acham-se separados pela válvula
cardíaca, e o mesêntero do proctodeu pela válvula pilórica.
SISTEMA DE EXCREÇÃO
A principal função do sistema de excreção está ligada à
HOMEOSTASE, ou seja, à manutenção da constância do
meio interno por meio da remoção de produtos
indesejáveis resultantes do metabolismo dos alimentos.
Os principais órgãos de excreção nos insetos são os
tubos de Malpighi, que são muito finos e possuem sua
extremidade distal fechada e a basal aberta, em contato
com a parte anterior do proctodeu.
Eles têm função excretora, atuando como reguladores
da composição da hemolinfa.
Os insetos são predominantemente uricotélicos, isto
é, excretam ÁCIDO ÚRICO como principal forma de
resíduo nitrogenado.
A excreção de ácido úrico é bem adaptada à
necessidade de CONSERVAÇÃO DA ÁGUA NOS
INSETOS, porque esta substância é insolúvel em água
e, assim, pode ser eliminada na forma sólida.
O número de tubos de Malpighi é extremamente
variável; geralmente ocorrem em múltiplos de dois, nos
orthoptereos e nas baratas eles são em número de
aproximadamente cem ou mais.
APARELHO CIRCULATÓRIO
O sistema circulatório dos serve principalmente como um
meio de trocas químicas entre os órgãos do corpo,
funcionando no transporte de materiais nutritivos, produtos
de excreção, hormônios etc.
O meio circulante chama-se HEMOLINFA OU SANGUE,
funciona também como fluido hidráulico para transmissão
e manutenção da pressão do sangue durante certos eventos tais como a eclosão, ecdise etc.
ESTRUTURA GERAL DO APARELHO CIRCULATÓRIO
O aparelho circulatório consta de um vaso que percorre
o inseto dorsal e longitudinalmente, chamado VASO
DORSAL, tecidos associados a este, além de órgãos
pulsáteis acessórios.
O vaso dorsal apresenta um tubo mais ou menos
simples, fechado em sua extremidade posterior e aberto
em sua extremidade anterior, formado por fibras
musculares envolvidas por uma cobertura de tecido
fibroso.
O coração mostra evidência de segmentação, pela
presença de aberturas pareadas chamadas OSTÍOLOS e
por apresentar músculos alares responsáveis por sua
sustentação.
O coração é composto de uma série de câmaras; estas
aparecem em conseqüência ou da ação de tração exercida
pelos MÚSCULOS ALARES ou por causa da presença de
válvulas formadas pelo prolongamento interno dos ostíolos,
as válvulas ostiolares.
A AORTA, que é a porção anterior do vaso dorsal, não
possui propriedades de contração e, na grande maioria dos
casos, abre-se diretamente na cabeça, sendo o cérebro
livremente banhado pela hemolinfa.
Para a circulação nas asas, a hemolinfa flui entre as traquéias e
as paredes das nervuras, a hemolinfa entra na asa pela região
costal, e retoma ao corpo pela margem posterior, seguindo itinerário
mais ou menos constante.
A circulação é ajudada pela ação de membranas articuladas e
ÓRGÃOS PULSÁTEIS do tórax; as membranas articuladas fazem o
sangue, coletado no seio pericardíaco, entrar nas nervuras, sendo
aspirado de volta à aorta por dilatação desses órgãos pulsáteis do
tórax.
Para a circulação nas pernas são encontrados numerosos órgãos
pulsáteis, como em Hemiptera, e comum ente eles são localizados
em cada tíbia abaixo da articulação com o fêmur.
CURSO DA CIRCULAÇÃO
HEMOLINFA
Conteúdo relativamente alto.
Possui maiores teores de K do que de Na; e a terceira é o conteúdo
relativamente alto de magnésio e de ácido úrico.
O sangue dos insetos possui inclusões chamadas hemócitos, das
quais as mais importantes são os AMEBÓCITOS, PROLEUCÓCITOS e
LEUCÓCITOS GRANULARES.
Os amebócitos possuem função de fagocitose, tendo a habilidade de
unirem-se para formar cistos protetores em volta de parasitas.
Os proleucócitos são comumente vistos em divisão mitótica e
acredita-se que sejam precursores de outros tipos de hemócitos.
Os leucócitos desempenham a função no transporte de materiais
nutritivos. Os hematócitos hialinos são responsáveis pela coagulação
sangüínea.
APARELHO RESPIRATÓRIO
Em quase todas as espécies terrestres e
aquáticas, o ar penetra no sistema, sendo eliminado
igualmente por esse mesmo sistema ou em grande
parte pelo TEGUMENTO.
O oxigênio provém da atmosfera, sendo canalizado
nos tubos para alcançar os tecidos, onde é utilizado
numa SOLUÇÃO AQUOSA.
Em espécies de insetos aquáticos e endoparasitos,
a respiração assume outras variações.
SISTEMA TRAQUEAL
O sistema traqueal, consta de pares de ESPIRÁCULOS,
que são estruturas por onde, especialmente, penetra o ar
oxigenado, de condutos de ar, as traquéias e as traqueólas;
além de sacos aéreos que funcionam como reservatórios
de ar.
Os espiráculos são, morfologicamente, as aberturas das
invaginações, que dão origem ao SISTEMA TRAQUEAL.
São aberturas pares localizadas, em geral, nas PLEURAS
DO TÓRAX E ABDOME DOS INSETOS.
O número máximo de espiráculos presentes nos
insetos em desenvolvimento pós-embrionário é de 10
pares, sendo 2 pares torácicos e 8 abdominais; os
torácicos são localizados no pro ou mesotórax e no
metatórax, e os abdominais nos segmentos I a VIII do
abdome.
De acordo com o número e arranjo de espiráculos
funcionais, é possível classificar os sistemas respiratórios
como: HOLOPNÊUSTICO, HEMIPNÊUSTICO e
APNÊUSTICO.
No tipo HOLOPNÊUSTICO, que é o arranjo mais
primitivo ainda encontrado nos insetos atuais, estão
presentes 10 pares funcionais.
O tipo HEMIPNÊUSTICO prevalece nas larvas, sendo
diferente do anterior porque um ou mais pares tornaram-
se não funcionais;
ANFIPNÊUSTICO, quando somente estão abertos os
espiráculos protorácicos e abdominais posteriores, como
na maioria das larvas de Diptera; propnêustico.
As traquéias, à medida que se afastam dos grandes
troncos traqueais, vão diminuindo de diâmetro e, ao
final, chegam as TRAQUÉOLAS.
Os SACOS AÉREOS são, conseqüentemente,
passíveis de serem distendios e, quando inflados, são
facilmente vistos como vesículas brancas; quando
vazios, eles são geralmente difíceis de serem
observados.
VENTILAÇÃO
É o processo pelo qual o ar é levado no sistema traqueal
e circulado pelo corpo.
Os espiráculos são os locais mais comuns por onde
ocorre a PERDA DE ÁGUA, porque a circulação de ar
oxigenado pelas traquéias exige que estas estejam
constantemente úmidas.
Os espiráculos funcionais não estão constantemente
abertos, mas exibem uma movimentação rítmica de abre-
e fecha, governada por seus MÚSCULOS OCLUSORES.
VENTILAÇÃO DIRETA - a ventilação que abrange a
circulação do ar nas traquéias.
Há três fases na respiração: aspiração, compressão e
expiração.
a) ASPIRAÇÃO - o ar é admitido no sistema traqueal,
alcançando apenas os grandes troncos, e na fase seguinte.
b) COMPRESSÃO - atuam músculos abdominais que
promovem o achatamento dorsoventral, retração e expansão
longitudinais.
c) EXPIRAÇÃO - o ar é admitido, normalmente, pelos espiráculos anteriores e expelido pelos posteriores.
VENTILAÇÃO INDIRETA - a ventilação que se observa
nas traquéolas onde a resistência da capilaridade é muito
grande para ser quebrada por força muscular, e assim o
oxigênio deve ser dissolvido em um fluido, o FLUIDO
TRAQUEOLAR, de onde, em solução, é servido às células
dos tecidos.
Em insetos de tegumento mole, como as larvas, a
eliminação do CO2 ocorre igualmente por toda a superfície,
porém nos de tegumento mais duro, como os coleópteros
adultos, essa perda dá-se principalmente por
MEMBRANAS INTERSEGMENTAIS.
CONTINUA...